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i
FACULDADE ASSIS GURGACZ - FAG
CRISTIANI ROCKENBACH
EFEITO HIPOGLICÊMICO DE FARINHA DE CASCA DE MARACUJA (Passiflora edulis flavicarpa) EM RATOS.
CASCAVEL 2007
ii
CRISTIANI ROCKENBACH
EFEITO HIPOGLICÊMICO DE FARINHA DE CASCA DE MARACUJA (Passiflora edulis flavicarpa) EM RATOS.
Trabalho apresentado ao Curso de Nutrição, da Faculdade Assis Gurgacz – FAG, como requisito de Conclusão da Graduação. Orientadora: Prof. Janesca Alban Roman
CASCAVEL 2007
iii
CRISTIANI ROCKENBACH
EFEITO HIPOGLICÊMICO DE FARINHA DE CASCA DE MARACUJÁ (Passiflora edulis flavicarpa) EM RATOS INDUZIDOS A DIABETES.
Trabalho apresentado a Banca Avaliadora como requisito de Conclusão da Graduação
em Nutrição da Faculdade Assis Gurgacz- FAG.
_____________________________________________
Prof. Janesca Alban Roman
Orientadora - UTFPR
_____________________________________________
Prof. Thais C. Mariotto César
Membro - FAG
_____________________________________________
Prof. Fernanda Zanchet Saraiva
Membro – FAG
iv
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais,
Mário e Loni pelo amor, incentivo e
paciência inesgotável.
v
AGRADECIMENTOS
A Deus sempre presente, me dando forças para vencer esta jornada,
confortando nas horas difíceis, mostrando os melhores caminhos a serem
seguidos nos obstáculos que a vida me apresentou e principalmente pelo dom da
vida e a oportunidade deste momento,
Aos meus pais Mário e Loni pelo incentivo, o companheirismo, confiança que
com amor ajudou-me à vencer este desafio;
Aos meus irmãos Márcio e Marcos e minha cunhada Marlice, pelo apoio e
incentivo que me deram motivação em todos os momentos desta caminhada;
Ao meu “anjo da guarda”, amiga e orientadora Prof. Janesca Alban Roman,
pelo braço amigo de todas as etapas deste trabalho que não mediu esforços,
pelo tempo de dedicação, apoio, paciência e amizade, indispensáveis para a
realização deste e por ter acreditado desde o início na conclusão deste trabalho;
Aos professores colaboradores Prof. Fernanda Zanchet Saraiva e Prof. José
Ricardo Painter Torres pelo apoio e contribuição para o desenvolvimento e
conclusão deste trabalho.
Para todas as pessoas principalmente as Técnicas de Laboratório de Nutrição
Experimental da Faculdade Assis Gurgacz – FAG, “Rosenilda Paz da Silva” e
“Simone Cristina Kusano”, que dê uma forma ou outra contribuíram para o
desenvolvimento deste trabalho.
Para as verdadeiras amizades que consegui construir pela longa caminhada
do curso, meu afeto e gratidão.
vi
EPÍGRAFE
“Quando um guerreiro erra, em vez de reclamar do alvo Deve procurar o erro em si mesmo e
melhorar sua pontaria para poder evoluir.... Somos o que repentinamente fazemos.
A excelência, portanto, não é um feito, mas um hábito”. (Aristóteles)
vii
SUMÁRIO
ARTIGO ......................................................................................................................1
INTRODUÇÃO ............................................................................................................2
MATERIAIS E MÉTODOS ..........................................................................................3
RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................8
CONCLUSÃO ...........................................................................................................15
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................15
ANEXOS ...................................................................................................................17
Anexo I – Parecer de Aprovação do Comitê de Bioética da UNIPAR ...............18
APÊNDICE ...............................................................................................................19
viii
ARTIGO
EFEITO HIPOGLICÊMICO DE FARINHA DE CASCA DE MARACUJA (Passiflora edulis flavicarpa) EM RATOS INDUZIDOS A DIABETES.
1
EFEITO HIPOGLICÊMICO DE FARINHA DE CASCA DE MARACUJÁ (Passiflora edulis flavicarpa) EM RATOS INDUZIDOS A DIABETES.
ROCKENBACH, Cristiani 1 ROMAN, Janesca Alban 2
RESUMO
A diabete pode ser uma doença crônica degenerativa leva muitos indivíduos
portadores a buscarem caminhos alternativos para seu controle. O objetivo deste trabalho consentiu em obter farinha utilizando a casca do maracujá, verificar as alterações fisiológicas e morfológicas em teste com animais, além de seu efeito hipoglicêmico. O ensaio biológico foi realizado com 40 ratos adultos Wistar, machos com 60 dias. Após 24 horas de jejum, foi induzido a diabetes com estreptozootocina na quantidade de 50 mg/kg de peso corporal. Foram considerados diabéticos os ratos que após o 8º dia da indução com o teste de determinação da glicemia em jejum obtiveram níveis iguais ou acima de 120mg/dl (CALDERON, 1988). Os animais foram divididos em três grupos: grupo controle, sem indução de diabetes (GCR), grupo diabético (GDR) e grupo diabético que recebeu além da ração, 25% de farinha de casca de maracujá (GDRM). Diferenças quanto ao ganho de peso, consumo de ração e água foram perceptíveis entre os grupos. O peso médio dos animais variou de 208,0g a 361,5g. No início do experimento o peso foi estatisticamente igual entre os grupos analisados e não variou estatisticamente para os animais induzidos a diabetes (GDR e GDRM) até o 28° dia de experimento. Os ratos do grupo (GDRM) tiveram um consumo de ração de aproximadamente 40g/rato/dia, superior aos demais tratamentos, enquanto que o consumo de água foi 30% menor que o grupo diabético tratado apenas com ração (GDR), indicando diferenças entre os tratamentos. Nos animais que receberam a dieta contendo 25% de farinha de casca de maracujá (GDRM), houve uma redução da glicemia ou seja, a glicemia média de 221,2 mg/dl, reduziu para 90mg/dl, indicando redução de 145% dos valores iniciais. Com este experimento, verificou-se a ação eficaz de substâncias presentes na casca do maracujá, para o tratamento/controle da diabete em animais de laboratório, pois esta apresentou acentuado efeito hipoglicêmico.
PALAVRAS-CHAVE: Diabetes, casca de maracujá, ratos, efeito hipoglicêmico.
2
1. INTRODUÇÃO
A importância econômica do maracujá está na produção do suco
concentrado. Esta atividade vem crescendo muito aliada ao número de resíduos,
provenientes da casca (cerca de 50% do fruto) (HOLANDA, 1991; REITER, HEIDEN,
1998; OLIVEIRA et al, 2002).
A casca de maracujá, normalmente desperdiçada, pode e deve ser
aproveitada na industrialização de novos alimentos, pois sua maior utilização fez
surgir novas fontes de riqueza econômica e tornou-se praticável a existência no
mercado de subprodutos mais variados com um menor preço já que estas cascas
são totalmente desperdiçadas ou utilizadas para fabricação de ração animal ou
adubo (RAMOS, 2004).
As cascas do maracujá contêm vários nutrientes dentre eles, carboidratos,
proteínas, vitaminas e minerais que geralmente não são aproveitados além de conter
fibra solúvel (pectina) que tem um forte poder laxativo se consumida em grandes
quantidades, por isso pode ser indicado para crianças, adultos e idosos, pois
aumenta a motilidade intestinal (GONZALES, 1996; MARTINS, 2003; GOMES, 2006;
SZEGOT, 2006).
A ingestão de fibras auxilia indivíduos diabéticos com excesso de peso, pois
podem alterar o trânsito e a morfologia intestinal, reduzindo a absorção da glicose, e
em conseqüência, melhorando o quadro da diabetes (AREAS, REYES, 1996;
MAHAN, 2002; DERIVI et al, 2002).
A diabetes pode ser uma doença crônica, sem cura, leva muitos indivíduos
portadores a buscarem caminhos alternativos para seu controle, por isto vê se a
importância de realizar testes laboratoriais, para que quando comprovados os efeitos
3
benéficos, possam de alguma forma ser uma opção de baixo custo com uma certa
segurança em seu consumo (BOUTS, PORTELLA, SOARES, 1998; FIETZ,
SALGADO, 1999; WAITZBERG, 2000; RAMOS, 2004; PIMENTEL, FRANCKI,
GOLLUCKE, 2005).
O objetivo deste trabalho consentiu em obter farinha utilizando a casca do
maracujá, verificar as alterações fisiológicas e morfológicas em teste com animais,
além de seu efeito hipoglicêmico.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 Elaboração da farinha de casca de maracujá
Foram utilizados maracujás da família Passifloraceae, gênero Passiflora e
espécie Passiflora edulis flavicarpa, adquiridos no mercado local. O procedimento
para o desenvolvimento da farinha de casca de maracujá foi de forma artesanal
(Gráfico 1). Inicialmente as frutas permaneceram 30 minutos imersos em solução de
2,5% de hipoclorito de sódio, em seguida efetuou-se a lavagem com água potável.
As cascas foram picadas em pequenos pedaços e colocadas em uma fôrma,
onde foram expostas ao sol durante 2 dias, com a finalidade de retirar quantidade
considerável de umidade. Em seguida, as cascas foram aquecidas em forno à
temperatura de 200ºC, durante 15 minutos e resfriadas à temperatura ambiente e
trituradas em pequenas porções, em aparelho de liquidificador (marca mondial super
power), durante 30 minutos, obtendo-se a farinha a partir do aproveitamento da
4
casca do maracujá que foi caracterizada quanto ao teor de umidade, resíduo
mineral, proteínas, lipídeos, carboidratos e fibras.
GRÁFICO 1: Fluxograma de elaboração da farinha de casca de maracujá.
Higienização com hipoclorito
Retirada polpa Reservar casca
Divisão do maracujá ao meio
Cortar casca em pedaços pequenos
Secagem natural durante 2 dias
Secagem em forno 200ºC/15 min
Homogeneização constante
Resfriamento
Trituração das cascas
Maracujá
FARINHA DE CASCA DE MARACUJÁ
5
2.2 Composição centesimal
A caracterização físico-química da farinha de casca de maracujá foi realizada
no Laboratório de Bromatologia da Faculdade Assis Gurgacz –FAG, Cascavel -PR.
As análises de umidade, sólidos totais, resíduo mineral, lipídeos, proteína e fibras
foram determinadas de acordo com a metodologia descrita nas análises do Instituto
Adolfo Lutz (1995) (ROMAN,SGARBIERI,2002).
•••• Umidade e sólidos totais: Fundamenta-se na evaporação da água presente no
alimento e pesagem do resíduo sólido até que adquira peso constante.
•••• Resíduo mineral (cinzas): baseia-se na determinação de resíduo inorgânico que
sobra depois de calcinar a matéria orgânica de uma amostra.
•••• Lipídios totais: baseia-se na extração dos lipídeos, empregando-se éter etílico.
•••• Nitrogênio total (proteína): a proteína bruta foi obtida multiplicando-se o
nitrogênio pelo fator x 5,75.
•••• Carboidratos: Foram determinadas por diferença, subtraída de 100% as somas
dos valores obtidos para as determinações anteriores.
•••• Fibras: Foram determinadas utilizando amostras desengorduradas da farinha,
em seguida utilizando-se um aparelho extrator de fibras.
Por efeito de comparação, entre as duas amostras quanto ao teor de nutrientes,
foram observadas as informações descritas na embalagem de uma farinha de trigo
especial, escolhida de forma aleatória, sem verificar fabricante ou marca.
6
2.3 Ensaio biológico
O ensaio biológico foi realizado no Laboratório de Nutrição Experimental da
Faculdade Assis Gurgacz (FAG), Cascavel – PR, após ter sido aprovado pelo
Comitê de Bioética da Universidade Paranaense (UNIPAR) da cidade de Umuarama
– PR, cujo número de protocolo é 11617/2007, emitiu parecer favorável (ANEXO A).
Os animais de experimentação foram alojados em lugar com boas condições
ambientais, com disponibilidade adequada de temperatura, luminosidade, condições
higiênicas, dieta e água, evitando-se a superpopulação nas gaiolas. Os
procedimentos adotados foram estabelecidos de acordo com o decreto n º. 24.645
de 10 de julho de 1934 que asseguram os direitos dos animais, estabelecendo
medidas de proteção aos mesmos, e conforme a lei n º. 6.638 de 8 de maio de 1979,
que normatiza as práticas didático científicas da vivisseção de animais (BRASIL,
1934; BRASIL, 1979).
Foram utilizados para o experimento 40 ratos machos adultos com 60 dias da
linhagem Wistar, provenientes do biotério da Faculdade Assis Gurgacz - FAG. As
condições ambientais do biotério foram controladas a fim de manter a temperatura
em 22 ± 2ºC, e períodos alternados de claro e escuro de 12 horas. O experimento
teve a duração de 28 dias. A dieta foi calculada baseando-se no consumo de 30g
por animal por dia. O controle de ingesta da ração e água foi realizado diariamente.
Indução da diabetes experimental: O diabetes experimental foi induzido pela
administração de solução de estreptozootocina injetado por via intraperitonial na
dose única de 50 mg/kg de peso corporal, após um período de 24 horas de jejum em
30 ratos, dos 40 disponíveis, pois 10 ratos foram separados para realizar o grupo
controle.
7
Foram considerados diabéticos, os ratos que apresentaram níveis de glicemia
em jejum igual ou superior a 120 mg/dl (CALDERON, 1988), e o restante cerca de
10 ratos que não atingiram os níveis ou não suportaram a dosagem e morreram
foram desprezados (GONZALEZ, 2000; FERNANDEZ, 2002; LERCO, 2003; SILVA,
2006).
Os ratos foram divididos em três grupos, sendo um grupo controle tratados
com ração (GCR), um grupo com ratos diabéticos e tratados com ração (GDR) e um
grupo de ratos diabéticos tratados com ração e com acréscimo de 25% de farinha de
casca de maracujá (GDRM).
Anterior ao processo de indução da diabetes experimental os animais foram
pesados. O controle de peso foi realizado durante todo o experimento 7, 14, 21 e 28
dias (APENDICE B). Os animais foram separados em três grupos e mantidos em 6
gaiolas coletivas cada qual com 5 animais. O peso médio dos animais em cada
grupo foi de 250g. O grupo mantido em dieta experimental foi selecionado conforme
gravidade da diabetes até completar o grupo com total de 10 animais.
Determinação do teor de glicose: A glicose sanguínea dos animais foi
determinada utilizando fitas glicotestes (tiras reagentes Glucotide), e a leitura da
hexoquinase foi avaliada no aparelho Glicometer. Este procedimento foi realizado de
acordo com o procedimento padrão pré-estabelecido no laboratório experimental. A
dosagem foi verificada no tempo 0, 5, 14 e 28 dias, com os animais deixados em
jejum por um período de 24 horas.
Eutanásia: Ao final dos 28 dias de experimento os animais foram submetidos à
eutanásia sob anestesia inalatória em campânula com alotan.
8
2.4 Análise estatística
A análise estatística foi determinada pelo teste de variância (ANOVA) e a
diferença entre as médias pelo teste de Tukey 5% de probabilidade, utilizando-se o
programa “Statística: Basic Statistics and Tables” (STATSOFT INC., 1995).
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
3.1 Composição centesimal
Os dados da Tabela 1 mostram os resultados obtidos das análises físico
química da farinha elaborada a partir da casca de maracujá, realizada em
laboratório; em comparação com a obtida na embalagem de farinha de trigo
especial.
TABELA 1: Composição centesimal da farinha de casca de maracujá em comparação a farinha de trigo. Análises
Farinha de casca de
maracujá Farinha de trigo
especial Desvio Padrão
Carboidrato 64,7% 76% 0,0799*
Proteína 0,8% 10%
0,0650*
Lipídeos 0,9% 1,0%
0,0000
Fibras 16,3% 2%
0,1011*
Cinzas + Umidade 17,3% 11%
0,0445 *Nível de significância (p < 0,05) ANVISA, (2005).
Os teores de lipídeos, cinzas e umidade das amostras de farinha de casca de
maracujá e farinha de trigo não diferiram estatisticamente, ao nível de 5% de
significância. Os teores de carboidratos e proteínas foram significativamente
9
superiores na farinha de trigo, no entanto o teor de fibras foi 8 vezes menor que o
determinado na farinha de casca de maracujá.
De acordo com Areas, Reyes (1996), Mahan (2002); Derivi et al (2002), a
ingestão de fibras auxilia indivíduos diabéticos com excesso de peso, pois podem
alterar o trânsito e a morfologia intestinal, reduzindo a absorção da glicose, e em
conseqüência, melhorando o quadro da diabete .
A farinha de casca de maracujá é um ingrediente de excelente qualidade
nutricional, devido seu elevado teor de fibras sendo obtida do aproveitamento da
casca, após extração da polpa de maracujá, portanto matéria-prima de baixo custo
em que poderá agregar valor em produtos de panificação modificando o valor
nutricional de produtos alimentícios, podendo ser destinados à alimentação para fins
especiais.
3.2 Ensaio biológico
A maioria dos estudos de longo prazo sobre os efeitos das diversas formas de
tratamento da diabetes é realizada em cobaias. Este tipo de pesquisa tem vantagens
sobre os protocolos aplicados em humanos, pela possibilidade de se estudar
amostras iguais, ou realizar estudos controlados, sem o risco de ocorrer problemas
éticos. Dificilmente seria possível acompanhar uma doença tão grave, como a
diabetes, em seres humanos, sem fornecer alguma forma de tratamento da doença.
Porém isto é possível em animais; com o benefício de possibilitar um período de
observação sobre as conseqüências fisiológicas da doença, jamais alcançada em
humanos (FERNANDEZ, 2002; LERCO, 2003; SPADELLA, 2005; SILVA, 2006).
10
A ingestão da ração diária foi obtida por meio do cálculo da diferença de
quantidade de ração oferecida aos animais e a ração remanescente, seguindo-se o
mesmo procedimento para o cálculo da quantidade de água consumida. Os dados
estão mostrados no gráfico 2.
GRÁFICO 2: Consumo médio diário de água e ração por animal durante o ensaio experimental no
grupo controle (GCR), grupo diabético tratado com ração (GDR) e grupo diabético tratado com
ração adicionada de 25% de farinha de casca de maracujá (GDRM).
24,1
52,17
31,4
109,07
43,07
74,03
Ração(g) Água(mL)
Consumo médio diário/animal
GCRGDRGDRM
Esta ingestão foi diferenciada nos 3 grupos, se comparados com o grupo
controle (GCR) os grupos (GDR) e (GDRM) consumiram quantidades mais elevadas
de ração, sendo estas compostas com 25% de farinha de casca de maracujá.
Em relação à quantidade de água consumida pelos animais durante os 28
dias de experimento, observou-se que o grupo diabético não tratado com farinha de
casca de maracujá (GDR), apresentou o maior consumo de água sendo este 30%
11
superior ao grupo diabético contendo na dieta farinha de casca de maracujá
(GDRM). Isto significa que a dieta tratada para o grupo (GDRM) foi eficaz para o
controle do consumo de água em ratos diabéticos. O consumo de água aumentado
é devido ao sintoma de polidipsia natural de pacientes com diabetes. Como os ratos
não estavam sendo tratados, logo apresentavam-se com os sintomas
característicos: polidipsia e polifagia (muita fome), por isso beberam mais água e
comeram mais ração.
A estreptozootocina administrada por via intraperitoneal nos ratos produz
diabetes, caracterizada por alterações clínicas e laboratoriais graves. Essas
alterações podem ser melhoradas com os tratamentos convencionais utilizando
insulina, porém, os níveis glicêmicos podem ser melhorados com o uso da farinha de
casca como demonstrado no Gráfico 1, possivelmente reduzindo os efeitos da
doença.
O peso dos animais foi monitorado 5 vezes durante o experimento (0, 7, 14,
21 e 28º dia) a fim de verificar se os ratos induzidos a diabetes apresentassem perda
de peso em relação ao grupo controle ou alteração de peso durante o experimento.
Esses dados estão apresentados no gráfico 3.
O peso médio dos animais variou de 208,0g a 361,5g. No início do
experimento o peso foi estatisticamente igual entre os grupos analisados e não
variou estatisticamente para os animais induzidos a diabetes (GDR e GDRM) até o
28° dia de experimento (linha). Já para os ratos do grupo controle (GCR), o ganho
de peso foi significativo no sétimo e vigésimo oitavo dia de avaliação, diferindo
significativamente dos demais tratamentos no final do experimento.
As dietas administradas ao grupo com diabete elevada (GDRM),
apresentaram elevado teor de fibras, assim as variações encontradas do peso dos
12
animais devem ser atribuídas a esta alteração, conforme citado por Fernandez et al
(2002).
GRÁFICO 3: Controle de peso dos animais durante os 28 dias de experimento. Grupo controle
(GCR), grupo diabético tratado com ração (GDR) e grupo diabético tratado com ração adicionada
de 25% de farinha de casca de maracujá (GDRM). Letras minúsculas (coluna) ou maiúsculas
(linha) iguais indicam que não houve diferença significativa em nível de 5% de confiança entre as
amostras pelo teste de Tukey.
AaABaABaBa
Ca
Aa
AbAb Ab Aab
AbAbAb
Ac
0
100
200
300
400
0 7 14 21 28
Tempo (dias)
Pes
o (g
)
GCR GDR GDRM
Aa
Os dados desse trabalho estão de acordo com os descritos por Lerco (2003),
que efetuou estudos com ratos diabéticos, descreveu sintomas como: queda do
estado geral; ganho significativamente menor em peso em relação ao rato normal,
com declínio progressivo da curva ponderal próximo ao óbito.
É importante salientar que o grupos ficaram ao final do experimento com 10
ratos no grupo GCR, 9 ratos no grupo GDR e 8 ratos no grupo GDRM, pois a cada
13
intervalo de dias em que os ratos eram submetidos ao jejum de 24 horas, para
medição da glicose sanguínea, havia uma queda no estado geral dos ratos dos
grupos diabéticos levando à morte de 1 rato do grupo GDR (diabetes menos grave)
e 2 ratos do grupo GDRM (diabetes grave).
A glicemia dos grupos foi acompanhada durante o experimento para verificar
possíveis alterações no grupo diabético tratado com ração adicionada de 25% de
farinha de casca de maracujá (GDRM). Os resultados da glicemia dos animais
durante o experimento estão mostrados no Gráfico 4.
GRÁFICO 4: Controle da glicose nos ratos durante 28 dias de experimento. Grupo controle (GCR),
grupo diabético tratado com ração (GDR) e grupo diabético tratado com ração adicionada de 25% de
farinha de casca de maracujá (GDRM). Letras maiúsculas (coluna) ou minúsculas (linha) iguais
indicam que não houve diferença significativa em nível de 5% de confiança entre as amostras pelo
teste de Tukey.
BaBbBa
AaAaBa
Bb
Ba
Aa
0
50
100
150
200
250
0 14 28
Tempo (dias)
Glic
ose
(mL/
Kg)
GCRGDRGDRM
14
A glicemia nos animais não induzidos a diabetes (GCR) e do grupo diabético
tratado apenas com ração (GDR) não apresentou diferenças estatísticas na glicose
durante o tratamento (linha) como era esperado. Nesses grupos esta variou de 85 a
121 mL/kg.
Após verificar a glicemia inicial, os ratos considerados com diabetes mais
elevada foram agrupados no grupo que receberia tratamento com ração adicionada
de 25% de farinha de casca de maracujá (GDRM), por essa ração esse grupo
apresentou diferenças significativas na glicose, no tempo “zero”. Nesse grupo, o
nível de glicose sanguínea (GDRM), reduziu consideravelmente no 14º dia,
passando de 221 para 90 mL/kg; ou seja, ocorreu uma redução de 145% na glicose.
Portanto, os ratos do grupo com diabetes mais severa após intervenção de 14
dias com dieta, contento 25% de farinha de casca de maracujá, reduziu a diabetes
para níveis considerados normais, mantendo essa propriedade até o final do
experimento. Esses resultados mostram que uma dieta contendo 25% de farinha de
casca de maracujá, apresenta possível ação efetiva na redução da glicemia em ratos
diabéticos.
Estudos realizados por Derivi et al, (2002), avaliou o efeito hipoglicêmico com
ratos Wistar machos adultos, normais e diabéticos, que receberam rações à base de
caseína, berinjela com casca e sem casca, e de casca de berinjela por um período
de 42 dias. Os resultados mostraram que as rações à base de farinha de berinjela
com casca e de casca de berinjela mesmo que em presença de baixos teores de
pectina solúvel, apresentaram redução nos níveis de glicose.
Estudos descritos por Lerco (2003), relacionados com ratos diabéticos,
descreveu que os sintomas como apatia, odor forte da urina, anorexia, além de
comprometimento acentuado e progressivo do estado geral, polidipsia, polifagia e
15
altos volumes de débito urinário apresentados em ratos, foram muito semelhantes
aos resultados obtidos em humanos, evidenciando a importância dos resultados
obtidos nesse trabalho em relação à redução da glicemia no grupo diabético tratado
com farinha de casca de maracujá.
Estudos com diferentes concentrações de farinha de casca de maracujá e
ministradas por um período maior de tempo em ratos diabéticos são sugeridos a
partir dos dados obtidos no presente trabalho.
É importante discutir que, apesar de não haver reduzido a glicemia (indicador
usado para controle do diabetes) na forma em que foi medida, o grupo GDRM
comeu menor quantidade de ração e ingeriu menos água comparado ao grupo GDR,
como essas respostas fisiológicas são conseqüência da hiperglicemia, pode-se
concluir que apesar de não haver diferença estatística entre o valor da glicemia
isolada medida, pode-se concluir que o grupo GDRM teve melhor controle glicêmico
em função de ter ingerido menos ração e menos água, mostrando possivelmente
que ele teve melhor controle glicêmico ao longo do experimento.
4. CONCLUSÃO
Com este experimento, verificou-se a ação eficaz de substâncias presentes
na casca do maracujá, para o tratamento/controle da diabete em animais de
laboratório, pois esta apresentou acentuado efeito hipoglicêmico.
16
5. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem aos colaboradores que auxiliaram na execução deste
projeto e em especial à Faculdade Assis Gurgacz - FAG, pela infra-estrutura
disponível para a realização dos testes laboratoriais.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANVISA. Agencia Nacional de Vigilância Sanitária. Ministério da Saúde, Gerência Geral de alimentos. Rotulagem Nutricional Obrigatória – Manual de Orientação as Indústrias de Alimentos. 2ª versão. Brasília 2005.
AREAS, M.A.; REYES, F. G. R.; Fibras alimentares: 1. Diabetes Mellitus. Caderno de Nutrição V 12 p 01 -08. Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição, São Paulo, SP, 1996.
BOUTS, D.M.D.; PORTELLA, E.S.; SOARES, E.A. A atividade física e a dieta no tratamento do indivíduo diabético insulino-dependente. Cadernos de Nutrição V 16 p 15 – 30. Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição. São Paulo, SP, 1998.
BRAS, B.; DICHEL, D. B.; GASPAR, D.E.S.; DINIZ, D.; CARMO, E. R. do; ROSA, F. H. da; KUIAVA, J.; VILAGRA, J. M.; ARAUJO, K. E. B. de. ; RADAELLI, M. E. B.; CARVALHO, M. L.; LUPPI, M. R.; OLIVEIRA, P. B. R.; DESTRO, R.; ASSUMPÇÃO, R.A.B.; Manual para Elaboração e Apresentação de Trabalhos Acadêmicos. Cascavel, 2006.
BRASIL , Decreto n 24.645 de 10 julho de 1934.
BRASIL, Lei n º. 6638 de 8 de maio de 1979. Estabelece normas para a prática didática - científica da vivissecção de animais e determina outras providências.
CALDERON, I.M.P.; Modelo experimental em ratos para estudo do binômio diabetes e gravidez. [ Dissertação – Mestrado] Universidade Estadual Paulista – Faculdade de Medicina de Botucatu, 1988.
COSTA, M.C.D.; FATEL, E.C. de S.; ROMAN, J.A.; PEREIRA, E.L.; JOHANN, I.A. ; Manual De Procedimentos Do Trabalho De Conclusão De Curso (Tcc) – Nutrição, Cascavel, 2007.
17
DERIVI, S.C.N.; MENDEZ, M.H.M.; FRANCISCONI, A.D.; SILVA, C.SDA; CASTRO, A.F.; LUZ, D.P. ; Efeito hipoglicêmico de rações à base de berinjela (Solanum melongena, L.) em ratos. Ciência e Tecnologia dos Alimentos. V 22, n 2. May/Aug. Campinas, 2002.
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19
ANEXO I
PARECER DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE BIOÉTICA DA UNIPAR
20
21
APÊNDICE
TABELA DE DADOS EXPERIMENTAIS
22
Apêndice B: Tabela dados experimentais – Controle de peso e glicose dos animais
Grupo controle (GCR)
Rato Peso
Inicial Glicose Inicial
Peso 7 dias
Peso 14 dias
Glicose 14 dias
Peso 21 dias
Peso 28
dias Glicose 28 dias
1 266 90 333 342 84 345 355 85 2 287 85 349 360 84 350 360 90 3 280 90 350 360 89 362 360 74 4 269 91 309 328 80 325 330 74 5 256 86 303 316 90 315 355 77 6 283 85 317 327 85 335 365 86 7 262 80 325 354 80 360 370 94 8 250 83 344 317 90 335 350 92 9 270 90 362 360 85 365 380 88
10 270 84 343 356 88 350 390 95 Média 269 86 333 341 85 344 361 85
Grupo diabético tratado com ração (GDR)
Rato Peso
Inicial Glicose Inicial
Peso 7 dias
Peso 14 dias
Glicose 14 dias
Peso 21 dias
Peso 28
dias Glicose 28 dias
1 240 112 243 310 99 250 305 114 2 * * * * * * * * 3 251 117 290 260 99 260 250 102 4 215 123 296 183 120 180 185 121 5 256 119 350 341 110 480 500 117 6 228 120 259 274 98 250 255 113 7 330 132 313 302 115 300 275 104 8 285 130 325 326 100 335 333 111 9 170 121 204 262 112 260 255 169 10 223 116 260 210 99 205 180 130
Média 244 121 282 274 105 280 282 120 Grupo diabético tratado com ração e 25% de farinha de casca de maracujá
(GDRM)
Rato Peso
Inicial Glicose Inicial
Peso 7 dias
Peso 14 dias
Glicose 14 dias
Peso 21 dias
Peso 28
dias Glicose 28 dias
1 * * * * * * * * 2 194 193 216 215 115 245 245 107 3 337 324 182 251 58 265 260 87 4 * * * * * * * * 5 269 140 252 221 66 225 235 88 6 230 143 183 170 94 205 215 103 7 238 142 150 239 67 240 240 103 8 211 360 268 286 99 300 280 112 9 217 312 196 292 108 355 355 87 10 218 156 220,6 200,6 89 210 170 63
Média 239 221 208 234 87 255 250 93 * Animais que morreram durante o experimento.