11
faz parte integrante da edição n.º 928 deste jornal e não pode ser vendido separadamente SUPLEMENTO ESPECIAL 25 DE ABRIL SEMANÁRIO REGIONAL - DIÁRIO ONLINE O MIRANTE Catarina Campos Ana Câncio João Fanha Vieira Pedro Ribeiro Vanda Nunes Francisco Matias José Godinho Lopes Carlos Carrão Pedro Orvalho Rui Serrano Ana Carla Gonçalves João Teixeira Leite Muitos nasceram depois do 25 de Abril. Outros eram crianças quando a revolução aconteceu. Outros ainda viveram o acontecimento com plena consciência do que estava acontecer. Todos os que aceitaram o desafio para escreverem neste suplemento estão de acordo num ponto. O que aconteceu marcou para sempre cada um de nós e todos nós. Como cantava o poeta: somos filhos da madrugada. Daquela madrugada inteira e limpa. Somos filhos da madrugada A ilustração desta página é da autoria de António Pimentel e foi retirada do livro “As Portas que Abril abriu”

Especial 25 de Abril

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Especial 25 de Abril

Citation preview

O MIRANTE | 22 Abril 2010 25 ABRIL | 1

faz

part

e in

tegr

ante

da

ediç

ão n

.º 92

8 de

ste

jorn

al e

não

pod

e se

r ven

dido

sep

arad

amen

teS

UP

LE

ME

NT

O E

SP

EC

IAL

25

de a

bril

SEMANÁRIO REGIONAL - DIÁRIO ONLINE

O MIRANTE

Catarina CamposAna Câncio

João Fanha Vieira

Pedro Ribeiro Vanda Nunes

Francisco Matias

José Godinho Lopes

Carlos Carrão Pedro Orvalho

Rui Serrano

Ana Carla Gonçalves João Teixeira Leite

Muitos nasceram depois do 25 de Abril. Outros eram crianças quando a revolução aconteceu. Outros ainda viveram o acontecimento com plena consciência do que estava acontecer. Todos os que aceitaram o desafio para escreverem neste suplemento estão de acordo num ponto. O que aconteceu marcou para sempre cada um de nós e todos nós. Como cantava o poeta: somos filhos da madrugada. Daquela madrugada inteira e limpa.

Somos filhosda madrugada

A il

ustra

ção

dest

a pá

gina

é d

a au

toria

de

Ant

ónio

Pim

ente

l e fo

i ret

irada

do

livro

“As

Por

tas

que

Abr

il ab

riu”

Tínhamos 17, 18 anos, estávamos a acabar o liceu. Não seriam muitos os que teriam grande consciência po-lítica, mas o facto de vivermos numa região onde a luta contra o regime esteve sempre presente, não permitia um completo alheamento, nem aos mais distraídos. Alguns tinham já uma participação activa em organizações e manifestações de índole associativo e cultural, e iam tentando interessar os colegas mais próximos, formando uma pequena rede que se ia espalhando e aprofundando.

Vivemos o impacto inicial com estupefacção, receio, entusiasmo, percebemos rapidamente que grandes mudanças se avizinhavam, que as re-lações de poder, mesmo as que se pro-cessavam no âmbito da escola, nunca mais seriam as mesmas, fizemos a nossa aprendizagem da democracia em curso intensivo e acelerado. Os mais prepa-rados politicamente foram ocupando os respectivos campos de influência, e começaram a surgir aí as primeiras angústias de um processo que a princípio parecia prometer encantamento permanente: a divisão entre colegas, entre ami-gos, consoante o “campo” político escolhido.

Os anos seguintes fo-ram intensos, turbulen-tos, confusos por vezes, fruto das lacunas que quase todos os quadran-tes experimentavam em matéria de vivência em democracia, mas com-pensavam em entusias-mo, em capacidade de criar, de inovar, em per-missão para sonhar. A sucessão de governos, as convulsões económicas e sociais, a instabilidade, apesar de nos afectarem, perdoavam-se, não só pela novidade e tenra idade do “processo re-volucionário em curso”,

como pela nossa própria juventude, pela alegria e empenhamento com que acreditávamos poder ajudar a fazer a diferença.

Passaram 36 anos, o dobro daqueles que tínhamos na altura. Todos os anos, quando se aproxima esta data, fazemos questão de voltar a falar dela, mas exis-te já um distanciamento irreparável, uma sensação de obrigação, de cum-primento de calendário, que perpassa nos colóquios, na repetição dos filmes e documentários alusivos ao tema, até nas esparsas manifestações de rua que teimam em manter uma tradição que só sobrevive amparada num caderno reivindicativo de actualidade.

E penso no que significou, não só para nós, mas para o País e para o Mundo, aquele 25 de Abril de 74, e parece impossível que tenha resvalado tão rapidamente para esta indiferença característica das datas festivas que não pressupõem consumo! Será que deveríamos ter convencionado oferecer presentes pelo 25 de Abril? Cravos ver-melhos só que fossem? Não, não seria por aí, afinal também nos queixamos que o espírito natalício foi abafado pela vertente consumista…Lembro-me de uma pergunta que ficou célebre e apetece-me, modificando-a um pouco, perguntar aos meus companheiros desse tempo: o que fizeste do teu 25 de Abril? A quem e como o contaste? Como é que o vives e o sentes hoje?

Suponho que as respostas seriam díspares, algumas surpreendentes, a maioria frustrante. O percurso de vida de cada um terá necessariamente marcado uma memória que nunca é colectiva, porque mesmo os factos mais concretos sofreram ao longo destes 36

anos a influência da subjectividade pessoal. Não posso garantir, mas sus-peito que a maioria me responderia que não é da sua responsabilidade pessoal manter viva a história, mesmo que neste caso a do País se misture indisso-ciavelmente com a sua própria, tenha decorrido no mesmo espaço temporal, e tenha consubstanciado uma mudança fundamental nas suas vidas. De entre outras, esta é uma das piores heranças que nos ficaram desses 50 anos antes de Abril de 74: a convicção de que a responsabilidade social não é nossa, é de um qualquer ente suficientemente vago e nebuloso que nunca se mate-rializa para a assumir, pelo que nunca podemos confrontá-lo, e muito menos a nós mesmos, com os falhanços su-cessivos de que simultaneamente nos queixamos.

Se há “ensinamento” que se possa re-tirar do que se passou no dia 25 de Abril de 1974, independentemente de todas as teorias sobre a génese socio-política, de todas as tentativas de apropriação da “paternidade” do processo, ela é, penso eu, que foi uma massa não politizada, e ainda muito menos enquadrada po-liticamente que, naqueles momentos decisivos em que o equilíbrio militar era absolutamente instável, conseguiu, num movimento intuitivo de cidadania

O que fizeste do teu 25 de Abril?

(no que esta também tem de instinto de sobrevivência social), desequilibrar as forças, demonstrando de forma ine-quívoca a sua vontade, eventualmente a sua determinação em arriscar a vida numa “aventura” que não planeara mas de que se sentiu imediatamente parte integrante. Não nos voltou a ser pedido tamanho sacrifício, e talvez seja por isso, temos esta dramática tendência dos grandes gestos e tudo o resto, quotidiano, banal, não mediático, parece pouco interessante para cumprir o nosso fado de grandeza. E vamo-nos acomodando, perdendo de vista os so-nhos, convencendo-nos de que outros têm as responsabilidades e nós o direito de protestar, de reivindicar, que somos vítimas mas nunca co-autores desta realidade que não nos agrada mas não tentamos modificar… E o leitor, o que fez do seu 25 de Abril?

* Autarca da Freguesia de Vila Franca de Xira

Ana Câncio*

ESPECIAL 25 ABRIL • 22 Abril 2010

O MIRANTE | 22 Abril 2010 25 ABRIL | 3

A Liberdade e os valores de Abril merecem mais atenção, diria até mais carinho, por parte do sistema educativo e das famílias.

Nasci depois de 1974, a minha geração e todas as posteriores olham para a Liber-dade e para a Democracia como “coisas vulgares”, algo natural, que não oferece contestação e até temos dificuldade em compreender como é que se viveu sem estas “coisas vulgares”.

Felizmente, nem todos os nascidos pós-Revolução dos cravos sofrem dessa inconsciência colectiva sobre as conquis-tas de Abril. Os que têm – como eu tenho – informação sobre a História daquilo que foi a realidade de Portugal antes, durante e depois do 25 de Abril de 1974, temo-la graças a familiares e a vivências pessoais e muito pouco pela via escolar.

No meu percurso académico, do ensino básico à faculdade, a História de Portugal serviu-me o 25 de Abril como

A fome e o sabor de Abrilum hambúrguer, tipo “fast food”, ou se preferirem em excesso de velocidade, como se onde se devia circular a 50km/h se passasse a 220km/h, sendo na minha opinião, tal como no código da estrada, uma infracção muito grave, com sanção acessória de cassação de licença de con-dução. O que me preocupa é que esta infracção é cometida incessantemente há longos anos, sem que ninguém seja multado ou penalizado. Aliás, penaliza-das estão já as várias gerações que cres-ceram alheadas da História de Abril e, consequentemente, da realidade política e social do nosso país.

O mais caricato disto tudo é que os principais responsáveis por esta situação são os próprios “pais” da Revolução, já que foram eles que fizeram as opções políticas e estratégicas do sistema educativo português. Os jovens alunos são os menos culpados, são apenas os passageiros do veículo em excesso de velocidade e mais uma vez, tal como na estrada, os acidentados são vítimas de negligência alheia.

A História da Liberdade é linda, inte-ressante e até excitante. Os ingredientes para captar a atenção dos alunos estão lá todos, basta para isso haver vontade de os “cozinhar”. É claro que o primeiro sinal dessa vontade tem de partir dos responsáveis políticos. Numa segunda fase, caberá às Escolas e aos professores meterem mãos à massa e com o carinho dos melhores chefs preparem a ementa a ser servida. O menu deverá apostar naquilo que mais facilmente abrirá o apetite aos estudantes, estou a pensar na riquíssima actividade cultural inspirada nos valores de Abril. Tenho a certeza que no final desta “refeição” todos ficarão

saciados. A família tem desempenhado um

papel de compensação, face à rigorosa dieta imposta pela Escola. Diga-se de passagem que não é apenas nesta matéria que isto acontece.

Lá em casa come-se muito bem, a Mãe é uma cozinheira de mão cheia, talvez por isso eu seja tão exigente na gastronomia. À mesa, para além de nos deliciarmos com os miminhos da Mãe Cristina, temos também o privilégio de beber a experiência e as vivências do Pai Orvalho, um alentejano de 71 anos, que veio de uma família pobre da aldeia de Montoito, perdida entre o Redondo e Reguengos de Monsaraz, trabalhar para o Caminho-de-Ferro na grande Lisboa e acabou no Banco Espírito Santo, em Coruche. Este percurso de vida só por si vale pela coragem e determinação, mas é ainda mais cativante porque grande parte deste trajecto desenrola-se duran-te a ditadura, envolve um homem que conseguiu fugir ao Ultramar, que foi ferroviário, sabendo-se que na época os ferroviários eram digamos que… muito “valentes”, e que passou o 25 de Abril de 1974 já como funcionário de um dos capitalistas da altura. O Pai Orvalho sem-pre gostou de discutir política durante as refeições, é um homem de esquerda, militante do Partido Socialista, com uma pequena passagem pelo PRD, na década de 80. À mesa sentava-se ainda o meu irmão Luís, dez anos mais velho que eu, recordo-me de algumas discussões acesas entre o então estudante do ISCTE, aluno de Economia de Cavaco Silva e o nosso pai Orvalho. Tinha eu os meus 10 anos.

Pedro Orvalho*

Ao meu lado sentavam-se ainda a avó Natalina e o avô Zé Cansado, que nasceu em 1918 e partiu em 2008, 90 anos de estórias e História, Mestre-ferroviário na CP e com uma vida social que lhe permitiu conviver, mas nunca compac-tuar ou concordar, com algumas figuras do Estado Novo. Lembro-me de o ouvir contar peripécias vividas com Amália Rodrigues, ou com Américo Tomás (e que bem ele as contava).

Foi mais à mesa, do que à carteira da sala de aula, que eu aprendi e me inte-ressei pela História recente de Portugal. O meu maior receio é que hoje em dia este suplemento vitamínico já não é dis-tribuído à mesa pela família. A cada vez maior individualização dos indivíduos, o imediatismo, a Internet (que também pode desempenhar o papel contrário), a playstation, os 300 canais de televisão e muitas mais distracções. A isto junta-se o facto de estas novas gerações (a minha e a anterior) de pais estarem alheadas da-quilo que foi o 25 de Abril, são as crianças dos bancos da escola do pós-Revolução, as tais que passaram fome de Abril nas salas de aula. Restam-nos os avós de hoje para vitaminarem os netos e, quem sabe, esses mesmos netos consigam dar a provar aos pais o sabor de Abril.

*Chefe de Gabinete do Presidente da Câmara Municipal de Coruche

Para quem nasceu em Fevereiro de 1974, o 25 de Abril sempre foi algo que só tive oportunidade de conhecer pelos livros, pela televisão ou através de con-versas com pessoas mais velhas.

Há três momentos, em épocas di-ferentes que marcaram a minha visão

Uma entrevista de uma tarde com a viúva de Salgueiro Maiasobre a revolução. As minhas primeiras percepções do 25 de Abril chegaram-me de forma indirecta, pela visualização de milhares de slides que o meu pai trouxe de Moçambique onde esteve dois anos na Guerra do Ultramar. Para alguém muito novo a pergunta era inevitável. “O que foste lá fazer?”. Só um pouco mais tarde percebi que a Guerra acabou com a Revolução, mas ainda hoje recordo muitos desses slides.

Já mais velho fiz uma visita ao Forte de Peniche. Aí, tentei colocar-me na posição daqueles que ali passaram anos das suas vidas, presos, torturados física e psicologicamente só por não concorda-rem com um regime que os governava sem qualquer respeito pela opinião e pelos interesses dos seus cidadãos. É por isso que desde há muito defendo que a “sede” da PIDE/DGS, na Rua António Maria Cardoso em Lisboa, deveria ter sido transformada num museu e que este assunto da nossa história contemporânea devia ser matéria de ensino obrigatório nas escolas. Só recordando e ensinando

é possível melhorar as hipóteses de a história, não se repetir. Talvez assim não haja mais nenhum “Tarrafal”.

No entanto o que mais me marcou foi uma entrevista que fiz em conjunto com o então presidente da JS Ribatejo, Rui Carreteiro, à viúva de Salgueiro Maia. Foi em 1994 e eu tinha 20 anos, quando nos deslocámos a casa da Dra. Natércia Maia. A entrevista era para demorar meia hora, estivemos lá a tarde toda, a cassete para gravar rapidamente deixou de servir, até porque o melhor foi quando já não havia mais fita para gravar. Aquela foi uma conversa que não consegui retransmitir, era impossível. A forma como a Dra. Na-tércia falou, as memórias, os pequenos pormenores, fizeram toda a diferença. Foi um daqueles momentos que nos marcam e que garantidamente me deu uma perspectiva muito diferente desta revolução e dos motivos que levaram um punhado de homens a arriscarem as suas carreiras e a sua vida por um sonho chamado Liberdade. No final fomos a uma divisão da casa onde se encontravam

dezenas de artigos pertencentes ao “Capi-tão de Abril” Salgueiro Maia. Entre esse espólio estava uma bandeira portuguesa e o “famoso” megafone utilizado no dia 25 para pedir a rendição do Quartel do Carmo. Uma outra pessoa que nos acom-panhou tirou uma foto fantástica desse cenário, que ainda hoje recordo. Foi um momento onde se podia literalmente “tocar” na história.

Por não ter vivido a época, estas histórias, entre outras, naturalmente, tiveram uma enorme importância na minha formação enquanto pessoa cívica, social e política. Termino recordando um poema de Sophia de Mello Breyner Andresen, que, na minha opinião, muito bem representa a natureza do dia 25 de Abril.

“Esta é a madrugada que eu esperava/o dia inicial inteiro e limpo/onde emergi-mos da noite e do silêncio/e livres habi-tamos a substância do tempo”

*Vice-Presidente da Câmara Municipal de Almeirim

Pedro Ribeiro*

ESPECIAL 25 ABRIL • 22 Abril 2010

22 Abril 2010 | O MIRANTE4 | 25 ABRIL

Este dia deveria ter para nós, um signi-ficado dinâmico. Resumir o 25 de Abril, ao dia em si, aos discursos, às manifestações, ao povo na rua e aos cravos é redutor. Em cada ano que passa, mais jovens tornam-se cidadãos de pleno direito. E à medida que os anos passam, o dia em si mesmo, deixa de ter um significado tão forte, para eles.

A lei passou a consagrar, não só na letra, mas também na prática, a digni-dade da pessoa humana, a democracia, a solidariedade social e um Estado de Direito.

É importante que os nossos jovens compreendam que são donos de um futuro que comporta um valor que todos procurámos: a Liberdade!

A noção de Liberdade é, por vezes, e erradamente, sinónimo de ausência de condições ou de regras e recusa de

Sou daqueles que nasceram antes do 25 de Abril, mas que não “viveram” antes da revolução. Eu e “ela” somos quase da mesma idade. Sou por isso daqueles que viveram e se construíram em demo-cracia, que apreenderam o seu modelo, que acreditaram enquanto cresciam nas suas virtudes.

Abril conferiu-nos imensos direitos. O direito à liberdade de expressão, à livre

Não tolerar os intolerantesopinião. O direito de contestar, de exigir. O direito de protestar, de concordar e de discordar. O direito de achar bem ou achar mal. O direito de não sermos oprimidos pelas convicções individuais que temos e que manifestamos. O direito à diferença.

O idealismo de Abril, no que concerne às liberdades, é hoje intrínseco à socie-dade portuguesa, numa fase plena de consolidação e maturação do processo democrático. Hoje esses direitos são legítimos, normais e banais até, para quem só “viveu” no pós- 25 de Abril. São um património inalienável que é nosso. De todos nós.

Abril aconteceu há 36 anos. Preservar e defender essa memória é um acto de justiça, em especial para todos os que intervieram para que pudéssemos hoje usufruir desse indelével “privilégio”.

Porém, olhar hoje Abril a esta distân-cia, aconselha a um acto de reflexão e adequação do nosso posicionamento face às idiossincrasias da sociedade contem-porânea. É pois premente recordarmos o conceito de liberdade e destrinçá-lo com clareza do conceito de libertinagem.

E é hora de exercermos quotidiana-

mente o verdadeiro poder que nos foi conferido enquanto cidadãos de pleno direito democrático, em vez de nos re-fastelarmos comodamente a cobrar dos outros. E podemos todos fazê-lo das mais diversas formas, intervindo activamente nas nossas comunidades, ajudando e contribuindo para modelarmos uma sociedade mais justa e mais solidária, mais rica portanto sob o ponto de vista da intervenção individual.

Mas é hora sobretudo de que em Por-tugal se insista também no conceito do dever. O dever do respeito pelo direito à diferença. O dever da compreensão pela divergência. O dever da não opressão dos que não comungam das mesmas convicções. O dever de aceitar os que não concordam, os que pensam de outra forma.

É hora de perceber que liberdade tam-bém é o dever de reconhecer o direito à mesma, porque se o regime de liberdades pode tolerar quase tudo não pode ainda assim tolerar os intolerantes.

*Engenheiro Técnico Civil

José Godinho Lopes*

Um futuro de liberdade

obrigações. Na maioria das vezes, esse conceito é

utilizado como instrumento de polémica, para negar a própria Liberdade.

De facto, a recusa constante de limi-tes e restrições (e citando Platão)“torna os cidadãos tão susceptíveis que, tão logo se lhes proponha algo que pareça ameaçar a sua liberdade, eles se melin-

dram, rebelam-se e terminam rindo das leis escritas e não escritas, porque não querem de forma alguma submeter-se a nenhum comando”.

A Liberdade como algo de absoluto é um mito, mas tal não significa que o ho-mem não disponha de uma margem para exercer livremente as suas actividades. Em sociedade, a Liberdade consiste na possibilidade de escolhas delimitadas por leis estabelecidas por um poder para isso designado pelo consenso dos cidadãos.

Claro que é muito importante que uma pessoa seja livre, para se poder exprimir de inúmeras maneiras, de dizer o que pensa e de fazer o que acha conve-niente. Mas neste aspecto é que surge o maior problema da Liberdade, que são os limites que esta tem para cada um de nós. Porque, quando uma pessoa exagera nessa “liberdade”, é porque também já está a entrar na liberdade dos outros, ou seja, já está a oprimir alguém, dizendo ainda por outras palavras, já está a con-dicionar a vida de alguém.

A Democracia tem, na verdade, as suas virtudes mas, também, os seus defeitos. No entanto, e com dizia Jean Rostand:

João Fanha Vieira *

“Enquanto houver Ditaduras não terei coragem para criticar a Democracia.”

*Vice-Presidente da Câmara Municipal do Entroncamento

ESPECIAL 25 ABRIL • 22 Abril 2010

Abril conferiu-nos imensos direitos. O direito à liberdade de expressão, à livre opinião. O direito de contestar, de exigir. O direito de protestar, de concordar e de discordar. O direito de achar bem ou achar mal. O direito de não sermos oprimidos pelas convicções individuais que temos e que manifestamos. O direito à diferença

É importante que os nossos jovens compreendam que são donos de um futuro que comporta um valor que todos procurámos: a Liberdade!

A noção de Liberdade é, por vezes, e erradamente, sinónimo de ausência de condições ou de regras e recusa de obrigações.

Na maioria das vezes, esse conceito é utilizado como instrumento de polémica, para negar a própria Liberdade.

O MIRANTE | 22 Abril 2010 25 ABRIL | 5

ESPECIAL 25 ABRIL • 22 Abril 2010

Nascida em 1977 faço parte de uma geração de portugueses, ela própria um dos primeiros “filhos” do Portugal pós 25 de Abril de 1974.

Mesmo não tendo a memória vivida desse tempo vibrante e maior da História do Povo Português, desde sempre, primeiro por pura aderência à vivência cívica activa da família, depois, já na adolescência, mais consciente do eu próprio e do que me rodeava, partilhei da vontade da defesa da liberdade, dos direitos fundamentais e sociais e da justiça social.

Assim, desde sempre, bem como certa-mente para o meu futuro, comemorar a

Revolução dos Cravos é e será, essencial-mente, todos os dias:

Celebrar a Revolução e as suas con-quistas, bem como o heroísmo daqueles que, na respectiva defesa e concretização, desde 1974, vêm abrindo as portas de um viver novo a toda uma Nação, no caminho libertador do socialismo;

Confirmar, por palavras e por acções, valores e ideais de liberdade, justiça, pro-gresso social, soberania nacional e paz;

Celebrar a luta social de todos quantos foram, são e serão, a voz activa da denúncia dos gravíssimos ataques aos valores e ideais afirmados pela Revolução;

Defender o aprofundamento do sis-tema democrático nacional consagrado constitucionalmente, nas suas vertentes política, económica, social e cultural, na afirmação da independência e soberania nacionais;

Defender a realidade de um poder lo-cal democrático descentralizado e ligado ao Povo.

Como autarca do Município de Bena-vente, não posso, a este passo, deixar de fazer especial alusão a esta última bandeira, a meu ver, um dos pilares fundamentais da Democracia, exercício público que melhor tem respondido às expectativas, necessida-des e anseios das populações.

Não obstante, os Governos nacionais dos últimos 36 anos têm esbulhado as autar-quias locais. A legislação sobre atribuições

e competências tem, entre outros, signifi-cado a diminuição do número de eleitos nos diversos órgãos e a redução do papel dos órgãos deliberativos. Mais, a história regista, os sucessivos incumprimentos das Lei das Finanças Locais. Apesar da entrada na União Europeia e o acesso aos Fundos Estruturais terem permitido novas fontes de financiamento, acentuaram, outros sim, a dependência face ao Poder Central e às instâncias comunitárias, com prejuízo para a autonomia administrativa e financeira.

Claras tentativas de coarctar a capa-cidade de iniciativa e de realização das autarquias locais, bem como de mistificar o carácter estruturante da sua acção, ex-presso no desenvolvimento e na resolução dos problemas concretos das populações.

Continuarei, por isso, empenhada, pessoal e colectivamente, realizando a Revolução dos Cravos, na defesa de uma gestão democrática, transparente e parti-cipada, em convergência com a luta social, mediante a dinamização da consciência cívica, democrática e revolucionária das populações.

Considero a Revolução de Abril de 1974 uma revolução inacabada, por realizar permanentemente para o futuro do Povo e do País, através da luta pela Liberdade, pela Democracia e pelo Desenvolvimento.

Permito-me, a final, deixar as sempre contemporâneas palavras do génio do poeta, José Carlos Ary dos Santos, no seu

poema O Futuro:

Isto vai meus amigos isto vaium passo atrás são sempre dois em frentee um povo verdadeiro não se trainão quer gente mais gente que outra gente

Isto vai meus amigos isto vaio que é preciso é ter sempre presenteque o presente é um tempo que se vaie o futuro é o tempo resistente

Depois da tempestade há a bonançaque é verde como a cor que tem a espe-rançaquando a água de Abril sobre nós cai.

O que é preciso é termos confiançase fizermos de Maio a nossa lançaisto vai meus amigos isto vai.

VIVA O 25 DE ABRIL, 25 DE ABRIL SEMPRE!!

* Primeira Secretária da Assembleia Municipal de Benavente

“Isto vai meus amigos isto vai”

Ana Carla Ferreira Gonçalves *

Passaram 36 anos. Uma data tão longínqua quanto presente. Longínqua porque era um jovem na “ flor da idade” e presente porque recordo esses tempos como se fossem recentes.

Tinha então 17 anos, e já trabalhava desde Fevereiro do ano anterior, após conclusão do Curso de Formação Geral do Comércio na Escola Industrial e Comercial de Tomar (hoje, Escola Se-cundária Jácome Ratton).

O meu pai falecera quatro anos

Na altura tudo aquilo foi para mim muito confuso

antes e, com mais dois irmãos, a opção foi começar a trabalhar e continuar a estudar à noite, a frequentar o curso de Contabilidade e Administração da Habilitação Complementar (equivalente ao 7º ano do Liceu).

E, assim, na noite de 24 de Abril de 1974, encontrava-me em casa do Mário Cobra a estudar para o exame de Eco-nomia Política do dia seguinte (que se realizou).

Por isso, não ouvi notícias e só na manhã de 25 de Abril, pelas 9 horas, é que, através do rádio a caminho do local de trabalho, ouvi um comunicado do MFA (Movimento das Forças Armadas), e fiquei a saber que tinha havido um golpe militar em Portugal para derrubar o governo ditatorial vigente.

Tudo tinha começado às 22h25 com a canção “E Depois do Adeus” por Paulo de Carvalho (transmitida pelos Emissores Associados de Lisboa, e considerada o sinal para o desencadeamento do golpe militar) e depois às 0h20 com a canção “Grândola, Vila Morena” por José Afonso (transmitida pela Rádio Renascença, e considerada a senha do movimento militar).

Na altura tudo aquilo foi para mim muito confuso. Tinha ainda pouca consci-

ência política e não tinha a noção exacta do que se estava a passar.

Em Palhavã (Tomar), onde residi até aos 10 anos de idade, apenas ia ouvindo dizer que não podia falar mal do governo, de Salazar, era perigoso, porque na vizi-nhança havia pessoas que não gostavam (mais tarde percebi que eram informado-res da PIDE). Na escola e na empresa, a política raramente era abordada.

Nesse tempo, a grande preocupação era o horizonte, cada vez mais próximo, da ida para o serviço militar, o mesmo é dizer para a guerra no Ultramar (e, onde, tinham falecido dois vizinhos, já eu residia no Bairro da Caixa de Previ-dência).

Mas, com o 25 de Abril, a “minha guerra” ficou-se pela inspecção militar no dia 3 de Abril de 1976, em Castelo Branco.

Os dias seguintes à “Revolução dos Cravos” foram de uma aprendizagem política intensiva, procurando perceber o que estava em causa e o que se pretendia. Desde logo, constatei que as Forças Ar-madas e a população estavam irmanadas nos mesmos objectivos, e que passavam fundamentalmente pela Liberdade e pela construção de um novo regime (dos três “D’s”: Descolonização, Democracia e Desenvolvimento).

Os 18 anos trouxeram-me o envolvi-mento em sindicatos (sector das Madei-ras) e em comissões de trabalhadores,

e, nos anos seguintes em associações de estudantes (na Faculdade de Economia em Coimbra, onde entrei em 1975), em colectividades culturais e desportivas, e depois no jornalismo. Daí à política foi um salto.

Toda esta vivência permitiu-me acom-panhar o percurso da nossa Democracia, adquirindo uma formação cívica e políti-ca que muito contribuiu para aquilo que hoje sou. E, nestes últimos 12 anos da minha vida, enquanto autarca, tenho sido um protagonista daquela que é indubi-tavelmente uma das grandes conquistas do 25 de Abril: o Poder Local.

Na realidade, o País, apesar de não estar bem, alcançou um nível de progresso e de desenvolvimento que se deve essencialmente ao trabalho de-senvolvido por milhares de autarcas em prol das populações nas suas freguesias e concelhos.

*Vice-Presidente da Câmara Municipal de Tomar

Eu não esquecerei Salgueiro Maiaobjectivos de Abril estão por concretizar. Existem muitos sonhos que não se torna-ram realidade, a liberdade hoje em muitas áreas da nossa sociedade ainda não é plena. Precisamos de uma sociedade mais livre, mais tolerante, onde a justiça funcione de uma forma eficiente e eficaz, onde a política seja credível, moralizadora e mobilizadora da sociedade, onde a educação seja mais exigente, uma sociedade onde reine a equi-dade social, onde exista competitividade

potenciadora de emprego. Precisamos de ter esperança e confiança

no futuro. Os jovens de hoje precisam da esperança que moveu Salgueiro Maia na noite em que saiu de Santarém em direcção a Lisboa.

É necessário envolver a juventude nos sonhos que foram conquistados no passado mas também nos que ainda faltam con-quistar. Estou certo que os jovens de hoje irão honrar no futuro a luta que muitos travaram pela Liberdade.

Uma medida positiva criada recente-mente pela Câmara Municipal de Santarém foi a Comissão “Juventude e Liberdade” que pretende envolver os jovens nas Co-memorações do 25 de Abril, potenciando a criatividade desta geração que não tendo vivido nessa época, hoje vive a liberdade conquistada nessa data histórica.

Devemos viver o presente a pensar no

João Teixeira Leite*

Há trinta e seis anos os portugueses festejaram a conquista de uma sociedade livre. Sonharam todos num País mais justo, com mais igualdade e com mais desenvol-vimento económico e social.

A conquista da liberdade foi um passo determinante para a nossa história. É importante que os jovens de hoje sintam e saibam a importância deste momento na nossa história e na nossa memória colectiva. É necessário que a juventude não se esqueça desta data nem daqueles que a honraram.

Falar do 25 de Abril é falar dos valo-res que descreviam Salgueiro Maia, um homem ímpar, que lutou por todos nós, por aqueles que já partiram e por aqueles que ainda virão. É por isso imperativo não esquecer Abril, nem os valores que susten-taram a luta de Salgueiro Maia.

Todos nós sabemos que muitos dos

Carlos Carrão*

ESPECIAL 25 ABRIL • 22 Abril 2010

futuro mas sem nunca esquecer o passado que honrou a nossa história. Eu não esque-cerei Salgueiro Maia.

*Vereador da câmara Municipal de Santarém

Precisamos de ter esperança e confiança no futuro. Os jovens de hoje precisam da esperança que moveu Salgueiro Maia na noite em que saiu de Santarém em direcção a Lisboa

O MIRANTE | 22 Abril 2010 25 ABRIL | 7

Existe uma geração de portugueses que nasceu com o 25 de Abril da qual me orgulho em fazer parte. Uma geração que sente nas mãos um desafio grande, entusiasmante, merecedor de todo o nosso empenho, que vem mostrando que devemos confiar no futuro.

O espírito aventureiro de outros tempos, aliado à perspectiva contem-plativa em que vivemos nos dias de hoje, é o caminho desta Geração de Abril que adquiriu das gerações passa-das uma visão abrangente na relação com o mundo, consistente e mais profunda nas ideias e acções.

Uma Geração mais sistemática e objectiva na análise da realidade nacional. Que emite opiniões e críti-cas procurando desenhar soluções, e construir caminhos.

Uma Geração que procura olhar

Falar sobre o 25 de Abril e aquilo que, para mim, esta data representa é sem dúvida falar sobre a minha vida e aquilo que sou. Eu, como tantos outros cidadãos portugueses, bebés e crianças aquando da chamada “revolução dos cravos”, conside-ramos, hoje, que esta poderia, também, ser chamada a revolução de oportunidades ou, simplesmente, a revolução da nossa vida.

Há 36 anos um grupo de militares,

A revolução das nossas vidasacreditou que podia mudar, de uma vez por todas, o rumo dos destinos do País e pôr um ponto final numa Ditadura que, dia após dia, conduzia Portugal para o destino do isolamento, do analfabetismo e da privação de direitos básicos de um ser humano, como o direito à educação e à saúde.

Sem o 25 de Abril que Portugal teríamos hoje? Teríamos tido as mesmas oportuni-dades? A mesma facilidade no acesso à Educação, por exemplo? De certo que não. A taxa de escolarização real em Portugal, ao nível do ensino secundário, passou de cerca de 8% em 1975 para 60% em 2007. Pro-vavelmente continuaríamos a ter um país, onde só os mais abastados teriam acesso a um curso superior, e, onde eu, como outros jovens, hoje quadros superiores do nosso país, certamente não nos incluiríamos. O meu pai, como tantos outros pais, ganhava apenas o necessário para poder alimentar a família e proporcionar-lhe o essencial para a sua vida, trabalhando arduamente e sem saber, por exemplo, o que era ter férias. Esse foi mais um dos direitos, no meio de muitos outros, conquistado com esta revolução e que alterou a vida de grande parte das famílias portuguesas como a minha.

A igualdade de oportunidades entre ho-

mens e mulheres, também uma conquista de Abril, é sem dúvida mais um dos aspectos que alterou de forma substancial a vida das mulheres em Portugal. Hoje votamos, temos direito ao trabalho (o mesmo que os homens) e temos assumido cada vez mais lugares de destaque na sociedade portuguesa, seja numa qualquer activida-de económica privada ou na actividade política pública.

O balanço destes 36 anos de democracia só pode ser positivo, hoje temos indubita-velmente um país mais responsável e sem dúvida melhor, um país livre, onde todos os cidadãos expressam livremente as suas opiniões, onde a censura morreu e deu lugar à pluralidade. Temos um país mais desenvolvido e com um nível de vida supe-rior, mais qualificado, com cidadãos muito mais informados e esclarecidos.

Podemos não ter um país perfeito, mas a exigência também faz parte da cultura democrática. O desenvolvimento democrá-tico é uma construção permanente, onde uns dão lugar aos outros e o que serviu até agora poderá não servir no futuro, tornando-nos, assim, mais exigentes.

Para o futuro e pensando já nos filhos dos filhos da geração que nasceu com o

Geração (A)bril

para as suas potencialidades e idios-sincrasias e pensar diferente com maturidade e capacidade de análise, inteligência, visão, pragmatismo e determinação.

Uma Geração que não procura a cultura da desculpa e da desresponsa-bilização e não se quer limitar ao indi-vidualismo de cada um, numa contínua

demissão da cidadania e participação na comunidade.

Uma geração que não quer ser aca-démica, mas sim pragmática. Onde o fazer acontecer as coisas impõe-se ao limitar-se a falar delas.

Uma Geração que quer levar cada um a tomar mais o futuro nas suas próprias mãos e a compreender a inutilidade da busca do subsídio e paternalismo do Estado.

Que vai levar cada um a tomar ini-ciativas e a não descurar a possibilidade de vir a ser empresário e de ter o seu próprio negócio, ou dar mais atenção à sua própria formação e educação dos seus filhos e acreditando que o seu futuro e das suas famílias vai melhorar, rejeitando a herança de uma sociedade rígida, de um ensino enfraquecido, e um estado asfixiante.

Uma Geração que acredita em criar condições de partida e de enquadra-mento, que lhe permitam alimentar um sonho para si e para os seus, au-mentando a autoconfiança e optimis-mo de cada um, sem prejudicar a sua predisposição para ser mais solidário

fim da Ditadura e com o início da Demo-cracia, espero que os valores conquistados nesse Abril de 74 nunca sejam esquecidos e que possam perdurar durante muitas gerações.

* Directora Regional do Instituto de Emprego e Formação Profissional

Catarina Campos *

Rui Serrano*

ESPECIAL 25 ABRIL • 22 Abril 2010

e associativo, lutando por uma melhor qualidade de vida, assim como num consequente sentimento de realização e orgulho próprio.

Este é o caminho que se está a cons-truir todos os dias, mas que deve ser partilhado por todos e assumido que os tempos estão a mudar e uma nova geração se está a afirmar: a Geração (A)bril.

*Vice-Presidente da Câmara Municipal de Abrantes

O meu pai, como tantos outros pais, ganhava apenas o necessário para poder alimentar a família e proporcionar-lhe o essencial para a sua vida, trabalhando arduamente e sem saber, por exemplo, o que era ter férias.

O espírito aventureiro de outros tempos, aliado à perspectiva contemplativa em que vivemos nos dias de hoje, é o caminho desta Geração de Abril que adquiriu das gerações passadas uma visão abrangente na relação com o mundo, consistente e mais profunda nas ideias e acções.

22 Abril 2010 | O MIRANTE8 | 25 ABRIL

ESPECIAL 25 ABRIL • 22 Abril 2010

Eram 6h00, amanhecia cinzento, pais e filhos faziam caminho para o Largo da Feira, esperava-os uma car-reira, naquele dia alugada para uma visita de estudo.

Não era tempo de telemóveis, os telefones quase nenhuns, a televisão coisa rara e ainda a preto e branco e os rádios poucos eram.

No momento do embarque junto à

Manhã agitada, acordei com vozes que falavam mais alto, com as gargalhadas, ainda incrédulas, da minha Mãe, que falava à janela, acordei com os sons de alegria que vinham da minha rua…, aquele dia que parecia tão diferente dos outros... E foi, percebi mais tarde.

Nascia o dia 25 de Abril, eu era muito pequena, na minha memória ficou a imagem de, ao colo da minha Mãe, ver tanta gente na minha rua, gente que gritava e ria, que se abraçava… O meu Pai apareceu no meio de toda a gente, apertou-me junto ao peito, ria muito e chorava… de alegria, de felicidade rasgada, de um sentir único, livre, pro-fundamente generoso, de um ideal que perpetuou, percebi mais tarde.

Eu era pequenina, ainda não tinha

três anos, gostava muito de cantar, os vi-zinhos vinham a nossa casa ver televisão, poucos tinham televisão, e ouviam-me cantar a Grândola do Zeca, Ary, Depois do Adeus, a Gaivota… Era o que ouvia na telefonia lá de casa.., aquela telefonia que jamais esquecerei. Com inocência, cantava afinal a liberdade, a indigna-ção, a fraternidade, a solidariedade tão desejada…, cantava palavras que o meu Pai traduzia, procurando ensinar-me o seu significado. E ensinou, estou eter-namente grata por isso. Emocionado, o meu Pai falava com orgulho, da coragem dos Poetas que escreveram tais palavras e a determinação bonita das vozes que as cantavam… Aprendi, cantando, a mensagem de Abril…

O 25 de Abril foi um dia Grande, generoso e especial, aconteceu um movi-mento militar a que se juntou um imenso movimento popular, um movimento espontâneo, que percorreu todo o País e implicou todos os grupos sociais e cama-das da população. Os portugueses saíram à rua para apoiar os militares, para tomar a palavra, para dizer em que sentido não queriam que as coisas andassem (mesmo não sabendo muito bem em que sentido elas deveriam ir). O movimento popular deu ao 25 de Abril o carácter de uma revolução nacional e exigiu que ela desse ao povo um protagonismo que lhe tinha sido sempre recusado pela Ditadura. Esta fusão entre movimento militar e movi-mento popular pode ser sintetizada numa palavra: generosidade. A generosidade de uma geração que tinha aprendido a

democracia nos movimentos de estudan-tes e nas lutas operárias e sindicais e a coragem na resistência, que despertara para o mundo na emigração e na guerra. Essa geração levou a sua generosidade até ao risco supremo de um confronto com a Ditadura. Essa geração venceu e persistiu para nos deixar um país livre, mais igual nas oportunidades. A todos esses Homens e Mulheres corajosos, que não se resignaram, dirijo a minha admiração, profundo reconhecimento e agradecimento.

O 25 de Abril fez de Portugal uma democracia e associou a democracia à Europa. O destino europeu resulta da vontade de fazer da sociedade portu-guesa uma sociedade mais desenvolvida e sobretudo mais dialogante com outras culturas, mais aberta ao exterior. Ou seja, o caminho inverso das cinco décadas anteriores, em que Portugal se fechara sobre si próprio, encarando com descon-fiança tudo o que vinha de fora. Abertura ao exterior, significa neste caso, aceitar a competição, acreditar nos nossos mé-ritos e talentos, nas nossas capacidades. A Europa não é só um espaço de que recebemos, é um espaço que ajudamos a construir, onde a nossa presença deve ser importante, para onde dirigimos os contributos do nosso saber, da nossa História, do nosso trabalho e da nossa criatividade.

Abril permitiu ainda a descentraliza-ção que tem no Portugal Democrático um nome: municipalismo. Os municípios estão na primeira linha do desenvol-

O meu Abril…

Vanda Nunes*

vimento, a modernização de Portugal nas últimas três décadas não teria tido a dimensão que teve sem o empenho das autarquias locais, municípios e fregue-sias. Foi por isso uma honra poder ter servido, enquanto autarca, a terra onde nasci, onde sempre vivi, onde crescem as minhas filhas.

Hoje celebramos Abril e no essencial, a mensagem dos cravos, a que aprendi cantando, hoje como há 36 anos, é a Liberdade.

É a liberdade que permite aos cidadãos fazer ouvir a sua voz, influenciar decisões, eleger e ser eleito. A liberdade, tendo como contraponto a responsabilidade, é a condição sem a qual não é possível corrigir o que está mal e aplaudir ou aprofundar o que está bem. A liberdade é o fermento da esperança. A cidadania alimenta-se da liberdade e reforça-se com a confiança.

Graças ao 25 de Abril, temos o instru-mento mais precioso: a liberdade. Honre-mos Abril, juntemos pois à liberdade, a confiança e a esperança e conquistemos diariamente um Portugal melhor.

* Vice-Presidente da CCDR-LVT

O dia em que fui ao 25 de Abrilescola primária a despedida entre pais e filhos lembrava alguns pensamentos de antecipação sobre outras partidas para a guerra, que ainda acontecia no Ultramar.

Alguns pais mais avisados, porque a Revolução levava tempo a chegar a todo o país, regressavam a casa com os seus filhos mas, a sua maioria estava ignoran-te, tranquila e até um pouco cinzenta à semelhança do regime de ditadura que àquela hora já definhava.

Partida às 6h30 a alegria dos meninos e meninas brilhava nos olhos preocu-pados dos pais que os viam partir na carreira dos Claras.

Ainda não tínhamos meio cami-nho, naquele tempo levávamos pelo menos 3 horas a chegar a Lisboa, já os professores disfarçavam o nervosismo, pois no velho rádio A.M. da carreira a música estava sempre intervalada com estranhas mensagens de uma nova alvorada.

Chegada a hora do lanche matinal foi possível usar um telefone para tranquilizar a Terra Branca e os pais dos meninos e meninas que ao contrá-rio do que estava previsto iriam fazer

uma visita de estudo ao 25 de Abril de 1974 e não aos museus ou ao Palácio de Queluz.

A cada cruzamento de entrada em Lisboa, nos postos de controlo, os mili-tares davam indicações para onde não se poderia ir, nem sequer voltar.

Ainda hoje estou para saber que estratégia de negociação usaram pro-fessores como o Sr. professor Sanches para, em plena Revolução, levarem os militares a autorizar em pleno coração de Lisboa a entrada de carreiras cheias de crianças da 3ª e 4ª classe, com destino a Sete Rios, Jardim Zoológico onde nos pudemos refugiar.

No regresso ficou a desilusão de não podermos visitar os museus previstos mas, a alegria das colunas de militares fazia adivinhar que um mundo novo ia começar. O Mundo da Liberdade.

Às 18h00 chegávamos à Viçosa Pa-poila, onde já despontavam os cravos da Revolução, alguns pais choravam o regresso dos seus meninos mas, já com a certeza que não iriam para a guerra.

Hoje tenho 45 anos e se há coisa que todos os anos recordo com emoção, é o dia em que a minha escola primária

foi à Revolução do 25 de Abril.Glossário: Largo da Feira (Largo

da República) / carreira (autocarro) / guerra (guerra colonial) / Ultramar (ex-colónias portuguesas) / Claras (em-presa transportadora) / escola primária (escola do 1º ciclo) / 3ª e 4ª Classe (3º e 4º ano do 1º ciclo) / Terra Branca e Viçosa Papoila (Vila da Chamusca)

* Vice-Presidente da Câmara Municipal da Chamusca

Francisco Matias*

Ainda hoje estou para saber que estratégia de negociação usaram professores como o Sr. professor Sanches para, em plena Revolução, levarem os militares a autorizar em pleno coração de Lisboa a entrada de carreiras cheias de crianças da 3ª e 4ª classe, com destino a Sete Rios, Jardim Zoológico onde nos pudemos refugiar.

O MIRANTE | 22 Abril 2010 25 ABRIL | 9

ESPECIAL 25 ABRIL • 22 Abril 2010

Abrantes

TeaTroActuação do Grupo “Palha de Abrantes”25 de Abril às 16h00 – auditório da Escola Superior de Tecnologia

DesporTo11º Grande Prémio de Atletismo25 de Abril às 10h00 – Cidade Desportiva

MúsicaConcerto pela Banda Filarmónica Rossiense25 de Abril às 15h00 – Praça Barão de Batalha

AlcanenaDança

“Dançar Zeca Afonso”, pela Companhia de Dança Contemporânea CeDeCe24 de Abril às 21h30 – Cine-Teatro São Pedro

sessão soleneGuarda de Honra pelos Bombeiros Municipais de Alcanena25 de Abril às 09h30 – Paços do Concelho

aniMação

Caros amigos: sei que as comemorações do 25 de Abril não são, ou não têm sido, a coisa mais importante da vossa vida. E ainda bem! Estão a tornar-se uma chatice. Não por causa do 25 de Abril mas por causa das comemorações. Daquela malta que adora ter um microfone à frente para dizer banalidades, gritar muitas lamúrias e umas indignações do género: Não foi para isto que fizemos o 25 de Abril! É preciso um novo 25 de Abril! Esta política não serve o 25 de Abril! E mais um rol de lugares comuns que vocês não têm paciência para aturar. E com razão. Já ouvi estas proclamações centenas de vezes e confesso-vos que é preciso uma pachorra intelectual do caraças. Mas ainda existem outros mais chatos, do género mais interrogativo e oratório: Foi para isto que se fez o 25 de Abril? Volta Salazar, que estás perdoado!, Quem faz cá falta para pôr isto na ordem é o António ‘das Botas’ (Salazar), No tempo da outra Senhora (ditadura) não havia estas poucas vergonhas. São todos uma cambada de chulos!

É preciso que se diga que também é necessária uma grande dose de paciência para ouvir estes resmungos. Pois nem argumentos são. Se o fossem tinham todos resposta. A começar pelas primeiras vulgaridades. Desculpa lá, mas não fizeste 25 de Abril nenhum. Já estava no calendário, antes da Revolução acontecer. Se queres um novo 25 de Abril, aguenta a pé rijo que, para o ano que vem, há mais. Se esta política não serve, convence os outros a mudar para a política que julgas que serve, e mais adiante, não vale a pena pedires que Salazar volte, pois não volta. Morreu e não ressuscita. Queres ordem, mas a ordem que pedes metia-te logo na ordem e proibia-te de dizeres o que te vem à cabeça, além de que chulos não é uma novidade política. Existiam no tempo da Ditadura e aí estão outra vez, viçosos e frescos, tal qual como eram os outros.Os tais, do antigamente.

Eu tinha 21 anos quando a Revolução, que se comemora no dia 25 de Abril, aconteceu e sou testemunha viva e desinteressada, embora apaixonada, para vos dizer o seguinte:

o 25 de abril para os Jovens

Quem fez essa Revolução, quem a liderou, quem a levou à vitória foram jovens militares. O nosso Salgueiro Maia ainda não tinha trinta anos e a maioria era ainda mais jovem do que ele.E fizeram esta Revolução a pensar nos jovens. Não queriam mais rapazes mortos na guerra, queriam que todos vivessem em liberdade, que nenhum tivesse de se preocupar por pensar, falar e escrever de maneira diferente dos outros. Foi pensando em jovens que partiam para a guerra ou para a emigração, fugindo da sua própria Pátria que eles entraram em acção. Porque amavam a sua Pátria e a sua gente. Os jovens e os mais velhos. Eram jovens. E mesmo os velhos resmungões de hoje eram jovens, embora não pareçam que alguma vez o tivessem sido, pois isto de ser jovem ou não, pouco tem a ver com as rugas e tem mais a ver com a cabeça.

Que quero eu dizer com isto tudo? Que esta efeméride é vossa. Dos jovens. Que vos está a ser expropriada por quem já não sabe pensar a alegria e ter confiança em batalhas vitoriosas. Que as comemorações do 25 de Abril são conquistadas por vós ou a tralha velha que não larga os microfones, e na qual me incluo, chorará lamúrias e não deixará que se abra a vossa oportunidade de celebrar a Liberdade, que é a vossa liberdade. De estudar. De aprender. De aprender nos livros e aprender com o viver. A sofrer, a não desistir, a combater, a construir projectos e sonhos. A fazer da alegria, força e da tristeza, uma força ainda maior. Só os jovens têm essa capacidade. Aqueles que se recusam a envelhecer. Aqueles que se recusam a perder tempo em lamentos. Aqueles que, por serem livres, podem partir e ficar, escrever, protestar, aplaudir, e tornar a aprender e amar, amar a liberdade e amar os outros, amar a vida, amar o direito e o dever da esperança.E da paz. De ser diferente e de ser igual e aprender ainda mais até que o valor da amizade seja do tamanho do valor do conhecimento. Era isto que queriam os jovens que fizeram a Revolução há 36 anos. Para que vós, jovens de hoje, pudessem trilhar os caminhos do infinito que na altura nos estavam proibidos.É por tudo isto que vos desafio a tomar o poder das comemorações do 25 de Abril nas mãos. Porque são vossas e vos foram expropriadas!

* Professor Universitário / Presidente da Câmara de Santarém

Francisco Moita Flores*

Agenda 25 Abril

Animação de rua com a banda Xaral’s Dixie (Minde) 25 de Abril às 18h30 – Paços do Concelho

AlpiarçaTeaTro

“Fogo de Abril”24 de Abril às 21h00 – Clube Desportivo “Os Águias”

Música“Cantar Abril”24 de Abril às 24h00 – Clube Desportivo “Os Águias”Actuação da Banda Filarmónica Alpiarcense 1º Dezembro25 de Abril às 12h30 – junto ao Monumento ao 25 de Abril“Dar Voz” – A Poesia combinada com as múltiplas Vozes da Música com a participação do Orfeão da Sociedade Filarmónica Alpiarcense 1º Dezembro25 de Abril às 21h30 – auditório da Biblioteca Municipal

Alverca do RibatejoFesTival MulTiculTural

25 de Abril às 15h00 – Centro Cultural do Bom Sucesso

Foi pensando em jovens que partiam para a guerra ou para a emigração, fugindo da sua própria Pátria que eles entraram em acção. Porque amavam a sua Pátria e a sua gente.

22 Abril 2010 | O MIRANTE10 | 25 ABRIL

ESPECIAL 25 ABRIL • 22 Abril 2010

Aveiras de Baixo

Cinema“Capitães de Abril”24 de Abril às 16h30 – Casa do Povo

AzambujaSeSSão Solene

Homenagem aos Combatentes 25 de Abril às 10h15 - Monumento de homenagem aos CombatentesHomenagem aos Bombeiros25 de Abril às 10h30 – Monumento de homenagem aos Soldados da Paz

DeSporto

III Passeio Cicloturístico da Associação Recreativa e Cultural da Socasa25 de Abril às 10h00

múSiCa e Dança

D a n ç a s d e S a l ã o d o C l u b e AzambujenseDanças Urbanas do Grupo Desportivo de AzambujaGrupo de Cavaquinhos do Rancho Folclórico Ceifeiras e Campinos de Azambuja25 de Abril às 21h30 – Salão dos Bombeiros Voluntários de Azambuja

BenaventemúSiCa

Concerto com a Orquestra de Acordeões da Sociedade Filarmónica do Cartaxo 24 de Abril às 21h30 - auditório da SFSEConcerto com a Banda da Sociedade Filarmónica de Santo Estêvão25 de Abril às 15h30 – Jardim do Coreto

DeSportoXV passeio de cicloturismo

25 de Abril às 09h00 – Concentração junto ao Largo da Bola

livroS“Varandas de Luar” – Lançamento do livro de autoria da escritora Dalila Araújo Baião (natural de Santo Estêvão)24 de Abril às 16h00 – Biblioteca Escolar de Santo Estêvão

CartaxoSessão So lene da Assemble ia Municipal25 de Abril às 11h00 – Paços do Concelho

Castanheira do RibatejoSeSSão Solene

Hastear da Bandeira Nacional.Toque de Continência pela Fanfarra da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Castanheira do Ribatejo.Intervenções Políticas.Salva de Morteiros e Fogo-de-artifício25 de Abril às 00h00 – Sede da Junta de Freguesia

Corucheleitura

“Ler Abril” com Carlos Alberto Moniz23 de Abril das 10h00 às 17h30 – Escola Museu Salgueiro Maia (São Torcato)

múSiCa“Canções para Vós – Renascer Abril” (concorrentes do programa “Uma Canção para Ti”)24 de Abril às 21h30 – Pátio do Museu de CorucheCanções de Abril – com Carlos Alberto Moniz e Orquestra24 de Abril às 23h30 – Pátio do Museu de Coruche

SeSSão SoleneCerimónia Oficial do Içar da Bandeira25 de Abril às 10h30 – Praça da Liberdade

EntroncamentoSeSSão Solene

25 de Abril às 10h00 – Paços do Concelho

DeSportoAtletismo13º Corrida da Liberdade 25 de Abril às 09h00 no Pavilhão Desportivo MunicipalCaminhada: “Caminhando pela Saúde”25 de Abril às 15h30. Partida do Pavilhão Desportivo Municipal até ao Parque do Bonito

teatro“Histórias sobre o 25 de Abril” (produzido pela Associação Cultural Bica Teatro)27 de Abril das 15h00 às 17h00 - Escola EB 2/3 ciclos Dr. Ruy D’ Andrade

Ferreira do ZêzereJantar comemorativo do 25 de Abril24 de Abril às 20h30 – restaurante “Casa dos Leitões”, na Bela Vista (Águas Belas)

Mação DeSporto

9º Passeio da Liberdade em bicicleta (20 km)3º Passeio Pedestre da Liberdade (10 km)1º Passeio Infantil da Liberdade em bicicleta (5 km)25 de Abril às 09h00 – Concentração junto ao edifício da Câmara Municipal

Ourém

múSiCaOrquestra de violinos do Conservatório de Música Ourém/Fátima24 de Abril às 15h30 – Praça D. Maria IIVelha Gaiteira24 de Abril às 23h00 – Praça D. Maria IIMar de Podra25 de Abril às 15h30 – Praça D. Maria IICarlos Alberto Moniz (acompanhado de violino)25 de Abril às 21h00 – Cine-Teatro Municipal

Debate“À conversa com coronel Sousa e Castro – Capitão de Abril, Capitão de Novembro”24 de Abril às 16h00.

CinemaExibição do filme “Bom Povo Português” de Rui Simões.24 de Abril às 21h00 – Praça D. Maria II

SeSSão SoleneFanfarra da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de OurémActuação da Filarmónica 1º Dezembro Cultural e Artística Reis PrazeresActuação do Coral de Fátima do Conservatório de Música Ourém/Fátima25 de Abril às 10h00 – Paços do

O MIRANTE | 22 Abril 2010 25 ABRIL | 11

Concelho

Rio MaiorMúsica

Actuação do Coral e Orquestra Típica António Gavino de Rio Maior24 de Abril às 21h30 – Cine-Teatro“Cantar Abril”28 de Abril às 21h00 – Cine-Teatro de Rio Maior

sessão solene“Palavras de Liberdade”: a Simbologia poética do 25 de Abril25 de Abril às 15h00 – auditório dos paços do concelho

Salvaterra de MagosalMoço coMeMorativo

Os deputados do Bloco de Esquerda (BE) Fernando Rosas e José Gusmão - este eleito pelo círculo de Santarém - vão estar presentes no almoço comemorativo dos 36 anos da Revolução dos Cravos.24 de Abril às 12h30 - restaurante Parque Real

livrosApresentação do livro “Périplo” de Miguel Portas23 de Abril às 15h00 - Escola Secundária de salvaterra de Magos

PoesiaEncontro de Poetas Populares24 de Abril às 15h00 – Pólo da biblioteca, na Junta de Freguesia de Marinhais

Santarémlivros

Apresentação do livro “Bute daí, Zé” de autoria de Filomena Marona Beja (romance sobre o 25 de Abril e o capitão Salgueiro Maia)23 de Abril às 18h00 – Sala de Leitura Bernardo Santareno

ESPECIAL 25 ABRIL • 22 Abril 2010

Música“Sabores de Abril” – com as actuações musicais do grupo Luangraal, grupo de Guitarra e Canto de Coimbra do Centro Cultural Regional de Santarém e Coro de Câmara do Conservatório de Música de Santarém.24 de Abril às 21h00 – Casa do BrasilXXXV Encontro de Coros25 de Abril às 17h30 – Igreja da Graça

actividadesAlmoço comemorativo da Revolução dos Cravos25 de Abril às 13h00 - Estação Zootécnica Nacional de Santarém (Fonte Boa)

sessão soleneCerimónia evocativa a Salgueiro Maia25 de Abril às 15h00 – Jardim dos Cravos

desPorto- 1º Passeio BTT da Liberdade25 de Abril às 09h15 – Pernes- Passeios BTT e Pedestre25 de Abril às 09h30 - Vaqueiros“Dia de +”(insufláveis e jogo de Pólo Aquático)

25 de Abril às 10h00 – Complexo Aquático de Santarém

Sardoalsessão solene

Hastear da Bandeira e Guarda de Honra pela Filarmónica União Sardoalense25 de Abril às 10h00 – edifício Paços do Concelho

PinturaAtelier com a participação do pintor italiano Máximo Espósito.25 de Abril às 15h00 – Praça Nova

Música“Renascer Abril” (participação dos concorrentes do programa televisivo “Uma Canção para Ti”)25 de Abril às 15h00 – Centro Cultural Gil VicenteActuação do Rancho de Folclore “Os Resineiros”, de Alcaravela.25 de Abril às 17h00 – Praça Nova

Cem Soldos (Tomar)Música

“Canções de Abril e Outros Meses” pelos Óqtrupe – interpretações de Luís Portugal, Paulo Serafim, Leonel Monteiro, Miguel Calhaz, Mafalda Rodrigues e Coro Alva Canto.24 de Abril às 21h30 – auditório de Cem Soldos“Cantigas de 74 e de outros anos”, pela “Tuna Sabes e Amigos” da Escola Secundária de Santa Maria do Olival24 de Abril às 21h30 – Cem Soldos (Tomar)

Torres NovasO 25 de Abril em Palavras, Música e DançaCom a participação do director do Jornal “Avante”, José Casanova, da coreógrafa

e bailarina, Susana Gaspar e da cantora, Vanessa Borges.20 de Abril às 21h00 – auditório do Choral Phydellius (Quinta da Lezíria)

Vila Franca de XiraViver Abril – Simulação de Assembleia de Freguesia com alunos do ensino básico23 de Abril às 10h00 – auditório da Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira

cineMaRecordar Abril - exibição de filme alusivo à Revolução do Cravos24 de Abril às 21h30 – auditório da Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira

Poesia“Dizer Abril” – Sarau de PoesiaOrganizado por Gente Viva (grupo de poetas do Ateneu Artíst ico Vilafranquense)25 de Abril às 16h30 – auditório da Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira

Póvoa de Santa IriadesPorto

Caminhada da Liberdade24 de Abril às 15h30 – Concentração no Palácio Municipal Quinta da Piedade

Vila Nova da BarquinhaMúsica

Grupo Coral de Tancos – 15h00Toni e Cândido apresentam “Canções de Abril – 16h0024 de Abril no auditório do Centro CulturalBanda de Música dos Bombeiros Voluntários de VNBarquinha e Sociedade Musical Sesimbrense.25 de Abril às 15h30 – auditório do Centro Cultural

desPortoBarquinha a Pé II 25 de Abril das 09h30 às12h30 – Barquinha ParqueCorrida da Liberdade25 de Abril das 10h30 às 12h30 – Barquinha Parque

actividades infantisPinturas faciais e Modelagem de Balões 24 de Abril das 14h00 às 19h00 – Barquinha Parque