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Edição 20 da revista de quase todos os relógios
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EDITORIAL
PARABÉNS À ESPIRAL DO TEMPO
DIRECTOR• Hubert de Haro > [email protected]
DIRECTOR ADJUNTO • Paulo Costa Dias > [email protected]
EDITORA• Vanda Jorge > [email protected]• Helena de Sacadura Cabral• Fernando Campos Ferreira• Leonardo Mathias• Rui Cardoso Martins
COLOBORADORES • Paula Moura Pinheiro • Fernando Correia de Oliveira • Miguel Seabra > [email protected]
TRADUÇÕES • Maria Vieira > [email protected] GRÁFICO • Paulo Pires > [email protected]
FOTOGRAFIA• Ana Baião • Hamish Brown • Nuno Correia
CONTABILIDADE • Elsa Filipe > [email protected]
REVISÃO Letrário – Serviços de Consultoria e Revisão de Textos, [email protected] > www.letrario.com
COORDENAÇÃO DE PUBLICIDADE E ASSINATURAS • Paulo Costa Dias > Tel.: 21 811 08 90 PARCEIROSAir France • Ass. Jog. Praia d’El Rey • Belas Clube de Campo• Beloura Golfe • Casa da Calçada • Casa Velha do Palheiro• Clube de Golf Pinta/Gramacho • Clube de Golfe Miramar • ClubeVII • Clube de Golfe de Vilamoura • Estalagem Melo Alvim • GolfeAroeira • Golfe Paço do Lumiar • Golfe Quinta da Barca • HotelCarlton de Lisboa • Hotel Convento de São Paulo • Hotel Fortalezado Guincho • Hotel Golfe Quinta da Marinha • Hotel Melia – Gaia• Hotel Méridien Lisboa • Hotel Méridien Porto • Hotel PalácioEstoril • Hotel Quinta das Lágrimas • Hotéis Tivoli • Lisbon SportsClub • Morgado do Reguengo Golfe • Museu do Relógio de Serpa• Palácio Belmonte • Penha Longa Golf Club • Portugália Airlines• Quinta do Brinçal, Clube de Golfe • TAP-Air Portugal • Tróia Golf• Vidago Palace Hotel, Conference & Golf Resort • Vila MonteResort • Vintage House
FICHA TÉCNICACorrespondência: Espiral do Tempo, Av. Almirante Reis, 391169-039 Lisboa > Fax: 21 811 08 92 > [email protected]: todos os artigos, desenhos e fotografias estão sobre a pro-tecção do código de direitos de autor e não podem ser total ou parcial-mente reproduzidos sem a permissão prévia por escrito da empresa editora da revista: Company One, Lda sito na Av. Almirante Reis, 39 -1169-039 Lisboa. A revista não assume, necessariamente, as opiniões expressas pelos colaboradores. Digitalização: ZL - Zonelab > Distribuição: VASP > Impressão: SoctipPeriodicidade: trimestral > Tiragem: 50.000 exemplares Registo pessoa colectiva: 502964332 > Registo no ICS: 123890Depósito legal Nº 167784/01
ESPIRAL DO TEMPO > 3
Sempre achei o uso abusivo de citações literárias um acto de profunda preguiça editorial. No entan-
to, quem nunca citou Fernando Pessoa poderá mandar a primeira pedra!
“Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço que a minha
vida é a maior empresa do mundo. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos
os desafios, incompreensões e períodos de crise. Pedras no caminho? Guardo todas e um dia vou
construir um castelo…”
No ano em que a revista de ‘quase todos os relógios’ celebra cinco anos (e com muitos mais cabe-
los brancos), resolvemos visitar, em Milão, um dos mais emblemáticos embaixadores de Portugal:
Luís Figo. Numa tarde de frio intenso, e a seguir a mais um treino praticado num terreno comple-
tamente gelado, trocámos impressões como velhos amigos que se reencontram após uma longa
separação: a mudança para Milão, as saudades da luz ibérica, a dedicação à família – agora com
três meninas, os negócios da bola… e claro, a perspectiva muito pessoal do Luís sobre a passagem
do tempo. Todos nós sabemos que a vida profissional de um futebolista acaba aos trinta e poucos
anos. O que poucos de nós sabem, é a dificuldade emocional que uma mega estrela do desporto
tem em lidar com o fim desta ‘primeira vida’, marcada pela abundância de dinheiro e um dia-a-dia
condicionado pela extrema notoriedade pública. O ponto de vista do número 10 da selecção por-
tuguesa é, a respeito, único. Claro, com a ajuda tonificante da jornalista Paula Moura Pinheiro!
Celebramos, ainda, este aniversário, com duas grandes reportagens conduzidas com brilho e muito
profissionalismo pelo jornalista Fernando Correia Oliveira: a primeira em Inglaterra, e a segunda…
na Índia. Em ambos os casos, a Espiral do Tempo assistiu às apresentações de novas colecções
de relógios. Mais adiante fazemos a ante-estreia das duas maiores feira mundiais do sector: a feira
de Basileia (de 30 de Março a 5 de Abril) e o Salon International de Haute Horlogerie (S.I.H.H) em
Genebra (de 3 a 9 de Abril).
Por fim, é com imenso orgulho que desejamos as boas vindas a Vanda Jorge, colaboradora da re-
vista desde o ano passado. Esta experiente jornalista aceitou desempenhar as funções de editora
da mais bela revista de relógios do país (modéstia à parte, claro).
É toda esta equipa de jornalistas, fotógrafos e gráficos que vos deseja uma óptima leitura.
Hubert de Haro
CAPA: Luís Figo fotografado por Hamish Brown, no centro de estágio do Inter de Milão.
Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas
vezes, mas não esqueço que a minha vida é a maior
empresa do mundo.
BREVES > 32Enquanto se aguarda pela apresen-
tação oficial das grandes novidades
do ano, nas feiras de Basileia e de
Genebra, conheça as mais variadas
propostas de produtos que incluí-
mos na nossa secção. Todos esco-
lhidos a pensar em si.
Filho único de um casal dos arredores de Lisboa, Luís Figo fez-se um dos dois portugueses mais
famosos do mundo. Não sendo o outro Luís de Camões. Aos 34 anos, Luís Figo conta aqui muito do
que sente sobre a sua extraordinária vida que, como glória activa nos campos de futebol, está no
seu penúltimo tempo. E na eminência de um grande final.
Entrevista em Milão de Paula Moura Pinheiro com fotografias de Hamish Brown.
LUÍS FIGOO CREPÚSCULO DE UM DEUS > 20
SUMÁRIO EDIÇÃO # 20 - PRIMAVERA 2006
NOVIDADES TAG HEUER > 50Não cheira a óleo, não há peças pelo chão, não há barulho. Está-se numa
das oficinas de mecânica automóvel mais sofisticada do mundo e faz-se jus
a uma das mais antigas alianças da Fórmula 1. A TAG Heuer apresentou no
McLaren Technology Centre os seus novos cronógrafos.
Reportagem em Surrey de Fernando Correia de Oliveira.
PLANETÁRIO DE LISBOA > 62Tal como os relógios, também os calendário medem o tempo que passa.
Sentados frente ao renovado sistema de projecção do Planetário de Lisboa,
olhamos para o céu à procura de orientação...
Reportagem de Vanda Jorge com fotografias de Ana Baião.
O REVERSO FAZ 75 ANOS > 68A arte de mostrar e esconder, o rectângulo transformado em quadrado, a
aliança perfeita entre forma e função: o Reverso está de parabéns. A ‘incrí-
vel’ Índia, com os seus contrastes de cores, serviu de palco ao lançamento
de novos modelos do grande clássico, que leva 75 anos de vida.
Reportagem em Jodhpur, na Índia, de Fernando Correia de Oliveira.
ISABEL SILVEIRA GODINHO > 76D. Maria Pia é a única Rainha portuguesa sepultada fora do país. Isabel
Silveira Godinho assume como coroa de glória a conclusão do processo de
trasladação da soberana para o Panteão da Casa de Bragança, em S. Vicente
de Fora. É no Palácio da Monarca que a directora se sente em casa.
Reportagem de Vanda Jorge com fotografias de Ana Baião.
DOSSIER CRONÓGRAFOS > 100Não há outro instrumento do tempo que expresse tão bem a era moderna:
o cronógrafo é a variante relojoeira mais popular e há muito que assume o
papel de brinquedo favorito do homem. A recente apresentação do novo cro-
nógrafo da Jaeger-LeCoultre preconiza uma revolução no sector.
Texto de Miguel Seabra.
6 < ESPIRAL DO TEMPO
CORREIO DO LEITOR > 16Um espaço interactivo entre a revis-
ta e os seus leitores e que é dedi-
cado a sugestões, críticas, dúvidas,
agradecimentos e curiosidades di-
versas. Um desafio para que os
amantes do tempo e da bela relo-
joaria possam contribuir pessoal-
mente para a melhoria de uma pu-
blicação que se lhes dirige.
EM FOCO
Começa a vislumbrar-se a America’s Cup de 2007
no horizonte e os preparativos do sindicato deten-
tor do troféu já estão em marcha – facto que se
pode comprovar pela apresentação de mais um
fabuloso instrumento do tempo assinado pela Au-
demars Piguet.
ROYAL OAK OFFSHORE ALINGHI POLARIS > 84
Na sequência da parceria estabelecida entre a
Chopard e o rally nostálgico que reedita a lendária
corrida transalpina de mil milhas, a colecção Mille
Miglia não tem parado de crescer – não só em
número, mas também em tamanho... como se
pode constatar pelo novo Gran Turismo XL.
MILLE MIGLIA GRAN TURISMO XL > 86
Franck Muller sempre mostrou apreço pelos cronó-
grafos vincadamente masculinos; a colecção com
a sua assinatura tem reflectido essa tendência e os
cronógrafos declinados no emblemático formato
tonneau continuam a ser os principais clássicos
da marca.
CRONÓGRAFO MASTER CALENDAR > 88SABOREAR O TEMPO
VÍTOR HIPÓLITO > 126
Restaurante Verbasco - Clubhouse do Quinta da Marinha Oitavos Golfe
VINCENTE DELESALLE > 128
Restaurante AD LIB - Hotel Sofitel, Lisboa
HENRIQUE SÁ PESSOA > 130
Restaurante Flores - Bairro Alto Hotel, Lisboa
A provar toda a mestria técnica e estética alardea-
da pela Glashütte Original está o PanoMatic Tour-
billon, um fabuloso instrumento do tempo enobre-
cido por essa suprema complicação relojoeira que
é o turbilhão.
PANOMATIC TOUBILLON > 90
Idealizada pela designer Magali Métrailler com ins-
piração nos modelos Geophysic dos anos 50, a
linha Master Compressor permitiu à Jaeger-LeCoul-
tre dotar a sua elegante colecção de um segmen-
to vincadamente desportivo.
MASTER COMPRESSOR CHRONOGRAPH > 92
Nos últimos anos, a Raymond Weil apostou nas
suas duas vertentes mais carismáticas (Don Gio-
vanni e Parsifal) – mas nos últimos meses apresen-
tou propostas consecutivas em múltiplos quadran-
tes e a nova interpretação desportiva da gama
Tango é particularmente feliz.
TANGO COLLECTION > 94
TÉCNICA > 112Na rubrica dedicada à técnica relojoeira, as
atenções viram-se para o estudo do escape.
No coração de um relógio mecânico, o escape
é o mecanismo que acerta o movimento das
engrenagens, por forma a que o ponteiro dos
segundos complete uma rotação inteira do
mostrador num minuto preciso.
PERFIL > 120Nem demasiado tradicional, nem demasiado
contemporâneo. O compromisso de ser ‘o seu
joalheiro particular’ foi assumido e é válido
para a vida. Na Manuel dos Santos Jóias o
cliente tem um nome próprio.
Reportagem de Vanda Jorge com fotografias de
Nuno Correia.
ESPIRAL DO TEMPO > 7
Grande Plano
Grande et petite sonnerieFP Journe - Música para os nossos ouvidos
No seu atelier em Genebra o mestre
relojoeiro François-Paul Journe, dedica toda
a atenção à sua mais recente inovação: um
grande et petite sonnerie com ‘apenas’ dez
patentes exclusivas! Cada passagem de hora e
de quarto de hora é assinalada com toques de
sonoridades distintas. Fazendo as contas o
relógio marca o tempo 96 vezes por dia, isto é,
diariamente escutamos 812 toques. Tudo isto
num relógio mecânico, em aço, para privilegiar
a qualidade da ressonância sonora.
ESPIRAL DO TEMPO > 9
Grande Plano
Rolex Ice Campaign
A mística feminina invade os territó-
rios gélidos. Às primeiras horas de luz, uma
equipa vinda de todo o mundo enfrenta as
temperaturas negativas da Islândia. A imagem
das quatro manequins de renome interna-
cional é captada pelas objectivas de Mario
Sorrenti, que assina a nova campanha de pu-
blicidade da Rolex. A expedição durou sete
dias, uma aventura que conquistou locais ins-
piradores como Jokulsarlon, na Islândia, e
Llulissat, na Gronelândia.
ESPIRAL DO TEMPO > 11
Grande Plano
GyrotourbillonUma das sete maravilhas da alta-relojoaria
Os movimentos são do magnífico
Gyrotourbillon, vencedor do prémio da inova-
ção técnica e da complicação no Grand Prix
d’Horlogerie de Genève de 2004. Esta obra-
-prima da Jaeger-LeCoultre apresenta um tur-
bilhão esférico com indicação das horas, dos
minutos, dos segundos, reserva de marcha,
equação do tempo, data perpétua através de
dois indicadores retrógrados, indicação perpé-
tua dos meses retrógrada e indicação do ano
bissexto no fundo do relógio. O nível de com-
plicação torna-o uma peça rara, a lista de
coleccionadores à espera desta que é consi-
derada uma das sete maravilhas da alta-relo-
joaria é infindável.
ESPIRAL DO TEMPO > 13
16 < ESPIRAL DO TEMPO
CORREIO DO LEITOR
Nas minhas incursões pela net descobri um novo cronógrafo daJaeger-LeCoultre dotado de um sistema que me pareceu sensacional –
não tem botões e acciona-se tocando na caixa. É um sistema aparenta-
do com o que a Tissot já utiliza? E porque é que o relógio ainda não está
à venda?
Basílio Morais, Lisboa
ET - O relógio que menciona no seu e-mail é o Jaeger-LeCoultre AMVOX-2, cujas
funções cronográficas são accionadas pelo pressionar da caixa. Trata-se de um
inédito sistema mecânico assente num calibre automático que não tem nada a ver
com o sistema de toque alimentado por um circuito electrónico de quartzo utiliza-
do no Tissot T-Touch; o dossier sobre cronógrafos que apresentamos nesta edição
da Espiral do Tempo desvela um pouco mais esse prodigioso sistema idealizado
pela Jaeger-LeCoultre: o AMVOX-2 não necessita dos tradicionais botões laterais
porque a cronometragem é accionada e travada mediante uma pressão vertical
sobre a caixa do relógio. O revolucionário cronógrafo já foi oficialmente apresen-
tado à imprensa numa acção que decorreu nas instalações da Aston Martin em
finais de 2005, mas ainda não está em fase de comercialização e só lá para o final
do ano deverá chegar às lojas.
POR MOTIVOS DE LIMITAÇÃO DE ESPAÇO NÃO PODEMOS PUBLICAR TODAS AS QUESTÕES QUE OS NOSSOS LEITORES TÊM A AMABILIDADE DE NOS COLOCAR. NO ENTANTO, NÃO DEIXEM
DE NOS ENVIAR AS VOSSAS DÚVIDAS; PESSOALMENTE E DENTRO DOS NOSSOS CONHECIMENTOS, NÃO DEIXAREMOS DE RESPONDER, COMO O TEMOS FEITO. ESCREVA-NOS OU ENVIE UMA
MENSAGEM DE EMAIL PARA: ESPIRAL DO TEMPO > Av. Almirante Reis, 39 > 1169-039 LISBOA • Tel.: 21 811 08 90 > Fax: 21 811 08 92 > [email protected]
Um cronógrafo singular>
Quais as marcas de relógios que são produzidas em Glashütte?Já me apercebi que são várias, mas gostaria que me ajudassem a dis-
trinçar quais são as de maior nomeada e a razão da existência de um
pólo relojoeiro no local.
Bernardo Tavares de Almeida, Cascais
ET - Tem razão. A localidade germânica de Glashütte é um autêntico pólo relo-
joeiro: as manufacturas Lange & Söhne e a Glashütte Original são incontestada-
mente as marcas mais prestigiadas, mas também a Union Glashütte, a Assmann
e a Dürrstein (associadas à Glashütte Original), a Tutima, a Nomos e a Mühle são
companhias sérias que fazem a apologia da relojoaria tradicional – embora algu-
mas delas utilizem componentes ou mesmo calibres de origem suíça. A história é
fascinante e começa na vizinha metrópole de Dresden, onde a mais celebrada
dinastia relojoeira alemã começou em 1758 com o relojoeiro da corte saxónica
Johann Friedrich Schumann, sucedido no posto pelo seu genro Johann Christian
Friedrich Gutkaes, que por sua vez também cederia o lugar ao seu genro,
Ferdinand Adolph Lange – fundador da primeira companhia relojoeira na vizinha
localidade de Glashütte em 1845. Até então, a zona estava apenas associada à
extracção da prata (a própria palavra glashütte significa cabana de metal); a prata
acabou e a pobreza instalou-se até que Lange optou por combater o desemprego
da zona, recrutando os mineiros para o ofício da relojoaria. Mais do que uma
empresa, Ferdinand Adolph Lange fundou uma indústria e lançou os sólidos
alicerces da Meca da relojoaria alemã, que sobreviveu a duas guerras mundiais e
recuperou a sua glória após a queda do Muro de Berlim.
O berço da relojoaria alemã>
ET - Parabéns pela qualidade da vossa revista, embora preferisse
que se centrassem mais em temas exclusivamente relojoeiros em vez de
apresentarem por vezes assuntos e reportagens que poderiam perfeita-
mente ser tratados noutro tipo de publicações. O meu pedido é simples:
gostaria que me apresentassem uma justificação pertinente para o eleva-
do preço das revisões dos relógios mecânicos.
José Vale, por e-mail
ET - Caro leitor: aceitamos a sua opinião, mas a nossa missão é tentar fazer uma
revista tão eclética quanto possível dentro da temática do tempo e da relojoaria.
Quanto ao preço das revisões, deverá partir do princípio que a mecânica de um
relógio é semelhante à de um veículo automóvel – com a agravante de se tratar
de um mecanismo que, ao contrário do que sucede com o motor de um automó-
vel, está continuamente em funcionamento. Daí precisar de assistência periódica
para que se assegure a boa lubrificação dos componentes, a capacidade vedante
das juntas e a eliminação de pós, sujidade e humidade. A especificidade da tare-
fa implica que só possa ser concretizada por profissionais altamente qualificados.
O preço a pagar>
Questões
1 - Crie um novo slogan para a marca.
2 - Qual o embaixador(a) da marca em Portugal?
3 - Como conheceu a Sector e os seus relógios?
4 - Indique uma relojoaria que comercialize este modelo.
Dados pessoais
Nome:
Morada:
C. Postal: –
Localidade:
Tel: Tm:
Email:
A Espiral do Tempo e a Sector criaram um passatempo que
lhe permitirá ganhar um Sector Slim 400.
Para tal, terá que responder às questões colocadas e enviar
esta ficha ou uma fotocópia devidamente preenchida para:
Company One, Publicações Lda
Av. Almirante Reis, 39
1169-039 Lisboa.
Pode também enviar as suas respostas por email, indicando
os seus dados pessoais para:
Das respostas recebidas até 10/05/2006
será seleccionado o vencedor.
Passatempo
SECTOR SLIM 400
Movimento: cronógrafo quartzo.
Funções: H, M, S, cronógrafo, data
e escala taquimétrica.
Caixa: aço, estanque a 50 metros.
Bracelete: cauchu.
Preço: € 240
Ganhe um Sector Slim 400
Assinaturas
Nome:
Data de Nascimento:
Profissão:
Como se vê no mundo dos relógios?
Coleccionador Apaixonado Curioso
Outro:
Onde viu a Espiral do Tempo?
Banca TAP Relojoaria Hotel/Golfe
Outro:
De que tipo de artigos mais gosta?
E neste número de que mais gostou?
Sugestões para melhorar a revista:
A assinatura deverá ser feita em nome de:
Morada:
C.Postal: - Localidade:
Cont.:
E-mail:
Tel.: Tm.:
Pretendo assinar a partir da edição n.º: (inclusive)
Cheque n.º: Banco:
Assinatura para 8 edições (dois anos):
> Portugal € 28 > Europa € 60 > Resto do mundo € 80
Fotocopie este questionário, preencha, junte um cheque
emitido/endereçado a: Company One, Publicações Lda
Av. Almirante Reis, 39 1169-039 - Lisboa - Portugal
N.º 1 > € 5
ReportagemF.P. Journe.
Searacer da TAG Heuer.
Franck Muller.
N.º 2 > € 5
ReportagemAudemars Piguet.
Master RéveilJaeger-LeCoultre.
Mauboussin.
N.º 3 > € 5
ReportagemTurbilhão.
AtmosJaeger-LeCoultre.
Aerodyn Date.
N.º 4 > € 5
ReportagemReserva de Marcha.
Retro SportGerald Genta.
TAG Heuer Classics.
N.º 5 > € 5
ReportagemPierre Kunz.
Royal OakAudemars Piguet.
Tendências.
N.º 6 > € 5
ReportagemGravação.
DiamantesTempo de eternidade.
Data grande.
N.º 7 > € 5
EntrevistaJosé Miguel Júdice.
GreenwichA génese do tempo.
British Masters.
N.º 8 > € 7,45
EntrevistaCarlos Monjardino.
Alarmes mecânicosSom tradicional.
Link Calibre 36.
N.º 9 > € 7,45
EntrevistaPedro Abrunhosa.
ECW Panhard Ganador.
Porsche Design.
N.º 10 > € 7,45
EntrevistaHelena Roseta.
Royal Oak T3Audemars Piguet.
Chopard.
N.º 11 > € 7,45
ReportagemDaniel Roth.
Tourbillon RevolutionFranck Muller.
Glashütte.
N.º 12 > € 7,45
ReportagemFranck Muller: Watchland.
Novo calibre AutotractorJaeger-LeCoultre.
Moda.
N.º 13 > € 7,45
ReportagemRaymond Weil.
Royal Oak ChronoAudemars Piguet.
Museu Patek Philippe.
N.º 14 > € 7,45
ReportagemGlashütte.
EntrevistaJasmine Audemars.
Mito Carrera.
N.º 15 > € 7,45
ReportagemFortis.
EntrevistaMarisa.
Portfolio Rolex.
N.º 16 > € 3,5
ReportagemEmbaixadores TAG Heuer.
RolexÍcone rejuvenescido.
Saborear o tempo.
N.º 17 > € 3,5
ReportagemTapada de Mafra.
EntrevistaFrançois-Paul Journe.
Gyrotourbillon.
N.º 18 > € 3,5
ReportagemCarlos Paredes.
EntrevistaVartan Sirmakes.
Relógios & Automóveis.
N.º 19 > € 3,5
ReportagemJúlio Pomar.
EntrevistaJean-Christophe Babin.
Franck Muller-Sporting 100.
Caso queira encomendar
um número anterior da
Espiral do tempo, envie-nos
uma carta para:
Av. Almirante Reis, 39
1169-039 Lisboa,
juntando a quantia
respectiva em cheque.
Não esquecer de colocar
remetente.
O cheque deverá ser
emitido em nome de:
Company One, Lda.
ESGOTADO
ESGOTADO
ESGOTADO
ESGOTADO
ESGOTADO
O crepúsculo de um deusFilho único de um casal dos arredores de lisboa, Luís Figo fez-se
um dos dois portugueses mais famosos no mundo. Não sendo
o outro Luís de Camões. Aos 34 anos, Luís Figo conta aqui muito
do que sente sobre a sua extraordinária vida que, como glória
activa nos campos de futebol, está no seu penúltimo tempo.
E na eminência de um grande final…
entrev ista de Paula Moura Pinhei ro em Mi lão > fo tos Hamish Brown
GRANDE ENTREVISTA
Paula Moura Pinheiro - Quando é que se lembra de si a ter consciên-
cia da velocidade a que o tempo passa?
Luís Figo - Quando se dá conta de que o tempo passou a correr équando se está prestes a terminar um ano de competição ouprestes a terminar o ciclo de um contrato que se teve com umclube ou, claro, quando se está prestes a terminar a carreiradesportiva.
PMP - Sim, mas eu pergunto quando é que começou a ter a percepção
de que a ampulheta estava a correr contra si… Quando é que começou
a sentir a pressão de que a sua vida como futebolista estava em con-
tra-relógio?
LF – Bom, quando se tem 13 anos, que foi quando comecei ajogar no Sporting, não se tem nunca a percepção de que a vidapassa a correr. Aos 13 anos estamos completamente tomadospelo presente. Com 13 anos eu só queria jogar futebol. Nessaaltura, não me passava pela cabeça que a minha profissão viria aser futebolista. Era um sonho que eu não acreditava possível deser realizado. Claro que com o tempo, não muito tempo, foi-setornando um objectivo e um objectivo cada vez mais forte – deacordo com os patamares que ia atingindo. Mas não havia, nesseperíodo inicial, qualquer espaço para a percepção de que, casoviesse a ser futebolista profissional, teria, forçosamente, uma car-reira curta – os atletas têm-na sempre. Creio que foi só aos 17anos, quando comecei como profissional, que fui confrontadocom essa ideia pela primeira vez. Porque comecei a trabalhar, atreinar, a lidar com companheiros mais velhos e a aprender comos seus casos.
PMP – Foi aí que compreendeu que, por exemplo, com 34 anos, que é
hoje a sua idade, é-se quase demasiado velho para futebolista.
LF – Sim. Compreendi racionalmente, mas não era algo que euvivesse como uma percepção aguda, condicionadora. Quando setem 17 anos ainda se está completamente no presente, a ideia dofuturo permanece abstracta. Não é como agora, que gostava queo dia tivesse 48 horas… aos 17 anos não sentia que me faltavaou haveria de faltar o tempo: era feliz simplesmente a praticardesporto. Com o tempo, as responsabilidades aumentaram e asnecessidades também – tudo se tornou mais complicado…
PMP - Hoje, a sua relação com a ideia do tempo é
angustiada?
LF - De certa forma é. A consciência aguda deque não vou poder jogar para sempre, não éfácil… mas tento preparar-me o melhor possí-vel para quando chegar o momento em que tiverde fazer outra coisa – não digo retirar-me, digofazer outra coisa – não tenha tanta… dor.
PMP - Há quem diga que no Inter de Milão voltou a
jogar com a intensidade de um garoto. Ao Zidane
parece que está a acontecer a mesma coisa. É uma
espécie de canto do cisne?
LF - Não sei. Acho que nunca me limitei em ter-mos de esforço, sempre tentei dar o meu máximoem todas as situações – estivesse ou não emcampeonatos do mundo. Não sei limitar o meuesforço. Vir esta temporada para o Inter de Milãofoi um desafio muito bom: eu sentia que tinhacondições para jogar ainda a um alto nível e tinhade o demonstrar a mim mesmo. Uma coisa é oque os outros dizem – e pode ser importante,dependendo de quem são os outros – outra coisaé o que eu sei sobre mim. Demonstrar-me a mim
mesmo que o que sentia era verdade – que possoainda jogar a um alto nível – é da maior impor-tância. Além disso, tendo tido uma carreira posi-tiva quero acabá-la o melhor possível.
PMP - Dá-se ainda o caso de praticamente não ter
podido jogar nos seus últimos tempos de Madrid…
LF - Sim, de não ter podido jogar como desejavae como sabia que poderia jogar. Nos últimostrês, quatro meses de Real Madrid aconteceu-meo que pode acontecer a qualquer profissional: aescolha do treinador não recaiu sobre mim.
PMP - É sempre duro quando isso acontece, mas
quando se tem já pouco tempo de vida profissional
deve ser desesperante.
LF - Foi muito frustrante, sim. A verdade é que po-dia ter continuado em Madrid se quisesse ter umavida tranquila – tinha um bom contrato, podiadeixar-me estar sossegado. Mas não sou assim.Quero acabar a minha carreira com a máximadignidade possível: jogando, como tenho feitoestes anos todos. Por isso optei pelo Inter, onde,de facto, posso jogar como tenho jogado.
PMP - E Milão? Depois de Lisboa, Barcelona, Madrid -
um pouco frio, não?
LF - Sim, mas o frio eu aguento bem. Aquilo deque sinto mais falta, mais que do bom clima, éda luz – da luz do Sul. Milão parece que temsempre uma camada que paira sobre a cidade eque não deixa passar a luz. Barcelona, Madrid,Lisboa são cidades muito luminosas. Aqui, àssete da manhã é de noite e às quatro da tarde éde noite. O espaço de tempo para viver com luzé pouco – é isto que mais me custa em Milão.
PMP - Tenho a ideia de que os italianos conseguem
ser ainda mais radicais que os espanhóis a viver a
paixão pelo futebol. É assim?
LF - Não. A forma de viver o futebol, a paixãopelo futebol, é igual em toda a parte. Pelo menosentre latinos. Nesse aspecto, não vejo diferençaentre espanhóis e italianos.
PMP - O Rui Costa já cá estava quando chegou a
Milão. São da mesma geração de ouro do futebol
português. Ele ajudou-o a adaptar-se à cidade?
LF - O Rui pôs-se à disposição para o que eu
Luis Figo
22 < ESPIRAL DO TEMPO
,
necessitasse e eu tenho-o como um irmão. Fala-mos bastante ao telefone, mas a verdade é quenos vemos pouco por termos vidas muito desen-contradas. Jogamos nas equipas rivais de umacidade que só tem um estádio e, portanto, quan-do eu jogo em casa, ele joga fora e vice-versa; eutreino de manhã, ele treina à tarde; eu vivo emMilão, ele vive em Varese – não temos disponi-bilidade para estarmos juntos com frequência.Mas falamos muito ao telefone e cada um de nósacompanha de perto o que se passa com o outro.
PMP - Quem são os seus grandes amigos? São pes-
soas que traz da sua juventude portuguesa ou são
estrelas do futebol mundial como o Luís?
LF - Com o meu nível de vida profissional eeconómico é sempre difícil fazer amizades comgente com uma vida diferente. Nós, futebolistas,tendemos a ser casos atípicos: a constituir famíliamuito cedo, por exemplo, como aconteceu co-migo. Logo por aí é difícil encontrar pessoas forado futebol que, tendo a minha idade, estejam namesma situação familiar que eu, que fui pai aos25 anos. O meu ritmo de vida, as minhas respon-
sabilidades são muito diferentes das da maioriados homens da minha geração. O nível económi-co, é escusado negá-lo, é um factor que tem tam-bém influência – é difícil manter relações estrei-tas com pessoas que não vivem como eu e aminha família. A maioria dos meus amigos sãopessoas do meu meio profissional.
PMP - E os egos das estrelas não tendem a entrar em
colisão?
LF - Isso acontece em todas as actividades. Hásempre egos desproporcionados, rivalidades, masé perfeitamente possível, também, ter bons ami-gos entre pares.
PMP - O Ronaldo e o Zidane, por exemplo?
LF - Sim, por exemplo. São ambos pessoas comum enorme prestígio, o que não impede umaboa amizade entre nós todos. Profissionalmentetento sempre relacionar-me bem com todos osmeus colegas, depois há factores que fazem comque se levem, ou não, os colegas para a nossavida pessoal. Factores como o relacionamentoentre as nossas famílias, se têm crianças ou não,
Diversos momentos na vida de um craque: dentro e fora do
relvado, ao serviço da selecção nacional ou do clube.
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ESPIRAL DO TEMPO > 23
Luis Figo,
por exemplo. Isso aconteceu-me em todo o lado– é mais fácil ligarmo-nos a quem tem o mesmoritmo de vida que nós.
PMP - Custa mudar de cidade? Os amigos, as escolas
para as crianças…
LF - É muito mais complicado para a minha mu-lher e para as minhas filhas que para mim, quevivo dentro do campo e que, onde quer que este-ja, mantenho o mesmo tipo de vida. Aquilo deque senti mais receio nesta opção pelo Inter deMilão foi da instabilidade que isso causaria àminha família, porque elas estão aqui por mim,não estão por mais nenhuma razão. E a instabi-lidade emocional, social pode causar problemasdentro de casa. E, de facto, passámos momentosdifíceis quando chegámos aqui, mas consegui-mos ultrapassá-los.
PMP - O divórcio profissional mais duro que já teve
não foi de Madrid, foi de Barcelona. O que é que uma
experiência tão violenta como a que viveu nesse pro-
cesso – passar de deus a demónio, de um momento
para o outro – mudou em si?
LF - Muito poucas pessoas sabem o verdadeiromotivo porque mudei do Barça para o RealMadrid. Em Barcelona eu tinha tudo o que sepode desejar em termos pessoais e profissionais.É verdade que o contrato que me ofereceram emMadrid era melhor, não vou negar isso, não vounegar que foi financeiramente vantajoso mudarpara Madrid. Mas isso não teria sido suficientepara me fazer sair de Barcelona, que era umacidade que eu adorava e que, com o tempo, mehaveria de dar o que Madrid me estava a ofere-cer. O facto é que aquilo foi um processo de
negociações complicado, que envolveu váriaspessoas, e eu não quis defraudá-las – senti-meobrigado a honrar os compromisos que tinhaassumido, quis ser correcto. Felizmente, o meubalanço da ida para o Real Madrid é positivo,mas podia não ter sido: passei um ano difícílimoe acabei por apostar a minha vida profissional epessoal nas mãos de pessoas que, com o passardo tempo, revelaram não ser merecedoras daconfiança que eu depositara nelas. É assim a vida.Mas eu tento manter-me correcto, tanto dentrocomo fora do campo.
PMP - O que é que mudou em si com essa experiên-
cia? Sofreu, inclusive, ameaças de morte…
LF - Fez-me mais forte. Cada vez que ia, que voujogar a Barcelona eu sei que por detrás de todoaquele sentimento existe…
PMP - … desculpe, mas quando fala de ‘sentimento’
está a ser muito suave. O que há são manifestações
de raiva, para não dizer de ódio…
LF - … mas eu compreendo isso. Claro que sesou estimado num sítio e me passo para o seurival – ainda mais com uma campanha mediáti-ca contra mim, como a que existiu – a reacçãodos adeptos só pode ser a que foi. Não levo amal. Enquanto forem só insultos, não levo amal. O futebol é assim. Agora se me acontecealguma coisa, a conversa é outra…
PMP - Visivelmente, considera que os insultos não
entram na categoria das coisas más que podem
acontecer-lhe.
LF - Tenho de considerar, senão dava em maluco.Em qualquer jogo, mesmo que não seja em
Barcelona, há sempre um tonto que implicaconnosco.
PMP - Pode compreender-se a imunidade que é
necessário desenvolver em relação a certas coisas
para poder sobreviver. Mas há outras situações que
podiam ser evitadas. Por exemplo, por que razão fez
questão de marcar todos os cantos assim que foi para
o Real Madrid?
LF - Não sei. Esse foi um ano muito difícil. Tinhaos olhos todos postos em mim, sentia a imensapressão de ter de demonstrar, de ter de ganhar.Acontece que vivo bem sob pressão, porque, decerta forma, mantém-me alerta, mantém-medesperto. Claro que é desgastante, mas mantém--me ainda mais concentrado, ainda mais disci-plinado – o que me faz abstrair do que está aacontecer fora do campo. A jogar nessas con-dições, por mais próximo que esteja alguém ainsultar-me, nem ouço.
PMP - No texto de apresentação que escreve no livro
que saiu sobre si em 2005, diz uma coisa curiosa: diz
que conheceu atletas melhores, mas que aquilo que
o distingue a si, Luís, é a sua determinação. Determi-
nação que, segundo escreve, deve ao Sporting.
LF - Eu nasci e cresci como jogador com o lemado Sporting, lema que nunca me abandonou aolongo da minha carreira: Esforço, Dedicação,Devoção e Glória. Isto acompanha-me desdepequeno, porque foi desde pequeno que tive defazer um esforço para ir treinar. Eu morava namargem Sul do Tejo e vinha todos os dias para oEstádio de Alvalade. Com doze anos, a seguir àescola, apanhava o autocarro do sítio onde vivia,para lá de Almada, depois o barco, depois o
É difícil encontrar pessoas fora do futebol que, tendo a minha
idade, estejam na mesma situação familiar que eu, que fui pai
aos 25 anos. O meu ritmo de vida e as minhas responsabilidades
são muito diferentes das da maioria dos homens da minha geração.
ESPIRAL DO TEMPO > 25
Luis Figo,
metro – tudo para chegar ao treino. Todos osdias, fizesse chuva ou Sol, fazia isto, primeirocom amigos, depois sozinho. E não podiachumbar na escola porque senão os meus paisnão me deixavam continuar no futebol. Isto éesforço e dedicação.
PMP - Sem querer diminuir a importância do Sporting
na sua formação, se calhar essa capacidade de
esforço e de dedicação trazia-a já de casa e o mérito
do Sporting foi ter reconhecido em si essas quali-
dades. O que fizeram de especial os seus pais por si?
LF - Agradecerei para sempre aos meus pais aforma como me educaram para a responsabili-dade. Desde muito cedo transferiram para mima responsabilidade de não os desapontar na con-fiança que depositavam em mim.
PMP - Sendo filho único, imagino que todas as expec-
tativas dos seus pais estavam centradas em si.
LF - Sim. Mas não era tanto no sentido de quere-rem que eu fosse o melhor. Eles não ligavammuito ao facto de eu estar a fazer futebol, porexemplo. O que eu sentia era que não devia, nãopodia defraudá-los. Não podia fazer porcaria…
PMP - O seu pai era do Sporting?
LF - Não, o meu pai era do Benfica. Mas naque-la altura dizia-se que o Benfica só aceitava gentegrande e eu era pequenino – como é que ia lá?…Foi por isso e por ter amigos que jogavam nascamadas jovens do Sporting que fui treinar parao Sporting.
PMP - O Sporting foi circunstancial.
LF - Calhou, sim.
PMP - Uma das coisas extraordinárias consigo é que,
ao longo de vinte anos de futebol, nunca se lesionou.
É uma espécie de Aquiles. Qual é o seu calcanhar? O
que é que o vulnerabiliza?
LF - O que me deita abaixo é perder (risos)…
PMP - E os críticos nos media?
LF - Nos meus primeiros anos de carreira irritava--me com o desplante das críticas de pessoas quenão fazem a mínima ideia do que é o futebol
profissional. Não compreendia como era possívelque se opinasse com tanta ignorância sobre onosso trabalho. Falar no café da esquina está certo,todos devem poder fazê-lo. Mas ter um espaço deinfluência na opinião pública sobre profissionais,quando o próprio crítico não é, ele mesmo, umprofissional desta área, isso é que já tenho maisdificuldade em entender. Seria o mesmo que eu,que sou futebolista e nunca me dediquei a estudaroutro assunto, tivesse uma coluna de opiniãosobre arquitectura. Mas até isso, com o tempo, jánão me incomoda. Olhe, preciso de dormir. Nãodormir o suficiente é algo que me fragiliza.
PMP - Os valores pagos a estrelas de futebol como o
Luís Figo são muitas vezes objecto de críticas, mas
nem sempre se diz que os clubes, bem geridos,
podem ir buscar isso e muito mais convosco.
LF - Não vou queixar-me, porque faço aquilo deque gosto e sou muito bem pago para isso.Também acrescento que só ganho aquilo que mequerem pagar – se há quem acha que é demais,que fale com quem nos paga e averigue se nós,futebolistas, não geramos também muito dinhei-ro. A vida de um futebolista profissional é puxa-da. Para mim, pessoalmente, são cerca de 60 jogospor ano e, muitas vezes, jogados em condiçõesdifíceis: depois de longas viagens, noutros fusoshorários, noutros climas, sob imensa pressão. Nãome queixo, mas não são tudo rosas.
PMP - Esta sua participação no Mundial é tudo aqui-
lo com que sempre disse ter sonhado. Acontecer
nesta fase da sua carreira é particularmente emocio-
nante. Tem o carácter de ‘agora ou nunca’.
LF - Sim, mas não se pense que estou mais ner-voso do que estaria se estivesse noutro campe-onato qualquer. Não estou. Não vejo as com-petições dessa forma: agora ou nunca.
PMP - Bom, mesmo que prolongue a sua carreira por
mais uns anos é evidente que esta é a sua última
oportunidade num Mundial.
LF - Não vejo isto como uma coisa de vida ou demorte, ou como uma última oportunidade,como diziam de mim no Europeu. Tento desfru-tar o momento. Sei que é único poder jogar
Chama-lhes um figo
A colecção de instrumentos do tempo de Luís
Figo é deliciosa e revela um maduro conheci-
mento da relojoaria. O primeiro a ser destaca-
do tem de ser o TAG Heuer ‘Luís Figo’, um
modelo de edição limitada personalizado e
assinado pelo astro português que coloca em
destaque no mostrador o número 7; para
além desse relógio que lhe é dedicado (numa
feliz adaptação especial da série 6000), Figo
tem ainda dois históricos modelos da linha
Classics da TAG Heuer: o Carrera e o Monaco.
Mas a sua grande paixão são as criações da
autoria de Franck Muller: o próprio jogador
conhece o genial mestre genebrino e já visitou
a sede da marca em Watchland, nos arredores
de Genebra; tem um Long Island em ouro
branco e fundo preto de uma série limitada
encomendada pelo ex-presidente merengue
Florentino Perez para comemorar a vitória na
final da Liga dos Campeões em Glasgow
(2002), um Long Island em ouro branco com
diamantes que lhe foi oferecido por um sheik
do Dubai e ainda um Transamerica. Entre ou-
tras preciosidades, possui igualmente um IWC
Português Calendário Perpétuo em ouro bran-
co e um espampanante Jacob & Co. cravejado
de diamantes com mostrador dividido em cin-
co fusos horários.
MIGUEL SEABRA
26 < ESPIRAL DO TEMPO
Luis Figo,
Ela fez sacrifícios por mim de que eu não me esqueço nunca.
Prescindiu de ter uma carreira própria para me acompanhar
na minha carreira e educar as nossas filhas – não há nada
que possa expressar a gratidão que lhe tenho por isso.
num Europeu ou num Mundial, mas não trans-cendo essa abordagem do facto. Sempre fui mui-to contido nos sentimentos relativamente a estassituações.
PMP - É uma boa estratégia emocional para conter a
ansiedade. Mas não sentir a pressão da expectativa dos
três mil milhões de espectadores que terá no Mundial de
Futebol é quase do foro do sobre-humano.
LF - Tento sentir o prazer. Gozar o facto de estaraqui, a participar nisto. Mas não posso nem vouestar a pensar nesses três mil milhões de pessoas.Quero apenas concentrar-me para fazer as coisasbem feitas, muito bem feitas. Quero ganhar.
PMP - Nós, os portugueses, queremos que ganhe.
LF - (risos) Pois, imagino. Vou dar o meu melhor,é só o que posso prometer.
PMP - E se lhe correr muito bem o Mundial pode
ainda fazer novos contratos como futebolista de
primeira linha.
LF - Já não estou a pensar nisso.
PMP - Quer jogar mais quanto tempo?
LF - Terminava este contrato com o Inter deMilão e, em princípio, acabava.
PMP - E se lhe oferecessem um contrato milionário
para a Arábia Saudita? Aceitava?
LF - Isso dependeria da minha mulher. Deixava--lhe a ela a decisão. Ela e as minhas filhas já fi-zeram tantos sacrifícios por mim que eu não asfaria passar por mais uma mudança contra a suavontade. Para dizer a verdade, gostaria de ir umano para os Estados Unidos da América – paraacabar a minha carreira na Liga Americana deFutebol. Gostava disso. Ficava um ano fora, aspessoas esqueciam-me e depois voltava e poderiafazer aquilo que quero fazer a seguir…
PMP - Que é…
LF - (risos) Isso agora…
PMP - Muito bem, não quer falar nisso. Falemos da
sua família nuclear. Gostava de ter um filho rapaz?
LF - Antes de ter filhos sempre me imaginei a
jogar à bola com o meu rapaz, mas agora sinto--me tão preenchido com as minhas três filhasque nem penso mais nisso. Não me faz falta nen-huma um rapaz. Estou encantado com elas. E damos na mesma uns toques de futebol lá em casa.
PMP - Teve o mérito de ter sabido construir uma
família que parece ser o seu castelo. Muito provavel-
mente, a sua casa é a sua família.
LF - É verdade. Desde que eu esteja bem com aminha família, com a minha casa, estou bem emqualquer parte do mundo.
PMP - E a sua mulher parece ser mais que a sua rai-
nha. Parece ter tido uma influência importante na
construção da imagem da ‘marca’ Figo. Era mane-
quim, trabalhava com a imagem.
LF - Antes de mais, ela fez sacrifícios por mim deque eu não me esqueço nunca. Prescindiu de teruma carreira própria para me acompanhar naminha carreira e educar as nossas filhas – nãohá nada que possa expressar a gratidão que lhe
tenho por isso. Ela é importante em todas asfrentes na minha vida. E, claro, ter uma famíliabonita ajuda a ter uma boa imagem.
PMP - Eu falava da sua imagem pessoal, da imagem
de moda que construiu com a ajuda da sua mulher –
ou seja, de como ela terá arranjado lenha para se
queimar… Parece que o Luís tem hoje mais fãs mu-
lheres que homens.
LF - (risos) Bom, ela também tem muitos fãs…Por aí, somos muito equivalentes.
PMP - Quanto tempo gasta em autopromoção?
LF - Há sempre uma ou duas coisas por mês queconvém aceitar fazer. Já aprendi a seleccionarapenas o que me interessa.
PMP - Agora, por exemplo, vai ser capa da Marie
Claire espanhola. Já conhece os truques todos? Sabe
qual é o seu melhor ângulo nas fotografias?
LF - O truque é o mesmo para tudo na vida: sóaceitar trabalhar com bons profissionais. O queme ensinou a experiência é que os bons fotó-grafos fazem milagres…(risos)
PMP - Tem a noção de que é um homem com muita
sorte?
LF - Sim. Mas também tenho consciência de quetrabalho muito para a sorte que tenho. Ainda queseja verdade que, nas encruzilhadas da vida, es-colhi sempre o caminho certo. E isso, sim, agra-deço à sorte.
PMP - Foi por querer devolver a outros alguma da
sorte que teve que criou a sua fundação?
LF - Para ser sincero, criei-a porque fui aconselha-do a fazê-lo pelos meus gestores de carreira. Sen-do uma instituição sem fins lucrativos, podia tervantagens fiscais. Mas como continua sem lhe seratribuído o estatuto de utilidade pública, nemesse benefício colho. Estou à espera há três anos,é um dos problemas do nosso país: mesmo quan-do se quer fazer uma coisa boa como esta, osentraves são tantos, é tão cansativo, que a tendên-cia é deixar cair. Mas a fundação vai continuar.Começou, vai continuar.
PMP - Imagina-se como o rosto de uma candidatura
portuguesa ao Mundial de 2018?
LF - Não sei. Estarei sempre associado ao futebol,isso é certo.
PMP - Imagine este cenário: o Luís é o rosto da candi-
datura portuguesa ao Mundial e o José Mourinho é o
seleccionador nacional. Seria uma candidatura com
grandes hipóteses, não acha?
LF - (risos) Depende de como estivermos os doisem 2018… Mas sendo em prol do nosso paísestou sempre disponível.
PMP - Dar-se-iam bem, o Luís e o José Mourinho?
LF - Acho que sim. Trabalhei com o Zé em Bar-celona, quando ele ainda era segundo treinador, etenho um bom relacionamento com ele.
PMP - Observando de longe, há mais coisas em co-
mum entre vós do que o facto de serem ambos gran-
des vencedores: são os dois filhos únicos, da margem
Sul do Tejo, de carácter contido e muito ligados à fa-
mília. E, claro, ninguém ganha tanto sem querer
muito ganhar. Isso também terão em comum.
LF - Claro, esse é o espírito. ET
ESPIRAL DO TEMPO > 29
Luis Figo,
BREVES
REVERSO À ÈCLIPSESUm segredo a revelarO Reverso Éclipse contém um ‘segredo’: um mostrador em esmalte que aparece ou desaparece
mediante um sofisticado sistema de persianas comandado por uma coroa, colocada às 2 horas.
O processo foi pela primeira vez testado pela Jaeger-LeCoultre em 1910, mas numa peça muito
maior, um relógio de bolso. A Jaeger-LeCoultre é a única manufactura relojoeira que mantém
ainda hoje em casa (com dois mestres esmaltadores) o saber de miniaturização e esmaltagem,
e o Reverso tem sido declinado ao longo dos seus 75 anos com este savoir-faire muito espe-
cial. Mas o Éclipse é uma peça muito especial, pois com um simples movimento do dedo, ora
se mostra, ora se esconde – tornando um relógio de pulso num pequeno teatro de marionetas
– a miniatura, que pode vir em quatro temas: viagens de descoberta, signos do Zodíaco chinês,
nus famosos (de Ingres a Renoir, passando por Klimt ou as ilustrações anónimas do Kama-Sutra)
e Grand Feu (esmaltagem que se consegue acima dos 800 graus). No interior, o Reverso Éclipse
vem equipado com um movimento extra-plano, o Calibre JLC 849, de corda manual. A caixa pode
ser em platina ou em ouro. Novidades 2006.
Enquanto se aguarda pela apresentação
oficial das grandes novidades do ano, nas
feiras de Basileia e de Genebra, conheça as
mais variadas propostas de produtos que
incluímos na nossa secção. Todos escolhidos
a pensar em si.
t e x t o s Vand a Jo rg e
32 < ESPIRAL DO TEMPO
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IWCEdição Antoine de Saint-Exupéry
Por ocasião dos 75 anos da publicação de ‘Voo da Noite’, romance de Saint-Exupéry, a Inter-
national Watch Co., que constrói relógios aviador profissionais desde meados dos anos 30, apre-
senta uma edição especial do seu novo cronógrafo aviador mecânico. Serão 1931 exemplares da
edição Antoine de Saint-Exupéry, com mostrador em cor de tabaco, protecção especial do campo
magnético, movimento automático, cronometragem de adição até 12 horas e uma gravura no
verso com o perfil do herói da aviação e eterno pai do ‘Principezinho’. Do total, 1630 exemplares
são em aço inoxidável, 250 em ouro rosa, 50 em ouro branco e apenas um em caixa de platina.
Novidades 2006.
VACHERONCONSTANTINEdição Limitada em Platina
Expoente da perfeição, o novo Vacheron Cons-
tantin Patrimony Contemporaine herda toda a
classe a que a marca já nos habituou. Inserido
na pureza da linha Vacheron Constantin Collec-
tion Excellence Platine, este Platinum Patrimony
Contemporaine está disponível numa edição li-
mitada apenas a 150 peças. A caixa de 40 milí-
metros é em platina, o movimento é mecânico
e o remate final é dado pelo Calibre 1400.
Novidade 2006.
RELÓGIO OFICIAL FORTIS Swiss International Airlines
Serão poucos os produtos que traduzem tão bem
o espírito e os valores suíços de confiança, quali-
dade e hospitalidade quanto os relógios. Assumin-
do a ideia, a Swiss International Airlines e a Fortis
criaram uma nova máquina do tempo exclusiva-
mente dedicada à companhia aérea. Inspirado na
aviação actual e na experiência dos pilotos, fazen-
do da funcionalidade, confiança e utilização de ma-
teriais de alta qualidade requisitos essenciais, o
grupo suíço e a marca relojoeira criaram o Swiss
UTC. Um relógio de pulso que incorpora toda a filo-
sofia da Fortis. A caixa quadrada em aço de 38 por
38 milímetros prova que também o design não foi
deixado ao acaso neste novo produto.
Venda exclusiva na Swiss Airlines.
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BREVES
PERFUMES CRIADOS À MEDIDASalão de perfumes na renovada Cartier em Paris
Entrar e escolher uma fragrância personalizada, cria-
da ao gosto e à medida das aspirações de cada um
é o sonho tornado realidade, graças ao savoir-faire
da Cartier. A extravagância de comprar um perfume
exclusivo é a grande novidade revelada pela marca
na reabertura do renovado número XIII da Rue de
la Paix. No salão do perfume, Mathilde Laurent, de-
signer e perfumista da Cartier, dá largas à imagina-
ção e ao nariz de cada um, fazendo combinações
perfeitas de fragrâncias, fórmulas secretas que fi-
cam arquivadas para que possam ser recreadas,
caso o cliente o deseje. Para homem ou mulher ou
até para perfumar a casa, todas as poções são
acompanhadas por uma caixa de cristal Baccarat
com os cantos diagonalmente cortados, esboçados
em ouro e carimbados com o brasão do ‘13 Rue de
la Paix’. Preço sob consulta.
AUDEMARS PIGUETA descoberta do tempo Oval
Com o mostrador oval inspirado no famoso Coliseu
de Roma, números volumosos e a capacidade de
converter diferentes estilos num único e muito
próprio, a colecção Millenary da Audemars Piguet é
um convite à descoberta de uma nova concepção
de tempo: o ‘Le Temps Ovale’. Dias inteiros a
sonhar, simples minutos de alegria ou mesmo
segundos de intimidade; todo o tempo é precioso
e deve ser vivido com uma elegância aliada a uma
alta performance relojoeira e sinónimo de moder-
nidade – assim se define a nova colecção compos-
ta por duas linhas distintas, para homem e para
mulher. O estilo marcadamente neoclássico na
colecção masculina, é acompanhado da exclusivi-
dade do mecanismo de corda automática (calibre
3120) responsável pela fiabilidade e precisão da
marcha, enquanto a linha feminina conjuga a sen-
sualidade das formas com os movimentos do cali-
bre 2325. Guardiões do tempo de dias dinâmi-
cos ou cúmplices de instantes mágicos, a colecção
Millenary quer ocupar um lugar privilegiado no quo-
tidiano de homens e mulheres, e ser uma teste-
munha de instantes preciosos. Novidades 2006.
34 < ESPIRAL DO TEMPO
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TAG HEUER MONACO JEANSO casual chique
Fiel aos valores que a TAG Heuer tem imprimido à
colecção Monaco ao longo dos anos, o novo Mo-
naco Jeans assume-se como um digno herdeiro do
carisma do mais famoso relógio quadrado de pulso
na história da relojoaria. Provando que a qualidade
e o requinte não são deixados ao acaso, mesmo
quando se pretende um look mais informal, a nova
edição limitada Monaco Jeans conjuga de forma
surpreendente uma bracelete em Jeans com um
elegante mostrador em madrepérola.
Preço: € 2.990
MONTBLANC Marca celebra o primeiro centenário
Exclusividade e luxo: é desta forma que a Mont-
blanc celebra o seu primeiro centenário. Para assi-
nalar esse momento único na história da empresa,
foram criadas apenas três canetas de uma rara be-
leza: em ouro branco de 18 quilates, a Montblanc
100 Years Solitaire Mountain Massif Skeleton é dec-
orada com 1277 diamantes brancos em contraste
com outros 123 diamantes azuis. Uma peça de luxo
dotada de um design sublime, onde a transparên-
cia da sua tampa permite admirar o diamante
esculpido com a forma da estrela Montblanc. Du-
rante anos em desenvolvimento, a estrela diaman-
te foi criada e patenteada especificamente para co-
memorar o primeiro século de vida da marca.
Preço: € 120.000
LADY JEWELLERYUma jóia de relógio
Ainda na linha feminina e dos relógios-jóias, o Re-
verso declina-se agora com caixa decorada com dia-
mantes e interior com movimento de corda manual
Calibre JLC 846 ou com movimento de quartzo. A
caixa do Reverso Lady Jewellery pode vir em ouro
amarelo e aço ou só em aço. As braceletes podem
ser em pele, ouro e aço ou só em aço.
Novidade 2006.
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BREVES
36 < ESPIRAL DO TEMPO
REVERSO DUETTO DUODuas faces, dois fusos
Esta nova declinação da linha feminina Duetto vem
com a função de segundo fuso horário – o primeiro
tempo é dado no mostrador da frente, o segundo
no mostrador traseiro, onde está ainda um indica-
dor de dia/noite. Com caixa em ouro rosa, amarelo
ou branco, e duas fileiras de diamantes, este reló-
gio-jóia vem equipado com o famoso Calibre JLC
854, um movimento de corda manual com 45 horas
de reserva de corda. Novidades 2006.
GRAHAMNovos modelos cronográficos
Quando todos diziam que era impossível os cro-
nógrafos tornarem-se maiores e mais poderosos,
a Graham surpreendeu com a apresentação do
Chronofighter Oversize Overlord Mark II – a prova
de que, quando se trata de pensar em grande, o
céu é o limite da Graham. A edição limitada a 250
relógios dispõe do calibre G1732, sendo a caixa em
aço estanque a 100 metros de profundidade. A fun-
cionalidade e a durabilidade são os princípios de
base deste novo cronógrafo que bem poderia vir
com a palavra ‘aventura’ inscrita. No seguimento
das novidades da marca, surge também o novo
Swordfish Yellow. Os característicos ‘olhos’ deste
modelo a negro com as ‘pupilas’ a amarelo criam
um jogo de contraste que privilegia a legibilidade
reforçada pelo uso de Superluminova nos números
e nos marcadores das horas. Novidades 2006.
GLASHÜTTE ORIGINALPanoMatic Chrono
Saído dos ateliers da ‘manufactura transparente’ se-
deada em Glashütte, o novo cronógrafo de movi-
mento mecânico de corda automática da Glashütte
Original surpreende pela elegância. Com funções
de horas, minutos, segundos e data panorâmica, o
PanoMatic Chrono é enobrecido por uma caixa em
ouro de 18 quilates estanque a 30 metros; o meca-
nismo ricamente decorado à moda de Glashütte
pode ser admirado através do fundo em vidro de
safira. A correia em pele de jacaré contribui para dar
o toque de classe final a um relógio excepcional.
Preço: € 37.560
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BREVES
TAG HEUER COM BRILHOFórmula 1 Glamour Diamonds
O design deste novo Fórmula 1 Glamour Diamonds
foi pensado para as mulheres que levam o despor-
to e o lazer muito a sério. A caixa em aço estanque
a 200 metros e vidro de safira foi cuidadosamente
estudada para que os seus 120 brilhantes consigam
resistir no pulso de mulheres activas em desportos
radicais – seja na montanha, no surf ou no ski. O
movimento de quartzo alimenta as funções das ho-
ras, minutos, segundos e data; a bracelete em ce-
tim e os brilhantes também fazem deste TAG Heuer
um companheiro ideal para uma festa à noite.
Preço (aprox.): € 2.000
JAEGER-LECOULTREMaster Calendar Aço
O novo Master Calendar da Jaeger-LeCoultre remete para a tradição com que, desde 1940,
se fazem os modelos dotados de calendário na conhecida manufactura relojoeira suíça da
Valée de Joux. Horas, minutos, segundos, data, dia da semana, mês, fases da lua e indi-
cador de reserva de corda (de 45 horas) convivem num mostrador dotado de um design
pouco convencional. A elegante caixa em aço estanque a 50 metros alberga o movimento
mecânico de corda automática JLC 924. O vidro e o fundo são em safira e a correia em
pele de jacaré surge equipada de um fecho de báscula em aço. Preço: € 6.040
38 < ESPIRAL DO TEMPO
TAG HEUER MONACO O branco total feminino
Glamoroso e sensual, mas também forte e
marcadamente moderno, o novo modelo
Absolute White da TAG Heuer – que inte-
gra a linha Monaco – é especialmente
dedicado a um segmento mais atento à
moda e às últimas tendências. O mostra-
dor, executado num branco total, apela
ao estilo retro e a bracelete em pele recu-
pera o que de mais clássico tiveram os
anos setenta. De Hollywood a Tokyo, este
ultra-glamoroso marcador do tempo dota-
do de um mecanismo cronográfico de corda
automática, tornou-se num dos acessórios mais
cobiçados da estação no mundo da moda.
Preço: € 2.900
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NOVO PORSCHE GT3Pura adrenalina
Na gama 911, a abreviação GT3 significa puro e
autêntico prazer de condução. Com uma dinâmica
inequivocamente Porsche, este modelo impressio-
na não só na condução de dia-a-dia mas também
nas pistas de competição. Os 415 cvs do motor de
3.6 litros produzem uma resposta específica de
115.3 cvs por cada litro disponível. Esta perform-
ance coloca a nova geração GT3 no topo das pos-
sibilidades existentes no que diz respeito a limita-
ções legais para motores aspirados naturalmente.
O motor de seis cilindros atinge a sua potência
máxima às 7,600 rpm colocando o limite nas 8,400
rpm. Este facto torna-o líder mundial na sua classe
de motores. Em Portugal, este modelo estará dis-
ponível a partir de 140,998 Euros, incluindo impos-
tos e transporte.
ASTON MARTINREGRESSA AO CINEMAUm novo modelo para o famoso 007
Como é tradição, a Aston Martin mantém em total
secretismo os pormenores do novo modelo desen-
volvido para ‘Casino Royale’ – a nova aventura de
James Bond, com estreia prevista para Novembro
deste ano. Até agora, a empresa limitou-se a confir-
mar que Daniel Craig, o agente secreto que substi-
tui Pierce Brosnan no filme, se irá sentar ao volan-
te de um Aston Martin DBS. Na área da relojoaria e
celebrando o regresso da Aston Martin à competi-
ção ‘24 Horas de Le Mans’, a Jaeger-LeCoultre tor-
nou-se o parceiro técnico oficial da marca inglesa.
Uma associação celebrada com o lançamento do
AMVOX1R-Alarm. Preço: € 9.950
DO GARRANO AO LUSITANOAprender a montar a cavalo
Os adultos e os jovens que nunca ousaram
montar a cavalo – mas também todos os que
dominam a arte equestre – tiveram a possibili-
dade de conhecer a vida de um Centro Eques-
tre, as rotinas e toda a azáfama típica dos dias
passados junto dos cavalos. O Programa ‘Do
Garrano ao Lusitano’ decorreu no Centro Eques-
tre do Vale do Lima, na região de Ponte de
Lima. Tratou-se de uma das primeiras vivências
da iniciativa ‘Vivências nos Solares de Portu-
gal’, um projecto idealizado pelos Solares de
Portugal que irá decorrer de Norte a Sul do país
com um programa de visitas no qual a história,
a arte, a cultura e a etnografia da casa e da re-
gião serão apresentadas pelos proprietários de
casas da rede Solares de Portugal.
MUSEU DO RELÓGIO250 anos de relógios mecânicos no Alentejo
Os relógios usados ao tempo dos nossos trisa-
vós, bisavós, avós e pais – desde meados do
século XVIII até ao século XX – podem ser apre-
ciados até dia 15 de Julho, no Museu do Reló-
gio, em Serpa. As peças doadas e colecciona-
das pelo fundador do Museu, António Tavares
d’Almeida, ao longo dos últimos trinta anos fo-
ram restauradas pelos mestres relojoeiros Antó-
nio Silva e João Vinhas na Oficina do Museu do
Relógio. Entre as várias preciosidades contam-
-se mecanismos antigos de marcas como Ome-
ga, Longines, Tissot, Cortebert e Roskopf, des-
cobertos em várias cidades alentejanas e per-
tencentes a famílias de Évora, Beja, Portalegre,
Estremoz, Moura e também de Serpa.
Museu do Relógio
Convento do Mosteirinho - Serpa
Telefone: 284 543 194
www.museudorelogio.com
DEEP COLLECTIONJ. Grelot acompanha as últimastendências da moda
‘Deep Collection’ é a nova colecção de jóias da
J. Grelot, uma marca nacional dedicada ao segmen-
to da alta-joalharia. As peças únicas, de extrema
elegância e requinte, dividem-se em quatro temas:
Desire, Passion, Energy e Endless. O pendente em
ouro branco em forma de corno, cravejado de dia-
mantes, é uma das novidades da colecção marcada
pelo design, exclusividade e qualidade das peças.
1
1
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BREVES
REVERSO GRAN’ SPORT DAMEA elegância no feminino
O Reverso Gran’ Sport Dame é um fiel companheiro das mulheres do
século XXI, tanto de dia como de noite, conseguindo reunir diferentes
funções numa peça de extremo requinte. A energia mecânica reside no
calibre 864 da Jaeger-LeCoultre, o recto dá a hora presente e o verso,
um segundo fuso horário, no mesmo instante. Reflexo de um universo
de múltiplas facetas, vem equipado com um duplo fuso horário com
indicação dia/noite, sendo possível estar em sincronia com os quatro
cantos do mundo. Preço: € 6.350
MASTER COMPRESSOR CHRONOGRAPH LADYDesportivamente feminino
A elegância inerente à condição feminina e a robustez exi-
gida a um modelo mais desportivo, aliam-se de forma sin-
gular no novo cronógrafo que a Jaeger-LeCoultre dedica
exclusivamente aos pulsos das senhoras. A caixa em aço de
é cravejada com 68 diamantes; a indicação da hora, dos minu-
tos, dos segundos e dos dias é reforçada com as funções indispensáveis
a um cronógrafo: contadores das horas e dos minutos em submostradores, pon-
teiro dos segundos do cronógrafo ao centro. O remate da bracelete em pele é
feito por um fecho de báscula. Mas a grande novidade consiste num mecanis-
mo mecaquartz híbrido que associa as melhores qualidades dos movimentos
mecânicos e de quartzo. À singular técnica do Calibre 631 junta-se a tradicional
arte com que a manufactura de Le Sentier trabalha todos os instrumentos de
medir o tempo. Preço: € 6.600
40 < ESPIRAL DO TEMPO
1
1
GRAHAM ‘OVERSIZED’O cronógrafo que pensa em grande
Apontado como ‘o cronógrafo supremo’, o novo
modelo da linha Chronofighter Oversize da
Graham justifica bem o epíteto, tendo sido conce-
bido a pensar nos homens apaixonados por gran-
des marcadores do tempo. A poderosa caixa em
aço resiste até aos 330 metros, mede 46 milíme-
tros de diâmetro e o novo calibre G1732 Bicompax
Chronograph confere-lhe um aspecto tecnicamente
sofisticado. A grande originalidade do relógio é o
emblemático gatilho da linha Chronofighter, colo-
cado à esquerda e idealizado para evitar deslizes
ao toque do polegar.
Preço: € 5.500
JAEGER-LECOULTRE Uma peça Idéale
Não é difícil perceber o que faz deste novo mode-
lo da Jaeger-LeCoultre um relógio ideal. Com 24
diamantes que acentuam as linhas elegantes da
caixa em aço, a bracelete é em pele e a coroa
apresenta acabamentos em safira. Com indicação
de horas e minutos, o movimento é mecânico e de
corda manual com um Calibre 846.
Preço: € 3.400
BREITLING CHRONO-MATIC 24HUm regresso às origens
A linha Chrono-Matic, criada no final dos anos 60,
está de volta à Breitling que apresenta agora
o novo Crono-Matic 24H. À exclusividade do
design, a marca junta a originalidade da indica-
ção das 24 horas, uma especialidade da Breitling
resultante da sua experiência na exploração
espacial. Neste cronógrafo, a agulha das horas
dá uma volta ao mostrador em 24 horas, em vez
das 12 horas de um relógio com indicação tradi-
cional. O Chrono-Matic apresenta também um
mecanismo flyback, uma função suplementar
que permite iniciar cronometragens sucessivas
sem exigir a paragem, retorno a zero e posterior
reinicio do cronógrafo.
SONDAGEM NOSESTADOS UNIDOS Coração dos americanos bate por um Franck Muller
Um estudo realizado nos Estados Unidos mos-
tra que o coração dos norte-americanos mais
afortunados bate por um relógio Franck Muller.
Segundo os resultados divulgados pelo Luxury
Institute of New York, no segmento da alta-relo-
joaria, 80 por cento dos inquiridos votou na
marca fundada pelo genial mestre genebrino.
Em segundo lugar no ranking dos nomes mais
cobiçados da alta-relojoaria ficou a conceituada
Patek Philippe – seguida de três marcas que
partilharam o terceiro lugar: a Vacheron Cons-
tantin, a Audemars Piguet e a Breguet.
1 1
Na altura em que escrevo esta crónica,o ano de 2005 já constituirá, para a maioria de
nós, apenas uma lembrança. Que terá apagado,
espero, o cansaço decorrente dos sucessivos pe-
ríodos eleitorais que nele tiveram lugar… Aguarda-
-se, apenas, a tomada de posse do novo Presi-
dente da República, para podermos entrar, de
novo, num período de tranquilidade democrática.
Porém, do meu ponto de vista, os aconteci-
mentos do ano findo, terão criado uma oportuni-
dade para repensar alguns aspectos da vida na-
cional. Um deles refere-se à necessidade de dis-
correr sobre a real eficácia das campanhas eleito-
rais. Outro respeita a análise do modo como elas
têm decorrido entre nós. E um terceiro será discu-
tir o actual papel da comunicação social.
Quanto ao primeiro aspecto, tenho as maiores
dúvidas quanto à sua real eficácia. De facto, quem
tem filiação partidária, não necessita de campa-
nhas. Vota de acordo com a ideologia que o levou
à sua integração política. Se, depois, obedece ou
não a esse dever de consciência, já é outra ques-
tão. Para os chamados simpatizantes, elas pode-
riam ser, de facto, proveitosas se os esclarecessem
nas suas dúvidas. Do mesmo modo, para os inde-
cisos, a sua existência deveria ser primordial. Con-
tudo, tal não tem acontecido.
O que nos conduz ao segundo aspecto, isto é,
ao modo como as campanhas têm vindo a decor-
rer. E aqui, o mínimo que posso dizer, é que elas
foram, a muitos títulos, um espectáculo lamentável,
mais esclarecedor da ambição pessoal ou partidária
dos vários intervenientes, do que daquilo que cada
um deles tinha para oferecer ao país. A manifesta
ausência de programas por parte de alguns candi-
datos foi demasiado evidente. Houve, felizmente,
honrosas excepções. Pena é que elas não tenham
constituído a maioria… A eleição presidencial, en-
tão, por ser nominativa, atingiu, em certas alturas,
as raias da mais primária falta de civismo. Final-
mente, um terceiro aspecto, este de natureza mais
generalista, merece referência especial, porque
parece ser algo que veio para ficar. Trata-se da
comunicação social e do seu indispensável papel
de difusora de informação. E, apesar do que vou
referir respeitar particularmente à televisão, tal
não quer dizer que os restantes meios estejam
isentos. De há uns anos para cá, o fenómeno da
tabloidização televisiva não pára de crescer. Já não
falo, sequer, dos programas de entretenimento
porque, esses, só vê quem quer. Falo do noticiá-
rio, da difusão da notícia considerada de interesse
formativo e informativo. Não há, nos dias de hoje,
telejornal que não abra com uma qualquer tragé-
dia. Tudo são desgraças. Tudo são mortes. Tudo é
violência. E se a verbalização destes fenómenos já
é, em si, deprimente, a sua exploração pela ima-
gem atinge-nos no que temos de mais essencial –
a esperança.
Não é possível fazer um país crescer e sair
duma crise profunda, explorando os lados mais la-
mentáveis e perversos da vida de todos nós.
Informar não é, sistematicamente, vender angús-
tia, tragédia, sexo, a qualquer hora e a qualquer
preço. Os telejornais são vistos por pessoas de
idades e classes sociais muito variadas. Que,
naturalmente, são influenciáveis. Se é o lado me-
díocre que mais prende e fixa o telespectador,
então, quem dirige esses órgãos e quem os tutela
deve tirar, do facto, as necessárias ilações. Não se
trata de censura nem tão pouco de moral. Mais do
que uma questão ética, trata-se de uma questão
de bom senso e de saúde mental que urge ser
pensada. Não apenas por quem decide, mas tam-
bém por quem assiste, visto que todos somos
responsáveis!
Helena Sacadura Cabral
CRÓNICA
TEMPO DE PENSAR
44 < ESPIRAL DO TEMPO
Não é possível fazer
um país crescer e sair
duma crise profunda
explorando os lados
mais lamentáveis e
perversos da vida de
todos nós.
A descoberta duns papéis velhos num guarda-loiças inglês, revelada em Fevereiro deste ano,
poderá alterar ideias antigas — e criar novas contro-
vérsias — sobre o nascimento da ciência moderna e
os seus génios pioneiros. E também sobre uma das
belas invenções da humanidade: o relógio de bolso.
Segundo a revista Nature, o volume de 520 pági-
nas, rabiscado em linhas encavalitadas, formigueiros
de letras, são as actas da Royal Society de Londres,
escritas pela mão de Robert Hooke (1635-1703).
Quem? O homem que é famoso por ser o mais esque-
cido e desprezado génio da humanidade. Tão injusta-
mente esquecido que nem um retrato seu existe. Os
ingleses andam agora à procura do crânio, para recriar
o aspecto da sua cara. Só que ninguém sabe onde
Hooke foi enterrado, ou se sobra algum osso dele. O
currículo é extraordinário (os grandes currículos são
curtos): descobriu as primeiras células, observando
cortiça ao microscópio; criou, aliás, o termo ‘célula’; foi
o primeiro homem a ver os espermatozóides a nadar
no seu fluido vital; inventou o diafragma das lentes
das câmaras; inventou a junta da cabeça que ainda
hoje é utilizada nos motores dos automóveis; cons-
truiu o primeiro telescópio com espelho reflector e de-
senhou as crateras de Marte; explicou a cintilação das
estrelas, a elasticidade e a teoria cinética dos gases.
E diz-se também que, cinco anos antes de Chris-
tiaan Huyghens, construiu a primeira mola de balanço
dos relógios, uma invenção que permitia manter os re-
lógios certos mais tempo e a bordo de navios no mar,
sem os inconvenientes e erros dos pêndulos, depen-
dentes da gravidade. Por falar nisso, até morrer Hooke
acusou Isaac Newton de lhe ter copiado a maior parte
das ideias sobre as leis universais da gravidade...
Quando se fala de Robert Hooke, no entanto, as
pessoas não se lembram de nada ou, com cómica in-
felicidade, lembram-se duma pulga: da magnífica re-
produção aumentada duma pulga que ele imprimiu na
obra ‘Micrographia’, a única glória pública que alguma
vez experimentou.
O aspecto físico não ajudava. Um colega que o
conheceu na velhice, escreveu: «Como pessoa era des-
prezível, pois era muito corcunda, embora eu tenha
ouvido dizer, por si próprio e por outros, que fora
direito até mais ou menos aos 16 anos». E acres-
centava, com evidente repugnância, «estava sempre
muito pálido e magro, e ultimamente só pele e osso,
com um aspecto desagradável, os olhos de cor cinza
e encovados...» e por aí adiante, o nariz muito fino...
o lábio de cima estreito... o cabelo muito longo sobre
a cara, e mal cortado...
Durante muitos anos foi o secretário da Royal So-
ciety, encarregue de fazer experimentações, receben-
do um salário, mas impedido de casar. Quem tratava
dele era uma ‘empregada’ a quem também chamavam
‘sobrinha’, para não dizer amante.
Misteriosa como o seu apagamento da história,
foi a descoberta dos manuscritos, em 2006. Estavam
há décadas no fundo de um guarda-loiças que uma
família de Hampshire quis vender em leilão. O manus-
crito, que vale mais de um milhão de euros, vai agora
ser vendido e estudado.
Eis umas notas inéditas, meio crípticas, e num
tom invulgarmente pessoal, que eu decifrei por curio-
sidade na reprodução duma das últimas páginas, já
divulgada pelos jornais e Internet. Estão num canti-
nho, por baixo da ilustração duma mola em espiral, e
das suas leis matemáticas. Ut tensio, sic vis. «A ex-
tensão duma mola é proporcional ao peso que ela
suporta.» Hooke estava a morrer de coração e diabe-
tes, com as pernas inchadas. Era um homem terrivel-
mente amargurado e azedo. A caligrafia é péssima e,
para dizer a verdade, não tenho a certeza absoluta se
é isto que lá está:
«Mal posso desenhar ou escrever, é a cegueira to-
tal que se aproxima. Roubaram-me sempre na vida:
quase todas as minhas invenções e descobertas foram
atribuídas a outros. Os cometas vão para o Halley, a
gravidade para o Newton. E o seu ‘discurso da cor’
já estava todo na minha ‘Micrographia’! Talvez
eu devesse ter sido mais teimoso e levado as coisas
até ao fim. E devia ter registar o que era meu. O
Huyghens, esse holandês mentiroso, sabe perfeita-
mente que eu fiz uma mola para os relógios de bolso
muito antes dele, e ele é que fez fortuna! Quem é que
sabe que fui eu que medi as vibrações de cada nota
musical? Que levei a cabo a primeira observação de
estrela à luz do sol, que inventei os mais perfeitos ba-
rómetros, bombas de ar e de água de todo o Mundo?
Ninguém tinha a habilidade das minhas mãos.
Fazia tudo bem. Mas preferiram olhar para a minhas
costas encurvadas, a figura desagradável, e riram-se
sobre o método de recolha dos irrequietos bichinhos
do sémen... Vão apagar-me da história, tal como o
grande incêndio de 1666 quase apagou a cidade de
Londres da face da Terra! E quem sabe que fui eu o
arquitecto que reconstruiu grande parte da capital?
Que terrível destino o de Robert Hook!
Os séculos passarão e o seu nome será como o
pó. Mas, tal como descrevi a pequena célula, e assi-
nalei a rotação do gigante Júpiter, sei que o meu nome
voltará: não se lembrarão só da maldita imagem da
pulga, porque Hooke sonhou que todos os homens
terão um dia uma arma pequena que domina ao cen-
tésimo, ao milésimo de segundo, o Tempo: um relógio
no pulso.»
Rui Cardoso Martins
CRÓNICA
O HOMEM ESPIRAL
46 < ESPIRAL DO TEMPO
ReportagemNovidades TAG Heuer
50
ReportagemPlanetário de Lisboa
62
PerfilIsabel Silveira Godinho
76
Reportagem75 anos de Reverso
68
TAG Heuer lança três novos cronógrafos
Potência e precisãoNão cheira a óleo, não há peças pelo chão, não há barulho. Está-se numa das oficinas de mecânica automóvel mais
sofisticadas do mundo e faz-se jus a uma das mais antigas alianças do volátil ambiente da Fórmula 1. A manufactura
suíça TAG Heuer, líder mundial nos relógios desportivos, escolheu o cenário do McLaren Technology Centre, perto de
Londres, para apresentar os seus novos cronógrafos. Deu para acelerar no tempo, ao milésimo de segundo.
REPORTAGEM
50 < ESPIRAL DO TEMPO
t e x t o Fe r n a n do C o r r e i a d e O l i v e i r a - Mc L a r e n Te c h n o l o g y C e n t r e - Wo k i n g , Su r r e y
Novidades TAG Heuer
52 < ESPIRAL DO TEMPO
O ambiente é de algum nervosismo
no McLaren Technology Centre, nos
arredores de Londres. No meio de
um silêncio quase clínico, operários
altamente especializados, vestidos com as suas
t-shirts Hugo Boss (um dos sponsors da escuderia),
debruçam-se sobre componentes de motores, ana-
lisam testes nos ecrãs dos computadores, trocam
olhares cúmplices num misto de incerteza e de sen-
tido do dever cumprido – está prestes a sair para
testes o novo Fórmula 1 da escuderia. No público,
ainda ninguém, até à data, o viu, e a expectativa é
grande. Dentro de horas, os novos carros seguirão
para a pista de Jerez de la Frontera, em Espanha,
para os primeiros testes em pista.
É neste ambiente verdadeiramente secreto, vi-
vido em atmosfera hi-tech, num edifício extraordi-
nário, concebido por Sir Norman Foster, que jorna-
listas vindos de todo o mundo ‘aterram’ no final
de Janeiro para a apresentação dos novos mode-
los TAG Heuer.
O local não podia ser mais apropriado – a TAG
Heuer e a McLaren estão aliados desde 1985,
num dos mais longos partenariados da história da
Fórmula 1. Com a chegada da Mercedes a esta
aliança, a manufactura relojoeira começou a fazer
modelos dedicados também à exclusiva marca
alemã. Sem poder fotografar o interior da fábrica
– é como se estivéssemos a visitar a NASA – so-
mos confrontados com a rica história da McLaren,
fundada em 1963 pelo piloto neo-zelandês Bruce
McLaren. Com a luz natural do invernoso e nostál-
gico country inglês a ser escoada para o piso
térreo, passamos em revista muitos dos bólides
que fizeram história no desporto automóvel mun-
dial nas últimas décadas, um museu com um acer-
vo ao alcance de muito poucos.
Ron Dennis, o carismático responsável pela
McLaren, dá as boas-vindas ao grupo, realçando o
espírito de inovação, qualidade e prestígio que
têm unido a escuderia à TAG Heuer. A visita passa
pela secção de moldes ou pela super-sofisticada
secção de fabrico da fibra de carbono, que equipa
a maior parte do chassis e de outros componentes
dos Fórmula 1. Num lugar de evidência, há um
espaço dedicado ao Mercedes-Benz SLR McLaren,
lançado em 2003 no mercado.
Trata-se de uma das viaturas mais potentes e
exclusivas do mundo. O conceito é, pela primeira
vez, ter um verdadeiro Fórmula 1 à disposição dos
privados, que possa andar na estrada ou conduzido
gentilmente até por uma senhora. Mas, quando se
quiser acelerar, que a alma de um bólide de com-
petição esteja à disposição dos felizes condutores.
Ainda a neblina mal tinha levantado já o grupo
partia de helicóptero, numa ponte aérea sincro-
nizada, para a pista de testes da McLaren, a umas
dezenas de quilómetros dali. Em tendas aqueci-
das, os novos modelos de cronógrafos TAG Heuer
iam sendo apreciados pelos representantes da im-
Fazem-se os últimos acertos nas máquinas que em breve
seguirão para Jerez de la Frontera para os testes em pista.
Ron Dennis e Jean-Christophe Babin apresentam aos jornalis-
tas a parceria entre a McLaren e a TAG Heuer que deu origem
a mais um modelo exclusivo.
1
1
a
Na primeira curva, julgamos
que vamos entregar a alma ao
Criador, na segunda já vamos
mais à-vontade, na terceira
começamos a apreciar
verdadeiramente a capacidade
do condutor e do veículo.
prensa especializada. De linhas ao mesmo tempo
inovadoras e tradicionais, os novos relógios
fazem respirar o ambiente exigente e sofisticado
das corridas de velocidade.
Cá fora, alinhados e prontos para provar as
suas capacidades, três Mercedes-Benz SLR
McLaren, conduzidos por pilotos de teste da escu-
deria. Um a um, os jornalistas são levados a dar
duas voltas à pista. Com aceleração de zero a 100
km/h em 3,8 segundos, não admira que as costas
se colem ao assento. A pista está molhada pelas
chuvas recorrentes nesta época do ano e os
slaloms pelo meio dos cones de plástico colocados
no alcatrão são feitos com muita derrapagem con-
trolada. Quem já andou nestas máquinas sabe que
o mais surpreendente não é a velocidade de pon-
ta, mas a capacidade de travagem e a estabilidade
do conjunto. Na primeira curva, julgamos que va-
mos entregar a alma ao Criador, na segunda já
vamos mais à-vontade, na terceira começamos a
apreciar verdadeiramente a capacidade do condu-
tor e do veículo. Até dá para ir conversando e tro-
cando impressões com o piloto de testes ao nos-
so lado. E ficamos a saber que já foram vendidos
para Portugal, até agora, três dos mil Mercedes-
-Benz SLR McLaren fabricados, num total de 5 mil
de série limitada.
Se é um dos felizardos possuidores, decerto
que também comprou o cronógrafo TAG Heuer
SLR, de linhas futuristas, e estritamente limitado a
possuidores da famigerada máquina. Abrindo ago-
ra um pouco essa exclusividade, a TAG Heuer lan-
ça um segundo cronógrafo SLR, limitado a 3.500
peças, mas que não obriga à compra do carro.
Catedral da modernidadeNas margens de um lago artificial, o edifício do
McLaren Technology Centre surgiu na mente do
construtor de Fórmula 1 Ron Dennis e foi materi-
alizado pelo arquitecto Sir Norman Foster.
No primeiro briefing que fez a Foster, Ron
Dennis, presidente do TAG McLaren Group, re-
sumia, de forma objectiva, as suas expectativas
sobre o McLaren Technology Centre: «90% Nasa e
10% Disney». Alguns dos conceitos aplicados no
desenvolvimento das máquinas da Fórmula 1 fo-
A chegada de helicóptero às tendas aquecidas
onde esperavam pelos convidados três super
máquinas Mercedes-Benz SLR McLaren.
1
Dentro da tenda, as mais recentes novidades TAG
Heuer inspiradas pelo mundo motorizado,
expostas ao lado da fonte de inspiração para
o TAG Heuer SLR.
1
54 < ESPIRAL DO TEMPO
a a
ram transportados para as especificações do pro-
jecto. O alto padrão em design e tecnologia apli-
cado na obra – uma exigência do proprietário – é
um dos destaques do conjunto de edifícios im-
plantado em Woking, no Surrey, a sudoeste de
Londres.
A nova sede do grupo McLaren depressa se
transformou em elemento de referência com o
qual os projectos de edifícios industriais deverão
confrontar-se no futuro. Essa ideia ambiciosa le-
vou à escolha, para o centro, do nome Paragon –
que, em inglês, significa modelo de perfeição e
protótipo, conceitos que norteiam o mundo do
automobilismo.
«O diferencial de desempenho das equipas de
Fórmula 1 equivale a 7% da sua base para o topo;
já nas equipas líderes, essa distância não passa
de 1%. Impor as máximas exigências, optimizar
factores produtivos e anular os efeitos de impre-
vistos – que em fracções de segundo decidem a
vitória ou a derrota – significam levar homem e
máquina ao limite de sua capacidade», afirma
Dennis. Essas premissas transferiram-se para o de-
senvolvimento do projecto.
Pela primeira vez, todos os sectores do TAG
McLaren Group estarão reunidos no mesmo edifí-
cio, que, nos seus dois andares, abriga estúdios
de design, oficinas, centros de pesquisa e desen-
volvimento, centro de visitas e museu. Também
funcionam nas novas instalações os sectores de
produção de fibra de carbono, de motores e pro-
tótipos e de fabrico de carros de corrida, incluin-
Novidades TAG Heuer
Era desejo de Dennis que
o edifício simbolizasse o alto
desempenho da empresa
e proporcionasse «um ambiente
de trabalho tão agradável, que
os funcionários preferissem
lá permanecer em vez de ir
para suas casas».
O McLaren Technology Centre é uma obra única de precisão,
funcionalidade e enquadramento ambiental.
1
ESPIRAL DO TEMPO > 55
a
Também funcionam nas novas instalações os sectores de produção
de fibra de carbono, de motores e protótipos e de fabrico de carros
de corrida, incluindo o novo e exclusivo Mercedes SLR. Para
desenvolver os testes de aerodinâmica nos modelos de Fórmula 1,
foi construído um gigantesco túnel de vento.
do o novo e exclusivo Mercedes SLR. Para desen-
volver os testes de aerodinâmica nos modelos de
Fórmula 1, foi construído um gigantesco túnel de
vento.
Era desejo de Dennis que o edifício simboli-
zasse o alto desempenho da empresa e propor-
cionasse «um ambiente de trabalho tão agradáv-
el, que os funcionários preferissem lá permanecer
em vez de ir para suas casas». Para desenvolver o
projecto, Norman Foster escolheu a forma de um
círculo, cortado ao meio por uma linha em forma
de S, que remete para as pistas de corridas. O tra-
çado marca o limite entre o edifício e um lago arti-
ficial, para o qual se abre a edificação. Juntos, eles
fecham o círculo. Os sectores do grupo ocupam
espaços distintos do prédio, separados por corre-
dores de seis metros de largura. A estrutura recebe
luz natural através da fachada de vidro, de 7,5
metros de altura, voltada para o lago.
O desenho da fachada acompanha a curva em
S que divide o círculo, favorecendo a incidência
ideal de luz solar e possibilitando que, de todos
os pontos do interior do prédio, possam ser avis-
tados o lago e a vegetação em redor. Um sistema
de luzes, desenvolvido por uma empresa italiana
e localizado 25 milímetros abaixo da superfície do
lago, ilumina a parte inferior da cobertura, que se
projecta além da linha da fachada. O efeito de luz
e sombra que ele produz, à noite, cria a ilusão de
que a cobertura se encontra suspensa no ar, acima
do edifício, enquanto o volume edificado ganha
vários matizes de cor, reflectindo-se no lago.
Conceitos das tecnologias aeronáutica e auto-
mobilística foram adoptados no projecto da facha-
da, desenvolvida com a participação de profission-
ais das equipes de Foster e do sector de engenharia
da McLaren. Para que ela fosse o mais transparente
possível, excluiu-se, desde o início, a utilização do
sistema stick (convencional), pois os perfis, por
mais esbeltos que fossem, constituiriam barreiras
visuais em determinados ângulos de visão. O vidro
curvo, originalmente previsto, pôde ser substituído
pelo plano, o que gerou economia na obra.
O sistema de contra-ventos horizontal da fa-
chada, chamado windblade, absorve e transmite
as pressões de sucção e obstrução das acções do
vento para as colunas internas de aço. Seguindo
a modulação básica do projecto, foram adequados
três windblades sobrepostos em espaçamento de
180 centímetros na vertical de cada módulo. As
peças esbeltas de 25 milímetros de espessura em
alumínio de liga especial, configuradas com corte
Novidades TAG Heuer
Ron Dennis, o patrão da McLaren Mercedes.
Ao lado uma vista interior do McLaren Technology Centre.
1
O refeitório com uma magnífica vista sobre o lago artificial e
a parte dos testes laboratoriais.
1
ESPIRAL DO TEMPO > 57
a a
computorizado a laser, têm envergadura de 12
metros. O seu desenho curvilíneo recria o suporte
do spoiler do carro que em 1995 venceu a corrida
de 24 Horas de Le Mans.
Os windblades, concebidos como vigas para
absorção das cargas horizontais, não estão aptos
para absorver as verticais. Para essa função, foram
projectadas hastes de aço inoxidável de cinco mi-
límetros de espessura, fixadas às lajes de betão,
semelhantes às que reforçam os McLaren Merce-
des da Fórmula 1. Juntos, os elementos de absor-
ção de cargas criam o esqueleto construtivo que
suporta 40 toneladas de vidro laminado. A cons-
trução é o resultado mais próximo daquele ideali-
zado por Ron Dennis para obter transparência má-
xima na sinuosa e longa fachada principal.
Com capacidade para 50 mil metros cúbicos, o
lago exerce papel importante no sistema de refri-
geração, pois o excesso de calor do edifício é
transferido para a água. O perímetro do lago, em
forma de cascata contínua, torna a água elemen-
to importante para o conceito integrado do sis-
tema de refrigeração do túnel de vento, onde são
feitos os testes de aerodinâmica nos modelos de
carros de Fórmula 1. Para complementar a pais-
agem em redor do edifício e criar um microclima,
foram plantadas 100 mil árvores nos 500 mil me-
tros quadrados do complexo. ET
Novidades TAG Heuer
Os convidados puderam visitar e usufruir do McLaren Centre.
Jean-Christophe Babin, CEO da TAG Heuer, sempre contagiante
na paixão com que apresenta as novidades da marca.
1
Os jornalistas convidados puderam experimentar a sensação
de conduzir um F1, mas em total segurança!
1
Juan Pablo Montoya é um
piloto TAG McLaren Mercedes
e um embaixador TAG Heuer,
o mesmo acontecendo com
o seu companheiro de equipa
Kimi Raikkonen. Esta equipa
única e invejável de
embaixadores defenderá
as cores da TAG Heuer
no Campeonato do Mundo
de Fórmula 1 de 2006.
58 < ESPIRAL DO TEMPO
a a
TAG Heuer SLR Mercedes-BenzUm cronógrafo excepcional
Depois do incrível sucesso registado na Feira de Basileia de 2004,
quando apareceu o primeiro ‘SLR Cronograph by TAG Heuer’,
equipado com o Calibre 36-R, peça exclusivamente dedicada aos
proprietários do coupé Mercedes-Benz SLR McLaren, a TAG Heuer
lança este ano outra peça de relojoaria excepcional, o novo cronó-
grafo ‘TAG Heuer SLR for Mercedes-Benz’.
Enquanto o primeiro cronógrafo TAG Heuer SLR, de linhas
futuristas, é exclusivo para os compradores do Mercedes-Benz SLR
McLaren, a edição de 2006, embora limitada a 3.500 peças, pode
ser adquirida por aqueles que não têm a possibilidade de aceder
a este carro de sonho.
Dedicado aos apaixonados por viaturas excepcionais e aos
conhecedores de peças relojoeiras topo de gama e inovadoras,
este novo cronógrafo SLR celebra a longa e frutuosa aliança entre
a TAG Heuer, a McLaren e a Mercedes-Benz. O primeiro cronógrafo
SLR produzido em 2004 marca a primeira etapa de um partena-
riato que liga desde 1996 a TAG Heuer e a Mercedes-Benz
McLaren (e desde 1985 com a McLaren). Estas duas marcas topo
de gama partilham os mesmos valores: performance, design e
prestígio, sem esquecer a inovação e a paixão pelo desporto
automóvel.
Quando, em 1955, Juan Manuel Fangio, ao volante do seu
primeiro ‘Silver Arrow’ Mercedes-Benz 300 SLR (Sports, Light,
Racing), fazia o sinuoso percurso das ‘Mille Miglia’, uma das corri-
das mais exigentes no domínio dos desportos motorizados, leva-
va no pulso um modelo Heuer. A marca TAG Heuer tem sido, desde
então, a preferida dos campeões de Fórmula 1.
Com linhas inspiradas, mais uma vez, no SLR, o novo cronó-
grafo tem os botões posicionados na parte da frente da caixa (de
43 mm de diâmetro), ergonomicamente inclinados a 45 graus, o
que permite uma mais fácil utilização. Uma segunda coroa, às 9
horas, acciona uma escala de cronometragem, montada num
disco mecânico unidireccional, no interior da caixa. A luneta exte-
rior, polida e com acabamentos a negro, tem gravadas as mági-
cas letras “SLR”, e acolhe um taquímetro.
Com acabamentos topo de gama, o mostrador tem dez
índices duplos facetados e dois anéis rodiados para os contadores
colocados às 3 e às 9 horas. Os ponteiros, tipo dauphines, são
polidos à mão. A aliança das duas marcas – TAG Heuer e Mercedes
Benz, aparecem discretamente, em prateado, às 12 horas.
O classicismo da elegante correia em pele de jacaré alia-
-se à modernidade de uma integração completa na caixa, o que
lhe permite seguir na perfeição o perfil do pulso. Um fecho de
segurança, com gravação “SLR” completa o conjunto.
PVP: a partir de Setembro de 2006.
PVP: aproximadamente € 3.850
Novidades TAG Heuer
ESPIRAL DO TEMPO > 59
Carrera Tachymètre RacingMais desportivo do que nunca
Desde a sua criação em 1964 por Jack Heuer, o cronógrafo Carrera
é um dos modelos emblemáticos da marca, tanto pelo seu design
como pelo seu prestígio tecnológico.
O relógio tem o seu nome a partir da Carrera Panamericana
Mexico, uma corrida automobilística trepidante dos anos 50 do
século passado, de que uma das figuras emblemáticas é o grande
piloto argentino Juan Manuel Fangio, que ganhou a última edição
da prova. Usado pela maior parte dos pilotos de Fórmula 1 dos
anos 70 do século passado, o Carrera passa a ser um must procu-
rado tanto pelos coleccionadores de relógios como pelos aficiona-
dos pelo mundo das corridas.
Desde o final de 2005, a TAG Heuer tem declinado este mo-
delo incontornável em várias versões, mantendo intacto o seu
estilo elegante, desportivo e autêntico. Dois modelos novos
acabam de ser lançados: um com mostrador, taquímetro e
bracelete em cor chocolate, e um com mostrador e taquímetro
azuis e bracelete em aço.
O novo cronógrafo Carrera Tachymètre Racing está destinado
aos amantes de sensações fortes. Munido de um taquímetro na
sua luneta fixa para cálculo de velocidades, presta homenagem
aos grandes pilotos e aos gentleman drivers.
A sua bracelete em cauchu, em parte perfurada, também ela
se inspira no universo mítico das corridas de automóveis dos anos
50, e os ponteiros vermelhos e os índices biselados em fundo
negro, fazem recordar o design dos instrumentos de bordo dos
bólides dessa época.
Este novo cronógrafo desportivo, mais do que uma nova de-
clinação de uma linha já objecto de culto, perpetua a herança
histórica e a paixão que a animam. Mais desportivo do que
nunca, o Carrera Tachymètre Racing é, como todos os cronógrafos
Carrera, ao mesmo tempo objecto de desejo e de audácia, intem-
poral e indispensável.
PVP: € 2.380 correia em cauchu • € 2.430 bracelete em aço.
Novidades TAG Heuer
60 < ESPIRAL DO TEMPO
Monaco Vintage Edition LimitéeUma nova versão do ícone
Para festejar o 75º aniversário do nacimento de Steve McQueen,
a TAG Heuer lança agora o Monaco Vintage Edition Limitée, uma
nova declinação deste cronógrafo mundialmente célebre graças à
sua grande caixa quadrada, onde o mostrador branco é aqui orna-
mentado com as célebres faixas em vermelho, branco e azul,
lembrando a combinação usada pelo actor no inolvidável e míti-
co filme ‘Le Mans’, rodado em 1970.
Durante a rodagem de ‘Le Mans’, onde aparecia ao volante do
seu Porsche 917 Gulf, Steve McQueen exigiu aos aderecistas usar
tudo o que o piloto profissional Joe Siffert usava, incluindo ob-
viamente o cronógrafo Monaco. Piloto suíço de renome e herói das
24 Horas de Le Mans, Joe Siffert foi um dos primeiros embai-
xadores patrocinados pela marca, exibindo orgulhosamente reló-
gios Heuer. Se a presença do Monaco no punho do actor contribuiu
certamente para a sua lenda, é antes de mais o estilo avant-garde
deste cronógrafo e a sua ruptura com a tradição que lhe permiti-
ram desmarcar-se da concorrência e tornar-se num dos ícones mais
desejados e procurados da marca.
A caixa quadrada do TAG Heuer Monaco marca a história da
relojoaria. Com efeito, lançado em 1969, é o primeiro cronógrafo
no mundo equipado de um microrotor de corda automática, o
revolucionário ‘Chronomatic Calibre 11’. Com audácia do seu
mostrador azul, marcou uma nova era na estética e no design
relojoeiros.
Este ano, tanto para homem como para senhora, a TAG Heuer
lança o cronógrafo Monaco Vintage. Disponível em edição limita-
da a 4.000 exemplares, este cronógrafo automático de culto pres-
ta homenagem a uma figura lendária, conhecida por todos, e que
atravessou as várias gerações, para sensibilizar os nostálgicos de
um tempo agitado que não está assim tão distante…
Uma peça inspirada pela lenda e pelo espírito das corridas de
automóveis – daí o seu mostrador tricolor, o logótipo ‘Monaco’ às
6 horas, a bracelete azul, em pele de crocodilo, com fecho de
segurança – que se tornará certamente em objecto de colecção.
PVP: € 3.200
Novidades TAG Heuer
ESPIRAL DO TEMPO > 61
Planetário mecânico, um instrumento de relojoaria que representa o Sistema Solar, tal como era conhecido em 1924.
Na página do lado o director do Planetário o comandante Monteiro dos Santos.
Tal como os relógios, também os calendário medem o tempo que passa. Sentados,
frente ao renovado sistema de projecção do Planetário de Lisboa, olhamos para o céu
à procura de orientação.
REPORTAGEM
Subir as escadas do Planetário deLisboa é, para muitos, uma espéciede revisitação ao passado. Poucacoisa mudou, desde as décadas de
setenta e oitenta, quando integrávamos o grupode miúdos que saía da sessão em alvoroço depoisde sobreviver à trovoada, quase real. Ainda hoje,cerca de setenta por cento dos visitantes «sãoalunos, porque há programas de acordo com osanos escolares, que servem de complemento àteoria que aprendem nas aulas» explica o Co-mandante Monteiro dos Santos, director do Pla-netário. Pouca coisa mudou, mas só à primeiraimpressão. O cérebro das missões intra-galácti-cas dos últimos quarenta anos é hoje uma peçado Património Cultural da Marinha, sem espaço
a dúvidas uma das relíquias mais valiosa, agoraexposta no corredor principal. Foi um dos pro-jectores mais avançados do seu tempo: o filtroopaco com orifícios micro-perfurados, permitiasimular um céu estrelado com cerca de 7200 es-trelas. No seu posto, ao centro da sala cilíndrica,ergue-se agora o moderníssimo Modelo Univer-sárium IX, um projector topo de gama de fabri-co alemão que, com os projectores suplementa-res distribuídos pela sala, consegue criar umespectáculo ainda mais envolvente. «Já não exis-tem peças sobresselentes para o projector antigo»justifica o director, apontado para o históricoaparelho que mostrou o céu estrelado a mais detrês milhões de visitantes. «Foi aberto um con-curso internacional, tivemos o apoio do Minis-
t e x t o Vand a Jo r g e > f o t o s An a Ba i ã o
De olhos postos no céuPlanetário de Lisboa
ESPIRAL DO TEMPO > 63
tério da Ciência e do FEDER e substituiu-se oanterior sistema que tinha as limitações típicasde uma tecnologia dos anos sessenta» acrescenta.Apenas há três anos no cargo, o Comandantesente que a mudança surge no momento certo,até porque, «o público está mais esclarecido e exigente» diz. «Há muitos filmes e debates comquestões ligadas à astronomia que já não se com-padecem com a apresentação de um céu estrela-do; são necessários outros meios para tornar assessões interessantes» acrescenta.
Quando a luz se apagaNos vinte e três metros de diâmetro da Cúpula, océu está estrelado. A sensação de infinito faz otempo recuar. Na sala já não estão jornalista e en-trevistado, os papeis são novamente, o de aluna eo de conferencista, de outros tempos. De caneta
laser na mão, Jorge Farinha guia-nos pelasEstrelas, fá-lo quase diariamente, há mais de dezoitos anos. A experiência e a investigação le-vam-no a acreditar que há efeitos produzidospelos Astros que podem ser sentidos na Terra, «élícito perguntar, porque não influenciar a própriavida?» lança. «Há provas de que a vida é influen-ciada pela Fases da Lua, as desovas dos corais dão--se sempre em Lua Cheia, e em França, porexemplo, concluiu-se que o vinho de maior qual-idade era de anos de grande actividade do Sol»exemplifica. «Se os Astros influenciam os vegetaise os corais, porque não nos hão-de influenciartambém a nós? Até onde ninguém sabe!» brincao o conferencista. As certezas de hoje foram umasimples questão de sobrevivência para os povosantigos. No Egipto e na Mesopetânia, regiões doglobo onde floresceu a astrologia, é facto insofis-
Planetario de Lisboa
64 < ESPIRAL DO TEMPO
Há muitos filmes e debates com
questões ligadas à astronomia
que já não se compadecem
com a apresentação de um
céu estrelado, são necessários
outros meios para tornar
as sessões interessantes
Na galeria de acesso à sala de projecção, estão expostos
os instrumentos que fazem a história do Planetário.
1
Jorge Farinha conferencista do Planetário há 18 anos. Ao lado,
antigo projector Modelo UPP 23/4, da pioneira Carl Zeiss Jena,
é hoje uma das mais importantes relíquias exposta no
Planetário. O aparelho óptico-mecânico fisicamente constituído
por um corpo cilíndrico com duas grandes esferas, em ambas
as extremidades, projectava 7200 estrelas na cúpula da sala.
1
,
a a
mável que para os Sumérios, Acádios e Caldeus, oSol, a Lua e os Planetas eram Deuses que tinhaminfluência sobre a vida que levavam na Terra.
Na época dos primeiros calendáriosÉ impensável começar um novo ano sem olharpara a agenda pessoal e planear o Tempo. Osmeses, os números e os nomes dos dias da sema-na são referências actuais, organizadas numa es-cala de contagem do tempo, a que a sociedadeconvencionou dar o nome de Calendário. O quehoje usamos, foi aperfeiçoado ao longo de mi-lhares de anos e terá sido o conhecimento do mo-vimento da Terra e o aparecimento diário do Sole da Lua que levou à criação destas primeiras formas organizacionais. Numa fase primária se-riam construídos em dois ou mais discos perfura-dos e marcados que, quando na posição correcta,indicavam o dia ou o mês.
No Egipto, a primeira cronologia de 3000A.C. estabelecia um ano de 360 dias, determina-do pelo retorno do nascer Helíaco de Sirius –‘Sothis’. Com o laser apontado para a EstrelaSirius, Jorge Farinha recorda que «o mais impor-tante para o egípcios era o dia em que ela nasciaquase em simultâneo com o Sol, altura das inun-dações no Nilo e da fertilização dos campos quecultivavam». Tal como o povo das margens doNilo, ao longo de séculos, a humanidade desen-volveu calendários que serviram para prever asestações, determinar as épocas ideais para o plan-tio e colheitas e para assinalar as cerimónias religiosas. Faziam-no através da «observação deconstelações, e a partir do nascimento dos astrosmais importantes, como o Sol e a Lua. Por exem-plo, Stonehenge seria um monumento criadopara prever os solestícios, os equinócios e oseclipes da Lua» explica. Sem relógios ou outrosmeios de medição, os antigos assumiam umevento físico que se repetia sempre da mesmaforma e no mesmo intervalo de tempo, comoreferência: a luz dava a noção de ontem, hoje eamanhã; os 29,5 dias de uma nova Lua determi-nava o novo mês, e a sequência das estações dita-va os anos. Povos como os romanos, fizeram daLua uma máquina do tempo; em Atenas, Jeru-
Jorge Farinha dá as indicações ao novo projector, dando
início a mais uma sessão na sala de projecção.
1
Cerca de 1000 estudantes conhecem diariamente o céu,
as estrelas, as constelações, os movimentos da Terra e
da Lua numa viagem ao sistema solar conduzida pelo
novo projector.
1
ESPIRAL DO TEMPO > 65
a a
salém e na Babilónia, um novo mês era anuncia-do quando ao anoitecer surgia nos céus a LuaCrescente, e ainda hoje, cumprindo a tradição,para os judeus o dia começa ao pôr-do-sol. Oprincípio parecia simples: para ocorrer 12 luna-ções eram necessários 354 dias, o mês lunar me-dido com precisão tem 29,53059 dias, ou seja,um ano de 354,36708 dias, menos que o anosolar de 365,2422199 dias.
Mas quer nos calendários solares como noslunares, a fórmula ainda não era perfeita. O AnoTrópico corresponde a 365,242199 dias. Comonos calendários o ano é estabelecido em anosinteiros, surge a diferença de 0,242199 dias se ocalendário for de 365 dias, que acumulado aolongo de anos se transforma num erro de diasinteiros, ou mesmo semanas. Para corrigir a dife-rença foram criados os anos bissextos. «Há povos,como os árabes, que ainda hoje usam o calendá-rio Lunar, já os judeus organizam-se por umlunissolar. No mundo ocidental, usamos o calen-dário Solar», embora tenhamos herdado dos an-tigos calendários lunares, os 12 meses origináriosdas 12 lunações.
Quando Roma conquista o Egipto, os co-nhecimentos desse povo são usados na elabora-ção do novo calendário, caminhava-se para oscalendários dos nossos dias.
Calendae: O primeiro dia do mêsTerá sido Rómulo, fundador de Roma, o res-ponsável pelo primeiro calendário romano data-do de 753 a.c. Um calendário lunar de 10 meses:Martius, Aprilis, Maius, Junius, Quintilis, Sex-tilis, September, October, November e Decem-ber, que compreendia 304 dias. Segundo a histó-ria, só em 700 a.c., o rei de Roma, NumaPompilio, acrescenta Januarius e Februarius, oano cresce para 355 dias e perde-se o sentido ini-cial dos nomes dos meses – Setembro de sétimo;Outubro de oitavo, Novembro de nove e De-zembro de décimo mês. No calendário romano,o equinócio civil tinha três meses de dife-rença do astronómico, os meses de Inverno sur-giam no Outono e os de Outono no Verão, umdesvio que levou à intervenção de Júlio César.Com a ajuda do astrónomo Sosísgenes, o Impe-rador passou o primeiro dia do ano de Marçopara Janeiro e os dias foram aumentados para365, com um dia adicionado de 4 em 4 anos. OSenado Romano, em homenagem, mudou omês Quintilius para Julius (Julho) e Sextiliuspara Augustus (Agosto), toda a Europa Cristãadopta o calendário de Júlio César. Em 1582,passados 1627 anos desde a proclamação doCalendário de Júlio César, o Papa Gregório XIIIassina a bula do Calendário Gregoriano com
365 dias, 5 horas 48 minutos e 20 segundos,Calendário que ainda hoje é usado no mundoocidental. Com este Calendário admitiram-setrês anos de 365 dias, seguidos de um de 366 –os ano bissextos; só de 400 em 400 anos trêsanos bissextos são suprimidos e o Ano Novopassa para 1 de Janeiro. Para efeitos de acerto decalendário, foram suprimidos dez dias ao ca-lendário Juliano, o dia 5 de Outubro de 1582passou a ser dia 15 desse mês, eliminando-se oerro acumulado e o equinócio da Primaveravoltava a coincidir com o dia 21 de Março. Uni-versal e aperfeiçoado ao longo de décadas, per-siste um pequeno erro residual de 0,1204 diasem cada 400 anos, o mesmo será dizer, um diaem cada 3322 anos.
Perpétuos até quandoDos três calendários em vigor – Gregoriano,Muçulmano e Israelita – o primeiro é o mais«aperfeiçoado que existe, mas não é eterno e teráque ser mexido» adverte Jorge Farinha. A questãonão é fácil de explicar, mas o conferencistarecorre à Cúpula, que permanece estrelada, paramostrar duas linhas: A eclíptica, (que representaa trajectória aparente do Sol ao longo do ano) e ado Equador Celeste (projecção na Esfera Celestedo Equador na Terra), ambas envolvidas no errodo Calendário. «Estas duas linhas encontram-seinclinadas, uma em relação à outra, porque aTerra está inclinada em relação ao Sol. Por isso,elas encontram-se em dois pontos importan-tíssimos que são os pontos equinociais». Estesdois pontos que marcam o início da Primavera edo Outono não são fixos devido a um movimen-to da terra – conhecido pela comunidade cientí-fica como Movimento de Pressão da Terra – quesendo muito lento, nem se dá por ele. «Nestemomento o eixo da Terra aponta para uma zonapróxima da Estrela Alrrukaba (a última da caudada Ursa Menor) ou do Norte, por isso ela é, naactualidade, a nossa estrela Polar, pois está muitopróxima do actual Pólo Norte Celeste.
Na época dos egípcios, a Estrela Polar foi aEstrela Thuban (ou Alfa do Dragão), e no ano14 mil será Vega (da Constelação da Lira). Ao
Em 1582, passados 1627 anos desde a proclamação do Calendário
de Júlio César, o Papa Gregório XIII assina a bula do Calendário
Gregoriano com 365 dias, 5 horas 48 minutos e 20 segundos.
Planetario de Lisboa,66 < ESPIRAL DO TEMPO
longo destes 25 mil e 600 anos, tempo que aTerra demora a completar este movimento depressão, o seu eixo faz com que balance, descre-vendo, muito lentamente, uma circunferênciaem torno do chamado Pólo da Eclíptica. Estemovimento do Eixo da Terra é responsável pelofacto do Equador Celeste baloiçar, o que, porsua vez, faz com que o ponto vernal vá escorre-gando sobre a Eclíptica e ao fim de um ano esteponto mude de posição» explica Jorge Farinha.Estes acontecimentos que se passam acima donosso campo de visão, e dos quais nem nos aper-cebemos, são os responsáveis pela variação que ocalendário não vai acompanhando. O ano side-ral (tempo que o Sol que nós vemos demoraentre duas passagens consecutivas por umaEstrela ou por outro ponto fixo da Esfera Celes-te, 365,226 dias) é ligeiramente maior que o anotrópico (tempo decorrido entre duas passagensconsecutivas do Sol Médio pelo ponto vernal,365,242 dias). Esta pequena diferença que o ca-lendário não acompanha, é consequência daretrogradação do ponto vernal 50,24 segundosde arco por ano. Valores quase insignificantesmas com efeitos a longo prazo. Desde a últimareforma em 1582, regista-se o atraso de um dia
em cada 3322 anos. Os astrónomos calculam,por isso, que no ano de 2100, 518 anos passa-dos, o calendário gregoriano terá que ser rea-justado três horas e trinta e seis minutos.
Calendários à medida de cada um Na antiguidade sempre foi difícil a comunicaçãoentre os povos, as distâncias e a inexistência detransportes atrasavam a troca de informação en-tre os sacerdotes das diferentes nações. Esse foium dos motivos para que cada povo desenvolve-se formas próprias de organizar o seu tempo,mas os Calendários eram também uma espéciede autoridade, e cada Rei ao chegar ao poder im-punha um Calendário. Entre os Calendáriosmais estudados está o Babilónico, com o ano di-vidido em 12 meses Lunares de 29 ou 30 dias,num total de 354 dias. Também o CalendárioEgípcio é um dos mais referenciados, baseado nomovimento do Sol, o ano tinha para o povo doNilo 365 dias, organizados em 12 meses de 30dias, somando 360 dias, mais cinco dias de festadepois das colheitas. O Calendário Grego seguiaos movimentos do Sol e da Lua e era semelhanteao Babilónico, já as civilizações Maias, Astecas eIncas baseavam-se no mês Lunar. ET
Uma complicação com várias soluções
O calendário perpétuo é uma das mais comple-
xas e elaboradas sofisticações relojoeiras. Um
relógio de pulso com calendário perpétuo está
dotado de um mecanismo composto por várias
centenas de peças – e que não só fornece a
indicação do ano, do mês, da data, do dia e das
fases da lua, mas também tem em conta os
meses de 28, 29, 30 e 31 dias sem que seja
necessário proceder-se ao acerto do calendário.
A peça essencial de um mecanismo relojoeiro
com calendário perpétuo é a ‘came’ dos meses,
sobre a qual são programadas as diferentes du-
rações mensais. As secções salientes da sua cir-
cunferência representam os meses de 31 dias,
enquanto as côncavas representam os de 30
dias; para além disso, apresenta uma reentrância
circular na qual a ‘came’ bissexta é deslocada 90
graus uma vez por ano pelo mecanismo do ca-
lendário – três lados desse ‘came’ definem os
anos não bissextos (mês de Fevereiro de 28
dias), enquanto o quarto, descentrado relativa-
mente ao eixo da peça, indica os meses de Fe-
vereiro de 29 dias dos anos bissextos. A estrela
dos meses dá uma volta por ano; o pequeno rec-
tângulo apenas uma de quatro em quatro.
Na esmagadora maioria dos casos, os calendá-
rios perpétuos mecânicos têm a possibilidade de
funcionar acertadamente até 28 de Fevereiro de
2100 – porque é nessa altura que o ciclo normal
de três anos, intercalados de um bissexto, se
quebra. Ou seja, os calendários perpétuos dos
relógios de pulso não podem ser tão perpétuos
assim e requerem esse tal acerto no ano 2100.
No entanto, há pelo menos um instrumento do
tempo que tem em conta todos os cálculos para
poder funcionar acertadamente como calendário
perpétuo (além de dar obviamente as horas, mi-
nutos e segundos) até ao ano 3000: o Atmos
Millenaire, o célebre relógio da Jaeger-LeCoultre.
Miguel Seabra
Relógio astronómico de Giovanni de Dondi, que demorou
16 anos a ser concluido (cerca de 1348).
1
ESPIRAL DO TEMPO > 67
Desde a última reforma em
1582, regista-se o atraso de
um dia em cada 3322 anos.
Os astrónomos calculam, por
isso, que no ano de 2100, 518
anos passados, o calendário
gregoriano terá que ser
reajustado três horas e trinta
e seis minutos.
A arte de mostrar e esconder, o rectângulo transformado em quadrado, o relógio-jóia
levado à aliança perfeita entre forma e função: o Reverso está de parabéns. A ‘incrível’
Índia, com os seus contrastes de cores, cheiros e ambientes, serviu de palco ao
lançamento de novos modelos do grande clássico, que leva 75 anos de vida. Jogou-se
pólo, andou-se pela ‘cidade azul’, onde o tempo parece ter parado. E descobriu-se que
Jodhpur esteve na rota dos primórdios da aviação portuguesa.
REPORTAGEM
t e x t o Fe r n a n do C o r r e i a d e O l i v e i r a em Jo d hpu r - I n d i a
O Reverso faz 75 anos
O palácio de Umaid Bhawan
Conta a lenda que foram oficiais britâ-nicos, a servirem na Índia, nos anos20 do século passado, que estiverampor detrás de um dos relógios mais
perenes e famosos do mundo: cansados deriscarem os vidros nos choques que tinham ajogar pólo, pediram à manufactura suíça Jaeger--LeCoultre que lhes resolvesse o problema.
E, em 1931, os engenheiros da prestigiadacasa apresentaram o Reverso – um relógio que,mediante um engenhoso esquema de calhas,tanto podia aparecer com mostrador à vista,como com o mostrador escondido e a parte de
trás à mostra. Estava criado um verdadeiro íconedo design do século XX, ainda hoje um dos reló-gios mais reconhecíveis do mundo, e que con-tinua a ser o modelo mais vendido da Jaeger--LeCoultre.
Declinado ao longo de 75 anos nas maisdiversas funções e tamanhos, o Reverso cedo seprestou a uma personalização – a face lisa come-çou por ser gravada com o monograma ou o bra-são do dono, também foi sendo decorada comesmalte, ganhou um segundo mostrador e per-mitiu funções relojoeiras de leitura fácil, dividi-das pelos dois lados.
75 anos do Reverso
Uma das sumptuosas festas oferecidas aos convidados, no forte de Merhangargh.
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Jodhpur, a famosa cidade azul.
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O forte de Merhangargh
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O palácio de Bal Samande
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O palácio de Umaid Bhawan
é considerado o maior edifício
privado do mundo, com as
suas centenas de quartos.
ESPIRAL DO TEMPO > 69
a a a a
Agora, que se comemora o jubileu dos 75anos do Reverso, nada melhor do que voltar àsorigens, à Índia. E mais propriamente à terra dopólo por excelência, o Rajastão, ou terra dosMarajás (Maha – grande; Rajá, rei, em hindi).
O anfitrião foi o actual marajá de Jodhpur,Sua Alteza Real Gaj Singhji II de Marwar--Jodhpur, 38º senhor de Rathore, membro do clãde guerreiros Rajputs, que ascendeu ao trono em1952, com apenas 4 anos. Desde a fundação domoderno Estado da Índia, em 1947, que os ma-rajás deixaram de ter autonomia política nos seusterritórios, e desde 1971 que deixaram de ter pri-vilégios de rendas ou cobrança de impostos. Maseste marajá aproveitou o palácio mandado cons-truir pelo seu tio-avô, no início do século, trans-formando-o num hotel de luxo, e vivendo ‘ape-nas’ numa das suas alas. O palácio de UmaidBhawan é considerado o maior edifício privadodo mundo, com as suas centenas de quartos.
Jodhpur, a mais antiga cidade do Rajastão,foi fundada em meados do séc. XVI e é conheci-da como a ‘cidade azul’, porque a maioria dassuas casas estão pintadas dessa cor. O palácio do marajá, o Umaid Bhawan e a fortaleza deMehrangarh (iniciada em 1459 e acrescentadaao longo dos séculos) dominam a cidade, a par-tir de duas colinas.
Foi neste cenário de luxo, cor e cheiros inten-sos que a Jaeger-LeCoultre apresentou os quatronovos modelos Reverso – dois para homem, doispara senhora. O Reverso ganhou agora umalinha quadrada, o Squadra, e uma das outras pe-ças, evocando o eclipse, é um achado de enge-nho e arte. Em Nova Delhi, a Jaeger-LeCoultreassociou-se a uma das mais prestigiadas provas depólo do país, e o Reverso foi omnipresente.
Falando na ocasião, Jerôme Lambert, presi-dente da Jaeger-LeCoultre sublinhou que o des-porto, nomeadamente o pólo, «personifica a ima-gem e a vitalidade do Reverso».
As tradicionais artes indianas, do trabalho em metal e
pintura, ainda hoje motivo de inspiração e riqueza cultural.
1
70 < ESPIRAL DO TEMPO
a
«Fomos buscar desenhos de há 75 anos, quan-do o Reverso foi concebido, e que nunca tinhamsido utilizados», revelou. Já nessa altura se con-templou a hipótese de um Reverso quadrado, quesó agora vê a luz do dia. «É espantoso como amodernidade de linhas se mantém», diz Lambert.«Se possível, o relógio tornou-se ainda mais mar-cadamente masculino».
«O principal desafio do nosso trabalho é en-contrar o equilíbrio perfeito entre as nossas ca-pacidades e criatividade. Não podemos ter apenassonhos, temos que saber realizá-lo», diz o jovemresponsável da Jaeger-LeCoultre, de 35 anos eque está no cargo há dois. «Um relógio Jaeger--LeCoultre deve ser uma soberba peça de medi-ção do tempo, mas, ao mesmo tempo fiável».
Jerôme Lambert garante: «Não cedemos àspressões do tempo ou do mercado, não nosassustamos com limites técnicos. Mas os nossosrelógios têm que chegar verdadeiramente aomercado. Uma coisa é fazer um relógio turbi-lhão, peça única, para impressionar, outra é con-seguir entregar 500 peças, fiáveis, num períodode poucos anos».
A Jaeger-LeCoultre é hoje uma das poucasmanufacturas em todo o mundo que apenasemprega nos seus relógios movimentos feitos emcasa. «Os nossos relógios começam num pedaçode aço, que se vão transformando depois de mi-lhares de horas e horas de trabalho de especialis-tas relojoeiros e artistas em peças que inspiramemoções», disse o responsável da manufactura.
75 anos do Reverso
A realidade e o imaginário da cultura indiana,
confundem-se em pleno Século XXI.
1
Foi neste cenário de luxo, cor e cheiros intensos que a Jaeger-LeCoultre
apresentou os quatro novos modelos Reverso – dois para homem,
dois para senhora.
Dois portugueses na corte do marajá
Era um fim de tarde húmido e quente, o sol tingia de
vermelho o horizonte e dificultava a visão dos jogadores
de pólo que, naquele descampado de areia de Jodhpur,
no norte do Rajastão indiano, iam gritando entre si,
incentivando montadas, sacudindo dos olhos a poeira
levantada.
O Verão de 1924 estava a começar, as temperaturas já
atingiam facilmente os 40 graus, o vento do deserto de
Thur (a Morte) ia recordando a sua vizinhança. De
repente, um alvoroço – tinha caído um pequeno avião,
ali perto. A partida foi interrompida, e o marajá Sir Pratap
Singh, ele mesmo um praticante exímio, liderou as ope-
rações de salvamento.
Os majores Brito Pais e Sarmento de Beires tinham par-
tido de Vila Nova de Milfontes, no litoral alentejano, a 7
de Abril, a bordo do ‘Pátria’, um avião de bombardea-
mento nocturno, um Breguet, que tinha servido na I
Guerra Mundial e que eles tinham conseguido adquirir
por subscrição pública. Os dois pioneiros da aviação lusa
propunham-se ligar por via aérea Portugal e Macau. Na
escala de Tunes, o mecânico alferes Manuel Gouveia jun-
tou-se à equipa. A escala em Jodhpur estava programa-
da, mas o motor Renault de 300 cv não resistiu até lá,
ficando-se a escassas dezenas de quilómetros, no meio
do deserto. Na aterragem forçada, o ‘Pátria’ ficou total-
mente desfeito. Parecia que a viagem iria ficar por ali.
A escala em Jodhpur tinha sido programada, pois o
marajá local era conhecido no Ocidente pela paixão que
tinha pelos aviões – tinha feito construir um moderno
aeroporto e ele próprio pilotava. Nova Delhi ainda nem
sequer tinha aeroporto e todo o norte da Índia era servi-
do nessa altura pela escala de Jodhpur, seguindo depois
os viajantes por terra.
Contactada Lisboa, Brito Pais e Sarmento de Beires são
autorizados a comprar um novo avião. A 7 de Maio, um
Havilland Liberty, com motor de 400 cv, comprado em
Jodhpur por 4.700 libras, é baptizado com o nome de
‘Pátria II’. E os dois aventureiros portugueses, que terão
entusiasmado com as suas peripécias de voo o marajá
de Jodhpur, partem de novo ( mecânico ficou, mais uma
vez, em terra) rumo a Macau, onde chegam a 20 de
Junho. No total, percorreram 16.380 km, em 115 horas e
45 minutos de voo.
Ainda hoje, no Clube Lusitano de Hong Kong se encontra
um painel com partes do ‘Pátria II’, honrando estes pio-
neiros da aviação portuguesa.
ESPIRAL DO TEMPO > 71
a
75 anos do Reverso
ESPIRAL DO TEMPO > 73
Regras e conceito básico do póloA sua origem perde-se na noite dos tempos, mashá quem diga que foi inventado há 2.500 anos,na Pérsia, e que o rei Dário foi um adepto fer-voroso. Conta a lenda que ele terá dado aojovem Alexandre, o Grande, uma bola, um tacoe um conselho: «Vá jogar e deixe a guerra para osadultos». A resposta de Alexandre terá sido: «Eusou o taco, e a bola é o mundo que irei domi-nar». Depois, já é História com H grande: Ale-xandre derrotou Dário e conquistou a Pérsia.
Diz-se também que o pólo, tal como hoje épraticado, é uma evolução de um outro pas-satempo, também praticado a cavalo, mas muitomais bárbaro: as tribos nómadas da Ásia central– mongóis, cazaques, uigures, uzebeques, tur-quemanos em geral – costumavam jogar com acabeça do inimigo a fazer de bola… Ainda hoje,a versão mongol do pólo é tradicionalmente jo-gada com o corpo de um cordeiro.
Quem diria que este substrato bárbaro dariaazo à criação de um dos desportos mais elitistasdo mundo. Praticado no norte da Índia desde hámuitos séculos, elevado à categoria ‘elegante’ apartir da ocupação do Grande Mogol (Akbaravaliava o mérito dos seus assessores através dahabilidade que tinham no pólo), foi no entantocom a ocupação inglesa – e a capa de fair playque os britânicos emprestam a tudo o que prati-cam – que o pólo passa a ser conhecido e admi-rado no Ocidente.
Hoje, o pólo tem grande popularidade entrebritânicos, indianos, paquistaneses…, mas agrande potência mundial do pólo equestre é aArgentina. Mesmo para um leigo, foi extraordi-nário assistir à final da Maharaj Sir Pratap SinghCup deste ano, em Nova Delhi, com cada umadas equipas a ter do seu lado um jogador argenti-
no – Santiago de Estrada e Gaston Moore. Osdois, com handicaps dos mais elevados do mun-do, fizeram a diferença, com passes e disparosespectaculares, corridas vertiginosas, fintas ines-peradas e galhardia muito ‘latina’.
Apadrinhado tradicionalmente pelos marajás,conhecido como ‘O Jogo dos Reis’, o pólo a cava-lo tem vindo a renascer na Índia (o Pólo Club deCalcutá é o mais antigo, fundado pelos britânicosem 1860), com o Exército a ter um papel essen-cial na criação das montadas e na formação dasequipas. Cada equipa é composta de quatrojogadores, cada um com uma missão especial:
O jogador nº 1, o striker, é o ‘oportunista’, evisa essencialmente marcar golos.
O jogador nº 2, o centre forward, é o ‘rapazdas entregas’, procurando sempre fazer avançar abola para o mais perto possível da baliza con-trária.
O jogador nº 3 é o central half, ou playmaker, dado que assume a posição de pivot, dis-tribuindo jogo.
Finalmente, o jogador nº 4, o full back, é o‘defesa’, pois é nele que reside a última linha dedefesa e é onde se iniciam os ataques.
Os cavalos próprios para a prática do pólo de-vem ter um misto de rapidez e paixão, e seremcontroláveis dentro da intensidade com que aspartidas se desenrolam. Os cavalos são treinadosdesde muito cedo para a modalidade, acompa-nhados de um regime que lhes aumenta a resis-tência e tempo de resposta às ordens do cavaleiro.
A principal regra do pólo, e que visa a segu-rança, é a ‘linha’. Quando um jogador disparauma bola, cria uma linha. Essa linha imaginárianão pode ser ultrapassada pelo adversário, maseste pode empurrar o oponente. Tal como nogolfe, o pólo pode ser praticado por principian-
tes a jogarem com veteranos – existe o sistema dehandicap, que é dado a cada jogador pela respec-tiva associação nacional de pólo. No pólo, ohandicap é ao contrário do golfe – os grandesjogadores são classificados com 10 e os principi-antes com menos 2. O handicap de uma equipaé o somatório dos seus jogadores e é comparadocom o da equipa adversária. Ao lado mais fracoé concedido o diferencial em golos no início dapartida, e que é visto no tradicional placard.
Um campo de pólo constitui a maior áreapara um desporto organizado – equivale a cincocampos de futebol.
Os remates são feitos com um stick longo esão near-side quando feitos do lado esquerdo damontada, ou off-side, quando feitos do lado di-reito. Cada um dos quatro remates básicos pode,pois ser near ou off side.
O forehand é quando se atira a bola para afrente ou lateralmente; o backhand, quando seatira para trás; o neck shot é o disparo para a fren-te, mas passando por cima do pescoço do cava-lo; o tall shot, quando se remata por cima do pes-coço do cavalo, mas para trás. Os dois últimossão os mais espectaculares.
Há dois árbitros a cavalo e um a pé. Este últi-mo, tem a última palavra, em caso de dúvida.
As faltas são punidas, mediante a gravidade,com remates livres a 45, 60 ou 90 metros dalinha de golo. As partidas têm 8 partes de 7 mi-nutos cada, e as montadas são substituídas nosintervalos.
A taça Maharaj Sir Pratap Singh tem o nomedo tio-avô do actual marajá de Jodhpur. Ele foium dos maiores jogadores de pólo do seu tempoe instituiu o torneio em 1921. Viciante, empol-gante, o pólo a cavalo – diz quem o pratica – é«a melhor coisa para se fazer, vestido». ET
A ligação ao pólo é marcante quando se fala
do Reverso. Como não podia deixar de ser,
os convidados puderam apreciar um jogo
em que o relógio usado pelos jogadores era...
1
Agora, que se comemora o jubileu dos 75 anos do Reverso, nada
melhor do que voltar às origens, à Índia. E mais propriamente
à terra do pólo por excelência.
a
75 anos do Reverso
«Fomos buscar desenhos de há
75 anos, quando o Reverso foi
concebido, e que nunca tinham
sido utilizados e é espantoso
como a modernidade de linhas
se mantém».
Jerome Lambert^
74 < ESPIRAL DO TEMPO
75 anos do Reverso
Reverso SquadraQuando os engenheiros da Jaeger-LeCoultre trabalha-
ram pela primeira vez o genial conceito Reverso, nos
anos 30 do século passado, fizeram-no em duas for-
mas. A rectangular, depois patenteada, entrou desde
logo para a história da relojoaria; mas a quadrada, per-
maneceu um segredo da manufactura. 75 anos depois,
baseando-se nos esquemas originais, surge o Squadra.
Evocando a forma quadrada e a filosofia do des-
porto de equipa (squadra, em italiano), equipado com
movimentos Jaeger-LeCoultre de nova geração, o Re-
verso Squadra é um dos grandes lançamentos do ano.
Os movimentos, todos automáticos, por exemplo, têm
o rotor montado em esferas de cerâmica (e não nas
habituais em aço), dispensando assim a lubrificação.
Com um aspecto fortemente masculino, o Squadra
vem em três versões: o Hometime (calibre JLC 977) e
o Chronograph GMT (Calibre JLC 754) podem ter caixa
em ouro rosa ou em aço, enquanto uma edição limita-
da do Squadra World Chronograph (Calibre JLC 753, mil
peças) vem em caixa de titânio.
ESPIRAL DO TEMPO > 75
«O principal desafio do nosso
trabalho é encontrar o equilíbrio
perfeito entre as nossas
capacidades e criatividade.
Não podemos ter apenas sonhos,
temos que saber realizá-los».
Jerome Lambert^
Em tempo real
t e x t o Vand a Jo rg e > f o t o s An a Ba i ã o
PERFIL
D. Maria Pia é a única Rainha portuguesa sepultada fora do país. Isabel Silveira Godinho assume como coroa de glória concluir
o processo de trasladação da soberana do Panteão da Casa de Sabóia, em Turim, para o Panteão da Casa de Bragança, em S. Vicente
de Fora. É no Palácio da monarca que modernizou a corte portuguesa, que a directora se sente em casa.
Isabel Silveira Godinho
Nem sempre acontece mas aconte-ceu naquele dia. Isabel SilveiraGodinho acabara de descer peloelevador, junto à sala da música
cruza-se com um rosto familiar. Atónita pensa:«Onde é que estou? O que faço agora? Vem aí oRei D. Carlos!». São segundos que a directora doPalácio Nacional da Ajuda hoje recorda com alguma graça. «Mergulhada a 100%» na concep-ção de uma exposição, esquecera-se, por momen-tos, que nas salas do palácio uma equipa estran-geira rodava um filme sobre a vida do monarca.«O actor vestido com as roupas de época era
igual, foi um choque, eu não percebi o tempo, seestava no século XIX se no XX, foram segundosaflitivos em que deixei de perceber a realidade».
O tempo pode tornar-se uma incógnita quan-do se trabalha e se vive entre séculos. Esse é o riscomas também o charme dos palácios. A emoçãovem à parte. E Isabel Godinho chega «a darpulos» quando descobre aquilo a que chama«mais uma bengala» que ajuda a contar a história.«A diferença entre um museu e um palácio»começa por explicar «é que aqui há a vivência deuma família, nos arquivos encontro a conta deuma peça ou a carta da Rainha ao fornecedor das
pratas, o que está nestas paredes foi usado e vivi-do, num museu é tudo bonito e de valor mas aspeças estão desintegradas» justifica.
Nos últimos 25 anos habituou-se a conheceros passos e os cantos que atestam a história desteenorme e incompleto palácio, que, como descre-veu Clara Menéres, foi «construído na despro-porção entre o imaginário e o real e deu forma auma dinastia já decadente». Sabe de cor o quecomia D. Luís I, ainda se diverte com as malan-drices da corte e com os comentários que os nos-sos últimos monarcas teciam à sociedade bur-guesa da época. A conservadora está de tal forma
Átrio do Palácio Nacional da Ajuda, edificado entre os séculos XVIII e XIX.1 Relógio em bronze dourado do século XIX adquirido em Paris.1
ESPIRAL DO TEMPO > 77
a a
envolvida neste enredo que já não se surpreendequando, em conversas inocentes, dá por si a ex-clamar: «Ai, se a Rainha D. Maria Pia visse istoagora!»
Um estilo Made in America Costuma dizer que «a vida está cheia de coisasque acontecem sem estarem programadas». Foiassim quando o presidente francês François Mi-terrand visitou o palácio e o elevador da Rainhaavariou ou mesmo quando de madrugada saíade casa em Filadélfia, de mochila às costas, car-regada de tupperwares com pastéis de bacalhauacabados de fazer pela mulher do Console, e nasescolas americanas dissertava sobre a cultura e oestilo de vida portugueses.
Da mesma forma, também sem programar,há 25 anos, recém chegada dos Estados Unidos,Isabel Godinho é escolhida para a direcção deum Palácio que mal conhecia. De um momentopara o outro, percebe que o rol de virtudes quelhe apontavam no outro lado do Atlântico – apontualidade, a mania da perfeição e a exigência– em Lisboa tornam-se uma espécie de defeito.Gere a Casa Real e a colecção de arte de um pa-lácio que poderia ter o subtítulo de Museu deArtes Decorativa, os preceitos e a inspiração vêmdos Estados Unidos. Filadélfia foi a paragem
num mundo novo e numa realidade cultural dis-tinta da que conhecia na velha Europa. Enquan-to o marido concluía a pós-graduação, Isabeltraça o seu sonho americano. «Fui à Faculdadeonde o meu marido estudava e disse-lhes: Soumulher de um aluno e quero inscrever-me comovoluntária». O voluntariado na cultura, na alturasó existia na área da saúde em Portugal, faziaparte do quotidiano daquele país.
Como voluntária no Philadelphia Museumof Art conhece uma realidade museológica avan-çada; no Metropolitan Museum of Art trabalhaao lado de conceituados conservadores e o ins-tinto dizia-lhe que um dia «viria para Portugal epoderia aproveitar esse conhecimento». O FoundRaising na cultura é uma americanice que trouxepara Portugal.
O voluntariado na cultura portuguesa Diz com orgulho que em tudo o que faz põe umbocadinho do sistema americano. Quando aquichegou tinha «um edifício inteiro por minhaconta, havia seis empregadas de limpeza e noveguardas, a minha primeira campanha foi cativare tratar bem o pessoal melhorando-lhes as con-dições, se é com eles que vou trabalhar vamostornar-nos uma família» pensou na altura. Ànova família a habitar a Ajuda juntaram-se os
Isabel Silveira Godinho
O tempo passará sempre a
sua utilização é que varia
consoante aquilo que lhe
imprimirmos.
A decoração do quarto da Rainha foi orientada por D. Luís
que escolheu os tons de azul e dourado para contrastar
com os cabelos ruivos de D. Maria Pira.
1
Isabel Silveira Godinho
A casa de jantar da Rainha. Em baixo a família real numa
caçada no Palácio de Queluz e ao lado A sala do trono.
1
78 < ESPIRAL DO TEMPO
a a
voluntários. «Comecei a chamar as amigas paraajudar, Maria Cavaco Silva e anos mais tarde afilha Patrícia que vinha cá ajudar nas exposiçõestemporárias com uma amiga», faziam parte des-se grupo de voluntariado na cultura. Ao estiloque importara dos Estados Unidos, apareciamuma vez por semana e seguiam um Código deConduta e de Ética do Voluntário que Isabeltraduzira e adaptara a Portugal. «Eu dizia nabrincadeira que tudo isto era clandestino porquenão havia suporte legal», conta a directora que sóem 1986 veria promulgada a Lei do Mecenato.Tudo tem servido para cumprir o sonho de «vol-tar a pôr o Palácio Nacional da Ajuda no seu de-vido lugar» e no seu tempo.
Quando nos deixamos guiar pelo relógio «Se for ao quarto do Rei verá que em cima damesa de cabeceira está lá o relógio pequenino deD. Luís», adverte a conservadora. E tal como orelógio do monarca, toda a restante colecção de
relógios do Paço da Ajuda mantém-se hoje,exactamente onde estava, ao tempo da realeza«estamos a devolver a actualidade à história de1889» reforça Isabel Silveira Godinho.
Com Tempo Real, a exposição que após umano de sucesso na Ajuda, em 1997, tem sucessosemelhante no Musée de l'Horlogerie de Gene-bra, toda a colecção de relógios do Palácio foicuidadosamente investigada e, um a um, os ob-jectos que marcaram os dias da Corte regressa-ram aos locais de origem. Desses pontos estraté-gicos, os 80 relógios – de sala, de secretária, debolso, de transporte e até de sol - impunham ho-rários e ditavam as obrigações da monarquia.Fossem as horas de refeição, os momentos pró-prios para as audiências, mesmo a duração dasfestas, os ponteiros acompanharam sempre osdias de um tempo rotineiro, apenas perturbadopelo toque das campainhas.
«Para a exposição sobre o Tempo» conta aautora do projecto, «todos os relógios foram es-
tudados, muitos foram desmontados e restaura-dos, os mecanismos foram investigados, as pes-soas não imaginam as centenas de peças de queé feito um objecto destes». E também não ima-ginavam a riqueza dos mecanismos que, até en-tão, estavam escondidos no Palácio.
Para mostrar ao público a forma como aCorte vivia o tempo, foi fundamental o apoiodos mecenas, o trabalho da Escola de Relojoariada Casa Pia de Lisboa, da equipa de voluntáriosdo Palácio, de artesãos, professores e colec-cionadores, dois anos de trabalho para umaexposição que teve o relógio como fio condutor.Antes de se abrirem as portas, a colecção viajouaté à capital francesa para que, no Musée desArts Decoratifs de Paris, especialistas restauras-sem e estudassem os mecanismos balizados entreos finais do século XVII e os últimos anos doséculo XIX. E o Francês Bernard Pin, especia-lista em restauro de relojoaria antiga, deslocou--se a Lisboa para estudar alguns mecanismos «se
“Fiéis companheiros dos antigos residentes desta casa”, os relógios
aqui têm permanecido indiferentes à passagem do tempo.
80 < ESPIRAL DO TEMPO
Relógios de cartel francês com mísula do século
XVIII, estando ao centro o relógio de transporte de
D. Luís. Na página à direita, cartaz da exposição e
um pomenor do quarto do Rei.
1
Isabel Silveira Godinho
a
não fosse o know-how parisiense eu não tinhaconseguido fazer esta exposição» acrescenta.
Entre candelabros e lustres, conjugados como mobiliário pesado e com as peças escolhidas adedo por D. Maria Pia de Sabóia, hoje estes reló-gios, tal como na segunda metade de Oitocen-tos, são um elemento decorativo. De caixa alta,de parede ou de cartel, estão espalhados pelasvárias divisões do Palácio, muitos tendo sido ad-quiridos e encomendados pela Rainha, nas suasviagens ao estrangeiro, em grandes Casas espe-cializadas como: L’Escalier de Cristal, Maquet,Boudet, ou em antiquários. «Mestra na arte de
escolher e comprar» D. Maria Pia ficou na histó-ria também pelo bom gosto e preferência pelaqualidade.
No arquivo amontoam-se documentos daaquisição da Rainha de mecanismos em cida-des europeias como Paris, Viena e Salzeburgo, etambém em Frankfurt e em Munique. Os reló-gios pontuavam a corte com um toque de prestí-gio e de modernidade. E as visitas eram frequen-tes. António Pedro da Silva, José da Cunha Pa-drão, Joaquim dos Santos Franco, são apenasalguns nomes de gerações de relojoeiros que to-das as semanas vinham ao Palácio dar corda aos
relógios, garantir a manutenção ou ocuparem-secom as reparações. Nos mais curiosos recantosda Ajuda sucedem-se os modelos originais defabricos suíço e francês e algumas imitações per-feitas bem ao gosto do século XIX, entre os relo-joeiros da colecção da Ajuda conta-se mestrescomo Gio Pietro Callin, Causard, Jean Le seyne,Patek Philippe e A.H. Rodanet. «Fieis compa-nheiros dos antigos residentes desta casa», os re-lógios aqui têm permanecido indiferentes à pas-sagem do tempo. Hoje estão parados, a aguardarque um especialista em relojoaria antiga seocupe deles. ET
Faltam especialistas em movimentos antigos
Desde 1976 que o mestre Américo Henriques é res-
ponsável pela única Escola de Relojoaria do país, na
Casa Pia em Lisboa. Nestes trinta anos formou e viu
partir alguns dos melhores alunos do Curso Técnico
de Relojoeiro, «é a história da minha vida!» diz quase
em jeito de desabafo, «quando temos jovens espe-
cializados no restauro de relojoaria antiga ficam pou-
co tempo em Portugal».
Cobiçados pelos grandes nomes da alta-relojoaria
suíça, que lhes acenam com condições de trabalho e
vencimentos muito acima dos praticados em
Portugal, os poucos especialistas nos movimentos do
século XVIII e XIX não hesitam e trocam Portugal pela
pátria da relojoaria.
«Há uns anos enviámos um jovem em formação para
a Suíça, para assegurar a continuidade da escola.
Teve seis anos de formação, e outros dois a aperfei-
çoar-se nas técnicas de restauro de relojoaria antiga
no conceituado Centro de Formação WOSTEP, mas
não o conseguimos segurar em Portugal. Hoje Pedro
Ribeiro é professor na Escola de Relojoaria de Locle»
recorda o mestre Américo. Mais recentemente, outro
jovem talentoso formado na Casa Pia e mais tarde na
Suíça, que prometia dar cartas no restauro de reló-
gios seculares, foi contratado pelo Grupo Vendôme.
Sem um único técnico habilitado a prestar a assistên-
cia que estas peças antigas exigem, património como
a colecção de relógios do Palácio da Ajuda continua
parado em muitas salas portuguesas. «Se fossem só
os Relógios da Ajuda... A verdade é que a relojoaria
de qualidade e de colecção não tem assistência téc-
nica no nosso país. São mais dois anos de formação
o que encarece o curso e, além disso, não há nin-
guém preparado em Portugal para ensinar. O progra-
ma está esquematizado mas falta investimento no
projecto e dinheiro para que os relojoeiros se sintam
aliciados a continuar a carreira cá, com as condições
que oferecemos não os conseguimos conservar na
Escola». Como Américo Henriques explica, o curso téc-
nico permite apenas trabalhar em Relojoaria Contem-
porânea, «a relojoaria antiga implica a manufactura de
peças que já não existem e é preciso conhecimento
de construção daquela época, cálculos e até materi-
ais. As matérias-primas de hoje são diferentes, os
latões, por exemplo, têm características diferentes das
do século XVIII e o que se faz muitas vezes é aprovei-
tar as peças velhas da estrutura, porque o restauro
implica usar matérias primas originais».
ESPIRAL DO TEMPO > 81
Royal Oak Offshore Alinghi PolarisAudemars Piguet
84
Mille Miglia XLChopard
86
Cronógrafo Master CalendarFranck Muller
88
PanoMatic TourbillonGlashütte
90
Master Compressor ChronographJaeger-LeCoultre
92
Tango CollectionRaymond Weil
94
Monaco VintageTAG Heuer
96
Dossier CronógrafosO domínio do tempo
104
Começa a vislumbrar-se a America’sCup de 2007 no horizonte e os preparativos do
sindicato detentor do troféu já estão em marcha –
facto que se pode comprovar pela apresentação de
mais um fabuloso instrumento do tempo assinado
pela Audemars Piguet.
A parceria helvética entre a manufactura relo-
joeira Audemars Piguet e o veleiro Alinghi tem sido
naturalmente celebrada com a criação de prestigia-
dos modelos comemorativos; o mais recente reló-
gio resultante da associação é o Royal Oak Offshore
Alinghi Polaris, um inovador cronógrafo fly-back
com função ‘regata’ que deve o seu nome à estrela
que tem servido para indicar o norte aos viajantes
desde os primórdios da navegação. O disco giratório
integrado em relevo no mostrador e manuseado
através da coroa suplementar (situada às 10 horas)
permite estabelecer a orientação em função da po-
sição do sol, mas também pode ser usado como es-
cala de medição de tempos devido à acção combi-
nada da sua minuteria decrescente e ponteiro dos
minutos.
Bem mais significativa é a complicação mecâni-
ca idealizada pelos mestres relojoeiros da célebre
manufactura de Le Brassus, adaptando a função cro-
nográfica às exigências particulares da partida de
uma regata graças ao inédito mecanismo automáti-
co 2326/2847. As regras da America’s Cup são pre-
cisas: um tiro de canhão anuncia o início dos proce-
dimentos; um minutos depois, um segundo tiro de
canhão indica que os concorrentes têm somente
mais dez minutos para colocar a embarcação na
linha de partida; e é na linha de partida que um
terceiro tiro de canhão significa o arranque da re-
gata. A dificuldade dos participantes consiste em,
no tal espaço de dez minutos, colocarem-se o mais
perto da linha sem a transpor (sob pena de pena-
lização).
O novo relógio da Audemars Piguet dedicado ao
Alinghi contempla todos esses procedimentos, faci-
litando a leitura da contagem decrescente através
de um ponteiro cronográfico suplementar dos mi-
nutos ao centro – que completa uma volta ao mos-
trador em precisamente dez minutos. Ao primeiro
tiro de canhão, o utilizador activa o cronógrafo; ao
segundo tiro de canhão, graças à função fly-back
(retorno instantâneo), uma segunda pressão no
botão inferior provoca a paragem, regresso ao zero
e partida instantânea do cronógrafo. O mostrador in-
clui uma outra indicação suplementar: o último
minuto dos dez é representado por um segmento
vermelho que surge progressivamente numa janela
localizada às 12 horas.
Limitado a 2.000 exemplares, o possante Royal
Oak Offshore Alinghi Polaris mantém o mostrador
negro em tapisserie dos anteriores modelos come-
morativos e o logótipo do Alinghi a vermelho; o
fundo da caixa, fixado por oito parafusos, tem gra-
vada uma rosa dos ventos e a inscrição ‘Royal Oak
Offshore Alinghi Polaris’. ET
ESPIRAL DO TEMPO > 85
Na Rota da America’s CupRoyal Oak Offshore Alinghi Polaris > Audemars Piguet
De alma geométrica e coração de aço, o cronógrafo Royal Oak Offshore Alinghi
Polaris é um inovador instrumento do tempo destinado a celebrar a associação
da Audemars Piguet ao veleiro suíço Alinghi – que em 2007 defenderá o título
da mítica America’s Cup.
Os célebres parafusos de uma das mais famosas lunetas da
alta-relojoaria.
>
Contador parcial com logótipo do Alinghi.
>
Pormenor de um contador inédito.
>
EM FOCO
Criada em 1988 na sequência daparceria estabelecida entre a Chopard e o rallye
nostálgico que reedita a lendária corrida transal-
pina de mil milhas (Brescia–Roma–Brescia), a co-
lecção Mille Miglia não tem parado de crescer – não
só em número, mas também em tamanho... como
se pode constatar pelo novo Gran Turismo XL.
A edição anual de um relógio comemorativo
com a assinatura Mille Miglia gera sempre grande
entusiasmo entre os saudosistas das viaturas clássi-
cas e os aficionados da bela relojoaria tradicional;
afinal de contas, cronógrafos e automóveis despor-
tivos provocam paixões semelhantes nos adeptos
da bela mecânica, sobretudo quando existe uma
associação histórica entre ambos que lhe dá con-
tornos míticos.
É o que acontece com o Mille Miglia – conside-
rado o mais emblemático relógio masculino da
Chopard e que até já surge acompanhado de uma
linha de acessórios (canetas, botões de punho, ócu-
los, marroquinaria) inspirados na textura da incon-
fundível bracelete de borracha reminiscente dos
pneus Dunlop Racing dos anos 60. O fascínio exer-
cido pelos modelos Mille Miglia está directamen-
te relacionado com o facto de evocar a lendária
corrida transalpina dos primórdios do automobilis-
mo e que, de 1927 a 1957, atraiu os melhores pilo-
tos do mundo e juntou centenas de milhar de es-
pectadores ao longo das estradas do centro e norte
de Itália.
Infelizmente, a presença maciça dos entusiás-
ticos tifosi nas bermas, originou várias tragédias
mortais que determinaram a suspensão da prova
até à sua reabilitação duas décadas mais tarde,
sob um carácter mais lúdico: a ‘corsa più bella del
mondo’ passou a ser protagonizada por viaturas
clássicas e tornou-se num incontornável evento
social. Grande parte desse êxito é devido à Chopard
– que comemora cada edição com um cronógrafo
numerado oferecido aos famosos participantes. O
mesmo modelo é depois comercializado em produ-
ção restrita.
Nos últimos tempos, vários outros modelos
(Jacky Ickx, Vintage, Racing Colors, Gran Turismo)
surgiram a complementar o ‘modelo oficial’ de cada
corrida anual e a engrossar a colecção Mille Miglia.
Os exemplos mais recentes são o cronógrafo Split
Second e o Gran Turismo XL.
Um relógio de três ponteiros e data que con-
firma a outra tendência crescente da colecção:
ostenta um diâmetro de 44 milímetros e está
equipado com o novo calibre Valgranges A07.111,
que passa por ser o maior mecanismo automático
do mercado.
Ou seja, a designação XL não só corresponde ao
tamanho extra large mas também ao seu conteúdo
mecânico... e à dimensão do mito Mille Miglia. Um
mito assente na qualidade mecânica e no prestígio
no mundo do luxo, que só uma marca com perfil da
Chopard detém. ET
ESPIRAL DO TEMPO > 87
Debaixo de um mostrador estilizado com elementos gráficos típicos da colecção
Mille Miglia funciona o maior calibre automático do mercado: o mecanismo
Valgranges, com 46 horas de reserva de marcha e certificado de precisão
atribuído pelo Controlo Oficial Suíço dos Cronómetros.
Sempre a CrescerMille Miglia Gran Turismo XL > Chopard
Pormenor da bracelete que reproduz os pneus Dunlop.
>
Pormenor da extremidade do ponteiro dos segundos.
>
Data com lupa.
>
EM FOCO
Franck Muller sempre mostrou parti-cular apreço pelos cronógrafos vincadamente
masculinos; a colecção com a sua assinatura tem
reflectido essa tendência desde o início e, apesar do
surgimento de outras formas de caixa ou de fasci-
nantes complicações múltiplas, os cronógrafos
declinados no emblemático formato tonneau con-
tinuam a ser os principais clássicos da marca fun-
dada pelo mestre genebrino – como se pode com-
provar pelo excelente Cronógrafo Master Calendar,
que tem a particularidade de complementar a fun-
ção cronográfica com um calendário triplo.
Caracterizada pela audácia e inovação, a casa
Franck Muller tem apresentado versões cronográ-
ficas que são autênticas folias – trocando as voltas
ao tradicional sistema de contagem com a concep-
ção de várias peças dotadas de funções retrógradas
que representam uma nova interpretação da arte
de medir parcelas de tempo, adulterando a tradi-
cional noção circular e oferecendo extravagância
ao mostrador.
Mas, apesar do sucesso granjeado por essas
geniais criações, os grandes modelos clássicos para
homem que estiveram na base da fama da marca
nunca foram esquecidos.
O Cronógrafo Master Calendar pertence a essa
casta, assentando num mostrador de sublime ele-
gância e no classicismo irreverente da caixa Cintrée
Curvex que se tornou indissociável da assinatura
Franck Muller. A função cronográfica, explanada
numa disposição tricompax (três totalizadores), está
acompanhada de janelas para o dia da semana e o
mês (às 12 horas) e de um ponteiro analógico que
indica a data numa escala circular.
O belo mostrador fica assim criteriosamente
preenchido para um produto final de grande teor
técnico, mas sem qualquer perda de equilíbrio; pelo
contrário: a superfície trabalhada em diversos pa-
drões de guilloché, os algarismos árabes estilizados
e a solução gráfica do conjunto oferecem ao relógio
um carácter verdadeiramente sumptuoso.
A caixa em ouro amarelo de 18 quilates tam-
bém é clássica e equipada com uma correia em
pele de jacaré com fivela personalizada. A coroa e
os botões que activam a função cronográfica fazem-
-se acompanhar de três discretos correctores para o
ajustar das três indicações de calendário.
O Cronógrafo Master Calendar surge com a habi-
tual indicação de horas e minutos ao centro, pontei-
ro de segundos cronográficos igualmente ao centro
e, nos três submostradores, apresenta um totaliza-
dor de 30 minutos do lado das 3 horas, um totaliza-
dor de 12 horas às 9 horas e pequenos segundos
(contínuos) às 6 horas.
O prestigiado conjunto é alimentado pelo
calibre automático FM11.88MC, com rotor de platina
e 42 horas de reserva de corda.
Mais um excelente relógio produzido pela casa
de Genthod que reafirma o seu brilhantismo através
destas peças superlativas. ET
ESPIRAL DO TEMPO > 89
Pura ClasseCronógrafo Master Calendar > Franck Muller
Numa era em que existe uma cada vez maior extravagância técnica e estética
no universo da alta-relojoaria, os modelos clássicos como o Cronógrafo Master
Calendar mantêm um fascínio eterno adaptado a todas as circunstâncias.
Um relógio masculino de grande prestígio.
Pormenor da caixa onde se pode ver a coroa, um botão e um
corrector de calendário.
>
O ponteiro analógico indica a data numa escala circular.
>
Janela do dia da semana e dia do mês às 12 horas.
>
EM FOCO
Qualquer instrumento de precisãosaído de Glashütte tem a garantia de poder rivali-
zar com o que de melhor se faz na relojoaria suíça
e, de todas as marcas sedeadas na pequena locali-
dade dos arredores de Dresden, a Glashütte Original
é a que apresenta a maior autonomia – com uma
produção integrada a 98 por cento que a coloca
num patamar restrito onde, segundo os seus res-
ponsáveis, só se faz acompanhar por um punhado
de credenciadas manufacturas helvéticas.
A provar toda a mestria técnica e estética alar-
deada pela Glashütte Original está o PanoMatic
Tourbillon, um fabuloso instrumento do tempo eno-
brecido por essa suprema complicação relojoeira
que é o turbilhão. A invenção do turbilhão justificou-
-se para neutralizar os efeitos nefastos da força gra-
vitacional da terra sobre o rendimento do sistema
regulador dos relógios mecânicos (balanço e espi-
ral) no século XVIII; a solução para contrariar tama-
nhas variações foi encontrada por Abraham-Louis
Bréguet, que inventou o ‘régulateur à tourbillon’
em 1795 para depois obter a patente a 26 de Junho
de 1801.
Desde então e até aos dias de hoje, o número
de turbilhões concebidos mantém-se escasso devi-
do à sua difícil execução: o mecanismo turbilhão
consiste num dispositivo (balanço, espiral, âncora e
roda de escape) montado numa gaiola rotativa que,
à volta de um mesmo eixo, completa uma volta de
360 graus no espaço de um minuto, permitindo – ao
repartir os tais efeitos nocivos da gravidade sobre o
balanço – anular quaisquer erros de marcha.
A Glashütte Original apresenta um rico historial
na concepção de turbilhões e o PanoMatic Tour-
billon surge na linhagem dos excepcionais exem-
plares dedicados aos mestres Alfred Helwig e Julius
Hassmann, embora apresente características muito
próprias e mais contemporãneas da linha Pano-
Matic: o turbilhão volante (ou seja, sem qualquer
ponte a obstruir a visão) surge descentrado no mos-
trador, acompanhado da emblemática janela sobre-
dimensionada para a data (panorama date) e de
um mecanismo de corda automática (o calibre 93,
de 46 rubis e dois diamantes) com 48 horas de
reserva de marcha. Produzido numa edição limitada
a 100 exemplares, o excepcional PanoMatic Tour-
billon em ouro rosa é embelezado por um mostra-
dor picotado Clous de Paris em ouro amarelo; os
efeitos assimétricos do mostrador fazem ressaltar a
espectacularidade do turbilhão, mas também o
próprio mecanismo merece ser apreciado pela sua
estética: decoração efectuada manualmente segun-
do a secular tradição germânica com platina de
três/quartos, ponte do balanço gravada, ângulos
aparados, chatons de ouro aparafusados, parafusos
azulados, balanço giratório com parafusos de com-
pensação, rodas de escape polidas e rotor esquele-
tizado em ouro de 21 quilates.
Um fantástico relógio alemão a que a nobreza
do turbilhão obriga. ET
ESPIRAL DO TEMPO > 91
Dotado do famoso turbilhão volante idealizado pelo célebre mestre relojoeiro
Alfred Helwig, o PanoMatic Tourbillon é uma fabulosa obra-prima que prova que
a alta-relojoaria germânica atinge os mesmos níveis elevados das melhores
manufacturas suíças.
Noblesse ObligePanoMatic Tourbillon > Glashütte
Pormenor do mostrador onde sobressai a data panorâmica…
>
Calibre 93 com 46 rubis, diamantes e rotor esqueletizado.
>
… e o sistema de turbilhão.
>
EM FOCO
Idealizada pela designer Magali Métraillercom inspiração nos modelos Geophysic dos anos
50, a linha Master Compressor permitiu à Jaeger-
-LeCoultre dotar a sua elegante colecção de um
segmento vincadamente desportivo. Marcada pela
tradição estética da marca, mas com soluções técni-
cas de vanguarda, a mais radical família da manu-
factura não tem parado de crescer nos últimos anos
e em 2005 foram apresentados dois modelos cro-
nográficos que só agora começam a chegar ao
mercado – o Master Compressor Chronograph e o
Master Compressor World Extreme Chronograph.
O primeiro a ser comercializado é o Master Com-
pressor Chronograph, dotado do primeiro calibre cro-
nográfico de corda automática jamais concebido
pela Jaeger-LeCoultre. A casa de Le Sentier foi espe-
cialmente cuidadosa na concepção do suporte me-
cânico de base que passa a equipar os seus cronó-
grafos automáticos e o resultado não podia ser
melhor: o calibre 751, assente numa roda de colunas
e que funciona à elevada frequência de 28.800
alternâncias/hora com uma generosa autonomia
de 72 horas.
Alimentado por dois tambores, o mecanismo
mantém a tensão de corda ideal durante mais tem-
po para uma precisão absoluta e está dotado de
uma complexa embraiagem vertical que permite
que a partida do ponteiro dos segundos do cronó-
grafo seja efectuada sem o sobressalto típico de
muitos outros calibres cronográficos.
O grafismo é bem característico da linha Com-
pressor e ostenta duas particularidades. A primeira
tem a ver com uma disposição ‘tricompax’ purista
que situa o submostrador dos pequenos segundos
contínuos às seis horas, libertando os restantes dois
totalizadores para posições simétricas às três (acu-
mulador dos minutos) e nove horas (acumulador
das horas); a segunda está relacionada precisamen-
te com o acumulador das horas, que funciona num
sistema de disco em vez do habitual ponteiro. A ja-
nela da data central e a escala taquimétrica em
declive ajudam a embelezar o mostrador.
Na parte exterior da generosa caixa de 41,5
mm de diâmetro, os botões relacionados com as
funções do cronógrafo constituem novidade e são
aparentados com a emblemática chave de com-
pressão da coroa.
A designação Compressor refere-se ao sistema
revolucionário adoptado para a coroa e consiste
numa espécie de válvula externa que pressiona
uma das juntas vedantes contra a junta interior, me-
diante uma rotação manual de 180 graus.
O original sistema foi concebido para assegurar
uma perfeita estanquicidade até aos 100 metros,
já que o mecanismo de compressão está dentro
da carrosseria e por isso protegido de areias,
poeira e humidade. O vidro é de safira anti-risco
e o fundo ostenta o característico selo em ouro rosa
que assegura que o relógio foi testado durante
1000 horas. ET
ESPIRAL DO TEMPO > 93
O Elo que FaltavaMaster Compressor Chronograph > Jaeger-LeCoultre
De personalidade desportiva e contemporânea, o Master Compressor
Chronograph veio finalmente preencher o hiato existente na já de si muito
completa colecção da Jaeger-LeCoultre – o de um cronógrafo de prestígio
que fosse equipado com um calibre automático de elevado tecnicismo.
EM FOCO
Totalizador de horas do cronógrafo localizado às 9 horas.
>
Totalizador de minutos do cronógrafo localizado às 3 horas.
>
Pormenor onde se pode visualizar o revolucionário sistema
adoptado para a coroa.
>
(ref: 48951 SR 05200)
(ref: 55951 SR 05207)
Nos últimos anos, a Raymond Weilostentou um carácter vincadamente bicéfalo graças
à aposta declarada nas suas duas vertentes mais
carismáticas (Don Giovanni e Parsifal) – mas essa
tendência de grande reconhecimento popular não
fez a marca genebrina adormecer sobre os seus lou-
ros. Pelo contrário: nos meses mais recentes tem
apresentado propostas consecutivas em múltiplos
quadrantes e a nova interpretação desportiva da
gama Tango é particularmente feliz.
A Raymond Weil surgiu em 1976 para dar uma
nova dimensão à relojoaria que então se fazia,
insistindo particularmente na elegância de linhas
declinadas em modelos com mecanismos tradicio-
nais ou de quartzo. E porque a filha do próprio fun-
dador, Raymond Weil, era uma pianista profissional,
desde o início que a marca buscou inspiração na
música para designar o nome das diversas linhas
que foram surgindo ao longo das suas três décadas
de vida.
O reposicionamento da marca num patamar
superior originou a reestruturação da colecção;
primeiro foram as gamas Don Giovanni, Parsifal e
Othello; agora foi a vez da gama Tango ser dotada
de uma surpreendente variante desportiva que in-
clui quatro modelos sob a etiqueta Tango Sport.
Mantendo o inconfundível DNA da linha Tango
(a espécie de parafusos na luneta), os novos mode-
los distinguem-se pelo casamento perfeito entre
desporto e tecnologia.
Esteticamente, apresentam-se modernos e di-
nâmicos graças aos contrastes entre aço polido e
acetinado ou à robusta bracelete de borracha preta
vulcanizada que se conjuga perfeitamente com o
mostrador negro de índicadores vermelhos.
São quatro os modelos, todos eles dotados de
um mecanismo de quartzo suíço de elevada
qualidade e estanques até 50 metros de profundi-
dade: relógio redondo de três ponteiros e data
panorâmica; relógio redondo com função de alarme
(com marcação num submostrador), pequenos se-
gundos (noutro submostrador), dois ponteiros ao
centro e data panorâmica; cronógrafo redondo com
data grande e três totalizadores; e cronógrafo rec-
tangular com data panorâmica e três totalizadores.
A Raymond Weil sempre procurou embrulhar a per-
feição tecnológica com muita elegância – seja através
de relógios clássicos, desportivos ou de moda. As
criações saídas dos ateliers da marca genebrina
regem-se por critérios criativos, inovadores e evoluti-
vos que estão constantemente presentes no código
deontológico da marca e que se conjugam para que
os modelos com a assinatura Raymond Weil possam
surpreender e emocionar todos aqueles que os es-
colhem para partilhar os momentos preciosos de
uma vida. Especialmente os novos relógios Tango
Sport, vocacionados para uma vida mais informal e
até radical! Uma marca de enorme notoriedade em
Portugal que reforça a sua posição no mercado com
uma nova linha desportiva. ET
ESPIRAL DO TEMPO > 95
A Raymond Weil deu uma nova dimensão a uma das mais emblemáticas
linhas da sua colecção, dotando-a de quatro modelos de personalidade
vincadamente desportiva: o quarteto Tango Sport apresenta modelos para
todas as circunstâcias de uma vida activa.
Dimensao DesportivaTango Collection > Raymond Weil
O Tango Sport com alarme e data panorâmica.
(ref: 47951 SR 05207)
>
O Tango Sport cronógrafo rectangular com data panorâmica.
(ref: 48811 SR 05200)
>
~
EM FOCO
um dos primeiros embaixadores da TAG Heuer,
Michael Delaney (o personagem interpretado por
McQueen) também usou o Monaco no écrã e, por
volta dos 24 minutos do filme, segura no capacete
e o possante relógio quadrilátero torna-se bem
visível aos olhos do espectador. Nascia um mito...
Não há dúvida de que o Monaco estabeleceu
então um marco na história da relojoaria; não só
pelo seu design arrojado, mas também pelo facto
de incluir um dos dois primeiros mecanismos crono-
gráficos automáticos (o Calibre 11 modular, vulgo
‘Chronomatic’) na primeira caixa quadrada à prova
de água.
A TAG Heuer ressuscitou o carismático cronó-
grafo em 1998, numa edição limitada com mostra-
dor preto de dois totalizadores que se tornou num
de ponteiros vermelhos, para além de uma grava-
ção especial no fundo da caixa e da respectiva nu-
meração: tudo pormenores que tornam o relógio
num artigo de grande potencial para coleccionistas!
Actualmente, a linha Classics integra igualmen-
te três outras reedições de cronógrafos célebres no
laureado historial da TAG Heuer: o Carrera, o Monza
e o Autavia – para gáudio dos amantes de valores
intemporais e do desporto motorizado.
Mais de um quarto de século passado sobre a
realização do filme, esta máquina reinventa-se man-
tendo tudo o que é fundamental; desde o espírito
pioneiro até a um conceito de liberdade que só a ve-
locidade permite. Uma capacidade que cada modelo
tem de conseguir cativar os apaixonados tornando-
-se obrigatório para bons coleccionadores. ET
ESPIRAL DO TEMPO > 97
Concebido em edição restrita pela TAG Heuer, o novo Monaco Vintage Limited
Edition comemora o 75º aniversário de Steve McQueen e promete ser um
relógio de culto especialmente apreciado por nostálgicos e coleccionistas.
Happy Birthday to YouMONACO VINTAGE LIMITED EDITION > TAG HEUER
O logo ‘Monaco’ sobressai no mostrador.
>
Célebre imagem de Steve McQueen no filme ‘Le Mans’.
>
EM FOCO
Para comemorar o 75.º aniversário deSteve McQueen, a TAG Heuer apresenta uma
versão especial do mais famoso relógio quadrado
de pulso de todos os tempos – o cronógrafo auto-
mático Monaco, que o lendário actor americano
usou no filme Le Mans.
O Monaco original surgiu em 1969 como um
produto avant-garde. Aliando design e técnica,
rapidamente se tornou num objecto de culto; para
além disso, o seu inconfundível perfil ficou imor-
talizado na longa-metragem de 1970 sobre as 24
horas de Le Mans.
Nas filmagens, Steve McQueen insistiu em usar
como adereço o fato de corrida do seu amigo Jo
Siffert; como o malogrado piloto suíço era na altura
êxito à escala mundial e ‘forçou’ a marca a decidir-
se pela sua reactualização com um novo lançamen-
to em 1999 para comercialização regular – primeiro
com um mostrador preto ou prateado com três
totalizadores, depois numa versão ‘Steve McQueen’
cujo mostrador azul de dois totalizadores contras-
tantes se aproxima mais das opções cromáticas do
original.
A essas versões junta-se-lhes agora o Monaco
Vintage Limited Edition, numa nostálgica edição li-
mitada a 4000 exemplares e caracterizada pelo
mostrador branco com as riscas vermelha, branca e
azul reminiscentes do fato de corrida que o actor
envergou no filme. As riscas tricolores são acom-
panhadas de um logótipo Monaco no mostrador e
CARACTERÍSTICAS
Referência
Diâmetro
Espessura
Caixa
Coroa
Vidro
Movimento
Decoração do movimento
Funções e indicadores
Estanquicidade
Bracelete
Fecho
Série limitada
Preço
98 < ESPIRAL DO TEMPO
Audemars Piguet
Royal Oak Offshore Alinghi Polaris
26040ST.01
42 mm
14,65 mm
Aço
Personalizada com as inicias da marca
Safira
Cronógrafo mecânico de corda automáticaAP2326/2847, 28,800 alternâncias por hora,48 horas de reserva de corda
54 Rubis, decoração manual de todas as peças:rhodiage, anglage, perlage e côtes de Genève
H, M, S, cronógrafo flyback, regata e bússola
100 metros
Cauchu
Fecho com báscula em aço
2000 exemplares
€ 19,300
Chopard
Mille Miglia XL
16/8997
44 mm
14,25 mm
Aço
Personalizada com o logótipo da marca
Convexo em safira anti-reflexos
Calibre Valgranges A07.111, movimentoautomático, 28,800 alternâncias por hora, 46horas de reserva de marcha
Côtes de Genève
H, M, S e data ás 3 horas, índex e ponteirosdas horas em superluminova
50 metros
Cauchu com padrão pneus Dunlop
Fecho de báscula em aço personalizado como logotipo da marca
–
€ 3030
Franck Muller
Cronógrafo Master Calendar
6850 CC MC AT
48,7 mm x 35,3 mm
13 mm
Ouro amarelo 18 ql.
Personalizada com o logótipo da marca
Safira
Cronógrafo mecânico de corda automáticacom rotor em platina 950
H, M, S, cronógrafo, dia da semana, dia domês e mês
30 metros
Pele de jacaré
Fivela ouro amarelo 18 ql.
–
€ 33,490
ESPIRAL DO TEMPO > 99
Glashütte
Panomatic Tourbillon
93-01-01-01-04
32,2 mm
7,65 mm
Ouro rosa 18 ql.
Personalizada com o logótipo da marca
Safira
Turbilhão mecânico de corda automática GH93, 21,600 alternâncias por hora, 48h dereserva de corda
46 Rubis, 2 Diamantes, massa oscilante emesqueleto em ouro 21 ql.
H, M e data panorâmica e índex lumines-centes
–
Pele de jacaré
Fecho duplo de báscula em ouro rosa 18 ql.
100 exemplares
€ 81,370
Jaeger-LeCoultre
Master Compressor Chronograph
175 24 40
41,5 mm
6,14 mm
Ouro rosa 18 ql.e fundo com selo em ouro18 ql. Master 1000 Hours
Personalizada com o logótipo da marca
Safira
Cronógrafo mecânico de corda automáticaJLC 751, 272 peças, 28,800 alternâncias porhora, 72h de reserva de corda
41 Rubis, decorado à mão
H, M, pequeno contador dos segundos, data,cronógrafo: contador das horas, minutos,segundos, escala taquimétrica na lunetainterna, números e índex luminescentes
100 metros, chave de compressão nas 3horas, comandos de compressão nas 2 e 4horas
Pele de Jacaré
Fecho de báscula em ouro rosa 18 ql.
–
€ 15,350
Raymond Weil
Tango Sport
55951 SR 05207 47951 SR 05207 48951 SR 05200 48811 SR 05200
55951 SR 05207 - 39,50 mm 47951 SR 05207 - 39,50 mm 48951 SR 05200 - 41 mm 48811 SR 05200 - 36,2 x 34 mm
55951 SR 05207 - 8,65 mm 47951 SR 05207 - 9,10 mm 48951 SR 05200 - 9,65 mm 48811 SR 05200 - 9,75 mm
55951 SR 05207 - Aço polido e acetinado47951 SR 05207 - Aço polido e acetinado48951 SR 05200 - Aço polido e acetinado48811 SR 05200 - Aço polido e acetinado
Personalizada com o logótipo da marca
Safira
55951 SR 05207 - Quartzo 47951 SR 05207 - Quartzo 48951 SR 05200 - Cronógrafo de quartzo48811 SR 05200 - Cronógrafo de quartzo
–
55951 SR 05207 - H, M, S e data ás 12 horas47951 SR 05207 - H, M, S, data ás 12 horas ealarme 48951 SR 05200 - H, M, S, data ás 12horas pequenos contadores do cronógrafo48811 SR 05200 - H, M, S, data ás 12 horaspequenos contadores do cronógrafo
50 metros
Bracelete de borracha preta vulcanizada
Fecho duplo de segurança
–
55951 SR 05207 - € 795 47951 SR 05207 - € 955 48951 SR 05200 - € 1,085 48811 SR 05200 - € 1,195
TAG Heuer
Monaco Vintage
CW2118.FC6207
40,4 mm
–
Aço polido e escovado com garvação "vintage" no verso da caixa
–
Plexiglas
Calibre 17 (ETA 2894), cronógrafo mecânicode corda automática
–
H, M, S, data e cronógrafo: pequenos segun-dos ás 3 horas, e pequenos minutos ás 9horas, índex e ponteiros das horas e minu-tos luminescentes
30 metros
Pele de jacaré
Fecho duplo de segurança
4000 exemplares
€ 3,200
Não há outro instrumento do tempo que expresse tão
bem a era moderna: o cronógrafo é a variante relojoeira
mais popular e, se há muito que assume o papel de
brinquedo favorito do homem, as mulheres parecem
sucumbir cada vez mais ao seu charme desportivo.
DOSSIER CRONÓGRAFOS
CronógrafosO dominio do tempo
100 < ESPIRAL DO TEMPO
A inimitável alavanca de activação do
Graham Chronofighter, apresentado aqui
na versão oversize.1
O novo AMVOX2 da Jaeger-LeCoultre, inaugura
uma nova maneira de pensar os cronógrafos.
1
t e x t o Mi g u e l S e a b r a
‘
a a
O universo da relojoaria mecânicatem sido invadido por uma autêntica vaga de tur-bilhões nos últimos anos e tudo indica que apróxima grande tendência seja a proliferação deprodigiosos mecanismos acústicos como as gran-des sonneries, mas não restam dúvidas de que amais popular complicação relojoeira permane-cerá a mesma: o cronógrafo. Sobretudo porque aJaeger-LeCoultre acaba de desvelar um revolu-cionário modelo cronográfico que promete fo-mentar uma vaga experimental no sector – afinalde contas, a concorrência espicaça o engenho enenhuma das grandes casas relojoeiras quereráperder terreno numa área de negócio tão signi-ficativa. O cronógrafo que estabelece um corteepistemológico ao nível da activação de funçõesé o AMVOX-2; não necessita dos tradicionaisbotões laterais porque a cronometragem éaccionada e travada mediante uma pressão sobrea caixa do relógio: uma obra-prima carregada detecnologia tradicional interpretada de modoinovador e bem exemplificativa da sedução quea relojoaria exerce sobre o homem. A sua comer-cialização está prevista lá para o final do ano.
Controlo temporalUma das razões que alimentam o fascínio dohomem pelo relógio é a sensação de domínio dotempo; para essa impressão são necessárias duascondições: que possa funcionar sem qualquer in-tervenção artificial (a simples operação de subs-
tituição da pilha em modelos de quartzo é umdesvirtuar dessa premissa) e que apresente omaior número possível de funções que reforcema ideia de controlo temporal.
O cronógrafo mecânico satisfaz esses parâ-metros e personifica a mestria do tempo. Dá aconhecer as horas e possibilita a medição de in-tervalos temporários na vida diária ou na activi-dade desportiva – ou seja, permite dominar ostempos do nosso tempo. É útil para todos e in-dispensável para muitos, mas é sobretudo umsímbolo incontornável da era moderna e temescrito os progressos do homem nos últimos doisséculos... e escrever o tempo é transcrever a his-tória do mundo. Curiosamente, cronógrafo sig-nifica isso mesmo: escrever o tempo.
Confusão etimológicaApesar de o termo cronógrafo se ter instituciona-lizado e ser universalmente aceite, a designaçãonão é uma tradução fiel da origem grega da pa-lavra... que realmente significa algo como ‘cons-pirador do tempo’. Num sentido ainda mais lite-
ESPIRAL DO TEMPO > 101
O cronógrafo encerra uma veia poética: numa existência em que
o tempo voa, permite-nos agarrar um momento da eternidade
e congelá-lo para sempre.
Royal Oak Offshore Chrono da Audemars Piguet, Jaeger-LeCoultre Master Compressor Chronograph e o Octa Chronograph de François-Paul Journe; três estilos diferentes de
concretizar o ‘desafio’ cronógrafo.
1
O Chronofighter nas palavras de Éric Loth,
presidente da Graham:
«A maior dificuldade técnica que encontrámos na con-
cepção do Chronofighter está ligada à caixa estanque e
ao seu sistema complicado de alavanca de arranque e
paragem das funções cronográficas. O problema colo-
cou-se principalmente relativamente às peças mais pe-
quenas (alavanca, brides, coroa), mas a tecnologia exis-
tente no fabrico de braceletes e fechos de báscula em
aço forneceu-nos a melhor solução e empregamo-la ac-
tualmente no fabrico dos modelos Chronofighter Classic
e Chronofighter Oversize. A outra dificuldade teve a ver
com a compreensão dos utilizadores – é que se trata de
um cronógrafo para destros, mas com as funções colo-
cadas à esquerda da caixa! Efectivamente, concebemos
o primeiro cronógrafo de pulso da história com uma
acção de comando para o polegar e não para o indica-
dor (o polegar é o dedo mais rápido da mão)».
a
Cronografos
ral, a palavra composta chronograph (do gregographein, escrever, e chronos, tempo) indica amarcação do tempo com a inscrição de umamarca de tinta num mostrador ou folha de pa-pel. E tendo em conta que os relógios existemprecisamente para mostrar o tempo, a designa-ção mais correcta para cronógrafo seria chronos-cope (do grego skopein, olhar... o tempo) – ouseja, cronoscópio. No próprio Dicionário Pro-fissional Ilustrado da Relojoaria (de G.-A.Berner) é referido que «um cronoscópio mostraintervalos de tempo, ao passo que um cronógra-fo, em sentido estrito, deve registá-los».
O certo é que, depois de se abandonar o re-gisto gráfico do tempo no século XIX, o cronó-grafo evoluiu tecnicamente para cronoscópio –embora conserve a sua anterior designação, talvezmais simbólica e lírica. A confusão etimológicatambém inclui a expressão cronómetro, errada-mente utilizada na maior parte das vezes; um cro-
nómetro não é um cronógrafo: é simplesmenteum relógio (que pode ser cronógrafo ou não)cuja elevada precisão é certificada pelo ControloOficial Suíço dos Cronómetros. No entanto, overbo derivado ‘cronometrar’ indica precisamen-te o acto de medir o tempo com o recurso a umcronógrafo (que deveria chamar-se cronoscópio).
A sedução do tempoApesar de ganhar crescente popularidade entre as mulheres, o cronógrafo é essencialmente vistocomo um relógio masculino. E porque é que oshomens amam os cronógrafos? As razões para umtal fascínio vão desde a sua associação ao mundoda velocidade até à conotação aventureira – umavez que são usados e publicitados tanto por pilo-tos como astronautas. A função cronográfica tam-bém torna o relógio mais interactivo, e logo maisapelativo: o utilizador pode ‘brincar’ com ele, ac-cionando e parando o mecanismo; pode medir o
tempo do parquímetro, a cozedura de um ovo, aduração de uma viagem, a frequência da pulsação,a média de velocidade por quilómetro, a distânciade uma tempestade que se aproxima... mas, paraalém do pragmatismo funcional, há toda umavertente poética. Numa existência em que o tem-po voa, o cronógrafo permite-nos agarrar um mo-mento da eternidade e congelá-lo para sempre!
Os cronógrafos também podem ser acompa-nhados de outras complicações. Existem cronó-grafos com alarme, fusos horários suplementares,calendário triplo e fases da lua ou conjugados com calendários perpétuos ou turbilhões. A soloou acompanhado, o cronógrafo tem sido declina-do com enorme variedade; sobretudo, tem sidoenobrecido pelas marcas mais prestigiadas com acriação de modelos desportivos de grande luxo. O mais recente exemplo é o Jaeger-LeCoultreMaster Compressor World Extreme Chrono-graph, que foi eleito um dos relógios do ano!
Cerca de 1895: relógio de bolso com grande complicação, Calibre LeCoultre RMCSQ, repetição de minutos, cronógrafo
e calendário perpétuo.
1
George Graham, a quem se pode atribuir a invenção dos
primeiros cronógrafos.
1
102 < ESPIRAL DO TEMPO
Foi o inglês George Graham quem inventou o primeiro instrumento
capaz de medir tempos no século XVIII, cerca de 1720.
,
a a
Cronografos
Três séculos de históriaFoi o inglês George Graham quem inventou oprimeiro instrumento capaz de medir tempos noséculo XVIII, cerca de 1720; em 1776, o suíçoJean Moïse Pouzait patenteia um sistema com segundos mortos que permitia parar o ponteirodos segundos sem afectar a marcha dos minutos edas horas. Em 1821, o francês Nicolas-MathieuRieussec, relojoeiro do rei, concebeu um mecanis-mo que marcava espaços de tempo num papelcom a ajuda de tinta para medir os tempos deuma corrida de cavalos – melhorando um proces-so anteriormente idealizado por Frédéric-LouisFatton, um dos melhores pupilos do grandeAbraham-Louis Breguet. Mas o sistema ditoencreur era pouco prático, sendo necessário subs-tituir o mostrador e recarregar o tinteiro...
O primeiro cronoscópio com um ponteirode segundos que podia ser accionado para arran-car, parar e regressar a zero foi criado por Adolphe Nicole, relojoeiro suíço instalado emLondres que concebeu uma pequena roda emforma de coração capaz de permitir o retorno aozero do ponteiro do cronógrafo a partir de qual-quer posição. O engenhoso sistema cronográficoindependente activado à vontade do freguês foidesvelado numa exibição em Londres, no ano de
1862. A efeméride marcou o nascimento do cro-nógrafo dos tempos modernos...
Foi assim que se tornou realidade o instru-mento agora largamente divulgado sob o nomede cronógrafo, mas que deveria chamar-se cronos-cópio. O cronógrafo acompanhou a revoluçãoindustrial, ajudando a sistematizar os horários detrabalho e a controlar a produtividade; tornou-secompanheiro do patrão, do empregado, do en-genheiro, do astrónomo, do cientista, do médico,do militar, do explorador, do desportista e até aju-dou a salvar os astronautas do Apolo 13 – abran-gendo significativamente toda uma sociedade quegradualmente começou a ser avaliada ao segundo.Com o cronógrafo, o homem moderno agarrou oseu tempo, tornou-se dono da velocidade e datécnica ao longo do século XX.
Do bolso para o pulsoA Primeira Guerra Mundial popularizou os reló-gios de pulso e a firma Moeris foi a primeira aapresentar o cronógrafo de pulso – que não eramais do que a adaptação de um cronógrafo debolso. A partir de 1910, as manufacturas relojoei-ras começaram a miniaturizar os calibres crono-gráficos para melhor os acomodar às dimensõesdos modelos de pulso – que logo se tornaram
Jack Heuer recorda a demanda
do primeiro cronógrafo
automático: «A nossa produção
assentava basicamente nos
cronógrafos, por isso tornou-se
uma questão de sobrevivência».
O mecanismo El Primero da Zenith.
1
TAG Heuer Carrera Chrono: o primeiro cronógrafo automático.
1
O Calibre 11 da TAG Heuer,
coração do Carrera Chrono.1
,ESPIRAL DO TEMPO > 103
a a a
Concept Watch recordista
Apresentado este ano como concept watch, o cronógrafo
Calibre 360 da TAG Heuer funciona com dois mecanis-
mos distintos, um dos quais destinado exclusivamente
às funções cronográficas e dotado de um balanço que
oscila a 360 alternâncias/hora e um indicador de reserva
de corda; pode cronometrar com uma precisão até ao
centésimo de segundo durante 100 minutos! O outro
mecanismo, de corda automática, é destinado às horas,
minutos e segundos.
A grande dificuldade do Calibre 360? É como se pedisse a um sprinter
dos 100 metros que corresse uma maratona de 42 quilómetros ou a um
maratonista que corresse os 100 metros em menos de 10 segundos!
que corresse os 100 metros em menos de 10 segundos!
É impossível de encontrar um atleta capaz de ser simul-
taneamente excelente em ambas as disciplinas! Por essa
razão, tivemos de reflectir muito na optimização de cada
uma das funções (relógio e cronógrafo); a conclusão
tornou-se evidente após alguns cálculos teóricos: seria
impossível optimizar requisitos tão diferentes numa con-
cepção de cronógrafo tradicional. Assim, criámos dois
módulos independentes – um para o cronógrafo, com um
balanço que oscila a 360 mil alternâncias por hora e
dotado de uma fonte de energia (tambor de corda) carre-
gada manualmente para uma reserva de corda de 100
minutos; outro para o relógio (horas, minutos, segundos)
com um balanço que oscila a 28.800 alternâncias/hora,
dotado de um outro tambor e alimentado por um sistema
de corda automática (rotos) para uma reserva de corda
superior a 42 horas. A ideia permitiu-nos optimizar a fun-
ção do cronógrafo. Seguidamente, o desenvolvimento de
um balanço com uma frequência de 360 mil atlernân-
cias/hora também foi um grande desafio técnico: seria 10
vezes mais rápido do que o mais rápido dos cronógrafos
existentes no mercado. O diâmetro do balanço é 30 por
cento mais pequeno do que um balanço tradicional, com
uma inércia quatro vezes mais fiável; a mola da espiral
tem uma rigidez superior devido ao facto de estar duas
vezes menos enrolada e de receber uma lubrificação
especial. Uma inércia inferior e uma mola mais forte
permitem atingir a tal frequência inigualada de 360 mil
alternâncias/hora».
O 360 por Stéphane Linder,
director de produto da TAG Heuer:
«A grande dificuldade na concepção do Calibre 360 foi a
de o tornar capaz de responder a exigências extrema-
mente contraditórias: por um lado, poder oferecer uma
precisão de um centésimo de segundo para a função cro-
nográfica; por outro, o mesmo relógio teria de ser capaz
de dar as horas com uma reserva de corda que funcio-
nasse continuamente durante mais de 10 anos. É como
se pedisse a um sprinter dos 100 metros que corresse
uma maratona de 42 quilómetros ou a uma maratonista
Stephane Linder‘
104 < ESPIRAL DO TEMPO
muito cobiçados nos cenários de guerra e sobre-tudo nas áreas da aviação e do automobilismo.
Os primeiros exemplares cronográficos erammonopulsantes, accionados a partir de um únicobotão que comanda todas as operações crono-gráficas. Esse botão único – que, através de umaúnica pressão, faz regressar os ponteiros crono-gráficos dos segundos e dos minutos ao ponto departida – apresenta-se integrado na coroa, asse-gurando assim a manutenção do equilíbrio esté-tico das linhas da caixa.
Por essa razão, ainda hoje é uma soluçãoadoptada em vários modelos de prestígio, embo-ra Léon Breitling tenha inventado, em 1934, osistema com dois botões colocados ao lado dacoroa (um para comandar o início e a paragem;o outro, para recolocar a zero) que se tornariamais comum.
Da corda manual à automáticaUm cronógrafo é um relógio capaz de medir de-terminados espaços de tempo com a ajuda deponteiros suplementares; tem um calibre de baseque proporciona energia e o sistema de roda decolunas ou de cames aproveita essa potência domecanismo para activar a função cronográfica –como no sistema de transmissão de um auto-móvel. Para além da contabilização dos segun-dos, a maior parte dos cronógrafos tem mais um
ou dois totalizadores que indicam a acumulaçãodo tempo em minutos e horas; a UniversalGenève granjeou fama com as primeiras dispo-sições tricompax (três submostradores – um paraos segundos contínuos, mais dois acumuladorespara os minutos e as horas).
Os cronógrafos continuaram a ser baseadosem mecanismos de corda manual até bem de-pois de surgirem os primeiros mecanismos auto-máticos; a presença do rotor dificultava a arqui-tectura de um cronógrafo automático. Só em1969, no final de uma corrida a dois que termi-nou praticamente empatada, a Zenith apresen-tou o seu calibre El Primero face ao Chronoma-tic de um consórcio de marcas que incluía aHeuer-Leonidas, a Breitling, a Büren-Hamiltone a Dubois-Dépraz. A Segunda Guerra Mundialtinha glorificado e popularizado o cronógrafo,mas logo depois surgiram as décadas da prolifer-ação dos modelos automáticos e a clientela daaltura deixou de querer dar corda manual aosrelógios – pelo que as vendas dos cronógrafos decorda manual baixaram drasticamente, forçandoas companhias especializadas a aguçar o engenhopara dar a volta à situação.
Jack Heuer, que então dirigia a companhiafundada pelo seu ancestral Edouard Heuer em1860, recorda a demanda do primeiro cronógra-fo automático: «A nossa produção assentava ba-
Novos calibres superlativos
Na presente década, duas grandes marcas relojoeiras cri-
aram os seus primeiros mecanismos cronográficos auto-
máticos após anos a fio de pesquisa e testes: a Rolex in-
vestiu muito para apresentar o calibre Cosmograph 4130,
um movimento cronográfico de roda de colunas estreado
em 2000 pela casa genebrina, com 72 horas de reserva
de corda e uma frequência de 28.800 alternâncias por
hora. Em 2005 foi a vez da Jaeger-LeCoultre lançar o
seu próprio calibre cronográfico de roda de colunas e
embraiagem vertical, com 272 peças e 72 horas de reser-
va de corda.
Um cronógrafo é um relógio
capaz de medir determinados
espaços de tempo com a ajuda
de ponteiros suplementares; tem
um calibre de base que propor-
ciona energia e o sistema de
roda de colunas ou de cames
aproveita essa potência do
mecanismo para activar a
função cronográfica.
ESPIRAL DO TEMPO > 105
Cronografos,
106 < ESPIRAL DO TEMPO
Engenharia alemã
A A. Lange & Söhne concebeu dois dos melhores cronó-
grafos de sempre: o Datograph (em baixo) com data pa-
norâmica e o incrível Double Split (em cima) – o primeiro
cronógrafo de pulso dotado de dois ponteiros rattra-
pante que são simultaneamente fly-back! A função rattra-
pante tem fascinado gerações de utilizadores, mas nunca
excedeu os 60 segundos; o Lange Double Split ultrapas-
sa esse limite temporal, estendendo o princípio do pon-
teiro dos segundos rattrapante (de eixo central) ao totali-
zador dos minutos (no contador situado às 3 horas e que
conta com dois ponteiros). O que significa que, pela pri-
meira vez na história, se torna possível efectuar medidas
comparativas de tempo desde 1/6 de segundo até 30 mi-
nutos num relógio clássico puramente mecânico.
sicamente nos cronógrafos, por isso tornou-seuma questão de sobrevivência. Fui até ao nossoprincipal concorrente, a Breitling, e associámo--nos a outras marcas para a concepção de umcronógrafo automático; juntos, investimos meiomilhão de francos suíços, que era uma enormesoma para a altura. Era um projecto secreto e nãosabíamos que a Zenith também estava embre-nhada numa missão semelhante.
Foi provavelmente a minha maior contribui-ção para a indústria relojoeira suíça: o mecanismocronográfico automático Chronomatic, com ummicrorrotor e coroa à esquerda para que fosse in-confundível. Curiosamente, agora temos alguns
relógios TAG Heuer com o mecanismo rival, o El Primero!».
Diferentes tiposPara além das diferenças de alimentação de ener-gia (corda manual ou automática), existe outrotipo de tipologia na categoria dos cronógrafos.Há os mecanismos cronográficos integrados: ca-libres concebidos de raiz para serem cronógrafos,com um desenho integrado – o mecanismo docronógrafo está inserido na arquitectura do cali-bre e pode funcionar à base de uma roda de co-lunas (como o El Primero) ou de cames (exemp-lo: o Valjoux). E há os cronógrafos modulares,
O Lange Double Split nas palavras de Anthonie
de Haas, responsável de desenvolvimento
de produto da A. Lange & Söhne:
«Um dos grandes desafios na construção do Lange
Double Split foi evitar a perda de amplitude durante a
cronometragem de um espaço de tempo. Para minimizar
a fricção mecânica dentro do movimento quando os pon-
teiros da função rattrapante são parados mas enquanto
o cronógrafo continua em funcionamento, desenvolve-
mos um novo mecanismo de desengrenar. Na solução
técnica que adoptámos, as perdas devido à fricção e as
flutuações da tensão da mola foram eliminadas porque
as rodas de desengajamento na roda central do ponteiro
rattrapante dos segundos e na roda do ponteiro rattra-
pante dos minutos separam as duas alavancas da função
rattrapante dos cames em forma de coração que perma-
necem em andamento. Essa solução tem uma influência
extremamente benéfica para a precisão do mecanismo».
assentes num módulo dotado de todas as peçassuplementares relacionadas com a função crono-gráfica e que é acoplado ao mecanismo de base(horas, minutos e segundos); pode ver-se se aconstrução é modular através do posicionamen-to dos botões do cronógrafo em relação à coroa:se não estão ao mesmo nível, é porque a con-strução do mecanismo é modular – os botõesestão alinhados com o mecanismo extra domódulo, enquanto a coroa (ligada ao ajuste dotempo e à data) está alinhada com o calibre debase. Os módulos também podem ser de rodade colunas ou de cames.
No cronógrafo de roda de colunas, que equi-pa calibres cronográficos de grande prestígio, éprecisamente uma pequena roda com colunas acontrolar o arranque, a paragem, o regresso azero e o reinício do cronógrafo; os custos de pro-dução são mais caros e o mecanismo só pode sermontado por um mestre relojoeiro altamenteespecializado.
O cronógrafo de cames, presente nos cronó-grafos de preço mais acessível, foi criado para seralternativa aos calibres com roda de colunas –uma peça que requeria muito trabalho à mão e que encarecia substancialmente a produção.
Quanto ao batimento, os mecanismos cro-nográficos actualmente vigentes funcionam auma frequência que vai desde as 18.800 alter-nâncias/hora (já dá para medir até ao 1/5 de se-gundo) dos mecanismos mais antigos até às36.000 (1/10 de segundo) do El Primero, mas onovo Calibre 360 da TAG Heuer decuplica esseíndice para 360.000 alternâncias/hora (1/100 desegundo) graças a um mecanismo duplo que in-tegra duas reservas de marcha! Aguarda-se que o
Calibre 360 passe de concept watch para a pro-dução regular.
Flyback e RattrapanteHá dois tipos de cronógrafos tecnicamente maisaperfeiçoados: os que são dotados de flyback(retour en vol, retorno instantâneo) e, sobretudo,de rattrapante (o chamado cronógrafo de recu-peração). Flyback: A função flyback destinava-se a facilitaro manuseamento por parte dos pilotos de avi-ação, que com um simples carregar de botão fa-ziam regressar o ponteiro do cronógrafo ao zeroe retomar instantaneamente uma nova conta-gem. Ou seja: em vez da tradicional paragemcom o botão de cima, retorno ao zero com o bo-tão de baixo e recomeço com o botão de cima,basta carregar no botão de baixo que o ponteirodos segundos retorna ao zero e instantaneamen-te começa uma nova contagem.Rattrapante: Um cronógrafo com rattrapante éo tipo de cronógrafo mecânico mais complicadoexistente. Tem um segundo ponteiro acoplado aoponteiro do cronógrafo; esse segundo ponteiroda contagem dos segundos, após ser travado,recupera (rattrape) instantaneamente o atraso demodo a juntar-se ao outro. Graças aos dois pon-teiros independentes, o sistema permite controlara duração de duas ou mais sequências iniciadasao mesmo tempo. Ao pressionar o botão de par-tida, os ponteiros arrancam em simultâneo e podem ser separados – ao carregar num botãoespecial, um ponteiro pára para se determinarum tempo intermédio enquanto o outro prosse-gue a sua marcha. Voltando a pressionar o mes-mo botão, o ponteiro que parou recupera instan-
Para minimizar a fricção mecânica dentro do movimento quando
os ponteiros da função rattrapante são parados mas enquanto o
cronógrafo continua em funcionamento.
Cronógrafos Globetrotters
Com o sucesso do Master Banker de três fusos horários,
Franck Muller pensou em juntar o conceito a um cronó-
grafo; essa conjugação não se afigurava nada fácil devi-
do à configuração das rodagens do módulo adicional do
Master Banker, que impossibilitava o despoletar das fun-
ções cronográficas – mas Franck Muller resolveu a situa-
ção com um engenhoso sistema de ferrolho que permite
accionar o sistema de cronógrafo.
Ponteiro fulminante
O Graham Foudroyante apresenta um totalizador de
segundos cujo ponteiro efectua uma rotação completa
de 360 graus em 1/8 de segundo; a função é apelidada
de foudroyante (fulminante) devido à extrema rapidez
desse ponteiro. O ponteiro fulminante e os outros pon-
teiros do relógio são separadamente alimentados por
dois tambores de corda distintos (o primeiro para dar
corda ao mecanismo e o segundo em paralelo para car-
regar o ponteiro fulminante) e duas rodas de colunas
gémeas, mas partilham a mesma rodagem – fazendo
com que todas as funções estejam completamente sin-
cronizadas.
Anthonie de Haas
ESPIRAL DO TEMPO > 107
Cronografos,
108 < ESPIRAL DO TEMPO
taneamente a sua posição colada ao outro pon-teiro, prosseguindo ambos a contagem até seremimobilizados e remetidos a zero.
Outra possibilidade de uso consiste em, apósse ter parado um primeiro ponteiro e medidouma primeira contagem, travar o segundo pon-teiro e então calcular a diferença de tempo entreambos.
Escalas e medidasÉ comum surgirem diferentes escalas nos mos-tradores ou nas lunetas de cronógrafos, mas tam-bém é frequente o desconhecimento sobre o quesignificam e como utilizá-las. Antigamente, ha-via cronógrafos com todo o tipo de escalas e ré-
guas que proporcionavam diversos cálculos e atépermitiam medir os períodos do telefone.
• A mais popular e frequente é a escala taquimé-trica, que permite medir a velocidade de um veí-culo cronometrando o tempo necessário para sepercorrer um quilómetro; acciona-se o cronógra-fo e, um quilómetro depois, o ponteiro cronográ-fico dos segundos indica a média da velocidadedesse quilómetro na escala taquimétrica circulargravada na luneta da caixa, localizada no perí-metro do mostrador ou em espiral no centro.
• A escala telemétrica permite medir uma distân-cia em quilómetros com base na velocidade do
som; exemplo: início da cronometragem quan-do se avista um relâmpago e paragem da crono-metragem quando se ouve o trovão; o ponteirodo cronógrafo indica, na escala telemétrica, adistância que separa o observador do local ondeocorreu o fenómeno.
• A escala pulsimétrica permite um rápido calcu-lar da pulsação de uma pessoa e era muito utili-zada em relógios de médicos. As maiores estãocalibradas de 15 a 30 pulsações. Quando se ini-cia a contagem do cronógrafo à primeira pulsa-ção, pára-se o cronógrafo à 15.ª ou 30.ª pulsaçãoe a indicação do ponteiro dos segundos calcularáa frequência cardíaca do paciente num minuto.
É comum surgirem diferentes escalas nos mostradores ou nas
lunetas de cronógrafos, mas também é frequente o desconhecimento
sobre o que significam e como utilizá-las.
Cronografos,
ESPIRAL DO TEMPO > 109
Portentoso indicador
A função Indicator que dá nome ao poderoso cronógrafo
da Porsche Design está patente nas duas janelas aber-
tas no mostrador às 3 horas, com dois discos rotativos
a permitirem a apresentação das horas e dos minutos
decorridos; atingido o máximo de 9 horas e 59 minutos,
surge um aviso. A contagem dos segundos é efectuada
através do tradicional ponteiro analógico ao centro.
Localizado às 6 horas, o complexo indicador de reserva
de marcha verde e vermelho revela o nível da corda acu-
mulada nos quatro tambores. O pequeno mostrador dos
segundos contínuos surge às 9 horas.
quatro longos anos, mas para se ter uma ideia da tec-
nologia que o Indicator contém, basta-me afirmar que o
mecanismo que alimenta e recoloca a zero os três discos
da contagem cronográfica apresenta uma complexidade
equivalente à de três sonneries! E os discos representam
apenas 50 por cento da complicação do Indicator.
A técnica do Indicator representa uma das escassas
áreas da relojoaria mecânica que não foi inventada há
séculos, sinto que se trata de um relógio que permane-
cerá único em todos os aspectos. A patente não só cobre
as soluções técnicas, mas sobretudo a disposição da
contagem cronográfica através de discos digitais. Ou
seja, o que está protegido legalmente é a disposição
visual, independentemente das soluções técnicas uti-
lizadas por baixo do mostrador.
Claro que também patenteámos muitas das soluções
técnicas peculiares do mecanismo, mas esse tipo de
soluções podem sempre ser contornadas. Por todas as
razões, será extremamente difícil alguém conseguir fazer
algo de similar ao Indicator sem violar a minha patente.
Tendo isso em conta, sinto-me inclinado a afirmar que
não há maneira de o Indicator perder a sua hegemonia
num futuro próximo!
Como referi, não na mesma categoria do Indicator. Have-
rá certamente novas ideias sobre as funções cronográfi-
cas para relógios mecânicos – na minha opinião, trata-
-se mesmo de uma das áreas mais negligenciadas na
história da relojoaria mecânica! A TAG Heuer lançou-se
em prometedores projectos, mas ultimamente não tenho
ouvido falar da viabilidade ou produção das compli-
cações anunciadas.
Como curiosidade posso referir que foram necessários
quatro anos e um investimento superior a quatro milhões
de francos suíços para desenvolver o Indicator».
Ernst Seyr, director executivo da Porshe Design,
explica os segredos do Indicator:
«Quando nos lançámos no projecto, a principal dificul-
dade surgiu quando nos deparámos com a impossibili-
dade de um mecanismo normal conseguir alimentar os
três discos da contagem cronográfica – e como o Indi-
cator representa uma complicação mecânica totalmente
original, não pudemos inspirar-nos na história da relo-
joaria para resolver o problema. Então iniciámos exper-
iências com o recurso a uma fonte adicional de energia,
mas não tivemos êxito e acabámos por seguir a solução
dos três tambores de corda adicionais – ou seja, quatro
no total. Essa via tornou-se obrigatória devido à recolo-
cação dos indicadores a zero. É impossível descrever em
poucas palavras todas as ideias e soluções ou recordar
os avanços e recuos durante um processo que demorou
Sinto-me inclinado a afirmar que não há maneira de o Indicator
perder a sua hegemonia num futuro próximo.
Ernst Seyr
Cronografos,
110 < ESPIRAL DO TEMPO
O conceito do PanoRetroGraph por Christian
Schmiedchen, master movement designer,
projectos especiais Glashütte Original:
«Embora as origens sejam as de um cronógrafo clássico,
desde o início, a ideia era a de criar algo inédito. Para
nós, era dado assente que teria que incluir data panorâ-
mica, mas queríamos ir mais além. Ocorreu-nos “e se o
cronógrafo andasse para trás?”, era algo que ainda nin-
guém tinha feito, um relógio mecânico com os dois movi-
mentos. Depois houve a inclusão curiosa da contagem
decrescente, e considero curiosa porque termina com um
toque sonoro. Na Glashütte, nunca antes tinha sido cria-
do um repeater. Na altura, lembro-me que li algo sobre a
manufactura gong rods e, rapidamente, percebi que o
leitor era levado a nunca conseguir fazer um. Quando ter-
minámos o nosso gong signal, levei-o pessoalmente a
um mestre especialista em gong rods que ao primeiro
som, recordo-me que terá dito “Soa Bem!”. O PanoRetro-
Graph foi criado peça a peça, e já existe o registo de
seis patentes».
A ideia era a de criar algo inédito. Para nós, era dado assente que
teria que incluir data panorâmica, mas queríamos ir mais além.
Ocorreu-nos «e se o cronógrafo andasse para trás?»
Christian Schmiedchen
Excentricidades de Glashütte
A Glashütte Original concebeu duas especialidades crono-
gráficas. O PanoMaticChrono remete as horas e os minu-
tos para um submostrador na metade inferior, enquanto
o ponteiro dos segundos do cronógrafo surge em grande
destaque na metade superior – assente num círculo dis-
posto num plano elevado relativamente à base do mos-
trador. O PanoRetroGraph é o único cronógrafo mecânico
existente com contagem decrescente e toque sonoro –
countdown de 30 minutos numa escala tripla com pon-
teiro retráctil e som de aviso! Está dotado de um meca-
nismo de corda manual de 450 peças com data pano-
râmica no mostrador e função flyback.
Cronografos,
ESPIRAL DO TEMPO > 111
Sistemas originaisDevido à sua grande popularidade, praticamentetodas as marcas relojoeiras apresentam modeloscronográficos nas respectivas colecções e ultima-mente tem havido a crescente preocupação deconceber cronógrafos com sistemas originais deleitura. Tradicionalmente, o cronógrafo mecânicoapresenta uma disposição horizontal (com doissubmostradores paralelos ou um terceiro totaliza-dor logo abaixo, como sucede nos calibres El Pri-mero, Lemania, Frederic Piguet e nos modulares)ou vertical (dois submostradores ou um terceirodo lado de esquerdo, como no calibre Valjoux).
Mas o experimentalismo dos fabricantes temproporcionado variantes bem curiosas – desde adisposição digital do tremendo Porsche Indicatoraos acumuladores descentrados da GlashütteOriginal, passando por totalizadores retrógrados e por ponteiros foudroyantes, sem esquecer as va-riantes aperfeiçoadas com flyback e rattrapante.
Claro que o advento dos mecanismos crono-gráficos de quartzo proporcionou diferentes so-luções (sendo as variantes ‘anadigi’ as mais inte-ressantes) e até conjugações híbridas com cali-bres mecânicos, como sucede no Monaco SixtyNine da TAG Heuer (dois relógios num só) ouno sistema meca-quartzo da Jaeger-LeCoultre(mecanismo base de quartzo e módulo crono-gráfico mecânico). Mas só alguns modelos dequartzo apresentam pedigree para poderem serconsiderados juntamente com os cronógrafosmecânicos tradicionais.
Seja como for, a oferta é grande – não só paratodos os gostos, mas também para todo o tipode situações! ET
Ultimamente tem havido a
crescente preocupação de
conceber cronógrafos com
sistemas originais de leitura.
O revolucionário sistema de activação do AMVOX-2 comentado por Jean Claude Meylan, da direcção de
produção da Jaeger-LeCoultre:
«O sistema de cronógrafo do modelo AMVOX-2 Chronograph Concept de activação vertical, patenteado pela Jaeger-
LeCoultre, é de um ineditismo absoluto no mundo da relojoaria. Não é um capricho; é sobretudo um prodígio sem
precedentes que garante uma facilidade e simplicidade de utilização geniais graças a um gesto simples e instintivo.
Quanto às dificuldades técnicas, foram numerosas: a concepção de uma estrutura revolucionária para a caixa do reló-
gio, a montagem com uma transmissão óptima da energia, garantir a necessária estanquicidade... é uma peça ino-
vadora que também apresenta uma grande sofisticação decorrente de aturadas análises estéticas. Efectivamente, na
Jaeger-LeCoultre temos paixão pelo detalhe e desejamos manter a identidade da linha Aston Martin, não apenas esta-
belecer uma revolução técnica».
Cronografos,
O escape
TÉCNICA
POR DODY GIUSSANI - DIRECTORA-ADJUNTA DA REVISTA L’OROLOGIO
No coração de um relógio mecânico, o escape é o mecanismo que acerta o movimento das engrenagens
(alimentado pela mola da corda) por forma a que o ponteiro dos segundos complete uma rotação inteira
do mostrador num minuto preciso (e naturalmente, o ponteiro dos minutos numa hora e o das horas em
doze horas). No caso de não haver escape, o movimento dos ponteiros, sob a acção da mola de corda do
relógio revelar-se-ia demasiado rápido e de nenhuma utilidade para a medição do tempo.
O escape com âncora, que é o mesmo utilizado em quase todos os relógios
de pulso, constitui-se de um balanço-espiral, de uma âncora e de uma roda
de escape. O balanço-espiral é o órgão que propriamente esconde o tempo
tal como o pêndulo nos relógios mecânicos de caixa alta: o verdadeiro bal-
anço é mesmo, uma argola metálica (1) equipado com dois ou mais tipos
de argolas (para unir a coroa da argola ao seu próprio centro) inserido num
eixo central que está também ligado a uma mola espiral plana (2), presa na
sua outra extremidade à ponte do balanço (6) por um elemento chamado
‘pitão’ (10).
O balanço e o espiral compõem um sistema oscilante que cumpre oscilações
isócronas em redor da sua posição de equilíbrio. Isto significa que tendo rece-
bido um primeiro impulso (no prática um impulso rápido) o balanço giraria
primeiro num sentido, e depois noutro, ainda sob a solicitação do espiral (2)
até parar por causa dos atritos, demorando sempre o mesmo tempo para
cumprir o movimento de ida e volta entre as duas posições extremas. Este
movimento alternado de uma lado para outro, recebeu o nome de movimen-
to oscilatório, por a posição de equilíbrio se encontrar no centro, onde o espi-
ral se encontra em posição de repouso, isto é, quando não exerce força algu-
ma (de resistência ou de solicitação) sobre o balanço. O balanço-espiral
cumpre uma determinada quantidade de oscilações no espaço de uma hora
ou seja, oscila a uma dada frequência (expressa em alternâncias por hora) que
determina a quantidade de passagens completas do ponteiro dos segundos
numa hora, ao ritmo de alguns arranques ao segundo. Torna-se importante o
número de passagens do ponteiro num segundo, sobretudo nos cronógrafos,
onde uma alta frequência de oscilação do balanço-espiral permite medir
fracções de segundos mais pequenas (por exemplo, antes o décimo de segun-
do que o 1/5 de segundo). É a interacção entre o balanço-espiral, a âncora
(3) e a roda de escape (4) que acertam o funcionamento do relógio.
1
112 < ESPIRAL DO TEMPO
ESPIRAL DO TEMPO > 113
A figura reproduz as quatro fases do funcionamento do escape com âncora. A
sequência representa a acção coordenada do balanço-espiral, âncora e roda do
escape durante uma alternância (ou seja durante a rotação do balanço de uma
posição extrema para outra, do arco de oscilação). A roda do escape, cujo mo-
vimento provém da mola de corda, gira no sentido indicado pela seta: a função
do balanço-espiral é bloquear e soltar a rotação da roda de escape por inter-
valos regulares de tempo, por forma a que o movimento desta última aconte-
ça por impulsos (de um dente por cada alternância do balanço-espiral). A se-
quência das quatro fases na ilustração, parte da posição de ‘repouso’ da roda
de escape (1) com o dente amarelo que se apoia contra o plano de repouso
da alavanca de entrada da âncora. Na fase seguinte (2), chamada de ‘desem-
penho’, o balanço (onde se representam apenas dois tipos), prosseguindo na
sua rotação, dá um impulso à âncora através do botão (um pequeno eixo ver-
tical, fixo na superfície inferior do balanço, que se vem inserir no garfo da ânco-
ra. Quanto à âncora, roda no sentido horário, no seu próprio eixo (A) sob a
batuta do balanço. Sobreleva a alavanca de entrada e solta, agora liberto o
dente amarelo, de modo que a roda de escape já não se encontra bloqueada
na sua rotação. Dá-se o nome de ‘levantamento’ à terceira fases (3): o dente
amarelo que já não se apoia no plano de repouso da alavanca de entrada,
avança no sentido de rotação da roda de escape, exercendo força contra o pla-
no de impulso da alavanca de entrada para sobrelevar posteriormente, o braço
esquerdo da âncora. A força exercida na roda do escape sobre a âncora, trans-
mite-se através da raqueta ao comando e só então, ao balanço-espiral no seu
sentido de rotação. A esta força ‘instantânea’, dá-se o nome de impulso e é
necessária para manter em movimento o balanço-espiral. Finalmente, na últi-
ma fase, da ‘recaída’ (4) o botão do balanço abandona o garfo enquanto a
haste da âncora se vá apoiar contra a saliência de limitação da direita e a ala-
vanca de saída se aloja entre dois dentes da roda de escape, bloqueando
agora, o dente verde. Por isso, e tal como pudemos observar, a cada alternân-
cia do balanço-espiral, a roda de escape avança no espaço de um dente. O
total de arranques completados pela roda de escape a cada segundo equivale
ao número de passos dados pelo ponteiros dos segundos no mostrador em
simultâneo, e depende directamente da frequência de oscilação do balanço-
espiral. Pois este dado fornecido em alternância/hora torna-se importante para
conhecer a resolução com a qual o relógio em questão escande o tempo.
2
Como a frequência nominal de um movimento (fornecida nos casos em
alternância/hora) sofre na realidade, variações durante o funcionamento do
relógio, estudaram-se sistemas de acerto da frequência, que agem directa-
mente sobre o balanço-espiral. Através do sistema de acerto, efectua-se um
ajuste da frequência de oscilação dos relógios em diversas posições, por
forma a que o funcionamento médio apresente diferenças aceitáveis. O sis-
tema de acerto mais comum e mais simples de procedimento consta na
raqueta (1) que age sobre a mola espiral (2) do balanço-espiral. De facto,
a frequência de oscilação do balanço-espiral depende de vários factores e
mais precisamente do comprimento activo do próprio espiral. Entenda-se
por comprimento activo, a parte do espiral que se enrola e se desenrola
em redor do eixo do balanço, sempre que existe uma alternância.
No caso de não haver raqueta, o comprimento activo coincide com o com-
primento inteiro do espiral, desde o ‘pitão’ (ponto de ligação à ponte do
balanço) até à virola (ponto ligação ao eixo do balanço). A raqueta insere-
-se na última parte do espiral fixo no ‘pitão’ para determinar o comprimen-
to activo, obviamente inferior ao do comprimento inteiro do espiral. A
raqueta é um braço horizontal (ao nível do balanço) equipado de dois eixos
verticais no interior das quais se insere o espiral. As hastes estão muito
próximas uma da outra, porém não se trata do espiral isto é, existe um
jogo mínimo entre as duas hastes, mas necessário para mover a raqueta.
No entanto, a presença deste pequeno jogo basta para o espiral tocar uma
das duas hastes da raqueta e para o seu comprimento activo se reduzir
da parte que se estende da virola (ou antes, do eixo) à própria raqueta.
Uma redução do comprimento activo do espiral equivale a um aumento da
3
O escape
O escapefrequência de oscilação enquanto um alongamento do comprimento activo
implica uma diminuição da frequência, isto é um abrandamento do fun-
cionamento do relógio. O acerto do comprimento activo do espiral realiza-
-se rodando a raqueta (com a ajuda de um parafuso micrométrico, 5) que
se encaixa na ponte do balanço (3), em redor da almofada do eixo do
próprio balanço, posicionando de tal modo os espigões para ficarem mais
ou menos perto do ‘pitão’. A raqueta é o sistema de acerto mais comum
pela facilidade de accionamento que permite conseguir sempre, o acerto
até mesmo na fase de revisão do movimento.
Outro tipo de acerto prende-se com o que vem realizado na coroa do ba-
lanço, por forma a reduzir ou aumentar o momento de inércia em relação
ao eixo de rotação. A frequência de oscilação do balanço-espiral é inversa-
mente, proporcional ao momento de inércia do balanço, o qual depende
da massa da coroa do próprio balanço (ou seja da quantidade e qualidade
do material utilizado para a coroa) e do seu raio.
Ao aumentar o momento de inércia do balanço em relação ao eixo, reduz-
-se a frequência de oscilação do balanço-espiral (o funcionamento do reló-
gio abranda). Pela variação do momento de inércia através da massa da
coroa, são utilizados os balanços com parafusos. Limando a cabeça dos
parafusos (4) consegue-se uma redução do momento de inércia enquanto
que, inserindo anilhas entre os parafusos e a coroa do balanço dá-se um
aumento do momento de inércia com redução consequente da frequência
de oscilação.
Este tipo de acerto é muito delicado até porque pode facilmente destruir
o equilíbrio do balanço já que apenas se realiza na fábrica, antes da dis-
tribuição dos relógios. Por esta mesma razão, costuma-se montar também
a raqueta de acerto nos relógios dotados de um balanço com parafusos,
para os eventuais e sucessivos acertos de funcionamento.
No fotografia da página anterior, o calibre A. Lange & Söhne L951.1 que
equipa o cronógrafo Double Split.
Outro género de acerto inercial também possível, no movimento já ‘encai-
xado’ é aquele previsto nalguns tipo de balanço que não apresentam
raqueta de acerto. O princípio sobre o qual se baseia o acerto consta num
patinador que cumpre uma pirueta e que vai rodando cada vez mais
depressa à medida que avizinha o braço do corpo: quando se aproxima o
braço reduz o próprio raio de rotação (o raio ideal em correspondência com
aquilo que se pode considerar concentrar a sua massa) e por conseguinte,
o próprio momento de inércia, aumentando ao contrário, a sua velocidade
angular. O acerto inercial oferece duas vantagens: a possibilidade de pre-
scindir da raqueta de acerto que tem um feito negativo sobre a regulari-
dade efectiva de funcionamento do movimento, e prescindir dos parafusos
radiais que nos movimentos de alta frequência (superior ou igual a 28.800
alternâncias/hora) podem determinar uma resistência maior por atrito vis-
coso, impossibilitando a aerodinâmica do balanço espiral.
Na forma característica com quatro partes, o balanço apresenta na coroa
interna quatro porcas Microstella em ouro, aparafusadas sobre dois exem-
plares de eixos filetados e colocados na extremidade de dois diâmetros. O
acerto da frequência de oscilação do sistema do balanço-espiral efectua-se
variando a posição das porcas Microstella para o interior ou exterior do
balanço. O acerto das porcas faz-se sempre aos pares (na extremidade de
um diâmetro) para não comprometer o equilíbrio do balanço. Uma vez as
porcas aparafusadas, na posição mais externa em relação ao eixo do bal-
anço, a frequência de oscilação vai baixando e o relógio acusa um atraso
máximo (está-se na situação idêntica ao patinador que efectua piruetas
com o braço tenso para o exterior). O contrário acontece na posição opos-
ta das porcas Microstella.
O sistema Microstella Rolex permite efectuar acertos do funcionamento do
relógio no mínimo de +1 segundo por dia para um máximo de +150 segun-
dos por dia.
4
114 < ESPIRAL DO TEMPO
ESPIRAL DO TEMPO > 115
O escape
No balanço Giromax da Patek Philippe (na foto: antiga e nova versão utiliza-
da no calibro 324 no ano 2004), oito ou quatro aurículas internas na coroa
recebem pequenos cilindros furados enfiados em eixos verticais. Coloca-se
cada par de massas nas extremidades de um diâmetro do balanço. Todas
estas massas cilíndricas caracterizam-se por um corte radial de forma a que
cada cilindro , na parte do corte fique mais leve. Rodando a parte mais leve
dos cilindros em direcção do eixo do balanço ou na direcção contrária, con-
segue-se uma variação do raio de rotação do próprio balanço. Os cilindros
têm de ser obviamente, rotativos por pares tal como as porcas Microstella do
balanço Rolex para não comprometer o equilíbrio do balanço.
5
O balanço tradicional da IWC apresenta um sistema de acerto fino consti-
tuindo-se por duas massas (A e B) fixas na extremidade das partes, na
proximidade da periferia do próprio balanço. Enfiam-se com pressão as
duas massas sobre outros tantos eixos verticais. Metade da cabeça dos
pesos é cortada obliquamente e depois de forma mais leve, no restante.
Rodando a parte mais pesada das cabeças para o interior ou para o exte-
rior do balanço altera-se o momento de inércia do próprio balanço e de-
pois, a sua própria frequência de oscilação: com este sistema podem-se
efectuar correcções do funcionamento do relógio até um máximo de + 5
segundos por dia. Dos três balanços examinados, o balanço IWC é o único
a poder também, dispor de parafusos na coroa externa (para a correcção
do equilíbrio).
6
Actualmente a Jaeger-LeCoultre também recorre a um balanço com acerto iner-
cial introduzido pela primeira vez no calibre 975 Autotractor. O novo balanço
com acerto inercial está equipado com quatro parafusos de compensação com
cabeça quadrada (A), sem raqueta de acerto e apresenta a vantagem de uma
precisão de funcionamento aperfeiçoada.
7
O escape
Tudo o que foi visto até agora, refere-se ao funcionamento do escape com ân-
cora desenvolvido pelo inglês Thomas Mudge no século XVIII e utilizado na
grande maioria dos relógios mecânicos modernos. O facto de permanecer no
auge nestes 250 anos, deixa supor que se trata de uma mecanismo bastante
fiável e preciso. No entanto também apresenta alguns inconvenientes cujo
maior, reside na dependência da lubrificação para as suas performances. Já em
1801, Abraham-Louis Breguet procurara remediar à imperfeição dos óleos lubri-
ficantes (que ao envelhecerem, tinham uma incidência negativa sobre os
desempenhos de um movimento mecânico), com a introdução do turbilhão
cujos fins, em parte, consistiam em oferecer uma melhor distribuição dos lubri-
ficantes no escape. Mais recentemente, tem-se estudado alternativas, e uma
delas conta numa solução da autoria da Omega que realizou industrialmente
um projecto do relojoeiro contemporâneo George Daniels: o escape coaxial
inspirado no antigo escape à détente (de gatilho) apresenta um atrito menos
importante entre as partes em movimento, para além de necessitar de menos
lubrificação. Tal como no escape à détente, no escape coaxial o impulso gera-
do pela roda de escape ao balanço-espiral acontece com atrito reduzido das
superfícies em contacto (num movimento de 30 milímetro de diâmetro com uma
roda de escape com um diâmetro de 5 milímetros, o atrito cobre menos de um
milímetro em cada rotação da roda do escape, contra os 14 milímetros de um
escape com âncora com as mesmas medidas. Porém, enquanto que no escape
à détente o sistema balanço-espiral recebe apenas uma vez um impulso, por
cada duas alternâncias, no escape coaxial existe um impulso a cada alternân-
cia como no escape com âncora e não existe problema de ‘galope’ que impede
o uso do escape à détente nos relógios de pulso.
Para além disso, a estrutura do novo escape coaxial aparenta-se sem dúvida
alguma, mais ao escape com âncora do que propriamente ao escape à dé-
tente. O sistema é formado pelo balanço-espiral (não assinalado por inteiro
no desenho, mas indicado só pela platina do próprio balanço ,I, fixa no eixo
deste último), âncora (E), rada do escape (D), e carrete do escape (C). Todos
eles formam a chamada ‘roda coaxial’.
O escape coaxial prevê a introdução de mais uma roda no sistema de
engrenagem (solidariamente formado por três rodas: roda central ou dos min-
utos, roda mediana e roda dos segundos) chamada roda intermediária (A) que
apresenta uma dentadura especial com dentes reduzidos a metade, assim
como o carrete do escape com o qual engrena (C).Os dentes destas duas
engrenagens (A e C) apresentam antes, apenas lados que entram em contac-
to durante a fase de engrenagem, astúcia possível pelo facto das duas rodas
se moverem e engrenarem num mesmo e único sentido de rotação. Deste
modo reduz-se a massa e o momento de inércia das duas rodas , recuperan-
do em parte a perda de energia devido à introdução de uma nova roda no
sistema de engrenagem do relógio.
Como já indicado, o carrete do escape (C) forma com a verdadeira e própria
roda de escape (D) a dupla roda coaxial (B), que dá o nome ao escape. A
8
116 < ESPIRAL DO TEMPO
O escape
roda coaxial (B) interage com a âncora (E) equipada com três alavancas (F ,G,
H) e com o balanço (I), apresentando por sua vez, um comando (k) como no
escape com âncora e uma alavanca de impulso (J), através da qual recebe o
impulso directamente da roda do escape, como no escape à détente.
Carrete e roda de escape, com oito dentes interagem entre ambos com a
âncora para fornecer o impulso ao balanço-espiral em cujo platina estão fixos
quer seja o comando (K) tradicional que se insere não garfo da âncora, quer
seja uma alavanca de impulso (J) através da qual o balanço recebe o impul-
so directamente da roda de escape. No caso do escape Daniels, o impulso é
fornecido ao balanço, a cada alternância de duas formas diferentes, e sempre
com um atrito mínimo.
A quase total ausência de atrito na superfície de contacto na fase de impul-
so permitiu prescindir da lubrificação das alavancas da âncora e dos dentes
da roda de escape, favorecendo a precisão e estabilidade do desempenho do
escape coaxial, e também do movimento inteiro no qual se encontra mon-
tado, já que não se encontra influenciado pela deterioração dos óleos lu-
brificantes permitindo ainda, prolongar o tempo entre os períodos de revisão
do relógio.
Ludwig Oechslin foi outro projectista que se arrisco na realização de um
novo escape, com o seu Dual Direct Escapement, afinado por Ulysse
Nardin. O Dual Direct que segue a filosofia relojoeira já claramente expres-
sa na demais realizações de Oechslin, isto é utilizar ao máximo as vanta-
gens da transmissão através da engrenagem que apresenta um esbanja-
mento mínimo de energia relativamente ao uso de molas e alavancas. Pelo
que, querendo reduzir o atrito (do qual depende em grande parte, a perda
de energia que ‘foge’ sob a forma de calor desenvolvido no arrastamento
e só limitado em parte pelo uso de lubrificantes) no Dual Direct Esca-
pement erradicaram-se a âncora e roda de escape tradicionais agora sub-
stituídas por duas rodas especiais (2 e 3) e uma báscula de bloqueio/des-
bloqueio (9). Para além disso, apetrechou-se o balanço de Freak com uma
platina especial (o disco solidário do eixo do balanço onde no escape com
âncora, está fixo o comando que recebe o impulso da âncora) com dois
dentes semelhantes aos de uma roda dentada, utilizados para receberem
o impulso directo da duas rodas muito especiais do escape. As rodas são
invulgares pela forma dos dentes ocos no interior para aliviar o peso de
ambas. No esquema, pode-se observar o escape visto de cima: sem coroa
de balanço, e onde se representa apenas a platina (1) onde está preso um
dente (8) que interage com a báscula de bloqueio /desbloqueio (equipada
por sua vez de uma espécie de garfo) e num plano superior de um par de
dentes (6 e 7) que interagem quer com a báscula de bloqueio /desbloqueio
(a meio do corte vertical 10) quer com as duas rodas do escape (2 e 3).
As duas rodas do escape estão equipadas com vinte dentes truncados e
cinco dentes inteiros (4) cada uma, e engrenam entre elas quando recebem
o movimento do sistema de engrenagem através do carrete do escape (5).
9
ESPIRAL DO TEMPO > 117
PerfilManuel dos Santos Jóias
120
Saborear o Tempo
124
Acontecimentos
132
Online
142
Livros
144
Continuei aquilo que o meu pai fazia desde os 15 anos. A parte de
negócio é inata e desde sempre estive envolvido com esta área, se
calhar, era difícil ter por outro negócio a paixão que tenho por este.
Paulo dos Santos
...
...
O luxo contemporâneo
t e x t o Vand a Jo rg e > f o t o s Nuno C o r r e i a
PERFIL
Teria pouco mais de doze ou treze anos,Paulo dos Santos não consegue precisar, masainda se recorda bem da forma entusiasta comque trocava as brincadeiras propicias aos três me-ses de férias de verão pelo ambiente da já desa-parecida Joalharia Morais. O pai, sócio da lojaextinta em 1988 com o incêndio que arrasou ocentro histórico do Chiado, fazia-lhe a vontadee deixava-o dar uma mãozinha no negócio. Fossepelo brilho das jóias ou por aquele entra e sai declientela típica do Chiado, cedo a vocação ganha
contornes de paixão traçando-se «um processonatural na minha vida» afirma Paulo dos Santos.«Continuei aquilo que o meu pai fazia desde os15 anos. A parte de negócio é inata e desde sem-pre estive envolvido com esta área, se calhar, eradifícil ter por outro negócio a paixão que tenhopor este» diz cheio de certezas. A distância notempo permite-lhe hoje reconhecer que acimade tudo se deixava fascinar por aquele primeirocontacto com os clientes, é dessa vertente maisrelacional do negócio que fala, por vezes, recor-
Um contemporâneo na vida e nos relógios
O pai era apaixonado pelo brilho das jóias, mas Paulo dos
Santos prefere os mecanismos da alta-relojoaria. Todos
os dias não dispensa o prazer de olhar para o pulso e ir
seguindo o habitual curso das horas; admite, no entanto,
não ter perfil de coleccionador. «O último relógio que
comprei foi um Audemars Piguet Royal Oak Jumbo, sou
muito sentimental com os relógios e por isso não tenho
muitos, terei no máximo seis. São tantas as novidades
por ano que é difícil apaixonar-me só por um» confessa
Paulo dos Santos. Na relojoaria, tal como na vida, assu-
me-se um contemporâneo, o que é de imediato percep-
tível pelo ambiente de Loja que oferece. Linhas depura-
das, tons sóbrios e referências de design são a expe-
riência de Loja da Manuel dos Santos Jóias. «Gosto das
manufacturas suíças como a Audemars Piguet, a Jaeger-
-LeCoultre, a Vacheron, mas sou mais tentado a ir para as
marcas recentes» confessa o patrão da joalharia. Quanto
a marcas, Paulo dos Santos é peremptório: F.P. Journe e
Franck Muller. «São duas casas recentes na alta-relojoa-
ria, a Franck Muller há 12 anos lançou a sua marca e
rompeu com tudo o que era demasiado clássico e pouco
inovador, e F.P. Journe que admiro pela inovação, pela
qualidade que põe nos produtos. Neste momento são as
marcas que mais me tocam, me apaixonam e emocio-
nam em termos daquilo que é a alta-relojoaria».
ESPIRAL DO TEMPO > 121
Nem demasiado tradicional, nem demasiado contemporâneo.
O compromisso de ser «o seu joalheiro particular» foi assumido e é válido para a vida.
Na Manuel dos Santos Jóias o cliente tem um nome próprio.
Manuel dos Santos Jóias
Tentamos fazer com que os nossos clientes continuem a sonhar
e a desejar a peça pela exclusividade e pela raridade que tem,
nós ajudamos a perseguir o sonho.
Paulo dos Santos
...
...
rendo à saudade. A gestão das Lojas Manuel dosSantos Jóias, que herda do pai em 1994, deixa--lhe cada vez menos tempo para estar com osseus clientes. Mas nem por isso se altera a filoso-fia com que está no mercado. Rodeado de talen-tosos profissionais, as relações humanas conti-nuam a ser a base de tudo o que faz, habilmenteconseguindo triplicar as vendas da Manuel dosSantos Jóias nos últimos três anos, mantendo ospadrões originais como cartão de visita. Talvezpor isso, os dias pareçam ser vividos a contra-re-lógio e quem o conhece já não estranha o seupasso apressado. «Cada vez tenho menos tempo»confessa junto a uma das mesas de atendimentona Loja do Saldanha Residence, «o que mais gos-to de fazer, o atendimento ao cliente final, já ofaço raramente».
‘Manuel dos Santos Jóias, o seu Joalheiro par-ticular’ foi durante anos o slogan a acompanhar oespaço comercial; «conseguíamos estar muitopróximo do cliente e havia disponibilidade paraisso» recorda o proprietário a propósito dos pri-
meiros anos. Com a Loja do Saldanha Residencea servir como referência, Paulo dos Santos actua-liza o claim da marca: «A joalharia representa osonho. Aqui as pessoas compram sonhos e um diaque se mate o sonho, tudo acaba! Tentamos fazercom que os nossos clientes continuem a sonhar ea desejar a peça pela exclusividade e pela raridadeque tem, nós ajudamos a perseguir o sonho!» Osonho que começou nos escassos doze metrosquadrados num dos primeiros centros comerciaisde Lisboa, na Avenida Tomás Ribeiro, tambémtem sido perseguido. Depois do arranque difícilem 1989 com a Manuel dos Santos Jóias aindafocada essencialmente na joalharia, com «os co-nhecimentos do meu pai na área dos negócios, docliente final e das marcas conseguimos, lentamen-te, fazer um crescimento sustentado que nos temcorrido bem». Dois anos após a inauguração daprimeira Loja, Paulo dos Santos, agora já crescido,junta-se ao pai coincidindo com a expansão donegócio, com a abertura de novas Lojas e a vira-gem com a entrada no mundo da alta-relojoaria.
«A Manuel dos Santos Jóias enquanto retalhistamodificou-se. Com a Loja do Saldanha Residencemudámos para um conceito mais luxo, as marcasque temos são quase todas suíças e bicentenárias,depois temos marcas como a Franck Muller ouF.P. Journe que são contemporâneas». Anos de de-dicação a uma paixão quase congénita revelaram--se profícuos; Paulo dos Santos identifica à distân-cia os seus clientes, homens «altamente conhece-dores de relojoaria, fascinados pela parte técnica epor um design de excepção» e mulheres audazes«fascinadas pela raridade e exclusividade que pro-porcionam uma jóia». Mesmo com o crescimen-to do negócio e a entrada de novos players no mer-cado, orgulha-se de manter inabaláveis o espíritoe os valores presentes na fundação. Não hesita aoafirmar que «o que faz a diferença são as pessoasque trabalham na Manuel dos Santos Jóias, a for-ma como tratam, atendem e tentam satisfazer a vontade do cliente, isto é o nosso ADN». Ummarcador genético forte que permite que cadacliente seja recebido pelo seu nome próprio. ET
Manuel dos Santos Joias
ESPIRAL DO TEMPO > 123
Um negócio em crescimento
Longe vão os tempos em que a Manuel dos Santos Jóias era uma loja ‘minúscula’ de apenas 12 metros quadrados. Desde 1991
a marca não pára de crescer e como retalhista foi-se modificando. À primeira loja no Centro Comercial da Avenida Tomás Ribeiro
seguiu-se a abertura dos espaços no Hotel Sheraton e no Centro Comercial Colombo, encerrados após a abertura das portas no
Saldanha Residence em 1998. Nos últimos anos o nome tem-se alargado a outras áreas de negócio com uma incursão pelo mass
market com a aposta em três lojas no Picoas Plaza, nas Twin Towers e no Central Park. «Há cerca de um ano entrámos num
conceito novo de relojoaria que se chama Watch Me, uma cadeia de quiosques de relógios. Temos nove pontos de venda e vamos
continuar a crescer em 2006» anuncia Paulo dos Santos.
Manuel dos Santos Jóias • Av. Fontes Pereira de Melo • Galerias Saldanha Residence loja 1.32 • 1050-025 Lisboa,
SABOREAR O TEMPO
ESPIRAL DO TEMPO > 125
Sob o signo da modernidadeDa articulação entre a contemporaneidade de um sabor e a tradição de um espaço, nascem o
AD LIB, o Verbasco e o Flores. Três cozinhas em três prestigiados endereços – Avenida da Liberdade,
Quinta da Marinha e Praça Luís de Camões. A modernidade é o desafio actual de todos eles!
t e x t o s Vand a Jo rg e > f o t o s Nuno C o r r e i a
Restaurante VerbascoClubhouse do Quinta da Marinha Oitavos Golfe
ESPIRAL DO TEMPO > 127
Saborear o TempoPor considerar que os portugueses conhecem mal o
atum, Vítor Hipólito preparou Atum Teriyaki com arroz de
algas e alfafa. Para sobremesa, o chefe faz um apelo aos
sentidos com a proposta de Chocolate em Texturas, um
gelado, um cremoso e um coulan numa única sobreme-
sa que junta percentagens de cacau diferentes.
Verbasco - Clubhouse Quinta da Marinha Oitavos Golfe
Quinta da Marinha - 2750-427 Cascais
Tel.: 21 486 06 06 - www.restauracao.quinta-da-marinha.pt
Horário: Das 12:00h às 00:00h, 2ª feira: das 12:00h
às 18:30h, Domingo: das 12:00h às 18:30h
Saborear o Tempo1
Royal Oak Offshore Crono, Audemars Piguet – € 16.050
Com o mar ao fundo
Num espaço aberto e com o mar no horizonte, o
peixe é, sem dúvida, o best-seller do restaurante
Verbasco, no Clubhouse do Quinta da Marinha
Oitavos Golfe. Vítor Hipólito trabalha «de forma
criteriosa e com uma série de metodologias» ape-
nas peixe de mar alto, porque «a personalidade é
uma componente importante em tudo o que é
apresentado ao cliente». Foi o prazer que se pode
proporcionar «aos outros», através da comida que
o levou, aos dezoito anos, a encarar a paixão de
criança como uma profissão de gente adulta. Nas-
cido numa família tradicional portuguesa, em que
as festas decorriam invariavelmente à volta da
mesa, o chefe do Verbasco cultivou, desde cedo,
o gosto das horas passadas na cozinha, ao lado
das mulheres que se «encarregavam dos prazeres
da mesa». São essas raízes alentejanas que joga
com a experiência adquirida em metrópoles como
Londres e Nova Iorque. O resultado identifica-se
com «este novo mundo e com o desafio de pro-
porcionar experiências através da introdução de
novos produtos e ingredientes». ET
«A maturidade e a personalidade deste Audemars Piguet são adjectivos
que fazem parte do meu dia-a-dia e com os quais me identifico. É uma
peça muito bonita e é o tipo de relógio com que me imagino a trabalhar,
mesmo em situações de stress e de choque. Enquadro-o perfeitamente no
meu ritmo de vida e no das cozinhas com a agitação, a exigência, a alta
tecnologia, a inovação e a procura de novos caminhos».
...
...Vitor Hipolito‘ ‘
a
AD LIB, Hotel Sofitel
Vincent Delesalle sugere para entrada Brandade de Ba-
calhau com batatas e ervas finas, salada algarvia em
vinagreta. Para prato principal preparou Filetes de Pre-
gado assado, confit de cenouras novas com cominhos
e perfume de laranjas.
AD LIB - Hotel Sofitel
Av. da Liberdade, 127 - 1269-038 Lisboa
Tel.: 21 322 83 50 - [email protected]
Aberto todos os dias das 12h30 às 15horas
e das 19h30 às 22h30
Saborear o Tempo
1
«Este TAG Heuer é um relógio muito bonito e sinónimo de qualidade.
Gosto especialmente dele por conseguir ser elegante e desportivo, ao
mesmo tempo. Confesso que é o tipo de relógio que uso habitualmente,
é um cronógrafo com um toque desportivo que não se torna demasiado
exuberante e mantém um ar clássico que me agrada».
Carrera Chrono, TAG Heuer - € 2.250
Vincent Delesalle
...
...
O savoir-faire francês
AD LIB deriva do latim ad libitum, ou seja ‘tanto
quanto desejado’. Significa também, o resultado
de um jogo de palavras à volta da localização des-
te restaurante: Avenida Da Liberdade. Fica ao crité-
rio de quem o visita. Para o chefe Vincent Delesa-
lle, este requintado restaurante da capital que re-
sulta da recente renovação do Hotel Sofitel é o lu-
gar onde se conjugam «os produtos portugueses
com as cozinhas francesa e internacional». Nascido
em Armentieres, no norte de França, o mundo
abriu-lhe as portas à sua «cozinha sem pátria».
Pelos restaurantes e hotéis dos países por onde
passou, de Marrocos à Polinésia Francesa, apren-
deu a «misturar os produtos locais e a guardar as
influências». A inspiração mediterrânica domina a
carta AD LIB, e não é por acaso, Vincent Delesalle
considera-a, sem hesitar, «a cozinha mais avança-
da». Com os produtos da bacia do mediterrâneo,
os paladares portugueses e o savoir-faire francês,
constrói a sua Cozinha Moderna. ET
ESPIRAL DO TEMPO > 129
a
Restaurante Flores, Bairro Alto Hotel
Uma fusão de estilos
No Palacete do século XVIII onde renasceu o romântico e ultra
moderno Bairro Alto Hotel, Henrique Sá Pessoa dá largas à
imaginação na sua ‘cozinha de fusão’. Os clientes, essencial-
mente mercado local, tal como o próprio Henrique, não se
regem por «um único estilo» e perdem-se com as suas pro-
postas de «comida contemporânea e moderna». Toda a for-
mação foi feita fora de Portugal, estudou na Pensilvânia,
Estados Unidos, trabalhou em Londres e durante três anos
partiu à conquista dos sabores australianos. Um percurso
relâmpago para um chefe de apenas 29 anos que, na cozi-
nha, se inspira «nos sítios» por onde passou e «nos chefes»
que aí conheceu. Da Austrália trouxe na bagagem o gosto
pelas texturas asiáticas e na capital britânica trabalhou essen-
cialmente em cozinhas italiana e francesa – paladares que no
Flores se encontram com personalidades nacionais como o
peixe, o azeite ou os enchidos. Há um ano como chefe de co-
zinha deste novo espaço em plena Praça Luís de Camões,
Henrique Sá Pessoa é, ainda hoje, um caso enigmático para a
família, que estranha a vocação e o sucesso da «criança
magríssima que odiava comer». ET
Saborear o Tempo
Casablanca, Franck Muller - € 7.070
«É um relógio muito bonito, um clássico da Franck Muller que
imagino acompanhado de um bom fato e de um bom jantar.
É o tipo de peça ideal para ocasiões à noite. Um homem ter um
bom relógio é importantíssimo, para mim é um dos acessórios
mais importantes».
Henrique Sa Pessoa
...
...
Henrique Sá Pessoa aconselha um dos maiores sucessos
do Restaurante Flores: Canellonni de Açorda de Marisco
sobre o seu molho, com azeite de coentros. Um prato
confeccionado com massa fresca, acompanhado de
miolo de vieiras e camarão. Para o chefe da cozinha do
Bairro Alto Hotel, esta forma de apresentação ajuda a
melhorar o aspecto, nem sempre apetitoso, da tradi-
cional Açorda.
Restaurante Flores - Bairro Alto Hotel
Praça Luís de Camões, 8-Bairro Alto, 1200-243 Lisboa
Tel.: 21 3408288 - www.bairroaltohotel.com
Aberto todos os dias das 12h30 às 15 e das 19h30 às 22h30.
1
ESPIRAL DO TEMPO > 131
‘
a
ACONTECIMENTOS
Ao ritmo dos dias, os acontecimentos sucedem-se. Do brilho dos Óscares aos eventos da indústria, as estrelas e as
campanhas de publicidade, a inauguração de novos espaços e as aventuras no mundo da relojoaria, são muitas os
momentos, nacionais e internacionais, recuperados nesta edição.
Ourivesaria Camanga em Lisboa
GALA DE JET SKI SECTOR PRESENTE COM A CAMPEÃ INÊS PEREIRA
Mais de 250 ilustres convidados do desporto
nacional, da politica e da música estiveram pre-
sentes na 13ª Gala dos Campeões da Federação
Portuguesa de jet ski. A festa encerra o ano des-
portivo com a entrega aos campeões nacionais
de 2005, dos troféus, de cada classe em que
competiram. A cerimónia foi também o local es-
colhido pela Sector para homenagear a campeã
nacional de jet ski Inês Pereira, embaixadora da
marca em Portugal.
A MONTRA DE JÚLIO POMARARTE E RELOJOARIA NUMA UNIÃO DE PRESTÍGIO
A ourivesaria Camanga, em Alvalade, e a relo-
joaria Faria, no Penha Longa Hotel, foram os es-
paços a receber a montra com o primeiro exem-
plar da nova série Jaeger-LeCoultre/Escultura Por-
tuguesa – um relógio Master Control personaliza-
do e acompanhado de uma escultura resultante
da parceria entre a manufactura de Le Sentier e
Júlio Pomar. O artista plástico português estreou
o desafio lançado com uma escultura em que
reinterpreta a fábula da Lebre e da Tartaruga.
A escultura em bronze é reproduzida no atelier
parisiense de Daniel Pinoy e a saliência numa
das orelhas da Lebre foi criada para pendurar o
relógio. Na base está a reprodução da obra de
Cervantes, Dom Quixote de La Mancha. A escul-
tura e o relógio em ouro têm a assinatura de
Júlio Pomar e estão disponíveis apenas 30 con-
juntos, no valor de 19.750 Euros.
GRAND ET PETITE SONNERIE DE F.P. JOURNE ESTREIA MUNDIAL VENDIDA NA LOJA MANUEL DOS SANTOS JÓIAS
O primeiro Grand et Petit Sonnerie saído dos ateliers de F.P. Journe,
foi vendido num exclusivo mundial no passado dia 20 de Março na
loja Manuel dos Santos, no Saldanha Residence. Apresentado em
2005 em Genebra, é considerado um dos relógios mais compli-
cados da alta-relojoaria, estando a sua concepção original prote-
gida ‘unicamente’ por dez patentes. Para presenciar o momento, o
próprio François-Paul Journe, fundador da marca, viajou da Suíça
até Lisboa onde, acompanhado por Paulo dos Santos, assistiu à
venda do relógio mais caro comercializado em Portugal. Na próxi-
ma edição da Espiral do Tempo serão desvendados os segredos
desta obra-prima.
Relojoaria Faria em Sintra
132 < ESPIRAL DO TEMPO
Foto
: Ped
ro M
orei
ra
Foto
: Ped
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orei
ra
SEMINÁRIO INÉDITO TORRES DISTRIBUIÇÃOPROFISSIONAIS REUNIDOS NO FAROL DESIGN HOTEL
Em antecipação à BaselWorld deste ano, a Torres Distribuição organizou
um seminário dedicado aos profissionais do sector. Num encontro que de-
correu no ambiente de requinte do Farol Design Hotel, em Cascais.
Durante três dias, foram apresentados os resultados de 2005 de algumas
das marcas representadas em Portugal pela Torres Distribuição, casos da
TAG Heuer e a Raymond Weil. Foram também anunciadas as estratégias
para 2006 e desvendadas algumas novidades. As colecções para o próxi-
mo Verão de Roberto Cavalli, Moschino, Valentino e Sector, foram propos-
tas que os convidados tiveram o privilégio de conhecer em primeira mão.
TAG HEUER MIGUEL BARBOSA MELHOR ROOKIE DO LISBOA DAKAR
A dupla portuguesa Miguel Barbosa/Miguel Ramalho – ambos patrocinados
pela marca suíça TAG Heuer – superou as expectativas iniciais estabelecidas
para a edição de 2006. Os portugueses chegaram à capital do Senegal e
foram eleitos como os melhores rookie da mítica prova, para além de terem
sido a melhor dupla exclusivamente nacional – terminando na 21ª posição
da classificação geral. No final da prova, Miguel Barbosa não escondeu a
satisfação pelos resultados: «Estou muito contente por ter conseguido
atingir os objectivos a que me propus e também por conseguir honrar o
nome dos meus patrocinadores até ao final da prova. Sem o apoio deles
esta participação não tinha sido possível».
VISITA À MANUFACTURASÓ PARA APAIXONADOS
Visitar a Jaeger-LeCoultre é um sonho para qualquer amante da alta-relojoaria. Um sonho vivido por 18 clientes finais que, de seis a nove
de Março, conheceram de perto a arte com que se fabricam alguns dos mais preciosos mecanismos relojoeiros. Uma experiência inesquecível
para estes amantes de relojoaria, que pela primeira vez contactaram com o ambiente exclusivo desta que é uma das mais importantes
manufacturas. Esta visita inseriu-se numa promoção inédita que, no Natal 2005, oferecia na compra de um relógio Reverso da linha XGT,
uma vista à Manufactura.
ESPIRAL DO TEMPO > 133
ACONTECIMENTOS
FRANCK MULLER EM LISBOAAPRESENTAÇÃO DO LONG ISLAND SPORTING 100
O mestre genebrino Franck Muller, que nos últimos dois anos tem estado
ausente dos grandes eventos concentrando-se exclusivamente no traba-
lho de pesquisa, abriu uma excepção e apadrinhou o evento organizado
pela Torres Distribuição em que foi apresentado o relógio do centenário
do Sporting Clube de Portugal.
A apresentação do ‘Franck Muller Sporting 100’, a peça de alta-relojoaria
comemorativa do primeiro século do clube, foi o motivo da vinda a Lisboa
do fundador da marca com o seu nome. Além do genial mestre relojoeiro,
a mesa de honra da apresentação da edição limitada a 36 relógios contou
com Pedro Torres, responsável da Torres Distribuição, Filipe Soares Franco,
presidente do clube, e Ernesto Ferreira da Silva, presidente da comissão
do Centenário.
Dois exemplares do modelo comemorativo, que fica na história do clube
e da própria relojoaria pela inovadora caixa em ouro com reflexos verdes
em resultado de uma liga especial com cobre e prata, foram doados ao
Sporting. Para quem não teve a oportunidade de ver a raridade das pe-
ças, até porque a edição esgotou em poucas horas, está exposto um
exemplar no Museu do clube.
Filipe Soares Franco, Ernesto Ferreira da Silva, Pedro Torres e Franck Muller.
Isabel Trigo Mira, Filipe Soares Franco e Vitor Serpa.
O mestre relojoeiro marcou presença na apresentação deste modelo único.
134 < ESPIRAL DO TEMPO
Um evento memorável marcado pela boa disposição. Ernesto Ferreira da Silva, presidente da comissão do Centenário.Franck Muller e Carlos Barbosa admiram esta criação especial.
ESPIRAL DO TEMPO > 135
À AVENTURA NO JURA EMMANUEL COINDRE VISITA JAEGER-LECOULTRE
Depois de ter completado com sucesso a travessia do Pacífico Norte num barco a remos comple-
tada em 129 dias, Emmanuel Coindre partiu para uma nova aventura que o levou a conquistar o
coração dos artesãos da Jaeger-LeCoultre. Na manufactura suíça, o aventureiro agradeceu aos 900
colaboradores da marca o apoio e o entusiasmo que demonstraram ao longo dos meses que pas-
sou no mar e fez, pessoalmente, o relato da sua aventura única. Desde a partida no Japão até à
chegada aos Estados Unidos, Coindre contou com a companhia de um Master Compressor Extreme
World Chronograph. Na visita, os relojoeiros analisaram o estado do relógio procurando garantir que
nenhum movimento foi alterado após uma aventura marítima que teve a duração de quatro meses.
AUDEMARS PIGUETMANUFACTURA ASSOCIA-SE AO CAMPEÃO GIORGIO ROCCA
Baseando-se nos valores de tradição e excelência, a
Audemars Piguet associou a sua imagem à do cam-
peão de ski Giorgio Rocca. Aos 30 anos, o atleta saiu
medalhado dos campeonatos mundiais de St. Moritz,
em 2003 e de Bornio em 2005. Na imagem, Giorgio
Rocca surge com um Royal Oak Offshore Chronograph,
materializando as ideias de perícia e mestria com que
esquia. A nova parceria estabelecida pela Audemars
Piguet permite à célebre manufactura de Le Brassus
restabelecer a sua associação ao ski Alpino, depois
de anos de patrocínio ao não menos famoso campeão
Alberto Tomba.
Henry-John Belmont
retira-se da indústria relojoeira
O grupo suíço Richemont anunciou re-
centemente a saída Henry-John Belmont
da empresa, onde até agora desempe-
nhava a função de director de alta-relo-
joaria. Reformado do cargo, Henry-John
Belmont irá, no entanto, permanecer li-
gado ao grupo como consultor do negó-
cio de desenvolvimento de relógios.
Em comunicado, o grupo de luxo suíço
destacou o «contributo importante de
Henry-John para o sucesso das opera-
ções» lembrando ainda o seu «trabalho
na presidência da Jaeger-LeCoultre e o
seu papel aquando da integração no
grupo de nomes como Jaeger-LeCoultre,
IWC e A. Lange & Söhne».
Nova Porsche Design Store
na Madison Avenue
A famosa Madison Avenue, em Nova
Iorque, foi o endereço escolhido para a
abertura de uma nova Porsche Design
Store. O espaço é o primeiro a ter a as-
sinatura do conceituado designer e ar-
quitecto Matteo Thun. Depois das inau-
gurações no Dubai, em Yokohama e em
Munique, o grupo alemão prepara a
abertura de mais uma loja ainda duran-
te a primavera de 2006, desta vez em
Dallas, no Texas.
Projecto da Franck Muller
para Les Bois aprovado
O grupo relojoeiro Franck Muller, sedea-
do em Genebra, irá em breve alargar as
suas actividades à região suíça do vale
do Jura, onde estão concentradas as
principais manufacturas. Por uma larga
maioria, os cidadãos aceitaram ceder
uma área de 23.400 metros quadrados,
local onde irá nascer um projecto mo-
derno que trará à região um investi-
mento avaliado entre 30 a 40 milhões
de francos, e dezenas de novos empre-
gos. O projecto prevê uma área de pro-
dução e um complexo que será alugado
a outras empresas. A Franck Muller em-
prega actualmente cerca de 650 cola-
boradores distribuídos pelos diferentes
espaços de produção.
ACONTECIMENTOS
Segundo a Chopard, a história fala por si. Em 2004 Charlize Theron usava
um magnífico par de brincos de diamantes quando recebeu o Óscar; um
ano depois, a actriz Hillary Swank segue-lhe o exemplo e sobe ao palco
para receber a estatueta dourada, também com jóias da Casa Chopard. A
joalharia parece continuar a ser o amuleto das estrelas de Hollywood e,
este ano, Rachel Weisz – distinguida com o Óscar de melhor actriz
secundária pelo seu papel em ‘O Fiel Jardineiro’ – elegeu para a noite de
todas as emoções o brilho dos diamantes esculpidos pela Chopard. Su-
perstição ou não, a verdade é que a marca continua a ser uma das eleitas
no mais importante acontecimento de cinema do mundo. Celebridades
como a actriz de ‘Memórias de uma Gueixa’ Ziyi Zhang, a multi-talentosa
Jane Seymour, as actrizes nomeadas Judi Dench e Bahar Soomekh, todas
elas foram fotografadas na red carpet do Kodak Theatre, em Los Angels,
com jóias assinadas pela Chopard.
ÓSCARES 2006 O BRILHO E A SORTE DAS JÓIAS CHOPARD
Morgan Freeman e Rachel Weisz
Hillary Swank Ziyi Zhang Judi Dench
Rachel Weisz Charlize Theron
136 < ESPIRAL DO TEMPO
ESPIRAL DO TEMPO > 137
SCARLETTJOHANSSONELEGE JÓIAS CHOPARD
Scarlett Johansson, a jovem actriz
norte-americana apontada como a
nova musa do cineasta Woody Allen,
já é considerada uma das celebrida-
des mais elegantes no mundo da sé-
tima arte. A provar o bom gosto, a
protagonista de ‘Match Point’ esteve
primeiro em Roma e depois na capi-
tal britânica para a apresentação do
novo filme — ostentando um ele-
gante conjunto de jóias assinado
pela Casa Chopard. Também no últi-
mo festival de cinema, em Cannes,
Scarlett Johansson foi fotografada
com jóias da prestigiada casa suíça.
À CONQUISTA DO CÉUJOHN TRAVOLTA NOS ATELIERS DA BREITLING
Embora tenha conquistado o reconhecimento internacional com a carreira
de actor, John Travolta é também um piloto profissional com mais de 5 mil
horas de voo na bagagem. A associação do norte-americano à Breitling –
marca que desde sempre tem acompanhado a história da aviação – afigura-
se como um casamento perfeito. O embaixador e rosto da publicidade da
marca esteve em La Chaux-de-Fonds para uma visita à Breitling Chrono-
métrie e conheceu de perto a arte com que fabricam os seus cronógrafos.
Apaixonado pelo espírito da aviação, nos ateliers da Breitling o actor
mostrou-se muito atento às explicações dos mestres relojoeiros sobre o
funcionamento dos relógios com que a marca tem conquistado o céu.
FORTIS B42CRONÓGRAFO OFICIAL DAS MISSÕES ESPACIAIS
Dez anos depois de a Fortis ter feito os primeiros testes de comportamento do cronó-
grafo automático no espaço, uma nova geração de cronógrafos acaba de ser lançada:
A Fortis B 42 Official Cosmonauts Chronograph Titanium Carbon. A edição limitada a
500 exemplares tem como grandes armas o uso de titânio e de fibras de carbono no
desempenho mecânico dos cronógrafos. A tripulação da International Space Station foi
a primeira a testar este novo modelo em condições de gravidade zero.
O relógio tem o contador de minutos bem visível, graças ao círculo de cores primárias
às 12 horas, e o reverso da caixa, também em titanium, tem gravado o logo da marca,
o número de série do relógio e o emblema oficial da Agência Espacial Russa e do
Centro de treinos de Cosmonautas Star City. Desde os primeiros momentos da Missão
Espacial Europeia/Russa EUROMIR 94, que os cronógrafos da Fortis fazem parte do
equipamento dos cosmonautas treinados no Centro Yuri Gagarin, a quem dão a con-
fiança necessária à missão.
MODA E ALTA-RELOJOARIAJAEGER-LECOULTRE NO DESFILE DE OSCAR DE LA RENTA
As novidades e as propostas de moda para as próximas estações não param de
chegar. Em Tents-Bryant Park, nos Estados Unidos, mais de 300 convidados assistiram
ao glamoroso desfile de Oscar de La Renta. Uma colecção que recebeu as melhores
críticas por parte da imprensa especializada e que conquistou a plateia ao conjugar
na perfeição a alta-costura com a alta-relojoaria. Em resultado de uma parceria feliz,
que tem crescido no mercado norte-americano, as 50 modelos desfilaram as propos-
tas de moda com relógios Jaeger-LeCoultre no pulso. Serena Williams, Debbie Harry
e Nicole Ritchie foram algumas das celebridades presentes neste evento exclusivo.
ACONTECIMENTOS
138 < ESPIRAL DO TEMPO
AUDEMARS PIGUET À CONQUISTA DO MERCADO RUSSO
A Audemars Piguet deu um passo importante
no mercado russo com a abertura da primeira
boutique da marca em Moscovo. Jasmine Aude-
mars, presidente do conselho de administração,
e Georges-Henri Meylan, CEO da manufactura
suíça, estiveram na capital russa para a inaugu-
ração, cumprindo o tradicional ritual de abertu-
ra das portas. A estratégia da empresa, de que-
rer estar presente nas principais cidades através
de lojas próprias, continua, e Milão faz já parte
desse roteiro. Num edifício histórico da famosa
Via Montenapoleone, ao lado de outros nomes
da alta relojoaria, a Audemars Piguet inaugurou
um novo espaço: a aposta na capital da moda
italiana não surge por acaso, já que as suas pe-
ças de alta-relojoaria granjeiam enorme popula-
ridade entre os italianos, sendo um mercado de
grande potencial para a marca.
Jasmine Audemars e Georges-Henri Meylan inauguram
a primeira boutique da marca na capital russa.
O novo espaço Audemars Piguet em Milão.
EVA HERZIGOVAROSTO DA NOVA CAMPANHA CHOPARD
Aproveitando o ambiente e o glamour da Semana de Moda de Paris, a Chopard lançou a mais
recente campanha de publicidade ‘Kind of Magic’. Para o momento foi organizada uma noite
especial a que não faltou o brilho e a magia de muitas estrelas internacionais. Entre os convidados,
a modelo Eva Herzigova, escolhida para embaixadora da campanha, deslumbrou com um visual
idêntico ao que aparecerá na nova comunicação da marca. Pelo segundo ano consecutivo, a
Chopard associa-se à Federação Francesa de Costura, criando um espaço onde os novos talentos
podem apresentar as suas propostas.
A UNIÃO DA MECÂNICA AUDEMARS PIGUET E MASERATI
A Audemars Piguet tornou-se o maior parceiro
do Troféu Maserati 2006. Karl-Heniz Kalbfell,
CEO da Maserati, e Georges-Henry Meylan, CEO
da Audemars Piguet, assinaram um contrato
que vem reforçar a parceria já existente entre a
manufactura suíça e a famosa marca do emble-
ma tridente. O patrocínio à prova acontece des-
de 2004 e a partilha de valores entre os dois
nomes deu origem ao Dualtime Millenary Mase-
rati, um relógio inspirado no design e no espí-
rito do fabricante italiano de automóveis. Para
2006 está previsto o lançamento de uma nova
série de relógios.
BRILHO DAS ESTRELASMADONNA E CHOPARD
Para a cerimónia dos Grammy Awards, Madonna
escolheu, como já vem sendo hábito, joalharia
da Casa Chopard. Durante a actuação, a diva da
pop brilhou com uns brincos de diamantes em
forma de coração e três originais pulseiras, tam-
bém de diamantes. Peças inseparáveis que a
cantora exibiu na festa que se seguiu à entrega
dos prémios.
COLECÇÃO MONDANI EM LEILÃOTRÊS CENTENAS DE ROLEX
Mais de 300 relógios de pulso vintage da Rolex vão ser leiloados pela Antiquorum, uma
das maiores empresas de leilões do mundo. As peças estão em condição excepcional
e serão leiloadas em duas fases diferentes: o primeiro leilão acontecerá no dia 1 de
Abril; o segundo será realizado dia 13 de Maio, em Genebra, no Mandarin Oriental Hotel
du Rhône. A Mondani Collection é a mais importante colecção particular de relógios
Rolex alguma vez a aparecer em leilão e reúne modelos desde os primeiros anos da
marca até aos dias de hoje. Pela diversidade e raridade das peças, algumas delas séries
limitadas, será uma oportunidade única de apreciar os numerosos exemplares vintage
que Guido Mondani coleccionou desde 1986.
ESPIRAL DO TEMPO > 139
ACONTECIMENTOS
140 < ESPIRAL DO TEMPO
ROYAL OAKTRÊS DÉCADAS AO LADO DO DESPORTO MUNDIAL
Há mais de trinta anos que o lendário Royal Oak seduz homens e mulheres do mundo pela sua força,
design intemporal e pelo carácter desportivo das suas linhas. Ao longo destas três décadas, muitos
adoptaram-no como peça indispensável, tornando-se inseparáveis do relógio identificado pela sua
moldura octagonal e pelos oito parafusos sextavados presos à caixa. A força deste objecto intemporal
tem acompanhado inúmeras figuras do desporto internacional em regatas, nos mais importantes
eventos de golfe, nos grandes circuitos de Fórmula 1 e, mais recentemente, no críquete. A importância
dos golfistas associados à marca suíça esteve mesmo na origem de um AP Ambassador Golf Team.
O estatuto do número dois mundial Vijay Singh, a audácia de Darren Clarke, a técnica de Graeme
MacDowell e a postura correcta de Thomas Levet nos greens fazem deles notáveis embaixadores da
Audemars Piguet. Mas a partilha de valores entre a manufactura e o desporto mundial vai para além
do golfe: o piloto de Fórmula 1 Rubens Barrichello e o recordista do críquete Sachin Tendulkar são
outros nomes associados às novidades da linha Sport Prestige de 2006.
HALLE BERRY A ESTRELA DA CASA VERSACE
Depois de Madonna e Demi Moore, a designer
Donatella Versace escolheu a sensual actriz Halle
Berry para assumir o papel de musa da griffe ita-
liana. A paixão pelas grandes estrelas internacio-
nais faz parte da história de sucesso da marca,
uma estratégia responsável pelos recordes de
vendas da Casa. A escultural ex-Bond Girl, e ven-
cedora de um Óscar, será assim a protagonista da
nova publicidade da Versace numa campanha as-
sinada por Mario Testino. «Escolho sempre mu-
lheres inspiradoras para representar a Versace e a
Halle representa bem a nova colecção – alguém
que ama cores, que tem uma sensualidade real,
que é forte e feminina ao mesmo tempo».
«O tempo é a imagem móvel da eternidade imóvel»PLATÃO, filósofo
VARIEDADES
NÚMERO: 20Na mais recente lista publicada pela Federação Relojoeira Suíça, Portugal
mantém o 20º lugar na lista de países importadores de relógios suíços –
com a particularidade de apresentar índices de maior vivacidade econó-
mica relativamente a igual periodo dos anos anteriores. Na tabela referen-
te ao mês de Janeiro, o primeiro lugar continua a ser ocupado pelos
Estados Unidos com um total de 137,3 milhões de francos suíços em
importações relojoeiras, baixando 5,8 por cento em relação a 2005. Hong
Kong (127,6 milhões), Japão (83), Alemanha (53,8) e Itália (51,5) ocupam
os restantes lugares do top 5. A China desceu surpreendentemente da
quarta para a oitava posição, mas mesmo assim apresenta valores 89
por cento superiores aos de 2004. Portugal importou 6,7 milhões de
francos suíços.
LÉXICO: FECHO DE BÁSCULA
O fecho de báscula é uma variante mais sofisticada e segura da fivela.
Constituído por uma estrutura desdobrável formada por diversas peças,
fecha-se por intermédio de pressão (em botões laterais ou em sistema de
encaixe) e não só protege a correia do desgaste proporcionado pela tradi-
cional fivela, como também proporciona maior segurança ao utilizador:
mesmo que o fecho se abra inopinadamente, não cai do pulso. Os fechos
de báscula foram adaptados das braceletes de aço para as pulseiras de
borracha e sobretudo para as correias de pele, compreensivelmente mais
frágeis e suficientemente caras para necessitarem de um sistema de fecho
mais sofisticado. O preço de um fecho de báscula é substancialmente
maior do que o de uma simples fivela, mas a longo prazo o investimento
é compensado pela poupança no número de correias utilizadas. Um bom
exemplo de um fecho de báscula com acabamento de luxo é aquele que
equipa os relógios Audemars Piguet: a dobradiça do fecho é concebida
com as iniciais AP!
MANUTENÇÃO DE UM BEM PRECIOSOÀ semelhança do que sucede com qualquer instrumento mecânico, todos
os calibres relojoeiros necessitam de um serviço de manutenção periódico
– que pode variar muito consoante as características do mecanismo. Os
relógios de quartzo devem ser verificados para substituição da pilha e
limpeza antes da colocação de uma nova bateria. Quanto aos relógios me-
cânicos, a fricção causada pelas peças em movimento produz pequenas
partículas de pó metálico que têm de ser devidamente retiradas mediante
uma limpeza periódica; para além disso, as peças têm de ser lubrificadas
e as juntas verificadas para que se mantenha o seu papel na calafetagem
e estanquicidade do relógio. O facto de todo o trabalho de pós-venda ser
efectuado por relojoeiros devidamente certificados e especializados
justifica o preço, sem esquecer que cada revisão implica a desmontagem
e montagem de todas as peças do relógio.
ESPIRAL DO TEMPO > 141
ONLINE
www.torresdistrib.comO site da Torres Distribuição pretende apresentar aos seus clientes e ao público em geral o acesso
facilitado a diversas áreas da empresa. É possível ler o sumário de cada uma das edições da
Espiral do Tempo, preencher uma ficha de assinatura ou adquirir um número isolado da revista.
Na secção ‘Eventos’ estão disponíveis acontecimentos organizados pela Torres. No coração deste
site está o ‘Catálogo’ onde estão disponíveis os modelos numa organização por marca e onde, por
sua vez, dentro de cada marca podem ser vistos por colecção ou pesquisados por palavras chave.
Pode-se escolher um dado modelo e ver os pormenores da peça e ler a ficha técnica detalhada.
Tudo isto ligado a ‘Onde Comprar’ onde mais uma vez por marca, zona do país ou palavra chave
se pode encontrar o representante mais próximo.
142 < ESPIRAL DO TEMPO
AUDEMARS PIGUET
www.audemarspiguet.com
BRITISH MASTERS
www.thebritishmasters.com
CHOPARD
www.chopard.com
DUBEY & SCHALDENBRAND
www.dubeywatch.com
FORTIS
www.fortis-watch.com
FRANCOIS-PAUL JOURNE
www.fpjourne.com
www.worldtempus.comTudo sobre o mundo da relojoaria
Este site reúne as últimas novidades da indústria relojoeira, os eventos mundiais e as
principais informações das marcas da alta-relojoaria. As moradas, os catálogos das
marcas, uma enciclopédia e até um dicionário são as opções disponíveis para consulta.
Rubricas como o ‘relógio do mês’ ou a ‘montra do mês’ são curiosidades que preenchem
este espaço que dá acesso directo a alguns dos principais nomes da alta-relojoaria.
ESPIRAL DO TEMPO > 143
portais
swisstime.ch: Novidades da relojoaria suíça
fhs.ch: Federação da Indústria Relojoeira Suíça
horology.com: Enciclopédia relojoeira
watchzone.net: Portal com áreas de discussão
watches-lexic.ch: Portal com especialistas
worldtempus.com: Portal suíço do relógio
equationoftime.com: Portal americano
timezone.com: Portal de informação diversa
watchuseek.com: Portal com áreas de debate
watchblvd.com: Portal americano
watchspace.com: Portal áreas de informação
sothis.net: Portal italiano do relógio
GLASHÜTTE ORIGINAL
www.glashuette-original.com
JAEGER-LECOULTRE
www.jaeger-lecoultre.com
PORSCHE DESIGN
www.porsche-design.com
RAYMOND WEIL
www.raymondweil.com
ROLEX
www.rolex.com
TAG HEUER
www.tagheuer.com
L er é sempre uma forma agradável de passar o tempo. Por isso, nesta edição são várias as propostas de leitura: à vertente
técnica com diferentes enciclopédias e dicionários, juntam-se obras sobre a tradição e a história da relojoaria, as colecções
do Museu do Louvre também podem proporcionar momentos descontraídos de leitura e para os mais curiosos, ficam sugestões
que desvendam alguns segredos de importantes nomes da relojoaria. Propostas não faltam!
LIVROS
144 < ESPIRAL DO TEMPO
ROLEX COLLECTING WRISTWATCHES
A referência sobre o mundo Rolex
São mais de 360 páginas para fanáticos de
uma das mais prestigiadas marcas de relógios
do mundo! Editado em inglês e italiano, é o
maior compêndio de relógios Rolex. Realizado
por um dos maiores peritos mundiais em
relojoaria, Osvaldo Patrizzi, presidente da
leiloeira Antiquorum, conta-lhe tudo o sobre
este gigante genebrino.
• Edições Nuova Edizione • Formato 25 x 32 cm • 490 páginas
• Capa dura • € 310
TAG HEUER: MASTERING TIME
A mestria do tempo
Graças ao design inovador, ao arrojo técni-
co e a uma comunicação brilhante, a TAG
Heuer tornou-se numa das marcas de culto
dos finais do século XX. Este livro conta a
história da marca e é, simultaneamente,
uma bela homenagem à relojoaria e à cro-
nometragem desportiva.
• Por Gilbert L. Brunner e Marc Sich • Texto em Inglês ou francês • Edições Assouline
• Formato 33,5 x 26,5 cm • 232 páginas • Capa dura • € 120
ENCYCLOPÉDIE DE DIDEROT ET D’ALEMBERT
(PARIS 1751-1772)
Horlogerie et Orfèvrerie
Uma obra de referência na cultura ocidental.
Dedicado aos amantes destas duas artes,
mas também a todos os profissionais, o livro
permite descobrir as primeiras etapas e os
ensinamentos das diferentes especialidades.
A dimensão, a cor e a paginação remetem o
leitor para os ambientes da obra original.
• Por Franco Maria Ricci • Edições Scriptar • Texto em francês
• Formato 26 x 41 cm • Capa dura • € 85
DICTIONNAIRE PROFESSIONEL
ILUSTRÉ DE L’HORLOGERIE
Conhecido como Dicionário Berner, é uma
verdadeira enciclopédia consagrada à me-
dição do tempo com 4800 termos técnicos
em francês, alemão, inglês e espanhol.
Um documento de referência único no mun-
do, indispensável tanto para os entendidos
como para os amantes da melhor relojoaria.
• Por G.-A. Berner • Edições Société du Journal La Suisse Horlogère SA.
• Texto em francês • Formato 15 x 21 cm • 1150 páginas • Capa dura • € 235
L’ ANNÉE HORLOGÈRE SUISSE 2005
O ano 2005 passado em revista ao longo de
288 páginas, esta é a obra indicada para
aqueles que gostam de guardar os melhores
momentos do mundo da relojoaria. As novi-
dades e os lançamentos que marcaram o
ano, as tendências, a comunicação das mar-
cas, os indicadores económicos e os novos
mercados, nem os eventos faltam a este
anuário editado em francês.
• Por Roland Ray • Texto em francês • Edições Promoédition • Formato 25 x 30 cm
• 288 páginas • Capa dura • € 50
MUSEU INTERNACIONAL DE RELOJOARIA
Catálogo de obras escolhidas
Uma obra que apresenta uma selecção de
relógios representados no museu. Inclui cen-
tenas de fotografias de relógios e mecanis-
mos do século XVI ao XX, acompanhadas de
uma extensa explicação sobre cada peça em
destaque.
• Por Catherine Cardinal e Jean-Michel Piguet • Texto em francês • Edições Institut
l’Homme et le Temps • Formato 29 x 21 cm • 386 páginas • Capa dura • € 65
Nome: Idade:
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Espiral do Tempo 20
100 MONTRES DE LÉGENDE
Relógios de excepção
Esta obra convida-nos a uma viagem no
tempo, desvendando alguns segredos das
mais prestigiadas manufacturas relojoeiras
através de 100 relógios de excepção. Eleitos
pela sua originalidade, raridade e compli-
cação de mecanismo, conheça melhor no-
mes de referência como Breguet, Rolex,
Jaeger-LeCoultre ou TAG Heuer.
• Edições Solar • Formato 29,5 x 24,5 cm • 146 páginas
• Capa dura • € 45
L’ENCYCLOPÉDIE DES MONTRES
Saber enciclopédico
Obra que pretende revelar todas as áreas do
saber relojoeiro, desde as reflexões sobre a
natureza do tempo até ao coleccionismo, pas-
sando pelas complicações relojoeiras. Pro-
fusamente ilustrada de leitura interessante,
oferece aos apreciadores de relógios um
acréscimo de conhecimentos.
• Edição ETAI • Texto em francês • Formato 28,5 x 25 cm • 196 páginas
• Capa dura • € 85
LA FOLIE DES MONTRES
Pequeno e divertido
Um pequeno livro quadrangular de leitura
simples e rápida, com vários capítulos refe-
rentes a diversos tipos de abordagem relo-
joeira e com a ilustração de um relógio por
página. Apresenta fotografias dos relógios de
pulso mais marcantes do século xx e de
alguns modelos de excepção verdadeira-
mente raros.
• Por René Pannier • Texto em francês • Edição Flammarion • Formato 14 x 14 cm
• 384 páginas • € 30
ENCYCLOPÉDIE ILLUSTRÉE
Enciclopéida relojoeira
Obra de referência para apaixonados da relo-
joaria antiga e tradicional, um trajecto da arte
relojoeira – desde os primeiros relógios so-
lares, clepsidras e ampulhetas, aos cronóme-
tros de marinha e relógios astronómicos.
Inclui selecção de mais de 300 fotos de reló-
gios do século XVI ao XX e um glossário.
• Por Radko Kyncl • Texto em francês • Edição Grund 2001
• Formato 17 x 24,5 cm • 256 páginas • Capa dura • € 30
AU COEUR DU TEMPS
História da Nivarox
A história da Nivarox-FAR, empresa incon-
tornável no fabrico das pequenas peças que
constituem o ‘coração’ dos relógios mecâni-
cos: espiral, balanço e constituintes do escape.
A obra inclui dados históricos da relojoaria
suíça, além de pormenores sobre a
indústria do sector na zona do Arc Jurassien.
• Por Georges Nicolet • Texto em francês • Edição Nivarox-FAR
• Formato 18 x 23 cm • 146 páginas • Capa de cartão plastificado • € 30
LES MONTRES ET HORLOGES DE TABLE
DU MUSÉE DU LOUVRE
Tome II
As mais de duas centenas de relógios de
bolso e de mesa, balizados entre os séculos
XVI a XIX, analisados pela conservadora
Catherine Cardinal, compõem este segundo
volume. O catálogo com peças de diferentes
colecções, permite descobrir mais os objectos
de arte guardados no Musée du Louvre.
• Por Catherine Cardinal • Texto em francês • Edição Réunion des Musées Nationaux
• Formato 26 x 27 cm • 239 páginas • Capa dura • € 65
Dezembro, 13.40h
Durante escassos minutos tive no pulso, a título
de empréstimo feito por mão amiga, um dos 60
exemplares do ‘Vagabondage’, magnífica peça re-
lojoeira (‘realização relojoeira’ como dizem os
cognoscenti) da autoria de F.P. Journe, um dos
grandes mestres relojoeiros da actualidade, pes-
soa singular mas acessível, bom garfo e aprecia-
dor de bom vinho, como tive a oportunidade de
constatar nos encontros que com ele tive em Lis-
boa a convite do meu Amigo PT.
Janeiro, 11.45h
Da minha Mãe herdei uma incapacidade atávica
para compreender os mais elementares princípios
do funcionamento mecânico de qualquer que seja
a maquineta e, sobretudo, uma aversão primária à
leitura de manuais de instruções que as acompan-
ham, hoje transformados em espécie de Novos
Testamentos. Afinal, se a coisa foi adquirida para
fazer café, cortar a relva ou descascar batatas e é
suposto fazê-lo, não basta que tenha um ‘On’ e
um ‘Off’?! Lembrei-me de tudo isto quando após
ter ligado à corrente o televisor acabado de adqui-
rir para substituir o velhinho cuja imagem se tinha
degradado para além do aceitável antes de causar
algum descolamento da retina – qual canal 18 não
descodificado... nada, absolutamente nada, para
além do ruído e imagem de ‘chuva’. Então não é
que era preciso ler o manual de instruções do
electrodoméstico... sintonizar canais... e sei lá
mais o quê, como se eu fosse algum Engenheiro
electrónico?! Resignado, que remédio, lá li umas
quantas páginas em diagonal, saltando selectiva-
mente os múltiplos avisos para mentecaptos...
«não coma os fios que lhe podem fazer mal»;
«não instale o televisor na banheira»; e outras
introduções ao princípio das coisas... «certifique-
-se primeiro que o televisor foi retirado da caixa e
que os plásticos de protecção foram removidos...
ligue a ficha (figura 1) à tomada da corrente...». No
processo devo ter saltado mais informação do que
deveria, porque ao cabo de uma hora e tal aquilo
não ficou propriamente bem, a RTP1 no Canal 21,
a RTP2 no 14 e os outros onde lhes apeteceu, e a
minha Mãe a sentenciar do alto dos seus 90 anos
que «para (eu) fazer aquele serviço mais valia ter
deixado ficar a TV antiga». O assunto resolveu-se
passadas semanas, com um técnico, que é para
isso que eles servem.
Há casos em que a leitura dos manuais é obriga-
tória, como aprendi literalmente à minha custa (e o
meu Amigo PT frequentemente se encarrega de mo
recordar), daquela vez que resolvi acertar um ‘com-
plicações’, calendário perpétuo com cronógrafo,
fora da ‘janela de oportunidade’ recomendada no
livrinho, donde resultou que o movimento da
máquina tenha entrado em coma profundo e dele
só tenha saído meses mais tarde, na Suíça, após
substituição das peças danificadas por outras que
tiveram de ser fabricadas de propósito. Espero não
voltar a contribuir financeiramente para a susten-
tação da micro-mecânica suíça de sobressalentes.
Fevereiro, 10.25h
Retirar o invólucro de celofane de um CD traduz-
-se invariavelmente num enervante exercício de
falta-de-unhas, de falta-de-ponta por onde se
lhe pegue... e o leitor à espera da introdução do
CD, que não sai da caixa porque ela não se abre
e que quando se abre por vezes se parte pelas
dobradiças que têm uma estranha propensão para
se desencaixarem. Pior, pior, só me ocorre o mo-
delo dos envelopes colados e picotados das noti-
ficações postais da nossa inefável Administração
Fiscal.
Depois há uma vastidão de produtos de consumo
diário equipados com uma panóplia de disposi-
tivos ‘click-clack’ e ‘puxa-rasga’, de abertura supos-
tamente fácil e que não raro nos ficam nas mãos,
negando o paradigma do user friendly. Muitas
embalagens do nosso dia-a-dia continuam com-
pletamente arcaicas, de um tempo que não é o
nosso, espécie de sub-produtos da post-revolução
industrial. Um bando de eurocratas que a esta
hora pode estar reunido a pensar como regu-
lamentar o tamanho das unhas que um Europeu
UE pode ostentar, bem poderia utilizar a massa
cinzenta na criação de mecanismos conducentes à
modernização das embalagens ou, pelo menos, à
sua normalização entre os Estados, na condição
que o nivelamento fosse feito por cima. Os consu-
midores agradeceriam.
Fernando Campos Ferreira
CRÓNICA
QUOTIDIANOS
146 < ESPIRAL DO TEMPO
«Há casos em que a leitura dos manuais é obrigatória, como aprendi literalmente
à minha custa (e o meu amigo PT frequentemente se encarrega de mo recordar)»