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ESTRUTURAS DE MADEIRA Dimensionamento de Elementos Estruturais em Madeira Segundo a NBR 7190:1997

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ESTRUTURAS DE MADEIRADimensionamento de Elementos Estruturais em Madeira Segundo a NBR 7190:1997

No Brasil a madeira é empregada para diversas finalidades,

sendo as principais descritas a seguir:

Coberturas: residenciais, comerciais, industriais e construções

rurais;

Cimbramentos para estruturas de concreto;

Pontes, viadutos e passarelas;

Linhas de transmissão de energia elétrica em baixa tensão e

telefonia;

Componentes para edificações: divisórias, esquadrias, forros e

pisos.

UTILIZAÇÃO DA MADEIRA

Um aspecto importante e desconhecido pela sociedade refere-

se à questão ecológica, ou seja, quando se pensa no uso da madeira é

automático para o leigo imaginar grande devastação de florestas.

Consequentemente, o uso da madeira parece representar um imenso

desastre ecológico. No entanto, é esquecido que, em primeiro lugar, a

madeira é um material renovável e que durante a sua produção

(crescimento) a árvore consome impurezas da natureza,

transformando-as em madeira. A não utilização da árvore depois de

vencida sua vida útil devolverá à natureza todas as impurezas nela

armazenada. Em segundo lugar, não se deve esquecer jamais que a

extração da árvore e o seu desdobro são um processo que envolve

baixíssimo consumo de energia, além de ser praticamente não

poluente.

GENERALIDADES

Outro fato importante e quase desconhecido pelos leigos

refere-se a alta resistência mecânica da madeira. As madeiras de

uma forma geral apresentam resistências iniciais idênticas a do

concreto convencional, basta comparar os valores da resistência

característica destes materiais. Concretos convencionais de

resistência significativa pertencem à classe de concretos C20,

enquanto a classe de resistência de madeira começa com C20 e chega

até C60.

Em termos de manuseio, a madeira apresenta uma

importante característica que é a baixa densidade. Esta equivale a

aproximadamente um oitavo da densidade do aço.

GENERALIDADES

A extração e o corte das toras envolvem baixo consumo de energia;

Os processos de produção do aço e do concreto, são altamente

poluentes, antecedidos por agressões ambientais consideráveis

para obtenção de matéria prima. Os referidos processos requerem

alto consumo energético e a matéria prima retirada da natureza

jamais será reposta;

A madeira apresenta alta resistência em relação à densidade, ou

seja, apresentam baixo peso próprio.

Conveniente desempenho a altas temperaturas apesar da sua

inflamabilidade;

Aspecto visual agradável;

Material renovável e abundante no país.

VANTAGENS DA PRODUÇÃO DE MADEIRAS PARA

ESTRUTURAS

Absorve e perde umidade facilmente (higroscopicidade);

Retratibilidade (alteração dimensional, de acordo com a umidade ea temperatura);

Estrutura fibrosa, oferecendo uma propriedade direcional;

Combustibilidade;

Se obtida de forma irregular e descontrolada, pode causar odesmatamento de grandes regiões, contribuindo para odesequilíbrio ecológico;

Por ser fibrosa, apresenta um grau de deterioração considerávelcom o tempo.

Obs.: Vale ressaltar que a madeira tem a desvantagem da sua combustibilidade. Contudo, elaresiste a altas temperaturas e não perde resistência sob altas temperaturas como acontececom o aço, por exemplo. Em algumas situações a madeira acaba comportando-se melhor que oaço, pois apesar dela ser lentamente queimada e provocar chamas, a sua seção não queimadacontinua resistente e suficiente para absorver os esforços atuantes. Ao contrário da madeira,o aço não é inflamável, mas em compensação não resiste a altas temperaturas.

DESVANTAGENS DA PRODUÇÃO DE MADEIRAS PARA

ESTRUTURAS

COMPORTAMENTO DA MADEIRA EM SITUAÇÃO DE

INCÊNDIO

Peças principais isoladas, como vigas

e barras longitudinais de treliças

A madeira tem um processo de formação que se inicia nas raízes. A

partir delas é recolhida a seiva bruta (água + sais minerais) que em

movimento ascendente pelo alburno atinge as folhas. Na presença de luz,

calor e absorção de gás carbônico ocorre a fotossíntese havendo a formação

da seiva elaborada (glicose produzida no processo de fotossíntense). Esta

em movimento descendente (pela periferia) e horizontal para o centro vai

se depositando no lenho, tornando-o consistente como madeira.

FISIOLOGIA DA ÁRVORE E PROCESSO DE FORMAÇÃO

DA MADEIRA

Figura 1 – Processo de formação da madeira.

Como é sabido, a morte de uma árvore ocorrerá caso seja feita

a extração da casca envolvendo todo o perímetro a qualquer altura do

tronco. Basta interromper o fluxo ascendente ou descendente da

seiva bruta ou elaborada. É como interromper o fluxo de sangue para

o coração em um ser humano.

FISIOLOGIA DA ÁRVORE E PROCESSO DE FORMAÇÃO

DA MADEIRA

FISIOLOGIA DA ÁRVORE E PROCESSO DE FORMAÇÃO

DA MADEIRA

Figura 2 – Seção transversal do tronco de uma árvore. Figura 3 – Descrição simplificada da anatomia da madeira.

Observando uma seção transversal (Figura 3) do tronco

percebem-se as seguintes partes: casca, câmbio, medula, alburno e

cerne.

A casca protege a árvore contra agentes externos e é dividida

em duas partes: camada externa, composta de células mortas e

camadas internas, formadas por tecidos vivos.

FISIOLOGIA DA ÁRVORE E PROCESSO DE FORMAÇÃO

DA MADEIRA

O câmbio é a parte viva da árvore. Todo o aumento de

diâmetro da árvore vem dele, por adição de novas camadas e não do

desenvolvimento das mais antigas.

A medula é parte central que resulta do crescimento vertical,

onde ocorre madeira de menor resistência.

O alburno é formado de madeira jovem, mais permeável,

menos denso, e mais sujeito ao ataque de fungos apodrecedores e

insetos e com menor resistência mecânica.

O cerne é formado das modificações do alburno, onde ocorre a

madeira mais densa, sendo esta, mais resistente que a do alburno.

As árvores para aplicações estruturais são classificadas em

dois tipos quanto à sua anatomia: coníferas e dicotiledôneas. As

coníferas são chamadas de madeiras moles, pela sua menor

resistência e menor densidade em comparação com as dicotiledôneas;

são típicas de regiões de clima frio. Os dois exemplos mais

importantes desta categoria de madeira são o Pinho do Paraná e os

Pinus. As dicotiledôneas são chamadas de madeiras duras pela sua

maior resistência; têm maior densidade e aclimatam-se melhor em

regiões de clima quente. Como exemplo temos praticamente todas as

espécies de madeira da região amazônica. Podemos citar mais

explicitamente as seguintes espécies: Ipê, os Eucaliptos,

Maçaranduba, Jatobá, Angelim, etc.

ANATOMIA DA MADEIRA E CLASSIFICAÇÃO DAS

ÁRVORES

Quando se trata da madeira, é pouco provável a obtenção da

matéria-prima isenta de defeitos, que por fim possa ser aproveitada em

sua totalidade. Por ser um material biológico, este guarda consigo uma

carga genética que determina suas características físicas e mecânicas e,

como muitos seres vivos, possui particularidades que são acentuadas ou

abrandadas conforme as condições ambientais. Nas figuras a seguir

serão apresentados os principais defeitos que podem ocorrer nas peças

de madeira.

Nós → Os nós são originários dos galhos existentes nos troncos da

madeira após o desbaste dos mesmos. Reduzem a resistência da

madeira pelo fato de interromperem a continuidade e direção das

fibras.

DEFEITOS DA MADEIRA

Figura 4 – Presença de nós na madeira.

Falhas naturais da madeira → Dois tipos de falhas principais podem

ocorrer devido à natureza da madeira. A primeira delas está

relacionada com o encurvamento do tronco e dos galhos durante o

crescimento da árvore, alterando o alinhamento das fibras e podendo

influenciar na resistência. Outro fator a ser observado é a presença de

alburno, que por suas próprias características físicas apresenta

valores de resistência menores.

DEFEITOS DA MADEIRA

Figura 5 – Presença de alburno na madeira.

Presença de medula→ Quando a peça serrada contém a medula,

provoca diminuição da resistência mecânica e facilita o ataque

biológico. Podem também surgir rachaduras no cerne próximo à

medula, decorrentes de fortes tensões internas devidas ao

processamento.

DEFEITOS DA MADEIRA

Figura 6 – Presença de medula na madeira.

Defeitos por ataques biológicos→ Estes defeitos surgem dos ataques

provenientes de fungos ou insetos. Os insetos causam as perfurações,

que podem ser pequenas ou grandes, já os fungos causam manchas

azuladas e podridões (clara ou parda).

DEFEITOS DA MADEIRA

Figura 7 – Ataques biológicos.

Defeitos de secagem→ São originados pela deficiência dos sistemas de

secagem e armazenamento das peças. Podem ser: encanoamento,

arqueamento, encurvamento e torcimento.

DEFEITOS DA MADEIRA

Figura 8 – Defeitos de secagem.

Defeitos de processamento da madeira→ São defeitos originados na

manipulação, transporte, armazenamento e desdobro da madeira.

Destacam-se dois defeitos principais: as arestas quebradas e a

variação da seção transversal.

DEFEITOS DA MADEIRA

Figura 9 – Defeitos de processamento.

Conhecer as propriedades físicas da madeira é de grande

importância porque estas propriedades podem influenciar

significativamente no desempenho e resistência da madeira utilizada

estruturalmente.

Podem-se destacar os seguintes fatores que influem nas

características físicas da madeira:

Espécie da árvore;

O solo e o clima da região de origem da árvore;

Fisiologia da árvore;

Anatomia do tecido lenhoso;

Variação da composição química.

Devido a este grande número de fatores, os valores numéricos

das propriedades da madeira, obtidos em ensaios de laboratório, oscilam

apresentando uma ampla dispersão.

PROPRIEDADES FÍSICAS DA MADEIRA

Entre as características físicas da madeira, cujo conhecimento éimportante para sua utilização como material de construção, destacam-se:

Umidade → A umidade da madeira é determinada pela expressão:

𝑊 =𝑚1 −𝑚2

𝑚2∗ 100

Onde: m1 é a massa úmida, m2 é a massa seca e W é a umidade (%).

Em relação ao teor de umidade da madeira são utilizados doistermos bastantes comuns:

Madeira verde → Apresenta umidade igual ou superior ao ponto desaturação, ou seja, umidade em torno de 25%.

Madeira seca ao ar → Caracterizada por uma umidade adquirida nascondições atmosféricas locais, ou seja, a madeira atingiu o ponto de equilíbriocom o meio ambiente. A NBR 7190/1997 considera o valor de 12% comoreferência.

PROPRIEDADES FÍSICAS DA MADEIRA

Densidade → A norma brasileira apresenta duas definições de

densidade a serem utilizadas em estruturas de madeira: a densidade

básica e a densidade aparente. A densidade básica da madeira é

definida como a massa específica convencional obtida pelo quociente

da massa seca pelo volume saturado e pode ser utilizada para fins de

comparação com valores apresentados na literatura internacional.

A densidade aparente é determinada para uma umidade padrão

de referência de 12%, pode ser utilizada para classificação da madeira e

nos cálculos de estruturas.

PROPRIEDADES FÍSICAS DA MADEIRA

Retratibilidade → Redução das dimensões pela perda da água de

impregnação da madeira. Como pode ser observado pelo diagrama da

Figura 3, a madeira tem maior retratibilidade na direção tangencial,

seguida pela radial e axial.

PROPRIEDADES FÍSICAS DA MADEIRA

Figura 10 – Comparação de retratibilidades.

Segundo Pfeil e Pfeil (2013), as madeiras utilizadas nas

construções podem ser classificadas em duas categorias:

Categoria I → Maciças

Madeira bruta ou roliça → Empregada em forma de troncos; é utilizada

em estacas, escoramentos, postes e colunas.

TIPOS DE MADEIRA DE CONSTRUÇÃO

Figura 1 – Madeira bruta ou roliça.

Madeira falquejada → As faces laterais são aparadas a machado,

formando seções maciças, quadradas ou retangulares; é utilizada em

estacas , cortinas cravadas e pontes.

TIPOS DE MADEIRA DE CONSTRUÇÃO

Figura 2 – Madeira falquejada.

Madeira serrada → O tronco é cortado nas serrarias, em dimensões

padronizadas para o comércio, passando posteriormente por um período

de secagem.

TIPOS DE MADEIRA DE CONSTRUÇÃO

Figura 3 – Madeira serrada.

Madeira compensada → Bastante utilizada em portas, armários e

divisórias, é formada pela colagem de três ou mais lâminas, alternando-se

as direções das fibras em ângulo reto. Os compensados podem ter três,

cinco ou mais lâminas, sempre em número ímpar. Esse tipo de madeira

apresenta vantagens sobre a maciça em estados de tensões biaxiais, que

aparecem, por exemplo, nas almas das vigas.

TIPOS DE MADEIRA DE CONSTRUÇÃO

Figura 3 – Madeira compensada.

Madeira laminada e colada → Fabricada por meio da colagem, com

adesivos e alta pressão, de lâminas de madeira com fibras em direção

paralela. Quando as lâminas são muito finas (1 a 5 mm de espessura),

fala-se em micro laminados. Trata-se de um produto mais homogêneo que

a madeira serrada, pois não há a presença de nós indesejáveis, o que

permite formar peças de grande comprimento, dentre elas, vigas de seção

retangular. Seu preço, entretanto, é mais elevado.

TIPOS DE MADEIRA DE CONSTRUÇÃO

Figura 3 – Madeira laminada e colada.

Madeira recomposta → é um produto geralmente encontrado na forma de

placas, fabricado por meio de serragem e resíduos de madeira

compensada, convertidos em flocos e colados sob pressão. No caso dos

famosos painéis OSB (Oriented Strand Board), utilizam-se pequenas

lascas de madeira com as fibras orientadas e coladas sob alta

temperatura. O OSB possui reduzida massa específica e é bastante

comum na Europa e América do Norte, tendo sua utilização voltada para

painéis diafragmas, almas de vigas I compostas, revestimentos de piso e

cobertura.

TIPOS DE MADEIRA DE CONSTRUÇÃO

Figura 3 – Madeira recomposta.

DIMENSÕES MÍNIMAS

Seções transversais mínimas

Peças principais isoladas, como vigas

e barras longitudinais de treliças

Peças secundárias

DIMENSÕES MÍNIMAS

Seções transversais mínimas

Peças principais múltiplas

Peças secundárias múltiplas

DIMENSÕES MÍNIMAS

Espessura mínima de chapas

Espessura mínima das chapas

de aço de ligações

9 mm → pontes

6 mm → outros casos

Dimensões mínimas das arruelas

Espessura mínima

9 mm → pontes

6 mm → outras estruturas ≥ 1/8 do lado ou d

DIMENSÕES MÍNIMAS

Diâmetros mínimos de pinos e cavilhas

Diâmetro mínimo

dos pregos3 mm → fyk ≥ 600 MPa

Diâmetro mínimo

dos parafusos10 mm → fyk ≥ 240 MPa

Cavilhas 16, 18 e 20 mm