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PROVA 123/8 Págs. EXAME NACIONAL DO ENSINO SECUNDÁRIO 12.º Ano de Escolaridade (Decreto-Lei n.º 286/89, de 29 de Agosto) Cursos Gerais – Agrupamentos 3 e 4 Curso Tecnológico de Animação Social Duração da prova: 120 minutos 2.ª FASE 2004 1.ª CHAMADA PROVA ESCRITA DE HISTÓRIA V.S.F.F. 123/1 A prova inclui dois grupos. O Grupo I inclui quatro itens que exigem resposta sucinta. O Grupo II inclui quatro itens que exigem resposta desenvolvida. Em qualquer dos Grupos deve ser respeitada a instrução relativa ao número e ao tipo de itens.

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PROVA 123/8 Págs.

EXAME NACIONAL DO ENSINO SECUNDÁRIO12.º Ano de Escolaridade (Decreto-Lei n.º 286/89, de 29 de Agosto)

Cursos Gerais – Agrupamentos 3 e 4Curso Tecnológico de Animação Social

Duração da prova: 120 minutos 2.ª FASE2004 1.ª CHAMADA

PROVA ESCRITA DE HISTÓRIA

V.S.F.F.

123/1

A prova inclui dois grupos.

• O Grupo I inclui quatro itens que exigem resposta sucinta.

• O Grupo II inclui quatro itens que exigem resposta desenvolvida.

Em qualquer dos Grupos deve ser respeitada a instrução relativaao número e ao tipo de itens.

GRUPO I

1.

Falência de empresas – Inglaterra

Justifique a ocorrência de fenómenos como o registado no quadro, no contexto daeconomia capitalista.

2.

Em Abril de 1917, Lenine afirma: «O que há de particular na actualidade russa é atransição da primeira etapa da revolução, que deu o poder à burguesia, à segunda etapa,que deve repor o poder nas mãos do proletariado e das camadas do campesinato».

Esclareça o significado da afirmação de Lenine.

Anos Número

1873 7 490

1879 13 130

• Responda apenas a três itens deste grupo, de forma sucinta.

Se responder a todos os itens, serão classificadas somente astrês primeiras respostas.

• Considere na resposta os dados apresentados.

123/2

3.

No início do século XX, o físico Max Planck afirmou: «Não devemos ter a pretensãode descobrir [...] um princípio universal sobre o qual seja possível fundar, segundométodos rigorosos, um sistema científico perfeito».

Refira a transformação do pensamento científico implícita na afirmação de Max Planck.

4.

Visita de Marcelo Caetano à Guiné – Abril de 1969

Identifique o cenário político em que a imagem se insere.

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GRUPO II

1.

Demonstração de uma máquina de lavrar a vapor – Alemanha (c. 1851)

In C. Singer e outros (ed.), A History of Technology, vol. IV,Oxford University Press, 1958

Explicite, a partir da análise da imagem, as inovações que caracterizaram a exploraçãocapitalista dos campos, a partir de meados do século XIX.

• Responda apenas a dois itens deste grupo, de forma desenvolvida:

– um em que lhe seja dado para análise um texto (assinalado por );

– um em que lhe seja dado outro material de análise (assinalado por ).

Se responder a dois itens do mesmo tipo, será classificada somente a primeira resposta.

• Integre a análise do documento na resposta.

123/4

2.

Discurso de Salazar aos corpos directivos da União Nacional (1932)

A Ditadura surgiu contra a desordem nacional. Era um dos expoentes dela oparlamentarismo e a desregrada vida partidária: a nossa realização da democracia foi, semcontestação, lamentável. A culpa era ou do regime parlamentar ou dos seus servidores: quantomais absolvermos estes, mais culpas encontraremos naquele [...].

O processo da democracia parlamentarista está feito; a sua crise é universal; supõemainda alguns que esta é passageira e provocada pelas dificuldades igualmente transitórias dopresente momento; os restantes crêem que findou para sempre a sua época. A DitaduraNacional, precursora em mais de um ponto de um largo movimento de renovação política,declarou dissolvidos os partidos; estavam porém neles, pode-se dizer, as maiores forçaspolíticas da Nação. Alguns homens públicos tiveram a intuição do momento e vieram colaborarcom a Ditadura; muitos alhearam-se, [...] muitos seguiram clara ou encapotadamente ocaminho das conspirações e das revoltas e têm sido sucessivamente reduzidos pelo Exércitoà impotência. [...]

Nós temos uma doutrina e somos uma força. Como força, compete-nos governar: temoso mandato de uma revolução triunfante, sem oposições e com a consagração do País; comoadeptos de uma doutrina, importa-nos ser intransigentes na defesa e na realização dosprincípios que a constituem. [...]

Alguns homens dos antigos partidos supõem-se ligados por uma disciplina que, no estadoactual da política portuguesa, devo dizer, já nada significa. Independentemente disso, eles nãosabem se devem trabalhar com a Ditadura e ingressar na União Nacional: este problema,porém, não pode ser resolvido por nós. A União Nacional vai ser uma espécie de padrão poronde se hajam de aferir a inteligência e o patriotismo dos homens.

Oliveira Salazar, Discursos (1928-34), vol. 1, Coimbra, Coimbra Editora, s.d.

Analise as afirmações de Salazar no quadro da oposição do novo regime à repúblicaparlamentar.

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3.

Bairro das Estacas – Lisboa (1949-1954)

Arquitectos Formosinho Sanchez e Ruy Jervis d’Athouguia

Evidencie as influências dos movimentos arquitectónicos europeus da primeira metade doséculo XX documentadas nos edifícios apresentados na imagem.

123/6

4.

A construção de uma «Europa unida» (1950)

Para qualquer lado que nos voltemos, na situação do mundo actual não se vêemsenão impasses, quer se trate da aceitação crescente de uma guerra julgada inevitável,quer do problema da Alemanha, da continuação da recuperação francesa, da organizaçãoda Europa, ou mesmo do lugar da França na Europa e no mundo.

Só há um meio de sair dessa situação: uma acção concreta e resoluta, incidindo sobreum ponto limitado mas decisivo, que provoque neste ponto uma mudança fundamentalque, pouco a pouco, modifique os próprios termos do conjunto dos problemas. [...]

Para haver paz no futuro, é indispensável a criação de uma Europa dinâmica. Umaassociação dos povos «livres», na qual participarão os Estados Unidos, não exclui acriação de uma Europa: pelo contrário, visto que esta associação será fundada sobre aliberdade, portanto sobre a diversidade, a Europa, se estiver mesmo adaptada às novascondições do mundo, desenvolverá as suas faculdades criativas e assim, gradualmente,irá surgir como uma força de equilíbrio. [...]

A Europa nunca existiu. Não é a simples adição de soberanias reunidas em conselhosque cria uma entidade. É preciso criar verdadeiramente a Europa que se revele a siprópria e à opinião pública americana e que tenha confiança no seu próprio futuro.

Esta criação, no momento em que se coloca a questão de uma associação com umaAmérica tão forte, é indispensável para vincar que os países da Europa não seabandonam à facilidade, que não cedem ao medo e que acreditam em si mesmos.

Jean Monnet, Memorando de 3 de Maio de 1950

A partir da análise do texto, explique o processo de formação e alargamento da CEE.

FIM

V.S.F.F.

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COTAÇÕES

Grupo Itens Pontuação Total

I

1.2.3.4.

3 × 28 84

II

1.2.3.4.

2 × 58 116

TOTAL ........................................... 200 pontos

PROVA 123/C/5 Págs.

EXAME NACIONAL DO ENSINO SECUNDÁRIO12.º Ano de Escolaridade (Decreto-Lei n.º 286/89, de 29 de Agosto)

Cursos Gerais – Agrupamentos 3 e 4Curso Tecnológico de Animação Social

Duração da prova: 120 minutos 2.ª FASE2004 1.ª CHAMADA

PROVA ESCRITA DE HISTÓRIA

V.S.F.F.

123/C/1

1. CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO

1.1. Capacidades/Competências

Na classificação da prova deve ter-se em conta a avaliação das capacidades/competências queconstam do quadro seguinte, às quais deverá ser atribuída, em cada questão, a pontuação indicada.

Grupo I Grupo II

1. 2. 3. 4. 1. 2. 3. 4.

Itens

Capacidades/ /Competências Resposta a três itens Resposta a dois itens

Total em

pontos

• Identificação: – das ideias/informações fundamentais

do documento; – do contexto histórico em que o

documento se integra.

2 × 20

Análise

do documento

e

Compreensão da informação

relevante

• Identificação: – do quadro cronológico e espacial; – de eventos, agentes e instituições.

• Estabelecimento de inter-relações, distinção de continuidades, mudanças, ritmos de desenvolvimento.

• Utilização adequada de conceitos específicos da disciplina.

• Estruturação da resposta de acordo com o solicitado.

3 × 26

2 × 30

178

Comunicação • Organização e sistematização do

discurso. • Clareza e correcção da linguagem.

3 × 2 2 × 8 22

TOTAL 3 × 28

= 84

2 × 58 =

116 200

1.2. Tópicos de conteúdo

Com o objectivo de possibilitar aos professores classificadores uma maior uniformidade naclassificação das respostas, indicam-se seguidamente tópicos de conteúdo considerados relevantes, osquais deverão sempre ser referidos às capacidades/competências indicadas em 1.1. Assim, aindividualização da leitura do documento e as formulações que se apresentam destinam-seunicamente a facilitar a tarefa do professor classificador, não devendo ser entendidas como um planode resposta.

GRUPO I

Resposta obrigatória apenas a três itens.Caso o examinando responda a todos os itens deste grupo, devem ser classificadas somenteas três primeiras respostas.

1. Num período de seis anos da década de 70 do século XIX, aumento exponencial do número defalências, denunciando uma crise do capitalismo.Crises periódicas do capitalismo liberal resultantes da superprodução e da descida dos preços e doslucros, situação agravada pela diminuição do consumo decorrente do desemprego.

2. Já depois da queda do regime czarista e nas vésperas da revolução soviética, Lenine identifica asituação na Rússia como de predominância da burguesia e incentiva a tomada do poder peloproletariado.Consciência da incapacidade da democracia parlamentar para transformar a situação das massaspopulares; reivindicação de uma acção revolucionária de raiz marxista.

3. Face às novas descobertas no âmbito da Física, consciência das limitações da ciência ereconhecimento da impossibilidade do conhecimento absoluto.Ruptura com as concepções positivistas; relatividade do conhecimento científico, assente naprobabilidade e dependente do sujeito que conhece.

4. Por ocasião da visita de Marcelo Caetano à Guiné, manifestação afirmando a nacionalidadeportuguesa dos naturais da Guiné.No início do mandato de Marcelo Caetano, em conjuntura de guerra e de condenação internacionaldo colonialismo, visita do chefe de governo, reafirmando a tese de Portugal como país multirraciale pluricontinental.

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GRUPO II

Resposta obrigatória apenas a dois itens:– um de análise de texto (assinalado por ); – um de análise de outro material (assinalado por ).

Caso o examinando responda a dois itens do mesmo tipo, deve ser classificado apenas o quetiver sido respondido em primeiro lugar.

1. Documento – Apresentação das potencialidades da charrua a vapor, no contexto da modernizaçãoda agricultura europeia, em meados do século XIX; manifesta curiosidade e expectativa dosproprietários presentes, relativamente aos resultados produzidos pelo mecanismo em acção;imponência da máquina a vapor, fulcro do sistema; inovação relativamente a processos dedesbravamento da terra; substituição da energia animal.

No quadro dos progressos tecnológicos e científicos, ocorridos ao longo do século XIX,mecanização das actividades agrícolas e alargamento das áreas produtivas – arroteamentos,redução do pousio, recuo da pequena e média propriedade; especialização de culturas, utilizaçãode adubos químicos, incremento da criação de gado e de áreas de pastagens. Aumento daprodutividade; redução da mão-de-obra.

Intensificação de investimentos na terra, com vista à extensão das relações de exploraçãocapitalista dos campos, em resposta à pressão demográfica e à procura urbana, estimuladas peloprogresso dos transportes e pela dinamização dos mercados. Empenhamento das elites rurais narevolução agrícola, encarada por sectores burgueses diversificados como campo atractivo deinvestimento de capitais.

2. Documento – Nos finais da ditadura militar, Oliveira Salazar identifica a Primeira República comouma época perturbada, devido ao sistema partidário e ao parlamentarismo, no contexto da crise,porventura definitiva, dos regimes demoliberais, nos anos 20/30. Indicação de que a revolução de28 de Maio de 1926 e o regime de ditadura que então se iniciou lançaram uma época de renovação,legitimada pela adesão do País; submissão das forças resistentes com o apoio do Exército. Papelfundamental atribuído à União Nacional, considerada matriz da participação dos cidadãos na vidapolítica.

Contraste entre o regime vigente na Primeira República, demoliberal, pluripartidário eparlamentarista (amplos poderes do Congresso), definido pela Constituição de 1911, e o Estado Novo,que lhe opôs a recusa do liberalismo, o partido único e a sobreposição do Governo ao Parlamento.Período de dificuldades na vigência da Primeira República, facilitando a ascensão de forçasconservadoras. Consonância destas forças com a generalização, nas décadas de 20 e 30, de regimesautoritários. Relevância das forças militares na afirmação de um novo sistema político e da actuaçãode Oliveira Salazar no saneamento financeiro, abrindo caminho à plebiscitação da Constituição,elaborada sem participação democrática.

3. Documento – Em finais dos anos 40 do século XX, evidente afirmação da linguagem modernista,em bairro de habitação colectiva – edifícios de quatro andares, de forma geométrica regular,assentes em estacas, permitindo a circulação pedonal sob os edifícios; grandes janelas e varandascorridas, interrompidas por grelhas, abrindo para o espaço verde delimitado pelos vários blocos;cobertura em terraço; uso generalizado do betão.

Introdução do funcionalismo arquitectónico em Portugal nos anos 20 e, em meados do século,adopção dos princípios defendidos por Le Corbusier na construção de novos complexos habitacionais,como resposta aos imperativos do crescimento urbano: ordenamento racional do espaço; articulação

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de formas geométricas simples adequadas à função; ausência de ornamentação e qualidade estéticaresultante apenas das opções estruturais. Preocupações urbanísticas fundadas na organizaçãoracional do espaço citadino, proporcionando facilidade de circulação e possibilidade de fruição deespaços verdes de recreio.

4. Documento – Num período de recomposição de forças geopolíticas, identificação, por Jean Monnet,de problemas do pós-guerra e da necessidade de inverter a situação sob o risco de fazer perigar apaz. Defesa da criação de uma «Europa unida», livre e com identidade própria, que se constituacomo força de equilíbrio perante o poder americano. Preferência por uma construção progressiva.

No pós-guerra, consciência nos países da Europa Ocidental das vantagens comuns em seassociarem, para gerirem a relação de ajuda/dependência criada com os EUA e se defenderem daameaça soviética, aparecendo como uma terceira força económica, empreendedora e criativa. ACECA – iniciativa da França e da Alemanha – como primeira experiência de sucesso com esteobjectivo, embora antecedida pela OECE, criada sob influência americana e a propósito do PlanoMarshall; tentativas paralelas de cooperação nos domínios político, militar e cultural, com resultadosdesiguais.

Alargamento da primitiva associação franco-alemã a seis países que constituem, no Tratado deRoma, o núcleo inicial da CEE. Adesão, nos anos 70, de países da Europa do Norte (Europa dosNove) e, nos anos 80, cumpridas as exigências decorrentes do princípio da liberdade e democraciainterna nos Estados aderentes, integração dos países da Europa do Sul (Europa dos Doze).

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