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EXÉRCITO BRASILEIRO ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO BOLETIM INFORMATIVO OFICIAIS DE LIGAÇÃO E INTERCÂMBIO NOS EUA E CANADÁ Nr 06 Nov/Dez 2018 1. GENERALIDADES Na presente edição do boletim informativo mantemos importantes aspectos da reestruturação dos exércitos do EUA, como: A Companhia de Pontes Multifunção do Exército dos EUA e alguns dados sobre Kit de Precisão Guiado M1156 (Precison Guided Guided Kit M1156 PGK). Em relação ao Exército Canadense, será apresentado o seu novo conceito operacional, constante da publicação Engajamento Aproximado: Poder Terrestre em uma Era de Incertezas. Nas informações doutrinárias, faremos uma apresentação da Organização do US Army, começando com as Brigades Combat Teams (BCT), assunto esse que terá continuação nas próximas edições. Dentro das atividades de ensino, instrução e adestramento serão apresentados aspectos relacionados ao Desenvolvimento das Operações de Selva no Exército Canadense, bem como algumas particularidades sobre o Curso Básico de Oficiais do US Army 2. REESTRUTURAÇÃO NOS EXÉRCITO AMERICANO/CANADENSE a. A Companhia de Pontes Multifunção do Exército dos EUA Segundo a doutrina do Exército dos EUA, existem quatro categorias de unidades de engenharia, complementares e interdependentes, que operam na força terrestre. As quatro categorias são as seguintes: - engenharia orgânica; - quartel-general de engenharia; - unidades básicas de engenharia; e - unidades especializadas de engenharia. As unidades que integram as categorias quartel-general de engenharia, unidades básicas de engenharia e unidades especializadas de engenharia compõem os escalões acima de brigada e servem para aumentar as capacidades de engenharia das brigadas de combate (Brigade Combat Team - BCT), quando e onde for necessário. A tabela a seguir apresenta todos os tipos de unidades existentes em cada uma das categorias de unidades de engenharia, bem como em qual componente do exército elas estão disponíveis (Exército Regular, Guarda Nacional ou Reserva do Exército). A Companhia de Pontes Multifunção (Multirole Bridge Company MRBC) é a principal unidade do Exército dos EUA responsável por fornecer o apoio de pontes, sendo capaz de apoiar todo o espectro de operações militares e assistência humanitária. Sua missão é prover pessoal e equipamento para transportar, lançar, operar, recolher e manutenir todos os sistemas de pontes padronizados e não padronizados do Exército dos EUA, para transposições de cursos de água e vãos secos. Dentre as suas capacidades, destacam-se as seguintes: - conduzir e preparar relatórios de reconhecimentos de estradas, vias, túneis, pontes e passagens de vau; - lançar e operar até 213 metros de ponte flutuante tipo Improved Ribbon Bridge (IRB), com classe 75 sobre lagartas e/ou 96 sobre rodas; ou seis portadas com as mesmas capacidades de classe da ponte flutuante, baseado numa velocidade da correnteza de 0 a 0,91 m/s (0 a 3 pés/s); e - lançar e operar até quatro pontes fixas tipo Dry Support Bridge (DSB), em vãos de até 40 metros, com classe 70 sobre lagartas e/ou 96 sobre rodas.

EXÉRCITO BRASILEIRO ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO...de veículos de combate, sustentação vertical futura, rede, defesa antiaérea e de mísseis e letalidade dos soldados. O esforço

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EXÉRCITO BRASILEIRO

ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO

BOLETIM INFORMATIVO

OFICIAIS DE LIGAÇÃO E

INTERCÂMBIO NOS EUA E CANADÁ

Nr 06 – Nov/Dez 2018

1. GENERALIDADES

Na presente edição do boletim informativo mantemos importantes aspectos da reestruturação dos

exércitos do EUA, como: A Companhia de Pontes Multifunção do Exército dos EUA e alguns

dados sobre Kit de Precisão Guiado M1156 (Precison Guided Guided Kit – M1156 PGK). Em

relação ao Exército Canadense, será apresentado o seu novo conceito operacional, constante da

publicação Engajamento Aproximado: Poder Terrestre em uma Era de Incertezas.

Nas informações doutrinárias, faremos uma apresentação da Organização do US Army,

começando com as Brigades Combat Teams (BCT), assunto esse que terá continuação nas próximas

edições.

Dentro das atividades de ensino, instrução e adestramento serão apresentados aspectos

relacionados ao Desenvolvimento das Operações de Selva no Exército Canadense, bem como

algumas particularidades sobre o Curso Básico de Oficiais do US Army

2. REESTRUTURAÇÃO NOS EXÉRCITO AMERICANO/CANADENSE

a. A Companhia de Pontes Multifunção do Exército dos EUA

Segundo a doutrina do Exército dos EUA, existem quatro categorias de unidades de engenharia,

complementares e interdependentes, que operam na força terrestre. As quatro categorias são as

seguintes:

- engenharia orgânica;

- quartel-general de engenharia;

- unidades básicas de engenharia; e

- unidades especializadas de engenharia.

As unidades que integram as categorias quartel-general de engenharia, unidades básicas de

engenharia e unidades especializadas de engenharia compõem os escalões acima de brigada e servem

para aumentar as capacidades de engenharia das brigadas de combate (Brigade Combat Team - BCT),

quando e onde for necessário. A tabela a seguir apresenta todos os tipos de unidades existentes em

cada uma das categorias de unidades de engenharia, bem como em qual componente do exército elas

estão disponíveis (Exército Regular, Guarda Nacional ou Reserva do Exército).

A Companhia de Pontes Multifunção (Multirole Bridge Company – MRBC) é a principal

unidade do Exército dos EUA responsável por fornecer o apoio de pontes, sendo capaz de apoiar todo

o espectro de operações militares e assistência humanitária. Sua missão é prover pessoal e

equipamento para transportar, lançar, operar, recolher e manutenir todos os sistemas de pontes

padronizados e não padronizados do Exército dos EUA, para transposições de cursos de água e vãos

secos.

Dentre as suas capacidades, destacam-se as seguintes:

- conduzir e preparar relatórios de reconhecimentos de estradas, vias, túneis, pontes e

passagens de vau;

- lançar e operar até 213 metros de ponte flutuante tipo Improved Ribbon Bridge (IRB), com

classe 75 sobre lagartas e/ou 96 sobre rodas; ou seis portadas com as mesmas capacidades de classe

da ponte flutuante, baseado numa velocidade da correnteza de 0 a 0,91 m/s (0 a 3 pés/s); e

- lançar e operar até quatro pontes fixas tipo Dry Support Bridge (DSB), em vãos de até 40

metros, com classe 70 sobre lagartas e/ou 96 sobre rodas.

Boletim Informativo Nov/Dez 18 Pág 2

Tabela 1: unidades de engenharia existentes no Exército dos EUA.

Figura 1: integrantes da 50ª Companhia de Pontes Multifunção durante treinamento com a

ponte flutuante IRB (Fort Leonard Wood – ano 2012).

Boletim Informativo Nov/Dez 18 Pág 3

Figura 2: integrantes da 50ª Companhia de Pontes Multifunção realizam reconhecimento de

estrada e lançamento da ponte DSB (Fort Leonard Wood – ano 2015).

A MRBC é composta por uma seção de comando, dois pelotões de pontes e um pelotão de

apoio, conforme organograma abaixo. O seu efetivo é de 182 militares, sendo 5 oficiais, 1 oficial

técnico (warrant officer) e 176 praças.

Com relação ao escalão enquadrante, normalmente a MRBC integra o nível divisão ou corpo

de exército, sendo atribuída ou colocada sob controle operacional de uma Brigada de Multiplicadores

de Poder de Combate ou Brigada de Engenharia.

Como a MRBC não é orgânica de determinado escalão, sua dosagem leva em consideração os

obstáculos conhecidos e previstos para serem transpostos em determinada operação, bem como a

natureza das BCT que serão apoiadas

Figura 3: organograma da Companhia de Pontes Multifunção.

A dosagem padrão para fins de atribuição às divisões e corpos é a seguinte:

- 01 (uma) MRBC por Brigada Blindada (Armored BCT);

- 01 (um) Pelotão de Pontes por Brigada de Infantaria (Infantry BCT) e Brigada Stryker

(Stryker BCT);

- 01 (uma) MRBC por quatro vãos de 40 metros ou oito vãos de 20 metros;

- 01 (uma) MRBC por um vão em curso d’água de 107 a 213 metros; e

- 01 (uma) MRBC para dois vãos em curso d’água menores de 106 metros cada.

Boletim Informativo Nov/Dez 18 Pág 4

b. Mais precisão, menos consumo – Kit de Precisão Guiado M1156 (Precison Guided Guided

Kit – M1156 PGK).

Para reconstruir a capacidade de prontidão e modernizar a força, o Exército dos EUA

concentrou-se em seis prioridades de modernização: fogos de precisão de longo alcance, nova geração

de veículos de combate, sustentação vertical futura, rede, defesa antiaérea e de mísseis e letalidade

dos soldados.

O esforço para desenvolver o programa “Fogos de Precisão de Longo Alcance” inclui não só o

desenvolvimento de novas armas de artilharia, mas também mísseis, projéteis e foguetes mais

precisos e mais letais em um longo alcance. Esses novos sistemas devem ter a capacidade de destruir

ou degradar os Sistemas Antiacesso e Negação de Área do inimigo (A2AD) para permitir a liberdade

de ação e manobra da força combinada.

Como subprojeto do programa LRPF, o Exército dos EUA, em parceria com a indústria de

defesa, desenvolveu o Kit de Precisão Guiado M1156 (Precision Guided Kit-M1156 PGK).

O M1156 PGK é um composto que integra a funcionalidade de navegação por GPS, orientação

e controle em um pacote padrão de espoletas. Ele fornece um meio acessível, confiável e eficaz de

engajar um alvo com precisão e rapidez usando o estoque já existente de munição de artilharia

convencional.

O PGK é de fácil utilização e proporciona precisão já na primeira rajada de tiro. Seu batismo

de fogo, desempenho e a confiabilidade tática foram comprovados no Afeganistão, onde o PGK foi

testado e qualificado para uso pelo Exército dos EUA.

1) Características do M1156 PGK

Um projétil convencional de artilharia M549A1 155mm não guiado tem uma probabilidade

de erro circular (CEP) de 267 m em seu alcance máximo. Isso significa que parte das granadas pode

ser esperada dentro de 267 metros do alvo. Este erro circular faz com que a artilharia não guiada

ofereça riscos para uso em combate aproximado e área urbana, devido a possibilidade provocar fogo

amigo e danos colaterais.

A fim de melhorar a precisão dos fogos e prestar um apoio aproximado com menos riscos, o

Exército dos EUA, em parceria com a indústria de defesa, desenvolveu a munição de precisão

Excalibur M982. Esta munição é uma granada guiada que atinge o alvo efetivamente dentro de 6 m

de erro circular. Porém, o alto custo da Excalibur fez o Exército evitar ao máximo o uso de tão

eficiente munição.

Na busca de uma solução que atendesse os requisitos de precisão e com um custo mais

acessível, o Exército desenvolveu o PGK XM1156 como alternativa.

O PGK substitui as espoletas das granadas de artilharia padrão M549A1 e M795 155mm já

existentes. Ele se encaixa na parte anterior do projétil, da mesma forma que as espoletas

convencionais.

Além da função espoleta, ele fornece um pacote de orientação GPS e superfícies de controle

para corrigir o voo da granada fazendo-a atingir o alvo dentro de um raio de 30m (CEP de 30m) em

qualquer alcance. Isto é, melhora muito a precisão da artilharia convencional.

Boletim Informativo Nov/Dez 18 Pág 5

Figura 04: Trajetória balística e CEP de uma granada com PGK. Figura 05: Projetil com PGK

As pequenas aletas aerodinâmicas permitem que o sistema dirija o projétil no alvo. Seu

receptor de GPS compara o padrão de voo do PGK com as coordenadas de onde ele deve aterrar, e

as aletas ajustam seu caminho para coincidir com o ponto em que a rajada realmente impactará. Além

disso, a granada com PGK desenvolve uma trajetória balística de voo, diferentemente da Excalibur,

o que minimiza o trabalho de desconflito do espaço aéreo.

A espoleta PGK pesa 1,4 kg, isto é, 0,4 kg a mais do que uma espoleta padrão devido à adição

das aletas e um alternador. A presença do alternador no sistema autônomo exclui a necessidade de

bateria, pois o mesmo gera energia em voo.

Apesar de ser inserido mais um dispositivo na granada e ter seu peso aumentado, o PGK

mantém mais de 90% da capacidade de alcance das granadas convencionais.

Outra característica do PGK é que pode ser empregado para efetuar uma detonação pontual

ou ser usada como espoleta de proximidade para explodir quando se aproximar do alvo.

Cabe ainda ressaltar que o PGK também pode ser utilizado em qualquer condição

meteorológica.

O PGK, além de usar as granadas já existentes, pode ser disparado dos sistemas de artilharia

M109A6 Paladin e Obuseiro M777A2, atualmente empregados pelo Exército Americano, sem a

necessidade de qualquer modernização.

Da mesma forma, pode ser estudada a viabilidade técnica do Obuseiro Autopropulsado

M109A5 em disparar granadas equipadas com o PGK. Vale salientar que este modelo de obuseiro

está em processo de modernização e recebimento pelo Exército Brasileiro para equipar sua artilharia

de campanha.

2) Segurança e Operação

O PGK é seguro e fácil de operar. Seguro porque possui um recurso incorporado que evita a

detonação caso esteja a mais de 150m da distância prevista para o impacto. Isto é, cinco segundos

após o lançamento o PGK avalia se o local provável de impacto está próximo o suficiente do alvo

para detonar. Esse recurso garante mais confiança aos soldados para solicitar o apoio de artilharia

para um alvo próximo de sua posição e da tropa amiga.

Além disso, incorpora o mais recente impulsionador (booster) de Munição Insensível (IM).

Isto é, blindado contra interferência eletrônica.

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Quanto a operação, o PGK é de fácil manuseio e requer do operador um treinamento mínimo

para ser proficiente. Uma tripulação de artilharia treinada gasta menos de 3 minutos para preparar o

tiro.

3) Custo

Um dos fatores mais revolucionários da PGK é

a sua capacidade de converter granadas de artilharia

convencionais em Armas de Precisão a baixo custo.

Não requer nenhuma mudança nas plataformas dos

obuses Autopropulsados M109A6 Paladin e Rebocados

M777A2, projéteis US M795 e M549A1, já existentes

em todo Exército, ou equipamentos de missão de apoio

já existentes. Isto é, não necessita nenhuma

modernização nos sistemas de artilharia.

Não só o PGK é mais barato de produzir do que

os projéteis de artilharia guiada, como sua capacidade

de transformar projéteis padrão em munições mais

precisas permite que os milhões de projéteis já em

estoque sejam utilizados. Ao passo que a criação de

novos projéteis inteligentes levaria tempo para serem

construídos e estocados.

Figura 06: Preparação de uma missão com PGK.

A precisão que o PGK adiciona aos projetis convencionais proporciona maior eficácia no

cumprimento de missões, já na primeira rajada de tiro. Isso acarreta um consumo munição muito

inferior ao consumo quando o PGK não é empregado.

Convencional Convencional com PGK

Comparativo

da necessidade

de estocagem

para a mesma

missão.

301 projetis 77 projetis (74% a menos)

301 espoletas 77 PGKs

959 MACS cargas 208 MACS cargas

18.2 toneladas 4.5 toneladas (75% a menos)

Traduzindo em custos, o emprego do PGK proporciona menor necessidade de aquisição de

munição, o que reduz custos com aquisição, armazenamento e transporte acarretando menor custo

em toda cadeia de suprimentos.

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Além da redução na quantidade de munição gasta e transportada, a precisão permite que a

missão seja cumprida com um número inferior de disparos, o que gera uma economia de custos

significativos em todo o ciclo de vida da arma.

Observando o gráfico abaixo, podemos verificar que:

Legenda: ATACMS- Sistema de Mísseis de

Cruzeiro Tático do Exército Americano.

LRLAP- Granada de Precisão de

Artilharia Naval.

GMLRS- Sistema Múltiplo de La-

nçamento de Foguetes Guiados.

Excallibur- Granada de Precisão.

PGK- Kit de Precisão Guiado.

Apesar do PGK ter um CEP inferior a 30m e as demais armas de precisão ter um CEP inferior

a 10m, o PGK apresenta o menor custo total por missão do que qualquer outra Arma de Precisão.

4) Conclusão

A densidade habitacional pode variar muito ao longo de pequenas distâncias entre os

elementos do terreno. Porém, a presença de inimigos escondidos entre a população torna ainda mais

desafiador o trabalho do artilheiro. Soma-se a isso as medidas restritivas a execução de fogos em

regiões povoadas e próximas a tropas amigas que podem por em risco o cumprimento da missão.

O PGK não pretende substituir as demais Armas de Precisão, e sim complementá-las e ocupar

uma lacuna que existe devido a necessidade de diferentes níveis de precisão.

A maior eficiência por tiro proporciona uma redução de custos em toda cadeia produtiva e

logística. Assim, o objetivo do PGK é fazer mais com menos. Pois tem a capacidade de bater o alvo

com precisão disparando menos rajadas de tiro de artilharia por missão. Esta maior eficiência resulta

em maior disponibilidade de meios de artilharia, pois proporciona uma necessidade de menos

obuseiros por posição de tiro, o que permite uma maior dispersão dos meios de apoio de fogo em

todo o campo de batalha.

c. Engajamento Aproximado: Poder Terrestre em uma Era de Incertezas

Incerteza, volatilidade e letalidade são características do ambiente de segurança internacional.

As Forças Armadas do Canadá (Canadian Armed Forces - CAF), portanto, devem ser capazes de

realizar operações em todo o espectro de respostas operacionais em apoio aos objetivos do governo

do Canadá. As CAF permanecem como o único instrumento de poder nacional com o mandato de

conduzir operações de combate. A capacidade de fazer o combate subscreve a capacidade dos

militares de também realizar uma série de operações de não-combate em ambientes imprevisíveis.

No entanto, a defesa não é o único jogador na arena global, que é povoada por um amplo complemento

de parceiros e agências conjuntas, interagências, multinacionais e públicas (Joint, Interagency,

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Multinational and Public - JIMP). Operar dentro dessa estrutura requer o reconhecimento de que as

CAF raramente funcionarão sem uma grande contribuição dos outros atores.

Considerando o acima exposto e para mitigar o perigo no futuro e ajudar a garantir que as CAF

desenvolvam uma força que funcione efetivamente com todos os parceiros em potencial, o Exército

Canadense trabalha para um melhor entendimento de futuros conflitos e para extrair as implicações

mais importantes para o projeto de força futura. As operações terrestres são um elemento crucial para

lidar com conflitos armados que, invariavelmente, têm seu nexo no ambiente operacional mais

complexo possível, ou seja, no solo e entre as pessoas. É para apoiar a aplicação do poder terrestre

através das forças terrestres, sendo apoiado e apoiando todos os elementos da equipe conjunta e

interinstitucional, que o Exército está se preparando para oferecer seu novo conceito operacional,

constante da publicação Engajamento Aproximado: Poder Terrestre em uma Era de Incertezas,

como o conceito de operações terrestres das CAF para o período de 10 a 15 anos.

A publicação destina-se a fornecer uma visão das operações futuras, orientar o desenvolvimento

de capacidades futuras e fornecer ao Exército Canadense o conceito operacional necessário para

cumprir sua missão, antecipar novos desafios, adaptar-se a circunstâncias variáveis e atuar com

liderança e profissionalismo exemplares, apoiando a paz e a segurança em todo o mundo.

A publicação considera que o Exército tem duas competências essenciais: combate

aproximado e o engajamento aproximado. Enquanto o combate aproximado é bem compreendido

doutrinariamente, como as operações de combate conduzidas dentro do alcance das armas de fogo

direto e determinam o sucesso do campo de batalha durante conflitos violentos, o engajamento

aproximado é menos compreendido. Como uma competência central, o engajamento aproximado é

a capacidade de conduzir atividades letais e não letais no nível tático, a fim de criar os efeitos

necessários para influenciar os planos físico, moral e cognitivo dentro do ambiente operacional. O

engajamento aproximado, como competência central, inclui o combate aproximado. Como um

conceito operacional, o Engajamento Aproximado se torna o meio pelo qual essa competência é

operacionalizada dentro de qualquer contexto de emprego de força. É a capacidade das CAF de

conduzir um combate terrestre que sustente sua capacidade de conduzir a ampla variedade de outras

missões essenciais que não sejam de combate em ambientes operacionais imprevisíveis.

De acordo com a futura publicação, o desenvolvimento das CAF no caminho para a realização

dos ideais do Engajamento Aproximado exigirá uma série de áreas de foco. A primeira área

importante será o desenvolvimento da cultura e das ferramentas necessárias para um alto padrão de

interoperabilidade no ambiente JIMP. O futuro ambiente operacional terrestre será preenchido com

Boletim Informativo Nov/Dez 18 Pág 9

uma infinidade de potenciais parceiros e as forças terrestres precisam ser capazes de se integrar com

eles para ter sucesso nas operações. A segunda área chave é o desenvolvimento de formações,

unidades e subunidades equilibradas, ágeis e adaptáveis. O Engajamento Aproximado identifica as

bases para esse desenvolvimento como a equipe aprimorada de armas combinadas. Adaptabilidade e

agilidade permanecem obrigatórias para organizações, sistemas e processos. Os requisitos de

equipamentos e aquisições estão fortemente ligados a essa área e precisam garantir uma força robusta

- equipamentos com propósito único ou restrito devem se tornar a exceção e não a regra. Terceiro, o

Exército também precisa colher as recompensas de uma rede superior, enquanto ao mesmo tempo

preserva a capacidade de operar efetivamente em um ambiente degradado ou austero. A rede inclui,

não apenas os nós de comando e controle e o equipamento necessário para que a equipe conjunta

integrada trabalhe de forma eficaz, mas também inclui o requisito de formar redes com os parceiros

JIMP. O avanço das capacidades necessárias para que os líderes do Exército comandem e controlem

as forças desdobradas como parte da equipe integrada conjunta é essencial para a eficácia futura. Esta

é a área onde o Engajamento Aproximado conduz as operações terrestres canadenses para o sucesso

contínuo.

O conceito de Engajamento Aproximado constante da nova publicação, além de estabelecer as

condições para uma colaboração efetiva com outros departamentos governamentais, aliados e

parceiros de coalizão, também irá reger a forma como o Exército Canadense será desenvolvido para

enfrentar os desafios do futuro. Todas as forças desdobradas pelo Canadá serão forças conjuntas, de

modo que este conceito se encaixará e informará qualquer conceito de operação conjunta das Forças

Armadas do Canadá. Também buscará alinhar com os conceitos operacionais dos outros pilares

geradores de força, a Marinha Real Canadense (RCN), a Força Aérea Real Canadense (RCAF), o

Comando de Operações Conjuntas Canadense (CJOC), o Comando de Forças de Operações Especiais

Canadense (CANSOFCOM), Comando de Pessoal Militar (MILPERSCOM), Comando de

Inteligência das Forças Canadenses (CFINTCOM) e outras agências centrais.

A nova publicação conclui que as operações terrestres nas próximas duas décadas serão

caracterizadas por operações complexas envolvendo uma gama diversificada de condições e um

amplo conjunto de adversários multifacetados e adaptáveis. O Exército e outros elementos das CAF

precisam ser capazes de gerar forças terrestres que possam sobreviver e vencer em combate e, por

meio do entendimento compartilhado e da capacidade de se envolver efetivamente com todos os

atores, ajudar a estabelecer as condições para o sucesso duradouro da missão.

3. INFORMAÇÕES DOUTRINÁRIAS

a. Organização das Brigades Combat Teams (BCT)

Alguns anos atrás, o Exército Americano padronizou a Brigade Combat Team (BCT) como a

unidade básica de armas combinadas. Essa estrutura modular substituiu todos os tipos de brigadas

de combate existentes anteriormente, compondo-se de uma força tática, auto-suficiente e

padronizada.

O US ARMY possui três tipos de BCT:

- Brigadas de Infantaria ( Infantry BCT ) com efetivo de 4.285 militares;

- Brigadas Blindadas ( Armored BCT ) com efetivo de 4.244 militares; e

- Brigadas Stryker ( Stryker BCT ) com efetivo de 4.439 militares.

Essas BCT possuem organização bastante similar:

1) Brigadas de Infantaria ( Infantry Brigade Combat Team - IBCT )

As IBCT são compostas por três Batalhões de Infantaria, um Esquadrão de Cavalaria (unidade

valor batalhão, destinada a prover reconhecimento, segurança e vigilância), um Grupo de Artilharia

de Campanha, um Batalhão de Engenharia (BEB) e um Batalhão Logístico (BSB). As IBCT também

podem ser organizadas com capacidades específicas como montanha, aeromóvel ou paraquedista

(Airborne ).

Boletim Informativo Nov/Dez 18 Pág 10

Figura 07 – Organograma das brigadas de infantaria

2) Brigadas Blindadas (Armored Brigade Combat Team - ABCT)

Com organização bastante similar a IBCT, as ABCT possuem três Batalhões Blindados

(denominados Combined Arms Battalion), um Esquadrão de Cavalaria, um Grupo de Artilharia de

Campanha, um Batalhão Logístico e um Batalhão de Engenharia.

Figura 08 – Organograma das brigadas blindadas

Boletim Informativo Nov/Dez 18 Pág 11

3) Brigadas Stryker (Stryker Brigade Combat Team - SBCT)

As SBCT são centradas no blindado sobre rodas Stryker (veículo blindado 8x8) e são

constituídas por três Batalhões de Infantaria Mecanizados, um Esquadrão de Cavalaria, um Grupo de

Artilharia de Campanha, um Batalhão Logístico e um Batalhão de Engenharia. A SBCT também

possui sistemas avançados de comando, controle, comunicação, computador, inteligência,

reconhecimento e vigilância (C4IRV).

Figura 09 – Organograma das Brigadas Stryker

Todos os demais tipos de brigadas de combate foram substituídos pelas três BCT atuais. Os

ACR (Armored Combat Regiments), embora ainda mantenham sua designação original (2º e 3º

Cavalry Regiment), foram reestruturados como Brigadas Stryker (Infantaria Mecanizada). Deste

modo, os ACR, grandes unidades que possuíam organização similar a nossa Brigada Mecanizada,

perderam a sua missão original que era prover reconhecimento e segurança no nível Corpo de

Exército e passaram a ter a mesma missão atribuída a infantaria mecanizada.

Com todas estas modificações implementadas em sua estrutura de combate, o Exército

Americano possui agora somente um tipo de tropa de cavalaria destinada a prover reconhecimento e

segurança para o seu escalão enquadrante: o Cavalry Squadron.

4. ATIVIDADES DE ENSINO, INSTRUÇÃO E ADESTRAMENTO

a. Desenvolvimento das Operações na Selva no Exército Canadense

O Centro de Guerra Avançada do Exército Canadense (Canadian Army Advanced Warfare

Centre - CAAWC) reuniu, no período de 27 a 29 de novembro de 2018, um Grupo de Trabalho (GT)

para desenvolver um plano de ação visando à implementação da capacidade de Operações na Selva

(Op Sl) no âmbito do Exército Canadense (Canadian Army - CA). A atividade, que foi realizada na

base das Forças Armadas Canadenses (Canadian Armed Forces - CAF) localizada em Trenton,

Ontario, foi planejada e conduzida pelo oficial brasileiro que desempenha a função de instrutor /

assessor para Operações na Selva naquele Centro, e contou com a participação de membros do Centro

de Treinamento do Exército Canadense e da 2ª Divisão do Exército Canadense.

Boletim Informativo Nov/Dez 18 Pág 12

O desenvolvimento das Op Sl pelo CA faz parte de um programa mais abrangente que busca

desenvolver uma capacidade geral de desencadear operações com características especiais e/ou em

ambientes especiais. Vale ressaltar, no entanto, que tal esforço visa não só a implementação de

capacidades operacionais em si, mas possui também um propósito bastante significativo de retenção

de pessoal nas CAF, por meio da execução de atividades de adestramento que possam ser enquadradas

no conceito de “train to excite” / “treinar para motivar”.

A primeira medida para atingir esse objetivo foi a divisão de responsabilidades entre os Grandes

Comandos do Exército. Dentro deste contexto, a 2ª Divisão, com o comando na cidade de Montreal

e tropas na região de Valcartier, Quebec, foi designada como a responsável pelas Op Sl.

Figura 10 – Comando responsável pelo Desenvolvimento das Operações na Selva no Exército Canadense

Na sequência foram criados “centros funcionais de excelência” (Functional Centres of

Excellence – FCoE), os quais devem funcionar como um repositório de conhecimento por

especialidade. Estes centros são responsáveis por abrigar um efetivo mínimo de especialistas capaz

de cumprir as tarefas de atualizar e/ou produzir manuais doutrinários, desenvolver a documentação

de ensino e prover assessoramento adequado no que diz respeito a aspectos específicos como, por

exemplo, aquisição de material especial ou adequação de estrutura de pessoal.

O CAAWC é o FCoE para Op Sl e trabalha em conjunto com o 3º Batalhão do 22º Regimento

Real (3R22eR), localizado em Saint-Gabriel-de-Valcartier, Quebec, o qual tem a missão de adaptar

a estrutura de uma de suas subunidades para operar em ambiente de selva.

Dentro do contexto supracitado, o GT teve como principal objetivo o estabelecimento de um

plano de ação de curto e médio prazos para o desenvolvimento da capacidade de Op Sl no âmbito do

CA. O passo inicial para se atingir este propósito foi definir os aspectos de um Estado Final Desejado

(EFD) adequado, bem como um conceito que pudesse sintetizar como esta capacidade será atingida.

Ao término dos trabalhos ficou estabelecido, em termos gerais, o seguinte EFD:

Abrigar modesta capacidade para operações na selva no nível subunidade, provendo o

Exército Canadense de uma estrutura mínima que possa ser ampliada adequadamente em caso

de demanda por emprego de tropas em áreas de floresta equatorial.

A partir do EFD supracitado, decidiu-se pelo estabelecimento de vetores pelos quais o mesmo

deverá ser atingido, os quais estão representados na imagem a seguir:

Boletim Informativo Nov/Dez 18 Pág 13

Conceito das Operações na Selva

Figura 11 – Conceito para Desenvolvimento da Capacidade de Operações na Selva no Exército Canadense

Após as discussões, foram estabelecidas diretrizes para cada um dos eixos de trabalho,

conforme segue:

1) Vetor 1 - Adestramento Individual

a) Formação do comandante de fração / assessor:

A formação dos comandantes de fração será realizada por meio do envio de militares para

cursos em escolas de selva de países amigos. Depois de qualificados, estes militares atuarão como

assessores no planejamento de operações e como instrutores no Curso Básico de Selva, a ser

detalhado em seguida. Para isto, foram estabelecidos três centros de instrução de selva como destinos

prioritários:

- Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS), no Brasil;

- Centro de Treinamento de Floresta Equatorial (CEFE), na Guiana Francesa; e

- Escola de Selva do Exército Britânico, em Brunei.

b) Formação do combatente básico:

A formação básica para o combate na selva será realizada com base no programa de treinamento desenvolvido pelo instrutor brasileiro do CAAWC, e terá como universo os militares que

compõem a estrutura de SU de Inf L do CA. Com relação à execução deste treinamento, existe um

acordo de cooperação assinado entre o Canadá e a França para que esse curso seja realizado uma vez

ao ano nas instalações do CEFE, na Guiana Francesa, oportunidade em que instrutores canadenses

trabalharão em conjunto com instrutores franceses. Tal programa caracterizará o Curso Básico de

Selva, que para ser aprovado ainda demandará a realização de um GT destinado exclusivamente à

elaboração da documentação de ensino.

Foi levantada a hipótese de condução deste curso no Brasil, por intermédio do CIGS, sendo

este um aspecto que deverá ser discutido na próxima Conferência Bilateral de Estado-Maior

(CBEM) Brasil – Canadá, a ser realizada em julho de 2019, na cidade de Ottawa, Canadá.

2) Vetor 2 - Adestramento Coletivo

O GT discutiu a necessidade de desenvolver um programa de treinamento coletivo,

internamente denominado Battle Task Standards (BTS), por meio do qual a SU do Batalhão de

Valcartier pudesse orientar o planejamento de seu adestramento para Op Sl. O BTS é similar ao

Programa de Adestramento Avançado do EB, e descreve as missões operacionais que as unidades

devem cumprir ao final de seu ciclo de adestramento. O GT concluiu que o programa anual de

adestramento do Exército Canadense deve ser seguido, apenas considerando que as tarefas

operacionais previstas para o ano em questão, ao invés de serem cumpridas em terreno convencional

no Canadá, serão cumpridas em uma área de selva.

No que diz respeito à área para a execução do referido adestramento, ficou estabelecido que

se buscará realizar o desdobramento da SU para realização de exercícios em áreas de selva, por

Boletim Informativo Nov/Dez 18 Pág 14

intermédio de convênios com países amigos. Atualmente, existe um acordo de cooperação entre

Canadá e França que estabelece o envio anual de uma tropa valor pelotão para um exercício na região

de Martinica, o que não atende o objetivo estabelecido, pois a área não pode ser caracterizada como

região de floresta equatorial e o tipo de atividade realizada impede o desdobramento de fração maior

que um pelotão.

3) Vetor 3 - Doutrina

a) Guia do Soldado para Selva

O Guia do Soldado para Selva é um manual voltado para o combatente individual e aborda as

táticas, técnicas e procedimentos necessários para atuar no ambiente de selva, abrangendo assuntos

como sobrevivência, orientação, cuidados com a saúde, entre outros. Tal publicação foi totalmente

reescrita pelo instrutor brasileiro do CAAWC e revisada durante o GT, sendo sua publicação prevista

para o biênio 2019-2020.

b) Manual de Operações na Selva

O Manual de Op Sl atualmente em vigor é datado do ano de 1979, estando, obviamente,

completamente desatualizado. Foi discutido no GT o estabelecimento de uma equipe formada por

oficiais do 3R22eR, a qual conte com um capitão ou major possuidor do Curso de Operações do

Exército Canadense (Army Operations Course – AOC), equivalente ao Curso da Escola de

Aperfeiçoamento de Oficiais do EB. Esta medida possibilitará que seja feita uma adequação da versão

inicial do manual escrita pelo instrutor brasileiro à doutrina em vigor no Exército Canadense.

Com base no que foi tratado, pode-se concluir que alguns vetores de trabalho tais como o

desenvolvimento de produtos doutrinários, a escrituração da documentação de ensino e o envio de

militares isolados para participação em cursos no exterior não trazem impacto orçamentário

significativo e devem continuar em um ritmo adequado de execução. Por outro lado, a realização do

curso básico de selva na Guiana Francesa e, principalmente, o desdobramento de tropas para

realização de atividades de adestramento coletivo em uma região de floresta tropical são ações que

podem sofrer atrasos devido ao alto custo. De qualquer forma, como resultado das ações

desencadeadas durante o referido GT espera-se que ocorra uma aceleração do processo de

desenvolvimento da capacidade de Operações na Selva do Exército Canadense, o que certamente terá

impactos na relação Brasil x Canadá pelo aumento da interação entre os dois países neste campo

específico da expressão militar.

b. O Curso Básico de Oficiais

A formação militar dos oficiais do Exército dos EUA (EEUA) se divide em duas fases distintas,

a primeira dedicada a formação inicial e uma segunda fase voltada aos conhecimentos específicos de

acordo com o ramo que o militar será especializado. A fase inicial para os Oficiais da linha Bélica

destina-se exclusivamente as instruções básicas que são diluídas durante os cursos de graduação

realizados na Academia Militar de West Point ou nos Corpos de Treinamento de Oficiais da Reserva

(ROTC) existentes em diversas Universidades civis dos EUA. Além disso, aqueles candidatos que já

possuem curso superior podem ingressar no oficialato, cursando a Escola de Candidatos a Oficial

(Officer Candidate School - OCS).

Após a formação inicial realizada em uma das três escolas supracitadas, os alunos são

declarados Segundos-Tenentes e aqueles que decidem seguir carreira são enviados para um dos

Centros de Excelência de cada Arma/Quadro/Serviço, onde recebem sua formação militar específica.

Assim, os oficiais que optam pelas Armas de Infantaria, Blindados ou Cavalaria realizam seus

Cursos Básicos (Basic Officer Leader Course - BOLC) no Centro de Excelência de Manobra

(Maneuver Center Of Excellence - MCoE), localizado no Forte Benning, Estado da Georgia.

No corrente ano, de forma inédita, o EB enviou dois 2º Ten de Cavalaria e dois de Infantaria

para realizar respectivamente o Armor Basic Officer Leader Course (ABOLC) e o Infantry Basic

Officer Leader Course (IBOLC), (assuntos abordado nos Boletins Informativos Nr 04 – JUL/AGO e

05 – SET/OUT).

Boletim Informativo Nov/Dez 18 Pág 15

O presente artigo detalha os supracitados cursos, destinados a formação dos Oficiais de

Manobra (Infantaria, Blindados e Cavalaria) realizados no MCoE, bem como seus requisitos e

principais características.

1) Dados gerais do IBOLC

O IBOLC destina-se a formar o Oficial de Infantaria do EEUA. Durante o curso, o aluno

receberá as primeiras noções relativas aos fundamentos doutrinários, formações básicas e

maneabilidade de pequenas frações. Além disso, o curso aborda a utilização dos armamentos básicos

da Arma de Infantaria.

O curso possui uma duração de 19 semanas, sendo o aluno é exigido física e mentalmente,

tanto nas sessões diárias de treinamento físico quanto nas atividades práticas e exercícios de campo

que preenchem aproximadamente a metade da carga horária prevista. Além disso, as avaliações

físicas e cognitivas exigem um padrão mínimo para prosseguimento e aprovação final.

Ao final do IBOLC os Tenentes de Infantaria devem ser capazes de resolver problemas táticos

e comandar pequenas frações sob “stress”. Além disso, os alunos aprovados devem demonstrar a

habilidade de entender uma situação tática, visualizar e descrever uma operação, comandar sua

fração, liderar seus subordinados e avaliar o desempenho de sua fração durante e após uma missão

de combate.

Anualmente são formadas nove turmas do IBOLC no MCoE com aproximadamente 160

alunos cada.

2) Dados gerais do ABOLC

O ABOLC destina-se a formar os oficiais de Cavalaria e Blindados (Armor), que no US Army

corresponde a uma arma específica. Além disso, oficiais do US Marine Corps, da Reserva do US

Army e de países aliados também podem realizar o curso no MCoE.

O Curso também possui uma duração de 19 semanas, sendo realizados em média 08 cursos

por ano, com uma média de 72 alunos por turma formada.

Ao final do ABOLC os alunos deverão ser capazes de comandar um Pelotão de Cav ou de

CC, conhecer os fundamentos do emprego de unidades blindadas em combate, empregar de modo

combinado, unidades de manobra e realizar Operações de Reconhecimento e Segurança.

3) Padrão mínimo para aprovação (Graduation Requirements)

Os alunos realizam diversas avaliações em eventos importantes do curso, que são pontuadas.

A aprovação final ocorre se forem atingidos 700 de 1000 pontos possíveis. Além disso, em algumas

atividades exigem-se um índice mínimo de 70% para prosseguimento, sendo denominadas de

“Eventos Críticos”.

A avaliações seguem critérios semelhantes para ambos os cursos com as devidas adaptações.

Os High Physical Demmands Tests (Testes de Habilidades Físicas Essenciais na tradução livre -

HPDT) são específicos para cada Arma e simulam diversas atividades exigidas em combate, inclusive

algumas que são demandadas ao militar que opera com viaturas blindadas. Esses testes são eliminató-

rios e necessários para aprovação nos cursos, não havendo distinção para oficiais do segmento

feminino.

Fotos 01, 02 e 03 – Exemplos dos High Physical Demmands Tests sendo aplicados

Boletim Informativo Nov/Dez 18 Pág 16

4) Desenvolvimento dos Cursos

Os cursos possuem basicamente duas fases, sendo a primeira relativa as habilidades

individuais e a segunda voltada para as pequenas frações básicas de cada da Arma. O IBOLC foca a

Esquadra, o Grupo de Combate e Pelotão, enquanto o ABOLC aborda pequenas unidades embarcadas

como o Pel Rec e Pel CC. As figuras abaixo detalham as fases do IBOLC e ABOLC.

Figura 01 – Fases do IBOLC

Figura 02 – Fases do ABOLC

Boletim Informativo Nov/Dez 18 Pág 17

Ambos os cursos, realizam diversas atividades de campo e emprego de simuladores. O

principal exercício no terreno dos cursos é denominado Exercício Combinado de Manobra

(Combined Competitive Maneuver Exercise – CCME), que ocorre em uma das últimas semanas e

agrupa numa mesma atividade alunos do IBOLC e ABOLC, permitindo o aprofundamento do

conhecimento relativo as capacidades e limitações de cada arma. O exercício funciona em sistema de

dupla ação, permitindo maior realidade nos eventos e proporcionando melhor compreensão das

diferenças entre uma atitude ofensiva e defensiva.

5) Especialização complementares

Ao término dos respectivos cursos de formação, os oficiais de manobra podem realizar até

três tipos de especializações antes de apresentarem-se em suas brigadas de destino. Alguns destes

cursos de especialização são obrigatórios e outros opcionais. Porém são altamente recomendáveis,

inferindo-se que a não realização de alguma dessas especializações diminui as possibilidades no

prosseguimento da carreira. Os quadros abaixo detalham as possibilidades de especialização de cada

curso disponíveis no MCoE para os tenentes formados no IBOLC e ABOLC.

Tipo de Brigada

(1ª unidade após ABOLC)

Especialização

Especialização

Especialização

Bda Bld

(ABCT)

Ranger Course

Cmt

Vtr Bradley Reconhecimento

(Army Reconnaissance

Course – ARC)

--------

Cmt Pel Morteiro

-------

Reconhecimento e

Vigilância

(Army Reconnaissance

and Surveillance Leaders

Course – RSLC)

Bda Stricker

(SBCT) Cmt

Vtr Stricker

Bda Pqdt

(IBCT) Básico Pqdt

Bda Inf

(IBCT) Op Amv

Quadro 01 – Especialidades destinadas aos Of oriundos do ABOLC

Tipo de Brigada

(1ª unidade após IBOLC)

Especialização

Especialização

Especialização

Bda Bld

(ABCT)

Reconhecimento

(Army Reconnaissance

Course - ARC

Cmt

Vtr Bradley Rangers Course

Cmt Pel Morteiro

Bda Stricker

(SBCT) Cmt

Vtr Stricker

Rangers Course

Cmt Pel Morteiro

Básico Pqdt

Bda Pqdt

(IBCT) Rangers Course

Básico Pqdt

Cmt Pel Morteiro

Precursor Pqdt

Op Amv

Bda Inf

(IBCT) Rangers Course

Op Amv Cmt Pel Morteiro

Básico Pqdt

Quadro 02 – Especialidades destinadas aos Of oriundos do IBOLC

Boletim Informativo Nov/Dez 18 Pág 18

Realização:

Oficiais de Ligação do Exército Brasileiro junto ao US ARMY

TRADOC

Comando de

Adestramento e

Doutrina

CAC

Centro de Armas

Combinadas

MCoE

Centro de

Excelência de

Manobra

MSCoE

Centro de

Excelência de

Apoio a Manobra

FCoE

Centro de

Excelência de

Fogos

Oficiais de Intercâmbio junto ao US ARMY Oficial de Ligação do Exército

Brasileiro junto ao Exército do Canadá

WHINSEC

Instituto do

Hemisfério

Ocidental para a

Cooperação em

Segurança

USAWC

War College

CADTC

Centro de

Doutrina e

Treinamento do

Exército do

Canadá

Contatos:

[email protected]

[email protected]

[email protected]