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FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ – FAESPI
CURSO DE BACHARELADO EM PSICOLOGIA
THYSIANNE DE SOUSA TEIXEIRA
EDUCAÇÃO INCLUSIVA: UM ESTUDO A CERCA DO ACOMPANHAMENTO
TERAPÊUTICO ESCOLAR
TERESINA – PI
2017
1
THYSIANNE DE SOUSA TEIXEIRA
EDUCAÇÃO INCLUSIVA: UM ESTUDO A CERCA DO ACOMPANHAMENTO
TERAPÊUTICO ESCOLAR
Monografia apresentada à Faculdade de Ensino Superior do Piaui - FAESPI, como requisito para a obtenção do título de Bacharel em Psicóloga.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Regina Maria Teles Coutinho.
TERESINA – PI
2017
2
THYSIANNE DE SOUSA TEIXEIRA
EDUCAÇÃO INCLUSIVA: UM ESTUDO A CERCA DO ACOMPANHAMENTO
TERAPÊUTICO ESCOLAR
Monografia apresentada à Faculdade de Ensino Superior do Piauí - FAESPI, como requisito para a obtenção do título de Bacharel em Psicóloga.
Aprovada em 19 de dezembro de 2017.
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________
Prof.ª Dr.ª Regina Maria Teles Coutinho Orientadora
Faculdade de Ensino Superior do Piauí – FAESPI
_______________________________________________ Prof.ª Me. Tammya Tercia Oliveira Ribeiro da Silva
1ª Examinadora Faculdade de Ensino Superior do Piauí – FAESPI
_______________________________________________ Prof.ª Me. Kamilla Lopes de Lira
2ª Examinadora Faculdade de Ensino Superior do Piauí – FAESPI
3
Dedico esse trabalho aos meus pais por investirem nos meus sonhos, e me apoiar em todas as minhas escolhas, aos meus amados sobrinhos Enzo Felipe e Marlon Gabriel, aos meus irmãos Thalison e Mateus, ao Eduardo e Ozires por me permitirem fazer parte do mundo deles quando fui acompanhante terapêutica e a todos que me incentivaram durante esses longos anos de formação, e também aqueles que lutam diariamente pela inclusão. Minha gratidão eterna a todos vocês.
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar a Deus por ter me dado força, saúde e
sabedoria para vencer todos os dias dessa longa caminhada, sem Ele nada seria
possível.
A minha mãe Maria Antonia, que foi uma heroína me apoiou me amou e me
incentivou em cada minuto dessa jornada, foi minha força nos momentos de
desânimo, foi minha luz nos momentos de dificuldade, cuidou de mim durante toda a
realização desta pesquisa quando eu achei que não ia conseguir ela sempre me
fortaleceu minha Maria sem você eu não teria conseguido. Obrigada!
Ao meu pai José Teixeira que esteve comigo mesmo que distante durante
todos os dias, e que mesmo com todas as dificuldades não me desamparou.
Obrigada meu pai.
Aos meus irmãos Thalison e Mateus pelo amor e carinho, torcida e por terem
me dado os presentes mais lindos da vida.
Aos presentes mais lindos da vida, Enzo Felipe e Marlon Gabriel meus
sobrinhos amados, que alegram minha vida, e que durante a longa batalha da
realização deste trabalho me enviaram amor, e deixaram os dias mais leves, me
fazendo rir a cada nova descoberta, me emocionando a cada nova palavra, me
amando a cada beijo a cada abraço, meus amores, obrigada por deixarem meus
dias mais felizes!
Aos meus avos Conceição, Clovis, Maria e Monteiro que não estão mais
presentes aqui na terra, mais que sempre acreditaram no meu potencial e torceram
pela minha vida. Sei que onde estiverem estão felizes por mim.
Aos meus anjos lindos Eduardo e Ozires que suscitaram em mim o desejo
de pesquisar esse tema, alunos mais que ESPECIAIS que tive a honra de ser
acompanhante terapêutica. Alegraram as minhas tardes e me ensinaram que as
limitações físicas ou cognitivas não nos impedem de chegar a lugar nenhum. Vocês
são anjos em minha vida, e a tia Thysianne é muito grata por tudo que me
ensinaram e por todo amor que me transmitiram, por todos os sorrisos que me
deram, e por cada passo novo que foi possível trilhar junto com vocês.
Aos primos (as), tios (as), e parentes que torceram por mim, o meu muito
obrigado.
A minha orientadora Dra. Regina Teles que pelo pouco tempo que lhes
coube me ajudou na realização deste trabalho.
Aos meus amigos de infância que mesmo com o passar dos anos e com as
mudanças de vida, de cidade, não me esqueceram, e continuam torcendo por mim.
Muita gratidão!
5
Aos meus amigos do Amapá e do mundo em especial os do EMI e JOAC e
PJ que nunca me abandonaram, e que apesar da distância sempre torceram e
oraram pela minha vida, que estiveram comigo em todos os momentos vibrando a
cada vitória minha, o apoio e incentivo de vocês foram de extrema importância para
mim, obrigada por permanecer comigo, obrigada por torcerem por mim, pelos meus
sonhos, pela minha vida. Obrigada por todo amor e carinho recebido diariamente.
Aos meus amigos do EJC Teresina que entraram na minha vida de uma
forma linda, e que também foram muito importantes para mim nos dias de luta,
obrigada pela amizade e carinho.
Aos meus colegas de turma que me acompanharam durante os cinco anos
de graduação, pelas risadas que me proporcionaram, pelo aprendizado, por
enxugarem minhas lágrimas quando precisei, por me animarem nos momentos de
tristeza, pelo carinho, e até pelas brigas (rs) o meu muito obrigada.
Aos amigos da minha mãe que também são meus, em especial Francy
Pereira e família por acreditar em mim, e por ter contribuído também para minha
formação acadêmica, com palavras de incentivo, carinho e oração.
Aos meus queridos mestres da vida, aqueles que se dedicaram diariamente
para compartilhar seus saberes e me ajudar construir sonhos, acreditando que com
os estudos podemos ir muito longe, em especial minha querida professora Elizabeth
Rodrigues que sempre me incentivou e acreditou em mim, e me permitiu viver
momentos muito especiais ao seu lado através de dias dedicados de estudos, a
professora Danielle Marques pelos conhecimentos compartilhados comigo e pelas
oportunidades que me destes ao longo da minha caminhada acadêmica, e a todos
os professores que passaram pela minha vida desde a minha alfabetização até hoje,
saibam que todos terão minha eterna gratidão.
A todos que me motivaram que me deram força, que me ajudaram direto ou
indiretamente, o meu muito obrigado. Cada incentivo, cada oração, cada ato de
amor, de carinho e todo afeto recebido e até mesmo as criticas de quem não
acreditou em mim me fizeram chegar até aqui. E eu só tenho a dizer muito obrigada!
6
Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas. Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo. Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.
(Rubem Alves)
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RESUMO
A presente pesquisa teve como objetivo analisar as dificuldades dos acompanhantes terapêuticos escolares no processo de educação inclusiva, no intuito de esclarecer como esse método de inclusão acontece. Nesse viés à pesquisa traz em seu bojo os seguintes questionamentos: Quais os caminhos desse acompanhamento terapêutico até os dias atuais? Como se faz a escola inclusiva nos dias de hoje? Como é a atuação desse profissional e quais as características desse fazer? Para isso foi utilizado uma pesquisa de natureza qualitativa do tipo bibliográfico para versar sobre o tema escolhido. Sendo assim foi possível perceber que tais assuntos ainda demandam de muita pesquisa uma vez que ainda se encontra pouco material a respeito do acompanhamento terapêutico escolar, pois tal proposta surgiu como método para acompanhar pessoas em tratamento psiquiátrico, e recentemente foi transportado para dentro das salas de aula. A pesquisa aponta a importância desse profissional na educação inclusiva, porém chama atenção para o fato de que esse fazer ainda traz em seu legado muitas dúvidas em relação ao seu verdadeiro papel juntamente com a escola e junto às crianças com NEE.
Palavras-chaves: Acompanhamento Pedagógico. Dificuldade de Aprendizagem. Educação Especial. Inclusão.
8
ABSTRACT
The present research had as objective to analyze the difficulties of the school therapeutic companions in the process of inclusive education, in order to clarify how this method of inclusion happens. In this bias to the research brings in its bulge the following questions: What are the ways of this therapeutic follow-up to the present day? How is inclusive school made today? What is the performance of this professional and what are their characteristics? For this, a qualitative research of the bibliographic type was used to deal with the chosen theme. Thus, it was possible to perceive that these subjects still require a lot of research since there is still little material on school therapeutic follow-up, since this proposal emerged as a method to accompany people in psychiatric treatment, and was recently transported into the class. The research points out the importance of this professional in inclusive education, but draws attention to the fact that doing this still brings in its legacy many doubts regarding its true role together with the school and with children with SEN. Keywords: Pedagogical Accompaniment. Learning Difficulty. Special Education. Inclusion.
9
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AEE ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO
AT ACOMPANHANTE TERAPÊUTICO
AP AUXILIAR PEDAGÓGICO
CAPS CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL
EE EDUCAÇÃO ESPECIAL
NEE NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS
TEA TRANSTORNO ESPECTRO AUTISTA
PPP PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO
TDA TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO
TDA/H TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE
10
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO …………………………………………………………………… 11
2 REFERENCIAL TEÓRICO ……………………………………………………… 14 2.1 A ESCOLA E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA .................................................... 14 2.2 O PAPEL DO PROFESSOR ......................................................................... 14 2.3 A FAMÍLIA E A ESCOLA INCLUSIVA ........................................................... 22 2.4 EDUCAÇÃO INCLUSIVA E ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO ........... 24
3 EDUCAÇÃO INCLUSIVA: O SURGIMENTO DO ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO ............................................................................................. 24
3.1 O AT NA ESCOLA ……………………………………………………………….. 27 3.2 O AT NO CÉNARIO TERESINENSE ............................................................ 30
4 METODOLOGIA DA PESQUISA ………………………………………………. 35 4.1 ANÁLISE E INTERPRETATIVA DA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA .............. 35 4.2 LEVANTAMENTO DE MATERIAL ……………………………………………... 35 4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO DA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA .............. 36
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 49
REFERÊNCIAS ............................................................................................. 52
11
1 INTRODUÇÃO
Foi na Argentina, que o termo acompanhante terapêutico foi empregado pela
primeira vez. E surgiu com a função de assistência psiquiátrica, uma modalidade
que escoltava os pacientes dentro e fora das instituições, e conforme ganhava as
ruas esse profissional passou a ser chamado de “amigo qualificado”. (BERLINCK,
2011).
No entanto o acompanhamento terapêutico escolar como ação profissional é
um método novo. Não há indicativos de quanto tempo ou de onde possa ter iniciado,
porém a história marca como uma modalidade do contexto da saúde mental,
partindo de noções de acompanhamento terapêutico originadas na Reforma
Psiquiátrica. (NASCIMENTO, 2015).
Nessa linha de raciocínio a pesquisa se originou em consequência de
inúmeras inquietações da pesquisadora onde a mesma pôde conhecer de perto a
realidade do acompanhamento terapêutico escolar, quando atuou em uma escola da
rede pública de ensino na cidade de Teresina-PI na respectiva função de
acompanhante terapêutica, sendo possível perceber que o processo de Educação
Inclusiva ainda deixa muito a desejar, e as dificuldades ainda são muitas para que
esse processo inclusivista aconteça de forma eficaz, sendo que o papel
desempenhado pelo acompanhante terapêutico nas salas regulares e no âmbito
escolar varia muito, ora sendo um auxiliar pedagógico, ora sendo um mediador das
necessidades da criança especial, diante disso a pesquisa foi motivada no intuito de
discorrer sobre esse fazer dentro das salas regulares de ensino enfatizando quais as
dificuldades que esse profissional enfrenta para fazer acontecer à inclusão nas
escolas.
A pesquisa tem como tema Educação Inclusiva: Um estudo a cerca do
acompanhamento terapêutico escolar. Partindo da questão fundamental: Quais os
desafios que os acompanhantes terapêuticos escolares enfrentam para atuar no
processo de Educação Inclusiva? As discussões aqui apresentadas têm como
questões norteadoras: 1) Como os acompanhantes terapêuticos trabalham o
processo de Educação Inclusiva nas escolas? 2) Quais os procedimentos adotados
para lidar com o aluno com necessidades educativas especiais? 3) Como se
processa o ato educativo de crianças com necessidades educativas especiais nas
escolas?
12
Visando responder o objetivo geral da pesquisa bibliográfica que é analisar
as principais dificuldades dos acompanhantes terapêuticos, no processo de
Educação Inclusiva nas escolas. Tendo como objetivos específicos, 1) Identificar
como se da o processo do acompanhamento terapêutico no âmbito escolar 2)
Verificar as condições no processo de inclusão do aluno com necessidades
especiais, 3) Compreender a atuação do acompanhante terapêutico nas salas
regulares de ensino.
Esse trabalho apoia-se em autores como: ARARIPE (2012) sobre o
Acompanhante Terapêutico no processo de inclusão escolar. BARROS (2011)
Acompanhamento Terapêutico (RE) pensando a inclusão escolar, CHAUÍ-
BERLINCK (2011) que aponta os caminhos do acompanhamento terapêutico, LEAL
(2015) Discorrendo sobre Concepções do acompanhante terapêutico acerca da sua
atuação na rede pública municipal de ensino de Teresina, NASCIMENTO (2015) que
aponta para o acompanhamento terapêutico escolar com crianças autistas. Dentre
outros autores que abordam a temática proposta na pesquisa.
O caminho para que a Educação Inclusiva ganhe novas formas de
estruturação ainda demanda de algumas reformulações, e os questionamentos são
diversos. O presente trabalho apresenta alguns dos fatores dificultadores desse
método para os Acompanhantes Terapêuticos nas salas regulares de ensino.
Assim para expor a temática e proporcionar uma melhor compreensão ao
leitor a pesquisa está organizada em 3 capítulos nos quais será abordada uma
reflexão a cerca do 1) A Escola e a Educação Inclusiva com a finalidade de verificar
as condições no processo de inclusão dentro das escolas. 2) A Educação Inclusiva:
O Surgimento do Acompanhamento Terapêutico, no intuito de identificar como se da
esse processo desde os tempos antigos até os dias de hoje, em vista que esse fazer
foi transportado para dentro das salas de aula, discorrendo também sobre esse fazer
a nível de Teresina. 3) A metodologia da pesquisa e a análise interpretativa da
pesquisa bibliográfica. Por fim faremos as considerações finais a cerca do trabalho
realizado.
Quanto à relevância social é um tema que tem gerado uma série de
questionamentos aos profissionais que atuam na área, além do mais é uma questão
muito discutida: a inclusão de alunos especiais nos âmbitos educacionais. Porém
infelizmente ainda possui muitas falhas em seu processo, mesmo que tenhamos
avançado alguns anos e algumas leis. Portanto faz-se necessário discutir mais sobre
13
tal problemática, para que assim possamos avançar em direção a leis e projetos
mais eficazes para tornar digno o processo de incluir quem tem direitos de participar
da sociedade em todas as suas esferas sociais.
O serviço do Acompanhamento Terapêutico no contexto escolar é novo,
portanto ainda há muitas dúvidas e poucas discussões a respeito deste fazer, sendo
assim espera-se que esse trabalho possa contribuir para que novas discussões a
respeito do tema possam surgir e cooperar para o avanço da educação inclusiva no
Brasil.
14
2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 A ESCOLA E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Ser Escola Inclusiva é de extrema importância nos dias de hoje, pois durante
muito tempo as pessoas com necessidades especiais foram excluídas da sociedade,
porque se acreditava que esses eram incapazes de executar algum tipo de tarefa,
ou de estar inseridos no ambiente escolar. Por muito tempo as crianças com
necessidades educacionais especiais foram separadas das crianças ditas “normais”,
atualmente podemos perceber que a realidade passou por algumas modificações,
no entanto é preciso avançar ainda mais, para que assim tenhamos educação de
qualidade garantida a todos os públicos. Nesse sentido nos reportamos para uma
direção do que seja a escola inclusiva.
Magnus (2017) aponta que a escola inclusiva direciona-se para um ensino
que reforce mecanismos de interação igualitária, ajudando o ser humano a se
perceber e se sentir inserido ao meio, como parte de um todo, independente de suas
características físicas.
Oliveira (2012, p.8) explica que:
Até ao século XVII, a sociedade estava repleta de preconceitos chegando mesmo ao infanticídio daqueles que tinham a infelicidade de nascer diferentes. A partir do século XVII, iniciou-se a "Era das instituições", sendo estas crianças internadas em orfanatos e internatos juntamente com outros excluídos: idosos, delinquentes, etc. Essas instituições tinham como principal objectivo a assistência médica em vez do ensino e da formação. Em 1801, Itard (1774 – 1840) dedicou-se ao desenvolvimento de uma investigação com um portador de deficiência mental profunda, com quem trabalhou durante seis anos, tendo ficado conhecido como o pai da Educação Especial.
Por muito tempo na sociedade às pessoas com necessidades especiais
sofreram com o preconceito, a segregação e as práticas coercitivas de tratamento, o
desprezo era comum, e a falta de atenção e oportunidade para os mesmos era
gigantesca. Há pouco tempo é que se discute com mais frequência à questão de
uma “escola para todos”, a educação não é mais segregacionista, no entanto ainda
não é totalmente eficaz, e nem sempre as crianças diferentes tem a possibilidade de
usufruir dos direitos que lhes são garantidos por lei.
Díaz et al. (2009, p. 10) assevera que:
15
Debater e refletir sobre diferentes formas de organização escolar e social para acolher a diversidade humana não é tarefa simples, não significa, apenas, arrolar um conjunto de situações em que os segmentos excluídos da sociedade, por exemplo, têm seus direitos usurpados. As injustiças sociais demonstram que mais do que ser diferente, o que coloca este ser humano em uma condição de desvalorização é ser um diferente que possui “menos valia” no mundo capitalista, onde a valorização de uns em detrimento de outros, expressa valores que impõem uma nova ordem de relações sociais produtivas, que alteram a forma de ser do outro, colocando-o na condição de não-humano, ou melhor, de um cidadão ou cidadã de segunda categoria.
De acordo com o autor podemos dizer que mais do que debater e refletir
sobre as diferenças é necessário acolher, ainda que não seja uma tarefa fácil, é
preciso ser justo, é preciso olhar para o ser-humano como cidadão, que deve ser
respeitado e aceito na sociedade. Sobre isso Fortes-Lustosa (2011, p.13) se
posicionada:
Considera-se que a educação inclusiva implica na rejeição de crenças e valores longamente cultivados. Implica, sobretudo, ressignificar o outro, valorizar sua natureza plural e complexa. Trata-se de um processo de responsabilidade partilhada e de conscientização. A mera reflexão sobre tais fatos já representa uma conquista, pois pode provocar uma ação efetiva na busca por um mundo mais harmonioso, mais solidário e tolerante com a diversidade.
Ou seja, o que se entende é que provocar reflexões a cerca desse fazer já é
o começo de uma conquista, pois assim poderemos provocar a sociedade a buscar
ações mais efetivas que contribuam para a educação na contemporaneidade. Pois
esses sujeitos já sofreram demasiadamente ao longo dos tempos.
A Educação Especial passou por algumas transformações ao longo dos
anos, até chegar á pratica inclusiva que conhecemos hoje, Reis (2012), relata que
antes o termo era utilizado para designar uma educação distinta á aquela praticada
atualmente, ou seja, tal termo se referia à educação segregacionista que permitia
que alunos diferentes fossem separados dos alunos ditos “normais”. Porém hoje se
pode dizer que essa Educação Especial esta aliada à educação regular, uma vez
que as classes passaram a recebem alunos com as mais diversas diferenças, sendo
classificada como integração de alunos com necessidades educativas especiais que
inclui estudantes com dificuldades de aprendizagem derivadas de fatores orgânicos
e ambientais ou com outras dificuldades. Atualmente se fala em acolher alunos com
Necessidades Educativas Especiais (NEE), esse termo nos aproxima mais de uma
16
escola inclusiva, enquanto o termo Educação Especial nos remete a uma educação
de caráter segregador, que costumava ser utilizado como etiqueta de diagnóstico.
Colaborando com as ideias de Reis, Prieto (2015), explica que a educação
passou a empregar os termos “necessidades educacionais ou educativas especiais”,
para designar uma educação que não rotulasse as deficiências, em vista que o
termo educação especial era utilizado pelas escolas que lidavam exclusivamente
com o público da educação especial (síndromes, deficiências físicas, auditivas,
visuais e outras), já o termo “necessidades educativas especiais” passou a abarcar
outras condições como superdotação, transtornos globais do desenvolvimento
(psicoses, autismo) como forma de diversificar essas escolas e a educação ser
realmente um direito de todos.
Para explicar melhor sobre essas nomenclaturas, e o que isso alterou com a
modificação das mesmas, o quadro a seguir traz algumas das mudanças
significativas no que diz respeito à Educação Especial e As Necessidades
Educativas Especiais.
EDUCAÇÃO ESPECIAL NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS
Termo restritivo carregado de múltiplas conotações pejorativas.
Termo mais amplo, geral e propício para a integração escolar.
Costuma ser utilizado como «etiqueta» de «diagnóstico».
Faz-se eco das necessidades educativas permanentes ou temporárias dos alunos/as. Não é nada pejorativo para o aluno/a.
Afasta-se dos alunos/as considerados normais.
As NEE referem-se às necessidades educativas do aluno...
Predispõe para ambiguidade e arbitrariedade, em suma, para o erro.
Estamos perante um termo cuja característica fundamental é a sua relatividade conceptual.
Pressupõe uma etiologia estritamente pessoal das dificuldades de aprendizagem e/ou desenvolvimento.
Admite como origem das dificuldades de aprendizagem e/ou desenvolvimento, uma causa pessoal, escolar ou social.
Tem implicações educativas de carácter marginal, segregador.
As suas implicações educativas têm um carácter marcadamente positivo.
Contém implicitamente referências a currículos especiais e, por isso, a Escolas Especiais.
Refere-se ao currículo normal e idêntico sistema educativo para todos os alunos.
Quadro (adaptado) – Aproximação aos termos E.E. e NEE (Gallardo y Gallego, 1993), citada por Reis (2012
p. 24).
17
De acordo com o quadro acima apresentado, essa mudança de
nomenclatura na educação, surge como uma forma de dissociar as implicações que
o termo educação especial trazia no sentido de nos remeter a uma educação que
excluía da sociedade as pessoas diferentes, e que se diferencia do caráter
educacional como proposta de inclusão. Assim acredita-se que o termo
necessidades educacionais especiais nos aproxima do que seja realmente a
inclusão e o impacto que isso traz para a sociedade.
Assim como se refere Bautista (1997, p. 11, apud REIS, 2012, p.24), essas
modificações não afetaram somente aos alunos com casos típicos considerados
pela antiga educação especial, mas também a outros alunos que possuem atraso
escolar, pois agora também podem usufruir do acompanhamento escolar para lidar
com suas dificuldades.
Santos (2007 apud Oliveira, 2012 pág. 16), diz que há um conjunto de
vantagens que surgiram com a inclusão que é importante mencionar:
• A inclusão reduz os efeitos da educação segregada, nomeadamente os
efeitos negativos da categorização e atitudes negativas promovidas pela
falta de convivência com crianças sem deficiência;
• A inclusão possibilita às crianças observar e aprender novas
competências através da imitação de modelos diferentes dos seus;
• A inclusão faculta a convivência entre todas as crianças com idades
similares, abrindo assim as portas à interacção espontânea, facto que
permite aumentar a competência social e comunicativa;
• A inclusão proporciona às crianças com necessidades educativas
especiais vivências reais que são uma ajuda fundamental para a vida em
sociedade e mais tarde para a entrada no mundo do trabalho;
• A inclusão permite às crianças sem deficiência desenvolverem visões
mais realistas e adequadas sobre os seus pares com deficiência;
• A inclusão cria oportunidade para que as crianças desenvolvam atitudes
positivas face à presença dos colegas com NEE na escola e mais tarde
na comunidade;
• A inclusão promove a aprendizagem de comportamentos altruístas, bem
como e, quando usar tais comportamentos;
18
• A inclusão permite a compreensão de que, apesar das limitações dos
pares com NEE, estes conseguem ter sucesso em diversos domínios.
De acordo com as pontuações feitas acima, entende-se que o processo de
educação inclusiva trouxe benefícios significativos para a sociedade desde o seu
surgimento, no entanto é preciso ressaltar que mesmo com os avanços que
ocorrerarm até então, muito ainda precisa ser feito, pois infelizmente nem todas as
escolas compreenderam de fato o que significa ser escola inclusiva, para isso
precisamos discutir mais a cerca do que significa esse processo que apesar de ser
tão falado nos dias atuais ainda provoca angústias e dúvidas para uma boa parte da
sociedade.
Magnus (2017, p.25), explica que.
As escolas, muitas vezes sem querer, segregam os/as educandos/as, através de avaliações e separações, a retenção e a aprovação fazem parte da segregação. Há uma seleção que faz com que criem barreiras entre eles/elas. A discriminação é uma dessas barreiras, além de restringir a participação e o convívio com as pessoas sem deficiência, limitando as possibilidades de desenvolvimento e participação na sociedade.
A escola inclusiva precisa estar atenta para que não se repita as formas
segregacionistas do passado, a escola deve ser um ambiente de acolhimento e não
de exclusão, as interações são importantes mecanismos de inserção do sujeito no
ambiente escolar, deste modo é preciso desenvolver a participação e o convívio com
todos, colocar o aluno diferente no cantinho da sala não é inclusão, pelo contrario tal
prática assume uma postura de exclusão, e escola como proposta inclusiva
necessita de partilha de vivências.
Magnus (2017, p. 15) disserta que.
Reconhecer o direito à diversidade é dar respostas às diferentes necessidades educacionais encontradas na sociedade. A diversidade e a cidadania são princípios que devem estar presentes na construção de um projeto educacional inclusivo que incorpore as crianças com deficiência à rotina escolar. Assim, toma-se fundamental repensar os Projetos Político Pedagógicos das instituições de ensino e fazer com que neles constem questões como: diferenças de classe social, gênero, etnia, orientação sexual, diversidade, acessibilidade. Enfim, uma escola com acessibilidade e pronta para receber alunos/as com deficiência não pode se fechar a discutir temas sociais, que fazem parte da identidade pessoal e definem a condição do sujeito na cultura e na sociedade.
19
Tomando como base os pensamentos de Magnus, somente reconhecendo
os direitos a diversidade é que podemos avançar enquanto sociedade que defende e
aceita as diferenças, para isso é preciso repensar os projetos políticos pedagógicos,
repensar as leis, e repensar a forma de atuação de todos os profissionais envolvidos
com o desenvolvimento das crianças na rotina escolar, assim sendo as escolas
precisam estar prontas para receber alunos com as mais diversas diferenças, e
estarem aptas a discutir essa temática para que dessa forma esses alunos inseridos
sejam acolhidos de forma correta.
A inclusão enquanto ação social defende a ideia de modificação da
mentalidade e dos ambientes sociais, como proposta para que as pessoas com
necessidades educacionais especiais possam buscar seu desenvolvimento, levando
a sociedade a respeitar e valorizar as diferenças para assim garantir o direito a
cidadania a todos os sujeitos. (MAGNUS, 2017).
Garantir os direitos a cidadania requer a execução de leis que de fato
protejam e zelem pelo bem estar e educação de qualidade dessas pessoas e há leis
brasileiras que discorram sobre inclusão, porém não são totalmente ativas,
necessitando, contudo estar traduzidas de formas eficazes, com ações assertivas e
constantemente avaliadas.
Isso significa dizer que enquanto ação politica, muito ainda precisa ser feito
e discutido, as leis precisam ser executadas em sua totalidade, pois ao que se
entende, muito ainda precisa ser pensado para que o atendimento desses alunos
com NEE se configure como eficaz.
Mendes (2002), explica que as leis que protegem a inclusão precisam
passar por um processo que crie novos conceitos a cerca da prática, uma vez que
apenas se criam reproduções do que significa esse exercício. Corroborando com
Mendes, Magnus (2017) pontua que as leis não são eficazes e nem perfeitas,
quando inseridas no contexto escolar esse fato torna-se ainda mais evidente. Os
alunos quando “incluídos” nesse contexto acabam sendo recebidos por profissionais
muitas vezes despreparados e uma instituição sem condições favoráveis para incluir
seus alunos com dificuldades de aprendizagem e outras necessidades especiais.
Para Nascimento (2015, p. 32)
A inclusão escolar vai além do cumprimento de leis, pois representa uma possibilidade de desenvolver questões subjetivas, garantindo e oferecendo os lugares de circulação social e de direito de todos. Por isso, para
20
levantarmos uma discussão sobre a educação inclusiva, é necessário caracterizá-la de forma crítica.
Levando em consideração o pensamento da autora, é essencial dizer que
muito mais que o cumprimento das leis é necessário trabalhar o desenvolvimento do
sujeito garantindo a ele a circulação por todos os espaços, e pensar sobre a
educação inclusiva de forma critica, promovendo a possibilidade de inserção e de
direitos a esse sujeito fazendo com que essa escola não seja apenas um espaço de
transmissão de conteúdos.
Conforme indica Sereno (2006), o contato com a diferença no contexto de
educação escolar, desafia a escola a repensar novas formas de como transformar o
ambiente respeitando então a diferença do outro que agora também é parte desse
espaço escola, saindo então da inércia pedagógica.
Para Leal (2015 p. 34)
É importante ressaltar que, mesmo na perspectiva da Educação Inclusiva, com a inserção do aluno nas salas comuns do ensino regular e a manutenção da ideologia de um continuum de serviços, possibilitando a adoção de uma diretriz política rumo à mudança paradigmática, a legislação brasileira prevê, mas não garante o suporte material e humano necessário para a política de Educação Inclusiva, o que constitui verdadeiro problema para aqueles e aquelas que procuram traduzir na prática os princípios da educação especial na perspectiva inclusiva.
Nessa perspectiva, Leal (2015), destaca que o descuido é sempre
considerado um fator dificultador, quando o assunto é Educação Especial, pois esta
se revela como uma das formas mais cruéis de exclusão: aquela escondida pela
cortina da inclusão escolar, configurando-se em desamparo disfarçado de inserção.
A escola precisa possuir professores capacitados a acolher esse público
diversificado, para que assim a inclusão seja vista como uma causa importante e
necessária, e não uma causa de desamparo, que por muitas vezes acaba sendo
vista como “inclusão”. Não adianta apenas prevê suporte a esses sujeitos, é preciso
garantir que estes tenham acesso à educação de qualidade, estando inseridos
nesse contexto e participando dele.
Portanto, o acompanhante terapêutico deve utilizar meios que sensibilize o
professor diante da necessidade da criança, no intuito de que essa relação seja de
parceria tanto entre o professor e o AT, quanto entre o professor e o aluno, para que
assim possam caminhar juntos em prol de um mesmo objetivo.
21
Outra dificuldade que pode ser apontada pelo AT, é justamente a de
sensibilizar o professor sobre a necessidade da criança, pois nem sempre os
mesmos estão dispostos a compreender o que é dito e pensado pelo AT, levando
em consideração que há profissionais dispostos a lutar por essa causa, mas também
há aqueles que não estão dispostos por não se interessarem mesmo, ou não
conseguir lidar com a questão, e acaba responsabilizando o AT por tudo o que
acontece com a criança.
É necessário levar esse docente a pensar sobre a seu fazer e sobre sua
posição, diante das queixas e incertezas, para poder lançar e repensar sobre a sua
prática educativa. (BARROS, 2011).
A educação inclusiva é uma proposta que requer cuidado, fazer esse
processo acontecer não é fácil, no entanto é preciso estar disposto a atender essa
criança, e facilitar seu desenvolvimento, de forma que este não se sinta excluído,
essa é uma das formas de auxílio do acompanhante terapêutico que precisa voltar o
olhar também para o professor como forma de orientar o mesmo sobre as
necessidades do aluno, sensibilizando-o a repensar estratégias que promova o
desenvolvimento e a inclusão desse aluno junto aos demais. Lembrando aos
mesmos que facilitar o desenvolvimento do aluno com NEE, não significa direciona-
lo a questões de baixo nível, e sim de orientação e compreensão, é preciso auxiliar
os alunos a se desenvolverem, pois para esses alunos é extraordinário se sentirem
importantes para esse meio no qual estão inseridos.
Oliveira (2012), partilha dessa opinião e explica que Educação Inclusiva não
é um processo fácil, e que para uma escola se tornar inclusiva, é necessário
construir e promover educação de qualidade a todos, por meio de um sistema que
utilize de recursos alternativos para garantir a inclusão dos alunos com NEE, assim
é importante que esses alunos sejam auxiliados e acompanhados, a escola inclusiva
precisa dar oportunidade a todos independentemente de suas diferenças físicas ou
intelectuais.
Dessa maneira “[...] podemos dizer que é sim, possível, a inclusão escolar -
nos moldes dos teóricos da psicologia histórico cultural - mas ela é mais provável
quando há a participação e mediação dos outros pares na escola”. (ARARIPE, 2012,
p.83).
Para Magnus (2012) a escola na perspectiva inclusiva deve direcionar-se
para o ensino que auxilie o aluno a se perceber, como alguém que faz parte do meio
22
no qual se encontra inserido, independentemente de suas características físicas, os
profissionais devem facilitar uma interação solidaria e cooperativa no auxilio dessa
percepção dos alunos com deficiências, TEA e outras necessidades educacionais
especiais.
Para tanto o professor necessita estar disposto e disponível quanto à
aprendizagem desses alunos, pois bem mais que recursos didáticos simples é
preciso se respaldar de recursos que não enfatize as limitações desses alunos, mas
sim que promova a oportunidade de que eles estejam inseridos e possam se
desenvolver pessoalmente e educacionalmente.
2.2 O PAPEL DO PROFESSOR.
Para fazer acontecer à inclusão escolar é necessário em primeiro lugar que
a escola esteja preparada para receber alunos com necessidades educacionais
especiais, preparada no sentido de adequação do ambiente para alunos acometidos
de deficiências físicas e outras dificuldades. E preparadas também quanto à
formação de professores para atuarem no processo educacional e inclusivo.
Frente aos processos de inclusão escolar, ser professor, hoje, tem sido um desafio cada vez mais vigoroso. As exigências de novos conhecimentos e práticas que atendam a diversidade de alunos e as demandas institucionais têm requerido tempo, dedicação e oportunidades de formação inicial e, sobretudo, continuada, a serem ofertadas por instituições públicas e privadas, em diferentes modalidades (POKER; MARTINS; GIROTO, 2016, p. 12).
Para Barros (2011), a principal questão quanto à educação inclusiva se
refere à formação de professores, que não recebem sequer uma preparação
adequada para lidar com esses alunos especiais que se encontram inseridos nas
salas regulares de ensino. No entanto a falta de apoio e orientação desses
profissionais acaba muitas vezes por não favorecer sua conexão com o aluno
diferente.
Ou seja, a falta de capacitação acaba gerando dificuldades no âmbito
escolar, uma vez que o profissional responsável pelo desenvolvimento e inclusão do
aluno especial e dos demais alunos não está preparado para lidar com as diversas
diferenças que agora adentram as salas de aula.
23
Silva (2009) diz que existem classes homogêneas no cenário escolar onde
alunos aprendem em ritmos próximos, no entanto a inclusão propõe que possamos
dar lugar a classes diversificadas onde alunos com necessidades especiais possam
estar incluídos juntamente com alunos ditos “normais” de forma respeitosa em todas
as suas particularidades. Dessa forma é importante ressaltar que esse modelo
diversificado de educação demanda de que tenhamos profissionais verdadeiramente
capacitados para atuar com a diferença e o diferente no ambiente escolar, é
necessário ir além dos recursos simples de didática, os profissionais precisam
buscar formas diferentes de trabalhar, e para isso precisam ser capacitados para
ampliar as questões que envolvem a aprendizagem e inclusão do aluno com NEE.
Então é necessário pensar em um novo modelo educacional a fim de contribuir para
o desenvolvimento e aprendizagem desses alunos. É preciso que as escolas
busquem capacitar seus profissionais para atuar de forma saudável junto a esse
público.
Para Grassi (2008, p.3) é necessário que uma formação que:
[...] envolva a sua instrumentalização para atuação com alunos com necessidades educacionais especiais, o desenvolvimento de um posicionamento crítico, conhecimento sobre as políticas públicas para inclusão educacional e legislação. Ao se abordar a questão da instrumentalização é preciso que não se considere apenas a formação técnica, o domínio dos conhecimentos científicos, mas principalmente a formação pessoal que possibilite a retomada de suas histórias e de suas próprias necessidades, a formação de um posicionamento crítico em relação à inclusão, a diferença, a deficiência, as limitações, as políticas públicas de educação e de uma disposição para conhecer, respeitar, educar, cuidar e acolher os alunos em suas necessidades, o que é um direito e não um privilégio. (GRASSI 2008, p.3)
É necessário e fundamental aceitar que a sociedade possui sujeitos com
diferenças variadas, sejam elas físicas, cognitivas, religiosas financeiras ou outras, é
imprescindível que a sociedade compreenda e respeite todas as pessoas,
independente de suas dificuldades ou capacidades.
Silva (2009, p. 20) se posiciona dizendo:
A construção do conhecimento, portanto não está apenas nas mãos daqueles que repassam o conteúdo, precisamos de pessoas preparadas para ensinar sim, mas acima de tudo aprender, de falar aos seus ouvintes, mas também que saiba escutá-los, ver, mas querendo também enxergar o outro e também a si mesmo, pois é neste momento que há a interação aluno versus professor e a construção do saber.
24
Dessa forma a autora traz a ideia de que é necessário estar preparado para
acolher esse aluno, e compreender o quão é importante à construção do
conhecimento mais também da conexão entre ambos para tornar essa construção
mais prazerosa.
2.3 A FAMÍLIA E A ESCOLA INCLUSIVA
Sendo a família a primeira entidade onde se propõe o desenvolvimento e
educação dos seres, sejam eles acometidos ou não de necessidades educacionais
especiais, é de extrema e total importância que nos reportemos para a necessidade
da parceria entre escola inclusiva e família, como forma significativa de
aprendizagem e desenvolvimento da criança com necessidades educativas
especiais.
Reis (2012, p. 45), destaca que “o envolvimento dos pais ou familiares
responsáveis pelas crianças com necessidades educativas especiais na inclusão
das mesmas é de extrema importância para todo o processo educativo”.
Corroborando com as ideias de Reis (2012), Portela e Jesus (2009),
dissertam que a escola e a família exercem uma função extremamente importante
no desenvolvimento da criança com necessidades educacionais especiais, ainda
que possuam características diferentes, dessa forma a parceria dessas entidades
nomeadas escola e família, é fundamental.
Sendo assim entende-se que a família e a escola precisam ser parceiras
quando o assunto e a educação inclusiva, levando em consideração que são
entidades que representam muito para essas crianças. Essa relação precisa ser
vivida num clima de respeito e confiança, em vista que ambas possuem interesses
em comum, que no caso é o desenvolvimento e educação de qualidade das crianças
com necessidades educacionais especiais e sua inserção no ambiente escolar.
2.4 EDUCAÇÃO INCLUSIVA E ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO
Educação Inclusiva e Acompanhamento Terapêutico são temas que
requerem uma ampla discussão, uma vez que vem aumentando o número de
crianças com NEE matriculadas e com isso demanda que o número de
acompanhantes terapêuticos também aumente.
25
A inclusão de pessoas com necessidades educacionais especiais passou
por algumas modificações até chegar às políticas públicas vigentes atualmente. No
entanto ainda é um terreno que requer muitos reparos, é necessário avançarmos
ainda mais para que de fato possamos dizer com veemência que a inclusão existe e
que os sujeitos são respeitados em suas diferenças. (MAGNUS, 2017).
Magnus (2017) ressalta que, para uma escola tornar-se inclusiva é
necessário sensibilizar não só os profissionais que atuam diretamente na sala de
aula com essas crianças, mas também a comunidade escolar como um todo,
investindo nessa participação de docentes e discentes para um envolvimento efetivo
que incentive na aprendizagem, e socialização dessa criança.
A autora disserta que a inclusão é um processo fundamental que contribui
para que as pessoas com necessidades educativas especiais possam desenvolver-
se e exercer sua cidadania, propondo que todos têm direito a educação e a inserção
em todas as esferas de uma sociedade, uma vez que possuem os mesmos direitos
que as pessoas ditas “normais”. Levando ainda a sociedade a compreender e
valorizar as diferenças, pois uma sociedade justa e igualitária só pode ser construída
respeitando as pessoas e suas particularidades.
O Acompanhante Terapêutico, que surgiu incialmente como estratégia
vinculada à saúde mental, veio a aliar-se ao contexto escolar, no sentido de auxiliar
e de oferecer suporte para a inclusão escolar, como meio de transformar a realidade
desse aluno especial no ambiente sala de aula e em todo o âmbito escolar. (LEAL,
2015).
Ou seja, o modelo de atuação do Acompanhante Terapêutico no Brasil desde seu surgimento no contexto psiquiátrico até o momento atual veio se constituindo como uma prática clínica individualizada. Muito se tem discutido acerca da identidade profissional deste sujeito especialmente no âmbito escolar, no qual desenvolve estratégias de intervenção com vistas à inclusão dos alunos com NEE acentuadas e muito há que se discutir no sentido de lhe dar os contornos necessários. (LEAL, 2015, p. 50).
Conforme disserta Magnus (2017), as escolas e universidades aos poucos
vão inserindo no seu cotidiano formas para superar as dificuldades e obstáculos que
encontram frente ao desafio do novo, que inclui as barreiras relacionadas a questões
físicas, comunicacionais, informacionais, sensoriais e cognitivas, dessa forma
contribuem significativamente para o bom funcionamento da dinâmica institucional e
26
da valorização das diferenças, fazendo com que essa seja uma experiência
enriquecedora para o grupo de modo geral.
Para Ivanoski (2017, p.10)
Uma escola inclusiva é, antes de tudo, uma escola que reconhece o seu aluno como sujeito. É aquela que acolhe, sem distinção, crianças com e sem deficiência. É uma escola que reconhece as peculiaridades de cada aluno e se empenha para que o processo de aprendizagem seja bem sucedido. É aquela que se organiza para receber alunos com necessidades educacionais especiais, repensando desde o seu espaço físico e acomodações até a formação do seu corpo docente.
Dessa forma a autora explica que a para a escola tornar-se inclusiva é
necessário antes de qualquer coisa que a escola reconheça seu aluno e suas
necessidades, para que assim possa buscar meios de inseri-lo de forma assertiva na
rotina da sala de aula, é necessário ainda que se tenham recursos além dos
recursos simples utilizados diariamente, são necessários que além de aparatos
didáticos a escola e seus agentes possuam aparatos psicológicos e educacionais
especiais para atuar com as diferenças, e que tanto professores quanto os demais
agentes educacionais da escola possam contribuir de forma significativa para o bem
estar físico e emocional desse sujeito, e contribuir para seu desenvolvimento no
ambiente escolar.
Assim Nascimento (2015), aponta que o acompanhamento terapêutico na
atualidade configura-se em uma pratica facilitadora que auxilia os alunos com
necessidades educacionais especiais, na inserção a educação inclusiva, reforçando
a interação do aluno e do professor e dos demais atores inseridos no contexto
escolar. Contribuindo para o desenvolvimento desse sujeito e dando suporte ao
professor para que este aprenda a lidar com o novo e as diferenças, uma vez que
esses professores nem sempre estão aptos para atuar com os desafios das
necessidades educacionais especiais.
Levando em consideração as ideias da autora entende-se que a presença
do acompanhante terapêutico tem uma importância significativa para o processo de
inclusão escolar, sendo este um reforçador das possibilidades de integração destes
alunos no âmbito escolar.
27
3 EDUCAÇÃO INCLUSIVA: O SURGIMENTO DO ACOMPANHAMENTO
TERAPÊUTICO
De acordo com a história a década de 70 foi uma época que passou por uma
série de mudanças em seu contexto político e social, durante essas mudanças
começaram a surgir uma série de reflexões a cerca dos “menos favorecidos”, as
crianças com necessidades especiais, e também sobre os ditos “loucos”. Foi
basicamente nessa época que a modalidade de acompanhamento terapêutico surgiu
no Brasil, já na Argentina acredita-se que tenha iniciado na década de 60, como
proposta de auxiliar os pacientes em adoecimento mental. Nesse viés esse segundo
capítulo versa brevemente sobre o surgimento do acompanhamento terapêutico
como proposta de restituição a dignidade de pacientes psicóticos, até chegar à
proposta de acompanhamento terapêutico como modalidade de educação inclusiva
que foi transportado para dentro das salas regulares de ensino que é a proposta
principal a ser discutida, ressaltando que há poucos trabalhos acadêmicos que
dissertam sobre essa questão no Brasil.
Leal (2015, p.46) explica que:
Originalmente pensado como recurso auxiliar no tratamento de pacientes com transtornos mentais e com o objetivo de promover a reinserção destes no contexto social, o Acompanhante Terapêutico surge na Argentina, por iniciativa do Dr. Eduardo Kalina, na esfera da clínica psiquiátrica, na década de 60, caracterizando-se como uma alternativa à internação. Uma experiência privada que só posteriormente ganhou caráter de política pública.
Parra (2009), em sua dissertação de mestrado pontua que, Franco Basaglia
foi um grande nome no movimento antipsiquiátrico e que lutou bastante pelo resgate
da dignidade humana, levando a sociedade daquela época a compreender que os
problemas eram comuns a todos e que os tidos como “loucos” precisavam ter um
convívio em torno da sociedade, foi a partir dessas ideias que as pessoas passaram
a se identificar com os doentes mentais.
O acompanhamento terapêutico nasce como uma alternativa à internação; como mais um recurso no tratamento psíquico e acontece numa época que traz em seu bojo toda a demanda de transformação em relação à figura do doente mental. É nesse contexto que acontece a reforma psiquiátrica no Brasil. A Reforma Psiquiátrica brasileira começou a ocorrer no final da ditadura militar, portanto, nos anos 1975/1985. Isso lhe imprimiu uma marca, gerando um tipo de busca que, de fato, não separa a luta da saúde
28
mental da luta do resto da sociedade brasileira contra a ditadura. Embora diferentes, foram movimentos que correram na mesma direção. Esta direção era a busca da cidadania entendida como afirmação de direitos concretos. (BERLINCK, 2011, p.25).
A prática do acompanhamento terapêutico surge da perspectiva de
promover ao sujeito em adoecimento mental o direito de circular em todos os
espaços sociais, retirando-os do confinamento no qual era submetido, este trabalho
era visto como um recurso que contribuía para a qualidade de vida dos pacientes
psiquiátricos, gerando uma condição de igualdade e cidadania para os mesmos.
No Brasil esse movimento de antipsiquiatria ficou conhecido como luta
antimanicomial, que visava garantir cidadania para os sujeitos que eram segregados
da sociedade por conta sua saúde mental foi durante esse movimento de luta, que
os CAPS (Centros de Atenção Psicossociais) foram criados, e o acompanhamento
terapêutico começou a tomar. Forma. (BERLINCK, 2011).
Berlinck (2011) traz ainda em sua dissertação que o surgimento de tal
método no Brasil trouxe consigo uma série de questões e reivindicações a cerca do
seu fazer, a princípio esse profissional recebia o nome de “amigo qualificado”,
tempos depois passou a ser chamado de “auxiliar psiquiátrico” ou “atendente
psiquiátrico”, então vários grupos começaram a se inquietar com a indefinição dessa
nomenclatura para o seu fazer profissional, assim as reivindicações começam pela
troca desses nomes para “acompanhante terapêutico”, nessa mesma época
reivindicações parecidas aconteciam em outras partes do mundo.
Leal (2015, p.48) contribui dizendo que:
A substituição do termo “Atendente Psiquiátrico‟ por “Acompanhante Terapêutico se deu devido às reivindicações ocorridas no Rio de Janeiro acerca da caracterização deste profissional”. Segundo Chauí-Berlinck (2011), essa troca implicava em diferenças significativas na função, pois enquanto o acompanhamento psiquiátrico era realizado por leigos e dentro de uma perspectiva clínica, a proposta do acompanhamento terapêutico carioca realizava-se por estudantes de psicologia e buscava, baseada nos pressupostos psicanalíticos, um entendimento da psicodinâmica do sujeito no intuito de instrumentalizá-lo para uma vida autônoma (LEAL, 2015, P.48).
O termo “auxiliar psiquiátrico ou atendente psiquiátrico” caracterizava um
trabalho clínico, e a preocupação desses profissionais era trazer à tona a diferença
entre o “auxiliar psiquiátrico” para o acompanhante terapêutico. Para explicar sobre
essas diferenças o quadro a baixo traz mudanças características dessas funções,
29
para compreendermos melhor as reivindicações pelos grupos de acompanhantes
terapêuticos no Brasil, especificamente no RJ.
Fonte: BERLINCK (2011, p.37)
O que se observa é que o trabalho passou a ser realizado por profissionais
da área de psicologia, e não mais por leigos, e a proposta não estava ligada apenas
a um caráter clínico, passando a ser uma modalidade que atendia pacientes fora dos
muros da segregação dos manicômios, como uma prática de amadurecimento do
profissional e do acompanhado.
A Reforma Psiquiátrica e a proposta de Inclusão Escolar parecem ter
preparado o terreno para o surgimento do Acompanhamento Terapêutico Escolar,
pois ambas as modalidades tendem a promover a inserção do sujeito na sociedade,
e propõe o acompanhamento de crianças com necessidades especiais nas salas
regulares de ensino.
A princípio esse método estava voltado a pacientes em tratamentos
relacionados à saúde mental, e atualmente o métododo é utilizado como suporte a
estudantes com necessidades educativas especiais.
Assim sendo, compreender o fazer desse profissional de apoio à inclusão
conhecido como acompanhante terapêutico é de extrema importância, pois como já
foi citado anteriormente, é uma profissão ainda em ascensão, havendo poucos
30
estudos acerca do tema em campo pedagógico, pois se trata de uma proposta nova
para o cenário escolar que precisa ser compreendida para que assim as escolas
possam se aliar aos ATS buscando o mesmo objetivo. (LEAL, 2015).
3.1 O AT NA ESCOLA
O trabalho do profissional de acompanhamento terapêutico se faz
necessário nos dias atuais, pois numa época que muito se fala em “escola para
todos”, o AT é visto como um facilitador nesse processo de inclusão educacional, e
apesar das dificuldades vivenciadas por esses profissionais sua atuação nas salas
regulares de ensino pode ser muito eficaz para a escola, desde que todos trabalhem
juntos por uma inclusão de qualidade para todos os sujeitos.
Araripe (2012, p.30) disserta que:
O trabalho de acompanhante terapêutico tem sido realizado principalmente por estudantes de psicologia, como mostra pesquisa realizada por Alencar e Dias (2006), as quais encontraram que a qualificação mais frequente de acompanhantes terapêuticos é a de estudante de psicologia, seguida então, de psicólogos formados, seguida de outras formações. Aos poucos esses profissionais também foram se inserindo na escola, realizando acompanhamentos individuais dentro da sala de aula com alunos em processo de inclusão (ARARIPE, 2012, p.30).
A tarefa do AT no espaço escolar incide em acompanhar a criança especial
dentro e fora da sala de aula durante todo o período escolar, com a função de
promover a integração da criança especial com todo o corpo docente e discente da
escola, envolvendo-o nas atividades propostas, respeitando seus limites e suas
potencialidades (FRAGUAS; BERLINCK, 2001).
Na educação, o pedido da presença de um acompanhante terapêutico está relacionada, na maioria das vezes, à demanda de que ele possa responder pelas atitudes, às vezes “birras” assustadoras, e pela educação da criança que ainda não está inclusa ao universo escolar e com a qual o corpo docente acredita não saber lidar (BARROS, 2011, p.4).
O acompanhante terapêutico possui um grande desafio para fazer acontecer
à inclusão dessas crianças, já que muitas vezes encontram escolas despreparadas
e professores que não sabem como agir diante das necessidades da criança
especial, assim a presença do AT na sala de aula por vezes acaba sendo uma forma
31
de responder pelas atitudes do aluno que o professor não sabe ou não consegue
lidar.
Nesse caso Leal (2015) acredita que a solução é criar meios de
enfrentamento diante dos medos e receios que muitos professores sentem frente ao
desconhecido, dessa forma possibilitaria à noção e compreensão do novo, aliando
conhecimento a prática pedagógica. Para complementar o colocado, Barros se
posiciona:
Neste contexto atual, em que a inclusão se tornou um imperativo nas escolas, o acompanhamento terapêutico se torna uma modalidade de atendimento cuja proposta é auxiliar as crianças que apresentam dificuldades graves no desenvolvimento e que podem se beneficiar justamente da inclusão escolar para sua constituição subjetiva. Assim, o acompanhamento terapêutico vem aliar-se a inclusão escolar como uma prática facilitadora na inserção do aluno em uma sala regular, oferecendo suporte à instituição que o abriga ao professor e, principalmente, ao aluno incluso (2011, p. 2).
O acompanhamento terapêutico é um forte aliado enquanto recurso para a
educação inclusiva, pois se trata do auxílio e suporte ao professor e ao aluno
facilitando assim o processo de inclusão escolar. Esse é um dos motivos pelo qual a
presença desse profissional é tão cogitada pelas escolas nos dias de hoje.
O acompanhamento terapêutico escolar, que se configura em um acompanhamento realizado no contexto da escola, tem sido objeto de estudo de alguns pesquisadores (...) e vem crescendo como campo de atuação profissional no Brasil — principalmente na área da psicologia, ganhando espaço como uma possibilidade para a inclusão escolar das crianças com necessidades educativas especiais. Além da perspectiva inclusiva, o acompanhamento revela alcances terapêuticos inerentes à atuação, sobretudo no trabalho realizado com crianças diagnosticadas com autismo e psicose (NASCIMENTO, 2011, p.11).
Apesar de ser uma área nova e com poucos estudos no campo escolar, esta
é uma proposta que vem crescendo no Brasil, dessa forma percebe-se que este é
um profissional necessário para a educação, e que contribui significativamente para
a inclusão de crianças com necessidades educacionais especiais, sendo suporte
necessário para escola, e fundamental para o processo inclusivo das crianças de
forma geral, levando em consideração que é enriquecedor para todos conviver com
a diferença, pois assim aprendem desde cedo a respeitar e acolher todas as
pessoas independentemente de sua necessidade, classe social, religião e diferença
32
física ou cognitiva, e o AT pode e deve auxiliar nessa interação, pois a partir dai
podemos começar um processo inclusivo.
3.2 O AT NO CENÁRIO TERESINENSE
O acompanhamento terapêutico no cenário Teresinense vem crescendo
bastante nos últimos anos, conforme o número de crianças especiais vem
aumentando nas escolas, o trabalho desse profissional se faz necessário para estar
atuando junto aos professores no intuito de promover a educação inclusiva.
Segundo Leal (2015, p.53)
Na prática, na rede pública municipal de ensino de Teresina, a função deste profissional de apoio denominado de “Acompanhante Pedagógico”, até o ano de 2012, estava além daquela preconizada pela legislação, visto que este, além de cuidar, também tinha por atribuição auxiliar o professor da sala regular na promoção de meios de acesso ao conteúdo, adequando materiais e atividades sempre que necessário, comprometendo-se também em ajudar na promoção do bem-estar físico, emocional e cognitivo da criança com vistas à aprendizagem mais significativa, atuando como coparticipe no processo de ensino e aprendizagem, colaborando nas atividades desenvolvidas pela equipe pedagógica da escola.
Leal (2015) destaca ainda que a o acompanhamento terapêutico não
consistia diretamente no acompanhamento exclusivo junto ao aluno com NEE. Os
estudantes de psicologia encaminhados às escolas eram para suprir a falta de
psicólogos nas escolas, uma vez que os profissionais não possuíam suporte
psicológico e reclamavam da sobrecarga de serviço. Sendo assim o projeto do
acompanhamento terapêutico no contexto escolar teresinense inicialmente
objetivava apoiar as equipes profissionais quanto ao suporte psicológico, no entanto
após perceber a urgência no suporte para os alunos com NEE é que o trabalho
passou ter uma nova configuração.
Araripe em sua dissertação de mestrado destaca sobre as angústias que
enfrentou durante sua trajetória acadêmica quando trabalhou como acompanhante
terapêutica em uma escola da rede particular na cidade de Teresina-PI.
Em minha experiência de cinco anos como acompanhante terapêutica numa escola particular de Teresina, me deparei diversas vezes com essas questões, pautadas pela indefinição de discursos sobre a inclusão e sobre o papel do acompanhante terapêutico nessa teia de relações e discussões emergentes. O problema se iniciava pela imprecisão do termo. Eu era chamada de acompanhante terapêutica pelos meus colegas da psicologia, pela psicóloga que me supervisionava e pela diretora da escola; já os
33
professores e coordenadores me chamavam de estagiária de inclusão (2012, p.12).
As contribuições de Leal (2015) ressaltam as diversas mudanças que o
acompanhante terapêutico enfrentou nos últimos anos, tanto quanto à nomenclatura
e quanto ao seu fazer, Leal (2015) afirma que no ano de 2012, o Acompanhante
Terapêutico passou a ser denominado de Acompanhante Pedagógico, pois o termo
era considerado mais adequado para a função considerando que esse profissional
atuava agora juntamente com as crianças com deficiências graves e TEA auxiliando
na integração desses alunos nas atividades escolares.
Além disso, após uma série de discussões, a natureza da atuação também foi modificada, determinando o caráter de cuidador à atuação do Acompanhante Pedagógico, tentativa de deixar claro que o responsável pela gestão da aprendizagem de todos os alunos da sala, dentre eles aquele com NEE, é o professor titular e não o AT, um equívoco constante observado até então, não por orientação da Secretaria, mas pela concepção de inclusão da equipe escolar da instituição para o qual o AP era encaminhado. (LEAL, 2015, p. 57).
Outra modificação importante diz respeito à atuação do AP, que passa agora
de auxiliar pedagógico para somente cuidador, de acordo com a NT nº 19/2010,
dessa forma o cuidador é responsável pelas atividades de higiene, locomoção,
comunicação e alimentação, quando o aluno com deficiência ou TEA não possuir
autonomia de realizar tais atividades, no entanto as atividades pedagógicas não são
de responsabilidade do AP, e o mesmo não deve de forma alguma ser
responsabilizado por isso. (BRASIL, 2010).
Leal (2015) em sua dissertação a cerca do acompanhamento terapêutico na
rede pública de Teresina aponta que o termo “acompanhante terapêutico” possui
nomes diferentes em alguns locais do Brasil, e que Teresina inicialmente se inspirou
no modelo de acompanhamento da cidade de Belo Horizonte no intuito de melhorar
a qualidade de serviço oferecido, no entanto esse fazer na cidade de Belo Horizonte
recebe o nome de Auxiliar de Apoio a Inclusão, enquanto em São Paulo o nome
dado a essa função é Auxiliar de vida escolar, já em Santa Catarina o nome que
esse profissional recebe é de Professor de apoio permanente.
Fica evidente, portanto, que na realidade brasileira existem variadas formas de atuação do profissional de apoio à inclusão, ocasionadas pela falta de clareza na legislação e a escassa produção científica sobre o tema, que em
34
algumas situações é tido como cuidador, em outras como auxiliar pedagógico, havendo ainda a possibilidade de que exerça as duas funções concomitantemente. O perfil acadêmico também é muito variado, visto que se encontram atuando pessoas com ensino médio, estudantes e profissionais graduados nas áreas de educação e saúde (LEAL, 2015, p.60).
Berlinck (2011) assevera que a indefinição a cerca do acompanhamento
terapêutico e suas atividades acabam por gerar angústias nos profissionais, que às
vezes são vistos como quem ajuda sofredores psíquicos a adquirir autonomia.
Berlinck (2011) indica ainda que em termos gerais a função do AT é de construir um
vínculo com o acompanhado no intuito de integra-lo no contexto escolar, atuando
como um facilitador dessas relações de inclusão.
Nascimento (2015, p. 42) disserta que “[...] o acompanhante trabalha em um
lugar do “entre”: entre a criança e as outras crianças, entre a criança e a professora,
entre a criança e a escola e, em alguns casos, entre a criança e a família”.
Assim entende-se que esse Acompanhante Terapêutico exerce diversas
funções dentro da escola, que seu trabalho vai além de auxiliar o aluno com NEE,
uma vez que as escolas ainda não conseguem solucionar de fato as demandas
trazidas pelas leis, fazendo desse AT por vezes um “solucionador de problemas”.
35
4 METODOLOGIA DA PESQUISA 4.1 ANÁLISE E INTERPRETATIVA DA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA
Para analisar as dificuldades dos acompanhantes terapêuticos no ambiente
escolar, utilizamos uma pesquisa de natureza qualitativa do tipo bibliográfica. Para
Minayo et al. (1994, p. 21), a pesquisa qualitativa.
[...] se preocupa nas ciências sociais com um nível de realidade que não pode ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis.
O estudo bibliográfico segundo Gil (2002, p.44), “é uma pesquisa
desenvolvida com base em material já elaborado constituído principalmente de livros
e artigos científicos”. Apoiando as ideias de Gil, Lima e Mioto (2007, p. 38) diz que
pesquisa bibliográfica “[...] implica em um conjunto ordenado de procedimentos de
busca por soluções, atento ao objeto de estudo, e que, por isso, não pode ser
aleatório”. Nesse intuito foram realizados estudos e fichamentos dos autores
selecionados, sobre o tema proposto com o objetivo de responder as questões
norteadoras apontados nesta pesquisa.
Posteriormente foi criada uma tabela para demonstrar quais os artigos
utilizados na pesquisa, os tipos e os descritores de cada trabalho utilizado e o
objetivo de cada uma destas pesquisas, para facilitar o entendimento do leitor, uma
vez que este ainda é um tema pouco estudado e os materiais acadêmicos nessa
área ainda são escassos.
4.2 LEVANTAMENTO DE MATERIAL
As buscas foram realizadas no período de fevereiro a novembro de 2017. O
levantamento de informações foi realizado nas seguintes bases de dados: SciELO-
Scientific Eletronic Library Onlin; PePSIC Periódicos Eletrônicos de Psicologia. A
busca se deu através de cruzamento de palavras chaves. As palavras chaves
utilizadas foram: Educação Especial. Acompanhamento Pedagógico. Inclusão,
Dificuldade de Aprendizagem.
O critério de inclusão estabelecido para selecionar os artigos foi terem sido
publicados no período de 2009 a 2017; disponíveis em língua portuguesa com texto
36
completo e que contemplem a temática educação inclusiva e acompanhamento
terapêutico escolar ou com característica geral deste fazer.
4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO DA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA
Quadro 1 - Dados gerais dos artigos pesquisados
Nº TÍTULO
AUTOR E ANO
MODALIDADE DO
TRABALHO
01 EDUCAÇÃO INCLUSIVA, DEFICIÊNCIA E CONTEXTO
SOCIAL: QUESTÕES CONTEMPORÂNEAS.
DIAZ, et al. 2009 LIVRO.
02 EDUCAÇÃO INCLUSIVA E FORMAÇÃO DE PROFESSORES
SILVA (2009) TRABALHO DE CONCLUSÃO DE
CURSO.
03 ANDARILHOS DO BEM: OS CAMINHOS DO
ACOMPANHAMENTO
BERLINCK (2011) TESE DE DOUTORADO.
04 ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO:
RE(PENSANDO) A INCLUSÃO ESCOLAR
BARROS (2011) ARTIGO.
05 O ENVOLVIMENTO DA FAMÍLIA NA EDUCAÇÃO DE
CRIANÇAS COM NECESSIDADES EDUCATIVAS
ESPECIAIS
REIS (2012) DISSERTAÇÃO DE MESTRADO.
06 A ATUAÇÃO DO ACOMPANHANTE TERAPÊUTICO NO
PROCESSO DE INCLUSÃO ESCOLAR
ARARIPE (2012) DISSERTAÇÃO SUBMETIDA À
COORDENAÇÃO DO CURSO DE
PÓS-GRADUAÇÃO.
07 O ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO ESCOLAR NO PROCESSO DE INCLUSÃO DE
UMA CRIANÇA AUTISTA
NASCIMENTO (2015)
DISSERTAÇÃO APRESENTADA A PROGRAMA DE
PÓS-GRADUAÇÃO.
08 CONCEPÇÕES DO ACOMPANHANTE
TERAPÊUTICO ACERCA DA SUA ATUAÇÃO NA REDE PÚBLICA MUNICIPAL DE ENSINO DE TERESINA
LEAL (2015) DISSERTAÇÃO APRESENTADA AO PROGRAMA
DE PÓS-GRADUAÇÃO.
09 O ATENDIMENTO EDUCACIONAL
IVANOSKI (2017) DISSERTAÇÃO DE MESTRADO.
37
ESPECIALIZADO A ALUNOS COM TDA/H MATRICULADOS
EM ESCOLAS PARTICULARES DO DISTRITO FEDERAL: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO.
10 O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO COMO INSTRUMENTO DE INCLUSÃO: O CASO DA ESCOLA PREFEITO QUINTILIANO JOÃO PACHECO DE SÃO JOÃO DO SUL-SC.
MAGNUS (2017) TRABALHO DE CONCLUSÃO DE
CURSO.
O quadro 1 demonstra os resultados de algumas das pesquisas realizadas para obtenção de informações a respeito do tema poposto. Datados de 2009 a 2017.
Os dados do quadro acima evidenciam as pesquisas classificadas por ano e
modalidade de pesquisa. Os estudos foram publicados entre o período de 2009 a
2017 sendo 5 dissertações de mestrado, 1 tese de doutorado, 2 Trabalhos de
Conclusão de Curso (TCC),1 livro e 1 artigo. O quadro 2 destaca a classificação das
obras o tipo de pesquisa e seus descritores.
Quadro 2 – Tipos de pesquisa e descritores dos artigos pesquisados.
Nº TÍTULO TIPO DE PESQUISA
PALAVRAS CHAVE
01 EDUCAÇÃO INCLUSIVA, DEFICIÊNCIA E CONTEXTO SOCIAL: QUESTÕES CONTEMPORÂNEAS.
PESQUISA BIBLIOGRÁFICA
NÃO MENCIONOU
02 EDUCAÇÃO INCLUSIVA E
FORMAÇÃO DE
PROFESSORES
PESQUISA DE CAMPO
EDUCAÇÃO ESPECIAL. NECESSIDADES ESPECIAIS. FORMAÇÃO DE PROFESSORES. PARTICIPAÇÃO.
03 ANDARILHOS DO BEM: OS CAMINHOS DO ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO
PESQUISA QUALITATIVA
ANÁLISE INSTITUCIONAL DO DISCURSO. ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO. REFORMA PSIQUIÁTRICA.
04 ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO: RE(PENSANDO) A INCLUSÃO ESCOLAR
RELATO DE EXPERIÊNCIA
NÃO MENCIONOU.
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05 O ENVOLVIMENTO DA FAMÍLIA NA EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS COM NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS
PESQUISA QUALITATIVA E QUANTITATIVA
FAMÍLIA. EDUCAÇÃO. NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS. ENOLVIMENTO.
06 A ATUAÇÃO DO ACOMPANHANTE TERAPÊUTICO NO PROCESSO DE INCLUSÃO ESCOLAR
PESQUISA QUALITATIVA
ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO. INCLUSÃO EDUCACIONAL. MEDIAÇÃO.
07 O ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO ESCOLAR NO PROCESSO DE INCLUSÃO DE UMA CRIANÇA AUTISTA
PESQUISA QUALITATIA
ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO ESCOLAR. INCLUSÃO ESCOLAR. AUTISMO.
08 CONCEPÇÕES DO ACOMPANHANTE TERAPÊUTICO ACERCA DA SUA ATUAÇÃO NA REDE PÚBLICA MUNICIPAL DE ENSINO DE TERESINA
PESQUISA QUALITATIVA
ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO. ACOMPANHAMENTO PEDAGÓGICO. INCLUSÃO. EDUCAÇÃO ESPECIAL.
09 O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO A ALUNOS COM TDA/H MATRICULADOS EM ESCOLAS PARTICULARES DO DISTRITO FEDERAL: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO.
PESQUISA EXPLORATÓRIA
TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO- TDA/H. ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO. PSICANÁLISE. MEDIAÇÃO. INCLUSÃO ESCOLAR.
10 O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO COMO INSTRUMENTO DE INCLUSÃO: O CASO DA ESCOLA PREFEITO QUINTILIANO JOÃO PACHECO DE SÃO JOÃO DO SUL-SC.
PESQUISA QUALITATIVA
INCLUSÃO. DIVERSIDADE. ESCOLA. DEFICIÊNCIA. PROETO POLÍTICO PEDAGÓGICO.
O quadro 2 demonstra os resultados de determinadas pesquisas quanto ao tipo e suas palavras chave, realizadas para obtenção de informações a respeito do tema poposto. Datados de 2009 a 2017.
39
O quadro 2 apresenta algumas das pesquisas utilizadas para versar sobre o
tema escolhido, assim foi possível perceber que a maioria das pesquisas utilizadas
nessa monografia são do tipo qualitativa, sendo apenas 1 pesquisa bibliográfica, 1
relato de experiência, 1 pesquisa qualitativa e quantitativa,1 pesquisa de campo, e 1
pesquisa de caratér exploratório, os descritores encontrados foram:
Acompanhamento Terapêutico, Acompanhamento Pedagógico, Inclusão,
Atendimento Educacional, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatiidade-TDA/H,
Mediação, Análise Institucional do Discurso, necessidades Especiais, Formação de
Professores, Família, Envolvimento, Psicanálise, Diversidade [...].
Dando continuidade a análise interpretativa da pesquisa bibliográfica o
quadro 3 a seguir tem como requisito identificar os objetivos e resultados das
pesquisas utilizadas para este trabalho. Dessa forma a discussão será facilitada,
pois assim será possível compreender quais os objetios em comum ou as
discordâncias diante de cada trabalho pesquisado.
Quadro 3 - Objetivo principal da pesquisa e seus resultados
Nº TÍTULO OBJJETIVO GERAL PESQUISA
RESULTADOS
01 EDUCAÇÃO INCLUSIVA, DEFICIÊNCIA E CONTEXTO SOCIAL: QUESTÕES CONTEMPORÂNEAS.
DISCUTIR AS RELAÇÕES SOCIAIS E SUAS IMPLICAÇÕES NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA.
PROPÕEM QUE AS ESCOLAS CONSTRUAM MEIOS DE DESCONSTRUIR VELHOS VALORES, PARA ASSIM TORNAR POSSÍVEL UMA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE PARA TODOS.
2 EDUCAÇÃO
INCLUSIVA E
FORMAÇÃO DE
PROFESSORES
BUSCOU-SE IDENTIFICAR ATÉ QUE PONTO O CENTRO UNIVERSITÁRIO CÂNDIDO RONDON ESTÁ PREPARANDO OS SEUS ACADÊMICOS DE PEDAGOGIA PARA O PROCESSO DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA.
[...] A RENOVAÇÃO PEDAGÓGICA EXIGE, EM PRIMEIRO LUGAR, QUE A SOCIEDADE E A ESCOLA ADAPTEM-SE AO ALUNO, E NÃO O CONTRÁRIO. E, EM SEGUNDO, QUE O PROFESSOR, CONSIDERADO O AGENTE DETERMINANTE DA TRANSFORMAÇÃO DA ESCOLA, SEJA PREPARADO
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ADEQUADAMENTE PARA GERENCIAR O ACESSO ÀS INFORMAÇÕES E CONHECIMENTOS.
03 ANDARILHOS DO BEM: OS CAMINHOS DO ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO
ESTUDAR O ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO NA CONTEMPORANEIDADE, A PARTIR DA PERSPECTIVA DOS ACOMPANHANTES TERAPÊUTICOS E DA LITERATURA SOBRE O TEMA.
A ATIVIDADE DO ACOMPANHANTE TERAPÊUTICO, TAMBÉM DEVE TER UM CUIDADO, O CUIDADO DO CUIDADOR.
04 ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO: RE(PENSANDO) A INCLUSÃO ESCOLAR
COMPARTILHAR O DESAFIO DA EXPERIÊNCIA COMO AT DE UMA CRIANÇA AUTISTA.
FICOU CLARO QUE SE A INCLUSÃO FOR FEITA DE MANEIRA REFLEXIVA, IMPLICANDO E ATINGINDO TODOS OS ATORES EDUCACIONAIS, A ESCOLA E AS APRENDIZAGENS PODEM SER FERRAMENTAS TERAPÊUTICAS, POIS AUMENTAM A CIRCULAÇÃO SOCIAL DAS CRIANÇAS, SEU REPERTÓRIO COGNITIVO E SUA POSIÇÃO NO MUNDO DA LINGUAGEM.
05 O ENVOLVIMENTO DA FAMÍLIA NA EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS COM NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS
DETERMINAR A CONSCIÊNCIA DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA ENTRE FAMÍLIA E ESCOLA.
CONCLUÍMOS, PORTANTO, QUE É IMPRESCINDÍVEL PROMOVER UMA ESCOLA ATIVA, VIVA, DINÂMICA, EM QUE CADA UMA DAS PARTES, FAMÍLIA E ESCOLA, CONTRIBUIRÁ PARA QUE SEJA POSSÍVEL MELHORAR A VIDA DAS CRIANÇAS COM NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS, RESPONDENDO AOS
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SEUS INTERESSES E NECESSIDADES. É NECESSÁRIO IMPLICAR DOCENTES E NÃO DOCENTES, SENSIBILIZANDO-OS PARA A IGUALDADE DE DIREITOS DESTES CIDADÃOS.
06 A ATUAÇÃO DO ACOMPANHANTE TERAPÊUTICO NO PROCESSO DE INCLUSÃO ESCOLAR
COMPREENDER A ATUAÇÃO DE ACOMPANHANTES TERAPÊUTICOS NO PROCESSO DE INCLUSÃO ESCOLAR DE CRIANÇAS COM NECESSIDADES ESPECÍFICAS, A PARTIR DO ENTENDIMENTO DE SUA FUNÇÃO MEDIADORA.
A ATUAÇÃO DO ACOMPANHANTE TERAPÊUTICO É CONFUNDIDA PELOS DEMAIS AGENTES DA ESCOLA, E AS VEZES ACABA NÃO SENDO ISTO COMO DEVERIA.
07 O ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO ESCOLAR NO PROCESSO DE INCLUSÃO DE UMA CRIANÇA AUTISTA
ANALISAR COMO O ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO ESCOLAR CONTRIBUI PARA O PROCESSO DE INCLUSÃO DE UMA CRIANÇA AUTISTA.
O A.T ESCOLAR ESTÁ SITUADO NA PROPOSTA DE UMA EDUCAÇÃO TERAPÊUTICA E SE PAUTA NA PERSPECTIVA DE UMA EDUCAÇÃO ESTRUTURANTE.
08 CONCEPÇÕES DO ACOMPANHANTE TERAPÊUTICO ACERCA DA SUA ATUAÇÃO NA REDE PÚBLICA MUNICIPAL DE ENSINO DE TERESINA
INVESTIGAR AS CONCEPÇÕES DO ACOMPANHANTE TERAPÊUTICO A CERCA DA SUA ATUAÇÃO NA REDE PÚBLICA MUNICIPAL DE ENSINO DE TERESINA.
OS RESULTADOS MOSTRARAM O QUANTO O ACOMPANHAMENTO TEM SE CONSTITUÍDO EM TERRENO INSTÁVEL E MOVEDIÇO
09 O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO A ALUNOS COM TDA/H MATRICULADOS EM ESCOLAS PARTICULARES DO DISTRITO FEDERAL: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO.
FOMENTAR UMA DISCUSSÃO SOBRE O TIPO DE ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO ESTÁ SENDO PRESTADO AOS ALUNOS COM DIAGNÓSTICO DE TDA/H EM ESCADAS DA REDE PARTICULAR DE ENSINO DO DISTRITO FEDERAL.
É IMPORTANTE QUE TODOS OS PROFISSIONAIS QUE LIDAM COM A EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NEE TENHAM CONHECIMENTO DO QUE SIGNIFICA UM PROCESSO INCLUSIVO, SUAS POSSIBILIDADES E
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DIFICULDADES.
10 O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO COMO INSTRUMENTO DE INCLUSÃO: O CASO DA ESCOLA PREFEITO QUINTILIANO JOÃO PACHECO DE SÃO JOÃO DO SUL-SC.
ANALISAR COMO ESTÃO PREVISTAS AS AÇÕES DE INCLUSÃO DE ALUNOS/AS COM DEFICIÊNCIA NAS SÉRIES INICIAIS NA ESCOLA DE ENSINO FUNDAMENTAL PREFEITO QUINTILIANO JOÃO PACHECO DE SÃO JOÃO DO SUL/SC, NO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO.
É NECESSÁRIO SE TRABALHAR O PPP, UMA VEZ QUE O MESMO AINDA DEIXA A DESEJAR EM RELAÇÃO AO ACOLHIMENTO AS DIFERENÇAS. É PRECISO PREPARAR OS PROFISSIONAIS PARA ATUAR A FRENTE DESSA CAUSA.
O quadro 3 demonstra os resultados de determinadas pesquisas quanto aos objetivos e resultados obtidospelos pesquisadores citados no quadro 1 e 2. Datados de 2009 a 2017.
A partir das pesquisas realizadas para versar sobre a proposta do tema
escolhido, foi possivel perceber que a atuação do profissional nomeado como
acompanhante terapêutico apesar de ser de extrema importância no contexto
escolar atualmente, ainda traz em seu bojo algumas dúvidas, que so poderão de fato
ser sanadas quando os órgãos responsáveis por esses profissionais trabalharem
com intuito de capacita-los de forma adequada e habilitar também os professores
que são os agentes principais nesse cenário escolar. A grande verdade é que as
politicas públicas ainda deixam muito a desejar quanto à proposta da inclusão de
alunos com necessidades educacionais especiais, uma vez que a capacitação dos
professores e dos acompanhantes terapêuticos não é realizada como deveria.
É sabido que o acompanhamento terapêutico em sua proposta inicial surgiu
para auxiliar pessoas que apresentavam problemas psiquiátricos em periodo de pós-
crise, esses profisssionais denominados de “amigos qualificados” (decada de 60),
acompanhavam esses pacientes dentro e fora das casas de apoio. Segundo
Berlinck (2011), esses profissionais acompanhavam os pacientes desde a sua
alimentação até sua terapia.
Na época o cuidado com as crianças com deficiência também poderia ser
executado por esses profissionais tidos como “amigo qualificado”. Berlinck (2011)
em sua tese de doutorado cita o trabalho da Comunidade Terapêutica Enfance de
43
Diadema SP em 1968, que voltava seus trabalhos para crianças com deficiências
e/ou transtornos mentais.
Já nas escolas esse profissional surge como proposta de auxiliar
professores e a escola de modo geral no processo de inclusão escolar para crianças
com necessidades educacionais especiais. (TEA, TDAH, TDA, ou Superdotação) e
com deficiências fisicas. No entanto o fazer desse profissional oscila entre o caráter
pedagógico e caráter terapêutico, dificultando assim que os agentes da educação
entendam qual o verdadeiro papel desse profissional junto às crianças com
necessidades educacionais especiais, sendo essa uma das principais dificuldades
apresentadas pelos autores pesquisados.
Araripe (2012) disserta que tal proposta parece ter surgido sem um
planejamento e as consequências dessa falta de preparo parecem emergir
diariamente quando surgem as dificuldades.
Dessa forma Barros (2011) explica que o acompanhante terapêutico escolar
deve estar atento para não permitir que a escola lhe ofereça o papel de único
responsavél pelo desenvolvimento da(s) criança (s) acompanhada(s), devido à falta
de preparação dos professores.
Leal (2015, p. 122, 123) em sua pesquisa de mestrado disserta a cerca do
papel do AT junto ao aluno epecial.
Sobre as concepções do AT acerca do seu papel junto ao aluno com NEE, identificamos através da pesquisa que o mesmo se percebe como um agente facilitador do processo de aprendizagem à medida que dá suporte ao professor titular, propiciando em momentos alternados atividades diferenciadas ao aluno em questão, visando à aquisição por este das habilidades básicas que ainda precisa desenvolver no sentido de adequar-se ao padrão. Neste ponto, nos questionamos sobre a confusão dos papéis, pois o estudo mostra que o AT ora assume o lugar do professor titular, responsabilizando-se sozinho pela aprendizagem do aluno com NEE, ora assume as funções do professor de AEE realizando atividades diferenciadas na busca da aquisição de habilidades básicas, com um agravante: dentro da sala de aula enquanto o professor ensina às demais crianças. Aqui percebemos que os paradigmas da inclusão estão longe de se efetivarem na prática, ainda que os sujeitos os entendam em teoria. Há um caminho muito longo a percorrer neste sentido.
Diante disso podemos perceber que apesar da realidade inclusivista ter
passado por algumas modificações, a inclusão escolar ainda apresenta deficiência
em seu projeto, uma vez que os professores não estão sendo capacitados de forma
adequada, e o acompanhante terapêutico sente dificuldades para realizar a inclusão
44
deste aluno devido à indefinição do seu fazer, considerando que o suporte
disponibilizado pelas politicas públicas vigentes não é de total satisfação, e mesmo
com as modificações e transformações que esse acompanhante terapêutico passou
até os dias atuais o seu trabalho na escola muitas vezes acaba sendo concomitante
(pedagogico e terapêutico).
Berlinck (2011) não acredita que as mudanças tenham sido muitas, pois o
mesmo relata em sua dissertação de doutorado que não há muitas mudanças na
prática do acompanhamento terapêutico de hoje para o que era realizado
antigamente, e diz que a literatura é confusa quanto a essa prática profissional, e
que o papel do acompanhante terapêutico não é uma tarefa fácil e que é
demasiadamente desgastante.
Araripe (2012, p.89) explica que outro problema que pode ser apontado
como entrave nesse processo de inclusão realizado pelo acompanhante terapêutico
é:
[...] o caráter informal do acompanhamento terapêutico. No caso de o acompanhante terapêutico ser estudante, quem é o responsável pelo seu trabalho? O psicólogo supervisor, que atende a criança na clínica, mas até pouco sabe sobre os objetivos pedagógicos da escola? As escolas, que em sua maioria se isentam da responsabilidade.
A autora chama atenção quanto ao cuidado do trabalho desse profissional
de acompanhamento terapêutico, pois a literatura não mostra que esses possuam
uma atenção específica voltada para sua qualidade de vida e de trabalho nas
instituições de ensino junto as crianças com NEE. A questão aqui levantada é quem
cuida do cuidador?
Outro ponto de discussão dessa pesquisa refere-se às condições no
processo de inclusão do aluno com necessidades educacionais especiais. Segundo
Mendes (2006), os primeiros profissionais a se preocuparem com o processo da
inclusão foram os médicos e os pedagógos ainda em meados do séc XVI, pois
esses profissionais não acreditavam em uma perspectiva de incapacidade desses
indivíduos e sim de capacidade, pois acreditavam que apesar das suas
necessidades eles eram sim capazes de aprender. No entanto nessa mesma época
os números de asilos e casas que abrigavam os considerados inúteis, aumentaram
drasticamente, fazendo assim com que o processo de entrada desses sujeitos nas
escolas fosse adiado.
45
Diante da perspectiva da autora verifica-se que a educação inclusiva foi se
modificando a passos lentos, a história aponta que somente no séc XIX foi que
começou a ocorrer à possibilidade desses sujeitos serem inseridos nas escolas,
porém, sabe-se que essa inclusão nas escolas ocorreu de forma segregada, pois as
pessoas com algum tipo de dificuldade eram colocadas em escolas especiais, ou
seja, não havia nenhum contato com outro tipo de público, fazendo assim com que
essa “inclusão” não existisse de fato, pois as salas de aula nessa época eram salas
exclusivamente homogêneas, crianças com dificuldades especiais convivendo no
mesmo espaço porem de forma segregada e com pouca possibilidade de
desenvolvimento social e educacional abragente, uma vez que não tinham contato
com outros alunos em classes diversificadas.
Na atualidade Ivanoski (2017) chama atenção para as escolas que por
muitas vezes entendem o processo de inclusão como inserir o individuo com
necessidades educativas especiais dentro das salas de aula, ou seja, “colocar” o
aluno na sala de aula como se isso fosse inclusão escolar, para tanto a autora
explica que a escola precisa de fato se preocupar com o que há de mais significativo
para essa criança: a aprendizagem. Não se pode apenas inserir o aluno numa
classe regular é preciso ir, além disso.
Araripe (2012) traz em sua pesquisa que o papel do acompanhamento
terapêutico ainda está bem longe de uma definição, independentemente da base
teórica que sigam esses acompanhantes, sendo elas voltadas para a análise do
comportamento para noções pedagógicas, ou somente psicológicas de mediação.
Também nos questionamos quanto ao adjetivo terapêutico dado a esse profissional. Observamos que o espaço da sala de aula tem sido constantemente invadido por profissionais que, muitas vezes, colocam o pedagógico em segundo plano. O próprio trabalho do acompanhante terapêutico é indefinido em seus objetivos ora são pedagógicos, ora são terapêuticos. O lugar dessa qualidade terapêutica deve ser investigada e repensada no ambiente escolar (2012, p.93).
A autora chama atenção a respeito do papel do acompanhante terapêutico
em sala de aula, que como já citado oscila entre o caráter terapêutico e pedagógico,
a autora disserta ainda, sobre a importância desses AT’s para a educação inclusiva,
fazendo um questionamento, esse profissional é mesmo fundamental para o
processo de inclusão? Uma vez que nem o seu papel é definido.
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Nascimento (2015) destaca em sua dissertação de mestrado que o papel do
acompanhante terapêutico é significativo para a criança acompanhada e para todos
os membros da escola, pois sua presença colabora para a inclusão e auxilia na
construção de vínculos do aluno especial com o professor e vice versa, ajudando o a
compreender que esse aluno também possui voz e precisa ser ouvido e respeitado.
Nas ideias de Magnus (2017), o educador é obrigado a entender o mundo do
seu alunado compreendendo suas diferenças e buscando igualar as possibilidades,
para que nenhum de seus alunos seja excluído, independente de suas
características físicas ou cognitivas, é necessário permitir que todos sem exceção
ocupem seu lugar na sociedade.
O papel do acompahante terapêutico nos dias de hoje dentro das escolas
regulares de ensino como proposta de inclusão é visto como uma alternativa
benéfica para as crianças com necessidades educacionais especiais, porém, é
preciso levar em consideração que esses profissionais ainda enfrentam muitas
dificuldades para tornar esse processo de fato inclusivo, a indefinição do fazer, as
trocas de nomenclatura, a falta de preparo uma vez que esses profissionais são
enviados as escolas somente com os conhecimentos adquiridos em sala de aula, e
não possuem uma preparação especifica para atuar na área, a falta de
disponibiidade e capacitação de alguns professores, que por vezes ao invés de
incluir o aluno acaba excluindo e dificultando o trabalho do AT, são algumas das
características dificultadoras do processo de inclusão. Leal (2015) destaca que lidar
com a inclusão consiste em um verdadeiro desafio no ambiente escolar, pois
conviver com as diferenças não é uma tarefa fácil, podendo ser por muitas vezes
uma fonte de angústia.
Levando em consideração às palavras de Leal (2015), é necessário estar
preparado para lidar com essas diferenças, tanto os professores no intuito de facilitar
a inserção desse aluno junto aos colegas, quanto para o AT que precisa preparar o
terrreno e construir pontes de acesso entre o professor e o aluno, e do aluno com
NEE as crianças ditas “normais” e os demais membros da escola. E às vezes
construir pontes entre a própria família dessa criança com neceessidades
educacionais especiais. Pois por muitas vezes a família sente uma intensa angústia
quanto a deixar o filho na escola, pois sofre pelo fato de achar que o mesmo pode
ser excluído ou abandonado pela instituição.
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Ou seja, o papel do AT muitas vezes é atuar na mediação entre a família e a
escola, no intuito de fazer com que as partes compreendam que a relação família e
escola precisa ser uma troca mútua, para facilitar o processo de inclusão e
desenvolvimento do aluno na educação.
Araripe (2012) disserta que diante do problema, parece que o serviço do
acompanhamento terapêutico tem sido realizado em surdina, ainda que exista leis
que respaldem esse fazer, pois ao que parece esse serviço não foi de fato
oficializado, e por esse motivo seu fazer ainda traz algumas falhas.
O trabalho do acompanhante terapêutico deve estar voltado para a escola,
mas não exclusivamente para ela, pois o mesmo acaba exercendo um papel de
pano de fundo, por ter que fazer a mediação entre todos os membros da escola,
mas também entre os componentes que cercam o acompanhado fora da escola
(PARRA, 2009).
Acredita-se que foi possível responder as questões levantadas pela
pesquisadora, entendendo que o acompanhamento terapêutico apesar de
fundamental para a inclusão precisa ainda passar por modificações, para que seu
fazer seja de fato reconhecido como deve e compreendido por todos os agentes
escolares e responsáveis pelo trabalho do AT nas escolas.
E se tratando da inclusão e da inserção das crianças com necessidades
educacionais no contexto escolar é preciso chamar atenção do poder público para
que sejam impulsionados a modificar a realidade que vivemos, ainda que tenhamos
avançado alguns passos, é necessário alçar voos ainda maiores para tornar as
escolas brasileiras de fato inclusivas, respeitando as diferenças, adaptando os
espaços, capacitando os funcionários das escolas, entendendo a importância de
todos nesse processo de auxilio a criança, ja que fazem parte de uma entidade
educacional.
Como assevera Mendes (2006), precisamos ir além dos discursos
atualmente empregados, se quisermos avançar para um sistema educacional de
qualidade.
Necessitamos ir bem mais a frente, os discursos por si só não constroem
uma educação de qualidade, é preciso arregaçar as mangas para que esse
processo seja realmente eficaz e contibua para a sociedade de maneira geral, os
discursos precisam ser colocados em pratica, só assim poderemos caminhar rumo à
educação de pessoas com necessidades educativas especiais, sem voltar para a
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era segragacionista, que apenas incluía, mas não promovia desenvolvimento dessas
crianças. As politicas públicas precisam se voltar para a escola, para os alunos,
para os professores, para os acompanhantes terapêuticos e para as famílias dessas
crianças, ou seja, para todos. Não adianta somente ditar ou prevê as leis, todas
essas instituições e pessoas precisam estar cientes quanto ao seu papel e
respaldadas de conhecimento que facilitem o processo de inclusão.
49
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante da pesquisa realizada fica claro que o acompanhamento terapêutico
escolar ainda precisa ser muito discutido. No cenário atual a inclusão é vista como
proposta de inserir crianças com necessidades educativas especiais em suas salas
regulares, e a figura do AT é o suporte de maior evidência para auxiliar nessa
inclusão, contudo o número de crianças com necessidades educacionais especiais
vem aumentando, bem como o número de acompanhantes.
No entanto o papel desses Acompanhantes Terapêuticos acaba gerando
algumas discussões a cerca do seu fazer, uma das dificuldades é o estabelecimento
de tarefas voltadas somente para o trabalho desse profissional, alguns agentes
educacionais por vezes acabam desqualificando o serviço do mesmo ou usando-os
como quem está ali para responder legalmente por tudo que o aluno com NEE
precisar, quando na verdade seu papel não é esse. Há uma indefinição sobre suas
atividades juntos ao acompanhado, ora o AT é auxiliar pedagógico, auxiliando aluno
a responder questões discutidas em sala de aula, ora é professor de AEE tendo que
adaptar atividades para esse aluno, já que nem sempre o professor se dispõe a isso,
ora é psicólogo trabalhando questões de mediação, assim sendo entende-se que há
uma imprecisão quanto a sua prática profissional. Araripe (2012) em sua dissertação
de mestrado chama a atenção enfatizando que é necessário criar parâmetros de
trabalho para o acompanhante terapêutico.
Como assevera Berlinck (2011), esse acompanhante por vezes exerce o
papel de professor efetivo desse aluno, ainda que não tenha formação voltada para
a prática da docência.
É preciso levar em consideração que os acompanhantes terapêuticos sendo
eles estudantes de psicologia ou qualquer outro curso não possuem didática para o
processo de ensinar crianças em atividades educativas escolares, pois tal tarefa
demanda de profissionais especialmente aptos a lidar com essa função, cabendo
então ao professor da sala regular tomar para si a responsabilidade deste fazer.
O acompanhante terapêutico tem como função incluir e orientar o aluno
diante das questões que fazem parte do ambiente que agora ele se encontra
inserido, e de funções como alimentação e locomoção de crianças com dificuldades
motoras.
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Acontece que a inclusão ainda está à mercê de planos políticos que não
ocorrem de forma eficaz para incluir de fato esse aluno especial. Mais isso não
significa dizer que é um procedimento impossível de ocorrer no Brasil, mas sim que
precisa ter políticas mais ativas e que beneficiem de fato todas as pessoas
envolvidas no intuito de transformar a vida dessas crianças que antigamente viviam
de forma segregada em instituições que também não eram preparadas para
promover o mínimo de socialização, sendo que esse é um fato muito importante não
só para desenvolvimento da criança especial, mas também para o desenvolvimento
das demais crianças que constituem uma comunidade.
Contudo conclui-se com esse estudo que a presença do AT nas salas
regulares contribui para o desenvolvimento das crianças com necessidades
educativas especiais, e que também é um importante facilitador no processo de
escolarização, e sem sua presença provavelmente seria difícil para a escola tornar
possível a educação inclusiva. No entanto é importante ressaltar que o papel do
acompanhante terapêutico escolar precisa ser dosado, para que a escola não faça
do AT o único responsável pela aprendizagem do aluno com necessidades
educativas especiais.
Ainda assim a discussão pelo tema precisa continuar para que assim
possamos contribuir para que futuramente esse profissional possa exercer
atividades especificas em sua área e que contribuam ainda mais com a educação
inclusiva. Pois só com discussões mais amplas a respeito do tema poderemos
provocar mudanças na sociedade.
Portanto, ao término dos estudos efetivados, é imprescindível um retorno
social, com vistas à melhoria das atividades exercidas pelo acompanhante
terapêutico dentro da escola. Nesse sentido apresentam-se algumas sugestões,
primeiro a escola precisa se preparar para atender a diversidade de seus alunos,
falamos aqui de um preparo que ultrapasse as questões pedagógicas, é necessário
identificar as potencialidades dos alunos, e trabalhar com eles nessa perspectiva,
pois para essas crianças é fundamental se sentir pertencente ao ambiente da escola
independente de suas características, segundo é preciso também se atentar ao
ordenamento de políticas públicas que aperfeiçoem esses recursos educativos, e
esse ordenamento se dá a partir de pessoas engajadas no melhoramento dessas
questões para isso é preciso que pais, escola, e comunidade em geral estejam
dispostos a discutir a cerca dessas políticas, terceiro é preciso capacitar os
51
acompanhantes terapêuticos e alertar a escola sobre o trabalho do mesmo, para que
a escola não utilize o profissional como sujeito que está ali para responder 100% das
questões referentes ao aluno com NEE, e por último e não menos importante é
preciso renovação pedagógica, renovação não no sentido de mudar todos os
professores, mas sim no sentido de leva-los a entender que eles que precisam se
adaptar a criança com NEE e não a criança a eles, o professor deve se considerar
agente responsável pelo desenvolvimento de todos os seus alunos, abandonando
velhos hábitos que possam transformar o processo de educação inclusiva atual em
segregação, dessa forma poderá gerenciar adequadamente o acesso de inclusão
desses alunos e desenvolvimento de todos envolvidos nesse processo. O professor
precisa enxergar o AT como um alguém que está ali para auxilia-lo e que pode
contribuir significativamente para esse processo, e que a relação de ambos precisa
ser de parceria, para que assim possam juntos realizar um bom trabalho,
construindo pontes que facilitem a inclusão escolar.
52
REFERÊNCIAS ARARIPE, N.B. A atuação do Acompanhante Terapêutico no processo de inclusão escolar. 2012. 104 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia). Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2012.
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