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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
BRUNA FERREIRA DE SOUZA
FERROVIA, DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E PODER LOCAL
EM ARAGUARI: SISTEMA OLIGÁRQUICO (1894-1930)
CATALÃO/GO
2014
BRUNA FERREIRA DE SOUZA
FERROVIA, DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E PODER LOCAL
EM ARAGUARI: SISTEMA OLIGÁRQUICO (1894-1930)
Monografia apresentada como requisito parcial para a
obtenção dos títulos de Bacharelado e Licenciatura em
Ciências Sociais, pela Universidade Federal de Goiás,
Departamento de História e Ciências Sociais, Regional
Catalão.
Orientador: Prof. Dr. Ailton Laurentino Caris Fagundes
CATALÃO/GO
2014
DEDICATÓRIA
Este é o resultado da compreensão, carinho e respeito ao meu pai
Célio Lemes Souza, a minha mãe Roseli Ferreira Cardoso, a minha
irmã Carla Ferreira de Souza e a minha família. A vocês, dedico este
trabalho.
AGRADECIMENTOS
Agradeço, primeiramente, a minha família pelo incentivo e apoio na realização desse trabalho.
Agradeço também ao meu orientador, Prof. Dr. Ailton Laurentino Caris Fagundes, que
sempre me incentivou e acreditou na minha monografia. Sua colaboração foi fundamental
para realização deste projeto.
Ainda dentro do departamento agradeço aos professores do Curso de Ciências Sociais
Regional Catalão, que muito ajudaram para a minha formação.
Agradeço ao acervo do Arquivo Histórico e Museu Dr. Calil Porto, mantidos pela Fundação
Araguarina de Educação e Cultura (FAEC) e a Câmara Municipal de Araguari, que tiveram
sempre as portas abertas para a realização dessa monografia.
Também agradeço aos meus queridos amigos Bruno Oliveira, Deuza Mariano, Vivian Dias, e
Zilma Carla, pela amizade, incentivo e apoio nas horas exatas.
A todos, que direita ou indiretamente, contribuíram para a realização desta pesquisa.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS – REGIONAL CATALÃO
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA E CIÊNCIAS SOCIAIS
CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
REGISTRO DE APROVAÇÃO
Autor: __________________________________________________________
Título: __________________________________________________________
Trabalho Final de Curso defendido e aprovado em ____|___|__ pela banca
examinadora composta pelos professores a seguir indicados:
______________________________________________________________
Prof. Dr. Ailton Laurentino Caris Fagundes
Orientador da Monografia
______________________________________________________________
Prof. Dr. Ismar da Silva Costa
Membro da Banca Examinadora
RESUMO
SOUZA, Bruna Ferreira de. FERROVIA, DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E PODER LOCAL EM ARAGUARI: SISTEMA OLIGÁRQUICO (1894-1930). 2014. (n.66 de folhas). Monografia (Graduação) – Departamento de História e Ciências Sociais, Universidade Federal de Goiás, Catalão, 2014. O objetivo dessa monografia é mostrar o papel da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro,
que influenciaram os fatores políticos e econômicos da cidade de Araguari. Proporcionou
mudanças nos antigos padrões sociais que garantiam à elite local a manutenção do poder e
com isso, analisa o funcionamento e o colapse da máquina política oligárquica vigente até
1930, que era representada pelo coronelismo. Além disso, essa monografia foi baseada em
autores que buscaram relatar os fatos visualizando o contexto em que estes ocorreram para
fundamentar a explicação sobre o tema proposto, e assim, analisar as características de
dominação e manipulação que eram utilizadas por alguns coronéis que possuíam o poder local
em Araguari.
Palavras-chave:
Desenvolvimento econômico Coronelismo Poder local
ABSTRACT
SOUZA, Bruna Ferreira de. RAIL, AND LOCAL ECONOMIC DEVELOPMENT IN ARAGUARI: OLIGARCHIC SYSTEM (1894-1930). 2014. (n.66 de folhas). Monografia (Graduação) – Departamento de História e Ciências Sociais, Universidade Federal de Goiás, Catalão, 2014.
The purpose of this monograph is show the role of the Company mogiana of Railroads, who
influenced the political factors and economic city of Araguari. Provided changes in ancient
social standards that guaranteed the local to elite maintenance of power and with this,
analyzes the operation and the collapse of machine policy oligarchic present until 1930, that
era represented by the colonelism. Beyond that, this monograph was based in authors who
sought report facts viewing the context in that these occurred to substantiate the explanation
of the proposed theme, well, analyze the characteristics of domination and manipulation that
were used, utilized for some colonels that had the local power in Araguari.
Key-words:
Economic Development Colonelism Local power
7
SUMÁRIO
RESUMO ...............................................................................................................................................6
ABSTRACT ..........................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................8
CAPÍTULO 1: REPRESENTAÇÃO POLÍTICA NA REPÚBLICA VELHA ................ 11
1.1 DISCUSSAÔ TEÓRICA ............................................................................................................ 11
CAPÍTULO 2: ASPECTO ECONÔMICO E POLÍTICO EM ARAGUARI .................. 16
2.1 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DE ARAGUARI E SUA ORGANIZAÇÃO
POLÍTICA ............................................................................................................................... 16
2.2 INDUSTRIALIZAÇÃO EM ARAGUARI ............................................................................. 24
2.3 CORONELISMO EM ARAGUARI ........................................................................................ 25
2.4 SITUAÇÃO POLÍTICA NO FINAL DO SÉCULO XIX E MEADOS DO SÉCULO XX.
............................................................................................................................................................... 31
CAPÍTULO 3: ANÁLISE SOBRE FERROVIA EM ARAGUARI .................................. 33
3.1 FERROVIA, MIGRAÇÃO, NOVAS ORDENS DE PODER. .......................................... 33
CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................................... 49
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................ 51
ANEXOS ............................................................................................................................... 54
8
INTRODUÇÃO
O presente trabalho se propõe identificar as relações de poder na cidade de Araguari-
MG no período de 1896–1930, envolvendo nessa investigação a Companhia Mogiana de
Estradas de Ferro e sua influência com a economia local.
O coronelismo surgiu durante toda a República Velha entre 1889 a 1930, era um
fenômeno político e social, foi expressão de uma sociedade predominantemente rural, à
medida que abrangia a maioria dos municípios brasileiros, o poder privado se fortalecia em
consequência isolamento, do atraso econômico e da falta de comunicação dessas localidades
os centros mais desenvolvidos.
O coronelismo é, então, um sistema político nacional, baseado em barganhas
entre governo e os coronéis. O governo estadual garante, para baixo, o poder
do coronel sobre seus dependentes e seus rivais, sobretudo cedendo-lhe o
controle de cargos públicos, desde o delegado de polícia até a professora
primária. O coronel hipoteca seu apoio ao governo, sobretudo na forma de
votos. Para cima, os governadores dão seu apoio ao Presidente da República
em troca do reconhecimento deste de seu domínio no estado. O coronelismo
é a fase de processo mais longo de relacionamento entre os fazendeiros e o
governo. O coronelismo não existiu antes dessa fase e não existe depois dela.
(CARVALHO 1997: 229-249).
Por consequência, desse sistema político, a maioria dos coronéis eram padrinhos ou
compadres, mandavam soltar ou prender, promoviam festas, davam terras aos agregados que
viviam em suas fazendas e principalmente, eram protegidos da polícia que os auxiliavam em
qualquer necessidade. E só começou a perder suas forças a partir da ascensão de novos grupos
sociais ao poder.
Como objetivo específico se pretende:
Identificar as relações políticas de compromissos e trocas que se estabelecido na
república velha na cidade de Araguari, também, verificar o desenvolvimento econômico da
ferrovia na cidade pesquisada.
Para o desenvolvimento da pesquisa se traz os seguintes questionamentos
Como se davam as relações de poder na cidade Araguari na época pesquisada.
Já as hipóteses consideradas foram as seguintes:
9
Os coronéis possuíam um grande poder no munícipio de Araguari, em outras regiões
do Triângulo Mineiro, logo, os coronéis aumentaram seu poder econômico e politico, com a
vinda da ferrovia.
Finalmente, buscou-se nortear as hipóteses formuladas com as seguintes variáveis:
Poder local;
Coronelismo;
Desenvolvimento econômico.
Para a coleta de dados foram utilizados a fontes primárias, que são materiais originais,
os quais apresentam a informação na sua forma original, sem interpretação, com isso, o
pensamento original, reportam descobertas ou compartilham novas informações sobre os
partidos políticos da cidade de Araguari.
Na elaboração deste trabalho, a análise ocorreu, principalmente, por meio do
levantamento bibliográfico acerca da ferrovia e do poder local exercido pelos coronéis com
base, no mandonismo e no clientelismo, criando assim um domínio de categorias conceituais
importantes para refletir sobre os processos que ocorreram em Araguari no final do século
XIX e meados do século XX. Além disso, foi realizada uma vasta pesquisa em jornais da
época pertencentes ao acervo do Arquivo Histórico e Museu Dr. Calil Porto, mantidos pela
Fundação Araguarina de Educação e Cultura (FAEC) e análise de documentos da época de
1886 a 1930 mantido pela Câmara Municipal de Araguari.
Escrever sobre o coronelismo em Araguari no final do século XIX e meados do século
XX foi uma tarefa árdua, as atas da Câmara Municipal, além de não estarem completas, como
é o fato de haver encontrado em certos mandatos referências de delegação de poder na mão do
vice-prefeito, sem modificar o porquê dessa medida, nem por quanto tempo o vice-prefeito
permaneceu no poder executivo.
A monografia foi estruturada em três capítulos, podendo-se, inclusive, delineá-los
como três molduras distintas, mas conexas: o primeiro capítulo realizou uma discussão teórica
sobre coronelismo, mandonismo, clientelismo e poder local, utilizando estudiosos que
ajudaram e fundamentaram a explicação desse trabalho.
O segundo capítulo ocorre uma análise sobre o coronelismo em Araguari, visto que, ao
mesmo tempo possibilita a compreensão dos discursos que fortaleceram e justificaram a
postura política dos coronéis dessa cidade. Mostra também a dominação e manipulação,
especialmente no que tange às questões ligadas à política e sobre o poder local desses
coronéis. E qual eram as articulações, que existiam entre eles.
10
O terceiro capítulo tem por objeto principal mostrar as relações de poder que existiam
entre os coronéis dessa cidade com os migrantes que vieram trabalhar na ferrovia. Como era a
rede ferroviária implantada na cidade de Araguari que cumpriu um importante papel para o
funcionamento do território, uma vez que se constituíram como principais meios de circulação
de bens, produtos e pessoas no final século XIX e meados do século XX.
Por fim, a monografia se encerra com as considerações finais, as quais são
apresentadas pontos conclusivos destacados, seguidos da estimulação à continuidade dos
estudos e das reflexões sobre o coronelismo na cidade de Araguari.
11
CAPÍTULO 1: REPRESENTAÇÃO POLÍTICA NA REPÚBLICA VELHA
1.1 DISCUSSÃO TEÓRICA
Com a promulgação da primeira constituição republicana de 1891, adotado
pela República Federativa do Brasil, o sistema eleitoral era representado pela república velha,
onde o voto era aberto e dava aos coronéis pleno controle dos seus eleitores, após o governo
Campos Sales (1898-1902), houve uma coligação de poderes estaduais que favoreceu o
coronelismo.
O coronelismo “[...] era fruto de alteração na relação de forças entre os proprietários
rurais e o governo e significava o fortalecimento do poder do Estado antes que o predomínio
do coronel” (CARVALHO, 1997:2). De modo, que o Estado emprestava o poder e prestígio
ao coronel, em troca, o coronel retribuía com votos, aumentando a dependência política do
eleitorado. O termo foi criado para designar certos:
[...] hábitos políticos e sociais, onde os grandes proprietários rurais, ditos
coronéis, exerciam absoluto domínio sobre as pessoas que viviam em suas
terras ou delas dependiam para sobreviver, o fenômeno tem raízes profundas
na tradição patriarcal brasileira e no arcaísmo da estrutura agrária do país
(LEAL, 1997:54).
O coronelismo era representado pelos coronéis que comandavam pequenos municípios
e tinham à sua disposição eleitores fiéis que, além de votarem em si em seus candidatos
locais. Sem o auxílio financeiro do Estado, dificilmente poderiam empreender as obras mais
necessárias, como estradas, pontes, escolas, hospitais, água, esgotos e energia elétrica.
Nenhum “administrador municipal poderia manter por muito tempo a liderança sem realizar
qualquer benefício para sua comuna” (LEAL, 1997:65-66).
Além disso, existiu nesse período a política dos governadores era um acordo entre os
governadores dos Estados e o governo central, os governadores apoiavam o presidente,
concordando com sua política, em troca, o governo federal só reconheceria a vitória de
deputados e senadores que representavam estes governadores, desta forma, o governador
controlaria o poder estadual e o presidente da República não teria oposição no Congresso
Nacional.
12
Em troca, a situação municipal conferia fidelidade e votos ao governador, “obtido à
custa de submissão política; fraqueza desamparada e desiludida dos seres quase subumanos
que arrastam a existência no trato das suas propriedades” (LEAL, 1997:56). Além do mais,
esse sistema político brasileiro, nascido com a república velha, acabou organizando um
determinado tipo de estrutura política formada por três elementos:
1) a dominação política na maioria dos estados por oligarquias; 2) a
ocorrência de eleições periódicas, mas fraudulentas, e sem cidadãos de
fato; 3) a existência de Constituições Estaduais em meio aos estados
como principais atores políticos (SILVA e KERBAUY, 2014:5).
Por consequência, acabaram possuindo grande influência no governo, na sociedade e
nas cidades, criando então o sistema que ficou conhecido como coronelismo, que está
diretamente ligado ao clientelismo e ao mandonismo. O conceito de clientelismo ainda
caracteriza, essencialmente, “pelo fato de possuir caráter personalista, em que as relações
políticas têm natureza eminentemente pessoal” (LEAL, 1997:97), comprometendo o interesse
público e a distribuição social dos recursos do país para atender a interesses de origem
privada, privilegiando os eleitores que vão trocar seus votos por favores pessoais.
Clientelismo, [...] de modo geral, indica um tipo de relação entre atores
políticos que envolve concessão de benefícios públicos, na forma de
empregos, benefícios fiscais, isenções, em troca de apoio político, sobretudo
na forma de voto. [...] Seria um atributo variável de sistemas políticos macro
e podem conter maior ou menor dose de clientelismo nas relações entre
atores políticos. [...] Assemelha-se, na amplitude de seu uso, ao conceito de
mandonismo. Ele é o mandonismo visto do ponto de vista bilateral. Seu
conteúdo também varia ao longo do tempo, de acordo com os recursos
controlados pelos atores políticos, em nosso caso pelos mandões e pelo
governo. [...] o clientelismo perpassa toda a história política do país. [...] Na
medida em que o clientelismo pode mudar de parceiros, ele pode aumentar e
diminuir ao longo da história... (CARVALHO, 1997:134).
A relação de clientelismo fez com que muitos eleitores tornassem fiéis aos chefes
políticos municipais. Essa fidelidade fez do líder político local um chefe supremo do
município. Por sua vez, esses líderes locais conseguiram vincular essa lealdade às suas opções
políticas estaduais e federais, transferindo, assim, uma porcentagem significativa de votos a
esses políticos.
O clientelismo é um sistema de controle do fluxo de recursos materiais e de
intermediações de interesses, no qual não há número fixo ou organizado de
unidades constitutivas. As unidades constitutivas do clientelismo são
agrupamentos, pirâmides ou redes baseados em relações pessoais que
repousam em troca generalizada. As unidades clientelistas disputam
freqüentemente o controle do fluxo de recursos dentro de um determinado
território. A participação em redes clientelistas não está codificada em
nenhum tipo de regulamento formal; os arranjos hierárquicos no interior das
13
redes estão baseados em consentimento individual e não gozam de respaldo
jurídico. Ao contrário do corporativismo, que é baseado em códigos formais
legalizados e semi-universais, o clientelismo se baseia numa gramática de
relações entre indivíduos, que é informal, não legalmente compulsória e não-
legalizada (LEAL, 1997:40-41).
O clientelismo ainda representava a troca de favores dentro de uma relação política por
apoio, tendo no voto uma possível moeda de troca por benesses entre aqueles que detêm o
controle do Estado e o eleitorado, prática muito presente na história política do país, lado a
lado com outras como o mandonismo.
Entretanto, o conceito de mandonismo ainda caracteriza sobre um “município fraco
precisa do coronel, e o coronel precisa do governo, e, enquanto precisar, apoiará o partido
governante” (CINTRA, 1974:88). Uma vez que, o poder do coronel no mandonismo advinha
de uma estrutura tradicional, dentro da qual ele exercia o controle sobre a população de sua
localidade.
Os coronéis utilizavam o mandonismo como uma forma de domínio pessoal que
impedia a população em exercer seu direto de ter livre acesso ao mercado e a sociedade
política. No entanto, o mandonismo podia ser o chefe local, ou mesmo o coronel como agente
social, é aquele que, em geral a posse da terra, controle politico e controle jurídico.
O mandonismo não é um sistema, é uma característica da política
tradicional. Existe desde o início da colonização e sobrevive ainda hoje em
regiões isoladas. A tendência é que desapareça completamente à medida que
os direitos civis e políticos alcancem todos os cidadãos. A história do
mandonismo confunde-se com a história da formação da cidadania
(CARVALHO, 1997:4).
Com isto, o mandonismo exercia sobre a população um domínio pessoal e arbitrário
que impedia de ter livre acesso ao mercado e a sociedade política, o mandão podia ser o chefe
local, ou mesmo o coronel como agente social, sendo aquele que, em função do controle de
algum recurso estratégico, em geral a posse da terra, controle politico e jurídico.
O poder do coronel no mandonismo advinha de uma estrutura tradicional, dentro da
qual ele exercia o controle sobre a população de sua localidade. Não havia empecilhos legais
ao seu poder, que era considerado natural e emanava diretamente de sua figura.
À medida que o coronelismo se encontrava nas cidades o alicerce primordial para
alcançar o maior amplo domínio político, “pois o homem do campo tira a sua sobrevivência
essencialmente das terras do coronel, ele vive na mais completa miséria, ignorância e
abandono” (LEAL, 1997:24). Eram vistos como chefes políticos de um determinado local,
eles ganhavam prestígio e força na região onde atuavam, foi um período de práticas
autoritárias e violentas comandadas pelos coronéis, os quais controlavam os moradores da
14
região e os obrigavam a realizar ações e a tomar decisões segundo sua vontade, por meio do
fato de que eram desinformados e com baixa ou nenhuma escolaridade e também tinha a falta
da cultura de direitos trabalhistas para motivá-los a fazer o que lhes era proposto.
A lei do coronel imperava tanto na roça, quanto na cidade, ele possuía uma
política própria denominados seus membros, segundo a região, de capangas,
jagunços, “gente do coronel”, camaradas ou cabras... Aos reunitentes às
ordens e aos desejos dos mandatários aplicavam-se penas diversas como: a
expulsão das terras da fazenda, destruição de bens, espancamento e até a
morte. (JANOTTI, 1984:60 - 61).
Além do mais, foi um período de práticas autoritárias e violentas comandadas pelos
coronéis, os quais controlavam os moradores das regiões e os obrigavam a realizar ações e a
tomar decisões segundo sua vontade, por meio de grupos de pessoas ligadas por laços de
parentesco. [...] “Que abrangia uma extensa rede de familiares, amigos, capangas e agregados
da fazenda os quais dependiam do poder, do dinheiro e da proteção de um chefe local”
(QUEIROZ, 1976:180-181), logo, o prestígio desses coronéis é devido à capacidade de
prestar favores para esses grupos. Desta forma, “o poderio patriarcal foi gestado na ausência
de um Estado forte, e seu declínio se verificaria quando este Estado assumisse seus papéis”
(TERUYA, 2000:4).
Por consequência, quando o eleitor votava por fidelidade ao coronel, ele praticava
o clientelismo “[…] distribui benefícios públicos em troca de votos” (CARVALHO,
1998:240), pois ganharia algo em troca como prêmio por ter sido fiel ao pedido, muitos
empregos eram concedidos pelos coronéis, para premiar os eleitores pertencentes ao seu
curral eleitoral, pois as escolas, a delegacia, o cartório público e outras atividades econômicas
eram controlados diretamente ou indiretamente por eles.
A constituição de 1891 acabou se tornando refém das orientações dos prefeitos que
nas localidades interioranas controlam a tudo e a todos, formando uma corrente de compadrio
sustentado com as relações de trocas estabelecidas com as oligarquias estaduais. Desse modo,
o coronel prefeito estava longe de ser um técnico administrativo como se justificava a criação
desse cargo.
Dar relevo ao caráter administrativo e técnico do executivo municipal no
Brasil, por mais nobres que sejam as intenções de quem assim proceda,
contrasta violentamente com a cotidiana evidência dos fatos. Muito menos
que administrador, o prefeito tem sido entre nós, acima de tudo, chefe
político. A prefeitura é, tradicionalmente, ao lado da vereança e da
promotoria pública, um dos primeiros de graus da carreira política em nossa
terra. (LEAL, 1997:155).
15
Neste contexto, o domínio tradicional se configurava na administração patrimonialista,
quando aparece o estado-maior de comando do chefe, que se estende sobre o território ao qual
pertence, este acaba por subordinar muitas unidades políticas.
Como lembrava Max Weber, não envolvem apenas a situação econômica dos grupos,
mas a dominação se expressa quando a vontade manifesta mandado do dominador ou dos
dominadores busca influenciar as ações de outras pessoas do dominado ou dos dominados
(WEBER, 1997:699). De fato, as influências “de tal modo que estas ações, num grau
socialmente relevante, se realizam como se os dominados tivessem feito do próprio conteúdo
do mandado a máxima de suas ações (‘obediência’)” (WEBER, 1997:699).
Com o fim da década de 1920, o crescimento das cidades e as crises da economia
cafeeira foram enfraquecendo a permanência dos coronéis no poder, chegando ao ano de
1930, esse período chegou ao seu fim através da Revolução de 30. Ainda que, o regime
coronelista começou a perder forças de atuação no final da República Velha, pois não
conseguia mais dispor de meios eficazes de controle da situação econômica do país.
A morte aparente dos “coronéis” no Estado Novo não se deve, pois, aos
prefeitos nomeados, mas à abolição do regime representativo em nossa terra.
Convocai o povo para as urnas, como sucedeu em 1945, e o “coronelismo”
ressurgirá das próprias cinzas, porque a seixa que o alimenta é a estrutura
agrária do país (LEAL, 1997:134).
Portanto, o acesso à educação e aos meios de comunicação fez a população aumentar
seu nível cultural. Começaram a surgir novos líderes, porém no interior o coronelismo
continuava com sua força e os currais eleitorais ainda existiam.
16
CAPÍTULO 2: ASPECTO ECONÔMICO E POLÍTICO EM ARAGUARI
2.1 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DE ARAGUARI E SUA ORGANIZAÇÃO
POLÍTICA
A cidade de Araguari, desde sua origem destacou-se como região prospera do
Triângulo Mineiro, sendo a agricultura a sua principal atividade economia, apresentando uma
produção alimentícia considerável que atendia o consumo interno e externo. O arroz, feijão,
milho, algodão, batatas, açúcar, foi a primeira expressão de desenvolvimento econômico
dessa região.
O café foi um produto muito importante para a economia brasileira até a crise de 1929,
mas essa importância foi artificialmente sustentada por sucessivos programas de defesa de
preço no mercado internacional.
O fazendeiro de café, que surgiu e se afirmou, historicamente, como uma
variante típica do antigo senhor rural, acabou preenchendo o destino de
dissociar a fazenda e a riqueza que ela produzia do status senhorial [...] o
fazendeiro de café terminou representando, na cena histórica brasileira, o
senhor rural que se viu compelido a aceitar a identificação com a dimensão
burguesa da sua situação de interesses e do seu status social (FERNANDES,
1987:103).
O café entrou em Minas Gerais “por volta de 1707, inicialmente pela Zona da Mata,
através do chamado Caminho novo (criado para o transporte do ouro)” (MOREIRA, 2007:12).
Por consequência, “os tropeiros ao voltarem das viagens de transporte do ouro traziam
sementes do café. O transporte era feito no lombo de muares, mais tarde, o uso de animais
determinou o peso padrão das sacas no Brasil” (MOREIRA, 2007:12-13).
Os primeiros cafeicultores “instalarem-se no Triângulo Mineiro, sobretudo nos
municípios de Araguari e Patrocínio, os quais mais tarde tornaram-se pólos de dispersão do
café pelo cerrado mineiro” (FUNEC; 1988:42), eram cafeicultores de “origem alemã,
oriundos do Paraná, que migraram em busca principalmente de terras com preço mais
acessível e de condições climáticas favoráveis” (FUNEC; 1988:42), as quais, de certo modo,
encontraram no cerrado do Triângulo Mineiro.
17
Os fazendeiros de café em Araguari eram as pessoas muito influentes, por isso deles
dependiam centenas de pessoas que viviam nessa região, essa dependência era reforçada pela
troca de favores entre esses fazendeiros e a população Araguarina. No entanto, a fazenda de
café nessa cidade passou a desempenhar um papel ativo na economia daquela região.
Antes do crescimento do café ocorreu também o crescimento da produção de milho, de
feijão e, principalmente, a de arroz, que assumiu o segundo lugar nas exportações do estado
depois da pecuária. Com a implantação da segunda etapa da ferrovia, incrementou-se ainda
mais a produção de arroz e a migração para o estado foi estimulada, sobretudo pelos fluxos
provenientes do oeste de Minas Gerais.
Neste contexto, muitos migraram para as cidades polos da região Uberlândia, Uberaba
e Araguari, tornaram trabalhadores temporários no cultivo do café ou desenvolvendo
atividades urbanas; outros adquiriram novas terras em locais, consequentemente, menos
valorizados. Para se compreender melhor a influência política dos fazendeiros, tão
“importante no mecanismo da liderança local, cumpre examinar alguns aspectos de
distribuição da propriedade e da composição das classes na sociedade rural” (LEAL, 1997:26)
Em essência, essa política consistia no seguinte: a) com o fim de restabelecer
o equilíbrio entre a oferta e a procura de café, o governo interviria no
mercado para comprar os excedentes; b) o financiamento dessas compras se
faria com empréstimos estrangeiros; c) o serviço desses empréstimos seria
coberto com um novo imposto cobrado em ouro sobre cada saca de café
exportada; d) a fim de solucionar o problema mais alongo prazo, os
governadores dos Estados produtores deveriam desencorajar a expansão das
plantações (FURTADO, 1975:179).
Embora o coronelismo se constituísse como uma prática de dominação da população
brasileira, uma vez que, mais da metade das pessoas morava na área rural, sendo a maioria
analfabeta, foram perfeitamente utilizadas pelos coronéis que exerciam nas fazendas e nas
cidades do interior. As pessoas eram reféns da influência política dos grandes fazendeiros e
precisavam de sua ajuda para conseguir, por exemplo, remédios, alimentos ou empregos.
Além do mais, na época da República Velha, as velhas oligarquias republicanas
dominaram o poder e estabeleceram um acordo entre os governadores, estas intituladas
políticas do café-com-leite, visto que, representavam os interesses das oligarquias de São
Paulo e Minas Gerais no domínio da política e da economia do país.
18
Crescimento populacional em Araguari- MG (1888 - 1930)
Dados retirados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. IBGE - Cidades. Araguari. Disponível
em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php> Acesso em 15 de Setembro de 2013, (Hora do acesso 13hr
00).
Crescimento populacional em Uberlândia-MG (1900-1930)
Dados retirados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. IBGE – Cidades. Uberlândia. Disponível
em:<http://www.ibge.gov.br/cidadesat/painel/painel.php?codmun=317020/>.Acesso em 15 de Setembro de
2013, (Hora do acesso 13hr 30).
Crescimento populacional em Uberaba-MG (1900-1930)
Dados retirados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. IBGE – Cidades. Uberaba. Disponível
em: <http://www.ibge.gov.br/> acesso em 15 de Setembro de 2013, (Hora do acesso 14hr 00).
Os gráficos representam o crescimento populacional das cidades de Araguari, Uberaba
e Uberlândia. O município de Araguari tomou novo incremento, se tornou um grande
entreposto comercial, situando-se entre os mais importantes municípios triangulinos. Em
contraponto, o desenvolvimento de Uberlândia e Uberaba somente aconteceu por causa do
tripé que a ferrovia, rodoviária e ponte influenciaram nessa região, o que acabou
0
50.000
11.856 22.956 42.179
1900 1920 1930
0
50.000
100.000
20.818 59.807 77.178
1900 1920 1936
19
determinando uma nova economia nessa região. Por consequência, a riqueza econômica de
Araguari, Uberlândia e Uberaba, acabou refletindo um crescimento alto na agricultura, na
pecuária, na indústria e no comércio dessa região.
[…] o Triângulo foi se transformando num verdadeiro “posto avançado” do
capital, uma ponte por onde grande parte dos interesses expansionistas
teriam que passar e estabelecer aí, dentre as lideranças políticas locais, seus
“testas de ferro”, daí a participação destes políticos nos quadros cupulares
tanto a nível federal quanto estadual. “Fortalecimento destes caminha em
proporção direta com o fechamento político.” (BRANDÃO, 1989:135-136).
Além disso, a primeira organização política se deu na fundação da Câmara Municipal:
Em 1843 tornou-se distrito de paz, ligado ao então município de Bagagem,
atual Estrela do Sul, em 1882, o distrito foi elevado a município, e em 1888
teve seu nome substituído por Araguary, que significa "água ou rio da
baixada dos papagaios”, essa primeira câmara municipal era fundada pelos
grandes proprietários de terra, era o único grupo economicamente ativo, uma
vez que a grande massa da população era rural e totalmente desprovida de
recursos para participar a vida política dessa cidade (FUNEC, 1988:22).
Neste mesmo período, ocorreu a posse da primeira câmara provisória de vereadores, a
presidência ficou com o coronel José Rodrigues da Cunha, o qual atuou no poder por quatro
meses, os outros vereadores de confiança do coronel foram Justino Monteiro de Araújo, João
Carrijo Peixoto, João Rodrigues Peixoto Sobrinho, Joaquim Caetano Alves, Elias Rodrigues
Peixoto Carrijo e Ernesto de Paula Viera, todos eram coronéis, fazendeiros, homens ilustres e
possuíam poder local onde viviam.
O período administrativo desse município, como entidade autônoma, tem
inicio a 31 de março de 1884. Desta data, até 31 de Dezembro de 1915,
vigorou o sistema de “mandato trienal”, ou seja, administração executiva por
três anos consecutivos, se bem que tenham ocorrido dois casos de
prorrogação governamental: um em 1903 e outro em 1910, quando Olímpio
Ferreira governava essa cidade (FUNEC, 1988:23).
A segunda ata eleitoral retrata sobre a segunda eleição indireta para a câmara
municipal de Brejo Alegre atual Araguari, foi em 30 maio de 1887, com a criação da segunda
câmara de vereadores da cidade compunha o Presidente: Rafael Rodrigues Alves, Vice-
presidente: Teophilo Godoy, e seus aliados Manuel Ignacio Motta, Manoel Vieira de Resende
e Joaquim Carrijo Peixoto formavam a câmara de vereadores de Araguari.
Na ata eleitoral, fica explícito que os ofícios da câmara de vereadores e os informes ao
Presidente da Província não foram suficientes para elevar Brejo Alegre, atual Araguari, à
categoria de cidade. Foi sim, o ponto de partida de um grande episódio político que resultou
em verdadeira batalha parlamentar. Com isso, o crescimento constante da comunidade fez a
20
Câmara, em 1887 mandar um oficio à Assembleia Provincial de Minas Gerais pedindo a
elevação da vila a cidade, neste processo.
O projeto foi duramente criticado pelo deputado Sabino Barroso Junior, que tentou
impedir sua aprovação, mas as “objeções do deputado Sabino Barroso e outros parlamentares
não impediram que, em 4 de agosto, o projeto fosse aprovado, elevando a Freguesia de Brejo
Alegre à categoria de cidade” (FUNEC, 1988:18). Com a emenda do Deputado Severino de
Resende Navarro, o nome foi alterado para Araguary.
Um fato interessante de destacar é a sistemática da escolha dos prefeitos antigos, o
vereador mais idoso ocupava o cargo de Presidência da câmara, e, por força deste, também o
de Prefeito do Municipal, com o título de Presidente e Agente Executivo, ficava no poder por
três anos. No final do século XIX e meados do século XX, a Câmara Municipal possuía nessa
cidade uma função executiva e legislativa, o prefeito que recebia o nome de Agente Executivo
era escolhido entre os vereadores eleitos para exercer o duplo cargo.
No art. 39 – Haverá em cada municipio um intendente, que será o chefe do
poder executivo municipal, e encarregado de levar a effeito e fazer cumprir
as deliberações do conselho devidamente promulgadas (CONSTITUIÇÃO
DA REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL DE 24 DE
FEVEREIRO DE 1891, Pág. 4, n 45).
A câmara de vereadores de Araguari era composta por “vereadores, juiz de paz e
escrivão, jurisdicionados nas paróquias. Assim, uma medida determinante para conter o poder
das câmaras municipais” (TERUYA, 2000:4). Foram nomeados interventores, conhecidos
como juízes de fora, além de decretos, definindo a subordinação das câmaras aos poderes
instituídos.
Nesse município, o clientelismo era uma prática política presente desde os tempos
coloniais, constituía na troca de favores entre detentores do poder político e alguns eleitores,
os quais realizavam relações particularistas de trocas de interesses comuns, mas também, os
políticos interessam o voto, já os eleitores têm em vistas algum tipo de favor como emprego,
atendimento médicos, bens materiais e tratava de uma troca de favores.
Muitos chefes municipais, mesmo quando participam da representação
política estadual ou federal, costumam ser tributários de outros, que já
galgaram, pelas relações de parentesco ou amizade, pelos dotes pessoais,
pelos conchavos [...] a posição de chefes de grupos ou correntes, no caminho
da liderança estadual ou federal (LEAL, 1997:43).
Em 28 de Agosto de 1888, quatro anos após os trâmites inicias o projeto do padre
Lafaiette, com “a emenda dos deputados Severiano Nunes Cardoso de Resende e Francisco de
21
Morais conseguiu sua emancipação política da cidade Estrela do Sul” (FUNEC, 1988:20),
ocorreu de forma indireta.
Os anos se passaram e os agentes executivos (prefeitos), eleitos
indiretamente, exerciam conjuntamente os cargos legislativo e executivo do
município. Entre os anos de 1898 a 1915, ocupou o cargo de Agente
Executivo o Cel. Olympio Ferreira dos Santos, sendo substituído pelo vice,
Nicolau Elias, no período de 1901 a 1904 (JORNAL GAZETA DO
TRIÂNGULO- 10/06/1969, pg5, n 139).
Em 15 de Junho de 1891, deu-se a eleição, pelo Congresso Constituinte de 1892,
aconteceram às eleições para vereadores, para os membros dos Conselhos Distritais e para
Agentes Executivos Municipais em Araguari, portanto, que se realizaram “âmbito estadual,
para a formação dos eleitos tomou posse no dia 1° de março de 1892, tendo mandato trienal”
(FUNEC, 1988:23), ocorreu de forma indireta quem venceu essa eleição foi o José Rodrigues
Alves do Partido Araguarino.
A primeira eleição direta em Araguari ocorreu em 1° de novembro de 1915,
despertando muito interesse na população araguarina. Compareceram as urnas, em todo o
município, 1.727 eleitores, dos quais nada menos de 1.076 foram levados pelo Partido
Araguary, o restante, 651, pelo grupo adversário que se compunha de duas facções a
Olimpista era o Coronel Olímpio Ferreira dos Santos e a Lindofista era o Coronel Philadelpho
de Lima representado pelo PRM, quem venceu essa eleição para prefeito foi José Ferreira
Alves do Partido Araguary. Como mostra o gráfico a seguir:
(Dados retirados do município em Araguari de 1915, decreto n.º 16, em 12 de outubro de 1915).
A segunda eleição direta em Araguari ocorreu em 4° de novembro de 1917 onde
Compareceram as urnas, em todo o município, 1.805 eleitores, dos quais nada menos de 1.089
foram levados pelo Partido Araguary, o restante, 716, pelo grupo adversário que se compunha
pela representação do PRM, quem venceu essa eleição para prefeito foi Adalardo Alberto
Pereira da Cunha do Partido Araguary. Como mostra o gráfico a seguir:
02.000
1.076 651 1.727
Partido Araguary PRM Total
22
(Dados retirados do município em Araguari de 1917, decreto n.º26, em 8 de Setembro de 1917).
A terceira eleição direta em Araguari ocorreu em 19° de Setembro de 1920 onde
Compareceram as urnas, em todo o município, 1.817 eleitores, dos quais nada menos de 1.012
foram levados pelo Partido Araguary, o restante, 805, pelo grupo adversário que se compunha
pela representação do PRM quem venceu essa eleição para prefeito foi Padre João Carneiro
de do Partido Araguary. Como mostra o gráfico a seguir:
(Dados retirados do município em Araguari de 1920, decreto n.º 39, em 28 de Novembro de 1920).
A quarta eleição direta em Araguari ocorreu em 27° de Outubro de 1923 onde
Compareceram as urnas, em todo o município, 1.835 eleitores, dos quais nada menos de 979
foram levados pelo PRM o restante, 856, pelo grupo adversário que se compunha pela
representação do Partido Araguary quem venceu essa eleição para prefeito foi Marciano
Santos do PRM. Como mostra o gráfico a seguir:
(Dados retirados do município em Araguari em 1923, decreto n.º 45, em 13 de Novembro de 1923).
A quinta eleição direta em Araguari ocorreu em 18° de novembro de 1926 onde
Compareceram as urnas, em todo o município, 1.865 eleitores, dos quais nada menos de 991
foram levados pelo PRM, o restante, 875, pelo grupo adversário que se compunha pela
representação do Partido Araguary, quem venceu essa eleição para prefeito foi Filadelfho de
Lima do PRM. Como mostra o gráfico a seguir:
0
2.000
1.089 716 1.805
Partido Araguary PRM Total
02.000
1.012 805 1.817
Partido Araguary PRM Total
02.000
979 856 1.835
PRM Partido Araguary Total
23
(Dados retirados do município em Araguari em 1926, decreto n.º 54, em 10 de Setembro de 1926).
A sexta eleição direta em Araguari ocorreu em 30° de Outubro de 1930 onde
Compareceram as urnas, em todo o município, 2.023 eleitores, dos quais nada menos de 1.194
foram levados pelo Partido Araguary, o restante, 829, pelo grupo adversário que se compunha
pela representação do PRM, quem venceu essa eleição para prefeito foi Dr. Mário da Silva
Pereira. Como mostra o gráfico a seguir:
(Dados retirados do município em Araguari de 1920, decreto n.º 63, em 28 de Novembro de 1930).
No período da República Velha, entre 1889 a 1930, algumas alterações foram
executadas aboliu-se a restrição da renda, o analfabeto perdeu o direito do voto, a
Constituição de 1891 instituiu que os eleitores deveriam ser maiores de 21 anos, excluíram-se
mulheres, mendigos, analfabetas etc. Desse modo, o argumento utilizado para a exclusão do
processo eleitoral justificava-se pela ideia de que seriam mais influenciáveis, fosse pelos
patrões, fosse pelos maridos e pais. Portanto, por esse argumento as mulheres e os analfabetos
não teriam opinião política própria. Os migrantes não voltavam, nesse período, porque os
coronéis não permitiam participar da vida política da cidade.
Seguindo Leal, o coronelismo era as relações políticas com base nos meios
predominantemente urbanos. Assim, devemos desconsiderar a existência de um coronelismo
ligado ao poderio dos grupos econômicos dos grandes centros urbanos (LEAL, 1997:276). As
relações de barganha política realizadas nesse meio estariam identificadas ao clientelismo de
matiz urbano, no qual os políticos negociam diretamente com seus eleitores, dispensando a
mediação do coronel.
Embora, que em Araguari nessa época ocorria à prática da manipulação do poder as
oligarquias locais eram representadas pelos coronéis Cel. Olympio Ferreira dos Santos,
02.000
991 875 1.865
PRM Partido Araguary Total
0
5.000
1.194 829 2.023
Partido Araguary PRM Total
24
Marciano Santos, Padre José Lafayette de Godoy, visto que, esse poder local se concentrava
nas mãos desses antigos governantes, que dominavam por gerações, a politica local dessa
cidade.
Visto que, as relações de poder perfazem diversos conflitos como os estabelecidos nos
“grupos político econômicos, sociais e outros atores, mas são manentes, não havendo,
diretamente, uma oposição entre dominantes e dominados, mas sim situações de poder que
ora favorecem a um, ora a outro sujeito coletivo” (MARTINS, 2008:9).
Portanto, com a crise política dos anos 1920 foi caracterizada pela rejeição do sistema
oligárquico, aconteceu o desfecho do fim da hegemonia cafeeira na condução da economia e
da política brasileiras. Enfim, as relações entre café e a indústria fez com que tanto os
cafeicultores quanto as industriais fossem identificados como beneficiários da política desse
município.
2. 2 INDUSTRIALIZAÇÃO EM ARAGUARI
O município de Araguari, por estar localizado em área de cerrado, foi beneficiado
pelos programas financiados pelo governo federal e estadual, que possuíam como objetivo
principal a incorporação de terras relativamente baratas, o principal produto era o cultivo de
café.
Assim nasceu a primeira indústria da Villa de Brejo Alegre atual Araguari, com a
fábrica de material mais simples para construção, mas, sem dúvida, um grande passo para o
progresso de vila. Dentre as primeiras olarias, destacaram-se as de Antônio Farias, Sebastião
Farias e Irineu Montes. Visto que, depois da emancipação política de Araguari, “foi criado em
1898, pelo cidadão Pedro Nasciutti, a primeira fábrica de carroças, com ferraria e carpintaria,
que prestou serviços à comunidade, até 1920” (FUNEC, 1988:48).
Rua do Comércio (atuais Rua Dr. Afrânio e Rua Rui Barbosa) concentrava-
se grande parte dos estabelecimentos existentes. Na Rua da Estação (hoje
Marciano Santos), devido a proximidade das linhas férreas, estavam
instalados, inúmeras instituições, como cerealistas, armazéns, pensões e
hotéis, e outros (JORNAL DO DIÁRIO DE ARAGUARI 31/11/1996,n 110,
p7).
No entanto, as “políticas estatais de modernização impulsionaram o desenvolvimento
do capitalismo no campo, condicionando-lhe uma nova dinâmica econômica” (MARTINS,
2008), com a mecanização das atividades agrícola. É importante considerar que o processo de
modernização agrícola de Araguari, e também nos centros urbanos.
25
É sabido que os serviços públicos do interior são deficientíssimos, porque as
municipalidades não dispõem de recursos para muitas de suas necessidades.
Sem o auxílio financeiro do Estado, dificilmente poderiam empreender as
obras mais necessárias, como estradas, pontes, escolas, hospitais, água,
esgotos, energia elétrica. Nenhum administrador municipal poderia manter
por muito tempo a liderança sem realizar qualquer benefício para sua
comuna (LEAL, 1997:65-66).
A vida econômica, social e política da cidade e da própria região do começo do século
XX até meados do mesmo, gira em torno do empreendimento ferroviário. Assim, a ferrovia
tornou-se condição geral de produção, suporte à atração e penetração de capitais, de pessoas,
de coisas as mais diversas.
2.3 CORONELISMO EM ARAGUARI
O período conhecido como República Velha pode também ser conhecida como
República das Oligarquias, devido ao poder que os coronéis exerciam em suas regiões, em
Minas Gerais a situação não era diferente, os coronéis ligavam a política aos seus interesses
econômicos.
O coronel entrou na análise por ser parte do “sistema, mas o que mais me preocupava
era o sistema, a estrutura e a maneira pelas quais as relações de poder se desenvolviam na
Primeira República, a partir do município” (LEAL, 1997:13). Para Victor Nunes Leal e para
José Murilo de Carvalho, mandonismo é mais abrangente, ocorre em diversos momentos e
lugares, aproxima-se mais da ideia de caciquismo.
Além disso, esses políticos locais de Araguari tratavam as relações de poder interligam
parentesco como uma construção, por meio de mediações diversas, com visitas, com cartas,
com presentes, com viagens, com festas, que se refletiam no resultado na eleição. Não
obstante, “os coronéis estavam somente preocupados com o progresso do seu município,
fazendo, algumas vezes, um penoso esforço que chega ao heroísmo” (LEAL, 1997:37).
A questão do municipalismo no Brasil esteve, portanto, estreitamente ligada
à tradição coronelista [...]. O município não era entendido como uma
unidade político-administrativa prestadora de serviços, mas, sim, como o
local onde as autoridades do centro procuravam os votos em períodos
eleitorais. Não interessava às autoridades estaduais municípios fortes, que
pudessem concorrer ou se rebelar contra o situacionismo estadual.
Interessava, sim, fortalecer o poder local por intermédio de coronéis
comprometidos com os acordos políticos e eleitoreiros (COLOSSI, 1996:17-
18).
Portanto, Araguari acabou satisfazendo os interesses do Estado, com o, sistema
oligárquico, que fortaleceu essa política implantada na esfera do Estado. Já que muitos
26
coronéis de Araguari participavam da representação política estadual ou federal, entre eles
podemos destacar o Cel. Olympio Ferreira dos Santos, Marciano Santos, Padre José Lafayette
de Godoy, Belchior de Godoy, Teophilo Godoy.
A violência presente no município de Araguari, não é algo exclusivo de sua localidade
e tempo, mas sim, de um contexto político-social do país. Violência e mandos foram
instituídos no Brasil na República Velha.
Mandavam prender e soltar as pessoas e possuía um grande poder sobre os chefes de
polícia dessa época que eram escolhidos pelo governador do estado, mas com a indicação dos
mandões da época. Mandavam na política de Araguari possuíam em suas mãos uma máquina
de votos: Rafael Rodrigues Alves, Teophilo Godoy, Manuel Ignacio Motta, Manoel Vieira de
Resende, Joaquim Carrijo Peixoto.
Além do mais, acabavam mostrando “o poder de algumas famílias como: Araujo
Peixoto, Vieira, Godoy, Rodrigues da Cunha, Resende e Costa” (FUNEC, 1988:27), estas
famílias ajudaram a formar Araguari, eram fazendeiros e tinha poder na política local, faziam
a lei nesse município, foram os principais coronéis dessa cidade.
As famílias mais abastadas de Araguari eram pessoas que ultrapassavam as
necessidades básicas de sobrevivência, que tinham na criação de gado, na plantação de café e
no comércio de mercadorias seus meios de sobrevivência com isso, criavam a possibilidade
do acesso ao comércio interno e externo do país. Entretanto, o abandono e a miséria
predominantes nessa região faziam com que essa população esquecida se apegasse
incondicionalmente a quem lhe atendesse com pequenas migalhas.
Existia também em Araguari uma relação de mandonismo “designa-se como uma
estrutura da política, é a referência à existência de estruturas locais de uma oligarquia
personalizada do poder, é a figura do mandão, figura onipotente de poder” (MARTINS,
2013:5). Impedindo assim, o acesso da população aos seus direitos e principalmente a uma
política igualitária.
Por outro lado, a política dessa cidade não sobrevivia sem o auxílio do Estado, “por
meio da intermediação entre o político local com parlamentares das esferas Estadual e
Federal, recursos extra orçamentários tornam-se mais acessíveis às lideranças locais”
(SILVA, 2012:9), consolidando a sua força política e ampliando as bases eleitorais dos
parlamentares. Embora, que as disputas entre as lideranças políticas locais, não prejudicaram
os acordos em manter um sistema político moldado em troca de favores. No âmbito municipal
os acordos entre prefeitos e vereadores com coronéis eram bastante visíveis, o uso da máquina
pública para benefícios particulares em troca de votos era de conhecimento da comunidade.
27
Havia dois partidos políticos PRM e o PRA, o Partido Republicano Mineiro (PRM)
tinha o objetivo de representar as ideias republicanas e oligárquicas da elite agrária do estado
de Minas Gerais. Nesse período, os coronéis de São Paulo e Minas Gerais faziam um
revezamento no comando do Brasil, estabelecendo, dessa forma, uma oligarquia, embora tais
políticas tenham favorecido o crescimento da agropecuária na região Sudeste, a mais rica do
país, as demais regiões do Brasil foram prejudicadas pelo pouco investimento, sendo que as
regiões Centro-Oeste, Nordeste sofreram com o agravamento de seus problemas sociais.
Além disso, esses coronéis eram os grandes cafeicultores de São Paulo e os grandes
pecuaristas, produtores de leite, em Minas Gerais. O PRP (Partido Republicano Paulista) e o
PRM (Partido Republicano Mineiro) controlavam as eleições, e alternadamente elegiam o
presidente da República, civis ligados ao setor agrário. As políticas nesse período favoreciam
o setor agrícola, sobretudo o café (os fazendeiros paulistas) e o leite (os produtores mineiros),
daí o nome política “café-com-leite”.
Nossa República, passado o momento inicial de esperança de expansão
democrática, consolidou-se sobre um mínimo de participação eleitoral, sobre
a exclusão do envolvimento popular no governo. Consolidou-se sobre a
vitória da ideologia liberal pré-democrática, darwinista, reforçadora do poder
oligárquico (CARVALHO, 1997:161).
O Partido Republicano Mineiro constituiu um verdadeiro comitê de coronéis. Estes,
por meio de retaliações e inúmeros conchavos, conseguiram transformar a agremiação num
hábil mecanismo oligárquico capaz de administrar as divergências mineiras que aconteciaM
na cidade de Araguari com a chegada da ferrovia.
Em Araguari o PRM era representado pelo “o Cel. Olympio Ferreira dos Santos no
ano de 1914, exercendo o cargo de Agente Executivo, iniciou a construção de um “palacete”
para ser a residência de sua família” (FUNEC, 1988:26). O imóvel em questão, era na época,
o único prédio particular constituído de dois pavimentos, e, por ser construído em terreno
acidentado e ter enfrentado contínuas chuvas de verão, o custo da obra foi excepcional.
[...] o chefe municipal depois de haver construído, herdado ou consolidado a
liderança, já se tornou um absenteísta. Só volta ao feudo político de tempos
em tempos, para descansar, visitar pessoas da família ou, mais
frequentemente, para fins partidários (LEAL, 1997:41).
Um dos seus aliados era o coronel Marciano Santos, possuía também um grande poder
na política no Estado de Goiás, onde também tinha uma grande influência nesse Estado,
“trouxe em 1930, Olegário Maciel que veio para essa cidade buscando apoio político para o
governo de Vargas” (FUNEC, 1988:45).
28
PARTIDO REPÚBLICANO MINEIRO (PRM)
Seus principais políticos
Cel. Olympio Ferreira dos Santos (1910) Líder Marciano Santos (1910) Vice Líder
Philadelpho de Lima (1915), José Carrijo Peixoto (1910), Nicolau Elias (1923), Aurélio Antônio de
Oliveira (1915), José Rodrigues da Cunha (1907), Elias Rodrigues Peixoto Carrijo (1914), foram
vereadores e prefeitos de Araguari.
(ATAS ELEITORAS DO MUNICIPIO DE ARAGUARI 1886-1930)
O Partido Republicano Araguarino ou Partido Araguary surgiu do rompimento do
PRM, sua ideologia propunha a defesa dos interesses dos senhores rurais e das camadas
médias, foi fundado com o objetivo de fortalecer a oposição, em Araguari padre José
Lafayette de Godoy o qual iniciou seus “trabalhos apostólicos, e, devido a sua forte
participação política e com isso, tinha uma grande influência econômica exercida por sua
família, foi eleito Deputado Provincial em 1877” (FUNEC, 1988:27-28). Foi ele quem
apresentou “o projeto de lei na Assembléia Provincial solicitando a elevação da Vila de Brejo
Alegre à categoria de cidade, benfeitor de instituições importantes da cidade” (FUNEC,
1988:23). Padre José Lafayette de Godoy possuía o poder carismático sobre a população
Araguarina na visão de Weber:
O carisma é a grande força revolucionária nas épocas com forte vinculação à
tradição [...] O carisma destrói [...] em suas formas de manifestação mais
sublimes regra e tradição e inverte todos os conceitos sacrais. Ao invés da
piedade em relação àquilo que é, desde sempre, considerado comum, e por
isso sacral, ele força a sujeição interna sob aquilo que nunca antes existiu,
sob o absolutamente singular, e por isso divino. Nesse sentido puramente
empírico e neutro, é, porém, o poder especificamente criativo e
revolucionário da história (WEBER, 1989:161).
O coronel Padre José Lafayette de Godoy se destacou pela “política assistencialista-
paternalista e clientelista que desenvolveu na maquina administrativa local” (FUNEC,
1988:37). Devido a essa política, ele passou a ser identificado como pai da pobreza, o mais
bondoso, generoso e caridoso, enfim o mais sábio e mais preparado para governar a
localidade.
O coronel Belchior de Godoy “fazia uso da máquina política municipal e da influência
das esferas estadual e federal e assim se fortaleceu e desenvolveram dotes e qualidades
pessoais expandindo as relações de compadrio” (FUNEC, 1988:38). O Dr. Joao Nascimento
29
Godoy ocupava mandado no ministério público desse município. Era deputado Estadual em
Minas Gerais, e também era filho do coronel Belchior de Godoy.
Teve também o apoio de Teophilo Godoy que era um grande latifundiário dessa
região. A família Godoy possuía uma grande influência politica nessa região, era a principal
produtora de saco de linho. A ferrovia acabou passando pelas suas propriedades, nem todos os
homens dessa família participaram da vida política dessa cidade, pois alguns eram médicos,
advogados e proprietários de terra nessa região e outros mudaram para outras regiões.
Representado na figura a seguir:
A VIDA POLÍTICA DA FAMILIA GODOY NA CIDADE DE ARAGUARI Seus principais políticos
Belchior de Godoy (1915) Padre José Lafayette de Godoy (1877) Teophilo Godoy (1918)
Dr. Joao Nascimento Godoy (1923) (FILHO)
(ATAS ELEITORAS DO MUNICIPIO DE ARAGUARI 1886-1930)
Para atingir seus objetivos, eram necessários que esses os coronéis, reestruturassem
essa cidade do interior mineiro aos moldes do novo regime que era representado pela
república velha. Outro aliado do PRA era o Cel. João Alves Araújo, teve uma grande
influência política e na agricultura dessa região e era também um grande empresário da
região, foi prefeito de Araguari pelo partido PRA onde governou a cidade por cinco anos.
PARTIDO ARAGUARINO OU PARTIDO ARAGUARY
Seus principais políticos
Padre José Lafayette de Godoy (1877) Líder Belchior de Godoy (1915) Vice Líder
Teophilo Godoy (1918), Cel. João Alves Araújo (1915), Dr. Joao Nascimento Godoy (1923),
Padre João Carneiro de Castro (1887), Herculano José de Siqueira (1886), José Ferreira Alves
(1915), Joaquim Godoy (1923), Adalardo Alberto Pereira da Cunha (1916), Dr. Mário da Silva
Pereira (1930), José Rodrigues Alves (1890), foram vereadores e prefeitos de Araguari.
(ATAS ELEITORAS DO MUNICIPIO DE ARAGUARI 1886-1930)
30
Solidariedade e conflito eram as bases do sistema coronelista surgindo em toda a
nação brasileira como as duas faces da mesma moeda, sendo que uma característica não
poderia existir sem a outra, que era o compadrio e a violência, nesse sentido, condicionando
ações violentas dos chefes locais para liquidar opositores. Com isso, os conflitos, as
vinganças, a prestação de favores fazia parte do cotidiano desse município.
Não havia uma relação de passividade entre os trabalhadores diante dos patrões, mas
mostrar que existia uma disputa de interesses entre estes dois setores que, frequentemente,
entravam em um campo de negociação e conflito. Para isso, não devemos focalizar apenas a
relação de exploração no âmbito da economia local.
“Em torno da Igreja Matriz foi-se desenvolvendo, ano após ano, a vila do Brejo
Alegre atual Araguari, até tornou–se mais tarde em imponente igreja, de estilo colonial”
(FUNEC, 1988:155). O espaço visual entre as igrejas da Matriz e do Rosário é um dos
principais elementos da paisagem urbana da cidade. É o marco cultural e histórico que
configura a separação entre as classes sociais, no inicio do século XIX, onde, de um “lado
(Matriz) os coronéis, donos do poder político e econômico viviam em seus palacetes e, de
outro lado (Rosário), os trabalhadores viviam em suas humildes casas” (FUNEC, 1988:156).
Além desse fato, o espaço visual entre as igrejas do Rosário e da Matriz representava a
elitização da população araguarina, mesmo sendo separados socialmente, estavam no mesmo
nível como seres humanos; pois “as igrejas são construídas, praticamente no mesmo nível
topográfico e exatamente uma de frente para outra, ou seja, entre coronéis (ricos) e os
trabalhadores (pobres) não existiam e não existem diferenças perante Deus” (FUNEC,
1988:156). A Igreja Católica que era poderosíssima e exercia sem freios o controle da vida
moral e cultural do país, ainda tinha influências no sistema educacional brasileiro.
Convém ressaltar, que as relações sociais ligadas ao catolicismo se baseavam na
humildade, caridade, obediência e penitência acabavam servindo de referência para a
população local. Nesse sentido, a ordem social estabelecida baseava-se no domínio
econômico e político da oligarquia rural, assim como no controle ideológico da Igreja
Católica.
É preciso levar em consideração, que esse processo é que possibilitou o surgimento de
alianças entre Igreja e oligarquias, que “exerceram importantes funções de lideranças nos
círculos oligárquicos [...] e que acabaram desempenhando mandatos partidários e
parlamentares.” (MICELI, 1988:21).
Portanto, o coronelismo nessa cidade começou perder força quando o poder estadual
começou conceder pequenas melhorias aos municípios, pois colaboraria com o fortalecimento
31
do poder privado da elite local, que detinha em sua posse “as coisas públicas, distribuindo-as
entre a sua parentela”. Isso se refere também aos cargos públicos como de juiz, delegado,
subdelegado, etc. (COLUSSI, 1996:23).
2.4 SITUAÇÃO POLÍTICA NO FINAL DO SÉCULO XIX E MEADOS DO SÉCULO XX.
No final do século XIX e meados do XX, foi marcado pela revolução cientifico
tecnológica que mostra ao mundo as novas invenções, esta revolução possibilitou o
desenvolvimento de novas fontes de energia, eletricidade e petróleo, surgem com essas novas
capacidades de energia os campos de exploração industrial, os altos-fornos, novas fabricas de
metalurgia, como o alumínio, níquel, cobre entre outro. Com isso, a economia internacional
acabou se fundado com:
Um sistema articulado de economias nacionais intercambiando bens,
serviços, capitais e tecnologia, em um contexto dinâmico de assimetrias
estruturais — passou por diversas fases ao longo do século XX: saltos
tecnológicos, mudanças de padrões monetários, crises financeiras, anos de
crescimento sustentado seguidos de conjunturas de estagnação, surtos de
liberalização alternando com impulsos de protecionismo comercial,
incorporação de novos atores econômicos e preservação de velhas
desigualdades estruturais, fases de fechamento e de abertura aos movimentos
de pessoas e aos fluxos de capitais, redistribuição dos fluxos de renda na
direção de novos centros de acumulação e confirmação de antigos
mecanismos de concentração e de acumulação, enfim, uma gama variada de
tendências e de ciclos tão diversos quanto os processos políticos que
marcaram um século ao mesmo tempo destruidor e criador (ALMEIDA,
2001:2).
Cabe lembrar, que crescimento da capacidade de produção mundial provocou uma
grande disputa entre as potências mundiais, na procura por novos mercados consumidores e
de novas fontes de matérias primas. A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) é considerada
um marco no início do século XX, foi a partir da Guerra que novas correlações de forças
estabeleceram-se no mundo, marcando o declínio da Europa e a ascensão dos EUA à condição
de principal potência mundial.
Essa mudança acaba refletindo no cotidiano das pessoas, a um grande aumento na
produção, com isso, aumenta a procura por matérias-primas, levando as grandes potências
mundiais a refazer a colonização, restabelecendo vínculos de dependência direta com as ex-
colônias, com um domínio direto ou indireto, sociedades tradicionalmente agrícolas se
tornaram sociedades com ritmos mais velozes por causa da industrialização.
32
A crise econômica de 1929 aconteceu em 24 de outubro de 1929 nos Estados Unidos
da América, uma queda brusca na bolsa de valores em Nova York, que provocou uma ruína
nos bancos e, consequentemente, um enfraquecimento econômico, monetário e financeiro
cada vez maior o qual, ao afetou gravemente os EUA.
Antes mesmo que a “quinta-feira negra ”de 24 de outubro de 1929 abrisse na
Bolsa de Nova York, a grande crise mundial, os problemas inerentes à
superprodução brasileira, agravados pela política de contenção monetária
realizada pelo governo federal, desencadearam a crise no Brasil (FAUSTO,
1963:245).
O Brasil foi duplamente afetado pela crise de 29, primeiramente pela natureza de seus
produtos e depois pelas dificuldades de seu maior comprador, os Estados Unidos, que estava
em uma crise enorme. Nessa perspectiva, o café era o carro-chefe da nossa economia e era o
produto que, mais vendia na exportação, teve seus preços baixados pela falta de compradores.
Com isso, o Brasil entra numa crise enorme, o governo brasileiro foi forçado pelos
cafeicultores a comprar e armazenar o café não exportado, para melhorar a crise no país. Essa
medida foi muito criticada por alguns setores da economia brasileira e o descontentamento era
generalizado, o que provocou convulsões sociais. E chega ao fim a política dos governadores.
33
CAPÍTULO 3: ANÁLISE SOBRE FERROVIA EM ARAGUARI
3. 1 FERROVIA, MIGRAÇÃO, NOVAS ORDENS DE PODER
A Companhia Mogiana foi organizada em 1872, na província de São Paulo, com o
“objetivo de ligar Campinas a Mogi-Mirim, aproveitando os favores de uma lei daquele ano
que autorizava o governo a conceder privilégios e garantia de juros à empresa que a
construísse” (PIMENTA, 2003:2). Embora em seus primeiros anos de funcionamento, a rede
Mogiana tenha se restringido ao tráfego interno paulista, a partir do último quinquênio do
século, ela avançou sobre Minas Gerais, em especial no triângulo mineiro e no sul do estado.
O primeiro trecho da Mogiana foi “inaugurado em 3 de maio de 1875, ligando
Campinas à Jaguariúna, na época Jaguary”. Em 27 de agosto deste mesmo ano a linha
chegava a Mogi Mirim e em 15 de novembro era inaugurado o ramal entre Jaguariúna e
Amparo. O último trecho foi inaugurado em 1921, quando os trilhos da companhia Mogiana
chegaram a Passos-MG.
Inicialmente denominada Companhia Mogiana de Estradas de Ferro e
Navegação, teve seus primeiros 50 anos, marcados pela expansão de suas
linhas ou tentativas de fusão com a Companhia Paulista. Em 1936, cria a
Companhia Mogiana de Transportes, mais tarde Rodoviário da Cia.
Mogiana. Ela ainda busca modernizar seus equipamentos fabricando carros
metálicos e comprando novos vagões de carga, não obstante os seguidos
deficits provocam a unificação das ferrovias paulistas, Companhia Paulista
de Estradas de Ferro, Estrada de Ferro Sorocabana, Estrada de Ferro
Araraquara, Estrada de Ferro São Paulo - Minas (desde 1967 sob
administração da CM) e a Mogiana, criando-se assim a Fepasa - Ferrovia
Paulista S/A em 1971. Em 1968, inaugura o serviço de transporte de
passageiros para Brasília-DF, utilizando carros Budd-Mafra adquiridos da
Estrada de Ferro Sorocabana (LOPES, 2011:5).
As ferrovias se caracterizam como importante fator de urbanização de áreas não
ocupadas, tendo, na maioria das vezes, as estações como seu centro irradiador. A expansão da
linha férrea da “Companhia Mogiana impulsiona o desbravamento de várias regiões
fortalecendo o intercâmbio comercial e econômico, tendo sua importância refletida no
prestígio adquirido pelas suas Estações” (LOPES, 2011:5).
Desde 1855 discutiu-se na assembleia legislativa provincial a criação de uma
estrada de ferro que ligasse santos a zona cafeeira mais nova da província.
34
Em 1867, com auxilio de capital inglês, inaugurou-se a The São Paulo Raily
Company, que transportava o café de Jundiaí a Santos. A partir desse
momento assistiu-se ao avanço dos trilhos, agora fincado pelos próprios
cafeicultores, interessados em escoar seus produtos por preços mais baixos.
(MARTINS, 1993:16).
A Mogiana se tornou uma empresa com um grande número de pequenos ramais que
visavam alargar ainda mais a sua faixa de influência, atingindo diversas localidades ficou
caracterizada a estrada de ferro dos pequenos ramais, atendendo em muitos casos, aos
interesses e necessidades dos fazendeiros, ligando suas propriedades ao porto de embarque,
exercendo um importante papel na reordenação e dinamização da cafeicultura.
No final do século XIX, em 1896, o Triângulo Mineiro recebeu os trilhos da Estrada
de Ferro Mogiana, ficando “acertado que a cidade de Araguari seria a sede que anos depois
viria a ser a Goiás, facilitando-se a integração econômica entre São Paulo, Minas Gerais e
Goiás” (SOARES, 2004:56). Após divergências políticas, foi “determinado pelo Decreto nº
5.394, de 18 de outubro de 1904, que o ponto inicial, daquela que viria a ser então a Estrada
de Ferro Goiás, seria na cidade de Araguari e o seu terminal na capital de Goiás” (LOPES,
2011:21).
Com isto, a importância econômica do município de Araguari teve, especialmente
durante os primeiros anos após sua emancipação, uma importância significativa no contexto
regional em função de localização estratégica, próxima aos estados de São Paulo e de Goiás, o
que favoreceu sua escolha para a instalação das ferrovias da Companhia Mogiana e da Estrada
de Ferro Goiás, entroncamento que permitia a ligação entre o oeste brasileiro e o litoral
paulista e carioca, onde se localizavam os principais portos nacionais no início do século XX.
Na primeira década do século XX ocorreram mudanças na parte central da cidade,
decorridas pela instalação da Estrada de Ferro Goiás no ano de 1896 que ligou o Triângulo
Mineiro ao restante de país, gerando novas levas de migrantes para essa região. Em 15 de
novembro de 1896 a Companhia Mogiana de Estradas de Ferro chega a Araguari gerando
uma nova dinâmica econômica na cultura da cidade, o município começa a passar por um
crescimento rápido, o comércio prospera impulsionando outros setores da economia local.
[...] se distinguem pelos índices de crescimento populacional e econômico,
particularmente no que diz respeito à diversificação e à concentração de
atividades comerciais e de serviços; por oferecerem empregos; por
apresentarem bons índices de qualidade de vida; pela existência de redes de
transporte, comunicação e informação modernas; por influenciarem na
organização econômica regional, por proporcionarem maior equilíbrio
interurbano a partir da redução do fluxo migratório em direção às
metrópoles, entre outros fatores (SOARES, 2004:158).
35
A partir daí, o desenvolvimento de Araguari acabou se destacando sobre as demais
regiões, pela migração de famílias para trabalharem nas companhias férreas, oque levou a um
crescimento populacional e desenvolvimento econômico, com a implantação de atividades
comerciais diversas, bem como, o desenvolvimento inicial de pequenas fábricas de carroças.
[...] É uma cidadezinha ainda nova; as casas são dos tempos coloniais; não
há um sobrado. A igreja data dos tempos coloniais [...]. O comércio é
pequeno, há uma padaria, uma sapataria, duas farmácias e algumas casas de
comercio. A cidade está a 750 metros acima do nível do mar. Venta sem
cessar e a poeira é horrível! Um pó vermelho e pegajoso (GODOY,
1961:38).
Por conseguinte, a vinda da ferrovia ocorreu uma transformação no papel
desempenhado por Araguari, que passa a se tornar área de influência das cidades de
Uberlândia e de Uberaba, exercendo uma polarização regional no Triângulo Mineiro, a
economia destas cidades acabou facilitando a instalação de fábricas, olarias, armazéns,
representantes comerciais, escolas, entre outros, que atendiam não só a cidade de Araguari
mas também as cidades próximas. No final do século XIX, a economia começa a se estabilizar
de forma lenta, seu desenvolvimento aconteceu por causa das indústrias, serviços e
agropecuária em geral.
Inaugurou-se a Estrada de Ferro durante a nossa estada em Araguari.
Imaginem que barulhada. Veio da roça não sei quanta gente para ver o
“bicho que lança fogo e tem partes com o diabo”... Houve mesa de doces,
brindes, muita cerveja. As senhoras em grande toalete, na Estação,
esperando a máquina que vinha toda enfeitada com bandeiras. Quando,
porém, ela apitou, foi uma corrida por ali a fora. Mulheres tiveram ataques,
homens velhos juraram que nunca se serviram de semelhante cousa, que urra
feito bicho- e tem fogo no corpo. Os moleques corriam de pavor, derrubando
os taboleiros de biscoito. E enquanto isso, a máquina entrava triunfal na
pequena estação de Araguari. Muitos dias só se falou na tal invenção do
capeta (GODOY, 1961:40).
O principal meio de transporte era a tração animal, impossibilitando o transporte do
café de áreas distantes do interior aos portos marítimos do litoral, tendo em vista essas
complicações, “governo criou condições para a construção das primeiras ferrovias, com
financiamento inglês, a implantação das ferrovias proporcionou ao país grandes
transformações de ordem: sociais, econômicas e políticas” (GUIMARÃES, 1991:4). Foi
inaugurada a Estação da Mogiana em Araguari na fronteira mineira com o estado de Goiás,
cidade que então surgiu como grande entreposto para os produtos goianos e mato-grossenses.
Os comerciantes e figuras proeminentes da política local foram os que pressionaram os
representantes municipais para a vinda da estrada de ferro para essa região.
36
FIGURA 13. Araguari-MG. Estação da Estrada de Ferro Goiás. Data 2014. Fonte: Divisão de
Patrimônio Histórico de Araguari-MG.
A experiência ferroviária gerou reflexos múltiplos na política, no poder dessa cidade e
também ocorreram transformações no espaço local. A empresa ferroviária garantiu grandes
investimentos no setor ferroviário, além de emprego de elevado número de pessoas da cidade
e vindas de outras regiões. A ferrovia necessita, num primeiro momento, de um número
considerável de mão-de-obra nem tanto qualificada, a verdade são recrutados trabalhadores
rurais, diaristas de todo tipo e imigrantes, que irão constituir a força de trabalho braçal pesado
na construção das linhas, e dos prédios, de toda infra-estrutura ferroviária em Araguari.
A estrada de ferro encurtou distâncias, barateou os produtos e aumentou o
volume de mercadorias, Constituiu um dos elementos da infra-estrutura
necessária do desenvolvimento do capitalismo. As antigas tropas de mulas
eram insuficientes para o escoamento de uma grande produção e, além disso,
onerava o produto (RESENDE, 1983:78).
Portanto a estrada de ferro, acaba criando a possibilidade de intercâmbio comercial,
social e político do interior com os principais centros econômicos do país, realizavam a
ligação entre o interior da produção e o litoral onde ocorria à exportação. Com isso,
possibilitando a incorporação extensiva dos mercados e rompendo as barreiras geográficas do
país, trazendo o desenvolvimento para a região do Triângulo Mineiro, aumentando o valor das
terras e expandindo as fronteiras agrícolas da produção do café e as relações sociais, políticas
e econômicas do Triângulo Mineiro.
Araguari se beneficiou do fato de ser “ponta de linha” da Estrada de Ferro
Mogiana durante um longo período. Todos os produtos goianos em
demanda, principalmente a São Paulo, teriam necessariamente que aportar a
37
essa cidade, sendo que alguns eram aí processos dos antes de seguirem seu
destino (BRANDÃO, 1989:81).
Além disso, Araguari assumiu a função de cooperar com a vinda da ferrovia nessa
região estimulando o desenvolvimento da produção, já que se falavam da ida da capital
federal para a região. Isso gerou uma nova dinâmica econômica, cultural e social, tornando o
comércio próspero além de impulsionar outros setores da economia, possibilitando a
formação de uma sociedade urbana de forma efetiva. Sendo assim, surgiu a necessidade de
compreender a questão da relação de poder neste espaço.
A ferrovia possibilitou também um grande desenvolvimento interno, além de
promover o apogeu do comércio e da urbanização, o movimento da cidade multiplicou-se em
relação ao comércio e o aumento dos imigrantes, esses antes moravam nas fazendas e vão
para a cidade. A expansão ferroviária tinha a garantia de rentabilidade, motivo econômico
suficiente para ser estendida em direção ao interior.
A ferrovia veio reformular a organização socioeconômica do Triângulo e, ao
mesmo tempo, redefinir o papel de suas cidades na divisão inter-regional do
trabalho. Toda a estrutura sócio, política e econômica se modificam quando
em contato com este primeiro processo industrial (GUIMARÃES, 2004:10).
Além do mais, o desenvolvimento da ferrovia foi responsável por um desbravamento
do território brasileiro, desarticulando e rearticulando regiões antes isoladas por falta de meios
de transportes. A revolução econômica e sociocultural gerada pela dinâmica ferroviária
“estimulou a disputa entre Estados e municípios em busca de contato com esse importante
meio de transporte e comunicação, ocorreram vários impasses e conflitos que permearam a
construção da Estrada de Ferro Godoy” (GUIMARÃES, 1991:16).
O comércio “... é pequeno, há uma padaria, uma sapataria, duas farmácias...”
elementos básicos para atender à população local da cidade e do campo, sem
grandes requintes. “água do rio para beber e água do poço para serviço”. Não
existia água encanada, os banheiros eram fora de casa. Até índios da “tribo
Cherentes” ela viu andando pelas ruas “de terra de pó vermelho”. Enfim, um
típico povoado, como tantos que ainda temos na região (FLEURY, 1961:38).
Assim sendo, esse processo acabou transformando Araguari em uma importante
cidade no cenário regional em meados do século XX, todo esse aparato podia ser visto
cotidianamente pela presença da ferrovia. O período entre 1908 e 1928 é de controle dos
políticos com intenções de favorecer as políticas agrárias, principalmente a oligarquia do café
favoreceu os investimentos os quais continuaram sendo feitos de acordo com as necessidades
dos grupos locais e das classes produtoras, com isso é “favorecido o desenvolvimento das
38
áreas de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais e algumas áreas das quais estas três
dependiam, como o Triângulo Mineiro e Goiás” (SOUZA, 2009:9).
As ferrovias são importantes para o desenvolvimento de qualquer economia, pois
tornam menores as distâncias que antes eram consideradas longas, fazem com que os produtos
sejam mais bem preservados e aumentam a lucratividade, já que economiza o tempo para a
entrega dos bens, a cidade de Araguari desempenhou um papel de intermediação entre a
economia paulista e o sudeste goiano, cumprindo a função de entreposto comercial, seja dos
produtos agrícolas que provinham de Goiás ou dos produtos manufaturados provenientes de
São Paulo.
A cidade mineira adentra o século XX como uma cidade ponta de linha ferroviária,
gozando de um grande ritmo de crescimento econômico. Assim, a experiência ferroviária
desta cidade gerou reflexos múltiplos na política, e no poder da cidade. Além do mais,
ocorreram várias transformações no espaço local. Visto que, a empresa ferroviária garantiu
grandes investimentos no setor ferroviário, além de emprego de elevado número de pessoas
da cidade e vindas de outras regiões.
No ano de 1896 a Companhia Mogiana de Estrada de Ferro, estende o trecho
que se iniciava na cidade de Campinas - SP, até Araguari. Dez anos depois
em 1906 é iniciada em Araguari a construção da Estrada de Ferro Goyaz,
destinada a ligar o estado de Goiás ao sudeste do Brasil. Esta conexão das
duas linhas ferroviárias fez com que a cidade se tornasse o principal
entreposto de cargas e passageiros entre Goiás e São Paulo no início do
século XX (GAZETA DO TRIÂNGULO 10/07/1889, n 10, p10).
Convém ressaltar, que o desenvolvimento de Araguari se destacou sobre as demais
regiões, foi facilitado pela migração de famílias para trabalharem nas companhias férreas, o
que levou a um crescimento populacional e desenvolvimento econômico, com a implantação
de atividades comerciais diversas bem como o desenvolvimento inicial de pequenas fábricas
de carroças e olarias. Além disso, a economia dessa cidade foi marcada pelo programa do
governo federal, que ampliou as oportunidades dos produtores rurais.
[...] nas regiões marginais das economias periféricas, a ferrovia era apenas a
possibilidade de intercâmbio comercial com os principais mercados
consumidores e produtores do país. Representa o advento do moderno, que
rompia as barreiras geográficas e possibilitava a incorporação extensiva do
mercado. Onde a ferrovia tocava seus braços aumentava a renda da terra e
expandia as relações comerciais (GUIMARÃES, 1991:17).
A chegada da ferrovia na cidade de Araguari significava o estabelecimento dos
caminhos econômicos nessa cidade. À elite local de Araguari exercia o poder político,
econômico e ideológico provendo o consumo coletivo da região. E isto, fica evidente quando
39
Uberaba mergulha em uma crise comercial com a extensão da Estrada de Ferro até as cidades
de “Uberlândia e Araguari, o principal fato é que a elite pecuarista executava sua rotina no
campo, indo à cidade vez ou outra para as festividades e as reuniões de punho político”
(BESSA, 2001:19).
[...] a convergência entre Uberaba, Araguari, Uberlândia foi desencadeada
pelo aperfeiçoamento da infra- estrutura de transporte, que possibilitou a
ambição das atividades urbanas, com destaque para o comercio, e também
das atividades agropecuárias, aumentando as interações espaciais, que, numa
relação de causa e efeito, acabaram por fomentar ainda mais tais atividades,
incorporando novos centros aos circuitos comerciais, que prioritariamente,
dementavam de São Paulo (BESSA, 2001:22).
Essa cidade tornou- se uma grande referência nas decisões sobre o destino da ferrovia
na região do Triângulo Mineiro e Goiás, uma vez que toda a administração, as oficinas, os
serviços sociais essa oferecida por ela. A cidade de Araguari desempenhava o papel de
intermediação entre a economia paulista e o sudeste goiano, cumprindo a função de
entreposto comercial, seja dos produtos agrícolas que provinham de Goiás ou dos produtos
manufaturados provenientes de São Paulo. Porém, essa cidade era situada em uma rica região
do Triângulo Mineiro a qual encontra-se estrategicamente posicionada para a instalação de
uma ferrovia que aproveitasse sua divisa com o estado de Goiás e sua condição de cidade pólo
do desenvolvimento já reconhecidamente em crescente ascensão.
[...] a instalação da sede da ferrovia Estrada de Ferro Goiás na cidade de
Araguari foi um importante fator do seu incremento urbano, exercendo uma
influência na configuração espacial. Tal afirmação justifica-se pelo fato de
que próximo à estação foram instalados escritórios, oficinas de reparação do
material de tração e transporte, almoxarifado, serrarias, depósitos e armazéns
de cargas, locomoção e tipografia (LIMA, 2010:104).
A importância do Triângulo Mineiro na economia nacional é evidenciada,
principalmente, a partir de fins do século XIX. Deste período pode-se afirmar que “a inserção
do Triângulo se dava pela expansão comercial que se fundamentava nas suas articulações com
a economia paulista” (BRANDÃO, 1989:12). No início do século XX, depois de Uberaba e
Araguari, Uberabinha, estação já registrava o terceiro maior índice de importação no
Triângulo Mineiro pela Estrada de Ferro Mogiana, cuja fundação se deu no ano de 1895.
As migrações que “ocorreram no Norte de Minas Gerais fazem parte da história do
povoamento da região do Triângulo Mineiro, com isto, ocorreu um grande aumento na
população de Araguari” (GUIMARÃES, 1989:30), teve uma intensa mecanização do rural,
grandes fluxos de migrantes rurais para as grandes e médias cidades do país e da própria
região e a urbanização, com o plantio do café no cerrado ocasionou a vinda de diversos
40
migrantes. A ferrovia representava a possibilidade de agilidade na difusão de ideias oriundas
de cidades mais desenvolvidas, como Belo Horizonte, ou até mesmo a capital do país, Rio de
Janeiro.
No início do século XIX, essas migrações das populações decadentes do “Nordeste
brasileiro incrementaram o sistema agrícola e comercial da região” (BRANDÃO, 1989:45), a
economia agrícola surgiu como um regime de transição entre a economia mineradora e a
economia de exportação pecuária. A experiência ferroviária desta cidade gerou várias
transformações no espaço local, a empresa ferroviária garantiu grandes investimentos no setor
ferroviário, aumento a oferta de pessoas para a cidade. Por causa dessa migração, os coronéis
começaram a impor seus desejos através da força e da ameaça, as famílias obedeciam ao seu
desejo com medo da violência que poderiam sofrer e temiam que o seu sustento fosse tomado
e também os migrantes não voltavam nessa cidade.
O município de Araguari, por ser ponta de linha da Estrada de Ferro Mogiana e por
outros fatores de ordem econômica, social e política, passou a ocupar uma posição de
destaque na hierarquia urbana do Triângulo Mineiro. Para Carvalho (2003:15), “a migração
não se esgota na configuração do excedente populacional”, pois, sob um conceito amplo e
talvez mal explorado, “mesclam-se processos complexos e diversificados, que emergem na
resultante redistribuição da população no espaço” (CARVALHO, 2003:15).
Os migrantes sofreram, em geral, um doloroso processo de adaptação e com isso,
também sofreram preconceitos muito fortes na sociedade araguarina, seja a mudança de
costumes, tradição, hábitos, ambiente físico e social, colocava o migrante recém-chegado
diante do que parecia ser hostil, uma revolução dos costumes se iniciou e a adaptação ocorreu
lentamente. O intercâmbio de etnias diversas, como espanhóis, italianos e libaneses,
enriquecendo e influenciando a comunidade com suas tradições, com suas construções de
arquitetura europeia, contribuindo para o processo da cidade.
A experiência ferroviária nesta cidade gerou reflexos múltiplos em sua história,
arquitetura, política, cultura, dentre outros, transformando o espaço local, sedimentando
informações de formas múltiplas, elaborando mosaicos complexos, de também complexo
entendimento.
A ferrovia possibilitou também grande desenvolvimento interno em Araguari, além de
promover o apogeu do comércio e da urbanização, o movimento da cidade multiplicando em
relação ao comércio e o aumento dos migrantes que antes moravam em fazendas foram para a
cidade em consequência das mudanças ocorridas. Os fluxos migratórios inferem direta e
indiretamente na difusão da cultura do Triângulo Mineiro, ao passo que não podemos
41
negligenciar a participação dos diálogos culturais que se estendem à produção arquitetônica
dessas cidades, sobretudo, a moderna.
Toda a estrutura social, política e econômica se modifica quando entra em contato
com o processo industrial, no final do século XIX e início do século XX, Minas Gerais
continuava sendo um estado dependente da agricultura, da mineração e da pecuária, bem
como do comércio importador e exportador, entretanto essa situação mudou a partir do século
XX, com o surgimento de indústrias, principalmente a têxtil para essas regiões.
O tráfego de mercadorias e pessoas propiciou o crescimento da economia,
impulsionando a construção civil da época. Grandes armazéns, hospedarias, comércios,
palacetes e casas arrojadas foram construídos seguindo as tendências das grandes metrópoles.
Além da proeminência do atacado, “o comércio varejista tem uma atuação importante na
região e expressa, de forma flagrante, o grau de urbanização de seus principais centros
urbanos: Uberlândia, Uberaba, Araguari, Ituiutaba e Patos de Minas” (SAMPAIO, 1985:47).
A expansão do comércio varejista também representou uma importante variável a ser
considerada na análise de determinado núcleo urbano e, nesse contexto, parece interessante
destacar que as atividades comerciais varejistas concentraram-se, a primeiro momento, na
área central das cidades. O principal produtor de saco de linho era a família Godoy e onde a
ferrovia acabou passando pelas terras do senhor Alfredo e da senhora Mariazinha Godoy que
acabaram recebendo do tributo do governo e tendo facilidade em transportar o café para as
grandes cidades do país.
A extensão da Estrada de Ferro Mogiana, “teve um papel fundamental ao impulsionar,
decisivamente, o comércio inter-regional realizado pelo Triângulo Mineiro” (BRANDÃO,
1999:19). Com isso, acabou possibilitou grande o aumento da cidade que multiplicou-se em
relação ao comércio. Com o aumento dos migrantes, aumentaram as diversões públicas,
teatros, restaurantes, praças, iluminações, calçamentos entre vários outros recursos atraídos
pela modernização do espaço urbano das cidades do Triângulo Mineiro.
O quadro populacional da região já demonstrava os efeitos sobre a dinâmica
econômica das cidades pelo desenvolvimento dos sistemas de escoamento de produtos, a
começar pela instalação das estradas de ferro. Não foi coincidência que as principais e mais
populosas cidades, hoje, do Triângulo Mineiro foram as escolhidas pela Mogiana para a rota
de estradas que cruzariam o oeste de Minas, entre Goiás e São Paulo.
As linhas a que se referem a concessão feita à Companhia Estrada de Ferro
Mogyana, pelo decreto nº6.438 de 27 de março de 1907, ficam substituídos
por linhas em Formigas a Goyaz, passando pelo município de Catalão, com
um ramal para Uberaba, e pela que, partindo de Araguari, vá se encontrar
42
com aquele no ponto mais conveniente, no mesmo município de Catalão.
(DIÁRIO OFICIAL DE ARAGUARI 23 de Outubro de 1909.nº 19,pág 3).
Até a década de 1920, sob os efeitos da influência da Mogiana estas duas cidades
triângulinas, mas principalmente Uberaba e Araguari, ampliaram sem resistências econômicas
seus domínios sobre o Centro-Oeste e a porção leste do Triângulo Mineiro, reintegrando as
duas porções numa única lógica regional. Enquanto, as cidades de Araguari e Uberaba se
fortaleciam como a ajuda da ferrovia, “como uma estrutura urbana e uma estratégia comercial
complemente dirigida pela lógica do transporte ferroviário” (BRANDÃO, 1999:17).
Entretanto, a ferrovia tornou-se a possibilidade de intercâmbio comercial, social e
político do interior com os principais centros. Fez-se, assim, a ligação entre o interior da
produção e o litoral da exportação e consumo, possibilitando a incorporação extensiva dos
mercados e rompendo as barreiras, trazendo o desenvolvimento para a região do Triângulo
Mineiro, aumentando o valor das terras e expandindo as fronteiras agrícolas da produção do
café e as relações sociais, políticas e econômicas.
A implantação da matriz da Estrada de Ferro na cidade de Araguari possibilitou uma
grande influência entre os chefes locais dessa cidade, quem ditava as ordens, eram as famílias:
“Araújo Peixoto, Vieira, Godoy, Rodrigues da Cunha, Resende, Costa” (FUNEC, 1988),
controlavam o poder eleitoral. Esses chefes locais citados a cima aceitaram a vinda da ferrovia
para essa cidade, pois viam a ferrovia com uma nova forma de desenvolvimento econômico.
Nessa perspectiva, a posição da Estrada de Ferro tornou-se privilegiada à Araguari, pois
possibilitou que essa “cidade apropriasse o excedente da região e, consequentemente,
oferecesse condições favoráveis ao desenvolvimento do capital comercial em seu território”
(GUIMARÃES, 1991:9).
A estrutura de poder nessa cidade era caracterizada pela centralização de poder e
predomínio de dois grupos políticos se destaca o Partido Republicano Mineiro e Partido
Republicano Araguarino era representado pelo o Cel. Olympio Ferreira dos Santos (PRM),
Marciano Santos (PRM), Padre José Lafayette de Godoy (PRA), Belchior de Godoy (PRA),
Teophilo Godoy (PRA), Cel. João Alves Araújo (PRA) 1:
O coronelismo se constituía em uma “aliança desses chefes com os presidentes dos
estados e desses com o presidente da República”, sendo um governo oligárquico, de
articulação de minorias, que se mantiveram com sucesso no poder político da República
Velha. Chegava-se a afirmar “para os amigos, tudo; para os inimigos, a lei”, a lei do coronel
1 PRM: Partido Republicano Mineiro
PRA: Partido Republicano Araguarino
43
(CARVALHO, 2001:57). E o poder exercido por esse chefe tinha também uma legitimidade,
por meio de práticas paternalistas, como a assistência social com acesso a remédios, médicos,
funerais, hospitais e defesa contra a polícia (CARVALHO, 2001:64).
Os coronéis de Araguari acabaram exercendo o poder político, econômico e
ideológico, podemos destacar o Rafael Rodrigues Alves (PRA), Teophilo Godoy (PRA),
Manuel Ignacio Motta (PRA), Manoel Vieira de Resende (PRA), Joaquim Carrijo Peixoto
(PRM), Padre José Lafayette de Godoy (PRA) e Belchior de Godoy (PRA) 2. As razões desta
ascendência do sistema oligárquico não foram difíceis de encontrar: “completamente
analfabeto, ou quase, sem assistência médica, não lendo jornais nem revistas, nas quais se
limitam a ver as figuras, o trabalhador rural, a não ser em casos esporádicos” (LEAL,
1997:56).
Os coronéis citados acima acabaram promovendo o consumo coletivo da região, isto
fica evidente quando Uberaba mergulha em uma crise comercial com a extensão da Estrada
de Ferro, porque Araguari queria o poder econômico da ferrovia só para ela. O principal fato é
que “a elite pecuarista executava sua rotina no campo, indo à cidade vez ou outra para as
festividades e as reuniões de caráter político, com isso, os coronéis de Araguari na cidade
foram viver na cidade em 1914” (FUNEC, 1988).
[...] a convergência entre Uberaba, Araguari, Uberlândia foi desencadeada
pelo aperfeiçoamento da infra- estrutura de transporte, que possibilitou a
ambição das atividades urbanas, com destaque para o comercio, e também
das atividades agropecuárias, aumentando as interações espaciais, que, numa
relação de causa e efeito, acabaram por fomentar ainda mais tais atividades,
incorporando novos centros aos circuitos comerciais, que prioritariamente,
dementavam de São Paulo (BESSA, 2001:22).
Com isso, a modernização pelo viés da estrada de ferro de forma alguma possibilitou a
hegemonia dos grupos que continuaram liderando a política ao longo da Primeira República
era representando nessa cidade pelo Partido Republicano Mineiro e Partido Republicano
Araguarino. Desde a instalação desta empresa ferroviária em Araguari, foi intensa a relação
delas com o poder publico municipal. Sobretudo, no que tange ao ordenamento especial da
cidade.
[...] as oligarquias dominantes politico ou quase nada fizeram de concreto
para tornar realidade a ferrovia os coronéis, contrários a qualquer tipo de
mudança de caráter progressista, não queriam a estrada de ferro, pois ela
representaria uma força nova de transformação que poderia ameaçar o
“Status quo” ou seja, o poder constituído dos coronéis (BORGUES,
1990:55).
2 PRM: Partido Republicano Mineiro
PRA: Partido Republicano Araguarino
44
Além do mais, os coronéis de Araguari eram administradores com alto grau de
modernização que era representada pela ferrovia, buscaram ordenar o espaço público do
município, visando à modernização e à estruturação físicam essa cidade. Enfim, acabou
passando por um grande processo de transformação social, Araguari foi palco de diversos e
intensos conflitos políticos, que foram reflexos do processo de inserção daqueles novos
elementos na elite política local que era a chegada da ferrovia.
Esse município gozava da autonomia limitada desses coronéis investidos de poder
político, com interesses locais, em troca do apoio deles. Assim, é esse tipo de relação que
sustenta o coronelismo nessa cidade. O Partido Republicano Araguarino e Partido
Republicano Mineiro, aproveitaram das divergências políticas em Goiás, ou seja, o fato de
que uns eram a favor e outros contra a ferrovia, acabaram obtendo êxito na implantação da
sede da empresa em Araguari. A razão fundamental para instalação da sede da Goiás na
cidade de Araguari foi, sobretudo, o prestigio político econômico que o estado possuía.
Estavam mais preocupados com as questões do município, demonstraram privilegiar
as questões políticas regionais, tanto que durante esse período, a cidade de Araguari não
produziu nenhum líder cuja atividade política extrapolasse as fronteiras do município. E que
possuía eram as disputas pelo controle dos postos de mando locais e a violência para com os
adversários políticos foram os elementos privilegiados pelos chefes locais.
Desse modo, já em fins da década de 1900 surgem os primeiros movimentos de
oposição, promovidos pelos novos atores da política local, processo que altera sensivelmente
a forma de controle político dos antigos chefes, que a partir daquele momento deveriam
adaptar-se aos novos tempos, em estratégias de alianças e incorporação de novos elementos,
inseridos de forma a manter oxigenado o grupo dominante do poder com a criação do Partido
Republicano Araguarino que o principal opositor do Partido Republicano Mineiro.
Com essa disputa política os conflitos na estruturação do poder local admite-se que
reside, sobretudo nas possibilidades de luta e de negociação, nas de avanços e recuos,
compreendendo interesses complexos, em aliança ou antagonismo. São condições que
implicam, necessariamente, o desenvolvimento de um contexto democrático, mas é preciso
também notar que a presença ou a ameaça do conflito pode detonar a consolidação do
domínio de forças tradicionais, nessa cidade.
As eleições, uma vez que totalmente controladas pelos coronéis e marcadas
constantemente pelas fraudes, não atraiam a população, que se desinteressava do pleito de
resultado já previsto; nesse sentido, tais eventos não mediam necessariamente a vontade
popular, mas eram importantes na medida em que justificavam publicamente aquela situação
45
de domínio político, ao apresentar a confirmação nas urnas dos indicados do partido,
referendados por grande parte dos eleitores.
A principal explicação para o grande desenvolvimento da ferrovia nessa cidade se deu
pelo enorme envolvimento desde o início da empresa com o poder público local com o Jornal
da cidade era representada pela gazeta do triângulo acabou sendo portadora de notícias que
eram refletidas pela classe média que era formadora de opinião dessa maneira a população em
geral a população via a ferrovia como um símbolo de progresso nessa cidade. “Toda a
estrutura sócio-política e econômica se modificam quando em contato com este primeiro
processo indústria” (SOUZA, 2009:21).
Os coronéis possuíam um grande poder local não só nesse município, mas também em
outras regiões do Triângulo Mineiro e algumas cidades do Estado de Goiás que dependiam da
ferrovia. Com isso, o poder local dos coronéis inibiu a participação dos ferroviários na vida
política de Araguari, porque o poder local nessa cidade já estava bem distribuído entre eles,
pelo fato que os dois partidos não aceitavam a participação dos ferroviários na política e
também dificultava a criação de outro partido político nessa cidade, porque para a criação de
um novo partido tinha que ter o apoio de políticos importantes da cidade, se não houvesse
apoio, não seria legalizado o partido.
Essa cidade acabou sofrendo mudanças emendadas pelo impulso da ferrovia tratam-se
em essência de relações social, as elites que comandavam a política local e a administração
publicam estavam antenadas a acontecimentos que aconteciam no país. Embora os
ferroviários, fosse uma categoria profissional bem organizada e ciente da luta deles, em
Araguari não se tem notícias de paralisações, greves ou motins, por parte dos que trabalhavam
nas ferrovias, o sindicato dos ferroviários de Araguari data apenas em 1981.
Nessa época, os coronéis eram grandes proprietários de terra, que desfrutavam de um
grande poder sobre trabalhadores carentes e analfabetos, os quais o compadrio, na prática,
constituía grande parte da população brasileira. Com a capacidade de exercer grande comando
sobre os trabalhadores de suas terras, os coronéis até aplicavam atributos em suas regiões,
estabelecendo impostos sobre a população, era também a partir de tal meio de controle que se
formavam os traços pelos quais se desenhava toda a realidade da política nacional.
Todavia, acreditar que as disputas se davam com o único e exclusivo de angariar
benefícios do governo estadual é uma concepção demasiadamente simplista. Muito embora os
coronéis estivessem numa fase de decadência.
Nesse paraíso das oligarquias, as práticas eleitorais fraudulentas não podiam
desaparecer. Elas foram aperfeiçoadas. Nenhum coronel aceitava perder as
46
eleições. Os eleitores continuavam a ser coagidos, comprados, enganados, ou
simplesmente excluídos. Os historiadores do período concordam em afirmar
que não haviam eleições limpas. O voto podia ser fraudado na hora de ser
lançado na urna,na hora de ser apurado, ou na hora do reconhecimento do
eleito (CARVALHO, 2008:41).
Além disso, Araguari era bem dotada em infra-estruturas assegurou que novos
empreendimentos e as empresas existentes encontrassem uma série de condições básicas para
funcionar de maneira mais eficiente, gerando o que os economistas chamam de “economias
externas. São externas à empresa, mas melhora a produtividade sistêmica de todo o território
com a chegada da ferrovia a essa região. A elite, tomando para si a riqueza do progresso da
cidade, através da articulação do controle com o intuito de moralizar a mesma, fazendo com
que o povo assimilasse suas ideias sentindo-se como parte constitutiva e indispensável do
processo de modernização.
Com isto, os coronéis desenvolveram, por meio da regra de compadrio, um laço de
amizade que amenizava a subordinação de todos ao seu entorno, enquanto prestava favores
por meio de seus serviços de intermediação e o domínio da segurança coletiva. Plenamente
desenvolvida, a dominação pessoal transformava aquele que a sofria numa criatura
domesticada: proteção e benevolência lhe são concedidas em troca de fidelidade e serviços
reflexos.
Além disso, o processo de modernização da ferrovia acabou favorecendo o surgimento
de debates políticos, pela transformação nos padrões de sociabilidade, a partir da
multiplicação dos espaços públicos, cada vez mais frequentados pela sociedade e que
favoreciam as discussões políticas, ou ainda pela mudança nos padrões de produção e
consumo culturais, bem mais comuns e acessíveis na década de 1920, especialmente pela
circulação dos jornais, principal arma política do período.
A experiência ferroviária desta cidade gerou uma grande influência na política, além
do. Trazido o desenvolvimento para a região do Triângulo Mineiro, aumentando o valor das
terras e expandindo as fronteiras agrícolas da produção do café e as relações sociais, políticas
e econômicas, os trilhos colaboravam para o aumento significativo da produção econômica
das regiões expandindo suas relações comerciais, por meio de um forte incremento nas
importações e exportações.
A rarefação do poder público em nosso país contribuiu muito para preservar
a ascendência dos ‘coronéis’, já que por este motivo, estão em condições de
exercer extraoficialmente grande número de funções do estado em relação
aos seus dependentes (LEAL, 1997:42).
47
Também ocorreram mudanças na forma de organização do trabalho e a maneira como
foi produzido e reproduzido o cotidiano da cidade com os migrantes que vieram trabalhar na
ferrovia, sempre foi pautado no reflexo do movimento da economia local, ditada por uma
ordem do capitalismo em instância superior e fora do domínio direto dos moradores da
cidade. A relação entre os coronéis e os migrantes era de convívio conturbado resultado em
grandes escalas.
A ferrovia foi criando com o tempo oportunidade para o crescimento dessa cidade
junto com o desenvolvimento ferroviário nessa região, mais com o tempo a ferrovia acabou
perdendo sua importância e acabou sendo substituída pela rodovia, pois era, naquele
momento, uma fonte mais barata de transporte das mercadorias. O poder da empresa e do
patrão passou a invadir o cotidiano do trabalhador, moldando sua forma de viver.
Com a saída da ferrovia, a movimentação para a mudança gerou reflexos cada vez
mais políticos na cidade, envolvendo os partidos políticos que tentaram organizar um grande
comício e, em seguida, promoverem uma passeata até a sede da ferrovia, passando por todas
as instalações e depósitos. “Diante várias ameaças de morte, que Mauro Borges sofreu,
acabou transferindo a sede da ferrovia provisoriamente para Goiânia, de onde nunca mais
voltou” (SOUZA, 2009:47). Sem a sede da ferrovia o município entrou em profundo
ostracismo, o comércio local entrou em crise, muitos vforam à falência.
Araguari, sofre profundamente com este golpe político e econômico
desestruturando-se socialmente com a transferência da metade dos
funcionários que trabalhavam na Estrada de Ferro, cuja estrutura ativa era de
servidores (GAZETA DO TRIÂNGULO 04/04/1954 – nº 1030- pág.18).
Em 1930 em diante, iniciou um longo período de decadência da ferrovia no Brasil,
visto que, o café que guiava o desenvolvimento e a expansão das estradas de ferro entra ou em
colapso com a crise de 1929. É também período de profundas mudanças, na política do país,
ocorreu a limitação do poder dos coronéis com a centralização do poder.
Logo, o processo de transferência foi “marcado por grandes atribulações na tentativa
de manter a ferrovia em Araguari, políticos, comerciantes e funcionários, tentaram várias
estratégias” (SOUZA, 2009:47).
Para Araguari a supressão dos trens da Mogiana representa golpe de morte
em sua economia, já depauperada. Com essa disposição que se efetiva,
Araguari vai perder a colaboração de nada menos de 90 famílias ferroviárias
que se retiram para outros setores (GAZETA DO TRIÂNGULO
07/03/1973– nº 1054- pág. 13).
Portanto, com o crescimento da população de Araguari só aconteceu por causa das
migrações, da abertura de estradas e da penetração da ferrovia nos pontos mais remotos do
48
território nacional. O surgiram novos líderes, que podiam dirigir-se diretamente ao povo, cada
vez mais concentrado nas cidades e com isso, acabou com o coronelismo nessa região na
época de 1930.
49
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Essa monografia se propôs analisar o poder em Araguari-MG no período da República
Velha, o qual foi dominado pelo coronelismo, entretanto, era representado com mais
frequência pela prefeitura da pequena cidade. Era controlada por oligarquias regionais, e
havia a predominância do nepotismo de uma forma tal, que a categoria “povo” é tratada como
inexistente completamente excluída das esferas do poder.
Além do mais, a cidade de Araguari conheceu o progresso já no inicio do século XX,
com os trilhos da Ferrovia Mogiana e Goiás. A população da cidade entrou em contato com
um novo mundo de ideias, num longo processo. Essa cidade torna-se referência nas tomadas
de decisões sobre o destino da ferrovia, uma vez que, toda a administração, as oficinas, os
serviços sociais e de saúde se localizavam em Araguari.
Ao desenvolver do projeto, foi percebido que os coronéis de Araguari controlavam a
política local, por meio, do compadrio relações sociais de cordialidade e intimidade entre
compadres e de proteção excessiva recíproca do clientelismo, relação política em que uma
pessoa (o patrão) da proteção à outra (o cliente) em troca de apoio, estabelecendo um laço de
submissão pessoal independente das relações de parentesco e do emprego de métodos violentos
como também, mantinham articulação política com o governo federal e com os governos
estaduais.
Além do mais, a formação da identidade cultural da população da cidade de Araguari foi
profundamente influenciada pelo processo de ascensão e decadência da ferrovia Mogiana e
Goiás. Tanto a política, o quanto a diversidade presente nas famílias mais antigas refletiam o
aspecto transformador que a experiência ferroviária proporcionou a esta e a outras cidades
tocadas pelos trilhos, junto com o poder local dessa cidade.
A ferrovia foi uma das primeiras formas de trabalho assalariado que se tem notícia na
cidade e proporcionou a vinda de migrantes os quais trouxeram sua cultura enriquecendo a já
existente. Os trilhos se concentraram fortemente nas regiões sudeste e centro oeste, onde atuaram
preferencialmente na circulação de pessoas, de mercadorias e na ligação de nucleações urbanas
de relativo adensamento populacional. Enfim, essa pesquisa ferroviária oferece uma infinidade
de, documentos, fotos, entre outros fatores, que auxiliaram a pesquisa.
50
Portanto, descrever o poder local na cidade de Araguari acabou possibilitando abertura de
novos caminhos de pesquisa que envolva eram a ferrovia e o poder local que estavam
interligados ao coronelismo, mandonismo e clientelismo na cidade de Araguari e região.
51
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ANEXOS
Anexo 1: Declaração de acesso aos documentos da Câmara de Vereadores de Araguari.
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Anexo 2: Declaração de acesso aos documentos da Fundação Araguarina de Educação e
Cultura Arquivo Histórico e Museu Dr. Calil Porto.
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