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Jornal Laboratório da Faculdade Cearense | Curso de Jornalismo | Quinto Semestre 2012.1 | Turno Manhã Um grande buraco negro Prefeitura de Fortaleza e Governo do Estado investem mais de R$ 240 milhões em saúde. PÁG 03 Instituto Peter Pan: trabalho que salva vidas Sem fins lucrativos, o hospital atende crianças e adolescentes com câncer. PÁG. 12 SOLIDARIEDADE Mortalidade materna se enfrenta com informação Mortes de gestantes em Fortaleza alertam para a importância do pré-natal. PÁG. 05 SAÚDE PÚBLICA POLÍTICA O álcool pode ser a porta de entrada para drogas ilícitas Especialistas dizem que o consumo alcoólico pode ser o responsável pela entrada do jovem nas drogas ilícitas. PÁG. 06 e 07 Reajustes de plano de saúde não garantem qualidade Todo ano, há reajustes nos planos de saúde. O aumento na fatura, a cada aniversário de contrato, não é sinônimo de melhoria no atendimento. PÁG. 04 ECONOMIA E A SAÚDE Filas são rotina em hospitais particulares Foto: Focas e a Saúde Estudantes da FaC são voluntárias por um dia Consumo de crack cresce de forma alarmante Foto: Focas e a Saúde Foto: Internet ESPECIAL questão de peso Focas e a Saúde adentra no universo dos transtornos alimentares PÁG. 08 a 11

Focas e a Saúde

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Page 1: Focas e a Saúde

Jornal Laboratório da Faculdade Cearense | Curso de Jornalismo | Quinto Semestre 2012.1 | Turno Manhã

Um grande buraco negroPrefeitura de Fortaleza e Governo do Estado investem mais de R$ 240 milhões em saúde. PÁG 03

Instituto Peter Pan: trabalho que salva vidas

Sem fins lucrativos, o hospital atende crianças e adolescentes com câncer. PÁG. 12

SOLIDARIEDADE

Mortalidade materna se enfrenta com informaçãoMortes de gestantes em Fortaleza alertam para a importância do pré-natal. PÁG. 05

SAÚDE PÚBLICA

POLÍTICA

O álcool pode ser a porta de entrada para drogas ilícitasEspecialistas dizem que o consumo alcoólico pode ser o responsável pela entrada do jovem nas drogas ilícitas. PÁG. 06 e 07

Reajustes de plano de saúde não garantem qualidadeTodo ano, há reajustes nos planos de saúde. O aumento na fatura, a cada aniversário de contrato, não é sinônimo de melhoria no atendimento. PÁG. 04

ECONOMIA

E A SAÚDE

Filas são rotina em hospitais particulares

Foto: Focas e a Saúde

Estudantes da FaC são voluntárias por um dia

Consumo de crack cresce de forma alarmante

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Saú

de

Foto: Internet

ESPECIAL

questão de peso

Focas e a Saúde adentra no universo dos transtornosalimentares PÁG. 08 a 11

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Focas e a SaúdeJornal Laboratório02

Não é difícil lermos notícias sobre epi-demia de dengue, falta de profissionais e recursos, pessoas sendo atendidas nos cor-redores e até mesmo no chão de hospitais, sem falar na falta de informação por parte da sociedade. O caos existe e não há como negar. Quem não tem um plano de saúde sofre ao procurar atendimento, mas até a saúde na rede particular está precária.

Na rede pública as denúncias de desvios de verbas se tornam cada vez mais co-muns, recursos da capital e de mais 19 mu-nicípios foram cortados por irregularida-des encontradas em diversos programas de saúde. Já na rede particular, sobra na carestia e falta na estrutura de atendimen-to. Pois, mesmo com o reajuste anual, os clientes não têm o retorno do que pagam em benefícios.

É importante ressaltar a falta de informação e transparência na prestação de contas da gestão de saúde e a falta de instrução para a população. Doenças que ultrapassam os problemas físicos, na maioria das vezes, não são compreendidas pela sociedade e não há o conhecimento de equipamentos públicos que ofereçam tratamento, como a dependência química, transtornos alimentares e a própria obesidade.

Nessa perspectiva, o Focas na Saúde vem esclarecer, denunciar e tornar públi-cos os vários pontos que norteiam a saúde em Fortaleza. Trazendo não só os pontos negativos, mas também mostrando o que há de positivo na saúde, no atendimento à população e na possibilidade de melhoria de um setor que ainda apresenta tantas falhas.

*Este jornal foi produzido durante o semestre 2012.1, sendo sua impressão viabilizada

somente em novembro de 2012.

Nesta primeira edição de 2012, foi gratifican-te ler textos tão atuais e inteligentes, escritos por alunos que, estando em formação, já de-monstram bastante personalidade, informação e dedicação no que fazem.

Destaca-se como pontos positivos da pu-blicação, o pensamento claro do que se bus-cou defender em cada texto, assim como, a estrutura simples, mas eficiente, da linea-ridade, ou seja, textos com começo, meio e final bem delimitados.

Como aspectos a serem aperfeiçoados, po-demos elencar as questões referentes à orto-grafia, pontuação e acentuação. Entretanto, vale ressaltar, as dificuldades com a língua

portuguesa em um momento de mudanças tanto impostas por leis quanto decorrentes dos novos signos e símbolos; advindas do uso da tecnologia.

É sempre um desafio mesmo para autores bastante experientes. O que só aumenta o mérito destes futuros jornalistas do FOCAS.

Que todos sigam produzindo, crescendo e se aperfeiçoando. Afinal, é pelas obras que conhecemos os homens. Agradeço, então, pelo convite para participar desta excelente iniciativa que é o jornal FOCAS.

Ana Luíza Almeida do MonteJornalista e professora

EDITORIALSaúde: como funciona essa necessidade tão básica?

OMBUDSMAN

OPINIÃO

A gestação de um feto anencéfalo é para a mãe, desde a sua descoberta ,um sofri-mento, pois é uma gestação, de certa forma, triste. Que mãe ficaria feliz ao saber que, após nove meses, aquele filho tão esperado terá menos do que vinte e quatro horas de vida?

No início do ano, essa questão foi discu-tida pelo Supremo Tribunal Federal. E o aborto nesses casos de defeito congênito foi liberado. Mas, os médicos ainda não são obrigados a fazer o aborto.

De acordo com o Código de Ética Médica, o profissional tem o direito de “recusar-se a realizar atos médicos que, embora permiti-dos por lei, sejam contrários aos ditames de sua consciência”.

E o sofrimento da mãe e do pai não con-ta? A mãe é quem deve decidir se continu-ará ou não com a gestação, já que seu filho não terá chances nenhuma de sobrevivên-cia após o parto e a gestação compromete-rá também a sua vida.

Mesmo com a opção de optar ou não em fazer o aborto, os médicos não podem ir contra a decisão da mãe, mesmo que não concordem com tal ato. A dor maior maior, com certeza, não será para ele, mas sim para a própria mãe que de uma “certa forma” antecipará a morte do próprio filho.

Há 49 anos, a CNBB (Conferência Nacio-nal dos Bispos do Brasil) promove durante a Quaresma um dos maiores eventos da Igreja Católica no Brasil. A Campanha da Fraternidade (CF) visa a despertar a soli-dariedade nas pessoas com relação a um problema da sociedade brasileira e buscar soluções para esse problema.

Longe de qualquer desejo de arrema-tar fiéis para alguma religião, é preciso comentar a Campanha deste ano. Com o tema “Fraternidade e Saúde Pública” e o lema “Que a saúde se difunda sobre a Ter-ra”, a CF vem discutir e refletir a precarie-dade do nosso sistema público de saúde e o papel da sociedade civil na possível e necessária mudança desse sistema.

A saúde é um direito garantido por lei. Mas será que nossos sistemas de saúde, público e privados, respeitam e garantem essa necessidade básica? É preciso refletir, entender, exigir e contribuir para que as melhorias no sistema aconteçam já.

A família brasileira sofre com o maior problema do século, as drogas. Não existem paredes para impedir sua ação, sem distinção de raça ou classe social, as consequências são devastadoras. As drogas estão destruindo os nossos jovens.

Os problemas de relacionamento entre país e filhos podem ser uma grande brecha para que o problema se inicie ou até a ausência dos pais. O Segundo passo é dado com as más companhias, amizades erradas que passam na vida de qualquer adolescente. A má formação de caráter do adolescente contribui para que ele não consiga discernir o que seria o certo.

A relação da educação como ato de for-mação de personalidade, pode ser a solu-ção para neutralizar esse problema. Se-gundo o psicólogo Paulo Quinderé, “o que precisa ser feito é educar esses jovens e como consequência estruturar sua consci-ência deixando hábeis a ter uma persona-lidade consistente e capaz de raciocinar as consequências de seus atos”. Essa solução todos conhecemos, o que precisamos é pôr em prática.

“Uma pesquisa na Universidade do Te-xas mostrou que as mulheres que sofrem com violência psicológica podem desen-volver estresse pós-traumático por causa dos abusos.”

Ter que aturar insultos, brincadeiras se-veras, humilhações diárias e ingratidão, é uma questão de amor ou podemos dizer desamor? É necessário dar um basta e pensar mais em si. Tudo isso vai além do trauma.

A pessoa humilhada adoece, adquire doenças sérias como a diabetes, a tireóide e a gastrite nervosa, adquirida por estresse das pessoas que engolem verdadeiros so-cos verbais e choram por dentro guardan-do mágoas, ódio e rancor sem expor o que sentem.

Na maioria desses casos, os problemas estão nas mulheres que não conseguem romper os laços amorosos e permitem as agressões verbais e só enxergam que estão doentes quando a pressão eleva, veem-se hipertensas, obesas, estressadas, com “os nervos a flor da pele”. É possível afirmar que agressões verbais ferem tanto quanto tapas, causando doenças de forma lenta e silenciosa.

Rochely Silva

Victória Rocha

Caio Ramires Anna Glécya R. Domiciano

Aborto de fetos anencéfalos

Sistemas de saúde

As drogas no ambiente familiar

Até que ponto o amor adoece

EXPEDIENTE

Focas e a Saúde é uma publicação da disci-plina Laboratório de Jornalismo Impresso, da Faculdade Cearense. Os textos assina-dos refletem o trabalho jornalísticos dos estudantes da disciplina.

Conselho editorialBruna Marques // Caio Ramires // Lucas Diniz // Marcília Sousa // Victória Rocha

Projeto gráficoAndré Luís Cavalcanti

DiagramaçãoThiago Bezerra

OmbudsmanProfa. Ana Luíza Almeida do Monte

Orientação e revisão da ediçãoProfa. Klycia Fontenele

Coordenador do Curso de JornalismoProf. Edmundo Benigno

Gestor AcadêmicoProf. Marco Antonio

Diretor GeralProf. José Luiz Torres Mota

Tiragem: 500 exemplares

Faculdade Cearense - Campus I: Av. João Pessoa, 3884 Damas. Fortaleza - Ceará. Fone: (85) 3201.7000.www.faculdadescearenses.edu.br

Quer falar conosco?! [email protected]

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Focas e a SaúdeJornal Laboratório 03

HOSPITAL DA MULHER

HOSPITAIS REGIONAIS

Saúde pública no Ceará: um grande buraco negro

No exercício de 2011 foi investido o va-lor de mais de R$ 1 bilhão na Saúde de Fortaleza. No orçamento executado para o Hospital da Mulher com obras, instala-ções, equipamento e material permanente (anos 2008 a 2012) – quase R$ 87 bilhões. 90% dos recursos investidos no Hospital da Mulher provém de recursos próprios do Município.

O Hospital da Mulher de Fortaleza está sendo construído em um terreno de mais de 70 mil metros quadrados, com área to-tal construída de 26.465 metros quadrados, que será dividida em quatro blocos. O pri-meiro bloco, o mais avançado do projeto, será dividido em duas etapas. A primeira parte, onde funcionarão a Administração, Consultórios, Laboratórios e Centro de Imagens, está quase concluída.

Na segunda parte do bloco funcionarão Pronto-Atendimento; Parto Cirúrgico; Cen-tro Cirúrgico; Parto Normal; UTIs Neonatal, Médio Risco e Adulto; e Centro de Terapias Alternativas. O Hospital terá ao todo 184 leitos (incluindo 10 leitos de UTI Neonatal, 16 leitos de UTI Neonatal de médio-risco e 10 UTIs Adulto).

Hospital da Mulher de FortalezaAv. Lineu Machado, 155 - Jóquei Clube.

Fortaleza/Ce. Tel. (85) 3105.2229

O maior volume de recursos de investi-mentos alocados em 2011 foi aplicado no Hospital Regional do Norte (HRN), que está sendo construído pelo Governo do Estado em Sobral, com 382 leitos, para atender a população dos 55 municípios da região em casos de alta complexidade. Este ano, a construção do HRN recebeu investimentos de R$ 73,5 milhões. A previsão é de que seja inaugurado em cinco de julho deste ano, com investimento de R$ 151.276.633,97 em obras e R$ 59.429.435,57 em equipamen-tos, totalizando R$ 210.706.069,94.

Para o projeto de apoio aos municípios, que inclui construção e reforma de Unida-des Básicas de Saúde e ainda aquisição de veículos e equipamentos, foram destina-dos R$ 17.377.840,00 ao longo de 2011. Das 150 unidades básicas de saúde programa-das, 102 já foram concluídas. O governador Cid Gomes e o secretário da Saúde do Esta-do, Arruda Bastos, fizeram a entrega de 159 veículos às equipes de saúde da família de 143 municípios, no começo do ano. O go-verno do estado investiu R$ 5.200.999,71 na aquisição dos 159 veículos. Para a cons-trução das Unidades Básicas de Saúde se-rão investidos, no total, R$ 31.999.999,71.

Hospital Geral de Fortaleza - Rua. Ávila Goulart, 900 - Papicu. Fortaleza/Ce.

Tel. (85) 3101.3272

A equipe do Focas fez uma enquete para saber se a população sabe o que são políticas públicas de saúde. As pessoas ainda ficam em dúvida na hora de responder.

Então, vamos ao conceito: as políticas pú-blicas podem ser definidas como conjuntos

de disposições, medidas e procedimentos que traduzem a orientação política do Estado e re-gulam as atividades governamentais relacio-nadas às tarefas de interesse público.

As políticas públicas em saúde pública inte-gram o campo de ação social do Estado orien-tado para a melhoria das condições de saúde da população e dos ambientes natural, social e do trabalho.

Sua tarefa específica em relação às outras políticas públicas da área social consiste em organizar as funções públicas governamen-tais para a promoção, proteção e recuperação da saúde dos indivíduos e da coletividade.

A enquete foi realizada nas instituições de ensino: Faculdade Cearense e Colégio Irmã Maria Montenegro. Vamos conferir algumas respostas.

A prefeitura de Fortaleza e o Governo do Estado do Ceará investem pesado na saúde, mas não parece ser suficiente

para melhorar o atendimento da população. Só em 2012 a prefeitura investiu quase R$ 1,3 mi-lhões na saúde.

A Secretaria da Saúde do Estado realizou em 2011 investimentos de R$ 241,5 milhões em projetos listados no Monitoramento de Ações e Projetos Prioritários do Governo do Estado (MAPP) da Saúde. O volume de recursos inves-

tidos no ano já representa 38% da programação preliminar do MAPP da Saúde para o quadriê-nio 2011 até 2014, que prevê um investimento total de R$ 635,5 milhões.

De acordo com dados divulgados pelo Siste-ma de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde (SIOPS), a lei orçamentária exige que, no mínimo, 15% dos recursos sejam aplicadas à saúde nos municípios e 12% no Estado. Em 2011, a prefeitura investiu 24,24%, enquanto o Governo do Estado aplicou 15,51%.

O orçamento da Prefeitura de Fortaleza per-passa as redes de atenção e de políticas trans-versais. As redes de atenção se constituem na atenção básica que são os postos de saúde; saú-

de da família; alimentação; nutrição; e doenças como tuberculose, hanseníase, hipertensão e diabetes. Na atenção especializada, são os casos da saúde do trabalhador, saúde da pessoa com deficiência, marcação de consultas, exames especializados e regulação de leitos. Na aten-ção secundária, são os hospitais de urgência e emergência e saúde mental.

As políticas transversais são um conjunto de princípios e diretrizes que se traduz em ações nas diversas práticas de saúde e esferas do sis-tema caracterizando uma construção coletiva. Elas constituem as vigilâncias em saúde, educa-ção permanente, saúde do trabalhador, saúde bucal, DST/HIV/AIDS.

A cidade de Fortaleza passa por uma crise na saúde, mas isso não acontece apenas nesta cidade. É um problema de todo o país.

Em abril, o Ministério da Saúde suspendeu a transferência de incentivos financeiros da Capital e outros 19 municípios, por conta de irregularidades encontradas nas equipes da Saúde da Família, Saúde Bucal e de Agentes Comunitários de Saúde.

Foram encontradas na Capital: duas irregularidades nas equipes de Saúde da Família, três nas equipes da Saúde Bucal e sete

nas equipes de Agentes Comunitários de Saúde.Segundo o Ministério da Saúde o repasse será

normalizado quando os municípios soluciona-rem todas as inadequações. Após a correção, a Prefeitura recebe um retroativo do mês que dei-xou de ganhar. A assessoria de imprensa da Se-cretaria Municipal de Saúde (SMS) não enviou nota explicando a irregularidade à equipe do Focas até o fechamento desta edição.

“São programas ou políticas que o governo faz para melhorar a saúde.”

“Deixa muito a desejar no nosso estado. Nós não temos hospitais, nós não temos, inclusive, médicos. Faltam postos, falta saneamento, falta um bom atendimento.”

“É tentar tornar a saúde acessível para as pessoas. É a universalização mesmo, como as pessoas têm acesso à educação, ao lazer. A saúde é um dos pontos primordiais.”

“Os representantes políticos têm que prover para a população: postos de saúde melhores, hospitais. Ajudar a população mais carente que hoje está muito sofrida.”

InVESTIMEnTOS EM SAúDE ChEGAM A R$ 241,5 MILhõES DE REAIS, MAS nÃO SÃO SUFICIEnTES

POLÍTICA

IRREGULARIDADES

O que você entende por políticas públicas de saúde?

ENQUETE

Bruna MarquesLuciana Menezes

Verba suspensa na capitalBruna MarquesPatrícia Uchôa

Bruna Marques

“Eu entendo que são todas as medidas adotadas pelo governo em prol da saúde da população”

“São as medidas que os governantes tomam para que a população tenha uma boa qualidade de vida. Saneamento básico, um bom programa de saúde pública, hospitais e médicos bem pagos.”

Monalisa Franco, professora, Colégio Irmã Maria Montenegro

José Maria Duarte, secretário, Colégio Irmã Maria Montenegro

Beatriz Souza, estudante de Publicidade, 5º semestre, FaC

Andrea Araújo, estudante de jornalismo, 5º semestre, FaC.

Elizadora Fontes, estudante de jornalismo, 5º semestre, FaC

Márcia Cardoso, secretária, Colégio Irmã Maria Montenegro

Page 4: Focas e a Saúde

Focas e a SaúdeJornal Laboratório04

Eram mais de 50 pessoas, entre crianças e adolescentes esperando por atendimento médico. Esse foi o cenário encontrado por

Maria Madalena, que levou sua sobrinha de 2 anos, Maria Bianca, para uma consulta no hos-pital Luiz de França com suspeita de dengue. A situação não seria de assustar se fosse em um hospital público, porém, isso aconteceu em um hospital particular que atende a vários planos de saúde. O caso não é isolado. Muitos hospitais que têm convênio com planos de saúde estão na mesma situação. Pagar mais caro por atendi-mento insatisfatório ainda vale a pena?

O reajuste anual feito pela ANS (Associação Nacional de Saúde) estipula um aumento má-ximo de 7,69% pelos planos de saúde este ano. Mas o retorno feito pelo contratante não está sa-tisfazendo. As grandes filas para atendimento e poucos médicos é a prova disso. Madalena disse que havia apenas quatro médicos para atender a todos. “A gente paga um plano de saúde bus-cando atendimento imediato, porque se ocorre algo grave o atendimento tem que ser logo. Ima-gina aí se fosse uma emergência, como seria ter que esperar esse tempo todo?”. Reclama Mada-lena que esperou oito horas pelo atendimento.

A dona de casa Mariana da Conceição levou seu filho, José Levi, de 5 anos, para a emergên-cia da Unimed. Com dores o menino teve que enfrentar uma sala de espera lotada para enfim ser atendido e descobrir que estava com apen-dicite. A criança foi levada à sala de cirurgia às pressas. “Se meu filho tivesse esperado por mais tempo ele podia ter morrido. Eu não pago caro pra passar por isso.”, reclamou a mãe.

De acordo com o órgão de defesa e proteção do consumidor, o Procon, não há tempo míni-mo de espera para o atendimento. Mas ele deve ser de qualidade, já que o consumidor paga caro pelo serviço. O Procon orienta ainda que os que se sentirem lesados façam denuncia formal à ANS. Por meio de nota, o órgão garante que todas as denúncias são apuradas e que cobra medidas dos convênios médicos e que, com o número do protocolo da reclamação, é possível ao usuário do convênio acompanhar o anda-mento da denúncia. As denúncias podem ser feitas pelo telefone 0800-701-9656.

Segundo os planos de saúde, a explicação para tudo isso tem sido o surto de dengue que Fortaleza está passando. Os planos de saúde têm procurado alternativas para atender à de-manda que extrapola os limites do atendimen-to. A Unimed, por exemplo, reservou uma sala apenas para casos de suspeita de dengue; o Mont Klinikum criou uma emergência exclusi-va com nove leitos para pacientes com dengue. Já no Hospital Antônio Prudente, os pacientes tem sido encaminhados para uma van provi-denciada pela instituição que os leva para ou-tras unidades associadas à rede.

Porém, o surto de dengue, alegado pelos planos de saúde como a causa de toda essa superlotação não justifica a espera que Maria do Socorro teve que passar para ser atendida no final do ano passado, quando o surto ainda não se desenvolvera. A consulta, com hora marcada, não era uma emergência, mas a espera estava como uma. “A sala de espera estava cheia de gente e todos eram para o mesmo médico, o mesmo que eu fui me consultar”, desabafa. Ela conta ainda que o atendimento foi ruim, pois o médico, sabendo da longa fila, apressava a consulta tentando terminar logo, atendendo mal a todas.

ECONOMIA

Planos de saúde: preço alto e péssimo atendimentoTODO AnO, hÁ REAJUSTE DOS PLAnOS DE SAúDE, MAS O AUMEnTO nA FATURA nÃO ACOMPAnhA A QUALIDADE DOS SERVIÇOS

Crianças com suspeita de dengue precisam enfrentar longas filas

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Foto: Focas e a Saúde

Longa espera no hospital Luis de França

Crianças são as principais

Desde 2010, a Câmara e Grupo Técnicos de Reajuste, criada pela Associação Nacional de Saúde (ANS), tenta adotar uma nova metodologia para calcular o reajuste dos preços dos planos de saúde individuais ou familiares. Participam dela empresas de planos de saúde, dos órgãos de defesa do consumidor, de entidades representativas das associações médicas, entre outras.

No início deste ano, a Câmara Técnica de-senvolveu diversos estudos em busca de novas metodologias. Uma delas seria regionalizar o índice. Contudo, verificou-se que isso poderia acarretar em uma elevada diferença de preços entre regiões do país, sobrecarregando as de menor poder aquisitivo. Concluiu-se que é pre-ciso continuar a estudar novos métodos. Com isso o reajuste deste ano permaneceu sendo feito seguindo o mesmo cálculo dos anos an-

teriores, uma média do reajuste coletivo. Essa média leva em consideração as despesas ope-racionais e a sinistralidade da carteira do pla-no, ou seja, o índice de pessoas cobertas pelo plano coletivo.

O percentual máximo de reajuste estabeleci-do pela ANS para este ano foi de 7,69%. O valor incide sobre contratos de cerca de 8 milhões de consumidores, ou seja, 17% de pessoas com pla-nos de assistência médica no país desde 1999. O reajuste é aplicado, a partir da data do ani-versário de cada contrato, com a permissão de cobrança do valor retroativo caso a defasagem seja de no máximo quatro meses. Devem tam-bém constar no boleto de pagamento o índice de reajuste autorizado pela ANS, o número do ofício de autorização, nome, código e número de registro do plano, bem como, o mês previsto para aplicação do próximo reajuste.

Nova metodologia de cálculos para reajuste é discutida pela ANS

2001_____________7,69% 2010_____________6,73% 2009_____________6,76% 2008_____________5,48%

TABELA COM OS ÚLTIMOS REAJUSTES FEITOS PELA ANS:

2001; 25%

2010; 25%2009; 25%

2008; 25%

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Gessyka CostaGlennda RodriguesLucas Diniz

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Focas e a SaúdeJornal Laboratório 05

GESTANTE MORRE E OUTRA FICA EM ESTADO GRAVE

Morreu este ano, Ezi Costa Figueiredo de 27 anos, vítima da gripe A. A paciente deu entrada na Maternidade Escola no último mês de fevereiro e morreu quatro dias após seu internamento, com falência múltipla dos órgãos. A gestante estava no seu sexto mês de gestação e teve seu parto induzido por motivo de morte intra- uterina do feto, causada pela gripe.

Segundo médico responsável pela unida-de de obstetrícia da Maternidade Escola As-sis Chateaubriand, Edson Lucena, Ezi já deu entrada em estado avançado da doença. Deveria ter sido tratada no inicio da doença no posto de saúde de sua comunidade, no bairro Janguruçu em Fortaleza.

A família da paciente relata que o posto não tomou medidas preventivas quando a paciente procurou a unidade. A doença se agravou e os familiares buscaram socorro na maternidade Escola Assis Chateaubriand, quando a doença não tinha mais cura.

Uma segunda gestante esteve interna-da na maternidade Escola com a mesma doença, Maria do Socorro Pereira, 21 anos, residente da região de Sucatinga distante 19 km de Beberibe-Ce. A gestação foi de exata-mente nove meses e a criança foi socorrida a tempo e encaminhada à Unidade de Te-rapia Intensiva (UTI) neonatal daquela uni-dade de Saúde.

A paciente também esteve internada na UTI Materna da Maternidade Escola em es-tado de saúde considerado gravíssimo. Seu estado de saúde hoje é estável após passar 27 dias internada, pois foi socorrida a tem-po e levada para maternidade onde foi sub-metida ao tratamento correto.

Mãe e filho encontram-se de alta hospita-lar, mas ainda estão sendo acompanhadas pelo Programa Saúde da Família (PSF) da cidade de Beberibe-Ce.

Garantir a saúde da mãe e do filho duran-te a gestação não depende apenas do Sistema Único de Saúde (SUS), mas das

pacientes, que muitas vezes por falta de infor-mação, não procuram os postos de saúde nos primeiros meses da gravidez.

No ano 2000, foi criado o programa de Hu-manização do Pré-Natal e Nascimento (PHPN) pelo Ministério da Saúde, cuja finalidade era reduzir as altas taxas de mortalidade materna e ampliar o acesso ao pré-natal. O estabeleci-mento de critérios para qualificar as consultas pré-natais e a promoção do vínculo entre a as-sistência ambulatorial e o parto são outros cri-térios essências do programa.

Segundo Heloísa Souza Costa, técnica em en-fermagem no Hospital Nossa Senhora da Con-ceição no Conjunto Ceará, quando ocorre erro ou problema com alguma paciente durante a gestação é negligência da mãe, não do SUS. “Os postos encaminham pacientes, principalmente as que apresentam risco ou outros problemas durante a gravidez. Quando chegam, recebem os primeiros atendimentos, no qual realizam o cadastro, medem o peso e a pressão arterial. Depois elas são orientadas a iniciar o pré-natal, com acompanhamento médico.”, explica. Em gestações normais, as grávidas frequentam o consultório médico uma vez ao mês, mas quan-do apresentam algum risco, são aconselhadas

a comparecer duas vezes ao mês nas consultas. A Secretaria Municipal de Saúde criou um

programa nos postos de saúde em cada regio-nal, para orientar as gestantes nas áreas de puericultura, higiene geral e responsabilidade parental.

MedicamentosA Distribuição de medicamentos para acom-

panhamento de gestantes é uma Política Públi-ca que atende mulheres carentes. Segundo o farmacêutico responsável pelo Serviço de Assis-tência Farmacêutica do Centro de Saúde Anas-

tácio Magaleans, João Carlos de Nascimento, os remédios são fornecidos quinzenalmente pelo Ministério da Saúde aos estados e municípios, no qual são enviados semanalmente para as unidades de saúde.

“Mulher, durante a gestação, não pode tomar nenhum outro tipo de remédio, existem remé-dios específicos que elas recebem aqui no pos-to. Paracetamol, para dores de cabeça. O ácido Fólico, o ferro e o cálcio são fundamentais e ajudam no desenvolvimento do feto.” diz o far-macêutico. A quantidade varia de acordo com a demanda dos usuários.

SAÚDE PÚBLICA

Informação ajuda a reduzir mortalidade maternaA FALTA DE InFORMAÇÃO EnTRE AS GESTAnTES PODE SER UM DOS MOTIVOS PARA A ALTA TAXA DE MORTALIDADE

Foto: Focas e a Saúde

Acompanhamento pré-natal é disponibilizado nos postos de saúde

Barem Sanha

Luciene de Souza

O caos na Saúde Pública tem sido es-tampado nas primeiras páginas de todos os jornais do Estado, em especial com as gestantes. Como se não bastasse a falta de atenção dos gestores do Sistema Único de Saúde para com a população.

Um surto de gripe A veio aterrorizar a população principalmente as gestantes. Um caso recente do descaso com a Saúde Pública aconteceu também com uma gestante, no mês de fevereiro deste ano no Hospital Geral de Fortaleza, por conta da superlotação e da falta de estrutura daquele hospital causou mais um óbito com uma gestante e seu filho, a paciente Isabel Cristina evangelista de 22 anos. A ausência de vagas e de profissionais no setor de obstetrícia está sendo a maior causa nesses casos.

Portanto, se todo dinheiro destinado à saúde, fosse bem administrado, nenhuma dessas tragédias estariam acontecendo em nosso país. A falta de caráter dos nos-sos gestores é a real causa da corrupção no país. Faltam planejamento e atenção dos atuais gestores.

Dados preliminares do Ministério da Saúde revelam que 1.614 mulheres morreram em 2010 em decorrência de complicações da gravidez ou do parto. O número é considerado elevado, embora tenha havido redução de 14% em relação a 2009.

Segundo o Ministério, o Sistema Único de Saúde (SUS) atende atualmente cerca de 2,2 milhões de grávidas. O governo quer estimular as brasileiras a começarem o pré-natal antes dos três primeiros meses de gestação. Um dos obstáculos para isso é a falta de dinheiro para o transporte das gestantes. Dessa forma, para incentivar as futuras mães a fazerem o pré-natal com-pleto, a presidente Dilma Rousseff lançou a chamada Rede Cegonha — conjunto de ações para melhorar o atendimento a grá-vidas e bebês.

O governo concederá benefício de até R$ 50,00 para grávidas, como auxílio--transporte. O objetivo é cobrir despesas de deslocamento e garantir que as gestantes tenham acesso a consultas de pré-natal e assistência ao parto. As gestantes possuem outras leis que as amparam, durante o pré--natal e no parto.

Gravidez de risco é quando ocorre, na gestação, qualquer doença materna ou condição sociobiológica que pode prejudi-car a boa evolução do bebê. Muitas mulhe-res sofrem de problemas de saúde durante a gestação e podem também surgir com-plicações mais graves.

Todos os sintomas pouco habituais de-vem ser comunicados ao médico assisten-te. Quando se considera que uma gravidez é de alto risco e se procede, consequente-mente, ao diagnóstico pré-natal, deve-se efetuar o mínimo de testes possível, de modo a reduzir os problemas e a ansieda-de que estas situações costumam gerar na mulher grávida e no parceiro.

Quanto mais cedo diagnosticada a gra-videz de risco, mais cedo atitudes seguras poderão ser tomadas para cuidar da saúde da mãe e do bebê.

Você sabia

Se uma mulher estiver sofrendo uma gravidez de risco, ela e o bebê podem ter complicações no parto e até mesmo ir ao óbito, se não procurar o serviço de um hos-pital terciário.

Para que não haja o risco de complica-ções, pacientes com gravidez de risco já detectada pelo serviço de saúde devem seguir a risca as orientações médicas e de enfermagem.

Gravidez de risco

Luciene de Souza Rochely Silva

CAOS NA SOBREVIVÊNCIA

LEIS QUE PROTEGEM

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Focas e a SaúdeJornal Laboratório06

Segundo a Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas, em 20 anos, o Brasil sofreu um grande aumento no con-

sumo de drogas. As tendências usuais são frutos de vícios lí-

citos (permitidos juridicamente) que fazem na maioria dos casos, uma progressão de consu-mo tendenciosa. Indo do álcool até as drogas químicas.

“A linha que divide as drogas lícitas e ilícitas é uma linha tênue entre o uso e o abuso.”, afirma Paulo Quinderé, Doutor em Psicologia.

Um estudo feito, em 2006, pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) avaliou o pa-drão de consumo do álcool na população, mos-trando que 11% dos homens e 4% das mulheres adultas eram dependentes alcoólicos.

“Essa alta tem um impacto enorme na so-ciedade brasileira. Cerca de uma em cada sete famílias apresentam problemas significativos em relação ao álcool.”, diz o psiquiatra Ronaldo Laranjeira.

O impacto nas crianças também é grande. “Uma em cada cinco crianças já presenciou ou sofreu violência doméstica por alguém sob efei-to de álcool ou drogas.”, explica Laranjeira.

Entre os adolescentes, o álcool é a porta de entrada para várias outras drogas ilícitas. “Eles buscam na bebida a coragem para encarar ou-tras drogas. Nunca uma sociedade desenvolvi-da havia enfrentado um problema tão impac-tante.”, avalia Quinderé.

Crack: “a pior droga” A maioria dos especialistas aponta o crack

como a pior droga em circulação na atualida-de. É a droga com maior poder destrutivo den-tro do ciclo de drogas existentes.

“O descontrole mental faz com que o de-pendente se desfaça de todos os seus bens materiais, chegando a cometer crimes para conseguir manter seu vício.”, afirma Cristia-ne Ramires, vice-presidente do Centro de Re-cuperação de Dependentes Químico Leão de Judá.

Segundo dados levantados pela instituição, 90% dos internos entram no centro de recu-ração por conta do vício no crack, 7% devido ao álcool e 3% por outras drogas que variam entre cocaína, heroína e maconha.

O tratamento dura em média oito meses, podendo ser prolongado de acordo com a evolução e comportamento do interno. Mais de 90% dos internos do centro Leão de Judá são ex-moradores de rua que foram recolhi-dos pela instituição com o intuito de ajudar aqueles que não têm o apoio familiar.

Vida novaO Centro de Recuperação Leão de Judá é

uma entidade filantrópica que atua em For-taleza há mais de 10 anos. Cuida de trezentos e cinquenta internos e sobrevive de doações.

Sebastião Leitão (68) está há mais de quatro meses sem usar drogas. Internado e em trata-

mento no Leão de Judá, ele diz que a estadia no centro de recuperação é uma oportunida-de para mudar de vida.

“Minha esposa e meus filhos me deixaram, acabei com depressão. Uso a pedra (crack) há mais de dez anos.”, relembra o interno. “A vida estava muito ruim. Comecei por brincadeira e acabei me viciando. Abandonei todo mundo. Sofri muito.“, conta emocionado Sebastião.

Apoio governamentalA problemática das drogas na capital cea-

rense não é diferente de outras capitais bra-sileiras. Durante a sessão de abertura dos tra-balhos na Assembleia Legislativa do Ceará, no

dia 2 de fevereiro, o Governador Cid Gomes reconheceu a situação de emergência.

“O Estado não deve investir na construção de equipamentos para tratar dependentes químicos. Mas, apoiar as entidades que reali-zam trabalhos nesse sentido.”, diz o Governa-dor.

Segundo ele, o estado que atua dessa forma, atua mal. Hoje, o Governo trata esse problema como epidemia, que precisa ser tratada com a mais absoluta urgência.

Ainda sem apoio do governo, a instituição Leão de Judá se apoia na coragem de seus lí-deres e organizadores para conseguir vencer a guerra contra as drogas.

Drogas: vício que começa com o consumo de álcool

A busca exagerada pelo prazer torna-se vício

EM 20 AnOS, O BRASIL SOFREU UM AUMEnTO COnSIDERÁVEL nO COnSUMO DE DROGAS. ORGAnIZAÇõES nÃO-GOVERnAMEnTAIS ASSUMEM O TRATAMEnTO DE MUITOS USUÁRIOS

COMPORTAMENTO

Caio Ramires

Anderson Feitosa

O vício é o lado negro do prazer e está associado a movimentações e ligações cerebrais que desencadeiam aspectos

aterrorizantes como a tolerância, desejo, abs-tinência e recaídas, sendo acompanhado pela substância dopamina, o neurotransmissor res-ponsável pelo sistema de recompensa.

Por isso, os vícios não são somente aqueles as-sociados às drogas, ao álcool ou fumo. Existem

outros que norteiam a vida dos jovens, como o desejo por atividades físicas, comidas, compras ou jogos. Isso acontece, porque os adolescentes passam por mudanças físicas e psicológicas, tendo que se adequar a comportamentos do grupo ao qual pertence.

Além disso, eles estão mais interessados no prazer do que no compromisso e os vícios servem como alívio. Ilusão pra suas dúvidas e questionamentos advindos da idade.

Para além das drogas- Vigorexia: É o desejo por atividades físicas e

que tende a atingir pessoas muito perfeccionis-tas e com baixa autoestima. Quaisquer comen-tários negativos ou rejeição sobre o corpo pode aumentar o problema. O jovem deixa de exer-cer outras atividades somente para malhar.

- Dependência sexual: É o desejo por sexo

que se tornou obsessivo a ponto de ficar fora de controle. Ela é causada por várias condições criadas ao longo do tempo como a exposição à imagens pornográficas ainda na infância, inse-gurança, medo de rejeição em relacionamen-tos, abuso físico ou sexual. O dependente se co-

loca em situações perigosas, sempre em busca de novas fontes de estímulo sexual.

- Internet-dependência: É a compulsão em que a pessoa passa horas por dia na frente do computador. Normalmente, os cibernéticos acessam sites de leilões, compras e buscam ati-vidades como jogos, salas de bate-papo etc. Os sintomas do ciberviciado são o isolamento da sociedade, mentira quanto ao conteúdo aces-sado, lesões como dores nas costa, olhos, mãos, aumento de peso ou emagrecimento e apatia por outras atividades do dia-a-dia.

Centro de Recuperação Leão de Judá é uma instituição filantrópica que atende 350 usuários

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Focas e a SaúdeJornal Laboratório 07

Drogas: causas e efeitos“A nICOTInA PODE SER COMPARADA À hEROÍnA”, DIZ O PSICÓLOGO DO CEnTRO DE ATEnÇÃO PSICOSSOCIAL ÁLCOOL E DROGAS (CAPS-AD), PAULO QUInDERÉ. ELE ESCLARECE, AInDA, OUTRAS DúVIDAS SOBRE O COnSUMO DE DROGAS LÍCITAS E ILÍCITAS.

ENTREVISTA

Hoje, a sociedade sente o peso dos efeitos catastróficos que o uso indevido e indiscriminado das drogas pode fazer a uma pessoa e à sua família. O balanço das consequências é devastador e difícil de reparar seus danos.

O que vemos hoje é o terror nos olhos do usuário do crack, o suicídio nas atitu-des desatinadas e inconsequentes dos usuários do LSD e do ecstasy (alucinó-genos sintéticos que permanecem na corrente sanguínea por mais de cinco anos, causando lampejos de alucina-ções).

O usuário começa na maioria dos casos pela maconha, passa pela cocaí-na, a heroína, segue com uma série de outras substâncias e termina de diver-sas formas: vagando pelas ruas como indigentes, vítimas de esquizofrenias e amnésias, internações em clínicas de desintoxicação ou manicômios psiqui-átricos, e por fim a morte por fatores diversos associados ao vício.

Um dos aspectos pouco explorados pela sociedade no que se refere ao uso de drogas e que acontece com muita fre-quência é a co-dependência familiar. Ao descobrir que um membro da família é viciado em drogas, certas vezes, a famí-lia se torna dependente também.

Ao ter que dar mais atenção à pessoa, a situação do parente se torna o princi-pal motivo de vida dos entes, o que di-ficulta o quadro do usuário ainda mais, pois, mesmo que ele queira se distan-ciar da droga, a tarefa fica mais difícil devido à pressão familiar que ele acaba exercendo por sua doença.

Vivemos num mundo caótico e a dro-ga é uma das principais vias de acesso ao crime. Ela altera o caráter e margina-liza o indivíduo que se exclui e é excluí-do do convívio social sadio e se coloca à margem da lei.

Embora exista uma legislação em vi-gor que prevê penalidades para a ques-tão das substâncias que causam depen-dência física e psíquica, ainda é difícil imaginarmos quando isso irá terminar.

A defesa segura que temos em mãos no momento é a prevenção: protejam seus filhos e sua casa, estejam sempre alerta a tudo. O mal vem de onde menos se espera e um momento de distração pode por vidas a perder.

Drogas: O terror em várias faces

Alexsandra Montenegro

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OPINIÃO

Focas - Como você define droga?Quinderé - É toda e qualquer substância, natu-ral ou sintética que, introduzida no organismo, modifica suas funções. O termo droga envol-ve os analgésicos, estimulantes, alucinógenos, tranquilizantes e barbitúricos. Além do álcool e substâncias voláteis.

Focas – E onde elas podem ser encontradas?Quinderé - As drogas naturais são obtidas, atra-vés de determinadas plantas; de animais e de alguns minerais. Exemplo à cafeína (do café), nicotina (presente no tabaco), o ópio (na papou-la) e o THC tetraidrocanabinol (da maconha). As drogas sintéticas são fabricadas em laboratório.

Focas - Como as drogas são classificadas?Quinderé - As drogas estão classificadas em três categorias: as estimulantes, os depressores e os perturbadores das atividades mentais. As psicotrópicas são as drogas que afetam o Siste-ma Nervoso Central, modificando as atividades psíquicas e o comportamento. Podem ser usa-das por injeção, inalação, via oral, injeção intra-venosa ou aplicada via retal (supositório).

Focas - Pode-se dizer que é em busca por mo-mentos felizes que as pessoas usam drogas?Quinderé - As pessoas não buscam apenas fe-licidade nas drogas. São vários os sentidos e significados relacionados ao uso delas. Muitas das drogas podem ser utilizadas sem trazerem malefícios. Uma dose de álcool consumida diariamente pode trazer benefícios ao sistema circulatório humano. A maconha é utilizada de maneira terapêutica em muitos países do mun-do. Sem falar nas propriedades anestésicas do ópio e seu derivado, a morfina.

Focas - Como se passa de um consumo espo-rádico, que é benéfico, para o uso exagerado?Quinderé - A frequência de uso de uma dada

droga depende de vários fatores: a disponibili-dade da droga, o efeito da substância no orga-nismo... Se ele tem um efeito rápido ou prolo-gado. Está associada também à forma de uso. A cocaína em pó aspirada (e de qualidade), por exemplo, leva certo tempo fazendo efeito no organismo humano; de 2 a 4 horas. Já o crack (forma fumada de cocaína) tem ação rápida e seu efeito passa logo, podendo levar o usuário a ter um padrão mais compulsivo de uso (maior frequência).

Focas - Que danos elas podem causar?Quinderé - Problemas pulmonares, complica-ções urológicas, complicações gastrointestinais, indução de estados psicóticos, síndrome de abs-tinência... Há estudos que relatam que o uso da maconha pode afetar a memória de curta dura-ção. Aquela memória que está relacionada a fa-tos recentes. A pessoa não se concentra e acaba esquecendo.

Focas - Mas a maconha é uma droga mais leve, não?Quinderé - O fato de uma droga ser considera-da leve tem relação com o potencial de levar a uma dependência e, claro, o potencial danoso ao indivíduo e à sociedade. As duas drogas que mais causam problemas de saúde no mundo são o álcool e o cigarro. O álcool está associado à maioria das causas mortis por agentes exter-nos. Assim como, o cigarro. A nicotina pode ser comparada à heroína por se adaptar muito ra-pidamente e estabelecer logo uma tolerância.

Focas - Como assim? A nicotina é semelhante à heroína?Quinderé - Ah, o organismo humano se adapta rapidamente à nicotina e precisa de doses cada vez maiores para se obter os mesmos efeitos... Além disso, a situação piora pelo fato de o taba-co ser uma substância de fácil acesso, barata,

legal e com pouco controle social sobre o seu consumo.

Focas - É fácil identificar alguém que usa drogas?Quinderé - As características de um usuário de drogas são as mesmas de qualquer outra pes-soa. O problema é exatamente o estigma e o preconceito que a sociedade exerce em relação ao usuário que o transforma num desviante social; o excluindo e o afastando... Fazendo com que esta pessoa passe a ter comportamento di-ferenciado e tendo uma reação à exclusão que é normal.

Focas - O senhor pode explicar melhor...Quinderé - É bom diferenciar o que é um usuá-rio de drogas (seja ela lícita ou ilícita) de alguém que é dependente. O comportamento depen-dente, este sim tem características que dificul-tam o funcionamento do cotidiano do indivi-duo. A relação deste usuário com a droga se dá de forma desorganizada e destrutiva.

Focas - Há como reverter este quadro?Quinderé - Quando o usuário quer se tratar! Uma das características que classifica a pessoa como dependente químico é o fato de ela con-tinuar usando a substância, mesmo sabendo dos impactos negativos da sua relação com a droga... Bem, a entrevista motivacional é uma técnica cognitiva comportamental com bons resultados na abordagem a pessoas com pro-blemas relacionados ao uso abusivo de drogas. Mas o fator primordial é a vontade de querer abandonar o vício.

Paulo Henrique Quinderé é graduado em Psicologia pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), mestre em Saúde

Pública pela Universidade Estadual do Ceará (Uece) e doutorando em Saúde Coletiva (Uece/UFC).

Unidadesde AtendimentosLeão de Judá CearáRua Lobo do Mar n° 76 - Parque Leblon Telefones: 85 8742.4224 ou 8861.3490

CAPS Álcool e DrogasRua Manoel Firmino Sampaio, nº 311 Parque do Cocó(85) 3105.1625 ou 3452.2451

Serviço Hospitalar de Referência em Álcool e DrogasUnidade de DesintoxicaçãoRua Barão do Rio Branco, nº 20 - Centro(85) 3455.9130

Crack: a droga da vez

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Focas e a SaúdeJornal Laboratório08

Considerada uma das doenças da mo-dernidade, a obesidade pode ocasio-nar outros problemas de saúde que

intensificam a situação do obeso, como hi-pertensão, diabetes, etc. E essa é uma reali-dade que está se tornando cada vez mais co-mum não só nas grandes metrópoles, mas no Brasil todo.

De acordo com a pesquisa da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), realizada em 2011 pelo Ministério da Saúde, 54% dos fortalezenses possuem sobrepeso e 15,8% são obesos.

Um dos maiores fatores que ocasiona esse sobrepeso é a mudança dos hábitos alimen-tares, a necessidade de se alimentar com pro-dutos industrializados devido à falta de tem-po do cidadão que passa o dia fora de casa e o costume de comer em fastfoods.

Uma pesquisa feita pela Shopper Experience, empresa que atua em pesquisa de mercado e marketing, diz que 74% da população brasileira prefere frequentar fastfoods a restaurantes tradicionais, comprovando, assim, a mudança da cultura alimentar do brasileiro.

De acordo com Myrian Fragoso, nutricio-nista e coordenadora do Núcleo de Nutrição do Nami (Núcleo de Atenção Médica Integra-da), não só o que e quanto comemos influen-cia no ganho de peso. Uma vida sedentária também é um dos grandes fatores que oca-sionam o sobrepeso e a obesidade.

“A obesidade e o sobrepeso são causados por um estilo de vida inadequado provocado por grande inatividade física, pelo consumo de bebidas alcoólicas, através do processo de industrialização dos alimentos, a mídia, en-tre outros.”, ressalta Fragoso.

A nutricionista adverte que muitas pesso-as em condição de obeso ou sobrepeso pro-curam por remédios, “dietas milagrosas” ou qualquer coisa que os faça perder peso de forma rápida. Mas essa prática não é sau-dável. “Em uma dieta não existe nada de milagroso, existe a formação de um hábito alimentar.”.

Pessoas na condição de obesos ou sobre-peso, devem abrir mão de dietas ditas “mila-grosas” e procurar a reeducação alimentar do seu organismo. “Esse tipo de dieta funciona por apenas um curto período de tempo, pois ela sempre acaba restringindo algum tipo de grupo alimentar, como a gordura e o carboi-drato, e não supre as necessidades diárias do organismo.”, adverte.

Para um individuo perder dois quilos por

mês, é necessário que ele diminua 500 calo-rias todos os dias de sua alimentação. Uma diminuição superior a essa quantidade é se-vera demais para o corpo entender e supor-tar.

Mas nem tudo está perdido. Sabryna Es-tanek (28), cansada da luta incessante com a balança, conseguiu emagrecer 26 kg sem precisar do auxilio de remédios ou dietas drásticas. Priorizando a qualidade de vida, ela passou a buscar o ideal de saúde combi-nando alimentação equilibrada com ativida-de física frequente.

“No começo de 2011, melhorei minha ali-mentação. Em abril, entrei na academia e estabeleci um ritmo sem pressão para não desanimar. É importante manter o foco, a disciplina e não desistir.”, Sabryna explica.

Muitas pessoas interpretam o obeso como alguém sem força de vontade, que encontra--se na condição de excesso de peso porque simplesmente não conseguem controlar a vontade de comer. Acontece que o processo de emagrecimento não ocorre assim de for-ma fácil.

O tratamento médico e a ajuda de um es-pecialista são uma boa alternativa para per-der peso de forma saudável. endocrinologis-tas e nutricionistas podem auxiliar e orientar na busca pela perda de peso e por adquirir bons hábitos alimentares.

As pessoas com excesso de peso sabem o quanto a gordura atrapalha nosso cotidiano e principalmente a saúde. Algumas pessoas não se incomodam, mas grande parte sim, sempre preocupadas com os seus quilinhos a mais. Com Sabryna não foi diferente.

Em junho de 2010, pesando 100 kg, Sabryna iniciou o árduo processo de emagrecimento. Começou da forma mais natural possível, já que todas as dietas anteriores foram a base de inibidores de apetite.

“Hoje percebo que tomar essas drogas é o maior erro que uma pessoa pode cometer”, conta. A base da dieta passou então a ser a di-minuição do consumo de alimentos calóricos e a ingestão de refrigerantes, principalmente nas refeições.

Com vergonha de ir à academia, a estudante passou a fazer exercícios físicos de forma leve

usando uma bicicleta ergométrica e fazendo caminhada de domingo a domingo. Apesar da dificuldade de fazer seu organismo entender que aquela quantidade de comida não seria mais ingerida, ela não desistiu.

Com o passar dos meses e percebendo a mu-dança no corpo, Sabryna entrou na academia e foi a partir desse momento que a sua vontade de chegar ao peso normal aumentou.

“Eu pesava 100 kg e isso era muito além do que o meu corpo suportava. Fiz a combinação exata de atividade física e dieta de baixa calo-ria. Os resultados foram excelentes.”, relata.

Hoje, dois anos depois do início da dieta, Sa-bryna ainda caminha em busca do peso ideal, procura viver normalmente sem aquela fixa-ção de que precisa perder peso. “Preciso amar meu corpo, minha saúde e entender que essa meta só eu posso alcançar.”, ensina.

QUESTÃO DE PESO

O Despertar para uma nova vida

Você é o que você come

Marcília SousaRenato Freire

MEU CORPO PEDE CALMA

Sempre fiz atividade física e de repen-te descubro que estou grávida! Vaidosa como sempre, fiz de tudo para não en-gordar, mas, paranoica como sou, chorei cada mês que chegava achando que não voltaria a meu corpo jamais.

Após oito dias de ter dado a luz ao Isa-ac e louca pra voltar à forma, fui logo me sufocando com uma cinta P. Claro que fiquei dormente o dia inteiro e com a ca-beça latejando. Mas tudo bem... O que eu não faria pra não quebrar a barriga?

Para completar minha paranoia, eu amamentava e não comia bem pra não engordar. Imaginem o que aconteceu. Fui parar no hospital com hipoglicemia em alto grau, febre, um peito pedrado inchado altamente dolorido e o outro vazando pra todos os lados. Doidaaaaa!!!

Fiquei fraca, magra e tão seca que que-brei todos os espelhos da casa. Por um instante achei que ia morrer. Pensei em meu filho e passou um filme estranho vendo meu bebê sendo criado por ou-tras pessoas. Foi horrível, chorei dois dias sem parar.

Mas foi, a partir dessa minha loucura que, além de respeitar o resguardo, eu respeitei o limite do meu corpo, o meu limite! Curti meu filho, um bebê recém--nascido que precisava de uma mãe forte e viva ao lado dele. Aproveitei todos os momentos e vi que era loucura cobrar um corpo perfeito logo após uma gravi-dez e principalmente uma cesariana.

Após três meses me recuperei do resguardo, voltei a malhar calmamente e coloquei na cabeça que eu era de novo uma iniciante e estava pronta pra começar tudo do zero. Um ano e meio depois voltei à minha forma totalmente e para minha alegria voltei ainda melhor do que antes.

Detalhe, sem tanta tortura, inibidores de apetite, regimes loucos, sem para-noias. Só malhando, equilibrando a ali-mentação e com muita determinação de que, se eu realmente quero um corpo perfeito e saúde pra ter condições de cui-dar do meu filho, eu preciso de nada mais do que paciência pra malhar dia após dia dentro dos meus limites. Hoje, percebo que dá pra ficar em forma depois da gra-videz. É uma questão de tempo.

Sabryna: à procura pelo peso ideal, mas sem viver obcecada com a balança

MAIS DA METADE DOS FORTALEZEnSES TEM SOBREPESO. MUITOS InSISTEM EM DIETAS MILAGROSAS E EM AUTOMEDICAÇÃO PARA EnCOnTRAR O PESO IDEAL

Foto: Arquivo pessoal

Foto: Marcília Sousa

Anna Glecya Rodrigues

Inibidores de apetite ou dieta saudável: a busca pelo corpo ideal

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Focas e a SaúdeJornal Laboratório 09

A obesidade infantil vem crescendo no Brasil e nos últimos 20 anos au-mentou cinco vezes, atingindo cerca

de 20% das crianças brasileiras. Segundo o Instituto Brasileiro Geográfico e Estatístico (IBGE), uma em cada três crianças de 5 a 9 anos estão acima do peso. Os hábitos ali-mentares e a falta de exercício físico são os principais causadores. Esse excesso de peso pode levar as crianças a grandes problemas de saúde como diabetes, problemas cardía-cos e má formação do esqueleto.

O “corre-corre” do dia a dia e as diversas opções de comidas muito fáceis e rápidas fazem com que os pais se alimentem erra-do e os filhos também. O hábito de deixar as crianças em casa em frente a um compu-tador ou videogame, sem praticar nenhum exercício físico, contribui para o ganho de peso. Com a cozinha cheia de guloseimas, elas não comem nenhuma fruta.

O estresse do dia a dia faz com que as

crianças tenham problemas psicológicos. Ficar muito tempo dentro de casa (porque não tem quem as leve para passear ou por-que é perigoso sair) faz com que elas vivam a rotina dos pais.

Para a endocrinologista Annelise Barreto de Carvalho, a sociedade está vivendo des-sa maneira. “O pai é obeso e o filho pode ser obeso pelo fator genético ou porque come errado igual ao pai.”, diz Annelise . A classe mais baixa está com o índice de obesidade assustadora, as crianças têm acesso a ali-mentos hipercalóricos e não nutritivos. Por custarem barato, o acesso ficou mais fácil.

De acordo com a endocrinologista para uma criança manter a sua alimentação equilibrada, ela precisa comer, por dia, 2 a 3 porções de vegetais; frutas 1 a 3 vezes; peixe, frango ou ovos que são proteínas saudáveis; leite e derivados, duas vezes. Deve-se comer com moderação carne vermelha e mantei-ga, doces, chocolates, pão, arroz branco e massas. Beber bastante água durante o dia e fazer exercícios diariamente.

Os exercícios podem ser aqueles que as crianças tenham prazer em fazer, pelo me-nos três vezes por semana. Uma dieta base-

ada como essa foi passada para a pequena *Beatriz, de apenas 10 meses que pesa 12 quilos e 600 gramas. Com 4 meses a menina começou a engordar, apenas mamando.

Sua mãe, a operadora de cobrança *Li-liane Santos (31) conta que a menina foi ganhando peso. “Dos cinco para os seis me-ses eu comecei a dar mingau a ela, pois ela não se conformava só com o leite do peito”, conta.

Liliane levou a garota ao médico que pas-sou uma dieta. O peso da menina estabili-zou, mas hoje ela tem dificuldade para en-gatinhar, levantar e transpira muito. A mãe preocupada segue à risca a dieta passada pela médica, a fim de que dê resultado.

Uma criança na idade de Beatriz precisa comer de três em três horas. Às 8h, a garota come uma fruta amassada, 12h toma uma sopa de legumes com carne seca ou peito de frango, às 15h um suco de frutas ou fruta amassada, 18h outra sopa e a cada intervalo uma mama.

*Nome fictício para preservar a identidade da fonte.

QUESTÃO DE PESO

Obesidade infantil cresce no Brasil20% DAS CRIAnÇAS BRASILEIRAS SÃO OBESAS. hÁBITOS ALIMEnTARES COnTRIBUEM PARA ISSO

Leidiane Cavalcante

O Brasil possui altos índices de população com excesso de peso e, em Fortaleza, não é diferente. 54% dos fortalezen-

ses possuem sobrepeso e 15,8% são obesos, de acordo com a pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, realizada em 2011 pelo Ministério da Saúde.

O que antes predominava nos países desen-volvidos, a obesidade, hoje, afeta parcelas cada vez mais crescentes dentro das populações po-bres. Dessa forma, pensando nessa população que se desloca diariamente nos transportes co-letivos, é cada vez mais necessário que a frota seja preparada para receber essa demanda de usuários.

De acordo com Antonio Ferreira Silva, enge-nheiro chefe da Divisão de Planejamento de Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor), atualmente 850 ônibus e 116 topics do sistema complementar circulam com a estru-tura de acessibilidade, equipados com eleva-dor para cadeirantes; espaço para deficientes

visuais e cão-guia e cadeiras acolchoadas para obesos. Até dezembro de 2014, toda a frota de transporte coletivo deve estar adaptada.

Segundo a lei municipal 7.163/92, que regu-lamenta o transporte coletivo, a pessoa com obesidade deve ter o acesso facilitado no trans-porte coletivo, subindo pela porta dianteira e utilizando o acento preferencial. “A Norma 14022 dita sobre os acentos preferenciais no transporte coletivo. Para o obeso, transforma-ram o acento duplo em um só. É um banco es-pecífico, acolchoado e preferencial para pesso-as obesas.“ diz Ferreira.

A Etufor disponibiliza aos usuários através de seu site oficial, os horários de todas as linhas de ônibus que são adaptadas. Ao acessar o site é possível ver se a linha desejada tem a estrutura de acessibilidade e os horários desses ônibus, fazendo com que os passageiros possam se pro-gramar com os horários. Quem não tem acesso ao recurso da internet pode entrar em contato com o órgão.

Capacitação

Cursos de capacitação são realizados cons-tantemente, através da Etufor, para que mo-toristas e cobradores sejam orientados a in-formar os usuários sobre o uso correto dos acentos e os direitos de quem possui mobili-dade reduzida.

O motorista Antonio Erivan explica como fala aos passageiros “A gente tem que saber pedir, tem que saber lidar com pessoas. Eu sempre peço a colaboração dos usuários. Falo que as cadeiras preferenciais são um direito das pessoas especiais e os outros passageiros sempre me apoiam.”, diz.

Obesos têm assentos reservados no transporte público

Marcília Sousa

FORTALEZA POSSUI 54% DA POPULAÇÃO COM SOBREPESO. 850 ÔnIBUS E 116 TOPICS DO SISTEMA COMPLEMEnTAR CIRCULAM COM A ESTRUTURA DE ACESSIBILIDADE

“Com 4 meses, Beatriz já pesava 6 kg”, conta a mãe Liliane Santos

850 ônibus e 116 topics já circulam com as cadeiras acolchoadas para obesos

Foto: Arquivo pessoal

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Diante dessa nova realidade para popu-lação obesa, o engenheiro Antônio Ferreira acredita na importância das pessoas para cumprimento da lei e melhoria da mobilida-de nos transportes públicos.

“A gente pede também para que as pessoas com mobilidade reduzida façam valer o seu direito. Já que esses acentos foram feitos para essas pessoas, é direito delas.”, afirma o enge-nheiro chefe Antonio Ferreira.

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Focas e a SaúdeJornal Laboratório10

Quantas vezes nos olhamos no espelho e não ficamos satisfeitos com o que vemos? Quantas vezes, vendo TV

ou conversando com amigos, achamos que nosso corpo é inadequado? Desde pequenos buscamos nosso lugar na sociedade, desejamos aceitação. Mas até que ponto essa busca é saudável?

Para a aluna de ciências contábeis, Rebeca Coelho (20), que sofreu com a bulimia aos 14 anos, a busca por aceitação deixa de ser saudá-vel quando o emagrecimento e a sensação de se sentir bonita se tornam um vício capaz de fazer você desconsiderar a própria saúde.

“É viciante você ver o resultado, ver que tá ficando bem. Principalmente, a mulher que liga muito pra estética, pro físico, pra aparência. Tem muito a ver com a mídia, porque ela defi-ne um padrão de beleza e na minha época era [um padrão] magro, esquelético.”, diz Rebeca, fazendo referência ao que sentia.

Os chamados transtornos alimentares, ou transtorno da percepção corporal, atingem principalmente crianças e jovens do sexo femi-nino e se caracterizam por fazer com que as jo-vens tenham uma visão errada do seu próprio corpo, acreditando sempre que estão “gordas”, mesmo quando isso contrasta com a realidade. Entre esses transtornos, estão as clássicas ano-rexia e bulimia.

Segundo José Carlos Appolinário, membro do Grupo de Obesidade e Transtornos Alimentares do Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia (Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro), e Angélica M. Claudino, membro do Programa de Orientação e Assistência aos Transtornos

Alimentares do Departamento de Psiquiatria (Escola Paulista de Medicina/Universidade Federal de São Paulo), a anorexia geralmente ocorre na adolescência e se inicia pela restrição de alimentos considerados “engordantes”, como os carboidratos e acaba por restringir todos os outros grupos alimentares.

Já a bulimia, geralmente apresenta-se em mulheres jovens e adolescentes e é caracteri-zada por episódios de compulsão alimentar se-guidos da indução ao vômito. Ambos apresen-tam visão deturpada do corpo, medo mórbido de engordar, prática excessiva de exercícios físicos e métodos inadequados de expurgação.

A nutricionista e coordenadora do setor de nutrição do Núcleo de Atenção Médica Integra-da (Nami) da Universidade de Fortaleza (Uni-for), Myrian Fragoso, alerta para os sintomas que devem ser observados em pacientes com suspeita de transtorno. “Uma coisa comum a todos eles [transtornos] é o aspecto emocional muito forte e uma autoavaliação, a partir do peso e da forma corporal.”, explica.

Tratamento

O médico cearense, PhD em psiquiatria e orientador do Centro de Tratamento de Transtornos Alimentares (Cetrata) da Univer-sidade Federal do Ceará (UFC), Fábio Gomes de Matos e Souza, afirma que os principais fatores ocasionadores de transtornos são psi-cológicos e sociais.

“O tratamento é basicamente psicológico. A doença é tratada com essa percepção de que eu tenho que estruturar meu mundo de forma diferente. A sociedade, a família e os amigos são extremamente importantes nesse processo.”. Explica o psiquiatra, que informa, ainda, que apenas os sintomas secundários (ansiedade, depressão) são tratados com medicamentos.

No tratamento nutricional, Myrian Frago-so destaca duas fases importantes: a educa-cional, feita a partir da coleta e transmissão de informações e a fase experimental, que se dá com o trabalho do nutricionista para que o paciente perceba que situações desen-cadeiam o sintoma do transtorno e aprenda a dissociar o sentimento ou emoção dele do comportamento alimentar.

“Nessa fase só um nutricionista treinado em transtorno alimentar consegue identifi-car. Tem que ter o treinamento e a vivência em uma equipe, porque esse vai ter objetivos mais terapêuticos”. Esclarece a nutricionista a respeito da responsabilidade e capacitação que o profissional deve ter na fase experi-mental do tratamento.

Atendimento Gratuito

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QUESTÃO DE PESO

Quando a briga com o espelho vira um transtorno alimentar

Victória Rocha

Pazes com o espelho

Filha de pais separados, estudiosa, deci-dida e divertida. Rebeca era o que se con-sideraria uma criança “normal”. Mas seu corpo sempre foi motivo de reclamação por parte dela, que se considerava baixa e gordinha. Porém, na infância, o peso não chegava a ser uma de suas grandes preo-cupações.

Com a chegada da adolescência, no en-tanto, chegaram também as inquietações, a necessidade de se encaixar, a cobrança e os comentários daqueles que eram mais próximos a respeito de seu peso.

“Lembro muito da minha madrasta fa-lar que eu tava gorda e a gente ir comprar roupa com meu pai no fim do ano e nunca dar certo. Era muito ruim passar por isso.”, diz ela a respeito da frustração que sentia com o peso.

O padrão era magro e ela não estava in-serida nele. As dietas, feitas por conta pró-pria ou indicadas por pessoas que nada tinham a ver com a nutrição, não surtiam efeito e o próprio corpo passava agora a ser seu grande inimigo.

Por volta dos 14 anos, ao acaso, em uma brincadeira com uma das irmãs mais ve-lhas durante as férias na casa do pai, Rebe-ca descobriu a “facilidade” de poder comer tudo o que tinha vontade e depois se des-fazer do que poderia aumentar seu peso.

“Eu comecei a forçar o vômito. Eu sentia muita fome. Comia até encher a barriga, bebia água e depois forçava. Eu sabia que não fazia bem pra mim, mas eu queria emagrecer.”, revela.

Começava aí a bulimia e os episódios se tornaram frequentes. Era uma maneira de diminuir a culpa por ter comido “besteira”.

Após pouco mais de seis meses, Rebeca contou ao namorado o problema pelo qual estava passando. A preocupação dele e os avisos que o corpo começava a dar (estava muito magra e o organismo já começava a rejeitar todo tipo de comida) fizeram com que ela lutasse contra a bulimia.

O processo não foi fácil, mas o apoio e as frases de incentivo daqueles que diziam que ela estava ótima começaram a fazer com que ela aceitasse o próprio corpo e evitasse dia após dia a indução ao vômito.

Hoje, com 20 anos, 1.67m de altura e 63 kg, Rebeca conta que procurou uma nutri-cionista e buscou se alimentar de forma balanceada. Ela afirma que, às vezes, se sentir culpada pelo que come ainda é ine-vitável, mas o amadurecimento a faz lem-brar que se enquadrar nos padrões dita-dos pela sociedade não é tão importante.

PERFIL

Cálculo IMC

IMC ClassificaçãoMenor que 18,5 Excesso de magreza18,5 – 25 Peso normal25 – 30 Excesso de Peso30 – 35 Obesidade (Grau 1)35 – 40 Obesidade (Grau 2)Maior que 40 Obesidade (Grau 3)

Peso (em quilos)IMC =

Altura x altura (em metros)

Rebeca Coelho, hoje, já livre da bulimia

Foto: Victória Rocha

Calcular peso ideal, através do Índice de Massa Corporal (IMC), é uma das formas para se obter um indicativo de que você está acima ou abaixo do peso ideal, de forma simples e rápida. Desevolvido pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o cálculo do peso ideal é feito utilizando a fórmula:

Page 11: Focas e a Saúde

Focas e a SaúdeJornal Laboratório 11

Talvez poucos tenham parado para pen-sar que a carne que consumimos é produzida através de animais criados

especialmente para abate e que essa produção causa grandes impactos ao meio-ambiente, como o desmatamento e o aumento do buraco na camada de ozônio. São essas as principais queixas de quem faz a opção do vegetarianis-mo – hábito que se divide, basicamente, em dois: ovo-lacto vegetariano, no qual não se inge-re carne, mas inclui derivados lácteos e ovos; e o vegano ou vegetariano estrito, que exclui qual-quer tipo de alimento procedente de animais.

O agronegócio é um setor que, desde os anos 70, continua em constante crescimento no Bra-sil. A produção de carnes, então, possui expec-tativa de grande aumento para os próximos 10 anos. Segundo estudo realizado pela Assessoria

de Gestão Estratégica do Ministério da Agricul-tura Pecuária e Abastecimento, o consumo de carnes, principalmente a do frango, deve cres-cer. Por outro lado, segundo pesquisa feita entre agosto de 2009 e julho de 2010, o IBOPE com-provou que 9% da população brasileira já era adepta do vegetarianismo. O que significa que 17,5 milhões de brasileiros aderiram a esse tipo de alimentação.

Saúde

Além da proteção ao meio-ambiente e aos animais, a dieta vegetariana proporciona uma vida mais saudável. É o que comprova a nutri-cionista Anna Araújo Anderson. “Existem mui-tos estudos indicando que a inclusão de fontes vegetais na alimentação protege o ser humano contra muitas doenças crônicas, ao mesmo tempo em que há estudos que relacionam a in-gestão de carne vermelha com o risco de desen-volver as mesmas”. Mas, a nutricionista alerta que esse hábito só será mais saudável do que

a dieta onívera (come carne e vegetais), se for balanceada, ou seja, abrangendo todos os nu-trientes necessários para uma boa saúde.

Ana Rachel, 20 anos, nunca possuiu acompa-nhamento nutricional, mas pesquisa bastante na internet sobre as deficiências nutricionais do hábito, o que faz com que seja ovo-lacto vegetariana a 5 anos e meio. Apaixonada por doces e massas, Rachel, normalmente, almoça arroz e feijão, e como passa o dia fora de casa, acaba lanchando algum salgado de queijo.

Ao contrário do que alguns pensam, com uma alimentação balanceada, quem é ovo--lacto vegetariano consegue suprir todos os nu-trientes para uma alimentação saudável. Para os veganos, o único nutriente que sua alimenta-ção não cobre é a vitamina B-12, pois sua única fonte é animal. De acordo com Anna Araújo, é importante o vegetariano fazer “exames labo-ratoriais para saber se existe carência (nutri-cional) e suplementar através de suplementos específicos”, afirma.

Ovo-lacto-vegetariano: Não consome nenhum tipo de carne, mas pode consumir produtos de origem animal como ovos, leite e derivados.Lacto-vegetariano: Não consome carne, mas come leite e derivadosOvo-vegetariano: Não inclui carne, mas ingere ovo.Veganismo: Excluem todo e qualquer produto de origem animal, seja ele alimento ou até mesmo vestimentas.Frutarianismo: Nessa dieta, a alimentação é baseada em frutas em geral, cruas ou cozidas.Flexitariano: Funde os conceitos vegetariano e flexível, pois seus adeptos se alimentam de vegetais, mas se permitem em determinados momentos comer carne.Crudivorismo: Só permite o consumo de alimentos crus.

TIPOS DE VEGETARIANISMO

QUESTÃO DE PESO

O que é ser vegetariano?

Renato Freire

“Não é muito difícil manter consumo ideal diário de proteínas, não preciso to-mar suplementos nem nada. Arroz e Fei-jão já possuem todos os aminoácidos ne-cessários e nem precisam ser ingeridos em grande quantidade, como a maioria pensa. Soja também é muito rica em pro-teínas, tanto que é a ração preferível para se alimentar gado.” Ana Rachel Vidal, 20 anos, estudante de medicina veterinária na UECE, explica que a dieta vegetariana pode ser fundamental para a saúde.

Rachel nunca gostou muito de carne vermelha e decidiu se tornar vegetaria-na, principalmente, depois de assistir o documentário A Carne é Fraca do Insti-tuto Nina Rosa. Por ser estudante de vete-rinária, já se percebe que ela leva a sério a causa e se diz apaixonada por animais.

Como possui uma vida corrida e estu-da na UECE, ela acaba se alimentando por lá, mesmo sem muitas opções de ali-mentos sem carne. Rachel diz que os su-permercados, geralmente, possuem co-midas sem carne e de soja, e, acaba que a compra desses alimentos fica mais bara-ta financeiramente. Mas, por outro lado, ainda é difícil conseguir comida rápida sem carne.

Alguns amigos da sua idade admiram e queriam conseguir deixar de comer carnes, outros, principalmente mais ve-lhos, estranham e criticam o seu hábito. Por essa e outras coisas Rachel diz que “os animais não foram feitos para servirem aos latifundiários”. Ressaltando, ainda, não ser um sacrifício para ela deixar de comer carnes, é, além de tudo, uma esco-lha alimentar saudável e uma proteção aos animais e ao meio-ambiente.

Para quem é vegetariano ou pretende ser, a nutricionista Anna Araújo prepa-rou uma dieta balanceada ovo-lacto ve-getariana diária, o que acaba não sendo muito diferente do que uma alimenta-ção onívera deveria ser, só não se inclui carnes.

Desjejum: • Vitamina de leite de soja com banana + aveia, granola e linhaça.• Sanduiche de pão integral com queijo branco, tomate e orégano e azeite de oliva extra virgem.Lanche:• Barra de cereal e castanhas + 1 copo de suco de cenoura com laranja.Almoço:• Almôndegas de soja ao molho de tomate + arroz integral + feijão verde com jeri-mum + purê de batata doce + salada crua e legumes ao vapor com azeite de oliva.Sobremesa: • 2 fatias de abacaxi.Lanche: • Cookies integrais com suco de uva.Jantar:• Omelete de legumes e salada verde.Ceia: • 1 copo de leite de soja com achocolatado orgânico.

Apaixonada por animais

Dieta balanceada vegetariana

Basicamente, os tipos de vegetarianismo mais comuns são o ovo-lacto-vegetariano e o veganismo, mas existem outros tipos menos comuns.

PERFIL

MAIS DO QUE UM hÁBITO ALIMEnTAR, UMA LUTA A FAVOR DOS AnIMAIS E DA TERRA

Carnes e frutas e verduras: O hábito de comer carnes tem previsão de aumento para os próximos 10 anos

Foto: Renato Freire

Page 12: Focas e a Saúde

Focas e a SaúdeJornal Laboratório12

SOLIDARIEDADE

Peter Pan: tratamento que cura

Danielle OliveiraJorsandra CunhaLarissa CavalcanteMariana FreitasNaiara Julião

O Instituto Peter Pan é uma entidade sem fins lucrativos, sem caráter religioso ou partidário. Atualmente, ele assiste

cerca de duas mil crianças e adolescentes com câncer, assim como, suas famílias.

O projeto nasceu a partir de visita de vo-luntários ao Hospital Infantil Albert Sabin em 1996. Com parceria do Instituto Ronald Mcdo-nald e sendo beneficiado pela campanha Mc Dia Feliz de 1999 e 2000, a Associação Peter Pan conseguiu construir o Hospital Peter Pan.

No hospital é realizado o serviço de qui-mioterapia, atendimento social das crianças, adolescentes e familiares. O atendimento das crianças no instituto é dividido em três ações: tratamento especializado, atendimento huma-nizado e diagnóstico precoce.

O hospital conta com o trabalho de voluntá-rios e recebe profissionais do centro pediátrico do Hospital Infantil Albert Sabin. “Me interessei em conhecer o Peter Pan quando vi o trabalho de umas amigas aqui no hospital. Resolvi ser voluntária e estou adorando. Trabalho aqui às quartas e sextas pela manhã.”, relata Juliana Marques, voluntária e aluna de serviço social da Universidade de Fortaleza (Unifor).

Renata de Lima, assessora de comunicação do hospital, explica que a maioria dos atendi-mentos realizados é feito em crianças de outros estados. Nesses casos, o paciente fica internado no próprio hospital e seus familiares podem fi-car hospedados para acompanhá-los.

Francisco Junior* veio de Belém do Pará para acompanhar a neta no tratamento contra o câncer. Francisco conta que os médicos de um hospital do Pará revelaram que a chance que a criança tinha de viver era de 10%, devido à gravidade da doença.

Ele não desistiu e se mudou para Fortaleza com a filha e a neta, quando soube do trabalho realizado pelo Peter Pan. Lá, a criança realizou o tratamento durante 5 anos e se curou do cân-cer. Hoje, ela vai mensalmente ao hospital ape-nas para um acompanhamento padrão. O avô contou a história, emocionado, e comentou: “O Peter Pan salvou a minha neta, a minha guer-reira.”.

*Nome fictício para preservar a identidade da fonte.

As alunas do curso de jornalismo, Danielle Oliveira, Naiara Julião, Larissa Cavalcante, Ma-riana Freitas e Jorsandra Valéria, resolveram sentir um pouco da experiência de passar um dia como voluntárias do Instituto Peter Pan.

Para elas o dia foi inesquecível, maravilhoso e as crianças eram meigas e atenciosas, sen-do ótimo levar alegria e diversão para o local. Realizaram brincadeiras, pinturas e contaram histórias infantis. As jovens universitárias afir-

maram que a experiência é única e que todos deveriam experimentar.

Para ser um voluntário é necessário ir ao centro pediátrico, falar com Luciana Silva, di-retora e assistente social do instituto, para sa-ber como funciona o voluntariado. Também é preciso ter vontade de ajudar, de levar amor e carinho para as crianças e ter disposição de horário.

Além de voluntários, o Instituto Peter Pan re-

cebe doações que podem ser feitas em boleto bancário, doações de restituição do imposto de renda (informações pelo número 4008-4104) e notas fiscais.

Com a ajuda, através de doações de notas fiscais, o Hospital Peter Pan arrecadou, nos úl-timos cinco anos, R$ 329 mil. O Instituto tem 115 urnas espalhadas pela cidade. Você pode encontrá-las em farmácias, supermercados e nas lanchonetes McDonald’s.

Amigas voluntárias

VOLUnTARIADO, DOAÇõES E BOA VOnTADE PERMITIRAM QUE O hOSPITAL ATEnDESSE CERCA DE 2 MIL CRIAnÇAS E ADOLESCEnTES

Fotos: Focas e a Saúde

Estudantes da FaC vivem um dia de voluntariado no hospital Peter Pan que trata crianças e adolescentes com câncer