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Cidade Ano
Campo Grande
2017
FRANCIELLE DA SILVA PEREIRA
HUMANIZAÇÃO NA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PARTO NORMAL
Campo Grande
2017
HUMANIZAÇÃO NA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PARTO NORMAL
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Anhanguera Educacional, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Enfermagem.
Orientador: Erica Cristina Mendes Dias
FRANCIELLE DA SILVA PEREIRA
FRANCIELLE DA SILVA PEREIRA
HUMANIZAÇÃO NA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PARTO NORMAL
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Anhanguera Educacional, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em enfermagem.
BANCA EXAMINADORA
Agleison Omido Junior
Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a)
Glauce Sueline de Siqueira
Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a)
Liara Ferreira dos Santos
Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a)
Campo Grande, 07 de novembro de 2017.
Dedico este trabalho primeiramente a Deus, pois sem Ele nada seria.
Aos meus pais, Nilza e Manoel e a minha irmã Danielle, pelo incentivo
e principalmente pela força.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, em primeiro lugar, pela força e pela coragem, por ser
essencial na minha vida, ajudador nos momentos mais difíceis e ser o socorro bem
presente na hora da angústia.
Aos meus pais, com muito carinho e apoio, não mediram esforços para que
eu concluísse mais essa etapa na minha vida. A minha irmã pelo incentivo.
As minhas amigas Rafaela e Ruth Godoy, pois com vocês, as pausas entre
um parágrafo e outro de produção melhorou tudo o que tenho feito.
E a todos aqueles que de alguma forma estiveram próximos de mim, fazendo
valer cada vez mais a pena.
PEREIRA, Francielle Da Silva. Humanização na assistência de enfermagem. 2017. p. 23. Trabalho de Conclusão de Curso de Enfermagem – Anhanguera Educacional, Campo Grande, 2017.
RESUMO
O objetivo deste estudo foi revisar a literatura sobre a Humanização na assistência de enfermagem no contexto dos cuidados necessários durante o parto normal de acordo com a Nova Diretriz. A pesquisa foi realizada a partir de fevereiro de 2017, em sites e artigos científicos na Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e Scielo selecionados a partir de 2002 até 2017. Trata-se da humanização da assistência as gestantes que abrange o compromisso e o interesse do cuidado à mulher como um todo, com respeito, empatia e comunicação para satisfazer e melhorar a qualidade do atendimento, além de contribuir favoravelmente as condições psicológicas, físicas e sociais. Assim, o enfermeiro deve atuar visando a gestante, segurança, conforto e coragem. Portanto, a assistência humanizada gera o impacto na vida das parturientes, pois melhora o atendimento sem que haja riscos, complicações desnecessárias, com reconhecimento social e cultural, transformando o nascimento em um momento exclusivo e especial.
Palavras-chave: Parto normal; Parto Humanizado; Assistência humanizada; Desempenho do enfermeiro no parto; Cuidados na assistência do parto.
PEREIRA, Francielle Da Silva. Humanization in nursing care. 2017. p. 23. Trabalho de Conclusão de Curso de Enfermagem – Anhanguera Educacional, Campo Grande, 2017.
ABSTRACT
The objective of this study was to review the literature on Humanization in nursing care in the context of the care required during normal delivery according to the New Guideline. The research it was made out from February 2017 on sites and scientific articles in the Virtual Health Library (VHL) and Scielo selected from 2002 to 2017. It's about the humanization of care for pregnant women, which encompasses the commitment and interest of caring for the woman as a whole, whit respect, empathy and communication to satisfy and improve the quality of care, besides contribuing favorably to the psychological, physical, and social conditions. Thus, the nurse must act aiming at the pregnant woman, safety, comfort and couarge. Therefore, humanized care generates impact on the life of parturientes, since it improves care without risks, unnecessary complications, social and cultural recognintion, transforming the birth in na exclusive and special moment.
Key-words: Normal birth; Humanized birth; Humanized assistence; Nursing performance at birth; Care in childbirth care.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...........................................................................................................09
1 HUMANIZAÇÃO NO PARTO NORMAL.................................................................11
2 PAPEL DO ENFERMEIRO NA HUMANIZAÇÃO DO PARTO...............................15
2.1 BREVE HISTÓRICO DE ENFERMAGEM OBSTÉTRICA.........................15
2.2 ATRIBUIÇÕES DO ENFERMEIRO NO PARTO NORMAL.......................17
3 OS CUIDADOS DURANTE O TRABALHO DE PARTO........................................19
CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................21
REFERÊNCIAS.........................................................................................................22
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INTRODUÇÃO
O nascimento é considerado o momento mais importante na vida de uma
mulher, dar a luz é uma ação singular e especial, no qual abrange família e
sociedade. Todavia, para que isso aconteça é preciso uma gravidez e um parto de
qualidade. Assim, humanizar o parto normal e nascimento é o processo chave, pois
se utiliza de conhecimento, respeito e o mais importante, um atendimento
satisfatório. O cuidado à gestante se dá por meio de uma equipe de profissionais
que buscam humanizar a assistência de enfermagem proporcionando não somente
para a mulher, mas para todas as pessoas que as cerca, uma assistência íntegra,
segura e saudável.
Contudo, mesmo com as atuais mudanças no modelo assistencial
relacionado à parturiente e com todo avanço tecnológico, ainda há dificuldades na
qualidade do atendimento para todas as mulheres. Por isso, é importante destacar o
significado da assistência humanizada, compreender o estado emocional, identificar
suas queixas e resolvê-las de forma adequada.
A assistência humanizada abrange o compromisso e o interesse do cuidado
à mulher como um todo, com respeito, empatia, comunicação e conhecimento
técnico-científicos; é feito esta revisão bibliográfica para demonstrar o devido
cuidado com princípio de satisfazer as necessidades da parturiente. Sua finalidade é
identificar a importância das práticas humanizadas reconhecendo os aspectos
sociais e culturais da população de gestantes.
Refere-se a uma pesquisa bibliográfica sendo de propósito exploratório na
abordagem qualitativa; baseada na análise de sites e artigos científicos selecionados
por meio das fontes: SIELLO, Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e Portal Saúde. O
conteúdo escolhido foi selecionado a partir de fevereiro de 2017, sendo classificados
na língua portuguesa de aspecto nacional, publicados entre o período de 2002 a
2017, que contivessem como fundamento teórico a humanização na assistência ao
parto normal. Para análise dos artigos, seguiram-se as seguintes etapas: a) Leitura
integral e distinção dos que abrangessem a pesquisa; b) Leitura minuciosa e
exclusão daqueles que não contribuiriam para elaboração do estudo; c) Leitura
analítica, com interpretação dos resultados alcançados. Os descritores usados
foram: Parto Normal, Parto Humanizado e Desempenho do Enfermeiro no Parto.
10
Sabe-se que parturientes que estão em trabalho de parto é natural
apresentarem alterações emocionais, medos e dores devido à intensidade gradativa
das contrações. Considerando este senário, como as ações humanizadoras podem
influenciar durante esse momento na vida destas mulheres?
Este estudo tem por objetivo revisar a literatura sobre a humanização na
assistência da enfermagem obstétrica relacionado às práticas mais comuns no parto
normal. Para isso, foram traçado os seguintes itens: 1) Demonstrar as características
do parto normal humanizado; 2) Analisar o papel do enfermeiro obstétrico na
humanização do parto e 3) Apontar determinados cuidados baseados na nova
Diretriz Nacional de Assistência ao Parto Normal.
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1 HUMANIZAÇÃO NO PARTO NORMAL
O modelo assistencial a saúde da parturiente, mesmo com todo o avanço
tecnológico e estudos científico alcançado, ainda há mistificação do real significado
do parto normal; que é considerado, por muitos, como o ato patológico baseado em
práticas intensivistas ao invés de um ato fisiológico, natural e personalizado
(CASTRO; CLAPIS, 2005).
De acordo com esta concepção, normal está ligeiramente ligado à norma,
limitando de como a mulher deve ou não agir durante o trabalho de parto; excluindo
o direito de escolhas, crenças e valores. O parto normal tem sido denominado como
parto dirigido, ou seja, a parturiente é mobilizada, em dieta zero, com procedimentos
invasivos e em uma única posição, além disso, escolhas de práticas excessivas
como, manobras radicais, incisão no períneo e a utilização de fórceps. Seguir esse
modelo assistencial permite a mulher passar por sofrimento físico e emocional
descabido, ocasionando a utilização insensata da tecnologia, impactando no
aumento da morbimortalidade materna e perinatal (DUTRA; MEYER, 2007; DINIZ,
2005).
Porém, o parto normal é uma ação fisiológica na vida da mulher composta por
três períodos interligados, com o propósito de acompanhar o estado físico e
emocional da mulher durante o nascimento de seu filho. O primeiro período do parto
normal é a dilatação do canal de parto, que é identificado com o início de dores
devido às contrações, sendo possível variar de 12 a 16 horas de duração, de acordo
com cada mulher. Seguindo, o segundo período é a fase expulsiva com contrações
mais frequentes e regulares, nesse momento é solicitado à mulher a fazer força para
auxiliar o deslocamento do bebê pelo canal. E por fim, o terceiro período é
denominado como dequitação evidenciada com a saída da placenta, logo após o
nascimento do bebê (SEDICIAIS, 2017).
Visto isto, a dor ao longo do trabalho de parto é legítima e, além disso,
sucedem simultaneamente com sentimentos de sofrimento, solidão, medo,
fraquezas, culpa e anseios, pelas quais são afastadas de seus familiares, passam
em ambientes estranhos e intervenções excessivas com o objetivo de acelerar o
nascimento do bebê (SANTOS; OKAZAKI, 2012; GOMES et al., 2014).
12
É natural que durante a gestação e parto sejam carregadas de fortes
emoções, logo podem se sentirem frustradas ao desconhecerem o sofrimento das
dores preconcepções e parturição. A dor é o fator que mais influência negativamente
o trabalho de parto, em razão do desgaste físico e mudança de humor. Ademais as
parturientes sofrem durante os exames de toque vaginal, que serve para
diagnosticar a dilatação do canal de parto; e com a manobra de Kristeller – que é
uma pressão no fundo do útero durante o segundo período do parto – em que é
realizado antes do deslocamento do bebê, ocorrendo desconforto materno e riscos
ao útero, região perianal e feto (SILVA; BARBIERI; FUSTINONI, 2011).
Para tanto, é proposto à humanização na assistência do parto normal para
melhoria do atendimento, reduzir as taxas de morbimortalidade mãe-filho e
proporcionar o conhecimento, as práticas e as atividades que garantem à promoção
do parto normal sem intervenções excessivas (CARVALHO; PINTO; VAZ, 2005).
Portanto, humanizar é o modo que se respeita a subjetividade das mulheres,
destacando-a como a principal e permitindo a melhoria da assistência à cultura,
crenças, valores e opiniões; é honrar e formar condições para que todas sejam
atendidas holisticamente, ou seja, consideradas como um ser bio-psico-sócio-
espiritual (CASTRO; CLAPIS, 2005).
A subjetividade de cada mulher é composta por características específicas,
como índole, sentimentos, escolhas, crenças, valores próprios, dignidade e senso de
justiça; e humanizar o parto é respeitar e estabelecer circunstâncias para que cada
dimensão da natureza humana seja atendida. Desta maneira, as necessidades
serão correspondidas e em relação à assistência prestada, se sentirão seguras
(CASTRO; CLAPIS, 2005; MACHADO; PRAÇA, 2006).
De acordo, a humanização na assistência do parto normal aparece como
primordial para, de certa forma, redefinir as relações humanas com revisão do
planejamento de cuidado, da compreensão e dos direitos humanos. Pois, o
desconhecimento das gestantes e familiares sobre suas preferências, a falta de
apoio emocional, a ausência de preparo e comunicação entre os profissionais com a
parturiente resulta na insatisfação, descaso e até mesmo, possíveis complicações
que poderiam ser evitadas (DINIZ, 2005; SANTOS 2011).
Um dos principais propósitos da humanização durante o parto é a relação
entre profissional e a paciente; o profissional deve respeitar as opiniões da paciente,
13
dando espaço para que ela participe das decisões, onde ela pode aceitar ou recusar
as opções de procedimentos. Isso é possível por meio do respeito à autonomia e da
comunicação, isto é, dar atenção e orienta-la é fundamental no modelo humanizado
(MACHADO; PRAÇA, 2006).
No atendimento humanizado é essencial o acolhimento desde a chegada da
mulher junto à família até o período de alta médica, em razão de recepcionar de
forma agradável e atentiva a ouvir às queixas, preocupações, medos e dúvidas; a
fim do comprometimento da equipe na resolução das dificuldades identificadas,
sendo assim, possível a continuidade da assistência (PINHEIRO; BITTAR, 2013).
Vale acrescentar que, para proporcionar uma boa assistência durante o
trabalho de parto, é essencial o bem-estar físico e emocional. Dito isso, humanizar
também abrange o direito da mulher receber privacidade, proteção e comodidade,
com cuidados que visam à qualidade e promoção a saúde. O apoio emocional se dá
por intermédio da compreensão do profissional e de um acompanhante escolhido
pela própria paciente (MOURA; 2007).
Permitir o acompanhamento do esposo ou outro membro da família garante
uma assistência mais afetiva, pois o acompanhante pode transmitir segurança nas
palavras e atenção com gestos de carinho, proporcionando companhia e
acalmando-as em momentos de dores (PERDOMINI; BONILHA, 2011).
Identificar as características do local do pré, parto e pós-parto, assegura a
paciente um ambiente mais acolhedor e confortável; faz com que perceba estar em
um local não hospitalar. Esta prática humanizadora concede mais liberdade para
movimentação e reforça o conceito de que dar a luz não é um processo patológico,
mas sim, um momento único e natural. Na ótica do parto humanizado aconselha que
as mulheres em trabalho de parto normal sejam incentivadas a andar e ter
autonomia de escolher a posição mais confortável, não podendo ser limitadas a uma
só posição (SANTOS; OKAZAKI, 2012).
Portanto, o conceito de humanização do parto normal tem sido ampliado em
vários aspectos como, da ética, da estética e da política; listados no respeito aos
direitos, fornecendo acessibilidade à assistência de saúde, de modo humanitário e
de qualidade, cumprindo com os princípios de cidadania. Todavia, mesmo não
sendo fundamentada em modelo intensivista, a humanização possibilita a utilização
cautelosa da tecnologia em que há atualmente, optando para maior segurança à
14
saúde tanto para a mulher, quanto para o seu bebê (PINHEIRO; BITTAR, 2013;
SANTOS; OKAZAKI, 2012).
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2 PAPEL DO ENFERMEIRO NA HUMANIZAÇÃO DO PARTO
2.1 BREVE HISTÓRICO DA ENFERMAGEM OBSTÉTRICA
Em meados do século XVI, a realização do parto era de domínio das
parteiras, que tinham experiências próprias do processo natural do parto. Porém,
essa prática foi ocultada pela criação do fórceps obstétrico pelo cirurgião inglês
Peter Chamberlen; a partir dessa criação, o parto foi considerado de nível técnico-
cientifico de caráter médico. Com empoderamento da enfermagem foi
regulamentado o ensino de enfermagem as parteiras no Brasil em 1832, nas
Faculdades de Medicina no Rio de Janeiro e na Bahia. Depois de alguns anos, foi
aprovada a titulação de obstetras para as formadas do Curso de Obstetrícia da
Faculdade de Medicina e Cirurgia de Pará. Com a possibilidade de ensino nas
escolas médicas, favoreceu o treinamento das parteiras que contribuiu para o
conhecimento técnico na execução do parto sem distocia. No qual, foi atribuído
diretamente à responsabilidade da qualidade da assistência a saúde da mulher e
infantil. Desta forma, a realização do parto foi dividida em duas profissões: a
medicina e a enfermagem (SENA et al., 2012).
Contudo, com a inclusão da tecnologia e intervenções excessivas
transformaram de um parto natural, para um processo patológico, aumentando a
taxa de morbimortalidade e a escolha de partos cesarianos desnecessários. Ainda
mais, com a perda progressiva das práticas das antigas parteiras durante o
nascimento, aumentou o uso de medicações alterando o modelo de parto (RIESCO,
2002).
Nessa perspectiva, no fim do século XX, o Ministério da Saúde (MS) instituiu o
Programa de Assistência à Saúde da Mulher (PAISM) com o propósito de incorporar
a assistência à mulher fundamentada nos ideais do direito à saúde, da integralidade
do cuidado e da equidade de gênero. Desde 1999, o MS oferece cursos de
especialização em enfermagem obstétrica, sendo uma grande conquista na história
nacional no quesito da qualificação de enfermeiros (as) para a assistência a mãe-
filho (SENA et al., 2012).
Além dessas melhorias citadas a saúde e a qualificação dos profissionais, o
MS no mesmo ano de 1999, publicou a portaria 985 inaugurando as Casas de Parto
Normal (CPN), com finalidade de garantir à assistência qualificada a parturiente
16
baixa complexidade, sendo o enfermeiro obstétrico o responsável pelo setor e
capacitado para reanimação neonatal. Logo após, foi criado o Programa de
Humanização no Pré-natal e Nascimento (PHPN), com objetivo de enfatizar a
importância da qualificação dos enfermeiros para assim, diminuir os altos índices de
morbimortalidade materno e perinatal (ALMEIDA; GAMA; BAHIANA, 2015).
Atualmente, o exemplo da assistência aplicada pela enfermagem obstétrica
está baseado na humanização da assistência e tem como fundamento as políticas
públicas de saúde, no aspecto integral, uso de tecnologias adequadas e precisas,
valorização da personalidade e estilo de vida (FREDIANO, 2011).
Segundo a Organização Mundial da Saúde, houve um equilíbrio a procura de
partos cesarianos em relação ao parto normal; pelo qual, até 2010 o número de
cesarianas vinha sendo acentuada. Como mostra a figura 1:
Figura 1 Índice de cesarianas no país
Fonte: Ministério da Saúde (2017)
Isto aponta que as intervenções cirúrgicas juntamente com a cultura
intervencionista de outrora executada, está sendo esclarecida aumentando a
procura do parto normal, possibilitando o processo natural de parto (PORTAL
SAÚDE, 2017).
17
2.2 ATRIBUIÇÕES DO ENFERMEIRO NO PARTO NORMAL
A assistência do enfermeiro está relacionada às condições da mulher no
decorrer do trabalho de parto. No ato da admissão, deve-se realizar o
questionamento sobre o histórico de enfermagem do pré-natal com a finalidade de
investigar informações de intercorrências patológicas. Estar alerta às lamentações e
inspecionar manifestações clínicas que possam apontar algum risco. Explicar as
etapas do trabalho de parto e as medidas a serem executadas, como também, as
técnicas respiratórias a cada contração no decurso da dilatação (SANTOS;
OKAZAKI, 2012).
Como já foi visto o processo do parto é complexo de ansiedade e alegria para
a mulher e familiares, por este motivo é relevante que o enfermeiro diante a
percepção no início do parto receba a gestante e as pessoas que a cercam de forma
acolhedora, estabelecendo uma boa comunicação e confiança para resultar
positivamente na assistência durante o parto (DOTTO, MAMEDE, F. MAMEDE;
2008).
Consequentemente, o papel do enfermeiro na assistência durante o trabalho
de parto é primordial pela visão organizacional, resultando na desmistificação da
cultura intervencionista, orientando as gestantes sobre os benefícios de um parto
normal e principalmente, contribuindo da maneira mais humanizada. Assim, faz-se
necessário a conduta do enfermeiro em todas as áreas da saúde, mas para tanto, é
essencial que os profissionais estejam sempre se qualificando para melhor exercer
suas atividades e acompanhar as atualizações tecnológicas e socioeconômicas no
cuidado ao parto e pós-parto (SENA et al., 2012).
Além do mais, o cuidado está diretamente relacionado à enfermagem e é a
base das atribuições em que os compete, por essa razão, a enfermagem deve atuar
visando a gestante, segurança, conforto e coragem. O perfil do enfermeiro deve ser
formando pela imparcialidade, contribuir na assistência salva de complicações e
empregar intervenções somente quando necessárias. Outro sim, o enfermeiro deve
estabelecer um vínculo com a paciente se relacionando com entusiasmo, para que o
conhecimento da paciente seja agregado ao saberes científicos, permitindo assim,
autonomia durante o trabalho de parto (ALMEIDA; GAMA; BAHIANA, 2015).
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É evidente que a atuação da enfermagem cumpre um importante papel nessa
experiência, através do conhecimento devem assegurar o bem-estar da mulher e do
bebê, identificando os momentos graves em que as suas ações sejam precisas
(PADILHA et al., 2011).
A educação em saúde compõe uma das variadas atribuições conveniente ao
exercício profissional do enfermeiro, ou seja, o enfermeiro ao se deparar com
mulheres que defendem o parto normal como doloroso, cabe a ele auxilia-las no
entendimento melhor sobre o parto normal e seus benefícios. Juntamente as
atividades assistenciais, o enfermeiro possui funções na parte administrativas,
incumbindo a eles a supervisão da equipe de enfermagem, o fornecimento de
materiais e a organização do espaço físico (ALMEIDA; GAMA; BAHIANA, 2015).
19
3 OS CUIDADOS DURANTE O TRABALHO DE PARTO
A educação é considerada um dos mais importantes elementos de promover
a saúde, que molda um processo político e de ensino tendo como resultado o
desenvolvimento de conhecimentos específicos e cautelosos à autonomia do ser
humano; pois, ao permitir o crescimento e elaboração de um pensar que possibilita a
pessoas serem capazes de oferecer mudanças e decidir sobre questões
relacionadas ao cuidado de uma mulher, da família e da sociedade (FERREIRA et
al., 2013).
No que diz respeito à qualificação dos enfermeiros, os profissionais devem
continuamente se atualizar e se aperfeiçoarem frente às novas tecnologias, para que
assim, exista uma assistência humanizada. A educação em saúde, para o parto,
significa como um decurso permanente e são caracterizadas nas trocas de
experiências, conhecimentos técnicos e enriquecimento das relações entre pessoas,
tais como, o profissional de saúde, a gestante e a família. Entende-se que os planos
educativos influenciam na responsabilidade com a qualidade de vida (CAMPOS et
al., 2016).
Desde 1998, o MS vem capacitando enfermeiros obstétricos para um
completo atendimento durante o trabalho de parto, por meio de cursos de
especialização em enfermagem obstétrica e diretrizes ministeriais. Sobre isso, foram
criados programas para proporcionar uma assistência durante o parto, de qualidade
e humanitário (MOURA et al., 2007).
No entanto, como já foi descrito, mesmo com as atuais mudanças no modelo
assistencial relacionado à parturiente e com todo avanço tecnológico, ainda há
dificuldades na qualidade do atendimento para todas as mulheres como, por
exemplo, uso de manobras radicais, descasos e altos níveis de morbidade e
mortalidade de ambos – mulher e criança (CASTRO; CLAPIS, 2005).
O MS e outros órgãos não governamentais têm proposto mudanças na
assistência durante o trabalho de parto; nessa perspectiva, foi elaborado As
Diretrizes Nacionais de Assistência ao Parto Normal (2017), com a finalidade de:
“reduzir intervenções desnecessárias no processo de assistência ao parto normal e
consequentemente os seus agravos”.
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Dentre diversos cuidados, segue os primordiais:
- Estimular a ingestão de líquidos, podendo ser soluções isotônicas;
- Higienizar a vulva e perianal antes do exame vaginal somente com água potável,
sem necessidade de tricotomias;
- Informar sobre o toque vaginal e sobre a sua importância;
- Avaliar o bem-estar fetal com ausculta intermitente;
- Oferecer técnicas não farmacológicas para o alívio da dor como a imersão em
água, massagens e bolas de fisioterapia, musicoterapia, acupuntura, fitoterapia e
cromoterapia;
- Explicar sobre ruptura das membranas, e se for evidente o diagnóstico não realizar
toque vaginal sem contrações;
- Não realizar enema sem necessidade;
- Encorajar a deambulação e oferecer opções de posições que venha ser mais
confortável;
- Não realizar manobra de Kristeller no segundo período do trabalho de parto;
- Não realizar episiotomia, caso seja preciso justificar sua indicação;
- Oferecer apoio emocional sem incentivar que o parto será indolor, mas permitir que
desempenhe um papel ativo em tomadas de decisões.
Estas condutas são recomendadas pelo Ministério da Saúde (2017), com
intuito de evitar práticas que ameaçam os princípios de mulheres e famílias,
tornando-se um material de apoio para consulta nas frequentes atividades durante o
trabalho de parto normal.
Essas práticas sem intervenções desnecessárias nas assistências exercidas
pelo enfermeiro obstétrico, incentiva o parto normal e garantem a humanização nos
momentos mais marcantes da vida de gestantes. Dito isso, pode-se afirmar que o
impacto da assistência humanizada na vida das parturientes é melhorar o
atendimento sem que haja riscos, complicações desnecessárias, reconhecimento
social e cultural, transformando o nascimento em um momento exclusivo e especial
(MOURA, et al.; 2007).
21
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do presente estudo, observa-se que a humanização na assistência dos
enfermeiros diante as práticas necessárias durante o parto normal é, sem dúvida, de
suma importância para a qualidade e conforto à parturiente e sua família. A partir
dos objetivos, evidenciou-se que o parto normal humanizado é o conjunto de ações
que redefine as relações humanas, com o propósito de incentivar o planejamento
dos cuidados realmente necessários sem intervenções excessivas.
Deste modo, o enfermeiro obstétrico exerce o fundamental papel na
humanização do parto, pois é o responsável a proporcionar conforto e segurança
para as gestantes, além de estabelecer uma visão holística à parturiente,
respeitando seus direitos e desejos, visando o bem-estar da mulher e do bebê,
identificando os momentos graves em que as intervenções sejam precisas.
Os resultados apontam que os cuidados presentes no parto normal
humanizado defendem a assistência nas diversas dimensões humanas, isto é, no
modelo bio-psico-social. Abrange a presença do acompanhante e a família, o
respeito à privacidade, a realização dos procedimentos necessários sem exageros e
na informação a mulher incentivando a sua partição das decisões do parto.
Enfim, foi possível analisar que o modelo intervencionista ainda está presente
durante os trabalhos de parto; todavia, nos últimos anos apresentou-se um equilíbrio
a procura de partos cesarianos, identificando que a educação em saúde está
transformando a cultura intervencionista em humanística, possibilitando o processo
natural de parto.
22
REFERÊNCIAS
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