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Fundamentos e Práticas do Haicai
Sérgio Francisco Pichorim
22 de outubro de 2010
1º ENCONTRO ESTADUAL 3º REGIONAL DE HAICAI EM IRATI
Regras do Haicai:
• Quatro regras do Harold G. Henderson
• Os dez mandamentos do Goga Masuda
• Os dez desmandamentos do R. Silvestrin
• Alguns conselhos de David Coomler para escrever o haiku tradicional
• Comentários de Franchetti, Doi e Dantas
Segundo Harold G. Henderson o haicai clássico japonês obedece:
• 1-Consiste em 17 sílabas japonesas, divididas em três versos de 5, 7 e 5
• 2-Contém alguma referência à natureza (diferente da natureza humana)
• 3-Refere-se a um evento particular (ou seja, não é uma generalização)
• 4-Apresenta tal evento como "acontecendo agora", e não no passado.
10 mandamentos do haicai (Goga)
• I - Poema conciso, 17 sílabas (sons) distribuídas em três versos (5-7-5), sem rima, nem título e com o termo-de-estação do ano (kigô).
• II e III – Importância do kigô.
10 mandamentos do haicai (Goga)
• IV - O haicai deve:– respeitar a simplicidade;– evitar o "enfeite" de "termos poéticos";– captar um instante em seu núcleo de eternidade,
ou melhor, um momento de transitoriedade;– evitar o raciocínio.
• V - A métrica ideal: 5-7-5; mas não há exigência rigorosa, obedecida a regra de não ultrapassar 17 sílabas ao todo, e também não muito menos que isso.
10 mandamentos do haicai (Goga)• VI - Usar palavras quotidianas e de fácil
compreensão.
• VIII - Captar a instantaneidade, como “apertar o botão da câmera”
• IX - O haicai não se deve explicar tudo.
• X - Deve-se evitar sentimentalismo ou pieguice.
10 “desmandamentos” do haicai (Ricardo Silvestrin)
• 1, 2 e 3: O haicai deve ter HAIMI (gosto, essência)
• 4, 5 e 6: O haicai nasce de um ato meditativo.
10 “desmandamentos” do haicai (Ricardo Silvestrin)
• 7, 8 e 9: Os recursos formais, como a métrica, a rima e o kigô, são válidos na medida em que estão em função de revelar o HAIMI.
• Assim, não há elementos a priori válidos ou inválidos.
Alguns Conselhos para Escrever o Haiku Tradicional (David Coomler)
• a) Não use muitas palavras, senão o poema perderá em nitidez.
• b) Nem use poucas palavras, senão ficará obscuro;
• c) Não seja escravo da métrica;
• d) Não faça filosofia, nem use pensamento lógico;
• e) Não compare uma coisa com outra;
Alguns Conselhos para Escrever o Haiku Tradicional (David Coomler)
• f) Haikai é expressão de coisas simples, com palavras simples;
• g) Não pregue religião, crenças, moral ou ética. Evite assuntos impróprios para ao haikai, como romance, sexo, catástrofes, crimes, etc.;
• h) Não use rimas, nem use efeitos sonoros pela repetição de determinados sons;
• i) Tente sempre indicar a estação do ano, mencionando-a ou sugerindo-a de forma indireta;
Alguns Conselhos para Escrever o Haiku Tradicional (David Coomler)
• j) Evite colocar seu EGO no haikai; evite o uso de EU, ME, MIM e MEU;
• k) Leia “haikais clássicos” e aprenda com eles;
• l) Não dê características humanas para objetos e outras criaturas vivas (antropomorfismo e onomatopéia);
• m) O haikai deve versar sobre a natureza e não sobre abstrações.
Misturando...
Peneirando...
Pondo na forma...
Eis uma proposta:
C i n c o r e g r a s
S e t e c o n s e l h o s
C i n c o n ã o s
Cinco Regras:
• Poema breve ( 17 sílabas)
• Ligar a uma estação (KIGÔ)
• Usar palavras simples
• Sensação Instantânea
• Vivência da Natureza
Sete Conselhos:• Evitar haicai artificial (de escrivaninha)• Evitar haicais com 1 ou 3 frases, fazer 2 frases
com Corte (kireji) e Justaposição• Evitar “poluir” com muitos elementos, vários
kigôs, duas estações do ano, etc.• Evitar temas impróprios• Evitar falar de si próprio (egocentrismo)• Buscar a beleza nas coisas simples (karumi,
leveza) com um senso de despojamento (wabi-sabi, solidão-pobreza)
• Compartilhar e Ler muitos haicais
Cinco Nãos:
• Não ter título
• Não ter rima
• Não antropomorfizar
• Não ter explicação (ou raciocínio)
• Não ser sentimentalista
Nariz na vidraça.Guri de rua acompanhaceia de natal. (Hazel de S. Francisco)
• Duas frases. Um corte. Justaposição.• Sensação instantânea (imagem do guri)• Kigô de verão (ceia de natal)• Mostra um dura realidade sem fazer discurso ou
ser sentimentalista
A questão do Corte e da Justaposição
Ao pé da lareirauma pausa na conversaque estava animada!
Ao pé da lareirauma pausa na conversa:Cobertor de lã.
PRÓXIMO
DEMAIS!
LONGE
DEMAIS!
Ao pé da lareirauma pausa na conversa:
(Clicie Pontes)
• Duas frases. Um corte. Justaposição.
• Sensação instantânea (imagem da lua)
• Kigô de inverno (lareira)
• Beleza do simples
lua na vidraça!
Uma a umacaem as pétalas do ipê.Pingos de ouro! (Não é haicai)
• Artificial (pétalas de ipê?)
• Faz comparação (Metáfora).
• Não vê a realidade.
• Tentar fazer um enfeite poético.
Um sabiá cantou.O dia estava frio.Eu fui pra escola! (Não é haicai)
• Três frases (terceto prateleira).
• Muitos elementos. Não tem um foco!
• 2 Kigôs (sabiá e frio) (primavera e inverno)
• Fala de algo do passado.
Para meu amoreu cortei uma flor.A roseira chorou! (Não é haicai)
• Tem uma rima.
• Fala de romance.
• Centrado no EGO (meu, eu)
• Antropomorfiza (Roseira chora?)
• Tenta ser sentimentalista.
Depois de muita chuvao rio transbordou.A população sofreu! (Não é haicai)
• Relato do passado.
• Redundância.
• Tema impróprio. Parece uma manchete!
• Tenta ser sentimentalista.
O pneu furouporque a estrada era ruim.Então fomos a pé! (Não é haicai)
• Raciocínio (Causa Efeito).
• Nenhuma sensação instantânea
• Não tem Kigô
• Tenta explicar (então, porque...)
Manhã de verão.O sol nasceu derramando luzo galo cantou feliz! (Não é haicai)
• Redundância de palavras.• Evitar sempre as Metáfora! • Tenta fazer enfeites poético.• Julgamento (Galo feliz? Como julgar?)• Qual o foco? Sol? ou Galo?• Sensação: Visual? ou Auditiva?
Cinco regras
Sete conselhos
Cinco nãos
Bibliografia usada:• Revista Caqui, Grêmio Ipê de Haicai.• Paulo Franchetti, Elza T. Doi e Luiz Dantas, Haikai,
1996, pag. 21 a 33.• Harold G. Henderson, Haiku in English, acessado em
www.kakinet.com.• Goga Masuda, Introdução ao Haicai, acessado em
www.kakinet.com.• Ricardo Silvestrin, Os dez desmandamentos do haicai,
acessado em www.ricardosilvestrin.com.br.• David Coomler, HOKKU: Writing Traditional Haiku in
English: The Gift to Be Simple, 1981, acessado em http://recantodasletras.uol.com.br/teorialiteraria/46912
• Sérgio Francisco Pichorim, palestra na Biblioteca Pública do Paraná, em jun/2005.
p i c h o r i m @ p o p . c o m . b r
O B R I G A D OO B R I G A D O
Sérgio Francisco PichorimSérgio Francisco Pichorim