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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS FUTEBOL DE VÁRZEA: Berço de insubordinações RAFAEL FERMINO BEVERARI Relatório final do projeto de Iniciação Científica PIBIC-CEPE sob orientação do Prof. Dr. Edmilson Felipe da Silva. São Paulo – SP Julho, 2009

FUTEBOL DE VÁRZEA: Berço de insubordinações (IC... · Em contraposição a essa atitude dos times de elite, os times populares continuaram surgindo, primeiro nas margens dos rios

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS

FUTEBOL DE VÁRZEA:

Berço de insubordinações

RAFAEL FERMINO BEVERARI

Relatório final do projeto de Iniciação Científica – PIBIC-CEPE sob orientação do Prof. Dr. Edmilson Felipe da Silva.

São Paulo – SP Julho, 2009

2

ÍNDICE

Apresentação

página 03

Capítulo 1

Pertencimento e Influência nos Campos de Futebol de Várzea

página 04

Capítulo 2

Breve Circulação entre o Formal e Informal

página 17

Capítulo 3

Representatividades

página 34

Bibliografia

página 57

Anexos

página 60

3

Apresentação

Este trabalho apresenta um aprofundamento na análise do modo de organização dos

times de várzea. Entre as diferentes formas de organização, a pesquisa se dedica

principalmente aos chamados times comunitários, ou seja, times de bairros que possuem um

forte vínculo entre os jogadores que ali atuam.

Foi realizado um total de quinze entrevistas entre torcedores, jogadores, técnicos e

diretores de times de futebol de várzea dos mais diversos lugares da cidade de São Paulo,

contemplando as regiões Norte, Sul, Leste e Oeste.

A utilização de fotos, áudios, vídeos e entrevistas foram importantes para o

entendimento das relações existentes entre os membros da várzea, porém a observação

participante foi uma ferramenta fundamental para o estabelecimento das redes de contato com

os praticantes, bem como a análise do conjunto simbólico que demarca os limites de cada

campo. Os gestos, falas, gírias e os interditos estão presentes em cada momento durante a

pesquisa de campo.

A intrínseca relação existente entre torcedores, jogadores, técnicos e diretores aponta

para uma forma de organização própria dos times de várzea. Esta pesquisa pretende abordar

questões relacionadas aos exercícios e práticas de liberdade no futebol de várzea, baseado na

complexa relação de poder existente nos temas analisados.

4

Capítulo 1

Pertencimento e Influência nos Campos de Futebol de Várzea

Memórias e transformações

Amigos de amigos...

As interferências entram em jogo

5

Memórias e transformações

Ainda em 1901, uma ação conjunta do Clube Atlético Paulistano com a Prefeitura

Municipal de São Paulo passou a transformar o antigo velódromo da cidade, localizado na rua

da Consolação, em um campo de futebol. O Paulistano era um clube frequentado pelas elites,

portanto o acesso a ele passou a ser restrito somente aos times convidados, ou seja, times

ligados aos ricos proprietários e industriais emergentes. No entanto, “do outro lado da

pirâmide futebolístico-social estavam os times ‘populares’. Eram formados principalmente

por jovens trabalhadores italianos, alemães e portugueses, que vinham chegando à cidade

desde a transição da escravatura para o trabalho livre, ainda no Império, e que agora estavam

disseminados no campo, nas indústrias e na expansão das ferrovias [...] Mas também havia

times formados por mulatos e negros sem trabalho formal, que viviam de pequenos

expedientes, trabalhos domésticos e ambulantes1”.

Com a crescente prática do futebol no Brasil, no final do século XIX e início do XX,

uma grande quantidade de times passa a disputar suas partidas nas várzeas dos rios. Estas

regiões, ricas em recursos naturais e favoráveis à instalação das primeiras grandes indústrias,

também recebem os imigrantes que se estabelecem nas proximidades de seus locais de

trabalho. São produzidas ali as riquezas que alimentarão os sentimentos republicanos de

progresso e desenvolvimento – ao mesmo tempo em que, paradoxalmente, os produtores desta

riqueza vivem em condições precárias, recebendo péssimos salários e enfrentando a

discriminação dos bem-nascidos, o que não difere muito do tratamento que hoje se dá às

favelas, morros e regiões periféricas da cidade.

O processo de urbanização da cidade de São Paulo, a partir das décadas de 1920/1930,

estabeleceu uma nova configuração social devido, entre outras questões, à retificação dos rios

1 NETO, José Moraes dos Santos. Visão do jogo: primórdios do futebol no Brasil. São Paulo: Cosac Naify, 2002.

6

e ao remanejamento da população para áreas afastadas do centro. A especulação imobiliária

começa a atuar de maneira avassaladora e a população passa então a correr de maneira

contrária a esse alto custo de vida que os trabalhadores não conseguem manter. Portanto as

periferias começam a ganhar espaço no cenário urbano. Juntamente com as pessoas, se

deslocam objetos, relacionamentos, idéias e outros aspectos que representam novas formas de

organização. Não fugindo à regra dessas mudanças, a prática do futebol de várzea aparece

como um fenômeno que resistiu, e ainda resiste, às fortes tentativas de segregação e exclusão

da elite.

A questão racial foi um grande problema no cenário futebolístico do início do século

XX, quando os clubes de elite, com atitudes racistas, não aceitavam negros em seus times de

futebol. Alguns jogadores negros chegaram a participar de times ligados às elites, pois eram

inegáveis suas habilidades técnicas, porém o preconceito foi sempre imposto em

contraposição a uma crescente popularização do esporte. Alguns artifícios foram usados para

“esconder” traços da identidade negra em campo, como por exemplo, o uso de gomalina (gel),

que os jogadores passavam nos cabelos para alisá-los, além do conhecido pó-de-arroz,

utilizado para deixar o tom de pele mais claro. Além da exclusão dos negros, a prática desse

esporte estava restrita aos associados dos clubes, ou seja, as pessoas que possuíam recursos

financeiros para essa prática. Em contraposição a essa atitude dos times de elite, os times

populares continuaram surgindo, primeiro nas margens dos rios e depois nas grandes

periferias urbanas onde o acesso à prática do futebol era mais democrática, assim como

podemos ver nos exemplos do Liberdade Futebol Clube, time da Mooca que possuía dois

goleadores negros, Simão e Mané, além do União Futebol Clube, fundado em 1901 na região

da Barra Funda, time composto em sua maioria por negros2.

2 Ibid.

7

O histórico de conflitos existentes na várzea data desde o início da prática do futebol

no Brasil. As entrevistas coletadas apontam para um discurso saudosista dos tempos de auge

do futebol de várzea. Seu Agenor, que já foi presidente de um CDM do distrito de Artur

Alvim, relata a quantidade de campos existentes em São Paulo:

"A marginal [...] era cheio de campo de várzea. A densidade demográfica foi ocupando essas áreas de lazer desordenadamente.”

Festas e comemorações eram realizadas pelos principais times da várzea de modo a

garantir um maior espaço de sociabilidade entre a comunidade. Quando o assunto era futebol,

grande parte da população envolvida frequentava os campos nos finais de semana, como

conta Luis, diretor do Sidoni Futebol Clube, localizado no distrito de Pirituba:

"A gente saía aqui do pedaço com um monte de carro, de ônibus pra jogar. Antigamente o pessoal acompanhava muito mais [...] ia criança, mulher. Você precisava ver a torcida que a gente levava."

Porém com um processo de desenvolvimento pautado em um projeto de urbanização

e modernidade, a especulação imobiliária foi um dos principais fatores para o

desaparecimento dos campos de futebol de várzea. O avanço do mercado imobiliário atinge

diretamente estes lugares que estão relacionados com uma forma de organização própria

encontrada no espaço público, o que aponta para uma alteração nos laços de sociabilidade

entre os então participantes dos campos e a ruptura que os novos empreendimentos

imobiliários impõem nas comunidades. O filme “Perdizes: as glórias da várzea” 3 retrata a

especulação em torno de espaços públicos de lazer e aponta as alterações que a ausência

desses lugares representam na construção dos laços sociais.

Outra atividade responsável pelo desaparecimento dos campos de futebol de várzea

são as ocupações realizadas pelos movimentos de moradia. A luta que se trava em busca das

3 Perdizes: As Glórias da Várzea. Direção de Rudi Bohn. São Paulo: Brás Filmes, 2006.

8

necessidades básicas para se sobreviver lida com o processo de habitação que culmina na

ocupação de moradia em terrenos públicos, onde algumas vezes podem ser os próprios

campos de várzea, como assinala o filme “Preto contra Branco” 4 que retrata por meio de

entrevistas de moradores locais o processo de ocupação por moradia que a região de

Heliópolis sofreu nos últimos anos e como isso resultou no desaparecimento de campos de

futebol de várzea da região.

Outras modalidades de futebol amador surgiram associadas a esse contexto de

urbanização pautado no avanço da especulação imobiliária, como o futebol de areia, society e

futebol de salão. O crescimento destas outras modalidades está relacionado com o

desaparecimento dos campos de várzea, associado a uma classe média que procura um espaço

que tenha mais conforto e seguridade. Além de serem praticados em campos de menores

proporções5, o que se encaixa com a lógica da especulação imobiliária, para se jogar futebol

nesses campos privados é necessário o pagamento de uma taxa para o empresário que investiu

em determinado local. O que decorre em uma exclusão de grande parcela da população que

não consegue arcar com as despesas do aluguel das quadras.

A sociabilidade, baseada no forte vínculo entre os membros da várzea, é observada de

maneira diferente nessas outras variações do futebol, pois “os frequentadores destes espaços

são pessoas que mantêm relações somente com os integrantes do seu próprio grupo de

amigos, ou seja, não procuram se relacionar com outros membros do espaço”. 6

Apesar de diversas variações da prática do futebol, a várzea continua sendo praticada

em seus campos de terras. Porém houve um deslocamento de suas ações devido à política

4 Preto contra Branco. Direção de Wagner Morales. São Paulo: Log On, 2004. 5 Segundo a Confederação Brasileira de Futebol Society, o campo de jogo deve ter uma largura máxima de 35 metros e um comprimento máximo de 55 metros. Um campo de futebol profissional deve ter no mínimo 45 metros de largura com 90 metros de comprimento, segundo a FIFA. 6 SANTOS, Marco Antonio da Silva. Futebol de Várzea como Espaço de Sociabilidade. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais), Pontifícia Universidade Católica, São Paulo, 2001.

9

desenvolvimentista e o processo de urbanização, como demonstra Flávio Adauto: “A várzea

mudou de lugar, expandiu-se, deixou o centro, foi substituída por prédios e avenidas. Iniciou-

se um novo ciclo”. 7 A questão da mudança de seus campos e o surgimento de novas

modalidades associadas a investimentos de empresários não significa que a prática do futebol

de várzea tenha terminado, mas houve sim uma adequação tanto aos poucos campos restantes

– um campo geralmente é utilizado por mais de um time – como no espaço em que os jogos

são realizados – o futebol acompanhou a migração de grande parcela da população das

regiões centrais para as periferias.

Amigos de amigos...

O relacionamento existente entre os membros da várzea extrapola as linhas que

delimitam o campo e se mistura, muitas vezes, com o cotidiano destas pessoas. A formação de

um time está relacionada com os laços de amizade ou com a proximidade regional de seus

participantes, o que resulta em um forte vínculo encontrado entre os membros da várzea.

Os times geralmente representam um código comum estabelecido por seus

participantes, no qual ao invés de ser um espaço relacionado ao público como a rua (lugar de

estranhamento e impessoalidades) ou ao privado como uma casa (laços pessoais já

estabelecidos previamente), demonstrado por Roberto Da Matta, há um lugar intermediário, o

“pedaço”, que também representa essa apropriação do espaço urbano, onde, segundo

7 ADAUTO, Flávio. “O futebol de várzea não morreu, só mudou de lugar”. In: FUTEBOL ESPETÁCULO DO SÉCULO. São Paulo: Musa, 1999.

10

Magnani, “é um lugar dos colegas, dos chegados. Aqui não é preciso nenhuma interpelação:

todos sabem quem são, de onde vêm, do que gostam e do que se pode ou não fazer8”.

Estes pedaços possuem códigos de comportamento próprios onde os locais de

sociabilidade na várzea são representados por determinados conjuntos simbólicos das pessoas

que ali participam. Como relata Rodolfo, jogador do time Família Sítio:

“A gente joga no time lá do bairro chamado Família Sítio. Porque onde eu moro é Sítio Conceição. Aí a gente pegou os amigos que estão juntos há um bom tempo, então vira uma família. Aí a gente colocou Família Sítio, no caso do nome do nosso bairro lá”.

As associações dos times possuem relações com a comunidade que os compõem e o

exemplo acima mostra como esta conexão é demonstrada até mesmo nos nomes dos times, o

que por muitas vezes acaba acirrando as disputas regionais, como relata Chico Boi, diretor do

Jardim Regina Esporte Clube:

"Cada bairro tem um time, então são bairristas, só gostam de quem é ali do bairro."

A própria formação de um time está estruturada de acordo com os laços de amizade

que, em sua maioria, se encontra dentro da própria região como demonstra Luis:

"Os jogadores moram tudo na região. Por exemplo, tem um que joga no 1º quadro, ele joga bem, aí ele vem e gosta do ambiente e ele avisa o treinador e fala ‘Treinador, tem um menino aqui na minha Vila que joga em tal posição e joga bem’. Daí ele traz."

Essas relações podem acarretar em formação de grupos fechados por vínculos de

afinidades, como relata Alemão, jogador e um dos diretores do Comercial do Piqueri:

“É time de amigos, se não for amigo não joga. Se não entrar na nossa panela e for nosso amigo, não joga.”

8 MAGNANI, José Guilherme Cantor. Festa no Pedaço: Cultura popular e lazer na cidade. São Paulo: Hucitec / UNESP, 1998.

11

A circulação dos jogadores por diversos times representa também uma movimentação

dos vínculos sociais produzidos pelos atletas. A abertura para novos atletas está relacionada a

habilidade que estes possuem e o modo que este vai agir com os demais jogadores, formando

assim uma certa pressão do grupo sobre o indivíduo. Para entrar em um time, é necessário se

adequar ao conjunto de regras que ali estão estabelecidas por seus frequentadores, onde são

criadas e sancionadas pelos próprios participantes. Algumas características são importantes

para a participação dos jogadores nos times de várzea, como as relações de vizinhança que se

criam na comunidade, os laços de amizade que se estabelecem entre os membros do time e a

habilidade de determinados jogadores. Estes são alguns dos fatores que determinam a

participação dos indivíduos no coletivo.

As interferências entram em jogo

As práticas de lazer proporcionam um momento de integração entre seus participantes.

Fenômenos como futebol de várzea, escolas de samba, bailes funks, forró e outros tipos de

festividades que agitam as periferias de São Paulo e outras cidades do Brasil estão pautadas

pelo intenso relacionamento entre os membros de determinadas comunidades.

A capacidade de aproximação da população local é algo relevante para quem deseja o

poder de determinadas regiões. Existe uma intrínseca relação entre o lícito e o ilícito que

permeia os momentos de lazer das periferias. Apoiadas pelo prestígio que a dominação local

proporciona, a circulação entre o legal e ilegal se entrecruzam na organização de

determinadas práticas sociais.

O futebol de várzea, como já foi mostrado, possui algumas dificuldades para se

financiar, pois é um lazer que se tem um custo para que o time continue em atividade. No

12

entanto, uma forma de captação de recursos viável por entre as próprias pessoas da periferia é

o exercício de atividades ilícitas que envolvem parte das pessoas que são desprovidas de um

emprego formal, como relata Enrico, diretor do Ousadia Futebol e Samba:

"Tem muito time de várzea que é financiado pela bocada, pelo tráfico. É tudo time da função, então aonde esses caras vão, tem o respeito, porque sabem quem tá envolvido com o time.”

A influência de pessoas que atuam na informalidade e participam das atividades dos

times de várzea também é relatado por Hirata: “no momento em que Pereira entra no time XI

Garotos, o time era basicamente dirigido por Bill e alguns de seus amigos mais próximos,

todos igualmente com trânsito no mundo dos negócios ilícitos9”.

As contradições presentes nas regiões pobres da periferia não se encontram

dissociadas dos campos de futebol de várzea. O time de bairro é geralmente composto por

pessoas de localidades próximas onde compartilham entre si as dificuldades em sobreviver

nas adversidades de uma vida marcada pelos problemas da população de baixa renda. Alguns

acontecimentos marcam o cotidiano dessas pessoas, como no caso da violência relatada por

Enrico:

"Esse menino aqui ele jogou pra nós em dezembro de 2006 [...] quando foi em janeiro ele morreu. A polícia matou ele. Ele tava puxando um fuminho lá e a polícia chamou. Ele ficou com medo e correu, daí a polícia atirou. 19 anos.”

Os caminhos que marcam estas tristes trajetórias repletas de abusos de autoridade são

comumente observados na várzea. Porém os conflitos existentes nas periferias são resultados

de uma construção mais ampla de modo que a violência física demonstrada é apenas a parte

de uma disputa por poder. Vale ressaltar que “o mal moral – isto é, na questão que nos ocupa,

a desordem na sociedade – se explica naturalmente por nossa faculdade de refletir. O 9 HIRATA, Daniel Veloso. O futebol varzeano: Práticas sociais e disputas pelo espaço em São Paulo, Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais), Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.

13

pauperismo, os crimes, as revoltas, as guerras, tiveram por mãe a desigualdade de condições,

filha da propriedade, nascida do egoísmo, gerada pelo senso privado, descendente em linha

direta da autocracia da razão10” .

Assim como há uma influência das pessoas envolvidas com negócios ilícitos, os

políticos locais, geralmente vereadores, também procuram se apropriar do futebol de várzea

para atingir suas metas, como afirma Seu Agenor:

“Mas eu entendo esse pessoal [times da várzea] do mesmo jeito que entendo o cara que tava com fome e que você deu pra ele os três pães duros. Ele está com fome, nunca te deu nada, daí chega o cara na beira do campo e diz o seguinte ‘O que vocês querem pra dar um voto pra mim?’ aí o cara fala ‘eu quero o fardamento completo’. O cara vai lá e dá o fardamento completo. Deu o pãozinho duro pra ele.”

A troca de objetos entre os políticos locais e os times de várzea é feita de maneira

explícita. Quando me refiro à troca, pretendo dizer que os objetos trocados com os times –

entre eles bolas, troféus e uniformes – são um meio dos políticos locais conseguirem eleitores

de uma maneira ao mesmo tempo barata e efetiva, visto que a várzea agrega grandes

concentrações de pessoas, como menciona Hirata: “eram dois troféus modestos, de campeão e

vice; basicamente duas placas de vidro, sendo a de campeão maior e a de vice, menor. Em

ambos os troféus, junto com o desenho de um homem jogando futebol, estavam gravados o

nome de um conhecido vereador da região11”.

Durante a pesquisa de campo acompanhei em mais de uma ocasião a visita de políticos

nos campos de várzea, geralmente em festivais e finais de campeonatos que são momentos

com maior público. Em uma dessas visitas a campo, pude observar a participação de um

vereador local na entrega de um troféu doado a um time do bairro. O político chegou

rapidamente ao local acompanhado de seus assessores, buscou os representantes da diretoria e 10 PROUDHON, Pierre-Joseph. O que é a propriedade. Lisboa: Editorial Estampa, 1975. 11 HIRATA, Daniel Veloso. O futebol varzeano: Práticas sociais e disputas pelo espaço em São Paulo, Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais), Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.

14

encaminhou a formalização daquele momento através de uma foto sua com o time. Sua

chegada não foi recebida com entusiasmo pelos jogadores, que continuaram a treinar no meio

de campo. Após algumas tentativas da diretoria, finalmente concordaram em posar para a

foto. Durante os momentos de espera, pude perceber a impaciência do vereador que

demonstrou desconforto com a situação e chegou a expressar irritação com sua comitiva. Essa

integração dentro de campo entre políticos e comunidade se limita a essa relação superficial

de troca.

O relacionamento entre o lícito e o ilícito não se restringe somente aos membros dos

times, mas também ganha proporções que abrangem o financiamento de traficantes e políticos

que se misturam na coletividade buscando prestígio local. Em alguns casos observados foi

possível identificar a coexistência desses dois campos que se misturam e se confundem nas

diversas inter-relações do futebol de várzea.

15

(Fonte: Diego Viñas)

16

(Fonte: Autor)

17

Capítulo 2

Breve Circulação entre o Formal e Informal

Dificuldades, despesas e ponderação na várzea

Futebol Profissional e os mecanismos disciplinares

Campos e... Campos de Futebol

Decisões de boteco

18

Dificuldades, despesas e ponderação na várzea

Para que um time se mantenha jogando em campo é necessário tempo e dinheiro.

Portanto, além de enfrentar os diversos obstáculos do cotidiano, os participantes também se

organizam para superar coletivamente as barreiras que se opõem a prática de seu momento de

lazer e sociabilidade.

Algo muito comum no futebol de várzea é a preocupação sobre como o time irá fechar

o balanço final do mês e tal acontecimento é um dos fatores mais importantes que acarretam

no desaparecimento de alguns times, pois além do desaparecimento dos campos, uma outra

inquietação que acompanha não somente os participantes da várzea, mas também toda a

população pobre da periferia, que é a incerteza em relação a sua situação financeira. Para

tanto, Chico Boi relata os esforços dos participantes da várzea para conseguir o dinheiro a ser

utilizado na manutenção do time:

“A gente continua batalhando. Dinheiro não tem. De vez em quando a gente faz uma rifa, faz um bingo que é pra ajudar a lavar a camisa, pede um jogo de camisa pra alguém que tem condição de dar, patrocinador que é difícil na várzea. Mas sempre tem um cara que jogou ali, que tem uma empresa, que gosta do time que banca alguma coisa porque já participou ali."

Os contatos estabelecidos fora de campo também são importantes no processo de

captação de recursos, sendo que em algumas vezes o tráfico local acaba por financiar os times

das comunidades. Quando não se conta com a ajuda de traficantes locais, algumas pessoas

que possuam uma melhor situação econômica e que simpatizam com a causa do time acabam

fazendo algum tipo de doação. Outro tipo de arrecadação financeira são as festividades e as

conhecidas rifas que são utilizadas para arcar com as despesas dos clubes, sendo que alguns

cobram uma mensalidade para os jogadores. No entanto, houve uma divergência dos materiais

coletados quanto a esta última questão, pois algumas pessoas são favoráveis a tal taxa,

19

enquanto outras afirmam que este tipo de pagamento afasta os melhores jogadores que

procuram outros times em que não precisam fazer nenhum tipo de pagamento. De qualquer

forma, esta é uma prática bastante comum nos times de várzea. Enrico cita os custos de um

time:

"Depois tem a Liga, o Miguel que arruma jogo, então nessa contratação de jogo que ele arruma, nós temos que pagar pra ele R$50,00 por mês. Tem o aluguel pro CDM, para que com aquele dinheiro levantado, pague o zelador, conta de água, luz, comprar cal pra marcar campo e fazer umas melhorias. O Ousadia paga hoje R$175,00 de aluguel por mês e a outra despesa é a lavagem de uniforme, de camisa, onde nós pagamos de lavadeira R$40,00 por semana para lavar 2 [conjuntos de] uniformes. A despesa média do clube é hoje uns R$400,00 por mês. Nós tiramos esse dinheiro fazendo rifa, pede um trocadinho pra um, pede um trocadinho pra outro e aí vamos tocando. É uma luta com bastante dificuldade" .

Como nos mostra Enrico, as despesas são grandes em relação ao dinheiro em caixa de

um time de várzea. Este dinheiro somado pelos esforços da comunidade e investido em um

momento de lazer representa que as diversas formas de captação de recursos, desde o tráfico

até pessoas com melhores situações financeiras, é uma resposta a falta de investimentos do

Estado nessa área, o que faz a várzea ser relativamente independente financeira de instâncias

governamentais.

A importância que a várzea tem como um espaço de lazer e sociabilidade para as

pessoas das periferias faz com que sua prática seja levada a sério de modo que os altos

investimentos que se demanda para a sua manutenção são de grande valor para a maioria dos

trabalhadores que recebem um baixo salário e sobrevivem com dificuldades econômicas.

Segundo Arlei Sander Damo, “o termo profissional é identificado com predicados do

mundo do trabalho e dos negócios, tais como competência, seriedade, esforço, dedicação e

bom desempenho, entre outros. O termo amador, em contrapartida, associa-se àquele que faz

20

sem esperar recompensa ou simplesmente faz de qualquer jeito, sem o empenho, a disciplina e

a performance do universo das coisas sérias12”.

O futebol de várzea, como cita Damo, não pode ser confundido com uma prática que

não esteja associada à seriedade e empenho, características comumente referidas ao futebol

amador. Portanto o conjunto das despesas necessárias demonstra como o assunto é sério

quando se trata de toda a estrutura de organização para a manutenção de um time de várzea.

Futebol Profissional e os mecanismos disciplinares

A prática do futebol se dá de diferentes maneiras nos mais distintos espaços, de modo

que a distinção entre futebol amador e futebol profissional, como adverte Damo (2002), é a

prática de este último ser organizado pela FIFA (Fédération Internationale de Football

Association) e pertencer ao conjunto de regras instituídas pela International Board, uma

instância da FIFA.

No entanto, o jogo de futebol continua sendo praticado por milhares de pessoas que

não estão relacionadas com o profissionalismo, mas sim com uma prática amadora de se fazer

o que sente prazer, como relata Chico Boi:

“Eu particularmente não gosto do futebol profissional, porque ali é dinheiro, ninguém tem amor ao clube. Agora na várzea não, o cara tá lá pra jogar porque ele gosta mesmo, ele tem amor à camisa.”

Para os clubes se tornarem mais conhecidos é necessário que tenham mais

visibilidade, o que demanda um maior investimento para o estádio, torcida, taxas de inscrição

para campeonatos, uniformes, além dos próprios jogadores e de profissionais que participam

12 DAMO, Arlei Sander. Monopólio estético e diversidade configuracional no futebol brasileiro. Revista Movimento, n. 2, 2003.

21

de toda uma avaliação física e psíquica do atleta. Tudo que foi mencionado se trata de um

investimento onde se procura obter um retorno financeiro com base em bons resultados. Esta

complexa questão do futebol profissional resulta de uma forma de organização onde o clube

se baseia na lógica de uma empresa, incluindo seu modo de organização burocratizado e o

trabalho alienado dos indivíduos que ali atuam, pois quando se trata de profissionalismo, o

que pode se observar é um giro de investimentos incluindo o capital humano que participa do

grupo.

Um time de futebol profissional é marcado por uma hierarquia onde as relações entre

jogadores e membros da diretoria são determinados por compromissos contratuais cuja

separação do poder político se encontra visível na lapidação do atleta profissional moderno.

Uma vasta rede de saber molda o jogador de modo que este seja útil e dócil dentro e fora de

campo. Ele não deve contestar decisões, mas ser eficiente no seu ofício de modo que garanta

uma maior rentabilidade para o time e consequentemente mais investimento no mercado

futebolístico. Para que isto ocorra, diversos profissionais procuram transformar o jogador em

máquina, moldando-o não só psicologicamente, mas também fortalecendo sua estrutura física

por meio de fisioterapeutas, preparadores físicos, nutricionistas, entre outros. Segundo

Foucault, “a disciplina fabrica assim corpos submissos e exercitados, corpos ‘dóceis’. A

disciplina aumenta as forças do corpo (em termos econômicos de utilidade) e diminui essas

mesmas forças (em termos políticos de obediência). Em uma palavra, ela dissocia o poder do

corpo; faz dele por um lado uma ‘aptidão’, uma ‘capacidade’ que ela procura aumentar; e

inverte por outro lado a energia, a potência que poderia resultar disso, e faz dela uma relação

de sujeição estrita. Se a exploração econômica separa a força e o produto do trabalho,

22

digamos que a coerção disciplinar estabelece no corpo o elo coercitivo entre uma aptidão

aumentada e uma dominação acentuada13”.

A negociação aparece na várzea enquanto artifício comumente utilizado por seus

participantes para se chegar a uma decisão, como demonstra Dada, presidente do Sidoni

Futebol Clube:

“Na várzea não é bem assim de chegar e mandar, que nem no profissional que o cara fala e já era, o cara manda embora e não aparece mais. A gente tenta aí melhorar alguma coisa, briga com um, briga com outro e assim vai. Se não está dando certo, a gente senta e conversa como já aconteceu muitas vezes.”

Geralmente não existe um contrato financeiro estabelecido entre o jogador de várzea e

o time, o que resulta numa maior liberdade para que este possa definir onde participar,

podendo até mesmo jogar por mais de um time ao mesmo tempo.

O treinamento físico é um dos fundamentos mais explorados no futebol profissional

moderno, onde a força se manifesta na continuidade dos exercícios de modo que “o poder

disciplinar é com efeito um poder que, em vez de se apropriar e de retirar, tem como função

maior ‘adestrar’; ou sem dúvida adestrar para retirar e se apropriar ainda mais e melhor14”.

O problema deste treinamento extenuante dos jogadores profissionais está relacionado

com a apropriação que os patrocinadores, clubes e empresários fazem do potencial de cada

atleta, pois o jogador deve seguir restritamente as regras de seu time, que por sua vez estão

relacionadas às ações do mercado.

No futebol de várzea, as ações estão muito mais concentradas na vontade dos próprios

jogadores em entrarem ou não em campo, do que por influências ligadas a um jogo de

13 FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: História da violência nas prisões. Rio de Janeiro: Vozes, 2005. 14 Ibid.

23

mercado financeiro. Além do mais, a preparação física dos atletas da várzea geralmente

acontece durante as partidas, como relata Luis:

"Chegou, pôs meião, calção, camisa e já entra no banco ou vai jogar."

O futebol profissional aponta para uma maior disciplina dos corpos que devem

corresponder aos investimentos feitos pelos clubes, patrocinadores e empresários, no que

resulta numa prática de adestramento em que uma série de técnicos do saber é utilizada para

tornar o indivíduo útil e dócil tanto dentro como fora de campo. No futebol de várzea, apesar

de haver inexistência de determinados mecanismos disciplinares pertencentes ao profissional,

a prática deste esporte nas periferias demonstra uma forma contínua de negociação entre seus

participantes para que o time continue a existir, de modo que ao invés das discussões centrais

estarem associadas a uma lógica baseada no mercado, o que se propõe como debate é muito

mais a formação de um grupo vencedor unido por outros laços que não o lucro.

Campos e... Campos de Futebol

Os campos de futebol representam o palco do espetáculo, embora os personagens de

uma partida extrapolem os limites das quatro linhas. Este espaço que constitui uma partida de

futebol é cenário de inúmeros conflitos dos apaixonados por este esporte. No entanto algumas

diferenças podem ser apontadas entre os campos do futebol de várzea e o profissional.

As dificuldades de se manter um time de várzea, devido aos gastos mensais dos

clubes, podem ser observadas por um outro ângulo, como por exemplo, o campo de jogo que

geralmente é coberto por um misto de terra e areia e suas demarcações feitas com cal.

Também é conhecido como careca, devido ao fato de não ser encoberto por grama. Muitas

24

vezes as arquibancadas são os próprios morros que cercam os campos e a proximidade entre

os torcedores e jogadores se dá por meio de um pequeno alambrado. O bar geralmente possui

um lugar fixo e se encontra ao lado dos campos, de modo que se inclui também como espaço

de sociabilidade dos praticantes da várzea. Na maioria das vezes, os vestiários são compostos

por pequenos cômodos onde ocorrem os momentos de reflexão do grupo antes da partida,

além de ser um espaço onde os jogadores trocam de roupa antes e após as partidas. Os lances

desperdiçados e os gols marcados são alguns dos assuntos mais comentados após o término

das partidas.

Os campos do futebol profissional também estão relacionados ao jogo de interesses

que permeiam o futebol moderno, portanto possuem um melhor tratamento provindo dos

recursos financeiros ali investidos. O futebol profissional alcança enorme repercussão

midiática e alta participação da sociedade, de modo que é o esporte mais praticado no mundo.

Sua projeção de maneira global, vinculado a um jogo de interesses econômicos, afeta até

mesmo os campos onde são realizadas as partidas, uma vez que os clubes, patrocinadores e

empresários estão interessados com o resultado e a imagem do time diante dos seus

respectivos consumidores, ou seja, o público. O futebol tratado como uma mercadoria resulta

em tomadas de decisões em benefício do lucro de alguns investidores, devendo o campo

receber o máximo de atenção de modo que os negócios envolvendo as partidas ali decorrentes

não sejam atrapalhados por um campo esburacado ou sem grama.

No entanto, os campos profissionais estão ligados a mecanismos de controle, pois “no

futebol moderno, a vigilância à qual o jogador se acha exposto torna temerário qualquer gesto,

atitude ou comportamento15”. O jogador, além de ser fabricado de modo a se tornar útil e

dócil para os interesses dos clubes e empresários, também passa a ser controlado dentro de

15 FLORENZANO, José Paulo. Afonsinho e Edmundo: a rebeldia no futebol brasileiro. São Paulo: Musa Editora, 1998.

25

campo. Os veículos de comunicação disseminam as informações decorrentes das partidas e

procuram a exclusividade nos fatos, de modo que passam ser utilizados como ferramentas

para a investigação de lances duvidosos como faltas, impedimentos ou gols. O uso da

televisão como instrumento de captação de imagens resulta na constituição de toda uma

análise dos fatos, de maneira em que a espontaneidade das ações, muitas vezes, é esquecida

para que uma comissão possa julgar os lances e assim decidir, com critérios estabelecidos por

poucos, qual o resultado final de um lance, o que pode chegar até a punição de jogadores que

forem observados e filmados cometendo algum ato considerado indisciplinar.

Foucault analisa este tipo de controle, de modo que “o dispositivo panóptico organiza

unidades especiais que permitem ver sem parar e reconhecer imediatamente16”. A contínua

observação, ampliada pela riqueza de detalhes dos meios de comunicação modernos, faz com

que se criem mecanismos de controle por todas as partes nos campos profissionais onde a

análise e o julgamento dos lances passam a ser feitos – em alguns casos, mesmo após o

término da partida – por uma comissão julgadora.

Os campos de futebol profissionais e de várzea se caracterizam por ser o palco do

espetáculo que é a partida, porém há diferenças entre eles quando se trata do controle das

ações tomadas dentro de campo. Os jogadores profissionais passam por uma vigilância

hierárquica ampliada pelas novas tecnologias que visam examinar determinada conduta

considerada indisciplinar. Todo esse exame que é feito com o atleta profissional resulta de

uma sanção instituída por um pequeno grupo de pessoas que visam a docilidade do jogador.

Os campos de várzea não possuem todo o conjunto de recursos tecnológicos que o

profissional tem, porém apesar de não haver isto, uma grande parte da torcida acompanha os

jogos e participa dessa tomada de decisão momentânea em torno dos acontecimentos da

16 FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: História da violência nas prisões. Rio de Janeiro: Vozes, 2005.

26

partida. Diferentemente do estádio panóptico profissional, a várzea se caracteriza por ser um

espaço aberto onde todos se vêem e sabem que estão sendo vistos, no entanto, um lance mais

polêmico pode gerar uma série de discussões entre os presentes. Além disto, a disciplina do

jogador é tratada como algo controlado pelos próprios participantes da várzea, ou seja, os

conflitos são resolvidos de maneira interna e não por um grupo de pessoas externas do

coletivo.

Decisões de boteco

A presença de um bar é muito comum dentro da maioria dos campos de futebol de

várzea, o que significa dizer que representa um importante espaço de sociabilidade nos

contornos do campo. Os mais experientes rememoram grandes clássicos que marcaram época

na várzea, os participantes dos times comemoram suas vitórias ou reclamam suas derrotas,

além de ser um espaço de debate sobre o próprio cotidiano das pessoas que participam de

algum modo sobre a várzea, como relata Seu Agenor:

"Outro espaço cultural das nossas cidades é o boteco. Então geralmente o camarada acaba de jogar a partida e vai pro boteco.”

O samba, a cerveja e a conversa são fatores que estão relacionados com a prática das

pessoas que freqüentam os bares nas beiras do campo, pois é diante de toda essa

informalidade que acontece boa parte dos relacionamentos que lá se estabelecem. A presença

de vários times no bar aponta para o desaparecimento de campos de futebol, pois no passado

cada time geralmente possuía um campo próprio, o que foi desaparecendo devido a forte

especulação imobiliária e algumas ocupações de terra para moradia. Essa circulação de mais

de um time pelo bar propicia debates em que muitas vezes são traçados alianças entre times

27

que se encontraram no bar, onde uma conversa regada com o clima de festividade do samba e

cerveja pode gerar convites para disputas de amistosos, festivais ou campeonatos entre

equipes até então distantes.

A relação entre os donos dos bares e os times que ali atuam geralmente se dá de

maneira amigável, pois a fonte de renda de um é o desejo de outro, então há essa confluência

de interesses entre as partes. Na maioria das vezes os bares pertencem a pessoas da própria

comunidade, afirmando assim um vínculo de amizade entre estes proprietários e os times que

muitas vezes é mais antigo do que o próprio comércio.

Além de ser um local de sociabilidade, o bar também centraliza as informações

referentes a amistosos, campeonatos e festivais. Além das pessoas que frequentam os bares

geralmente serem próximas dos times e saberem das datas das próximas partidas, é comum

observar cartazes com os futuros jogos já marcados fixados nas paredes do bar. Como conta

Jefferson, jogador do Peñarol, do distrito de cidade A. E. Carvalho:

"Tem o bar onde marca os jogos. A gente pra saber os jogos que vão ter, na semana a gente tem que ir lá no bar e ver a lista pra gente poder ir."

Outros adereços que estão presentes nos bares são os troféus das conquistas e as fotos

do time posado, de modo a sustentar a força de uma equipe preparada para vencer dentro de

campo. Algumas fotos observadas durante a pesquisa são de formações antigas do time local,

onde algumas dessas fotos são de formações antigas do time local, nas quais aparecem como

jogadores alguns dos atuais diretores. Normalmente os bares são pintados com os distintivos

do clube, ou simplesmente com suas cores, de modo que não restem dúvidas para que o time

visitante saiba qual é o time do pedaço.

28

Estas características que demarcam os bares com as peculiaridades dos times locais

acabam transformando esses lugares de encontros e decisões em sedes do próprio clube que

ali frequenta. Até mesmo os times que não possuem um campo próprio costumam se reunir

em suas respectivas sedes (bares) para que de lá o time completo dirija-se para o campo do

adversário. Em alguns casos o local onde o grupo se reúne é tão importante que o nome do

próprio time está associado ao bar, como é o caso do Sidoni Futebol Clube cujo nome surgiu

em homenagem a Antonio Sidoni, dono de um bar próximo ao campo em que o time jogava.

Durante o início das atividades do clube, no ano de 1965, algumas dificuldades assolavam o

clube como, por exemplo, a falta de um local onde guardar os materiais, incluindo bolas,

uniformes, além da fundamental troca de roupas dos atletas, e foi daí que Antonio Sidoni

ofereceu um cômodo no fundo de seu estabelecimento para que o time utilizasse. Para

homenagear então esta pessoa que teve uma importância para a continuação das atividades do

time, foi concebido o nome de Sidoni Futebol Clube, como relata José Nunes, atual diretor do

time:

“Foi aí que decidimos colocar o nome de Sidoni Futebol Clube, para homenagear o Antonio Sidoni que colaborava com a gente e porque o nome Sidoni não teria concorrente17“

A cerveja, o samba, a descontração de um bate-papo são elementos presentes nos

botecos. Porém há um outro fator importante que se concretiza no bar como um espaço de

sociabilidade do próprio time, a ponto de comumente o bar próximo ao campo ser chamado

de sede. Ao contrário das decisões tomadas de maneira privativa em um ambiente fechado

para a participação das pessoas, o bar se apresenta como um palco de discussões aberto a

todos que ali se encontram e queiram discutir. Os assuntos são os mais diversos e variam

desde decisões tomadas em reuniões da diretoria, que normalmente acontecem no próprio bar,

17 Sidoni, 43 anos de glórias. Folha Noroeste, São Paulo, n. 19, p.24, ago. 2008.

29

até como será o transporte para o próximo jogo que for realizado em campo adversário. Este

campo aberto para discussão resulta numa maior tomada de decisão onde, da maneira mais

informal possível, uma maior parte do coletivo pode participar, fazendo com que um simples

bar se torne um espaço político que propicia um exercício de isonomia de poder onde a

coletividade vivencia experiências democráticas.

30

(Fonte: Autor)

31

(Fonte: Diego Viñas)

32

(Fonte: Diego Viñas)

33

(Fonte: Diego Viñas)

34

Capítulo 3

Representatividades

Técnico: entre a sua vontade e o desejo do grupo

Diretoria de Fato e Diretoria de Direito

Influência e responsabilidade no futebol de várzea

A circulação no jogo da vida

O time e a atuação das diretorias

Jogadores Nômades – construindo práticas de liberdade

Formas de organização para além do campo

35

Técnico: entre a sua vontade e o desejo do grupo

A organização do futebol de várzea suporta uma grande quantidade de pessoas

envolvidas diretamente na sua gestão, incluindo diretores, jogadores, torcedores e até mesmo

técnicos, ainda que os limites entre as atuações das partes envolventes não sejam rígidos.

Seguindo o modelo do futebol profissional, porém sem os investimentos milionários deste, os

times da várzea organizam-se de forma plural, sendo que a figura do treinador aparece de

maneira importante para a manutenção de uma coesão interna no grupo.

Assim como o diretor atua profundamente de modo a manter a unidade do time,

incluindo os jogadores, torcedores e a comunidade local, o técnico possui certas obrigações

que remetem a bons resultados obtidos dentro de campo pelos atletas. Esse indivíduo não-

remunerado que aceita a função de técnico tem todo o trabalho de colocar os melhores

jogadores para jogar nas determinadas posições. No entanto, devido à pluralidade das formas

de organização dos times de várzea, alguns casos diferentes podem ser encontrados, como a

existência de times que buscam a conquista de festivais e campeonatos; e os que encontram na

várzea a reunião de alguns amigos para jogar, na maioria das vezes, partidas amistosas, a

preocupação está muito mais direcionada para o jogo reservado toda semana do que em

ampliar seu prestígio com a participação em campeonatos e festivais. Esta distinção não

significa que determinada forma de atuação seja mais importante que a outra, mas foi feito

somente para facilitar o entendimento da função do técnico entre uma equipe que está

buscando uma ascensão diante de disputas de títulos e uma outra que possui como objetivo

final a reunião de amigos para a prática esportiva.

A segunda categoria mencionada, referente ao time que se objetiva em uma reunião de

amigos sem a finalidade de se expandir e se tornar reconhecido como clube, geralmente reúne

36

jogadores mais experientes e geralmente não há uma pessoa específica na função de técnico –

porém sempre há uma regra que organiza sobre quem inicia as partidas, as substituições, etc.

“Não, o técnico é nós mesmo. A gente senta e vamos montar assim. Joga meio tempo cada um e foi.”

Porém neste momento exato da entrevista com Alemão, jogador e um dos diretores do

Comercial do Piqueri, chega um outro jogador do mesmo time e o avisa que tem uma pessoa

no vestiário que está nervosa, pois foi substituída. Alemão explica que:

“Ele não é do grupo. Se quiser ficar no grupo é do nosso jeito, nóis que banca. Tem um cara do time que nóis não mexe. Vai jogar aí e acabou, igual, tem um camarada que ta viajando, sábado que vem ele vai vim e ele vai jogar, é do grupo. Gostou, gostou, se não gostou, tchau. ”

Apesar de não haver uma figura central de treinador no time, há um conjunto de

normas e regras que são tomadas pelo coletivo e que devem ser seguidas por todo o grupo,

sendo que no caso citado, como não há um técnico propriamente dito e instituído em sua

função, Alemão – responsável pela marcação de jogos, lavagem do uniforme, pagamento das

mensalidades, entre outras obrigações – ocupa a figura de diretor e técnico ao mesmo tempo,

revelando quem entra ou não para jogar.

Na posição de técnico do time geralmente encontra-se uma pessoa mais experiente e

que já jogou pelos campos da várzea ou então há também casos em que o “dono da bola”, ou

seja, a pessoa que tem uma melhor condição financeira para arcar com as despesas, participa

diretamente na escolha dos jogadores que entrarão em campo, que representa uma das

principais funções do técnico, incluindo as alterações de atletas que ocorrem no decorrer das

partidas. Pois é em torno das substituições que a maioria das confusões envolvendo os

técnicos e os jogadores acontecem, como expõe Marcelo, jogador do União Santa Mônica:

37

“E aí tem o vínculo de amizade também, vamos imaginar que eu sou o grosso do time, você é o técnico e é meu amigo, a gente tem um grupo legal, você vai me colocar pra jogar, não tem como, pelo menos meio tempo, 30 minutos, você tem que colocar, porque é um vínculo de amizade legal que forma. O técnico é mais flexível, porque senão o time não vive. Sem a ajuda dos jogadores o time não vive, a não ser que tenha uma estrutura grande, alguém que banque."

Outro exemplo que retrata o forte vínculo de amizade entre os jogadores é o caso do

Ousadia Futebol e Samba, time de Itaquera. Durante a minha observação participante, alguns

fatos são difíceis de serem contados devido à complexidade do tema e o grande número de

personagens que participam da várzea, como é este o caso que aconteceu nos campos da zona

leste de São Paulo.

Durante a tarde do dia 09 de maio de 2009, pude acompanhar de perto um

desentendimento enorme entre parte dos jogadores com o até então técnico do time. Durante

uma visita ao campo do Ousadia fui convidado a me juntar aos jogadores reservas que

estavam localizadas logo ao lado do campo. A novidade do jogo era a estréia de cinco novos

jogadores que haviam sido trazidos por indicação do técnico. A composição do elenco já

estava formada em sua maioria por jogadores que atuavam juntos há muito tempo, porém logo

no início houve uma surpresa geral, pois os novos jogadores trazidos pelo técnico iriam

começar a partida como titulares, enquanto outros quatro atletas que pertenciam ao time

principal antes da chegada dos novos jogadores, iriam para o banco de reservas. Os jogadores

não relacionados para começarem a partida primeiramente aceitaram, não sem reclamações, a

decisão do treinador. Porém o tempo foi passando e os jogadores que estavam na reserva

ficaram nervoso devido ao fato de não entrarem na partida, mesmo após o time estar

vencendo e o jogo perto do final e foi então que começou a discussão. Os quatro jogadores da

reserva perguntaram para o técnico o motivo de não terem entrado ainda em campo e aquele

respondeu que estavam no banco para que o time levasse a sério o futebol e parassem de faltar

tanto jogadores nas partidas. O time havia perdido um campeonato duas semanas atrás devido

38

a falta de jogadores, foram para campo com 7 jogadores, portanto, o técnico decidiu aplicar

uma lição aos atletas, trazendo jogadores de outros times para formar o grupo, porém não

obteve muito sucesso com suas alterações, pois começou uma forte discussão no banco de

reservas que se espalhou pelo campo em pouco tempo. Os jogadores que estavam juntos há

mais tempo, se solidarizaram com os seus amigos que estavam no banco de reservas e a

partida acabou devido a confusão. Interessante relatar que apesar do técnico ser pressionado

por cerca de 10 pessoas, não houve nenhum tipo de agressão física a esta figura que outrora

jogara pelo time e agora se via na posição de técnico, porém nas partidas seguintes disputadas

pelo Ousadia, não o vi mais como técnico do time, mas sim como um torcedor do lado de fora

do alambrado. O técnico decidiu utilizar outros jogadores de fora do grupo que estava

acostumado a jogar, como forma de punição aos atletas que não compareciam em alguns

jogos, porém o que era para servir como exemplo de mando dentro de campo, ou seja, a

vontade do técnico sobre o grupo, se tornou uma confusão onde os jogadores se uniram para

pedir a saída não só dos novos jogadores que chegaram para tomar a posição dos mais antigos

do time, mas também o afastamento do técnico diante do grupo. Acontecimentos como estes

demonstram que a coesão interna do grupo demanda de um esforço onde nem sempre há

espaço para pessoas que não fazem parte daquele circulo de amizades, porém reforça a idéia

de uma união do grupo contrária a decisão de um indivíduo.

O técnico de um time de futebol de várzea passa por uma série de conflitos existentes

entre sua vontade individual e os desejos que surgem do restante do coletivo. Geralmente

exerce uma atividade não remunerada onde participa diretamente das decisões que são

tomadas nas partidas, como a escalação do time que vai começar jogando, além de decidir

sobre as substituições no decorrer do jogo. Alguns times possuem na mesma pessoa a função

de diretor e técnico. Mesmo que seja de modo camuflado pelos laços de amizades, há sempre

a figura de um indivíduo que anuncia quem vai começar jogando. Em algumas oportunidades

39

os jogadores se unem para impelir certas mudanças efetuadas pelo técnico que podem

provocar uma possível desunião do coletivo. Em outros casos, os atletas, por não estarem

satisfeitos com as ações tomadas pelo treinador, procuram outro time em que possam

conquistar seus espaços.

Diretoria de Fato e Diretoria de Direito

A figura da diretoria de um time na várzea pode ser analisada de diferentes maneiras,

considerando que a própria organização dos times apresenta diversas especificidades e exige a

observação atenta da pluralidade de fenômenos que se desenrolam nos campos. A forte

relação existente entre os participantes de um time de várzea, incluindo diretores, jogadores,

comissão técnica e também a torcida, implica em um envolvimento recíproco e complexo em

que as partes interferem umas nas outras, sendo necessário situar a diretoria nesse contexto.

A maioria dos campeonatos de futebol amador possui regulamentos para que os times

possam atuar e, entre outras exigências, encontra-se o registro oficial do time18. Os

campeonatos regionais, como a Copa Pirituba, Copa da Paz, realizada em Paraisópolis, além

da conhecida Copa Kaiser, são os mais importantes campeonatos a serem disputados no

terrão, devido ao grande número de participantes e a visibilidade que o campeão conquista

diante dos outros times e dentro da própria comunidade. No entanto a participação se restringe

aos times que possuem estatuto registrado comprovado e para tanto, necessita-se compor uma

diretoria que deve assinar a ata de fundação oficializando o funcionamento do time19. Vale

ressaltar que existe uma grande quantidade de times que não possuem um registro, sendo

18 Ver Anexo I 19 Ver Anexo II

40

impedidos de participar desses campeonatos maiores, porém não deixam de possuir uma

diretoria formada.

Contudo, algumas perguntas são pertinentes referente a forma de atuação dessas

diretorias. Como se constitui essa diretoria? Quem são os membros que a compõem? Qual é a

sua função? Que poder ela exerce diante do coletivo? Com qual objetivo as pessoas integram-

se a uma diretoria?

Seu Agenor relata as diferenças entre uma diretoria atuante e uma outra oficial.

“A maioria dos times, 99% tem diretoria de direito, de fato não. O que é diretoria de direito e o que é diretoria de fato? A diretoria de direito é que pra se instituir qualquer empresa, organização, você se constitui uma diretoria e leva a ata de fundação do clube pra registrar aquela entidade, então a partir dali você tem uma diretoria de direito, mas geralmente a diretoria de fato é o presidente que é um cara que pensou em fazer o time, às vezes tem uma condiçãozinha de compor um pagamento, ele é o abnegado, ele gosta de esporte. É um dos brasileiros que quer ser técnico da seleção brasileira.”

Seu Agenor nos coloca algo muito comum no futebol varzeano que é a quantidade de

pessoas envolvidas na diretoria, pois ao mesmo tempo em que se necessita de um número

mínimo para se constituir um clube com registro, normalmente não são todas as pessoas que

assinaram os papéis que estão envolvidas com as atividades do clube. Geralmente a

organização “sobra” para uns poucos, como completa Seu Agenor:

“Então a diretoria é geralmente uma diretoria apenas de direito e de fato é o presidente que manda lavar roupa, faz o pagamento, paga taxa.”

Como podemos observar, a quantidade de pessoas envolvidas na diretoria de fato é

pequena e geralmente são sempre as mesmas que estão há muito tempo participando do time,

como aponta Chico Boi:

“Na diretoria eu faço parte desde os 25 anos de idade, sempre tive envolvido. Joguei até os 30 e poucos, daí parei e continuei tomando conta aqui do Regina, mas já fazia parte, promovia festival, festas, essas coisas. Sempre estava envolvido porque gosto

41

do time, gosto da entidade, praticamente fui criado nisso aí. [...] A maioria são dois, três que trabalham, mas tem que ter doze. É que nem o Brasil onde um trabalha e duzentos querem roubar. Aqui três trabalha e o resto só fica no barranco olhando.”

A aproximação existente entre a diretoria extravasa muitas vezes os limites de fora do

campo, pois o diretor não é uma figura externa do grupo, sendo que em alguns times alguns

membros da diretoria até atuam nas partidas. A torcida, o jogador, o técnico e a diretoria se

confundem num só corpo coletivo, sendo que, assim como o poder não está separado das

sociedades primitivas, segundo análise feita por Pierre Clastres, o poder na várzea também se

encontra disperso entre os jogadores e torcedores, que por terem uma relação de afinidade

com os membros da diretoria, muitas vezes possuem uma maior liberdade para exporem suas

idéias e participarem das decisões, como cita Luis, jogador do Corinthians de Pouso Alegre,

da região de Franco da Rocha.

“A equipe que tá na administração do clube, são companheiros meus que jogavam comigo quando eu tinha 14 anos de idade, então eu tenho total liberdade pra conversar com os caras e falar do jeito que tem que falar. Todo mundo ali se conhece, então tem um relacionamento bem aberto. Conflito tem, mas pela afinidade, por todo mundo se conhecer bem, não tem tanta dificuldade.”

A informalidade observada no futebol de várzea se faz presente em todos os

momentos, desde a marcação de jogos até o arrecadamento da mensalidade nos vestiários e

arredores do campo. A comemoração após um resultado positivo no bar, as discussões após os

jogos perdidos, representam um relacionamento comum entre a diretoria e o time. Muitas

vezes morando no mesmo bairro, ou simplesmente com laços de amizade em comum, as

relações entre as partes envolvidas na várzea são muito próximas, onde os calorosos debates

geralmente são resolvidos com a habilidade e a destreza das pessoas mais experientes que

compõem a diretoria. Maradona, diretor do Esporte Clube São Bento, da Vila Itaiau, expressa

a intensa relação entre a diretoria e os jogadores.

42

“Tem que ser tipo pai pra filho, principalmente pra molecada e quando é de adulto o tratamento é de irmão, é um cara que corre atrás, é um cara que é líder. Ele é um cara que quando o bicho pega ele tá aí pra resolver o problema.[...] e automaticamente, o pessoal que é líder sempre se destaca pelas atitudes que tem dentro da comunidade. Então a comunidade mesmo elege essas pessoas que ajudam a comunidade. Então não é que o cara chega aqui e fala "eu sou o bambambam e tal.”

Influência e responsabilidade no futebol de várzea

A diretoria de um time de várzea se coloca de uma maneira atuante na composição do

espaço organizativo. As diretorias possuem alguns aspectos que apontam para membros que

possuam uma grande influência local que, em muitas vezes, ultrapassam os limites do campo,

como foi constatado em mais de uma oportunidade durante a observação participante.

A função de liderança dos diretores é marcante, na medida em que geralmente são os

mesmo há muito tempo. Possuem a responsabilidade de ajudar a cuidar do time, incluindo a

lavagem de uniforme, pagamento da mensalidade de campo, taxas de arbitragem, entre outras

obrigações. O grupo se apóia nessa figura de liderança para continuar uno, indivisível e

representado. Não há uma centralização na tomada de decisão da diretoria que não

corresponda com os interesses da comunidade envolvente, pois há uma troca em que se

estabelece mediante as partes. Os jogadores continuam a defender o time, enquanto a diretoria

exercer seu conjunto de obrigações para a atuação dos jogadores em campo. O time só terá

uma boa reputação se tiver bons resultados em festivais e campeonatos, sendo assim, o

prestígio da diretoria depende da decisão do grupo entre jogar ou abandonar o time. Essa troca

entre o trabalho desempenhado pelas diretorias e o prestígio que recebem estipula um apelo à

unidade, que interessa tanto às diretorias quanto aos jogadores e torcida. É por este motivo

que a diretoria exerce uma tomada de decisão que, antes de apontar para interesses pessoais,

representa a vontade coletiva, consciente de que uma decisão errada pode provocar uma

43

ruptura no grupo em que em alguns casos relatados, leva até mesmo ao fechamento do time.

Portanto, há uma prioridade pela decisão do grupo e a tomada de opinião é fundamental para a

manutenção do time.

Clastres cita a função do líder primitivo em sua sociedade, algo próximo com o que

exerce a diretoria em um time de várzea. Segundo ele, ao líder “essencialmente, compete-lhe

assumir a vontade da sociedade de mostrar-se como uma totalidade una, isto é, assumir o

esforço concertado, deliberado, da comunidade, com vistas em afirmar sua especificidade, sua

autonomia, sua independência em relação às outras comunidades. Em outras palavras, o líder

primitivo é principalmente o homem que fala em nome da sociedade quando circunstâncias e

acontecimentos a colocam em relação com os outros20”.

Ele aponta para a função do chefe no corpo social das sociedades primitivas, bem

como seu relacionamento com o restante da tribo, o que não exclui uma comparação com o

futebol de várzea ou qualquer outro fenômeno social. Tal análise nos ajuda a entender as

relações de poder existentes no interior dos fenômenos.

Os membros das diretorias possuem algumas características em comum quando se diz

respeito aos relacionamentos em que estão envolvidas pela várzea. O envolvimento dos

diretores dos times entre si é algo muito comum de se observar nos jogos devido em muitos

casos a uma aproximação que surge aos papéis exercidos, como por exemplo, a marcação de

jogos ou simplesmente conversas sobre as lembranças de toda uma vida nos campos de

várzea. Daniel Veloso Hirata analisa em sua dissertação21, diversos aspectos que permeiam a

várzea, e entre seus estudos, podemos citar um exemplo que ilustra bem o papel de um

diretor. Pereira era um feirante que foi convidado para participar da diretoria do XI Garotos

20 CLASTRES, Pierre. Arqueologia da Violência. São Paulo: Cosac Naify, 2004. 21 HIRATA, Daniel Veloso. O futebol varzeano: Práticas sociais e disputas pelo espaço em São Paulo, Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais), Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.

44

no ano de 1996. Antes de se tornar um diretor no time, Pereira era uma pessoa que possuía um

bom relacionamento não só com os membros da comunidade local, mas também com pessoas

de outras regiões. Sua profissão foi fundamental para que sua rede de amizades se

multiplicasse, estabelecendo assim, vários contatos – o que na várzea é essencial para que o

time cresça, garantindo sua coesão e representatividade. É importante que tenha uma pessoa

que exerça essa função de liderança, de modo a garantir a coesão do grupo.

Além disso, uma liderança carismática pode trazer os melhores jogadores para atuar

em suas equipes, além do que, quanto mais contatos tiverem, maiores oportunidades de

participação de festivais e campeonatos. Sendo assim, a circulação pela cidade e sua boa

oratória, tornou Pereira importante na construção de um time forte e unido a tal ponto que, em

2001, o time foi campeão da Copa Kaiser, um dos mais importantes campeonatos de futebol

de várzea de São Paulo.

A circulação no jogo da vida

Os diretores, tal como foi relatado, possuem uma facilidade e proximidade no

envolvimento do interior e arredores do time, portanto uma outra análise que auxilia na

caracterização desses abnegados seria a figura do malandro. Antônio Candido aborda na

“Dialética da Malandragem” um ponto que culmina na circulação do malandro entre o legal /

ilegal, formal / informal, sem tomar parte de nenhuma, onde o que se encontra em jogo é seu

beneficio. Segundo ele, “Ficou o ar de jogo dessa organização bruxuleante fissurada pela

anomia, que se traduz na dança dos personagens entre lícito e ilícito, sem que possamos afinal

dizer o que é um e o que é o outro, porque todos acabam circulando de um para outro com

45

uma naturalidade que lembra o modo de formação das famílias, dos prestígios, das fortunas,

das reputações, no Brasil urbano da primeira metade do século XIX 22”.

Os times de várzea e todo o cenário informal que os cercam, apontam para figuras que

circulem por entre as relações lícitas e ilícitas da comunidade, sendo respeitados por ambas as

partes. Por essa análise podemos observar que o poder da diretoria se expande para além dos

limites do futebol, porém seu prestígio está associado a ações pautadas na vontade da

comunidade, mesmo que para isso tenha que circular pelo legal e ilegal. Esta prática não é

restrita somente a população de baixa renda, pois podemos observar a intensa rede de

ilegalidades que políticos, empresários e um grande número de pessoas com alto poder

aquisitivo que estão relacionados aos laços da ilegalidade ao mesmo tempo em que se

apresentam para a opinião pública dentro da legalidade.

O time e a atuação das diretorias

Após analisados a figura do diretor e seu relacionamento com o time, Seu Luis retrata

como é o processo eleitoral para eleição de um presidente:

“Nós nos reunimos na lanchonete, umas 10, 15 pessoas, e ‘quem vai ser o presidente?’, eu já fui, o Talico já foi e ficou o Dada. Perguntamos ‘Você pega Dada?’ ele falou ‘pego’ e foi assim.”

A informalidade que se encontra até mesmo na hora de decisões como a escolha de um

presidente é a mesma em que se observa nas reuniões que ocorrem antes ou depois das

partidas, onde assuntos importantes são tratados próximos ao campo. Com a pesquisa

empírica, pude observar e participar de oficialmente três reuniões de diretorias de mais de um

22 CANDIDO, Antônio. Dialética da Malandragem: caracterização das Memórias de um sargento de milícias. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, no. 8, p. 67-89, 1970.

46

time. Refiro-me oficialmente com certo cuidado, pois presenciei inúmeras discussões

deliberativas na beira do campo, onde a participação do time e até mesmo de torcedores foi

decisiva. Um exemplo se deu na ocasião em que o time Chelsea, de Pirituba, foi derrotado em

seu próprio campo, havendo uma grande discussão que começou entre os diretores,

expandindo-se para o técnico, logo depois para três jogadores e finalmente o restante da

torcida. O debate era sobre qual jogador deveria entrar em campo, e aquilo que era para ser

encarado como uma conversa interna, de uma parte do grupo, se extrapolou de modo que até

o dono do bar local estava discutindo no mesmo patamar que os jogadores, técnico e diretores.

Esse tipo de reunião informal acontece na maioria dos times de várzea e são espaços de

deliberações e tomada de decisões que não são fechados para apenas um grupo específico.

Esse tipo de reunião é muito mais comum, porém as reuniões formais, em que são estipulados

um horário, data e local para acontecer, também acontecem de maneira aberta para quem

quiser participar. Nas três reuniões formais que frequentei, estavam presentes pessoas que não

faziam parte da diretoria e que opinaram do mesmo modo que os diretores.

Dada é o atual presidente do Sidoni F. C. e foi escolhido, entre outras características,

por ser jovem e participativo na comunidade, o que demonstra uma certa preocupação por

parte da diretoria em continuar o time com outras pessoas mais jovens envolvidas, visto que a

maioria dos diretores estão no clube desde sua fundação de 1965. Quando perguntado sobre o

processo eleitoral que resultou em sua vitória como presidente da entidade:

“Nem precisou. Todo mundo que foi escolhido pra diretoria é todo mundo que fica ali, todo mundo sabe. Aí como a gente acompanha direto, estamos todo sábado ali e estamos ajudando, então estamos na diretoria. Quem ta de fora acha que é fácil, mas não é não.”.

A novidade na entrevista de Dada é o fato de como ele foi escolhido para ser

presidente do time, quando relata que por acompanhar o time acabou sendo escolhido para a

diretoria, acontecimento este que aponta como a relação entre torcedores e diretores é tão

47

próxima ao ponto que os limites não são estritamente demarcados e alienados entre quem

pertence à diretoria, à torcida ou ao grupo de jogadores. Quando perguntei sobre o que um

presidente faz para o time, respondeu que:

“Não tem muita coisa não, a gente organiza alguma coisa aí, vê o que tá acontecendo, aniversário, a gente faz toda a correria aí, todo mundo junto, entendeu?”

Na prática o processo que acontece entre a diretoria e os outros membros do time,

incluindo jogadores, técnico e torcida, apontam para uma prática onde o presidente age mais

como um “planejador das atividades econômicas e cerimoniais do grupo, o líder não possui

qualquer poder decisório; ele nunca está seguro de que as suas “ordens” serão executadas:

essa fragilidade permanente de um poder sempre contestado dá sua tonalidade ao exercício da

função: o poder do chefe depende da boa vontade do grupo23”.

Em muitos times os próprios membros da diretoria atuam dentro de campo como

jogadores. É o caso do Irreal Futebol e Samba, de Tremembé, como é relatado por Franklin,

jogador do time desde 2005:

"O presidente, jogador do time, tesoureiro é a mesma coisa, sempre interno do grupo, não teve nenhuma figura que não jogasse e que cuidasse dessa parte de se reunir."

Em muitos casos a figura de uma pessoa que representa os interesses do time está

dentro do próprio corpo de atletas, porém a existência de um líder que possui certas

obrigações sempre está presente dentro ou fora do campo de jogo, o que não significa uma

alienação da tomada de decisão tanto da diretoria de fato, como dos jogadores, técnico e

torcedores.

23 CLASTRES, Pierre. A Sociedade Contra o Estado. São Paulo: Cosac Naify, 2003.

48

O poder está presente disseminado dentro do coletivo pelos jogadores, técnico, torcida

e diretores, sendo que há uma troca entre prestígio adquirido pelos diretores em contraposição

ao conjunto de obrigações que o mesmo deve exercer para o time. O forte relacionamento

existente através dos laços de amizade entre as partes faz com que haja um maior exercício de

liberdade entre os indivíduos que atuam jogando ou torcendo e os diretores dos times.

Podemos também observar a presença de uma diretoria de direito e outra de fato, da qual a

última é representada por pessoas que acompanham o time durante os jogos e fazem as

atividades necessárias para que o time continue ativo. Geralmente essas pessoas que

participam diretamente do cotidiano de seus times são as mesmas durante muito tempo, pois

para exercer tal função é preciso cumprir determinadas obrigações diante do restante do

grupo. O envolvimento dos diretores com a comunidade é algo comumente observado nas

relações construídas que extrapolam os limites do campo, sendo um agente político e

representante local. Atuando muitas vezes como moderador diante dos conflitos existentes, a

boa oratória e seu trânsito pela cidade fazem dos diretores figuras que possuem uma extensa

rede de contatos. As eleições para a diretoria, assim como as decisões, são tomadas num

ambiente de informalidade dentro do próprio corpo coletivo, ou seja, jogadores, técnico e

torcedores.

Jogadores Nômades – construindo práticas de liberdade

Como a prática do futebol é muito comum em território nacional, as aventuras de um

jogador não se encontram restritas a somente um espaço físico. É muito comum ver um

jogador de um time de várzea jogar por mais de um clube, algumas vezes até por mais de um

jogo por dia. A facilidade de se encontrar uma partida de futebol facilita o acesso a prática de

tal esporte, uma vez que pode ser praticado em diferentes tipos de superfícies com um objeto

49

muito comum que é a bola. A multiplicidade de formato que se encontra o futebol nos dias

atuais, incluindo o futsal, society, futebol de areia entre outros, faz com que a prática desse

esporte ganhe popularidade rapidamente, sendo de fácil adequação em diversos espaços. Os

jogadores da várzea, na maioria das vezes também praticam essas outras variedades do

futebol em seu tempo livre além de atuarem em seus respectivos times.

Além das diversas variantes do futebol, soma-se a enorme quantidade de times

presentes nos bairros. Geralmente não há um único time por região, mas sim uma

multiplicidade resultante da fusão de uns e desmembramento de outros. A grande quantidade

de praticantes deste esporte cria uma demanda pelo surgimento de novos times das mais

diversas variações, fazendo com que a sua prática continue crescendo.

O futebol de várzea está presente como uma variável deste esporte que se tornou hoje

praticado em todo mundo. A trajetória de um jogador de várzea está relacionada a essa

variedade de times existentes, pois disto varia seu exercício de associação entre determinados

coletivos, ou seja, quanto mais times existirem, maiores são suas escolhas e

consequentemente menor será sua dependência por um determinado grupo. Podemos assim

observar, na esteira do relato de Seu Agenor, o trânsito na experiência dos jogadores em

associação aos times:

"Na várzea quando o técnico tira o cara, ele não vem mais, porque ele não paga e nem recebe. Ele procura outro time pra jogar."

Outras experiências podem ser analisadas uma vez em que há um crescimento de

novos times, como relata Frank:

"Nós nascemos de um time que eu nem vou falar o nome, por que não gosto de falar mesmo, eles não gostam da gente. Nós jogávamos nele e tinha só um quadro, então nós fazíamos o segundo quadro do time, aí eu e ele montamos um time. O cara achou que porque ele tem o uniforme dele, ele achava que podia mandar em nós. Tem a sede e nós tava sem dinheiro, era quase final do mês. Daí nós fomos pegar umas três

50

latinhas pro time, porque o time ganhou, e, ‘dia 5 nóis chega junto com você’. Então eu fui ao barzinho do vizinho porque o cara ia cobrir nós, daí ele falou que ‘se você for beber no outro bar, o time acaba hoje’. Eu falei que tudo bem, o time acaba hoje mesmo. Até o uniforme nós entrega hoje. Domingo a gente tem outro uniforme."

O descomedimento proporcionado pelo esporte onde a emoção caminha variavelmente

pode provocar certas rupturas quando se trata de um entretenimento coletivo em que está em

jogo o relacionamento de vários indivíduos. A convergência de opiniões nem sempre é

garantida pelo consenso do grupo, o que algumas vezes pode resultar no surgimento de novos

times, como é no caso relacionado acima referente ao Chelsea, de Pirituba, onde por um ato

do presidente de um time, cujo nome não foi citado pelo Frank, de não deixar comprar bebida

“pendurado” no bar da sede, além de serem impedidos de comprarem no outro bar que

aceitara venda a crédito, fez com que determinados jogadores de dentro do grupo, saíssem e

montassem um outro time, portanto, desrespeitando a ordem estabelecida pela diretoria do

antigo time, um outro foi montado de modo que seguisse um novo conjunto de regras. O que

vale ressaltar é o conjunto de acontecimentos que resultou no surgimento do Chelsea,

constituindo-se como uma afronta à diretoria antiga e o estabelecimento de um novo time na

região. Outros desentendimentos dentro dos próprios times resultaram em divisões do

coletivo, como é o caso de Jefferson:

"Esse time já existe faz uns 10 anos, só que é uma nova formação agora. A metade do time mudou e eu faço parte dos novos jogadores. Essa mudança teve por briga entre o time mesmo. Teve uma confusão numa Liga dos jogos. Os jogadores se desentenderam no campo."

Assim como os jogadores saem dos times e montam outros, alguns atletas aparecem

para compor o quadro faltante e novamente começa a procura por novos jogadores e como o

futebol de várzea não conta com toda a estrutura de “olheiros” que o futebol profissional

possui, o que conta para a entrada de novos jogadores é a indicação das pessoas que

acompanham o time, como é o caso da entrada do Jefferson no grupo:

51

"Eu jogava na quadra com um amigo meu e ele me convidou pra ir fazer um teste. Faltou 3 jogadores num jogo lá e me chamou.Ligou pra mim, tinha como eu ir, peguei e fui. Fiz o teste e no primeiro jogo meu fiz um gol e aí o time ganhou e a gente foi pra final."

Os laços de amizade estão presentes tanto no período de vitórias, quando há um maior

entendimento entre seus participantes, quanto nas derrotas em que crises são instauradas e as

amizades entram em ação, seja na mudança de jogadores de uma equipe para outra ou na

formação de um novo time.

Alguns times possuem uma maior rotatividade de atletas, enquanto outros, geralmente

os que possuem pessoas com mais experiências, possuem uma maior permanência dos atletas.

Se o jogador tiver uma boa habilidade com a bola, então este costuma ter passagem livre para

os clubes que atuar, podendo ser amigo, ou não, das pessoas que participam do time, porém

geralmente possuem um determinado grau de conhecimento, pois é difícil um jogador aceitar

a jogar em um time onde não conhece ninguém.

As decisões sobre o cotidiano do time são tomadas pelo coletivo que participa de fato

dos acontecimentos do grupo, como é o caso citado por Frank, do Chelsea, quando se refere a

frase que foi colocada na camisa da torcida do time do qual faz parte:

“Apesar de eu não gostar, mas eles colocaram né! Eles falaram ‘dá sua opinião’, daí eu falei que a minha frase pra por na camisa é: na subida falta força, na descida falta freio. Mas preferiram colocar Só Canelas.”

Quando Frank, que é presidente do Chelsea, relatou esse caso, Marcelo – que joga

pelo time – começou a rir, fazendo com que Frank se exaltasse. Situações como esta não são

raras no futebol de várzea, pois ao mesmo tempo em que há o respeito para com os diretores,

(em geral os mais experientes), a relação de amizade e intimidade que liga a diretoria a grande

parte dos jogadores e torcedores faz que estes tenham uma certa liberdade no poder de decisão

52

– e como podemos ver no caso observado, a decisão do grupo prevaleceu diante da opinião do

diretor.

Além disto, há todo um cuidado do grupo em não deixar que o chefe transforme seu

prestígio em algo como a centralização do poder em suas mãos, como é relatado por Pierre

Clastres onde, referindo-se a tribos indígenas, “o chefe está sob vigilância na tribo: a

sociedade cuida para não deixar o gosto do prestígio transformar-se em desejo de poder. Se o

desejo de poder do chefe torna-se muito evidente, o procedimento empregado é simples: ele é

abandonado ou mesmo morto24” .

Não cheguei a observar casos de óbitos, como Clastres em sua pesquisa entre os

indígenas. Porém, como me foi relatado em diversas ocasiões, a partir do momento em que os

jogadores não se sentem mais contemplados, deixam a diretoria e passam a jogar com outro

grupo ou fundam um novo time, como é o caso relatado por Hirata25 .

Segundo ele, houve um desentendimento do time XI Garotos, de Ermelino Matarazzo,

quando seu presidente Bill prometeu um prêmio em dinheiro e uma viagem ao Guarujá, caso

o time ganhasse a Copa Kaiser. O time foi campeão e devido a alguns problemas pessoais,

Bill perdeu boa parte do dinheiro que prometera pagar em prêmio caso o time conquistasse o

campeonato. Alguns jogadores se revoltaram e deixaram o time para jogar em outra equipe no

bairro de Tatuapé, enquanto outros mais jovens, com a presença de alguns diretores do XI

Garotos, fundaram outro time, o Fúria Negra.

Com o exemplo acima podemos notar também como a figura do diretor nem sempre

está associada de maneira harmoniosa com o grupo. O desfecho da história envolvendo o XI

24 CLASTRES, Pierre. Arqueologia da Violência. São Paulo: Cosac Naify, 2004. 25 HIRATA, Daniel Veloso. O futebol varzeano: Práticas sociais e disputas pelo espaço em São Paulo, Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais), Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.

53

Garotos decorre em longas conversas do Bill com antigos diretores do time, de modo a manter

a coesão interna do coletivo, o que demonstra a preocupação da diretoria diante de uma

possível perda de parte do time para outros rivais e até mesmo o surgimento de um rival na

mesma região, como foi o caso do Fúria Negra, em que ambos os times jogavam no mesmo

campo, freqüentavam o mesmo bar, além de dividirem parte da torcida que outrora era

exclusiva do XI Garotos.

O prestígio da diretoria e do time está ligado à participação dos jogadores em campo, e

como na várzea essa ligação, geralmente, não está relacionada com acordos financeiros, não

há nenhum contrato que prenda o jogador em determinado clube, senão a sua vontade de jogar

por ali, o que diretamente inclui sua relação com a diretoria, torcedores, outros jogadores e o

técnico.

Os caminhos trilhados pelos jogadores de várzea dependem muito de suas próprias

vontades de optar pela grande variedade de times que existem, sendo os laços de amizade uma

ferramenta fundamental não só para a manutenção dos atletas no time, como também nas

trocas e no surgimento de outros grupos. Essas associações que surgem de divisões internas

representam uma importante reflexão para entendermos uma busca por autonomia, onde as

decisões e o poder estão no corpo social de modo que a insatisfação do grupo pode gerar uma

outra coletividade com novas formas de atuação e regras.

A diversidade de times espalhados por São Paulo demonstra as múltiplas idéias e

formas de organização decorrentes dos participantes do futebol de várzea. A vontade do

jogador, que não possui nenhum vínculo empregatício com time, é sempre levada em

consideração pelo mesmo, uma vez que sua livre circulação por entre os diversos clubes de

várzea, ou outras variantes desse esporte, demarca sua trajetória e o fazem ser um andarilho

em busca da liberdade dentro de campo.

54

Formas de organização para além do campo

O cotidiano na periferia é envolvido por uma série de conflitos onde o sobreviver se

configura como um grande desafio. Mesmo em meio às dificuldades enfrentadas pelo futebol

de várzea, há uma forma de organização própria que se diferencia pelas características dessa

organização. Diferentemente do futebol de várzea, o emprego está relacionado com um modo

específico de organização atrelado a um sistema de dominação vigente, o capitalismo.

No decorrer das entrevistas, foi coletado um extenso material onde se explicita a

questão do emprego como um tempo de cobrança e alienação em contraposição a prática do

futebol nos finais de semana como um momento de lazer, descontração e pertencimento. Este

assunto que aponta para dois aspectos diferentes da vida das pessoas é comum nos discursos

dos participantes da várzea, em geral são trabalhadores assalariados, informais ou mesmo

desempregados, sendo que muitos moram próximo aos campos, ou seja, nas regiões

periféricas e vivenciam uma série de problemas sociais que abarcam grande parte da

população – a falta de emprego, moradia e saneamento básico, serviço de saúde público de

qualidade.

"Os chefes são muito incompreensíveis. O futebol é um lazer e um desabafo também, porque quando você está jogando, esquece de todos os problemas. Aí quando você vem pra pressão do trabalho, dia-a-dia, pressão do chefe, você não vê a hora de chegar ao final de semana e jogar aquela peladona."

O que está em jogo na várzea, além da vitória dos times, é também um momento de

lazer onde a tomada de decisão do coletivo encontra-se pautada numa ética pertencente ao

próprio corpo social, ou seja, nos participantes. Isso, ao contrário do que ocorre com o tempo

gasto nas empresas e fábricas, onde a alienação nas decisões, resultante de uma estrutura

hierárquica pautada numa forma de organização burocratizada, visa o favorecimento de

alguns em contraposição a exploração de muitos, Segundo Maurício Tragtemberg: “Um dos

55

elementos em que a burocracia fundamenta sua legitimação consiste em se atribuir a tarefa de

“organizar” tudo. [...] Qualquer grupo humano, tendo em vista as finalidades que persegue,

organiza-se para tanto. Mas a burocracia é outra coisa: está montada como estrutura de

controle, dispondo de imunidades e privilégios. As formas de organização das coletividades

visando aos seus próprios fins ocorrem através de uma igualdade básica entre seus membros;

a burocracia ‘em nome da organização’, usa e abusa das imunidades e privilégios inerentes a

ela enquanto poder acima dos organizados26”.

A burocracia existente dentro de uma empresa capitalista dissocia os empregados na

tomada de decisão, “por isso, ela tem como religião o culto da hierarquia, ou seja, o culto da

distribuição desigual do poder, onde poucos podem muito e muitos não têm voz 27”. Ao

contrário do que se encontra na várzea, onde o poder está associado ao coletivo, as empresas

da sociedade capitalista concentram o poder na mão de poucos, bem pagos e bem preparados

para administrar a exploração dos trabalhadores. Sendo estes uma grande parte dos

participantes da várzea, a disparidade dessa relação entre as formas de organização, auxilia na

compreensão antropológica dessas realidades.

"Profissionalmente, o que eu busco é a satisfação de acordar cedo e falar, ‘porra legal, vou trabalhar’. Tem gente que fala que o trabalho é chato, mas o trabalho não é chato. Trabalho é ótimo, maravilhoso, desde que você esteja fazendo algo que goste e que você acredita. Se você está num lugar em que você se sente mal, se sente uma porcaria, é duro. Eu não vou falar ‘então larga’. Larga não, porque não dá, porque você precisa de dinheiro, como que você vai pagar suas contas? Você tem mulher, tem filhos, tem suas responsabilidades aí, não dá pra largar. E são poucos brasileiros que conseguem trabalhar com o que gosta e eu estou por enquanto no grupo dos que não gostam. Mas eu tenho fé em mim que eu vou mudar isso daí em curto espaço de tempo. Enquanto eu não mudo, continuo jogando bola, que ali é o meu momento de prazer."

No mundo atual, a maioria dos trabalhadores não exerce a profissão que gostaria de

exercer. A entrada no mercado de trabalho se dá muito mais pela necessidade de sobreviver 26 TRAGTENBERG, Maurício. O Paraíso da Burocracia. Folha de S. Paulo, São Paulo, 21 out. 1979. Folhetim. 27 IDEM.

56

do que pelo prazer em fazer algo. Além disto, o processo de exploração capitalista,

administrado através de uma estrutura burocrática, fortemente hierarquizada implica em uma

divisão de poderes entre uma minoria que manda e uma maioria que obedece. No futebol de

várzea há uma outra forma de organização onde o grupo pode experimentar formas mais

democráticas e abertas de decisão, o que é explicitado nos depoimentos e demonstra uma

liberdade mais ampla para as pessoas que participam do futebol de várzea em seus momentos

de prazer.

57

Bibliografia

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ANEXOS

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Anexo I

12ª COPA KAISER SÃO PAULO DE FUTEBOL AMADOR-2009 SÉRIE A REGULAMENTO

CAPÍTULO I Das Finalidades

Artigo 1º - A 12ª COPA KAISER SÃO PAULO DE FUTEBOL AMADOR/09 - Série A, que terá a assessoria técnica da Evidência Promotions, com oficialização da Federação Paulista de Futebol e apoio da Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Recreação (SEME), tem como finalidade promover o intercâmbio e o congraçamento entre Atletas, Dirigentes, Clubes e Entidades do futebol amador de São Paulo.

CAPÍTULO II Da Participação

Artigo 2º - Serão convidadas 208 equipes para participar da 12ª COPA KAISER SÃO PAULO DE FUTEBOL AMADOR/09 - Série A, tendo prioridade, sempre a critério do Comitê Dirigente do evento, as equipes pré-selecionadas no ano de 2008, juntamente com as equipes classificadas na Seletiva Kaiser realizada em 2008.

# Único - As equipes somente terão condição de participação, se apresentarem no momento da inscrição os seguintes documentos: 1) Ficha de Inscrição da Equipe; 2) Termo de Compromisso, com firma reconhecida; 3) Ata de Diretoria , com firma reconhecida do Presidente da Entidade; 4) Cadastro de Bares; 5) Relação Nominal de Atletas, com xerox dos RGs. + 01 (uma) foto ¾ de cada atleta inscrito, identificada no verso com o nome do atleta e a equipe a que pertence.

Artigo 3º - Poderão participar somente atletas amadores, no Estado de São Paulo, do sexo masculino, com idade mínima de 16 anos.

# Único- Será de total responsabilidade das equipes, as informações dos dados de seus atletas inscritos e participantes.

Artigo 4º - O atleta será inscrito e participará somente por uma equipe.

# Primeiro - Atleta inscrito e participante da Série A, não poderá ser inscrito na Série B, e vice-versa, no ano em curso.

# Segundo- A duplicidade de participação será caracterizada pela súmula dos jogos, acarretando eliminação do atleta e sendo o fato encaminhado ao COMITÊ DISCIPLINAR, para apuração de responsabilidade da Entidade, a qual poderá também ser eliminada.

Artigo 5º - A equipe que iniciar ou incluir durante o decorrer do jogo, atleta que não conste da relação nominal ou que não atenda os requisitos exigidos por este Regulamento, tendo sua participação caracterizada através da súmula, será eliminada da competição através de ato administrativo, e seu caso será encaminhado ao COMITÊ DISCIPLINAR para possíveis outras punições.

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Artigo 6º - Atletas participantes em dois ou mais eventos organizados pela Evidência e patrocinados pela Kaiser, se forem punidos pela Justiça Desportiva, poderão ter o cumprimento da pena disciplinar extensivo aos demais eventos, a critério do COMITÊ DIRIGENTE.

Artigo 7º - Está vetada a participação de atletas e/ou dirigentes que estejam cumprindo pena disciplinar pela Justiça Desportiva das Copas Kaiser (Guarulhos, ABCDRR, Zona Oeste e São Paulo) e da Copa Metropolitana (organizada pela Associação Paulista). A participação acarretará na eliminação do infrator e, poderá causar também a eliminação da equipe, além de outras sanções aplicadas pelo COMITÊ DISCIPLINAR.

CAPÍTULO III Das equipes e atletas que participaram da Seletiva Kaiser

Artigo 8º - No mínimo 70% do total de até 20 (vinte) atletas relacionados por uma equipe para a SELETIVA, isto é, 14 (quatorze) atletas deverão ser os mesmos a estarem relacionados para a 12ª Copa Kaiser São Paulo de Futebol Amador/09 - Série A, em caso de a equipe ser classificada.

# Primeiro - Os atletas de equipes classificadas na SELETIVA que forem substituídos (6 no máximo), poderão participar na 12ª Copa Kaiser São Paulo de Futebol Amador/09 - Série A, por outras equipes, porém em equipes distintas e no máximo 1 (um) atleta por equipe.

# Segundo - O atleta que integrar uma EQUIPE NÃO CLASSIFICADA na SELETIVA poderá participar da 12ª Copa Kaiser São Paulo de Futebol Amador/09 - Série A, por qualquer outra agremiação.

CAPÍTULO IV Das Inscrições e Identificação

Artigo 9º - Só poderão participar da 12ª COPA SÃO PAULO KAISER DE FUTEBOL AMADOR/09 - Série A, os atletas previamente inscritos através de ficha específica (esta, acompanhada de uma foto ¾ recente e cópia do RG ou da nova carteira nacional de habilitação - com foto -), e com o respectivo atestado de atleta amador, que a partir deste ano, será expedido pela Evidência.

Artigo 10 - Os atletas deverão identificar-se ao mesário antes do início de cada partida. A Carteira de Atleta Kaiser, em poder do Representante da Evidência, é o documento legal para a condição de jogo do atleta inscrito.

# Único - Na primeira participação do atleta, o mesmo deverá apresentar-se ao mesário munido da Cédula de Identidade (RG) ORIGINAL, emitida por Secretaria de Segurança Pública ou da nova Carteira Nacional de Habilitação - com foto - ORIGINAL. Não serão aceitos quaisquer outros documentos.

Artigo 11 - Cada equipe deverá inscrever para a ETAPA 1 da 12ª Copa Kaiser São Paulo de Futebol Amador/09 - Série A, 22 (vinte e dois) atletas no máximo e 16 (dezesseis) atletas no mínimo através de relação nominal, sendo vetado qualquer alteração (troca ou complementação) após a entrega, salvo julgamento do Comitê Dirigente.

# Único - Na ETAPA"C", as equipes poderão incluir 03 (três) atletas.

CAPÍTULO V Do Calendário/2009

Artigo 12 - As datas abaixo poderão ser alteradas pelo Comitê Dirigente. Fique atento ao Site www.copakaiser.com.br.

JANEIRO/2009

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INSCRIÇÃO DE EQUIPES DATAS LIMITES (POR ZONA) PARA ENTREGA DE DOCUMENTOS: Zona Norte - até os dias 15 e 16 de janeiro/2009 Zona Sul - até os dias 19 e 20 de janeiro/2009 Zona Leste - até os dias 21, 22 e 23 de janeiro/2009 Zona Oeste - até os dias 26 e 27 de janeiro/2009

FEVEREIRO/2009 CONGRESSO TÉCNICO Dia 17 de fevereiro de 2009

MARÇO/2009 CONGRESSO SOLENE Dia 10 de março de 2009

INÍCIO DOS JOGOS Dia 22 de março de 2009

NOVEMBRO/2009 JOGO FINAL Local: Arena Kaiser

CAPÍTULO VI Da Forma de Disputa

Artigo 13 - A 12ª Copa Kaiser São Paulo de Futebol Amador /09 - Série A, será disputada em 8 (oito) etapas, a saber: ETAPA 1 ETAPA 2 ETAPA 3 ETAPA 4 ETAPA "OITAVAS-DE-FINAL" (OF) ETAPA "QUARTAS-DE-FINAL" (QF) ETAPA "SEMI-FINAL" (SF) ETAPA "FINAL" (F)

# Único - Da Etapa 1 à Etapa 4, as equipes serão emparceiradas em suas respectivas zonas.

Artigo 14 - Na ETAPA 1, as 104 (cento e quatro) equipes convidadas melhores classificadas no ano anterior comporão os grupos como "Cabeças-de-Chave", em suas respectivas zonas.

# Único - Os critérios para preenchimento de vagas, tanto para complementação ou definição de novos "Cabeças-de-Chave", bem como para participação na competição, são de livre arbítrio do Comitê Dirigente.

Artigo 15 - ZONA NORTE " ETAPA 1 - Será composta por 36 (trinta e seis) equipes convidadas, divididas em 9 (nove) grupos de 4 (quatro) equipes, classificando-se a campeã e vice-campeã de cada grupo + os 2 (dois) melhores Índices Técnico-Disciplinares dentre as desclassificadas, totalizando 20 (vinte) equipes que passarão à Etapa 2. " ETAPA 2 - Será composta por 20 (vinte) equipes, divididas em 5 (cinco) grupos de 4 (quatro) equipes, classificando-se a campeã e vice-campeã de cada grupo + os 2 (dois) melhores Índices Técnico-Disciplinares dentre as desclassificadas, totalizando 12 (doze) equipes que passarão à Etapa 3. " ETAPA 3 - Será composta por 12 (doze) equipes, divididas em 3 (três) grupos de 4 (quatro) equipes, classificando-se a campeã e vice-campeã de cada grupo + os 2 (dois) melhores Índices Técnico-Disciplinares

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dentre as desclassificadas, totalizando 8 (oito) equipes que passarão à Etapa 4. " ETAPA 4 - Será composta por 8 (oito) equipes, divididas em 2 (dois) grupos de 4 (quatro) equipes, classificando-se a campeã de cada grupo, totalizando 2 (duas) equipes que passarão às "OITAVAS-DE-FINAL".

Artigo 16 - ZONA SUL " ETAPA 1 - Será composta por 36 (trinta e seis) equipes convidadas, divididas em 9 (nove) grupos de 4 (quatro) equipes, classificando-se a campeã e vice-campeã de cada grupo + os 2 (dois) melhores Índices Técnico-Disciplinares dentre as desclassificadas, totalizando 20 (vinte) equipes que passarão à Etapa 2. " ETAPA 2 - Será composta por 20 (vinte) equipes, divididas em 5 (cinco) grupos de 4 (quatro) equipes, classificando-se a campeã e vice-campeã de cada grupo + os 2 (dois) melhores Índices Técnico-Disciplinares dentre as desclassificadas, totalizando 12 (doze) equipes que passarão à Etapa 3. " ETAPA 3 - Será composta por 12 (doze) equipes, divididas em 3 (três) grupos de 4 (quatro) equipes, classificando-se a campeã e vice-campeã de cada grupo + os 2 (dois) melhores Índices Técnico-Disciplinares dentre as desclassificadas, totalizando 8 (oito) equipes que passarão à Etapa 4. " ETAPA 4 - Será composta por 8 (oito) equipes, divididas em 2 (dois) grupos de 4 (quatro) equipes, classificando-se a campeã de cada grupo, totalizando 2 (duas) equipes que passarão às "OITAVAS-DE-FINAL".

Artigo 17 - ZONA LESTE " ETAPA 1 - Será composta por 100 (cem) equipes convidadas, divididas em 25 (vinte e cinco) grupos de 4 (quatro) equipes, classificando-se a campeã de cada grupo + os 23 (vinte e três) melhores Índices Técnico-Disciplinares dentre as desclassificadas, totalizando 48 (quarenta e oito) equipes que passarão à Etapa 2. " ETAPA 2 - Será composta por 48 (quarenta e oito) equipes, divididas em 12 (doze) grupos de 4 (quatro) equipes, classificando-se a campeã e vice-campeã de cada grupo, totalizando 24 (vinte e quatro) equipes que passarão à Etapa 3. " ETAPA 3 - Será composta por 24 (vinte e quatro) equipes, divididas em 6 (seis) grupos de 4 (quatro) equipes, classificando-se a campeã e vice-campeã de cada grupo, totalizando 12 (doze) equipes que passarão à Etapa 4. " ETAPA 4 - Será composta por 12 (doze) equipes, divididas em 3 (três) grupos de 4 (quatro) equipes, classificando-se a campeã de cada grupo, totalizando 3 (três) equipes que passarão às "OITAVAS-DE-FINAL".

Artigo 18 - ZONA OESTE " ETAPA 1 - Será composta por 36 (trinta e seis) equipes convidadas, divididas em 9 (nove) grupos de 4 (quatro) equipes, classificando-se a campeã e vice-campeã de cada grupo + os 2 (dois) melhores Índices Técnico-Disciplinares dentre as desclassificadas, totalizando 20 (vinte) equipes que passarão à Etapa 2. " ETAPA 2 - Será composta por 20 (vinte) equipes, divididas em 5 (cinco) grupos de 4 (quatro) equipes, classificando-se a campeã e vice-campeã de cada grupo + os 2 (dois) melhores Índices Técnico-Disciplinares dentre as desclassificadas, totalizando 12 (doze) equipes que passarão à Etapa 3. " ETAPA 3 - Será composta por 12 (doze) equipes, divididas em 3 (três) grupos de 4 (quatro) equipes, classificando-se a campeã e vice-campeã de cada grupo + os 2 (dois) melhores Índices Técnico-Disciplinares dentre as desclassificadas, totalizando 8 (oito) equipes que passarão à Etapa 4. " ETAPA 4 - Será composta por 8 (oito) equipes, divididas em 2 (dois) grupos de 4 (quatro) equipes, classificando-se a campeã de cada grupo, totalizando 2 (duas) equipes que passarão às "OITAVAS-DE-FINAL".

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Artigo 19 - Na ETAPA 4, além das campeãs de grupos, classificam-se também os 7 (sete) melhores Índices Técnico-Disciplinares dentre as desclassificadas das Zonas Norte, Sul, Leste e Oeste. Teremos 16 (dezesseis) equipes (2 Norte + 2 Sul + 3 Leste + 2 Oeste + 7 Repescados), que passarão às "OITAVAS-DE-FINAL". Artigo 20 - ETAPA "OITAVAS-DE-FINAL" " Será composta por 16 (dezesseis) equipes, divididas em 4 (quatro) grupos de 4 (quatro) equipes, classificando-se a campeã e vice-campeã de cada grupo, totalizando 8 (oito) equipes que passarão às "QUARTAS-DE-FINAL".

# Único - Para a composição dos grupos será levado em consideração equipes de uma mesma zona. A partir do momento em que tal critério não seja possível, será realizado sorteio.

Artigo 21 - ETAPA "QUARTAS-DE-FINAL" " Será composta por 8 (oito) equipes, divididas em 2 (dois) grupos de 4 (quatro) equipes, classificando-se a campeã e vice-campeã de cada grupo, totalizando 4 (quatro) equipes que passarão à "SEMI-FINAL".

Artigo 22 - ETAPA "SEMI-FINAL" " Será composta por 4 (quatro) equipes, que jogarão em "sistema de cruzamento", levando-se em consideração a Etapa Quartas-de-Final. TABELA: 1º do Grupo QF-1 x 2º do Grupo QF-2 1º do Grupo QF-2 x 2º do Grupo QF-1

# Único - Em jogo único, apurar-se-ão as vencedoras, que passarão à "FINAL".

Artigo 23 - ETAPA "FINAL" " A decisão do Título será disputada pelas equipes vencedoras da Fase Semi-Final, em jogo único.

# Único - Será considerada TERCEIRA COLOCADA, a equipe que obtiver o melhor Índice Técnico-Disciplinar, a partir das "Oitavas-de-Final", dentre as perdedoras da Fase Semi-Final.

Artigo 24- Sofrerão o DESCENSO para a Série B da 12ª Copa Kaiser São Paulo de Futebol Amador/09 as 66 (sessenta e seis) equipes com o pior desempenho Técnico-Disciplinar na ETAPA 1", a saber: " Zona Norte: 12 (doze)equipes; " Zona Sul: 12 (doze) equipes; " Zona Leste: 30 (trinta) equipes; " Zona Oeste: 12 (doze) equipes.

# Único - As equipes que sofrerem o DESCENSO na Etapa 1 da Série A da 12ª Copa Kaiser São Paulo de Futebol Amador, poderão se inscrever, para participar a partir da Etapa 2, na Série B da 12ª Copa Kaiser São Paulo/09, e poderão reformular seus times inscrevendo novos atletas, isto é, num total de até 22 (vinte e dois).

CRITÉRIOS PARA O DESCENSO: 1) Menor número de pontos ganhos; 2) Menor número de vitórias; 3) Menor saldo de gols; 4) Menor número de gols marcados; 5) Critério Disciplinar: a) Maior número de Cartões Vermelhos; b) Maior número de Cartões Amarelos; 6) Sorteio.

# Único - O número de equipes a serem rebaixadas, não será alterado em razão de equipes eliminadas.

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Artigo 25 - Nas Etapas "1", "2", "3", "4", "OITAVAS-DE-FINAL" e "QUARTAS-DE-FINAL", as equipes jogarão entre si dentro de seu respectivo grupo, obedecendo-se a seguinte tabela:

TABELA / ORDEM DOS JOGOS Jogo 1 - Equipe nº 1 x Equipe nº 4 Jogo 2 - Equipe nº 2 x Equipe nº 3 Jogo 3 - Vencedor do Jogo 1 x Perdedor do Jogo 2 Jogo 4 - Vencedor do Jogo 2 x Perdedor do Jogo 1 Jogo 5 - Perdedor do Jogo 1 x Perdedor do Jogo 2 Jogo 6 - Vencedor do Jogo 1 x Vencedor do Jogo 2

# Único - Em caso de empate em alguma partida, apenas para seqüência de jogos, dentro do grupo, será considerada vencedora a equipe que estiver à esquerda da tabela.

Artigo 26- Em caso de empate na pontuação, para efeito de classificação, obedecer-se-á os seguintes critérios para desempate nas Etapas "1", "2", "3", "4", "OITAVAS-DE-FINAL" e "QUARTAS-DE-FINAL":

a) ENTRE DUAS EQUIPES: 1) Confronto direto na Etapa; 2) Maior número de vitórias na Etapa; 3) Maior saldo de gols na Etapa; 4) Maior número de gols marcados na Etapa; 5) Critério Disciplinar: a) Menor número de Cartões Vermelhos na Etapa; b) Menor número de Cartões Amarelos na Etapa; c) Se houver empate no Critério Disciplinar na Etapa, levar-se-á em consideração o Critério Disciplinar da Etapa anterior, e assim sucessivamente enquanto persistir o empate; 6) Sorteio.

b) ENTRE TRÊS OU MAIS EQUIPES: 1) Maior número de vitórias na Etapa; 2) Maior saldo de gols na Etapa; 3) Maior número de gols marcados na Etapa; 4) Critério Disciplinar: a) Menor número de Cartões Vermelhos na Etapa; b) Menor número de Cartões Amarelos na Etapa; c) Se houver empate no Critério Disciplinar na Etapa, levar-se-á em consideração o Critério Disciplinar da Etapa anterior, e assim sucessivamente enquanto persistir o empate; 5) Sorteio.

# Único - No item "b", assim que se chegar a 2 (duas) equipes empatadas entre si, utilizar-se-á para o desempate os critérios do item "a".

Artigo 27 - Havendo empate no tempo regulamentar nas Etapas "Semi-Final" e "Final", a decisão será através de cobrança de tiros livres da marca do pênalti, de acordo com as regras estabelecidas pela "International Board".

Artigo 28 - REPESCAGEM Os critérios para a repescagem dos melhores Índices Técnico-Disciplinares serão: 1) Maior número de pontos ganhos na Etapa; 2) Maior número de vitórias na Etapa; 3) Maior saldo de gols na Etapa; 4) Maior número de gols marcados na Etapa; 5) Critério Disciplinar: a) Menor número de Cartões Vermelhos na Etapa;

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b) Menor número de Cartões Amarelos na Etapa; c) Se houver empate no Critério Disciplinar na Etapa, levar-se-á em consideração o Critério Disciplinar da Etapa anterior, e assim sucessivamente enquanto persistir o empate; 6) Sorteio.

Artigo 29- A vitória valerá 3 (três) pontos. O empate valerá 1 (um) ponto.

CAPÍTULO VII Da Premiação

Artigo 30- As equipes Campeã, Vice-Campeã, Terceira e Quarta colocadas receberão troféus.

# Primeiro - Os atletas das equipes Campeã e Vice Campeã, receberão medalhas.

# Segundo - A critério da Coordenação Geral do evento, poderão ser instituídos outros prêmios.

CAPÍTULO VIII Das Penalidades e Recursos

Artigo 31 - Serão aplicadas penas disciplinares e administrativas às pessoas de responsabilidade definida (técnicos, médicos, preparadores físicos, massagistas e dirigentes), atletas e torcidas pertencentes às entidades participantes, e às mesmas, pelo COMITÊ DISCIPLINAR.

# Único - As penalidades a serem aplicadas pelo COMITÊ DISCIPLINAR serão em grau de:

1. Advertência; 2. Perda de Pontos; 3. Perda de Pontos e/ou Vantagens conquistadas; 4. Suspensão por jogos ou prazo; 5. Eliminação; não necessariamente nesta seqüência.

Artigo 32 - A agressão física contra árbitros, assistentes, delegados, dirigentes e coordenadores da 12ª COPA KAISER SÃO PAULO DE FUTEBOL AMADOR/09 - Série A, importará na eliminação do agressor, sendo o caso, de imediato encaminhado ao COMITÊ DISCIPLINAR, para possíveis outras punições.

Artigo 33 - Todos os recursos de ordem disciplinar deverão ser entregues ao TRIBUNAL DE JUSTIÇA DESPORTIVA DO ESTADO DE SÃO PAULO, sito à Rua Federação Paulista de Futebol nº 55 - Barra Funda - São Paulo/SP, até 48 horas após a publicação do julgamento, devidamente instruídos e com provas documentais que justifiquem tal procedimento.

# Único - Será competente para interpor recurso a autoridade máxima da entidade, ou seu representante legal, mediante o recolhimento da taxa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a ser pago quando da entrada do recurso no protocolo do Tribunal de Justiça Desportiva do Estado de São Paulo, sem o qual o mesmo será considerado infundado.

Artigo 34- Os atletas, dirigentes e membros da Comissão Técnica que forem expulsos do campo de jogo estarão automaticamente suspensos para o jogo subseqüente de sua equipe e, de acordo com a gravidade da indisciplina cometida, poderão receber outras punições, julgadas pelo COMITÊ DISCIPLINAR.

# Primeiro - Técnico reincidente no cumprimento de pena disciplinar, aplicada pela Justiça Desportiva, não poderá ser substituído, considerando-se desta forma como eliminado da Copa, e a equipe atuará sem técnico até o final da mesma.

# Segundo - Independente de publicação na Internet o controle de cumprimento de penas disciplinares ou administrativas é de responsabilidade das equipes participantes.

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Artigo 35 - Ficarão impedidos de participar desta e no mínimo da próxima edição, a equipe e atletas que não comparecerem a um dos jogos (WO), sendo o caso, de imediato, encaminhado ao COMITÊ DISCIPLINAR, para possíveis outras punições.

Artigo 36- As equipes deverão se apresentar completas, ou seja, no mínimo com 11 (onze) atletas para iniciar a partida.

# Primeiro - A não apresentação do número mínimo (11 atletas) exigido pelo presente REGULAMENTO, com a documentação em ordem e devidamente uniformizados, implicará automaticamente na eliminação da equipe, caracterizando desta forma o "W.O.".

# Segundo - Cada equipe terá a tolerância de ATÉ DUAS VEZES, durante a Copa, de se apresentar para o início da partida com número inferior a 11 (onze) atletas. Neste caso, o número mínimo exigido será de 10 (dez) atletas.

CAPÍTULO IX Das Disposições Gerais

Artigo 37- As equipes, dirigentes e atletas participantes na 12ª COPA KAISER SÃO PAULO DE FUTEBOL AMADOR/09 - Série A, são obrigadas a respeitar este Regulamento, normas e boletins oficiais expedidos pelo Comitê Dirigente e também as publicações no jornal "Lance" e Internet (www.copakaiser.com.br), que terão força de Circulares Oficiais.

Artigo 38- CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA As equipes, dirigentes e atletas participantes ou que tenham participado da 12ª COPA KAISER SÃO PAULO DE FUTEBOL AMADOR/09 - Série A, desde já indicam e reconhecem a JUSTIÇA DESPORTIVA, como a única e definitiva instância para resolver as questões que surjam entre elas ou entre elas e o Comitê Dirigente da 12ª COPA KAISER SÃO PAULO DE FUTEBOL AMADOR/09 - Série A, desistindo ou renunciando, expressamente assim, de valer-se da Justiça Comum para esses fins.

# Único - As equipes, dirigentes e atletas participantes, recorrendo à Justiça Comum, serão eliminadas da 12ª COPA KAISER SÃO PAULO DE FUTEBOL AMADOR/09 - Série A, por Ato Administrativo, além de outras sanções cabíveis.

Artigo 39- Os pontos de equipe eliminada da competição, ou que desistir da mesma, serão atribuídos aos demais componentes do grupo, atribuindo-se o placar de 1 a 0, independente dos jogos já realizados, cujos resultados numéricos tornar-se-ão nulos, OU NÃO, a critério do Comitê Dirigente.

# Único - Os Cartões Vermelhos e Amarelos, também tornar-se-ão nulos, OU NÃO, nas partidas realizadas por estas equipes, no tocante ao item "Critério Disciplinar".

Artigo 40- Em todas as Etapas, o tempo de jogo terá a duração de 35 x 35 minutos, com 10 minutos de intervalo, exceto na Fase Final, cujo tempo será de 40 x 40 minutos, com 10 minutos de intervalo, e os jogos serão regidos pelas normas e regras da "International Board" adaptadas e respeitadas no que rege o presente Regulamento.

Artigo 41 - No caso de estar presente em campo somente uma das equipes, esta será considerada vencedora do jogo, desde que esteja devidamente documentada e com o número mínimo de atletas (onze) devidamente uniformizados exigido pelo presente REGULAMENTO, caracterizando desta forma o WO, levando-se em consideração o texto do # Segundo do Artigo 36.

Artigo 42 - Os Coordenadores de campo terão competência para decidir sobre o horário de início da partida, caso seja conflitante com o horário previsto na tabela ou outra anormalidade julgada pertinente.

Artigo 43- As agremiações poderão completar a equipe a qualquer tempo do jogo, com referência ao # Segundo do Artigo 36.

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Artigo 44 - CARTEIRA DE ATLETA KAISER: Este documento, resultado de verificação prévia, será a peça única para elaboração de súmulas e, sua guarda ficará por conta do Comitê Dirigente, durante o prazo de realização da 12ª COPA KAISER SÃO PAULO DE FUTEBOL AMADOR/09 - Série A.

Artigo 45 - No caso de coincidência na cor da camisa dos jogadores, caberá a troca à equipe que estiver à esquerda na tabela.

Artigo 46 - Poderão permanecer no banco de reservas o técnico responsável pela equipe, um preparador físico (se apresentado CREF), um massagista, um médico (se apresentado o CRM) e atletas suplentes, desde que uniformizados, devidamente documentados e não cumprindo pena disciplinar aplicada pela Justiça Desportiva.

Artigo 47- A equipe que permanecer sem o número mínimo de 7 (sete) atletas, durante o transcorrer da partida, será considerada perdedora. O placar no momento da interrupção será mantido, OU NÃO, a critério do Comitê Dirigente e análise do COMITÊ DISCIPLINAR.

Artigo 48- A Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Recreação (SEME), a Federação Paulista de Futebol (FPF), o Patrocinador e a Evidência Promotions não se responsabilizarão por acidentes ocorridos com participantes, atletas, dirigentes, torcedores e pessoas ligadas direta ou indiretamente ao evento, ou por estes causados a terceiros, antes, durante e após as partidas, bem como por indenizações, de qualquer espécie, oriundas de participação das equipes na 12ª COPA KAISER SÃO PAULO DE FUTEBOL AMADOR/09 - Série A.

Artigo 49- À equipe inscrita caberá a responsabilidade dos exames médicos e assistência médica aos seus atletas e dirigentes, antes, durante e após as partidas.

Artigo 50 - A equipe que causar a paralisação de uma partida poderá ser eliminada da competição.

# Único - As causas do não prosseguimento de uma partida, serão analisadas pelo COMITÊ DISCIPLINAR, que aplicará as sanções cabíveis.

Artigo 51- O cartão amarelo não é cumulativo para efeito de suspensão automática. É cumulativo somente para efeito de desempate na classificação, no tocante ao item "Critério Disciplinar".

Artigo 52 - Os boletins oficiais a serem expedidos pelo Comitê Dirigente serão considerados como parte integrante deste Regulamento.

Artigo 53 - Serão permitidas 5 (cinco) substituições durante as partidas.

Artigo 54- Nenhuma partida deixará de ser realizada pelo não comparecimento do árbitro e/ou de seus assistentes, cabendo aos dirigentes das equipes a indicação de pessoas que dirigirão a partida, de comum acordo com o coordenador da 12ª COPA KAISER SÃO PAULO DE FUTEBOL AMADOR/09 - Série A.

# Único - Será considerada perdedora a equipe que obstruir o comum acordo e não participar da partida, sendo o caso, de imediato, encaminhado ao COMITÊ DISCIPLINAR , para as sanções pertinentes.

Artigo 55 - Não será permitida a utilização de uniformes e demais peças (camisetas, agasalhos, faixas etc.) que levem mensagem publicitária de empresa (s) concorrente (s) do patrocinador (KAISER).

Artigo 56 - As equipes deverão jogar com o uniforme cedido pela KAISER, salvo outra determinação do Comitê Dirigente.

Artigo 57- Como forma de prevenir acidentes e por determinação da Federação Paulista de Futebol - FPF, a partir da Etapa 2 da 12ª Copa Kaiser São Paulo de Futebol Amador/09 - Série A, será exigido o uso de caneleiras como parte do uniforme de jogo.

Artigo 58- A bola oficial do jogo é da marca TOPPER, não sendo permitida a utilização de quaisquer outras marcas durante a realização dos jogos.

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Artigo 59 - Cada equipe deverá apresentar duas bolas oficiais, em condições de jogo, ao Representante antes do início da partida.

# Único - O COMITÊ DIRIGENTE não será responsável pela perda de bolas ou demais materiais, antes, durante ou após a realização dos jogos.

Artigo 60- Nenhuma equipe participante da 12ª COPA KAISER SÃO PAULO DE FUTEBOL AMADOR/09 - Série A, terá sua participação assegurada na COPA de 2010, cujos critérios serão definidos pelo Comitê Dirigente.

Artigo 61- As interpretações e os casos não previstos, omissos, duvidosos e todos aqueles de força maior deste Regulamento serão resolvidos pelo Comitê Dirigente da 12ª COPA KAISER SÃO PAULO DE FUTEBOL AMADOR/09 - Série A.

MANUAL DE ORIENTAÇÕES E NORMAS SÉRIES A e B

Publicado desde a primeira Copa Kaiser, este Manual é peça complementar do Regulamento e do Caderno Técnico da Copa Kaiser São Paulo de Futebol Amador/09 - Séries A e B. São informes que visam orientar dirigentes, atletas e torcedores das equipes participantes e tem como objetivo principal garantir o respeito a todas as normas técnicas, administrativas e disciplinares da competição. Desta forma, os itens contidos neste Manual de Orientação e Normas são editados para que todos tenham uma melhor compreensão das regras a serem cumpridas e que desde já dão ciência de seu conhecimento. A qualquer tempo, mesmo com a Copa Kaiser São Paulo de Futebol Amador/09-Séries A e B em pleno desenvolvimento, poderão ser acrescidos novos itens a este Manual, que serão informados às equipes participantes através de correspondência, em reunião específica, e publicações na Internet, no Site: www.copakaiser.com.br e no Jornal Diário Lance.

1) Projeto Violência Zero: Por este Projeto, condição de Honra para a Kaiser, a Evidência Promotions, a Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Recreação de São Paulo, a Federação Paulista de Futebol e demais parceiros, criou-se um modelo disciplinar. Agressão a árbitro, assistentes ou membros da organização, por parte de dirigentes, atletas ou torcedores, poderá resultar NA IMEDIATA ELIMINAÇÃO DA EQUIPE E DOS ENVOLVIDOS, PODENDO ESTA ELIMINAÇÃO ESTENDER-SE AOS EXERCÍCIOS DE 2009 A 2012, sem que sejam dispensadas outras providências legais. A mesma pena de eliminação poderá ser determinada de forma administrativa quando for comprovado que atleta, dirigente ou torcedor de equipe participante da Copa Kaiser São Paulo de Futebol Amador/09-Séries A e B, esteja portando arma de qualquer espécie nos locais dos jogos. Todos os atos das torcidas ou entre estas estarão diretamente interligados à ação das equipes em campo. Na Copa Kaiser São Paulo de Futebol Amador/09-Séries A e B o comportamento das torcidas é de responsabilidade das equipes participantes;

2) Em consonância com o Regulamento da competição, a participação de atleta e/ou dirigente que estejam cumprindo pena disciplinar acarretará NA ELIMINAÇÃO IMEDIATA DO INFRATOR, PODENDO ESTA ELIMINAÇÃO ESTENDER-SE AOS EXERCÍCIOS DE 2009 A 2012 e, poderá causar também A IMEDIATA ELIMINAÇÃO DA EQUIPE PODENDO ESTA ELIMINAÇÃO ESTENDER-SE AOS EXERCÍCIOS DE 2009 A 2012;

3) Os pontos de equipes eliminadas da competição ou que desistirem da mesma poderão ser atribuídos aos demais componentes do grupo, definindo-se o placar de 1 a 0, independente dos jogos já realizados, cujos resultados numéricos tornar-se-ão nulos, OU NÃO, a critério do Comitê Dirigente da Copa Kaiser de Futebol Amador/09-Séries A e B;

4) Quando for caracterizado desinteresse de uma ou de ambas equipes no resultado de uma partida, objetivando escolha de adversário futuro ou com o intuito de causar benefícios ou prejuízos a terceiros, resultará em advertência ou até eliminação das equipes envolvidas, além de outras sanções aplicadas pelo Comitê Disciplinar;

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5) A expulsão com cartão vermelho determina o cumprimento de no mínimo suspensão automática. Em caso de uma segunda expulsão, serão automáticos no mínimo 2 jogos de suspensão; terceira expulsão, suspensão de no mínimo 3 jogos; quarta expulsão, suspensão por 4 jogos no mínimo; quinta expulsão, suspensão no mínimo por 5 jogos e assim sucessivamente, de acordo com o julgamento dos Senhores Auditores do Comitê Disciplinar;

6) A critério do Comitê Disciplinar, dependendo da gravidade motivadora da expulsão do atleta, técnico, massagista, preparador físico ou dirigente, a escala anterior perderá o valor. Os reflexos do ato do infrator e suas conseqüências poderão determinar a eliminação do envolvido a qualquer tempo e sem ordem de escala;

7) Tentativa de agressão por parte de atleta, dirigente ou torcedor, poderá provocar advertência, suspensão por número de jogos ou até eliminação dos envolvidos, com apuração de responsabilidade da equipe, a qual poderá também sofrer sanções;

8) As equipes que provocarem atrasos no início das partidas poderão ser punidas, a critério do Comitê Dirigente. Nesse caso, quando a equipe vencedora for a causadora do atraso, perderá um ponto e, em caso de empate, não ganhará ponto algum. Quando perdedora, será advertida, podendo ainda sofrer outras sanções;

9) Todos os mandos de jogos pertencem ao Comitê Dirigente da Copa Kaiser São Paulo de Futebol Amador/09-Séries A e B. Cada equipe deverá estar no local do jogo com 30 minutos de antecedência do horário marcado, apresentando duas bolas oficiais (TOPPER), em condições de jogo e com um uniforme reserva para o caso de coincidência na cor das camisas. Os atletas deverão assinar a súmula do jogo antes do horário marcado na tabela, podendo em não o fazendo, trazer punições para a sua equipe.

10) Será levado em consideração, sempre que o Comitê Dirigente, em conjunto com o Comitê Disciplinar assim entenderem, as decisões tomadas de forma continuada, caracterizando assim a Jurisprudência.

11) Todos os prazos e datas, quer para inscrição de equipes ou atletas ou ainda reuniões técnicas ou administrativas, serão determinados pelo Comitê Dirigente.

12) Substituição de atletas na Relação Nominal somente será permitida no caso de falecimento ou profissionalização, salvo julgamento do Comitê Dirigente.

13) Todas as solicitações feitas ao Comitê Dirigente da Copa Kaiser São Paulo de Futebol Amador/09-Séries A e B deverão ser enviadas à sede da "Evidência" por escrito, em papel timbrado e assinado por dirigente devidamente autorizado;

14) Fica definido que os jogos da Copa Kaiser São Paulo de Futebol Amador/09-Séries A e B serão realizados, aos domingos ou quando necessário aos sábados ou à noite durante a semana. Qualquer adversidade o Comitê Dirigente decidirá.

15) O WO não é tolerado na Copa Kaiser São Paulo de Futebol Amador/09-Séries A e B. Essa prática resulta na imediata eliminação da equipe e de seus atletas ausentes da competição em curso e, no mínimo da próxima edição, além do ressarcimento das despesas referentes à realização da partida. sendo o caso de imediato encaminhado ao Comitê Disciplinar, para possíveis outras punições. A presença no local de jogo sem o número mínimo exigido de atletas para o início de uma partida poderá ser definido, também, como WO, com as mesmas conseqüências. Casos específicos serão analisados pelo Comitê Dirigente;

16) As equipes deverão se apresentar completas, ou seja, no mínimo com 11 (onze) atletas para iniciar a partida. A tolerância será de ATÉ DUAS VEZES, durante a Copa Kaiser, de se apresentar com número inferior a 11 (onze) atletas. Neste caso, o mínimo será de 10 (dez) atletas devidamente uniformizados e documentados;

17) As equipes que cederem seus Estádios para os jogos da Copa Kaiser São Paulo de Futebol Amador/09-Séries A e B jogarão em seus domínios, porém os mandos de jogos serão sempre do Comitê Dirigente que, poderá adotar critérios alternativos, com um determinado número de jogos "em casa", sem que isso seja transformado em direito. Essa fórmula pode ser alterada a qualquer momento, a critério do Comitê Dirigente e/ou do Comitê Disciplinar;

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18) Não serão toleradas interferências de qualquer espécie, especialmente políticas, nas decisões referentes à Copa Kaiser São Paulo de Futebol Amador/09-Séries A e B. Pressões políticas junto ao Comitê Dirigente ou ao Comitê Disciplinar poderão agravar as sanções disciplinares;

19) Os locais de disputa da Copa Kaiser São Paulo de Futebol Amador/09-Séries A e B serão definidos tecnicamente, devendo ser adotados, sempre que possível, os critérios de distância para que os jogos sejam marcados, de tal forma a que nenhuma equipe seja prejudicada. Isso dentro dos locais disponíveis e campos oficializados pelo Comitê Dirigente;

20) Cada local de jogo tem sua norma própria. Assim é que em alguns lugares, como nos Estádios da Aclimação e do Centro Olímpico, por determinação das Secretarias do Meio Ambiente e da Secretaria da Saúde, por sua localização estratégica, com hospitais ou fauna em suas proximidades ou dependências, está proibida a soltura de fogos de artifício e, em alguns casos, também instrumentos de percussão. Fogos são permitidos nos demais estádios diante de consulta prévia e somente antes do início da partida, através de baterias próprias, supervisionadas por empresa especializada;

21) Os jogos disputados em estádios também utilizados pela Federação Paulista de Futebol-FPF, serão regidos por normas e leis próprias, às quais nos submetemos, seguindo orientação da Polícia Militar do Estado de São Paulo;

22) Equipes que participem de Festivais, Torneios ou jogos amistosos e ao mesmo tempo façam parte de eventos organizados ou em parceria com a Kaiser, Evidência e Associação Paulista das Entidades Promotoras de Eventos Esportivos, Culturais e de Lazer estarão sujeitas à exclusão a partir do momento em que atos ou ações cometidos nestes jogos possam significar ameaça à ordem e disciplina nas Copas organizadas pela "Evidência";

23) A responsabilidade pelas ações de jogadores é de exclusiva competência das equipes que os inscreve;

24) A autenticidade da documentação fornecida para o Comitê Dirigente da Copa Kaiser São Paulo de Futebol Amador/09-Séries A e B é de responsabilidade exclusiva das equipes participantes;

25) O jogador que participar irregularmente poderá causar A IMEDIATA ELIMINAÇÃO DA EQUIPE NO ANO EM CURSO, PODENDO ESTA ELIMINAÇÃO ESTENDER-SE AOS EXERCÍCIOS DE 2009 A 2011, sendo atribuído, OU NÃO, os pontos às demais equipes do grupo. A MESMA PUNIÇÃO PODERÁ SER APLICADA AO JOGADOR; 26) Não é dada a nenhuma equipe o direito de desconhecer a origem de seus atletas, cabendo às mesmas a responsabilidade por sua identidade e vida pregressa na área esportiva;

27) Sempre que houver dúvidas quanto à documentação de atletas ou membros da Comissão Técnica, o Comitê Dirigente dará prazo de no máximo 48 horas, independente de recurso formal, para entrega de originais ou demais documentos que possam elucidar o caso;

28) Quando houver dúvidas, a "Evidencia" poderá prestar informações "oficiosas" por telefone. Porém só terão valor legal consultas e respostas feitas por escrito;

29) As punições do Comitê Disciplinar continuam sendo em grau de Advertência; Perda de pontos; Perda de pontos e/ou vantagens conquistadas; Suspensão por jogos ou prazo e Eliminação (não necessariamente nesta seqüência);

30) A equipe que provocar distúrbios e/ou agressões poderá ser ELIMINADA DA ATUAL COPA PODENDO ESTA ELIMINAÇÃO ESTENDER-SE AOS EXERCÍCIOS DE 2009 A 2012;

31) Quando houver denúncia ao Comitê Dirigente, ou este for o denunciante de irregularidade de qualquer natureza, serão desprezados os trâmites burocráticos habituais;

32) Quando for constatada irregularidade e, esta ocorrer por falha ou erro do Comitê Dirigente ou por Entidades que prestam informações à Organização do evento, não caberá punição ao participante;

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33) Não será permitida a utilização de uniformes e demais peças (camisas, agasalhos, faixas etc.) que levem mensagem publicitária de empresa (s) concorrente (s) do patrocinador (KAISER);

34) As equipes deverão jogar com o uniforme cedido pela Kaiser, salvo outra determinação do Comitê Dirigente;

35) A bola oficial do jogo é da marca TOPPER, não sendo permitida a utilização de quaisquer outras marcas durante a realização dos jogos;

36) Cada equipe deverá apresentar duas bolas oficiais, em condições de jogo, ao Representante antes do início da partida;

37) O COMITÊ DIRIGENTE não será responsável pela perda de bolas ou demais materiais, antes, durante ou após a realização dos jogos;

38) As interpretações e os casos não previstos, omissos, duvidosos e todos aqueles de força maior deste Manual de Orientações e Normas serão resolvidos pelo Comitê Dirigente e/ou Comitê Disciplinar da COPA KAISER SÃO PAULO DE FUTEBOL AMADOR/09-SÉRIES A e B.

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Anexo II

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