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Geografia em múltiplas escalas: do local ao global - estudo da hidrografia do município de Cambé
Rosângela Nogueira1
RESUMO
O objetivo geral deste artigo consiste em relatar as atividades realizadas em cumprimento da etapa final do PDE (Programa de Desenvolvimento educacional). O objeto de estudo voltou-se para a hidrografia do município de Cambé e o trabalho foi realizado junto a três turmas de quinta série do período vespertino do Colégio Estadual “Antônio Raminelli”, de Cambé. Partiu-se do pressuposto de que a Geografia, conforme as determinações constantes nas Diretrizes Curriculares da disciplina, o homem deve ser visto como um sujeito, ser social e histórico que produz o mundo e a si próprio. Deste modo, entender o espaço e suas representações torna-se essencial para atuar de forma crítica e consciente na sociedade. A problematização do estudo foi formulada a partir de questionamentos que levem a ampliar a compreensão sobre a Geografia em escala local, bem como sua inserção no contexto cotidiano dos alunos. A metodologia adotada partiu do embasamento teórico, com a análise de livros e artigos que versam sobre o tema, bem como de pesquisa documental em diferentes sítios de busca. Em seguida, foi desenvolvida a aplicação da proposta de intervenção junto ao grupo de alunos. Foram aplicadas várias atividades, voltadas para o cumprimento do objetivo proposto. Os resultados obtidos por meio da intervenção realizada permitem comprovar que os alunos mostraram-se motivados para participar das atividades, além de identificarem os problemas relacionados à questão ambiental, sobretudo na questão dos recursos hídricos.
Palavras-chave: Geografia. Meio ambiente. Hidrografia. Preservação
ABSTRACT
The aim of this article is to report the activities carried out in compliance with the final stage of the PDE (Program for Educational Development). The object of study turned to the hydrography of the city of Cambé and the work was performed with three classes of the fifth series evening period of State College "Antônio Raminelli" of Cambé. It was assumed that the Geography, as specified in the Curriculum Guidelines set of discipline, the man should be seen as a subject, be social and historical background that produces the world and oneself. Thus, understanding the space and its representations becomes essential to act as a critical and conscious society. The problem of the study was made from questioning leading to broaden the understanding of the geography on a local scale, and its insertion in the daily life of students. The methodology adopted was made from the theoretical basis, with the analysis of books and articles that deal with the issue, as well as documentary
1 Professora PDE/2007, pertencente ao NRE de Londrina
2
research on different search sites. It was then developed the implementation of the proposed intervention with the group of students. It was implemented several activities, geared to achieving the objective proposed. The results achieved through the intervention can prove that the students seemed to be motivated to participate in activities, and identify problems related to environmental issue, especially on the issue of water resources. Key words: Geography. Environment. Hydrography . Preservation 1 INTRODUÇÃO
O trabalho ora apresentado tem como objetivo geral compreender a
Geografia em escala local, ou seja, do município de cambe a partir da analise de
seus diferentes arranjos territoriais. A partir do mesmo, é possível o estabelecer
articulações dessa escala com aquelas em nível regional e global abordadas nos
livros didáticos de Geografia e em outros materiais.
A hipótese que norteia o trabalho esta fundada no entendimento de
que a construção do conhecimento supõe o movimento do pensamento que se
constrói partindo da singularidade, passando pela particularidade chegando a
generalidade, para então, em movimentos dialéticos sucessivos, retornar novamente
as instancias anteriores de conhecimentos está no plano da singularidade ou do
cotidiano, dimensões imprescindíveis para construção dos conceitos em geografia
que estão no plano da abstração ou da generalidade, ponto de chegada do processo
de ensino-aprendizagem em Geografia.
O professor, ao preparar suas aulas, deve imprimir nelas os
conteúdos e estratégias de uma forma dinâmica e prazerosa, propiciando condições
para que o aluno se sinta parte integrante do conteúdo que está sendo estudado. A
partir desta perspectiva, o aluno e sua real aprendizagem são os focos principais
que norteiam este trabalho, bem como todos os seus objetivos.
Dentre os vários objetivos desta proposta de trabalho, estão em
evidência os de proporcionar ao aluno condições para que este possa
operacionalizar seus direitos e deveres como cidadãos, também, através do
desempenho deste trabalho, o aluno possa realizar leituras relacionadas à disciplina
em questão, bem como pode resgatar a importância das disciplinas de História e
Geografia para que o aluno entenda e consiga fazer ligações com os fatos passados
3
ocorridos e as conseqüências atuais, situando-o no espaço-tempo e no contexto
geográfico-político global atual.
Desta forma, o aluno, inserido neste contexto ampliado, pode
construir seu conhecimento explorando toda sua capacidade, criatividade e
individualidade.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 A CIÊNCIA GEOGRÁFICA: CONTORNOS E PERSPECTIVAS
A Geografia tem assumido um papel muito importante nesta época
em que as informações são transmitidas pelos meios de comunicação com muita
rapidez e em grande volume. É impossível acompanhar e entender as mudanças e
os fatos ou fenômenos que ocorrem no mundo sem o domínio dos conhecimentos
geográficos.
É no espaço geográfico – conceito fundamental da ciência
geográfica - que se realizam as manifestações da natureza e as atividades
humanas. Por isso, compreender a organização e as transformações sofridas por
esse espaço é essencial para a formação do cidadão consciente e critico dos
problemas do mundo em que vive.
Por conseqüência, pensa-se no aluno como agente atuante e
modificador do espaço geográfico dentro de uma proposta educacional que requer
responsabilidade de todos, visando conseguir um mundo mais ético e menos
desigual (ALMEIDA, RIGOLIN, 2002).
É por parte das ações dos alunos que se espera ver o fruto desse
trabalho, não mais meros reprodutores do que aprenderam, mas como pessoas
integrantes e atuantes dentro de um sistema que é modificado a cada dia em virtude
de novas necessidades, fatos e fenômenos, sejam estes humanos, econômicos ou
naturais.
4
Conforme Vesentini (1995, p.10), O século XXI preconiza novas mudanças que já se esboçam nos anos 1990, assim como novas temáticas que caracterizam essa nova era. Para ilustrar tem-se: a nova ordem mundial, globalização, revolução técnico – cientifica, multipolaridade, sociedade pós-capitalista, competição econômica e tecnológica e a questão ambiental.
Essas mudanças, em particular as econômico-sociais deste novo
tempo, também se manifestam e são impactantes na vida escolar e no ensino de
Geografia, uma vez que ocorrem de forma muito rápida, e professores e alunos,
muitas vezes, em virtude de tantas novas tecnologias e das constantes
transformações por que passa o próprio planeta, nem sempre conseguem se inserir
plenamente no novo e atual cenário geográfico.
A Geografia tem um papel importantíssimo neste contexto, pois dá o
embasamento necessário para o individuo se situar no momento, época e lugar em
que estão ocorrendo os fatos.
A ciência geográfica passou por profundas transformações desde
que surgiu nos currículos pedagógicos, como citam Sene e Moreira (1997, p. 1): A Geografia conheceu, num passado recente, um movimento vigoroso de renovação teórica, que exercitou com radicalidade a critica às perspectivas tradicionais e introduziu novas orientações metodológicas no horizonte de investigação dessa disciplina. No caso brasileiro, ao contrário de outros países, o último campo a ser atingido por tal processo foi o ensino pré-universitário. Tal demora talvez seja a responsável pela forma na qual finalmente o movimento renovador chegou ao ensino de Geografia do primeiro e segundo graus: um formato “revolucionário”, que radicaliza e empobrece a politização introduzida no debate desse campo disciplinar.
Todo este processo de renovação da Geografia tem como premissa a
necessidade de repensar o espaço tendo em vista a confluência de inúmeras
dimensões que podem ser exploradas no trabalho com esta disciplina.
Guimarães e Ribeiro (2002, p.1), também tratam das transformações
da Geografia, com repercussões no ensino: A geografia produzida no Brasil viveu nos últimos anos um intenso processo de renovação de seus postulados teórico-metodológicos. Foi grande o esforço da comunidade geográfica para compreender a realidade de forma mais dinâmica, considerando-se a totalidade das relações entre a sociedade e a natureza. É por isso que a disciplina tem reunido instrumentos de análise e de prática social que colocam no centro do debate questões como impacto ambiental, desemprego, falta de moradia, reforma agrária, direito à saúde e a educação. Essa renovação do pensamento geográfico brasileiro há muito extrapolou os muros das universidades. Um marco dessa mudança foi o Encontro Nacional de Ensino de Geografia, promovido pela Associação dos Geógrafos Brasileiros, 1987, em Brasília. Era a primeira reunião nacional especifica para debater temas referentes ao ensino da Geografia. Desde
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então, inúmeros tem sido os fóruns de discussão de propostas alternativas às estruturas curriculares tradicionais de Geografia, centradas na reprodução do saber puramente disciplinar e conteudista, na memorização e no trabalho competitivo individual.
Face aos pressupostos apresentados pelos autores, constata-se que
o papel do professor é ajudar os alunos a ver, compreender e expressar a realidade,
descobrir, assumir, ser assim, um elemento de mudança da mesma. As respostas
que o professor der e os caminhos que perseguir dependem fundamentalmente de
como ele se localiza diante da realidade, se tem consciência de que também esta
contribuindo com a sua historia e construindo seu espaço, através de ação
consciente, seja individual ou coletiva (NIDELCOFF, 1991).
Nidelcoff (1991, p. 58) enfatiza também o papel fundamental que o
professor tem para “[...] levar as crianças e os jovens a descobrirem sua importância
como agentes formadores e transformadores da sociedade em que vivem.” Para
tanto, as várias metodologias empregadas em sala de aula pelo professor tornam-se
o elo entre a sala de aula e a realidade vivida fora da sala de aula.
Nesta linha de pensamento, a Geografia contemporânea, para
abarcar as necessidades globais, não pode mais ser realizada de modo tradicional,
fragmentado ou estanque. Ela deve deixar o aluno descobrir o mundo no qual está
inserido, enfocando criticamente a questão ambiental e as relações
sociedade/natureza.
Atualmente, a Geografia acadêmica tem se preocupado mais com o
estudo das dimensões objetivas pelas quais o educando vive a sociedade e a
natureza, ou seja, parte de suas experiências vividas e das percepções dos espaços
geográficos. Desse modo, é praticar uma Geografia [...] que trabalhe tanto as relações sócio-culturais da paisagem como os elementos físicos e biológicos que dela fazem parte, investigando as múltiplas interações entre eles estabelecidas na constituição de um espaço: o espaço geográfico (BRASIL, 1997, p. 6).
Não é fácil praticar esse tipo de Geografia e muitos são os
obstáculos que se apresentam para a realização desse modo de ensinar. Quanto
aos conteúdos, a maior dificuldade encontra-se no ensino fragmentado que divide a
Geografia em duas partes: física e humana, na memorização como critério de
avaliação do conhecimento e na falta de preocupação com a criticidade e explicação
dos temas.
6
O processo de formação do professor é parte fundamental para que
se tenha ou se faça uma Geografia preocupada com a criticidade e explicação dos
temas geográficos, posto que o objetivo principal é conseguir com que o próprio
aluno construa conceitos e idéias. Assim, se o professor não possuir um
embasamento teórico-metodológico adequado para uma prática inovadora, torna-se
difícil a construção de uma Geografia dinâmica, interessante e essencial para o dia-
a-dia na formação do cidadão.
A partir da compreensão do espaço geográfico com um “conjunto
indissociável, solidário e também contraditório de sistemas, de objetos e sistemas de
ações, não considerados isoladamente, mas como um quadro único no qual a
historia se dá” (SANTOS, 1996, p. 51), propõe uma concepção de geografia que
possibilite ao educando desenvolver um conhecimento do espaço, que auxilie na
compreensão do mundo privilegiando a sua dimensão socioespacial.
Para Moraes (1998, p. 166) Formar o indivíduo crítico implica estimular o aluno a questionar, dando-lhe não uma explicação pronta do mundo, mas elementos para o próprio questionamento das várias explicações. Formar o cidadão democrático implica investir na sedimentação do aluno do respeito à diferença, considerando a pluralidade de visões como um valor em si.
Neste contexto, a Geografia explicita o seu objetivo de analisar e
interpretar o espaço geográfico, partindo da compreensão de que o espaço é
entendido como produto das múltiplas, reais e complexas relações, pois como
mostra Santos (2001, p.174): “vive-se em um mundo de indefinição entre o real e o
que se imagina dele”.
Em conformidade com Resende (1986, p.181): É preciso reconhecer a existência de uma saber geográfico que é o próprio do educando trabalhador, um saber que está diretamente ligado com sua atitude intelectiva, respondendo sempre ao seu caráter social, objetivo, de um todo integrado, um espaço real.
Deste modo, à Geografia escolar cabe fornecer subsídios que
permitam aos educandos compreenderem a realidade que os cerca em sua
dimensão espacial, em sua complexidade e em sua velocidade, onde o espaço seja
entendido como o produto das relações reais que a sociedade estabelece entre si e
com a natureza.
Esta posição é confirmada por Carlos (2002, p.165), quando se
destaca a relação entre a sociedade e a natureza:
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A sociedade não é passiva diante da natureza; existe um procedimento dialético entre ambas que reproduz espaços e sociedades diferenciadas em função de momentos históricos específicos e diferenciados. Nesse sentido o espaço é humano não porque o homem o habita, mas porque o produz.
Face às diferentes abordagens teóricas analisadas, verifica-se que é
urgente romper com a compartimentalização do conhecimento geográfico. Neste
sentido, faz-se necessário considerar o espaço geográfico a partir de vários
aspectos interligados e interdependentes, os fenômenos naturais e as ações
humanas, as transformações impostas pelas relações sociais e as questões
ambientais de alcance planetário, não desprezando a base local e regional.
Nesse contexto, o homem passa a ser visto como um sujeito, ser
social e histórico que produz o mundo e a si próprio. Segundo Cavalcanti (1998,
p.192): O ensino de geografia deve proporcionar ao aluno a compreensão de espaço geográfico na sua concretude, nas suas contradições, contribuindo para a formação de raciocínios e concepções mais articulados e aprofundados a respeito do espaço, pensando os fatos e acontecimentos mediante várias explicações.
Deste modo, o ponto de partida para o trabalho com a disciplina de
Geografia pode ser estabelecido pela compreensão dos fenômenos geográficos.
Os fenômenos geográficos possuem localização espacial e uma
determinada orientação e, a partir desta construção conceitual, estabelecer as
correlações entre as geograficidades dos fenômenos em diferentes lugares e em
múltiplas escalas. Estes conceitos constituem os passos iniciais da alfabetização
geográfica, condição fundamental para que o aluno compreenda os arranjos
espaciais.
Para que estes objetivos sejam atingidos sugere-se que o
professor trabalhe com os alunos no sentido de:
• Observar o entorno, identificando a ordenação territorial da
distribuição dos fenômenos;
• Reconhecer a localização dos fenômenos tendo como
referência a sua espacialidade;
• Construir habilidades e noções de localização e orientação
(lateralidade em relação ao próprio ponto de vista e em relação a um objeto externo
8
ao sujeito, relatividade das localizações dos fenômenos, pontos cardeais, colaterais
e subcolaterais, coordenadas geográficas);
• Elaborar representações gráficas e cartográficas a fim de
sistematizar a localização e a orientação dos fenômenos;
• Apreender a localização e orientação dos fenômenos e
interpretar os seus significados em representações gráficas, cartográficas e em
outras linguagens (imagens as mais diversas, textos literários, desenho animado,
filmes, entre outros);
• Correlacionar as informações sobre localização e orientação
dos fenômenos em diferentes escalas;
• Sistematizar os conceitos de localização e orientação, tendo
como base as noções e habilidades trabalhadas no ensino fundamental;
• Elaborar análises de síntese por meio da operacionalização
dos conceitos de localização e orientação.
• Entender como as expressões espaciais do município
articulam-se com os arranjos espaciais pretéritos e presentes.
2.2 CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE CAMBÉ
O município de Cambé está localizado a 670 metros acima do nível
do mar ,nas coordenadas geográficas de 23º 16’ latitude Sul e 51º 17’ longitude
Oeste. A área urbana é de 28 m², com área rural de 44,986 ha (PREFEITURA
MUNICIPAL DE CAMBÉ, 1991).
Cambé é um dos 30 municípios que compõem a região homogênea
de número 281 do Estado do Paraná. Essa região tem a população estimada em 2
milhões de habitantes e configura-se como a mais dinâmica do Estado. Tem
localização privilegiada, que permite acesso, em um raio de 550 quilômetros, aos
principais mercados em expansão do país, como São Paulo e todo o interior daquele
Estado, Curitiba e todo o Estado do Paraná, Campo Grande e parcela significativa
do Mato Grosso do Sul, Norte e Oeste de Santa Catarina, Cidade de Leste –
Paraguai e Puerto Iguazu – Argentina (PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMBÉ,
1991).
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A microrregião também tem fácil acesso a dois importantes
corredores de exportação, um que vai ao Porto de Paranaguá, no Sul do Paraná, e
outro ao Porto de Santos, em São Paulo.
O Norte do Paraná tem como pólo o município de Londrina, distante
apenas 10 quilômetros do centro de Cambé e em franco processo de conurbação.
Ao longo das duas rodovias que ligam Cambé à Londrina – BR – 369 e PR – 445-,
indústrias se instalam e novos investimentos são aplicados pela iniciativa privada. O
poder público trata de oferecer a infra-estrutura necessária aos investidores. A
proximidade de Londrina permite a Cambé o rápido acesso aos variados serviços de
uma metrópole regional (PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMBÉ, 1991).
Já na década de 1940, o advento da Segunda Guerra Mundial fez
com que o governo do Estado obrigasse as cidades e as colônias de nomes
relacionados com os países inimigos a trocarem de denominação. Nova Dantzig
passou a se chamar Cambé, nome de um Ribeirão que banha o Município.
As conseqüências das transformações no setor rural e do
desenvolvimento das forças produtivas de toda região refletem-se no espaço urbano
no final da década de 1960. Isto pode ser visto ao longo da Rodovia BR 369 onde
começavam a surgir os primeiros assentamentos de processos industriais (indústrias
de transformação de soja, indústria de derivados de plásticos, bebidas, metalurgia,
entre outras).
Com a implantação da Rodovia PR 445, nos anos 1970, surgem
novas opções no espaço urbano, para a localização, às suas margens, de novas
indústrias. A industrialização nos anos 1970 passa a ser reconhecida como única
política capaz de promover o desenvolvimento social e econômico no Município.
Assim como o uso do solo urbano, as ações da política de industrialização são
desordenadas, fundamentando-se nos eixos rodoviário e ferroviário. Em seguida
surgem os loteamentos vizinhos com vistas a abrigar a mão de obra vinda do
campo.
Deste modo, configura-se o Núcleo Industrial, que tinha como único
meio de ligação ao Núcleo de Origem, a Rodovia BR 369, apresentando entre estes
dois pólos, extensas áreas utilizadas com agricultura ou pastagens. O núcleo se
solidifica de acordo com o surgimento de loteamentos desordenados que
começaram se instalar, sem que seguissem diretrizes de políticas urbanas de
integração com o núcleo de origem.
10
O prolongamento da malha urbana de Londrina para o lado oeste, de
encontro a Cambé, torna difícil a identificação do limite entre um e outro Município.
Além da polarização de Londrina, a intensidade do ritmo de crescimento da
população urbana neste período foi, também, resultado das transformações
ocorridas no setor agrícola regional e do processo de industrialização em
andamento. O Núcleo Conurbado da PR 445 surge simultaneamente ao núcleo
industrial como resultado do crescimento urbano de Londrina, de forma que, os
primeiros loteamentos aparecem entre os ribeirões Cambé e Esperança, como se
fossem uma continuidade da malha urbana de Londrina. O adensamento ocorre
primeiramente no sentido Londrina - Cambé, o que leva a crer que a cidade de
Cambé absorveu o crescimento de parte da área oeste de Londrina.
O intenso crescimento populacional urbano de Cambé foi resultado
das transformações ocorridas no campo, do início do processo de industrialização
ocorrido no contexto regional e estadual e particularmente da proximidade com
Londrina que é pólo regional.
A população urbana de Cambé é de 98.788 habitantes, segundo
dados de 2006, perfazendo uma densidade demográfica de 199,7 habitantes/km2.
Na tabela a seguir, são apresentados os dados mais significativos do
município.
Taxa crescimento anual
2,3%;
População Masculina 43.657
População Feminina 55.131
População Urbana 91.819
População Rural 6.969
População Total 98.788
Residências Urbanas: 26.500
Numero de Bairros: 135 bairros
Tabela 1- Dados demográficos do município de Cambé Fonte: IBGE, 2006.
11
O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do município de Cambé
é de 0,793 PNUD/2000.
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma medida
comparativa de riqueza, alfabetização, educação, esperança de vida, natalidade e
outros fatores para os diversos países do mundo. É uma maneira padronizada de
avaliação e medida do bem-estar de uma população, especialmente bem-estar
infantil. O índice foi desenvolvido em 1990 pelo economista paquistanês Mahbub ul
Haq, e vem sendo usado desde 1993 pelo Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento em seu relatório anual.
A partir dos elementos apresentados, depreende-se que a ordenação
do uso e ocupação do solo urbano deve estar voltada a proporcionar a melhoria da
qualidade de vida da população de uma cidade, à vista das modificações que visam
adaptar a população à dinâmica da cidade.
Segundo a classificação do IBGE (2000), a área do Município de
Cambé está inserida na região da floresta, e próximo aos rios, apresentando
também influência da floresta, com composição floristica de gêneros como:
exemplos: Parapiptadenia rígida (Gurucaia), Cedrella físsilis (Cedro Rosa), Araucária
angustifólia (Araucária), Luehea devaricata (Açoite-cavalo), Campomanesta
xanhocarpa (Guabirova), Cabralea canjerana (Canjerana), Cassia leptophylla
(Canafistula), Talebuia alba (Ipê-amarelo), Ocotea cf.acutifolia (Canetão),
Patagonula americana (Guajuvira), entre outras.
O município começou a sofrer influência antrópica com maior
intensidade, a partir do processo de ocupação do território, por volta dos anos de
1954, com a expansão da agricultura. A derrubada das matas para fins agropastoris
contribuiu para o desaparecimento de grande parte das florestas nativas da região.
Cambé está situado no 3º Planalto. Possui altitudes que variam
entre 550 e 820 metros. A cidade está assentada num espigão, cujo ponto mais alto
atinge 670 metros de altitude com relevo suavemente ondulado.
Cambé está localizado na área da Bacia do rio Paranapanema, cujo
principal afluente é o rio Tibagi. Do rio Tibagi são influentes três rios, cujas
nascentes estão localizadas em áreas urbanas de Cambé: Ribeirão, Jacutinga,
ribeirão Cafezal e ribeirão Três Bocas. O ribeirão Vermelho que tem nascentes em
Rolândia e segue em direção da região norte do Município, é afluente do rio
Paranaense e recebe as águas dos rios Barra Grande e Caçadores que tem
12
cabeceiras também na área urbana de Cambé. O Município tem ainda os ribeirões
Verdes, Cambezinho, Esperança, Glória, dos Porcos, Lins, Mimoso.
O mapa hidrográfico do Paraná representa os principais rios do
Estado, conforme se pode identificar pela figura a seguir.
Figura 1 – Mapa hidrográfico do Paraná
FONTE: IPARDES, 1995
O trabalho com mapas representa uma possibilidade valiosa no
ensino de Geografia, no sentido de ampliar a compreensão sobre os limites, os
quais podem ser conceituados como linhas que marcam uma extensão de área,
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terreno, território, espaço geográfico. Pode-se usar como a demarcação de um limite
um rio, uma estrada, uma montanha, uma cerca de arames ou uma divisa entre dois
países, Estados, municípios, propriedades, que pode ser desenhada apenas em
mapas ou plantas.
3 METODOLOGIA
Para o desenvolvimento metodológico do presente trabalho buscou-
se informações locais com fundamentação científica, a partir das mesmas, organizar
de forma clara e objetiva os conteúdos, facilitando assim, o trabalho do professor de
geografia do ensino fundamental e médio. A sistematização dessas informações no
material ora apresentado contribuirá para maior compreensão da organização do
espaço local, como ponto de partida para articulação com outras unidades escalares
(regional e mundial).
Este trabalho pretendeu, por meio de problematizações, ensinar o
aluno a compreender os arranjos territoriais vivenciados por ele. Assim, ao criar
condições para que o estudante compreenda o seu cotidiano por meio dos
conhecimentos e conceitos científicos, o professor auxiliará a construir condições
materiais para uma produção mais democrática dos arranjos espaciais.
O trabalho foi desenvolvido junto a junto a três turmas de quinta
série do período vespertino do Colégio Estadual “Antônio Raminelli”, instituição de
ensino da rede pública estadual, localizada na periferia do município de Cambé,
Paraná.
Trata-se de uma instituição que atende a aproximadamente 1800
alunos do bairro Jardim Ana Rosa e demais localidades vizinhas, com turmas nos
períodos matutino, vespertino e noturno, atendendo de 5ª a 8ª séries do Ensino
Fundamental e Ensino Médio.
A clientela da escola é constituída por alunos provenientes de
famílias de classe baixa, com rendas salariais em torno de um a três salários-
mínimos.
Na figura a seguir, observa-se a fachada da instituição em que foi
desenvolvida a implementação da proposta de trabalho.
14
Figura 2- Fachada do Colégio Estadual “Antônio Raminelli” Fonte: diaadiaeducação@seed,pr.gov.br
As etapas que foram desenvolvidas ao longo da implementação da
proposta de trabalho podem ser descritas da seguinte forma:
• Apresentação e explicação da proposta de intervenção;
• Apresentação da música O rio, e elaboração de desenhos
sobre o conteúdo constante na letra;
• Exposição do conteúdo Água e hidrografia do município de
Cambé, com utilização de textos e mapas;
• Trabalho com recorte e colagem sobre a água e os rios;
• Produção de textos com o tema Água;
• Produção de textos com o tema Um final para o Rio Tietê;
• Palestra sobre o abastecimento de água do município de
Cambé e a importância da preservação dos rios e mananciais hídricos.
Na seqüência são apresentados os resultados do trabalho
desenvolvido.
15
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
4.1 RELATO DOS RESULTADOS DA ATIVIDADE 1
Na atividade relacionada à música O rio, cantada por Chitãozinho e
Xororó (1989) composição de César Augusto e Márcio Marcos, foi possível perceber
que a dinâmica utilizada mostrou-se positiva, uma vez que os alunos demonstraram
grande interesse pela mesma e desenvolveram as atividades de interpretação e
representação da letra da música em forma de desenho. Foi possível constatar que
uma parcela expressiva dos alunos apropriou-se dos conhecimentos necessários
quanto à preservação das riquezas hídricas. Os alunos deveriam escolher um trecho
da letra da música que mais havia desertado sua atenção e ilustraram. Destacou-se,
em maior índice, a escolha relativa à estrofe: Será que eles não percebem Que a natureza pede pra viver Enquanto vai morrendo o rio Nada à sua volta poderá nascer (Chitãozinho e Xororó).
Acrescenta-se aos benefícios mencionados em relação à utilização
da música no desenvolvimento integral dos indivíduos a motivação que pode
desencadear em relação ao trabalho pedagógico. Numa época em que a maioria
das queixas dos problemas dos professores é quanto à falta de atenção,
concentração e criatividade dos alunos nas alas, quando a indisciplina torna-se
assunto do dia, a realização da atividade aqui descrita permitiu repensar o modo de
se fazer Geografia, valendo-se dos diferentes recursos disponíveis e inserindo os
conteúdos de modo a despertar o interesse dos alunos.
Na mesma direção, Collermann (1992, p.2) enfatiza que: A música trata do processo que visa à formação geral da pessoa, ou seja, sempre dentro do contexto arte-educação, e tem um papel importantíssimo como elemento em educação, a música é mais abrangente, não visa apenas à educação pela técnica musical, mas a formação como um todo e se desenvolve no sentido de conscientizar o professor para que seja mais criativo no seu trabalho do dia-a-dia, as crianças que têm atividades musicais comprovadamente desenvolvem uma melhor criatividade, se concentram com mais facilidade e, ao mesmo tempo, são mais atenciosas.
Desta forma, verifica-se que o trabalho desenvolvido permitiu a
exploração das potencialidades do ensino de Geografia em uma perspectiva mais
16
global, permitindo a ampliação dos conhecimentos geográficos em uma dimensão
local, conforme o direcionamento que foi dado na seqüência à intervenção realizada.
Quanto às ilustrações dos alunos, procuraram representar, conforme
se percebe na reprodução de um dos trabalhos obtidos.
Figura 3- Trabalho referente à atividade 1 Fonte: Trabalho realizado pela aluna C, 2008.
Verifica-se, na visualização do trabalho de C., que a aluna
representou a natureza agredida, cansada e preocupada. Os detalhes inseridos na
ilustração confirmam a preocupação em relação aos prejuízos que a ação
desordenada do homem pode causar ao meio ambiente. Ressalta-se, em relação
aos trabalhos dos demais alunos, que estes apresentam uma preocupação em
alertar e conscientizar as pessoas para a realidade.
Nesta fase da idade dos alunos juntos aos quais foi realizado o
trabalho, a imaginação e a criatividade são componentes essenciais e sempre
presentes, por esta razão eles corresponderam de modo satisfatório aos objetivos
propostos na atividade, conseguindo atingir os propósitos previamente traçados.
17
4.2 RELATO DOS RESULTADOS DA ATIVIDADE 2
Destacou-se nesta atividade os principais rios que formam a
hidrografia do município de Cambé, por meio do estudo de um texto informativo
sobre o tema, com destaque para a importância destes no desenvolvimento de uma
região.
Logo após, procurou-se ilustrar o texto por meio de atividades com os
diversos tipos de mapas: O mapa do Brasil com a localização do Estado do Paraná,
o mapa do Estado do Paraná com a localização do município de Cambé, o mapa
com os limites político-administrativos do município, o mapa hidrográfico do Estado
do Paraná mostrando as bacias hidrográficas em que o município de Cambé está
inserido.
Logo após, trabalhou-se um texto enfatizando a importância da mata
ciliar para a conservação dos rios.
O objetivo desta atividade consistiu em propiciar condições para que
os alunos conseguissem se localizar no tempo e no espaço, através dos vários
mapas apresentados para as atividades, bem como conhecer a localização do
município de Cambé em várias escalas.
A realização desta atividade atendeu aos pressupostos de conceber
os conteúdos da Geografia como uma forma de, nos moldes propostos por Gratão
(1991), situar-se como sujeito em um determinado espaço, agindo sobre e ele e
podendo interferir em relação ao meio. Assim, é importante que o ensino Geografia
possa propiciar condições para que o aluno possa: [...] compreender a sociedade nas suas relações e injunções históricas, para transformá-la, reconstruí-la, no tempo. Através do seu trabalho, as sociedades humanas diferem suas formas de relação com a natureza e constróem o meio ambiente (GRATÃO, 1991, p. 5)
Foi possível identificar, no trabalho desenvolvido ao longo da
implementação da proposta de trabalho, que os alunos demonstram um real
envolvimento com a questão ambiental, demonstrando de forma inequívoca sua
compreensão sobre os conteúdos trabalhados.
Na figura a seguir, observa-se a representação dos aspectos
hidrográficos do município de Cambé, visualizando do local ao global.
18
Figura 4- Trabalho referente à atividade 2 Fonte: Trabalho realizado pela aluna N., 2008.
No tocante à atividade, verifica-se que a aluna demonstrou a
compreensão das diferentes escalas que constituem o conhecimento geográfico,
desde a localização do município no estado ao lugar ocupado pelo estado no país.
4.3 RELATO DOS RESULTADOS DA ATIVIDADE 3
Para a realização desta atividade, foi pedido aos alunos para
trazerem papel almaço, cola, tesoura e algumas gravuras que mostrassem o estado
da água limpa e gravuras que mostrassem o estado da água poluída.
O objetivo desta atividade foi de mostrar ao aluno a importância da
preservação do elemento água, fazendo menção às condições dos rios, suas
19
nascentes e seu percurso, estimulando os alunos a perceberem a diferença entre a
água limpa e suja e suas principais conseqüências.
A professora, nesta atividade, procurou deixar claro os elementos
constituintes do elemento água, através de um texto informativo, em que foram
trabalhados conteúdos em interdisciplinaridade com Ciências. Os conteúdos foram
reforçados pela leitura da cartilha informativa Rio Limpo, da Secretaria de Educação
do Estado do Paraná.
Os alunos teriam que escrever uma frase para cada gravura de água
limpa e uma frase para cada gravura de água poluída.
Na atividade seguinte, os alunos deveriam produzir frases sobre as
figuras que representavam a água limpa e a água poluída. Apresentam-se, em
seguida, algumas das produções realizadas pelos alunos, no que se refere à água
limpa: Se a água acabar, nada poderá viver.
Sem a água o ser humano não existiria.
Ä água é uma fonte de vida.
A água purifica o ar e mata a nossa sede.
A água dos rios serve para a pesca e para apreciar a paisagem.
A água possui criaturas impressionantes, lindas.
Temos pouca água e devemos economizar.
Verifica-se a compreensão dos alunos em relação à essencialidade
do elemento água para a sobrevivência da espécie humana, expressa pelas falas
dos três primeiros alunos. Ao longo da atividade, a professora reforçou a importância
da preservação das águas dos rios, lençóis freáticos, aqüíferos e poço artesianos,
pois das águas doces depende a preservação da vida e a perpetuação das
espécies. O último recorte apresentado expõe a preocupação do aluno em
economizar água como uma forma de preservar os recursos hídricos existentes.
Dentre as frases dos alunos a respeito da água poluída destacam-se: A água poluída é transmissora de doenças graves.
Poluindo, estamos acabando com a natureza.
Não devemos fazer queimadas, pois além de poluir o ar, poluem também
os rios.
Com o derramamento de produtos químicos, os peixes vão se extinguir.
Se poluirmos os rios, vamos matar os peixes.
20
Com a água poluída, os pescadores que sobrevivem da pesca não terão o
que pescar.
Depreende-se, dos recortes apresentados, que os alunos, além de
estabelecer a correlação com as figuras que haviam selecionado para representar a
poluição das águas, demonstraram a apropriação dos conteúdos referentes à
importância da preservação do ambiente, relacionando aspectos naturais, sociais e
econômicos. É interessante destacar que em todas as frases, os alunos
estabeleceram relações de causa e conseqüência, ao associar a poluição da água a
doenças, à escassez de recursos e às próprias condições de sobrevivência da
espécie humana.
Para corroborar esta idéia, busca-se respaldo em Favarão e Gratão
(2007), quando as autoras descrevem uma atividade desenvolvida nos mesmos
moldes: É gratificante perceber a cada trabalho que a água representa um assunto inesgotável e que merece ser aprendida e trabalhada por todos os professores, de maneira interdisciplinar e em todas as series do Ensino Fundamental ao Ensino Médio, para que o cuidado com a água faça parte da vida dos brasileiros e de todos os povos de todas as idades. (FAVARÃO e GRATÃO apud CALVENTE et al, 2007, p. 186).
No final desta atividade, a professora pediu para que os alunos
escrevessem versos com rima em homenagem ao rio. São transcritos, a seguir,
alguns destaques: Cuidemos do rio com muita esperança e não esperemos futura vingança. Com o rio e a água o ser humano vai sobreviver sem o rio e a água o ser humano vai morrer. O pôr-do-sol é lindo, o nascer do sol também, Mas com o rio limpo tudo fica bem. Sem a água o ser humano não existiria, Com a água tudo vive com alegria. O rio deve ser cuidado e não mal administrado. Não seja desonesta, limpe o rio e faça a festa. O rio faz parte do coração, o meu, o seu, o da população O rio mata a sede, forma a eletricidade que corre pela rede. Amo a lua, amo o luar, Amo meu rio em primeiro lugar.
21
O rio não é ouro nem diamante, mas sua limpeza deve ser constante. Geograficamente o rio é um elemento, mas para minha vida é um alimento.
Verifica-se, pela observação dos versos produzidos pelos alunos,
que, a par da sensibilidade demonstrada pelos mesmos, estão presentes vários dos
conteúdos trabalhados ao longo das atividades anteriores, como a relação entre os
recursos hídricos e a preservação da espécie humana, a importância da
preservação de rios e mananciais e a possibilidade de as ações humanas
destrutivas voltarem-se contra o próprio homem.
Deste modo, com uma proposta diferenciada de trabalho e utilizando
metodologia motivadora, tornou-se possível desenvolver conteúdos geográficos, na
confluência com outras disciplinas e com o desenvolvimento da perspectiva global e
ética da educação.
4.4 RELATO DOS RESULTADOS DA ATIVIDADE 4
A atividade seguinte teve por objetivo despertar a criatividade dos
alunos por meio da exposição de uma gravura que representa uma torneira
pingando. Foi solicitado que observassem com atenção a gravura e produzissem um
texto a respeito da ação expressa pela imagem.
Os trechos a seguir, extraídos dos textos produzidos pelos alunos,
corroboram a necessidade de um novo olhar para o ensino de Geografia. A água é muito importante para a nossa vida, não devemos desperdiçá-la, pois talvez ela vai nos fazer falta. Para a água sair da nossa torneira, ela é retirada dos rios, e passa por reservatórios onde é tratada e chega à nossa casa. Na verdade, a água não está sobrando. Tem estudos que falam que um dia ela vai acabar. Nós aqui do Paraná temos uma parte do Aqüífero Guarani, que é a reserva de água doce subterrâneo. Essa água é tirada dos rios e aqüíferos, que são reservatórios de água subterrânea e passa por um tratamento para matar as bactérias e colocam remédios para prevenir as cáries dentárias e outras doenças, então a água vai para um reservatório que se chama caixa d’água e essa caixa manda a água até a torneira. Júlia é uma menina que se preocupa muito com água e o meio ambiente. Ela está sempre verificando se as torneiras estão bem fechadas para não ocorrer vazamentos.
22
[...] não tem, não, pois a maior parte é água salgada e não serve para o consumo. E o pouco de água doce que temos está sendo poluída e não devemos desperdiçá-la, senão ela acaba e sem água nós morreremos.
Percebe-se que os alunos demonstraram ter construído um
conhecimento sólido sobre os conteúdos trabalhados. Destaca-se que eles retomam
conteúdos anteriormente trabalhados, sobre ao Aqüífero Guarani e o processo de
tratamento da água. No penúltimo recorte, percebe-se que o aluno, de forma
narrativa, expôs sua preocupação em relação a atitudes de contenção de
desperdícios como forma de preservação dos recursos hídricos.
Na última fala, extraída de um diálogo criado pelo aluno, é exposto,
de forma argumentativo-dissertativa, as razões pelas quais se deve economizar
água pelo simples gesto de fechar corretamente uma torneira.
Na figura a seguir, verifica-se o resultado do trabalho de uma aluna a
partir da atividade proposta.
Figura 5- Trabalho referente à atividade 4 Fonte: Trabalho realizado pela aluna J., 2008.
23
Segundo Torres (2003, p.70) a limitação dos recursos hídricos era
responsável pela não fixação do homem primitivo, este se mudava constantemente,
numa permanente busca de locais com suposta abundância de água. Essas
mobilizações tornaram-se cada vez mais difíceis em razão do crescimento das
populações, surgindo a necessidade de as comunidades disciplinarem e
racionalizarem o usa da água.
A escassez de água apresenta-se sob duplo aspecto: disponibilidade
e uso pretendido. Essa distinção é bem aparente comparando-se o consumo rural,
no qual se perde água pela evaporação e poluição, com o consumo urbano, no qual
a água não é perdida, mas termina fortemente poluída.
A escassez progressiva da água em âmbito mundial tem incentivado
pesquisas aplicadas do mais alto nível cientifico e tecnológico para os países da
Comunidade Econômica Européia e, de forma análoga, para mais de 21 países,
cujas regiões apresentam a maior escassez de água do planeta e abrigam 300
milhões de pessoas possuindo apenas 1% do estoque anual renovável do planeta.
Com base na disponibilidade de menos de 1000 m³ de água
renovável por pessoa/ano, existem projeções que antecipam a escassez progressiva
de água em diversos países do mundo, no intervalo 1955-2025. Em 1955, cinco
países entravam besta lista, em 1990 mais de 13 países foram adicionados e sob
todas as projeções de crescimento populacional das Nações Unidas para o ano de
2025 mais de dez países se encontram adicionados aos anteriores.
Assim, com o crescimento populacional estimado em 80% nas áreas
urbanas, por volta de 2025, a população com escassez será dez vezes maior do que
a atual.
Medidas como conservar, aumentar a eficiência no consumo e
recusar, adiam a escassez que se aproxima no futuro e podem trazer
sustentabilidade ao crescimento populacional.
4.5 RELATO DOS RESULTADOS DA ATIVIDADE 5
Na quinta atividade desenvolvida em cumprimento aos propósitos
estabelecidos no plano de ação, a professora apresentou o texto Um rio que pede
24
água, da escritora Ruth Rocha, onde se descreve a formação do rio Tietê,
promovendo uma intertextualidade com O sítio do Picapau Amarelo, de Monteiro
Lobato.
O texto enfatiza a importância da preservação das nascentes,
discorrendo também sobre sua trajetória e a iminência dos desastres ambientais que
podem ocorrer com a poluição. A autora deixa ao final do texto uma lacuna para que
o leitor tire suas conclusões e elabore um outro desfecho para o rio.
O objetivo desta atividade é favorecer a reflexão sobre os vários
procedimentos que as pessoas tiveram com o rio ao longo de sua existência, a
maneira de cada cidadão fazer sua parte para a conservação deste recurso natural.
Os alunos, além de produzirem os parágrafos de conclusão,
deveriam ilustrar a figura apresentada junto ao texto. Então os moradores da região foram parando de poluir, e a empresa de saneamento básico também os ajudou, até que uns dez anos depois o rio estava limpo. Trazia alegria e alimento para todos. O rio Tietê causou muitas doenças e muitas mortes. As pessoas nunca mais conseguiram despoluí-lo. O Tietê nunca será feliz novamente.
Percebe-se que os dois alunos demonstraram a compreensão dos
elementos contidos no texto de Ruth Rocha e reforçaram, por um lado, a
necessidade de atitudes positivas em relação à poluição, embora o trecho do
primeiro aluno enfatize a demora no processo de limpeza do rio (“Até que uns dez
anos depois o rio estava limpo”). Em direção contrária, o trecho do segundo aluno
exprime, com exatidão, as conseqüências da falta de consciência ambiental. A
ilustração da figura confirma o conteúdo presente no texto do aluno, que pintou o rio
de marrom, expressando o estágio de poluição sinalizado pela frase “O Tietê nunca
será feliz novamente.”
Nas figuras a seguir, pode-se observar os resultados obtidos junto a
estes dois alunos.
Figura 6- Trabalhos referentes à atividade 5 Fonte: Trabalho realizado pelos alunos M. e G., 2008.
Os resultados demonstrados pelos alunos em relação a esta
atividade demonstraram, de forma inequívoca, a relevância de se promover o ensino
dos conteúdos de Geografia em situações diferenciadas, que objetivem promover a
reflexão necessária para o aprofundamento da questão ambiental.
4.6 RELATO DOS RESULTADOS DA ATIVIDADE 6
Para a finalização das atividades relacionadas ao tema desenvolvido
junto aos alunos, foi convidada uma funcionária da SANEPAR para o
desenvolvimento de uma palestra sobre o tema Água, importância, tratamento,
fontes de poluição e escassez de recursos e abastecimento do município de Cambé.
A palestrante iniciou o encontro indagando as crianças a respeito de
alguns conhecimentos e curiosidades sobre a água. Foi apresentado um slide sobre
as fases de tratamento da água pela companhia de saneamento. Ao abordar a
questão sobre as fontes de onde é captada a água que abastece a cidade de
26
Cambé, transmitiu informações de que a coleta pode ser feita do Rio Tibagi, do
ribeirão Cafezal e de alguns aqüíferos e poços artesianos. De cada dez residências,
cinco são abastecidas pelo rio Tibagi, três, pelo ribeirão Cafezal e duas por
aqüíferos.
O abastecimento de água do município de Cambé é feito pela
SANEPAR – Companhia de Saneamento do Paraná, através de sistema composto
por uma rede de poços semi-artesianos, Aqüífero Serra Geral e do sistema Tibagi.
Ao longo da palestra, que teve a duração de quarenta minutos, a
palestrante expôs sua preocupação com o aumento do consumo de água, gerado
uma conseqüente redução da disponibilidade do recurso; a incidência de doenças
devidas à má qualidade da água e as alterações do meio ambiente provocadas
pelas atividades agroindustriais.
Para abordar o consumo consciente de água, foi apresentada ainda
uma tabela que mostra o consumo de água em algumas atividades domésticas, o
desperdício em situações de vazamento e algumas recomendações para evitar o
consumo exagerado de água.
Atividades Domésticas Consumo
de água
Atividade Doméstica Consumo
Banho de 15 minutos 105 litros Banho de 10 minutos 70 litros
Barba com a torneira aberta 65 litros Barba com a torneira fechada
Menos de 1 litro
Escovar os dentes com a torneira aberta 10 litros Escovar os dentes com a torneira fechada
Apenas 1 copo
Lavar a louça com a torneira aberta 112 litros Lave toda a louça com a
torneira fechada e depois enxágue
10 litros
Lavar as mãos com a torneira aberta 7 litros Mangueira aberta ao lavar o carro 360 litros
Vazamento em torneira
Gotejando simplesmente 60 litros por dia
Vazamento filete de 1mm 2000 litros por dia
Vazamento filete de 2mm 4.500 litros por dia
Vazamento filete de 6mm 16.500
litros por dia
Recomendações
Procure usar a água que usou para lavar roupa e lave a calçada, os tapetes, tênis
e sapatos.
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Quando você for viajar desligue o registro do cavalete de entrada da água, evitando
qualquer desperdício.
Procure usar a capacidade máxima da máquina de lavar roupas. Não lave
roupas todos os dias,espere acumular.
Evite lavar calçadas e carros várias vezes por semana, assim como irrigar demais
o jardim.
Tabela 2- Consumo consciente Fonte: http//www.sanepar.com.br, 2007
Ao término da palestra, os alunos fizeram questionamentos, sendo
que o principal problema abordado voltou-se para a questão da não-utilização da
água dos aqüíferos para o abastecimento do município.
Em seguida foi solicitado que os alunos escrevessem um relatório
sobre os temas abordados na palestra. Verificou-se um grande avanço no
posicionamento crítico dos alunos, o qual pode ser confirmado pelos trechos
transcritos na seqüência. Apesar de todo tratamento, eu acho que deveríamos beber água de aqüíferos, alguns cidadãos recebem essa água, mas muitos recebem água dos rios e muitos rios são poluídos e podem nos trazer muitas doenças graves. Mas, afinal, por que eles não pegam água dos aqüíferos que é água pura do que pegar água dos rios que são água suja, apesar de toda essa limpeza?
No questionamento da última aluna, verifica-se a postura crítica dos
alunos face à política de abastecimento do município. Deste modo, constata-se que
a palestra trouxe resultados satisfatórios, não apenas na transmissão de
informações sobre diversos temas relacionados à água, mas na possibilidade de
suscitar questionamentos sobre as condições de vida das sociedades e a postura de
órgãos públicos no tratamento da questão de recursos hídricos.
Retoma-se, neste ponto, a importância da atuação do professor, ao
assumir a postura de problematização na abordagem dos conteúdos e Geografia. Ao
levantar questões referentes à hidrografia do município de Cambé, a professora
inseriu o conteúdo no cotidiano dos alunos das quintas séries e, no coletivo, buscou
explicações e relações e construiu os conceitos geográficos pertinentes.
28
A vivência na execução deste trabalho vai ao encontro do que
relatam Krajewski, Guimarães e Ribeiro (2000, p. 5): O exercício da problematização permanente tem resgatado a capacidade de inquietar-se dos jovens, primeira condição para o movimento no sentido da aprendizagem. Somam-se a elas as capacidades de compreender questões e de adequar-se e fazer uso das condições oferecidas para a busca de respostas. Esses são os sustentáculos que conduzem os estudantes a vivenciar, de forma cada vez mais plena, a aventura do conhecimento, permitindo-lhes não apenas estar no mundo, mas participar de sua construção e transformação.
Tendo em vista os relatos das atividades, notou-se um empenho dos
alunos para escreverem, analisarem e representarem seus trabalhos sempre com o
incentivo e a ajuda e intervenção do professor.
Neste ponto, concorda-se com Nidelcoff (1991, p. 58) quando afirma: [...] o papel do professor é ajudar as crianças a ver, compreender a realidade, expressar esta realidade, descobrir, assumir, ser assim, um elemento de mudança desta realidade. As respostas que o professor der e os caminhos que prosseguir dependem fundamentalmente, de como ele se localiza diante da realidade.
Acredita-se, assim, haver sido dado um passo significativo na
construção de um fazer geográfico mais sólido e significativo, a partir de um
posicionamento em que a direção assumida pela professora foi relevante para
influenciar nos resultados dos trabalhos dos alunos, através de suas ações
conscientes, individuais e coletivas, dentro e fora do ambiente escolar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao se retomar o objetivo inicial proposto, que consistiu em
contemplar, como objeto de estudo a hidrografia do município de Cambé por meio
de trabalho realizado junto a três turmas de quinta série do período vespertino do
Colégio, torna-se possível tecer algumas considerações sobre a importância de
redimensionar as formas de trabalho com o ensino de Geografia na
contemporaneidade.
Assim, a partir do entendimento de que o aluno deve perceber-se
como sujeito, produto e ao mesmo tempo transformador do espaço, a questão
ambiental encontra-se na articulação entre o fazer pedagógico crítico e
comprometido com as necessárias articulações referentes ao espaço geográfico.
29
Deste modo, ao escolher a temática da hidrografia, buscou-se, por
meio de atividades motivadoras, valorizar a realidade dos educandos, empregando-
se uma metodologia que atribuiu novos significados para a aprendizagem, ao
mesmo tempo em que se buscou explicitar e oportunizar a observação, a análise e
a reflexão, categorias essenciais para o desenvolvimento de um olhar geográfico da
realidade, ou seja, do mundo vivido.
Assim sendo, os resultados expostos nos relatos apresentados
permitem comprovar que a problematização do conteúdo de hidrografia no município
de Cambé permitiu levantar questões referentes à questão de preservação dos
recursos hídricos, do consumo consciente de água e da necessidade de uma
mudança de atitude em relação ao meio ambiente, sobretudo em relação aos rios e
mananciais. Deste modo, atingiu-se o objetivo da disciplina, que consiste em ampliar
a compreensão sobre as expressões espaciais do município na articulação com os
arranjos espaciais pretéritos e presentes e o posicionamento dos indivíduos como
agentes transformadores de seu meio.
Sabe-se que a educação vive hoje uma fase de transição, em que o
novo e o tradicional se misturam, e por vezes se confundem. Assim sendo, a
intervenção descrita neste artigo emerge como uma possibilidade de ação para
reverter os resultados pouco satisfatórios para o ensino.
Assim, o ensino de Geografia sob uma dimensão teórico-prática
permite uma nova maneira de repensar a realidade e uma forma de preservar e
valorizar o contexto em que o educando se insere. Representa ainda a oportunidade
para que professores e alunos posicionem-se de forma critica, visando um ensino de
qualidade que leve à formação de cidadãos capazes de interferir criticamente na
realidade, além de contemplar o desenvolvimento de competências e habilidades
que possibilitam a produção e circulação de novos conhecimentos e informações
diante de um complexo intrincado de situações que permeiam a questão ambiental
neste início de século.
30
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