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GOVERNO DO ESTADO DO MARANHÃO
SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RECURSOS NATURAIS
ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA DO ANTEPROJETO DE LEI DA POLÍTICA FLORESTAL DO ESTADO DO MARANHÃO
21 de agosto de 2019
Local: Auditório da UEMA de Caxias- MA Horário: 09:16h à 11:32h
Abertura
Aos vinte e um dias de agosto de 2019, às 09h16min da manhã no auditório da UEMA em
Caxias-MA, deu-se início a abertura da Audiência Pública que tratou da atualização da Política
Florestal do Estado do Maranhão. Foi chamado a mesa o Sr. Renato Silva Foicinha,
Superintendente de Monitoramento e Planejamento da Secretaria de Estado de Meio Ambiente
e Recursos Naturais – SEMA, que presidiu a mesa, representando o Secretário de Estado de
Meio Ambiente e Recursos Naturais, o Exmo Sr. Rafael Ribeiro. Em seguida, foram convidados a
compor a mesa, as analistas ambientais da SEMA as Sras. Isabel Cruz Camizão e Claudia Cristina
Everton Dominice, o analista ambiental da SEMA Sr. Sérgio Serra e o professor/pesquisador da
UEMA, Sr. Gonçalo da Conceição, gestor da AGA/UEMA. Às 09h20min da manhã ocorreu a
execução do hino nacional, com a mesa formada. Às 09h22min foram registradas as presenças
do Vice-presidente da Federação das indústrias do Maranhão - FIEMA e vice-presidente do
conselho de meio ambiente da FIEMA, Sr. Cirilo Arruda, o Secretário Adjunto de Meio Ambiente
de Aldeias Altas, senhor Ítalo Ximenes, a Assessora de Gestão Ambiental da Universidade
Estadual do Maranhão, Sra. Andréia Araújo, o presidente do sindicato rural dos Produtores de
Caxias, Sr Benedito Moura, o representante da Associação da Defesa dos Mananciais de Caxias,
o Sr. Sergio Ricardo, o Secretário de Meio Ambiente e Defesa Civil de Caxias, Sr. Pedro Fonseca
Marinho, a Secretária de Meio Ambiente de Coroatá, Sra. Marilena Vieira Leite, o representante
do Sind. Cocais – o Sr. Edvan Amâncio, a Diretora Geral do campus da UEMA- Caxias, Sra.
Jordânia Maria Pessoa. Às 09h24min o cerimonial fez a leitura dos principais pontos do
regulamento. Às 9:29h passa-se a palavra para o presidente da mesa, Sr. Renato Foicinha. O
mesmo agradeceu a presença de todos, agradeceu a cessão do auditório pela UEMA. Destacou
os pontos principais que a minuta de lei tratará, ressaltou a importância das audiências públicas
que são um meio importante para a construção da política e passou a palavra para a analista
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ambiental Sra. Isabel Cruz Camizão para fazer a apresentação do anteprojeto. Às 09h32min –
Sr. Renato fez uma retificação e passou a palavra inicialmente para o Sr. Gonçalo da Conceição
que cumprimentou os presentes e destacou a importância da audiência pública, agradeceu a
presença de todos os alunos, professores da UEMA e todos os caxienses que se fizeram
presentes e desejou que saísse desta reunião um documento com a cara do maranhense nos
aspectos da conservação das nossas florestas. 09h34min – Sr. Renato Foicinha destacou e
agradeceu o convite ao Superintendente de Recursos Florestais que não pode estar presente
por motivos de saúde, e passou a palavra para Sra. Isabel Camizão. 09h35min - A analista Isabel
Camizão iniciou a apresentação, ressaltou o motivo principal da realização das audiências
públicas. Fez um breve histórico da Lei Estadual 8528/2006 e 8.598/2007, expôs sobre a
audiência passada e das que ainda irão ocorrer. Expôs as possibilidades de participação
(protocolo na SEMA, telefonema, email), onde se pode acessar a minuta de lei (site da SEMA),
entre outros. Às 09h45min – Foi iniciada a apresentação de fato, ressaltando que a composição
da nova política florestal foi feita de acordo com o novo Código Florestal. Destacou que no
Código Federal foram introduzidos novos conceitos. Falou que existe uma seção especifica para
cada tipo de uso do solo: reserva legal, app, regularização das áreas desmatadas, capítulo da
exploração florestal, manejo florestal, uso alternativo do solo, controle de origem florestal (dof,
sinaflor), uso do fogo e queima controlada, cadastro ambiental rural, capítulo de taxa,
disposições finais. Apresentou a importância da floresta e problemas ambientais. Discorreu
sobre APP, reserva legal, entre outros. Foi encerrada a apresentação às 09h59min. Às 10:00h foi
passada a palavra ao Sr. Renato Foicinha, que informou que as perguntas deveriam ser
enviadas à mesa. Às 10:01 h – Iniciam-se os questionamentos orais, sendo concedido a palavra à
professora e diretora geral do campus UEMA/Caxias, Sra. Jordânia, que enfatizou a região dos
Cocais/Meio Norte e que em Caxias não dá pra falar de floresta sem falar na importância da
preservação dos mananciais. Relatou a situação do Riacho do Ponte e da piscina do riacho.
Afirmou que em Caxias há abundância de riachos, mas que algo tão belo poderá virar algo do
passado. “Hoje não dá mais pra ninguém banhar no Riacho do Ponte, Caxias e toda a região
devemos colocar a relação atrelada de floresta e preservação dos mananciais, a questão
climática, a temperatura de Caxias aumentou bastante, o nível de ventilação na cidade, o
desmatamento, está com um alto grau de poluição” e ressaltou também a importância da
preservação das APPs e dos mananciais e o cumprimento do Código Florestal. Relatou que em
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2016 em uma audiência da Câmara dos Vereadores de Caxias-MA teve um dos projetos que foi
reduzir as APAS da cidade pela Câmara de Vereadores. Uma das APAS em 2016, próximo ao
shopping, foi diminuída. Por fim, ressaltou novamente a importância da preservação das APAS e
que floresta e mananciais são palavras inseparáveis. Renato Foicinha agradeceu a palavra e
comentou sobre a nomenclatura “região dos cocais”. Disse que sente falta de que o
maranhense se sinta amazônida e que em Caxias se está fora da Amazônia legal, mas que temos
características de áreas de transição de cerrado e Amazônia, e que há, em relação à redução das
APAS, uma tendência nacional. Falou sobre a redefinição dos limites do Parque Nacional dos
Lençóis Maranhenses. Isabel Camizão fez uma contribuição e falou da importância de inserir as
UCS municipais no cadastro nacional de unidades de conservação, de que os municípios devem
encaminhar a poligonal da área protegida para a SEMA, e para o MMA, para que a poligonal da
área protegida possa estar na base (sistema) de dados. “Essa poligonal servirá para constar nos
estudos ambientais, para saber se na zona de amortecimento daquele empreendimento tem
UC, e servirá inclusive para projetos de apoio ambiental. Com ucs municipais, os grandes
empreendimentos que vêm para aquele município devem pagar uma compensação ambiental
para as unidades de conservação do entorno do empreendimento. Por isso, é importante que
as instituições de meio ambiente compartilharem as suas informações, inclusive no ato dos
licenciamentos. Seria uma possibilidade inclusive de renda e manutenção dessas áreas. Renato
Foicinha voltou a fala e ressaltou que na proposta do projeto de lei, prevê essa proteção aos
mananciais e as nascentes, como exemplo, o raio de 50 m de nascentes ou olhos d’água- e a
faixa de 30 metros do curso hídrico, tendo que trabalhar na prática para que sejam protegidas.
10:10 h- Pedro Marinho (Secretário de Meio Ambiente de Caxias - MA) agradeceu a presença de
todos e falou que não dá pra dissociar a questão hídrica da questão florestal, o maior problema
hoje da região é o Rio Itapecuru, que faltam apenas 2 audiências para a concretização de um
sonho, que é a criação do comitê de bacias do Rio Itapecuru. Expôs que na questão do meio
ambiente, que embora exista muita coisa no papel, pouco é feito na prática. Falou que na
Secretaria Municipal de Meio Ambiente tem procurado firmar parcerias, inclusive com a UEMA
no sentido de estudar e trazer benefícios para a cidade. Explanou que o plano diretor municipal
até hoje não foi revisado. Relatou a “descriação” de uma APA, na gestão passada, na qual o
proprietário da área a vendeu para um grupo do Tocantins que vai implantar um loteamento
residencial e que a procuradoria se manifestou pela legalidade da transação. Também expôs
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sobre problemas do Riacho do ponte. De que o mesmo abastece 20% da população da área e só
para recuperar aquela área seriam 18 (dezoito) milhões de reais. Com relação aos riachos de
Caxias, falou que existe antropização desordenada que é um grande problema. Que a
recuperação da área é muito cara, porque além da limpeza precisa se implantar a rede de
esgoto. Destacou que em São Luis construíram duas estações de tratamento e esqueceram de
ligar a rede. O disciplinamento das culturas, o zoneamento. Quis deixar registrado que “estamos
voltando ao período colonial, saindo da monocultura da cana de açúcar, do arroz, da mandioca
para a monocultura da soja que está destruindo o cerrado. Começou no MATOPIBA e avança
pelo Vale do Itapecuru e já chegou ao nosso município, difícil conciliar preservação ambiental
com agronegócio, pois não estão preocupados com flora, fauna, tão preocupados em plantar
soja e mandar para China e fica pra gente os problemas climáticos. Se nada for feito
concretamente nesses 10 anos, a população de São Luis vai ficar sem água, se os municípios
não começarem efetivamente a disciplinarem o uso do solo e a utilização da água. Quantos
poços artesianos existem perfurado no Maranhão? Tem o levantamento da CPRM, mas tem os
clandestinos que não são poucos, aqui em Caxias a Schincariol, que hoje é Heineken, ela paga
extração mineral para o DNPM, que repassa ao estado que deve passar ao município, contudo,
não chegou a Caxias nenhum centavo de recurso estadual para ser aplicado no meio ambiente.
Existe o ideal e o possível, sonhamos com o ideal, mas trabalhamos com o possível”. Em
resposta, Isabel Camizão fez comentário sobre a importância de o município zonear, e em
relação ao esgoto, a política florestal é mais pensada para a questão rural, mas a preservação
das APPS incluem também as áreas urbanas. A restauração das APPS urbanas são
imprescindíveis, onde se vê contaminação e poluição, que é onde possui uma grande fonte de
contaminação, e que é muito mais caro restaurar do que manter. Em seguida, o professor
Gonçalo expos que trabalha com levantamento da flora e outro colegas com levantamento da
flora e outros aspectos. Fez o seguinte questionamento. “Por que nós estamos pesquisando? A
quem interessa o resultado das nossas pesquisas se de uma forma direta não há uma devolução
para aquela UC de forma positiva?” Disse que tem observado que dentro das políticas públicas
de floresta no estado do Maranhão há algo que precisa ser urgentemente corrigido, senão as
UCs não poderão ser zoneadas, porque falta plano de manejo para as áreas protegidas. Ainda
perguntou para a mesa se dentro dessa revisão das políticas florestal do Maranhão como se
deve adequar a conservação dessas unidades, na manutenção de seus status, se não há em
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muitas delas um plano de manejo. Ressaltou que está orientando dois alunos de mestrado na
APA dos Morros Garapenses, que os morros tem riqueza de flora e de fauna muito expressiva,
devendo manter o estado de conservação, e que a população pode morrer soterrada, a cidade
pode desaparecer com a destruição. Destacou: “Recentemente nossa aluna de mestrado
apresentou os resultados, e listaram mais de 300 espécies de plantas, 50 espécies endêmicas do
Brasil, e o que fazer com esses resultados? Somente constar no Lattes? E se não houver
políticas publicas que venham corrigir essas distorções, essas espécies irão desaparecer”. Isabel
Camizão respondeu as colocações do professor, expos que dentro dos regimes de uso das
propriedades, que existem os espaços territoriais especialmente protegidos, e dentre as
espécies de espaços protegidos há as unidades de conservação e que há outras categorias de
espaços protegidos, que são as áreas que devem estar protegidas e que devem estar no imóvel
do particular. Nesse caso, falou que as unidades de conservação não são trabalhadas neste
projeto de lei, pois o projeto trabalha o regime de uso dos imóveis dos particulares, pois as UCS
já tem uma legislação específica, o SEUC – Sistema Estadual de Unidades de Conservação.
“Neste projeto de lei, trabalham-se os diversos regimes de uso da terra, e dependendo do
regime de uso, teremos mais ou menos possibilidades de uso daquele recurso florestal. Então,
cabe ao proprietário qual a destinação que ele dará a vegetação desde que ele respeite os
limites legais. Mas o grande questionamento é, será que só os limites legais são suficientes para
manter a fauna e a flora? A biodiversidade?” Posteriormente, Isabel Camizão fez a leitura de
outra pergunta sobre quais os critérios para inserção de APA no SNUC? Isabel Camizão
ressaltou que a política florestal não fala sobre esta temática, que o projeto de lei trata mais da
posse e propriedade rural. Informou que se pode procurar a Superintendência de
Biodiversidade e áreas Protegidas da SEMA para orientar de como criar, quais informações
básicas para criá-la, e como inserir no sistema nacional. Necessário criar um sistema municipal
de unidade de conservação, cada UC precisa ter decreto especifico de criação da unidade,
constando os memoriais descritivos com o polígono das UCS. Sr Sérgio Serra, analista ambiental,
complementou a fala de Isabel Camizão, destacando que caso haja unidade criada por meio de
decreto, que ela deve vir com informações de perímetro da UC. Podendo encaminhar o
arquivo “shapefile” com essas informações ao MMA (Ministério do Meio Ambiente), ao
programa especifico de geoprocessamento. Outro aspecto que ele ressalta é que todas as falas
foram incisivas da necessidade de integração entre as políticas florestal e hídrica e as unidades
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de conservação. Que se precisa entender que todas as políticas públicas são instrumentos que
visam promover o ordenamento do território, o uso desses espaços. Destacou que a questão
florestal não se atém apenas à flora, mas a todos esses elementos que existem no espaço,
recursos hídricos, relevo, fauna, e da importância também da integração dos diferentes
segmentos da sociedade. Por fim, destacou que a universidade é um local de propagação das
pesquisas, e pelos diferentes órgãos, e que esse momento é somente um momento, deve-se
buscar um equilíbrio entre os diferentes segmentos. Destacou que é importante a aplicação da
política, de melhorar esse mecanismo de fiscalização, controle e monitoramento dos
instrumentos legais. Posteriormente, Renato Foicinha leu uma pergunta escrita: quais as
principais mudanças que o projeto prevê em relação às reservas legais em relação ao Código de
2012? Cláudia Dominice, analista ambiental da SEMA, respondeu que não houve nenhuma
mudança em relação ao percentual da Lei Federal 12.651/2012. Que a câmara técnica do
CONSEMA e junto técnicos da Superintendência de Recursos florestais na discussão da política
não mudaram em nada os percentuais legais de reserva legal, sendo 80% Amazônia, 35%
Amazônia legal em área de cerrado e 20% no restante do estado fora da Amazônia legal. Em
seguida, Sr. Renato Foicinha leu outra pergunta: se há previsão para a conclusão do CAR e se
foram detectadas muitas sobreposições. Cláudia Dominice respondeu que o governo federal
acabou com o prazo para inscrição no CAR, mas permanece a obrigatoriedade. “Todos os
imóveis são obrigados a cadastrar-se no CAR. As instituições bancárias exigem o comprovante
do CAR. No licenciamento ambiental a SEMA também exige, com relação às sobreposições,
observa-se muitas sobreposições, mas as análises ainda não foram começadas, mas é
identificado que existem muitas sobreposições, no entanto, quando existe algum interesse e
questionamentos do proprietário pode-se direcionar ao setor do CAR, e lá a Secretaria de
Estado de Meio Ambiente pode-se cancelar o CAR”. Em seguida informou que a SEMA dispõe de
Portaria específica que regulamenta o procedimento para cancelamento do cadastro, para
casos, por exemplo, de imóveis contíguos de mesmo proprietário, mas que fizeram CAR
diferentes e deveria ser um único CAR. Somente a SEMA pode fazer o cancelamento. Renato
Foicinha complementou a fala dizendo que a responsabilidade de inscrição no CAR está dividida
entre SEMA e SAF (Secretaria Estadual de Agricultura Familiar), e quem tiver interesse em
inscrição, pode procurar a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e também pode procurar a
AGERP regional.
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Em seguida foi lida outra pergunta: O que fazer caso a sociedade civil e agentes públicos
detectem incongruências com a realidade, sobretudo no que tange a quantidade de nascentes?
Renato Foicinha respondeu que em relação ao CAR, este é declaratório, ou seja, o proprietário
declara o que tem no seu imóvel, e esse cadastro, posteriormente, passará por um momento de
análise da SEMA, quando ocorrerá o cruzamento com bases já existentes, de recursos hídricos,
de vegetação, de áreas consolidadas, e se durante a análise for detectado que existe alguma
inconsistência na declaração, que o proprietário retifique o seu cadastro. Às 10:42h- o
Presidente do Sindicato Rural de Caxias, Sr. Bené Moura afirmou: “sou oriundo da Secretaria de
Meio Ambiente do Estado, de 1981. O parque estadual do Mirador foi criado em 1980, e um dos
problemas do Mirador é que cria gado extensivo. A SEMA resolveu isso? O Maranhão tem um
deserto de água doce, cerrado, caatinga, a baixada maranhense, e esse Código Florestal que
está ai, a Amazônia legal começa no meridiano 44 e dentro da Amazônia legal o produtor tem
que conservar 80% da área e produzir somente em 20%. No estado do Pará é 50%. Eu vou dizer
pra vocês, o alimento vem do produtor rural que trabalha de sol a sol pra sustentar esse Brasil”.
Renato Foicinha destacou que o percentual de reserva é de 80% é na Amazônia legal, na região
de floresta, bioma Amazônia, nós temos 20% após o meridiano, região de Codó e Caxias, e
ainda há as áreas rurais consolidadas, e os pequenos proprietários e agricultores familiares tem
um olhar diferenciado, que quem é até 4 módulos fiscais tem benefícios em relação a reserva
legal, que não tenham desmatado irregularmente de 2008 até 2018. Em seguida, fez- se a
leitura de outra pergunta escrita, a criação de áreas de proteção ambiental são importantes,
mas como conciliar uso sustentável com as populações locais, como conservá-las e como
monitorá-las. Isabel Camizão respondeu que a pergunta se refere às unidades de conservação. E
que as mesmas são regidas por regime próprio, em outra legislação, e já na minuta do projeto
de lei estamos falando de reserva legal e áreas de preservação permanente, lembrando que a
APP é a vegetação à margem dos rios, das nascentes. Estas podem estar dentro de uma UC ou
não. Por exemplo, na nascente do Itapecuru, existem várias categorias de unidades de
conservação, algumas de proteção integral que são para proteção do ecossistema, pesquisa
cientifica, lazer, e existem outras categorias de uc, que buscam a renda e formas de vida das
populações tradicionais e outras que permitem um uso. Como monitorar tais áreas? Por meio
das políticas de comando e controle. O monitoramento é feito a partir de imagem de satélite
que faz um acompanhamento e um levantamento anual, acompanhando uma serie histórica pra
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ver se houve alternativo do solo de um período para outro. Outro questionamento escrito pelo
Sr Arnaldo Rodrigues: gostaria de saber por que no projeto não se fala sobre reflorestamento?
Ressaltou que o Maranhão está sendo ocupado e substituída as suas florestas naturais pela
plantação de eucalipto. Em resposta, Isabel Camizão falou que o reflorestamento realmente
precisa ser tratado na política florestal, já que a lei não trata somente de vegetação nativa, mas
também das áreas que precisam ser reflorestadas, recompostas, restauradas e pediu para que
se faça sugestão de artigo para constar na minuta. Destacou que alguns temas mais detalhados
serão tratados por decretos e regulamentos, que cada tema específico pode ter um
regulamento. Por exemplo, das restaurações, o estado pode depois estabelecer quais os
regimes de uso, quais a espécies. Cláudia Dominice complementou que na política florestal
também se fala sobre o PRA, programa de regularização ambiental, que vem tratar da
recomposição e recuperação que se fala sobre a recuperação das áreas degradadas antes de 22
de julho de 2008. Que os proprietários de imóveis que tem áreas a recuperar e que aderiram,
vão aderir ao PRA, farão um termo de compromisso com a SEMA com um projeto que
apresentaria qual a forma de recuperação dessas áreas e a SEMA vai reger isso por meio de
regime próprio. Renato Foicinha destacou que alguns instrumentos legais não podem impor
limites às explorações econômicas de uso do solo, p. ex, não podem proibir determinadas
culturas de serem implantadas, mas que existem algumas legislações municipais que já proíbem
ou limitam a produção de algumas culturas, referente à questão de uso do solo. Uma dos
documentos exigidos no licenciamento é a certidão de uso do solo, expedido pelo município, eu
conheço legislação, não sei se vigente ainda, p. ex, Barreirinhas que proíbe soja ou eucalipto e
Grajaú também limita. Em seguida, foi dada a fala a Sra. Dasilei, professora da UEMA do curso
de Ciências Biológicas. Expôs que ouviu duas falas na audiência que são contrapontos, e
interessantes para o debate, a fala do professor Gonzalo, que defende as ucs e as florestas e a
fala dos representantes dos agricultores. “A lei vai ter que refletir ambas realidades e talvez de
outros seguimentos, mas ambas as falas são coerentes se a gente considerar apenas um lado, se
a gente considerar que temo um patrimônio no Maranhão, se formos para o Mato Grosso,
Goiás, eles já acabaram com a vegetação natural, mas geram renda, são produtores, exportam,
mas até quando vai ser possível permanecerem tão ricos e manterem qualidade de vida sem o
recurso florestal, não da pra viver sem renda, mas também não dá para distribuir tudo, já que
vai comprometer as próximas gerações. Mas eu como cidadã não tenho direito de que 80% da
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sua propriedade seja reserva? Será que essa floresta amazônica é de um produtor especifico?
Não é minha também? A água do Itapecuru, eu também não tenho direito a essa água, se ele
degradar? Eu não tenho nada a ver com isso? Só porque eu tenho um pedaço de terra tenho
direito? E as populações que virão? Os brasileiros estão céticos em relação às leis, em uma
palestra uma advogada comentou que tem mais de 10 mil leis ambientais no Brasil. A Colômbia
que é do tamanho do estado do Maranhão tem um portfólio de biodiversidade muito maior que
a floresta amazônica brasileira, o portfólio dele é vender a biodiversidade, e a gente desmata,
temos muitas leis que dizem exatamente o contrario, então pergunta-se. Se a SEMA tem hoje
estrutura e pessoal para garantir o cumprimento dessa lei, desde a educação e a informação da
população, tem política para informar o cidadão maranhense, coordenar, direcionar a
construção de outras leis? Se não tem, o que está sendo pensado em relação a isso? A
fiscalização tem estrutura? Está se pensando em quê? A preservação do Parque Mirador é
imprescindível, a preservação do Itapecuru e dos afluentes. Qual a política de informação e de
fiscalização para ser cumprido de fato?” Em resposta, Isabel Camizão respondeu que a política
florestal não se limita apenas a uma secretaria, que é um projeto de governo, projeto de estado,
sendo necessário outras instituições envolvidas, tanto estaduais quanto municipais, que já
possuem habilitação também para licenciar e fiscalizar. “Temos a competência comum no
âmbito da fiscalização que é comum a todos esses órgãos. Os órgãos precisam de um
fortalecimento institucional, não só da SEMA, mas das Secretarias Municipais, e dentro da
estrutura organizacional do estados temos SAGRIMA, SAF, Indústria e Comércio e que precisam
trabalhar conjuntamente com as instituições de pesquisa, já que lá é de onde que sairão muitas
das respostas tecnológicas para orientar o produtor rural do que seria viável e do que não seria
viável. A Secretária de Meio Ambiente de Coroatá- Marilena, representando o prefeito Exmo Sr.
Luis Filho, enfatizou que o município de Coroatá conseguiu resolver algumas questões no que se
refere à incêndios criminosos, inclusive foi registrado o maior dos incêndios no município em
2018, e que se não fosse a parceria dos nove municípios da região, do apoio dos fazendeiros e
trabalhadores rurais não teriam evitado maiores desastres. Destacou que foram registrados
queima de mais de 5 mil hectares, morte de gado, mata ciliar de afluentes do Itapecuru e,
inclusive, do Rio Peritoró. “Tinha 700 hectares de área de preservação que pertencem a
assentamentos, em Coroatá é cheio de áreas do INCRA e rico em nascentes de água e banhados
pelo Itapecuru, me preocupo que os municípios as vezes se sentem só. Pedro Maranhão sabe
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disso, mas eu gostaria de saber o que o estado está pensando, como secretaria, que o Código
Florestal é bom, mas também trabalhamos com o decreto 6.514/2008, que constam as
punições, mas a gente sabe que a demanda é grande, mas os municípios precisam de maior
apoio do estado, os secretários de Meio Ambiente do município acabam não sendo tratados
com a mesma importância das outras secretarias, a nossa luta é grande! Que inclua na lei, como
o estado está pensando para defender as áreas de APPs dos nossos municípios. Isabel Camizão
respondeu das dificuldades que se passam diariamente nos órgãos, seja por falta de pessoal,
porque são muito poucos, seja por questões financeiras, mas que esse fortalecimento
institucional, inclusive dessa relação entre as secretarias é primordial, afirmou que “muitas
vezes a gente se sente sozinho, mas esse dialogo é importantíssimo, inclusive dos municípios
dialogarem, fazerem termos de cooperação técnica, é por ai mesmo, construindo
conjuntamente,e também o sentimento de cada um na sociedade entendendo o seu papel”.
Renato Foicinha complementou que existem as audiências públicas do orçamento participativo,
se querem que as temáticas ambientais entrem no orçamento, pedimos que essas pessoas
participem dessas audiências e cobrem questões ambientais no orçamento. Em seguida,
Adriano Medeiros, Acadêmico de (Direito e Ciências Sociais) da UEMA, destacou o Capítulo IV,
sobre taxação de uso de produto de origem florestal. “No artigo 60, trata da taxa que vai ser
custeada pra quem vai ser alvo daquela fiscalização, o projeto se torna um pouco omisso de que
quem seria esse comerciante e a proporcionalidade das taxas, por exemplo, se falarmos de um
pequeno carpinteiro de Timbiras, que vai ser taxado e alvo de fiscalização, se de repende ele
usar madeira sem certificado de origem, ele vai ser alvo de infração, e eu vejo perigo, de não
tratar proporcionalidade, nas infrações aplicadas, e a proteção dessas industrias,
diferentemente da Suzano que vai ser alvo da mesma taxa do pequeno madeireiro que vai
sofrer. Essas taxas são de deslocamento, quantidade de servidores, então o projeto é omisso
em relação a isso. A segunda colocação é da competência de fiscalização do Maranhão, a gente
vê discussão sobre as bacias, e porque a Secretaria municipal de Meio Ambiente não atua, nós
temos aqui na margem direita em Caxias, temos no centro da cidade de 5 a 10 pontos de
lavagem de carro do lado da bacia do Rio Itapecuru e não há fiscalização, e temos que
encontrar alguma forma de fiscalizar os municípios, só se consegue ter política pública efetiva
quando dói no bolso, e por isso que o MP quando aplica uma multa por não cumprimento de
termo de ajustamento de conduta, o município vai lá e faz. Feliz é a secretaria que tem o
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prefeito que não interfere no trabalho dela. A discussão deveria ser, quem vai fiscalizar quem,
pra onde vão essas taxas e acima de tudo, meio ambiente não é brincadeira, ou se fiscaliza
agora ou vai sofrer no futuro”. Isabel Camizão respondeu sobre as colocações: em relação as
taxas proporcionais, nada impede de que quem tem um empreendimento menor, tenha taxas
diferenciadas, por exemplo, para agricultura familiar é isento de taxa de vistoria, e nas licenças
que a SEMA expede, dependendo do porte e potencial poluidor, ele não paga, por considerar
que seja empreendimento de pequeno potencial poluidor. Outra questão é referente à
competência. A Lei Complementar 140 buscou deixar claro para cada ente federativo o que
seria competência de licenciamento do IBAMA, do Estado e do município, com aquela lógica de
quem licencia o empreendimento, fiscaliza o empreendimento que foi licenciado por ele.
Partindo do pressuposto de que caberia à prefeitura licenciar e autuar o infrator, mas nada
impede que de forma suplementar os outros órgãos também possam fazer as suas autuações.
Foi lida, posteriormente, outra pergunta por Renato Foicinha. Qual a política do estado para
fomento de atividades como ecoturismo, turismo rural, que asseguram o uso mais sustentável
das propriedades para os proprietários rurais? Renato Foicinha respondeu que essa legislação
não trata de ecoturismo e turismo rural, mas pode-se avaliar um capítulo sobre o tema, e que é
uma temática mais da Secretaria Estadual de Turismo, ressaltando que a SEMA pode entrar em
contato com eles. A pergunta seguinte escrita foi: De que formas as ONGs podem contribuir
para essa política florestal. Renato foicinha respondeu que as ONGS tem um papel fundamental
de difundir, de fiscalizar, compactua com a colocação da professora de como massificar essa
política. E Isabel Camizão complementou “especificamente nessa política, primeiramente fazer
leitura do projeto de lei e ver os artigos que gostaria de contribuir, ou capitulo especifico ou
tema que não foi abordado. Depois que a lei for implementada, vem a fase de executar essa
política, e entra o papel da sociedade civil pra apoiar as restaurações, sendo agente fiscalizador
do município, exercendo o seu papel de cidadão. Neste momento, foi dada a palavra a
professora Claudenen, da UEMA de Caxias, coordenadora do mestrado em Biodiversidade e
Saúde em Caxias - MA. Esta destacou que entende da importância desse movimento a frente de
um programa que trata de biodiversidade, ambiente e saúde, “temos que trabalhar a
interdisciplinaridade, ecossistema e saúde e o quanto está influenciando a nossa saúde, e nesse
sentido nosso programa tem resposta para “n” problemas e temos trabalhos na Chapada das
Mesas, em Mirador, na APA do Inhamun, e consequentemente, a gente sente falta de uma
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política voltada para esse ambiente. Estou fechando um edital, no qual o projeto é ambiental, é
fauna, a gente fica meio preocupada nesse sentido, nós UEMA, estava conversando com alguns
professores e dizendo, vamos legalizar a APA do Inhamum, que é um patrimônio que não se tem
ideia, que não está totalmente legalizado. Porque entramos e verificamos o potencial da
biodiversidade, e temos também resultados do Rio Itapecuru, fazendo taxonomia de peixes,
biologia molecular, vamos trabalhar no rio, mas cadê as ações? Um rio genuinamente
maranhense, nós temos que continuar com isso”. Posteriormente, Renato Foicinha agradeceu a
presença de todos encerrando as atividades da mesa. Às 11:31h, o mestre de cerimônias
registrou a presença da UEMA pela Sra. Elizete santos, da Secretária de Meio Ambiente de São
João do Sóter, Sra. Ana Alencar, e do secretário de Meio Ambiente de Matões, Sr. Anon Brito.
Agradeceu a presença de todos e comunicou que a próxima audiência será em setembro na
cidade de Balsas, sendo encerrada a referida audiência às 11:32h.