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HANSENÍASE EPIDEMIOLOGIA o Definição: Doença crônica infectocontagiosa de evolução lenta que se manifesta por sintomas dermatoneurológicos com lesões de pele e nervos periféricos e até mesmo olhos e órgãos internos, podendo ser altamente incapacitante. É considerada uma doença negligenciada promotora e perpetuadora de pobreza o 90% da população é resistente, sendo o Brasil o 2º pais com o maior número de doentes com mais de 30 mil casos novos por ano com 7% destes com menos de 15 anos. o Agente etiológico: Mycobacterium leprae, um bacilo álcool-ácido resistente, cora-se pela fucsina ácida e não se descora, assumindo coloração avermelhada, fracamente gram-positivo, que infecta os nervos periféricos e, mais especificamente, as células de Schwann. É viável no meio ambiente com temperaturas abaixo de 37º; possui multiplicação lenta (11-13 tempos de geração), período de incubação varia de 2-7 anos o Transmissão: se dá por meio do contato próximo e prolongado de uma pessoa suacetível e um doente que não tratado. A bactéria é transmitida por vias aéreas superiores e não há transmissão por contato. o Vigilância de contatos Conjunto de medidas que objetivam a intervenção na cadeia de transmissão, no espaço mais provável de sua ocorrência. Deve ser realizado o exame dermatoneurológico. Objetivo de diagnóstivo precoce evitando incapacitações e identificação do caso fonte, encerrar a cadeia de transmissão Todos os pacientes que não possuem a cicatriz da vacina BCG ou que possui apenas uma devem ser vacinados. Deve ser feita a busca ativa (campanhas e rotina do serviço). O formulário de vigilância de contato intradomiciliar deve ser anexado ao prontuário de cada caso índice O exame de todos os contatos de forma bem detalhada Contato domiciliar: toda e qualquer pessoa que resida ou tenha residido, conviva ou tenha convivido com o doente de hanseníase, no âmbito domiciliar, nos últimos cinco (5) anos anteriores ao diagnóstico da doença. Devem ser incluídas, também, as pessoas que mantenham convívio mais próximo, mesmo sem vínculo familiar, sobretudo, àqueles que frequentem o domicílio do doente ou tenham seus domicílios frequentados por ele Contato social: toda e qualquer pessoa que conviva ou tenha convivido em relações sociais (familiares ou não), de forma próxima e prolongada com o caso notificado. Os contatos sociais que incluem vizinhos, colegas de trabalho e de escola, entre outros, devem ser investigados de acordo com o grau e tipo de convivência, ou Anamnese dirigida aos sinais e sintomas da hanseníase, exame dermatoneurológico e vacinação BCG

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HANSENÍASE

❖ EPIDEMIOLOGIA

o Definição: Doença crônica infectocontagiosa de evolução lenta que se manifesta

por sintomas dermatoneurológicos com lesões de pele e nervos periféricos e até

mesmo olhos e órgãos internos, podendo ser altamente incapacitante. É

considerada uma doença negligenciada promotora e perpetuadora de pobreza

o 90% da população é resistente, sendo o Brasil o 2º pais com o maior número de

doentes com mais de 30 mil casos novos por ano com 7% destes com menos de 15

anos.

o Agente etiológico: Mycobacterium leprae, um bacilo álcool-ácido resistente,

cora-se pela fucsina ácida e não se descora, assumindo coloração avermelhada,

fracamente gram-positivo, que infecta os nervos periféricos e, mais

especificamente, as células de Schwann. É viável no meio ambiente com

temperaturas abaixo de 37º; possui multiplicação lenta (11-13 tempos de

geração), período de incubação varia de 2-7 anos

o Transmissão: se dá por meio do contato próximo e prolongado de uma pessoa

suacetível e um doente que não tratado. A bactéria é transmitida por vias aéreas

superiores e não há transmissão por contato.

o Vigilância de contatos

▪ Conjunto de medidas que objetivam a intervenção na cadeia de transmissão,

no espaço mais provável de sua ocorrência. Deve ser realizado o exame

dermatoneurológico.

▪ Objetivo de diagnóstivo precoce evitando incapacitações e identificação do

caso fonte, encerrar a cadeia de transmissão

▪ Todos os pacientes que não possuem a cicatriz da vacina BCG ou que possui

apenas uma devem ser vacinados.

▪ Deve ser feita a busca ativa (campanhas e rotina do serviço).

▪ O formulário de vigilância de contato intradomiciliar deve ser anexado ao

prontuário de cada caso índice

▪ O exame de todos os contatos de forma bem detalhada

▪ Contato domiciliar: toda e qualquer pessoa que resida ou tenha residido,

conviva ou tenha convivido com o doente de hanseníase, no âmbito domiciliar,

nos últimos cinco (5) anos anteriores ao diagnóstico da doença. Devem ser

incluídas, também, as pessoas que mantenham convívio mais próximo, mesmo

sem vínculo familiar, sobretudo, àqueles que frequentem o domicílio do

doente ou tenham seus domicílios frequentados por ele

▪ Contato social: toda e qualquer pessoa que conviva ou tenha convivido em

relações sociais (familiares ou não), de forma próxima e prolongada com o

caso notificado. Os contatos sociais que incluem vizinhos, colegas de

trabalho e de escola, entre outros, devem ser investigados de acordo com o

grau e tipo de convivência, ou

▪ Anamnese dirigida aos sinais e sintomas da hanseníase, exame

dermatoneurológico e vacinação BCG

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o Notificação: a notificação dos casos de hanseníase é compulsória com ficha

específica (SINAN). notificação deve ser enviada semanalmente em meio físico,

magnético ou digital ao órgão de vigilância epidemiológica hierarquicamente

superior, permanecendo uma cópia no prontuário

o Boletim de acompanhamento: mensalmente para a vigilância epidemiológica

o Vacinação: a vacina BCG previne a manifestação da forma multibacilar.

❖ QUADRO CLÍNICO/EXAME FÍSICO

• ASPECTOS NEUROLÓGICOS E ALTERAÇÃO DE SENSIBILIDADE

Aspectos neurológicos: Bacilos destroem a bainha de mielina que se manifestam com

espessamento neural levando a alterações de sensibilidade, motora e autonômica;

o Nervos acometidos

Espessamento neural assimétrico que pode vir acompanhado ou não de dor. Deve-se

avaliar início e sua progressão relacionada à sensibilidade e função

Espessamento – Choque – Dor – Assimetria

A avaliação neurológica deverá ser realizada no início do tratamento; A cada

três meses durante o tratamento se não houver queixas; Sempre que houver

queixas, tais como: dor em trajeto de nervos, fraqueza muscular, início ou piora de

queixas parestésicas; No controle periódico de doentes em uso de corticóides, em

estados reacionais e neurites; Na alta do tratamento; No acompanhamento pós-

operatório de descompressão neural com 15 (quinze), 45 (quarenta e cinco), 90

(noventa) e 180 (cento e oitenta) dias.

A avaliação neurológica inclui: História; Ocupação e Atividades Diárias; Queixas

do paciente; Inspeção; Palpação dos Nervos; Teste de Força Muscular; Teste de

Sensibilidade.

▪ Nervo facial:

◊ Avaliação do nariz a presença de ressecamento e crostas indicam a disfunção.

◊ Pede-se ainda que o paciente eleve a sobrancelha observando assimetria.

◊ Solicita-se ao paciente que feche os olhos com resistência e avalia o retorno

à poição de normalidade, a presença de rugas e fendas indica deterioração do

ramo.

◊ Paciente ainda apresenta eritema ocular, irritabilidade corneana, redução de

lágrima com ressecamento, amaurose (cegueira total ou parcial que não

apresenta alteração ou lesão grosseira dos olhos - resulta de doença da retina

ou do nervo óptico) e inversão se cílio.

◊ Olho vermelho crônico (conjuntivite); sensação de “areia nos olhos”;

embaçamento da visão (alteração da córnea).

◊ Solicita-se o fechamento leve dos olhos observando-se assimetria de

fechamento e presença de fenda indicando presença de lagoftamo

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▪ Nervo trigêmeo: aplicação do fio dental sobre o quadrante inferior externo da

íris do olho observando-se reflexo imediato de piscar, o que ocorre de maneira

lenta ou ausente quando acometido

▪ Nervo auricular: não tem função definida, mas seu espessamento unilateral

indica acometimento pela hanseníase

▪ Nervo radial: localização posterior e inferior ao deltoide. Tem função normal de

Sensibilidade dorso lateral da mão até metade lateral do 4º dedo, exceto

falanges distais, região anterior braço; motor: extensão dos dedos, flexão punho.

Sua alteração leva a Hipoestesia/anestesia, mão caída

▪ Nervo ulnar: com os ombros soltos, localiza-se na goteira epitrocleana avaliando

5-6cm antes e depois e comparando com o lado contralateral. Tem função de

Sensibilidade e autonômica em toda face medial do antebraço, 5º e metade

medial do 4º dedos; adução e abdução dos dedos, adução do polegar. Sua

alteração leva a Hipoestesia/anestesia, amiotrofia, garra ulnar , diminuição força

da função de pinça, atrofia hipotênar

▪ Nervo mediano: deve-se fazer a palpação profunda ou ainda avaliar a percussão.

Ele é responsável por Sensibilidade e autonômica em toda face lateral do

antebraço, região palmar, polegar, 2º, 3º e metade lateral do 4º dedos. Oponência

e abdução do polegar. Sua alteração leva a Hipoestesia/anestesia, amiotrofia de

interrósseos, garra mediana, atrofia tenar

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▪ Nervo fibular comum: passa lateral e posterior à cabeça da fíbula. Responsável

pela Sensibilidade e função da parte lateral da perna e dorso do pé. Motor:

inervação de parte da musculatura da perna. Seu comprometimento leva a

Hipoestesia/anestesia acima do 1º espaço metatarsiano e alteração dos

movimentos de extensão do hálux, dedos e dorsiflexão do pé. Lesão do fibular

superficial altera eversão do pé.

▪ Nervo tibial posterior: passa imediatamente atrás do maléolo medial, possui

Sensibilidade e autonômica da região plantar. Motor – inervação dos músculos

intrínsecos do pé. Seu comprometimento é responsável por

Hipoestesia/anestesia, alteração na abdução e adução do hálux e artelhos, flexão

dos metatarsianos (garra de artelhos).

o Distúrbios neurológicos

subjetivos

▪ Sintomas intermitentes de localização variada, podendo ser unilateral ou

bilateral. São importantes a ponto de provocarem alterações no padrão de sono.

▪ Parestesias ou disestesia: Formigamentos, choques e câimbras nos braços e

pernas, que evoluem para dormência, sendo mais intenda durante o período

noturno e nos períodos de frio – a pessoa se queima ou se machuca sem perceber;

▪ Dores nevrálgicas (neurite): relatos de dores lancinantes e debilitantes, de

início agudo, delimitada nos trajetos de nervos principalmente em extremidades,

mais frequente no período noturno;

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o Distúrbios neurológicos objetivos – podem ser testados

▪ Alterações motoras:

◊ Diminuição e/ou perda de força nos músculos inervados por estes nervos,

principalmente nos membros superiores e inferiores e, por vezes, pálpebras

◊ Amiotrofia

◊ Paralisia de nervo + artrite → mão em garra

◊ Perda de coxins adiposos = retificação de pés e mãos

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▪ O Grau de Incapacidade Física (GIF): é uma medida que indica a existência de

perda da sensibilidade protetora e/ou deformidade visível em consequência de

lesão neural e/ou cegueira. Constitui uma importante ferramenta na

identificação de pacientes com maior risco de desenvolver reações e novas

incapacidades, durante o tratamento, no término da poliquimioterapia e após a

alta;

▪ O Escore OMP (olhos, mãos e pés): é um instrumento complementar de

avaliação da graduação da incapacidade no paciente de hanseníase e tem como

objetivo proporcionar maior detalhamento sobre cada incapacidade

isoladamente, possibilitando uma melhor qualidade do cuidado. O Escore OMP é

a soma dos graus de incapacidades atribuídos a cada segmento direito e esquerdo

determinando a soma máxima que varia de 0 a 12, representando assim, uma

medida mais precisa ao classificar o comprometimento em diferentes

seguimentos

▪ Alterações de sensibilidade:

◊ Aparecimento súbito de manchas dormentes com dor nos nervos dos

cotovelos (ulnares), joelhos (fibulares comuns) e tornozelos (tibiais

posteriores);

◊ Diminuição e/ou perda de sensibilidade nas áreas dos nervos afetados,

principalmente nos olhos, mãos e pés;

o Outros acometimentos

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Sistema linfático e circulatório: linfadenomegalias indolores no pescoço, axilas e

virilhas; baço aumentado; cianose de mãos e pés (acrocianose); mãos e pés

edemaciados, úlceras indolores e com bordas elevadas, geralmente múltiplas, em

membros inferiores (úlceras tróficas).

Vísceras: Fígado e baço aumentados; insuficiência suprarrenal ou renal; atrofia

dos testículos.

Mucosas: obstrução, ressecamento e/ou sangramento da mucosa nasal, com edema)

da região do osso do nariz, ou até desabamento nasal; “caroços” ou ulcerações

indolores no palato; e rouquidão. Com o tratamento, os sintomas nasais são os

primeiros a se extinguirem nos pacientes com hanseníase virchowiana.

• HANSENÍASE NEURAL PRIMÁRIA – alterações dermatológicas

Presença apenas de déficit neurológico e espessamento neural com pouca ou

nenhuma lesão cutânea.

Podem surgir com o início do tratamento

▪ Áreas da pele, ou manchas esbranquiçadas (hipocrômicas), acastanhadas ou

avermelhadas, com alteraco es de sensibilidade ao calor e/ou dolorosa, e/ou ao

tato;

▪ Papulas, tuberculos e nodulos (caroços), normalmente sem sintomas;

▪ Diminuiçao ou queda de pelos, localizada ou difusa, especialmente nas

sobrancelhas (madarose) → destruição do nervo que estimula o músculo eretor

dos pelos que perdem a função, o pelo enfraquece e cai.

▪ Pele infiltrada (avermelhada), com diminuição ou ausência de suor no local.

▪ Ictiose → destruição dos nervos simpáticos responsáveis por sudorese, faz com

que ocorra descamação da epiderme dando aspecto de escama de peixe.

▪ Mal perfurante plantar: deve ser avaliado de forma simétrica. Ulcera com

borda calosa. Dano no nervo → alteração na forma de andar → calosidade →

aumento do calo e início da dor → redução da vascularização do calo → perda

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de sensibilidade pelo acomentimento do nervo pela hanseníase → formação

de ulcera com borda calosa.

❖ EXAME FÍSICO

o Paciente em ambiente calmo e silencioso;

o Disponibilidade de tempo específico para a realização dos testes

o Certificar que o instrumento de testagem seja menor que a área testada a fim

de garantir um resultado confiável.

o Garantir que o paciente entenda o teste, e o mesmo deve ser vendado para não

gerar viés de resultado

o Toque a lesão e fora da lesão de forma alternada, e ainda simule não tocar

o Marcar com caneta os pontos testados {normoestesia (+); hipoestesia (-);

anestesia (○) }

o Tipos de avaliação (tem-do-tá)

▪ Térmica: instrumento que demonstre claramente a diferença entre o quente

(máximo de 45ºC) e o frio → tubos de ensaio com água, algodão embebido em

álcool, instrumento metálico

▪ Doloroso: utiliza-se objeto pontiagudo (agulha de insulina estéril), alfinete

(difícil esterilização) → deve-se garantir a diferença entre a sensibilidade

dolorosa (usar ponta da agulha) ou tátil (cabo, cabeça do alfinete) – alternar

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sensações para evitar falseamento do exame. Certifique-se de que a

sensibilidade sentida é de dor através da manifestação de “ai!”

▪ Tátil: pode-se usar algodão, estesiômetro, fio dental, ponta da caneta.

◊ Tempo de resposta: a demora da resposta se configura como alterção inicial

da bainha de mielina (distal para proximal)

▪ Diagnóstico: é feito quando a maioria dos pontos de hipoestedia ou anestesia

encontra-se dentro de áreas suspeitas delimitadas por áreas de normoestesia.

❖ EXAMES COMPLEMENTARES

1. Fotografia digital com alto contraste fornece maior definição da área

afetada

2. Testes de sensibilidade

3. Teste da histamina: objetiva-se avaliar a capacidade reativa dos vasos

dérmicos à histamina exógena. Pinga-se uma gota de fosfato de histamina

1,5% sobre a área suspeita e outra numa região normal distante. Em seguida

faz-se leve puntura no local e observa-se os sinais

eritema ausente na área

afetada pois a

destruição de filetes

autonômicos não

permite a vasodilatação

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4. Teste da histamina endógena: usada em casos de se obter a histamina

endógena. objetiva-se avaliar a capacidade reativa dos vasos dérmicos à

histamina endógena pela pressão como na indução do dermografismoou

agulhadas contínuas.

a. DERMOGRAFISMO: Traça-se com um objeto rombo (verso da tampa

de uma caneta esferográfica), sobre uma pressão contínua, uma reta

passando da área proximal supostamente normal à área suspeita e, por

fim, sobre área distal também supostamente normal.

b. Observam-se após alguns segundos as mesmas reações propostas por

Lewisà histamina, porém de menor intensidade, principalmente o

eritema secundário ausente

5. Teste do iodo- amido: objetiva-se avaliar a função autonômica simpática

responsável pela sudorese. pode-se observar ilhotas de anidrose/ou

hipoidrose após exercícios. Aplica-se homogeneamente solução de iodo

(Lugol) a qual pode ser substituída por solução de povidona com algodão;

peneira-se amido de milho (maizena) sobre a área e solicita-se que o paciente

faça algum exercício sem tocar nas regiões examinada e controle normal em

ambiente quente e úmido por aproximadamente 10 a 20 minutos. O resultado

se firma pela ausência e/ou diminuição de coloração azulada na área suspeita

(iodo negativa) como se apresenta na periferia com sudorese normal (iodo

positiva).

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6. Baciloscopia do raspado dérmico: realiza-se a isquemia do local, faz-se um

pequeno corte com a lâmina do bisturi e um raspado dentro da área do corte

para a coleta dos bacilo. O material é colocado na lâmina em movimentos

circulares e fixado com calor. Áreas de coleta: hansenoma, orelha, couro

cabeludo, joelho e borda da lesão). A baciloscopia negativa não exclui o

diagnóstico clínico.

7. Histopatologia: infiltrado inflamatório perineural, perifolicular. Não é

considerado critério diagnóstico.

❖ CLASSIFICAÇÃO OPERACIONAL

▪ Paucibacilar

o Formas: Hanseníase Tuberculóide, Indeterminada/ (doença localizada em uma

região anatômica e/ou um tronco nervoso comprometido).

o Até 5 lesões (critério não muito utilizado)

o Baciloscopia negativa

• Multibacilar

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o Formas: Hanseníase Dimorfa ou Virchowiana (doença disseminada em várias

regiões anatômicas e/ou mais de um tronco nervoso comprometido).

o Mais de 5 lesões

o Baciloscopia positiva.

❖ CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA

• Forma indeterminada (paucibacilar)

o Forma inicial → não tem transmissão;

o Geralmente afeta crianças abaixo de 10 anos, ou mais raramente adolescentes e

adultos que foram contatos de pacientes com hanseníase;

o Escassez de bacilo na histopatologia;

o Manchas hipocrômicas hipo ou anestésica, sem relevo, geralmente única e

pequena com bordas mal delimitadas e alopecia local e seca;

o Sensação tátil está preservada;

o Testes: Teste de função sudoral alterada: Anidrose ou hiperidrose e teste da

histamina incompleta;

o Não há comprometimento de troncos nervosos e dor, bem como lesões que

causem incapacidades;

• Forma tuberculoide – granulomas (paucibacilar)

o Tempo de incubação cerca de 5 anos

o Placa eritematosa elevada e de centro claro (forma de anel) hipo/ anestésica ou

circundada por pequenas pápulas ou tubérculos maior que 10 cm (forma de cerca).

Presença de anidrose e alopecia

o Acometimento de tronco neural único → ode se apresentar como um único nervo

espessado com perda total de sensibilidade no seu território de inervação.

o Sistema imune é eficiente promovendo uma resposta celular que evita a

multiplicação disseminada do bacilo

o Histopatologia possui granulomas → histiócitos epitelioides que tocam a

epiderme e células gigantes tipo corpo estranho presentes

o BAAR negativos

• Forma dimorfa (multibacilar)

o É a forma mais comum de apresentação da doença (mais de 70% dos casos).

Ocorre, normalmente, após um longo período de incubação (cerca de 10 anos ou

mais), devido à lenta multiplicação do bacilo

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o Várias manchas de pele avermelhadas ou esbranquiçadas, com bordas elevadas,

mal delimitadas na periferia, ou por múltiplas lesões bem delimitadas

semelhantes à lesão tuberculóide, porém a borda externa é pouco definida

o Tem tendência à simetria, com lesões grandes

o Há perda parcial a total da sensibilidade, com diminuição de funções autonômicas

(sudorese e vasorreflexia à histamina).

o Sistema imune instável em conter a multiplicação bacilar

o Histopatologia apresentaa grânulos frouxos constiruídos de histiócitos menos

diferenciados do que na forma tuberculoide.

o BAAR é variável, com aproximadamente (1012 bacilos);

o Comprometimento de mais de um tronco nervoso, com alto risco para

incapacitação;

• Forma dimorfa tuberculóide

o Presença de placas faveolares hipo e/ou anestésica (nº limitado)

o Bordas infiltradas e indefinidas, porém apresentam ainda algumas áreas com

pápulas bem definidas (granuloma = resposta tuberculoide)

o Não infiltra a área axilar

o Além de manchas hipocrômicas que cursam com anestesia, o paciente apresenta

sinais e sintomas de espessamento neural assimétrico e perdas motoras

▪ Forma virchoviana (multibacilar)

o É a forma mais contagiosa da doença.

o paciente virchowiano não apresenta manchas visíveis; a pele apresenta-se

avermelhada, seca, infiltrada, cujos poros apresentam-se dilatados (aspecto de

“casca de laranja”), poupando geralmente couro cabeludo, axilas e o meio da

coluna lombar (áreas quentes).

o Presença de múltiplas lesões pápulo-nodosas/ placas faveolares (hansinoma) com

infiltração difusa, são escuros, endurecidos e assintomáticos

o Sinais virchovianos: madarose, infiltração difusa, triquíase, nódulos e pápulas de

coloração castanha

o Neuropatia bilateral simétrica com multiplicidade de nervos afetados.

o Sinais de infiltração: dobras com poucas rugas, rosto liso, nariz congesto,

movimento da pele em bloco; aspecto cutâneo de casca de laranja por infiltração

e dilatação dos poros; lobos auriculares aumentados e entumecidos, suor

diminuído ou ausente

o São comuns as queixas de câimbras e formigamentos nas mãos e pés, artrite

(FAN +, VDRL +), dor testicular devido a orquite em jovens (azospermia e

infertilidade, ginecomastia e impotência em idosos)

o Histopatoligia: múltiplos histiócitos vacuolizados (gordura), faixa de unna

subepidérmica (colágeno)

o O diagnóstico pode ser confirmado facilmente pela baciloscopia dos lóbulos das

orelhas e cotovelos → BAAR (++++)

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❖ DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

o Ptiríase versicolor;

o Nervo anêmico;

o Dermatofitose;

o Farmacodermia (eritema nodoso e polimórfico)

o Lupus;

o Dermatite de contato;

o Vitiligo;

o Neurofibromatose;

o Leishimaniose anérgica;

o Cromoblastomicose;

❖ TRATAMENTO

• Reações hansênicas

▪ Fenômenos agudos que interrompem a evolução crônica das lesões, podem

ocorrer em todas as formas clínicas com exceção dos indeterminados. É uma

complicação da doença

▪ podem ocorrer de forma aguda antes, durante ou após o final do tratamento com

a poliquimioterapia.

▪ É recomendável realizar o exame odontológico nos pacientes, pois focos

infecciosos podem ser possíveis desencadeantes das reações hansênicas

▪ Serão apresentadas de acordo com a classificação de Gell e Coombs

o Tipo I

▪ Comprometimento do estado geral

▪ Especificidade celular Th1

▪ Neurite, aparecimento de novas lesões cutâneas, manchas e alteração de cor

▪ Reagudização de leões antigas

▪ Eritema nodoso

▪ Edema em mãos

▪ Piora dos sinais neurológicos de perda de sensibilidade ou perda de função

muscular

▪ Geralmente são autolimitados com duração média de 3-6 meses.

▪ Tratamento é com predinisona 1mg/kg/dia por 6-8 meses ou dexametasona

0,15 mg/kg/dia em casos de doentes hipertensos ou cardiopatas. Para a “dor

nos nervos”, associar antidepressivo tricíclico em dose baixa (amitriptilina

▪ 25 mg por dia, máx 75mg/dia), associado a clorpromazina 5 gotas (5 mg máx

50mg/dia) duas vezes ao dia, ou a carbamazepina 200 a 400 mg por dia

o Tipo II

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o Resposta humoral tipo Th2

o Formação de imunocomplexos

o Geralmente são autolimitados com duração média de 1 mês.

o Surgimento subto de múltiplos nódulos dolorosos associados a sinais e sintomas

sistêmicos (febre, artralgias, orquites, hepatoesplenomegalia e

lingonodomegalia)

o Edema em mãos e pés.

o manchas ou nódulos na pele, quentes, dolorosos e avermelhados, às vezes

ulcerados;

o Febre, dor nas articulações, mal-estar;

o Dor nos nervos periféricos (mãos e pés);

o Comprometimento dos olhos;

o Comprometimento sistêmico (anemia severa aguda, leucocitose com desvio à

esquerda, comprometimento do fígado, baço, linfonodos, rins, testículos,

suprarrenais).

o Tratamento:

▪ Para a dor nos nervos, utilizar o mesmo esquema antiálgico da reação tipo 1.

antiálgico da reação tipo 1.

▪ Iniciar talidomida 100 a 400 mg/dia via oral (de preferência à noite, pela

possibilidade de sonolência), de acordo com a gravidade do caso. Como

alternativa, para mulheres em idade fértil ou em pacientes com

contraindicações a talidomida, pode-se utilizar a pentoxifilina 400 mg três

vezes ao dia, ou antiinflamatórios não hormonais.

▪ Associar prednisona 1 mg/kg/dia via oral (pela manhã, após o café da manhã)

em casos de comprometimento dos nervos periféricos ou de outros órgãos

que não a pele ou se houver ulcerações extensas

o Observações

▪ Em casos de surtos subintrantes ou corticodependentes, ou talidomida-

dependentes, reavaliar a presença de focos infecciosos, problemas

dentários, diabetes, ou contato do paciente reacional com doentes não

tratados e sem diagnóstico, ou ainda insuficiência de tratamento (presença

de infiltrações/hansenomas após cessada a reação).

▪ Classificação de Gell e Coombs

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o Atendimento de emergência

▪ Presença de mal estar geral, calafrios, fbre alta, dispneia, cianose, icterícia,

múltiplos nódulos dolorosos (exacerbação da resposta imune humoral por

depósitos de imunocomplexos), quadro agudo de neurite, edema de

extremidades, adenite, uveíte

▪ Colher exames laboratoriais e suspender PQT até a resolução

▪ Confirmar diagnóstico e classificação operacional, diferenciar o tipo de reação,

▪ Levantar fatores predisponentes: infecção, infestação latente (parasitoses),

distúrbios hormonais, fatores emocionais,

▪ Afastar evento adverso relacionado ao medicamento

▪ Encaminhar casos graves ao hospital de referência

▪ Cuidados recomendados:

◊ Neurite: repouso do membro

◊ Medicamentos

♣ Palidomida 100 a 300mg/dia;

♣ Pentoxifilina 1,2g/dia;

♣ Predinisona 1 a 1,5 mg/kg/dia (registrar peso, PA, glicemia)

◊ Monitorar função renal e hepática, função neural sensitiva e motora

• Poliquimioterapia -PQT

O tratamento da hanseníase é realizado através da associação de medicamentos

(poliquimioterapia – PQT) conhecidos como Rifampicina, Dapsona e Clofazimina.

Deve-se iniciar o tratamento já na primeira consulta, após a definição do diagnóstico,

se não houver contraindicações formais (alergia à sulfa ou à rifampicina).

o Medicamentos

▪ Rifampicina: altamente bactericida, dose mensal elimina quase todos os bacilos.

Meia vida de 2/3h, forma metabólitos no fígado e eventualmente é excretado

nas fezes. Efeitos adversos são raros. Mais comumente, a urina pode apresentar

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uma coloração avermelhada algumas horas após a ingestão da medicação, e isso

deverá ser explicado ao paciente. Em casos de urticária, que ocorre cerca de

meia hora após a ingestão da dose supervisionada, corticoides e anti-histamínicos

podem ser prescritos. Lembrar de utilizar métodos anticoncepcionais de

barreiras por sete dias após a dose supervisionada em mulheres em idade fértil.

Outra opção é “esticar” a cartela de anticoncepcional para 28 dias para coincidir

com a cartela da PQT, ficando a paciente sem tomar anticoncepcional e PQT por

7 dias, sem interferência na eficácia do tratamento

▪ Dapsona: pouco bactericida isoladamente, mas quando associada com

clorfazimina eliminam quase todos os bacilos em 3 meses. Vida média de 1/2dias,

excretada na urina como metabólitos. É a droga com o maior número de efeitos

adversos: avermelhamento da pele, coceira e descamação, principalmente na face

e antebraços (interromper administração e encaminhar para serviço de

referência. Se o paciente apresentar sintomas como falta de ar com cianose de

extremidades (metemoglobinemia), febre e dor de garganta (agranulocitose), ou

dor abdominal com fraqueza e taquicardia e mucosas conjuntivais descoradas

(hemólise), provavelmente deve estar ocorrendo intolerância à dapsona. Nesses

casos, interromper o tratamento e coletar sangue para avaliar o hemograma, a

função renal e as transaminases. Em casos confirmatórios o paciente deve ser

encaminhado com urgência para serviço de referência. Anemia discreta pela

Dapsona (queda de até 0,2g% de hemoglobina por mês) são esperadas, e não

contraindicam a suspensão da Dapsona; nesses casos, administrar ácido fólico e

complexo B. Se o paciente já apresentar, previamente, alterações nos exames de

função hepática ou renal, ou no hemograma, avaliar a relação risco‑benefício da

introdução de Dapsona, embora não seja contraindicação absoluta.

▪ Clorfazimina: bactericida com vida média de 70 dias, eliminado nas fezes, se

acumula no tecido adiposo e células do retículo endotelial. Em relação aos eventos

adversos pode causar aumento da pigmentação da pele (“aspecto bronzeado”),

além de potencial ressecamento da pele. Nesses casos, prescrever hidratantes.

No eventual caso de obstipação intestinal, prescrever dieta laxativa, óleo

mineral, ou laxantes leves.

o Tipos de tratamento

▪ Ambulatorial: reduz carga bacilar, interrompe a cadeia de transmissão, poucos

efeitos colaterais, reduz taxa de recidiva, aumenta a adesão terapêutica.

▪ Emergencial: reservda para casos raros de episódios de reação hansênica e

eventos adversos à medicação.

o Exames laboratoriais recomendados para início do tratamento

▪ Hemograma

▪ Urina tipo I

▪ Parasitológico de fezes

▪ Glicemia de jejum

▪ Avaliação bioquímica renal e hepática

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▪ β- HCG

▪ PCR e VHS

o Esquemas de tratamento

▪ Paucibacilar

◊ Adulto (verde):

♣ Dose supervisionada: rifampicina 600mg + dapsona 100mg

♣ Doses autoadministradas: dapspona 100mg/dia

♣ Tratamento completo 6 Cartelas em até 9 meses

◊ Infantil (azul):

♣ Dose supervisionada: rifampicina 300-400mg + dapsona 50-100mg

♣ Doses autoadministradas: dapspona 50-100mg/dia

♣ Tratamento completo 6 Cartelas em até 9 meses

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▪ Multibacilar

◊ Adulto (vermelho):

♣ Dose supervisionada: rifampicina 600mg + dapsona 100mg + clorfazimina

300mg

♣ Doses autoadministradas: dapspona 100mg/dia

♣ Tratamento completo 12 Cartelas em até 18 meses

◊ Infantil (amarela)

♣ Dose supervisionada: rifampicina 300-400mg + dapsona 50-100mg +

clorfazimina 100-200mg

♣ Doses autoadministradas: dapspona 50-100mg/dia + clorfazimina 50mg/

dias alternados

♣ Tratamento completo 12 Cartelas em até 18 meses

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Obs: para crianças com peso superior a 50 kg deve-se utilizar o mesmo tratamento

prescrito para adultos; para crianças com peso entre 30 e 50 kg deve-se utilizar as

cartelas infantis (marrom/azul); para crianças menores que 30 kg deve-se fazer os

ajustes de dose

o Seguimento

▪ Retorno ambulatorial a cada 28 dias para a dose supervisionada, pegar nova

cartela de medicamentos e avaliação clínica para a identificação de sinais e

sintomas, reações hansênicas, dano neural. Se forem presentes o paciente deve

ser reavaliado em intervalos menores

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▪ Orientar retorno imediato se: novas lesões na pele, dor em trajeto de nervo,

piora motora ou sensitiva, sintomas gerais (febre e mal estar), intercorrências

clínicas

▪ Providenciar cartão de agendamento e registro de consultas

▪ Registro de peso, PA, glicemia

▪ Profilaxia para strongiloidíase (tiobendazol/albendazol)

▪ Profilaxia para osteoporose (cálcio, VitD, biofosfonatos)

▪ Orientar técnicas de autocuidado

◊ Cuidado com pés e mãos, nariz e articulações

◊ Terapia de grupo – compartilhamento de experiencias

◊ Técnicas para evitar piora do dano

◊ Fornecer colírios soro fisiológico, óleos e ácidos graxos

▪ Investigação e acompanhamento de recidivas

◊ Preencher a Ficha de Investigação de Suspeita de Recidiva e encaminhar

o caso para a unidade de referência mais próxima

◊ Se confirmado o diagnóstico deve remeter a ficha para a SMS,

juntamente com a Ficha de Notificação/Investigação da Hanseníase,

anexando cópia no prontuário do paciente

◊ Notificação de casos de recidiva deverá ser realizada pelo serviço de

referência que procedeu à confirmação diagnóstica

◊ Após avaliação, os casos confirmados e sem complicação deverão ser

contrarreferenciados, para tratamento e acompanhamento na unidade

básica de saúde

o Critérios para alta

▪ Cumprimento do tempo e númeto de cartelas preconizadas para idade e tipo

▪ Melhora clínica de exame de pele e nervos

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▪ Avaliação do grau de incapacidade física e orientação para os cuidados pós-alta.

▪ Condutas a serem observadas:

◊ Tratamento irregular

♣ Não retono para avaliações

♣ Presença de eventos adversos

♣ Realizar visita domiciliar se falta maior que 30 dias

♣ Pesquisa do motivo da falta

♣ Reorienrtar a importância do tratamento e esclarecimento de dúvidas

♣ Realizar reavaliação e classificação → reiniciar o tratamento.

o Tratamento de situações especiais

▪ Gravidez, aleitamento materno e idade reprodutiva não gestante: recomendar

planejamento familiar, uso de métodos de barreira associado a ACO (rifampicina

diminui a eficácia do ACO e talidomida é teratogênico), atentar para as reações

hansenicas que são mais frequentes no 3º trimestre.

▪ Se for um caso MB e não houver melhora clínica após um ciclo de 12 doses,

reavaliar os contatos na busca de uma fonte não diagnosticada, e só após isso

encaminhar o paciente a uma unidade de referência ou a uma unidade de maior

complexidade para verificar a necessidade de um segundo ciclo de mais 12

cartelas de PQT-MB. Possíveis causas: reinfecção, insuficiência de tratamento,

ou resistência medicamentosa

▪ O paciente que, no momento da alta por cura, apresente reações ou deficiências

▪ sensitivomotoras e/ou incapacidades deverá ser monitorado, com agendamento

de acordo com cada caso

❖ REFERÊNCIAS

SOARES et. Al. REACÇÕES ADVERSAS CUTÂNEAS, GUIA DE REACÇÕES

ADVERSAS A MEDICAMENTOS UFS 2015

BRASIL. Guia prático sobre a hanseníase [recurso eletrônico] / Ministério da

Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância das Doenças

Transmissíveis. – Brasília : Ministério da Saúde, 2017. 68 p. : il.

Fundação Oswaldo Cruz curso de qualificação em hanseníase na atenção básica –

ensino a distância brasilia 2018