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Infektion Magazine #03 Maio 2011

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http://www.facebook.com/#!/event.php?eid=196587110377504http://www.facebook.com/#!/event.php?eid=196587110377504http://www.facebook.com/#!/event.php?eid=196587110377504http://www.facebook.com/#!/event.php?eid=196587110377504http://www.facebook.com/#!/event.php?eid=196587110377504http://www.facebook.com/#!/event.php?eid=196587110377504http://www.facebook.com/#!/event.php?eid=196587110377504http://www.facebook.com/#!/event.php?eid=196587110377504http://www.facebook.com/#!/event.php?eid=196587110377504http://www.facebook.com/#!/event.php?eid=196587110377504http://www.facebook.com/#!/event.php?eid=196587110377504http://www.facebook.com/#!/event.php?eid=196587110377504http://www.facebook.com/#!/event.php?eid=196587110377504http://www.facebook.com/#!/event.php?eid=196587110377504http://www.facebook.com/#!/event.php?eid=196587110377504http://www.facebook.com/#!/event.php?eid=196587110377504http://www.facebook.com/#!/event.php?eid=196587110377504http://www.facebook.com/#!/event.php?eid=196587110377504http://www.facebook.com/#!/event.php?eid=196587110377504http://www.facebook.com/#!/event.php?eid=196587110377504http://www.facebook.com/#!/event.php?eid=196587110377504http://www.facebook.com/#!/event.php?eid=196587110377504http://www.facebook.com/#!/event.php?eid=196587110377504http://www.facebook.com/#!/event.php?eid=196587110377504http://www.facebook.com/#!/event.php?eid=196587110377504http://www.facebook.com/#!/event.php?eid=196587110377504http://www.facebook.com/#!/event.php?eid=196587110377504http://www.facebook.com/#!/event.php?eid=196587110377504

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EDIÇÃO Nº 3 - MAIO 2011

EDITOR-CHEFEJoel Costa

COLABORADORESBruno Farinha, Catarina Silva, Cátia Cunha, Davide Gravato, Del’Orca, Íris Jordão, Jaime Ferreira, João Miranda, José Machado, José Branco, Liliana Quadrado, Marcos Farrajota, Miguel Vieira Pinto, Mónia Camacho, Narciso Antunes, Pete Winter, Rita Oliveira, Rui Melo, Rute Gonçalves, Sandro Noise, Sofia Simões, Suzana Marto, Tatiana Ferreira, Valentina Ferreira, Vanessa Correia FOTOGRAFIAMaterial disponibilizado pelas editoras;Créditos nas respectivas páginas;

DESIGN & PAGINAÇÃOJoel Costa - www.lifedesign.com.pt

REVISÃOJoel CostaRita Oliveira

[email protected]

WEBSITEwww.infektionmagazine.info

ENVIO DE PROMOSJoel Costa - Infektion MagazineRua Adriano Correia Oliveira153 1B3880-316 OvarPortugal

Infektion Magazine by ELEMENTOS À SOLTA - Desenvolvimento de Produ-tos Multimédia LDA is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Proibição de realiza-ção de Obras Derivadas 3.0 Unported License.

E VÃO TRÊS!

Terceira edição com Arch Enemy e muitos outros nomes de relevo. Não fossem os atra-sos impossíveis de contornar e teríamos uma edição ainda melhor do que aquela que vos apresentamos aqui. Temos novas secções presentes nesta edição e espero que as mes-mas sejam do vosso agrado. Continuamos também a aceitar colaboradores que quei-ram contribuir para o crescimento da revis-ta que um dia atingirá a posição de “leitura indispensável”.... Isto para quem gosta, cla-ro! Nestas últimas semanas tivemos inúme-ros lançamentos a ter em conta e fizemos os possíveis para tentar falar de tudo e variar um pouco mais nos sub-géneros abordados. Estamos a crescer, as parcerias não param de aparecer e com isso recebemos cada vez mais discos, proporcionando assim um le-que variado de propostas para dar-mos aos nossos leitores. Fiquem connosco!

Joel Costawww.infektionmagazine.info

6 NOTÍCIAS

8 ARTWORK

10 TATUAGENS

12 ARCH ENEMY

16 SEPTICFLESH

18 ARKAN

21 ESTÓRIAS QUE MATAM

24 VITER + KINGS & BEGGARS

26 ENDSTILLE

28 OMNIUM GATHERUM

30 DARKEST HOUR

32 CATALEPSY

34 A FOREST OF STARS

38 SWITCHTENSE

40 FINNRS CANE

42 TESSERACT

44 FACTORY OF DREAMS

48 OF LEGENDS

50 HEAVENWOOD

52 THANATOSCHIZO

54 INFECÇÃO URINÁRIA DE MARTE

55 THE FALLEN PROJECT

56 PARA ALÉM DA RAIVA

57 DECEPTION’S CORNER

58 REVIEWS

68 LIVE REPORTS

72 FILMES

73 SÉRIES

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Espero que de futuro a revista não come-çe a refletir apenas um “sector” do pano-rama nacional e seja aberta em atitudes e honesta em relação ao seu trabalho. Por-que sinceramente, com as bandas Portu-guesas que saíram no último número, eu comecei-me a assustar um pouco e revi uma outra revista que existe. Essa sim, que não olha a valor mas sim a amizades.

via Fórum MU

Estamos a tentar reunir condições para abordar mais as ilhas nas edições se-guintes. Nem todos somos profissionais e a Infektion não é o nosso trabalho prin-cipal, pelo que não podemos fazer tudo aquilo que gostaríamos. Ainda depen-demos um pouco da informação que as bandas/editoras nos fazem chegar ao in-vés de andarmos à procura de novos ta-lentos por nós mesmos. Enquanto que, a nível internacional, falamos com bandas de editoras parceiras que achamos ser interessantes para os leitores, já a nível nacional funcionamos de maneira dife-rente: procuramos divulgar tudo aquilo que vá de encontro à linha da revista sem nos deixar-mos influenciar pelas amiza-des, etc. Muitas vezes somos abordados no Facebook por bandas underground e que, ao ouvir-mos os seus trabalhos, achamos que vale a pena falar delas. Ou até em concursos de bandas de garagem, em que um colaborador decide abordar uma ou outra banda e dar-lhes a oportu-nidade de falarem um pouco de si. A nos-sa missão é divulgar. Quem somos nós para decidir o valor de uma banda?

O que aconteceu à secção “Arca do Séc. XX”?via E-Mail

A “Arca do Séc. XX” irá voltar assim que possível mas sem o autor original. Sentimos que não foi um espaço que resultou da melhor maneira e a relação entre a Infektion e o autor também não correu muito bem. Queremos acima de tudo proporcionar bons momentos aos nossos leito-res e pelo que nos apercebemos não era isso que estava a acontecer.

Podem fazer a cobertura do nosso concerto?via E-Mail

Sim. Para isso basta enviarem-nos um e-mail com os dados do concerto e vemos se há alguém na equipa com disponi-bilidade para fazer a cobertura. Agra-decemos é que nos ponham na guestlist ou nos atribuam acreditações.

Li num site que vão lançar uma versão da Infektion em lín-gua estrangeira. Isto é verdade? Se sim,

em que língua irá sair? Outra coisa... Isso significa que a edição em Portu-guês irá acabar?via Facebook

Estamos a ponde-rar lançar a revista em outra língua, no entanto ainda é preciso delinear muitas coisas antes de fazermos um comunicado oficial. Estamos a pensar nas línguas Alemã e Inglesa e é claro que a versão Portuguesa não irá terminar. Aliás, grande parte dos conteúdos internacionais serão uma adaptação dos Portugueses, tirando a cobertura de eventos, notícias e outros.

A vossa equipa realmente faz um excelente trabalho. Como podemos entrar em contacto com eles?via Facebook

Enviem um e-mail para a Infektion e trataremos de reen-caminhar os vossos e-mails para as pes-soas em questão.

Muitas revistas fazem férias em Agosto. Vamos po-der contar com uma

edição da Infektion nesse mês?via E-Mail

Tudo irá depender da disponibilidade das bandas e dos colaboradores. Se a maior parte dos colaboradores estiver indisponível devido às férias e o mesmo acontecer com as editoras, não será possível fazer grande coisa.

Joel, quero-te pagar uma cerveja. Como combinamos isso?via Facebook

Não bebo. Paga-me antes um gelado.

Posso anunciar gratuitamente na Infektion?via E-Mail

Isso não seria justo para aqueles que compram a publici-dade e depois não é só isso... Estamos a tentar fazer da In-fektion um trabalho a tempo inteiro e não podemos faci-litar. Cada edição representa muito suor da parte de toda a equipa e não podemos abusar da boa-vontade dos colaboradores. Anunciar connosco é muito barato!

Não concordas com uma review? Tens uma sugestão para nós? Queres dar-nos os parabéns?Envia os teus comentários e questões para o e-mail [email protected]

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A banda de metal sinfónico Epica encontra-se neste momento a trabalhar num novo álbum. A notícia foi dada no facebook oficial da banda: “Os Epica estão neste momento a trabalhar num novo ál-bum. Já foram escritas cerca de 14 músicas mas ainda não existem letras, esse será o próximo passo. O estúdio encontra-se reservado para depois do Verão. Sascha Paeth vai produzir o novo álbum no-vamente (quem mais poderia ser?). [João Miranda]

A banda que surpreendeu a crítica e o público com o álbum The Blackening encontra-se neste momento a trabalhar no sucessor. O sétimo álbum dos Machine Head, ainda sem nome, começou a ser gravado a 16 de Abril, em Oakland. Para agradar ainda mais os fãs, os Machine Head disponibilizaram um vídeo de 6 minutos intitula-do “Machine Head – The Making of the New Album”. [João Miranda]

Ozzy Osbourne mostrou o seu interesse em voltar a reunir os Black Sabbath. “Estou disposto a tal”, afirmou o músico numa entrevista à Rolling Stone, “Mas depende também de outros três tipos (Bill, Tony e Geezer). Eu quero, mas vamos ver. O que tiver que acon-tecer, acontecerá.” Osbourne tem consciência da responsabilidade que seria ressuscitar um nome como Black Sabbath: “A pressão de fazer um novo álbum é enorme. Principalmente para ele ser tão bom como o que fazíamos na altura”, admitiu Ozzy. “Já lá vão 30 anos desde que nós tentámos trabalhar juntos, e nós mudámos muito desde aí. Eu sei que mudámos.” [João Miranda]

Os Dream Theater já escolheram o novo baterista: Mike Mangini. A escolha foi feita depois de várias audições onde vários concorrentes lutaram pelo lugar de baterista. Numa espécie de Reality Show, a banda colocou três vídeos online com o nome “The Spirit Carries On” que mostram o processo de escolha do novo baterista. Recor-de-se que Mike Mangini não é um total desconhecido, tendo já tra-balhado com Annihilator, James LaBrie e Steve Vai. [João Miranda]

O vocalista dos Majesty, Tarek Maghary, anunciou no site oficial da banda o regresso desta: “Com esta declaração, eu quero dizer a todos os fãs, amigos e colegas que é altura dos Majesty voltarem oficialmente ao glorioso mundo do heavy metal.” A banda tinha declarado o seu fim 3 anos atrás, onde o mesmo vocalista havia afirmado que a banda já não possuía as bases para continuar e que pretendiam pôr os Majesty de lado para se aplicarem totalmente na banda Metalforce. Com o regresso, os Majesty preparam-se para lançar um Best-Off no verão com 2 faixas inéditas. [João Miranda]

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GRUPO FACEBOOKOzzy ou Black Sabbath em Portugal

http://www.facebook.com/pages/Ozzy-Osbourne-ou-Black-Sabbath-em-Portugal/146532592046899

http://www.pedrademetal.blogspot.com

O álbum homónimo dos Switchtense já se encontra à venda pela nacional Rastilho Records. Este disco promete ser um dos melho-res álbuns nacionais de 2011 e podem adquiri-lo no site da Rastilho ou num dos concertos da banda. Entretanto podem visitar o MyS-pace da banda através do endereço www.myspace.com/switchten-seportugal para ouvirem três das músicas novas que integram “Switchtense”. [Joel Costa]

Provenientes da Finlândia e com dois concertos agendados em Por-tugal, os Turisas anunciaram que teriam que adiar os concertos na Península Ibérica incluindo as datas de 24 e 25 de Maio (Cine-Tea-tro Corroios e Hard Club) devido a problemas de ordem técnica. No entanto a banda deverá voltar a Portugal em Novembro e os bilhe-tes adquiridos serão válidos para as novas datas. O reembolso dos bilhetes pode ainda ser pedido até ao dia 25 de Junho. [Joel Costa]

Os Karuniiru lançaram o seu EP de estreia, intitulado “Junkie Lollita”, através da Necrosymphonic Entertainment. O EP, cujas músicas são cantadas em Português, Inglês, Japonês e Latim, pode ser descarregado de forma gratuita aqui http://necrosymphonic.bandcamp.com/album/junkie-lollita-ep [Joel Costa]

Os Jane’s Addiction vão estar pela primeira vez em Portugal na edição de 2011 do festival Optimus Alive!. A actuação está marcada para o dia 9 de Julho e serão cabeça-de-cartaz. Mais informações sobre o festival aqui: http://www.optimusalive.com [Joel Costa]

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a outras áreas da fotografia, como o retrato e a paisagem. Cada um deles tem um con-ceito totalmente distinto da-quilo que inicialmente me levou ao curso. No entanto, estes projectos conseguem aproximar-se, de certa forma, à pintura. Após terminar o curso, quero dedicar-me aos processos fotográficos alter-nativos, pois estes requerem um tempo de estudo e prá-tica extra, mas que me dão um prazer enorme realizá-los pois têm uma vertente plásti-ca muito interessante e reme-tem ao início da história dos processos fotográficos.

Qual foi a banda ou con-certo/festival que mais prazer te deu fotografar?Essa pergunta é complicada de responder, pois cada caso é um caso. Tenho um carinho especial pelo primeiro festival mais sério que fotografei, que foi o Festival Ilha do Ermal em 2009, pois foi um grande ponto de partida para todos os seguintes trabalhos nesta área. Por razões diferentes, o festival SWR Barroselas Me-talfest em 2010, foi outro fes-tival que gostei muito de fo-tografar, não só pelas bandas que fotografei, mas também porque me deu oportunidade de fotografar de forma mais particular o festival, onde deixei um pouco de lado os concertos para observar toda a comunidade metaleira que estava presente no festival. Em termos de qualidade foto-gráfica, o concerto que mais me agradou fotografar foi o concerto Sombra, de Moons-pell, no Cinema S. Jorge. Mas

como disse anteriormente, cada caso é um caso. Como, até agora, só fotografei ban-das do género musical que gosto, isso ajuda a que goste de fotografar qualquer ban-da/concerto, quer seja mais ou menos conhecida. O im-portante é registar aqueles que fazem a música para que o Metal continue, as fotogra-fias depois falam por si e pelo Metal!

Há alguma banda que gostarias de fotografar?Outra pergunta complicada… há bandas que fotografei e que gostaria de poder foto-grafar novamente e há ban-das que adoraria fotografar e espero ter oportunidade de o fazer. Não só aquelas que mais gosto, mas também aquelas que além da música têm um acto performativo mais acentuado. Na minha opinião, a fotografia de con-certos (e não só) tem dois pontos-chave que são um pouco contraditórios; as boas imagens de concertos por um lado ganham ao serem sim-ples e limpas, mas, por outro, ganham por haver algo nelas excêntrico e perturbador, al-gum elemento chave que nos faça associar a determinada banda. Como fotógrafa e ob-servadora, as bandas mais teatrais agradam-me sempre mais fotografar pois posso ter a oportunidade de colocar es-ses elementos que vão definir a banda fotografada como se fosse um adereço. Agora se a banda é x ou y, é muito rela-tivo, pois quando se está em trabalho o importante são as imagens e não o gosto pessoal

por determinada banda.

Que tipo de planos tens para o teu futuro profis-sional? A fotografia é um trabalho a tempo-intei-ro?O meu principal objectivo neste momento é terminar o curso este ano e tentar fazer estágio profissional. Adoraria fazer da fotografia um tra-balho a tempo inteiro, mas que também me deixasse um pouco de tempo para con-tinuar a estudar e a desen-volver outros projectos que tenho em mente e que tive que deixar de lado. Mas sim, se tiver possibilidade de viver da fotografia, serei uma fotó-grafa bastante mais feliz! O importante é não desanimar, lutar pelo que nos satisfaz e ser um pouco optimista no meio desta crise toda.

Por último, como podem os nossos leitores ver o teu trabalho e entrar em contacto contigo?De momento o único local onde tenho trabalho é no Myspace – www.myspace.com/evelinkaie – que con-tém apenas reportagens de concertos. Brevemente terei um site pessoal onde colo-carei não só as fotografias de concertos, mas também o restante trabalho que desen-volvo. Quando estiver activo, colocarei o link do meu site no Myspace, para que depois todos os interessados possam ter acesso a ele. Quem desejar entrar em contacto comigo pode fazê-lo pelo Myspace ou então nos concertos que vou fotografar.

Entrevista: Joel Costa

Quando e como é que descobriste a arte da fotografia?Ao contrário de muita gente, nunca de-

sejei ser fotógrafa, esse nunca foi o meu grande sonho. Descobri a fotografia como meio artístico devido a dois dos meus grandes interesses pes-soais, a pintura e a música, que tiveram um mis-to de influências para a realização de fotografia. Sempre senti interesse por pintura e por toda a sua história e técnica e a música sempre teve um grande impacto na minha adolescência. Quan-do comprava revistas de música, o que mais me atraía eram as reviews de concertos devido às suas fotografias. Elas sempre me causaram interesse devido à composição, à luz e a todo o ambiente registado num pequeno rectângulo que me fazia pensar como teria sido “x” concer-to. Apesar de ter começado a fazer fotografia de concertos recentemente, quando entrei para o curso de fotografia, um dos meus objectivos era conseguir realizar trabalhos nesta área e feliz-mente consegui.

Contas com um excelente portfolio de reportagem de concertos. Fazes mais al-gum tipo de fotografia ou de momento só te dedicas a isto?Apesar de neste momento dedicar-me a maior parte do tempo à fotografia de concertos, tenho em execução alguns projectos pessoais ligados

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http://www.perigo-de-morte.blogspot.com

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fazer um bom trabalho por cima de ou-tro que não ficou bem feito. Mas gosto de fazer este tipo de trabalhos porque são sempre um desafio novo para mim.

Têm alguma preferência no que toca ao tipo de tatuagens que mais gostam de fazer?Tenho um gosto especial por retra-tos porque é um desafio completa-mente diferente. Realismo está-me no sangue! No entanto, também gos-to muito da arte japonesa, arte sacra, biomecânico,etc. O importante mesmo é um trabalho bem feito que satisfaça a mim e ao cliente!

Entrevista: Joel CostaFotografias: Estigma Tattoo

tatuagem tenha crescido nos últimos anos principalmente entre as cama-das mais jovens. As tatuagens estão na moda, não digo que não, até porque são cada vez mais as figuras públicas e me-diáticas que aderiram a esta arte, mas também acho que não são apenas uma moda, porque a maioria das tatuagens que faço tem um simbolismo grande e importante para as pessoas que as fa-zem e não é apenas uma questão esté-tica.

Qual foi o trabalho mais compli-cado que tiveram até à data?Às vezes o mais complicado é lidar com o cliente e não com os trabalhos em si...conseguir perceber a ideia do cliente, transportá-la para o papel e fazer com que a pessoa se identifique com o traba-lho, é mais difícil do que propriamente tatuar o desenho final! Mas as cobertu-ras ou “Cover-up” de uma forma geral são sempre trabalhos mais complica-dos, pois limitam a escolha do cliente, e ao mesmo tempo exigem uma maior audácia da minha parte para conseguir

Como surgiu o gosto pelas ta-tuagens?Pedro Paiva: Desde pequeno

que me interesso por artes plásticas. Estou ligado às artes plásticas, gosto muito de pintar a óleo e a lápis. Tam-bém já fiz algumas esculturas e a tatua-gem é mais uma vertente das artes mas com uma técnica diferente, em que se usam agulhas em vez de lápis ou pin-céis... ah, e a tela move-se e queixa-se!

Cada vez mais, pessoas de diver-sas idades e estilos de vida procu-ram este tipo de arte. Acham que as pessoas são influenciadas pelo que vêem na televisão ou é muito mais do que isso?Penso que é um pouco de cada, mas desde sempre, desde os tempos mais primitivos que o Homem marca e orna-menta o seu corpo pelas mais diversas razões, sejam elas culturais, como uma forma de expressão ou simplesmente por gosto pessoal. Claro que a televisão com programas da especialidade faz com que a divulgação e o interesse pela

COMO ENCONTRAR A ESTIGMA TATTOO

“Podem encontrar-nos em Arrifana, Santa Maria da Feira, mesmo à entra-

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LOCALIZAÇÃO:Rua Terras de Santa Maria, Edificio

Peninsular, loja 163700-564 Arrifana - Santa Maria da Feira

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Foi uma longa jornada até ao lançamento do “Khaos Legion”, que durou cerca

de 4 anos. Porque é que este processo demorou tanto tem-po?Michael Amott: Bem, nós lançá-mos o álbum “Rise Of The Tyrant” em Setembro de 2007, e começámos de imediato a digressão por todo o mundo, que durou cerca de 18 me-ses. Gravámos e editámos um du-plo álbum ao vivo + DVD em 2008 (“Tyrants Of The Rising Sun – Live in Japan”). Depois, os Arch Enemy decidiram pausar a sua actividade, enquanto que eu participei nas di-gressões e em festivais, na reunião dos Carcass. Em 2009, regressámos (Arch Enemy) ao activo, ao gravar o álbum “The Root Of All Evil”, que contém músicas antigas re-editadas. Também escrevi e gravei um novo álbum com os Spiritual Beggars (“Return To Zero”, 2010). Para além disso, os Arch Enemy realizaram di-gressões e participaram em festivais por todo o mundo em 2009 e 2010, de novo. Isto explica o porquê da demora em lançar o álbum “Khaos Legions”.

Como foi gravar este álbum?Michael Amott: Foi uma experiên-cia excitante. Estávamos num bom estúdio (estúdio “The Sweet Spot”, de Rickard Bengtsson) e tínhamos um bom equipamento à nossa dispo-sição. Já havíamos trabalhado com o Rickard antes e resultou numa boa produção (“Doomsday Machine“, 2005). Recentemente ele construiu um novo estúdio num celeiro velho, nos arredores da nossa cidade. A ba-teria soa muito bem na sala maior. O Rickard é bastante entendido em acústica e ajudou-nos bastante a ob-ter bom som de bateria no álbum, que se trata de um importante pilar em qualquer álbum de rock/metal, na minha opinião. Na verdade, o álbum foi co-produzido pelos Arch

Enemy e o Rickard Bengtsson. Nesta etapa não queríamos a influência de um produtor exterior. Nós sabemos o que queremos como banda neste momento e apenas precisamos de um bom engenheiro de som e de um bom estúdio. Nós fizemos a maior parte da engenharia, por exemplo, o Sharlee D’Angelo (baixista) gravou todas as minhas faixas de guitarra.

Em termos líricos, qual é a mensagem que procuram fazer chegar aos ouvintes com este álbum?Angela Gossow: Liberdade indi-vidual e rebelião contra as normas é a nossa mensagem central. Como nos libertarmos dos governos, da sociedade em que vivemos, a liber-tação da opressão religiosa e tráfico de medo. Luta por ti próprio e luta pelos outros! Responsabiliza-te pela tua própria vida e vê as correntes e fardos que esta sociedade está a co-locar sobre os seus cidadãos. Ques-tiona todas as autoridades e procura pelas tuas próprias respostas.

Se bem que o vosso estilo e so-noridade característicos são evidentes, algumas das faixas apresentam estruturas um tanto diferentes do que os fãs estão habituados, como pode ser ouvido em ‘Bloodstained Cross’ e ‘Through The Eyes Of A

Raven’, por exemplo. Nesta al-tura, ao mesmo tempo que pro-curam agradar os fãs, sentiram que necessitavam de explorar novos horizontes?Michael Amott: De facto, durante a fase de escrita e pré-produção de “Khaos Legion”, adoptámos uma abordagem ‘sem regras’. Os Arch Enemy procuraram sempre envol-ver um vasto espectro de influências. Temos influências de Thrash e Death Metal, mas também Metal clássico e Hard-Rock. O ideal da banda, des-de a sua fundação, seria o de fundir sons pesados e extremos com muita melodia. Eu tinha bastantes ideias de guitarra para este álbum, que se-ria apenas uma questão de procurar ajustar tudo e fazer boas músicas, fruto de todos os riffs e melodias que nós escrevemos e recolhemos du-rante este período de quatro anos. Como disseste, existem alguns sons novos em “Khaos Legions” - e eu es-tou realmente feliz por isso! Não nos queremos tornar previsíveis como banda. Nós queremos progredir continuamente, mas ao mesmo tem-po mantermo-nos fiéis ao nosso som característico.

Os Arch Enemy tiveram o seu início há 15 anos atrás! Ao lon-go dos anos, a banda teve uma notável evolução. Na vossa opi-nião, quais são as principais di-ferenças entre a banda actual-mente e a banda no seu início?Michael Amott: Depois de todos estes anos a tocar com uma forma-ção consistente, todos nós temos aproximadamente as mesmas visões e ideias sobre o que Arch Enemy é e deve soar. Penso que isso nos dá uma certa continuidade musical como banda.

Como avalias o progresso da banda desde que te juntaste a ela?Angela Gossow: Nós encontramo-

Quatro anos depois do último álbum de originais, os Arch Enemy lançam agora Khaos Legion. A Infektion esteve à conversa com o

guitarrista e compositor Michael Amott e a vocalista Angela Gossow.

“Não nos queremos tornar previsíveis como

banda. Nós queremos progredir continua-

mente, mas ao mesmo tempo mantermo-nos

fiéis ao nosso som característico.”

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-nos numa ascensão firme em per-fil e popularidade desde 2001. Isto deve-se à nossa ética de trabalho “hardcore”, digressões rígidas e o lançamento de 8 bons álbuns desde que me juntei à banda.

Numa retrospectiva do que já

deram neste planeta, mas sim, apro-veitei-a ao máximo e desfrutei dela.

Os Arch Enemy são, provavel-mente, a banda com “screa-ming vocals” femininos mais popular da actualidade. Isto cria uma série de comparações quando surge uma banda com vocais semelhantes. Como rea-ges a estas comparações?Angela Gassow: Sinto que as comparações se tornam uni-dimen-sionais e cansativas. Gostava que as pessoas parassem de comparar com base nos géneros. É realmente regressivo e deveríamos todos ser julgados por nós, sem nos compa-rarmos umas às outras, apenas pelo facto de compartilharmos do estig-ma ‘feminino’. Porque a sensação é essa... quase estigmatizante. É algo que me aborrece bastante.

Há alguma última mensagem que queiram partilhar com os fãs portugueses?Angela Gassow: Adoro Portugal. Recentemente passei duas semanas de férias em Cascais... Nós voltare-mos para concertos e festivais em 2011 e também em 2012! Continuem fiéis ao verdadeiro Metal até nos en-contrarmos novamente!Michael Amott: Oiçam o KHAOS LEGIONS! Esperamos ansiosamen-te por voltar a Portugal para tocar ao vivo de novo muito em breve!

Entrevista: João Miranda

alcançaram, quais os momen-tos que mais agraciam? De que é que mais se orgulham?Angela Gossow: Acredito que transmitimos uma mensagem pode-rosa e positiva para a comunidade do metal. Eu sei que ajudámos alguns a ultrapassarem tempos difíceis. Nós somos também a prova viva de que podemos viver os nossos sonhos e não nos devemos prender ao sonhar a vida. Já vi muitos sítios diferentes e entendi que isto é realmente um mundo. Já não penso nem em paí-ses nem em continentes. Tornei-me cidadã mundial e consigo ver para além do meu pequeno mundo. Estou bastante grata por esta experiência. Não vou viver e morrer numa e na mesma pequena aldeia... Morrerei com o mundo na minha cabeça, por saber que não tenho arrependimen-tos e que vivi com todo o potencial. Não desperdicei esta vida que me

“Acredito que transmitimos uma

mensagem poderosa e positiva para a

comunidade do metal. Eu sei que ajudámos

alguns a ultrapassarem tempos difíceis.”

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Formados em Atenas no ano de 1990, os SepticFlesh apresentam agora o seu novo álbum, “The Great Mass”, onde a vida e a morte são os temas principais. A Infektion esteve à conver-sa com Christos Antoniou (vocalista e baixista) e Sotiris Anunnaki (guitarrista), onde falamos sobre o percurso da banda e sobre as gravações desta grande peça orquestral.

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Parabéns pelo novo disco! Estão satisfeitos com o re-sultado final?

Sotiris Anunnaki V: Sim. Trabalha-mos muito para dar vida a “The Great Mass”. No final, tudo ficou como devia. O som e a performance era exactamen-te aquilo que estávamos à procura e o Peter (Peter Tägtgren - Produtor) fez um trabalho surpreendente, dando o balanço certo aos nossos elementos sinfónicos e extremos.

Quais são as principais diferen-ças entre “The Great Mass” e o ál-bum anterior “Communion”?Christos Antoniou: Creio que o “Great Mass” é o nosso trabalho mais maduro. Tem muita tensão e umas co-res dramáticas. “Communion” foi edi-tado depois de termos acabado e tem uma essência muito diferente e directa. A Orquestra utilizada não é tão distinta como em “Great Mass”. Este novo ál-bum foi trabalhado mediante o nosso modelo orquestral.

Falando em “modelos”, quando gravam um disco vocês procuram uma direcção e tentam seguir um plano ou trabalham de modo in-verso?Christos Antoniou: Iniciamos as gravações deste álbum no nosso estú-dio em Atenas (Devasoundz Studio). Tivemos imenso tempo para procurar e experimentar muitas ideias, uma vez que passamos lá o Verão inteiro. De-pois disso gravamos a parte da orques-tra e os coros em Praga, no meio do mês de Setembro. Em Outubro, o Seth e o Fotis foram para o Abyss Studio, na Suécia, com o Peter Tagtgren, respon-sável pela mistura e masterização. Nós não temos planos ou receitas... Segui-mos apenas a nossa imaginação. Seria um erro planear e limitar a nossa inspi-ração pois isso iria levar-nos a resulta-dos desapontantes.

De que nos falam as letras de “The Great Mass”?Sotiris Anunnaki V: Cada letra tem um tópico diferente, contudo imagi-nava-as como salmos de uma liturgia negra. O tema dominante é a batalha entre a vida e a morte. Existem referên-cias a coisas que nos conectam ao mun-do dos vivos e elementos importantes em que quando os perdemos, ficamos um passo mais perto da morte. Dou-te alguns pormenores: “Mad Architect” é sobre uma mente perdida, “Oceans Of Grey” fala-nos da perda de memórias, “Great Mass Of Death” é sobre a per-da definitiva, enquanto que “Rising” já

nos fala de lutar por um sonho, etc. As letras e a música em si têm muitas ca-madas. Quanto mais fundo fores mais coisas vais encontrares.

Ao ver os títulos dos vossos ál-buns e das vossas músicas fiquei com a impressão de estarem en-voltos por uma atmosfera Cris-tã. Como vêm o Cristianismo? Acham que a religião Cristã e o Metal alguma vez se vão dar bem?Sotiris Anunnaki V: Francamente não acredito que isso vá ser possível. O Metal tem um espírito rebelde, en-quanto que os Cristãos elogiam a pas-sividade e a escravidão mental através do dogma. Alguns dos nossos títulos têm conexões simbólicas com o Cristia-nismo mas existem muitas mais impli-cações por trás de tudo isto. As músicas funcionam como uma massa negra, re-vertendo o significado do simbolismo “sagrado”, conectando-a com significa-dos mais antigos e bizarros.

A vossa artwork está extraordi-nária! Quem foi o responsável e qual é a mensagem da mesma?Sotiris Anunnaki V: O nosso voca-lista e baixista, Seth, foi o responsável pelo grafismo. Ele é um artista visual e já fez as capas de CDs de muitas bandas conhecidas tais como Paradise Lost, Exodus, Moonspell, Kamelot e muitos outros. O objectivo dele era trazer à superfície o conteúdo lirical de “Gre-at Mass”. O conceito visual é baseado na frase “Um Deus que quer morrer” do tema “Apocalypse”. Também foi buscar referências a “Therianthropy” (metamorfose dos Humanos em ani-mais), “Pyramid God” (uma estrutura de corpos em forma de triângulo com um Deus no topo) e “Vampire From Nazareth” (Cristo é canibal).

Como foi trabalhar com a Orques-tra Filarmínia de Praga e como é que surgiu esta ideia?Christos Antoniou: Cerca de 150

pessoas estiveram envolvidas neste projecto. Quando eu estudava em Lon-dres, o meu sonho era ver orquestras a tocar as minhas peças e tive a sorte de poder gravar e tocar com diversas orquestras. Como podes ver, o desafio está sempre ali para mim uma vez que escrevo de uma banda pequena para grandes orquestras como esta. Tenho de elogiar a Orquestra e o Coro de Pra-ga. A interpretação e o profissionalis-mo deles tem um padrão elevado. Eles têm uma grande equipa sempre focada em fazer o melhor trabalho possível, caso contrário podes acabar o dia a perder milhares de euros se não ficar tudo perfeito. Sempre fomos admira-dores de música clássica. Fazer algo assim foi inevitável.

Em “Great Mass” contam com a participação de alguns convida-dos especiais. Estas presenças ti-veram alguma influência na com-posição do álbum?Christos Antoniou: Os convida-dos permitiram-nos dar mais cor às nossas composições. De certa forma, tivemos mais “actores” à nossa dispo-sição. Conversamos muito sobre que instrumentos usar e quais as pessoas que iriam estar envolvidas e fizemos a nossa escolha dando um papel apro-priado a determinado instrumento ou vocalista, tendo sempre em conta uma perspectiva mais ampla sobre a música, com o objectivo de melhorar emoções específicas. Nestas duas mú-sicas a que te referes temos dois tipos de abordagem. Em “Oceans Grey”, ao contrário do restante álbum, vemos algo mais dramático e dentro daquilo que ouves na Ópera. Ambos os voca-listas, Androniki (Chaostar) e Iliana ti-veram uma performance espectacular. No tema “Vampire From Nazareth” usamos um instrumento folk chamado Yali Tambur, que foi tocado pelo Geor-ge Diamantopoulos. Ele fez um solo tão dramático e apaixonante que tornou-se um dos meus momentos favoritos nes-te álbum.

Para concluir, como vêem Septi-cFlesh num futuro próximo?Sotiris Anunnaki V: Agora é altura de andar em tour. Primeiro vamos ser cabeça-de-cartaz numa tour em Fran-ça e depois vamos para os EUA como banda suporte de Children Of Bodom. Também vão outras bandas como De-vin Townsend e Obscura.

Entrevista: Joel CostaFotografia: Jon Simvonis

“Seria um erro planear e limitar a

nossa inspiração pois isso iria levar-nos

a resultados desapontantes.”

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“A PAZ ENTRE OS POVOS NÃO É UMA UTOPIA!”

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Como surgiu a ideia de criar os Arkan?Foued Moukid: A ideia de

combinar o Metal com música oriental neste projecto já vem de longa data, até mesmo antes de eu me ter juntado aos The Old Dead Tree. Sempre quis com-binar as minhas origens culturais com a música que eu mais gosto. À excepção de um pequeno número de bandas, a música oriental não tinha representa-ção no Metal Europeu. Achei que este projecto ia trazer uma lufada de ar fres-co ao misturar diferentes estilos: mú-sica oriental incluindo “chaabi”, que é o estilo musical mais popular em Ma-ghreb e um Metal poderoso com gro-wls e riffs potentes. É difícil encontrar bons músicos para formar uma banda de Metal mas é pior ainda encontrar al-guém que para além de Metal também saiba tocar música norte-africana. A minha presença nos The Old Dead Tree ajudou-me a ganhar experiência como profissional e criar toda uma rede social neste meio. Em 2005, o Mus e o Samir, antigos membros de uma banda de Death Metal da Algéria chamada Wor-th, juntamente com o Florent, antigo membro dos Whisper-X, juntaram-se a mim com a mesma vontade de experi-mentar algo novo.

Era suposto os Arkan serem ape-nas um projecto paralelo. O que vos levou a deixar as vossas ban-das para se dedicarem a 100% aos Arkan?Tens razão. No começo, os Arkan eram apenas um projecto paralelo de todos os integrantes da banda. Progressivamen-te, o desejo de investir mais tempo nos Arkan aumentou. Rapidamente senti-mos que este projecto permitia-nos to-car aquilo que realmente queríamos há muito tempo. Os Arkan precisavam de 100% de dedicação e então tornou-se o projecto principal de todos os membros da banda. Pareceu-nos óbvio abando-nar as bandas onde estávamos. Pesso-almente, não me arrependo do tempo que dediquei aos The Old Dead Tree porque foi uma grande experiência mu-sical e humana mas os Arkan são uma família autêntica. Posso dizer que nin-guém na banda pensa sequer em criar ou juntar-se a outro projecto. Com os Arkan, todos os integrantes vivem uma grande aventura.

Sou descendente de Israelitas e fiquei contente por ouvir o Kobi, dos Orphaned Land, neste vosso álbum. Como surgiu a oportuni-

dade de trabalhar com ele?Em Maio de 2010 fizemos uma tour na França com os Orphaned Land. Esta tour foi uma experiência fantástica para nós e para todos os músicos que participaram nisto. Os Orphaned Land são uma banda extraordinária! Como tínhamos histórias bem diferentes, fa-lamos por muito tempo no sentido de nos conhecermos melhor e aprender mais sobre as nossas respectivas cultu-ras e facilmente nos apercebemos que não éramos assim tão diferentes. Uma cumplicidade muito humana e também musical foi estabelecida entre nós e quisemos dar continuidade a essa cum-plicidade com uma presença do Kobi em “Salam”. Quando o tema “Deus Vult” foi escrito, propus à banda incluir diferentes vozes do Kobi no processo de composição. Simbolicamente, “Deus Vult” significa “Vontade de Deus”. Em árabe, o termo é muito forte (Inshallah) e achei interessante começar a música em Hebraico. Contactei o Kobi por te-lefone e convidei-o para participar na criação deste álbum e sem hesitar ele disse que sim. Começamos então a tra-balhar na letra da música e ele gravou a sua parte dos vocais em Tel-Avi. Quan-do ouvimos a música, percebemos que o álbum, na sua íntegra, teria de estar pelo menos à altura do trabalho provi-denciado pelo Kobi. Para ser honesto, ainda hoje esta música mexe comigo e a nossa colaboração não vai, certamente, ficar por aqui.

Vocês vêm todos de sítios diferen-tes. A mistura de todos estes ba-ckgrounds musicais influenciam o vosso som?Eu sou Francês e os meus pais têm ori-gens Marroquinas. O Samir, o Mus e a Sarah nasceram e foram criados na Al-géria. O Florent é Francês mas tem ori-gens gregas e italianas. Viemos de cul-turas diferentes e cada membro tem as suas raízes e influências culturais. São estas diferenças culturais que tornam as coisas interessantes. Permite-nos usufruir de uma inspiração bem grande em termos de composições. Todos dão o seu toque pessoal. O multiculturalis-mo na França é uma vantagem e não uma fraqueza, contrariamente ao que os políticos nos querem fazer acredi-tar. A mudança filosófica e cultural tem benefícios especiais e ajuda-nos a abrir as nossas portas ao Mundo. Estamos a tentar criar uma ponte entre as pessoas com diferentes backgrounds musicais e culturais e damos de caras com toda esta diversidade todos os dias. Para

além da música, queremos também de-fender aquilo em que acreditamos.

Recentemente entrevistei uma banda Francesa e eles disseram--me que o Metal na França não está de boa saúde, de momento. Concordam com isto?Durante anos, o Metal Francês sofreu muito com as más impressões. Fe-lizmente, as coisas vão mudando aos poucos. Acho que temos bandas muito boas em França que a nível técnico po-dem ser comparadas com o que se faz na Escandinávia ou até mesmo nos Es-tados Unidos. Bandas como Gojira ou Dagoba estão a melhorar a reputação do Metal Francês. Também penso que o público Francês anda em busca de ori-ginalidade e quer mais inovação cultu-ral e toda esta mistura de culturas está a favorecer o público. Os Arkan estão a tentar entender melhor esta necessida-de e a oferecer música original.

Em relação ao vosso novo ál-bum... De que nos fala “Salam”?Salam significa “Paz” em árabe. Para este álbum, inspirámo-nos nas dife-rentes situações que nos rodeiam... Os conflitos geopolíticos, a falta de com-preensão entre os povos, etc. Salam re-lata medos e ressentimentos universais de dois povos com duas religiões dife-rentes que coexistem na mesma área. Todos sentimos o ódio a aumentar gra-dualmente dentro deles e a chegar a um ponto sem retorno. Muito disto deve-se à manipulação intelectual e à propagan-da. É certo que ambos decidem fazer guerra mas, já cansados disto, decidem manter a distância dos seus instintos de ódio. Depois de tantos atentados, a co-habitação parece ser realmente a única solução e então os povos decidem olhar uns pelos outros.

Devido ao facto de praticarem um som semita e de todas as mensa-gens que fazem passar com a vos-sa música acham que vocês têm um papel importante no combate ao ódio entre Israelitas e Árabes? Acham que os Arkan podem ser um começo para eliminar o racis-mo e todo este ódio?Nestes tempos de tensão geopolítica, Salam é um termo mais universal que nunca: é o equivalente a “Shalom” e “Salem” do Hebraico. Esta mensagem universal é fundamental para a banda pois dá mais importância a valores co-muns que unem os povos do que todas as diferenças que levam ao isolamento.

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A nossa tour com os Orphaned Land aumentou a nossa convicção de que a paz entre os povos não é uma utopia. Tal como disse anteriormente, perce-bemos que não éramos assim tão dife-rentes e criou-se toda esta cumplicida-de entre nós. Estamos convencidos que apesar de todas as nossas diferenças podemos viver em harmonia sem nos matar-mos uns aos outros por coisas absurdas. O facto de ter havido uma tour entre uma banda Israelita e uma banda Francesa com membros Norte--Africanos só mostra que a música tem mais poder que as tensões geopolíticas e pode levar a uma maior solidariedade entre os povos através do diálogo e da partilha. É óbvio também que não nos podemos esquecer que fazemos músi-ca para transmitir alegria e passar um bom bocado no palco. A dimensão po-lítica da banda deve ser relegada para segundo plano.

Em “Salam” podemos ouvir a magnífica voz de Sarah Layssac. Na minha opinião, a mistura dos

papel importante na história da banda; eles ajudaram a construir este projecto e a Sarah está entre eles.

Vão tocar em Marrocos durante o mês de Maio. Podemos contar com uma tour Mundial?Infelizmente a nossa participação foi cancelada pelo festival. Estamos ago-ra a aguardar por uma oportunidade de tocar em África, América e Ásia. Os nossos álbuns são vendidos em todo o mundo e neste momento estamos a marcar uma tour Europeia a começar no final de 2011. E porque não ir aos Estados Unidos em 2012...

Para concluir, queres dizer al-guma coisa aos leitores da In-fektion?Muito obrigado pela entrevista. Podem encontrar mais informação sobre nós no nosso site oficial www.arkan.fr ou então no nosso MySpace ou Facebook. Fiquem atentos!

Entrevista: Joel CostaFotografia: Daniel Besikian

vocais clean com os growls do Flo-rent é uma das coisas que faz dos Arkan uma banda tão especial. Como a encontraram?Conhecemos a Sarah num dos nossos concertos. Nesse tempo ela era vocalis-ta de uma banda de Metal chamada The Outburst. Estabeleceu-se uma amizade entre nós e as suas habilidades vocais, bem como o domínio do Árabe fez com que quiséssemos trabalhar com ela em “Hilal”. Ela concordou logo em coope-rar connosco. Tendo em conta que ela vem da Algéria, a ideia de usar as suas raízes Norte-Africanas para cantar foi algo que lhe interessou bastante. Ela adapta-se muito facilmente a todo o tipo de voz, desde o Rock ao Oriental. Queríamos muito trabalhar com ela e estamos profundamente satisfeitos pela arte que criamos juntos. Depois da Sarah ter gravado a voz em “Hilal”, decidimos convidá-la a fazer as tours com os Septicflesh e os Orphaned Land para dar continuidade a esta aventura e colaboração. Todos aqueles que partici-param nos projectos dos Arkan têm um

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A fumaça do meu cigarro dança pelo ar e sai pela janela, voando até aos

fumos que as chaminés altas das fábricas cospem. Na mesa-de-ca-beceira, dois incensos queimam, tornando o ar pesado e mergul-hado num cheiro detestável que lembra as concentrações doentias de gente com peste. Os meus ol-hos ardem devido ao cansaço e ao excesso de uso das lentes de con-tacto. Um vapor malcheiroso sai da minha boca e cola-se ao vidro. Faz frio lá fora; aqui dentro está tudo demasiado quente, dema-siado húmido. E isso coze os chei-ros, as comichões, o suor que se derrete pela minha pele e faz de mim um homem asqueroso. Do outro lado da rua, um lago verde abre-se para o céu, mostrando todas as suas intimidades. Pro-vavelmente lá também cheira a podre. Adoro ver a névoa esmer-aldina que se evola nos remoin-hos das pequenas ondas que o vento invernoso provoca. Encaro o próprio lago que se enlaça no

humana. Agora está tão linda, tão perfeita. Agora ela é tudo, para além da vida. As lágrimas correm-me ao apreciar a beleza insuportável da morte.- Querida Maria, agora podes ser feliz.Aproximo-me dela e beijo-lhe os lábios pálidos. Um bafo de verme atinge-me na cara. A minha masculinidade entesa-se diante daquele espectáculo de cores e vapores. Porém, antes de seq-uer despir-me, a imagem de um homem mancha a visão perfeita a que os meus olhos se habituaram.- Levante-se. Está na hora da medicação. Encaro o homem. Filho da puta. Entra sempre na altura da glo-rificação, no provar das texturas, no beber dos líquidos mornos daquele corpo.- Levante-se! - repete ele. E, de repente, volto à estaca zero: o quarto é novamente branco e, em cima da cama, apenas morre uma velha almofada.

chão do meu quarto formado pelo meu sémen, por vísceras descoal-hadas, por um fio de corrimento vaginal, por gangrenas e pedaços que fazem lembrar os fígados das galinhas. Todas essas porcarias da morte nadam numa bonita poça de sangue. E o fedor que dali é parido? - um miasma que se cola aos pêlos das minhas nari-nas provocando-me uma vontade descontrolada em vomitar. Um líquido amarelo e viscoso rompe da minha boca. Por um segundo, o cheiro avinagrado do vómito di-luí toda esta atmosfera encardida de podridão. Encaro a cama e o corpo que nela está depositado. A mulher olha-me, embora sem olhos. Eles estão algures no mar de sangue da alcatifa. O cadáver apodrece de uma forma sensual. Só de mirá-lo sinto o desejo em saciar os meus prazeres. Uma aura purulenta sobe pelo corpo, parida pelos órgãos que se ex-põem do corpo aberto. Toda ela é um pedaço de carne retalhado. Toda ela deixou de ser feia, de ser apenas mulher, de ser apenas

SOBRE A ESCRITORA:Valentina Silva Ferreira1988, Ilha da Madeira.

Mestranda em Ciências Jurídico-Criminais. Au-tora seleccionada para as antologias brasileiras de contos: Cursed City e Série VII Demónios da Editora Estronho; e-book Lugares Distantes da Editora Infinitum e Jogos Criminais II da An-dross Editora. Colaboradora das Revistas on-line Magazon e Benfazeja. Autora da rubrica Estórias do Arco-da-Velha da Revista JA.

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Após o vosso primeiro re-gisto “Dzherelo” (EP de 2010), este novo split MCD

mostra-nos uns Viter mais vira-dos para as raízes do folclore eu-ropeu ancestral. Esta é uma direc-ção para continuar?

VITER: Olá! Em primeiro lugar, gostaria de agradecer o vosso contacto para esta entrevista e

saudar todos os que nos acompanham em Portugal! Nesta fase, estamos a ter-minar a composição das canções para o nosso primeiro longa-duração e, como até aqui, continuará a ser mais experi-mental que o material anterior. O som é mais denso e rico em termos rítmicos, mas também mais contemporâneo e até um pouco industrial. Definitivamente, será algo bastante especial – uma mis-tura de metal, alternativo, folk e sons sintetizados.

Como têm sido as reacções dos vossos fãs ao split “Diva Ruzha”, até ao momento?VITER: Normalmente, tem sido uma reacção bastante calorosa. Contudo, algumas pessoas costumam perguntar--nos: “porque mudaram a vossa ima-gem?” ou “o que é que o nosso som tem a ver com música tradicional?” A isso respondemos que nunca iremos parar de procurar novas ideias, sonoridades

Por terras ucranianas, os Viter resolveram mergulhar um pouco mais fundo na conjugação do metal com apontamentos folk, através da colaboração com os Kings and Beggars (uma banda de folk medieval revivalista). A Infektion trocou algumas impressões com os autores do original mini-álbum “Diva Ruzha” - que, infelizmente, poderá vir não a ter sucessor.

e uma forma diferente de apresentar esses elementos. Não nos importamos em parecer “certinhos” aos olhos dos outros. Quer Viter quer Kings and Beg-gars partilham uma forte paixão pela música folclore ancestral. Acreditam que esta foi a principal razão para a vossa união criati-va neste trabalho (e que, no final de contas, acabou por ditar uma orientação sonora mais virada para o folk)?VITER: A princípio não tínhamos planeado para criar este mini-álbum e pretendíamos gravar apenas uma mú-sica juntos. Mas, assim que começámos a trabalhar, ideias novas foram apare-cendo e considerámos de imediato em ir mais além. Depressa nasceu a con-cepção do disco. Não acho que os Kin-gs and Beggars nos influenciaram de alguma forma ou vice-versa. Para ser honesto, não foi fácil tomar as melho-res decisões durante o processo criati-vo - cada um de nós tinha o seu próprio ponto de vista e, muitas vezes, defen-deu-o com unhas e dentes.

Esta aliança é bastante original, assim como o resultado final. Acreditam que é possível elevar este projecto a outros níveis, no-

meadamente através da realiza-ção de uma digressão em conjun-to ou do lançamento de um LP?VITER: Não rejeito a possibilidade de uma colaboração futura mas é algo que não faz parte dos nossos planos ime-diatos. Temos trabalhado com afinco nas novas canções e mal posso esperar gravá-las e tocá-las ao vivo. Espero, sin-ceramente, é que o próximo disco seja um “novo patamar” para os Viter.

Os Viter são a primeira banda em que o vosso vocalista Viterzgir utiliza vozes limpas. Sentem que esta colaboração com os Kings and Beggars vos ajudou a demar-carem-se dos restantes projectos em que ele está envolvido?VITER: Penso que o próximo disco de Viter irá para territórios bastante afastados do folk metal e de géneros similares. E gostamos que assim seja. O principal objectivo nas nossas vidas é a música em si, e esperamos que não viver a vida em vão. Por vezes, o público gosta de ver alguma ideologia por de-trás dos Viter, nomeadamente com im-plicação política ou religiosa. O único conceito associado a Viter é uma pro-funda busca interior e a reflexão sobre o que nos rodeia, sentimentos e paixões. Agradeço a todos por lerem esta entre-vista e ouvirem os Viter!

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Qual é a ideia por detrás deste split CD?

KINGS & BEGGARS: A ideia foi espontânea, e começou quase em

jeito de piada: embora lá gravar um álbum em conjunto. Encarámo-lo com algum cepticismo e duvidámos que pu-desse ser útil para nós. Contudo, acabá-mos por considerar uma boa experiên-cia a colaboração com um grupo de um género musical tão diferente do nosso. E, realmente, foi um trabalho interes-sante e eficiente para nós enquanto músicos. Tudo partiu da canção “Diva Ruzha”, que foi arranjada ao nosso es-tilo e cantar em ucraniano a música folk sueca “Vänner och fränder” (que é in-terpretada por muitos outros grupos).

Porque razão optaram por temas de raiz folclórica provenientes de vários países?KINGS & BEGGARS: O nosso re-pertório é composto por vários temas originários de muitas nações europeias entre o século XII e XVI. Pensámos que, se pudéssemos variar o nosso ál-bum com canções de diferentes países, torná-lo-íamos mais interessante. A ideia da canção “Diva Ruzha” partiu do Viterzgir, e oferecemo-nos para expan-dir este split MCD com a canção bretã “Ai Vis Lo Lop” e a música letã “Migla, Migla, Rasa, Rasa” escrita pela banda de metal da Letónia Skyforger tendo por base uma letra popular.

O facto de coleccionarem muitos instrumentos feitos à mão deve ser um esforço dispendioso, mas que comprova a intenção e auten-ticidade do vosso projecto. Além disso, como foi o desafio de gra-var todos eles?KINGS & BEGGARS: Sim, a recons-trução de instrumentos medievais fei-tos à mão é um esforço caro, mas como somos todos entusiastas de música an-tiga, não resistimos em comprar mais um instrumento e em tocá-lo. Nem chegou a metade da nossa colecção o número de instrumentos que foram utilizados nas gravações deste álbum. Estes instrumentos são realmente um desafio para gravar porque um ouvinte contemporâneo não está habituado ao seu som e o nosso trabalho não deve ser apenas achar o seu som certo, mas misturá-los com a totalidade do álbum. Além disso, não há nenhuma indicação exacta como o engenheiro de som deve captar estes instrumentos. E nós expe-rimentámos alegremente com eles.

A vossa música tende a ganhar uma energia especial quando to-cada ao vivo. Qual é o principal público dos Kings and Beggars? Acreditam que com este disco po-dem alargar o vosso leque de se-guidores também para os fãs de metal?KINGS & BEGGARS: O nosso pú-

blico é muito eclético. Certamente que é composto por fãs de folk em geral e apreciadores de música antiga, mas entre eles há muitos admiradores de metal e não é surpreendente que assim seja porque o nosso som não é mains-tream. Supomos que este disco nos irá apresentar a mais pessoas e talvez o nosso público se possa expandir.

As canções presentes em “Diva Ruzha” são muito festivas e soam a convite para a diversão - o que se opõe em certa medida ao sen-timento agressivo predominante entre os apreciadores e pratican-tes de metal. Porque razão o pro-duto final, apesar da colaboração com os Viter, acabou por soar mais a folk?KINGS & BEGGARS: Para nós, o muito estimulante e interessante nes-te álbum foi congregar dois tipos dife-rentes de música. Tanto o folk como o metal são enérgicos, além de o folk e música antiga terem raízes profundas. Achamos que todas as correntes musi-cais provêem do folk. E nós tentamos manter as canções folk inerentemente presas a um estado de espírito popular apenas ligeiramente pintadas com as trevas e o poder do metal.

Entrevista: José Branco

“Achamos que todas as correntes musicais provêem do folk. E nós tentamos manter as canções folk inerentemente presas a um estado de espírito popular

apenas ligeiramente pintadas com as trevas e o poder do metal.”

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Uma das coisas que me le-vou a querer conhecer-vos foi o facto do vosso novo

álbum, “Infektion 1813” ter o mesmo nome que a nossa revista e pela data de lançamento ser no meu aniversário. Acabei por me tornar fã! Estão satisfeitos com este novo registo discográfico?Cruor: Mas que coincidência interes-sante e fico muito contente por teres gostado! Estou absolutamente satis-feito com o resultado final deste disco. Estou contente com todas as músicas e com a performance de cada membro do grupo. O som está excelente!

No início do ano assinaram com a Season Of Mist. O que é que isto vai significar para vocês?Espero que isto signifique apenas o me-lhor para nós. A Season Of Mist está a fazer um bom trabalho até à data. Ago-ra vão levar este novo álbum à linha da frente e infectar o mundo inteiro com a nossa doença.

Existe algum conceito geral em “Infektion 1813”? Quando escre-vem as vossas músicas procuram seguir um tema mútuo ou não se preocupam com isso e escrevem sobre qualquer coisa?Existe um conceito, sem dúvida. O tema principal é sobre a batalha entre as nações em 1813. Esta guerra teve grandes efeitos na Europa, na relação entre as nações, afectando depois o res-to do Mundo. Foi como uma infecção - “Infektion 1813”. A guerra de 1813 teve um papel importante na nossa música, tal como a Primeira e Segunda Guerra Mundial em CDs anteriores.

Eu gosto de temas de guerra e a guerra parece ser a vossa atmos-fera. Acham que as guerras mun-diais influenciaram a música, particularmente o Black Metal?A guerra é algo extremo. O Black Me-tal é música extrema. Acho que é por causa disto que os apreciadores de Black Metal e as bandas se dão muito bem com este assunto. Uma vez que as

Grandes Guerras foram as mais cruéis da história da humanidade, encaixam perfeitamente na descrição deste gé-nero musical. As guerras tiveram uma grande repercussão em nós uma vez que somos alemães e a história mudou o nosso país. Por isso ainda podes ver e sentir os danos que uma guerra faz.

Qual é a opinião da banda em re-lação ao National Socialist Black Metal? Sei que algumas pessoas vos colocam esse rótulo...Não quero saber da música nacional socialista para nada. Ouço bandas de todo o mundo. Preocupo-me com a música e não com as suas origens. Te-nho amigos em todo o lado - uns têm um tom de pele escura, outros clara. Quem diz que estamos metidos nes-se tipo de movimentos não passam de mentirosos estúpidos que gostam de espalhar rumores. Devem fazer isto por se sentirem insatisfeitos ou aborreci-dos com as suas próprias vidas.

“Infektion 1813” apresenta um novo vocalista que aparenta ser uma excelente arma para os En-dstille. O que é que a presença deste novo membro mudou na vossa banda? Atrasou de alguma forma a gravação deste álbum?Em primeiro lugar devo dizer que o Zingultus fez um excelente trabalho em “Infektion 1813”. Ele impressionou-me bastante. A secção instrumental de

Endstille vive em Kiel, que fica no norte da Alemanha, próximo do mar Báltico. O nosso vocalista é de Aachen, que fica próximo da fronteira com a Holanda / Bélgica. Existe uma grande distância entre nós e tivemos que trabalhar neste disco de uma maneira diferente da que podíamos ter trabalhado se fossemos da mesma zona. Assim sendo escreve-mos as músicas e fizemos a pré-produ-ção em Kiel. Depois disso mandamos as músicas para o Zingultus e ele come-çou a escrever as letras. Assim que to-das as faixas ficaram prontas iniciamos as gravações e recebemos o nosso voca-lista aqui no norte para gravar a voz no nosso estúdio. Só precisas de te saber organizar e tudo corre bem!

Para concluir, o que podemos es-perar de Endstille daqui para a frente?Black Metal feio e agressivo, tal como deve ser. E sem dúvida alguma: Sem piedade! Foda-se!!

Entrevista: Joel CostaFotografia: Julien Etienne

“Não quero saber da música nacional

socialista para nada. Ouço bandas de todo o mundo. Preocupo-

-me com a música e não com as suas

origens.”

“As guerras tiveram uma grande repercussão em nós uma vez que somos

alemães.”

Como não podia deixar de ser, a nova proposta dos Endstille fala-nos de guerra, pois é guer-ra que este colectivo alemão respira. A banda cedeu-nos uma entrevista onde falou do novo vocalista, dos métodos de gravação e dos problemas que as guerras trouxeram à sua nação. Fiquem com as palavras de Cruor:

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O mundo de OMNIUM GATHERUM ou simplesmente OG como agora preferem ser chamados, é revelado pelo vocalista Jukka Pelkonen, que manifesta a intenção da banda de prosseguir caminhos que realcem a originalidade sem comprometer a consistência e profundidade da sua música.

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Falem-nos um pouco da es-colha do nome da vossa banda.

Jukka Pelkonen – A escolha foi feita num dia por acidente. E o nome da banda tem provado a sua exatidão, considerando que quer dizer reunião de tudo e todos. A verdade é que se têm verificado muitas alterações no coletivo e muitas mudanças de editora durante o percurso de vida da banda. Hoje em dia preferimos chamar-nos simplesmente OG.

Cada uma das vossas canções contém um mundo lá dentro. Como se atinge esse nível de ri-queza?Bem, é uma combinação de coisas. Anteriormente (antes do álbum “New World Of Shadows”) tínhamos dois compositores na banda e nessa altura a diversidade e riqueza resultava desse facto. Tem sido também um dos nos-sos principais objetivos soar tão origi-nal quanto possível, mas não de uma forma que prejudique outros objetivos, como evoluir sempre enquanto banda e enquanto músicos. Também as letras desempenham um papel importante no todo. Nós sabemos discutir entre todos, de forma a não existir medo de qualquer tirania individual. Por isso, a chave é a cooperação.

Parecem destemidos na explora-ção musical. É assim que se sen-tem?Sim, na verdade sentimos. No entanto, permanece o facto de as explorações não serem intencionais, mas mais o re-sultado global de sentimentos e vibra-ções de cada uma das estações. Gosta-mos de manter uma certa frescura e ainda assim manter uma direção firme na evolução da nossa música e letras.

A primeira regra é ser?É isso. Basicamente é um facto incons-ciente que toda a gente conhece. A pri-meira lei da “vida” é SER.

As vossas letras são bastante inte-ressantes e intensas. Um pedaço de boa escrita… Quão importan-tes são as palavras (a quantidade certa)?São muito importantes. OG sempre (bem quase sempre, nos primeiros tempos foi um pouco diferente devido à juventude da banda) teve standards elevados no que respeita a letras. Eu próprio dou grande importância às le-tras porque não quero dar aos nossos ouvintes umas merdas meio amanha-das. Não quero entrar em detalhes, mas posso dizer que é dedicada muita atenção ao processo de escrita de uma forma geral. O anterior vocalista da banda era também um excelente le-trista, por isso a reputação OG de ter letras consistentes é merecida. Quanto à quantidade, é difícil dizer. Existem as palavras que são precisas.

Como constroem uma canção? Por onde começam? O nosso processo de construir uma canção é bastante simples e eficaz. O Marcus, nosso principal compositor tem imensos riffs e canções em diver-sas fases. Eu forneço uma base para a letra da canção em causa. Depois vamos para a nossa sala de ensaios e começamos a trabalhar a canção até à sua forma final. Às vezes leva imenso tempo, outras vezes não. Raramente acontece irmos para o Quartel-Gene-ral OG e começarmos do zero. Mas já aconteceu. E não vejo porque não pos-sa fazer também parte do nosso esti-lo de composição no futuro. Por isso, existem várias formas e escolhemos a melhor para cada ocasião.

O som progressivo está muito presente nas vossas canções. Isso faz parte da identidade da vossa banda?Sim, no passado foi uma parte impor-tante mas agora nem tanto. Se o pro-gressivo se ajusta a uma canção em particular usamo-lo. No entanto, pode-mos facilmente fazer uma canção que é apenas uma batida de metal puro. Por isso fazemos o que gostamos, e temos mesmo que gostar de uma canção an-tes de a lançarmos.

A vossa música quase que altera estados de espírito. Estão cons-cientes disso?Penso que estamos. E esse é verdadei-ramente um dos nossos objetivos. Que-remos dar aos nossos ouvintes uma certa variedade de estados de espírito

e de sentimentos. Na minha opinião é subestimar o ouvinte oferecer a mes-ma receita disco após disco. E isto não quer dizer que não tenhamos um estilo distinto. Hoje em dia combinamos as duas vertentes da melhor forma.

As imagens que constam nas ca-pas dos vossos álbuns têm sem-pre algo em comum, um certo esbatido. É a marca de Olli La-ppalainen enquanto criador ou é a sua ideia do visual de Omnium Gatherum?Trocamos sempre ideias com o Olli quando começamos a pensar no con-ceito de cada álbum. Envio-lhe algu-mas letras e falo com ele acerca dos conceitos base e temáticas das letras. Também a música desempenha uma parte importante no processo pois o visual de OG é uma combinação de três mentes: o pintor, o compositor e o letrista.

Vêem as canções como momen-tos?Não estou certo do que queres dizer aqui. Poderiam ser uma espécie de momentos. Mas não individuais pois estão tão ligados uns aos outros. Como na vida, um momento nunca é um mo-mento até que o começas a viver.

Onde é que uma banda como a vossa ensaia?Temos uma casa de madeira super porreira com dois andares. Está habi-tável, por isso até poderíamos viver lá se quiséssemos. Na verdade temos um Quartel-General fantástico.

Esta é para o Marcus Vanhala… Com quem trocarias de guitarra?Marcus Vanhala – Com alguém que tivesse uma Jackson RR USA.

Entrevista: Mónia Camacho

“Tem sido também um dos nossos

principais objetivos soar tão original quanto possível.”

“Queremos dar aos nossos ouvintes uma

certa variedade de estados de espírito e

de sentimentos.”

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O que podemos esperar des-te novo álbum “Human Romance”?

Mike Schleibaum: Bem, eu acho que é uma interpretação mais moderna da mesma banda. Os Darkest Hour tive-ram diferentes tipos de som nos seus lançamentos mas todos soam como se fossem da mesma banda. Acho que este é o truque, pois queremos que todos os discos tenham a sua própria identida-de e este novo disco é o mais único de todos.

Quem escolheu o nome “Human Romance”? Quais foram as influ-ências para esta escolha?Creio que foi o John, o nosso vocalis-ta. Ele costuma ser o responsável pelas ideias conceptuais e todas essas coisas quando chega a altura de gravar discos. Foi uma escolha dele mas lembro-me de ter gostado assim que ouvi e ainda hoje gosto. Acho que assenta muito bem com todas as ideias dele e se vi-res bem as letras e os temas deste disco podes reparar que o sentido e o pensa-mento por trás deste conceito torna-se muito mais interessante.

O que pretendem trazer-nos, à vossa audiência, com o este novo lançamento?Acho que é algo melódico e sombrio e ainda assim épico que retrata o sofri-mento humano, com a esperança enro-lada numa sandwich de Death Metal e servido com uma pequena dose de ati-tude Punk. Para mim é o álbum mais completo dos Darkest Hour até à data. Nem tudo ficou como eu esperava que ficasse mas no fim ficou algo bem es-pecial. Como é que vocês se vêem no pa-norama do Metal?Acho que nos vimos sempre como uns desajustados que nunca se integraram.Levamos tudo na desportiva... A me-lhor coisa a fazer quando estás nes-te meio é fazeres o que o coração te manda, por isso preocupo-me cada vez menos com a minha posição na cena

Metal e dou mais importância a dizer aquilo que quero.

Certamente, há sempre algo que nos marca ou nos dá mais orgu-lho. Pessoalmente para a banda, qual dos álbuns para vocês foi o mais hardcore e o que vos deu mais gozo em fazer até à data?Honestamente, acho que “Mark Of The Judas” foi o meu favorito de gravar mas isso é olhar para trás com muita perspectiva. Divertimo-nos muito ao gravar, mas em alguns, como hei-de di-zer... É difícil chegar a uma conclusão. No final de contas nao é assim tão fácil gravar um álbum que gostes e no qual tenhas que suar um pouco. Quanto a mim, estou disposto a suar o que for preciso.

Penso que esta seja uma pergunta algo complicada mas qual é, para vocês, o tema mais chamativo e pragmático neste novo álbum?O tema central baseia-se na nature-za animal do Homem, mais óbvio na música “Savor The Kill”. Todo o álbum está centrado nisto.

Este álbum foi gravado na Ca-rolina do Norte. Em que difere “Human Romance” dos outros ál-buns gravados em Vancouver ou Suécia? E de que maneira acham que isso influenciou os vossos ál-buns?O local onde te encontras influencia muito o estado mental e todas essas coisas. Foi bom estar perto de casa mas a Carolina do Norte não é daque-les locais que me faça sentir em casa... Gostei muito de Vancouver e da Suécia, mas para mim, estar no meu quintal em Baltimore (Maryland) é tudo. Ju-rei a mim próprio que nunca iria dizer isto mas a verdade é que os CDs que gravamos no “Salad Days” (Baltimore) sempre foram especiais para mim.

Ao longo destes 15 anos vimos muita mudança e evolução na vossa música. Sentiram alguma

diferença durante este tempo que passou? Se sim, de que maneira?Sim, por vezes sentes que estás fora--de-jogo ou até mesmo velho mas a fi-nalidade da música é a aprendizagem e a adaptação e tivemos sorte em fazer ambas as coisas durante estes anos.

Desde que começaram, em 1995, tiveram muitas editoras e produ-tores. Alguma vez as vossas músi-cas sofreram com isso?A música tem vindo a evoluir mas vem sempre do coração, por isso qualquer coisa que tenha sido feita ou tenha acontecido com a música no processo de produção é apenas parte deste meio. No final de contas, as músicas são o que são depois de muita luta e muita dor. Sentimos que cada produtor fez o melhor que sabia para fazer de cada disco algo especial à sua maneira.Se pudessem escolher um país ou um local para um concerto, qual escolheriam?Adoro isto aqui em Washington, mas é sempre bom ir a Budapest, Hungria, Trier, Alemanha e quem se pode esque-cer da Grécia?! - um dos meus locais fa-voritos no Mundo inteiro.

E planos para um concerto em Portugal?Sim, não sei dizer com quem mas vai acontecer e vemo-nos por aí. Esperem pelo final deste ano!

Já agora, conhecem alguma ban-da de Metal portuguesa?Infelizmente não. Quando estou em tour acabo por passar o meu tempo no meu pequenino mundo. Vou ver se co-meço a ouvir umas bandas Portuguesas e em breve estaremos a festejar todos juntos por aí. Mal posso esperar por isso!

Entrevista: Tatiana Ferreira

Nas palavras de Mike Schleibaum, guitarrista dos norte-americanos Darkest Hour, gravar um álbum não é coisa fácil, mas é algo que no fim acaba por compensar. Com 15 anos de estrada atrás das costas, o porta-voz dos Da-rkest Hour falou-nos do percurso difícil, dos seus sítios favoritos para actuar e gravar e sobre “Human Roman-ce”, a proposta mais recente da banda.

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Em primeiro lugar dou-vos os meus parabéns pelo vosso novo trabalho. Está simples-

mente espectacular! Como descre-vem “Bleed”?Obrigado! Este álbum é uma mistura de brutalidade com um ambiente melódico. Pegamos no peso do Death Metal e com-binamos isso com um som progressivo. É algo bem diferente do que fizemos no nosso álbum interior, “Iniquity”.

Na minha opinião, “Bleed” é um álbum muito maduro. Como foi o processo de composição e quais foram as vossas principais influên-cias para criarem esta obra de arte?O processo de composição foi muito fá-cil e relaxante. Nós tínhamos as ideias em casa e depois trabalhávamos as mes-mas no nosso estúdio. O nosso produtor Matt Johnson foi muito útil e parecia ter

uma boa noção sobre o caminho que irí-amos seguir. As influências neste álbum baseiam-se em experiências pessoais... Dor, dificuldades e a nossa visão do mun-do e da sociedade como um todo. Temos também algumas bandas que nos in-fluenciam tais como os Meshuggah, The Acacia Strain, Tesseract e muitos outros. Tal como disseram anteriormen-te, “Bleed” é diferente daquilo que apresentaram no vosso trabalho anterior. O que mudou?“Iniquity” foi muito simples e directo. Foi um álbum rebelde e não pensamos noutra coisa senão abordar o ódio intenso que te-mos pela igreja e a sua corrupção e todas as coisas horríveis que isso tem causado. Muitas das letras eram muito ofensivas e embora tenhamos sido desprezados pelos fãs mais antigos, acreditamos que as le-tras mais antigas limitaram o nosso cír-

culo de fãs. Já o novo álbum, basicamente é o amadurecimento do nosso som e da nossa banda, pois tiramos tempo sufi-ciente das nossas vidas para experimen-tar coisas novas e escrever letras boas e com significado. As gravações de “Bleed” demoraram cerca de seis meses e espera-mos que esteja do agrado dos nossos fãs. O título do vosso novo álbum, bem como todas as músicas que constam no alinhamento têm apenas uma palavra. Isto foi algo intencional? Se sim, porquê?Podemos dizer que teve um pouco das duas. Foi algo intencional mas foi ao mesmo tempo algo natural. Não gos-tamos de nomes extensos nas músicas. Reparamos que existe uma tendência em

“ISTO É APENAS O INÍCIO DOS CATALEPSY.”

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algumas bandas para escolherem uma frase para o nome de uma música e isso torna-se um pouco irritante. Ao mesmo tempo, sentimos que as nossas músicas não necessitavam mais do que uma pa-lavra para o título. Sentimos que cada música podia ser resumida em apenas uma palavra e fomos em frente com isso. Quais eram os vossos objectivos na altura em que formaram a banda?O objectivo dos Catalepsy era apenas to-car com os nossos amigos. Somos pro-venientes da cena musical de Orlando e fomos uma parte importante disso por algum tempo. A nossa cena está repleta de grandes pessoas com as quais gosta-mos de conviver. Queríamos fazer parte de algo onde os miúdos que não eram

“cool” na escola podiam ir. O nosso prin-cipal objectivo na altura da formação da banda era tocar com bandas maio-res, em palcos maiores e tivemos sorte em ter conseguido isso logo de início. Ficou algum objectivo por cumprir?Temos sempre objectivos para cumprir. Isto é apenas o início dos Catalepsy. O nosso próximo grande objectivo é tocar na Europa. Mal podemos esperar por isso! Estamos constantemente a delinear novos objectivos, quer estejam relaciona-dos com tours, network ou a venda de ál-buns. Somos uma banda muito motivada! No meu perfil do Facebook escrevi algo como “A ouvir o novo álbum dos Catalepsy!” e muitas pessoas começaram a inserir “likes” nes-se update. Conhecem Portugal e as nossas bandas de Metal?Como banda estamos sempre muito ocu-

pados mas tentamos estar a par das di-ferentes áreas e respectivas bandas. Já fomos convidados para tocar em Portu-gal anteriormente e esperamos conseguir passar por aí ainda este ano! Seria algo de-vastador, bem como conhecer novos fãs. Vocês agora devem entrar em tour depois da saída de “Bleed”. O que podemos esperar dos Catalepsy da-qui para a frente?Sim, vamos tocar sem parar assim que o álbum saia. Podem contar connosco no Canadá, Europa e possivelmente na Aus-trália e no Japão. Estamos destinados ao sucesso e não vamos parar. Comprem o nosso álbum!

Entrevista: Joel Costa

“ISTO É APENAS O INÍCIO DOS CATALEPSY.”

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Um dos projectos mais interessantes a derivarem do Black Metal, os britânicos A Forest of Stars, surgem com um novo fôlego após a reedição dos seus álbuns pela Prophecy. Estivémos à conversa de volta à Inglaterra da era vitoriana com o vocalista Mister Curse e o teclista The Gentleman.

A Forest of Stars acabam de reedi-tar os seus dois álbuns – disponí-veis na Europa pela primeira vez, através da Prophecy Productions. Quais são as expectativas para o mercado europeu? Sentem que o vosso som pode agradar mais aos fãs do velho continente?The Gentleman: Bem, em primeiro lugar, os nossos álbuns já estiveram dis-poníveis a nível europeu, mas em peque-nas quantidades, através de pequenas distribuidoras. O facto é que não foram muito promovidos, devido ao escasso or-çamento da nossa editora anterior. Fize-ram o seu melhor, mas, obviamente, era impossível equipararem-se ao que a Pro-

phecy está a fazer neste momento. Quan-to a expectativas, é algo sobre o qual não me tenho debruçado muito. Obviamente que seria bom se as pessoas compras-sem os álbuns, mas, honestamente, não pensei em vendas, uma vez tenho estado ocupado com tudo o resto. Por fim, sem-pre que tocamos ao vivo ou que alguém ouve o nosso disco, a tendência é que te-nhamos mais seguidores, como tal, sinto que chegaremos a mais gente com estas edições. De momento, somos uma banda pequena, por isso a margem de progres-são é grande; quanto a qual será o ponto de estagnação, não faço ideia.

O que nos podem dizer a propósi-

to do vosso ultimo longa-duração “The Opportunistic Thieves of Spring”? Qual é o conceito do dis-co?Curse: O conceito anda, sobretudo, em torno da injustiça e o desejo de destruir os mecanismos de controlo impostos à população em geral por meia dúzia de ricos arrogantes. O título “ladrões opor-tunistas da primavera” refere-se a alguns indivíduos que acharam bem tirar a vida de um homem bom devido à sua deman-da por dinheiro para alimentarem o seu saquinho de dependência. Que apodre-çam por dentro, mesmo enquanto respi-rarem.

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Fica a impressão que os vossos discos têm uma sonoridade algo díspar. Como justificam esta mudança (ou evolução)?The Gentleman: Eu não estou certo de que jamais iria sentir a necessidade de justificar o que fa-zemos, para não ser rude! Se as pessoas não gostam e/ou aprovam o que fazemos, isso é perfeitamen-te aceitável. No final, a razão pela qual os dois registos são diferentes (espero eu) é porque temos pro-gredido tanto como compositores e músicos, e o que ouvem no disco é uma evolução natural. Não havia nenhum plano específico, ou a ten-tativa de calcular o que fazer, só es-crevemos um álbum, e o resultado final é o que se pode ouvir.

O vosso som e imagem é bas-tante teatral (e trágico) dando vida aos elegantes tempos vi-torianos. Como é que surgiu esta ideia de fundir o Metal com esta era tão em particu-lar?The Gentleman: Foi por minha

culpa, e na verdade não me lembro ao certo porque sugeri que o fizéssemos, além da minha obsessão com o período, obviamente. Pareceu-me bem, se encai-xa com o que estávamos a fazer, mol-dando, espalhando e complementando a música, letras e temas. Meu Deus, como estou a ser pretensioso hoje! As minhas desculpas.

Apesar da base (Black) Metal do som, A Forest of Stars incorpora diferentes elementos de outros gé-neros musicais, para servir o con-ceito do álbum. No vosso processo de escrita, o que surge primeiro: a temática ou a música?The Gentleman: A música vem sem-pre em primeiro lugar, pelo menos a sua estrutura, e o Mister Curse terá todo o prazer de se sentar e escrever ao fundo da sala, para depois nos lançar ideias de todos os lados. Depois disso, a música e o conceito progridem em conjunto, e são frequentemente revisados ou eliminados se não estivermos satisfeitos. Não faz muito sentido trabalhar por muito tem-po em redor de um conceito, pois se este não funcionar agora, isso não sucederá depois de dois dias a espreme-lo, que é uma pena todo esse tempo desperdiça-do!

Ambos os discos de A Forest of Stars possuem um artwork fan-tástico, em particular as edições em vinil. Isto sucede porque os elementos da banda são coleccio-nadores de discos? Sentem que no Metal ainda existe um culto em re-dor do objecto físico, onde a emba-lagem é uma obra de arte conjuga-da com a música?The Gentleman: Absolutamente “sim” a todas as tuas perguntas. Eu amo a arte e o acondicionamento associado com os lançamentos - e tenho muitos exemplos interessantes na minha própria colecção de interpretações maravilhosas sobre os

diferentes formatos. Ter algo que podes segurar nas mãos, para olhar e abrir quando queres ouvir a música, ser um objecto que é inteiramente dedicado à música e não serve para outro propósito, é algo de que eu realmente gosto. Eu en-tendo a conveniência dos formatos digi-tais, downloads e por aí adiante, mas há algo que, infelizmente, se perde quando um disco se torna apenas uma lista de ficheiros num computador e, especial-mente, no nosso caso, isso não seria ab-solutamente representativo do que so-mos, penso eu. Esforçámo-nos, desde o nosso primeiro lançamento auto-finan-ciado, para oferecer algo interessante, diferente, algo que as pessoas gostariam de possuir. Se fomos bem sucedidos ou não, sinceramente não sei respon-der, e não cabe a mim dizer. Mas va-mos continuar a tentar o nosso melhor! Curse - Eu gostaria de pensar que ainda existem pessoas como nós por aí, com as almas analógicas. Eu não consigo ima-ginar a substituição de um registo por um download digital. É um pouco como a esterilização do artigo final. Perde-se muito com um conjunto de zeros e uns. É suposto ser uma experiência sensorial, e não uma conveniência sem alma.

A vossa música é bastante visual, por isso acredito que seja ambicio-so e dispendioso transpor todo o conceito para um palco. Agora têm um VJ que vos ajuda na criação dos ambientes visuais do espectáculo. É difícil encontrar salas adequadas à parafernália logística de que ne-cessitam?The Gentleman: Ah! Sim, muito. De facto, é bastante difícil encontrar espaço para todos os membros da banda, sem falar no equipamento. Mas tentamos fazer o que nos parece melhor, porque esta é uma parte significativa do que fa-zemos na vida e se só tivéssemos um par de lâmpadas e usássemos calças de gan-ga, não me sentiríamos bem. Realmente, seriamos muito menos parecidos com os pretensiosos palermas que somos, mas sacrifícios devem ser feitos.Curse: Que diabo é um VJ? Nós gosta-mos de dar um concerto que apele a to-dos os sentidos. De facto dá um montão de trabalho e o esforço de muitos para garantir que nosso “desfile desorganiza-do” não vacile demais! Temos sorte por termos algumas pessoas muito talento-sas a trabalhar connosco que proporcio-nam um cenário glorioso para a nossa pequena história de horror.

Quais são as vossas fontes de ins-

“O conceito anda, sobretudo, em torno da injustiça e o desejo de

destruir os mecanismos de controlo impostos à

população em geral por meia dúzia de ricos arrogantes.”

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piração (musicalmente e lirica-mente)?The Gentleman: Essencialmente, foram inspirados por essa onda par-ticular de Black Metal, em meados da década de noventa - Ulver, Ved Buens Ende, In The Woods ..., Arcturus, So-lefald, Monumentum, Primordial, etc. - quando as bandas de repente, mostraram a vontade sair dos limi-tes por onde se moviam os seus con-temporâneos, serem eles próprios e verem onde os levaria, que, como se viu, foi a uma miríade de lugares fantásticos, em todas as direcções e formas possíveis. Estávamos, obvia-mente inspirados por eles musical-mente, mas nem de longe, almejámos chegar onde eles conseguiram, a sua perspectiva ética e vontade de pensar “fora da caixa”. E eu não estou a colo-car-nos no mesmo pedestal que eles (bons deuses que eu nunca me atre-veria!), mas essa é a nossa inspiração mais directa - essa vontade de criar algo diferente. Somos também ins-pirados directamente por um imensa música folk, pelo progressivo dos 70’s e 80’s e montes de outras coisas.Curse: De facto. Devo ainda citar o Mr. Doctor dos Devil Doll como uma influência musical muito profunda para mim. Além disso, sinto que devo mencionar o Justin Sullivan dos New Model Army. Um homem que tem escrito algumas das letras mais co-moventes e genuínas que eu já tive a sorte de testemunhar.

“The Opportunistic Thieves of

Spring” foi inicialmente lança-do em 2010, nos EUA. Presumo que já estejam a pensar em novo material. Estou curioso: qual será a vossa direcção em termos de som e conceito?The Gentleman: Bem, eu não que-ro falar muito para já, pois estamos propensos a mudar de ideias ou até mesmo mandarmos fora um punha-do de canções, mas até agora escreve-mos algumas faixas e estamos imen-samente satisfeitos com o resultado. Musicalmente, também, é esperar para ver, mas garanto-vos que é na li-nha de A Forest of Stars, mas eu acho que algo mais do que isso, movendo--nos em mais direcções. Pelo menos é o que o que me soa a mim, outras pessoas podem pensar que soa exac-tamente ao que fizemos antes, por isso não vou adiantar muito mais, excepto para dizer que pretendemos entrar em estúdio no Outono.Curse: Como o meu colega diz: uma

vez que estamos numa encruzilha-da, porque não ir um pouco em cada direcção? Se não fosse por qualquer outro motivo que experimentar as vá-rias hospedarias ao longo do percur-so... Eu gostaria de pensar que nós dois podemos destilar e expandir o que temos feito até agora.

Vocês têm-se vindo a tornar-se numa banda de culto no under-ground. Como está a cena Black Metal por terras inglesas?The Gentleman: Na minha opi-nião, o cenário nunca esteve tão sau-dável. Há uma quantidade fantás-tica de excelentes bandas nas Ilhas Britânicas, actualmente, muitos deles nossos bons amigos. Quanto a recomendações, diria: Woden-throne, Winterfylleth, Dragged Into Sunlight, Haar, White Medal, Caï-na, Old Corpse Road, Sleeping Pe-onies e Fen são óptimos exemplos para começar. E agora eu vou ter problemas por me ter esquecido de algumas bandas maravilhosas. As minhas desculpas, se for este o caso! Curse: Embora realmente não pos-sa comentar sobre qualquer “cena” como tal, há alguns excelentes nomes responsáveis por fazerem música muito boa. Temos muita sorte de par-tilharmos o palco com muitos deles. Devo mencionar os Ethernal, neste momento - eu tenho ficado muito impressionado com a sua abordagem particular e a assertividade irrepre-ensível do seu som.

Entrevista: José Branco

“A razão pela qual os dois registos são

diferentes (espero eu) é porque temos progredi-do tanto como composi-tores e músicos, e o que ouvem no disco é uma

evolução natural.”

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+ INFO: http://www.facebook.com/event.php?eid=196587110377504

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Ao ouvir as vossas músicas novas apercebi-me de uma mentalida-de musical algo diferente da que tinham em trabalhos anteriores. Sentem a mesma coisa?Antes de mais obrigado à Infektion pela oportunidade de estarmos aqui a falar do nosso novo disco.

Não diríamos que existe uma diferença de mentalidade, até porque a forma-ção da banda é a mesma e continua-mos com a mesma atitude e a encarar a música que fazemos da mesma forma. Contudo, passaram 3 anos desde que gravamos o Confrontation of Souls. O

que sabemos, é que fazemos a música que nos vem da alma sem querer agra-dar a este ou aquele em particular. Se há pessoas que se identificam com a nossa música e a nossa postura, exce-lente. A crítica é sempre importantíssi-ma, pois sem ela não conseguimos evo-

Com um percurso sólido na cena metal nacional, os Switchtense voltam a ser notícia pelas melhores razões. Com um novo álbum no mercado já apontado como um dos mel-hores do ano, a banda prepara-se para novas batalhas e conquistar novos territórios. Eis Switchtense no seu melhor!

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luir. Contudo temos que perceber que não agradamos a toda a gente. As coisas quando são fundamentadas são sempre facilmente absorvidas, mas também sa-bemos que há pessoas que só criticam por criticar, não tendo nenhum senti-do construtivo naquilo que escrevem/dizem. Há que respeitar as opiniões de cada um e continuar o caminho sempre para a frente, pois nós fazemos isto por paixão, nada mais!

Como foi gravar “Switchtense”?Foi mais uma experiência muito enri-quecedora para todos nós, como mui-tas outras que vamos tendo ao longo do percurso. Desta vez gravámos o álbum no nosso estúdio, UltraSound Studios Moita, e foi o Pardal (um dos guitarristas da banda) que fez todo o trabalho de captação. Mais uma vez, o objectivo principal foi fazer um álbum honesto e coerente, que passasse para o CD tudo aquilo que a banda é e toca na verdade! Somos todos muito perfec-cionistas e não saímos do estúdio en-quanto a coisa não esté ao nosso gosto. Fizemos uma pré-produção exausti-va do disco 2 meses antes da gravação para nos prepararmos melhor. Assim, com este processo, cada um teve tem-po de sobra para ver os seus detalhes pessoais e no conjunto ver o que pode-ria resultar melhor. Obviamente que o facto de o termos gravado no nosso estúdio facilitou as coisas, contudo há que referir que o estúdio também foi totalmente construído por nós e com a ajuda de alguns amigos e quando as coi-sas assim são o sabor é muito melhor. Gravámos o álbum em 5 semanas que foram muito trabalhosas e produtivas ao mesmo tempo. Não tivemos pausas durante a gravação, o que nos concen-trou muito mais no trabalho que está-vamos a fazer. Foi um período muito importante, como é óbvio, pois tivemos que dar o máximo de nós para nos con-seguirmos superar e fazer as coisas com muita atenção ao pormenor e ao deta-lhe! Nada neste álbum foi deixado ao acaso, e foi tudo trabalhado minucio-samente para que o resultado final nos agradasse!

Trabalharam uma vez mais com o Daniel Cardoso. Estão satisfeitos com o resultado final?Sem dúvida alguma…aliás, essa ques-tão é facilmente respondida: trabalhá-mos com o Daniel exactamente porque sabíamos que ficaríamos satisfeitos com o resultado final. O Daniel é único cé em Portugal, e não só… Na nossa opi-

nião estamos perante um dos melhores produtores da actualidade e o tem-po dirá e trará razão a esta afirmação. Numa altura em que passamos por uma crise gigantesca, não só financeira e so-cial, mas também a nível de valorização do produto Português, este é bem um exemplo de como cá dentro temos gen-te capaz de ombrear com o melhor que se faz lá fora, e mais que ombrear, fa-zer mesmo melhor! Portanto, trabalhar com o Daniel é sinónimo de profissio-nalismo, competência e uma oportuni-dade para as bandas Portuguesas evo-luírem cada vez mais nos seus registos de estúdio. Está tudo aqui bem perto de nós!

O lançamento de “Confrontation Of Souls” certamente subiu a fas-quia, fasquia essa que ultrapas-saram em larga escala com “Swi-tchtense”. No vosso ver, o que mudou? Houve alguma influência musical ou pessoal que propor-cionou este crescimento?O facto de termos tocado ao vivo um pouco por todo o lado fez com que as nossas capacidades enquanto músicos evoluíssem. Somos dessa escola, des-sa visão que ao vivo é que se apren-de, que se limam as nossas arestas e que se evolui ao mais variados níveis. O largo número de concertos que de-mos, e a oportunidade de termos feito as primeiras datas internacionais da nossa carreira, são oportunidades que não enjeitamos para evoluir e crescer! Tudo o resto é natural e resultado do nosso trabalho diário e da entrega pes-soal de todos os elementos a esta ban-da… todos nós nos deitamos e acorda-mos a pensar nos Switchtense e isso faz com que as coisas andem para a frente.

O que esperam conseguir alcan-çar, se é que ainda não o tenham feito, com este novo álbum?

Ainda nos faltam muitas coisas. A nos-sa lista de objectivos é larga e queremos alcançá-los todos. Queremos sobretudo chegar a mais gente com a nossa música e infectar mais algumas mentes a gos-tarem do que fazemos. É para isso que trabalhamos com todo o afinco. Para já queremos promover o novo disco cá em Portugal nos vários concertos que já temos marcados até Julho. Contudo, passa pela nossa cabeça ter mais datas lá fora com este álbum e diríamos que neste momento são esses os objectivos imediatos!

Como disseste, já têm algumas datas para a apresentação deste novo disco. Podemos contar com uma tour europeia para breve?Na sequência da resposta anterior, es-tamos a trabalhar nesse sentido. Já começamos com alguns contactos e es-peramos que sejam de resposta positi-va, pois é uma coisa que ambicionamos muito fazer.

Para concluir, querem dizer al-guma coisa a quem está a ler esta entrevista?Queremos agradecer a todas pessoas que nos têm seguido ao longo dos 9 anos que temos de banda e dizer a to-dos que estamos para ficar, mais fortes que nunca e com vontade de mostrar este álbum ao vivo e partilhar a nossa música, e toda a empatia que se pode criar através dela, com toda a gente! Queremos também deixar uma palavra para todos os que não apoiam o Metal que se faz em Portugal. Está na altura de reverem a vossa posição, pois existe um leque de bandas que já demonstra-ram capacidade e talento para cada vez mais serem reconhecidas aqui dentro e lá fora… só assim a cena sai fortalecida! Comprem os CDs, as t-shirts e vão aos concertos! Apoiem primeiro a cena Na-cional e só depois os outros!

Entrevista: Joel Costa

“Fazemos a música que nos vem da alma sem querer

agradar a este ou aquele em particular. Se há

pessoas que se identificam com a nossa música e a

nossa postura, excelente.”

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Na linha do melhor a que o catálogo da Prophecy Productions nos tem habituado, surgem os canadianos, Finnr’s Cane, detentores de uma sonoridade surpreendente e bastante original. The Bard (vocalista, guitarrista e violoncelista) esteve à conversa connosco.

Primeiro de tudo, parabéns pelo vosso incrível disco de estreia “Wanderlust”. Quais são os aspec-tos principais que gostariam de destacar sobre este lançamento?The Bard: Muito obrigado. Com “Wan-derlust” criamos um álbum que sempre quisemos ouvir. Resta-nos esperar que outros se sintam da mesma forma em relação a ele. Como têm sido as reacções ao ál-bum?

Até agora, as reacções têm sido melhores do que alguma vez tínhamos imaginado. No meu ponto de vista, os Finnr’s Cane concentram grande parte da sua paleta sonora num ambiente gélido e imerso em tristeza, co-lhendo elementos de uma ampla gama de estilos musicais e instru-mentos (como o violoncelo ou o órgão). Como descreveriam o vos-so som?Diria que é uma mistura entre pós-rock

e black metal, uma vez que tem a atmos-fera fria e som triste do black metal com ritmos e elementos estilísticos empres-tado do pós-rock. Mas eu diria que é mais do que apenas isso. Como mencio-naste, usamos imensas ideias de instru-mentação diferente, e na nossa música poderão ouvir um monte de influências, incluindo folk e jazz. É difícil encontrar comparações evidentes para o vosso som, em-bora alguns aspectos atmosféricos

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remontem ao metal escandinavo (variando de passagens doom, black e até mesmo referências épicas – na tradição de Bathory ou dos primórdios de Ulver). Ao mesmo tempo, adicionam-lhe, na mesma medida, passagens de guitarras limpas. Conseguem revelar-nos um pouco mais sobre o vosso processo de escrita, que culmina nesta sonoridade bas-tante original?Sim, é uma música pouco convencio-nal em termos de abordagem de escri-ta mas que, no entanto, parece funcio-nar muito bem para essa banda. Tudo começa com algumas palavras inspi-radoras, conceitos ou sentimentos e, em seguida, tentamos improvisar uma música que capte essa essência. As sessões resultantes de guitarra e bate-ria são gravadas e, posteriormente, o material é analisado por nós e aprovei-tamos as partes de que gostamos. Por fim, todos os outros instrumentos (tais como sintetizadores, violoncelo, vo-calizações, etc.) são adicionados para completar a música. Vocês não têm baixista neste ál-bum, e substituem-no em algu-mas partes pelo violoncelo. Se esta é uma opção deliberada, sentem que se pode tornar numa espécie de imagem marca da banda?Enquanto trabalhávamos no “Wander-lust”, apaixonámo-nos pela atmosfera fria e estranha resultante das grava-ções antes de adicionarmos o baixo. No final, decidimos deixar como estava, uma vez que é algo que poucas bandas têm feito. As partes que necessitavam de tons mais baixos eram simplesmen-te preenchidas com o violoncelo. Acho que agora podemos considerá-la uma marca estética característica da nossa banda.

Depois de assinarem com a Pro-phecy Productions, quais são as suas expectativas e planos para o futuro? Passam por tocar ao vivo para promover o disco?O nosso segundo álbum será lançado brevemente. Não há planos para uma digressão até o momento, infelizmen-te, mas é definitivamente uma possibi-lidade... “Wanderlust” foi lançado em 2010, mas agora tem uma nova edição pela Prophecy, com uma faixa extra. Acham que o vosso som terá mais aceitação na Euro-pa do que nos EUA ou no Cana-dá? Sim, parece que temos uma aceita-ção muito maior na Europa do que na América do Norte. Não sei bem o motivo, mas tenho ouvido as pessoas dizerem que temos um “som europeu”, talvez isso explique um bocado a situ-ação. Há já algum tempo que um mo-vimento pós-black metal vem ganhando forma, no qual as bandas têm vindo a evoluir e a incorporar outros estilos na sua música. Pensam que se encai-xam nesta categoria – o que o significa que o som dos Finnr’s Cane pode evoluir noutras di-recções no futuro, sem decep-cionar as fãs de “Wanderlust”? Eu acho que os Finnr’s Cane vão evo-luir bastante em cada álbum. Só espe-ro que cada disco possa ser tão bom como o anterior.

Para aqueles que não conhecem a banda, como surgiu a vossa for-mação?Os Finnr’s Cane iniciaram a sua activi-dade em 2008. O The Peasent e eu fa-zíamos ocasionais jam sessions e gos-támos muito da música que foi criada. A princípio, não havia planos efectivos para começar uma banda, mas, ao com o passar do tempo, decidimos que um projecto de tal natureza poderia valer a pena. Pouco depois, a The Slave entrou e surgem os Finnr’s Cane. São originários do Canadá. Como descreveriam a cena under-ground no vosso país?Existem excelentes bandas por aqui, mas poucos fãs.

Entrevista: José Branco

“Com Wanderlust

criamos um álbum que sempre quisemos ouvir. Resta-nos

esperar que outros se sintam da mesma forma em relação

a ele.”

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Conseguem dizer-me qual a origem da banda? E qual o significado do vosso nome?

James: Os TesseracT foram formados pelo guitarrista Acle Kahney em 2003, no seu quarto, como um projecto a solo. Ele escreveu e gravou algumas músicas e começou a fazer nome por ele próprio num fórum de guitarras. Conforme o nome crescia na Internet, as pessoas pediam pela formação de uma banda, por isso, em 2006, o Acle encontrou o

dimensões. O nome representa as cama-das e as emoções da música.

Como é que o Acle vos encontrou?James: Conhecemo-nos todos em concertos. O Acle conheceu o baterista quando as antigas bandas deles deram um concerto juntas e ficaram impressio-nados um com o outro. Quanto aos res-tantes, tocavamos todos na mesma ban-da e actuamos juntamente com a banda do Acle. A partir daí fizeram uns ensaios

baterista Jay Postones, o baixista Amos Williams e eu. Nesta altura ele já tinha muito material por isso tivemos que aprender e adaptarmo-nos às músicas no sentido de as tocarmos ao vivo. Com a inclusão do primeiro vocalista ao vivo Abisola Obasenya, começamos a ter ac-tuações no final de 2007. O nome é um termo geométrico para a projecção de um cubo em quatro dimensões. Digo projecção pois é um conceito difícil de visualizar uma vez que vivemos a três

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e quando sentiram a necessidade de ter um segundo guitarrista convidaram-me para me juntar à banda. Fizemos au-dições a alguns vocalistas mas a maior parte deles só gritava, por isso quando o Abi apareceu foi uma lufada de ar fresco e gostamos logo dele!

Ainda te consegues lembrar do teu primeiro concerto? Fala-nos um pouco disso...James: Em 2007 tocamos uns 4 ou 5 concertos no Reino Unido. Um deles foi um pub sujo em Leeds. A minha memó-ria mais vívida foi a de comer um ovo em conserva que esteve claramente atrás do balcão durante décadas. Aquilo era mes-mo badalhoco! Estes concertos foram um teste para a nossa técnica. Todos os nossos efeitos de guitarra eram contro-lados por um computador que tocava o backing track no formato midi por isso ficamos um pouco apreensivos com isto no início. Ainda usamos o mesmo sis-tema por isso acho que resulta muito bem... À excepção apenas de uma vez em que o Amos arrancou o cabo firewi-re do computador por estar a rockar o máximo que podia muito perto do com-putador! Depois tivemos que aguardar alguns minutos pois o computador teve que ser reiniciado. Um dos nossos pri-meiros concertos foi com uma banda chamada No Made Sense, uma banda excelente de post rock/metal. Ouçam--nos assim que tiverem disponibilidade para tal!

Antes de terem lançado o vosso primeiro álbum já tinham uma base de fãs muito grande estabe-lecida em todo o mundo que pe-dia para que lançassem um disco. Como é que se sentiram com isto?James: É muito bom saber que as mú-sicas gostam da nossa música (risos)! A legião de fãs dos TesseracT tem vindo a crescer desde que o Acle postava clips na internet no tempo em que era só ele e o computador e desde aí que temos vindo a garantir uma forte presença online. Existem tantas formas de te promoveres na internet sem a necessidade de agên-cias... A nossa primeira demo foi posta à venda online e nos nossos concertos e com a inclusão de alguns excertos e vídeos para a promoção da mesma con-seguimos vender um bom número de cópias. Na altura em que assinamos pela Century Media, documentamos a grava-ção do nosso álbum e fomos postando os vídeos na internet. Isso ajudou a aumen-tar a curiosidade dos fãs. A única coisa má foi o facto de termos demorado um

ano para lançar esse álbum devido às negociações com a editora e alguns dos fãs que iam seguindo o processo de gra-vação ficaram um pouco frustrados, pois sabiam que o álbum estava concluído e parecia que não queríamos saber, o que não era o caso. Mas sim, é óptimo saber que as pessoas apreciam a nossa música! Em 2009, o vocalista Abisola Oba-sanya deixou a banda. Podes dizer--nos qual foi a razão?James: Estávamos a trabalhar no nos-so álbum e foi muito difícil para o Abi conseguir empenhar-se por isso deci-diu sair. Foi uma decisão mútua e ainda somos grandes amigos. Ele apenas não conseguiu conciliar TesseracT com os problemas que tinha na sua vida pes-soal. O Abi é um excelente vocalista e sabíamos que ia ser muito complicado encontrar um substituto. Nem conse-guimos acreditar na sorte que tivemos quando recrutamos o Dan!

Daniel, como surgiu a oportuni-dade de te juntares aos TesseracT para substituíres o Abisola? Sen-tiste alguma restrição no que diz respeito à tua contribuição criati-va para a música? Em outras pala-vras: Sentiste que tiveste a liberda-de que querias para te afastares do estilo vocal do Abisola e criar algo novo?Dan: Eu já os tinha conhecido quando a minha antiga banda, First Signs Of Frost, tocou com os TesseracT há alguns anos atrás. Fiquei fã deles e até cheguei a comprar uma T-Shirt! Uns meses depois recebi um mail do Mos (baixista) a dizer que o Abi tinha deixado a banda, que es-tavam à procura de um novo vocalista e perguntou-me se estava interessado em experimentar. Uma vez que eu estava para deixar a minha banda, a altura não podia ter sido mais perfeita e aproveitei logo essa oportunidade. O Mos enviou--me um trecho de uma música para eu gravar a voz - que fazia parte de “Con-cealing Fate” - eu gravei uma demo, enviei-lhe e eles convidaram-me para ir ensaiar. As partes que eu escrevi na minha audição entraram mesmo para a versão final da música! Tenho a liberda-de para fazer o que quero a nível cria-tivo, o que é muito bom. À excepção de algumas linhas, eu escrevi tudo sozinho. Decidi incluir algumas das coisas que o Abi tinha escrito porque gostei muito do trabalho dele e não havia necessidade de mudar.

2010 foi um excelente ano para os

TesseracT. Assinaram um contra-to mundial com a Century Media em Outubro e lançaram um EP com 6 músicas. Em 2011, o vosso álbum de estreia, “One”, foi lan-çado. Qual foi a sensação de final-mente ter um álbum no mercado e que oportunidades surgiram com isso?James: Tal como eu disse antes, termi-namos de gravar o álbum em Janeiro de 2010 por isso estivemos um ano à espe-ra, o que foi horrível. A preocupação de ver o álbum disponível para download ilegal era muita e ter que explicar aos nossos fãs que não estavamos parados por nossa vontade não foi nada fácil! Desde este lançamento, fomos nome-ados para “Best New Band” nos Metal Hammer Golden Gods, o que é exce-lente. Muitas oportunidades de tour também surgiram. Dar concertos, actu-almente, parece-nos coisa fácil (risos)!

Vocês tinham um número consi-derável de demos online. Quantas não entraram no vosso álbum? Vão usá-las no sucessor de “One”?James: (Risos) Muitas... Temos umas 20 ou 30 ideias antigas que ainda gosta-mos mas que, por alguma razão, não fi-zemos músicas com isso. Temos muitas ideias novas por isso temos muito por onde escolher para o próximo álbum. Última questão: Participaram na edição de 2008 do festival Portu-guês “Caos Emergente”. Foi uma boa experiência? Podemos contar com vocês em Portugal num futu-ro próximo?James: O Caos Emergente foi o nosso primeiro concerto fora do Reino Unido, por isso será um concerto que nunca es-queceremos. Fizemos disso um feriado... Vimos a cidade do Porto, comemos boa comida, fomos provar Vinho do Porto - o Acle gostou tanto que comprou umas garrafas bem caras! - e o concerto em si foi excelente... Tocar no mesmo dia que os Onslaught e ver Nile na noite anterior foi muito bom. Tocamos muito cedo mas ainda assim tivemos uma boa recepção e até havia gente que conhecia o nosso trabalho, o que é sempre bom! Especialmente quando estás muito lon-ge de casa. E sim, voltaremos a Portugal! Muito obrigado por falarem connosco e se ainda não ouviram o nosso álbum de estreia façam-no.

Entrevista: Rui Melo

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Já vão mais de 10 anos desde que deste a conhecer “Sonic Pulsar”. Dada a experiência

e maturidade que este projecto ganhou, se pudesses voltar atrás tinhas mudado alguma coisa?Bem, adorava experimentar voltar atrás, talvez num Delorean ou numa máquina parecida! Mas haveria cer-tamente muitas variáveis a ter em conta com essa hipotética alteração do passado e depois teria de andar a correr de um sitio para o outro a ten-tar reparar o irreparável. Parece-me

cansativo (risos). Esta tua pergunta pôs-me a pensar se há 10 anos atrás eu conseguiria reunir condições para formar um projecto como Project Cre-ation ou sobretudo Factory of Dreams, bandas que são uma evolução natural dos Sonic Pulsar. Concluo que seria difícil, pois nesse tempo eu não tinha os meios para conseguir montar um álbum como o último Factory of Dre-ams, o ‘Melotronical’, por exemplo; inclusive, a forma de gravar hoje é di-ferente. A não ser que levasse comi-go o meu equipamento e levasse uma

linha DSL (risos). Teria de registar patentes e faria certamente muito di-nheiro ao estar tão ‘avançado’. Mas sinceramente, acredito que não seria bom voltar atrás e refazer a ‘história’, isto porque certamente eu iria mudar a forma como compunha música, e creio que o aspecto positivo e a beleza nisto tudo é o olhar para trás e verificar que o modo de se criar e encarar a compo-sição musical varia e evolui de acordo com a própria evolução e mutação dos tempos e do compositor. Certamente ganhei, entretanto, mais experiência,

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mais metodologia, mais precisão, mas uma banda ou um projecto progressivo deve sê-lo no seu género musical mas também na sua própria progressão ao longo dos tempos e é efectivamente as-sim que vejo esta evolução. Por último, se mudasse alguma coisa, Sonic Pulsar não seria o projecto de culto que hoje é. Ainda agora fico espantado com ar-tigos e reviews aos álbunss de Sonic Pulsar. Como exemplo, o Metal Mu-sic Archives publicou este artigo, que vos convido a ler: http://www.metalmu-sicarchives.com/playing-the-universe--review.aspx?id=224006

Como surgiu a oportunidade de trabalhar com alguém como a Jessica?A Jessica é fantástica. Quando termi-nei o meu segundo álbum de Project Creation ‘Dawn on Pyther’, pretendi cortar um pouco, pelo menos tem-porariamente, com a onda mais pro-gressiva desse meu projecto. Queria simplesmente algo mais directo mu-sicalmente para me debruçar. Assim, sentei-me com os meus sintetizadores à frente e comecei a desenvolver as músicas que iriam formar o primeiro álbum dos Factory, o ‘Poles’. Estas fai-xas que eu estava a esculpir eram mais atmosféricas do que habitualmente produzia, mas faltava algo essencial para complementar a música; o dri-ving force se assim quiseres... Sabia que queria apostar numa voz femini-na que marcasse a diferença, mas não sabia qual o género em concreto que pretendia. Tinha noção que não queria uma voz pop, nem uma voz de ópera e eis que após procura intensa encontrei a Jessica, detentora de uma voz como nunca tinha ouvido pois tratava-se de uma mistura espectacular de pop, rock e ‘operático’, e além disso uma voz en-corpada. Enviei-lhe uma música, a que iria abrir o ‘Poles’, ela gravou o que achava pertinente com as letras que forneci, e eu adorei o que ouvi, ao mes-mo tempo que a Jessica também gos-tou do género musical. Começou tudo!Para mim, a Jessica é uma das me-lhores vocalistas a nível Mundial, pois ela não se fica por conseguir inter-pretar, com segurança, muitos estilos diferentes, mas sabe também compor melodias, orquestrar backing vocals e gravar as suas partes. Muito talento mesmo.

Vocês partilham as mesmas in-fluências ou cada um tem um ba-ckground diferente?

Temos uma base comum de gostos se-melhantes ao nível do metal sinfónico, do gótico e algum prog metal, apesar da Jessica depois entrar mais pelos géneros mais clássicos e líricos, e eu preferir sons mais diversificados, mais agressivos também (Doom, Black Me-tal) e centrar-me na ficção cientifica. Isto já indo além da música e partin-do para o meio mais conceptual. Em termos de instrumentos, a Jessica terá mais formação nas teclas e piano e eu na guitarra. Portanto, influências, eu gosto imenso do trabalho do Devin To-wnsend, tanto ao nível dos Strapping Young Lad como do seu projecto a solo. Também gosto de Vangelis, Yes, Pink Floyd, Ozzy Osbourne, Dream Theater, Rush, The Gathering, Nightwish, Bir-thday Massacre, Within Temptation, Ladytron, cenas mais pop/rock como Def Leppard, Bryan Adams, One Night Only e muito em espacial alguém que me inspirou bastante, o David Arkens-tone na área do new age e rock sinfóni-co. As influências da Jessica são sobre-tudo The Gathering, Nightwish, Sarah Brightman, Enya, Björk, Muse, Within Temptation, Ladytron, OMD e Opeth.

Como é trabalhar sozinho? Achas que se tivesses mais pessoas a compôr contigo iria de alguma forma tirar potencial às tuas composições?Trabalhar comigo próprio é desgastan-te (risos), sou demasiado meticuloso e algo perfeccionista. Mas para respon-der à tua questão, uma parceira, ou tendo de facto mais músicos a compor comigo, daria lugar certamente a com-posições diferentes das que faço (Sonic Pulsar é exemplo disso), pois acho im-portante darmos espaço a quem tra-balha contigo e teria de ceder algum terreno e ideias; Normal. Mas de facto sempre trabalhei desta forma e tencio-no continuar a fazê-lo, não é por ser egoísta, ou narcisista, é mesmo por-que... sempre foi assim e acostumei--me. Creio que há duas coisas a reter aqui. Uma é trabalhar e desenvolver um projecto sozinho ou com músicos/amigos próximos de ti, a outra é esta-res rodeado por produtores que pos-sam influenciar a tua música de modo a torná-la mais ‘rentável’, se me faço exprimir bem.. Esta última não quero.Assim, a minha música é muito pes-soal, pois é genuína, é mesmo minha. Não significa isso que não possa convi-dar músicos para gravar para os meus álbuns. Este ponto é essencial para Project Creation e de vez em quando

para Factory of Dreams, basta vermos o numero de convidados que tive no ‘A Strange Utopia’, o nosso 2º álbum. Nessas ocasiões dou total liberdade aos músicos, para que desenvolvam as suas próprias malhas. Normalmente, a intervenção dos músicos convidados é em solos instrumentais (violino, gui-tarra, synths,...), excepto em Project Creation em que os vocalistas compõe as suas melodias, com ou sem algumas sugestões da minha parte se necessá-rio.

De que nos fala, liricalmente, Melotronical? Que mensagens podem os vossos ouvintes tirar de lá?Melotronical é no fundo a união entre Melodia e Ritmo, entre o evoluir meio mecânico de uma entidade cibernéti-ca, através da natureza e do tempo, e a natureza/planeta. No fundo é um tema de ficção ciêntifica tal como bem gosto. Fala da evolução desta molécula elec-trónica até se tornar num ser vivo ca-paz de criar e de destruir a sua própria dimensão, mas que só se apercebe dos seus poderes lá para o final do álbum... enfim, quase no final, a revolução, por assim dizer, inicia-se na faixa ‘Dimen-sion Crusher’. Percorrem-se vários es-tágios da vida deste ser, que experien-cia o lado bom da Vida, mas cedo se apercebe que vive numa prisão da qual tem de escapar; uma espiral infinita de guerras e de controlo por parte da sociedade. No fundo peguei num tema cibernético e atómico de ficção cientí-fica para descrever o que se passa na nossa Terra e nos problemas que todos sentimos no dia-a-dia. Nós vivemos numa pseudo-democracia. Votamos... e enfim, pouco mais podemos fazer. Temos de trabalhar no duro para viv...desculpa para sobreviver! Assim, as pessoas sentem alguma necessidade de escapar, de fugir, de controlar as suas vidas, de melhorar ou moldar o mundo à sua imagem, não será assim? Os sonhos servem para isso. Pegando nesta espiral de acontecimentos em torno do nosso Ser/Personagem, o ál-bum inicia a sua viagem pela evolução da tal molécula. Mas há algo de muito especial, pois essa molécula idealizou um mundo, o Mundo que a rodeia. E é isso que exploro no álbum; ao longo dos seus cerca de 60 minutos assisti-mos a essa evolução até se formar num Ser vivo humanóide que desenvolve emoções, vive o paraíso, vive a revol-ta, vive a depressão, fica farto de tudo isto, explode e reinicia todo o ciclo.

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‘Enter Nucleon’, a faixa de abertura, mostra o nascimento deste Ser, com os átomos a colidirem, fusões, é caó-tico... passa pelo Paraíso na Terra (‘A Taste of Paradise’), sendo ainda muito inocente na sua avaliação meio primá-ria do Mundo que a rodeia. A faixa 4 - ‘Protonic Stream’ - é a faixa emble-mática deste Melotronical onde critico a sociedade no modo como consegue confinar a vida das pessoas:“Welcome to the SystemMade for SurvivalNot for LivingProtonic Stream”É como que um grito de revolta contra esta vida impiedosa, a tal prisão disfar-çada de democracia onde tudo é exigi-do ao cidadão, a troco de uma vida cur-ta e de sobrevivência para alimentar os mais poderosos. Vivemos para sobre-viver e não para viver, é a mensagem desta faixa como já devem ter percebi-do. Adoro dar trabalho à imaginação e por isso sabia que queria explorar um tema diferente do habitual, tanto ao nível da musica como da história, para conhecer e explorar melhor o mundo dos átomos, dos electrões , dos protões e da natureza vs artificial. São os áto-mos que formam o nosso mundo e os nossos própria corpos, que mantêm tudo coeso e balanceado. Assim, e em jeito de conclusão ,que esta resposta já vai longa, a mensagem de ‘Melotroni-cal’ é que podemos ter o controlo do nosso destino, podemos inclusive criar o nosso mundo, desde que conheça-mos a forma de explorar a melodia do universo e o seu ritmo de evolução.

A música “Back To Sleep” foi alvo de um videoclip. Como foi a experiência de trabalhar com as câmaras?Para este video em particular decidi que seria só a Jessica a entrar, pois o género da música e a própria letra são muito intimistas e apelam a uma re-flexão interior da personagem. Desta forma, achamos melhor manter um ambiente restrito e aliado a um atmos-fera densa e sombria, como que dentro do sonho da Jessica. Daí preferirmos manter apenas a Jessica, sem outras intrusões nesse ‘sonho’ e nessa reali-dade muito pessoal. O video é miste-rioso, e pautamo-nos por dar ênfase total à atmosfera. Aquele lugar não é um lugar comum, é um sitio de um en-contro. A Jessica não está sozinha, há de facto uma energia ou uma luz que a persegue. Podem ver o video aqui: http://youtu.be/uLQhutpXbCo?hd=1

Como é trabalhar à distância? Vocês conseguem desenvolver o vosso trabalho de uma forma produtiva desta maneira?Completamente, mais até do que se estivéssemos no mesmo local, muito provavelmente, porque assim temos o nosso espaço, fazemos as coisas ao nosso ritmo e estamos mais libertos de pressões. Eu envio-lhe as músicas e letras, posso inclusive dizer-lhe qual o sentido que gostaria de ouvir nas vo-cals, mas na realidade ela é totalmen-te independente e faz as melodias que bem entende. Por isso eu digo que eu sou responsável pela música e a Jes-sica pela voz em qualquer álbum dos Factory. Cada um desenvolve o seu trabalho de acordo com a sua perspec-tiva e ideias, e quando temos falta de ideias, trocamos opiniões sobre como evoluir, sobretudo ao nível das vocali-zações. Já cheguei a gravar pequeninas partes, e a enviar-lhe, só para conse-guir transmitir a visão que tinha para uma determinada parte de uma qual-quer faixa. Mas é raro mesmo, pois ela faz quase tudo na perfeição à primeira, regravando aqui e ali sempre que ela acha que pode fazer melhor.

Lançamento após lançamento, o vosso projecto tem vindo a me-lhorar. Sentes que estão à altura para fazer ainda melhor para o próximo álbum?‘Melotronical’ também é o meu álbum favorito dos Factory of Dreams, mas como já referi acho que cada momento e estado de espírito, na altura, definem todo um álbum; mesmo que passados anos o ouças e aches que deverias ter feito algumas coisa de forma dife-rente, está ali uma impressão digital da forma como na altura pensavas, e isso é importante. Sinto que estamos à altura de fazer um outro ‘Melotro-nical’, isso sim. Será sempre possível melhorar,mas este ‘Melotronical’ tem a fasquia muito alta mesmo. Aliás, este álbum é de facto uma evolução natu-ral de Factory; é fruto da inspiração do momento também, é o mais agressivo dos meus álbuns. Julgo que esta evolu-ção acompanha a violência que se vive neste planeta em vários aspectos.

Melotronical tem sido alvo de críticas muito boas. A crítica é algo que te dás ao trabalho de ler? Deixas-te influenciar pelas opiniões que lês?Leio o que ‘apanho’ ou o que me en-

viam. Dou crédito mais a umas do que a outras, depende muito de quem as escreve também e da relação que tem com a nossa musica ou género musical. Tenho sempre os suspeitos do costume (risos), os que fazem sempre uma boa critica e os que não fazem uma boa cri-tica... Acho que numa review deve-se sobretudo enaltecer os pontos posi-tivos de qualquer álbum e não os ne-gativos. Mas muitas vezes parece que a destruição é o essencial... O engra-çado é que ‘Melotronical’ está de fac-to a obter criticas muito positivas um pouco por toda a parte...mesmo dos que não estão dentro este estilo. In-clusive tivemos mais de cinco críticas com full score. Se me influenciam ou não; tento que tal não aconteça.,mas como em tudo na vida, somos sem-pre influenciados de uma maneira ou de outra. Temos de encarar isso como positivo também para o nosso próprio crescimento, pois são opiniões e nor-malmente válidas. De qualquer forma, tento abstrair-me e apenas fazer o que me dá na real gana independentemen-te do que as pessoas vão achar ;) Ali-ás, só para teres uma ideia de como eu sou difícil de influenciar,é que ao terminar um álbum, eu normalmente já tenho as musica do próximo na ca-beça e por vezes já esboçadas no meu sistema mutitrack. Portanto, só meses depois começam a chegar as reviews do album ‘anterior’, e não vou alterar trabalho que já tenho feito apenas por isto ou aquilo que leio.

Por último, o que podemos espe-rar dos Factory Of Dreams num futuro próximo?

O nosso novo vídeo, fresquinho ;) http://youtu.be/uLQhutpXbCo?hd=1Em menos de uma semena está já próximo das 5000 views! E mais mú-sicas, mais promoções, compilações e entrevistas. Mas já estou a trabalhar num 4º cd, se bem que muito deva-gar, visto estar ocupado com Project Creation também e com a promoção do ‘Melotronical’. Muito obrigado, foi um prazer dar esta entrevista. Espero que obviamente comprem os álbums e que ouçam a musica dos Factory of Dreams. Vão aos nossos sites, deixem mensagens e comentários que respon-demos a tudo e a todos!

Entrevista: Joel Costa

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Como este é um projecto recente, como é que vocês gostariam que fossem per-

cebidos pelo público português?Luis: Acho que estamos muito anima-dos para ter um álbum lançado. Espe-ramos que os fãs portugueses gostem dele! Eu encontrei muitos elementos e influências diferentes nas vossas músicas. Que nome dão à vossa música ou como gostariam de ser “catalogados”?Acho que a melhor maneira de des-crever-nos é: “Meshuggah meets ame-rican hardcore”. Apenas raiva meets técnica. Que tipo de mensagem querem enviar para o público, para putos de todo o mundo, através da tua voz?Bem, o álbum é um disco conceptual. Assim, não há tanto uma mensagem pessoal como algumas bandas, mas em geral, como banda, só queremos que as pessoas aceitem a música para o que é!

Que problemas que encontraram durante as primeiras etapas até

perar para ver. Of Legends, um nome atraente e fácil de lembrar... Mas diz-nos: onde arranjaram esse nome? Pessoalmente, eu só pensava que era fixe. Obrigado! Como se pode entender, as letras não são tão fáceis de escrever, às vezes ... Onde vais buscar inspi-ração? Quem eram as bandas, ar-tistas ou mesmo eventos em que te inspiraste?Bem, para este álbum em particular, fui influenciado musicalmente pelo filme Event Horizon e filmes de Ficção Científica, em geral. O álbum é sobre isso! Cada membro da banda está relacionado com outros pro-jectos/bandas. O que vos le-vou a começar uma nova? Foi só um momento interessante... Como todos os nossos projetos ante-riores estavam a terminar, por assim dizer, vimos uma oportunidade de fa-zer uma mudança.

Entrevista: Narciso Antunes

agora?Bem, eu acho que no começo foi difícil arranjar uma editora para conhecer a nossa banda, mas quando começámos a trabalhar com a Season of Mist as coisas pareciam clique! Foi difícil conseguir um contrato com uma editora?Acho que em alguns casos pode ser di-fícil, mas temos um amigo na editora e então ele foi capaz de passar-lhes a nossa música. Parece pouco, mas a realidade é que nós trabalhamos real-mente duro. Agora que assinaram recente-mente com a Season of Mist, que projeção vos dá, quer musical-mente, quer como uma banda?Nós começamos a fazer uma pequena tour, mas já temos muitos concertos planeados. Têm uma tour europeia planea-da? Se o fizerem, esperamos que façam os vossos trabalhos de casa e nos façam uma visita a Portugal! Teríamos o prazer de ir a Portugal e fa-zer uma tour, mas ainda não há planos para irmos. Acho que vamos ter de es-

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Como foi criar Abyss Masterpie-ce?Ricardo Dias: Este 4º e novo álbum foi efectivamente o álbum mais traba-lhoso até á data na carreira dos He-avenwood, exigente no bom sentido mas de elevada resposabilidade uma vez que tenho a perfeita noção que um álbum com estas características pode

facilmente ser um “flop”. Exige uma composição pensada ao pormenor, não quero com isto dizer que a mesma não é elaborada de forma natural em termos de “feeling”. Refiro-me às dinâmicas, às estruturas, aos espaços uma vez que a informação musical é tanta que se não tivermos noção e know how acerca da fusão destes dois mundos extremos po-

demos cair muito facilmente no vazio ou ainda pior... no ridículo. Felizmen-te estamos satisfeitos a todos os níveis. A participação do orquestrador russo Dominic Joutsen foi importante, uma experiência também ela com alguns obstáculos tais como a distância por exemplo mas efectivamente uma apos-ta ganha. Este “Abyss Masterpiece”

Os Heavenwood já ha muito que deram provas de serem um dos maiores nomes do Metal em Portugal embora, estranhamente ou não, consigam mais reconhecimento a nivel interna-cional. A banda de Vila-Nova de Gaia regressa em grande com Abyss Masterpiece, o quarto álbum de originais. Falámos com Ricardo Dias sobre este novo álbum que já é considerado por muitos um dos melhores do ano.

“NÃO FAÇO MÚSICA PARA O EGO, FAÇO PARA O CORAÇÃO.”

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simboliza ao mesmo tempo uma nova, ou velha, etapa na carreira dos Hea-venwood ao assinarmos um novo con-tracto internacional com a Listenable Records e após a paragem voltamos às lides internacionais seja em matéria de promoção, entrevistas, distribuição fisi-ca / venda dos álbuns em todo o mun-do... é gratificante e muito motivador para o seio do grupo e para quem nos acompanha.

De que trata liricamente o álbum?“Abyss Masterpiece” lida com um dos pólos em matéria de sentimentos, neste caso o lado negro do amor. Aprofunda-mos e fomos beber inspiração a uma das primeiras poetisas português, D. Leonor conhecida também por Mar-quesa de Alorna e acredito que tenha

sido também uma descoberta para mui-ta gente da velha e da nova geração o nome em causa. Tem um passado im-portante em variadas matérias no seio da sociedade portugesa em matéria de cultura e respectivo conceito quanto aos direitos da mulher no passado em Portugal. Adaptamos dois poemas da sua autoria, “I´ll Sing a day of Sadness” que corresponde ao tema “Leonor” e “Goddess Presiding over Solitude”. O álbum retrata uma viagem longa e pro-funda até ao abismo das nossas emo-ções, quando os enganos e desenganos se encontram.

O novo álbum tem tido excelen-tes criticas tanto a nivel nacional como internacional. Qual é a sen-sação?É satisfatória e motivadora. Aprecio de qualquer forma críticas negativas desde que construtivas e relatadas por pesso-as com know how e esperiência de vida suficiente para poder e saber interpre-tar o que escrevemos, o que tocamos e o que sentimos...

Este álbum é a Masterpiece dos Heavenwood?Não.

As melodias de Abyss Masterpiece possuem dois nomes femininos, Leonor e Matilde. Falem-nos so-bre as vossas Musas.Existem mais musas “escondidas” no álbum. A Leonor é baseada na D. Leo-nor enquanto “A Poem for Matilde” foi escrita por mim e totalmente deidcada à minha filha. Não será o tema mais romântico que alguma vez escrevi em termos de sonoridade mas é um tema de mim para ela... não é um tema de ela para mim, se me fiz compreender.

Porquê usar D. Leonor como fon-te de inspiração?Porque todas as restantes têm publici-dade e divulgação que cheque, porque hoje em dia é moda e fica bem dizer-se que “leio muito Fernando Pessoa e até gosto de usar (abusar) das suas frases feitas (e mais que gastas)”. O que mais me preocupou com esta “aventura” é que existe ainda muito mais por des-cobrir em matéria de cultura secular portuguesa. Além do mais, D. Leonor foi rebelde, quebrou barreiras, lutou por um ideal, sofreu injustiças, lutou por uma sociedade harmoniosa no que respeita aos valores da mulher perante o homem, traduziu pela primeira vez para português grandes obras de gran-

des mestres... why not her ?!? (risos).

Acham que os Heavenwood têm pouco reconhecimento em Portu-gal?Depende das gerações... a velha conhe-ce com toda a certeza e se não conhecer é porque não lhe interessa demontrar que conhece. Quanto à nova geração de fans de Metal em Portugal notamos uma subida enorme depois do lança-mento do álbum anterior “Redemp-tion” mas não acho que os Heavenwood tenham pouco reconhecimento em Por-tugal. Acho sim é que tem muito mais reconhecimento e valorização fora de Portugal mas isso para mim nos dias de hoje é indiferente. Não faço música para o ego, faço música para o coração / alma.

O estilo musical da banda tem mudado ao longo dos tempos. Porquê?É um processo de evolução, de adapta-ção, do velho “ hoje estou assim por isso o meu eu perante o mundo neste dia será este”. A música é uma exposição do nosso Eu. Será uma questão de empatia entre quem ouve e dependendo da fase e estado emocional em que vive, identi-ficar-se com o que está a ouvir e a ler...Tocamos melhor? Sim, sentimos que temos uma banda mais coesa, sentimos que compomos com mais naturalidade e que sabemos quando estamos a traba-lhar uma boa canção ou não.

Alguma palavra que queiram dei-xar aos leitores da Infektion, ou algo mais a assinalar?Um forte abraço musical a todos, “Abyss Masterpiece “ está á venda sen-do um álbum que aconselho a compra-rem, ouvirem com calma e descobrirem todos os estados de espírito incluídos nesse package. “Abyss Masterpiece” irá soar de forma diferente cada vez que o escutarem. Experimentem... é místico! Visitem o nosso site oficial em www.he-avenwoodclan.co.pt ou www.myspace.com/heavenwood e até 11 de Junho no METAL GDL 2001, e dia 9 de Julho no HARD CLUB (Porto) com entrada gra-tuíta!

Entrevista: João Miranda

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A personalidade paralela da banda ThanatoSchizO emerge neste Origami cuidadosamente dobrado em forma acústica e sem malabarismos técnicos supérfluos. Guilhermino, guitar-rista (entre outras valências na banda) reconhece que este pode não ser um disco consensu-al. Porém, ninguém lhe poderá negar uma imensa qualidade e uma surpreendente origina-lidade em canções que se sabiam antigas.

Falem-nos um pouco sobre a escolha do título Origami.Guilhermino: Origami é uma

prática secular japonesa que consiste na dobragem de papel, dando origem à representação artística de seres ou ob-jectos. Ora, a nossa perspectiva deste trabalho é a de que partimos de uma base que já dominávamos (os temas, na sua versão original) e fomos desen-volvendo uma personalidade paralela, entusiasmante q.b., o que nos permi-tiu explorar uma musicalidade até aqui virgem no universo de TSO e criar algo novo.

Este álbum representa a vossa reinvenção?Representa uma manifestação de in-

tenções. Uma afirmação, se preferires. Nunca nos guiámos por hypes e fomos definindo a nossa sonoridade (apenas) ao sabor do nosso gosto. Curiosamente, a única vez em que houve um ponto de convergência entre o que apresentámos e a moda vigente foi com o Turbulence (o nosso terceiro álbum), uma vez que – à época -, os Opeth tinham acabado de assinar pela Roadrunner. Origami é apenas mais um capítulo desta cons-tante reformulação que, verdade seja dita, tem andado sempre à margem do que é generalizadamente cool.

Renderam-se ao poder do acústi-co?Esta valorização do conceito acústico já vem de longe, uma vez que, desde

2003, apresentámos todos os nossos álbuns nesse regime nas FNACs. Qual-quer um de nós gosta de música mais calma e nunca excluímos essa faceta do nosso som. Na verdade, reconheço mais poder em alguns temas acústicos do que em algumas bandas consideradas extremas, com dinâmica zero.

Aumentaram o leque de instru-mentos e sonoridades. Como foi montar o puzzle?Foi difícil, não o vou negar. Foi peno-so. No meu caso, foram imensos cabe-los brancos a aparecer, foi a ansiedade a corroer por dentro, o tempo a passar (uma vez que essa foi a única forma de conseguir conciliar a disponibilidade dos diversos convidados), mas entre

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nós havia a certeza inabalável de que tínhamos entre mãos algo especial e que, com a devida dedicação, as pesso-as o iriam reconhecer como tal. E, mes-mo não havendo esse reconhecimento, existia a vontade da tal manifestação de intenções.

A subtileza é difícil de conseguir?No nosso caso, habituados à ultra-or-questração dos temas, foi um exercício complicado. Uma luta entre o instin-to - que pende para gravar “mais uma pista” - e o bom senso - que obrigava a pensar “ok, já chega!”. Porém, a ver-dade é que mais depressa me interes-so por uma canção composta por dois acordes e um sentimento que me seja apelativo do que por qualquer tema re-pleto de demonstrações inócuas de ma-labarismo técnico.

Onde se situam as vossas influên-cias “world music”?Estradasphere, Secret Chiefs 3 e Mr. Bungle são três referências que contri-buíram, definitivamente, para a nos-sa identidade musical, por abraçarem sonoridades tão díspares e consegui-

rem criar “canções” que não soam a mantas de retalhos. A isso não é, aliás, alheia a participação do Timb Harris (músico comum aos três projectos) no nosso álbum anterior.

Depois há referências de bandas com uma genuinidade étnica mais assina-lável como as Charming Hostess ou Fishtank Ensemble, mas – neste campo em particular – estou apenas a citar no-mes que me marcaram. Qualquer outro elemento da banda te daria respostas diferentes, uma vez que ouvimos coisas tão diversas...

Como surgiu Mika Jussila no vos-so caminho?Sentimos que precisávamos de uma masterização que sublinhasse a delica-deza e limpidez dos temas. Tínhamos uma série de nomes em cima da mesa, mas a veterania (e profissionalismo, di-ga-se) do Mika não nos deixaram mar-gem para qualquer dúvida. Ele conse-guiu, de facto, dar o “toque de Midas” ao material.

Que implicações pode ter um ál-bum como este no rumo futuro da banda?É apenas mais um passo numa cami-nhada que pretendemos longa. Foi sempre assim que encarámos cada lan-çamento e a verdade é que, a partir da-qui, com este alargamento de fronteiras

muito, muito bem. Temos preparado um espectáculo de 90 minutos, em que, para além da música, apostamos numa forte componente multimédia e até cé-nica.

Sentem-se músicos do mundo?Sentimo-nos músicos capazes de criar em diversos contextos musicais, sendo o Metal apenas um deles. Do mundo? Sim, no sentido em que aproveitamos cores de outros pontos do globo e esta-mos sempre abertos a ser influenciados por isso.

No vosso colectivo quem começa a criação de uma música?Tudo começa com um padrão de bate-ria, uma sequência de acordes, um riff ou uma melodia no piano. A partir daí vamos definindo o esqueleto das músi-cas. Não há uma regra fixa nesse campo e todos contribuem no acto da criação que, ocorre, em 80% dos casos, na sala de ensaios.

A quem gostariam de ouvir tocar uma cover vossa?Pergunta difícil, mas seria engraçado ouvir algo dos Disillusion ou do Devin Townsend.

Qual o sítio mais esquisito onde já tocaram?Já actuámos em diversos locais “esqui-sitos”. A actuação em 1998 no Padaria Bar (ainda como Thanatos), no mo-mento exacto em que o palco foi inva-dido pelos esgotos, fruto da canalização arrombada, assalta-me a memória de vez em quando. E sim, o concerto se-guiu até ao fim.

Entrevista: Mónia Camacho

musicais, temos uma tela em branco, na qual podemos pintar, musicalmente, qualquer coisa.

E os fãs das vossas raízes metáli-cas como têm reagido a este tra-balho acústico?ThanatoSchizO – Globalmente bem, o que não me surpreende, uma vez que mesmo nos temas mais “metálicos”, como lhe chamas, há sempre um trejei-to qualquer que lhes dá a tal identidade TSO. É claro que o Origami não vai ser um disco consensual. Há dias dei por mim a pensar como reagiria se tives-se ouvido este álbum quando tinha 15 anos e provavelmente não iria gostar, porque a sensibilidade dessa altura es-tava fechada a este tipo de sonoridades. Porém, isso parece-me natural e perfei-tamente compreensível.

Tocar ao vivo este álbum é um de-safio?É um excitante desafio! Temos actuado com uma orquestra (a Banda de Ma-teus, que participou no álbum), com um acordeonista e um (improvisado) coro cigano. É claro que há uma série de nuances a que temos de estar aten-tos, por se tratar de um concerto acús-tico, mas, até ver, as coisas têm corrido

“Mais depressa me

interesso por uma canção composta por dois acordes e um sentimento

que me seja apelativo do que por qualquer tema repleto de demonstrações inócuas

de malabarismo técnico.”

“Reconheço mais poder em alguns

temas acústicos do que em algumas

bandas consideradas extremas, com

dinâmica zero.”

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Nesta secção pretende-se divulgar ou-tros mundos musicais para além dos Metal e Rock Pesado que caracterizam

a revista. Por acaso começamos por um disco que até se ouve uns riffs metaleiros, não fos-se os Stealing Orchestra uma banda de fusão. Deliverance (Your Are Not Stealing Records; 2011) é o seu terceiro disco, e talvez por ser uma banda cuja discografia é demasiada es-partilhada pelo tempo esquecemo-nos que é um dos projectos mais interessantes em Por-tugal no que conta à música urbana. E pela forma desprendida como enfrenta o mercado bairrista e toino do meio musical português este disco está a ser completamente ignorado pela imprensa.

Após dois geniais álbuns e meia-dúzia de EPs em linha em que a samplagem era a palavra de ordem e muitas vezes o “cartoon” era lu-gar comum, este é um álbum que afasta a banda das características “divertida, cómi-ca, ridícula, hedonista, solar, nostálgica, cir-cense” - o que também não nunca foi 100% verdade porque debaixo de camadas de som havia muito mais matéria intelectual do que se ouvia desatentamente... Neste álbum novo, ou os Stealing amadureceram e ficaram ho-menzinhos sérios, ou amadureceram e estão com uma puta de uma depressão - se calhar ser maduro e deprimido significam exacta-mente a mesma coisa. Pouco importa! O re-sultado deste “opus” é uma jóia mágica de aparente simplicidade que vai transbordando de mundos a cada nova audição. Para atrás ficaram o Esquivel & a enciclopédia “Bizarre music” & o kitsch do Pop, e mesmo haven-do uma forte aposta em utilizar mais instru-mentos reais do que “gamanço sonoro” isso não impede de Deliverance seja menos “es-téreogámico” como nos registos passados - e “estéreogamia” já um elogio por si próprio.

Em The Incredible Shrinking Band (Zounds;

2003) já havia sub-repticiamente nas faixas afirmações sobre a identidade do Homem do Novo Milénio tal como eram levantadas questões existenciais. Neste novo dis-co há uma vontade política de impor esses pontos como se fosse Ode ao Ateísmo, mesmo tendo consciência que o mundo é «cego, surdo e mudo».

É impossível não deixar de recomendar este disco mes-mo que se trate de um simples CD de caixa normalíssi-ma - à partida estava à espera, como amante de coisas belas e insólitas, que, tal como aconteceu no passado, que as músicas tivessem ilustradas no livrinho do CD com colagens de Armando Brás - gráfico que sempre foi considerado como o 5º elemento da banda. Infelizmen-te só há uma capa (e contra-capa) com as “ilustrações--gamadas”. Sabe a pouco visualmente... Mas este acaba por ser um disco bipolar na “Era da Cultura Desmate-rializada”, ajusta-se a estes tempos em que a Música deixou de ter essas cangalhadas das capas, embalagens e objectos graças ao comércio electrónico e ficheiro des-carregado mas desajusta-se pela sua qualidade, isto é, quando todos os dias as pessoas descarregam quanti-dades impossíveis de música que possam prestar um segundo de atenção, este disco obriga a parar e a ouvir! Quem irá fazer isso?

Links: stealingorchestra.comyouarenotstealingrecords.blogspot.com

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Como nasceu The Fallen Project?Ricardo Rodrigues: Começou por ser um trabalho de introspecção. Mas junto do meu seio de amigos, foi-me pedido para colocar os temas on-line. Fico sempre receoso de colocar algo na internet, ainda por mais um projecto a solo, estando eu a dar os primei-ros passos em software de música.

Pois, neste projecto para além de compor as músicas, fazes também toda a parte instrumental?Neste momento faço as composições todas e executo todos os instrumentos que pode-mos encontrar nos temas, que vão desde de bateria, baixo, guitarra, elementos de sopro e alguns teclados.

No passado já participaste em ban-das, porquê optar agora por um pro-jecto a solo?Neste projecto estou a solo devido ao fac-to de querer criar uma identidade própria e minha. O meu selo! Apesar de ter só três temas no MySpace, mais quatro já se encon-tram gravados. Pretendo acabar este pri-meiro ano de The Fallen Project com nove temas, e grava-los em Londres num estúdio profissional.

Estavas a espera que este novo pro-jecto fosse tão bem recebido pelo pú-blico?Não, apanhou-me de surpresa. Visto que este era um projecto muito pessoal que de-cidi relativamente a pouco tempo partilhar. De facto estou mesmo surpreso com a aflu-ência ao site Myspace.

O que achas que chamou a atenção para The Fallen Project, já que não houve nenhuma divulgação da tua parte para além da apresentação dos temas no MySpace?Sobretudo é a sua simplicidade e facilidade de captação de emoções que a música trans-mite ela própria quando é ouvida. Acho que a chave para o sucesso de The Fallen Project é a simplicidade das melodias e dos afectos nas composições musicais.

Porquê a escolha do nome “The Fal-

len Project”?Tem o significado particular. Pois quis re-tratar no próprio nome deste projecto algu-ma incerteza e saudade com que Portugal sempre foi retratado. Os projectos dos caí-dos, dos que estavam em ascensão e caíram. Contudo, julgo que todos os temas têm uma roupagem de esperança.

Como descreverias os temas de The Fallen Project?Os temas de The Fallen Project são sobre-tudo a exploração do quotidiano saudosista, embora musicalmente vou buscar sonori-dades indie, rock. ou até electro-pop. São exploração do quotidiano das minhas pró-prias influências. Claro que por vezes esta matemática de fazer música, é o resultado de várias equações e é preciso ter algum cui-dado. Este cuidado sinceramente não tive quando comecei a compor, para “The Fallen Project”, mas nas composições que regra-vei e nas mais recentes, já coloquei alguns preciosismos técnicos para equação ter um resultado final melhor.

E quais são essas influências musicais que trazes para este projecto?Neste momento estou a “recuperar” álbuns dos anos 80 e 90 que ouço com alguma fre-quência que vai desde dos Pinkfloyd, Black, Portishead, e até alguns de fado nomeada-mente Amália Rodrigues. Devido aos seus acompanhamentos de excelência de gui-tarrra. Como disse, tento combinar o sau-dosismo com a esperança nos temas de The Fallen Project.

Rock alternative, indi, fado, isso foge muito ao que estamos habituados da tua parte?Exacto, nos meus outros projectos passados com bandas como Devonian e Ciborium, tocava Gotico e Black Metal. Contudo, já há algum tempo que ansiava em transmi-tir outro tipo de mensagem e sentimentos nas minhas composições. Ainda por mais também ter agora um outro projecto rock: os Inpulsiv, que combina hard rock com o progressivo. Consideras que The Fallen Porject é um marco da evolução do teu proces-

so de composição musical?RR: Sim, gosto de dizer que dei lugar a um estado mais criativo e atento perante a com-posição que faço. O processo não é simples nem é sempre fácil. Contudo, em The Fallen Project tento dar uma aproximação huma-na, simples e descomprometida. Até na pró-pria gravação dos temas que foram feitas em duas horas e com um Iphone na maior parte da captação. Expressão disso foi o caso do vídeo clip, cuja edição, foi feita em Iphone pois teve que ser um processo rápido devido a alta rotação dos temas no Myspace. E ou-tros projectos onde estou envolvido.

Este clip é o que apresentas agora com o teu novo tema?RR: Sim, de facto a música Tsunami foi con-templado com um pequeno clip, com Pedro Vargas como protagonista. É uma filmagem verdadeiramente amadora que passa uma mensagem simples.

E qual é essa mensagem do tema Tsu-nami?No fundo o mesmo turbilhão que é o Tsu-nami é a vida que acaba e recomeça sempre que queiramos decidir para onde ir.

Até onde queres ir com The Fallen Porject?Penso que para já que o objectivo será a apresentação dos temas ao vivo. Julgo que daqui quatro ou cinco meses posso manter um projecto intinerante e ao vivo. Depois queria aliar os vídeos que estou a ultimar ás música nos concertos de The Fallen Project. Vou neste projecto até onde for humana-mente possível, acredito nele.

Os temas vão ser só instrumentais ou vais introduzir uma voz?Sim vão ter voz, neste momento estou a procura de um ou uma vocalista integrante para The Fallen Project.

E onde vais encontrar essa voz?Todos os contactos no MySpace com esse intuito são bem-vindos. E desde que seja uma pessoa que gosta do projecto e que tenha os mesmos objectivos que o próprio projecto implica será essa a escolhida.

Entrevista: Suzana Marto

The Fallen Project é o primeiro projecto a solo de Ricardo Rodrigues. O metaleiro sai do seu registou para um trabalho introspectivo com músicas simples e carregadas de emo-ções. Tsunami, Psyco ex-girlfriend, Silent Machines(versão) são os primeiros temas apre-sentados, mas em poucos meses no Myspace, o projecto dos caídos já conquistou o seu público.

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Os Crystal Castles são um dueto ( Ethan e Alice) originário de Toronto, Canadá. Ethan Kath

conheceu Alice Glass por via de um amigo que estava virtualmente apai-xonado por ela. “Quando a vi pela pri-meira vez ela estava mais mocada que qualquer pessoa que eu tinha visto na minha vida”, afirmou Ethan. Agrada-do pelos seus atributos vocais de Alice na banda de punk local Fetus Fatale, Ethan pediu-lhe para gravar vocais para músicas em que estava a traba-lhar. Alice encontrou-se com Ethan pouco tempo depois para as gravações, iniciando as mesmas com um teste vo-cal que consistia em pouco mais para além de gritos em versos que pouco ou nenhum sentido faziam. Esse tes-te vocal foi gravado e seria mais tar-de usado na musica Alice Practice, uma das primeiras musicas a serem colocadas no MySpace de uma banda com o nome Crystal Castles. “Nós nem éramos uma banda!”, afirma Ethan, “Aquilo eram apenas umas merdas

que tínhamos montado.” Alice só vi-ria a descobrir a presença online dos seus vocais quando a banda começou a ganhar fama, atraindo a atenção de editoras. Em 2008 lançam o primeiro álbum, intitulado Crystal Castles, que continha as melodias já presentes onli-ne e ainda músicas inéditas. Dois anos depois lançam um novo álbum com o mesmo nome, mas mais conhecido por Crystal Castles II, tendo sido gravado em vários locais, incluindo uma Igre-ja na Islândia, uma garagem de uma loja abandonada em Detroit, e numa cabana em Ontario. Provavelmente a primeira impressão que alguém tem quando houve pela primeira vez a so-noridade da banda é que se trata de uma banda sonora de um jogo arcade dos anos 80. Tal característica come-çou quando Ethan fundiu um teclado com uma Atari 5200: “Eu encontrei um teclado numa garagem perto da minha casa”, afirma Ethan. “Tentei meter aquilo a funcionar, mas não conseguia. Uma semana mais tarde

encontrei uma Atari 5200. Então eu arranquei o chip sonoro daquela coisa e meti-o no teclado”. Crystal Castles possuem um estilo musical completa-mente diferente de tudo o que foi feito até agora, misturando sons de 8-bit com uma agressividade techno numa das sonoridades mais ácidas já ouvi-das. Liricamente, os versos não fazem qualquer sentido. “Há pessoas irritan-tes que ainda tentam invocar alguma emoção neles”, desabafa Alice. É uma banda experimental, descontraída, e consegue aquilo que cada vez é mais difícil: Fazer algo original. A dupla marca presença em Portugal a 17 de Agosto em Paredes de Coura.

João Miranda

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Com este tempo de selva, insectos mutantes, ignorância política, chuva de calhaus de gelo no mesmo dia em que estiveram quase 30 graus, calor infernal... Isto roça um

bocadinho a um “fim do mundo”, como Nostradamus previa, em 2012. Não acham? Eu podia dizer “a culpa é nossa!”, mas não... Não é...

E sabem porquê? Porque somos apenas o bode expiatório de Governos gananciosos e de Barões petrolíferos, que constan-temente abafam projectos de transportes a energia renovável, electricidade, tudo! Mas as centenas de “notas de quinhentos” continuam a falar mais alto. E o planeta paga o preço. O cida-dão comum muito pouco pode fazer, especialmente com os or-denados mínimos nacionais, ridículos, e as coisas que prote-gem o ambiente que aparecem são sempre mais caras, em vez de ser ao contrário, com um marketing de culpa: “ou gastas mais pa salvar o planeta ou não prestas!”. O poder para mudar tudo está em quem governa, quem lida com leis, impostos, or-denados, etc, e não no “povinho e arredores”. O aquecimento global já custou bastantes vidas e custará mais. Pouco faltará para se voltar a ter uma Pangeia da era Mesozóica mas desta vez mais pequena (e o quadruplo dos habitantes e o triplo de Mar!)...

Mas nem tudo é negativo! Como ia a dizer, este Verão já temos bastantes refeições para os insectos mutantes que andam por aí (já viram bem o tamanho das melgas?P arecem helicópteros em miniatura, famintos pelo teu sangue). Temos já em Junho o GSM com os Paradise Lost, que nunca ficam muito tempo sem nos vir visitar e temos a estreia nacional dos Sirenia! Do grande Morten Veland ( ex Tristania, e também único músico do seu projecto a solo, Mortemia, que na minha opinião soa bastante a Sirenia, mas sem voz feminina). Isto tudo, agora em Junho, em Barcelos no GSM FEST - www.gsmfest.com/

E para NÃO terminar, também temos este ano, a 3a Edição do nosso pequeníssimo Wacken - Vagos Open Air! Esta edição conta com nomes como o compositor fundador dos míticos Emperor (Isahn) com o seu projecto a solo, com o mesmo nome, os Opeth voltam a Portugal neste mesmo festival, Kal-mah, os também míticos Anathema! Agora, temos 2 bandas que eram algo que muita gente espera por ver à muito tempo em solo nacional e no entanto... O nome vem, mas pelos vistos a “essência” não. Os Morbid Angel, pelo que se soube e sabe,

estão com baterista substituto nesta Tour, portanto a banda não trás o excelente Pete Sandoval (para quem não sabe, ele até deu aulas ao primeiro baterista de Cradle of Filth, o Nick Barker, baterista que deu muito que falar, e ainda dá, tanto em álbuns de Cradle of Filth como álbuns de Dimmu Borgir, Old Man´s Child e outros...) E na minha opinião, tanto ele como o Trey A. são o que mais me puxa para ver esta banda de Death Metal, que não deixou que o tempo os vergasse... Que o subs-tituto seja um bom imitador do Sandoval e dos seus ritmos estranhos e viciantes... Agora, outra desilusão, para quem não sabe... Nevermore! Ora, a banda vem a Portugal, ao Vagos, nada mais nada menos do que... Estão prontos? Sem o bate-rista Van Williams e o excelente guitarrista Jeff Loomis... O único, em opinião pessoal, dos guitarristas “técnicos” que gos-to de ver. Bem... Para mim e para muitos, Nevermore é preci-samente e principalmente a alma destes dois... Paciência! Os temas vão estar lá, bem executados, esperemos...

Seja como for estão aqui uns festivais interessantes. E começo a ver que finalmente os cartazes não incluem apenas “actos internacionais e famosos”, o que acho excelente. Finalmente começaremos a dar valor à música feita em Portugal? Não sei quanto a vocês mas eu estou cansado (risos).

Não era sobre este assunto que ia falar na minha primeira “intervenção” para a Infektion Magazine mas achei que va-lia a pena dar-vos forças para lutar, pelo menos até ao Verão, para depois nos juntarmos todos, no calor, com muito “rock” e muita cerveja (quando utilizo Rock, refiro-me a tudo, metal, gótico, blackmetal, death, etc, tudo numa só palavra) nestes eventos.

Comentários mais corrosivos e reais sobre este “mundinho” à beira mar, onde se vive mal e se poderia viver muito bem...Ficam para uma próxima! Se tal for possível, obviamente.

Continuem a mandar caspa e cabelos para o chão, ir a concer-tos, que eu também... Especialmente naquela garagem imun-da onde crio com os restantes, decepções sonoras em mais um projecto Nacional que raramente vê a luz do dia... A única coisa que vê são mesmo desilusões. Mas... Nada como estes festivais (e mais!) para “animar os ânimos”.

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Quer gostem quer odeiem, a verdade é que os nacionais Swi-

tchtense estão aqui para fi-car e prontos para quebrar qualquer barreira do Metal. Uns preferem chamar-lhes os Pantera Portugueses... Já eu, prefiro dizer que eles são os Switchtense da Moita. Já não havia dúvidas nenhumas que este colectivo não precisava de andar à sombra de ninguém. A verdade é que Switchtense é um produto nacional e não um franchising de uma banda do Texas. Ainda que esta com-paração possa ser um grande elogio para a banda, as ban-das nacionais têm a obrigação de fazer nome por si próprias e cabe a nós, ouvintes e críti-cos, começar a deixar de par-te certos e determinados ró-

tulos. O disco homónimo da banda, “Switchtense”, já era aguardado por muitos há bas-tante tempo. Era aguardado ainda há mais tempo pelos fãs de Thrash que acredito que não ouvem algo tão bom faz já uns bons anos! O sucessor do aclamado “Confrontation Of Souls” mostra uma banda sólida e com os pés bem as-sentes na terra. Quem não fica assente na terra é quem ouve, com tamanha agressividade de temas como “Unbreaka-ble”, “In Front Of Your Eyes” e muitos outros. Com edição a cargo da Rastilho e com a produção nas mãos de Da-niel Cardoso, “Switchtense” é mais uma prova de que é pos-sível ter qualidade no Metal Português e que não é preciso procurar lá fora pois as pro-

postas nacionais têm tudo o que as outras têm... É preciso é saber procurar! Vale a pena comprar este disco por diver-sas razões: riffs estrondosos, bateria incansável, uma das melhores vozes portuguesas e uma artwork com “arte”. En-fim... todo o conceito em tor-no deste álbum foi bem arqui-tectado. Cada música tem a sua própria identidade, o seu segredo que a torna tão espe-cial. É pena que a banda tenha sido formada em Portugal pois enquanto preferir-mos o Import ao Export, trabalhos geniais como estes passarão despercebidos lá fora. Uma autêntica obra-prima!

Joel Costa

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do características únicas ao seu estilo marcadamente “Death Metal”. A sonorida-de de “Khaos Legions” está bastante próxima de outros álbuns, nomeadamente de “Anthems Of Rebellion” (2003) e “Doomsday Ma-chine” (2005), considera-dos por muitos como os dois trabalhos mais bem conseguidos da banda. O álbum abre em grande esti-lo com um fortíssimo tema instrumental, prosseguin-do com fúria e sempre com energia renovada, em temas como “Yesterday Is Dead And Gone”, “Under Black Flags We March”, “Thorns In My Flesh”, “Bloodstained Cross”, “Cruelty without be-auty” e “‘City Of The Dead”. Um dos temas mais fortes, aquele que mais impressio-na de forma imediata, é na minha opinião, “No Gods, No Masters. Para além do tema de abertura, o disco tem ainda mais dois temas instrumentais: “We are god-less entity” e “Turn to dust”.“Khaos Legions” é, sem sombra de dúvida, um ex-celente regresso dos Arch Enemy. É um álbum forte e muito coerente, continu-ando a revelar uma banda coesa e competente. Micha-el e Chris Amott, Sharlee D’Angelo, Daniel Erlands-son e Angela Gossow conti-nuam a surpreender. Os fãs vão, certamente, ficar satis-feitos. [8/10] Rute Gonçalves

A FOREST OF STARSOPPORTUNISTIC THIE-VES OF SPRINGPROPHECY PRODUCTIONS

“Opportunistic Thieves of Spring”, último trabalho dos “A Forest of Stars” é um álbum misterioso e peculiar com momentos comple-tamente intimistas e pro-fundos. Sons minimalistas que se repetem misturados com guitarras em distorção, numa inquietação sublimi-nar. Uma bateria interes-sante que acelera podero-sa. Momentos acústicos de piano e de violinos inter-rompidos por sonoridades hardcore. Um tango que se vai transformando noutras coisas. Sons que perpetuam o infinito, electrizados. Sin-tetizadores misturados com chuva e murmúrios. Uma sensação contínua de estar-mos a pisar terreno desco-nhecido. Um álbum original que qualquer coleccionador de experiencias gostará de ter.[9.5/10] Mónia Camacho

dos, melodias e arranjos já usados um sem número de vezes. Mas, à medida que os minutos vão passando e o álbum vai progredindo, não é muito difícil de encontrar uns toques sublimes que enriquecem as faixas. Nas músicas “Slave to King” e “The Great Subterfuge” os arranjos épicos e uns coros com conta, peso e medida, muito bem enquadrados na faixa/álbum providen-ciam maior profundidade e algo mais a um álbum que poderia facilmente ser esquecido. São 8 faixas de rapidez, garra, peso e metal puro e duro, como se quer! Ainda que sejam óbvios os traços de speed e blackened thrash, este grupo apelida o seu som de apenas “Heavy Metal”. Simples e com atitu-te in your face, livram-se de rótulos, géneros e sub géne-ros, demonstrando aquilo que fazem e fazem muito bem: Heavy “Fu**kin’” Me-tal. Um álbum para ouvir a altos berros, até aos ouvidos sangrarem! [9/10] Narciso Antunes

ARCH ENEMYKHAOS LEGIONSCENTURY MEDIA

Os suecos Arch Enemy es-tão de volta aos registos discográficos com “Khaos Legions”, 4 anos depois de “Rise of the Tyrant”, com o lançamento de um álbum ao vivo e a re-edição de al-guns temas de início de carreira pelo meio. Angela Gossow e seus companhei-ros continuam em grande forma e sempre imprimin-

ASSAULTERBOUNDLESSMETAL BLADE

Ao começar a ouvir o ál-bum, pensei que o título deveria ser “Bounded” e não “Boundless”. Parecia que este trio australiano está ainda muito preso a méto-

AURAINVISIBLE LANDSCAPESAUTOR

Da junção do talento musi-cal de André Fernandes e do talento fotográfico de José Ramos nasce Aura, um pro-jecto de carácter experimen-tal bastante ambicioso, que pretende, essencialmente, ligar cenários a ambientes musicais. Fernandes é pro-dutor de temas musicais para a televisão, publicida-de e cinema e tomou para si a tarefa de musicar dez foto-grafias de José Ramos. “In-visible Landscapes” é uma viagem intensa por vários cenários e paisagens, que passa por estilos musicais

diversos. Podemos ouvir toques e sons da natureza em vários temas, o que nos dá uma certa sensação de ligação orgânica á música. Momentos de destaque no disco são as faixas “Parallel worlds”, “Two steps for the gods”, “Flowing textures”, “Warm winter” e “Cloud Colossus”, o único tema do disco que inclui voz. O ál-bum foi lançado em forma-to digital em 2008, sendo apenas editado em 2010 pela Valse Sinistre Produc-tions. É uma obra bastante interessante, com enorme sentido estético. Só faz sen-tido apreciar a música com os cenários por perto. Sem dúvida, original.. [7/10] Rute Gonçalves

BELIEVERTRANSHUMANMETAL BLADE

Heavy / thrash metal pro-gressivo interpretado por uma banda cristã que este-ve mais de quinze anos sem lançar um disco... Nesta descrição, penso conseguir reunir todos os elementos e mais algum para me levar a formar inúmeros precon-ceitos ao pôr, pela primeira vez, “Transhuman” a to-car. Honestamente, nunca prestei grande atenção aos Believer. O meu primeiro contacto com a banda foi através da compilação “At Deaths Door”, onde figura-vam com um tema do seu disco de estreia, que, pos-teriormente, adquiri. E daí não passou. “Transhuman”conseguiu contrariar todas as ideias que tinha acerca deste quinteto oriundo daPennsylvania. Em pouco menos de uma hora, são--nos brilhantemente apre-sentados doze temas unidos transversalmente por um

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conceito comum - o melho-ramento das capacidades do ser humano por inter-médio da tecnologia. Sem se deixarem dominar pelas características abjectas ge-ralmente abraçadas neste género musical, os Believer demonstram domínio tanto dos instrumentos como dastécnicas de composição sem que isso se torne na razão única da sua existência. Tudo é inteligentemente construído, sem exageros ou virtuosismos supérflu-os. Verdadeiramente di-fícil, é destacar um tema - “Transhuman” é, sem dúvida, um álbum para ser ouvido na íntegra. Desde a portentosa abertura “Lie Awake”, passando pelos ar-rebatadores “Multiverse” e “Ego Machine”, pelo elec-trónico “Currents” ou pelo potencial hit-single “Being no One”, nada é deixado ao acaso. Quanto a mim, vou tirar o pó a “Extraction from Mortality” e conscen-cializar-me do que andei a perder todos estes anos. Be-liever, bem vindos ao século XXI![8.5/10] Jaime Ferreira

Dialogues” é uma viagem conceptual de meia hora. A temática centra-se na vida de dois seres humanos que vivem separados por mi-lhões de anos-luz mas que se confrontam com proble-mas pessoais similares. O futurismo deste conceito (que continuará no próximo álbum de originais) é vinca-do por uma irrepreensível e original execução instru-mental, que podemos intitu-lar de math core refrescante com fortes e impositivos refrões melódicos, onde so-bressai a excepcional voz do vocalista Tommy Rogers. A ambiciosa e dinâmica via-gem do quinteto é acentua-da por psicóticas derivações rítmicas, elevando a escrita de canções de cariz técnico e progressivo a um nível de agressividade e de cacofonia só alcançado por uns Dillin-ger Escape Plan. Contudo, a mesma é apimentada por pormenores que bebem in-fluências de inúmeros géne-ros musicais, que acentuam a paleta de cores da história que os BTBAM nos contam.[7.5/10] José Branco

teleiras e estantes poeiren-tas, onde reina a repetição e o rip off. Os fãs do género mais pesado não se irão ar-repender de descobrir esta banda, pois irá saciar uma sede que já se vem a sentir há algum tempo. Os Blood Meridian são, sem dúvida, mais uma prova de como o metal se tornou global e que em países de onde pou-co se espera, há muito para descobrir. Para um primei-ro EP, surpreende bastante e deixa-nos a querer ouvir mais e mais. Ficamos à es-pera do passo seguinte![9/10] Narciso Antunes

CALIBANCOVERFIELDCENTURY MEDIA

Enquanto o sucessor de Say Hello to Tradegy só foi anunciado para inícios de 2012, os Caliban já começa-ram os exercícios de aqueci-mento. Coverfield é um EP de quatro covers que presta tributo a algumas das mais importantes influências da banda. O EP começa com My Girlfriend’s Girlfriend de Type O Negative, numa versão a preto e branco, um negativo que despe muita da carga goth, sendo o leitmo-tif estabelecido pelo sinteti-zador negligenciado a favor da guitarra. Chama a aten-ção os dois vocalistas que, presos no seu próprio estilo, não conseguem dar á temá-tica da música uma verosi-militude estética, o que, ad-mitamos, não é fácil, tendo em conta a persona de Peter Steele. Segue-se Sunne dos compatriotas Rammstein, um caminho mais familiar aos Caliban e talvez a cover mais bem conseguida. Inte-ressante a segunda camada vocal inserida no refrão, surpreendentemente fugin-do ao estilo hino cristaliza-do que seria tão tentador,

BETWEEN THE BURIED AND METHE PARALLAX: HYPER-SLEEP DIALOGUESMETAL BLADE

2011 tem sido um ano de balanço para os Between the Buried and Me (BT-BAM). Após um best of, mais de uma década após a sua formação, surge um EP que enceta uma direcção aprimorada da fórmula que tem dado fama aos norte--americanos. Produzido por Bruce Bottrill (vencedor de um Grammy, que traba-lhou com Tool, Muse, King Crimson e Dream Theater), “The Parallax: Hypersleep

BLOOD MERIDIANELEMENTS OF BRUTA-LITY DEMONSTEALER RECORDS

Brutalidade, nua e crua! Engane-se quem imaginar que a Índia é um país onde a música é toda tocada com cítaras e tambores exóticos, em que as letras referem deuses, paz, amor e fertili-dade! Os Blood Meridian, uma banda recém formada, oferece-nos doses de bru-talidade, descargas pesa-das e riffs rápidos, fortes e bem construídos. As faixas são bastante equilibradas, acompanhadas de uma ba-teria poderosa, que nos pre-senteia com blastbeats rá-pidos e pertinentes, não se repetindo o mesmo feeling de uma música para a ou-tra. Dignos de atenção são os pequenos arranjos com instrumentos tradicionais na faixa “Shadows” que nos refrescam e dão um toque de exotismo a um trabalho que poderia perfeitamen-te constar do portefólio de um sem número de bandas.Merece ser escutado e bem digerido este trabalho. Uma lufada de ar fresco para pra-

BLACKHAVENHARMBRINGERHYPERTENSION RECORDS

Os belgas Blackhaven estão de regresso aos registos dis-cográficos com “Harmbrin-ger”, o primeiro longa dura-ção da sua carreira. Depois do EP “Cleansing”, onde re-velaram o seu poderoso Me-tal Harcore, a banda aposta agora em 11 temas bastante fortes e agressivos. “Harm-bringer” revela um Bram Cluyse muito mais empe-nhado no seu desempenho vocal, o que em conjunto com a introdução de alguns momentos mais melódicos, traz ao disco uma nota bas-tante positiva quando com-paramos com o que a banda

já fez no passado. Exemplos claros dessa evidência são os temas “Wolfen”, “Wor-ship” e “Carvings”. Outros temas de destaque são “The Beyond”, “The town that dreaded sundown”, “Blood” e “Zwarte Vlaghe”. Revelan-do influências de bandas como Tragedy, Integrity e Entombed, “Harmbringer” traz ao de cima o lado mais negro e pesado dos Blackha-ven, mostrando também uma vontade de explorar novos caminhos e de experi-mentar novas dimensões da sua sonoridade. Para ouvir com atenção.[8/10] Rute Gonçalves

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CATALEPSYBLEEDMASSACRE RECORDS

Vamos fazer isto como se fosse uma visita guiada. Não, não é preciso, a bru-talidade vai do início ao fim. Pessoalmente, ado-ro os riffs cortantes rít-micos destes Catalepsy. Digamos que eles não são os indivíduos mais cal-mos que ouvi até hoje, e especialmente o baterista (Ben Sutton), parece, em alguns momentos, que-rer desintegrar os braços de tanto speed que lhe dá. O pessoal das guitarras acompanham claramente o passo e mostram-nos na fai-xa “Goliath”, que também ingerem versatilidade, mis-turando algumas, mesmo que subtis, ondas de outros géneros dentro do Metal. Não esperem grandes pa-ragens, e estejam atentos a instrumentos sintetizados, como é o exemplo de algu-mas strings pads e efects. Existe notavelmente uma elaboração instrumentis-ta, e olhando para os as-pectos de gravação e mas-terização, não se pode negar trabalho técnico. Quando for organizar uma revolução, vou sem dúvida chamar o vocalista. Toda a gente o ouvirá. É evi-dente a garra nas vocais. As pisadas estão bem mar-cadas desde 2004, e este álbum veio para se juntar. Podem esperar velocidade, tensão, bom mixing, exce-lentes arranjos electróni-cos… O único que tenho, de certo modo apontar, é a re-gularidade métrica (vocal), que torna por vezes, o som mais comercial.[8/10] Davide Gravato

bem como o sentimento mais orgânico que foi dado á música. A terceira cover, Blinded by Fear de At the Gates, não causa grande surpresa, correspondendo perfeitamente à expectati-va, enquanto, para encer-rar, temos Helter Skelter de Beatles, o que também não é propriamente um sur-presa num lançamento do género. Coverfield disseca três das influências princi-pais dos Caliban, o que será proveitoso para alguém que procure conhecer a génese do som dos Caliban, mais Helter Skelter, uma influ-ência de todo o estilo onde a banda germânica se insere. No entanto, como qualquer trabalho deste género, Co-verfield peca pelo seu ca-rácter limitado e pela pouca frescura criativa. [5/10] João Lemos

CASTLEIN WITCH ORDERVAN RECORDS

“In witch order” é por si só um título fantástico que brinca com a sonoridade e com o significado, dando um toque literário ao novo álbum da banda norte ame-ricana “Castle”. E as ligações literárias não se ficam por aqui, já que William Blake parece ser uma inspiração. A melancolia típica do doom metal adequa-se aos temas místicos e ligados ao oculto, aqui expressos numa voz fe-minina clara mas poderosa. E na verdade, poder perce-ber tudo o que de misterioso é dito, faz a diferença. Esta voz sedutora e sarcástica, a lembrar algumas senhoras da era punk é suportada por uma melodia electrizada “heavy” q.b. Por tudo isto, é um álbum interessante.[9/10] Mónia Camacho

CULT OF ERINYESA PLACE TO CALL MY UNKNOWNSEASON OF MIST

“A Place to Call My Unkno-wn” é um álbum de Black metal, ponto. É daqueles trabalhos recheados de riffs poderosos e típicos do estilo em questão com uma força descomunal que descarre-gam uma raiva incomum e levam ao uma insanidade prolongada, o que leva as pessoas a ouvi-lo outra vez e mais uma vez....e porque não outra. É verdade que o apresentado aqui pela ban-da belga não é nada de in-vulgar, nem é nada de novo, mas apresenta uma garra na linha de guitarras que é bas-tante invejável, basta ouvir “A Thousand Tormests” ou “Ísland” e equilibra bem essa força com momentos mais melancólicos e lentos que nos transportam para um autêntico ritual sonoro como em “Call no Truce” e “Last Light Fading”, já para não falar da fantástica faixa instrumental “Permafrost”. Nota-se que este trio já ti-nha experiência antes de compor este seu longa dura-ção de estreia, pois provêm todos da banda Psalm, pela qualidade de pegar em algo que vários conjuntos pegam sem cair muito em monoto-nia. É uma boa aposta para quem gosta de Black Metal directo e sujo sem grandes atmosferas sinfónicas.[8/10] Bruno Farinha

ENDLICHWAS EINST WARSONNENRUNNE RECORDS

Lançado pela Sonnenrunne Records, “Was Einst War” – em português “Era uma vez”, é um trabalho surpre-endente e bastante origi-nal, impossível de catalogar dentro de um estilo musical específico, uma vez que as influências presentes neste disco são tão diversas como o Blues, o Jazz e o Rock. O resultado? Um registo mui-to próprio e com a marca pessoal dos Endlich (nome que em português signi-fica “Finalmente”). “Era uma vez”, é de facto, o tí-tulo perfeito para um disco que parece contar-nos uma ou várias histórias, de for-ma muito competente e, ao mesmo tempo, inesperada. As faixas têm títulos tão su-gestivos como “Jesus Tod” (A morte de Jesus), “Ver-lorene Weisheit” (sabedo-ria perdida), “Der ruf vom turm” (A chamada da Tor-re) ou “Schlüssel zum Tor” (chave á porta), e todos são verdadeiros tesouros musi-cais prontos a ser descober-tos. O facto dos temas serem todos cantados na língua alemã, não afasta nem por um segundo, a atenção de quem ouve, porque o uni-verso musical deste disco é tão rico, que mesmo que não percebamos as letras, somos completamente con-quistados pelo ambiente melódico. Eu, pelo menos, fui conquistada. Excelente trabalho, para ouvir atenta-mente e com todos os senti-dos bem despertos.[8/10] Rute Gonçalves

EQUALEFT...the truth VnravelsAUTOR

“The Truth Vnravels”, as-sim denominado o 1º EP dos Equaleft, apresenta-se como uma prova definiti-va da excelência musical da banda. O colectivo, que

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desde 2003 se tem vindo a afirmar como uma das for-mações mais promissoras do panorama de peso em Portugal, apresenta ao ou-vinte, e ao longo das 6 faixas que compõem este trabalho, uma viagem sonora surpre-endente, seja pelo ecletis-mo de estilos que conjuga-dos criam uma sonoridade estranha e esquizofrénica como pela versatilidade dos mesmos, criando uma so-noridade mais melódica e “groovy”, articulados com um Thrash/Death, pode-roso, agressivo, e acima de tudo, muito dinâmico e con-sistente.[9/10] Catarina Silva

racterizavam nos primeiros trabalhos. Aliás, esta parti-cularidade fazia, certamen-te, com que Equimanthorn fosse mais apreciado pelos seguidores das bandas de Metal convencionais. Esta opção por um som menos orgânico surge em detri-mento da criação de uma atmosfera mais subtil - ba-seada em cíclicos drones –, mas, contudo, infelizmente, também menos dinâmica. Apesar da riqueza que en-volve o conceito do álbum, em termos líricos (onde predomina o mitológico) e em muitas das ideias musi-cais introduzidas, a repeti-ção das mesmas, em temas muito longos, acaba por pe-nalizar o produto final.[6.5/10] José Branco

faixas “The Invisible Hand”, “I Don’t Mind And You Don’t Matter”, “Stopgap”, “All For Nothing” e “Pusho-ver” são sérias candidatas a transformarem-se em hinos deste estilo musical. Acima de tudo, “Laugh now, laugh later”, é um disco simples, honesto e directo que man-tém o estilo inconfundível e a paixão dos Face to Face, tal como aconteceu em to-dos os anteriores registos discográficos, desde o início da sua carreira. É um dis-co intenso, repleto de bons momentos musicais. Punk Rock no seu estado puro.[7/10] Rute Gonçalves

FACTORY OF DREAMSMELOTRONICALPROGROCK

O talentoso multi-instru-mentalista Hugo Flores e a vocalista Jessica Letho for-mam mais uma vez parce-ria e regressam para mais um álbum conceptual do projecto Factory of Drea-ms. “Melotronical” é já o 3º registo da banda e tal como o anterior “A Strange Uto-pia”, trata-se de um disco com fortes influências de Metal sinfónico e progressi-vo, marcado essencialmen-te por estruturas musicais complexas e pelos pode-rosos vocais femininos. O disco, que tem como tema central a química molecular e atómica, revela-se profun-do e denso mas ao mesmo tempo bastante agressivo e poderoso, incluindo uma novidade em relação aos trabalhos anteriores: a in-trodução de vocais mascu-linos, o que contribui para um registo ainda mais pe-sado. É impossível não ficar impressionado com musicas como “Protonic Stream”, “Into Oblivion”, “Back to sleep”, “Whispering eyes”,

“Subatomic Tears” e “Di-mension Crusher”. O disco fecha com chave de ouro, com “Reprogramming”. A prestação de Jessica Letho é brilhante, como sempre, fa-zendo-nos lembrar nalguns momentos, o registo dos Within Temptation. “Me-lotronical” é um disco im-possível de ignorar, repleto de momentos gloriosos, que nos prende imediatamente o ouvido e onde se revela, mais uma vez, o génio cria-tivo de Hugo Flores. Para ouvir com muita atenção.[8.5/10] Rute Gonçalves

FINNR’S CANEWANDERLUSTPROPHECY PRODUCTIONS

“Wanderlust” foi inicial-mente lançado em 2010 pela editora russa Frostcald Records e surge reeditado (em mais uma excelente aposta) pela mão da Pro-phecy Productions com um tema extra e novo artwork. Os Finnr’s Cane são um trio canadiano que pratica um som altamente atmosféri-co e melancólico. O Black Metal nórdico mais épico (em que Bathory ou os pri-mórdios de Ulver vêem à memória) acaba por ser a base do seu som. Contudo, a banda acrescenta a es-tas referências o seu cunho pessoal através de geniais deambulações por terri-tórios acústicos e de rock atmosférico, com grandes passagens instrumentais, onde predomina a melodia. Aliás, é assinalável o traba-lho de guitarra (que conduz o ouvinte) ao longo de todo o disco, além dos porme-nores de teclados e de vio-loncelo. Registe-se ainda a ausência de viola baixo e o facto dos vocais surgirem praticamente imersos na mistura do disco, funcio-

EQUIMANTHORNA FIFTH CONJURATIONBLACK MONTANAS

O projecto Equimanthorn, que actualmente integra membros dos Equitant, El-dar, Blutleuchte, Black Seas of Infinity & Arkane, já de-limitou claramente o seu espaço entre os amantes do dark ambient. “A Fifth Conjuration” é uma viagem de ritualismo obscuro e eso-térico, onde predominam samples, efeitos sonoros e um trabalho de sintetizado-res de várias camadas, am-bientes místicos e caverno-sos, ocasionais percussões e distantes vozes declamadas (em apenas dois temas). A composição destes temas álbum desafia aqueles que consideram o dark am-bient um género musical demasiado minimalista e monótono. Acontece que, contrariamente ao que nos vinha habituando, ao quin-to álbum, a actual formação de Equimanthorn, optou por enveredar por um cami-nho um pouco mais distan-te das influências sonoras do médio oriente que os ca-

FACE TO FACELAUGH NOW, LAUGH LATERPEOPLE LIKE YOU RECORDS

Nove anos depois de “How to ruin everything”, os Punk Rockers norte-americanos Face to Face regressam com mais um registo “full of speed”, o sétimo da sua carreira. Nascidos em 1991 na Califórnia, o colectivo liderado por Trever Kei-th tem sido ao longo das duas últimas décadas uma das mais influentes bandas de Punk Rock dos Estados Unidos. “Laugh now, laugh later” é um disco enérgico e irrequieto com um ritmo contagiante que abre logo em rotação máxima com a faixa “‘Should Anything Go Wrong”, e prossegue sempre em crescendo com outras músicas também bastante poderosas como “Bombs away”, “Blood In The Water”, “What You Came For” e “Under The Wreckage”. Para os verda-deiros fãs do Punk Rock, as

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nando sobretudo como um instrumento ao serviço do conceito. O original método de composição dos Finnr’s Cane tem o condão de trans-portar o ouvinte para vas-tas e hipnóticas paisagens geladas, onde a desolação e contemplação parecem tomar conta do espaço em redor. Em resumo, “Wan-derlust” é uma excelente surpresa a juntar ao eclético e experimental catálogo da Prophecy. É um álbum que agradará a quem aprecia a fusão do Black Metal atmos-férico com outras sonorida-des..[8/10] José Branco

HAGLIRMINSULCASUS BELLI MUSICA

Irminsul” é já o segundo ál-bum dos Hagl, seguindo-se a “Nearer to Victory”, do ano passado. E o colectivo cria-do por Swarm, ex-elemento dos obscuros M8l8th, man-tém-se fiel à sua competen-te fusão de thrash e black metal, que, em apenas trin-ta minutos, nos transporta tanto para inícios da década de 90 como para o que ac-tualmente se faz de melhor na cena russa. Temnozor e os supra-mencionados M8l8th vêm recorrente-mente à ideia, assim como os vizinhos bielorrussos Kamaedzitca. O início do disco dá-se com um tema introdutório, originalmente intitulado “Интро” (“In-tro”). Mas que não se procu-rem em “Irminsul” teclados melancólicos e afins, pois começa em força e assim continua furiosamente para o segundo tema, “Драккар” (“Drakkar”), e daí para os vindouros, todos eles com-postos de uma forma que, apesar de não primar pela originalidade, consegue

sempre torná-los memorá-veis. Pautado a meio por um instrumental - intitulado “Инструментал” (“Instru-mental”), o qual demonstra bem que os Hagl não gos-tam de deixar margens para dúvidas e, com um piscar de olhos a terrenos mais folk em “Молот” (“Hammer”), o álbum, escutado como umtodo no conjunto dos seus nove temas, revela-se de-veras bem conseguido e executado, propondo-se se-guramente a não defraudar nenhum fã do género. Dei-xo apenas uma nota menos positiva para a produção que peca por um excesso de crueza que nem sempre be-neficia o estilo musical em questão.[7/10] Jaime Ferreira

história da Sibéria, dos seus habitantes e do seu orgu-lho enquanto povo e do seu destino heróico e trágico. Ao longo das sete faixas do disco, o que se sente é pura emoção. Músicas como “Isgher”, “Seven thousand winters”, “One tired wise”, “Dawn of credence” e “From siberian deeps”, transpor-tam-nos de imediato para as vastas e belas paisagens da Sibéria, numa viagem brilhantemente conduzida pelos poderosos poemas das letras e pela voz belíssima e irresistível de Benevento. “Stronger than frost” é um disco glorioso, que propor-ciona a quem o ouve enor-mes (e muito agradáveis) surpresas. É um disco épico e impressionante. Impossí-vel não gostar.[8.5/10] Rute Gonçalves

KRIEGSHETZERPANZER VORWARTS! DARKER THAN BLACK

Oriundos da Ucrânia mas tendo adoptado a língua de Goethe, os Kriegshet-zer apresentam-nos a sua estreia com “Panzer Vorwärts!”, composto por onze temas a destilar agres-sividade. Praticantes de um black metal técnico e irre-preensivelmente executado, o grupo formado por An-ders e Taragorm leva-nos com mestria para um imagi-nário repleto de referências à Segunda Guerra Mundial. Sempre rápido e violento, o álbum abre com um viciante “Unser Rommel” mas rapi-damente se perde em três temas algo banais, voltan-do a recuperar forças com “Hohe Nacht der klaren Sterne”, “Schwarz ist Unser Panzer” e “Mutsprucht”, o tema mais bem conseguido de todo o registo. De se-guida, deixam-se cair no-

KAMLATHSTRONGER THAN FROSTCULT KR

Kamlath é um projecto mu-sical único, absolutamente surpreendente e emocio-nante. A banda, fundada por dois músicos siberia-nos, gravou “Stronger than Frost”, o seu primeiro disco, com as participações de al-guns músicos já com bas-tante experiência, como é o caso do guitarrista Mike Wead (ligado a projec-tos como King Diamond, Mercyful Fate, Memento Mori, e Candlemass), do baterista Dennis Leeflang (Bumblefoot, Within Temp-tation, Sun Caged, Epica, The Saturnine, Lita Ford) e o vocalista Marco Beneven-to dos The Foreshadowing. A sua sonoridade enquadra--se dentro do “Dark Metal”, apesar da forte presença de outras influências. No entanto, para os Kamlath trata-se de “Siberian me-tal”, porque a sua intenção com este trabalho é contar a

vamente em repetições de fórmulas exaustas, havendo no entanto uma nova lufada de ar fresco com Panzerlied, com as suas passagens qua-se cinematográficas e riffs de contornos épicos, que fe-cha “Panzer Vorwärts!” com chave de ouro. Uma pro-dução cuidada, com todos os instrumentos límpidos e perceptíveis, e uma mis-tura sem falhas a apontar tornam a audição do álbum uma experiência aprazível. Longe de ser um mau disco, “Panzer Vorwärts!” deixa--nos sobretudo à espera de um segundo trabalho destes Kriegshetzer, onde possam demonstrar uma mais vin-cada identidade. Falta ao duo ucraniano alguma ori-ginalidade e distanciamen-to de influencias por vezes ainda demasiado óbvias. O potencial, esse, está lá.[6/10] Jaime Ferreira

MERCENARYMETAMORPHOSISPROSTHETIC RECORDS

Os dinamarqueses Merce-nary estão no activo desde 1991. No ano em que cele-bram vinte anos de carreira, e após a saída de três pesos pesados (Mikkel Sandager, Morten Sandager e Mike Park) que acompanhavam a banda desde 2002, seria de esperar que Metamor-phosis fosse uma gigantesco flop (a começar pelo títu-lo, demasiado óbvio para o meu gosto). No entanto, a banda surpreende pela po-sitiva. Apesar da profunda restruturação sofrida, os Mercenary conseguem pre-sentear-nos com uma so-noridade algo consistente, embora ligeiramente dife-rente daquilo a que estáva-mos habituados. Aliás, tal-vez seja justo isso que torna Metamorphosis um álbum

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merecedor de ser ouvido, pois mais do que anunciar uma renovação, permite--nos acompanhá-la ao longo de todo o álbum, com todos os altos e baixos que isso implica. É quase comoven-te ver uma banda expôr as suas fraquezas ao invés de escondê-las. Os Mercenary sempre me pareceram estar à procura de um caminho e com este álbum acredito que o tenham encontrado. A faixa bónus, Incorpora-te Your Demons, tornou-se por isso a minha preferida, pois é impossível não gos-tar de uma canção que nos incita a aceitar as nossas imperfeições, em lugar de vivermos subjugados por elas. É esta honestidade que faz de Metamorphosis um álbum bem mais bem con-seguido que o seu anteces-sor, Arquitect of Lies. To-das as músicas, à excepção da fortíssima Through the Eyes of the Devil, a canção de abertura, são extrema-mente melodiosas e embora haja uma diferença consi-derável no ritmo e cadência de canção para canção, não deve ser tido em conta como inconsistência por parte da banda; a meu ver, trata-se apenas das modulações de estado de espírito associa-das a uma metamorfose. Metamorphosis é um álbum vibrante, ansioso, conta-giante, sem dúvida alguma a porta de entrada para algo mais. É justo o nome que a banda decidiu dar a este ál-bum, pois traduz o momen-to musical que a banda está a atravessar. Há já algum tempo que os Mercenary estão no limbo entre o ba-nal e o excepcional, no que ao melodic death metal diz respeito. Embora ainda não o sejam (excepcionais), Me-tamorphosis é sem dúvida o primeiro dos seus álbuns a revelar-nos o seu verdadei-ro potencial. E é imenso.[7/10] Vanessa Correia

NEAL MORSETESTIMONY 2INSIDEOUT MUSIC

Em 2002 Neal Morse, re-centemente convertido ao cristianismo, deixou a banda Spock’s Beard para embarcar um novo projec-to, desta vez a solo, que lhe permitisse concentrar ex-clusivamente na sua nova fé. O primeiro trabalho des-se projecto seria Testimony, um duplo disco de rock pro-gressivo, dividido em cinco partes que detalhavam a sua conversão. Nove anos e treze discos depois, eis Tes-timony 2 pegando onde o seu antecessor – conceptu-al – ficou. Desta vez a nar-rativa desenrola-se em três partes (part six, seven, eight – seguindo a nomenclatura do primeiro) que ocupam o primeiro disco, enquanto o segundo contém material que não cai propriamen-te dentro do conceito (tal como um terceiro disco que circulou com o Testimony original em certas versões limitadas). À primeira vista, tudo parece um pouco for-çado ou, digamos, desins-pirado, todo este seguimen-to, este reciclar de velhos conceitos. Mas à primeira audição, os incautos são desenganados e Neal Mor-se mostra estar em plena forma. Testimony 2 é um excelente passeio para qual-quer aficionado de rock pro-gressivo. Cada uma das três partes do disco divide muito bem as faixas mais calmas - que forçosamente tinham de existir - entre si fazendo que o trabalho como um todo nunca perca a energia e possa ser ouvido de uma assentada. Destaque para Time Changer e The Truth Will Set You Free como ex-celentes peças de prog-rock, mas também como a prova

de que o estilo não precisa de viver exclusivamente de instrumentais e que é possí-vel conciliar um refrão com um faixa mais longa. Morse pode apelar em demasia a um género desinteressante, como o rock cristão, pode por vezes criar uma sensa-ção de monotonia temática, mas no geral o seu trabalho é demasiado bom para pas-sar despercebido a um bom ouvinte de prog. Testimony 2, como qualquer outro tra-balho de Morse, consegue conquistar o ouvinte pela qualidade e solidez da sua composição, portanto, não vamos cerrar os dentes ou brandir as mãos ao céu ape-nas pela pele que reveste a sua música. [8/10] João Lemos

NEURAXISASYLONPROSTHETIC RECORDS

A crítica internacional des-Sem ser revolucionário, este 6º álbum dos Canadienses Neuraxis, é um bom registo, para quem gosta de Death Metal Técnico Melódico cla-ro! Sendo o primeiro grava-do com novo alinhamento (baixista e baterista), nota--se uma certa frescura em relação ao álbum anterior “ The Thin Line Between”, mas sem uma evolução no-tória na qualidade da com-posição, como possivel-mente seria esperada pelos mais exigentes seguidores da banda. Ainda assim, tem pormenores muito bons, com boas passagens em contra-tempo e compassos de estrutura complexa, dig-nos de figurar na “galeria de riffs que um dia tenho de conseguir tocar”, de to-dos os “colados” à guitarra. “Reptile”, o primeiro tema do álbum, funciona como um aperitivo, onde todos os ingredientes do álbum

NIGHT OF SUICIDEDESIRESOLITUDE PRODUCTIONS

Melancólico, pausado, at-mosférico e negro, assim se define o 3º trabalho do duo Night of Suicide, intitulado “Desire”. Ao estilo do bom e puro funeral doom, as composições apresentam-se cheias de melancolia, onde o sentimento de angustia e desolação, é acompanhado pelo gutural profundo, de Ben de Graaff, sendo ape-nas quebrado pelas passa-gens do teclado e os inter-lúdios da guitarra acústica, que preenchem e acentuam o que a música tem de mais belo - a sua pureza na sim-plicidade.[7.5/10] Catarina Silva

estão presentes: melodia, velocidade e técnica, servi-dos em 2.45min de música. As 10 músicas existentes, são bastante homogéneas, com a excepção da 7ª faixa “Resilience”, uma espécie de balada melancólica e in-trospectiva. Mas com “Pu-rity”, rapidamente as coisas vão ao sítio. Para acabar em beleza, “Left To Devour” fe-cha o álbum, com um arran-jo de guitarras clássicas em fade-out, ao bom estilo “old school”. Só um apontamen-to especial para “By The Flesh” que elegi como a me-lhor música, que para além de ser muito bem construí-da, tem um início simples-mente delicioso. Só peca pelo riff inicial não tornar a ser repetido! Uma pena... [7/10] Del’Orca

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PENTAGRAMTHE LAST RITESMETAL BLADE

Nunca é demais recordar que a origem dos PENTA-GRAM foi numa já distante noite perto do Halloween em 1971. Dessa formação resta hoje o vocalista e co--fundador Bobby Liebeling. Victor Griffin viria a juntar--se em 1978 e é quase épi-ca a luta de ambos pela sobrevivência desta banda. Este oitavo álbum da ban-da marca um regresso só-lido, poderoso, por vezes até arrebatador. Com uma entrada forte – “Treat me right”, logo seguida de um “Call the man” a transpor-tar-nos ao bom heavy metal em toda a sua intempora-lidade, Griffin faz um tra-balho exemplar na guitarra sempre apoiado num baixo bem marcado deTurley. Há aqui e ali, em 8 ( Tomaselli em grande nesta faixa ) e “Everything is turning to night”, por exemplo, a sen-sação de estarmos na pre-sença de uma homenagem às origens do Heavy Metal com história escrita por bandas como Deep Purple, Black Sabath e os próprios Pentagram. O registo de Liebeling só por si já é pode-roso mas em todo o álbum há uma perfeita combinação que resulta num todo mui-to homogéneo. “Windmils na chimes” transporta-nos com alguma melancolia muito própria bem paten-tes na voz de Liebeling e na guitarra de Griffin. O Heavy Metal que nos é oferecido neste trabalho - The last rites, dos Pentagram é um dos melhores exemplos que o power no Metal não passa obrigatóriamente pelo mais rápido e mais alto.”Death in 1st person” é isso mesmo. “Nothing left” fecha um ál-bum bem estruturado em que cada vez que se volta a ouvir se gosta cada vez mais um pouco.[8/10] Miguel V. Pinto

PORTRAITCRIMEN LAESAE MAJES-TATIS DIVINAEMETAL BLADE

“Crimen Laesae Majestatis Divinae” : um álbum assu-midamente Heavy Metal, cheio de energia e ritmo, à maneira antiga. Sendo uma aposta sonora invulgar hoje em dia, o álbum tem tudo para ser bom, desde so-los poderosos, uma secção rítmica variada e uma voz em falsete ao bom estilo do King Diamond - por vezes faz lembrar Mercyful Fai-th nos seus primórdios. A aposta feita no retorno às raízes do género foi sem dú-vida um sucesso.[8/10] Catarina Silva

PRIMORDIALREDEMPTION AT THE PURITAN’S HANDMETAL BLADE

Os irlandeses Primordial re-gressam em 2011 com “Re-demption at the puritan’s hand”, o seu sétimo álbum, sucessor de “To the Name-less Dead” de 2007. Esta é uma daquelas bandas que não precisa de mudar a sua sonoridade e o seu estilo, porque o trabalho que fa-zem desde 1991 é já mais do que suficiente para lhes ga-rantir uma enorme dedica-ção dos fãs de Heavy Metal.“Redemption at the Puritan’s Hand” consegue transportar-nos para vários estados de alma e para sen-sações tão distintas como amargura, mágoa e raiva. É uma viagem e tanto atra-vés de músicas como “Lain with the wolf”, “Bloodied

yet unbowed”, “The mouth of Judas”, “At the puritan’s hand” e “Death of Gods”, sem dúvida uma das mi-nhas preferidas do álbum.Um excelente regresso de uma banda que nunca deixa os seus créditos por mãos alheias e nunca desi-lude. “Redemption at the Puritan’s Hand” foi, clara-mente, uma aposta ganha. [8/10] Rute Gonçalves

SACRED LEGACYUNDYING HEARTROCK’N’GROWL

Directamente das Maldivas, chega-nos este Undying Heart, enérgico, com muita personalidade e particula-ridade. É incrível o mixing utilizado. Digamos que se nota perfeitamente em vá-rias faixas, a influência de bandas sonoras de anime japonês. Os instrumentais são bem detalhados e es-truturados, desde os ritmos impostos pelo baterista Ismail Waheed (Wadde) aos solos e rifs de Ahemed Shahyd (Shahyd Legacy) e Ahmed Ikam (Iku). Algo que também apreciei bas-tante, foi a implementação de composição clássica em intros e as mudanças rít-micas e fonéticas dentro da mesma música. Todo o ál-bum tem componentes me-lódicas, fusões e mixing de outros estilos. Reparem que a faixa 8 (Undying Heart) é praticamente uma balada, mesmo se transformando depois. Curiosamente al-gumas faixas transmitem vibrações cinemáticas, isto é, têm potencial para serem introduzidas em filmes, es-pecialmente as músicas que reproduzem ritmos cortan-tes. Quanto às vocais, não existe grande coisa apontar. Ali Ashraf fez a sua parte positivamente, querendo

dar um especial destaque à música Forgot (faixa 3). No geral é um bom álbum, com bastante energia e atitude, mas também com algum misticismo, melodia e to-ques orientais ( film guitar music style). Recomenda-do![8/10] Davide Gravato

SOMNOLENTRENAISSANCE UNRAVE-LINGSOLITUDE PRODUCTIONS

O 2ª álbum de Somnolent, “Renaissance Unravelling”, é em muito diferente do ál-bum anterior e em tudo di-ferente do que alguma vez foi feito. Apresentando uma miscelânea de sons que vão desde o Prog, Post-Metal, Doom e Rock Psicadélico, as composições perdem-se por haver demasiadas sonorida-des distintas, e muito pouca consistência entre elas. Há falta de identidade própria e de estrutura melódica; no entanto existem bons mo-mentos musicais, bons riffs e boas secções atmosféricas .Pena não serem contínuas e fluídas. É um álbum con-fuso e original no mínimo...[4.5/10] Catarina Silva

THE ALLSTAR PROJECTINTO THE IVORY TOWERRASTILHO

Para quem os The Allstar Project passaram desperce-bidos desde que foram fun-dados em 2001, recomendo vivamente que os vão des-cobrir pela riqueza musical que detêm, sendo um dos melhores conjuntos a mo-

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ver-se nos campos do post--rock no território luso. Já contam com dois EP’s e um álbum magnífico de longa duração, “Your Reward...a Bullet”, ao qual sucede ago-ra este novo trabalho “Into the Ivory Tower”. Este novo registo continua a premissa dos seus outros trabalhos em que existe uma forte ambiência sonhadora inter-pelada por riffs contagian-tes que vão crescendo e en-volvendo o ouvinte ao longo da sua audição, basta tomar atenção à música “Shifting Poles”. O primeiro tema, “Neighbour of the Beast”, vicia logo com o seu traba-lho de guitarras e começa o registo com um ritmo mais rápido, variando então com momentos mais intros-pectivos e viajantes como se presencia em “Not All a Dream” ou em “Advent”, temas onde fazem lembrar japoneses Mono. “Pyrami-dal” é sem sombra de dú-vida a música mais equili-brada do álbum e que faz um apanhado dos vários ambientes explorados pela banda oriunda de Leiria, num trabalho bem produzi-do e composto. The Allstar Project é sem um conjunto brilhante e uma das estre-las ascendentes do panora-ma musical nacional.[8/10] Bruno Farinha

THE OBSCENETHE TORMENT OF SINNERSPEST RECORDS

O quarteto inglês de Death Metal, The Obscene apre-senta o seu EP “The Tor-ment of Sinners” com seis faixas novas e mais 5 bó-nus tracks do seu anterior trabalho “Destroying the heavens”. O disco começa com uma introdução bas-tante poderosa “The Storm

TORMENTATORMENTED SOULSROCK’N’GROWL

Os Tormenta são uma ban-da de Trash Metal nascida em 2006 nas Maldivas. For-temente influenciados por bandas como os Megadeth, os Slayer e os Metallica, este quinteto surge agora com o lançamento do seu primeiro registo “Tormented Souls”.O disco começa com a toada frenética de “Judgement” e prossegue no mesmo tom enérgico durante os res-tantes 5 temas: “Hours of darkness”, “Ilumi nation”, “Defy” (que revela um som bastante parecido com os Slayer), “Tormented Souls” e “Hanged, drawn and quar-tered” são puro trash e con-seguem proporcionar bas-tante prazer e headbanging.“Tormented Souls” não pri-ma pela originalidade, mas consegue transmitir a quem o ouve a energia que um disco de Trash metal deve conter. Pode não ser uma obra-prima, mas revela uma banda que tem bastan-te potencial no futuro. Sem dúvida, um bom começo.[7/10] Rute Gonçalves

to come”, que com apenas cerca de um minuto e meio de duração, consegue im-pressionar e fazer questio-nar o que se segue. E o que se segue não desilude: “Em-brace Oblivion”, “Brim dis-covery”, “Beyond the hold of God”, “Skipcat Jane” e “The final silence“, continuam em toada enérgica e agres-siva, como manda a cartilha do Death Metal. “The tor-ment of sinners”, consegue prender a atenção e fazer com que nos questionemos sobre o futuro dos “The Obscene”. A meu ver, têm tudo para vir a dar que falar. [6.5/10] Rute Gonçalves

URBAN TALESLONELINESS STILL IS THE FRIENDCOMPACT RECORDS

Os Tormenta são uma ban-da de Trash Metal nascida em 2006 nas Maldivas. For-temente influenciados por bandas como os Megadeth, os Slayer e os Metallica, este quinteto surge agora com o lançamento do seu primeiro registo “Tormented Souls”.O disco começa com a toada frenética de “Judgement” e prossegue no mesmo tom enérgico durante os res-tantes 5 temas: “Hours of

darkness”, “Ilumi nation”, “Defy” (que revela um som bastante parecido com os Slayer), “Tormented Souls” e “Hanged, drawn and quar-tered” são puro trash e con-seguem proporcionar bas-tante prazer e headbanging.“Tormented Souls” não pri-ma pela originalidade, mas consegue transmitir a quem o ouve a energia que um disco de Trash metal deve conter. Pode não ser uma obra-prima, mas revela uma banda que tem bastan-te potencial no futuro. Sem dúvida, um bom começo.[7/10] Rute Gonçalves

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Quem vai ao SWR pela primeira vez promete que para o ano vai vol-

tar. O cartaz é bom, o preço é acessível e o ambiente que se vive é dos melhores. Este ano, a edição do Barroselas Metal-Fest pecou apenas pelo mau tempo que se fez sentir du-rante a noite mas nem assim a festa parou. Este dia começou com os nacionais Mr. Miyagi a abrir as hostilidades. Estavam em palco há pouco tempo e já prometiam uma das melhores edições de sempre deste festi-val. Seguiram-se os Alchemist, uma banda proveniente de Amora que me surpreendeu bastante pela positiva. Foram protagonistas, ainda que por pouco tempo, de um excelen-te momento musical liderado pelo baixista e vocalista João G. Os minutos vão passando e cada banda tenta superar a ou-tra nos dois palcos principais existentes. É então que chega a vez dos Eslovenos Bleeding Fist, que certamente ficaram na memória de quem esteve na linha da frente - pelo menos dos que estavam sóbrios... ain-da... - devido à excelente inte-racção com o público, nomea-damente da parte do baixista, que cumprimentava o público, posava para as máquinas foto-gráficas e ainda permitia que mexessem nas cordas do seu instrumento musical. Já para não falar das cabeças de porco que eram atiradas para o públi-co, maior parte por intermédio desta figura tão carismática. Tiveram uma actuação sólida e presentearam-nos com um dos melhores momentos deste fes-tival. A música Portuguesa vol-ta a atacar em força, desta feita

sob o domínio dos We Are The Damned. Muita energia, muita raiva e muita itensidade a do-minar o público. Foi aqui que percebi que, infelizmente, as promotoras e o público Portu-guês ainda têm muito caminho para andar, pois Portugal teve bons actos no palco secun-dário, enquanto que o palco principal recebeu bandas des-locadas como Cough e Menace Ruin. Eis então que chega a vez dos Voivod que fazem um concerto fenomenal, atraindo mais público para a frente e a tornar o crowdsurfing cada vez mais frequente. Já perto do fim, chega a vez dos cabeça-de--cartaz Ratos de Porão fazerem o que melhor sabem fazer! Es-tão todos em palco à excepção do líder da banda Brasileira. O público não para de cha-mar pelo Gordo e é então que se inicia o concerto com um tema retirado do recente split--EP editado juntamente com os Looking For An Answer. “Exército de Zumbis” é o nome da música e a partir daí damos uma volta pelos velhos clássi-cos e por material mais recente extraído de “Homem Inimigo do Homem”, editado em 2006. O público não para de subir ao palco, já se atiram sem se preocuparem se alguém os vai apanhar, cantam com o João Gordo, puxam-lhe as boche-chas... O ambiente é de festa e a organização do SWR não po-dia ter escolhido ninguém me-lhor que Ratos de Porão para liderar esta festa (pelo menos neste dia). Para o ano que vem lá estaremos.

Texto: Joel Costa Fotografia: Joel Costa

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Coincidência, ou não, foi mesmo na véspera de uma das mais importantes celebrações reli-

giosas que tivemos o privilégio de as-sistir a um muito aguardado concerto de Mayhem, finalmente em Portugal . Desde cedo a noite prometia. Os Da-emogorgon iniciaram as hostilidades, lançando-se com uma brutalidade e energia contaminante deixando bem claro que esta noite ninguém iria descansar tão cedo. Seguiram-se os Corpus Christii, numa actuação de perfeita comunhão com o público e recheada de momentos devastadores, reforçando que há excelentes ban-das de black metal em Portugal. Os Mayhem são uma banda que não pre-cisa de apresentações e que continua a ser, talvez, a grande referência dentro das histórias mais sórdidas, polémicas e controversas das bandas saídas do

movimento black metal norueguês.Formados em 1984 na Noruega o seu primeiro álbum – Deathcrush foi lan-çado em 1987. Em 2007 os Mayhem lançaram o último álbum até a presen-te data , Ordo Ad Chao. O lançamen-to de De Mysteriis Dom Sathanas em 1993, o seu mais emblemático, trans-formou os Mayhem nos supremos re-presentantes do black metal. Foram exactamente estes os álbuns mais destacados neste fantástico concerto, embora quase todos os restantes te-nham sido revisitados. Duas cabeças de porco espetadas nas respectivas estacas são colocadas em palco: estão abertas as hostilidades. A partir daí foi criada uma atmosfera de autêntica celebração de virtuosismo e poder do bom metal, sempre numa descarga de energia e força levada aos limites. O vocalista Attila Csihar, o mesmo que

em 1993 tinha dado voz a De Myste-riirs Dom Santhanas, comandava a cerimónia mórbida cadenciada pelo vertiginoso ritmo imposto por Hel-lhammer na bateria e pelo baixo de Necrobutcher. Morfeus e Silmaeth formam a dupla de guitarras que não se poupa até um final apocalíptico que apenas termina com as duas cabeças de porco a serem lançadas para o pú-blico, também ele uma parte deste magnífico concerto. Ninguém se lem-bra que esta banda que transpira pu-jança já aqui anda há 27 anos…

Texto: Miguel Vieira PintoFotografia: Miguel Vieira Pinto

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Era já esperado por muitos há algum tempo a primeira visi-ta de uma banda lendária do

Heavy Metal Europeu como são os Grave Digger, ainda por cima na sua estreia em Portugal presenciam ao povo luso um espectáculo especial de duas horas de duração, é por isso com surpresa que apenas cerca de uma centena de pessoas estivessem presentes, dando a impressão de um recinto vazio. No entanto é nestas ocasiões que se pode dizer, poucos mas bons! O grupo alemão sempre a puxar pelo público e este a cantar as músicas que desfilaram por todo concerto, com ênfase para “Rebellion (The Clans are Marching)”.Concerto que começou de maneira teatral ao

som de “Days of Revenge” com uma figura em vestes negras com uma ca-veira a sair do capuz a tocar a gaita de foles. A actuação foi dividida em duas partes, a primeira dedicada às lendas escocesas com a bandei-ra desta nação a enfeitar o palco e baseada nos álbuns “The Clans Will Rise Again” e “Tunes of War”. Na se-gunda parte, mais uma vez a “Mor-te” apareceu à frente do palco balan-ceando a corda para a “Ballad of a Hangman”, onde também se ouviu clássicos como “Morgane La Fay”, “Excalibur” e para acabar depois do Encore, um “Heavy Metal Breakdo-wn”. Boa performance do colecti-vo com o som bem equilibrado e au-dível. No início da noite, quem abriu

as hostes foram os nacionais Attick Demons a tocarem ainda para uma plateia bastante despida, mas com garra a mostrarem o seu Heavy/Po-wer Metal de influências bastante tradicionais, seguidos dos alemães Orden Ogan. Estes últimos apresen-taram-se de uma maneira bastante descontraída e comunicativa, ape-lando à audiência clamarem “Hello you motherfuckin Pussies!” sempre que eles diziam “Hello Friends” e a conquistarem fans com o seu Power Metal bastante melódico que con-tém alguma dinâmica rítmica e riffs poderosos numa prestação potente.

Texto: Bruno FarinhaFotografia: Liliana Quadrado

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O Side B decidiu organizar uma noite dedicada às vozes femininas no âmbi-

to da música pesada e conseguiu montar um line-up nacional que demonstra variedade, negando o facto de a presença de uma voz de uma mulher numa banda sig-nifique que esta pratica uma de-terminada sonoridade específica. Derivado de problemas de logísti-ca, à nossa chegada os Inner Blast já actuavam e pareciam agradar uma plateia bastante composta e interessada com o seu rock pe-sado de texturas góticas, inter-pretando bem o papel de banda de abertura. Seguiram-se os Te-arful, grupo conhecido devido à experiência adquirida dos seus integrantes que estiveram envol-vidos em vários projectos, como por exemplo, Shadowsphere ou Urban Tales. A banda mostrou--se bastante coesa e foi bastante competente na sua actuação, com destaque para a energia da voca-lista Raquel Nunes, que com a sua voz “rockeira” fez o máximo para puxar pela audiência. Foi ao som de aplausos que a banda Lisboeta se retirou ao tocar o seu tema mais conhecido, “Heaven”, para darem lugar ao melhor acto da noite, os Sunya. Uma dinâmica ritmíca fora de comum empregue pelo bate-rista Tiago Gaspar e pelo baixista

Hugo Frutoso, dá uma frescura enorme à sua música também de ambiências góticas, isto aliado a uma boa dupla de guitarras e a uma presença de palco frenética da vocalista Kaddy prova que os Sunya são uma banda a seguir, já que a qualidade está lá sem dú-vida. Vieram então os Enchantya que contam com a presença da ex--vocalista das Black Widow, Rute Fevereiro. Tiveram bastantes pro-blemas técnicos com uma das gui-tarras, o que condicionou bastante o sua sonoridade durante a maior parte do seu tempo de palco, mas mesmo assim tentaram seguir o concerto para a frente sem medo. Para acabar a noite, os já conhe-cidos Thee Orakle deambularam pelos temas do seu álbum de es-treia “Metaphortime” com a sua sonoridade mais progressiva e influenciada por ambiências um pouco orientais acabando bem a noite. Nota de apreço para a maior parte das bandas ter dedicado as suas actuações a um DJ do Side B que tinha falecido na semana an-terior.

Texto: Bruno FarinhaFotografia: Liliana Quadrado

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fim parecem forçados. Ape-nas a personagem de Aaron Ekhart, Michael Nantz, é explorada e mesmo assim muito ao de leve. Os diálo-gos não possuem credibili-dade e as personagens são tão vazias que no fim mal nos lembramos do nome delas.

O filme chega a cair no ri-dículo com momentos de drama que mais provavel-mente fazem o espectador revirar os olhos do que comover-se, ou com o par de crianças que acompa-nha a história que pouco mais fazem para além de chorar e gritar. Pelo meio há dezenas de clichés que vão desde um patriotismo exagerado até à capacidade dos fuzileiros realizarem o impossível.

E se o trabalho visual e os efeitos especiais das naves estão bem conseguidos, o mesmo já não se aplica

aos alienígenas, tendo um aspecto desinteressante e nunca dando ao espectador uma boa visualização dos mesmos – algo que parece que se tornou moda desde Signs.

Battle Los Angeles é apenas mais um filme de acção da-queles onde até é recomen-dado não pensarmos muito para o podermos apreciar. Numa altura em que o cine-ma inteligente e o cinema pop já encontraram o equi-líbrio em filmes como Dis-trict 9 ou Inception, Battle Los Angeles surge como um título que dificilmente agradará o espectador.

[4/10] João Miranda

O s extraterrestres voltam a invadir o cinema em Battle

Los Angeles, desta vez re-tratando a invasão de um ponto de vista militar. No entanto aproxima-se mais de um filme de guerra em que o inimigo aqui é um exército alienígena com uma tecnologia militar su-perior e também visual-mente mais interessante. Depois de uma introdução às personagens desneces-sariamente longa, o filme

coloca toda a sua atenção nas cenas de acção. Não é mau de todo porque, ver-dade seja dita, quem vai ao cinema ver um filme como Battle Los Angeles vai pelos tiroteios, pelas explosões, pelas cenas de destruição. O porquê disto tudo estar a acontecer é secundário. E sim, o filme consegue ter cenas de acção bastan-te agradáveis, mas obvia-mente tal não é suficiente. A história é deixada de lado e tanto o principio como o

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Em Junho de 2010 surgiu no youtube uma curta-metragem com o nome Mortal Kombat:

Rebirth. A curta mostrava certas personagens do famoso jogo de luta numa aproximação mais realista às mesmas, algo que nunca tinha sido explorado até à altura. Mortal Kom-bat: Rebirth depressa ganhou fama, não só por abordar uma saga acari-nhada por uma grande legião de fãs, como pela qualidade da mesma em todos os aspectos. Depois disso mui-to se especulou. O que seria esta cur-ta? Um projecto singular? Um trailer para um filme futuro? Ainda existe a hipótese deste projecto um dia se tor-nar numa longa-metragem, mas neste momento a mesma equipa responsá-vel por Mortal Kombat: Rebirth traz--nos Mortal Kombat: Legacy, uma série online produzida pela Warner Bros. e distribuída pelo canal da Ma-chinima, que segue a mesma aproxi-mação realista à saga. Cada episódio conta a história das personagens de Mortal Kombat, mostrando a origens das mesmas e as motivações que le-varam à sua participação no torneio.

Embora a série aposte principal-mente numa aproximação realista às personagens, o misticismo de Mortal Kombat ainda está presente. Nome-adamente, ainda é o torneio aquilo que impede os reinos de Outworld de invadirem a Terra. A forma como o leitor apreciará Mortal Kombat: Le-gacy será equivalente ao apreço que possui pela saga em geral. Se os jogos ou os primeiros filmes lhe passarem ao lado, é pouco provável que Legacy o consiga cativar. Por outro lado, os fãs certamente que encontrarão aqui uma série que os agrade e que os faça consultar o youtube só para ver se um novo episódio já saiu. Legacy está repleto de referências ao jogo, des-de a personalidade das personagens até a pequenos gestos ou pequenas citações: no primeiro episódio Kano (Darren Shahlavi) ameaça Sonya (Jeri Ryan) de lhe arrancar o coração. Algo que não será tido em conta por espectadores distantes da saga mas que os fãs irão facilmente reconhecer como uma referência a uma fatality da personagem. Para além disso, a série finalmente inclui um elemento

chave que foi posto um pouco de par-te noutras séries ou filmes baseados em Mortal Kombat: a violência. Aqui os produtores não ficaram com meias medidas, mostrando o sangue e a violência que os fãs de Mortal Kom-bat sempre exigiram. Tecnicamente, a série tem a mesma aparência que qualquer outra que possam ver na televisão. Os actores não são os me-lhores, mas são empenhados no que fazem e, até agora, cada um deles as-senta bastante bem na personagem que interpreta. A imagem está bem trabalhada, tal como os efeitos espe-ciais que se apresentam de uma for-ma mais credível do que em muitas séries que vemos na TV. É bastante claro que a Warner Bros. está a apos-tar a sério em Legacy. É pena que cada episódio tenha apenas 11 minu-tos, o que acaba sempre por saber a pouco. Resta esperar que a mesma equipa dê continuidade a este pro-jecto, seja sob forma de filme ou em séries, pois existe aqui um enorme potencial por explorar.

A série vai no 5º episódio e contará com um total de 10 episódios, sendo distribuídos semanalmente no canal do Youtube da Machinima.

[7/10] João Miranda

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