24
INTERESSSE, RACIONALIDADE E CULTURA Löic J. D. Wacquant e Craig Jackson Calhoun A discussão que opôs recentemente, nas páginas do American Journal of Sociology, (1) o sociólogo James Coleman, inspirado na economia neoclássica, ao historiador-sociólogo William H. Sewell, influenciado pela antropologia cultural de Geertz, é um indício da escalada, ou do vigoroso retorno, de duas correntes influentes no campo sociológico americano: a teoria dita “da ação racional” (Rational Actiori Theory, ou RAT) e a sociologia histórica e cultural. Para além dos homens, são de fato dois pólos epistemológicos e duas concepções da ação e da ciência social que se confrontam. Coleman e a ofensiva do honro oeconomicus A RAT que Coleman defende em seu artigo-manifesto não constitui propriamente um movimento teórico original nas ciências sociais dos Estados Unidos. Trata-se de uma aplicação ampliada e modernizada da “abordagem econômica” dos fenômenos sociais, cujas raízes históricas remontam à filosofia individualista do utilitarismo anglo-saxão. (2) O postulado fundador deste último foi assim enunciado por Gary Becker (1976, p.14): “Todo comportamento humano pode ser concebido como pondo em jogo participantes que maximizam sua utilidade a partir de um conjunto estável de preferências e acumulam a quantidade ótima de informações e outros intrants sobre uma variedade de mercados.” Sob as diferentes denominações de rational choice, (3)problema da ação coletiva, (4)pesquisa de “microfundamentos” (5) ou individualismo metodológico, essa abordagem goza hoje nos Estados Unidos de uma preferência sem precedentes, que se explica pela conjunção de vários fatores. Primeiro fator favorável: a “revolta microssociológica”, ou “construtivista”, que pôs fim à hegemonia funcionalista nos anos 60. A explosão paradigmática da sociologia americana que se lhe seguiu efetuou-se sobretudo no modo “interpretativo” ou cognitivo, com o interacionismo simbólico de Blumer e Goffman, a etnometodologia de Garfinkel e Cicourel, a sociologia fenomenológica inspirada em Schutz e a análise da conversação de Sacks e Schegloff (6); compreendeu também uma variante “instrumentalista”, ou racional, representada pelo behaviorismo de George Caspar Homans e a teoria econômica da troca de Peter Blau. Esse deslocamento do centro de gravidade do campo sociológico para o pólo subjetivista combina-se hoje com uma nítida renovação do interesse pela teoria, até mesmo pela “Grande Teoria”, de tal modo que estão criadas condições particularmente propicias à propagação da RAT, em que não é de todo absurdo discernir uma espécie de retorno do que fora relegado na sociologia utilitarista que se dissipara pouco a pouco ao longo dos anos 70.(7) A teoria, nos últimos anos, reconquistou os favores da sociologia americana. Atestam isso a multiplicação de livros, (8) artigos e colóquios que lhe são dedicados e o sucesso de público das confrontações entre grandes “teóricos” do momento. Em agosto de 1987, para surpresa tanto dos organizadores quanto dos oradores, a sessão do 82º Congresso Anual da Associação Americana de Sociologia dedicada à “teorização cumulativa em sociologia” (Turner, 1989) atraiu tal multidão (avaliada em mais de 500 pessoas) que foi preciso transferi-Ia para uma sala mais ampla quando os debates já estavam em pleno curso. Outros indícios dessa retomada: o aumento da seção de “Teoria” da Associação Americana de Sociologia (que contava menos de 400 membros em 1983, contra mais de 550 em 1989) e o bem-sucedido lançamento, em 1982, da SociologicalTheory, a primeira revista oficial da ASA, inteiramente dedicada à teoria, e, em 1985, da série “Key Issues in Sociological Theory” pela Sage Publications. Nem mesmo uma tentativa parcialmente abortada de reabilitação do parsonianismo, empreendida por um punhado de “neofuncionalistas” apoiados pela velha guarda estruturalfuncionalista - impensável uma década atrás -, deixa de ser hoje parte integrante da paisagem intelectual oficial. A tal ponto que um de seus promotores não hesita, nesse clima que voltou a ser nitidamente mais clemente em relação às reivindicações ao magistério conceituai, em inclui-Ia na vanguarda do “novo movimento teórico”. (9) Entre todos os assuntos que excitam hoje a inclinação teórica da profissão, nenhum supera o famoso “vinculo micro-macro”, recentemente instituído como problema canônico da disciplina, e que todo sociólogo com um mínimo de

INTERESSSE, RACIONALIDADE E CULTURA

  • Upload
    others

  • View
    9

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: INTERESSSE, RACIONALIDADE E CULTURA

INTERESSSE, RACIONALIDADE ECULTURA Löic J. D. Wacquant e Craig Jackson Calhoun

A discussão que opôs recentemente, nas páginas do American Journal of Sociology,(1) o sociólogo James

Coleman, inspirado na economia neoclássica, ao historiador-sociólogo William H. Sewell, influenciado pela antropologiacultural de Geertz, é um indício da escalada, ou do vigoroso retorno, de duas correntes influentes no campo sociológicoamericano: a teoria dita “da ação racional” (Rational Actiori Theory, ou RAT) e a sociologia histórica e cultural. Paraalém dos homens, são de fato dois pólos epistemológicos e duas concepções da ação e da ciência social que seconfrontam. Coleman e a ofensiva do honro oeconomicus

A RAT que Coleman defende em seu artigo-manifesto não constitui propriamente um movimento teórico originalnas ciências sociais dos Estados Unidos. Trata-se de uma aplicação ampliada e modernizada da “abordagem econômica”dos fenômenos sociais, cujas raízes históricas remontam à filosofia individualista do utilitarismo anglo-saxão. (2) Opostulado fundador deste último foi assim enunciado por Gary Becker (1976, p.14): “Todo comportamento humano podeser concebido como pondo em jogo participantes que maximizam sua utilidade a partir de um conjunto estável depreferências e acumulam a quantidade ótima de informações e outros intrants sobre uma variedade de mercados.” Sob asdiferentes denominações de rational choice, (3)problema da ação coletiva, (4)pesquisa de “microfundamentos” (5) ouindividualismo metodológico, essa abordagem goza hoje nos Estados Unidos de uma preferência sem precedentes, que seexplica pela conjunção de vários fatores.

Primeiro fator favorável: a “revolta microssociológica”, ou “construtivista”, que pôs fim à hegemoniafuncionalista nos anos 60. A explosão paradigmática da sociologia americana que se lhe seguiu efetuou-se sobretudo nomodo “interpretativo” ou cognitivo, com o interacionismo simbólico de Blumer e Goffman, a etnometodologia deGarfinkel e Cicourel, a sociologia fenomenológica inspirada em Schutz e a análise da conversação de Sacks e Schegloff(6); compreendeu também uma variante “instrumentalista”, ou racional, representada pelo behaviorismo de GeorgeCaspar Homans e a teoria econômica da troca de Peter Blau. Esse deslocamento do centro de gravidade do camposociológico para o pólo subjetivista combina-se hoje com uma nítida renovação do interesse pela teoria, até mesmo pela“Grande Teoria”, de tal modo que estão criadas condições particularmente propicias à propagação da RAT, em que não éde todo absurdo discernir uma espécie de retorno do que fora relegado na sociologia utilitarista que se dissipara pouco apouco ao longo dos anos 70.(7)

A teoria, nos últimos anos, reconquistou os favores da sociologia americana. Atestam isso a multiplicação delivros, (8)artigos e colóquios que lhe são dedicados e o sucesso de público das confrontações entre grandes “teóricos” domomento. Em agosto de 1987, para surpresa tanto dos organizadores quanto dos oradores, a sessão do 82º CongressoAnual da Associação Americana de Sociologia dedicada à “teorização cumulativa em sociologia” (Turner, 1989) atraiu talmultidão (avaliada em mais de 500 pessoas) que foi preciso transferi-Ia para uma sala mais ampla quando os debates jáestavam em pleno curso. Outros indícios dessa retomada: o aumento da seção de “Teoria” da Associação Americana deSociologia (que contava menos de 400 membros em 1983, contra mais de 550 em 1989) e o bem-sucedido lançamento,em 1982, da SociologicalTheory, a primeira revista oficial da ASA, inteiramente dedicada à teoria, e, em 1985, da série“Key Issues in Sociological Theory” pela Sage Publications. Nem mesmo uma tentativa parcialmente abortada dereabilitação do parsonianismo, empreendida por um punhado de “neofuncionalistas” apoiados pela velha guardaestruturalfuncionalista - impensável uma década atrás -, deixa de ser hoje parte integrante da paisagem intelectual oficial.A tal ponto que um de seus promotores não hesita, nesse clima que voltou a ser nitidamente mais clemente em relação àsreivindicações ao magistério conceituai, em inclui-Ia na vanguarda do “novo movimento teórico”. (9)

Entre todos os assuntos que excitam hoje a inclinação teórica da profissão, nenhum supera o famoso “vinculomicro-macro”, recentemente instituído como problema canônico da disciplina, e que todo sociólogo com um mínimo de

Page 2: INTERESSSE, RACIONALIDADE E CULTURA

ambição teórica deve enfrentar, ainda que ritualmente. (10) Não é por acaso, portanto, que o artigo de Coleman atribui àRAT a missão e a capacidade de lançar finalmente uma sólida ponte teórica entre os níveis de análise micro e macro,entre as condutas individuais e seus efeitos sistêmicos. (11)

Segundo fator: um ataque sistemático dos economistas e seus aliados do interior à cidadela sociológica. AdamPrzeworski observa que “as ciências sociais são hoje o alvo de uma ofensiva sem precedentes desde os anos 1890: umataque deliberado visando a impor o monopólio do método econômico sobre todo estudo da sociedade (...) E essaofensiva foi em grande parte vitoriosa”. (12) Mesmo que não se aceite esse diagnóstico interessado e um tanto precipitadono tocante ao desfecho da batalha, não se pode deixar de estar de acordo quanto à constatação de uma rápida proliferaçãodos modelos econômicos na ciência social americana. (13)Isso ocorreu especialmente na sociologia das organizações, emque os trabalhos de economistas estiveram na origem de desenvolvimentos importantes, como a abordagem dos custos detransação ou a teoria das relações “comitente-preposto” (principal agent theory), (14) mas também no estudo dosmovimentos sociais da família e da escola, bem como nesse conjunto disperso de pesquisas e técnicas analíticasagrupadas sob o rótulo de network theory. (15) Os discípulos confessos da RAT continuam, por certo, relativamentepouco numerosos entre os sociólogos - em contraste com os politólogos, sobretudo - e a intrusão do método econômicono terreno do social não deixou de suscitar umvigoroso contra-ataque. Assim, o conceito neoclássico de mercado, se nãoestá hoje desacreditado, é pelo menos vigorosamente contestado pelos trabalhos de Granovetter, Powell, Zelizer e White.A rápida expansão da sociologia econômica nos últimos anos faz pensar que o questionamento sociológico das noções dosenso comum “científico” da economia ortodoxa está apenas no começo. (16)

Ainda assim - reforçado pela filosofia social do “individualismo voluntarista”, que impregna a sociologiaamericana desde a origem, e pelo positivismo social que faz dos êxitos (sociais, senão científicos) da economianeoclássica o modelo acabado da cientificidade -, (17)o esquema da ação racional passou a ser, pelo menosimplicitamente, a base de bom número de setores de pesquisa aparentemente “ateóricos”. Seja com for, a ofensivaeconômica revela-se ameaçadora o suficiente para que certos sociólogos se perturbem e alertem os colegas para osperigos de ceder com demasiada facilidade a uma fusão das disciplinas irmãs sob a égide do conceito redutor de escolharacional: a sociologia nada teria a ganhar com a troca de seu sentido da variedade e da complexidade do real pela“propriedade irrealista” dos modelos econômicos. (18)

Tomemos dois exemplos, entre outros, dessa supervalorização das pretensões epistemológicas dos economistas.Por ocasião de um simpósio sobre “Os paradigmas nas ciências sociais”, realizado em 1986 no campus da Universidadede Chicago, quartel-general dos RATs, se existe algum, (19)o prêmio Nobel de economia James Buchanan não hesitouem proclamar que “os que preferem pesquisar as relações entre classes, Estados e organizações como tais, sem se dar aotrabalho de reduzir a análise aos comportamentos dos indivíduos que nelas participam, não merecem sequer, a meu ver, aqualificação de social scientist, se ainda atribuirmos algum sentido a este termo” (citado por Hirsch et al., p. 317, grifonosso). Em 1983, também na Universidade de Chicago, numa conferência sobre teoria sociológica, seu colega MancurOlson respondeu nos seguintes termos - em que a condescendência rivaliza com a ignorância - a Joseph Gusfield, o qualdefendera a bandeira da sociologia interpretativa (humanistic science) ao fim de uma comunicação sobre a construçãosocial da noção de “ameaça pública”, como a embriaguês ao volante: “Gostei desta exposição, pareceu-me até agradável.Quando terminou, fiquei pensando porque gostara tanto (...). Finalmente entendi o motivo: foi como um magníficosermão. Não seria o caso de passarem então a falar de abordagem teológica em ciências sociais, em vez de abordagemhumanista?” (Olson, in Lindenberg, Coleman e Nowak, 1986, p. 202, grifo nosso).

Quanto aos sociólogos, o livro de Michael Hechter, Principies of Group Solidarity, oferece uma imagemarquetípica desse economicismo expansionista. Ao cabo de um processo sumário, e tendo condenado sem direito arecurso as abordagens “normativista, estruturalista e funcionalista” (1987, pp. 20-29), que simplificou à vontade para seusfins, Hechter, ex-adepto da teoria neomarxista do sistema-mundo (em outras épocas, foi um dos discípulos maisdestacados de Immanuel Wallerstein na Universidade de Colúmbia), recém-convertido à RAT, propôs substituí-lasporuma teoria racional da coesão dos grupos. Essa teoria se articula em torno de três elementos de base que revelam, desaída, o empobrecimento conceitua) produzido por tal conversão: indivíduos “portadores de um conjunto de preferênciasespecificas, discretas, não ambíguas, e transitivas”; instituições, ou seja, “conjuntos de regras que constrangemeficazmente o comportamento individual segundo diversas modalidades”; e “produtos coletivos” resultantes dacombinação das condutas individuais (pp. 30-31). Pergunta: por que os indivíduos criam grupos ou ingressam neles?Resposta: para poder consumir os bens exclusivos e imanentes que só eles são capazes de produzir. Ao fim de um severoescrutínio de vários casos – grupos parlamentares, associações de crédito rotativo, mercados de trabalho internos àsempresas e comuns (uma amostra muito particular, pois contém apenas grupos formais eletivos: quid de todos oscoletivos, em que o pertencimento não decorre da lógica da escolha individual, deliberada e consciente, como família,clãs, classes, nações, comunidades raciais ou étnicas, grupos sexuais ou de idade?) – o autor chega a essa notável

Page 3: INTERESSSE, RACIONALIDADE E CULTURA

descoberta, plena de bom senso utilitarista: um grupo é tanto mais solidário quanto mais estreitamente seus membrosdependem dele e quanto mais amplas são suas capacidades de controle formal e sanção.

Ao concluir, Hechter admite que a RAT sofre de carências no mínimo alarmantes: é incapaz de explicar por quetal tipo de grupo emerge em vez de tal outro para saciar essa mesma sede inextinguível de “bens coletivos imanentes” queatormenta incessantemente os indivíduos maximizadores; nega qualquer papel às identidades e aos sentimentos coletivos;mostra-se inapta a esclarecer a dinâmica do desenvolvimento institucional e os rompantes de ação coletiva que sedesencadeiam na ausência de qualquer mecanismo formal de controle ou de retribuição; por fim, e sobretudo, permaneceinteiramente muda sobre a variável causal que presumivelmente comandaria todo 0 modelo, a saber, a formação daspreferências individuais (pp.183-184). Isto não o impede, contudo, de afirmar, sem nenhuma cerimônia, que “longe deserem incompatíveis, a sociologia e a racional choice são mutuamente complementares (...) Juntas, oferecem hoje amelhor esperança de fundir os níveis de análise individual e estrutural num todo coerente, capaz de produzir proposiçõesempíricas passíveis de refutação” (pp. 8 e 186).

Em suma, embora fundadas numa filosofia social individualista profundamente conservadora - ou atéorganicamente ligada a uma forma de capitalismo liberal, que, à primeira vista, pareceria dever torná-la antitética a umaciência social critica - as proposições teóricas da RAT sociológica viram-se consideravelmente reforçadas “à suaesquerda” pela emergência paralela do “marxismo analítico” (também conhecido pelo nome de game-theoretic marxism,ou ainda de racional choice marxism). Essa nova “escola” de pensamento - cujo núcleo se compõe dos filósofos GeraldCohen e Jon Elster, dos politólogos Adam Przeworski e Robert Van Parijs; do economista John Roemer e do (único)sociólogo Eric Olin Wright (em cuja periferia podemos situar os filósofos Andrew Levine e Allen Wood, o historiadorRobert Brenner e Norman Geras) - ambiciona retomar os problemas do marxismo com o auxilio da metodologianeoclássica. Isto sobre a base de uma filosofia da ação - de fato uma verdadeira ontologia social, prima daquela quefunda o subjetivismo sartreano –(20) que faz da estrutura das relações sociais o produto da agregação compósita e nãointencional das escolhas deliberadas de indivíduos, que maximizam seus interesses no curso de interações estratégicaslimitadas pela distribuição dos recursos eficientes. (21)

Essa rede heterogênea e pouco numerosa (mas extraordinariamente ativa e coesa, por isso muito visível), ‘quelança mão de uma mistura de Karl Marx e John Stuart Mil], forjou o projeto de dar enfim ao marxismo os fundamentoslógicos e racionais (em suma, científicos, num sentido que não contrariaria em absoluto o Circulo de Viena) que ainda lhefaltariam, um século após a morte do autor do Capital. (22) Seus membros se distinguem de seus predecessores,sobretudo estruturalistas (alguns são trânsfugas arrependidos do marxismo althusseriano) pelo fato de aplicaremtranqüilamente, às questões tradicionais do marxismo - teoria da história, exploração, conflito de classes, transição para osocialismo - “os métodos mais avançados dá filosofia analítica e da ciência social ‘positivista’”, (23) a saber,essencialmente, a teoria dos jogos, a modelização matemática e os conceitos de equilíbrio e mercado da economianeoclássica. Um de seus principais porta-vozes não hesita em erigir a filosofia analítica em sine qua non do métodocientífico. (24)

Esse “materialismo histórico marginalista”, para adotar uma expressão que destaca o barbarismo conceitua),associa-se pois à RAT sociológica para fazer da escolha racional do indivíduo o ponto de Arquimedes da teoria social. Defato, o marxismo analítico é o homólogo, em todos os pontos, no campo do “marxismo professoral”, (25) da teoria daescolha racional de Coleman na sociologia ortodoxa: assim como a RAT colemaniana não pode ser compreendida fora desua relação de oposição ao funcionalismo e à sua concepção “hipersocializada” da ação - que, no esquema parsoniano,faz do agente o servo passivo de normas culturais consensuais todo-poderosas (Wrong, 1961) - assim também ohipersubjetivismo racionalista e intencionalista do marxismo analítico se define numa reação ao “anti-humanismo”exacerbado do marxismo althusseriano, em que o agente é rebaixado à categoria de suporte das estruturas reificadas equase-antropomorfizadas, continuamente “interpelado” por aparelhos ideológicos dotados de capacidades mistificadorasinfinitas.

Se a taxa de citações mútuas, excepcionalmente elevada, o tom deliberadamente autocelebrador e o fechamentoconceitual e temático de seus discursos podem dar aos marxistas analíticos a aparência de uma “sociedade de admiraçãomútua”, suas discordâncias internas são de fato tão numerosas como profundas: assim, Przeworski considera “estéril” aaparelhagem técnica da teoria dos jogos que Elster valoriza acima de todas as outras, enquanto este decreta falaciosas elogicamente inaceitáveis as explicações funcionalistas que, segundo Cohen, formam a ossatura cientifica do marxismo;Cohen, por sua vez, rejeita o exagerado individualismo metodológico de Elster e Przeworski, enquanto Wright e Levineassumem uma posição dissidente, em favor de um “anti-reduCionismo metodológico” moderado. Wright crê na existênciadas classes como grupos reais integralmente determinados na objetividade, posição que Przeworski “combate há 30 anos”e que Elster decreta sociologicamente improvável, e assim por diante. Afora a hipótese de racionalidade subjetiva daação, é bastante difícil dizer o que os “marxistas neoclássicos” têm em comum.

Não cabe examinar aqui se o marxismo analítico tem condições de efetuar a revolução copernicana de que já se

Page 4: INTERESSSE, RACIONALIDADE E CULTURA

vangloria, ou se a combinação do marxismo, da lógica formal e das “recriações matemáticas” do individualismoutilitarista provém, senão do incesto intelectual, pelo menos de uma contradictio in adjecto que impede de saída qualqueresperança de êxito. Contentemo-nos em observar que as opiniões sobre este ponto são, no mínimo, divididas. (26) O quenos interessa sublinhar aqui é que a “invenção” do marxismo analítico muito contribuiu para aumentar a credibilidadecientifica da conservadora RAT, pois tende a apoiar as pretensões desta à objetividade pura, à Wertfreiheit e à“neutralidade política”, vindo reforçar a idéia de que, baseados apenas na força da verdade, os modelos marginalistas daeconomia neoclássica acabariam por se sobrepor tanto aos “preconceitos ideológicos” como

ao modo de pensamento estruturalista ou relacional. De fato, Coleman não se priva de remeter com muitahabilidade, por duas vezes, tanto seus leitores como Sewell à interpretação revisionista do opus marxiano recentementeproposta por Elster. (27) Este, em Making Sense of Marx, reinventa, por necessidade, um Marx precursor involuntário daRAT e da metodologia do racionalismo individualista: em suma, tudo o que é bom em Marx e deve ser cuidadosamenteconservado se revela decorrente de seu individualismo metodológico inconsciente e de seu lado racional choice; tudo omais, que lhe é sugerido por esse monstro lógico que é o “coletivismo metodológico”, é “desastroso” e deve ser relegadoaos museus das idéias ultrapassadas a título de curiosa intelectuais. (28) E, reciprocamente, os marxistas analíticospodem, de sua parte, valer-se das aquisições “cientificas” do paradigma neoclássico em economia e dos avanços da RATem sociologia para pôr em relevo o caráter decididamente “não dogmático” de sua démarche, (29)remetendo para ainominável esfera da “ideologia” ou do pré-lógico todos os outros marxismos, único meio, na universidade americana, deafirmar a própria respeitabilidade acadêmica quando se invoca o pai do Capital. (30)

A corrente da RAT não é hoje nem suficientemente extensa, nem suficientemente homogênea, como teoria, parapretender atingir um público amplo entre os sociólogos (31) e é muito cedo para prever se continuará a se expandir ou se,ao contrário, entrará numa fase de refluxo. Seja como for, o prestigio social da ciência econômica e da modelizaçãomatemática, o imperialismo dos politólogos seduzidos pelos encantos da teoria dos jogos e pela problemática da publicchoice, seu positivismo paradoxalmente desprovida de empiria, que reduz a explicação das condutas sociais à previsãoadequada de seus resultados, sua afinidade eletiva com a visão do mundo social que subentende a demanda política detecnologias sociais, a autoproclamação de um marxismo subitamente convertido às virtudes dos modelos marginalistas edo raciocínio hipotético-dedutivo - tudo isto, somando-se ao capital acadêmico assegurado pela extraordináriaconcentração de expoentes num punhado de campi prestigiosos e pela direção de coleções exclusivas nas editoras maiscotadas, (32) é suficiente para lhe dar uma visibilidade e uma força de atração social desproporcional à sua influênciaintelectual real no seio da comunidade sociológica americana.

É nesse triplo contexto - ressurgência da microssociologia e da teoria (dai o debate micro-macro), invasão dosmodelos econômicos e invenção do marxismo analítico - que se inscreve o artigo de Coleman. Verdadeira proclamaçãode um “estado de urgência teórica” em prol do individualismo utilitarista, (33) ilustra de maneira paradigmática esseataque maciço do honro oeconomicus ao coração do campo sociológico nos Estados Unidos. O sociólogo de Chicago nãose contenta, contudo, com uma mera repetição dos postulados da análise econômica: procura dar à RAT uma filiaçãoteórica nobre, ligando-a à obra de Parsons, ainda que ao preço de uma reinterpretação duvidosa da história do pensamentosociológico nos Estados Unidos; enuncia um diagnóstico original das raízes do crescente divórcio entre teoria e empiria;finalmente, sugere várias maneiras de enriquecer e complexificar o modelo econômico, introduzindo nele, sob diversasformas, a noção de estrutura social, que lhe falta.

O primeiro objetivo de Coleman é dotar o individualismo utilitarista de títulos de nobreza sociológica que, desdeDurkheim, lhe faziam uma falta atroz, recriando para ele uma genealogia intelectual que o associa a essa figura totêmicada teoria que é Talcott Parsons nos Estados Unidos. (34) Assim, sua apologia da RAT se abre com uma evocaçãohistórica das promessas não cumpridas da teoria sociológica americana: se o programa científico anunciado em 1937 porParsons, em The Structure of Social Action, continha muitas promessas de uma teoria “voluntarista” da ação, (35) nemele, nem seus sucessores, nem seus rivais, souberam realizá-las. Incapaz de associar finalidades subjetivas do indivíduo einstituições, o próprio Parsons refugiou-se muito depressa no estudo do sistema social e de suas condições prévias defuncionamento. George Homans, por sua vez, lançou-se na direção oposta, e, perdendo inteiramente de vista estruturasocial e intencionalidade, acabou por reduzir a sociologia da ação a uma análise behaviorista da troca, à maneira deSkinner. Merton, por fim, absolveu parcialmente o funcionalismo do pecado original da teleologia, mas não se tornoucapaz, por isso, de dar à ação social os “microfundamentos” racionais que lhe faltam.

Dessa carência teórica nasceu uma cisão crescente entre teoria e empina. Pois, no momento em que o indivíduo -ou, mais precisamente, a noção de escolha deliberada como modos operandi das práticas individuais, que Colemanconsidera, como veremos, consubstancia) a uma teoria da ação - mais ou menos desaparece da teoria, a pesquisaempírica, por sua vez, faz dele sua nova unidade de observação. A revolução das técnicas de observação e de análiseestatística que se operou logo no início do pós-guerra, e que viu os levantamentos por sondagem a partir de amostras deindivíduos abstraídos de seus contextos sociais e culturais suplantarem os estudos de comunidade (no estilo do

Page 5: INTERESSSE, RACIONALIDADE E CULTURA

Middletown dos Lynds), levou a pesquisa por um caminho diametralmente oposto ao que tomaram, no nível teórico, tantoos funcionalistas como seus rivais da escola dita “do conflito”.

Esse tipo de pesquisa apresenta duas lacunas, do ponto de vista da teoria sociológica preconizada por Coleman:embora individualista, a survey research põe em jogo um modo de explicação determinista e behaviorista, enãointencional e estratégico; mostra-se, por isso, incapaz de retornar do indivíduo ao “comportamento” do sistema social.Além desse desenvolvimento acelerado das técnicas estatísticas, reforçado por toda a tradição demográfica que reduz aanálise da causalidade social a uma simples manipulação de índices matemáticos, uma mudança efetiva da estrutura socialveio agravar essa divergência entre teoria e empiria. Sob o efeito do crescimento exponencial dos mercados, dos meios decomunicação de massa, das grandes empresas e das burocracias, o princípio de estruturação do social deslocou-se dacomunidade local para a sociedade nacional. Essa transformação das relações sociais, por sua vez, determinou umamutação da demanda social de ciência social. Daí a expansão dos estudos de mercado e da policy research (cf. Coleman,1978), que reforçaram a tendenciosidade individualista e causal (no sentido da causalidade estatística) da pesquisa efrearam a elaboração dos fundamentos racionais da teoria sociológica.

Para remediar esse divórcio crescente entre uma empiria centrada num indivíduo abstrato desprovido de intençõese uma teoria que opera exclusivamente no nível de um sistema artificialmente dotado de finalidades próprias, Colemanpropõe restituir essas finalidades ao indivíduo e importar para a sociologia os princípios antropológicos que fundam amicroeconomia neoclássica. (36) Tão logo os fins que os funcionalistas atribuem equivocadamente ao sistema socialtenham sido reintroduzidos no nível do ator racional, a teoria sociológica pode se resumir à elucidação de dois enigmas.Primeiro: como se combinam as condutas intencionais dos atores para produzir conseqüências sistêmicas? Segundo:como essas ações economicamente orientadas para fins se vêem, em contrapartida, modeladas por pressões resultantes dofuncionamento desse sistema? (37) Mas; ao focalizar o olhar teórico na combinação das condutas individuais autônomas,Coleman pressupõe estar resolvida a questão da natureza e da lógica imanente das condutas sociais. Em outras palavras,há aí um paradoxo considerável: a adoção, sem exame crítico, da filosofia do subjetivismo utilitarista impede a teoria daação de Coleman de pôr em questão aquilo mesmo que se presume constituir seu objeto.

E impressionante constatar a que ponto Coleman toma a filosofia subjetivista da ação racional como um dadoevidente, simples datum brotam, óbvio, que não exige a mínima prova. Ela é concebida como um encadeamento refletidode decisões conscientes de um ator econômico livre, ele próprio, de qualquer condicionamento econômico e social.Assim, ele inicia sua coletânea de artigos Individual Interests and Collective Action (Coleman, 1986c, p. 1, o grifo énosso) com esta afirmação, tomada como estabelecida sub specie aeternitatis: “A ação racional dos indivíduos exerceuma atração única sobre a teoria sociológica. Podemos dizer que explicamos uma instituição ou um processo social se esomente se a justificamos a partir da ação racional dos indivíduos. O próprio conceito de ação racional é uma concepçãoda ação que é ‘compreensível’ [?], uma ação a cujo respeito nenhuma questão se coloca mais. Assim, a teoria socialpode tomar o indivíduo orientado para um fim como ponto de partida, embora a psicologia possa, por sua vez, quererexplorar esse sistema a fim descobrir o que torna sua ação coerente ou ‘intencional’”.(38)Podemos assimilar essaafirmação à de John Roemer, para quem o postulado da nacionalidade individual pertence igualmente ao domínio doauto-evidente: “O individualismo metodológico é um método dedutivo que busca deduzir observações históricas a partirde postulados de base sobre o comportamento individual que são suficientemente fundamentais para serem consideradosevidentes em si” (Roemer,1982b, p. 253, o grifo é nosso). Ou ainda à antropologia filosófica, subjacente a Making Senseof Marx, de Elster, sobre quem Hindess (1986, p. 442) observava, numa resenha recente, que “ele introduz de fato oindividualismo metodológico como uma premissa que não tivesse nenhuma necessidade de ser defendida”.

Tendo aceito como plenamente verificada a filosofia utilitarista e individualista que constitui o inconscienteantropológico da ciência econômica liberal, Coleman supõe resolvida a questão da lógica da ação social. Por isso, elepode afirmar (1986b, pp. 362-363): “o principal desafio teórico [que se apresenta à sociologia] é mostrar como açõesindividuais se combinam para gerar um produto social... É preciso que existam na realidade instituições sociais (tais comoo mercado ou os sistemas eleitorais) que traduzam os gostos e as propriedades (endowments) individuais num conjunto depreços e numa distribuição de bens ou numa decisão coletiva. O necessário em teoria social é um aparelho conceitua)para descrever essa tradução”. “O problema intelectual central das ciências sociais (...) é o seguinte: compreendemos esabemos modelar o comportamento individual, mas raramente somos capazes de efetuar uma passagem apropriada dessenível ao do comportamento do sistema formado por esses mesmos indivíduos” (Coleman, 1984, p. 88, os primeiros grifossão nossos). Em outro texto, o sociólogo americano prossegue: “O exemplo mais bem-sucedido de modelação dessatransição é o modelo do mercado puro e perfeito da teoria econômica neoclássica” (Coleman, 1978b, pp. 157-158). Ouainda: “Creio que o paradigma que convém à sociologia deriva da teoria walrasiana do equilíbrio, embora ele perca seuvalor, em parte porque nem todos os bens sociais [social goods] são divisíveis, sem efeitos externos, e nem todosobedecem ao principio de conservação; e, em parte, por causa da estrutura social, _ que um sistema walrasiano ignora”(Coleman, 1986b, p. 364). Em razão disso, “parece-me que a sociologia poderia tomar um aspecto da teoria

Page 6: INTERESSSE, RACIONALIDADE E CULTURA

microeconômica, no caso, o modelo comportamental da escolha racional, e acrescentar ao mercado uma pluralidade deoutras estruturas, através das quais produtos sociais são gerados” (Coleman in Lindenberg et al, 1986, p. 124).

Segundo Coleman, a passagem do micro ao macro pode efetuar-se não pela via exclusiva do mercado, como éproposto pelos modelos econômicos relativamente grosseiros de Gary Becker, mas por três grandes tipos de mecanismos:os mercados, as hierarquias ou sistemas de relações de autoridade ou de relações contratuais e os sistemas normativos.Coleman evoca também o papel da confiança e das redes de comunicação. (39)Todos, entretanto, podem ser analisados damesma maneira em termos de interesse individual. Tampouco as normas escapam à tentativa do sociólogo de Chicago detudo explicar como resultante da ação racional de agentes em busca de regular eficazmente as condutas de terceiros, cujos“efeitos secundários negativos” os afetam. (40)A figura reproduzida abaixo ilustra a estrutura que, em conseqüência, ateoria sociológica deve adotar, constituindo-se seu cerne, aos olhos de Coleman, pela relação de tipo 3, retorno do microao macro; as relações de tipo 4 (macro-macro) seriam a síntese do raciocínio falacioso em ciência social. (41)

O mérito de James Coleman é, nesse caso, o de ir além das hipóteses excessivamente simplificadoras de um

Becker, pelo reconhecimento da existência de outros mecanismos de “tradução” micro-macro além do simples mercado.Formulando claramente a necessidade de articular a “teoria da ação”, ainda que racional, a uma teoria da estrutura social,(42)Coleman evita igualmente certas aporias que minam a démarche de Elster, para quem a estrutura se reduz a umconjunto de “jogos” (dilema do prisioneiro, batalha dos sexos, jogo de confiança, “toma lá, dá cá”, etc.), isto é, em últimaanálise, a uma série atemporal de intenções individuais planejadas sob a ação de pressões especificadas exante. Finalmente, sua constatação do fosso profundo que separa atualmente a teoria e a pesquisa empírica contém umacritica implícita, que nos parece salutar, ao fetichismo metodológico da sociologia ortodoxa americana. (43). Mas essascontribuições só são possíveis a partir de premissas não analisadas e de uma antropologia truncada, cujos custosproibitivos Sewell vai se apressar em pôr em dia.

Sewell e a “idade de ouro” da sociologia histórica na AméricaNão surpreende que a resposta a Coleman tenha sido dada por um historiador de formação, e não um sociólogo

“puro” (44) A sociologia histórica e comparativa experimenta, há cerca de quinze anos, uma expansão sem paralelo nosEstados Unidos. Observadores tão diversos quanto o behaviorista George Caspar Homans (1986) e o weberiano RandallCollins estão de acordo em ver nela um dos avanços mais promissores da ciência social americana. (45)

Essa ressurgência da sociologia histórica teve origem no descrédito, inseparavelmente cientifico e político, que astransformações do pós-guerra e os conflitos sociopolfticos dos anos 60 infligiram às teorias da modernização (versãopsicológica á la Inkeles, McLelland e Lerner, ou estrutural à la Marion Levy e Walt W. Rostow) e ao evolucionismofuncionalista de Parsons e Eisenstadt, que até então reinavam absolutos sobre a macrossociologia anglo-americana. (46)Encorajaria pela reabilitação da tradição de Marx, Weber e Tocqueville, uma nova geração de jovens pesquisadores

Page 7: INTERESSSE, RACIONALIDADE E CULTURA

encontrou no método histórico e comparativo o meio não apenas de neutralizar, tornando visíveis, os vezos ideológicos eetnocêntricos da disciplina, mas também de escapar à oposição estéril da “teoria suprema” e do “empirismo abstrato”,denunciada já em 1959 por C. Wright Mills (1977). Essa geração se precipitou na trilha dos trabalhos pioneiros deBarrington Moore, Reinhard Beridix, Charles Tilly, Gerhard Lenski e Immanuel Wallerstein.

Desde então, a sociologia histórica passou a abarcar um universo de objetos cada vez mais amplo e variado: dasrelações étnicas à emergência dos Welfare States e suas políticas sociais, (47) passando pela formação das classesoperárias, (48) as revoluções e as insurreições populares, (49) as profissões liberais, (50) a história do poder ou do sistemacapitalista mundial (51) e, atualmente, a cultura, (52) já não há um plano da realidade social que lhe seja alheio, a pontode lhe permitir afirmar-se, hoje, como um dos setores intelectualmente mais dinâmicos da sociologia americana (aindaque permaneça socialmente menos poderoso que a RAT).

Para clarear os espíritos, pode-se situar a passagem do bastão dos adeptos da “teoria da modernização” para anova geração dos sociólogos historicizantes no Congresso da Associação Americana de Sociologia, realizado em SãoFrancisco em 1975. Numa sessão agitada, Immanuel Wallerstein, pai de toda a recente teoria do “sistema-mundo”, travouum combate singular com Alex Inkeles, representante da velha ortodoxia modernizadora. O titulo da comunicação deWallerstein (“Modernization Theory, Requiescat in Pace”) dá uma boa medida da relação de forças entre esses doisparadigmas. Foi um golpe de misericórdia: o público de várias centenas de pessoas cobriu Wallerstein de aplausos,deixando Inkeles ler seu texto sob um silêncio indiferente, apenas quebrado por algumas piadinhas.

É significativo que os trabalhos de tipo histórico, que eram em geral obra de produtores isolados até o início dosanos 70, (53) formem hoje um subcampo relativamente autônomo e claramente reconhecido como tal no espaço daprodução sociológica americana - a tal ponto que alguns sociólogos dessa linha temem se ver isolados, tornando-se uma“especialidade” entre tantas outras, segundo a lógica própria de funcionamento do campo. Também nisso, a influênciacrescente da abordagem histórica pode ser medida por diversos indicadores: antes de mais nada, pela avalanche de obrase artigos publicados em revistas importantes, que adotam abertamente essa perspectiva; (54) pela crescente atenção dadaà reflexo e à codificação metodológicas, que se traduz na proliferação dos manifestos, tratados e manuais de síntesedestinados ao ensino; (55) pelo aumento regular dos efetivos da seção de “sociologia histórica e comparativa” naAmerican Sociological Association, que, criada tardiamente em 1983, já tinha quase 500 membros inscritos cinco anosdepois; pelo fato de a maioria absoluta dos prestigiosos Prêmios Sorokin concedidos pela ASA, no curso da últimadécada, ter sido atribuída a obras de tipo histórico e comparativo. Finalmente, indício que não engana, o alto preçoalcançado pelos “sociólogos históricos” no mercado de trabalho acadêmico: há alguns anos, os grandes departamentosbuscam atrair os novos Ph.D. formados por esses métodos e disputam acirradamente às figuras de proa dessa“especialidade”.

Essa cristalização institucional da sociologia histórica foi grandemente facilitada por revistas como ComparativeStudies in Society and History, The Journal of Interdisciplinary History e The Journal of Modern History, bem como pelaformação de associações interdisciplinares que criaram centros de diálogo entre sociólogos e historiadores, em especialaquelas inspiradas na Escola dos Anais, como a Social Science History Association (56) Além disso, ela se viu muitoampliada pelo ressurgimento da dimensão histórica no campo da antropologia. (57)

A popularidade da abordagem cultural em sociologia histórica ainda decorre da popularidade que desfruta asociologia cultural, também esta em expansão recente (e igualmente marcada pela criação, em 1987, de uma seção deSociologia da Cultura no interior da ASA), impulsionada, entre outros, por Michel Foucault, Norbert Elias, PierreBourdieu, Jürgen Habermas e pelos trabalhos do Center for Cultural Studies de Birmingham. (58) Nessa linha, encontra-se uma clivagem, homóloga à que separa a RAT da sociologia histórica, entre, por um lado, as abordagensinstitucionalistas, que tendem a uma visão instrumental da ação (por exemplo, Peterson, DiMaggio, Ann Swidler e JudithBlau), e, por outro, os adeptos de uma sociologia de orientação fenomenológica, fundada numa concepção semiológica daprática do “outro” (Peter e Bennett BeSger, Gusfield, Kitsuse, Denzin e Gary Fine, por exemplo). (59)

Essa série de oposições homotéticas entre racionalidade e normas, instituição e agente, sistema e ator, estrutura ecultura, causa impessoal e significação percebida, reproduz-se no interior da própria macrossociologia. Nela, sob esseângulo, podemos distinguir grosseiramente duas perspectivas: uma é estrutural e se liga em parte à corrente do“estruturalismo” americano (associado aos nomes de Blau, Mayhew, Harrison White, Ron Burt, etc.), ao passo que aoutra é antes “culturalista” e revela tanto o impacto de Geertz (60) e da antropologia simbólica, nascida em Chicago nosanos 60, como a influência persistente da tradição hermenêutica e interacionista.

O debate entre William H. Sewell, Jr. (1985b) e Theda Skocpol (1985) sobre o papel da ideologia na RevoluçãoFrancesa, publicado no Journal of Modern Nistory, fornece uma síntese exemplar dessa oposição. Sewell toma, nestecaso, o partido de uma abordagem histórica guiada pela antropologia cultural geertziana e pelas teorias “pós-estruturalistas”, desta vez em face de uma representante da análise “estrutural” nua e crua. A argumentação desenvolvidapor Sewell é a mesma de sua discussão com Coleman. Procura se posicionar como o defensor de um método de análise

Page 8: INTERESSSE, RACIONALIDADE E CULTURA

mais sofisticado que o do adversário, capaz de integrar a dimensão cultural e histórica das condutas sem por isso recorrera uma teoria que pressupõe agentes individuais perseguindo conscientemente seu interesse, plenamente compreendido.

Sewell abre a discussão louvando Skocpol por ter sabido, em seu livro principal, States and SocialRevolution (Skocpol,1979), evitar as simplificações do determinismo monista que faz das revoluções a conseqüência deuma causa única e invariável (a luta de classes), sem cair no erro inverso da idiografia fácil e estéril da pura narrativa.Mas só elogia para melhor censurá-la, logo depois, por não ter incluído a ideologia entre os fatores que participam dessa“causalidade mútua” explicativa da trajetória única da Revolução Francesa. O erro de Skocpol, afirma Sewell, é terdescartado sumariamente a ideologia, apenas porque nenhuma ideologia particular, associável a um coletivo definido,permitia prever o curso da revolução. Contra essa visão “ingenuamente voluntarista”, Sewell propõe conceber a ideologiacomo um conjunto de formas discursivas, cognitivas e emocionais, impessoais e anônimas (recorre aqui a Althusser,Foucault, Geertz e Raymond Williams), que não tem necessidade alguma de ser veiculado por um grupo identificávelpara exercer sua eficácia sobre a ação.

Para além da dinâmica política e social da Revolução Francesa, Sewell distingue, então, uma dinâmica simbólicarelativamente autônoma, dotada de temporalidade e efeitos próprios. Por exemplo, a noite de 4 de agosto, que Skocpolconsidera simples produto lógico da sublevação camponesa, não precisando absolutamente ser privilegiado na análise,marca para Sewell, ao contrário, um momento-chave na eclosão de uma ideologia especifica da revolução, cuja expressãoexacerbada será o Terror. Tentando equilibrar-se numa posição intermediária entre Skocpol e Furet, Sewell vê na própriaidéia de “revolução social” - a crença na possibilidade de reestruturar por completo, politicamente, uma sociedade - umainvenção ideológica da Revolução Francesa, que demanda explicação (cf. Hunt [1984] para o desenvolvimentosistemático desta tese).

Em sua resposta, Skocpol, ao mesmo tempo em que reconhece ter subestimado o fator ideológico em States andSocial Revolutions (ponto a que ela retorna mais longamente num artigo dedicado à revolução iraniana, cf. Skocpol,1982), sugere que a critica de Sewell se baseia numa interpretação equivocada do que ela entende por causalidadeestrutural. Skocpol aceita a idéia de que as lutas sociais são o produto ativo e inventivo de agentes reais cujas estratégiassão guiadas por formas simbólicas historicamente dadas. Mas sustenta que o resultado dessas lutas é inteiramentedeterminado por fatores estruturais, entre os quais a configuração das relações de classe, a forma do Estado e a posição dopaís nas relações internacionais, especialmente militares. Assim, ironicamente, é Skocpol - símbolo, para muitos, de umasociologia “sem ator” - que assume, nesse caso, a defesa de uma concepção muito “acionalista” da ideologia, criticando afluidez holística que envolve a posição de Sewell, em quem a ideologia se toma mais ou menos sinônimo da cultura emsua totalidade. Para evitar essa derrapagem conceitual, ela estabelece uma distinção entre a ideologia, que redefineestritamente como “sistemas de idéias desenvolvidos como argumentos políticos explícitos por atores políticosidentificáveis”, e os “idiomas culturais” dotados “de uma existência mais longa, mais anônima e menos engajada que asideologias” (Skocpol,1985, p. 91), nos quais os agentes se abastecem a fim de fabricar ideologias, à custa de um trabalhosimbólico e organizacional próprio. O que “exige que se examine de maneira muito concreta a consciência e o discursodos grupos em ação especificamente situados, e que se levem a sério as tarefas essencialmente políticas que buscamrealizar” (ibid., p. 94).

É um tanto paradoxal que Skocpol, cujos trabalhos deram até agora tão pouco lugar à cultura e à ação intencional,ponha assim em evidência as fragilidades e ambigüidades da abordagem histórico-cultural de Geertz e Sewell. Mas isto émuito conveniente, pois se Coleman e a RAT representam uma força maior da sociologia americana ortodoxa(mainstream sociology, no vocabulário indígena), Skocpol e os macrossociólogos “estruturais” representam uma outra,igualmente central, ainda que mais dispersa. Por um outro lado, quer se aceite ou não a posição de Sewell, suasdiscussões com Coleman e Skocpol têm omérito de revelar a incapacidade comum a ambos de integrar a dimensãocultural em seus modelos. É que a cultura sempre ocupou um lugar periférico no campo sociológico americano, quandonão foi inteiramente abandonada aos antropólogos, por comodidade epistemológica ou acadêmica. E os sociólogosamericanos que passaram há pouco a considerá-la com renovada atenção continuam sendo, em sua grande maioria,“estruturalistas” impenitentes, no sentido de que pretendem explicar as formas culturais, seja referindo-as diretamente afatores sociais e organizacionais externos, seja, à maneira de Sewell, submetendo-as a uma leitura interna que culminanuma celebração de sua sistematicidade e autonomia.

Essa interpretação culturalista do método histórico está na base das críticas e contrapropostas de Sewell (1987) emsua resposta a Coleman. Contra as abstrações do esquema individualista do rational choice, Sewell traça as grandes linhasde uma teoria da ação atenta à localização espacial e temporal concreta dos processos estudados, centrada no jogodialético das ações significantes e de seus contextos estruturais, e inteiramente impregnada da preocupação com avariação e a especificidade históricas. Sewell destaca o caráter simplificador e unilateral do modelo colemaniano eempenha-se em recolocar em questão a distinção entre os níveis de análise micro e macro que é seu pivô. Sua criticaatinge, um por um, os três principais tipos de relações identificados por Coleman, e, em especial, a importância

Page 9: INTERESSSE, RACIONALIDADE E CULTURA

exorbitante que este último atribui à simples passagem micro-macro.Antes de mais nada, Sewell apresenta o argumento de que a relação micro-micro (tipo 1 no esquema acima), que

Coleman tende a apresentar como evidente em si mesma, não pode ser captada, nem mesmo conceitualizada, sem que sedê previamente o quadro macrossociológico. Apenas ele a define e determina. Portanto, a rigor, ela só tem sentido emfunção da totalidade das relações de tipo 2 e 3, das quais Coleman pretende extraí-Ia por um golpe de força teórico. Emoutras palavras, as relações entre as condutas individuais passam pelo sistema completo das relações sociais pertinentes enão são passíveis de uma análise “individualista”. (61)Sewell assinala em seguida que a RAT de Coleman repousa sobreuma concepção hobbesiana do indivíduo como entidade autônoma, dada fora da história e da sociedade, e supõe que “osinteresses, as preferências ou as metas dos indivíduos podem ser deduzidos sem dificuldade de sua posição social oueconômica” (62) Apoiando-se nos trabalhos de Geertz, Therborn, Foucault, Bourdieu e Hochschild, sugere, ao contrário,que não basta postular ex cathedra a existência de interesses, preferências e metas individuais para elucidar os efeitos donível dito “macro” sobre o comportamento dos agentes (relação de tipo 2). Pois o indivíduo e seus valores não poderiamser eles próprios hipostasiados e reduzidos a variáveis exógenas com referência a essa relação. A pessoa social seconstitui efetivamente na e pela totalidade dos laços sociais e culturais em que o indivíduo biológico, que é seu“suporte”, se encontra inserido. A individualidade não é um atributo natural a-histórico, mas resulta de processos sócio-históricos precisos. (63)

O mesmo se aplica às “preferências” dos agentes: é apenas no sistema completo das relações objetivasconstitutivas de um campo que nasce a illusio, o valor como escassez específica, e portanto o interesse, que nunca éindividual, mesmo quando se “personaliza”. E é a história desses campos - tal como se especifica através do filtro datrajetória individual e coletiva dos agentes que nela se investem - que define o habitas como sistema gerador daspreferências que a RAT declara, por força de decreto metodológico, como exteriores à ação e à estrutura sociais.Omitindo a questão das condições sociais de formação desses interesses, Coleman se impede de ver no indivíduo umaconstrução social e histórica, que, também ela, exige uma análise sociológica. A partir disso, não há escolha senão a deretornar ao modelo a-histórico e mutilado (e, sob muitos aspectos, a nosso ver, estreitamente “americanocêntrico”) de umhomo oeconomicus que perseguiria indefinidamente um interesse trans-histórico abstrato e imutável.

Por fim, Sewell lembra que a passagem micro-macro (relação de tipo 3), que constitui, segundo Coleman, o“núcleo duro” (como diria Lakatos) da teoria sociológica, não poderia também se limitar à agregação ou à composição -seja através de trocas, de hierarquias ou de pressões normativas - de ações individuais, todas uniformemente orientadaspara a maximização de um interesse já constituído fora de qualquer contexto histórico e social. Na realidade, os agentesnunca criam um sistema social ex nihilo e todos os edifícios teóricos fundados sobre essas “robinsonadas”, pára falarcomo Marx, estão fadados a produzir conclusões tão falsas e irreais quanto suas hipóteses. E Sewell faz a observaçãopertinente de que o célebre “problema hobbesiano” da ordem social, formulado por Parsons - pelo qual, desde então, ateoria sociológica americana adquiriu a bom preço uma (falsa) consciência tranqüila filosófica - não passa de umproblema “pré-sociológico ou não sociológico”. (64)

Fica claro que, para Sewell, o próprio ponto de partida do modelo de Coleman é problemático: postulando umestado natural pré-social, ele “reduz o problema da ação em sua realidade dialética - como atores estruturalmenteconstituídos agem de modo a que o efeito combinado de suas ações transforme as próprias estruturas que os constituem -à questão linear, mais simples, mais estreita e muito menos interessante de saber como, sob condições variáveis, as açõesde indivíduos que perseguem seu próprio interesse se acumulam para produzir diversas conseqüências sociais” (Sewell,1987, p. 169). Para substituir essa problemática neohobbesiana, Sewell esboça um programa de pesquisas sociológicasinspirado na história e na antropologia interpretativa e fundada nos seguintes postulados: 1) As disposições, práticas erepresentações dos agentes são o produto de condições culturais e históricas especificas, e não de dados trans-histbricos.2) Toda sociedade encerra em si conflitos e tensões que culminam em mudanças estruturais que, na maioria das vezes,diferem daquelas deliberadamente perseguidas pelos agentes. 3) Essas conseqüências sistêmicas, intencionais ou não,dependem não apenas da constelação das metas e dos recursos dos partidos implicados, mas também de sua articulaçãotemporal própria. 4) Os agentes sociais são capazes de reflexividade na medida em que tendem a ajustar seus hábitos,seus desejos e sua visão de mundo às transformações objetivas. Sewell (1987, p. 171) encerra assim sua critica com umabreve defesa de uma sociologia decididamente histórica: “Em lugar de renunciar à história em benefício das histórias àmaneira do ‘como se’, a sociologia faria melhor esforçando-se por especificar com maior rigor teórico e empírico osprocessos dialéticos complexos pelos quais os sistemas sociais reais são transformados por atores historicamente datadose situados.”

Em sua resposta a Sewel, Coleman (1987a) sustenta com firmeza suas posições. (65) Não se dispõe a ver nascríticas que lhe são dirigidas nada além da expressão de uma diferença de “interesse e conhecimento”, como diriaHabermas, entre o sociólogo, que ambicionaria estabelecer relações gerais entre variáveis, e o historiador, que, de suaparte, buscaria captar no modo narrativo fenômenos ou encadeamentos de fenômenos particulares. Abrigando-se sob essa

Page 10: INTERESSSE, RACIONALIDADE E CULTURA

dicotomia perene entre nomotetese e idiografia, Coleman limita-se a reiterar o que, para ele, são os dois erros cardeais detoda teoria sociológica: deixar de descer ao nível dos atos individuais e de sua conduta (racional), concentrar-se naarticulação macro-micro em detrimento do movimento inverso. É verdade que, para encarar de frente as objeções equestões levantadas por Sewell, ele teria que pôr em questão os postulados implícitos do esquema da escolha racional,que são de ordem ontológica,- ou até metafísica - em outras palavras, dar-se ao trabalho de elaborar uma verdadeirateoria ‘da ação social, em vez de se limitar a uma teoria da combinação de condutas individuais racionalmentereconstruídas. A ilusão racionalista do “individualismo mitológico”

Como se vê, o interesse desse debate Coleman-Sewell supera de muito o de um simples intercâmbio entre doisautores, representando um confronto paradigmático de dois pólos epistemológicos cuja força de atração cresce atualmenteno campo das ciências sociais americanas. De maneira rápida e simplificada, podemos caracterizar assim o debate: de umlado, o pólo individualista e nacionalista, que concebe a ordem social como a agregação, simples ou compósita, de açõesindividuais, pondo em jogo agentes que buscam deliberadamente maximizar sua utilidade pelo ajustamento instrumentaldos meios disponíveis a fins claramente dados e ordenados; do outro, o pólo histórico e culturalista, que buscacompreender a lógica dessas mesmas ações, desvendando sua significação subjetiva e contextual, descobrindo a lógica daconstituição dos agentes e de seus fins e retraçando seus efeitos recíprocos no tempo. De um lado, uma preferência pelosmodelos formais, na maioria matemáticos, erguidos sobre postulados deliberadamente simplificadores - para não dizergrosseiramente simplistas, ou totalmente irrealistas -, que fundam deduções de caráter preditivo; do outro, uma “leitura”interpretativa da realidade como “texto”, que privilegia a indução e a compreensão do sentido que o agente dá à suaconduta. O que está em oposição aqui são sem dúvida ‘I duas concepções da ação social e da ciência dessa ação: pomorationalis vs. homo culturalis, ou, na linguagem de Martin Hollis (1977), o Homem autônomo contra o Homem plástico;ciência dura contra ciência mole, Erklären contra Verstehen, métodos quantitativos contra procedimentos qualitativos. Eesses dois pólos puxam em direções opostas: enquanto Coleman convida à aproximação de uma economia menossociológica, Sewell conclama a sociologia para o lado de uma história mais antropológica e, sob certos aspectos, mais“anticientífica”.

Mas terá Sewell ido bastante longe em sua crítica ao utilitarismo nacionalista defendido por Coleman? Temos odireito de pensar que não. Coleman recorre sem maiores justificações à noção de nacionalidade, quando este conceito éhoje muito discutido no próprio campo do nacionalismo metodológico. De que nacionalidade ele se vale exatamente:perfeita ou imperfeita? Total (maximização) ou seletiva (satisfação)? Bayesiana ou não bayesiana? Paramétrica ouestratégica? (66) São questões a que o sociólogo de Chicago não dá resposta alguma. O mesmo se aplica à notóriaincapacidade da RAT de explicar as crenças, as preferências e as convenções culturais que regem as práticas, (67)ou àsua dificuldade em evitar a confusão entre preferências e razões. (68)

Para circunscrever mais precisamente o campo de validade da RAT, é necessário e suficiente lembrar o que elaprecisa reprimir constantemente para poder manter suas pretensões à hegemonia paradigmática, isto é, suas condiçõessociais e econômicas de possibilidade. A utilidade da teoria da “escolha racional” depende, de fato, do grau em que suashipóteses iniciais estão efetivamente realizadas na prática. A mais importante delas propõe que as forças pertinentes sãoindivíduos dotados de interesses ou preferências preexistentes coerentes, hierarquizadas, transitivas, isentas deambigüidade e não passíveis de variações intersubjetivas. Desse postulado decorre um segundo, pelo qual as condutasindividuais são racionais, isto é, eficazmente orientadas para a satisfação dos interesses do agente, supondo-se que estepossui informações suficientes para proceder a uma escolha inteligente (se necessário, essa premissa de nacionalidadepode certamente ser diluída à vontade, pelo recurso à noção de “preferência revelada”, com a vantagem, nadadesprezível, de tornar as “demonstrações” da RAT inteiramente tautológicas). Esses postulados tornam o esquema da açãoracional particularmente aplicável aos contextos sociais em que os agentes são ao mesmo tempo muito individualizados ebem definidos culturalmente, nos quais eles coincidem quanto a seus interesses, e onde as comparações entre alternativassão imediatas em virtude de uma informação pouco dispendiosa, completa e confrontável com critérios de decisãounívocos. Como observa o antropólogo Jerome Davis (1973) em sua crítica à teoria economicista da troca, a situação quemelhor corresponde à RAT é a do consumidor fazendo suas compras no supermercado. Trata-se de saber, portanto, se éaceitável generalizar o paradigma da loja de departamentos numa “concepção da sociedade como lanchonete” (Worsley,1984, p. 246) ou como um gigantesco jogo de Monopólio.

Não basta, contudo, “injetar” na RAT um pouco de cultural ou de simbólico para escapar às suas ilusões. Sabe-seque uma análise realizada segundo o modelo parsoniano, que faz da cultura o quadro dos valores e das normasdeterminantes dos objetivos das ações, invocável freqüentemente de modo circular para explicar todo e qualquer tipo decomportamento observado, é igualmente pouco esclarecedora. Para evitar essa armadilha normativista, Ann Swindler(1986, p. 273) sugere conferir à análise da cultura uma dimensão estratégica, reconceitualizando-a como “um arsenal desímbolos, histórias, rituais e visões de mundo que as pessoas podem utilizar segundo diversas configurações para resolver

Page 11: INTERESSSE, RACIONALIDADE E CULTURA

diferentes tipos de problemas”. A análise causal das condutas consiste então em mostrar como a cultura fornece aos atoresos “elementos pré-fabricados” a partir dos quais eles elaboram suas estratégias. Malgrado suas intenções, tal abordagemnão nos permite escapar dos impasses do individualismo instrumentalista da RAT, já que tende a reduzir a cultura a umsimples meio de ação, em vez de fazer dela um fator constitutivo ou estruturante das práticas. Embora recorra aostrabalhos de Bourdieu, Ann Swidler parece não perceber que a noção de estratégia cultural que este põe em jogo nãopressupõe a intencionalidade consciente e a razão calculadora, bem como o desdobramento de estratégias individuais(Bourdieu,1980,1988). Essas “estratégias sem autor”, sugeridas pela relação biunívoca entre o habitus e o campo, são, pordefinição, transubjetivas e já estão inscritas, como potencialidades materiais e simbólicas, no sistema das relações de forçaobjetivas.

Resta o espinhoso debate referente à validade transcultural da noção de nacionalidade, debate até aquieludido pelos RATs de todos os matizes, e que constitui também um perigo considerável para uma sociologia histórica deinspiração culturalista. Levados ao limite, o universalismo da RAT e o particularismo cultural e histórico convergem paratornar impraticável qualquer ciência social, como revelou a controvérsia provocada pela tese neo-wittgensteiniana dePeter Winch em The Idea of A Social Science. (69)Por um lado, não há dúvida de que o universalismo ingênuo da RATbaseia-se numa projeção etnocêntrica dos pressupostos culturais do analista, que lhe impede qualquer acesso a umacompreensão adequada das culturas estrangeiras. Inversamente, o argumento particularista, levado ao extremo de sualógica, culmina num relativismo que torna muito problemática a noção de saber social: se todo conhecimento dependeinteiramente de seu contexto imediato (“indéxico”, como dizem os etnometodólogos) e é inseparável do “jogo delinguagem” original em que é formulado, a própria possibilidade de compreensão intercultural desaparece. Deixando-selevar pela onda pósmodernista que recolocou em moda, recentemente, a crítica niilista da ciência, alguns apressaram-seem abraçar esse tipo de hiper-relativismo e em deduzir de seu caráter pretensamente incontornável a necessidade deabandonar o próprio projeto de uma ciência da sociedade. Mas, como Charles Taylor bem viu (1985, cap. 4), ao invés derealizar-se através de uma correspondência estática entre conceitos e referências lingüísticas, a compreensão interculturalse efetua mediante um processo de aprendizagem mútua que transforma os dois registros conceituais de origem. Isto abrecaminho para uma ciência social reflexiva, capaz de levar a sério a especificidade da cultura e dos atores - entre os quaisa do analista - sem nela se perder.

De maneira similar, as recentes investidas da teoria feminista derrubaram o pressuposto da indiferenciação sexualinscrito no universalismo etnocêntrico da RAT, fazendo explodir a idéia um “ator” sem gênero. (70)Tais problemasconduzem à indagação sobre a existência um individualismo metodológico que não tome obrigatoriamente como ponto departida os “homens num estado de isolamento e rigidez fantástico” de que zomba Marx (1967, pp. 47-48); que não seja,em suma, segundo a expressão recente de Michael Burawoy, um “individualismo mitológico” (71)

Mas isto não é tudo, pois não basta “historicizar” e “atribuir gênero” à noção de indivíduo, nem extrair critériosunívocos e universais de nacionalidade, para sanar as carências teóricas da RAT. O que precisa ser questionado é opróprio modelo de ciência que ela propõe. Admitindo as premissas utilitaristas e individualistas da concepçãocolemaniana da ação, podemos indagar se a economia oferece os meios de preencher o fosso entre teoria e empiria queColeman deplora com razão, quando se conhece o pouco caso com que a economia trata a pesquisa empírica. (72) A idéiade que a ciência econômica evoluiria passo a passo, à força de testes empíricos de hipóteses deduzidas logicamente daRAT - idéia que,subjaz à sua representação como ciência “avançada”, capaz de servir de modelo à sociologia, umaciência retardatária e imatura - não passa de uma ilusão positivista (Hollis e Nell, 1975). Sem contar que é no mínimoparadoxal convidar os sociólogos a adotar os esquemas econômicos neoclássicos no exato momento em que seusimplismo e irrealismo fazem deles objetos de um novo requestionamento radical no próprio interior de sua disciplina-mãe. (73)

Universalizando o caso particular das economias liberais marcadas por elevado grau de racionalização objetiva, aRAT, tanto em sua versão sociológica como em sua variante marxista, projeta sobre o conjunto do social a imagem daeconomia de mercado capitalista engendrada pela teoria neoclássica. (74) Ao fazê-lo, impede-se de discernir asnacionalidades múltiplas - e freqüentemente irracionais do ponto de vista da economia stricto sensu - que regem osdiversos campos sociais. Pois “longe de ser uma espécie de dado antropológico natural, o interesse, na sua especificaçãohistórica, é uma instituição arbitrária. Não há um interesse, mas interesses, variáveis conforme as épocas e os lugares,quase ao infinito... O interesse assim definido é o produto de uma categoria determinada de condições sociais: construçãohistórica, ele só pode ser entendido pelo conhecimento histórico, expost, empiricamente, e não deduzido a priori de umanatureza trans-histórica” (Bourdieu,1987, p. 125).

Assim, a noção de estratégia intencional, orientada pela pesquisa eficiente do interesse exclusivo da “economiaeconômica” - com tudo que ela envolve de decisão deliberada, cálculo consciente, raciocínio racional, escolha planejada erefletida e de “razão raciocinaste” (em oposição à razão prática) -leva a projetar sobre a realidade o modelo quesupostamente lhe confere razão e a atribuir aos próprios agentes a postura contemplativa e o olhar “racional” do analista,

Page 12: INTERESSSE, RACIONALIDADE E CULTURA

transformando a prática numa “atividade imaginária de sujeitos imaginários”, como diz Marx em A ideologia alemã. ARAT não seria tão nefasta ao desenvolvimento da sociologia da ação se não transportasse em segredo, disfarçada emheurística ou em teoria, uma ontologia atomística do social, que é ao mesmo tempo uma verdadeira negação savante dosocial, da ação e das reivindicações coletivas, dos movimentos sociais e dos possíveis políticos ameaçadores de que estessão portadores. (75)Tocando simultaneamente nos registros do modelo e nos de uma realidade “desrealizada”, deslizandoinsensivelmente do analítico para o antropológico, atribuindo aos agentes a relação intelectualizada com a prática que éprópria do acadêmica, a RAT se priva dos meios de formular adequadamente a questão central de toda teoria da ação, asaber, a da lógica imanente das condutas.

Todos esses pressupostos e pontos cegos fazem com que a teoria da ação racional não forneça uma base sólida erigorosa para uma teoria geral da sociedade, como aliás tampouco não o faz a economia. O que bem percebeu Weber - aquem alguns RATs, sobretudo na França, não hesitam em invocar regularmente e quase ritualmente em auxilio à suacausa -, (76) quando insistia no abismo intransponível que separa a lógica prática da ação da lógica do modelo que ocientista constrói para seus fins analíticos: “Para o estudo cientifico que constrói tipos [typenbildende), a maneira maispertinente de analisar e expor todas as relações significativas irracionais do comportamento, condicionadas pelaafetividade e que exercem uma influência sobre a atividade, consiste em considerá-las como ‘desvios’ [Ablenkungen] deum desdobramento da atividade em questão, construído com base na pura nacionalidade com relação aos fins. (...) É nessamedida, e unicamente por essas razões de conveniência metodológica, que o método da sociologia ‘compreensiva’ é‘racionalista’. Não se deve, portanto, evidentemente, entender esse procedimento como um preconceito nacionalista queenvolveria a sociologia, mas apenas como um recurso metodológico, e, por conseqüência, não se deveria interpretá-loincorretamente como uma crença na predominância efetiva do racional na vida humana. De fato, não se poderia de modoalgum dizer até que ponto, na realidade, as avaliações racionais com relação aos fins determinam ou não a atividadeefetiva. (77)

É ainda Max Weber (ibid, p. 7) quem nos põe de sobreaviso, com um notável senso de antecipação: “Nãonegaremos, entretanto, que o perigo de interpretações nacionalistas ilegítimas continua a subsistir, como infelizmenteconfirma sem cessar a experiência. “A esse truque teórico, que consiste em fazer um modelo teórico (aliás bastantesimplista) passar por um esquema prático que consiste em constituir uma prática generalizada da economia no lugar ondeseria necessária uma economia generalizada das práticas, bem como à afinidade que mantém com a visão dominante daordem social (como simples agregado de escolhas individuais livremente consentidas) e à função de exorcismo doespectro da ação coletiva, é que a teoria da ação racional deve seu êxito social no interior da comunidade cientificaamericana.” Tradução de Maria Luiza X. de A. BorgesNotas* A propósito de recente debate sobre a “teoria da ação”, cf. J. S. Coleman, “Social Theory, Social Research, and a Theory of Action”, AmericanJournal of Sociology, 91(6), 1986, pp. 1309-1335; W.H. Sewell, Jr., “Theory of Action, Dialectic, and History: Comment on Coleman”, AmericanJournal of Sociology, 93(1), 1987, pp. 166-172; e J.S. Coleman, “Actors and Action in Social History and Social Theory: Reply to Sewell”, AmericanJournal of Sociology, ibid, pp. 172-175. As referencias completas aparecem na bibliografia. 1- Além do texto de Coleman, o número de maio de 1986 da American Journal of Sociology contém mais dois artigos sobre “O estado atual dasociologia” (isto é, a sociologia americana): I. Wallerstein (1986), “Marxism and utopias: evolving ideologies” e R. Collins (1986a), “Is 1980ssociology in the doldrums?”. O texto de Collins suscitou também um vivo debate, cf. N.K. Denzin (1987x), “The death of sociology in the 1980s:comment on Collins”, e Collins (1987), “Looking forward of looking back? Reply to Denzin”. 2 - Ou, mais exatamente, à representação truncada e nitidamente “presentista” que a sociologia americana fez dos utilitaristas (Hume, Mill, Bentham eAdam Smith), em grande parte sob a influência de Parsons, como o mostra Charles Camic (1979). Essa filiação filosófica é ativamente reivindicadapor Coleman (1986a, p. 1329), que vê na “compatibilidade [da RAT] com os fundamentos conceituais subjacentes a boa parte do pensamento socialdesde os filósofos políticos do direito natural no século XVII” um dos principais méritos desse paradigma e o instrumento de uma aproximação quejulga necessária e benéfica entre teoria sociológica, teoria legal e filosofia moral (cf. Coleman, 1974a).

3 - Cf. Heath (1976) e os textos reunidos em Elster (1986).4 - Hardin (1982), Oliver (1980) e o clássico de gênero, de Mancur Olson (1965).

5 - Por exemplo Hechter (1983, 1987) e Friedman e Hechter (1988).6 - Ver Knorr-Cetins (1981) e Wiley (1985, espec. pp. 189-195). O desenvolvimento dessa “tradição microinteracionista” própria da ciência socialamericana é recapitulado por Randall Collins (1983, 3° parte). Uma visão de conjunto dos principais trabalhos recentes em microssociologia éencontrada em Adler, Adler e Fontana (1987) e Atkinson (1988). Além da análise da conversação (e.g., Psathas, 1979, Heritage, 1985), é na sociologiadas emoções que se registram os desenvolvimentos mais vigorosos (como o atesta a criação, em 1987, de uma seção da Associação Americana deSociologia dedicada a essa especialidade). Por exemplo, Kemper (1978), Shott (1979) Hochschild (1979, 1983), Denzin (1984), Lofland (1985) e onúmero da revista Symbolic Interaction do outono de 1985 (vol. 8, n. 2), compilado por David D. Franks, inteiramente dedicado à “sociologia daemoção”; numa linha antropológica, Lutz (1988). 7 - Ela fora oficialmente renegada por um de seus fundadores, Peter Blau (1977a, 1977b), que aderiu ao “macro total” com Inequality and

Page 13: INTERESSSE, RACIONALIDADE E CULTURA

heterogeneity. Ver também a guinada representada por seu Prefácio à reedição de Exchange and pawer in social life (Blau, 1986). Este vínculo entre aRAT de Coleman e a teoria da troca é explicitamente estabelecido por Homans (1987, 1988), que vê nesta última um caso particular do behaviorismoque tem combatido incansavelmente ao longo das três últimas décadas. 8 - Sobre a renovação da teoria na sociologia de língua inglesa, ver Wardell e Turner (1986), Giddens e Turner (1987), Giddens (1979, 1984, 1987),Turner (1988), Alexander (1982-83,1987,1988a), Collins (1986b e o manual Theoretical sociology, 1988b), Levine (1985), Rochberg-Halton (1986) eRule (1988). 9 - Alexander (1988c). Sobre o “neofuncionalismo” (que é de fato um neoparsonismo), cf. Sciulli e Gerstein (1985), Alexander (1985) e Münch(1987). Pode-se também ler a crítica, sucinta mas fustigante, desse “movimento” feita por Charles Camic (1986) em “The return of the funcionalists” e,num registro positivo, Turner e Maryanski (1988), “Is ‘neofunctionalism’ really functional?”. 10 - O enigma constituído pela relação “micro-macro” foi, aliás, o tema oficial do congresso anual da Associação Americana de Sociologia, que serealizou em São Francisco em outubro de 1989. Para uma amostra desse debate, que não é possível repertoriar exaustivamente, ver KnorrCetina eCiccourel (1981), Lewis e Smith (1980), Collins (1981, 1983, 1988x, 1988b, pp. 375-409), Wiley (1988) e os ensaios reunidos in Alexander etal. (1987). 11 - Num prolongamento de seus artigos anteriores, “Rational choice theory and macrosociological analysis” (Coleman 1979) e “Micro foundationsand macrosocial theory” (Coleman, 1986b). 12 - Przeworski (1985 a, p. 379). É também a opinião de Anthony Oberschall e Eric M. Leifer (1986, p. 233) e de Bernard Barber (1977). Entre oseconomistas, ver Hirschleifer (1985) e Frank (1987). 13 -Cf. Radnitzky e Bernholz (1987). O último suplemento doAmerican Jownal of Sociology, editado por Christopher Winship (sociólogoquantitativista) e Sherwin Rosen (economista da Escola de Chicago) sob o tituloOrganizations and institutions: sociological and economic approachesto lhe analysis of social structures (1988), constata essa interpenetração crescente da economia e da sociologia ortodoxas nos Estados Unidos. 14 - Williamson (1975, 1981), Moe (1984), Fama (1980), Pratt e Zeckhauser (1985). Para uma excelente síntese dessas correntes, cf. Perrow (1986) eFrancis, Turk e Willtnan (1983). Em sociologia política, o positivismo racionalista tem por cabeças William H. Riker e Peter C. Ordeshook (1973); vertambém Plott (1976), Barry (1978) e os trabalhos anteriores, sempre influentes, de Anthony Downs, James Buchanan, Gordon Tullok e KennethAnrow. 15 - Sobre a abordagem racionalista na análise dos movimentos sociais, Obershall (1973), Fireman e Gamson (1979), Olson (1982), Jenkins (1983),Tilly (1978, espec. pp. 24-37), e Popkin (1979). Jean Cohen (1985) traz uma sinopse analítica das controvérsias atuais nesse domínio de investigação,sublinhando a oposição entre os modelos racionais e os modelos histórico-culturais ou “identitários”. Uma tentativa interessante de superar essaantinomia é feita por James W. White (1988) e Charles Tilly (1985). O “monumento” da teoria racional da família é; inegavelmente, a obra de Gary S.Becker, A treatise on the family (1981), que fez mais que qualquer outra para legitimar o “imperialismo econômico”, na expressão de KennethBoulding (1969). Ver também o artigo, de título revelador, de Ben-Porath (1980), “The F-connection: families, friends and fitms and the organi7ationof exchange”. O livro de Diego Gambetta, Did they jump or were they pushed? (1987), contém uma síntese das pretensões das RAT em sociologia daeducação. Para uma amostra dos trabalhos recentes em “teoria das redes”, que, aquém de seu objeto próprio - as estruturas de relações observáveisentre posições sociais ou organizacionais -, põem em jogo, mais ou menos explicitamente, uma concepção racional ou utilitarista da ação, ver Brut(1982), Laumann e Knoke (1987), Wellman e Berkowitz (1988). 16 - Cf. Granovetter (1973, 1974) e o artigo “Economic action and social structure: the problem of embededness” (Granovetter, 1985); os trabalhos deHarrison White (1970, 1981), Burt (1983), Leifer (1985), Powell (1985), Sabel (1984), Stark (1986), Berg (1981), bem como os artigos reunidos porZukin e DiMaggio (1986); também Tilly (1984b, sobre Mancur Olson), Zald (1987, sobre Oliver. Williamson) e Zelizer (1988, sobre as teorias domercado como construção moral e cultural). Sobre a emergência da sociologia econômica como problemática autônoma, ver Swedberg, Ifimmelstrande Brulin (1987), e, numa linha mais idiossincrática, Stinchcombe (1983). 17 - Sobre o “nominalismo voluntarista”, Ninkle (1980); sobre o “posi tivismo instrumental” na sociologia americana, Bryant (1985, espec. cap. 5, e oartigo publicado em Actes de Ia Recherche en Sciences Sociales, nq 78, 1989. 18 - Hirsch, Michaels e Friedman (1987), e a opinião mais ambivalente de Oberschall e Leifer (1985, p. 251). 19 -A Universidade de Chicago abriga a elite da Rational Action Theory: além de reunir em seu compus vários dos seus mais eminentesrepresentantes (James Coleman, Gary S. Becker, George Stigler, Jon Elster e Adam Przeworski inter alia), seu departamento de sociologia é o únicodo país a oferecer a uma formação de doutorado em RAT, com uma bateria de cursos especialmente composta para sistematizar e difundir seu ensino.James Coleman e Gary Becker conduzem ali um seminário fechado anual sobre “Os modelos racionais nas ciências sociais”, famoso no país inteiro,que reúne, duas tardes por mês, o ghotta dos RATs dos departamentos de sociologia, ciência política e economia. Jon Elster, por sua vez, dirige onovíssimo Centro de Estudos sobre a Ética, a Racionalidade e a Sociedade, onde são debatidos os trabalhos dos melhores representantes dosubjetivismo utilitarista de todos os continentes. Há pouco, em julho 1989, foi lançado o primeiro número de uma nova revista Rationalism andSociety, dirigida por James Coleman e destinada a promover o individualismo metodológico e o racionalismo dedutivista. 20 - A melhor introdução de conjunto a essa corrente é a coletânea de textos apresentada por John E. Roemer (1986) sob o título Analytical marxism.Na mesma série foram publicados Jon Elster, Making sense of Marx (1985); Adam Przeworski, Capitalism and social democracy (1985b); e MichaelTaylor (org.) Rationality and revolution (1988). Os outros livros importantes do marxismo analítico são G.A. Cohen, Karl Marx’s theory of history: adefense (1978); os tratados técnicos ultramatematizados de John E. Roemer, Analytical foundations of marxian economic theory (1981) e A generaltheory of exploitation and class (1982x), e o manual de vulgarização destinado ao mercado dos estudantes secundaristas, Free to lose: an introductionto marxist economic philo sophy (Roemer, 1988); Philippe Van Parijs, Evolutionary explanation in the social sciences (1981x); finalmente, Erik OlinWright, Classes (1985). Dois debates em torno das teses dos marxistas analíticos aparecem no vol. 11, nº 4 de 1982 (sobre marxismo, funcionalismo eteoria dos jogos) e 5, vol. 15, de 1986 (sobre a transição para o socialismo) de Theory and Society, e no vol. 11, ng 3 de 1982, de Politics and Society(sobre a teoria da exploração de Roemer). 22 - A coleção “Estudos de marxismo e de teoria social” dirigida por G.A. Cohen, Jon Elster e John Roemer, publicada pela Cambridge UniversityPress e a Maison des Sciences de 1’Homme se apresenta nos seguintes termos: “Os livros desta coleção têm por finalidade exemplificar um novoparadigma no estudo da teoria social marxista. Em lugar de adotar uma abordagem dogmática ou puramente exegética, examinarão e desenvolverão a

Page 14: INTERESSSE, RACIONALIDADE E CULTURA

teoria inaugurada por Marx à luz da experiência histórica acumulada desde então, usando instrumentos da ciência social e da filosofia não marxista.Espera-se assim libertar o pensamento marxista dos métodos e pressupostos cada vez mais desacreditados que muitos ainda lhe consideram essenciais,de modo a permitir que seja mais firmemente estalecido o que é verdadeiro e importante no marxismo.” 23 - Roemer (1986, pp. 2-3). Mais adiante: “Buscando dar ao comportamento os microfundamentos que os marxistas julgam característicos. docapitalismo, penso que os instrumentos por excelência são os modelos fundados na escolha racional: a teoria do equilíbrio geral, a teoria dos jogos e oarsenal das técnicas de modelização desenvolvidas pela economia neoclássica” (ibid. p. 192). 24 - “Para compreender o que é uma explicação científica ou a noção de causalidade, a estrutura da ação intencional ou a da interação social, oconhecimento da filosofia analítica torna-se doravante indispensável” (Elster, 1981, p. 746). A passagem seguinte, que fecha esta nota crítica de Elstersobre a leitura analítica de Marx proposta por G.A. Cohen, dá uma idéia da hipérbole e dos efeitos retóricos, destinados a criar uma impressão deinovação radical, que marcam muitos comentários com que os praticantes do marxismo analítico se brindam mútua e regularmente, e cujos esquemasmetafóricos (ar puro/estagnado, vida/morte, raro/comum, alto/baixo, etc.) já revelam toda a grandeza intelectual que estes atribuem à sua empresacoletiva: “Por seu livro rigoroso, em que cada página merece receber comentários apaixonados, [CohenJ nos faz penetrar numa paisagem queignorávamos. O ar que aí se respira já não é a atmosfera estagnada das intermináveis discussões escolásticas que quase arruinaram o marxismo. É o ardas montanhas; é rarefeito, mas nele se vê claro e longe” (ibid, p. 756). Para um outro exemplo, ver a celebração da teoria das classes de Roemer eWright por Van Parijs (1986-87) num artigo intitulado, sem cerimônia, “A revolution in class theory”. 25 - Tomamos esta designação de Frank Parkins (T979, p. X).26 - Entre as discussões críticas do marxismo analítico, as mais penetrantes são as de Michael Burawoy (1986 e 1989 sobre Elster, 1987 sobre Wrighte o artigo, “Marxism without micro-foudations: Przeworski’s critique of social democracy”, noprelo). Ver também Lash e Urry (1984), Kieve (1986),Brewer (1987), Hindness (1984, 1988), Lebowitz (1988), Taylor (1980) e a nota crítica de Weldes e Duvall (1987), de título sugestivo: “Marxismwithout Marx”. Duas defesas recentes, uma total, outra parcial, apareceram na New Le,Ji Review, uma de Carling (1986), outra de Levine, Sober eWright (1987) (estaria a New Left Review, por muito tempo bastião dos marxistas estruturalistas, em via de se tornar, por um efeito particularmentevigoroso de retomo do contrapeso, o órgão dos marxistas individualistas?). 27 -Coleman (1986x, p. 1310, n. 2 e 1987x, p.175): “Não tenho qualquer pretensão a ser um expert em Marx e me submeterei à opinião de Sewell,sempre que Marx se mostrar um autor suficientemente prolixo para suportar interpretações opostas. Cito como exemplo disto, em especial, o desacordoentre Elster e outros sobre a presença ou ausência do individualismo metodológico em Marx.” 28 - Ler Burawoy (1986) para uma crítica meticulosa que revela os determinantes sociais de tal reinterpretação ultra-intelectualista de Mam e quedeveria ser estendida à análise de suas funções sociais e simbólicas no campo acadêmico. Em Boudon (1986) reencontra-se esse personagem bipartidode um Marx que, espécie de Jano a contragosto, por um lado incide nos erros e abusos do coletivismo metodológico e, por outro, produz análisesautenticamente científicas com base num racionalismo individualista 29 - Segundo John Roemer (1986, p. 2), uma das características distintivas do marxismo analítico residiria em sua “abordagem antidogmática domarxismo (...). Os que trabalham nessa tradição não se interessam particularmente pelo que Marx escreveu ou disse. O que importa é a coerência daidéia”. E claro que se trata de um antidogmatismo limitado ao aspecto puramente lógico do marxismo e que, curiosamente, mostra muito pouco zeloem se exercer sobre os dogmas da microeconomia neoclássica Como se esta já não tivesse nada em comum com essa “ciência moral” de que, aindanão faz muito tempo, Kenneth Boulding (1969) nos recomendava que desconfiássemos. 30 - Prova disto foi a conferência organizada, como sempre, no campos da Universidade de Chicago em abril de 1986 sobre o tema eclético “Omarxismo hoje”, e cujos únicos participantes eram John Elster, G.A. Cohen, Adam Przeworski e John Roemer, como se o marxismo contemporâneo seresumisse inteiramente à sua ala analítica. Burawoy (1987, p. 69) observa a este respeito que “a prática teórica [dos marxistas analíticos] justifica hojeuma ciência rigorosa em oposição ao radicalismo político. A calma política permitiu aos marxistas derivarem em busca de um novo equilíbrio dentroda universidade liberal, e de um equilíbrio moldado pelos interesses dessa universidade. A profissionalização ameaça reduzir o marxismo a umaideologia de intelectuais, cujos interesses são sistematicamente dissimulados sob o véu da neutralidade associada à busca científica”. 31- Em parte por um efeito de hysteresis, a RAT ainda não ingressou no rol das taxinomias científicas reconhecidas do universo das teoriassociológicas na América e na Grã-Bretanha (e.g., está ausente como tal da coleção reunida por Giddens e Turner [1987], Social theory today).32 - Além da coleção dirigida por Cohen, Roemer e Elster, mencionada na nota 22, pode-se assinalar a série “Estudos sobre a racionalidade e amudança social”, dirigida por Jon Elster e Gudmund Hemes, da Cambridge University Press, e a “California Series on Social Choice and PoliticalEconomy”, publicada pela University of California Press, sob a batuta dos politólogos Brian Barry, Robert H. Bates e Samuel L. Popkin. 33 - Esse artigo representa ao mesmo tempo o fecho de seus trabalhos anteriores (como atesta a série de textos publicados de 1964 a 1983 - mais deum terço dos quais em obras ou revistas de economia - reunidos em J. Coleman, Individual interests and collective action (1986c, na série “Estudossobre a racionalidade e a mudança social” de Jon Elster) e a introdução programática de um livro a ser brevemente publicado sob o título Foundationsof social theory. É dispensável fazer uma apresentação de James Coleman, autor de uma obra considerável, que compreende quase 150 artigos e cercade vinte livros, entre os quais The adolescent society (1961); o famoso Relatório Coleman sobre a igualdade das oportunidades nas escolas americanas,que esteve na origem da política federal de desagregação racial dos estabelecimentos escolares (Coleman et ai., 1966); The mathematics of collectiveaction (1973); Pawer and the structure of society (1974b); The asymmetric society (1982); e, mais recentemente, Public and private high schools: theimpact of communities (Coleman e Hoffer, 1986). 34 - Em virtude da cunha - inserida tanto nas instituições quanto nos cérebros - que separa teoria e empiria nos Estados Unidos, e especialmente darepresentação da primeira como “especialidade” autônoma, essencialmente pertencente ao domínio da exegese conceitua) pura (o que é expresso pelotermo local theorizing), Parsons permanece, contra ventos e marés, a referência cardeal, no campo sociológico americano, para todos que desejaremgarantir às suas proposições o estatuto de discurso acadêmico. Não surpreende, portanto, que o cinqüentenário da publicação de sua primeira obra, Thestructure of social action, de 1937, tenha sido celebrado com grande pompa por ocasião do congresso anual da Associação Americana de Sociologiade 1987, numa sessão que, por mais de um aspecto, lembrava um ritual totêmico, e de que participaram Betnard Baber, Harold Garfinkel (ambosalunos de Parsons em Harvard), Jeffrey Alexander (que, como vimos, está agora empenhado em reacender a chama, cf. Alexander 1988c) e JonathanTurnet: 35 - Pode parecer paradoxal que Coleman busque em Parsons as “origens promissoras” da teoria utilitarista da ação que pretende desenvolver, pois

Page 15: INTERESSSE, RACIONALIDADE E CULTURA

sabe-se que o “voluntarismo” que o mestre de Harvard punha no epicentro de sua sociologia se define precisamente par uma oposição irredutível aoutilitarismo. O fato de Coleman não destacar essa antinomia, apresentando-a antes como uma continuidade, confundindo o voluntarism parsonianocom a purposiveness benthamniana, é um forte indício do caráter tático da referência discursiva a Parsons (ainda que apenas inconsciente). Trata-se deum paradoxo que, embora aparente, não deixa de lembrar a estratégia de legitimação empregada meio século antes pelo próprio Parsons em suainterpretação de Durkheim e Weber; lembremos que esta consistia em apresentar sua própria teoria, por um processo imaginário de projeção sobre opassado, como a explicitação e sistematização de uma convergência involuntária e desapercebida entre os dois autores no sentido de uma concepçãonormativa da ação, solução do eterno “problema hobbesiano” da ordem social. 36 - Amartya K. Sen (1977) faz uma exposição sucinta e uma crítica estimulante desses pressupostos antropológicos em seu artigo “Rational fools: acritique of the behavioral foundations of economics”. 37 - Coleman (1986x, p. 1.312 e 1986b, pp. 347, 360-363). Os leitores franceses reconhecerão facilmente a problemática do “individualismometodológico” hexagonal, e.g., Boudon (1979, espec. o pós-escrito) e Padioleau (1986), ainda que este último tente distinguir a versão francesa daRAT de sua irmã mais velha americana, a que chama de “utilitarismo rústico” (p. 210). 38 - Numa comunicação feita numa conferência de economia e administração sobre as deficiências do modelo utilitarista da ação (e publicadano Journal of Business com o título de “Psychological structure and social structure in economic models”, 1986d), Coleman exorta os participantes aconcentrar esforços na passagem micro-macro, em vez de perder tempo em complexificar os “microfundamentos da purposive action”, que osatisfazem: “São as falhas no aparelho que efetua a passagem do nível do ator individual para o do comportamento do sistema que trazem esperançasde maior progresso” para a teoria econômica, e não a revisão do esquema da ação racional que lhe é subjacente. Ver também sua conferência plenáriano congresso anual da Associação Americana de Economia, “Introducing social structure into economic analysis” (Coleman,1984): “Não éabandonando a concepção da ação racional dos indivíduos” que se .fará avançar a ciência social, “mas modificando os postulados organizacionais quetraduzem a ação individual em ação coletiva ou sistemática.” 39 - Num artigo anterior (“Microfoundations and macrosocial theory”, 1986b), Coleman propõe uma tipologia ligeiramente diferente dos mecanismosde agregação, que compreende, além dos mercados, as organizações autoritárias e as normas, as “regras de escolha social” (e.g., os sistemas eleitorais)e os comportamentos coletivos (como os pânicos ou os boatos).

40- Ver seus artigos “social structure and the emergente of norms among racional actors” e “Norms as social capital” (Colerrian 1986a e 1987c).

41-Para diversas variantes deste esquema básico, cf. Coleman (1987b). O exemplo reproduzido acima toma como modelo a tese de Weber em A éticaprotestante e o espírito do capitalismo.42 - Cf. sua “reinvenção” do conceito de “capital social” em “Social capital in the creation of human capital” (Coleman, 1988x), e o artigo “Free ridersand zealots: the role of social networks” (Coleman, 1988b). 43 - Para prolongá-la, ler o livro de Stanley Lieberson (1985), em que um dos principais praticantes dos métodos canônicos de análise multivariada ossubmete a uma aguda crítica metodológica, objeto de um debate no volume de 1987 de Sociological Methodology.44 - Não confundir William H. Sewell, Jr, com seu pai, William H. Sewell, sociólogo ultraquantitativista da Escola de Winsconsin e um dosiniciadores da status attainment research (cuja influência se faz sentir muito depois de sua aposentadoria, pois seu protegido e herdeiro, AageSorensen, foi há pouco conduzido à direção do Departamento de Sociologia da Universidade de Harvard, numa busca desesperada delegitimidade hard; sobre a carteira de Sewell pai, ler Sewell 1988). A tese de doutorado em história de Sewell Jr na Universidade da Califórnia(Berkeley), em 1971, tratava da “Estrutura da classe operária em Marselha em meados do século XIX” e foi publicada sob o título Strticture andmobility: the men and women of Marseille, 1820-1870. W.H. Sewell, Jr, ocupa hoje a prestigiada cátedra mista de sociologia e história, antes ocupadapor Charles Tilly na Universidade de Michigan, em Ann Arbor. Entre suas mais importantes publicações destacam-se “Social change and the cise ofworking class politics in Nineteenth-Century Marseille” (Sewell, 1974x); “Etats, corps and ordre: some notes on the social vocabulary of the frenchOld Regime” (1974b); “Corporations républicaines: the revolutionary idiom of Parisian workers in 1848” (1979); Work and revolution in France: thelanguage of labor from the Old Regime to 1848 (1980); “La confratetnité des prolétaires: consciente de classe sous la Monarchie de Juillet” (1981);“Artisans, factory workers, and the formation of the french working class, 1798-1848” (1986); e “Uneven development, the autonomy of politics, andthe dockworkers of Nineteenth-Century Marseille” (1988). 45 - Collins (1986, p. 1.346). Ver Calhoun (1987) para uma comparação com a Inglaterra, onde se observa igual florescência da sociologia histórica(atestada pelo recente lançamento da revista Historical Sociology), mas sobretudo sob a liderança dos historiadores, e as observações de Sztompka(1986) em “The renaissance of historical orientation in suciology”. 46 - Portes (1976) oferece uma visão de conjunto do subcampo da macrossociologia do desenvolvimento por volta dessa época; ver Skocpol (1988)para uma análise mais “biográfica”. 47 - Entre outros, W.J. Wilson (1980), Lieberson (1980) e Morawska (1985) sobre as relações étnicas e raciais; sobre o Estado, a obra organizada porRueschemeyer, Evans e Skocpol (1985) marca a expansão da abordagem neo-institucionalista (ou das “teorias centradas no Estado” em oposição às“teorias centradas na sociedade” ); também Poggi (1978), Quadagno (1988), Weir, Orloff e Skocpol (1988). Pode-se acompanhar o progresso dessesetor de pesquisas pelo boletim informativo trimestral States and Social structures Newsletter, publicado pelo Social Science Research Council, deNova Iorque. 48 - Sobre os trabalhos anglo-americanos em sociologia histórica das classes, ver a útil sinopse de Roy (1984). Entre as obras recentes mais marcantes,podemos citar Sabe) (1984), Burawoy (1985), Katznélson (1981), Katznelson e Zolberg (1986), Moore (1978), Arninzade (1981), Calhoun (1982),Wilentz (1984), Levine (1984), MacNall (1988) e Haydu (1988). Sobre a classe operária americana atualmente, pode-se ler Davis (1986) e Fantasia(1988).

49 -Tilly, Tilly e Tilly (1975), Paige (1975), Trimbetger (1978), Skocpol(1979), Bonnell (1983), Hunt (1984), Traugott (1985), Tilly (1985) e Burke (1988).

Page 16: INTERESSSE, RACIONALIDADE E CULTURA

50 - Em especial Sarfatti-Larson (1977), Starr (1982), Gerson (1984), Rueschemeyer (1973 e 1986). 51 - Wallerstein (1974, 1979 e 1984), Hechter (1975), Chirot (1976), Block (1977), Evans (1978), Mann (1986), Hall (1985); ver Wallerstein (1987) eChirot e Hall (1982), respectivamente, para uma apresentação sintética e uma revisão de conjunto da teoria “do sistema-mundo”, assim como a sérieanual “Political Economy of World System”, publicada pela Sage sob a direção de Wallerstein. 52 - Em sociologia cultural-histórica, pode-se mencionar, considerando apenas as principais obras do período recente, Zelizer (1985), Griswold(1986), Zaret (1986), Laitin (1986), Appadurai (1986), Ilunt (1984), Patterson (1984), Corrigan e Sayer (1985), Abecrombie et ai. (1980), Sennett(1977), e a coleção póstuma de ensaios do historiador Herbert G. Gutman, Power and culture (1987). 53 - Como nota um observador estrangeiro (Clarck,1976, p. 4), esse viés anti-histórico não era uma idiossincrasia da sociologia, mas uma característicada divisão do trabalho científico no conjunto das ciências da sociedade: “O especialista americano das ciência sociais, fosse economista, politólogo ousociólogo, podia, pelo menos até os anos 60, considerar a existência de sua sociedade como um pressuposto. O problema de explicar como [essasociedade] chegara até ali podia ser relegado aos historiadores.” 54 - Uma longa lista indicativa é apresentada em T.R. Skocpol, “Emergent agendas and tecurnent strategies” (in Skocpol, 1984, pp. 357 segs.). Vertambém os quatro artigos de sociologia histórica publicados lado a lado no número de junho de 1988 da American Sociological Review, seguidos deoutros três no número de agosto -coisa caríssima até poucos anos atrás. 55 - As principais obras de caráter metodológico e programático recentes da corrente histórica são Stinchcombe (1978), Abrams (1982), Tilly (1981 e1984a), Ragin (1987) e Skocpol (1984, que contém uma excelente bibliografia comentada pp. 392-403). 56 - Ver Schwartz (1987), Skocpol (1987) e o conjunto desse número da revista Social science history dedicado a um debate sobre as relações entresociologia histórica e história social, com Oliver Zunz, L. L. Cornell e William G. Roy. Ver também Zunz (1985) para uma outra discussão. 57 - Se a sociologia redescobriu a história nos anos 70, nos anos 80 foi a vez da antropologia, como atestam Cohn (1980, 1988), Worsley (1984),Sahlins (1981, 1986) Jean Comaroff (1985), John Comaroff (1982), Comaroff e Comaroff (1986), Wolf (1982), Ronaldo (1980) e Walace (1978,1987). 58- Em especial Hall e Jefferson (1976), Hebdige (1979) e Willis (1977), muito citados e utilizados, sobretudo no ensino. 59- Podemoscitaraqui Wuthnowet ai (1984), Peterson (1979), Bennett Berger (1981), Bellah et ai. (1985), Becker (1982), DiMaggio (1986), Wuthnow(1987); Judith Blau (1988), Gusfield (1981),, Fine (1987), Denzin (1987b) e Desan, Ferguson e Griswold (1989). E claro que as tendências queidentificamos - aqui como em outras passagens - não representam “teorias” ou posições fixas que este ou aquele autor citado adotaria em bloco, semrestrições, mas linhas de força que atravessam um campi de pesquisas e desenham a estrutura subjacente do espaço das tomadas de posição possíveis eprováveis em sociologia da cultura. 60 - A influência da concepção semiológica da cultura de Geertz (e.g., 1974) sobre Sewell remonta ao longo período em que estiveram juntos naUniversidade de Chicago, no início dos anos 70. Em seguida, Sewell passou vários anos no Conter for Advanced Studies de Princeton, a convite deGeertz Sob o impacto da antropologia simbólica deste sobre a pesquisa histórica nos Estados Unidos, cf. Walters (1980); lambém Darnton (1984,espec. pp. 9-13 e 296-303) e Bourdieu, Charrier e Darnton (1985). Uma discussão crítica dos espinhosos problemas metodológicos e teóricoscolocados pela thick description geertziana pode ser vista em Rosebetry (1982), Shankman (1984), Crapanzano (1986), e no artigo de Schneider(1987), “Culture-as-text in lhe work of Clifford Geertz”. Sobre a corrente “interpretativa” de modo mais geral, Rabinow e Sullivan (1979). 61 - Esta é uma das teses desenvolvidas por Goffman (1974) em sua crítica ao interacionismo e à etnometodologia, através da noção de frame-analysis.62 - Sewell (1987), p. 168). Para Albert Hirschman (1982, p. 79), “uma crítica mais geral que pode ser oposta à análise de Olson - e a uma boa parteda teoria da decisão econômica em geral - é que nela os sujeitos, ainda que eficazes e com freqüência engenhosos, são desprovidos de história”.Adepto moderado da RAT, Timothy Luke (1985, p. 70) admite que esta pressupõe logicamente indivíduos “desculturados, desistorizados,despolitizados e dessociali lados”. O próprio Adam Przeworski (1985a, p. 382) reconhece que “os postulados ontológicos do modelo da escolharacional - em especial o postulado de ‘indivíduos’ indiferenciados, imutáveis e sem relações uns com os outros - são indefensáveis”. 63 - Como demonstram, entre outros, Elias (1973), Abercrombie et ai. (1986), Foucault (1975, 1976), Rosaldo (1980), Carrnthers, Collins e I_ukes(1985). 64 - Sewell (1987, p. 169, n. 2). Anthony Giddens (1977) mostrou que, seja como for, o “problema hobbesiano” nunca ocupou no pensamento dos paisfundadores o lugar central que a teoria ortodoxa americana lhe atribui. Sabe-se ainda, desde o estudo clássico de C.B. Macpherson, The politicaltheory of possessive individualism: Hobbes and Locke (1962), que os pressupostos políticos e sociais da visão “hobbesiana” da ordem social têmorigem mais na organização econômica e social do mercantilismo inglês do século XVII que num hipotético “estado de natureza”. 65 - Sua reação deve ser comparada com as severas críticas que formula em outros textos à abordagem interacionista de Gusfield e ao métodocomparativo empregado por Skocpol e Orloff (Coleman, 1986b). 66 - Ver Van Parijs (1981b) para uma exposição condensada dessas distinções. 67 - Van Parijs (1981b, p. 312). A este respeito, Russel Hardin vai ao ponto de concluir, em seu artigo “Difficulties with lhe notion of economicrationality” (1983, p. 4b5): “A nacionalidade individual que está pretensamente na base das explicaçõe$ econômicas no nível societal é,essencialmente, uma quimera” Assim também, Douglas (1986, p.102) admite que, se são os indivíduos que tomam as decisões, são as instituições quedefinem as classificações entre as quais eles escolhem. 68 - Hollis (1987). E poderíamos citar aqui Wittgenstein (1965), para quem “na ponta das razões, está a persuasão”. 69 - Winch (1958). Os principais momentos dessa longa controvérsia que se prolonga até hoje estão reunidos nos dois volumes organizados porWilson (197) e Ilollis e Lukes (1982). Sobre o Rationalitãstreit na filosofia das ciências, é proveitosa a leitura de Paul A. Roth, Meaning and methodin the social sciences: a case for methodological pluralism (1987).70 - Gilligan (1982), Benhabib e Cornell (1987), e a imensa literatura que cresceu em velocidade exponencial nestes últimos anos na interseção dateoria crítica, do feminismo e da historiografia, e em que se destaca o recente livro de Joan Scott (1988), Gender and lhe politics of history.71 - M. Burawoy, “Mythological individualism”, conferencia proferida na Universidade de IIarvard em 1988, por ocasião de um simpósio emhomenagem a Parsons. 72 - Segundo um estudo do prêmio Nobel Wassily Leontief (reportado por I Iirsch et ai., 1987, pp. 330-331), mais da metade dos artigos publicados

Page 17: INTERESSSE, RACIONALIDADE E CULTURA

na American Economic Review entre 1977 e 1981 apóiam-se em modelos matemáticos puros, sem conter qualquer dado de observação, ao passo quemenos de 0,59’o dos autores tinham se empenhado em apresentar dados novos. Deve-se contudo, fazendo justiça a Coleman, observar que, no seucaso, não se verifica~tal desproporção entre esforço teórico e observação empírica, ao contrário do que ocorre entre os marxistas analíticos (comexceção de Przeworski e Wright), sobre os quais o mínimo que se pode dizer é que não se atrapalham com dados de observação. Isto em violação aosprincípios formulados por Marx, que recomendava expressamente, em A ideologia alemã: “É preciso que, em cada caso isolado, a observaçãoempírica mostre nos fatos, sem nenhuma especulação ou mistificação, o vínculo entre a estrutura social e política e a produção. A estrutura social e oEstado resultam constantemente do processo vital de indivíduos determinados; mas desses indivíduos não como podem aparecer a si mesmos em suaprópria representação ou aparecer na de outrem, mas tal como são na realidade; isto é, tal como operam e produzem materialmente; tal como agem,portanto, em bases e em condições e limites materiais determinados e independentes de sua vontade” (Mane, Engels, 1968, p. 34, o grifo é nosso). 73 - Ver Hirschman (1986, espec. cap. 4)), Thurow (1983), Bell e Kristoi (1981), Sen (1977), I_ieberstein (1976 e 1979, especialmente pp. 493-496sobre os problemas suscitados pelo postulado de maximização), Sen e Williams (1982), e Miller e Williams (1982). Segundo Spiro Latsis (1972), o“programa de pesquisa” da microeconomia neoclássica ingressou já há bastante tempo no que Lakatos chama de fase de degenerescência. Collins(1986a, p. 1.352) observa ainda que “o modelo da escolha racional é uma intrusão imperialista da economia no seio da sociologia, proveniente da zonaa mais clássica e a mais retrógrada [backwards] da ciência econômica contemporânea” 74 - “A teoria da escolha racional pode muito bem não passar de uma ‘ideologia’ que se contenta em retranscrever na linguagem teórica maisaceitável da decisão individual do mercado a crua realidade das decisões impostas por via administrativa” (Luke, 1985, p. 77). 75 - Lash e Urry (1984) mostram claramente que o postulado do individualismo e a teoria dos jogos desempenham em Elster o papel de uma ontologiado social e não simplesmente de uma metodologia. Ver também a observação de Przeworski citada na n. 62 acima. A função de negação política daRAT foi notada com perspicácia por Arbert Hirschman: “Convém lembrar aqui que, no momento em que Mancur Olson proclamava a impossibilidadede uma ação coletiva de grandes grupos (tal como Daniel Bell o ‘fim da ideologia’), o mundo ocidental estava prestes a se ver quase inteiramentesubmerso por uma onda sem precedentes de movimentos públicos (...). Parece-me plausível que, paradoxalmente, o sucesso do livro de Olson tenha sedevido em parte ao desmentido que os acontecimentos lhe infligiram em seguida. Depois que estes se encerraram, as muitas pessoas que os tinhamconsiderado profundamente incômodos puderam retomar a lógica da ação coletiva e se reconfortar, encontrando ali sólidas razões pelas quais essasações coletivas dos anos 60, na verdade, jamais deveriam se ter produzido, eram talvez menos reais do que parecia [isto faz pensar em la révolutionintrouvable] e, em suma, ao que tudo indicava, não se repetiriam mais. Assim, longe de ser. afetada por essa aguda contradição, a obra lucrou com ela,fazendo um grande sucesso junto aos que julgavam os acontecimentos recentes intoleráveis e totalmente aberrantes”. É a essa função de desrealizaçãodo social que corresponde à dimensão normativa, ou mesmo prescritiva, da RAT, revelada ou reivindicada por muitos autores, como Luke (1985, p.98), Downs (para quem a RAT politológica “ocupa uma zona de claro-escuro entre os modelos normativos e os modelos prescritivos”, 1957, p. 31) eVan Parijs (1981a, p. 305). Gibson (1977) chega a afirmar que, em última análise, nenhuma concepção não normativa da nacionalidade éfilosoficamente sustentável. 76 - Por exemplo, Boudon (1984), mas também Jon Elster (1979), que vê em Morgenstern e Weber os dois mestres da teoria racional. 77 - Weber (1971, p. 6, o grifo é nosso). Sobre os múltiplos sentidos dos conceitos de nacionalidade e de racionalização em Weber, ver Brubaker(1984) e Sica (1988), que recentemente submeteu apreferência de Weber pela nacionalidade a um exame aprofundado. A distinção weberiana entremodelo e realidade teve um prolongamento frutífero na oposição entre “nacionalidade científica” e “nacionalidade de senso comum” estabelecida porAlfred Schutz (1953 e 1970, pp. 125-159) e retomada e elaborada por Garfinkel e os etnometodólogos, cujos breaching experiments (Garfinkel, 1967,pp. 35-75) demonstram melhor que qualquer discurso que a via social seria simplesmente intolerável e impossível se os agentes sociais secomportassem efetivamente à maneira dos afores racionais da RAT.

BibliografiaABERCROMBIE, N., HILL. S. e TURNER B. S. (1980), The dominant ideology thesis. Londres, George Allen and Unwin. _________. (1986), Sovereign individuais of capitalism. Londres, George Allen and Unwin. ABRAMS, P (1982), Historical sociology. Ithaca, Cornell University Presa. ADLER Patrícia, ADLER Peter e FONTANA A. (1987), “Everyday life sociology”, Annual Review of Sociology, n° 13, pp. 217-235. ALEXANDER, J. C. (1982-83), Theoretical logic in sociology. Berkeley, University of California Press, 4 vols. _________. (1987), Twenty lectures: sociological theory since World War II. Nova Iorque, Columbia U. P _________. (1988a), Action and its environments: toward a new synthesis. Nova Iorque, Columbia U. P _________. (1988b), “Parson’s ‘structure’ in american sociology”, Sociological Theory, vol. 6, n°1, pp. 96-102. _________. (1988c), “The new theoretical movement” in N.J. Smelser (org.), Handbook of modern sociology. Beverly Hills, Sage, pp. 11-101. _________. (org.) (1985), Neo functionalism. Beverly Hills,ALEXANDER J. C., GIESEN, B., MUNCH R. e SMELSER N. J. (orgs.) (1987), The micro-macro link. Berkeley, University of Califotnia Press. AMINZADE, R. (1981), Class, política and early industrial capitalism. Albany, State University of New York Press. APPADURAI, A. (org.) (1986), The social life of things: commodities in cultural perspective. Cambridge, Cambridge U. P. ATKINSON, P (1988), “Ethnomethodology: a criticai review”, Annual Review of Sociology, n° 14, pp. 441-465. BARBER, B. (1977), “The absolutization of the market: some notes on how we got from there to here”, in G. Dworkin et al. (orgs.), Markets and

morais. Washington D.C., Hemisphere, pp. 15 -31. BARRY, B. (1978), Sociologists, economista and democracy. Chicago, The University of Chicago Presa. BECKER,G. S. (1976), The economic approach to human behavior. Chicago, The University of Chicago Press. ___________. (1981), A treatise on the family. Cambridge, Harvard U. P BECKER, H. S. (1982), Art worlds. Berkeley, University of California Press. BELL, D. e KRISTOL I. (orgs.) (1981), The criais of economic theory. Nova Iorque, Basic Books. BELLAH, R. N. et al. (1985) Habits of the heart. Berkeley, University of California Press. BENHABIB, S. e CORNELL, D. (orgs.) (1987), Feminism as critique. Minneapolis, University of Minnesota Presa

Page 18: INTERESSSE, RACIONALIDADE E CULTURA

BEN-PORATH, Y (1980), “The F-connection: families, friends, and firms and the organization of exchange”, Population Development Review, n° 6,pp. 1-29.

BERG, I. (org.) (1981), Sociological perspectives ora labor markets. Nova Iorque, Academic Presa. BERGER, B. (1981), The survival of a counter culture. Berkeley, University of California Presa. BLAU, J. R. (1989), The shape of culture. Cambridge, Cambridge U. P BLAU, P M. (1977a), Inequality and heterogeneity. Nova Iorque, The Free Presa. ______________. (1977b), “A macrosociological theory of social structure”, American Journal of Sociology, vol. 83, n° 1, pp. 26-54. ‘ ______________. (1986), “Preface”, ira Exchange and power ira social life. New Brunswick, Transaction Books, 2° ed. BLOCK, R (1977), The origins of internacional economic disorder. Berkeley, University of California Press.BONNEL, V (1983), The russian worker. Berkeley, University of California Press. BOUDON, R. (1979), La logique du social. Paris, Hachette. _________. (1984), Laplace du désordre. Paris, PUR _________. (1986), L’idéologie. L’origine des idées reçues. Paris, Fayard KENNETH, B. (1969), “Economics as a moral science”, American Economic Review, vol. 59, n° 1, pp. 1-12. BOURDIEU, P (1980), Le sena pratique. Paris, Ed. de Minuit. ___________. (1987), “L’intérêt du sociologue”, in Choses dites. Paris, Ed. de Minuït, pp. 124-131. ___________. (1988), “Ora interest and the relative autonomy of symbolic power”, Working Papers and Proceedings of the CenterforPsychosocial

Studies, n°- 20, Chicago, Center for Psychosocial Studies. BOURDIEU, P., CHARTIER, R. e DARNTON, R. (1985), “Dialogue à propos de 1’histoire culturelle”, Actes de la recherche era sciences sociales, n

° 59, pp. 86-93. BREWER, J. (1987), “Exploitation ira the new marxism of collective action”, The Sociological Review, vol. 35, n°- 1, pp. 83-93.BRUBAKER, R. (1984), The limits of rationality. Londres, George Allen and Unwin. BRYANT, C. G. A. (1985), Positivism ira social theory and research. Nova Iorque, Saint Martins Press. ______________. (1989) “Le positivisme intrumental dana la sociologie américaine”, Actes de la Recherche era Sciences Scociales, n° 78. BURAWOY, M. (1985), The politics of production. Londres, Verso. ____________. (1987), “The limits of Wright’s analytical marxism and ara alternative”, Berkeley Journal of Sociology, n° 32, pp. 51-72. ____________. (no prelo) “Marxism without micro-foundations: Przeworski’s critique of social democracy”, Socialist Review. BURKE EDMUND, M. (org.) (1988), Global crises and social movements. Boulder (Colorado), Westview Press. BURT, R. S. (1982), Toward a structural theory of action: network modela of social structure, perception and action. Nova Iorque, Academic Press. _________. (1983), Corporate profits and cooperation. Nova Iorque. Academic Presa. CALHOUN, C. J. (1982), The question of class struggle. Chicago, The University of Chicago Press. ____________. (1987), “History and sociology ira Britain: areview article”, Comparative Studies ira Society and History, vol. 29, n° 3, pp. 615-625. CAMIC, C. (1979), “The utilitarians revisited”, American Journal of Sociology, vol. 85, n° 5, pp. 516-550. _________. (1986), “The return of the functionalists”, Contemporary Sociology, vol. 15, n° 5, pp. 629-695. CARLING, A. (1986), “Rational choice marxism”, New Left Review, n° 160, pp. 24-62. CARRI’I’HERS, M., COLLINS, S. e LUKES S. (orgs.) (1985), The category of person: anthropology, philosophy, history.Cambridge, Cambridge U.

P.CHIROT, D. (1976), Social changes ira the modern world. Nova Iorque, Harcourt-Brace-Jovanovitch. CHIROT D. e HALL, T. (1982), “World-system theory”, Annual Review of Sociology, n°- 8, pp. 81-106. CLARCK, S. D. (1976), Canadian society ira historical perspective. Toronto, McGraw-Hill Ryerson. COHEN, G. A. (1978), Karl Marx’s theory of history: a defense. Princeton, Princeton U. P COHEN, J. L. (1985), “Strategy or identity: new theoretical paradigma and contemporary social movements”, Social Research, vol. 52, n°- 4, pp. 663-

716. COHN, B. S. (1980), “History and anthropology: the state of play”, Comparative Studies ira Society and History, vol. 22, n9 2, pp. 198-221. _______. (1988), An anthropologist among the historiaras and other essays. Nova Iorque, Oxford U. P COLEMAN, J. S. (1961), The adolescent society. Nova Iorque. The Free Press. _________. (1973), The mathematics of collective action. Londres, Heineman. _________. (1974a), “Inequality, sociology and moral philosophy”, American Journal of Sociology, vol. 80, n° 4, pp. 739-764. _________. (1986), “Making nonsense of Marx”, Contemporary Sociology, vol. 15, n° 5, pp. 704-707 (tradução neste mesmo número da RCBS)._________. (1974b), Power and the structure of society. Nova Iorque, W. W. Norton and Co. _________. (1978), “Sociological analysis and social policy”, in T. B. Bottomore e R. A. Nisbet (orgs.), A history of sociological analysis. Nova

Iorque, Basic Books, pp. 677703. _________. (1979), “Rational choice theory and macrosociological analysis”, in R. Harrison (org.), Racional action: philosophy and social science.

Cambridge, Cambridge U. P _________. (1982), The asymmetric society. Syracuse, Syracuse U. P _________. (1984), “Introducing social structure finto economic analysis”, American Economic Review, vol. 74, n° 2, pp. 84-88. _________. (1986a), “Social theory, social research, and a theory of action”, American Journal of Sociology, vol. 91, n° 6, pp. 1309-1335. _________. (1986b), “Micro foundation and macrosocial theory”, in S. Lindenberg, J. S. Coleman e S. Nowak (orgs.), Approaches to social theory.

Nova Iorque, Russel Sage Foundation, pp. 344-363. _________. (1986c), Individual interest and collective action. Cambridge, Cambridge U. P _________. (1986d), “Psychological structure and social structure in economic models”, Journal of Business, vol. 54, n° 4, suplemento, pp. S365-

S369.

Page 19: INTERESSSE, RACIONALIDADE E CULTURA

_________. (1986e),”Social structure and the emergence of norms among rational actors”, in A. Dickmann e P Mitter (orgs.), Paradoxical e, fj’’ectsof social behavior: essays in honor of anatol rappoport. Viena, Physica Verlag.

_________. (1987a), “Actors and action in social history and social theory: reply to sewell”, American Journal of Sociology, vol. 93, n° 1, pp. 172-175.

_________. (1987b), “Microfoundations and macrosocial behavior”, in Alexander et al. (orgs.), The micro-macro link. Berkeley, University ofCalifornia Press, pp. 153-173.

_________. (1987c), “Norms as social capital”, in G. Radnitzky e P Bennholz (orgs.), Economic imperialism. Nova Iorque, Paragon, pp. 133-155. _________. (1988a), “Social capitalism in the creation of human capital”, in C. Winship e S. Rosen (orgs.), Organizations anel institutions. Chicago,

The University of Chicago Press _________. (1988b), “Free riders anel zealots: the role of social networks”, Sociological Theory, vol. 6, n° 1, pp. 52-57. _________. (no prelo), Foundations of social theory. Cambridge, Harvard U. P. COLEMAN, J. et al. (1966), Equality of educacional opportunity. Washington D.C., Government Printing Office. COLEMAN, J. e HOFFER, T. B. (1986), Public anel private high schools: the impact of communities. Nova Iorque, Basic Books.COLLINS, R. (1981), ‘.’On the microfoundations of macrosociology”. American Journal of Sociology, vol. 85, n° S, p. 984-1104. _________. (1983), “Micro-methods as a basis for macro-sociology”, Urban Life, n° 12, p.p. 184-202. _________. (1985), Three sociological traditions. Nova Iorque, Oxford U. P _________. (1986a), “Is sociology in the doldrums?”, American Journal of Sociology, vol. 91, n° 6, pp. 1336-1355. _________. (1986b), Weberian -sociological theory. Cambridge, Cambridge U. P _________. (1987), “Looking forward or looking back? Reply to Denzin”, American Journal of Sociology, vol. 93, n° 1, pp. 180-184. _________. (1988a), “The micro contribution to macro sociology”, Sociological Theory, vol. 6, n° 2, pp. 242-253. _________.(1988b), Theoretical sociology. Nova Iorque, Har-court-Brace-Jovanovitch.COMMAROFF, Jean (1985), Body of power, spirit of resistence: the culture and history of a south afriean people. Chicago, The University of

Chicago Press.COMMAROFF, Jean e COMMAROFF, John I. (1986), “Christianity and colonialism in South Africa”, The American Ethnologist, vol. 13, n° 1, pp.

1-22. COMMAROFF, John I. (1982), “Dialectical systems, history and anthropology: uniu of analysis and questions of theory”, Journal of Southern African

Studies, vol. 8, n° 2, pp. 143-172. CORRIGAN, P e SAYER, D. (1985), The great arch: english state formation as a cultural revolution. Oxford, Basil Blackwell. CRAPANZANO, V (1986), “Hermes’ dilemma: the masking of subvertion in ethnographic description”, in J. Clifford e G. E. Marcus (oTgs.), Writing

culture: ethography as poetics and politics. Berkeley, University of California Press, pp. 51-76. DARNTON, R. (1984), Le granel massacre eles chats. Paris. Robert Laffont. DAVIS, J., (1973), “Forros anel norms: the economy of social relations”, Man, vol. 8, n° 2 (nova série), pp. 159-176. DAVIS, M. (1986), Prisoners of the american dream: politics anel economy in the history of the U.S. working class. Londres, Verso. DENZIN, N. K. (1984), On understanding emotions. SãoFrancisco, Jossey-Bass. ___________. (1987x), “The death of sociology in the 1980s: comment on Collins”, American Journal of Sociology, vo1.93, n° 1, pp. 175-180. ___________. (1987b), The recovering alcoholic. Newbury Park, Sage Publications. DESAN, P., FERGUSON, P: P. e GRISWOLD, W. (orgs.) (1989), Literature and social practice. Chicago, The University of Chicago Press. DiMAGGIO, P (org.) (1986), Nonprofit enterprise in the arts. Nova Iorque, Oxford U. P DOUGLAS, M. (1986), tlow institutions think. Syracuse, Syracurse U. P DOWNS, A. (1957), An economic theory of democracy.Nova Iorque, Harper and~ Row. NORBERT, E. (1973), La civilization des moeurs. Paris, Calmann-Lévy. __________. (1985), “Remarques sur le commérage”, Actes de la Recherche en Sciences Sociales, n° 60, pp. 23-30. ELSTER, J. (1979), “Anomalies and rationality: some unresolved problems in the theory of racional behavior”, in L. Levy-Garboua (org.),

Sociological economics. Londres, Sage, pp. 68-85.________. (1981), “Un marxisme anglais: à propos d’unc nouvelle interprétation du matérialisme historique”, Annales, Economies, Sociétés,

Civilizations, vol. 36, n° 5, pp. 745-757. ________. (1985), Making sense of Marx. Cambridge e Paris, Cambridge U. P e Ed. de la Maison des Sciences de I’Homme. ________. (org.) (1986), Rational choice. Oxford, Basil Blackwell. EVANS, P B. (1978), Dependent development: the alliance of multinacional state and local capital in Brazil. Princcton, Princeton U. P FAMA, E. F (1980), “Agency problems and the theory of the firm”, Journal of Political Economy, vol. 88, n° 2, pp. 288-307.FANTASIA, R. (1988), Culture of solidarity: consciousness, action and ‘contemporary american workers. Berkeley, University of California Press. FINE, G. A. (1987), With the boys: little league baseball and preadolescent culture. Chicago, The University of Chicago Press. FIREMAN, B. e GAMSON, W. A. (1979), “Utilitarian logic in the resource mobilization perspective”, in M. Zald e J. D. McCarthy (orgs.), The

dynamics of social movements. Cambridge (Mass.), Winthrop. FOUCAULT, M. (1975), Surveiller et punir. Naissance de la prison. Paris, Gallimard. Tradução brasileira Vigiar e punir. Petrópolis, Vozes, 1983. ____________. (1976); Histoire de la sexualité, vol. 1: La vonlonté de savoir. Paris, Gallimard. Tradução brasileira História da sexualidade. Rio de

Janeiro, Graal, 1981. FRANGIS, A., TURK, J. e WILLMAN, P (orgs.) (1983), Power, efficiency and institutions: a criticai appraisal of the “Markets and hierarchies”

paradigm. Londres, Heinemann. FRANK, R. H. (1987), “Srewdly irrational”, Sociological Forum, vol. 2 n° 1, pp. 211. FRIEDAMN D. e HECHTER M. (1988), “The contribution of rational choice theory to macrosociological research”, Sociological Theory, vol. 6, n° 2,

pp. 201-218.

Page 20: INTERESSSE, RACIONALIDADE E CULTURA

GAMBETTA, D. (1987), Did they jump or were they pushed? Individual decision mechanisms in education. Cambridge e Paris, Cambridge U. P e Ed.de la Maison des Sciences de 1’Homme.

GARFINKEL, H. (1967), Studies in ethnomethodology. Englewood Clifss, Prentice-Hall. GEERTZ, C. (1974), The interpretation of cultures. Nova Iorque, Basic Books. GEISON, G. L. (org.) (1984), Professions and the french state, 1700-1900. Filadélfia, University of Pennylvania Press. GIBSON, M. (1977), “Rationality”, Philosophy and Public Affairs, vol. 6, n° 3, pp. 193-225. GIDDENS, A. (1977), “Four myths in the history of social thought”, in Studies in social and political theory. Nova Iorque, Basic Books, pp. 208-

234. __________. (1979), Central problems in social theory: action, structure and contradiction in social analysis. Berkeley, University of California

Press. __________. (1984), The constitution of society: outline of the theory of structuration. Cambridge, Polity Press. __________. (1987), Social theory and modern sociology. Cambridgc, Polity Press. GIDDENS, A. e TURNER, J. A. (orgs.) (1987), Social theory today. Cambridge e Stanford, Polity Press e Stanford U. P GILLIGAN, C. (1982), In a different voice: psychological theory and women’s development. Cambridge, Harvard U. P GOFFMAN, E. (1974), Frame analysis. Nova Iorque, Basic Books. GRANOVETTER, M. S. (1973), “The strength of weak fies”, American Journal of Sociology, vol. 78, n° 6, pp. 136013 80. __________________. (1974), Getting a job: a study of contacts and careers. Cambridge, Harvard U. P. __________________. (1985), “Economic action and social structure: the problem of embededness”, American Journal of Sociology, vol. 91, n° 3, pp.

481-510. GRISWOLD, W. (1986), Renaissance revivais: city comedy and revenge tragedy in the London Theatre, 1576-1980. Chicago, The University of

Chicago Press. GUSFIELD, J. R. (1981), The culture of public prolems. Chicago, The University of Chicago Press.GUTMAN, H. Ç: (1987), Power and culture: essays on the american working class. Nova Iorque, Pantheon (org. por I. Berlin). HALL, J. (1985), Powers and liberties. Oxford, Basil Blackwell. HALL, S. e JEFFERSON, T. (orgs.) (1976), Resistance through rituais. Londres, Hutchinson. HARDIN, R. (1982), Collective action. Baltimore, The John Hopkins U. P HAYDU, J. (1988), Between craft and class: skilled workers and factory politics in the United States and Great Britain, 1890-1922. Berkeley,

University of California Press. HEATH, A. (1976), Rational choice and social exchange. Cambridge, Cambridge U. P. HEBDIGE, D. (1979), Subculture: the meaning of style. Londres, Methuen.HECHTER, M. (1975), Infernal colonialism: the celtic fringe in british nacional development, 1536-1966. Berkeley, University of California Press. ___________. (1987), Principies of group solidarity. Berkeley, University of California Press. ___________. (org.) (1983), The microfondations of macrosociology, Filadélfia, Temple U. P HERITAGE, J. C. (1985), “Recent developments in conversational analysis”, Sociolinguistics, n° 15, pp. 1-18. HINKLE, R. C. (1980), Founding theory of american sociology, 1881-1915. Londres, Routledge and Kegan Paul. HINDESS; B. (1984), “Rational choice theory and the analysis of politic action”, Economy and Society, vol. 13, n° 3, pp. 255-277. __________. (1986), “Compte rendo de J. Elster, Making Sense of Marx”, The Sociological Review, vol. 32, n° 2, pp. 440-442. ___________. (1988), Choice, rationality and social theory. Londres, Unwin Hyman. HIRSCH, P , MICHAELS, S. e FRIEDMAN, R. (1987), “‘Dirty hands’ versos ‘clean models’: is sociology in danger of being seduced by economics?

”, Theory and Society, vol. 16, n° 3, pp. 317-336. HIRSHLEIFER, J. (1985), “The expanding domain of economics”, The American Economic Review, vol. 75, n° 1, pp. 53-58. HIRCHMAN, A. O. (1982), Shifting involvements: private interests and public action. Princeton, Princeton U. P ______________. (1986), Vers une Economie politique élargie. Paris, Minuit. HOCHSCHILD, A. R. (1979), “Emotion work, feeling rufes, and social structure”, American Journal of Sociology, vol. 85, n° 3, pp. 551-575. ________________. (1983), The managed heart. Berkeley, University of California Press. HOLLIS; M. (1977), Models of man. Cambridge, Cambridge U. P HOLLIS, M. e LUKES, S. (orgs.) (1982), Rationality and relativism. Cambridge, MIT Press. HOLLIS, M. e NELL, E. (1975), Racional economic man. Cambridge, Cambridge U. P. HOMANS, G. C. (1986), “Fifty years of sociology”, Annual Review of Sociology, n° 12, pp. XII-XXX. ____________. (1987), “Racional choice theory and behaviorism”, in C. J. Calhoun, M. Meyer e W. R. Scott (orgs.), Structures of power and

constraint: papers in honor of Peter M. Blau. Cambridge, Cambridge U. P (no prelo). HUNT, L. (1984), Politics, culture and class in the French Revolution. Berkeley, University of California Press. JENKINS, C. J. (1983), “Resource mobilization theory and the study of social movements”, Annual Review of Sociology, n9 9, pp. 527-553. KATZNELSON, I. (1981), City trenches: urban politics and the patterning of class in the United States. Nova Iorque, Pantheon Books. KATZNELSON, L, e ZOLBERG A. R. (orgs.) (1986), Working class formation: Nineteenth-Century patterns in Western Europe and the United

States. Princeton, Princeton U. P KEMPER, T. K. (1978), A social interactional theory of emotions. Nova Iorque, Wiley. KIEVE, R. A. (1986), “From necessary illusion to rational choice? A critique of neo-marxist rational choice theory”, Theory and Society, vol. 15, n° 4,

pp. 557-582. KNORR-CETINA, K. (1981), “The micro-sociological challenge of macro-sociology”, in K. Knorr-Cetina e A. V Cicourel (orgs.), Advances in social

theory and methodology. Boston e Londres, Routledge and Kegan Paul, pp. 1-47. KNORR-CETINA, K. e CICOUREL, AX (orgs.) (1981), Advances in social theory and methodology: toward an integration of micro- and macro-

Page 21: INTERESSSE, RACIONALIDADE E CULTURA

sociologies. Boston e Londres, Routledge and Kegan Paul. LATTIN, D. (1986), Hegemony and culture: the politics of religious change among the Yoruba. Chicago, The University of Chicago Press. LASH, S. e URRY, J. (1984), “The new marxism of collective action”, Sociology, vol. 18, n° 1, pp. 33-50. LATSIS, S. (1972), “Situational determinism in economics”, British Journal for the Philosophy of Science, n° 23, pp. 207-255. LAUMANN, E. O. e KNOBE D. , (1987), The organizational state. Madison, University of Wisconsin Press. LEBOWITZ, M. A. (1988), “Is ‘analytical marxism’ marxism?”, Science and Society, vol. 52, n° 2, pp. 191-214. LEIFER, E. M. (1985), “Markets as mechanisms: using a role structure”, Social Forces, vol. 64, n° 2, pp. 442-472. LEVINE, A., SOBER, E. E WRIGHT E. O. (1987), “Marxism and methodological individualism”, New Left Review, n° 162, pp. 67-84. Tradução

brasileira “Marxismo, e individualismo metodológico”, RBCS, n° 11, vol. 4. LEVINE, David (org.) (1984), Proletarization and family history. Orlando, Academic Press. LEVINE, Donald N. (1985), The f7ight from ambiguity: essays in socical and cultural theory. Chicago, The University of Chicago Press. LEWIS, J. D. e SMITH, R.L. (1980), American sociology and pragmatism. Chicago, The University of Chicago Press. LIEBERSON, S. (1980), A piece of the pie. Berkeley, Berkeley University Press. ____________. (1984), Making it count: the improvement of social theory and social research. Berkeley, University of California Press. LIEBERSTEIN, H. (1976), Beyond economic man: a new foundation for microeconomics. Cambridge, Harvard Universtity Press _____________. (1979), “A branch of economics is missing: the micro-macro link”, Journal of Economic Literature, vol. 17, n°- 2, pp. 477-502. LINDENBERG, S., COLEMAN, J. S.E NOWAK S. (orgs) (1986), Approaches to social theory. Nova Iorque, Russel Sage Foundation. LOFLAND, L. H. (1985), “The social shaping of emotions: the case of grief’, Symbolic Interaction, vol. 8, n° 2, pp. 171-190. LUKE, T. (1985), “Reason and rationality in rational choice theory”, Social Research, vol. 52, n° 1, pp. 65-98. LUTZ, C. A., (1988), Unnatural emotions: everyday sentiments on a micronesian atoll and their challege to western theory. Chicago, The University

of Chicago Press. McNALL, S, G. (1988), The roads to rebellion: class formation and transas populism, 1865-1900. Chicago, The University of Chicago Press. MacPHERSON, C. B. (1962), The political theory of possessive individualism: Hobbes to Locke. Oxford, Oxford U. P MANN, M. (1986), The sources of social power, vol. 1: A history of power from the beggining to A.D. 1760. Cambridge, Cambridge U. P MARX, K. e ENGELS, F (1967), The german ideology. Nova Iorque, International Publishers. MILLER, H. e WILLIAMS, W. H. (1982), The limits of utilitarianism. Minneapolis, University of Minnesota Press. MILLS, C. W. (1977), L’imagination sociologique. Paris, Maspero (orig. 1959). Tradução brasileira A imaginação sociológica. Rio de Janeiro, Zahar,

1982. MOE, T. (1984), “The new economics of organization”, American Journal of Politieal Science, vol. 28, n° 4, pp. 739-777. MOORE, B., Jr. (1978), Injustice: the social bases of obedience and revolt. White Piais (NY), M. E. Sharpe. MORAWSKA, E. (1985), For bread and butter: lifeworlds of East-Central Europenas inJoestown, Pennsylvania, 18901940. Cambridge, Cambridge

U. R MÜNCH, R. (1987), “Parsonian theory today: in search of a new synthesis”, .in A. Giddens e J. H. Turner (orgs.), Social theory, today. Cambridge

Polity Press, pp. 116-145. OBERSHALL, A. (1973), Social movements and social conflict. Englewood Cliffs, Prentice-Hall. OBERSHALL, A. e LEIFER, E. M. (1986), “Efficiency and social institutions: uses and misuses of economic reasoning in sociology-, Annual Review

of Sociology, n° 12, pp. 233-253. OLIVER, P (1980), “Rewards and punishments as selective incentives for collective action: theoretical investigations”, American Journal of

Sociology, vol. 85, n° 6, pp. 13561375. OLSON, M. (1965), The logic of collective action. Cambridge, Harvard U. P _________. (1982), The rise and decline of nations. New Haven, Yale U. P PADIOLEAU, J. (1986), L’ ordre social. Príncipes d’ analyse sociologique. Paris, L’Harmattan. PAIGE, J. (1975), Agrarian revolution. Nova Iorque, The Free Press. PARKIN, F (1979), Marxism and class theory: a bourgeois critique. Nova Iorque, Columbia U. P PARSONS, T. (1937), The structure of social action. Glencoe, The Free Press. PATTERSON, O. (1984), Slavery and social death. Cambridge, Harvard U. P PETERSON, R. A: (1979), “Revitalizing the culture concept”, Annual Review of Sociology, n° 5, pp. 137-166. PERROW, C. (1986), “Economic theories of organization”, in Complex organizations: a criticai essay. Nova Iorque, Ramdon House, 3’ ed., pp. 219-

257. PLOTT, C. R. (1976), “Axiomatic social choice theory: an overview and interpretation”, American Journal of Political Science, vol. 20, n° 3, pp. 511-

596. POGGI, G. (1978), The development of the modern state: a sociological introduction. Stanford, Stanford U. P POPKIN, S. (1979), The rational peasant. Berkeley, University of California Press. PORTES, A. (1976), “The sociology of national development: theories and issues”, American Journal of Sociology, vol. 82, n° 1, pp. 55-85. POWELL, W. W. (1985), Getting finto print: the decision-making process in scholarly publishing. Chicago, The University of Chicago Press. PRATT, J. W. e ZECKHAUSER R. J. (orgs.) (1985), Principais and agents: the structure of business. Boston, Harvard Business School Press. PRZEWORSKI, A. (1985a), “Marxism and rational choice”, Politics and Society, vol. 14, n° 4, pp. 379-409. Tradução brasileira “Marxismo e escolha

racional”, RCBS, n° 6. _______________. (1985b), Capitalism and social democracy. Cambridge e Paris, Cambridge U. P e Ed. de la Maison des Sciences de 1’Homme.

Tradução brasileira Capitalismo e social-democracia. São Paulo, Companhia das Letras, 1989. PSATHAS, G. (org.) (1979), Everyday language: studies in ethnomethodology. Nova Iorque, Irvington Press. _ , QUADAGNO, J. (1988), The transformations of old age security: class and politics in the american Welfare State. Chicago, The University of

Page 22: INTERESSSE, RACIONALIDADE E CULTURA

Chicago Press. RABINOW, P e SULLIVAN W. M. (orgs.) (1979), Interpretative social science: a reader. Berkeley, University of Cali fornia Press. RADNTIZKY, G. e BERNHOLZ P C. (orgs.) (1987), Economic imperialism. Nova Iorque, Paragon. RAGIN, C. (1987), The comparative method: moving beyond qualitativa and quantitativa strategies. Berkeley, Univcrsity of California Press. RIKER, W. e ORDESHOOK, P C. (1973), An introduction to positive political theory. Englewood Cliffs, Prentice Hall.ROCHBERG-HALTON, E. (1988), Meaning and modernity: social theory in the pragmatic altitude. Chicago, The Uni versity of Chicago Press. ROEMER, J. E. (1981), Analytical foundations of marxian economic theory, Cambridge, Cambridge U. P ___________. (1982a), A general theory ofexploitation and class. Cambridge, Harvard U. P ___________. (1982b), “Methodological individualism and dcductive marxism”, Theory and Society, vol. 11, n° 4, pp. 253-287. ___________. (1988), Free to tose: an introduction to marxist economic philosophy. Cambridge, Harvard U. P ___________. (org.) (1986), Analytical marxism. Cambridge e Paris, Cambridge U. P e Ed. de la Maison das Sciences de 1’Homme. ROSALDO, Michela (1980), Knowledge and passion: llongot notions of self and social life. Cambridge, Cambridge U. P ROSALDO, Renato (1980), llongot headhunting, 1883-1974: a study in society and history. Stanford, Stanford U. P ROSEBERRY, W. (1982), “Balinese cockfight and the seduction of anthropology”, Social Research, vol. 49, n° 4, pp. 101 31028. ROTH, P A. (1987), Meaning and method in the social sciences: a case for methodological pluralism. Ithaca e Londres, Cornell U. P. ROY, W. G. (1984), “Class conflict and social change in historical perspective”, Annual Review of Sociology, n° 10, pp. 483-506.RUESHEMEYER, D. (1973), Lawyers and their society. Cambridge, Harvard U. P RUESHEMEYER, D., EVANS P B. e SKOCPOL, T. R. (orgs.) (1985), Bringing the state back in. Cambridge, Cambridge U. P RULE, J. B. (1988), Theories of civil violente. Berkeley, University of California Press. SABEL, C. F (1984), Work and politics: lhe division of labor in industryk. Cambridge, Cambridge U. P SAHLINS, M. (1981), Historical metaphors and mythical reali ties. Ann Arbor, University of Michigan Press. __________. (1985), Islands of history. Chicago, The UniversitySARFATTI-LARSON, M. (1977), The risa of professionalism: a sociological analysis. Berkeley, University of California Press. SCHNEIDER, M. A. (1987), “cultura-as-text in the work of Clifford Geertz”, Theory and Society, vol. 16, n° 6, pp. 809-839. SCHUTZ, A, (1943), “The problem of rationality in the social world”, Economica, n° 10 (nova série), pp. 130-149. _________. (1970), On phenomenology and social relations. Chicago, The University of Chicago Press (org. por H. R. Wagner). SCHWARTZ, M. (1987), “Historical sociology in lhe history of american sociology”, Social Science History, vol. 11, n° 1, pp. 1-16. SCIULLI, D. e GERSTEIN D. (1985), “Social theory and Talcott Parson in lhe 1980s”, Annual Review of Sociology, n° 11, pp. 369-387. SCOTT, J. W. (1988), Gender and lhe politics of history. Nova Iorque, Columbia U. P SEN, A. K. e WILLIAMS B. (orgs.) (1982), Utilitarianism and beyond. Cambridge, Cambridge U. P SENNETT, R. (1977), The fali of public man. Nova Iorque. Knopf. Tradução brasileira O declínio do homem público. São Paulo, Companhia das

Letras, 1989. SEWELL, W. H., Jr. (1974a), “Social change and lhe risa of working-class politics in Nineteenth-Century Marseille”, Past and Present, n° 65, pp. 75-

109. _________________. (1974b), “Etats, cores and ordre: some notes on the social vocabulary of the french Old Regime” in H.-U. Wehler (org.),

Sozialgeschichte heute: Festschrifit far Hans Rosenberg zum 70 Geburstag. Gtittingen, Vandenhock und Ruprecht. _________________. (1979), “Corporations républicaines: the revolutionary idiom of parisian workers in 1848”, Comparativa Studies in Society and

History, vol. 21, n° 2, pp. 195-203. _________________. (1980), Work and revolution in France: the language of labor form lhe Old Regime to 1848. Cambridge, Cambridge U. P. _________________. (1981), “La confraternité das prolétaires: consciente de classe sous la Monarchie de Juillet”, Annales, Economias, Societés,

Civilizations, vol. 36, n° 4, pp. 630-671. _________________. (1985a), Structure and mobility: the men and women of Marseille, 1820-1870. Cambridge, Cambridge U. P e Ed. de la Maison

das Sciences de 1’Homme. _________________. (1985b), “Ideologias and social revolutions: reflections on the french case”, Journal of Modern History, vol. 57, n9 1, pp. 57-

85. _________________. (1986), “Artisans, factory worker and the formation of lhe french working class, 1789-1848”, in I. J. Katznelson e A. R. Zolberg

(orgs), Working-class formation: Princeton U. P., pp. 45-70.________________. (1987), “Theory of action, dialetic and history: comment on Coleman”, American Journal of Sociology, vol. 93, n° 3, pp. 166-

172. ________________. (1988), “Uneven development, the autonomy of politics, and the dockworkers of Nineteenth-Century Marseille”, American

Historical Review, vol. 93, n° 3, pp. 604-637. SEWELL, W. H., (Sr.) (1988), “The changing institutional structure of sociology and my career”, in M. W. Riley (org.), Sociological lives. Newbury

Park, Sage. SHANKMAN, P (1984), “The thick and the thin: on the interpretative theoretical program of Clifford Geertz”, Current Anthropology, vol. 25, n° 3, pp.

261-270. SHOTT, S. (1984), “Emotion and social life: a symbolic interactionist analysis”, American Journal of Sociology, vol. 84, n° 6, pp. 1317-1334. SICA, A. (1988), Weber, irrationality and social order. Berkeley, University of California Press SKOCPOL, T. R. (1979), States and social revolution. Cambridge, Cambridge U. P ____________. (1982), “Rentìer state and shi’a Islam in the Iranian Revolution”, Theory and Society, vol. 11, n° 2, pp. 265284. _____________. (1985), “Cultural idioms and political ideologies in the revolutionary reconstructions of state power: a rejoinder to Sewell”, Journal

of Modern History, vol. 57, n° 1, pp. 86-96. _____________. (1987), “Social history and historical sociology: contrasts and complementarities”, Social Science History, vol. 11, n° 1, pp. 17-30.

Page 23: INTERESSSE, RACIONALIDADE E CULTURA

_____________. (1988), “An ‘Uppity generation’ and the revitalization of macroscopic sociology: reflections at mid-career by a woman from the1960s”, in M. W. Riley (org.), Sociological lives. Beverly Hills, Sage, pp. 145-159.

_____________. (org.) (1984), Vision and method in historical sociology. Cambridge, Cambridge U. P STARK, D. (1986), “Rethinking internai labor markets: new insights from a comparative perspective”, American Sociologieal Review, vol. 51, n° 54,

pp. 492-504. STARR, P (1982), The social transformation of american medicine. Nova Iorque, Basic Books. STINCHCOMBE, A. L. (1978), Theoretical methods in social history. Nova Iorque, Academic Press. _________________. (1983), Economic sociology. Nova Iorque, Academic Press. SWEDBERG, R. HIMMELSTRAND , U. E BRULIN, G. (1987), “The paradigm of economic sociology: premises and promises”, Theory and Society,

vol. 16, n° 2, pp. 169-214. SWIDLER, A. (1986), “Culture in action: symbols and strategies”, American Sociological Review, vol. 51, n° 2, pp. 273-286. SZTOMPKA, P (1986), “The renaissance of historical orientation in sociology”, International Sociology, n° 1, pp. 321337. TAYLOR, C. (1980), “Formal theory in social science”, Inquiry, vol. 23, n° 2, pp. 139-144. _________. (1985), Philosophical papers ll: philosophy and the human sciences. Cambridge, Cambridge U. P TAYLOR, M. (org.) (1988), Rationality and revolution. Cambridge e Paris, Cambridge U. P e Ed. de la Maison des Sciences de 1’Homme. TILLY, C. (1978), From mobilization to revolution. Reading (Mass.), Addigon-Wesley. ____________. (1981), As sociology meets history. Nova Iorque, Academic Press. ____________. (1984a), Big structures, large processes, huge comparisons. Nova Iorque, Russel Sage Foundation. ____________. (1984b), “Review essay: studge in the growth machine”, American Journal of Sociology, vol. 89, n° 5, pp. 1214-128. ____________. (1985), The contentious french. Cambridge, Harvard U. P . TILLY, C., TILLY, L. e TILLY, R. (1975), The rebellious century. Cambridge, Harvard U. P THUROW, L. (1983), Dangerous currents: the state of economics. Nova Iorque, Random House. TRAUGOTT, M. (1985), Armies of the poor. Princeton, Princeton U. P TRIMBERGER, E. K. (1978), Revolution from above: military bureaucrats and development in Japan, Turkey, Egypt and Peru. New Brunswick,

Transaction Books. TURNER, J. H. (1988), The structure of social interaction. Stanford, Stanford U. P. ___________. (org) (1989), Theory building in sociology: assessing theoretical cumulation. Newbury Park, Sage Publications. TURNER, J. H. e MARYANSKI A. R. (1988), “Is ‘neofunctionalism’ really functional?”, Sociological Theory, vol. 6, n° 1, pp. 110-121. VAN PARUS, P (1981a), Evolutionary explanaion in the social sciences. Totowa, Rowman and Littlefield. _____________. (1981b), “Sociology as general economics”, Archives Européennes de Sociologie, vol. 22, n° 2, pp. 299-324. _____________. (1986-87), “A revolution in class theory”, Politics and Society, vol. 15, n° 4, pp. 453-482 . WALLACE, A. F C. (1978), Rockdale: the growth of an american village in the early Industrial Revolution. Nova Iorque, Knopf. ________________. (1987), St. Clair: a Nineteenth-Century coai town’s experience with a disaster-prone industry. Ithaca, Cornell U. P. WALLERSTEIN, I. (1974), The modern world system 1.Nova Iorque, Academic Press. _______________. (1979), The capitalist world-economy. Cambridge e Paris, Cambridge U. P e Ed. de la Maison des Sciences de 1’Homme. _______________. (1984), The politics of the world-econoricy. Cambridge e Paris, Cambridge U. P e Ed. de la Maison des Sciences de 1’Homme. _______________. (1986), “Marxism as utopias: evolving ideologies”, American Journal of Sociology, Vol. 91, n° 6, pp. 1295-1308. _______________. (1987), “World-systems analysis”, in A. Giddens e J.H. Turner (orgs.), Social theory today. Cambridge, Polity Press, pp. 309-

324. WALTERS, R. G. (1980), “Signs of the times: Clifford Geertz and historians”, Social Research, Vol. 47, n° 3, pp. 537-556. WARDELL, M. L. E TURNER S. P (orgs.) (1986), Sociological theory in transition. Londres, George Allen and Unwin. WEBER, M. (1971), Eeonomie et société. Paris, Plon. WEIR, M., ORLOFF A. S. E SKOCPOL, T. R. (orgs.) (1988), The policies of social policy in the United States. Princeton, Princeton U. P .WELDES, J. E DUVALL, R. D. (1987), “Marxism without Marx”, Contemporary Sociology, Vol. 16, n° 6, pp. 797-799. WELLMAN, B. e BERKOWITZ, S. D. (orgs.) (1988), Social structures: a network approach. Cambridge, Cambridge U. P. WHITE, H. C. (1970), Chains of opportunity. Cambridge, Cambridge U. P __________. (1981), “Where do markets come from?”, American Journal of Sociology, Vol. 87, n° 3, pp. 517-547. WHITE, J. W. (1988), “Racional rioters: leaders, followers, and popular protest in early modem Japan”, Politics and Society, Vol. 16, n° 1, pp. 35-70. WILENTZ, S. (1984), Chants democratic: New York City and the cise of the american working class, 1790-1850. Nova Iorque, Oxford U. P. WILEY, N. (1985), “The current interregnum in american sociology”, Social Research, Vol. 52, n° 1, pp. 180-207. _______. (1988), “The micro-macro Problem in social theory”, Sociological Theory, Vol. 6, n° 2, pp. 254-261. WILLIAMSON, O. (1975), Markets and hierarchies. Nova Iorque, The Free Press. ______________. (1981), “The economics of organization: the transaction cost approach”, American Journal of Sociology,Vol.87, n° 3, pp. 548-577. WILLIS, P (1977), Learning to labor: how working-class kids get working-class jobs. Nova Iorque, Columbia University Press. WILSON, B. R. (org.) (1970), Rationality. Oxford, Basil Blackwell. WILSON, W. J. (1980), The declining significance of race. Chicago e Londres, The University of Chicago Press, 2ª ed. WINCH, P (1958), The idea of a social change. Londres, Routledge and Kégan Paul. WINSHIP, C. e ROSEN, S. (orgs.) (1988), Organizations and institutions: sociological and economic approaches to the analysis of social structures.

Chicago, The University of Chicago Press. WITTGENSTEIN, L. (1965), De la certitude. Paris, Gallimard.WOLF, E. R. (1982), Europe and the people without history. Berkeley, University of California Press.

Page 24: INTERESSSE, RACIONALIDADE E CULTURA

WORSLEY, P. (1984), The three worlds: culture and world development. Londres, Weidenfeld and Nicholson. WRIGHT, E. O. (1985), Classes. Londres, Verso. WRONG, D. (1961), “The oversocialized conception, of man”, American Sociological Review, Vol. 26, n° 2, pp. 183-193. WUTHNOW, R. (1987), Meaning and moral order. Berkeley, University of California Press. WUTHNOW, R., HUNTER, J. D., BERGESEN, A. e KURZWEtL, E. (1984), Cultural analysis: the work of Peter Berger, Mary Douglas, Michael

Foucault and Jürgen Habermas. Boston, Routledge and Kegan Paul. ZALD, M. N. (1987), “The new institutional economics”, American Journal of Sociology, vol. 93, n° 3, pp. 701-708. ZARET, D. (1986), The heavenly contract. Chicago, The University of Chicago Press. ZELIZER, V. (1985), Pricing the priceless child. Nova Iorque, Basic Books. _________. (1988), “Beyond polemics on the market: establishing a theoretical and empirical agenda”, Sociological Forum, Vol. 3, n° 4, pp. 614-634. ZUKIN, S. e DiMAGGIO, P (orgs.) (1986), Structures of capital (número duplo de Theory and Society, Vol. 15, n° 1/2. ZUNZ, O. (org.) (1985), Reliving the past: the worlds of social history. Chapel Hill, the University of North Carolina Press