Interlandi 02 - História Da Ortodontia Na Europa

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    HISTORIA DA ORTODONTIA

    NA EUROPA

    G.P.F. Schmuth

    Em um curto tratado não é possível entrar

    minuciosamente em todos os

    aspectos

    de uma

    descrição histórica da Ortodontia. Preciso

    ater-me a evidenciar as diversas tendências

    no desenvolvimento da Ortodontia científica

    e prática em cada época. O desenvolvimento

    de uma especialização médica resulta da com-

    paração de velhas e sempre novas informa-

    ções literárias sobre os métodos de diagnósti-

    co e terapia. Quem já está, há mais de vinte

    anos, envolvido numa mesma disciplina, pos-

    sui também considerável grau de experiência

    própria. A respeito do desenvolvimento da

    ortodontia tive a oportunidade de discutir

    com meus professores AM. Schwarz (Viena) e

    Karl Haupl (que atuou em Innsbruck, Oslo,

    Braga, Berlim e Düsseldorf), e percebi que,

    sob o método subjetivo de observação, podem

    resultar diversidade de opiniões. A compo-

    nente subjetiva da interpretação também será

    aqui inevitavelmente preservada.

    Abranger totalmente todas as fontes de li-

    teratura é, mesmo com todo o cuidado, quase

    impossível. Selecionar todas as informações e

    organizá-Ias é um trabalho onde o acaso, den-

    tre outras circunstâncias, representa um papel

    decisivo.

    Tendências do desenvolv imento

    A maioria dos autores é de opinião que,

    antes do final do século, será muito pouco

    provável que se encontre uma sistemática,

    não só no que se refere ao diagnóstico como

    também à terapia ortodôntica. Contudo, há

    muitas publicações pelas quais o desenvolvi-

    mento progressivo da matéria foi decisiva-

    mente influenciado. Já no francês Fauchard

    (1728) se encontra uma boa doutrina e tam-

    bém referências sobre etiologia da irregulari-

    dade nas posições dentárias. Em 1746 aparece

    um interessante trabalho, também de um

    francês, M. Bunon, no qual foi dada ênfase

    especial às causas da falta de espaço para os

    dentes. Consta que o austríaco, Adam Brun-

    ner (1771), tenha sido o primeiro notável es-

    critor em língua alemã no ramo da ortodon-

    tia. Isto foi conhecido no ano de 1778, através

    da publicação do inglês

    J

    Hunter, com o título

     Natural history of the teeth and their desea-

    ses (traduzido para o alemão em 1780). Em

    1803 aparece o notável trabalho do inglês [o-

    seph Fox sobre falta de espaço para os dentes

    e o tratamento com extração sucessiva. Um

    dos melhores manuais do século XIX é o de

    w Imrie (1834). O primeiro livro de ortodon-

    tia em língua alemã foi publicado por F. Ch.

    Kneisel (Berlim), no ano de 1836. O francês Le

    Foulon sugere, em 1841, o arco interno para

    expansão dos arcos dentários, no qual posteri-

    ormente foi baseado o aparelho de Mershon

    (1918). A primeira banda para ancoragem de

    um arco foi descrita no livro do francês

    Schange (París em 1841). Carabelli (Viena), no

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    adenóides. Quinby, na Inglaterra, apresenta

    por volta de 1884, métodos para a correção de

    hábitos viciosos (chupar dedo, língua, lábio

    etc.), dando ênfase

    à

    autonormalização da

    mordida, após a perda do hábito. Ele foi, com

    isso, O desbravador do caminho à pesquisa na

    Inglaterra depois da II Guerra Mundial, bem

    como Rix, Ballard, Hovell, Pringle e Tulley.

    O pesquisador alemão Walkhoff (1888 -

    Munique), em suas publicações, explica não

    só a etiologia mas também as conseqüências

    das anomalias de posição dentária. Especial-

    mente divulga da foi sua teoria da tensão

    (Spannungstheorie) para explicar as modifica-

    ções ósseas que ocorrem sob a influência me-

    cânica de aparelhos ortodônticos. Na sua opi-

    nião, a tensão faz ocorrer primeiro somente

    um abaulamento com transposição, e não

    uma transformação imediata dos elementos

    ósseos por reabsorção e neoformação. Esta

    concepção é também defendida por Kingsley,

    apesar de Tomes, algumas décadas antes, já

    ter diretamente admitido a neoformação e re-

    absorção óssea como efeito da ação da força

    ortodôntica. Walkhoff ocupou-se também

    com a extração dentária. A extração dos pri-

    meiros molares, que muitas vezes são prema-

    turamente atacados pela cárie, foi tema de

    uma publicação de Sternfeld (1888). J. Abonyl,

    em 1889, menciona a análise epidemiológica

    em 7000 dentaduras (em parte também crâni-

    os coletados no Museu

    Anatõmico

    e Antropo-

    lógico de Viena). Fenchel, em Hamburgo, ocu-

    pou-se de medições odontológicas em crâni-

    os, relatadas em 1893. As pesquisas nesta épo-

    ca concentram-se não só no campo da oclusão .

    mas também na situação dos maxilares no

    crânio. Ao mesmo tempo; a primeira Escola

    Ortodôntica , fundada pelo americano E.H.

    Angle, ganha terreno e influencia também,

    sempre mais, a Ortopedia na Europa. O inglês

    J.E Coyler publicou, ainda em 1900, um traba-

    lho especial sobre Ortodontia. No começo do

    século XX aparecem na Europa numerosos re-

    latórios sobre normalização espontânea da

    oclusão, após  extração sistemática de dentes

    (recusada fortemente por Angle), escritos por

    Lipschitz (1902) e Kuhnert (1903).

    A teoria Jumping the bite  , introduzida

    pelo americano Kingsley, deu ensejo ao em-

    prego de diversos aparelhos, como planos in-

    seu Manual de Odontologia, publicado em

    1842, recomenda a construção de aparelhos

    ortodônticos sobre modelos dentários. Na

    Alemanha em 1842, J. Linderer publica (em 2ª

    edição) um Manual de Odontologia, no qual

    se fala também detalhadamente, sobre a regu-

    larização da posição dos dentes. O francês

    Talma (1854) é, segundo Pfaff, o primeiro or-

    todontista que utilizou um parafuso para ex-

    pansão maxilar. Na pesquisa básica encontra-

    se uma publicação de Engel (1849 em Viena)

    sobre a   Influência, na conformação maxilar,

    através da formação dentária  . O francês Ma-

    gitot escreve, nove anos depois, sobre uma

    análise epidemiológica, em que 2000 desvios

    da posição dentária normal são citados (1858).

    Esta deve ter sido a primeira estatística neste

    campo. Foi ele também

    O

    primeiro a dar aten-

    ção ao fator hereditário na ausência congênita

    de dentes. A terceira assembléia anual da As-

    sociação Central de Dentistas Alemães (Zen-

    tralverein Deutscher Zahnârzte) tem como

    tema principal,  Regularização dos Dentes ,

    sobre o qual Heider, no ano de 1862, faz re-

    ferência no jornal trimestral de odontologia.

    G. von Langsdorff (Würzburg 1863) foi um

    dos primeiros a se preocupar com a influência

    dos tecidos moles sobre a posição dos dentes.

    Kleinmann (1869), em publicação sob o título

      Ação da língua sobre a posição dentária ,

    aprofunda-se mais neste tema. Em 1881, J.

    Iszlay (Budapeste - Hungria) torna pública

    uma nova nomenclatura, considerada algo

    complicada, Um notável enriquecimento das

    possibilidades mecânicas surge através do in-

    glês W. Coffin, no ano de 1882, com a propa-

    gada placa expansora de vulcanite e mola de

    aço dobrada em  W (cordas de piano). A pri-

    meira placa feita em caucho foi descrita já em

    1840 por Brewster (E. von Schnizer). Sobre a

    ótima possibilidade de limpeza dos aparelhos

    removíveis e uma melhor higiene dentária re-

    fere-se Bock (Nürnberg 1883) num artigo es-

    pecial, descrevendo ao mesmo tempo a pri-

    meira expansão violenta de sutura pala tina

    (Gaumennahtsprengung). Na mesma época

    preocupa-se J. Parreidt com uma análise sobre

    a etiologia das irregularidades na posição

    dentária, com especial atenção à pressão exer-

    cida pelas bochechas nos casos de mordida

    aberta e no desenvolvimento de formações

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    clinados em bandas-molares (por Birkfeld em

    Hamburgo - 1902).Me Bride (1902)utilizou

    aparelhos a placa, numa modificação da Placa

    de Kingsley, e preocupou-se com teorias de

    neoformação da articulação temporomandi-

    bular, nas modificações da oclusão. E. Herbt

    (em Bremen, mais tarde em Münster) foi cer-

    tamente o primeiro, em 1903,a apresentar pe-

    ças pré-fabricadas para montagem de apare-

    lhos de correção.

    A influência do americano Angle foi sem-

    pre nítida. Seus primeiros discípulos euro-

    peus, Grünber (Berlim) como também Oppe-

    nheim (Viena) e Friel (Dublin/Irlanda), leva-

    ram a nova doutrina de Angle para a Europa.

    Mas, de nenhum modo, a Ortodontia euro-

    péia foi totalmente influenciada pela Escola

    de Angle. Em seus ensinamentos dava Angle

    especial atenção à necessidade de pesquisas

    básicas, sobre as quais ele mesmo ainda não

    podia demonstrar nada de concreto.

    Por outro lado, o sueco Sandstedt, em 1904

    e 1905, ocupou-se de análises histológicas

    para explicar as modificações ósseas decor-

    rentes dos movimentos dentários efetuados

    ortodonticamente. Em 1911 Oppenheim pu-

    blicou um relatório sobre pesquisas histológi-

    cas em macacos. Os resultados são descritos

    no conhecido manual de E.H. Angle, razão

    por que Sandstedt fora menos divulgado. O

    progresso da Ortodontia, de 1911 a 1936 (25

    anos), foi apresentado claramente por Sh. Fri-

    el na Revista de Odontologia, em 1936, na

    Holanda. Ele dividiu o tema como segue:

    1. Crescimento e desenvolvimento da face

    e dos maxilares

    2. Oclusão dentária

    3. Etiologia da maloclusão

    4. Diagnóstico da maloclusão

    5. Tratamento.

    1. O crescimento não é um processo contí-

    nuo, mas ocorre em surtos e nem sempre

    na mesma intensidade ou direção.

    2. A oclusão dentária não é predominante-

    mente um arranjo mecânico, porém uma

    visível expressão do crescimento ósseo. A

    oclusão

    é continuamente modificada

    à

    me-

    dida que o crescimento progride, desde a

    erupção dos dentes de leite até a de todos

    os permanentes.

    3. Brash compilou, em 1929, todas as  publi-

    cações sobre etiologia da maloclusão, con-

    tudo tidas como de pouco valor científico.

    Ao mesmo tempo foram efetuadas por

    Kantorowicz e Korkhaus extensas pesqui-

    sas a respeito, na Escola de Bonn. Também

    A.M. Schwarz (Viena) ocupou-se intensi-

    vamente com este problema.

    4. O diagnóstico alcançou notável enriqueci-

    mento através da exata orientação dos mo-

    delos e análise sistemática de Simon (Ber-

    lim), Rudolf Schwarz (Basel), Korkhaus

    (Bonn) e de Coster (Bruxelas).A técnica te-

    lerradiográfica, introduzida na Ortopedia

    dos Maxilares em 1931por Hofrath

    (Düs-

    seldorf), não mereceu, na metade da déca-

    da de trinta, qualquer parecer. Já alguns

    anos antes, o holandês van Loon havia re-

    comendado o uso de Cubuscraniopho-

    rus para orientação dos arcos dentários

    efi  relação ao crânio.

    Broadbent (USA) havia introduzido, tam-

    bém em 1931, a técnica telerradiográfica em

    ortodontia, que foi antes de tudo utilizada

    para o estudo do crescimento. Isto teve um

    caráter muito importante porque, como foi

    afirmado por de Coster (Bruxelas), simples

    anomalias de posição dentária deviam ser

    apreciadas e tratadas diferentemente dos dis-

    túrbios de crescimento. Por isso era necessá-

    rio, muitas vezes, um tratamento em etapas.

    5. Com respeito à terapia não há, até o ano

    de 1936,na opinião de Friel, nada de novo.

    Ao lado dos aparelhos fixos de arco e ban-

    da, utilizavam-se esporadicamente tam-

    bém aparelhos a placa, que foram propala-

    dos, em especial, pelo holandês Ch. EL.

    Hord, como sendo o método ideal para

    uma ortopedia de caráter social.

    Nesta época foram desenvolvidas as Pla-

    cas ativas por A.M. Schwarz (Viena) e os Ati-

    vadores por Andresen e Hâupl (Oslo). Apare-

    lhos de Ortopedia Funcional dos Maxilares já

    existiam de forma rudimentar, muito antes,

    ou seja, o Monobloco de P. Robin, que mais

    tarde seria utilizado e recomendado também

    por Watry (Bélgica).

    O tratamento com aparelhos de ortopedia

    maxilar removíveis alcançou grande aceitação

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    pela simplicidade de construção dos mesmos,

    fabricados em vulcanite pelo método (Strei-

    chverfahren) a que se referiu AM. Schwarz

    (Viena),em 1926.O mesmo autor introduziu

    o grampo   ponta de flecha , depois de haver

    provado todos os meios de retenção de pla-

    cas, desde o pó para estabilização de próteses

    até os grampos fundidos (z.f. Stomat. 1935

    H.23). Da mesma forma, foi considerada

    como um progresso importante, a introdução

    do fio de aço inoxidável de Wipla. Rudolf

    Schwarz (Basel)já havia utilizado, antes dos

    americanos, o aço inoxidável como arco vesti-

    bular retangular, segundo afirma Hotz.

    AM. Schwarz tem o especial mérito de

    haver pesquisado as diversas forças ortodôn-

    ticas através de estudos histológicos e experi-

    mentos correspondentes, tendo concluído que

    as forças biologicamente favoráveis são aque-

    las que não ultrapassam a pressão capilar de

    15 - 20g por em . Forças maiores também po-

    diam ser utilizadas sempre que a ação pudes-

    se ser interrompida (aparelhos ortopédicos re-

    movíveis). AM. Schwarz propagou o conceito

    dos quatro graus de ação biológica. Através

    deste trabalho científico e da introdução da

    Ortopedia Maxilar pelo dinamarquês Andre-

    sen e, mais particularmente, por sua ligação

    teórica e científica com o austríaco Karl Haupl

    e mais tarde com o discípulo Josef Eschler,foi

    aberto o caminho para a substituição dos apa-

    relhos ortodônticos fixos pelos removíveis e,

    em especial, para a Ortopedia Funcional dos

    Maxilares. Em particular, na Alemanha, hou-

    ve um aumento do emprego de placas expan-

    soras depois que, em 1935, fora proibido o

    emprego de ouro e outros metais preciosos na

    ortodontia.

    Os Primeiros specialistas

    em Ortodontia na uropa

    Na publicação comemorativa a Ch. F.L.

    Nord, na Revista Holandesa de Odontologia

    em 1936, encontra-se uma fonte literária na

    qual são mencionados alguns dos primeiros

    especialistas em ortodontia. Deles fazem parte

    Geo Villain,da ÉcoleDentaire de Paris, e Ha-

    rold Chapman, o primeiro na Inglaterra (1921),

    que desde 1911já era Lecturer in Orthodontics

    no London Hospital Dental School. A seguir

    menciona-se J. Lucien de Coster (Bruxelas),

    que, desde 1923praticou exclusivamente orto-

    dontia como pioneiro na Bélgica.Sh. Friel, ir-

    landês de Dublin, trabalhou desde 1910como

    primeiro ortodontista na Irlanda e foi, além

    disso, Lecturer in Orthodontics na Dental

    School/Dublin. Na Alemanha, ao lado de al-

    guns americanos que foram provavelmente

    enviados por Angle a Berlim, trabalhou P.W.

    Simon, que exercia a ortodontia em consultó-

    rio.Apartir de 1921foi chefedo Departamento

    de Ortopedia Maxilar, no Zahnârztliches Uni-

    versitâtsinsttut - Berlim. Em 1922 publicou

    Simon as bases de um sistema de diagnóstico

    das anomalias dentárias e em 1925,um traba-

    lho sobre o conceito de normal (Normbegriff)

    em ortodontia. Em 1926foi realizada uma tra-

    dução de ambos os livros para o inglês. Em

    1934,Simondemonstrou no Congresso da Eu-

    ropean Orthodontic Society,em Scheveningen,

    o Aparelho de Wipla (Wipla- Flat - appara-

    tur), constituído de bandas e que podia ser

    construído com alicates especiais sem exigir

    soldagem. Até para a construção de tubos fo-

    ram apresentados alicates próprios.

    Esta lista dos primeiros especialistas em

    ortodontia na Europa é, sem dúvida, incom-

    pleta. Pretende lembrar somente que a prática

    da ortodontia, nos diversos países europeus,

    foi primeiramente exercida por uma minoria

    de especialistas e, talvez, sem caráter exclusi-

    vo. Ainda hoje o número de dentistas clínicos

    que exercem a ortodontia, na maior parte dos

    países, é bem maior do que os especialistas na

    matéria. Muitos ortodontistas renomados

    nunca se dedicaram exclusivamente ao cam-

    po ortodôntico. Deles fazem parte, por exem-

    plo, os conhecidos professores de ortodontia:

    Viggo Waldemar Julius Andresen (Oslo/No-

    ruega), desde 1925 diretor do Departamento

    de Ortodontia em Oslo, Prof. Dr. A Ci-

    eszynski, na Polônia e os Prof. Oppenheim,

    AM. Schwarz e Petrik, em Viena.Na Áustria,

    somente depois da  Il Guerra Mundial, surgiu

    o primeiro consultório exclusivamente orto-

    dôntico (montado pelo autor, em Viena, no

    ano de 1952). Até hoje não há, na Áustria,

    França, Itália, Suíça e Bélgica,nenhuma regu-

    lamentação oficial para a especialização em

    Ortopedia Maxilar.

    Na Alemanha, no ano de 1939,foi decreta-

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    da uma portaria segundo a qual era permiti-

    do, sob determinadas condições, o uso da de-

    signação especial   Ortodontia  à porta do

    consultório (Zahnârztliche Mitteilunge - ZM

    1939, Nr. 25, S. 472). O regulamento alemão

    para a especialização ortodôntica foi mais de

    uma vez reformulado, (por último em 1967),

    tendo em vista o reconhecimento de locais

    para o ensino daquela especialidade. No mo-

    mento há na Alemanha Ocidental cerca de

    700 especialistas. O reconhecimento efetua-se

    através da Câmara Regional de odontologis-

    tas (Landeszahnârztekammer), após a revisão

    efetuada por comissão especializada da Asso-

    ciação Alemã de Odontologistas (Bundesver-

    band der Deutschen Zahnârzte - correspon-

    dente à American Board of Orthodontics). Os

    membros da comissão são: Hausser /Hambur-

    go, Schmuth/Bonn, Krogmann/Dortmund,

    Zehle/Stuttgart e Cünther /Colônía.

    Na Holanda há, desde 1953, o reconheci-

    mento da especialização. No ano de 1969 foi

    publicado no   Staatskourant  um artigo sobre

    o regulamento correspondente.

    Nos Países Escandinavos e na Suíça, nos

    últimos anos, tem havido a preocupação de

    publicar uma portaria neste sentido.

     ssociações Ortodônticas

    e Revistas specializadas

    As primeiras associações européias de Or-

    todontia foram fundadas quase simultanea-

    mente. Em outubro de 1907 encontraram-se

    em Londres, a convite de George Northgroft,

    os membros fundadores da   The British Soei-

    ety for the Study of Ortodontia  (mais tarde

    Orthodontics): J.H. Badcock (1º Presidente),

    H. Chapman, M. Hopson, AC Lockett, W.T.

    Mellersh, G. Northcroft, M. Philpotts, J. Sim

    Wallace, J.E. Spiller, E.R. Tebitt e H.C Visick.

    A Sociedade Alemã de Ortodontia (Deuts-

    che Gessellschaft für Orthodontie) foi funda-

    da em Colônia, em maio de 1908. Foi presi-

    dente Heydenhaus, secretário Kôrbitz e te-

    soureiro Herbst (Osterr. ungarische Viertel-

    jahresschrift für Zahnheilkunde 24, 1908,679).

    Uma revista de ortodontia já existia em 1909,

    em seu terceiro ano de edição. Havia, portan-

    to, antes da fundação das sociedades, um ór-

    gão de publicação para autores de língua ale-

    mã (Suíça, Países Escandinavos e ocasional-

    mente Holanda). A revista   Fortschritt der

    Orthodontik foi criada e redigida em 1931,

    por Korkhaus/Bonn e T.J. Quintero. Possuía

    eminentes co-editores, tanto no país como no

    exterior: V.Andresen - Oslo, P.J.J.Coebergh

    - Utrecht, C D Alise - Nápoles, Sh. Friel-

    Dublin, A Kantorowicz - Bonn, B. Kjellgren

    - Stocolomo, A Kôrbitz - Munique, P. Op-

    pler-Berlin, W. Pfaff - Leipzig, J.T. Quintero

    - Lyon, H. Salamon - Budapeste, A M.

    Schwarz - Viena e R. Schwarz - Basel.

    No ano de 1934,em virtude de ocorrências

    políticas na Alemanha, a revista não pôde

    mais circular nos moldes iniciais. Somente em

    1952Korkhaus/Bonn e E. Reichenbach/Halle

    puderam reeditar a   Fortschritte der Kieferor-

    thopâdie , agora como órgão da Sociedade

    Alemã de Ortopedia Maxilar, cujo primeiro

    presidente, de 1937 a 1966, foi Korkhaus, até

    ser substituído por E. Hausser (Hamburgo).

    Franceses, italianos e espanhóis se encon-

    tram congregados na Societé Française

    d Orthopédie Dento-Facial, que foi fundada

    em Lyon, no ano de 1921.O órgão de publica-

    ção oficial é L Orthodontie Française  , aí são

    publicados, em forma de livro, os resultados

    de congressos científicos que se efetuam anual-

    mente. Existe um   Index bibliographique des

    traveaux publiés , v olumes 1 - 30, através do

    qual se pode ter uma excelente visão, em or-

    dem alfabética, de autores e publicações. No

    quinto ano de edição (1927),pode-se encontrar

    um artigo de J.T.Quintero, com o título Histo-

    rique de Ia Societé Française d Orthopédie

    Dento-Faciales (S. 201). No congresso de 1948

    em Paris, na saudação da Sra. Tacail-Liger,são

    apreciadas as mais importantes personalidades

    da Ortodontia francesa. Quintero publicou em

    1949, um artigo com o título Lenseignemenf

    de l orthodontie et sa practique en France et

    dans les pays voicins . Para a execução deste

    trabalho foram coletadas informações junto a

    Nord e Coenen na Holanda, Watry na Bélgica,

    Compte e Hotz na Suíça, principalmente sobre

    o problema da ortopedia de caráter social. Na

    França há, desde 1949,uma espécie de seguro

    social também no campo da ortodontia. Na In-

    glaterra existe uma regulamentação a respeito,

    desde 1948.Na Holanda Nord e Coenen, des-

    de 1949 se voltaram para o mesmo assunto, e

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      ORTODONTIA - BASES PARA A INICIAÇÃO

    também na Bélgica surgem as primeiras provi-

    dências a respeito. Na Suíça existe uma Orto-

    dontia Social, em Genebra e Lausanne, nos

    moldes da clínica dentária escolar, ocorrendo o

    mesmo, também em Zurique, onde predomi-

    nam aparelhos removíveis e a terapia por ex-

    tração. Na Itália ainda não há Ortopedia Social.

    Quintero nos dá a seguinte estimativa:

    Na Bélgica deve haver 6 especialistas; na

    Holanda, 10; na Inglaterra, 16-18; na Suíça, 5-

    6; na Itália, 2-3; e sobre a França e Espanha ele

    não apresenta nenhum dado. Menciona a se-

    guir que, em 1949, na Europa, eram utilizados

    predominantemente aparelhos removíveis. Só

    alguns poucos especialistas trabalhavam com

    aparelhos fixos. Também a expansão rápida

    da sutura pala tina (Gaumennahtsprengung)

    foi empregada naquela época. Seguem ainda

    algumas informações detalhadas sobre a for-

    mação ortodôntica acadêmica na França.

    Não consta no trabalho qualquer estatísti-

    ca referente à Alemanha.

    A Ortopedia Social já foi propagada na

    Alemanha, no início da década de 30. Desde

    1936, os pacientes recebiam oficialmente uma

    subvenção da caixa social para o pagamento

    do tratamento. Debates sobre o assunto tive-

    ram lugar, sobretudo, depois da 11Guerra. A

    Inglaterra desenvolveu, por esta época, o ser-

    viço estatal de saúde. Também na Suécia exis-

    te, há mais de 20 anos, uma crescente sociali-

    zação em todo o campo médico, inclusive na

    ortodontia. O mesmo se observa nos países

    do Bloco Oriental (Alemanha Oriental, Tche-

    coslováquia, Hungria, Polônia, Rumênia, Bul-

    gária e Iugoslávia). O primeiro professor po-

    lonês de ortodontia foi W. Zawidzki, discípu-

    lo e colaborador de

    Kõrbitz.

    A especialização

    dos ortodontistas, na Polônia, tinha lugar an-

    teriormente em Berlim, Viena, Petersburgo e

    Moscou. Hoje há sete Academias de Medicina

    com Departamentos de Ortodontia. No cam-

    po da Ortodontia Social se encontram clínicas

    especiais nas principais cidades (Dominik).

    Na Holanda foi instituído, em 1936, um

    Clube de Estudos Ortodônticos. Por ocasião da

    11Guerra, de 1942 a 1946, houve uma interrup-

    ção que levou, conseqüentemente, à fundação

    da Nederlandse Vereniging voor orthodontis-

    che Studie . O primeiro presidente foi J. A C

    Duyzings, vice-presidente Edel e Secretário

    Sindram. Em 1948 foi eleito Bijlstra para vice-

    presidente. Esta associação organiza anual-

    mente um congresso e, a cada 5 anos, uma se-

    mana de estudos (Studieweek). As conferênci-

    as apresentadas nestas sessões foram coletadas

    em livro. Há também publicações sobre os con-

    gressos de 1955, 1960, 1965 e 1970. O ano de

    1948 tem, como um dos primeiros conferencis-

    tas, o sueco Kjellgren, que falou sobre Extração

    Sucessiva. Em 1950 foram ministrados na Ho-

    landa dois cursos sobre a Twinarch- Technik 

    (Madden/USA e Kranerua/Suécia). No Con-

    gresso da Sociedade Ortodôntica Européia, re-

    alizado em Scheveningen, em 1952, proferiu

    Brodie um curso sobre Edgewise-arch-Technik.

    Na Holanda, logo após a guerra, desenvolveu-

    se a tendência sempre crescente para a apare-

    lhagem fixa dos americanos, como também em

    diversas regiões da França e Escandinávia.

    Desde 1969 existe uma Scandinavian ortho-

    dontic Society que realiza seus congressos

    anuais alternadamente na Dinamarca, Norue-

    ga, Suécia, Finlândia e Islândia. Um quadro

    geral de todas as associações ortodônticas da

    Europa e de seus membros integrantes pode

    ser encontrado em W.H. Oliver, em sua publi-

    cação Orthodontic Directory of the world 

    (25. Ed. 1970), onde são mencionados os se-

    guintes países: Bélgica, Inglaterra, Dinamarca,

    Finlândia, França, Alemanha, Itália, Holanda,

    Noruega, Suécia e Iugoslávia. Há também a

     So ciedade Ortodôntica Espanhola que não

    foi registrada.

    Ao lado da European Orthodontic Society,

    que foi fundada em 1907, em Berlim, por E.D.

    Borrows, Miss Jane Bunker, J.J. Giusti, J. Grün-

    berg, G.A Kennedy, w.G. Law, AF. Lunds-

    trôm, M. Pfluger, L.A. Watling e F. Zeliska, há

    ainda um   College European d Orthodontie

    (CE.O.), cujo presidente é R.X.O Meyer. Os

    primeiros anos da Sociedade Ortodôntica Eu-

    ropéia são descritos pormenorizadamente por

    Harold Chapman (Londres), nas Transacti-

    ons desta sociedade, no ano de 1958.

    A Ortodontia desenvolveu-se de uma ati-

    vidade empírica para uma disciplina científi-

    ca. Muitas sementes desta evolução se encon-

    tram na Europa. No futuro, o trabalho cientí-

    fico será elaborado em âmbito internacional, o

    que redundará em grandes conquistas para o

    bem-estar de nossos pacientes.

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    9/10

    · D

    'I:: N TIS. T K. ~ 51

    Ies ren dis en moins de deu x mois rcl-

    Ies que

    je l'avois

    afluré ,

    & elles fone

    aujourd hui aua i

    bcllcs

     

    a uf fi b onnc s

    qu'elles avoient parú auparavane dif-

    formes   mauvaiíes .

    RE F L E X 10 N.

    Les denrs de ce jeune homme n'é·

    toient devenues dans un f i rnauvais

    état ,

    que

    parce

    que l on avoit

    néghgé

    d en avoir foio. S i on les avoit nerré ié es

    de xmne heure , le limon & le s p a rrie s

    des alirnens n'auroient pas fair de tel-

    Jes irnpreílions fur leur éma il ,

    ni

    fur Ia

    Iubíla rrcefpongieufe des gencives. D if-

    férant plus longtems à

    y apponer

    du

    rernéde , il auro it ete impoflib le d opé -

    ler avec Iuccês ; les gencives

    rnême

    au-

    roient é té rongées conCumées , de fa -

    çon que les dents auroien t écé ébran-

    lées & comme

    dérachées

    d es g en cives

    &

    d es a lv éo les,   que Ia plüpa rt des

    d en rs a uroien t péri par-lã, & lcs aurrcs

    auroient éeé enrié rement détruircs par

    la cárie . Les repa ra rions que je f is

    à

    Ia

    bouche de ce jeune homme

     quoiqU UD

    peu ~lt d, ont prévenu hcureufcmcnr

    rous ces íácheux accidens ,   ont

    f i

    bien

    rétabli Ies

    denrs , qu à pein e

    s'ap-

    perçoir on

    qu

    elles

    a)'ent

    é ré gàré es,

    Tomç I. G g

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    10/10

    354 LB CHIJ\ur 61t;:N

    I I. O B 5 E RVAT I O N.

    Sur des Dents mal arrangées, dont

    r~xtrêmité du corps inclinoit

    vers le palais,

    En

    1723' Ia fille de 1\ 1.

    Rolland

    .Audiceur

    dcs

    Compres,

    demcurant à  

    Paris,

    â g é C

    d'environ

    quatorze

    ans,

    avoir le s dcnts laréralcs , ou moycn-

    nes inciíives de Ia rnachoire Iupé rieu-

    re

    con(idé ra blem enr dé rangé es; l

    ex-

    trêmité de leur

    corps

    inclinoit vers le

    palais. Je commençai d'abord pa r les

    Ié pa rer de leurs voif incs , ce que je

    fis

    avec Ia lime, pour y donner un paí-

    fage libre : Cerre opéra rion me ferv it

    à les ra rn en er

     

    à les

    placer

    dans leur

    ordre   dans leur é r a r na rurel ;

    en

    y

    employ an t de plus le íecours du f il ,

    &

    celui

    de

    Ia

    Iam

    e

    d argen t :

    Par

    ces

    moy ens je parv in s

    à

    le s metere en bon

    é ra t en moins de

    trois

    íemaines .

    I I I. OB5 E R\ AT 10 N.

    A

    pef f

    pres [emblabl«

    à

    Ia

    précidente.

    En Ia mêrne année M . Dafluarr

      gé

    d cnviron douzc ans, fils de M . le Mar-