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f\7 AN N O DOMINGO, io DE JANEIRO DE 1904 N.° i 3o
SEM A N A R IO N O T IC IO S O , L I T T E R A R I O E A G R I C O L A
. I s s i g u i i t u r aAnno, iSooo réis; semestre, 5oo réis. Pagamento adeantado. l i para o B razil, anno. 2$5oo réis (moeda fortej.Avulso, no dia da publicação, 20 réis. W
EDITOR— José Augusto Saloio N
I D M I M A C í O I T Y P O G R A P H I A19, i.° — RUA DIREITA — 19,
ALUEGALLKGAI . L
| Publicaçõesd A n n u n cio s— 1.“ publicação, 40 réis a linha, nas seguinte?, , A 20 réis. A nnuncios na 4 .“ pagina, contracto especial. Os auto-
graphos náo se restituem quer sejam ou não publicados.
PROPRIETÁRIO— José Augusto Saloio
e x p e d i e n t e
A cceffain-se co iiig ra tl- dâo q u a e sq u e r n o tic ia s qsie scjaíii de ia te rc s s e -)Jll»IÍCO.
0 <5 ■ B ^ * SIS
Diz a lenda ehristã que, guiados por unia estrella, vieram do Oriente tres reis magos ao huniilde presepe de Bethlem, para offerta- rem á creança prodigiosa que alli nascera, os seus presentes de maior valor — ouro, insenso e myrrha.
Esta lenda calou no coração do povo e dá logar a ultima das festas de familia que começam no Natal.
Festeja o povo estes reis para esquecer as suas ma- guas. E effectivamente os reis são festejados em todos os tempos, porque o povo, em lhe dando folias e divertimentos, é, sempre, no dizer do grande poeta Guerra Junqueiro:
. . . a crem ça eterna;Quem lhe bate m elhor é quèm me
lho r governa.
Os reis, a quem o acaso foi collocar na mais elevada posição social, sao ás vezes mais infelizes que o mais Ínfimo. dos seus vassalos. Os ministros teem- n’os sempre em seu poder e, como são irresponsáveis, praticam o que lhes parece á sombra da corôa N’a- quella posição os pobres homens não sabem se teem um amigo; apertando a mão direita de qualquer, .ignoram se na outra irá occulto um punhal. E comtudo são invejados por todos. Pois mais vale a tran- quillidade da consciência e
.0 socego do espirito do que as gradezas e a brilhante opulência á custa de contínuas insónias e de constantes desasocegos.
Pobres reis! Quando a mão demolidora do progresso acabar com todas 'as velharias, haveis de des- apparecer na sombra do Passado, como tudo o que éanachronicoefóra do uso.
JO A Q U IM DO S ANJO S.
C A R T A A B E R T A
A o ex.™» sr. j , Saloio
Por feliz inspiração de meu mano José Cândido tive a satisfação de recebei-, hontem, 0 Domingo, de i.° do vigente, interessante se- manario noticioso, litterário e agricola, de que sois digno editor-proprietário, e que vê a luz da publicidade nesse, para mim, jámais inesquecível cantinho do velho e glorioso reino em que tambem vi a luz.
Deleitou-me extremamente a sua leitura e o conhecimento dos progressos da minha terra, do seu desenvolvimento material e intellectual.
Do meu venerado Portugal tenho sempre e amiudadas vezes noticias pejos diários que me chegam ás mãos. Conheço o seu adiantamento, o seu avanço progressivo nas artes, na sciencia, na industria e na litteratura.
Acompanho pari passu a sua politica, os seus homens notáveis; acompanho, emfim, com o maior interesse todo o movimento que, de modo geral, se relaciona com a marcha evolutiva da mãe-patria.
Confesso, porém, francamente (e não me queiram mal por este espirito de bairrismo) : — nada me poderá despertar maiores sensações aos meus estimulos>patrióticos do que, particu- armente, conhecer e acom
panhar os progressos do meu torrãO natal.
Já não são somente os botes e faluas, mas tambem uma regular carreira de barcos a vapor que fazem a linha da navegação entre elle e a capital; não é c mesmo o seu commercio e nem a sua industria de ha 3o annos; as praças, as ruas, as edificações hão de ter aspecto mais bello e a cultura intellectual estará com certeza admiravelmente desenvolvida, a julgar pelo orgão de publicidade a quem dirijo esta missiva.
Quão agradavei é tudo isto para o filho d essa pit-
toresca villa, tão distante 'delia, mas que ainda conserva bem vívida na retina as imagens de tudo quanto conheceu até ao dia q íe o Destino o atirou para longi- quo continente americano!
Eis porque disse, ao começar, que meu mano havia tido a feliz inspiração de me dar a conhecer, por in- termedio d’0 Domingo, se bem que pallidamente, os progressos de Aldegallei?a-
E que de recordações que a invocação desse nome me traz neste momento!. ..
Os tempos da minha dôce infancia e os do começo da risonha juventude. . .
Os laços aftéctivos que ainda ahi me prendem e perduram.. .
Os bons rapazes, condiscípulos e camaradas dessa época.. .
Nem o Tempo, na sua marcha rapida e vertiginosa; nem os labores, as preoccupações de qualquer natureza; nem as diversas phases da vida que, atra- véz dos annos se tem desenrolado na minha constante actividade, conseguiram e conseguirão jámais apagar da memória.
E já decorrem tres decen- niost
Tres decennios, nos quaes a nostalgia da Patria me tem afervorado, dia por dia, o estimulo patriótico e os sentimentos affecti- vos!. . .
E, no decurso desse'longo praso, quantos seres amados hão desapparecido no pó do Nada!...
A começar pelos meus extremecidos progenicto- res, quantos outros entes queridos se Õccultaram para sempre ás minhas vistas no manto dá Eternidade!. . . '
Quando me lembro das blandícias que me acalentaram no meu berço natal, dos gosos que fruí no san- ctuario do lar e na convivência dos amigos; quando me lembro da minha casa paterna, das minhas rapaziadas, das feiras, das touradas, das festas dc S. Se
bastião, do Senhor dos AfTlictos, do Senhor da Mi- zericordia, de N. S. da Piedade, da aprazível romaria a N. S. da Atalaia; quando me lembro de tudo isto, em épocas precisas, e de tantos outros folguedos que a emoção me tolhe, neste momento, a penna em descrever; quando me recordo, finalmente, do meu primeiro amor, desse amor santo, immaculado que desabrochou em mim aos 17 annos, — sinto a minhalma enle- var-se no extasii dessa saudade immensa que só pode comprehendel-a um coração verdadeiramente amante da Patria e da Familia!
Estas expansões que são innatas em peitos sinsera- mente patriotas, já eu as tenho, por mais de uma vez, manifestado aqui, publicamente.
Ainda ha bem pouco, pondo em relevo tão nobres sentimentos no orgão da coloniaportugueza, de que fui um dos redactores, assim me expressava no seguinte trecho, a proposito da minha conducta na actualidade politica brazi- leira:
«Pelo tempo que resido no Brazil e pelos elos da familia que aqui constituí eu §ou hoje mais braziléiro do que portuguez. E, não obstante isso, para poder entrar no goso pleno de todos os direitos cívicos que confere a constituição aosfilhos do paiz, tive, por minha livre e espontanea vontade, de protestar fidelidade ás instituições juradas.
«Comtudo, se aqui me unem os atíectos do lar e a maior sympathia pelas glorias da patria brazileira, á qual tenho-me habituado a votar a maior consagração,— jámais, jámais! me olvido da patria portugueza, do solo da minha patria materna, do querido solo natal, onde tive o meu berço, onde ensaiei os primeiros passos na longa e tortuosa peregrinação da vida, onde, emfim, recebi os primeiros ensinamentos de bôa educacão.
«Lá me prendem os laços de sangue, a eterna saudade dos entes que me deram o ser, que me acalentaram em seu seio, que me prodigalisaramesse mundo de caricias que tornam uma juventude despreoc- cupada e feliz. . .
«Lá me prende a lembrança desses innocentes brincos que amenisam a existencia infantil num torvelinho das mais puras 'e doces illusões...
«Lá me prendem, finalmente, nobres incentivos patrioticos, porque me corre nas veias o sangue generoso desse povo heroi- co e liberal, d’essa nacionalidade pujante e varonil, que tanto assombro causou em época não mui remota e tanta admiração desperta ainda hoje com as suas pujantes manifestações de actividade e grandeza!
«Ser-se portuguez equivale a ser-se um bom cidadão, um digno filho do trabalho, um incansavel obreiro do progresso e da civilisação.
«Vá isto sem a menor allusão a qualquer outra nacionalidade.
«Desgraçado daquelle que, separado do torrão natal pela immensidade dos mares, tem pejo de manifestar, francamente, em paiz estranho, os estimulos de patriotismo!
«Maldição eterna sobre o filho de uma nação que, offuscado pelo esplendor da riqueza e da opulência que adquiriu em plagas longiquas, esquece a sua patria materna e vota a maior indifferença a tudo quanto vem de engrande- cel-a!»
— Eis, ex.1110 sr. José Augusto Saloio, o que affir- mei e o que ainda agora ratifico sob o mesmo ponto de vista.
Dora em deante, como prova de que desejo estar intimamente vinculado aos interesses da minha terra e em communicação constante com os meus conterrâneos, eu, que ha algum tempo estou afastado das afanosas lides da imprensa,
O DOMINGO
— prometto-vos remetter mensalmente minha des- pretenciosa collaboração litteraria, que, se outro mérito não tiver, terá pelo menos, o de avivar saudpsas recordações de tempos que não voltam mais...
Versará ella, especialmente, sobre descripções de factos e coisas contem- poraneas.
Os que não se esqueceram do patricio que firma estas linhas notarão que conservo ainda bem niti- da a lembrança de episo- dios e de traquinadas próprias da época em que com elles convivi.
F IR M 1N 0 JO S É R O D R IG U E S .
P o rto Alegre <B ra z il!, 3o de novem bro de 1903.
Ai!iFÍ»er>iari«
Completou no dia 7 do corrente o seu 9.11 anniversario natalicio, o filho do nosso amigo, sr. Aurélio João da Cruz, zeloso empregado da Companhia Fabril Singer, em Alcochete.
Os nossos parabéns.
“ líaíiiifso «le CJoes..
Entrou no 19 o anno de publicação este nosso illustrado collega que se publica em Alemquer.
As nossas cordiaes felicitacões.
fi.11/ electricaCompareceu no edificio
dos Paços do Concelho, em sessão de 4 do corrente, o sr. Ricardo 0 ’Neill, engenheiro, afim de obter alguns esclarecimentos sobre as condições da illuminação electrica.
das, arvoredo e incêndios; Marciano Augusto da Silva: limpeza, calçadas e passeios; Antonio Pereira Duarte: illuminação, policia municipal, hygiene e instrucção; Antonio dos Anjos Bello: cemiterios, matadouro, talhos e casa do peixe.
A troca de sellos effe- ctuar-se-ha até 3 i do corrente, na recebedoria deste concelho.
• Por decreto de 24 de dezembro ultimo, foi permitti- do que os bilhetes de industria particular, destinados a circular no interior do paiz, poderão ter a frente dividida em duas partes eguaes, por um traço vertical, ficando a parte esquerda para a correspondencia e a direita para o endereço do destinatario.
O reverso dos mesmos bilhetes será exclusivamente applicado á impressão de quaesquer illustraçÕes.
Procedeu-se em sessão de 4 do corrente á distribuição dos pelouros pelos srs. veriadores ficando os mesmos do anno passado:
Presidente: secretaria e beneficencia; vice-pr esiden- te: edifícios, obras, estra
FI RMI NO J O S E ’ R O D R I G U E S
Iniciando a sua collaboração neste jornal, honra-o hoje com o primoroso arti- go Carta aberta 0 nosso conterrâneo, ex."10 sr. Firmino José Rodrigues, i.° official do estado do Thesouro em Porto Alegre (Brazil).
Dando aos nóssos leitores a noticia de que s. ex.a não vem aceidentalmente conceder-nos um simples artigo, mas sim dar-nos o importante e valiosissimo auxilio da sua collabora- cão, damos-lhes uma boa »• • ' nova, que sem duvida muito hão de apreciar.
G Q F R , E D.E. P E R G L A S
Já vou trilhando ha muito a estrada da velhice; Fugiu-me do olhar a luz primaveril;Mas conservo na alma a ardente meninice;Está forte, vigorosa e sempre juvenil.
F. preciso acabar de ve; com tanto abuso; .E preciso luctar com máscula energia.Que o que hoje se apresenta ao espirito confuso, Possa vêr-se brilhar á viva luz L̂ a-
Haveis de soffrer muito, ó grandes luctadores. Amargas decepções, tristezas e cuidados.Mas não desanimeis. . . que as magnas e as dores Não vos façam parar, intrépidos soldados!
E certo que não tenho o brilho no olhar,Da Natureza vou curvar-me á dura lei;Mas embora cançado e farto de luctar,Ao vosso lado estou.. . Eu nunca desertei!
JO A Q U IM DOS A N JO S.
P E N S A M E N T O S
A caridade e a philanlropia: eis dois factores im- mensos cujo produeto—a beneficencia—tende para o Zero da miséria.— Silva Dias
— Em amor só os tyranos conseguem conservar-se no throno.— Arsérie Houssaye.
— A miséria torna sublime os fortes e infames os fracos.—-Victor Hugo.
— Se a luz gasta, L̂as estrellas á terra, vinte e cinco annos, Adão esteve vinte e cinco annos sem as vêr.— Voltaire.
— 0 amor é uma lampada que 0 coração accende, que a indifferença apaga, e que a paixão torna a ac- cender até que a velhice a extingue para sempre.—-V. H.
A N E C D O T A S
'• O P re g o e iro , ,
Encetou a sua publicação em Setúbal este novo col- leQ'a, folha ann nciadora e litteraria de distribuição gratuita, e que nos honrou com a sua visita.
Agradecemos e em troca enviaremos o nosso modesto hebdomadario.
Cerlo doutor indo de jornada, ao chegar a uma can- cella que eslava cerrada, avistou um lapuz e gritou-lhe:
— Olá. . . abre a cancella! . . .— E quem é 0 senhor para mandar-me d'esse mo
do ! accudiu o lapuz-— Eu sou um doutor!— E que vem a ser um doutor?— E um homem que entende e sabe de tudo!— Pois então deve lambem saber abrir cancellas, dis
se 0 lapuz voltando-lhe as costas.
— Posso affiançar-te que ha cães mais intelligentes que os donos.
— Essa agora!— Digo-te eu que ha. P or tal signal tenho eu lá um
em casa.— JXJKH3—
Um sujeito que está de hospede numa casa, diz:— Esta noite rabiei com dores de dentes.— Um filho da dona da casa apressa-se a responder:— Porque não faz como a mamã; todas as noites ti
ra os dentes e guarda-os na mesinha do quarto.
L IT T E R A T U R AOs <lois avarentos
(Continuado do n.° 1-29.1
Foi tal o clamor. queatravéz das paredes espessas, das tríplices portas e janellas fechadas, foi ouvido em todo ofaubourg} e fez levantar todos os vi- sinhos, que sahiram á rua esfregando os olhos.
Homens, creanças, mulheres meio vestidas, todos correram a perguntar: 0. que era? o que tinha havido? quem tinham assassinado?
Arrombaram as portas da casa do avarento e viram-no pallido, os olhos ensanguentados, a baba correndo em fio, berrando deante do esconderijo vasio!
•— Roubaram-me tudo, dizia elle. E’ verdade, mas parece-me impossivel. Um ladrão não podia introduzir-se nesta casa; mas quem? como? Haverá pessoas que passem atravéz das paredes, que entrem pelos buracos das fechaduras? O meu dinheirolO meu querido ouro! as minhas bellas moedas de todos os paizes do mundo! quem as levou? Quem me arrancou o unico amor, a minha alegria, o meu sangue, 0 meu coração, a minha vida?
E o desg açado gemia como um animal a quem torcem o pescoço.
De repente, João calou- se, tornando-se mais pallido, contrahindo as faces.
Sem duvida, uma idéa horrivel lhe passava pelo espirito.
Depois do espanto da multidão silenciosa, o avarento abriu a bòca e balbuciou:
— Se fôsse ?. . . oh! se tivesse sido?.. .
Mas não poude ocab?r;o corpo pendeu e caiu morto sobre o solo, com a cabeça no rebôrdo vasio, onde estivera o thesouro!
★
Ha um anno, muito tempo
61 FOLHETIM
T ra d ucção de J. DO S A N JO S
D E P O I S Dj T p E C C A D OLivro Segundo
I
— E ’ a senhora quem me fala assim?
— O h!nada de sentim entalismo.meu caro, tornou a r.pariga com d u re za . a situação em que o senhor está não os perm itle. Está endividado até ao pescoço, em perigo de vêr a sua car reira quebrada e o seu nome com pro- met ido. Sua espoja está disposta a assegurar-lhe a sal.ação to.n sertas c o n d c ó e s .. .
— -Ella náo prom etteu! objectou o m arquez.
— Disse-lhe o bastante para lhe p ro var que está prom pta a perdoar-lhe.
— Nunca me com prom etierei a não a tornar a vêr, Magdalena; não poderia tomar lealmente um tal com pro misso; se o tomasse, seria com a vontade de não o cum prir.
O geneial falava n'um tom que revelava a sua resolução inabalavel.
— Prefere então deixar-se deshonrar publicam ente? perguntou n Magdalena, m; is irritada que com m ovida com esta resistencia.
— Não, mas depende de si que eu encontre a salvação n ’outra parte, sem nos separarmos. Se eu pedisse a m nha demissão, se me expatriasse para ir occupar fóra de França, do outro lado do Ocea o, um grande posto mil tar que um g íverno estran
geiro me offerece, a Magdalena consentiria em me acompanhar?
Fez esta pergunta n'um tom que provava ter levado a credulidade até ao ponto de esperar que a Magdalena respon iesse afirm ativamente.
— Sahir da minha terra, eu! exclamou ella, acompanhal-o para um destino desconhecido! O que me propõe é um acto de loucura, e eu não estou doida! Não com certeza, não o acom panho.
E lle não se poude illu d ir com 6 caracter d ’esta resposta.
— E ' a sua ultima palavr; ? p e rg u n tou com frieza, levantando se.
— A respeito d’esta proposta insensata, é. P o r mais que faça. meu pobre amigo, não consegue m udar as coisas; só póde salvar se separando-se de mim.
— Deixal-a é su p e rio ra s m inha; forças.
— Tam bem é superior ás minhas deixar-me accusar de ter con trib uído para a sua perda.
— E ’ m elhor dizer, exclam ou Leonel furiosamente., que. com o nunca me teve am or. já não quer saber de mim porque estou pobre.
— Pode interpretar as minhas palavras ao sabor da sua furia. respondeu ella encolhendo os hom bros; sup- ponha até; se q u er, que o ponho fó
ra, despreze-m e; isso ha de curai o do seu am ir. H oje não me quero justificar; m; is tarde reconhecerá que as minhas resoluções eram m o tvadaspo r uma recta apreciação do seu verdadei ro interesse.
— Não a fiz j u i : d'elle.— Pois sim , mas suu juiz do meu,
e é por isso que não me quero associar ás suas estravagancias.
— Amo-a,M agdalena, disse elle com desespero, com prehenda bem.
— E o senhor com prehenda que a honra lhe ordena que volte para a su afanilia, que se subtraia á catastro- phe que o ameaça, que não pense sen n o
na sua carreira, onde ainda pode ter brilhantes trium phos. O lhe, Leonel, ajuntou ella, obedecendo a um sentimento tão espontâneo como sincero, consinta em não vêr em mim sen*0 uma amiga e acceite como de amizade o que lhe vòu dizer: Se para o tirar das difficuldodes em qúe está efacilitar-lhe uma consiliação com os seus crédores precisa immediatame.ite de uma determinada q u a n tia .. .
(Continuaj.
O DOMINGOj epois da aventura que lhes contei,—foram exhumado- ps mortos do cemiterio, o0r causa d u m caminho Jje ferro que deveria a t r a - veSSar a planície ao pé dacõlli03.
A lguns co v e iro s c a rre gavam so b re b a rra s de ferro afim de le v a n ta r um a pedra tu m u la r— sob a qual re p o u sa va Auselmo.
A pedra a custo foi levantada e os homens deixando cair das mãos as barras, levantaram os braços ao céo, estupefactos pelo que acabavam de vêr.
Aos pés delles, na cova aberta, brilhava uma quantidade prodigiosa de moedas de cobre, prata e ouro, e no meio d’esse explen- dor, as duas mãos de um esqueleto apertavam ainda piastas e florins entre as phajanges esbranquiçadas.
Manuel Carvalho, Miguel Augusto Nunes, Pedro Celestino de Oliveira, Manuel de Oliveira Lucas, Manuel da Costa Charetas Junior, Marciano Augusto da Silva’ Sebastião Leal da Gama, Rodrigo da Costa, Manuel da Costa Pelles e Manuel osé da Costa.
C . M E N D E S .(Concluel
Retiraram daqui no dia 7 os estudantes que vieram
assar as férias do Natal, com suas familias.
No dia i 3 do corrente, laverá uma reunião, nos
aços do Concelho, á qual issistirão a commissão do
recenseamento militar,.pa- rochos e regedores das freguezias de Canha e Sarilhos Grandes e administrador do concelho afim de serem apurados os mancebos que ião de ser incluídos no recenseamento nilitar do corrente anno.
T h e a tro U sfeoueiese
Sempre é certo vir brevemente para esta villa a companhia do Theatro Lis- bonense,sob a direcção do actor Domingos, que actualmente se encontra no Barreiro.
Reassumiu as funcções de seu cargo, o meritissimo juiz de. direito desta comarca, sr. dr. Antonio Alves de Oliveira Guimarães
Já estão arborizados os largos da Praça Serpa Pinto e Tribunal.
Pauta do jury da comarca de Aldegallega do Ribatejo que tem de funccionar no primeiro semestre do corrente anno, em crimes ordinários:
Anthero Gomesd’Almei- da, Antonio Christiano Saloio, Bernardo Cardeira, Francisco Pereira Nepomuceno, João Martins Gomes, Antonio Luiz Nunes, Francisco Tavares da Silva Ri- beiradio, Joaquim José Lucas, Emilio de Jesus Bisca Diogo Rodrigues de Men donça, Francisco Antonio d’Almeida, Emilio AugustoT T . ~Huerta d’OHveira, Francis co Paula Antas Barbosa João Baptista d’Almeida Antonio Luiz Gouveia, An tonio de Oliveira Fialho João Camillo dos Santo? José Pereira Fialho, José Gomes da Paula, Joaquim Filippe Carreira, Joaquim Sequeira Fananaia, Antonio Duarte Maneira, José dos Santos Cabau, José Narciso Ferra, José Maria Tavares José Cypriano Salgado
€ 5 reo I p a d o
Vem ámanhã para dar começo á construcção da bar- aca, a Companhia eques
tre sob a direcção do sr. 3iogo Amado, conforme já noticiámos.
l.u(uo§;i
Falleceu em 3 do corrente, pelas 4 horas e meia da tarde, Antonio Gonçalves Caipira, de 52 annos de edade, trabalhador e natural d’esta villa.
Paz á sua alma.
Em tres do corrente, peias 5 horas e meia da tarde, vindo de Palmella Manuel Rodrigues, empregado da importante Fabrica de gazozas e licores do nosso amigo José Theodo- sio da Silva, d'esta villa, acontece que, ao chegar á Cascalheira, proximo do Pinhal Novo, lhe saltaram ao caminho quatro malandros armados de paus, que o obrigaram a parar o carro que conduzia, pedindo- lhe tabaco, ao que este se recusou dizendo-lhes que não fumava. «Então deixe- me vêr as algibeiras», lhe disse um destes descarregando sobre o hombro esquerdo do Rodrigues duas fortes pauladas, o que deu occasião ao gado què tirava o vehiculo se espantasse e fugisse, pondo em salvo as algibeiras do Rodrigues e talvez a vida.
R.G.O lic-tac do relogio que
comprei a semana passada na Relojoaria Garantida, .wa minha prima, faz lem- Drar o bater do teu coração quando dançavamos a valsa em casa de F . .. pe- o seu anniversario natali
cio. E' um bom regulador.
Saistoria de VajtoliãoAntonio Rodrigues Cal
eiro Junior, não se lembrando da pessoa a quem mprestou a Historia de
Napoleão, em francez, vem :>or este meio solicitar. d’essa pessoa o favor de se accusar^ojque muito agradece.
A VI S O
Terminando com o presente numero o 2.° semestre do anno de igo3 d'èsle jornal, rogamos aos nossos estimáveis assignantes que queiram continuar a honrar-nos com o valioso auxilio das suas assignaturas, o favor de ordenarem em suas casas o pagamento do f.° semestre do corrente anno, o que iremos começar no proximo domingo,
que muito agradecemos.
Foram remettidos a juizo os seguintes presos, capturados pelo chefe da estação
e PégÕes no dia 5 do cor- •ente: ManuelRibeiro,Igna- cio da Silva, Jacinto Amaro, Manuel Amado, José André, Antonio Coelho, João
uiz e Antonio de Sousa, pelo facto destes se terem envolvido em desordem da qual resultou graves ferimentos devido ao estarem munidos de navalhas epaus.
A G R I C U L T U R AModo de d a r v ig o r ás a r
v o re s fra ic íiíe ra s
laniomco
Tem logar hoje neste pittoresco logar uma récita extraordinaria promovida por tres artistas: Julio Cesar Simões, Esmael Ribeiro e a actriz F. A. O espectáculo consta de tres interessantes comedias em um acto: ds pragas do capitão, A protectora de animaes e Por causa de um baile. Além das comedias o actor Simões faz a engraçada scena comica 0 frescata da Malveira e a actriz F. A. uma das suas melhores cançonetas.
Deve ser uma noite bem passada.
As arvores fructiferas doentes por falta de seiva podem revigorar-se pelo seguinte processo, que tem dado os melhores re sultados.
Põem-se a descoberto as raizes de uma arvore qualquer falta de vigor, procu ram-se as mais grossas, nas quaes por meio de um serrote, se fazem algumas incisões bastante profundas em differentes sitios, cobrindo depois as raizes com melhor terra de jardim. No anno seguinte a arvore tem desenvolvido por cima das incisões grande quantidade de raizes, que são outros tantos sugadores que fornecem á arvore a quantidade de seiva de- que ella carece.
Acontece que as arvores enxertadas em marmeleiro sendo plantadas em terre no que só convém ás en xertadas sobre franco, não vegetam senão mediocre mente.
Pode remediar-se este estado de coisas tornando estas arvores francas, isto é, praticando incisões no rebordo do enxertopara ah' emittir raizes.
Se este rebordo estiveiNa quarta feira não pou
de haver espectáculo em consequencia dos amado-! acima do solo, junta-se ter res terem ainda pouco co-jra em volta para que fique nhecimento dos seus papeis.1 ente rrado.
ARTE CULINARIAMôSlso de toamsstes
D .
comita-se numa caçarola um pouco de caldo, j
sal, pimenta em grão, manteiga e um pouco de tomilho, uns quinze tomates, que se terão aberto ao meio para fazer sair as sementes e a parte aquosa. Ponha-se a coser e vae-se mexendo até ficarem papas; molhem- se com caldo e passem-se por uma estamenha; deite- se depois o succo passado em uma caçarola com duas colheres de môlho á hespa- nhola, e, na falta d’este, com egual porção de bom caldo.
Este môlho deve ficar um pouco grosso, e antes de servir, veja-se se está bem temperado.
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das Gaz e Electricidade, de Lisboa, a 5 0 0 réis cada sacca de 45 kilos
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OS DRAMAS DA CORTE
(C hronica do reinado de L u iz X V )
Romance historico porE. LADOUCETTE
Os amores trágicos de Manoq Les raut ' com o ceiebré cav;ílIe,r.o de G rieu x, formam o en.treeho _ dieste rom ance, rigorosamente historico, a- que Ladoucette im prim iu um cunho de originalidade deveras encantador.
A còrte de Lu iz x v , còm todos os seus esplendores e misérias, é escri- pta mrg.stralmente pelo auetor d’0 Bastardo da Rainha nas paginas.do seu novo liv ro , destinado, sem d uvida a alcançar entre nós exito egual; aquelle com que foi re ce b d o em Pa ris. onde se contaram p o r milhares os exem plares vendados.
A edição portugueza do popular e com mo vente romance, será feita em fascículos semanaes de 16 paginas, de grande form; to. illustrados com soberbas gravaras de pagina, e cons- tará apenas de 2 volumes;
8 0 ré is o i;t$«ireiloI O » re is o tom o
2 valiosos brindes a todos os assignantes
Pedidos n Bibliotheca Popular, E m presa Editora, 162, Rua da Rosa, 162— Lisboa.
S A L C H IC H A R IA M E R C A N T ILD E
Neste estabelecimento encontra o publico, sempre que queira, a excellente carne de porco fresca e salgada, assim como:
CHISPE, CABEÇA E TOUCINHO
Acceio e sm e rad o ! —♦— P r e ç o s l im ita d o s!
5 7-B, Largo da Praça Serpa Pinto, 5 7-B
JO S É D A R O C H A B A R B O S ACom officina de C o r re e i ro e S e llc iro
18, R U A D O F O R N O , 18 AL9> 13 O A L L IS Ci A
G PISENacionaes e exoticos
AXAI/VSSKS A TA.HUXTIJ CIA I t A M T I DAS
De 3 a 7 °[0 de azote e 4 a 12 °|0 de acido phosphorico
SULPHATO DE POTASSIUMCom 5o °[0 de potassa
Estes guanos podem ser mais ou menos potassados conforme a requisição dos lavradores.
P R EÇ O S : de 20 a 36 réis o kilo, segundo as qualidades e percentagens.
Recebem-se as saccas em bom estado
F a b r ic a e dè jíos iíos da \ o v a B£mj>re%a dc A dubos Artiíicisics essa Aldegallega do K ib a tc jo uo a lio da I la r ro sa .
E S C R IP T O R IO S : em Lisboa, Largo de S. Paulo,12, j.°; em Aldegallega, Rua Conde Paço Vieira, 24.
AEGA M DIARIO DE NOTICIASG U E R R A A N G L O -B O E R
Impressões do Transvaal
Interessantíssim a narração das lue tas entre inglezes e boers-, «illustrada» com numerosas zini o-g-raíUras de «hom ens celebres» do T ransvaal e do Orange. incidentes notáveis, «cercos e batalhas mais cruentas da
G U E R R A A N G LO -BO ER Por um funccionario da Cruz Vermelha ao serviço
do Transvaal.Fasciculos semanaes de, 16 paginas....................3o réisPomo de 5 fasciculos.................................. i 5o »A G U E R R A A N G L O B O E R é a obra de mais palpitante actualidade.
N'ella são d çscrifta s, «por uma testemunha presencial», as differentes phases e acontecim entos emocionantes da terrivel guerra que tem espantadoo m undo inteiro.
A G U E R R A A N G L O - O E R faz passar ante os olhos do leitor todas as «grandes bat lhas, combates» e «esc à-am uças» d'esta prolongada e acérrim a lueta entre inglezes, ti a svaalianos e oranginos, verdadeiros prodigios de heroism õ e tenacidade. em qué sáo pgqrlm ente adm iravéis a coragem e dedicação p triotica de vencidos'e vencedores.
Òs incidentes variadíssimos d'es‘ta contenda e itre a poderosa Inglater ra e as duas pequ nas republicas sul-africanas, deco rrem atravez de verdadeiras-peripetias, p o rta l maneira ram ificas e pittorescas, que dão á G U E R RA A N G L O -B O E R , conjunctamehte com .o irvesistivel attractivo d’urha nar n.tiva histórica, dos nossos d as, o ene anto da leitura rqm antisada.
A Bibliotheca do DIARIO DE NOTICIASapresen:íindo ao publico está obra em «esmerada edição,» e por um preço dim inuto, julga prestar um serviço aos num erosos leitores que ao mesmo tempo desejam deleitar-se e ad q u irir perfeito çonhecim ento dos successo- que mais interessam o m undo culto na actualidade.
Pedidos d Emprega do D IA R IO D E N O lIC IA S Rua do Diario de Noticias, 110 — LISBOA
Agente em Aldegallega—\A. Mendes Pinheiro Junior
COMMERCIO DO POVOTendo continuado a augmentar o movimento desta
já bem conhecida casa commercial pela seriedade de transacções e já tambem pela modicidade de preços porque são vendidos todos os artigos, vem de novo recommendar ao publico enr geral que nesta casa se encontra um esplendido sortido de fazendas tanto em fan- queiro como em modas, retrozeiro, mercador, chapelaria, sapataria, rouparia, etc., etc., prompto a satisfazer os mais exigentes e
AO A L C A N C E D E T O D A S A S B O L S A S
Devido á sahida do antigo socio d’esta casa, o ill.™> sr. João Bento Maria, motivada pelo cansaço das lides commerciaes, os actuaes proprietários resolveram am- plearmais o actual commercio da casa dotando-a com uns melhoramentos que se tornam indispensáveis a melhorar e a augmentar as várias secções que já existem. Tomam, pois, a liberdade de convidar os seus estimáveis' freguezes e amigos, a que, quando qualquer compra tenham de fazer, se inteirem primeiro das qualidades, sortido e preços porque são vendidos os artigos porque decerto acharão vantagosos.
A divisa d'esta casa é sempre ganhar pouco para vender muito e vender a todos pelos mesmos preços, pois que todos os preços são fixos.
V is item , po is , o C om m ercio do P o v o_______ - -
NUNES DE CARVALHO & SILVARua Direita, 88 e go Rua do Conde, 2 a 6
Aldegallega do I&ibatejo
ESTEVÃO JO SE DOS REIS— * C O M »—
0FFIC1NA D E CALDEI REIRO D E CO BREl l l l l l i l l l l l l l i i l i l l l l l l l l t l l l i l l l l i l l l l f I I I 1 I I I
Encarrega-se de todos os trabalhos concernentes á sua arte.
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R U A D E JO S E M A R IA DOS S A N TO S ALDEGALLEGA
l £ L í í í i À l à N T Í B Á
A v s t w o I— D E —
Vende e concerta toda a qua- __ lidade de relogios por preços
modicos. Tambem concerta caixas de musica, objectos de ouro,
prata e tudo que pertença d arte de gravador e galvanisador.
GARANTEM-SE OS CONCERTOS— ^ — I 2 9
1, «asa do F o co . ft~AJ.1>£ÇAiÍ,EQA
MERCEARIA RELOGIOiS U C C E S S O R E S I
Franco & Figueira)O 0 O O -
Os proprietários deste novo estabelecimento participam aos seus amigos e ao publico em geral, que teem à venda um bom e variado sortido de artigos de mercearia, especialidade em chá e café, confeitaria, papelaria, louças pó de pedra. Encarregam-se de mandar vir serviços completos de louça das principaes fabricas do paiz, para o que teem á disposição do publico um bom mostruário. Petroleo, sabão e perfumarias.
Unicos depositários dos afamados Licores da Fabrica Seculo X X , variado sortido em vinhos do Porto das melhores marcas, conservas de peixe e de fruetas, massas, bacalhau de differentes qualidades, arroz nacional e extrangeiro, bolachas, chocolates, etc., etc.
PRAÇA SERRA PINTO — ALDEGALLEGA