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Capítulo 1: PANORAMA E OBJETIVO DO ESTUDO 1

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Capítulo 1:____________________

PANORAMA E OBJETIVO DO ESTUDO

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1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA E JUSTIFICATIVA.

“Eleye com uma boca redonda.  Pássaro àtíòro que desce docemente.  (Eles se reúnem para beber o sangue) voa sobre o teto da casa.  (Passando da rua) colocou no mundo  (Come desde a cabea! eles est"o contentes).  (Come desde a cabea! eles est"o contentes)  colocou no mundo (C#ora como uma cr$ana m$mada).  (C#ora como uma cr$ana m$mada) colocou no mundo a%&.  'uando a%& ve$o ao mundo ela colocou no mundo trs $l#os.  Ela colocou no mundo “*ert$gem+

  Ela colocou no mundo “,roca e sorte+  Ela colocou no mundo “Est$cou-se ortemente morrendo+.  Ela colocou no mundo estes trs $l#os.  ss$m eles n"o tm plumas.  o pássaro a/0 l#es deu as plumas.  1os tempos ant$gos! elas d$2em que elas n"o grat$$cam o mal  no $l#o que tem o bem.  Eu sou vosso $l#o tendo o bem! n"o me grat$$ca$ o mal.  *ento secreto da ,erra.

*ento secreto do al&m.3ombra longa! grande pássaro que voa em todos os lugares.

 1o2 de coco de quatro ol#os! propr$etár$a de v$nte ramos.4bscur$dade quarenta lec#as (5 d$íc$l que o d$a se torne no$te).

Ela se torna pássaro olongo (que) sacode a cabea.Ela se torna pássaro untado de os6n mu$to vermel#o.Ela se torna pássaro! se torna $rm" caula da árvore a/ò/o.( coroa sobe na cabea) segredo de 7do. r" se esconde em um lugar resco.8ata sem d$v$d$r! ama da no$te.Ela voa abertamente para entrar na c$dade.*a$ à vontade! anda à vontade! anda suavemente para entrar no mercado.(9a2 as co$sas de acordo com sua pr0pr$a vontade).Elegante pássaro que voa no sent$do $nvert$do de barr$ga para c$ma.Ele tem o b$co pontudo como a conta esu:u.Ele tem as pernas como as contas s;g$.Ele come a carne das pessoas comeando pela cabea.Ele come desde o ígado at& o cora"o.4 grande caador.Ele come desde o est<mago at& a vesícula b$l$ar.Ele n"o dá o rango para n$ngu&m cr$ar!mas ele toma o carne$ro para %unto desta aqu$.+

(*erger= >??@A?B)

O texto de Verger é hermético, simbólico, truncado e reticenteimpelindo-nos a adentrar na complexidade do universo afro-descendente brasileiro

O sistema religioso africano-brasileiro é passado de geração ageração de forma oral, pois acreditam seus sacerdotes que a palavra

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verbalizada possui o poder de transmitir o xé, força contida nosensinamento herdados de seus ancestrais!

Os sacerdotes utilizam dos or"culos de #f" e $ogo de %&zios paraconhecer os od&s, signos que cont'm itans( contos milenares que

versam sobre a história da criação do mundo e dos Orix"s- divindades que simbolizam as forças da natureza, quando daseparação do mundo em Orum )mundo celeste* e i' )mundo material*!

O texto de Verger traduz alguns destes itans relativos a #+amisrng., cu/a tradução para a l0ngua portuguesa é 12inha 2ãe3Osoronga!

#+ami Osoronga é propriet"ria de um p"ssaro chamadoragamago e de uma cabaça segundo o od& 4rété Ogb5! )Verger67889(:;*!

<ara os religiosos africanos e afro-descendentes, a representaçãomais perfeita do =niverso é a >abaça( #gbadu onde estão contidos ossegredos da criação do i'! Od?a, Od? @ógb"/e ou #+a 2alé é o nomeque Osoronga possui quando torna-se sua propriet"ria( 2ãe dos Orix"s!

Outra m"scara de #+ami é como anciã, a mulher s"bia erespeit"vel, que pode também ser chamada de Agb. ou #gba nla( 1osapelos que seus filhos fizerem, ela responder" do interior da cabaça,pois ela tornou-se idosa3! )Verger6 788B(CD*

#+ami Osoronga é um dos Orix"s mais antigos, possui o poder defecundar, fertilizar ou esterilizar conforme seu dese/o! força de #+ami étão poderosa e aterradora que se alguém proferir seu nome devecolocar a ponta dos dedos no chão em sinal de respeito!

1.!IP"TESES

O sil'ncio que ronda o nome de #+ami Osoronga leva a supor(7! Ee Osoronga foi um mito matriarcal do per0odo neol0tico F época na

qual o sistema familiar, conceito de posse e leis não eram definidos,então o pGnico, terror e superstição existente entre os sacerdotes edevotos dos cultos africano e afro-descendentes poderiam serresultantes do medo de um caos social!

9! >aso a devotas de #+ami Osoronga não pudessem cultu"-laabertamente, devido o sincretismo religioso católico-iorubano, entãoseria venerada sob os véus da #rmandade da %oa 2orte, através dadevoção a Hossa Eenhora!

1.#PROCEDIMENTOS METODO$"%ICOS

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escassez bibliogr"fica sobre o tema levou-nos a encontrar #+amiOsoronga sob as qualidades dos Orix"s femininos retratados por <ierreVerger na %ahia e Higéria, nos rituais nagI sobre a morte descritos por $uana Jlbein, nos rituais axex' e mitos iorubanos comentados por <randi

e nos abiKu, as crianças que nascem para morrer, pesquisados porugras aprofundando-nos no >andomblé F percebendo-o enquanto fatorde resist'ncia pol0tica e cultural do negro - religião de origem africanaestabelecida no <a0s!

Hina Lodrigues7  foi o pioneiro no estudo da questão negra no%rasil, estudou as diferentes etnias africanas e sua religião com 1umolhar de fora3( distanciado da comunidade africana e afro-descendenteestabelecida no <a0s!

lertados por 2arco urélio @uz percebemos seu pensamentosegregacionista-cient0fico europeu, conseqMente de sua época(

“4 cr$t&r$o c$entí$co da $ner$or$dade da raa negra...

  Para a c$nc$a! n"o & esta $ner$or$dade ma$s do que um en<meno  de ordem pere$tamente natural! produto da marc#a des$gual do  desenvolv$mento $logen&t$co da #uman$dade+.

(pud u2= @BBBA@BD)<ierre Verger, $uana Jlbein dos Eantos, $&lio %raga, entre outros

antropólogos conhecidos, optaram por um 1olhar de dentro3(observando, participando e interagindo no universo pesquisado,tornado-se além de especialistas, membros respeit"veis nascomunidades pesquisadas!

“5 prec$so p<r-se de sobreav$so e $mpor-se uma v$g$lnc$a consc$ente  a todos os $nstantes para n"o $ncorrer em concepFes ou na ut$l$2a"o de  term$nolog$a que se or$g$ne do etnocentr$smo ou da alta de con#ec$mentos.  rev$s"o crít$ca perm$te destacar os elementos e valores especí$cos 1ag< do Gras$l!  como pr0pr$os e d$erenc$ados da cultura luso-europ&$a e const$tu$ndo  uma un$dade d$nm$ca. 5 nesse sent$do que $ns$st$mos tanto num enoque  “desde dentro+! $sto &! a part$r da real$dade cultural do grupo+.

(Elbe$n! >??DA@B)O estigma da cólera e desequil0brio desta egrégora ancestral

dificultou nosso acesso a informantes, além do fato dos sacerdotes docandomblé terem certo receio em relação aos pesquisadores e o mundoacad'mico!

 Nentamos discutir sobre o assunto em fóruns virtuais sobrecandomblé e a refer'ncia, quando nos era passada, sempre remetia a

Verger ou aos rituais eledé na Higéria, quando não receb0amosmensagens alertando que tal Orix" não era assunto para Het ou quenão lid"ssemos com tal energia!

Jm nossas estadias na cidade de Ealvador, em março e /ulho de9;;7, apenas as pessoas que nos eram muito próximas passaraminformaçPes superficiais e truncadas sobre o assunto ou como #+ami

> Laimundo Hina Lodrigues )7:C9-78;C*, médico e antropólogo brasileiro, natural deVargem rande, 2ato rosso, analisou os problemas do negro no %rasil comprofundidade tornando-se refer'ncia para in&meros pesquisadores sobre o assunto!

Jscreveu( s raças humanas e a responsabilidade penal no %rasil )7:8B*, O animismofetichista dos negros da %ahia )78;;* e Os fricanos no %rasil )78Q9*!

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Osoronga atuava sobre nossa cabeça e dirigia nosso destino naquelemomento!

<ercebemos em Jlbein que para conseguir acesso a taisinformaçPes ou viv'ncias, ter0amos de ser iniciados de grau

hierarquicamente superior ou 1os mais velhos3, como diz o 1povo desanto3! persist'ncia é um Rom das Silhas de Oxum!!! e o Restino levou-

nos a conhecer o #f"-Noso S"bio Jscada que muito nos a/udou com seumaterial e sabedoria através de entrevistas informais!

temporada soteropolitana permitiu-nos recolher material no>entro de Jstudos fro Orientais da =niversidade Sederal da %ahia)>JOT=S%*, Sundação >asa de $orge mado, fotografar os 2urais de>ar+bé e por fim, termos um r"pido contato com <rofessor Ordep Eerraque indicou-nos que estamos apenas no começo desta caminhada, poispara aprofundarmos é necess"rio nos adequar ao tempo africano!!!

Ue+ #roKo # E # Eó

Capítulo :_____________________

TESSITURAS CU$TURAIS: NOVOS CAMIN!OS PARA AEDUCAÇÃO.

 MORIN E O BOR&.

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“4r$ Guru/u! Hoss$ 4r$s#aI+9rase de terre$ro@

Jdgar 2orin, educador e filósofo contemporGneo, em seus livros >abeça %em Seita e Os Eete Eaberes Hecess"rios . Jducação do Suturoalerta-nos para as mudanças paradigm"ticas emergentes além delevantar e propor novos olhares para v"rias questPes pertinentes .globalização, educação, cidadania, e a poesia na vida!

O velho paradigma positivista instaurado no século W#W propIs adescoberta de verdades absolutas através do método matem"tico(

qualificando e quantificando seus Ob/etos de estudos, portantofragmentando, compartimentando, especificando o Eaber, ocultando oEer humano e suas ang&stias naturais pertinentes a Jle <róprio, anatureza, ao universo! s ci'ncias humanas tornaram-se impertinentesao próprio ser humano e essa visão fragmentada sobre a ci'ncia aindaecoava no século WW quando o antropólogo @ev+ Etrauss argumentouque o ob/etivo das ci'ncias sociais não era revelar o homem, mascoloc"-lo em estruturas! 

s descobertas da Hova S0sica, a partir de 78;X, e a teoria darelatividade proposta por Jinstein, trouxeram questPes como Nempo,Jspaço e Observador sobre ob/eto observado para a metodologiacient0fica, iniciando uma mudança de pensamento na qual o Eu/eitopassou a fazer parte das descobertas, da ci'ncia, da vida! O Uomemestava voltando a fazer parte da história no Ocidente!

Eegunda revolução cient0fica iniciada nos anos X;, com a teoriageral dos sistemas formulada por %ertalanff+ mostrou que organizaçPesem sistemas não podem ser concebidas isoladamente ou fragmentadas,como propunha a ci'ncia positivista, pois produzem qualidadesdesconhecidas quando vistas no todo, propriedades estas chamadas deemerg'ncias! s emerg'ncias dialogam entre si e modificam acomplexidade nos sistemas!

complexidade mostra-nos que podemos observar sobrediferentes aspectos )especificidades* e que estes aspectos formam umatotalidade, globalidade!

  partir dos anos C; novas emerg'ncias, tais como a Jcologia e a>osmologia, foram se estruturando e reintegrando as ci'ncias danatureza, consequentemente ao Uomem e suas inquietaçPes!

“Con#ecer o #umano n"o & separá-lo do Jn$verso! mas s$tuá-lo nele+.(8or$n= @BB>AKL)

<ercebendo o homem também como uma emerg'ncia, seusanseios, reflexPes, sua cultura e os conceitos de sociedade, começarama ser reavaliados! O desenvolvimentos dos meios tecnológicos de

@ >abeça Luim não d" Orix"

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comunicação geraram a explosão das trocas culturais a partir dos anos:;! 

Jste novo conhecimento fez-nos perceber o planeta como um Nodo composto por seres, humanos ou não, diversos e interdependentes

dentro do sistema! visão fragmentada de apenas um destes aspectosna atualidade torna-se alienada da realidade! escola e seu sistema educacional persistem numa visão

fragmentada, descontextualizada, segregacionista, herdada dopositivismo na história ocidental! O conhecimento proposto pela escolaé separatista e anal0tico contrapondo-se a ligação e s0ntese queorganiza e resulta na reflexão dos saberes, portanto muito distante deuma democracia cognitiva!

O saber contextualizado, globalizado tende a manifestar, usandoas palavras de 2orin, 1um pensamento ecologizante3, no qual todoacontecimento, informação ou conhecimento possui uma relação deinseparabilidade com seu meio ambiente )cultural, social, econImico,pol0tico, etc!*! Jsta forma de entender e refletir mostra-nos osacontecimentos em seu contexto, fazendo-nos perceber como este omodifica ou o explica de outra maneira! Y através deste 1pensamentoecologizante3 que percebemos a diversidade F individual e cultural Fapesar da similitude da espécie humana(

“Pelo nasc$mento! part$c$pamos da aventura b$ol0g$ca= pela morte! part$c$pamos  da trag&d$a c0sm$ca. 4 ser ma$s corr$que$ro! o dest$no ma$s banal part$c$padessa trag&d$a e dessa aventura+.

(8or$n= @BB>AKM) aventura da vida, vista e entendida, dessa forma complexa não

comporta barreiras! R"-se a necessidade de abrir novas fronteiras deconhecimento, trocas e tolerGncia m&tua! Y apresentando algunsaspectos do culto afro-descendente brasileiro que pretendemoscontribuir para estabelecer uma malha de trocas entre cultura afro eeuro-descendente!

s teorias do >aos e da #ncerteza demonstraram a saga do >osmoque organizou-se ao desintegrar-se, aniquilando a anti-matéria pelamatéria, a autodestruição de numerosos astros, colisão de gal"xiasgerando entre outras coisas um terceiro planeta numa pequena estrela,nomeada por nós humanos de Eol!

Jcologia, ci'ncia recém emergida, tornou-nos conscientes daimportGncia do planeta Nerra no cosmo, como sistema, na biosfera ecomo p"tria da raça humana, não como soma destes fatores, mas comouma totalidade complexa f0sico-biológica e antropológica!

Ha g'nese africana encontramos pinceladas destas teorias notexto de dilson de Oxal"(

“Em um tempo $memor$ável! nada ma$s eN$st$a al&m do 4rumK... á eN$st$am  todas as co$sas que eN$stem #o%e em nosso mundo! s0 que de orma $mater$al!  ma$s sút$l. ,udo o que al$ #av$a era prot0t$po do que temos #o%e em nosso plano  eN$stenc$al.+

(4gbebara= >??DA>K)Outro mito sobre a criação do mundo narra(

K Orum é o reinos dos deuses nagI, morada de Olórun )Reus Eupremo*, Jboras eesp0ritos de diversas hierarquias!

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Ho começo de tudo quando não existia a terra e tudo era céu ou "gua,Olodumaré

 O  o Reus Eupremo F percebeu que aquele não era o mundo que dese/ava, queo mundo

precisava de mais vidas! >riou então sete pr0ncipes coroados e riquezas /amaisvista, criouuma galinha e vinte uma barras de ferro, criou também um pano preto e umpacote imenso queninguém conhecia seu conte&do, por fim, criou uma corrente de ferro muitocomprida, na qualprendeu os tesouros e os sete pr0ncipes e deixou cair tudo isto l" do alto nocéu!

2uito s"bio /ogou do céu também uma semente de igi op'Q que cresceurapidamente e serviu de abrigo seguro aos pr0ncipes! Eendo comandantes pornatureza, ospr0ncipes precisaram se separar e cada um tomou seu destino! ntes departirem resolveramdividir entre si o tesouro que Olodumaré tinha criado!

>om os seis mais velhos ficaram os b&zios, as pérolas, os tecidos e tudoque /ulgavamde maior valia! o mais moço coube o pacote de pano preto, as vinte umabarras de ferro e agalinha! Os seis mais velhos partiram montados nas folhas de dendezeiro!

Oranian, o pr0ncipe mais novo, muito curioso resolveu abrir o pacotepreto para saber

o que continha! Leparou numa substGncia preta desconhecida, sacudiu o panoe deixou quea substancia ca0sse na "gua, ao invés de afundar formou um montinho! galinha voou,posou em cima, começou a ciscar e a matéria preta foi se espalhando,espalhando, foicrescendo, tomando o lugar da "gua!!! e assim nasceu a terra, que mais tardeoriginouos continentes! )<etrovich Z 2achado6 9;;;(C9*

Jm 1@a 2éthode3, 2orin afirma( 1a vida só pode ter nascido deuma mistura de

acaso e necessidade!!!3 e esse acaso e necessidade sãometaforicamente apresentadosnestas duas estórias nas quais podemos perceber a anti-matériarepresentada no Orumou pelo saco preto do segundo conto, pelos seis pr0ncipes que nãoficaram na Nerra, maspartiram em folhas de dendezeiro, poss0vel alusão a outras gal"xias eestrelas do =niverso,entre outras imagens do imagin"rio negro!

prepot'ncia positivista, duma verdade &nica e somenteeuropéia, privou-nos de

K semente de dendezeiro!

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riquezas poéticas como nos contos acima referidos!Os negros escravizados que chegaram ao %rasil trouxeram e

conservaram, veladamente, sua cultura! reforma para uma educação ética de pensamento ecologizante,

propostos por 2orin atualmente, /" faziam parte da cultura africanacomo podemos perceber nos fragmentos do conto 1Os sonhos do tempoperdido3 , no qual d"-se um di"logo entre Lamon, sacerdote-educador eOnansoKum, griot )contador de histórias* , um educador da culturaafricana(“amon! o egípc$o O 4nde est"o os #$er0gl$os da língua alada pelo seu povoQ Em que pap$ro ou

  pedra est"o gravados os s$na$sQ 4nde está a escr$ta desse povo RorubáQ  4nanso/um O 1o cora"o! 3en#or em$ssár$o. 1ossa escr$ta & guardada no cora"o como a pr0pr$a

v$da. 4s s$na$s s"o os ob%etos sagrados. Cada ob%eto tem uma lenda. Cada lenda tem  #$st0r$a. Cada #$st0r$a & um m$to com uma l$"o sagrada. E a trama da #$st0r$a $ca

 presa na cabea! or$entando o cam$n#o de cada pessoa.  amon! o Egípc$o O trama da #$st0r$a! voc quer d$2er que se prende no turbante como os árabes

  e os egípc$os tm na cabeaQ  4nanso/um O trama da #$st0r$a! o enredo! $ca presa por dentro do 4ríS. 4s s$na$s entram pelos

  ol#os! pelos ouv$dos e pelo corpo! porque tudo & al$mento. ,udo na v$da se  transorma em gente. E! tudo no mundo se transorma em símbolo de v$da. 5 por $sso  que temos nove cam$n#os para dentro do corpo. 5 pelos cam$n#os que os or$Nás  cont$nuaram a cr$a"o dos seres #umanos e a cr$a"o do mundo.

  amon! o Egípc$o O 3en#or m$n$stro! que$ra compreender a m$n#a cur$os$dade. Como mestre de  $n$c$a"o no Ca$ro! devo aprender ma$s sobre o povo Rorubá para mel#or

deender a pa2 %unto ao 9ara0. 4 que & que quer d$2er cont$nuar a cr$ar os seres  #umanosQ 'ue trabal#o & esseQ Eles seme$am no corpo #umano como os  egípc$os seme$am tr$go às margens do 1$loQ

  4nanso/um O Cr$a-se com o canto! com as palavras! com a resp$ra"o= cr$a-se com a dana! cr$a-se  com os r$tua$s e com os ob%etos sagrados. ,udo & e$to de lendas e #$st0r$as. ,oda a

  nossa trad$"o & a o$c$na de Teus. E & por estas #$st0r$as! que se modelam os seres  #umanos! à sua $magem e à sua semel#ana.

  amon! o Egípc$o O Ent"o as suas palavras querem d$2er que tudo & sagradoQ T$v$nos s"o o e$! a  v$da e os costumesQ 1o Eg$to! s0 o 9ara0 & sagrado! s0 o 9ara0 & Teus.

  4nanso/um O qu$ em nossa terra! tudo que eN$ste nela! a v$da e as pessoas! tudo & sagrado.  Cantamos! danamos! caamos! trabal#amos e mostramos os nossos r$tua$s como a  pr0pr$a v$da. E a v$da para n0s & sagrada. ss$m &! para que as nossas cr$anas

aprendam a ser adultos mel#ores e! nosso povo %ama$s esquea a l$"oA U*V*E!  ,GW E XTECE 44TJ85 5 J8 E 8E38 C4V3!  Y5! E PZ[.+

(Petrov$c# \ 8ac#ado= @BBBASL)

sabedoria africana sempre deu-se conta de que fazemos partede um contexto planet"rio

aprendizagem cidadã, solid"ria e respons"vel supPe umaidentidade nacional, fruto de um Jstado-Hação completo e complexo,religioso, histórico, art0stico, pol0tico, econImico e cultural!

 “ comun$dade de dest$no & tanto ma$s prounda quando selada por uma ratern$dade m$tol0g$ca+.(8or$n= @BB>AML)

Os #l's, >asas de >ulto aos Orix", durante muito tempo serviramcomo espaço agregador dos afro-descendentes preservando etransmitindo a identidade e seus valores ancestrais através dos contos,

S Or0, a cabeça no idioma ioruba!

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m&sicas, danças, ritos e dialetos africanos, enquanto espaço religioso do>andomblé, desagregado da escola formal!

tualmente o #lé xé OpI fon/", antiga casa de >andomblébaiana localizada no bairro de Eão onçalo do Letiro, tem desenvolvido

um trabalho de aprendizagem cidadã através de sua escola formalJug'nia na dos EantosX! lgumas OrganizaçPes Hão overnamentaistambém tentam através da educação não formal, o terceiro setor,desenvolver aspectos da cidadania solid"ria!

J nossa escola formal[Y poss0vel que enquanto a Jscola mantiver uma visão

descontextualizada e fechada para a diversidade étnica e cultural do<a0s, entre outros problemas, estar" muito distante da formação de uma

5  Jscola Jug'nia na dos Eantos do #lé xé OpI fon/", desenvolveu sua

metodologia fundamentada no <ro/eto 17;; nos de Eir'3 - aprovado pela =H#>JS em

78:D! <retende através do ensino )de 7\  a B\ série*, constru0do em sintonia com arealidade presente no interior de sua comunidade, unir as novas tend'nciaspedagógicas ao pensamento tradicional da comunidade religiosa! <ropPe uma filosofiapluricultural no aprendizado enfocada na ecologia!  O%$JN#VOE JL#E( <ossibilitar .s crianças e /ovens desta comunidade,desenvolverem suas aptidPes e potencialidades em profusão, com a pluriculturalidadedo Jspaço-Nerreiro!  O%$JN#VOE JE<J>#S#>OE( Sundamentar as linguagens art0sticas da 2&sica, rtes>'nicas, <l"sticas, etc!Leconhecer suas caracter0sticas espec0ficas na nossa cultura )dos descendentes#orubanos* em contraponto com as poéticas de outros povos! <roporcionar aoeducando uma experimentação das atividades estudadas e sua reflexão!<ossibilitar a normatização das etapas estudadas para desenvolver futuros estudos epesquisas!Ho processo ensino-aprendizado a integração com o meio ambiente e suascaracter0sticas de preservação e conservação, suas implicaçPes na vida cotidiana daspessoas!

ulas das disciplinas do n&cleo comum, consideradas como laboratórios( @0nguas)linguagem*( <ortugu's e #orub"62atem"tica6 Uistória6 eografia6 >i'ncias %iológicas6 Jcologia6 tividades rt0sticas)laboratórios especif0cos*( rtes >'nicas, 2&sica( )>oral #nfantil*, rtes <l"sticas)<intura, 2odelagem*, Leciclagem de lixo )oficina permanente de papel, trabalhandocom o educando na confecção do papel e relacionando com a preservação danatureza, seu material did"tico*, >onstrução de brinquedos )com o lixo,desencadeando na criança seu processo criativo em consonGncia com o meio

ambiente e suas transformaçPes, resgatando a l&dica infantil, encontrada nosbrinquedosconfeccionados por ela própria*6 @aboratórios naturais( horta, criatório de animais)local de observação do ciclo de vida dos animais mam0feros, ov0paros, de carapaça,etc!*6 2useu Ohun @ailai )local onde é preservado os :B anos da Uistória da>omunidade do #lé xé OpI fon/", que as crianças visitam*6 Eala de leitura)%iblioteca*

 

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identidade nacional, que emergir" da diversidade dos povos que aquichegaram, pois não favorecer" uma cultura da humanidade F complexae diversa - que forneça conhecimentos, valores e s0mbolos que possamorientar e guiar as vidas humanas!

acumulação e quantificação de conhecimentos tornam oaprendizado prosaico, afastando e desvalorizando o sentir, o prazer, acriatividade e a curiosidade F qualidades tão humanas - como formascognitivas!

rte e suas manifestaçPes foram tratadas como ob/eto deconsumo para os mais abastados ou relegada a um plano inferior nosséculos passados! =ma pol0tica educacional que valoriza a produção emmassa e o desenvolvimento tecnológico, não cede espaço para acriação, os sentimentos e a cultura humanista!

s manifestaçPes art0sticas, pontos de fuga do prosa0smo atravésda catarse, exorcizam o tédio desumano do cotidiano e por outro ladofuncionam como forma de aprendizado na e para a vida! 2ais do quesignos semióticos, met"foras de linguagem, tecnologia desenvolvidapara o lazer, podem alicerçar a comunicação entre os seres através daobra de escritores e poetas, burilar o sentimento estético e tornarreconhec0vel a emoção, quando percebe-se 1no outro3 )personagem outela* nuances de nossas vidas sub/etivas!

“ poes$a... leva-nos à d$mens"o po&t$ca da eN$stnc$a #umana. evela que #ab$tamos a,erra! n"o s0 prosa$camente O su%e$tos à ut$l$dade e à unc$onal$dade -! mas tamb&m poet$camentedest$nados ao deslumbramento! ao amor! ao Ntase... m$st&r$o! que está al&m do d$2ível+.

(8or$n= @BB>AS])Ha cultura afro-nagI o poético é expresso pela palavra Odara,

aquilo que é bom, que possui A'( F força, energia vital! Y este xécontido nas danças, pinturas, oriKis que religa e harmoniza os seres noOr&n e no i', a Hatureza e os ancestrais!

 $uana Jlbein dos Eantos e Reoscóredes 2! dos Eantos )2estreRidi* afirmam(

“ l$nguagem das comun$dades-terre$ro nag< & um d$scurso sobre a eNper$nc$a do sagrado. 1os cnt$cos e teNtos pronunc$ados v"o se revelando todos os entes e acontec$mentos passados e presentes! o con%unto $neNpr$mível de teoan$as evocadoras e rest$tu$doras de pr$ncíp$os arca$cos. eNper$nc$a da l$nguagem & $nd$2ível na med$da que s0 poderá ser apreend$da por s$ pr0pr$o narela"o $nterpessoal v$va! $ncorporada em s$tuaFes $n$c$át$cas+.

(apud u2= @BBBAS]>)O 1mistério além do diz0vel3 faz parte da aventura humana de

abrir-se ao >osmo( entender a Ei mesmo e ao outro, lutar contra atragédia da morte, compreender as forças da Hatureza e suasmanifestaçPes! <ara isso precisamos fazer um %ori( alimentar nossascabeças!!! e 2orin através de suas propostas nos oferece farto alimento

duKpé I %aba 2orin

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Capítulo #:____________________

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COMUNICAÇÃO E ARTE NA CU$TURA AFRICANO )BRASI$EIRA

 “Esse dest$no comum! memor$2ado! transm$t$do de gera"o a gera"o!

 pela amíl$a! por cnt$cos! mús$cas! danas! poes$as (...)  onde s"o ressusc$tados os sor$mentos! as mortes! as v$t0r$as!

  as gl0r$as da #$st0r$a nac$onal! os martír$os e proe2as de seus #er0$s.ss$m! a pr0pr$a $dent$$ca"o com o passado

 torna presente a comun$dade de dest$no.+(8or$n= @BB>AML)

cultura africano-brasileira é um todo complexo no qual religião,

arte, estrutura social e econImica criam interst0cios imposs0veis deserem estudados de uma forma em separado!

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Hão é nosso ob/etivo traçarmos um histórico do processo pol0tico eeconImico que culminou no comércio escravagista - que desde o séc!WV escravizou africanos nas plantaçPes em lgarve )<ortugal*, minas naJspanha, e trabalho doméstico na Srança e #nglaterra, tampouco nas

insurg'ncias negras que se processaram no %rasil, como a Levolta dosmal's em 7:QX, ou o próprio processo de rebelião contra a coroaportuguesa em 7:97, no qual negros e brancos tomaram parte, apesarde tais assuntos serem de extrema relevGncia para entendermos todo oprocesso de resgate da cultura negro brasileira! <orém pincelaremosalguns tópicos sobre o desenrolar da construção da identidade econsequentemente da cultura africana que aqui aflorou!

Resde o aportamento dos negros africanos no %rasil, que antes deembarcarem  para seu  lugar de destino! eram batizados pelos padrescatólicos e marcados a ferro quente como forma de distingui-los dosnegros profanos, poder0amos dizer que foi o sentimento %anzo7 que uniuas diversas etnias africanas e foi esse mesmo sentimento que gerou ocandomblé, uma religião de caracter0sticas africano-brasileiras, comonos afirma em palestra $&lio %raga(

“... & uma rel$g$"o t$p$camente bras$le$ra! porque! na ^r$ca! o culto dos or$Nás & d$erente.  Cada c$dade & proteg$da por um or$Ná em part$cular! enquanto que!

nas casas de candombl& ba$ano! s"o cultuados todos os or$Nás! como se uma pequena  ^r$ca t$vesse s$do reconstruída.+

(apud 3usanna Garbara= >??]AS@)Os orix"s e seu culto vieram com os africanos, porém o ambiente

prop0cio para sua implantação no %rasil teve de ser modificado .scondiçPes das diferentes naçPes que tiveram de conviver /untas, além

das condiçPes geogr"ficas, históricas e sociais da época! Eeu culto eraescondido e ou sincretizado nos Eantos católicos!“ devo"o se d$r$g$a $n$c$almente aos ancestres ar$canos representados por   1.3. do osár$o! 3. Gened$to! 3anta E$gn$a! 1. 3ra. de parec$da! etc.!ass$m como as almas santas! espír$tos ancestra$s.

  Esse culto era uma conseq_nc$a da eNpans"o da rel$g$"o ar$cana que  paralelamente se processava durante a no$te! quando conced$dos pelo sen#or!  ou em espaos cr$ados clandest$namente.+

(u2= @BBBAKSD)s confrarias religiosas negras, sob uma apar'ncia católica

apostólica romana, foram surgindo como uma forma de reconstruir aidentidade negro africana dentro de um contexto social ainda

escravagista, ampliando os espaços comunit"rios fundamentais a umacoalização sócio-econImica e cultural negra!

“Em me$o aos espaos soc$a$s $nst$tuídos pelas Vrmandades el$g$osas!  se reestruturam relaFes soc$a$s emanadas dos centros de $rrad$a"o dos  valores negros! $sto &! as $nst$tu$Fes da rel$g$"o trad$c$onal ar$cana.+

(u2= @BBBAKDL) irmandade de Hossa Eenhora do Los"rio funcionava desde

7C;B, porém só conseguiu construir sua igre/a, ainda ho/e no <elourinho.s <ortas do >armo, em 7D;Q ou 7D;B!

> Eentimento de pesar e saudade da terra natal, por vezes pode também expressar aidéia de revolta pela condição de escravo.

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#rmandade de Hossa Eenhora da %oa 2orte reuniu as maioressacerdotisas do culto nagI encabeçadas por 2ãe HassI e fundaram aprimeira casa de culto dos orix"s no %rasil, o #lé se ir" #ntilé!

“5 $mportante observarmos que! no $m do s&culo Y*VVV! nos arredores de 3alvador!

  %á eN$stem $l aN&! casas de culto aos or$Ná. E /erebetan! casa de culto aos vodun.+(u2= @BBBAK?B)  pós o aparecimento das casas de culto aos orix"s, surgem associedades secretas, tais como Jgungun, eledé e Ogboni das quais nosadentraremos mais adiante, ha/a vista tais sociedades bem como areferida #rmandade da %oa 2orte possu0rem 0ntima ligação com nossoob/eto de estudo!

O importante é percebermos que os processos cognitivos,art0sticos e comunicacionais, bem como seu desenvolvimento e aexpansão da cultura africano-brasileira só pIde acontecer pela féreligiosa que sempre permeou a cultura negra! Y no candomblé que os

valores africanos são vivenciados aos resgatarmos as origens divinasdos homens e dos ancestrais - fundadores das cidades na ]frica, éatravés do transe do iniciado que os deuses se manifestam através dadança, m&sica, canto, paramentos e vestimentas, nos quais cada signoremete a uma qualidade ou estória ancestral num processo de semiosequase infinito! 

#.1 TRANSMISSÃO ORA$ E APRENDI*ADO

“...a $mportnc$a da l$nguagem está em seus poderes! e n"o em suas le$s undamenta$s.+

(8or$n= @BB>ASK)

O sistema religioso iorubano é passado de geração a geração deforma oral, pois acreditam os babalaIs, babalorix"s e ialorix"s,supremos sacerdotes e sacerdotisas dos cultos africano-brasileiros quea <@VL cont'm o poder e a força de criar algo e só através de seupronunciamento quase cantado é poss0vel expressar a idéia e a forçaque as mesmas representam!

“ transm$ss"o oral & uma t&cn$ca a serv$o de um s$stema d$nm$co.+(Elbe$n= >??DASL)

palavra sempre v'm acompanhada de expressPes faciais,entonaçPes e gestos gerando um sistema dinGmico que deve serrealizado constantemente, pois cada palavra é &nica, ao terminar de serproferida desaparece dentro daquele contexto e sua próxima repetiçãopoder" estar preenchida de outras situaçPes religiosas ou não! Y atravésda palavra que se processa a comunicação entre as geraçPes(

“... comun$ca de boca a orel#a a eNper$nc$a de uma gera"o à outra!  transm$te o àse concentrado dos antepassados a geraFes do presente.+

(Elbe$n= >??DASL)

Hotamos que a <@VL <LOH=H>#R esta ligada a doisconceitos( xé e Jmi!

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O conceito de axé é muito amplo e no presente ensaio nãopretendemos adentrar em tal conceito, mas de uma forma bemsuperficial poder0amos afirmar que o axé é a força, o poder gerador ecriador que permeia tudo o que foi criado por Olorum, possui 0ntima

ligação com o sangue de nossos antepassados, com o sangue quecircula em nossos vasos sangM0neos, órgãos internos, bem como no dosanimais!

“N&! como algu&m d$sse uma ve2! & tudo que voc qu$ser c#amar de aN&.  Parece br$ncade$ra! mas n"o &. N& & uma eNpress"o que perdeu no Gras$l  a rela"o d$reta com seu sent$do et$mol0g$co para! ampl$ado! s$gn$$car tudo  que voc possa perceber no conteNto sagrado como ora. N& & uma ora mág$ca!  um un$verso absolutamente metaís$co! ora que emana da sua capac$dade de poder real.  *oc tem um poder de mando que & ruto de uma c$rcunstnc$a soc$al que! na le$tura  do candombl&! tamb&m & aN&. 'uer d$2er! a eNpress"o gan#a um #or$2onte semnt$co sem ronte$ras.  ,udo que representa ora! poder! emana"o do sagrado voc! pode c#amar de aN&.+

(Graga= @BBB=>]S)O Jmi é o sopro, a respiração, o ar que inspiramos e expelimosdurante nossa vida e que esta ligado a massa de ar genérica que atodos envolve, é o Jmi que d" passagem para força do axé expresso deviva voz, da0 o poder da VJL%@#^_`O da palavra para o aprendizadoe continuidade da cultura africano-brasileira!

Os %abalaIs, sacerdotes de Orunmil", possuem um sistema deadivinhação chamado #f"9 F destino, composto por 9XC od&s ou signosque cont'm #tans, histórias ou contos milenares!

Os od&s e seus itans contam-nos sobre a história da criação domundo e dos Orix"s F divindades que simbolizam as forças da natureza,

quando da separação do mundo em Orum )mundo celeste* e i')mundo material*!

Hosso informante principal %abalaI #f"-Noso S"i+omiQ S"bio Jscadaexplicou-nos que o culto de #f" não depende de Orix", o contr"rio d"-seno >andomblé que necessita do conhecimento do od& da pessoa Fatravés do /ogo de b&ziosB, para saber qual o orix" que rege a 1cabeça3dela e quais os procedimentos para iniciar tal pessoa no culto e agradara divindade que coroa a cabeça do fiel!

“Cada cabea tem! ass$m! o seu odu! que l#e revelará seu dest$noe o que deve ser e$to para mel#orá-lo+.

(u2= @BBBASL)

Ho culto a #f" o iniciado passa por um longo per0odo deaprendizado e socialização entre os outros sacerdotes, devendomemorizar os 9XC od&s, a pr"tica dos ebós )sacrif0cios ou oferendas*,adur" )rezas* e a utilização das folhas enquanto fator medicinal! Jsteaprendizado tem a duração aproximada de vinte anos, porém antes dechegar ao seu grau m"ximo o iniciado receberia o grau de Oó ]o, amão de #f" ou mão de b&zios,

“... era a coroa"o de anos de esoros e estudos $ntensos! sendo sanc$onada

@  Jstudados no ocidente primeiramente por 2aupoil e editados sob o t0tulo @agéomancie . lancienne >Ité de Jsclaves, <aris em 78BQ!K

 legria de #f"!S  O sistema oracular dos b&zios usado no >andomblé cont'm os dezesseis od&sprincipais do or"culo de #f"!

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  em r$tual pr0pr$o que promov$a a un$"o do mundo natural e do sobrenatural! %untamente com a $ntu$"o psíqu$ca $ntrodu2$da em transe med$ún$co leve!que passava a abr$r cana$s d$retos de percep"o do Gàbálá:o para a presena

  do às& de `rúnmlà! sú Gara! 4r e seu 4lor= %á que o sacerdote %ama$s entrar$a  em transe possess$vo! sendo $sso! na verdade! a grande d$erena entre o verdade$ro

  Gàbálá:o e o Gàbálòrsà.+(Escada \ 9$l#o= @BB>AL@)

podendo depois continuar seu aprendizado para adquirir os t0tulos de%.b" Jleg"n, %.b" Olos? e %.b" Olod? quando o babalaI poder" ou nãoostentar o t0tulo de #f"-Noso e Aoni!

Ho candomblé o iniciado pode tornar-se um filho ou filha de santoapós longo per0odo de preparação, segundo as palavras de Verger(

“a $n$c$a"o cons$ste em susc$tar! ou mel#or! em ressusc$tar no nov$o!  em certas c$rcunstnc$as! aspectos da personal$dade escond$da= aqueles  correspondentes à personal$dade do ancestral d$v$n$2ado! presente nele em  estado latente! $n$b$dos e al$enados pelas c$rcunstnc$as da eN$stnc$a levada  por ele at& essa data.+

(aput 3usanna Gárbara= >??]ASD) primeira fase da iniciação consiste no bor0, alimentar a cabeça,

pois é o Or0 )a cabeça* que guarda o destino da pessoa, nada se fazpara orix" sem tratar antes da cabeça do iniciado! Repois é necess"riofazer o assentamento do Eanto, ou se/a, é preciso colocar no chão, noplano material a energia simbólica contida no orix" do iniciado! Haterceira fase a ialorix" prev' se o abiã deve ou não ser raspado, a partirda0 começa a iniciação propriamente dita, o abiã deve ficar recluso pordezessete dias para, através de beberagens e rituais secretos, entrarem contato com a energia do orix" que ser" fixada tal qual uma coroaem sua cabeça, tornando-se adoxu ou iaI )mulher de orix"*! >onclu0da aterceira fase, o iniciado deve fazer suas obrigaçPes de tr's e sete anospara alcançar a condição de ebImi! Rurante esse per0odo os cantos,toques, danças, rezas e uso das plantas de forma ritual ou medicinal sãoaprendidos!

Uall sugere que tal aprendizagem acontece em unidades globais,que se inserem em um contexto de situaçPes e podem ser memorizadascomo con/untos! )Eusanna %"rbara6 788X(X9*

O fato é que o aprendizado no candomblé d"-se de forma nãosistem"tica, porém através da observação, participação e viv'ncia dosritos de passagem e das cerimInias e festas existentes no il'!

“trav&s da $n$c$a"o e de sua eNper$nc$a no se$o da comun$dade!  os $ntegrantes v$vem e absorvem os pr$ncíp$os do s$stema. at$v$dade  r$tual engendra uma s&r$e de outras at$v$dadesA mús$ca! dana! canto e rec$ta"o!  arte e artesanato! co2$n#a etc.! que $ntegram o s$stema de valores! a gestalt  e a cosmov$s"o ar$cana do Uterre$ro[.+

(Elbe$n= >??DAKD)

#. DANÇA+ RES%ATE CU$TURA$ E APRENDI*ADO

  “á vem a ora! lá vem a mag$a  'ue me $ncende$a o corpo de alegr$a

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  á vem a santa mald$ta euor$a  'ue me aluc$na! me sacode! erodop$a.+

(8$lton 1asc$mento O 9ernando Grandt) 

dança africana é uma forma de expressão art0stica muitocomplexa, inserida num contexto dentro da sociedade africana e afro-descendente mundial! Eua força, beleza e vigor podem ser sentidostanto no sapateado 2uchongo+o de ^imbabe, nas danças de m"scaraseledé na Higéria, no samba e capoeira do %rasil, na rumba >ubana,nas danças dos saltitantes ^ulus! magia que une essas danças delugares e povos tão diferentes pode ser chamada de um instinto decomunhão que une a raça negra espalhada pelo planeta, através de umv0nculo ancestral por memória, epopéia e tradição oral!

Ho %rasil coube ao  >andomblé, preservar a maior parte das

danças sagradas africanas! Ho culto religioso a dança possui um papelfundamental, pois é ela que LJ@# o homem ao EJ= @RO R#V#HO, é adança que leva a uma compreensão e comunhão com a Hatureza, aVida!

Jxistem duas correntes b"sicas que tentam explicar oaparecimento dos Orix"s! =ma delas remonta a criação do =niverso, aoutra narra que os Orix"s foram seres importantes, donos de grandepoder em vida, que morreram de maneira incomum, tomando o car"terde um dos elementos da natureza! O Orix" WangI foi Lei de O+ó, o Orix"Oxóssi, rei de etu!

Has danças os Orix"s mostram seu poder e suas estórias através

dos movimentos(• WangI, deus do fogo e da /ustiça, pode dançar com seu ox', um

machado de dupla ponta fazendo /ustiça na terra ou com o fogoque gera a vida6

• Os braços de Oxóssi, deus da caça, assemelham-se a flechas esuas pernas parecem cavalgar enquanto caça o alimento para asubsist'ncia de seu povo6

• O+a-#ansã, deusa dos ventos e da magia, espalha os ventos comseus braços e saia, numa dança guerreira e sensual6

• Oxum, deusa da beleza do ouro e das "guas doces, banha-se nas

"guas dos rios enquanto penteia-se balançando suas pulseiras eolhando-se no espelho6• #eman/", deusa-mãe dos Orix"s, a senhora do mar, segura seus

filhos queridos nos braços6• Hanã dança com o #biri carregando-o como se ninasse um beb'6•   Ogum, deus da guerra, da for/a, segura suas duas espadas

guerreiras em suas mãos( com a primeira mata seus inimigos,com a segunda limpa o sangue da primeira6 etc! dança negra reverencia as origens através da repetição dos

gestos ancestrais que foram passados de pai para filho, mantendo viva

a ligação com os antepassados que praticaram os mesmos gestos!

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  dança africana possui sete dimensPes estéticas que podem serpercebidas inclusive em técnicas modernas que se inspiraram na dançatradicional(

o <O@#LL#N2# F mostra que cada parte do corpo movimenta-se

com um ritmo e com uma forma diferente, proporcionando oconhecimento do ritmo próprio e variante de cada aspecto danatureza!

o <O@#>JHNL#E2O F indica que h" v"rios centros no corpo humanoque dão impulso . dança, assim como no =niverso existem v"rioscentros energéticos!

o >=LV#@#HJL#RRJ F encontrada em v"rias danças e em v"riosmovimentos, uma vez que ao c0rculo é conferido o podersobrenatural, criando a estabilidade fora do tempo!

o R#2JHE#OH@#RRJ F é entendida como a possibilidade de

exprimir as v"rias camadas dos sentidos( olhar, ouvir que seria olado externo dos movimentos ligados com uma outra dimensãomais interna e espiritual, sintetizada pela parte central do corpo!

o LJ<JN#_`O F como forma de intensificar e provocar o car"ter deatemporalidade, quando o gesto permanece o mesmo apesar dopassar dos anos, e de continuação destes gestos no futuro!

o E<J>NO UO@EN#>O F na dança os movimentos, as partes docorpo utilizadas, as roupas vestidas, a m&sica, cada elemento t'mum sentido próprio, porém /untos simbolizam algo outro! =madança realizada para uma simples diversão também pode remetera outra coisa, numa corrente simbólica infinita!

o 2J2L# Y<#> F é a história da tradição e da antiga harmonia danatureza, da época na qual não existiam diferenças, nemseparaçPes! 2emória que t'm que ser lembrada e fortalecida!)sante6 788C(D7* dança tradicional africana gerou técnicas precisas de

aprendizado na dança como atécnica de atherine Runham - baseada no folclore haitiano, 2undalai, o $azz Horte-mericano e o Etreet Rance!

Ho %rasil, a dança negra não est" mais vinculada apenas ao>andomblé! capoeira, samba, axé, os blocos de afoxé e carnavalescosbebem nas "guas da dança tradicional e religiosa africana!

<rofa! Rra! #naicira Salcão da =H#>2< e coreógrafos como<ederneiras do rupo >orpo em %enguel', Sirmino <itanga com a >ia!%at" otI e ]lvaro $uvenal com o grupo OKum t'm pesquisado eanexado a dança tradicional negra aspectos da dança contemporGnea,visando uma estética da dança brasileira e ao nosso ver t'm obtidobons resultados.

dança no candomblé é um dos caminhos que reintegra aenergia cósmica do devoto ao seu Orix" de origem, portanto ao Orum,morada dos deuses que um dia de l" partiram para criar o nossomundo, o i'!

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Capítulo ,:____________________

COSMO%ONIA IORUBANA: A CRIAÇÃO DO AI-

<ara os religiosos dos cultos africanos e afro-brasileiros arepresentação mais perfeita do =niverso é a >abaça, tendo sua partesuperior ligação com o 2undo bstrato e sua parte inferior com omundo concreto como nos afirma o itan #gba-nda i+é, revelado no od&t&r&pn-órin e reinterpretado no texto #gbadu, a >abaça daJxist'ncia escrito por of" Ogbebara(

,.1 ES NTA/ ODUDUA

Jm tempos imemoriais todos os Orix"s viviam com Olorum noOrum! Hesse plano perfeito nada faltava a eles, possu0am todo oconforto, iguarias e riquezas que qualquer um /amais supIs existir,porém havia um grande ócio no 2undo Ri"fano!

O rande Eenhor do =niverso para terminar com tal vagarresolveu criar um novo mundo onde criaturas seriam réplicas dosReuses e para levar ao fim sua idéia precisaria da a/uda de seus filhos!

Leuniu todos os Orix"s Sunfun contou-lhes seu plano e outorgou acada um deles uma parte nessa missão!

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Eeu primog'nito foi encarregado de levar o apo-ia, o saco daexist'ncia, até o Orun-Oun-ié lugar onde o Orum encontra-se com ogrande vazio do infinito para l" criar o i', porém Obatal" foi avisadopela pai que não poderia consumir nenhum tipo de bebida fermentada

durante o aquela missão! <ara Od?a, sua filha, foi dito que nadaprecisaria fazer que apenas acompanhasse seu irmão e se submetesseas suas ordens, que se precisasse de alguma a/uda que a pedisse aJlegbar"7!

 Nerminada a reunião Obatal" dirigiu-se . casa de Orunmil" F OEenhor do Restino F para saber do <oderoso Orix" o quão auspiciosaseria sua missão! O %abalaI disse-lhe que seria necess"rio fazer umsacrif0cio a Jx&! #nconformado com o que ouvira o Orgulhoso Orix"%ranco recusou-se a fazer tal sacrif0cio e partiu com outros Orix"sSunfun para criar o i'!

distGncia para chegar ao Vazio a ser preenchido era longo e nocaminho os Orix"s conheceram o calor, o desconforto, as dificuldades, asede - porque as provisPes de "gua foram secando - e algunsdesistiram de acompanhar o velho Oxal" e voltaram para o conforto doOrum!

Hesse momento Jlegbar" resolveu agir e testar o rande Sunfun,através de seus poderes m"gicos adiantou-se ao Orix" e de uma desuas in&meras cabacinhas retirou um pó m"gico e colocou no caminhode Oxalufã uma <almeira #gui Opé!

Vendo a palmeira Obatal" correu até ela, porém não encontrou"gua para saciar sua sede e num ato de insensatez cravou seu opaxorI9 

no tronco da palmeira colhendo com uma cabaça o sumo que delaescorria saciando a sede que o acometia! O sumo da palmeira possuium teor altamente alcoólico e o Orix" Sunfun adormeceu embriagado!Os Orix"s de tudo tentaram para acordar o <rimog'nito, porém eledormia profundamente e cansados voltaram ao Orum! Jx& vendo Oxal"sozinho e desacordado pegou o apo-ia e voltou satisfeito e vingado aoOrum!

Odudua aborrecida com seu irmão correu a seu <ai para contarsobre o fracasso do primog'nito! Jlegbara chegando em seguidaconfirma o caso - desde o ebó que o Sunfun não ofertou até o desmaio -e devolve ao <ai o saco da exist'ncia!

O Eenhor de Noda a >riação entregou então a Od?a a missão decriar o i'! Jla pediu para Jx& acompanh"-la nessa aventura!

>omo reza a tradição a filha de Olorum foi visitar Orunmil" parasaber quais sacrif0cios deveriam ser feitos para que concretiza-se seufardo! O Eenhor dos Restinos após /ogar o Opelé diz a <rincesa que suamissão seria bem sucedida, porém o tra/eto de Od?a seria id'ntico amorte , pois o mundo a ser criado seria composto por matéria perec0vel,e que um dia esse mundo seria habitado por criaturas feitas a imagem

> Jlegbara é um dos muitos nomes ou qualidades de Jx&!@  =m ca/ado feito de metal que mede aproximadamente 79; cm de altura! 1Y uma

barra com um p"ssaro na extremidade superior, com discos met"licos inseridoshorizontalmente em diferentes alturas, dos quais pedem pequenos ob/etos, sininhosredondos, sinos em forma de funil e moedas!3 )Jlbein6 788:(DD*

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dos Orix"s! O incorromp0vel e fiel Orix" #Ku iria devolver . terra toda>riatura existente para que assim pudesse voltar a Olodumaré!

O reinado de Od?a sobre o i' seria regido pelo segundo od&(O+eKu 2e/i, caminho ligado a matéria saturada que só poder" voltar a

um estado s&til através da morte! <ara o sucesso de sua missão a<rincesa doravante deveria usar apenas roupas pretas, deveria ofertar aJlegbara cinco galinhas de angola, cinco pombos, um camaleão, umacorrente com dois mil elos e para Olorum duzentos caracóis #gbin!

Od?a entregou a Jx& as oferendas e ele devolveu uma galinha,um pombo, o camaleão e a corrente com um elo a menos para eladizendo-lhe que deveria soltar os animais no meio do caminho e quenão esquecesse de levar a corrente consigo! Repois de banhada comervas ela dirigiu-se ao <ai para entregar-lhe os duzentos igbins!

Olorum recebendo o presente guardou-o no apéré-odu eapercebeu-se de uma cabacinha contendo terra no apo-ia, entregou-aa sua Silha /unto com um caracol #gbin! Respediram-se e Od?a foiencontrar-se com os Orix"s e Jboras que a esperavam para começar acaminhada!

Ogum foi abrindo o caminho e os Orix"s chegaram ao Vaziobsoluto! Od?a soltou a pomba que espalhou o pó branco da primeiracabaça que estava no po-ia e os ventos foram criados, a 2ãe deVestes Hegras chamou Oi" e a ela concedeu o comando dos ventos! Rasegunda cabacinha #+atémi tirou um pó azul que /ogou para baixo e queao cair foi se transformando no caramu/o #gbin que ia vertendo "gua atéchegar as profundezas daquele abismo, #eman/" e Oxum foram

chamadas para cuidar das "guas do mundo que estava sendo criado! terceira cabaça continha um pó preto que a galinha de ngola começoua ciscar espalhando terra por sobre os oceanos, a Hanã, a mais idosadentre os Orix"s, foi outorgada a lama! O pó da cabaça vermelhametamorfoseou-se no camaleão que soprava fogo sobre tudo o queestava criado, a <rincesa deu a #n", gan/u e WangI o poder sobre ofogo! Od?a pegou a &ltima cabaça que Olorum lhe entregou eamarrando a corrente de mil novecentos e noventa e nove elos naborda do abismo desceu para o desconhecido que acabara de serconcebido! o tocar o solo imprimiu ao mundo sua marca de Jsé Hta+éOdudua, soprou o pó da &ltima cabaça e a terra foi espalhada pelos

animais!!! estava criado o i'!

,. A CRIAÇÃO DOS ARA0AI/: O SOPRO DE ORIA$2.

Obatal" despertando sozinho de seu sono percebeu-se sem o sacoda exist'ncia,arrependido, logrado e envergonhado voltou ao Orum para desculpar-se

com seu <ai! Orolum perdoou o filho e concedeu-lhe a qualidade de

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labaxé, o Eenhor que possui a poder da realização, para que possainsuflar o sopro da divindade no homem!

Jxplica-lhe o 2ais ntigo dos ntigos que a criação no i' aindanão estava completa, faltava criar um ser imagem e semelhança dos

Orix"s! Nal criatura deveria ter um corpo divinizado, que seria criado por%aba /al" F o artesão divino - e um corpo material modelado com lamade Od?a! O homem possuiria então um corpo f0sico proveniente damatéria da qual cada Orix" detinha o poder e um corpo sutil queretornaria ao Orum após a morte no i'!

Obatal" /unto as criaturas modeladas por /al" rumaram para a Nerra!

Odudua soube através de Jx& que seu irmão estava rumando parao i' /unto a criaturas diferentes e enviou Jx& como seu embaixadorpara saber as intençPes de Oxal"! Jm seguida foi consultar Orunmil" esob sua orientação foi instru0da a encontrar seu irmão sozinha e levarconsigo a grande cabaça na qual guardara as pequenas cabacinhas dodia da criação do i', deveria convencer o <rimog'nito a cultuar acabaça e fazer um sacrif0cio de quatrocentos igbins!

2ãe de Vestes Hegras e o Eenhor de %rancas Vestesencontraram-se e depois de muitas discussPes chegaram ao tal acordo,então Od?a pegou a grande cabaça e /untou suas duas partes! partede cima foi pintada de branco, representando a origem divina da criaçãoe a debaixo foi pintada de preto, representando o mundo material! grande cabaça recebeu o nome de #gbad& e dentro dela estão reunidostodos os segredos pertinentes a criação do =niverso! Obatal" tomou

Od?a como esposa e assim o destino da criação do homem foi selado! lama para a confecção do corpo material do homem foi tiradapor #K&, que desde então ficou encarregado de devolver o homem aterra de onde veio, não podendo o Orix" /amais fixar-se em algum lugardo planeta! Olugama foi dada a tarefa de modelar o corpo humanocom material id'ntico aos corpos confeccionados por /al" no Orum!Repois de tudo pronto Oxal" soprou o J2# sobre eles e transformaram-se em ra-ai+és, homens e mulheres que povoaram a terra eprocriaram!!! seguiu-se um longo tempo de paz!

Obatal" e seu séquito estabeleceram-se num lugar chamado#d0taa, construindo ali uma grande cidade cercada por muralhas! Od?a

fundou #lé #fé, a Nerra do mor )Higéria*!

,.# DIVER%-NCIAS

Outra interpretação do itan #gba-Hda i+é versa que Od?a saiu doOrum depois de Orixal" devido os sacrif0cios indicados pelos %abalaIs! Nerminados os ebós a <rincesa partiu ao encontro de seu irmão e o

encontrou desmaiado, pegou o apo-ia e voltou ao Orum para entreg"-lo a Orolum, este devolveu-lhe o saco e outorgou-lhe a missão de criar o

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i'! Hesta versão Orunmil" t'm o papel fundamental de mediador,equilibrando e apascentando as diverg'ncias entre os irmãos para que o=niverso possa continuar a existir! )Jlbein6 788:(C;*

=ma versão da 'nese africanaQ  narra que Olorum - um

aglomerado de ar F ao iniciar seu manso movimento converteu-se em"gua e gerou Orixal"! Ra con/unção do ar e da "gua originou-se a lama,Odudua! lama gerou uma bolha que recebeu o sopro de Oxal"transformando-se na primeva forma individualizada, o primeiro nascidona exist'ncia( Jx& angi!

=ma versão recolhida por <randi )9;;7(Q:;* concede a #eman/" opapel de genitora ancestral(

“4lodumare-4lo$m v$v$a s0 no Vn$n$to!  cercado apenas de ogo! c#amas e vapores!  onde quase nem pod$a cam$n#ar.  Cansado desse seu un$verso tenebroso!  cansado de n"o ter com quem alar!  cansado de n"o ter com quem br$gar!  dec$d$u p<r $m àquela s$tua"o.  $bertou as suas oras e a v$olnc$a  delas e2 %orrar uma tormenta de águas.  s águas debateram-se com roc#as que nasc$am  e abr$ram no c#"o proundas e grandes cav$dades!  água enc#eu as endas ocas!  a2endo-se mares e oceanos!  em cu%as prounde2as 4locum o$ #ab$tar.  To que sobrou da $nunda"o se e2 a terra.  1a superíc$e do mar! %unto à terra!  al$ tomou seu re$no Veman%á!

  com suas algas e estrelas-do-mar!  pe$Nes! cora$s! conc#as! madrep&rolas.  l$ nasceu Veman%á em prata e a2ul!coroada pelo arco-ír$s 4Numar.

  4lodumare e Veman%á! a m"e dos or$Nás!  dom$naram o ogo no undo da ,erra  e o entregaram ao poder de gan%u! o mestre dos vulcFes!  por onde a$nda resp$ra o ogo apr$s$onado.  4 ogo que se consum$a na superíc$e do mundo eles apagaram  e com suas c$n2as 4r$Ná 4c< ert$l$2ou os campos! prop$c$ando o nasc$mento de ervas! rutos!  árvores! bosques! lorestas!  que se oram dados aos cu$dados de 4ssa$m.

  1os lugares onde as c$n2as oram escassas!  nasceram os pntanos e nos pntanos! a peste!  que o$ doada pela m"e dos or$Nás ao $l#o 4mulu.  Veman%á encantou-se com a ,erra  e a ene$tou com r$os! cascatas e lagoas.  ss$m surg$u 4Num! dona das águas doces.  'uando tudo estava e$to  e cada nature2a se encontrava na posse de um dos $l#os de Veman%á!  4batalá! respondendo d$retamente às ordens de 4lorum!  cr$ou o ser #umano.  E o ser #umano povoou a ,erra.  E os or$Nás pelos #umanos oram celebrados.+

K Lecitada e traduzida por Ravid gboola den/ii para $uana Jlbein )788:(X8*!

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,., CONSIDERAÇ3ES METAF&SICAS.

O 2undo bstrato ou Orum, muitas vezes confundido com oconceito de >éu )>atólico postólico Lomano* F é um mundo nãomaterial e di"fano subdividido em nove espaços sutis que envolvem oi' )+ié*, mundo concreto! Nudo o que existe no i' possui réplica noOrum e, este duplo existiu, existe ou existir" num dos Hove Jspaços doOrum, l" residem todas as entidades sobrenaturais do panteão afro-religioso! )Jscada Z Silho6 9;;7(7:*

Orolum, Eenhor Eupremo de toda a >riação, Oba runB  est"sentado sobre um .péré, uma almofada - no qual tudo o que constitui erepresenta o =niverso F o ", .sé e .b"7 - est" contido!

Olorum emanou Obatal" F seu primog'nito, Od?a, Jx&, Orunmil" etodos os outros Orix"s!Obatal" representa o <rinc0pio 2asculino e tivo da >riação, Od?a seucontr"rio( <rinc0pio Seminino, <assivo da >riação e Jx& o <rinc0pioHeutro, o filho!

Eão considerados /unto a outras divindades emanadas por Olorumde Orix"s Sunfun ou Orix"s que usam %ranco, lembremos que o brancoé a cor usada para o luto entre os africanos, é o branco que sintetiza oprincipio do retorno ao orun, paz e a harmonia do 2undos Rivinizados!

“4 branco & a cor da morte e! ass$m! dos $n$c$ados os qua$s tm a$nda de nascer.+

(3usanna Garbara= >??]A]>)O branco representa uns dos aspectos do axé da criação masculino-feminino que possui na "gua de caracol uma de suas maioresrepresentaçPes( gozo masculino e feminino no momento do orgasmo+ ogrifo é nosso! Os Orix"s Sunfun são os progenitores ancestraismasculinos, os quatrocentos #runmal's da Rireita!

Os #runmal's são Orix"s e entidades mitificadas que datam dacriação do universo, 1#gb. . sé, nos tempos que em que a exist'nciase originou3, segundo Jlbein! )Jlbein, 788:(DB*! Eeus axé foramtransferidos pelo próprio Olorum!

Re Olorum também foram emanados os duzentos #runmal's da

esquerda, os Jboras9 e os ancestrais humanos que são cultuados F emculto . parte do >andomblé - como Jguns ou Jgunguns, consideradosos antepassados m0ticos africanos! Os Jboras representam o podergerador feminino e seus filhos liderados por Od?a, então consideradasimbolicamente como a parte inferior de #gbadu!S Lei do Orum!> Eão as tr's forças que possibilitam e regulam toda a exist'ncia no Orun e no +ié!  #] poder que permite a exist'ncia genérica ).p-.* é veiculado pelo ar e pelarespiração6  AEJ poder que permite a realização genérica, veiculada pelo sangue )branco,vermelho ou preto*6

  A%] poder da intenção que veicula o .se! )Jlbein6 788:( D9*@  O termo Jbora não é usado constantemente no %rasil, considerando-se todos#runmal's como Orix"s e distinguindo-os como #runmal's da direita ou esquerda!

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cabaça da exist'ncia #gbadu aos nossos olhos remetem dentremuitas representaçPes o ventre feminino fecundado e gerador de vida,no qual a parte de cima que possui a ligação com o Orum é an"loga aocordão umbilical e a parte debaixo, o i+é com o &tero! $ohnson citado

em Jlbein exclama(“4 $gbadú & uma cabaa coberta contendo quatro pequenos rec$p$entes e$tos  da casca de no2 do coco cortada ao me$o e que contm! al&m de algo descon#ec$do  para o n"o-$n$c$ado! um pouco de lama num! um pouco de carv"o noutro!  um pouco de g$2 noutro e a$nda num outro um pouco de p0 vermel#o da  árvore r$can ose::od O cada um deles dest$nado a representar certos  atr$butos d$v$nos e que! com rec$p$entes que os cont&m! representam os  quatro 4d6 pr$nc$pa$s O E%$ 4gb;! `y;/ún 8e%$! Vbara 8e%$ e Ed$ 8e%$+.

  (Elbe$n! >??DAMM)Hão caberia no presente ensaio aprofundarmos nos referidos

Od&s, ha/a vista existir ampla bibliografia sobre o tema, porém faz-semister cit"-los e dar uma breve explanação sobre os mesmos no or"culo

de #f" e os Orix"s que compreendem parte do poder desses od&s!J/0ogbe é o primeiro od& do or"culo de #f" e o oitavo no /ogos deb&zios, quer dizer 1o primog'nito3 possui relação com os Orix"sOxaguiã, todos os $agum, Oi", Odé e Oxum!

O+5K&me/i é o segundo od& no or"culo de #f" ,quer dizer 1duasvezes fazendeiro ou duas vezes na cidade de OKo3 est" intimamenteligado aos #be/i, Ogum e Olocum!

#orime/i é o terceiro od& de #f" e também o terceiro no /ogo deb&zios, relacionado ao aparecimento de Ogum!

d0mei/i, o quarto od& do or"culo de #f" e o sétimo no /ogo deb&zios( 1o avesso, o contr"rio3 é respondido por Jx&, os bicu, Omulu,Oxum par" e Oxalufã! )Jscada Z Silho, 9;;7(8:*

>abaça da Jxist'ncia cont'm os mesmo tr's princ0pios contidosno .p5ré de Olorum,#", Ase, Ab" que correspondem aos tr's tipos de sangue: usados nascerimInias africano-brasileiras religiosas mais um quarto elemento, alama ou Jx&( a primeira forma de exist'ncia individualizada!

Capítulo 4:____________________

%RANDES MÃES OU FEITICEIRAS5D67689a9; <=6868a; 9o pa8t>o 6o?u@a8o: a; Ia=6.

D Os portadores do xé são( o sangue branco, vermelho e preto encontrados nos reinosmineral, vegetal e animal! O sangue branco compreende as secreçPes, seiva deplantas, prata, sais minerais, etc! O sangue vermelho equivale ao sangue humano ou

animal, azeite de dend', mel, o cobre, etc! O sangue preto as cinzas, sumo escuro devegetais, carvão, etc!

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palavra #+ami é iorubana e traduzida significa 2inha 2ãe,portanto reporta-se aos #runmal's da Jsquerda ou Jboras, genitoras detoda a raça humana, nossas mães ancestrais!

través dos mitos recolhidos percebemos as v"rias faces dasdivindades femininas individualizadas! Hotamos que algumas dessasestórias são muito antigas, possivelmente do per0odo neol0tico,

anteriores a descoberta do papel masculino na procriação, ha/a vistamuitas deusas terem concebidos seus filhos através de ebós )sacrif0ciosou oferendas* ou simplesmente serem filhos só da mãe com umaentidade sobrenatural, normalmente Obatal"!

O antropólogo $acques Rupuis )78:8(79* ao comparar v"riasmitologias afirma-nos sobre o papel da mulher na <roto-Uistória(

“s mul#eres eram ent"o cons$deradas depos$tár$as de uma c$nc$a oculta!  transm$t$da desde tempos $memor$a$s at& as últ$mas geraFes de magas.+ O poder divino que as orix"s possuem e como o usam, estão

ligados aos portadores do xé( a "gua através do l0quido amniótico)sangue branco*, o fogo através do sangue menstrual )sangue

vermelho* e a terra através do óvulo e da placenta )sangue preto*, da0sua ligação com a feitiçaria!

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4.1 I/AMI AO: OUM

  “4Num! m"e de clare2a  Xraa clara

  8"e de clare2a.  Ene$ta seu $l#o com bron2e  9abr$ca ortuna na água  Cr$a cr$anas no r$o.  Gr$nca com seus braceletes  Col#e e acol#e segredos...  9mea ora que n"o se aronta  9mea de quem mac#o oge.

  1a água unda se assenta prounda  1a undura da água que corre.  4Num do se$o c#e$o  4ra Ve$! me prote%a  5s o que ten#o O  8e receba+.

($s&r$o=>??MA>]>)

Oxum, a divindade que guarda o rio de mesmo nome nas "guasnigerianas de #/ex" e #/ebu,é a #ab" mais encantadora, vaidosa, elegante, astuta e inteligente damitologia iorubana!

Jm algumas lendas é considerada a primeira filha de #eman/"( 2ãe das ]guas não conseguia conceber e os babalaIs7 pediramque fizesse um ebó no rio a cada cinco dias acompanhada de crianças eque levasse . cabeça um pote branco, onde colocaria "gua fresca parabeber e se banhar! #eman/" após engravidar continuou a fazer asobrigaçPes pedidas pelos adivinhos, certo dia sentindo as contraçPes doparto, despediu-se das crianças e pariu Oxum sozinha!

Ho terceiro dia de sua exist'ncia o umbigo da pequena Oxumcomeçou a sangrar e de nada valeram os cuidados da mãe paraestancar tal quantidade de sangue! 2ais uma vez, o or"culo foiconsultado e aconselhou #eman/" a banhar a criança na "gua fria eprocurar Ogum!

O Eenhor da for/a pronto a a/udar foi ter com Ossaim9 e a pedidodeste colheu um tipo de erva e a macerou com pimenta verde e oentregou a #eman/", o remédio de Ogum curou a pequena Oxum! primeira filha de #eman/" cresceu sadia e exuberante! )<randi69;;7(QB;*

Outra estória conta que apesar de #eman/" ser esposa de Oxal",teve um envolvimento com Orunmil"! O senhor dos adivinhosdesconfiado que a filha recém nascida da #ab" fosse fruto de sua

>

 %abalaI ou %abalao )ioruba6 de %aba, pai e o, segredo6 portanto <ai do segredo*!Eacerdote do culto de #f"!@ Ossaim ou Ossanhã, orix" das folhas e ervas!

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paixão, pediu a seu amigo Jx& que visitasse #eman/" e verificasse se amenina possu0a algum sinal na cabeça! O astuto Jx& viu na cabeça damenina o sinal de Orunmil" e a levou para ser criada pelo pai!Orgulhoso da criança satisfez todas as suas vontades! Oxum, a filha

querida de Orunmil", cresceu vaidosa e caprichosa! )<randi6 9;;7(Q9;*!Jlbein )788:( :X* afirma ser Oxum a rande 2ãe ncestralEuprema(

“1o tempo as cr$a"o! quando `sun estava v$ndo das prounde2as do òrun! 4l0d6mar& con$ou-l#e o poder de 2elar por cada uma das cr$anas cr$adas por `rsà que $r$am nascer na terra. `sun ser$a a provedora de cr$anas. Ela dever$a a2er com que as cr$anas permanecessem no ventre de suas m"es! assegurando-l#es med$camentos e tratamentos apropr$ados para ev$tar abortos e contratempos antes do nasc$mento= mesmo depo$s de nasc$da a cr$ana!at& ela n"o estar dotada de ra2"o e n"o estar alando sua língua! odesenvolv$mento e a obten"o de sua $ntel$gnc$a estar$am sob o cu$dado de `sun.+ 

Y n0tido na narrativa acima seu poder de #+ami KKo, ha/a vista as

crianças serem Jboras filhos, primeiros habitantes do i+érepresentados também nas penas de eKodidé! Outras lendas narramque Oxum criou O+" e os #be/is )conhecidos vulgarmente como >osme eRamião*, filhos de #ansã, porém a grandeza de seu terr0vel poder e a0ntima relação que possui com a fertilidade é notado no itan referenteao nascimento do od& Osetu", encontrado em Verger )788D(7DB*,Ogbebara)788:( CQ*, Jlbein )788:(7X;* e <randi )9;;7( QBX*!

Ho in0cio dos tempos quando os Orix"s criaram o i', os #runmal'sda Rireita reuniam-se para discutir e tomar decisPes secretas sobre oplaneta e vedavam as Orix"s mulheres participarem de taisassembléias! formosa Oxum inconformada com tal atitude resolveuvingar-se usando seus poderes de #+ami /é( rogou uma praga deixandoas mulheres e f'meas que habitavam o i' estéreis e de nada valiam astentativas masculinas de procriação - sem a magia feminina nenhumavida humana poderia fecundar e toda vida sobre a Nerra iria extinguir-se!

Os Orix"s masculinos foram consultar Olodumaré preocupadosque estavam com sua descend'ncia! O <ai de Nodos soube da confrariamasculina, da exclusão das mulheres nas decisPes e da atitude deOxum! conselhou os Orix"s a pedirem desculpas a ela, pois #+amiKKo é a Eenhora eradora da Vida, Seiticeira e 2ãe ncestral

Euprema! inda ressentida #+ami /é respondeu que só retiraria talpraga se a criança gerada em suas entranhas fosse do sexo masculino!Os Orix"s a conselho de Orunmil" estenderam seu axé ao ventre deOxum que pariu um menino gerado pela magia( Kin Osó, o grandefeiticeiro! %atizado por #f" tornou-se o décimo sétimo od&( Osetua!

>omo Eenhora das ]guas Roces transformou-se em peixe parafirmar um pacto com @aro, primeiro Lei de OxogbI, para que suadescend'ncia fosse próspera e seu reinado feliz )Verger6 788D(7DX*,portanto representa também um peixe m0tico e todos os peixes sãoconsiderados seus filhos!

Y a senhora do eKodidé, uma representação dos Jboras filhos

como percebemos nesta lenda(

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Oxal" sendo um Orix" %ranco, t'm por eó )proibição* o sangue!=ma de suas mulheres, filha de Oxum, tinha por obrigação cuidar dosparamentos e ferramentas do Eenhor da <az! s outras duas mulherescom inve/a da esposa dedicada resolveram pre/udicar sua rival criando

varias situaçPes, porém a filha de Oxum resolveu bem todas elas,inclusive a da coroa de Oxal" que foi /ogada no mar e depoisencontrada na barriga do peixe que ela comprou! Hão desistindo, asinve/osas armaram um derradeiro golpe, durante a festa de Oxal"quando a filha de Oxum levantou-se para pegar a coroa do Lei, asinve/osas colocaram um preparado m"gico no assento! o sentar-se aesposa preferida sentiu algo quente e pega/oso!!!era sangue, a &nicaproibição do Orix"! Oxal" expulsou-a do castelo!

>om misericórdia de sua filha, Oxum recolheu-a e dela tratoubanhando-a e vestindo-a! o ir limpar a bacia do banho, a poderosamãe dos segredos percebeu que não havia mais sangue, só penas deum rar0ssimo papagaio-da-costa africano, penas edidé )ou eKodidé*!Jssas penas eram tão raras que o próprio Oxal" não as possu0a! s"bia2ãe enfeitou sua filha com as preciosas penas e f'-la participar dasfestas! O Eenhor da <az sabendo que Oxum era propriet"ria de taispenas foi até sua casa e l" encontrou sua esposa, que foi perdoada eem homenagem a esse episódio o &nico paramento vermelho de Oxal"é a pena do eKodidé! )<randi6 9;;7(Q98*

Ho livro <or que Oxal" usa eKodidé, existem pequenasdiverg'ncias do conto acima, a protagonista t'm nome Omon Oxum! Jlaé uma senhora que possui uma filha adotiva que a/uda a destrinchar o

sumiço da coroa de Oxal"! Nr's são as mulheres inve/osas e o sangueque escorre de Omon Oxum é fruto de seu esforço para ficar em péperante o Lei F apesar da clara alusão ao sangue menstrual! OmonOxum após sair do castelo de Oxal" pede auxilio a Jx&, Ogum e Oxóssi Fnotemos que todos são Orix"s masculinos e sendo homens nãoconhecem o sangue menstrual - que nada fazem! Oxum a acolhe e dasferidas de Omon Oxum saem as penas de eKodidé! O desenrolar dosfatos é igual em ambos os mitos! )Eantos(788D*

Oxum é Jle+', 2ãe que det'm o poder de transformar-se emp"ssaro! 2etamorfoseou-se num pombo para fugir da clausura impostapor WangI! )<randi6 9;;7(QQ9*

=m mito cubano conta que os Orix"s pretendiam destronarOlodumaré! Olorum sabendo de tal heresia tornou a terra seca fazendocom que não chovesse no i'! /é transformou-se num pavão eresolveu ir a Olodumaré, que morava no Orum, levar o pedido dos /"arrependidos Orix"s! Nodos os Orix"s dela zombaram( como poderia tãofr"gil criatura chegar ao <ai[

Reterminada, Oxum começou a voar e subir cada vez mais alto nocéu, o Eol queimou-lhe as belas asas coloridas tornando-as negras e dasua cabeça enfeitada nada restou, mas ela não desistia e subia cadavez mais alto até que chegou ao Orum! Olorum compadecido perantetal sacrif0cio perdoou os Orix"s, os homens e deu para Oxum,transformada num abutre, a chuva que fertiliza a Nerra! Sez do abutre

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seu mensageiro, pois só ele pode voar até a infind"vel distGncia deOlodumaré! )<randi6 9;;7(QB7*

>om este relato mais uma vez reafirmamos a ligação de Oxumcom a fertilidade e continuidade da vida, descend'ncia priorizada pelos

africanos e afro-descendentes! O ovo das aves, célula geradora de vidaé seu s0mbolo, bem como de todas as #+ami gba!Hotamos que a partir de seu nascimento possui o poder do

sangue vermelho da menstruação, da fertilidade e do parto! <rotetoradas gr"vidas e das crianças recém nascidas é conhecida como Olutó/uón Omó, senhora que vigia e guarda todas as crianças e l.+5omo, mãe que cura as crianças!

O conhecimento sobre o destino dos homens e dos deuses eravedado .s mulheres, apenas os babalaIs podiam /ogar o Opelé #f", asmulheres puderam aprender os od&s principais para poderem cultuar osOrix"s graças a Oxum! Jm conto citado por <randi )9;;7(QQD*encontramos a seguinte versão(

Obatal" tendo aprendido com Orunmil" os /ogos que podem ver odestino de cada Eer, foi banhar-se no rio! Jx& que por ali passava, muitobrincalhão roubou as roupas do Lei e saiu! Oxum que pelos rios andavavendo o Lei em situação tão delicada resolveu a/ud"-lo! O Lei H&conhecendo muito bem o g'nio do alegre Jx& desdenhou do poder daRoce Eenhora em conseguir convenc'-lo a devolver suas roupas, adeterminada Oxum então fez um pacto com o <oderoso Orix"!

Rona do 2el depois de muito procurar, encontrou Jx& numaencruzilhada comendo seus ebós! juando viu Oxum, o esperto orix"ficou teso de dese/o e quis possu0-la! formosa #ab" impIs a condiçãode que Jx& devolvesse em trocas as roupas de Obatal", e assim ambosentregaram-se! astuta Orix" entregou as roupas de Obatal" que comoprometido lhe ensinou o $ogo de %&zios e Obis, 1desde ent"o 4Num tm tamb&m o

segredo do oráculo3 que compreende os dezesseis od&s principais do Opelé#f"!

Outra estória ligando Oxum e Jx& ao /ogo de b&zios versa(“Vá ordenou que s6 o serv$r$a como escravo durante de2esse$s anos. Ent"o! Vá

  mandou s6 procurar de2esse$s cocos de dend e ele o$! s0 que ao mesmo tempo  em que ac#ava os cocos de dend! ele $a descobr$ndo o segredo dos mesmos! um por um=  sendo ass$m! s6 passou a auN$l$ar `rúnmlà em seu s$stema! ass$m `rúmmlà passou a  prec$sar de um a%udante e delegou `sún como sendo a sua pr$me$ra a%udante! ou a$nda a  sua pr$me$ra peteb$. Testa orma! o povo passou a procurá-la e `sún se que$Nou a Vá!  que l#e ens$nou os segredos dos de2esse$s  pr$nc$pa$s odú e l#e preparou de2esse$s bú2$os!  e! em paralelo! ordenou que s6 respondesse naqueles bú2$os. Este! revoltado! d$sse que  s0 responder$a caso todos os sacr$íc$os determ$nados pelo oráculo dos bú2$os passassem  tamb&m a ser dados a ele! at& mesmo os que eram determ$nados a outro òrsà! dos qua$s  passou a t$rar a sua parte como orma de pagamento do trato e$to.+

(Escada \ 9$l#o= @BB>AL?)#+alode, /usta homenagem a Oxum, é um t0tulo conferido . pessoa

que ocupa cargo mais importante entre as mulheres da cidade, sendo

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consultada nos grandes momentos de discórdias nas comunidadesafricanas!

Oxum representa Hossa 2ãe ncestral Euprema esta associada a#+ami gba, as vener"veis mães e #+ami /é, as mães da fortuna e da

felicidade!

4. I/AMI A$2O: OI2 0 IANSÃ

“ epa! 4$á <.  Xrande m"e.

  Vá! <.  Gele2a preta

  1o ventre do vento.  Tona do vento que desgren#a as bren#as  Tona do vento que despente$a os campos

  Tona de m$n#a cabea  mor de Yang<...  ,oma conta de m$m.+

($s&r$o= >??MA>SD)

Silha de Oxum, segundo um mito cubano, nasceu dentro das"guas! )<randi6 9;;7(98X* Eusanna %arbara )788X(7;B* narra-nos umalenda por ela recolhida, que confirma a maternidade de Oxum(

“Jm d$a 4Num! que quer$a tanto ter uma $l#a mul#er! botou uma gal$n#a-d[angola

  num quarto e! depo$s de ter e$to vár$as obr$gaFes! no nono d$a nasceu 4$á+.Jm homenagem a Oxum, aqueles que tem Oi" como protetoramuitas vezes usam no ileKe )colar de contas* uma pedra amarela e oresto das contas vermelhas! Outras lendas contam que foi criada porOdé, aprendendo com ele a arte da caça e dele ganhando eruKere )rabode cavalo*, s0mbolo de realeza e poder sobre os esp0ritos da floresta!

Oi" é a divindade do rio Higer, em iorub" Od O+a!

Soi casada com Ogum )Rivindade do Serro e da Sor/a* de quemrecebeu um #da, espécie de sabre, depois uniu-se a WangI! >onta um

dos mitos que Ogum furioso perseguiu os amantes e encontrando Oi"“trocou golpes de varas mág$cas+ partindo-a em nove pedaços, uma alusão aosnove braços do rio Higer! )Verger6 788D(7C:*

O sopro de #ansã, muitas vezes é chamado de vento da morte,pois traz consigo maus press"gios, o conto a seguir confirma talqualidade!

#ansã a/udava Ogum na for/a soprando o fogo, assim, osarmamentos que o ferreiro confeccionava para o guerreiro Oxaguiãficavam prontos mais rapidamente! O $ovem Oxal" enamorou-se de Oi",levando-a para morar em seu castelo! Nendo eclodido outra guerra,Oxaguiã precisou novamente dos serviços de Ogum, porém as armasdemoravam demais a ficarem prontas! Oi" resolveu então avivar a for/a

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e soprava em direção da casa de Ogum, “E o povo se acostumou com o sopro de 4yá

cru2ando os ares e logo o c#amou de vento+. guerra piorava e #ansã assoprava cadavez mais forte “,"o orte que destruía tudo no cam$n#o! levando casas! arrancando árvores! arrasandoc$dades e alde$as. 4 povo recon#ec$a o sopro destrut$vo de 4ya e o povo c#amava $sso de tempestade+.

)<randi6 9;;7( Q;B*  O marido vermelho de Oi" é WangI, que possui entre suasqualidades o Sogo, assim sendo, Oi" torna-se o princ0pio feminino dofogo(

“9o$ a pr$me$ra mul#er de Yang< e t$n#a um temperamento ardente e $mpetuoso.  Conta uma lenda que Yang< env$ou-a em m$ss"o na terra dos bar$bas! a$m de

 buscar um preparado que! uma ve2 $nger$do! l#e perm$t$r$a lanar ogo e c#amas  pela boca e pelo nar$2. 4$á desobedecendo às $nstruFes do esposo! eNper$mentou  esse preparado! tornando-se tamb&m capa2 de cusp$r ogo! para grande desgosto  de Yang<! que dese%ava guardar s0 para s$ esse terrível poder+.

(*erger=>??LA>MD)Ogbebara )788:(77X* afirma que Ob" foi a primeira esposa de

WangI, Oi" sua segunda esposa e Oxum a terceira(“Pr$me$ro & necessár$o que conqu$stes o amor de 4bá.  Tepo$s deves casar-te o$c$almente com ela...Vsto e$to! deverás casar-te o$c$almente! com outras duas Vabás...+

>omo Ob" representa o princ0pio arcaico do fogo e também épatrona ancestre dos egunguns, como veremos adiante, concordamoscom a coer'ncia na afirmação de Ogbebara!

Outra estória conta que Oi" queria ser mãe, mas não conseguiaengravidar! WangI estuprou-a e dessa viol'ncia nasceram os oitos filhosda #ab", porém seus filhos eram mudos! mãe dos ventos fez oferendase tempos depois nasceu seu nono filho que não era mudo, contudo

possu0a uma voz gutural, grave, profunda!!!“Esse $l#o o$ Egungum! o antepassado que undou cada amíl$a.  9o$ Egungum! o ancestral que undou cada c$dade.  Wo%e! quando Egungum volta para danar entre seus descendentes!  usando suas r$cas máscaras e roupas color$das!  somente d$ante de uma mul#er ele se curva.

  3omente d$ante de 4$á se curva Egungum+.(Prand$= @BB>AKB?)

Eoberana entre os mortos e os ancestrais como Oi" #gbalé, a #ansãdo oriKi +a-mesan-runQ! Y homenageada também como

“lá/ò/o! dona do òpá/ò/o! tronco ou ramo da árvore a/ò/o=  tronco r$tual que l$ga os ? espaos do orun ao a$y&+.

(Elbe$n= >??DA]D).

#ansã também domina a magia, t'm o poder de transformar-se emb&falo e elefante, conforme nos afirmam duas estórias!

Ho primeiro episódio Ogum estava a caçando quando avistou umb&falo, enquanto se preparava para abat'-lo, o b&falo transformou-senuma linda mulher! Eem perceber que estava sendo observada Oi"escondeu a pele do b&falo na mata e saiu para o mercado! Ogumenamorado de tal beleza pegou para si a pele e correu a pedir #ansã emcasamento!

Jla recusou e fugiu para o mato atr"s de sua pele! Hadaencontrando e desconfiada de Ogum ter escondido sua pele, aceitou o

pedido de casamento, porém impIs uma condição( que ninguémK 2ãe dos nove espaços do Orum!

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soubesse sobre seu lado animal! Nempo depois, embriagado, Ogumcontou a suas outras esposas o segredo de Oi"! Huma aus'ncia deOgum, suas concubinas tripudiaram #ansã com cançPes que aludiam aoseu lado animal e sobre o esconderi/o da pele do b&falo! Oi"

encontrando sua pele transformou-se novamente em b&falo fugindo deOgum, matando as outras esposas dele e deixando seus chifres paraque seus filhos os esfregassem quando em perigo, pois assim ela viriaa/ud"-los! )Verger6 788D(7C8*

Ho segundo caso Oi" para fugir do assédio de Odulec', seu paiadotivo, fugiu de casa desesperada! Nal infort&nio trouxe a tona seuspoderes(

“ e ela transormou-se em pedra!  em made$ra e em cac#o de dend.

  8as seu pa$ cont$nuava a persegu$"o.  Tesesperada! 4$á transorma-se num grande eleante branco!

  que atacou 4dulec...+(Prand$= @BB>AKB@)

#ansã é guerreira e companheira, a mãe que não abandona seusfilhos nos momentos de aflição, porém quando percebe-se lograda usaseus poderes de feiticeira para punir aqueles que causaram taismalef0cios a si ou a seus filhos!

4.# I/A O%BE: OB2

“4bà da soc$edade E[l&&/ò  Xuard$" da esquerda  nc$" guard$" da soc$edade E[l&&/ò  Xuard$" da esquerda  $tual do m$st&r$o & entend$do por 4bà  nc$" guard$" da soc$edade E[l&&/ò  Xuard$" da esquerda.+

(Elbe$n= >??DA >>D)

Ob" é a divindade do rio de mesmo nome, seu poder estapresente em todos os lugares onde o rio encontra o mar!

Eolit"ria e nada vaidosa é independente, revolucion"ria econtestadora! Re natureza rancorosa, belicosa, irasc0vel, como Oi", éguerreira e derrotou quase todos os Orix"s em lutas, menos Ogum queaconselhado pelos babalaIs fez uma oferenda em forma de pasta, comonos informa <randi )9;;7(Q7B*(

“...e depos$tou o eb0 num canto do lugar onde lutar$am.  C#egada a #ora! 4bá! em tom desa$ador! comeou a dom$nar a luta.

  4gum levou-a ao local onde estava a oerenda.  4bá p$sou no eb0! escorregou e ca$u.  4gum aprove$tou-se da queda de 4bá! num lance ráp$do t$rou-l#e os panos  e a possu$u al$ mesmo! tornando-se! ass$m! seu pr$me$ro #omem.+

Ogbebara )788:( 77X* diverge relatando-nos que Ob" era virgem

e seu primeiro amor foi WangI(“- T$ga-me ent"o! 4rum$lá! o que devo a2er p<r $m a esta s$tua"o t"o

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  angust$ante O perguntou Yang<.- Teves conqu$star o amor de 4bá. Ela n"o con#ece o amor! %ama$s o$corte%ada por qualquer #omem e! ten#o certe2a! de que n"o res$st$rá aosteus encantos O eNpl$cou 4rum$lá... Tepo$s deve casar-te o$c$almente com ela...+

Outra discordGncia é encontrada em Verger )788D(7:C*, que

afirma ser Ob" a terceira e mais velha esposa de WangI!“... o$ a terce$ra mul#er de Yang<. Como as duas pr$me$ras! 4$á e 4Num!  ela o$ tamb&m mul#er de 4gum segundo uma lenda de Vá...+

lenda a qual Verger se refere é a mesma citada por <randi, quetranscrevemos no segundo par"grafo!

Ob" é o princ0pio arcaico do fogo que precisou ser dominado paraa raça humana constituir-se numa sociedade organizada!

O episódio mais conhecido da #ab" é o da perda de sua orelha!Ob" percebendo que WangI não a procurava pede a Oxum que lhe

ensine uma forma de reconquistar a atenção do poderoso Lei! #" dosfeitiços, por troça, diz a ela para fazer uma comida preparada com suaorelha, pois assim conseguiria a prefer'ncia de WangI! #ng'nua, segue .risca as instruçPes de Oxum! o servir tal iguaria, seu maridopercebendo tamanha excentricidade sente-se ofendido e a expulsa deseu pal"cio! Jnganada por Oxum, humilhada e banida por WangI, Ob"fugiu para as margens do rio, passando a nutrir um ódio por si mesma epor todos! &nica razão de viver era a esperança de um dia reconciliar-se com WangI!

Hum dia de tempestade, depois da morte de WangI, Ob" atirou-senum tronco em chamas que fora atingido por um raio sendo totalmenteconsumida pelo fogo, retornando ao Or&n de mãos dadas com WangI e

Oi"! “4bá! sacr$$cando-se no ogo! renovava os votos de un$"o eterna com seu grande amor+.4gbebara (>??DA>ML)

Ob" é #+" Jgbe, senhora dos esp0ritos ancestrais femininos e l0derda sociedade secreta

JleeKo, conforme Jlbein(“Pouco se sabe sobre a soc$edade E[l;;/ò. ss$m como 4d6a! `sun! R&mán%á  e 1àná encabeam a soc$edade X;l;d;! 4bà encabea a soc$edade E[l;;/ò.  1"o temos con#ec$mento da eN$stnc$a de um tal egb& no Gras$l! se bem que  seu título pr$nc$pal de 7yá-egb& & o que ostenta a c#ee de comun$dade em$n$na  nos Uterre$ros[ l&s& egún.

  Por outro lado! 4bà! representa"o colet$va dos ancestres em$n$nos venerados  nessa soc$edade! & cultuada nos Uterre$ros[ l&s; òrsà.+

(Elbe$n= >??DA>>L)Ou se/a, #+" Jgbe é o t0tulo supremo dado .s mulheres no cultoJgungumB!

Ogbebara )788:(7;C* cita Ob" como fundadora da ordem secretaeledé relatando(

“4bá! embora n"o osse d$retamente at$ng$da pelos acontec$mentos! na med$da  em que n"o se submetera %ama$s a qualquer #omem! pressent$a o per$go que  ameaava a pos$"o da mul#er dentro da soc$edade e! por este mot$vo! resolveu

S >ulto aos mortos, aos ancestrais! Os Jgungun ou Jguns possuem um culto separadodo candomblé, os terreiros mais famosos foram fundados por volta do in0cio do século

W#W, são eles( terreiro de Vera >ruz, Nerreiro de 2ocambo, Nerreiro de Jncarnação e Nerreiro de Nuntun! )Jlbein6 788:(778*

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  cr$ar um grupo denom$nado Egbe Xu&l&d&...+<ara Jlbein e @uz a sociedade JleeKo não existiu no %rasil(

“4r$Ná guerre$ra! ela & tamb&m cons$derada patrona da soc$edade secreta em$n$na  Elee/o! da qual n"o temos con#ec$mento que ten#a eN$st$do no Gras$l.+

(u2= @BBBAMK)

e a diverg'ncia entre autores abre uma lacuna que leva-nos a supor queOgbebara ou %aba dilson de Oxal" possua informaçPes diferenciadasde pesquisa!

Ranças e cantigas caracterizam-na como guardiã da esquerda,conforme a letra da canção que abre este sub t0tulo!

<or ser uma 2ãe ncestral é chamada de vó nos terreiros!ssociada a "gua e a cor vermelha “parecer$a ser o pr$ncíp$o ou símbolo ma$s ant$go de

`sun e de 4ya+. )Jlbein6 788:(77:*<ara terminar transcrevemos uma curiosidade(“4 r$o em que v$v$a recebeu seu nome e adqu$r$u!  a part$r de sua morte! um poder eNtraord$nár$o.T$2em que as pessoas que sorem des$lusFes amorosas!

  ao ban#arem-se em suas águas! $cam l$vres de seu penar   e esquecem-se de quem as despre2ou+.

(4gbebara= >??DA>ML)

4., // OMO EJ2

“a$n#a das águas que vem da casa de 4lo/um.

  Ela usa! no mercado! um vest$do de contas.  Ela espera orgul#osamente sentada! d$ante do re$.  a$n#a que v$ve nas prounde2as das águas.  Ela anda à volta da c$dade.  Vnsat$se$ta! derruba as pontes.  Ela & propr$etár$a de um u2$l de cobre.  1ossa m"e de se$os c#orosos+

(*erger= >??LA>?>)

#eman/" é uma divindade das "guas, no %rasil é a Eenhora querege as "guas do mar! Eeu nome v'm de 5+é omo e/"( mãe que t'mfilhos peixes! Eeu culto é origin"rio de #fé e #badan!

2ãe de grandes seios, podemos perceber que é #runmal' daJsquerda, genitora de muitos Orix"s como anotado num mito transcritopor Hina Lodrigues(

Ro matrimInio de Obatal" e Odudua ) >éu com a Nerra* nasceramdois filhos( gan/uX e #eman/", os irmãos tiveram /unto um filho!

proveitando a aus'ncia do pai, Orungam violentou #eman/"! mãe repudiou o amor de seu filho e fugiu em desespero perante talousadia! Eeu filho atr"s dela correu, porém #eman/" caiu morta! Eeucorpo inerte começou a transformar-se crescer, seus seios tornam-se

] gan/u é considerado neste conto como a terra firme, noutras estórias é a Rivindade

do Sogo nos VulcPes, é também contemplado como uma das qualidades de WangI(WangI gan/u!

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monstruosos e geraram dois rios que depois de unidos formaram umalagoa! Eeu ventre inchado rompeu-se e dele nasceram(

“Tadá! deusa dos vegeta$s!  Yang<! deus do trov"o!  4gum! deus do erro e da guerra!

  4locum! d$v$ndade do mar!  4lossá! deusa dos lagos!  4$á! deusa do r$o 1íger!  4Num! deusa do r$o 4Num!  4bá! deusa do r$o 4bá!  4c<! or$Ná da agr$cultura!  4N0ss$! or$Ná dos caadores!  4qu! deus das montan#as!  % Yalugá! or$Ná da saúde!  Yapan"! deus da varíola!  4rum! o 3ol!  4Nu! a ua .+

(1$na odr$gues! >?KSA @@@)

porém o autor alerta-nos no par"grafo seguinte(“5 de crer que esta lenda se%a relat$vamente recente e pouco espal#ada entre os nag<s.

  4s nossos negros que d$r$gem e se ocupam do culto $orubano! mesmo dos que est$veram  recentemente na ^r$ca! de todo a $gnoram e alguns a contestam+.U" diferenças no conto recolhido por <randi )9;;7(Q:9*,

primeiramente conta-nos que a lagoa originou o mar e que outros orix"sainda sa0ram do ventre exposto de #eman/"(

1E outros e ma$s outros or$Nás nasceram... E por $m nasceu ENú! o mensage$ro.+ 

Verger )788D(78B* declara que tal conto é extravagante e em notaexclama que tal estória foi inventada por Leverendo <adre %audin,atravessou o tlGntico por intermédio dos textos de Jllis, que serviramde refer'ncia para Hina Lodrigues(

“Turante a pesqu$sa que $2 a part$r de >?SD nos me$os n"o letrados destas reg$Fes da ^r$ca! nunca encontre$ vestíg$os das lendas $nventadas por ev. Padre Gaud$n.+

<randi )9;;7(XX9* atualmente re/eita a exclamação de Verger(“1o Gras$l de #o%e! & um dos m$tos ma$s populares entre o povo-de-santo!  que n"o sabe d$2er o nome do $l#o de Veman%á que a ter$a v$olentado!  mas conta que a or$gem dos or$Nás o$ conseq_nc$a da v$olnc$a seNual

  do $l#o contra ela+.<or vezes, #eman/" é considerada primeira esposa de Orunmil",senhor das adivinhaçPes!

“...Certa ve2 4runm$lá v$a%ou e demorou para voltar   e Veman%á v$u-se sem d$n#e$ro em casa.  Ent"o! usando o oráculo do mar$do ausente!  passou atender grande cl$entela  e e2 mu$to d$n#e$ro+.

(Prand$= @BB>A KDL)Houtro conto, visto no cap0tulo anterior sobre as diverg'ncias na

g'nese iorubana, #eman/" e Olodumaré criam o mundo!

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Outros mitos revelam-nos que #eman/" era filha de OlocumC  eesposa de Olofim, Lei de #fé, dessa união nasceram dez filhos dentre osquais Oxumaré e WangID! >ansada da vida em #fé resolveu via/ar para ooeste, porém Olofim mandou um exército atr"s dela! >ercada, lembrou-

se de um frasco que ganhara para usar numa emerg'ncia conforme lhedissera sua mãe! #ab" quebrou o recipiente e um rio apareceuimediatamente transportando-a para Ocum, o reino de sua mãe!)Verger6 788D(78;*

Jlbein )788:(8;* e @uz )9;;;(CD* informam-nos que #eman/" foiesposa Oranian: e geraram WangI, todavia veremos noutra lenda que amaternidade biológica do Orix" do Sogo pertence a Ju", sendo #eman/"sua mãe adotiva!

#eman/", a &ltima l0der eledé, foi tra0da por Jx& e violentada porObatal" que deixou-a desfalecida na relva, ao acordar

“sent$u taman#o asco! que! transormando-se num r$o! retornou! por seu le$to!

ao re$no de seu pa$! no oceano. Este r$o eN$ste at& #o%e em terras $orubás!  c#ama-se 4do 4gun... e desta mane$ra abandonou a orma #umana+.

(4gbebara= >??DA >K@)#eman/" é #+ami /é! <ossui o poder de transformar-se em peixe e"gua, suas lendas mostram seu poder de gerar ou, como nessalenda cubana, de destruir(

“ Veman%á era uma ra$n#a poderosa e sáb$a.  ,$n#a sete $l#os

  e o pr$mogn$to era seu pred$leto.  Era um negro bon$to e com o Tom da palavra.  s mul#eres caíam a seus p&s.  4s #omens e os deuses o $nve%avam.

  ,anto $2eram e tanta calún$a levantaram contra o $l#o de Veman%á  que provocaram a descon$ana de seu pr0pr$o pa$.  cusaram-no de #aver plane%ado a morte do pa$! o re$!  e ped$ram ao re$ que o condenasse à morte.

Veman%á 3abá eNplod$u em $ra.,entou de todas as ormas al$v$ar seu $l#o da sentena!mas os #omens n"o ouv$ram suas súpl$cas.E essa pr$me$ra #uman$dade con#eceu o preo de sua v$ngana.Veman%á d$sse que os #omenss0 #ab$tar$am a ,erra enquanto ela qu$sesse.Como eles a $2eram perder o $l#o amado!suas águas salgadas $nvad$r$am a terra.E da água doce a #uman$dade n"o ma$s provar$a.

ss$m e2 Veman%á.E a pr$me$ra #uman$dade o$ destruída+.

(Prand$= @BB>AKDM)

4.4 OTIM

M Jntidade soberana do mar, considerado Reus em %enin e deusa em #fé! )Verger6

788D(78;*L O arco-0ris e o fogo!D Oranian é descendente de Odudua, fundador do reino de Oió!

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Jncontramos em <randi dois mitos relativos a Otim, no primeiropossui o g'nero feminino, no outro masculino, porém em ambos osmitos est" envolvida com Odé )Orix" >açador*!

Silha do Lei Oqu' da cidade de Otã, Otim nasceu com quatro

seios! Revido seu segredo( a anomalia que nasceu, saiu de sua cidadenatal e foi morar em #gbadI!=m caçador por ela enamorou-se e quis despos"-la! pós muitas

negativas ao pedido, Otim cedeu ao pedido do caçador, mas impIs-lhea condição de que nunca comentasse sobre sua anomalia, o caçadoraceitou e também lhe impIs uma condição( que ela /amais colocassemel em sua comida!

s outras esposas de Odé enciumadas pela prefer'ncia dele porOtim engendraram uma armadilha, enquanto Otim cozinhavadesviaram-lhe a atenção e encheram de mel a refeição que fazia paraOdé! juando o caçador sentiu o gosto de mel, amaldiçoou Otim econtou a todos seu segredo! 2agoada fugiu para o pal"cio de seu pai eeste pediu para que partisse, pois as not0cias chegariam rapidamente!Otim desesperada fugiu pela floresta e Oqu' arrependido saiu em seuencalço, ao tropeçar numa pedra Otim transformou-se num rio, seu paitransformou-se numa montanha para impedi-la de chegar ao mar, masde nada adiantou! O rio contornou a montanha e seguiu seu curso! tého/e o rio )Otim* e a montanha )Oqu'* são cultuados em Otã! )<randi69;;7(7BB*

Jm outro mito Otim é um rapaz sorumb"tico, infeliz que um diaresolveu fugir do pal"cio e ir para a floresta! o dormir sonhou que um

caçador dizia-lhe que deveria fazer um ebó entregando sua faca e suasroupas! cordando assustado entregou suas roupas e sua faca perto deum riacho! Heste momento tudo que Otim escondera ficara exposto( seucorpo de donzela! Oxóssi surgiu na mata e viu Otim, cobriu-lhe,alimentou-o e ensinou-lhe os segredos da floresta e da caça! Nornaram-se grandes amigos e Oxóssi nunca contou seu segredo a ninguém.(<randi= 9;;7(7BD)

4. EU2: A SEN!ORA DO AD

  “...& ela que dom$na os cem$t&r$os.  l$ ela entrega a 4$á os cadáveres dos #umanos!  os mortos que 4balua condu2 a 4r$Ná 4c<  e que 4r$Ná 4c< devora para que voltem novamente à terra!

à terra de 1an" de que oram um d$a e$tos.

  1$ngu&m $ncomoda Euá no cem$t&r$o+.(Prand$= @BB>A @S>)

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Ju" é filha de Hanã e Obatal", portanto irmã de Oxumaré eObalua'!

#ab" das transformaçPes da "gua em estado gasoso ou sólido, é

ela quem domina as metamorfoses lentas ou r"pidas na natureza!“Ela & quem gera as nuvens e a c#uva= quando ol#amos para o c&u e vemos  as nuvens ormando $guras de an$ma$s! pessoas ou ob%etos! n"o damos mu$ta  $mportnc$a por ac#ar que aqu$lo & co$sa da $mag$na"o O estamos enganados!  po$s al$ está E:á! ela & quem cr$a essas d$erentes ormas.+

(Escada \ 9$l#o= @BB>A>SL)  %ela, casta, inteligente e solit"ria, guarda o segredo do anoitecerno horizonte!

firma uma lenda que Hanã preocupada com a solidão de sua filhapediu a Orunmil" que lhe arran/asse um marido! Ju" não queria casar epediu a/uda a Oxumaré que de bom grado a escondeu onde termina oarco de seu corpo, tornando-se ambos companheiros e inacess0veis nohorizonte!)<randi6 9;;7(9Q:*

=ma variante dessa lenda reza que Hanã não ofereceu ossacrif0cios necess"rios para obter tal casamento! 2uitos pr0ncipesapareceram e começaram a brigar até a morte para conquistar Ju",mas ela não conseguia escolher um pretendente! Nriste por tantosangue derramado procurou Orunmil" que aconselhou-a a fazer ebóspara apaziguar tal situação! pós fazer as oferendas Ju" começou adissipar-se, evaporando em seguida, transformando-se

“em densa e branca bruma.  E a n&voa rad$ante de Euá espal#ou-se sobre pela ,erra.  E na n&voa da man#" Euá cantarolava el$2 e rad$ante.  Com ora e eNpressFes $n$gualáve$s cantava a bruma.  4 3upremo Teus determ$nou ent"o que Euá  Zelasse pelos $ndec$sos amantes!  ol#asse seus problemas! gu$asse suas relaFes+.

(Prand$= @BB>A @KS)Outras lendas falam que Ju" era filha predileta e intoc"vel de

Obatal"! =m dia apaixonou-se por %oromu, dele engravidou e fugiu paraa mata, parindo seu filho em segredo! Obatal" transtornado colocou atodos em seu reino atr"s de Ju"! %oromu saiu a procura de Ju",encontrou-a desfalecida e querendo que ela voltasse ao pal"cioescondeu seu filho na floresta! o acordar Ju" contou e perguntou sobre

o filho de ambos, %oromu saiu a procura da criança, porém não mais aencontrou! #eman/" que morava ali perto ouvindo o choro do beb'pegou-o para criar!

rrependida pela fuga, Ju" pediu perdão a seu pai que coléricoexpulsou-a do pal"cio! Jnvergonhada Ju" isolou-se no cemitério longede todos os seres vivos! Eeu filho cresceu forte e belo sob a tutela de#eman/", a mãe das "guas deu-lhe o nome de WangI! )<randi6 9;;7(9QD*

=ma variação deste conto narra que WangI para seduzir Ju"empregou-se no pal"cio de Obatal" como /ardineiro e presenteou-a com“uma cabaa ene$tada com m$l bú2$os! com uma cobra por ora e m$l m$st&r$os por dentro! um pequenomundo de segredos! um ad<+.  Riante de tais riquezas Ju" pensou que WangI a

amava verdadeiramente e a ele se entregou! Ju" decepcionou-se comWangI e pediu a seu pai para esconde-la onde /amais pudesse ser

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achada! Obatal" compadecido deu-lhe um trono no reino dos mortos,desde então, Ju" é #ab" nos cemitérios!)<randi6 9;;7(9B7*

Ju" é a/é, pois possui uma cabaça8 na qual esconde seus amargose doces segredos(

“E:á & o desabroc#ar de um bot"o de rosa! ela & uma lagarta que se transorma em  borboleta! ela & a água que v$ra gelo e & o gelo que v$ra água! ela & quem a2 e desa2.  E:á & a pr0pr$a bele2a cont$da naqu$lo que tem v$da! & o som que encanta! & a alegr$a!  & a transorma"o do mal para o bemA en$m! E:á & a v$da.+

(Escada \ 9$l#o= @BB>A>SL) 

4. OloGu=

Olocum é considerada senhora do mar )ocum*, rainha de todas as"guas! Neve nove filhas entre as quais #eman/" e /' Walug", suas

prediletas! Ristribuiu o oceano e seus segredos entre suas filhas, porémtodos os segredos que ele contém só pertencem a Olocum!

rande 2ãe nf0bia, podia viver tanto na "gua quanto na terrafirme! paixonou-se por Orix" OcI, porém temia que o mesmo nãoentendesse sua natureza amb0gua! conselhada por Olofim, que afirmoua seriedade e discrição de OcI, Olocum uniu-se ao Orix" @avrador!

OcI descobrindo o segredo de sua mulher contou a todos eOlocum muito triste e envergonhada escondeu-se no fundo do oceano 

“onde tudo & descon#ec$do e aonde n$ngu&m nunca pode c#egar...4utros d$2em que 4locum se transormou numa sere$a! ou numa

  serpente mar$n#a que #ab$ta os oceanos. 8as $sso n$ngu&m %ama$s p<de provar+.(Prand$! @BB>A SB]).

4.H AJ- A$U%2

  “% Yalugá a%uda quem prec$sa

E quem l#e oerece presentes no mar+.(Prand$= @BB>AS@>)

/' Walug" é a filha mais nova de Olocum, muito curiosa teve deperder sua visão para entender o Eegredo herdado de Olocum, a partirdisso tornou-se protetora da sa&de!

Eeu lar é o fundo do oceano, onde possui um trono de coral etodas as riquezas do mar e da terra, pois muitas coisas da terra sãolevadas para o mar!

Y a senhora de todos os tesouros, por isso oferta a prosperidadeao homem!

? >omo veremos no cap0tulo referente a #+ami Osoronga, toda a/é é propriet"ria deuma cabaça na qual mora um p"ssaro que leva seus encantamentos!

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4. I/AMI IM"$E: ODUA ) ODUDUA ODK $"%B2JEL

rande 2ãe ncestral, &nica filha de Olodumaré e também &nicaOrix" Sunfun! >riadora do i', representa o princ0pio criador passivo efeminino de Olodumaré, por isso .s vezes também é tratada comomasculino( O Odudua ou como a parte feminina de Oxal"!

Odua det'm o segredo de toda a criação do i', por isso éfeiticeira, porém abdicou de seu poder soberano sobre a Nerra paratornar-se esposa de seu irmão e com ele compartilhar de tal poder!Jnquanto genitora do i' tornou-se Jbora, a parte inferior de #gbadu, acabaça da criação! <ossu0a uma relação de amor-ódio com seu irmão-esposo Obatal" )Oxal" F princ0pio criador ativo masculino deOlodumaré*, mas nenhuma vida no mundo material pode existir se asforças de Odudua e Olodumaré não forem equilibradas!

juando pela primeira vez a Nerra foi pisada, Odua imprimiu suamarca em #fé Od"i+" ou #lé #fé, capital sagrada do povo iorub"!“4s descendentes de 4dudu:a oram os pr$me$ros a serem coroados re$s  entre todo o povo nag<. 3ua pr$me$ra $l#a /ob$ teve sete $l#osAo pr$me$ro 4lo:u re$ de 4:u.

  3egunda o$ m"e de la/etú! re$ de Hetú.  4 terce$ro! 4ba G$n$! o$ re$ de G$n$.  4 quarto! 4ba Vla! o$ re$ de 4rangun.  4 qu$nto! 4ba 3ape! o$ re$ de 3ape! 4n$ 3ape.  4 seNto! 4ba Popo! o$ re$ de 4lupopo.  9$nalmente o s&t$mo! 4ran$yan! o caula!  se tornou laa$n no lugar de 4dudu:a em V&+

(aseb$/an= >?MK)

Eaudada como #+" 2alé e #+" #móle, 2ãe dos Orix"s, concedelonga e próspera vida aqueles que possuem uma cabaça-od&!

4.1 OMO TIRO O OFA: NANÃ BURUU

“Propr$etár$a de um ca%ado.  3alp$cada de vermel#o! sua roupa parece coberta desangue...

^gua parada que mata de repente.  Ela mata uma cabra sem ut$l$2ar a aca+.

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(*erger= >??LA@SB)

O t0tulo de Omo Atiro oK5 Ofa, filha do poderoso p"ssaro tioroda cidade de Ofa, concede a Hanã %uruKu a associação com a sociedade

Jgbe Jle+e!O culto a Hanã %uruKu e seus dois filhos Oxumaré e Omulu v'mdo antigo Raomé, ho/e %enin! <ara as naçPes Son e Je é sincretizadacom 2au, representando o <rinc0pio >riador Seminino, geradora detodo panteão de divindades Voduns /unto com sua contrapartemasculina @isa!

Jm Ealvador, com a influ'ncia católica, foi sincretizada na figurade Eantana, mãe de 2aria, portanto avó de $esus >risto e como Vovó ésaudada em algumas >asas de candomblé!

#+ami gba, 2ãe ncestral, é dela a lama que confeccionou ohomem! =ma estória narrada por 2ãe <ierina Serreira de Oxum, da

cidade de Ealvador, conta que no in0cio dos tempos quando os homensnão existiam Oxal" tentou usar v"rios materiais para confeccion"-lo( ar,pau, pedra, fogo, azeite, "gua e vinho de palma! Vendo os insucessos do<oderoso Orix", Hanã veio a/ud"-lo(

“pontou para o undo do lago com seu $b$r$! seu cetro e arma!  e de lá ret$rou uma por"o de lama.  1an" deu a por"o de lama a 4Nalá!  4 barro do undo da lagoa onde morava ela!  a lama sob as águas! que & de 1an".  4Nalá cr$ou o #omem! o modelou com barro...+

(Prand$= @BB>A >?M)Hanã é a terra &mida, portanto a terra irrigada e pronta para

gerar! Nerra &tero, mistério e magia da continuidade da raça humana,considerada matrona da agricultura e da fertilidade dos grãos que nelacaem, desenvolvem, crescem, morrem e voltam para a terra quandosão absorvidos e renascem em outro grão! Nambém relacionada com amorte, pois é na terra que os mortos são enterrados, sendo assim, aVovó indica-nos os renascimentos e continuidade da raça ou do clãfamiliar!

Hanã muitas vezes é representada como uma senhora de cabelosbrancos(

“...devemos d$2er que 1an" envel#ecera de orma precoce.  ,alve2 o arrepend$mento por #aver abandonado o $l#o doente à pr0pr$a  sorte t$vesse colaborado! de orma e$ca2! para o embranquec$mento de seus cabelos.

  anc$an$dade! no entanto! em nada empanara a sua bele2a.  dqu$r$ra um ar de d$gn$dade que s0 se obt&m com o passar do tempo.+

(4gbebara= >??DA>L@)>omo rande 2ãe que é usa o #biri7; por cetro, s0mbolo do seu

poder sobre a vida e a morte! 2estre Ridi e Jlbein narram-nos(“'uando ela nasceu! a placenta cont$n#a o òpá. Jma ve2 nasc$do!  uma das eNtrem$dades do òpá se enrolou e cobr$u-se de caur$s e  de $nos ornamentos. Ent"o eles se separaram da placenta e o colocaram na terra+

(Elbe$n! >??DAD@)

>B O nome #biri, vem de #bi-ri-rii, meu filho ou meu parente encontrou e trouxe para

mim!Y um adorno confeccionado em fibra de palmeira enfeitado com b&zios, preso a simesmo formando um desenho arredondado lembrando a região genital feminina!

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frase do oriKi 13alp$cada de vermel#o! sua roupa parece coberta de sangue.+! refere-se a seu culto na ]frica, onde suas sacerdotisas recobrem as mãos e oibiri de sangue vermelho, demonstrando nitidamente seu poder geradorfeminino!

pesar do carinhoso apelido de Vovó, Hanã é a implac"vel etemida /usticeira, seus poderes como #+ami #+alode, #+ami gba podemser notados no mito de Hanã e Oxalufã(

“1an" era cons$derada grande %ust$ce$ra.  'ualquer problema que ocorresse!  todos a procuravam para ser %uí2a das causas.  8as sua $mparc$al$dade era duv$dosa.  4s #omens tem$am a %ust$a de 1an"!  po$s se d$2$a que 1an" s0 cast$gava os #omens  e prem$ava as mul#eres.  1an" t$n#a um %ard$m com um quarto para os eguns!  que eram comandados por ela.

  3e alguma mul#er reclamava do mar$do!  1an" mandava prend-lo.  Gat$a na parede c#amando os eguns.  os eguns assustavam e pun$am o mar$do.  30 depo$s 1an" o l$bertava...+

(Prand$= @BB>A >?D)Os ancestrais e os mortos são considerados seus filhos!Hos sacrif0cios a Hanã é proibido usar qualquer instrumentos de

metal, pois ela é rival de Ogum, propriet"rio dos metais e seu uso,sugerindo ser o culto a Hanã anterior a #dade dos 2etais.

“1an" deu a mat&r$a do comeo mas quer de volta no $nal tudo que & seu.+(Prand$= @BB>A>?L)

Capítulo :_____________________

MIN!A MÃE OSORON%A

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“8u$to poderosamente emplumada  8$n#a m"e `sòròngà

  10s te saudamos  1"o me mates...+  (*erger= >??SAKS)

Hos cap0tulos antecedentes vimos a relação entre o poderfecundador-genitor masculino-feminino e suas representaçPes nasOrix"s Jboras-2ães, Silhas e sua atuação na criação do i' e noestabelecimento da ordem social-religiosa para o crescimento eexpansão da raça humana!

<ara a complexidade dessas geradoras ancestres é dado o nomede #+ami Osoronga, o esp0rito das ancestrais divinas que geraram o

planeta e a raça humana, portanto #+ami Osoronga não é uma Jntidadeespec0fica mas um aglomerado de energias geradoras, mantenedoras edestruidoras da vida, na qual cada Orix" S'mea tem sua parcela departicipação!

Jm entrevista S"+iomi S"bio Jscada declarou-nos que em suaopinião o od& s", o décimo no or"culo de #f" e o nono no $ogo de%&zios, é #+ami Osoronga! reunião dos Jboras femininos foi criada nood& s" 2e/i, portanto, corresponde . coletividade feminina deOsoronga!

O od& s" representa a lagoa e os Orix"s que respondem nesteod& são( O6+ AQ(, Eu8u8 to9a; a; Ia@;, Onile, Obalua' e Olosa

)o grifo é nosso*! s pessoas que possuem este od& não devem entreoutras coisas comer carne de galo, usar roupas vermelhas e azuis,beber vinho de palma e evitar relaçPes sexuais durante o dia! Jm seulivro nosso informante afirma(

“Este od6 corresponde a nove bú2$os abertos. Este od6 representa o poder   de e$t$ar$a em$n$no! numa reernc$a $nequívoca à sua l$ga"o com prát$cas  de e$t$ar$a! nas qua$s as mul#eres se destacam por sua dota"o natural!$nerente à sua cond$"o de procr$ar! transormando um espermato20$de

  m$crosc0p$co em um ser #umano...+(Escada \ 9$l#o= @BB>A>>@)

O vulgo popular enxerga na figura da mulher idosa a figura da a/é,

pois ela não é mais fecunda! Os dons de feiticeira também poderiam ser

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herdados da mãe ou de uma das avós, ou ainda por um encantamentoenviado por outra a/é! )Verger6 7889(7;*

.1 MU$!ERES P2SSAROS

Eegundo os itans, #+ami Osoronga possui o poder de transformar-se em p"ssaro tornando-se Jle+'7 que são as /és, conhecidas comogbibgó, Jl&l&, tioro, Osoronga! 2ulheres p"ssaros, senhoras da noite,voam de um lado para o outro levando encantamentos, dores, doenças,misérias, rancor e morte! o ouvir seu temido canto todo ser humanodeve proteger-se e agrad"-la, pois sua ira é fatal conforme afirma $orgemado(

“'uando se pronunc$a o nome de Vyam$ 4Norongá quem est$ver sentado  deve se levantar! quem est$ver de p& ará uma revernc$a po$s sse &  um terrível 4r$Ná! a quem se deve respe$to completo.  Pássaro ar$cano! 4Norongá em$te um som onomatopá$co  de onde prov&m seu nome.(...)Vyam$ 4Norongá & dona da barr$ga e n"o #á quem res$sta a seus eb0s ata$s!

  sobretudo quando ela eNecuta o 4%$%$! o e$t$o ma$s terrível.  Com Vyam$ todo cu$dado & pouco! ela eN$ge o máN$mo respe$to!  Vyam$ 4Norongá! bruNa & pássaro.+

(Caryb& \ mado= >?L?AK@)Houtras versPes #+ami Osoronga é propriet"ria do a+é )p"ssaro*

chamado ragamago e dona de uma cabaça segundo o od& 4rété Ogb5(“4l0d6mar; l#e dá um pássaro.  Ela pega esse pássaro para $r à terra.  ragamago & o nome que 4lòd6mar& dá a esse pássaro.  ragamago & o nome que tem esse pássaro de 4d6.+

(*erger= >??SAM@)O Od& 4rété 2é/i narra(

“... Vá & consultado por @B>pessoas!  que do c&u v$eram para ,erra.  Vá & consultado para @B> propr$etár$as de pássaros  'ue do al&m v$eram para a terra.  'uando estas @B> pessoas c#egaram!  4s babala<s d$sseram para preparar uma cabaa para cada uma.  'uando c#egaram pela pr$me$ra ve2! o$ em 4tá! elas elegeram uma pessoa yál0de em 4tá

  quela que quer receber (um pássaro) leva sua cabaa para %unto dela.+(*erger= >??@AKD)

s duzentos pessoas são os Jboras, #runmal's de Jsquerda as2ães enitoras! bicentésima primeira pessoa é Jx&, princ0pio filho, oprimeiro nascido no mundo concreto! #+alode eleita é Oxum, quepossui o poder de transformar-se em p"ssaro - pombo, pavão e urubuconforme os mitos descritos no sub cap0tulo X!7 F e det'm os segredoscontidos no sangue menstrual através do eKodidé!

>

 S"+iomi S"bio Jscada explicou-nos em entrevista que a palavra 1e+e3 significap"ssaro e o prefixo 1el3, mulher que detém, no caso, um p"ssaro! Jntendemos entãoque Jle+' é aquela que conserva em seu poder e guarda em si um p"ssaro!

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Ha cosmogonia iorubana a cabaça possui um significado ligado aunião do Orum com a terra, é o &tero-recept"culo que recebe a fusão doovo feminino e do esperma masculino! Hotamos que a forma da cabaçalembra o órgão sexual masculino em sua parte externa, o &tero em sua

forma interna e possui sementes que corresponderiam aos ovos!o continuar o texto elas recebem também cabaças, ondeguardam seus p"ssaros que sob suas ordens podem voar aos quatrocantos do mundo e realizam todo tipo de maldade(

“'uando elas abrem a cabaa ass$m!  o pássaro voa para eNecutar esta m$ss"o.  3e elas d$sserem para matar algu&m! eles matam.  3e elas d$sserem para tra2er os $ntest$nos de algu&m! eles o tra2em...  3e ela está gráv$da! eles ret$ram a pren#e2 de seu ventre+

(*erger=>??@AK?)s Jle+e guardam seu p"ssaro na cabaça quando ele volta de suasmissPes!

<ara tirar a vida de uma ele+e bastaria esfregar pimenta vermelhaem seu corpo desanimado enquanto ela estivesse sob a forma dep"ssaro!

. A TRINDADE I/AMI+ ORUNMI$2 E E. 

Hotamos 0ntima e profunda relação entre Orunmil", Jx& e #+ami

Osoronga!Orunmil" representa para o culto africano-brasileiro o <róprio

Restino, é a divindade que conhece todo o passado, presente e futurode todos os seres do i', portanto da espécie humana e do Orum!>onhecido como( Jlér0 4p0n, #bKé/ Olód&mar5, b.i+égbr&n e pitan4fé9! Eeus sacerdotes ou filhos, os babalaIs, possuem um culto . partedo >andomblé!

“cred$ta-se que 4lòrún passou! e con$ou de mane$ra espec$al!  toda a sabedor$a e con#ec$mento possível! $mag$nável e eN$stente

  entre todos os mundos #ab$tados e n"o #ab$tados a `rúnmlà!  a2endo com que! desta orma! este se tornasse seu representante  em qualquer lugar que est$vesse.+

(Escada \ 9$l#o= @BB>A@B)Orunmil" é a &nica divindade que t'm o poder de mudar o destino

de qualquer criatura, porém para que exista alguma criatura énecess"rio que ela se/a gerada e parida por #+ami!

erado por um Orix" Sunfun )Orunmil"* e por um Jbora )biérru* -em outras estórias por Orixal"-Od&a, Jx& angi est" associado alaterita, o barro do qual foi tirada a matéria prima para a confecção do

@

 O testemunho de Reus, o vice de Reus, aquele que est" no céu e na terra, ohistoriador de #fé!)Jscada Z Silho6 9;;7(78*

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homem! Y o patrono das relaçPes sexuais, condutor do xé e dasoferendas rituais, sem sua ação e movimento só existiria a inércia nouniverso! Lepresentado pelo caracol oKotó é o expansor da vida nouniverso! <ossui muitos nomes(

 angi F a matéria prima do universo6%ara F rei do interior do corpo6Jnugbari/o F associado aquilo que se coloca na boca, rege a

comunicação6O/ixé-ebó F o mensageiro e condutor dos sacrif0cios6Jlebó F aquele que estabece a ligação entre humanos e orix"s

através dos sacrif0cios6Jx& Onã F aquele que abre ou fecha os caminhos6Jx& Obé F o mane/ador da faca que auxilia nos partos ou traz a

morte6Osetua F filho de Oxum, nascido pelos poderes do xé dos

Orix"s! trindade Orunmil", #+ami e Jx&, representam o princ0pio criador,

procriador e criado respectivamente! Jsta trindade aparece nos od&s(4rété .nr0n )ou 4rété olót.*, d0 2é/ e 4rété ogb5, contamrespectivamente(

- como Orunmil" surpreendeu o segredo de #+ami em Ot"6- como Orunmil" acalma #+ami6- como Od?a chegou a ser esposa de Orunmil"!

O primeiro od& esclarece das proibiçPes alimentares das /és!O segundo od& narra como as Jle+e ensinaram aos babalaIs

como cham"-las e curar aqueles que estão sob seu /ugo!O terceiro od& mostra que para existir um destino que possa sermelhorado é necess"rio que exista a vida!

<ercebemos nestes itans relaçPes de g'nero da sociedadeneol0tica na qual não existe uma fam0lia nuclear, na qual os filhos nãotem um pai ou mãe definidos porém formam uma coletividade(os filhos de Orunmil" e as filhas de #+ami!

..1 ?(t( 8?í8

Orunmil" consulta #f" para ir a Ot" e descobrir os segredosdas Jle+e! O babalaI pede-lhe para fazer uma oferendaQ! Jle faz osacrif0cio e parte para a cidade das mulheres p"ssaro! Jx& o v', enotamos que possivelmente Jx& estava sob a forma de um p"ssaro )ogrifo é nosso*(

“ENu (que a2 o bem e o mal! que a2 todas as co$sas).  Exu transforma-se rapidamente,

K =m saco de tecido branco, uma cabeça de serpente oK", um pombo branco, quatro

caroços de nozes-de-cola branca e vermelhas, óleo )azeite de dend'*, efun, osun euma cabaça! )Verger6 788B(Q:*

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  Tornou-se então uma pessoa.  Ele va$ c#amar todas as à%& que est"o em 4ta.+

(*erger= >??@AS@)e conta para as /é que Orunmil" possui um p"ssaro tão poderosoquanto o delas! s donas do p"ssaro estranham(

“Eas di!em, este "omem tem um p#ssaro$%

(*erger= >??@AS@)s #ab"s foram avisadas por Jx& que a divindade Orunmil"

possu0a um p"ssaro, porém elas referem-se ao Orix" como homem,ressaltando a relação de g'nero! o se dar o confronto entre ele e as/é, ao verem Orunmil" sentado F o que indica uma falta de respeito -elas prague/am(

“elas d$2em que n"o querem ret$rarseus maus ol#ados do corpo de 4rum$lá.

  Elas d$2em que lutaram com ele.  Elas d$2em que elas est"o em c0lera porque

ele con#ece o segredo delas.  Elas d$2em! eles querem ass$m con#ecer seu segredo.  Elas d$2em! se elas pegam 4rum$lá! elas o matar"o.+

(*erger= >??@AS@)Orunmil" consulta outro babalaI, N5m"+5, que indica-lhe um ebóB 

para ficar protegido da f&ria delas! s Jle+e comem o ofertado e tentamnovamente perseguir Orunmil", porém não conseguem mais v'-lo!Orunmil" fala(

“... à%& n"o & severa! ela n"o pode comer e/u%ebu! v0s de modo algum! pode$s matar-me.  Ele d$2! o rango òpp n"o tem asas para voar sobre a casa! elas n"o podem matar-me.  Vsto o$ o que `rúnm$lá e2 naquele d$a! para que elas n"o se%am capa2es de matá-lo!  quando `rúnm$là o$ a `tà para ver o segredo delas.+

(*erger= >??SAK?)O ebó que Orunmil" ofereceu faz parte das proibiçPes para asa/és! 

.. 9í M(Q

Heste odu as #+ami encontram Orunmil" e falam que estão indopara a terra e levarão toda espécie de calamidades! Orunmil" explica-

lhes que seus filhos estão na terra, elas dizem para Orunmil" conversarcom seus filhos para que eles preparem uma oferenda para elaX!Orunmil" envia um emiss"rio para a terra com a mensagem,possivelmente Jx&!s Jle+e chegam . terra e pousam sobre sete "rvores( orógbó,

./"nr5ré, róK, oro, g&n b5r5Ke, arere e opé ségiségi, porém é nesta

S JKu/ebu )grão muito duro*, frango pp )frango que possui penas crespas,arrepiadas*, 5Ko )massa de milho envolta em uma folha* e seis shillings! )Verger67889(BQ*] Solhas de ogbó, uma cabaça, rabo e corpo de um rato Kété )separados*, ovos de

galinha, mingau de milho misturado com azeite, azeite e quatro shillings! )Verger67889(X:*

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&ltima que conseguem firmar sua resid'ncia! k ai que constróem umquarto, um p"tio nos fundo e fazem um mont0culo de terra no lugaronde se reunem!o se unirem promovem toda espécie de doenças(

“... tra2em dores de barr$ga para as cr$anas. ,ra2em doenas para as cr$anas. rrancam os $ntest$nos das pessoas. rrancam os pulmFes das pessoas. Gebem o sangue das pessoas. T"o dores de cabea aos $l#os de um outro. T"o doenas aos $l#os de um outro. T"o reumat$smo aos $l#os de um outro. T"o dores de cabea! ebre! dor de est<mago! aos $l#os de um outro. 9a2em sa$r a grav$de2 do ventre daquela que está gráv$da. ,ra2em para ora o eto daquela que n"o & est&r$l. 1"o de$Nam que uma mul#er $que gráv$da. quela que está gráv$da elas n"o de$Nam par$r.+

(*erger= >??SAS?)<resumimos que as seis primeiras "rvores representam cidades

onde moravam os babalaIs!s pessoas perseguidas pela f&ria das ele+e foram procurar a

a/uda do filhos de Orunmil"! Jles sabiam que deveriam cham"-las comuma voz bem triste e entregar o sacrif0cio sobre o mont0culo de terraonde se reuniam, eles teriam de cham"-las cantando com uma voz bemtriste(

“8"e2$n#a v0s con#ece$s m$n#a vo2. 7yàm$ `s0ròngà! v0s con#ece$s m$n#a vo2. 7yàm$ `s0ròngà! toda co$sa que eu d$sser!

ol#a ogbo d$sse que v0s certamente compreendere$s. 7yàm$ `s0ròngà! v0s con#ece$s m$n#a vo2. 7yàm$ `s0ròngà! a cabaa d$2 que v0s $des agarrar. 7yàm$ `s0ròngà! v0s con#ece$s m$n#a vo2. 7yàm$ `s0ròngà! a palavra que o rato ò/&t& d$sse à terra! a terra certamente a compreende. yàm$ `s0ròngà! v0s con#ece$s m$n#a vo2. 7yàm$! todas as co$sas que eu d$sser v0s are$s. 7yàm$ `s0ròngà! v0s con#ece$s m$n#a vo2.+

(*erger= >??SA]B)juando terminam de cantar todas as Jle+e silenciaram, aos filhos

de Orunmil" foi dado o poder de curar e a/udar aqueles que sãoperseguidos por Osoronga!

“Como as 7yàm$ autor$2aram os $l#os de `rúm$là naquele d$a!  todas as co$sas que eles $2erem ag$r"o.  8as naquele d$a eles c#amar"o com vo2 tr$ste o canto $nd$cado!  para que 4lorun de$Ne essas pessoas real$2ar esta boa tarea.+

(*erger= >??SA]B)

..# ?(t( O@W

Od?a recebeu de Olodumaré o p"ssaro ragamago quando veiopara o ai+é! Od?a não queria ser vista por ninguém, ela enviava seu

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p"ssaro para fazer o bem ou o mal! Ee alguém ousasse ver seu rosto ouo conte&do da cabaça, ragamago furaria os olhos da pessoa!

Os babalaIs consultam #f" para saber quando Orunmil" tornar"Od?a sua esposa, porém o advertem sobre o poder que ela possui(

“...4d6! quem voc quer ter para esposa! eles d$2em! um poder esta entre as m"os dela. Eles d$2em! para que este poder 4rum$lá ará uma oerenda no c#"o! por causa de todas estas pessoas. Eles d$2em! que com seu poder ela n"o o mate e coma! porque o poder desta mul#er & mu$to ma$or que o de 4rum$lá.+

(*erger= >??@AD>)Orunmil" faz rapidamente as oferendasC  e deixa no chão em

frente a casa de Od?a! Jla encontra o ofertado e quer saber quem otrouxe! Jx& responde-lhe que foi Orunmil" e que ele quer despos"-la!Od?a permite a ragamago que coma o presente de Orunmil"!

“,odos aqueles que 4d6 tra2 atrás dela! s"o co$sas más.  Ela d$2 que eles todos comam.  4d6 abre ass$m a cabaa de ragamágo! seu pássaro! no c#"o.  Ela d$2 que ele coma.+

(*erger= >??@AD@)Od?a chama Orunmil" e diz-lhe que reconhece seu poder e que

ser" sua aliada, porém coloca uma proibição, que nenhuma de suasmulheres lhe ve/a o rosto! Orunmil" aceita a condição e desde entãoOd?a est" a seu lado para torn"-lo próspero, lutar por ele e colocar seu

p"ssaro a sua disposição! Orunmil" rende-lhe homenagem(“4rum$lá d$2 #e$mI *oc! 4d6.  Ele sabe que voc & $mportante.  Ele sabe que voc & super$or a todas as mul#eres do mundo.  Ele n"o grace%ará com voc! %ama$s.  (...)  porque 4d6 & o poder dos babala<s.+

(*erger= >??@ADS)

.# I/AMI E A SOCIEDADE %E$ED

.#.1 Iapt@6 po9 ;? t>o po9?o;a Xua8to O?u8=6l

=m mito narra-nos que Oxum foi encarregada por Obatal" deensinar aos homens o culto dos Orix"s, a Eenhora do JKodidé conheceude cada Orix" como deveria ser cultuado e ensinou tais segredos a%abalox", porém havia um problema, o Eenhor dos Restinos mantinha

M =m rato Kété, um peixe, um caracol, azeite de dend' e oito shillings! )Verger67889(:9*

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seu culto . parte dos Orix"s e nenhuma mulher poderia ter acesso aoOpelé #f"!!!

Eabendo que Orunmil" nutria-lhe profundo amor Oxum aceitoudespos"-lo com as condiçPes de que ela continuasse morando em seu

pal"cio, que não existissem segredos entre ambos e o principal quepossu0sse um cargo e um t0tulo no culto a #f"! >onsumaram sua uniãonaquela mesma noite! <assados alguns dias quando Orunmil" reuniuseus %abalaIs, Oxum adentrou no #gboduif", um lugar vedado .presença feminina! 2ãe das ]guas descaradamente lembrou aoEenhor do #f" a promessa que ele lhe fizera e que ela viera cobrar!

14runm$lá ent"o! com a a%uda dos seus sacerdotes!  $n$c$ou 4Num no Culto de Vá!  entregando-l#e uma cabaa com um ún$co $/$n  e coner$ndo-l#e o título de Vyapeteb$...+

(4gbebara=>??DADS)

dando-lhe o direito de participar da primeira parte da consagração dossacerdotes de #f"!19$carás encarregada de prov$denc$ar as com$das que me ser"o oerec$das! ass$m como de co2$n#ar as carnes dos an$ma$s que para m$m orem sacr$$cados. 1"o poderás! no entanto! acessar os segredos dos @]M 4dus Vá. Vsto porque %á &s demas$adamente poderosa e! de posse destes con#ec$mentos! $mporás de tal orma teu poder sobre os #omens que o mundo v$verá em constante desequ$líbr$o. 4s meus sacerdotes curvar-se-"o sempre d$ante do poder que possu$s! e que garante a gera"o de todos os seres v$vos sobre o planeta.+

(4gbebara= >??DA DS) Roce Eenhora sentiu-se enganada pelo esposo! jueixou-se a

Jx&, o melhor amigo de Orunmil", e pediu a ele que roubasse ossegredos dos iKins de #f"! O Eenhor dos >aminhos não traiu o amigo ecriou para Oxum um /ogo que continha os 7C od&s principais do Opelé#f", porém como tudo que faz tem seu preço, cobrou de Oxum apromessa de que todos aqueles que consultassem os conselhos dob&zios deixassem algo para Jx& e assim, Oxum e Jx& tornaram-se ospatronos do /ogo de b&zios! )Ogbebara6 788:(:D*

.#. Yu>o p?6o;a; ;>o a; =ulZ?;...

 

Orunmil" ficou muito magoado com a atitude de Oxum e percebeuquão perigosas são as mulheres! jueixando-se a Jx&, resolveuengendrar um plano para acabar com a supremacia feminina! O Eenhordo destino reuniu os homens e /unto a Jx& desestabilizaria a uniãofeminina através da vaidade, qualidade própria das mulheres, levando-as a competirem umas com as outras!

“4s planos de 4rum$lá e ENu se concret$2aram de orma ráp$da e e$c$ente.  ,odos os #omens ader$ram $ntegralmente ao mov$mento e guardavam sobre  o mesmo o ma$s absoluto segredo.

  s mul#eres oram! aos poucos! relegadas a uma pos$"o $ner$or e! antes que  percebessem! estavam totalmente submet$das ao poder mascul$no.+(4gbebara= >??DA>B])

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.#.# %l9(: u=a ;oG69a9 9 =ulZ?;

Os planos de Orunmil" e Jx& teriam dado certo se não existisseuma #ab" desprovida de vaidade( Oba! virgem guerreira, t0mida esolit"ria por natureza, foi a primeira Orix" a dar-se conta do que estavaacontecendo! <retendendo reassumir o papel da mulher na comunidadecriou uma sociedade chamada Ogbé eledé, na qual apenas asmulheres seriam aceitas! o participarem dessas reuniPes as mulheresusariam m"scaras para não serem reconhecidas e deixariam seus seiosexpostos, para que nenhum homem se infiltrasse durante as reuniPes!#eman/", #ansã, Hanã, Ju" e Oxum eram presenças constantes nesseculto que adorava #+ami Osoronga!

Jx& que esta sempre bem informado, escondeu-se na florestapara vigiar as mulheres quando percebeu OluI, o p"ssaro das a/és(

“3ua aparnc$a al&m de seu taman#o! erra terr$$cante. 4 b$co envergado e  pont$agudo abr$a-se e ec#ava-se ameaadoramente! enquanto em$t$da gu$nc#os  $ndescr$tíve$s. 1a cabea desprov$da de plumagens at& o $nal do pescoo!  destacava-se um par de ol#os semel#antes a bolas de ogo ao v$vo. ,odo o corpo  era recoberto por penas negras! que ma$s se assemel#avam a $nas lm$nas  de algum t$po de metal at& ent"o descon#ec$do e que! ao 3ol! em$t$am releNos  a2ulados que ouscavam a v$s"o. s garras. #I s garras eram t"o ameaadoras  que ENu n"o se prop<s a descrev-las %ama$sI+

(4gbebara= >??DA>BD)

Soi a primeira vez que Jx& sentiu medo!<odemos perceber na descrição de OluI um imenso urubu, uma

das formas que Oxum pode assumir conforme o mito exposto no subcap0tulo X!7!

sociedade eledé é vista no odu 4rété 2é/(“Ela leva no me$o da soc$edade  o sangue da pessoa que ela env$ou para pegar   e todas as suas compan#e$ras querem tocar com a boca.  'uando t$verem beb$do %untas esse sangue! elas se separam.  'uando elas se separam! o d$a segu$nte %á ve$o!  a no$te segu$nte %á ve$o!  elas env$am um novo pássaro+

(*erger= >??@ASB)

.#., O?u8=6l 889?a out?o pla8o.

Jx& após assistir tenebrosa aparição correu até Orunmil" paracontar o que vira! mbos resolvem criar outra forma para desestruturara sociedade feminina e convidam WangI para colocar seus planos em

ação!

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Orunmil" diz a WangI que ele dever" tomar por esposas tr's #ab"sOb", #ansã e a terceira ficaria a seu critério!

O rei de Oió reclama que Ob" é velha, feia e desa/eitada, Orunmil"retruca que ela é virgem! WangI diz que #ansã é casada com Ogum e

estéril, mais uma vez o rande %abalaI retruca contando um segredo(“- 5 que ela & portadora duma praga. Vans" s0 poderá engrav$dar quando or   possuída v$olentamente por algu&m. (...)  - Ent"o tere$ que estuprá-laQ O perguntou Yang<.  - 3& & ass$m que vs a co$sa. 3e este & o termo que preeres usar! s$m! terás que  estuprá-laI O con$rmou 4rum$lá.+

(4gbebara= >??DA>>M)Orunmil" sugere a WangI que tome por terceira esposa Ju",

porém o elegante Orix" retruca dizendo que não, pois se enamorara deOxum!

“- 8as 4Num & m$n#a mul#erI... O alou 4rum$lá aturd$do.  - Pouco me $mporta a quem pertence. ogo que a v$! sent$ despertar em m$m

  um sent$mento que at& ent"o descon#ec$a. Jm calor dentro do pe$to! uma vontade  $ncontrolável de abraá-la de possuí-la! de a2-la m$n#a! completamente m$n#a...  ce$to tudo que me propFes! 4rum$lá. Conqu$stare$ 4bá! raptare$ Vans"! mas somente  se 4Num me or dada como esposa. 3e m$n#a cond$"o n"o or ace$ta! podes  procurar outro para a2er o que pretendes O d$sse enát$co Yang<.+

(4gbebara= >??DA>>L)WangI tendo consumado o combinado levou para O+ó Ob" e

#ansã, apesar das duas #ab"s viverem brigando, na frente de WangImantinham as apar'ncias! O rei de O+ó envia uma mensagem, atravésde Jx&, para Orunmil" enviar Oxum!

“T$ga a ela que se prepare po$s! aman#"! com o nascer do 3ol! deverá part$r ao encontro de seu novo amor. 1"o quero desped$das!

 e #o%e mesmo sa$re$ pelo mundo em busca de meu pr0pr$o dest$no. 3em rumo! sem d$re"o! ens$nando aos #omens os segredos de Vá. bandono aqu$ tudo que construí e que atualmente possuo. evo apenas meu saber para compart$l#á-lo com os #omens que eu cons$dere d$gnos.+

(4gbebara= >??DA>@M)

.#.4 A ;oG69a9 %l9( to?8a0; ta=@(= =a;Gul68a.

Obatal" assumiu a liderança masculina devido o afastamento deOrunmil", o plano para desunir as l0deres eledé dera certo, Ob" atéperdera sua orelha em atrito com Oxum, porém restava uma #ab"!rmou um plano no qual atrairia a mãe das "guas até uma floresta parafazer um acordo que satisfizesse ambas lideranças, ao encontr"-la oOrix" agrediu e violentou #eman/"! 2agoada e eno/ada a #ab"transformou-se em "gua e /amais foi vista! liderança feminina perderasua &ltima l0der e a mulher voltara novamente a ser submissa aoshomens!

“... a 3oc$edade Xu&l&d&! a part$r de ent"o! teve que submete-se à ades"o mascul$na  para poder subs$st$r.  $nda ass$m! o comando das mul#eres $cou de$n$t$vamente estabelec$do.  3omente elas possuem os poderes e os segredos de a%&! devendo! por $sso!

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  serem tratadas com grande respe$to e cons$dera"o. Tepo$s d$sso! os #omens!  para part$c$parem da soc$edade! ter$am de usar as máscaras gu&l&d&! e sua  part$c$pa"o $car$a restr$ta a danar e a tocar os tambores do r$tual.  4 ob%et$vo da soc$edade! que antes era eNacerbar a maldade eN$stente no poder   e$t$ce$ro de Vyam$! mod$$cou-se desde aí! e as danas! os cnt$cos e as oerendas

  e$tas em sua #omenagem! v$sam #o%e! a aplacar a sua c0lera ao em ve2 de$ncent$vá-la.+

(4gbebara= >??DA>K@)

., AJ BRUA E VE$!A

=ma estória narra que Ju" sabendo sobre o fim da sociedadeeledé, usando seus poderes de #+ami /é resolveu adotar uma forma

humana para vingar-se de Orunmil"!“Ve:á era agora uma bela mul#er! $rres$stível a qualquer #omem.  Por&m! sua bele2a s0 se revelava a no$te. Te d$a assum$a a orma  de verdade$ra bruNaA recurvada! c#e$a de rugas! sem dentes e deormada $s$camente.+

(4gbebara= >??DA>M@)Orunmil" ficou enfeitiçado pela beleza de Ju", passava as noites a

am"-la e de dia dormia profundamente manipulado pelas poçPes eencantamentos que a a/é colocava em suas refeiçPes! Jx& queestranhara a falta de not0cias do s"bio babalaI, saiu pelo mundo aprocur"-lo e encontrou o casebre onde ambos viviam, muito espertoobservou o que acontecia antes de se aproximar! percebera-se que de

dia uma velha ficava acocorada próximo a uma "rvore e a noite umabela /ovem adentrava na casa, Jx& conhecia o poder das a/é e resolveuagir! Eabendo do verdadeiro pavor que Ju" nutria por Waponã e vestiu-se de palha como o orix" da var0ola, a /é vendo tal criatura pIs-se acorrer, era a oportunidade que ele queria! Jntrando rapidamente nacasa acordou Orunmil" com uma poção m"gica e levou-o para fora dacasa para que enxergasse quão tolo fora ao submeter-se novamenteaos poderes de #+ami!

Vendo a terr0vel velha Orunmil" decepou-lhe a cabeça,esquivando-se assim de seus feitiços! apar'ncia da a/é aos poucos foiretornando as belas e /uvenis formas de Ju"!

“4 cadáver de Ve:á transormara-se para sempre! na ua! que! segundo d$2em!  & r$a como a morte. s gotas de suor por ele desprend$das! tocadas pelo vento!transormaram-se nas estrelas. Ve:á p<de! desde ent"o! retornar ao 4run e

  eNpor sua bele2a na v$tr$ne dos c&us.+(4gbebara= >??DA>M])

.4 A SOCIEDADE %E$ED NO BRASI$

Os rituais eledé são realizados para exaltar e favorecer afertilidade da terra e das mulheres, nele Jfe, a representação do

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p"ssaro filho, aparece de dentro da floresta! O dia oito de dezembro eraescolhido para a procissão, onde são feitos ritos e sacrif0cios para #+amiOsoronga! Os adereços e ob/etos rituais de seu culto, ho/e encontram-seno #lé xé OpI fon/"!

2aria $&lia Sigueiredo ou OmoniKe, #+alaxé do #lé #+a HassI foi sua&ltima sacerdotisa no <a0s, detinha os t0tulos de #+alode da >asa deOxum e Jrel&, da sociedade Ogboni!

té o presente momento não tivemos not0cias que a sociedadeelédé tenha sido reativada no %rasil, porém ouvimos coment"rios deum informante que no Jstado do Lio de $aneiro existe certo movimentopara que isto aconteça!

 

. I/AMI OSORON%A E A SOCIEDADE O%BONI

sociedade Ogboni agregava homens e mulheres, seu s0mbolorepresenta um casal unido por uma corrente fincada a terra, n0tidarefer'ncia ao culto e aos poderes das #gba-nla! supremacia feminina épercebida no cumprimento de mão de seus iniciados, pois é com a mãoesquerda que também tocam a terra! Lecordemos que o lado esquerdoest" relacionado aos Jboras e aos ancestrais femininos.

Eantos recorda(“ao tempo das revoltas de escravos no s&c. YVY! #á ev$dnc$a

  de remanescentes 4gbon$ à rente de organ$2aFes l$bertár$as  entre os escravos nag<.+(apud u2= @BBBA>@@)

O t0tulo de Jrelu, encabeça a hierarquia feminina Ogboni!

. A IRMANDADE DA BOA MORTE

#rmandade da %oa 2orte atualmente est" instalada na cidade de

>achoeira, no LecIncavo baiano! <rimeira confraria negra feminina,uma noviça para ser aceita precisa estar vinculada a alguma >asa de>andomblé, caso aceita sua vocação ser" testada através de umainiciação de tr's anos!

Y uma ordem hermética, de dif0cil acesso e seus rituais secretossão quase inacess0veis aos pesquisadores! utores como Salcon,Hascimento, @od+ t'm estudado e levantado hipóteses sobre suaconstituição, ritos e procissPes p&blicas que acontecem no m's deagosto!

=m informante soteropolitano afirmou-nos que a Eociedade da%oa 2orte é fechada e não foge a regra do sil'ncio e de mais colher do

que plantar!

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.H I/AMI A%BA: A ANCIÃ DE CABE$OS BRANCOSDESPEDE0SE DOS FI$!OS.

Eob o aspecto de 4+.m0 gba identificamos Osoronga sob as facesde Od?a e Hanã, mães vener"veis e anciãs que se recolhem do mundo,mas /amais deixarão de ouvir seus filhos como vemos no od& Ose O+eK&#gbad&(

#f" é consultado para Od? que possui um ap5r5! O Or"culo pede-lhe que faça uma oferenda para seus filhos e prediz(

“...! voc! 4d6!  Eles d$2em! ela $cará vel#a! ela $cará uma pessoa vel#a.  Eles d$2em! va$ ser d$to que sua cabea será toda branca!

  'ue ela $cará mu$to vel#a.  Eles d$2em que ela $cará no mundo!  'ue ela n"o va$ morrer rap$damente!*oc! 4d6.

  'uando 4d6 n"o morre rap$damente!4d6 está com boa saúde.

  'uando o tempo passa ! 4d6 se torna mu$to vel#a.  Eles devem ped$r a palavra a 4d6.+

(*erger= >??@AD]) experi'ncia adquirida pela idade avançada concede-lhe o t0tulo

de #+alode, chefe suprema nas contendas, por isso todos devem pedir apalavra a Od?a!

O itan ainda diz que Od?a percebe-se idosa comprometendo suasfunçPes! Leunindo seus quatro conselheiros Obarix", Obalua', Ogum eOdudua, afirma que ir" partir, porém deixar" algo para que seus filhospossam guiar-se nos momentos de dificuldades!

Os quatro conselheiros v'm no mato a cabaça! Hesta parte dotexto existe uma diverg'ncia nas traduçPes, pois adzanis escreve(

“...estes quatro ol#aram ent"o para a mata!  ass$m eles v$ram a cabaa coberta de eNcremento.+

(*erger= >??@ADM)2arcondes de 2oura afirma(

“...esses quatro ent"o ol#aram para o mato!  ass$m v$ram a cabaa coberta de eNcrescnc$as.+

(*erger= >??SAMM) primeira tradução leva-nos a pensar sobre a falta de controle

das funçPes orgGnicas própria dos velhos! Eegunda interpretaçãosugere-nos tumores, sali'ncias no corpo, porém ambas traduçPespropPe a idéia de deteriorização( a anciã tornou-se estéril!

Ogum colhe a cabaça mais quatro cabacinhas que distribui a cadaum dos conselheiros cortada em quatro caminhos! #sto feito Od?a fala aeles sobre a união que faz a força e que aceitem sua morte!

Obarix" coloca efun, espécie de pó branco, numa cabacinha eoferece a Od?a dizendo-lhe que aceite e coloque a oferenda em seu

ap5r5, pois todos aqueles que adorarem Oxal", estarão adorando Od?a,porque “...ele e ela. 4d6! s"o uma ún$ca co$sa.+ (*erger= >??SAML)

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Obalua' enche de os?n, um pó vermelho que ele também passaem seu corpo, sua cabaça e presenteia Od?a dizendo-lhe(

“...todas as co$sas que teus $l#os te ped$rem!  eles a receber"o todas.  3e or d$n#e$ro que eles ped$rem!  ent"o ele o ará por eles.  os apelos que seus $l#os $2erem!  ela responderá do $nter$or dessa cabaa! po$s ela tornou-se $dosa.+

(*erger= >??SAML)Ogum também oferta sua cabaça cheia de carvão vegetal para a

rande 2ãe dizendo-lhe que através dessa cabaça ela também ser"adorada e que seus filhos terão sa&de!

“...seus $l#os n"o morrer"o na $nnc$a.  Ele d$2! seus $l#os n"o envel#ecer"o em me$o ao sor$mento+.

(*erger= >??SAML)OduduaD, entrega a Od?a sua cabaça repleta de lama e ela

aceita! Os poderosos Orix"s dizem que no ap5r5 estão os quatro cantosdo mundo! anciã responde(

“...se seus $l#os adoram o ap;r;! que & sua!  eles a adoram ass$m.  Ela d$2! as co$sas que eles l#e d$2em para a2er! elas as ará no bem.  Ela d$2! se eles adoram a cabaa de eun! que & de 4bar$Ná!  que eles ven#am adorá-la lá tamb&m! ela responderá.  Ela d$2! se eles adoram a cabaa de os6n! ela responderá.  Ela d$2! se eles adoram a cabaa de carv"o! ela responderá.  Ela d$2! se eles adoram a cabaa de lama! ela responderá.  Ela d$2! mas se eles t$verem agora tra2$do o ap;r;!  ela d$2! vocs! todos seus $l#os! & ela que adora$s!

  que que$ram v$r a adorar num s0 corpo que ela coloca dentro deste ap;r;.  Tesde aquele tempo! com sementes de /ola brancas e sementes de /ola vermel#as!  eles adoram 4d6.+

(*erger= >??@AD?)  Resde então é adorada em seu ap5r5, casa de Od?, o ap5r5

#gbad&!

. TRABA$!OS PARA APASCENTAR I/AMI

O grande estudioso africanista <ierre Verger em seu livro Jétrata de fórmulas africanas para v"rias situaçPes e males da vidasegundo os duzentos cinqMenta e seis od&s! Nranscrevemos aqui asfórmulas referentes as #+ami, conforme as indicaçPes de Satumbi!

Os n&meros entre parent'ses referem-se ao n&mero da receitarelatada no livro e o n&mero da ficha catalogada na Sundação <ierreVerger6 o nome e o n&mero . direita referem-se ao od& de #f" da qualfazem parte!

L Jntendemos que é um descendente de Od?a( Kobi ou Olou, pois Od?a ou Oduduaé a fundadora de #lé #fé! lama que ele entrega é uma refer'ncia a seu parentesco!

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..1 0 11,1L 0 M NI DI /MI TB& J?tW [\8?í8+ 1

,rabal#o para tornar-se Vyam$.E:& oy0y0 9ol#a de CORCHORUS OLITORIUS ! ,$l$aceae (%uta)E:& ;b6r& 9ol#a de CRASSOCEPHALUM RUBENS ! Compos$taeE:& à%& òòl& 9ol#a de CROTON ZAMBESICUS ! Eup#orb$aceaeE:& òpp 9ol#a de ACANTHUS MONTANUS ! cant#aceae (also-cardo)E:& àdan 9ruto de TETRAPLEURA TETRAPTERA! egum$nosae 8$moso$deae4se dúdú 3ab"o-da-costa 0 gún um m0 ose. P$lar de sab"o-da-costa. 0 teá l0rí y;ròs6n. Tesen#ar o odu em y;ròs6n. 0 pò 0 pò 8$sturar.

0 $ :; avar-se com a prepara"o.

.. 4 0 11L ) &R2N /MI S& N&/N;( [;+ #

 Nrabalho para fazer as #+ami atacarem alguémE:& e%nrn ol0/un 9ol#a de VP484E 1V! Convolvulaceae (%et$cuu)

E:& apà:òá 9ol#a de 3R1ETE 14TV94! Compos$taeE:& òrírá 9ol#a de J99 CJ,1XJ! Cucurb$taceae (buc#a-de-purga) 0 %0 o pò! 'ue$mar tudo.a 0 dà á s0rí ò/&t& gbígbe. 0 da epo pupa sí. Tespe%ar sobre o corpo de um sar$g_ torrado. 0 da ob alá:& m&r$n. d$c$onar a2e$te de dend. 0 $ ob se :ádí $b$ tí a0 gbe sí ún à:on yàm$. Perguntar com no2 de cola onde depos$tar para as yám$! 0 pe oò r;f. Pronunc$ando a encanta"o.E%nrn 4l0/un E%nrn de ol0/un.E%nrn $:o mà n$ a:o ol0/un. E%nrn! voc & mesmo o a:o de ol0/un.

..# 1 ) 11HL ) ]&]2 /"N /MI; =(Q+ 1

 

 Nrabalho para obter favores das 4+"mi!so à/àrà os0 9ruto de C1E3,V3 9EJXV1E! ConnaraceaeE:& à%& /òbàl& 9ol#a de C4,41 Z8GE3VCJ3! Eup#orb$aceae 0 %0 o. 'ue$mar os $ngred$entes. 0 $ teá. o pe oò r;. Tesen#ar o odu na prepara"o! pronunc$ando a encanta"o. 0 máa lá á p;lú epo Te ve2 em quando lamber

 pupa látgbàd&gbà. com a2e$te de dend.%& nh /& /ára /ára 9e$t$ce$ras gr$tam altoi0n ní eye òrò l0 :òlú. Elas d$2em que o pássaro do mal %á entrou na c$dade.

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/àrà os0 / í %& /í à%& /0 pa os0 /àrà os0 n"o de$Na as e$t$ce$ras matarem o e$t$ce$ro.%& /òbál& 0 ní /í eye 0 má bà l& m$.

%& /òbàl& d$2 que aquele pássaro n"o se empole$rará em m$m.

.., 0 111L ) ]&]2 /"N /2MI; =(Q+ 1

 Nrabalho para obter favores das 4+"mi!E:& àsábá 9ol#a n"o $dent$$cada.E:& aso&ye%e 9ol#a de J*49V *48V,4V! pocynaceae 0 gún un. 8oer as ol#as. 0 teá l0rí y;ròs6n. Tesen#ar o odu em y;ròs6n pronunc$ando a encanta"o. 0 pe oò r;! a 0 dà á pò. 8$sturar tudo.

0 máa lá a p;lú epo pupa. amber com a2e$te de dend.so&ye%e bá m$ be yàm$ à%& so&ye%e! a%ude-me a pac$$car as yàm$! as e$t$ce$ras.sábá bá m$ be yàm$ à%& saba! a%ude-me a pac$$car as yàm$.

..4 # 0 114L ) ]&]2 /"N /MI; =(Q+ 1

 Nrabalho para obter favores de 4+.mi!E:& /ere yàl; 9ol#a de P1VCJ8 sp.! Xram$neaeE:& el&mú 9ol#a n"o $dent$$cadayo ataare m&sàn 1ove gr"os de 9848VJ8 8EEXJE,! Z$ng$beraceae (amomo) 0 gún un. 8oer. 0 pe oò r;. Pronunc$ar a encanta"o. 0 $ sín gb&r& yípo or6n o:0. 9a2er $nc$sFes ao redor do pulso.%& /ò gbodò %e /ere yàl;. e$t$ce$ra nunca debe comer /ere yàl;.El&mú 0 ní /í yàm$ má l; mú m$. El;&mú d$2 que a yàm$ n"o deve ser capa2 de me pegar.

.. , 0 1L ) ]&]2 /"N /MI; =(Q+ 1

 Nrabalho para obter favores das 4+.miE:& dàgbà 9ol#a de CE4TE1TJ8 *4JGVE! *erbenaceaeE:& òg6n b;r; 9ol#a de EJCE1 EJC4CEPW! egum$nosae 8$moso$deaeE:& /&/&tu 9ol#a n"o $dent$$cada.E:& n$n$r$n 9ol#a de TV43C4E4PWRJ8 CJ88V13V! 8en$spermaceae($n$m$r$m)`rí GR,R43PE8J8 PT4YJ8 subsp. PHVV! 3apotaceae (l$mo-da-costa)

0 lò 0. 0 pò 0 m0 òrí. 8oer os $ngrad$entes com l$mo-da-costa. 0 pe oò r;. Pronunc$ar a encanta"o.

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0 máa $ pa ara. Esregar a prepara"o no corpo.Tàgbà ní dorí yàm$ à%& Tágbà sempre gu$a as yàm$! as e$t$ce$ras`g6n b;r; bá m$ be yàm$ `g6n b;r;! a%ude-me a $mplorar as yàm$.H&/&tu / í %& /í yàm$ 0 bínú H&/&tu nunca de$Na as yàm$ $carem 2angadas.7n$n$r$n 0 ní /í :on 7n$n$r$n d$2 que elas devem sorr$r  

0 máa rín ;rín rere sí m$. avoravelmente para m$m.

.. 4 0 11L ) ]&]2 /"N /MI; =(Q+ 1

 Nrabalho para obter favores das 4+.mi!E:& àtbà 9ol#a de WVXV4CR CE8V9E! 8en$spermaceaeE:& p;r;gún 9ol#a de TCE1 9X13! gavaceae

(coque$ro-de-vnus nat$vo)E:& gbás;%o 9ol#a n"o $dent$$cada7gbín Jm caracol 0 gb&l; sí àr$n $l&. 0 /0 gbogbo à:on ;l0 Cavar um buraco dentro da casa.sí $ p;lú gbbín. Colocar tudo dentro %unto com um caracol. 0 pe oò r;. 0 :á $ er6p; bò 0. Pronunc$ar a encanta"o e cobr$r.tbà bá m$ be yàm$ à%& tbà a%ude-me a $mplorar as yàm$! as e$t$ce$ras.P;r;gún 0 n$ /í ay& m$ 0 gún P;r;gún manda que a m$n#a v$da se%a reta.7gbás;%o ní /í :ongbá rere %o ún m$. 7gbás;%o d$2 que voc deve tra2er boa sorte para m$m.

.1 A ASA ENCANTADA DE I/AMI SRN%.

Sinalizando este cap0tulo transcrevemos fragmentos de um contorecriado pelos educadores da Jscola Jug'nia na dos Eantos, do #lé xéOpI fon/", no qual #+ami srng. espalha seu xé pela Nerra!

1Era uma ve2! no pr$ncíp$o da na"o Rorubá! 4dudu:a re$nava segurando o governo de

seu povo com m"os de erro. 4s $n$m$gos do re$ saqueavam as caravanas que para Vl& V& se d$r$g$am. 4sárabes ameaavam $nvad$r o re$no.

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 Era nos pr$me$ros tempos. 4gum! pr$nc$pal am$go do re$! quer$a a%udar a constru$r V&. Eass$m e2. 4gum & a ora. 4gum a2. 4gum pega de uma grande m"o de p$l"o e va$ à guerra. evaao seu lado Vans"! a guerre$ra dos ventos e das tempestades. *"o lutar contra os árabes e venc-los.s batal#as se sucedem. 4gum e Vans" s"o vencedores. 3eus eN&rc$tos enc#em o re$no de 4dudu:ade gl0r$as! de tesouros e de pr$s$one$ros. 4 dí$c$l agora era parar. 4gum e Vans" estavam em guerra

com o mundo todo. Com as v$t0r$as aumentavam as r$que2as do re$ para ma$s da conta e cresc$a VlV&. E por outro lado! cresc$a o sor$mento das mul#eres sem mar$do e a ome e o c#oro das cr$anassem pa$.(...)

 9o$ ent"o que 4Num! a sen#ora dona das águas doces e da cac#oe$ra! $ntercedeu pelascr$anas e pelas m"es sem mar$do! %unto a Reman%á! a sen#ora das águas do mar! a m"e de 4gum! o3en#or da guerra. (...)

Reman%á! ma$s que depressa! d$r$g$u-se a Vans"! a compan#e$ra de 4gum nos campos deguerra. Reman%á e Vans"! ambas m"es! logo se entenderam e puseram m"os à obra.

 4Num e Reman%á transormaram-se em pássaros como no pr$ncíp$o e oram voar peloscam$n#os dos guerre$ros cantando os 4V1 ma$s l$ndos. 4gum logo se deu conta das águas. Vans"transormou-se tamb&m em pássaro encantado. E as águas entraram pelos ol#os de 4gum e ele v$aVl V& term$nada. E as águas esr$aram a sua vontade de guerra. E os trs pássaros encantadosvoaram %untos. s ayabás encantadas voaram abraando o mundo com suas asas. E a pa2 voltou à

terra. Vl V& se tornou a c$dade da lu2.(...) E a asa do pássaro encantado & eNatamente $sso! a l$berdade! a pa2! o N&.+

(Petrov$c# \ 8ac#ado= @BBBAK?)