Jit Em Pequenas Empresas

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA UFSC

    CENTRO SCIO ECONMICO

    DEPARTAMENTO DE CINCIAS CONTBEIS

    FLVIO DANIEL PASQUALI

    O SISTEMA JUST-IN-TIME (JIT)

    UM ESTUDO DE CASO: PRODUO EM SRIE DE MVEIS DE MADEIRA.

    FLORIANPOLIS (SC), 2010.

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA UFSC

    CENTRO SCIO ECONMICO

    DEPARTAMENTO DE CINCIAS CONTBEIS

    O SISTEMA JUST-IN-TIME (JIT)

    UM ESTUDO DE CASO: PRODUO EM SRIE DE MVEIS DE MADEIRA.

    Monografia apresentada pelo acadmico Flvio Daniel Pasquali banca examinadora do curso de Graduao em Cincias Contbeis da Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito parcial para obteno do titulo de bacharel em Cincias Contbeis.

    Orientao:

    Prof. Pedro Jos von Mecheln, Dr.

    FLORIANPOLIS (SC), 2010.

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    TERMO DE APROVAO

    FLVIO DANIEL PASQUALI

    O SISTEMA JUST-IN-TIME (JIT)

    UM ESTUDO DE CASO: PRODUO EM SRIE DE MVEIS DE MADEIRA.

    Esta monografia foi apresentada no curso de Cincias Contbeis da Universidade Federal de Santa Catarina, obtendo a nota final ____________ atribuda pela banca examinadora constituda pelo professor orientador e membros abaixo mencionados.

    Florianpolis, SC, 22 de Junho de 2010.

    _____________________________________________ Professora Valdirene Gasparetto, Dra.

    Coordenadora de Monografias do Departamento de Cincias Contbeis

    Professores que compuseram a banca examinadora:

    _____________________________________________

    Professor Pedro Jos von Mecheln, Dr. Orientador

    _____________________________________________

    Professor Erves Ducati, M. Sc. Membro

    _____________________________________________

    Professor Nivaldo Joo dos Santos, M. Sc Membro

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    Dedico este trabalho ao meu orientador, Pedro Jos von Mecheln, aos meus pais, Dinis Flvio Pasquali e Rita de Cssia Kramer Pasquali,

    a minha irm, Kely Cristina Pasquali, aos amigos e colegas,

    e a minha esposa, Anna Carolina Ferrari Ledra.

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    LISTA DE QUADROS

    Quadro 01: Quadro-resumo do Sistema Clssico versus Just-in-time 23

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    LISTA DE TABELAS

    Tabela 01: Plos moveleiros mais importantes 37

    Tabela 02: Empresas e Empregados do Setor de Moveleiro/Estado. 38

    Tabela 03: Tempos dos Processos 41

    Tabela 04: Tempos dos processos e set-up 42

    Tabela 05: Quantidade de matria-prima utilizada por produto 46

    Tabela 06: Quantidade de ferragens e outros materiais utilizados por produto 47

    Tabela 07: Valor de mo-de-obra e energia eltrica alocados por hora 47

    Tabela 08: Rateio dos custos indiretos por produto 48

    Tabela 09: Custo de Produo por unidade antes dos impostos 48

    Tabela 10: Lucro por unidade produzida 48

    Tabela 11: Lucro bruto 49

    Tabela 12: Margem de Contribuio Unitria 49

    Tabela 13: Margem de Contribuio Global 50

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    LISTA DE FIGURAS

    Figura 01: Clula de Manufatura em U. 31

    Figura 02: Etapas da Produo. 41

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    RESUMO

    PASQUALI, Flvio Daniel. O sistema Just-in-time (JIT) Um estudo de caso:

    Produo em srie de mveis de madeira. Florianpolis: UFSC: 56 p. Monografia

    (graduado em Cincias Contbeis) Universidade Federal de Santa Catarina.

    Orientador: MECHELN, Pedro Jos von.

    O foco deste estudo est em verificar os principais aspectos que podem ser melhorados com a implantao do sistema JIT e os possveis benefcios que isto pode trazer empresa. Busca-se apresentar o Sistema Just-in-time como proposta de aprimoramento do processo produtivo de pequenas empresas do ramo moveleiro, evidenciando o Sistema JIT, suas metas, as ferramentas que utiliza, a interao com a qualidade e, em especial, a eliminao dos desperdcios no processo produtivo, com enfoque na reduo de custos, tudo isto com a finalidade de viabilizar a obteno de vantagem competitiva, que fundamental para que uma empresa desenvolva suas estratgias e possa definir o tipo de liderana que pretende alcanar. Apresenta-se, atravs de um estudo de caso, os pontos crticos e os principais custos para a fabricao de trs modelos dos seus principais produtos. Com a implantao ser possvel reduzir os desperdcios com superproduo e estoques desnecessrios, bem como melhorar o fluxo e organizao dos processos com: limpeza e manuteno; mo-de-obra multifuncional; controle de set-up; e a utilizao de kanbans. Palavras-chave: Just-in-time, organizao, qualidade, controle de custo, desperdcio.

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    SUMRIO

    1. INTRODUO......................................................................................................11

    1.1 Tema e Problemtica .............................................................................12

    1.2 Objetivo....................................................................................................12

    1.2.1 Objetivo Geral ......................................................................12 1.2.2 Objetivo Especfico...............................................................13

    1.3 Justificativa ............................................................................................13

    1.4 Metodologia ............................................................................................14

    1.5 Limitao da Pesquisa ..........................................................................15

    1.6 Organizao da Pesquisa .....................................................................16

    2. FUNDAMENTAO TERICA...........................................................................17

    2.1 Conceito de Just-in-time (JIT)...................17

    2.2 Just-in-time no Brasil.21

    2.3 Just-in-time versus Sistema Clssico de Produo..........................22

    2.4 Gesto de Estoques JIT........................................................................24

    2.5 Custos de Produo Relevantes Aplicao do JIT.........................25

    2.5.1 Custos Fixos e Variveis........................................................25

    2.5.2 Margem de Contribuio........................................................27

    2.6 Principais Ferramentas do Sistema Just-in-time ..............................28

    2.6.1 Kanban .................................................................................28

    2.6.2 Clulas de Manufatura..........................................................30

    2.6.3 Nivelamento da Produo.....................................................32

    2.6.4 Padronizao da Produo...................................................32

    2.6.5 Lead-time..............................................................................32

    2.6.6 Set-Up...................................................................................33

    2.7 JIT e os Desperdcios nos Processos.................................................34

    2.8 Caracterizao da Produo em Srie................................................35

  • 10

    3. ESTUDO DE CASO: PRODUO EM SRIE DE MVEIS...............................37

    3.1 Histrico da Indstria Moveleira...........................................................37

    3.2 Caracterizao da empresa investigada..............................................39

    3.2.1 Etapas do processo de produo..........................................39

    3.2.2 Diagnstico dos pontos fortes e pontos fracos......................43

    3.2.3 Relacionamento com fornecedores.......................................44

    3.2.4 . Controle de estoques...........................................................44

    3.2.5 Principais custos de produo e servios..............................45

    3.3 Anlise da coleta de dados ..................................................................50

    4. CONCLUSES....................................................................................................53

    REFERNCIAS...............................................................................................................55

  • 11

    1. INTRODUO

    A crescente globalizao vem aumentando a competio entre as empresas,

    fazendo com que estas necessitem de melhorias nos seus desempenhos produtivos,

    uma vez que esto diante de um mercado que busca diferenciais de qualidade. Com

    esta obrigao imposta pelo mercado, as empresas passam a procurar tecnologias de

    produo que possam melhorar a qualidade, reduzir os custos e, consequentemente,

    contribuir para reduzir o preo de venda dos produtos e servios ou melhorar a

    lucratividade.

    Hoje, as empresas tambm tm necessidade em diminuir os seus

    desperdcios, atravs da melhoria contnua dos seus processos produtivos, alm disso,

    sofrem com a oscilao do mercado, fator este que tende a fazer com que as empresas

    reduzam o nmero de produtos estocados.

    Os orientais, mais especificamente os japoneses, depois da Segunda Guerra

    Mundial, desenvolveram alguns conceitos e filosofias de administrao de processos de

    produo, os quais visam qualidade e melhoria produtiva, eliminando perdas,

    reduzindo os estoques e tentando satisfazer o cliente com a qualidade assegurada dos

    produtos.

    Os japoneses tornaram-se referncias mundiais em sistemas de produo.

    Inicialmente, criaram o sistema Toyota de Produo, o qual permitia que a produo

    fosse feita em lotes pequenos, permitindo uma maior variedade produtiva.

    Posteriormente, surge o Just-in-time, baseado no sistema Toyota de Produo, sendo

    capaz de atender s necessidades e anseios das empresas em aprimorar seus

    sistemas de produo.

    Neste trabalho foi realizado um estudo com a finalidade de verificar se a

    implantao do sistema JIT pode contribuir para a reduo de custos em pequenas

    empresas da indstria moveleira.

  • 12

    1.1 Tema e Problemtica

    A indstria moveleira, assim como as demais indstrias, tem por objetivo

    evoluir, ascender no mercado e obter lucro. Para que isso acontea, deve estar

    preparada para enfrentar a concorrncia, que impe padres de qualidade e de preos.

    O objetivo somente ser alcanado com o constante aperfeioamento dos

    seus produtos, dos sistemas de custos, da mo-de-obra especializada e com

    flexibilidade s necessidades dos processos. Somente assim poder concorrer com a

    variedade e a qualidade da concorrncia. Para tanto, imprescindvel utilizar-se de um

    bom gerenciamento dos processos produtivos.

    Este trabalho prope um estudo a fim de verificar se a implantao do

    sistema JIT pode contribuir para a reduo de custos em pequenas empresas da

    indstria moveleira.

    Desta forma, tem-se como tema: O sistema Just-in-time (JIT) Um estudo de

    caso: Produo em srie de mveis de madeira; e a problemtica: Quais aspectos

    podem ser melhorados com a implantao do sistema JIT em pequenas empresas

    industriais do ramo moveleiro?

    1.2 Objetivo

    Para facilitar o desenvolvimento desta pesquisa, foram divididos os Objetivos

    em: objetivo geral e objetivo especfico.

    1.2.1 Objetivo Geral

    O objetivo geral verificar quais aspectos podem ser melhorados com a

    implantao do sistema JIT em pequenas empresas da indstria moveleira.

  • 13

    1.2.2 Objetivo Especfico

    Apresentar as informaes bibliogrficas do sistema just-in-time

    necessrias para o estudo;

    Comparar o sistema just-in-time e o sistema tradicional, evidenciando

    cada etapa do processo de produo e a melhoria contnua de desempenho

    em uma pequena empresa moveleira;

    Identificar custos, estoques e o sistema de produo da empresa.

    Aplicar esta proposta atravs de um estudo de caso em uma pequena

    indstria moveleira.

    1.3 Justificativa

    A indstria moveleira vem aprimorando novas tcnicas de produo desde a

    Revoluo Industrial. Com o surgimento da produo em srie e, mais tarde, com o

    surgimento de novas tecnologias, houve um aumento da competitividade, uma vez que

    a qualidade dos produtos melhoraram com a adaptao de tecnologias no setor

    produtivo.

    A partir de ento, a forte concorrncia passa a impedir com que as empresas

    aumentem a sua margem de lucro apenas repassando para o valor final dos produtos

    os seus custos e despesas, necessitando assim de um mtodo que auxilie no controle

    de custos e que seja capaz de reduzir desperdcios com matria prima e outros custos

    fixos e variveis.

    Martins (2006, p. 298) esclarece que para sobreviver nesses mercados cada

    vez mais competitivos, a empresa precisa perseguir e alcanar altos nveis de

    qualidade, eficincia e produtividade, eliminando desperdcios e reduzindo custos.

    Os diversos fatores que influenciam nos custos da indstria moveleira

    passam a merecer solues adequadas, pois a contabilidade de custos j deixou de ter

  • 14

    a mera funo de avaliar estoques, passou a assumir papel relevante para a tomada de

    deciso, ajudando a obter equilbrio, organizao e otimizao dos resultados da

    empresa.

    Hoje, o gere0nciamento deixou de ter o enfoque apenas na empresa. O foco

    principal o cliente e a sua satisfao, o que torna a qualidade essencial no apenas

    aos produtos, mas ao processo de produo dos mesmos.

    O sistema JIT o resultado da evoluo com a tentativa de alcanar a

    melhoria continua dos processos de produo, objetivando desenvolver a produo,

    visando qualidade, reduo dos custos com estoques e com desperdcios. Esse

    sistema contribui para a reduo do ciclo de produo e aumenta a diversidade de

    produtos.

    Assim sendo, a contribuio prtica do trabalho est na gerao de

    informaes para os gestores das pequenas empresas do ramo moveleiro, apurando e

    controlando os custos de produo, melhorando os processos e eliminando

    desperdcios, otimizando, com isso, os resultados e fornecendo subsdios para a

    formao do preo de venda dos produtos finais da empresa.

    1.4 Metodologia

    Para realizar a pesquisa deste trabalho so necessrios alguns conceitos

    que favoream o entendimento e o direcionamento da pesquisa efetuada pelo

    acadmico.

    Segundo Lakatos e Marconi (1985, p.15), a monografia:

    [...] trata-se, portanto de um estudo sobre tema especifico ou particular, com suficiente valor representativo e que obedece a rigorosa metodologia. Investiga determinado assunto no s em profundidade, mas tambm em todos os ngulos e aspectos, dependendo dos fins que se determina.

    Ainda para Marconi e Lakatos (1990, p. 204), a monografia um tratamento

    escrito de um tema especifico que resulte de interpretao cientifica com escopo de

  • 15

    apresentar uma contribuio relevante ou original e pessoal cincia.

    Deste modo, a metodologia da pesquisa veio para ordenar as idias e

    transformar-las em um trabalho cientfico. A tipologia da pesquisa enquadrada

    segundo os objetivos estabelecidos no estudo.

    Esta pesquisa tem metodologia descritiva e exploratria, visando averiguar,

    atravs de um estudo de caso, o impacto da implantao do sistema just-in-time (JIT)

    nas pequenas empresas da indstria moveleira e a sua contribuio para a reduo de

    custos. So ainda apresentados conceitos e fundamentaes do just-in-time, sobre o

    just-in-time no Brasil, just-in-time versus sistema clssico de produo, Gesto de

    Estoques JIT, Custos de produo relevantes a aplicao JIT, as principais ferramentas

    do Sistema Just-in-time, JIT e os desperdcios no processo de produo e, as

    ferramentas JIT necessrias, ainda, por fim, ser esboado um histrico da indstria

    moveleira e a caracterizao da produo em srie.

    Para reunir os dados imprescindveis para a anlise e aplicao desse

    sistema so indispensveis levantamentos bibliogrficos e documentais e a anlise de

    exemplos que estimulem o entendimento da pesquisa em um estudo de caso. Tambm

    foi feito levantamentos atravs de entrevista com o gerente de produo da empresa

    estudo, o qual respondeu a um questionrio para viabilizar a pesquisa.

    A empresa, objeto do presente estudo de caso, uma pequena indstria do

    plo moveleiro da cidade de Lagoa Vermelha/RS. A pedido da empresa a sua Razo

    Social no ser mencionada. Esta empresa ter a denominao de Empresa Estudo.

    1.5 Limitao da Pesquisa

    O trabalho pretende configurar a aplicabilidade do sistema just-in-time no

    processo de produo contnua de mveis feitos em madeira na Empresa Estudo.

    Limita-se ao estudo direcionado apenas ao processo de produo e aos custos de trs

    modelos de Racks de tal Empresa, so eles: Itlia, Roma e Veneza.

  • 16

    1.6 Organizao da Pesquisa

    Este trabalho divide-se em 4 captulos, onde so abordados os contedos da

    seguinte forma:

    O Capitulo 1 apresenta, atravs da introduo, o tema e o problema, o

    objetivo geral e o especifico, a justificativa sobre o estudo e a forma adotada para a

    organizao do trabalho.

    O Capitulo 2 apresenta os fundamentos tericos do conceito de just-in-time.

    Tambm aborda: Just-in-time no Brasil, just-in-time versus sistema clssico de

    produo, Gesto de Estoques JIT, Custos de produo relevantes aplicao JIT, as

    principais ferramentas do Sistema Just-in-time, JIT e os desperdcios no processo de

    produo, as ferramentas JIT necessrias, e por fim, a caracterizao da produo em

    srie.

    O Capitulo 3 apresenta um estudo de caso na empresa Estudo.

    No capitulo 4, e ltimo, so apresentadas as concluses da pesquisa.

    E por ultimo as Referncias.

  • 17

    2 FUNDAMENTAO TERICA

    Neste item so abordados os fundamentos tericos do conceito de just-in-

    time. Tambm so abordados: Just-in-time no Brasil, just-in-time versus sistema

    clssico de produo, Gesto de Estoques JIT, Custos de produo relevantes

    aplicao JIT, as principais ferramentas do Sistema Just-in-time, JIT e os desperdcios

    no processo de produo, as ferramentas JIT necessrias e, por fim, a caracterizao

    da produo em srie.

    2.1 Conceito de Just-in-time (JIT)

    A filosofia just-in-time, segundo Corra e Gianesi (1996), surgiu aps a

    Segunda Guerra, no Japo, durante a crise gerada pelo perodo ps-guerra. Durante

    este perodo, a indstria japonesa estava passando por grandes dificuldades com a

    produtividade e a enorme falta de recursos, o que tornava difcil implantar os sistemas

    tradicionais de produo em massa. Neste nterim a mo-de-obra especializada era

    abundante devido s demisses e algumas empresas passaram a acreditar que essa

    mo-de-obra poderia ser utilizada para o benefcio das entidades. A implementao de

    uma nova filosofia de administrao de processos comeava a ser desenvolvida.

    A Toyota Motors Company foi uma das empresas a desenvolver e evoluir os

    seus pensamentos de produo. Na dcada de 70, segundo Ohno (1997), o sistema

    Just-in-time passa a ser utilizado como um eficiente sistema capaz de otimizar o uso de

    recursos de capital, mo-de-obra e reduo de estoques. Este sistema uma evoluo

    de sistemas j existentes para desenvolver e operar manufaturas, pois, medida que

    as empresas se expandem, h a necessidade de alterar antigos procedimentos e

    funes e incluir novos.

  • 18

    Este sistema foi implementado pela Toyota na tentativa de coordenar a

    produo com a demanda, sem a necessidade de estocagem de produtos e sem

    atrasos na entrega dos mesmos para os clientes.

    O sistema Toyota de Produo permitia que a produo fosse feita em lotes

    pequenos, viabilizando uma maior variedade de produtos.

    Ainda segundo Ohno (1997), o JIT tambm conhecido como Produo

    Enxuta ou Lean Manufacturing, e trabalha com a melhoria contnua e com a melhoria

    do desempenho produtivo da empresa. Embora alguns autores digam que o JIT ajuda

    a simplificar os processos, ele um sistema demorado de ser aplicado, mas se adapta

    de forma eficiente s necessidades de otimizao da produo. Ohno (1997), Esclarece

    o significado da produo Enxuta como sendo uma filosofia, que reduz os tempos dos

    processos, reduz os tempos de entrega dos produtos, reduzindo os custos, com

    qualidade elevada e reduzindo os desperdcios.

    No sistema de produo japons a preocupao com a qualidade dos

    produtos extrema e eles no o consideram apenas um sistema, mas sim uma filosofia

    de administrao de produo.

    Argumenta Padoveze (1994, p. 384):

    O JIT enfoca que as compras de materiais s devem ser feitas em quantidade e no momento exato da necessidade da produo, processadas em seguida e os produtos concludos devem imediatamente ser expedidos aos clientes. Assim, a empresa no deve ter estoques de matrias, pois os fornecimentos de matrias devem ser feitos no momento certo do inicio da produo; no deveria ter estoques de produo em processo porque as partes e peas s devem ser montadas no momento certo de concluso dos produtos e no de veria ter estoques de produtos acabados porque os produtos s devem ser concludos no momento certo de entrega aos clientes.

    Na produo tradicional verifica-se a necessidade de estoques, j com o JIT

    a palavra estoque significa desperdcio. O JIT visa uma maior otimizao do processo,

    sendo importante a eliminao de estoques desnecessrios, tanto de matria-prima,

    quanto de produtos em processo e produtos acabados, pois os estoques vinculam

    recursos como o caixa, o espao e a mo-de-obra.

  • 19

    Verifica-se que quando a empresa possui tempo de fabricao muito longo

    h um acmulo nos estoques de produtos em processos, prejudicando a produo e a

    imagem da empresa no mercado e aumentando os custos.

    Cita Padoveze (1994, p. 384):

    Os principais elementos para implementar o sistema JIT em uma empresa. a) A empresa deve aprender a trabalhar com poucos fornecedores, de confiana e que assegurem a quantidade e prazos de entrega de materiais; b) Os fornecedores devem ter condies de entregar os materiais em lotes pequenos, de forma rpida, continua e integrada com o fluxo de produo da empresa compradora, em intervalos de tempo pequenos, dirios ou at horrios; c) A empresa deve implementar a filosofia TQC, de forma que a qualidade durante todo o processo de fabricao seja assegurada e que nenhum defeito seja permitido durante o processamento fabril; d) A empresa dever ter operrios multiespecializados, de forma a atender a produo de forma flexvel, e provavelmente dever rearrumar a fbrica dentro do conceito de ilhas ou clulas de produo.

    Como o citado por Padoveze (1994), a empresa necessitar de funcionrios

    multifuncionais, que conheam outras tarefas alm das que j exercem e tambm deve

    conhecer e operar mais de uma mquina, aumentando assim a mo-de-obra

    multiespecializada e reduzindo os custos com o excesso de mo-de-obra ociosa

    durante o processo de produo.

    Para que esse sistema de qualidade de processos seja implantado so

    necessrias algumas prticas bsicas de trabalho.

    Segundo Slack et al. (1997, p. 481):

    1. Disciplina. Os padres de trabalho que so crticos para a segurana dos membros da empresa e do ambiente, assim como para a qualidade do produto, devem ser seguidas por todos e por todo o tempo. 2. Flexibilidade. Deve ser possvel expandir as responsabilidades ao limite da qualificao das pessoas. Isto se aplica tanto aos gerentes quanto ao pessoal do cho de fbrica. As barreiras flexibilidade, como as estruturas organizacionais e prticas restritivas, devem ser removidas. 3. Igualdade. Polticas de recursos humanos injustas e separatistas devem ser descartadas. Muitas organizaes tradicionais oferecem condies diferentes para diferentes nveis de pessoal: estacionamentos e refeitrios especiais para funcionrios de escritrio, por exemplo. Empresas japonesas, mesmo fora do Japo, esto levando a mensagem igualitria mais adiante

  • 20

    uniformes comuns, estruturas de salrios consistentes, as quais no fazem diferena entre funcionrios mensalistas e horistas, alm de escritrios abertos. At mesmo a gravata de um gerente pode ser considerada uma barreira potencial comunicao. 4. Autonomia. Outro principio delegar cada vez mais responsabilidades s pessoas envolvidas nas atividades diretas do negocio, de tal forma que a tarefa da gerncia seja a de dar suporte ao cho de fbrica. Tal autonomia est presente na operao JIT em atividades como as seguintes: - Autoridade para parar a linha: se ocorre um problema na qualidade, um operador da linha de montagem tem autoridade para parar a linha. - Programao de materiais: componentes so fabricados de acordo com regras bem estabelecidas (por exemplo, no produzir mais, a menos que o cliente necessite de mais). Muitos aspectos rotineiros da programao de materiais podem, portanto, ser transferidas de um sistema central de controle de produo para o cho de fbrica. - Coleta de dados: dados relevantes ao monitoramento do desempenho do cho de fabrica so coletados e utilizados pelo pessoal do cho de fabrica. - Resoluo de problemas: O pessoal de cho de fbrica tem a prioridade na resoluo dos problemas que afetam seu prprio trabalho. Somente se necessitam auxilio de especialistas que esta ajuda deve ser procurada. 5. Desenvolvimento de pessoal. Ao longo do tempo, o objeto criar mais membros da empresa que possam suportar os rigores de ser competitivo. Isso assegura um mix de pessoas mais rico trabalhando em atividades de aprimoramento, do que em empresas medianas. Isto parcialmente conseguido pelo desenvolvimento pessoal de longo prazo dos funcionrios. 6. Qualidade de vida no trabalho. Muitos conceitos do JIT caem nesta categoria. Por exemplo: - envolvimento no processo de deciso; - segurana de emprego; - diverso; Instalaes da rea de trabalho. 7. Criatividade. Este um dos elementos indispensveis da motivao. Muitos de ns no s apreciam fazer seus trabalhos com sucesso, mas tambm aprimor-los para a prxima vez em que for feito.

    Esse sistema transmite a simplicidade e a flexibilidade das tcnicas e dos

    fatores de produo, dando eficcia aos processos, maior visibilidade das condies do

    cho-de-fbrica, aprimorando a qualidade e, atravs das ferramentas, padroniza e d

    estrutura produo.

    Ainda para Padoveze (1994), para simplificar o estudo do sistema, o JIT

    possui trs idias bsicas:

    1 Integrao e Otimizao: tudo que no agrega valor desnecessrio

    produo e deve ser eliminado.

    2 Melhoria Continua: desenvolvimento dos sistemas internos que levam

    melhoria constante dos processos.

  • 21

    3 Entender e responder s necessidades dos clientes: Isto significa a

    responsabilidade de entender e responder s necessidades de qualidade, prazo de

    entrega e custos dos produtos. Os custos de aquisio dos produtos pelo cliente devem

    ser os mnimos possveis.

    2.2 Just-in-time no Brasil

    No Brasil, esse sistema passou a ser aplicado ainda no final da dcada de

    70, embora ainda no de forma efetiva, mas parcialmente, por um nmero pequeno de

    empresas. A partir da dcada de 80, como mencionado por Profeta (2003), devido

    globalizao econmica mundial e com o crescente desenvolvimento das tecnologias

    de informao, o mercado tornou-se altamente competitivo, lanando um desafio para

    que as empresas buscassem a atualizao imediata de seus processos.

    A partir de ento comea uma busca para alcanar a competitividade

    empresarial, sendo necessria para a sobrevivncia das empresas brasileiras neste

    mercado em ascenso econmica.

    Em sua dissertao Dikesch (1999) argumenta que aps observar os altos

    ganhos que o sistema japons estava proporcionando s empresas no ocidente e com

    a destinao de produo a terceiros, empresas como a General Motors e Eletromar, a

    partir da dcada de 80, passam a adotar o just-in-time no Brasil. Durante este perodo o

    pas passava por problemas econmicos que dificultavam a adoo do sistema. Um

    destes problemas, se no o maior, era a inflao, pois afetava diretamente os valores

    dos custos, principalmente de matria-prima e dos salrios dos funcionrios, o que

    promovia uma constante oscilao nos valores em questo e fazia com que as

    empresas mantivessem elevado nmero de estoques como forma de proteo contra a

    variao dos preos inflacionados.

    Ainda Dikesch(1999), relacionado matria-prima havia o fato de que a

    maior parte era importada, limitando ainda mais a implantao do sistema devido

    demora de chegada dos insumos.

  • 22

    Outra restrio era a tecnologia dos maquinrios, basicamente importada,

    tornando demorada a adaptao das mquinas ao sistema JIT.

    Tambm se tinha dificuldades pelo fato de o produto final ser exportado, uma

    vez que no JIT a filosofia de estoques zero, torna complexo manter a aplicao do

    mesmo com elevada quantidade de produtos em estoque.

    A responsabilidade pela implantao do Just-in-time no Brasil foi monitorada

    pelo Instituto de Movimentao e Armazenagem de Materiais (IMAM), formado

    inicialmente por profissionais liberais, consultores e tcnicos das empresas. Este

    Instituto comeou a realizar inmeros cursos sobre a filosofia JIT na espectativa de

    discemin-la no Brasil.

    Com o desenvolvimento e a adaptao dessa filosofia legislao brasileira,

    o que ocorreu a partir da dcada de 90, as restries foram sendo reduzidas, com a

    estagnao da frequente oscilao da inflao, estabilizando a fora da moeda nacional

    e facilitando a implantao do JIT pelas empresas.

    Junto filosofia Just-in-time, que prometia a simples e eficiente otimizao

    de manufaturas, veio o sistema Kanban, sendo implantado como ferramenta de

    organizao e planejamento dos processos na tentativa de otimizar os resultados.

    2.3 Just-in-time versus Sistema Clssico de Produo

    O Just-in-time inicia com a verificao da necessidade de insumos para os

    processos, sendo solicitada ao fornecedor a matria-prima necessria para a produo

    do pedido realizado pelo cliente. Com isso, reduz-se a necessidade de estoques

    durante todo o processo produtivo.

    Segundo Pereira (1996), no sistema clssico o processo j inicia com

    estoques de matria-prima, pois os insumos j foram adquiridos dos fornecedores,

    independente de necessidade prvia de produo, sendo considerado pelos

    administradores deste sistema como investimento.

  • 23

    Esse mtodo conhecido por empurrar a linha de produo at o produto

    estar pronto e estocado. Tambm comum no sistema clssico a superproduo como

    forma de antecipar a demanda e reduzir a capacidade ociosa, sendo, desta forma,

    usual o desperdcio e desgastes desnecessrios.

    Com o JIT a produo no empurrada e sim puxada. O processo iniciado

    a partir do pedido feito pelo cliente. Atravs do mtodo Kanban, a produo puxada

    pela necessidade de produo e, consequentemente, h a necessidade de insumos

    para que seja realizada a produo. Estes insumos so solicitados aos Fornecedores,

    somente o necessrio.

    O sistema clssico opera com produo em massa, de grandes lotes. J no

    JIT possvel ter uma maior flexibilidade da produo, podendo ter maior nmero de

    produtos em lotes pequenos.

    No quadro 1 mostra-se o resumo do sistema clssico versus Just-in-time:

    SISTEMA CLSSICO SISTEMA JUST-IN-TIME

    ESTOQUES

    (inventrios)

    d segurana; indispensvel

    produo; um investimento.

    desperdcio; exige uma grande imobilizao de

    Capital; requer espao; exige controles e

    movimentao; representa srios riscos, devendo

    ser eliminado.

    SUPERPRODUO Aproveita toda a capacidade

    ociosa.

    desperdcio; no necessrio; amarra o capital

    e, conseqentemente, apresenta riscos.

    PARADAS E

    ESPERAS

    So um mal necessrio que faz

    parte do processo produtivo.

    So consideradas desperdcios e no fazem

    parte do processo produtivo.

    MOVIMENTAO DE

    MATERIAIS

    necessrio produo, s

    devendo ser reduzida e agilizada.

    deve ser eliminada.

    PREPARAO E

    TROCAS

    devero ser executadas por

    equipes especializadas.

    devero ser executadas pelo prprio operador.

    PRODUO

    DEFEITUOSA

    um desperdcio;

    gera retrabalho e perdas;

    deve ser minimizada.

    um desperdcio;

    gera retrabalho e perdas; deve ser minimizada.

    ORGANIZAO

    E LIMPEZA DA

    FBRICA

    so um desperdcio de tempo;

    lugar arrumado indica que a

    pessoa trabalha pouco.

    necessrias para o processo produtivo.

    FORNECEDORES relao direta. relao direta e conjunta.

    QUADRO 1: Sistema clssico versus Just-in-time FONTE: Pereira (1996, p.18)

  • 24

    2.4 Gesto de Estoques JIT

    A gesto de estoques pelas entidades sempre foi um fato preocupante

    devido ao alto nvel de investimentos que essa unidade necessita. Tambm exige um

    espao para armazenagem do material. No sistema Just-in-time no h a necessidade

    de estoques, apenas h um estoque mnimo para assegurar a produo, pois um

    sistema de puxar.

    Os insumos s sero necessrios a partir do momento em que forem

    utilizados (puxados) na linha de produo, reduzindo os custos com estocagem devido

    ao alto rigor em evitar estoques durante todo o processo.

    Segundo Correa e Gianesi (1996, p. 58):

    Os estoques do independncia cada fase produtiva, de modo que os problemas de uma fase no atinjam as fases subseqentes. Na filosofia Just-in-time, por outro lado, os estoques so considerados nocivos, tambm por ocuparem espao e representarem altos investimentos em capital, mas, principalmente, por esconderem os problemas da produo que resultam em baixa qualidade e baixa produtividade. A presena de estoques tira a ateno da gerncia para problemas srios de qualidade e falta de confiabilidade de equipamentos e fornecedores, problemas estes que a filosofia Just-in-time, procura eliminar ainda que, apesar do conforto dado pelos estoques a gerncia, procure manter a ateno na eliminao dos problemas de processo, a presena de estoques dificulta a identificao desses problema.

    Ainda na viso de Correa e Gianesi (1996), na filosofia japonesa os estoques

    so considerados desperdcios de recursos e encobrem a presena de falhas e a falta

    de qualidade, que neste sistema ser rastreado e eliminado, evitando riscos para a

    empresa.

    A questo do sistema eliminar os estoques, no significa que no ter

    reserva de insumos necessrios para manter o fluxo de produo, mas estoque apenas

    como segurana, evitando ociosidade no processo.

    Com a aplicao deste sistema a empresa passa a ter uma alta ligao e

    dependncia com os fornecedores. A confiabilidade nos fornecedores passa a ser

    essencial, por isso deve-se reduzir a diversidade destes e permanecer com nmero

  • 25

    restrito de fornecedores, mas com confiabilidade. Esse ponto de vista emprega certa

    resistncia na adoo desse sistema pelas empresas.

    2.5 Custos de Produo relevantes aplicao do JIT

    Para que uma empresa possa oferecer um produto ao mercado com bom

    preo, alm de possuir qualidade e satisfazer as necessidades do cliente, deve avaliar

    os seus custos internos de produo.

    Um dos grandes problemas das empresas sempre foi como conseguir

    qualidade para seus produtos e ao mesmo tempo baixos custos, pois qualidade

    normalmente exige emprego de custos. Esta qualidade que impulsiona as empresas a

    reduzirem seus custos, desenvolvendo a pesquisa cientfica e tecnolgica.

    Os custos de produo dividem-se, basicamente, em Custos Fixos e

    Variveis. Para Martins (2006, p.49), a classificao mais importante de custos a que

    leva em considerao a relao entre o valor total de um custo e o volume de atividade

    numa unidade de tempo. Divide basicamente os custos em fixos e variveis.

    Martins (2006, p. 51) salienta ainda que: Todos os custos podem ser

    classificados em fixos ou variveis e em diretos ou indiretos ao mesmo tempo. Assim, a

    matria-prima um custo varivel e direto. Os custos variveis so sempre diretos por

    natureza, embora possam, s vezes, ser tratados como indiretos por razes de

    economia.

    Para as empresas a classificao dos custos importante, pois torna visveis

    quais custos devem ser alocados ao produto.

    2.5.1 Custos Fixos e Variveis

    Os custos fixos so os que permanecem inalterados, independentes da

    variao de volume produtivo. Esses custos no mudam de valor. Incluem os gastos

  • 26

    com edificaes a mo-de-obra indireta, a manuteno de setores no diretamente

    envolvidos na atividade de produo, os equipamentos e outros elementos que definem

    genericamente a capacidade instalada da empresa.

    Berto e Beuke (2005, p. 23) esclarecem que os custos fixos tm como

    principal caracterstica de se manterem inalterados face ao volume da atividade, dentro

    de certos limites de capacidade, ou seja, no se modificam em razo do crescimento ou

    da retratao do volume dos negcios dentro de seus limites.

    J os custos variveis compreendem os insumos necessrios produo

    (matria-prima e outros materiais intermedirios), a mo-de-obra direta e outros fatores

    envolvidos nas atividades de produo, como energia eltrica.

    Com a soma do Custo Fixo (CF), mais o Custo Varivel (CV), obtm-se o

    custo total (CT).

    Ainda, segundo Berto e Beuke (2005), o custo total uma importante

    informao para obter-se o preo de venda (PV). Muitas empresas apenas calculam o

    preo de venda pela frmula, multiplicando a ela uma porcentagem considerada lucro.

    Com esse mtodo pode parecer que a empresa est obtendo um lucro alto, mas pode

    ocorrer o contrrio, pois no se est levando em conta os custos com tempo de espera

    dos produtos enquanto as mquinas processam outro produto, leva-se em conta

    apenas os custos de processamento. Ainda tem o custo com produtos defeituosos,

    devido m qualidade.

    Assim se encontra o custo financeiro e o custo pela m qualidade:

    - Custo Financeiro: o custo de permanncia total do produto na empresa,

    desde sua entrada como matria-prima, at sua entrega como produto acabado.

    - Custo pela m qualidade: o custo pela falta de qualidade dos produtos

    ocorrida durante os processos. Exemplos: defeitos e falta de peas.

    J com a filosofia Just-in-time, os custos financeiros so minimizados e os custos

    pela m qualidade so eliminados.

    Passando a utilizar a frmula:

    Preo de Venda = Custos + Lucro

  • 27

    Com esta filosofia alguns custos que antes no eram analisados passaram a

    receber um tratamento fundamental, o caso dos desperdcios, que a partir de ento

    passaram a receber tratamento especial e mensurado. Exemplos: desperdcios com

    energia, gua, estoques, embalagem, etc.

    Ainda h os custos com o reenvio dos produtos defeituosos para um reprocesso,

    passando a compor os custos do produto e, consequentemente, o preo de venda.

    2.5.2 Margem de contribuio

    A margem de contribuio representa em porcentagem ou em valor unitrio o

    quanto cada produto contribui para o pagamento dos custos fixos.

    Para uma anlise gerencial torna-se ariscado tomar uma deciso com base

    no lucro. Sendo os custos variveis fceis de serem alocados, so diretamente

    interligados ao produto e ao volume de produo; j os custos fixos so de difcil

    alocao aos produtos.

    Martins (2006 p.179) descreve que:

    Margem de contribuio por unidade a diferena entre o preo de venda e o Custo Varivel de cada produto; o valor que cada unidade efetivamente traz empresa de sobra entre sua receita e o custo que de fato provocou e que lhe pode ser imputado sem erro.

    Ainda seguindo o raciocnio de Martins (2006), podem-se verificar atravs da

    margem de contribuio alguns fatores limitantes da produo, que podero aumentar a

    lucratividade. Atravs do fim, ou da reduo da produo de produtos que possuem

    margem de contribuio pequena, possvel aumentar a capacidade de produo de

    outros que possuam maior margem de contribuio.

  • 28

    2.6 Principais Ferramentas do Sistema Just-in-time

    A produo caracterstica do JIT a em lotes puxados, segundo Ohno

    (1997) a produo dos lotes puxada pela demanda, o processo s ter inicio aps a

    solicitao do cliente, estabelecendo as operaes posteriormente sequncia de

    processos necessrios, no havendo produtos em excesso nos lotes. importante

    classificar as tcnicas, pois so elas que tratam do controle dos processos de produo

    e dos respectivos planejamentos e ajudam o JIT a identificar os desperdcios e a

    programar os estoques. Essas tcnicas ou ferramentas so relacionadas a fim de

    especificar a qualidade do sistema a ser implantado.

    2.6.1 Kanban

    O Sistema Kanban nasceu da necessidade de organizao da variedade de

    produtos em pequenos lotes.

    Para Slack et al. (1997), o Kanban responsvel pelo controle dos

    processos de produo, controlando o envio dos produtos durante os nveis de

    produo, na quantia certa, no tempo exato e no momento oportuno; tambm solicita

    aos fornecedores o material necessrio. Este sistema se confunde ao JIT, muitas vezes

    at utilizado como sinnimo.

    Denominado tambm como correia invisvel, o Kanban interliga todas as

    operaes internas de fabricao e fornecimentos de matria-prima. Este mtodo

    tambm pode ser reconhecido por ser um dispositivo visual, destinado a orientar a linha

    de produo, com cdigos e ferramentas que identifiquem a produo e que possam

    servir de controle para os estoques de produo.

    Para, Slack et al. (1997, p. 486):

    Os Kanbans podem tambm tomar outras formas. Em algumas empresas japonesas, eles no so constitudos de marcadores plsticos, ou ainda bolas

  • 29

    de ping-pong coloridas, com diferentes cores representando diferentes componentes. H, tambm, diferentes tipos de Kanban. - O Kanban de transporte. Um Kanban de transporte usado para avisar o estgio anterior que o material pode ser retirado do estoque e transferido para uma destinao especfica. Este tipo de Kanban normalmente ter detalhes como nmero e descrio do componente especfico, o lugar de onde ele deve ser retirado e a destinao para qual ele deve ser enviado. - O Kanban de produo. Um Kanban de produo um sinal para um processo produtivo de que ele pode comear a produzir um item para que seja colocado em estoque. A informao contida neste tipo de Kanban normalmente inclui nmero e descrio do componente, descrio do prprio processo, materiais necessrios para a produo do componente, alm da destinao para a qual o componente ou componentes devem ser enviados depois de produzidos. - O Kanban do fornecedor. Kanbans de fornecedor so usados para avisar ao fornecedor que necessrio enviar material ou componentes para um estgio da produo. Neste sentido, ele similar ao Kanban de transporte, porm normalmente utilizado com fornecedores externos.

    A demanda neste sistema imprescindvel, pois atravs dela que ser

    gerenciado todo o processo de produo, ou melhor, ser puxado atravs dela. Neste

    mtodo quem decide o que vai ser produzido o cliente. S vir matria-prima, s ser

    produzido, s ser entregue, aps a emisso do pedido.

    Basicamente, o que esse mtodo busca identificar operaes que

    agreguem valor, investig-las individualmente, e atravs das tcnicas de tentativa e

    erro, encontrar uma sada que satisfaa as necessidades agregadas. Atravs do

    Kanban consegue-se eliminar os custos com desperdcios e outras funes

    desnecessrias ao processo de produo.

    Ohno (1997, p. 48) cita as funes e regras de utilizao do Kanban:

    Funes do Kanban 1- Fornecer informaes sobre apanhar ou transportar. 2- Fornecer informaes sobre a produo. 3- Impedir a superproduo e o transporte excessivos. 4- Servir como uma ordem de fabricao afixada as mercadorias. 5- Impedir produtos defeituosos pela identificao do processo que os produz. 6- Revelar problemas existentes e manter o controle de estoques. Regras de Utilizao 1- O processo subseqente apanha o nmero de itens indicados pelo Kanban no processo precedente. 2- O processo inicial produz itens na quantidade e seqncia indicadas pelo Kanban. 3- Nenhum item produzido ou transportado sem um Kanban. 4- Serve para fixar um Kanban s mercadorias. 5- Produtos defeituosos no so enviados para o processo seguinte. O resultado Mercadorias 100% livres de defeitos. 6- Reduzir o nmero de Kanbans aumenta sua sensibilidade aos problemas.

  • 30

    Neste processo a reduo dos estoques to elevada que praticamente

    possvel dizer que no existem estoques.

    Ohno (1997) salienta que com a informatizao do sistema possvel

    solicitar insumos aos fornecedores imediatamente quando necessrio, devido ao

    rigoroso controle de estoques, passando a ser mais efetivo e racional e atingindo a

    filosofia de estoque zero. Da mesma forma ele controla os suprimentos de todos os

    setores de produo da empresa, otimizando o tempo e reduzindo os gargalos de

    produo.

    Esse mtodo possibilita a evidenciao de qualquer defeito, uma vez que

    melhora a qualidade do produto e dos processos, evita desperdcios com horas

    excedentes de trabalho e o desgaste desnecessrio com mo-de-obra, com insumos e

    com estoques.

    2.6.2 Clulas de Manufatura

    Segundo Pereira (1996), as clulas de manufatura permitem melhorar a

    organizao do processo produtivo, melhorando a sincronizao do sistema. So

    organizados os insumos para a produo, o que agiliza as atividades das mquinas. As

    mquinas, normalmente nesse tipo de processo, so organizadas em forma de U, que

    a partir de ento formaro um conjunto com poucos funcionrios, que produzir peas

    similares, trabalhando com os mesmos insumos j organizados, com a quantia

    necessria para produzir o nmero de produtos finais solicitados no pedido pelo cliente.

    Alm das clulas em U ainda existem outras como:

    - Mquina Clula: onde se tem uma nica mquina com elevada capacidade

    de produo.

    - Clula em linha: para mquinas interligadas, com transporte automtico

    entre elas.

    Independente da Clula utilizada importante que as mquinas fiquem

    prximas para facilitar o trabalho e o fluxo entre elas.

  • 31

    A indstria pode ter vrios tipos de clulas de manufatura, dependendo do

    ramo de atividade, processos e tipo de produto. O tamanho de cada clula tambm

    depender do tipo de produto a ser produzido.

    Mas cada clula segue as mesmas caractersticas e princpios do sistema

    JIT: minimizao de estoques, multifuncionalidade, produo conforme a demanda,

    qualidade nos processos e produto final.

    O Kanban tambm facilita a organizao e agilidade na produo com a fcil

    visualizao dos insumos e peas pelos pontos de trabalho.

    Pereira (1996, p. 24) comenta em seu trabalho de concluso de curso alguns

    pr-requisitos para garantir a eficcia das Clulas:

    -as mquinas devem ser agrupadas o mais prximo possvel, facilitando o deslocamento das peas entre os pontos de trabalho; -as mquinas devem manter uma mesma altura de trabalho, para evitar que os operadores tenham que subir e descer degraus; -o fluxo das peas, preferencialmente, deve ser continuo e sem retorno; -os tempos de preparao (set-up) devem ser muito curtos, sendo que o ideal seria set-up de um dgito (at 9,9 min.); -a localizao de cada posto de trabalho deve permitir a intervisualizao dos demais; -a conservao/limpeza dos equipamentos deve ser feita pelos prprios operadores; -os operadores devem ser treinados, a fim de que se tornem multifuncionais; -os dispositivos de inspeo devem ser estocados na prpria clula; -a programao deve ser feita sem controles indiretos, atravs do Kanban.

    fundamental para o bom funcionamento das clulas de manufatura que o

    tempo de preparao (set-up) seja bem organizado, evitando o desperdcio de tempo

    com a organizao de material para os processos.

    Figura 01: Clula de Manufatura em U. Fonte: KAIBARA (1998).

  • 32

    A figura 01 exemplifica uma clula de manufatura em U, com sete mquinas

    operadas por dois funcionrios (A e B) e mo-de-obra multifuncional e flexvel.

    2.6.3 Nivelamento da Produo

    O JIT necessita de um nivelamento da produo, mantendo a produo

    constante e adequando os processos para a perfeita funcionalidade do sistema. Com

    isso, permite-se atender aos pedidos de clientes no tempo exato estimado.

    2.6.4 Padronizao da produo

    A padronizao da produo torna-se necessria, principalmente para as

    pequenas empresas, pois assim conseguem competir com a diversidade do mercado, j

    que diminui o nmero de produtos e mantm a produo de alguns outros especficos

    que possuam interligao de insumos e atividades, padronizando a produo.

    Segundo Dikesch (1999), com a padronizao possvel evitar perdas com a

    regulagem de uma mquina para executar diversas medidas, o que leva a produo

    contnua de produtos similares. A padronizao torna o processo mais preciso e a mo-

    de-obra mais eficiente e harmnica, levando a empresa qualidade total de seus

    produtos.

    2.6.5 Lead-time

    O lead-time o tempo despendido entre o pedido feito pelo cliente, at a

    entrega do produto ao mesmo. Segundo Dikesch (1999), este tempo deve ser

  • 33

    minimizado com a utilizao de Kanbans e de outras ferramentas do JIT apresentadas

    no estudo. O lead-time um dos primeiros indicadores de custos do processo, estando

    diretamente ligado ao conceito de produtividade para a empresa.

    Com o lead-time minimizado, muitos custos so eliminados, assim como o

    tempo de espera e de movimentao desnecessria. Tambm necessrio adapt-lo

    s mudanas de demanda.

    Com o nvel de estoques reduzido, a reduo de produto em processo e os

    nveis de defeitos e desperdcios tambm devem ser eliminados, diminuindo o tempo de

    fabricao dos produtos.

    2.6.6 Set-Up

    Set-Up o tempo de troca de mquinas. Como os demais tempos, se no for

    adequado ao sistema pode trazer dificuldades restritivas ao processo de produo, pois

    set-up agrega todo o processo de mudar a produo e regular as mquinas para

    produzir um produto diferente, independente do tipo de produo, contnua ou por

    encomenda.

    Dikesch (1999) afirma que o set-up deve ser minimizado, pois esse tempo

    eleva os custos. Um dos auxiliares para este item a padronizao das operaes que

    reduz o tempo e os desperdcios entre a produo de diferentes produtos.

    O Kanban permite que sejam administrados, agilizados e organizados os

    insumos, facilitando o fluxo e auxiliando na reduo dos set-up. Em sua dissertao

    Dikech (1999, p. 95-96) cita Shingo (1996):

    O tempo de set-up requer alteraes nas atitudes de todo o pessoal da fbrica, pois a simples troca de uma ferramenta no deve ser tcnica. Nas companhias japonesas, a reduo do tempo de troca de ferramentas implantada pela ao de grupos de trabalhadores, os crculos de controle de qualidade (CCQ) ou ZD (Zero Defeitos).

  • 34

    Ainda quanto reduo do tempo de set-up das mquinas, Dikesch (1999, p.

    96) cita Harmon (1993) o qual diz que tal reduo importante por trs razes:

    a) o tempo alto de set-up da mquina, aumenta o tempo dos lotes produzidos e o investimento em estoques. Eliminando tais distores, os investimentos passam a ser direcionados para a produo enxuta e diria. b) Com as novas tcnicas de set-up, mais simples e rpidas, diminuem as possibilidades de erros na regulagem de ferramentas, instrumentos e a necessidade de inspeo. c) Tcnicas de converso rpidas tornam disponveis a capacidade adicional da mquina, diminuindo possibilidades de aquisio de outras.

    Ficando evidente a importncia da reduo dos set-up para o sistema de

    produo.

    2.7 JIT e os desperdcios nos processos

    O objetivo de eliminar os desperdcios nos processos passou a ser fonte de

    preocupao para as entidades. Reduzir custos passa a ser essencial e desperdcios

    agregam custos. Com a filosofia JIT todos os desperdcios so analisados, passando a

    ser visveis. No sistema tradicional todos os desperdcios so interligados e facilmente

    encobertos pela complexidade das grandes organizaes. Nas pequenas empresas so

    de fcil visibilidade, mas difceis de serem reduzidos. J na filosofia do just-in-time, os

    custos de produo so coordenados entre os processos, com mo-de-obra qualificada

    e multifuncional e organizao e controle entre os processos.

    Correa e Gianesi (1995, p. 67-69) assim explicam:

    1 Desperdcio de Superproduo: (...) hbito de produzir antecipadamente demanda, para o caso de os produtos serem requisitados no futuro. A produo antecipada, isto maior do que o necessrio no momento provm, em geral, de problemas e restries do processo produtivo. (...) incerteza da ocorrncia de problemas de qualidade e confiabilidade de equipamentos, levando a produzir mais que o necessrio, falta de coordenao entre as necessidades (demanda) e a produo, em termos de quantidades e momentos. 2 Desperdcio de Espera: este desperdcio refere-se ao material que est esperando para ser processado, formando filas que visam garantir altas taxas de utilizao dos equipamentos.

  • 35

    3 Desperdcios de Transporte: a atividade de transporte e movimentao de materiais no agrega valor ao produto produzido e necessrio devido a restries do processo e das instalaes, que impe grandes distncias a serem percorridas pelo material ao longo do processamento. 4 Desperdcio de Processamento: No prprio processo produtivo pode estar havendo desperdcios que podem ser eliminados. Deve-se questionar, por exemplo, por que determinado item ou componente deve ser feito?, qual sua funo no produto?, por que esta etapa do processo necessria?. comum que os gerentes se preocupem em como fazer algo mais rpido, sem antes questionar se aquilo deve realmente ser feito. (...) Qualquer elemento que adicione custo e no valor no produto candidato a investigao e eliminao. 5 Desperdcio de Movimento: os desperdcios de movimento esto presentes nas mais variadas operaes que se executam na fbrica. 6 Desperdcios de produzir produtos defeituosos: problemas de qualidade geram os maiores desperdcios do processo. Produzir produtos defeituosos significa desperdiar materiais, disponibilidade de mo-de-obra, disponibilidade de equipamentos, movimentao de materiais defeituosos, armazenagem de materiais defeituosos, inspeo de produtos, entre outros. 7 Desperdcio de Estoque: os estoques, como j foi comentado, alm de ocultarem outros tipos de desperdcios, significam desperdcios de investimento e espao.

    As perdas para as empresas com estoques significam gastos, ocupao de

    espao e aplicaes desnecessrias, pois para conseguir combater os desperdcios

    necessrio rastrear e organizar todos os processos, buscando as causas dos

    problemas e reduzindo tempo de lead-time e set-up. No mtodo tradicional, os estoques

    significam uma maneira de manter a continuidade do processo, independente da

    demanda. Essa continuidade compromete os processos, aumenta os desperdcios, bem

    como propicia o aparecimento de gargalos na produo.

    2.8 Caracterizao da Produo em Srie

    Segundo Gimenez (1990), a produo em srie a forma de elaborar

    determinado produto com o auxlio de mquinas e funcionrios especializados. A

    matria-prima transformada em produto acabado seguindo sequencialmente diversos

    passos/etapas de transformao da matria. Cada operrio exerce uma funo

    especifica e repetitiva dentro do processo de produo, sendo denominada produo

    em massa.

  • 36

    Este sistema de produo em srie, historicamente, teve incio na indstria

    de automveis Ford, sendo aprimorada aps o sculo XX com o surgimento de novas

    tecnologias de produo, que simplificaram os processos e reduziram os desperdcios.

    Desta forma, surgiram muitos aprimoramentos, tais como os sistemas de produo em

    estudo.

    Na indstria moveleira, a maior parte das empresas possui a produo de

    mveis em srie, caracterstica esta histrica da produo tradicional de mveis.

  • 37

    3 ESTUDO DE CASO: PRODUO EM SRIE DE MVEIS

    Neste captulo apresentado um breve histrico da Industria Moveleira,

    caracterizada a Empresa Estudo. So analisados os pontos fortes e fracos nos

    processos, bem como os principais custos de produo. feita tambm uma anlise

    sobre a possibilidade de implementar o sistema JIT. Por ltimo, faz-se uma breve

    concluso dos benefcios que o sistema JIT pode trazer para a empresa.

    3.1 Histrico da Indstria Moveleira

    O plo moveleiro nacional, segundo a Abimvel (Associao Brasileira das

    Indstrias do Mobilirio, 2005), composto por 16.112 micro, pequenas e mdias

    empresas. Grande parte delas constitudas de capital nacional. A maior parte dos plos

    moveleiros do Brasil est concentrada na regio centro-sul. O plo do estado de So

    Paulo apresenta quantitativo superior de empresas. Contudo, no plo de Bento

    Gonalves, localizado na Regio Sul do pas, mais especificamente no estado do Rio

    Grande do Sul, que est a maioria de mo-de-obra ocupada, como mostram as tabelas

    01 e 02:

    PLOS MOVELEIROS ESTADO EMPRESAS EMPREGADOS

    Ub MG 310 3.150

    Bom Despacho MG 117 2.000

    Linhares e Colatina ES 130 3.000

    Arapongas PR 150 7.980

    Mirassol SP 210 8.500

    So Paulo Regio Metropolitana SP 3.000 9.000

    So Bento do Sul SC 210 8.500

    Bento Gonalves RS 370 10.500

    Lagoa Vermelha RS 60 1.800

    Tabela 01: Plos moveleiros mais importantes. Fonte: Abimvel (2005).

  • 38

    A cidade de Lagoa Vermelha um importante plo moveleiro para o estado.

    A economia municipal movida principalmente pela indstria moveleira e pela

    agricultura. Segundo a Abimvel (2005), o plo de Bento Gonalves e de Lagoa

    Vermelha juntos, possuem 430 estabelecimentos, sendo um dos principais plos do

    estado o que o torna o segundo estado produtor de mveis do pas.

    UNIDADE DA FEDERAO N Empresas. N Trabalhadores.

    Rondnia 123 673

    Acre 34 180

    Amazonas 36 445

    Roraima 8 65

    Par 127 1.682

    Amap 18 71

    Tocantins 39 207

    Maranho 75 1.267

    Piau 64 950

    Cear 336 3.968

    Rio Grande do Norte 119 881

    Paraba 82 609

    Pernambuco 302 2.762

    Alagoas 57 686

    Sergipe 80 552

    Bahia 340 3.775

    Minas Gerais 2.118 22.457

    Esprito Santo 297 4.817

    Rio de Janeiro 632 5.392

    So Paulo 3.821 46.717

    Paran 2.103 28.217

    Santa Catarina 1.961 25.566

    Rio de Grande do Sul 2.467 30.970

    Mato Grosso do Sul 135 713

    Mato Grosso 223 1.547

    Gois 405 3.483

    Distrito Federal 110 810

    TOTAL 16.112 189.372

    Tabela 02: Empresas e Empregados do Setor de Moveleiro/Estado. Fonte: RAIS/2003 - Elaborao: Abimvel, (2005).

    Dentre as empresas do ramo moveleiro que se destacam e que utilizam o

    sistema Just-in-time de produo, pode-se citar: a empresa Ricc Mveis, com sede em

  • 39

    So Paulo SP e a empresa Rudnick, com sede em So Bento do Sul SC.

    No plo moveleiro de Lagoa Vermelha ainda so poucas as empresas que

    buscam novas tecnologias, novos conceitos de produo. A maior parte do setor est

    restrita ao sistema tradicional de produo.

    3.2 Caracterizao da empresa investigada

    A Empresa Estudo foi fundada em 2004 por dois scios. Sua sede localiza-

    se na cidade de Lagoa Vermelha, Rio Grande do Sul. A maior parte das empresas

    situadas no plo moveleiro de Lagoa Vermelha do tipo familiar tradicional, e a

    empresa em estudo est neste grupo, fortalecendo uma tradio familiar em fabricao

    de mveis de mais de 50 anos.

    Inicialmente, a atividade era apenas de fabricao de mveis sob-medida.

    Mais tarde, em 2006, passou a produo de mveis em srie. A produo da empresa

    consiste hoje em fabricar racks e mesas de centro.

    A empresa possui 15 funcionrios no setor produtivo.

    O pavilho onde a empresa exerce suas atividades possui 850m, o qual no

    de sua propriedade.

    3.2.1 Etapas do processo de produo

    Atualmente, a Empresa inicia a sua produo mediante envio dos pedidos

    feitos pelos clientes ao seu representante comercial. Aps isto, analisada a

    capacidade de transporte e prazos para a entrega da mercadoria.

    O modo de produo atual adotado o tradicinal, onde os mveis so

    produzidos em grande escala, com estoques de matria-prima estimados com base na

  • 40

    espectativa de venda para o perodo.

    Possui grande nmero de produtos em processo aguardando serem

    transportados para a prxima etapa de produo.

    A empresa possui espao limitado para estoques, tanto de matria-prima,

    quanto de estoques finais, por isso h interese da empresa em diminuir tais estoques.

    Neste modelo de produo os funcionrios trabalham um em cada mquina,

    com treinamento bsico para exercer exclusivamente a funo.

    Os produtos acabados so estocados at que o lote a ser entregue esteja

    pronto; o transporte do produto final at os clientes tercearizado, feito por

    transportadora.

    importante salientar que os produtos no so montados, recebem uma pr-

    montagem eventual para verificao de possiveis falhas na produo, caso contrrio

    segue at o empacotamento, onde so includas as ferragens e outros materias

    necessrios para a montagem do produto.

    A linha de produo a seguinte:

    Corte: Neste processo as Chapas so cortadas;

    Furao: Neste processo as peas aps o corte so furadas;

    Colagem e Bordas: As peas aps sairem da furao recebem a fita de

    borda, dando acabamento aos lados das peas;

    Acabamento: Neste processo, feito com lixadeiras pequenas e trabalho

    manual, dando acabamento final as peas;

    Acessrios: formado um kit, com as ferragens e outros produtos que iro

    acompanhar o produto;

    Empacotamento: Neste processo o produto embalado em caixas de

    papelo;

    Estoques: Aqui os produtos j embalados so estocados at o envio ao

    cliente;

    Montagem: Durante o processo de produo, caso necessrio feita uma

    pr-montagem dos produtos.

    Os processos so demonstrados na figura 02:

  • 41

    Figura 2 : Etapas da Produo. Fonte: Dados fornecidos pela Empresa Estudo.

    Os tempos de cada processo para uma produo tima so os seguintes:

    Tabela 03: Tempos dos Processos Fonte: Empresa Estudo.

    Os tempos de fabricao unitrio dos modelo, foram calculados

    individualmente, no sendo considerado os tempos entre os processos (set-up), a

    empresa no possui clculos dos set-up, no mensurando esse tempo, havendo

    acmulo de produtos em processo.

    TEMPOS DOS PROCESSOS

    Modelo Itlia Modelo Roma Modelo Veneza Total

    Processos Tempo Tempo Tempo

    Corte 0,15 0,12 0,19 0,46

    Furao 0,20 0,14 0,23 0,57

    Colagem & Bordas 0,22 0,14 0,25 0,61

    Acabamento 0,26 0,15 0,30 0,71

    Acessrios 0,04 0,04 0,04 0,12

    Embalagem 0,13 0,08 0,15 0,36

    Estoque 0,08 0,08 0,08 0,24

    Total 1,08 0,75 1,24 3,07

  • 42

    O transporte entre os processos feito com Carrinhos de transporte manual,

    com a superproduo os acmulos entre os processos so constantes, atrapalhando o

    fluxo no sistema de produo.

    Para o JIT, pode ser adotado aqui alguns Kanbans, como kanban de

    transporte, usado para avisar o estgio anterior da necessidade do envio do mesmo

    para o prximo estgio (atravs de cartes que acompanharo o produto); e o kanban

    de produo, dando sinal para o processo produtivo, que ele pode comear a produzir

    (normalmente utilizada a sinalizao com luzes ou sinal sonoro).

    Como exemplo para evidenciar a importncia dos set-up para o processo

    produtivo, foi aplicado um tempo mdio hipottico entre os processos de 0,15 horas

    para cada set-up, totalizando 0,9 horas (54 minutos), entre todos os 6 set-up. O tempo

    real de produo inclui os set-up, sendo necessrio o controle dos mesmos para evitar

    atrasos na produo.

    A tabela 04 demonstra os tempos totais dos processos e os set-up, para a

    fabricao de cada modelo de Rack.

    Tabela 04: Tempos dos Processos e set-up Fonte: Tabela desenvolvida para o estudo.

    Com o JIT, os set-up so controlados, sendo minimizados, acabando com os

    acmulos. Com a implantao do sistema JIT, a mo-de-obra passa a ser

    multifuncional. Desta forma, aps a finalizao do seu processo, o funcionrio ocioso

    passa a colaborar em outro processo, evitando o acmulos entre os processos.

    Atualmente, sem a adoo de um controle de set-up, no possvel verificar

    os verdadeiros benefcios que trar para a empresa. Mas, mesmo sem a adoo do

    sistema, fica claro que com o controle e reduo dos set-up possvel maximizar a

    produo, evitando atrasos na produo e ociosidades.

    Modelo Itlia Modelo Roma Modelo Veneza

    Tempo do

    processo

    Set-up

    total

    Total Tempo do

    processo

    Set-up

    total

    Total Tempo do

    processo

    Set-up

    total

    Total

    1,08 0,90 1,98 0.75 0,90 1,65 1,24 0.90 2,14

  • 43

    3.2.2 Diagnstico dos pontos fortes e pontos fracos

    Aqui so levantados os pontos fortes e fracos da empresa para a

    implantao do sistema JIT, levando em considerao os custos. Somente os pontos

    crticos sero analisados. Verificar-se- a necessidade de possveis melhoras no

    processo de produo, armazenamento e qualidade da empresa.

    Pontos fortes:

    - Espao fsico e Layout adequados;

    - Preocupao constante dos colaboradores e da administrao com a

    qualidade dos produtos e servios;

    - Planejamento e estratgia de negociao para a fidelizao de clientes;

    - Pontualidade e fidelizao dos fornecedores na entrega de matria-prima;

    - Logstica terceirizada.

    Pontos fracos:

    - Descontrole e desperdcio de matria-prima;

    - Gastos com a manuteno de mquinas devido falta de profissionais

    qualificados na rea informatizada (automao industrial);

    - Despesas com retrabalhos nos casos de produtos com pequenos defeitos;

    - Falta de um controle eficiente dos desperdcios nos seguintes setores:

    superproduo, demora entre os processos, transporte, processamento,

    movimento, produo de produtos defeituosos e de estoques;

    - Ausncia de organizao por parte de alguns colaboradores no local de

    trabalho;

    - Mo-de-obra qualificada, mas restrita.

  • 44

    3.2.3 Relacionamento com fornecedores

    Os fornecedores de matria-prima so limitados na regio. A empresa se

    relaciona com um nico fornecedor (BIGFER); compra deste a maioria dos materiais

    necessrios ao desenvolvimento do produto. Este fornecedor disponibiliza o material

    em, no mximo, 24 horas aps a solicitao.

    Este fornecedor o mesmo para a maior parte das empresas do setor na

    regio, tornando o custo mais acessvel, pois h um grande fluxo de entregas e no h

    grande variao do valor da matria-prima em relao quantidade adquirida, devido

    ao constante fornecimento para as empresas da regio. Este estreitamento de relaes

    possibilita que a busca pela reduo dos lotes seja facilitada pelo prprio envolvimento

    que o fornecedor passa a ter com seu cliente.

    No sistema JIT as empresas devem trabalhar com um nmero mnimo de

    fornecedores. Este um aspecto positivo da Empresa Estudo, pois, de acordo com a

    entrevista com o gerente de Produo, a empresa se relaciona, com apenas um

    fornecedor, devido ao preo e qualidade dos produtos deste, serem adequados as

    necessidades da empresa. No entanto, necessrio ateno quanto ao fato de ser um

    nico fornecedor, pois isso pode apresentar riscos, devendo-se manter um constante

    controle dos oramentos com os concorrentes deste fornecedor.

    3.2.4 Controle de estoques

    O controle de estoques feito a partir da demanda dos pedidos feitos pelos

    clientes, sendo calculado um percentual de segurana para possvel variao na

    produo no perodo.

    No perodo em anlise, a empresa comprou a matria-prima para toda a

    produo. A empresa mantm um estoque mdio de 3.600m de chapa de 15mm e

  • 45

    600m de chapa 3mm, no obtendo nenhum desconto significativo que justifique o

    estoque, ou seja, poderia solicitar ao fornecedor somente o necessrio para a produo

    semanal, o que permitiria uma melhor organizao da produo e ofereceria um espao

    para possvel ampliao na produo. Com a reduo dos estoques para entregas

    semanais possvel diminu-lo para 1/4.

    Caso a empresa adote a reduo dos estoques, possvel aplicar kanban

    do Fornecedor, para avisar o fornecedor quando necessrio enviar a matria-prima

    ou componentes para a produo.

    A reduo constante dos nveis de estoque e a manuteno do fluxo de

    produo suave e contnuo no tarefa fcil e exige esforo concentrado das gerncias

    e viso de longo prazo.

    O sistema JIT visa eliminao dos desperdcios de estoques atravs da

    eliminao das causas geradoras da necessidade de mant-los. Eliminando todos os

    outros desperdcios, reduz-se, por consequncia, os desperdcios de estoque. Isto pode

    ser alcanado diminuindo-se os tempos de preparao de mquinas, os Lead-Times de

    produo e os fluxos de trabalho, desenvolvendo as habilidades e o comprometimento

    dos operadores, fazendo-se com que as flutuaes de demanda sejam menores e

    garantindo a qualidade dos processos.

    3.2.5 Principais custos de produo e servios

    Os custos envolvidos diretamente no atual sistema de produo dos modelos

    Itlia, Roma e Veneza so: matria-prima, transporte, consumo de energia eltrica,

    mquinas, mo-de-obra, impostos e iluminao.

    Os dados levantados baseiam-se em um volume de produo mensal de 300

    modelos Itlia, 280 modelos Roma e 350 modelos Veneza, no ano de 2008.

    Os trs modelos de Racks passam pelas mesmas etapas de produo,

    possuindo um tempo total para concluso dos processos (tempo mdio para uma

    produo tima, sem set-up):

  • 46

    Modelo Itlia 1,08 Horas

    Modelo Roma 0,75 Horas

    Modelo Veneza 1.24 Horas

    Matria-prima: A matria-prima utilizada restringe-se, basicamente, a

    chapas de MDF 15mm, 1,85x2,44 metros e chapas de 3mm, 1.85X2.44 metros. O

    clculo do custo feito por m2 de chapa utilizada, sendo que a chapa de 15mm possui

    um custo de R$ 138,00 a unidade e a de 5mm possui um custo de R$ 32,00 a unidade.

    Como demonstra a tabela 05:

    Modelo Itlia Modelo Roma Modelo Veneza

    M de chapa 15mm 2.98 3.35 3.52

    M de chapa 3 mm 0.52 0.58 0.63

    R$ por modelo 85,57 96,17 101.18

    Tabela 05: Quantidade de Matria-prima utilizada por produto Fonte: Empresa Estudo.

    Ferragens e outros materiais utilizados: os elementos utilizados nos trs

    modelos so os mesmos, alterando apenas a quantidade, os itens relacionados

    compem um kit que acompanha o produto na embalagem, menos a fita de borda que

    colocada no processo de produo. Como demonstra a tabela 06:

  • 47

    FERRAGENS

    Valor Unitrio

    R$

    Modelo Itlia Modelo Roma Modelo Veneza QTD Valor QTD Valor QTD Valor

    Parafusos 0,075 30 2,25 34 2,55 38 2,85

    Pregos 0,009 25 0,23 28 0,25 36 0,32

    Dobradias 1,25 4 5,00 2 2,50 4 5,00

    Puxadores metlicos 7,50 2 15,00 1 7,50 2 15,00

    Ps plsticos 2,50 4 10,00 6 15,00 6 15,00

    Valor Total R$ ----------------- -------- 29,48 ------- 27,80 ------- 38,17

    (+) Fita de borda* 0,85 6,3 5,35 7.2 6,12 7.5 6,37

    Valor Total R$ ----------------- -------- 37,83 ------- 33,92 ------- 44,54

    *Fita de borda j possui a cola para fixao

    Tabela 06: Quantidade de Ferragens e outros materiais utilizados por produto. Fonte: Empresa Estudo.

    Mo-de-obra e energia eltrica direta: A mo-de-obra e a energia

    eltrica direta so alocados pelo tempo mdio de produo de cada produto. Os valores

    mdios fornecidos pela empresa so:

    Valor mdio de mo-de-obra direta: R$ 22.60 por hora

    Valor mdio de energia eltrica direta: R$ 6.83 por hora

    Modelo Itlia Modelo Roma Modelo Veneza Tempo em horas 1,08 0,75 1,24

    Mo-de-obra 24.41 16.95 28.02

    Energia eltrica 7.37 5.12 8.47

    Tabela 07: Valor de mo-de-obra e energia eltrica alocados por hora. Fonte: Empresa Estudo.

    A tabela 07 mostra os valores de mo-de-obra e energia eltrica alocados pelo tempo

    mdio de produo.

    Custos indiretos de produo: O valor dos custos indiretos de produo

    de R$ 12.767,92, valor esse rateado por Hora/Mquina como demonstra a tabela 08:

  • 48

    Modelo Itlia Modelo Roma Modelo Veneza Tempo em horas 324 210 434

    Custos indireto total 4.273,56 2.769,90 5.724.46

    Custo indireto unitrio 14,24 9,89 16.36

    Tabela 08: Rateio dos custos indiretos por produto. Fonte: Empresa Estudo.

    Na tabela 09, so demonstrados os custos de produo:

    Produtos Custos

    Modelo Itlia Modelo Roma Modelo Veneza

    Matria-prima 85,57 96,17 101,18

    Ferragens e outros materiais 37,83 33,92 44,54

    Mo-de-obra direta 24,41 16,95 28,02

    Energia eltrica direta 7,37 5,12 8,47

    Custos indiretos 14,24 9.89 16,36

    Custo de produo por unidade* 169,42 162,05 198,57

    Tabela 9: * Custo de Produo por unidade antes dos impostos. Fonte: Empresa Estudo.

    ITENS Modelo Itlia

    Modelo Roma Modelo Veneza

    Volume fabricado e vendido no ms

    300 280 350

    Preo de venda unitrio 288,00 276,00 338,00

    ( - ) Impostos e contribuies sobre vendas(30%)

    86,40 82,80 101,40

    ( - ) Custos de produo 169,42 162,05 198,57

    ( = ) Lucro bruto 32,18 31,15 38,03

    (%) Margem bruta 11,17% 11,29% 11,25%

    Tabela 10: Lucro por unidade produzida. Fonte: Empresa Estudo.

  • 49

    Na tabela 10, possvel verificar a o lucro bruto por unidade produzida,

    tambm verifica-se que a margem Bruta entre os produtos no possui oscilao

    significativa.

    Itens Modelo Itlia

    Modelo Roma

    Modelo Veneza

    Total

    Receita Bruta 86.400,00 77.280,00 118.300,00 281.980,00

    ( - ) Impostos e contribuies sobre vendas (30%)

    25.920,00 23.184,00 35.490,00 84.594,00

    ( - ) Custos de produo 50.826,00 45.374.00 69.499,50 165.556,00

    ( = ) Lucro bruto 9.654,00 8.722,00 13.310,50 31.830,00

    Tabela 11: Lucro Bruto. Fonte: Empresa Estudo.

    A empresa Estudo aplica aos seus produtos uma margem de 70%(sendo

    30% referente aos impostos e contribuies sobre vendas e outros 40% de margem

    para adequar o preo de venda ao preo de mercado), baseada apenas nos custos

    totais de produo,. Como demonstram as tabelas 10 e 11.

    Porm, se for analisada a Margem de Contribuio dos Produtos, sem restries,

    verifica-se que existem variaes significativas entre os produtos, como demonstra a

    tabela 12:

    ITENS Modelo Itlia

    Modelo Roma

    Modelo Veneza

    Preo de venda unitrio 288,00 276,00 338,00

    ( - ) Impostos e contribuies sobre vendas (30%)

    86,40 82,80 101,40

    ( = ) Receita Lquida 201,60 193,20 236,60

    ( - ) Custos diretos 155,18 152,16 182,21

    ( = ) Margem de contribuio unitria 46,42 41,04 54,39

    (%) Margem de contribuio 16,12% 14,87% 16,09% Tabela 12: Margem de Contribuio Unitria Fonte: Tabela desenvolvida para o estudo

  • 50

    A tabela 13 mostra a margem de contribuio Global dos produtos no perodo em anlise:

    ITENS Modelo Itlia

    Modelo Roma

    Modelo Veneza

    TOTAL

    Receita Bruta 86.400,00 77.280,00 118.300,00 281.980,00

    ( - ) Impostos e contribuies sobre vendas (30%)

    25.920,00 23.184,00 35.490,00 84.594,00

    ( =) Receita Lquida 60.480,00 54.096,00 82.810,00 197.386,00

    ( - ) Custos diretos 46.554,00 42.604,80 63.773,50 152.932,30

    ( = ) Margem de contribuio 13.926,00 11.491,20 19036,50 44.453,70

    (%) Margem de contribuio 16,12% 14,87% 16,09%

    Tabela 13: Margem de Contribuio Global Fonte: Tabela desenvolvida para o estudo

    Conforme se verifica na tabela 13, o modelo Roma o de menor margem de

    contribuio (R$ 11.491,20), mas, mesmo possuindo uma margem inferior aos outros

    modelos, ele consegue, praticamente, pagar os custos fixos do perodo. Tambm, na

    mesma tabela, verifica-se que a margem de contribuio global positiva.

    Foram levantados neste captulo os dados da produo referentes aos

    custos e suas alocaes e rateios, ao lucro bruto, e margem de contribuio unitria e

    global, tudo isto com a finalidade de demonstrar os custos, o modo como a empresa

    chega ao preo de venda dos produtos, qual a margem de contribuio para o

    pagamento dos custos fixos, e se o JIT pode trazer alguma contribuio para a reduo

    de custos.

    3.3 Anlise da coleta de dados

    Foi entregue ao Gerente de Produo um formulrio que teve como objetivo

    buscar informaes relacionadas ao sistema de gesto, principalmente no setor de

  • 51

    produo.

    Verificou-se que o capital de origem da empresa nacional e de sociedade

    limitada. Possui menos de 30 empregados e seu faturamento gira em torno de menos

    de R$ 1.000.000,00 em suas vendas anuais.

    Segundo o Gerente de Produo, a empresa no tem sua estratgia de

    gesto voltada qualidade total, no trabalha com um Controle Estatstico de Processo

    (CEP), no possui Grupos de Melhorias (Kaizen), no trabalha com Clulas de

    Produo, no trabalha com a filosofia de reduo de set-up, no trabalha com sistema

    Kanban e no possui um sistema prioritrio para reduo de lotes de fabricao.

    Embora no trabalhe com estas ferramentas, a empresa trabalha com um

    crculo de Controle de Qualidade, utiliza tcnicas para soluo de problemas, plano de

    manuteno preventiva, plano de produo nivelado, filosofia housekeeping (5S) e

    fornecedor nico. Este um ponto forte, pois pode facilitar a aplicao de um sistema

    de produo como o JIT.

    Pode-se dizer que alguns dos elementos do JIT contribuem diretamente para

    o aperfeioamento da qualidade e eficincia da produo.

    O cuidado com a fabricao de lotes pequenos um forte aliado para a

    eliminao de problemas na produo, contribuindo para que possveis defeitos que

    apaream na linha sejam mais facilmente eliminados, reduzindo-se assim custos

    associados com a qualidade.

    Outra ferramenta no utilizada a melhoria contnua (Kaizen), isso pode

    acarretar certa vulnerabilidade. Atualmente a tecnologia de gesto o que diferencia as

    empresas no mercado. A empresa pode utilizar o Kaizen para construir seu prprio

    modelo de gesto. Melhorar continuamente permite que se esteja sempre frente,

    mantendo-se competitivo no mercado.

    Tambm foi constatado que a empresa no utiliza nenhuma forma de

    Kanbans, o que faz com que haja um acmulo de produtos em processo. Uma vez

    implantados os Kanbans, promove-se uma melhor organizao da produo, reduzindo

    o nvel de espera entre os processos.

    O layout atual em U, sendo o mais recomendado devido ao espao limitado

    para distribuio das mquinas.

  • 52

    Segundo o relatado pelo Gerente de Produo da Empresa Estudo, os

    retalhos de madeira so revendidos para confeco de artesanato; tambm a serragem

    (resduo do corte das chapas de MDF) e parte dos retalhos, no aproveitveis para

    Artesanato, so vendidos para as Olarias, com a finalidade de aquecimento dos fornos

    na fabricao de tijolos. O valor desta receita operacional utilizado para aquisio de

    Equipamento de Proteo Individual (EPI).

    Foi analisada a possibilidade de treinamento multifuncional dentro da

    empresa. Ainda, verificou-se com a entrevista, que a empresa no possui um

    profissional para fazer a manuteno das mquinas. S contratado algum quando o

    equipamento est muito danificado, no existindo assim uma manuteno preventiva.

    Segundo o Gerente de Produo, a empresa est estudando a contratao de uma

    empresa para prestar o servio terceirizado com o custo mensal de aproximadamente

    R$ 2.000,00 (no incluindo as peas).

  • 53

    4 CONCLUSES

    Neste capitulo busca-se relatar os resultados alcanados neste trabalho

    atravs da anlise dos fatos e dados respectivos Empresa Estudo.

    O foco principal verificar quais aspectos da produo podem ser

    melhorados com a implantao do sistema JIT em pequenas empresas industriais do

    ramo moveleiro, atravs da comparao entre o sistema de produo tradicional e o

    sistema JIT.

    Verificou-se que so poucos os projetos realizados pela gerncia para

    melhorar a qualidade do produto. Considera-se que os produtos possuem qualidade,

    mas no a qualidade desejada para a adoo do sistema, sendo necessria a adoo

    do sistema de qualidade total.

    A princpio, conforme o presente estudo, as ferramentas do sistema JIT

    podem contribuir consideravelmente para o crescimento da empresa.

    No caso especfico das pequenas empresas, o sistema JIT possui um alto

    custo de implantao, sendo necessria, inicialmente, uma implantao gradativa, que

    acompanhe o crescimento fsico e financeiro da empresa e desta forma reduza o

    impacto dos custos de implantao.

    Neste estudo, constatou-se a necessidade inicial de adotar algumas

    ferramentas, como o controle de set-up e uso de Kanbans.

    No capitulo 3 foram verificados os benefcios que cada uma delas trar para

    a empresa com a adoo do novo sistema.

    Inicialmente, e o principal aspecto que deve ser mudado para a implantao

    do sistema JIT, a eliminao dos estoques, mantendo somente o estoque de

    segurana para suprir as necessidades de produo at a chegada da prxima

    remessa do fornecedor. Essa mudana reduzir o espao de armazenamento para 1/4

    do estocado hoje.

    Outro aspecto importante verificado a superproduo, relacionada no

    capitulo 3 como ponto fraco, o que comum no sistema tradicional. Com a aplicao do

  • 54

    sistema JIT esse aspecto deixa de existir e tambm reduz os estoques de produtos

    acabados, uma vez que nesse sistema s haver produo aps a solicitao do

    cliente.

    Quanto ao aspecto da mo-de-obra, no sistema tradicional ela limitada a

    cada processo, mas no JIT essa passa a ser multifuncional, dando maior flexibilidade

    na produo, reduzindo os set-up e acabando com possveis gargalos (acmulo) de

    produtos em processo, uma vez que os mesmos, no atual sistema, nem so

    mensurados.

    Outro aspecto importante a limpeza e a manuteno preventiva das

    mquinas. Com a adoo do JIT, a limpeza importante para a organizao e o fluxo

    dentro da empresa e a manuteno preventiva deve existir para evitar atrasos na

    produo.

    A Margem de Contribuio foi utilizada para verificar quanto cada produto

    contribui para o pagamento dos custos fixos e se positiva ou negativa.

    A empresa possui condies para melhor se desenvolver, mas para isso

    necessrio buscar o crescimento atravs da adoo de novos sistemas. Esse trabalho

    prope a implantao gradativa do JIT, um grande passo para aperfeioar o

    gerenciamento de produo.

    Com as observaes supra apresentadas e com as anlises feitas no estudo

    de caso, possvel concluir que o objetivo da pesquisa foi alcanado. Porm, cabe

    Empresa Estudo, caso pretenda implantar realmente o sistema proposto, considerar tais

    observaes levantadas neste estudo e, inicialmente, necessrio a melhoria de

    alguns aspectos que auxiliem futuramente na implantao do sistema JIT e na reduo

    imediata de custos.

    Recomenda-se, para estudos futuros, a anlise de empresas que j

    adotaram o sistema Just-in-time, fazendo-se um paralelo com o sistema tradicional de

    produo e se analisando as possibilidades de potencializao desta produo,

    proporcionadas pelo JIT. Ainda, recomenda-se, para futuros trabalhos, a anlise dos

    aspectos humanos do JIT.

  • 55

    REFERNCIAS

    ABIMVEIS. Panorama do setor moveleiro no Brasil. Disponivel em: http://www.movergs.com.br/arquivos/inf_set_moveleiro/panorama_abimovel_2005v1-2.pdf. Acesso em 18/05/2009.

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