SIG Pequenas Empresas

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

    ESCOLA DE ADMINISTRAO

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ADMINISTRAO - PPGA

    UNIVATES CENTRO UNIVERSITRIO

    A TECNOLOGIA DE INFORMAO (TI) EM PEQUENAS EMPRESAS

    INDUSTRIAIS DO VALE DO TAQUARI/RS

    Dissertao de Mestrado, apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Administrao da Universidade Federal do Rio Grande do Sul como requisito para a obteno do ttulo de Mestre em Administrao.

    CRISTINA DAI PR MARTENS

    Prof. Orientador: Dr. Henrique Mello Rodrigues de Freitas

    Porto Alegre, agosto de 2001

  • 2

    Dedico este trabalho a meu esposo Mauro,

    a meus pais e irmos.

  • 3

    AGRADECIMENTOS

    Primeiramente, agradeo a Deus, a graa de poder ter cumprido mais esta etapa de

    minha caminhada; a capacidade e a vontade de conquistar meu espao.

    A meu esposo Mauro, agradeo a dedicao, companheirismo, estmulo e apoio nas

    horas fceis e difceis.

    A meus pais e irmos, sempre dispostos a auxiliar no que fosse necessrio, mesmo que

    muitas vezes a distncia. Obrigada pela fora.

    Ao professor Henrique, agradeo a oportunidade de poder integrar sua equipe;

    agradeo o aprendizado e conhecimento; o estmulo e confiana em meu trabalho; o convvio

    enriquecedor; o seu exemplo de dedicao.

    Ionara e ao Albano, agradeo as horas de trabalho e convvio juntos; o trabalho em

    equipe e a construo do aprendizado em parceria; a fora e auxlio mtuo. Foi muito bom

    trabalhar com vocs.

    Edimara, agradeo o apoio e auxlio na reviso; as dicas e a experincia. rica, o

    apoio na digitao dos questionrios.

    A todos os professores do PPGA e aos colegas da turma de Lajeado, obrigada pelo

    convvio, apoio e esforo conjunto.

    s empresas participantes da pesquisa, s instituies das quais fao parte:

    SEBRAE/RS, UNIVATES e UFRGS, obrigada pela colaborao e disponibilidade.

    A todos aqueles que, em um momento ou outro, de forma mais ou menos intensa,

    tiveram sua parcela de contribuio para a execuo desta pesquisa, o meu Muito Obrigada!

  • 4

    SUMRIO

    LISTA DE TABELAS

    LISTA DE QUADROS

    LISTA DE FIGURAS

    LISTA DE ABREVIATURAS

    RESUMO

    ABSTRACT

    Captulo 1 INTRODUO ..................................................................................................1

    1.1 Tema e Justificativa: A Tecnologia de Informao em Pequenas Empresas...........2

    1.2 Objetivos .........................................................................................................................5

    1.2.1 Objetivo geral...........................................................................................................5

    1.2.2 Objetivos especficos ...............................................................................................5

    Captulo 2 FUNDAMENTAO TERICA.....................................................................6

    2.1 A Tecnologia de Informao.........................................................................................6

    2.2 O Papel da TI nas Organizaes ..................................................................................9

    2.3 As Pequenas Empresas e a TI.....................................................................................12

    2.4 Impacto da TI nas Organizaes................................................................................14

  • 5

    2.4.1 Nveis de impacto da TI .........................................................................................17

    2.4.2 Problemas e aes decorrentes da adoo de novas TI..........................................19

    Captulo 3 CONTEXTO DE APLICAO: AS INDSTRIAS DE PEQUENO

    PORTE DO VALE DO TAQUARI/RS ................................................................................23

    3.1 Contexto Nacional da Pequena Empresa ..................................................................24

    3.2 Contexto Regional da Pequena Empresa ..................................................................26

    Captulo 4 METODOLOGIA DE PESQUISA .................................................................30

    4.1 Instrumento de Pesquisa .............................................................................................31

    4.2 Universo e Amostra da Pesquisa ................................................................................36

    4.3 Coleta de Dados............................................................................................................38

    4.3.1 Agendamento da entrevista ....................................................................................38

    4.3.2 Realizao da entrevista.........................................................................................39

    4.4 Caracterizao da Amostra ........................................................................................40

    Captulo 5 ANLISE DOS RESULTADOS .....................................................................42

    5.1 A Pequena Indstria do Vale do Taquari..................................................................43

    5.1.1 A atividade-fim das pequenas indstrias ...............................................................43

    5.1.2 Tempo de atividade, nmero de funcionrios e faturamento.................................44

    5.1.3 Planejamento estratgico e departamentalizao ...................................................45

    5.2 Perfil da TI na Pequena Empresa Industrial do Vale do Taquari..........................47

    5.2.1. Perfil dos entrevistados .........................................................................................48

    5.2.2 Informatizao .......................................................................................................50

  • 6

    5.2.2.1 Microcomputadores e programas ...................................................................50

    5.2.2.2 Oramento de SI.............................................................................................54

    5.2.2.3 TI x planejamento estratgico e comprometimento da alta administrao ....56

    5.2.2.4 Usurios e profissionais de SI ........................................................................57

    5.2.2.5 Departamento de SI e terceirizao................................................................59

    5.2.2.6 Departamentos atendidos pela TI ...................................................................59

    5.2.3 Internet ...................................................................................................................60

    5.2.3.1 Acesso Internet ............................................................................................60

    5.2.3.2 Tipos de uso da Internet .................................................................................62

    5.2.3.3 Funcionrios e usurios com acesso Internet e e-mail ................................63

    5.2.4 Inteligncia competitiva .........................................................................................65

    5.2.5 Mudanas na TI......................................................................................................66

    5.3 Problemas e Aes decorrentes da adoo de novas TI ...........................................67

    5.3.1 Problemas gerais ....................................................................................................68

    5.3.2 Problemas especficos ............................................................................................70

    5.3.3 Aes gerais ...........................................................................................................76

    5.3.4 Aes especficas ...................................................................................................77

    Captulo 6 CONSIDERAES FINAIS...........................................................................80

    6.1 Concluses ....................................................................................................................80

    6.2 Limites da Pesquisa .....................................................................................................82

    6.3 Contribuies ...............................................................................................................83

  • 7

    6.4 Sugestes para Pesquisas Futuras ..............................................................................84

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .................................................................................85

    ANEXO A: Informaes scio-econmicas do Vale do Taquari/RS .................................89

    ANEXO B: Instrumento de pesquisa....................................................................................91

    ANEXO C: Empresas que compe a amostra inicial da pesquisa ...................................102

    ANEXO D: Correspondncia de apresentao s Empresas ...........................................105

    ANEXO E: Empresas participantes da pesquisa ..............................................................107

    ANEXO F: Problemas relevantes, decorrentes da adoo de novas TI em Pequenas

    Indstrias do Vale do Taquari, segundo a amostra total e os diversos segmentos de

    anlise ....................................................................................................................................109

    ANEXO G: Mdia de ocorrncia dos 39 problemas do instrumento, nas Pequenas

    Indstrias do Vale do Taquari ............................................................................................111

    ANEXO H: Aes relevantes, adotadas pelas Pequenas Indstrias do Vale do Taquari,

    segundo a amostra total e os diversos segmentos de anlise.............................................113

    ANEXO I: Mdia de adoo e grau de sucesso das 34 aes do instrumento nas

    Pequenas Indstrias do Vale do Taquari ...........................................................................116

  • 8

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1: Participao das MPEs na economia brasileira...................................................... 24

    Tabela 2: Distribuio das empresas industriais, comerciais e de servios, segundo porte e

    setor, no Brasil....................................................................................................................... 25

    Tabela 3: Distribuio do pessoal ocupado, segundo o porte da empresa por setor, no

    Brasil...................................................................................................................................... 25

    Tabela 4: Distribuio da receita/valor bruto da produo industrial, segundo o porte da

    empresa por setor, no Brasil................................................................................................... 26

    Tabela 5: Nmero de empresas do Vale do Taquari por nmero de empregados................. 27

    Tabela 6: Principais municpios do Vale do Taquari, segundo participao na gerao do

    PIB......................................................................... ............................................................... 28

    Tabela 7: Nmero de pequenas indstrias do Cadastro Empresarial RS, categorizadas por

    nmero de funcionrios e municpio...................................................................................... 29

    Tabela 8: Amostra inicial da pesquisa e seus ajustes............................................................. 41

    Tabela 9: Atividade fim das pequenas indstrias pesquisadas.............................................. 44

    Tabela 10: Tempo de atividades, nmero de funcionrios e faturamento anual das 36

    pequenas indstrias do Vale do Taquari................................................................................ 45

    Tabela 11: Departamentos formalmente existentes nas pequenas indstrias pesquisadas.... 46

  • 9

    Tabela 12: Caractersticas do respondente: idade, tempo de atividade na empresa e em SI,

    nas 36 pequenas indstrias pesquisadas.................................................................................

    48

    Tabela 13: Caractersticas do respondente: sexo, escolaridade e cargo................................. 49

    Tabela 14: Principais funes relacionadas TI exercidas pelo respondente ou sob sua

    responsabilidade, nas 36 pequenas indstrias do Vale do Taquari........................................ 50

    Tabela 15: Nmero de microcomputadores por empresa...................................................... 50

    Tabela 16: Programas utilizados pelas 36 pequenas indstrias pesquisadas......................... 53

    Tabela 17: Mdia de profissionais de SI na amostra total e segmentada nmero de

    funcionrios e faturamento anual........................................................................................... 57

    Tabela 18: Mdia de usurios na amostra total e segmentada existncia (ou no) de

    planejamento estratgico, nmero de funcionrios e faturamento anual............................... 58

    Tabela 19: Departamentos atendidos pela TI nas 36 empresas pesquisadas......................... 60

    Tabela 20: Acesso internet, e-mail e homepage na amostra total e segmentada nmero

    de funcionrios, faturamento anual e existncia (ou no) de planejamento estratgico........ 61

    Tabela 21: Tipos de usos da Internet pelas pequenas empresas industriais do Vale do

    Taquari................................................................................................................................... 63

    Tabela 22: Funcionrios e usurios com acesso internet na amostra total e segmentada... 64

    Tabela 23: Percepo sobre inteligncia competitiva das 36 pequenas indstrias do Vale

    do Taquari.............................................................................................................................. 65

    Tabela 24: Percepo de mudanas na TI nas 36 pequenas indstrias do Vale do Taquari.. 66

    Tabela 25: Mdia da intensidade de trabalhos inesperados, atrasos inesperados e

    problemas enfrentados durante os esforos de desenvolvimento, implantao ou suporte

    ao uso de novas TI, nas pequenas indstrias pesquisadas...................................................... 69

    Tabela 26: Mdia da intensidade de trabalhos inesperados e atrasos inesperados durante

  • 10

    os esforos de desenvolvimento, implantao ou suporte ao uso de novas TI segmentos

    com mais funcionrios (mais de 57 funcionrios), mais micros (8 ou mais micros) e mais

    usurios (mais de 12 usurios)...............................................................................................

    70

    Tabela 27: Problemas relevantes nas 34 pequenas empresas industriais do Vale do

    Taquari respondentes............................................................................................................. 70

    Tabela 28: Problemas relevantes no segmento da amostra, segundo o tempo de atividade

    da organizao empresas com mais de tempo de atividade (mais de 26 anos)................... 71

    Tabela 29: Problemas relevantes no segmento da amostra, segundo o nmero de

    microcomputadores empresas com mais micros (8 micros ou mais).................................. 72

    Tabela 30: Problemas relevantes no segmento da amostra, segundo o nmero de

    funcionrios empresas com maior nmero de funcionrios (mais de 57 funcionrios)...... 72

    Tabela 31: Problemas relevantes no segmento da amostra, segundo o nmero de usurios

    empresas com maior nmero de usurios (mais de 12 usurios)........................................ 73

    Tabela 32: Problemas relevantes no segmento da amostra, segundo o faturamento anual

    empresas com faturamento mais elevado (maior que R$ 4.200.000,00)............................... 74

    Tabela 33: Intensidade de uso das aes gerais e grau de sucesso nas 34 indstrias de

    pequeno porte do Vale do Taquari respondentes................................................................... 76

    Tabela 34: Intensidade de uso das aes gerais na amostra segmentada nmero de

    funcionrios (mais de 57 funcionrios), faturamento anual (maior que R$ 4.200.000,00),

    microcomputadores (8 ou mais micros) e usurios (mais de 12 usurios)............................ 77

    Tabela 35: Mdia de uso das aes e seu grau de sucesso nas 34 pequenas indstrias do

    Vale do Taquari...................................................................................................................... 78

  • 11

    LISTA DE QUADROS

    Quadro 1: Definio de categorias de problemas decorrentes da adoo de novas TI.......... 20

    Quadro 2: Definio das categorias de aes adotadas para resoluo de problemas

    decorrentes da adoo de novas TI ....................................................................................... 21

    Quadro 3: Classificao das empresas quanto ao porte segundo o nmero de

    empregados............................................................................................................................ 23

    Quadro 4: Classificao das empresas quanto ao porte segundo o faturamento................... 24

    Quadro 5: Conjunto de variveis do instrumento de pesquisa e seus itens adaptados........... 34

    Quadro 6: Categorias de problemas e nmero de questes................................................... 35

    Quadro 7: Categorias de aes e nmero de questes........................................................... 36

  • 12

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1: O ambiente e o gerenciamento do SI.................................................................... 16

    Figura 2: Teoria de impacto ambiental................................................................................. 22

    Figura 3: Desenho da pesquisa............................................................................................. 31

    Figura 4: Existncia de planejamento estratgico nas pequenas indstrias pesquisadas...... 46

    Figura 5: Nmero de micros X nmero de funcionrios por empresa.............................. 51

    Figura 6: Nmero de micros X faturamento anual da empresa............................................ 52

    Figura 7: Nmero de micros X micros interligados em rede................................................ 53

    Figura 8: Oramento de SI no ltimo ano nas pequenas empresas industrias

    pesquisadas........................................................................................................................... 55

  • 13

    LISTA DE ABREVIATURAS

    EPP Empresa de Pequeno Porte

    FIERGS Federao das Indstrias do Estado do Rio Grande do Sul

    GE Grande Empresa

    IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    MDE Mdia Empresa

    ME Micro Empresa

    MPEs Micro e Pequenas Empresas

    PE Pequena Empresa

    PIB Produto Interno Bruto

    SAD Sistema de apoio deciso

    SEBRAE Servio Brasileiro de Apoio s Micro e Pequenas Empresas

    SIG Sistema de informao gerencial

    UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul

    WWW World Wide Web

  • 14

    RESUMO

    A Tecnologia de Informao (TI) considerada hoje fator determinante na busca do

    sucesso empresarial. Entretanto, nem sempre os gestores das organizaes tm essa viso

    como foco estratgico, a fim de, efetivamente, tirarem proveito dos benefcios dessa

    ferramenta. Supe-se que especialmente as pequenas empresas, que, por natureza, apresentam

    fragilidades particulares, apresentam esta caracterstica.

    Assim, o presente estudo tem como tema central a TI em Pequenas Empresas,

    objetivando identificar o perfil da TI utilizada em indstrias de pequeno porte da regio do

    Vale do Taquari; verificar com que intensidade um grupo de problemas se manifesta nestas

    organizaes quando adotam novas TI, bem como verificar a ocorrncia (ou no) de um

    conjunto de aes decorrentes, sua intensidade e grau de sucesso.

    Para tal, utilizou-se o mtodo de pesquisa survey, atravs de uma pesquisa descritiva

    de corte transversal. Foram realizadas entrevistas com 36 gestores de TI ou empresrios de

    indstrias de pequeno porte do Vale do Taquari, tendo como base um instrumento originrio

    de uma pesquisa americana (Benamati, Lederer e Singh, 1997), traduzido e adaptado para o

    contexto brasileiro, testado e validado.

    Obteve-se como resultado principal o perfil da TI existente nas organizaes

    pesquisadas. Pde-se concluir que a TI est, de certa forma, ainda incipiente nestas pequenas

    indstrias, cumprindo, muitas vezes, papel secundrio como ferramenta de auxlio na

    automao de processos internos. Tambm se verificou que a incidncia de problemas

    decorrentes da adoo de novas TI pouco percebida nas organizaes, sendo manifestado

    apenas um pequeno nmero de problemas como relevante, ao passo que diversas aes so

    tomadas para a resoluo dos problemas, normalmente, bem sucedidas.

  • 15

    ABSTRACT

    Information Technology (IT) is considered today a determining factor in the search for

    business success. However, administrators do not always have this perception with strategic

    focus in order to effectively take advantage out ou IT. This is particularly true in the case of

    small companies that have their own shortcomings.

    So, this study focuses on Information Technology in Small Companies, aiming at

    identifyind the IT used in smal industries of the Taquari Valley area, as well as analyzing to

    whot extent a particular set of problems shows up within organizations when new IT area

    adopted also, wheter or not a set of resulting actions is taken, their intensity and success rate.

    Therefore, a descriptive researsch of cross-sectional was corred out. Thirty-six TI

    managers or small industry managers of the Taquari Valley were interviewed, through on

    instrument of on American research (Benamati, Lederer e Singh, 1997), which was translated

    and adapted to the Brazilian context, tested and validated.

    The main findings comprise on outline of the IT existing in the surveyed companies

    leading to on conclusion that IT is still budding in small companies where it is many times a

    mere assistant tool in the automation of internal processes. The occurrence of problems

    arising from the use of IT was hardly noticed in the surveyed conpanies only a small number

    of major problema, whereas several actions to solve the problems are taken and usuallu turn

    out successful.

  • Captulo 1 INTRODUO

    A crescente competitividade do ambiente de negcios est desafiando os

    administradores de hoje. A emergncia e o fortalecimento da economia global; a

    transformao da sociedade industrial numa sociedade baseada na informao e no

    conhecimento; a transformao dos negcios, entre outros fatores esto exigindo mudanas na

    maneira de gerir as empresas, tornando a informao ferramenta fundamental no s para o

    crescimento, mas tambm para a sobrevivncia das organizaes.

    Para atender s necessidades deste novo ambiente, a informao precisa ter como

    suporte uma adequada Tecnologia de Informao (TI), a fim de disponibilizar as respostas

    rpidas e eficientes que a competitividade est constantemente exigindo (Freitas et al., 1997).

    Sendo a informao o centro de todo processo, fundamental saber us-la de forma

    estratgica, pois o sucesso empresarial passa a depender, fundamentalmente, da capacidade da

    organizao de administrar sua base informacional e aproveitar as oportunidades de

    diferenciao que as novas TI oferecem (Torres, 1995). Dessa forma, fica evidente que na

    sociedade da informao, as modernas TI tm influenciado decisivamente as organizaes,

    tanto as grandes quanto as pequenas empresas.

    Neste contexto, a preocupao, essencialmente tcnica, com o avano da TI e com sua

    utilizao tem aberto espao para a preocupao de como administrar a disponibilidade e a

    diversidade tecnolgica atual e futura, uma vez que a administrao da TI ser responsvel

    pela eficcia interna da funo informtica (Albertin, 1999). Entretanto, com a rpida

    evoluo da TI, esta tarefa nem sempre to fcil.

    Tendo em vista este cenrio, a presente pesquisa tem como tema central a TI em

    pequenas empresas, onde buscar-se- delinear o perfil da TI, problemas decorrentes da adoo

  • 2

    de novas TI, bem como aes adotadas em decorrncia dos problemas. Para tanto, a pesquisa

    apresenta-se estruturada da seguinte maneira: na seqncia deste captulo 1, aprofunda-se o

    tema e sua justificativa e na seo final os objetivos; no captulo 2, feita uma reviso da

    literatura pertinente; no captulo 3, a contextualizao da aplicao; no captulo 4, apresenta-

    se o mtodo de pesquisa, composio do instrumento e amostra, bem como procedimentos de

    coleta de dados; no captulo 5, apresenta-se a anlise dos resultados e, finalmente, no captulo

    6, apresentam-se as consideraes finais, concluses, limitaes da pesquisa e sugestes para

    pesquisas futuras.

    1.1 Tema e Justificativa: A Tecnologia de Informao em Pequenas

    Empresas

    Na atual conjuntura brasileira, marcada por profundas transformaes na estrutura

    produtiva e nas relaes de produo, as micro e pequenas empresas, no concernente

    gerao de emprego e renda, configuram-se como especialmente importantes, pois tm

    contribudo, significativamente, para desconcentrar a renda e absorver amplos contingentes

    migratrios liberados pela tecnificao e mecanizao da economia rural. E, ante o acelerado

    processo de automao industrial, que a cada ano elimina centenas de milhares de postos de

    trabalho, so as micro e pequenas empresas a alternativa mais vivel de reciclar os

    trabalhadores e oferecer-lhe novas perspectivas de progresso (SEBRAE, 1998).

    No entanto, por serem de pequeno porte, estas empresas so mais suscetveis a

    dificuldades e vulnerveis a riscos. Geralmente carentes de recursos, enfrentam dificuldades

    de insero nos mercados que disputam, via de regra, ambientes extremamente competitivos.

    Para conquist-los, precisam atender, simultaneamente, exigncias de preos, prazos,

    qualidade e confiabilidade. Assim, sobreviver e crescer em um ambiente cada vez mais

    competitivo e globalizado o grande desafio para a pequena empresa.

    Apesar das dificuldades, o segmento apresenta vantagens que se referem agilidade,

    capacidade de adaptao e velocidade para atender s necessidades dos consumidores. A fim

    de consolidar essas vantagens, a TI pode ser fundamental para proporcionar-lhes maior

    flexibilidade, auxiliando na superao de alguns limites impostos pelo seu tamanho. A

  • 3

    empresa pode adquirir, com a TI, msculos, que facilitaro a realizao de atividades

    coordenadas com poucos gerentes e funcionrios (Laudon e Laudon, 2000).

    Segundo Furlan (1994), o valor da TI, apesar de ser claramente alto, depender da

    forma de utilizao e implementao. Considerando a complexidade do ambiente e a mudana

    rpida e constante da prpria TI, o desempenho da rea de sistemas, no tem atendido

    plenamente s expectativas das reas funcionais. De acordo com Laudon e Laudon (2000), em

    praticamente todas as organizaes, os projetos de Sistema de Informao (SI) tomam mais

    tempo e dinheiro para serem implementados do que o originalmente previsto, ou o sistema

    no executa todas as tarefas previstas ou no as executa de maneira apropriada.

    Esta situao pode ser bem mais marcante em empresas de pequeno porte (EPP),

    principalmente por terem poucos funcionrios, que, geralmente, so multifuncionais. Via de

    regra, a empresa no conta com pessoal habilitado com conhecimentos tcnicos especficos na

    rea de TI, o que dificulta ainda mais um melhor aproveitamento da tecnologia.

    Da mesma forma, a adoo de novas TI pode provocar mudanas no comportamento e

    na estrutura da empresa, nos sistemas gerenciais, nas tcnicas e no domnio de processos

    adotados pela empresa, causando grande impacto nas organizaes, devido a situaes novas

    a serem enfrentadas, que, muitas vezes, deixam os gerentes sem saber como lidar com elas.

    Essas mudanas precisam ser gerenciadas para o bom andamento das atividades e

    aproveitamento da tecnologia implantada.

    Segundo pesquisadores americanos (Lederer e Mendelow, 1990; Benamati, Lederer e

    Singh, 1997; Benamati e Lederer, 1998a; Benamati e Lederer, 1998b) que desenvolveram

    uma teoria de impacto ambiental, que descreve o impacto da mudana nos ambientes interno e

    externo da organizao no gerenciamento da TI e a resposta das organizaes a este impacto

    uma mudana na dimenso da TI geradora de vrias categorias de problemas para a

    organizao. Estes problemas incitam os gerentes de TI a usarem mecanismos de

    confrontamento para reduzi-los diretamente ou tentar mudar o ambiente para diminuir seus

    efeitos (Benamati, Lederer e Singh, 1997).

    Portanto, julga-se importante conhecer a fundo essa situao nas pequenas empresas, a

    fim de identificar o perfil da TI adotada por elas e a existncia ou no de problemas na gesto

  • 4

    da TI, especialmente quando so adotadas novas TI, bem como identificar a existncia de

    aes decorrentes para atenuar os problemas.

    A presente pesquisa apia-se na teoria de impacto ambiental como fundamentao

    para estudar mudanas em TI e seu efeito no gerenciamento, apresentando como tema o

    estudo do perfil da TI em indstrias de pequeno porte e a ocorrncia (ou no) de problemas e

    aes, ao se adotarem novas TI. Para tal, ser utilizado como base um instrumento americano

    desenvolvido e validado pelos pesquisadores Benamati, Lederer e Singh (1997), composto por

    um conjunto de problemas manifestados e um conjunto de aes desenvolvidas em empresas

    americanas pesquisadas por eles. Tambm ser utilizado um segmento inicial para

    identificao das empresas e da TI, adaptado pelo grupo de pesquisa brasileiro1. O

    instrumento possibilitar identificar o perfil da TI existente nas organizaes, bem como

    medir com que intensidade o conjunto de problemas e aes relativos adoo de novas TI se

    manifesta em indstrias de pequeno porte do Vale do Taquari, bem como o grau de sucesso

    das aes tomadas.

    1 A presente pesquisa faz parte de um projeto maior, em que outros dois pesquisadores tambm realizaram trabalho semelhante, porm com foco em populaes diferentes. Um dos projetos, da mestranda Ionara Rech, foi realizado em mdias e grandes empresas da grande Porto Alegre; e outro, do mestrando Cludio Albano, focou cooperativas da metade sul do estado do RS. Todos sob a coordenao do mesmo orientador e trabalhando em equipe desde 1999.

  • 5

    1.2 Objetivos

    Apresenta-se aqui os objetivos geral e especficos deste trabalho.

    1.2.1 Objetivo geral

    Identificar o perfil da TI utilizada em indstrias de pequeno porte da regio do Vale do

    Taquari/RS, problemas que estas organizaes enfrentam ao adotarem novas TI e aes que

    utilizam para reduzir os problemas.

    1.2.2 Objetivos especficos

    So os seguintes os objetivos especficos desta investigao:

    Identificar o perfil da TI utilizada pelas indstrias de pequeno porte do Vale do Taquari.

    Verificar se um conjunto de problemas decorrentes da adoo de novas TI se manifesta nas organizaes e com que intensidade esses problemas se manifestam.

    Verificar se um conjunto de aes adotado pelas organizaes, com que intensidade e se so bem sucedidas ou no, por ocasio do enfrentamento dos problemas.

  • 6

    Captulo 2 FUNDAMENTAO TERICA

    Apresenta-se, neste captulo, a base terica que fundamenta o estudo. Inicialmente so

    resgatados alguns conceitos, usos e importncia da TI; na seqncia, ser abordado o papel da

    TI nas organizaes, especialmente nas pequenas empresas; e, num ltimo momento, ser

    abordado o impacto da TI, principalmente no que se refere gesto da adoo de novas TI,

    com foco em problemas e aes decorrentes.

    2.1 A Tecnologia de Informao

    A competitividade est exigindo das empresas, a cada dia que passa, novas maneiras

    de relacionar-se com o concorrente, com o consumidor e com o fornecedor. A globalizao

    dos negcios e as rpidas mudanas requerem constantes adaptaes para a manuteno das

    empresas no mercado, sendo o acesso informao um dos pilares dessas mudanas.

    Segundo Freitas et al. (1997, p. 24), a importncia da informao dentro das

    organizaes aumenta de acordo com o crescimento da complexidade da sociedade e das

    organizaes. Em todos os nveis organizacionais (operacional, ttico e estratgico), a

    informao um recurso fundamental.

    O tratamento dessas informaes, tambm denominado Informtica ou Sistemas de

    Informaes (SI), faz parte de toda atividade de negcio de uma empresa que oferece um

    produto ou servio desde a concepo, planejamento e produo at a comercializao,

    distribuio e suporte. Desse modo, os SI tm-se tornado um componente crtico do

    planejamento estratgico corporativo e da vantagem competitiva (Albertin, 1999).

  • 7

    De acordo com Lesca (apud Freitas et al., 1997, p. 33), temos a seguinte definio de

    SI:

    O sistema de informao da empresa o conjunto interdependente das pessoas, das estruturas da organizao, das tecnologias de informao hardware e software , dos procedimentos e mtodos que deveriam permitir empresa dispor no tempo desejado das informaes de que necessita ou necessitar para seu funcionamento atual e para sua evoluo.

    Os SI, de acordo com Laudon e Laudon (2000), permitem uma racional transformao

    de dados crus e isolados extrados do ambiente interno ou externo da organizao em

    informaes teis e adequadas ao negcio. Essas informaes, por sua vez, subsidiam a

    tomada de deciso, contribuindo para um melhor desenvolvimento do processo decisrio

    (Bio, 1996).

    Segundo Maas (1999), um SI liga, portanto, trs grandes componentes: as pessoas

    que participam do processo de informao da empresa; as estruturas da organizao; e as

    tecnologias de informao e de comunicao.

    Nesse contexto, uma adequada TI pode servir de suporte para ajudar as organizaes a

    sobreviver e prosperar neste ambiente competitivo. Segundo Furlan (1994), TI toda forma

    de gerar, armazenar, veicular, processar e reproduzir informaes. Alter (1996) conceitua TI

    como sendo um conjunto de hardwares e softwares que possibilitam o funcionamento dos SI.

    Para este autor, as TI esto contidas nos SI que, por sua vez, influenciam os processos de

    negcios. Estes podem ser vistos como etapas que utilizam pessoas, informaes e outros

    recursos para criar valor aos clientes internos e/ou externos.

    De acordo com Tapscott (1997), as novas tecnologias conseguem transformar no

    apenas os processos comerciais, mas tambm a maneira como os produtos e servios so

    criados e comercializados, a estrutura e metas da empresa, a dinmica da concorrncia e a

    prpria natureza do negcio.

    Desde que a TI foi introduzida sistematicamente em meados da dcada de 50, a forma

    como as organizaes operam, o modelo de seus produtos e a comercializao desses

    produtos mudaram radicalmente. Evidentemente, os computadores e os telefones beneficiam

  • 8

    os processos empresariais: os telefones encurtam o tempo e a distncia, permitindo s

    empresas, por exemplo, monitorar diariamente as vendas gerais e agir de acordo com os dados

    levantados; os computadores apressam o ritmo de muitas atividades e, ao mesmo tempo,

    reduzem a necessidade de mo-de-obra (Davenport, 1996). Cada vez com mais freqncia, os

    prprios produtos incorporam as facilidades da TI. Surgiram novas indstrias, como, por

    exemplo, a indstria de computadores que representa uma das maiores organizaes

    comerciais do planeta (McGee e Prusak, 1994).

    Nos ltimos anos, a TI cresceu muito rapidamente em capacidade e, ao mesmo tempo,

    houve uma drstica reduo nos custos. Novos produtos emergiram rapidamente, enquanto os

    j existentes mudaram na mesma velocidade. A taxa de mudana da TI tem sido estimada em

    20 a 30% por ano (Allen e Morton, apud Benamati e Lederer, 1998a). Conseqentemente, os

    desafios gerenciais da TI vm sendo cada vez mais complexos.

    Aliando essas rpidas mudanas a uma cultura corporativista mais consciente

    aceitao das tecnologias, a TI tem ocupado um papel estratgico em muitas organizaes, de

    modo que difcil imaginar um negcio que, de alguma maneira, no confie na TI como uma

    razo fundamental para o seu sucesso (Benamati e Lederer, 1998a). Isso aumenta ainda mais a

    importncia do gerenciamento da TI nestas organizaes.

    Segundo Albertin (1999), a partir da dcada de 80 a informtica passou a ter enfoque

    mais de negcio do que tcnico. Esta mudana deve-se constante evoluo das

    organizaes, mercados, competitividade, tecnologia de hardware e recursos humanos, que

    exigiu uma nova abordagem desta tecnologia. Muitas organizaes passaram a investir em TI,

    de acordo com sua estratgia competitiva e viso de futuro. Tapscott (1997) afirma que

    atualmente no possvel elaborar uma estratgia ou um projeto de negcio sem considerar a

    importncia da tecnologia.

    Fernandes e Alves (1992) afirmam que os gerentes mais influentes devem ter um

    entendimento consensual sobre o uso estratgico-competitivo da tecnologia, tanto a curto,

    mdio e longo prazos, a fim de estabelecer uma compreenso comum sobre as potencialidades

    e oportunidades de uso da TI.

    A TI abre possibilidades inmeras de compatibilizao entre necessidades e realidades

    empresariais diversas. Sendo assim, para que uma empresa possa tirar total vantagem do uso

  • 9

    de modernas TI para ganhar competitividade, necessrio que prime pelo eficiente

    gerenciamento de implementao e de impacto da nova TI na empresa. Conforme Furlan

    (1994), o valor da TI depende da sua forma de utilizao e de implementao na organizao.

    2.2 O Papel da TI nas Organizaes

    As organizaes so vistas como sistemas abertos, onde determinados inputs so

    introduzidos e processados, gerando certos outputs. Assim, o processo administrativo mais

    amplo envolve processos menores que interagem entre si e operacionalizam as entradas,

    transformando-as em sadas. Com efeito, a empresa vale-se de recursos materiais, humanos e

    tecnolgicos, de cujo processamento resultam bens ou servios a serem fornecidos ao

    mercado.

    Ao longo do tempo, os SI tm evoludo em importncia em relao ao papel que

    ocupam nas organizaes. Nos anos 50, os SI produziam mudanas tcnicas que afetavam

    poucas pessoas dentro da organizao; automatizava-se um procedimento e sua checagem, ou

    seja, fazia-se a transferncia do manual para o computador. Nos anos 60 e 70, os sistemas

    trouxeram mudanas gerenciais e comportamentais, passando a influenciar tambm sobre a

    atuao das pessoas. Nas dcadas de 80 e 90, a mudana tambm ocorreu na essncia da

    organizao; o SI passou a envolver tambm as atividades relacionadas a produtos, mercados,

    fornecedores e clientes, mudanas gerenciais e institucionais, passando a afetar toda a

    estrutura da organizao. Os sistemas de hoje afetam diretamente o planejamento e as

    decises dos gerentes e, em muitos casos, como e quais produtos e servios so produzidos.

    Os SI podem ajudar as companhias a ampliar em alcance de mercados distantes; a oferecerem

    novos produtos e servios; reformarem tarefas e fluxos de trabalho e at mesmo mudarem

    profundamente a maneira de conduzir negcios (Laudon e Laudon, 2000).

    De acordo com os autores Hammer e Champy (1994), a TI tem causado mudanas

    radicais nas organizaes, substituindo regras antigas por regras novas atravs de tecnologias

    rompedoras. Alguns impactos so citados por eles:

    Regra antiga: A informao s pode figurar em um local de cada vez.

  • 10

    Nova regra: Com os bancos de dados compartilhados, esta regra muda, uma vez que a

    informao pode figurar simultaneamente em tantos locais quanto necessrios.

    Regra antiga: As empresas precisam optar entre a centralizao e a descentralizao.

    Nova regra: Com as redes de comunicao, as empresas podem, simultaneamente, auferir

    os benefcios da centralizao e da descentralizao.

    Regra antiga: Os gerentes tomam todas as decises.

    Nova regra: As ferramentas de apoio deciso (SAD, SIG) permitem que a tomada de

    decises faa parte das tarefas de todos.

    Regra antiga: O pessoal de campo precisa de escritrios onde possam receber, armazenar, consultar e transmitir informaes.

    Nova regra: Com os computadores portteis e a comunicao de dados sem fio, o pessoal

    de campo pode transmitir e receber informaes onde quer que esteja.

    Regra antiga: Os planos so revistos periodicamente.

    Nova regra: Com a computao de alto desempenho, os planos so revisados

    instantaneamente.

    McFarlan (apud Fernandes e Alves, 1992) props a Matriz de Dependncia

    Estratgica, que permite avaliar o tipo de dependncia que uma empresa tem em relao

    tecnologia, bem como as implicaes para a rea de TI da empresa. Com base nesta matriz,

    possvel identificar diferentes papis para a rea de TI na empresa:

    Papel de apoio: a estratgia empresarial no dependente do bom funcionamento dos sistemas existentes, enquanto os sistemas em desenvolvimento no so crticos

    para os objetivos da empresa.

    Papel de mudanas: a estratgia empresarial no dependente do bom funcionamento dos sistemas em operao. Entretanto, os sistemas em

    desenvolvimento so vitais para os objetivos estratgicos da companhia.

  • 11

    Papel de manuteno de crescimento: a estratgia empresarial depende, criticamente, do bom funcionamento dos sistemas em operao. Entretanto, os

    sistemas em desenvolvimento no so fundamentais para a competitividade da

    empresa.

    Papel estratgico: a estratgia empresarial depende do bom funcionamento tanto dos sistemas em operao como dos em desenvolvimento.

    Para Davenport (1996, p. 54), se nada mudar em relao maneira como o trabalho

    feito e o papel da TI for simplesmente o de automatizar um processo existente, as vantagens

    econmicas sero, provavelmente, mnimas. Neste sentido, Fernandes e Alves (1992)

    afirmam que a TI pode proporcionar oportunidades estratgicas para a organizao. Conforme

    os autores, as principais delas so:

    Criar barreiras de entrada

    Reduzir ou eliminar barreiras de entrada

    Criar custos de mudanas

    Mudar o relacionamento com os fornecedores/compradores

    Reduzir custos

    Criar diferenciao

    Transformar a cadeia de valor

    Criar novas oportunidades de negcios

    Embutir informao nos produtos

    Adicionar valor, continuamente, aos produtos e servios da empresa.

    A TI pode proporcionar mudanas diversos, desde a simples automatizao de

    processos at uma profunda alterao na maneira de conduzir os negcios. Cabe empresa

    avaliar e planejar suas necessidades e expectativas perante o mercado, qual a estratgia a ser

    adotada e o papel da TI frente aos objetivos empresariais.

  • 12

    2.3 As Pequenas Empresas e a TI

    Na base de uma sociedade democrtica, que permite que a economia se dilua para

    milhares de empreendimentos, esto as micro e pequenas empresas, formando um sistema

    produtivo e eficiente no mundo inteiro. Em pases desenvolvidos, as pequenas empresas,

    geridas por empreendedores, so a fora vital da economia.

    No Brasil, o universo de micro e pequenas empresas representa 95% do total dos

    estabelecimentos industriais, 98% dos comerciais, e 99% dos estabelecimentos do setor de

    servios (SEBRAE, 1999). Cabe, portanto, a este segmento, um importante papel social e

    econmico, como plo de criao e distribuio de riqueza, decisivo na gerao de empregos

    e no desenvolvimento econmico.

    Entretanto, a rotina deste micro ou pequeno empresrio est muito ligada a atividades

    relacionadas com contato com pessoas, encaminhamento de propostas, obteno e aplicao

    de recursos, planejamento e controle da produo, das vendas, alm de ter de encontrar tempo

    para pensar no futuro, e dedicar-se famlia e ao lazer, sem descuidar da constante

    necessidade de atualizao, que lhe impe participar de reunies, cursos, seminrios, entre

    outras atividades.

    Uma pequena empresa, geralmente, composta por uma equipe limitada em termos de

    quantidade de pessoas e, muitas vezes, tambm em termos de qualidade. Como a empresa no

    tem condies de contratar especialistas para suprir as necessidades, o prprio empresrio

    torna-se polivalente, passando a atender problemas de produo, de compras, de marketing de

    vendas e de recursos humanos.

    Tendo em vista tal situao, o setor administrativo, considerado o ponto de equilbrio

    de qualquer grande empresa, uma vez que l as informaes so processadas e, a partir delas,

    as decises so tomadas, torna-se, muitas vezes, frgil na pequena empresa, pois sentar e

    estabelecer contato com informaes, antes e depois da ocorrncia dos fatos, no coaduna

    com a rotina dinmica do pequeno empresrio. (Maas, 1999).

    Um bom SI pode suprir as necessidades operacionais de uma empresa e permitir a uma

    tomada de decises mais eficiente. A eficcia est longe de ser alcanada, quando no se

    utilizam as informaes corretamente. Para isso, fundamental uma tecnologia adequada.

  • 13

    De acordo com a III Sondagem SEBRAE (SEBRAE, 1999), realizada em 24 Estados

    da Federao e no Distrito Federal, com o objetivo de averiguar o grau de informatizao das

    micro e pequenas empresas, pode-se citar alguns nmeros interessantes:

    Cerca de 76% das empresas consultadas esto informatizadas, sendo que, destas, 30% consideram-se totalmente informatizadas. Comparando-se estes dados com pesquisa

    semelhante efetuada em 1997 (SEBRAE, 1997), o nvel de informatizao cresceu de

    57% para 76%. O nmero de empresas totalmente informatizadas tambm apresentou um

    crescimento, passando de 16% para 30%.

    As empresas no informatizadas (24%), alegaram como principal motivo a falta de condies financeiras (41%); em segundo lugar, consideraram a informatizao

    dispensvel no momento (24%). Na pesquisa de 1997, as empresas no informatizadas

    (43%) alegaram os mesmos motivos, porm a falta de condies financeiras era o motivo

    para 54% das empresas. A irrelevncia da informatizao apresentou o mesmo ndice da

    pesquisa mais recente, 24%.

    As duas pesquisas tambm revelaram que o percentual de empresas ligadas internet dobrou no perodo. Em 1997, 22% das empresas estavam conectadas Internet, j em

    1999, este nmero subiu para 50%. Enquanto isso, o nmero de estabelecimentos com

    computadores ligados rede local permaneceu o mesmo (45%) em ambas pesquisas.

    A pesquisa realizada em 1997 tambm levantou os ganhos que a informtica trouxe

    para a empresa, sendo fortemente citados pelos entrevistados a otimizao do tempo (73%); a

    racionalizao das tarefas (58%); a melhoria do nvel das informaes (58%); a agilidade na

    tomada de decises (55%); a reduo de custos (53%); a melhoria da comunicao (42%).

    importante ressaltar que a questo admitia mais de uma resposta.

    Verificando o cenrio da informatizao nas pequenas empresas, em nvel de Brasil,

    percebe-se que houve uma crescente incorporao de TI neste segmento. Esse crescimento

    leva a supor que o segmento tambm enfrenta problemas que precisam ser gerenciados, uma

    vez que a adoo da TI gera mudanas dentro do ambiente organizacional.

    Para a efetiva gesto da TI fundamental que seja feita uma anlise dos custos, dos

    benefcios mensurveis e no mensurveis, dos resultados esperados, da realidade econmica,

  • 14

    financeira e poltico-social da empresa, alm das questes sociopolticas do ambiente

    organizacional que podem aflorar decorrentes do impacto da TI implantada. A avaliao de

    todos esses aspectos deve ter como foco principal a adequao da TI necessidade da

    empresa (Rezende e Abreu, 2000).

    Desse modo, os gerentes devem estar atentos aos problemas que podero enfrentar e

    que dificilmente estaro aptos a resolv-los todos. Assim, necessrio que eles sejam capazes

    de entender, planejar e controlar o impacto da mudana da TI na sua organizao.

    Antecipando e planejando, eles podem evitar projetos atrasados e gastos excessivos

    (Benamati e Lederer, 1998b).

    2.4 Impacto da TI nas Organizaes

    O ambiente dinmico de uma organizao torna seu gerenciamento difcil. Isto

    especialmente verdadeiro quando nos referimos a departamentos de SI. De acordo com

    Lederer e Mendelow (1990), o efetivo gerenciamento de SI requer um entendimento da

    diversidade de influncias ambientais, dos problemas tpicos que estas influncias criam para

    os administradores de SI e da maneira como eles gerenciam o confrontamento com estes

    problemas.

    Esse ambiente organizacional pode ser definido como fatores fsicos e sociais que

    esto fora dos limites da organizao, mas tambm so relevantes para o seu sucesso

    (Duncan, apud Lederer e Mendelow, 1990). Deve haver um adequado equilbrio de

    conhecimento entre esses fatores ambientais externos e internos organizao, uma vez que

    qualquer alterao nos elementos deste ambiente poder refletir na organizao (Oliveira,

    1999).

    Segundo Lederer e Mendelow (1990), o ambiente pode ser visto por duas

    perspectivas: a perspectiva determinstica, que considera organizaes como entidades

    reativas, na emergncia de mudanas ambientais e problemas que isto causa; e, pela

    perspectiva independente, que v o ambiente como um todo que interage regularmente, sendo

    que algumas organizaes adotam polticas proativas, para tentar modific-lo.

  • 15

    Uma teoria de impacto ambiental props que mudanas em dimenses do ambiente,

    tais como as novas TI, causam problemas para organizaes, as quais aplicam mecanismos de

    confrontamento para aliviar os problemas (Lederer e Mendelow, 1990). A teoria foi baseada

    em teorias organizacionais2 e entrevistas estruturadas com 20 executivos de SI, e elucidou o

    relacionamento entre influncias ambientais, problemas tpicos que estas influncias criam

    para os administradores de SI e mecanismos que eles aplicam para atenuar os problemas.

    Foram identificados como fatores ambientais problemticos, novas tecnologias,

    regulamentaes do governo, concorrentes, clientes e usurios finais (Lederer e Mendelow,

    1990).

    A Figura 1, na seqncia, apresenta o desenho do modelo terico. Neste desenho,

    apresentam-se as dimenses do ambiente que causam categorias de problemas, demonstradas

    pela seta A; estes problemas, por sua vez, criam a necessidade de mecanismos de

    confrontamento, representados pela seta B, que a reao do departamento de SI; estes

    mecanismos de confrontamento tambm amenizam problemas, conforme seta C

    (organizaes vistas como entidades reativas), ou tentam modificar o ambiente para reduzir os

    problemas, de acordo a com seta D (organizaes vistas como entidades proativas) (Lederer e

    Mendelow, 1990).

    2 Os pesquisadores Lederer e Mendelow estudaram principalmente as teorias dos autores: Dill, 1958; Emery e Trist, 1965; Katz e Kahn, 1966; Kotter, 1979; Pfeffer, 1982; Porter, 1980; Thompson,1967. Para tais referncias, consultar Lederer e Mendelow (1990).

  • 16

    A

    A

    D B C

    Figura 1: O ambiente e o gerenciamento do SI

    FONTE: Lederer e Mendelow, 1990, p. 209

    Segundo Bio (1996), possvel interpretar qualquer processo de mudana quanto ao

    seu impacto no todo. Para o autor, a introduo de novas TI na organizao no vista apenas

    como uma questo de instalao fsica e de programao, mas tambm de reflexos, inclusive

    negativos, que podem ocorrer nos subsistemas afetados pelo processo de mudana. No

    entanto, a necessidade de resposta s presses do ambiente externo conflita com a tendncia

    de perpetuao das estruturas organizacionais, dos mtodos produtivos e dos critrios e

    procedimentos administrativos (Bio, 1996, p. 23)

    A implementao de um SI provoca um poderoso impacto ambiental e organizacional.

    Alm de fatores tcnicos, fatores gerenciais e administrativos podem ser afetados e influenciar

    positiva ou negativamente no sucesso ou fracasso do novo SI (Laudon e Laudon, 2000).

    DIMENSES DO AMBIENTE Inter-organizacional Tecnologia Governo Concorrentes Clientes Intra-organizacional Usurios

    CATEGORIAS DE PROBLEMAS Reestabelecimento de

    prioridades Comprar ou esperar Mania tecnolgica Incompatibilidade Expectativas irreais Sistemas mal elaborados

    CATEGORIAS DE MECANISMOS DE CONFRONTAMENTO (AES)

    Externas ao departamento de SI: Internas ao departamento de SI: Transferir o problema Projeto de sistema Relaes pblicas Polticas administrativas Observar fornecedores Observar fornecedores Ao poltica Muddle through (deixar que as coisas aconteam por si,

    que os problemas se resolvam com o tempo)

  • 17

    De acordo com Bio (1996), um novo sistema, embora possa ter-se apoiado em

    conceitos, metodologias e tcnicas adequadas, acaba representando muito mais do que uma

    mudana meramente tcnica, pois no trata de mudar apenas a estrutura tcnica das tarefas,

    mas tambm afeta as pessoas que realizam a tarefa. Dessa forma, a concretizao da mudana

    resulta da convivncia entre a intensidade da mudana nas variveis tcnicas e a intensidade

    percebida de mudanas nas variveis humanas.

    As organizaes tm o potencial de mudar seus ambientes atravs do uso de

    mecanismos de confrontamento, a fim de reduzir os problemas ou tentar mudar o ambiente

    para diminuir seus efeitos (Benamati, Lederer e Singh, 1997). Esses mecanismos vo ser

    escolhidos de acordo com a natureza do ambiente. Alguns autores tm sugerido que

    organizaes prosperam ou falham devido a mudanas gerenciais baseadas nas percepes e

    interpretaes do ambiente (Child, Hambrick e Masonm, apud Lederer e Mendelow, 1990).

    Bio (1996) refora esta afirmao quando diz que a habilidade em obter resultados positivos

    das mudanas cada vez mais um fator crtico e precisa ser desenvolvida por toda e qualquer

    empresa que pretenda sobreviver e crescer.

    2.4.1 Nveis de impacto da TI

    Para Fernandes e Alves (1992), o impacto da TI na organizao pode ser visualizado

    em quatro nveis:

    a) Impacto em nvel de indstria: a TI pode alterar, significativamente, a natureza da indstria, impactando nos produtos/servios, mercado e formas de produo.

    b) Impacto em nvel de empresa: a TI pode apoiar, para fazer frente s foras competitivas de um negcio, criando ou eliminando barreiras de entrada, mudando o relacionamento

    com fornecedores e compradores, eliminando as ameaas de produtos/servios substitutos

    e assim sucessivamente.

    De acordo com Porter (1986), toda empresa est inserida num ambiente composto por

    um conjunto de foras competitivas que determinam o seu nvel de retorno ou rentabilidade,

    sendo que a intensidade dessas foras varia de negcio para negcio. As principais foras

    competitivas de um negcio so:

  • 18

    Ameaa de novos entrantes no mercado

    Poder de barganha dos fornecedores

    Poder de barganha dos compradores

    Ameaa de produtos ou servios substitutos

    Rivalidade entre os concorrentes

    c) Impacto em nvel de estratgias: a TI pode impactar tanto as estratgias de crescimento como as estratgias competitivas, visando refor-las, ou permitindo que as empresas

    criem e implementem essas estratgias.

    De acordo com Kotler (1994), as estratgias de crescimento se constituem em:

    Estratgias de crescimento intensivo: penetrao de mercado, desenvolvimento de produto, desenvolvimento de mercado e diversificao.

    Estratgias de crescimento integrativo: integrao vertical e integrao horizontal.

    Estratgias de crescimento conglomerativo: desenvolvimento financeiro, desenvolvimento de habilidades e desenvolvimento de estabilidade.

    De acordo com Porter (1986), as estratgias competitivas consistem em:

    Liderana em custo

    Diferenciao

    Enfoque

    d) Impacto em nvel de operaes/produtos: a TI impacta fortemente as operaes de marketing e produo da empresa, bem como seus produtos.

    A implementao de uma inovao pode criar mudanas no comportamento, na

    estrutura da empresa, nos sistemas gerenciais, nas tcnicas e no domnio de processos

    adotados pela empresa. Todavia, a reao das empresas aos desgios e obstculos tem-se

    mostrado das mais variadas: algumas se antecipando a mudana, outras se fechando. As

  • 19

    empresas que esto mudando tm usado a tecnologia como um instrumento para a obteno

    de competitividade no desenvolvimento de novos produtos e servios, para forjar novos

    relacionamentos com os fornecedores, tornando-se empresas de ponta em relao a seus

    competidores, ou para mudar radicalmente suas operaes internas ou estrutura. E o elenco de

    medidas destinado a instalar esse cenrio voltado produtividade e qualidade deve ser

    elencado como um processo estratgico (Rezende e Abreu, 2000).

    2.4.2 Problemas e aes decorrentes da adoo de novas TI

    Um estudo dos pesquisadores Benamati, Lederer e Singh (1997} revisou a teoria de

    impacto ambiental, focando exclusivamente mudanas na TI .

    Uma amostra, resultado de uma observao dos efeitos da TI e a resposta a estes

    efeitos, de 16 profissionais de TI de diversas organizaes, sugeriu problemas e aes comuns

    nas empresas. De acordo com Benamati, Lederer e Singh (1997), atravs da anlise da

    descrio de 142 problemas vivenciados pelos profissionais e das aes tomadas por eles na

    sua resoluo, foram definidas 11 categorias de problemas, bem como 11 categorias de aes

    ao serem adotadas as novas TI.

    O quadro 1, apresentado na seqncia, demonstra as categorias de problemas com uma

    breve descrio de cada uma delas.

  • 20

    Quadro 1: Definio de categorias de problemas decorrentes da adoo de novas TI

    CATEGORIAS DE PROBLEMAS DESCRIO

    1. Nova Integrao Incompatibilidade ou necessidade de interfaces entre mltiplas TI.

    2. Sobrecarga do Suporte Falta de pessoal especializado externo ou de estrutura da organizao de SI para controlar ou gerenciar novas TI com propriedade.

    3. Demandas de Treinamento Curvas de aprendizagem longas, produtividade diminuda e dificuldade de manter pessoal com experincia na nova TI.

    4. Resistncia Desacordo em relao ao uso ou relutncia em aceitar novas TI.

    5. Dilemas de Aquisio Dificuldade em manter-se informado ou em escolher novas TI.

    6. Falsa Promessa do Fornecedor (Vendor Oversell)

    Marketing prematuro ou colocao de expectativas irreais pelos fornecedores de TI.

    7. Necessidades em Cascata Necessidades no previstas ou dependncia na nova TI.

    8. Negligncia do Fornecedor Insuficiente experincia, conhecimento ou habilidade para determinar problemas dos fornecedores de TI.

    9. Desempenho Pobre Desempenho falho de uma nova TI em atingir suas expectativas.

    10. Falhas Inexplicveis Fracasso sem explicao da nova TI.

    11. Erros Documentao inadequada ou falhas na nova TI.

    FONTE: Benamati, Lederer e Singh, 1997

    A seguir apresentam-se as categorias de aes, com uma breve descrio do que

    representa cada uma delas.

  • 21

    Quadro 2: Definio das categorias de aes adotadas para resoluo de problemas

    decorrentes da adoo de novas TI

    CATEGORIAS DE AES DESCRIO

    1. Consultores e Outros Usurios

    Comprometer profissionais externos de SI para ajudar a planejar, implementar, solucionar problemas ou providenciar apoio contnuo para a nova TI.

    2. Educao e Treinamento Manter-se informado sobre novas TI disponveis e instruir, orientar o uso da nova TI.

    3. Suporte de Fornecedor Confiar nos fornecedores de TI para determinao e resoluo de problemas, customizao, interfaces e intensificao funcional para nova TI.

    4. Novos Procedimentos Desenvolver processos para a avaliao, aquisio e implementao da nova TI.

    5. Staffing Responder s mudanas com novas decises de staffing: mudar prticas de contratao e estruturas de pessoal.

    6. Atraso Atrasar a aquisio de nova TI.

    7. Inao Abster-se de tomar qualquer deciso ou de agir motivado pela insuficincia de recursos ou pela ausncia de problemas graves.

    8. Suporte Interno Resolver os problemas internamente.

    9. Persuaso Persuadir fornecedores a resolver problemas e convencer pessoal de TI e usurios a aceitar a nova TI.

    10. Tecnologia Adicional Adquirir nova TI para resolver problemas causados por uma j existente.

    11. Tolerncia Ignorar ou ficar em volta dos problemas e aprender a nova TI sem educao formal.

    FONTE: Benamati, Lederer e Singh, 1997

    Aps revisada a teoria de impacto ambiental, com aprofundamento em problemas e

    aes decorrentes das mudanas em TI, possvel apresentar um novo desenho do modelo

    terico, como mostra a Figura 2.

    A figura representa, com a seta A, as categorias de problemas que podem ser causadas

    pelo impacto da TI na organizao. Essas categorias de problemas motivam as aes (seta B)

    para a reduo dos problemas (seta C). A seta D, representa a reduo dos problemas atravs

    de alteraes no ambiente de TI. Por outro lado, a seta E ilustra que as aes podero criar

  • 22

    novos problemas para o SI. A seta F, por sua vez, indica que os problemas tambm podero

    criar outros problemas.

    A D

    F

    B

    C

    E

    Figura 2: Teoria de impacto ambiental

    FONTE: Adaptado de Benamati, Lederer e Singh, 1997, p. 287

    Convm ressaltar que na pesquisa americana no foram evidenciadas aes especficas

    para determinados problemas, no havendo relao direta de determinada categoria de aes

    com determinada categoria de problemas.

    Abordada uma reviso bibliogrfica dos temas da pesquisa, parte-se para a

    contextualizao da aplicao a fim de situar a pesquisa em seu mbito de abrangncia.

    DIMENSES

    DO AMBIENTE

    Tecnologia de Informao

    AES

    Consultores e outros usurios Educao e treinamento Suporte de fornecedor Novos procedimentos Staffing Atraso Inao Suporte interno Persuaso Tecnologia adicional Tolerncia

    PROBLEMAS

    Nova integrao Sobrecarga de suporte Demandas de Treinamento Resistncia Dilemas de Aquisio Falsa promessa do fornecedor Necessidades em cascata Negligncia do fornecedor Desempenho pobre Falhas inexplicveis Erros

  • 23

    Captulo 3 CONTEXTO DE APLICAO: AS INDSTRIAS DE

    PEQUENO PORTE DO VALE DO TAQUARI/RS

    Inicialmente importante definir o que se entende por micro e pequena empresa, uma

    vez que ela pode ser vista sob dois aspectos: classificao de porte, segundo o nmero de

    funcionrios, ou de acordo com o faturamento bruto anual.

    O quadro 3 apresenta a classificao das empresas segundo o nmero de funcionrios.

    Cabe salientar que este foi o critrio adotado para este estudo.

    Quadro 3: Classificao das empresas quanto ao porte segundo o nmero de empregados

    PORTE EMPREGADOS

    Microempresa No comrcio e servios, at 09 empregados. Na indstria, at 19 empregados.

    Pequena Empresa No comrcio e servios, de 10 a 49 empregados. Na indstria, de 20 a 99 empregados.

    Mdia Empresa No comrcio e servios, de 50 a 249 empregados. Na indstria, de 100 a 499 empregados.

    Grande Empresa No comrcio e servios, 250 empregados ou mais. Na indstria, 500 empregados ou mais.

    FONTE: SEBRAE/RS, 2000a

    O quadro 4, a seguir, apresenta a classificao de empresas segundo o faturamento

    bruto anual, conforme estabelece o estatuto da micro e pequena empresa.

  • 24

    Quadro 4: Classificao das empresas quanto ao porte segundo o faturamento

    PORTE FATURAMENTO BRUTO ANUAL Microempresa At R$ 244.000,00 Pequena Empresa Entre R$ 244.000,00 e R$ 1.200.000,00

    FONTE: Lei Federal n. 9.841, de 05/10/99 Estatuto da Micro e Pequena Empresa

    Tendo apresentado esta definio inicial, traa-se, na seqncia, um panorama da

    micro e pequena empresa no Brasil, considerando a representatividade e importncia deste

    segmento empresarial, para, em seguida, situ-la na regio do estudo.

    3.1 Contexto Nacional da Pequena Empresa

    Segundo dados do IBGE, existem no Brasil, cerca de 3,5 milhes de empresas, das

    quais 98% so microempresas e empresas de pequeno porte. As atividades tpicas de micro e

    pequenas empresas mantm cerca de 35 milhes de pessoas ocupadas em todo o pas, o

    equivalente a 59% da mo-de-obra ocupada no Brasil. Incluem-se, neste clculo, empregados

    nas micro e pequenas empresas (MPEs), empresrios de micro e pequenas empresas e os

    conta prpria (indivduos que possuem seu prprio negcio, mas no tm empregados). O

    nmero de MPEs industriais exportadoras se aproxima de 4.000 empresas, que exportam,

    anualmente, cerca de U$ 800 milhes (SEBRAE/SP, 2000). Na tabela 1, possvel visualizar

    uma sntese desses dados:

    Tabela 1: Participao das MPEs na economia brasileira

    VARIVEL AS MPEs NO BRASIL

    Nmero de empresas 98%

    Pessoal ocupado 59%

    Faturamento 28%

    Participao no PIB 20%

    Nmero de empresas exportadoras 29%

    Valor das exportaes 1,7%

    FONTE: SEBRAE/SP, 2000

  • 25

    Alguns dados3 mais especficos permitem visualizar a participao da micro e pequena

    empresa no Brasil em relao distribuio das empresas segundo segmento e porte,

    conforme apresentado na tabela 2.

    Tabela 2: Distribuio das empresas industriais, comerciais e de servios, segundo porte e

    setor, no Brasil

    NMERO DE EMPRESAS NO BRASIL

    SETOR COMPOSIO ME PE MDE GE Total

    Indstria 17% 85,26% 11,11% 2,96% 0,67% 100%

    Comrcio 56% 93,16% 6,04% 0,48% 0,32% 100%

    Servio 27% 87,18% 10,25% 1,24% 1,33% 100%

    TOTAL 100% 90,17% 8,06% 1,12% 0,65% 100%

    FONTE: SEBRAE, 1998, p. 67

    A tabela 3 apresenta a distribuio do pessoal ocupado, segundo porte e setor, no

    Brasil.

    Tabela 3: Distribuio do pessoal ocupado, segundo o porte da empresa por setor, no Brasil

    PESSOAL OCUPADO NO BRASIL

    SETOR COMPOSIO ME PE MDE GE Total

    Indstria 43,80% 14,87% 18,56% 24,80% 41,77% 100%

    Comrcio 25,81% 44,17% 23,88% 7,25% 24,70% 100%

    Servio 30,39% 18,89% 17,96% 7,73% 55,42% 100%

    TOTAL 100% 23,66% 19,75% 15,08% 41,51% 100%

    FONTE: SEBRAE, 1998, p. 67

    3 Todos os quadros apresentando dados estatsticos referem-se classificao do porte da empresa segundo o nmero de funcionrios.

  • 26

    Na tabela 4, possvel identificar a distribuio da receita, segundo porte e setor

    empresarial, no Brasil.

    Tabela 4: Distribuio da receita/valor bruto da produo industrial, segundo o porte da

    empresa por setor, no Brasil

    RECEITA / VALOR BRUTO DA PRODUO INDUSTRIAL DO BRASIL

    SETOR COMPOSIO ME PE MDE GE Total

    Indstria 51,18% 6,94% 10,30% 21,67% 61,09% 100%

    Comrcio 32,70% 23,04% 22,30% 9,53% 45,13% 100%

    Servio 16,12% 14,34% 14,06% 7,46% 64,14% 100%

    TOTAL 100% 13,40% 14,82% 15,41% 56,37% 100%

    FONTE: SEBRAE, 1998, p. 68

    Aps ter-se um panorama nacional da micro e pequena empresa, parte-se para a

    contextualizao local da pesquisa, na regio do Vale do Taquari.

    3.2 Contexto Regional da Pequena Empresa

    Localizado na regio central do Rio Grande do Sul, o Vale do Taquari destaca-se no

    contexto estadual e nacional, por suas potencialidades e sua representatividade poltico-

    econmica. Com uma rea geogrfica de 5.717,04 km e uma populao estimada em 305.000

    habitantes, a regio representa 3,2% da populao do Estado. Contribui com 3,71% do PIB

    estadual, apresentando uma renda percpita de U$ 5.989,88, um pouco superior mdia

    estadual, e 50% superior mdia do pas (UNIVATES, 2000).

    Formado por 40 municpios, o Vale do Taquari concentra sua economia no setor

    primrio. Por outro lado, conta com um setor de comrcio bem definido e alguns setores da

    indstria bem estruturados. Destacam-se os setores de alimentao, calados, pedras, mveis e

    esquadrias.

  • 27

    Traando um perfil da regio, 99,22% das empresas do Vale do Taquari so micro e

    pequenas empresas. Do total de empresas da regio, 6,93% so EPP, empresas de pequeno

    porte ou pequenas empresas, responsveis pela ocupao de 29,87% (20.743 pessoas) da mo-

    de-obra ocupada pelas empresas na regio. Este dado significativo comprova a sua

    importncia social no desenvolvimento regional. Na tabela 5 possvel visualizar estes dados.

    Tabela 5: Nmero de empresas do Vale do Taquari por nmero de empregados

    PORTE CATEGORIA DE PESSOAS OCUPADAS N. DE

    EMPRESASEMPRESAS POR PORTE

    PESSOAS OCUPADAS

    PESSOAS POR PORTE

    1 a 4 pessoas ocupadas 9.213 15.718 ME - MICRO EMPRESA 5 a 9 pessoas ocupadas 1.033

    10.246 6.708

    22.426

    10 a 19 pessoas ocupadas 410 5.474 20 a 29 pessoas ocupadas 140 3.312 30 a 49 pessoas ocupadas 102 3.837

    PE - PEQUENA EMPRESA

    50 a 99 pessoas ocupadas 117

    769

    8.120

    20.743

    100 a 249 pessoas ocupadas 58 8.973 MDE - MDIA EMPRESA 250 a 499 pessoas ocupadas 15

    73 4.920

    13.893

    500 a 999 pessoas ocupadas 9 6.367 GE - GRANDE EPRESA 1000 ou mais pessoas ocupadas 5

    14 6.019

    12.386

    TOTAL 11.102 69.448

    FONTE: SEBRAE/RS, 2000b

    As linhas hachuradas correspondem s pequenas empresas, foco deste estudo,

    totalizando, um nmero aproximado de 770 pequenas empresas na regio. Aproximado,

    uma vez que os dados obtidos no permitem diferenciar a quantidade de empresas por setor

    (indstria, comrcio e servio) e, como j foi mencionado anteriormente, a pequena empresa

    industrial aquela que tem de 20 a 99 funcionrios, enquanto a pequena empresa comercial e

    de servios possui de 10 a 49 funcionrios. Dessa forma, fica impossvel precisar se as

    empresas de 10 a 19 funcionrios so apenas pequenas ou se existe entre elas alguma indstria

    de porte micro. Fica tambm, impossvel verificar se existe alguma mdia empresa comercial

    ou de servios entre as empresas de 50 a 99 funcionrios.

  • 28

    Atravs da anlise de alguns dados gerais do Vale do Taquari, que projetam a

    participao de cada municpio na gerao do PIB regional, foi possvel identificar os 06

    municpios mais representativos para a regio, tanto em nmero de empresas, como na

    gerao do PIB, uma vez que so responsveis por mais de 60% do PIB regional. Os referidos

    municpios so: Lajeado, Estrela, Teutnia, Arroio do Meio, Taquari e Encantado. Por isso,

    optou-se por utilizar como base para este estudo indstrias de pequeno porte destes

    municpios, constantes no Cadastro Empresarial RS, do SEBRAE/RS.

    A seguir, apresenta-se a tabela 6, com dados destes 06 municpios, entre eles PIB,

    nmero de empresas por porte (segundo dados do IBGE) e nmero de indstrias de pequeno

    porte constantes no Cadastro Empresarial RS. No anexo A, possvel visualizar dados do PIB

    e empresas de todos os municpios da regio.

    Tabela 6: Principais municpios do Vale do Taquari, segundo participao na gerao do PIB

    MUNICPIO

    INDICADOR LAJE

    AD

    O

    ESTR

    ELA

    TEU

    TN

    IA

    AR

    RO

    IO D

    O

    MEI

    O

    TAQ

    UA

    RI

    ENC

    AN

    TAD

    O

    PIB Municipal 1998 em U$ milhes 420,75 199,95 197,49 159,35 149,26 140,48

    Participao no PIB regional 21,38% 10,16% 10,04% 8,10% 7,59% 7,14%

    Participao do PIB industrial no total do PIB do municpio 53,96% 55,23% 74,27% 70,91% 61,47% 62,08%

    Nmero de empresas de pequeno porte (ind., com., serv.) - IBGE 276 118 58 42 59 45

    Nmero de indstrias de pequeno porte - Cadastro Empresarial 36 16 07 06 04 09

    FONTE: SEBRAE/RS 2000a e SEBRAE/RS 2000b

    Conforme a tabela acima, nos 06 municpios existem aproximadamente 600 pequenas

    empresas dos segmentos indstria, comrcio e servios, de acordo com dados do IBGE. No

    foi possvel definir este nmero por segmento empresarial, a fim de detectar quantas das 600

  • 29

    pequenas empresas so indstrias. Contudo, ao pesquisar o Cadastro Empresarial do

    SEBRAE/RS, foram localizadas 78 indstrias de pequeno porte situadas nos referidos

    municpios, as quais sero utilizadas para compor a amostra. Na tabela a seguir, possvel

    visualizar estes dados.

    Tabela 7: Nmero de pequenas indstrias do Cadastro Empresarial RS, categorizadas por

    nmero de funcionrios e municpio

    MUNICPIO N. FUNCIONRIOS

    LAJEADO ESTRELA TEUTNIA ARROIO MEIO TAQUARI ENCANTADO

    20 a 39 funcionrios 22 8 3 3 1 4 40 a 59 funcionrios 5 4 1 0 0 1 60 a 79 funcionrios 4 4 2 1 2 4 80 a 99 funcionrios 5 0 1 2 1 0

    TOTAL 36 16 7 6 4 9

    FONTE: SEBRAE/RS, 2000a

    Sendo assim, os dados da tabela acima serviram de base para a realizao desta

    pesquisa, que teve como seu foco indstrias de pequeno porte localizadas no Vale do Taquari,

    constantes no Cadastro Empresarial RS 2000, do SEBRAE/RS.

    Na seqncia, o prximo captulo apresenta a metodologia de pesquisa.

  • 30

    Captulo 4 METODOLOGIA DE PESQUISA

    O mtodo de pesquisa adotado para o presente estudo foi a pesquisa survey. Segundo

    Pinsonneault e Kraemer (1993), a pesquisa survey pode ser definida como a obteno de

    dados ou informaes sobre caractersticas, aes ou opinies de um determinado grupo de

    pessoas, indicado como representante de uma populao alvo, por meio de um instrumento,

    normalmente um questionrio.

    Uma vez que se buscou produzir descries quantitativas sobre o perfil da TI, bem

    como a incidncia de problemas e aes nas pequenas empresas, a pesquisa considerada

    descritiva. Gil (1994) esclarece que a pesquisa descritiva tem como objetivo primordial a

    descrio das caractersticas de determinada populao ou fenmeno ou o estabelecimento de

    relaes entre variveis.

    O mesmo autor ressalta, ainda, que uma das caractersticas mais significativas da

    pesquisa descritiva est na utilizao de tcnicas padronizadas de coleta de dados, o que foi

    perfeitamente respeitado, uma vez que a coleta de dados foi efetuada com a utilizao de

    instrumento originrio de uma pesquisa americana (Benamati, Lederer e Sigh, 1997),

    adaptado realidade brasileira, testado e validado.

    A coleta de dados foi realizada entre os meses de setembro/2000 e maro/2001. Como

    no h inteno de avaliar suas variaes com o decorrer do tempo, a pesquisa caracterizada

    como de corte transversal (cross-sectional) (Sampieri et al., apud Freitas et al., 2000).

    A pesquisa apresentou etapas seqenciais e definidas, que se iniciaram com a

    definio do tema a ser trabalhado e seguiram at os resultados finais. A seguir, apresenta-se o

    desenho da pesquisa, no qual pode-se identificar a seqncia das etapas desenvolvidas no

    estudo:

  • 31

    Figura 3: Desenho de Pesquisa

    Cabe ressaltar que algumas etapas como a traduo e adaptao do instrumento de

    pesquisa e a testagem e validao do instrumento adaptado foram realizadas pelo grupo de

    pesquisadores (03 mestrandos e 01 orientador) (Rech, 2000).

    4.1 Instrumento de Pesquisa

    O instrumento utilizado na pesquisa originrio de um estudo americano realizado

    pelos pesquisadores Benamati, Lederer e Singh (1997), tendo sido testado e validado por eles

    para aplicao em empresas americanas. Em funo de uma parceria firmada em 1998, com o

    objetivo de realizar estudos no Brasil, deu-se incio a um processo de adaptao do

    instrumento para o contexto brasileiro.

    O trabalho iniciou com a traduo do instrumento do idioma ingls para o portugus,

    efetuada por um professor de ingls com 15 anos de experincia tanto com aulas, como com

    tradues e verses. Aps a traduo literal, alguns enunciados no ficaram claros, o que

    exigiu uma adaptao dos mesmos, para a certeza de um bom entendimento pelo respondente

    do que se est desejando pesquisar. Esta adaptao foi feita por um pesquisador da rea que

    Definio do tema Justificativa Objetivos

    Traduo e adaptao do instrumento

    Testagem e valida-o do instrumento

    adaptado

    Definio da amostra Aplicao do instrumento - coleta de dados

    Anlise e interpretao

    dos dados

    Elaborao do documento final e resultados:

    * Perfil da TI utilizada pelas EPP * Ocorrncia de problemas e aes, e grau de sucesso

    Constante reviso bibliogrfica durante o processo

  • 32

    estudou ingls e morou nos EUA pelo perodo de um ano. Ainda assim, alguns termos e frases

    geravam dvidas com relao a seu significado. Aps inmeras reunies e discusses entre os

    membros do projeto, encaminhou-se uma relao de dvidas que foram discutidas com os

    pesquisadores americanos via e-mail (Rech, 2000).

    Decidiu-se acrescentar ao instrumento um novo bloco de questes para identificao

    do questionrio, que foi criado a partir de experincias dos pesquisadores envolvidos e com

    base na literatura. O novo bloco foi denominado de questes de identificao. Foram,

    tambm, agregadas no questionrio, novas questes s j existentes, relativas identificao

    da organizao, do respondente, da tecnologia, com base em outros instrumentos j validados

    na literatura e em pesquisas empricas. Grande parte das questes relativas TI, por exemplo,

    tiveram como base um instrumento elaborado por uma equipe de pesquisadores do Centro de

    Informtica Aplicada da Escola de Administrao de Empresas da FGV de So Paulo, o qual

    est disponvel no site www.fgvsp/br/cia/pesquisa (Rech, 2000).

    Aps as devidas adaptaes, deu-se incio validao do instrumento, que constou,

    num primeiro momento, de reviso de literatura e reunies para discusso entre os

    pesquisadores do projeto e, posteriormente, de um pr-teste. Para Lakatos e Marconi (1996, p.

    227), o pr-teste tem como uma das principais funes, testar o instrumento de coleta de

    dados. Atravs dele devem ser percebidas ...as reaes do entrevistado, sua dificuldade de

    entendimento, sua tendncia para esquivar-se de questes polmicas ou delicadas, seu

    embarao com questes pessoais, etc.. O pr-teste, segundo os mesmos autores, verificar,

    ainda, a ambigidade ou no das questes, perguntas suprfluas, adequao da ordem das

    questes, o nmero suficiente de questes ou necessidade de complement-las.

    O questionrio deve apresentar trs elementos de suma importncia, cuja existncia

    poder ou no evidenciar fidedignidade, validade e operatividade (Lakatos e Marconi, 1996).

    A realizao do pr-teste teve incio com profissionais da rea: um profissional da rea

    de TI, que sugeriu a adio de novas questes, principalmente sobre internet e comrcio

    eletrnico; um estudante com formao em cincias da computao, que sugeriu novas

    questes sobre o perfil da TI. Num segundo momento, realizou-se um pr-teste com empresas

    com o perfil da amostra que se queria atingir. Os trs pesquisadores realizaram o pr-teste em

    duas empresas cada um: uma aplicao, atravs de envio do questionrio pelo correio e outra,

  • 33

    por entrevista pessoal. Ambas sugeriram melhorias nos questionrios, relativas ao

    entendimento e alterao da seqncia de algumas questes. As sugestes foram acolhidas.

    Quanto estratgia de aplicao do instrumento, segundo Lakatos e Marconi (1996, p.

    198), uma das vantagens da entrevista que h maior flexibilidade, podendo o entrevistado

    repetir ou esclarecer perguntas, formular de maneira diferente; especificar algum significado,

    como garantia de estar sendo compreendido. Os autores tambm citam algumas limitaes

    da entrevista, entre elas, a possibilidade de o entrevistado ser influenciado pelo entrevistador,

    o grande dispndio de tempo e a dificuldade de ser realizada a entrevista.

    O pr-teste com empresas do perfil da amostra tambm apresentou vantagens e

    limitaes com relao efetivao da coleta de dados por entrevista ou via correio. Segundo

    os dados, a entrevista seria uma maneira mais eficaz para a aplicao da pesquisa,

    principalmente em funo da extenso e complexidade do instrumento.

    Tambm realizou-se um pr-teste com um grupo maior de entrevistados, alunos do

    mestrado interinstitucional da UFRGS, que tambm sugeriram algumas alteraes. Todas as

    etapas de testagem foram analisadas e discutidas pelo grupo de pesquisa, at o momento final,

    quando considerou-se validado o instrumento.

    importante ressaltar que, segundo os estudos dos pesquisadores americanos

    (Benamati e Lederer, 1998a; Benamati e Lederer, 1998b), as variveis e itens originalmente

    elencados, ou seja, 39 problemas e 34 aes especficas, divididos em 11 categorias cada,

    foram submetidos a testes para validao, e no final dos testes foram indicadas 9 categorias de

    problemas (com 28 questes) e 5 categorias de aes (com 24 questes). Entretanto, o grupo

    de pesquisa brasileiro decidiu adotar o instrumento original para a aplicao (Rech, 2000).

    Na seqncia, apresenta-se o quadro 5, com o objetivo de especificar um pouco

    melhor a composio do instrumento de pesquisa. Nele est descrita toda a estrutura do

    questionrio, com os grupos de variveis e seus significados, a quantidade e exemplo das

    questes. No anexo B, apresenta-se o instrumento de pesquisa completo.

  • 21

    Quadro 5: Conjunto de variveis do instrumento de pesquisa e seus itens adaptados

    GRUPO DE VARIVEIS O QUE SE PRETENDE INVESTIGAR QUANTIDADE DE QUESTES EXEMPLOS DE QUESTES

    Identificao do questionrio Para se ter um controle da aplicao. 11

    1) nmero do questionrio 2) data da entrevista

    Identificao do respondente Perfil do profissional responsvel pelo gerenciamento dos SI. 9 1) sexo 2) idade 3) h quantos anos trabalha em SI

    Identificao da organizao Identificao bsica das organizaes. 10 1) ramo de atividade 2) nmero de funcionrios 3) faturamento bruto anual

    Identificao da TI em uso (incluindo mudanas na TI da empresa)

    Noo sobre o estgio de uso da TI (ou o tipo de TI utilizada) e noo geral sobre o uso da TI de 3 anos atrs e a expectativa para daqui a 3 anos.

    31

    1) oramento anual de SI 2) quantos funcionrios tm acesso ao e-mail e

    Internet 3) n. total de microcomputadores

    Problemas gerais relativos a estas mudanas em TI

    Levantamento de problemas atribuveis s novas TI de 3 anos atrs e a expectativa de problemas para daqui a 3 anos.

    5 1) em que intensidade o SI da sua organizao

    enfrentou problemas inesperados atribuveis s novas TI adotadas?

    Problemas especficos Intensidade de um conjunto especfico de problemas atribuveis adoo de novas TI. 43 + 4 abertas 1) apoio insuficiente de um fornecedor de TI 2) alto custo de novas TI

    Aes especficas Intensidade de um conjunto especfico de aes tomadas em decorrncia destes problemas e o sucesso de cada uma delas.

    38 + 4 abertas (ao e uso ) 38 (sucesso

    da ao)

    1) atrasar a aquisio de novas TI 2) coordenar a comunicao entre mltiplos

    fornecedores 3) ignorar os problemas

    Aes gerais e seu sucesso para solucionar os problemas

    Levantamento de aes para reduzir trabalhos, atrasos e problemas inesperados atribuveis s novas TI e o sucesso destas aes.

    6 1) em geral o quo bem sucedidas foram as aes

    tomadas para reduzir trabalho inesperado atribuvel s novas TI?

    TOTAL DE QUESTES 199

    FONTE: Rech, 2000, p. 22

  • 35

    Em relao s categorias de problemas especficos, o quadro 6 apresenta a quantidade

    e o nmero de questes por categoria de problema.

    Quadro 6: Categorias de problemas e nmero de questes

    NOME DA CATEGORIA N. DE ITENS N DAS QUESTES 1. Demandas de Treinamento 6 82, 98 , 99, 100, 101, 102 2. Falsa Promessa do Fornecedor (Vendor Oversell) 3 72 , 73, 88 3. Nova integrao 4 94, 95, 96, 97 4. Sobrecarga do Suporte 4 78, 79, 80, 81 5. Dilemas de Aquisio 3 75, 76, 77 6. Resistncia 4 83, 84, 85, 86 7. Negligncia do Fornecedor 6 67, 68, 69, 70, 71, 74 8. Necessidades em Cascata 4 89, 90, 91, 92 9. Desempenho Pobre 2 87, 93 10. Falhas Inexplicveis 1 103 11. Erros 2 104, 105 TOTAL 39 67 a 105

    FONTE: Benamati e Lederer, 1998b

    No quadro 7, na seqncia, pode-se verificar a quantidade de questes, bem como suas

    numeraes, para cada uma das categorias de aes.

  • 36 Quadro 7: Categorias de aes e nmero de questes

    NOME DA CATEGORIA N. DE ITENS N DAS QUESTES 1. Educao e Treinamento 5 152, 154, 156, 158, 160 2. Inao 1 128 3. Suporte Interno 4 162, 164, 168, 170 4. Suporte de Fornecedor 4 116, 118, 120, 166 5. Novos Procedimentos 5 130, 132, 134, 136, 138 6. Persuaso 3 146, 148, 150 7. Tolerncia 3 122, 124, 126 8. Tecnologia Adicional 1 144 9. Consultores e Outros Usurios 5 172, 174, 176, 178, 180 10. Staffing 2 140, 142 11. Atraso 1 114 TOTAL 34 114 a 180

    FONTE: Benamati e Lederer, 1998b

    Alm das questes acima, foram elaboradas algumas questes abertas, a fim de

    oportunizar a manifestao de problemas e aes que, eventualmente, possam ser diferentes

    dos apresentados no instrumento.

    4.2 Universo e Amostra da Pesquisa

    A presente pesquisa definiu como seu universo (ou populao) as indstrias de

    pequeno porte localizadas no Vale do Taquari, regio central do estado do RS. Alguns fatores

    foram relevantes para esta escolha:

    Por estar a pesquisadora atuando profissionalmente com este segmento empresarial junto ao SEBRAE/RS, na referida regio geogrfica;

    Por ser a indstria o segmento de maior contribuio na gerao do PIB e valor adicionado na regio, como tambm o em nvel de RS;

    Pela grande participao e conseqente importncia das micro e pequenas empresas na economia, tanto nacional como regional, onde mais de 98% das empresas brasileiras so

    micro e pequenas empresas, conforme dados do SEBRAE, 1999;

  • 37

    Optou-se pela pequena empresa, em detrimen