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NOVEMBRO 14 | N°402 | ANO XXXIII | PREÇO 1,20 EUROS | MENSAL DIRECTOR LUIZ OOSTERBEEK Novo Almourol Sugerida reactivação da base aérea de Tancos para uso civil e de mercadorias A sugestão é de Fernando Freire, presidente da Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha, que no colóquio Praxis III, sobre turismo e cultura, falou da importância que tal teria para a região e país. O momento foi o mais aplaudido do dia. p05 p18 p13 p12 Novo Jardim da Nora Moita do Norte viu reabrir um espaço de referência a necessitar há muito de obras de requalificação. Mais que a baixa verba investida pela Junta de Freguesia de Vila Nova da Barquinha, o maior destaque vai para o trabalho colectivo que fez reduzir esses mesmos custos. Um espaço renovado e aberto à população de todas as idades. Autarquias: Orçamentos cautelosos Sob o signo da austeridade, mais uma vez, os autarcas do Médio Tejo apresentaram os orçamentos para 2015. Atalaia celebrou 500 anos de Foral Com uma reconstituição da entrega do Foral à vila por D. Manuel, na Igreja Matriz,de Atalaia, viveram-se outros tempos com uma multidão a aplaudir p19 Semear incertezas para colher... incertezas É a paixão pelo teatro que leva uma dezena de actores e actrizes amadores a despir a pele do quotidiano e no palco do Teatro Virgínia em Torres Novas, criar um espectáculo que junta imagem, palavra e movimento.

Jornal novo almourol ed novembro 402 dig

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A edição de Novembro do Jornal Novo Almourol

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novembro 14 | n°402 | Ano XXXIII | Preço 1,20 euros | MensALDIRECTOR LuIZ oosTerBeeK

Novo Almourol

Sugerida reactivação da base aérea de Tancos para uso civil e de mercadoriasA sugestão é de Fernando Freire, presidente da Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha, que no colóquio Praxis III, sobre turismo e cultura, falou da importância que tal teria para a região e país. O momento foi o mais aplaudido do dia.

p05 p18 p13 p12

novo Jardim da noraMoita do norte viu reabrir um espaço de referência a necessitar há muito de obras de requalificação. Mais que a baixa verba investida pela Junta de Freguesia de Vila nova da Barquinha, o maior destaque vai para o trabalho colectivo que fez reduzir esses mesmos custos. um espaço renovado e aberto à população de todas as idades.

Autarquias:Orçamentos cautelososSob o signo da austeridade, mais uma vez, os autarcas do Médio Tejo apresentaram os orçamentos para 2015.

Atalaia celebrou 500 anos de ForalCom uma reconstituição da entrega do Foral à vila por D. Manuel, na Igreja Matriz,de Atalaia, viveram-se outros tempos com uma multidão a aplaudir p19

Semear incertezas para colher... incertezasÉ a paixão pelo teatro que leva uma dezena de actores e actrizes amadores a despir a pele do quotidiano e no palco do Teatro Virgínia em Torres Novas, criar um espectáculo que junta imagem, palavra e movimento.

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02 CURTAS & GROSSASNovoAlmourol

novembro 2014

Extensão de Saúde encerrada voltou a abrirDurante três dias, Santa Margarida, freguesia do concelho de Constância, foi notícia no país. Tudo por causa de um problema informático que no dia 27 de Outubro levou ao encerramento da sua extensão de saúde e que afectou os seus 2 543 utentes. Os dois médicos que ali prestam serviço tiveram de se deslocar para a extensão de saúde do Tramagal, concelho de Abrantes, onde realizaram o atendimento e consultas dos utentes. O “grave” problema informático impedia o acesso aos ficheiros dos utentes e apenas foi resolvido dia 29 de Outubro, três dias depois. A reabertura dos serviços em Santa Margarida foi confirmada pelos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, entidade responsável pela gestão e manutenção dos sistemas de informação do Ministério da Saúde.

Centenário da I Grande GuerraRealizou-se na manhã do dia 21 de Outubro a Cerimónia comemorativa do Centenário da I Grande Guerra 1914-1918, junto ao Monumento aos Combatentes, em Vila Nova da Barquinha (VNB). A cerimónia foi acompanhada pela comunidade educativa e contou com a presença de Jorge Faria, Presidente da Câmara Municipal do Entroncamento que se juntou à homenagem junto do seu homólogo Fernando Freire, presidente da autarquia anfitriã. Na ocasião foi descerrada uma placa evocativa da data em homenagem ao combatente português, pela Liga dos Combatentes e pelo Município de VNB que organizaram o evento com o apoio do Agrupamento de Escolas de VNB.

Novos sites para autarquiasA Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo (CIMT) anunciou no dia 27 de Outubro o lançamento de novas páginas de internet das 13 autarquias que a integram. Até final do ano, o projecto que se encontra na fase final de conclusão, o acesso a informações e dados das autarquias deverá ficar mais facilitado. A intervenção, orçada em cerca de 130 mil euros – comparticipados pelo FEDER – está a ser realizada ao nível dos servidores, plataforma de alojamento dos sítios e seu desenvolvimento. À margem do colóquio Praxis III, que se realizou no dia 23 de Outubro no Centro Cultural de Vila Nova da Barquinha, Miguel Pombeiro, secretário executivo da CIMT, declarou ao NA a aposta nas tecnologias da informação como ferramenta essencial para a promoção do Médio Tejo.

↑ rio acima

↓ rio abaixo

Associativismo

Acabam por ser o último reduto na procura de actividades de parte da população. Noutros casos são mais uma peça na comunidade. Seja como for, homens e mulheres dão parte do seu tempo para que se faça e se construa, onde podia muito bem nada haver.

Mau ambiente

Fiscalização à exploração suinícola em Vila Nova da Barquinha detectou irregularidades que agora deverão resultar em coimas pesadas. Na mesma altura, um aviário em Tomar foi alvo de denúncia da Quercus por graves problemas de saúde pública. O lucro não pode ser objectivo único quando muitos sofrem para que poucos enriqueçam. (Pág.4)

Miguel Borges

O presidente da Câmara Municipal do Sardoal é acérrimo defensor do lema "interioridade não é inferioridade" e a recente abertura do Curso Técnico Superior Profissional no concelho dá-lhe ainda mais razão. Resultado de um protocolo assinado entre a Câmara Municipal e o IPT. (Pág.6)

Onde pára a saúde?

Problemas informáticos há muitos, a era digital há muito chegou. Mas o caso de Santa Margarida, em Constância, é apenas mais uma peça do puzzle da saúde em Portugal. Cerca de 2500 utentes, na sua maioria idosos, obrigados a deslocar-se a outro concelho para ter acesso à saúde é mais uma machadada. Em Portugal já nem os computadores escapam.

Food Fab Lab

Novo projecto do Inov'Linea, parte integrante da Tagusvalley em Abrantes, vai permitir que quem se dedica ou está interessado em dedicar-se ao ramo da transformação alimentar possa utilizar a cozinha e a nave industrial. Inovação tecnológica para a comunidade.

Mau Exemplo

O cliché de que "os políticos são todos iguais" é perigoso e falso. Não são. O novo presidente da Comissão Europeia, Jean Claude Juncker, era Primeiro Ministro do Luxembrugo aquando da fuga a impostos de centenas de multinacionais. Em causa milhares de milhões de euros de receitas fiscais perdidas pelos Estados. Os bons que acusem o toque.

Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha decidiu, aprovar a isenção da taxa da derrama a partir de 1 de Janeiro de 2015.

10,5% A taxa de desemprego na região centro do país, a menor em todo o território, no 3.º trimestre de 2014. Os dados são do Instituto Nacional de Estatística e enviados às redacções pela Comissão de Coordenação e De-senvolvimento Regional do Centro. Entre as sete regiões do país, aquela que apresenta os maiores níveis de desemprego é a dos Açores (15,7%)

Descobertos frescos do Séc. XVIDurante os trabalhos de conservação e restauro na capela-mor da igreja de Santa Maria do Castelo, em Abrantes, foi descoberto sob os azulejos, na parede esquerda do altar-mor e por detrás do túmulo de D. Lopo de Almeida um conjunto de pinturas a fresco datadas da primeira metade do século XVI. A descoberta foi feita por conservadores e restauradores de uma empresa especializada, sob observância dos técnicos municipais e da Direcção Geral do Património.

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noVoALMouroL.wordPress.coMNA PRIMEIRA PESSOA 03 novembro 2014

CVMaria João Gonçalves 35 anos,Professora e escritoraPeso da régua

1979nasci sob o signo de touro

1985comecei a escolarização

2007A cegonha visitou-me

2013Iniciei a publicaçãoliterária para as massas

O que mais gosta de fazer nos tempos livres?O meu tempo livre é muito pouco: muito menos do que eu gostaria. Por isso quando “surge” é aproveitado como um bem precioso; uso-o, normalmente, para estar em silêncio e sozinha. Gosto de passear na natureza, pisar a relva descalça e, sobretudo, sentar-me a observar a água do rio a passar, ou a combustão tranquila da lenha da minha lareira…

O que mais a irrita?Sem a menor dúvida, a falta de educação. Somos todos diferentes mas temos a obrigação de nos respeitarmos dentro das nossas diferenças: impor a opinião é irracional e eu não tenho paciência…

Até onde gostava de ir?A qualquer lugar que não seja extremamente urbano: não me seduzem as cidades fruto do crescimento e desenvolvimento rápido… gosto de cidades com construções antigas (as mais românticas), muitas árvores e vasos nas janelas. (A estrutura física desta vila vai de encontro à minha essência.)

Se eu pudesse...… as pessoas viajavam, mais vezes, dentro das folhas de um livro. (na teoria e na prática).

(...) não me seduzem as cidades fruto do crescimento e desenvolvimento rápido… gosto de cidades com construções antigas (...)

“Começou a publicar os seus textos no jornal semanário de Bragança “Mensageiro de Bragança” e, em 2013, as suas crónicas no jornal “Templário”, de Tomar. Recentemente lançou um novo livro intitulado “O gato branco do bar 42” que foi apresentado em Vila Nova da Barquinha e na Praia do Ribatejo.

2009A cegonha visitou-me de novo

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04 AMBIENTENovoAlmourol

novembro 2014

vn bArQUInHA

Fiscalização detecta irregularidades em exploração suinícola

TEXTO&FOTOS rICArDo ALveS

No dia 24 de Outubro, o NA foi contactado pelas auto-ridades para indicar os locais previamente visitados para a realização da reportagem publi-cada na edição de Outubro. O objectivo seria observar, registar e documentar quaisquer irregu-laridades. O NA encontrou-se com a fiscalização da Câmara Municipal de Vila Nova da Bar-quinha e com um guarda afecto ao Serviço de Proteção da Natu-reza e do Ambiente (SEPNA).

O caminho até ao local, na zona inferior à exploração faz-se por caminhos outrora abertos

mas agora lamacentos e fustiga-dos pelo crescimento de vegeta-ção espinhosa.

O registo das irregularida-des começou imediatamente após a saída do jipe da GNR. O pequeno ribeiro que há-de de-saguar no Tejo, depois de passar pelo coração de VNB, corre cas-tanho a cerca de 200 metros da exploração.

Ao chegar ao local já os cães ladravam. Mas a caravana pas-sou. Também o zelador da ex-ploração nos aguardava. Antes da visita ao local, já a equipa de fiscalização estivera no topo da exploração, a verificar e indagar sobre as condições da suinicul-tura. Se lá em cima tudo estava

bem, abaixo o cenário era muito diferente.

Todas as denúncias que constavam na reportagem do NA, na altura acompanhado por António Roldão, habitante de Moita do Norte e há muito colaborador do jornal, foram confirmadas no local por quem de direito, a fiscalização.

O relatório, que aponta vio-lações do direito ambiental, do fiscal camarário bem como o do SEPNA, já chegou às mãos do executivo liderado por Fernan-do Freire que prometeu mão pesada na questão e já contac-tou as entidades responsáveis. Continuaremos a acompanhar de perto a situação.―

Após a notícia do NA, sobre o mau cheiro e, sobretudo, as evidências de despejo de efluentes para uma linha de água adjacente à exploração, a Guarda Nacional Republicana bem como a fiscalização camarária, realizaram uma inspecção à exploração e a empresa responsável, Valinho SA, pode vir a enfrentar coimas

detectadas irregularidades na Herdade do colmeiro

TomArQuercus denuncia aviário em Marmeleiro

TEXTO nA

O abandono de resíduos de um aviário em Marmeleiro, freguesia da Madalena, no con-celho de Tomar, está a causar um problema ambiental e de saúde pública na localidade. A denúncia foi da associação am-bientalista Quercus e à Agência Lusa, a presidente da Câmara Municipal de Tomar, Anabela Freitas, declarou na altura "não ter conhecimento" do alegado problema ambiental, "nem de denúncias" relativas ao mesmo, e garantiu no final do mês de Outubro, que a autarquia iria actuar através dos respectivos serviços municipais.

"A deposição a céu aberto de grandes quantidades de resí-duos provenientes da exploração do aviário do Marmeleiro está a contaminar terras e águas, cons-tituindo uma ameaça à saúde pública, com a proliferação de moscas na localidade", disse à agência Lusa Domingos Pata-cho, membro do Núcleo Regio-nal do Ribatejo e Estremadura da Quercus - Associação Na-cional de Conservação da Na-tureza.

O comunicado da Quercus data de dia 29 de Outubro e no dia seguinte também a Direc-ção Regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo anunciou que os proprietários do aviário tinham sido notifi-

cados para resolver a deposição de resíduos a céu aberto até ao final do mês e que na sequên-cia da reclamação recepcionada, efectuou uma vistoria ao local, constatando estar “em curso a remoção do estrume e encami-nhamento para destino adequa-do”.

“Os resíduos e subprodutos constituídos por dejectos e ca-dáveres de galinhas estariam a ser abandonados num terreno atrás das instalações do aviário, sem qualquer impermeabiliza-ção, contaminando os solos e colocando em risco a qualidade das águas", declarou o dirigente da Quercus, adiantando ainda que os grande montes de de-pósito de resíduos "apresentam milhares de larvas de mosca no início do Outono, o que contri-buiu para os maus cheiros e para a grande proliferação de moscas, colocando em causa a saúde pú-blica e a qualidade de vida das populações".

Perante a "gravidade da si-tuação", a Quercus solicitou a intervenção da autoridade licen-ciadora, a DRAP-LVT - Direc-ção Regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo, assim como da Direcção Geral de Alimentação e Veterinária, da Inspecção-Geral da Agricul-tura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, do SEPNA da GNR, da Câmara Municipal de Tomar e da Dele-gada de Saúde de Tomar.―

A denúncia pública decorreu de problemas na exploração do concelho de Tomar que, segundo a Quercus, configura um caso grave de risco para a saúde pública

cadáveres de galinhas estariam a ser abandonados num terreno atrás das instalações do aviário

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noVoALMouroL.wordPress.coM

CAMINHANDO 05novembro 2014

Manutenção da maternidadeO Ministério da Saúde assegurou no dia 25 de Outubro a manutenção da maternidade de Abrantes, em resposta a uma pergunta levantada pelo deputado Duarte Marques (PSD). Um abaixo assinado que circula por várias localidades do concelho abrantino levou a que Duarte Marques, eleito por Santarém, questionasse o governo. O ministério afirmou que "não foi tomada qualquer decisão no sentido do encerramento da maternidade" e "não se encontra em curso ou em preparação qualquer procedimento nesse sentido.―

ABrAnTes

Mudanças PolíticasOutubro trouxe muitas alterações na vida política do concelho. Mário Balsa, professor do ensino especial e porta-voz da bancada do PS na Assembleia Municipal, é o novo chefe de gabinete do presidente Jorge Faria após a demissão de José Alfredo Lopes que regressa ao ensino. Também do lado do CDS-PP, Paulo Bica ex-candidato à Câmara Municipal nas últimas eleições autárquicas, anunciou dia 15 o seu afastamento da vida política, por razões de saúde. O seu sucessor na presidência da Comissão Política é Pedro Gonçalves.―

enTroncAMenTo

Nova AssociaçãoDezanove câmaras municipais do distrito assinaram na primeira semana de Novembro a escritura de constituição da Associação de Municípios do Vale do Tejo, no edifício do Arquivo Distrital, em Santarém. O objectivo da associação é a gestão do património. Inicialmente, seriam 21 os municípios a aderir mas Vila Nova da Barquinha e Constância declinaram apesar de não excluirem a hipótese no futuro. Constância alegou falta de tempo para tratar das questões administrativas, ao passo que Barquinha aguarda um plano de viabilidade económica.―

MunIcíPIos

PrAXIS IIISugerida reactivação da base aérea de Tancos para uso civil e de mercadorias

TEXTO rICArDo ALveS

foi durante o colóquio Pra-xis III - “Relação Umbilical entre o Turismo e a Cultura – Oportunidades e Desafios”, que se realizou no dia 23 de Outubro no Centro Cultural de Vila Nova da Barquinha, que Fernando Freire, presidente da autarquia anfitriã, defendeu a reactivação da base aérea n.º3, de Tancos, situada na freguesia de Praia do Ribatejo, como ae-roporto civil e para transporte de mercadorias.

Num colóquio em que se pretendia debater as oportuni-dades e os desafios para o tu-rismo e para a cultura na pers-pectiva do novo ciclo de fundos comunitários, Fernando Freire defendeu que a ser possível a

reactivação esta daria um grande impulso ao tecido económico da região. As palavras de Fernando Freire foram, de resto, motivo de fortes aplausos por parte da as-sistência composta por autarcas, empresários, representantes mi-litares e membros do Instituto Politécnico de Tomar, (organi-zador do evento).

Freire anunciou também que a ideia já foi apresentada e defendida junto do Conselho da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo e consta da lista de projetos relevantes no âmbito da estratégia 2020 da região do Médio Tejo, a realizar através do Programa Operacional Regional do Centro e do Programa de Desenvolvimento Rural.

A centralidade da base, o nó ferroviário central no Entronca-mento, e a rede de auto-estradas

e itinerários principais (A13 e A23), bem como a existência de uma plataforma logística em Riachos e a proximidade da A23, a 200 metros, são ar-gumentos apresentados. Outros têm que ver com a riqueza pa-trimonial (Convento de Cristo, do Castelo de Almourol e da Torre de Dornes) bem como a proximidade com Fátima, que através do turismo religioso atrai cerca de 5 milhões de visitantes anualmente.

“Também ao nível empresa-rial e do transporte de mercado-rias se justifica a implementação desta medida, pela elevada pene-tração no mercado internacional de empresas do Médio Tejo ao nível da indústria automóvel, curtumes e têxteis, a exploração florestal, a madeira, o mobiliário e o papel”, acrescentou.―

A sIc radical tem vindo a transmitir uma série que recomendo, “rebeldes Ames-trados” [“Brad camp”], que também pode ser encontrada na Internet.É uma série que, digo eu, deve ser vista tanto por pais como por filhos, tanto por profes-sores como por responsáveis políticos, tanto por cidadãos comuns como por especialistas em educação.A matéria é simples e diz-se em dois pontos. um: há adolescen-tes que foram educados de tal modo que ninguém consegue fazer nada deles e com eles, nem eles próprios. dois: há um programa nos estados unidos que os ajuda a reencontrar uma forma de viver com eles pró-prios e com os outros. como? Bom, para isso é que recomen-do que se veja esta série.o que eu penso é que os pais daqueles adolescentes canta-ram, no seu tempo, aquela mú-sica muito famosa e cativante dos Pink Floyd que dizia: “we don’t need no education… nós não precisamos de educação, não precisamos de controlo do pensamento – Hei, profs (e pais, digo eu), deixem os putos em paz.”eles deixaram. Mas agora estão todos em guerra aberta: os pu-tos e todos aqueles que lidam com eles. sem futuro.em França, já lá vão 45 anos, a palavra de ordem era “É proi-bido proibir”, “sejam realistas, exijam o impossível”. Passados estes anos, e che-gados à situação presente, daqueles pais e filhos e da nos-sa libertada europa, é tempo que (re)pensarmos as ideias que temos sobre educação, liberdade, direitos humanos, qualidade de vida pessoal e coletiva… Porque a vida é aqui-lo que fazemos dela. e aquilo que fazemos dela é o trabalho da cultura sobre a herança biológica.Por isso repito: a cultura é um fazer o mundo. o mundo e a nossa vida nele é o resulta-do daquilo que fazemos, é o resultado do trabalho cultural de todas as gerações que nos precederam e do que nós faze-mos com essa herança sobre aquilo que a natureza nos proporciona.e este trabalho cultural tem sempre de ser refeito, porque

Marca d’ Água

Que faz a cultura?

Alves Janaconsultor

cada geração nasce selvagem: sendo nada, mas disponível para ser tudo. se o trabalho fica por fazer, o que em coletivo foi conquistado fica ameaçado de degradação, de destruição, de perda. ninguém ouviu dizer que o Império romano aca-bou? Que da cidade de Palmira apenas restam ruínas? Vimos de um pensamento metafísico que esqueceu a dimensão física da vida huma-na. Por isso, habituámo-nos a pensar que podemos fazer tudo, porque tudo continuará

O trabalho cultural produz uma inflexão na marcha do mundo, reorienta os processos, decide para onde vamos. Por isso, para onde vamos, já lá estamos, naquilo que fazemos hoje. E ninguém fica de fora. E neste processo não há inocentes, somos todos participantes, agentes e cúmplices.

na mesma. Mas porque haveria de continuar?o trabalho cultural produz uma inflexão na marcha do mundo, reorienta os processos, decide para onde vamos. Por isso, para onde vamos, já lá estamos, naquilo que fazemos hoje. e ninguém fica de fora. e neste processo não há inocentes, somos todos participantes, agentes e cúmplices. dizer isto também é fazer cultura.―

Alves Jana escreve segundo as regras do Novo Acordo Ortográfico

sugestão de Fernando Freire causou burburinho e muitas palmas durante o colóquio

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06 SOCIEDADENovoAlmourol

novembro 2014

SArDoALAbertura do Curso Técnico Superior Profissional

TEXTO nA

A cerimónia oficial da abertura do Curso Técnico Superior Profissional (TeSP) em Produção Artística para a Conservação e Restauro, que vai ser leccionado em Sardoal, rea-lizou-se no dia 27 de Outubro, no Centro Cultural Gil Vicente, com a presença do Secretário de Estado do Ensino Superior, José Ferreira Gomes.

Na sessão, Miguel Borges, Presidente da autarquia sardoa-lense, referiu que “o Concelho tem um passado presente, inspi-rador do futuro” e que “através deste curso queremos que o nos-so património seja potenciador da criação de emprego, com-plementado com a existência de um espaço partilhado para as artes e ofícios”.

Na cerimónia que contou com a presença de inúmeros convidados, entre os quais de-putados com assento na Assem-bleia da República, autarcas do Médio Tejo, docentes e alunos

do Instituto Politécnico de To-mar (IPT), Eugénio Pina de Almeida, Presidente do IPT, salientou que este curso “é o re-sultado de uma conjugação de vontades e objetivos estratégicos que visam dinamizar os recursos endógenos da nossa região”.

João Coroado, Director da Escola Superior de Tecnologia de Tomar (ESTT), fez uma apresentação do plano de estu-dos e das saídas profissionais do curso, salientando a importante e vasta vertente prática do mes-mo.

O Secretário de Estado do Ensino Superior dirigiu o seu discurso, em primeiro lugar, aos alunos, realçando a importân-cia de serem os pioneiros neste curso enquanto “oportunidade única para viverem uma expe-riência educativa enriquecedo-ra”. Ao Presidente da Câmara Municipal de Sardoal (CMS) e ao Presidente do IPT agradeceu o empenho e o envolvimento no processo que levou à abertura deste curso em Sardoal.

Refira-se que o funciona-

Importante data assinalada com a presença de várias figuras da política regional bem como do secretário de estado do ensino superior

mento deste curso nas insta-lações do Centro Cultural Gil Vicente e no antigo "Lagar dos Paulinos" surge no seguimento de um Protocolo assinado entre a CMS e o IPT que prevê, tam-bém, uma estreita cooperação entre as partes, no âmbito da formação, apoio técnico, con-sultadoria e divulgação.

O TeSP em Produção Ar-tística para a Conservação e Restauro visa dotar os parti-cipantes de competências de técnicas tradicionais de produ-ção artística, contribuindo para a preservação e recuperação do património cultural e artístico e demarcando o caráter único e diferenciador da herança cultu-ral de cada região. No final desta formação, os alunos ficam habi-litados a desenvolver as técnicas específicas necessárias para ini-ciar uma atividade profissional de sua iniciativa ou para inte-grarem uma empresa, através do estágio assegurado pelo IPT.

Foram 21 os candidatos admitidos na primeira fase de candidatura.―

Dr. José Machado Gil Faleceu no passado dia 22

de Outubro em Coimbra, onde residia, José Machado Gil, viúvo, natural de Vila Nova da Barqui-nha.

Tinha 91 anos, era Licencia-do em Engenharia Geográfica e em Ciências Matemáticas e dedicou toda a sua vida até há poucos meses, ao estudo e ensi-no de Matemática. Trabalhou no Serviço de Meteorologia do Ae-roporto de Santa Maria nos Aço-res, foi professor de matemática do ensino secundário em vários liceus do país, tendo terminado a sua carreira no Liceu D. Duar-te em Coimbra. Foi assistente vários anos no Departamento de Matemática da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Univer-sidade de Coimbra e membro da Sociedade Portuguesa e da Sociedade Americana de Mate-mática para cujas revistas e pu-blicações escreveu vários artigos e estudos. Além da matemática, sempre desenvolveu um gosto especial pela leitura, pela escrita e pelos jornais.

José Machado Gil, sendo as-sinante deste Jornal desde sem-pre, era filho de Maria Eugénia Machado Gil e Vasco Francisco Gil, vinha frequentemente à sua terra natal sobre a qual mantinha interesse permanente.

Sol a Pino

E o mar cansou-se de ser mar.Estirado ao Sol, que tomba, a pino,fica quieto, como um lago.O mar cansado de ser mar,mole de cansaço, sol a pino,tropeça e deita-se, ao compri-do,rolando,todo brando,para o regaço da areia quente.Quieto como um lagoborda-lhe um avental de linho branco:renda branca no oiro da areia quente -- saudades que eu tenho!

José Machado Gil.

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José da Silva Gomes1942–2012

Passados 2 anos da sua partida continuamos a recordar com saudade José da Silva Go-mes. Tentamos fazer com que a sua luta não tenha sido em vão e tentamos fazer o nosso melhor para que ele sorria onde quer que esteja.

Quem passa pelas nossas vi-das e deixa a sua marca deve ser lembrado sempre e ele foi sem dúvida um Homem que deixou a sua marca. A sua garra ao defen-der as suas ideias, a sua paixão pela arqueologia em particular e pelo património em geral, e a sua dedicação aos seus alunos não deixaram ninguém indife-rente.

Teimoso, diria eu com um sorriso nos lábios, mas sempre amigo dos seus amigos eram duas das suas principais carac-

terísticas.Quem, como eu, teve o pri-

vilégio de se ter cruzado com ele vai recordá-lo…sempre!

Cidália Delgado

vn bArQUInHAApresentação do Plano Nacional do Turismo Militar até ao final do ano TEXTO nA

O coordenador do Plano de Implementação Nacional do Turismo Militar (PINTM) prevê que o projecto deverá ser aprovado e apresentado até final de 2014. Fernando Luz Costa, representante do Exército para o Turismo Militar, afirmou isso mesmo durante o colóquio Pra-xis III, que se realizou em Vila Nova da Barquinha (VNB) no dia 23 de Outubro, no Centro Cultural da vila.

O tenente-coronel Fernan-do Luz Costa, afirmou que o património histórico e cultural de âmbito militar existente no Médio Tejo é “uma mais-valia” apostando no “desenvolvimento integrado de uma oferta cultural e patrimonial”.

A Carta Nacional do Tu-rismo Militar, elaborada pelo Instituto Politécnico de Tomar, pelo Exército e pelo municí-pio de VNB, tem por objectivo atrair mais-valias turísticas ao património militar nacional e potenciar fortificações, castelos

e quartéis em todo o território. O PINTM “foi desenvolvi-

do de forma decisiva ao longo deste ano” tendo já sido entre-gue ao Ministério da Defesa para aprovação da fase de ope-racionalização, afirmou o coor-denador.

O concelho de VNB é enca-rado como um laboratório para o plano existindo nele uma forte presença militar, e raízes histó-ricas como os Templários. Fer-nando Luz Costa afirmou tam-bém que ao plano se deve juntar a Força Aérea e a Marinha.―

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noVoALMouroL.wordPress.coMPUBLICIDADE 07novembro 2014

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08 ECONOMIANovoAlmourol

novembro 2014

nerSAnT

Nersant ajuda a nadar com os tubarõesTEXTO rICArDo ALveS

O programa televisi-vo “SharkTank”, basea-do num outro programa - “Dragons’Den” – revelou-se um verdadeiro êxito de audiências a nível mundial e dos Estados Unidos da América vai atraves-sar o oceano Atlântico e aterrar em Portugal. A associação em-presarial NERSANT, em par-ceria com a empresa produtora do programa, organizou no dia 11 de Novembro uma Sessão de Divulgação e esclarecimento de dúvidas sobre o “SharkTank” (em cima do fecho desta edi-ção).

O programa, que deve ar-rancar no início de 2015 na SIC, baseia-se num conjunto de investidores aos quais os em-preendedores recorrem apre-sentando as suas ideias de ne-gócio e propõem uma parceria com os investidores “Tubarões” buscando investimento.

Cinco empresários de su-cesso em Portugal foram es-colhidos e resolveram colocar capital, experiência e redes de contactos à disposição de em-preendedores que mereçam ser ajudados a desenvolver as suas

ideias e negócios. Os cinco Tubarões vivem numa procura constante de novos negócios em busca do melhor que os empreendedores portugueses têm para oferecer.

A Nersant é parceira do programa e o objectivo é anga-riar empresas ou empreende-dores a inscrever-se na versão portuguesa do programa com os interessados a beneficiarem de apoio técnico gratuito para a candidatura ao programa.

Se tem uma empresa à pro-cura de capital para crescer, já presente no mercado, com um

Programa ganha versão portuguesa

histórico de vendas e resultados, e um produto que já passou, ou está a passar, pelo teste de mer-cado, se tem patentes inovado-ras que precisam de capital para lançamento no mercado ou se empresas à procura de capital para internacionalizar o negó-cio uma vez que os Tubarões têm experiência e contactos internacionais que podem pôr ao serviço dos empreendedores, este é o programa para si.

Até à primeira semana de Novembro a SIC já recebera 400 candidaturas e decidiu au-mentar as vagas.―

nerSAnTEncontro internacional já conta com 105 empresas estrangeiras TEXTO nA

A 3.ª edição do Nersant Business – 23 a 27 de Novem-bro - encontro internacional de negócios está a chegar nova-mente ao Ribatejo e a edição deste ano tem já as presenças confirmadas de 105 empresas de 14 países.

O encontro internacio-nal organizado pela Associa-ção Empresarial da Região de Santarém – Nersant - é uma iniciativa pioneira em Portugal e que se tem afirmado no país como um ponto de encontro entre empresários portugue-ses e estrangeiros. Na primeira edição, que aconteceu em 2012, estiveram na região delegações de seis países, sendo esse núme-ro alargado para 10 delegações

estrangeiras na edição seguinte. Este ano, para além dos nú-

meros já confirmados, o evento aguarda ainda a formalização da inscrição de outros países que já manifestaram interes-se em estar presentes. Angola, Argélia, Brasil, Cabo Verde, Canadá, Colômbia, Espanha, Guiné-Bissau, Irão, Moçam-bique, Namíbia, São Tomé e Príncipe, Suazilândia e Suíça são os 14 países com inscrição já efectuada,

A NERSANT encontra-se também a recolher inscrições

de empresas portuguesas para o evento, para que com a in-formação disponibilizada pelas empresas estrangeiras, sejam agendadas reuniões entre em-presas.

Informação sobre as edi-ções anteriores do NERSANT Business, informações relati-vamente ao programa previsto para a edição deste ano e espaço para a pré-inscrição no evento, são algumas das particulari-dades do portal, que pode ser consultado em http://business.nersant.pt/.

Para mais informações, os interessados podem consultar o portal referente ao evento, b em como entrar em contacto com o Departamento de Apoio Técnico, Inovação e Competiti-vidade da NERSANT ([email protected] ou 249 839 500).―

TAGUSDistribuição dos cabazes PROVE no Centro Comercial MilleniumTEXTO nA

A partir do dia 13 de No-vembro, os dois núcleos de produtores PROVE do Ribate-jo Interior vão passar a entregar semanalmente os seus cabazes de produtos hortofrutícolas no Edifício Millenium, situado na Rua D. Lopo de Almeida, em Abrantes.

O primeiro a distribuir os cabazes aos consumidores neste local foi o 2º núcleo PROVE do Ribatejo Interior. O 1º núcleo será sexta-feira, dia 14 de No-vembro, a partir das 16h30.

O PROVE – Comercializar e Vender é um projecto nacio-nal, apoiado pela abordagem LEADER, do Programa de De-senvolvimento Rural (ProDeR), que junta pequenos produtores hortofrutícolas, organizados em

núcleos, para prepararem caba-zes de produtos que são vendi-dos directamente aos consumi-dores inscritos.

As frutas e legumes que compõem os cabazes variam se-manalmente e consoante a épo-ca do ano.

No Ribatejo Interior, o pro-jecto existe há quatro anos, im-plementado pela TAGUS, com a criação do 1º núcleo em 2010. Em 2013, surgiu o 2º núcleo de produtores no território de in-tervenção da TAGUS: Abran-tes, Constância e Sardoal.

Este núcleo aceita, ainda, novos consumidores. Para rece-ber semanal ou quinzenalmente o cabaz hortofrutícola PROVE pode inscrever-se, enviando um email para [email protected] ou telefonar para os números 914 293 004 ou 963 917 021.―

TUrISmoIPT assina protocolo com Ministério da DefesaTEXTO nA

O Instituto Politécnico de Tomar (IPT) e o Ministério da Defesa Nacional, assinam esta sexta-feira, 14 de Novem-bro, um Protocolo de Coope-ração que surge no seguimento dos projetcos e estudos desen-volvidos no IPT sobre o pro-cesso de activação turística do património histórico-militar nacional e o seu respectivo en-quadramento operacional para a região Centro e, mais espe-cificamente, para a sub-região do Médio Tejo. O mesmo visa o reforço de condições para o estudo e implementação do Turismo Militar no território nacional.

O objectivo é estabelecer bases de cooperação entre o Ministério da Defesa Nacional e o IPT, num quadro de desen-volvimento conjunto de acções nos domínios da investigação, do desenvolvimento de marcas e produtos na área da activação turística do património históri-co-militar – Turismo Militar.

A cerimónia, a realizar--se no Auditório Doutor José Bayolo Pacheco de Amorim - Campus do IPT – vai contar

com a presença do Ministro da Defesa Nacional, José Aguiar--Branco, e da Secretária de Es-tado Adjunta e da Defesa Na-cional, Berta Cabral.

Na cerimónia intervirá o presidente do IPT, Eugénio Pina de Almeida, Berta Cabral e José Aguiar-Branco, seguin-do-se a discussão da temática “Turismo Militar: um projecto dinamizador de destinos turís-ticos”.

Luís Mota Figueira, Pro-fessor Coordenador do IPT e o Tenente-Coronel Luz Costa, Membro da Comissão Cientí-fica da Carta Nacional do Tu-rismo Militar vão fazer a apre-sentação do projecto “Turismo Militar: activação turística do património histórico-militar”. Carlos Costa, Professor Ca-tedrático da Universidade de Aveiro vai falar sobre “Turismo Militar como segmento poten-cial do turismo e como agente de dinamização das relações culturais e diplomáticas entre países” enquanto “O Turismo Militar como elemento dife-renciador da região Centro” será o tema desenvolvido por Pedro Machado, Presidente da Entidade Regional de Turismo do Centro de Portugal.―

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PALAVRA 09novembro 2014

oPInIÃo

Contributo para a História da investigação arqueológica no concelho de Vila Nova da BarquinhaTEXTO JúLIo mAnUeL PereIrA*

I - IntroduçãoNo dia 30/10 passam dois anos sobre o falecimento de José da Silva Gomes – o Zé Gomes para os mais íntimos, o Sr. Go-mes, para a maioria dos amigos e conhecidos - figura marcante da vida da Barquinha nas últimas décadas.

Tive o privilégio de o conhe-cer e de o acompanhar nas horas boas e em algumas más. Durante muitos anos trabalhou sob a mi-nha direcção, nos Caminhos de Ferro Portugueses, em Lisboa, onde se mostrou um trabalhador zeloso, um funcionário empenha-do, uma pessoa de trato impecável, capaz de transformar em amigos todos os que privavam com ele.

Dessa relação profissional e da companhia em muitas pesca-rias, nasceu uma grande amizade, cimentada pelo nosso interesse comum – a Arqueologia.

Muito se tem dito e escrito já – justificadamente - acerca da sua acção em prol do desenvolvimen-to da Arqueologia no concelho de Vila Nova da Barquinha mas, por muito meritória que tenha sido a intenção, os que o têm feito não o acompanharam nos tempos pio-neiros, não participaram na cria-ção do Núcleo de Arqueologia da Barquinha, não cooperaram nas suas actividades, nem sentiram o entusiasmo das primeiras desco-bertas arqueológicas.

Por isso, tendo partilhado com ele a paixão pela Arqueolo-gia durante muitos anos, ao longo deste e dos próximos artigos ten-tarei fazer luz sobre esse amigo, esse ser de excepção, esse perso-nagem multifacetado que, em boa hora, atraí para o concelho de Vila Nova da Barquinha, bem como sobre o Núcleo de Arqueologia da Barquinha que ambos fundámos, e do papel que este veio a ter no tocante à divulgação e desenvolvi-mento da investigação arqueoló-gica no concelho, tornando-se um foco de atracção de jovens para essa actividade, alguns dos quais descobriram aí a sua vocação e são hoje profissionais dessa área.

Fá-lo-ei na primeira pes-soa, como convém a quem viveu

os acontecimentos e peripécias que irei narrar e tentarei, da for-ma mais isenta possível, dar uma imagem verdadeira, sem deixar de mostrar os claros e escuros. Só espero que a minha memória de sexagenário não me atraiçoe…

Génese de uma amizade. Está-vamos no ano de 1985. Há mui-to que eu andava a ser assediado para ir trabalhar para Lisboa, onde teria melhores oportunida-des de desenvolvimento de car-reira. Diz-se que água mole em pedra dura, tanto dá até que fura e é bem verdade. Entusiasmado com as potencialidades da infor-mática, num tempo em que se estava muito longe da revolução da micro-informática e dos com-putadores pessoais, aliciado pela ideia de ir trabalhar num órgão de apoio à Chefia, onde, naquele tempo, existia o único terminal de informática de toda a Direcção de Pessoal de uma empresa com mais de 25 000 trabalhadores, aceitei alterar profundamente a minha vida e passar a fazer, como muitos ferroviários, a deslocação pendular diária Entroncamento-Lisboa--Entroncamento.

Pouco tempo depois já eu ocupava um lugar de maior res-ponsabilidade na hierarquia da Empresa, passando a dirigir uma equipa bastante alargada. Entre os trabalhadores que dependiam de mim, encontrava-se o Zé Gomes – então escriturário, mas a quem, mercê das suas qualidades pes-soais e profissionais, eu haveria de proporcionar, mais tarde, o acesso à categoria de Técnico Auxiliar.

Nessas viagens de comboio, com a convivência diária, geram-

-se muitas amizades e encontram--se outras. Assim se passou co-migo. Outrora eu dedicara-me à pesca de competição e era fre-quente encontrar nos concursos um amigo, de nome Joaquim Ris-sa Murcela, residente no Entron-camento, também trabalhador da CP em Lisboa e que viajava, ha-bitualmente, no mesmo comboio que eu, o qual, por sua vez, era muito amigo do Zé Gomes.

Não tardou muito que, nós três e o meu filho Rui Pereira – então um rapazinho -, começás-semos a ocupar regularmente as tardes de Sábado em saídas para a pesca, para os mais variados lo-cais. Eram momentos de convívio inolvidáveis, onde se aliava a pes-ca, ao contacto com a natureza, à conversa, aos petiscos, à paródia, enfim, uma sã camaradagem.

Um gosto em comum. Numa dessas ocasiões fiquei a saber que eu e o Zé Gomes, para além da pesca, tínhamos outra coisa em comum – o gosto pela Arqueo-logia. Enquanto eu era um mero interessado, o Zé Gomes era um verdadeiro entusiasta da Arqueo-logia, não perdendo uma oportu-nidade de inspeccionar o terreno à sua volta sempre que íamos pescar para um sítio diferente. Recordo--me de, em certa ocasião, estarmos à pesca numa lagoa, para os lados do Chouto (concelho da Cha-musca) e o Zé Gomes se ter bai-xado e recolhido, mesmo aos seus pés, um machado de pedra polida com um gume muito perfeito.

Até nos locais onde passava férias não deixava de prospectar o terreno. Assim, na Ameijeira, uma zona no coração de Lagos

onde se situava o aldeamento tu-rístico onde estava alojado e que eu também passei a frequentar, logo encontrou bastante material em sílex, numa pequena mata no interior daquele complexo.

Em breve as nossas tardes de Sábado passaram a ser divididas em duas partes: uma visita a um qualquer sítio arqueológico do concelho de Torres Novas, conhe-cido do Zé Gomes e uma sessão de pesca ao fim da tarde, ocupan-do esta actividade, cada vez uma parcela menor do nosso tempo.

Foi pela mão do Zé Gomes que eu, o Joaquim Murcela e o meu filho, Rui Pereira, e, mais tar-de, o Ten. Cor. Silva Santos e ou-tros, conhecemos o Castelo Velho dos Riachos (Torres Novas), um sítio romano, mas com ocupações anteriores, que remontam ao Pa-leolítico Inferior; o Casal de São Brás (Torres Novas), uma possível villa romana; a Quinta de Almo-tacé (Torres Novas), uma outra villa romana, o Castro de São Domingos, em Pedrógão (Torres Novas); o Castro de Fungalvaz (Torres Novas); as Grutas das Lapas (Torres Novas); a ocupação da Charneca da Rexaldia (Torres Novas), com uma cronologia que vai desde o Paleolítico Inferior ao Calcolítico; a Buraca da Moura (Torres Novas), uma necrópole de larga cronologia; os vestígios do acampamento romano dos Chões de Alpompé (Vale de Figueira – Santarém), o Monte da Cividade (Tomar) um castro romanizado e tantos outros sítios dos concelhos vizinhos, que o Zé Gomes bem conhecia, devido à sua anterior actividade arqueológica no Grupo Recreativo Soudoense de que foi

co-fundador.Recordo um episódio passado

no Casal de São Brás que eviden-cia que até parecia que os achados arqueológicos iam ter com o Zé Gomes, a ponto de, na brincadei-ra, dizermos que ele trazia as peças no bolso para nos surpreender. Eu, ele e o Joaquim Murcela estáva-mos de visita àquele sítio, onde, para além dos vestígios cerâmi-cos habituais, ocasionalmente,e se recolhiam moedas romanas. O terreno tinha sido revolvido recentemente, mas a terra estava seca, formando grandes torrões. Então, o Zé Gomes, que conhecia muito bem as características do local, preveniu-nos que era bom que desfizéssemos alguns torrões, porque, por vezes, eles continham materiais. E, dizendo isso, pegou num e desfê-lo à nossa frente com as mãos nuas. Para nossa grande surpresa, como que por magia, apareceria na sua mão uma pe-quena moeda romana, que se en-contrava no meio do torrão que desfizera!

Estas visitas aos sítios arqueo-lógicos maravilhavam-me mas, simultaneamente, suscitavam-me alguma perplexidade. Perante a riqueza arqueológica que observa-va no concelho de Torres Novas, interrogava-me por que razões existiam tantos sítios arqueoló-gicos naquele espaço geográfico e no concelho de Vila Nova da Barquinha, onde eu então residia, quase nada havia. Efectivamente, apenas se sabia de um local que ti-vera ocupação romana – o Castelo de Almourol - onde, em 1899, se tinham realizado umas escavações arqueológicas das quais pouco se sabe, para além do que foi publi-cado nos “Serões de Tancos” e da existência na Escola Prática de Engenharia de parte do espólio ali recuperado.

Seria por falta de ocupação do território nos tempos antigos e, particularmente, na Pré-História que não se conheciam esses sítios ou seria apenas por ausência de prospecção? Esta é uma interro-gação a que procurarei dar respos-ta no próximo número..

*Investigador de História Local/Mestre em Pré-História e Ar-queologia―

José silva Gomes numa das várias actividades com crianças

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012 ECONOMIANovoAlmourol

novembro 2014

AUTArQUIAS

Orçamentos para 2015 traduzem preocupações sociais e rigor financeiro

AbrantesOrçamento 2015 - 27,6 milhões de eurosDiferencial 2014 - menos seis milhões

um dos orçamentos mais baixos da década, "condicionado pela continuação das medidas de austeridade que o país atravessa", declarou Maria do céu Albuquerque, presidente da autarquia.

Projectos: Conclusão do novo Centro de Saúde de Abrantes, Núcleo Museológico de Tramagal e novo Mercado Diário de Abrantes.

AlcanenaOrçamento 2015 - 12,3 milhões de euros

"É um orçamento muito realista", afirmou Fernanda Asseiceira, presidente da autarquia, que não perspectiva qualquer redução de pessoal no próximo ano

Projectos: Requalificação da rede de colectores, avançar com candidatura no âmbito da modernização administrativa, concluir a revisão do Plano Director Municipal e definir as Áreas de Reabilitação Urbana.

EntroncamentoOrçamento 2015 - 18,9 milhões de eurosDiferencial 2014 - menos seis milhões

"o mais realista possível", descreveu Jorge Faria, presidente da câmara. cerca de 11 milhões dos 18,9 milhões são para as despesas correntes e os restantes 7 milhões para as despesas de capital.

Projectos: Substituição de iluminárias pela tecnologia LED em edíficios municipais bem como iluminação pública. Aquisição de bicicletas urbanas, transformação de três autocarros TURE em viaturas ”amigas do ambiente”. Incremento de espaços verdes na cidade.

ConstânciaOrçamento 2015 - 6,3 milhões de euros

orçamento teve em conta o planeamento estratégico que a autarquia está a definir com vista à preparação do novo quadro de investimentos comunitário, informa o documento aprovado.

Projectos: Apoio "de forma mais intensa" às populações e colectividades, instituições de solidariedade social e bombeiros voluntários. Investimento no Parque Ambiental de Santa Margarida e Centro Ciência Viva.

Vila Nova da BarquinhaOrçamento 2015 - 9,5 milhões de eurosDiferencial 2014 - menos 1,5 milhões

expressa "as condicionantes legais e da conjuntura económica", afirmou Fernando Freire, presidente da autarquia, defendendo a urgência de actuar ao nível social, de forma a porporcionar um maior bem-estar às famílias desprotegidas.

Projectos: Estímulo à criação de emprego no sector turístico; Loja social, ninho de empresas, remodelação da Escola D. Maria II, conclusão do novo pavilhão desportivo e criação de projectos de ciclovias e de percursos ribeirinhos.

MaçãoOrçamento 2015 - 11 milhões de eurosDiferencial 2014 - mais 300 mil euros

um orçamento maior mas "de rigor e de especial enfoque nas pessoas, nos apoios sociais e aos empresários e demais agentes económicos", disse Vasco estrela, presidente da autarquia maçaense.

Projectos: Reforço de apoio às famílias, reformulação do Gabinete Empreendedor de Mação, operacionalização do percurso pedestre junto ao Rio Tejo (Ortiga - Abrantes), e outro entre Vale Abelha e a Albufeira da Barragem de Belver. Aposta na cultura, afirmação do concelho como polo de conhecimento através do Museu do Sagrado do Vale do Tejo e do Instituto Terra e Memória.

Torres NovasOrçamento 2015 - 32 milhões de euros

orçamento fortemente condicionado: 3 milhões e 56 mil euros vão estar ao serviço da dívida, destinados para amortizações de empréstimos e mais 820.852 mil euros para amortização de juro.

Projectos: Reconversão do Convento do Carmo e da Garagem dos Claras e remodelação da Praça do Peixe; procura de financiamento comunitário para a construção de um novo centro escolar e para a mata municipal, na Várzea dos Mesiões; reabilitação de estradas degradadas; modernização administrativa e desenvolvimento de novas tecnologias.

SardoalOrçamento 2015 - 6,9 milhões de eurosDiferencial 2014 - menos 1,4 milhões

"orçamento com rigor que incorpora investimentos que queremos realizar, uns com verbas próprias, outras com recurso ao novo quadro comunitário,", referiu Miguel Borges, presidente da autarquia.

Projectos: Melhoria energética, alargamento das refeições gratuitas a todas as crianças do 1.º e 2.º ciclo, início da revisão do PDM, criação de um Centro de estudo e Interpretação do Património.

Constrangimentos da crise e rigor orçamental na ordem de orçamentos que figuram na lista dos mais baixos da última década. No Médio Tejo como no país, as palavras de ordem são "preocupação social" com tímida tentativa de crescimento

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SOCIEDADE 013novembro 2014

vnb - moITA Do norTe

Concretizado desejo antigo com requalificação do Jardim da Nora

TEXTO&FOTOS rICArDo ALveS

“A grande obra realiza-da pela junta de freguesia neste mandato autárquico”, pa-lavras de João Machado (PS), presidente da Junta de Fregue-sia de Vila Nova da Barquinha, durante a reabertura do Jardim da Nora, totalmente renovado e com valências para todas as idades. A obra de requalificação foi ao encontro de um dese-jo antigo da comunidade e há anos adiado. No primeiro ano de mandato, João Machado pôs mãos à obra, mas não esqueceu todo o trabalho e pessoas en-volvidas.

O Jardim da Nora, junto ao Jardim-de-infância de Moi-ta do Norte, foi requalificado com baixos custos, cerca 35 mil euros, devido à envolvência de várias pessoas que a Junta de

Freguesia conseguiu congregar. “Agradeço a todos os trabalha-dores que participaram nesta obra” assinalou João Machado, estendendo os agradecimentos aos membros da assembleia de freguesia, “à arquitecta e direc-tora do projecto - Rita Inácio (...), ao topógrafo Paulo Gomes que marcou o terreno e nada cobrou, Júlio Ventura, que nos instalou o sistema de rega gra-tuitamente, ao Manuel Honó-rio pelo apoio, ao Laurentino que ofereceu a caixa de água para a Nora, às construções Barros por nos mostrarem sem-pre o caminho mais económico apesar de receberem pelos tra-balhos realizados, ao Cláudio, fiscal da Câmara, pelos con-selhos, aos camaradas de exe-cutivo, ao Fernando Aparício e principalmente ao Laurindo Esperança que me acompa-nhou nesta luta diariamente”,

celebração do dia do Idoso foi a data escolhida para apresentar as novas viaturas

A reabertura aconteceu no dia 8 de Novembro e devolve à comunidade um espaço referência para cidadãos de todas as idades

Presidente da Junta de Freguesia de VnB discursou ladeado, nomeadamente, pelo presidente da autarquia e vereadores rui constantino e ricardo Honório

População de Moita do norte não quis perder reabertura

uma mesa de Ping-Pong é um dos vários equipamentos ao serviço da população

referiu ainda. Fernando Freire, presiden-

te da autarquia de Vila Nova da Barquinha, realçou a obra fruto de “várias boas vontades e altruísmo”, elogiando o jar-dim “agradável, com qualidade, e que as pessoas de Moita do Norte e das terras vizinhas o possam usufruir com alegria e, também, essencialmente para descanso e lazer dos mais ido-sos que bem precisam”.

A cerimónia contou com uma assistência de várias de-zenas de pessoas e a placa de reabertura foi descerrada por duas crianças. O renovado Jar-dim da Nora conta com vários equipamentos de ginástica para idosos, equipamentos de recreio para crianças e jovens, bem como um aparelho para pessoas com mobilidade reduzida numa área especificamente pensada para o efeito.―

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oS PASSoS De SÍSIFo

Diversidade cultural: os outros mundos do nosso mundo OPINIãO LUIz ooSTerbeek

Quando Pero Vaz de Cami-nha descreveu os Tupinam-bás que encontrou em 1500, no litoral brasileiro, destacando a sua diversidade mas reconhe-cendo a sua radical humanidade (noção que, porém, animaria um aceso debate na Europa durante os séculos seguintes), inaugurou uma relação fundamental en-tre o conhecimento naturalista e humanista da realidade, na construção do mundo mercantil e global em que ainda hoje vive-mos.

Esta relação, que reencon-tramos ao longo dos séculos em Camões, Kant, Darwin ou Key-nes, foi-se perdendo depois da segunda guerra mundial. Por um lado devido ao enorme sucesso das ciências naturais, que gera-ram um optimismo que prevale-ceu até à década de 1970, e qua ainda anima alguns espíritos. Por outro devido à crescente se-paração das ciências sociais, mais preocupadas com o curto prazo e, por isso, mais aceites por um mundo que exigia e exige res-postas cada vez mais rápidas, por ilusórias que sejam.

Esta fé absoluta na quanti-ficação de tudo e no investi-mento cada vez mais exclusivo

na procura de soluções para pro-blemas concretos, em si mesma uma opção que trouxe muitos benefícios à sociedade, condu-ziu-nos “suavemente” ao pensa-mento único e à incapacidade de pensar no médio e no longo prazo. Uma incapacidade que se reflecte na debilidade dos gover-nos e dos homens e mulheres de Estado, na crise medíocre de um ensino superior com vistas cada vez mais curtas, mas também na força das forças de dissolução, como a xenofobia (que a Europa começou por reservar a africa-nos e asiáticos, para, em toda a coerência, a ir estendendo cada vez mais aos próprios europeus, esquecida que está das palavras de W. Reich).

O pensamento único, de que a mais elaborada versão é a ideia de que há um só “desenvolvi-mento sustentável”, começou a chocar com a realidade, de for-ma violenta, no final do século passado, e hoje só persiste para gerar mais sofrimento e pobreza. Um dos seus aspectos é o substi-tucionismo progressivo, em que os processos de decisão partici-pada pela sociedade são, cada vez mais, substituídos por arranjos diplomáticos de bastidores, do Conselho de Ministros europeu aos tratados e convenções inter-governamentais… reduzindo os receios de eleição de lideranças autoritárias, pois os povos vis-

lumbram cada vez menos a di-ferença entre elas e as que ainda governam (tal como nas décadas que precederam a II Guerra Mundial).

Por tudo isto é fundamental compreender que não existem futuros de curto prazo (o que já todos estão a entender) e aceitar a difícil opção de perceber que as mais radicais diferenças de for-ma podem reflectir o melhor da nossa resiliência como espécie. Por estes dias os projectos inter-nacionais da região levaram-me à Argentina, país que já teve, em 1900, o 6º maior PIB do mundo, e hoje é apresentado como uma ruína à beira de um colapso ain-da maior.

O que vi, depois de anos de leituras e convicções muito for-temente negativas sobre os pro-cessos naquele país, foi uma so-ciedade mais amena e com mais esperança do que na Europa, uma razoável qualidade de vida da classe média, um desemprego elevado mas abaixo da maioria dos países, um sentimento difu-so de que é possível fazer frente aos mercados e aos “fundos abu-tres” (como são por lá chamados os especuladores financeiros). Até ter estado na Argentina só tinha lido uma opinião não par-tidária favorável ao que por lá se passa: a de Paul Krugman. Bem sei que não se conhece um país

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CULTO 015novembro 2014

O pensamento único, de que a mais elaborada versão é a ideia de que há um só “desenvolvimen-to sustentável”, começou a chocar com a realidade, de forma violenta, no final do século passado, e hoje só persiste para gerar mais sofrimento e pobreza.“

Dom rAmIro

Corócocó canta o galo...OPINIãO CArLoS vICenTe

Venha o mundo do Aldous Huxley. Eu que até gosto e prezo imenso a minha liberdade, sujeitar-me-ia a uma máquina que predefinisse os meus genes para fazer parte de um mundo melhor.

Seria condicionado no ber-çário e não iria querer outra coi-sa, se não para o que realmente tinha sido programado (como dizemos nós comuns mortais) e o mundo seria mais justo e perfeito, as guerras a existirem não seriam pelo poder, sim pelo “saber”.

Seriamos felizes a trabalhar

em escassos dias, mais ainda quando o foco da nossa aten-ção não é o de estudar o quadro socio-económico do país.

Mas quando se percebe uma partilha de visão cultural entre os professores, os comerciantes e os engraxadores de sapatos, isso indica que há uma tendência activa e forte que coloca a socie-dade em movimento. E quando se vêem dezenas de livrarias, e 100% das tabacarias, a vender livros de arte, de história, de fi-losofia (mais do que em Itália ou França), isso demonstra que existe um mercado intelectual forte, que só é possível se a alie-nação for reduzida.

Um mercado de gente que pensa o médio e o longo prazo, gente que não vive no medo do dia seguinte, gente que pode imaginar um futuro melhor, mesmo errando.

O que vi na Argentina não foi o mundo como eu gostaria que fosse, foi uma outra forma de viver, como eu nunca tinha pen-sado. É por isso que gostei: deu--me alternativas e ajudou-me a pensar.

O lugar das Humanidades na sociedade actual é esse, pois nem as ciências naturais, nem a economia ou a sociologia, con-seguem explicar a raiz dos olhos que brilham na Argentina, mes-mo quando choram.―

no que nos realizava sem a actual inconveniente inveja dos demais, em generalidade medíocres que

habitam e coabitam esta esfera terráquea… eles não existiriam da mesma forma, seriam tam-

bém felizes nas suas especialida-des (no seu lugar em sociedade) dando largas aos genes que os tornariam formigas do mesmo formigueiro.

Devo estar tolo! Por pensar nesta fórmula

angustiantemente limitadora?... não estarei, simplesmente, como também dizem alguns, é um mal menor, não haveria tanta ignorância, tanta desfaçatez na mediocridade, não nos puxariam tanto para baixo… as “gangues” que por nós falam sem autorida-de para tal condicionando-nos mais que os “berçários” do Al-dous Huxley.

Pois, condicionam o nosso saber pelo deles… a nossa força

pela deles… e o nosso lugar no mundo pelo deles, (são Ino po-tentes) não como resultado de uma genética apurada, mas re-sultado duma genética desmesu-radamente atrofiada pelo poder que os tolda… capaz de tornar uma ópera de Wagner num uníssono sopro de um vaidoso Bufo Real, as intermitências das ondas num mar chão com recifes mortos (de vida), enfim tornar a beleza em lixo tóxico.

Não devemos pois tomar PARTIDO nos gangues, nem deixar que continuem ganhando a força que nos irá destruir.

Venham os homens “BONS”, seguidos de outros homens bons.―

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016 DESPORTONovoAlmourol

novembro 2014

FUTeboL

União Desportiva Atalaiense segue a meio da tabela TEXTO nA

O clube de Atalaia segue no 6.º lugar da série B da segunda divisão distrital e foi derrotada no último jogo, dis-putado no Estádio Municipal de Atalaia, por uma bola a zero na recepção à União FC Al-meirim.

A equipa luta para subir na tabela já no próximo dia 23 de Novembro na visita ao terreno da Casa do Povo de Muge que se encontra na 8.ª posição da tabela. A UDA conta com 6 pontos, fruto de duas vitórias em 5 jogos – uma como visi-tado e outra como visitante –

vn bArQUInHAApresentação da Escola Municipal de Futebol 2014/2015

TEXTO&FOTOS mArIA eDUArDA

No passado dia 1 de Novem-bro, realizou-se a apresen-tação oficial da Escola Munici-pal de Futebol de Vila Nova da Barquinha, para o ano lectivo de 2014/15, no Estádio Muni-cipal em Atalaia.

O evento contou com a participação de 75 alunos, de um total de 94 inscritos, com idades compreendidas entre os 4 e os 14 anos de idade, de am-bos os sexos. O evento contou também com grande adesão dos pais, mães e encarregados de educação, fazendo com que o número de pessoas presentes

ultrapassasse a centena e meia. Após cada um dos alunos

ser chamado e apresentado (e recebido a merecida salva de palmas), procedeu-se à entre-ga das medalhas de Mérito aos alunos que no ano lectivo tran-sacto eantraram para o Quadro de Mérito.O momento alto da manhã foi o convívio entre alunos, pais, encarregados de educação e treinadores e os di-versos jogos realizados resulta-ram em momentos salutares de convívio, desporto e diversão.

No final, o objectivo ti-nha sido alcançado: miúdos e graúdos felizes. A equipa téc-nica responsável é liderada pelo coordenador David Costa.―

TEXTO nA

O Jantar de Natal do Nú-cleo de Árbitros de Fu-tebol do Ribatejo Norte vai realizar-se em Atalaia, Vila Nova da Barquinha, no dia 12de Dezembro, concretamen-te na Casa do Patriarca. A fa-mília da arbitragem ribatejana vai juntar-se para comemorar o Natal num evento que conta com a colaboração e apoio da Associação de Futebol de San-tarém (AFS), do Conselho de Arbitragem da AFS, do Centro de Treinos de Árbitros de Fu-tebol em Almeirim e do Cen-tro de Árbitros de Futebol no Entroncamento.

Estão convidados outros intervenientes da arbitragem nacional, nomeadamente da

Federação Portuguesa de Fu-tebol. As reservas realizam-se até dia 7 de Dezembro para os números 913 734 378, 912 821 061, 914 199 136 ou para as moradas de email [email protected] e [email protected]. As reservas fa-zem-se pelo preço de 15 “api-tos”.―

vn bArQUInHA

Árbitros ribatejanos festejam Natal em Atalaia

Cn TeJo

Jornada de abertura TEXTO nA

Com a presença de 172 na-dadores, em representação de 12 clubes, realizou-se na piscina Municipal de Torres Novas, o primeiro torneio da época desportiva de 2014/15.

Neste torneio, o CNTejo de Vila Nova da Barquinha, orientado pelo técnico Paulo Serra apresentou 17 nadadores: Nuno Afonso, Adriana Alves, Jéssica Camelo, David Carva-lho, David Carpinteiro, Telmo Faria, Carolina Carpinteiro, Carolina Marques, Alexandre Silva, Daniel Carvalho, Inês Domingos, Cláudia Marçalo,

Mafalda Marques, Daniel Oli-veira, Hugo Sagradas, Márcio Lima, Tiago Vital.

O Torneio de Abertura tem como objectivo avaliar o trabalho realizado e simulta-neamente efectuar o enquadra-mento de novos elementos.

Neste capítulo, segundo

nota do clube “os objectivos foram alcançados, a par de um conjunto de resultados promis-sores, em todos os escalões”. O CN Tejo refere ainda que “o maior destaque vai para a equipa que em 94 resultados individuais obteve 49 recordes pessoais”.―

sendo que o líder da série B é o C.C.R. Mocarriense com 11 pontos, seguidos do Sport C.D. Glória também com 11 e a União FC Almeirim com 9.

Na série A o líder isolado é a Casa do Povo do Pego que

entrou forte na época e venceu todos os 5 jogos disputados, contabilizando 15 pontos. O segundo classificado é a União desportiva Abrantina com 13 pontos, seguida do Ferreira do Zêzere com 9 pontos.―

udA procura a melhor forma no começo desta época

Foto de família dos alunos da escola de futebol

nadadores do cn Tejo com bons resultados em Torres novas

CLACSeis pódiios em Mação TEXTO nA

O Clube de Lazer, Aventu-ra e Competição (CLAC--Entroncamento), Secção de Atletismo, participou no dia 9 de Novembro no 5º Grande Prémio de Atletismo - Mação

Catedral do Presunto, em Ma-ção, e com uma comitiva de 15 atletas, de juniores a veteranos, alcançou seis pódios.

Luís Mota (3.º M40), Car-los Gomes, (2.º lugar juniores), João Joaquim (2º lugar M65), Tiago Xavier (2.º lugar juve-nis) e as benjamins Francisca

Mota e Catarina João (ambas 3º lugar benjamins A e B) fo-ram os elementos em maior destaque.

A organização da prova em Mação foi da responsabilidade da Liga Regional de Melhora-mentos de Ortiga e da Câmara Municipal de Mação.―

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ASSOCIATIVISMO 017novembro 2014

PrAIA Do rIbATeJo

Vestidos de Papel em Limeiras encantam miúdos e graúdosTEXTO&FOTOS rICArDo ALveS

No dia 11 de Outubro realizou-se em Limeiras, freguesia de Praia do Ribate-jo, um desfile de Vestidos de Papel. A organização foi do Centro Cultural e Desportivo Limeirense e a autoria dos fan-tásticos vestidos da talentosa Maria Antunes, que se baseou em personagens da Disney, Hans Christian Andersen ou Lewis Carrol para vestir os seus modelos.

O pavilhão do clube en-cheu para ver desfilar doze crianças entre os seis e os 13 anos e seis adultos, numa noite em que todos foram crianças e viajaram até ao imaginário da animação. Com a ajuda da fi-lha e da neta, Maria Antunes criou verdadeiras obras de arte exclusivamente em papel, le-vando à incredulidade os cerca de 200 espectadores que não pouparam nos aplausos aos modelos e autora. Uma noite para recordar e que a que o NA teve o privilégio de assistir.―

moITA Do norTe

Noite de Fados do CURfoi mais uma vez um sucessoTEXTO&FOTOS rICArDo ALveS

"Apesar das dificuldades", ouviu-se, o Clube União de Recreios de Moita do Nor-te, Vila Nova da Barquinha, (CUR), voltou a organizar a noite de fados e "apesar das di-ficuldades", a casa esteve cheia em mais uma noite de grande festa em torno do fado. Foi no Sábado, dia 11 de Outubro e foi dedicada à profissão de Modista.

Um ambiente único, exce-lente organização, boa comida e bebida e fadistas de corpo e alma só podem condenar ao sucesso as Noites de Fados do CUR. O NA também marcou presença e espera ansiosamente pela próxima edição.―

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018 TEATRONovoAlmourol

novembro 2014

TorreS novAS

Semear incertezas para colher… incertezasFaltam muitos dias até dia 27 de Março, altura em que o Grupo de Teatro Amador do Teatro Virgínia vai apresentar a nova peça durante as comemorações do Dia Mundial do Teatro e da mostra de teatro ”Bons Vizinhos”. Luzes e sombras abraçam-se até esse dia

o teatro como paixão: alguns dos elementos da peça

exposição partilha dois espaços físicos, em Vila nova da Barquinha e Lisboa

TEXTO&FOTOS rICArDo ALveS

O título é ainda provisório mas o texto está escrito, apesar de possíveis alterações ao longo dos ensaios. Tudo se define ou indefine até se fazer luz ou escuridão. De tudo se fará esta peça e de tudo se fa-zem os seus actores, amadores, humanos, apaixonados ou desi-ludidos. Teatro, dança e vídeo, vários caminhos para chegar a um lugar. Ou não.

No teatro nada é certo. A vertigem do teatro, do palco, o abismo do momento irre-petível, do que não volta atrás – não pode, está dito, está dito – do sufoco intenso das luzes, o silêncio da plateia, no teatro tudo acontece sem acontecer. O que levará um grupo de cidadãos “normais” a quere-rem entrar nessa porta para o abismo? Tudo isso, disseram

ao NA, porque é libertador. Mesmo que não respondam a nenhum questão ou dissipem qualquer névoa.

Se o teatro não fosse sufi-ciente, estes actores reais que desejam despir as peles, jun-tam-lhe a dança e o vídeo. O desafio não poderia ser maior. Sob a batuta artística de Hugo Gama, Marta Tomé e João Luz, os dez actores e actrizes hão-de projectar luzes e sombras sobre a plateia do Teatro Virgínia em finais de Março de 2015. Para já, o título da peça “O Medidor de Passos”, é ainda provisório, como se todos tacteassem as noites passadas na magnífica sala do teatro torrejano.

“O espectáculo questiona o sentido de Lugar”, diz João Luz, que escreveu os primeiros textos de “15 a 16 linhas, mo-nólogos “ para cada um dos ac-

tores, mas que ainda estão em permanente evolução. Marta Tomé e Hugo Gama comple-tam o trio e na sessão aberta aos jornalistas mostraram toda a sintonia si. “A peça ten-ta abordar a relação do lugar, que limita ou complementa, explorando-o através do ví-deo, do movimento, da palavra que parece estar cada vez mais condenada. São três elementos num só espectáculo: imagem, movimento e palavra”, acres-centa João Luz.

A criação artística que está a ser trabalhada desde o início de Outubro pelo grupo é um projecto que nasceu em 2013, no âmbito da mostra de teatro "Bons Vizinhos", em que foi reposta a peça "Auto do Fí-sico". Mas o novo trabalho é muito diferente. “Este é feito de raíz”, conta Hugo Gama,

“com tudo o que isso implica num grupo como este”.

De facto, no palco do Vir-gínia, uma vez por semana, para já, juntam-se pessoas de várias idades e actividades e de vários locais. Em Janeiro o trabalho vai intensificar-se e a definição será maior. Os ac-tores e actrizes, dos 13 aos 41 anos, de Riachos, Torres Novas, Entroncamento, Minde - entre outros – designers, estudantes, enfermeiros ou operários de fábrica, acenam quando Car-la Pinto, de 41 anos, apenas

lamenta que os ensaios sejam “apenas uma vez por semana”.

Em comum há a paixão do Teatro. O nome da peça é pro-visório e tudo ainda se indefine mas no teatro, como na vida, poucas serão as “coisas” que não sejam provisórias. O que é um lugar, um espaço temporal ou físico, corpos que dançam, exultam dançantes, procuram e não encontram, ofuscados por imagens, amarrados em pala-vras. Bertolt Brecht di-lo na página seguinte, lá em cima, sem nunca olhar para baixo.―

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noVoALMouroL.wordPress.coM

CULTURA 19novembro 2014

o turismo é uma atividade que vive da sua capacidade de apropriação. Apropria territó-rios, apropria património na-tural e cultural, apropria a cria-tividade, apropria as pessoas que lhe dão estrutura empresa-rial, profissionalismo e sentido. Para que as apropriações sejam justas e sustentáveis, há mecanismos de orientação não apenas ao lucro das empresas e à satisfação dos turistas mas, igualmente, ao sustento digno dos trabalhadores do setor e ao aumento da qualidade de vida das populações residentes nos territórios visitados. Há vantagens no planeamento turístico e ordenamento turís-tico tal como se processa no ordenamento do território. Por isso, no encontro PrAXIs III que decorreu em Vila nova da Bar-quinha dia 23 de outubro p.,p., se referiram quadros teóricos e se apresentaram evidências práticas sobre o melhor modo de transformar as riquezas naturais e culturais que esta bacia hidrográfica do rio Tejo e seus afluentes nos oferece. Há ideias pertinentes para valo-rizar a riqueza arqueológica e artística, produtiva, etnográfi-ca, folclórica, etc., que dis-tingue a sub-região do Médio Tejo. o que também se referiu foi que é necessário repensar--se o turismo na atual euforia turística que se vive como se, por razões de excepcionalida-de, o turismo resolvesse todos os problemas de ativação dos nossos recursos endógenos. Tal como outra qualquer activi-dade económica, os ciclos de crescimento e de perda, bem como a questão eterna da sazonalidade, que cria pertur-bações na exploração turística e suas frentes de viagem, alojamento, restauração e entretenimento e lazer, reque-rem ponderação e cuidado trabalho colaborativo. Também registámos na intervenção da liderança autárquica local que a utilização da ex-base aérea de Tancos se poderia equacionar para o futuro desenvolvimento desta sub-região. entre vozes favoráveis, mais críticas ou até abertamente contra, há que considerar esta proposta. Há possibilidades turísticas para

Roteiro do Tejo: dos territórios, das pessoas e das organizações

36. Dos recursos endógenos aos atrativos turísticos: ideias soltas q.b.

Luís Mota FigueiraProfessor Coordenador do Instituto Politécnico de Tomar

uso deste recurso, caso haja viabilidade financeira e limites bem definidos para o seu uso militar e civil, como foi explici-tado. numa perspectiva de de-senvolvimento turístico, poderá significar um alento concreto para o futuro do Médio Tejo? sem dúvida que que valerá a pena pensarmos um pouco sobre essa possibilidade.

(...) registámos na intervenção da liderança autárquica local que a utilização da ex-base aérea de Tancos se poderia equacionar para o futuro desenvolvimen-to desta sub-região. Entre vozes favoráveis, mais críticas ou até abertamente contra, há que considerar esta proposta.

Todas as artes contribuem para a maior de todas as artes, a arte de viver.”

Bertolt Brecht

considerando-se o valor da paisagem cultural em que nos inserimos não será de todo des-cabido, também, que pense-mos no segmento do turismo sensorial, ajustado ao turismo de saúde e bem-estar. Há se-manas, uma estação televisiva emitiu reportagem designada “caos do sodré”, espelho exem-plar de como a apropriação do espaço público descaracteriza a vivência local corrente. em todas estas questões há que ter como linha de planeamento e execução turística, tanto os enquadramentos jurídicos e legais, como o bom senso que, difícil por vezes de fazer impor é, sensitivamente, aquela coisa que nas tarefas de cozinhar se enuncia e aceita como q.b.―

Tomar, 1 de novembro de 2014

Luís Mota Figueira escreve segundo as regras do Novo Acordo Ortográfico

Feira d'ÉpocaO Centro Náutico de Vila Nova da Barquinha vai receber nos dias 22 e 23 de Novembro mais uma edição da Feira d’Época com venda de produtos da terra, fruta da época, artesanato, gastronomia, chás, licores, mel e doçaria bem como muita animação musical. A inauguração é às 15 horas do dia 22 seguindo-se a música popular, a orquestra infantil, a “poesia na feira” do grupo de poesia do Centro de Estudos de Arte Contemporânea, entre outros. No dia 23 actua o grupo folclórico “Os Pescadores de Tancos”, seguindo-se o Baile Saloio e o Sorteio d’Época. A Feira encerra às 20 horas.―

Feira das ArtesO Clube União de Recreios (CUR) de Moita do Norte, Barquinha, organiza entre os dias 28 de Novembro e 1 de Dezembro, a III Feira das Artes com muitas actividades no programa. Dia 28 realiza-se o II Encontro de Artistas do Teatro com jantar pelas 20h30. Dia 29, pelas 17h00, a actuação de Barquinha Saudosa e Tuna do CUR seguindo-se pelas 21h00 a Banda Arregaita e João Grilo. Dia 30, pelas 21 horas é a vez do fadista humorístico Taberna do Ti Ernesto e no dia 1, dia do 85.º aniversário do CUR, realiza-se uma exibição da escola de danças desportivas do clube e uma tertúlia Literária.―

MoITA do norTe I VILA noVA dA BArQuInHA

93.º Aniversário do CIR ex-TunaO Clube de Instrução e Recreio (CIR) – ex-Tuna - de Moita do Norte, Vila Nova da Barquinha, fundado em 1921, vai celebrar o seu 93.º aniversário no dia 15 de Novembro (sábado) pelas 16h00 na sua sede. A celebração, em plena época de São Martinho, vai contar com a actuação do Grupo Coral de Tancos e disponibilizará aos visitantes água-pé, castanha assada e bolo de aniversário. No evento vai proceder-se, mais uma vez, à entrega de medalhas aos sócios do CIR ex-Tuna que completaram 50 anos de associado numa homenagem à história da colectividade.―

ATALAIAAtalaia e Asseiceira celebraram 500 anos de foral TEXTO rICArDo ALveS

Em clima de grande festa e emoção, foi assim que as “aldeias gémeas” Atalaia (Vila Nova da Barquinha -VNB) e Asseiceira (Tomar) celebra-ram a entrega do foral por parte do Rei D. Manuel, que haveria de os tornar conce-lhos. Foi no dia 2 de Novembro, 500 anos depois, que “Atallaya” e “Ceyceyra”, assinalaram a data com uma manhã na Igreja Matriz de Atalaia que culminou com a chegada de D. Manuel - elementos do grupo de teatro Fatias de Cá e do agrupamento de escolas de VNB, recriaram a entrega do foral – e a leitura do mesmo perante uma pequena multi-dão entusiasta, bem como os presidentes das câmara mu-nicipais de Tomar – Anabela Freitas – e VNB – Fernando Freire.

Manuel Honório, presi-dente da Junta de Freguesia de Atalaia, estava visivelmen-te feliz pela adesão popular ao evento e destacou a “humil-dade” do mesmo, e o envolvi-mento da Câmara Municipal

de VNB nas celebrações, ape-nas lamentando a fraca ade-são dos mais jovens. Na tarde daquele Domingo foi Assei-ceira a receber a festa.

O foral só seria “revogado” com a reforma administrativa de Mouzinho da Silveira, que em 1835 acabou com cerca de 500 concelhos portugueses.

Entre os séculos XII e XVI, era prática regular a entrega de forais que concessionavam às vilas e cidades do país pri-vilégios e maiores liberdades aos seus habitantes. O objec-tivo da maioria era repovoar as aldeias de modo a restituir a segurança, a estabilidade e a paz social nos territórios―

MoITA do norTe II

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020 CULTURANovoAlmourol

novembro 2014

no dia 23 de outubro realizou--se em Vila nova da Barquinha um colóquio sobre património e turismo intitulado "Praxis que se entrecruzam". sem ter tido o prazer de estar presente, servirá este evento apenas de mote para avivar algumas questões sobre o importante legado que recebemos dos nossos antepassados e sobre a perigosa sacralização do mesmo.os monumentos e o património edificado em geral são um gancho importantíssimo para o turismo e, acima de tudo, um testemu-nho da nossa cultura e da nossa história. uma herança imóvel que acumulou, dentro e fora das suas paredes, camadas do que fomos e ainda somos. contudo, com a necessidade de preservação e com a distinção do património com os mais diversos galardões, fomos cristalizando gradualmente as nossas jóias da coroa. destituímos

os edifícios do seu sentido original e criámos regras de utilização que os reduziram a meros patrimó-nios arquitectónicos. Quando remetemos estas heranças à guarda exclusiva da perspectiva arquitectónica ou arqueológica empobrecemos a multiplicidade de vivências do património e até a sua rentabilização económica através dos vários interesses turísticos.Actualmente, vamos uma vez na vida a um monumento "picar o ponto" e não vemos depois neces-sidade de regressar. Muitas vezes visitamo-los através da escola ou em excursões organizadas, por um máximo de três horas se a dimensão o justificar, e seguimos viagem para outro destino. o que levámos? o que retivémos? o que deixámos? esta é uma relação vazia, a que criamos com estes edifícios-memória, e que fica aquém do potencial dos espaços e até dos nossos interesses.Tanto o interesse cultural, como o económico, não estão dissociados neste caso (quase nunca o estão

desde que sejam estruturantes e mantenham um olhar susten-tável). É necessário devolver o património às comunidades e criar programas contínuos de utilização do espaço para lá do simples olhar contemplativo. As propriedades acústicas, a envolvente, o simbo-lismo e a dimensão de muitos dos nossos monumentos fazem com que sejam espaços privilegiadas para actividades e criação, progra-mação e residência artística.utilizando estes espaços, levan-tamos pontos de relevância para a criação artística, fazendo da história um mote para desenhar o presente cultural.os serviços de mediação têm esta função de activar o património e são o melhor veículo para pers-crutar as expectativas e as dúvidas dos visitantes e também a melhor forma de passar informação. não me estou a referir a meras visitas orientadas ou a serviço de baby--sitting. Falo de estratégias globais com actividades sincronizadas e programas específicos para vários públicos (escolas, famílias, empresas, excursões, público especializado, internacional e captação de novos públicos). os roteiros dentro e fora da área de jurisdição dos monumentos/cen-tros históricos não só materializam a sua importância histórica nas comunidades, como os contextua-lizam e aumentam a permanência dos turistas na região. As duas horas de visita podem multiplicar--se e converter-se num dia ou até em fins-de-semana alargados. Aumenta-se o número de visitas e de dormidas e distribuem-se os efeitos desta permanência turísti-ca na região.Muitas vezes, as próprias comu-nidades não conhecem o seu património. sabem que está lá mas têm com ele uma relação de meros espectadores. Têm orgulho nele mas vêem-no à distância. criar relações com as escolas, associações e grupos informais das regiões é uma das pedras angulares desta visão holística do património. A jusante cria-se dinâmica nos concelhos, activam--se os espaços e surgem centenas de milhar de embaixadores para a protecção e valorização desse património. Mais uma vez é crucial envolver as pessoas, mexer no pré-concebido considerando a dinâmica sistémica da sociedade. só com esta malha robusta e no respeito pelos vários olhares tra-balharemos o território da forma correcta.―

(...) é uma relação vazia, a que criamos com estes edifícios-memória, e que fica aquém do potencial dos espaços e até dos nossos interesses.“

Luís FerreiraDesigner

Director Artístico Festival bons Sons

Disco Riscado

Palácios de cristalCInemAExibição nacional de “Os Maias” passa em AbrantesTEXTO AnDrÉ LoPeS

O filme “Os Maias – Ce-nas da vida romântica”, dorealizador João Botelho, vai ser exibido no cineteatro São Pe-dro, em Abrantes, no dia 19 de novembro, pelas 21h30.

A adaptação do romance “Os Maias”, de Eça de Queiroz, estreou nos cinemas em setem-bro passado e tem andado em digressão pelo país, percorrendo mais de 25 cidades. João Bote-lho decidiu levar o filme em digressão pelo país e contactar de perto com os públicos esco-lares, uma vez que o romance de Eça de Queiroz faz parte dos programas curriculares de Português.

O filme teve um orçamen-to de 1,5 milhões de euros e do elenco do filme fazem par-te cerca de 50 atores, entre os quais Graciano Dias, a atriz brasileira Maria Flor, Pedro Inês, João Perry, Maria João Pi-nho, Adriano Luz, Rita Blanco, Hugo Mestre Amaro e Pedro

Lacerda. Até janeiro de 2015 o filme passará ainda em Cas-telo Branco, Caldas da Rainha, Santarém e Portalegre. Em Abrantes o filme será exibido através da Palha de Abrantes/Espalhafitas, Associação de Desenvolvimento Cultural e o bilhete custa 3€. ―

TorreS novAS

Teatro Virgínia comemorou 58 anos de actividade

TEXTO&FOTO rICArDo ALveS

A 27 de outubro de 1956 o edifício do Teatro Virgínia, que entretanto foi requalificado, abria as suas portas ao público apresentando o espectáculo As meninas da fonte da bica pela companhia de Amélia Rey Co-laço - Robles Monteiro.

Passados 58 anos o Teatro Virgínia passou a ser uma re-

ferência nacional, apresentando uma programação que serve o público da cidade e da região que, em parceria com outros teatros do país, apresenta o que de me-lhor se faz em artes de palco. O aniversário deste ano foi come-morado com um fim-de-semana intenso, entre 24 e 27 de Outu-bro e cantaram-se os parabéns no sábado, dia 25 de Outubro, logo após mais um concerto me-morável dos portugueses Dead

Combo que encheram a sala do Teatro Virgínia. Os espectadores foram brindados com um bolo e champanhe numa comemoração do Teatro e da cultura. Ao lado, a escassos metros, o duo Dead Combo, dava autógrafos aos fãs que não arredaram pé. Durante o concerto os músicos fizeram questão de realçar o papel do Virgínia na divulgação da cultu-ra seguidos de fortes aplausos de agradecimento da sala.―

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CULTURA 021novembro 2014

TorreS novASAna Bacalhau transporta para concerto 15 anos de influências musicais

Para falar da cidade onde vivo e trabalho - Goma na rdc, temos de começar pelos aspectos cul-turais e comportamentais, para que depois possamos entender todos os demais que comple-mentam o quotidiano desta terra e das suas gentes.Apresento-vos o Tchukudu, dos mais elaborados, com bandeiri-nhas do congo ou de um clube de futebol, com amortecedores que fingem ter função, ou às cores mais estridentes e carna-valescas, até aos mais simples e rudes. Para que servem? bem.. podia dizer que era algo funcio-nal, e com um sistema fantás-tico de transportar mercadoria ou algo que tem um propósito de ser fácil de manobrar, ou pedalar ou ser confortável.. mas não. nada disso. É difícil de manobrar, não tem pedais e o condutor tem de meter o joelho na madeira para depois com o outro pé "ganhar balanço", e como não é nada confortável, cada um tem de colocar uma esponja ou um pano, porque acredito que o joelhinho ficará em chagas estando de encontra aquele rude barrote. Tem como função normal: transportar car-ga. neste momento começamos a ficar mais confusos e a inclinar a cabeça, levantar o nosso sobrolho favorito e a juntar os lábios numa expressão sarcás-tica de: "ya, certo". Mas sim, la-

De Lá

Da série - Crónicas Cúbicas

Bruno G. M. NetoFilantropo

mento desapontar a vossa mais fértil imaginação. As Tchukudu, servem essencialmente para transportar de pequenas a médias distâncias tudo o que se possa imaginar, fardos enormes de folha de mandioca, sofás, caixas de cerveja, pessoas, cabritos, e tudo o que possa de alguma forma caber, ou, como em muitos casos, não saber e ter de haver a ajuda de 1 ou 2 miúdos para que a carga e a Tchukudu não caia ou vá ter contra os carros. Mas agora vem toda a outra parte que sempre

precisamos de desconstruir para entender os porquês...por vezes as ideias não tão inteligentes podem tornar-se símbolos e serem adaptadas às mais interessantes e impor-tantes imagens de marca. A Tchukudu talvez de facto não seja a ideia mais brilhante mas... funciona, está em todo o lado, é utilizada por toda a gente, é barata de contratar e.. ajuda a que milhares de pessoas não dependam da contratação de serviços de transporte para transportar os seus bens da loja

ou do mercado até suas casas. e por isso devemos adorar a diversidade e por isso é sempre bom ter aquela perspectiva do cubismo social que, de uma forma ou de outra, nos ajuda a tentar ver o mesmo "objecto" de outro ponto de vista que não o nosso inicial.e para terminar... digam lá que o condutor não tem o estilo e a atitude de como estivesse montado na sua Harley?mais aventuras diárias em www.facebook.com/br1neto e sigam-me.―

TEXTO AnDrÉ LoPeS

O Teatro Virgínia, em Tor-res Novas, recebe Ana Ba-calhau, a vocalista dos Deo-linda, no dia 22 de Novembro, pelas 21h30. Desta vez, a can-tora apresenta-se num projecto a solo onde terá um repertório que reflecte as influências musi-cais que a acompanharam entre os 15 anos, idade com que co-meçou a cantar, e os 30, altura em que se tornou cantora pro-fissional.

Neste espectáculo, intitu-lado 15, Ana Bacalhau revisita o trabalho de músicos como Fausto, Zeca Afonso, Amália Rodrigues, Elis Regina, Édith Piaf, Janis Joplin, Pearl Jam, Maria João e Mário Laginha e The Supremes, entre muitos outros. "Aos 15 anos, comecei a tocar guitarra e a cantar. Aos

30, fiz da música profissão. No espaço de 15 anos, fui encon-trando canções e músicos que tiveram um impacto profundo em mim e que trago para este concerto, relembrando o per-curso que trilhei, desde os tem-pos em que cantava sentada na cama, com a parede do quarto a fazer de público, até ao dia em que à minha frente estavam mi-lhares de pessoas para me ou-

vir." Em palco, Ana Bacalhau será acompanhada por Mário Delgado na guitarra, Luís Fi-gueiredo no piano, Zé Pedro Leitão (dos Deolinda) no baixo e contrabaixo e Marcos Cava-leiro na bateria.

Os bilhetes têm o preço de 12,50€ e podem ser comprados na bilheteira do Teatro Virgínia ou através da Bilheteira Online (bilheteiraonline.pt).―

ConSTÂnCIA

Conhecer Aromas e Sabores da Natureza

Vocalista dos deolinda apresenta projecto a solo

TEXTO nA

Nos dias 15 e 16 de novem-bro vai realizar-se no Par-que Ambiental de Santa Mar-garida, Constância, mais uma edição do "Conhecer Aromas e Sabores da Natureza".O evento de índole ambiental e cultural tem como grandes objectivos contribuir para a sal-vaguarda do património natural e cultural e promover alguns produtos de produção biológi-ca, artesanal e doméstica.

Os temas a abordar nesta actividade estarão relacionados com as plantas aromáticas e medicinais, os frutos silvestres, o mel, os cogumelos e a agricul-tura biológica.

No dia 15 e 16 de Novem-bro, entre as 14h30 e as 18h00, vai haver lugar a Exposição e venda de produtos e Provas de chás, licores, mel e compotas. No dia 16 de Novembro, pe-las 9h30, realiza-se um Passeio Pedestre Interpretativo “Des-cobrir a Natureza no Outono”. Neste passeio a organização

propõe "descobrir toda a rique-za natural do vale do ribeiro de Vale de Mestre, destacando--se nesta época do ano os co-gumelos. Vamos encontrar as espécies que “acordam” com o Outono e aquelas que se pre-param para “adormecer", com a chegada do Inverno.O passeio terá 7 km, com duração média de 3h30 e dificuldade também média.As inscrições devem ser efectuadas através do correio electrónico [email protected] ou pelo tele-fone 249 736 929.―

Por vezes as ideias não tão inteligentes podem tornar-se símbolos e serem adaptadas às mais interessantes e importantes imagens de marca.“

cogumelos em destaque nesta época do ano

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022 AgENDANovoAlmourol

novembro 2014

Crónica de Enologia

São martinhoEng. Teresa Nicolauenóloga

Finda a vindima os vinhos necessitam de estagiar. o seu estágio é conduzido consoante o produto a conseguir e o público alvo a que se destina. esta predefinição começa na vindima, onde são seleccionadas as me-lhores uvas e o melhor enquadramento nas mesmas nos diversos lotes a preparar. Alguns destes vinhos iniciam o seu percurso em bar-ricas de madeira, e vão sendo acompanhados consoante a sua evolu-ção. chegado o mês de novembro a tradição mantém-se um pouco por todo o país, e como reza o ditado “no s.Martinho vai-se à adega e prova-se o vinho”, assim, no dia 11 de novembro retoma--se a festa nas adegas.

reCeITA Do mÊSCouves à Dom Prior

TEXTO rICArDo ALveS

É uma das receitas fa-voritas da D. Adélia, do restaurante “Tasqui-nha da Adélia” em Vila Nova da Barquinha. A receita, aprendeu-a com um livro oferecido por alguém “muito querido na vila, que já faleceu, o Zé da Barquinha. A fi-gura carismática, de resto, também lhe ofereceu a receita para o seu famoso Ensopado de Lampreia, que muitos comensais leva ao seu restaurante anualmente.

Mas o prato que aqui se apresenta, e que é con-feccionado na Tasquinha, não é totalmente fiel à de Adélia, que lhe acrescenta um toque pessoal quan-do lha pedem por enco-menda para degustar no restaurante. Mas isso, é

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como ficou combinado na Adiafa, as pessoas voltam a encontrar-se, assam-se as castanhas em brasas quentes e ardentes deixando que o fumo do assador envolva todo o pátio.

Prepara-se um peque-no lanche, comem-se as castanhas e o pro-dutor abre o vinho que

entende dar a provar. os comentários come-çam a surgir, o adeguei-ro mantém-se calado não desvendando o segredo que envolve todos os vinhos que guarda na adega. e em harmonia no magusto de s. Martinho todos provam um dos nécta-res que foi fruto do seu trabalho. sentem-se felizes e orgulhosos, mas sabem que o ade-gueiro tem mais para mostrar, mas esses só mais tarde com o evo-luir do estágio até irem para a garrafa. o frio começa a dar sinais, o fumo das castanhas desce sobre o chão do pátio, o vinho novo aquece o coração de um povo que viu assim os primeiros passos de um “filho” que ajudou a nascer....―

Chegado o mês de Novembro a tradição mantém-se um pouco por todo o país, e como reza o ditado “No S.Martinho vai-se à adega e prova-se o vinho” (...)

uma das receitas favoritas da dona Adélia

Por falar em são Martinho, na Golegã a XXXIX Feira nacional do cavalo, Feira de são Martinho realiza-se até 16 de novembro

O NA vai percorrer os restaurantes da região e pedir que passem aos nossos leitores algumas das suas receitas favoritas. Começamos por Vila Nova da Barquinha, onde mora a Tasquinha da Adélia.

segredo. “Há muito tempo

que a uso e é fácil e de-liciosa”, conta Adélia, que declara o seu amor à co-zinha, “adoro cozinhar e

este prato é bonito, com o queijo gratinado e a amêndoa dourada”. Sem o toque especial de quem sabe, fica aqui a receita original.―

Ingredientes- 1 Couve lombarda- 400 Gramas Carne de Porco- 2 Colheres de Banha- Azeite - Queijo (à escolha)- Amêndoas fatiadas q.b.- Louro q.b.- Alho q.b.

Frita-se a carne no azeite e na banha de por-co com o alho, louro e sal. Coze-se a couve e após cozida faz-se uma cama num tabulei-ro para ir ao forno. Põe-se a carne já frita no tabuleiro, em cima das couves, e torna-se a pôr couve em cima da carne, envolvendo-a.

Espalha-se o queijo em cima do preparado e as amêndoas fatiadas. Vai ao forno até grati-nar e “é uma delícia”. Garantia da Adélia.

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Novembro Aniversário do Clube União de Recreios de Moita do Norte28, 29, 30 de Novembro e 1 de Dezembro Moita do Norte, Vila Nova da BarquinhaTeatro, comédia, música, dança.

MúsIcA TeATro/dAnçA sABer cIneMA PATrIMónIo eTnoGrAFIA Ar LIVre GAsTronoMIA LITerATurA eXPosIção

noVoALMouroL.wordPress.coM

CARDÁPIO CULTURAL 023novembro 2014

“Confidencial/Desclassificado: MISSA CAMPAL”

Fotografia de Manuel Botelho

Até 31 de Janeiro Galeria do Parque,

Vila Nova da Barquinha -

Cinema 12, 19 e 26 Novembro

Cineteatro São PedroAbrantes 21h30

12 de Novembro “Alentejo, Alentejo” de Sérgio Tréfaut 19 de Novembro

“Os Maias Cenas da vida romântica” de João Botelho

26 de Novembro “Gertúlio” de João Jardim

-

KIN, de David Marques

15 de Novembro Dança

Teatro VirgíniaTorres Novas

21h30 7,50€

“Táxis d’os nossos dias” com Anabela,

Rosa do Canto, Joaquim Nico-

lau, Sandra Faleiro, Ana

Guiomar 14 de Novembro Cineteatro São Pedro

Abrantes21h30

10€ -

“Resineiros” ciclo da resina

Até 28 de Novembro Espaço Cá da Terra

Centro Cultural Gil Vicente Sardoal

-

IV Mostra de Teatro do GETAS

22 de Novembro Centro Cultural Gil Vicente

Sardoal 21h30

-

«Casa dos Ventos»

Teatro e Marionetas

de Mandrágora 28 Novembro

Cine-Teatro São Pedro Abrantes

À Mesa com Azeite

08 de Novembro a 14 de Dezembro Restaurantes aderentes

do concelho de Vila Nova da Barquinha

X Quinzena do Teatro Solidário

15, 22 e 29 de Novembro

Auditório Municipal Monsenhor Dr. José Maria

FélixVila de Rei

20h- Ana Bacalhau

apresenta-se a solo com

o espetáculo “15”

Teatro VirgíniaTorres Novas

21h30 12,50€

-

Feira d'Época 22 de Novembro

Centro Náutico de Vila Nova da Barquinha

-Cinema 25 de Novembro

Centro Cultural Gil VicenteSardoal

“Aviões: Equipa de Resgate” -

"A Arte e Ciência de Conservar

Frutos" 15 de Novembro

Centro Integrado de Educação em Ciências

(CIEC) de Vila Nova da Barquinha

15h00 -

“Gravura/a oficina, a técnica

e o impressor" de Tomás Dias Até 5 de Dezembro

quARTelGaleria Municipal de Arte

de Abrantes -

Exposição de fotografia

“Centro Cultural 10 anos”

Até 7 de DezembroCentro Cultural Gil Vicente

Sardoal -

"À Conversa Com…

Debate: Inclusão Social… Como

TrabalharInserir

Socialmente"

14 de Novembro Sala da Cultura do Pavilhão

Municipal do Entroncamento09h30 às 12h00

-

Aniversário CIR ex-Tuna

15 de NovemrboClube de Instrução e Recreio

de Moita do NorteVila Nova da Barquinha

16h00 -

XXVIII Feira do Livro

23 a 30 de Novembro Centro Náutico de Constância

10h e as 18h00 -

Page 24: Jornal novo almourol ed novembro 402 dig

"(...) é importante assinalar que a CIMT, de forma sóbria mas determinada, vai promovendo a integração da região"

024 POR AgORA É TUDO novembro 2014

É nos momentos de dificuldade que se torna possível operar mu-danças que possam trazer maior coesão e sustentabilidade. este jornal tem-se feito eco de reflexões, muitas vezes críticas, mas também tem procurado noticiar os factos mais positivos que vão abrindo os caminhos do futuro. Por exemplo quando destacamos a crescente di-nâmica artística e cultural do Médio Tejo ou o sucesso de algumas das empresas da região. num mar de dificuldades, é importante assina-lar que a cIMT, de forma sóbria mas determinada, vai promovendo a integração da região. um processo que, sabemo-lo, é observado com muita atenção não apenas em

Editorial

Capitalizar

Luiz Oosterbeek Director

Bombeiros mais protegidosA Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo concluiu em Outubro a entrega dos equipamentos de protecção individual de combate a incêndios às 17 corporações de bombeiros da região. Foi feita a en-trega de 2328 equipamentos: 190 capacetes florestais, 455 capuzes de protecção, 906 fatos de protecção individual, 423 luvas e 354 botas de combate a incêndios num in-vestimento de cerca de 318 mil eu-ros. O objectivo é uma maior segu-rança e maior eficácia no combate aos incêndios em espaços naturais.

Peças de ouro reveladas Uma escavação arqueológica no antigo Convento do Carmo, em Torres Novas, onde vai surgir o futuro edifício dos Paços do Concelho levou à descoberta de 15 peças em ouro arcaico, de pequena dimensão. As pe-ças foram sendo encontradas pela equipa da "Crivarque--Estudos de Impacto e Traba-lhos Geo-Arqueológicos Lda" entre Julho e Outubro deste ano, após a descoberta de uma necrópole pré -histórica que deverá datar de 2.500 A.C.

cIMTTorres noVAs

Autarquia PremiadaO Observatório das Autarquias Familiarmente Responsáveis vai atribuir ao município de Mação, pelo segundo ano consecutivo, a “Bandeira Verde” no próximo dia 19 de Novembro, às 17:00 horas, na Associação Nacional de Municípios Portugueses em Coimbra. O prémio decorre das decisões da Câmara Municipal de Mação sobre a tarifa familiar de água, que considera o núme-ro de pessoas por agregado fa-miliar, e a criação de um cartão municipal de família numerosa.

MAçÂo

Título Jornal novo Almourol Propriedade CIAAr - Centro de Interpretação de Arqueologia do Alto ribatejo Director Luiz oosterbeek Sub-Directora Cidália Delgado Editor ricardo Alves Chefe de Redacção André Lopes Redacção maria de Lurdes Gil Jesuvino, Paulo varino, rafael Ferreira, Patrícia bica, núcleo de Comunicação eSTA, margarida Serôdio Opinião António Luís roldão, Alves Jana, Augusto mateus, António Carraço, Teresa nicolau, João Gil, Luís mota Figueira, Luís Ferreira, João Geraldes marques, Joaquim Graça, bruno neto, Humberto Felício, Tiago Guedes, Carlos vicente, miguel Pombeiro, rita Inácio Edição Gráfica Pérsio basso e Paulo Passos Fotografia Flávio Queirós, ricardo Alves, ricardo escada Paginação ricardo Alves Publicidade novo Almourol Departamento Comercial 249 711 209 - [email protected] Jornal Mensal do Médio Tejo registo erC nº 125154 Impressão FIG - Indústrias Gráficas SA Tel. 239 499 922 Fax. 239 499 981 Tiragem Média Mensal 3500 ex. Depósito Legal 367103/13 Redacção e Administração Centro de Interpretação de Arqueologia do Alto ribatejo - Largo do Chafariz, 3 - 2260-407 vila nova da barquinha Email [email protected] / [email protected]

Novo Almourol

Feira do LivroDe 23 a 30 de Novembro a realiza-se a XXVIII Feira do Li-vro, organizada pela Biblioteca Municipal Alexandre O´Neill, no Centro Náutico de Cons-tância. Aberta ao público todos os dias, das 10h às 18h00, a Feira terá uma grande oferta de livros para todas as idades, com diversi-dade de temas, grandes novidades e muitas promoções, e também en-contros com escritores e ilustrado-res, espectáculos musicais, sessões de poesia e de contos, dança, exposição sobre o 25 de Abril, entre outros.

consTÂncIA

vn bArQUInHA

Mostra gastronómica "À Mesa com Azeite" O município de Vila Nova da Barquinha e nove restaurantes do concelho convidam para a mesa o azeite e as iguarias que com ele se criam. É o 14.º ano consecutivo da mostra gastronómica

TEXTO novo ALmoUroL

Entre 8 de Novembro e 14 de Dezembro a mostra gastronó-mica “À mesa com azeite” vai divulgar o azeite e a sua impor-tância e tradição no concelho. E para divulgar, os pratos a apre-sentar e oferecer aos visitantes têm de ter qualidade. Esta está assegurada, pois o concelho de Vila Nova da Barquinha é co-

nhecido pela qualidade da sua restauração.

Na edição deste ano as igua-rias escolhidas são, entre ou-tras, as Petingas no Forno com Azeite, o Bacalhau à Lagareiro, a Sopa de Couve com Feijão ou o Polvo à Lagareiro.

Importante motor da activi-dade económica no concelho, o azeite foi em tempos um imenso e generoso olival que fornecia matéria-prima para alimentar a laboração de cerca de duas deze-

nas de lagares.Os restaurantes aderen-

tes são Almourol (Tancos), Carroça (Limeiras, Praia do Ribatejo), Chico (Praia do Ri-batejo), Recanto da Barquinha (Barquinha), Ribeirinho (Bar-quinha), Soltejo (Barquinha), STOP (Atalaia), Tasquinha da Adélia (Barquinha) e Trindade (Moita do Norte).

E para além de ser saboroso e tornar outros alimentos sabo-rosos, faz bem à saúde...―

Portugal mas noutros países, como o Brasil. com a aprovação pelos 134 países do G77 da proposta de que 2016 seja o Ano Internacional do entendimento Global, é agora irreversível a sua aprovação pelas nações unidas, e também Portugal e o Médio Tejo têm tido um papel importante no processo, pelo que iremos acolher, em Mação, um dos pontos de coordenação internacional. em Agosto passado, a comissão europeia aprovou uma parceria estratégica para a gestão integrada do território, baseada numa parceria entre o IPT, a cIMT, o ITM e 14 universidades e empresas de 10 países. É hora de ir pensando como capitalizar tudo isto, criando cruzamentos entre os diversos processos. neste número damos voz à sugestão retomada por F. Freire, para que se possa utilizar o aeroporto de Tancos em benefício da sociedade civil. são ideias des-tas que podem mudar as coisas.