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 Dr. Kilmer McCully e Martha McCully O Fator Homocisteína  A revolucionária descoberta  que mostra como diminuir  o risco da doença cardíaca  Mitos e verdades a  respeito do colesterol OBJETIVA – 2.ª EDIÇÃO

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Dr. Kilmer McCully

e Martha McCully

O Fator Homocisteína

 A revolucionária descobertaque mostra como diminuir o risco da doença cardíaca

  Mitos e verdades arespeito do colesterol

OBJETIVA – 2.ª EDIÇÃO

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Kilmer McCully, M. D.Martha McCully

O FATORHOMOCISTEÍNA

 A revolucionária descoberta que mostra como diminuir orisco da doença cardíaca.

Mitos e verdades a respeito do colesterol.

TraduçãoLenke Peres

Revisão TécnicaDr. Ricardo Veiga Oliveira

OBJETIVA2000

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SUMÁRIO

 Agradecimentos ...11Prefácio ...15

1. O que é homocisteína?O caso em defesa da dieta da Revolução do Coração ... 24Como tudo começou: a criação da teoria da homocisteína da doença cardíaca... 26O coração da teoria ... 28O mito do colesterol ... 30Um jogo de números: doença cardíaca em declínio ... 34Os gêmeos malignos: colesterol e oxicolesterol ... 36Prova da teoria da homocisteína ... 37

Uma plano de ação: prevenção e tratamento da doença cardíaca ... 41Glossário de termos ... 43

2. Por que a dieta com baixos teores de colesterol e de gordura não estáfuncionando ... 45O mito dos carboidratos ... 45Construindo a Pirâmide Alimentar ... 47Examinando a Pirâmide Alimentar ... 49Tomando a direção errada: a catástrofe dos carboidratos ... 52Os perigos dos alimentos processados ...53Gorduras boas e gorduras ruins ... 56

Indo em frente ... 58Melhorando a dieta ... 59

3. Alimentos industrializadosOnde foram parar todas as vitaminas? Por que estamoscom deficiência vitamínica ... 61Estamos adoecendo com a nossa alimentação: industrialização dealimentos e doenças por carência vitamínica ...62O que aconteceu com os caçadores-coletores? ... 64O poder da farinha de trigo: a Revolução Industrial ... 65Indo, indo, foi: como se perdem os nutrientes durante o procesamento

dos alimentos ... 66 Acertando no alvo: efeitos do processamento e do cozimento dealimentos sobre as vitaminas B6, B12 e ácido fólico ... 69Os circunstantes inocentes: efeitos do processamento dealimentos sobre outros nutrientes ... 73Espere, não acabou: perda de sais minerais e fibras noprocessamento de alimentos ... 77Cortando os alimentos industrializados ... 79

4. A dieta da Revolução do Coração ... 81 Aderindo aos alimentos frescos: a importância de alimentosfrescos e integrais ... 82Uma dieta ideal para a saúde ... 84

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Balanceamento: gorduras, carboidratos e proteína ... 86 A síndrome do cestinho de pães: eliminando os carboidratos refinados eprocessados ... 87Os reinos: proteína animal versus proteína vegetal ... 87Superando o medo das gorduras: gorduras boas e gorduras ruins ... 90

Coma para viver: como adotar a dieta da Revolução do Coração ... 97Hora de servir: preparo de alimentos e métodos culinários ... 99Junk food: comida de restaurante, fast-food e salgadinhos ... 101Sugestões de cardápio da dieta da Revolução do Coração ... 103 Adotando a dieta da Revolução do Coração ... 103

5. Enriquecimento e suplementos alimentares ... 109Quem toma as decisões ligadas aos níveis de enriquecimento ... 109O cerne da questão: enriquecimento e doença cardíaca ... 112Quando o enriquecimento de alimentos funciona ... 113Será que devo ou não devo? Suplementos vitamínicos ... 116

Saúde à venda: escolher o suplemento certo ... 117

6. Aditivos alimentares, medicamentos, álcool, fumo, cafeína e hormônios... 121O que há dentro dos nossos alimentos? Aditivos e conservantes alimentícios ...122 Alimentos sintéticos; olestra e gorduras trans ... 125Como encontrar alimentos seguros: comprando alimentos ... 126“Hello Dolly”: a engenharia genética ... 128Estados alterados: medicamentos, homocisteína e doença cardíaca ... 129 A verdade sobre a estativa: medicamentos de redução do colesterol ... 130Drogas “legais”: álcool, fumo e cafeína ... 132Interruptores de circuito: hormônios e homocisteína ...136Drogas que protegem ... 138Controlando os contaminantes: dicas práticas ... 138

7. Exercício e obesidade ... 141Fazendo a conexão: homocisteína e exercício ... 142Por que o homem das cavernas tinha melhor condição física que nós e por queisso é importante ... 143Quanto podemos fazer, ou ficar sem fazer? ... 144

Exemplos de atividades físicas moderadas ... 145Como começar ... 146Como não parar de se exercitar ... 149Force em números: a importância do treinamento de resistência ... 149Desnudando a gordura: por que somos obesos ... 150Obesidade na infância e na adolescência ... 152Ficando e se mantendo em forma ... 152

8. Envelhecimento, antioxidantes e doença cardíaca ... 155Teoria dos radicais livres e da ozonida-tiorretinaco ... 155 A grande caçada: antioxidantes e envelhecimento ... 157

Elos faltantes: outros antioxidantes e homocisteína ... 159Medidas preventivas: evitando os radicais livres ... 163

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Percorrendo uma grande distância: dieta, envelhecimento e longevidade ... 164 Apostando no claro: os efeitos dos minerais e dos fitoquímicos sobre ahomocisteína ... 166Vencendo o relógio: vivendo mais e com mais saúde ... 170

9. o futuro da revolução ... 173Uma nova perspectiva ... 173 A homocisteína e o cérebro ... 174Mal de Alzheimer e homocisteína ... 175Deficiências vitamínicas e o cérebro ... 176Fibrimialgia e síndrome da fadiga crônica ... 178Imunidade e infecção ... 178Doenças auto-imunes ... 179Um chamado para a ação ... 181Sobrevivência dos mais adaptados: evolução e a Revolução do Coração ... 183

 Apêndice: Receitas ... 185Referências Bibliográficas ... 205Índice remissivo ... 217

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PÁG 11AGRADECIMENTOS

Minha descoberta da relação entre homocisteína e arteriosclerose,em 1968, ocorreu com o auxílio de meus colegas da Unidade deGenética Humana do Massachusetts General Hospital. Em 1965, aspediatras Vivian Shih e Mary Efron localizaram e identificaram ocaso de homocistinúria indexado na literatura médica, conformepublicado pela primeira vez no New England Journal of Medicineem 1933. Elas conseguiram identificar esse primeiro caso porque a

mãe da paciente, uma menina de nove anos de idade que sofria dehomocistinúria, contou a elas que o tio da menina havia morrido deuma doença semelhante mais de 30 anos antes. Agradeço a VivianShih e Harvey Levy por estimularem meu interesse na patologiavascular da homocistinúnia e por compartilharem suas descobertasantes das publicação de outro caso importante. Este segundo casoera o de um menino de dois meses de idade que sofria dehomocistinúria e cistationinúria, indexado como o caso de doençade cobalamina C na literatura médica. A comparação deste segundoe importantíssimo caso com as descobertas do caso de 1933possibilitou a conclusão de que a homocistinúria causa

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arteriosclerose por danificar as células e tecidos das artérias. Agradeço também a John Littlefield, cujo incentivo e interesseauxiliaram ainda mais o meu entendimento da importância destadescoberta.

Embora eu não tenha conhecido pessoalmente o grandebioquímico Vicent DuVigneaud, desejo reconhecer aqui suadescoberta da homocis-

Pág 12teína em 1932 e seu subseqüente trabalhgo pioneiro sobre aimportância desse aminoácido na bioquímica e na nutrição. Queroagradecer também a Giulio Cantoni e Harvey Mudd, que meintroduziram na bioquímica da homocisteína e da metionina

durante os dois anos em que trabalhei em seu laboratório, nosInstitutos Nacionais de Saúde, em Bethesda, Maryland em 1960.sem as descobertas pioneiras destes notáveis bioquímicos,conhecimentos fundamentais da causa da homocistinúria nãoteriam estado disponíveis antes de 1968, quando examinei pelaprimeira vez esses casos singulares.

Durante minha residência em patologia e meus anos de trabalhocomo membro da equipe de patologia no Massachusetts GeneralHospital, meu interesse e conhecimento da patologia daarteriosclerose receberam especial ajuda de Benjamin Castleman,Robert Scully e James Caulfield. Agradeço a esses colegas por seuapoio e estímulo nos vários anos que se seguiram à minhadescoberta da relação entre homocisteína e arteriosclerose.   Agradeço também a Moses Suzman, da África do Sul, cujoconhecimento da arteriosclerose e de cardiologia me ajudaram aentender a importância da homocisteína na história da pesquisaligada à arteriosclerose. Ele era colega de James Rinehart, deBerkeley, Califórnia, que descobriu que a deficiência de vitamina B6 na alimentação causa arteriosclerose em macacos. Suzman

auxiliou também em meu entendimento de como as investigaçõesde Ignatowsky e Newburgh ajudaram a estabelecer a origemnutricional da arteriorclerose. 

 Agradeço a Guido Pontecorvo, fundador do Departamento deGenética de Glasgow University, Escócia, por me introduzir nosprincípios de Genética clássica e molecular. Sem a sua orientação eestímulo, eu não teria conseguido desenvolver minha abordagemúnica do entendimento da patologia de doenças herdadas,especialmente a homocistinúria. Agradeço também a James Watson

por sua orientação e pela paciência que teve comigo durante meusvários meses de trabalho em seu laboratório em Harvard.

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Durante meus anos de faculdade, vários professores e cientistasmédicos de destaque incentivaram meu interesse na pesquisamédica. Agradeço especialmente a Konrad Bloch por me introduzir na bioquímica do colesterol em seu curso de bioquímica, em

Harvard, e por estimular meu interesse e entusiasmo em relação àpesquisa bioquímica durante meus vários meses

Pág 12como assistente de pesquisa em seu laboratório. Agradeço a PaulZamecnik e Lewis Engel por sua paciente orientação em meuinteresse na pesquisa médica durante meus anos de estudante e debolsista de pesquisa na Escola de Medicina de Harvard e noMassachusetts General Hospital. Agradeço a Louis Fieser por sua

magistral introdução na química orgânica dos hidrocarbonetospolicíclicos e do colesterol, e pela oportunidade de participar dapesquisa sobre a purificação do colesterol em seu laboratório emHarvard. Meu agradecido reconhecimento também pelamaravilhosa experiência de aprender com os esplêndidos cientistasB. F. Skinner, de Harvard, e James Bonner, do Califórnia Institute of Technology.

Na década de 1970, Edward Gruberg e Stephen Raymond, doMassachusetts Institute of Technology (MIT), interesaram-se pelateoria da homocisteína da doença cardíaca e, em 1981, publicaramo primeiro livro sobre o assunto Beyond Cholesterol. Agradeço aeles por sua perseverança, persistência e exposição clara daevidência científica antes que estudos clínicos e epidemiológicoshumanos tivessem provado a validade da teoria nas décadas de1980 e 1990.

Durante as décadas de 1970 e 1980, meus colaboradorescientíficos Roberta Ricci, de Toma, Itália; Pierre Clopath, de Zurique,Suíça; Andrzej Olszewski, de Varsóvia, Polônia; MarekNaruszewicz, de Sczczin, Polônia; e Michael Vezeridis, do

Providence (Rhode Island) V. A. Medical Center, foram deinestimável ajuda no desenvolvimento de evidências científicas pararespaldar a teoria da homocisteína. Meu muito obrigado a eles etambém aos estudantes, tecnólogos e assistentes que fiel eentusiasticamente auxiliaram em minhas investigações delaboratório. Agradeço também a F. William Sundermam, Jr., doCentro de Saúde da University of Connecticut, por sua amizade eincentivo profissional durante anos difíceis.

Finalmente, agradeço a minha dedicada esposa, Annina Elena

McCully, por sua constante e resoluta confiança em meu trabalho

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científico. A revolução da homocisteína não teria se tornadorealidade sem o seu companheirismo ao longo dos últimos 43 anos.

Oferecemos um agradecimento especial a Amanda Urban por tornar este livro possível e a Megan Newman por seu habilidoso e

inteligente trabalho de edição do manuscrito.

Pág 15

PREFÁCIO

 A história de Kilmer McCully é tão antiga quanto a própria História.Guardadas as devidas proporções, é a história de Galileu. Idéias

surpreendentes e revolucionárias sempre enfrentaram custosasbatalhas, particularmente na ciência e na medicina. O fardo daprova, o caráter definitivo do fato recaem pesadamente sobre osombros do cientistas, em especial quando vidas podem estar em

 jogo. E em um nível menos acadêmico, as pessoas resistem amudanças, elas não gostam de ter de repensar suas premissas. 

Uma premissa continuava em vigor quando tomei conhecimentode Kilmer McCully: altos níveis de colesterol no sangue, muitasvezes presumivelmente causados por elevada ingestão decolesterol, na forma de carnes e gorduras, eram consideradas umfator central da doença cardíaca. O corolário desta premissa eraque baixar o colesterol no sangue iria diminuir o risco de doençacardíaca. O colesterol era visto como crucial indicador de risco dedoença cardíaca. O colesterol era visto como crucial indicador derisco de doença cardíaca e o alto nível de colesterol no sangue era

 – e ainda é – freqüentemente tratado com remédios num esforço detrazê-los de volta aos limites “normais”.

Muito dinheiro havia sido canalizado para estudos do colesterol, econsiderável número de cientistas havia baseado suas carreiras

nessa premissa. Quando Kylmer McCully começou a publicar suapesquisa sobre a homocisteína na década de 1970 – pesquisa quesugeria um novo caminho para a gênese da doença cardíaca, umcaminho que firmemente relegava o

Pág 16colesterol para uma posição secundária – vários órgãosgovernamentais estavam em meio dos preparativos de uma grandecampanha de saúde pública ligada ao colesterol. Seu objetivo:

tornar o colesterol uma palavra completamente inserida na vidacotidiana das pessoas. E eles conseguiram com um sucesso tal que

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os atuais anúncios de supermercados e de alimentos estão lotadosda expressão “sem colesterol”, usada como sinônimo de “saudável”.Se existe uma coisa que o cidadão médio absorveu com relação àdoença cardíaca é que se devem verificar os níveis de colesterol e

que o colesterol contido nos alimentos deve ser evitado a qualquer custo.Dizer que as idéias de McCully não foram bem recebidas na festa

do colesterol do final da década de 1970 seria uma imensurávelsubestimação. Muitas pessoas haviam investido pesadamente nateoria do colesterol, e poucas estavam dispostas a vê-laquestionada. E, em um nível mais benigno, simplesmente não haviainteresse em novas idéias quando a inter-relação com o colesterolparecia tão estimulante e promissora – por que tumultuar o campo

com novas e obscuras teorias? Mas o que aconteceu então na vidade McCully não foi nada benigno. Foi isso que me convenceu, em1997, a escrever um artigo sobre sua experiência para a New York Times Magazine. Em curtíssimo espaço de tempo, Mccully perdeuseus subsídios de pesquisa e, com eles, seus cargos em Harvard eno Massachusetts General Hospital . Do diretor do hospital, eleouviu que se pensava em Harvard que ele não havia provado a suateoria, e um outro membro da direção do hospital disse-lhe para nãodivulgar suas idéias para a imprensa – ele não queria os nomes deHarvard e do Massachusetts General Hospital associados à teoriada homocisteína.

O processo de perda da posição que havia definido a sua vidalevou um ano e meio, período durante o qual a carreira de McCullyficou ensombrecida por uma contínua e humilhante marcha rumoao desemprego. Ainda em 1970, a pesquisa de McCully sobre ahomocisteína e arteriosclerose havia sido elogiada por um ComitêConsultivo científico do Massachusetts General Hospital comoilustração das “imprevisíveis e importantes contribuições que podemadvir quando um homem imaginativo e preparado tem espaço para

seguir suas idéias e descobertas”; em 1977, com o departamentode patologia sob a direção de um novo chefe, o laboratório deMcCully no Massachusetts General Hospital lhe foi tirado, e eleperdeu

Pág 17o apoio da equipe para a sua pesquisa. Dois meses depois, ele seviu diante de um paradoxo acadêmico: foi informado de que o seucontrato com o Massachusetts General Hospital não seria renovado

em 1979 e que, salvo se ele conseguisse um novo subsídio, seusalário ficaria reduzido a quase zero em janeiro de 1978. Em tais

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circunstâncias, sem cargo ou laboratório, tornou-se quaseimpossível conseguir outro subsídio. Após uma série dedesgastantes reuniões com membros da direção do hospital e deHarvard, durante as quais seus pedidos por mais tempo foram

negados, McCully finalmente – no meio da carreira e com dois filhosna faculdade – viu-se tendo que procurar um novo emprego. E esseemprego demoraria muito tempo para chegar.

Por dois desalentadores anos, McCully – com sua formaçãosuperior em Harvard, graduação pela Escola de Medicina deHarvard e 14 anos como professor de Harvard – não conseguiapassar da primeira entrevista em nenhuma parte do país. Entre1979 e 1981, ele fez 51 contatos com empregadores potenciais, deSan Diego a Dallas e a Connecticut, e cada um deles desaparecia

como fumaça. Repetidamente ele foi aconselhado a desistir de suapesquisa – a ambição que havia definido a sua vida desde ainfância – e aceitar ser rebaixado para um cargo de patologista.Então, McCully começou a ouvir boatos de telefonemas“venenosos” de Harvard, de comentários depreciativos de seushábitos, seu trabalho, seu caráter. Somente quando tomouprovidência no sentido de contratar um destacado advogado deBoston para representá-lo numa ação contra membros da direçãodo Massachusetts General Hospital e de Harvard é que finalmentesurgiu uma proposta séria de trabalho, provinda de uma instituiçãomenos famosa, o V. A. Hospital, em Providence, Rhode Island, ondeele trabalha até hoje.  Estava claro que a vida e a carreira de McCully haviam sidogravemente prejudicadas por sua pesquisa da teoria dahomocisteína. Por que tentaram fazer dele um paria? A respostamais óbvia é aquela acima mencionada que o bonde do colesterol 

 já estava completamente cheio e pronto para partir, e nenhum dosenvolvidos queria mudar de direção. Mas esta resposta suscitaoutras e perturbadoras perguntas. Será que o sistema científico

está estabelecido de forma a estimular que se siga a idéia domomento? Existe uma tendência para uma visão científica estreitaque de alguma maneira se

Pág 18intensifica pelas formas como a pesquisa é conduzida e financiada?Quem exatamente tinha tanto a perder  se o colesterol passassepara a fila de trás?

Muitos cientistas, entre eles McCully, acham que o nosso atual

sistema de pesquisa efetivamente recompensa idéias aceitas. Aciência tornou-se um esforço de equipe, e o trabalho em comitê em

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geral desestimula a discondância individual. Membros de equipepodem facilmente ser tragados pelo entusiasmo geral em relação aum determinado rumo, e se torna difícil mudar de direção ou mesmoperceber pontos fracos em determinada lógica ou determinados

resultados. A pesquisa tornou-se também big science, com cadanovo projeto implicando desembolso de grandes recursos,desestimulando ainda mais o pensamento inquisitivo e a presençado fortuito que podem levar a percepções súbitas ou a novosrumos.

Finalmente, existe o problema de quem está ganhando dinheiro e,neste caso, eram as companhias farmacêuticas que fabricavamos medicamentos para baixar o colesterol. O antídoto para ahomocisteína, no modelo de McCully, não era só simples como

BARATO: ingerir alimentos ricos em vitaminas do complexo B e, seo paciente desejasse, tomar um multivitamínico, só para se garantir.Não há remédios que os fabricantes de medicamentos  possam

 patentear e comercializar com exclusividade. É por isso que ateoria da homocisteína não atrai nenhum dos milhões de dólaresde pesquisa corporativa que flutuam por aí em busca de um novoproduto e é também por isso que certos fabricantes têm enormeinteresse em manter o colesterol e seus dispendiosostratamentos com medicamentos na dianteira do tratamentocardíaco. Conforme muitos cientistas destacaram, com relação nãosó à doença cardíaca mas também ao câncer, ganha-se dinheironão na prevenção, mas no tratamento – com cirurgias,remédios e outros serviços médicos. Se você “for atrás dodinheiro” da pesquisa médica, você chegará não a conselhos desaúde pública, como, por exemplo, “coma verduras e legumes”,mas a intervenções recheadas de lucro para tratamento de doençasem fases adiantadas.

O preço cobrado de Kilmer McCully e de sua família foi alto, masnos anos 90 a vez dele voltou a chegar – para ficar. Outros

pesquisadores estavam lentamente começando a confirmar asidéias de McCully, pesquisadores cuja maioria estava trabalhandofora do alcance da ciência americana – na Suécia, na Noruega, naHolanda e na Irlanda. Vários cientistas

Pág 19americanos passaram também a se interessar pelo assunto, e ahomocisteína entrou na berlinda. Dois famosos e notáveis gruposde pesquisa, o Physicians Health Study (uma pesquisa continuada

de quase 15 mil médicos) e o Framingha Study (que vemacompanhando e documentando a população de Framingham,

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Massachusetts, há quase 50 anos), descobriram uma acentuadacorrelação entre níveis altos de homocisteína e incidência dedoença cardíaca. Artigos sobre essas correlações surgiram nasduas mais conceituadas publicações de classe médica, The New 

England Journal of Medicine e o Journal of the American Medical  Association, e cada um deles começava citando o artigo original deMcCully, de 1969, sobre homocisteína e arteriosclerose. Em 1995, aprimeira Conferência Internacional sobre Metabolismo daHomocisteína foi realizada em Country Clare, Irlanda, e McCully foiapresentado como “o pai da homocisteína”. Naquele mesmo ano,McCully apareceu no NBC Night News, num segmento sobre ahomocisteína como novo fator de risco de doença cardíaca, paradiscutir seu trabalho e os altos e baixos de sua carreira.

A até então obscura palavra “homocisteína” começava a abrir caminho na discussão nacional. Na época em que comecei aconversar com McCully para o meu artigo que sairia na New York Times Magazine, em 1997, anúncios de polivitamínicosmencionavam a homocisteína como “um novo fator de risco dedoença cardíaca”, e a Newsweek  estava preparando uma grandereportagem que apresentava a homocisteína como uma das novas“causas ocultas de ataques cardíacos”. A revista Time publicou umartigo intitulado “Beyond Cholesterol” que contava a história dahomocisteína e mencionava McCully como o primeiro pesquisador ademonstrar a relação entre homocisteína e doença cardíaca. Hoje,passados quase dois anos, muitos médicos rotineiramenteaconselham seus pacientes a tomar um polivitamínico diário, com opropósito específico de manter níveis altos de vitaminas docomplexo B, para ajudar a prevenir a doença cardíaca. Sehomocisteína ainda não é uma palavra completamente inserida navida cotidiana das pessoas como é o colesterol, apesar da tãopersuasiva evidência, isso pode ser devido em parte ao problemado lucro: não existe nenhum antídoto contra a homocisteína na

forma de um medicamento dispendioso que traga milhões emlucro para uma companhia farmacêutica, mas simples-

Pág 20mente um método à base de alimentos frescos e vitaminas, quequalquer pessoa pode seguir.

Durante todas as dolorosas oscilações de sua carreira, e dadescoberta de sua carreira – a homocisteína –, McCully manteveseu entusiasmo, seu equilíbrio e, o que talvez seja o mais

importante, seu senso de humor. Quando, em 1997, refizemos juntos o trajeto de seu trabalho, ele reconheceu saber que assim a

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ciência costuma operar: uma pessoa faz uma observação única,enfrenta resistência, e depois o trabalho cresce como uma bola deneve, torna-se competitivo e é continuado por outros. Ele é gratopela oportunidade de contribuir e não tem nenhum arrependimento

por se ter devotado à sua idéia, mas apenas lamenta pela carga deinsegurança e pressão que essa devoção colocou nos ombros desua família.

Precisa ser assim? Infelizmente, não há nenhum sinal demudança no establishment científico ou nas formas pelas quais apesquisa é reconhecida e financiada. Para não dizer que não hánada, pelo menos as águas começam a se agitar e levantar o barro,com muitos pesquisadores reclamando que seu trabalho estásendo influenciado por  companhias farmacêuticas e grupos de

interesse especial. O lobby do colesterol  ainda é poderoso:quando um grupo de cientistas recentemente propôs que não éeconomicamente compensador – e talvez sequer seguro – fazer exames de colesterol e receitar tratamento para colesterol alto empessoas com menos de 35 anos, os cientistas enfrentaram umasaraivada de críticas dos proponentes da teoria do colesterol.

Talvez McCully esteja afinal certo em se considerar afortunado.Hoje ele dispõe de um fórum para as suas idéias e de uma maneirade influir na saúde pública por meio da informação. Conforme eleme destacou por mais de uma vez, nem todos conseguem fazer aquilo que cresceram desejando fazer. No seu caso, ele entrou paraa medicina para aplicar a ciência básica – especialmente a química,sua especialidade – aos problemas das doenças humanas. E isso,em última instância – e de forma espetacular – ele conseguiu.

 – Michelle Stacey, Autora de “The fall and rise of Kilmer McCully”,New York Times Magazine, 9 de agosto de 1997,E autora de Consumed: Why americans love,Hate, and fear food 

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1 –

O QUE É HOMOCISTEÍNA?

 Aquilo em que você acredita sobre doença cardíaca está prestes a

mudar. Muitos americanos, incluindo cientistas médicos, têm umaúnica linha de pensamento no que se refere a esse problema de

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saúde. No passado, as gorduras e o colesterol presentes na dietaeram acusados de causar doença cardíaca, mas anos de pesquisamédica não geraram nenhuma prova convincente de que taiscomponentes dos alimentos efetivamente causem o endurecimento

das artérias. De fato, cientistas provaram que o colesterol puronão causa arteriosclerose  e que a elevação do colesterol nosangue é um sintoma – não uma causa – de doença cardíaca.Descobertas sobre uma substância presente em nosso corpo, ahomocisteína, estão revolucionando o nosso entendimento dacausa do matador número um nos Estados Unidos. Aprendemosque deficiências de vitaminas do complexo B na dieta – ácido fólico,vitamina B6, vitamina B12 – desencadeiam a doença cardíaca por meio da elevação do nível de homocisteína no sangue. Agora existe

uma maneira de se prevenir a doença cardíaca e de se ter uma vidamais longa e saudável. Tudo o que você tem a fazer é melhorar asua dieta.

Esses conceitos e descobertas simples, embora revolucionários,são muito diferentes daquilo que tem sido dito a nós por anos a fio.

 A doença

Pág 22cardíaca vem sendo estudada, pesquisada e discutida e, noentanto, continua como a principal causadora de mortes nosEstados Unidos. De que maneira todos os especialistas médicospoderiam estar errados em relação a algo de tão grandeza e de talimportância? O nosso pensamento poderia passar por umarevolução nos dias de hoje? Entendemos como Copérnico mudounossa forma de ver a Terra, não mais como o centro do Universo,mas como um planeta que gira em torno do Solo. Foi assim que apalavra “revolução” ganhou seu mais profundo significado. Mas issofoi há 500 anos e havia menos informação disponível naquelaépoca. Hoje certamente saberíamos se os especialistas estivessem

errados. Ou talvez não.Há uma revolução acontecendo. Nossa forma de ver a doença e o

envelhecimento, especialmente a doença cardíaca, está mudando.Os famigerados perigos da presença de gorduras e colesterol nadieta precisam ser reconsiderados e as teorias existentes precisamser revistas em razão das novas descobertas relativas àhomocisteína e a doença cardíaca.

Nas últimas décadas, o número de mortes por doença cardíacana verdade caiu. Por quê? Os Institutos Nacionais de Saúde não

conseguem achar uma explicação. Nossos hábitos alimentares nãomelhoraram: de fato, eles pioraram. Ingerimos mais gordura e

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colesterol do que nunca e nossos níveis de colesterol no sangueestão altos. Os especialistas não conseguem explicar o declínio donúmero de mortes por doença cardíaca em termos de tratamentomédico ou de mudanças em padrões de tabagismo ou exercício

físico. Será possível que a teoria do colesterol esteja redondamenteerrada?Há mais perguntas não respondidas. Como explicar que grande

porcentagem de pacientes com doenças cardíacas tenham níveisnormais de colesterol? Ou que os franceses, que adoram patê defígado de ganso e vinho tinto, tenham uma incidência de doençacardíaca muito menor que os americanos abstêmios? Ou que osesquimós da Groelândia ou os masai da África, cujas dietas são àbase de carne, quase não tenham doença cardíaca? Ninguém

conseguiu explicar esses paradoxos. Até agora.  Os milhões de dólares gastos em pesquisas na tentativa de provar a teoria do colesterol foram gastos em vão. O reinado de 85anos da teoria do colesterol na doença cardíaca está próximo dofim. Nosso pensamento precisa mudar.

Pág 23Neste livro apresentarei uma forma totalmente nova de ver o

matador número um nos Estados Unidos, a doença cardíaca. Ahomocisteína, um aminoácido presente em nosso corpo, foiidentificada como a causa desta doença – e também dos coágulossangüíneos, do derrame e da gangrena. A teoria da homocisteínana doença cardíaca conquistou atenção PORQUE FOICOMPROVADA – às vezes pelos próprios estudos que tentavamvalidar a teoria do colesterol. E mais: manter os níveis dehomocisteína na faixa de segurança não exige medicaçãodispendiosa nem remédio algum, apenas quantidades adequadasde certas vitaminas – B6, B12 e ácido fólico – presentes emalimentos integrais frescos.

Explicarei como a homocisteína causa a doença cardíaca e opapel das vitaminas B na manutenção dos níveis de homocisteínasob controle. Demonstrarei como o processamento e a refinação dealimentos destroem essas vitaminas. Documentarei que, emconseqüência disso, a população dos Estados Unidos comom umtodo é deficiente de vitaminas B. Mostrarei que a razão pela qual oLDL colesterol (lipoproteína de baixa densidade) é perigoso é o fatode ele transportar homocisteína para as artérias. É uma questão devida e morte que controlemos o nível de homocisteína em nosso

sangue.

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Este livro examinará também a relação entre a homocisteína e osfatores de risco que conhecemos, tais como tabagismo,hereditariedade, falta de exercício, hormônios e envelhecimento.Mas este livro não trata apenas da doença cardíaca.  A

homocisteína está intimamente envolvida no processo deenvelhecimento e de outras doenças, incluindo o mal de Alzheimer, a artrite e o câncer.

Desde que iniciei minha pesquisa 30 anos atrás, foram publicadosmilhares de trabalhos de pesquisa que validam a minha teoria dahomocisteína. Se você está interessado em saber a respeito darevolução que vem ocorrendo, ficará fascinado ao conhecer ahomocisteína e o papel que ela desempenha no corpo humano.Você não precisa ficar preocupado com a eventualidade de se tratar 

de mera especulação ou de alguma idéia não comprovada. Ela estácomprovada.O melhor disso tudo é que você pode fazer algo a respeito do seu

nível de homocisteína. Facilmente. Mostrarei como ingerir uma dietarica em vitaminas B, fitoquímicos, minerais e outros nutrientes queinibem o aumento de homocisteína. Como resultado, você evitarácompletamente a

Pág 24doença cardíaca e todos os problemas a ela relacionados. É muitosimples. Você pode descobrir qual é o seu atual nível dehomocisteína pedindo a seu médico para fazer um exame desangue. Se o seu nível de homocisteína for baixo (6-8 micromolspor litro), há pouco risco de você ter doença cardíaca. Se o seunível de homocisteína for elevado (acima de 12 micromols por litro),você pode reduzi-lo para um nível seguro ao ingerir a nutritiva dietada Revolução do Coração.

O caso em defesa da dieta da Revolução do Coração

Antes de explicar a criação da teoria da homocisteína da doençacardíaca, os seguintes estudos de caso ilustrarão como doisindivíduos melhoraram a sua saúde ao seguir a dieta da Revoluçãodo Coração. Esses experimentos demonstram como a ingestãotanto de uma dieta ideal como de suplementos de vitamina B(ácidofólico e vitamina B6) tiveram êxito na redução do peso, dos níveisde homocisteína no sangue e dos sintomas de doença cardíaca ena melhoria da saúde em geral.

Estudo de Caso nº 1

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Em 1983, J. E., um executivo de média gerência de 42 anos deidade, moderadamente obeso, de hábitos abusivos e fumante decigarros, sofreu um episódio de intensa dor no peito. Durante a

hospitalização, descobriu-se que ele teve uma típica infartação domiocárdio (ataque cardíaco) causada por trombose da artériacoronária (obstrução por coágulos sangüíneos de uma artéria quevai até o coração). Seu nível de colesterol no sangue era de 195 miligramas por decilitro – um número situado dentro da faixadesejável. Sua pressão sangüínea estava normal. Após umarecuperação tranqüila de seu ataque cardíaco, ele parou de fumar etentou perder peso seguindo uma dieta de baixos teores de gordurae de colesterol.

Nenhum outro sintoma foi observado até 1994, quando, aos 53anos, começou a ganhar peso e desenvolveu uma dor aguda no peito que era sentida quando fazia esforço. Uma angiografia desuas artérias coronárias demonstrou uma obstrução parcial e oestreitamento de sua artéria coronária esquerda. Ele foi tratado comsucesso com uma angioplastia por balão, um prodecimento para

Pág 24abrir a artéria, e seus sintomas de dor no peito foram aliviados. Ocolesterol de seu sangue era agora de 230 miligramas por decilitro,ligeiramente alto, e por isso seu médico receitou pravastatina, quebaixou seu colesterol para 185. mediu-se também seu nível dehomocisteína do sangue, identificado na faixa de 21 micromols por litro, um nível muito alto. Ele continuava engordando (pesava agora110 quilos). Como seus níveis de açúcar do sangue estavamligeiramente elevados, receitou-se diabinese (clorpropamida), ummedicamento para tratamento de diabetes surgida na fase adulta.Claramente, J. E. estava muito doente e não estava melhorandocom os tratamento de praxe.

Quando J. E. souve da dieta da Revolução do Coração e dateoria da homocisteína da arteriosclerose, ele começou a tomar 1miligrama de ácido fólico e 25 miligramas de vitamina B6 por dia.Retirou da sua dieta os carboidratos refinados (refrigerantes, pãobranco, macarrão, arroz branco e sobremesa) e começou a comer mais legumes e verduras, frutas, peixes e carnes magras. Após umano fazendo essa dieta, ele havia perdido quatro quilos e suadiabetes melhorou. Seu nível de homocisteína caiu para 12. osresultados de um teste de resistência feito nessa época foram

normais, indicando boa circulação. A melhor notícia era que ele podia parar com todas as medicações. Aos 57 anos, J. E. está

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significativamente melhor e continua com sua dieta da Revoluçãodo Coração e suplementos vitamínicos.

Estudo de Caso nº 2 

Em 1991, R. S., um executivo de 62 anos de idade, ligeiramenteobeso, não fumante e de saúde excelente, começou a ganhar peso.Num check-up de rotina, seu peso estava em 102 quilos e sua

 pressão sangüínea estava mais alta que nos cinco anos anteriores.Seu nível de homocisteína estava em 10,6. Por causa do ganho de

 peso, ele passou a achar mais difícil fazer exercício.R. S. iniciou a dieta da Revolução do Coração e começou a tomar 

um ou dois comprimidos multivitamínicos por dia. Ele tambémeliminou de sua dieta farinha de trigo branca, macarrão, pãezinhos,biscoitos, refrigerantes, cerveja e doces, substituindo essesalimentos por dez refeições de frutas, verduras e legumes por dia.Ele começou a comer peixe duas vezes por semana e quatro

 porções por semana de carne magra-vermelha ou branca. Oscarboidratos de batatas, arroz 

Pág 26integral, farinha de aveia e trigo integral ficaram limitados a três ouquatro porções por semana.

Após dois anos fazendo essa dieta, R. S. havia perdido dez quilose sua pressão sangüínea baixou para um nível normal. E o maisimportante: seu nível de homocisteína caiu para 7,3. Comoresultado de seguir a dieta da Revolução do Coração por um

 período de dois anos, R. S. agora consegue fazer exercíciosregularmente e se sente bem melhor.

Como tudo começou: a criação da teoria da homocisteína da

doença cardíaca

Não basta um cientista observar. Ele deve ser capaz de entender a importância de uma descoberta. O famoso dito de Louis Pasteur “Na pesquisa científica, o acaso favorece a mente preparada”destaca essa capacidade. No caso da teoria da homocisteína dadoença cardíaca, eu estava pronto. Tinha a experiência e aformação nas áreas de bioquímica, genética e patologia que mepossibilitaram compreender a importância de algo que observei em

1968.

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Numa conferência de genética humana, naquele ano, fiqueisabendo de uma doença recém-descoberta, a homocistinúria, naqual o aminoácido homocisteína, normalmente presente emquantidade bem pequenas em nosso sangue, é encontrado em

grandes quantidades na urina de crianças com retardamentomental. A mãe de uma menina de nove anos portadora da doençacontou aos pediatras que o tio da menina morrera, ainda criança, nadécada de 1930, de uma doença semelhante. O tio era uma meninocom retardamento que morrera de derrame. Como era possível queum menino de oito anos tivesse tido uma morte semelhante à deidosos? Seu caso era tão interessante que foi publicado no New England Journal of Medicine em 1933. O patologista descobriu queas artérias cerebrais do paciente estavam estreitadas e obstruídas

por um coágulo sangüíneo, causando o derrame que o matou. Opatologista comentou que as artérias lembravam a arteriosclerose(endurecimento das artérias) normalmente observada em idosos.

Por coincidência, o caso de 1933 havia sido publicado pelodepartamento do Hospital Geral de Massachusetts, no qual eutrabalhava na época, de modo que decidi reestudá-lo. Os arquivoscontinham o relatório original da autópsia, slides microscópicos epequenos fragmentos de seus órgãos

Pág 27conservados em parafina. Meu estudo confirmou que o meninotinha arteriosclerose em muitas artérias do corpo – semelhante àarteriosclerose que eu havia visto em pacientes idosos. Oespantoso era que não havia colesterol nem gordura depositadosnas placas arterioscleróticas da criança. Esse menino tinha adoença homocistinúria e me ocorreu que o aminoácidohomocisteína poderia ter lesado as paredes arteriais, produzindo aarteriosclerose e causado o derrame. Interpretei esse casofascinante como uma indicação de que lesões graves e

rapidamente progressivas das artérias podem ocorrer  antes quegorduras e colesterol venham a se depositar em placasarterioscleróticas.

Vários meses depois, eu souve de outro caso recente dehomocistinúria num bebê de dois meses. O menino não estiveracrescendo devidamente e havia morrido de pneumonia grave. Essebebê também tinha homocisteína na urina e descobriu-se que tinhauma forma até então desconhecida da doença, causada por umproblema com a função da vitamina B12 e do ácido fólico em seu

corpo. Quando o bebê morreu, foi feita uma autópsia e o respectivorelatório foi arquivado em nosso departamento. Pelo fato de que o

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caso de 1933 tivera como causa um problema diferente com umaoutra vitamina, a B6, a condição das artérias nesse caso era crucial.Se fosse descoberto que as artérias estavam de arteriosclerose, ocaso demonstraria que a homocisteína do sangue poderia estar 

altamente elevada sem prejudicar as artérias. Se fosse descobertoque as artérias continham placas arterioscleróticas, isso provariaque a homocisteína prejudicaria as artérias, independentemente dacondição que causou a elevação da homocisteína do sangue.

Quando li esse segundo caso crucial, não encontrei nenhumamenção das artérias na descrição das descobertas. Havia duaspossibilidades. Ou o patologista que concluiu o caso não encontroumodificações nas artérias ou as artérias estavam de fato normais.Mas quando fiz um estudo detalhado desse segundo caso, descobri

que também essa criança tinha arteriosclerose rapidamenteprogressiva, exatamente como eu havia previsto!Quase não dormi durante duas semanas. Fiquei muito

entusiasmado porque minha análise desses dois casos dehomocistinúria provavam que o aminoácido homocisteína estavacausando arteriosclerose pela lesão direta das células e dos tecidosdas artérias. Como um dos casos resultada da falta de

Pág. 28vitamina B6 e o outro de uma deficiência de vitamina B12 e deácido fólico, pude determinar uma constante – um elevado nível dehomocisteína no sangue – como o fator responsável pelaarteriosclerose. Se esse aminoácido havia produzido arteriosclerosenaqueles pacientes, por que então a homocisteína não poderiacausar a doença no restante da população?

Imediatamente pensei em outros experimentos conhecidos erelevantes. Em 1949, o patologista James Rinehart, da Califórnia,fez alguns experimentos em macacos, demonstrando que, quandohá uma limitação de vitamina 6  na dieta, o resultado é a

arteriosclerose. Subitamente, percebi que o elo que faltava era ahomocisteína. A deficiência de vitamina B6 eleva os níveis dehomocisteína, e desta maneira a arteriosclerose foi causada nosmacacos de Rinehart. Em outros estudos, no Canadá, envolvendoexperimentos com ratos, a vitamina B12 e ácido fólico inibiram aarteriosclerose. Novamente, o elo que faltava era a homocisteína.Eu sabia que a vitamina B12 e o ácido fólico controlavam ahomocisteína e que, se houvesse níveis suficientes dessasvitaminas, o nível de homocisteína seria mantido baixo, prevenindo

assim a doença.

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Essa foi uma descoberta poderosa. Ela demonstrava que asvitaminas podiam ajudar a prevenir a doença cardíaca ao controlar a homocisteína – não apenas em casos raros de homocistinúria eem animais experimentais, mas também no restante das pessoas.

Se você observar a dieta americana, verá facilmente que nãoingerimos vitaminas do complexo B em quantidade suficiente.Ingerimos alimentos processados que não fornecem as vitaminasque o nosso corpo necessita. Em conseqüência, a homocisteínasobe, as artérias são lesadas e surge a doença cardíaca.

O bioquímico Albert Szent-Gyorgi descreveu a descobertacientífica como sendo um processo que começa pela análise dosmesmos fatos examinados por outros cientistas, mas termina comum novo conceito baseado em novas observações. Certamente,

essa era uma forma nova de olhar um problema antigo.O coração da teoria

Em 1969, propus pela primeira vez a teoria da homocisteína dadoença cardíaca. Quando há homocisteína demais no sangue, asartérias são lesadas

Pág. 29e se formam placas. O resultado é a arteriosclerose e a doençacardíaca. Isso acontece quando não consumimos o suficiente dedeterminadas vitaminas – mais exatamente as vitaminas B6 e B12 eácido fólico. Essas vitaminas do complexo B estão faltando emnossas dietas porque o processamento e a refinação de alimentos(pense em farinha de trigo branca, açúcar e enlatados) destroemessas vitaminas sensíveis.

Quando comecei a minha pesquisa, a homocisteína era umobscuro aminoácido de importância menor, conhecido apenas dosbioquímicos por sua função no metabolismo de proteínas. Antes de

a doença homocistinúria ser descoberta, em 1962, os cientistasmédicos não tinham a menor idéia de que a homocisteína podia ter um papel fundamental na mais importante doença encontrada napopulação – a arteriosclerose.

Certamente, além da dieta, há muitos outros fatores que podemaumentar o nível de homocisteína em nosso sangue: herançagenética, determinados medicamentos, envelhecimento, mudançashormonais como a menopausa, tabagismo, pouco exercício físico,diabetes e pressão alta. Não podemos controlar tudo isso, mas

podemos fazer algo a respeito com a nossa dieta, e a nossa dieta éa única forma de manter baixos os níveis de homocisteína.

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Como comemos? A nossa dieta é principalmente baseada emcarne e batata? É pobre em gorduras e rica em carboidratos? Vocêé vegetariano? Segue uma dieta rica em proteínas? Aquilo que vocêingere afeta a maneira como o seu corpo previne doenças.

Muitas vezes é o equilíbrio daquilo que você ingere que precisade ajustes. Por exemplo: um aminoácido chamado metionina é umadas peças essenciais de todas as proteínas presentes nosalimentos. Ele é especialmente abundante em carnes e laticínios.No corpo, a metionina é normalmente convertida em homocisteína.Precisamos de alguma metionina, mas uma quantidade muitogrande criará homocisteína em excesso, prejudicando as artérias. Anotícia boa é que a homocisteína também pode ser revertida parametionina ou excretada do corpo pelas três vitaminas importantes

do complexo B – o ácido fólico, a vitamina B6 e a vitamina B12.portanto, se aqueles que consomem carne comerem umaquantidade suficiente de frutas, verduras e legumes contendo asvitaminas B apropriadas, não haverá elevação do nível dehomocisteína no sangue. Porém, a maioria dos

Pág. 30consumidores de carne geralmente não consome quantidadesuficiente de frutas, legumes e verduras (pense na típica dietaamericana de fast-food ) e é por isso que esses consumidores sãomais suscetíveis a doenças.

De um modo geral, os vegetarianos estão protegidos contra aarteriosclerose. As proteínas vegetais derivadas de grãos, feijão,ervilha e outros vegetais contêm menos metionina que a proteínaderivada de carnes, peixes e laticínios, e por isso é produzidamenos homocisteína no corpo. Além disso, uma dieta vegetarianacostuma apresentar grandes quantidades de vitaminas do complexoB, de modo que também os níveis de homocisteína são contidospelas vitaminas. Mas você verá adiante neste livro que o

vegetarianismo não é necessariamente a dieta ideal.A mensagem da Revolução do Coração é simples e clara. A

doença cardíaca é causada pelos modernos alimentosprocessados, e a forma de prevenir a doença é melhorar aqualidade da sua dieta. A dieta da Revolução do Coração, descritano capítulo 4, mostrará a você como ingerir alimentos queprevinem a doença cardíaca e todos os outros problemas a elaassociados. Quando você consome alimentos processados,conservados e refinados, as deficiências de vitaminas do complexo

B levam ao aumento da homocisteína e à doença cardíaca. Se vocêsimplesmente consumir suficiente quantidade de vitamina B6,

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vitamina B12 e ácido fólico provenientes de alimentos integrais, seunível de homocisteína será mantido baixo e ao mesmo tempo vocêevitará a doença cardíaca. Em certo sentido, a doença cardíaca éuma doença moderna  porque foi criada pelo homem. Se

ingeríssemos aquilo que o nosso corpo necessita, a doençacardíaca seria tão rara quanto o é nas partes não-industrializadasdo mundo. Isso seria uma revolução.

O mito do colesterol

Por que mais pessoas não ouviram falar da homocisteína? Elatem estado encoberta justamente pela sombra da teoria docolesterol. A idéia de que o colesterol causa arteriosclerose vem

sendo alardeada, pesquisada e divulgada por tantos anos que, atérecentemente, apenas um punhado de pessoas a questionava.  Averdade é que a teoria do colesterol nunca foi provada. Osestudos que se propuseram a mostrar uma relação entre ocolesterol presente na dieta e a doença cardíaca não tiveramsucesso.

Pág. 31Para todos vocês que estão ingerindo uma dieta de pouco

colesterol recomendada por seu médico, ou para aqueles que estãotomando medicamentos para baixar o nível de colesterol, isso podeser uma surpresa. Mas nenhum estudo feito em qualquer parte domundo jamais provou que reduzir a quantidade de colesterol dadieta diminui o risco de doença cardíaca. Reduzir o colesterol dosangue por meio de medicamentos não impedirá o endurecimentodas artérias se o nível de homocisteína for alto. Então, por que essemito começou?

 A teoria do colesterol foi desenvolvida no início do século XX,quando cientistas que estavam estudando as placas nas artérias

descobriram cristais de colesterol e depósitos de gordurasprovenientes de lipoproteínas (combinações de moléculas degordura e de proteína no sangue). Eles ponderaram que ocolesterol e as gorduras existentes nos alimentos que consumimosdeviam produzir o colesterol e a gordura das placas.

Estudos pareciam corroborar essa idéia. Por exemplo: quandocoelhos, animais normalmente vegetarianos, são alimentados comcarne, ovos e leite – alimentos ricos em colesterol –, elesdesenvolvem uma arteriosclerose semelhante àquela encontrada

nos humanos. Esses experimentos foram feitos pela primeira vezentre 1908 e 1913, por cientistas russos. Em 1916, o médico

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holandês DeLangen descobriu que camareiros indonésios quetrabalhavam a bordo de navios holandeses desenvolviamarteriosclerose após ingerir a rica dieta holandesa, que contémmanteiga, leite, ovos e carne. A arteriosclerose era quase

desconhecida entre os indonésios, que se alimentavam de suatradicional dieta de arroz, frutos do mar, legumes e verduras. Muitosestudos subseqüentes confirmaram que níveis elevados decolesterol no sangue estão associados a um risco maior dearteriosclerose.

A palavra-chave é “associados”. Conforme explicarei, ocolesterol não causa arteriosclerose. Esses primeiros estudosnão explicam como a dieta ocidental cria a doença cardíaca, mas ateoria da homocisteína explica. Nosso corpo está carente de

vitaminas do complexo B por causa de todos os alimentosprocessados que ingerimos. No caso dos camareiros indonésios,não havia legumes e verduras a bordo e por isso eles não ingeriamquantidade suficiente de vitaminas B. A deficiência de vitaminas Bleva a elevados níveis de homocisteína no sangue, ao prejuízo dasartérias e à arteriosclerose.

Pág. 32O colesterol e as gorduras depositam-se então nas artérias jáprejudicadas pela homocisteína. Experimentos subseqüentes, emanimais com artérias prejudicadas pela homocisteína, mostram quequando a manteiga é adicionada à dieta desses animais, placascontendo gorduras e colesterol formam-se nas artérias. Isso provaque o aumento de colesterol é um sintoma, não uma causa dedoença cardíaca.

Em função dessas primeiras observações, os cientistas decidiramestudar as dietas de todo o mundo em busca de pistas sobre adoença cardíaca. Um exemplo óbvio que parecia respaldar a teoriado colesterol foi a comparação das dietas do norte e do sul da

Europa. As dietas do norte, ricas em gorduras e colesterolprovenientes da manteiga, creme de leite, ovos e carne, pareciamproduzir elevadas taxas de arteriosclerose e de doença cardíaca. Aspessoas que ingeriam as dietas do sul ou “mediterrâneas”,composta de legumes e verduras, frutas e óleos vegetais não-saturados como azeite de oliva, tinham taxas menores de doençacardíaca. Esses estudos sugeriam que a gordura e o colesterol dasdietas do norte eram de alguma forma responsáveis por essadiferença de risco da doença.

Um estudo feito em 1997 demonstrou que os níveis dehomocisteína do sangue são mais elevados em países do norte

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europeu, onde a morte por doença cardíaca é comum, do que nospaíses do sul europeu ou no Japão, onde a doença cardíaca éincomum. De modo que, nesse tempo todo, o mal estava sendocausado pela homocisteína enquanto o colesterol estava levando a

culpa.Os cientistas tiraram conclusões apressadas sobre o papel docolesterol na doença cardíaca porque estavam ansiosos por encontrar alguma causa para este grande problema de saúde.todavia, houve muitas exceções importantes a essas conclusõesiniciais sobre a presumida importância do colesterol e das gordurascomo causa da doença cardíaca. Certas populações primitivas, taiscomo os esquimós da Groelândia ou os masai da África,consumiam grandes quantidades de colesterol e gorduras

saturadas em sua dieta tradicional e ainda assim quase não tinhamdoença cardíaca. Epidemiologistas demonstraram que o consumode açúcar refinado, carne e laticínios, especialmente a proteínapresente no leite, parecia aumentar o risco de doença cardíaca. Ochamado paradoxo francês aponta para o fato de que a dietafrancesa tradicional contém elevados níveis de colesterol egorduras e, no

Pág. 33entanto, está associada a baixíssimo risco de doença cardíaca. Taisexceções indicam que fatores não reconhecidos podiam proteger contra a doença cardíaca, independentemente da quantidade decolesterol e gorduras ingeridos.

A abordagem da homocisteína em relação à doença cardíacafornece uma explicação dessas importantes exceções. Aspopulações primitivas estão protegidas contra a doença cardíacaporque não consomem nenhum alimento processado que possadepauperar seu organismo de vitamina B6 e ácido fólico. Os níveisde homocisteína do sangue são mantidos baixo pelo rico

suprimento dessas vitaminas do complexo B em sua dieta, o queimpede a lesão das artérias. Da mesma forma, a dieta francesatradicional, com suas grandes quantidades de frutas, verduras elegumes frescos, carne de fígado e de outros órgãos, vinho tinto epoucos alimentos processados, fornece vitamina B em abundânciapara manter baixo os níveis de homocisteína do sangue,independentemente da quantidade de gorduras e colesterolpresentes nessa dieta.

E quanto à LDL e à HDL? O risco de doença cardíaca tem sido

associado a um elevado nível de lipoproteína de baixa densidade(LDL), o chamado colesterol ruim, e a uma redução da lipoproteína

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de alta densidade (HDL), o chamado colesterol bom, no sangue.Mas até agora os cientistas não conseguiram explicar por quê. Ahomocisteína desempenha um papel importante também aqui.  Ahomocisteína é transportada pela LDL. Portanto, é uma boa idéia

baixar a LDL, mas somente porque ela é o veículo dahomocisteína.  Alguns fatores como exercício físico aumentam onível de HDL e diminuem o nível de homocisteína do sangue,protegendo contra a doença cardíaca.

Vejamos esse quadro por outra perspectiva. Os japoneses têmbaixo risco de doença cardíaca. Quando grande número de

 japoneses mudou-se para o Havaí e para a Califórnia, elescomeçaram a ingerir a dieta americana, ou “ocidental”, rica emcarnes, laticínios e alimentos processados. Isso levou a um

dramático aumento no número de mortes por doença cardíaca.Novamente, os cientistas que estudavam essas situações partiramprecipitadamente para conclusões errôneas e culparam o colesterol,quando a verdadeira culpada era a homocisteína.

Concentrando-se apenas no aumento dos níveis de colesterol, oscientistas prosseguiram em suas especulações no sentido de que,para reduzir o risco de doença cardíaca, bastava reduzir o nível decolesterol. Mas essa

Pág. 34premissa nunca foi comprovada. O ponto crucial é que você devebaixar sua LDL, o que é muito difícil de se conseguir por meio dedieta porque a maior parte dela é produzida pelo nosso corpo. ALDL elevada está corretamente associada a maior risco de doençacardíaca porque ela transporta a prejudicial homocisteína para asparedes das artérias. Portanto, é bom ter níveis baixos de LDL, demodo que menos homocisteína alcance as suas artérias.

Ao americanos ficaram fixados no colesterol. Hoje, a maioria daspessoas sabe qual é o seu nível de colesterol. Você mesmo pode

saber o seu. Muitos de nós tentamos baixar o nosso colesterol aoingerir menos gorduras e cortar os alimentos “ricos em colesterol”,como carne e ovos, mas esta abordagem não está funcionando. Adoença cardíaca continua sendo a causa número um de morte nosEstados Unidos.

Muitos especialistas reconhecem esse fato. Há anos a medicinavem nos dizendo para reduzir o colesterol e as gorduras da dietapara menos de 30% de calorias. No entanto, todas as tentativaspara provar uma conexão entre o colesterol que ingerimos e o risco

de doença cardíaca fracassaram. Muitos estudos como oFramingham Heart Study (Estudo do Coração de Framingham), um

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estudo médico de meio século de existência que vemacompanhando os participantes desde a juventude até a velhice,têm sistematicamente fracassado em relacionar a ingestão decolesterol pela dieta com níveis de colesterol do sangue. Os

cientistas não querem admitir que estão errados após tantotempo e dinheiro gastos na tentativa de provar que o colesterol está nos matando.

Um jogo de números: doença cardíaca em declínio

No começo do século XX, as mortes por doença coronarianaeram

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Para adquirir o livro:

“O Fator Homocisteína”, A revolucionária descoberta que mostracomo diminuir o risco da doença cardíaca, Dr. Kilmer McCully eMartha McCully, 231 páginas, Editora Objetiva, Rio de Janeiro,2000.

EDITORA OBJETIVA LTDA.

Rua Cosme Velho, 103Rio de Janeiro, RJ – CEP 22241-090Tel: (21) 556-7824Fax: (21) 556-3322

Internet:http:www.objetiva.com

ou na internet:

Livraria Saraiva

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http://www.livrariasaraiva.com.br/index.htm

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