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  • 14/05/2015

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    Caso Clnico

    Identificao

    Larissa Carla M. Farais, 3 anos e 6 meses. Naturalidade e procedncia: Mirador

    - MA. Informante: me

    Queixa principal: febre h 13 dias.

    Me refere que a criana iniciou quadro febril h 13 dias, em mdia de 3

    episdios dirios, no aferidos; associados a calafrios; com melhora aps uso

    da dipirona.

    Refere tambm aumento de volume abdominal difusamente h 13 dias,

    associado dor abdominal.

    Me procurou o servio de sade em sua cidade onde foi diagnosticada uma

    amigdalite, ento tratada com amoxacilina por 5 dias.

    Caso Clnico

    A criana persistiu com febre diria, com volume abdominal

    aumentado e dor abdominal.

    Antes do surgimento da febre, a me relata que notou o

    surgimento de mculas acastanhadas pela pele da criana,

    espalhadas no corpo e nos membros.

    Nega diarria, vmitos e tosse.

    Antecedentes pessoais/familiares

    Nasceu a termo de parto cesrea, sem intercorrncias.

    Foi amamentada exclusivamente at 1 ano de idade.

    Apresentou desenvolvimento neuropsicomotor normal.

    Me refere vacinao em dia.

    Me tabagista, sem doenas crnicas.

    Pai saudvel.

    Av materna diabtica.

    Av materno falecido por cncer de esfago.

    Av paterno falecido por afogamento

    Antecedentes patolgicos

    Nega internaes anteriores, cirurgias ou traumas.

    Nega hemotransfuses.

    Nega alergias.

    Refere quadro de hepatite (SIC) h 6 meses, no esclarecida.

    Exame fsico

    Abdome: Globoso. Rudos hidroareos presentes.;

    Doloroso palpao em hipocndrios E e D;

    Fgado palpvel ;

    Bao palpvel ;

    Sem edema;

    Presena de mculas acastanhadas e arroxeadas.

    Exames Laboratoriais Hemograma da admisso (02/02/06)

    Ht 32 Leu 4900

    Hb 10,5 Seg 2107(43%)

    Hm 3,78 Bast 0%

    VCM 84,65 Mono 0%

    CHCM 32,81 Eos 1%

    HCM 27,77 Linf 2646(54%)

    Plaq 109 mil

    Exames laboratoriais

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    Anemia normocrmica normoctica.

    Leucopenia com neutropenia.

    Plaquetopenia.

    Concluso: PANCITOPENIA.diminuio global de elementos

    celulares do sangue (glbulos brancos , vermelhos e plaquetas)

    Interpretao Bioqumica

    02/02/06

    TGO 78 Uria 22

    TGP 66 Creat. 0,4

    Na 136 BT 0,6

    K 3,6 BI 0,4

    Cl 100 BD 0,2

    Ca 10,1

    LDH 1304

    Exames laboratoriais

    TGO aumentada (1,4x) e TGP aumentada

    (1,4x), indicando leve leso hepatocelular.

    LDH aumentada (2,6x), indicando que h

    morte celular.

    Uria discretamente elevada (1,2x) indicando

    possvel comprometimento leve da funo

    renal.

    InterpretaoPuno da medula ssea

    03/02/06

    Medula ssea hipocelular com megacaricitos em vrios

    estgios de maturao.

    Srie granuloctica 50%

    Srie eritrocitria 35%

    Presena de parasitas (leishmanias)

    Ausncia de clulas neoplsicas.

    Exames laboratoriais

    Aps confirmao diagnstica, foi iniciada a

    administrao de glucantime na dose de 3,6 ml/dia

    (291,6 mg/dia).

    Tratamento

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    Doena infecciosa;

    Gnero Leishmania;

    Pele, mucosas e vsceras;

    Infeco zoonotica;

    uma doena de evoluo longa, podendo durar alguns meses ou at ultrapassar o perodo de um ano.

    Transmitida por insetos (Flebtomos) - cujo vetor a fmea do mosquito.

    Classificao:Filo - Sarcomastigophora

    Sub-filo - MastigophoraOrdem - Kinetoplastida

    Famlia - TrypanosomatidaeGnero - Leishmania

    Conhecido popularmente como:

    Mosquito palha, Tatuqueira, Biriqui, Cangalinha, Asa

    branca, asa dura e palhinha.

    Classificao:Filo - Sarcomastigophora

    Sub-filo - MastigophoraOrdem - Kinetoplastida

    Famlia - TrypanosomatidaeGnero - Leishmania

    Conhecido popularmente como:

    Mosquito palha, Tatuqueira, Biriqui, Cangalinha, Asa

    branca, asa dura e palhinha.

    Caractersticas do agente etiolgico

    Leishmanias so parasitas intracelulares obrigatrios;

    Seu desenvolvimento ocorre dentro do sistema fagoctico

    mononuclear dos mamferos suscetveis;

    No organismo de mamferos, tem a forma de amastigota

    (no flagelada);

    No trato digestivo dos vetores (inseto flebtomo) assume

    a forma promastigota (flagelada).

    Leishmanias

    Amastigota Intracelular, arredondada,

    cinetoplasto em forma de

    basto e ausncia de flagelo

    livre.

    Presente no interior das clulas

    fagocitrias.

    Formas de Reproduo

    Reproduo por diviso binria

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    Promastigota

    So alongadas, com um

    flagelo, livre e longo,

    emergindo do corpo do

    parasito na sua poro

    anterior.

    Formas de Reproduo Subgnero Leishmania Subgnero VianniaL. (Leishmania) donovani***

    L. (L.) infantum***

    L. (L.) chagasi***

    L. (L.) archibaldi

    L. (L.) tropica**

    L. (L.) aethiopica**

    L. (L.) major**

    L. (L.) gerbilli

    L. (L.) maxicana

    L. (L.) amazonensis*

    L. (L.) venezuelensis

    L. (L.) enriettii

    L. (L.) aristidesi

    L. (L.) pifanoi

    L. (L.) hertigi

    L. (L.) deanei

    L. (Viannia) braziliensis*

    L. (V.) guyanensis*

    L. (V.) panamensis

    L. (V.) peruviana

    L. (V.) lainsoni*

    L. (V.) naiffi*

    L. (V.) shawi*

    L. (V.) colombiensis

    L. (V.) lindenberg

    * determinantes da Leishmaniose Tegumentar Americana no Brasil;

    ** determinantes da Leishmaniose Tegumentar do Velho Mundo;

    *** determinantes da Leishmaniose Visceral;

    Principais espcies do gnero Leishmania (Lainson & Shaw, 1987):

    LEISHMANIOSE TEGUMENTAR

    LEISHMANIOSE

    VISCERAL

    Vetor (inseto flebtomo) inseto Lutzomyia sp.

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    Reservatrio

    Em reas urbanas, o co a principal fonte de infeco;

    Em ambientes silvestres, os reservatrios so as raposas e os

    marsupiais;

    Estes animais quando doentes apresentam unhas compridas e

    plos eriados.

    Sintomas

    LEISHMANIOSE TEGUMENTAR

    Forma um ndulo

    Apresenta febre, mal estar e feridas de difcil cicatrizao no local

    da picada do mosquito.

    Feridas que poder produzir metstases para a pele de outras

    reas do corpo (braos, pernas, rostos)

    LEISHMANIOSE VISCERAL (CALAZAR)

    Febre, Perda de apetite e peso;

    Esplenomegalia,Hepatomegalia;

    Sangramento na boca e no intestino; (em casos mais graves)

    Podendo levar a morte se no for tratada.

    Sintomas

    Figura 24 LTA Leso cutnea localizada emestgio inicial, com caracterstica de placa infiltrativa, (observar nesta fase ausncia de ulcerao).

    Figura 25 LTA Leso cutnea localizada, ulcerada franca com bordas elevadas infiltradas com hiperemia ao seu redor Estgio inicial daulcerao. Figura 28 LTA Leso em placa infiltrativa

    com bordas crostosa com reas satlites de aspectondulo infiltrativo.

    Tanto o homem quanto os

    animais, como o cachorro,

    podem servir de

    reservatrios ao parasita.

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    Figura 32 LTA Leso com aspectoframboeside, localizada na pele do nariz,sem comprometimento da mucosanasal.

    Figura 42 LTA Forma cutnea difusa Polimorfismolesional (Leses em placa infiltrada, com exulcerao, tubrculos em face, orelha e membro superior. Tempo de doena 3 anos).

    Figura 59 LTA Forma mucosa tardia Edemanasal com reas de ulcerao crostas nolocal e edema no lbio superior.

    Figura 67 LTA Forma mucosa primria - Lesesulceradas francas, com bordas elevadas, infiltradasfundo granuloso, localizadas no pnis e bolsaescrotal.

    Figura 76 LTA Co com leso de focinho.

    Figura 78- Ces com leso de focinho causada por esporotricose

    No Brasil, a doena ocorre em

    praticamente todas as regies,

    tanto nas reas rurais quanto

    urbanas.

    Diagnstico

    O diagnstico das leishmanioses pode ser

    PARASITOLGICO ou IMUNOLGICO, e varia de

    procedimento conforme a doena (Tergumentar ou

    Visceral).

    LEISHMANIOSE TEGUMENTAR

    Diagnstico

    Exame direto de esfregaos corados (Romanowsky, Giemsa ouLeishman)

    Exame histolgico

    Cultura

    Inculo em animais

    PCR (reao em cadeia da polimerase, permite a identificao da espcie infectante)

    LEISHMANIOSE TEGUMENTAR

    Imunolgicos

    Teste de Montenegro

    Reao de imunofluorescncia indireta (RIFI)

    Hemaglutinao indireta

    Diagnstico

    Aplicao por via intradrmica:observar formao de ppula aps injeo de 0,1 mL do antgeno de Montenegro.

    Observar marcao dos limites da endurao com caneta esferogrfica. A leitura dever ser realizada com rgua milimetrada no maior dimetro da endurao.

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    LEISHMANIOSE VISCERAL

    Parasitolgico -

    - Faz-se uma puno da medula ssea esternal e com o produto pode-

    se fazer um esfregao ou semear em meios de cultura prprios (NNN,

    LIT).

    Imunolgicos -

    - Reao de imunoflurescncia indireta

    - Reao de ELISA (Enyme Linked Immuno Sorbent Assay)

    - TraLd (teste rapido anticorpo anti- leishmania donovani)

    Diagnstico

    O diagnstico do calazar humano realizado em amostras de leuccitos sanguneos. Calazar canino feita com

    amostras obtidas de punoda medula ssea e tambmpela amostra de clulasconjutiva, coletadas com umswab.

    Diagnstico

    Implantao de saneamento bsico;

    Uso de telas nas janelas e portas;

    Utilizao de mosquiteiros;

    Repelentes e roupas que protejam as reas expostas;

    Limpeza de quintais e terrenos,

    Limpeza peridica dos abrigos de animais domsticos.

    Profilaxia

    A vacinao dos ces uma medida de grande alcance e j

    est sendo empregada com bons resultados.

    Principal reservatrio domstico (Co) h recomendao

    expressa de eutansia de todos os animais positivos.

    O tratamento desses animais proibido por Lei (Portaria

    Interministerial n 1.426 de 11/07/2008)

    Profilaxia

    A teraputica de longa durao e

    dolorosa.

    A leishmaniose tem cura, principalmente

    quando diagnosticada na fase inicial. As

    drogas usadas no tratamento, porm,

    geram srios efeitos colaterais.

    A dieta deve ser equilibrada, capaz de

    repor as perdas orgnicas provocadas

    pela doena.

    Tratamento

    QuimioterapiaImunoterapia

    A droga de primeira escolha o

    Antimonial Pentavalente

    (glucantime).

    Antimoniais pentavalentes:

    Antimoniato N-metil glucamina:

    Inibe a atividade glicoltica e a via oxidativa dos

    cidos graxos das amastigotas;

    Tem vida mdia de 2 horas aproximadamente;

    Eliminao renal;

    Dose recomendada: 20 mg/kg/dia EV ou IM; durante no mnimo 20

    e no mximo 40 dias.

    Tratamento

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    Pode provocar distrbios na repolarizao cardaca. Por isso,

    deve ser realizado ECG no momento do diagnstico e aps o

    20 dia realizar semanalmente. Realizar ausculta diria

    cuidadosa. Em caso de arritmias utilizar drogas alternativas.

    Outros efeitos: artralgia, adinamia (reduo da fora

    muscular), anorexia, aumento da diurese.

    Efeitos adversos e toxidade do tratamento

    Anfotericina B: droga leishmanicida.

    Atua no precursor do ergosterol, um componente da

    membrana celular do parasita;

    Deve ser utilizada na dose de 15 a 25 mg/kg em dias

    alternados;

    Efeitos adversos: flebite, desconforto respiratrio, cianose

    (colorao azul-arroxeada da pele ), complicaes renais.

    Tratamento alternativo

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    Outras drogas - cutnea

    Pentamidinas menos

    eficazes e mais txicas que

    glucantime, como 2aopo,

    via intramuscular; porm so

    Indicadas na infeco por

    L. guianensis.

    Azitromicina nova droga,

    por via oral, sem efeitos

    colaterais e capaz de curar

    85% dos casos.

    Quase todos os pacientes

    apresentam reaes colaterais

    com tais medicamentos, como

    cefaleia, artralgias, mialgias e,

    em alguns casos, depresso da

    medula ssea; exceto no

    tratamento com a azitromicina.

    As leses mucosas podem

    surgir tempos depois da cura

    dos processos cutneos.

    Em alguns casos,

    aparentemente curados, podem

    ocorrer recidivas.

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    Tratamento - calazar

    Os tratamentos de

    primeira linha so feitos com

    antimo-niais pentavalentes,

    de uso prolongado e

    administrao parenteral:

    Antimoniato de meglumine

    (ou antimoniato de N-metil-

    glucamina).

    Estibogluconato de sdio

    (ou gluconato de sdio e

    antimnio).

    Na segunda linha esto:

    Pentamidina, por via intra-

    venosa.

    Anfotericina B, para perfu-

    so intravenosa.

    Alopurinol, por via oral.

    Controlar os efeitos colate-

    rais dessas drogas.

    Desaparecimento da febre no 5dia.

    Reduo da hepatoesplenomegalia nas primeiras semanas.

    Ao final do tratamento reduo de 40% ou mais no tamanho

    do bao.

    Melhora dos padres hematolgicos na 2a semana.

    Ganho ponderal progressivo.

    Seguimento do paciente 3, 6 e 12 meses aps o tratamento. Se

    estiver estvel na ltima avaliao considerado cura.

    Critrio Cura

    No ocorre a transmisso da doena:

    DE UMA PESSOA PARA OUTRA;

    DE UM ANIMAL PARA UMA PESSOA;

    NEM DIRETAMENTE ENTRE ANIMAIS.

    VALE

    REFORAR!

    A Organizao Mundial de Sade (OMS) considera a leishmaniose como a segunda doena

    causada por protozorios em termos deimportncia em sade pblica

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    Veronesi, Roberto Focaccia. Tratado de Infectologia. Editora

    Atheneu 1996.

    Manual de vigilncia e controle da leishmaniose visceral/

    Ministrio da Sade, 2003.

    Marconde, Eduardo. Pediatria bsica volume 2. Editora sarvier

    1994.

    Bibliografia