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8/15/2019 LINHA DE EMBALAGENS DE MAQUIAGEM PARA PÚBLICO ADOLESCENTE.pdf
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UNIVERSIDADE FEEVALE
NATÁLIA PIRES BRANCO
LINHA DE EMBALAGENS DE MAQUIAGEM PARA PÚBLICO ADOLESCENTE
NOVO HAMBURGO
2013
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NATÁLIA PIRES BRANCO
LINHA DE EMBALAGENS DE MAQUIAGEM PARA PÚBLICO ADOLESCENTE
Trabalho de Conclusão de Cursoapresentado como requisito parcialà obtenção do grau de Bacharel emDesign – Ênfase em Design Gráficopela Universidade Feevale.
Orientador: Profa. Me. Janine Moura Barbosa
NOVO HAMBURGO
2013
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NATÁLIA PIRES BRANCO
Trabalho de Conclusão do Curso de Design, com título LINHA DE EMBALAGENSDE MAQUIAGEM PARA PÚBLICO ADOLESCENTE, submetido ao corpo docente
da Universidade Feevale, como requisito necessário para obtenção do Grau
Superior.
Aprovado por:
____________________________________
Profª. Me. Janine Moura Barbosa
Orientador
____________________________________
Profª. Me. Rosana Vaz Silveira
Avaliador
____________________________________
Prof. Me. Luís André Ribas Werlang
Avaliador
Novo Hamburgo, 11 de Junho de 2013
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AGRADECIMENTOS
Aos meus pais Fernando e Berenice e ao
irmão Fernando pelo apoio incondicional epela força nos momentos difíceis. Aos
amigos queridos, e em especial à
professora Janine, por sua tamanha
dedicação.
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RESUMO
Esse estudo se propõe a aplicação de elementos lúdicos e criativos, como os
utilizados nos cosméticos sul-coreanos ao mercado de embalagens primárias e
secundárias de maquiagem adolescente para brasileiras, facilitando a interação do
consumidor com o produto ao criar curiosidade e proporcionar entretenimento. O
processo ocorreu através de duas fases (TCC 1 e 2), divididas em seis etapas:
fundamentação teórica, levantamento de dados sobre os produtos e as empresas de
ambos os países, estudo de campo, definição da estratégia de design,
desenvolvimento formal e gráfico, e conclusão do projeto. No projeto final foram
consideradas as opiniões das entrevistadas durante o estudo de campo,
principalmente o descontentamento com embalagens infantilizadas. O uso de textura
manteve formas básicas interessantes, assim como as cores vibrantes por dentro e
por fora da embalagem. O material de ponto-de-venda complementa o projeto,
disponibilizando a maneira correta de expor os produtos da marca.
Palavras-chave: Cosméticos. Embalagem. Design Sul-coreano. Maquiagem.
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ABSTRACT
This study proposes the application of fun and creative elements, like the ones used in
Korean cosmetics, to the market of primary and secondary make up packaging to Brazilian
teenagers, facilitating the interaction of product/consumer by creating curiosity and
entertainment. There are two phases to the process (TCC 1 and 2), divided in six steps:
theory, data collection about products and companies in both countries, field study, design
strategy definition, formal and graphic developing, and project conclusion, being the first four
steps the first stage and the rest of them belonging to TCC II. In the final project, the opinions
of the girls interviewed were considered, specially about childish packaging. The use of
texture kept basic forms interesting, just as the use of vibrant colors inside and out the
packaging. The material for store use complements the project as an explanation of the right
way to expose the brand.
Key-words: Cosmetics. Packaging. South Korean Design. Make-up.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Batom Natura Faces ............................................................................................ 16
Figura 2: Batom Make B, O Boticário .................................................................................. 17Figura 3: Ponto-de-venda Etude House .............................................................................. 18
Figura 4: Ponto-de-venda Holika Holika .............................................................................. 18
Figura 5: Propaganda brasileira da cerveja Skol ................................................................. 24
Figura 6: Propaganda sul-coreana da cerveja Cass............................................................ 24
Figura 7: Garrafa de vidro de Coca Cola ............................................................................. 26
Figura 8: Garrafa de vidro de Coca-Cola Sul-Coreana ........................................................ 26
Figura 9: Nº1 Imperial Majesty ............................................................................................ 27
Figura 10: Gôndola de sabonetes no mercado Big de Sapiranga ...................................... 28Figura 11: Bolachas Bauducco com promoção na embalagem ........................................... 28
Figura 12: Dramatic Memory Rouge, batom da marca Lavshuca ........................................ 30
Figura 13: Shampoo Hair Seasons Smooth ........................................................................ 31
Figura 14: Sugar Bloom Shadow Box, trio de sombras da Skin Food ................................. 31
Figura 15: Missing U, Creme para mãos da Etude House................................................... 32
Figura 16: Mini-Tint, gloss labial da Tony Moly ................................................................... 32
Figura 17: Berry Berry Magic Liptint, gloss labial da marca sul-coreana Tony Moly ............ 37
Figura 18: Embalagem do perfume Humor, da Natura ........................................................ 38Figura 19: Dot EDP, fragância de Marc Jacobs .................................................................. 39
Figura 20: Tampa de alumínio com mecanismo easy-open ................................................ 41
Figura 21: Benefit Bathina “Take a Picture. It Lasts Longer”, iluminador corporal. .............. 42
Figura 22: Cartucho do perfume Absinto, da Água de Cheiro ............................................. 43
Figura 23: Royal Honey Hydro Cream, hidratante facial da marca sul-coreana Skin Food . 46
Figura 24: Etude Strawberry Sponge Hair Roll .................................................................... 46
Figura 25: Embalagem primária do batom CatChu Wink, da marca Tony Moly ................... 50
Figura 26: Embalagem secundária do creme para mãos Bee Happy, da Etude House ...... 51
Figura 27: Lojas de cosméticos Etude House, Holika Holika, The Face Shop e Tony Moly
lado a lado em Myeongdong, bairro de Seoul. ..................................................................... 53
Figura 28: Miscelânia de BB Creams coreanos ................................................................... 55
Figura 29: Face 2 Change Liquid Roller BB Cream............................................................. 56
Figura 30: Aplicador do Face 2 Change Liquid Roller BB Cream ........................................ 56
Figura 31: Gloss, BB Cream compacto e Batom da linha Face 2 Change ........................... 57
Figura 32: Cartucho do BB Cream Face 2 Change ............................................................. 58
Figura 33: Batom Starlight Shine Incolor e tampas em destaque ........................................ 59
Figura 34: Linha de batons Starlight Shine Lipstick ............................................................. 59
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Figura 35: Cartucho do batom Star Light Shine ................................................................... 60
Figura 36: Aplicador da sombra Holy Cat ............................................................................ 62
Figura 37: Linha de sombras Holy Cat ................................................................................ 62
Figura 38: Sombra Holy Cat ................................................................................................ 63Figura 39: Lata de coração para presente O Boticário ........................................................ 64
Figura 40: Embalagens primárias do BB Cream Precious Mineral ...................................... 66
Figura 41: Embalagem do BB Cream Precious Mineral ...................................................... 66
Figura 42: Passo a passo da aplicação dos produtos Etude Precious Mineral All Day Strong
............................................................................................................................................ 67
Figura 43: Cartaz do mini filme “Kiss Note” disponibilizado na web. ................................... 68
Figura 44: Linha de batons Dear My, da Etude House ........................................................ 69
Figura 45: Linha de batons Dear My, da Etude House ........................................................ 70
Figura 46: Linha de duo de sombras Sweet Eye Cupcake .................................................. 71
Figura 47: Linha de duo de sombras Sweet Eye Cupcake .................................................. 72
Figura 48: Base líquida da linha Capricho do Boticário ....................................................... 75
Figura 49: Base líquida da linha Capricho do Boticário ao lado de seu cartucho ................ 76
Figura 50: Brilho Labial Capricho Cores Pocket .................................................................. 77
Figura 51: Brilho Labial Capricho Cores Pocket .................................................................. 78
Figura 52: Superbrilho Glitter Sombra em Pó...................................................................... 79
Figura 53: Embalagem secundária da sombra em pó Superbrilho Glitter ............................ 80
Figura 54: Embalagens encaixáveis da linha Faced.Zip ..................................................... 81
Figura 55: Embalagem primária da base Natura Faces.Zip ................................................ 82
Figura 56: Embalagem primária e secundária da Base líquida Natura Faces.Zip ............... 83
Figura 57: Batons da linha Faces.Zip, da Natura ................................................................ 84
Figura 58: Embalagem secundária do batom Natura Faces.Zip .......................................... 85
Figura 59: Trio de sombras Natura Faces ........................................................................... 86
Figura 60: Grupo de pop coreano 2NE1 em propaganda para Etude House ...................... 90
Figura 61: Taylor Swift modelando para Cover Girl ............................................................. 90
Figura 62: Choi SooYoung, integrante do grupo SNSD ...................................................... 94
Figura 63: Resposta manuscrita do questionário aplicado ................................................ 103
Figura 64: Resposta manuscrita do questionário aplicado ................................................ 104
Figura 65: Resposta manuscrita do questionário aplicado ................................................ 104
Figura 66: Desodorantes similares..................................................................................... 109
Figura 67: Rascunhos iniciais da identidade visual ........................................................... 109
Figura 68: Estudos da identidade visual............................................................................ 110
Figura 69: Versão final da identidade visual do desodorante ............................................ 110
Figura 70: Versão final da identidade visual desse projeto ............................................... 111
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Figura 71: Linhas da marca Be! ........................................................................................ 112
Figura 72: Sombra Sweet Recipe, da Etude House .......................................................... 113
Figura 73: Sombra Etude House Sweet Recipe Cupcake ................................................. 113
Figura 74: Sombra Aqua Petit Jelly, da Holika Holika ....................................................... 113Figura 75: Sombras da linha Natura Faces ....................................................................... 114
Figura 76: Sombras Capricho, do Boticário ....................................................................... 114
Figura 77: Embalagem secundária de uma sombra da linha Faces .................................. 115
Figura 78: Embalagem secundária de uma sombra da linha Faces .................................. 115
Figura 79: Gloss da linha Capricho, do Boticário .............................................................. 116
Figura 80: Bases em formato bisnaga, do Boticário e da Natura ...................................... 117
Figura 81: Dois gloss da marca Etude e dois da marca Holika Holika ............................... 117
Figura 82: Miscelânia de BB Creams coreanos ................................................................. 118
Figura 83: BB Cream da marca Etude e BB cream da marca Holika Holika ....................... 118
Figura 84: IU, Sunny e Sulli, três celebridades jovens coreanas ....................................... 120
Figura 85: gloss da marca coreana Tony Moly .................................................................. 120
Figura 86: Gloss da marca Tony Moly .............................................................................. 121
Figura 87: Lip Balm da marca Holika Holika ..................................................................... 121
Figura 88: Conjunto de maquiagem Princess Etoinette, da Etude House ......................... 122
Figura 89: Embalagens da Tony Moly ............................................................................... 122
Figura 90: Rascunho de opções de embalagem ............................................................... 123
Figura 91: Rascunho de opções de embalagem ............................................................... 123
Figura 92: Rascunho de opções de embalagem ............................................................... 124
Figura 93: Rascunho de opções de embalagem ............................................................... 124
Figura 94: Rascunho de opções de embalagem .............................................................. 125
Figura 95: Rascunho de opções de embalagem .............................................................. 125
Figura 96: Rascunho da forma final das embalagens ....................................................... 126
Figura 97: Forma final das embalagens ............................................................................ 126
Figura 98: Capas de silicone para celular ......................................................................... 127
Figura 99: Componentes da embalagem de base ............................................................. 128
Figura 100: Vistas da embalagem de base ....................................................................... 128
Figura 101: Peça de plástico que separa o produto da tampa ........................................... 129
Figura 102: Pincel Marco Boni .......................................................................................... 129
Figura 103: Vista superior da embalagem de base com e sem o protetor e o pincel ......... 130
Figura 104: Componentes da embalagem de sombra ....................................................... 131
Figura 105: Vistas da embalagem de sombra ................................................................... 131
Figura 106: Vista superior da embalagem de sombra com e sem o protetor e o pincel ..... 132
Figura 107: Aplicadores de sombra ................................................................................... 132
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Figura 108: Componentes da embalagem de gloss .......................................................... 133
Figura 109: Vista superior da embalagem de gloss .......................................................... 134
Figura 110: Vistas da embalagem de gloss ...................................................................... 134
Figura 111: Gloss Natura .................................................................................................. 135Figura 112: Triângulo equilátero ....................................................................................... 136
Figura 113: Relação entre os ângulos e as cores ............................................................. 136
Figura 114: Formas finais da embalagem com as cores primárias .................................... 137
Figura 115: Círculo de cores ............................................................................................. 137
Figura 116: Roxo institucional da marca Be! ..................................................................... 138
Figura 117: Estudo de cores para a marca Be! ................................................................. 139
Figura 118: Cores institucionais finais da marca Be! ......................................................... 139
Figura 119: Cores finais da embalagem de base .............................................................. 140
Figura 120: Cores finais da embalagem de sombra .......................................................... 141
Figura 121: Cores finais da embalagem de gloss .............................................................. 141
Figura 122: Rascunhos da embalagem secundária .......................................................... 142
Figura 123: Rascunho da embalagem secundária ............................................................ 143
Figura 124: Exemplo de empilhamento das embalagens secundárias .............................. 143
Figura 125: Planificação da embalagem secundária ......................................................... 144
Figura 126: Maquete da embalagem secundária em papel sulfite..................................... 144
Figura 127: Vistas da embalagem secundária unitária ...................................................... 145
Figura 128: Vistas da embalagem secundária para venda conjunta ................................. 145
Figura 129: Planificação da embalagem secundária para venda conjunta ........................ 146
Figura 130: Vistas da bandeja do gloss ............................................................................ 146
Figura 131: Vistas da bandeja da sombra ......................................................................... 147
Figura 132: Vistas da embalagem de venda conjunta com bandeja e produto .................. 147
Figura 133: Vistas da embalagem de venda conjunta com bandeja e produto ................... 148
Figura 134: Estudos de cor de faixa .................................................................................. 148
Figura 135: Faixas finais, de papel Kraft ........................................................................... 149
Figura 136: Medidas das faixas ........................................................................................ 149
Figura 137: Detalhe de informações da faixa .................................................................... 150
Figura 138: Detalhes de informações na parte traseira da faixa ....................................... 150
Figura 139: Vistas do produto unitário completo, com embalagem primária, secundária e
faixa ................................................................................................................................... 151
Figura 140: Faixa para embalagem de venda conjunta ..................................................... 152
Figura 141: Vistas da embalagem de venda conjunta completa, com embalagem primária,
secundária, bandeja e faixa ............................................................................................... 152
Figura 142: Rascunhos de opções de material de PDV .................................................... 154
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Figura 143: Exemplo de display somente com embalagens primárias .............................. 155
Figura 144: Exemplo de display com embalagens primárias ............................................. 155
Figura 145: Display somente com embalagens primárias ................................................. 156
Figura 146: Estudos de displays para embalagens primárias ........................................... 156Figura 147: Exemplo de display em níveis ........................................................................ 157
Figura 148: Vistas do display final..................................................................................... 158
Figura 149: Montagem do display final .............................................................................. 158
Figura 150: Opções de poster para display ....................................................................... 159
Figura 151: Detalhes do poster, com forma em destaque ................................................. 159
Figura 152: Protótipo da embalagem de base em madeira ............................................... 179
Figura 153: Protótipo da embalagem de gloss em madeira .............................................. 179
Figura 154: Protótipo da embalagem de sombra em madeira ........................................... 180
Figura 155: Protótipos das embalagens de sombra, base e gloss em madeira ................. 180
Figura 156: Protótipos das embalagens em madeira dentro das embalagens secundárias e
faixa ................................................................................................................................... 181
Figura 157: Protótipos das embalagens primárias dentro de embalagem conjunta
secundária ......................................................................................................................... 181
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 14
1 A HISTÓRIA DA EMBALAGEM ......................................................................... 20
1.2 A EMBALAGEM E O MARKETING .............................................................. 23
1.3 A FORMA NA EMBALAGEM ........................................................................ 29
1.4 A COR NA EMBALAGEM ............................................................................. 33
1.5 O MATERIAL NA EMBALAGEM .................................................................. 35
1.5.1 Vidro ....................................................................................................... 36
1.5.2 Metal ....................................................................................................... 39
1.5.3 Papel ...................................................................................................... 42
1.5.4 Plástico ................................................................................................... 44
2 EMBALAGEM PARA COSMÉTICOS ................................................................ 48
2.1 COMPOSIÇÃO DA EMBALAGEM................................................................ 49
2.2 ANÁLISE DE EMBALAGENS ....................................................................... 51
2.2.1 Marcas Sul-Coreanas ............................................................................. 52
2.2.1.1 Holika Holika .................................................................................... 54
2.2.1.1.1 Face 2 Change Liquid Roller BB Cream .................................... 55
2.2.1.1.2 BATOM STARLIGHT SHINE ..................................................... 58
2.2.1.1.3 Conjunto de sombras Holy Cat .................................................. 61
2.2.1.2 Etude House..................................................................................... 64
2.2.1.2.1 Base Precious Mineral BB Cream All Day Strong ...................... 65
2.2.1.2.2 Batom Dear My .......................................................................... 68
2.2.1.2.3 Duo de sombras Sweet Eye Cupcake ....................................... 70
2.2.2 As Marcas Brasileiras ............................................................................ 72
2.2.2.1 O Boticário........................................................................................ 73
2.2.2.1.1 Capricho Cores Base Líquida .................................................... 74
2.2.2.1.2 Capricho Cores Pocket Brilho Labial .......................................... 76
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2.2.2.1.3 Capricho Cores Superbrilho Glitter Sombra em pó .................... 79
2.2.2.2 Natura .............................................................................................. 80
2.2.2.2.1 BASE LÍQUIDA NATURA FACES.ZIP ....................................... 812.2.2.2.2 BATOM NATURA FACES.ZIP ................................................... 84
2.2.2.2.3 Trio de sombras Natura Faces ................................................... 85
3 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR ADOLESCENTE .............................. 88
3.1 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR ADOLESCENTE COREANO ..... 92
3.2 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR ADOLESCENTE BRASILEIRO .. 95
3.3 QUESTIONÁRIO .......................................................................................... 97
4 PROJETO DE LINHA DE EMBALAGENS ....................................................... 106
4.1 IDENTIDADE VISUAL ................................................................................ 106
4.1.1 Conceito da marca ............................................................................... 107
4.1.2 A marca ............................................................................................... 108
4.1 EMBALAGEM PRIMÁRIA ........................................................................... 112
4.1.1 A forma ................................................................................................ 116
4.1.1.1 Base líquida ................................................................................... 127
4.1.1.2 Sombra para os olhos .................................................................... 130
4.1.1.3 Gloss para os lábios ....................................................................... 133
4.1.2 A cor .................................................................................................... 135
4.1 EMBALAGEM SECUNDÁRIA ..................................................................... 142
4.1.1 Faixa .................................................................................................... 148
CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 161
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 163
APÊNDICES ........................................................................................................... 163
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INTRODUÇÃO
Nos primórdios da civilização humana, a embalagem tinha função
essencialmente utilitária. Era usada como uma forma de guardar, conservar e
transportar alimentos e utilizava-se unicamente de materiais naturais (NEGRÃO E
CAMARGO, 2008).
No começo do século XX, as embalagens ainda possuíam poucas formas e
materiais e o comércio era feito em pequenos estabelecimentos, onde o produto era
pesado e levado pelo consumidor em pequenos sacos. Sendo assim, o vendedor
auxiliava o cliente na compra e proteger e transportar acabavam sendo os únicos
desígnios da embalagem (NEGRÃO E CAMARGO, 2008).
Porém, como relata Calver (2009), com a ascensão dos supermercados,
criou-se a necessidade de desenvolver novas técnicas de comunicação capazes de
seduzir o cliente sem o apoio e influência direta de um vendedor. A partir desse
momento surgem empresas visionárias, que entendem como as funções básicas da
embalagem precisavam ser remodeladas para se relacionar com outras mais sutis,mas de impacto igualmente importante. De acordo com Negrão e Camargo (2008,
p.26), é a partir dessa época que a embalagem passa a informar, identificar e promover
produtos e marcas.
Segundo Mestriner (2005), um único hipermercado pode oferecer 30 mil
produtos e 6 mil lançamentos por ano. Esse sistema capitalista moderno cria uma
competição acirrada pela atenção do consumidor, que leva de 5 a 7 segundos para fazer
uma escolha. É nesse curto espaço de tempo que a embalagem deve se destacar e onde
é decisivo o fator inovação e o conhecimento do público alvo. Como afirma Roncarelli e
Ellicott (2001, pg 182) “o desafio dos designers não se restringe a fazer com que a
embalagem seja notada, mas em influenciar uma decisão de compra”.
Ao definir o foco em cosméticos, a embalagem se torna ainda mais uma
ferramenta de venda ativa, apesar da presença do vendedor. Calver (2009, pg.8) diz que
“a embalagem tornou-se algo com valor próprio, algo a ser exibido porque tem certo
toque de classe”. A marca vira sinal de status, o que faz a embalagem com formas e
cores facilmente reconhecíveis ganhar grande importância em relação ao próprio produto.
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De acordo com Roncarelli e Ellicott (2001, pg 18) “O espaço de prateleira é a primeira
interação entre o produto e o consumidor no ambiente do varejo, e o designer deve fazer
melhor uso possível desse espaço tão caro”.
Ainda segundo Calver (2009), em setores focados em estética e beleza, é
imprescindível que as mercadorias sejam embaladas de forma atraente, de modo que
possam ser usadas de maneira decorativa e não simplesmente envasadas em um vidro
com rótulo informativo.
Essa importância fica clara também quando Roncarelli e Ellicott afirmam que:
Os consumidores vão se sentir recompensados pela compra de um produto deque eles realmente gostem. Essa recompensa é ainda maior se valer a penaguardar as embalagens após o consumo. Um tratamento decorativo ou umformato interessante podem ser o suficiente para convencer os consumidores aconservarem a embalagem (RONCARELLI, ELLICOTT, 2001,pg 192).
Dessa forma o consumidor de produtos de beleza pode ser facilmente
influenciado por meios de comunicação e moda, criando desejos a serem supridos sem
abandonar a aparência agradável e funcionalidade de uma embalagem bem projetada.
Um produto dentro dessas diretrizes faz o consumidor se sentir bem dentro do seu grupo
social, que parcialmente direciona o tipo de consumo do indivíduo (CALVER, 2009).
Em uma pesquisa com 2.359 jovens publicada pela Music Television (MTV)
(LINHARES; RIZEK; MIZUTA,2005), ficou claro que o público adolescente também é um
grande consumidor de produtos cosméticos: “Defrontados com uma lista de dezesseis
adjetivos que poderiam caracterizar a sua geração, mais de um terço dos entrevistados(37%) optou pela palavra "vaidade", já "Consumismo" veio em segundo lugar”. Segundo
Negrão e Camargo (2008, p.66), os adolescentes, mesmo os introspectivos, tem o desejo
de pertencer a um grupo, originando dessa forma, a necessidade de desenvolver uma
linguagem diferenciada nas embalagens para atingi-los.
A maquiagem na Coréia do Sul é um mercado lucrativo e bem desenvolvido,
no qual várias marcas disputam o espaço, com pontos de venda elaborados e
normalmente lado a lado. Porém, a clara diferenciação de público alvo permite uma
competição saudável, que acaba por desenvolver e aguçar os sentidos sobre o que
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o consumidor deseja. Isso também vale para as embalagens, que complementam a
decoração das lojas e tem uma proposta muitas vezes divertida e inusitada, levando
o consumidor a grandes compras por impulso. No Brasil, marcas como O Boticário e
Natura não investem tanto em embalagens para público adolescente, diferenciando-
as de envases comuns somente através de cores fortes e brindes, como espelhos e
mini-gloss, O Boticário, além disso, destaca-se pelos estojos que acompanham os
produtos como forma de diferenciação. O foco principal dessas embalagens acaba
por ser o baixo custo e isso fica claro ao compará-los com os cosméticos top de
linha.
Como exemplo dessa diferença, na Figura 1, o batom Natura Faces, linha
jovem da Natura, tem formas simples e tradicionais, com uma cor sólida forte. Já o
batom Make B, da O Boticário, é focado na mulher adulta e tem uma forma
diferenciada, fazendo uso do preto e do prata, passando a impressão de sofisticação
(Figura 2).
Figura 1: Batom Natura Faces
FONTE: dicasdemaquiagem.com (2011)
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Figura 2: Batom Make B, O Boticário
FONTE: With Make (2010)
O tema em questão foi escolhido após visitas a lojas de cosméticos sul-coreanas e
exposição a formas, modelos e aplicadores pouco explorados no mercado ocidental. A
observação in loco sobre compra em massa de produtos de maquiagem feita por jovens
estrangeiros, que chegam a montar estoques para levar de volta ao país de origem,
gerou intriga e curiosidade sobre os cosméticos orientais. Após observações feitas em
lojas de diversas marcas, e conversa informal com colegas sul-coreanas e de outras
nacionalidades, pode-se verificar que um dos elementos que influenciavam na decisão de
compra era embalagem.
No Coréia do Sul, as lojas voltadas para o público jovem são criadas usandogrupos sociais como referência. Bons exemplos são a Etude House (Figura 3), rosa e
cheia de laços e arabescos, e a Holika Holika (Figura 4), que tem uma bruxa como
logotipo e usa roxo e preto em sua decoração e embalagens. O público-alvo tem a
mesma faixa etária, mas o foco é diferente.
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Figura 3: Ponto-de-venda Etude House
FONTE: Erika Jjang (2011)
Figura 4: Ponto-de-venda Holika Holika
FONTE: SuPeachChaya (2010)
Em ambas as lojas as embalagens são elaboradas e pouco convencionais, quase
sempre exacerbando o fator lúdico e gracioso sem perder a elegância. A grande
quantidade de relações com assuntos inusitados como gastronomia e o mundo animal
também torna a experiência mais interessante, já que o consumidor é surpreendido pela
criatividade do design da embalagem. Segundo Roncarelli e Ellicott (2001):
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Os consumidores de hoje em dia estão menos interessados em comprarprodutos para atender suas necessidades básicas e mais interessados em seengajar com marcas cujos valores os satisfaçam emocionalmente. Osconsumidores querem ser entretidos e envolvidos. Eles não querem ouvir, masconversar.[...] Para incentivar esse tipo de comportamento, os materiais e o
design devem ser inspiradores, decorativos, temáticos, ou parte de uma históriaque é contada ao longo da linha de produtos (RONCARELLI, ELLICOTT;2001,pg122).
Ao analisar marcas brasileiras como Natura e O Boticário, é possível observar que
a linha de embalagens para o público adolescente, se comparada às marcas sul-
coreanas, são focadas no custo. Porém, segundo Mestriner (2010) “a beleza é um
componente fundamental no desempenho competitivo, um valor que o consumidor
reconhece e que faz com que ele aceite pagar mais por um produto que incorpora estas
características.”
Sendo assim, o presente estudo visa aplicar os conhecimentos adquiridos em
visitas a lojas de cosméticos sul-coreanas, ao mercado brasileiro, onde a linha de
maquiagem adolescente, apesar de não ser limitada em quantidade, peca na qualidade
de suas embalagens ao não usar uma grande variedade de formas a seu favor,
centralizando seu foco somente em cores e estampas atraentes e constantementemantendo os mesmos envases.
A linha de embalagens projetada ao fim dessa pesquisa emprega o conceito de
diversidade e detalhamento presente nos cosméticos sul-coreanos, adaptados às
preferências das jovens brasileiras.
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1 A HISTÓRIA DA EMBALAGEM
Esse capítulo trata brevemente sobre a história da embalagem e como ela
passou de um invólucro para uma importante ferramenta de marketing como
conhecemos hoje. Temas como a importância da embalagem no ponto de venda e a
composição da embalagem levando em conta sua forma e cor também serão
abordados. A última parte do capítulo é dedicada às peculiaridades dos materiais
mais usados em embalagens e como o conjunto desses fatores garante a percepção
dos consumidores sobre a funcionalidade e portabilidade dos produtos.
De acordo com Gurgel (2007, pg. 01), as embalagens são:
Invólucros, recipientes ou qualquer forma de acondicionamento removível,ou não, destinados a cobrir, empacotar, envasar, proteger, manter osprodutos, ou facilitar sua comercialização (GURGEL, 2007, pg.1).
Porém, essa definição não é nada mais que a função inicial da embalagemcomo conhecemos hoje e data do início do século XIX, quando embalagens eram
essencialmente utilitárias (CALVER, 2009).
O ato de embalar tem raízes nos primórdios da evolução humana, onde
carregar, acondicionar e transportar alimentos poderia ser a diferença entre a vida e
a morte em um ambiente hostil. Não só as mudanças climáticas, mas também o
abandono do nomadismo e a divisão de trabalhos dentro do núcleo familiar foram
fatores decisivos para o surgimento das primeiras embalagens (NEGRÃO ECAMARGO, 2008).
Segundo Roncarelli e Ellicot, (2001, pg8.) “naquela época, o design de
embalagem se limitava ao esvaziamento e preparação de uma cabaça ou à
secagem de uma pele de animal.” Negrão e Camargo (2008) completam dizendo
que, além de couro e entranhas de animais, todo o tipo de material natural era
utilizado, inclusive folhas e outras fibras naturais.
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À medida que a humanidade evoluiu, tecnologias e materiais foram
descobertos a fim de suprir as necessidades, já que a gama de produtos a serem
embalados aumentou, não se limitando mais a somente alimentos. Foi assim que
surgiu, por exemplo, o vidro, descoberto pelos fenícios por volta de 2.000 a.C. e,
ainda hoje, largamente utilizado em embalagens de cosméticos e alimentos por sua
condição de conservação das propriedades químicas de determinadas substâncias
(NEGRÃO E CAMARGO, 2008).
Calver (2009) relata que, no século XIX, os produtos de agricultores e
fabricantes começaram a chegar às lojas pré-embalados, o que significa que, pela
primeira vez na história, era possível transportar grandes quantidades de produtos
agrícolas frescos até o local de venda. Eles também já possuíam rótulos, graças à
máquina de fazer papel de Nicolas-Lois Robert e popularizado pela invenção da
litografia (MESTRINER, 2002).
Com a vinda da família real e da corte Portuguesa para o Brasil, duas
decisões importantes impactaram a história da embalagem: a abertura dos portos
para nações amigas e a permissão para o funcionamento de fábricas e manufaturas
em território brasileiro. O crescimento foi acelerado e, em menos de 100 anos, jáexistiam mais de 3.000 estabelecimentos comerciais em território nacional
(NEGRÃO E CAMARGO, 2008 ).
Mesmo assim, após a chegada ao ponto de venda, o produto, que era
acondicionado em grandes embalagens, tinha que ser vendido em pequenas
quantidades para o consumidor. Nesse processo utilizavam-se sacos de estopa ou
papel, potes de vidro, latas e barris de madeira. Até esse momento, transportar e
proteger ainda eram as únicas utilidades da embalagem (NEGRÃO E CAMARGO,
2008)
Para Kotler (2000), a embalagem como conhecemos hoje, que serve para
armazenar e proteger o produto, além de servir de apoio e suporte de marketing,
começou a ser explorada somente a partir da segunda metade do século XX. O pós-
guerra proporcionou uma evolução da fotografia publicitária e das técnicas de
reprodução, criando um novo conceito na linguagem visual da embalagem moderna.
Cenas foram incorporadas às embalagens para despertar o desejo de consumo e a
embalagem deixou de ser um coadjuvante para se tornar um fator decisivo na hora
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da compra. Como afirmam Roncarelli e Ellicot (2001), o avanço das técnicas de
impressão e das estratégias de marketing permitiu uma atenção maior aos efeitos de
tipografia e decoração, com resultados positivos sobre as vendas dos produtos.
A importância da embalagem na decisão de compra ficou ainda mais em
evidência com o advento do auto-serviço no século XX, iniciado primeiramente pelos
supermercados. De acordo com Negrão e Camargo (2008, pg.26) “[...] houve a
necessidade de aplicar e desenvolver novas técnicas de comunicação que
conseguissem persuadir o consumidor a comprar determinado produto, agora sem a
influência direta de um vendedor.”.
De acordo com Roncarelli e Ellicot (2001), um supermercado pode ter maisde 16 mil produtos expostos, dos quais 100 desses são variedades de produtos
capilares, por exemplo. Esses números se tornam ainda mais significativos ao
levarmos em conta que o consumidor leva somente de 5 a 7 segundos vasculhando
a prateleira antes de decidir a compra (MESTRINER, 2005).
Para Calver (2008), hoje em dia o conceito de que a embalagem não é um
recurso funcional passivo, e sim uma ferramenta com alto poder de influência sobre
a decisão final do consumidor é facilmente aceita. Sendo assim, é fácil entender
porque James Pilditch empregou a expressão “Vendedora Silenciosa” para se referir
às embalagens, em seu livro The Silent Salesman, de 1961 (NEGRÃO E CAMARGO,
2008; CALVER 2009). Gurgel (2007, pg.75) complementa dizendo:
O “brilho” da embalagem torna-se matéria de grande importância, em razãoda presença de muitos produtos em lojas de auto-serviço, pois aembalagem terá que se destacar no meio de uma ampla oferta de produtos,todos sendo trabalhados com o mesmo objetivo: ser um dos eleitos a ir parao carrinho do consumidor e passar no check-out (GURGEL, 2007, pg. 75).
Atualmente, a embalagem passou a representar a própria imagem do produto
ao consumidor, já que ele não a separa do produto (MESTRINER, 2007). Portanto,
“A embalagem deverá provocar no usuário a primeira e a mais forte impressão da
posição que a empresa deseja manter no seu mercado” (GURGEL, 2007).
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Sendo assim, fica claro que a embalagem vem sofrendo grandes
modificações desde seus primórdios, deixando de ser apenas um invólucro de
transporte para uma essencial ferramenta de venda. O poder de marketing da
embalagem será o assunto discutido a seguir.
1.2 A EMBALAGEM E O MARKETING
Segundo Mestriner (2002), Calver (2009) e Negrão e Camargo (2008), a
embalagem é um fator importante na decisão de compra. Sendo assim, ela se torna
uma ferramenta fundamental a ser considerada no marketing do produto.
Para tratar da importância da embalagem para o marketing de um produto,
antes é necessário definir essa atividade. Segundo Kotler (2000):
Marketing é a atividade humana que busca apresentar uma resposta à
expectativa de solução dos desejos e necessidades das pessoas, por meiode uma relação de troca de valores existentes entre duas partes por umproduto ou serviço específico, respaldado na oferta e na procura (KOTLER,2000, apud NEGRÃO E CAMARGO, 2008, pg. 43).
Portanto, o marketing existe para suprir as carências de satisfações biológicas
e psicológicas através da troca de um produto desejado por algo de valor, na maioria
dos casos, dinheiro. Uma estratégia de marketing bem definida leva em conta as
mudanças no mercado, identificando tendências, problemas e oportunidades antes
que elas aconteçam (NEGRÃO E CAMARGO, 2008). De acordo com Calver (2009),
“[...] a maioria dos proprietários de marcas e produtos considera o marketing um
elemento essencial para promover produtos e incentivar a consciência e o ato de
compra dos consumidores”. Ele ainda completa dizendo que, a combinação dos
diversos elementos do marketing muda de produto para produto, dependendo de
suas atribuições relativas ao consumidor, como idade, preço, mercado e público-alvo.
Levando esses fatores em consideração, o marketing de um produto deve,primeiramente, adequar-se ao ambiente cultural em que se encontra, já que este é
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fator determinante na atribuição de valor sentimental e monetário (NEGRÃO E
CAMARGO, 2008). Bons exemplos de falta de estudo de ambientação seriam
propagandas de hambúrguer de carne bovina na Índia ou um anúncio de cerveja na
Coréia do Sul, país muito conservador, com mulheres de biquíni ou quase nuas
como acontece no Brasil (Figura 5). Na Figura 6, vemos um exemplo do marketing
de cerveja na Coréia do Sul, com celebridades segurando a bebida.
Figura 5: Propaganda brasileira da cerveja Skol
FONTE: Obvious (2012)
Figura 6: Propaganda sul-coreana da cerveja Cass
FONTE: Oasi (2011)
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Isso deixa claro que a pesquisa de mercado é um dos fatores decisivos que
ajudará a identificar as tendências de comportamento de um grupo em específico e
que a análise desses dados servirá de base para gerar estratégias de marketing
adequadas para cada grupo social ou segmento de mercado (NEGRÃO E
CAMARGO, 2008). Portanto, considerando esse conceito no design de embalagens,
a mesma deverá assumir uma linguagem compatível com o segmento que pretende
atingir, já que, mesmo com o comércio mundial aumentando a cada ano e
transpondo barreiras culturais, ainda podem existir barreiras regionais a se vencer
(MESTRINER, 2002).
De acordo com Negrão e Camargo (2008), outros pontos a serem levados em
consideração no marketing de embalagem são as regras em termos de relações
sociais legais, as políticas da empresa, os recursos econômicos disponíveis no
mercado, novas tecnologias e exigências ambientais legais.
Também é importante manter uma boa noção do ambiente de concorrência,
onde a entrada de novas empresas pode facilmente suprir necessidades
negligenciadas do consumidor, ou mesmo criar necessidades novas. O melhor jeito
de evitar perdas é manter-se atualizado sobre as tendências, sempre inovando oureagindo rapidamente a novidades do concorrente (NEGRÃO E CAMARGO, 2008).
Sobre o papel da embalagem na inovação e competitividade, Mestriner (2011)
diz que:
Percebemos que o assunto em pauta não é mais apenas o design, masa competitividade propriamente dita. Este virou o nome do jogo. Aquestão é como a embalagem ajuda a tornar o produto mais competitivo.Neste sentido, nada é mais importante que a inovação, pois a inovaçãoé a forma mais eficiente de criar diferencial percebido e de obter avantagem competitiva. Inovar no produto é caro e difícil, enquanto queinovar na embalagem é mais fácil, mais rápido, mais barato e muitasvezes mais eficiente (MESTRINER, 2011).
Enfim, é de suma importância para o design de embalagens que se leve em
consideração todos os fatores e variáveis citados, pois segundo Wheeler (2008.) a
prateleira do supermercado é o ambiente mais competitivo para o marketing,
fazendo com que um design bem aceito vire sinônimo para a marca. Podemos
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complementar citando a Coca-Cola e sua clássica garrafa de vidro (Figura 7), que
personifica a marca, fazendo-a facilmente identificável em qualquer lugar, como
pode-se ver na Figura 8, uma foto da garrafa de Coca-Cola sul-coreana.
Figura 7: Garrafa de vidro de Coca Cola
FONTE: Blogspot (2011)
Figura 8: Garrafa de vidro de Coca-Cola Sul-Coreana
FONTE: Arquivo pessoal do autor
Para ressaltar ainda mais a importância da embalagem, é possível citar que
autores como Negrão e Camargo (2008) e Calver (2009), a classificam como o “5º P
no Marketing Mix”, conceito elaborado por Jerome McCarthy em Packaging 1.
1 Embalagem em inglês
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O Marketing Mix, de acordo com Calver (2009), é uma expressão abreviada
que “descreve todos os diferentes tipos de mídia disponíveis para promover um
produto” e, Negrão e Camargo (2008) defendem que o design de embalagem
potencializa cada um dos 4Ps, agindo como interface entre as estratégias existentes.
Assim sendo:
Produto: A embalagem envolve o produto, dando a ele personalidade
e constituindo, através de uma boa estratégia de marketing, um
sinônimo da marca.
Preço: A embalagem pode reduzir ou agregar valor ao produto.
Podemos usar como exemplo os perfumes, que, em geral, tem custo
elevado em função das embalagens. Por exemplo, na Figura 9, o
perfume mais caro do mundo “Nº1 Imperial Majesty”, com um diamante
incrustado na tampa:
Figura 9: Nº1 Imperial Majesty
FONTE: Outrageous Luxury (2010)
Ponto de venda (PDV): O posicionamento adequado da embalagem
na gôndola fará com que o produto aumente suas vendas. No exemplo
da Figura 10, a embalagem de papelão permitiu uma melhor
visualização na gôndola se comparado ao concorrente.
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Figura 10: Gôndola de sabonetes no mercado Big de Sapiranga
FONTE: Arquivo pessoal do autor
Promoção: Na promoção de vendas, a embalagem pode realizar as
ações comunicacionais e estruturais, como maior quantidade de
produto ou brindes. Temos um exemplo disso na Figura 11, na qual a
Bauducco oferece 40g a mais de produto pelo preço do peso original.
Figura 11: Bolachas Bauducco com promoção na embalagem
FONTE: Flickr (2007)
Enfim, toda a empresa que atua em segmentos competitivos nos dias de hoje
entende que são necessárias embalagens à altura de seus concorrentes ecompatíveis com o padrão da categoria em que atuam. Se ignorarem essas regras
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básicas, seus produtos possivelmente serão vistos como inferiores no PDV
(MESTRINER 2011). As empresas que já utilizaram as vantagens competitivas da
embalagem tem hoje em dia a liderança do mercado e as que ainda se recusam,
estão perdendo um tempo precioso (MESTRINER, 2007).
Para se utilizar ainda mais da vantagem que uma embalagem bem projetada
traz, é necessário levar em consideração a composição da embalagem em si,
pensando em formas, cores e outros elementos visuais de apoio, assunto que será
tratado a seguir.
1.3 A FORMA NA EMBALAGEM
A forma é o principal elemento de diferenciação da embalagem. Ela tem um
efeito marcante na identificação de um produto, fazendo dos frascos diferenciados
uma necessidade para destacar itens na prateleira. (MESTRINER, 2005).
De acordo com a revista PACK (2009), o formato das embalagens criamarcas reconhecíveis e projeta maior qualidade e indicadores sofisticados, dando
maior impacto de visibilidade na gôndola e funcionando holisticamente para
sustentar o posicionamento da marca.
Porém, a forma deve ser considerada com o devido cuidado, já que cada
forma, não importa o quão abstrata ou aparentemente simples, transmite um
significado (SAMARA, 2010). De acordo com Chinem e Flório (2006) “As formas
possuem uma linguagem própria capaz de causar efeitos e sensações nos
consumidores aos quais elas se destinam”.
Para Roncarelli e Ellicot (2001, pg 36) “Os consumidores aprendem sobre um
produto ou uma marca através da experiência visual. A forma da embalagem é uma
parte fundamental das características da marca”. Ou seja, a forma da embalagem,
além de transmitir mensagens sobre o produto, fornece uma base onde são
definidas a memória emocional e visual.
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Em entrevista à revista Embalagem Marca (abril, 2008, p.25) Karim Rashid,
famoso designer da atualidade, comenta:
Eu acredito que, hoje, os ícones são mais importantes para a identidade dasmarcas do que, digamos, a identidade de marca etérea.[...] De modo quevocê pode não conhecer uma empresa, mas, no minuto em que vê oformato carismático de sua embalagem, passa a entender muita coisa sobreela (RASHID, 2008).
De acordo com Negrão e Camargo (2008), tanto as formas quanto as linhas
da embalagem apresentam um significado psicológico, transmitindo-lhe sensações e
ideias. Por exemplo:
Embalagens verticais: Transmitem solenidade, dignidade, força e
segurança. Na Figura 12, a marca de cosméticos japonesa Lavshuca
buscou destacar o tradicional formato vertical da embalagem de batom
utilizando arabescos na base e topo para transmitir, além dos conceitos
colocados anteriormente, sofisticação:
Figura 12: Dramatic Memory Rouge, batom da marca Lavshuca
FONTE:GoHalinn (2011)
Embalagens triangulares: Permanência, estabilidade e altitude. NaFigura 13, a marca japonesa Hair Seasons usou a forma simples do
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triângulo aliado à transparência, a fim de demonstrar, ao mesmo tempo,
equilíbrio, constância e ousadia:
Figura 13: Shampoo Hair Seasons Smooth FONTE:Rakuten (2011)
Embalagens Horizontais: Tranquilidade, comodidade, paz,
estabilidade e solidez. Na Figura 14, a marca sul-coreana Skin Food
utilizou uma embalagem horizontal que, por seu equilíbrio, auxiliou a
visão retrô e clássica da linha:
Figura 14: Sugar Bloom Shadow Box, trio de sombras da Skin Food
FONTE:GoHalinn (2011)
Embalagens com curvas: Movimento, direção, graça, ritmo. Na Figura
15, embalagem com curvas da marca sul-coreana Etude House que,
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por sua conexão com animais em extinção no mundo, transmite
gentileza e afabilidade (ACRITICA, 2012):
Figura 15: Missing U, Creme para mãos da Etude House
FONTE: Laced Ivory (2011)
Embalagens circulares: Movimento, igualdade. Na Figura 16, as
embalagens circulares da marca sul-coreana Tony Moly se destacamno setor de batons por seu formato peculiar e dinâmico:
Figura 16: Mini-Tint, gloss labial da Tony Moly
FONTE: Ebay (2011)
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Segundo Samara (2010), para criar uma mensagem visual clara e acessível,
é preciso entender que tipo de mensagem está sendo transmitida por uma dada
forma, o que ela faz no espaço e que efeito a combinação desses aspectos tem
sobre o observador. A partir desse estudo, é possível criar um layout que transmita
credibilidade e confiança.
Além da forma, é preciso cautela ao escolher as cores de um produto, pois
elas tem significados intrínsecos que podem afetar o humor do consumidor. Esse é o
assunto abordado no segmento a seguir.
1.4 A COR NA EMBALAGEM
A cor é o elemento visual que provoca maior estímulo no consumidor, que
influencia seu humor e suas reações quanto à embalagem e ao produto nela contido.
Também se constitui no principal elemento da comunicação, provocando grande
estímulo visual (RONCARELLI E ELLICOT, 2001; MESTRINER, 2005).
A principal missão mercadológica da cor é chamar a atenção, atraindo o
consumidor e conservando a sua atenção com um significado interessante. Por ser
um código de fácil assimilação e que supera as barreiras idiomáticas, a cor também
é uma das melhores formas de garantir a legibilidade da embalagem (NEGRÃO E
CAMARGO, 2008).
Para Gurgel (2007), sendo a cor uma realidade sensorial, ela atua sobre a
emotividade humana nos passando sensações como proximidade calor, calma,agitação e até mesmo tristeza. É importante que o designer entenda como as cores
tem influência sobre o ser humano para melhor definir o projeto final.
Conforme a Tabela 1, é possível observar os vários significados psicológicos
das cores. Porém, é necessário lembrar que essas são as associações mais
frequentes e tais critérios psicológicos podem variar conforme o contexto geográfico,
cultural, religioso e socioeconômico em que o consumidor está inserido. Nas culturas
ocidentais, por exemplo, predominantemente cristãs, o preto é associado à morte,
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luto e tristeza, enquanto os hindus relacionam a cor branca à ideia de morte
(NEGRÃO E CAMARGO, 2008; SAMARA, 2010).
Tabela 1: Significado das cores
Cores SignificadosPRETO Escuro, compacto, morte, elegância;BRANCO Pureza, asseio, leveza, infinito;CINZA Monotonia, depressão, serenidade, tom neutro;VERDE Esperança, frescor, descanso;VERMELHO Vivacidade, dinamismo, paixão, fogo, dignidade;ROSA Doce, romântico, feminino, gentil, íntimo;MARROM Utilidade, realidade;LARANJA Ação, comunicação, generosidade; AZUL Profundo, relaxante, fresco, maturidade, solenidade;
TURQUESA Força e expressão; AMARELO Sol, calor, alegria, jovialidade, vivacidade;VIOLETA Mistério, meditação, pensamento místico;TONS PASTÉIS Moderação a partir da suavização dos matizes;TONS EXCÊNTRICOS Exclusividade
Fonte: NEGRÃO E CAMARGO (2008, pg 173)
Para Negrão e Camargo (2008) e Gurgel (2007), embora essas associações
tenham um caráter psicossocial e possam ser utilizadas como referência no design
de embalagens, é importante ressaltar que um cuidado adicional torna-se necessárioquanto aos padrões do mercado para a embalagem de produtos. A frequência com
que certas cores são usadas fazem parte de uma memória coletiva e a escolha da
cor errada pode levar a rejeição do produto. As tendências em relação às cores
aplicadas nas embalagens de alguns produtos estão listadas a seguir:
Café: Marrom com um toque de laranja, vermelho, verde ou areia;
Chocolate: Marrom-claro ou escuro, vermelho-alaranjado, amarelo;
Leite: Azul e vermelho;
Gorduras: Verde-claro;
Doces: Vermelho-alaranjado;
Açúcar: Branco e azul;
Perfumes: Roxo, amarelo e ouro;
Medicamentos: Azul-claro, branco e vermelho;
Cosméticos: Azul pastel.
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Outro fator fundamental para a boa visualização da embalagem nas gôndolas
e prateleiras é um bom contraste entre as cores, que permite a transmissão damensagem e dá continuidade às vendas (GURGEL, 2007). Negrão e Camargo
(2008, pg. 171) complementam dizendo que: “Quando próximas, as cores
influenciam umas as outras, razão pela qual as cores são percebidas de maneiras
distintas, dependendo do contexto em que estão inseridas.”
Para Calver (2009) uma cor passa a “pertencer” a uma marca através do uso
contínuo e gestão rigorosa da maneira como essa cor é aplicada, já que quando um
consumidor vê a cor, imediatamente a associa com a marca.
Sendo assim, uma cor predominante deve ser decidida antes de se elaborar
outros questionamentos sobre a combinação de cores e repassar todos os atributos
que o produto deve expressar, conforme definidos no planejamento e estratégia
(MESTRINER, 2005). Produtos que escolheram a cor como ponto relevante na sua
embalagem são facilmente reconhecidos e tem vantagem competitiva no mercado.
Apesar disso, a escolha do material da embalagem é igualmente importante, sendo
ele a primeira experiência tátil do consumidor com o produto. O assunto a seguir
trata dos principais materiais utilizados no design de embalagem e suas
peculiaridades.
1.5 O MATERIAL NA EMBALAGEM
De acordo com Calver (2009), o design estrutural e os elementos gráficos
nunca podem ser vistos separadamente, afinal é impossível criar um rótulo ou
estampa sem conhecer o tamanho e a forma da embalagem. Sendo assim, é
necessário estudar os materiais de que essas embalagens são feitas, a fim de
aplicar os elementos gráficos de uma maneira coerente e ponderada.
O material da embalagem também determina a otimização da conservação etransporte do produto, protegendo seu conteúdo contra fenômenos que possam
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influenciar sua qualidade e vida útil. Além disso, conhecer o material de que é feita
a embalagem auxilia na eficiência do design estrutural, que deve explorar os pontos
fortes do material como, por exemplo, a baixa permeabilidade do vidro ou a
maleabilidade do plástico (NEGRÃO E CAMARGO, 2008).
Ainda segundo Negrão e Camargo (2008), de acordo com os dados do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2007), apesar da grande diversidade
de materiais utilizados em embalagens hoje em dia, o mercado de embalagens
ainda utiliza quatro grandes grupos de materiais: Vidro, metal, papel e plástico.
Esse estudo não se aprofundará nos dados técnicos para a obtenção ou
fabricação de cada matéria-prima citada, mas descreverá as principaiscaracterísticas e funções das mesmas no mercado de embalagem. Serão analisados
o vidro, o metal, o papel e o plástico, materiais mais usados na indústria de
embalagem cosmética.
1.5.1 Vidro
O vidro foi descoberto pelos habitantes da Mesopotâmia em
aproximadamente 1.500 a.C, sendo uma mistura de areia, cal, carbonato de sódio e
alumina. Ao longo dos séculos, a evolução na produção desse material permitiu que
ele fosse moldado em diferentes formas e tamanhos (CALVER, 2009).
Hoje em dia, o vidro é considerado um excelente material de
acondicionamento devido a sua inércia, que elimina praticamente todas as reações
entre o produto e a embalagem, tornando-o ideal para produtos quimicamentesensíveis. Além disso, permite o fechamento a vácuo e a possibilidade de se abrir e
fechar a embalagem hermeticamente várias vezes, após iniciado seu uso (NEGRÃO
E CAMARGO, 2008).
Ainda de acordo com Negrão e Camargo (2008), o vidro pode ser
considerado frágil, mas não fraco, devido a sua grande resistência à ruptura ou
perfuração. Apesar disso, o vidro não se deforma com facilidade e, quando
ultrapassado seu limite de resistência elástica, se rompe.
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Roncarelli e Ellicot (2001) destacam que, apesar da embalagem de vidro
consumir muita energia para ser produzida, ela é 100% reciclável. A baixa
permeabilidade do vidro permite grande aproveitamento da matéria prima e uma
garrafa de vidro pode gerar outra exatamente igual, independentemente de quantas
vezes o caco vai ao forno para ser reciclado (NEGRÃO E CAMARGO, 2008).
No design de embalagem, a transparência é a propriedade mais utilizada do
vidro (GURGEL, 2007). Para Negrão e Camargo (2008, pg 246) “O consumidor
visualiza o que pretende comprar e o material agrega ao produto uma imagem nobre,
sofisticada e confiável.” Apesar disso, o vidro também pode ser facilmente colorizado
pela adição de óxidos metálicos, seja para criar um design coerente e inovador ou
para proteger produtos sensíveis à luz (GURGEL, 2007; RONCARELLI E ELLICOT,
2001). Na Figura 17, um exemplo de embalagem transparente, que se utiliza da cor
do próprio produto como meio de implementar sofisticação em uma embalagem
simples e, ao mesmo tempo, facilitar a visualização do produto pela consumidora. A
Figura 18, de um vidro colorizado, permite dar cor ao produto e personalidade sem
alterar suas propriedades químicas:
Figura 17: Berry Berry Magic Liptint, gloss labial da marca sul-coreana Tony Moly
FONTE: My Market (2011)
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Figura 18: Embalagem do perfume Humor, da Natura
FONTE: Natura (2012)
O vidro é um material muito utilizado na área cosmética e de bebidas
alcoólicas, pela sua associação com a qualidade, pois, devido ao peso do material,
valoriza o produto, dando ao consumidor a sensação de que está recebendo maispelo que ele está pagando (NEGRÃO; CAMARGO, 2008).
De acordo com Mestriner (2005), a utilização do vidro na embalagem permite
criar uma forma exclusiva, tirando proveito da facilidade de inclusão de cores e
texturas como meio de aumentar suas possibilidades técnicas e expressivas. Além
disso, o autor ressalta que a tampa é um complemento importante e deve ser
pensada como parte da embalagem, a fim de que o conjunto final seja harmonioso etrabalhe a favor da expressão do produto. Bons exemplos são os frascos de perfume
e suas incontáveis possibilidades expressivas. Na Figura 19, Dot, perfume de Marc
Jacobs, utiliza a liberdade de formas e cores que o vidro permite, criando uma
embalagem única e atrativa, que se destaca na prateleira.
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Figura 19: Dot EDP, fragância de Marc Jacobs
FONTE: My Beauty Black Book (2012)
A versatilidade do vidro o torna um dos materiais preferidos na indústria
cosmética, porém, outros materiais não devem ser desprezados. O próximo tópico
desse estudo se foca no metal, seus usos mais comuns e possibilidades pouco
exploradas.
1.5.2 Metal
Para Calver (2009), as latas foram desenvolvidas e utilizadas durante a
Guerra Napoleônica (1803-1815) e, desde então, tornaram-se uma indústria sólida.
De acordo com dados do IBGE (2007), a participação percentual dos metais no
mercado nacional de embalagens é de 21,5%, sendo que 80% desses são utilizados
pelo setor alimentício (NEGRÃO E CAMARGO, 2008). De acordo com Gurgel (2007),
as embalagens metálicas também são largamente utilizadas para o
acondicionamento de tintas, óleos vegetais, parafinas e ceras.
Dentre uma infinidade de materiais metálicos, o mercado de embalagens se
utiliza basicamente de alumínio e folha-de-flandres, uma folha de aço laminada com
baixo teor de carbono e revestida, em uma ou ambas as faces, com estanho
(NEGRÃO E CAMARGO, 2008; CALVER, 2009).
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O alumínio caracteriza-se pela sua leveza e maleabilidade, podendo ser
aplicado a estruturas rígidas, como latas, ou flexíveis, como tampas de iogurte
(NEGRÃO E CAMARGO, 2008). De acordo com Roncarelli e Ellicot (2001), o
alumínio é amplamente empregado no acondicionamento de cervejas, refrigerantes,
bebidas gasosas, desodorantes e sprays.
Já o aço, desde que revestido por vernizes, também é uma opção segura
para aplicação em embalagens destinadas a consumo humano. Tem uma alta
resistência mecânica, o que permite embalar alimentos hermeticamente e garante a
integridade química do produto. Além disso, a estabilidade térmica, mesmo ao se
dilatar, garante que o metal não sofrerá alterações expressivas quando exposto ao
calor (NEGRÃO E CAMARGO, 2008). Para Gurgel (2007, pg 261), “Uma das
principais vantagens deste tipo de embalagem é a proteção total dos produtos contra
a ação da luz”. Segundo Roncarelli e Ellicot (2001), o aço é utilizado em embalagens
à vácuo para alimentos como legumes, leite condensado, peixes, frutas e rações
para animais.
Ao se utilizar as latas como embalagens, é importante ressaltar que latas
amassadas não vendem, razão pela qual um bom projeto e dimensionamento domaterial empregado são fundamentais para o desempenho do produto no ponto-de-
venda. Deformações no recipiente de aço ou alumínio não interferem na integridade
do produto, desde que seu verniz interno não seja danificado. Contudo, esse tipo de
alteração é rejeitada pelo consumidor. Sendo assim, no momento do projeto é
preciso colher informações em relação ao vácuo, empilhamento, vedação e
transporte das embalagens (NEGRÃO E CAMARGO, 2008).
Ainda segundo Negrão e Camargo (2008), as embalagens de metal
apresentam inúmeras possibilidades de fechamento, que vão desde a recravação,
que originou o abridor de latas como um auxiliar para a abertura das mesmas, até os
mais recentes dispositivos como os easy-open2 . Na Figura 20, um exemplo de easy-
open tradicional em uma tampa de alumínio.
2 Dispositivo abre fácil
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Figura 20: Tampa de alumínio com mecanismo easy-open
FONTE: AllBiz (2012)
Para Roncarelli e Ellicot (2001, pg 28), o metal: “É um material renovável einfinitamente reciclável, sem perda de qualidade”. Essa característica se acentua
quando levamos em consideração sua qualidade magnética, que auxilia na
reciclagem e separação, facilmente feita por imãs (NEGRÃO E CAMARGO, 2008).
Para um designer é importante entender como o perfil da lata e a parte visível
na prateleira afetará o projeto final. Levando em consideração que o tamanho, a
forma e o acabamento tem grande impacto sobre a percepção dos consumidores, os
designers tem um papel importante na seleção de formatos que dão suporte à uma
linha de produtos e à proposição da marca.
A embalagem de metal propõe requinte e nostalgia ao produto, agregando
valor e permitindo que seus custos relativamente elevados sejam absorvidos em
produtos de menor escala produtiva. Na Figura 21, o iluminador corporal Bathina, da
marca norte-americana Benefit, vem em uma lata que, em conjunto com seus
elementos gráficos e estruturais, agrega valor ao produto.
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Figura 21: Benefit Bathina “Take a Picture. It Lasts Longer”, iluminador corporal.
FONTE: SkinMag (2012)
Apesar de seu valor estético, o metal é pouco utilizado no setor cosmético,
sendo usualmente de uso extensivo no setor alimentício. O próximo material a ser
abordado é o papel e seu uso extensivo em todos os tipos de cartuchos dentro e
fora do setor.
1.5.3 Papel
Segundo o IBGE (2007), o papel e o papelão juntos constituem cerca de
38,2% dos substratos usados em embalagens no Brasil. Boa parte dessas
embalagens constituída de cartuchos e caixas, sejam elas destinadas a conter um
frasco de perfume ou uma caixa de papelão para conter dúzias de caixas menores
(NEGRÃO E CAMARGO, 2008).
A embalagem tridimensional de papel é sempre oriunda de uma planificação e
requer uma montagem para que possa chegar a sua conformação final. Decidir por
uma faca de corte e vinco existente ou pela criação de uma nova é uma das
primeiras decisões que o designer deve tomar ao projetar uma embalagem de papel
(NEGRÃO E CAMARGO, 2008; MESTRINER, 2005).
Para Calver (2009), as caixas de papel-cartão são uma das formas mais
comuns de embalagem, sendo empregadas para embalar produtos diversos como
alimentos congelados, cosméticos, produtos elétricos, doces e medicamentos. Na
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Figura 22, o cartucho do perfume Absinto, da marca Água de Cheiro. Cortes com
facas diferenciadas e cores fortes utilizam bem o potencial do cartucho, criando uma
composição coerente com a embalagem primária.
Figura 22: Cartucho do perfume Absinto, da Água de Cheiro
FONTE: Rodrigo Marchezine (2011)
O papel-cartão é um material adaptável, podendo ser utilizado em
embalagens finas, rústicas, delicadas e utilitárias. Ele pode ser tratado para
aprimorar a sua aparência e tato, adicionando experiência visual e multissensorial à
embalagem. O consumidor, ao ver uma embalagem com acabamento diferenciado
como hot stamping 3, vernizes, laminados e baixo e alto-relevo, percebe fatores como
qualidade, exclusividade, refinamento e luxo. Alternativamente, o papel-cartão
também pode ser revestido com polietileno ou cera, para aumentar sua resistênciaao calor ou à umidade (RONCARELLI E ELLICOT, 2001; CALVER, 2009).
Do ponto de vista ecológico, o papel é altamente recomendável por sua
biodegradabilidade, pois é composto de pastas elaboradas a partir de fibras vegetais,
se reintegrando facilmente à natureza, desde que não misturado a outros materiais
como plásticos e metais (NEGRÃO E CAMARGO, 2008).
3 Método de impressão geralmente destinado a impressão de cores metalizadas. É feito com com clichês
aquecidos, que formam uma película termotransferível. (FERNANDES, 2003)
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Para Roncarelli e Ellicot (2001), a embalagem de papel-cartão é uma solução
típica, de produção barata, fácil disposição nas prateleiras e armazenagem em casa.
Com as muitas opções de design em papel-cartão, cabe ao designer escolher a
mais adequada para cada tipo de projeto.
A utilização do cartucho de papel possibilita muita variedade, como a adição
das mais diversas cores e texturas. Porém, o material é frágil e normalmente
descartado após o uso. O plástico, próximo foco desse estudo, possui muitas das
qualidades do papel e alguns atributos a mais.
1.5.4 Plástico
Os polímeros, chamados popularmente de plásticos, são constituídos de uma
molécula sintética que se apresenta nas formas: flexível, rígido ou semi-rígido e
espuma (NEGRÃO E CAMARGO, 2008).
O emprego desses materiais é amplo nos mais diversos segmentosindustriais devido, basicamente, ao seu baixo custo de produção, preço reduzido,
elevada resistência e à sua versatilidade. No Brasil, o seu uso em embalagens
aumentou significativamente no final dos anos noventa (NEGRÃO E CAMARGO,
2008).
Para Mestriner (2005), o plástico representa uma grande gama de segmentos
dentro da indústria de embalagem, com as mais diversas formas de produção. Cada
um deles tem características próprias que atribuem diferentes qualidades à
embalagem em que são aplicados.
Segundo Negrão e Camargo (2008), os polímeros mais empregados
atualmente em embalagens são os seguintes:
Polietileno: ser de alta densidade, apresentando maior flexibilidade
(PEAD), ou de baixa densidade (PEBD), com elevada resistência
mecânica e baixa permeabilidade. São adequados no uso de sacos,filmes, utensílios domésticos, tubos, brinquedos, garrafas e frascos.
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Polipropileno(PP): O PP tem propriedades semelhantes às do
polietileno, mas com menor densidade, melhor resistência ao calor,
rigidez e dureza. Também é versátil quanto à formas e cores e de baixo
custo. É utilizado em embalagens rígidas, utensílios domésticos,
brinquedos, baterias, embalagens para alimentos, cigarros e roupas.
Poliestireno(PS): O PS é um material de fácil processamento e baixo
custo, com versatilidade quanto à formas e cores, elevada resistência
química e baixa permeabilidade. É uma base de isopor,
extensivamente usada na proteção de produtos não perecíveis e
alimentos.
Polietileno tereftalato(PET): O PET é um polímero transparente, que
apresenta elevada resistência mecânica, térmica e química. Muito
usado em garrafas, tem baixa permeabilidade e é resistente à tração.
As embalagens plásticas, de modo geral, também podem ser divididas em
rígidas e flexíveis. As embalagens rígidas são estruturadas como: potes, frascos,
ampolas e garrafas. Já as flexíveis referem-se à filmes como sacos e sacolas.
Ao se projetar uma embalagem de plástico, é fundamental ter conhecimentodo processo de fabricação que será utilizado pois ele poderá ser um limitante em
relação aos mais diversos fatores como, por exemplo, ângulos, peso e capacidade
volumétrica (NEGRÃO E CAMARGO, 2008; MESTRINER, 2005). Na Figura 23 o
creme Royal Honey Hydro, da Skin Food, tem o pote rígido, que permite moldar a
forma da embalagem para fazer alusão a um favo de mel. Na Figura 24, as esponjas
para cabelo da Etude House são acondicionadas em uma embalagem plástica e
transparente, onde o próprio produto faz parte da ornamentação.
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Figura 23: Royal Honey Hydro Cream, hidratante facial da marca sul-coreana Skin Food
FONTE: Aimin Mall (2012)
Figura 24: Etude Strawberry Sponge Hair Roll
FONTE: Amazon (2012)
O plástico apresenta uma ampla gama de formas, possibilidades de
fechamentos e impressões. Apesar disso, a dificuldade de identificar e separar a
grande quantidade de polímeros existente dificulta sua reciclagem. Segundo o
Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre), em 2010 somente 19% dosplásticos rígidos e filmes foram reciclados no Brasil. Contudo, a sociedade está se
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2 EMBALAGEM PARA COSMÉTICOS
Atualmente, os cosméticos respondem por 7 das 10 categorias com maior
número de lançamentos mundiais no setor de embalagens, resultado igualmente
obtido pelo Brasil, de acordo com o Laboratório de Monitoramento Global de
Embalagem (SALIBE, 2012).
O crescimento desse mercado fica ainda mais claro ao analisarmos dados da
pesquisa sobre a indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (HPPC),
que registrou um aumento de 18% em vendas, segundo cálculos da AssociaçãoBrasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abiche)
(PINTO, 2009).
O público consumidor de cosméticos é diverso, englobando adultos,
adolescentes e até mesmo crianças. De acordo com o site Globo.com (D'ALAMA,
2012) a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) abriu esse ano uma
consulta pública com novas regras para cosméticos e produtos de higiene
destinados às crianças. No projeto, os cosméticos devem ser hipoalergênicos, sairfacilmente com água e sabão e não conter personagens ou desenhos que estimulem
a compra, entre outras regras..
Em um mercado como esse, fica visível a importância de uma embalagem
bem pensada, que desperte emoções e curiosidade no consumidor, aumentando
assim, a chance de venda. De acordo com Roncarelli e Ellicot (2001):
Para ser relevante, o design da embalagem deve sugerir o produto quecontém ou o público ao qual ele se destina. Não tem que ser explícito ouóbvio, mas a ideia do design deve criar uma conexão com o consumidor,seja no plano lógico, ou no plano emocional. (RONCARELLI, ELLICOT,2001, pg. 20.)
No setor de HPPC, o design da embalagem se tornou parte do processo de
desenvolvimento do cosmético e transmite, além de sua beleza, conceitos tanto do
produto quanto da marca. A embalagem nesse mercado é uma “pequena obra de
arte” com peças únicas, por sua aparência e inovação (SALIBE, 2012). Thomas Hine,
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renomado historiador americano e escritor do livro The Total Package, disse em
entrevista à revista Embalagem Marca (março, 2010) que “existe mais pensamento
por centímetro quadrado numa embalagem que em um edifício”.
Para Mestriner (2010) “a beleza é um componente fundamenta l no
desempenho competitivo, um valor que o consumidor reconhece e que faz com que
ele aceite pagar mais por um produto que incorpora estas características”. E no
mercado de cosméticos, os consumidores querem mercadorias embaladas de
maneira atraente, que possam ser utilizadas como decoração. Produtos
acondicionados em frascos com rótulos simples não são mais o suficiente, a
embalagem precisa ser esteticamente agradável para satisfazer o gosto dos
consumidores (CALVER, 2009).
Segundo Roncarelli e Ellicot (2001), os consumidores de hoje estão mais
interessados em marcas e embalagens que os satisfaçam emocionalmente e os
mantenham envolvidos através de designs inspiradores, com elementos temáticos
ou decorativos.
O mercado de cosméticos cresce a cada ano e, para acompanhar as
demandas do consumidor, embalagens bonitas e funcionais são fundamentais. Para
isso, é preciso conhecer a composição básica de uma embalagem, a fim de analisar
os concorrentes e realizar pesquisas de mercado. Essa análise é o próximo assunto
a ser abordado.
2.1 COMPOSIÇÃO DA EMBALAGEM
Vários fatores influenciam a forma final de uma embalagem. Porém, Moura e
Banzato (1997), defendem o uso de cinco critérios chave: (i) função, (ii) proteção, (iii)
aparência, (iv) custo e (v) disponibilidade. A ênfase dada a cada parte depende do
produto e do tipo de embalagem a ser criada.
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O foco desse estudo são as embalagens de apresentação, como o envoltório
primário, que entra em contato com o produto, e seu cartucho (MOURA E BANZATO,
1997).
Para Moura e Banzato (1997), a embalagem primária é aquela que contém o
produto, podendo ser confeccionada dos mais diversos materiais. Ela deve conter o
material, evitando vazamentos e protegê-lo, mantendo suas propriedades físicas e
químicas. Além disso, tem a função de levar informação aos usuários, através de
sua forma, cor e símbolos. Na Figura 25, a embalagem primária do batom CatChu
Wink cumpre sua função de proteger o produto e, ao mesmo tempo, passar a
mensagem de uma linha lúdica e divertida ao usar uma representação de um gato
preto.
Figura 25: Embalagem primária do batom CatChu Wink, da marca Tony Moly
FONTE: Polyvore (2011)
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