66
I C ONGRESSO I NTERNACIONAL DE H ISTÓRIA T ERRITÓRIOS , C ULTURAS E P ODERES 5 -7 DE DEZEMBRO 2005 UNIVERSIDADE DO MINHO INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS BRAGA PORTUGAL

LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

  • Upload
    vantu

  • View
    221

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I C O N G R E S S O I N T E R N A C I O N A L D E H I S T Ó R I A

TERR I TÓR IOS , CULTURAS E PODERES

5 - 7 D E D E Z E M B R O 2 0 0 5

U N I V E R S I D A D E D O M I N H O

I N S T I T U T O D E C I Ê N C I A S S O C I A I S

B R A G A – P O R T U G A L

Page 2: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I C O N G R E S S O I N T E R N A C I O N A L D E H I S T Ó R I A

“ T E R R I T Ó R I O S , C U L T U R A S E P O D E R E S ”

Í N D I C E

Nota de Abertura e de Boas Vindas ...................................................................... 2 Comissão Científica ............................................................................................ 3 Comissão Organizadora ........................................................................................ 3 Secretariado ............................................................................................................ 3 Programa ................................................................................................................. 4 SESSÕES DE GRUPO DE TRABALHO .............................................................. 12 GRUPO I TERRITÓRIOS E IDENTIDADES ................................................................. 13 GRUPO II CULTURAS E RELIGIÕES ........................................................................ 32 GRUPO III PODERES E ESPAÇOS .................................................................................... 47 Patrocinadores ....................................................................................................... 65

- 1 -

Page 3: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I C O N G R E S S O I N T E R N A C I O N A L D E H I S T Ó R I A

“ T E R R I T Ó R I O S , C U L T U R A S E P O D E R E S ”

N O T A D E A B E R T U R A E D E B O A S V I N D A S

O I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

reunirá especialistas de diferentes universidades e unidades de investigação, cuja

pesquisa se desenvolve no campo das Ciências Sociais e Humanas. O Congresso

organiza-se em torno das interacções que moldam a construção histórica dos

territórios, das culturas e dos poderes, tendo em vista os seguintes objectivos:

• Problematizar as interacções locais, nacionais e globais;

• Discutir as diversidades regionais;

• Perspectivar novos enfoques de análise;

• Motivar a comunidade científica para o desenvolvimento articulado de

projectos/redes de investigação.

O I Congresso Internacional de História organiza-se em grupos temáticos. Os

grupos temáticos são os seguintes:

Grupo I - Territórios e Identidades

Grupo II - Culturas e Religiões

Grupo III - Poderes e Espaços

O objectivo deste I Congresso Internacional de História é, pois, procurar

ser uma ocasião de debate e reflexão acerca destas problemáticas, de modo a

tornar mais inteligíveis as diversas dimensões e implicações sociais deste

conjunto de questões.

(Comissão Organizadora)

- 2 -

Page 4: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I C O N G R E S S O I N T E R N A C I O N A L D E H I S T Ó R I A

“ T E R R I T Ó R I O S , C U L T U R A S E P O D E R E S ”

C O M I S S Ã O C I E N T Í F I C A Aurélio de Oliveira (UP, Portugal)

Camilo Fernández Cortizo (USC, Espanha)

Conceição Falcão (UM, Portugal)

Fátima Moura Ferreira (UM, Portugal)

Fernando Catroga (UC, Portugal)

José Marques (UP, Portugal)

José Viriato Eiras Capela (UM, Portugal)

Manuela dos Reis Martins (UM, Portugal)

Maria Augusta de Abreu Lima Cruz (UM,

Portugal)

Marta Lobo (UM, Portugal)

Moisés Lemos Martins (UM, Portugal)

Norberta Amorim (UM, Portugal)

Norberto Cunha (UM, Portugal)

C O M I S S Ã O O R G A N I Z A D O R A

Fátima Moura Ferreira

Francisco Mendes

Maria Augusta de Abreu Lima e Cruz

Marta Lobo

Paula Bessa

Paulo Araújo

Rita Moreira

C O N T A C T O S E

I N F O R M A Ç Õ E S

Rita Moreira

Núcleo de Estudos Históricos

Instituto de Ciências Sociais

Universidade do Minho

Campus de Gualtar

4710 - 057 Braga - PORTUGAL

Telefone: (+351) 253604217 Ext. 4217

Fax: (+351) 253678850

E-mail: [email protected]

Página web: http://www.historia.uminho.pt/

- 3 -

Page 5: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

P R O G R A M A

5 de Dezembro – quarta-feira

8h30m - 9h30m – Inscrição e entrega da documentação

9h30m – Sessão de Abertura – Anfiteatro B1, CPII

Reitor da Universidade do Minho

Arcebispo Primaz de Braga

Presidente da Câmara Municipal de Braga

Governador Civil de Braga

Presidente do ICS da Universidade do Minho

Director do Núcleo de Estudos Históricos

Sub-directora do Núcleo de Estudos Históricos

10h30m – Pausa para café

11h00m – Conferência Inaugural – Anfiteatro BI, CPII

Intervenções:

Prof. José Viriato Capela

12h30m – Pausa para Almoço

14h00m – Sessões de Grupos Temáticos

5 DEZEMBRO, 1ª SESSÃO - 14h00 – 16h15 Grupo I – TERRITÓRIOS E IDENTIDADES

(Anfiteatro B1, CPII)

Sub-tema – Desenvolvimento económico e dinâmicas demográficas e sociais

- Pratiques familiales et formes de mobilité:

la relation au territoire (France, 16-19 siècles) / Bernard Derouet (EHESS, França)

- La emigración gallega ó norte de Portugal (1700-1850) / Camilo Fernández Cortizo (USC, Espanha)

- La immigración portuguesa en Lisboa a mediados del siglo XVIII: origen geográfico e inserción laboral / Domingo Luís González Lopo (USC, Espanha)

- Mobilidade interna: migrações socioprofissionais dos alto minhotos (séculos XVIII-XIX) / Emília Pereira Lagido (Portugal)

- Imigração e redes de sociabilidade: a migração portuguesa para a Nova Lousã (Brasil) entre as décadas de 1860 e 1880 / Ana Silvia Volpi Scott e Oswaldo Mário Serra Truzzi (UNISINOS/ UFSCAR, Brasil)

- Casamento, família e imigração: Belo Horizonte, 1890-1920 / Tarcísio R. Botelho (PUC-MG, Brasil)

- Ser itinerante: imigração japonesa no Brasil (1908-1970) / Sidinalva Maria dos Santos Wawzyniak, (UTP, Brasil)

5 DEZEMBRO, 1ª SESSÃO - 14h00 – 16h15 Grupo II – CULTURAS E RELIGIÕES (Anfiteatro B2, CPII) Sub-tema – Sociabilidade e práticas culturais - O mosteiro de Santa Maria de Oliveira

durante o priorado de D. Vasco Afonso (1442-1457) / Aires Gomes Fernandes (UC, Portugal)

- A mulher religiosa nos livros de linhagens medievais / Luís Miguel Malva de Jesus Rêpas, (UC, Portugal)

- Mulheres e religiosidade na Idade Moderna / Wilma de Lara Bueno (UTP, Brasil)

- O dever ser e o ser nas comunidades religiosas setecentistas bracarenses / Manuela Ivone da Paz Soares (CMCG, Portugal)

- Mães solteiras e categorias de ilegitimidade na sociedade colonial dos séculos XVIII e XIX / Sergio Odilon Nadalin (UFPR, Brasil)

- A mulher operária na imprensa portuguesa (primeiras décadas do século XX) / Maria Adília Fonseca (Portugal)

5 DEZEMBRO, 1ª SESSÃO - 14h00 – 15h30 Grupo III - PODERES E ESPAÇOS

(Sala 2104, CP II)

Sub-tema – Elites e Modelação da Sociedade - Origine sociale des chanoines de la

cathédrale de Mende à la fin du Moyen Age / Philippe Maurice (EHESS, França)

- 4 -

Page 6: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

- “Honrados barões e sages”: os capitulares bracarenses revisitados / Ana Maria S. A. Rodrigues (UL, Portugal)

- Servir dois senhores: os cónegos ao serviço da realeza em Portugal (1245-1325) / Hermínia Vasconcelos Vilar, (UE, Portugal)

- As carreiras dos canonistas de Lisboa do séc. XVIII e o contributo do projecto Fasti Ecclesiae para esse conhecimento / Maria João Violante Branco (Portugal)

5 DEZEMBRO, 2ª SESSÃO - 16h30 – 19h00 Grupo I – TERRITÓRIOS E IDENTIDADES

(Anfiteatro B1, CPII)

Sub-tema – Instituições e políticas do território - O exercício do Perdão Régio no reinado de

D. Manuel I / Mário Soares Fatela (UL, Portugal)

- Na barra do tribunal: os presos e a misericórdia de Portel (séculos XVI-XVII) / Maria Marta Lobo de Araújo (UM, Portugal)

- Da prisão para o degredo / Laurinda Abreu (UE, Portugal)

- A justiça régia e as estratégias de controle da população da “América Portuguesa” (séc. XVIII) / Jonas Wilson Pegoraro (UFPR, Brasil)

- Justiça e presos na região do Montemuro (sécs. XVIII-XIX) / Anabela Rodrigues (IPPAR, Portugal)

- A cadeia de Ponte de Lima: o espaço carcerário e os seus protagonistas (1840-1880) / Alexandra Patrícia Lopes Esteves (UM/Portugal)

- A cadeia da relação do Porto e a assistência prestada aos presos pela Misericórdia / Maria Teresa Cardoso (Portugal)

- Os presos e os enjeitados no programa assistencial da Misericórdia de Braga / Maria de Fátima Castro (Portugal)

5 DEZEMBRO, 2ª SESSÃO - 16h30 – 19h00 Grupo II – CULTURAS E RELIGIÕES (Anfiteatro B2, CPII) Sub-tema – Sociabilidade e práticas culturais - Entre église et taverne : sociabilités et

pratiques culturelles dans la société roumaine du XVIIIe siècle/ Constanta Vintila-Ghitulescu (UB, Roménia)

- Sociabilidades internas e externas no mundo clerical do antigo regime /

Susana Goulart Costa e Margarida Lalanda (UA, Portugal)

- Caridade branca, união negra. Campo religioso e catolicismo barroco na América portuguesa (1706-1782) / Luiz Geraldo Silva (UFPR, Brasil)

- Padrinhos e compadres na senzala: as práticas do compadrio entre cativos na vila de São Luís do Paraitinga, capitania de São Paulo, 1775-1815 / Carlos de Almeida Prado Bacellar (USP, Brasil)

- A igreja e o povo na vida e na morte (sécs. XVIII a XX): estudo com base em visitas pastorais e testamentos / Inês Martins de Faria (Portugal)

- El coste de la muerte: memorias, capellanias y sufrágios en la casa condal de Ribadavia en el siglo XVI / Gonzalo Francisco Fernández Suárez (USC, Espanha)

5 DEZEMBRO, 2ª SESSÃO – 15h45 – 19h00 Grupo III - PODERES E ESPAÇOS (Sala 2104, CP II)

MESA REDONDA Sub-tema – Elites e Modelação da Sociedade - A identificação dos dirigentes das

misericórdias como fonte para a história das elites. O caso de Coimbra nos séculos XVIII e XIX. / Maria Antónia Lopes (UC, Portugal)

- Elites e poder na actuação da Santa Casa da Misericórdia de Ponte da Barca (1630-1800) / Maria das Dores de Sousa Pereira (Portugal)

- Elites sociais e comportamentos marginais. A roda dos expostos e a preservação da honra familiar / Teodoro Afonso da Fonte (UM, Portugal)

- A pompa e a inovação: os conflitos da Misericórdia de Viana da Foz do Lima e as confrarias dos Mareantes (1523 – 1623) / António Magalhães, (FCT/Portugal)

- A representação das obras de misericórdia, em painéis de azulejo, no Portugal setecentista / Rosário Salema de Carvalho (IPPAR, Portugal)

- A assistência em Braga: iniciativas da segunda metade do Século XIX / Augusta Xavier Guimarães (SDUM, Portugal)

- Dotação e recolhimento de meninas órfãs: uma comparação entre Salvador, Rio de Janeiro e Porto: colonização e poder no império Português no século XVIII / Luciana M. Gandelman (UNICAMP, Brasil)

- 5 -

Page 7: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

- A Misericórdia de Azeitão na época moderna – um estudo de caso / Sandra Duarte Rodrigues (Portugal)

- A criação dos órfãos pobres e dos tinhosos: uma outra valência da assistência assegurada pela Misericórdia de Évora no século XVIII / Rute Pardal (UE, Portugal)

- Os reais hospitais militares na raia galaico-minhota durante a Restauração (1640-1668) / Augusto Moutinho Borges (MP, Portugal)

- Acolher e curar: o hospício da Ordem Terceira franciscana nos sertões da América portuguesa, no século XVIII / Juliana de Mello Moraes (UM, Portugal)

6 de Dezembro – quarta-feira

09h00m – Sessões de Grupos Temáticos

6 DEZEMBRO, 3ª SESSÃO – 9h00 – 12h30 Grupo I – TERRITÓRIOS E IDENTIDADES

(Anfiteatro BI, CPII)

Sub-tema – Desenvolvimento económico e dinâmicas demográficas e sociais - Dinâmicas demográficas e sociais numa

comunidade rural do Alto Minho: Meadela (1593-1850) / Maria Glória Parra Santos Solé (UM, Portugal)

- A criação do concelho de Vila Verde e os primeiros 48 anos da sua sede (1855-1903) / António Rodrigues Morais (UM, Portugal)

- Incidência da mortalidade no concelho da Madalena (Ilha do Pico - Açores) de 1670 a 1970 / Carlota Santos (UM, Portugal)

- Crises de mortalidade em Angra (de finais do século XVI a finais do século XVIII) / Maria Hermínia Morais Mesquita, (UM, Portugal)

- Aproximações "empíricas" à mortalidade diferencial: trajectórias da mortalidade numa paróquia do baixo Minho (Esporões, fins do século XVI - fins do século XX) / Maria Hermínia Vieira Barbosa (UM, Portugal)

- Mortalidade infantil em Avanca no século XIX / Maria Palmira da Silva Gomes (UM, Portugal)

- A influência da mortalidade na reprodução: um Século de observação numa

Comunidade Agrícola e Piscatória / Rui Leandro da Costa Maia e Otília Santos Silva (UM, Portugal)

- Ilegitimidade e Mortalidade (séculos XVII e XVIII) / António Augusto Amaro das Neves (UM, Portugal)

- Mortalidade e religiosidade – um estudo de caso / Maria Cláudia Amorim de Bastos Monteiro (UM, Portugal)

6 DEZEMBRO, 3ª SESSÃO – 9h00 – 12h30 Grupo II – CULTURAS E RELIGIÕES (Anfiteatro B2, CPII) Sub-tema – Sociabilidade e práticas culturais - Saber e poder assinar em Torres Novas

(1670-1790): modalidades e assimetrias / Ricardo A. Varela Raimundo (UL, Portugal)

- O Homem que inventava: O cientista luso-brasileiro Luís António de Oliveira Mendes nos quadros do iluminismo em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, Brasil)

- A elite científica luso-brasileira de finais do século XVIII: pertencimento e identidade / Ana Lúcia Rocha B. Cruz (CEDOPE, Brasil)

- Circulação e posse de livros religiosas no Rio de Janeiro (1808-1821) / Leila Mezan Algranti, (UNICAMP, Brasil)

- Clericais e especialistas: círculos intelectuais e poder na faculdade de filosofia da Universidade do Paraná (1958-1963) / Valeria Floriano Machado de Souza, (UTP, Brasil)

- Intelectuais e exílios (Portugal, anos 1940-1970): Uma posição de charneira, o intelectual crítico Jorge de Sena / Maria Otília Pereira Lage (UM, Portugal)

6 DEZEMBRO, 3ª SESSÃO – 9h00 – 12h30 Grupo III - PODERES E ESPAÇOS (Sala 2104, CP II)

Sub-tema – Elites e Modelação da Sociedade - Las casas senoriales gallegas como núcleos

de reproducción del poder nobiliário en la época de Isabel I (1474-1504) / Antonio Presedo Garazo (USC, Espanha)

- Transformaciones y pervivencias de una elite de poder castellana: los regidores compostelanos durante el siglo XVII / Maria López Diaz (UV, Espanha)

- Elites militares y gobierno municipal: la Coruna y Bayona a comienzos del siglo

- 6 -

Page 8: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

XVII / Maria del Carmen Saavedra, (USC, Espanha)

- El reino de las apariencias: el consumo conspícuo de la hidalguia gallega en la Edad Moderna / Hortensio Sobrado Correa (USC, Espanha)

- Os cargos da aristocracia hereditária na província / Manuel Artur Fraga Norton (UM, Portugal)

12h30m – Pausa para Almoço

14h00m – Sessões de Grupos Temáticos

6 DEZEMBRO Grupo I – TERRITÓRIOS E IDENTIDADES

Mesa Redonda - Demografia histórica (Sala do ICS – 14H00 – 16H30) - Maria Norberta Amorim (UM, Portugal) - José Manuel Pérez Garcia (USC, Espanha) - Manuela Ardit Lucas (UV, Espanha) - Hermínia Barbosa (UM, Portugal) - Francisco Messias (UM, Portugal) 6 DEZEMBRO, 4ª SESSÃO - 14h00 – 16h15 Grupo I – TERRITÓRIOS E IDENTIDADES

(Anfiteatro B1, CPII)

Sub-tema – Instituições e políticas do território - El particular territorio fronterizo entre

Portugal y Galicia en la Edad Media / Paz Romero Portilla (UC, Espanha)

- Os corregedores das comarcas e a construção régia do território nos finais da Idade Média / Adelaide Millan Costa (UA, Portugal).

- Uma corografia renascentista útil ao poder e aos poderes. / Carlos Manuel Valentim (UL, Portugal)

- As regiões no diálogo e nas tensões sociais do século XVI a propósito do levantamento de impostos / Maria Leonor Garcia da Cruz (UL, Portugal)

- Dos Açores ao Alentejo: uma tentativa de povoamento setecentista / Elisa Maria Lopes da Costa (Portugal)

- As juntas minhotas nas invasões francesas: a região em armas / Henrique José Martins de Matos (Portugal)

- Terras de Bouro – Identidade Histórico-cultural e Dinâmicas territoriais / Maria Isabel Torres Gonçalves (CMTB, Portugal)

6 DEZEMBRO, 4ª SESSÃO - 14h00 – 16h15 Grupo II – CULTURAS E RELIGIÕES (Anfiteatro B2, CPII) Sub-tema – Mundividências políticas e religiões - A mundividência mesopotâmica – o poder,

a guerra e a sua legitimação religiosa. / Francisco Caramelo, (UNL, Portugal)

- De cristão-novo a novamente convertido – Identidades liminares no Reino e no Império/ Ângela Barreto Xavier (ISCTE, Portugal)

- Os cristãos-novos portugueses e a sua relação com a sociedade seiscentista / Maria do Carmo Teixeira Pinto (UAB, Portugal)

- Das dificuldades de acesso ao “Estado do Meio” por parte de Cristãos Velhos / Isabel M. R. Mendes Drumond Braga (UL, Lisboa)

- Inquisição, crime de solicitação/ Jaime Ricardo Gouveia (Portugal)

6 DEZEMBRO, 4ª SESSÃO - 14h00 – 15h45 Grupo III - PODERES E ESPAÇOS (Sala 2104, CP II)

Sub-tema – Elites e Modelação da Sociedade -- As elites municipais transmontanas no

Antigo Regime (1750-1834) / Rogério Borralheiro (Portugal)

- Elite aristocrática liberal: as alianças matrimoniais da Casa de Palmela / Pedro Urbano, (UNL, Portugal)

- Fortuna, Fausto e Falência: O Conde de Farrobo / Nuno Miguel Lima (UNL, Portugal)

- Formas de riqueza e de poder: propriedade, rendimentos e profissões – Braga 1850-1890) / Margarida Durães (UM, Portugal)

- Elites sócio-culturais do século XIX no contexto da emigração para o Brasil / Henrique Rodrigues (IPVC, Portugal)

- 7 -

Page 9: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

6 DEZEMBRO Grupo I – TERRITÓRIOS E IDENTIDADES

Workshop – Aplicações informáticas para o estudo das Populações (Sala do ICS – 17H00 – 19H00) Pedro Henriques (UM, Portugal) Antero Ferreira (UM, Portugal) Augusto Abade (UC, Portugal) Fernanda Faria (UM, Portugal) Sérgio Odilon Nadalin (UFPR, Brasil) Jorge Rocha e Susana Correia (UM, Portugal) 6 DEZEMBRO, 5ª SESSÃO - 16h30 – 19h00 Grupo I – TERRITÓRIOS E IDENTIDADES

(Anfiteatro B1, CPII)

Sub-tema – Desenvolvimento económico e dinâmicas demográficas e sociais - Um senhorio nobre na Idade Média

portuguesa. Sua extensão e desenvolvimento entre 1200 e 1350 / Paulo Jorge Cardoso de Sousa e Costa (Portugal)

- Evolução topográfica e económica de um espaço medieval: o campo da Valada (Santarém) / Mário Paulo Martins Viana (UA, Portugal)

- Tranformación económica e conflitividade social na Galicia costeira ao remate do Antigo Rexime / Isidro Dubert (USC, Espanha)

- Da ruralidade de Santamarinha de Gontinhães à urbanidade de Vila Praia de Âncora: os contributos do turismo e da pesca na elevação a Vila (1623 – 1924) / Maria Aurora Botão Pereira Rego (Portugal)

- Família e violência: cotidiano familiar no Sertão do Brasil (1780-1850) / António Otaviano Vieira Júnior (UFPA, Brasil)

- A terra dos açucares: família e herança entre os senhores de engenho de S. Paulo no final do período colonial / Carlos de Almeida Prado Bacellar (USP, Brasil)

- Teias e tramas: família e manufactura têxtil no Concelho de Guimarães nos finais do século XIX / Ana Sílvia Volpi Scott (UNISINOS, Brasil)

6 DEZEMBRO, 5ª SESSÃO - 16h30 – 19h00 Grupo II – CULTURAS E RELIGIÕES (Anfiteatro B2, CPII) Sub- tema – Mundividências políticas e religiões - O estatuto jurídico e simbólico das

princesas e infantas de Portugal (1640-1727): elementos para o seu estudo / Ana Cristina Pereira (UL, Portugal)

- O busto-relicário de Santa-Engrácia: interesse e conflito em torno do mecenato póstumo da infanta D. Maria (1521-1577) / Maria de Fátima Reis (UL, Portugal)

- Testamentos da Casa Real de Bragança, 1656-1704: devoção, caridade e política / Paulo Drumond Braga (ESEAG, Portugal)

- Casa e corte da rainha-viúva D. Catarina de Bragança: facções políticas e grupos de contra-poder (1693-1705) / Joana Leandro Pinheiro de Almeida Troni (UL, Portugal)

- Formas de assistência aos homens de guerra: D. Catarina de Áustria e os «merceeiros» de Belém / Maria Paula Marçal Lourenço (UL, Portugal)

6 DEZEMBRO, 5ª SESSÃO - 16h00– 19h00 Grupo III - PODERES E ESPAÇOS (Sala 2104, CP II)

Sub- tema– Mobilização de saberes e configurações do Estado - Le code civil de 1804 dans la mémoire

collective des français (1804-1980) / Joseph Goy (EHESS, França)

- A distritalização do país / Fernando Catroga (UC, Portugal)

- As percepções e a realidade do Estado no Portugal Liberal /Pedro Tavares de Almeida (UNL, Portugal)

(a confirmar) - Regionalismo, associativismo regionalista e

Estado no Portugal novecentista / Daniel Melo (UL, Portugal)

- O federalismo e as repúblicas: uma perspectiva história e conceptual em Portugal (1910-1926) / Ernesto Castro Leal (UL, Portugal)

- Democracia e federalismo - Alves da Veiga / Maria do Rosário Machado Pinto (Portugal)

- A constituição de 1933 e a configuração do Estado Novo / Abel Martins Rodrigues (Portugal)

20h00m – Jantar e Evento Cultural

- 8 -

Page 10: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

7 de Dezembro – quarta-feira

09h00m – Sessões de Grupos Temáticos

7 DEZEMBRO, 6ª SESSÃO – 9h00 – 12h30 Grupo I – TERRITÓRIOS E IDENTIDADES

(Anfiteatro B1, CPII)

Sub-tema - Património e Memórias - Os usos sociais do passado: a sagração do

património / Alice Maria Pinto de Azevedo Carneiro (Portugal)

- Reflexões sobre o património e a memória à luz da Era tecnológica / Alberto Sá (UM, Portugal)

- Os museus açorianos e a preservação das memórias / Maria Isabel João (UAB, Portugal)

Da memória e do esquecimento num Arquivo Municipal. Lembrança, restituição e desinteresse/ Luís Miguel Pires Pereira (Portugal)

- A importância dos testemunhos orais para a valorização do património industrial: o caso da zona de Couros, em Guimarães / Maria Elisabete de Sousa Pinto (UM, Portugal)

- A alimentação e o seu lugar na história: a preservação da memória e do património gustativo da sociedade brasileira (1960/2004) / Carlos Roberto A. Santos (Brasil)

- A música popular na oficina da história/ José Geraldo Vinci de Moraes (USP, Brasil)

7 DEZEMBRO, 6ª SESSÃO – 9h00 – 12h30 Grupo II – CULTURAS E RELIGIÕES (Anfiteatro B2, CPII) Sub-tema – Mundividências políticas e religiões - Nação, religião e cidadania em Portugal

(séc. XIX) / Miriam Halpern Pereira (ISCTE, Portugal)

- Nas pegadas de Acab e Jesabel. Assalto aos bens da igreja do liberalismo à I República / Franquelim Neiva Soares (UM, Portugal)

- A I República e a igreja católica – a impossibilidade de um compromisso / Maria Lúcia de Brito Moura (UC, Portugal)

- Mutações religiosas na Braga contemporânea: figuras e pensamento / Elisabete Rodrigues Machado (Portugal)

- Monárquicos e republicanos numa «cidade de Deus». História política de Braga entre 1890 e 1926 / Amadeu J. C. Sousa (Portugal)

- O círculo católico de operários de Barcelos (1904-1930) / José Campinho (Portugal)

7 DEZEMBRO, 6ª SESSÃO – 9h00 – 12h30 Grupo III - PODERES E ESPAÇOS (Sala 2104, CP II)

Sub- tema– Mobilização de saberes e configurações do Estado - Um sistema corporativo sem corporações?

Os mesteirais em Portugal nos finais da Idade Média: entre a economia e a política /Arnaldo Sousa Melo (UM, Portugal)

- Técnicas e funções. A aula de comércio na formação dos empregados públicos na 1ª metade do século XIX. / Joana Estorninho de Almeida (UL, Portugal)

- O processo de construção da legitimidade parlamentar no Portugal da primeira metade de oitocentos / Fernanda Paula Sousa Maia (UP, Portugal)

- A câmara dos pares na regeneração – reavaliação do seu papel político / Isilda Braga da Costa Monteiro (UP, Portugal)

- À procura de um novo paradigma epistemológico: os debates sobre o paludismo na câmara dos deputados na 2ª metade do séc. XIX / João Cosme, (UL, Portugal)

- Título a confirmar / Fátima Ferreira (UM, Portugal)

- O corpo da vítima. A medicina legal nos inícios do século XX / Rita Garnel (UC, Portugal)

- O nascimento das escolas de enfermagem em Portugal (finais do séc. XIX) / Helena Sofia Silva (Portugal)

12h30m – Pausa para Almoço

- 9 -

Page 11: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

14h00m – Sessões de Grupos Temáticos

7 DEZEMBRO, 7ª SESSÃO - 14h00 – 16h00 Grupo I – TERRITÓRIOS E IDENTIDADES

(Anfiteatro B1, CPII)

Sub-tema - Património e Memórias - La Ilustración gallega y la valoración del

paisaje (1724-1833) / Federico López Silvestre (USC, Espanha)

- O azuleMa

Sub-tema - Impérios e Mundialização Mundialização

jo e a medicina na grande Lisboa / dalena Esperança Pina, (UNL,

Portugal) - Espaços da ciência no século XIX e XX.

Lisboa e Alentejo: centro e periferia. O caso da fotografia / Maria de Fátima Nunes (UE, Portugal)

- A partir do daguerreótipo: a ilustração na imprensa ilustrada e primeiros usos da fotografia (1830-50) / Catarina Miranda Basso Marques (Portugal)

- As publicações ilustradas com retratos fotográficos e a renovação da iconografia oitocentista em Portugal / Nuno Borges de Araújo (Portugal)

- Datação e autoria na história da fotografia em Coimbra / Alexandre Ramires (UC, Portugal)

7 DEZEMBRO, 7ª SESSÃO - 14h00 – 17h00 Grupo II – CULTURAS E RELIGIÕES (Anfiteatro B2, CPII) Sub- tema – Património e Expressões Artísticas - O restauro da igreja de S. Miguel do Castelo

de Guimarães / Lúcia Maria Cardoso (UP, Portugal)

- Pintura mural da igreja de Santiago de Adeganha / Paula Bessa (UM, Portugal)

- Caracterização da arquitectura vernacular de Provesende / Márcia Barros

- Miguel Fernandes, Mestre Pedreiro de Rendufe, Alpendurada e Tibães (1716-1731) / Paulo João da Cunha Oliveira (MT/IPPAR, Portugal)

- Escavações arqueológicas no mosteiro de Pombeiro (2001-2005). Estado da Questão / Ricardo Erasun Cortés (Espanha)

- Ribeiro de Faria: uma família de encomendadores no Porto de oitocentos / Manuel de Sampayo Pimentel Azevedo Graça (Portugal)

- Ontologia del balneário decimonónico. El balneário de Mondariz: manifestación de un modo de vida (1873-1931) / Yolanda Pérez Sánchez (USC, Espanha)

- Manifestações artísticas do 25 de Abril na Universidade de Coimbra / Marco Daniel Duarte (FCT, Portugal)

7 DEZEMBRO, 7ª SESSÃO - 14h00 – 17h30m Grupo III - PODERES E ESPAÇOS (Sala 2104, CP II)

- António de Azevedo Araújo, diplomata português na Europa revolucionária (1787-1804) / Abel Leandro Freitas Rodrigues (Portugal)

- Espaço e sociedade na historiografia setecentista: leituras em torno da História da América Portuguesa, de Sebastião da Rocha Pita / Erivan Cassiano Karvat, (UTP, Brasil)

- Uma discussão da ideia de "América Portuguesa" a partir da obra de Sebastião Pitta (século XVI - XVIII) / Maria Luiza Andreazza (Brasil)

- Aspectos do modus vivendi no relacionamento imperial anglo-português (1906-1907) / Jorge Martins Ribeiro e Maciel Morais Santos (UP, Portugal)

- A I Grande Guerra Mundial. A construção da memória de guerra em Portugal / Sílvia Correia (FCT, Portugal)

- Impérios e mundialização: a historicidade em questão / Francisco Mendes (UM, Portugal)

7 DEZEMBRO, 8ª SESSÃO – 16h15m – 18h00m Grupo I – TERRITÓRIOS E IDENTIDADES

(Anfiteatro B1, CPII)

Sub-tema - Instituições e políticas do território - Espaços de memória nos centros urbanos

medievais, entre os poderes e a sociabilidade / Conceição Falcão (UM, Portugal)

- Evolução urbana num bairro de Guimarães. Novos dados trazidos à luz pela arqueologia / Francisco G. C. Líbano Monteiro Faure (Portugal)

- O centenário de abastecimento público de água a Guimarães e Vizela – da ideia ao projecto da Vimágua / Francisco da Silva Costa, Célia Ribeiro, Sofia Bragança, António Bento Gonçalves, Maria Amélia Vale (UM, Portugal)

- 10 -

Page 12: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

- Modelação tridimensional de um espaço urbano setecentista – ensaio prospectivo para a reconstituição virtual da paisagem urbana histórica de Braga / Miguel Melo Bandeira e Francisco M. Silva Domingues (UM, Portugal)

- O projecto urbanístico do bairro de Campo de Ourique (1878-1932) – A sua importância para a cidade de Lisboa / Susana Maia e Silva (Portugal)

18.30h – Sessão de Encerramento

- 11 -

Page 13: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

GRUPOS TEMÁTICOS E COORDENADORES

GRUPO I - TERRITÓRIOS E IDENTIDADES (Anfiteatro B1, CP II) Sub-temas:

- Desenvolvimento económico e dinâmicas demográficas e sociais; - Instituições e políticas do território; - Património e memórias.

Coordenadores: Arnaldo Melo Carlota Santos José Cordeiro Margarida Durães Maria Augusta Lima Cruz

GRUPO II - CULTURAS E RELIGIÕES (Anfiteatro B2, CP II) Sub-temas:

- Sociabilidades e práticas culturais; - Mundividências políticas e religiões; - Patrocínios e expressões artísticas.

Coordenadores:

António Magalhães Francisco Mendes Paula Bessa Rogério Borralheiro

GRUPO III – PODERES E ESPAÇOS (Sala 2104, CP II) Sub-temas:

- Elites e modelação da sociedade; - Mobilização de saberes e configurações do Estado; - Impérios e mundialização.

Coordenadores:

António Lázaro Conceição Falcão Fátima Moura Ferreira Francisco Mendes Maria Augusta Lima Cruz Marta Lobo

- 12 -

Page 14: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

SESSÕES DOS GRUPOS DE TRABALHO

GRUPO I – TERRITÓRIOS E IDENTIDADES - Anfiteatro B1, CP II

5 DEZEMBRO, 1ª SESSÃO - 14h00 – 16h15 Sub-tema – Desenvolvimento económico e dinâmicas demográficas e

sociais

Coordenador: Margarida Durães (UM, Portugal)

DEROUET, Bernard Centre de Recherches Historiques (C.N.R.S. /

Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales, Paris)

PRATIQUES FAMILIALES ET FORMES DE MOBILITÉ : LA RELATION AU TERRITOIRE

(FRANCE, 16-19 SIÈCLES) En milieu rural, la variété des systèmes familiaux, et des formes de transmission du patrimoine, entraînent des rapports au territoire régional et à l’espace qui présentent de sensibles différences. Enracinement, migrations, mobilités à courte ou longue distance, retours au pays d’origine, présentent des caractères nuancés et complexes selon les régions, entre le 16e siècle et aujourd’hui. On essaiera de montrer comment cette approche diversifiée de la relation au territoire, en fonction notamment des pratiques familiales, permet de dépasser l’opposition traditionnelle entre « sédentarité » et « mobilité » dans les campagnes d’autrefois.

◙◙

FERNÁNDEZ CORTIZO, Camilo Universidade de Santiago de Compostela.

Departamento de Historia Medieval e Moderna

LA EMIGRACIÓN GALLEGA Ó NORTE DE PORTUGAL (1700-1850)

Mediante o uso combinado de fontes documentais de variada naturaleza -rexistros de doentes de Casas de Misericordia de Braga, Vila Real, Chaves, Viana do Castelo etc., pasaportes, arquivos parroquias das provincias de Ourense, Lugo e Tui e dos distritos de Braga e Vila Real,listas de prófugos- trátase de estudar os ritmos evolutivos de emigración ó norte de Portugal,

os lugares de procedencia e destino dos emigrantes, como tamés as suas características socioprofesionais, de género e de idade.

◙◙

GONZÁLEZ LOPO, Domingo Luís

USC, Espanha LA IMMIGRACIÓN PORTUGUESA EN LISBOA A

MEDIADOS DEL SIGLO XVIII: ORIGEN GEOGRÁFICO E INSERCIÓN LABORAL

Pretendemos, en el marco de nuestros estudios sobre los desplazamientos migratorios intrapeninsulares, y empleando documentación hospitalaria, dibujar el perfil del emigrante portugués hacia la capital de su país en los años cuarenta del siglo XVIII, centrando nuestra atención en esta primera aproximación, en los lugares de origen y la ocupación laboral que desarrollarán en la Corte lisboeta, comparando sus características con la del emigrante español, especialmente gallego, que ya conocemos por investigaciones realizadas con anterioridad.

◙◙

LAGIDO, Emília Pereira MOBILIDADE INTERNA: MIGRAÇÕES

SOCIOPROFISSIONAIS DOS ALTO MINHOTOS (SÉCULOS XVIII-XIX)

Os movimentos migratórios são uma das facetas mais desconhecidas da mobilidade pois foram, durante muito tempo, preteridas relativamente á emigração. Porém, este fenómeno, testemunhado em documentação

- 13 -

Page 15: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

paroquial e sobretudo nos passaportes internos, teve, desde sempre um forte impacto na população desta região. A necessidade de manter a viabilidade da exploração agrícola, já fortemente pulverizada no Alto Minho, impele parte da população masculina a procurar a via do ofício e outras regiões para complementar o rendimento familiar. Após a opção de saida resta procurar o local adequado para ganhar a vida e, se possível, regressar e adquirir um património imóvel ou engrandecer o já existente. Deste modo, a migração apresenta-se como uma solução familiar. O afastamento da mão-de-obra masculina por períodos relativamente longos incita à participação económica da mulher que substitui o homem à frente da exploração e/ou da casa. Por outro lado, a mobilidade, maioritáriamente masculina tem também um profundo impacto a nível demográfico justificando, em parte, a taxa de masculinidade nesta região e a elevada taxa de selibato feminino.

Determinar quais os grupos socioprofissionais que são impelidos à migração, suas motivações, trajectórias percorridas e destinos são as finalidades desta comunicação

◙◙

SCOTT, Ana Sílvia e TRUZZI, Mário Serra (NEPO-UNICAMP / UniABC) / (UFScar) –

Brasil

IMIGRAÇÃO E REDES DE SOCIABILIDADE: A MIGRAÇÃO PORTUGUESA PARA NOVA LOUSÃ

(BRASIL) ENTRE AS DÉCADAS DE 1860 E 1880

A comunicação que se propõe apresenta a análise de uma experiência migratória muito peculiar que ocorreu na segunda metade dos anos oitocentos entre a Vila da Lousã (Portugal – Distrito de Coimbra) e o Núcleo Colonial da Nova Lousa (Brasil – Província de São Paulo). No período em tela esta colônia recebia exclusivamente colonos naturais daquela localidade portuguesa. Recorrendo à análise quantitativa e qualitativa pretende-se mostrar como é possível aprofundar o estudo do processo migratório luso-brasileiro, através de metodologias microanalíticas que revelam estratégias individuais e familiares adotadas pelos homens e mulheres que optaram pelo abandono da terra natal em busca de melhores oportunidades de vida na

província de São Paulo. Naquele momento a província paulista atravessava um período de grande desenvolvimento econômico, por conta da expansão da cafeicultura. Analisar este processo migratório específico e examinar o papel das redes familiares e de vizinhança, na (re)construção dos laços de sociabilidade na região de acolhimento será o tema privilegiado nesta comunicação.

◙◙

BOTELHO, Tarcísio R. PUC-MG, Brasil

CASAMENTO, FAMÍLIA E IMIGRAÇÃO: BELO HORIZONTE, 1890-1920

Analisa-se a nupcialidade e as estratégias matrimoniais na cidade de Belo Horizonte (Minas Gerais, Brasil) durante suas três primeiras décadas de existência (1890-1920), com o intuito de observar esses fenómenos demográficos e culturais entre populações constituídas de imigrantes, tanto estrangeiros quanto nacionais. O período e o local em estudo formam uma situação favorável para se compreender tais transformações em função tanto do contato intergrupal quanto do processo de urbanização.

◙◙

WAWZYNIAK, Sidinalva Maria dos Santos

Universidade Tuiuti do Paraná

SER ITINERANTE: IMIGRAÇÃO JAPONESA NO BRASIL (1908-1970)

A imigração japonesa para o Brasil apresentou especificidades devido ao seu momento histórico. Uma delas refere-se ao sonho de retorno à terra de origem que embalou as primeiras iniciativas em solo brasileiro. A fixação na nova terra foi fluida e itinerante, não se observando uma configuração inicial de caráter étnico. Após a derrota do Japão na 2ª Guerra Mundial, o referido sonho desfez-se, sendo então possível construir uma identificação dos grupos entre si e com a sociedade envolvente. Essa comunicação analisa a identidade nipônica no Brasil e a sua mobilidade espacial

◙◙

- 14 -

Page 16: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

5 DEZEMBRO, 2ª SESSÃO - 16h30 – 19h00 Sub-tema – Instituições e políticas do território

Coordenador: Arnaldo Melo (UM, Portugal)

FATELA, Mário Soares Fatela Universidade de Lisboa

O EXERCÍCIO DO PERDÃO RÉGIO NO REINADO DE D. MANUEL I.

O papel do rei como garante do equilíbrio entre os vários grupos sociais pode reflectir-se na utilização do perdão régio. Neste sentido procuraremos enquadrar o perdão régio no contexto global da governação, qual a sua noção, o direito subjacente assim como situações de privilégio e excepção. O período analisado terá como fronteira a publicação por D. Manuel I do Regimento emitido em Lisboa a 18 Junho 1517

◙◙

LOBO, Marta

ICS, Universidade do Minho NA BARRA DO TRIBUNAL: OS PRESOS DA MISERICÓRDIA DE PORTEL (SÉCULOS XVI-

XVII). A assistência aos presos praticada pelas Misericórdias tem sido abordada em alguns trabalhos produzido sobre estas confrarias. Fruto dessas análises, o enquadramento em que actuavam as Santas Casas na ajuda a estes pobres é hoje melhor conhecido. Porém, continuam a faltar estudos de caso que tornem mais sólido e profundo este conhecimento, dando maior maior visibilidade à violência, ao crime e aos sistemas judicial e prisional. O nosso trabalho estuda a caridade praticada pela Santa Casa de Portel (Alentejo) aos detidos nos séculos XVI e XVII, destacando o local de encarceramento, os presos, os crimes e as penas em que foram sentenciados.

◙◙

ABREU, Laurinda Universidade de Évora

DA PRISÃO PARA O DEGREDO. Sendo uma das primeiras e mais importantes funções caritativas das

Misericórdias, o auxílio aos presos pobres acabaria por representar um peso económico extraordinariamente importante para muitas confrarias que rapidamente se viram confrontadas com problemas de vária ordem na gestão deste serviço. É sobre esta problemática que incidirá o texto a apresentar, num trabalho que terá como suporte documental os presos assistidos pela Misericórdia de Évora, entre os séculos XVI e XVIII.

◙◙

PEGORARO, Jonas Wilson

UFPR, Brasil A JUSTIÇA RÉGIA E AS ESTRATÉGIAS DE

CONTROLE DA POPULAÇÃO DA “AMÉRICA PORTUGUESA” (SÉC. XVIII).

Este trabalho discute o mecanismo administrativo e a consolidação da justiça régia no Brasil colonial. A partir da legislação portuguesa do séc. XVIII, observa-se as mudanças pelas quais o Império Ultramarino Português passou e nota-se a incorporação gradativa de instituições próprias de Estado português na América, resultado de uma crescente preocupação no “controle” das populações coloniais. Dessa maneira, compreende-se o incentivo das autoridades régias à criação de vilas, com as câmaras, instalava-se localmente a justiça régia.

◙◙

ESTEVES, Alexandra Patrícia Lopes Universidade do Minho

A CADEIA DE PONTE DE LIMA: O ESPAÇO CARCERÁRIO E OS SEUS PROTAGINISTAS

(1840-1880) A presente comunicação incide sobre a cadeia de Ponte de Lima, no período compreendido entre 1840 e 1880, em particular sobre o espaço físico, procurando mostrar a forma como este condicionou o quotidiano de homens e mulheres encerrados neste estabelecimento prisional, bem como a sua reinserção na sociedade após o cumprimento da pena. A nossa análise assenta fundamentalmente

- 15 -

Page 17: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

nas Visitas, obrigatórias pelo Decreto de Lei de 20 de Dezembro de 1839, efectuadas pelo poder judicial, como forma de superintender a administração prisional e garantir o normal funcionamento dos cárceres, tendo em conta um conjunto de parâmetros que deviam ser cumpridos. Através desta fonte, propomo-nos abordar os seguintes aspectos: - Os presos, o seu quotidiano, as suas necessidades (alimentação, vestuário), o comportamento, o desleixo e os abusos de que eram vítimas; - As moléstias que grassavam o espaço prisional, provocadas pela falta de condições mínimas de habitabilidade, e o modo como eram tratadas; - O papel dos agentes da justiça (Juiz de Direito, Delegado do Procurador Régio), do carcereiro e dos guardas; - O cumprimento das regras e normas no seio do espaço prisional; - As principais debilidades do espaço físico propriamente dito, designadamente os problemas de lotação, de segurança, de insalubridade, bem como algumas das soluções propostas; - Avaliação do contributo das Visitas para melhorar as condições da cadeia durante o período em análise.

◙◙

CARDOSO, Maria Teresa A CADEIA DA RELAÇÃO DO PORTO E A

ASSITÊNCIA PRESTADA AOS PRESOS PELA MISERICÓRDIA.

A Misericórdia do Porto dedicou desde sempre uma atenção muito especial aos presos da cidade. Com a criação da Casa da Relação do Porto, o volume de presos necessitados de apoio aumentou significativamente. A Misericórdia do Porto viu-se na necessidade de proceder a várias reorganizações internas para poder dar resposta às novas necessidades de assistência aos presos. A sua actuação junto dos mais desamparados nos momentos mais difíceis das suas vidas, nomeadamente a Procissão de acompanhamento dos Padecentes e a Procissão dos Ossos irá imprimir junto da população portuense a necessidade de adoptar uma postura mais clemente e misericordiosa para com os criminosos. Enquanto o sistema judicial punia e bania da sociedade os que prevaricavam, a Misericórdia acolhia misericordiosamente e sem discriminação todos os criminosos

dando-lhes apoio em vida e alguma dignidade na morte. A Misericórdia era no entanto também uma associação de Irmãos, alguns deles desempenhando importantes cargos na cidade, desde a Vereação à Alfândega e à própria Casa da Relação…

◙◙

CASTRO, Maria de Fátima OS PRESOS E OS ENJEITADOS NO

PROGRAMA ASSISTENCIAL DA MISERICÓRDIA DE BRAGA.

A Santa Casa da Misericórdia de Braga, tal como as suas congéneres, teve na assistência aos presos uma das principais razões da sua constituição. A admissão ao rol dos livramentos, o fornecimento de uma refeição aos domingos – “a panela dos presos” – e outras esmolas em pão e alguns cuidados com a sua acomodação, foram práticas que ficaram bem evidenciadas nos diversos documentos produzidos pelo seu órgão de gestão. Quanto aos enjeitados, eles não entravam nas disposições do Compromisso. Porém, e de uma forma voluntária, ela foi praticada. Quando faleciam expostos na Casa da Roda ou em casa das amas que os criavam, a Santa Casa era a instituição que se encarregava do seu enterramento. Os dados que ficaram sobre esta prática cobrem apenas várias décadas do século XVIII.

◙◙

RAMOS, Anabela

O Purgatório dos vivos: Um espreitar pelas cadeias do distrito de Viseu no séc. XVIII e 1ª

metade do XIX. Ao longo do trabalho iremos conhecer o mapa das cadeias existentes em todo o distrito de Viseu, datado de 1840. Posteriormente vamos recuar no tempo e entrar nestas cadeias e conhecer um pouco do seu interior e de quem por lá passou ao longo do século XVIII.

◙◙

- 16 -

Page 18: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

6 DEZEMBRO, 3ª SESSÃO – 9h00 – 12h30 Sub-tema – Desenvolvimento económico e dinâmicas demográficas

Coordenador: José Cordeiro (UM, Portugal)

SOLÉ, Maria Glória Parra Santos Universidade do Minho

DINÂMICAS DEMOGRÁFICAS E SOCIAIS NUMA COMUNIDADE RURAL DO ALTO

MINHO: MEADELA (1593-1850) Esta comunicação visa dar a conhecer o estudo de uma paróquia do Alto Minho, realizado no âmbito da dissertação de mestrado1. Analisámos as estruturas sociais e demográficas de uma paróquia rural do concelho de Viana do Castelo, a Meadela de 1593 a 1850. Procurámos estabelecer a relação entre a evolução demográfica e social desta paróquia, recorrendo para isso a uma análise comparativa de diferentes fontes, desde registos paroquias, fontes fiscais (contribuições de décima), visitas e devassas, testamentos, guias de passaporte, registo de amas, memórias paroquias, tombo, livro de usos e costumes, etc. O cruzamento destas fontes permitiram recriar vivências quotidianas de uma comunidade rural do Alto Minho para um período anterior aos recenseamentos modernos.

Para a elaboração da pesquisa demográfica, utilizámos uma metodologia específica: a de Reconstituição de paróquias” de Norberta Amorim. Este método permitiu-nos cruzar a “base de dados” com outras fontes que possibilitaram encontrar factores explicativos de origem não demográfica, que nos permitiram ajudar a compreender a realidade cultural, económica, social e religiosa desta comunidade. Neste estudo privilegiamos também o estudo de casos, utilizando o nome como ponto de referência e partindo de critérios identificáveis, de forma a constituir uma amostra significativa, reveladora de comportamentos estatisticamente frequentes e portanto “normais”, como pela sua capacidade de revelarem vivências e práticas humanas eventualmente “excepcionais”. A análise

1 Santos, M. Glória Parra , (2000). Meadela , Comunidade Rural do Alto Minho: Sociedade e Demografia (1593-1850), Dissertação de Mestrado em História das Instituições e Cultura Moderna e Contemporânea, Braga: Universidade do Minho - Instituto de Ciências Sociais.

qualitativa de experiências particulares narráveis visou contribuir para uma leitura compreensível dos modelos demográficos e das suas variáveis regionais.

Nesta monografia da Meadela, incidimos a nossa abordagem no estudo demográfico da população, através do estudo de variáveis de nupcialidade, fecundidade, mortalidade e mobilidade, recorrendo para isso aos registos de nascimentos, casamentos e óbitos, que nos possibilitou reconstituir esta comunidade, para o período de finais do século XVI a meados do século XIX.

O crescimento demográfico da população apresentou-se ao longo deste período moderado, interrompido por fases depressivas no segundo quartel do século XVII e primeiro quartel do século XVIII. A partir do último quartel do século XVIII a paróquia da Meadela revela um considerável dinamismo demográfico.

A nupcialidade na paróquia revelou um casamento tardio para ambos os sexos, prevalecendo ao logo da observação uma idade média ao casamento superior da mulher em relação à dos homens. Encontrámos uma alta taxa de fecundidade concentrando-se nos grupos etários dos 20 aos 34 anos. A infecundidade não foi um problema detectado nesta paróquia. O mesmo não se pode dizer sobre a ilegitimidade, que se apresentou significativa, particularmente para o século XVIII.

Para o período de 1720 a 1780 mortalidade infantil apresentou-se pouco gravosa. Quanto à mortalidade dos maiores de sete anos, constatámos que a época mais afectada por crises coincidiu com o último quartel do século XVIII.

Quanto ao fenómeno da mobilidade constatamos que a abertura da paróquia no início do século XIX é reforçada e generalizada, verificando-se uma maior entrada de mulheres na paróquia. A saída da paróquia processa-se também, sendo os destinos mais escolhidos Lisboa, Galiza, Alentejo, Brasil e Gibraltar.

◙◙

- 17 -

Page 19: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

MORAIS, António Rodrigues Universidade do Minho

A CRIAÇÃO DO CONCELHO DE VILA VERDE E OS PRIMEIROS 48 ANOS DA SUA SEDE

(1855-1903) Observar as consequências ou transformações ocorridas na freguesia durante o meio século seguinte a 1855, isto é de 1855 a 1903, comparando com o meio século anterior – de 1803 a 1855, nos aspectos demográficos, económicos e sociais, tendo como fontes históricas os registos paroquiais de 1803 a 1903: 1 – demográficos – maior poder atractivo e suas causas. 2– económicos - fazer o levantamento das actividades económicas, tendo em conta a quantificação e o peso de dadas profissões. 3 – sociais - verificar a estrutura social da freguesia, através da forma como os padres se referiam aos seus paroquianos nos registos dos comportamentos vitais, dada a forma como faziam a assinatura e ainda tendo em conta a sua escolaridade, se sabiam ou não ler e escrever.

◙◙

SANTOS, Carlota Universidade do Minho

INCIDÊNCIA DA MORTALIDADE NO CONCELHO DA MADALENA (ILHA DO PICO-

AÇORES) DE 1670 A 1970 A análise das tendências observadas na mortalidade da população do concelho da Madalena ao longo de três séculos (1670 a 1970), constitui o objecto da presente comunicação. Aplicando a metodologia de “reconstituição de paróquias” construímos, por cruzamento de actos vitais individuais, uma ampla base de dados que além de permitir localizar e avaliar a dimensão das crises de mortalidade, condicionantes de crescimento populacional durante o antigo regime demográfico, viabilizou o estudo da mortalidade infantil considerando as suas componentes endógena e exógena. Por outro lado, a selecção de uma amostra representativa de famílias integrando quatro grandes grupos ocupacionais, definidos a partir da profissão do elemento masculino do casal, fundamentou uma leitura diferencial das probabilidades de sobrevivência na população casada, quantificadas pelo indicador esperança média de vida.

◙◙

MESQUITA, Maria Hermínia Morais Universidade do Minho

CRISES DE MORTALIDADE EM ANGRA (DE FINAIS DO SÉCULO XVI A FINAIS DO SÉCULO

XVIII) Dispomos de uma base de dados onde constam os milhares de óbitos registados, entre 1583 e 1800, nos livros paroquiais de Angra, cidade portuária da ilha Terceira, do arquipélago dos Açores, então inserida nos circuitos do comércio internacional. Sabe-se que apesar de não convergirem numa definição quantitativa única de crise de mortalidade os diversos autores convergem no reconhecimento da existência e da importância da mortalidade excepcional em épocas em que a evolução demográfica tinha como característica principal um crescimento instável muito susceptível às eventuais sobremortalidades. É nosso propósito identificar a ocorrência de eventuais crises de mortalidade nesse período e integrá-las na conjuntura política, económica e social da época. Que repercussões tiveram a peste, os terramotos, os maus anos agrícolas, as resistências político-militares, cuja existência está documentada, a nível da mortalidade em Angra?

◙◙

BARBOSA, Maria Hermínia Vieira

Universidade do Minho APROXIMAÇÕES “EMPÍRICAS” À

MORTALIDADE DIFERENCIAL: TRAJECTÓRIAS DA MORTALIDADE NUMA PARÓQUIA DO

BAIXO MINHO (ESPORÕES, FINS DO SÉCULO XVI – FINS DO SÉCULO XX)

Neste estudo de caso, de orientação fundamentalmente micro-demográfica e preferencialmente longitudinal, com base na "reconstituição da paróquia" de Esporões, realizada segundo a metodologia de M. Norberta Amorim, procura-se detectar algum impacto dos contextos familiares e socio-económicos na mortalidade das crianças e no prolongamento da vida adulta.

◙◙

GOMES, Maria Palmira da Silva

Universidade do Minho MORTALIDADE INFANTIL EM AVANCA NO

SÉCULO XIX Avanca é uma freguesia do concelho de Estarreja, cuja população, bastante heterogénea a nível económico, tinha como

- 18 -

Page 20: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

principal fonte de rendimento os proventos da terra. Servindo-nos dos dados contidos nos registos paroquiais, pretendemos fazer um estudo da mortalidade infantil no século XIX. Esta, juntamente com outros indicadores, aproxima-nos do grau de desenvolvimento económico e higiénico-sanitário de uma população. Em Avanca, e para o período, é difícil fazer uma análise exaustiva desta variável demográfica. O redactor paroquial raramente anota a causa de morte e a frequente alteração no registo das profissões dos pais impede-nos de fazer uma análise diferencial da mortalidade infantil. Deste modo, o nosso trabalho incidirá na mortalidade dos menores de um ano e, seguidamente, na mortalidade dos menores de dois anos.

◙◙

COSTA, Rui Leandro e SILVA, Otília Santos

Universidade do Minho A INFLUÊNCIA DA MORTALIDADE NA

REPROUÇÃO: UM SÉCULO DE OBSERVAÇÃO NUMA COMUNIDADE AGRÍCOLA E

PISCATÓRIA A partir da organização das informações provenientes dos registos de óbito e de baptizados, com vista à Reconstituição da Paróquia de Lavra, entre os anos de 1663 e 1758, os autores pretendem fazer uma observação sistemática dos comportamentos de forma a perceberem a influência dos óbitos nos nascimentos, tanto no que respeita à dimensão da interrupção do ciclo reprodutivo das famílias como no que respeita à média de meses entre nascimentos, considerando os que são e os que não são precedidos de casos de mortalidade infantil. As dimensões de análise descritas irão considerar os dois grupos sociais que emergem da documentação levantada: os paroquianos e os escravos.

◙◙

NEVES, António Augusto Amaro

Universidade do Minho ILEGITIMIDADE E MORTALIDADE (SÉCULOS

XVII E XVIII) Os estudos sobre a natalidade não-conjugal no Minho na época moderna revelaram uma realidade que leva a questionar algumas das ideias centrais do discurso sobre a ilegitimidade na antiga sociedade europeia. A elevada incidência daquele fenómeno nesta região coincide com a evidência de um

desequilíbrio entre o contingente masculino e feminino da população. Aqui, apesar de nascerem sempre mais homens do que mulheres, morriam muito mais mulheres do que homens. Esta comunicação propõe-se analisar este fenómeno à luz dos desenvolvimentos da pesquisa micro-demográfica.

◙◙

MONTEIRO, Maria Cláudia Amorim de Bastos

Universidade do Minho MORTALIDADE E RELIGIOSIDADE – UM

ESTUDO DE CASO A paróquia de Oliveira de Azeméis localizada na região entre Douro e Vouga foi o alvo da nossa escolha para um estudo sobre a evolução dos comportamentos demográficos de uma população, com enfoque na mortalidade. Este estudo privilegiou como fontes os registos paroquiais que utilizamos para reconstituir a paróquia, num período de 270 anos, através do método de "reconstituição de paróquias" desenvolvido por Norberta Amorim. O cerne deste trabalho situou-se na abordagem, de forma mais pormenorizada, da mortalidade. Numa primeira fase efectuou-se o estudo da mortalidade normal, tendo-se calculado os índices sazonais e as diferenças por idade e por sexo. Numa segunda fase, foi analisada a mortalidade excepcional identificando e medindo a intensidade das crises existentes ao longo de todo o período. Uma análise mais detalhada destes "acidentes" permitiu a tomada de consciência que durante o Antigo Regime a norma e a excepção se confundiam de forma constante. Da regularidade desta situação emergiu a necessidade de conhecer como enfrentava a população a morte, estudando todo o envolvimento religioso. Abordou-se a questão tendo em conta os sacramentos e sufrágios, os rituais fúnebres e locais de enterramento e por último, a redacção do testamento.

◙◙

- 19 -

Page 21: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

6 DEZEMBRO, 4ª SESSÃO - 14h00 – 16h15

Sub-tema – Instituições e políticas do território

Coordenador: Maria Augusta Lima Cruz (UM, Portugal)

ROMERO PORTILLA, Paz UC, Espanha

EL PARTICULAR TERRITORIO FRONTERIZO ENTRE PORTUGAL Y GALICIA EN LA EDAD

MEDIA. La doble función de la frontera como área de defensa y barrera comercial tuvo una singular importancia en los límites entre Portugal y Galicia. El estudio de la documentación sobre las relaciones entre ambos espacios referentes al ámbito político, social, económico y eclesiástico, pone de relieve que entre el norte de Portugal y Galicia existió una frontera humana, pero que más que como frontera actuó como un territorio de contacto donde se dieron unas singulares relaciones y, por tanto, también problemas comunes que les mantuvieron especialmente unidos durante la Edad Media

◙◙

COSTA, Adelaide Millan Universidade dos Açores

OS CORREGEDORES DAS COMARCAS E A CONSTRUÇÃO RÉGIA DO TERRITÓRIO NOS

FINAIS DA IDADE MÉDIA. Nos últimos anos, no âmbito da alargada pesquisa sobre a “construção do Estado Moderno”, multiplicaram-se estudos de história social das instituições, sob a responsabilidade de medievalistas. A prosopografia começou por aplicar-se, precisamente, aos quadros sociais dos organismos do sistema político, inserindo-se na pesquisa global sobre os mesmos. Assim, investigou-se: o Desembargo Régio, os “departamentos”, os cargos, e o seu pessoal; os processos da organização da justiça, os cargos e os homens; as funções e as competências dos ofícios públicos e os seus titulares numa vila; a orgânica camarária e a oligarquia municipal. Filiando-se nesta linha temática e metodológica, a presente comunicação direcciona a pesquisa para os titulares de ofícios régios com incidência local e regional, até hoje os menos estudados. Mais propriamente, analisam-se os corregedores das comarcas no século XV, instrumento

régio de controle do território do reino. Ultrapassando a imagem transmitida pelos capítulos gerais e especiais dos povos, questiona-se o sistema auto-referêncial deste universo de homens, divididos entre os vínculos às elites dos centros urbanos das regiões onde exercem o seu cargo e a função de guardiães das estratégias uniformizantes da coroa.

◙◙

VALENTIM, Carlos Manuel

Universidade de Lisboa UMA COROGRAFIA RENASCENTISTA ÚTIL AO

PODER E AOS PODERES. O Tratado sobre a província de Entre Douro e Minho, redigido em 1512 por mestre António, remete-nos para todo um universo de questões que se relacionam com o “saber” e com o “poder”; com a identidade regional e nacional; com a mobilidade social e a emergência de elites, no dealbar da época Moderna. É deveras surpreendente como o autor quantifica dados de natureza demográfica, económica e financeira, ou descreve minuciosamente a geografia religiosa e militar da região em que vive. as primeiras descrições regionais, como da de mestre António, são coevas de emergência do Estado Moderno. Construir uma imagem geográfica rigorosa de um espaço, era um instrumento útil e poderoso ao serviço do poder e dos poderes, que procuravam exercer um controlo político eficaz sobre a sociedade e o território que dominavam. A nossa comunicação irá centrar-se à volta das questões enumeradas.

◙◙

CRUZ, Maria Leonor Garcia Universidade de Lisboa

AS REGIÕES NO DIÁLOGO E NAS TENSÕES SOCIAIS DO SÉCULO XVI A PROPÓSITO DO

LEVANTAMENTO DE IMPOSTOS. No século XVI instituiu-se em Portugal como tributo geral permanente e direito real a sisa, para sustento do Estado, governo da Justiça e defesa do território, não sem prévia

- 20 -

Page 22: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

discussão em Cortes, vencendo ao tempo de D. João III uma interpretação legitimadora da sua prossecução fundamentada no interesse público. Ficava, assim, criado o primeiro imposto universal, representando 3/4 do rendimento interno do Reino e uma fonte de renda mais sólida porque menos exposta que o fluxo ultramarino às vicissitudes da guerra e da concorrência política e comercial. Persistiram, todavia, obstáculos e resistências regionais quanto à forma da sua repartição, bem como ao sistema de superintendência na arrecadação e no exercício da justiça sobre os infractores. Esse facto conduziu na época o poder central a consultar concelhos, vilas e cidades de diferente dimensão e tutela jurisdicional (régia, senhorial laica ou eclesiástica, municipal) a fim de definir contratos. A deslocação de comissários reais às localidades a debater em sessões alargadas, com procuradores, oficiais e moradores, desníveis e particularidades específicas decorrentes das diferentes condições económicas das regiões mas também (ou, quiçá, sobretudo) das características sociopolíticas locais, ficou registada em abundante documentação do governo de D. João III, rica na observação de pormenores sobre o tecido social e as suas clivagens, tensões e confrontos políticos. Trata-se de um momento pouco usual, de diálogo directo de delegados do poder central com comunidades que aqueles visitam, escutam e com as quais procuram firmar acordos de âmbito fiscal. A sua análise permite ao investigador esclarecer mecanismos institucionais de gestão financeira, política e judicial, na sua articulação com configurações regionais diversificadas, na sua dinâmica com os corpos sociais e na capacidade de superar tensões, contribuindo com isso para uma caracterização do Estado moderno em Portugal

◙◙

COSTA, Elisa Maria Lopes DOS AÇORES AO ALENTEJO: UMA TENTATIVA

DE POVOAMENTO SETENCENTISTA. Serão abordados vários aspectos ligados à colonização/povoamento da região trastagana no último quartel do século XVIII, gizada pela Intendência- Geral da Polícia. Tendo por mote um grupo de famílias micaelenses ido para Beja, será feita uma breve exposição dos motivos que estiveram na génese desta transmigração, tal como de diversos problemas por ela suscitados e, cujo estudo se revela importante nos domínios

quer das interacções locais e nacionais, quer das diversidades regionais coevas

◙◙

MATOS, Henrique José Martins AS JUNTAS MINHOTAS NAS INVASÕES

FRANCESAS: A REGIÃO EM ARMAS. As Invasões Francesas provocaram profundas perturbações políticas, sociais e económicas em Portugal. A ocupação francesa do território nacional vai igualmente ter, directa ou indirectamente, um impacto ao nível da organização administrativa do território, tanto ao nível da administração central e periférica da coroa como na própria administração local. Em Junho de 1808, vai iniciar-se um movimento restaurador da ordem nacional, num sentido da periferia para o centro, com vista à substituição das autoridades francesas, instaladas na sequência da primeira invasão francesa. Deste movimento restaurador, surgido com maior ou menor espontaneidade, nascem novas instituições de cariz local e regional, as Juntas, que assumem funções essencialmente relacionadas com a defesa do território e que cedo se aliam em torno da direcção unificadora da Junta Provisional do Governo Supremo, sediada no Porto, que procurou ter uma acção política a nível de todo o território continental até à reposição do Conselho de Regência. A formação das Juntas governativas era a resposta institucional ao caos político que se instaurava com o eclodir de um amplo movimento de contestação popular, e que ameaçava as bases do sistema político e social português. Estes movimentos restauradores, se bem que tenham tido um cariz popular foram, nos casos estudados, de iniciativa das autoridades, como do Arcebispo e da câmara em Braga, ou da câmara de Ponte de Lima e Vila Nova de Cerveira, ou tiveram uma participação da nobreza, como se verificou na vila de Viana ou de Caminha. Nascidas das realidades locais, as Juntas vão contribuir para a atomização do poder, num movimento centrífugo iniciado a partir dos concelhos. A sua constituição é feita agregando as autoridades e entidades preponderantes de cada região, que na generalidade dos casos se mantiveram no poder durante a ocupação francesa, para promover objectivos que passam primordialmente pelas questões de natureza militar, naquilo que poderemos definir como uma militarização da administração. Se bem que, na sua composição, o peso mais

- 21 -

Page 23: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

significativo seja o dos corpos tradicionais, que moldam o processo “revolucionário”, não deixa de ter significado o acesso aos órgãos de poder, quem dele sempre esteve afastado e os ambicionava integrar, os negociantes, letrados e militares. Da interacção do povo com as autoridades surgiu, assim, a reacção de toda uma região contra o movimento ocupante.

◙◙

GONÇALVES, Maria Isabel Torres Câmara Municipal de Terras de Bouro

TERRAS DE BOURO – IDENTIDADE HISTÓRICO-CULTURAL E DINÂMICAS

TERRITORIAIS Durante séculos, a fronteira entre Portugal e Espanha constituiu um facto conflituoso e, de certo modo, um obstáculo inultrapassável, fazendo invalidar a perspectiva social inerente aos povos raianos, detentores de uma cultura com raízes comuns. Terras de Bouro, uma área de montanha, situada no Norte de Portugal, Distrito de Braga, tem no limite Norte a fronteira “Portela do Homem”, a raiar com Lóbios2 e possui uma área ambiental, o PNPG3, de importância nacional e internacional. As características inerentes, interioridade e isolamento geográfico, marcam o contexto histórico, com os conflitos bélicos, contrabando e emigração clandestina, factores que contribuíram para um baixo índice de desenvolvimento.

◙◙

2 Comarca da Baixa-Limia, na comunidade da Galiza. 3 Parque Nacional da Peneda-Gerês

- 22 -

Page 24: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

6 DEZEMBRO, 5ª SESSÃO - 16h30 – 19h00

Sub-tema – Desenvolvimento económico e dinâmicas demográficas e sociais

Coordenador: Margarida Durães (UM, Portugal)

COSTA, Paulo Jorge Cardoso de Sousa UM SENHORIO NOBRE NA IDADE MÉDIA

PORTUGUESA. SUA EXTENSÃO E DESENVOLVIMENTO ENTRE 1200 E 1350.

Pretendemos com esta comunicação conhecer a geografia e a extensão de um senhorio nobre medieval, a sua constituição e evolução ao longo do período apresentado. O mote do estudo foi a Honra de Avintes na Idade Média e quem foram os seus senhores, complementaria o estudo para a época moderna do século XV em diante até ao 1º conde de Avintes D. Luís de Almeida. Através de várias pistas dispersas foi possível sistematizar os senhores que governaram a honra e a extensão dos seus domínios e o papel dela nesses potentados senhoriais que obrigaram os reis da primeira dinastia a fazerem as inquirições gerais.

◙◙

VIANA, Mário Paulo Martins Universidade dos Açores

EVOLUÇÃO TOPOGRÁFICA E ECONÓMICA DE UM ESPAÇO MEDIEVAL: O CAMPO DA

VALADA (SANTARÉM). O cruzamento da documentação cartográfica existente com a informação topográfica conservada na documentação manuscrita dos séculos XII a XVI, permite elaborar uma hipótese de reconstituição de um dos espaços Medievais mais representativos do baixo Tejo e da região de Santarém: o campo de Valada. A hipótese de reconstituição assenta no estudo da hidrografia e da rede viária, na identificação da toponímia e, naturalmente, na organização social e económica deste espaço

◙◙

DUBERT, Isidro Universidade de Santiago de Compostela

TRANSFORMACIÓN ECONÓMICA E CONFLITIVIDADE SOCIAL NA GALICIA

COSTEIRA AO REMATE DO ANTIGO REXIME. No básico, pretendemos amosar como a introdución de novas artes de pesca e de novas técnicas de traballo na explotación dos

recursos mariños dou lugar na Galicia costeira a un proceso de contestación social ao remate do Antigo Réxime que se manifestou a un dobre nivel. Por unha banda, ao nivel das elites sociais dunha sociedade ata entón tradicional, cuxos membros animaron, xustificaron e lexitimaron a dita contestación, ao tempo que nos seus escritos aproveitaron para elaborar unha imaxe edénica do pasado de Galicia, que só se vía alterada neses instantes polos efectos derivados da chegada dun progreso que, entre outras cousas, tiña a virtude de cuestionar a posición de privilexio e de preeminencia que tiñan na sociedade galega da época. Pola outra, ao nivel das clases populares das vilas costeiras e dos mariñeiros das ditas vilas, cuxa resistencia e enfrontamento aberto coas novas formas de traballo e de explotación laboral asentouse en realidade nunha historia de loitas e tensións sociais previas da mais variada e diversa natureza. Unha historia que ven a desmentir e contradicir a mencionada imaxe edénica do pasado de Galicia, sen por iso cuestionar en si mesma a orde social existente na costa galega ata ese preciso momento.

◙◙

REGO, Maria Aurora Botão Pereira DA RURALIDADE DE SANTAMARINHA DE

GONTINHÃES À URBANIDADE DE VILA PRAIA DE ÂNCORA: OS CONTRIBUTOS DO TURISMO E DA PESCA NA ELEVAÇÃO A VILA (1623 –

1924) Com base no trabalho até agora efectuado, gostaria de apresentar a seguinte comunicação: até inícios do séc. XIX, Gontinhães era basicamente uma pequena freguesia rural, complementada com a importante actividade da cantaria, bem documentada através de inúmeros documentos notariais. A partir do início das décadas de 20-30 do séc. XIX a freguesia sofre uma mutação impressionante, impulsionada por dois factores (que ainda hoje são os seus motores de desenvolvimento): os "banhos" ou o turismo numa fase necessariamente embrionária e a pesca. O primeiro, por

- 23 -

Page 25: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

arrastamento, leva ao surgimento da construção, fixação do comércio e serviços, etc. o 2º - a pesca - inexistente até àquela data, é o resultado da fixação de uma pequena comunidade piscatória, maioritariamente de origem galega. A feguesia rural, cujo epicentro era a igreja matriz, fica secundarizada, a cerca de 2km de distância da freguesia urbana, actual centro de Vila Praia de Âncora. Por sua vez, a comunidade piscatória relega para segundo plano as seculares festas da freguesia rural, com o aparecimento da festa da Srª da Bonança, em 1893, padroeira dos pescadores. Seria sobre o importância destes 2 vectores - Turismo e Pesca - inseridos em contextualização da Reconstituição de Gontinhães, que gostaria de desenvolver uma pequena comunicação.

◙◙

JÚNIOR, António Otaviano Vieira

UFPA, Brasil FAMÍLIA E VIOLÊNCIA: COTIDIANO FAMILIAR

NO SERTÃO DO BRASIL (1780-1850). No Ceará, localizado no Sertão do Nordeste do Brasil, entre os anos de 1780-1850, o cotidiano das relações familiares foram tramados sob o signo de assassinatos e agressões. Nossa pesquisa investiga este universo da violência a partir do escrutínio de sentidos associados ao viver em família.

◙◙ NADALIN, Sergio Odilon

Universidade Federal do Paraná MÃES SOLTEIRAS E CATEGORIAS DE

ILEGITIMIDADE NA SOCIEDADE COLONIAL DOS SÉCULOS XVIII E XIX

A proposta de comunicação circunscreve-se no âmbito de preocupação relacionada à crítica das atas paroquiais, no que diz respeito aos limites e possibilidades das informações propiciadas por essa categoria de fontes. Nesse sentido, fundamentado na documentação do acervo da Basílica Menor de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba e tendo como fio condutor o estudo da “ilegitimidade”, objetiva a aquisição de elementos para a construção de indicadores adequados, considerando desejáveis estudos comparativos no Antigo Regime, em especial nas sociedades ibero-americanas coloniais.

◙◙

BACELLAR, Carlos de Almeida Prado Universidade de São Paulo

A TERRA DOS AÇUCARES: FAMÍLIA E HERANÇA ENTRE OS SENHORES DE

ENGENHO DE S. PAULO NO FINAL DO PERÍODO COLONIAL.

A partir de meados do século XVIII, surge na capitania de São Paulo uma elite agrária voltada para a produção de açúcar para o mercado atlântico. Progressivamente enriquecidos, os senhores de engenho vão estabelecer estratégias familiares para a conservação, reprodução e transmissão de suas fortunas para as gerações seguintes. Nesta comunicação, iremos analisar como a prática dos casamentos consangüíneos, aliada a uma política de expansão da fronteira agrícola para o oeste da capitania, permitiram garantir que um grande número de filhos lograssem manter o mesmo status social e econômico de seus pais, ao mesmo tempo em que garantiam a permanência do engenho familiar nas mãos de um único herdeiro, evitando os efeitos de uma legislação igualitária de partilha do patrimônio paterno.

◙◙

SCOTT, Ana Sílvia Volpi NEPO, UNICAMP

TEIAS E TRAMAS: FAMÍLIA E MANUFACTURA TÊXTIL NO CONCELHO DE GUIMARÃES NOS

FINAIS DO SÉCULO XIX. Esta comunicação discute as possíveis relações existentes entre o desenvolvimento da manufatura têxtil do algodão e a organização da família, tomando como exemplo o estudo da comunidade de São Tiago de Ronfe (Concelho de Guimarães) nas décadas finais do século XIX. Argumenta-se que as mudanças no nível econômico, causadas pelo relativo sucesso da manufatura do algodão no período, constituíram fatores decisivos para algumas alterações na composição e estrutura da família que foram detectadas, através do estudo desta comunidade ao longo de dois séculos (1700-1900). As décadas finais do século XIX apresentaram uma tendência de alteração de elementos importantes como a idade de acesso ao casamento, os índices de ilegitimidade e de celibato definitivo entre outros, que serão examinados à luz das mudanças vinculadas àquela atividade econômica.

◙◙

- 24 -

Page 26: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

7 DEZEMBRO, 6ª SESSÃO – 9h00 – 12h30 Sub-tema - Património e Memórias

Coordenador: José Cordeiro (UM, Portugal)

CARNEIRO, Alice Maria Pinto de Azevedo OS USOS SOCIAIS DO PASSADO: A

SAGRAÇÃO DO PATRIMÓNIO. (SEM RESUMO)

◙◙

SÁ, Alberto

Universidade do Minho REFLEXÕES SOBRE O PATRIMÓNIO E A

MEMÓRIA À LUZ DA ERA TECNOLÓGICA. Os tradicionais depositários do saber da Humanidade, as bibliotecas e os arquivos, ganharam a companhia de outra entidade armazenadora de informação: o disco-duro, sem dúvida, o suporte físico (hardware) que viabiliza o arquivo, gestão, organização e posterior processamento de todos os dados armazenados. A necessidade de digitalizar tudo aquilo que constitui o passado material parece ser incontornável. Tanto do ponto de vista colectivo como do individual, todo o arquivo é património, na medida do possibilitado pela tecnologia, porque a era tecnológica se esforça por permitir aos suportes do conhecimento a durabilidade e transmissão perpétuas, sem degradação nem perdas, e, se possível, acessível na Web. Mas, será de facto possível construir uma memória a partir do ciberespaço? esta comunicação pretende traçar os campos de acção tendentes à preservação do património digital enquanto herança cultural para as gerações vindouras.

◙◙

MACHADO, Rafael Universidade de Coimbra

Turismo: a sua evolução desde meados do século XIX até ao séc. XXI.

A comunicação versa a evolução histórica das viagens abordando o período entre meados do século XIX e o início do século XXI. Então, os membros da aristocracia inglesa enviavam os seus filhos, acompanhados pelos respectivos tutores, em visita às principais cidades europeias tendo

como objectivo a sua formação pessoal. Desde então, altura em que também surgem as primeiras viagens organizadas, as quais seriam a génese daquele que é hoje um dos principais sectores de actividade económica no mundo. As transformações sociais, o desenvolvimento tecnológico, e, mais recentemente, a globalização mundial, todos, foram motivo para que hoje se assista a uma mundialização do turismo ou uma turistificação do mundo. Terminaremos a nossa apresentação com a referência a uma área tão relevante quanto é a do património cultural, enquanto factor de diferenciação dos destinos turísticos, que assume especial importância nesta época de globalização mundial.

◙◙

JOÃO, Maria Isabel Universidade Aberta

OS MUSEUS AÇORIANOS E A PRESERVAÇÃO DAS MEMÓRIAS.

Num mundo em acelerada transformação, os museus regionais e locais têm vindo a assumir um papel importante na preservação da memória de actividades, de técnicas e de artes que, de outro modo, seriam rapidamente esquecidas. Nesse aspecto, o universo formado pelas nove ilhas dos Açores é um observatório privilegiado da constituição de um património museológico que já anda em torno de três dezenas de museus e de vários núcleos musealizados. O primeiro museu inseria-se na mentalidade científica típica do século XIX e foi inaugurado no âmbito das comemorações do tricentenário de Camões, em 1880, na cidade de Ponta Delgada. Fruto da curiosidade científica e do labor erudito do professor do Liceu Nacional de Ponta Delgada, Carlos Maria Gomes Machado, o “Museu Açoreano” reunia colecções de História Natural que foram sendo enriquecidas com o contributo de várias personalidades da vida açoriana. Em 1914, passou a designar-se Museu Carlos Machado em homenagem ao seu fundador. A diversificação do espólio do museu tornou-o

- 25 -

Page 27: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

bastante plural, destacando-se actualmente as secções de etnografia regional, de pintura, escultura e arte sacra. Porém, foi no século XX que surgiram a maior parte dos museus açorianos, especialmente nos últimos trinta anos. A melhoria geral das condições de vida das populações, o desenvolvimento do turismo e a atenção que passou a ser dada aos projectos culturais justificaram a expansão dos museus. O Decreto Regulamentar Regional nº41/1991/A, de 25 de Novembro foi uma peça fundamental no ordenamento da rede regional de museus. Assim, passou a distinguir-se os museus regionais e os museus de ilha, que vieram substituir as antigas casas etnográficas. A Direcção Regional da Cultura é hoje responsável por quatro museus regionais: o Museu Carlos Machado, em Ponta Delgada, o Museu de Angra do Heroísmo, o Museu do Pico e o Museu da Horta. O Museu do Pico é composto por três núcleos: o Museu dos Baleeiros, na vila das Lajes, o Museu da Indústria Baleeira, na vila de São Roque do Pico, e o Museu do Vinho, na vila da Madalena. O Museu da Horta integra o núcleo citadino e o Núcleo Museológico dos Capelinhos. Os museus de ilha são os seguintes: o Museu de Santa Maria, o Museu da Graciosa, o Museu de São Jorge, o Museu das Flores e o Museu do Corvo, dependente do último e em fase de constituição. Além desta rede pública, há ainda diversos museus municipais, de Juntas de Freguesia e de paróquias, além de museus privados. Trata-se, de facto, de um conjunto significativo de museus que devem assumir responsabilidades na conservação e inventariação do património cultural açoriano, no estudo da etnografia, da história das ilhas e das relações do homem com o meio ambiente. Pretende-se que os museus mantenham estreitas relações com a comunidade e com o público em geral, através de iniciativas de animação e de extensão cultural. Um papel relevante é atribuído aos serviços educativos e à colaboração com as escolas em acções de natureza pedagógica. Deste modo, os museus deveriam ser pólos de dinamização cultural e activos repositórios da memória e da identidade dos açorianos.

◙◙

PEREIRA, Luís Miguel Pires DA MEMÓRIA E DO ESQUECIMENTO NUM

ARQUIVO MUNICIPAL. LEMBRANÇA, RESTITUIÇÃO E DESINTERESSE.

A comunicação dará conta de uma etnografia4 realizada no Arquivo Municipal de Guimarães. Toma como ponto de partida o facto do forte discurso mnemónico associado ao Arquivo não ter tradução na rotina desta instituição, pelo contrário. Equacionado o par memória/esquecimento, a investigação desenvolveu-se no sentido de descrever a construção do esquecimento pelo Arquivo. Uma construção observável nas “maneiras de estar” (urbanísticas, mediáticas e funcionais) e nas “maneiras de fazer” (documentos e histórias). Também no arquivo a memória corre de par com o esquecimento.

◙◙

PINTO, Maria Elisabete de Sousa A IMPORTÂNCIA DOS TESTEMUNHOS ORAIS

PARA A VALORIZÇÃO DO PATRIMÓNIO INDUSTRIAL: O CASO DA ZONA DE COUROS,

EM GUIMARÃES. Neste trabalho, procura-se demonstrar a importância da tradição oral para a compreensão da dimensão social de infra-estruturas industriais desactivadas. Tendo em conta o caso da Zona de Couros, em Guimarães, tentar-se-á realçar a importância das informações orais na complementação do conhecimento recolhido através de outras fontes documentais.

◙◙

SANTOS, Carlos Roberto A.

UFPR, Brasil A ALIMENTAÇÃO E O SEU LUGAR NA

HISTÓRIA: A PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA E DO PATRIMÓNIO GUSTATIVO DA SOCIEDADE

BRASILEIRA (1960/2004) As cozinhas locais, regionais, nacionais e internacionais são produtos da miscigenação cultural, fazendo com que as culinárias revelem vestígios das trocas culturais. Hoje os estudos sobre a comida e a alimentação invadem as ciências humanas, a partir da

4 O trabalho de campo decorreu entre 2002 e 2004 tendo em vista a preparação da dissertação de mestrado em “Património e Turismo” (Universidade do Minho).

- 26 -

Page 28: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

premissa que a formação do gosto alimentar não se dá, exclusivamente, pelo seu aspecto nutricional, biológico. O alimento constitui uma categoria histórica, pois os padrões de permanência e mudanças dos hábitos e práticas alimentares têm referências na própria dinâmica social. Os alimentos não são somente alimentos. Eles são atitudes, ligadas aos usos, costumes, protocolos, condutas e situações. Nenhum alimento que entra em nossas bocas é neutro. A historicidade da sensibilidade gastronômica explica e é explicada pelas manifestações culturais e sociais, como espelho de uma época e que marcaram uma época. . Nesse sentido, o prazer peculiar proporcionado pela História da Alimentação mostra que o que se come é tão importante quanto quando se come, onde se come, como se come e com quem se come. Enfim, este é o lugar da alimentação na História. A presente pesquisa parte da constatação das transformações trazidas pela urbanização e mundialização, onde a alimentação passou e continua passando por mudanças impostas pelos novos estilos de vida.Tais estilos de vida aportam novas expectativas de consumo que afetam nosso paladar, influenciando fortemente nossos hábitos, costumes e padrões alimentares. O foco da pesquisa é buscar preservar o patrimônio gustativo da sociedade brasileira, numa forma de resistência ao fast-food, através da construção de uma arca do sabor onde produtos, pratos e receitas com memória histórica, tradição e identidade, aí serão preservados.

◙◙

MORAES, José Geraldo Vinci Universidade de São Paulo

A MÚSICA POPULAR NA OFICINA DA HISTÓRIA.

Nos últimos anos houve no Brasil certa multiplicação entre os historiadores de ofício, de trabalhos e pesquisas acadêmicas envolvendo temas relacionados direta ou indiretamente com a “moderna” música e canção popular urbana. Rápido balanço dessa produção historiográfica universitária das duas últimas décadas do século XX revela que provavelmente a “surdez dos historiadores” está em via de cura e o tema parece sair de seu isolamento historiográfico. Deste modo, torna-se imperativo discutir e aprofundar as questões teóricas e metodológicas que envolvem o tema especificamente na oficina da Historia.

◙◙

- 27 -

Page 29: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

7 DEZEMBRO, 7ª SESSÃO - 14h00 – 16h00

Sub-tema - Património e Memórias

Coordenador: Arnaldo Melo (UM, Portugal)

LÓPEZ SILVESTRE, Federico Universidad de Santiago de Compostela

LA ILUSTRACIÓN GALLEGA Y LA VALORACIÓN DEL PAISAJE (1724-1833)

Entre 1723 y 1833 se puede constatar un cambio de sensibilidad en Galicia. Desde que el Intendente General del Reino de Galicia Rodrigo Álvarez Caballero y Llanes proponga la plantación de una amena alameda en las inmediaciones de La Coruña y el padre Feijoo dedique algunos párrafos de sus obras a introducir sinceras celebraciones del entorno, bastantes jardines, algunas pinturas y unos cuantos poemas pondrán de manifiesto que el paisaje empezó a abrirse paso en Galicia. Concretamente, en este período se pasará de un proto-paisaje de segundo grado –en el que sólo se pueden mencionar algunos brotes de las prácticas jardineras y literárias – a un proto-paisaje de tercer grado–en el que, además de extenderse las representaciones literarias y las arquitectónico- espaciales, verá la luz la representación pictórica –. ¿A qué se deben esas novedades? ¿Por qué coinciden ahora, especialmente a finales del setecientos, todos esos avances? En esta comunicación descubriremos que la nueva mirada sobre el entorno, que se pondrá de manifiesto en el recién estrenado repertorio artístico y literario, no sólo medrará porque algunas mentes sensibles, adaptadas a las modas internacionales, así lo quieran. Para que alguien en Galicia tome la decisión de seguir lo ajeno, previamente tenía que estar predispuesto a darlo por bueno. El movimiento ilustrado y la apertura al mundo que éste promovió jugarían un papel fundamental en este sentido. Sólo después de que un puñado de renovadores comenzase a observar con atención el entorno, pudo iniciarse sin problema su explotación como fuente de placer.

◙◙

PINA, Madalena Esperança Universidade Nova de Lisboa

O AZULEJO E A MEDICINA NA GRANDE LISBOA

A relação entre a Ciência e a História, entre a Ciência e a Arte, ou entre a Ciência e a História da Arte torna-se imprescindível para a abertura de novos horizontes e expressa bem o valor da interdisciplinaridade. É neste âmbito que a Medicina pode ser vista à luz da História e também da Arte. Desde que o homem existe, é possível falar não de história da Medicina, mas certamente de história da cura. A evolução da Medicina acompanhou a história do homem, a evolução dos acontecimentos históricos e das manifestações artísticas. Neste sentido, sendo a Azulejaria uma manifestação artística e cultural de tanta importância em Portugal, procura-se neste trabalho interligá-la com a Medicina, analisando os aspectos médicos que se encontram na Azulejaria, na área da grande Lisboa. Essa interligação manifesta-se através de episódios médicos, cenas bíblicas, representação de Santos que de alguma forma se relacionam com a Medicina e cenas das suas vidas, factores relacionados com saúde e assistência ou fachadas de farmácias, entre outros.

◙◙

NUNES, Maria de Fátima Universidade de Évora

ESPAÇOS DA CIÊNCIA NO SÉCULO XIX E XX. LISBOA E ALENTEJO: CENTRO E PERIFERIA. O

CASO DA FOTOGRAFIA. A nova concepção de Fonte para a História da Ciência no âmbito de um público entendimento da ciência (PUC) abriu novas perspectivas para a História da Ciência em Portugal. A produção e transmissão de conhecimento científico pela comunidade científica criou imagens de cultura científica identificadas com as práticas culturais e

- 28 -

Page 30: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

científicas dos cientistas portugueses ligados a instituições de ciência nos séculos XIX e XX. Duas escalas: nacional/local. De Lisboa à dimensão local do Alentejo, inserindo a dinâmica de prática de ciência numa rede internacional, práticas de experimentação e rede de conhecimentos. Portugal é um país periférico, encaixado no eixo de transmissão e divulgação de Ciência, permitindo investigar em campos diferentes. Surgem, pois, espaços da ciência como património, muitas vezes centrados num Laboratório, peças de uma construção de memória de ciência no centro de um Império: Lisboa. É o momento de partir do epicentro dos espaços de Ciência, na capital, e projectar para práticas de Ciência e da sua utilidade pública na escala local/regional – o Alentejo, como fronteira geograficamente aberta ao resto da Europa, valorizando, neste contexto, a prática individual do cientista. Pretendemos realizar este percurso pela via da utilização da fotografia como prática científica no século XIX e XX, ao nível institucional e ao nível individual.

◙◙

MARQUES, Catarina Miranda Basso A PARTIR DO DAGUERREÓTIPO: A

ILUSTRAÇÃO NA IMPRENSA ILUSTRADA E PRIMEIROS USOS DA FOTOGRAFIA (1830-

50). Os jornais e revistas pitorescas e ilustradas adoptando modelos inspirados em periódicos franceses e ingleses adquiriram projecção em Portugal a partir da década de 30. Se inicialmente a utilização da gravura permitiu a difusão da iconografia dos monumentos, paisagens e retratos nacionais e internacionais nos nossos jornais, a partir da década de 40 assistimos à lenta e progressiva introdução da imagem fotográfica. Contudo, a fotografia tem ainda de passar pelas mãos do gravador para ser publicada na imprensa, e temos de esperar pelo final do século para que sejam introduzidos os meios de reprodução foto-mecânicos capazes de a reproduzir fielmente. Até lá, serve a fotografia como base de realização de desenhos destinados a ilustrar as páginas dos jornais, inspirando os nossos artistas que trabalham sobre cópias de fotografias, ou a partir do daguerreótipo.

◙◙

ARAÚJO, Nuno Borges AS PUBLICAÇÕES ILUSTRADAS COM

RETRATOS FOTOGRÁFICOS E A RENOVAÇÃO DA ICONOGRAFIA OITOCENTISTA EM PORTUGAL.

As publicações ilustradas com retratos fotográficos colados, surgem em Portugal no século XIX, a partir da década de 60, constituindo um caso particular da história da ilustração, contemporâneo de um período de expansão da técnica fotográfica. Tiveram o seu auge nos finais da década de 70 e inícios da década de 80, e desapareceram gradualmente com o aparecimento de novas técnicas de ilustração. No caso das publicações periódicas, constituíram verdadeiras «galerias biográficas» que tiveram um papel importante na renovação e divulgação de uma nova iconografia, novos modelos e valores, durante o período da monarquia constitucional. Estas publicações constituem um importante repositório de documentação iconográfica oitocentista, ainda hoje não inventariado e pouco acessível à consulta generalizada.

◙◙

RAMIRES, Alexandre DATAÇÃO E AUTORIA NA HISTÓRIA DA

FOTOGRAFIA EM COIMBRA. (SEM RESUMO)

◙◙

- 29 -

Page 31: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

7 DEZEMBRO, 8ª SESSÃO – 16h15m – 18h00m Sub-tema - Instituições e políticas do território

Coordenador: Maria Augusta Lima Cruz (UM, Portugal)

FALCÃO, Conceição Universidade do Minho

ESPAÇOS DE MEMÓRIA NOS CENTROS URBANOS MEDIEVAIS, ENTRE OS PODERES E

A SOCIABILIDADE. (SEM RESUMO)

◙◙

FAURE, Francisco G. C. Líbano Monteiro

Câmara Municipal de Guimarães EVOLUÇÃO URBANA NUM BAIRRO DE

GUIMARÃES. NOVOS DADOS TRAZIDOS À LUZ PELA ARQUEOLOGIA.

Algumas das mais recentes escavações arqueológicas realizadas pela Câmara Municipal de Guimarães/Gabinete Técnico Local, permitiram trazer à luz novos aspectos sobre o desenvolvimento urbano da cidade. Durante uma dessas escavações, no logradouro da Associação Comercial e Industrial de Guimarães, foi possível identificar novos elementos sobre a evolução do espaço entre a Misericórdia, a albergaria de S. Crispim e a igreja de S. Paio, hoje desaparecida. A presente comunicação pretende conciliar os dados da arqueologia com outros, nomeadamente os documentais, e fazer uma leitura diacrónica deste espaço entre os séc.’s XIII e XIX.

◙◙

BRAGANÇA, Sofia, COSTA, Francisco da Silva, GONÇALVES, António Bento, RIBEIRO, Célia e

VALE, Maria Amélia Universidade do Minho

O CENTENÁRIO DE ABASTECIMENTO PÚBLICO DE ÀGUA A GUIMARÃES E VIZELA –

DA IDEIA AO PROJECTO DA VIMÀGUA. Em 2004, o abastecimento de água à cidade de Guimarães fez um século de existência. Para comemorar este acontecimento, a Vimágua, Empresa de Água e Saneamento de Guimarães e Vizela, com a colaboração de investigadores da Universidade do Minho, está a elaborar uma monografia científica,

da qual esta comunicação pretende dar o seu contributo no âmbito do I Congresso Internacional de História. A Monografia Comemorativa de Divulgação organizar-se-á com base na seguinte estrutura: 1. Os Primórdios do Abastecimento de Água em Guimarães, colectânea de textos de Abade Tagilde (anterior a 1904) 2. Sistema de Minas/Reservatório de Águas Municipais (1904) 3. Sistema Municipalizado de Água (1944) 4. Quadros Comunitários de Apoio (1980/90) 5. Criação da Vimágua E.I.M (2002) O estudo do abastecimento de água à cidade de Guimarães decorre de uma investigação sobre vários documentos e obras, destacando-se os “Apontamentos para a História de Guimarães” do Abade de Tagilde, no que respeito ao relato dos factos históricos até ao início do século XX; refira-se também o contributo dos livros das Actas da Câmara Municipal, bem com a importância da consulta dos diversos jornais locais, entre os quais “O Comércio de Guimarães” assume particular relevo. Os vários estudos efectuados no âmbito da Bacia do Ave, desde a década de 70, pela actual Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, também proporcionam o conhecimento de um vasto conjunto de dados na temática da água sobre o município de Guimarães. Em 1869, o Dr. Avelino da Silva Guimarães apresentou à Câmara de Guimarães uma proposta para proceder “...com urgencia á construcção d´um novo encanamento...” dada as “...queixas constantes dos habitantes de Guimarães pela falta d´um aqueducto geral que conduza da Penha para esta cidade a agua em abundancia e com limpeza...”. O estudo do abastecimento de água à cidade de Guimarães levou à elaboração de 2 relatórios publicados em 1900: o «relatorio hydrogeológico sobre o abastecimento de agua da cidade de Guimarães», elaborado por Paul Choffat e o “Estudo chimico e bacteriologico das águas de Guimarães” da autoria de Charles Lepierre. Depois de apresentadas várias propostas, o projecto

- 30 -

Page 32: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

final de canalização e abastecimento de água foi aprovado pelo governo em 1903, tendo sido a obra inaugurada no dia13 de Agosto de 1904. Passadas 4 décadas foram criados os Serviços Municipalizados de Águas e Saneamento que permitiram um novo impulso das obras de abastecimento de água à Guimarães ao longo da década de 50, face às novas necessidades decorrentes da urbanização da cidade. Em 14 de Novembro de 1950 foi feita a inauguração do abastecimento de água à cidade de Guimarães, resultado das obras de captação no rio Ave junto à vila das Taipas, da construção de reservatórios, depósito de Azurém, da central elevatória de Prazins e da rede de canalização exterior de distribuição domiciliária ao público. Só na década 90 foi novamente redefinido o quadro de abastecimento de água à cidade de Guimarães através do projecto de «reforço do abastecimento de água à cidade de Guimarães – diversos prolongamentos». A Vimágua, Empresa de Água e Saneamento de Guimarães e Vizela, E.I.M. foi criada a 19 de Fevereiro de 2002, na sequência do estabelecimento de um novo concelho, o de Vizela, no ordenamento do território português, contudo não se tratou de um mero expediente formal, antes uma nova abordagem ao serviço de distribuição de água, drenagem e tratamento de águas residuais, revestindo-se, na prática, como uma nova organização do serviço público essencial, pautado por índices de eficácia e equidade na gestão dos recursos hídricos.

◙◙ BANDEIRA, Miguel e DOMINGUES, Francisco

M. Silva Universidade do Minho

MODELAÇÃO TRIDIMENSIONAL DE UM ESPAÇO URBANO SETECENTISTA – ENSAIO PROSPECTIVO PARA A RECONSTITUIÇÃO

VIRTUAL DA PAISAGEM URBANA HISTÓRICA DE BRAGA.

No prosseguimento da investigação conducente à reconstituição do espaço urbano da cidade de Braga no século XVIII, de que se tomou como ponto de partida a diversa cartografia e iconografia alusiva ao tema, bem como as demais fontes documentais susceptíveis de contribuírem para a revelação do tópos urbano da época,

procedeu-se à construção de um modelo virtual a três dimensões, desenvolvido a partir da reconstituição bidimensional anteriormente efectuada (Bandeira, Miguel M. 1992), visando assim enriquecer e aprofundar o conhecimento compreensivo de uma paisagem urbana do passado. Mais do que um ensaio no domínio da Geografia Urbana Histórica, útil à prossecução das investigações sobre a História Urbana de Braga, à produção de novas imagens valorizadoras do património cultural local, ou mesmo até, como informação de apoio ao planeamento e intervenção urbanística, pretende-se, também, com a presente comunicação, demonstrar as potencialidades das novas tecnologias de expressão geográfica, enquanto instrumento de apoio à investigação da História do Território. Iniciada a apresentação pelas técnicas e metodologias empregues, do qual se destacarão os recursos e limitações dos sistemas, passar-se-á à caracterização morfovolumétrica e da estrutura urbana, que acompanhará uma pequena visita virtual à cidade de Braga setecentista.

◙◙

SILVA, Susana Maia O PROJECTO URBANÍSTICO DO BAIRRO DE CAMPO DE OURIQUE (1878-1932) – A SUA IMPORTÂNCIA PARA A CIDADE DE LISBOA.

O bairro de Campo de Ourique constitui um projecto urbanístico pioneiro, no contexto das propostas urbanísticas elaboradas para a capital nos finais do século XIX. O planeamento do bairro despoletou, juntamente com outros empreendimentos, o processo de expansão urbanística da capital. A concepção de uma malha urbana, moderna e racional, numa zona afastada do centro socio-económico da capital, criou uma estrutura com uma identidade única, cuja ideologia urbanística foi preciosa para posteriores realizações merecendo por isso uma apresentação, contributiva para a História do Urbanismo Português.

◙◙

- 31 -

Page 33: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

GRUPO II - CULTURAS E RELIGIÕES (Anfiteatro B2, CP II)

7 DEZEMBRO, 8ª SESSÃO – 16h15m – 18h00m Sub-tema - Instituições e políticas do território

Coordenador: António Magalhães (UM, Portugal)

FERNANDES, Aires Gomes Universidade de Coimbra

O MOSTEIRO DE SANTA MARIA DE OLIVEIRA DURANTE O PRIORADO DE D. VASCO

AFONSO (1442-1457) O mosteiro de Santa Maria de Oliveira, da Ordem de Santo Agostinho, localizado na Terra de Vermoim, era um dos muitos mosteiros, de observância agostiniana, implantados na bacia do Ave. Feito o natural enquadramento histórico-geográfico da instituição, abordaremos a gestão de D. Vasco Afonso à frente deste cenóbio. Far-se-á, à luz da documentação, uma análise do seu priorado, relevando a sua acção à frente do mosteiro numa altura em que a instituição se debatia com inúmeros problemas internos e o próprio reino era assolado pela instabilidade política que culminaria com a batalha de Alfarrobeira.

◙◙

RÊPAS, Luís Miguel Malva de Jesus Universidade de Coimbra

A MULHER RELIGIOSA NOS LIVROS DE LINHAGENS MEDIEVAIS

A Igreja do Ocidente desde cedo olhou para a mulher com alguma desconfiança e mesmo com algum temor. Marcada pelo papel de Eva no Pecado Original – que encarna a tentação e motiva a expulsão do Paraíso - , a mulher foi vista, sobretudo pelos homens da Igreja, como portadora do mal. Aliás, a Igreja, só no séc. XII, começou a responder aos anseios das mulheres que pretendiam encontrar dentro delas o caminho da salvação. Desde então, multiplicaram-se os mosteiros femininos. A “opção” pela vida religiosa, m clausura, representava,

aparentemente, uma ruptura com o mundo. Num espaço onde se exalta o espiritual em detrimento do material, onde se privilegia p etéreo em favor do corpóreo, a mulher ganha uma nova dimensão, longe do jugo do pai ou do marido. Como esposas de Cristo, numa união mística, a quem consagravam a sua castidade, como intercessoras entre os crentes e o sagrado, mas também como líderes de comunidades conventuais e como gestoras de grandes senhorios monásticos, as mulheres religiosas conseguiram afirmar-se numa sociedade de homens. No decurso deste processo, a sociedade medieval criou uma determinada imagem das reclusas, que pretendemos perscrutar. Para tal, tomaremos como ponto de partida o texto genealógico dos Livros de Linhagens.

◙◙

SOARES / Ivone da Paz Conservatório de Música Calouste

Gulbenkian O DEVER SER E O SER NAS COMUNIDADES

RELIGIOSAS SETECENTISTAS BRACARENSES. As candidatas à clausura traziam com o seu enxoval alguns costumes do século. Provisões, decretos, regulamentações e devassas saíram da pena do Arcebispo D. José de Bragança, de D. Gaspar e de outros interventores para revivificar os estatutos conventuais, os princípios de cada ordem religiosa, os seus ideais de entrega da alma e do corpo a Deus. O encontro com a devoção, a fé,a vocação foi frequentemente definida pelo poder para se atingir a perfeição, suprema aspiração. Os bispos e arcebispos exerciam um direito disciplinar e de vigilância, tanto da vida material como da moral-espiritual, nas diversas comunidades religiosas e para-religiosas, como conservatórios e recolhimentos.

- 32 -

Page 34: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

◙◙

FONSECA, Maria Adília

A MULHER OPERÁRIA NA IMPRENSA PORTUGUESA (PRIMEIRAS DÉCADAS DO

SÉCULO XX) A imprensa do início do século XX destaca a presença da mulher no mundo laboral como imperativo económico e fatalidade moral e social. Esta ambivalência, que desencadeia representações monolíticas em torno dos

temas de reflexão, configura o trabalho feminino como elemento alheio ao corpo social. Para a mulher é impulsor de emancipação, daí ser propósito vão repor os tempos idos. Assim, cabe ao Estado desenvolver competências que regulem esta realidade em desequilíbrio.

◙◙

- 33 -

Page 35: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

5 DEZEMBRO, 2ª SESSÃO - 16h30 – 19h00 Sub-tema – Sociabilidade e práticas culturais

Coordenador: Paula Bessa (UM, Portugal)

VINTILA-GHITULESCU, Constanta Universidade de Bucareste, Roménia

ENTRE ÉGLISE ET TAVERNE : SOCIABILITÉS ET PRATIQUES CULTURELLES DANS LA SOCIÉTÉ ROUMAINE DU XVIIIe SIÈCLE.

L’Eglise orthodoxe roumaine a au XVIIIe siècle une position ingrate. D’une part, elle a la mission d’éduquer et former les gens. Par l’intermède d’un tribunal ecclésiastique et par la création de tout un appareil de surveillance et de contrôle, elle intervient quotidiennement dans la vie de l’individu. D’autre part, elle est la plus importante propriétaire des tavernes éparpillées sous l’ensemble de pays. A partir de cette position ambiguë et des riches archives judiciaires, on tente d’étudier les pratiques sociales fabriquées entre les deux pôles de la sociabilité (église et taverne) et le rôle de l’institution ecclésiastique dans leur sanction.

◙◙

GOULART, Susana e LALANDA, Margarida Universidade dos Açores

SOCIABILIDADES INTERNAS E EXTERNAS NO MUNDO CLERICAL DO ANTIGO REGIME.

A formação do corpo de eclesiásticos no decurso do século XVIII obedece aos parâmetros legais estipulados no Concílio de Trento. As exigências económicas, sociais e culturais e são determinantes para a inserção dos indivíduos na rede sacerdotal. Nesta comunicação, serão analisadas as estratégias e os mecanismos que os pretendentes à vida eclesiástica utilizam para ascender às ordens sacras, bem assim como todo o patrocínio da sociedade micaelense na promoção dos tonsurados.

◙◙

SILVA, Luiz Geraldo

Universidade Federal do Paraná CARIDADE BRANCA, UNIÃO NEGRA. CAMPO RELIGIOSO E CATOLICISMO BARROCO NA

AMÉRICA PORTUGUESA (1706-1782). Analisam-se aqui irmandades constituídas por negros livres e cativos da América

portuguesa no século XVIII mediante noções de catolicismo barroco e campo religioso. Conclusivamente, sugere-se que cativos e negros livres, em contraposição à religiosidade de senhores brancos, centrada na caridade, defendiam sua posição social a partir de recepção seletiva e de interpretação particular do cristianismo, enfatizando a devoção e a união entre os “homens pretos”.

◙◙

BACELLAR, Carlos de Almeida Prado

Universidade de São Paulo PADRINHOS E COMPADRES NA SENZALA: AS PRÁTICAS DO COMPADRIO ENTRE CATIVOS

NA VILA DE SÃO LUÍS DE PARAITINGA, CAPITANIA DE SÃO PAULO, 1775-1815

Esta comunicação pretende discutir as práticas de escolha de padrinhos aquando do batismo de crianças e adultos escravos na vila de São Lucas do Parailinga entre 1775 e 1815. Recorrendo aos registos paroquiais de batismo e às listas nominativas de habitantes, procuramos reconstituir as práticas de sele de padrinhos para cada senzala tomada em seu conjunto, buscando perceber a ocorrência ou não de padrões de comportamento. Nesse sentido, nossa expectativa de perceber o quão frequente era a presença de livres apadrinhando cativos, com especial atenção para o senhor e sua família, ou, pelo contrário, o quão frequente era a escolha de companheiros de senzala, ou mesmo de outra senzala, para exercerem este papel de tamanha importância. Esta discussão remete, acima de tudo, para a polémica sobre os caminhos de resistência escrava, a mesmo tempo em que avançamos para um melhor conhecimento das formas de sociabilidade que se ofereciam ao cativo.

◙◙

FARIA, Inês Martins

A IGREJA E O POVO NA VIDA E NA MORTE (SÉCs. . XVIII A XX): UM ESTUDO COM BASE EM VISITAS PASTORAIS E TESTAMENTOS.

Com base no Livro das Visitações (1761 – 1833) e nos Testamentos (1720-1936)

- 34 -

Page 36: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

relativos a Curvos, do concelho de Esposende, ficamos com a ideia da organização de algumas relações de poder (Igreja - povo católico) e de orientações sobre comportamentos sociais permitidos e proibidos típicas daqueles tempos. Delas se constata o grande peso da Igreja na vida das populações rurais, quer na normatização da vida quotidiana, religiosa e civil, quer na morte, onde o testamento é um prolongamento da vontade do testador sobre os herdeiros, delineando estratégias de vida para os herdeiros.

◙◙

FERNÁNDEZ SUÁREZ, Gonzalo Francisco Universidade de Santiago de Compostela

EL COSTE DE LA MUERTE: MEMORIAS, CAPELLANIAS Y SUFRÁGIOS EN LA CASA CONDAL DE RIBADAVIA EN EL SIGLO XVI.

La presente comunicación se centra en el estudio de una realidad presente en todas las casas nobles hispanas como es la constitución de diversas fundaciones pías.

Hemos tomado como ejemplo la casa condal de Ribadavia, una de las de mayor renombre en Galicia, por dos razones: 1º El propio protagonismo de sus titulares en el ámbito cortesano del siglo XVI. 2º El amplio caudal que atesora con numerosas referencias al tema abordado. Con esta comunicación que ahora proponemos, pretendemos ofrecer una aproximación a la dimensión religiosa de esta casa noble orientada a los siguientes aspectos: 1º Las primeras capellanías, sufragios y memorias en la casa condal de Ribadavia: orígenes 2º Las motivaciones de sus promotores. 3º La evolución a lo largo del siglo y la periodicidad de las fundaciones. 4º La distribución territorial dentro de las tierras del condado y fuera de ellas: razones. 5º Ceremonias y rituales. 6º El coste económico de su manutención.

◙◙

- 35 -

Page 37: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

6 DEZEMBRO, 3ª SESSÃO – 9h00 – 12h30

Sub-tema – Sociabilidade e práticas culturais

Coordenador: Rogério Borralheiro (UM, Portugal)

RAIMUNDO, Ricardo A. Varela Universidade de Lisboa

SABER E PODER ASSINAR EM TORRES NOVAS (1670-1790): MODALIDADES E

ASSIMETRIAS. Atendendo às metodologias conhecidas para o estudo das assinaturas, procuraremos apresentar os índices de alfabetização de alguns sectores da população de Torres Novas e seu termo no período compreendido entre 1670-1790, suportando-nos nas assinaturas de 670 testamentos, provenientes das Provedorias de Santarém e Tomar. Consideraremos o comportamento dos diferentes grupos socio-económicos perante a escrita; tal como a atitude de ambos os sexos, merecendo particular atenção a realidade no interior do casal; e o contraste entre o espaço urbano e rural.

◙◙

PEREIRA, Magnus

Universidade Federal do Paraná O HOMEM QUE INVENTAVA: O CIENTISTA

LUSO-BRASILEIRO LUÍS ANTÓNIO DE OLIVEIRA MENDES NOS QUADROS DO

ILUMINISMO EM PORTUGAL Pretende-se apresentar alguns aspectos da vida e da obra de Luís Antônio de Oliveira Mendes, advogado e “filósofo” baiano que viveu em Lisboa, na virada do século XVIII para o XIX, como forma de entender alguns aspectos estruturais do iluminismo em Portugal. Oliveira Mendes era um amador das ciências que se dedicava a inventar dispositivos mecânicos e a estudar agricultura, com vistas ao “ engrandecimento da pátria” .

◙◙

CRUZ, Ana Lúcia Rocha B. CEDOPE, Brasil

A ELITE CIENTÍFICA LUSO-BRASILEIRA NOS FINAIS DO SÉCULO XVIII: PERTENCIMENTO E

IDENTIDADE. (SEM RESUMO)

◙◙

ALGRANTI, Leila Mezan Universidade Estadual de Campinas CIRCULAÇÃO E POSSE DE LIVROS

RELIGIOSOS NO RIO DE JANEIRO (1808-1821)

A proposta da comunicação é analisar o que ocorreu em um dos segmentos mais importantes e difundidos da literatura da época – os livros religiosos – na América Portuguesa, após o impacto do pensamento ilustrado na Europa e em Portugal. O caso do Rio de Janeiro será considerado emblemático do gosto e dos interesses de leitura nas principais cidades, no início do século XIX. Para tanto serão analisados os dados disponíveis sobre importações de livros em dois corpus documentais semelhantes: a Real Mesa Censória e Tribunal do Desembargo do Paço.

◙◙

SOUZA, Valeria Floriano Machado Universidade Tuiuti do Paraná, Brasil

CLERICAIS E ESPECIALISTAS: CÍRCULOS INTLECTUAIS E PODER NA FACULDADE DE FILOSOFIA DA UNIVERSIDADE DO PARANÁ

(1958-1963). O trabalho, ora apresentado, estabelece como objeto de análise o grupo de professores da Universidade do Paraná que tomaram frente à administração e à produção acadêmica entre o período de 1958 e 1963. Objetiva-se resgatar a geração de intelectuais que, lideraram a produção intelectual local junto ao cenário nacional, confrontando-se com a administração da Universidade – naquilo que se refere às práticas de controle do patrimônio material e intelectual- além de, consequentemente, exigir a análise das marcas deste embate na constituição de um habitus no interior da Universidade.

◙◙

- 36 -

Page 38: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

LAGE, Maria Otília Pereira

Universidade do Minho INTLECTUAIS E EXÍLIOS (PORTUGAL, ANOS

1940-1970): UMA POSIÇÃO DE CHARNEIRA,

O INTELECTUAL CRÍTICO JORGE DE SENA. Com esta comunicação traz-se a debate uma apresentação sumária de projecto pós doutoramento PORTUGAL COMO (IM)POSSIBILIDADE CONTINUADA: CIDADANIA E EXÍLIOS. À “CONVERSA” COM JORGE DE SENA em curso no âmbito do Centro de Estudos Sociais da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Evidencia-se o ponto de partida e enquadramento conceptual, ficcionando diálogo com Jorge de Sena (Portugal, 1919- 1959; Brasil, 1959-1965; EUA,1965 - 1978) engenheiro e poeta, escritor português “cidadão do mundo” como modo de entrada, através do seu universo ficcional, para um estudo sociohistórico e cultural do Portugal

Contemporâneo, análise aprofundada no quadro teórico das novas ciências sociais e históricas (I.Wallerstein , 2004) que fazem apelo entre outros ao vasto domínio dos estudos culturais. O estudo de Jorge de Sena é essencial a quem do pensamento e mal estar crítico de meio século, se ocupar (Eduardo Lourenço). Tal a exigência que se nos coloca ao pretender, o que em última instância se visa com este projecto: compreender a posição de Portugal entre centro e periferia, através de uma linha de pesquisa centrada na compreensão do papel que se joga na relação intelectuais - cidadania - exílios e em que, a nosso ver, enraízam características específicas da modernidade em Portugal. A exemplaridade da vida-obra seniana afigura-se-nos hoje também fundamental para a compreensão da experiência contemporânea de transnacionalidade.

◙◙

- 37 -

Page 39: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

6 DEZEMBRO, 4ª SESSÃO - 14h00 – 16h15 Sub-tema – Mundividências políticas e religiões

Coordenador: Francisco Mendes (UM, Portugal)

CARAMELO, Francisco Universidade Nova de Lisboa

A MUNDIVIDÊNCIA MESOPOTÂMICA – O PODER, A GUERRA E A SUA LEGITIMAÇÃO

RELIGIOSA. Na Mesopotâmia, a forma como o mundo está estruturado e a ordem social e política são percepcionadas como o resultado da vontade divina. A monarquia justifica-se pela sua origem divina e o rei é entendido como o favorito, assumido como filho do demiurgo. No plano ideológico, é o herdeiro jurídico da divindade tutelar; no plano teológico, é o reflexo luminoso, embora terreno e humano, do deus, interpretando idealmente a convergência entre os deuses e os homens. A guerra é entendida como uma dimensão legítima do exercício da realeza, na medida em que consiste na imposição de uma ordem ao outro.»

◙◙

XAVIER, Ângela Barreto ISCTE, Portugal

DE CRISTÃO-NOVO A NOVAMENTE CONVERTIDO – IDENTIDADES LIMIARES NO

REINO E NO IMPÉRIO. Para controlar os «inimigos que entre nós temos» - foram estas as palavras utilizadas pelo jesuíta Gonçalo da Silveira, em 1557, para persuadir o rei de Portugal a estabelecer um Tribunal da Inquisição em Goa. Para Silveira, esses inimigos eram, em primeiro lugar, os judeus, e, depois, os brâmanes locais. O estabelecimento de paralelismos entre estes dois grupos foi uma constante durante essa segunda metade do século XVI, e a mesma suspeição que, no reino, incidia sobre os judeus convertidos (os cristãos-novos) transplantar-se-ia para o império, obscurecendo, de igual modo, os destinos dos indianos, brâmanes ou não, que haviam optado pela conversão ao Cristianismo (sugestivamente designados por novamente convertidos). Exemplos de identidades liminares, transitórias, cuja

liminaridade se transformaria em permanência até, pelo menos, a segunda metade do século XVIII, merecem uma reflexão mais detalhada por aquilo que permitem entrever sobre as articulações entre o reino e o império e as reconfigurações sociais que aí vão ocorrendo durante a época moderna.

◙◙

PINTO, Maria do Carmo Teixeira Universidade Aberta

OS CRISTÃOS-NOVOS PORTUGUESES E A SUA RELAÇÃO COM A SOCIEDADE SEISCENTISTA. Em finais do século XV, D. Manuel I determinou o baptismo forçado dos judeus portugueses com o objectivo de impor a plena integração dos mesmos na sociedade portuguesa. No entanto, os cristãos-novos procuraram resistir a esse processo de integração e teimaram em preservar os principais traços da sua identidade judaica, nomeadamente no plano religioso, cultural e social. Tomando como base de análise algumas das principais comunidades cristãs-novas da raia alentejana, propomo-nos analisar quais as eventuais alterações verificadas nesses campos, durante as centúrias seguintes, em particular no século XVII.

◙◙

BRAGA, Isabel M. R. Mendes Drumond Universidade de Lisboa

DAS DIFICULDADES DE ACESSO AO “ESTADO DO MEIO” POR PARTE DOS CRISTÃOS

VELHOS. Desde meados do século XVI, que a tripartidação da sociedade em clero, nobreza e povo deixara de ser operativa. A teorização sobre a sociedade, a redefinição do conceito de nobreza e a criação do chamado “estado do meio”, com o consequente alargamento dos estados limpos, foi uma realidade que se

- 38 -

Page 40: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

foi impondo. A mobilidade social ascendente foi possível a todos os que não sendo nobres, mas tendo sangue limpo, andando a cavalo e tendo criados serviam ofícios ou artes consideradas nobres e, consequentemente superiores às dos plebeus. Isto é, a expressão “estado do meio” poderia compreender o que não detinham nobreza hereditária, não descendiam de judeus, mouros ou negros, mas que se situavam acima dos mecânicos e que, pela arte a que se dedicavam e tipo de vida que levavam, não poderiam ser entendidos como baixos ou vis. Tendo como fontes as Habilitações do Santo Ofício, estudam-se os entraves à mobilidade social ascendente por parte dos cristãos velhos, naturalmente detentores de sangue limpo, que pretendiam deixar de ser plebeus através da obtenção da carta de familiar do Santo Ofício, instrumento jurídico das instituições tradicionais de nobilitação, distinção e promoção social. Os cristãos velhos, não tendo o óbice do sangue impuro, podiam, contudo, ver as suas pretensões de ascensão social recusadas com base no tipo de actividade que desempenhavam ou em obstáculos diversos como ser filho natural, menor, analfabeto, de pouco siso, ou ter filhos ilegítimos, algum parente preso ou penitenciado pelo Santo Ofício, etc. É sobre a ponderação deste tipo de factores que o Conselho Geral do Santo Ofício, após a realização dos inquéritos para apurar as características dos habilitandos, que versa a nossa comunicação.

◙◙

GOUVEIA, Jaime Ricardo POR E PARA UM PEDAÇO DE CÉU NAS

TERRAS DO DEMO. UM SOLICITANTE NAS MALHAS DA INQUISIÇÃO (1679-1686)

Muito discutida e estranhamente pouco estudada, a Inquisição Portuguesa não conseguiu ainda fazer recair sobre si a atenção dos historiadores, exceptuando tão só uma pequena minoria que, não obstante o seu apreciável labor científico, não conseguiu equipará-lo ao desenvolvido nos países onde as suas congéneres

funcionaram. Muito tempo reduzido à questão dos cristãos-novos, o estudo de tão importante instituição do Antigo Regime tem, todavia, dado lugar a novos enfoques na actualidade, pressentindo-se, no futuro, o afloramento de temas ainda não desbravados. Um dos temas é o da “solicitação”, delito sob a jurisdição das Inquisições Modernas, sobre o qual não foi ainda publicado nenhum estudo monográfico para o caso português. Como já sobejamente foi afirmado por Francisco Bethencourt, não obstante a vocação anti-judaica das Inquisições ibéricas, os ecos da Contra-reforma também se fizeram ouvir em centenas de outros processos inquisitoriais, a partir de meados do séc. XVI. Na verdade, a partir desta altura, diversos “crimes morais”passaram, para a esfera jurisdicional da Inquisição. Um deles foi delito de solicitação. Porque já consultei no Instituto dos Arquivos Nacionais / Torre do Tombo, algumas fontes dessa natureza, porque já realizei alguns trabalhos nesse âmbito, e porque pretendo continuar a investigar, num futuro próximo, sobre o tema acima referido (ao delito de solicitação me refiro) onde ainda há muito desbravar, e atendendo efectivamente à importância do estudo dessa instituição para o conhecimento de uma realidade cujo véu encobre ainda relevantes aspectos, proponho como tema da minha conferência o tema do delito de “solicitação” no naipe jurisdicional do Santo Ofício Português, e as suas repercussões na sociedade portuguesa nos sécs. XVI e XVII, com um realce sobre micro história / história local, nomeadamente lançando olhares críticos sobre alguns processados originários de algumas dioceses nortenhas, entre elas a do Porto e de Braga. Procurarei esclarecer, com base em fontes primárias, grosso modo através do vasto espólio de processos e outras fontes matriciais do Santo Ofício da Inquisição contidos na Torre do Tombo e em outros arquivos, todo o enquadramento jurídico e legal do delito, seu enquadramento e repercussões na sociedade portuguesa de então.

◙◙

- 39 -

Page 41: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

6 DEZEMBRO, 5ª SESSÃO - 16h30 – 19h00

Sub- tema – Mundividências políticas e religiões

Coordenador: António Magalhães (UM, Portugal)

PEREIRA, Ana Cristina Universidade de Lisboa

O ESTATUTO JURÍDICO E SIMBÓLICO DAS PRINCESAS E INFANTAS DE PORTUGAL (1640-1736): ELEMENTOS PARA O SEU

ESTUDO∗. Nesta comunicação, mais do que um estudo de caso, pretendem-se apresentar alguns elementos sobre o estatuto jurídico, o poder simbólico e efectivo das Princesas e Infantas de Portugal, legítimas e legitimadas, no quadro da Monarquia Absoluta. Destacaremos, assim, três níveis de análise: definição dos conceitos, direitos e deveres; análise da sua participação nas cerimónias monárquicas; e, por fim, avaliação dos poderes efectivos, de natureza régia e privada, destes elementos femininos da Casa Real.

◙◙

REIS, Maria de Fátima Universidade de Lisboa

O BUSTO-RELICÁRIO DE SANTA-ENGRÁCIA: INTERESSE E CONFLITO EM TORNO DO

MECENATO PÓSTUMO DA INFANTA D. MARIA (1521-1577).

Conhecendo-se o lugar de destaque dos patrocínios artísticos da infanta D. Maria na história portuguesa de Quinhentos, procura-se neste estudo compreender os conflitos Oitocentistas em torno do busto-relicário de Santa Engrácia, feito postumamente. O lítigio envolve a paroquial e a irmandade do Santíssimo Sacramento da respectiva freguesia numa marcante disputa de poder. Enquadrado, é certo, nas habituais querelas

∗ Esta comunicação surge na sequência da investigação para a nossa dissertação de Mestrado em História Moderna, Princesas e Infantas em Portugal (1640-1727): estatuto, honra e poder, a apresentar à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, sob a orientação da Prof. Doutora Maria Paula Marçal Lourenço.

entre igrejas e confrarias, esta desavença suscita particular interesse pelo cumprimento da vontade mecenática da Infanta e especial significado pela ênfase na religiosidade e virtudes de D. Maria.

◙◙

BRAGA, Paulo Drumond

ESEAG, Portugal TESTAMENTOS DA CASA REAL DE

BRAGANÇA, 1656-1704: DEVOÇÃO, CARIDADE E POLÍTICA.

Esta comunicação analisa os testamentos que se conhecem de reis, rainhas e outras figuras da família real portuguesa nas seis primeiras décadas que se seguiram à Restauração de 1640, concretamente, de dois reis – D. João IV (1656) e D. Pedro II (1704) – de três rainhas – duas de Portugal, D. Luísa de Gusmão (1666) e D. Maria Francisca Isabel de Sabóia (1683), e uma da Inglaterra, D. Catarina (1699) – e ainda de uma infanta – D. Isabel Luísa Josefa (1690). É feita uma análise pormenorizada desses seis documentos, que são o espelho das preocupações em termos de local de sepultura, missas por alma, heranças e legados, etc. é ainda de notar a especificidade dos casos em análise, em que lugar de primeiro plano é ocupado, pelo menos nalguns deles, pela vertente política, por exemplo, com os cuidados tidos com a forma em que se deveria processar a sucessão da coroa.

◙◙

TRONI, Joana Leandro Pinheiro de Almeida Universidade de Lisboa

CASA E CORTE DA RAINHA-VIÚVA D. CATARINA DE BRAGANÇA: FACÇÕES

POLÍTICAS E GRUPOS DE CONTRA-PODER (1693-1705).

A constituição de uma casa de corte independente da Casa Real, assim como uma conduta pautada por alguma “autonomia” relativamente a D. Pedro II, seu

- 40 -

Page 42: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

irmão, são aspectos que marcam a presença de D. Catarina na sociedade portuguesa de setecentos. A formação de grupos de contra-poder régio em seu redor, num quadro de luta de facções políticas, tende a polarizar-se quando D. Catarina assume, por duas vezes a regência do reino. Deste ponto de vista, propomo-nos analisar de que forma a casa da rainha-viúva contribuiu para a formação, crescimento e favorecimento de facções políticas e elites cortesãs durante o reinado de D. Pedro II, em tempos de modernidade.

◙◙

LOURENÇO, Maria Paula Marçal

Universidade de Lisboa FORMAS DE ASSITÊNCIA AOS HOMENS DE GUERRA: D. CATARINA DE ÁUSTRIA E OS

MERCEEIROS DE BELÉM. Partindo da análise hermenêutica e detalhada do Regimento das Mercearias de Belém, pretendemos, neste texto, estudar uma das formas específicas de assistência aos homens de guerra e, em concreto, a protecção concedida pela rainha D. Catarina

de Áustria aos «merceeiros» do mosteiro de Belém. Desde os requisitos e qualidades dos beneficiários da caridade régia, até à sobrevivência material, logística e de assistência social destes homens de armas, é nosso propósito avaliar a importância e dimensão desta comunidade nas diversas vertentes da sua vivência quotidiana, dinâmica e plural. Enquadrados que estavam por um estatuto especial, importa, por outro lado, perspectivar os deveres e obrigações estatuárias destes homens de armas para com a esposa de D. João III, irmã do imperador Carlos V. Homens que viviam sobre a protecção da rainha, mas que a ela prestavam serviços e fidelidade.

◙◙

- 41 -

Page 43: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

7 DEZEMBRO, 6ª SESSÃO – 9h00 – 12h30 Sub-tema – Mundividências políticas e religiões

Coordenador: Francisco Mendes (UM, Portugal)

PEREIRA, Miriam Halpern ISCTE, Portugal

NAÇÃO, RELIGIÃO E CIDADANIA EM PORTUGAL (SÉC. XIX).

(SEM RESUMO)

◙◙

SOARES, Franquelim Neiva Universidade do Minho

NAS PEGADAS DE ACAB E JESABEL. ASSALTO AOS BENS DA IGREJA DO

LIBERALISMO À I REPÚBLICA (1834-1940). Neste período há cobiça dos bens da Igreja pelo Estado. Aqui vai estudar-se apenas evolução da nacionalização desses bens nestes dois períodos. I – Liberalismo: sob os códigos administrativos oitocentistas que espoliaram as paróquias confiando-os às juntas de paróquia. II – República: a lei da separação nacionalizou-os procedendo ao seu arrolamento. Sidónio Pais decretou a restituição, o que continuou a revolução de 1926. Mas algumas juntas reagiram. A solução foi a concordata de 1940.

◙◙

MOURA, Maria Lúcia de Brito Universidade de Coimbra

A I REPÚBLICA E A IGREJA CATÓLICA – A IMPOSSIBILIDADE DE UM COMPROMISSO.

Durante a I República, em especial entre 1910 e 1917, o poder político foi dominado por livres-pensadores, ansiosos por levar a cabo uma revolução cultural, vista como indispensável para libertar a sociedade e as consciências do domínio da Igreja Católica, cujos responsáveis máximos, por seu lado, pareciam incapazes de entender um mundo que pretendia libertar-se do sagrado. Na óptica dos governantes, a instituição religiosa constituía o grande obstáculo na via de modernização do país. Mas as leis e actuações limitadoras da prática religiosa provocaram grande resistência, passiva e activa – chegando mesmo a confrontos violentos – nas diversas frentes de combate:

na escola, no registo civil, nas corporações culturais, nos inúmeros entraves levantados à realização dos actos de culto.

◙◙

MACHADO, Elisabete Rodrigues MUTAÇÕES RELIGIOSAS NA BRAGA

CONTEMPORÂNEA: FIGURAS E PENSAMENTO.

Com a implantação da República a Igreja Bracarense, ficou profundamente abalada em toda a sua estrutura hierárquica, material e religiosa. A lei da separação ataca de forma contundente a hierarquia bracarense. D. Manuel Vieira de Matos lutou contra o laicismo de 1910 e a lei da separação. Contemporâneo da emergência do Estado Novo, um outro ciclo começara com a vinda de D. António Bento Martins Júnior. Surgia como o arcebispo da reconstrução, do reatamento do prestígio da igreja nas suas relações com as autoridades civis e políticas.

◙◙

SOUSA, Amadeu J. C.

MONÁRQUICOS E REPUBLICANOS NUMA «CIDADE DE DEUS». SUBSÍDIOS PARA A

HISTÓRIA POLÍTICA DE BRAGA ENTRE 1890 E 1926.

A análise incide sobre o curso político no declinar da Monarquia – a acção dos monárquicos e o incremento do republicanismo, designadamente – e procura detectar as mutações ocorridas durante a 1ª República. A abordagem centra-se nos aspectos políticos (as diferentes instituições, como os partidos, o Governo Civil, a Câmara Municipal, a Associação e o Ateneu Comercial ou os jornais, por exemplo, bem como os homens que as integram, designadamente os que ganham protagonismo local ou nacional) mas, para maior consistência da mesma, estende-se também pelas vertentes económica e social.

◙◙

- 42 -

Page 44: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

CAMPINHO, José

Secretaria Regional da Madeira O CÍRCULO CATÓLICO DE OPERÁRIOS DE

BARCELOS (1904-1930). O movimento dos Círculos Católicos de Operários, a partir de 1898, assinalou uma nova etapa no Catolicismo Social português, caracterizada por uma maior coordenação e visibilidade das suas acções. Para além das preocupações de ordem social em relação ao operariado – na esteira da encíclica Rerum Novarum, de Leão XIII – este movimento assumiu, sobretudo, uma função religiosa: preservar o operariado católico do contágio com as perigosas ideologias laicistas e anti-religiosas que incessantemente chamavam à revolta e à desordem. Ora, na perspectiva católica, só a religião podia garantir a tranquilidade no mundo laboral e enquadrar a missão de cada homem na organização social. E também por isso se combatiam abertamente todos os movimentos anticlericais republicanos, socialistas ou anarquistas. A fundação do Círculo Católico de Operários de Barcelos, a 20 de Março de 1904, não surgiu, portanto, isoladamente, por iniciativa espontânea de um jovem sacerdote barcelense – o Padre Bonifácio Elias Barbosa Lamela – preocupado com a situação social e económica dos trabalhadores locais. Filia-se directamente nesse processo iniciado com o Círculo Católico de Operários do Porto. Comunga inteiramente dos mesmos princípios e partilha o mesmo fim de ordem religiosa. Por isso não era relevante a inexistência de uma verdadeira e numerosa classe operária industrial numa vila como

Barcelos no início do século XX. Na primeira parte desta investigação, procura-se compreender de que modo se integra o movimento dos Círculos Católicos de Operários na história do Catolicismo Social português. Na segunda parte, focaliza-se a atenção no Círculo Católico de Operários de Barcelos, cujo centenário se está a comemorar. Aponta-se o contexto da sua fundação e afirmação – identificando, nomeadamente, as forças do anticlericalismo local ou o envolvimento com o Partido Nacionalista –, descreve-se a sua estrutura orgânica, funcional e doutrinária, e analisa-se o seu suporte social, entre 1904 e 1930.

◙◙

- 43 -

Page 45: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

7 DEZEMBRO, 7ª SESSÃO - 14h00 – 17h00 Sub- tema – Património e Expressões Artísticas

Coordenador: Francisco Mendes (UM, Portugal)

ROSAS, Lúcia Maria Cardoso Universidade do Porto

O RESTAURO DA IGREJA DE S.MIGUEL DO CASTELO DE GUIMARÃES.

O restauro da igreja de S. Miguel do Castelo de Guimarães, iniciado em 1874 sob a direcção de uma comissão constituída por Francisco Martins Sarmento, o Padre António Ferreira Caldas, J. Pinto de Queirós e o cónego José Aquino Veloso de Sequeira, foi considerado exemplar, merecendo rasgados elogios da imprensa vimaranense e da Associação dos Arquitectos e Arqueólogos Portugueses. O prestígio da igreja era imenso, na cidade e no país, não pelo seu programa construtivo, mas pela proximidade com o Castelo e principalmente por a tradição afirmar que neste templo fôra baptizado D. Afonso Henriques. A simplicidade e o reduzido programa faziam desta igreja uma amostragem das virtudes e dos tempos do rei fundador da monarquia. O critério adoptado consistiu na reconstrução do estado primitivo do monumento, nos elementos em que era possível fazê-lo, com rigor e autenticidade.

◙◙

BESSA, Paula Universidade do Minho

PINTURA MURAL DA IGREJA DE SANTIAGO DE ADEGANHA.

Esta comunicação versa as várias intervenções de pintura mural na igreja de Santiago de Adeganha, realizadas quer na capela-mor, quer na nave, apresentando os seus temas e possíveis motivações e discutindo a sua possível cronologia e encomendadores.

◙◙

BARROS, Márcia CARACTERIZAÇÃO DA ARQUITECTURA

VERNACULAR DE PROVESENDE. A aldeia vinhateira de Provesende é detentora de um longo percurso histórico, documentado desde os inícios da época medieval, hoje é uma das freguesias do concelho de Sabrosa. Dotada de um vasto património edificado, sentenciado à ruína, foi uma das mais importantes e promissoras Vilas do Alto Douro. Provesende é essencialmente o reflexo da produção vinícola, ao longo da sua história, as arquitecturas que a conformam revelam uma íntima adequação ao sítio, quer na tipologia vernacular ou mais erudita, quer na utilização dos materiais e técnicas construtivas locais. Contrariamente ao que vulgarmente se pensa, estas construções de cariz vernaculo, têm hoje um valor acrescido. São o fruto do saber e da experiência acumulada, que ao longo do tempo construiu o lugar de Provesende e a sua memória. Assim, o património edificado que hoje vemos, foi estruturado em função da vivência de uma população, cresceram e adaptaram-se para responder às necessidades usando materiais e técnicas construtivas locais. Contrariando a classificação de “arquitecturas pobres”, onde não há arquitecto, apenas uma procura incessante de soluções para o imediato, interpretar e caracterizar a arquitectura vernacula, é ler o território e a comunidade.

◙◙

OLIVEIRA, Paulo João da Cunha

Mosteiro de Tibães/IPPAR MIGUEL FERNANDES, MESTRE PEDREIRO DE RENDUFE, ALPENDURADA E TIBÃES (1716-

1731). Nesta temática, desenvolveria a relação entre os mestres que realizaram obras arquitectónicas e artísticas de grande qualidade nos mosteiros beneditinos (com

- 44 -

Page 46: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

informação nova e totalmente inédita), o apoio e orientação dos Abades Gerais de S. Bento e a sua conexão com as obras patrocinadas e desenvolvidas sob a égide dos arcebispos de Braga.

◙◙

ERASUN CORTÉS, Ricardo

Mosteiro de Santa Maria Maior de Pombeiro ESCAVAÇÕES ARQUEOLÓGICAS NO

MOSTEIRO DE POMBEIRO (2001-2005). ESTADO DA QUESTÃO.

Nesta comunicação apresentam-se os resultados das escavações arqueológicas a decorrer no período compreendido entre os anos 2001 e 2005 no mosteiro de Pombeiro de Riba - Vizela, tuteladas pelo Instituto Português de Património Arquitectónico, dentro dos trabalhos de recuperação de dito monumento.

◙◙

GRAÇA, Manuel de Sampayo Pimentel

Azevedo RIBEIRO DE FARIA: UMA FAMÍLIA DE ENCOMENDADORES NO PORTO DE

OITOCENTOS. Os Ribeiro de Faria constituem um dos mais significativos paradigmas entre as famílias da elite portuense do século XIX. Enraizados em abastados lavradores do Entre-Douro-e-Minho, radicaram-se no Porto ainda o século XVIII, aqui fazendo uma activa carreira comercial e política. Em algumas gerações, aproveitaram os novos ventos liberais para estabelecer ligações com as elites locais, catapultando-se até à aristocracia, por casamentos estratégicos com famílias da banca e da velha fidalguia da província. Na Cidade do Porto deixaram marcas sociais e arquitectónicas duradouras. Aos filhos de Francisco Ribeiro de Faria e Dona Rosa Margarida de Barros Lima, ficariam ligados cinco edifícios: a mais velha, Dona Carolina Rosa, Baronesa do Seixo pelo casamento, foi senhora da Casa da Rua de Cedofeita; Francisco Ribeiro de Faria fez construir a Casa da Rua da Torrinha; Eduardo Ribeiro de Faria herdou a Casa familiar da Rua de Cedofeita, por algum tempo quartel-general de Dom Pedro, durante o Cerco do Porto; Arnaldo Ribeiro de Faria foi o 2.º Senhor da Quinta dos Barros Lima, na Rua do Heroísmo, herdada do avô materno; e Dona Camilla Amelia, casada com o fidalgo João de Albuquerque Pereira de Mello e Cáceres, foi a grande construtora da Casa da Rua do

Rosário. São edifícios demonstrativos do gosto da primeira metade do século XIX, de arquitectura contida e classicizante, ainda dominada pelos parâmetros da almadina Junta das Obras Públicas. Já na segunda metade do século XIX seriam enriquecidos com opulentos jardins românticos, desenhados por um dos mais notáveis paisagistas do tempo: Emil David – o celebrado autor dos Jardins do Palácio de Cristal, do Passeio Alegre e da Cordoaria.

Actualmente, as cinco Casas dos Ribeiro de Faria continuam fazendo parte do património arquitectónico do Porto, erguendo-se como marcas carismáticas de um tempo, ainda que mutilados nos seus interiores e pela destruição dos respectivos jardins.

◙◙

PÉREZ SÁNCHEZ, Yolanda

Universidade de Santiago de Compostela ONTOLOGIA DEL BALNEÁRIO

DECIMONÓNICO. EL BALNEÁRIO DE MONDARIZ: MANIFESTACIÓN DE UN MODO

DE VIDA (1873-1931). El balneario de Mondariz, situado en el Sur de Galicia, fue durante décadas el balneario más lujoso de España, y el único que alcanzó la categoría de villa termal. En él se reunía la aristocracia española y portuguesa desde los años ochenta del siglo XIX hasta los años veinte, en los que entra en la dinámica decadente que venía afectando a los grandes balnearios europeos. Esta comunicación expondrá cómo se toma posesión de un espacio natural para convertirlo en un lugar significativo. Puesto que un lugar es la materialización en el espacio de un particular “modo de vida”, es necesario preguntarse por su origen y sentido. Este es el tema del presente trabajo. Utilizando el concepto de “fantasmagoría” empleado por Walter Benjamin, especialmente en su inacabado estudio sobre los Pasajes parisinos, sentará la conformación de un modo de vida propio de finales del XIX y principios del XX: la de las villas balnearias finiseculares5.La hipótesis

5 El método de investigación de Benjamin en Passagen-Werk, donde presenta los múltiples objetos de estudio como imágenes reveladoras que concretan un determinado universo conceptual, se aproxima a las intenciones que en última instancia han guiado este trabajo. Como muy acertadamente expone Susan Buck-Morss, Benjamin pretendía “tender el puente entre la experiencia cotidiana y las preocupaciones académicas tradicionales, en realidad crear esa hermenéutica

- 45 -

Page 47: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

inicial de este trabajo plantea que el balneario perpetúa el modelo de villegiatura iniciado por la villa romana, con la que comparte usos y recursos ideológicos. Pero, además, el balneario manifiesta su plena pertenencia al siglo XIX y a la emergente “sociedad del espectáculo”, cuyo rasgos más característicos determinarán su imagen y legitimación social.

◙◙

DUARTE, Marco Daniel

Fundação da Ciência e Tecnologia MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS DO 25 DE ABRIL NA UNIVERSIDADE DE COIMBRA.

A chamada Cidade Universitária de Coimbra, construída pelo Estado Novo na acrópole aeminiense, logo apelidada de “necrópole” pelos críticos das linhas severas que espelham os que a construíram, é também “locus” de um património artístico que vai para além dos cânones do Estado Novo e que se inscreve nos primeiros anos do caminhar democrático nacional. O grande mural intitulado “Para Além de Saturno”, de Maria Manuela Madureira, e as telas do pintor João Nascimento revelam bem as inquietudes críticas dos artistas e dos encomendantes que as operaram. Os encomendantes não eram já os mesmos do Estado Novo e a Universidade mudava o seu discurso.

◙◙

fenomenológica del mundo profano que Heidegger sólo alcanzó a intentar”. BUCK-MORSS, S. 2001: 19.

- 46 -

Page 48: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

GRUPO III – PODERES E ESPAÇOS – SALA 2104, CP II

5 DEZEMBRO, 1ª SESSÃO - 14h00 – 15h30 Sub-tema – Elites e Modelação da Sociedade

Coordenador: António Lázaro (UM, Portugal)

MAURICE, Philippe

Centre de Recherche Historique (EHESS-CNRS)

ORIGINE SOCIALE DES CHANOINES DE LA CATHÉDRALE DE MENDE À LA FIN DU MOYEN

AGE. Le bas clergé est souvent méconnu. Grâce à un corpus prosopographique. De plusieurs centaines de fiches que je viens de réunir dans un ouvrage publié sous les auspice du CNRS, je vais tenter de découvrir qui étaient les chanoines de cette cité languedocienne (Mende, actuel département de la Lozère). Je cherche également à montrer que ce clergé est compétent contrairement à l'image qui lui est souvent accolée.

◙◙

RODRIGUES, Ana Maria S. A. Universidade de Lisboa

“HONRADOS BARÕES E SAGES”: OS CAPITULARES BRACARENSES REVISITADOS. O retomar das notas biográficas dos capitulares bracarenses para publicação, permitiu aprofundar uma análise que apenas tinha sido esboçada em momentos anteriores. Assim, para além da determinação das respectivas origens geográficas e sociais, dos laços de parentesco e de dependência que os ligavam uns aos outros, do seu nível cultural e do seu percurso quer no seio da Igreja quer ao serviço do rei, torna-se possível – pelo menos para alguns – inventariar elementos de património, detectar negócios, desenhar áreas de influência, reconstruir redes de relações, identificar funções e actividades. Que revelam que, se os dignitários e cónegos de Braga constituem uma elite urbana que dá um carácter especial à “cidade dos arcebispos” (designação só parcialmente

correcta, uma vez que um terço da urbe pertencia ao cabido), guardam na sua maioria importantes relações com o mundo rural, marcando-o quase tão fortemente como à cidade.

◙◙

VILAR, Hermínia Vasconcelos

Universidade de Évora SERVIR DOIS SENHORES: OS CÓNEGOS AO

SERVIÇO DA REALEZA EM PORTUGAL (1245-1325).

A participação dos clérigos seculares nomeadamente de cónegos capitulares nas estruturas administrativas centrais tem vindo a ser objecto de uma crescente atenção por parte dos investigadores, em diferentes historiografias. O que se pretende com esta comunicação é aferir o grau de participação e de influência dos cónegos capitulares nas esferas mais próximas da realeza portuguesa, num período particularmente importante na construção do aparelho central, na viragem o séc. XIII para o XIV, através da identificação dos lugares e cargos ocupados, bem como da análise de algumas das carreiras destes clérigos e de como estas se construíram com base ou na dependência do serviço régio.

◙◙

BRANCO, Maria João Violante AS CARREIRAS DOS CANONISTAS DE LISBOA DO SÉC. XVIII E O CONTRIBUTO DO PROJECTO

FASTI ECCLESIAE PARA ESSE CONHECIMENTO.

É mais do que um lugar comum afirmar que o século XIII assistiu a uma considerável proliferação quer de canonistas quer do direito canónico, a todos os níveis em que os podemos conceber. O século XIII é, na

- 47 -

Page 49: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

verdade o século de ouro dos canonistas, como bem atesta o número e a qualidade de “Papas canonistas” desses anos, e o papel absolutamente indispensável que a generalização do recurso ao direito e ao apelo superior, junto com a vulgarização do direito canónico passou a desempenhar na resolução de qualquer questão. No entanto, os homens que se dedicaram ao estudo, à leccionação e à produção de obras de Direito Canónico, tiveram, na sua grande maioria, uma vida que não se restringiu ao âmbito universitário, mas que se desenrolou quase sempre no seio de um cabido e as mais das vezes ou junto à cúria pontifica ou junto às cúrias régias, ou ao serviço de

ambas. É nesta dupla vertente que nos propusemos aqui olhar para as carreiras e obras daqueles canonistas cujo trabalho conhecemos e que viveram nessa Lisboa do século XIII, esse século durante o qual a cidade ia crescer de forma impressionante e desenvolver-se até poder afirmar-se como um dos mais destacados centros de actividade económica e política do Reino. Para o efeito procurou-se cruzar os elementos já nossos conhecidos como os dados novos que surgiram no âmbito do projecto de prosopografia do clero catedralício português.

◙◙

- 48 -

Page 50: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

5 DEZEMBRO, 2ª SESSÃO – 15h45 – 19h00 Sub-tema – Elites e Modelação da Sociedade

Coordenadores: Marta Lobo (UM, Portugal)

Francisco Mendes (UM, Portugal)

LOPES, Maria Antónia Universidade de Coimbra

A IDENTIFICAÇÃO DOS DIRIGENTES DAS MISERICÓRDIAS COMO FONTE PARA A

HISTÓRIA DAS ELITES. O CASO DE COIMBRA NOS SÉCULOS XVIII E XIX.

As misericórdias, instituições onde se cruzam os poderosos e os famintos, podem ser óptimos laboratórios de análise dos dois extremos da pirâmide social. Trataremos aqui das elites. Como emanação dos notáveis de Coimbra, pois o paralelismo é absoluto entre as elites dominantes na cidade e a direcção da Misericórdia, as chefias da Santa Casa corporizam a configuração dos centros decisores da urbe nos séculos XVIII e XIX. Percebe-se com esta análise quem são os poderosos da cidade, que instrumentos e estratégias utilizam, que tipo de poder exercem, como se produzem e reproduzem.

◙◙

PEREIRA, Maria das Dores de Sousa

ELITES E PODER NA ACTUAÇÃO DA SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE PONTE DA

BARCA (1630-1800)∗. O presente artigo analisa o poder exercido pelas elites de Ponte da Barca na actuação da Santa Casa da Misericórdia entre 1630 e 1800. A irmandade foi fundada no final da centúria de quinhentos e ficou instalada numa pequena praça no centro da vila. As Misericórdias desfrutavam de privilégios, que lhes proporcionavam prestígio e constituíam um pólo de atracção a quem as desejava

∗ O texto deste artigo faz parte da tese de Mestrado intitulada “Entre Ricos e Pobres: A Actuação da Santa Casa da Misericórdia de Ponte da Barca (1630-1800), apresentada na Universidade do Minho a 18 de Fevereiro de 2004.

integrar. Servir a irmandade era um privilégio, pois o poder e a influência que os confrades alcançavam permitia-lhes a manutenção do prestígio familiar durante várias gerações, bem como aceder às várias estâncias do poder local. A confraria era constituída por cem irmãos, sendo designados por “Irmãos do Cento” e gerida por uma Mesa, eleita anualmente nos dias dois e três de Julho. Embora o acto eleitoral estivesse aberto a todos os confrades, a Santa Casa encarregou-se de o tornar o mais restrito possível, sobretudo ao longo do século XVIII. A longa permanência dos confrades no poder vedava o acesso a novos elementos, fazendo com que os cargos recaíssem frequentemente nas mesmas pessoas ou nos que tinham afinidades com eles. Alguns irmãos da Misericórdia dedicaram parte das suas vidas ao desempenho de cargos rotativamente ou em simultâneo na Misericórdia e na administração municipal. As duas instituições serviram de trampolim para projectar as elites locais, compostas normalmente pelos grandes e médios proprietários, nobres, clérigos, licenciados e militares ligados por laços de parentesco.

◙◙

FONTE, Teodoro Afonso Universidade do Minho

ELITES SOCIAIS E COMPORTAMENTOS MARGINAIS. A RODA DOS EXPOSTOS E A

PRESERVAÇÃO DA HONRA FAMILIAR. Com esta comunicação pretendemos abordar o contexto sócio-demográfico e os fundamentos jurídico-institucionais que estiveram na origem da fundação das rodas, como instituições de acolhimento de crianças expostas. A análise da legislação vigente e de algumas das normas regulamentares permite-nos identificar algumas das contradições e

- 49 -

Page 51: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

ambiguidades legislativas e institucionais. Na verdade, será importante procurar saber se a fundação destas instituições de assistência pública, dotadas com um mecanismo giratório (a roda) que possibilitava a recepção das crianças expostas em completo anonimato, terá resultado mais da necessidade imperiosa de preservar a honra das “famílias honestas”, perante a concepção e nascimento de crianças ilegítimas ou espúrias, ou antes de uma mentalidade populacionista que

pretendia evitar o aborto, o infanticídio e o abandono de crianças em locais impróprios, salvando muitas crianças que tão úteis seriam ao Estado. Trata-se de um problema que a própria legislação e as práticas institucionais alimentaram nos séculos XVIII e XIX, o qual sobreviveu à própria abolição das rodas francas, entretando substituídas pelos hospícios de admissão condicionada, na segunda metade do

século XIX. Com esta comunicação pretendemos abordar o contexto sócio-demográfico e os fundamentos jurídico-institucionais que estiveram na origem da fundação das rodas, como instituições de acolhimento de crianças expostas. A análise da legislação vigente e de algumas das normas regulamentares permite-nos identificar algumas das contradições e ambiguidades legislativas e institucionais. Na verdade, será importante procurar saber se a fundação destas instituições de assistência pública, dotadas com um mecanismo giratório (a roda) que possibilitava a recepção das crianças expostas em completo anonimato, terá resultado mais da necessidade imperiosa de preservar a honra das “famílias honestas”, perante a concepção e nascimento de crianças ilegítimas ou espúrias, ou antes de uma mentalidade populacionista que pretendia evitar o aborto, o infanticídio e o abandono de crianças em locais impróprios, salvando muitas crianças que tão úteis seriam ao Estado. Trata-se de um problema que a própria legislação e as práticas institucionais alimentaram nos séculos XVIII e XIX, o qual sobreviveu à própria abolição das rodas francas, entretanto substituídas pelos hospícios de admissão condicionada, na segunda metade do século XIX.

◙◙

MAGALHÃES, António A POMPA E A INOVAÇÃO: OS CONFLITOS DA MISERICÓRDIA DE VIANA DA FOZ DO LIMA E AS CONFRARIAS DOS MAREANTES (1523 –

1623). Os primeiros anos da existência da Misericórdia de Viana da Foz do Lima, foram marcados pelos conflitos recorrentes com a Confraria de Jesus dos Mareantes, que detendo uma incontestada supremacia na sociedade vianense, procurava obstar por todos os meios à

afirmação da novel associação, num conflito que continuaria ainda durante as primeiras décadas do século XVII. Pretende-se analisar a evolução desta disputa pela primazia no universo confraternal, procurando surpreender os diferentes protagonistas e as redes de apoio construídas pelas duas confrarias.

◙◙

CARVALHO, Rosário Salema Instituto Português do Património

Arquitectónico A REPRESENTAÇÃO DAS OBRAS DA

MISERICÓRDIA, EM PAINÉIS DE AZULEJO, NO PORTUGAL SETECENTISTA.

A partir do século XVII, a representação das Obras de Misericórdia conheceu um desenvolvimento significativo, muito possivelmente, em consequência da institucionalização da iconografia das bandeiras das confrarias da Misericórdia, em 1627. Este acto disciplinador, por parte de Filipe II, conferiu às bandeiras um novo sentido político e emblemático, mas retirou-lhes o conteúdo moral, então transferido para a representação das 14 obras que estão na base, e são o fundamento, da acção das Misericórdias. As possibilidades narrativas e plásticas do azulejo setecentista permitiram-lhe tornar-se o suporte privilegiado para este género de programas iconográficos, que podia abarcar a totalidade da igreja, ou revestir apenas determinadas áreas, como a nave, a capela-mor, ou ainda outras dependências, como a Casa do Despacho. Nos exemplos que, até à data, pudemos reunir (11 em igrejas, e 2 em salas do Despacho), a igreja da Misericórdia de Viana do Castelo tem especial interesse, não apenas por ser o único exemplo conhecido no Norte do país, mas, principalmente, pelo seu complexo programa. É uma das três igrejas que apresenta a totalidade das 14 obras de

- 50 -

Page 52: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

misericórdia - as outras são Vila Franca de Xira e Tavira, sendo que, em Évora, as obras corporais são em tela -, inseridas num conjunto de referências marianas e cristológicas, em azulejo, pintura e talha dourada. A utilização complementar de todas estas técnicas, comprova a concepção global do espaço, com objectivos muito precisos, quer a nível estético, quer temático. Na verdade, o diálogo e a relação que se estabelece entre todos estes elementos, e que muitas vezes, passa despercebido, é fundamental para a compreensão do sentido simbólico de cada um dos ciclos iconográficos, e para a sua integração na obra de arte total que é o interior da igreja da Misericórdia de Viana.

◙◙

GUIMARÃES, Augusta Xavier A ASSISTÊNCIA EM BRAGA: INICIATIVAS DA

SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX. As vicissitudes político-militares por que passou o nosso País na primeira metade do século XIX remeteram para os últimos cinquenta anos da mesma centúria o desenvolvimento de novas iniciativas de carácter assistencial. Foi o que aconteceu em Braga. Nesta cidade, foram várias as realizações de carácter assistencial surgidas na segunda metade do século XIX, tal como nos mostram os quadros que aqui apresentamos. Características do período em análise (Conferências de S. Vicente de Paulo, Associações de Socorros Mútuos…) ou originárias dessa cidade (“Pão de Santo António”, Colégio de Regeneração…), tais realizações dão-nos a conhecer o que em termos assistenciais foi criado em Braga na segunda metade do século XIX, dando-nos conta, simultaneamente, das transformações ocorridas no campo da assistência. Tal facto, só por si, justifica o estudo em particular dessas realizações, pelo que deixámos de parte, intencionalmente, a acção assistencial desenvolvida pelas iniciativas vindas do passado. Por outro lado, essas realizações mostram-nos ainda que Braga estava a par das soluções então encontradas para auxiliar os mais carenciados (Asilo D. Pedro V, Asilo de Mendicidade…). A acção assistencial desenvolvida por essas iniciativas assumiu variados aspectos, os quais importa salientar. Em primeiro lugar, a assistência praticada pelas instituições, iniciativas ou práticas assistenciais

emergentes privilegiou a satisfação das necessidades básicas e a resolução dos problemas então considerados como prementes. Os auxílios prestados foram predominantemente de carácter material, tal como nos mostra o primeiro quadro aqui apresentado. Do conjunto de necessidades e problemas considerados destacam-se os relacionados com a subsistência, a doença e a morte. Até que ponto a assistência praticada contemplou as franjas mais desfavorecidas da sociedade é outro dos aspectos a considerar. A exclusão de alguns indivíduos da oferta assistencial como, por exemplo, os que eram portadores de doenças contagiosas ou crónicas, levanta dúvidas sobre a justa aplicação dos auxílios. De igual forma, a existência de mecanismos que excluíam indivíduos da oferta assistencial, tais como a exigência de um atestado de pobreza passado na maior parte dos casos pelo respectivo pároco para se ser auxiliado, é outra das razões que nos leva a pôr em causa a real necessidade de auxílio de alguns dos socorridos. Essa exigência deixava os necessitados ao livre arbítrio de outrem. Também a amálgama de situações identificadas como de pobreza e a equivalência estabelecida, por vezes, entre algumas dessas situações e o estado de necessidade são factores que, mais uma vez, nos fazem interrogar quanto à verdadeira necessidade de auxílio de alguns dos indivíduos então socorridos. Por exemplo, ser-se cego ou ser-se aleijado não significa necessariamente ser-se pobre. Outro dos aspectos a destacar na acção desenvolvida pelas instituições, iniciativas e práticas assistenciais surgidas em Braga na segunda metade do século XIX diz respeito às suas bases de apoio. Salvo raras excepções, as iniciativas tomadas não puderam contar com o apoio das autoridades civis. A intervenção destas foi pontual e quando ocorreu ficou provavelmente a dever-se mais à iniciativa própria de quem desempenhava determinados cargos, tais como o de Governador Civil, do que a directrizes ditadas superiormente. Restaram como bases de apoio os cidadãos e a Igreja Católica. Neste caso, a intervenção de ambos foi sistemática e contínua. Quer através dos seus membros quer dos seus leigos a presença da Igreja Católica foi uma constante, tendo assumido as mais variadas formas. Um dos melhores exemplos da intervenção da Igreja na assistência é a acção desenvolvida pelas congregações religiosas que se instalaram em Braga na

- 51 -

Page 53: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

segunda metade do século XIX. O segundo quadro que aqui apresentamos dá-nos conta das congregações que nesse período vieram para Braga, das funções que exerceram e onde as desenvolveram. A sua presença, quer em instituições criadas na segunda metade do século XIX quer em instituições fundadas anteriormente, mostra a aceitação que tiveram e a importância da acção desenvolvida. Não deixa igualmente de ser significativa nesse período a maior presença em Braga de congregações portuguesas em detrimento das estrangeiras. O facto de todas elas serem femininas é outro dos aspectos que chama a nossa atenção. A existência de uma relação entre a assistência e as mulheres é, aliás, outro dos aspectos a realçar na acção assistencial desenvolvida em Braga na segunda metade do século XIX pelas iniciativas emergentes. Pertencentes ou não a associações católicas, elas souberam apoiar, sob as mais variadas formas, as realizações de carácter assistencial então surgidas. A sua actividade complementou, assim, a desenvolvida pelos indivíduos do sexo masculino. A intervenção de ambos no campo da assistência limitou-se, no entanto, aos membros das elites bracarenses desse período. Importante também em termos assistenciais foi o papel exercido pelos “brasileiros” ou “torna-viagem”. À semelhança dos restantes benfeitores terão agido por necessidade de reconhecimento social ou imbuídos dos ideais cristãos. No seu caso, porém, registámos a procura preferencial das novas instituições de assistência para se afirmarem socialmente. A acção assistencial desenvolvida pelos cidadãos em Braga na segunda metade do século XIX não se limitou a auxiliar os mais desfavorecidos. Através da criação de associações de socorros mútuos, os indivíduos organizaram-se por forma a lutar contra as habituais dificuldades da vida: a doença, a morte, a invalidez e a orfandade. Só que neste caso, os beneficiados pertenciam, à falta de melhor designação, às classes médias ou médias altas. Isto porque, por exemplo, para se fazer parte destas associações era necessário pagar a jóia e as quotas. Ora, para se poder satisfazer tais obrigações era necessário ter recursos económicos. A organização mais sistemática da caridade individual é outro dos aspectos a salientar nesta breve abordagem às iniciativas de carácter assistencial surgidas em Braga na segunda metade do século XIX. Através da criação de associações, tais como as Conferências de S. Vicente de Paulo, ou o

surgimento de práticas de caridade, como o “Pão de Santo António”, assiste-se a uma centralização da esmola individual em iniciativas que gerem o acto de dar. Um novo agente de caridade contribuiu igualmente para essa mesma organização exercendo em termos assistenciais um papel importantíssimo. Referimo-nos à imprensa. Através dela as necessidades sentidas alcançavam um público mais vasto, assim como, ao publicitar devidamente a generosidade dos benfeitores, contribuía para a afirmação social dos mesmos. A imprensa criava, assim, na segunda metade do século XIX, outras alternativas de sobrevivência para os necessitados e novas formas de praticar a caridade.

◙◙

GANDELMAN, Luciana Universidade Estadual de Campinas, Brasil DOTAÇÃO E RECOLHIMENTO DE MENINAS

ÓRFÃS: UMA COMPARAÇÃO ENTRE SALVADOR, RIO DE JANEIRO E PORTO: COLONIZAÇÃO E PODER NO IMPÉRIO

PORTUGUÊS NO SÉCULO XVIII. Ao longo do século XVIII um número crescente de instituições, tanto no Reino como em Ultramar, voltou-se para o recolhimento e dotação de meninas órfãs. A maioria destes recolhimentos estava sob a administração da irmandade da Misericórdia. As Santas Casas da Misericórdia eram irmandades leigas, de direto patrocínio régio, restritas a homens que se organizavam em torno da realização de obras de caridade. Criada originalmente em Portugal, sua influência e poderio se espalhou por todo império português, tornando-as palco das disputas em torno da expressão da caridade pessoal, de estratégias locais de poder e clientelismo e de projetos de colonização. Através da comparação dos casos do Rio de Janeiro, Salvador e Porto, o trabalho procura discutir o auxílio prestado às órfãs conjugando as implicações religiosas e morais, os valores e as relações de poder e hierarquia social que estavam em jogo no estabelecimento e funcionamento dessas instituições de recolhimento e casamento de meninas órfãs presentes no reino e em Ultramar.

◙◙

RODRIGUES, Sandra Duarte A MISERICÓRDIA DE AZEITÃO NA ÉPOCA

MODERNA – UM ESTUDO DE CASO.

- 52 -

Page 54: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

No âmbito do estudo do município de Azeitão na Época Moderna, e tendo em atenção a importância crescente que assume na historiografia actual o estudo das relações entre os diversos poderes e a forma como estes se manifestam, exercitam e interferem na sociedade da época, a proposta de comunicação focalizar-se-á num dos pontos vitais desse mesmo estudo, a saber: a Misericórdia de Azeitão. Assim sendo, será por nós apresentado um caso particular ilustrativo do funcionamento dos espaços de sociabilidade local – particularmente de natureza assistencial – e das suas relações com as diferentes esferas do poder.

◙◙

PARDAL, Rute Universidade de Évora

A CRIAÇÃO DOS ÓRFÃOS POBRES E DOS TINHOSOS: UMA OUTRA VALÊNCIA DA

ASSISTÊNCIA ASSEGURADA PELA MISERICÓRDIA DE ÉVORA NO SÉCULO XVIII.

Pelo seu número e pela visibilidade social inerente à sua condição desamparada, os expostos têm centralizado os estudos dedicados às crianças, muito especificamente no âmbito do estudo das Misericórdias. Todavia, para além deles, as Santas Casas assistiram com regularidade, ainda num quadro de desamparo mas não de abandono, os órfãos pobres e os tinhosos. No texto a apresentar tentaremos reconstituir este grupo de assistidos pela Misericórdia de Évora. Procuraremos saber quantos foram, a que tipo de núcleo familiar pertenciam e que taxas de sobrevivência alcançaram. Em suma, pretendemos iniciar um trabalho de maior fôlego que, com recurso a fontes de outro tipo, poderá acompanhar estas crianças no seu percurso de vida.

◙◙

BORGES, Augusto Moutinho OHSJD

OS REAIS HOSPITAIS MILITARES NA RAIA GALAICO-MINHOTA DURANTE A

RESTAURAÇÃO (1640-1668) Devem-se aos Reais Hospitais Militares, como consequência directa da Restauração, 1640-1668 a criação da primeira rede de saúde pública em Portugal, com Alvarás propositadamente escritos pelo Conselho de Guerra.

A coesão técnica e científica dos Irmãos Hospitaleiros de S. João de Deus fizeram com que os Mascarenhas e os Bragança incumbissem a Ordem Hospitaleira de S. João de Deus de administrarem os Reais Hospitais Militares. Numa primeira fase, em 1645, restringiu-se às Praças do Alentejo (Elvas, Campo Maior e Olivença) e numa segunda fase, desde 1646, alargou-se a todas as Praças de fronteira, começando por Monção. A linha defensiva do Minho originou a criação de um conjunto de Hospitais Militares de fronteira, estrategicamente fundados nas Praças de Guerra de Monção, Valença, Caminha e Viana do Castelo, que eram apoiados pelo Hospital Militar de retaguarda em Ponte de Lima. Após o fim das Batalhas da Restauração os Irmãos continuaram como administradores dos Reais Hospitais Militares até à data extrema de 1834, recebendo muitas vezes o nome do Santo Patrono, sendo vulgarmente conhecidos como Hospitais Militares de S. João de Deus, e que muito contribuíram para o êxito da Dinastia Nova.

◙◙

MORAES, Juliana de Mello ACOLHER E CURAR: O HOSPÍCIO DA ORDEM TERCEIRA FRANCISCANA NOS SERTÕES DA AMÉRICA PORTUGUESA, NO SÉCULO XVIII.

A assistência praticada no século XVIII no Império português se desenvolvia marcadamente pelas instituições religiosas. Nesse contexto, destacavam-se as associações leigas. Reunidos em associações, os leigos exerciam a caridade em diferentes instâncias (espiritual e material). Entre as actividades caritativas das Ordens Terceiras Franciscanas se encontra a manutenção de hospícios pelos irmãos. Atentar para o funcionamento desta forma assistencial, na segunda metade do século XVIII, em terras distantes dos centros político-administrativos lusitanos é o objetivo deste trabalho. Ao analisar o hospício construído e administrado pelos leigos congregados em devoção a São Francisco, na vila de Curitiba, buscamos inseri-la numa dimensão mais ampla da prática assistencial portuguesa. Reflexão que nos proporciona verificar as aproximações e as distâncias com estas mesmas práticas realizadas por diferentes associações leigas em distintos recantos do Império colonial português.

◙◙

- 53 -

Page 55: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

6 DEZEMBRO, 3ª SESSÃO – 9h00 – 12h30 Sub-tema – Elites e Modelação da Sociedade

Coordenador: Conceição Falcão (UM, Portugal)

PRESEDO GARAZO, Antonio

Universidade de Santiago de Compostela LAS CASAS SENORIALES GALLEGAS COMO NÚCLEOS DE REPRODUCCIÓN DEL PODER

NOBILIÁRIO EN LA ÉPOCA DE ISABEL I (1474-1504).

Las poderosas casas señoriales gallegas que contaban con una posición política y económica relevante, y que configuraban un grupo que podríamos calificar de elitista dentro del propio estamento nobiliario, presentaban a la altura del reinado de Isabel I (1474-1504) una organización interna ciertamente compacta y sólida. En buena medida, este hecho responde al progresivo proceso de jerarquización interna que experimentan los diversos espacios doméstico, económico y político que confluyen en dichas casas, y que alcanza en este período histórico un notable desarrollo. Ora, debido a la característica dinámica reproductiva nobiliaria en la que, al menos desde el siglo XIV, es manifiesta la paulatina adopción de un modelo de reproducción social excluyente en el seno de la familia biológica, íntimamente relacionado con el mayorazgo, y que tiende a reforzar la consolidación de verdaderas dinastías en las que los jefes de casa acostumbran a vivir acompañados de su parentela extensa; ora como consecuencia del alto grado de desarrollo que ha llegado a experimentar el patronazgo como fórmula de reforzamiento del poder político del estamento noble, así como de las redes de clientela que éste genera; las casas señoriales gallegas se han convertido en verdaderos núcleos de reproducción del poder nobiliario. A través de la presente comunicación, nos hemos propuesto valorar el alcance de dicha complejidad durante el último tramo del siglo XV. Para ello, hemos dado prioridad a la tarea de determinar qué cantidad de individuos integran dichas casas, diferenciando entre quienes mantienen lazos de consanguinidad con los que detentan la jefatura, de aquellos otros que desempeñan tareas generalmente político-administrativas

en pro de la casa sin hallarse unidos a estos primeros por vínculos sanguíneos, sino por el hecho de estar integrados en las redes de clientela que ha generado la propia dinámica reproductiva de la casa. Y, a continuación, nos aproximaremos a la jerarquía de cargos que nos podemos encontrar en ellas; así como al gasto que requiere el mantenimiento de dichas redes de clientela. Tanto los parientes en sentido biológico como los individuos integrados en las redes de clientela generadas por la casa, han hecho suyas las características principales del modelo reproductivo del estamento noble; de ahí la necesidad de estudiar las casas señoriales gallegas de este momento como núcleos que propician la reproducción del poder nobiliario.

◙◙

LÓPEZ DIAZ, Maria Universidade de Vigo

TRANSFORMACIONES Y PERVIVENCIAS DE UNA ELITE DE PODER CASTELLANA: LOS

REGIDORES COMPOSTELANOS DURANTE EL SIGLO XVII.

Durante el Antiguo Régimen español las ciudades castellanas, sobre todo las de voto en Cortes, fueron regidas por oligarquías y grupos medios urbanos que las consideraron un coto cerrado que actuaba a veces más como una plataforma de defensa de sus intereses que como gestores municipales. La patrimonialización y acrecentamiento de oficios practicada por la Corona, pero no exclusivamente, favoreció el proceso, pues el disponer de la propiedad del regimiento les hacía pertenecer a una “elite de poder” político a escala local. En el caso del ayuntamiento que nos ocupa, ese proceso de acrecentamiento se circunscribe al siglo XVII y en su desarrollo intervino la Corona y el poder señorial, tal y como demostramos en otro lugar. Nuestra preocupación ahora, y el objeto de esta comunicación, es estudiar el grupo, sobre todo ver las permanencias y transformaciones que se produjeron en dicha

- 54 -

Page 56: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

oligarquía municipal como consecuencia de ese aumento de cargos. No en vano tuvo que renovarse admitiendo en sus filas a nuevas familias e inclusive a algunos miembros de la burguesía de negocios que buscaban así un ascenso social. En última instancia, se trata de reflexionar sobre el papel de los cargos municipales como “palancas” en los procesos de movilidad ascendente, y desde un punto de vista político sobre el papel de la Monarquía y los grandes señores como impulsores (interesados) de esa movilidad. Las fuentes utilizadas para ello son las fuentes municipales (actas capitulares), las fuentes diocesanas (provisiones seculares) y los protocolos notariales.

◙◙

SAAVEDRA, Maria del Carmen Universidade de Santiago de Compostela

ELITES MILITARES Y GOBIERNO MUNICIPAL: LA CORUNA Y BAYONA A COMIENZOS DEL

SIGLO XVII. La presente comunicación pretende efectuar un repaso a las transformaciones experimentadas por los concejos de La Coruña y Bayona a raíz de la conversión de ambas localidades en los principales presidios de Galicia en las décadas finales del reinado de Felipe II. La presencia en estos enclaves de gobernadores militares y de algunas compañías de los tercios no sólo favoreció entonces la transformación de la jerarquía institucional vigente sino que tendría también importantes efectos sobre la composición de sus gobiernos municipales y la política desarrollada por los mismos. El acceso a los cargos de regidores de oficiales con mando en plaza y de destacados representantes de la administración militar tanto por la vía del acrecentamiento de cargos como por el sistema de renuncia constituye una realidad de efectos poco analizados y en cuyo conocimiento se pretende ahondar mediante esta investigación.

◙◙

SOBRADO CORREA, Hortensio Universidade de Santiago de Compostela

EL REINO DE LAS APARENCIAS: EL CONSUMO CONSPÍCUO DE LA HIDALGUIA

GALLEGA EN LA EDAD MODERNA. La influencia social y poder de la pequeña nobleza gallega tenía su expresión más visible en una serie de manifestaciones externas de su categoría social: construcción de magníficos pazos y casas fuertes con estacias ricamente decoradas, mobiliario lujoso, muchos servidores, lujosa indumentaria, opulentas comidas, etc. El objetivo es hacer una aproximación al denominado “consumo conspicuo” de la hidalguía gallega en la Edad Moderna, y observar en qué medida la forma de vida de esta elite era algo aislado, o bien los pazos actuaron de “focos difusores de la civilización” en las aldeas.

◙◙

NORTON, Manuel Artur Fraga

Universidade do Minho OS CARGOS DA ARISTOCRACIA HEREDITÁRIA NA PROVÍNCIA.

No século XVIII as ligações familiares da aristocracia hereditária na província tinham como uma das principais componentes a preservação dos cargos da governação concelhia entre os seus membros. Destacam-se entre outros os cargos de capitães-mores, sargentos-mores e juízes dos órfãos. Tendo como base a aristocracia concelhia de Ribeira de Soaz expõe-se as respectivas ligações familiares.

◙◙

- 55 -

Page 57: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

6 DEZEMBRO, 4ª SESSÃO - 14h00 – 15h45 Sub-tema – Elites e Modelação da Sociedade

Coordenador: Fátima Moura Ferreira (UM, Portugal)

BORRALHEIRO, Rogério AS ELITES MUNICIPAIS TRANSMONTANAS

NO ANTIGO REGIME (1750-1834). O modelo de organização política da administração local para o Antigo Regime, estruturado a partir das Ordenações e de regimentos vários, particularmente o regimento de 1670, está amplamente estudado e tipificado. Não se estende porém a todos os espaços do Portugal do continente. Trás-os-Montes, neste domínio, tem estado longe das preocupações dos investigadores. Explorando sistematicamente os processos eleitorais e os seus róis de nobreza, para algumas das câmaras de vilas e concelhos de Juiz de fora e Juiz ordinário na província de Trás-os-Montes, propomo-nos analisar a aplicação do modelo eleitoral tendo presente as especificidades que parecem acompanhar a diversidade regional presente na realidade social e económica da província e dos concelhos. A extracção dos eleitores e eleitos municipais, a condução do processo eleitoral pela acção dos seus intervenientes, designadamente do corregedor e a consequente construção do poder municipal nos concelhos transmontanos revela-nos alguns cambiantes que pretendemos apreender. O trabalho que apresentamos é uma primeira tentativa de compreensão daquilo que nos parece ser uma singularidade dos concelhos transmontanos a partir do estudo dos processos eleitorais das câmaras entre 1750 e 1834. Observaremos: 1º A definição das elites governativas, a sua origem e composição social;

2º A aplicação do sistema eleitoral. Sua prática e expressão na ocupação dos cargos do governo municipal a partir dos dados constantes dos processos eleitorais;

3º A actuação dos corregedores relativamente à lei eleitoral.

◙◙

URBANO, Pedro

Universidade Nova de Lisboa ELITE ARISTOCRÁTICA LIBERAL: AS

ALIANÇAS MATRIMONIAIS DA CASA DE PALMELA.

A problemática acerca das elites no Liberalismo tende a centrar-se nas modificações operadas pela própria revolução liberal que acarretou inevitáveis modificações no seio da sociedade de Antigo Regime. A historiografia tem realçado a ascensão de uma nova elite, consagrando o século XIX à burguesia. Em contrapartida, o que se verifica em relação à aristocracia é que esta, ainda em finais de Antigo Regime, vinha sofrendo um declínio económico, patente no seu endividamento crónico, que se agravou com abolição dos dízimos, dos forais e dos bens da coroa, que fizeram extinguir parte das suas fontes de receita e que colocaram em xeque o seu principal sistema sucessório. A par do declínio económico verifica-se igualmente um declínio político, com o progressivo afastamento da governação. Ainda que as Constituições Liberais tenham coarctado muitos dos seus poderes, suprimido os seus privilégios e derrubado o grosso dos seus rendimentos, a aristocracia conseguiu adiar até 1863 a abolição dos vínculos e morgados, iniciada em 1821; prolongar até 1910 o pariato hereditário e manter, até a essa data, os principais cargos palatinos. Para tal, poderão ter concorrido igualmente as opções políticas do próprio grupo, através da adesão ou à facção liberal ou à facção miguelista. É indiscutível a importância que a Casa Palmela desempenhou na modelação da sociedade liberal. Em finais de Antigo Regime, embora não sendo titular, tratava-se de uma família da primeira nobreza de corte que havia consolidado a sua posição social e económica ao longo das gerações que a precederam, quer pelos cargos desempenhados, quer pela vinculação à casa de alguns morgados. A adaptação à nova ordem liberal terá permitido o acesso à titulação e a confirmação do seu poder, sobretudo se atentarmos no percurso

- 56 -

Page 58: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

individual do primeiro titular, D. Pedro de Sousa Holstein, a quem foram outorgados sucessivamente, os títulos de Conde, Marquês e Duque, de juro e herdade. Pretende-se identificar e analisar as alianças matrimoniais de cada um dos indivíduos desta família ao longo do século XIX, averiguando se existem, ou não, estratégias nas escolha dos cônjuges e se, porventura, existirá um padrão de comportamento comum ao longo das gerações, como seja o caso da endogamia social do Antigo Regime. A análise dos vários contratos dotais existentes poderá também trazer pistas importantes para a compreensão das escolhas matrimoniais. Se, efectivamente, durante o Antigo Regime a aristocracia desenvolveu uma forte endogamia familiar, não só tendo em vista a manutenção do estatuto social, mas também o engrandecimento do património, propomo-nos perceber se a Casa Palmela perpetuou esses padrões tradicionais ou se o Liberalismo rompeu com os cânones anteriores no que respeita à reprodução social. Esta matéria da alta nobreza parece particularmente interessante neste caso concreto, mais uma vez pelo carácter particular desta casa. Por um lado, a profícua prole do primeiro Duque terá certamente condicionado o modelo de reprodução social adoptado, por outro, a perda da linha varonil com a descendência feminina do segundo Duque. Assim, importa analisar aqui, sumariamente, valores indicativos como a nupcialidade, o celibato, a idade de casamento e a fecundidade. Por outro lado, analisar juridicamente os diferentes contratos dotais e quais as principais cláusulas aí patentes, de modo a verificar a existência de padrões comuns, ou não, na mesma geração, e nas gerações subsequentes. Procuraremos dar relevo aos cargos desempenhados pelas diferentes gerações da Família e, inclusive, aos que com ela se enlaçaram. Assim sendo, podemos verificar o poderio político desta Casa, através dos cargos que estes indivíduos desempenharam, apesar dos efeitos trazidos pelo Liberalismo. O texto aqui apresentado é apenas uma parte da dissertação de mestrado em História Contemporânea, Secção de Século XIX que estamos a redigir e que tem precisamente como objecto de estudo a Casa Palmela, numa perspectiva da história Económica e Social e que pretende trazer novas perspectivas sobre a aristocracia portuguesa durante o período da monarquia constitucional.

◙◙

LIMA, Nuno Miguel Universidade Nova de Lisboa

FORTUNA, FAUSTO E FALÊNCIA: O CONDE DE FARROBO

Na biografia, o investigador procura no biografado aquilo que o torna único, aquilo que o particulariza face aos seus contemporâneos. Na busca pela singularidade do objecto de investigação, o autor enceta um percurso que se adapta, em boa parte, à vida do indivíduo estudado. A produção de biografias tem conhecido nos últimos anos um forte incremento, sendo muitas vezes subvencionada como recuperação da memória individual, mas também como forma de apreensão do colectivo. Uma vez que um sujeito é moldado e condicionado pelo meio em que vive, o estudo desse mesmo sujeito é, igualmente, o estudo do seu ambiente social. Nesta perspectiva, a biografia permite aliar à singularidade de um indivíduo a caracterização do contexto social que lhe está subjacente. Biografar é, pois, elevar ao centro da investigação o que é uma marca exclusiva de alguém e, simultaneamente, destacar aquilo que o faz pertencer à sua sociedade e à sua época. Pretende-se com o texto que aqui se apresenta estudar a vida de Joaquim Pedro Quintela do Farrobo, 2.º Barão de Quintela e 1.º Conde do Farrobo, através dos seus inventários de bens. Estes são uma importante fonte para o conhecimento dos níveis de riqueza, composição de património e tendências de consumo material. Com o estudo do Conde do Farrobo estas abordagens tornam-se mais aliciantes pelo seu trajecto de vida. Da herança do valioso Morgado do Farrobo, à ruína motivada pelo processo judicial do contrato do tabaco, os inventários de bens realizados tendo o Conde como inventariado revelam todo o seu percurso. Desta forma, pretendemos conhecer a sua Fortuna, através da dimensão e da composição da mesma. O arrolamento e avaliação dos bens constantes nos inventários dão a conhecer ao investigador de que forma se constitui o seu património, nomeadamente quanto ao valor e quanto ao tipo de bens possuídos. Outro objectivo deste texto passa pela análise dos bens enquanto elementos de descrição da cultura material vigente. O Fausto e imponência que caracterizava a vida do Conde do Farrobo, conforme todos os dicionários biográficos enfatizam, podem ser patenteados pelos objectos de sua pertença que marcam o seu quotidiano.

- 57 -

Page 59: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

Finalmente, a famosa acção judicial contra ele interposta não deixa de marcar presença, pois são os bens arrolados que servirão para o pagamento da dívida sentenciada, e que conduziu à Falência do modo de vida que caracterizou o Conde. Este texto pretende procurar na vida do 1.º Conde do Farrobo o que o tornou tão singular na sua época e, ao mesmo tempo, qual a sua contribuição para a formação de um género social marcado por uma vida de riqueza e prosperidade. A proposta de comunicação aqui enunciada enquadra-se numa investigação para a redacção de Dissertação de Mestrado a decorrer sob orientação do Professor Doutor Luís Espinha da Silveira, no âmbito do Mestrado de História dos Séculos XIX e XX – Secção de História do Século XIX, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

◙◙

DURÃES, Margarida Universidade do Minho

FORMAS DE RIQUEZA E DE PODER: PROPRIEDADE, RENDIMENTOS E

PROFISSÕES – BRAGA (1850-1890). De que modo o novo quadro jurídico-administrativo, implantado em Portugal, a partir de meados do século XIX, produzirá transformações nas estruturas sócio-económicas e governativas da cidade de Braga? Eis a questão de que nos ocuparemos, neste estudo, ao abordar as formas de riqueza e de poder desenvolvidas, na segunda metade do século XIX, pela sociedade bracarense. Para tal começaremos por traçar as tendências e o quadro geral da evolução demográfica da população bracarense tentando conhecer os comportamentos e compreender as interacções das estruturas demográficas no funcionamento da sociedade em geral. Em seguida, através da repartição sócio-profissional da população, dos seus rendimentos, do seu património e da origem das suas fortunas tentaremos determinar o quadro sócio-económico que estará na origem do crescimento de uma nova elite e de uma nova hegemonia social e política: a burguesia dos letrados.

◙◙

RODRIGUES, Henrique

IPVC, Portugal ELITES SÓCIO-CULTURAIS DO SÉCULO XIX NO CONTEXTO DA EMIGRAÇÃO PARA O BRASIL.

A partir de uma base de dados prosopográfica dos emigrantes que obtiveram passaporte em Viana do Castelo, desde a criação dos Governos Civis até à viragem da centúria, onde constam cerca de trinta e quatro mil emissões de licenças de embarque, podemos configurar o perfil sócio-cultural das elites que partiram rumo ao Brasil de oitocentos. Nesta comunicação, daremos destaque a alguns segmentos da sociedade migratória, onde se distinguem os estudantes, os instruídos menores de 14 anos sem profissão declarada, os caixeiros e outros difusores da literacia que saíram para o Brasil no decorrer do século XIX. Saber qual a origem social, identificar a procedência geográfica ao nível concelhio, conhecer as características dos fluxos e os destinos, são algumas das linhas orientadoras desta comunicação, sem deixar de analisar os aspectos sazonais do refluxo e do reembarque, quando existem passaportes de regresso e de "reemigração" nos processos desta elite migratória.

◙◙

- 58 -

Page 60: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

6 DEZEMBRO, 5ª SESSÃO - 16h00– 19h00 Sub- tema– Mobilização de saberes e configurações do Estado

Coordenador: Francisco Mendes (UM, Portugal)

GOY, Joseph Ecole des Hautes Études en Sciences

Sociales (EHESS) LE CODE CIVIL DE 1804 DANS LA MÉMOIRE COLLECTIVE DES FRANÇAIS (1804-1980).

Bien que le Code civil n’ait jamais fait l’objet de célébrations importantes pour son centenaire comme pour son bicentenaire, il demeure important dans la mémoire collective des Français. En dépit de la chute de Napoléon, de la Restauration, il a traversé le XIXe siècle et les quarante premières années du XXe siècle pratiquement sans modifications, notamment en ce qui concerne la succession et l’héritage. Bien que fortement critiqué par les conservateurs, les libéraux. Frédéric Le Play et ses disciples, la société rurale se l’est appropriée, puisque grâce à sa souplesse méconnue, il a permis aux différentes France successorales, de continuer à transmettre, souvent comme avant 1789. Une enquête nationale auprès des notaires ruraux a permis de montrer que, dans les années 1970, on retrouvait les grands traits de la France coutumière d’Ancien Régime. Dans un pays qui n’a cessé au XIXe comme au XXe siècle de changer de constitutions et de régimes politiques, le Code civil demeure un véritable dénominateur commun.

◙◙

MELO, Daniel Universidade de Lisboa

REGIONALISMO, ASSOCIATIVISMO REGIONALISTA E ESTADO NO PORTUGAL

NOVECENTISTA. Esta comunicação visa abordar o associativismo regionalista português durante o século XX. Pretende-se analisar o tipo de projectos sócio-culturais que este movimento propôs e que tipo de relações estabeleceu com o Estado. Para o efeito, propõe-se uma caracterização dos diferentes tipos de associações, sua evolução, dinâmica e inter-relações. Tal estudo pretende também contribuir para a percepção do

cruzamento e dos modos da disseminação de referências sócio-culturais e, portanto, para o entendimento da promoção duma identidade cultural plural por uma parte da sociedade civil.

◙◙

LEAL, Ernesto Castro

Universidade de Lisboa O FEDERALISMO E AS REPÚBLICAS: UMA

PERSPECTIVA HISTÓRICA E CONCEPTUAL EM PORTUGAL (1910-1926).

O Federalismo, que incorporou o nacionalismo nos seus referentes ideológicos, esteve presente nos programas dos Centros Republicanos e do Partido Republicano Português desde a sua formação, apesar do debate entre federalistas e unitaristas. A Constituição da República Portuguesa de 1911 consagrou uma República unitária, mas o ideário da República federal sobreviveu em programas políticos republicanos radicais, socialistas, anarquistas e comunistas. A afirmação do Federalismo, durante o Regime republicano, revelou também a urgência de aprofundamento democrático da descentralização, do municipalismo, do regionalismo e do confederalismo luso-brasileiro.

◙◙

PINTO, Maria do Rosário Machado DEMOCRACIA E FEDERALISMO EM ALVES DA

VEIGA. A comunicação será estruturada em duas partes: Numa primeira parte reflecte-se o conhecimento proveniente da intervenção política de Alves da Veiga ao longo da sua vida (1874-1924), face aos conhecimentos da época. Com tal, apresentam-se, os momentos marcantes quer da sua vida quer do desenrolar politico da Nação. Nela surge Alves da Veiga republicano e opositor activista ao regime monárquico. E se com o pós 5 de Outubro de 1910 se desilude, não deixa de intervir e delinear um projecto para

- 59 -

Page 61: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

Portugal: Política Nova (1912). Nesta obra única Alves da Veiga expõe um conjunto de ideias para a reorganização da nacionalidade portuguesa e um conjunto de reformas úteis e necessárias aos serviços públicos. Na segunda parte desta comunicação, desenvolvo o pensamento político e reformista de Alves da Veiga, estabelecendo uma relação, sempre que possível, entre as suas propostas e as correntes filosóficas da época. A intenção foi simular uma desconstrução teórica do seu pensamento político e reformista através de uma análise pormenorizada da sua única obra: Política Nova A metodologia que se desenvolve ao longo de toda a comunicação tem, como ponto de partida, o olhar de uma figura da época e a sua intervenção em determinados factos políticos que se desenrolaram nesse período. Por vezes estabeleço algumas relações com outras figuras da época no que se refere ao pensamento político, social e cultural da época. A terminar apresento algumas linhas orientadoras para uma investigação sobre o federalismo em Portugal.

◙◙

RODRIGUES, Abel Martins A CONSTITUIÇÃO DE 1933 E A

CONFIGURAÇÃO DO ESTADO NOVO. A aprovação do novo texto constitucional era o culminar de um projecto laboriosamente levado a cabo por Salazar, no sentido de romper com a ordem política republicana e institucionalizar um estado autoritário, centralizado e corporativo, antiparlamentar e antidemocrático. O conhecimento e interpretação da constituição formal (de equilíbrio e consensos) levou a uma polarização de poderes e saberes (censura, PIDE, propaganda, controlo do ensino, tribunais e administração pública) que permitiu uma ditadura do Presidente do Conselho.

◙◙

- 60 -

Page 62: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

7 DEZEMBRO, 6ª SESSÃO – 9h00 – 12h30 Sub- tema– Mobilização de saberes e configurações do Estado

Coordenador: Marta Lobo (UM, Portugal)

MELO, Arnaldo Sousa Universidade do Minho

UM SISTEMA CORPORATIVO SEM CORPORAÇÕES? OS MESTEIRAIS EM

PORTUGAL NOS FINAIS DA IDADE MÉDIA: ENTRE A ECONOMIA E A POLÍTICA.

(SEM RESUMO)

◙◙

ALMEIDA, Joana Estorninho Universidade de Lisboa

TÉCNICAS E FUNÇÕES. A AULA DE COMÉRCIO NA FORMAÇÃO DOS EMPREGADOS

PÚBLICOS NA 1ª METADO DO SÉCULO XIX. Na ausência de concursos para o recrutamento de funcionários durante toda a primeira metade do século XIX, a frequência na Aula de Comércio, criada por Marquês de Pombal, assegurava o domínio de saberes necessários ao funcionamento burocrático. Destinada sobretudo à formação de comerciantes, nas técnicas de contabilidade e escrituração, a Aula de Comércio assumiu-se, como defenderemos nesta comunicação, como um curso de especialização que facilitava o acesso aos cobiçados lugares do Estado e que enformava as práticas nas repartições públicas.

◙◙

MAIA, Fernanda Paula Sousa Universidade do Porto

OS PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO DA LEGITIMIDADE PARLAMENTAR NO

PORTUGAL DA PRIMEIRA METADE DE OITOCENTOS.

Embora a tradição democrática tenha escassos 30 anos, a instituição parlamentar, em Portugal, foi filha da revolução liberal de 1820. Apesar do descrédito que a instituição vem sofrendo, são ainda escassos os estudos que se dedicaram a analisar o papel do parlamento na vida política portuguesa, nomeadamente durante o séc.XIX. Foi isso que nos levou a estudar a instituição parlamentar nas suas múltiplas funções, numa altura em que constituía a marca distintiva da vida política oitocentista. Assim,

ultrapassando as inevitáveis funções legislativas, procuramos perscrutar de que modo esta instituição neófita soube desenvolver os seus mecanismos de legitimação, interna e externamente. Através da leitura de cerca de 30 anos de discursos parlamentares percebemos de que forma a função legislativa inerente ao Parlamento ia cedendo lugar a uma outra não menos importante em termos de reforço de prestígio desta instância – a função de legitimação.

◙◙

MONTEIRO, Isilda Braga da Costa Universidade do Porto

A CÂMARA DOS PARES NA REGENERAÇÃO – REAVALIAÇÃO DO SEU PAPEL POLÍTICO.

O Parlamento, embora considerado fundamental no quadro institucional do liberalismo oitocentista, só recentemente começou a suscitar o interesse dos historiadores. Contudo, a secundarização da Câmara dos Pares face à Câmara dos Deputados justifica que aquela seja quase sempre relegada pela historiografia para um plano subalterno e minimizado o seu papel político. Apesar de terem surgido novas achegas que obrigam a um reposicionamento da Câmara dos Pares no quadro político liberal oitocentista, o olhar dos historiadores sobre o Parlamento continua a fazer-se de forma enviesada a partir de pressupostos questionáveis que importa reavaliar, como faremos relativamente à Regeneração.

◙◙

- 61 -

Page 63: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

COSME, João Universidade de Lisboa

À PROCURA DE UM NOVO PARADIGMA EPISTEMOLÓGICO: OS DEBATES SOBRE O

PALUDISMO NA CÂMARA DOS DEPUTADOS NA 2ª METADE DO SÉC. XIX.

Com o presente trabalho pretende-se abordar as preocupações reveladas pelos deputados face a um problema de saúde que afectava algumas zonas do País.

◙◙

FERREIRA, Fátima Moura

Universidade do Minho IDEAÇÕES EM TORNO DO ESTADO LIBERAL

(SEM RESUMO)

◙◙

GARNEL, Rita Universidade de Coimbra

O CORPO DA VÍTIMA. A MEDICINA LEGAL NOS INÍCIOS DO SÉCULO XX.

Afirmação da Medicina Legal (finais do século XIX e inícios do século XX). Isto permitir-me-ia desenvolver aspectos ligados ao poder médico, e às lutas entre este e o poder jurídico; de tratar da institucionalização dos exames periciais da vítima; do lugar que estes têm no processo penal; do corpo (do criminoso e da vítima) como arquivos de memórias; do paradigma indiciário que norteia o trabalho do perito e no qual crescentemente se basearam as sentenças judiciais (apesar de algumas resistências).

◙◙

SILVA, Helena Sofia O NASCIMENTO DAS ESCOLAS DE

ENFERMAGEM EM PORTUGAL (FINAIS DO SÉC. XIX).

Nos finais do século XIX as enfermeiras portuguesas não tinham qualquer educação para as funções que desempenhavam nem uma preparação específica para o tratamento dos doentes. Esta situação começou a tornar-se insuficiente para trabalhar nos hospitais onde os médicos exigiam cada vez mais conhecimentos e capacidades. Discutiu-se na altura a possibilidade de ter religiosas nos hospitais, a trabalhar como enfermeiras. Mas esta hipótese foi pouco depois afastada uma vez que se chegou à conclusão que estas seriam mais dispendiosas que as enfermeiras laicas

e não iriam resolver o problema da falta de preparação. A solução passaria então pela criação de Escolas de Enfermagem, onde pudessem obter conhecimentos necessários para o fornecimento de cuidados de saúde. Para isso, alguns médicos portugueses, como Dr. Costa Simões, visitaram algumas escolas de enfermagem da Europa que serviram de modelo para as portuguesas. Contudo, as duas primeiras tentativas de criação de Escolas de Enfermagem não foram bem sucedidas pois enfrentaram variados obstáculos. Este foi o caso das escolas de Coimbra e Lisboa, tendo a primeira sido aberta em 1881 graças aos esforços do Dr. Costa Simões. No entanto este teve de abandonar Coimbra, o que não permitiu a continuação deste projecto. Quanto à escola de Lisboa, foi criado em 1886 um curso para enfermeiras no Hospital mas que não teve continuidade devido ao grau de analfabetismo das candidatas. Assim, o problema das enfermeiras sem preparação persistiu. Nos hospitais privados sentia-se este mesmo problema e esta preocupação com a educação das enfermeiras. Por isso a Santa Casa da Misericórdia do Porto criou a Escola de Enfermeiros do Hospital Geral de Santo António, em 1896. Esta seria a primeira escola de enfermagem a ter continuidade. A minha apresentação será basicamente dedicada à necessidade e ao nascimento das escolas de enfermagem no nosso país. Analisarei ainda as razões que levaram ao fracasso das duas primeiras tentativas e uma breve análise à Escola de Enfermagem do Porto, sua criação e temáticas leccionadas, uma vez que foi a primeira escola a ter continuidade no tempo.

◙◙

- 62 -

Page 64: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

7 DEZEMBRO, 7ª SESSÃO - 14h00 – 17h30m Sub- tema– Impérios e Mundialização

Coordenador: Maria Augusta Lima Cruz (UM, Portugal)

RODRIGUES, Abel Leandro Freitas ANTÓNIO DE AZEVEDO ARAÚJO, DIPLOMATA PORTUGUÊS NA EUROPA REVOLUCIONÁRIA

(1787-1804). António de Araújo de Azevedo, 1º Conde da Barca (1754-1817), foi um diplomata de excelência (1801-1803) e um Estadista operoso (1804-1808; 1814-1817), mas foi também académico, cientista, escritor e bibliófilo. Homem ilustrado e pragmático, senhor de uma formação sólida, António de Araújo foi Enviado Extraordinário e Ministro Plenipotenciário nas Cortes da Haia (1787-1797), Paris (1796-1798), Hamburgo (1799) e São Petersburgo (1801-1803). No presente trabalho pretendemos encetar uma abordagem empírica junto do Arquivo do Conde da Barca, depositado no Arquivo distrital de Braga, realizando um estudo da informação social produzida por António de Araújo durante a sua vida diplomática: num primeiro momento, recorrer-se-á à teoria sistémica, com enquadramento na Arquivística – entendida como ramo da Ciência da Informação - , com o intuito de identificar a morfologia da subsecção documental e identificar os níveis de descrição arquivística subsidiários da mesma; e, em seguida, respeitando a natureza da correspondência oficial e particular existente, revelar as suas áreas de actuação, compreender os seus interesses, mas também, os conceitos e as noções veiculadas, de forma a aquilatar a importância de um acervo desta magnitude para a problematização da História portuguesa nas vésperas do regime liberal.

◙◙

KARVAT, Erivan Cassiano

Universidade Federal do Paraná ESPAÇO E SOCIEDADE NA HISTORIOGRAFIA

SETECENTISTA: LEITURAS EM TORNO DA HISTÓRIA DA AMÉRICA PORTUGUESA, DE

SEBASTIÃO ROCHA PITA. Reflexões desenvolvidas a partir do projeto de doutoramento – em andamento na UFPR, intitulado Histórias Setecentistas: concepções de História, Historiografia e

recepção de textos históricos do século XVIII (Brasil, 1715-1802) - em torno do livro História da América Portuguesa (1730), de Sebastião da Rocha Pita (1660-1738). O trabalho se volta, principalmente, para as concepções de história contidas na obra e seus argumentos, além dos próprios debates suscitados, problematizando o “lugar” ocupado pela obra no cânone historiográfico brasileiro.

◙◙

ANDREAZZA, Maria Luiza Universidade Federal do Paraná

UMA DISCUSSÃO DA IDEIA DE “AMÉRICA PORTUGUESA” A PARTIR DA OBRA DE SEBASTIÃO PITA (SÉCULO XVI - XVIII).

Pretende-se refletir a respeito dos sentidos de espaço e de inclusão política que guiaram Rocha Pitta a nomear o Brasil como ‘América Portuguesa’. Escrevendo no início do XVIII, ele vivia em época que a população da colônia era rala. Ademais, por falta de caminhos ou por orientação da Coroa, eram precárias as relações intracoloniais. Uma análise das formas da ocupação territorial e do pensamento político do Antigo Regime, orientou a tentativa de compreender como os homens daquele tempo poderiam pressupor unidade na dispersão vigente na colônia brasileira.

◙◙

RIBEIRO, Jorge Martins e SANTOS, Maciel Morais

Universidade do Porto MACAU: ASPECTOS DO “INDENTURED

LABOUR” PARA CUBA É consensual incluir no “indentured labour” todas as formas de emigração/trabalho forçado que sucederam à extinção do tráfico de escravos. A emigração chinesa foi um dos recursos usados como alternativa por várias potências coloniais para as suas plantações tropicais e minas. Assim, calcula-se que mais de 120.000 cules teriam sido levados para a ilha de Cuba. Uma percentagem grande partiu de Macau

- 63 -

Page 65: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

enquadrada por regulamentos e direitos pautais portugueses, a ponto de se ter transformado na principal receita deste porto. O processo acabou por ter implicações políticas e diplomáticas que envolveram, para além de Portugal, a China, a Grã-Bretanha, a França e a Espanha. Este tráfico teve uma duração de cerca de 30 anos na sua fase legal, mas continuou de forma irregular até à década de XXXX.

A comunicação terá como principais fontes a correspondência dos cônsules de Portugal em Havana e documentação do Arquivo Histórico de Macau. Com este trabalho pretendemos mostrar a complexidade deste fenómeno dada a multiplicidade dos interesses e das cumplicidades que envolveu. Apesar de já ter sido denunciado por Eça de Queirós, então agente consular na capital cubana, trata-se de um aspecto ainda pouco estudado pela historiografia portuguesa. Além disso, as mais importantes obras de síntese sobre o “indentured labour” para Cuba em língua inglesa (Arnold Meagher, The introduction of Chinese Laborers to Latin America. The “Coolie Trade”, 1847-1874, 1975 e David Northrup, Indentured labor in the age of imperialism 1834-1922, 1995) exploraram muito parcialmente as fontes portuguesas.

◙◙

CORREIA, Sílvia

A I GUERRA MUNDIAL. A CONSTRUÇÃO DA MEMÓRIA DE GUERRA EM PORTUGAL.

Em Portugal, a consagração do

Soldado Desconhecido deu-se a 9 de Abril de 1921, à semelhança do rito europeu, mas com uma especificidade – a presença de dois féretros, provenientes da Flandres e de Moçambique. Em conformidade com o que

se fazia na Europa, mas imbuído da forma mais profunda do «espírito português».

As festividades irão, desde 1921, seguir um padrão, mais ou menos uniforme, mas cada vez menos ricas e que se vão estender à concretização mais importante deste espírito levada a cabo pela Comissão dos Padrões da Grande Guerra e pela Liga dos Combatentes da Grande Guerra, na cooperação de actividades comemorativas com congéneres europeias e na persistência e manutenção de formas e rituais de reactualização do seu significado paralela à desestruturação política que o país vinha sofrendo. Caberia, lamentavelmente, apenas àqueles que participaram do conflito o sustento, mais ou menos europeizado, e sobrevivência da memória colectiva da Grande Guerra, fortemente pintada de cores portuguesas.

Ao contrário das demais nacionalidades aliadas, os processos configuradores da Memória da Primeira Guerra Mundial em Portugal, centrados no aniversário da Batalha de La Lys, com importante força nos primeiros anos da década 20, decaíram fortemente na sua grandiosidade e importância ainda neste período, determinando a especificidade da concepção portuguesa de Memória de Guerra desde inícios do século XX até à actualidade.

◙◙

- 64 -

Page 66: LIVRO DE RESUMOS - Departamento de História ... · - O exercício do Perdão Régio no reinado de D ... em Portugal / Magnus Pereira (UFPR, ... - Circulação e posse de livros religiosas

I Congresso Internacional de História: Território, Culturas e Poderes

Patrocinadores

UNIVERSIDADE DO MINHO

INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

FCT – FUNDAÇÃO PARA A CIÊNCIA E TECNOLOGIA

FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN

CÂMARA MUNICIPAL DE BRAGA

DELEGAÇÃO DO TURISMO DE BRAGA

DELTA CAFÉS

- 65 -