Livro Gestão Logistica

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Ministrio da Educao MEC Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior CAPES Diretoria de Educao a Distncia DED Universidade Aberta do Brasil UAB Programa Nacional de Formao em Administrao Pblica PNAP Especializao em Gesto Pblica

GESTO LOGSTICA

Rodrigo de Alvarenga Rosa

2010

2010. Universidade Federal de Santa Catarina UFSC. Todos os direitos reservados. A responsabilidade pelo contedo e imagens desta obra do(s) respectivo(s) autor(es). O contedo desta obra foi licenciado temporria e gratuitamente para utilizao no mbito do Sistema Universidade Aberta do Brasil, atravs da UFSC. O leitor se compromete a utilizar o contedo desta obra para aprendizado pessoal, sendo que a reproduo e distribuio ficaro limitadas ao mbito interno dos cursos. A citao desta obra em trabalhos acadmicos e/ou profissionais poder ser feita com indicao da fonte. A cpia desta obra sem autorizao expressa ou com intuito de lucro constitui crime contra a propriedade intelectual, com sanes previstas no Cdigo Penal, artigo 184, Pargrafos 1 ao 3, sem prejuzo das sanes cveis cabveis espcie.

R788g

Rosa, Rodrigo de Alvarenga Gesto logstica / Rodrigo de Alvarenga Rosa. Florianpolis : Departamento de Cincias da Administrao / UFSC; [Braslia] : CAPES : UAB, 2010. 178p. : il. Inclui bibliografia Especializao em Gesto Pblica ISBN: 978-85-7988-063-6 1. Logstica empresarial. 2. Administrao de materiais. 3. Gesto de compras. 4. Estoques. 5. Educao a distncia. I. Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior (Brasil). II. Universidade Aberta do Brasil. III. Ttulo. CDU: 658.5

Catalogao na publicao por: Onlia Silva Guimares CRB-14/071

PRESIDENTE DA REPBLICA Luiz Incio Lula da Silva MINISTRO DA EDUCAO Fernando Haddad PRESIDENTE DA CAPES Jorge Almeida Guimares UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA REITOR Alvaro Toubes Prata VICE-REITOR Carlos Alberto Justo da Silva CENTRO SCIO-ECONMICO DIRETOR Ricardo Jos de Arajo Oliveira VICE-DIRETOR Alexandre Marino Costa DEPARTAMENTO DE CINCIAS DA ADMINISTRAO CHEFE DO DEPARTAMENTO Gilberto de Oliveira Moritz SUBCHEFE DO DEPARTAMENTO Marcos Baptista Lopez Dalmau SECRETARIA DE EDUCAO A DISTNCIA SECRETRIO DE EDUCAO A DISTNCIA Carlos Eduardo Bielschowsky DIRETORIA DE EDUCAO A DISTNCIA DIRETOR DE EDUCAO A DISTNCIA Celso Jos da Costa COORDENAO GERAL DE ARTICULAO ACADMICA Liliane Carneiro dos Santos Ferreira COORDENAO GERAL DE SUPERVISO E FOMENTO Grace Tavares Vieira COORDENAO GERAL DE INFRAESTRUTURA DE POLOS Joselino Goulart Junior COORDENAO GERAL DE POLTICAS DE INFORMAO Adi Balbinot Junior

COMISSO DE AVALIAO E ACOMPANHAMENTO PNAP Alexandre Marino Costa Claudin Jordo de Carvalho Eliane Moreira S de Souza Marcos Tanure Sanabio Maria Aparecida da Silva Marina Isabel de Almeida Oreste Preti Tatiane Michelon Teresa Cristina Janes Carneiro METODOLOGIA PARA EDUCAO A DISTNCIA Universidade Federal de Mato Grosso COORDENAO TCNICA DED Soraya Matos de Vasconcelos Tatiane Michelon Tatiane Pacanaro Trinca AUTOR DO CONTEDO Rodrigo de Alvarenga Rosa EQUIPE DE DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS DIDTICOS CAD/UFSC Coordenao do Projeto Alexandre Marino Costa Coordenao de Produo de Recursos Didticos Denise Aparecida Bunn Superviso de Produo de Recursos Didticos rika Alessandra Salmeron Silva Designer Instrucional Andreza Regina Lopes da Silva Denise Aparecida Bunn Auxiliar Administrativo Stephany Kaori Yoshida Capa Alexandre Noronha Ilustrao Adriano S. Reibnitz Igor Baranenko Projeto Grfico e Finalizao Annye Cristiny Tessaro Editorao Rita Castelan Reviso Textual Patrcia Regina da Costa Claudia Leal Estevo Brites RamosCrditos da imagem da capa: extrada do banco de imagens Stock.xchng sob direitos livres para uso de imagem.

PREFCIOOs dois principais desafios da atualidade na rea educacional do Pas so a qualificao dos professores que atuam nas escolas de educao bsica e a qualificao do quadro funcional atuante na gesto do Estado brasileiro, nas vrias instncias administrativas. O Ministrio da Educao (MEC) est enfrentando o primeiro desafio com o Plano Nacional de Formao de Professores, que tem como objetivo qualificar mais de 300.000 professores em exerccio nas escolas de Ensino Fundamental e Mdio, sendo metade desse esforo realizado pelo Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB). Em relao ao segundo desafio, o MEC, por meio da UAB/CAPES, lana o Programa Nacional de Formao em Administrao Pblica (PNAP). Esse programa engloba um curso de bacharelado e trs especializaes (Gesto Pblica, Gesto Pblica Municipal e Gesto em Sade) e visa colaborar com o esforo de qualificao dos gestores pblicos brasileiros, com especial ateno no atendimento ao interior do Pas, por meio de polos da UAB. O PNAP um programa com caractersticas especiais. Em primeiro lugar, tal programa surgiu do esforo e da reflexo de uma rede composta pela Escola Nacional de Administrao Pblica (ENAP), pelo Ministrio do Planejamento, pelo Ministrio da Sade, pelo Conselho Federal de Administrao, pela Secretaria de Educao a Distncia (SEED) e por mais de 20 instituies pblicas de Ensino Superior (IPES), vinculadas UAB, que colaboraram na elaborao do Projeto Poltico Pedaggico (PPP) dos cursos. Em segundo lugar, este projeto ser aplicado por todas as IPES e pretende manter um padro de qualidade em todo o Pas, mas

abrindo margem para que cada IPES, que ofertar os cursos, possa incluir assuntos em atendimento s diversidades econmicas e culturais de sua regio. Outro elemento importante a construo coletiva do material didtico. A UAB colocar disposio das IPES um material didtico mnimo de referncia para todas as disciplinas obrigatrias e para algumas optativas. Esse material est sendo elaborado por profissionais experientes da rea da Administrao Pblica de mais de 30 diferentes instituies, com apoio de equipe multidisciplinar. Por ltimo, a produo coletiva antecipada dos materiais didticos libera o corpo docente das IPES para uma dedicao maior ao processo de gesto acadmica dos cursos; uniformiza um elevado patamar de qualidade para o material didtico e garante o desenvolvimento ininterrupto dos cursos, sem as paralisaes que sempre comprometem o entusiasmo dos alunos. Por tudo isso, estamos seguros de que mais um importante passo em direo democratizao do Ensino Superior pblico e de qualidade est sendo dado, desta vez contribuindo tambm para a melhoria da gesto pblica brasileira.

Celso Jos da Costa Diretor de Educao a Distncia Coordenador Nacional da UAB CAPES-MEC

SUMRIOApresentao.................................................................................................... 9 Unidade 1 Introduo LogsticaDefinio de Logstica.......................................................................................15 Nvel de Servio.................................................................................20 Qualidade do Servio Logstico........................................................24 Atividades da Logstica.....................................................................26 Atividades de Planejamento.............................................................26 Atividades de Apoio Operacional..........................................................29 Processo Logstico.............................................................................33 Administrao de Materiais.............................................................35 Distribuio Fsica..................................................................................38 Equilbrio de custos sob a tica da logstica..............................................42 Planejamento da logstica.....................................................................44

Unidade 2 Atividades de Planejamento da LogsticaGesto do Processamento do Pedido..............................................55 Gesto de Transporte..........................................................................59 Gesto de Estoque..............................................................................70 Controle de Estoque..............................................................................78 Localizao.................................................................................................89

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Unidade 3 Atividades de Apoio Operacional da LogsticaGesto de Compras...............................................................................97 Compras no servio pblico.......................................................100 Seleo de fornecedores............................................................107 Armazenagem.............................................................................111 Manuteno da Informao...............................................................117

Unidade 4 Mtodos Quantitativos e ferramentas computacionais aplicados Operacionalizao da LogsticaIntroduo.......................................................................................123 Programao Linear............................................................................126 Como criar um Modelo do Sistema e resolv-lo em Microsoft Excel Solver...128 Mtodos de Previso de Demanda.............................................................158 Mtodos de Sries Temporais..........................................................159 Mtodo de Regresso Linear Simples......................................162 Roteirizao de Veculos...............................................................165 Localizao Avaliao Quantitativa...............................................................166

Consideraes finais ...............................................................................172 Referncias .....................................................................................................173 Minicurrculo........................................................................................................176

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Apresentao

APRESENTAOOl amigo estudante! Bem-vindo disciplina Gesto Logstica! O objetivo desta disciplina levar voc a conhecer o que a rea de logstica, sua importncia e sua abrangncia. Portanto, voc dever, ao final desta disciplina, entender o que logstica; como ela afetada pelo Nvel de Servio contratado pelo cliente; quais so suas atividades de planejamento; e quais so suas atividades operacionais. Por fim, voc dever conhecer diversos Mtodos Quantitativos utilizados para resolver uma gama de problemas logsticos. Na Unidade 1, voc estudar os conceitos bsicos de logstica, que so: definio do termo Logstica, Nvel de Servio, Qualidade do Servio Logstico, Atividades da Logstica (Atividades de Planejamento e Atividades de Apoio Operacional), bem como o Processo Logstico, incluindo a Administrao de Materiais e a Distribuio Fsica. Alm disso, voc estudar o que vem a ser equilbrio de custos sob a tica da logstica e quais so os critrios para o planejamento da logstica. Na Unidade 2, voc estudar as Atividades de Planejamento, que so: Gesto do Processamento do Pedido, Gesto de Transporte, Gesto de Estoque, Controle de Estoque e Localizao. Na Unidade 3, voc estudar as Atividades de Apoio Operacional com foco em Gesto de Compras, tratando de compras no servio pblico, das modalidades de licitao, da escolha da modalidade de licitao e dos tipos de licitao. Alm disso, estudar como a seleo de fornecedores, a Armazenagem e, ainda, a atividade de Manuteno da Informao.

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A Unidade 4 apresentar os Mtodos Quantitativos e as ferramentas computacionais, todos aplicados operacionalizao da logstica. Voc estudar o mtodo conhecido como Programao Linear, os diversos mtodos para calcular demanda, os mtodos de Roteirizao e de Localizao. Como ferramenta computacional, apresentaremos um material especfico sobre o Excel, especificamente o complemento Solver. Nesse contexto disciplinar, imagine um exemplo muito comum em nossas cidades e que funo, normalmente, dos servidores pblicos municipais: a conservao dos jardins de nossas praas e ruas. Para fazer essa conservao, preciso ter mudas, terra, adubo, caminho, ferramentas, pessoas, entre outros. Em certo dia da semana ou do ms, preciso juntar todos esses itens em um local, que a sede da equipe de conservao, para se deslocar para a praa a ser cuidada. Para que isso seja possvel, preciso realizar a compra de todos os itens citados e contratar o pessoal necessrio. Tambm necessrio que o caminho tenha combustvel e motorista para poder se deslocar, no mesmo? Uma vez que esteja na praa, as rvores e as plantas mais antigas devem ser podadas e recolhidos galhos e folhas para serem levados para um local apropriado. Alm disso, o pessoal, os equipamentos e os materiais no utilizados devem retornar para a sede da equipe de conservao. Dessa forma, o caminho deve fazer um, ou mais roteiros para levar tudo de volta, inclusive o material que foi retirado do jardim. Todo esse processo de comprar, utilizar, distribuir e entregar o material para o cliente pode ser entendido como logstica, que vai desde o contato com os fornecedores at a entrega do produto produzido ao consumidor. Claro que nessa apresentao no detalhamos todo o processo de logstica, mas na primeira Unidade voc ter mais detalhes e mais definies do que seja logstica. E, acredite, a logstica envolve toda a organizao privada e toda a organizao municipal, estadual e federal, sem distino. Sem logstica, no existe servio pblico, quer ver? Vamos l!

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Apresentao

Como podemos funcionar sem lpis, sem caneta, sem papel, sem formulrio para ser preenchido, sem energia eltrica, sem gua? E o papel higinico? J pensou se faltar papel higinico no banheiro? Para que tudo isso ocorra, preciso ter uma equipe fazendo logstica! E olha que muitas vezes no nos lembramos que elas existem, lembramos apenas quando falta alguma coisa. Aps esta disciplina, voc vai entender e valorizar mais esse processo! Nas escolas pblicas, necessrio adquirir alimentos para o preparo da merenda, o que implica entender que se os produtos forem comprados muito antes do consumo, eles podero estragar; e se no forem comprados em tempo hbil, as crianas ficaro com fome. Se a merendeira no conseguir preparar o lanche para as crianas, haver duas situaes: crianas sem comer no recreio ou o retorno do recreio atrasar. Dessa forma, como armazenar o lanche pronto em uma cidade muito quente uma vez que o lanche poder estragar e as crianas passarem mal? Sendo assim, a merendeira precisar armazenar os alimentos em um local adequado, por exemplo, uma geladeira. Essa geladeira tem de ser grande para poder comportar todos os lanches. Portanto, a merendeira tambm faz logstica! Para um hospital de sua cidade ou de seu Estado, preciso comprar os medicamentos, a gua, a energia eltrica, entre outros. E as ambulncias? Se elas no funcionarem, como iro buscar os clientes, oops, os pacientes? Temos, tambm, de organizar o atendimento fazendo uma agenda de quem atendido? Onde? Quando? Isso logstica! Bons estudos! Professor Rodrigo de Alvarenga da Rosa

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Unidade 1 Introduo Logstica Apresentao

UNIDADE 1INTRODUO

LOGSTICA

OBJETIVOS ESPECFICOS DE APRENDIZAGEMAo finalizar esta Unidade, voc dever ser capaz de:

Conceituar o que logstica; Definir o que Nvel de Servio; Correlacionar o Nvel de Servio com a Qualidade do Servio Logstico; Definir e descrever quais so as atividades da logstica diferenciando entre Atividades de Planejamento e Atividades de Apoio Operacional; Entender o Processo Logstico e suas etapas: Administrao de Materiais e Distribuio Fsica; Explicar o que o equilbrio de custos sob a tica da logstica; e Distinguir quais so os critrios para o planejamento da logstica.

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Unidade 1 Introduo Logstica

DEFINIO DE LOGSTICANa Unidade 1 Introduo Logstica, voc vai encontrar os conceitos sobre o tema logstica para que possa ter a base necessria para entend-lo. Um ponto importante que deve ser observado por voc, pois agrega valor organizao, so as questes de Marketing: Nvel de Servio, Itens de Controle e Qualidade do Servio. Outras questes de logstica, como ciclo do pedido do produto, equilbrio de custos e planejamento logstico tambm so importantes. Perguntamos a voc, amigo estudante: ser que uma organizao que no tenha como entregar seus produtos aos seus clientes, pode existir? Se ela no existir, no precisar de voc, administrador! Uma importante rea da Administrao que se preocupa com o fornecimento de matria-prima, com a produo, com o estoque, com a distribuio dos produtos, entre outras coisas, a logstica. Vamos, ento, estudar essa rea to importante para sua profisso, acredite, voc se encantar. Ns somos apaixonados por logstica! Ufa! O caminho para compreend-la longo, mas pode crer que ele muito interessante, pois se entender bem esta Unidade, as demais ficaro bem mais simples. Os temas abordados aqui so a base para qualquer assunto a ser estudado em logstica. Amigo estudante! Voc j pensou que a logstica algo que faz parte do seu dia a dia? Vamos comear nosso estudo com um exemplo ao qual, ao longo do curso, acrescentaremos mais detalhes, ampliando-o. O exemplo a preparao de merenda em uma escola pblica. Para fazer a merenda, o gestor deve comprar todos os produtos, como po, manteiga, arroz, feijo, carne etc. necessrio que se tenha reas de armazenagem para a guarda segura dos produtos comprados.

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Saiba maisNesta disciplina, voc deve ter observado que usamos repetidas vezes o termo cliente para indicar o destinatrio das aes desenvolvidas. Essa a designao usual em Gesto Logstica e por isso foi adotada. Como o nosso curso de Administrao Pblica, cabe um esclarecimento: o uso do termo no significa aqui a adoo dos princpios da Nova Gesto Pblica, tema que no de nossa alada. No Brasil, nos anos de 1980, seguindo uma tendncia mundial inaugurada por Margareth Thatcher na Inglaterra, nos anos de 1980, foi proposta uma reforma do Estado cujas metas esto

Esses produtos devem ser comprados respeitando a qualidade que se quer em relao merenda a ser oferecida aos estudantes. Para que esses produtos sejam comprados, necessrio ir at o supermercado para adquiri-los, se for uma escola particular; e se for uma escola pblica, preciso fazer licitao, o que usualmente um processo demorado. Uma vez comprados os produtos, eles devem ser transportados at a escola.

Depois de transportados, os sintetizadas no Plano Diretor da Reforma do Estado produtos comprados devem ser do Ministrio da Administrao e Reforma do Estaar mazenados em local adequado, do MARE, depois extinto. O plano propunha a subsrespeitando o prazo de validade e as tituio da Administrao Burocrtica, baseada nos condies de armazenagem. Nesse princpios de Max Weber, pela Administrao contexto, algumas questes podem ser Gerencial, considerada mais gil e moderna e a levantadas, por exemplo: os produtos que superaria as deficincias da primeira. A Admiprecisam ser refrigerados ou no? nistrao Gerencial tem como premissa a adoo A merenda tem de ser produzida por no setor pblico de procedimentos tpicos do setor dia ou semanalmente? A produo privado e, por isso, usa preferencialmente o termo ocorre em funo do nmero de cliente para indicar o cidado. Essa discusso foge estudantes atendidos ou no? ao escopo de nossa disciplina, na qual usamos o Obviamente, muitas outras questes termo cliente por uma conveno, sabendo que as podem ser levantadas para que aes do Poder Executivo municipal tm como objea logstica possa ser estruturada, tivo os cidados, razo de ser da esfera pblica. caber ao administrador levant-las Fonte: Elaborado pelo autor. exaustivamente para que nada ocorra sem um prvio planejamento. As atividades listadas anteriormente devem respeitar um prazo, que o perodo letivo escolar e os dias teis. Isso que listamos nada mais do que um conceito de logstica. Claro que o conceito a seguir mais amplo do que o exemplo anterior, mas atende perfeitamente a organizao da merenda.

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Unidade 1 Introduo Logstica

A logstica definida como a colocao do produto certo, na quantidade certa, no lugar certo, no prazo certo, na qualidade certa, com a documentao certa, ao custo certo, produzindo no menor custo, da melhor forma, deslocando mais rapidamente, agregando valor ao produto e dando resultados positivos aos acionistas e clientes. Tudo isso respeitando a integridade humana de empregados, fornecedores e clientes e a preservao do meio ambiente.

Uma vez que j se sabe o que logstica, podemos definir o Gerenciamento da Logstica como a coordenao das diferentes atividades componentes da logstica, tornando-as um conjunto harmonioso que visa a obter os menores custos logsticos que atendam ao Nvel de Servio que o cliente contratou. Mas tudo que falamos at agora somente tem razo de existir se a logstica gerar valor para todas as organizaes envolvidas nas atividades. Algumas pessoas concebem logstica como sendo o transporte ou o estoque/armazenagem, no entanto, a logstica engloba o transporte, o estoque/armazenagem de produtos e as diversas outras atividades que envolvem os processos, desde o suprimento para a produo at a entrega do produto final ao cliente. Procurando esclarecer essa questo, podemos no mximo dizer que voc estudar logstica com nfase em transporte ou em estoque ou armazenagem. Veja a Figura 1, ela apresenta exemplos de utilizao correta do termo logstica e a Figura 2 de utilizao errnea do termo logstica.Logstica de um Produto Logstica da Soja CORRETO Logstica do Minrio de Ferro Logstica do GranitoFigura 1: Utilizao correta do termo logstica Fonte: Elaborada pelo autor

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Logstica de Transporte INCORRETO Logstica de Armazenagem Logstica de EstoqueFigura 2: Utilizao errnea do termo logstica Fonte: Elaborada pelo autor

*Valor forma gerado pela produo, pela fbrica. Fonte: Elaborado pelo autor. *Valores tempo e lugar so controlados pela logstica, isto , respectivamente, pelo estoque e pelo transporte. Fonte: Elaborado pelo autor *Valor posse gerado pelo marketing e pelas finanas, que facilitam a transferncia da posse para o consumidor. Fonte: Elaborado pelo autor.

A logstica somente tem razo de existir porque gera valor para os clientes, para os fornecedores e para todas as organizaes envolvidas nos processos logsticos. O resultado de uma organizao, de maneira geral, gera quatro tipos de valor: forma*, tempo*, lugar* e posse*. Como vimos, a logstica controla metade das oportunidades de agregar valor a um produto. Ento, o valor gerado pela logstica pode ser expresso de duas formas: tempo e lugar. O produto possui valor caso esteja com o cliente quando (tempo) e onde (lugar) ele necessita que esteja. Para deslocar o produto da indstria at o local que o cliente necessita, a logstica se utiliza de diversos modais de transportes, que sero estudados em Unidades a frente, para agregar o valor lugar. Para atender no prazo contratado pelo cliente e melhorar o processo de entrega, a logstica se vale de estoques bem distribudos na sua regio de atuao. Assim, a manuteno de estoques responde pelo valor tempo. Para a grande maioria das pessoas, o jornal da semana anterior no tem valor, pois aquelas informaes desatualizadas no mais interessam. J para um servidor pblico, um jornal especfico, o Dirio Oficial da Unio ou do Estado, de dias, meses e at anos atrs, tem enorme valor. Assim, um diferencial de um prestador de servio logstico conseguir atender ao cliente no tempo e lugar desejado, nada mais, nada menos do que o solicitado por ele. Voltemos ao exemplo de preparao de merenda apresentado anteriormente, de nada adiantaria os esforos para comprar e preparar os produtos se eles no conseguissem estar na escola e, tambm, no horrio do intervalo das aulas ou antes do horrio da

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Unidade 1 Introduo Logstica

aula. Portanto, o servidor pblico diligente, responsvel pela merenda, deve ter uma logstica bem planejada para que no horrio dos intervalos da aula tudo esteja disponvel na qualidade desejada para atender aos estudantes. Veja a importncia da aplicao da logstica no seu dia a dia, como servidor pblico ou privado, e imagine a partir desse exemplo quanto ela pode ser utilizada em sua organizao.

Vamos aprofundar o tema logstica para entender a importncia dele na sua vida profissional e, por que no, na sua vida pessoal?

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NVEL DE SERVIOAmigo estudante, at aqui voc estudou o que logstica, percebeu como ela faz parte do seu dia a dia? O exemplo da merenda escolar bastante ilustrativo, no mesmo? Pois bem, nesta seo vamos tratar sobre Nvel de Servio. Voc vai perceber que o Nvel de Servio um conceito de marketing muito significativo e de fundamental importncia para o Gerenciamento da Logstica. Vamos l?

O Nvel de Servio pode ser definido como sendo a qualidade (prazo combinado/atendido, confiabilidade, integridade da carga, atendimento etc.) na tica do cliente. s vezes, face necessidade de um Nvel de Servio melhor solicitado pelo cliente, este pode aceitar arcar com um custo maior. O Nvel de Servio deve ser estabelecido em contrato antes de se iniciar qualquer atividade, principalmente as atividades logsticas. Portanto, a primeira informao contratual que deve ser estabelecida com o cliente qual o Nvel de Servio que o cliente deseja comprar. O Nvel de Servio determina o mercado que a organizao deseja atuar, ou seja, uma organizao pode optar por trabalhar com qualidade inferior de produtos ou servios, conquanto tenha compradores a pagar menos por produtos de baixa qualidade. Alm disso, devem ser estabelecidos os parmetros mximo e mnimo que cada item de controle pode atingir para estar dentro da qualidade contratada. Um fator muito importante: o Nvel de Servio deve ser estabelecido de tal forma que possa ser numericamente mensurvel, no deixando margens discusso. No Quadro 1, so apresentados alguns exemplos corretos e incorretos para voc refletir.

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CORRETODeve ser entregue no dia 30/1/2008, s 9 h, no armazm de Vitria, endereo tal... So permitidos 2% de perda de peso de material at a entrega no armazm do cliente. No pode ter qualquer tipo de avaria no produto durante o processo logstico. Quadro1: Exemplos de Nvel de Servio Fonte: Elaborado pelo autor

INCORRETODeve ser entregue rpido. No pode perder muito produto. No pode estragar muito o produto.

Voltando oferta de merenda aos estudantes, e se a escola simplesmente anunciar que haver bebida gostosa no lanche? O que um adolescente poderia pensar? Vai ter refrigerante, oba! Mas a escola somente pode oferecer suco preparado de garrafa. Por esse exemplo, podemos observar que um ndice de controle mal definido pode gerar confuso. No entanto, se fosse anunciado que ser servido suco de caju preparado, com certeza nenhum estudante teria dvida de que no teria refrigerante na merenda, nem criaria expectativa em relao ao refrigerante. Dessa forma, podemos entender que a qualidade do servio logstico pode ser vista como sendo o cumprimento de todos os itens de controle do Nvel de Servio estabelecidos em contrato. Uma questo importante: a organizao prestadora do servio logstico no deve, a pretexto de fidelizar o cliente, realizar um Nvel de Servio acima do estipulado em contrato por duas razes: perda de potencial de receita e/ou prejudicar o prprio cliente. Assim, uma vez estabelecido o Nvel de Servio, ele o item vital para ser mensurado e alcanado em logstica, nem menos, nem mais do que o combinado, mas exatamente o combinado. Portanto, uma organizao de logstica tem qualidade no servio quando cumpre integralmente o Nvel de Servio contratado. Para estabelecer o Nvel de Servio, so preconizadas trs etapas: pr-transao, transao e ps-transao.

Pr-transao: nessa etapa ocorre a negociao, oestabelecimento do Nvel de Servio contratado, tudo posto de maneira formal e por escrito.

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Transao: nessa etapa que o processo logsticorealmente realizado. Para tanto, preciso administrar os nveis de estoque, administrar prazos, administrar o transporte. Nessa etapa, a rea de logstica deve dispor de informaes atualizadas de todo o processo logstico.

Ps-transao: nessa etapa devem ser observadas asgarantias, os reparos, as peas de reposio que foram contratadas. Muitos servios logsticos so contratados com a montagem do equipamento na organizao do cliente. na ps-transao que ocorre o atendimento a queixas e a reclamaes do cliente, bem como o que deve ser sempre feito, mas raramente feito no Brasil, uma pesquisa de satisfao do cliente para verificar se tudo o que foi combinado est a contento. Com base nessa pesquisa, a organizao descobre se possvel gerar melhorias e mudanas no contrato que possam ser melhores para ambas as partes ou, at mesmo, descobrir um novo servio que possa ser prestado. Na prtica das organizaes privadas quem define o Nvel de Servio o cliente final, mas no servio pblico, muitas vezes, a lei que define o Nvel de Servio e, portanto, deveria expressar o que o cliente final deseja ou prefere. Ser que isso sempre ocorre? Para voc entender melhor, vamos voltar preparao da merenda para os nossos estudantes. Veja bem, a lei pode simplesmente dizer que se deve oferecer merenda e os pontos gerais do que deve ser servido, mas se voc perguntar aos estudantes a preferncia deles, eles estabelecero o Nvel de Servio que desejam dentro do limite estabelecido pela lei. A pr-transao pode ser vista como a portaria, o decreto ou a lei que estabelece que haja merenda nas escolas. Essa lei deve especificar o que vai ser oferecido, em que qualidade, em que escolas e em que nvel de escolaridade, por exemplo. Usualmente, faculdades no oferecem merenda. Na transao ocorre a aquisio dos produtos, a preparao da merenda e a entrega ao cliente final, que o estudante que vai consumir a merenda.

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Na ps-transao, a escola deve perguntar aos estudantes se eles ficaram satisfeitos com a merenda, se sugerem algo novo etc. Voc pode se surpreender com timas ideias fceis de implantar que as pessoas que utilizam o servio podem dar e que, muitas vezes, no o fazem por no terem opor tunidade de falar. Experimente colocar uma caixa de sugestes na sua organizao e veja o resultado, se possvel, informe a quem deu a sugesto acatada que voc a utilizou para estimul-lo a continuar sugerindo. Voltando ao exemplo da merenda escolar, voc j pensou sobre por que alguns estudantes ficam com a sensao de que a merenda no os agradou plenamente? Talvez porque a merenda pode no ter uma qualidade aceitvel. Mas na maioria das vezes porque a escola no foi clara e objetiva em divulgar aos estudantes o que seria oferecido de merenda todos os dias. Quando isso no feito, a escola d margem para que os estudantes possam sonhar com um monte de coisas gostosas de comer e que efetivamente no sero preparadas e oferecidas na escola. A logstica pode ser vista como a gesto de processos ou como a administrao de processos, tanto em questes administrativas como em questes operacionais. Para gerir processos, existe apenas uma maneira eficaz: o controle efetivo e quantitativo das operaes/processos. Para se efetivar esse controle, a melhor maneira por meio de itens de controle, pela tica da qualidade, ou simplesmente por indicadores de qualidade. Na lngua inglesa, esses indicadores so conhecidos como Key Performance Indicator (KPI). Os itens de controle so os parmetros, mximo e/ou mnimo, que cada atividade logstica pode atingir para estar dentro da qualidade contratada, ou seja, dentro do Nvel de Servio, e devem ser estabelecidos de tal forma que possam ser numericamente mensurveis, no deixando margens discusso. O momento correto para se estabelecer os itens de controle, como estudamos na seo anterior, a etapa de pr-transao. Os indicadores podem ser agrupados em trs categorias: Custos (EBTIDA*, EVA*, ROI*, custo de perda de venda); Valor (custo de logstica, custo de transportes, custo de transporte por

*EBITDA representa em ingls Earning and Before Interests, Taxes, Depreciation Amortization, ou seja, em portugus: Lucro Antes dos Juros, Impostos, Depreciao e Amortizao. Alguns profissionais chamam o EBITDA de fluxo de caixa operacional. Fonte: Elaborado pelo autor. *Economic Value Added (EVA) uma metodologia para medio interna do desempenho de uma organizao quanto sua criao de valor ou por seus processos. Fonte: Elaborado pelo autor. *Return on Investiment (ROI) significa em portugus Retorno sobre Investimento e mede o percentual de retorno conseguido sobre o capital investido. Fonte: Elaborado pelo autor.

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quilmetro rodado, custo de transporte por tonelada a ser transportada, custo por pedido; custos de processamento do pedido/ nmero de pedidos) e Desempenho (Lead Time tempo total entre a colocao do pedido e a sua entrega), quantidade de pedidos entregue no prazo, ndice de ocupao dos armazns, distncia mdia percorrida pelos veculos, giro de estoque, nmero de entregas por veculo, ndice de avarias, quantidade de devolues, acuracidade dos documentos, separao de pedidos por hora, On Time In Full (OTIF). Os indicadores de Custos medem os custos envolvidos nas operaes logsticas e so voltados para a rea contbil da organizao. Os itens de controle de Valor dizem respeito ao custo financeiro empregado diretamente nas atividades. Os indicadores de Desempenho medem a eficincia das operaes logsticas e so de extrema importncia para a gesto da logstica no mbito operacional.

QUALIDADE

DO

SERVIO LOGSTICO

Depois do estudo da seo anterior, voc concorda em dizer que o Nvel de Servio est relacionado expectativa de qualidade do cliente? E que a qualidade seria o atendimento a essa expectativa do cliente em relao ao Nvel de Servio? Pois bem, a seguir voc vai observar que a qualidade do servio logstico pode ser vista como sendo o cumprimento de todos os itens de controle do Nvel de Servio estabelecidos em contrato. Assim, podemos dizer que o Nvel de Servio a expectativa de qualidade que o cliente tem e a qualidade o atendimento dessa expectativa.

Fazer alm do combinado no Nvel de Servio no ter qualidade, desperdcio!

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Unidade 1 Introduo Logstica

Imagine como exemplo uma organizao pblica que emite certides. Se voc combinar com um cliente que vai emitir a certido solicitada por ele em trs dias, no adianta emiti-la antes, pois voc vai ocupar seus arquivos, correndo o risco de perd-la ou de extravi-la e, principalmente, de deixar de atender outras coisas importantes com prazos mais apertados.

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ATIVIDADES DA LOGSTICANa seo anterior, voc viu que a qualidade no atendimento da expectativa do cliente est relacionada ao Nvel de Servio oferecido. Pois bem, para que isso ocorra necessrio levar em conta as atividades da logstica, as quais envolvem o Planejamento e o Apoio operacional. Vamos a elas!

As atividades da logstica podem ser definidas com base na funo que elas exercem. Assim, temos a seguinte classificao: Planejamento e Apoio Operacional. Como voc pode observar no Quadro 2.PLANEJAMENTO1. Processamento do Pedido 2. Transporte 3. Administrao de Estoque 4. Localizao

APOIO OPERACIONAL1. Compra 2. Armazenagem 3. Manuseio de Materiais 4. Manuteno da Informao 5. Embalagem de Proteo 6. Transporte (apenas operacional)

Quadro 2: Atividades de Planejamento e de Apoio Operacional da logstica Fonte: Elaborado pelo autor

ATIVIDADES DE PLANEJAMENTOAs atividades de Planejamento podem ser vistas como macroatividades que englobam uma viso de planejamento; e as atividades de Apoio Operacional podem ser vistas como atividades

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operacionais. Ou seja, para iniciarmos o planejamento logstico, resolvemos antes as atividades de Planejamento em nvel macro para depois resolvermos a parte operacional relacionadas s atividades de Apoio Operacional. Nesta seo, voc vai conhecer os aspectos relacionados s atividades de Planejamento: Processamento do Pedido, Transporte, Administrao de Estoque e Localizao. Na atividade Processamento do Pedido so estabelecidos a infraestrutura necessria para recebimento e tratamento dos pedidos recebidos, os padres para colocao de pedidos, as normas de tratamento e o fluxo das informaes dentro da organizao. Na atividade Transporte so tomadas as seguintes decises: a seleo do modal de transporte*, o dimensionamento da frota, a escolha de veculos para a frota, os roteiros a serem percorridos, a deciso por se utilizar ou no de intermodalidade* e multimodalidade* e a programao de sada para circulao da frota, dentre outras. Voltando ao exemplo da merenda escolar, podemos imaginar o transporte como o meio pelo qual todos os produtos chegam escola, geralmente de caminho ou de veculo menor. De outro modo, se a prefeitura tivesse uma cozinha central que distribusse a merenda j preparada para todas as escolas do municpio, ela deveria ter ento uma frota para fazer essa distribuio. Na atividade A d m i n i s t r a o d e E s t o q u e, ou simplesmente Estoque so estabelecidas as polticas de estocagem de insumos e de produtos acabados, a previso de vendas, a definio da quantidade e do tamanho dos armazns para atender a logstica, dentre outras. Ainda considerando o exemplo da merenda, significa estabelecer quanto ser o estoque formado de arroz, de po, de suco, de legumes, de manteiga, de leite, de caf etc. Repare que esse estoque ocupa espao e, s vezes, um espao caro, um freezer, por exemplo, e se esse freezer parar de funcionar, todos os produtos podem ser perdidos. E o prazo de validade? Vrios desses produtos tm prazos de validade bem curtos, outros levam seis meses. Somente teremos uma previso do que devemos estocar se soubermos a demanda,

*Modal ou modos de transporte so os diversos tipos de transporte que podem ser utilizados na logstica, destacamos o rodovirio, o ferrovirio, o aqua-virio, o dutovirio e o areo. Fonte: Elaborado pelo autor. *Intermodalidade o transporte de qualquer mercadoria realizado por mais de um tipo de transporte, por exemplo, uma parte do transporte feita de trem e a outra parte feita de caminho. Na intermodalidade emitido um documento de transporte para cada um dos trechos percorridos. Fonte: Elaborado pelo autor. *Multimodalidade: em termos operacionais, um tipo de transporte igual intermodalidade. A diferena que na multimodalidade emitido somente um documento de transporte para todos os trechos percorridos, independentemente do modal utilizado. Fonte: Elaborado pelo autor.

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ou seja, o nmero de estudantes e as caractersticas dos produtos. Tudo isso decidido quando estudamos o Estoque. Por fim, temos a atividade Localizao, que nem sempre considerada pelos autores como atividade primria. Nesta disciplina, ela destacada tendo em vista que uma deciso errnea da localizao da fbrica, dos armazns e das garagens dos veculos pode gerar custos logsticos altssimos, levando a organizao necessidade de reinvestimento visando reduo desses custos. Para o caso da merenda escolar, teramos dificuldade de colocar um exemplo, pois sua localizao deve ser algo planejado a fim de atender ao maior nmero possvel de estudantes com segurana, utilizando o mnimo de transporte. Portanto, a localizao da merenda tem de ser, de maneira geral, na prpria escola e no em um lugar fora dela. O dimensionamento das atividades de Planejamento estabelecido a par tir do Nvel de Ser vio vendido. Esse dimensionamento refere-se, por exemplo, ao tamanho da frota, aos roteiros, ao volume de estoque a ser gerido, aos mtodos de recebimento e tratamento dos pedidos recebidos. Alm disso, devemos definir a localizao dos armazns, das garagens para a frota, entre outros detalhes.

Teremos a frente outras Unidades para discutir cada uma dessas quatro atividades de Planejamento, as quais denominamos Gesto do Processamento do Pedido, Gesto de Transporte, Gesto de Estoque e Localizao. Bem, voc percebeu que, nas atividades da logstica, o planejamento muito importante? Agora vai conhecer um pouco mais sobre o Apoio Operacional.

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ATIVIDADES

DE

APOIO OPERACIONAL

Nas Atividades de Apoio Operacional esto envolvidas a Compra, a Armazenagem, o Manuseio de Materiais, a Embalagem de Proteo e a Manuteno da Informao, as quais voc vai conhecer daqui em diante.

Na atividade Compra feita a escolha dos fornecedores, definido o momento de comprar e de quanto comprar. Em face da importncia da compra no servio pblico, neste estudo, dedicaremos uma seo especfica para tratar desse assunto mais a frente. Na atividade Armazenagem so definidos o espao necessrio para os produtos que vo ser armazenados, o layout do armazm, a distribuio dos produtos nesse layout, os cuidados com a integridade da carga, o nmero de docas para atender a demanda de veculos e as medidas de segurana patrimonial contra roubo e incndios/exploses, dentre outras. No caso da armazenagem da merenda escolar, a diretora da escola deveria prever os locais onde o caminho pudesse ser descarregado com rapidez e segurana. Deveria, ainda, prever reas em que pudessem ser armazenados os produtos sem risco de inundao, alm de viabilizar a segurana do prdio e o controle de entrada e sada dos produtos etc. Na atividade Manuseio de Materiais so feitas as escolhas do tipo de equipamento de manuseio, das polticas de guarda e recuperao de produtos e das polticas de coleta de pedidos. Por exemplo, a escola deve definir se comprar suco em caixas de garrafas e leite em caixas longa vida soltas ou dentro de outras caixas; deve controlar os produtos e utilizar primeiro aqueles com data de fabricao mais antiga; e para o caso de grandes escolas, adquirir equipamentos como carrinhos de compra para facilitar o deslocamento dos produtos at a cozinha. Na atividade Embalagem de Proteo elaborado o projeto de embalagem que facilitar o manuseio, a armazenagem

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e a segurana patrimonial das mercadorias movimentadas dentro dos armazns e durante o transporte. Por exemplo: a caixa que comporta 12 caixas de leite ou a caixa que comporta vrias latas de leo so exemplos de embalagens de proteo. Na atividade Manuteno da Informao so tratados os dados e as informaes referentes ao processo logstico, elaborados os procedimentos de manuteno da infraestrutura de informtica e, tambm, feitas as coletas e o arquivamento dos dados. As atividades de Apoio Operacional so dimensionadas a partir das atividades de Planejamento e servem para apoiar a sua realizao. Com base nas descries das atividades de Planejamento e de Apoio Operacional, podemos dizer que todo o estabelecimento das atividades logsticas nasce do Nvel de Servio acordado. Na Figura 3, voc pode ver de maneira esquemtica como a logstica estruturada.

Figura 3: Estabelecimento das atividades de Planejamento e de Apoio Operacional Fonte: Elaborada pelo autor

Podemos perceber que tudo na logstica se inicia a partir do Nvel de Servio, somente depois as atividades de Planejamento so estabelecidas. Cada atividade primria tem relao direta ou indireta com as atividades de Apoio Operacional. Por isso, as atividades de Apoio Operacional so estabelecidas a partir das atividades de Planejamento.

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No esquema da Figura 3, voc viu que a atividade de Planejamento da Gesto de Estoque tem relao direta com as seguintes atividades de Apoio Operacional: Compras, Armazenagem, Embalagem de Proteo e Manuseio de Materiais. No mesmo esquema, podemos ver que a atividade primria Gesto de Transporte tem relao direta com as mesmas atividades de Apoio Operacional que acabamos de citar. J a atividade primria Gesto do Processamento do Pedido tem relao direta com a Manuteno da Informao. Obviamente, as atividades de Planejamento Estoque e Transporte interagem com a Manuteno da Informao, mas a atividade Processamento do Pedido que interage diretamente controlando a Manuteno da Informao. Por fim, podemos analisar mais o esquema e perceber que a atividade primria Localizao no interage diretamente com uma atividade secundria especfica, pois essa atividade primria est mais no mbito de planejamento ttico e estratgico das operaes logsticas, e as atividades de Apoio Operacional esto mais relacionadas com as atividades operacionais da logstica. No entanto, uma definio de Localizao afeta todas as outras atividades de Planejamento e, por conseguinte, todas as atividades de Apoio Operacional. Para definir o Tempo do Ciclo do Pedido, conhecido na lngua inglesa como Lead Time, devemos definir o Ciclo do Pedido no contexto da logstica. O Ciclo do Pedido o conjunto de atividades, incluindo todas as atividades de Planejamento e de Apoio Operacional da logstica, conforme a Figura 4, que devem ser realizadas para que o produto solicitado possa ser entregue ao cliente no Nvel de Servio contratado.

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Comprar Matria-PrimaSe no tiver Estoque

Produzir Produto

Cliente faz Pedido

Processamento do Pedido

Manuteno do Estoque

Transporte

Entrega no Cliente

Figura 4: Atividades do Ciclo do Pedido Logstico Fonte: Elaborada pelo autor

Assim, o Tempo do Ciclo do Pedido o tempo medido a partir do momento em que o cliente faz a colocao do pedido at o momento em que recebe esse pedido dentro das condies de qualidade solicitadas, ou seja, de acordo com o Nvel de Servio contratado. O Tempo do Ciclo do Pedido um dos indicadores mais importantes de qualidade da logstica, pois mede a eficincia de todo o processo logstico e por meio dele os clientes calculam o momento no qual eles devem colocar um pedido a fim de repor seu estoque. Se tomarmos o caso de um hospital, podemos imaginar a colocao do pedido como sendo a marcao de um exame, cujo Tempo do Ciclo do Pedido seria medido a partir do dia em que o Ciclo de Pedido Saiba mais cliente, o paciente, vai ao hospital Para entender o conceito de Ciclo do Pedido e percepara marcar o exame at o dia em ber que ele est em todo lugar, at mesmo em que recebe o resultado com laudo Hollywood, assista ao timo filme O Nufrago, com do mdico. Existem casos em que o Tom Hanks. Para conferir o momento que ilustra o Tempo de Processamento do Pedido, conceito que estamos tratando, fique atento s cecomo o de marcao de exames, nas em Moscou: a situao em que o personagem chega a 12 meses! Gerenciar esse busca um Tempo do Ciclo do Pedido, ou lead time, Tempo de Processamento do Pedido perfeito, a cena do garotinho correndo pelas ruas. uma boa meta para os hospitais Fonte: Elaborado pelo autor. pblicos, voc no acha?

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PROCESSO LOGSTICONa seo anterior, voc viu como so organizadas as atividades da logstica de Planejamento e de Apoio Operacional e pde constatar que uma est diretamente relacionada a outra. Nesta seo, voc vai estudar sobre o processo logstico.

O processo logstico visto como sendo o conjunto de todos os integrantes e de todas as etapas que compem a logstica de algum produto de alguma organizao. Assim, ele composto dos seguintes atores: da organizao privada, da indstria ou do rgo pblico, dos fornecedores e dos clientes. Na Figura 5, podemos ver esquematicamente os atores do processo e perceber que o foco est no estabelecimento de parcerias entre a organizao e os fornecedores, com vistas a atender ao cliente.

Fornecedores

Empresa, Indstria ou rgo Pblico

Clientes

Figura 5: Atores dos processos logsticos Fonte: Elaborada pelo autor

Para que os fornecedores saibam qual produto a organizao quer, quando quer e onde quer, necessrio haver a troca de informao entre eles, pois uma vez que o fornecedor tenha tudo o

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que a organizao precisa, ele imediatamente envia a ela os produtos solicitados por meio de um modal de transporte. Esse processo denominado Suprimento Fsico (termo mais usado nos Estados Unidos) ou Administrao de Materiais (termo mais usado em outros pases), sendo esse ltimo o termo utilizado neste estudo. Assim, para vender para seus clientes, a organizao tambm precisa saber o que eles querem, quando querem e onde querem. Para isso, a troca de informaes importante, pois uma vez que a organizao tenha tudo o que o cliente precisa, ela envia os produtos comprados at o local combinado com ele por algum meio de transporte. Esse processo denominado Distribuio Fsica. Assim, temos dois processos na logstica: a Distribuio Fsica e a Administrao de Materiais, conforme demonstramos na Figura 6.

Figura 6: Processos logsticos Fonte: Elaborada pelo autor

A partir dos processos logsticos ilustrados na Figura 6, voc vai estudar, nas prximas sees, a Distribuio Fsica e a Administrao de Materiais.

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ADMINISTRAO

DE

MATERIAIS

Para voc entender o que Administrao de Materiais, precisa saber que material todo bem que pode ser contado, registrado e que tem por funo atender s necessidades de produo ou de prestao de servio de uma organizao pblica ou privada. A partir dessa definio, podemos, ento, conceituar o que vem a ser Administrao de Materiais na logstica: o conjunto de atividades que tem por objetivo planejar, executar e controlar os materiais adquiridos e usados por uma organizao ou por um rgo pblico com base nas especificaes dos produtos a serem adquiridos. Todo esse processo deve ser feito da forma mais eficiente e econmica que se possa conseguir realizar. Em resumo, podemos dizer que a Administrao de Materiais um conjunto de atividades que tem por finalidade o abastecimento de materiais para a organizao pblica ou privada no tempo certo, na quantidade certa, na qualidade solicitada, sendo tudo isso conseguido ao menor custo possvel. Cabe Administrao de Materiais todas as atividades para a aquisio de matrias-primas para o abastecimento da organizao privada, da indstria ou da organizao pblica, como o controle de estoque e a deciso de rep-lo, a escolha de fornecedores, os processos de compra, a armazenagem e a entrega para produo, tudo isso sincronizado com as necessidades de produo. Podemos listar que as principais atividades inerentes Administrao de Materiais so: Manuteno de Estoques, Processamento do Pedido, Compras, Programao do Produto, Embalagem de Proteo, Armazenagem, Manuseio de Materiais, Manuteno da Informao e Transportes. Todas essas atividades sero detalhadas nas prximas Unidades. Atente para o fato de que na prefeitura de seu municpio, na repartio estadual ou federal os nomes citados para Administrao de Materiais podem no aparecer no organograma desse rgo pblico. Mas no se preocupe! Em geral, todas essas denominaes dizem a mesma coisa e fazem as mesmas atividades mencionadas.

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A Administrao de Materiais, em sua viso mais operacional, tem por objetivo resolver as seguintes questes: 1. O que comprar (qual o produto a ser comprado)? 2. Quem necessita da compra (departamentos e reparties que necessitam do produto)? 3. Quantas unidades devem ser compradas (no apenas um pedido, mas o lote econmico de compra)? 4. Quando comprar (prazo limite para o produto chegar menos o tempo do processo de compra)? 5. Quais so os possveis fornecedores (pesquisar os fornecedores e classific-los para poder consult-los e eventualmente dar notas em funo de sua confiana/ credibilidade e do seu Nvel de Servio)? 6. Qual o preo justo para compra (fazer uma sondagem de preos no mercado local e nacional ou, eventualmente, internacional e somar a esses preos os valores de frete para se ter um parmetro do valor a ser cobrado pelo produto, que servir como base para o processo de compra)? 7. Como realizar o processo de compra (no caso do servio pblico, seguir a Lei n 8.666, de 21 de junho de 1993, mais toda a legislao pertinente e, assim, escolher se a compra ser realizada por dispensa ou por licitao)? 8. Como receber os produtos do fornecedor vencedor do processo de compra (fazer testes nos produtos, como exames do Ministrio da Agricultura, como os testes em laboratrio de ensaios fsicos para medir a resistncia de uma cadeira de sala de aula, ou como os testes de microcomputadores etc.)? 9. Como entregar os produtos aos solicitantes (tudo de uma vez, entrega parcial etc.)?

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10. Como controlar o estoque/armazenagem dos produtos estocados pela organizao?

As perguntas anteriores nos do uma noo da complexidade da funo do administrador de materiais e da dificuldade de realizar todo o processo de maneira gil para que atenda aos servidores e/ou aos funcionrios. Com a definio de Administrao de Materiais apresentada, vamos ento definir quem o administrador de materiais.

O administrador de materiais a pessoa que ficar responsvel por executar procedimentos que respondam as dez perguntas elaboradas anteriormente de forma honesta, sria, sempre buscando a economia dos custos da organizao por meio de compras realizadas a custos mais baixos, de gerenciamento srio dos estoques armazenados para evitar roubos, avarias, perda de validade, entre outros. Note que, se a Administrao de Materiais no realizar suas tarefas a contento, a organizao corre o risco de parar de fornecer seus produtos por no ter material para abastecer a produo, a organizao pblica, a escola, ou o hospital, bem como pode parar de atender a populao por falta de merenda, de medicamentos, entre outros.

Voc percebeu quanto a Administrao de Materiais importante em qualquer organizao, seja ela pblica ou privada?

No servio pblico, a Administrao de Materiais o processo logstico mais presente, a rea de servios que basicamente demanda o abastecimento de produtos para permitir a execuo desses servios. Para entender melhor esse processo, vamos voltar ao exemplo da merenda escolar?

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Pois bem, nele os clientes so os estudantes, que tm uma expectativa em relao merenda saudvel e gostosa no horrio do intervalo. Os fornecedores so as organizaes, supermercados, atacadistas ou fbricas, que ganham as licitaes de fornecimento de produtos alimentcios e que devem entreg-los escola.

O processo de Administrao de Materiais ficou claro? Na prxima Unidade retomaremos esse exemplo e falaremos do prximo processo logstico. Todas as atividades da Administrao de Materiais sero tratadas na Unidade sobre as Atividades de Planejamento e na Unidade sobre as Atividades de Apoio Operacional, mais a frente.

DISTRIBUIO FSICAVoc est lembrado dos processos da logstica ilustrados na Figura 6? Ento, na seo anterior, estudamos a Administrao de Materiais, agora vamos conhecer um pouco mais sobre a Distribuio Fsica.

A Distribuio Fsica trata do processamento de pedidos, do transporte, da estocagem de produtos acabados e da armazenagem dos produtos finais da organizao, desde o instante que o pedido colocado pelo cliente at o momento em que ele toma posse dele. Podemos ainda dizer que a Distribuio Fsica cobre todas as atividades que vo desde a sada do produto acabado da fbrica at a entrega final ao cliente. O transporte e o gerenciamento de estoque so as principais atividades que compem a Distribuio Fsica, movimentando os produtos desde o fim da produo at o mercado de clientes. Podemos citar, tambm, como atividades envolvidas na Distribuio

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Fsica: o servio ao cliente, a previso de demanda, o controle de estoques, o processamento de pedidos, o suporte aos servios, a reposio de partes, a seleo de locais de fbricas e armazns, o empacotamento, o manuseio de bens de estoques, o gerenciamento de rejeitos e as sobras. Envolve, ainda, a Logstica Reversa, que o processo de retornar para a indstria os produtos com defeitos e/ ou rejeitados pelos clientes. A Distribuio Fsica pode variar sua forma de atuar em funo do mercado, assim, temos: Distribuio Fsica para mercado de clientes finais, Distribuio Fsica para mercado de indstrias e Distribuio Fsica para mercado de intermedirios. Veja cada um desses processos:

Os clientes finais so aqueles que usam o produtopara satisfazer suas necessidades, geralmente adquirem pequenas quantidades e so em grande nmero.

Os consumidores industriais so aqueles quecompram para produzir novos produtos, geralmente adquirem grandes quantidades e so em menor nmero.

Os intermedirios so aqueles que compram emgrandes quantidades e distribuem para os consumidores finais e/ou indstrias e so em pequeno nmero. Os intermedirios no consomem o produto, mas oferecem os produtos para revenda aos intermedirios, s indstrias ou aos consumidores finais.

Para continuar a falar sobre a Distribuio Fsica, devemos introduzir o conceito de Canais de Distribuio, observe-o a seguir:

Um Canal de Distribuio corresponde a um conjunto de organizaes que participam do fluxo de produtos, desde o fornecedor da indstria, passando pela prpria indstria que produz, at o cliente final. Os Canais de Distribuio so usualmente formados por atacadistas, varejistas, revendedores, distribuidores etc.

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Dessa forma, uma organizao pode entregar seus produtos diretamente aos seus clientes, Canal de Distribuio 1; pode vender para uma ou mais lojas de varejo e essas vendem para o usurio final, Canal de Distribuio 2; e, ainda, as organizaes podem vender para atacadistas, que vendem para lojas varejistas, que, por fim, vendem para os clientes finais do produto, Canal de Distribuio 3. Para ilustrar alguns possveis Canais de Distribuio, observe a Figura 7.

Fbrica

Fbrica

Fbrica Atacadista

Loja de Varejo

Loja de Varejo

Cliente FinalCanal de Distribuio 1

Cliente FinalCanal de Distribuio 2

Cliente FinalCanal de Distribuio 3

Figura 7: Exemplos de Canal de Distribuio Fonte: Elaborada pelo autor

Se a Distribuio Fsica ocorrer no mbito internacional, outras organizaes podem ser incorporadas ao Canal de Distribuio visando maior eficincia da distribuio. O sistema de transporte na Distribuio Fsica pode ser classificado em dois tipos: Distribuio um para um e Distribuio um para muitos. No tipo Distribuio um para um o veculo totalmente carregado no depsito da indstria ou em um centro de distribuio (lotao completa) e a carga transportada para um nico ponto de destino, que pode ser qualquer organizao do Canal de

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Distribuio. Nesse tipo de distribuio, o veculo carregado de maneira a ocupar toda sua capacidade (volume e/ou peso) e, consequentemente, tende a diminuir o custo de transporte. Na prtica, esse tipo de Distribuio um para um denominado transferncia de produtos. No tipo Distribuio um para muitos, tambm conhecido como distribuio compartilhada, ocorre a situao na qual o veculo carregado no depsito da organizao ou em um centro de distribuio, nem sempre com lotao completa, e a carga transportada para diversos pontos de destino do Canal de Distribuio. Como exemplo, podemos ter diversos atacadistas em municpios diferentes ou diversas lojas varejistas. Para cumprir essa distribuio, elaborado, para cada veculo da frota, um roteiro especfico de entregas por meio de ferramentas matemticas de roteirizao de veculos. Nesse tipo de entrega, temos a tendncia de no atingir o melhor aproveitamento da capacidade do veculo. Isso se deve aos diversos tamanhos, formas e pesos das cargas que esto sendo transportadas, dificultando, assim, a acomodao da carga de forma a usar ao mximo a capacidade do veculo. Alm disso, o caminho deve ser carregado na ordem inversa das entregas, o que impede a melhor ocupao da carga no espao interno do caminho. Para minimizar esse problema, existem os caminhes tipo siders, que abrem toda a lateral e no apenas a porta traseira do veculo. muito comum vermos esses caminhes serem usados para a distribuio de refrigerantes. Agora, voltemos ao exemplo da merenda escolar. Lembrase dele? Pois bem, supondo que a fbrica seja a ser vidora merendeira que tem como funo preparar a merenda, ento os clientes seriam os estudantes, que tm uma expectativa em relao merenda saudvel e gostosa a ser servida no horrio do intervalo. Os fornecedores seriam organizaes, supermercados, atacadistas, ou fbricas, que ganham as licitaes de fornecimento de produtos alimentcios e que devem entreg-los escola. At este ponto estvamos falando do processo de Administrao de Materiais, mas agora temos de tirar o produto da cozinha para lev-lo cantina, supondo que os dois estejam distantes um do outro.

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EQUILBRIO DE CUSTOS SOBA TICA DA LOGSTICAA logstica para ser realizada gera diversos custos. Vamos, ento, conhecer um pouco sobre equilbrio de custos? Para que possamos fazer uma anlise desses custos, eles podem ser divididos em custos das atividades de Transporte, Estoque e Processamento do Pedido. O que buscamos na logstica no somente minimizar o custo de transporte, ou de estoque, ou de processamento de pedido, mas sim minimizar a soma dos trs custos. Invariavelmente, os custos de transporte e estoque se comportam de maneira inversa, quando um aumenta, o outro diminui. Isso ser visto nas prximas pginas.

A organizao deve sempre buscar a minimizao do custo global de logstica que atende ao Nvel de Servio contratado pelo cliente. Dessa forma, a organizao deve trabalhar para buscar o equilbrio de custos. Para tal, vrias anlises de custos podem e devem ser feitas e analisadas. Para facilitar o entendimento de uma anlise de custo, observe a Figura 8, que apresenta de forma clara a necessidade do equilbrio de custos entre as atividades de Planejamento. Como voc pode verificar, invariavelmente os custos de transporte e estoque se comportam de maneira inversa, quando um aumenta, o outro diminui.

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C u s t o

Custo Global Custo de Estoque

Custo de Transporte Processamento do Pedido Custo Mnimo Estoque/No ArmazmFigura 8: Equilbrio de custos logsticos Fonte: Adaptada de Ballou (1993)

No grfico da Figura 8, o eixo vertical representa os custos e o eixo horizontal representa a quantidade em estoque/nmero de armazns. Existem quatro curvas de custos representadas: Custo de Transporte, Custo de Estoque, Custo de Processamento do Pedido e Custo Global. A curva de Custo de Processamento do Pedido est representada no grfico porque compe o Custo Global, no entanto, o valor do Processamento de Pedido frente ao Custo de Transporte e ao Custo de Estoque pode ser considerado zero. Analisando as duas curvas mais relevantes, Transporte e Estoque, note que medida que cresce o nmero de armazns, existe a tendncia a utilizar transportes ponto a ponto, da fbrica para o armazm, para valer-se de modais de transportes que transportem maior volume de carga com tendncia natural diminuio de frete. Assim, a curva de Custos de Transporte tende a reduzir os custos. Em contrapartida, com o aumento dos armazns, h uma tendncia a aumentar a quantidade em estoque, pois o estoque est distribudo geograficamente. Com o aumento de armazns e com o aumento da quantidade em estoque, a curva de Custo de Estoque tende a aumentar os custos. Como o Custo Global a soma dos trs custos, precisamos procurar o menor Custo Global. O menor Custo Global no o menor Custo de Transporte, nem o menor Custo de Estoque, e sim, usualmente, quando as duas curvas de custo se encontram.

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PLANEJAMENTO DA LOGSTICAVamos agora conhecer mais sobre o processo de planejamento da logstica? O planejamento da logstica baseado no Nvel de Servio visa definir os modais de transporte a serem utilizados, os roteiros a serem cumpridos, os nveis de estoque, os modelos, os tamanhos e a quantidade de armazns e a localizao fsica das instalaes (fbrica, armazns e garagens). O planejamento da logstica deve, ainda, buscar trs objetivos: a reduo de custos, a reduo de investimentos e as melhorias de servio.

No objetivo reduo de custos buscamos, sobretudo, a reduo de custos variveis associados ao transporte e armazenagem. Normalmente, frente a vrias alternativas para transporte e armazenagem, escolhemos pela alternativa de menor custo. No entanto, esperamos que, mesmo reduzindo os custos, o Nvel de Servio seja mantido no mesmo patamar anterior reduo de custos. Dessa forma, ao alcanarmos o objetivo de reduzir os custos, podemos aumentar a margem de lucro do produto ou analisar a reduo de preos visando uma fatia maior de mercado. No caso da Administrao Pblica, a reduo de custos, mantendose o mesmo Nvel de Servio, implica ter sobras de verba que possam ser aplicadas em outros servios para a comunidade. No objetivo reduo de investimento buscamos investir o mnimo possvel nos processos logsticos. Assim, investimentos em armazenagem e frota so evitados e a organizao passa a utilizar servios de terceiros. O risco desse objetivo que ele pode aumentar os custos variveis, e a sua vantagem aumentar o retorno sobre o capital investido. Essa estratgica, sob o ponto de vista financeiro, pode ser at interessante, mas sob o ponto de vista operacional

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muito perigosa, pois a organizao corre o risco de no conseguir terceiros para realizar os servios contratados em momentos de pico de demanda por transporte e armazenagem. Na poca de alta demanda por servios logsticos tambm ocorre um aumento do valor desses servios. No objetivo melhorias de servio a organizao visa a aumentar ou a manter a receita por meio da melhoria do Nvel de Servio prestado. Esse objetivo perigoso do ponto de vista de marketing, pois uma melhoria do Nvel de Servio pode implicar a mudana de nicho de mercado da organizao. No entanto, ele se torna interessante quando o preo final mantido e com isso a organizao ganha vantagem competitiva, oferecendo mais ao cliente pelo mesmo preo. No caso da Administrao Pblica, o que a populao deseja um servio de melhor qualidade, mesmo que isso gere um custo maior. Nesse sentido, cabe ao administrador pblico analisar a relao custo por qualidade do servio. Em princpio, esses objetivos podem ser antagnicos, ou seja, como possvel reduzir custos e melhorar o servio prestado? Como possvel reduzir investimentos e reduzir custos? Essas no so respostas fceis de serem produzidas, mas para responder essas questes que existem os profissionais de logstica, pessoas que tm a funo de inovar com novos equipamentos, materiais e processos visando trazer resultados positivos para os trs objetivos. Em muitas organizaes, a falta de estrutura e mtodos acarreta desperdcios que para serem resolvidos no precisam de muito investimento. A implantao de novos procedimentos operacionais pode significar uma reduo substancial de custos e pode ser uma opo de anlise inicial para resolver os aparentes conflitos entre os objetivos listados anteriormente. Para elaborarmos um planejamento logstico, devemos levantar alguns parmetros bsicos e essenciais, de acordo com a realidade futura do mercado e da organizao. Dentre os principais parmetros utilizados, citamos os seguintes: Nvel de Servio ao cliente, Demanda, Caractersticas do produto, Opes de modais de transporte, Estabilidade poltico-econmica.

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O Nvel de Servio um dos fatores que pode determinar a demanda, pois ele determina o nicho de mercado em que a organizao atua e pode influenciar a demanda. Alm disso, para patamares mais altos de Nvel de Servio, h a tendncia de aumento dos custos dos servios logsticos. A demanda projetada do produto em certo Nvel de Servio no futuro , sem dvida, o principal parmetro para qualquer projeto logstico. No entanto, para muitos produtos, principalmente no varejo, estimar a demanda algo extremamente complexo, face as inmeras variveis e seu grau de incerteza. Sem o clculo da demanda, qual quantidade e em que local ocorrer, impraticvel elaborarmos um planejamento de logstica. As opes de modais disponveis so muito importantes, pois com base nelas podemos escolher uma ou mais opes de transporte. Tendo mais de uma opo de modal de transporte, podemos decidir at por uma operao intermodal. Alm disso, podemos prever os novos investimentos em ferrovias, portos, armazns e outras facilidades logsticas. A estabilidade poltico-econmica de um pas um fator muito importante, pois ela determina os riscos de investimentos e as oscilaes de demanda. Os pases com alto grau de instabilidade poltico-econmica praticamente inviabilizam planejamentos de mdio e longo prazo com algum grau de preciso. Esses planejamentos so feitos como uma anlise e viso do que pode vir a acontecer, sem valores financeiros e sem quantitativos, pois foram elaborados somente com estimativas de valores e sentimentos. O Planejamento logstico responde a trs perguntas: o que deslocar de um ponto para outro ponto? Quando realizar esse deslocamento? Como fazer esse deslocamento? Assim, o profissional de logstica dever sempre estar atento s trs perguntas citadas, buscando reduzir os investimentos, os custos variveis e manter ou melhorar o Nvel de Servio prestado. Para responder as perguntas acima, o profissional de logstica no deve, sob nenhuma hiptese, trabalhar sem fazer um timo planejamento, buscando anteciparse aos detalhes, como o tempo para tomar decises que contribuam para que a organizao possa alcanar os trs objetivos.

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Para qualquer planejamento logstico fundamental o conhecimento de algumas informaes. Dentre elas, citamos: o Nvel de Servio oferecido; a Demanda real e a Demanda projetada; a Localizao dos possveis fornecedores; as facilidades logsticas; sobretudo, os modais de transporte; a facilidade de contratao de mo de obra capacitada local; a Infraestrutura de energia; os prrequisitos ambientais; os benefcios governamentais; e a segurana das instalaes e da carga. Dessa forma, o profissional de logstica deve realizar trs tipos de planejamento. Cada tipo definido em funo do horizonte de planejamento. Assim, temos os seguintes tipos de planejamento logstico: Estratgico, Ttico e Operacional.

O Planejamento Estratgico de longo prazo,porm no existe um consenso entre os autores do que seja longo prazo, alguns definem longo prazo como sendo maior que um ano, outros definem como maior que cinco anos. Assim, adotaremos o conceito de Planejamento Estratgico como maior que cinco anos.

O Planejamento Ttico aquele que ocorre em umhorizonte mximo de um ano. Nor malmente, acompanha o oramento anual das organizaes.

O Planejamento Operacional o dia a dia dasorganizaes, com horizonte mximo de uma semana a no mximo duas semanas. Esses trs nveis de planejamento devem ser aplicados s trs dimenses da logstica: a localizao, a manuteno de estoque e o transporte. Para cada uma dessas trs dimenses, alguns tpicos devem ser analisados na hora do planejamento, veja a Figura 9.

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Figura 9: Tpicos do planejamento logstico em funo das dimenses da logstica Fonte: Adaptada de Ballou (2006)

A partir deste ponto, com base nas informaes citadas anteriormente, voc vai analisar cada uma das decises tomadas por dimenso da logstica.

Na Localizao devem ser tomadas as seguintes decises: nmero, dimenso e localizao das instalaes, alocao de armazns para atender a certas reas. Com base nos dados anteriormente listados, apesar do alto grau de complexidade do problema, possvel definir qual o nmero de armazns, suas dimenses e suas localizaes. Tambm possvel definir as garagens dos veculos de transporte e os pontos de transbordo das mercadorias, caso isso seja uma definio. Alm disso, possvel, pela tica da logstica, definir quais so os fornecedores em melhor condio logstica para atender ao suprimento da fbrica e definir a melhor localizao da prpria fbrica. Uma vez definidas as instalaes logsticas, podemos alocar quais pontos de demanda sero atendidos por quais armazns e definir zonas de atuao para cada um deles.

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No transporte, devemos tomar as seguintes decises: a escolha do modal, a escolha das rotas (roteirizao) e o tipo de embarque. A terceira deciso diz respeito definio do tipo de embarque, que podem ser totais ou fracionados. Os embarques totais ocorrem quando o veculo transportador ocupado somente por cargas de um cliente. Outra opo carregar o veculo de transporte com cargas de diversos clientes, fracionados, consolidando-o para a viagem e/ou a operao ferroviria. Nas decises referentes manuteno de estoques, destacamos: o nvel de estoque e a distribuio do estoque. Tendo as definies de localizao das facilidades, dos modais de transporte e do tipo de embarque, podemos estudar o nvel de estoque que pretendemos operar. Vale ressaltar que as diversas decises devem ser tomadas simultaneamente, pois cada uma delas gera influncia nas demais, no havendo uma ordem certa para o planejamento. Ressaltamos que as decises so razoavelmente complexas, apesar das inmeras ferramentas de pesquisa operacional e computao para apoiar a tomada de deciso. Assim, apesar do uso intensivo de ferramentas e de computadores, a experincia dos tomadores de deciso muito importante e deve ser ouvida. Esse planejamento mais aplicado s organizaes em que essas etapas ficam mais claras e definidas. Mas podemos fazer um pequeno exerccio baseado na merenda escolar. Vamos ao exemplo?

O que deslocar de um ponto para o outro?Onde compraremos os produtos para a produo da merenda? No caso do servio pblico, devemos fazer licitao (onde?) dos produtos a serem contratados, cujo (quem?) vencedor, ao ganhar, deve encaminhar os produtos escola. Mas como proceder se o vencedor for de outra cidade ou Estado?

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Onde iremos entregar?Na escola ou no almoxarifado central da prefeitura ou do Estado? Uma vez respondidas as duas perguntas, podemos definir quando deslocar de um ponto para o outro.

Quando realizar esse deslocamento?Devemos prever quanto tempo levar o processo licitatrio, lembre-se de que o processo de licitao s vezes demora muito, e para realizar o deslocamento necessrio saber o tempo de entrega. Em funo desse prazo, para no deixar a escola sem estoque para preparao da merenda, devemos prever o tempo de entrega e fazer a conta para trs a fim de definirmos quando teremos de iniciar o deslocamento.

Como fazer o deslocamento?Ser feito com poucos produtos em carro leve de um fornecedor local? Ou um caminho vindo direto da fbrica? E, ainda, como resolver tais questes reduzindo os Custos Globais? Por exemplo, o mesmo caminho que traz o leite, pode trazer a manteiga. Mas necessrio certo cuidado, pois pode ser que se esse mesmo caminho trouxer o alho, o leite pode estragar com o cheiro e o gosto do alho. Nessa linha de raciocnio, o exemplo ilustrativo quanto necessidade de um bom planejamento da logstica.

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ResumindoNesta Unidade, voc estudou o conceito de logstica. Aprendeu que a logstica importante para a organizao porque ela gera valor para a operao. Estudou a importncia do Nvel de Servio, que em resumo a definio exata e mensurvel do que o cliente quer. E compreendeu que so preconizadas trs etapas para o estabelecimento do Nvel de Servio: pr-transao, transao, ps-transao. Voc viu que as atividades da logstica podem ser definidas como: de Planejamento e de Apoio Operacional; e que a logstica se divide em dois processos: Administrao de Materiais e Distribuio Fsica. Ambos se valem das diversas atividades da logstica para serem realizados. Voc estudou, tambm, que a logstica para ser realizada gera diversos custos e o que queremos na logstica no somente minimizar o custo de transporte, ou de estoque, ou de processamento de pedido, mas sim minimizar a soma dos trs custos. Buscamos, sempre, minimizar o Custo Global ou total de logstica.

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Atividades de aprendizagemPara a realizao desta atividade, ser necessrio que voc defina o que entende por logstica. Em seguida, procure uma organizao pblica de seu municpio ou regio, observe e registre como se d a logstica na operao dessa organizao e escreva sobre o Nvel de Servio por ela prestado. ATENO: escolha bem a organizao para realizao de sua atividade, pois ela ser a mesma que voc usar para as atividades das prximas Unidades. Caso voc seja servidor pblico, o ideal que escolha uma rea de sua organizao, na qual possa desenvolv-las. Pense bem, ao final deste livro, voc pode desenvolver um trabalho, que aplicado ao seu servio, poder ajudar a populao que voc atende. Como dica, sugerimos a escolha de alguns locais: servios mdicos, servios de coleta de lixo, escolas e outros. Com base nos dados coletados na organizao escolhida, responda s questes a seguir: 1. Quem so os fornecedores e os clientes da organizao? No precisa apontar todos, apenas alguns. 2. Identifique, mesmo que de forma no exata, qual a origem das matrias-primas e o destino dos produtos acabados. 3. Quais so as atividades da logstica e as atividades complementares da organizao? 4. Como a Administrao de Materiais estruturada (departamentos, nmero de pessoas, veculos, armazns etc.)? 5. Como a Distribuio Fsica estruturada (departamentos, nmero de pessoas etc.)?

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UNIDADE 2ATIVIDADESDE

PLANEJAMENTO DA LOGSTICA

OBJETIVOS ESPECFICOS DE APRENDIZAGEMAo finalizar esta Unidade, voc dever ser capaz de:

Classificar as Atividades de Planejamento; e Definir e explicar a Gesto do Processamento do Pedido, a Gesto de Transporte, a Gesto e o controle do Estoque, bem como a Localizao.

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GESTO DO PROCESSAMENTO DO PEDIDOComo voc estudou na primeira Unidade, a logstica composta de quatro atividades de Planejamento: Processamento do Pedido, Transporte, Estoque e Localizao. Essas quatro atividades de Planejamento sero mais detalhadas nesta Unidade. Voc ver inicialmente a atividade Processamento do Pedido para entender como se processa um pedido dentro da tica da logstica. Vai perceber que cabe ao administrador, a partir do recebimento de um pedido do cliente, administrar e planejar as atividades da organizao para atender ao pedido feito, pois o administrador representa no somente a eficincia operacional da organizao e a possvel reduo de custos, mas tambm a imagem da organizao. Que responsabilidade para voc, futuro administrador! Na organizao pblica, o incio do Processamento do Pedido pode ser visto como a ao de protocolar um novo processo no setor correspondente. Posteriormente, voc vai estudar a atividade Transporte, a definio dessa atividade, os fatores que impactam o transporte, os vrios modos de transporte, e suas caractersticas. A terceira atividade que voc vai estudar o Estoque, aprendendo a sua definio, os tipos de estoque, os custos de estoque e os vrios tipos de clculo para o estoque. Cabe ao administrador gerenciar o estoque para no haver falta de matria-prima para produo, nem de produtos acabados para entrega aos clientes. Uma tarefa rdua, digna de um administrador. No servio pblico, as licitaes so demoradas em razo dos processos legais, fazendo-se ainda mais importante um bom gerenciamento de estoque, pois

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se o administrador comprar demasiadamente um produto, pode ser que no sobre verba para outro e, em contrapartida, se no comprar em quantidade suficiente, s vezes, fica muito difcil fazer uma nova licitao para comprar mais do mesmo produto. Que responsabilidade do administrador! Por fim, voc vai estudar a Localizao, sua definio e critrios para definir a localizao de uma instalao. Nesta Unidade, somente sero analisados os Mtodos Qualitativos, e na prxima Unidade os Mtodos Quantitativos.

Trata-se do Tempo do Ciclo do Pedido estudado

anteriormente, lembra-se?

v

Voc j tinha ouvido falar em Gesto do Processamento do Pedido? Pois ento, esse um dos elementos do planejamento da logstica. Apesar de o custo gerado pelo Processamento do Pedido ser pequeno frente ao custo gerado pelo Transporte e pelo Estoque, ele, muitas vezes, representa a imagem da organizao e tem a funo de marketing. Quase todos ns j passamos pela situao em que ligamos para uma organizao e uma secretria nos atende com m vontade, sem nenhuma ateno ou conhecimento, passando uma pssima imagem da organizao ou at mesmo contribuindo para desistirmos da compra. Isso tambm ocorre em balces de atendimento de lojas. Quantas vezes nos tratam mal e acabamos desistindo de realizar a compra, mesmo que a loja tenha melhor preo e qualidade? Aliado a isso, um atraso no Processamento do Pedido pode inviabilizar o tempo global da operao. Um pedido preenchido de maneira incorreta, como endereo errado, falta de dados para faturamento, entre outros, pode causar diversos transtornos para a organizao. Acarretando, at mesmo, a devoluo do produto, a insatisfao do cliente e srios danos imagem da organizao, com consequncias sua credibilidade, transparncia e continuidade. O Processamento do Pedido pode ser dividido, para cada atendimento realizado, nas seguintes atividades: Emisso, Transmisso, Verificao, Processamento. A Emisso o incio do Processamento do Pedido, nessa fase, logo aps a negociao, fazemos a formalizao do pedido. Na etapa de Transmisso/Entrada, as folhas do bloco de pedidos

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devem ser enviadas organizao para sua posterior digitao em sistema de computadores. A etapa Verificao inicia aps a transmisso e a digitao do pedido, visando aprovao ou no da venda. Para tanto, algumas etapas devem ocorrer: a verificao do status do cliente na organizao, a verificao de crdito e outros. No meio eletrnico, as etapas de Emisso, Transmisso e Verificao se fundem, tendo em vista que o bloco de pedidos desaparece e o pedido digitado diretamente na tela de um sistema de computador. Esse sistema faz a entrada do pedido, envia-o e, automaticamente, salvo excees, faz a verificao dos dados registrados, emitindo ao final do processo a autorizao ou no de venda.

Caro estudante, reflita sobre a operao de um sistema desse tipo em um servio pblico. Pontue quais seriam os ganhos que poderamos obter em termos de facilidade de gesto, de economia de custos e de confiabilidade de informaes.

No Processamento ocorre a parte fsica do Processamento do Pedido, ou seja, o processo de deslocamento e acompanhamento da carga. Algumas etapas so realizadas nessa atividade: Manuteno do estoque, Emisso de documentos, Autorizao para embarque, Rastreamento do produto e Relacionamento com os clientes. Muitas dessas atividades atualmente so realizadas por meio da Tecnologia da Informao (TI), por isso importante a atividade de apoio da logstica denominada Manuteno da Informao. Na atividade Rastreamento de produtos ocorre todo o processo de acompanhamento da carga, desde sua sada da fbrica at sua entrega no local final indicado em contrato pelo cliente. Para tanto, so utilizados sistemas computacionais que vo registrando evento a evento a movimentao da carga, no menor espao de tempo possvel. Quanto menor o espao, obviamente, melhor a qualidade da informao. Para o transporte de produtos, muitas transportadoras vm usando o sistema de rastreamento por satlite, principalmente no

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modal rodovirio e ferrovirio. Nesse sistema, o veculo possui um equipamento que emite um sinal, captado por um conjunto de satlites que consegue localizar a posio do veculo e enviar essa informao organizao que a visualiza em um mapa digitalizado. Com isso, aumentou-se, em muito, a segurana da carga, sobretudo no modal rodovirio, pois as rotas so predefinidas e, caso o veculo tome outra rota, existe um forte indicativo de que esteja em processo o roubo do veculo e da carga. Assim, o responsvel pode acionar a polcia para intervir o mais rpido possvel. A atividade Relacionamento com os clientes prev a criao de canais de comunicao com os clientes, nos quais os pedidos de informaes so recebidos e transmitindos de maneira exata para o cliente. Essa funo pode ser exercida por meio de um servio de atendimento ao consumidor, ou de uma ouvidoria, ou de sistemas baseados na internet, que procuram responder no mnimo em que ponto do ciclo do pedido se encontra a mercadoria e qual a sua previso de entrega. Essa rea tem uma funo de marketing muito importante, pois ela que lidar diretamente com o cliente e sua impresso em relao organizao. Em uma situao proativa, essa rea pode evitar muitos problemas e, at mesmo, contendas judiciais.

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GESTO DE TRANSPORTENa seo anterior, voc estudou sobre a Gesto do Processamento do Pedido. A partir desta seo, voc conhecer a Gesto de Transporte, atividade que faz parte do processo de Planejamento da logstica. Dentro da logstica, a atividade de transporte a mais visvel e a que possui grande relevncia, pois sem ela no haveria o deslocamento das cargas de um ponto ao outro e, portanto, seria praticamente impossvel falarmos de logstica.

O transporte um indutor Saiba mais primordial do desenvolvimento de Assista ao excelente e divertido filme Carros, da qualquer regio de qualquer pas. Disney/Pixar, um timo desenho animado. Analise a No existe a possibilidade de cena em que o carro feminino, Sally, apresenta ao desenvolvimento sem que haja um carro vermelho, Relmpago McQueen, as rodovias sistema de transporte eficiente. Essa antiga e nova. Analise os impactos econmicos e sorealidade de sistemas de transportes ciais ocorridos na cidadezinha, onde a histria se ineficazes uma constante nos desenrola, aps a introduo da nova rodovia. Fonte: pases subdesenvolvidos, assim Elaborado pelo autor. como a de que todos os pases desenvolvidos possuem sistemas de transportes altamente desenvolvidos. O sistema de transporte um elemento importante para o crescimento de cidades e de indstrias e para a gerao de renda, de emprego e de estabilidade econmica de um pas, pois permite que o pas seja competitivo e possa exportar captando divisas estrangeiras e competindo no mercado global. Um sistema de transporte eficiente proporciona as seguintes vantagens para as regies atendidas: o aumento da rea de atuao no mercado (hinterlndia), a reduo dos preos, o acesso a matrias-primas com custo mais baixo e o desenvolvimento.

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Vale ressaltar que a hinterlndia uma rea econmica e geogrfica na qual um sistema de transporte pode ser interessante para atrair cargas. Pode ser vista como a rea econmica na qual o modal de transporte consegue ser mais atrativo como opo de transporte para os clientes instalados nessa rea. Assim, uma rodovia, uma ferrovia ou um porto tem influncia sobre uma regio especfica. A combinao de diversos modais de transporte leva ao aumento da hinterlndia do outro. Por exemplo: um porto tem uma hinterlndia limitada, mas na hora que criada uma ferrovia com mil quilmetros de extenso, a hinterlndia aumenta consideravelmente pela possibilidade de uso da ferrovia como meio de atrair carga para o porto. importante observar, nesses casos, o papel do Estado como indutor do crescimento econmico de uma regio quando constri ou financia a construo de um porto ou de uma ferrovia, ampliando a hinterlndia da rea e melhorando economicamente toda a regio. Tente imaginar a dificuldade das escolas do interior da Amaznia que no possuem um rio em suas mediaes. Pense na dificuldade de transportar os produtos para a merenda escolar. O tempo que leva para chegar. O tempo para se fazer um pedido. O estoque que deve ser maior. O risco de os produtos frescos e perecveis serem perdid