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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP
Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais
LIXIVIAÇÃO DE NUTRIENTES EM SOLO APÓS APLICAÇÃO DE BIOFERTILIZANTE
GABRIELE WOLF
Sinop, Mato Grosso Fevereiro, 2017
GABRIELE WOLF
LIXIVIAÇÃO DE NUTRIENTES EM SOLO APÓS APLICAÇÃO DE BIOFERTILIZANTE
Orientador: Prof. Dr. FREDERICO TERRA DE ALMEIDA
Coorientadora: Profa. Dra. Roselene Maria Schneider
Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Ciências Ambientais da Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Universitário de Sinop, como parte das exigências para a obtenção do título de Mestre em Ciências Ambientais. Área de concentração: Biodiversidade.
Sinop, Mato Grosso Fevereiro, 2017
ii
Dados Internacionais de Catalogação na Fonte. W853l Wolf, Gabriele.
Lixiviação de nutrientes em solo após aplicação de biofertilizante / Gabriele Wolf. -- 2017
vii, 24 f. : il. ; 30 cm.
Orientador: Frederico Terra de Almeida.
Co-orientadora: Roselene Maria Schneider. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto de
Ciências Naturais, Humanas e Sociais, Programa de Pós-Graduação em
Ciências Ambientais, Sinop, 2017.
Inclui bibliografia.
1. disposição de resíduos no solo. 2. fósforo. 3. lisímetros. 4.
nitrato. 5. reuso de água. I. Título.
Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).
Permitida a reprodução parcial ou total, desde que citada a fonte.
iii
iv
Sinopse:
Estudou-se a lixiviação de nutrientes como nitrogênio
Kjeldahl, nitrato e fósforo, após a aplicação de biofertilizante
proveniente de biodigestão de resíduos de suinocultura em
um Latossolo vermelho-amarelo cultivado com abóbora
italiana com irrigação controlada.
Palavras-chave:
Lisímetros, reuso de água, contaminação de água.
v
AGRADECIMENTOS
À Universidade Federal de Mato Grosso – Campus Sinop e ao Programa de Pós
Graduação em Ciências Ambientais por ter me proporcionado a oportunidade de iniciar
um curso de pós-graduação e pelo apoio recebido para execução deste trabalho.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
pelo apoio financeiro ao projeto. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (CAPES) pela concessão da bolsa.
A minha co-orientadora Roselene Maria Schneider por toda dedicação, paciência,
pelas correções, incentivo, oportunidade e disponibilidade. Saiba que seus “filhos” têm
muito orgulho em ter você como “mãe” e temos a certeza de que é um grande exemplo de
honestidade e dedicação a pesquisa. Ao meu orientador Frederico Terra de Almeida pela
acolhida e confiança a mim dedicada. Ao professor Adilson Pacheco de Souza pela
disponibilidade, por todas as sugestões e auxílio, por compartilhar seu espaço e materiais
para que eu pudesse desenvolver meu experimento. Ao professor Ednaldo Andrade por
toda a contribuição e paciência.
À propriedade rural que gentilmente forneceu o efluente utilizado nos experimentos.
À Talita Dantas Pedrosa por todo ensinamento e por compartilhar suas ideias e
projetos e ao William Henrique de Lima por ser minha força no campo. O laboratório não
foi o mesmo sem as músicas da Talita e o café do William, sempre me lembrarei do nosso
trabalho juntos, de nossas conversas teológicas e filosóficas e o quanto aprendemos um
com o outro. À Poliana Paula da Silva por toda ajuda no laboratório, pela influência de vida
saudável, pelas dicas “fitness”, por ser uma fiel aprendiz e principalmente pela agradável
companhia.
À Tânia Lopes por organizar o laboratório e tornar nossa rotina mais descomplicada
e divertida e a todos os técnicos de laboratório que gentilmente cederam seu espaço e sua
atenção.
Aos meus colegas e todos que estiveram presentes em minha trajetória acadêmica,
especialmente minha parceira e amiga Karoline Carvalho Dornelas, por todas as palavras,
lágrimas e risos que compartilhamos. Deus sempre nos surpreende com as pessoas que
coloca em nossa vida!
Ao Adriano José por todo apoio, cuidado e oração a mim dedicados.
Aos meus pais por me ensinarem a sempre correr atrás do futuro que se deseja ter,
e que nada se conquista sem esforço e trabalho.
E, sobretudo, a Deus, por não desistir de mim e me usar como seu instrumento cada
vez mais! Acredito que a gratidão é uma das mais bonitas virtudes do homem, pois um
grande erro comete aquele que não reconhece que precisa de auxílio para evoluir.
vi
Resumo
A utilização de biofertilizante proveniente da biodigestão de resíduos de suinocultura no solo destaca-se por aliar o tratamento e a disposição final dos efluentes desta atividade com o reuso de água no sistema produtivo e a complementação da fertilização química das culturas. Entretanto, se realizada de maneira indiscriminada apresenta alto potencial contaminante das águas subterrâneas, devido à lixiviação de nutrientes no solo. Objetivou-se avaliar os efeitos da lixiviação de nutrientes após a aplicação de biofertilizante de suinocultura. Aplicou-se 4 doses de biofertilizante: 0 (controle), 50, 150 e 250 m³ ha-1, com 9 repetições. Aplicou-se lâmina de irrigação de 125% da evapotranspiração potencial da cultura durante o ciclo da abóbora italiana, de modo a permitir a percolação e a coleta do material lixiviado por meio de lisímetros. Os lisímetros foram preenchidos com Latossolo vermelho-amarelo e o biofertilizante foi aplicado em dose única. Foram realizadas 10 coletas ao longo do tempo para análise dos parâmetros propostos. Adotou-se delineamento experimental inteiramente casualizado com parcelas subdivididas no tempo. Avaliou-se a lixiviação dos parâmetros nitrogênio Kjeldahl, nitrato, fósforo, pH e volume do lixiviado. A aplicação de maiores doses de biofertilizante resultaram em menores valores de pH, menores concentrações de fósforo e maiores concentrações de nitrogênio Kjeldahl e nitrato no lixiviado. Não houve efeito das doses de biofertilizante sobre o volume lixiviado. As concentrações de nitrato no lixiviado nos maiores picos de perda foram superiores ao limite proposto na legislação, indicando potencial de contaminação de águas subterrâneas. Recomenda-se a dose de 50 m³ ha-1 devido ao menor impacto em relação à contaminação de água subterrânea, considerando a lixiviação de nutrientes. Palavras-chave: fósforo, lisímetros de drenagem, nitrato, reuso de água.
vii
Abstract
The use of biofertilizer from the biodigestion of swine wastewater in the soil is notable for allying the wastewater treatment and final disposal from this activity with the water reuse in the production system and the complementation of the chemical fertilization of the crops, however, if performed indiscriminately, it presents high contaminant potential of groundwater due to the leaching of nutrients in the soil. The objective was to evaluate the effects of nutrient leaching after application of swine biofertilizer. The treatments consisted of 4 biofertilizer application doses 0 (control), 50, 150 and 250 m³ ha-1, with 9 replications per treatment, submitted to irrigation film of 125% potential evapotranspiration applied during the italian zucchini crop cycle, in order to allow percolation and collection of the leached material by lysimeters. The lysimeters was filled with red-yellow Latosol and the biofertilizer was applied in a single dose. The samples were collected 10 times over time to analyze the proposed parameters. The experimental design was completely randomized with plots subdivided in time, being 4 treatments, 10 collections and 9 replications. It was evaluated Kjeldahl nitrogen, nitrate, phosphorus, pH and amount leachate. The biofertilizer application provided lower pH values, lower leachate phosphorus concentrations and higher Kjeldahl nitrogen and nitrate concentrations in the leachate. There was no effect of the biofertilizer doses on the leached volume.Nitrate concentrations in the leachate at the highest peaks of loss were higher than the limit proposed in the legislation, indicating groundwater contamination potential. The dose of 50 m³ ha-1 was recommended due to the lower impact in relation to groundwater contamination, considering nutrient leaching. Key-words: lysimeters, nitrate, phosphorus, water reuse.
viii
Sumário
1. Introdução .............................................................................................................. 1
2. Material e Métodos ................................................................................................ 3
3. Resultados e Discussão......................................................................................... 6
3.1. Volume lixiviado............................................................................................... 7
3.2 pH ..................................................................................................................... 8
3.3 Fósforo ............................................................................................................. 9
3.4 Nitrogênio Kjeldahl ......................................................................................... 11
3.5 Nitrato (NO3-) .................................................................................................. 13
4. Conclusão ............................................................................................................ 17
5. Agradecimentos ................................................................................................... 17
6. Referências Bibliográficas.................................................................................... 18
7. Anexos ................................................................................................................. 21
ix
Lista de Figuras
Fig. 1. Desenho esquemático do lisímetro. ................................................................ 4
Fig. 2. Valores médios de volume de irrigação aplicado e volume lixiviado DAS e
evapotranspiração de referência. ............................................................................... 8
Fig. 3. pH do lixiviado de acordo com as doses de biofertilizante e os DAS .............. 9
Fig. 4. Concentração de fósforo no lixiviado de acordo com as doses de
biofertilizante aplicadas e os DAS. ........................................................................... 10
Fig. 5. Concentrações de nitrogênio Kjedahl no lixiviado das coletas até 25 dias
após a semeadura para as doses. .......................................................................... 12
Fig. 6. Concentrações de nitrogênio Kjeldahl no lixiviado das coletas a partir dos 30
DAS para as doses. ................................................................................................. 13
Fig. 7. Variação na concentração de NO3- no lixiviado, em função dos dias após a
semeadura de acordo com as doses. ...................................................................... 17
1
Lixiviação de nutrientes em solo após aplicação de biofertilizante
G. Wolfa,
*, F. T. Almeidab, R. M. Schneider
b, A. P. Souza
b
a
Instituto de Ciências Naturais, Humanas e Sociais, Campus Universitário de Sinop,
Universidade Federal de Mato Grosso. Av. Alexandre Ferronato, 1200 - Setor Industrial,
Sinop – MT, Brasil. b
Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais, Campus Universitário de Sinop, Universidade
Federal de Mato Grosso. Av. Alexandre Ferronato, 1200 - Setor Industrial, Sinop – MT,
Brasil. *Autor- Correspondente. E-mail: [email protected]
Resumo
A utilização de biofertilizante proveniente da biodigestão de resíduos de suinocultura no solo
destaca-se por aliar o tratamento e a disposição final dos efluentes desta atividade com o
reuso de água no sistema produtivo e a complementação da fertilização química das culturas.
Entretanto, se realizada de maneira indiscriminada apresenta alto potencial contaminante das
águas subterrâneas, devido à lixiviação de nutrientes no solo. Objetivou-se avaliar os efeitos
da lixiviação de nutrientes após a aplicação de biofertilizante de suinocultura. Aplicou-se 4
doses de biofertilizante: 0 (controle), 50, 150 e 250 m³ ha-1, com 9 repetições. Aplicou-se
lâmina de irrigação de 125% da evapotranspiração potencial da cultura durante o ciclo da
abóbora italiana, de modo a permitir a percolação e a coleta do material lixiviado por meio de
lisímetros. Os lisímetros foram preenchidos com Latossolo vermelho-amarelo e o
biofertilizante foi aplicado em dose única. Foram realizadas 10 coletas ao longo do tempo
para análise dos parâmetros propostos. Adotou-se delineamento experimental inteiramente
casualizado com parcelas subdivididas no tempo. Avaliou-se a lixiviação dos parâmetros
nitrogênio Kjeldahl, nitrato, fósforo, pH e volume do lixiviado. A aplicação de maiores doses
de biofertilizante resultaram em menores valores de pH, menores concentrações de fósforo e
maiores concentrações de nitrogênio Kjeldahl e nitrato no lixiviado. Não houve efeito das
doses de biofertilizante sobre o volume lixiviado. As concentrações de nitrato no lixiviado
nos maiores picos de perda foram superiores ao limite proposto na legislação, indicando
potencial de contaminação de águas subterrâneas. Recomenda-se a dose de 50 m³ ha-1 devido
ao menor impacto em relação à contaminação de água subterrânea, considerando a lixiviação
de nutrientes.
Palavras-chave: disposição de resíduos no solo, fósforo, lisímetros de drenagem, nitrato,
reuso de água.
1. Introdução
A suinocultura é uma atividade de alto potencial poluidor, por produzir grandes
quantidades de resíduos com altas cargas de nutrientes, matéria orgânica, sedimentos e metais
pesados. O manejo inadequado dos resíduos dessa atividade pode ocasionar impactos ao meio
ambiente como a contaminação de corpos hídricos, águas subterrâneas e solo (Maggi et al.,
2
2013). Isso se revela especialmente importante em áreas onde o abastecimento de água
potável é baseado na captação de águas subterrâneas (Fridrich et al., 2014).
Apesar do potencial poluidor das águas residuárias de suinocultura, estas possuem
características que possibilitam sua disposição no solo como fertilizante (Ceretta et al.,
2003), pois contêm macro e micronutrientes que podem contribuir para redução da aplicação
de fertilizantes químicos, possibilitando aumento de produtividade (Freitas et al., 2004),
qualidade dos produtos (Passarin et al., 2016), redução da poluição ambiental, dos custos de
produção (Caovilla et al., 2005) e melhoria nas características químicas, físicas e biológicas
do solo (Anami et al., 2008).
O biofertilizante, dentre os diferentes tipos, é um produto da digestão anaeróbia de
resíduos da suinocultura que ocorre em biodigestores. Nesse processo, ocorre a geração de
biogás (útil como combustível) e do efluente do biodigestor, utilizado como fertilizante na
agricultura (Vilela Júnior et al., 2003). Por ser uma prática útil, de baixo custo e que
apresenta facilidade de obtenção na propriedade, a aplicação de biofertilizante no solo tem se
tornado uma alternativa de complementação de nutrientes na produção agrícola (Silva et al.,
2012).
Contudo, essa prática normalmente é realizada indiscriminadamente, com taxas de
aplicação maiores do que as demandadas pelas plantas. Além disso, outros fatores como tipo
de solo, natureza e composição dos resíduos e condições climáticas vem sendo
desconsiderados. Estes fatores favorecem a contaminação ambiental por lixiviação ou
acúmulo de nutrientes no perfil do solo, escoamento e lixiviação de nutrientes para as águas
superficiais e subterrâneas respectivamente, constituintes químicos indesejáveis, patógenos,
acumulações de metais pesados em plantas e solos, impactos ambientais e de saúde negativos
(Marofi et al., 2015).
Sobre esse aspecto, a disposição de efluentes de suinocultura nos solos pode
favorecer o aumento significativo da presença de nitratos em águas subterrâneas. Anami et al.
(2008) ao analisar o deslocamento miscível de nitrato e fosfato proveniente de água
residuária da suinocultura em colunas de solo, verificou que o íon nitrato apresentou elevado
potencial de contaminação de solos e águas subterrâneas, visto seu rápido deslocamento no
perfil do solo, e os íons fosfato, apesar de ficarem retidos mais facilmente na superfície e sub-
superfície do solo, podem ocasionar poluição das águas subterrâneas pela lixiviação do
elemento que permanece livre na solução do solo. Scherer et al. (2010) verificaram que
sucessivas aplicações de dejetos líquidos de suínos, em quantidades que excedem a demanda
3
de fósforo pela cultura, resultam em acúmulo do nutriente na superfície do solo, podendo
causar a movimentação de fósforo no perfil, devido à diminuição da capacidade de adsorção
do solo.
O nitrato é uma das fontes primárias de nitrogênio à maioria das plantas cultivadas e
juntamente com o íon amônio encontram-se de forma natural em solos e águas como
produtos da mineralização do material orgânico. Porém, quando há concentrações excessivas
destes íons tem-se a contaminação do solo com riscos à saúde, uma vez que suas diferentes
formas têm sido vistas como principais poluentes químicos das águas superficiais e
subterrâneas (Carvalhal et al., 2014).
Neste âmbito, uma das formas de analisar o comportamento da lixiviação de
nutrientes no solo se dá pela utilização de lisímetros (Cabrera Corral et al., 2016), pois
possibilita quantificar e qualificar a água percolada no solo e conhecer o fluxo dos nutrientes
(Bolado-Rodríguez et al., 2010; Marofi et al., 2015; Yang et al., 2015), fornecendo subsídios
na avaliação do movimento de nutrientes e dos efeitos da incorporação das águas residuárias
no solo (Kay et al., 2005).
Existe uma demanda crescente de conhecimentos que possibilitem a reutilização de
águas residuárias da suinocultura e os subprodutos de seus tratamentos na agricultura
reduzindo assim o impacto ambiental e aumentando a produtividade. Diante disso, verifica-se
a necessidade de estudar as doses de aplicação de biofertilizante no solo, para verificar as
mais condizentes com a reposição dos nutrientes retirados pela planta, sua contribuição para a
fertilidade do solo e o potencial poluidor de águas superficiais e subterrâneas.
Nesse contexto, teve-se por objetivo avaliar a potencialidade de utilização de
biofertilizante proveniente de suinocultura no solo e a sua influência na lixiviação de
nutrientes.
2. Material e Métodos
O experimento foi conduzido no Setor de Produção Vegetal da Universidade Federal
de Mato Grosso, Campus de Sinop-MT, localizada em 11º 51’ S e 55º 29’ W, durante o
período de junho a agosto de 2016, em condições de campo. O clima predominante, segundo
classificação de Köeppen, é o tipo Aw (tropical quente e úmido), caracterizado pela presença
de duas estações bem definidas chuvosa (outubro a abril) e seca (maio a setembro), com
baixa amplitude térmica anual (médias mensais variando entre 24 e 27 °C) e precipitação
4
média anual em torno de 1974 mm (Souza et al., 2013). Durante o período experimental não
houve ocorrência de chuvas.
Foram utilizados trinta e seis lisímetros construídos a partir de recipientes circulares
de 40 cm de altura e 22 cm de diâmetro, perfurados na parte inferior e providos de sistema de
coleta, possibilitando o escoamento e o armazenamento do lixiviado (Fig. 1). A extremidade
inferior de cada lisímetro foi revestida com filtro de nylon, para evitar perda de solo ou
turvamento das amostras do material a ser coletado nos ensaios de lixiviação. O conjunto
(recipiente e sistema de coleta) foi fixado em telhas de fibrocimento tipo calha, suspensas a 1
m do solo e dispostas em condições de campo.
Fig. 1. Desenho esquemático do lisímetro.
Os lisímetros foram preenchidos com Latossolo Vermelho-Amarelo (Embrapa, 2006)
visando simular as características pedológicas dos solos da região de implantação do
experimento, sendo este destorroado e passado em peneira de 4 mm de malha. Diante da
caracterização química e física do solo, procedeu-se a correção quanto à acidez, com adição
de calcário dolomítico PRNT de 80%, na dose de 3,25 g m-³ de solo. Na Tabela 1, estão
apresentadas as características físico-químicas do solo utilizado no preenchimento dos
lisímetros.
Na superfície dos lisímetros semeou-se abóbora italiana (Cucurbita pepo var.
cylindrica), sendo 1 planta por lisímetro. De acordo com as necessidades nutricionais da
cultura, determinou-se a adubação química seguindo as recomendações de Costa et al.
(2015), sendo esta dividida em duas parcelas. A adubação de plantio correspondeu à adição
de 14 g planta-1
de cloreto de potássio e 78 g planta-1
de superfosfato simples na superfície de
cada um dos lisímetros sete dias antes da semeadura, sendo apenas a aplicação do
biofertilizante de suinocultura responsável pela adubação nitrogenada de plantio. Após 30
5
dias da semeadura, realizou-se a adubação de cobertura, pela aplicação de 9 g planta-1
de
ureia. Ressalta-se que, a adubação química complementar foi definida com base na cultura
implantada, entretanto, a cultura não foi objeto de estudo neste trabalho.
Tabela 1
Caracterização física e química do solo
Parâmetros P
K
Zn Cu Fe Mn Ca
Mg
Al
H+Al CTC SB
Solo -------------------mg dm-3------------------ --------------------cmmol dm-³--------------
2,19 14,25 0,53 0,27 106,70 15,05 1,07 0,33 0,20 5,12 6,56 1,44
Parâmetros pH(CaCl) V MO Areia Silte Argila
Solo 4,4 % g dm-3 -----------------------%----------------------
12,28 22,13 38,3 15,8 45,9
Aplicou-se lâmina de irrigação de 125% da evapotranspiração de referência durante o
ciclo da cultura de abóbora italiana, de modo a permitir a percolação e a coleta do material
lixiviado. Deu-se início à irrigação controlada no dia da semeadura. A lâmina de irrigação foi
determinada em função da evapotranspiração de referência diária (ET0), obtida pelo produto
entre a evaporação do Tanque Classe A (ECA) e o coeficiente do tanque (Kp), que depende
do tipo de tanque, das condições climáticas e do local em que se encontra instalado.
Empregou-se o valor médio 0,7795 para Kp, conforme recomendado por Souza et al. (2015)
para a região de Sinop – MT.
As irrigações foram realizadas por gotejamento, com turno de rega diário, por 60 dias,
por meio de mangueiras de polietileno, cujos emissores eram autocompensantes e
distribuídos no espaçamento de 0,50 m (um emissor por planta) com vazão de 7,5 L h-1
na
pressão de serviço de 10 mca.
O biofertilizante, originado da biodigestão de resíduos de suinocultura foi aplicado
dois dias antes da semeadura da abóbora em dose única na superfície dos lisímetros nas doses
de 0 (testemunha), 50, 150 e 250 m3 ha
-1, definidas em função de doses aplicadas
subjetivamente por produtores regionais em culturas como soja e milho. Na Tabela 2, estão
apresentados os valores médios das características físicas e químicas do biofertilizante
utilizado.
6
Tabela 2
Caracterização física e química do biofertilizante
Parâmetros ST DQO DBO NKT P NO3--N NO2
- -N Cu Zn
Biofertilizante -------------------------------------------mg L-1----------------------------------------------
9,7 6677,8 2905,0 1168,0 111,0 177,0 4,0 137,9 152,4
Parâmetros pH C.E. Tb Cor
Biofertilizante 6,79 mS.cm-1 NTU 420nm
7,9 5100 45100
Determinaram-se os parâmetros pH, condutividade elétrica, turbidez e cor por meio
de pHmetro, condutivímetro, turbidímetro e colorímetro, respectivamente. Os demais
parâmetros foram determinados de acordo com APHA (2012).
Foram realizadas coletas do lixiviado aos 0, 5, 10, 15, 20, 25, 30, 40, 50 e 60 dias
após a semeadura (DAS) para análise dos parâmetros pH, nitrogênio Kjeldahl total (NKT),
nitrato e fósforo sendo o parâmetro pH determinado por meio de pHmetro e os demais de
acordo com APHA (2012). As medições do volume lixiviado foram realizadas diariamente.
Os tratamentos consistiram de 4 doses de aplicação de biofertilizante, com 9
repetições por dose, constituindo um delineamento inteiramente casualizado em esquema de
parcelas subdivididas no tempo (10 avaliações). Os dados foram submetidos à análise de
variância pelo teste “F” e quando verificada diferenças significativas, foram submetidos à
análise de regressão, buscando-se ajustar equações com significados biológicos e que
resultassem nos maiores valores de coeficiente de determinação (R²). Os resultados de nitrato
foram submetidos a teste de comparação de médias Scott-Knott a 5% de probabilidade, em
virtude do não ajuste dos modelos da análise de regressão aos dados.
3. Resultados e Discussão
Os valores de pH, nitrogênio Kjeldahl, nitrato e fósforo do lixiviado foram
influenciados pela interação entre doses de biofertilizante e tempo. Os valores de volume
lixiviado responderam apenas aos efeitos da variável tempo (Tabela 3).
7
Tabela 3
Resumo de ANOVA para as variáveis volume lixiviado (VL), pH, nitrogênio Kjeldahl
(NKT), nitrato (NO3- ) e fósforo (P).
FV GL VL pH NKT NO3
- P
Pr>Fc
Doses 3 0,4804 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000
Tempo 9 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000
Tempo*Doses 27 0,6366 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000
Valores de Pr>Fc iguais ou menores que 0,05 indicam diferença significativa à 5%.
3.1. Volume lixiviado
A variação do volume lixiviado apenas em função da variável tempo resultou da
variação diária da evapotranspiração de referência e consequente variação do volume
aplicado ao longo dos dias. A independência da variação do volume lixiviado em função das
doses de biofertilizante deve-se ao fato de que a mesma lâmina de irrigação foi aplicada para
todas as doses, sendo portanto, um indicativo da confiabilidade do funcionamento do sistema
de irrigação.
Além disso, o fato das doses de biofertilizante não causarem efeito sobre o volume
lixiviado indica que possivelmente a aplicação das mesmas não ocasionou alterações nos
atributos físicos do solo, como densidade, arranjo e o volume de poros, pois essas variáveis
influenciam nos atributos físico-hídricos, como infiltração e retenção de água no solo e
consequentemente, percolação de água no solo.
A Fig. 2 mostra os valores médios de volume de irrigação aplicado e volume lixiviado
observados para os períodos de coleta e a evapotranspiração de referência.
8
Fig. 2. Valores médios de volume de irrigação aplicado e volume lixiviado DAS e
evapotranspiração de referência.
O balanço entre a quantidade total de água aplicada pela irrigação e coletada por meio
dos lisímetros resulta do conteúdo de água remanescente demandado pela atmosfera por
evaporação/evapotranspiração.
3.2 pH
Na Fig. 3 apresenta-se a variação do pH do lixiviado ao longo do tempo e de acordo
com as doses de biofertilizante aplicadas. Os valores de pH apresentaram melhor ajuste na
relação polinomial de ordem 3 ao longo do tempo em todas as doses indicando variabilidade
temporal dos dados, resultado provável pelos ciclos de liberação dos nutrientes. Em relação
às doses, em geral, quanto maior a dose de biofertilizante aplicada menor o pH do lixiviado,
sendo o pH mínimo obtido (4,6) para a dose de 250 m³ ha-1
ano-1
aos 60 DAS e pH máximo
obtido (7,8) para a dose de 0 m³ ha-1
aos 30 DAS.
0.00
1.00
2.00
3.00
4.00
5.00
6.00
7.00
8.00
0
1
2
3
4
5
6
7
8
0 5 10 15 20 25 30 40 50 60
Evap
otr
ansp
iraç
ão (
mm
)
Volu
me
(L)
DAS
Aplicado Lixiviado ET0
9
pH(0) = -8E-05DAS3 + 0.0056DAS2 - 0.076DAS + 6.0226* R² = 0.5665
pH(50) = -9E-05DAS3 + 0.0069DAS
2 - 0.1085DAS + 6.1133* R² = 0.5728
pH(150) = -9E-05DAS3 + 0.0073DAS2 - 0.1266DAS + 6.1564* R² = 0.5538
pH(250) = -4E-05DAS3 + 0.0031DAS2 - 0.0528DAS + 5.5301* R² = 0.1589
Fig. 3. pH do lixiviado de acordo com as doses de biofertilizante aplicadas e os DAS.
*Modelos de regressão significativos (p < 0.05).
A diminuição do pH de acordo com as maiores doses pode estar relacionada à
produção de ácidos orgânicos e inorgânicos pela decomposição da matéria orgânica presente
no biofertilizante aplicado, assim, nos tratamentos submetidos às maiores doses devido a
maior presença de matéria orgânica obteve-se menores valores de pH, bem como, ao
processo de nitrificação do nitrogênio amoniacal, propiciando a solubilização de íons H+,
provocando o seu aumento no lixiviado, e consequentemente, reduzindo o valor de pH do
lixiviado, corroborando com os resultados obtidos por Singh e Agrawal (2012).
3.3 Fósforo
Na Fig. 34 apresenta-se a variação das concentrações de fósforo do lixiviado ao longo
do tempo e de acordo com as doses de biofertilizante aplicadas. Os valores observados
apresentaram melhor ajuste na relação polinomial de ordem 3 ao longo do tempo em todas as
doses e em relação às doses, em geral, quanto maior a dose de biofertilizante aplicada
menores os valores de fósforo do lixiviado.
4
4.5
5
5.5
6
6.5
7
7.5
8
0 10 20 30 40 50 60 70
pH
DAS
0 m³ ha-1 50 m³ ha-1 150 m³ ha-1 250 m³ ha-1
D0 D50 D150 D250
10
P(0) = -1E-05DAS3 + 0.0008DAS2 - 0.0008DAS + 0.3192* R² = 0.5468
P(50) = -1E-05DAS3 + 0.0007DAS2 - 0.0027DAS + 0.2999* R² = 0.4152
P(150) = -2E-05DAS3 + 0.0022DAS2 - 0.05DASx + 0.5693* R² = 0.4032
P(250) = -1E-05DAS3 + 0.0011DAS2 - 0.035DAS + 0.5193* R² = 0.5413
Fig. 4. Concentração de fósforo no lixiviado de acordo com as doses de biofertilizante
aplicadas e os DAS. *Modelos de regressão significativos (p < 0,05).
Os valores médios obtidos no lixiviado ao longo do experimento para todos os
tratamentos foram inferiores a 1 mg L-1
, confirmando a baixa mobilidade desse nutriente no
solo em comparação com outros nutrientes, como verificado por Caovilla et al. (2005) que
obteve baixas concentrações de fósforo disponível nas camadas inferiores do solo e por
Scherer et al. (2010) que verificou comportamento diferenciado em cada tipo de solo quanto
à mobilidade do fósforo no perfil, sendo que no Latossolo, mesmo com expressivo acúmulo
de fósforo na camada superficial, após aplicação de água residuária de suinocultura por mais
de 20 anos, a mobilidade do elemento no perfil do solo foi baixa.
A concentração de fósforo no lixiviado, a partir dos 15 DAS, diminuiu conforme as
doses aumentaram, proporcionando, provavelmente, maior disponibilidade de fósforo à
cultura, e possivelmente incrementos na absorção deste pela cultura, fator que pode ser
relacionado ao balanceamento dos nutrientes com a complementação da adubação feita pela
aplicação do biofertilizante, corroborando com a tendência verificada por Souza et al. (2009)
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0 10 20 30 40 50 60 70
Fósf
oro
(m
g L
-1)
DAS
0 m³ ha-1 50 m³ ha-1 150 m³ ha-1 250 m³ ha-1
D0 D50 D150 D250
11
em que a nutrição balanceada dos nutrientes no solo contribuiu para maior absorção de
fósforo pela cultura.
No tratamento em que não houve aplicação de biofertilizante observaram-se as
maiores concentrações de fósforo no lixiviado a partir dos 10 DAS, decorrentes da lixiviação
do fósforo proveniente, provavelmente da adubação química complementar realizada com
superfosfato simples na implantação do experimento. Dessa forma, constatou-se que a
aplicação do biofertilizante contribuiu para a retenção do fósforo aplicado por meio da
adubação química no solo.
3.4 Nitrogênio Kjeldahl
A avaliação de nitrogênio no lixiviado foi dividida em duas etapas em virtude da
aplicação de nitrogênio tanto na adubação de semeadura como na adubação de cobertura. A
aplicação das doses de biofertilizante anteriormente à semeadura foi responsável por todo o
fornecimento de nitrogênio inicial ao sistema e aos 30 DAS realizou-se adubação de
cobertura com ureia, a partir de então toda a contribuição de nitrogênio do sistema passou a
ser da ureia aplicada.
Quando avaliada a lixiviação de nitrogênio até os 25 DAS, apenas o tratamento 0 m³
ha-1
apresentou-se não-significativo, ou seja, os lisímetros em que não aplicou-se
biofertilizante não apresentaram diferença significativa na concentração de NKT ao longo do
tempo no lixiviado. Acredita-se que as concentrações de NKT lixiviadas para o tratamento
testemunha sejam provenientes da liberação do nitrogênio de fontes existentes no solo.
Os valores observados de nitrogênio Kjeldahl no lixiviado dos tratamentos com
biofertilizante apresentaram relação linear positiva ao longo do tempo, sendo que as maiores
doses de aplicação de biofertilizante proporcionaram maiores incrementos de nitrogênio
Kjeldahl no lixiviado (Fig. 5). Resultado semelhante foi obtido por Maggi et al. (2013) ao
avaliar os possíveis impactos no percolado pela aplicação de diferentes doses de efluentes
suínos, em que o modelo de regressão ajustado para os dados de lixiviação de nitrogênio foi o
linear positivo.
12
NTK(0) = 0.1331DAS + 2.4177ns R² = 0.3903
NTK(50) = 0.3191DAS + 2.4252* R² = 0.7112
NTK(150) = 0.5206DAS + 3.2066* R² = 0.9018
NTK(250) = 0.5766DAS + 12.063* R² = 0.4996
Fig. 5. Concentrações de nitrogênio Kjedahl no lixiviado das coletas até 25 dias após a
semeadura para as doses. ns
Modelos de regressão não-significativos (p > 0,05). *Modelos de
regressão significativos (p < 0,05).
As variações das concentrações de nitrogênio no lixiviado podem ser atribuídas à
dinâmica do ciclo de liberação do nitrogênio no solo, bem como em função da aplicação de
menor ou maior lâmina de irrigação para o período (Dai et al., 2016). E também pelo
processo de nitrificação do nitrogênio amoniacal, visto que a maior parte do nitrogênio
presente em efluentes suinícolas está na forma amoniacal quando aplicados no campo.
As concentrações de NKT após a aplicação de ureia apresentaram relação quadrática
ao longo do tempo, sendo que a maior dose de aplicação de biofertilizante proporcionou as
maiores perdas de NKT no lixiviado (Fig. 6).
0
5
10
15
20
25
30
0 5 10 15 20 25 30
NK
T (
mg L
-1)
DAS 0 m³ ha-1 50 m³ ha-1 150 m³ ha-1 250 m³ ha-1
D0 D50 D150 D250
13
NTK(0) = 1.9263DAS2 - 190.38DAS + 4644.1* R² = 0.9527
NTK(50) = 1.667DAS2 - 158.16DAS + 3736.1* R² = 0.9724
NTK(150) = 2.1674DAS2 - 209.08DAS + 4997.9* R² = 0.9646
NTK(250) = 2.5979DAS2 - 248.14DAS + 5906* R² = 0.9447
Fig. 6. Concentrações de nitrogênio Kjeldahl no lixiviado das coletas a partir dos 30 DAS
para as doses. *Modelos de regressão significativos (p < 0,05).
A lixiviação de NKT após a aplicação de ureia mostrou-se mais uniforme entre as
doses, visto que apresentaram tendências semelhantes de lixiviação. O decréscimo na
lixiviação de NTK após a aplicação da ureia pode estar associado à intensificação dos
processos de nitrificação do nitrogênio amoniacal.
Devido ao bom ajuste dos dados aos modelos de regressão para as concentrações de
NKT no lixiviado após a aplicação de ureia, pode-se estimar por meio desses modelos a
concentração de NKT ao longo do tempo em função da dose de biofertilizante inicialmente
aplicada, dessa forma, evitar-se-ia a aplicação em excesso de fertilizantes e a posterior
contaminação de águas subterrâneas.
3.5 Nitrato (NO3-)
Assim como para o nitrogênio Kjeldahl, a avaliação do nitrato no lixiviado foi
dividida em duas etapas em virtude da aplicação de ureia aos 30 DAS. Os dados de nitrato
para as duas etapas avaliadas (até os 25 DAS e a partir dos 30 DAS) apresentaram modelos
significativos quando submetidos à regressão, porém, em virtude dos baixos coeficientes de
-200
0
200
400
600
800
1000
20 30 40 50 60 70
NK
T (
mg L
-1)
DAS
0 m³ ha-1 50 m³ ha-1 150 m³ ha-1 250 m³ ha-1
D0 D150 D50 D250
14
determinação foram considerados insatisfatórios para descrever o comportamento dos dados,
dessa forma, procedeu-se o teste de médias.
Na Tabela 4 apresentam-se os valores médios de concentração de nitrato lixiviado ao
longo do tempo nas diferentes doses de biofertilizante aplicadas.
Tabela 4
Concentrações de nitrato (mg L-1
) no lixiviado de acordo com as doses e coletas ao longo dos
primeiros 25 dias após aplicação de biofertilizante
NO3- (mg L-1)
DAS* Doses (m³ ha-1)**
0 50 150 250
0 0,37 Aa 0,53 Aa 0,36 Aa 0,54 Aa
5 0,08 Aa 0,12 Aa 0,09 Aa 0,16 Aa
10 7,22 Ab 7,44 Ac 10,84 Bc 16,48 Cc
15 0,25 Aa 2,74 Bb 9,42 Cb 16,11 Dc
20 0,04 Aa 0,07 Aa 0,08 Aa 0,26 Aa
25 0,46 Aa 0,88 Aa 2,17 Aa 6,36 Ab
*DAS – dias após a aplicação da água de reuso; **Médias seguidas de mesma letra maiúscula nas linhas e
minúscula nas colunas não diferem entre si pelo teste de Scott Knott a 5% de probabilidade.
O valor máximo de nitrato lixiviado (16,48 mg L-1
) obteve-se para a dose de 250 m³
ha-1
aos 10 DAS e o valor mínimo (0,04 mg L-1
) para o tratamento em que não foi aplicado
biofertilizante aos 20 DAS. As maiores doses de aplicação de biofertilizante proporcionaram
maiores perdas de nitrato no lixiviado. Resultados semelhantes foram obtidos por Basso et al.
(2005) em que com o aumento da dose de desejo líquido de suíno aplicado ocorreu
incremento nas concentrações de nitrato no lixiviado.
A lixiviação de nitrato para cada dose apresentou maiores perdas nas coletas aos 10 e
15 DAS e apenas aos 10 e 15 DAS houve diferença significativa nas concentrações de nitrato
lixiviado entre as doses aplicadas, isso permite inferir que até 10 DAS e após os 15 DAS a
aplicação de biofertilizante não influenciou na quantidade de nitrato lixiviado, visto que os
valores de nitrato lixiviado foram estatisticamente iguais aos valores do tratamento que não
recebeu biofertilizante (exceto para a concentração de nitrato na dose de 250 m³ ha-1
ano-1
aos
25 DAS).
O comportamento da lixiviação de nitrato foi semelhante entre todos os tratamentos.
Esse fator pode ser atribuído à dinâmica de liberação do nutriente das fontes (solo e
biofertilizante) e uniformidade de lâmina de irrigação e condições ambientais entre os
tratamentos.
Percebeu-se que, em geral, entre 5 e 15 dias após a aplicação de nitrogênio ao sistema
(adubação de semeadura com aplicação de biofertilizante) houve aumento na lixiviação de
15
nitrato propiciado possivelmente pela transformação biológica do íon amônio no solo em
outras formas de nitrogênio, como o nitrato, confirmando o que foi observado por Bolado-
Rodríguez et al. (2010), em que a transformação biológica do íon amônio no solo em nitrato,
ocorre de uma a duas semanas, quando a temperatura do solo se mantém na faixa de 25 a
30ºC.
Na Tabela 5 apresentam-se os valores médios de concentração de nitrato lixiviado ao
longo do tempo nas diferentes doses de biofertilizante aplicadas.
Tabela 5
Concentrações de nitrato (mg L-1
) no lixiviado de acordo com as doses e coletas após os 30
dias de aplicação de biofertilizante
NO3- (mg L-1)
DAS* Doses (m³ ha
-1)**
0 50 150 250
30 2,21 Aa 5,30 Bb 5,82 Bb 15,73 Cc
40 7,72 Ab 9,74 Ac 14,45 Bc 23,73 Cd
50 0,13 Aa 0,14 Aa 0,11 Aa 0,42 Aa
60 2,53 Aa 3,47 Ab 3,55 Ab 3,92 Ab
*DAS – dias após a aplicação do biofertilizante; **Médias seguidas de mesma letra maiúscula nas linhas e
minúscula nas colunas não diferem entre si pelo teste de Scott Knott a 5% de probabilidade.
As maiores doses de aplicação de biofertilizante proporcionaram maiores perdas de
nitrato no lixiviado, resultados semelhantes foram obtidos por Dai et al. (2016) ao avaliar a
lixiviação e acumulação de nitrato no solo submetido à diferentes taxas de aplicação de
fertilizante nitrogenado (ureia).
As maiores concentrações de nitrato no lixiviado para cada dose de biofertilizante
foram obtidas aos 40 DAS e aos 50 DAS não houve diferença significativa nas concentrações
de nitrato lixiviado. Assim como na primeira etapa de avaliação do nitrato acredita-se que o
pico de liberação de nitrato ocorrido aos 40 DAS deve-se a transformação biológica do íon
amônio, proveniente da aplicação de ureia ao sistema na adubação de cobertura, em nitrato,
entre uma a duas semanas, quando a temperatura do solo se mantém na faixa de 25 a 30ºC.
O nitrato constitui-se um elemento de alta mobilidade no solo, como verificado nos
trabalhos de Basso et al. (2005); Caovilla et al. (2005); Cabrera Corral et al. (2016) e durante
o processo de nitrificação, a amônia é primeiramente transformada em nitrito e depois em
nitrato por meio da ação das bactérias aeróbias presentes no solo (Cavagnaro et al., 2008).
Em condições inadequadas de umidade e temperatura, a taxa de nitrificação pode aumentar e
o excesso de nitrato que não é absorvido pelas necessidades da cultura é lixiviado em
profundidade e despejado na água subterrânea (Bolado-Rodríguez et al., 2010).
16
Segundo Tarkalson et al. (2006) há grande variabilidade de fatores associados à
liberação de nitrato de águas residuárias pela decomposição microbiana, influenciando as
taxas de mineralização do nitrogênio orgânico, como tipo de material orgânico, umidade do
solo, temperatura e conteúdo de oxigênio, podendo as perdas de nitrato por lixiviação ser
significativas sob condições de irrigação deficitária ou quando as águas residuárias são
aplicadas em excesso, como pode ser observado na lixiviação de nitrato para a dose de 250
m³ ha-1
que resultou em concentrações de nitrato no lixiviado significativamente maiores em
relação às outras doses, principalmente nas coletas 10 dias após as inserções de nitrogênio ao
sistema, tanto na adubação de semeadura como na adubação de cobertura.
Além disso, os valores de pH interferem positivamente nos valores de nitrato
lixiviado, de acordo com Costa e Seidel (2010), que avaliaram a lixiviação de nitrato em
Latossolo após aplicação de dejetos líquidos de suínos, a quantidade de nitrato lixiviado tende
à valores máximos para pH em torno de 7,0 ou superior, o que corrobora com os resultados
observados aos 30 e 40 DAS, visto que as maiores concentrações de nitrato no lixiviado
ocorreram quando observados os maiores valores de pH.
A concentração de nitrato observada no lixiviado dos lisímetros submetidos às doses
de 150 e 250 m³ ha-1
nos períodos de 10-15 DAS e 30-40 DAS é indicativo de que o nitrato é
um potencial poluente do lençol freático, visto que nesses períodos ocorreu em concentrações
acima do valor máximo permitido em águas subterrâneas para fins de consumo humano (10
mg L-1
) pela Resolução Conama nº 396 de 2008 (Conama, 2008) (Fig. 7). Resultados
semelhantes de potencial de contaminação foram verificados por Caovilla et al. (2005), com
concentrações de 12 e 21 mg L-1
de nitrato no lixiviado.
17
Fig. 7. Variação na concentração de NO3- no lixiviado, em função dos dias após a semeadura
de acordo com as doses.
4. Conclusão
A aplicação de biofertilizante proveniente de suinocultura resulta em aumento das
concentrações de nitrogênio Kjeldahl e nitrato do lixiviado e menores concentrações de
fósforo e valores de pH do lixiviado em Latossolo Vermelho-Amarelo cultivado com abóbora
italiana sob irrigação controlada.
As concentrações de nitrato no lixiviado nos maiores picos de perda se apresentam
acima do limite tolerável à qualidade da água propostos na legislação, indicando potencial de
contaminação de águas subterrâneas por nitrato tanto pelo biofertilizante quanto pela
adubação química com ureia.
Recomenda-se a utilização da dose de 50 m³ ha-1
de biofertilizante proveniente da
biodigestão de resíduos de suinocultura devido ao menor impacto em relação à contaminação
de água subterrânea, considerando a lixiviação de nutrientes, visando aliar a disposição final
de efluentes, o reuso de água e o aumento da produtividade das culturas.
5. Agradecimentos
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela
concessão da bolsa ao primeiro autor. Financiamento: Este trabalho foi apoiado pelo
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Edital MCTI/CNPq №
14/2014).
0
5
10
15
20
25
0 5 10 15 20 25 30 40 50 60
NO
3-
( mg L
-1)
DAS
0 m³ ha-1 50 m³ ha-1 150 m³ ha-1 250 m³ ha-1 Conama
18
6. Referências Bibliográficas
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21
7. Anexos
Anexo A. Normas do periódico utilizado para elaboração do artigo - Agricultural
Water Management
Guide for Authors
Article structure Subdivision - numbered sections
Divide your article into clearly defined and numbered sections. Subsections should be numbered 1.1 (then 1.1.1, 1.1.2, ...), 1.2, etc. (the abstract is not included in section numbering). Use this numbering also for internal cross-referencing: do not just refer to 'the text'. Any subsection may be given a brief heading. Each heading should appear on its own separate line. Introduction
State the objectives of the work and provide an adequate background, avoiding a detailed literature survey or a summary of the results. Material and methods
Provide sufficient detail to allow the work to be reproduced. Methods already published should be indicated by a reference: only relevant modifications should be described. Results
Results should be clear and concise. Discussion
This should explore the significance of the results of the work, not repeat them. A combined Results and Discussion section is often appropriate. Avoid extensive citations and discussion of published literature. Conclusions
The main conclusions of the study may be presented in a short Conclusions section, which may stand alone or form a subsection of a Discussion or Results and Discussion section. Do not use non-standard or case-specific abbreviations in the Conclusions. This section should be able to 'stand alone' without requiring readers to refer to the text of the manuscript for explanations or definitions. Appendices
If there is more than one appendix, they should be identified as A, B, etc. Formulae and equations in appendices should be given separate numbering: Eq. (A.1), Eq. (A.2), etc.; in a subsequent appendix,Eq. (B.1) and so on. Similarly for tables and figures: Table A.1; Fig. A.1, etc. Essential title page information • Title. Concise and informative. Titles are often used in information-retrieval systems.
Avoid abbreviations and formulae where possible. • Author names and affiliations. Please clearly indicate the given name(s) and family
name(s) of each author and check that all names are accurately spelled. Present the authors' affiliation addresses (where the actual work was done) below the names. Indicate all affiliations with a lowercase superscript letter immediately after the author's name and in front of the appropriate address. Provide the full postal address of each
affiliation, including the country name and, if available, the e-mail address of each author.
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• Corresponding author. Clearly indicate who will handle correspondence at all stages of refereeing and publication, also post-publication. Ensure that the e-mail address is given and that contact details are kept up to date by the corresponding author.
• Present/permanent address. If an author has moved since the work described in the
article was done, or was visiting at the time, a 'Present address' (or 'Permanent address') may be indicated as a footnote to that author's name. The address at which the author actually did the work must be retained as the main, affiliation address. Superscript Arabic numerals are used for such footnotes. Abstract A concise and factual abstract is required. The abstract should state briefly (not
exceeding 300 words!) the purpose of the research, the principal results and major
conclusions. An abstract is often presented separately from the article, so it must be able to stand alone. For this reason, References should be avoided, but if essential, then cite the author(s) and year(s). Also, non-standard or uncommon abbreviations should be
avoided, but if essential they must be defined at their first mention in the abstract itself.
Keywords
Immediately after the abstract, provide a maximum of 6 keywords, using American spelling and avoiding general and plural terms and multiple concepts (avoid, for example, 'and', 'of'). Be sparing with abbreviations: only abbreviations firmly established in the field may be eligible. These keywords will be used for indexing purposes. Do not choose words that appear already in the title of your manuscript. Choose additional words to enhance the visibility of your work. Acknowledgements
Collate acknowledgements in a separate section at the end of the article before the references and do not, therefore, include them on the title page, as a footnote to the title or otherwise. List here those individuals who provided help during the research (e.g., providing language help, writing assistance or proof reading the article, etc.). Formatting of funding sources
List funding sources in this standard way to facilitate compliance to funder's requirements: Funding: This work was supported by the National Institutes of Health [grant numbers xxxx, yyyy]; the Bill & Melinda Gates Foundation, Seattle, WA [grant number zzzz]; and the United States Institutes of Peace [grant number aaaa]. It is not necessary to include detailed descriptions on the program or type of grants and awards. When funding is from a block grant or other resources available to a university, college, or other research institution, submit the name of the institute or organization that provided the funding. If no funding has been provided for the research, please include the following sentence: This research did not receive any specific grant from funding agencies in the public, commercial, or not-for-profit sectors. Math formulae
Please submit math equations as editable text and not as images. Present simple formulae in line with normal text where possible and use the solidus (/) instead of a horizontal line for small fractional terms, e.g., X/Y. In principle, variables are to be presented in italics. Powers of e are often more conveniently denoted by exp. Number consecutively any equations that have to be displayed separately from the text (if referred to explicitly in the text). List of Symbols
In manuscripts with a large number of mathematical symbols, a list of the symbols and their definitions may be provided in a box within the manuscript. Generally, the box
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should be placed just before the first appearance of the mathematical symbols. All symbols and units must conform with SI recommendations. Abbreviations
Generally, the use of non-standard or case-specific abbreviations, such as CA for conservation agriculture, PRD for partial rootzone drying or CP for center pivots should be avoided. Authors should spell out such terms, rather than using abbreviations. Standard abbreviations, such as ET and GDP are acceptable. In some cases, abbreviations are helpful in denoting treatments and replications. Yet even then, authors should minimize the use of abbreviations in the discussion of analysis and results. Footnotes
Footnotes should be used sparingly. Number them consecutively throughout the article. Many word processors can build footnotes into the text, and this feature may be used. Otherwise, please indicate the position of footnotes in the text and list the footnotes themselves separately at the end of the article. Do not include footnotes in the Reference list.
Figure captions
Ensure that each illustration has a caption. Supply captions separately, not attached to the figure. A caption should comprise a brief title (not on the figure itself) and a
description of the illustration. Keep text in the illustrations themselves to a minimum but explain all symbols and abbreviations used. In general, do not use abbreviations in the titles of figures or in the legends or in descriptive markings. If abbreviations are unavoidable in some cases, they must be defined in notes directly beneath each figure. It is essential that all figures can 'stand alone' without requiring a reader to refer to the text of the manuscript for explanation or definitions. Tables
Number tables consecutively in accordance with their appearance in the text. Place footnotes to tables below the table body and indicate them with superscript lowercase
letters. Avoid vertical rules. Be sparing in the use of tables and ensure that the data presented in tables do not duplicate results described elsewhere in the article. In general, do not use abbreviations in the titles of tables or in the row and column headings. If abbreviations are unavoidable in some cases, they must be defined in notes directly beneath each table. It is essential that all tables can ‘stand alone’ without requiring a reader to refer to the text of the manuscript for explanations or definitions. References
The AGWAT citation style can be easily downloaded with Mendeley Desktop using the “Get more Styles” search option. http://www.mendeley.com/ Citation in text
Please ensure that every reference cited in the text is also present in the reference list (and vice versa). Any references cited in the abstract must be given in full. Unpublished
results and personal communications are not recommended in the reference list, but may be mentioned in the text. If these references are included in the reference list they should follow the standard reference style of the journal and should include a substitution of the publication date with either 'Unpublished results' or 'Personal communication'. Citation of a reference as 'in press' implies that the item has been accepted for publication. Web references
As a minimum, the full URL should be given and the date when the reference was last accessed. Any further information, if known (DOI, author names, dates, reference to a source publication, etc.), should also be given. Web references can be listed separately
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(e.g., after the reference list) under a different heading if desired, or can be included in the reference list. Data references
This journal encourages you to cite underlying or relevant datasets in your manuscript by citing them in your text and including a data reference in your Reference List. Data references should include the following elements: author name(s), dataset title, data repository, version (where available), year, and global persistent identifier. Add [dataset] immediately before the reference so we can properly identify it as a data reference. This identifier will not appear in your published article. References in a special issue
Please ensure that the words 'this issue' are added to any references in the list (and any citations in the text) to other articles in the same Special Issue. Reference style
Text: All citations in the text should refer to: 1. Single author: the author's name (without initials, unless there is ambiguity) and the
year of publication; 2. Two authors: both authors' names and the year of publication; 3. Three or more authors: first author's name followed by 'et al.' and the year of
publication. Citations may be made directly (or parenthetically). Groups of references should be listed first alphabetically, then chronologically. Examples: 'as demonstrated (Allan, 2000a, 2000b, 1999; Allan and Jones, 1999).
Kramer et al. (2010) have recently shown ....'
List: References should be arranged first alphabetically and then further sorted
chronologically if necessary. More than one reference from the same author(s) in the same year must be identified by the letters 'a', 'b', 'c', etc., placed after the year of publication. Examples:
Reference to a journal publication: Van der Geer, J., Hanraads, J.A.J., Lupton, R.A., 2010. The art of writing a scientific article. J. Sci. Commun. 163, 51–59. Reference to a book: Strunk Jr., W., White, E.B., 2000. The Elements of Style, fourth ed. Longman, New York. Reference to a chapter in an edited book: Mettam, G.R., Adams, L.B., 2009. How to prepare an electronic version of your article, in: Jones, B.S.,Smith , R.Z. (Eds.), Introduction to the Electronic Age. E-Publishing Inc., New York, pp. 281–304. Reference to a website: Cancer Research UK, 1975. Cancer statistics reports for the UK. http://www.cancerresearchuk.org/aboutcancer/statistics/cancerstatsreport/ (accessed 13.03.03). [dataset] Oguro, M., Imahiro, S., Saito, S., Nakashizuka, T., 2015. Mortality data for
Japanese oak wilt disease and surrounding forest compositions. Mendeley Data, v1. http://dx.doi.org/10.17632/ xwj98nb39r.1.