17
BRINCADEIRAS E JOGOS: SUA FUNÇÃO NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL RESUMO: Este artigo tem como por objetivo elucidar algumas questões relacionadas às brincadeiras lúdicas e o processo de desenvolvimento e aprendizagem, no âmbito da etapa reconhecida como Educação Infantil. Assim enfatizamos ao longo deste a importância de se efetivar realmente uma prática pedagógica que coloque a brincadeira no centro de todo o processo pedagógico e caracterize a brincadeira como fonte de desenvolvimento e aprendizagem para o infante. Palavras-chave: Brincadeira, Jogo, Brinquedo e Educação Infantil. Ludiane Lopes Volpato. 1 Gizeli Aparecida Ribeiro de Alencar 2 A educação infantil foi reconhecida como a primeira etapa da educação básica recentemente. Sua importância para o processo de desenvolvimento da criança é pontuada por diversos estudiosos como Kramer e Abramovay (1984), Bomtempo (2008), dentre outros. As práticas pedagógicas que sustentam esta modalidade de Ensino, de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (BRASIL, 2009), devem contemplar tanto o cuidar quanto o educar. No que diz respeito ao educar as Diretrizes também pontuam que as crianças devem experienciar situações concretas, lúdicas, dentre outras, de forma intencional e sistematizada. Acreditamos que os educadores, em geral, estão conscientes de que as brincadeiras e jogos devem fazer parte do cotidiano dos centros de Educação Infantil, contudo, esse saber não configura-se suficiente para que as práticas pedagógicas lúdicas se efetivem. Assim sendo, este artigo se propõe a apresentar alguns aspectos relacionados às atividades lúdicas e o processo de desenvolvimento e aprendizagem a luz dos pressupostos históricos culturais. Trata-se, portanto de uma pesquisa bibliográfica a partir dos estudos de Vygotski (2007, 1988), Luria (1988), Leontiev (1988), Elkonin (2009), dentre outros. O texto está subdividido em duas partes: a primeira faz algumas pontuações no que diz respeito ao contexto histórico da criação das instituições voltadas ao 1 Acadêmica do curso de Pedagogia na Universidade Estadual de Maringá/UEM, campus de Cianorte/PR. 2 Professora Assistente no Departamento de Teoria e Prática da Educação na Universidade Estadual de Maringá/UEM e orientadora desse artigo.

ludiane_volpato

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: ludiane_volpato

BRINCADEIRAS E JOGOS: SUA FUNÇÃO NO DESENVOLVIMENTO

INFANTIL

RESUMO: Este artigo tem como por objetivo elucidar algumas questões relacionadas

às brincadeiras lúdicas e o processo de desenvolvimento e aprendizagem, no âmbito da

etapa reconhecida como Educação Infantil. Assim enfatizamos ao longo deste a

importância de se efetivar realmente uma prática pedagógica que coloque a brincadeira

no centro de todo o processo pedagógico e caracterize a brincadeira como fonte de

desenvolvimento e aprendizagem para o infante.

Palavras-chave: Brincadeira, Jogo, Brinquedo e Educação Infantil.

Ludiane Lopes Volpato.

1

Gizeli Aparecida Ribeiro de Alencar2

A educação infantil foi reconhecida como a primeira etapa da educação básica

recentemente. Sua importância para o processo de desenvolvimento da criança é

pontuada por diversos estudiosos como Kramer e Abramovay (1984), Bomtempo

(2008), dentre outros.

As práticas pedagógicas que sustentam esta modalidade de Ensino, de acordo

com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (BRASIL, 2009),

devem contemplar tanto o cuidar quanto o educar.

No que diz respeito ao educar as Diretrizes também pontuam que as crianças

devem experienciar situações concretas, lúdicas, dentre outras, de forma intencional e

sistematizada.

Acreditamos que os educadores, em geral, estão conscientes de que as

brincadeiras e jogos devem fazer parte do cotidiano dos centros de Educação Infantil,

contudo, esse saber não configura-se suficiente para que as práticas pedagógicas lúdicas

se efetivem.

Assim sendo, este artigo se propõe a apresentar alguns aspectos relacionados às

atividades lúdicas e o processo de desenvolvimento e aprendizagem a luz dos

pressupostos históricos culturais. Trata-se, portanto de uma pesquisa bibliográfica a

partir dos estudos de Vygotski (2007, 1988), Luria (1988), Leontiev (1988), Elkonin

(2009), dentre outros.

O texto está subdividido em duas partes: a primeira faz algumas pontuações no

que diz respeito ao contexto histórico da criação das instituições voltadas ao

1 Acadêmica do curso de Pedagogia na Universidade Estadual de Maringá/UEM, campus de Cianorte/PR. 2 Professora Assistente no Departamento de Teoria e Prática da Educação na Universidade Estadual de

Maringá/UEM e orientadora desse artigo.

Page 2: ludiane_volpato

atendimento À criança, a segunda parte faz inferência às relações entre o processo de

desenvolvimento e aprendizagem e correlacionando-os com as atividades lúdicas.

Esperamos assim contribuir para com as reflexões dos profissionais da educação

infantil e demais profissionais da educação no que diz respeito ao papel que os jogos e

brincadeiras exercem no processo de desenvolvimento da criança.

Sobre a criança, a escola e as atividades lúdicas

A Revolução Industrial, que aconteceu no século XVIII, na Europa, deixou

profundas marcas políticas, econômicas e sociais na sociedade e transformou muitos

aspectos da mesma, podemos ressaltar neste, a questão da entrada da mulher no

mercado de trabalho. Desta forma, aquela que tinha como função familiar: cuidar dos

filhos e da casa é retirada deste meio.

Assim as crianças passam a necessitar de um espaço para permanecer enquanto

suas mães trabalham. Neste contexto são criadas as chamadas creches ou pré-escolas

com função de guardar as crianças.

De acordo com Kramer e Abramovay (1984) esta instituição, durante sua

história, assumiu diferentes funções. Em resumo pode-se citar: a pré-escola com função

guardiã, a pré-escola preparatória, a pré-escola com objetivos em si mesma.

O cunho assistencialista alicerçou o andamento das atividades nestas instituições

de Educação Infantil até recentemente. O atendimento ao infante surge com o propósito

de apenas cuidar, acrescido posteriormente de preocupações em compensar todos os

tipos de carências desde as básicas alimentares até as culturais.

Assim alguns estudiosos começaram a refletir sobre esta instituição e a tecer

algumas críticas sobre a mesma. Na tentativa de responder a estas críticas começa a ser

delineada a pré-escola com objetivos em si mesma, a qual possui uma série de

contradições resultante da falta de revisão nos pressupostos anteriores. A partir de então

vemos uma pré-escola que não prepara para a escolaridade posterior, muito menos

supera os problemas econômicos sociais.

As autoras sinalizam a necessidade de se instrumentalizar as crianças por meio

de uma pré-escola com função pedagógica, vislumbrando um trabalho que leve em

consideração a realidade e os conhecimentos infantis, que os ampliem por meio de

atividades que tenham significados e que também assegurem a aquisição de novos

conhecimentos.

Page 3: ludiane_volpato

Com o avanço da sociedade, propostas políticas foram sendo elaboradas. No que

diz respeito à educação infantil, ocorreram várias alterações, a começar pela Lei de

Diretrizes e Bases 9394/96, que traz em seu contexto um capítulo que trata

especificamente sobre a modalidade da Educação Infantil, reconhecida com etapa da

Educação Básica (BRASIL, 1996). Em 1999, tem-se a elaboração das Diretrizes

Curriculares para Educação Infantil, a qual foi revista em 2009 (BRASIL, 2009).

Dentre os inúmeros aspectos apresentados por estas diretrizes, ressaltamos a

questão referente à formação do profissional para atuar nesta modalidade de ensino,

com exigência mínima do magistério, o que a nosso ver configura-se de suma

importância, pois este profissional terá o conhecimento sobre os processos de

desenvolvimento e aprendizagem da criança, tendo condições de refletir sobre cuidar e

o educar, rompendo com a visão assistencialista.

Este documento, também sinaliza, sobre a importância do espaço lúdico; da

prática pedagógica baseada em um planejamento; do direito à diversidade e pluralidade

étnica, racial ou cultural; da ampliação de vagas para o atendimento das crianças; a

criação de um currículo específico com suas especificidades e da definição de faixa

etária, entendendo que a criança de 0 a 3 anos estará na creche e a criança de 4 a 5 anos

na educação infantil.

No que concernem às práticas pedagógicas, as Diretrizes Curriculares para a

Educação Infantil, pontuam que:

Art. 4º As propostas pedagógicas da Educação Infantil deverão

considerar que a criança, centro do planejamento curricular, é sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas

cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva,

brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta,

narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura. (BRASIL, 2009 p.1)

No contexto escolar podemos conceber como atividades lúdicas o: desenhar,

brincar, jogar, dançar, montar, construir, cantar, entre outros. O brincar para as crianças

é algo essencial para seu desenvolvimento e aprendizagem e neste sentido a mudança no

conteúdo da brincadeira da criança está intimamente relacionada à mudança em suas

atividades cotidianas. (ELKONIN apud BOMTEMPO, 2008).

Bomtempo (2008) pontua que no decorrer do desenvolvimento várias maneiras

da ação de brincar aparecem. Da mesma forma que a criança adquire habilidades de

andar, falar, escrever por meio da repetição, passa do jogo simbólico para o faz-de-conta

Page 4: ludiane_volpato

com intuito de introduzir-se no mundo dos adultos e com o tempo deixa algumas

brincadeiras simples de lado e começa a participar de brincadeiras mais elaboradas.

As crianças menores não conseguem fazer uma similaridade física entre o objeto

e a realidade, ou seja, um carro de brinquedo não pode ser um telefone, mas somente

um carro. Crianças a partir dos quatro anos já conseguem usar objetos cuja função real

contrasta a função imaginária e pode até ultrapassar a resposta usual e fazer de um carro

de brinquedo comportar-se como um carro de verdade.

A atividade lúdica do brincar construtivo na infância apresenta aspectos

positivos no desenvolvimento e na aprendizagem da criança. Para Bomtempo (2008), os

blocos de construção (pecinhas) são essenciais para o desenvolvimento infantil em

diferentes faixas etárias, pois não se tratam de objetos acabados, oferecendo

possibilidade de uso, de encaixe e montagem. Mas faz uma ressalva frisando que esse

tipo de material necessita de tempo para atingir todo o seu potencial.

Assim como no faz-de-conta as construções com blocos progridem e passam de

simples para mais elaboradas. As mesmas contêm significado para crianças,

transformam seus pensamentos e idéias abstratas em concretas. Os benefícios com esse

tipo de brincadeira favorecem o: planejamento, a persistência, dentre outros aspectos do

desenvolvimento.

Outro tipo de brincar construtivo são os quebra-cabeças, que estimulam o

raciocínio, a atenção; favorecem a socialização e a cooperação. Por meio dessas

atividades, imagens mentais vão se formando, contudo, dependendo da idade da criança,

da especificidade do quebra-cabeça, a criança necessitará de auxílio ou pistas para

montá-lo. A ação colaborativa de um adulto ou alguém mais experiente, porém, irá

influenciar o desempenho da criança. (VYGOTSKI apud BOMTEMPO, 2008)

Cabe frisar que definir os termos brinquedo, brincadeira e jogo não é tarefa fácil.

Muitas vezes esses termos são entendidos como sinônimos, contudo, variam de acordo

com os idiomas utilizados e cada especificidade de utilização.

Considerando estes termos na língua portuguesa, de acordo com Kishimoto

(1999) temos como definição do brinquedo: “objeto lúdico que representa o material

concreto utilizado na brincadeira”; por brincadeira “uma atividade lúdica não

estruturada” e por jogo “atividade que envolve regras”. O que pode diferenciar o jogo

da brincadeira é o fato do aparecimento de regras, sendo que a ação do jogar possui

regras pré-estabelecidas.

Page 5: ludiane_volpato

Assim, Kishimoto (1999), conceitua o brinquedo como objeto suporte da

brincadeira, considerando que a função do brinquedo é a própria brincadeira, que é

definida como uma atividade livre, que não pode ser delimitada e que ao gerar prazer,

possui um fim em si mesma. Já o jogo inclui a presença de um objetivo final, neste caso

a vitória.

Nesta perspectiva a atividade lúdica é toda e qualquer forma de animação que

pode ser prazerosa, ou tem a intenção de entreter quem a pratica. São lúdicas as

atividades que propiciam experiências e associam o ato, o pensamento e o sentimento.

A atividade lúdica pode ser uma brincadeira, um jogo ou qualquer

atividade que vise proporcionar interação. Porém mais importante do

que o tipo de atividade lúdica é a forma como ela é dirigida e

vivenciada, e o porquê de sua realização. Toda criança que participa de atividades lúdicas adquire novos conhecimentos e desenvolve

habilidades de forma natural e agradável. (MALUF, 2008, p.21)

De acordo com Maluf (2008), na Educação Infantil, por meio de

atividades lúdicas, brincadeiras e jogos, a criança brinca e se diverte. Ela sente, pensa,

aprende e se desenvolve. As atividades lúdicas podem ser aplicadas em diferentes faixas

etárias, para isso devem ocorrer mudanças na metodologia de aplicação. As brincadeiras

e os jogos têm a capacidade de desenvolver várias habilidades nas crianças. São vários

os benefícios das atividades lúdicas, como: “assimilação de valores, aquisição de

comportamentos, desenvolvimento de diversas áreas do conhecimento, aprimoramento

de habilidades, socialização”(MALUF, 2008, p.23).

Quanto aos tipos de atividades lúdicas existentes Maluf (2008), cita algumas,

dentre elas estão: desenhar, brincar, jogar, dançar, montar, construir, cantar, entre

outros. Portanto, cremos que os espaços de educação infantis estão permeados de

possibilidades lúdicas.

Relações entre o processo de desenvolvimento e aprendizagem na infância

Ao considerar a infância e o seu respectivo desenvolvimento é necessário

compreende-la em todas as suas nuances. De acordo com Arce (2004), o

desenvolvimento infantil não é algo universal, pois pode modificar-se com as mudanças

históricas que ocorrem, isto é, a infância não é eterna e imutável.

As condições culturais, econômicas, sociais, históricas são fatores

decisivos neste desenvolvimento. Crianças vivendo numa mesma

Page 6: ludiane_volpato

época histórica podem apresentar diferentes processos de

desenvolvimento em consequencia das diferenças existentes em suas

atividades. Essas atividades são sempre situadas num determinado contexto social e cultural. (ARCE, 2004, p.17-18)

Desse modo, tem-se a idéia de que a infância é influenciada e produzida

historicamente e outros diversos fatores contribuem para as diversificadas alterações da

mesma. De acordo com a autora, a infância é um processo dialético, isto é, passível de

transformações e mudanças, e para que ocorram essas modificações a criança passa por

várias fases e em cada uma delas a mesma ocupa diferentes lugares nas relações

humanas. (VYGOTSKI, apud ARCE, 2004)

No que concerne sobre o processo de desenvolvimento e aprendizagem, temos

como base da teoria histórico-cultural, os fundamentos marxistas que consistem na idéia

de que as mudanças históricas na sociedade e na vida material e financeira produzem

mudanças no comportamento humano.

Ao compreender o ser humano como um ser biológico, histórico e social. Lev

Vygotski (2007) considera que o homem está inserido na sociedade e o mesmo

modifica-se conforme a sociedade sofre mudanças, isto é, o homem muda seus

comportamentos, seus atos, pensamentos, atitudes de acordo com que a sociedade

modifica-se e evolui, como também com a interação que o homem tem com o meio e o

espaço social em que convive.

Para a convivência entre os seres humanos em um determinado meio é

necessário a constituição de funções caracterizada pela mediação da linguagem, pois de

acordo com Facci (2004) as formas de comportamento humano superior formaram-se

graças ao desenvolvimento histórico da humanidade e originaram-se nas relações

coletivas entre os homens.

Apoiados em uma concepção materialista-dialética de homem e sociedade,

Elkonin, Leontiev e Vygotski realizaram pesquisas em um ramo da psicologia

desenvolvendo uma teoria sobre o desenvolvimento humano, analisando a função do

jogo na educação e na infância, falando sobre as contribuições desta ação.

Considerando a teoria histórico-cultural de Lev Vigostski, temos como ponto de

partida as funções psicológicas dos indivíduos, as quais ele classificou de: elementares e

superiores.

Na conceituação das funções psicológicas elementares, encontramos a definição

de que as mesmas são funções involuntárias de reação imediata, que tem origem

biológica. Estão presentes nos animais e no início da vida das crianças, quando ainda

Page 7: ludiane_volpato

são apenas bebês. As funções psicológicas elementares sofrem influência de fatores do

ambiente externo (LUCCI, 2006).

De acordo com Lucci (2006), em contrapartida, as funções psicológicas

superiores são de origem sociocultural, pois são resultados da interação do indivíduo

com seu contexto histórico e cultural e estão presente somente no homem.

[...] caracterizam-se pela intencionalidade das ações, que são

mediadas. Elas resultam da interação entre os fatores biológicos

(funções psicológicas elementares) e os culturais, que evoluíram no

decorrer da história humana [...] As funções psicológicas superiores, apesar de terem sua origem na vida sociocultural do homem, só são

passíveis porque existem atividades cerebrais. Ou seja, essas funções

não têm origem no cérebro, mas não existem sem ele, pois se utilizam das funções elementares que, em última instância, estão ligadas aos

processos cerebrais. (LUCCI, 2006 p.7-8)

Porém, o autor alerta para o fato de que, o surgimento das funções psicológicas

superiores não excluem as funções elementares. No decorrer do processo de

crescimento da criança o desenvolvimento mental é marcado pela interiorização das

funções psicológicas superiores, das quais podemos citar: raciocínio, lógica, atenção,

memória, percepção, imaginação e a linguagem entre outras. Desse modo, as funções

psicológicas superiores estão na base do desenvolvimento, que acontece por meio de

várias transformações dialéticas.

A aquisição da linguagem, segundo o autor constitui o momento mais

significativo no desenvolvimento cognitivo. A linguagem representa um salto

qualitativo nas funções psicológicas superiores, pois a fala serve como instrumento

psicológico para a regulação do comportamento, formando novas memórias e novos

processos de pensamento. Esse desenvolvimento ocorre assim por meio da mediação,

que é o processo pelo qual, o indivíduo se relaciona com o ambiente, pois é “por meio

dos signos, da palavra, dos instrumentos, que ocorre o contato com a cultura”(LUCCI,

2006 p.8).

Nesta perspectiva, a linguagem se torna o principal mediador na formação e no

processo de desenvolvimento das funções psicológicas superiores.

Ela constitui um sistema simbólico, elaborado no curso da história

social do homem, que organiza os signos em estruturas complexas

permitindo, por exemplo, nomear objetos, destacar suas qualidades e estabelecer relações entre os próprios objetos [...] Em suma a

linguagem constitui o sistema de mediação simbólica que funciona

como instrumento de comunicação [...] É justamente pela sua função comunicativa que o indivíduo se apropria do mundo externo, pois é

pela comunicação estabelecida na interação que ocorrem

Page 8: ludiane_volpato

“negociações”, reinterpretações das informações, dos conceitos e

significados. (LUCCI, 2006 p.8-9)

Neste processo, temos que considerar a formação de conceitos pela criança.

Santos (2011, p.8), afirma que de acordo com Vygotski “um conceito é uma abstração

que trás em si os elementos essenciais de um conjunto de objetos concretos ou

abstratos”.

Geralmente em nossa cultura esta abstração é representada por uma palavra.

Como por exemplo, a palavra bicicleta significa um conjunto de objetos concretos que

possuem características comuns, isto é, é um meio de transporte terrestre, usados por

pessoas, possuem rodas, banco, guidão etc. Mas o que se deve observar, é que a palavra

bicicleta não é o conceito, mas sim o seu signo.

Neste sentido, a formação de conceitos se efetiva mediante o emprego dos

signos. Portanto, é um dos elementos que possuem atividade cognitiva superior.

Vygotski (2001), afirma que a palavra tem papel decisivo na formação de

conceito, e esta surge por meio da necessidade da resolução de um problema, e a partir

do resultado deste problema surge o conceito. Esses conceitos podem ser classificados

em espontâneos e os conceitos científicos.

Os conceitos espontâneos, são assimilados na vida cotidiana e são formados por

intermédio da interação do sujeito com o mundo, servem como base para os conceitos

científicos. Já os conceitos científicos, são assimilados por meio de colaboração

sistemática, organizada, são ensinados com a formalização de regras lógicas e sua

assimilação envolve análise. Normalmente os conceitos científicos são assimilados em

ambiente formal de ensino.

O desenvolvimento dos conceitos são constituído por três estágios: primeiro

agregação desorganizada, segundo pensamento por complexos e o terceiro pensamento

conceitual.

1º estágio: Agregação

desorganizada

1ª fase: agrupamento por tentativa e erro;

2ª fase: agrupamento com objetos do campo visual;

3ª fase: agrupamento de ambas as fases anteriores.

2º estágio: Pensamento por

complexos

1ª fase: complexo associativo;

2ª fase: complexo de coleções;

3ª fase: complexo em cadeia;

4ª fase: complexo difuso;

5ª fase: complexo pseudoconceitos.

3º estágio: Pensamento 1ª fase: agrupamento por semelhanças;

Page 9: ludiane_volpato

conceitual 2ª fase: agrupamento por atributo único;

3ª fase: conceitos verdadeiros.

Fonte: SANTOS (2011)

De acordo com Vygotski (2001), o primeiro estágio, de agregação

desorganizada, configura-se na fase inicial em que o agrupamento de objetos são feitos

sem qualquer fundamento. Este estágio comporta três fases: a primeira é referente ao

agrupamento por tentativa e erro; a segunda fase é refere-se ao agrupamento com

objetos do campo visual; e a terceira e última fase diz respeito ao agrupamento de

ambas as fezes anteriores.

O segundo estágio, o de pensamento por complexos, se caracteriza pela

formação de vínculos de forma concreta e fatual, onde os objetos são agrupados devido

às relações existentes entre os objetos. Um complexo é caracterizado pelas ligações que

unem os elementos ao todo e entre si. Existem cinco tipos de complexos: o associativo,

de coleções, em cadeia, o difuso e o pseudoconceitos.

No terceiro estágio, o pensamento conceitual, há o aparecimento de duas

características que diferenciam o pensamento por conceitos do pensamento por

complexos: as capacidades de síntese e análise. Este terceiro estágio, esta dividido em

três fases: agrupamento por semelhanças, agrupamento por atributo único e conceitos

verdadeiros. Por fim, a criança só forma verdadeiramente conceitos, quando detém o

domínio do processo de abstração, este é o fato que marca a última fase do pensamento

infantil.

Assim, a aquisição da linguagem oral, a brincadeira, o brinquedo e os jogos

configuram-se como elementos essenciais para o desenvolvimento das funções

psicológicas superiores e para a apropriação de conceitos, pois por meio destas

atividades lúdicas, as crianças podem manipular objetos e agir sobre os mesmos,

assimilando os conceitos ou significados destes. A ação de brincar torna-se essencial

para o desenvolvimento cognitivo da criança, pois os processos de representação a

levam ao pensamento abstrato.

Nesta perspectiva, consideramos o fato de que o aprendizado da criança inicia-se

muitos antes da mesma entrar na escola, isto é, para todo e qualquer conhecimento que a

criança se defronta na escola, ela já possui uma história prévia. (VYGOTSKI, 2007)

Page 10: ludiane_volpato

Luria (1988) estabelece igualdade de pensamento com Vygotski, neste aspecto,

afirmando que:

Quando uma criança entra na escola, ela não é uma tabula rasa que possa ser moldada pelo professor segundo a forma que ele preferir.

Essa placa já contém as marcas [...] Quando uma criança entra na

escola, já está equipada, já possui suas próprias habilidades culturais.

(LURIA, 1988 p.101)

Assim, também é importante ressaltar que o conhecimento da escola difere-se do

conhecimento que se aprende antes da mesma, isto porque, a aprendizagem da escola

consiste em um conhecimento de fundamentos científico; e a pré-história da

aprendizagem consiste em conhecimento que se dá desde o nascimento da criança, no

período de suas primeiras perguntas, quando assimila o nome e o significado dos

objetos, quando começa a se comunicar com outras pessoas ou até mesmo através da

imitação de gestos e palavras dos adultos. “De fato o aprendizado e desenvolvimento

estão inter-relacionados desde o primeiro dia de vida da criança” (VYGOTSKI, p.115

2007)

Leontiev (1988), afirma que a criança passa por diferentes estágios e que em

cada um destes, tem uma nova forma de ver o mundo que a cerca, e a maneira como que

se relaciona com as pessoas também se modifica, visto que há alterações em suas

principais necessidades.

Na idade pré-escolar a criança tem dois círculos principais de relações: o

primeiro grupo consiste em pessoas com quem se relaciona sendo que estas relações

determinam como irá interagir com o resto do mundo; o segundo grupo consiste nas

outras pessoas que participam de sua vida ativamente ou não. Porém, este círculo

modifica-se bruscamente quando a criança entra na escola.

Leontiev (1988) pontua que suas relações pessoais mudam, elas passam a ter um

grupo particular, formado por professores e um grupo de crianças. Esse fato

aparentemente sem importância é muito significativo, pois suas relações se reorganizam

e aumentam; e passa a ocupar outro lugar no sistema de relações sociais, pois além de

participar deste começa a agir no mesmo.

Esta mudança no campo das relações sociais acaba mudando o desenvolvimento

da atividade da criança, pois o que até então correspondia como uma atividade principal

da criança acaba por modificar-se.

Segundo Facci (2004), as transições de atividades provocam mudanças de ações,

operações e funções que acabam conduzindo mudanças da atividade, estas

Page 11: ludiane_volpato

consecutivamente acabam fazendo com que a criança mude de um estágio para o outro,

ou seja, o critério de transição de um estágio para outro, é a mudança do tipo de

atividade principal da criança.

Neste aspecto, Leontiev (1988), afirma que cada estágio do desenvolvimento da

criança é marcado por uma atividade principal ou dominante.

A atividade principal é então a atividade cujo desenvolvimento

governa as mudanças mais importantes nos processos psíquicos e nos

traços psicológicos da criança, em certo estágio de seu

desenvolvimento. (LEONTIEV, 1991, p.65)

Por meio dessas atividades principais a criança, relaciona-se com o mundo e em

cada estágio dessa atividade dominante ocorrem mudanças significativas nos processos

psíquicos da criança e particularidades da personalidade da mesma, preparando para que

haja transição para um nível mais elevado de desenvolvimento. (FACCI, 2004)

No período pré-escolar, cuja atividade principal passa a ser o jogo ou a

brincadeira,

[...] a criança apossa-se do mundo concreto dos objetos humanos, por

meio da reprodução das ações realizadas pelos adultos com esses

objetos. As brincadeiras das crianças não são instintivas e o que

determina seu conteúdo é a percepção que a criança tem do mundo dos humanos. A criança opera com os objetos que são utilizados pelos

adultos e, dessa forma, toma consciência deles e das ações humanas

realizadas com eles. (FACCI, 2004, p.69).

Desse modo, a infância pré-escolar, de acordo com Leontiev (1988), é o período

da vida em que o mundo dos adultos se mostra mais interessante para ela. Em suas

principais atividades, sobretudo nos jogos e brincadeiras, as crianças ultrapassam os

estreitos da manipulação dos objetos e penetram no mundo mais amplo, elas

reproduzem ações humanas com eles.

Para Arce (2004), a brincadeira é objetiva, é uma atividade na qual a criança se

apropria do mundo dos adultos, e a fantasia, a imaginação são componentes que devem

estar presentes na brincadeira infantil. Nesse contexto há que se ter clareza que a

imaginação e a fantasia não servem para criar um mundo diferente para as crianças, mas

sim para criar possibilidades para que se apropriem do mundo dos adultos, e

desempenhem as mesmas tarefas que estes realizam (LEONTIEV, ELKONIN apud

ARCE, 2004).

No que diz respeito à brincadeira de faz-de-conta, Bomtempo (2008) faz

distinção entre dois conceitos amplos: brincar e simular. A ação do brincar é uma

Page 12: ludiane_volpato

atividade que objetiva a diversão e a simulação envolvem uma realidade que se

sobrepõe a outra.

A brincadeira de faz-de-conta é frequentemente manifestada, por exemplo, no comportamento de fingir que está dormindo, quando não

está. Envolve, também, objetos substitutos, fingindo que uma trouxa

de roupa é um travesseiro e imaginando objetos, fingindo haver um

travesseiro onde não há nada. A simulação pode, também, envolver papéis imaginários e situações: fingindo ser a Branca de Neve que

espera o príncipe na floresta ou um super-herói como, por exemplo, o

Batman. Em todos esses cenários o mundo real é suplantado pelo mundo da fantasia: a lona do mundo de faz-de-conta é estendido sobre

o real. (BOMTEMPO, 2008 p.131

Assim, na brincadeira de faz-de-conta um mesmo objeto imaginativo, pode ter

duas identidades diferentes, como exemplo: a criança imagina que um monte de terra é

um delicioso bolo de chocolate, chamando-o de bolo, fazendo gestos que come o bolo,

mas não come verdadeiramente a areia, isto é, a criança imagina que uma coisa é outra,

mas ao mesmo tempo sustenta ambas as identidades no pensamento: a real e a

imaginária.

Para exemplificar esse aspecto, a autora faz inferência ao ato de dirigir um carro

e conversar com o passageiro ao lado, afirmando que essa ação só é possível, pois já foi

abstraída pelo motorista. Assim, o jogo simbólico ou faz de conta viabiliza a criança a

realização imediata de desejos não possíveis de serem realizados. Nessa atividade a

criança combina situações reais com elementos de sua ação fantasiosa para reproduzir o

cotidiano da vida do adulto.

Mas será que o brinquedo pode ser considerado sinônimo apenas de prazer para

criança? Segundo Vygotski (2007), não por dois motivos: primeiro porque muitas

outras coisas são experiências prazerosas para a criança, como exemplo chupar chupeta;

em segundo lugar não podemos negligenciar que as brincadeiras com regras, onde estão

embutidos o perder e o ganhar, podem ter em seu resultado, fatos desagradáveis e

desfavoráveis para as crianças, causando desprazer.

As teorias sobre brinquedo têm desconsiderado que estes tem função de

preencher necessidades e desejos nem sempre possíveis de serem atendidos ou

realizados de outra forma. Como podemos exemplificar: a vontade da criança realizar

ações que pertencem ao mundo adulto: dirigir, cozinhar, lavar roupa, cuidar de bebês.

Assim surge o brinquedo que atua na resolução desta impossibilidade física e

mental, da realização e satisfação deste desejo imediato.

Page 13: ludiane_volpato

Para resolver esta tensão, a criança em idade pré-escolar envolve-se

num mundo ilusório e imaginário onde os desejos não realizáveis

podem ser realizados, e esse mundo é o que chamamos de brinquedo. A imaginação é um processo psicológico novo para a criança;

representa uma forma especificamente humana de atividade

consciente, não está presente na consciência de crianças muito pequenas [...] podemos dizer que a imaginação nas crianças de idade

pré-escolar, é o brinquedo sem ação. (VYGOTSKI, 2007, p.108-109)

Neste sentido, Vygotski (2007), afirma que a situação imaginária contém regras

de comportamento, embora as mesmas não sejam regras formais e estabelecidas a priori.

Consideremos que duas irmãs, propusessem a brincar de irmãs, isto é, na vida real este

fato passa despercebido, sem pensar como uma irmã deve agir com a outra; já na

brincadeira a criança tenta ser o que ela pensa que uma irmã deveria ser como deveria

agir, ambas estão preocupadas em mostrar seu comportamento de irmã, ou seja, o fato

delas quererem brincar de irmãs induziu-as a adquirir regras de comportamento.

Assim, do mesmo modo que uma situação imaginária contém regras de

comportamento, todo jogo inicialmente fundamentado com regras possui uma situação

imaginária, como por exemplo: o jogo do xadrez possui uma situação imaginária pelo

fato de que algumas peças como o rei, a rainha, o cavalo só podem se mover de algumas

determinadas maneiras; também pelo fato de que proteger e comer peças são conceitos

só do xadrez. Assim o mais simples jogo com regras se transforma em uma situação

imaginária, isto é, quando um jogo é regulamentado por determinadas regras algumas

possibilidades de ações são eliminadas (VYGOTSKI, 2007).

Elkonin (2009) acredita que na sociedade atual, não reside forma

evoluídas de jogos, pois as mesmas foram substituídas pela arte ou pelo esporte, o

homem desalojou o sentido de jogo ou brincadeira na infância para aspectos inerentes a

cultura humana.

Esse estudioso afirma que o jogo de papéis é a forma mais evoluída de

jogo na vida de criança contemporânea, pois é por meio deste, que a criança pode

reconhecer e perceber as formas de relação humana.

o conteúdo dos papéis centra-se principalmente, nas normas das

relações entre as pessoas, ou seja, que o seu conteúdo fundamental são as normas de conduta existentes entre adultos, poder-se-ia dizer que,

no jogo, a criança passa a um mundo desenvolvido de regras e

relações entre as pessoas. As normas em que se baseiam essas relações convertem-se, por meio do jogo, em fonte do desenvolvimento da

moral na própria criança.[...] O jogo é escola de moral, não de moral

na idéia, mas de moral na ação (ELKONIN, 2009 p.420- 421).

No que diz respeito à constituição da unidade fundamental do jogo afirma que:

Page 14: ludiane_volpato

no jogo das crianças pré-escolar o principal é o papel que assumem.

No processo de interpretação deste papel, a criança transforma suas

ações e a atitude diante da realidade. [...] é na situação fictícia, que a criança adota o papel de outras pessoas, executa suas ações e

estabelece suas relações típicas nas condições lúdicas peculiares, é o

que constitui a unidade fundamental do jogo (ELKONIN, 2009 p.2- 3).

Vygotski (2007), também considera que a influência do brinquedo no

desenvolvimento é enorme, entretanto para uma criança com menos de três anos é quase

impossível envolver-se em uma situação imaginária, pelo fato de que nesta idade os

objetos ditam a criança o que ela tem que fazer: uma porta é para abrir e fechar, uma

escada para subir, uma campainha para tocar, ou seja, os objetos têm força inerente e

motivadora nas ações da criança.

No entanto, no brinquedo:

os objetos perdem sua força determinadora. A criança vê um objeto,

mas age de maneira diferente em relação aquilo que vê. Assim, é alcançada uma condição em que a criança começa a agir

independentemente daquilo que vê. [...] A ação numa situação

imaginária ensina a criança a dirigir seu comportamento não somente

pela percepção imediata dos objetos ou pela situação que a afeta de imediato, mas também pelo significado dessa situação. Observações

do dia-a-dia e experimentos mostram, claramente, que é impossível

para uma criança muito pequena separar o campo do significado de campo da percepção visual, uma vez que há uma fusão muito íntima

entre o significado e o que é visto (VYGOTSKI, 2007, p.114).

Contudo, para uma criança na idade pré-escolar, ocorre pela primeira vez uma

dissensão entre o significado e a visão. “No brinquedo o pensamento está separado dos

objetos e a ação surge das idéias, e não das coisas: um pedaço de madeira torna-se um

boneco e um cabo de vassoura torna-se um cavalo.” (VYGOTSKI, 2007 p.115). Em

outras palavras, surge o campo do significado, mas a ação dentro dele ocorre igualmente

como na realidade, isto é, no brinquedo a ação está subordinada ao significado e na vida

real a ação domina o significado.

Algumas considerações

A partir do avanço científico, das pesquisas educacionais e das políticas publicas

evidenciamos que o brincar configura-se de suma importância para o processo de

desenvolvimento da criança, sendo um dos aspectos que contribui para a formação de

conceitos e, por conseguinte o processo de aprendizagem. O brincar não pode ser de

forma alguma desprezado, por conta do conhecimento cientifico e sistematizado na

Page 15: ludiane_volpato

educação infantil. As brincadeiras são um importante recurso pedagógico que estimula e

desenvolvem as funções psicológicas superiores.

O ranço histórico, no que diz respeito ao assistencialismo, cuja função da pré-

escola era guardiã, como pontuado por Kramer e Abramovay (1984) precisa ser

substituída urgentemente. A Educação Infantil tem que assumir a função pedagógica,

reconhecer sua importância para o desenvolvimento do infante sem negligenciar o

aspecto lúdico próprio para a idade.

As atividades lúdicas não podem mais ser entendidas como “entregar brinquedos

para as crianças” e deixa-lás ao bel prazer. O professor da educação infantil tem que

assumir o papel de mediador nessas atividades vislumbrando a formação de conceitos e

o processo de desenvolvimento de forma geral. Há que se proporcionar momentos de

atividades lúdicas livres – porém acompanhada do olhar e analise das situações ou jogos

de papeis sociais pelo professor – e as atividades lúdicas dirigidas, com objetivos e

intencionalidades específicas.

A luz dessas considerações há que se conceber as atividades lúdicas como ações

pelas quais os educadores podem perceber o desenvolvimento e a aprendizagem das

crianças. No ato de brincar além da criança se divertir, se frustrar, a criança pode recriar

e reinterpretar o mundo em vive, adquirir conhecimentos, experiênciar coisas novas,

pensar, raciocinar, descobrir.

REFERÊNCIAS

KRAMER, Sonia, ABRAMOVAY, Miriam. “O rei está nu”: um debate sobre as

funções da pré-escola. In: Cadernos CEDES, n.9, São Paulo: Cortez, 1984.

ARCE, Alessandra. O jogo e o desenvolvimento infantil na teoria da atividade e no

pensamento educacional de Friedrich Froebel. Campinas: Cadernos CEDES, vol.24,

n.62, p.9-25, 2004.

BRASIL. Resolução nº 5 de 17 de dezembro de 2009. Fixa as Diretrizes Curriculares

Nacionais para a Educação Infantil. Diário Oficial da União/Brasília, Brasília, 18 de

dez. de 2009, nº1/99, seção 1, p.18.

BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da

educação nacional. Diário Oficial da União/Brasília. Brasília, 20 de dezembro de

1996.

Page 16: ludiane_volpato

BOMTEMPO, Edda. Brincar, fantasiar, criar e aprender. In OLIVEIRA, Vera Barros

(orgs). O brincar e a criança do nascimento aos seis anos. 7º Ed. Petrópolis, Vozes,

2008.

ELKONIN, Daniil. Psicologia do jogo. 2º Ed. São Paulo: Editora WMF Martins

Fontes, 2009

FACCI, Marilda Gonçalvez Dias. A periodização do desenvolvimento psicológico

individual na perspectiva de Leontiev, Elkonin e Vigostski. Campinas: Cadernos

CEDES, vol.24, n.62, p.64-81, 2004.

KISHIMOTO, T. M. Jogo, brinquedo, brincadeira e educação. São Paulo: Cortez,

1999.

LEONTIEV, Alexis. Uma contribuição à teoria do desenvolvimento da psique infantil.

In: VYGOTSKI, Lev, LEONTIEV, Alexis, LURIA, Alexander. Linguagem,

desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone: Editora da Universidade de São

Paulo, 1988. 59-83.

LUCCI, Marcos Antonio. A proposta de Vygotski: a psicologia sócio-histórica. 2006.

Tese (Doutorado em Psicologia da Educação). Pontifícia Universidade Católica de São

Paulo, São Paulo.

LURIA, Alexander. A psicologia experimental e o desenvolvimento infantil. In:

VYGOTSKI, Lev, LEONTIEV, Alexis, LURIA, Alexander. Linguagem,

desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone: Editora da Universidade de São

Paulo, 1988. 85-102.

MALUF, Angela Cristina Munhoz. Atividades lúdicas para a Educação Infantil:

conceitos, orientações e práticas. Petrópolis, Vozes, 2008.

SANTOS, Danieli Rodrigues. O uso de jogos para a aquisição de conceitos

matemáticos. 2011. Trabalho de conclusão de curso (Especialização em

Psicopedagogia). Universidade Estadual de Maringá, Maringá.

VYGOTSKI, Lev Semenovich. A formação social da mente. São Paulo: Martins

Fontes. 7º Ed. 2007.

VYGOTSKI, Lev Semenovich. A construção do pensamento e da linguagem. São

Paulo: Livraria Martins Fontes, 2001.

Page 17: ludiane_volpato