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ANOI ' POR TUD O E PO R TO DOS ....... ...... :: : ;! · EDITOR: José Luís de Pina - LORIGA DJ,RECfOR E PROPRIE'I' ARIO: Dr Corfos L&ltõo Bastos: R. Marquês do ' frooteírcr. 84-1 . 0 - Lisboa 11 N. º t949 A BEM DE LO RIGA E DA - RE GIAO REDAcro ru Emfiio Leitão Pdulo Rua do Bolhão, 149 - PORTO ADMINI STRADOR: Armando Leilão - R. Marqμ.ê·s éla Fronteira, 84-1." - Lisbot; COMP. E · IMPRESSO; •União GT6flca• - R. San la Maria, 46 - Lisboa CAI NEVE NO POVOAD() .. . A.O APARECER «A NEVE» DESEJAMOS QUE CADA UM SINTA QUE CAI NEVE; NO PO· VOADO E CAI NG SEU CORAÇÃO e UMPRE -NOS, e iazêmo-lo de muito boa vontade, escrever algumas despretencio- sas linhas, no alvorecer de «A Neve•. Antés, porém, d aqui lançwnos a n1ão em afee· iuosos cumprimentos às autoridades adminis· 1rc. 1tiv:as do concelho, em particular a Sua Ex." . ,. ,-0 Sr. Presidente da Câmara, oferecendo-lhe a nossa vontade e desajo de ombr . earmos na luta pelo beni: · e progres so da Recyião. Igualmente; num fraternal abraÇ!o, a s dutotida· "" 4.es «dtr n0ssd querida terra, oferecendo- lhe as 1 . _ como balua rte do .progress9 de Loriga, e como reflexo da nCJssa vontade: von· tade da alma de todos os bons Loriguenses qμe anseiam em «A Neve» a vitória de um sonho ... Seria ingratidão não envolvermos nesse abraço, aqueles Loriguenses que, longe da ter- ra-mãe, muito em particular à colónia do !3ra" 1 sil, grangeiam o sustento dos seus, enaltecem e engrandecem o nome de Loriga pelo seu traba· lho. Nunca os esqueceríamos, nem nunca os es- queceremos. Por isso lhe dedicamos e dedicare- mos um cantinho especial. Caro leitor! •A Neve» nasceu de um pu - nhad o de fapazes, cônscios da sua posiç. ã:ô - do §eu dever -, ardentes nas nhadôz;esl Sabem que assu1niram per ante -a grei que os éstitna e çonsi d era, uma de bem cumprir em .. Esforçar-nos-emos por cum- prir. Vamos para a luta, como não podíamos dei- xar de ir, com um plano previamente troça d o; .não interessa saber qual. Interessa sermos uni· dos, porque n ecessitamos de força, e, unidos, a poderemos ter. Inter essa colaborar, porque Loriga pede; L."1- teressa boa vontade e sacrifício porque são de- veres de um filho para com a sua mãe, ... na tal. Soou a ho ra dec i siva de Lori ga: •A Neve » 111ar - :ca-n os o horizonte e, não basta vê-lo, que perçorrê-lo. que vir para a ruÇc cobert a por essa toalha; primeiro o frio e o receio, e, por <::rqμi, é bom que fi quem os miélos, os ttles - ctentes, parét que nã0 d êm trabalho aos que querem prosseguir. Sigamos mais longe: mar · chemos com boa-vontade e a passo lento, mos seguro; quem na neve queira levianament i;i, ' começar a correr ... t queda certa . que primeiro desbrava 'r catninho; não se esql:leçam que quantos ma\, ;> melhor ... Ah! leitor! como é lindo sonhar! a vida é .'.'llma rea1tdade. Que imporfa?.I Lorigp: é um da natμxeza;:' todo o .so- . . . nho t em um desp<;!rtar, e Lorigq é o de$per'to.r da magnânima: e altiva da Sonhemos Sonherno's realizar tudo q:μa nto _ alma sagrada de L origa imane ince nso de pro- gresso · e de bem. Aque les q_ue comnosco queiram sonhor têm «Neve• o doce leito dos suas vontades. H6 porém quem a so nhar ressone de fé: êsses têm que ser impi edosamente acordados, não porque em nós não exista p iedade, mas porque achamos da mais elementar justiça não deixar derrubar aquilo que é de Loriga e por Loriga. ler ca1ma e perseverança. que CQ· c'omeÇâmos, eleve mos · bem a lto o es tandarte das Justas aspirações de LoX:iga; ninguém o de- ve erquer , devemos ergue•lo todos, e t9d.os dquém e alem Loriga devem vê-lo, porque se deve ol har para h .i do que é Justo e belo. - Começamos e, coma diz Camões, é feio de· .sistir de cousa começàda . Mostremos q ue Lo· riga tem estado v otada a um abandono incom: preens.fvel, -e que nos cumpre a nós, levantá -l a - ' desss abismo. Mostremos que Loriga tem di- reitos que l he não têm sido dados, e que pelo direito e pela justiça é um dever lutar. Depçira· cSe perante nós o campo. Deus nos . aiudaráJ . porque Deus a.ludo as vontade imaculadas. O Governo da Noção - ç:lecerto desconhe-· ' J ceder deis justas aspi rações de Loriga esta- mo:;; co.nHantes, que pela sua política de verda- de( também nos ajudará, porque as aspiraçõe .s de Loriga são uma verdade - Del as lhe ml!ls, conhecimento e s6 espe ra mos a s ua rea. lizçiç&o. "O Nosso Jornal" . . Com a aparecimento . de .o jornal «A NEVf.», julgamos nós, . rapazes novos, ter encontrado o melhor meío de pugnar pelo desenvolvimento · ele Loúga, defendendo os seus interesses, e pro· cw:ando em especial, contribuir para a resolu - ção daqueles problemas, cuja realização deseja- · mos que se}a ur gen te, por se t ornar absoluta- mente necessária a todos o.s Loriguen ses. Para .isso nas colunas do nosso jorna l. serão _publica<los - arti gos e entrevistas, que de manei- ra ou indirecta con tri b uirão p ara esse fim. Ningu ém, me1hor do que n 6s próprios, reco- nh.eêe quão longe está a realiza ção do fim que nos propomos, Qias forçoso se torna, que seja- mos auxiliados pela boa vontade de todos aque- que prezall.1 acima de tudo o bom nome sua terra. Não queremos neste mon1ento esquecer todos os Lorjguen,ses que longe da sua t erra. princi- p almente no Bi:asil e Ar gentjha, procuram ô. s.usterito Pará. as sl!las famílias. A estes que com honra e dignid'ade zelam pelo bom nome de Lo- rigá, <<A NEVE:», à sua saudade o in- tei:esse . dos ' que de dia a dia se .. de:;enrola-m '' na - l1QS$é\ te rra,. nYlVl'\ •lhes •. a. dQ.!'é. lembrança dos sítios onde se enra°l?.() 11 a sua 1•,.ro. citla:<:Ie 9 · seu ª!Tlor a Loriga. Àqueles que n ascidos em terras estrang eiras, mas em cujas veias corre o sangue de um Lo - r iguense , tambêm «A NEVEll l hes to ma co- nhecic)os os variados aspectos da t erta dos seus , avos. F ax emos ass _ im com que o sent imen to Lori- guense não se corrompa e antes se cimente pe- la saudade e pelo-or gU lho de pertencer em a uma t erra cújo progresso intelectual, artís t ico, indus- trial, comercial e agrfcol a, se vem registand o de ano pq,ra ano. Esperamos que nos seja reconhecida a b.oa e. sinceridade com que é fundado es- te jornal. ssim acontecer, ficará para nós consti- tuirrdo um moti vo d.o.s nóvo s empreendimentos. Alicerçada , na nossa e n(;)s bqns l,..o6guepses , «A NEVEn, conservará para sem- pre . a · fres · cura das idei as i:l a pureza das nossasjnte11Ções, p ara que sempre possa gritar: c1POR Tt.Jút) E POR TODOSn. A BEM DE LO- RIGA, E DA REGI ÃO». J osé Luís de Pina ... -_ ,_, .._ __ , _ __ ._. _ .... ___ - Co m de publicação rece · he mos a segt1inte local: nAs obras que a Empresa H id ro· ·Eléctrica da Serra da Estrela está a e/ ectuar nos baldios da · freguesia de L origa, para fa zer derivar por um túnel, em construção, as águas caldas na bacia liidiográfica e Ribeira do mesmo nome, para a bac.ia do Rio Aloa, atrofiam a vida económfoa e em estar dos povos das freguesias de Loriga; Cabeça, V ide e A lvoco das V árseas, cujos 12.000 habitantes, reclamam a directa e imediata inter· feroência do Governo da Nação> >. --- .... - "' __ , . ... ___ ......... . lfVJ'!fA ,DE DEPOIMENTOS QUE NOS PJ!.Ç)PQll'[OfJ' COMEÇAMO$ PE;LA E.:XPO- Slf;Ã O Q UE NOS CON(JEDE'U O PlGNO PQESl- l)EN'JJE I?il JUNT(J. DE FREGUESI14, PUBLICADA NA P!l!GINA. . . .

Marqµ.ê·s CAI NEVE NO POVOAD() .. . O Jornalgentesdeloriga.wdfiles.com/local--files/jornal-a-neve/ANeve-1949.03-[0001].pdfsas linhas, no alvorecer de «A Neve•. Antés, porém,

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ANOI

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POR TUDO

E POR

TODOS ....... ...... :: : ;!· ~}~~~:::~!::: :::::~

EDITOR: José Luís de Pina - LORIGA DJ,RECfOR E PROPRIE'I' ARIO: Dr Corfos L&ltõo Bastos:

R. Marquês do' frooteírcr. 84-1 .0 - Lisboa 11

N.º !-MARÇO~ t949

A BEM DE

LO RIGA E DA -REGIAO

REDAcroru Emfiio Leitão Pdulo

Rua do Bolhão, 149 - PORTO

ADMINISTRADOR: Armando Leilão - R. Marqµ.ê·s éla Fronteira, 84-1." - Lisbot; COMP. E · IMPRESSO; •União GT6flca• - R. San la Maria, 46 - Lisboa

CAI NEVE NO POVOAD() .. . A.O APARECER «A NEVE» DESEJAMOS QUE

CADA UM SINTA QUE CAI NEVE; NO PO·

VOADO E CAI NG SEU CORAÇÃO

e UMPRE-NOS, e iazêmo-lo de muito boa

vontade, escrever algumas despretencio-

sas linhas, no alvorecer de «A Neve•.

Antés, porém, daqui lançwnos a n1ão em afee·

iuosos cumprimentos às autoridades adminis·

1rc.1tiv:as do concelho, em particular a Sua Ex." . ,.

,-0 Sr. Presidente da Câmara, oferecendo-lhe a

nossa vontade e desajo de ombr.earmos na luta

pelo beni: · e progresso da Recyião. Igualmente;

~nvoLyemos num fraternal abraÇ!o, a s dutotida·

""4.es «dtr n0ssd querida terra, oferecendo-lhe as 1 . •

_ "qg_~~~ :·~.~lu!_l~.S como baluarte do .progress9 de Loriga, e como reflexo da nCJssa vontade: von·

tade da alma de todos os bons Loriguenses qµe

anseiam em «A Neve» a vitória de um sonho ...

Seria ingratidão não envolvermos nesse abraço, aqueles Loriguenses que, longe da ter­

ra-mãe, muito em particular à colónia do !3ra"

1 sil, grangeiam o sustento dos seus, enaltecem e

engrandecem o nome de Loriga pelo seu traba·

lho. Nunca os esqueceríamos, nem nunca os es­

queceremos. Por isso lhe dedicamos e dedicare­

mos um cantinho especial.

Caro leitor! •A Neve» nasceu de um pu­

nhado de fapazes, cônscios da sua posiç.ã:ô -

~e do §eu dever -, ardentes nas vontad~s. so~ nhadôz;esl Sabem que assu1niram perante -a

grei que os éstitna e çonsidera, uma obriga~ô:o

de bem cumprirem . . Esforçar-nos-emos por cum­prir.

Vamos para a luta, como não podíamos dei­

xar de ir, com um plano previamente troçado;

.não interessa saber qual. Interessa sermos uni·

dos, porque necessitamos de força, e, só unidos,

a poderemos ter.

Interessa colaborar, porque Loriga pede; L."1-

teressa boa vontade e sacrifício porque são de­

veres de um filho para com a sua mãe, ... natal.

Soou a hora decisiva de Loriga: •A Neve» 111ar­

:ca-nos o horizonte e , não basta vê-lo, há que

perçorrê-lo. Há que vir para a ruÇc coberta por

essa toalha; primeiro o frio e o receio, e, por

<::rqµi, é bom que fiquem os límiélos, os ttles­

ctentes, parét que nã0 dêm trabalho aos que

querem prosseguir. Sigamos mais longe: mar·

chemos com boa-vontade e a passo lento, mos

seguro; há quem na neve queira levianamenti;i, ' começar a correr ... t queda certa.

Há que primeiro desbrava'r catninho; não

se esql:leçam que quantos ma\,;> melhor ...

Ah! leitor! como é lindo sonhar! ~as a vida

é.'.'llma rea1tdade. Que imporfa?.I

Lorigp: é um ~ónho da natµxeza;:' todo o .so-~ . . .

nho tem um desp<;!rtar, e Lorigq é o de$per'to.r da

magnânima: e altiva $~rra da ~strela. Sonhemos

,gqi~J~i.!gr~~ ! Sonherno's realizar tudo q:µanto ~a _

alma sagrada de Loriga imane incenso de pro­gresso· e de bem.

Aqueles q_ue comnosco queiram sonhor têm

ná «Neve• o doce leito dos suas vontades.

H6 porém quem a sonhar ressone de má fé:

êsses têm que ser impiedosamente acordados,

não porque em nós não exista p iedade, mas

porque achamos da mais elementar justiça não

deixar derrubar aquilo que é de Loriga e por

Loriga.

Há q~e ler ca1ma e perseverança. Já que CQ·

c'omeÇâmos, elevemos ·bem a lto o estandarte

das Justas aspirações de LoX:iga; ninguém o de­

ve erquer, devemos ergue•lo todos, e t9d.os

dquém e alem Loriga devem vê-lo, porque se

deve olhar para h.ido que é Justo e belo.

- Começamos e, coma diz Camões, é feio de·

.sistir de cousa iá começàda. Mostremos q ue Lo·

riga tem estado votada a um abandono incom:

preens.fvel, -e que nos cumpre a nós, levantá-la - '

desss abismo. Mostremos que Loriga tem di-

reitos que lhe não têm sido dados, e que pelo

direito e pela justiça é um dever lutar. Depçira·

cSe perante nós o campo. Deus nos. aiudaráJ . porque Deus a.ludo as vontade imaculadas.

O Governo da Noção - ç:lecerto desconhe-· ' J

ceder deis justas aspirações de Loriga -· esta­

mo:;; co.nHantes, que pela sua política de verda­

de( também nos ajudará, porque as aspiraçõe.s

de Loriga são uma verdade - Delas lhe dar~·

ml!ls, conhecimento e s6 esperamos a sua rea.

lizçiç&o.

"O Nosso Jornal" . .

Com a aparecimento .de .o jornal «A NEVf.», julgamos nós, .rapazes novos, ter encontrado o melhor meío de pugnar pelo desenvolvimento· ele Loúga, defendendo os seus interesses, e pro· cw:ando em especial, contribuir para a resolu­ção daqueles problemas, cuja realização deseja­·mos que se}a urgente, por se tornar absoluta­mente necessária a todos o.s Loriguenses.

Para .isso nas colunas do nosso jornal. serão _ publica<los -artigos e entrevistas, que de manei­ra dir~cta ou indirecta contribuirão para esse fim.

Ninguém, me1hor do que n6s próprios, reco­nh.eêe quão longe está a realização do fim que nos propomos, Qias forçoso se torna, que seja­mos auxiliados pela boa vontade de todos aque­le~ que prezall.1 acima de tudo o bom nome a~ sua terra.

Não queremos neste mon1ento esquecer todos os Lorjguen,ses que longe da sua terra. princi­palmente no Bi:asil e Argentjha, procuram ô .

s.usterito Pará. as sl!las famílias. A estes que com honra e dignid'ade zelam pelo bom nome de Lo­rigá, <<A NEVE:», 'l~va-lhes à sua saudade o in­tei:esse .dos' accori~ecimentos que de dia a dia se

.. de:;enrola-m'' na-l1QS$é\ terra,. nYlVl'\•lhes •. a. dQ.!'é. lembrança dos sítios onde se enra°l?.() 11 a sua 1•,.ro. citla:<:Ie 9 ·seu ª!Tlor a Loriga.

Àqueles que nascidos em terras estrangeiras, mas em cujas veias corre o sangue de um Lo­riguense, tambêm «A NEVEll lhes tom ará co­nhecic)os os variados aspectos da terta dos seus , avos.

F axemos ass_im com que o sentimen to Lori­guense não se corrompa e antes se cimente pe­la saudade e pelo-orgUlho de pertencerem a uma terra cújo progresso intelectual, artístico, indus­trial, comercial e agrfcola, se vem registando de ano pq,ra ano.

Esperamos que nos seja reconhecida a b.oa von,ta~e e. ~ sinceridade com que é fundado es­te jornal.

Sê a·ssim acontecer, ficará para nós consti­tuirrdo um motivo d.o.s nóvos empreendimentos.

Alicerçada ,na nossa ju,ventt.~cle e n(;)s bqns l,..o6guepses, «A NEVEn, conservará para sem­pre . a · fres·cura das no~sas ideias i:l a pureza das nossasjnte11Ções, para que sempre possa gritar: c1POR Tt.Jút) E POR TODOSn. A BEM DE LO­RIGA, E DA REGIÃO».

José Luís de Pina ---~ ... -_,_,.._ __ , ___ ._._ .... ___ -Com pe~ido de publicação rece·

hemos a segt1inte local: nAs obras que a Empresa H idro··Eléctrica da

Serra da Estrela está a e/ ectuar nos baldios da ·freguesia de L origa, para fazer derivar por um túnel, em construção, as águas caldas na bacia liidiográfica e Ribeira do mesmo nome, para a bac.ia do Rio Aloa, atrofiam a vida económfoa e b·em estar dos povos das freguesias de Loriga; Cabeça, V ide e A lvoco das V árseas, cujos 12.000 habitantes, reclamam a directa e imediata inter· feroência do Governo da Nação>>. ---.... - "' __ , .... ___ ..,..._""~- ......... . lfVJ'!fA S~RIE ,DE DEPOIMENTOS QUE NOS

PJ!.Ç)PQll'[OfJ' F~ZER, COMEÇAMO$ PE;LA E.:XPO­Slf;ÃO Q UE NOS CON(JEDE'U O PlGNO PQESl­l)EN'JJE I?il JUNT(J. DE FREGUESI14, PUBLICADA NA 3~" P!l!GINA. . . .

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De LORIGA de ontem ...

a LORl6A de hoje .....

Todos conhecemos sem dúvida a nossa Ter­

ra; mas esse conhecimento resume-se às memórias da nossa juventude, às recorda­ções dos nosso avós e ao presente.

Existe uma barreira para além da qual não divisamos o que se teria passado, e quão ~nte­ressante seria que nos fosse dado conhecê-la.

Em 1940 passaram por Lisboa milhares e mi­lhares de portugueses em visita à grande Expo­sição do iVlundo Português. Era-lhes dado revi­ver oito séculos de Hist6ria... E com satisfa­ção e sagrado júbilo iam passando pelas nossas relÍnils factos e documentos desde o tempo do Rei Conquistador até aos nossos dias. Nesta secção vão passar também. não os documentos mas a sua cópia fiel; não as maquetes das obras realizadas pelos nossos antepassados que mw­tas foram e que fàcilmente, pela leitura, recons­tittÚremos.

Por hoje apenas vos prometo publicar na ín­tegra e na altura compelente o foral do conce­lho dado a Loriga em 15 de Fevereiro de 1514 por El-Rei D. Manuel. pois que a escassez de espaço de que disponho no jornal me obriga a resumir todos os outros. Porém os mesmos do­cumentos estão patentes a todas as pessoas que desejem consultá-los. na Redacção do nosso jor­nal.

O documento mais antigo que até hoje en­contrei é o da confirn1ação ela doação da Ju­risdição Civil e Criminal ele Longa a Álvaro Ma­chado datado de 22 de Agosto de 1474. Ei-lo:

Dom Manuel por graça de Deus Rei de Por­tugal e dos Algarves daquem e dalém mar em

AJ rica, a quantos esta carta virem fazemos sa­ber que a n6s foi apresentada uma carta que

tal é:

Dom Afonso ... A quantos esta carta virem fazemos saber que confirrnando nós a acareação

que feita temos, em Álvaro Machado fidalgo da nossa raça e aos serviços que dele e de seu pai temos recebido e esperamos que ao diante nos

faça, temos por bem dar-lhes q ue ele tenha o uso de n6s, em toda a sua vida, à jurisdição civil e criminal do lugar de Loriga que ele de nós

tern. Ressalvamos para nós a correcção e alçada. E porérll, mandamos a todos os nossos corre­

gedores, juí.zes de justiça oficiais e pessoas que isto ou verem dizer e esta nossa carta for rnostra­da que lhe deixem usar a dita jurisdição, como dito é, sem lhe porem sobre isso qualquer em­bargo porque assím é nossa mercê, de lhe assim ser feito se1n embargo de qualquer lei de direito

canónico e civil, grossas propensões de douto­

res que em contrário disso seja. Dada em Lisboa aos 22 dias de Agosto, Cris­

tóvão de Barros a fez no ano de 1474.

E s ta carta foi confirmada ainda por solicita­ção de Álvaro l\1achado nos seguintes termos:

Pedindo o dilo A/varo Machado que lhe con­firmassemos a dita carta e visto por nós seu re­querimento, querendo-lhe fazer graça e mercê len1os por bem lha confir1narmos e a havermos por confirmada da maneira que dito é: E porém mandamos os nossos editais para a justiça que assim lhe cumpram e façam muito inteiramen­te cumprir e guardar.

Dada en1 Lisboa, aos nove dias de Nlaio. João Pais a fez, no ano de 1497.

JOAQUIM LEITÃO

A NEVE MARÇ0-1949

, 'P ro Ecclesia Nastro', LORIGUENSES: Alerta! ...

Soou a hora de unir fileiras, em volta do grande ideal. que a todos nos deve animar!

A Gl6ria de Deus o exige! A necessidade urgente o impõe! E nós queremos acudir à chamada! Cada um de nós responderá bem alto: PRESENTEI Hora de Graça e de Milagre, de esforço heróico e de entusiasmo ar­

dente: Deus a escolhetll . PELA NOSSA IGREJA NOVA, brademos todos:

PRESENT E!

* * ...

Vem de há longos anos, este sonho que to­dos acalentavam: erguer-se, em Loriga um novo templo.

Basta reflectir um momento, para fàcilmente se concluir que é absolutamente necessário le­vantar. no mais breve espaço de tempo possí­vel, uma nova Igreja.

Loriga é terra populosa e uma das maiores freguesias da vasta Diocese da Guarda, pois con­ta alguns milhares de habitantes, aqw residentes.

(Não falamos já, evidentemente, nas nume­rosas colónias de Loriguenses de Belém, Estado do Pará, Brasil, e de Lisboa, Sacavém. bem co­mo de outros filhos de Loriga que viven1 em terras do Continente, do Império. ou noutras re­giões do estrangeiro. como. por exemplo, nos Estados Unidos da América do Norte. Argenti­na, Congo Belga, etc., mas que estão lntimamen­te presos à Terra que lhes serviu de berço, pe­los laços n1ais estreitos do sangue e da amiza­de).

· Esta encantadora vila, engastada no próprio coração da Serra da Estrela. a 750 metros de al­titude, progride a ol.hos vistos.

O seu movimento demográfico é sensivel­mente igual à de outras vilas cio Distrito e Dio­cese da Guarda, mesmo as mais populosas.

Sob o ponto de vista religioso, é eloquente a voz dos factos. Demonstra-se com números e prova-se à face de documentos, relatórios e in­quéritos, alguns dos quais, aliás, publicados. que este cristianíssimo povo da Beira vive intensa vida religiosa.

Podemos mesmo afirmar, baseados até em palavras que se recordam com viva emoção e profundo reconhecimento, que Loriga ocupa lu­gar entre as freguesias mais cristãs da Diocese, como ainda há pouco tivemos o grato prazer de ouvir a Sua Ex.ª Rev."'" o Senhor Bispo Coadju­tor, o Senhor D. Domingos da Silva Gonçalves. ao dirigir-se aos Loriguenscs, numa a postólica e vibrante alocução, na Igreja Paroquial, a quan­do da visita de Sua Ex. t> Rev. m& à freguesia, nos dias 21 e 22 d.o passado rnês de Janeiro.

O n1eio é essencialmente industrial: várias fábricas de lanifícios, de malhas, de fundição, serralharias mecânicas, das mais bem apetrecha­das do País. etc.

Dia a dia, Loriga progride, desdobrando-se a sua actividade em diversos e novos ramos de indústria e comércio.

No entanto - oh! que tristeza! - é este po­vo, tão numeroso, tão cristão, tão progressivo, que não tem uma Igreja ...

Sim. Loriguenses e Amigos da nossa Terra! O Templo actual. atentas as circunstâncias

expostas. será antes uma Capela, de grandes di­mensões embora , do que uma Igreja - pois só pode conter, dentro das suas velhas paredes. de aspecto desolador e trisle, sem estilo que lhe dê vida. sem oferecer cómodo algum no seu inte-rior, apenas 50% da população!!!... ~

(A capela-mór, por exemplo, na parte reser­vada aos fiéis, mede somente 2 metros no senti­do do seu comprimento, por 5,5 de largura_ .. ).

:\l

* * É dolorosamente triste ... profundamente con­

frangedor ...

O vivo. sentimento da Fé, que nos anima o coração, e o nosso brio de Loriguenses, bairris­tas como poucos, vibra de santa indignação. di­remos mesmo, revolta-se contra o presente esta­do de coisas, e obriga-nos a todos. ricos e po­bres. presentes e ausentes. filhos de Loriga ou seus A1nigos, a envidar todos os esforços. para que o sonho ele ontem. venha a ser hoje conso­ladora realidade!

Levemos a toda a parte, onde palpite um co­ração de Loriguense. este brado apaixonado da nossa Fé, grito entusiasta da nossa esperança. vi­bração ardente do grande amor que à nossa ter­ra amada consagramos:

•. PRO ECCLESlA NOSTRA))

uPELA NOSSA IGREJA NOV Au

Lor iguenses: Alerta !

Amigos de Loriga: com todos vós contamost

Por Deus!

Por Santa Maria Maior, Padroeira da Fre­

guesia!

Pela nossa T errai

A COMISSÃO

"' * * NOTAS: nos próximos números, uA Nevei>

cca todos «aqueceráo com dados concretos sobre a uconstrução da nova Igreja Paroquial de Lori­ga11, e nas suas colunas se publicarão também os donativos que a Comissão for recebendo.

Por hoje co1nunicamos somente que a Co­missão Central, já nomeada, é constituída pelos Ex.'"º' Srs. António Cardoso de Moura, Carlos Nunes Cabral e Abílio Luís Duarte Pina. De to­dos é assaz conhecido o dinamismo, capacidade organizadora, visão clara dos problemas, vonta­de de trabalhar e Fé sincera dos membros eleitos.

É já ta1nbém do domínio público o gesto tão simpático e generoso do Sr. Cardoso de Moura. oferecendo uma propriedade, sita na uCarreita» e que é avaliada em dezenas de milhar de es­cudos.

É de louvar a atitude deste ilustre membro da Comissão. atenta a grande dificuldade. porven­tura a maior, da falta de lerreno próprio para o local do novo templo.

Se os arquitectos se pronunciaren1 pela esco­lha de outro local. senão mais central. pelo 1ne­nos em nível superior ao oferecido. de mais fáci l acesso e n1ais jnclicado sob o ponto de estética. adentro do plano de urbanização, sabemos. no entanto. que a generosidade de Sun E.x.• é sem­pre a mesma. e a freguesia jamais poderá es­quecer a sua oferta.

Sua Ex.' Rev.'"' o Senhor Bispo Coadjutor, teve o incómodo de visitar os locais indigitados, lembrando a conveniência de conservar a Igre­ja actual, caso o novo templo se venha a cons­truir a relativa distã11cia daquela, pois a paró­quia tende a desdobrar-se em duas freguesias.

A uNeve», hoje o pregão mais alto a favor de Loriga, · sente-se orgulhosa e honrada ao· transmitir a todos os seus assinantes, neste pri­meiro número, o apelo veemente da Comissão.

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MARC0 -1949 A NEVE

O PRESIDENTE DA JUNTA DE FREGUESIA FALA- NOS DOS P ROBLE VIAS QUE MAIS VIVA­M E N T E P REOCUPAM A FAMILIA L ORIGUE NSE

Convjdados em representação do cargo que exercemos, a focar no primeiro número do jornal eA NE.VE.11, o que pensamos sobre a solução dos diferentes aspectos que dizem respeito ao pro­srresso da freguesia que há mais de 3 anos ser­;imos, pretendemos, em princípio furtar-nos ao embate de tão delicada querela - por antever­mos a nossa espinhosa missão - , sobretudo por faltar, no caso presente, o esteio de u1n fundo de autoriClade grangeado com os louros do triunfo. Ainda assin1. i·eflectidarnente, acede1nos ao convite que nos foi feito pelo eeu ilustre Di­~eçtor, somente por uma questão de cega obe­diência ao critério que traçan1os na nossa cons­ciência, que nos dita o in1perativo de em n~nhu­ma circunstância voltar a fronte e os sentidos, à Terra que nos serviu de berço. Afora o ditame deste sentimentalismo nada de novo aguaramos neste momento que dizer, além de exaltar a vir­tude do seu pr6prio esforço e a senda intermi­nável do seu esquecimento.

* * * Como é natural. a existência de um jornal de­

fensor dos interesses de Loriga e região. desper­tou o mais vivo entusiasmo na gente da Serra. Essa espectativa é justificada por a Grei ver à frente deste periódico um grupo de académicos universitários, alguns dos quais com a sua car­reira terminada com brilhantismo, uns e outros cheios · de exuberante vigor, de coração desem­poeirado, e alma lavada, que querem deste modo elevar e engrandecer a sua Terra.

Esperamos que esta jniciativa seja amparada e forla lecida por todos os Serranos , tornando ca­da vez mais forte e 1netálica a p 1·onúncia vigoro­sa dà nossa devoção, por tudo que nos liga ao altar da Serra, que nos irmana .

Há muito a fazer e a lembrar - tão pouco há feito - todavia. é nosso indeclinável dever, saber pedir, com verdadeiro sentido de justiça porque na maneira de o conseguir se encontrará o segredo do lriunfo.

Já que falamos em lembrar vamos referir nas suas linhas gerais as cinco maiores necessidades de Loriga, as quais concrctisamos pela ordem se­guinte:

1.0 - Saneamento (esgotos e retretes públi­

cas); 2.º - Calcetamento da via pública; 3.0

- Construção urgente de 2 edifícios um para cadá sexo (deste número faz parte um com quatro salas de aula para o sexo feminino, jn­cluido há 9 anos no Plano Centenário) ; ·

4. 0 - Construção de casas de renda econó­

mica e para pobres: 5.0

- Criação de um Centro de Assistência Social.

Principiamos po-r esc)a1·ecer o estado em que se apresentam neste momento cada um dos pon­tos focados acima, para se fazei- uma ideia pre­cisa do que há a realizar.

Para a efectivação do primeiro melhoramen­to, ·impõe-se a conclusão do Plano de Urbani­zação, desta vila, há muito iniciado, sem cujo elemento básico de trabalho, se não podem ali­cerçar os fundamentos deste importantíssimo empreendimento. É certo que já existem cerca de 400 metros de manilha, na posse da Junta de Freguesia, em tempo fornecidas pela Câmara i\tlunicipaJ, havendo até um esboço delineado para a sua aplicação num troço da rua principal, porém, por insuficiência de subsídio, continuam empilhadas a aguardar a fina lidade para que fo­ram adquiridas há cerca de 4 anos. Quanto à construção de retretes públicas, previstas no mes­mo artigo, foi há tempo mandado elaborar o projecto respectivo, o qual nos informam haver sido remetido a Sua Excelência o Senhor Ministro das Obras Públicas, para ser comparticipado. Es­tamos convencidos que Sua Excelência saberá tomar em conta o que este melhoramento re­presenta para uma população superior a 3.500 almas.

Referindo-nos ao calcetamento da via p ú­blica . somos de opinião que embora seja uma

das maiores nec~ lsidades de Loriga, pois os seus pavimentos estão pessimamente arruinados, o mesmo só poderá ser levado a efeito simultânea­mente ou depois de resolvido o saneamento, evitando deste modo um duplo dispêndio.

O problema escolar é• sem dúvida o mais gra­ve, dado o enorme movimento demográfico des­ta localidade, numa cadência progressiva 'de mais de 400 crianças dos dois sexos em idade es­colar, para cujo número há presenten1ente 7 pro­fessores e pedido de criação de mais dois luga­res. Para satisfazer tão premente necessidade, há apenas un1 edifício pr6prio na sede de freguesia com duas salas de aula, onde fucionam dois lu­gares do sexo masculino, um dos quais, tal qual acontece com o sexo feminino, funciona em re­gime de desdobramento , em prédio improvisado há mais de 40 anos. Está previsto no Plano Cen­tenário a construção de um edifício para o sexo feminino com quatro salas de aula, ignorando as causas por que vem sendo protelada a sua cons­trução desde 1940, quando a maioria das fregue­sias do Concelho, já estão servidas deste elemen­tar factor de educação. Recomendamos a reso­lução deste problema a Sua Excelência o Senhor Ministro da Educação Nacional e da Câmara i\1unicipal do Concelho, para ser dada priorida­de. à construção deste edifício e bem assim da­quele que .agora apontamos, dada a insuficiência de alojamento para tão elevado número de alunos.

Reportando-nos ao aspecto referido no arti­go 4.u, somos forçados a lamentar a morosida­de como está a ser levada a efeito a implantação do bairro de 30 cas1:1s para pobres, iniciado há cerca de 3 anos em determinante de um pedido feito di rectamente pelos operários de Loriga ao maior dos Portugueses Doutor Oliveira Salazar. o qual neste m-:>mento tem apenas duas casas ainda incompletas. A Caixa Sindical de Previ­dência do Pessoal da Indústria de Lanifícios, mandou çomunicar oficialmente à Junta de Fre­guesia o seu propósito de construir muito bre­ve nesta localidade, 10 casas de renda econó­mica para os seus filiados. tendo já sido indica­do o local para tal fim, pr6ximo do pitoresco lugar uChão das Relvas>>. Mesmo depois de cons­truídas as 40 habitações atrás previstas, não da­mos o problema habitacional de Loriga como solucionado, pois há a tomar em ünha de con­ta as necessidades presentes e as que advêm do aumento anual da sua população numa medida de 100 a 120 indivíduos.

Para finalisar as considerações que vimos fa­zendo, resta-nos abordar o 5.0 enunciado, o qual com .um pouco de boa vontade pode ser criado, atentas as seguintes particularidades:

a) Esta Terra possui, graças à generosidade de. um seu filho estremecido, uma casa legada para um fim de assistência a 9ual se encontra desabitad a para tal fim.

b ) Há igualmente a oferta de Esc. 30.000$00 de um prestimoso loriguens~. para a compra de n1aterial cirúrgico da sua instalação e finalmente este centro industrial contribui para os cofres da Assistêncja com uma importância superior a Esc. 5.000$00 mensais. que os naturais de Loriga gos­tariam fossem os primeiros a beneficiar do seu próprio sacrifício. A Sua Excelência o Senhor Sub-Secretário da Assistência, recomendamos a viabilidade deste grande problema social. para deste modo se evitar a apavorante mortalidade infantil que infelizmente se verifica nesta fre­gues1a.

Mais tínhamos que focar de urgente neces­sidade. como a construção de uma praça fecha­da, para evitar a exposição de géneros agríco­las, em plena via pública, sem os mais rudimen­tares preceitos de higiene. A praça à falta de melhor local, devia ser transferida do centro da vila para o Largo Dr. Amorim da Fonseca, o que daria motivo aos arruamentos permanece­rem mais limpos e menos congestionados aos Domingos.

Eis em síntese o pouco que por ora enten,­demos dizer, do 1nuito que desejávamos lem-b rar. •

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• Pelas cri ancas ..:>

DE LO RIGA cO QUE TORNA DIF!CIL A OBRA DA EDU­

CAÇÃO DOS FILHOS J:: QUE ELA TEM DE IN­CLUIR, QUASE SEMPRE, A REEDUCAÇAO DOS PRÓPRIOS PAIS>.

Dr. Agostinho de Campos

Por toda a parte, com mais ou menos elo­quência, erguem-se vozes cm uníssono, defen­dendo a criança - expoente máximo da perfei­ção divina .

T ambé1n neste jornal, 'cujo len1a é, ((POR T UDO E. POR TODOS)) a lgu6m, com fé im­perecível no auxílio divino, pretende acordar da inércia em que se tem mantido uma grande par­te, senão a totalidade, das mães Loriguenses.

Referir-me-ei , hoje, ao ambiente familiar, • visto ele ser o espectáculo a que diàriamente a

criança assiste e cujas cenas indelevelmente se manterão na sua imaginação.

Horroriza-me a ideia do que virão a ser as crianças de hoje - homens de amanhã -. ha­bituadas a não saber calcar a c6lera, especiali­zadas na intriga, adaptadas à falta de higiene e

• • 1 nem sei que mais .... Será admissível que os pais, educadores por

direito próprio, cavem assim, inconscientemente, um abismo a seus filhos, tornando-os indesejá­veis à sociedade~

Há, pois, que r eagÍr contra o que existe de censurável no nosso meio, sobretudo no familiar.

Aos pais, mais do que a ninguém, compete: Manterem-se fortes de carácter; mostrarem-se em q ualquer acto da sua vida (agradável ou desa­gradável) francos, leais, dedicados; fazerem compreender a os seus filhos (mais pelas acções do que pelas palavras) que os que presentemen­te enganam, continuarão no futuro, a enganar no próp rio lar, no escrit6rio, na fábrica e em toda a parte para onde a vida os lançar.

Por conseguinte, é necessário - absoluta­mente necessário - que os pais tenham sempre presente que da boa ou má orientação que de­rem à sua vida familiar , resultarão, mais tarde, cidadãos úteis ou inúteis à humanidade.

Se todos .agirem segundo os ditames da cons­ciência e conforme a luz da razão , terão com a sua difícil ureeducaçãon uma família mais di­gna, uma Loriga melhor e uma Pátria maior.

Atinem

REPAROS Há tempos a Junta de Freguesia teve a fe­

liz ~deia de proibir que as galinhas transitassem na via pública, determinação que a princípio foi cumprida com certo rigori poré1n, certamen­te devido à falta de fisca lização, o número de delinquentes tem aumentado à medida que o tempo passa, sendo vulgar hoje verem-se aqui e além õs galináceos livreniente a passear e caca­rejar como que protestando pela sua falta de li­berdade , abuso a que é preciso pôr cobro, se­nhoras Autoridades, para que Loriga deixe de vez de «andar com galinha».

* Ainda desta vez a promessa do Centro de

Assistência não foi uma realidade, o que é de lamentar.

* Ultimamente tem-se notado menos rigor na

limpeza das ruas, não sabemos se por desleixo ou por conveniência em não eslragar mais as já tão arruinadas calçadas.

* Contínua a fazer-se sentir a fa lta de um mar­

co postal, pois a caixinha é insuficiente para uma terra tão comercial e jndustrial como Lo­nga.

Tribo

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[ UM MILAGRE na Beira Baixa _I

El'a eu peciueno quando ouvi da boca de uma senhora já velhinha, que morava em frente da Ininha casa, a hist.õria que vou narrar-vos e que ela, desde então,. me contou por várias vezes, sem-1~re de lágrimas nos olhos. •Creio que de tantas que lhe ouvi tol esta a que mais me feriu a minha sensibilidade de criança e de cristão.

Ela começava, invariàvelmente, assim. depois das minhas insistências:

- Pols, sim, flll10, queres então que te conte o milagre do Natal? Pois be1n, escuta:

-Morava para os lados da sen·a. muito per­to de São Domingos, junto ela casa daquela velhi­nha que o nosso povo diz ser bruxa. um homem c1ue toda a gente desta vi1a conhecia pelo nome de Zé Foguetel.J:o. Parece-me que este apelido de Fogueteiro lhe veio de, durante vários anos, ser ele o fabricante do fogo que alegrava, à noite, as nossas romarias.

- Outros homens começaram a fazer-llle con­corrência na sua arte e, pouco a .pouco, o- Zé Fo­gueteiro viu-se forçado a pôr de parte a profissão que tinha herdado do pai e que tanta fama lhe dera, para .se dedicar ao amanho da terra e ao trabalho nas pedreiras.

- Tudo corria bem; o 11osso hon1em consti­tuiu fami)ia e deu à Pátria três rapazes que, nrn,\s tarde, se tornaram rapagões fortes e sádios, tra­balhadores e l1onestos.

- Ora, quando um dia, vésperas de Natal, o J,l'oguetelro procedia ao rebentainen.to de uma pe­dreira, por desculdo, não fugiu a tempo e !Oi atingido, nos olhos, com grande violência, por pequenos fragmentos que da pedreira se haviam desprendido.

- Foi, nesta terra, o grito das almas; todos lam.entava1n a sorte do pobre homem, únicco arri-1no da fan1ilia que, certamente. seria lançada, as­sim, na nuüs negra e dura n1Iséria.

De facto, cinco ou seis dias depois, em casa do Zé Fogueteiro não havia pão, nem lume; so­bravam as lágrimas e faltava o azeite na can­deia. • • . . . • • ' • • • • .. ' • • • • • • e. • , . • • • . • . • . . • •.. • . • •.. • • • • • •

-Aprox1mava-se o dla do Natal: no adro da igreja os rapazes das «sor tes> tinham descarre­gado o «1nade!1·0.»; os garotos baviam começado já, entre grande algazarra. a distribuir pancadas a êsmo, com os i;eus inacos, sobre os velhos tron­cos de sobreiro que, durante a noite de vinte e quatr6 seria queimado em honra do Deus Menino. Os corpos necessitavam, para agasalhar-se, de fortes .roupas, 1nas as almas mantinha1n-se quen­tes pelas chamas lnvisivets da fé. A crença dos nossos antepassados continuava inalte1·áve1 nos homens desta boa e santa ten-a., que por lei só ti­nhan1 a de De11s, que lhes bastava.

- E o dia do nascimento chegou. frio e ven­toso; a neve caia e. lentamente, tudo se ia tor­nando branco como lençol de linho corado pelos rai-os fulvos do nosso sol: e1n todas as casas, po­bres ou i·icas, mas não na do Zé Fogueteiro, se voltavam as ültí.mas filhós dentro dos caldeirões de cobre, reluzentes como ouro, suspensos sobre ai;; lareiras.

-Uma onda de alegria aproximava os ho­mens entre si e eleva,va os corações a Deus, inci­tando-os ao bem e ao perdão.

- A noite estende os braços sobre a terra e, num repique festivo, os sinos da velha torre da igreja matriz a11unclara1n que, dentro de mornen­tos, na casa de Deus, se daria inicio à cerimónia por todos desejada: - a Missa do- Galo.

- As pesadas portas de carvalho da entrada principal, enfeitadas com grossos espigões de fer­ro, abrh·arn-se de par em par delxa,ndo ql\e a luz dos candelabros e das velas, os sons do órgão e as voze.s dos fiéis, saíssem para ~ rua, numa lu­fada de alegt•ia. anunciando que o nascin1ento do Deus Menino estava próximo.

- O cortejo das oferendas co.meçou. Os pa­t rões acompanhados dos seus criados, os pobres e os ricos, os novos e os velhos, leva11do gados ou produtos de suas terras, conforme os seus have-1·es, iam depondo, cantando sempre, os sf:')us pre­sentes Junto d'Aquele que calcurriou caminhos, foi cugpido e maltratado e, ante sorriso.s ignomi­niosos, morreu na cruz, numa manifestação sin-

A NEVE

cera, sem coacção, ao F!lho de Deus, redentor de­sinteressado dos pecados dos homens, ingratos de sempre.

- Em frente do presépio, de joelhos e cho­rando convulslv.amente, um pequeno de 8 anos, não tinha mais, vestindo, unicamente. um remen­dado bibe de riscado e os pés descalços. didgia as suas preces ao Jesus Menino. Era o Antônio, filllo do Zé Fogueteiro.

- Alguém que viu a criança e que. certamen­te. no intuito de, acabada a cerimónia, a condu­zir junto da mãe, se aproximou, ouviu que, da sua boca pequenina, saiam nervosamente estas pala­vras, enquanto dos olhitos se lhe soltavam, em ca­tadupa, grossas lágtimas:

Meu Jesus, acode-nos ... Meu Jesus, sabes que creio em ~i e que, e1nbora nunca lne tivesses da­do brinquedos como o tens feito aos outros me­ninos da minl1a idade, eu sou teu amigo. rvreu Je­sus, porque consentes que fiquemos sem pão?! Meu Jesus, porque sendo meu pai tão trabalha­dor e nosso anúgo - é verdade que às vezes be­be uma pinguinha a nlals, mas nunca tratou mal a minha mãe, nem nós, por isso creio que não ê pecado - fizeste com que ele ficasse céguinho, ele que tanto gostava de nos trazer junto de ti, nes­ta noite?! Meu Jesus, Jem dó de nós, llvra-nos da l!llséria que nos cobre e dâ vista a meu Pai. Meu Jesus. ouve. sou eu. o António, que te peço ...

-O !Menino certamente se sorriu e, co1n a. rnãozita de marfim, deve ter lanqado a sua bên­çãó sobre aquela cabecita loura de cabelos em de­salinho, porque u1n homen11 de sorisso nos lâbios, de olhos btilllantes de satisfação, brilho avolu­mado pelo reflexo das luzes nas suas lágril11as, en­tra na. igreja e, em voz alta ressoa pelas abóba­das. diz: - Meu Deus nada vos trago, como era . . . de meu dever, porque nada tenho além do cora-ção que n1e destes, lTI!l.S no meu peito a vossa ge­nerosidade criou tão grande sentim"€nto de afei­ção que nada mais cà te1n lugar do que o amor que Vos dedico. Graças Vos dou, Senhor, pelo mi­lagre que acabais de conceder-nie.

Borges Praze1·es

PÔR OLGA

Não penses que os olhos verdes ' Te prendem mais que os castanhos

Ou que · aqueles olhos azuis, Têm elicantos tamanhos!

Quando vires uns olhos net,rros Não fiques logo a cjsmar ... Porque os azuis são do céu, Os verdes da cor do mar ...

Ao mirares outros castanhos Não murmures já baixínho Carícias, que nesse olhar Desejavas ver pertinho ...

Se os olhos azuis são falsos, Porque ficaste esperançado? Se os verdes são traiçoeiros, Porque estás füo encantado?

É que nós nunca sape.mos O encanto dum olh~r. Os castanhos são tão meigos ... Os negros fazen1 sonhar ...

Costas dos verdes, dos negros, Dos azuis, ou dos castanhos? São sonhos que o tempo trás, E leva porque são estranhos ...

São estranhos ao coração, Porque aquilo que tu queres Não é a cor dun1 olhar, Não é isso o que preferes., .

O que te prende e atrai. É. essa meiga brandura, É o choro e a alegria Que tu vês em cada dia Nuns • olhos em que há ternura!

MARÇ0 - 1949

11lllllli1111111 A LEITURA 11mn111111111

Hoje em dia, ouve anunciar-se a formação de· pequenas bibliotecas, em terras que procuram evolu1r, sob todos os pontos de vista. Nós, Lo­riguenses, também não ficámos indiferentes à avi­dez de leitura, que a pouco e pouco, -se vai ge· neralizando entre a gente nova. Bom senso das juventudes trabalhadoras, às q~ais ne1n só o pão da boca lhes interessa, mas também a formação do espírito.

A quase totalidade da Juventude Loriguense aprendeu a ler. Necessidades económicas, não Jhes permitiram alargar a acção do professor. Abandonaram a esco.la após a aprovação do se­gundo grau. Só, de tempos a tempos, pega.m num jornal para lerem relatos de futebol, os des· portistas, para lerem desastres e secção de ne­crologia, os curiosos, para lerem de fio a pavio. os desprovidos de livros, pa.ra nada lerem, os não te 1·ales.

Lerem o jornal. enquanto aguardam a vez no barbeiro, já é alguma coisa. Preferível. seria en­tregarem-se à leitura de qualquer obra, quer li­terária, quer cientffíca. Não quero dizer que se deixem de ler os jornais, antes pelo contrário. Encontra-se nel.es muito boa ptosa, podendo ao mesmo tempo apreciar os artigos sérios ou a descrição de qualquer acontecimento que s6 a pena de jornalistas, cc.nsegue fazer em magras horas, como Ca~nilo conseguia 1natar uma ou duas personagens, nos seus romances, enquanto aguardava o almoço ott o juntar. Portanto, não rnenosprezo a leitura de· qualquer íomal.

Agora é te1npo de dizer alguma coisa sebre a leitura.

Não é com qualquer liv10, que se nos depara, que devemos perder algu1nas horas. Não. Deve­mos saber de antemão se o livro é sério no .con­teúdo, qual o género, qual o autor, etc. r<.1uitas vezes, s6 pelo autor, podemos deduzir quetn vai na carruagem. Faz pena, ver jovens embebidos em leituras perniciosas .. com as quais deforrnam o espírito. Sonham. sonham , para um dia mais tarde se arrependerem de tanto haverem so­nhado.

Quanto ao género, tenho a dizer que, por exemplo, na d_istinção que se faz nos géneros literários entre -prosa e poesia, uns gostam inais da prosa, outros da poesia. Qualquer destes gé­neros. é belo, mas no entanto, nem ambos são apreciados. Na divisão da prosa ou poesia, há vários géneros os quais uns, vos interessa11:l mais. que outros. Assim. posso gostar mais do épico· que do lírico ou dramático. isto na poesia. l\ilais do oratório, que do narrativo, epistolar, didáti­co ou descritivo, isto na prosa. Por isso, há con­veniência, saber de antemão. se o livro é do nos­so agrado ou não.

Agora podereis perguntar-me, quem vos ilu­cidará sobre tal.

Anda em formação uma biblioteca no Grupo Desportivo, onde existe também em form;:i.ção um ficheiro. Con10 é a vós rapazes que eu falo. e na maioria sois sócios, tendes facilidades em le­vardes um livro com as qualidades que desejais. Que eu saiba. não existe ali livro algtm1 que pos­sa prejudicar-vos na vossa formação. Por jsso, r equisitai os livros que desejais. e assim, a pou­co e pouco, ides aumentando o vosso valor, lu­crando vós e a sóciedade.

Uma vez que estais ilucidados onde pode­reis encontrar um born livro, e qual o género, procurai incutir nos vossos amigos o gosto pela leitura. quer contando partes .interessantes, quer ainda fazendo-lhes ver como o autor diz isto ou aquilo, bem diferente do n1odo .como vós ou eles se exprimem. Aqui reside o importante da leitu­ra. Para isso, não basta passar páginas a fio a fim de acabardes o livro quanto antes, sem pa­rardes para confrontar com ô autor, a possível construção da frase que vos pareceu harmonio· sa e bela. Só assim podereis tirar da leitura al­gum proveito. Quando chegardes ao terminus dum livro .sem proveito, ou não foi bem lido, ou o livro não pr~stava, preferível seria não o terdes lido. O lempo que de1norastes a lê-lo, era -vos mais útil lendo um livro melhor, ou passeando com vossos amigos. Procura sempre um bom li-

(Continua na pagina 5)

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LEITÃO & IRMÃOS, Ld.ª Por escritura de 29 de Dezembro de 1948, la­

vrada na secretaria notarial de Gouveia pelo no­tário Dr. Manuel Augusto Tavares Ferreu·a, foi .:0nstttutda uma sociedade por quotas de respon­sàl,)ilidade limitada entre António de Moura Lel­'tão António Cabral Leitão, José Cabral Leitão, EmÍllo Reis Leitão, Antônio Fernandes Leitão, An­tónio da Rocha Cabral e D. Maria Reis Leitão, cujo pacto social consta dos artigos seguintes :

l.º - Entre eles outorgantes é constituid!-t uma sociedade por quotas de responsaoilídade limitada . cmn a denominação de Leitão & Irmãos. L.da, con1 sede em Loriga, freguesia do concelho de Seia, po­dendo ter as filiais e sucursais que for deliberado em assembleia geral.

2:" - o seu objecto é a indústr ia de fabrica­çã(» .e venda de tecidos ou qualque1· out ro ran10 de 11êgócio que os sócios decidam explor ar , com ex­}àep_ção do comércio bancário.

.3.0 - A sua duração é por tempo indeter1nina­'tlo, com inicio a par tir de I de Janeiro de 1949.

4.? - O capital social é, inicialmente, de 1·!·350.000$; ei;h dinhe!ró, representado e dividido é m sete quotas, assim subscritas: uma. quota de 6oo.OÓO$. pertencente ao sócio António de l\1our a .Leitão; · uma quota de 150.QOO$, pertencente ª? só­.cfo António Cabral Leitão; uma quota de 1gual 'quant ia, 150.000$, ao sócio José Cabral Leitão; uma quoté!o de 112.500$, pertencente ao sócio Emílio ~e!s Leitão; uma quota, de 112.500$, ao sócio António Fernandes Leitão; uma quota de 112.500$, perten­êente ao sócio António da Rocha Cabral, e luna ,quota de 112.500$, à sócia D. Maria Reis Leitão; quotas estas já integra.Jmente realizadas, o que ex­pressamente declaram p~na todos os efeitos legais.

5.0 - Não são obt·ígatórlas p1·estações suple­mentares; porém, os sócios poderão fazer à socie­dade os suprimentos de que a caixa carecer, os quais serão lançados em contas especiais; vence­rão ou não juros e serão reembolsados nas condi­·cões qu forem ajustadas ou fixadas pela assem-: biela geral.

· 6.0 - A sociedade será representada em j1úzo e iora dele, activa e passivamente, por três sócios, qµe ficam sendo gerentes, e a nomear em assern.­"Qleia geral para esse ·fim convocada.

§ t.• Os gerentes são dispensados de cauç.ão e ·Çt sua retribuição serâ fixada pela assen1bleia ge­rál que os no1near e qonstará da respectiva acta.

; 2.0 P al:a que a soctedade fique obrigada bas­'ta: que os respectivos document os sejam e1n nome -tiela assinados por .dols sócios ger entes, mas em caso' aigum a firma será empregada em fianças, 'ábo:p.ações, letras de favor e mais actos ou ddcu-~entós estranhos aos negócios sociais, não sendo ff.tte-•.. âplicar o aqui pr~ceituado aos documentos de ''Simples expediente, que podem ser assinados ape­nas por um dos sócios gerentes. • § 3.0 Os sócios gerentes não podem exercer ~gerência em quaisquer outras sociedades que ex­plorem o mesmo 1·amo de actividade. ':' '7.0 - Anua1mente· proceder-se-á ao balanço, Que será encerrado em 31 de Dezembro de cada ,ano.

8.0 -0s lucros llquidos, depois de deduZ!dos 5 por cento para o fundo de reserva legal e ainda 10 .por cento para a renovação de maquinis1nos ou outros flns de ampUaçã.o ou melhoramentos, sei;á dividido na proporção das quotas de cada um 1e.. de harmonia com a resolução tomada em assem­'bleia geral, assim sendo supo1·tados os prejuízos, '.se ' os houver.

todos e far-se-á. a adjudicação àquele que melhor p roposta fizer em preço e outras vantagens.

12.• - A sociedade poderá adquirir por com­pra particular ou em hasta. pública quaisquer Imó­veis de que necess.lte para a sua instalação e de­senvolvimento industrial e comercial ou para ou­tros fins.

13.º - Qualquer convocação para deliberar so­bre assuntos sociais será feita a cada un1 dos só­cios por meio de carta registada. com aviso de r e­cepção e com a antecec:léncla m.inilna de quinze dias, podendo qualquer dos convocados fazer -se r e-

· presentar por outrem, munido de procuração ou cart a escrita pelo próprio ou ao inenos assinada por este, em cujos documentos devem ser especi­ficados com precisão os fins e poderes para in­tervir nas cleliberações sociais.

14.0 - En1 t odo o omisso regularão as dispo­sições legais aplicá veis.

Gouveia, 31 de Dezernbro de 1948. - O Notá­r io, 1vranuel Augitsto Tavares Ferreira.

Por escrit1ir a de 4 de Janetro de 1949, l avra­da n a secretaria notarial de Gouveia pelo notár i o Dr. lvlanuel Aur11isto Tavares Ferre'lra, foi altera­do o artigo 6.0 e seus parágrafos do pacto social ela sociedacle Leitão & Irrnãos, i.•i., co1n sede ern Lor iga, concelho ele Seia, o qual ficará assi11i re­digido: · Artigo 6." - A gerência social, dispensada de

caução e sen1 retribuição, compete a todos os só­cios mas a parte técnica e comerc.!al dos negó­cios da sociedade e a representação desta, tanto em juizo como fora dele, incumbem des!gnada­n1ente a três sócios, a nomear em assembleia ge­r al para esse flnt convocada.

§ 1.0 Para que a sociedade fique obrigada bas­ta que os respectivos documentos sejam em no­me dela assinados por dois dos três sócios a no­mear em assembleia geral, mas em caso aJgum a firma será empregada em fianças, abonações, le­t ras. de favor e mais actos ou documentos estra­n hos aos n egócios sociais.

§ 2.0 Os documentos de mero expedien te po­der ão ser .finnados apenas por mn dos três só­cios gerentes a nomear em asseinbleia. geral.

§ 3.0 Nenhum destes três sócios poderá exer­cei· gerência silnllar em qualquer ou quaisquer ou­tras sociedades ou firmas que explorem o mesmo ran10 de actividade da sociedacle ,açiui constituída.

Seçl·etaria Notarial de Gouveiã, 14 de Janeiro de 1949. - O N"otár io, Maniie.l Augusto Tavares Ferreira.

LEITURA (Cont. da pág. 3)

vro que é na frase já feita, um bom amigo. Sede conscienciosos nas leitu ras que façais,

porque só assim podereis tirar algo de útil. Is to pode ser dirigido também aos homens e

mulheres, mas são poucos e poucas, àqueles e àquelás que se dedicam à leitura, por isso preferi dirigir-me a os jovens.

Manuel de Loriga

eaH-titiAo. d" Sauclacle

A fastados do convívio fraterno na luta in­sana pela V ida, mourejais longe do berço da vossa infância, o conforto da vossa velhice. Qual de nós, loriguense, não sen te palp itar o ·coraçao agitado, por uma saudade forte, dum ente que a Vida nos roubou para a Vida. Em que coração de loriguense não tend es vós um estro de saudade, de que a fé na Virgem Senho­Ja da C u ia é ·o mais pode roso le nitivo. En1 que lar loriguense se não encontra uma recordação vossa , através dum re trato por vezes antigo , que uma ·carta faz reviver mais fo rtemenl:e, e. a per­tar em comoção frenética aos nossos peitos.

T a1nbém no jornal teremos o t1Cantinho da Saudaden e é a vós e a todos os que se encon­tram longe d a T erra-Mãe , que vos compete preenche-lo.

Queremos que as vossas notícias. as vossas sugestões, os vossos anseios e as vossas espe­-ranças nos sejam transn1itidas, para serem divul­gadas a través dum jornal, que é nosso e pela nossa Terra.e cujas d irectrizes vão traçadas no artigo do nosso director.

Q ueremos que o jornal seja o elo de lig~ção de todos os loriguenses espalha • .dos pelo mundo e que a.traves dele sejam dados a conhecer os problemas e as necessidades mais prementes da nossa querida Loriga.

Queremos que o jorna l seja nosso e por nos pertencer nos cabe dar-lhe todo o nosso a poio através da nossa colaboração e do nosso pre­cioso auxílio quer mora l quer materia l.

Queremos marcar uma posição e porque so-1nos uma força, que a ânsia pelo progresso da nossa Terra estimula e orien ta, não nos será di­fíól consegui-lo. Querer é poder e porque assim o queremos assim o have1nos de conseguir.

Colaboremos todos e essa colaboração será tanto mais p reciosa quanto mais d istante estiver o loriguense colaborador.

Está a nossa Terra condenada e votada ao abandono . Estamos todos-nós massacrados e fe­ridos de dor pelo espectáculo que Ela nos ofe­rece . Temos que reagir. Teroos de lutar viva e .nobremente contra este estado de coisas.

O jornal será a nossa arma: a Razão e a Jus­tiça as nossas munições.

Descarreguemo-las para com e las acordar-.,.. . -

mos as consc1enc1as e entao mostrarmos que ve-lar pelo Bem é um acto de pura consciência.

Joaquim f o,.ge Leilão , .;.,.· 9'.0 -A cessão de quotas ou parte de quota en­tre~sócios será livre, mas para a cessão a estra­:nnos fica ela dependente da autorização dos res­tantes sócios.

----------,--------------------- ..... --,--~.--.... --~ ~i'·~ § único. O sócio que pr etender ceder a quota lÇ.ti_,,Parte de quota a estranhos dever á comunicar >Q"racto à sociedade e a cada u m dos sócios incliví-1all"ahhente, com a antecedência minilna de trinta ;tit~:ll;; ::por. carta registada, COJU aviso de recepção, :e§l{ec~ficando as condições e pr eço da cessão. A sociedade ter á o di reito de pre,:!'er ência. e este será devoivido ao sócio ou sócios que dele queira m usar, l'fé 'a sociedadé o não fizer, e, querendo mais de um sócio preferir ou usar deste direito, será ele atri­buído· a todos os sócios que o queiram, na propor­Ç'ão das suas quotas.

10.0 - No caso de falecimento ou interdicão de ált;ul}S'sóêr'os, poderão os sobreviventes ou êãpazes éontanua1· a sociedade com os representantes dos falecidos ou ln.capazes, que legalmente forem no­meados.

§ únlco: No caso de não desejarem continuar na sociedade os herdeiros ou representantes dos incapazes, será a quota resgatada pela forma se­giu.nte: o pagamento ou resgate da quota do só­çiu falecido ou incapaz será efectuado en1 doze prestaçqes txln1estraís, Iguais e sucessivas, repre­sentadas por igual número de letras aceites pelos sócios sobreviventes ou capa:.1es, em seu nome in­dividual, e acrescidas do Juro à taxa de desconto do Banco de Portugal, sendo o valor da quota con­sid~rado sempre à face do último balanço, que n~este caso pode e deve ser balanço oca.sional e ne­

' c~ssário pata o fim especial acin1a indicad.o. U." - A sociedade dissolve-se n os casos le­

!çais"te no caso de dissolução serão liquidatários to­Jiõs :os. sócios e pr oceder -se-á à liquidação e parti­lh'fi.''.conforme acorctare1n e for de lei. No caso, po­.'rém(·.,de' qualquer sócio pretender o activo e passi­vo social, ou seja os bens da inesma sociedade, ij;Jto~eder-se-á. à licitação por forma verbal en tre

- No passado Domingo, cUa 2'7, visitou Lori­ga ·mais uma vez o Rancho Folclôrico de Paços da Serra, t endo sido recebido pela Fílarmônica local e por muito povo que os aclamou entusià .S­t icamente ; depols de ter sido recebido na sede do Grupo Despor tivo Loriguense onde l l1e foram a-presentadas as boas vindas em nome da Comis­são pelo sr. Alferes Lages, a menina Maria Te­resa Seixas, estrela do Rancho, i·ecitou uns lindos versos de sua autoria dedicados a Lorlga. Em no­me do Grupo Folclórico agtadeceu o Sr. Noguei­ra, pessoa. muito estimada nesta vila, que vincou mais un1a vez os estreitos laços de amizade que unem estas duas terras Beiras. Em seguida per­correu as ruas da vila. d11·ig!ndo-se ao Largo da Fonte do Mouro para exibir o seu vasto reportó­rio qne foi muito aplaudido, regressando depois ao Grupo Despot'tivo onde lho foi servido um pe­queno lanche. Terminou esta tarde de alegria co1n um curto baile na sede desta Sociedade.

-Tan1bé1u visitou LÓrlga. no mesmo dia 2'7 da parte da inanhã o Grupo Folclórico de s. Ro­mão que exibiu os seus interessantes bailados; por terem vindo inesperadamente e a uma hora imprópria não ttvera1n o acolhimento que era de esperar.

- Esteve ainda nesta vila no dla 28 o Ran ­cho de Figueiredo que entusiasmou os Lorignen­ses pela originalidade dos seus númerós e apresen ­tação d0s seus componentes.

-Para a Cidade do Pará - Brasil - partiu no paquete «Hilary» o nosso conterrâneo Sr. Manuel Augusto Moura, comerciante naquela praça.

Para a cldacle de Manaus - Br asil, saiu tam-

bém o nosso conterrâneo Sr. J osé Jo!l.o de Brito Amaro. Também para o P a1·á; saii:a1n no passado dia 22 de Fevereiro, a Sr.• D. Altlélia Macedo Mo­r.ais, esposa do nosso amigo Si-. Adelino Oo1nes de Moráis, comerciante naquela p raça, compa.nh ado de sua Mãe Sr.• D. Maria J osé Lopes Macedo e seus filhinhos. A todos desejamos uma óptima viagem.

Para a capital do Pais, saiu o Sr. Emidlo Fer­nandes .Conde, açompanhado de sua esposa.

. Deu entrada. na casa de sa\lde de Coimbra, a f 1pi de ser submetido a uma. operação, o nosso ami.go Sr. António de Moura Leitão, a quem de­sejamos rápidas melhoras.

VISITAS ILUSTRES D e passagem, esteve nesta vHa no passado

dia 27 âe Fevereiro. acon1panhado de sua Ex!"ª Esposa o Sr. Sub-Secretário da. Educação Nacio­nal.

ALMOCO DE CONFRATERNIZACÃO Reali;ando-se no próxirno dia 3 de Abri/ o

2.º A lmoço de Confraternização da Jamília lo­riguense, a Comissão Organizadora f.'Jede a to­dos q.queles que desejern assistir, o favor de se inscreverem, até ao pr6ximo dia 25 d e J\1arço, na adm inislração do nosso jornal.

-------~"'""';,,.---~-~-----­Visado pela censu ro

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POR TUDO

E POR

TODOS

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A NEV.1::

A BEM OE

LORIGA E DA

REGIÃO

Considerações oportunas Começa1nos por dar os nossos parabéns aos

Loriguenses amigos da sua terra, ávidos elo seu progresso e cônscios dos seus destinos.

Senlimos necessidades a satisfazer, obras a realizar, problemas a fo'ca,r e acordos a ultimar e só com o jngente esforço dos homens que acima de tudo vêm os interesses superiores da terra­-n1ãe, se conseguirão dinan1izar princípios, ho-1nogeneizar opiniões e dar realização a tudo por que todos aspiram.

Regeitamos e condenamos a inércia, repeli­mos com vigor o marasmo que se apossou de nós, e arvoremo-nos em arautos defensores e propugnado~es dos nossos inter~sses n1ateriais e morais. Há obras a realizar e problemas a resol­ver; 1nelhor ainda, há problemas a resolver e obras a realizar. .

Toda a obra pressupõe a existência dum pro­blema que só depois de equacionado nos leve à sua ulterior realização.

Antes de realizar, conceber e antes de con­ceber, observar.

f.vidente1nente que se não concebe e realiza uma o bra sem que, a priori, se tenha feito uma análise das necessidades mais prementes. para depois optarmos por aquela que se nos apresen­ta ser a mais intensa e daí a primeira a ser rea­lizada.

Nao vamos dispersar a nossa actividade. nem embalar sonhos de grandes e simult~neas reali­zações, não, indiferentes a falsos rumores ou vãs promessas, procuremos antes dar realização ra­c ional a todos os proble1nas, tendo o cuidado de as estudar para que cada um de per si seja re­solvido.

As necessidades são múltiplas e os meios es­cassos e, perante .este elenlentar princípio eco­nómico, devemos condicionar a sua satisfação aos primeiros termos duma sucessão decrescente de necessidades.

Ora, há ideias ' a coordenar e actividades a controlar e só mediante elas nos será lícito cami­nhar para o fim que no~ propomos.

Por essa razão, entyámos a dar os parabéns à gente da nossa ten-a na convicção de que, se­nhores dum órgão que reputan1os mensageiro do progresso, estão em condições de, através das suas colunas se 1nanifestarem altivamente a res­peito dos problemas que ã terra dizem respeito e qu.e directamente se prendem con1 o bem estar da colectividade.

O nosso jornal será a mola -impulsora de to­das as boas vontades. o elemento de paz, o e.lo que a todos unirá na ânsia suprema de só ser­vir e pela mesma causa pugnar, sobre ele inci­dindo reflexivamente os salutares clamores bra­dados em uníssono por todo um povo que pode ·e deve prosperar.

Por jsso, loriguenses, qualquer que seja a vossa condição. tendes um jornal que é vosso e através dele podeis lutar pela vossa terra.

É certo que, mlÚtas vezes, as opiniões diver­girão quando se trate de levar a cabo qualquer realização. mas é ainda o jornal que se nos afi­gura ser o elemento coordenador, como já atrás referimos: inclusiva1nente, qualq.1.1er ideia lançada poderá ser ampliada e possivelmente corrigida por outros que dela hajam tomado conheci­mento através das colunas do 1nesmo jornal; po­derá ainda servir de lista aberta na aquisição de hmdos para este ou aquele empreendimento.

l\llas não é s6 no capítulo das realizações n1a­teriais que o jornal se nos apresenta de impor­tância decisiva, porquanto há outros factores a recomendá-lo e os de orde1n moral pode1n vir a ter decisiva projecção no fut1.1ro; a união, respei­tada como ele1nento fundamental do progresso, sentimos com agrado, virá. a ser un\a conquista feita através do órgão co1num.

Temos a convicção ainda que um jornal da terra contribuirá bastante para o desenvolvi-

mento do interesse p8sto na leitura, ao mesmo tempo que todos nós através dum sistema de divulgação cultural e ensinamentos de várias or­dem, teremos possibilidades de tomar contacto com assu~tos de ql:le andávamos um tanto arre­dados.

Passadas em síntese as vantagens que podem advir da pi.1blicação dum peri6dico local, seria in­gratidão nossa não apresentarmos os nossos mais sinceros agradecimentos a todos aqueles que, revestidos da melhor boa vontade, responderam pronta e dignan1ente ao desinteressado apelo que lhes foi dirigido.

Se ver engrandecida e prestigiada a nossa terra é apanágio próprio de todos os loriguenses. absurdo seria se assim não tivesse acontecido.

É que Loriga não se limita hoje a ser 1.11na simples aldeia serrana, entrincheirada na forta­leza dos Hermínios, vivendo egoistamente uma vida sedentária, alheia aos problemas que vêm preocupando os demais povos civilizados.

Seu valor económico é hoje uma J;ealidade, mercê do desenvolvimento de todas as suas in­dústrias que estão emancipando-se do 1·otinei­rismo, ca1ninhando a passos largos para uma té­cnica caracteristicamente progressiva, competin­do com a~ demais espalhadas por todo o Pa.ís.

O comércio e a lavoura não estão apáticos, procuraFfd~ valorizar-se e aos poucos vão igual­mente dando entrada na senda do progresso.

Estes factores se conjugam para a creação e manutenção dum órgão que, defendendo os in­teresses locais, está a colaborar numa obra na­cional que é de ressurgimento. ·

Felizmente também, a nossa terra se pode orgulhar de ter o analfabet!~mo em vias de ex­Linçào, pois é com bastante satisfação que re­gistamos que todas as crianças em idade escolar estão recebendo o ensinamento das letras e, em tempo oportuno, todo o loriguense. qualquer que seja a sua idade, estará em condições de Ie.r o seu jornal.

Como remate uma explicação e um pedido: Caíu sobre nós, por força das circunstâncias,

a responsabilidade enorme de, em situação crí­tica. assumirnlos os encargos jnerentes à gerên­cia do jornal, porém, queremos deixar bem frisa­do que foi bem contra nossa expressa vontade e só com relutância aceitámos os encargos que para outros quizéramos.

Somos todos jovens, cheios de puros ideais, um pouco sonhadores talvez, mas com brio e rea­lismo ba:stante para de ideais tecer obras e de so­nhos i·ealidades.

Estamos aqui para servir e jamais trairemos os fins que nos propusemos ott a obra que nos confiaram.

O pedido em pouco se resume: às pessoas i<,lóneas, verdadeiramente dedicadas à sua terra, que lutaram e lutam pelo seu prog•esso, pedi­mos que nunca afroixem nos seus elevados pro~ p6sitos. que de exe1nplo queiram ficar às gera­ções vindouras.

Aos novos, à juventude trabalhadora, pedi-, . 1nos que se unam a nos para em coniunto e com igual entusiasmo servirmos uma causa comum.

Aos derrotistas, ainda que pertur~adores iní­quos, nada pedimos, porque esses vive1n fJ n1ar­gem de·todos os acontecimentos reais.

Com os espíritos rectos e esclarecidos conta­mos pois.

Leitão Paulo

Nota da Redaccão J

A todos que se dignem colaborar no nosso jornal pedimos o especial favor de envia.rem directamente os seus artigos e nolícias ao nos· so Redactor.

N.º I-MARÇ0-1949

DUAS CASAS ... MEIAS FEITAS ...

Vem o nosso pequeno Jornal na 1nelhor ai. tura.

Dois problemas. com a sua criação, teremos de conseguir:

. Urn. afastar para sempre a noção cada vez. mais arreigada no seio do nosso povo de quC" em Loriga nada se · faz e nada se pretende. fazer .

Outro, é mostrar perante os nossos co.nterrâ­neos que estamos dispostos a lutar sempre e só pelo bem da nossa terra.

Desta sorte sere1nos dignos da divisa em que o colocamos.

POR TUDO - O QUE SEJA DE TODOS. Foi com natural regosijo que Loriga recebeu

a notícia duma comparticipação do Estado para, a construção dum bairro Ide casas económicas.

Sem dúvida constitue hoje problema de ca· pital importância para os povos a resolução de problemas de natureza social. Daí a natural e sempre crescente atenção por parte dos Gover· nos para a resolução deste e de tantos outros assuntos de similar natureza.

Com um aglomerado populacional de cerca de três 1nil pessoas, Loriga debate-se desde há muito com problemas que reputo de primordiais tão fundamentalmente eles interferem na vida do nosso povo.

Não exagero, ao afirmar, constituírem algumas das casas existentes em Loriga trjstes tugúrios On· de só a miséria e o infortúnio poderão reinar.

Em muitas sem ar e luz abrigarn-se famílias numerosas onde a par ele uma promiscuiaade e uma vida moral por vezes 1nenos sã, se desfalece toda uma existência de gerações pagando por vezes algumas delas pesado tributo a doenças altamente contagiosas.

Era confrangedor, mas a luz veio enfim. Foi pois que todos n6s, Loriguenses sentimos

imensa satisfação ao ser-nos dada a boa nova da construção para breve de um bairro económico na nossa terra.

Infelizmente cedo se veio n verificar não se­guir o ritmo da construção do bairro, aquela brevidade de que tanto carecemos.

Arasta-se o bairro há pelo 1nenos dois anos .. Descrentes vêm já os Loriguenses chegar e partir os operários que se empregam na sua construção.

Se Loriga foi dotada com centenas de contos' para o seu bairro econ6mLco, ocorre-rne pergun-! tar: Onde estão os obstáculos que impedem ou têm impedido a sua construção?

Não são já evidentes os malefícios, verificados pela falta de resolução deste e de outros proble­mas na nossa terra?

Não recai grande responsabilidade 1noral so­bre nós, ao ficarmos impassíveis perante parte da nossa juventude com sinais certos de falên­cia e como prováveis a desgraça de tantos' la­res a constituir?

DE PAS!VIAR. - apenas o fecto da nossa in­sensibilidade perante tudo a que estamos a as­sistir.

DE PASl\1AR - caros conterrâneos, o facto d e dois anos decorridos e apenas duas casas .. , meias feitas .. .

Não houve desde início espírito de equidade e justiça para a resolução deste problema em Loriga. Dotou-se o bairro com casas na grande maioria para casal e um filho. Quanto a mim o problema merecia estudo cuidado para de fa cto. se tornar efectivo e resolver um problema que verda.de;iramente conhange.

Como poderá o bairro com o tipo de casas' de que foi dotado vir satisfazer as necessida­des d·e tantos lares que se orgulha1n de manter na grande maioria quatro a cinco filhos pelo menos?

Julgo ser altura de ponderarmos a resolução deste aspecto para que amanhã não possamos ter arrependimentos da indiferença de que esta­mos a da.r mostras

Unidos. estou certo que a construção do bair· ro se realizará com um tipo ele casas diferente tanto mais que Loriga, dadas as condições aci­dentadas do seu solo, não teni terrenos para es·' banjar. Para a frente pois, Loriguenses. a fim de obtermos para a n_ossa terra, esta obra de que. tanto carece.

Viriato lvfoura