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MAU RENDIMENTO ESCOLAR
FERNANDO NORIO ARITA
DISCIPLINA DE NEUROPEDIATRIA
DEPARTAMENTO DE PEDIATRIA DA FCMSCSP
LUANDA, 15-17 DE MAIO DE 2018
MAU RENDIMENTO ESCOLAR
• A procura de atendimento médico Pediátrico ou Neuropediátrico com a queixa de
mau rendimento escolar é muito frequente.
• Os fatores que interferem no aprendizado são múltiplos :
- condições sócio-economico-culturais,
- recursos escolares de espaço físico, número e qualidade dos professores,
- fatores relacionados ao aluno
• Chegar a um diagnóstico correto é um processo longo,
• Muitas vezes segue um caminho inadequado, com definições e condutas incorretas,
• Com prejuízos acadêmicos e de auto-estima.
DIFICULDADES E DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM
• Frequentemente usados como sinônimos, mas devem ser diferenciados
• DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM
Déficit específico da articulação da atividade acadêmica
Tem caráter provisório
(Causas pedagógicas e sociais, condições médicas extraneurológicas)
• DISTÚRBIO DE APRENDIZAGEM
Disfunção intrínseca da criança relacionada a fatores neurológicos
(Transtornos específicos de aprendizagem : leitura/escrita/matemática,
transtornos de atenção com hiperatividade/impulsividade, transtorno
do desenvolvimento da coordenação, transtornos neuropsiquiátricos,
patologias neurológicas)
(Ciasca, 2003; Weiss, 2006)
DIFICULDADES E DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM
AMBIENTAIS ESCOLA ( METODOLOGIAS, MUDANÇAS), ABSENTEÍSMO,
CONDIÇÕES SÓCIO-CULTURAIS
CONDIÇÕES ECONÔMICAS
BILINGUISMO
DOENÇAS SISTÊMICAS CRÔNICAS CARDIOPATIAS, NEFROPATIAS, HEPATOPATIAS,
DESNUTRIÇÃO, ANEMIAS CRÔNICAS, COLAGENOSES, ASMA
TRANSTORNOS EMOCIONAIS MOTIVAÇÃO, DEPRESSÃO, DE HUMOR, ANSIEDADE, PSICOSES
DISTÚRBIOS NEUROLÓGICOS
SENSORIAIS - VISUAIS, AUDITIVAS
MOTORES – PARALISIAS CEREBRAIS
COGNITIVOS - COMPORTAMENTAIS
Deficiência intelectual, Autismo
ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM
DISLEXIA, DISCALCULIA, TDC
OUTROS - TDAH
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
Origem e ordem pedagógica
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM
Disfunção do SNC
Falha no processo de aquisição
ou desenvolvimento
Caráter funcional
DIFICULDADES E DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM
• 40% da população escolar com dificuldades de aprendizagem
• 3-5% com distúrbios de aprendizagem (Cypel, 1987)
• DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM :
- Transtorno de leitura : caracterizado por uma dificuldade específica
em compreender palavras escritas
- Transtorno da matemática : dificuldade da criança associar as habilidades
matemáticas básicas com o mundo que a cerca
- Transtorno da expressão escrita : refere-se à ortografia ou caligrafia bem
como outras atividades relacionadas à escrita
• Aprendizagem é garantida a partir de uma articulação equilibrada entre as
condições internas e externas do indivíduo
• Frequentemente confundidos com deficientes intelectuais
DIFICULDADES E DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM
RECONHECIMENTO DIAGNÓSTICO : EQUIPE MULTIDISCIPLINAR
• Psicologia clínica e escolar
• Psicopedagogia
• Fonoaudiologia
• Assistente Social
• Professor
• Membros da família
• Pediatra, Neuropediatra, Ortopedista,
• Fisiatra, Cirurgião Infantil.
Confronto de observações
Avaliações especializadas Diagnóstico causal
Propostas terapêuticas
DIFICULDADES E DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM
PAPEL DO PEDIATRA E DO NEUROPEDIATRA
• Detectar causas orgânicas, neurológicas ou não
• Frequente superposição com causas ambientais e emocionais
• CAUSAS ORGÂNICAS :
- Doenças crônicas sistêmicas : cardiopatias, nefropatias,
hepatopatias, anemias crônicas, colagenoses
- Distúrbios visuais e auditivos ( testar se necessário)
- Doenças neurológicas graves :
Deficiência mental, Paralisia cerebral
Autismo
- Distúrbios cognitivos
DIFICULDADES E DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM
PAPEL DO PEDIATRA E DO NEUROPEDIATRA
1. Avaliação médica geral
Anamnese detalhada e abrangente
Exame físico cuidadoso
Desenvolvimento pôndero-estatural
Dismorfias, alterações cutâneas, visceromegalias
2. Exame neurológico cuidadoso
Nível mental, comportamento social
Avaliação sensorial, sensitiva, motora
3. Identificar os fatores externos e intrínsecos envolvidos no mau
rendimento escolar
DIFICULDADES E DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM
PAPEL DO PEDIATRA E DO NEUROPEDIATRA
SINAIS NEUROLÓGICOS MENORES
• Alterações leves do tônus, sincinesias, disdiadococinesias,
agnosia digital, Babinski duvidoso, impersistência motora
• Exames neurológicos evolutivos
Sensibilidade / especificidade ?
Maturacionais / variabilidade individual
INTERPRETAÇÃO CUIDADOSA DESSES ACHADOS
MICRO-SEMIOLOGIA = MACRO ERRO (R. Garcin)
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM
PAPEL DO PEDIATRA E DO NEUROPEDIATRA
SINAIS NEUROLÓGICOS MENORES
• Alterações leves do tônus, sincinesias, disdiadococinesias,
agnosia digital, Babinski duvidoso, impersistência motora
• Exames neurológicos evolutivos
MATURACIONAIS / VARIABILIDADE INDIVIDUAL
INTERPRETAÇÃO CUIDADOSA DESSES ACHADOS
MICRO-SEMIOLOGIA = MACRO ERROS (R. Garcin)
OBSERVAR PREJUÍZO ADAPTATIVO
DISTÚRBIO DE APRENDIZAGEM
• É um transtorno neurológico que afeta um ou mais processos funcionais envolvidos de atenção, ler, escrever, soletrar, calcular, organizar o pensamento. • Possui inteligência dentro da média ou até acima, porém como desempenho abaixo do esperado. • Estes transtornos começam a se evidenciar a partir do início do processo formal da aprendizagem da leitura, escrita, matemática. • Até então muitas crianças não demonstram alterações evidentes desses distúrbios ou não são levadas a sério.
(LDA – Learning Disabilities Association of America, 2005)
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM
DISTÚRBIOS NEUROLÓGICOS
SENSORIAIS - VISUAIS, AUDITIVAS
MOTORES – PARALISIAS CEREBRAIS
COGNITIVOS - COMPORTAMENTAIS
Deficiência intelectual, Autismo
ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM
DISLEXIA, DISCALCULIA, TDC, TDAH
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM
Disfunção do SNC
Falha no processo de aquisição
ou desenvolvimento
Caráter funcional
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM
PARALISIAS CEREBRAIS
HEMIPARÉTICA ESPÁSTICA QUADRO CLÍNICO
• Intervalo livre nítido de 3 a 4 meses
• Aparecimento paralelo à preensão e à marcha
• Mão fechada unilateral
• Apoio plantar digitígrado
• Assomatognosia
• Hemiplegia espástica com nota atetósica
• Hemianopsia, astereognosia
• Hipoplasia do dimídio comprometido
• Epilepsia em 40 % dos casos
• BOA PRESERVAÇÃO INTELECTUAL
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM
PARALISIAS CEREBRAIS
DIPLEGIA ESPÁSTICA (D. LITTLE) QUADRO CLÍNICO
• Paralisia espástica de nítido predomínio crural
• Hipotonia inicial, principalmente axial
• Espasticidade gradativa
• Suspensão vertical com hiperextensão de MMII
• Comprometimento mais discreto de MMSS
• Metade dos casos com QI normal ou DM leve
• Epilepsia em 25 % dos casos
• Estrabismo convergente não paralítico
• Déficit visual
DISCINÉTICA – ATETOSE , CORÉIA, DISTONIA
QUADRO CLÍNICO
• Limitação motora importante
• Primeiros sinais : careteamento, sialorréia
movimentos rotatórios de membros
• Flutuação do tônus
• Posição característica das mâos
• Exacerbação com a emoção
• Dispraxia buco-lingual
• Inteligência normal ou DM leve
• Epilepsia pouco frequente
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM
PARALISIAS CEREBRAIS
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM POR DEFICIÊNCIA INTELECTUAL
• SÍNDROMES GENÉTICAS COM DEFICIÊNCIA IINTELECTUAL LEVE ( Presença de dismorfias)
- SÍNDROME DO X-FRÁGIL - SÍNDROME DE KLINEFELTER - SÍNDROME DE SOTOS - SÍNDROME DE PRADER-WILLI - SÍNDROME DE NOONAN - SÍNDROMES NEUROCUTÂNEAS • DI NÃO SINDRÔMICA
• SÍNDROME ALCOÓLICA FETAL
SÍNDROME DO X-FRÁGIL
• Causa mais comum de deficiência mental hereditária
• Segunda causa de deficiência mental genéticaapós a S. de Down
• 4 – 6 % dos autistas tem X-frágil
• Atraso do desenvolvimento psicomotor
Deficiência intelectual
Dificuldades escolares
Distúrbios do comportamento
Dismorfias somáticas
SÍNDROME DO X-FRÁGIL
CARACTERÍSTICAS DISMÓRFICAS
• Sutis no início, mais evidentes tardiamente
• Fronte larga, proeminente
• Face alongada
• Prognatismo
• Macrocefalia
• Macrossomia
• Macroorquidia
• Orelhas grandes, em abano
PELO MENOS 1 DESSAS CARACTERÍSTICAS
EM 80 % DOS PÓS-PÚBERES (Veiga & Torales, 2002; Rosemberg, 2010)
CARACTERÍSTICAS COMPORTAMENTAIS E COGNITIVAS
• Comprometimento cognitivo sempre presente, variável
Desde dificuldades específicas até profunda
Maioria retardo moderado
Correlação com genótipo - repetições
• Mulheres heterozigotas : 34 % limítrofe ou subnormal
• Atraso no desenvolvimento da fala e linguagem
• Características autísticas
• Hiperatividade com ou sem déficit de atenção
• Irritabilidade
• Dispersividade
• Reações anormais a estímulos, principalmente sons
SÍNDROME DO X-FRÁGIL
SÍNDROME DO X-FRÁGIL
GENÉTICA MOLECULAR
EXPANSÃO DE TRINUCLEOTÍDEOS CGG
REPETIÇÃO CGG NA REGIÃO 5’ UTR DO GENE FMR1
NORMAL : 6 - 50 repetições
PREMUTAÇÃO : 51 - 200
MUTAÇÃO COMPLETA : > 200 REPETIÇÕES
(Machado-Ferreira et al, 2004)
SÍNDROME X-FRÁGIL
PRÉ-MUTAÇÕES (61 – 200 repetições)
QUADRO CLÍNICO :
• Falência ovariana prematura em mulheres
(menopausa antes dos 40 anos)
• Síndrome progressiva com ataxia, tremor,
declínio cognitivo e de funções executivas
em homens > 50 anos
• Distúrbios cognitivos ou comportamentais leves
distúrbios de aprendizagem
(Hagerman & Hagerman, 2004; Machado-Ferreira et al, 2004; Artigas-Pallarés, 2005)
SINDROME DE SOTOS – GIGANTISMO CEREBRAL
VISÃO GERAL
• Doença genética por mutação dominante no gene NSD1 (Cromossomo 5)
• Maioria dos casos é esporádica
• Macrocefalia, macrossomia, traços acromegálicos, retardo mental
• Crescimento acelerado nos primeiros 5 anos, IO acelerada
• Face peculiar
• Diagnóstico diferencial com X-frágil
• Risco aumentado para desenvolver neoplasias benignas ou malignas
Melo et al., 2002
Miyao et al., 1998
SINDROME DE SOTOS – GIGANTISMO CEREBRAL
SINDROME DE SOTOS – GIGANTISMO CEREBRAL
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
• Macrocefalia, crescimento acelerado
• Fronte proeminente, face alongada, queixo fino e proeminente
• Inclinação anti-mongólica das fendas palpebrais
• Alterações dentárias: desalinhamento, falta, supranumerários, defeitos de esmalte
• Estatura elevada, mãos e pés grandes, características acromegálicas
• Idade óssea aumentada
• Retardo mental leve
• Distúrbios do desenvolvimento social,
• Distúrbios do desenvolvimento da coordenação, desajeito, posturas inadequadas
• Distúrbios de fala e linguagem
• Glaucoma juvenil, vícios de refração, cardiopatia congênita
SÍNDROME DE PRADER-WILLI
• Geralmente esporádica
• Alterações neurológicas
Hipotonia desde o nascimento
Distúrbios de deglutição
Deficiência intelectual leve
Distúrbios de aprendizagem
• Alterações de conduta características
Voracidade, obtenção de comida
Sintomas obsessivo-compulsivos
Conduta manipuladora
• Obesidade a partir do 2o. Ano de vida
• Hipogonadismo
SÍNDROME DE PRADER-WILLI
FENÓTIPO COMPORTAMENTAL
• Conduta centrada na busca de comida
• Conduta manipuladora
• Comportamento obsessivo-compulsivo
• Boas atitudes domésticas
• Boa capacidade perceptiva viso-espacial
• Habilidades sociais escassas
• Falam excessivamente, perseverativos
• Maior parte não é autista
• Casos descritos que compartilham os dois diagnósticos
• Características aproximativas do autismo
- Dificuldade para entender emoções
- Dificuldade para prever conduta de outros
- Dificuldade para inferir intenções dos outros
- Sentimento de justiça aguçado, geralmente para si
- Egocentrismo, rigidez excessiva
SÍNDROME DE PRADER-WILLI
• Resultado de falta de expressão de 15q11-q13 de origem paterna
• Desativação dos genes pode ocorrer por três motivos:
- Mutação do gene de origem paterna
- Dissomia uniparental de origem materna
- Mutação do Imprinting
SÍNDROME DE KLEINEFELTER
Cariótipo : 46, XXY
Aneuploidia mais frequente no sexo masculino
Compromete 1 em cada 660 homens
Cromossomo extra pode ser herdado de qualquer um dos pais
Subdiagnosticado, frequentemente tardio ao redor dos 30 anos
Apresentação clínica XXY pode ser muito similiar ao XY no início
Cerca de 25% dos casos são diagnosticados, somente 10% antes
da puberdade
Complicações tardias : diabetes tipo 2, Osteopenia, fraturas
Groth et al., 2013; Bonomi et al., 2017
QUADRO CLÍNICO :
- Estatura elevada
- Testículos pequenos,
- Hipogonadismo hipergonadotrófico
- Ginecomastia, infertilidade
- Comprometimento cognitivo, atraso de linguagem
- - Distúrbios de aprendizagem
- Distúrbios psiquiátricos
- Maior risco de neoplasias ( mama, mediastinais)
SÍNDROME DE KLEINEFELTER
(Groth et al., 2013; Bonomi et al., 2017)
S. NOONAN – PSEUDO-TURNER
Incidência 1:1.000 a 1:2.500 nascidos vivos
Autossômica dominante, mutação genes PTPN11, KRAS, SOS1, RAF1 ( 75%)
Baixa estatura
Dismorfismos faciais
Hipertelorismo, inclinação anti-mongolóide das fendas palpebrais
Ptose palpebral
Implantação baixa de pavilhões, rotação posterior, hélix espessa
Defeitos cardíacos congênitos
Estenose de artéria pulmonar, cardiomiopatia hipertrófica
Pescoço alado
DI leve
Dificuldades alimentares na primeira infância
Tendência a hemorragias
SÍNDROMES NEURO-CUTÂNEAS
ESCLEROSE TUBEROSA DE BOURNEVILLE
• Autossômica dominante
• Mutação em 80% dos casos
• Penetrância e expressão variáveis
• Genes localizados 9q34, 16p13.3
• Manchas acrômicas, “peau de chagrin”
• Adenomas sebáceos de Pringle
• Fibromas periungueais de Köenen
• Distúrbios de aprendizagem, hiperatividade
• DM, agressividade, distúrbio autístico
• Síndrome de West e outras epilepsias
SÍNDROMES NEURO-CUTÂNEAS
ESCLEROSE TUBEROSA DE BOURNEVILLE
• Incidência não é bem conhecida
1:1.000/1:50.000
• Multissistêmica, vários órgãos
SNC : Epilepsia, DI (50%), HIC
Pele: manchas acrômicas, adenomas,
placas ásperas e rugosas
Coração : IC, arritmias, tumores
Renais : tumores, IR
ESCLEROSE TUBEROSA DE BOURNEVILLE
SINDROME ALCOÓLICA FETAL – TERATOGÊNESE PELO ÁLCOOL
ASPECTOS GERAIS
• Malformações neurológicas e extraneurológicas causadas pelo álcool
• O álcool passa facilmente pela placenta : uso = abuso.
• Nivel seguro de ingestão de álcool ?
• Beber quantidades maiores mais prejudicial que doses menores repetidas?
• Risco maior nos primeiros 3 meses, mas sempre pode interferir.
SINDROME ALCOÓLICA FETAL
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
• Retardo de crescimento intrauterino
• Defeitos cardíacos como CIV e CIA
• Cabeça pequena
• Blefarofimose, epicanto
• Ausência de philtrum
• Lábio superior fino e liso, retrognatia
• Retardo mental geralmente leve (QI = 65)
• Hipotonia e incoordenação motora
• Dificuldades de raciocínio, fala e habilidades sociais
• Capacidade de julgamento pobre, dispersividade
• Distúrbios de aprendizagem
Garcia et al., 2007)
DISTÚRBIOS DE ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM
• Comprometimento em um ou mais dos seguintes domínios :
- LEITURA - EXPRESSÃO ESCRITA : DISGRAFIA, DISORTOGRAFIA, CALIGRAFIA - MATEMÁTICA - COORDENAÇÃO MOTORA • Não apresentam deficiência intelectual • Apresentam dificuldades não esperadas nesses domínios • Apesar de inicialmente motivadas para a aprendizagem • Em condições adequadas de aprendizagem • Caráter inato e persistente das dificuldades para aprender • Maioria identificada quando ingressa na escola • Importância do olhar atento dos pais e professores para os casos mais graves • Rotulagem depreciativa : “burro, preguiçoso, desligado, incapaz” • Motivo de “bullyng”, desajustes sociais, sofrimento emocional • Tem consciência de suas dificuldades e quer ser ajudado
DISTÚRBIOS DE ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM
DISLEXIA
• DISTÚRBIO neurobiológico no aprendizado da leitura inesperado, específico e persistente • Distribuição universal, prevalência elevada, mal delimitada • Distúrbio mais comum e prevalente • Necessário excluir deficiência intelectual • Excluir causas de dificuldades de aprendizagem • Reconhecimento das palavras, decodificação e soletração • Principal causa neurológica de incapacidade para a leitura, fracasso e abandono escolar • Sintomas que fazem parte : dificuldade para memorizar sequências, endereço, escrita irregular, orientação direita/esquerda, organização temporo-espacial
PERFIL DO BOM LEITOR: • Não apresenta dificuldades para ler e compreender • Decodifica as palavras sem grande esforço cognitivo • Permite que a memória de curta duração se ocupe do significado do que está sendo lido • Considerar a faixa etária do leitor • Início da alfabetização, compreende o significado das palavras mais comuns • Evolução : aumento do vocabulário, consiga fazer inferências, vai além do conteúdo explícito, compreenda metáforas, duplo sentido, ironias
DISTÚRBIOS DE ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM
DISLEXIA
• Não é um retardo temporário na aquisição da leitura, é uma INCAPACIDADE para a leitura. • Disléxicos têm frequentemente significativos potenciais em áreas controladas pelo hemisfério direito : artísticos, esportivos ou mecânicos, música, intuição e criatividade • Maioria não é identificada precocemente por desconhecimento, dá falsa impressão que está lendo • Reconhecimento com o avanças dos anos escolares e a estagnação e piora das dificuldades • Frequentemente encaminhadas para avaliações inadequadas e parciais • NÃO HÁ MARCADOR BIOLÓGICO – DIAGNÓSTICO ESSENCIALMENTE CLÍNICO MULTIPROFISSIONAL • IMPORTANTE COM DIAGNÓSTICO PRECIPITADO E ULTRAPRECOCE E SUPERDIAGNOSTICAR • IGUALMENTE IMPORTANTE ESTAR ATENTO AOS INDÍCIOS DE DISLEXIA E A EVOLUÇÃO DO QUADRO PARA NÃO
RETARDAR O DIAGNÓSTICO • IMPORTANTE O DIAGNÓSTCO PRECOCE PARA ADOÇÃO DAS MEDIDAS ADEQUADAS PARA A QUALIDADE DO
PROGNÓSTICO
DISTÚRBIOS DE ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM
DISLEXIA
PERFIL DO LEITOR DE RISCO PARA TRANSTORNO ESPECÍFICO DE LEITURA/DISLEXIA • Decodificação de palavras e textos inadequada, com grande esforço cognitivo, compromete a memória de curta duração, prejudicando a compreensão do conteúdo • Rendimento inesperado abaixo da média sem motivo que justifique • Não apresentam comprometimento na compreensão oral do conteúdo se lido por outro • TRATA-SE DE UM DISTÚRBIO NA DECODIFICAÇÃO DA ESCRITA • SITUAÇÃO DE RISCO PARA UMA DISLEXIA
• Sintomas que fazem parte : - dificuldade para memorizar sequências, - orientação direita/esquerda, - organização temporo-espacial
DISTÚRBIOS DE ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM TRANSTORNO GLOBAL DE APRENDIZAGEM
• DISTÚRBIO na decodificação como na compreensão
• Compreensão de texto inadequada mesmo lido por outra pessoa
• Geralmente apresentam déficits de linguagem amplos
• Grupo bastante heterogêneo, podem apresentar comprometimento
de outras áreas como aritmética e cálculos
• Perfil de distúrbios mais abrangente, sem deficiência intelectual
• TRANSTORNO GLOBAL X TRANSTORNO ESPECÍFICO DE APRENDIZAGEM
• Importância de identificar crianças com RISCO POTENCIAL DE UM DISTÚRBIO DE APRENDIZAGEM • Planejamento e adoção de medidas pertinentes e encaminhamento para avaliações
especializadas
DISTÚRBIOS ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM
DISGRAFIA
DISTÚRBIOS
• Transtorno da expressão escrita, está abaixo do esperado para a idade cronológica, nível de escolaridade e inteligência, afetando tanto a ortografia como a caligrafia. Pode ou não estar associada à dislexia.
DISTÚRBIOS DE ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM
DISORTOGRAFIA
• Transtorno caracterizado pela persistência e frequência elevada de trocas ortográficas , aglutinações, fragmentações, inversões e omissões, em vocauário conhecido pelo aluno.
DISTÚRBIOS DE ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM
DISCALCULIA
DISCALCULIA DO DESENVOLVIMENTO • Inabilidade específica para o aprendizado da matemática • Estimativa de 3 a 6% das crianças em idade escolar com discalculia do desenvlvimento • Não há predominância de sexo • Frequentemente não considerada, não são identificadas e não assistidas adequadamente • “Você consegue se quiser”, “ se tentar ou se esforçar o suficiente” são típicas para motivar sem sucesso, piorando a autoestima • Querem aprender a manusear números, aprendem num dia , esquecem no dia seguinte, grande frustração pessoal, constrangimento e indignação dos que o rodeiam • Grande maioria idiopática • Pode coexistir com TDAH, Dislexia, Transtornos de conduta, Depressão • Pode fazer parte de quadros sintomáticos particulares como Fenilcetonúria tratada, síndrome do X-Frágil em mulheres, síndrome de Turner, síndrome velocardiofacial • Assitência pedagógica especializada, com professores experientes em matemática, com
auxílio de recursos que focam nas habilidades matemáticas
• Dificuldade de lidar com cálculos, numerais e quantidades. A capacidade para a realização
de operações aritméticas, cálculos e raciocínio matemático está significativamente reduzida
àquela esperada para a idade cronológica, capacidade intelectual e nível de escolaridade do
indivíduo.
• As bases neurofisiológicas para a aquisição dessas habilidades é complexa.
• Segundo o DSM-IV existe um transtorno da matemática quando “a capacidade para realizar
operações matemáticas está acentuadamente abaixo do esperado para a idade cronológica,
a inteligência do indivíduo e o seu grau de escolaridade”. Os dois tipo básicos de transtornos
em matemática são a acalculia adquirida e a discalculia do desenvolvimento.
DISTÚRBIOS DE ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM DISCALCULIA
45 45
TDC – TRANSTORNO DO DESENVOLVIMENTO DA COORDENAÇÃO
• Distúrbio neurobiológico comum com repercussão no desenvolvimento motor
• Distúrbio do desenvolvimento das habilidades motoras, sem lesões cerebrais
• Nível intelectual normal, ausência de déficits sensitivos ou sensoriais primários
• Prevalência ao redor de 5-6 %, mais grave em 2%.
• Frequentemente neglicenciado, subdiagnosticado, pouco divulgado
• Predomínio no sexo masculino (1.7-2.8:1), baixo peso (<1.500 g), prematuros (<32 s)
A CRIANÇA COM TDC
Desajeitada
Descuidada
Desastrada
Acomodada
Preguiçosa
Relaxada
Não gosta de esportes
Desanimado
Não consegue terminar tarefas
Letra ilegível
Caderno desorganizado
Não gosta de atividades coletivas
47
TDC – TRANSTORNO DO DESENVOLVIMENTO DA COORDENAÇÃO
• DSM-V : TRANSTORNO DO NEURODESENVOLVIMENTO
a) marcante prejuízo no desenvolvimento de habilidades ou coordenação motoras;
b) atrasos com significativo impacto no desempenho acadêmico/vida diária;
c) Início dos sintomas ocorre precocemente no período do desenvolvimento
c) ausência de doença clínica ou neurológica (DI, Deficiência visual, PC, DM, DD)
d) atraso motor excessivo ao esperado para as habilidades intelectuais
Atraso no desenvolvimento das habilidades motoras ou dificuldades para coordenar os
movimentos com prejuízo no desempenho das atividades diárias e escolares
DIAGNÓSTICO ESSENCIALMENTE CLÍNICO
NÃO HÁ MARCADOR BIOLÓGICO
48 48
TDC – TRANSTORNO DO DESENVOLVIMENTO DA COORDENAÇÃO
• QUADRO CLÍNICO HETEROGÊNEO
• Motivos de consultas :
- desajeito, facilidades para quedas, descuidados, incoordenados
- desinteresse por esportes
• Denominações utilizadas :
“ Clumsy child”, disfunção cerebral mínima, lesão cerebral mínima
dispraxia do desenvolvimento, disfunção de integração neurossensorial
• Transtorno do aprendizado motor, transtorno visomotor
49 49 49
TDC – TRANSTORNO DO DESENVOLVIMENTO DA COORDENAÇÃO
• DIAGNÓSTICO E CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
- Anamnese evolutiva cuidadosa das aquisições psicomotoras e sintomas
- Descartar doenças centrais e periféricas , articulares e do tecido conjuntivo
- Aquisições motoras sequenciais lentificadas, dinâmica motora reduzida
- Reações, movimentos e tempos de respostas motoras lentas
- Desarmonia motora, dificuldade para controlar força nas atividades motoras
- Desempenho motor oscilante, evitam situações de exigência motora
- Dificuldades motoras globais e finas
- Dificuldades para planejar, organizar, realizar, modificar e aprender novos
movimentos
50 50 50
TDC – TRANSTORNO DO DESENVOLVIMENTO DA COORDENAÇÃO
• DIAGNÓSTICO E CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
- Interfere nos hábitos de vida diária, nas atividades lúdicas, escolares e
esportivas
- Integração pobre para perceber informações visuais e proprioceptivas
- Dificuldades para atividades motoras diárias: vestir, comer, amarrar, abotoar
- Dificuldades de coordenação motora fina : escrita, desenhos, recortes
- Parecem imaturos, desastrados, trombam com obstáculos, derrubam, derramam
- Dificuldade para coordenar atividades bilaterais (garfo-faca, segurar bastão com
as duas mãos)
- Postura e equilíbrio inadequados (vestir-se em pé, subir e descer escadas)
51 51 51
TDC – TRANSTORNO DO DESENVOLVIMENTO DA COORDENAÇÃO
• DIAGNÓSTICO E CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
- Os movimentos automáticos não são eficientemente prolongados
- Executam e repetem movimentos desordenados, não conseguem
reconhecer e corrigir facilmente.
- Dificuldade para se situar em condições de movimentos
- Necessita da visão e da atenção para realizar os próprios movimentos
- Comorbidades com TDAH atencional e dislexia acentuam as dificuldades
52 52 52
TDC – TRANSTORNO DO DESENVOLVIMENTO DA COORDENAÇÃO
• DIAGNÓSTICO E CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
- Concentração em atividades sedentárias, intelectuais, culturais , mídia
- Discrepância entre habilidades motoras comparadas com outras áreas
- Parece desinteressada em certas atividades físicas
- Cansaço pelo esforço e fracasso desestimulam a participação
- Integração social : isolamento, impopularidade, ridicularização, vitimização
- Repercussões emocionais: baixa estima , ansiedade, baixa competitividade
intolerância a frustrações, insatisfação com o desempenho
depressão, obesidade
53 53 53
TDC – TRANSTORNO DO DESENVOLVIMENTO DA COORDENAÇÃO
• DIAGNÓSTICO E CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
- DIFICULDADES ESCOLARES
- Escrever : exigência de modificação e planejamento contínuos do movimento
equilibrar velocidade com exatidão e compatibilizar com o tempo
- Dificuldades em Matemática, ditados, redação pela exigência da escrita e
organização
- Dificuldades para concluir trabalhos prolongados no tempo exigido, levando a
cansaço, distração e desmotivação.
• Ansiedade : 16.7 - 33.8%
• Depressão : 9.1 – 11.8%
• TDAH : 50%
• Espectro autista : 4.1- 8.2%
• Transtornos específicos de aprendizagem : 17.8- 27.5%
TDC - COMORBIDADES
TDC - TRATAMENTO MULTIDISCIPLINAR
• Informação para pais/pacientes sobre o TDC
• Participação e envolvimento dos pais
• Terapia Ocupacional
• Psicomotricidade
• Fisioterapia
• Fonoaudiologia
• Psicopedagogia
• Psicologia
• Hidroterapia
• Equoterapia
• Educadores, adequação escolar
• Atividades esportivas
MELHORA DA QUALIDADE DE VIDA
PROGNÓSTICO ACADÊMICO, PROFISSIONAL, FAMILIAR E SOCIAL
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM
TRANSTORNOS DO ESPECTRO AUTISTA LEVES
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM
TDAH
DISTÚRBIOS ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM
DISTÚRBIOS DO PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL
• Não se trata de deficiência quantitativa da audição, que deve ser excluída previamente
• Envolve habilidades como localizar fonte sonora, memorizar, discriminar, associar ou atenção aos sons
• Geralmente as crianças são agitadas ou quietas, dispersas, com dificuldades para escutar ou compreender
comandos em ambientes ruidosos
• Podem ter problemas de fala, com trocas de fonemas ou alterações de leitura e escrita.
• Frequentemente associados aos distúrbios específicos de aprendizagem
• Podem estar associados transitoriamente nas dificuldades de aprendizagem
• Distúrbio primário de processamento auditivo central?
FONOAUDIOLOGIA
PSICOMOTRICIDADE
O terapeuta ocupacional é o profissional de saúde capacitado para avaliar, elaborar,
programar tratamento adequado com relação a reestruturação das atividade de vida
diária (AVD), atividade de vida do lazer ( AVL); atividade da vida prática(AVP) e atividade
de vida do trabalho ( AVT).
TERAPIA OCUPACIOANAL
FISIOTERAPIA
BIBLIOGRAFIA
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Desenvolvimento da Coordenação em crianças de três a seis anos e possibilidades de
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