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30-11-2010 1 Movimentos oscilatórios Prof. Luís C. Perna Movimento Periódico Um movimento periódico é um movimento em que um corpo: Percorre repetidamente a mesma trajectória. Passa pela mesma posição, com a mesma velocidade e a mesma aceleração, ao fim de um intervalo de tempo igual a um período, T. Quando a trajectória é percorrida em ambos os sentidos, o movimento periódico toma a designação: de movimento oscilatório (se é relativamente lento); ou movimento vibratório (se é rápido). Quando o sistema oscila em torno de uma posição de equilíbrio designa-se por oscilador.

Mecânica da partícula - Física e Química · velocidade varia em módulo e em sentido. À medida que o oscilador se aproxima da posição de equilíbrio, a velocidade aumenta

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30-11-2010

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Movimentos oscilatórios

Prof. Luís C. Perna

Movimento Periódico

Um movimento periódico é um movimento em que um corpo:

Percorre repetidamente a mesma trajectória.

Passa pela mesma posição, com a mesma velocidade e a mesma

aceleração, ao fim de um intervalo de tempo igual a um período, T.

Quando a trajectória é percorrida em ambos os sentidos, o

movimento periódico toma a designação:

de movimento oscilatório (se é relativamente lento);

ou movimento vibratório (se é rápido).

Quando o sistema oscila em torno de uma posição de equilíbrio

designa-se por oscilador.

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Análise do movimento de um

corpo ligado a uma mola.

Força deformadora – força que

provoca a deformação

(compressão ou distensão) na

mola em equilíbrio.

Força elástica (força

restauradora) – força que tende a

levar a mola, de novo, à sua

posição de equilíbrio, opondo-se,

em cada instante, à força

deformadora.

Força deformadora e força elástica

À coordenada de posição x

chama-se elongação. Esta

corresponde à medida da

deformação da mola

relativamente à sua posição de

equilíbrio.

À elongação máxima chama-se

amplitude.

Considera-se elongação positiva

quando (x > 0) na distensão

e elongação negativa quando

(x < 0) na compressão.

Elongação e amplitude

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Verifica-se experimentalmente,

que a intensidade da força

deformadora quer distenda quer

comprima a mola elástica, é

directamente proporcional ao

alongamento ou compressão

produzidos na mola (x) – Lei de

Hooke.

Lei de Hooke

xkFelást

http://virtual.unilestemg.br/laboratorio/praticas/leihooke1.swf

O sinal negativo indica que a força

elástica tem sentido oposto ao do

alongamento ou compressão,

relativamente à posição de equilíbrio.

k é a constante de elasticidade da

mola, e é uma medida da rigidez ou grau

de elasticidade da mola.

As molas “duras” ou fortes têm valores

elevados de k.

k, exprime-se no sistema SI, em Newton

por metro, N m-1.

Lei de Hooke

xkFelást

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A força elástica realiza trabalho porque tende a levar a mola à

sua posição de equilíbrio.

A força elástica realiza:

Trabalho negativo – sempre que mola é deformada (comprimida ou

distendida), uma vez que actua em sentido oposto ao deslocamento.

Trabalho positivo – sempre que a mola regresse à posição de

equilíbrio (depois de deformada), uma vez que actua no sentido do

deslocamento.

Trabalho da força elástica

O trabalho da força elástica na compressão e na distensão da

mola pode ser calculado a partir da área do seguinte gráfico:

Cálculo do trabalho da força elástica

2

2

1xkW

elástF

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Movimentos Harmónicos Simples (MHS). São movimentos

periódicos devido a forças que obedecem à Lei de Hooke.

Exemplos:

• as vibrações de um diapasão;

• as vibrações dos átomos numa molécula;

• as vibrações do cristal de quartzo de um relógio;

• as pequenas oscilações de um pêndulo, etc.

Movimento Harmónico Simples

Aplicando a segunda Lei de Newton ao oscilador harmónico simples,

e como o atrito é desprezável, a força resultante é igual à força

elástica. A aceleração é:

MHS - Aceleração

xkam xm

ka

Esta expressão mostra que a aceleração do movimento não é

constante.

Num movimento harmónico simples, a aceleração é, em cada

instante, proporcional e de sentido contrário à elongação do

oscilador.

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Como a aceleração não é

constante as equações cinemáticas

não podem ser aplicadas.

Se o bloco é largado de uma posição

x = A, então a aceleração inicial é

–kA/m.

Quando um bloco passa pela posição

de equilíbrio, a = 0.

O bloco continua até x = -A onde a

sua aceleração é +kA/m.

MHS – Análise da Aceleração

xm

ka

No MHS durante uma oscilação, a

velocidade varia em módulo e em

sentido.

À medida que o oscilador se

aproxima da posição de equilíbrio, a

velocidade aumenta. Nessa posição,

a velocidade é máxima.

Nas posições extremas, a

velocidade é nula e o oscilador

inverte o sentido do movimento.

MHS – Análise da Velocidade

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MHS - Frequência angular

2

2

d x ka x

dt m

Definindo uma “nova” constante,

(frequência angular) tal que:

m

k2

m

k

A frequência angular, , é uma característica do oscilador

depende apenas das suas propriedades mecânicas:

massa do corpo e da constante de elasticidade da mola a que

está ligado.

Lei do Movimento Harmónico Simples

2

2

d x ka x

dt m

m

k2

m

k

xdt

xda 2

2

2

Equação diferencial

A é a amplitude da oscilação

é frequência angular do oscilador

0 é a fase inicial ou fase na origem: determina o afastamento da posição de equilíbrio no instante t = 0 s do oscilador.

é o ângulo de fase ou simplesmente fase)( 0 t

A solução desta equação diferencial é: )(sin 0 tAx

LEI do MHS

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Uma experiência sobre MHS

A caneta ligada ao corpo m

oscilante, traça uma curva

sinusoidal no papel que se

move.

Isto, comprova a curva

correspondente à função

sinusoidal encontrada

anteriormente.

Velocidade e aceleração de um oscilador harmónico simples

A velocidade e a aceleração de um oscilador harmónico simples

obtém-se, tal como acontece para qualquer movimento, por

derivação da lei geral do movimento.

)(cos 0 tAvdt

dxv

)(sin 0 tAx

xtAadt

dva 2

0

2 )(sin

m

kCom

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Posição, Velocidade e aceleração de um oscilador harmónico simples

tAv cos tAa sin2tAx sin

Velocidade e aceleração para intervalos de tempo correspondentes a quartos de período

tAv cos tAa sin2tAx sin

t x v a

0 0 A 0

T/4 A 0 - A2

T/2 0 - A 0

3T/4 -A 0 A2

T 0 A 0

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Período e frequência do MHS

O período, T, é o intervalo de tempo ao fim

do qual o oscilador retoma a mesma posição.

Portanto, )()( Ttxtx

00 )(sin)(sin TtAtA

Como a função seno retoma o seu valor quando a fase se altera de 2,será:

00 )(2 Ttt

22 TT

m

kComo: Frequência angular, então:

k

mT 2 Período

m

kf

2

1 Frequência

Período e frequência do MHS

k

mT 2 Período

m

kf

2

1 Frequência

A expressão do período de oscilação mostra que este:

Aumenta com o aumento da massa m;

Diminui com o aumento da constante elástica da mola, k.

O período,T, e a frequência, f, são independentes da amplitude, A.

Diz-se que as oscilações são isócronas.

Um oscilador harmónico simples executa oscilações isócronas.

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Energia do oscilador harmónico simples

No movimento oscilatório, há

transformação de energia

potencial elástica em energia

cinética e vice-versa.

Considerando desprezável o

efeito do atrito, durante o

movimento há conservação da

energia mecânica.

elásticaEpEcEm

Energia potencial elástica

Sabemos do 10º ano, que o trabalho realizado por uma força

conservativa (peso) é simétrico da variação da energia

potencial (gravítica).

.gravitPEpW

elásticaFEpW

elástica

Logo:

Como a força elástica é uma força conservativa, é possível definir

que o trabalho da força elástica seja simétrico da variação da

energia potencial elástica (Epelást.).

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Energia potencial elástica

Escolhendo a posição de equilíbrio como ponto de referência para a

energia potencial, o trabalho realizado pela força elástica entre a

posição de equilíbrio e um qualquer ponto de coordenada x, é:

)]0()([ ..

)0(

.elástelást

x

FEpxEpW

elást

)()0( ..

)0(

.

xEpEpW elástelást

x

Felást

)(.)0(

.

xEpW elást

x

Felást

2

. 2

1xkW

elástFComo: e 2mk

Então temos: 2

.2

1xkEpelást

22

.2

1xmEpelást ou

Energia potencial elástica

A expressão mostra-nos que:

A energia potencial elástica

é tanto maior quanto maior

for a elongação.

Nas posições extremas

onde o oscilador inverte o

sentido do movimento a

energia potencial elástica é

máxima.

Na posição de equilíbrio a

energia potencial elástica é

nula.

22

.2

1xmEpelást

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Energia cinética

No movimento harmónico simples, a velocidade é:

)(cos 0 tAv

Substituindo, na expressão da energia cinética,

2

2

1mvEc )(cos

2

10

222 tAmEc

Na posição de equilíbrio, o oscilador possui apenas energia cinética.

Nesse ponto o módulo da velocidade é máximo:

22

..2

1AmEcAv máxmáx

ou )(2

1 222 xAmEc Demonstra-se mais á frente

Energia mecânica

)(sin2

1)(cos

2

10

22

0

222 tAktAmEm

)(sin2

1)(cos

2

10

22

0

22 tAktAkEm

elástEpEcEm A energia mecânica será:

1cossin 22 2mk Como: e

A energia mecânica do oscilador será:

2

2

1AkEm 22

2

1AmEm

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Energias cinética, potencial e mecânica

Gráficos da energia potencial e cinética

Gráficos da energia potencial e da energia cinética em função da

elongação.

)(2

1 22 xAkEc 2

.2

1xkEpelást

2mk 2

2

1AkEm

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Energia do oscilador em função do tempo Na figura seguinte podemos observar graficamente a energia em

função do tempo.

Em qualquer instante, a sua soma tem sempre o mesmo valor: a

energia mecânica do oscilador.

)(2

1 222 xAmEc 22

.2

1xmEpelást 2mk

Movimento harmónico amortecido

Um movimento harmónico simples, com amplitude constante, pressupõe

que não haja perdas de energia; no entanto, na prática, há sempre

perdas de energia devido ao atrito ou à resistência do ar.

Quando a amplitude da oscilação vai diminuindo, dizemos que o movimento

é amortecido.

A oscilação amortecida deve-se a uma força de amortecimento quese opõe ao sentido do movimento; o seu trabalho é negativo,levando a uma diminuição da energia mecânica do sistema.

Simulação

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Movimento harmónico amortecido

Os efeitos de amortecimento

são muitas vezes provocados

deliberadamente.

Por exemplo, no sistema de

suspensão dos automóveis os

amortecedores estão ligados a

molas de suspensão.

Quando um carro é sujeito a

vibrações violentas, estas são

amortecidas por este sistema,

que reduz a sua amplitude,

diminuindo as oscilações.

O pêndulo gravítico

O pêndulo gravítico simples é constituído

por um pequeno corpo de massa m

suspenso de um fio de comprimento L.

A massa do fio é muito menor do que a

massa do corpo e, por isso desprezável.

O fio, considerado inextensível, é suspenso

de um ponto fixo. Deste modo, o corpo

descreve, no plano vertical um movimento

de vaivém numa trajectória curvilínea.

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O pêndulo gravítico, um exemplo de MHS

Quando o corpo é afastado da sua

posição de equilíbrio de um ângulo ,

passa a ter um movimento oscilatório

em torno da posição vertical.

As forças que actuam no pêndulo são:

-Tensão, T.

- Peso, P.

Em qualquer posição, há uma força

que puxa o corpo para a posição de

equilíbrio.

Que força restauradora é essa?

É a componente tangencial do peso. sinPFt

O pêndulo gravítico, um exemplo de MHS

Se considerarmos apenas

pequenas oscilações, isto é,

valores de 10º é válido

fazer a seguinte aproximação na

componente tangencial do peso:

mgmgFt sin

Mas o valor de é tal que: s

Ou seja:

s

E, como o ângulo é muito pequeno, tem-se s x e:

xmg

smg

Ft

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O pêndulo gravítico, um exemplo de MHS

A força restauradora segue a lei de Hooke:

xmg

Ft k

mg

onde

xkFt

O movimento do pêndulo é harmónico simples, mas apenas para pequenas oscilações ou seja quando .x

O período do movimento é:

l

g

xg

at

xat

2

g

lT 2

k

mT 2

2

g

m

k

O pêndulo gravítico, um exemplo de MHS

O período das pequenas oscilações depende do

comprimento do pêndulo e da aceleração da gravidade;

O período não depende da massa do oscilador e, por isso,

diz-se que as oscilações são isócronas.

g

lT 2