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Metodologia para o Ensino de Ciências LICENCIATURAS EM FÍSICA, QUÍMICA E CIÊNCIAS BIOLÓGICAS Prof. Nelson Luiz Reyes Marques Metodologia para o Ensino de Ciências

Metodologia para o Ensino de Ciências - nelsonreyes.com.br 1_Concepções positivistas... · tentativa e erro (John Locke). Locke acreditava que todo o conhecimento de uma pessoa

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sLICENCIATURAS EM FÍSICA, QUÍMICA E CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

Prof. Nelson Luiz Reyes Marques

Metodologia para o Ensino de Ciências

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sLICENCIATURAS EM FÍSICA, QUÍMICA E CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

Concepções positivistas da Ciência

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sO que é ciência afinal?

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sO que é educação em ciências?

➢ A melhor maneira de esclarecer o que é educação em

ciências seja distingui-la do treinamento científico, da

preparação do futuro cientista.

➢ Esse treinamento está voltado principalmente para o

“fazer ciência”, para as teorias científicas e os

equipamentos de laboratório, para os procedimentos

científicos teóricos e experimentais.

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sO que é educação em ciências?

➢ A educação em ciências, por sua vez, tem por objetivo

fazer com que o aluno venha a compartilhar significados

no contexto das ciências, ou seja, interpretar o mundo

desde o ponto de vista das ciências, manejar alguns

conceitos, leis e teorias científicas, abordar problemas

raciocinando cientificamente, identificar aspectos

históricos, epistemológicos, sociais e culturais das

ciências.

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sO que é educação em ciências?

➢ Idealmente, a formação de um futuro cientista deve

incluir a educação em ciências, porém a recíproca não é

verdadeira: a educação em ciências não implica “por o

aluno no laboratório”, nem “transformá-lo em um

especialista em resolução de problemas”, tampouco “vê-

lo como um futuro pesquisador”.

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s Senso comum da ciência

➢ Conhecimento científico é conhecimento provado.

➢ Teorias são derivadas rigorosamente dos dados

experimentais, obtidas através de informações sensoriais.

➢ Ciência é objetiva, e, portanto, confiável.

Indutivismo: Ciência como conhecimento derivado dos

dados da experiência

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s ➢ Muitas áreas se ancoram na ciência e usam seu “prestígio”

para gerar “veracidade”.

Indutivismo: Ciência como conhecimento derivado dos

dados da experiência

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sIndutivismo: Ciência como conhecimento derivado dos

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sIndutivismo: Ciência como conhecimento derivado dos

dados da experiência

O Empirismo – Indutivismo

➢ O empirismo afirma que todas as pessoas nascem sem saber

absolutamente nada e que aprendem pela experiência, pela

tentativa e erro (John Locke).

➢ Locke acreditava que todo o conhecimento de uma pessoa era

obtido ao passar da vida, do tempo, através das experiências e

hábitos da pessoa.

➢ As teorias científicas são derivadas da obtenção dos dados - da

experiência - adquiridos pela observação e pelos

experimentos.

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sIndutivismo: Ciência como conhecimento derivado dos

dados da experiência

➢ A ciência é baseada no que podemos ver, ouvir, tocar, …

➢ Chama-se indutivo o tipo de raciocínio que nos leva das

partes ao todo, ou seja, de enunciados singulares a

enunciados universais, ou ainda, de casos particulares a

generalizações.

O Empirismo – Indutivismo

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Observações imparciais

Observações dependem da experiência, formação cultural,

expectativas, etc. do observador

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dados da experiência

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s Dependência da teoria

Indutivismo: Ciência como conhecimento derivado dos

dados da experiência

➢ Proposições de observação pressupõem teorias, e podem ser

falsas.

➢ Quanto mais rigoroso for o teste de uma proposição, mais

teoria é necessária.

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➢ Segundo a postura indutivista, a ciência se baseia no princípio

da indução.

➢ Se em uma ampla variedade de condições observa-se uma

grande quantidade de As e se todos os As observados

apresentarem, sem exceção, uma propriedade B, então todos

os As têm a propriedade B.

Indutivismo: Ciência como conhecimento derivado dos

dados da experiência

O Empirismo – Indutivismo

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Observação dos

fenômenos

Princípios Gerais

Descoberta das relações

entre elesGeneralização

É o método mais utilizado pelos cientistas sociais, indicando tendência e

generalizações probabilísticas.

PARTICULAR GERAL

Vi vários cisnes brancos

Vi outro cisne branco

= TODOS OS CISNES

SÃO BRANCOS

Indutivismo: Ciência como conhecimento derivado dos

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➢ Segundo o empirismo-indutivismo o conjunto do

conhecimento científico se constrói a partir da base

segura que proporciona a observação. A ciência começa

com a observação.

➢ As observações são enunciados singulares confiáveis que

constituem a base empírica segura da qual se derivam

enunciados universais, isto é, as leis e teorias que

constituem o conhecimento científico.

Indutivismo: Ciência como conhecimento derivado dos

dados da experiência

Indutivismo ingênuo:

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sIndutivismo: Ciência como conhecimento derivado dos

dados da experiência

Indutivismo ingênuo:

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➢ Como é possível transformar afirmações singulares em

universais?

➢ É possível generalizar, desde que se estabeleçam e

obedeçam alguns critérios.

1. o número de proposições de observação que forma a

base de uma generalização deve ser grande;

2. as observações devem ser repetidas sob uma ampla

variedade de condições;

3. nenhuma proposição de observação deve conflitar com a

lei universal derivada.

Indutivismo: Ciência como conhecimento derivado dos

dados da experiência

Indutivismo ingênuo:

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s ➢ De acordo com os indutivistas não devemos tirar conclusões

apressadas.

➢ Em resumo, a ciência é baseada no princípio de indução

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s Raciocínio lógico e dedutivo

Conclusões e derivações a partir das generalizações,

Todos os livros de Física são bons;

Este é um livro de Física;

Este livro é bom.

Exemplo ambíguo:

Muitos livros de Física são bons;

Este é um livro de Física;

Este livro é bom.

Indutivismo: Ciência como conhecimento derivado dos

dados da experiência

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Previsão e explicação no relato indutivista

Possíveis conclusões observando experimentos e usando

argumentos visuais.

A atração do indutivismo ingênuo

As conclusões dependem de observação sem

comprometimento, ou seja, o expectador deve se manter

externo ao fato.

Indutivismo: Ciência como conhecimento derivado dos

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O princípio de indução pode ser justificado?

Apelando para a lógica e pela experiência;

De acordo com o indutivista ingênuo,

observação -> indução -> conhecimento.

Variedade de observação, quantas? depende do contexto…

O problema da indução

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sO problema da indução

O recuo para a probabilidade.

“Conhecimento científico não é comprovado, mas representa

conhecimento que é provavelmente verdadeiro”.

Respostas possíveis ao problema da indução

“Crenças em leis e teorias nada mais são que hábitos

psicológicos que adquirimos como resultado de repetições das

observações relevantes.”

Cuidado: outrora conceitos julgados corretos pelo vício da

observação foram modificados.

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Ver mil cisnes brancos não nos permite dizer que:

“Todos os cisnes são brancos”

A indução em apuros

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A indução em apuros

David Hume (XVIII)

“A única fonte de

conhecimento é

a experiência

(sensorial)”

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A indução em apuros

➢ Hume argumentou contra a existência de ideias inatas,

concluindo que os seres humanos têm conhecimento apenas

das coisas que experimentam diretamente.

➢ Precursor do movimento positivista (empirismo lógico)

lógico, uma forma de empirismo anti-metafísica.

➢ O positivismo lógico restringiu o conhecimento à ciência e

utilizou o verificacionismo para rejeitar a Metafísica não

como falsa, mas como destituída de significado.

➢ Empirismo, cujo princípio básico é evitar toda hipótese não

comprovável experimentalmente.

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A indução em apuros

➢ É a experiência que fornece os componentes necessários à

elaboração do pensamento e das percepções do espírito.

➢ Hume divide as percepções em duas classes: as menos fortes e

menos vivas, a que ele deu o nome de “pensamentos ou ideias”

e as mais vivas, por ele definidas como “impressões”.

➢ A diferença entre elas está em que as mais fortes representam

diretamente as sensações, enquanto as menos fortes são nossa

reflexão sobre as percepções.

➢ Temos uma percepção mais forte ao observarmos um

objeto do que quando nos recordamos dele.

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Uma explicação popular de observação

➢ Visão, é a ferramenta mais usual;

➢ Pontos fortes para a escolha da visão:

Imagem “rápida”;

“Todos veem a mesma coisa”;

Experiências visuais não determinadas pelas imagens

sobre a retina

➢ Enganos – Ilusões de ótica;

➢ Ver depende do passado e do contexto do observador;

➢ Cada um visualiza o esperado.

As proposições de observação pressupõem teoria

➢ Teoria e observação convergem ?

A dependência que a observação tem da teoria

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A dependência que a observação tem da teoria

Observação e experimento orientam-se pela teoria

Teorias falíveis e incompletas que constituem o conhecimento

científico podem dar orientação falsa a um observador. Este

problema deve ser enfrentado pelo aperfeiçoamento e maior

alcance das teorias e não por observações sem objetivo.

Ex.: Hertz tentou produzir as ondas de rádio porque havia uma

teoria que previa a sua existência.

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A dependência que a observação tem da teoria

Indutivisino não conclusivamente refutado

Teoria > < observação

Ex.: A experiência de Oersted ou o brilho observado por

Roentgen não são a teoria.

São observações isentas que “motivaram” a formulação de

uma teoria?

Foi um insight? Foi realmente acidental ou foi intencional?

Não havia nenhum pressuposto teórico habitando a mente

destes gênios da ciência?

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Método científico

Sequência rígida de procedimentos que levam a produção do

conhecimento.

Segundo Bacon: a ciência deve sim se basear na experimentação

e na indução e apenas daí pode brotar o verdadeiro

conhecimento;

▪ Observação (cuidadosa, repetida, crítica);

▪ Formulação de hipóteses (a serem testadas);

▪ Experimentação (para testar hipóteses);

▪ Medição (coleta de dados);

▪ Estabelecimento de relações (tabelas, gráficos);

▪ Conclusões (resultados científicos);

▪ Estabelecimento de leis e teorias científicas (enunciados

universais para explicar os fenômenos).

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Indutivismo e método científico

Observação e experimentação são a chave para a produção do

conhecimento;

1. onde estão os experimentos que levaram a formulação da

teoria da Relatividade Restrita?

2. se a observação ocorrer pelo acaso, ou acidentalmente, a

formulação de hipóteses terá como pano de fundo alguma

teoria pré-existente ou estará impregnada pelo contexto

sociocultural vigente;

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s ➢ Método

▪ “Sequência lógica de procedimentos que se deve seguir

para a consecução de um objetivo.”

➢ Método Científico

▪ “Conjunto de procedimentos aceitos e validados por

determinada comunidade científica que irá assegurar a

qualidade e a fidedignidade do conhecimento gerado”

▪ “Conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos

adotados para se atingir o conhecimento.”

Considerações finais

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➢ “Para que um conhecimento possa ser considerado

científico, torna-se necessário um conjunto de operações

mentais e técnicas que possibilitam a verificação do

processo de obtenção.”

Considerações finais

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Considerações finais

➢ É atraente atribuir este papel mágico para a ciência,

reforçando que ciência é algo místico (deixar a mente livre,

observar e descobrir);

➢ Reforça a ideia de que fazer ciência não é pra qualquer um,

apenas para os gênios que, trancados em seus laboratórios,

conseguem libertar a mente e fazer suas mais brilhantes

experiências;

➢ Como não há um critério de demarcação definitivo é

imposto que será científico aquilo que a comunidade

científica apreciar e reconhecer como sendo científico.

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Considerações finais

➢ Não há consenso sobre o que é Ciência, tampouco sobre

qual a linha que separa Ciência e pseudo-ciência. A

ciência, diferente do que muitos filósofos acreditaram, não

começa com observações livres de pressupostos teóricos, a

partir das quais leis universais são derivadas por indução.

As teorias científicas são construções humanas,

impregnadas de convicções dos cientistas e seu caráter não

é definitivo, muito pelo contrário.

➢ Não há um método científico único que norteie a atividade

científica.

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sLICENCIATURAS EM FÍSICA, QUÍMICA E CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

Análise do artigo: Concepções epistemológicas

veiculadas pelos parâmetros curriculares

nacionais na área de ciências naturais de 5º a 8º

série do ensino fundamental.

Autores: Patricia Visintainer Pino, Fernanda Ostermann e

Marco Antonio Moreira.

http://revistas.if.usp.br/rbpec/article/view/91/83

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sAnálise dos PCN

➢ A concepção de currículo apresentada pelos PCN propõe

uma organização curricular onde o conhecimento é

desenvolvido por áreas interligadas através de temas

transversais.

➢ A escolha do termo “área” tem, como objetivo principal,

introduzir a ideia da integração do conhecimento das

diferentes disciplinas. A proposta da organização

curricular por área é o caminho sugerido pelos PCN para

a realização de trabalhos interdisciplinares.

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sAnálise dos PCN

➢ Dentro desta proposta de trabalho interdisciplinar, os

conteúdos para cada área de conhecimentos são

organizados a partir de eixos temáticos, que nada mais

são do que um desdobramento dos temas transversais.

➢ Os eixos temáticos foram escolhidos de acordo com a

especificidade de cada área, sendo sua escolha orientada,

principalmente, na análise dos currículos de cada estado,

no aprofundamento das discussões de cada área e nos

temas transversais.

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sAnálise dos PCN

➢ Os eixos temáticos a serem desenvolvidos na área de

Ciências Naturais foram selecionados também de acordo

com a sua importância social, seu significado para o

aluno e sua relevância científico tecnológica.

➢ Dentro deste quadro de critérios, foram propostos para

essa área os seguintes eixos temáticos: Ambiente, Ser

Humano, Recursos Tecnológicos, Terra e Universo.

➢ Os três primeiros eixos são desenvolvidos em todos os

quatro ciclos; o eixo Terra e Universo é desenvolvido

somente nos dois últimos ciclos

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sAnálise dos PCN

➢ Os PCN parecem rejeitar a ideia da aquisição do saber

como uma construção isolada do aluno, defendendo que

essa aquisição deve acontecer a partir de uma

(re)elaboração crítica da realidade, social, política,

histórica e tecnológica que cerca a escola. No entanto, é

ambígua a posição dos PCN em relação à concepção de

ciência como construção coletiva:

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sAnálise dos PCN

➢ “São traços gerais das Ciências buscar compreender a

natureza, gerar representações do mundo - como se

entende o universo, o espaço, o tempo, a matéria, o ser

humano, a vida -, descobrir e explicar novos fenômenos

naturais, organizar e sintetizar o conhecimento em

teorias, trabalhadas e debatidas pela comunidade

científica, que também se ocupa da difusão social do

conhecimento.” (PCN; Ciências Naturais, p.26)

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sAnálise dos PCN

➢ Ao afirmar que descobrir novos fenômenos naturais é

um dos meios para a produção do conhecimento, os PCN

podem induzir os professores à ideia de que a ciência

segue uma sequência lógica e rígida de passos que

começa com a observação e culmina com a “descoberta”

de princípios físicos, ou neles reforçam essa ideia.

➢ A visão positivista – criticada pelos epistemólogos - tem,

como alicerce, a observação e a experimentação.

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sAnálise dos PCN

➢ De acordo com os empiristas-indutivistas, as leis físicas

são obtidas a partir de enunciados observacionais

singulares que descrevem algo observado e

experimentado.

➢ Os PCN perdem a oportunidade de formular uma crítica

fundamentada a essa visão. Ao contrário, o documento

utiliza argumentos que acabam conduzindo os professores

a uma interpretação errônea sobre a natureza da ciência.

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sAnálise dos PCN

➢ Dizer que descobrir fenômenos é traço geral para

compreensão da natureza da ciência contribui para que

um leitor desavisado mantenha a concepção empirista-

indutivista de ciência amplamente difundida nos livros

didáticos e nas aulas de Ciências.

➢ Há uma visão dominante que considera a ciência como

um saber objetivamente estabelecido e adquirido através

do acúmulo de informação.

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sAnálise dos PCN

➢ Descrever traços gerais das Ciências através de palavras

como: descobrir, organizar e sistematizar não poderia

levar os professores a uma interpretação positivista de

desenvolvimento científico?

➢ É evidente a falta de comprometimento, por parte dos

PCN, em posicionar-se teoricamente em relação às

possíveis concepções referentes à natureza da ciência.

Inúmeras vezes, durante a exposição de ideias, o

documento teve a oportunidade de colocar-se contrário à

visão empirista-indutivista de ciência, mas, infelizmente,

não o fez.

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sAnálise dos PCN

➢ O documento critica a maneira como a Ciência é tratada

pelos livros, de forma fragmentada e restrita.

“A compreensão do que é Ciência por meio desta perspectiva

enciclopédica livresca e fragmentada não reflete sua natureza

dinâmica, articulada, histórica e não neutra, conforme é

colocada atualmente.” (PCN; Ciências Naturais, p. 27)

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sAnálise dos PCN

➢ Pode-se observar que o documento apresenta a aquisição do

conhecimento como resultado de uma interação de saberes

- dinâmica, articulada, histórica e não neutra, conforme

colocada atualmente - no entanto, fica a pergunta: Em que

referenciais epistemológicos estão baseados os PCN?

➢ Seria este o momento ideal para os PCN defenderem uma

posição crítica à visão de ciência contida nos livros e

difundida no ensino de Ciência, porém, não é isso que

fazem. Ao contrário, os PCN caem, novamente, na

ambiguidade ao apresentarem a concepção de método

científico aos professores.

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sAnálise dos PCN

“As diferentes Ciências utilizam-se de diferentes métodos de

investigação, sendo impreciso definir as etapas de um método

científico único e igualmente significativo para todas as

Ciências e suas diferentes abordagens. Muitas metodologias

vão sendo criadas, às vezes confundem-se com as próprias

pesquisas.”(PCN; Ciências Naturais, p. 24)

➢ Pesquisas atuais na área de ensino de Ciências mostram que

ainda é predominante entre os professores a ideia de que

existe o método científico. Sabe-se que muitas são as

concepções errôneas atribuídas acerca do processo de

produção de conhecimento.

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sAnálise dos PCN

➢ Professores desavisados, ao lerem o trecho anterior dos

PCN, podem ser levados a pensar que é preciso então

“descobrir” o método científico próprio para cada área de

conhecimento.

➢ Não parece adequado que os PCN ainda sugiram que exista

um método científico, ainda que diferentes em cada ciência,

que necessariamente conduza à “descoberta” de fenômenos

naturais.

➢ Mais uma vez os PCN se colocam em direção oposta às

concepções epistemológicas contemporâneas sobre como se

faz ciência.

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sAnálise dos PCN

➢ Ao perder a oportunidade de elaborar uma crítica à visão de

método científico os PCN acabam levando o professor a

continuar com a visão com a qual ele está mais adaptado e

como lhe foi ensinado.

➢ Transmitir aos professores a visão de que cada ciência

possui um método científico próprio – com uma sequência

lógica e rígida de passos a serem seguidos – só reforça as

concepções equivocadas sobre a natureza da ciência,

predominante no ensino de Ciências.

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sAnálise dos PCN

➢ É clara a preocupação dos PCN em mostrar como devemos

fazer Ciência na escola:

“... é importante que, durante a escolaridade fundamental, o

estudante possa refletir sobre a natureza do conhecimento e do

fazer científico e tecnológico ...” (PCNs; Ciências Naturais, p.

88)

➢ Como é possível esperar dos alunos um novo entendimento

sobre a natureza da ciência sem que sejam disponibilizados

subsídios teóricos suficientes aos professores?

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sAnálise dos PCN

➢ Ao isentarem-se em relação a uma posição epistemológica,

os PCN acabam não propiciando ao professor condições para

que esse tenha acesso a novos referenciais teóricos. Como os

professores poderiam, então, buscar uma mudança

epistemológica se nem ao menos sabem quais são as

possíveis linhas epistemológicas?

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sAnálise dos PCN

➢ A citação a seguir é mais um bom exemplo do quanto é

contraditório o discurso apresentado pelos PCN:

“Ao descobrir e explicar fenômenos naturais organizam-se e

sintetizam-se conhecimentos em teorias continuamente

debatidas, modificadas e validadas pelas comunidades

científicas... Teorias apresentam-se como conjuntos de

afirmações, hipóteses, e metodologias fortemente articuladas”.

(PCN; Ciências Naturais, p. 24)

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sAnálise dos PCN

➢ O documento, mais uma vez, parece induzir os

professores a uma visão empirista-indutivista de ciência,

ao utilizar, de forma infeliz, o verbo “descobri”.

➢ É importante ressaltar que a aprendizagem por meio da

descoberta, ainda hoje, é muito difundida no ensino de

Ciências como um método “construtivista”.

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sAnálise dos PCN

➢ Cabe aqui questionar, então, se colocações como estas,

deixam claro aos professores o entendimento da ciência

como construção humana.

➢ A total falta de clareza em relação às linhas

epistemológicas veiculadas pelos PCN só intensifica a já

hegemônica visão de método científico no ensino de

Ciências.

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sAnálise dos PCN

➢ Em contrapartida, na seguinte citação fica clara a

preocupação em difundir a visão de construção do

conhecimento:

“... é necessário favorecer o desenvolvimento de posturas

reflexiva e investigativa, de não-aceitação, a priori, de ideias e

informações, assim como a percepção dos limites das

explicações inclusive dos modelos científicos, colaborando para

a construção da autonomia de pensamento e de ação.” (PCN;

Ciências Naturais, p. 23)

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sAnálise dos PCN

➢ O documento deixa explícito que o currículo deve ser tratado

como um instrumento de compreensão do mundo.

➢ É evidente seu maior cuidado ao destacar como concepção

de ensino-aprendizagem o construtivismo.

➢ Nesse sentido, os PCN citam teóricos como Piaget,

Vygotsky, Ausubel.

➢ Já não se pode dizer o mesmo a respeito do destaque dado as

visões epistemológicas sobre a natureza da ciência. Nesse

aspecto não há essa clareza.

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➢ Os Parâmetros levantam indiretamente a questão da

necessidade de um referencial epistemológico para o ensino

de Ciências, para que realmente o conhecimento seja

construído:

“É importante que o professor tenha consciência ... para que

possa superar suas próprias pré-concepções e retrabalhar

algumas das noções que os alunos trazem ... O aprendizado

científico nesse sentido, é um aprendizado integrado aos

conhecimentos culturais.”(PCN; Ciências Naturais, p. 46)

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➢ Cabe aqui levantarmos as seguintes questões:

▪ a quais preconcepções o documento estaria se referindo?

Essas preconcepções referem-se à visão empirista de

ciência que a maioria dos professores apresentam? Ou

seriam preconcepções relacionadas ao ensino

aprendizagem?

➢ Os PCN afirmam que as preconcepções sobre a natureza da

ciência apresentada pelos professores são equivocadas (PCN;

Introdução, p. 35).

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➢ O que não é possível afirmar é se os PCN estão a favor ou

contra a concepção empirista de ciência.

➢ Nesse sentido, não é possível esperar que o professor mude

suas preconcepções sobre a natureza da ciência sem que lhe

seja esclarecido qual é a visão de ciência combatida pelos

PCN.

➢ Ao não se posicionarem em relação a uma postura

epistemológica, os PCN acabam, mais uma vez, contribuindo

para que concepções epistemologicamente errôneas

continuem prevalecendo no ensino de Ciências.

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➢ Em contrapartida ao enfoque declarado para os

referenciais teóricos de ensino aprendizagem, em

momento algum os Parâmetros disponibilizam aos

professores fontes e recursos para um aprofundamento

teórico sobre epistemologia.

➢ Não fica claro o posicionamento dos Parâmetros em

relação a referenciais teóricos para epistemologia da

ciência.

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➢ Os PCN apresentam aos professores uma visão ingênua

sobre ciências, o que acaba por reforçar uma ênfase na visão

empirista-indutivista, predominante no ensino de Ciências.

➢ A posição ambígua do documento em relação à noção de

conhecimento e de ciência preocupa pelo simples fato de que

a visão positivista ainda prevalece nas áreas científicas.

➢ Caberia a um documento oficial rejeitá-la explicitamente.

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sAnálise dos PCN

➢ Pode-se concluir que a forma acrítica, ou ingênua como a

ciência é apresentada pelos PCN leva os professores a

reforçarem a ideia de que a maneira certa de se fazer ciência

segue um programa empirista-indutivista.

➢ A falta de posicionamento dos PCN em relação às

concepções epistemológicas de ciência induz os professores

a compreenderem que só se faz ciência a partir da descoberta

dos fenômenos, seguindo a velha tradição aristotélica de

buscar uma ordem fixa na natureza e alguns critérios

universais de racionalidade.

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sAnálise dos PCN

➢ Provavelmente, assumir apenas uma postura epistemológica

não seja tão rico para o trabalho do professor, mas combater

a visão empirista-indutivista - ponto de consenso entre os

epistemólogos contemporâneos - é sim tarefa de uma

reforma curricular como proposta pelos PCN.