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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DOS ALIMENTOS CURSO DE QUÍMICA DE ALIMENTOS Processamento de Pêssego em Calda e Desenvolvimento de um Novo Produto (Frutas em Gel) Relatório final apresentado à Universidade Federal de Pelotas, sob a orientação da Profª. Claire Tondo Vendruscolo, como parte das exigências da disciplina de Estágio Supervisionado, do curso de Química de Alimentos, para obtenção do título de Bacharel em Química de Alimentos. Mateus Espinoza Gularte Pelotas, 17 de dezembro de 2007

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO - Bacharelado Química de ... · A produção inicial da empresa era de aproximadamente 60 mil latas de pêssego em calda ao ano, atualmente conta com uma

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DOS ALIMENTOS

CURSO DE QUÍMICA DE ALIMENTOS

Processamento de Pêssego em Calda e Desenvolvimento de um Novo Produto

(Frutas em Gel)

Relatório final apresentado à Universidade Federal de Pelotas, sob a orientação da Profª. Claire Tondo Vendruscolo, como parte das exigências da disciplina de Estágio Supervisionado, do curso de Química de Alimentos, para obtenção do título de Bacharel em Química de Alimentos.

Mateus Espinoza Gularte

Pelotas, 17 de dezembro de 2007

2

Mateus Espinoza Gularte

[email protected]

CONCEDENTE

ICALDA – Indústria de Conservas Alimentícias Leon LTDA

Limitada

Setor de Produção e Laboratório de Controle de Qualidade

Endereço: Rua Giuseppe Mattea, 307 (Distrito Industrial) – Pelotas/ RS

Telefone: (53) 3271 - 9066

http://www.icalda.com.br

Supervisor: Marcos Eduardo Costa – Diretor

ESTÁGIO

Área de atuação: Produção, Laboratório de Controle de Qualidade

Período do termo de compromisso: 13/08/07 a 15/01/08

Período coberto pelo relatório: 13/08/07 a 14/12/07

Números de horas do relatório: 450 horas

Claire Tondo Vendrusculo

2ºSemestre de 2007

3

Resumo

Gularte, Mateus Espinoza. Processamento de Pêssego em Calda e

Desenvolvimento de Novo Produto (Frutas em Gel). 2007. Relatório Final de

Estágio. 27f. (Curso de Bacharelado em Química de Alimentos), Universidade

Federal de Pelotas, Pelotas.

O presente trabalho tem como objetivo apresentar as atividades propostas

durante o período de estágio curricular. O estágio foi realizado na Indústria de

Conservas Alimentícias Leon LTDA., situada na cidade de Pelotas. O objetivo do

estágio foi pôr em prática os ensinamentos obtidos durante a graduação. Sendo que

realizou-se o treinamento dos funcionários sobre higiene pessoal, através da

utilização de folhetos explicativos e recurso audiovisual em uma palestra ministrada

na própria indústria. Acompanharam-se ainda as etapas de produção de pêssego

em calda, que constam em recepção, seleção, classificação, corte e

descaroçamento, descascamento, lavagem, classificação, acondicionamento,

enchimento com líquido de cobertura, recravação, tratamento térmico, resfriamento e

armazenamento. Na linha de produção acompanhou-se os processos a fim de

avaliar se eram realizados como recomendado em bibliografia, como por exemplo,

temperatura do tratamento térmico ou o teor de sólidos solúveis na calda. Após o

produto acabado, realizavam-se análises para o controle de qualidade, onde eram

determinados os pesos, bruto, líquido e drenado, espaço livre, número de unidades,

pH, dentre outras. Realizou-se ainda a elaboração de um novo produto. Para tanto

partiu-se para o projeto informacional, onde objetivou-se coletar o máximo de

informação a cerca de hidrocolóides e seu comportamento frente a diferentes

condições. Após está etapa, utilizando as gomas, que segundo a bibliografia

apresentariam as melhores condições de processamento, seguiu-se para a

produção em escala laboratorial. Durante os testes em escala laboratorial definiu-se

uma formulação ideal entre os produtos, partindo-se a partir deste ponto para a

produção em escala piloto. Após a produção em escala piloto do novo produto,

acredita-se que há a possibilidade de investimento neste tipo de produto, pois há a

viabilidade de produção, necessitando, no entanto, da realização de uma análise

sensorial para avaliar o índice de aceitação do produto.

4

Sumário

Resumo

1.Introdução..................................................................................................................5

1.1 Caracterização da empresa concedente................................................................5

2.Objetivos.................................. .................................. ..............................................8

2.1Objetivos gerais.................................. ....................................................................8

2.2 Objetivos específicos.................................. ...........................................................8

3. Atividades Desenvolvidas.................................. ......................................................9

3.1Treinamento dos colaboradores.................................. ...........................................9

3.2 Produção de pêssego em calda.................................. ..........................................9

3.2.1 Recepção.................................. .................................. ......................................9

3.2.2 Seleção.................................. .................................. ........................................10

3.2.3 Classificação.................................. ..................................................................11

3.2.4 Corte e Descaroçamento.................................. ................................................12

3.2.5 Descascamento.................................. ..............................................................14

3.2.6 Lavagem.................................. .................................. ......................................15

3.2.7 Classificação................................. ...................................................................16

3.2.8 Acondicionamento.................................. ..........................................................17

3.2.9 Exaustão.................................. .................................. ......................................18

3.2.10 Recravação.................................. ..................................................................18

3.2.11 Tratamento térmico .................................. ......................................................19

3.2.12 Resfriamento.................................. ................................................................20

3.2.13 Armazenamento.................................. ...........................................................21

3.3 Desenvolvimento de novo produto.................................. ....................................22

4.Sugestões.................................. .................................. ..........................................23

5.Conclusões.................................. .................................. ........................................25

6. Referências.................................. ................................. .......................................25

Apêndice A.................................. ......................................... ....................................26

Anexo 1.................................. ............................................... ...................................27

5

Lista de Figuras

Figura 1 - Organograma da Indústria de Conservas Alimentícias Leon LTDA 6

Figura 2 - Fluxograma de processamento de pêssego em calda 10

Figura 3 - Classificador de rolos 11

Figura 4 - Canaletes de passagem das frutas 12

Figura 5 - Descaroçadeira 13

Figura 6 - Descaroçadeira 13

Figura 7 - Descaroçadeira 13

Figura 8 - Tambor rotativo de lavagem 15

Figura 9 - Tambor rotativo de lavagem 15

Figura 10 - Escovador de frutas 16

Figura 11 - Seleção de pêssego após escovação 16

Figura 12 - Classificador vibratório 17

Figura 13 - Entrada da lata na recravadeira 19

Figura 14 - Saída da lata recravada 19

6

1 Introdução

1.1 Caracterização da empresa concedente

Como parte integrante à obtenção do título de Bacharel em Química de

Alimentos, há a necessidade de realização de estágio supervisionado, num período

total de 450 horas. Este foi realizado na Indústria de Conservas Alimentícias Leon

Ltda – Icalda, situada na cidade de Pelotas, no estado do Rio Grande do Sul, tendo

como data de inicio o dia 13 de agosto de 2007 e data de término dia 14 de janeiro

de 2008.

A Indústria de Conservas Alimentícias Leon Ltda iniciou suas atividades há

mais de 30 anos, tendo como principal produto o pêssego em calda da marca

Cantarelli. A produção inicial da empresa era de aproximadamente 60 mil latas de

pêssego em calda ao ano, atualmente conta com uma produção de cerca de 4,2

milhões de latas ao ano.

A empresa conta com áreas em sua estrutura destinadas ao recebimento e

estocagem da matéria-prima, setor de produção, setor de rotulagem e

encaixotamento, depósito para produtos acabados, laboratório para análises físico-

químicas e controle de qualidade, estação de tratamento de efluentes, área para

caldeiras, refeitório, vestiários, sanitários e departamento administrativo.

7

A Fig. 1 demonstra o Organograma da empresa, mostrando seus

departamentos e demais setores da produção.

Atualmente processa-se na planta da indústria frutas como figo, uva, abacaxi,

cereja, morango, amora e pêssego. Os produtos elaborados consistem em geleias

de abacaxi, amora, morango, pêssego; frutas em calda como figo, abacaxi, pêssego

e cerejas e ainda polpa de pêssego.

As geléias de frutas são comercializadas em embalagens de vidro de 270

gramas. Já as frutas em calda como pêssegos são acondicionadas em embalagens

metálicas de 350 gramas e 820 gramas e há, ainda, 5 formas distintas de

apresentação das frutas acondicionadas na embalagem de maior volume, sendo

estas relativas à qualidade e tamanho das metades dos frutos presentes nas

embalagens. Em ordem decrescente de qualidade têm-se os tipos: Extra (possui de

8 a 12 metades por embalagem), Especial (de 12 a 16 metades), Primeira (16 ou

mais metades), Serra (metades retocadas) e Fatias. As embalagens de pêssego em

calda de 350 gramas recebem frutos classificados como “Primeira”. Figos e abacaxis

são comercializados em embalagens metálicas de 820 gramas, sendo que os

abacaxis apresentam-se na forma de rodelas, contendo por lata entre 7 e 10 fatias;

já os figos são comercializados inteiros, devidamente processados.

Os produtos elaborados pela empresa são comercializados em vários pontos

de venda na cidade de Pelotas e em estabelecimentos fora do estado do Rio Grande

do Sul, como por exemplo, nos estados de Goiás, São Paulo, Santa Catarina e Mato

Grosso do Sul.

8

Durante o período do estágio curricular, foram desenvolvidas atividades no

setor de processamento, laboratório de controle de qualidade, instrução aos

funcionários quanto à higiene operacional e desenvolvimento de um novo produto na

Indústria de Conservas Alimentícias Leon LTDA. Nas etapas de processamento,

principalmente do pêssego, eram observados se os colaboradores seguiam as

recomendações para trabalharem devidamente uniformizados (jaleco, botas e

toucas), bem como, avaliar se as etapas do processo ocorriam de acordo como o

previsto. Eram realizadas também análises no setor de Controle de Qualidade, que

tinham como finalidade determinar se os produtos processados na planta estavam

de acordo com a legislação vigente no país (como por exemplo quanto ao espaço

livre nas embalagens) e ainda dentro dos padrões da indústria (teor de sólidos

solúveis das caldas elaboradas para serem utilizadas como líquido de cobertura nas

compotas). Realizou-se treinamento junto aos funcionários da empresa, relacionado

à Higiene do Manipulador de Alimentos. O treinamento consistiu em um folheto

ilustrativo, com algumas noções de higiene pessoal e também a utilização de

recurso audiovisual, com orientações a cerca da importância de serem seguidas

algumas normas quanto à higiene.

Ainda durante o período de estágio curricular, desenvolveu-se um novo

produto, através da utilização de hidrocolóides. O desenvolvimento do produto teve

como objetivo elaborar um produto semelhante, quanto ao aspecto visual, à de

produtos já existentes comercializados no mercado estadunidense.

9

2 Objetivos

2.1 Objetivo geral

Objetivou-se nesta etapa acompanhar as atividades desenvolvidas na

indústria, com o intuito de colocar em prática e ainda aperfeiçoar os ensinamentos

obtidos durante o período de graduação.

2.2 Objetivos específicos

Durante o estágio curricular objetivou-se realizar o treinamento dos

colaboradores, instruindo-os a cerca da importância da higiene pessoal e a conduta

profissional; acompanhar as etapas do processo de elaboração de pêssego em

calda; realizar o controle de qualidade; desenvolver um novo produto, através da

utilização de alguns hidrocolóides, frutas e sacarose.

10

3 Atividades desenvolvidas

3.1 Treinamento dos colaboradores

A primeira etapa do estágio curricular consistiu em realizar o

treinamento dos colaboradores, acerca de hábitos de higiene pessoal e operacional

durante o trabalho, a fim de obter-se, ao final da linha de processo, um produto com

menores riscos de contaminações, seja de ordem biológica, química e/ ou física,

bem como, a obtenção de um produto com uma boa qualidade.

Para o treinamento foi realizada uma apresentação, com o auxílio de recurso

audiovisual e de folhetos explicativos. Constava na apresentação, os itens mais

importantes que deveriam ser seguidos pelos funcionários, como por exemplo, a

correta higienização das mãos; a importância da utilização do uniforme completo

(touca, tapapó e botas); os acerca do uso de adornos; dentre outros itens de mesma

relevância. Já nos folders desenvolvidos, para serem também utilizados como

material explicativo (Apêndice A), estavam as informações de higiene pessoal de

forma resumida e ilustrada.

3.2 Pêssego em calda

Durante o período de estágio realizou-se o controle da produção de pêssegos

em calda bem como a realização do controle de qualidade do produto. A Fig. 2

apresenta o fluxograma de produção do pêssego em calda, desde o recebimento da

matéria-prima até seu armazenamento.

3.2.1 Recepção

As frutas são transportadas até a indústria, normalmente, em caminhões,

onde estão acondicionadas em caixas plásticas que possuem uma quantidade de

fruta que varia de 18 Kg a 22 Kg. As frutas destinadas ao processo de pêssego em

calda são das variedades granada, precocinho, jade, esmeralda e diamante.

11

3.2.2 Seleção

A etapa de seleção, realizada manualmente visa a retirada de frutos que não

se apresentem em condições adequadas de processo, seja por que seu estágio de

maturação esteja demasiado elevado ou ainda por a fruta apresentar-se verde. As

frutas que apresentam-se com tamanho muito pequeno, podres ou muito maduras

são descartadas, servindo apenas para alimentação animal. Já as que ainda estão

verdes são dispostas de tal forma que possam ser utilizadas posteriormente, pois

frutas como o pêssego apresentam a capacidade de após colhidas, continuar seus

processos fisiológicos até atingir a maturação do fruto.

Figura 2 - Fluxograma de processamento de pêssego em calda.

12

3.2.3 Classificação

A etapa de classificação tem como objetivo separar os frutos de acordo com o

seu tamanho, pois na etapa posterior de corte e descaroçamento, as máquinas são

devidamente ajustadas para comportar o tamanho das frutas que receberão sem,

danificá-las.

A etapa de classificação é realizada com o auxílio de um classificador de

rolos, demonstrado em Fig. 3, estes rolos possuem diferentes espaçamentos entre

si. Na parte inicial da mesa o fruto entra onde os cilindros estão próximos uns aos

outros, passando apenas os objetos de tamanho reduzido. Conforme a esteira

encaminha-se para a parte final, o distanciamento entre os rolos aumenta,

possibilitando que frutos de maiores tamanhos passem por eles. Abaixo dos cilindros

há canaletes, sob esteiras que captam os pêssegos (Fig. 4), que depois de passar

pelos cilindros, os encaminham para a etapa seguinte.

Figura 3 - Classificador de rolos (Icalda. Pelotas, 2007)

13

Figura 4 - Canaletes de passagem das frutas (Icalda. Pelotas, 2007)

3.2.4 Corte e Descaroçamento

Após as frutas serem classificadas pelo tamanho que apresentam, elas

seguem para a etapa de corte e descaroçamento. Esta etapa tem como objetivo

retirar o caroço da fruta e ainda cortá-la longitudinalmente, para facilitar a etapa de

descascamento. Este processo pode se dar manualmente ou de forma mecânica

(JACKIX, 1988).

Na indústria de Conservas Alimentícias Leon LTDA prima-se pelo processo

mecânico. As frutas são colocadas sob depressões em esteiras móveis, no

equipamento adequado para realizar o corte e o descaroçamento, com a parte do

pedúnculo viradas para baixo. Lâminas entram no sentido longitudinal da fruta, de

cima para baixo e vice-versa, até atingir o caroço, uma segunda lamina entra em

contato com o caroço fazendo-o girar e assim na maioria das vezes soltando-o da

fruta. Em seguida, as frutas já cortadas, caem sob mesas vibratórias, com orifícios

de diâmetro pouco maiores que o tamanho do caroço da fruta para separá-los. As

Figuras 5, 6 e 7 mostram respectivamente o equipamento de corte e

descaroçamento, frutas no momento do corte e frutas sob a mesa vibratória.

14

Figura 5 - Descaroçadeira (Icalda. Pelotas, 2007)

Figura 6 - Descaroçadeira Figura 7 – Descaroçadeira Icalda. (Pelotas, 2007) Icalda. (Pelotas, 2007

15

Quando frutas de tamanho demasiado grande são processadas (como

por exemplo pêssegos do cultivar Granada), torna-se mais conveniente a realização

de corte e descaroçamento manual. Pois tendo em vista o tamanho da fruta e o

ajuste de encaixe desta no descaroçador mecânico, ela seria mal cortada, tornando-

se de aspecto não agradável, reduzindo sua qualidade quanto ao aspecto visual.

Após a etapa de descaroçamento a fruta segue por esteiras para a próxima

etapa do processo produtivo.

3.2.5 Descascamento

Segundo Jackix (1988) a retirada da casca de um fruto pode se dar de quatro

maneiras: manualmente, considerada dispendiosa e de baixa produtividade; com

água quente ou vapor; mecanicamente, não servindo para pêssegos e sendo mais

aconselhado para abacaxi, e por último, através de lixiviação com hidróxido de

sódio.

Na Indústria de Conservas Alimentícias Leon Ltda., após a realização do corte

e separação dos caroços dos frutos, estes seguem por esteira até o ponto onde são

dispostas todas as metades dos frutos com a parte convexa para cima para poder

receber o banho de soda. Este banho, realizado por aspersão na superfície do fruto,

tem como objetivo a retirada de sua casca.

A concentração e temperatura em que se encontra a soda utilizada para

remoção da casca do fruto irão influenciar diretamente na eficiência desta etapa. O

recomendado é a utilização de NaOH com concentração de 1 a 2,5% e uma

temperatura ao redor de 80 – 90ºC (JACKIX, 1988). No entanto, estes valores

podem variar dependendo do estágio de maturação do fruto. Durante o estágio

curricular observou-se que a concentração de soda oscilava entre 5 e 12% e a

temperatura variava de 70 a 90ºC.

16

3.2.6 Lavagem

A lavagem constitui-se em uma etapa de grande relevância, pois no processo

anterior utiliza-se NaOH para realizar a remoção das cascas do fruto. Esta etapa

realiza-se em tambor rotativo, onde sob aspersão e alta pressão lava-se os frutos

com água fria, com o intuito de remover restos de cascas ainda aderidas aos

mesmos, bem como, eliminar resíduos de hidróxido de sódio presentes na superfície

do pêssego. As Fig 8 e Fig 9 mostram, respectivamente, a visão externa e interna de

um tambor rotativo de lavagem dos frutos.

Figura 8 - Tambor rotativo de lavagem Figura 9 -Tambor rotativo de (visão externa) (Icalda. Pelotas, 2007) lavagem (Icalda. Pelotas, 2007)

Após a lavagem, as frutas seguem para serem escovadas em um sistema de

rolos com cerdas sob aspersão de água fria. Este processo tem como objetivo

remover restos de cascas e pedúnculos, os quais ainda estejam aderidos ao fruto,

que a pressão de água utilizada durante a lavagem não foi capaz de retirar. A Fig.

10 mostra um equipamento de escovação de frutas.

17

Figura 10 - Escovador de frutas (Icalda. Pelotas, 2007)

3.2.7 Classificação

O processo posterior à escovação é o de classificação, os frutos são

deslocados por esteiras até as mesas de classificação. Neste trajeto são

selecionados, onde os frutos que não apresentam uma boa integridade física ou

ainda que possam estar verdes, maduros em demasia ou podres são removidos,

através de seleção manual, como mostra a Fig. 11.

Figura 11 - Seleção de pêssego após escovação (Icalda. Pelotas, 2007)

18

As frutas são levadas para um classificador vibratório de três estágios, onde

são classificados com relação ao seu tamanho em Extra (frutas de maior tamanho),

Especial (metades de tamanho intermediário) e Primeira (dentre os três tipos o de

menor tamanho). A Fig. 12 mostra um classificador vibratório.

Figura 12 - Classificador Vibratório (Icalda. Pelotas, 2007)

3.2.8 Acondicionamento

Na atapa de acondicionamento, as latas de 820 gramas são devidamente

preenchidas, nelas são colocadas cerca de 450 gramas frutas em metades, de modo

automático. O equipamento que realiza o enchimento das latas com as frutas tem a

capacidade de encher aproximadamente 160 latas por minuto.

A quantidade de fruta no interior da lata deve ser constante, pois o nível de

enchimento está relacionado com o tratamento térmico. Um súper enchimento

diminiu a transferência de calor e, consequentemente, exige maior tempo de

esterilização (JACKIX, 1988).

Devido a isto, para reduzir perdas e manter um nível satisfatório da qualidade

do produto realiza-se o controle de qualidade do peso drenado do produto (Anexo

1).

Após colocar as frutas nas latas, adiciona-se o líquido de cobertura, que tem

como objetivos prencher os interstícios o que caba facilidando a trasmissão de calor,

promove a remoção do ar e realça o sabor das frutas. O ideal é que este líquido de

cobertura se encontre com temperatura próxima 75º C, para evitar a deformação da

lata e favorecer a trasmissão de calor no tratamento térmico (JACKIX, 1988).

O líquido de cobertura utilizado é uma solução de água e sacarose com um

teor de sólidos solúveis entre 28 e 30º Brix, ou seja, de 28 a 30% de açúcar na

19

solução. Segundo Jackix (1988), a concentração utilizada geralmente para a calda é

de 25º Brix. O líquido de cobertura é elaborado em xaropeira em sistema de

bateladas, onde adiciona-se 200 Kg de açúcar cristal em um reservatório e em

seguida completa-se o volume com água até uma marca determinada de modo

empírico, posteriormente realiza-se a determinação do teor de sólidos solúveis com

o auxílio de um refratômetro. Mantem-se a temperatura elevada do sistema com o

auxílio de serpentinas de vapor.

3.2.9 Exaustão

Esta etapa prima pela retirada do ar do tecido da fruta e do interior da

embalagem, isto possibilitará a manutenção do fundo e da tampa da lata côncavos

durante a estocagem; redução aos teores de O2, a fim de reduzir a corrosão das

latas e uma série de reações químicas indesejáveis, como por exemplo a oxidação

de vitaminas e descoloração das frutas; evita ainda a deformação da embalagem

durante o tratamento térmico (ARTHEY & DENNIS, 1992; JACKIX, 1988).

Segundo Jackix (1988), há três métodos distintos para se realizar o vácuo em

uma embalagem: térmico, mecânico e por injeção de vapor. Este último é o aplicado

na Indústria de Conservas Alimentícias Leon Ltda. O método consiste em fazer com

que as frutas já acondicionadas nas latas e cobertas com a calda, sejam

encaminhadas por esteiras ao túnel de exaustão. O túnel possui encanamentos com

vapor, fazendo com que o produto seja aquecido, aumentando o volume do líquido,

o que irá favorecer a formação do vácuo posteriormente.

A temperatura de entrada do produto para realizar a exaustão deve estar

entre 82 a 96 ºC, estando o centro da lata a 77 – 82ºC (CRUESS, 1973).

Observou-se que temperatura de entrada era de aproximadamente 65 -70ºC,

o tempo decorrido entre entrada e saída das latas é de aproximadamente 10

minutos, já a temperatura de saída estava em torno de 75ºC. Pelo túnel de exaustão

passam aproximadamente 160 latas por minuto.

3.2.10 Recravação

Consiste em um fechamento hermético da lata, ou seja, a junção da tampa

com a lata, protegendo o alimento durante o tratamento térmico, o resfriamento e o

armazenamento. A Fig. 13 e Fig. 14 mostram, respectivamente, o momento de

20

entrada da lata na recravadeira e o momento de saída com a tampa junto ao corpo

da lata.

Figura 13 - Entrada da lata na Figura 14 - Saída da lata recravada Recravadeira (Icalda. Pelotas, 2007) (Icalda. Pelotas, 2007) A recravadeira trabalha em sintonia com o sistema de exaustão, logo ela é

ajustada para poder recravar 160 latas por mimuto, aproximadamente.

Segundo Jackix (1988), a recravação é uma operação importante e deve ser

perfeita, necessitando de um controle muito cuidadoso. Para tanto faz-se um

controle de qualidade e availa-se os ítens apresentados Anexo B. Mede-se o

comprimento da recravação (CR), espessura da recravação (ER), o gancho do corpo

(GC) - dobra na parte superior formada para prender a tampa -, gancho da tampa

(GT), espessura do corpo (EC) e espessura da tampa (ET). Colocam-se os valores

na fórmula abaixo, o resultado é expresso em percentagem e deve ser superior a

50%, para assegurar uma boa qualidade do fechamento realizado pela recravadeira.

Transapasse (%) = (GC + GT + ET) – CR ----------------------------------------------

(ET + EC) x 2 - CR

3.2.11 Tratamento térmico

Tendo em vista que, por mais que trabalhe-se com boas práticas de

fabricação e o máximo de higiene possível, a carga microbiana de um alimento,

neste caso o pêssego, é relativamente alta. O produto já possui uma flora

microbiana natural, que traz consigo do campo, e ao longo do processo estes

21

microrganismos não são efetivamente eliminados. Portanto, faz-se necessário a

utilização de um sistema de aquecimento que vise a eliminação dos microrganismos

até níveis seguros ao consumidor e também que elimine a flora deteriorante, ainda

este tratamento térmico auxilia na textura, sabor e aparência do produto, segundo

Jackix (1988).

Como o pêssego é considerado um alimento ácido, possuindo um valor de pH

entre 3,0 e 4,0, seu tratamento térmico é realizado a uma temperatura de 100ºC a

pressão atmosférica.

Na indústria utiliza-se uma temperatura de 100ºC, em um sistema contínuo,

onde uma correia trasporta as latas por toda extensão do sistema, o percurso que é

realizada com as latas imersas em água leva aproximadamente 10 minutos.

Faz-se o Controle de qualidade, regulando a temperatura e tempo de

tratamento.

3.2.12 Resfriamento

O resfriamento das latas faz-se necessário latas o tratamento térmico, pois se

não realizado o produto permanecerá tempo demais na faixa ótima de

desenvolvimento de microrganismos termófilos, o que poderá trazer alterações

indesejáveis ao produto. Paralelo a isto, o produto fica sujeito a uma supercocção,

ocasionando um aspecto desagradável quanto ao sabor, cor e textura. Segundo

JACKIX (1988), a temperatura ideal para resfriar as latas seria a de 38ºC. No

entanto se a temperatura for mais baixa, pode ocorrer dificuldade na evaporação da

água que se encontra na face externa da lata, fato que, ao longo do tempo, pode

enferrujá-la.

Após o tratamento térmico no sistema contínuo, as latas saem do tanque

onde passam pela água a 100ºC, e ainda por esteiras, encaminham-se para o

tanque de resfriamento. Este possui aproximadamente 9 metros de comprimento, e

as latas levam cerca de 10 minutos para percorrem sua extensão, posteriormente

são disposta sob esteiras para serem levada a próxima etapa do processamento.

3.2.13 Armazenamento

Após todas as etapas do processo produtivo, os pêssegos em calda são

destinados para armazenamento. Nesta etapa ocorre a equalização da calda com a

22

fruta, ou seja, parte dos sólidos solúveis presentes na calda difundem pelo tecido da

fruta, logo parte da água livre do interior da fruta migra para o seio da solução.

Nesta etapa as latas são armazenadas em caixas de papelão num total de

doze unidade por caixa.

Após o produto pronto, é retirada uma lata de cada tipo de produto por lote

para realização de análises para o controle de qualidade. Determina-se o peso

bruto, peso drenado, peso líquido, teor de sólidos solúveis, pH, número de metades,

cor, textura, sabor e aroma, dentre outras determinações. Segue em Anexo 1 o

modelo de ficha com as determinações a serem realizadas.

3.3 Desenvolvimento de novo produto

Tendo em vista a estagnação do setor de frutas processadas na região de

Pelotas, onde as indústrias locais tem como produto principal para venda o mesmo

modelo há alguns anos, as chamadas compotas de frutas, que consistem em frutas

acondicionadas em latas e adicionadas de um líquido de cobertura, que contém

água e sacarose, submetidas a tratamento térmico adequado. Uma das frutas que é

processada desta forma é o pêssego, produto tradicional na região sul do país.

Segundo Vendrusculo & Vendrusculo (2002) a região de Pelotas é a maior produtora

de pêssegos em calda do Brasil, respondendo por 97% da produção.

Pêssegos em calda são produtos que não possibilitam a visualização do seu

conteúdo antes de abertas as embalagens, fator que leva a dúvida ao consumidor a

cerca da qualidade do produto que está adquirindo.

Foi proposto o desenvolvimento de um novo produto para empresa Indústria

de Conservas Alimentícias Leon Ltda., similiar a um já existente no mercado

estadounidense. O produto apresenta-se em potes plásticos transparentes, consiste

em frutas suspensas em um gel. O gel é formado por uma mistura de hidrocolóides,

açúcar, frutas e água ou uma segunda opção de substituição da água por suco de

fruta.

O projeto visa a utlização de frutas da região sul, como por exemplo mirtilo,

abacaxi e pêssego. Pode-se, para este tipo de produto, aproveitar frutos que são

considerados, na maioria das vezes, inaptos para o processo convencional ao qual

são destinados, já que as frutas, quando de tamanho relativamante grande, serão

cortadas em cubos de aproximadamente 1centímetro de aresta.

23

Para o desenvolvimento do projeto, partiu-se primeiramente para a parte do

projeto informacional, onde coletou-se a maior quantidade possível de informações a

cerca do comportamento de polissacarídeos frente a diferentes condições, como por

exemplo, quando expostos a um valor de pH próximo a 3,0 ou quando submetidos a

aquecimento por um dado tempo com uma temperatura ao redor de 100ºC. Após,

segundo as bilbiografias consultadas, ter-se encontrado as gomas que

apresentavam as características desejadas partiu-se para a realização de testes em

nível laboratorial. Os testes tiveram como intuito avaliar a mistura de gomas quanto

as caraterísticas solicitadas ou ainda as caractéristicas consideradas ideais. Após

certo período realizando análises para verificar se o gel produzido apresentava

estabilidade frente ao aquecimento e a redução do pH, partiu-se para a etapa de

elaboração do produto, já com sua formulação ideal determinada, em escala piloto.

Nesta nova etapa constatou-se que o produto apresentou também as características

desejadas, podendo portanto, em uma próxima etapa partir-se para a realização de

testes de análise sensorial, para avaliar a a aceitação dos consumidores ao produto.

24

4 Sugestões

O estágio é uma etapa de grande importância para o estudante, podendo ele

nesta fase confrontar as idéias trabalhadas no campo teórico nas aulas, durante o

período de graduação, com a aplicação, na prática, de suas atividades. Acredito,

portanto, que este ponto deveria ser melhor analisado pelo corpo docente, que

deveriam oportunizar com maior empenho estágios extracurriculares aos

acadêmicos, pois esta é uma ótima forma de crescermos intelectualmente.

25

5 Conclusões

Durante o período de estágio curricular do Curso de Bacharelado em Química

de Alimentos, houve a possibilidade de colocar em prática e aperfeiçoar os

ensinamentos adquiridos durante a graduação.

Pode-se através do estágio conhecer a realidade da indústria pelotense, esta

muito carente, muitas vezes necessitando de conhecimentos técnicos na área de

ciência e tecnologia de alimentos. Abre-se assim, um nicho de mercado para o

Químico de Alimentos, que através de seu conhecimento pode oportunizar melhores

condições para a indústria, seja melhorando as condições de trabalho já existentes

ou ainda inovando no setor alimentício local.

26

Referências

ARTHEY,D.; DENNIS, C. Processado de hortalizas. Zaragoza:.Acribia, 1992. 317p.

CRUESS, W.V. Produtos industriais de frutas e hortaliças: Livro para

estudantes, pesquisadores e industriais. Volume 1.São Paulo: Edgard Blüncher,

1973. 446p.

FRASIER, W.C. Microbiologia de los alimentos. 3ed. Zaragoza: Acribia, 1985.

JACKIX, M. H. Doces, geléias e frutas em calda. Campinas: Editora UNICAMP,

1988.

TRIGO, Viana. Manual prático de higiene e sanidade nas unidades de

alimentação e nutrição. São Paulo: Livraria Varela, 1999.

VENDRUSCOLO, J. L., VENDRUSCOLO, C.T. Industrialização do pêssego em

calda. Pelotas, 2002

27

APÊNDICE A ICALDA – INDÚSTRIA DE CONSERVAS ALIMENTÍCIAS LEON LTDA

HIGIENE E APARÊNCIA PESSOAL

Em qualquer caso de intoxicação alimentar existe sempre uma causa HUMANA. A intoxicação alimentar não

“acontece” por acaso, ela é sempre causada por alguém que não tem bons hábitos de higiene, isto é, organismos que levam à intoxicação alimentar estão presentes em todas as pessoas. Portanto é essencial que você siga uma rotina de higiene que possa completar bons hábitos de higiene.

HIGIENE PESSOAL

Mãos e Pele

É essencial que suas mãos estejam tão

higiênicas quanto possível o tempo todo.

Deve-se lavar mãos de maneira

freqüente e cuidadosa com um agente de

limpeza e água corrente. As mãos devem

ser lavadas: antes do início de trabalho,

imediatamente após o sanitário, e toda vez

que for necessário.

As unhas devem ser mantidas sempre

curtas, limpas e sem esmalte.

Lembre-se: “O uso de luvas não elimina

a necessidade de lavar as mão e mante-

las, com unhas curtas e sem esmalte”.

Cortes , machucados,

feridas, raspões

• Devem ser mantidos limpos e

protegidos.

• Todos ferimentos devem ser cobertos com algum tipo de proteção à prova d’água e de cor viva.

Orelha, Nariz, e Boca

A boca, orelha e nariz são um lar

para algumas bactérias, por isso não

deve-se levar a mão a boca, mascar

chiclete, tossir ou espirrar sobre os

alimentos e dentro do local de

produção, nem provar alimentos.

Cabelos e Barba

Todos os manipuladores de alimentos

devem usar proteção adequada na cabeça,

de maneira a cobrir completamente os

cabelos.

Os homens devem estar bem barbeados

para ajudar a promover um ambiente de

limpeza.

Hábito de Fumar

Fumar nas áreas de produção é

uma prática ilegal. É permitido fumar

unicamente em áreas autorizadas,

durante o intervalo de almoço.

Uso de Jóias e Perfume

Não é permitido o uso de acessórios

sejam, brincos, anéis, pulseiras,

correntes, relógios e etc., durante a

jornada de trabalho. Perfumes e loção

após barba, podem contaminar os

alimentos pela absorção dos odores

pelo alimento.

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ANEXO 1 – Planilha para controle do produto

ICALDA INDÚSTRIA DE CONSERVAS ALIMENTÍCIAS LEON

CONTROLE DE PRODUTO

DATA: PRODUTO: TURNO:

DESCRIÇÃO AMOSTRA 1 AMOSTRA 2 AMOSTRA 3 AMOSTRA 4 AMOSTRA 5 AMOSTRA 6

TIPO

PESO BRUTO g

PESO LÍQUIDO g

PESO DRENADO g

VÁCUO " Hg

ESPAÇO LIVRE mm

CONC. CALDA º BRIX

CONC. FINAL º BRIX

pH

ACIDEZ %

N. UNIDADES

DEFEITOS

COR

SABOR / AROMA

LÍQUIDO COBERTURA

TEXTURA

COMP. RECR. mm

ESP. RECR. mm

GANCHO CORPO mm

GANCHO TAMPA mm

ESP. CORPO mm

ESP. TAMPA mm

TRANSPASSE %

OBS: