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MODERNIZAÇÃO DA LOGÍSTICA INTERNA DE EMPRESA
DISTRIBUIDORA DE ALIMENTOS NO MUNICÍPIO DE GUAJARÁ-MIRI
Área temática: Logística
Ademar Silva Scheidt Junior
Francisco Alexandre Bellinassi Paim
José Otávio Valiante
George Queiroga Estrela
Resumo: Este trabalho objetivou analisar e avaliar os ganhos financeiros e de desempenho na logística interna na
introdução de uma nova tecnologia de separação dos produtos em uma empresa distribuidora de Guajará-Mirim/RO,
Optou-se pela pesquisa bibliográfica e de campo, com abordagem quantitiativo-descritiva, de caráter avaliativo. Para
maior aprofundamento do tema, buscaram-se subsídios nas seguintes matrizes teóricas: MACHADO (2010),
ALENCAR (2010), CARVALHO (2002), GASNIE (2010), LUCAS (2010), BERNARDO (2004), LACERDA (2010),
LEITE (2010), FLEURY (2000), PORTER (1989), FREIRE (2010), SILVA (2010), Marinha do Brasil (2003), GOMES
(2005), MOURA (2010), dentre outros. Os dados foram coletados no período de outubro a novembro de 2010, através
de fontes primárias e secundárias. Utilizaram-se os seguintes procedimentos: análise documental e observação em
loco. Os resultados obtidos demonstraram que há uma expressiva redução de tempo e perdas e que tais reduções
influenciam no preço final do produto e na qualidade percebida pelo cliente.
Palavras-chaves:
ISSN 1984-9354
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
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1. INTRODUÇÃO
A Logística foi criada há muito tempo com fins militares, para que os suprimentos
estivessem no lugar certo, na hora certa, pois nas guerras era necessário que os suprimentos estivessem
no local onde eram necessários em tempo hábil e, quando isso não acontecia, guerras corriam o sério
risco de ser perdidas. Com o passar do tempo, as empresas notaram a necessidade de aplicar estes
princípios militares para que o material necessário para a produção nunca faltasse tanto na linha de
produção quanto nas prateleiras dos varejistas.
Segundo Novaes (1996), a logística está subdividida em: Logística de materiais, logística
interna e logística de distribuição física. O que se deseja abordar mais especificamente é o modo com
que uma empresa de distribuição de itens alimentícios de Guajará-Mirim otimizou ou não suas
operações de logística interna com a implantação da tecnologia de transmissão de dados através de
redes sem fio (Wireless - Rádio Freqüência(RF)) e aparelhos receptores (aparelhos coletores de dados)
de informações na separação de mercadorias, quais as vantagens e disfunções nesta modificação, pois,
por ser uma distribuidora de várias categorias de produtos, a agilidade e confiabilidade na separação
das mercadorias torna-se uma vantagem competitiva.
A pesquisa teve como objetivo analisar as vantagens e desvantagens da implantação do sistema
de rádio frequência e coletores de dados, para auxiliar na logística interna na distribuidora em estudo.
Para tanto foi necessário os seguintes objetivos secundários: Descrever o sistema de logística interna
utilizado anteriormente; Descrever o sistema de Coleta de dados por Rádio Freqüência utilizado
atualmente; Analisar os impactos da implantação do novo sistema logístico; Verificar ganhos de
produtividade com o novo sistema.
Com o passar do tempo, a logística ganhou um lugar de destaque expressivo não só das
empresas de distribuição, mas em todo o ramo de atividade, seja empresarial ou não. Embora muito se
fale sobre logística, esta pesquisa visa analisar a logística interna utilizada em uma empresa de
distribuição de alimentos do município de Guajará-Mirim e avaliar os ganhos de desempenho e
produtividade que uma nova tecnologia como a Rádio Frequência (RF), aliada a aparelhos coletores de
dados, bem como verificar o impacto direto na mão-de-obra que, segundo Bowersox e Closs (2001), a
baixa produtividade da mão-de-obra tem sido o principal entrave em operações logísticas nos últimos
anos. Outro fator importante a se avaliar é o impacto direto e indireto nos custos operacionais, sabendo
que quanto menores os custos, maior pode ser o desconto ao cliente, pois, como Lima (2010) afirma,
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os clientes cada vez mais querem níveis de serviços melhores, mas não estão interessados em pagar
mais por isso.
Para a elaboração deste trabalho, foi utilizada a metodologia de estudo de campo, do tipo
qualitativa e descritiva, para alcançar o objetivo do estudo e também pesquisa bibliográfica, pela busca
de informações em livros, artigos, teses e dissertações. Os levantamentos tiveram o objetivo de dar
base teórica ao trabalho, tanto na área da logística interna, quanto na Logística Empresarial.
Conforme Richardson (1999) “a abordagem qualitativa de um problema, além de ser uma
opção do investigador, justifica-se, sobretudo, por ser uma forma adequada para entender a natureza de
um fenômeno social”.
Classificou-se como qualitativo, pelo fato de ter se buscado descrever o processo de logística
interna dentro da empresa estudada.
Segundo Boaventura (2004, apud Silva, 2010) as pesquisas descritivas investigam e
identificam características de uma população ou fenômeno.
Nesta pesquisa, a empresa que foi alvo da investigação foi uma empresa distribuidora de
produtos diversos na cidade de Guajará-Mirim/RO e a escolha deu-se pela facilidade de acesso à
mesma e também pelo fato do autor ter acompanhado o processo de modernização da logística interna
não só como expectador, mas também como participante no mesmo. Por questões de
confidencialidade, o nome da empresa não será mencionada, sendo esta tratada como Distribuidora.
Uma vez que o objetivo do trabalho não é a identificação da organização, mas sim, a análise da
modernização dos processos de logística interna.
Escolheu-se por realizar entrevistas, com perguntas abertas e fechadas, com o objetivo de
entender os impactos da implementação de um sistema de coletores para otimizar a separação de
produtos para entrega e como os colaboradores receberam esta mudança.
As mesmas foram obtidas por meio da técnica de entrevista semi-estruturada, utilizando-se de
um formulário baseado na fundamentação teórica, contendo sete questões abertas e fechadas, com os
responsáveis pela área de logística da empresa (gerente, supervisor, e encarregado de logística). Bem
como pesquisa de campo, com observação sistêmica, onde foram analisadas as práticas de coleta
utilizadas pela empresa. Com isto, buscou-se comparar a realidade da empresa antes e depois da
implementação da nova tecnologia, buscando acrescentar conhecimento acadêmico sobre o tema
abordado.
Para que possamos avaliar o grau de utilidade desta tecnologia (RF e coletores) e sua
necessidade de utilização em distribuidores, verificando também os níveis de satisfação do cliente,
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iremos avaliar o sistema utilizado anteriormente e compará-lo com o método utilizado atualmente e
dimensionar a diferença entre os dois.
Esta pesquisa demonstra relevância pela necessidade de compreensão da modernização dos
processos, utilizando-se de tecnologias já existentes no mercado e avaliando também qual a percepção
de ganho não só do cliente, mas também do colaborador da empresa.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. CONCEITUAÇÃO DE LOGÍSTICA
Uma forma de definir a logística é como sendo a área da gestão responsável por prover
recursos, equipamentos e informações para a execução de todas as atividades de uma empresa.
Segundo a definição da Council of Supply Chain Management Professionals1,
Logística é a parte do Gerenciamento da Cadeia de Abastecimento que planeja, implementa e
controla o fluxo e armazenamento eficiente e econômico de matérias-primas, materiais semi-
acabados e produtos acabados, bem como as informações a eles relativas, desde o ponto de
origem até o ponto de consumo, com o propósito de atender às exigências dos clientes
(Carvalho, 2002, p. 31).
Embora as técnicas logísticas remontem os tempos bíblicos, tendo em vista que as batalhas
quase sempre eram longas e distantes, o termo logística foi utilizado primeiramente pelos militares
franceses, do francês “logistique”, que deriva-se do latim “logisticus”, que significa “razão”.
Equipamentos e suprimentos deveriam sempre estar disponíveis no momento do combate nas linhas de
batalha, pois na guerra, os soldados deviam estar sempre bem alimentados, com suas armas com
munição suficiente para qualquer situação. Caso contrário, batalhas eram perdidas, sem contar as
muitas vidas. Um caso claro da importância da logística nas batalhas é o de Napoleão que, na guerra
contra a Rússia, sofreu sua primeira grande derrota militar, pois os russos utilizaram uma tática de
guerra chamada “terra arrasada”, que envolve destruir qualquer coisa que possa ser proveitosa ao
inimigo enquanto este avança ou recua em uma determinada área. Com isso, o exército napoleônico,
que contava com tais recursos para continuar a invasão da Rússia, fora derrotado por causa da falta de
suprimentos e abrigo. (MB, 2003).
O Tenente Rogers, em 1888, introduziu o tema Logística como matéria na Escola de Guerra
Naval dos Estados Unidos, embora até a 1ª Guerra Mundial o termo ainda não era utilizado
amplamente, sendo substituído por Administração, Organização ou Economia de Guerra (MB, 2003).
A logística começou a ganhar status de ciência através da obra literária do Tenente-Coronel Thorpe
(1917) apud MB (2003), denominada "Logística Pura: a ciência da preparação para a guerra", onde ele
1 O Council of Supply Chain Management Professional (CSCMP) é a principal associação mundial de profissionais de
gestão de cadeias de abastecimento.
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cita que a estratégia e a tática proporcionam o esquema da condução das operações militares, enquanto
a logística proporciona os meios.
O Almirante Henry Eccles, em 1945, ao encontrar a obra de Thorpe nas estantes da biblioteca
da Escola de Guerra Naval, em Newport, comentou que, se os EUA seguissem seus ensinamentos
teriam economizado milhões de dólares na condução da 2ª Guerra Mundial. Eccles, Chefe da Divisão
de Logística do Almirante Chester Nimitz, na Campanha do Pacífico, foi um dos primeiros estudiosos
da Logística Militar, sendo considerado como o "pai da logística moderna". (MB, 2003). Até o fim da
Segunda Guerra Mundial a Logística esteve associada apenas às atividades militares. Após este
período, com o avanço tecnológico e a necessidade de suprir os locais destruídos pela guerra, a
logística passou também a ser adotada pelas organizações e empresas civis.
Machado (2010), explica que:
Uma logística bem aplicada e entendida ajuda a empresa na redução de custos e aumenta os
produtos ou serviços oferecidos ao cliente, podendo tornar-se um diferencial competitivo em
seu mercado de atuação.
Concordando com isso, Fleury et al (2010, p. 154) diz que quando um consumidor vai à
prateleira de uma loja, ele não quer saber se o fornecedor está a 10 ou a 25.000 km de distância, ele
quer o produto que necessita naquele momento. Levando em consideração que hoje em dia a
qualidade e o custo algumas vezes são similares, Alencar (2010) afirma que “fazer a entrega certa a um
custo baixo determina quem continuará no comércio e quem sairá dele”.
Devemos entender que o processo logístico não começa e nem termina nos limites da própria
empresa. Na verdade, o início se dá na correta escolha e no estabelecimento de parcerias com
fornecedores, exigindo ademais que o canal de distribuição esteja apto a atender plenamente às
necessidades e expectativas do cliente final. Quando um consumidor final aprova a qualidade de um
produto e do serviço ofertado, ele tem uma percepção de satisfação de toda a cadeia.
Diante desse cenário, muitas empresas vêm empreendendo esforços para organizar uma rede
integrada e realizar de forma eficiente e ágil o fluxo de materiais, que vai dos fornecedores e atinge os
consumidores. (Neto e Junior, Pag. 42)
Com o passar dos tempos, a logística vêm se subdividindo em várias áreas de atuação e,
segundo Ballou (1993) apud SILVA, PAULA e GUIMARÃES (2010), ela pode se dividir em:
a) LOGÍSTICA DE ABASTECIMENTO – Administração do transporte dos materiais
dos fornecedores para a empresa, fazendo o recebimento, descarregamento e acondicionamento de
matérias primas e produtos.
b) LOGÍSTICA DE DISTRIBUIÇÃO - Administração do centro de distribuição,
localização de unidades de movimentação nos seus endereços, abastecimento da área de separação de
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pedidos, controle da expedição, transporte de cargas entre fábricas e centros de distribuição e
coordenação dos roteiros de transporte urbano.
c) LOGÍSTICA EMPRESARIAL - São todas as atividades de movimentação e
armazenagem, que facilitam o fluxo de produtos desde o ponto de aquisição da matéria-prima até o
ponto de consumo final, assim como dos fluxos de informação que colocam os produtos em
movimento.
d) LOGÍSTICA EM COMÉRCIO EXTERIOR – É o planejamento e a gestão integrada
de serviços relativos à documentação, manuseio, armazenamento e transferência de bens, objeto de
uma operação de comércio nacional ou internacional.
e) LOGÍSTICA REVERSA - Segundo Leite (2002), Logística Reversa é a área da
Logística Empresarial que planeja, opera e controla o fluxo, e as informações logísticas
correspondentes, do retorno dos bens de pós-venda e de pós - consumo ao ciclo de negócios ou ao
ciclo produtivo, através dos Canais de Distribuição Reversos, agregando-lhes valor de diversas
naturezas: econômico, ecológico, legal, logístico, de imagem corporativa, entre outros. Embora a
questão ambiental seja sempre muito divulgada, Lacerda (2010) afirma que quando ocorrem
devoluções causadas por produtos danificados, surgem questões relacionadas ao nível de confiança
entre as partes envolvidas.
A percepção de confiabilidade da distribuição é muito importante para empresas. Existe
também a questão da possibilidade de revenda dos produtos retornados, como o mesmo autor salienta:
“O processo de logística reversa gera materiais reaproveitados que retornam ao processo tradicional de
suprimento, produção e distribuição”. Concordando com isso, Leite (2002) mostra que existem
retornos de mercadorias devido a erros de expedição, excesso de estoques no canal de distribuição,
mercadorias em consignação, liquidação de estação de vendas ou pontas de estoques, que serão
retornados ao ciclo de negócios através de redistribuição em outros canais de vendas. Também destaca
que alguns produtos retornam por questões de validade.
A logística reversa influi na logística interna a partir do momento que este produto deve
retornar para o depósito, quando esta mercadoria deverá ser movimentada internamente para sua
revenda, reutilização ou descarte por avaria ou por data de validade vencida. Tanto a força de trabalho
humana quanto a tecnológica tem que estar preparada para receber essa mercadoria e a colocar em
local apropriado.
2.2. LOGÍSTICA INTERNA
LUCAS (2010) define a logística interna como sendo a sub-área da logística de distribuição, que engloba todos os
fluxos e movimentações físicas e operações de apoio (etiquetagem, "picking", etc.), que são realizadas dentro de um
armazém, nave fabril ou entreposto. Concordando com isso, Gasnie (2010) diz que os processos da logística interna são
responsáveis pela movimentação e armazenagem dos materiais (MAM) dentro da empresa. Porter (1989, pg 36) define que:
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Logística interna são atividades associadas ao recebimento, armazenamento e distribuição de
insumos no produto, como manuseio de material, armazenagem, controle de estoque,
programação de frotas, veículos e devolução para fornecedores.
Como podemos notar, dentro dos processos de logística interna, estão a movimentação de produtos e materiais
físicos, pessoas e informações dentro da empresa, recebimento de mercadoria, organização, embalagem, estocagem, etc.
Muitas empresas têm encontrado na otimização dos processos de logística interna uma forma de se obter um
diferencial competitivo muito atraente nos dias atuais, que é ser líder em serviços. Christopher (2007) explica que a
logística interna bem planejada pode oferecer grande número de meios para reduzir os custos e, com a crescente
padronização de vários produtos, muitos acabam tornando-se commodities e, neste caso, com os valores de venda bem
baixos e parecidos entre os concorrentes, quem tem o produto à disposição na hora que o cliente deseja, sem demora de
entrega e avarias, geralmente ganha não só a preferência do cliente, mas também sua fidelidade.
A logística interna é diretamente responsável pela cadeia de valor da empresa quando procura otimizar os
processos inerentes às atividades tais como a infra-estrutura do layout de distribuição interna da empresa e sistemas de
informação, desenvolvimento de tecnologias de aquisição e atividades primárias de apoio, tais como manutenção de
estoques mínimos, entrega dos produtos nos locais de utilização e outras atividades ligadas a produção para que o produto
final saia no tempo correto com a qualidade ideal utilizando o mínimo de recursos possíveis, o que agregará valor ao
produto (COIMBRA, 2010).
Como podemos notar, não só o diferencial competitivo é uma meta, mas também a redução de
custo, como cita Fleury (2000, pg 37):
A integração interna, ou seja, o gerenciamento integrado dos diversos componentes do sistema
logístico é uma condição necessária para que as empresas consigam atingir excelência
operacional com baixo custo.
Todo este movimento nem sempre agrega valor ao produto ou serviço, devendo assim, ser
diminuído ao máximo para se reduzir os custos. Freire (2009) explica que podemos classificar essas
movimentações em três grupos:
Movimentações ativas – deslocamento dos produtos na direção do consumidor. São as
movimentações mais úteis para a empresa, pois aproximam produtos e consumidores;
Movimentações passivas – deslocamentos dos meios necessários para a movimentação
dos produtos na direção do consumidor, mas que não fazem parte deles. Embalagens,
empilhadeiras, meios de transporte em geral, que se movimentam dentro da empresa e
levam os produtos na direção do consumidor, são os principais recursos envolvidos na
movimentação passiva;
Movimentações parasitas – deslocamentos realizados na direção contrária à do
consumidor. Geralmente retornam embalagens, meios de transporte ou até mesmo
produtos entregues em excesso ou com problemas de qualidade.
Freire (2009) explica também que apenas as movimentações ativas deveriam acontecer,
enquanto as movimentações passivas deveriam ser minimizadas, pois sua redução significa um
aumento de eficiência no uso dos recursos, e as parasitas eliminadas, pois não acrescentam valor direto
ao produto, porém nem sempre é isso que acontece com as tecnologias disponíveis.
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Existem também as movimentações sem produtos, onde a empilhadeira recolhe pallets
espalhados e outras movimentações. Isso também pode-se aplicar a colaboradores que se movimentam
dentro do armazém puxando carrinhos hidráulicos que, embora carreguem menos volumes, as vezes
passeiam mais pelo armazém com meias-cargas ou sem carregar nada. Neste ponto, uma logística
interna bem planejada, associada a novas tecnologias pode ajudar a aperfeiçoar as movimentações
dentro do armazém, fazendo com que o colaborador efetue uma rota mais racional e não fique indo e
voltando dentro do armazém, gerando assim um ganho de produtividade e redução de custos e esforço
humano.
2.2.1 Cadeia de Valor
A cadeia de valor foi um termo utilizado pela primeira vez por Porter (1989), que explica que
ela é uma forma de analisar todas as atividades de uma empresa e como elas se inter-relacionam e
como isso pode gerar ou não vantagem competitiva para a empresa, agregando algum tipo de valor ao
produto.
A análise da cadeia de valor busca compreender a empresa como um grande processo de
atividades inter-relacionadas que buscam adicionar um valor específico ao cliente. A cadeia de
valor identifica as atividades, funções e processos de trabalho da organização que precisam ser
executados no projeto, produção, comercialização, entrega e apoio de um produto ou serviço. (PORTER, 1989, apud Lobato et. al, 2010, p. 119).
A cadeia de valor é subdivida em dois tipos de atividades: primárias e secundárias, onde:
As atividades primárias estão relacionadas à logística de entrada, à fabricação do produto ou à
prestação do serviço, à logística de entrega do produto ou serviço ao cliente, às atividades de
comercialização e ao serviço pós-venda. As atividades secundárias compreendem as atividades
relacionadas à infraestrutura da empresa, à gestão de recursos humanos, ao desenvolvimento de
tecnologia e às compras de bens e serviços. (PORTER, 1989, apud Lobato et. al, 2010, p. 119).
Ou seja, como temos a logística interna inserida na atividade primária, quando utilizamos novas
tecnologias (atividade secundária) para gerar o valor ao cliente, agilizando o tempo de entrega do
produto, diminui-se o tempo de espera e também os custos logísticos, pois diminuímos a quantidade de
horas trabalhadas.
2.3 CUSTOS LOGÍSTICOS
Segundo Ching (2010), os custos logísticos são decorrência dos três tipos de operações
logísticas da empresa: suprimentos, conversão física e distribuição, concordando com Fleury (2010),
que mostra ser necessário obter-se soluções nos três grandes processos logísticos: suprimento, apoio à
manufatura e distribuição física.
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Em medições realizadas pelo Banco Mundial e apresentadas em um seminário em março/05 em
São Paulo pelo ministério dos transportes indicam a seguinte estrutura de custos logísticos:
Administração: 20,5%; Armazenagem: 19,0%; Estoque: 18,7%; Trâmites Legais: 10,1% e Transporte:
31,8%. Somando-se a armazenagem e o estoque, temos 37,7% dos custos como responsabilidade da
logística interna, indicando que qualquer redução nesses custos implica em uma redução de custo
expressiva. (Ching, 2010, p. 186)
O controle gerencial dos custos logísticos pode favorecer o aumento da eficiência nos
processos internos e externos à organização, como também melhorar a relação com seus prestadores de
serviço e clientes. (Fleury, 2010, p. 250).
Lima (1998) fala que um dos grandes desafios da logística atual é conseguir gerir a relação
entre custo e nível de serviço. A maior barreira é que cada vez mais os clientes estão exigindo
melhores serviços, mas ao mesmo tempo não estão dispostos a pagar mais por isso. Enquanto o preço
passa a ser um qualificador, o nível de serviço é um diferenciador. Portanto, a Logística ganha a
responsabilidade de agregar valor ao produto por meio do serviço por ela oferecido. Pode-se agregar
valor com a redução nos prazos de entrega, maior disponibilidade de produtos ao pedir, entrega com
hora determinada, maior cumprimento dos prazos de entrega ou maior facilidade de colocação do
pedido.
Então, como reduzir esses custos? Lima (2010) menciona que:
A maioria dos custos de armazenagem, como mão-de-obra, aluguel, depreciação de instalações
e equipamentos, são fixos e indiretos, o que dificultam o gerenciamento das operações e a
correta alocação dos custos.
Existe também o desperdício e quebra de produtos que são danificados por excesso de
manuseio, aumentando a movimentação desnecessária de pessoal, equipamentos e se desperdiça tempo
de separação e armazenagem. Para solucionar a questão da redução da mão de obra e as avarias, as
operações automatizadas vem como uma resposta muito viável, como afirma Fleury (2010) que novas
tecnologias de TI.
2.4 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
Arbache (Arbache et al. 2006) explica que para que possamos gerenciar a informação,
necessitamos de duas instâncias distintas, porém complementares: o sistema de informação e a
tecnologia da informação. O primeiro é responsável pela coleta, processamento, análise e
disseminação da informação, operações que dispensam o uso de computadores, e o segundo diz
respeito ao aspecto tecnológico propriamente dito, que envolve o hardware e software. O sistema de
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informação passou a necessitar com mais intensidade da tecnologia de informação devido ao
crescimento contínuo das bases de dados, o que tornou impossível seu gerenciamento manual. Ele
explica ainda que a Tecnologia da Informação (TI) é muito mais abrangente, pois é o que gerencia o
tratamento das informações e a sua relação com os recursos tecnológicos.
O avanço da TI nos últimos anos vem permitindo às empresas executar operações que antes
eram inimagináveis. Atualmente, existem vários exemplos de empresas que utilizam a TI para obter
reduções de custo e/ou gerar vantagem competitiva. (NAZÁRIO, 2010, p. 285).
Concordando com isso, Fleury (2010) explica que antigamente, o movimento das informações
era baseado quase que totalmente em papel, resultando em um transporte de informações lenta, pouco
confiável e propício a erros. Como o custo das tecnologias decresceu, aliado a uma maior facilidade de
uso, permitem aos gestores poder contar com mais métodos para coletar, guardar, transferir e processar
dados com maior eficiência, eficácia e rapidez. “A TI, tanto por meio de sistemas, quanto pelo avanço
dos hardwares, é fundamental para o desenvolvimento da Logística” (FLEURY, 2010, p. 286).
Segundo Mckenna (2002), apud Arbache(2010):
o objetivo da TI, na realidade, é prover as empresas do principal insumo gerado pela tecnologia
que é a “informação”, porque, hoje, tudo que as pessoas tocam é absorvido por uma rede de
informações em que os dados são coletados, analisados e filtrados para, posteriormente, se
transformarem em subsídio para ações de mercado.
Arbache (2010) ainda fala que:
A TI proporciona maior integridade e velocidade na troca de informações, otimizando assim,
diversas atividades na logística como, por exemplo, identificar onde e quando os produtos
estão ou deveriam estar, o que e quando estocar, quais locais necessitam de que mix de
produtos etc.
A Logística moderna trouxe para o cenário atual uma grande complexidade operacional, a
variedade dos produtos aumentou muito, a necessidade de vendas fracionadas, entregas mais
freqüentes, menores tempos de atendimento, necessidade de redução de erros de separação de pedidos
e a redução dos níveis de estoque e, por isso, a necessidade de um maior cuidado sobre essa área que
antes era responsável apenas por manter computadores funcionando e a inserção de dados em uma
base de dados. (LIMA, 2010, p. 259).
Lacerda (2010, p. 168) diz que:
a implantação de sistemas automáticos, seja de movimentação de materiais, seja de
gerenciamento da operação, é, na verdade, uma reação às demandas de um novo ambiente de
negócios, com clientes mais exigentes e competição acirrada, levando as empresas, muitas
vezes, a implementar mudanças radicais nas estruturas de armazenagem e distribuição.
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A algum tempo atrás, a responsabilidade de comprar equipamentos tecnológicos ou sistemas
para a empresa era de responsabilidade do dono, dos encarregados pelos setores ou de algum
funcionário mais entendido em informática, porém, é necessário entender que:
O processo de adoção de novas tecnologias pode revolucionar a empresa ou pode trazer
grandes dores de cabeça: tudo dependerá da abordagem utilizada e de sua adequação ao
sistema em questão. Para minimizar os riscos envolvidos e maximizar o retorno sobre o
investimento a ser realizado, é recomendável seguir um processo estruturado de planejamento e
implementação. (LACERDA, 2010, p. 170).
A responsabilidade da TI aumentou muito, pois hoje em dia, temos uma integração de todos os
setores da empresa em um só sistema, possibilitando assim que uma venda gere informações tanto para
o estoque, quanto para os setores financeiros, de compras, marketing, contábeis, gerenciais e até
mesmo para os fornecedores. Os sistemas que fazem essa integração são chamados de ERP (Enterprise
Resource Planning).
2.5 AUTOMAÇÃO
A automação é definida como um conjunto de técnicas baseado em máquinas e programas com
o objetivo de executar e controlar tarefas sem a intervenção humana.
Automação é o conjunto das técnicas baseadas em máquinas e programas com objetivo de
executar tarefas previamente programadas pelo homem e de controlar seqüências de operações
sem a intervenção humana. Através de intertravamentos (seqüências de programação) do
sistema, o usuário consegue maximizar com qualidade e precisão seu processo produtivo,
controlando, assim, variáveis diversas (temperatura, pressão, nível e vazão) e gerenciando à
distância toda a cadeia produtiva. (GOMES, 2005, p.1).
Segundo Moura (2005), o processo de automação visa não só a redução de custos com mão-de-
obra, mas também o aumento da velocidade de entrega e eficiência nos processos envolvidos, pois
deixam de ser executadas por pessoas passiveis de erros. No passado o principal objetivo da
automação era a economia da mão de obra, hoje este não é o principal objetivo, mas sim oferecer
melhores produtos, com qualidade e agilidade.
Muitos projetos de automação visam não somente obter economias de custos de mão-de-obra,
mas também melhor qualidade dos produtos, produção e entrega mais rápida – e quando é
empregada a automação flexível, um aumento na flexibilidade de mudar de produtos ou
volume de produção. (MOURA, 2005, p.1).
Para as organizações não basta somente preocupar-se com as vendas ou com o atendimento ao
cliente, é necessário também se preocupar com a qualidade do seu produto e com o aperfeiçoamento
da produção, evitando assim gastos desnecessários com a perda de mercadorias ou acumulo de
estoques. Nesse sentido, vale mencionar a importância da automação para as empresas que querem
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buscar o desenvolvimento, pois pode fazer a diferença nos negócios e no relacionamento com os
clientes, fornecedores, entre outros.
2.6. ERP X WMS
Para entendermos sobre como a RF, unida com os recursos de hardware e software corretos
podem otimizar a organização de um armazém, precisamos entender que a escolha de um sistema ERP
que consiga receber as informações de forma integrada com todos os setores da organização
fundamental, e para isso precisamos entender onde começa a atuação deste sistema e onde começa a
dos sistemas de WMS.
2.6.1. ERP
Taylor (2005 apud HARA, 2009, p. 49) explica que “a quantidade de softwares disponíveis
para o planejamento da cadeia de suprimentos pode parecer impressionante”, e é nesta hora que o ERP
soluciona esta necessidade de integração, pois em apenas uma solução de software pode-se conseguir
uma integração que não se conseguia anteriormente a esses tipos de aplicações. Concordando com isto,
Fleury (2009, p. 291) diz que:
Esse tipo de sistema visa resolver problemas de integração das informações nas empresas, visto
que antes elas operavam com muitos sistemas, caracterizando em alguns casos “uma
verdadeira colcha de retalhos”, o que inviabilizava uma gestão integrada.
Esta linha de pensamento é ratificada por Arbache (2002):
Os ERP são pacotes de gestão empresarial que possibilitam a automação e a informatização
integrada de uma organização, dando suporte ao gerenciamento dos negócios. A tecnologia
ERP tem como um de seus principais conceitos a implantação de uma base de dados única,
integrando os diversos módulos ou subsistemas desse pacote de gestão.
O ERP é amplamente utilizado hoje em dia, porém o custo de sua implantação pode ser alto e,
se mal feito ou mal escolhido, pode gerar grandes prejuízos para a empresa.
Embora o ERP seja um grande integrador de todos estes módulos, ele não é um sistema
especialista, ou seja, para resolver a questão de logística dentro do armazém, é necessário um módulo
de gestão de armazém que faça esse trabalho integrado ao ERP, chamado também de Warehouse
Management System (WMS).
2.6.2. WMS
Os WMS, ou Sistemas de Gerenciamento de Armazém são sistemas especialistas que segundo
Donath (2002, p. 134):
[...] são uma parte importante da cadeia de suprimentos [...] fornecem a rotação dirigida de
estoques, diretivas inteligentes de picking, consolidação automática e cross-docking para
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maximizar o uso do valioso espaço dos armazéns. O sistema também dirige e otimiza a
disposição de colocação no armazém, baseado em informações de tempo real sobre o status do
uso de prateleiras.
Com isso, podemos entender que a TI está intimamente ligada com os resultados das mudanças
que trazem essa melhora de tempo de resposta, de redução de falhas e, conseqüentemente, de redução
dos custos logísticos e aumento da satisfação dos clientes. Por isso, o gestor de TI precisa ser alguém
que tenha por vezes, um amplo conhecimento da empresa e dos sistemas de informação mais eficazes
para cada setor, para que a integração ocorra de forma harmoniosa.
Nazário (2010, pag. 285) explica que o avanço da TI nos últimos anos vem permitindo às
empresas executar operações que antes eram inimagináveis. Uma das tecnologias que são utilizadas há
algum tempo é conhecida Rádio Frequência (RF), que permite que os dados trafeguem de um ponto a
outro da empresa sem utilizar cabos ou fios, podendo percorrer longas distâncias em uma fração de
segundos.
3. ANÁLISE DOS RESULTADOS
Buscou-se com o presente estudo analisar tanto o processo de implantação de uma nova
tecnologia que intencionava otimizar o trabalho da logística interna dentro da distribuidora, através de
um método mais ágil, quanto se houve ou não uma redução de carga de trabalho e custos logísticos em
uma das maiores empresas distribuidoras do município de Guajará-Mirim/RO, bem como verificar a
percepção de ganho pelos colaboradores da mesma empresa.
A empresa que foi objeto do estudo é uma empresa de distribuição de produtos ao varejo, como
já citado anteriormente e, como a mesma prefere se manter no anonimato, será simplesmente citada
como “Distribuidora”.
Os questionários foram aplicados aos funcionários que exerciam suas funções diretamente na
separação, conferência e faturamento de mercadorias antes, durante e após a implantação dos coletores
e utilização da rádio frequência.
A seguir está a análise dos dados coletados na pesquisa de campo, bem como os gráficos
demonstrativos das informações.
Gráfico 1 - Considerando o tempo gasto para separação e conferência de produtos antes e depois
da implantação do sistema de coletores e transmissão via rádio frequência, você avalia:
87%
13%
0% 0%
ficaram muito mais rápidas;
ficaram um pouco mais rápidas;
o tempo gasto não mudou;
ficaram mais lentas.
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Fonte: Dados da pesquisa.
Podemos notar através do gráfico que os colaboradores da Distribuidora puderam perceber que
a separação dos produtos foi otimizada, sendo que 87% consideram que ficou muito mais rápida e
apenas 13% considera que ficou um pouco mais rápida. Em entrevista, os colaboradores informaram
que isso se deu principalmente porque o mapa de separação de mercadorias não era mais impresso, os
itens eram enviados diretamente para o coletor do separador e este poderia iniciar imediatamente a
separação.
Outro fator importante nesta análise é que a separação com os coletores permitiu eliminar a
tarefa de conferência, tendo em vista que o próprio separador fazia este serviço com o coletor.
Gráfico 2 – Considerando a quantidade de erros de separação cometidos antes e depois da
implantação do sistema de coletores e transmissão via rádio frequência, como você avaliaria o
quantitativo de erros:
Fonte: Dados da pesquisa.
Esta diminuição da quantidade de erros de
separação foi possível principalmente pelo que afirma Fleury (2010, p. 184) que, quando diminuímos a
interferência humana, os erros consequentemente também vão diminuir. Embora ainda não tenha sido
possível eliminar completamente os erros de separação, a empresa pôde notar uma diminuição
expressiva na quantidade de erros que eram cometidos principalmente por produtos similares
esteticamente, porém não o solicitado. O coletor permite a separação apenas do item ao qual o código
de barra corresponda ao item solicitado no mapa de separação, eliminando a necessidade de o
separador ter que decidir se o produto é ou não o do pedido.
Em entrevista com um dos colaboradores, o mesmo informou que antes da implantação dos
coletores, eram trinta e oito pessoas envolvidas diretamente na separação e conferência de mercadorias
e, após a implantação, este número baixou para 24. Esta é uma redução de quase 37% do pessoal deste
setor.
0%
75%
25%
0%
0%chegaram a zero erros;
os erros diminuíram muito;
os erros diminuíram moderadamente;
os erros diminuíram pouco ou quase não diminuíram;
os erros aumentaram.
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É importante salientar que a quantidade de pedidos continuou a mesma, apenas a quantidade de
colaboradores que diminuiu, impactando diretamente na folha de pagamento da empresa, reduzindo
imediatamente custos diretos e indiretos com mão-de-obra.
Gráfico 3 – A equipe de separação encontrou dificuldades para se adaptar a nova tecnologia?
Fonte: Dados da pesquisa.
A adoção de uma nova tecnologia pode otimizar um processo ou causar muitos transtornos,
tudo isso depende da forma como essa tecnologia é implementada na empresa, este risco pode diminuir
se a mesma for feita de forma estruturada, respeitando as etapas do processo de mudança (LACERDA,
2010, pg. 170).
Outro fator que permitiu uma adaptação com poucas dificuldades foi pelo fato de o coletor ter
um sistema que já era comum aos separadores, que em poucas horas já estavam manuseando os
equipamentos sozinhos.
Já a quinta pergunta foi: Qual foi a maior dificuldade que a equipe de separação encontrou ao
utilizar o equipamento? No momento da pesquisa, a maioria dos colaboradores informaram que a
maior dificuldade foi ainda em se acostumar com um sistema novo, e que isso foi superado
rapidamente.
Outro problema apontado por um dos colaboradores foi a dificuldade de manusear o coletor e
as caixas que seriam separadas ao mesmo tempo. Porém este problema foi rapidamente solucionado
com a adoção de uma alça que permitia que o colaborador soltasse o coletor para pegar a caixa.
A sexta pergunta foi se a maior dificuldade no momento da implantação dos coletores e da Rádio
Frequência? Segundo o colaborador Douglas Dagoberto, uma das principais dificuldades foi “o
momento de adaptação do físico com o sistêmico, o arranjamento dos produtos, obedecendo uma nova
ordem com critérios mais rígidos de características, bem como o de parametrização e readaptação do
sistema às necessidades da empresa”.
Outro problema, que foi apontado por mais de 60% dos entrevistados foi a qualidade do sinal
das antenas de RF, que falhavam muito, causando quedas no sistema e atrapalhando a separação, pois
algumas vezes o colaborador tinha que procurar um local que o sinal estivesse mais forte para se
reconectar à rede sem fio.
12%
88%
0%
não teve dificuldade nenhuma;
teve um pouco de dificuldade, mas dentro do esperado;
teve muita dificuldade, alguns não se adaptaram.
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Estes “pontos cegos” foram causados pela quantidade pequena de antenas que foram
distribuídas no armazém (três) e o excesso de barreiras de mercadorias entre as ruas.
Gráfico 4 – Foi percebido uma redução do esforço feito para a separação das mercadorias,
levando em consideração a movimentação dos
separadores pelo armazém?
Fonte: Dados da pesquisa.
Embora possamos notar no gráfico acima que a percepção de redução de esforço foi bem
diferenciada entre os colaboradores, pois os mesmos trabalhavam em funções diferentes, grande parte
concorda que houve redução do esforço.
A principal causa da redução do esforço ocorreu no momento da preparação do sistema para
receber a nova tecnologia, pois o armazém foi dividido em três setores diferentes, e cada separador
ficava responsável por separar apenas os itens de seu setor, não necessitando mais percorrer todo o
armazém para buscar todos os itens de um pedido.
Podemos perceber que todos os colaboradores concordam que a tecnologia implementada foi
positiva em alguma área da logística interna da empresa, pois a mesma permitiu através da redução de
erros, uma redução também nos retornos de mercadorias entregues erradas, favorecendo também a
logística externa da empresa.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Não é mais questionável que a Logística moderna não pode mais ser dissociada da tecnologia e
dos avanços tecnológicos. Na Logística Interna isto tem se tornado cada vez mais concreto e, ao
analisarmos a distribuidora que foi objeto de nossa pesquisa, somos conduzidos a considerar alguns
pontos importantes: Entendendo que o tempo de ressuprimento da cadeia de abastecimento precisa ser
o mais curto possível, a tecnologia que foi implementada veio trazer um aumento considerável na
agilidade da separação e, com isso, o cliente varejista tem seu pedido entregue não só mais
rapidamente, mas também com um nível de erros bem menor.
Através deste fato percebemos que quanto menor a interferência humana no processo, menor
também a probabilidade de erros e retrabalhos, sendo que a leitura dos códigos de barras pelo coletor
possibilita uma separação com menos incidência de erros. Quando analisamos pelo ponto de vista do
25%
12%
25%
38%
não houve redução do esforço;
houve um pouco de redução de esforço;
houve redução de esforço considerável;
a redução do esforço foi muito grande.
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custo, devemos salientar que não só o tempo de separação e a diminuição dos erros são fatores
importantes para a redução dos custos, mas também a redução de mão de obra, pois como pudemos
constatar na pesquisa, houve redução de colaboradores na conferência, pois o próprio separador já faz
a conferência eletronicamente pelo coletor.
Questões como dificuldades de adaptação a um novo método de separação poderiam ter sido
problemáticos, porém o sistema WMS utilizado anteriormente foi remodelado e adaptado antes mesmo
da equipe de colaboradores iniciar o uso dos equipamentos de coleta de dados, com o divisão do
armazém em zonas distintas (grandezas, com 4 ruas, fracionados, com 3 ruas, miudezas, com 4 ruas,
havaianas, com 4 ruas e produtos perigosos, com mendos de 1 rua), bem como a escolha do coletor,
que é um equipamento de fácil entendimento, tanto seu hardware quanto seu software (Microsoft
Windows 98).
Antes da divisão do armazém, o separador era designado a separar um mapa de separação com
um pedido completo, com itens de várias ruas de todo o armazém, fazendo com que o colaborador
percorresse todo o armazém puxando o carrinho hidráulico e, a cada item pego, o peso para puxar o
carrinho aumentava.
Dependendo da quantidade de itens do pedido, ao final da separação, o colaborador já estava
puxando um carrinho com uma pilha grande de caixas até deixar na área de conferência.
Com a divisão do armazém, os separadores são responsáveis por separar apenas os itens de uma
área menor e, após separado, as pilhas também são menores. Estas pilhas menores, contendo cada uma
os itens do mesmo pedido são colocadas na área de separação para a montagem do pedido.
Esta prática reduziu bastante o esforço empregado por cada separador para puxar o carro
hidráulico e para percorrer o armazém.
Algo que precisa ser observado é a qualidade do sinal sem fio que chega aos coletores, que é
algo que muitas vezes não chega com a força necessária, para que a separação ocorra sem interrupções.
Ao considerar todos estes pontos, podemos avaliar como positiva a implantação de um sistema
de coletores e radio frequência em uma distribuidora de médio ou grande porte, pois a mesma traz
redução de custos logísticos, diminuição de erros de separação e uma maior agilidade na separação de
produtos do armazém.
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