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Monografia Ciências Econômicas Exportações paranaenses
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i
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS
FRANCIS EDUARDO BERNARDI
A PARTICIPAÇÃO DAS EXPORTAÇÕES DO AGRONEGÓCIO PARANAENSE NA
BALANÇA COMERCIAL BRASILEIRA – 1997 A 2011
TOLEDO - PR
2012
i
FRANCIS EDUARDO BERNARDI
A PARTICIPAÇÃO DAS EXPORTAÇÕES DO AGRONEGÓCIO PARANAENSE NA
BALANÇA COMERCIAL BRASILEIRA – 1997 A 2011
Monografia apresentada ao Curso de Ciências Econômicas, do Centro de Ciências Sociais Aplicadas, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus Toledo, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Ciências Econômicas. Orientadora: Prof.ª Ms. Eliane Aparecida Gracioli Rodrigues
TOLEDO - PR
2012
ii
FRANCIS EDUARDO BERNARDI
A PARTICIPAÇÃO DAS EXPORTAÇÕES DO AGRONEGÓCIO PARANAENSE NA
BALANÇA COMERCIAL BRASILEIRA – 1997 A 2011
Monografia apresentada ao Curso de Ciências Econômicas, do Centro de Ciências Sociais Aplicadas, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus Toledo, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Ciências Econômicas.
COMISSÃO EXAMINADORA ______________________________________ Profª. Orientadora Ms. Eliane Aparecida Gracioli Rodrigues Universidade Estadual do Oeste do Paraná / Campus Toledo ______________________________________Prof. Ms. Valdir Antonio Galante Universidade Estadual do Oeste do Paraná / Campus Toledo ______________________________________ Prof.ª Ms. Rubiane Daniele Cardoso Universidade Estadual do Oeste do Paraná / Campus Toledo
Toledo, 19 de novembro de 2012.
iii
Dedico este trabalho a Deus, aos meus pais
e amigos, que me apoiaram nos momentos
difíceis, e aos meus professores, que me
deram o embasamento teórico para a
elaboração do mesmo.
iv
AGRADECIMENTOS
À minha família, pela confiança e motivação, especialmente aos meus pais, pois
sem eles nada teria sentido.
Aos amigos e colegas, pela força, confiança, vibração e companheirismo nesta
jornada importante de nossas vidas. Se os amigos são os irmãos que podemos
escolher, eu tenho os melhores irmãos. Agradeço enormemente a Thiago Cunha de
Souza, meu amigo e irmão que me apoiou tanto nesta caminhada, e não me deixou
desistir em nenhum momento.
À professora orientadora, Ms Eliane Aparecida Gracioli Rodrigues, que abraçou a
causa, e sem a qual a realização deste trabalho não seria possível.
Aos professores, em especial à professora Ms. Rubiane Daniele Cardoso, pela
grande ajuda oferecida nas etapas deste trabalho.
A todos os que de alguma maneira colaboraram para a realização e finalização
deste trabalho.
v
“Não tentes ser bem sucedido, tenta antes
ser um homem de valor.”
Albert Einstein
vi
BERNARDI, Francis Eduardo. A participação das exportações do agronegócio
paranaense na balança comercial brasileira – 1997 a 2011. Monografia
(bacharelado em Ciências Econômicas) – Universidade Estadual do Oeste do
Paraná – Campus de Toledo.
RESUMO O setor agroindustrial brasileiro tem evoluído em torno da produção, agregação de valor e comercialização no mercado internacional. O setor é o principal responsável pela manutenção dos saldos positivos da balança comercial. O objetivo principal deste trabalho é discutir a participação do agronegócio, em especial do estado do Paraná, na balança comercial do Brasil. Através de pesquisa bibliográfica e utilização do método comparativo dos dados obtidos, foi feito um estudo da participação do agronegócio paranaense na balança comercial brasileira. A pesquisa indicou que mesmo com cenário internacional desfavorável, o agronegócio se aproveitou das cotações em alta e acumulou reservas que viabilizaram as importações e a dinamização da economia, ligada ou não ao agronegócio. O agronegócio paranaense é muito representativo nas exportações do complexo soja, cana-de-açúcar e carnes. Constatou-se também que o agronegócio paranaense apresenta taxas de crescimento, na produção e exportações, superiores às taxas nacionais, e que a crise mundial tem alterado o perfil dos principais destinos das exportações do agronegócio paranaense. Sendo assim, as exportações do agronegócio paranaense são importantes para manter os saldos positivos na balança comercial, estadual e nacional. Palavras-Chave: Agronegócio Paranaense; Balança Comercial, Exportação
Paranaense.
vii
BERNARDI, Francis Eduardo. The share of exports of Parana's agribusiness in
the Brazil's trade balance - From 1997 a 2011. Monograph (BA in Economics) -
State University of West Parana – Toledo.
ABSTRACT
The Brazilian agribusiness sector has evolved around the production, value addition and marketing in the international market. The sector is primarily responsible for maintaining positive balances of trade balance. The main objective of this paper is to discuss the participation of agribusiness, particularly in the state of Paraná, Brazil's trade balance. Through bibliographic research and use of the comparative method of data the participation of the agribusiness of Parana in Brazil's trade balance was studies. Research has indicated that even with an unfavorable international scenario, agribusiness took advantage of the high quotations and accumulated reserves that enabled imports and economical dynamism, whether linked to agribusiness or not. Agribusiness in Paraná is very representative in exports of soybeans, sugarcane, sugar and meat. It was also found that Parana’s agribusiness presents growth rates in production and exports, higher than the national rate, and that the global crisis has changed the profile of the main destinations of exports of Paraná’s agribusiness. Thus, Parana’s agribusiness exports are important to maintain positive balances in the trade balance, in state and national levels.
Keywords: Parana Agribusiness, Trade Balance, Paraná Exports
viii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Balança comercial brasileira 1997-2011 (US$ bilhões) ........................... 23
Tabela 2 – Balança comercial do agronegócio brasileiro 1997-2011 (US$ bilhões) .................................................................................................................................. 25
Tabela 3 – Participação do agronegócio na balança comercial do Brasil 1997-2011 (US$ bilhões – FOB) ................................................................................................. 27
Tabela 4 – Balança comercial paranaense 1997-2011 (US$ bilhões) ....................... 30
Tabela 5 – Balança comercial do agronegócio paranaense 1997-2011 (US$ bilhões) .................................................................................................................................. 31
Tabela 6 – Participação do agronegócio na balança comercial do Paraná 1997-2011 (US$ bilhões – FOB) ................................................................................................. 33
Tabela 7 – Participação paranaense na balança comercial brasileira 1997-2011 (US$ bilhões – FOB) .......................................................................................................... 35
Tabela 8 – Participação paranaense na balança comercial do agronegócio brasileiro 1997-2011 (US$ bilhões – FOB) ............................................................................... 36
Tabela 9 – Participação do agronegócio paranaense na balança comercial brasileira 1997-2011 (US$ bilhões – FOB) ............................................................................... 37
Tabela 10 – Principais complexos de produtos exportados pelo agronegócio brasileiro 1997-2011 (US$ bilhões – FOB) ................................................................ 38
Tabela 11 – Principais complexos de produtos exportados pelo agronegócio paranaense 1997-2011 (US$ bilhões – FOB) ........................................................... 42
ix
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Evolução do saldo da balança comercial do Brasil: total e agronegócio 1997-2011 (US$ bilhões – FOB) ............................................................................... 26
Gráfico 2 – Evolução das exportações brasileiras: totais e agronegócio 1997-2011 (US$ bilhões – FOB) ................................................................................................. 28
Gráfico 3 – Evolução do saldo da balança comercial do Paraná: total e agronegócio 1997-2011 (US$ bilhões – FOB) ............................................................................... 32
Gráfico 4 – Evolução das exportações paranaenses: totais e agronegócio 1997-2011 (US$ bilhões – FOB) ................................................................................................. 34
Gráfico 5 – Evolução dos principais complexos de produtos exportados pelo agronegócio brasileiro 1997-2011 (US$ bilhões – FOB) ........................................... 41
Tabela 6 – Evolução dos principais complexos de produtos exportados pelo agronegócio paranaense 1997-2011 (US$ bilhões – FOB) ....................................... 44
0
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1
1.1 O PROBLEMA E SUA IMPORTÂNCIA ................................................................. 2
1.2 OJETIVOS ............................................................................................................. 3
1.2.1 Objetivo geral ..................................................................................................... 3
1.2.2 Objetivos específicos.......................................................................................... 3
2 REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................................... 4
2.1 PRINCIPAIS ABORDAGENS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL ....................... 4
2.2 ABERTURA COMERCIAL BRASILEIRA E O COMÉRCIO INTERNACIONAL ... 13
2.3 AGRONEGÓCIO E SUAS PERSPECTIVAS ...................................................... 15
3 METODOLOGIA .................................................................................................... 19
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 21
4.1 AS BALANÇAS COMERCIAL E DO AGRONEGÓCIO DO BRASIL ................... 21
4.2 AS BALANÇAS COMERCIAL E DO AGRONEGÓCIO DO PARANÁ ................. 29
4.3 A PARTICIPAÇÃO PARANAENSE NAS BALANÇAS COMERCIAL E DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO ................................................................................ 34
4.4 PRINCIPAIS COMPLEXOS DE PRODUTOS QUE COMPÕEM AS PAUTAS DE EXPORTAÇÃO DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO E PARANAENSE ................... 38
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 45
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 47
1
1 INTRODUÇÃO
O comércio internacional é importante às nações, sendo que para algumas é
essencial. Países com abundância de recursos naturais não estão isentos de ter que
importá-los. O aumento da produtividade e redução de custos, devido à manipulação
eficiente de recursos, elevam países subdesenvolvidos à posição de fornecedores
às economias sofisticadas (GUIDOLIN, 1991).
A abertura comercial iniciada em meados dos anos 1990, com políticas
específicas, desregulamentação e manutenção da sobrevalorização da moeda
nacional, proporcionaram ao Brasil uma participação mais visível no mercado
internacional, atingindo mercados até então não alcançados.
O agronegócio é o segmento de maior valor em termos mundiais e sua
importância relativa varia de entre os países. Neste contexto, o Brasil surge como
um importante exportador de produtos primários, e os produtos do agronegócio
representam uma fatia significativa do valor exportado pelo país. No ano de 2011 o
total das exportações brasileiras atingiu o patamar de US$ 256 bilhões, cerca de
27% a mais que o ano anterior. No agronegócio as exportações atingiram
praticamente US$ 95 bilhões, representando 37% do total das exportações no
período (MDIC, 2011).
Na ótica de Neves (2007), o agronegócio brasileiro é responsável pela
valorização das terras, internacionalização do setor, transferência de renda, ganho
de imagem da agricultura, maior aceitação dos transgênicos, problemas na oferta de
insumos e defensivos, máquinas e equipamentos e a aceleração na
profissionalização do setor.
Dentre os estados brasileiros, o Paraná se mostra um importante
contribuinte das contas nacionais, sendo um dos mais representativos em termos de
exportação, sobretudo do agronegócio. O PIB paranaense tem importante
participação nas exportações brasileiras, contribuindo, em 2011, com 6,8% do total
do valor exportado pelo Brasil, isto representa cerca de US$ 17 bilhões. Estes
números colocam o Paraná em 6º lugar no ranking da participação dos estados
brasileiros no total exportado, tendo como maiores importadores China e Argentina
(IPARDES, 2011).
2
O Paraná é o maior produtor de grãos no país, apresentando uma pauta
agrícola diversificada. Na produção de soja, sua principal commodity de exportação,
o estado perde apenas para o estado do Mato Grosso. O estado contribui com
aproximadamente 7,5% do valor exportado pelo agronegócio brasileiro, participando
em 2011 com US$ 12,6 bilhões (MDIC, 2011).
As agroindústrias, as políticas públicas direcionadas, a oferta de crédito e a
melhoria da infraestrutura de escoamento da produção, possibilitam a expansão do
agronegócio paranaense. Aliado a isto, o estado possui condições climáticas
favoráveis e utilização de modernas tecnologias.
A utilização de avançadas técnicas agronômicas coloca o estado em
destaque em termos de produtividade. A soja, o milho, o trigo, o feijão e a cana-de-
açúcar se sobressaem na estrutura produtiva da agricultura paranaense,
observando-se, em paralelo, forte avanço de outras atividades, como a produção de
frutas. Já na pecuária, destaca-se a avicultura, com 25,2% do total de abates do
país. Nos segmentos de bovinos e suínos, a participação do estado atinge 4,1% e
18,7%, respectivamente (IPARDES, 2011).
1.1 O PROBLEMA E SUA IMPORTÂNCIA
Após o término da Rodada Uruguai de negociações do GATT (General
Agreement on Tariffs and Trade), que durou de 1986 a 1994, foi instituída a
Organização Mundial do Comércio (OMC) e foi realizado o chamado “Acordo
Agrícola”. Esse acordo é fundamental para normatização do comércio agrícola,
tornando-o mais justo e orientado pelo mercado, através da redução de barreiras
comerciais, tarifárias e não tarifárias, e dos subsídios à agricultura (BAUMANN,
2004).
Na análise do comércio internacional, é fundamental que sejam constatadas
as determinantes do comércio. Entender o porquê da existência de comércio entre
as nações, fundamentos básicos, padrão de comércio, preços de importações e
exportações, quantidades efetivamente exportadas ou importadas, e as
potencialmente exportáveis ou importáveis. Estes são alguns dos questionamentos
em torno das teorias do comércio internacional.
3
A teoria das vantagens competitivas serve para identificar as determinantes
da capacidade competitiva de alguns países, objetivando verificar como surgem as
vantagens obtidas no comércio internacional (PORTER, 1989).
Diante disto, as exportações do agronegócio favorecem as nações cuja
produção destes bens seja abundante e com vantagens competitivas. A
diferenciação destes produtos se torna mais difícil e a competição passa a ser via
eficiência produtiva com baixo custo. Neste cenário encontra-se o Brasil. As
exportações do agronegócio paranaense representam um valor expressivo na
balança comercial do Brasil. Isto posto, se buscou saber: qual a participação das
exportações do agronegócio do estado do Paraná na balança comercial do Brasil no
período de 1997 a 2011?
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo geral
Identificar a participação das exportações do agronegócio paranaense na
balança comercial brasileira, no período de 1997 a 2011.
1.2.2 Objetivos específicos
a) Verificar a participação das exportações do agronegócio nas balanças
comerciais brasileira e paranaense;
b) Analisar os 5 principais complexos de produtos da pauta de
exportações do agronegócio brasileiro e paranaense e a evolução destes
produtos ao longo do período analisado;
4
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 PRINCIPAIS ABORDAGENS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL
Apesar das dificuldades em se precisar o início das relações comerciais,
percebe-se que os chefes de família tinham habilidades específicas e produziam o
que precisavam para sobreviver, obtendo o que não produziam via troca direta, o
escambo Segundo Smith, cada chefe de família seria capaz de produzir aquilo em
que fosse mais habilidoso e trocar por mercadorias em que não possuísse
habilidade alguma, sobre tal afirmativa, descreve:
(...) Eis uma máxima que todo chefe de família prudente deve seguir: nunca tentar fazer em casa aquilo que seja mais caro fazer do que comprar. O alfaiate não tenta fabricar seus sapatos, mas os compra do sapateiro. Este não tenta confeccionar seu traje, mas recorre ao alfaiate (...) (SMITH, 1988, p. 380).
Com o passar do tempo essas trocas se tornaram mais complexas, o que
demandava a adoção de um meio de troca comum, surgindo então a moeda que
passou a ser aceita por todos sendo de fácil armazenagem e transporte e servindo
como forma de acumulação para alguns (GUIDOLIN, 1991).
Em decorrência da evolução das trocas, surge a classe comerciante que foi
de suma importância para que fossem introduzidos novos produtos no mercado e à
medida que esta classe se disseminava atingia posição de destaque na sociedade.
Neste período, por volta de 1500, surgiram as grandes nações-estado europeias
(Inglaterra, Espanha, França e Holanda) sendo que este período ficou marcado pelo
nascimento da doutrina e a prática mercantilista (GUIDOLIN, 1991).
No mercantilismo, a definição de preço se dava pela quantidade de valor
intrínseco à produção de um bem, sendo os produtos mais valiosos aqueles que
precisassem de mais horas de trabalho ou que eram mais raros, e os menos
elaborados com menor quantidade de trabalho empregada seriam os de menor
valor. A evolução das relações de comércio entre os agentes produtores fez com
que os produtos tivessem uma valoração não limitada, pois foram acrescidos do
valor dos impostos, transporte, salários e outros custos provenientes do processo
produtivo (BIANCHI, 1981).
5
As nações abasteciam seus mercados com o que se produzia dentro de
suas fronteiras e, com os avanços nas técnicas de produção, a divisão do trabalho e
o consequente aumento de produtividade, o que era produzido passou a superar a
demanda existente, surgindo a necessidade de se vender o excedente para outras
nações que não conseguiam produzir tudo que se demandava nos seus mercados.
Para Smith, “(...) se as nações se especializarem na produção daquilo para o qual
estão mais aparelhadas e, em seguida, trocarem a produção excedente entre si,
todas serão beneficiadas (...)” (ARAÚJO, 1988, p. 42).
Contudo, nem todas as nações passaram por um estágio de subsistência,
algumas delas partiram diretamente para a produção destinada ao mercado externo,
promovendo o desenvolvimento pelas divisas provenientes do exterior. As
exportações constituem uma importante maneira de se escoar o excedente e
arrecadar divisas que podem ser utilizadas para financiar importações em setores
estratégicos (NORTH, 1977).
Para os autores clássicos, a riqueza de uma nação era resultado do trabalho
de seus cidadãos e o valor de troca de uma mercadoria estava relacionado ao
esforço empregado na sua produção, em horas trabalhadas. Sobre valor, Adam
Smith descreve:
(...) os bens contêm uma certa quantidade de trabalho que permutamos por aquilo que, na ocasião, supomos conter o valor de uma quantidade igual. O trabalho foi o primeiro preço, o dinheiro de compra original que foi pago por todas as coisas. Não foi por ouro nem por prata, mas pelo trabalho que foi originalmente comprada toda a riqueza do mundo; e o valor dessa riqueza, para aqueles que a possuem e desejam trocá-la por novos produtos, é exatamente igual à quantidade de trabalho que essa riqueza lhes dá condições de comprar ou comandar (SMITH, 1988, p. 36).
A evolução das relações de comércio entre os agentes produtores fez com
que os produtos tivessem uma valoração não limitada, pois foram acrescidos do
valor dos impostos, transporte, salários e outros custos provenientes do processo
produtivo.
Cada país tem suas vantagens em relação aos outros quando se trata de
exportação, alguns são especializados em produção de bens primários, outros, nos
quais o uso de capital é intensivo, se especializam na produção de bens de alto
valor agregado, bens tecnológicos e de luxo.
Sendo assim, o comércio internacional é de suma importância para a troca
dos excedentes gerados pelos países. Porém, as discussões de como se devem
6
proceder as negociações vêm se baseando no pressuposto do livre comércio,
exceto na doutrina mercantilista.
A doutrina mercantilista vigente entre os séculos XV e XVIII foi resultado da
expansão comercial que se iniciou no final da Idade Média e teve seu apogeu no
século XVI, após o descobrimento da América e da rota marítima para as Índias. As
ideias principais estavam centradas na união dos interesses do Estado nacional e da
ascendente burguesia, contrária ao feudalismo.
Carvalho e Silva (2000, p. 4), discorrem sobre o mercantilismo:
(...) acreditava-se que uma nação seria tanto mais rica quanto maiores fossem sua população e seu estoque de metais preciosos. (...) o Estado deveria tomar as providências necessárias para aumentar o bem estar da população, estimular o comércio e a indústria, vistos como mais importante que a agricultura, e favorecer as exportações – principal maneira de incrementar o volume de metais preciosos no país, pois os pagamentos internacionais eram feitos em ouro e prata.
O Estado tem a função de favorecer as exportações, deixando claro que o
país enriquece com a obtenção de superávit comercial (importa menos do que
exporta) em suas transações com o resto do mundo. Para tanto, o governo deve
estimular as exportações e dificultar importações por meio de medidas
protecionistas.
Não há como abordar por completo todos os elementos do comércio
internacional, suas interações, conflitos e jogos de interesse. Esta constatação não é
nova, já nos anos 1950 alguns autores propunham isto. Sobre esta constatação,
Gonçalves (2005) expõe:
Dadas as complexidades dos temas e a influência de variáveis heterogêneas, não é possível obtermos uma teoria geral e única do comércio internacional. É importante, por isso, termos um balanço dos diferentes enfoques teóricos do comércio internacional. (GONÇALVES, 2005, p. 97)
Para Krugman (1992), as teorias do comércio, o crescimento e os ciclos
econômicos da década de 1980, oferecem uma visão distinta da economia que se
derivava das teorias antecedentes: concorrência perfeita, crescimento equilibrado e
convergência da produtividade entre países. Os rendimentos crescentes de
escala influenciam permanentemente a economia, e quando se analisa a distribuição
7
geográfica da produção nas economias, é possível perceber que os acontecimentos
históricos desempenharam um papel decisivo na sua concretização.
A partir da publicação das ideias de Adam Smith em 1776 na obra A
Riqueza das Nações, a ideia de livre comércio alterou a visão dos países, levando-
os a pensarem em como obter maiores ganhos com o comércio. Smith desenvolveu
a Teoria das Vantagens Absolutas, criticando o conjunto de ideias da elite
econômica da época. Para Smith, uma economia só manterá transações
espontâneas com outra se perceber claros ganhos nesta transação. O comércio
internacional se justificará quando for mais barato adquirir itens produzidos em
outras economias. O país com menor custo de produção terá vantagens absolutas
em relação aos demais que ofertem um mesmo produto (MAIA, 2001).
Smith defendia que as trocas deveriam beneficiar todas as partes envolvidas
no negócio; o livre comércio promoveria o aumento da produção por meio da
especialização e, através de trocas, aumentaria o consumo e o bem estar da
população dos países participantes do comércio internacional (SMITH, 1988).
Segundo a teoria econômica liberal, o livre comércio favorece uma melhor
utilização dos recursos produtivos, resultando em maior bem estar social. Alguns
países se utilizam de medidas protecionistas para barrar importações, com o intuito
de proteger seu comércio, gerando entraves ao comércio internacional.
Para List (1983), protecionismo é uma forma de as nações alcançarem
crescimento e desenvolvimento, se tornando fortes e inserindo-se no mercado
internacional de forma competitiva, ativa e favorável. List relata que:
(...) nas atuais condições do mundo, o resultado da liberdade geral de comércio não seria uma república universal, mas, pelo contrário, uma sujeição total das nações menos adiantadas à supremacia da potência industrial, comercial e naval atualmente dominante (...) O sistema protecionista, na medida em que constitui a única maneira de colocar as nações ainda atrasadas em pé de igualdade com a nação predominante (a qual, aliás, nunca recebeu da Natureza um direito perpétuo ao monopólio industrial, senão que apenas conseguiu adiantar-se às demais em termos de tempo), esse sistema protecionista, considerando sob este ponto de vista, apresenta-se como meio mais eficaz para fomentar a união final das nações, e, portanto, também para promover a verdadeira liberdade de comércio (LIST, 1983, p. 93).
O comércio exterior não pode ser tratado seguindo uma lógica simplesmente
individualista e racional-econômica, é necessário que o Estado faça uso da política
comercial para garantir o aumento na capacitação e desenvolvimento das forças
8
produtivas nacionais, segundo suas estratégias de desenvolvimento
deliberadamente traçadas. Para List (1983), os países que chegam a uma posição
confortável no mercado internacional, via protecionismo, tendem a “chutar a escada”
para que as nações em desenvolvimento não utilizem medidas protecionistas para
promover o crescimento econômico. Sobre tal atitude, List (1983) descreve:
Quando alguém conseguiu atingir o ponto máximo de sua grandeza, é muito comum recorrer ele a um artifício astuto: atira para longe a escada que lhe permitiu subir, para que outros não a usem para subir atrás dele. É nisso que reside o segredo da doutrina cosmopolita de Adam Smith (...). Toda nação que, por meio de adoção de taxas protecionistas e de restrições à navegação estrangeira, conseguiu aumentar sua força manufatureira e sua navegação a tal ponto que nenhum outro país é capaz de manter livre concorrência com ela, nada melhor e mais sábio pode fazer do que atirar para longe essas escadas que serviram para construir sua própria grandeza, apregoar às outras nações as vantagens e benefícios do livre comércio, e declarar, em tons penitentes, que até aqui andou por caminhos errados, e só agora, pela primeira vez, conseguiu descobrir a verdade (LIST,1983, p.249).
As vantagens adquiridas pelas nações são determinantes para a inserção e
manutenção das nações no mercado internacional, sejam elas de custo,
produtividade ou condições favoráveis. David Ricardo, em 1817, publicou os
Princípios de Economia Política e Tributação, apresentado a Teoria das Vantagens
Comparativas e a Teoria do Valor, que explicariam as relações comerciais entre
nações sem vantagem absoluta na produção de nenhum produto.
Para os clássicos, em uma economia fechada, isto é, sem relações
comerciais com o resto do mundo, os preços dos produtos são determinados pelo
conteúdo de trabalho contido nele, pois a teoria assume que o trabalho é o único
fator de produção. Esta teoria contribui para que possamos identificar as razões por
que uma economia mantém relações comerciais com o resto do mundo, e as
características dos fluxos de comércio (SMITH, 1988).
Sobre a Teoria do Valor, Ellsworth (1978, p. 81), descreve:
O ponto de partida lógico para considerar a explicação do comércio internacional de Ricardo é a Teoria do Valor. Segundo esta, o valor de qualquer mercadoria depende dos seus custos de mão-de-obra. É a quantidade comparativa de mercadorias que a mão-de-obra produz que determina o seu valor relativo passado ou presente.
Ricardo (1982) se preocupava com o valor relativo, e não absoluto dos bens,
e afirmava que para uma mercadoria ter valor de troca, ela precisa ter valor de uso.
9
Afirmava ainda, que a utilidade não é a medida de valor de permuta, embora seja
essencial para ela.
Para Ricardo (1982), a ideia de vantagens absolutas pode ser utilizada para
determinar o padrão de comércio interno em um país que apresente perfeita
mobilidade de fatores de produção, esta ideia contrapunha-se ao que Smith
defendia. No mercado internacional a lógica é diferente dada a pouca, ou nenhuma,
mobilidade dos fatores. Complementando Smith sobre os benefícios do comércio
internacional Ricardo descreve:
Num sistema comercial perfeitamente livre, cada país naturalmente dedica seu capital e seu trabalho à atividade que lhe seja mais benéfica. Essa busca de vantagem individual está admiravelmente associada ao bem universal do conjunto dos países. Estimulando a dedicação ao trabalho, recompensando a engenhosidade e propiciando o uso mais eficaz das potencialidades proporcionadas pela natureza, distribui-se o trabalho de modo mais eficiente e mais econômico, enquanto, pelo aumento geral do volume de produtos difunde-se o benefício de modo geral e une-se a sociedade universal de todas as nações do mundo civilizado por laços comuns de interesse e de intercâmbio (RICARDO, 1982, p.104).
Ainda contrapondo-se à ideia de vantagens absolutas, Ricardo afirma que
pode ser vantajoso para um país especializar-se na produção de bens que
demandem menor esforço em outro lugar. Pode não haver benefícios na produção
de produtos que se têm vantagens absolutas em relação a outros países se ao
produzir outros bens poderá haver vantagem ainda maior.
A teoria das Vantagens Comparativas permite mostrar que mesmo que um
país esteja em condições de produzir a totalidade dos bens e serviços que consome,
é do seu interesse limitar a sua produção aos bens e serviços cujo custo de
produção é relativamente mais baixo do que os estrangeiros trocando a parte não
consumida destes bens pelos que são produzidos no estrangeiro a custo
relativamente mais elevado (RICARDO, 1982).
Economias de escala e o uso intensivo de tecnologia servem de base para a
vantagem comparativa de um país. Ampliando o tamanho do mercado de uma
empresa, se obtém, através do comércio internacional, vantagens na produção de
escala, proporcionando eficiência crescente. Sendo assim, para Ricardo os países
exportarão os bens nos quais têm maior produtividade relativa do trabalho
(vantagem comparativa) e importarão aqueles nos quais tem menor produtividade
10
relativa do trabalho. Para ilustrar tal afirmativa, Ricardo usa o exemplo de Inglaterra
e Portugal com os produtos tecido e vinho:
A Inglaterra exportava tecidos em troca de vinho porque, dessa forma, sua indústria se tornava mais produtiva; teria mais tecidos e vinhos do que se os produzisse para si mesma; Portugal importava tecidos e exportava vinho porque a indústria portuguesa poderia ser mais beneficamente utilizada para ambos os países na produção de vinho (RICARDO, 1982, p.107).
Ricardo (1982) expressou os ganhos com o comércio como economia de
unidades de trabalho, uma vez que considerava o comércio como uma maneira de
economizar esforços. As trocas no mercado deveriam ser condicionadas a uma
determinada relação de preços; Em seu exemplo, as trocas são intercambiadas na
proporção 1:1 (um por um), e uma variação na relação de preços que ultrapassasse
os limites entre as relações dos produtos em questão, levaria a um desequilíbrio
entre os ganhos e tornaria inviável o comércio entre eles.
Mill (1983) afirma que um país com custos reais altos ainda conseguiria
exportar algum produto para países que teriam vantagens na produção deste
mesmo produto. Em tendo vantagem sobre um país em todos os produtos, essa
vantagem seria maior em alguns produtos e menor em outros, importando aqueles
produtos em que a vantagem fosse menor e realocaria seus fatores de produção
para aquele produto no qual a vantagem fosse máxima.
Mesmo sendo uma teoria importante, a teoria de Ricardo apresenta algumas
falhas. Segundo Krugman e Obstefeld (2001), os principais motivos dos erros das
previsões implícitas no modelo de Ricardo são:
� A suposição de um grau extremo de especialização, que não se
observa no mundo real;
� Os efeitos indiretos do comércio internacional sobre a distribuição de
renda dentro dos países e, portanto, a presunção de que os países como um
todo sempre ganharão por meio do comércio;
� O fato de o autor ignorar o papel das economias de escala como uma
causa do comércio, o que torna impossível explicar os grandes fluxos
comerciais entre nações aparentemente similares.
A globalização da economia faz com que a competividade passe a ser via
custos, onde os países e empresas buscam a redução de custos para aumentar sua
11
competividade, utilizando de maneira mais eficientes seus recursos produtivos
(PORTER, 1989). Neste contexto, surge a teoria das vantagens competitivas,
contrariando as teorias apresentadas anteriormente.
O trabalho de Porter (1989) surge para questionar as teorias clássicas
propondo uma nova abordagem, que vai além do conceito de vantagem
comparativa, e concentra-se nas vantagens competitivas dos países.
Para Porter (1989), o único conceito significativo de competitividade nacional
é o de produtividade. A produtividade é o termo que define o valor do que se produz
a partir de uma unidade de trabalho ou capital e depende da qualidade,
características dos produtos e eficiência com que são produzidos. Segundo o autor,
para uma empresa ou nação prosperar em termos econômicos, dependerá da
produtividade com a qual os recursos nacionais (trabalho e capital) são empregados.
Sendo assim, a produtividade determina o nível de renda per capita de um país e,
portanto, o padrão de vida. Então, a competitividade em nível nacional deve ser
entendida como produtividade nacional.
Numa crítica à teoria das vantagens comparativas, apresentando a
insuficiência das explicações tradicionais, Porter coloca:
Uma teoria que não atribui um papel à estratégia das empresas, como melhoria da tecnologia ou a diferenciação de produtos, deixa-as quase sem outro recurso que não seja a tentativa de influenciar a política governamental. Não é de surpreender que a maioria dos empresários, que conhecem a teoria, acha que desconhece o que lhes parece ser mais importante e oferece pouca orientação para uma estratégia empresarial adequada (PORTER, 1989, p. 13).
Deve ser levado em consideração que as nações não podem ser
competitivas em tudo o tempo todo. Os recursos produtivos de um país são
limitados, sendo assim, estes recursos devem ser empregados nas atividades mais
produtivas, proporcionando ganhos de produtividade. O comércio internacional
colabora para o aumento da produtividade, uma vez que as nações tendem a
importar produtos em que são menos produtivas e exportar aqueles cuja
produtividade é maior. Portanto, o comércio internacional proporciona o crescimento
da produtividade (PORTER, 1989).
Apesar dos pontos falhos citados anteriormente nas teorias apresentadas,
observa-se que os países tendem realmente a exportar os produtos cuja
12
produtividade é elevada e importar aqueles cuja produtividade é reduzida. Isso
implica em vantagens absolutas, comparativas e competitivas entre as nações.
De acordo com Krugman e Obstefeld (2001), a teoria de Heckscher e Ohlin é
diferente do modelo de Ricardo, pois distingue o comércio internacional do inter-
regional e na identificação dos fatores determinantes da existência ou não de
vantagens comparativas. Para Young (1951), a teoria do comércio internacional
deveria ser trabalhada do mesmo modo que a de comércio entre regiões. Essa
afirmação contrasta da perspectiva clássica, que enfatizou diferenças entre comércio
dentro da nação e entre nações.
Ricardo (1982) atribuiu a existência de vantagens comparativas a diferentes
produtividades do trabalho entre os países. Neste sentido, a versão simplificada da
teoria neoclássica, que termina em modelos do tipo dois fatores, dois produtos e
dois países (2x2x2) constitui um rompimento com a concepção original de
Heckscher sobre os determinantes do comércio.
O modelo de Heckscher-Ohlin, conforme Krugman e Obstefeld (2001),
afirma que as vantagens comparativas são resultado dos diferentes níveis de
estoques dos distintos fatores de produção, influenciando os custos de produção
desses bens. As nações têm tecnologia equivalente, mas o que as difere é a
disponibilidade dos fatores de produção, como terra, recursos naturais, mão-de-obra
e capital.
Em 1919, Eli Heckscher publicou seu trabalho sobre o comércio
internacional, a partir das teorias neoclássicas, como alternativa ao modelo
ricardiano. Ele incorpora novas variáveis ao estudo dos determinantes do comércio
internacional, avaliando os impactos sobre a distribuição de renda num país com a
abertura ao exterior. A noção de vantagens comparativas foi ligada às
diferenciações na dotação dos fatores produtivos de um país, diferentemente do
modelo clássico. Gonçalves (2005) relata:
Ao incorporar os fatores básicos de produção (trabalho, terra e capital) à sua análise, Heckscher ampliou o modelo ricardiano, no qual os preços relativos refletiam a produtividade relativa do trabalho. Porém, é a suposição de igualdade internacional de tecnologia que gera as bases para as propostas principais do modelo neoclássico de comércio exterior (GONÇALVES, 2005, p. 102).
Este modelo se defende que os padrões de comércio internacional são
determinados pela diferença na abundância de fatores produtivos entre as nações.
13
Assim, um país no qual o fator trabalho for relativamente abundante produzirá bens
intensivos em trabalho a um custo relativamente baixo; assim, terá uma vantagem
comparativa na produção. Então, diminuindo a produção do bem intensivo em
capital, esse país irá conseguir um grande incremento marginal da produção do bem
intensivo em trabalho.
Nos termos de Ohlin (1933), a Austrália, possuía maior extensão de terras
agricultáveis que a Grã-Bretanha, porém possuía menor quantidade do fator
trabalho, capital e minas, sendo mais adaptada à produção de bens que exigem
maiores quantidades de terra agricultável.
A Grã-Bretanha, por sua vez, apresentaria vantagens na produção de bens
manufaturados. Assim, a conclusão do modelo de Heckscher-Ohlin é que haverá
especialização dos países na produção daqueles bens cuja produção utilize os
fatores abundantes existentes, exportando esses bens e importando aqueles cujos
fatores produtivos sejam relativamente escassos em seu território.
Para Willianson (1989), este modelo influenciou fortemente a determinação
das políticas governamentais, admitindo que os governos possam alterar a
vantagem comparativa de fatores por meio de intervenções, justificando a utilização
de políticas com o objetivo de diminuir os custos relativos das empresas em relação
aos das empresas rivais de outros países.
A redução das taxas de juros, políticas para conter os custos salariais,
desvalorização para afetar os preços relativos, subsídios, margens de depreciação
especiais e financiamento de exportação para setores específicos, são exemplos de
políticas utilizadas para esse fim.
2.2 A ABERTURA COMERCIAL BRASILEIRA E O COMÉRCIO INTERNACIONAL
O comércio internacional passou a ser importante para os países, pois se
tornou uma importante maneira de se obter divisas e formar reservas. Este processo
se acelerou após os anos 1980, com o advento da chamada globalização da
economia. Os meios de comunicação e os menores custos de transmissão de
informação aprimoraram este processo.
A partir do fim dos anos 1980 o Brasil abandonou o fechamento comercial
promovido pelo programa de substituição de importações e no início dos anos 1990
14
novas diretrizes foram traçadas e reformas estruturais foram propostas, promovendo
uma política de importações mais liberal e racional. Quando Fernando Collor de
Mello (1190-1992) assumiu a presidência deixou clara sua intenção de mudar os
rumos do desenvolvimento nacional, baseado na política de industrialização por
substituição de importações, buscando promover a modernização da indústria
nacional via importações e concorrência com produtos do exterior (SOUZA, 2008).
Com um novo modelo de desenvolvimento, voltado para fora, surgido da
ideia de modernização da economia, iniciou-se um amplo processo unilateral de
redução tarifária, abrindo o mercado aos competidores externos visando a
reinserção do Brasil no ambiente das relações internacionais econômicas.
A rede institucional foi favorecida por medidas de processamento mais
rápido de importação e exportação, como sistemas especiais de trânsito aduaneiro e
admissão temporária, entrepostos aduaneiros e industriais, exportações temporárias
e o drawback. Essas medidas tiveram continuidade sob um processo sistemático e
racional de revisão radical das normas de importação.
A Tarifa Aduaneira do Brasil (TAB) foi revisada no início dos anos 1990
levando a uma redução dos níveis de proteção nominal e do grau de dispersão da
tarifa sem, aparentemente, eliminar o efeito da escalada tarifária.
As tarifas aduaneiras eram em média de 35%, mas em alguns casos
chegavam a 100%. A partir do governo Collor, foram estabelecidos níveis de 0% a
40%, com tarifas média de modal de 20%. O nível máximo era previsto como meio
de proteção temporária de determinados setores. Para os produtos tecnológicos de
ponta os níveis de tarifa poderiam chegar a zero, caso não houvesse similar
nacional. Foram previstos também meios de defesa da indústria nacional contra as
práticas desleais, como dumping (CASELLA, 1998).
Foi estabelecido um patamar máximo de proteção efetiva, como salientam
Carvalho e Machado (1994). As tarifas também foram fixadas para produtos
agrícolas, industrializados ou com alto custo de transporte, exportáveis ou com baixo
valor agregado, em 10%, 20% e zero, respectivamente. As tarifas para bens de
consumo, bens de capital e bens intermediários, foram fixadas em 28,7%, 23,5% e
18,8%, respectivamente.
Para Kume (1996), o Plano Real (1994) intensificou esta abertura comercial,
buscando disciplinar os preços domésticos dos produtos importáveis através do
acirramento da competitividade externa, reduzindo as tarifas, depreciando o câmbio
15
e diminuindo as alíquotas do imposto de importação decorrente da adoção da Tarifa
Externa Comum (TEC) do Mercosul. O Brasil, até então, praticava uma alíquota de
importação para bens de capital de 25%, enquanto nos demais países do bloco
tinham alíquota zero. De 1995 a 2000 as alíquotas caíram de 23% para 18% ad
valorem (MDIC, 2011).
Grieco (1997) observou que em 1994, como reflexo das medidas de
liberalização e a valorização do real perante o dólar norte-americano, as
importações brasileiras aumentaram em valor de 50% em relação ao mesmo período
do ano anterior. Dezembro registrou saldo comercial negativo de US$ 1 bilhão,
reduzindo o superávit previsto de US$ 12 bilhões para US$ 10,466 bilhões. De 1995
a 2000, a Balança Comercial do Brasil apresentou déficit, devido ao significativo
aumento das importações promovido pela abertura comercial.
Segundo Coelho (2002), a abertura comercial ocorrida após os anos 80 com
redução das tarifas e o processo desregulamentação do Estado, diminuindo seu
poder de intervenção, proporcionou um novo contexto de comércio internacional,
inserindo o agronegócio neste contexto.
2.3 O AGRONEGÓCIO E SUAS PERSPECTIVAS
As primeiras discussões em torno do agronegócio, que pode ser encontrado
na literatura como agrobusiness, surgiram em 1957 com John Davis e Ray
Goldberg, professores de Harvard. A definição do agronegócio surgiu através dos
estudos em torno das transformações e reestruturação da agricultura dos EUA após
a crise de 1929. A definição encontrada por Davis e Goldberg foi: “a soma total das
operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas; as operações de
produção nas unidades agrícolas; e os armazenamento, processamento e
distribuição dos produtos agrícolas e itens produzidos com eles” (MEGIDO e
XAVIER, 1998, p. 35).
Pizzolatti (2004) afirma que o agronegócio ocorre em três diferentes níveis:
“negócios dentro da porteira”, “negócios pré-porteira” e “negócios pós-porteira”.
Negócios “pré-porteira” são de suma importância para a agropecuária, sem
eles a atividade não existiria. Dentre os componentes deste grupo estão os
16
fornecedores de insumos (fertilizantes, agrotóxicos, defensivos, maquinários,
sementes, dentre outros).
Negócios "dentro da porteira" são propriamente ditos negócios
agropecuários. Os produtores rurais (pequenos, médios ou grandes, sejam pessoa
física ou jurídica) e os negócios realizados a partir deles compõem os “negócios
dentro da porteira”.
Negócios “pós-porteira” são aqueles efetivados fora das propriedades, são
derivados do beneficiamento, distribuição e consumo dos produtos.
Dadas as dimensões territoriais do Brasil, e a boa qualidade da terra, a
economia brasileira tem importantes raízes na produção e exportação de produtos
agropecuários. A exploração do pau-brasil, que deu nome definitivo ao nosso país,
proporcionou a ocupação do território nacional, iniciada no século XVI, baseada na
doação de terras, as sesmarias, na monocultura açucareira e no regime
escravocrata. Estes fatores favoreceram a expansão do latifúndio.
Desta forma, o agronegócio brasileiro se configura no capitalismo
globalizado no campo, em forma de latifúndio, derivado da internacionalização
econômica brasileira. Assim, houve uma junção entre capitalistas latifundiários,
focados nas exportações, e empresas transnacionais que controlam o mercado
agrícola internacional, resultando no agronegócio. Nas palavras de Stedile:
Agronegócio é neoliberalismo da agricultura. Esse modelo neoliberal teve a sua amplitude também na agricultura. Selou-se uma aliança subordinada entre os grandes fazendeiros, os capitalistas, que se dedicam à exportação, com as empresas transnacionais que controlam o comércio agrícola internacional, as sementes, a produção de agrotóxicos e a agroindústria. O filhote desse matrimônio chamou-se agronegócio (...) (STEDILE, 2006, p. 17).
A extinção do pau-brasil foi concomitante à implantação da lavoura
canavieira, que serviu de base e sustentação para a economia. A colonização e
crescimento estiveram ligados a diversos ciclos agroindustriais, como o da cana-de-
açúcar, principalmente no Nordeste; a borracha, na região amazônica, e em
seguida, o café se fortalece fornecendo poupança interna e financiando o processo
de industrialização; recentemente, a soja se destaca como principal commodity
brasileira exportada (RENAI, 2007).
Após os anos 1930, principalmente entre 1960 e 1980, o produtor rural
passou, a ser um especialista, envolvido quase exclusivamente com as operações
17
de cultivo e criação de animais; contudo, as funções de armazenar, processar e
distribuir produtos agropecuários, assim como as de suprir insumos e fatores de
produção, foram transferidas para organizações produtivas e de serviços nacionais
e/ou internacionais fora da fazenda, impulsionando ainda mais a indústria de base
agrícola (VILARINHO, 2006).
Dos anos 1970 em diante o Brasil passou por um período de
desenvolvimento do agronegócio, para tanto a Tecnologia e a Ciência foram
fundamentais. Estas inovações possibilitaram o aproveitamento de terras até então
não agricultáveis. Atualmente os itens mais importantes da pauta de exportação
brasileira são produtos de origem vegetal ou animal. Dentro os principais produtos
estão os do complexo soja, carnes e derivados, açúcar e álcool, madeira (papel,
celulose, madeira e outros), café, chá, fumo, tabaco, algodão e fibras têxteis
vegetais, frutas e derivados, hortaliças, cereais e derivados e a borracha natural
(VILARINHO, 2006).
Com o surgimento dos blocos econômicos, após os anos 1990, a agricultura
brasileira sofreu mudanças, e passou a conviver com um cenário de estabilidade da
moeda e, em contrapartida, a falta de financiamento público para o campo. A
concorrência no mercado externo foi a saída para o agronegócio brasileiro,
buscando suprir a falta de recursos públicos destinados às atividades rurais e a
necessidade de ganhos de produtividade (IGLÉCIAS, 2007).
Com a abertura comercial, o Brasil passou rapidamente de um país fechado
e com alta inflação para uma economia estável e aberta, mudando a visão do
empresariado brasileiro em relação ao mercado externo. Neste período as
importações de bens de capital e tecnologia se intensificaram e a indústria brasileira
passou por um importante processo de modernização (GRIECO, 1997).
Com a importante participação nos indicadores econômicos como PIB e
nível de emprego, o agronegócio brasileiro desempenha um papel estratégico no
desenvolvimento do país. A expressiva participação do agronegócio na balança
comercial favorece a entrada de grandes volumes de capital, contribuindo para o
aumento da capacidade de investimento interno (VILARINHO, 2006).
O clima diversificado, chuvas regulares, energia solar abundante e
praticamente 13% de toda água doce do planeta, propiciam a agropecuária no
Brasil. O país possui 388 milhões de hectares de terras agricultáveis férteis e
18
produtivas, o que representa cerca de 22% das terras agricultáveis do mundo
(EMBRAPA, 2012).
O avanço tecnológico ocorrido no campo garante eficiência e
competitividade ao agronegócio brasileiro no cenário internacional. A agricultura
familiar apoiada nas políticas governamentais implantadas nos últimos anos
excedeu os limites físicos da propriedade (VILARINHO, 2006).
O gerenciamento da cadeia produtiva, e as decisões inerentes à produção,
tais como o que produzir, quanto produzir e de que forma produzir passou a não
depender somente do agricultor. A demanda por determinados tipos de produto,
agora são determinadas por um mercado consumidor mais exigente e conhecedor
de seus direitos. Os diversos atores envolvidos no processo produtivo mantêm-se
em permanente negociação de quantidades, prazos e preços (GONÇALVES, 2005).
Os processos de armazenamento, processamento e distribuição ao
consumidor final constituem o diferencial entre a agricultura de outrora e os
complexos agroindustriais atuais, reafirmando a ideia de que as cadeias produtivas
adicionam valor às matérias-primas. Sendo assim, como em outros países com
economias voltadas para a produção de commodities agrícolas, ou baseadas em
recursos naturais, as terras brasileiras são exploradas ao longo da história,
oferecendo oportunidades para a expansão econômica (GONÇALVES, 2005).
Neste contexto nacional, a agropecuária paranaense sofreu transformações
importantes ao longo das últimas décadas, em razão da abertura comercial, da
exaustão dos tradicionais instrumentos de financiamento da atividade, amparados
em recursos públicos, e da crescente participação do país como fornecedor global
de alimentos. Em paralelo, a ampliação da fronteira agrícola, avançando
principalmente nas porções centrais e setentrionais do território nacional, a
continuidade do progresso tecnológico e a influência ascendente dos grandes
grupos empresariais como indutores de mudanças produtivas e ocupacionais, por
meio de uma maior coordenação entre os proprietários rurais e os agentes
agroindustriais, impuseram alterações ao ambiente no qual está inserido o setor
primário estadual, assim como os segmentos manufatureiros diretamente articulados
à agropecuária.
19
3 METODOLOGIA
O método de pesquisa é definido como a escolha dos procedimentos que
melhor explicam o fenômeno a ser estudado. Tais procedimentos consistem em
delimitar um problema de pesquisa, interpretá-lo e relacioná-lo com as teorias
existentes, para assim responder a pergunta de pesquisa do trabalho (MORESI,
2003).
Para estudar a participação de apenas uma unidade exportadora dentro do
país foi necessária uma análise da série histórica das exportações do período
analisado, com dados obtidos junto a institutos, fundações e órgãos públicos. Num
primeiro momento foi feita uma análise dos dados das exportações brasileiras totais
e do agronegócio, mostrando a evolução dos valores ao longo da série.
Num segundo momento foi feita uma análise do Paraná, isoladamente, a fim
de identificar sua participação na balança comercial brasileira, focando o setor
agropecuário, objeto de estudo deste trabalho, e ranqueando seus 5 principais
complexos de produtos da pauta de exportações.
Esta pesquisa se caracterizou como pesquisa bibliográfica e o método
utilizado foi o comparativo.
Sobre o método bibliográfico, Cervo e Bervian (1996, p. 68) descrevem:
Praticamente todo o conhecimento humano pode ser encontrado nos livros ou em outros impressos que se encontram em bibliotecas. A pesquisa bibliográfica tem como objetivo encontrar respostas aos problemas formulados e o recurso é a consulta dos documentos bibliográficos. Para encontrar o material que interessa numa pesquisa é necessário sabe como estão organizadas as bibliotecas e como podem servir os documentos impressos.
Sobre o método comparativo, Gil (1988, p. 42) descreve:
Nas pesquisas macroeconômicas, o método comparativo é fundamental, visto que possibilita analisar os fatos econômicos, tomando em consideração países, regiões geopolíticas, classes sociais, categorias profissionais, etc. Como a História constitui o grande laboratório da Economia, o método comparativo torna-se o único capaz de proporcionar o controle das variáveis cuja variação se faz sentir ao longo do tempo.
20
A análise foi feita através de dados secundários e o levantamento de dados
obtidos junto a órgãos oficiais (MAPA, MDIC, CONAB e SEAB), institutos (IPARDES
e IBGE) e literatura clássica para embasamento teórico.
Através dos dados obtidos foi analisada a evolução das exportações
brasileiras, totais e do agronegócio, em seguida se realizou uma análise das
exportações paranaenses, seguindo a mesma linha de raciocínio utilizada para o
nível nacional.
Feito isto, foi possível analisar a participação do agronegócio nas balanças
comerciais brasileira e paranaense e também qual a participação do Paraná nos
valores totais exportados pelo Brasil e também nos valores exportados pelo
agronegócio.
Após feita a análise das balanças comerciais do Brasil e do Paraná, foram
analisados os produtos mais representativos na balança comercial do agronegócio
em cada nível, nacional e estadual. Para tanto, foram elencados os 5 principais
complexos de produtos exportados no ano de 2011 e a partir destes dados a análise
ocorreu retroativamente até o ano de 1997, para que pudesse ser observado o
comportamento destes produtos ao longo da série histórica.
21
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 AS BALANÇAS COMERCIAL E DO AGRONEGÓCIO DO BRASIL
O Plano Real implantando em 1994, visando conter o processo inflacionário,
promoveu significativas mudanças na economia brasileira, as mais importantes
delas no setor externo da economia brasileira, balança de pagamentos, atratividade
para o capital estrangeiro e a competitividade. Este novo plano econômico estava
pautado no princípio gradualista e se fez valer das “âncoras” cambial e monetária
para atingir seus objetivos, promovendo ingresso de capitais estrangeiros diretos
para a formação de reservas e proporcionou uma maior abertura comercial (SOUZA,
2008).
Como afirma Bruno (1991), a eliminação de processos de inflação necessita
de medidas ortodoxas, como o ajuste fiscal e o ajuste de desequilíbrios externos,
além de uma desindexação formal da economia. Porém, essas medidas não são
suficientes para mudar o nível ou eliminar completamente a inflação. É necessária
também uma mudança na condução da política econômica, com a adoção de uma
âncora nominal. Dentre essas se encontra a âncora cambial que foi utilizada no
Brasil.
A âncora cambial se baseia nas expectativas inflacionárias dos agentes
econômicos, e sua importância não está apenas na reversão das expectativas
inflacionárias e na determinação de um dos principais preços da economia. Outro
papel da âncora cambial no controle dos preços é atrelar a inflação que recai sobre
os bens comercializáveis e também contribui para que a inflação interna convirja
para os níveis de inflação mundial, como apontado por Rebelo e Végh (1995).
Segundo Franco (1995), a partir de julho de 1994 a taxa de câmbio brasileira
foi forçada para baixo. Foi estabelecido, então, que um dólar norte-americano valeria
um Real.
A âncora cambial e a maior abertura comercial que passaram a vigorar no
Brasil favoreceram as políticas no âmbito industrial, tecnológico e de comércio
exterior. Estas mudanças no cenário econômico brasileiro causaram impacto nas
exportações e importações, principalmente para o MERCOSUL e América do Sul.
Tais políticas tinham por objetivo ampliar a eficiência e competitividade da indústria
22
brasileira e inseri-la no mercado internacional, garantindo empregos e gerando
renda.
A pauta de produtos exportados pelo Brasil é diversificada, exportando
principalmente produtos provenientes do setor agropecuário ou ligados aos recursos
naturais. Dentre os principais podemos citar o minério de ferro, carnes bovinas,
suínas e de frango, soja e seus derivados e produtos do complexo sucroalcooleiro.
Já as importações se concentram em equipamentos e componentes eletrônicos,
máquinas e equipamentos industriais, adubos, alguns minérios (titânio, chumbo e
cobre), aeronaves, navios e veículos (incluindo peças e acessórios) (MDIC, 2012).
A já fragilizada economia brasileira foi afetada pela crise do México em
1995. Os déficits da balança comercial foram agravados pela saída de capital
especulativo, uma vez que o país dependia destes capitais para equilibrar as contas
externas. Com a sobrevalorização artificial do Real e redução das tarifas de
importação, houve um grande fluxo de importações, causando uma piora nos saldos
da balança comercial brasileira. Com este agravante nas contas nacionais, a partir
de 1999 o governo foi forçado a adotar novas medidas para conter as importações e
também estimular as exportações. As taxas de juros foram elevadas para atrair
novamente o capital estrangeiro e aumentar as reservas internacionais do país,
caracterizando a âncora cambial. Sendo assim, as duas âncoras, cambial e
monetária, se completavam, como “irmãs siamesas” (SOUZA, 2008).
Após a acentuada desvalorização do real frente ao dólar americano em 1999
e diante do frustrado desempenho econômico brasileiro, as empresas tiveram que
se adaptar, passando a adotar estratégias exportadoras mais ativas que exerceriam
um esforço comercial e um rearranjo da distribuição das linhas de produção entre as
filiais multinacionais. A política externa adotada pelo governo brasileiro,
principalmente a partir de 2003, também foi voltada às exportações, buscando maior
diversificação geográfica de destinos das mesmas, privilegiando grandes mercados
do mundo em desenvolvimento. Dessa forma, houve ampliação das vendas de
produtos manufaturados de maior valor agregado, tais como automóveis, e suas
peças, tratores, aeronaves, bens de capital, móveis e eletroeletrônicos.
Diante desta abertura comercial e das mudanças no ambiente interno e
externo, o Brasil registrou entre 1997 e 2011 um acréscimo de 383,25% nas
exportações e um acréscimo de 278,65% nas importações. Ambas as contas
tiveram decréscimo nos anos de 1997, 1998 e 1999. As exportações voltaram a
23
crescer em 2000 e, até o final da série analisada, não registraram mais nenhum
decréscimo. As importações tiveram comportamento diferente das exportações,
registrando acréscimos e decréscimos ao longo do período, sendo que em 2011
atingiu o maior valor com US$ 226,23 bilhões importados (MDIC, 2012).
Na Tabela 1 observa-se que as exportações brasileiras fecharam o ano de
1997 em US$ 52,98 bilhões, caíram aproximadamente 3,5% e 6% em 1998 e 1999,
voltando a crescer em 2000, crescendo cerca de 15%. Nem mesmo a
desvalorização cambial de 1999 foi suficiente para alavancar as exportações
daquele ano, encerrando-se com pouco mais de US$ 48 bilhões exportados. De
2000 até 2008 as exportações cresceram a taxas entre 4% e 22%, sendo o
crescimento mais expressivo de 2004 para 2005.
Tabela 1 – Balança comercial brasileira 1997-2011 (US$ bilhões) Ano Exportações (FOB) Importações (FOB) Saldo 1997 52,98 59,75 - 6,77
1998 51,14 57,76 - 6,62
1999 48,01 49,30 - 1,29
2000 55,12 55,85 - 0,73
2001 58,29 55,60 2,69
2002 60,44 47,24 13,20
2003 73,20 48,33 24,88
2004 96,68 62,84 33,84
2005 118,53 73,60 44,93
2006 137,81 91,35 46,46
2007 160,65 120,62 40,03
2008 197,94 172,99 24,96
2009 153,00 127,72 25,27
2010 201,92 181,77 20,15
2011 256,04 226,24 29,80
Fonte: MDIC/SECEX 2012, adaptado pelo autor.
Nos anos de 1997 a 2000, a balança comercial registrou déficits,
decorrentes da maior abertura comercial e a supervalorização do real frente ao dólar
americano e políticas de inventivo às importações de bens de capital e bens
industrializados. Esta abertura comercial objetivava conter a inflação, que em junho
de 1994, quando o Plano Real foi implantado, estava em torno de 50% ao mês. A
partir de 2001 o saldo da balança comercial passou a ser positivo. No ano de 2006 a
24
balança comercial apresentou o melhor desempenho do período, com um superávit
de US$ 46,46 bilhões (MDIC, 2012).
O saldo mais expressivo da balança comercial, no período analisado,
ocorreu no ano de 2006, quando atingiu um valor superior a US$ 46 bilhões. Este
saldo é resultado de um aumento nas exportações de óleos derivados de petróleo,
minério de ferro (aglomerado e não aglomerado), açúcar e carnes. Os principais
destinos destas mercadorias em 2006 foram Estados Unidos, Argentina e China.
O aumento do volume dos manufaturados e a recuperação dos preços das
commodities permitiram que o saldo da balança comercial se ampliasse, mesmo
com o aumento das importações, entre 2002 e 2006. Estimuladas por conjuntura
internacional favorável, as exportações brasileiras atingiram US$ 197,94 bilhões em
2008. As importações, no mesmo ano, representaram um acréscimo, em relação a
2007, de aproximadamente 43%, impulsionado pela importação de petróleo e seus
derivados, adubos e automóveis.
O distúrbio mais relevante para a balança comercial brasileira durante o
período analisado foi o de 2009, quando eclodiu a crise do mercado norte-
americano, que se alastrou pelo mundo, afetando também o Brasil. As exportações
foram fortemente afetadas por este distúrbio, ocasionando uma queda nos valores
exportados de praticamente 30% em relação a 2008. Neste ano houve também uma
queda no valor importado, influenciada pela crise, e as consequentes políticas de
proteção ao mercado interno no Brasil.
No agronegócio brasileiro este cenário é um pouco diferente. A balança
comercial apresenta sucessivos superávits de 1997 a 2011, com uma ligeira queda
nos anos de 1997 e 2009. As exportações cresceram de 1997 a 2008, em 20009
teve uma queda de aproximadamente 10%, devido à crise mundial oriunda da crise
do mercado imobiliário norte-americano, retomando seu crescimento no ano
posterior. As importações sofreram diversas oscilações ao longo do período
analisado. A maior parte do valor importado pelo agronegócio refere-se aos insumos
produtivos, como sementes, fertilizantes e defensivos, e maquinários.
O aumento das importações do agronegócio registrado em 2008 é devido
aumento das importações de trigo, produtos florestais (celulose, papel e madeiras
beneficiadas) e produtos têxteis (fibras). Em 2010 e 2011 esta tendência se repetiu,
porém houve um acréscimo também nas importações ocorridas nos setores
sucroalcooleiro, de pescados e algumas oleaginosas (excluindo a soja).
25
A queda do valor exportado pelo agronegócio brasileiro registrada em 2009
está fortemente relacionada à crise do mercado norte americano iniciada no último
trimestre de 2008 e se estendendo pelos anos seguintes. Os Estados Unidos,
juntamente com a China e Argentina são os principais destinos dos produtos do
agronegócio brasileiro, dentre eles a soja, que é o principal produto da pauta de
produtos agrícolas exportados pelo Brasil. Na Tabela 2 está demonstrada a
evolução dos valores da balança comercial do agronegócio.
Tabela 2 – Balança comercial do agronegócio brasileiro 1997-2011 (US$ bilhões) Ano Exportações (FOB) Importações (FOB) Saldo 1997 23,37 8,19 15,18
1998 21,55 8,04 13,51
1999 20,49 5,69 14,80
2000 20,59 5,76 14,83
2001 23,86 4,80 19,06
2002 24,84 4,45 20,39
2003 30,65 4,75 25,90
2004 39,03 4,83 34,20
2005 43,62 5,11 38,51
2006 49,46 6,70 42,76
2007 58,42 8,72 49,70
2008 71,81 11,82 59,99
2009 64,79 9,90 54,89
2010 76,44 13,39 63,05
2011 94,97 17,50 77,47
Fonte: MDIC/SECEX 2012, adaptado pelo autor.
Em 2005 houve uma desaceleração no ritmo de crescimento do saldo das
exportações totais e a partir de 2006 estes valores apresentaram trajetória de queda,
até o ano de 2010 quando houve retomada do crescimento do saldo da balança
comercial brasileira.
Estudos promovidos pelo IEDI (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento
Industrial) em 2005 apontam para o fato de que o processo de abertura econômica
brasileira levou a essa desindustrialização, visto que apesar da abertura não houve
incremento tecnológico à indústria nacional, no que se refere a processos produtivos
mais sofisticados (IEDI, 2007).
26
Este processo de desindustrialização se acentuou após os anos 1990, com a
abertura comercial, e só foi interrompido com a maxidesvalorização da moeda
nacional em 1999. Constata-se que a taxa de crescimento da indústria brasileira foi
bem inferior a de outras economias emergentes, como China e Índia. O crescimento
industrial menor e a perda de relevância de setores e setores tradicionais, foram
compensadas por setores intensivos em recursos naturais (IEDI, 2007).
No Gráfico 1 é possível observar o comportamento do saldo da balança
comercial brasileira, tanto nas exportações totais como no agronegócio, ficando
evidentes os momentos de maior oscilação, inclusive a tendência à queda a partir
de 2005 e a forte queda dos valores exportados nos anos de 2008 e 2009,
decorrentes da crise econômica desencadeada pelas crise do mercado norte-
americano, e também, a tendência de crescimento apresentada pelo setor do
agronegócio, que mesmo em períodos de crise tende a manter saldo positivo,
compensando os altos valores importados pelos demais setores da economia.
Gráfico 1 – Evolução do saldo da balança comercial do Brasil: total e agronegócio 1997–2011 (US$ bilhões – FOB) Fonte: MDIC/SECEX 2012, adaptado pelo autor.
Tal tendência declinante apresentada a partir de 2005, desencadeada pelo
processo de desindustrialização enfrentado, impacta diretamente sobre a
27
competitividade e a produtividade industrial brasileira, prejudicando a expansão do
investimento e das exportações. O valor agregado dos produtos exportados diminui
com este processo e os produtos de alto valor agregado importados puxam o saldo
da balança comercial para baixo, causando este efeito de queda.
O agronegócio teve importante contribuição para manutenção do saldos
positivos da balança comercial ao longo da série analisada, pois mesmo com o
processo de desindustrialização e os altos valores importados, os saldos da balança
comercial brasileira, mesmo menores a cada ano, continuaram sendo positivos.
Na Tabela 3, observa-se que o agronegócio é muito representativo nas
exportações totais brasileiras, chegando a participar em alguns períodos com mais
de 40% do total exportado. O setor apresenta sucessivos aumentos nos valores
exportados, no ano 2000 apresentou uma queda significativa na participação do
valor exportado, tendo em vista que o crescimento no total exportado foi fortemente
influenciado pelo crescimento das vendas de aeronaves, minério de ferro e seus
derivados, e alguns produtos químicos.
Tabela 3 – Participação do agronegócio na balança comercial do Brasil 1997-2011 (US$ bilhões – FOB) Ano Exportações
Totais Exportações Agronegócio
Participação Agro/Total (%)
Importações Totais
Importações Agronegócio
Participação Agro/Total (%)
1997 52,98 23,37 44,10 59,75 8,19 13,71
1998 51,14 21,55 42,13 57,76 8,04 13,92
1999 48,01 20,49 42,68 49,30 5,69 11,55
2000 55,12 20,59 37,36 55,85 5,76 10,31
2001 58,29 23,86 40,93 55,60 4,80 8,64
2002 60,44 24,84 41,10 47,24 4,45 9,42
2003 73,20 30,65 41,86 48,33 4,75 9,82
2004 96,68 39,03 40,37 62,84 4,83 7,69
2005 118,53 43,62 36,80 73,60 5,11 6,94
2006 137,81 49,46 35,89 91,35 6,70 7,33
2007 160,65 58,42 36,37 120,62 8,72 7,23
2008 197,94 71,81 36,28 172,99 11,82 6,83
2009 153,00 64,79 42,35 127,72 9,90 7,75
2010 201,92 76,44 37,86 181,77 13,39 7,37
2011 256,04 94,97 37,09 226,24 17,50 7,73
Fonte: MDIC/SECEX 2012, adaptado pelo autor.
28
A queda no valor exportado, a manutenção dos saldos positivos da balança
comercial e o aumento percentual da participação do agronegócio no valor
exportado, mostra que os produtos do agronegócio colaboram significativamente
para o equilíbrio das contas nacionais e da balança comercial. A partir de 2010, após
a forte queda registrada em 2009, as exportações voltam a crescer, registrando um
aumento de 18% e no ano seguinte de 24,1%.
Observa-se também a tendência à queda da participação do agronegócio
nas importações ao longo do período. Esta tendência está relacionada ao aumento
do valor das importações e ao maior valor agregado dos produtos importados.
Tendo em vista que o valor das importações do agronegócio se manteve abaixo dos
US$ 20 bilhões durante todo o período, sua participação apresentou uma queda
considerável, passando de 13,71% em 1997 para 7,73% em 2011, com um valor
total de importações de US$ 226,238 e no agronegócio apenas US$ 17,497 bilhões.
No Gráfico 2 fica mais visível a relação entre exportações totais e do
agronegócio no Brasil, mostrando a evolução ao longo da série analisada e deixando
nítida a queda do valor exportado em 2009, em ambos os valores, e a retomada do
crescimento a partir do ano de 2010.
Gráfico 2 – Evolução das exportações brasileiras: totais e agronegócio 1997-2011 (US$ bilhões - FOB) Fonte: MDIC/SECEX 2012, adaptado pelo autor.
29
Ao longo da séria analisada o agronegócio perdeu participação na balança
comercial do Brasil, o que não significa que perdeu importância. Esta menor
participação está relacionada ao aumento do valor agregado de produtos mais
elaborados, portanto mais caros, e também da desvalorização do Real frente ao
dólar norte-americano, que fez com que o valor das exportações tivesse uma
redução, mesmo com aumento no volume exportado (MDIC, 2012).
4.2 AS BALANÇAS COMERCIAL E DO AGRONEGÓCIO DO PARANÁ
Neste mesmo cenário encontra-se o Paraná, estado que ocupa 6º lugar no
ranking dos estados brasileiros por valores totais exportados e 2º lugar na
classificação por estados exportadores no agronegócio.
De modo geral, a balança comercial paranaense segue as mesmas
tendências da balança comercial brasileira, apresentando comportamento
semelhante em situações de perturbação. O valor das exportações paranaenses
cresceu, de 1997 a 2011, 258,42% e o valor das importações cresceu 467,66%.
No início da série a balança comercial paranaense registra um valor de
importações elevado frente ao valor exportado, devido à maior abertura comercial
proporcionada pelo plano real. Ao longo de toda série as exportações foram
crescentes, e assim como ocorreu nas exportações nacionais, no ano de 2009
houve uma queda no valor exportado de aproximadamente 23%.
O processo de industrialização e integração paranaense de deu de forma
lenta e tardia em relação ao Centro Industrial de São Paulo. Porém, a partir dos
anos 1990, a Região Metropolitana de Curitiba torna-se integrada à dinâmica da
economia nacional. Isto é resultado de uma série de transformações ocorridas na
estrutura produtiva do Paraná, na sua base agrícola e no processo de
industrialização do estado (CARLEIAL, 1996).
Os principais produtos exportados pelo Paraná estão diretamente ligados ao
agronegócio, sendo a soja (em grão, óleo ou bagaço), derivados do complexo
sucroalcooleiro (açúcar e etanol), produtos florestais (celulose, papel e madeiras
beneficiadas), as carnes (bovina, suína e de frango) e o milho os principais. No setor
de bens manufaturados os automóveis se destacam. Dentre os produtos importados
destacam-se o petróleo (bruto e derivados), os automóveis (incluindo partes e
30
acessórios), compostos químicos, fertilizantes e em alguns períodos o trigo aparece
como um dos principais produtos importados, principalmente da Argentina. O
principal comprador dos produtos paranaenses é a China, que, em 2011,
representou 18% do valor exportado (MDIC, 2011).
Porém, em dissonância com o que ocorreu em nível nacional, no Paraná o
saldo da balança comercial se manteve positivo ao longo do período, exceto nos
anos de 2000 e 2011, como se observa na Tabela 4. No ano de 2000 o ligeiro déficit
registrado foi fortemente influenciado pelas importações do setor automotivo, tritícola
e de produtos químicos, já em 2011 os principais produtos importados foram o
petróleo e seus derivados, automóveis e seus componentes, e os fertilizantes. A
queda nos valores, tanto exportado como importado, em 2009, como na balança
comercial do Brasil, está relacionada à crise norte americana.
Tabela 4 – Balança comercial paranaense 1997-2011 (US$ bilhões) Ano Exportações (FOB) Importações (FOB) Saldo 1997 4,85 3,31 1,54
1998 4,23 4,06 0,17
1999 3,93 3,70 0,23
2000 4,39 4,69 - 0,30
2001 5,32 4,93 0,39
2002 5,70 3,33 2,37
2003 7,16 3,49 3,67
2004 9,41 4,03 5,38
2005 10,03 4,53 5,50
2006 10,02 5,98 4,04
2007 12,35 9,02 3,33
2008 15,25 14,57 0,68
2009 11,22 9,62 1,60
2010 14,18 13,96 0,22
2011 17,39 18,77 - 1,38
Fonte: MDIC/SECEX 2012, adaptado pelo autor.
Seguindo a tendência do que ocorreu no Brasil, o agronegócio paranaense
se comportou da mesma maneira em relação ao mercado internacional,
apresentando sucessivos superávits com algumas oscilações em determinados
períodos, como se observa na Tabela 5. Ao longo do período estudado as
exportações do agronegócio paranaense cresceram 214,02% e valor importado
31
cresceu 114,03%. O estado, em 2011, ficou em 2º lugar nas exportações do
agronegócio, sendo superado apenas pelo estado de São Paulo (MAPA, 2011).
Tabela 5 – Balança comercial do agronegócio paranaense 1997-2011 (US$ bilhões) Ano Exportações (FOB) Importações (FOB) Saldo 1997 4,03 0,791 3,238
1998 3,51 0,755 2,756
1999 3,20 0,546 2,653
2000 2,95 0,604 2,351
2001 3,64 0,481 5,858
2002 3,91 0,460 3,454
2003 4,98 0,520 4,465
2004 6,51 0,421 6,094
2005 5,95 0,478 5,476
2006 6,10 0,551 5,554
2007 7,84 0,818 7,027
2008 10,2 1,294 8,929
2009 8,07 1,136 6,930
2010 9,91 1,375 8,533
2011 12,65 1,693 10,959
Fonte: MAPA/Agrostat 2012, adaptado pelo autor.
As quedas ocorridas no início da série (1997, 1998, 1999 e 2000) são
resultado da abertura comercial iniciada após o Plano Real, dos resquícios da
estagnação do fim da década de 90 e da supervalorização da moeda nacional, que
fez com que o dólar chegasse a valer tanto quanto o real.
No ano de 2004 as exportações do agronegócio paranaense deram um
salto, crescendo mais de 30%, impulsionadas principalmente pelo aumento
expressivo das exportações de milho, soja, carnes e produtos florestais (celulose,
papel e madeiras beneficiadas) (MAPA, 2012). O milho apresentou bom
desempenho, pois a partir de 2003 o mercado norte americano estava voltado à
produção do etanol a partir deste grão, deixando o mercado internacional
desabastecido, elevando os preços.
No ano de 2008 as exportações apresentaram outro crescimento expressivo,
impulsionado principalmente pelos complexos soja e carnes, destacando-se a carne
de frango, que representou cerca de 74% do valor do complexo carnes exportado.
Em 2009, como se observa também em nível nacional, as exportações tiveram uma
32
redução no valor exportado, motivada pela crise do mercado norte americano,
retomando crescimento a partir de 2010.
Em 2011 as exportações do agronegócio paranaense atingem o ápice da
série analisada, fechando o ano com mais de US$ 12 bilhões exportados. Este
resultado é fortemente influenciado pelas exportações da soja, representando cerca
de 43% do valor exportado no setor, de carnes, a de frango novamente em destaque
e do complexo sucroalcooleiro.
As importações do agronegócio são representadas pela compra de papel,
produtos hortícolas, frutas e trigo. Ao longo da série os valores se mantem
crescendo e se mantêm sempre abaixo dos 15% do total importado pelo estado,
exceto nos anos de 1997 e 1998 quando a participação do agronegócio nas
importações chegou aos 18,61% e 23,92%.
Como se observa no Gráfico 3, a balança comercial paranaense é
fortemente influenciada pelas exportações do agronegócio, e ao longo da série
analisada se mantém sempre com saldos positivos. Assim como acontece com a
balança comercial brasileira, as exportações do agronegócio contribuem para
manutenção do saldo positivo da balança comercial paranaense.
Gráfico 3 – Evolução do saldo da balança comercial do Paraná: total e agronegócio 1997-2011 (US$ bilhões – FOB) Fonte: MDIC/SECEX; MAPA/Agrostat 2012, adaptado pelo autor.
33
Na tabela 6 observa-se a grande relevância das exportações do agronegócio
na balança comercial paranaense, chegando a mais de 80% do total exportado. Ao
longo da série a participação do agronegócio na balança comercial teve várias
oscilações, alterando sua participação de 83,02%, no início do período analisado,
para 72,74%, uma queda de aproximadamente 10 p.p.
Tabela 6 – Participação do agronegócio na balança comercial do Paraná 1997-2011 (US$ bilhões – FOB) Ano Exportações
Totais Exportações Agronegócio
Participação Agro/Total (%)
Importações Totais
Importações Agronegócio
Participação Agro/Total (%)
1997 4,85 4,03 83,02 3,31 0,79 23,93
1998 4,23 3,51 83,05 4,06 0,76 18,61
1999 3,93 3,20 81,36 3,70 0,55 14,76
2000 4,39 2,95 67,25 4,69 0,60 12,89
2001 5,32 3,37 63,33 4,93 0,48 9,76
2002 5,70 3,91 68,63 3,33 0,46 13,80
2003 7,16 4,99 69,24 3,49 0,52 14,92
2004 9,41 6,51 69,27 4,03 0,42 10,46
2005 10,03 5,95 59,34 4,53 0,48 10,56
2006 10,02 6,11 60,95 5,98 0,55 9,22
2007 12,35 7,85 63,51 9,02 0,82 9,07
2008 15,25 10,22 67,05 14,57 1,29 8,88
2009 11,22 8,07 71,87 9,62 1,14 11,81
2010 14,18 9,91 69,89 13,96 1,38 9,85
2011 17,39 12,65 72,74 18,77 1,69 9,02
Fonte: MDIC/SECEX 2012; MAPA/Agrostat 2012 , adaptado pelo autor.
A queda da participação do agronegócio nas exportações do Paraná a partir
do ano 2000 está relacionada ao aumento do valor agregado nos demais produtos
exportados pelo estado, tendo principal influência o setor automotivo.
Em 2005 as exportações do setor automotivo paranaense se expandiram
mais ainda, fazendo com que a participação do agronegócio no valor total exportado
caísse aos 59,34%, retomando seu espaço nos anos posteriores.
No ano de 2011 houve o ápice das exportações do agronegócio, elevando
novamente para mais de 70% a participação do setor no valor total exportado pelo
estado. Esta elevação foi influenciada principalmente pelo aumento expressivo das
exportações do complexo soja, complexo sucroalcooleiro e do complexo carnes.
34
No Gráfico 4 é melhor visualizada a expressiva participação do agronegócio
nas exportações paranaenses e, como aconteceu em nível nacional, a queda do
valor exportado no ano de 2009 com a retomada do crescimento a partir do ano
2010.
Gráfico 4 – Evolução das exportações paranaenses: totais e agronegócio 1997-2011 (US$ bilhões - FOB) Fonte: MDIC/SECEX 2012, adaptado pelo autor.
Como é possível observar, o agronegócio é um dos fatores importantes para
a manutenção dos saldos positivos da balança comercial tanto do Brasil quanto do
Paraná, e no caso paranaense o agronegócio é mais representativo, pois participa
em alguns períodos com mais 80% do total exportado. Neste cenário se insere o
Paraná, contribuindo para a manutenção dos saldos positivos da balança comercial
do país com suas exportações totais e do agronegócio.
4.3 A PARTICIPAÇÃO PARANAENSE NAS BALANÇAS COMERCIAL E DO
AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
Como já citado anteriormente, o Paraná está na 6ª posição das exportações
brasileiras por estado. O estado perdeu participação a partir de 2006, devido ao
35
aumento das exportações de petróleo, minério de ferro, automóveis, aeronaves e
produtos da indústria química, promovidas pelos demais estados da federação.
Como se pode observar na Tabela 7, as importações correspondem a
menos de 10% do valor total exportado ao longo do período analisado. Os principais
produtos importados pelo estado já foram descritos anteriormente neste trabalho.
Tabela 7 – Participação paranaense na balança comercial brasileira 1997-2011 (US$ bilhões – FOB)
Ano Exportações BR
Exportações PR
Participação paranaense
(%)
Importações BR
Importações PR
Participação paranaense
(%) 1997 52,98 4,85 9,16 59,75 3,31 5,53
1998 51,14 4,23 8,27 57,76 4,06 7,02
1999 48,01 3,93 8,19 49,30 3,70 7,50
2000 55,12 4,39 7,97 55,85 4,69 8,39
2001 58,29 5,32 9,13 55,60 4,93 8,86
2002 60,44 5,70 9,44 47,24 3,33 7,06
2003 73,20 7,16 9,78 48,33 3,49 7,21
2004 96,68 9,40 9,73 62,84 4,03 6,41
2005 118,53 10,03 8,46 73,60 4,53 6,15
2006 137,81 10,02 7,27 91,35 5,98 6,54
2007 160,65 12,35 7,69 120,62 9,02 7,48
2008 197,94 15,25 7,70 172,98 14,57 8,42
2009 152,99 11,22 7,33 127,72 9,62 7,53
2010 201,91 14,18 7,02 181,77 13,96 7,68
2011 256,04 17,39 6,79 226,24 18,77 8,30
Fonte: MDIC/SECEX 2012, adaptado pelo autor.
As exportações do agronegócio paranaense são mais representativas que
as exportações como um todo quando comparadas ao total exportado pelo país,
encerrando a série analisada com participação superior aos 13%. O estado perdeu
um pouco de representatividade para os estados do Mato Grosso, maior produtor
nacional de soja, e São Paulo, maior produtor de cana-de-açúcar do país. Estes
produtos tiveram ascensão nos preços e um aumento significativo das quantidades
produzidas e exportadas, o que elevou a participação dos dois estados frente ao
Paraná (MDIC, 2012).
Na tabela 8 é possível observar as variações da participação paranaense na
balança comercial do agronegócio brasileiro. A participação paranaense nas
exportações varia de 12,34% a 17,24% ao longo da série analisada, já nas
36
importações a participação do estado varia de 8,23% a 11,47%. O Paraná encerrou
a série com uma participação de 13,32% no total exportado, e ficou atrás apenas do
estado de São Paulo no ano de 2011.
Tabela 8 – Participação paranaense na balança comercial do agronegócio brasileiro 1997-2011 (US$ bilhões – FOB)
Ano Exportações BR
Exportações PR
Participação paranaense
(%)
Importações BR
Importações PR
Participação paranaense
(%) 1997 23,37 4,03 17,24 8,19 0,79 9,65
1998 21,55 3,51 16,29 8,04 0,75 9,39
1999 20,49 3,20 15,61 5,69 0,55 9,59
2000 20,59 2,95 14,35 5,76 0,60 10,49
2001 23,86 6,34 14,12 4,80 0,48 10,02
2002 24,84 3,91 15,76 4,45 0,46 10,34
2003 30,64 4,98 16,27 4,75 0,52 10,96
2004 39,03 6,51 16,69 4,83 0,42 8,71
2005 43,62 5,95 13,65 5,11 0,48 9,35
2006 49,46 6,10 12,34 6,69 0,55 8,23
2007 58,42 7,84 13,43 8,72 0,82 9,38
2008 71,81 10,22 14,24 11,82 1,29 10,95
2009 64,79 8,07 12,45 9,90 1,14 11,47
2010 76,44 9,91 12,96 13,39 1,37 10,27
2011 94,97 12,65 13,32 17,50 1,69 9,68
Fonte: MAPA/Agrostat 2012, adaptado pelo autor.
Mesmo esta participação tendo caído, estes números são muito expressivos,
pois o Paraná responde por mais de 10% das exportações do agronegócio brasileiro
ocupando pouco mais de 2% do território total do país, sendo o 15º em dimensão
territorial (IGBE, 2011). Isto confirma as vantagens do estado no que tange à
eficiência produtiva e utilização de tecnologia na produção agrícola. Estes dados
corroboram para a consolidação do Paraná como um dos estados mais importantes
na composição das contas nacionais do Brasil.
Na Tabela 9 observamos a participação do agronegócio paranaense na
balança comercial do Brasil, mostrando que mesmo o estado perdendo
representatividade no agronegócio, ainda é importante na manutenção do saldo da
balança comercial do país.
37
A participação do agronegócio paranaense na balança comercial do Brasil
apresentou trajetória decrescente ao longo do período analisado, fechando 2011
com participação inferior aos 5%. Este fenômeno se deve ao fato das exportações
de produtos com maior valor agregado terem aumentado ao longo dos últimos anos,
fazendo com que a participação das exportações do agronegócio diminuísse. As
importações do agronegócio paranaense não representam mais que 1,5% do total
importado pelo Brasil, indicando o baixo valor absoluto, e baixo valor agregado dos
produtos importados.
Quando se fala em saldo da balança comercial, se observa que o
agronegócio paranaense é muito significativo na manutenção dos saldos da balança
comercial brasileira, apresentando em alguns anos, como em 2001, valores
superiores aos apresentados pela do saldo obtido pela balança comercial do país.
Tabela 9 – Participação do agronegócio paranaense na balança comercia brasileira 1997-2011 (US$ bilhões – FOB)
Ano Export. Totais BR
Export. Agro PR
Particip. (%)
Import. Totais BR
Import. Agro PR
Particip. (%)
Saldo Total BR
Saldo Agro PR
1997 52,98 4,03 7,60 59,75 0,79 1,32 - 6,77 3,24
1998 51,14 3,51 6,86 57,76 0,76 1,31 - 6,62 2,76
1999 48,01 3,20 6,66 49,30 0,55 1,11 - 1,29 2,65
2000 55,12 2,95 5,36 55,85 0,60 1,08 - 0,73 2,35
2001 58,29 3,37 5,78 55,60 0,48 0,87 2,69 2,89
3,45 2002 60,44 3,91 6,48 47,24 0,46 0,97 13,20
2003 73,20 4,98 6,81 48,33 0,52 1,08 24,88 4,46
2004 96,68 6,51 6,74 62,84 0,42 0,67 33,84 6,09
2005 118,53 5,95 5,02 73,60 0,48 0,65 44,93 5,48
2006 137,81 6,10 4,43 91,35 0,55 0,60 46,46 5,55
2007 160,65 7,84 4,88 120,62 0,82 0,68 40,03 7,03
2008 197,94 10,22 5,16 172,99 1,29 0,75 24,95 8,93
6,93 2009 153,00 8,07 5,27 127,72 1,14 0,89 25,28
2010 201,92 9,91 4,91 181,77 1,38 0,76 20,15 8,53
2011 256,04 12,65 4,94 226,24 1,69 0,75 29,80 10,96
Fonte: MDIC/SECEX; MAPA/Agrostat 2012, adaptado pelo autor.
Estes resultados impactam diretamente na economia nacional, e também
nos fatores sociais, como emprego e renda. Tal participação do agronegócio na
composição do saldo da balança comercial comprova sua importância para o país e
38
demonstra suas vantagens competitivas em relação aos outros países primário-
exportadores.
4.4 PRINCIPAIS COMPLEXOS DE PRODUTOS QUE COMPÕEM AS PAUTAS DE
EXPORTAÇÃO DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO E PARANAENSE
Na Tabela 10 estão demonstrados os 5 principais complexos de produtos
exportados pelo agronegócio brasileiro que são, em ordem crescente de
importância, os produtos do complexo soja (grão, óleos e farelo), do complexo
sucroalcooleiro (açúcar, etanol, outros xaropes e derivados do processo de
produção), complexo carnes (frango, suína, bovina, ovina e de peru, beneficiadas ou
não), complexo produtos florestais (celulose, papel, madeiras beneficiadas e
borracha) e o complexo café (verde, torrado e solúvel).
Tabela 10 – Principais complexos de produtos exportados pelo agronegócio brasileiro 1997-2011 (US$ bilhões – FOB)
Ano Complexo soja Complexo Sucroalcooleiro
Complexo carnes
Produtos florestais
Café
1997 5,56 1,84 1,60 3,50 3,13
1998 4,73 1,99 1,62 3,37 2,61
1999 3,76 1,99 1,94 3,85 2,46
2000 4,19 1,24 1,96 4,42 1,78
2001 5,29 2,38 2,93 4,07 1,42
2002 6,01 2,28 3,19 4,27 1,38
2003 8,12 2,32 4,19 5,45 1,55
2004 10,04 3,15 6,27 6,69 2,06
2005 9,47 4,70 8,19 7,20 2,93
2006 9,31 7,79 8,64 7,89 3,36
2007 11,38 6,59 11,30 8,82 3,89
2008 17,98 7,89 14,54 9,33 4,76
2009 17,24 9,73 11,79 7,23 4,28
2010 17,11 13,79 13,63 9,28 5,76
2011 24,14 16,45 15,76 9,64 8,73
Fonte: MDIC/SECEX 2012, adaptado pelo autor.
O Brasil é hoje o segundo maior produtor mundial de soja (EMBRAPA,
2012). A trajetória do complexo soja pode ser explicada pela expressiva participação
39
da China no mercado internacional, importando boa parte do que é produzido no
Brasil e outros países. A produção norte americana de milho para produção de
etanol, a partir de 2003, prejudicou a sua produção de soja e carnes, favorecendo a
ascensão da soja brasileira.
Desde o período colonial a cana-de-açúcar é importante para a economia
brasileira. Atualmente, com a evolução e investimento em pesquisas para descobrir
fontes energéticas renováveis, o mercado internacional tem absorvido
satisfatoriamente a produção brasileira de etanol. Também o açúcar brasileiro é visto
com bons olhos pelo mercado externo, visto que a produção da cana-de-açúcar é
muito superior e com custo inferior se comparada a outras fontes de obtenção de
açúcar, como a beterraba, ocupando o 1º lugar na produção e exportação (MAPA,
2012).
O Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar, e domina a
produção de etanol de cana, que é mais eficiente do que a produção de etanol a
base de milho e outras fontes. Neste contexto, o Brasil se configura no maior
produtor e exportador mundial de etanol derivado da cana (MAPA, 2012). A
produção do etanol da cana é mais eficiente no Brasil devido à várias condições
dentre elas podemos citar o clima e possibilidade de expansão das terras
agricultáveis. Diante destes fatores, a alternativa encontrada pelos Estados Unidos é
a produção de etanol à base de milho. Entre os principais destinos do etanol
brasileiro estão Estados Unidos, Coréia do Sul e Japão.
O açúcar brasileiro é muito competitivo no mercado internacional, devido às
condições climáticas e outras que favorecem a produção em larga escala da cana-
de-açúcar. Até 2008 o mercado sucroalcooleiro estava voltado à produção de etanol,
em detrimento da produção açucareira, que apresenta receitas relativamente mais
atraentes. A partir de 2009 houve uma retomada de crescimento nas exportações
dos produtos influenciados pela escassez no mercado internacional e a
competitividade apresentada pelo produto brasileiro. Os principais compradores do
açúcar brasileiro são Rússia, China, Egito, Argélia e países europeus em geral. O
Açúcar brasileiro é mais expressivo no valor exportado do que o próprio etanol e
representou, no ano de 2011, praticamente 91% do valor exportado pelo complexo
sucroalcooleiro, isto se traduz em quase US$ 15 bilhões exportados.
O mercado de produtos florestais brasileiros está retomando o crescimento
após a queda nas exportações ocorrida em 2009, no final de 2010 o Brasil ocupava
40
a 4º lugar na produção de celulose e 10º lugar na produção de papel. Os preços no
mercado internacional estão favoráveis, e o Brasil vem apresentando crescimento,
exportando, em 2011, boa parte da produção de celulose para a Europa (45%),
China (26%) e América do Norte (19%) e a produção de papel é destinada à
América Latina (57%) e Europa (17%) (BRACELPA, 2012).
No mercado mundial de carnes, o Brasil se configura, mais uma vez, um dos
principais fornecedores, sendo o 2º maior produtor mundial de carne bovina, 3º
maior produtor mundial de carne de aves e 4º maior produtor de carne suína.
A carne bovina sofre em vários momentos com a ameaça da febre aftosa,
causando restrições à entrada do produto no mercado externo. Países como a
Rússia, um dos maiores consumidores, frequentemente impõem barreiras sanitárias
à carne bovina brasileira. Os Estados Unidos são o maior importador mundial de
carne bovina e, por impasses na área sanitária, o Brasil não pode atingir estes
mercados. Por vezes as barreiras são meramente protecionistas, dada a qualidade e
competitividade da carne bovina produzida no Brasil, gerando distorções nos preços
e reduzindo a competitividade (SCHMIDTKE; BRAUN, 2005). A União Europeia
incorre de custos crescentes na produção de carne bovina e sofre constantemente
com o problema da febre aftosa, sendo assim, nos últimos anos passou de
concorrente a consumidora da carne bovina brasileira.
Atualmente o Brasil é o 3º maior produtor mundial e o maior exportador de carne de
frango, e, segundo perspectivas, tende a se tornar o maior produtor e exportador mundial no
segmento nos próximos anos. Os principais destinos da carne de frango brasileira são os
países como Arábia Saudita, Japão, Rússia, Egito, Reino Unido, Itália e Hong Kong
(MAPA,2012).
A carne suína veio na última década ganhando mercados e está em franca
ascensão, levando o Brasil à 4º colocação no ranking mundial de produção da carne.
A sanidade animal, nutrição, manejo adequado das granjas e a qualidade do produto
contribuíram para o aumento do mercado doméstico da carne suína e colocando o
Brasil em posição de destaque no segmento. Acordos recentes firmados
principalmente com a China, levarão o Brasil ao topo do ranking no que tange
produção e exportação de carne suína até o ano de 2020 (MAPA, 2012).
O complexo café brasileiro amargou uma forte queda nas exportações no
final dos anos 90, perdendo espaço para os produtores da África e Ásia (ABIC,
2012). A partir de 2003 as exportações de café voltaram a crescer, devido à
41
tendência de câmbio desvalorizado mantida pelas políticas governamentais e o
preço competitivo em relação aos demais produtores mundiais. A retomada de
crescimento do setor cafeeiro brasileiro, maior produtor mundial, a partir de 2009 se
deve principalmente a acordos firmados com os mercados árabes (MAPA, 2012).
Em seguida, o Gráfico 5 apresenta a trajetória dos produtos ao longo da
série, mostrando que o complexo soja se manteve praticamente o tempo todo como
principal produto exportado, iniciando e terminando a série em 1º lugar, perdendo
apenas no ano de 2000 para o complexo produtos florestais, que ao longo da série
saiu de 2º colocado para 4º colocado na ordem de importância. O complexo café
iniciou a série em 3º lugar, e perdeu espaço no mercado internacional, retomando
crescimento em 2009, encerrando a série em 5º lugar. O complexo sucroalcooleiro
apresentou considerável progresso, partindo da 4ª colocação e finalizando a série
como 2º produto mais exportado pelo agronegócio brasileiro. O complexo carnes
também apresentou significativa evolução saindo da 5ª posição, se mantendo de
2005 a 2009 na 2ª colocação e terminando a série como 3º na ordem de
importância, pouco atrás do complexo sucroalcooleiro.
Gráfico 5 – Evolução dos principais complexos de produtos exportados pelo agronegócio brasileiro 1997-2011 (US$ bilhões – FOB) Fonte: MAPA/Agrostat, adaptado pelo autor.
42
O Paraná apresenta uma pauta de exportações do agronegócio semelhante
à pauta do Brasil, havendo apenas inversão na posição do complexo carnes e do
complexo sucroalcooleiro, o que, pelo observado no Gráfico 2, tende a acontecer
também nas exportações brasileiras destes produtos.
O Paraná é destaque na produção de muitos produtos da pauta de
exportações do agronegócio brasileiro, sendo o maior produtor nacional de grãos
(CONAB, 2012). Os 5 principais complexos de produtos exportados pelo
agronegócio paranaense são os mesmos apresentados pelo Brasil, seguramente
com valores inferiores, porém a participação paranaense é relevante. Na tabela 11
estão representados os principais produtos exportados pelo agronegócio
paranaense.
Tabela 11 – Principais complexos de produtos exportados pelo agronegócio paranaense 1997-2011 (US$ bilhões – FOB)
Ano Complexo soja Complexo Sucroalcooleiro
Complexo carnes
Produtos florestais
Café
1997 2,26 0,15 0,21 0,48 0,27
1998 2,00 0,18 0,22 0,47 0,21
1999 1,65 0,16 0,32 0,63 0,21
2000 1,51 0,14 0,29 0,66 0,16
2001 1,66 0,18 0,44 0,66 0,13
2002 1,95 0,15 0,48 0,76 0,13
2003 2,48 0,19 0,66 0,98 0,17
2004 2,95 0,20 0,97 1,44 0,20
2005 2,30 0,29 1,32 1,42 0,24
2006 1,98 0,56 1,07 1,43 0,26
2007 2,71 0,58 1,57 1,47 0,28
2008 4,36 0,85 2,20 1,40 0,33
2009 3,27 0,89 1,79 0,94 0,28
2010 3,86 1,35 2,02 1,15 0,32
2011 5,54 1,64 2,38 1,18 0,48
Fonte: MAPA/Agrostat 2012, adaptado pelo autor.
No complexo soja, o Paraná ocupa 2ª colocação, ficando atrás apenas do
estado do Mato Grosso (EMBRAPA, 2012). As exportações do grão apresentam
trajetória crescente, tendo ligeira queda em 2006, quando o milho tomou mais
espaço nos campos, devido ao preço em alta, mais favorável que o preço da soja.
Em 2009, apresentou uma nova queda, influenciada novamente pela crise mundial
43
desencadeada pela crise nos Estados Unidos. Em 2011 o complexo soja
representou 31% do valor total exportado e 43% do valor exportado pelo
agronegócio. Frente às exportações de soja do Brasil, o Paraná corresponde a
praticamente 23% do valor exportado.
O complexo carnes é o 2º colocado em valores exportados pelo agronegócio
do Paraná, representando, em 2011, cerca de 19% do valor exportado, e ocupa
posição importante em relação aos outros estados brasileiros, participando com 15%
do valor do complexo carnes exportado pelo país no mesmo ano.
O Paraná responde por 25,16% da produção de carne de frango no país,
18,69% da carne suína e 4,12% da carne bovina (IPARDES, 2011). O carro chefe
das exportações do complexo carnes é a carne e frango, representando, em 2011,
praticamente 80% do valor exportado pelo segmento, e 25% da carne de frango
exportada pelo país. O valor das exportações do complexo carnes seguiu trajetória
ascendente ao longo da série analisada, apresentado queda em 2006, influenciada
pela redução das exportações de carne de frango, devido à gripe aviária, e em 2009
devido à crise mundial. Dentre os principais destinos da carne de frango do Paraná
estão Arábia Saudita, Japão, Hong Kong, Emirados Árabes e Europa em geral.
O complexo sucroalcooleiro aparece como 3º colocado na ordem de
importância nas exportações do agronegócio, sendo responsável, em 2011, por 13%
do valor exportado. O setor foi o único a não ser afetado pela crise de 2009, pois a
quebra de safra de cana-de-açúcar na China e Índia fez com que a demanda
internacional se mantivesse, principalmente por açúcar.
No segmento de produtos florestais o Paraná se destaca na produção de
papel, celulose, madeira serrada, móveis e outras madeiras beneficiadas. As
madeiras beneficiadas, papel e móveis são os produtos mais exportado pelo
complexo. Os principais destinos destes produtos são Estados Unidos, Bélgica,
Alemanha e Reino Unido.
O Paraná tem uma forte ligação com o café, tendo várias cidades
desenvolvidas em torno da cultura, e aparece como 4º maior produtor de café do
país (SEAB, 2011). O café perdeu representatividade nas exportações ao longo da
série, se distanciando significativamente do complexo sucroalcooleiro em 2005. As
exportações apresentam tímida ascensão em 2011.
No Gráfico 6 estão representadas as trajetórias destes 5 complexos de
produtos exportados pelo agronegócio paranaense.
44
Gráfico 6 – Evolução dos principais complexos de produtos exportados pelo agronegócio paranaense 1997-2011 (US$ bilhões – FOB) Fonte: MAPA/Agrostat 2012, adaptado pelo autor.
O Paraná é semelhante ao Brasil em termos de comércio internacional,
apresentando uma pauta de exportações com praticamente os mesmos produtos,
tanto nas exportações totais quanto nas exportações do agronegócio. Ambos
apresentam uma pauta de exportações intimamente ligada aos produtos oriundos de
recursos naturais.
Os superávits apresentados pela balança comercial do agronegócio,
sobretudo no Paraná, são expressivos se mantêm superiores aos saldos
apresentados pela balança comercial como um todo.
45
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A abertura comercial proporcionada no final da década de 90 foi relevante,
porém o maior impacto na balança comercial brasileira ocorreu com a
sobrevalorização cambial, ocorrida no segundo semestre de 1994, a partir do Plano
Real. As políticas de incentivo às importações, objetivando a redução da inflação e a
modernização do setor industrial brasileiro, afetaram significativamente os saldos da
balança comercial.
Na série analisada, agronegócio se mostrou muito importante para a
economia brasileira, superando as habituais funções de fornecer alimentos, matérias
primas e excedentes para exportação. Sua contribuição é significativa para a
manutenção dos saldos positivos da balança comercial brasileira, suportando os
efeitos da maior abertura econômica, desregulamentação do mercado e políticas
econômicas adotadas na década de 1990. Os efeitos do agronegócio contribuem
para o dinamismo do mercado interno em períodos de perturbação econômica.
O Brasil possui vantagens competitivas no agronegócio, apresentando
produtos de qualidade, com preço competitivo e condições para expansão da
produção. Estas características colocam o país em posição de destaque no cenário
internacional, estando entre os principais fornecedores de produtos do agronegócio
do mundo.
Com esta pesquisa foi possível observar que o agronegócio brasileiro tem
grande potencial de crescimento diante do aumento da demanda internacional,
tendo ciência que países superpopulosos, como é o caso da China, em breve terão
problemas para suprir sua demanda por alimentos. Segundo projeções do MAPA
(2011) o Brasil tende a se tornar o principal fornecedor de alimentos nos próximos
10 anos, mantendo sua posição de primeiro exportador mundial de carnes, soja e
produtos derivados da cana-de-açúcar.
Neste contexto, o agronegócio paranaense contribui significativamente no
desempenho nacional no cenário internacional, tendo em vista sua posição de
destaque no ranking nacional, sobretudo na produção dos complexos, soja, carnes e
sucroalcooleiro e outros produtos agropecuários, produtos com elevada demanda do
mercado internacional. Estes elementos, somados aos volumes exportados,
colocam o Paraná em posição de destaque frente aos outros estados brasileiros,
46
figurando como 2º maior exportador do agronegócio e 6º maior nas exportações
totais.
A trajetória crescente das exportações do agronegócio paranaense durante
o período analisado favoreceu o aumento do PIB e o superávit da balança comercial
do país, pois suas taxas de crescimento das exportações foram superiores às taxas
nacionais. Sendo assim, o Paraná contribuiu para a manutenção dos saldos da
balança comercial brasileira, apesar das perdas ocorridas pela sobrevalorização do
Real em relação a outras moedas, como o dólar americano.
Dentre os principais destinos das exportações paranaenses estão a
Argentina, China, Alemanha, Holanda e Estados Unidos. A crise do mercado norte-
americano iniciada no último trimestre de 2008 provocou distúrbios nas economias
dos países ricos, permitindo o crescimento dos países em desenvolvimento.
Concluindo, a pesquisa mostrou que o agronegócio paranaense avançou no
que se refere à produção e produtividade, pelo avanço nas técnicas produtivas,
proporcionando aumento no valor agregado principalmente nas diversas atividades
oriundas do agronegócio, gerando excedentes exportáveis, como é o caso do
complexo soja, em que o estado figura como um dos principais produtores
nacionais. Tal comportamento da economia agroexportadora paranaense é
fomentado por mudanças no cenário político, flutuações nas taxas de câmbio e o
cenário econômico mundial. Estas características corroboram para a posição de
destaque obtida pelo estado e sua expressiva participação na balança comercial do
país.
47
REFERÊNCIAS
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48
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