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NEUROFTALMOLOGIA, INFLAMAÇÃO OCULAR, GLAUCOMA 08:30 | 10:45 SALA LIRA Mesa: Luís Agrelos, Olinda Faria, Isabel Domingues 08:30 CL143- NEUROPATIA ÓTICA ISQUÉMIA ANTERIOR NÃO-ARTERÍTICA (NOIA-NA) ESTUDO RETROSPETIVO Andreia Soares, Cristina Almeida, Ana Filipa Santos, Fernando Vaz (Hospital de Braga) Introdução: Estudo retrospetivo com análise descritiva de todos os doentes com diagnóstico de neuropatia ótica isquémia anterior não arterítica (NOIA-NA), observados na consulta de Neurooftalmologia, do Hospital de Braga, durante o ano 2014. Métodos: Incluiram-se no estudo 65 doentes com diagnóstico de NOIA-NA e efetuou-se uma análise epidemiológica (sexo, idade, fatores de risco cardiovasculares). Foram registados os dados do exame oftalmológico, nomeadamente a acuidade visual, a bilateralidade e os exames complementares de diagnóstico (OCT, perimetria). Resultados: Do total de doentes, 52,3% (n=34) são do sexo feminino, a idade média na apresentação é 59,77 ± 13,73 .67,69% (n=44) hipertensão arterial, 66,15% (n=43) dislipidemia, 29,23% (n=19) Diabetes Mellitus 2 e 18,46% (n=12) com patologia cardíaca. 40% (n=26) dos doentes apresentaram envolvimento bilateral, nestes o intervalo entre os dois olhos foi entre 3 semanas e 30 anos. No OCT a área média do disco foi 1,84±0,64 mm2, uma relação c/d de 0,50 e um volume médio de escavação de 0,48±0,19. Na campimetria, foi observado defeito altitudinal caraterístico em 32,3% (n= 21) doentes. Foi efetuado estudo protrombótico em 29,23% (n=19) e imagiológico em 35,38% (n=23). Conclusões: A NOIA-NA é uma patologia mais frequente acima dos 50 anos. Não se verifica diferença estatisticamente significativa relativamente ao género. Os FR CV são mais frequentes do que na população em geral, do mesmo grupo etário. A percentagem de bilateralidade é coincidente com a literatura. Nos parâmetros do OCT, a área do disco é inferior à população em geral, e concordante com estudos prévios. A relação c/d foi superior aos estudos já existentes. Tal facto poderá dever-se a alteração da morfologia do nervo ótico, decorrente da morte das células ganglionares.

NEUROFTALMOLOGIA, INFLAMAÇÃO OCULAR, GLAUCOMA … · (n=12) com patologia cardíaca. 40% (n=26) dos doentes apresentaram envolvimento bilateral, nestes o intervalo ... UM ESTUDO

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08:30 CL143- NEUROPATIA ÓTICA ISQUÉMIA ANTERIOR NÃO-ARTERÍTICA (NOIA-NA) – ESTUDO RETROSPETIVO Andreia Soares, Cristina Almeida, Ana Filipa Santos, Fernando Vaz (Hospital de Braga) Introdução: Estudo retrospetivo com análise descritiva de todos os doentes com diagnóstico de neuropatia ótica isquémia anterior não arterítica (NOIA-NA), observados na consulta de Neurooftalmologia, do Hospital de Braga, durante o ano 2014. Métodos: Incluiram-se no estudo 65 doentes com diagnóstico de NOIA-NA e efetuou-se uma análise epidemiológica (sexo, idade, fatores de risco cardiovasculares). Foram registados os dados do exame oftalmológico, nomeadamente a acuidade visual, a bilateralidade e os exames complementares de diagnóstico (OCT, perimetria). Resultados: Do total de doentes, 52,3% (n=34) são do sexo feminino, a idade média na apresentação é 59,77 ± 13,73 .67,69% (n=44) hipertensão arterial, 66,15% (n=43) dislipidemia, 29,23% (n=19) Diabetes Mellitus 2 e 18,46% (n=12) com patologia cardíaca. 40% (n=26) dos doentes apresentaram envolvimento bilateral, nestes o intervalo entre os dois olhos foi entre 3 semanas e 30 anos. No OCT a área média do disco foi 1,84±0,64 mm2, uma relação c/d de 0,50 e um volume médio de escavação de 0,48±0,19. Na campimetria, foi observado defeito altitudinal caraterístico em 32,3% (n= 21) doentes. Foi efetuado estudo protrombótico em 29,23% (n=19) e imagiológico em 35,38% (n=23). Conclusões: A NOIA-NA é uma patologia mais frequente acima dos 50 anos. Não se verifica diferença estatisticamente significativa relativamente ao género. Os FR CV são mais frequentes do que na população em geral, do mesmo grupo etário. A percentagem de bilateralidade é coincidente com a literatura. Nos parâmetros do OCT, a área do disco é inferior à população em geral, e concordante com estudos prévios. A relação c/d foi superior aos estudos já existentes. Tal facto poderá dever-se a alteração da morfologia do nervo ótico, decorrente da morte das células ganglionares.

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08:37 CL144- AVALIAÇÃO MULTIMODAL DE DRUSEN DO DISCO ÓTICO Rita Couceiro, Nuno Pinto Ferreira, André Diogo Barata, Fátima Campos, Filomena Pinto (Hospital de Santa Maria, CHLN) Objetivos: drusen do disco ótico (DDO) são depósitos hialinos, autofluorescentes, encontrados na região pré-laminar do disco ótico e que, frequentemente, apresentam zonas de calcificação. A ecografia oftálmica tem sido, durante anos, a técnica preferencialmente utilizada na identificação destas estruturas. No entanto, apenas com o advento da tomografia de coerência ótica de domínio espectral (SD-OCT) em modo enhance-depth imaging (EDI-OCT), foi possível estudar a estrutura, limites e localização precisa dos DDO, incluindo dos seus limites posteriores. O objetivo deste estudo foi estudar as características dos DDO e a sua relação com a estrutura do disco ótico, com recurso a uma avaliação multimodal. Material e Métodos: 22 olhos de 12 doentes com DDO, confirmados por ecografia oftálmica, foram submetidos a avaliação do disco ótico com SD-OCT, em modo EDI-OCT e autofluorescência do fundo (AFF). Procurou-se relacionar em cada olho: o número total de DDO e a sua altura máxima e média, com a espessura média da camada de fibras nervosas peri-papilar (CFNpp) e o número de setores do disco em que a CFNpp se encontrava fora dos limites da normalidade. A análise estatística dos dados foi realizada com o software estatístico STATA v. 13.0. Resultados: 10 doentes apresentavam DDO bilaterais. O EDI-OCT mostrou múltiplos DDO, de diversos tamanhos (média de altura: 446,9 ± 116,5 micra), localizados em diferentes níveis, anteriormente à lâmina crivosa – entre esta e o plano de abertura da membrana de Bruch (9% dos DDO); extendendo-se e ultrapassando o plano da Bruch (47% dos DDO); apenas no plano interno ao da Bruch (44% dos DDO). 20 olhos (91%) apresentavam DDO como uma estrutura interna hiporrefletiva, circundada por um bordo hiperrefletivo, identificando-se simultaneamente, DDO com estrutura interna hiperrefletiva em 18 olhos (82%). Determinou-se uma correlação negativa entre o número de DDO identificados no disco com EDI-OCT e a espessura média da CFNpp (r= -0,46, P= 0,037, coeficiente de correlação de Pearson), verificando-se uma correlação positiva entre o número de DDO e o número de setores do disco em que a CFNpp se encontrava fora dos limites da normalidade (r= 0,67, P= 0,0009, coeficiente de correlação de Pearson). Não foram encontradas outras correlações significativas, relativamente ao tamanho médio e máximo dos DDO. Todos os doentes com DDO apresentaram hiperautofluorescência a nível dos discos, no estudo com AFF. Conclusões: O EDI-OCT permitiu caracterizar pormenorizadamente os DDO em termos de localização, dimensões e refletividade interna. O facto de terem sido identificados, no mesmo olho, DDO com diferentes características apoia a hipótese de que representem DDO em estados de maturação distintos. Concluiu-se que, ao contrário da altura média e máxima dos DDO, o número de DDO foi o parâmetro que melhor se relacionou com a espessura média da CFNpp e com o número de setores do disco em que a CFNpp se encontrava fora dos limites da normalidade.

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08:44 CL145- HIPERTENSÃO INTRACRANIANA IDIOPÁTICA NO DISTRITO DO PORTO – ESTUDO RETROSPECTIVO Pedro Neves Cardoso

1, Marta Silva

1, João Costa

2, Olinda Faria

1, Dália Meira

2, F. Falcão-Reis

1

(1Centro Hospitalar de São João,

2Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia / Espinho)

Introdução: A Hipertensão Intracraniana Idiopática (HII) é caracterizada por aumento da pressão intracraniana na ausência de tumor ou fenómeno inflamatório intracraniano. Os sintomas mais comuns são cefaleias, perda visual com papiledema observável ao exame objectivo e diplopia. Segundo a literatura, a maioria dos pacientes com HII são mulheres jovens obesas. Materiais e Métodos: Recolheram-se dados dados clínicos e epidemiológicos de uma amostra de 36 indivíduos com o diagnóstico de Hipertensão Intracraniana idiopática (definida segundo os critérios modificados de Dandy) do Centro Hospitalar de São João e do Centro Hospitalar VNGaia/Espinho com um follow up médio de 46,7 meses. Procedeu-se à análise estatística destes dados. Resultados: Na amostra, 25 (69,4%) pacientes eram do género feminino e 11 (30.6%)do género masculino. A idade média e índice de massa corporal (IMC), à data do diagnóstico, eram de, respectivamente, 37,6 anos e 34,8 Kg/m2. A acuidade visual (AV) inicial era de 0,16 LogMar e o desvio médio dos campos visuais de -6,18 dB. O tratamento farmacológico de primeira linha foi a acetazolamida, iniciada em 35 (97,2%) dos doentes. Três (8,3%) pacientes foram submetidos a intervenção cirúrgica sob a forma de shunt ventriculoperitoneal. A AV e os campos visuais evoluíram favoravelmente ao longo do follow-up sendo a AV média final de 0,11 LogMar e o desvio médio final dos campos visuais de -5,52 dB. Conclusão: Este estudo contribui para a caracterização da população com HII em Portugal. A maioria das características clínicas avaliadas coincidem com o previamente descrito na literatura internacional, destacando-se apenas a percentagem de pacientes do sexo masculino (30,6%) que é significativamente superior ao descrito em estudos prévios.

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08:51 CL146- ANÁLISE DAS CAMADAS RETINIANAS EM DOENTES COM LESÃO ISQUÉMICA DA ARTÉRIA CEREBRAL POSTERIOR UNILATERAL: UM ESTUDO DE TOMOGRAFIA DE COERÊNCIA ÓPTICA Rita Anjos, Joana Cardigos, Lívio Costa, Bárbara Borges, Nuno Alves, Duarte Amado, Joana Ferreira, João Paulo Cunha (Centro Hospitalar Lisboa Central) Introdução: A degeneração transneuronal retrógrada (DTR) das células ganglionares (CG) tem sido implicada na fisiopatologia de lesões na via visual posterior. Apesar de estarem descritas alterações nas camadas mais externas da retina na patologia do nervo óptico, esta relação com lesões a nível occipital permanece desconhecida. O objectivo do presente estudo é a avaliação das camadas nucleares internas (CNi), plexiforme externa (CPe), nuclear externa e dos fotoreceptores em doentes com lesões isquémicas da artéria cerebral posterior (ACP) com tomografia de coerência óptica (OCT). Métodos: Estudo transversal observacional, caso-controle de doentes com hemianópsia homónima decorrente de lesão unilateral isquémica da ACP seguidos no departamento de Neuroftalmologia do Centro Hospitalar Lisboa Central. Todos os doentes realizaram OCT macular ((OCT SPECTRALIS®, Heidelberg Engineering),) em ambos os olhos. Após segmentação automática das diferentes camadas, foram obtidos os valores de espessuras correspondentes às regiões nasal e temporal entre 1 a 3mm (N1-3 e T1-3) entre 3 e 6 mm (N1-3 e T3-6) centradas na fóvea. Com recurso ao teste Wilcoxon, foram comparadas as hemiretinas homónimas do grupo de doentes com lesão da ACP (Grupo AVC) e do grupo controle. Resultados: Dez doentes com lesão da ACP e dez doentes saudáveis pareados para o sexo e idade foram incluidos no estudo. No grupo AVC verificou-se um aumento da espessura da CNi em N3-6 (p=0,005) do olho ipsilateral e em T3-6 (p=0,011) no olho contralateral, assim como da CPe em N3-6 (p=0,034) do olho ipsilateral. Não se verificaram diferenças estatisticamente significativas no grupo controle. Conclusão: Lesões a nível occipital podem levar a alterações em camadas externas à CG. É possível que a DTR no sistema visual seja um processo que não se esgota nas CG, afectando neurónios de primeira ordem.

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08:58 CL147- TOMOGRAFIA DE COERêNCIA ÓPTICA: UMA JANELA PARA A ESCLEROSE MÚLTIPLA? Rita Pinto Proença, Joana Cardigos, Lívio Costa, André Vicente, Arnaldo Santos, Duarte Amado, Joana Ferreira, João Paulo Cunha (Centro Hospitalar de Lisboa Central) Introdução: A esclerose múltipla (EM) é a doença inflamatória desmielinizante imunomediada que mais frequentemente afecta o sistema nervoso central. Aproximadamente 20% dos doentes têm nevrite óptica como manifestação inicial da doença. A sua frequência, heterogeneidade e ausência de tratamento curativo tornam esta patologia um desafio diagnóstico e terapêutico tanto para o doente como para o médico. Material e métodos: Estudo retrospectivo de 75 olhos de 38 doentes com EM e 30 indivíduos saudáveis da Consulta de Neuroftalmologia do Centro Hospitalar de Lisboa Central através da consulta do processo e exames complementares de diagnóstico. Foram caracterizados os doentes de acordo com o sexo, idade, anos de seguimento, forma de EM, tratamento realizado, melhor acuidade visual corrigida, presença de outras anomalias oculares concomitantes e episódios de nevrite óptica. Foram excluídos doentes com outras patologias oculares. Foi realizada tomografia de coerência óptica (OCT Spectralis, Heidelberg Engineering) da região macular e peripapilar, seguida de segmentação automática das camadas retinianas, com particular foco na espessura macular média, camada de fibras nervosas e camada de fibras ganglionares. Posteriormente foram feitos os cálculos estatísticos para calcular diferenças estatísticas clinicamente significativas entre os diferentes grupos. Resultados: Dos 38 doentes avaliados, a média de idades foi de 44,13 anos, versus 44,73 dos controlos. A média de idade do diagnóstico foi aos 34,1 anos (±9,38) e a média de seguimento 7,60 anos (±8,01). A melhor acuidade visual corrigida variou entre 0.2 e 1.0. Nos doentes com antecedentes de nevrite óptica clinica ou subclínica, observamos diminuição significativa ((p<0.05) da espessura da camada de fibras nervosas da retina peripapilar e da camada de células ganglionares e plexiforme interna, nas áreas nasais maculares 3 e 6. Conclusões: As espessuras, especialmente das camadas mais internas da retina (camada de fibras nervosas, camada de células ganglionares), estavam reduzidas de forma estatisticamente significativa (p<0.05) em relação aos casos controlo.

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09:05 CL148- ALTERAÇÕES RETINIANAS NA NEUROPATIA ÓTICA ISQUÉMICA ANTERIOR NÃO ARTERÍTICA - UM ESTUDO DE TOMOGRAFIA DE COERÊNCIA ÓTICA Joana Cardigos, Rita Anjos, Ana Luísa, Rita Proença, Sara Crisóstomo, Arnaldo Santos, Duarte Amado, Joana Ferreira, João Paulo Cunha (Centro Hospitalar de Lisboa Central) Introdução: A neuropatia ótica isquémica anterior não arterítica (NOIA-NA) é a causa mais comum de neuropatia ótica não glaucomatosa em doentes com idade superior a 50 anos. O adelgaçamento das camadas internas da retina, nomeadamente a camada de células ganglionares (CCG) e a camada plexiforme interna (CPI), consequente a isquémia e morte celular está bem descrito e associa-se, na maioria das vezes, a defeitos de campo visual altitudinais. Todavia, as alterações das camadas retinianas externas estão ainda pouco descritas. O objectivo primário deste estudo foi quantificar a existência de alterações maculares ao nível da CCG, CPI, das camadas nuclear interna (CNI), plexiforme externa (CPE), nuclear externa (CNE) e de fotorecetores (FR), comparando os quadrantes superior e inferior em olhos com NOIA-NA. Material e Métodos: Estudo observacional transversal de 30 olhos de 15 doentes com patologia unilateral: grupo 1 - 15 olhos com NOIA-NA, grupo 2 - 15 olhos adelfos do grupo 1. Após segmentação automática das diferentes camadas retinianas por tomografia de coerência ótica (OCT SPECTRALIS®, Heidelberg Engineering), foi calculada a espessura das CCG, CPI, CNI, CPE, CNE e FR nos 1, 3 e 6 mm do centro da fóvea. Foi feita uma comparação entre as diferentes camadas dos quadrantes superior e inferior no grupo 1 e no grupo 2 e, posteriormente, entre o diferencial superior-inferior dos dois grupos. As comparações entre os grupos foram analisadas pelo teste Wilcoxon, sendo p < 0.05 considerado de significância estatística. Resultados: No grupo 1 foram identificadas assimetrias superior-inferior estatisticamente significativas nas CPI (p=0.006), CNE (p=0.001) e FR (p=0.002) nos 3-6mm do centro da fóvea. No grupo 2 foram identificadas assimetrias estatisticamente significativas nas CPI (p=0.039), CNE (p=0.005) e FR (p=0.006) nos 3-6mm, assim como nas CPE (p=0.039), CNE (p=0.039) e FR (p=0.021) nos 1-3mm do centro da fóvea. A comparação da assimetria superior-inferior entre os grupo 1 e 2 não foi estatisticamente significativa. Conclusões: A assimetria fisiológica entre os quadrantes superior e inferior a nível macular encontra-se descrita na literatura. Apesar de existir uma maior assimetria das variáveis em estudo no olho adelfo em relação ao olho afectado (grupo 1), esta diferença não foi estatisticamente significativa. São necessários estudos prospetivo para uma melhor compreensão dos resultados apresentados.

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09:12 CL149- 09:12/09:19 COROIDITE SERPIGINOSA-LIKE André Marques, Pedro Santana Simões, Ana Sofia Donato, Filipe Isidro, Miguel Cordeiro, Marta Guedes (Hospital de Egas Moniz - CHLO) Introdução: a infecção por Mycobacterium tuberculosis pode estar associada em casos raros a uma coroidopatia denominada serpiginosa-like (CSL). Embora semelhante à forma auto-imune, existem diferenças clínicas e, sobretudo, no tratamento que obrigam a diagnóstico diferencial, particularmente em países com elevada prevalência de tuberculose. Material e Métodos: Apresentamos seis doentes (2 do sexo feminino, 4 do sexo masculino) com idades entre os 39 e os 77 anos) referenciados à consulta de Imunologia Ocular do Hospital de Egas Moniz por lesões de CSL. A todos os doentes foi realizado exame oftalmológico completo e extensa avaliação laboratorial, incluindo teste IGRA e em alguns casos prova de Mantoux, bem como radiografia de tórax. Foram também requisitados tomografia de coerência óptica spectral-domain (SD-OCT) e autofluorescência do segmento posterior e, na suspeita de neovascularização coroideia (NVC) secundária, angiogragia fluoresceínica. Resultados: Todos os doentes apresentavam doença bilateral, com melhor acuidade visual corrigida (MAVC) à apresentação entre contar dedos e 1.0. Em todos o teste IGRA foi positivo, bem como a prova de Mantoux, realizada em 3 doentes. A radiografia de tórax revelou-se alterada em apenas um caso, com história de tuberculose pulmonar prévia. À excepção de um doente com contra-indicações, todos foram submetidos a terapêutica antibacilar com esquema quádruplo por 2 a 4 meses, seguido por esquema duplo (7 a 12 meses). Na presença de hiperautofluorescência compatível com doença activa, os doentes foram tratados com prednisolona oral, com remissão da doença e estabilização da MAVC. Nos casos refractários, adicionou-se ciclosporina num doente e procedeu-se à injecção de metotrexato intra-vítreo noutro, com melhoria clínica e sem complicações. Um doente desenvolveu NVC, tendo sido tratado com ranibizumab intra-vítreo. Conclusões: Perante um doente com quadro de serpiginosa, é fundamental excluir infecção por M. tuberculosis para tratamento antibacilar dirigido. A suspeita de infecção, particularmente em países endémicos, deve persistir mesmo perante exames radiológicos sem alterações, podendo a utilização conjunta do teste IGRA e da prova de Mantoux aumentar a sensibilidade diagnóstica. O uso de meios complementares de diagnóstico, em particular a autofluorescência, é importante para avaliar o grau de actividade da doença e orientar para a eventual necessidade de imunossupressão. A utilização de metotrexato intra-vítreo parece uma opção segura e eficaz em casos determinados.

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09:19 CL150- UVEÍTE HETEROCRÓMICA DE FUCHS – CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DE UMA PATOLOGIA SUBDIAGNOSTICADA Pedro Simões, André Marques, Filipe Isidro, Miguel Cordeiro, Marta Guedes (Hospital de Egas Moniz - CHLO) Introdução: A Uveíte Heterocrómica de Fuchs (UHF) é uma doença inflamatória crónica, de etiologia desconhecida, que afecta 2 a 11,5% de todos os doentes com uveítes. A tríade clássica de sinais desta uveíte não granulomatosa inclui heterocromia da íris, catarata e precipitados queráticos. No entanto, tal como noutras síndromes de etiologia desconhecida, a sua definição tem-se alargado a outras características, como a ausência de heterocromia, heterocromia reversa, opacidades vítreas e, inclusivamente, focos de corioretinite. A inflamação é normalmente de baixo grau sendo raramente necessária corticoterapia. O glaucoma secundário e as opacidades vítreas centrais são os principais responsáveis pela perda de acuidade visual, visto que a cirurgia de catarata é normalmente bem sucedida. Materiais e Métodos: Estudo retrospectivo de doentes com o diagnóstico de UHF seguidos na consulta de Imunologia Ocular do Hospital de Egas Moniz. Resultados: Foram estudados 7 olhos de 7 doentes com o diagnóstico de UHF. Embora se trate de uma amostra pequena, a maioria dos resultados foram sobreponíveis aos de estudos publicados ao longo dos últimos 20 anos, num total de 619 olhos. No nosso estudo, os doentes eram maioritariamente do sexo masculino (57,1%). A idade média foi de 48,4 anos. A acuidade visual média foi de 0.9 (0.5 a 1.0). Apenas um doente (14,3%) apresentava heterocromia clinicamente significativa. Seis doentes (85,7%) revelavam atrofia ligeira com assimetria das criptas da íris. Opacidades vítreas visualmente sintomáticas estavam presentes em 57,1%. Catarata estava presente em 57,1% com necessidade de cirurgia nos 4 casos e glaucoma em 57,1% com necessidade de terapêutica anti-hipertensora em 3 casos e de cirurgia em 1 caso. Conclusões: A UHF é provavelmente uma entidade clínica subdiagnosticada. Apesar do prognóstico visual ser favorável, o oftalmologista deve estar alerta para alterações mais subtis da íris que não a heterocromia, de forma a evitar investigações desnecessárias e tratamento prejudicial com corticosteróides. Os doentes devem ser seguidos regularmente devido ao risco de desenvolvimento de catarata e glaucoma. Referências: Jones, N. P. (1993). ´´Fuchs´ heterochromic uveitis: an update.´´ Surv Ophthalmol 37(4): 253-272. Jones, N. P. (2012). Uveitis, JP Medical Limited. Chapter 9. Velilla, S., et al. (2001). ´´Fuchs´ heterochromic iridocyclitis: a review of 26 cases.´´ Ocul Immunol Inflamm 9(3): 169-175.

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09:26 CL151- INJECÇÃO SUBTENON DE CORTICÓIDES Carla Sofia Ferreira

1, Petra Gouveia

1, Luis Figueira

2, Fernando Falcão-Reis

3

(1Departmento de Oftalmologia, Hospital de São João,

2Departmento de Oftalmologia, Hospital de São João;

Departamento de Farmacologia e Terapêutica, Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, 3Departmento de

Oftalmologia, Hospital de São João; Departamento dos Órgãos dos Sentidos, Faculdade de Medicina da Universidade do Porto) Introdução: As uveítes não tratadas de forma adequada podem cursar com perda visual. Apesar das novas terapêuticas, os corticoides (CCT) continuam a ser a principal arma terapêutica, apresentando contudo inúmeros efeitos laterais a nível sistémico ou local. Para controlar a actividade inflamatória, minimizando estes efeitos, a sua administração periocular, nomeadamente de triamcinolona subtenon, apresenta um interesse renovado. Existe pouca informação recente disponível na literatura, pelo que énosso objectivo avaliar os efeitos funcionais e anatómicos deste tipo de terapia nas uveítes crónicas ou recorrentes, complicadas por vitrite grave ou edema macular, reportando a sua eficácia, duração de efeito, e efeitos laterais, propondo-a como uma alternativa válida. Material e Métodos: Estudo retrospectivo de todos os casos de uveíte não infeciosa que receberam pelo menos uma injecção subtenon de CCT, entre Setembro 2013 e Maio 2015, estendendo-se o follow-up atéSetembro de 2015. A indicação para a injecção de triamcinolona foi edema macular, vitrite ou necessidade de titular CCT sistémicos. Foram analisados os eventos favoráveis (melhoria da acuidade visual (AV), edema macular ou vitrite) e adversos (catarata, hipertensão ocular, necessidade de cirurgia). Resultados: Nos 48 olhos estudados, 44.7% foram classificados como tendo uma uveíte anterior, 4.3% intermédia, 31.9% posterior e 19.19% como uma panuveíte. O follow-up mediano foi de 14 meses [5; 15]. No grupo injectado por edema macular, a espessura diminuiu 51.50 µm [23.50; 104.75], tendo 83.3% dos doentes ficado melhor. No subgrupo de doentes com vitrite, 53.8% melhorou muito, 23.1% melhorou pouco e 23.1% não obtiveram melhorias. No subgrupo injectado para poupar CCT sistémica o objectivo foi conseguido em todos os casos. Como grupo, existiu uma tendência para melhor AV (p=0.103). A pressão intra-ocular foi significativamente mais elevada no pós injecção (p<0.001), mas sem alterar significativamente o número de fármacos para o controlar. Nenhum doente necessitou de cirurgia ao glaucoma ou catarata. Uma segunda injecção foi necessária em 29.8%, numa mediana de 305 dias [227.50; 331]. Conclusões: As injecções de CCT subTenon apresentaram bons resultados anatómicos nas uveítes não infeciosas complicadas com edema macular ou vitrite, auxiliando a poupar CCT sistémica. Estes resultados são sustentados, com um longo tempo de acção. Contudo, os resultados funcionais continuam a necessitar de melhorar. Os efeitos laterais desta terapia são mínimos, apresentando-se portanto como uma opção válida, segura e eficaz no controlo da inflamação intraocular activa.

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09:33 CL152- NOVOS TESTES PARA O DIAGNÓSTICO FUNCIONAL PRECOCE NO GLAUCOMA Miguel Raimundo

1, Pedro Faria

1, Catarina Mateus

2, Bárbara Oliveiros

2, Aldina Reis

2, João Cardoso

1,

João Filipe Silva1, José Moura Pereira

1, Miguel Castelo-Branco

2

(1Centro de Responsabilidade Integrado em Oftalmologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CRIO-

CHUC), 2Laboratório de Neurociências da Visão do Instituto de Imagem Biomédica e Ciências da Vida (IBILI),

Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra) Introdução: Pretende-se clarificar três questões importantes na fisiopatologia e diagnóstico precoce do glaucoma primário de ângulo aberto: (1) se os padrões de dano nas vias de processamento de movimento, contraste acromático e contraste cromático evoluem de forma similar na história natural do glaucoma, nomeadamente numa fase precoce de hipertensão ocular; (2) se o dano que ocorre precocemente é específico para as vias de grandes células ganglionares e (3) se existem padrões de dano relacionados com a excentricidade ao longo da evolução da doença. Materiais e Métodos: Estudámos uma coorte de 43 participantes, divididos em diferentes grupos clínicos correspondentes a estádios na história natural do glaucoma: hipertensão ocular (16 olhos), suspeitos de glaucoma (15 olhos) e glaucoma primário de ângulo aberto (12 olhos). Estes sujeitos foram comparados com controlos ajustados à idade (15 olhos). Criámos três novos testes psicofísicos para o estudo seletivo de diferentes populações funcionais de células ganglionares responsáveis pelo processamento de movimento, contraste acromático e cromático (individualmente para cada um dos cones L, M e S) utilizando hardware não especializado. Os testes baseiam-se na comparação das características supracitadas (4 variáveis independentes) entre dois pontos pequenos, móveis e periféricos, repetidos em 4 meridianos distintos (0º, 90º, 45º e 145º). Resultados: Obtivemos uma correlação significativa entre os resultados funcionais e os diferentes grupos representativos da progressão glaucomatosa em todos os testes (Rho médio ± DP = 0.708 ± 0.075; p < 0.001). Conseguimos também discriminar entre os grupos de sujeitos, com base no nível médio de desempenho nos testes funcionais, inclusive em estádios precoces (hipertensão ocular vs controlos; p < 0.001). A maioria destes testes apresenta elevada sensibilidade para deteção de dano funcional no estádio de hipertensão ocular (análise ROC com sensibilidade acima de 90% para 80% de especificidade). Encontrámos também padrões de dano relacionados com a excentricidade, com uma perda linear de desempenho do centro para a periferia notória no estádio de hipertensão ocular. Conclusões: Concluímos que o dano funcional ao longo da história natural do glaucoma evolui de forma similar nas vias de processamento de movimento, contraste acromático e contraste cromático e não é específico das vias de grandes células ganglionares. Demonstrámos que é possível detetar com elevada sensibilidade dano funcional no estádio de hipertensão ocular. O desempenho relacionado com a excentricidade revelou um défice evidente e generalizado do centro para a periferia no grupo de hipertensão ocular, sugerindo uma perda progressiva da reserva funcional de células ganglionares. Os nossos novos testes mostram que é possível criar software especializado para a deteção de alterações funcionais precoces e monitorização de progressão no glaucoma primário de ângulo aberto.

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09:40 CL153- ALTERAÇÕES DOS PARÂMETROS DE CÂMARA ANTERIOR POR TOMOGRAFIA DE SCHEIMPFLUG APÓS CIRURGIA DE FACOEMULSIFICAÇÃO EM DOENTES COM ÂNGULO ESTREITO PRIMÁRIO Carolina Vale

1, Tânia Borges

1, Sofia Maia

1, Rita Reis

1, Isabel Sampaio

1, Maria João Menéres

2, Pedro Menéres

2

(1Hospital de Santo António - Centro Hospitalar do Porto,

2Hospital de Santo António - Centro Hospitalar do Porto;

ICBAS – Universidade do Porto) Objetivo: Avaliar as alterações na profundidade de câmara (PCA), volume de câmara anterior (VCA) e ângulo de câmara anterior (ACA) por Pentacam HR® em doentes com ângulo estreito primário submetidos a cirurgia de extração de catarata e implantação de lente intraocular. Material e Métodos: Um total de 107 olhos de 70 doentes com ângulos estreitos primários foi submetido a facoemulsificação e implante de lente intraocular. A pressão intraocular (PIO) foi medida por tonometria de aplanação e corrigida de acordo com paquimetria. Foram analisados os seguintes parâmetros de câmara anterior: PCA, VCA e ACA. Os dados pré-operatórios foram comparados com os pós-operatórios. Resultados: A idade média foi de 71±11 anos, com 73 % dos doentes do sexo feminino e 27% do sexo masculino. 48% dos olhos foram submetidos a iridotomia prévia com laser YAG. A melhor acuidade visual corrigida média pré-operatória foi de 0.5±0.3 e a pós-operatória foi de 0.9±1.1 (P=0.00). Com a cirurgia assistiu-se a um aumento da PCA de 1.9±0.4 para 3.7±0.8 mm (P=0.00), do VCA de 90.5±22.4 para 130.7±25.3 mm3 e do ACA de 21±4 para 38±8 graus. Conclusão: O Pentacam HR® permite avaliar de modo reprodutível e de não contato os parâmetros de câmara anterior. Perspetivando-se como um método de rastreio de ângulos estreitos, complementando a avaliação por gonioscopia nestes doentes. A cirurgia de extração de cristalino reduz a pressão intraocular e aprofunda a câmara anterior, podendo ser um método seguro e eficaz a considerar em doentes com ângulos passíveis de oclusão para prevenir um encerramento agudo do ângulo e assume um papel preponderante no tratamento definitivo do ângulo estreito primário refratário.

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09:47 CL154- IMPACTO DO USO DE DIFERENTES OCTS NA ANÁLISE DA CAMADA DE CELULAS GANGLIONARES NO GLAUCOMA Livia Mello Brandao

1, Anna Ledolter

2, Andreas Schötzau

1, Anja M Palmowski-Wolfe

1

(1University of Basel, Department of Ophthalmology,

2Medical University of Vienna, Department of Ophthalmology)

A análise da camada de células ganglionares obtida à partir de diferentes tomógrafos de coerência óptica (OCT) Spectral-Domain pode influenciar os resultados da correlação de estrutura e função. Os autores compararam a espessura total de macula (MT) e da camada de células ganglionares-plexiforme interna (GCIPL) dos tomografos Cirrus™ e Spectralis™ em pacientes de glaucoma primario de angulo aberto (POAG) e controlos. Resultados foram também comparados com a perimetria automatizada (PA). Ganglion cell layer segmentation analysis from different spectral optical coherence tomography (OCT) might influence results of structure function analysis. The authors compared full macular thickness (MT) and ganglion cell layer-inner plexiform layer (GCIPL) from Cirrus and Spectralis OCTs in primary open angle glaucoma (POAG) patients and controls. Results were compared to automated perimetry (AP). Estudo transversal com 17 doentes e 16 controlos (33 olhos). Todos os doentes realizaram OCT macular utilizando os tomografos Cirrus e Spectralis. Avaliaram-se os valores de espessura total de macula e da camada GCIPL em area correspondente aos 10 graus centrais da retina. Estes valores foram comparados entre os grupos e correlacionados com os resultados (mean defect, MD) da perimetria automatizada (Octopus, 101). Cross-sectional study with 33 eyes from 17 POAG and 16 controls. All patients underwent macular scan using Cirrus and Spectralis OCTs. Total macula thickness and GCIPL thickness were evaluated in the 10 central degrees of retina. These parameters were compared between the groups and correlated with results from automated perimetry (Octopus 101). Observou-se diferença significative entre os valores de espessura de MT e GCIPL entre os OCTs. Os valores do tomografo Spectralis são maiores que Cirrus tanto para MT (21.64 µm ± 4.5) quanto para GCIPL (9.8 µm ± 5.4). Cirrus e Spectralis apresentaram diferenças significativas nos valores de MT e GCIPL entre doentes e controlos. Medidas de MT e GCIPL do Cirrus e do Spectralis se relacionaram de forma negativa com o MD (p <0.001). Disagreement between OCTs in both MT and GCIPL values was significant. Spectralis measurements are thicker than Cirrus in MT (21.64 µm ± 4.5) and GCIPL (9.8 µm ± 5.4). Groups differed significantly in MT and GCIPL with Spectralis and Cirrus. MT and GCIPL was negatively associated with MD (p <0.001). Valores obtidos a partir de diferentes OCTs não são intercambiaveis, embora Cirrus e Spectralis tenham identificado diferenças significativas entre doentes e controlos. Os dois OCTs apresentam desempenho comparável quando relacionados à função retiniana medida pela PA. Measurements from different OCTs are not interchangeable, although both machines could differentiate patients from controls with statistical significance. Both OCTs presented comparable results when related to retinal function measured with AP.

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09:54 CL155- PODEMOS CONFIAR NA PRESSÃO INTRA-OCULAR MEDIDA PELOS INTERNOS DE OFTALMOLOGIA? Tiago Maio, Ricardo Bastos, Jose Alberto Lemos, Carlos Menezes, Rita Gonçalves, Pedro Coelho, Bruna Vieira, Josefina Serino, Paula Tenedório, Rui Avelino Resende (Hospital Pedro Hispano) Introdução: A medição da pressão intra-ocular (PIO) é um procedimento clínico básico, fundamental e universal na avaliação oftalmológica dos pacientes. A tonometria de aplanação de Goldmann (TAG) mantém-se como o método “Gold standard” de medição, sendo referência na prática clínica e publicações científicas. A avaliação da PIO através da TAG é segura, prática e correta na maioria das situações. Contudo, existem diversos fatores que podem interferir nesta medição, como por exemplo, semiencerramento da fenda palpebral, pressão exercida sobre o globo ocular, manobra de Valsalva, falta de calibração do tonómetro e quantidade de fluoresceína instilada. Neste trabalho pretendemos avaliar a variabilidade interindividual na avaliação da PIO com TAG, comparando medições de especialistas com internos de oftalmologia. Métodos: Deste estudo fizeram parte 53 doentes seguidos no Hospital de Pedro Hispano (37 doentes observados em consulta geral e 16 observados em consulta de glaucoma) totalizando 106 olhos. Em cada olho foram realizadas 3 medições da PIO com tonómetro de sopro Topcon CT e com TAG (por um especialista em Oftalmologia, por um interno que não do 1º ano e pelo interno do 1º ano de oftalmologia, utilizando a mesma lâmpada de fenda). A variabilidade interindividual foi avaliada recorrendo ao programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 20.0, submetendo a amostra à análise de variância de medições repetidas. Resultados: A idade média dos pacientes analisados foi 62.15 (+/- 12.76) anos, sendo 39,62% dos pacientes do sexo masculino. A diferença média da PIO medida com TAG em cada olho foi 0.16 +/- 0.09 mmHg (p = 0.08) entre especialista e interno não do 1º ano; 0.25 +/- 0.13 mmHg (p = 0.07) entre especialista e interno do 1º ano; 0.09 +/- 0.11 mmHg (p = 0.46) entre internos não do 1º ano e do 1º ano. Em 4 olhos (3.77%) de 4 pacientes (2 com glaucoma), verificou-se diferença superior a 20% na medição da PIO com TAG entre especialista e internos. A diferença média entre a PIO determinada com tonometria de sopro e TAG foi 1.82 +/- 0.34mmHg (p <0.0001), diferença estatisticamente significativa. Conclusões: Não se verificou variabilidade interindividual estatisticamente significativa entre as medições da PIO com TAG do especialista e dos internos de oftalmologia. Apesar de não ter alcançado significância estatística, em 4 olhos (2 destes com glaucoma) verificou-se uma diferença na avaliação da PIO por TAG superior a 20%. Nos doentes com glaucoma, esta diferença de PIO poderá determinar uma alteração da abordagem terapêutica médica ou cirúrgica. Assim, apesar de a TAG ser um método frequentemente utilizado e de execução técnica simples, deve ser realizada com precisão e repetida de forma a minimizar potenciais erros de avaliação e orientação terapêutica dos doentes com glaucoma ou suspeita de glaucoma.

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10:01 CL156- TRABECULECTOMIA VS FACOTRABECULECTOMIA – UM ESTUDO RETROSPECTIVO DE EFICÁCIA E SEGURANÇA Sara Marques

1, Marta Guerra

1, João Cardoso

2, Pedro Faria

2, João Filipe Silva

2, José Moura Pereira

2

(1Centro Hospitalar Tondela-Viseu/Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra,

2Centro Hospitalar e Universitário de

Coimbra) Introdução: O glaucoma é a neuropatia ótica mais frequente, afetando cerca de 2% da população com mais de 40 anos. É uma doença multifatorial, crónica e progressiva que se manifesta por perda de campo visual, sendo a pressão intraocular (PIO) um dos factores que mais influencia o seu curso clínico. A presença de glaucoma e catarata é comum na população idosa, contudo não existe consenso quanto à melhor opção cirúrgica para estes doentes. O objetivo deste estudo é comparar a eficácia e segurança de trabeculectomia (TRAB) e facotrabeculectomia (FACOTRAB) no controlo da pressão intraocular. Material e Métodos: Análise retrospetiva dos registos clínicos de doentes fáquicos com glaucoma primário de ângulo aberto (GPAA) ou glaucoma pseudoesfoliativo (GPSX), com PIO pré-operatória igual ou inferior a 40mmHg, submetidos a TRAB ou FACOTRAB no Serviço de Oftalmologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra entre janeiro de 2012 e dezembro de 2014. Foram incluídos 132 olhos de 120 doentes. Para cada tipo de cirurgia foram avaliados: PIO pré- e pós-operatória (1º dia, 1ª semana, 1º mês, 3º mês, 6º mês e 1º ano), número de fármacos antiglaucomatosos utilizados antes e após a cirurgia, incidência de complicações e necessidade de reintervenção. Resultados: Dos 132 olhos avaliados, 43% (N=57) foram submetidos a FACOTRAB e 57% (N=75) a TRAB. No pré-operatório, os dois grupos não apresentavam diferenças significativas de idade, sexo, PIO ou número de fármacos, diferindo apenas na melhor acuidade visual corrigida (20/60 no grupo FACOTRAB vs 20/30 no grupo TRAB, p=0,028). Ao fim do 1º ano, a PIO inicial diminuiu significativamente de 24,14±6,25mmHg para 14,25±4,03mmHg (p<0,01) no grupo FACOTRAB e de 26,18±5,06mmHg para 15,95±2,78mmHg (p<0,01) no grupo TRAB, não se tendo encontrado diferenças significativas entre os dois grupos (p=0,96). A média de fármacos antiglaucomatosos necessários ao 1º ano pós-operatório foi significativamente menor (p<0,01) do que no pré-operatório para ambos os grupos, não sendo a diferença entre os dois grupos significativa (p=0,95). A taxa de complicações com necessidade de reintervenção foi semelhante em ambos os grupos, sendo o needling com MMC a reintervenção mais frequente (57%). O tempo médio de follow-up foi de 20,46 meses. Conclusão: Trabeculectomia e facotrabeculectomia são duas opções de eficácia e segurança semelhantes no que toca a controlo de PIO, diminuição do número de fármacos e taxa de complicações em doentes com GPAA ou GPSX.

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10:08 CL157- CORNEAL ELEVATION TOPOGRAPHY IN PRIMARY OPEN ANGLE GLAUCOMA Pedro Gil, Joana Pires, Rita Matos, Mariana Sá Cardoso, Nádia Lopes, João Matias, Manuel Mariano (Centro Hospitalar Baixo Vouga) Purpose: To describe and compare anterior and posterior topographic elevation maps in primary open angle glaucoma (POAG) patients with functional damage staging and in healthy controls. Methods: A total of 217 subjects were consecutively recruited, including 111 POAG patients (study group, SG), and 106 healthy individuals (control group, CG). Previous intraocular surgery or other known ocular conditions were exclusion criteria. All patients performed Pentacam HR corneal topography. Mean anterior keratometry and anterior and posterior topographic elevation maps were analysed and compared in the central 3mm, 5mm and 7mm. Humphrey automated perimetry results from the SG were reviewed and classified according to the Glaucoma Staging System (GSS). Results: Age (SG:72.32±8.09; CG:70.82±8.36; p=0.18) and central corneal pachymetry (SG:541.13±36.98; CG:548.67±34.56; p=0.12) were similar in both groups. Maximum elevation readings in the central 5mm were significantly (p<0.05) higher in the anterior (SG:8.21±8.63; CG:5.79±3.62) and posterior (GE:16.17±8.72; GC:13.92±6.03) corneal topography of the SG, as well as in the anterior (SG:17.32±20.78; CG:9.61±5.64) and posterior (SG:38.81±19.78; CG:26.38±12.73) central 7mm. The difference between the 7mm maximum and minimum elevation readings was higher in the anterior (SG:32.92±29.35; CG:22.50±11.39) and posterior (SG:72.73±46.13; CG:52.92±18.76) corneal topography of the SG. There was a weak but significant correlation between the GSS stage and both the anterior 5mm (r=0.397) and 7mm (r=0.304) maximum, as well as the posterior 5mm (r=0.233) and 7mm (r=0.241) maximum. The same was true for the correlation between GSS stage and the difference between the maximum and minimum elevation readings in the anterior 5mm (r=0.402) and 7mm (r=0.352), and the posterior 5mm (r=0.228) and 7mm (r=0.307). Conclusions: In patients with POAG, there is a forward shifting of the posterior and anterior corneal surfaces. This appears to be correlated with more advanced stages of functional damage, pointing to a possible link between corneal structural changes and duration and intensity of elevated intra-ocular pressure. Further studies may ascertain the potential for this link to be used as a useful tool in monitoring POAG patients.

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10:15 CL158- RESULTADOS A LONGO PRAZO DA CIRURGIA COMBINADA DE CATARATA E GLAUCOMA: FACOTRABECULECTOMIA VERSUS FACOESCLERECTOMIA PROFUNDA COM IMPLANTE Angélica Barro, Isabel Lopes-Cardoso, Diogo Semedo, Inês Almeida, João Chibante-Pedro (Centro Hospitalar Entre Douro e Vouga) Introdução: A trabeculectomia (TRAB) é a técnica gold-standard no tratamento do glaucoma de ângulo aberto. A esclerectomia profunda (EP) permite a criação de uma fístula da câmara anterior para o espaço subconjuntival, através de uma membrana trabeculodescemética. A esclerectomia profunda possibilita uma melhoria da segurança cirúrgica, mas os resultados de eficácia comparativamente à trabeculectomia são contraditórios na literatura. Pretende-se avaliar a eficácia a longo prazo da trabeculectomia versus esclerectomia profunda com implante intraescleral, ambas as técnicas combinadas com facoemulsificação em córnea clara com inserção de lente intraocular de câmara posterior (FACO). Material e Métodos: Análise comparativa de dados recolhidos de um estudo prospectivo de doentes com glaucoma submetidos a esclerectomia profunda com implante combinada com FACO, e de dados recolhidos retrospetivamente de pacientes submetidos a trabeculectomia combinada com FACO, com um mínimo de 2 anos de follow-up. Excluíram-se os casos com cirurgias prévias e com complicações intra-operatórias. Foram selecionados 59 olhos com glaucoma submetidos a FACOTRAB (37 olhos) e FACOEP (22 olhos). A facoemulsificação foi realizada em córnea clara e a cirurgia filtrante foi realizada por uma segunda entrada. Foram avaliados a PIO, número médio de fármacos (NMF), e sucesso completo e qualificado segundo um critério de PIO ≤18mmHg, no pré-operatório, e ao 1º e 2ª ano de seguimento. A análise estatística for realizada usando o SPSS versão 22. Resultados: A PIO desceu significativamente (p<0.05) de 21,1±6,0 mm Hg (FACOTRAB) e 18,6±7,0 mm Hg (FACOEP) respectivamente para: 14,2±4,0 e 13,7±3,9mm Hg (1º ano), 13,1±3,9 e 12,8±2,7mm Hg (2 anos). O NMF desceu significativamente (p<0,05) de 3,3±0.9 (FACOTRAB) e de 3,2±0.9 (FACOEP) respectivamente para: 0,5±0,9 e 0,6±1,0 (1º ano), 0,7±1,2 vs 0,8±1,0 (2 anos). O sucesso completo da FACOTRAB e FACOEP foi respectivamente de: 65,5% e 68,2% ao 1º ano e 61,1% e 54,5% ao 2º ano. O sucesso qualificado da FACOTRAB e FACOEP foi respectivamente de: 93,1% e 95,5% ao 1º ano e 91,7% e 95,5% ao 2º ano. Conclusões: A facotrabeculectomia e a facoesclerectomia profunda com implante foram igualmente eficazes no controlo da PIO até aos 2 anos de seguimento na amostra estudada. Não existiu diferença na escolha de qualquer um dos procedimentos para obtenção de maior número de sucessos completos, a nenhum dos tempos estudados (p<0.05). A facoesclerectomia profunda tem a vantagem de se associar a um menor número de complicações pós-operatórias e permitir uma recuperação funcional mais rápida, sendo assim uma boa alternativa à trabeculectomia.