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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO - TCC
RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO
EM PSICOPEDAGOGIA
VIVIANI PIOVESAN DUARTE
TOLEDO – PARANÁ
2019
PRÁTICA DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO
EM PSICOPEDAGOGIA
Este trabalho descreve a Prática de Estágio
Supervisionado do Curso de Pós-Graduação
em Psicopedagogia, requisito para concluir a
formação em Psicopedagoga, sob a orientação
da professora Ms.: Veralice Apª. Moreira dos
Santos e Prof: Leia Angélica Rippel, na
Faculdade Assis Gurgacz – FAG Campus
Toledo.
TOLEDO - PARANÁ
2019
TERMO DE AVALIAÇÃO DO RELATÓRIO DE ESTÁGIO
FACULDADE ASSIS GURGACZ CAMPUS TOLEDO
1 – A parecer de avaliação da acadêmica após a realização da prática de estágio
supervisionado em psicopedagogia, com alunos do ensino fundamental.
CURSO: Especialização em Psicopedagogia com abordagem em Neurologia
TURMA: V – 2018/2019
ACADÊMICA: Viviani Piovesan Duarte
ORIENTADORAS: MS: Veralice apª. Moreira dos Santos e Prof: Leia Angélica Rippel
PARECER
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________-
____________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
NOTA/CONCEITO________________________________________________
DATA,________de ___________________de 2019.
______________________________________________________________________
Professoras orientadoras
Sumário
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 5
2. IDENTIFICAÇÃO DO ESTAGIÁRIO (A)................................................................................. 7
3. CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO DE REALIZAÇÃO DO ESTÁGIO ...................... 7
3.1 Identificação do Estabelecimento .............................................................................................. 7
4. A PSICOPEDAGOGIA E SUA RELAÇÃO COM A APRENDIZAGEM ...............................12
4.1 CAMINHOS DA PSICOPEDAGOGIA: PERCURSO HISTÓRICO E ASPECTOS DA
FORMAÇÃO PROFISSIONAL ....................................................................................................15
4.2 CARACTERIZANDO DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NA ESCRITA, NA
LEITURA E NA MATEMATICA. ...............................................................................................18
4.2.1 Dificuldades de aprendizagem da linguagem: Escrita ........................................................18
4.2.2 Dificuldades de aprendizagem da linguagem: Leitura ........................................................20
4.2.3 Dificuldades de aprendizagem na Matemática ...................................................................21
5. DIAGNÓSTICO - CASO I .........................................................................................................23
AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NO CONTEXTO ESCOLAR ..........................................23
5.1. Dados de Identificação ...........................................................................................................23
5.2. Motivo do encaminhamento ...................................................................................................23
5.3. História e contexto evolutivo ..................................................................................................23
5.4. Síntese das áreas avaliadas .....................................................................................................24
5.5. Conclusão diagnóstica ............................................................................................................26
5.6. Medidas de Intervenção ..........................................................................................................26
5.7. Encaminhamentos ..................................................................................................................27
6. DIAGNÓSTICO - CASO II ........................................................................................................28
AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NO CONTEXTO ESCOLAR ..........................................28
6.1. Dados de Identificação ...........................................................................................................28
6.2. Motivo do encaminhamento ...................................................................................................28
6.3. História e contexto evolutivo ..................................................................................................28
6.4. Síntese das áreas avaliadas .....................................................................................................29
6.5. Conclusão diagnóstica ............................................................................................................31
6.6. Medidas de Intervenção ..........................................................................................................32
6.7. Encaminhamentos ..................................................................................................................33
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................34
REFERÊNCIAS ..............................................................................................................................35
ANEXOS .........................................................................................................................................36
5
1. INTRODUÇÃO
O Estágio Supervisionado é uma atividade obrigatória curricular para conclusão do
Curso de Pós-Graduação em Psicopedagogia, conforme Decreto nº 87.497 de 18 de agosto de
1982 que determina a prática de Estágio Supervisionado como parte integrante da grade
curricular dos cursos de Pós-graduação em Psicopedagogia, a fim de articular os
conhecimentos teóricos aprendidos durante o curso com a prática Psicopedagogica.
O Estágio Supervisionado em Psicopedagogia tem como objetivo promover o
aprendizado para compreender as dificuldades de aprendizagens apresentadas pelas crianças
na idade escolar, das quais devem ser trabalhadas, promovendo o desenvolvimento das
habilidades, investigando, prevenindo, bem como uma intervenção Psicopedagogica no
processo de ensino aprendizagem observadas por elas.
Para realização desse estágio serão atendidas duas crianças, sendo uma menor que
nove anos e outra acima desta idade, cumprindo carga horária de 24 horas, sendo 12 horas
para cada avaliado. De acordo com as dificuldades apresentadas por essas crianças serão
trabalhadas atividades específicas, identificando o porquê daquelas crianças não
acompanharem o ritmo da idade escolar apresentada. Para cada criança avaliada serão
aplicados instrumentos específicos psicopedagógicos como: entrevista com os
pais/responsáveis, observação da criança em sala de aula e no recreio, aplicação das
atividades, começando a partir da segunda sessão, sendo, a Entrevista Operativa Centrada na
Aprendizagem, atividades projetivas, avaliação psicomotora, atividades acadêmicas de Língua
Portuguesa e Matemática, verificando as habilidades e dificuldades apresentadas pela criança.
Através desse estágio de Psicopedagogia será verificado como a criança aprende, de
que forma ela assimila o conhecimento apresentado, e como compreende esse aprendizado
para realização de suas atividades. Para elas ocorrerá uma contribuição com esses
atendimentos, realizando também uma prática de jogos que são instrumentos
psicopedagógicos, pedagógicos e educativos e que proporcionam uma forma lúdica e
prazerosa de se trabalhar. Esses jogos como também as brincadeiras podem promover um
desenvolvimento na criança, sendo intelectual e social. Cada criança avaliada tem seu tempo
específico de aprendizagem, ou seja, o desenvolvimento que proporciona a melhora desse
aprendizado poderá acontecer por meio de jogos e brincadeiras. Algumas crianças aprendem
de forma rápida outras não. Dessa forma, observa-se a grande repercussão sobre as
dificuldades de aprendizagens detectadas nessas crianças, entender as possíveis causas para
6
assim definir um diagnóstico, sendo a melhor maneira observar e compreender, levando em
consideração que alguns fatores podem interferir no aprendizado da criança.
As dificuldades apresentadas na leitura e na escrita são detectadas nas atividades
trabalhadas e muitas acontecem desde a fase que iniciou o processo de escolarização, ou seja,
de como essa alfabetização foi ensinada. Nesse contexto escolar deve ser desenvolvida de
forma gradativa e o professor deverá ensinar seus alunos a fazer uso de uma estrutura de
língua mais adequada para idade escolar em que se encontra. Portanto, a prática do estágio
além de ser uma atividade obrigatória, proporciona a especialização do profissional
psicopedagogo, atuando na área clínica e institucional, atendendo na prevenção e intervenção
para o avaliado dos quais conseguem construir, organizar e adquirir uma melhora dessas
dificuldades de aprendizagem. Além do mais o conhecimento adquirido ao longo dessa
especialização complementará para os conhecimentos profissionais prontos para atuar no seu
campo de trabalho. Com base nas pesquisas realizadas para este trabalho de conclusão de
curso, grandes teóricos para maiores esclarecimentos da Psicopedagogia, bem como as suas
histórias, suas práticas psicopedagogias e a sua importância estarão presentes no decorrer da
leitura deste trabalho.
7
2. IDENTIFICAÇÃO DO ESTAGIÁRIO (A)
2.1. Nome: Viviani Piovesan Duarte
2.2. Professora orientadora: Veralice Ap.Moreira dos Santos
2.3. Instituição de realização do estágio: Escola Municipal José Pedro Brum
2.4. Modalidade de Ensino: Educação Infantil e Ensino Fundamental.
3. CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO DE REALIZAÇÃO DO ESTÁGIO
3.1 Identificação do Estabelecimento
A Escola Municipal José Pedro Brum, foi criada pela prefeitura do Município de Toledo,
através do Decreto Municipal N°059/86, de 30 de Maio de 1986, com a denominação de
“Escola Municipal José Pedro Brum”, e inicialmente estava localizada na Rua Arlei Leonardi
s/nº, no Jardim Maracanã, e com a criação do CAIC-Centro de Atenção Integral a Criança e
ao Adolescente, em 1994,situado a Rua Capitão Leônidas Marques, n°1896, no Jardim
Maracanã, o local passou a abrigar a atual” Escola Municipal Vereador José Pedro Brum”.
Ainda no ano de 1994, o Prefeito Municipal sancionou a Lei “R” “R”, nº6 de 24 de Março de
1994, que dispõe sobre estrutura básica do “Centro de Atenção Integral a Criança e ao
Adolescente Vereador José Pedro Brum”, e em seu artigo 2 ° criou o “Programa de Ensino
Fundamental”, como parte de sua estrutura básica. A referida “Escola Municipal”, foi
autorizada a funcionar para oferta da Educação Infantil, e das quatro primeiras séries do 1°
grau, nos termos da Resolução n°1.128/95, de 27 de Março de 1995, concedida
retroativamente ao inicio do ano letivo de 1994 até o final do ano letivo de 1995, com
denominação de Escola Municipal Vereador José Pedro Brum, oferecendo Educação Infantil,
Ensino Fundamental e Educação em tempo Integral.
Objetivo geral da escola é desenvolver um processo de educação com ações integradas a
cultura, esporte, saúde e lazer, que possibilite ao educando um aprendizado, consistente que o
favoreça o desenvolvimento de uma consciência critica, solidaria e democrática, articulando
sua pratica social com o saber organizado, favorecendo o atendimento de suas necessidades
básicas a fim de que se sinta sujeito do processo de transformação social, exercendo sua
cidadania.
Missão da escola é formar pessoas fortes intelectualmente, equilibradas emocionalmente,
capazes tecnicamente e ricas de caráter. Para que a escola uma proposta teórica consistente é
preciso que todos os professores e de mais agentes educacionais tenham sua ação dirigida por
8
princípios didáticos que precisam estar presentes sustentando o fazer educação em cada uma
das salas de aula. Para garantir esta unidade na execução do Projeto Pedagógico, a escola
toma como base algumas afirmações feitas por Telma Weiss, a partir de muitos estudos e
pesquisas constantes em seu livro “O Dialogo entre o ensino e a Aprendizagem”. Nesse
sentido os professores desta escola elencaram 13 ideias extraídas das afirmações de Telma
Weiss, que serão tratadas como princípios didáticos norteadores do fazer pedagógico, sendo
que os mesmos poderão sofrer alterações sempre que necessário.
A escola também considera importante elencar ainda alguns princípios como:
O ponto de partida é o conhecimento e não o método;
O professor deve dominar os conteúdos;
Usar efetivamente as diferentes linguagens;
Fazer uso da diversidade textual;
Garantir a intercomunicação entre as disciplinas;
Os conteúdos devem ser especificados nas diversas áreas do conhecimento,
adequando-os a cada nível e serie pautando a quantidade socialmente necessária a
serie, de caráter universal e aplicação real;
Assegurar no quadro curricular, a pluralidade cultural, e as diversidades;
Definir as competências a serem alcançadas em todos os anos do ensino fundamental,
garantindo através do currículo, domínio cognitivo, e habilidades na identificação e
solução de problemas, domínio da socialização pelo desenvolvimento de atitudes e
responsabilidades, solidariedade e democracia.
Adequar metodologicamente a ação pedagógica, satisfazendo as necessidades básicas
da aprendizagem estabelecidas no currículo, destacando a habilidade do saber como aprender.
É também preocupação nesta escola o desenvolvimento de uma educação que capacite o
educando a relacionar-se com as pessoas e com seu meio, atividades que propiciem o
desenvolvimento de valores humanos como: solidariedade, respeito mutuo ,cooperação,
dialogo e compromisso e respeito a diversidade. Objetivando o domínio da competência oral,
oportunizamos momentos de expressão individual e coletiva, através da hora novidade, roda
de conversa, momentos de conto, reprodução de historias, pseudo-leitura e declamações,
promoções de momentos culturais e cívicos.
No concernente aquisição da leitura e da escrita, nossa preocupação fundamental é
propiciar um ambiente adequado a estimulação, familiarização do mundo letrado, fazendo uso
9
de diferentes gêneros textuais e os mais diversos recursos materiais. A escola conta com
ampla biblioteca onde o trabalho é minuciosamente planejado de modo a despertar do gosto
pela leitura com estratégias criativas e interessantes, pois entende-se que as habilidades de
leitura vão muito além da decodificação mecânica das palavras, mas permite desvendar
universos até então desconhecidos.
A escola busca continuamente implementar uma ação pedagógica, onde o saber, a
alegria, a autonomia, os hábitos e atitudes positivas e o trabalho organizado sejam uma
constante no dia a dia das atividades desenvolvidas, visando favorecer a diversidade de
pensamentos e opiniões dos alunos. O conhecimento é resultante de um processo histórico,
explicativo da organização da sociedade, de sua produção material e cultural, de caráter
teórico pratico, onde o ensino tem a finalidade de explicar as necessidades históricas que
conduzem e movimentam os fenômenos naturais e sociais. O educando deve ser considerado
como pessoa e não como e não “uma coisa”, ou “objeto” que pode ser moldado. É um ser
dotado de potencialidades e criatividade, que pensa, investiga, discute , analisa e age diante da
situação que lhes são postas, resolvendo as atividades com independência.
10
3.2 O PPP da instituição e sua relação com a Psicopedagogia
O serviço Psicopedagógico na Escola Municipal José Pedro Brum, foi implantado em 2005
com o objetivo de trabalhar as dificuldades de aprendizagem e procurar identificar os
distúrbios e disfunções de aprendizagem, assim como encaminha-los para suas especialidades.
Atualmente a escola conta com uma demanda de atendimento psicopedagógico de sessenta
horas. O grande objetivo da psicopedagogia é mediar o processo de aprendizagem, não apenas
no âmbito escolar, mas em todos os contextos que envolvem o individuo, seja o contexto
cognitivo, social e emocional.
A avaliação e observação são ações continuas, pois o psicopedagogo fara o acompanhamento
com o professor regente, observando o desempenho dos alunos atendidos, dando sugestões
para que o educando possa se desenvolver por completo.
Percebe-se, portanto que o papel do psicopedagogo na escola não é meramente investigar e
intervir com o aluno individualmente, mas sim, atuar como grande articulador dos três
programas, de modo que todos, os profissionais, pais, responsável e aluno, possam buscar
ações de enfrentamento do fracasso escolar seja na dificuldade individual do educando, seja
na inadequação metodológica.
A avaliação da Psicopedagogia esta estruturada da seguinte forma: através da sondagem e
analise dos dados coletados com o professor regente, com a família, observação na sala de
aula e em outros espaços do âmbito escolar, aplicações de instrumentos avaliativos,
organizações levantamento de dados obtidos. Depois de analisados os resultados, o
psicopedagogo em conjunto com a equipe pedagógica e assistente social irão analisar e fazer
os encaminhamentos necessários. Para concluir essa avaliação são convocados os pais,
professores e equipe pedagógica que juntamente fazem a devolutiva. A avaliação e
observação são ações continuas, pois o psicopedagogo fara o acompanhamento com o
professor regente observando o desempenho dos alunos atendidos, dando sugestões para que
o educando possa se desenvolver por completo.
Objetivos do trabalho psicopedagógico:
1- Identificar os problemas de aprendizagem;
2- Orientar metodologias para superação das dificuldades de aprendizagem;
3- Auxiliar o aluno e a instituição no desenvolvimento escolar;
4- Encaminhar o aluno com dificuldades de aprendizagem para outras áreas especificas
quando necessário;
5- Trabalhar com a dispersão, excitação e inquietude dos alunos;
11
6- Buscar estratégias junto a equipe pedagógica para trabalhar as dificuldades de
aprendizagem dos alunos nos aspectos psicomotores: orientação espacial, temporal e
lateralização que influenciam a aprendizagem;
7- Acompanhar as dificuldades nas áreas de desenvolvimento: motor, cognitivo e afetivo
emocional;
O diagnostico psicopedagógico institucional é de grande importância, para podermos
intervir com eficiência nas escolas. A intervenção Psicopedagogica por sua vez, tem por
objetivo melhoria das atividades escolares, por isso todas as suas ações devem ser de apoio e
de sustentação para a escola nos diferentes níveis nos quais se encontra comprometida.
12
4. A PSICOPEDAGOGIA E SUA RELAÇÃO COM A APRENDIZAGEM
A Psicopedagogia é conceituada como a ciência aplicada que consiste em trabalhar a
psicologia e a pedagogia, ou seja, a psicologia da educação. O profissional psicopedagogo
trabalha sobre os processos de aprendizagem com as crianças, os adolescentes e os adultos,
pois a sua relação com a aprendizagem esta fortemente conectada uma com a outra.
Segundo Bossa (2000) a Psicopedagogia nasceu de uma necessidade: contribuir na
busca de soluções para a difícil questão do problema de aprendizagem. É complexa a rede de
fatores que interferem no processo de aprendizagem. A Psicopedagogia vem caminhando no
sentido de contribuir para a melhor compreensão desse processo. Assim como o professor em
sala de aula o profissional Psicopedagogo também transmite o conhecimento para a criança,
trabalhando de forma mais específica e profunda com as dificuldades de aprendizagem
apresentada pela criança.
Essa forma de trabalho complementará a aprendizagem que a criança teve até aquele
momento, como ela aprendeu e porque ela não consegue compreender um determinado
conteúdo. Dentro de um ambiente escolar o professor deve estar atento às dificuldades de
aprendizagem apresentadas pelos alunos e conforme for trabalhando e conversando com os
pais ou responsáveis pela criança, deve orientar para que procure um profissional
psicopedagogo, pois esse trabalhará de forma relacionada à dificuldade que aquela criança
apresenta. Quando a criança é atendida pelo psicopedagogo, ela iniciará com a entrevista dos
pais, conhecendo toda a história do contexto evolutivo de vida da criança, como ela iniciou a
sua fase escolar e se apresentou problemas com sua aprendizagem desde o início. Depois
avaliará por meio de testes específicos a área emocional, psicomotora e a área pedagógica.
Após esses procedimentos serão estabelecidos encaminhamentos e intervenções como:
orientações para a família, para o professor, para a escola e se houver necessidade, outros para
maiores esclarecimentos.
De acordo com Sampaio (2017), Os problemas de aprendizagem se manifestam de
diferentes formas dentro da escola, e sintomas divergentes se apresentam para revelar que
algo não vai bem. Cada criança é única na sua forma de ser, de aprender, bem como de não
aprender. Perguntamo-nos, enquanto docentes, por que alguns conseguem aprender e outros
não, se a forma de ensinar é a mesma. Cada criança tem uma personalidade, uma ligação com
a família, uma a cultura envolvida, ou seja, um jeito de ser e de se manifestar. Os que
apresentam dificuldades, que demoram a entender um conteúdo exposto pelo professor,
13
levando em consideração a internalização e a assimilação, terão um momento em sua vida
escolar que ocorrerá o „‟insight‟‟, aquele estalo que a criança compreende o que ela não havia
entendido.
O psicopedagogo irá mediar articular e conduzir o processo ensino aprendizagem da
criança. Esse profissional deverá estar atento a conhecimentos sobre essa área e proporcionar
a melhora do aprendizado da criança no processo de ensino para que ela se adapte da melhor
maneira no ambiente escolar que frequenta. É nesse conceito que se compreende a ligação da
psicopedagogia com a aprendizagem, sendo contribuinte para melhora do sucesso escolar da
criança. Foi através das dificuldades na aprendizagem e comportamentos no ambiente escolar
que surgiu na Europa, no séc. XIX, o interesse pela investigação, juntamente com médicos e
pedagogos, para investigar motivos pelos quais bloqueavam a criança no seu desenvolvimento
intelectual.
A Psicopedagogia é a junção entre a Pedagogia e a Psicologia. Portanto, essas duas
áreas não são o suficiente para que se entenda o processo de aprendizagem e suas variáveis.
Assim, recorre-se a outras áreas com a Sociologia, a Filosofia, a Psicanálise, a Neurológica e
a Linguística, que contribuem para um diagnóstico mais preciso. (MOTA, FREIRE e
POLETTO) As crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem, dependendo do seu
diagnóstico muitas vezes são encaminhadas orientações aos pais ou responsáveis para que
realizem consulta com profissionais de outras áreas. Isso acontece quando aquela dificuldade
de aprendizagem persiste e a criança não apresenta evolução.
O sucesso do aprendizado de uma criança na escola depende de vários fatores que
podem ocorrer com a interferência e a falta de incentivo das pessoas com quem elas convivem
da forma como são encorajadas a aprender e se receberam ou não aquele afeto que muitas
vezes fazem faltas. A Psicopedagogia tem um papel de extrema importância dentro do
ambiente escolar. É um trabalho preventivo aos problemas de aprendizagem que são
investigados nas crianças, o que interage com o que lhes és apresentado, contudo os processos
de ensino, a metodologia e as atividades estabelecidas para as diversas dificuldades que
possam parecer.
Essa forma de trabalho para essas dificuldades muitas vezes revelará a expressão da
criança, sendo um sentimento observado, um medo, uma angústia, um trauma para que
possam ser superados. As habilidades e as dificuldades podem ser observadas nas formas de
aprendizagem, compreendendo que elas desenvolvem não somente em crianças, mas também
14
nos adultos. A Psicopedagogia vem para auxiliar e minimizar essas dificuldades que cercam a
vida da criança ou adulto no processo ensino aprendizagem.
15
4.1 CAMINHOS DA PSICOPEDAGOGIA: PERCURSO HISTÓRICO E ASPECTOS
DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL
Segundo Jorge Visca (1991) „‟Anteriormente, psicopedagogia significava o
conhecimento e o estudo do sujeito individual, enquanto educação significava o conhecimento
da comunidade, da sociedade. A Psicopedagogia atende as dificuldades de aprendizagem que
o ser humano apresenta como fundamento no que ela possa contribuir, amenizando essas
dificuldades. A partir do momento que a criança passa a compreender esse aprendizado,
tornou-se sentido, deu oportunidades e possibilidades para que ela aprenda de verdade. A
Psicopedagogia não nasceu aqui e tampouco na Argentina. Investigando a literatura sobre o
tema, podemos verificar que a preocupação com os problemas de aprendizagem teve origem
na Europa, ainda no século XIX. (BOSSA, 2000, p. 36) Neste século consolida-se o
capitalismo industrial. A maior parte dos regimes políticos monárquicos é extinta e a
burguesia, além do poder econômico, passa a deter o poder politico. Com avanço o
capitalismo industrial, os ideais burgueses de igualdade e fraternidade do século XVIII e
início do século XIX vão sendo colocados de lado, pois com o aprofundamento das
contradições inerentes a este sistema de produção, fica cada vez mais a longínqua a
possibilidade de uma sociedade fraterna e igualitária para todos. A partir daí surge à
necessidade de justificar as desigualdades inerentes à sociedade de classes: será por meio dos
avanços científicos e de formulações teóricas que se buscará a explicação para as
desigualdades da sociedade emergente. (BOSSA, 2000, p.36).
Nesse sentido, a Psicopedagogia começa a desempenhar a sua função, pois a partir
disso começou a dar os primeiros passos sobre sua real importância e o porquê de um
profissional desempenhar seu trabalho com o ser humano. E esse trabalho do profissional
complementa-se ao histórico que surgiu na Argentina o que colaborou para a prática dessa
função. De acordo com Santos, Shirahige (2002) É importante assinalar que, tanto no Brasil
como em outros países, dados anteriores do histórico da Psicopedagogia revelam o que se
poderia chamar de „‟tendência de trabalho preventivo‟‟ nessa área. O aspecto que envolve
essa tendência, ou seja, a prevenção busca esclarecer uma análise de fatores, sendo externos e
internos quando nos referimos ao processo aprendizagem da criança ou do adulto. Esse
enfoque de diagnóstico, prescrição, tratamento, envolvendo prognóstico, traz implícita uma
concepção funcionalista de educação, que se entende a formação do homem como sendo
determinada pela sociedade já estruturada, à qual ele deve adaptar-se. (SANTOS e
SHIRAHIGE, 2002, p.15).
16
Nesta concepção, nascida no início do século XX no bojo do grande desenvolvimento
das ciências médicas e biológicas, especialmente da psiquiatria, são estimulados os estudos
neurológicos, neurofisiológicos e neuropsiquiátricos, desenvolvidos em laboratórios junto aos
hospícios e que classificam rigidamente os pacientes como anormais. O conceito de
anormalidade, aos poucos, foi sendo deslocado dos centros psiquiátricos para as escolas. A
criança que não conseguia aprender era taxada como „‟anormal‟‟, devido à interpretação de
que a causa de seu fracasso era atribuída a alguma anomalia anatomofisiológica. (BOSSA,
2000, p.37).
No final da década de 70, surgiram os primeiros cursos de especialização em
Psicopedagogia no Brasil, idealizados para complementar a formação dos psicólogos e de
educadores que buscavam soluções para esses problemas. Esses cursos foram estruturados e,
dentro desse contexto histórico, amparados num conhecimento cientifico, fruto de uma
dinâmica sociocultural que não a nossa. (BOSSA, 2000). É importante compreender que a
partir das dificuldades observadas na fase escolar, proporcionaram o aparecimento desse
profissional. O trabalho psicopedagógico e sua formação contribuem para isso, sendo que
para essa formação, tem a base fundamental do que faz um psicopedagogo para que
futuramente atue nessa profissão.
Esse profissional que atua na área visa contribuir a formação desse indivíduo,
trabalhando as possíveis dificuldades encontradas, amenizando-as de forma que ele busque
assimilar o aprendizado que para ele foi visto sem entendimento, ou seja, sem o discernimento
do que foi ensinado. O profissional Psicopedagogo trabalhará em um espaço apropriado para
que assim realize os atendimentos, suas atividades, com foco nas dificuldades de
aprendizagem do indivíduo em que for encaminhado para atendimento como fonte de estudo
para solucionar as possíveis dificuldades. O seu trabalho contribuíra para prevenção,
tratamento de transtornos de aprendizagem que podem ser descobertos dentro de uma
abordagem Psicopedagogica.
Segundo Bossa (2000) Ao delimitar o campo de atuação do trabalho psicopedagógico,
deve-se, no entanto, diferenciar essas modalidades de atuação, especificando as suas tarefas.
Dessa forma, o trabalho psicopedagógico na área preventiva é de orientação no processo
ensino-aprendizagem, visando favorecer apropriação do conhecimento no ser humano, ao
longo da sua evolução. Esse trabalho pode se dar na forma individual ou na grupal, na área da
saúde mental e da educação. As possíveis prevenções trabalhadas pelo psicopedagogo,
dependendo do caso em estudo, exigirá mais fundamento do que será analisado. Cada
17
indivíduo possui suas características, sua cultura e educação, pois o Psicopedagogo aplicará
de acordo com a evolução dos seus atendimentos, as orientações cabíveis, promovendo uma
intervenção Psicopedagogica.
Historicamente, a Psicopedagogia nasceu para atender a patologia da aprendizagem,
mas ela se tem voltado cada vez mais para uma ação preventiva, acreditando que muitas
dificuldades de aprendizagem se devem à inadequada Pedagogia institucional e familiar. A
proposta da Psicopedagogia, numa ação preventiva, é adotar uma postura crítica frente ao
fracasso escolar, numa concepção mais totalizante, visando propor novas alternativas de ação
voltadas para a melhoria da prática pedagógica nas escolas. (BOSSA, 2000, p.31)
Trabalhar a concentração, domínio, atenção, habilidades das quais apresenta,
cognição, compreensão e orientação, proporcionará uma evolução no seu processo de
aprendizagem que está inserido da forma como ele compreendeu. O profissional
Psicopedagogo embasado de conteúdo teórico promoverá uma investigação daquela criança
ou adulto, onde avaliará a prática desse processo de aprendizagem o que propositalmente
atuará de forma benéfica, provocando no indivíduo questionamentos dos quais responderão a
essa dificuldade. A psicopedagogia ocupa-se, assim, de todo o contexto da aprendizagem, seja
na área clínica, preventiva, assistencial, envolvendo elaboração teórica no sentido de
relacionar os fatores envolvidos nesse ponto de convergência em que se opera. (BOSSA,
2000, p.30) O Psicopedagogo poderá realizar seus atendimentos em clínicas, na escola, dentro
de outras instituições que trabalhem com o ser humano, onde sua dificuldade maior está na
aprendizagem. Dessa forma o sujeito, aplicará e desempenhará suas funções, sendo que
muitas vezes foi limitada a forma de expressar o que ele aprendeu. Este é um fato
incontestável e saudável. A partir do momento que um profissional de Psicopedagogia
desenvolve o seu trabalho, muitas vezes ele passa a ter um olhar diferenciado a quem está a
sua volta, ou seja, surge a necessidade da procura desse profissional por uma solução
formulada dentro de um conjunto de hipóteses das quais não são diagnosticadas. Dentro do
ambiente escolar o professor muitas vezes desconhece aquela dificuldade de aprendizagem
específica do aluno, pois a classe pode ter muitos alunos, muitos problemas no processo de
escolarização, dentre outros. Portanto, a presença de um profissional psicopedagogo nas
escolas é de extrema importância.
18
4.2 CARACTERIZANDO DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NA ESCRITA, NA
LEITURA E NA MATEMATICA.
4.2.1 Dificuldades de aprendizagem da linguagem: Escrita
A criança na sua fase da escrita manifesta inicialmente através de rabiscos, depois as
primeiras letras e palavras de forma que começam a expressar como compreendeu o processo
da escrita. Muitas dificuldades nesse processo de aprendizagem surgem ao iniciar a pega do
lápis e até mesmo a estrutura dessa escrita dentro de uma organização de espaço. E para ela o
fato de escrever algo e mostrar, torna-se um sucesso. As crianças iniciam a escrita com letra
de forma por meio de várias atividades e métodos diferenciados. Depois de um tempo
avançam para escrita cursiva e muitas vezes esse processo é um pouco difícil para eles.
A compreensão da linguagem escrita é efetuada, primeiramente, por meio da
linguagem falada; mas essa via é reduzida, abreviada, e a linguagem falada desaparece como
elo intermediário. A linguagem escrita adquire o caráter de simbolismo direto, passando a ser
percebida da mesma maneira que a linguagem falada. A linguagem escrita e a capacidade de
ler transformam o desenvolvimento cultural do homem, por meio delas podemos tomar
ciência de tudo que os gênios da humanidade criarem no universo da escrita. A escrita deve
ter significado para a criança. Deve ser despertada nela e ser incorporada a uma tarefa
necessária e relevante à vida, como uma forma nova e complexa de linguagem. O escrever
pode ser “cultivado” e não ser “imposto”.
Apesar de nossa escrita conter números, siglas, sinais ideográficos etc., ela é
fundamentalmente alfabética, tendo como base a letra. Isso precisa ficar bem claro, porque é
uma prática comum, nas classes de alfabetização, usar a sílaba como base, trazendo confusões
e dificuldades para a criança. (CAGLIARI, 2003, p.119). Para formar palavras, o aprendizado
da escrita se inicia por meio das famílias silábicas, com junções silábicas, sendo um processo
de várias repetições das sílabas. Em seguida, formará a escrita de pequenas palavras por meio
de várias tentativas da forma como compreender.
Segundo Kramer (2008) Ao longo de toda a sua história, a alfabetização tem se
consolidado entre nós como um problema social, um impasse, um obstáculo de difícil
superação: o Brasil ainda é um dos dez países com índices de analfabetismo em todo o
mundo.
A maneira como ela compreende, escuta, sonoriza e soletra faz com que escreva do
jeito que internalizou, assimilou e imagina que seja a escrita daquela palavra. Desse modo:
19
A grande dificuldade que os alunos têm para
passar da observação da fala para a escrita reside no fato de
esta não ser uma espécie de transcrição fonética (como, às
vezes, o sistema alfabético nos leva a crer). Igualmente
complicado é o fato de alguns alunos falarem dialetos, cujas
palavras têm uma forma muito diferente da forma das
palavras da norma culta, usada como referência mais
próxima da escrita que respeita a ortografia. (CAGLIARI,
1998, 151).
O fato da criança adquirir uma cultura de berço na questão de como escuta os pais,
familiares, modo de conviver, chamar a atenção em algo ou acontecimento influencia na fala
da criança. Se no caso a criança escutar a mãe ou o pai falar uma palavra de pronúncia errada,
ela vai se habituar a realizar da mesma forma, expressando na escrita dessa palavra.
A teoria histórica e cultural vem sendo desenvolvida a partir dos estudos de Vygotsky
e seus seguidores. As pesquisas de Vygotsky (1986) e alguns percussores sobre aquisição de
linguagem como fator histórico e social enfatizam a importância da interação e da informação
linguística para a construção do conhecimento. O centro do trabalho passa a ser, então, o uso e
a funcionalidade da linguagem, o discurso e as condições de produção. O papel do professor é
o de mediador, e facilitador, que interage com os alunos através da linguagem num processo
dialógico. É essencial que o professor saiba diagnosticar e avaliar as falhas de escrita
cometidas por seus alunos, aproveitando-as como etapas de saber já atingido e ainda a atingir.
Ele só deve propor ao aluno tarefas compatível com a etapa de conhecimento atingido.
20
4.2.2 Dificuldades de aprendizagem da linguagem: Leitura
Para que uma criança seja bem alfabetizada, precisa compreender a leitura, ou seja, ler
o que conseguiu estruturar através de um conjunto de sílabas, acentos gráficos, na formação
da palavra e pronunciar a fala do que está escrito. As dificuldades específicas na leitura
podem acontecer no início e durante o período escolar em que a criança se encontra.
“A leitura é uma decifração e uma decodificação. O leitor deverá em primeiro lugar
decifrar a escrita, depois entender a linguagem encontrada, em seguida decodificar todas as
implicações que o texto tem e, finalmente, refletir sobre isso e formar o próprio conhecimento
e opinião a respeito do que leu. A leitura sem decifração não funciona adequadamente, assim
como sem a decodificação e demais componentes referentes à interpretação, se torna estéril e
sem grande interesse. A leitura é uma atividade linguística com significante. É falso dizer que
se pode ler só pelo significado ou só pelo significante, porque só um ou outro jamais
constituem uma realidade linguística”. (CAGLIARI, 1997).
O primeiro contato das crianças com a leitura ocorre por meio da leitura auditiva, ou
seja, onde alguém lê em voz alta e outras pessoas acompanham a leitura, de forma silenciosa.
A criança acompanha ouvindo e certamente, fazendo associações com a representação de
mundo que ela já possui. Quando a criança começa a ler, a primeira coisa é a identificação dos
símbolos impressos, letras, palavras e o relacionamento desses símbolos com os sons que eles
apresentam. Ao ter contado com as palavras, a criança começa a separar visualmente cada
letrinha que forma aquela palavra e associa ao seu respectivo som, formando, então, um
significado.
Segundo Sampaio (2017), Muitas crianças passam por dificuldades quando estão
aprendendo a ler, e um diagnóstico precipitado pode levar esta criança ao rótulo de portadora
de dislexia. É preciso muito cuidado, tanto por parte da escola quanto do profissional,
responsável pelo diagnóstico, a fim de se julgarem precipitadamente as dificuldades de
aprendizagem de uma criança.
Ler para aprender é fundamental para qualquer componente curricular da escola. Por
meio dessa capacidade, a leitura envolve a atividade de ler para compreender, determinando
que o aluno aprenda a concentrar-se na seleção de informações relevantes no texto, utilizando
táticas de aprendizagem. As crianças com dificuldades de aprendizagem precisam de mais
horas de ensino. O ideal é que o professor planeje as aulas para que os métodos de ensino
sejam adequados, em razão dos obstáculos encontrados pelas crianças em sua aprendizagem.
21
4.2.3 Dificuldades de aprendizagem na Matemática
As dificuldades de aprendizagem em Matemática podem estar relacionadas a
impressões negativas oriundas das primeiras experiências do aluno com a disciplina, à falta de
incentivo no ambiente familiar, à forma de abordagem do professor, a problemas cognitivos, a
não entender os significados, à falta de estudo, entre outros fatores. De acordo com os
Parâmetros Curriculares Nacionais da Matemática para o Ensino Fundamental (BRASIL,
1997, p. 15). O ensino de Matemática costuma provocar duas sensações contraditórias, tanto
por parte de quem ensina como por parte de quem aprende: de um lado, a constatação de que
se trata de uma área de conhecimento importante; de outro, a insatisfação diante dos
resultados negativos obtidos com muita frequência em relação à sua aprendizagem.
Levando em consideração a grande importância que esse componente curricular tem
nas diferentes áreas do conhecimento, torna-se importante identificar por que os alunos
apresentam dificuldades no seu aprendizado. As dificuldades no processo de ensino e
aprendizagem da Matemática são muitas, tanto por parte dos alunos quanto por parte dos
professores.
Sanchez (2004) apud Bessa (2007, p. 2) destaca cinco das principais dificuldades
relacionadas a esse processo:
1. Dificuldades em relação ao desenvolvimento cognitivo e à construção da
experiência Matemática; do tipo da conquista de noções básicas e princípios numéricos, da
conquista da numeração, quanto à prática das operações básicas, quanto à mecânica ou quanto
à compreensão do significado das operações. Dificuldades na resolução de problemas, o que
implica a compreensão do problema, compreensão e habilidade para analisar o problema e
raciocinar matematicamente.
2. Dificuldades quanto às crenças, às atitudes, às expectativas e a fatores emocionais
acerca da Matemática.
3. Dificuldades relativas à própria complexidade da Matemática, como seu alto nível
de abstração e generalizações, a complexidade dos conceitos e de alguns algoritmos; a
natureza lógica exata de seus processos; a linguagem e a terminologia utilizadas.
4. Podem ocorrer dificuldades mais intrínsecas, como bases neurológicas alteradas.
Atrasos cognitivos generalizados ou específicos. Problemas linguísticos que se manifestam na
Matemática; dificuldades atencionais e motivacionais, dificuldades na memória etc.
5. Dificuldade originada no ensino inadequado ou insuficiente seja porque a
organização do mesmo (sic) não está bem sequenciada, ou não se proporcionam elementos de
22
motivação suficientes; seja porque os conteúdos não se ajustam as (sic) necessidades e ao
nível de desenvolvimento do aluno, ou não estão adequados ao nível de abstração, ou não se
treinam as habilidades prévias; seja porque a metodologia é muito pouco motivadora e muito
pouco eficaz.
A matemática vista como uma linguagem impõe, para a sua aprendizagem, que se
dominem os seus signos, as conexões entre eles e a sintaxe. Tratar a aprendizagem da
matemática como uma atividade implica fazer com que a criança tenha um motivo para
aprendê-la que defina as ações necessárias para a sua aprendizagem, que utilize instrumentos
que lhe permitam ter acesso à linguagem matemática, para ter acesso a novos conhecimentos
em que ela se faz presente. Isso significa que, ao estudá-la e apreendê-la, irá adquirindo um
modo de atuar frente a outros conhecimentos a serem adquiridos. Dessa maneira, aprender
matemática não é só aprender uma linguagem, é adquirir também modos de ação que
possibilitem lidar com outros conhecimentos necessários à satisfação, às necessidades de
natureza integrativas com o objetivo de construção de solução de problemas tanto do
indivíduo quanto do seu coletivo.
A atividade que permita colocar a criança em situação de construção de um
conhecimento matemático que tenha um problema desencadeador da aprendizagem e que
possibilite compartilhar significados na escola desse problema com características lúdicas
chamamos de atividade orientadora de ensino (Moura, 1996, 2001). É orientada porque ao ser
proposta ela não conforma todo o domínio do que pode acontecer em sala de aula, pois o fato
de ser realizada por sujeitos que têm histórias diferentes e que ao interagirem estarão
partilhando conhecimentos poderá suscitar em seu desenvolvimento dinâmico inesperado pelo
professor. Ter presente que os sujeitos apreendem de forma diferenciada, que a construção de
significados se dá no processo de construção da trama comunicativa, pode ser um fator
preponderante para a organização de atividades de ensino de modo que a criança participe
significativamente da construção de conceitos. A produção de significados está no fato de o
uso dos conceitos matemáticos estar dando resposta a uma necessidade que requer a presença
do outro na construção da solução do problema que foi assumido como sendo relevante para
ser resolvido pelo coletivo. Assim, os instrumentos simbólicos foram necessários para
promover a troca de significados e possibilitar a construção de uma síntese nova no coletivo.
23
5. DIAGNÓSTICO - CASO I
AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NO CONTEXTO ESCOLAR
5.1. Dados de Identificação
Nome do Aluno: J. V.O. R
Data de nascimento: 20/12/2012 Idade: 6 anos e 11 meses
Pai: A. R Mãe: A. P. O
Instituição: Escola Municipal J. P. B
Ano Escolar: 2°ano Turno: Vespertino Repetência(s): 0
Professor (es): T.M(professora regente)
Data de início da avaliação: 04/09/2019
Data de término da avaliação: 07/11/2019
5.2. Motivo do encaminhamento
A aluna foi encaminhada porque apresentou poucos avanços, resultados nas
aprendizagens da leitura, escrita e raciocínio lógico, durante ano letivo no 2º ano. Está no
nível pré-silábico e não compreendeu ainda os números de 0 a 10.
5.3. História e contexto evolutivo
Através de entrevista de anamnese, realizada com a mãe da aluna observou-se a vida
pregressa da mesma, concluindo que tem duas irmãs uma de 14 anos e caçula de 2 anos, os
pais estão separados, ela reside com a mãe, as irmãs e o padrasto.
A mãe relata que a gravidez foi boa, planejada, com acompanhamento pré-natal,
cuidados médicos e observou que durante a gestação sofreu ameaça aos oito meses e precisou
ficar em repouso até o nascimento da filha, que nasceu de parto normal aos nove meses.
24
Em ralação à amamentação, sabe-se que recebeu aleitamento materno durante 30 dias,
pois a mãe não teve condições de dar continuidade a amamentação e iniciou com , a
mamadeira até os três anos de idade, mas, aos seis meses introduziu os alimentos pastosos,
hoje, tem preferência por miojo e batata frita.
A criança permaneceu sob os cuidados dos pais (mãe/pai) que mesmos separados
vivem de forma harmoniosa. Todo o equilíbrio motor como firmar a cabeça e o
desenvolvimento das percepções visuais/espacial, auditiva ocorreram conforme parâmetros
adequados, engatinhou, sentou, andou, falou e obteve controle de esfíncteres dentro do
esperado para o desenvolvimento infantil.
A mãe relata que Jenifer, dorme com a irmã de quatorze anos e apresenta respiração
ruidosa quando está dormindo.
Desde bebe revelou boa saúde, mas teve convulsão aos sete meses causada por febre
muita alta. Nos dias de hoje apresenta problemas respiratórios e sinusite que, segundo a mãe,
em uma avaliação com a dentista, essa relatou que a criança tem língua presa, por isso,
apresenta dificuldade para pronunciar as palavras.
Em casa, ela auxilia nos afazeres diários e precisa de ajuda para realizar tarefas como:
amarrar os cadarços e lavar os cabelos relaciona-se bem com a família, revelando um quadro
de harmonia no contexto familiar.
Em relação a escolaridade sabe-se que realizou o Pré-Escolar seis meses em Cascavel,
três meses em Medianeira, e agora, está cursando o 2º ano na referida instituição.
A mãe percebe as dificuldades de aprendizagem da filha tanto na escrita como no
raciocínio logico, por isso, a irmã mais velha e a mãe tentam ajudá-la na organização das
tarefas escolares. A aluna tem uma boa socialização, gosta de brincar com suas amigas e um
tio que tem seis anos. Segundo a mãe, a filha, conversa por telefone com o pai que reside em
outra cidade e vai visitá-lo nas férias de final de ano. A sua brincadeira preferida é andar de
bicicleta.
5.4. Síntese das áreas avaliadas
Na Área pedagógica, observou-se que a criança interagiu de imediato com os materiais
apresentados, demonstrando ser falante, curiosa, interagiu com as atividades da caixa de
trabalho, denotou interesse, envolvimento, participou do contexto avaliativo e destacou que
pretende ser médica, que gosta de matemática, desenhou, escolheu um livro para olhar e disse
que a leitura é o mais difícil na escola. Ao ser avaliada no vínculo com o conhecimento,
25
percebeu-se motivação para lidar com o novo e desconhecido, disponibilidade para realizar as
tarefas, e para estabelecer bom relacionamento.
Na Área projetiva (emocional), a criança demonstrou boa percepção do que acontece
no ambiente, é extrovertida, comunicativa, com boa autoestima, é vaidosa, feliz e sorridente.
Manifesta estar bem no contexto familiar e escolar.
Na Área da Linguagem, a aluna aos seis anos de idade, em relação aos registros
escritos diz que não sabe fazer, revelando não compreendeu ainda a função social das letras e
números, não faz nenhuma relação entre a escrita e o valor sonoro, escreve letras sem sentido
e não percebe que pode copiar aprender as letras e fazer o som com a boca, mas conseguiu
colocar o alfabeto móvel em ordem, porque memorizou, entretanto, não entendeu ainda a
construção de palavras, sílabas e a função das letras. Com ajuda individual, ela conseguiu
registrar palavras simples, algumas representações da fala como: (pato/PU; vela/ALA;
fita/XB; janela/IXLRA; caminhão/KMUO...).
A aluna apresenta significativas dificuldades na articulação da fala, o que interfere na
sua falta de padronização linguística, acarretando a disfunção da linguagem oral e escrita.
Tem palavras que ela não sabe como falar. A mãe observou que sua filha tem a freio lingual.
Em atividades de leitura apresenta dificuldades para articular os sons das palavras
simples como: mato, gato, sol e, em relação a interpretação de texto mostrou atenção as
figuras do livro utilizado e relatou a histórias com mínimos detalhes, demonstrando
criatividade e bom entendimento do contexto da história.
Na Área lógica Matemática, ela reconheceu os números de zero a dez e escreveu,
manifestando ter noções de quantidades, mas apresentou dificuldades para realizar atividades
simples de soma e subtração. Em relação às atividades espaciais e temporais, a aluna
manifestou saber algumas grandezas como curto longo, maior, menor, perto, longe manhã,
tarde e noite. Mas não reconheceu ainda uma ordem sequencial (dias da semana, meses do
ano). Ela expressou não ter se apropriado ainda destes conceitos, bem como das noções de
dezenas, unidades, quantidade e informações.
Na Área das Habilidades corporais e motoras, a aluna revelou ter equilíbrio, destreza,
com boa coordenação motora ampla e fina, bem como agilidade corporal e movimentos. Fica
em um pé só, salta com os dois pés juntos, anda em linha reta, fica em pé com olhos fechados
e imóveis.
Na Área do desenvolvimento cognitivo e intelectual, apesar das dificuldades
encontradas, a criança apresenta ter conhecimento geral, das vivencias do dia a dia e
26
manifestou capacidade intelectual, porém, a não apropriação da aprendizagem da leitura, da
escrita e cálculos estão relacionados a certa ansiedade necessidade e de maior tempo para
aprender, com intervenções mais individuais e lúdicas.
Durante a observação em sala, observou-se que a criança não seguiu orientações, não
executou as tarefas, dentro de um ritmo adequado, demonstrou necessitar de apoio e
intervenções constantes da professora. Tem bom relacionamento com colegas e professores.
Com relação aos aspectos gerais do material escolar, demonstrou habilidade para organizar-se
nos cadernos e bom cuidado com seus pertences.
5.5. Conclusão diagnóstica
Diante da avaliação, percebe-se que neste momento a aluna, não apropriou-se ainda
das aprendizagens vinculadas aos conteúdos de matemática exigindo maior atenção e
explicações individualizadas para aprendizagem dos conceitos, medidas, grandezas e cálculos.
A leitura exige diferentes praticas e fixação silábica para alfabetização e escrita. Para escrever
é necessário perceber na oralidade o valor sonoro e a representação social da fala, o que a
aluna não atendeu ainda. Há necessidade de estimulação e intervenção direta, individual na
realização das atividades pedagógicas.
Em atividades que avaliou o realismo nominal, Jenifer ainda classifica que os objetos
grandes tamanhos tem também nome grande. Do contrário, objetos pequenos, tem nome
escrita pequena. Ela apresenta dificuldades nas funções psíquicas enquanto linguagem,
percepções, discriminação, atenção e memoria. Fatores que precisam ser explorados de modo
repetitivo e intencional.
5.6. Medidas de Intervenção
o Conversar com a aluna, pais e professores sobre a avaliação e estabelecer explicações
sobre o que está ocorrendo para que ela se sinta apoiada e segura.
o Ajudá-la a aprender com experiências, registros e experimentos para maior autoestima
e interesse, reforçando todo desempenho escolar.
o Trabalhar a adequação as relações grafemas e fonemas, a construção silábica, a leitura
e a escrita.
27
o Realizar diariamente práticas de leitura. É preciso que ela reconheça o ler, como fonte
de descoberta e prazer. Leitura atrativa, em revistas que falam sobre assuntos e temas
que ela gosta.
o Utilizar-se de pesquisas, dicionários, vocabulários e fazer a fixação correta da grafia
de palavras e de novos termos.
o Delimitar em colunas os cálculos matemáticos, para que não se confunda na
orientação espacial.
o Trabalhar com atividades que envolvam noções de classificação, seriação, conservação
e inclusão de classe de forma a desenvolver seu raciocínio lógico-matemático.
o Retomar concretamente alguns conceitos matemáticos (dezena, metade, dobro,
centena, etc.…) necessários ao domínio de outros conteúdos.
o Trabalhar a oralidade, a leitura e a escrita em atividades como: trava-
línguas/parlendas/quadrinhas e adivinhações...
o Trabalhar as trocas fonéticas (sons da fala), levando a aluna a observar o ponto de
articulação de cada fonema (posição de lábios, língua, etc.), sua emissão em vogais,
em sílabas e em palavras. Posteriormente a aluna deve fazer a transcrição dos sons na
escrita de palavras.
o Trabalhar com produções de textos orais e desenhos a partir de relatos, histórias lidas e
ouvidas, imaginárias, filmes, gravuras, histórias e revistas, explorando ao máximo as
atividades ligadas à alfabetização.
o Trabalhar jogos matemáticos de sequência numérica, percepção de informações,
interpretações de problemas do seu cotidiano, trabalhar com operações matemáticas.
o A família procurar sentar junto com a aluna no momento de leitura.
o Proporcionar leitura de diferentes tipos de gêneros e materiais.
o Proporcionar o uso de dinheiro e pequenas compras.
5.7. Encaminhamentos
o Intervenção individual e mais próxima da professora;
o Atendimento Psicopedagógico na escola;
o Escuta e Orientação Familiar;
o Avaliação Fonoaudiologia (freio lingual).
28
6. DIAGNÓSTICO - CASO II
AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NO CONTEXTO ESCOLAR
6.1. Dados de Identificação
Nome do Aluno: N.M. R
Data de nascimento: 12/02/2010 Idade: 9 anos e 8 meses
Pai: M. R Mãe: M. .S. M.
Instituição: Escola Municipal J. P. B
Ano/Série: 3°ano Turno: Vespertino Repetência(s): 1
Professor (es): S.R
Data de início da avaliação: 04/09/2019
Data de término da avaliação: 07/11/2019
6.2. Motivo do encaminhamento
A aluna foi encaminhada por apresentar dificuldades na aprendizagem, principalmente
na aquisição da leitura e escrita.
6.3. História e contexto evolutivo
Através de entrevista de anamnese, realizada com a mãe da aluna observou-se a vida
pregressa da mesma, concluindo que é filha única, os pais estão separados, reside com a mãe a
tia e dois primos.
A mãe relata que a gravidez foi boa, planejada, com acompanhamento de pré-natal
cuidados médicos, mas que durante a gestação sofreu duas quedas, e segundo ela, não gerou
sequelas nela nem no bebe, ela também teve eclampsia, precisou ficar internada sob cuidados
médicos, até o sétimo mês de gestação, quando o médico optou pelo parto cessaria, para
preservar a vida da mãe e da criança. Ao nascer a bebe precisou ser estimulada para chorar.
29
Em ralação à amamentação, sabe-se que não recebeu aleitamento materno pois a mãe
não teve condições de amamenta-la, foi utilizado a mamadeira até os cinco meses, em
seguida, iniciou a alimentação pastosa a partir dos 6 meses e, ainda hoje, alimenta-se bem.
Em relação aos cuidados familiares, a criança permaneceu sob os cuidados dos pais
(mãe/pai) que mesmo separados vivem de forma harmoniosa. Todo o equilíbrio motor como
firmar a cabeça e o desenvolvimento das percepções visual/espacial, auditiva ocorreram
conforme parâmetros adequados, engatinhou, sentou, andou, falou e obteve controle de
esfíncteres dentro do esperado para o desenvolvimento infantil.
Em relação ao sono, a mãe relata que a filha dorme bem mas, apresenta respiração
ruidosa, quando está dormindo funga demais. Até o momento, a aluna dorme com a mãe na
mesma cama.
Quanto à área orgânica apresenta boa saúde, na primeira infância apresentou gripes,
resfriados e infecção de garganta, mas tudo normal, entretanto, denota respiração bucal,
aproxima muito a visão para observar, escrever, parece não enxergar muito bem e se queixa
constantemente de dor de cabeça.
A aluna auxilia em casa, nos afazeres diários é independente em diversas atividades,
relaciona-se bem com a família, revelando um quadro de harmonia no contexto familiar.
Em relação a escolaridade sabe-se que não realizou o Pré Escolar e agora está
cursando o 3° ano na referida instituição sendo repetente.
A mãe percebe as dificuldades da filha em relação a escrita, a leitura e Cálculos, se
emociona ao relata que sente não poder ajudá-la, pois também não sabe ler e escrever. A
aluna tem uma boa socialização, gosta de brincar com suas amigas e primos, também gosta de
ir na casa do pai, nos finais de semana. A sua brincadeira preferida é esconde-esconde.
6.4. Síntese das áreas avaliadas
Na Área pedagógica, observou-se que a aluna interagiu de imediato com os materiais
apresentados, demonstrando interessada, curiosa, interagiu com as atividades da caixa de
trabalho, denotou vontade, envolvimento, participou do contexto avaliativo e destacou que
pretende ser professora, disse que o mais difícil para ela é a hora da prova, pois tem medo de
esquecer o conteúdo e tirar nota baixa, gosta de matemática. Ao ser avaliada no vínculo com o
conhecimento, percebeu-se motivação para lidar com o novo e desconhecido, disponibilidade
30
para realizar as tarefas, e para estabelecer bom relacionamento, mas precisou de repetições
para lembrar, denotou memória de curta duração.
Na Área projetiva (emocional), a aluna demonstrou boa percepção do que acontece no
ambiente, foi comunicativa, com aparente boa autoestima, é vaidosa, feliz e sorridente.
Manifesta estar bem no contexto familiar e escolar, mas denota atitudes de insegurança e
medo. Nicole percebe seus limites e tem muita vontade de ler e escrever.
Na área da Linguagem, observou-se que aluna tem nove anos, mas não compreendeu
ainda a função das letras e números, mas conseguiu separá-los e soube o que são letras e o que
são números, entretanto, a aluna ainda não lê nem escreve sozinha, precisa de muitas ajudas
individuais e, durante a avaliação, conseguiu montar palavras simples pré-definido, com
alfabeto móvel. Encontra-se na fase pré-silábica com valor sonoro em transição, e, também
troca letras como: b/p, t/d, f/v e c/g.
Durante a avaliação em um ditado com palavras simples ela realizou os
seguintes registros: oi/cor; tic/doce; oina/comida; ano/amigo; pila/bicicleta; ao/onça;
Pat/barata... Apresentou dificuldade na interpretação de texto, análise das ideias e
comparação.
A aluna não compreendeu ainda o processo da decodificação, silabação e, não
consegue realizar com fluência as atividades de leitura, apresenta dificuldades para articular
os sons das palavras como: agora, bandeja, sucesso, azedo, coalhada, durex, em relação a
interpretação de texto mostrou atenção as figuras do livro utilizado e relatou a histórias com
mínimos detalhes, demonstrando criatividade e bom entendimento do contexto da história.
Durante a realização da leitura com graduação dos fonemas segundo as relações fonológico-
ortográficas, não faz leitura com entonação, não observou parágrafo, pontuação, e teve
dificuldades para articular e perceber a fonética de palavras como faca por vaca.
Na Área lógica Matemática, ela reconheceu os números básicos de zero a dez e
escreveu, manifestando ter noções de pequenas quantidades, apresentando dificuldades para
realizar atividades simples de soma e subtração. Em relação às atividades espaciais e
temporais, a aluna manifestou saber algumas grandezas como curto longo, maior, menor,
perto, longe manhã, tarde e noite. Mas não reconheceu ainda uma ordem sequencial (dias da
semana, meses do ano). Nicole expressou não ter se apropriado ainda destes conceitos, bem
como, das noções de dezenas, unidades, quantidade e informações. A aluna apresentou
conhecimentos abaixo do esperado para a idade e ano escolar, não compreendeu conceitos
numéricos que exigiram a ordem numérica.
31
Na Área das Habilidades corporais e motoras, a aluna revelou ter equilíbrio, destreza,
com boa coordenação motora ampla e fina, bem como agilidade corporal e movimentos. Fica
em um pé só, salta com os dois pés juntos, anda em linha reta, fica em pé com olhos fechados
e imóveis.
Na Área do desenvolvimento cognitivo e intelectual, apesar das dificuldades
encontradas, a criança apresenta ter conhecimento geral, das vivencias do dia a dia mas
manifestou capacidade intelectual abaixo do esperado, pois a aluna tem muito interesse, mas
há fatores significativos no parto, que sugerem a necessidade de intervenções mais individuais
e frequentes, bem como a avaliação intelectiva, para descartar o desnível intelectual. A não
apropriação das aprendizagens da leitura, da escrita e cálculos ao final do terceiro anos, após
reprovação, estão relacionados a certa necessidade de repetição pontual e individualizada, a
maior tempo para aprender, a intervenções lúdicas e possível atraso nas funções superiores.
Durante a sondagem em sala de aula, observou-se que a aluna seguiu orientações,
executou as tarefas, dentro de um ritmo adequado, porém demonstrou necessitar de apoio e
intervenções constantes da professora. Tem bom relacionamento com colegas e professores.
Com relação aos aspectos gerais do material escolar, demonstrou habilidade para organizar-se
nos cadernos e bom cuidado com seus pertences.
Observou-se pressão normal do lápis e boa qualidade no traçado gráfico.
6.5. Conclusão diagnóstica
Diante da avaliação, percebe-se que neste momento a aluna, não se apropriou ainda
das aprendizagens básicas, grandezas que servem de suporte aos conteúdos matemáticos,
exige maior atenção e explicações individualizadas para compreensão dos conceitos, medidas,
grandezas e cálculos. Encontra-se na fase pré-silábica com valor sonoro, troca letras como:
b/p, t/d, f/v e c/g e exige diferentes práticas, exercícios de leitura, para percepção e fixação
silábica das partes fonéticas e posterior alfabetização, leitura e escrita. Para escrever é
necessário perceber na oralidade, o valor sonoro e a representação social da fala, e isso a
aluna não atendeu ainda. Há necessidade de estimulação e intervenção direta, individual na
realização das atividades pedagógicas, ou seja, atendimento específico.
A aluna apresentou baixa percepção visual, que podem estar interferindo na sua
decodificação dos contextos, símbolos e sinais, ao mesmo tempo, a gravidez e o parto,
32
sugerem a necessidade de realizar a Avaliação Intelectiva - WISK, para descartar atraso
intelectual.
6.6. Medidas de Intervenção
Conversar com a aluna, pais e professores sobre a avaliação e estabelecer explicações
sobre o que está ocorrendo para que ele se sinta apoiada e segura.
o Trabalhar a adequação as relações grafemas e fonemas, a construção silábica, a leitura
e a escrita.
o Realizar diariamente práticas de leitura. É preciso que ela reconheça o ler, como fonte
de descoberta e prazer. Leitura atrativa, em revistas que falam o que ela gosta.
o Delimitar em colunas os cálculos matemáticos, para que não se confunda na
orientação espacial.
o Trabalhar com atividades que envolvam noções de classificação, seriação,
conservação e inclusão de classe de forma a desenvolver seu raciocínio lógico-
matemático.
o Utilizar-se de pesquisas, dicionários, vocabulários e fazer a fixação correta da grafia
de palavras e de novos termos.
o Trabalhar discriminação auditiva e a escrita das palavras formadas por fonemas
homorgânicos (os que têm o mesmo ponto de articulação): p/b; b/d; m/n; f/v; t/d; c/ g;
j/ch; n/nh; s/z. Os referidos fonemas devem ser trabalhados no início, no final e no
meio das palavras, objetivando desenvolver a consciência fonética e corrigir trocas de
letras na escrita.
o Trabalhar a oralidade, a leitura e a escrita em atividades como: trava-
línguas/parlendas/quadrinhas e adivinhações....
o Trabalhar as trocas fonéticas (sons da fala), levando o aluno a observar o ponto de
articulação de cada fonema (posição de lábios, língua, etc.), sua emissão em vogais,
em sílabas e em palavras. Posteriormente o aluno deve fazer a transcrição dos sons na
escrita de palavras.
o Trabalhar com produções de textos orais e desenhos a partir de relatos, histórias lidas e
ouvidas, imaginárias, filmes, gravuras, histórias e revistas, explorando ao máximo as
atividades ligadas à alfabetização.
33
o Propor atividades com jogos que exercitem a memória, percepção, atenção,
concentração, raciocínio e persistência.
o Oferecer jogos para interação social, cooperação, esforço, formação de atitudes
sociais, senso de responsabilidade, iniciativa pessoal e grupal.
o Trabalhar jogos matemáticos de sequência numérica, percepção de informações,
interpretações de problemas do seu cotidiano, trabalhar com operações matemáticas.
6.7. Encaminhamentos
o Atendimento Psicopedagógico individual;
o Avaliação visual oftalmologista;
o Avaliação com psicóloga (SMED) para aplicar o WISK.
34
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A psicopedagogia proporciona através de estudos a melhora da compreensão no
processo ensino aprendizagem das crianças e dos adultos. O profissional psicopedagogo
trabalha por meio de diferentes métodos a superação dessas dificuldades de aprendizagem,
intervindo junto com a criança ou adulto o que ele não conseguiu aprender depois de várias
tentativas. Ele também contribui para prevenção dos possíveis problemas dentro do processo
de escolarização. O sujeito é capaz de aprender e de colocar em prática o que conseguiu
assimilar, levando em consideração que cada um tem o tempo certo para assimilar o que foi
ensinado.
Portanto, o estágio realizado com o atendimento de duas crianças, permitiu um
aprendizado mais aprofundado sobre essa área que é de extrema importância no âmbito
institucional. A necessidade de compreender o motivo daquele adulto ou aquela criança não
aprender cabe a esse futuro profissional da área investigar como ocorre o processo da
construção desse conhecimento e também solucionar essas dificuldades de aprendizagens
manifestadas.
Este trabalho oportunizou o aperfeiçoamento e o entrelaçamento do conhecimento
teórico com a construção de um exercício profissional no campo de atuação da
Psicopedagogia.
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REFERÊNCIAS
• Associação Brasileira de Psicopedagogia ABPP (www.abbp.com.br). Código de Ética do Psicopedagogo
• BOSSA, Nádia A. A psicopedagogia no Brasil: Contribuições a partir da prática. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000a.
• BOSSA, Nádia A. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto Alegre: Artmed, 2007.
• PIAGET, J. A psicologia da criança. São Paulo/Rio de Janeiro: DIFEL, 1980 • . OLIVEIRA, DCD. Determinantes comportamentais e emocionais ao processo de
ensino aprendizagem. Caderno Saberes, São Paulo/Rio de Janeiro: DIFEL, 1980. • PAÌN ,Sara. Diagnóstico e tratamento dos problemas de Aprendizagem. Tradução
Ana Maria Netto Machado. -Porto Alegre:Artmed,1985. • Projeto Politico Pedagógico, Escola Municipal José Pedro Brum
• https://pedagogiaaopedaletra.com/dificuldades-da-aprendizagem-de-matematica-onde-
esta-a-deficencia/,acesso em 05/12/2019.
• https://educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/problemas-aprendizado-na-
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• http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/MATEMA
TICA/Monografia_Santos.pdf,acesso em 07/12/2019.
•
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ANEXOS
CASO I
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ANEXOS
CASO II
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