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EDIÇÃO DE DEZEMBRO DE 1995 Preço: 20$00 EDITORIAL: Lá fora a noite brilha. E do recanto de cada casa sobressaem sorrisos dourados envoltos em papel de fantasia, iluminados pelo som ondulante de velas multicores. À volta de um pinheiro decorado com alegrias passadas e presentes, partilham-se sonhos para um futuro á medida de cada coração. Este é o Natal de todos os que o comemoram, e que nesta época formulam desejos para um mundo melhor, em que a luz da felicidade irradie os rostos cansados e sofridos de todos os seres, e que a espada da justiça saiba separar o bem do mal, punindo o mal e compensando o bem. Depois chega a noite mais longa do ano, sai-se de casa para a comemorar e regressa-se só no ano seguinte. E é então que, envolvidos na esperança de que o novo ano nos possa trazer a felicidade há muito desejada, uma súbita energia aloja-se no interior da nossa alma e nos faz sentir determinados a começar uma nova vida, neste "novo" mundo. No entanto, não passará muito tempo para nos voltarmos a acomodar à rotina de sempre, aos mesmos tropeções, aos mesmos erros... Enfim ao mesmo mundo, donde um dia saímos atraídos pelo brilho e pela alegria da passagem de mais um ano da nossa vida, em que o ambiente de festa, de fraternidade, de compaixão e de solidariedade nos leva a desejar que este se prolongue indefinidamente até se tornar rotina. Falta depois a força de vontade, o apoio de todos e a ambição de construir um mundo melhor, em que dar é tão ou mais importante que receber é cobardemente esquecida... Pelo menos, até ao próximo Natal e até à próxima passagem de Ano. Mas antes que este sentimento se aposse de mim, deixem-me desejar-vos com toda a sinceridade um bom Natal e um feliz Ano Novo. Aproveitem bem o espírito natalício para desenvolver acções com que se possam orgulhar durante todo o ano. E não deixem de lutar pelo que acham que têm direito, sabendo que os objectivos atingem-se com as pequenas vitórias do dia-a-dia. Lembrem-se que o mundo está cheio de pessoas que procuram a suprema felicidade, e ao mesmo tempo menosprezam a simples satisfação. Luzia Valentim SUMÁRIO Geração Rasca Pág. 3 Directo Com Mónica Mendonça Pág. 6 Entrevista À Dr.ª Teresa Campos Pág. 8 Falando de Rádio Pág. 10 COPIMODEL Fotocópia - Modelismo e Serviços, Lda. FOTOCÓPIAS A PRETO E BRANCO FOTOCÓPIAS A CORES (LASER) FOTOCÓPIAS DE GRANDES FORMATOS FOTOCÓPIAS EM PAPEL ESPECIAL ENCADERNAÇÕES TÉRMICAS ENCADERNAÇÕES COM ARGOLAS PLASTIFICAÇÕES IMPRESSÃO EM T-SHIRTS Rua Pedro de Santarém, Lj. 120 Tel. (043) 23401 - 2000 SANTARÉM

N.º 00 o ideias dezembro 95 ano ii

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Page 1: N.º 00 o ideias   dezembro 95 ano ii

EDIÇÃO DE DEZEMBRO DE 1995 Preço: 20$00

EDITORIAL: Lá fora a noite brilha. E do recanto de cada casa

sobressaem sorrisos dourados envoltos em papel de fantasia,

iluminados pelo som ondulante de velas multicores.

À volta de um pinheiro decorado com alegrias passadas e

presentes, partilham-se sonhos para um futuro á medida de

cada coração.

Este é o Natal de todos os que o comemoram, e que

nesta época formulam desejos para um mundo melhor, em que

a luz da felicidade irradie os rostos cansados e sofridos de

todos os seres, e que a espada da justiça saiba separar o bem

do mal, punindo o mal e compensando o bem.

Depois chega a noite mais longa do ano, sai-se de

casa para a comemorar e regressa-se só no ano seguinte. E é

então que, envolvidos na esperança de que o novo ano nos

possa trazer a felicidade há muito desejada, uma súbita energia

aloja-se no interior da nossa alma e nos faz sentir determinados

a começar uma nova vida, neste "novo" mundo.

No entanto, não passará muito tempo para nos

voltarmos a acomodar à rotina de sempre, aos mesmos

tropeções, aos mesmos erros... Enfim ao mesmo mundo,

donde um dia saímos atraídos pelo brilho e pela alegria da

passagem de mais um ano da nossa vida, em que o ambiente

de festa, de fraternidade, de compaixão e de solidariedade nos

leva a desejar que este se prolongue indefinidamente até se

tornar rotina. Falta depois a força de vontade, o apoio de todos

e a ambição de construir um mundo melhor, em que dar é tão

ou mais importante que receber é cobardemente esquecida...

Pelo menos, até ao próximo Natal e até à próxima passagem

de Ano.

Mas antes que este sentimento se aposse de mim,

deixem-me desejar-vos com toda a sinceridade um bom Natal e

um feliz Ano Novo. Aproveitem bem o espírito natalício para

desenvolver acções com que se possam orgulhar durante todo

o ano. E não deixem de lutar pelo que acham que têm direito,

sabendo que os objectivos atingem-se com as pequenas

vitórias do dia-a-dia. Lembrem-se que o mundo está cheio de

pessoas que procuram a suprema felicidade, e ao mesmo

tempo menosprezam a simples satisfação.

Luzia Valentim

SUMÁRIO

Geração Rasca

Pág. 3

Directo Com Mónica Mendonça

Pág. 6

Entrevista À Dr.ª Teresa Campos

Pág. 8

Falando de Rádio

Pág. 10

COPIMODEL Fotocópia - Modelismo

e Serviços, Lda.

FOTOCÓPIAS A PRETO E BRANCO

FOTOCÓPIAS A CORES (LASER)

FOTOCÓPIAS DE GRANDES FORMATOS

FOTOCÓPIAS EM PAPEL ESPECIAL

ENCADERNAÇÕES TÉRMICAS

ENCADERNAÇÕES COM ARGOLAS

PLASTIFICAÇÕES

IMPRESSÃO EM T-SHIRTS

Rua Pedro de Santarém, Lj. 120

Tel. (043) 23401 - 2000 SANTARÉM

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Foi Notícia...

17/11 Decorreu no Auditório da ESGS um colóquio, seguido com uma visita à empresa Compal, em Almeirim. Puderam

participar nesta iniciativa, organizada pelo Professor Sérgio Rato em colaboração com a Comissão Instaladora e com o

Instituto Português da Qualidade, todos os alunos e professores da nossa escola.

22/11 Teve lugar na sala de convívio da AE o Tribunal de Praxe, organizado este ano pela primeira vez, na nossa escola,

onde desfilaram os caloiros acusados de incumprimento dos regulamentos de Praxe.

A Dr.ª Teresa Campos foi nomeada Administradora dos Serviços de Acção Social Escolar do Instituo Politécnico de

Santarém.

23/11 Realizou-se uma reunião de esclarecimento sobre a Acção Social Escolar, em que foram convidados a participar

representantes das AE.s de todas as escolas do IPS.

28/11/95 A lista “A”, única candidata este ano á AE da nossa escola, organizou uma sessão de esclarecimento no

auditório, para todos os alunos da ESGS.

Prosseguem as reuniões entre a Comissão Instaladora, o Concelho Científico, Professores e Alunos para o CESE de

Gestão Autárquica.

6/12/95 Realizou-se o referendo para a AE da nossa escola, cujo resultado se cifrou em: 70 votos a favor, 12 contra e 1

nulo.

O prazo de candidatura ao programa ERASMOS terminou no dia 7/12/95.

É Notícia...

Estão abertas as inscrições para os alunos do penúltimo ano do curso que frequentam, para a realização de estágios

(PJENE) remunerados, com duração mínima de 1 mês e máxima de 3 meses entre Julho e Outubro de 1996. As inscrições

podem ser entregues até ao dia 19 de Abril de 1996. Para mais informações contactar a AE da nossa escola.

Estão abertas as candidaturas para o VIII Concurso Europeu Para Jovens Cientistas, destinado a estudantes dos 15 aos

21 anos, e que se encontrem a frequentar o 1º ano do ensino superior. Os prémios podem ir até aos 350.000.$00 em

material científico. Podem adquirir mais informações junto da AE da nossa escola.

Luzia Valentim

Nota de Redacção:

A equipa de redacção deste jornal vem por este meio esclarecer todos os interessados que:

1. “O IDEIAS” não pretende ser um jornal de lavagem de “roupa suja”.

2. As respostas dadas nas entrevistas, salvo erros de interpretação, são da responsabilidade dos entrevistados. E

atendendo ao direito de livre expressão, serão publicadas as suas respostas sem censura, mesmo que nos

pareçam incorrectas ou falsas.

3. Reservamos para nós o direito de arbitrariedade de publicação de artigos, assente na oportunidade dos mesmos

(incluindo também os que nos chegam como resposta a anteriores).

4. O objectivo principal deste jornal é informar, divulgar, e possibilitar o intercâmbio de ideias entre os diversos

componentes deste estabelecimento de Ensino Superior.

Por último gostaríamos de agradecer a todos os professores, funcionários e alunos que ao longo deste mês vieram

ter connosco com o intuito de oferecer a sua colaboração para o jornal; fazendo votos de poder continuar a contar com a

vossa disponibilidade para que estas doze páginas se tornem no jornal de toda a escola.

A todos os nossos leitores desejamos um bom Natal, um próspero Ano Novo e sobretudo umas boas férias.

Geração Rasca e Fúria Anti-sebentista

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Por:

Engº Jorge Constantino

(Assist. Área de Informática)

Não duvido que todos os relatórios e estudos

elaborados pelos melhores especialistas mundiais apontem

para um ensino que não 'forme' autómatos e recitadores de

fórmulas. Contudo, custou-me ver, num número anterior

d'O IDEIAS, invocadas as palavras desses melhores

especialistas para dizer mal das sebentas, sem acompanhar

essas palavras dum levantamento dos motivos que terão

levado quem mais as contesta (os alunos - e foi como aluno

que eu aprendi a contestá-las...) a querer tê-las agora de

volta.

O problema é comparável a outros fenómenos

(xenofobia e ultra-nacionalismos, droga e prostituição,

violência juvenil e criminalidade, etc): haverá sempre bons

especialistas capazes de condenar esses fenómenos, sem

que essa condenação resolva por si só os problemas -

critica-se por causa dos efeitos (aceito!), mas ignora-se ou

fala-se com muito pouca convicção das suas causas (acho

mal!).

Tal como nesses casos (em que mais vale prevenir

do que reprimir), preferia ver discutir novas formas de evitar

o sebentismo do que assistir à sua condenação pura e

simples. Por isso, no início de cada ano lectivo, naquela

fatídica primeira aula que coroa os vencedores da corrida

ao Ensino Superior e em que sinto recair sobre mim todo o

peso da responsabilidade de não trair as suas enormes

expectativas, lá me vêm à cabeça, vezes sem conta, as

mesmas perguntas. A percentagem de alunos que não está

no seu curso preferido não tem nenhum efeito no processo

educativo? As condições de ensino (nomeadamente a

dimensão das turmas) não condicionam o tipo de

aprendizagem? Uma aposta mais agressiva na formação

permanente (incluindo pedagógica) dos docentes será

desnecessária? Uma cooperação mais visível da escola

com o meio empresarial terá pouca importância na

adequação dos programas das disciplinas? O conflito entre

os mundos do ensino e do emprego (o primeiro a não

querer formar autómatos recitadores de fórmulas e o

segundo a propôr cada vez mais empregos informatizados

para os quais se procuram autómatos recitadores de

fórmulas) já foi resolvido? A perspectiva de uma feroz

competitividade no mercado de trabalho, com o inerente

risco do desemprego, não leva ninguém a fazer nas

sebentas a busca ilusória duma melhor formação? A

criação de foruns de debate na Escola (louve-se o

pioneirismo de O IDEIAS) não ajudaria os mais vulneráveis

a resistir aos encantos do sebentismo, contribuindo para a

procura de formas alternativas de ensino? E a recente

greve dos docentes não foi, afinal, um grito de protesto

contra os graves problemas que os afectam e, por inevitável

consequência, aos seus alunos?

Sebentas outra vez: porque será? Por mero

"rasquismo"? Acho que sim. Mas por um "rasquismo" que

está menos nas pessoas e mais nas situações que as

condicionam (alunos, docentes, funcionários, dirigentes, ...).

Sou contra as sebentas, mas que a situação está negra, lá

isso está. E quando isso acontece... salve-se quem puder.

Vem nas sebentas!

Sabias que ...

No século XIV em Londres, os fiscais da cerveja, para além de exigirem o pagamento de taxas, tinham outra função:

assegurarem-se de que a cerveja vendida era de boa qualidade. Para tal, vertiam um pouco de cerveja para um banco e

sentavam-se em cima durante cerca de meia hora. Se ao fim desse tempo não conseguissem levantar-se facilmente,

siginificava que a cerveja tinha açúcar em excesso.

O homem mais pequeno do mundo Djail Salih, algeriano, media aos 25 anos de idade, em 1990, 55 centímetros e

pesava apenas 5 quilos.

Isabel de Castela morreu de uma úlcera que não quis mostrar. A extrema unção foi-lhe administrada debaixo dos

lençóis porque não quis mostrar os pés.

Na Índia, durarnte a época das monções uma única chuvada pode cobrir o solo com a mesma porção de água que

cai em França durante um ano.

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FOMOS A TRIBUNAL...

“Deuses, defendei-me do fogo,

da fome das espadas,

da fúria do mar,

do raio do trovão

e da violência do amor.”

In Medeia, Eurípedes.

Decerto, Eurípedes ainda não conhecia a garra académica!

Isso mesmo, garra. Cumprir um dever académico: praxar. Mostrar quem faz afinal as regras.

Ser reles e miserável caloiro, não tem nada de anormal, todos o fomos e hoje somos respeitáveis veteranos. E...

quem não cumpre as regras aprende da maneira dura.

Embora com uma aparente desorganização inicial, começou o Tribunal. Mas não sem antes, os reles e miseráveis

vermes dos réus, terem aprendido a respeitar e ter boas maneiras para com o Tribunal... Em todos predominava uma

esquisita e excitante sensação. Uma alegria e boa disposição fazia com que até os mais cépticos sentissem correr em si um

espiritismo de prazer! Afinal, é essencial ao ser humano demonstrar a sua agressividade positiva.

E... se a alguém chocou as cenas do Tribunal, desenrasquem-se com essa vossa moral, decerto não vão conseguir

sobreviver na selva urbana onde estamos enfiados.

Aos reles e miseráveis vermes dos réus, lembrem-se, só tiveram o que pediram!!

A regra é a do mais forte. Sempre foi, qual é o espanto?!

Sílvia Inácio

Finalizando As Praxes

No passado dia 23 de Outubro iniciaram-se na ESGS as

nossas “belíssimas” e tradicionais praxes, das quais os caloiros

“gostaram” muito, e jamais esquecerão esta semana de contacto

com os magnânimos veteranos. Ao longo desta semana o caloiro

viu-se obrigado a pagar um total de 700$ pelos seguintes objectos:

fita, cartão de identificação, sapato e fotocópias com as canções e

os mandamentos do caloiro.

A Comissão de Praxe exigiu este dinheiro aos caloiros de

modo a conseguir verbas para os materiais que iriam ser utilizados

no desfile. Mas a angariação de verbas não se limitou a estas

vendas, foram colocados caloiros «mascarados» em pontos

estratégicos do centro da cidade a realizar um peditório. Embora

as perspectivas relativamente ao peditório não fossem muito

optimistas este revelou-se extremamente positivo através de um

saldo de 44 contos em apenas 2 horas e meia.

A compra de materiais teve início imediatamente após o

término das praxes, com uma análise cuidada quanto à qualidade e

preço dos produtos já que o dinheiro nunca é demais. Chegada a

hora do desfile tínhamos praticamente 100% dos fatos prontos, os

balões cheios e, felizmente para os caloiros, várias garrafas de

água, não esqueçamos que no ano passado foi um sufoco pois não

havia água para ninguém. Pretendia-se, enquanto houvesse

dinheiro, gastá-lo em favor dos caloiros pois era destes a

proveniência do dinheiro.

Após a realização do desfile, concluído com uma brilhante

vitória, que bem que soube, não esquecendo que o primeiro lugar

para a ESGS nunca esteve em questão, sentiu-se finalmente a

recompensa pelo esforço desenvolvido ao longo de duas semanas

e meia. De realçar a excelente colaboração de alguns elementos

exteriores à Comissão de Praxe incluindo caloiros e de lamentar a

parca colaboração da grande maioria dos veteranos e de muitos

caloiros.

Voltando à questão das “massas verdinhas”, obtivemos

ainda dinheiro da parte dos veteranos através da compra dos

diplomas, 200$ cada, destinados aos «Reles e Miseráveis

caloiros». Finalmente o dia da grande festa, a Festa do Caloiro, e

mais verdinhas a entrar para a caixa, nomeadamente quando se

verificou que o consumo de vinho foi muito inferior ao esperado,

estes caloiros são mesmo reles e miseráveis.

Liquidadas as nossas compras, tendo pago o serviço dos

bombeiros relativo ao baptismo, interrogámo-nos sobre como

aplicar o montante restante. Colocámos de parte o dinheiro da

Festa da Horta da Fonte destinado à Comissão de Finalistas e feitas

as contas sobraram 55 000$. Decidimos aplicar esta quantia em

actividades desenvolvidas nesta escola, nomeadamente Tuna

Académica, equipa de Volei e futura equipa de Basquetebol,

certamente haverá críticas a esta decisão mas achámo-la a mais

correcta e a mais proveitosa. Quanto ao caso do corte de cabelo, a

Comissão de Praxe, não aconselhou a caloira a apresentar queixa,

disse-se, isso sim, que a apoiaríamos fosse qual fosse a sua

decisão. Para aqueles que sempre, ou quase sempre, duvidaram

da competência e até da honestidade da Comissão de Praxe

espero que a vitória no desfile, o facto de ainda ter sobrado dinheiro,

a aplicação deste e o presente artigo venham colocar um ponto final

na questão.

Carla Santos (Xira) e Rui Costa

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QUAL O PAPEL DOS ALUNOS NO

ENSINO SUPERIOR

Esta é uma questão bastante premente, tanto

mais que se vai dar início a um processo de definição

desse mesmo papel no microcosmos chamado Escola

Superior de Gestão de Santarém, via elaboração de

estatutos próprios e revisão de regulamentos afins.

Este papel passa, a meu ver, pelo incremento de

responsabilidades atribuídas aos alunos e por uma cada

vez maior integração dos seus representantes nos

meandros da gestão e orientação dos estabelecimentos de

ensino superior onde se inserem. Esta maior integração,

assente sobretudo num estreito diálogo entre a AE , os

professores e os órgãos directivos (não esquecendo os

funcionários), possibilitará o franco debate sobre problemas

reais, ideias possíveis e posturas correctas e a existência

de um maior número de actividades curriculares e

extracurriculares. Em suma, permitirá um esforço conjunto

de trabalho e dedicação tendo em vista uma cada vez

maior valorização do estabelecimento de ensino e dos seus

formados.

Contudo, vários problemas estruturais e

conjunturais subsistem. Relativamente aos problemas

conjunturais, (e reporto-me apenas ao microcosmos

chamado ESGS), estes prendem-se sobretudo com a

impossibilidade dos alunos participarem, opinarem e

dizerem de sua justiça aquilo que pensam sobre tudo o que

lhes diz respeito porque o regime de instalação ainda

subsiste e o regulamento interno é penalizante nesse

aspecto. Esta situação deverá ser ultrapassada pela

elaboração e consubstanciação dos estatutos escolares e

regulamentos afins, diplomas estes que devem consagrar

um papel muito mais participante para os alunos e,

finalmente, assegurar que estes sejam membros activos de

pleno direito da nova estrutura interna da ESGS, com

direitos e deveres acrescidos.

No que diz respeito aos problemas estruturais

estes prendem-se sobretudo com a subsistência de

algumas mentalidades arcaicas, que pululam entre os

alunos, entre os professores e entre os elementos

directivos, mentalidades essas que foram exacerbadas

pelo arrastar da vigência do regime de instalação.

Por parte dos alunos, subsiste a mentalidade que

o ensino superior não é mais do que um mero seguimento

do ensino secundário, onde o que interessa é "deixar

andar", "não levantar ondas, pois os professores têm a faca

e o queijo na mão", etc..., realidade esta que origina grande

indiferença e comodismo face a tudo quanto os rodeia,

perdendo-se desta forma não só o espírito de iniciativa, de

crítica e, quando necessário, de contestação mas também

a oportunidade de crescerem, moldarem a sua

personalidade e prepararem-se para o mundo não

estudantil.

Relativamente aos professores e aos órgãos

directivos, subsiste o dogma da intocabilidade da

autonomia científica e na crença da pseudo-

irresponsabilidade e da pseudo-imaturidade dos alunos, o

que em última análise acarreta a marginalização destes, ou

no mínimo, a sensação de que estes são ouvidos mas não

escutados, donde resulta que as suas propostas e os seus

pedidos de esclarecimento são liminarmente rejeitados por

provirem donde provêm.

Assim sendo, eu pergunto se não será possível

criar bases, quer estatutárias, quer orgânicas, que

permitam que os alunos e os seus representantes

questionem, peçam esclarecimento ou mesmo apresentar

alternativas sobre as linhas gerais de orientação do

estabelecimento de ensino onde se inserem ou sobre

criação ou alterações curriculares?

Pergunto se não será possível que essa proposta

provenha de quem de direito, (seja elemento directivo ou

professor), de uma forma simples directa, correcta e

fundamentada, ainda que muito crítica e negativa?

Pergunto se é assim tão inconcebível a ideia da

criação de um ensino superior onde as entidades

directivas, professores e alunos, quando errem, assumem

que erraram (pois errar é humano) trabalhando-se em

conjunto no sentido de se rectificarem esses erros.

Pergunto se é assim tão monstruoso, acreditar

que os alunos são elementos responsáveis e que podem

dar um grande contributo para o engrandecimento do

estabelecimento de ensino onde se inserem.

Pergunto se é assim tão difícil que os alunos se

capacitem que já não estão na Escola Secundária, que têm

direitos que não devem ser esquecidos, que têm muito

mais responsabilidades e deveres que não podem ser

negligenciados e que têm oportunidades de participar e

opinar, as quais devem ser aproveitadas.

Ciente, estou, de que os estabelecimentos de

Ensino Superior nunca poderão, nem deverão, ser

“geridos” pelos alunos mas, acredito que estes têm de ter,

doravante, um papel muito mais activo e integrado na

estrutura interna das escolas.

Acredito que todos temos a ganhar se se

conseguir criar um clima de confiança apreço e respeito

mútuos. Acredito sobretudo na praticabilidade daquilo que

defendo.

Armando Rodrigues

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EM DIRECTO COM MÓNICA MENDONÇA Visto que se encontra a decorrer o processo de eleição e tomada de posse de novos corpos directivos da Associação

de Estudantes da ESGS, o IDEIAS decidiu entrevistar a candidata a Presidente da Direcção pela única lista concorrente,

Mónica Mendonça, com o intuito de divulgar um pouco mais as suas ideias e projectos.

? O IDEIAS - Na tua opinião, qual deverá ser o papel dos alunos e seus representantes no ensino superior?

Mónica Mendonça - Penso que deve ser um papel interventivo. Deve tentar promover o diálogo entre as partes pois

só assim se pode alcançar consensos que permitam melhorar a educação.

? O IDEIAS - Consideras que, actualmente, os alunos muitas vezes são ouvidos mas não são escutados?

MM - Julgo que esse problema não é de agora, pois houve, após o 25 Abril, uma liberalização dos costumes que

originou excessos. Esses excessos provocaram uma certa imagem de descrédito e irresponsabilidade que prejudicou a

imagem dos alunos. Actualmente, os alunos ainda sofrem consequências desses excessos.

? O IDEIAS - Achas que a integração dos alunos nas estruturas orgânicas das escolas deve ser feita somente ao

nível do conselho pedagógico?

MM - Acho que esta participação deve ser feito num conselho pedagógico de âmbito alargado, onde entre outras se

discutam questões relacionadas com aspectos científicos e de orientação de uma cadeira ou de um curso que os alunos

sintam que está a ser dado de uma forma menos boa, questões relacionadas com a ligação escola-meio e questões

relacionadas com o funcionamento organizativo da escola enquanto instituição. Os alunos podem ter opiniões diferentes

nestas matérias que devem ser escutadas.

? O IDEIAS - Então a autonomia científica não é intocável?

MM - Não o deve ser, os alunos devem participar também nesta área.

? O IDEIAS - No teu entender, quais são os reais problemas que afectam a ESGS e a sua AE?

MM - No meu entender, existe um afastamento entre as pessoas que decidem e a realidade. Os próprios alunos,

quando têm problemas, não tentam resolvê-los, limitam-se a tentar superá-los individualmente ou somente com a ajuda do

parceiro do lado. Nem sequer tentam superar os seus problemas em conjunto. Ao nível da AE, esta não tem defendido os

alunos, limitando-se somente a desenvolver alguns projectos que, sendo importantes, não demonstram o que é mais

essencial, que é a realidade, aquilo que se vai passando.

? O IDEIAS - Achas que na ESGS existe aquele sentimento que os alunos são ouvidos mas não são escutados?

MM- Até certo ponto isso acontece. Talvez isso aconteça porque aqui ainda não houve uma demonstração do real

peso dos alunos. Os esforços que existiram foram isolados e desorganizados,.

? O IDEIAS - Subsiste entre os alunos uma mentalidade estilo “escola secundária”?

MM - Sim, verifico isso, pois os alunos sabem que os problemas existem mas não agem porque acham que não vão

conseguir fazer nada que altere a situação.

? O IDEIAS - Qual irá ser a grande aposta desta nova AE?

MM - A nossa grande aposta será incrementar o diálogo entre as partes. Como forma de melhorar o diálogo com os

alunos, pretendemos fazer funcionar as RGA, pôr à disposição dos alunos uma caixa de sugestões, promover inquéritos e

lançar debates sobre temas actuais com objectivo de ter mais dados sobre as ideias e problemas dos alunos. Relativamente

à Comissão Instaladora e professores pretendemos levar a cabo reuniões periódicas informais. Reuniões formais só poderão

existir quando os estatutos forem aprovados.

? O IDEIAS - Qual será a posição e o modo de actuar da AE no processo de elaboração de estatutos e

regulamentos afins?

MM - Visto que já existe um elemento da antiga AE a trabalhar na elaboração de uma base de trabalho de

estatutos, pretendemos “apenas” apresentá-la em RGA aos alunos explanando quais são as hipóteses de escolha e suas

consequências. Acompanhando todo este processo estará uma pessoa com experiência em estatutos capaz de avaliar a

legalidade das propostas. Tudo isto será feito com o intuito de reforçar a opinião dos representantes dos alunos na

Assembleia Geral de criação de estatutos.

? O IDEIAS - Que outras iniciativas irão ser levadas a cabo?

MM - Serão desenvolvidas acções em várias áreas, tais como o desporto, reprografia, cultura e área científica.

Dentro do Desporto, haverá duas vertentes: a da saúde e a do intercâmbio estudantil. Dentro da Reprografia, pretendemos

torna-la mais eficiente e mais organizada, continuando a preferir que sejam estudantes necessitados a trabalhar nela. Dentro

da Cultura, teremos várias “secções” com o jornal, que será apoiado mantendo-se no entanto autónomo; a rádio, onde será

estendida a ligação a todo o Complexo Andaluz (tentando-se talvez expandi-la às outras escolas) e onde tentar-se-á melhorar

a qualidade dos programas; e a tuna, onde existirá um apoio organizativo forte por parte de AE (para que esta secção não

pare), com regras definidas e um pouco mais de disciplina e organização. Tencionamos igualmente promover visitas de lazer

(dar a conhecer Portugal), pôr à disposição uma banca de jornais e revistas técnicas e lançar seminários sobre temas gerais

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relacionados com a juventude (racismo SIDA,. etc..). Relativamente à área científica pretendemos fomentar o UNIVA

(principalmente a vertente de estágios), realizar visitas de estudo e exposições técnicas. Pretendemos ainda lançar um

projecto de assistência técnica de software e hardware informático, destinado principalmente aos alunos que tenham poucas

bases em informática e criação de um posto ligado à Internet.

? O IDEIAS - Haverá distinção entre alunos e sócios?

MM - Todas as iniciativas são voltadas para os sócios, que serão beneficiados monetariamente. Contudo, todos os

alunos serão defendidos e poderão usufruir dos serviços prestados pela AE.

? O IDEIAS - Qual será a posição da AE face a movimentos autónomos dos alunos? A AE irá tutelá-los ou

supervisiona-los?

MM - Não deverá fazer nem uma coisa nem outra, deverá orientá-los. Se essas estruturas não existem, a AE deve

tentar criá-las; se já existem mas não conseguem subsistir sozinhas, a AE irá apoiá-las fortemente e deverá tutelá-las,

qualquer que seja essa estrutura; se essas estruturas tiverem “pernas para andar”, ser-lhe-á dado o apoio que necessitarem.

? O IDEIAS - Quais deverão ser os objectivos da FAS?

MM - A FAS deverá defender os alunos de Santarém quer a nível regional quer a nível nacional. Deverá (e isso não

está a ser feito), pensar em dar mais voz aos estudantes desta cidade do que propriamente recriá-los.

? O IDEIAS - O que poderá ser feito em matéria de Acção Social Escolar?

MM - Deverá haver uma participação mais activa dos alunos, quer através das AE, quer (e principalmente) através

da FAS na recém criada Comissão para a Acção Social Escolar, em matérias tão diversas como a questão dos montantes das

bolsas, das residências e da problemática do financiamento da própria Acção Social Escolar, por exemplo.

? O IDEIAS - Diga-nos uma frase que defina o espírito desta nova AE.

MM - “ Vem e participa, pois não estás só na escola.”

? O IDEIAS - Se quiseres transmitir alguma mensagem, força.

MM - O que eu tenho a dizer é que estamos cá e existimos. Queremos falar com toda a gente no sentido de se

conseguir criar um ambiente muito mais familiar e agradável dentro desta escola. É esse o nosso propósito.

Armando Rodrigues

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ENTREVISTA À DR.ª TERESA CAMPOS Sendo do conhecimento geral que a residência do Complexo Andaluz já deveria estar a servir os alunos, o que não

se verifica ainda, a direcção do jornal resolveu entrevistar a Dr.ª Teresa Campos, administradora da acção social escolar

desde o passado dia 2 de Novembro. A entrevista decorreu no seu gabinete na passada quarta-feira dia 6 de Dezembro pelas

14h30m.

Aqui fica o essencial dessa entrevista que se prolongou um pouco mais do que estava previsto e que assumiu mais a

forma de conversa, dada a extraordinária capacidade de comunicação da Dr.ª Teresa Campos.

? O IDEIAS - Em termos de estruturas físicas a residência do Complexo Andaluz está pronta para ser ocupada.

Confirma?

Dr.ª Teresa Campos - Sim, de facto a residência do Complexo Andaluz está pronta a servir os estudantes, falta

apenas fazer a ligação do gás ao equipamento, mas isso é rápido, faz-se praticamente de um dia para o outro. Aliás só ainda

não foi feito porque será melhor, do ponto de vista técnico proceder-se a essa ligação pouco antes da ocupação das

residências...

? O IDEIAS - Então porque é que os alunos ainda não podem beneficiar desta nova estrutura?

TC - O que se passa é que falta o equipamento necessário para que o interior das residências possa satisfazer as

necessidades dos alunos. E porque é que falta esse equipamento? Simplesmente porque ainda não recebemos o visto do

Tribunal de Contas, pois é com dinheiros públicos que esse equipamento é adquirido. De qualquer das formas este processo

deve ser resolvido até Janeiro de 1996.

? O IDEIAS - Uma das críticas mais comuns dos estudantes tem sido a falta de homogeneidade de critérios entre

as escolas no âmbito da acção social; pode garantir-nos que haverá homogeneidade de critérios aquando da apreciação das

candidaturas?

TC - A ocupação das residências (tal como para as bolsas de estudo) não é um processo linear; não é fácil

determinar o montante a receber pelos bolseiros, isto não é uma questão objectiva, mas tentarei sempre, no que me diz

respeito, fazer com que haja uma convergência e uma homogeneidade na aplicação dos critérios estabelecidos tanto quanto

fôr possível. Mas creio que esse problema está a ser progressivamente ultrapassado, pelo menos é o que posso constatar

pelo nº de reclamações que tenho recebido.

? O IDEIAS - Quais os critérios que serão tidos em conta para a ocupação das residências?

TC - Bem, neste preciso momento não posso dizer quais são os critérios que vão ser aplicados porque esses

critérios têm que ser definidos pelo Conselho de Acção Social que, tal como prevê o nº2 do artigo 10º do decreto-lei nº129/93

de 22 de Abril, será constituído pelo reitor ou presidente da instituição de ensino superior, pelo administrador para a acção

social e por dois representantes da associação de estudantes, um dos quais bolseiro.

No passado dia 23 de Novembro houve uma reunião com as associações de estudantes, mas só estiveram presentes a

E.S.G.S. e a E.S.E.S. Por outro lado estou também à espera que a lista candidata à A.E. da E.S.G.S. seja eleita para que

possamos avançar com uma nova reunião com vista a discutir as propostas que forem apresentadas, portanto assim que os

estudantes estiverem disponíveis o processo pode avançar, até porque eu já tenho uma proposta.

? O IDEIAS - De facto os estudantes às vezes querem ter acesso a determinadas coisas, mas quando são

solicitados a participar, simplesmente cruzam os braços. Teme que isso aconteça neste caso concreto?

TC - É óbvio que temo que isso aconteça, mas creio que isso não vai acontecer. Note-se que são os estudantes os

principais beneficiários das residências.

? O IDEIAS - Pode adiantar-me quais é que serão as pessoas responsáveis pela apreciação das candidaturas?

TC - Uma vez que o Conselho de Acção Social ainda não foi criado também ainda não posso dizer quem é que vai

ser responsável por esse processo.

? O IDEIAS - E relativamente a projectos para construir novas residências?

TC - Bem, já construímos a residência de Tomar, esta começará a funcionar em breve, mas temos ainda um

projecto para construir uma residência em S. Pedro, depois avançamos com uma 2ª residência aqui no Andaluz, que na

realidade não será uma 2ª residência será um prolongamento desta, pois é mais barato. Além disso pretendemos depois

avançar também com uma 2ª fase em Tomar e estes são os principais. Cada residência construída ou a construir terá

capacidade para acolher 100 alunos.

? O IDEIAS - Já foi contratado o pessoal que vai trabalhar na residência?

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TC - Não, mas isso não vai atrasar em nada o processo porque como esse pessoal é auxiliar não pertence ao

quadro é mais rápida a sua contratação.

Além disso há ainda a questão da vigilância sobre a qual também ainda não posso adiantar quase nada porque não

depende só de mim. De qualquer das formas a minha proposta é a contratação duma empresa especializada que

desempenhará as funções durante 24 horas por dia. Isso pode ser muito vantajoso em termos económicos se a empresa

fizesse também a vigilância em Tomar. Por outro lado se pudéssemos contar com os serviços dessa empresa 24 horas por

dia os alunos escusavam de ter a chave, o que aumentava a segurança dos alunos, pois também não tinham possibilidade de

a emprestar a pessoas estranhas à residência.

? O IDEIAS - Para terminar podia adiantar as verbas já gastas na residência?

TC - Bem, já foi gasto à volta de 210 mil contos nesta residência e ainda falta gastar com o equipamento à volta de

19 mil contos

José Luís Carvalho

“ Mau feitio “ Mau feitio, é uma expressão por mim utilizada no rol dos meus amigos e conhecidos, que caracteriza a sua atitude

em não adoptarem atitudes e pensamentos progressistas.

Perante isto, e informaticamente falando, olhei para o meu computador e verifiquei que a minha drive sofre de mau

feitio.

Após 3 gerações de computadores de que fui proprietário, respectivamente 286, 386 e 486, foram e vieram as placas

de vídeo, monitores, teclados, discos cuja memória aumentou e o preço diminuiu, uma peça continua de origem e cumprindo

fielmente a sua missão.

A minha drive...!

No dia a dia, novos produtos se inventam e outros se melhoram; o Pentium subiu patamares em relação ao 486 e o

P6 já mora andares acima. O Windows 95 melhorou substancialmente o visual e o funcionamento do Windows 3.1. As placas

de vídeo mostram-nos agora imagens a cores reais (“true color”) e o bus PCI rebentou com as portas do velhinho bus ISA. No

entanto, a minha floppy disk drive é um componente que não viu melhoramentos no tempo.

Encaremos a realidade. A disquete está obsoleta e a minha drive sofre de mau feitio.

Carlos A. Pombo

Diz-se que...

- Há mais festas que alunos em Santarém.

- A tuna da ESGS está a arrancar.

- A nova associação de estudantes antes de estar eleita, já “geria” a mesma.

- Houve um elemento da actual associação que disse para um colega nosso que este não contava para nada.

- A rádio pode ter o dias contados.

- A Federação Académica não tem tido apoio da ESGS ultimamente.

- Nas festas há pouca gente a colaborar na sua organização.

- Os Ena Pá 2000 estarão em Santarém na semana académica.

- Vai-se acabar com os jogos de cartas nas universidades.

Tanta coisa se diz que alguma será verdade.

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Quando em 94 surgiu a “Rádio Gest” fiquei

estupidamente feliz. Juro que fiquei !

Uma rádio pode servir de base ao

desenvolvimento da A.E. e no mesmo contexto ajudar a

desenvolver a Escola.

O projecto original apontava para uma progressão

qualitativa que, pouco a pouco, daria lugar a uma rádio

amadora mas com qualidade semi-profissional.

Prevendo dificuldades na gestão dos recursos

materiais e humanos propus à direcção da A.E. a criação

de uma Direcção de Programação que se revelou de

enorme importância para a Gest, coordenando os

programas em termos de horários e intervindo, nalguns

casos, no conteúdo dos mesmos de forma a atenuar

possíveis “atentados ao bom gosto”.

O que começou por ser um galope desenfreado,

depressa se tornou um trote ligeiro.

Programas houve que alcançaram grande

audiência não só entre a população estudantil, mas

também entre os corpos docente e discente da ESGS, mas

a maioria acabou por se tornar intermitente e mais tarde

“morrer”.

No entanto, não pretendo falar-vos desses

programas, mas sim alertar-vos noutro sentido.

A realização de um programa de rádio, ainda que

dirigido a um número mais ou menos restrito de ouvintes,

deve ter em conta, acima de tudo, critérios de bom gosto

ao nível da apresentação vocal e musical.

Não basta querer fazer rádio, é preciso antes que

tudo saber ouvir rádio.

Será por mero acaso que a RFM ou a Antena 3

chegaram onde chegaram ?

A aposta na diversidade é um trunfo

indispensável!

Fazer rádio não se deve confundir com ouvirmos

música em casa ou nos “headphones”.

Gostarmos de um determinado tipo de música é

natural, mas será que devemos bombardear os ouvintes

com horas seguidas de ritmos idênticos?

Será preferível fidelizar uma percentagem ínfima

da audiência passando apenas um género de música ou

pelo contrário alcançar uma audiência muito mais vasta

dando a cada um, de vez em quando, aquilo que prefere?

Ouvindo as rádios que são líderes de audiência, a

resposta é óbvia: variedade é a palavra chave.

Mas, contrariamente ao que se passou no ano

transacto, não se trata simplesmente de ter um programa

para cada tipo de música, mas sim de tentar quebrar essa

rigidez e intercalar subtilmente estilos diferentes em cada

programa.

Não é comercialmente correcto ocupar horários de

grande audiência com programas para minorias.

Quantas boas rádios se poderão dar ao “luxo” de

suportar programas “heavy”, de música clássica ou mesmo

de outro tipo minoritário em horário nobre ?

Se pretendermos alcançar (porque não ?!) a

difusão para o exterior em FM, devemos antes de mais

nada incrementar a qualidade dos nossos programas.

Por outro lado, grande parte da rede de difusão da

Gest está implantada a nível de gabinetes de trabalho, e

não me parece muito viável trabalhar horas a fio ao som

ensurdecedor de “heavy“ e outras batidas do género forte,

embora esporadicamente se possa passar uma ou outra

faixa desse género.

Certo programa, cujo nome não quero recordar,

alcançou fama entre os funcionários e acabou por ser

apelidado de “A trovoada”, visto que quando começava

toda a gente corria a desligar o som até que o mesmo

terminasse.

Pelo contrário, faixas de programação do tipo

suave (“Janela indiscreta”, “Meia Hora”) e polémico

(“Cantigas de escárnio e maldizer”) deixaram saudades.

Em termos objectivos, houve grande força de

vontade para levar avante um projecto de vulto, mas não

houve recepção ao “feedback “ da audiência, que servisse

de “filtro” à programação.

A necessidade de inquéritos periódicos à

audiência é mais que evidente.

Componente fulcral desta nova etapa da Gest é a

opinião pública e a sua repercussão em termos de

alterações na programação. Mais que nunca temos o dever

não só de cumprir os horários que nos comprometemos

fazer como de procurar estabelecer comunicação com o

maior número possível de ouvintes, moldando a

estruturação dos programas de acordo com a sua vontade

explícita.

Joaquim Cardoso

Falando de Rádio

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Comunicado

A direcção da Comissão de Finalistas 92/95 de gestão

de empresas e membros da Associação de Estudantes

cessante (Nuno Galego, Rui Pereira e Leonel Sérgio), vêm

por este meio fazer algumas considerações relativas à

entrevista publicada na secção “Associação em Actividade”

na anterior edição de “O Ideias” na qual o entrevistado,

Frederico Reis, presidente cessante da A.E., decidiu atacar

os elementos referidos.

Apelidamos de totalmente falsas algumas das

declarações proferidas nomeadamente as que visam estes

elementos, como o facto do aproveitamento financeiro da

A.E. para obter patrocínios de entidades oficiais.

- A Comissão de Finalistas 92/95, solicitou no passado

mês de Fevereiro um apoio financeiro ao Governo Civil de

Santarém para a viagem de finalistas a realizar em Abril,

cujo destino foi a Tunísia. À referida data o déficite

financeiro orçava em 150000$00, verba essa pedida à

respectiva entidade.

- O pedido foi feito em nome da Comissão de

Finalistas 92/95 de Gestão de empresas e assinado pela

direcção da Comissão de Finalistas, não havendo qualquer

menção à A.E. Foi pedido ao secretário da E.S.G.S., Dr.

Beirante, autorização para usarmos neste pedido envelopes

timbrados da E.S.G.S., para confirmar a origem e

credibilidade do pedido, tendo-nos sido aconselhado enviar

por meio da A.E., uma vez, que um Instituto Público não

poderia representar o nosso pedido. Dessa forma o pedido

foi feito em papel timbrado e envelope da A.E., com o intuito

de endereçar e credibilizar o pedido, não havendo qualquer

menção no pedido à A.E.

- Por outro lado, a Associação de Estudantes é no

fundo uma representação dos alunos de uma entidade, logo

deverá ser a primeira a expressar apoio aos núcleos de

estudantes formados, apoio esse que enquadro no âmbito

referido. Quanto ao desconhecimento do pedido prendeu-se

com o afastamento de alguns membros da A.E., logo não

havia muita comunicação com quem não estava. Não

compreendemos de que modo o presidente da A.E. vem

criticar o referido pedido, uma vez que o patrocínio foi

concedido na sua totalidade à Comissão de Finalistas,

sendo o recibo assinado pelo seu responsável e autenticado

com um carimbo da Comissão de Finalistas, desta forma

está totalmente posta fora de causa a hipótese do pedido

ter sido deferido para a Associação de Estudantes, com o

objectivo de ser gasto nessa viagem.

- A Comissão de Finalistas não é uma subsidiária da

Santa Casa da Misericórdia, não tendo que repartir a verba

do patrocínio com a A.E., pelo contrário a verba referiu-se a

um défice real, colmatado pela entrada de dinheiro dos seus

membros. A questão do comprometimento desta direcção

com a A.E. prendeu-se com o facto da A.E. estar a entrar

em colapso financeiro, devido aos gastos com o ciclo de

conferências e devido ao facto do processo de pedido de

subsídio, ao encargo do presidente da A.E. não ter tido até

à referida data nenhum avanço. Logo sem preocupação de

negociar o subsídio, a Associação estava sem fundos.

Desta forma os responsáveis da Comissão de Finalistas

referiram que poderiam, caso tivessem o dinheiro, contribuir

para os custos dos ciclos de conferências. Uma vez que a

referida verba só foi disponibilizada no início de Junho, a

Comissão de Finalistas não iria patrocinar um evento já

realizado e com os custos cobertos.

- Definitivamente não compreendemos o facto de

sermos criticados pelo dinheiro recebido, afinal se o

gastámos no Gerês, foi por comum acordo dos elementos

que foram à viagem. Apesar de não ter sido empregue na

viagem à Tunísia, serviu para reembolsar algum dinheiro

dado pelos finalistas para o pagamento integral da viagem.

O facto de a viatura da A.E. ter ido ao Gerês não tem nada

a haver à Comissão de Finalistas, mas sim com os 5

membros da Associação que se responsabilizaram pela sua

utilização. Embora refira que não, o presidente (em título)

sabia, tendo inclusivé ameaçado um dos membros, caso

realizassem a viagem, uma atitude um tanto hipócrita, para

quem a utilizava com os mesmos fins.

- Relativamente à Associação de Estudantes não

gostaríamos de deixar de referir a falta de legitimidade com

que o presidente da Associação de Estudantes se refere ao

trabalho neste ano na A.E.

- O presidente não foi “queimado” pelos outros

membros, nomeadamente os visados neste artigo, estes

elementos procuraram recuperar um cargo que desde

Fevereiro não funcionava na A.E., o de presidente. Se foi

feito muito trabalho na A.E., foi devido aos projectos que os

tais elementos em que o presidente apostou e que agora

critica levaram a cabo, sendo que a única incompatibilidade

era a atitude com que elas estavam na Associação de

Estudantes.

- Promoção pessoal, contra os que procuravam

dinamizar a A.E. através de trabalho e projectos pessoais.

- É pena que para recuperar um protagonismo perdido,

o nosso presidente venha agora questionar a actuação dos

seus colegas na Associação, o facto é que com ou sem

presidente, o trabalho da Associação foi deveras positivo.

A melhor das felicidades para os elementos da Associação

seguinte.

O Presidente do Conselho Fiscal

Nuno Galego

O Vice-Presidente

Rui Pereira

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BUROCRACIAS

Talvez a maior parte dos estudantes ainda não saiba, mas a

verdade é que, em termos legais, para provar que um aluno está

a estudar num determinado estabelecimento de ensino basta

entregar uma fotocópia do seu cartão de estudante ou do boletim

de matrícula. Neste sentido basta que o cartão de estudante ou o

boletim de matrícula contenham o nome completo do aluno, o

grau de ensino e o ano lectivo da matrícula. É precisamente disto

que trata o decreto-lei nº 416/93 de 24 de Dezembro.

Os certificados de matrícula dos cerca de 500 mil alunos

dos ensinos secundário, profissional, artístico e superior são

exigidos para uma quantidade enorme de processos, tais como o

abono de família, adiamento ao serviço militar obrigatório, bolsas

de estudo, etc. Daí que a aplicação deste decreto traga muitas

vantagens, nomeadamente, o desaparecimento de milhares de

papéis que se preenchem aquando do acto de matrícula, a

diminuição dos custos administrativos do Estado, menores custos

financeiros para os alunos e ainda ganhos em termos de tempo,

na medida em que se pode obter uma fotocópia do cartão de

estudante dum momento para o outro, enquanto que um

certificado de matrícula não se obtém muitas vezes nem dum dia

para o outro.

Mas o problema é que as instituições que costumam pedir

os certificados de matrícula desconhecem este decreto . E as

instituições que conhecem o decreto simplesmente não aceitam

as fotocópias dos cartões de estudante porque acham que não

provam nada. Assim nós não temos outro remédio a não ser

pedir sucessivamente no início de cada ano lectivo certificados de

matrícula para tudo e mais alguma coisa, desembolsando mais

uns trocos sem necessidade. E o que é mais absurdo é que a

esmagadora maior parte das vezes são as próprias instituições

da Administração Pública que recusam a apresentação do cartão

de estudante, enquanto que pelo contrário há entidades privadas

para as quais basta uma simples fotocópia do cartão de

estudante para os alunos obterem as regalias a que têm direito.

Mas o absurdo transforma-se em ridículo quando temos em

linha de conta os custos inerentes aos certificados de matrícula.

Se o decreto-lei nº 416/93 fosse de facto aplicado a comunidade

chegaria a poupar mais de um milhão e trezentos mil contos por

ano.

É por isso que, ao contrário de alguns colegas meus, eu

não fico nada admirado pelo facto de haver alunos nesta escola

que nem sequer requereram o seu cartão de estudante junto do

representante da C.G.D. que se deslocou propositadamente aqui

para esse efeito. De facto, para quê perder tempo a requerer um

cartão que na prática não serve para nada ?

José Luís Carvalho

As palavras do Zé...

Aproveito este espaço para convidar, e desculpem-me todos os alunos, todos os membros do Instituto Politécnico,

Comissões Instaladoras das diversas escolas, professores e auxiliares de acção educativa, a almoçar e jantar, não

esporadicamente, mas diariamente, no refeitório, digo, cantina do IPS.

Lamentável é ser eu, Zé do Telhado, o portador deste convite e não serem vocês, caros docentes a tomarem a

iniciativa. Estou, penso eu, nos tempos que correm, a ser vosso amigo. Isto porque tenho dúvidas que encontrem um local na

cidade onde possam, pelos preços praticados, tomar uma refeição. No fundo, é tudo uma questão de poupança. Mas se esta

questão de poupança fôr uma falsa questão, então porque não almoçam lá?

Será devido à qualidade, quantidade ou higiene dos bens confeccionados?

Na minha modesta opinião, isso é uma questão absurda; as empregadas raramente usam touca no cabelo, várias

vezes as ementas não são cumpridas , as batatas, ou estão mal cozidas, ou quando fritas estão frias, a carne de vaca parece

“sola de sapato”, a sopa é confeccionada à base de água e massa, o arroz (branco ou de legumes) sabe mal, os

hambúrgueres não têm qualidade, nas saladas é normal aparecerem pequenos caracóis (que luxo!), espera-se meia hora na

fila, mas isso não tem a mínima importância. É tudo tão natural para nós, alunos, e o que é natural é benéfico para a saúde e

até terá qualidades medicinais....

Zé do Telhado