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Universidade Federal de Santa Catarina Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental Disciplina Trabalho de Conclusão de Curso I, ENS-5170 APLICAÇÃO DO MODELO DE GOVERNANÇA DA ÁGUA E DO TERRITÓRIO PARA A CRIAÇÃO DE UNIDADE DE CONSERVAÇÃO EM ITAPEMA, SANTA CATARINA Richard Eilers Smith, [email protected] Daniel José da Silva, [email protected] (orientador) RESUMO: A criação de unidades de conservação apresenta-se como um fenômeno complexo, pois depende de inúmeras variáveis para que seja um processo efetivo, tanto na manutenção da biodiversidade quanto na gestão social da unidade. Este trabalho estuda a aplicação do Modelo de Governança da Água e do Território no processo de criação de uma unidade de conservação no município de Itapema, em Santa Catarina. Os principais objetivos são estimular e qualificar a participação da comunidade local para uma efetiva gestão destas áreas protegidas. Os principais resultados esperados são o Dossiê de Economia de Experiência da governança em unidades de conservação (UC), o decreto de criação da UC, uma cartilha de Educação Ambiental impressa e distribuída nas escolas do município, além de um sistema municipal virtual no site da prefeitura com informações sobre as unidades de conservação de Itapema. PALAVRAS-CHAVE: Modelo de Governança da Água e do Território, unidade de conservação, Itapema, Santa Catarina.

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Universidade Federal de Santa CatarinaDepartamento de Engenharia Sanitária e Ambiental

Disciplina Trabalho de Conclusão de Curso I, ENS-5170

APLICAÇÃO DO MODELO DE GOVERNANÇA DA ÁGUA E DO TERRITÓRIO PARA A CRIAÇÃO DE UNIDADE DE CONSERVAÇÃO EM ITAPEMA, SANTA CATARINA

Richard Eilers Smith, [email protected] José da Silva, [email protected] (orientador)

RESUMO: A criação de unidades de conservação apresenta-se como um fenômeno complexo, pois depende de inúmeras variáveis para que seja um processo efetivo, tanto na manutenção da biodiversidade quanto na gestão social da unidade. Este trabalho estuda a aplicação do Modelo de Governança da Água e do Território no processo de criação de uma unidade de conservação no município de Itapema, em Santa Catarina. Os principais objetivos são estimular e qualificar a participação da comunidade local para uma efetiva gestão destas áreas protegidas. Os principais resultados esperados são o Dossiê de Economia de Experiência da governança em unidades de conservação (UC), o decreto de criação da UC, uma cartilha de Educação Ambiental impressa e distribuída nas escolas do município, além de um sistema municipal virtual no site da prefeitura com informações sobre as unidades de conservação de Itapema.

PALAVRAS-CHAVE: Modelo de Governança da Água e do Território, unidade de conservação, Itapema, Santa Catarina.

Florianópolis, 21 de junho de 2010

ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................1

2. OBJETIVOS......................................................................................................................3

2.1. Objetivo Geral.............................................................................................................3

2.2. Objetivos Específicos..................................................................................................3

3. JUSTIFICATIVA...............................................................................................................4

4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...........................................................................................5

4.1. Unidades de Conservação (UC)..................................................................................5

4.1.1. Unidades de Proteção Integral............................................................................5

4.1.2. Unidades de Uso sustentável...............................................................................6

4.2. Governança.................................................................................................................6

4.3. Modelo de Governança da Água e do Território – Modelo GATS.............................8

5. METODOLOGIA..............................................................................................................9

6. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES.............................................................................11

7. RESULTADOS ESPERADOS........................................................................................12

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................12

1. INTRODUÇÃO

A relação da humanidade com os recursos naturais é dinâmica e está em constante

transformação. Desde os tempos mais tribais até a atualidade, a vida das pessoas sempre

dependeu dos ambientes naturais.

Desde a Revolução Industrial no século XVIII o processo de degradação da biosfera

vem se intensificando e causando impactos imensuráveis, tais como a poluição dos

recursos hídricos, do solo e do ar, o desmatamento da vegetação nativa e a extinção em

massa de espécies.

O declínio mundial das florestas está associado, sobretudo à expansão das atividades

econômicas, ao crescimento das populações humanas e aos graves problemas de pobreza.

No Brasil, esse processo intensificou-se muito no século XX (DEAN, 1997).

Em 1500, quando os portugueses iniciaram a colonização no Brasil, o bioma Mata

Atlântica cobria 15 % do território brasileiro (SHÄFER e PROCHNOW, 2002). Hoje,

segundo o Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica produzido pela Fundação

SOS Mata Atlântica em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (2009),

restam apenas 7,91 % da área original deste bioma, mostrando que mais de 92 % deste já

foi devastado.

O desmatamento dos escassos remanescentes continua até os dias de hoje, desafiando

a fiscalização e todos os decretos e leis que deveriam garantir a proteção desta riqueza.

Santa Catarina está entre os três estados que mais desmataram a Mata Atlântica

recentemente com 25.953 ha de 2006 a 2008. Minas Gerais e Bahia perderam,

respectivamente, 32.728 ha e 24.148 ha neste mesmo período (INPE, 2008).

Aproximadamente 65 % da população brasileira vive na área do bioma e dele

depende para garantir o abastecimento de água, a regulação do clima, a fertilidade do solo,

a manutenção da biodiversidade, a beleza cênica, entre outros serviços ambientais ou

ecossistêmicos (SOS Mata Atlântica, 2009).

Logo, além de ser apontado como um dos hotspots mundiais, ou seja, uma das

prioridades para a conservação da biodiversidade no mundo, o bioma Mata Atlântica tem

também grande relevância social, sendo a gestão destes remanescentes uma questão

estratégica para o desenvolvimento sustentável local, nacional e global.

Neste sentido, a criação de unidades de conservação (UC) é uma estratégia

consagrada para a preservação dos recursos naturais inseridos nos mais diversos territórios.

1

A participação efetiva das populações locais nos processos de criação, implantação e

gestão das UC é um fator determinante para o sucesso de tais iniciativas. Todavia, observa-

se grande carência de instrumentos práticos que garantam esse espaço de diálogo e tomada

de decisão para a ação.

Para garantir uma participação social representativa e efetiva na criação de UC é

necessário um processo capaz de estimular e qualificar as comunidades locais para a

construção de estratégias e propostas concretas.

O município de Itapema, localizado no litoral de Santa Catarina, tem o seu território

inteiramente inserido no bioma da Mata Atlântica e, portanto, tem a responsabilidade de

preservar seus remanescentes, ameaçados principalmente pela especulação imobiliária,

pela mineração, pela caça predatória ilegal e pela falta de saneamento básico.

No final do ano de 2008, o Núcleo de Educação Ambiental do Centro Tecnológico

da Universidade Federal de Santa Catarina (NEAmb) foi contemplado com um Termo de

Ajustamento de Conduta (TAC) do Ministério Público Federal com o Plaza Resort

Itapema, revertido para o Projeto “Estudos para a criação de Unidade de Conservação em

Itapema, SC”, desenvolvido durante o ano de 2009 e início de 2010.

Foram realizados pelo NEAmb diversos estudos sobre o meio biótico, o meio físico e

o meio sócio-econômico. Neste contexto, foi aplicado o Modelo de Governança da Água e

do Território (Modelo GATS) em cooperação com as lideranças da comunidade de

Itapema.

O Modelo GATS é uma tecnologia social de gestão dos bens comuns da nação,

desenvolvido pelo Grupo Transdisciplinar de Pesquisas em Governança da Água e do

Território (GTHidro), coordenado pelo Professor Daniel José da Silva do Depto. de

Engenharia Sanitária e Ambiental da UFSC.

Com a aplicação do Modelo GATS espera-se consolidar um grupo de governança em

Itapema, reunindo a população em torno de ações cooperativas capazes de criar e executar

estratégias efetivas para a criação e gestão da UC. Como disse a ex-ministra do Meio

Ambiente no Brasil, Marina Silva (2005), temos que “achar maneiras de transformar o

conhecimento em fazeres, em tecnologias, em substituição de coisas e comportamentos”.

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2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral

Aplicar o Modelo de Governança da Água e do Território para a criação de unidade

de conservação em Itapema, Santa Catarina.

2.2. Objetivos Específicos

- Realizar um levantamento bibliográfico sobre a governança em UCs na forma de

um dossiê de economia de experiência;

- Aplicar o Modelo GATS durante os estudos para a criação da unidade de

conservação em Itapema;

- Produzir um material pedagógico em forma de cartilha para as escolas do município

de Itapema;

- Elaborar um sistema municipal no site da Prefeitura de Itapema com informações

sobre as Unidades de Conservação da região.

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3. JUSTIFICATIVA

A justificativa deste trabalho está dividida em três argumentos principais. O

argumento científico, o social e o jurídico.

O argumento científico está amparado nos novos conceitos e metodologias da ciência

da gestão dos bens comuns, tais como a governança, a comunidade de aprendizagem e o

reconhecimento do território. A governança vai além do conceito de gestão, pois agrega o

empoderamento das pessoas. A avaliação do processo, dos produtos e das estratégias é de

grande relevância, aprimorando a pesquisa aplicada para a criação e gestão de UC.

O argumento social apresenta a comunidade de Itapema como sendo legítima na

ocupação histórica de seu território e, portanto, esta tem papel fundamental em qualquer

iniciativa de preservação de suas riquezas naturais. As comunidades que serão afetadas

diretamente pela criação da UC devem ter prioridade por terem maior pertinência com a

causa.

O argumento jurídico está amparado em todas as leis de desenvolvimento sustentável

brasileiras, também chamadas de Leis Irmãs (SILVA, 2005). O SNUC (Lei n°

9.985/2000), a Lei das Águas (Lei n° 9.433/1997), a Política Nacional de Educação

Ambiental (Lei n° 9.795/1999) e o Estatuto das Cidades (Lei n° 10.257/2001). Estas leis

preconizam a participação e o controle social das comunidades locais, sendo bastante útil a

idéia da aplicação simultânea e sinérgica, através da identificação da estrutura hierárquica

(fundamentos, objetivos, diretrizes, instrumentos e gestão) em matrizes utilizadas para a

identificação da sinergia das Leis Irmãs, fortalecendo as estratégias de desenvolvimento

sustentável local.

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4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1. Unidades de Conservação (UC)

Durante a história do homem, o desafio da sobrevivência trouxe interesses práticos

na utilização e proteção dos recursos naturais. Principalmente a partir do século XX, a

criação de áreas protegidas tem sido um modo como as sociedades reagem frente aos

problemas ambientais (GUERRA e COELHO, 2009).

Mas, a delimitação de áreas naturais protegidas não é exatamente um fenômeno

moderno, decorrente do agravamento da crise ambiental. É antes uma iniciativa das

sociedades humanas que evoluiu ao longo da sua história (DEBETIR e ORTH, 2007).

As reservas de caça e leis de proteção de áreas naturais já existiam na antiga Pérsia

em torno de 5.000 a.C. No ocidente a prática é mais recente. Na antiga Roma e na Europa

Medieval áreas naturais eram protegidas, servindo ao uso exclusivo dos nobres. Na

Inglaterra as forests eram destinadas a prática da caça e foram instituídas em 1066 d.C. Na

suíça foi criada uma reserva para proteger o antílope europeu e na França foram criados

Parques Reais no século XVIII. A primeira unidade de conservação moderna foi criada em

1872 nos Estados Unidos, o Parque Nacional de Yellowstone (DEBETIR e ORTH, 2007).

No Brasil, esse movimento teve início com a criação do Parque Nacional de Itatiaia

em 1937. No ano 2000 foi decretada a lei n° 9.985, a qual dispõe sobre o Sistema Nacional

de Unidades de Conservação (SNUC). No artigo 2° o SNUC define as unidades de

conservação como sendo o “espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as

águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo

Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de

administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção.” (BRASIL, 2000).

Estão previstos dois principais tipos de unidades de conservação: as de proteção

integral e as de uso sustentável.

4.1.1. Unidades de Proteção Integral

As unidades de proteção integral são aquelas com maior restrição de uso,

permitindo apenas o ecoturismo, a educação ambiental e a pesquisa científica, sempre com

autorização de algum responsável pela UC. As 5 categorias de proteção integral são:

5

I - Estação Ecológica;

II - Reserva Biológica;

III - Parque Nacional;

IV - Monumento Natural;

V - Refúgio de Vida Silvestre.

4.1.2. Unidades de Uso sustentável

As unidades de uso sustentável são aquelas com menor restrição de uso, permitindo

atividades de extração e manejo dos recursos naturais disponíveis, principalmente pelas

populações tradicionais. As 7 categorias de uso sustentável são:

I - Área de Proteção Ambiental;

II - Área de Relevante Interesse Ecológico;

III - Floresta Nacional;

IV - Reserva Extrativista;

V - Reserva de Fauna;

VI - Reserva de Desenvolvimento Sustentável;

VII - Reserva Particular do Patrimônio Natural.

A criação de UC no Brasil tem gerado diversos conflitos. Apenas a título de

exemplo, pode-se citar o Parque Nacional de São Joaquim (PARNASJ) e a tentativa de

criação do Parque Nacional do Campo dos Padres, ambos na Serra Catarinense. No caso do

PARNASJ existem até hoje diversos conflitos e a falta de regularização fundiária,

dificultando a execução de um Plano de Manejo efetivo.

A participação de diversos atores nestes processos com a mediação profissional dos

conflitos traz benefícios sociais e facilita a gestão da UC, fortalecendo a importância da

biodiversidade e estimulando atividades econômicas sustentáveis.

4.2. Governança

Governança é uma palavra que tem origem na língua francesa. A evolução do seu

significado está relacionada com as transformações históricas das civilizações que a

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empregavam e com sua migração entre as diferentes regiões na Europa e no continente

Americano (CANET, 2004).

Segundo Santos Silva (2008), “a partir do século XVI, com o aparecimento da

ciência política moderna através das obras de Nicolau Maquiavel sobre o Estado e o

governo, e de Jean Bordin sobre a soberania absoluta, a palavra gouvernement passou a ser

associada à idéia de um poder hierarquizado e centrado no Estado, exercido sobre uma

população circunscrita em um território definido. Paralelamente, o termo gouvernance se

afastou desta direção e começou a ser entendido como uma maneira de gerir

adequadamente algo público, independente da questão do poder. É através deste conceito,

mais ligado à idéia de gestão do que poder, que a governança chega ao mundo anglo-

saxão, ressurgindo anos depois no contexto das grandes organizações e das políticas

públicas (CANET, 2004)”.

Somente no início da década de 90, o conceito de governança começou a emergir e

o termo passou a ser utilizado oficialmente. No ano de 1992, é criado em Londres o Centro

para o Estudo da Governança Global (The Centre for the Study of Global Governance —

CsGG) pelo professor Lord Desai, com o objetivo de aumentar a compreensão e o

conhecimento de questões globais e propor soluções.

Em dimensão internacional, o Banco Mundial foi responsável pela consolidação do

termo. Segundo Santos (2004), os trabalhos publicados por esta instituição associavam a

concepção de governança à noção de boa governança ou bom governo, estando ligada à

capacidade governativa de uma organização e constituindo um “requisito indispensável

para um desenvolvimento sustentado que incorpora ao crescimento econômico eqüidade

social e também direitos humanos”.

Segundo Santos Silva (2008), O livro Governance and development publicado em

1992 pelo Banco Mundial, definia a governança como um determinado modo de exercer o

poder na administração dos recursos econômicos e sociais de um país. Dessa forma, essa

instituição estabeleceu quatro dimensões-chave para a boa governança: a primeira está

relacionada à melhora da capacidade de gerenciamento econômico e prestação de serviços

sociais (administração do setor público); a segunda diz respeito a um quadro legal, cujo

cumprimento de um conjunto de regras é garantido por um órgão judicial independente; as

duas últimas tratam da necessidade de transparência na formulação de políticas e

participação em processos de tomada de decisão de políticas públicas (World Bank apud

BORGES, 2003).

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Em documentos oficiais, o termo governança da água surgiu pela primeira vez no

ano de 2002 na Política Nacional de Águas do Québec. A política das águas na referida

província foi resultado de um processo de cinco anos que se iniciou com a participação de

toda população. O termo utilizado no documento pode ser traduzido como um conceito que

reúne as atividades e os principais instrumentos de gestão da água (QUEBÉC, 2002).

Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento — PNUD, a

governança da água vai além de leis, regulamentos e instituições nacionais, embora sejam

todos componentes muito importantes. Processos que promovem a participação da

comunidade nas tomadas de decisão pertinentes à água, a uma mobilização social e a

outras ações que resultem em investimentos, capacitação e incentivos para a participação

em um nível local.

Segundo Silva (2006), a governança é um conceito pós-moderno, advindo deste

novo ciclo de globalização em que vivemos. Ela possui características duais, que tanto

pode servir para mascarar um processo de agudização da concentração de riquezas, como

pode auxiliar os legítimos esforços das comunidades em aumentar sua capacidade de

soberania e governabilidade local, agindo com prudência e respeito, e fazendo frente a

atual onda avassaladora de homogeneização cultural e econômica. A idéia de governança

surge no vazio de governabilidade provocado pela redução dos governos, resultado das

exigências das políticas neoliberais e da aplicação do conceito de reengenharia aos

processos públicos. Governança significa o aumento da capacidade de governar no nível

local. Este aumento de governabilidade local está associado ao fenômeno da gestão

compartilhada de interesses comuns, no qual a comunidade de interessados passa de

consumidores a definidores e gestores políticos. É o caso da água, um bem público para o

qual os governos possuem muito pouco governabilidade. A idéia de governança que vamos

apresentar agora tem como ponto de partida três estratégias: a pedagógica, a cultural e a

política.

4.3. Modelo de Governança da Água e do Território – Modelo GATS

O Modelo GATS foi desenvolvido como um avanço nas pesquisas de outro

modelo, o Planejamento Estratégico para o Desenvolvimento Sustentável, o Modelo PEDS

(SILVA, 1998). Fundamentado nas teorias da Autopoiésis dos biólogos chilenos Maturana

e Varella, da Complexidade de Edgar Morin e na revisão das diversas abordagens sobre

Planejamento Estratégico.

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A efetividade do Modelo GATS foi comprovada no Projeto Tecnologias Sociais

para a Gestão da Água (TSGA) realizado de 2007 a 2009 pela parceria

UFSC/EPAGRI/EMBRAPA, com administração financeira da Fundação de Amparo à

Pesquisa e Extensão Universitária (FAPEU) e com o patrocínio do Programa Petrobrás

Ambiental.

No município de Urubici o Modelo GATS foi aplicado pela primeira vez em 2008

pela equipe do GTHidro. O foco foi para a gestão da Zona de Recarga Direta do Aqüífero

Guarani (ZRDAG), dando origem a quatro grupos temáticos (GT) de governança: GT

Águas Nascentes e Aqüífero Guarani, GT de Valorização da Floresta de Araucárias, GT

Saneamento, e GT Turismo Educativo.

As tecnologias sociais (TS) tem como princípio serem reaplicáveis em outras

realidades. O Modelo GATS será reaplicado em Itapema, adequando-se às características

da cultura local.

5. METODOLOGIA

A metodologia do trabalho é baseada na aplicação do Modelo GATS e será realizada

durante os estudos para a criação da UC em Itapema.

Figura 1 Modelo de Governança da Água e do Território (Modelo GATS)

Para divulgar o início do processo de governança será feito um grande esforço de

divulgação com envio de cartas e email, distribuição de folders, além de ligações para

autoridades e lideranças de Itapema.

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A primeira etapa dos ciclos de aprendizagem do Modelo é o Acordo Inicial e será

realizado com a presença de professores da rede pública, representantes do IBAMA

(ICMBio), Ministério Público Federal, Fundação Ambiental da Área Costeira de Itapema

(FAACI), EPAGRI, da associação de pescadores, entre outras associações de moradores e

ONGs.

A Economia de Experiência será iniciada em reuniões informais com os habitantes

mais antigos do município. A sistematização dos resultados do diagnóstico interdisciplinar

é o próximo passo. Reunindo essas informações com a revisão bibliográfica e a análise

crítica da aplicação o Dossiê estará disponível para a comunidade em geral.

Na Comunidade de Aprendizagem serão trabalhados textos, temas e tempos em

oficinas, saídas a campo para o REconhecimento do território, produção de mapas

temáticos e do mapa de demandas e potenciais (figura 2).

Figura 2 Fluxograma de informações do mapa de demandas e potenciais

As estratégias de governança serão inspiradas nas demandas. O zoneamento

participativo será realizado durante o seminário de encerramento previsto para novembro.

A realização de audiência pública e o decreto de criação são objetivos que dependem

de terceiros, mas será realizado um trabalho de facilitação e cobrança junto aos órgãos

competentes.

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A cartilha de EA será produzida com o aplicativo CorelDraw e impressa na editora

da UFSC. A distribuição será feita nas principais escolas de Itapema.

Para elaborar o sistema municipal no site da Prefeitura será realizada uma

capacitação em REconhecimento do Território com integrantes do GTHidro e do NEAmb

para a construção de mapas temáticos. Estes mapas serão utilizados na base de dados do

portal virtual.

6. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES

Quadro 1. Cronograma de atividades para 2009meses julho agosto set out nov dez

Aplicação do Modelo GATS X X X X X XEsforço de divulgação X XAcordo Inicial XEconomia de Experiência X XComunidade de Aprendizagem X X XSaídas a campo X XEstratégias de Governança X XSeminário de encerramento X

Quadro 2. Cronograma de atividades para 2010meses jul ago set out nov dez

Revisão bibliográfica XAudiência Pública XDecreto de criação XAnálise crítica dos produtos e das estratégias de governança

X

Concepção da cartilha de EA XDiagramação da cartilha de EA XEntrega da cartilha e palestras nas escolas de Itapema

X

Capacitação e produção de mapas temáticos

X X

Ativação do sistema virtual no site da prefeitura

X

Elaboração do TCC 2 XApresentação à banca examinadora

X

11

7. RESULTADOS ESPERADOS

- Dossiê de economia de experiência sobre a governança de UCs;

- Decreto de criação da(s) UC(s);

- Cartilha de Educação Ambiental impressa e distribuída nas escolas;

- Sistema municipal de informações sobre as unidades de conservação hospedado no site

da prefeitura.

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Lei n° 9.795, de 27 de abril de 1999, que dispõe sobre a Política Nacional de

Educação Ambiental (PNEA). Brasília, DF, 1999.

_______. Lei n° 9.985, de 18 de junho de 2000, que dispõe sobre o Sistema Nacional de

Unidades de Conservação da Natureza – SNUC. 5 ed. Ministério do Meio Ambiente:

Brasília, 2004.

_______. Lei n° 9.433, de 8 de janeiro de 1997, que dispõe sobre a Política Nacional de

Recursos Hídricos – PNRH.

BORGES, A. Governança e Política Educacional: a agenda recente do Banco

Mundial. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 18, n. 52, 2003.

CANET, R. Qu’est-ce que la gouvernance ? Conférences dela Chaire MCD, 2004. Disponível em: http://www.chaire-cd.ca.

DEAN, W. A ferro e fogo – a história e a devastação da mata atlântica brasileira. São

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SC: Editora Insular, 2007.

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Características Geográficas. Rio de Janeiro, RJ: Bertrand Brasil, 2009.

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Tradução de Zuleika Arashiro e Ricardo Dias Sameshima, São Paulo, SP: Instituto Pólis,

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SCHÄFER, W. B. e PROCHNOW M. Mata Atlântica e você: como preservar,

recuperar e se beneficiar da mais ameaçada floresta brasileira. APREMAVI. Brasília,

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