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1 Ano IV - n O 16 - mai/2013 - R$ 3 lcligacomunista.blogspot.com - [email protected] Caixa Postal 09, CEP 01031-970, São Paulo, Brasil Orgão de propaganda da Liga Comunista O Bolchevique Contribuição Solidária R$ 5 Inflação: Que culpa tem o tomate... Servidores/SP - Metalúrgicos/Campinas Solidariedade contra as demissões Resposta do CLQI para a ISL + NESTA EDIÇÃO Derrotar a ofensiva imperialista construindo o partido trotskista da classe operária mundial Derrotar a ofensiva imperialista construindo o partido trotskista da classe operária mundial SAUDAÇÃO DO CLQI AO 1 O DE MAIO

O Bolchevique # 16

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Jornal da Liga Comunista

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Page 1: O Bolchevique # 16

O Bolchevique No15 - março de 2013 1

Ano IV - nO16 - mai/2013 - R$ 3

lcligacomunista.blogspot.com - [email protected]

Caixa Postal 09, CEP 01031-970, São Paulo, Brasil

Orgão de propaganda da Liga Comunista

O BolcheviqueContribuição Solidária R$ 5

Inflação: Que culpa tem o tomate... Servidores/SP - Metalúrgicos/Campinas

Solidariedade contra as demissões Resposta do CLQI para a ISL

+ Nesta edição

Derrotar a ofensiva imperialista construindo o partido trotskista da

classe operária mundial

Derrotar a ofensiva imperialista construindo o partido trotskista da

classe operária mundial

saudação do CLQi ao 1o de Maio

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2 O Bolchevique No15 - março de 2013

Campanha pela reintegração do camara-da Gerry Downing, motorista de ônibus de Londres, demitido por perseguição política

Esclarecemos aos leitores que textos já impressos como panfle-tos sindicais, como no caso do Folha do Trabalhador, textos teóricos clássicos longos ou outros artigos os quais não podemos publicar por limitações técnicas estão disponíveis na íntegra em nosso blog, sendo marcados abaixo como [exclusivo da internet].

1º DE MAIOSAUDAÇÃO DO CLQI AO DIA INTERNACIONAL DOS TRABALHADORESDerrotar a ofensiva imperialista construindo o partido trotskista da classe operária mundial

INFLAÇÃO E LUTA DE CLASSES – 1Que culpa tem o tomate...

CORRESPONDÊNCIA

LC E ISL - 1Carta da LC a ISL[exclusivo na internet]LC E ISL - 2 (english) Carta da ISL a LC[exclusivo na internet]LC E ISL – 3Resposta do Comitê de Ligação pela Quarta Internacional para a Internatio-nal Socialist League (de Israel/Palestina ocupada)O ISL rompe com o LRP (EUA) e prepara seu casamento com o RCIT deslumbrado com a ‘Primavera Árabe’

III CONGRESSO DA TPR ARGENTINA - 1 (español)Compañeros de Liga Comunista de Brasil[exclusivo na internet]III CONGRESSO DA TPR ARGENTINA - 2Saudação do CLQI ao III Congresso da TPR

SINDICAIS

TRABALHADORES DA SAÚDE – SPTrabalhadores e Usuários em Defesa do IAMSPESe a privatização tucana passar, servidores e usuários perderão. IAMSPE, defenda-o!

SERVIDORES ESTADUAIS - SP Greve geral do funcionalismo para derrotar Alckmin,superando as conciliadoras direções sindicais da CUT e cia.

SERVIDORES ESTADUAIS - SPFolha do Trabalhador #23> 8% de Alckmin é migalha para nos desmobilizar... Greve por tempo inde-terminado e atos na Av. Paulista Por aumento salarial de verdade, redução da jornada e estabilidade para todos os trabalhadores precarizados!> Não a privatização do IAMSPE! Incorporação de todos os terceirizados!> Não a redução da maioridade penal! Salário digno, mais educação e menos prisões!

METALÚRGICOS - CAMPINASFolha do Trabalhador # 22Antecipar as negociações da PLR*, antes que a CAF antecipe as demis-sões!

PLRNossa posição acerca da PLR

SUMÁRIO O BOLCHEVIQUE #16 - MAIO DE 2013

A LC do Brasil e a TMB da Argentina tém organizado a campanha pela reintegração do Camarada Downing, do SF bri-tânico, na América Latina.

A partir do chamado em nossos blogs:

LC - http://lcligacomunista.blogspot.com.br/2013/03/campanha-de-solidariedade-por-gerry.htmlTMB - http://tmb1917.blogspot.com.br/2013/03/campana-de-solidaridad-contra-el.html,

a campanha vem ganhado força dentre as organizações polí-ticas que reivindicam revolucionárias como o Coletivo Lênin, Luta Marxista, e o blog El Mundo Socialista, no Brasil, bem como os camaradas da TPR argentina:

CL - Coletivo Lenin - http://coletivolenin.blogspot.com.br/2013/03/pela-reintegracao-do-camarada-downing.htmlLM - Luta Marxista - http://www.facebook.com/photo.php?fbid=349661958479409&set=a.130059770439630.22838.123201384458802&type=1blog El Mundo Socialista - http://elmundosocialista.blogspot.com.br/2013/04/pela-readmissao-de-gerry-downing_3.htmlTPR - Tendencia Piquetera Revolucionária - http://tpr-internet.blogspot.com.ar/2013/04/campana-de-solidaridad-contra-el.html

INTERNACIONAL

SÍRIA Frente Única com a nação oprimida síriae contra os mercenários do imperialismo

TEORIA TROTSKISTA

A Natureza de classe da URSSLeon Trotsky (1933)[exclusivo na internet]

SOLIDARIEDADE DE CLASSE

Campanha pela reintegração do camarada Gerry Downing, motorista de ônibus de Londres, demitido por perseguição política

Pelo direito de organização dos trabalhadores! Abaixo a repressão!

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O Bolchevique No15 - março de 2013 3

Derrotar a ofensiva imperialista construindo o partido trotskista

da classe operária mundial

O CLQI envia suas mais calorosas saudações revolucionárias à classe trabalhadora, aos pobres e oprimidos do planeta que estão lutando contra as últimas fases da pior crise do capitalismo desde 1930. Em meio a esta crise, as classes

dominantes do mundo estão atacando violentamente, impondo uma selvagem austeridade contra os trabalhadores dos países metropoli-tanos e realizando guerras com seus próprios exércitos ou por meio de forças militares serviçais (como as tropas do Qatar e da Arábia Saudita que atuaram a serviço da intervenção imperialista na Líbia e que agora atuam na Síria) na África e no Oriente Médio.

Mali, República Centro Africana, República Democrática do Con-go, Líbia, Palestina, Síria, Iraque, Somália, Etiópia, Eritreia e Afe-ganistão são todas nações devastadas pela guerra. Outras guerras estão surgindo: contra o Irã e a Coréia do Norte. A responsabilida-de por todas essas guerras é do imperialismo mundial, que procura matérias-primas para suas indústrias e mercados para sua produção, garantidos por palhaços dóceis impostos pelas invasões ou por tropas de países títeres.

Defendemos a derrota de todos os exércitos imperialistas e a vitó-ria sobre os mesmos até pelas forças nacionalistas mais reacionárias; tais vitórias sobre os imperialistas mundiais só podem a médio e longo prazo, fortalecer as forças de libertação contra a tirania nacional e local no mundo semicolonial. O mais importante é que estas derrotas das tropas invasoras arranquem a aura de invencíveis das classes dominantes imperialistas e desmascarem as direções políticas e sin-dicais auxiliares do imperialismo.

GRÃ-BRETANHADe país em país, a política de “austeridade” é a resposta capitalista

para esta crise. Os direitos trabalhistas e sociais estão sendo corta-dos. Inclusive na Grã-Bretanha, custear a própria habitação está se tornando algo inalcançável para a classe operária. O Serviço Nacional de Saúde (NHS) está sendo privatizado rapidamente para fazer com que os cuidados de saúde sejam privilégios apenas dos ricos, direito negado aos pobres – a expressão “free at the point of use” (gratuito e no ponto de uso) em breve se tornará uma piada de mau gosto, se não determos este governo reacionário. O mesmo vale para França, Alemanha, EUA, América do Sul, África do Sul, Sri Lanka e para todo o globo.

GRÉCIAA nova onda da crise no sistema bancário de pequenas nações

como o Chipre e a Eslovênia é meramente um prelúdio para uma outra crise geral nas terras do euro. Os Bancos da Irlanda estão no-vamente sobre a inadimplência e depois deles virão os bancos de Portugal, Espanha e Itália e, é claro, da Grécia, onde os padrões de vida caíram desastrosamente e o fascista Aurora Dourada está se projetando ameaçadoramente nas pesquisas. E deve-se ressaltar que este é um verdadeiro partido fascista, não como outros grupos de extrema-direita europeus, como a Frente Nacional na França ou o Vlaams Blok, na Bélgica, que têm fascistas em vários cargos de direção, mas que ainda pretendem trabalhar dentro dos limites da de-mocracia burguesa parlamentar.

A economia grega está contraída pelo 18º trimestre consecutivo. A taxa de desemprego subiu para 27,2% em janeiro. Mais de seis em cada 10 jovens gregos estão sem trabalho. O produto interno bruto caiu 6% nos três meses desde dezembro em relação ao mesmo pe-ríodo do ano passado, depois de cair 6,7% em relação às perspecti-vas do trimestre anterior, informou a Autoridade Estatística Helênica, com sede em Atenas. Um rápido olhar sobre os gráficos mostram que os objetivos da Troika são reduzir o custo unitário do trabalho através do aumento do desemprego para restaurar a taxa de lucro para uma fração ainda menor e mais “enxuta” da classe capitalista. Esse é o futuro do neoliberalismo de Reagan/Thatcher e de todos os trabalha-dores na Europa e no mundo, se não os determos.

Nós insistimos que esta é uma crise derivada da queda da taxa de lucro, a lei mais poderosa da economia capitalista de acordo com Karl Marx, mascarada no passado pela extensão contínua da dívida pública como uma solução para cada crise cíclica até que a montanha de dívida envolveu a todo o sistema capitalista na grande crise de 2008 com o colapso do Lehman Brothers. Não há uma solução refor-mista keynesiana para a crise que inaugurou a mais recente etapa de guerras, golpes, contra-revoluções e crises pré-revolucionárias que inevitavelmente se seguirão. Mas estas crises só se tornarão revolu-cionárias se a classe operária armar-se com um programa e com uma direção revolucionários para lutar contra o imperialismo e o capital.

ARGENTINANa Argentina a estagnação econômica já está instaurada há algum

tempo e fortalece as tendências para a recessão e erosão dos salá-rios pela via inflacionária. Entretanto, um setor da pequena burguesia

SAUDAÇÃO DO CLQI AO DIA INTERNACIONAL DOS TRABALHADORES

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e frações da burocracia sindical estão servindo de massa de uma ma-nobra que aponta para uma saída ainda mais serviçal que a própria Cristina Kirchner.

O Brasil, como Argentina e vários outros países latino-americanos, está no meio da disputa global entre dois grandes blocos do capitalis-mo: o bloco anglo-saxão, por um lado, e o bloco sino-russo, do outro lado. Após a crise de 2008, a China substituiu os EUA tornando-se o maior “sócio” comercial de vários países latino-americanos, como o Brasil.

No último período, o patronato do Brasil e da Argentina, e mais ainda, as multinacionais automobilísticas imperialistas, tratam de ex-plorar as desigualdades entre as fronteiras, chantageando sempre de forma selvagem o proletariado de um lado e do outro, para arrancar taxas de mais-valia maiores e o máximo de subsídio estatal. Sob es-tas premissas objetivas, estão postas as condições para a unidade do proletariado dos dois países.

BRASILA recessão mundial chegou tarde no Brasil, onde a burguesia

aproveitou a especulação imobiliária alimentada pelo fato do país se-diar a Copa do Mundo de futebol em 2014 e as Olimpíadas em 2016. Ainda assim, o Brasil foi atingido, a partir de meados de 2012, pela recessão e estagnação industrial, acompanhados de inflação e outros ataques diretos à classe trabalhadora.

A partir de agosto de 2012, a direção da fábrica da General Motors em São José dos Campos (SP) lançou um ataque terrível contra os metalúrgicos. A multinacional ameaçou fechar a fábrica para impor demissões, suspensões, renúncia de direitos históricos e achatamen-to salarial. O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, dirigido pela CSP-Conlutas (braço sindical do PSTU/LIT), cedeu a es-tas chantagens e concordou com o layoff (suspensão temporária dos contratos de trabalho) para 940 operários. Destes, quase 600 acabam de ser demitidos. Trata-se de uma política desastrosa desta direção sindical, política de colaboração de classes que desde 2011 tem cei-fado o emprego de mais de 1100 metalúrgicos da GM, através de demissões “voluntárias”. Em 26 janeiro de 2013 foi assinado um acor-do escravocrata, entre o Sindicato e a Multinacional, que aumenta a jornada de trabalho, reduz o salário e permite a demissão de centenas de operários pais de família. A desculpa da direção da Conlutas foi de que esta “era a única coisa possível a ser feita”. O PSTU/LIT ensina a política errada, dizendo para a classe trabalhadora que “a única coisa possível” é render-se aos patrões sem lutar. Assim, eles mesmos não se mostram melhores do que a pelega CUT, central sindical do PT, que tantas vezes criticam, corretamente, como lacaios dos patrões. Com estas desculpas patéticas, PSTU/LIT traem os setores radicali-zados da classe trabalhadora que os seguem.

A principal tarefa dos trotskistas no Brasil é voltar-se para a clas-se operária, conquistando-a, para romper a influência do PT, Lula e Dilma e dar um novo rumo para a luta revolucionária do proletariado. A política de traição de classe da Conlutas e do PSTU, que assinou o acordo e semeou ilusões que o governo burguês de Dilma era fa-vorável aos trabalhadores e não à multinacional dos EUA, prova que este partido é incapaz de servir como um instrumento para a classe trabalhadora contra seus patrões. Pelo contrário, o PSTU demonstra ser um importante aríete para destruir a resistência da classe trabal-hadora em favor de ataques imperialistas pela “austeridade” no Brasil, para a escravização da classe trabalhadora. Este acordo criminoso da Conlutas/LIT servirá de padrão para os próximos ataques, não apenas contra os metalúrgicos da GM, mas contra toda a classe tra-balhadora, pavimentando o terreno para a imposição do famigerado “Acordo Coletivo Especial”.

VENEZUELANa Venezuela, o candidato chavista Maduro quase não sobrevi-

veu à eleição, obtendo menos de 51% dos votos. O ex-maoísta e motorista de ônibus apelou para o apoio dos reacionários líderes da Igreja Católica e do alto comando militar. Ele anunciou um programa de cortes e de desvalorização da moeda: “temos que aprender a fazer muita coisa com um pouco, mais com menos”, disse.

Maduro é membro da nova boliburguesia, parte da nova burguesia que se beneficiou amplamente com o setor público, no reinado de Chávez. Apesar de fazer alguma concessão aos pobres e fornecer alguns elementos do Estado de bem-estar em aliança com Cuba, Chávez manteve intacto o capitalismo de tal forma que agora o apoio popular tem diminuído a tal ponto que cresce a desilusão nas favelas e bairros pobres, e a distância política entre o setor mais reacionário da burguesia e os chavistas diminuiu para apenas 1,6%.

O PSUV é um partido populista burguês, anti-operário, que está perdendo o seu apoio de massa porque a política econômica bur-guesa chavista, baseada na manutenção do fornecimento do petróleo para o imperialismo (após a crise de 2008, estão caindo as expor-tações de petróleo da Venezuela para os EUA, ainda hegemônico, e aumentando as exportações para a China), passa por realizar planos de austeridade contra as massas. Portanto, os revolucionários deve-riam ter chamado o voto nulo nas recentes eleições presidenciais ve-nezuelanas, chamando taticamente uma frente única anti-imperialista com o chavismo para esmagar a direita golpista e testa-de-ferro do imperialismo, e construir um partido de trabalhadores para lutar pela expropriação da burguesia bolivariana através da revolução social, único caminho para conquistar o socialismo no século XXI.

CORÉIA DO NORTENós, trotskistas do CLQI, estamos pela defesa incondicional do

Estado operário da Coréia do Norte, contra os bloqueios e contra qualquer ataque ou provocação imperialistas. Defendemos o direito do Estado operário a possuir armamento nuclear contra seus adver-sários. O imperialismo anglo-saxão quer avançar sobre a Ásia, sobre os escombros do último Estado operário asiático, com a ajuda da burguesia chinesa, que negocia com a influência política que exerce sobre a Coréia do Norte, para retardar a ampliação do domínio militar dos EUA no Oceano Pacífico. Mas essa política criminosa do PCCh só fortalece os EUA, inclusive contra a própria China. Por sua vez, a política de “socialismo em meio país” da burocracia stalinista norte-coreana estrangulará o Estado operário. Defendemos uma revolução política na Coréia do Norte e a substituição da burocracia por con-selhos operários e camponeses. Defendemos a revolução social na Coréia do Sul e a reunificação soviética da península coreana.

JAPÃONeste processo, o concentrado proletariado japonês deve ser con-

vocado a cumprir um papel independente, unificando-se com seus irmãos coreanos contra seu próprio imperialismo e contra o bloco anglo-saxônico do qual o Japão é satélite. O proletariado japonês, que foi vítima dos dois ataques nucleares já cometidos no planeta na Segunda Guerra Mundial, não pode ser arrastado a atuar novamente como bucha de canhão contra seus irmãos de classe coreanos e chi-neses. Deve, ao contrário, jogar um papel importantíssimo na futura batalha do pacífico.

Esta é uma crise global de proporções contra-revolucionárias. O surgimento do Aurora Dourada na Grécia é um indício do que vai acontecer em todos os lugares, se nós falharmos em nossa missão de apontarmos como tática a edificação de frentes de ação pela luta direta contra o avanço do fascismo e se não construirmos estrategi-camente uma direção bolchevique internacional, a reconstrução da Quarta Internacional.

O “Aurora Dourada”, melhor dizendo, o ocaso da impotência refor-mista na Grécia, que ameaça arrastar o proletariado helênico se este não constitui uma direção bolchevique, que rompa com o reformismo decadente. Trata-se de uma expressão grega da uma tendência em desenvolvimento em nível internacional de fascistização da ditadura do capital. De nossa parte, assinalamos que a tarefa de construção de uma direção bolchevique internacional é uma condição imprescindí-vel, ainda mais agora, quando cresce a ameaça da noite da democra-cia burguesa, para que esta não se transforme em um inverno polar de barbárie totalitária para o proletariado e ao revés – com a saída revolucionária – brilhe a luz que aponte – desta vez sim – a aurora de um novo dia: a vitória do socialismo.

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La hierba de los caminos la pisan los caminantesy a la mujer del obrero la pisan cuatro tunantes de esos que tienen dinero

Que culpa tiene el tomate de estar tranquilo en la matasi viene un hijo de puta y lo mete en una lata y lo manda pa caracas

que culpa tiene el cobre de estar tranquilo en la minasi viene un yanqui ladrón y lo mete en un bagon y lo manda a nueva york

los señores de la mina se han comprado una romanapara pesar el dinero que toditas las semanas le roban al pobre obrero

cuando quiera el dios del cielo que la tortilla se vuelvaque la tortilla se vuelva que los pobres coman pan y los ricos mierda mierda

O título de nosso artigo: “que culpa tem o tomate” é um fragmento de uma canção popular cantada pelo grupo musical chileno Quilapa-yun. O tomate, que chegou a cerca de 10 reais o quilo, é apontado como vilão da inflação. Seu preço subiu quase 122% só no último

ano. Em Pernambuco, no mesmo período, o custo do quilo do tomate aumen-tou 220% e o do chuchu, 300%. Essa tendência de alta não se manterá inde-finidamente, os preços deverão cair como aponta o recuo de 43% do preço do tomate na Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo). Todavia, em março, a cebola subiu mais que o tomate. “Só durante o mês de março, a cebola, subiu 21,43%; a cenoura, 14,96%;o feijão-carioca, 9,08%; e a batata inglesa, 6,14%. Os alimentos e bebidas foram responsáveis pelo aumento de 60% da inflação em março.” (Valor,10/04/2013).

Entretanto, enquanto os preços vêm subindo até 20% ao mês e mais de 100% anualmente, os salários não chegam a 8% durante todo o ano. Cretina-mente, o Dieese, instituto de pesquisa auxiliar da burocracia sindical petista, mais governista do que nunca, comemora: “os reajustes salariais têm melhor ano da história em 2012. Ao todo, 94,6% dos reajustes negociados ficaram acima da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), medido pelo IBGE. Outros 4,1% ficaram igual ao índice e 1,3% fica-ram abaixo do indicador. O valor médio do aumento real (já descontado da inflação) foi de 1,96%.”

Além dos alimentos e bebidas, a burguesia também vem culpando as domésticas (escravas de casa) pela inflação de março: “Alimentos e domésti-cos foramresponsáveis por 73% da inflação de março” (Folha de São Paulo, 10/04/2013). Na verdade, foram os capitalistas comerciantes que aumenta-ram em 8,37% seus serviços nos últimos 12 meses, muito antes da mudança cosmética e demagógica do Congresso Nacional para as trabalhadoras do-mésticas. Mas, assim como as faxineiras, outros acusados são o clima, a seca nos EUA e no Brasil em 2012, e os altos custos do transporte (buracos nas estradas agravados nos meses de chuva) e armazenamento, este último “vilão” se insere no debate para a ampliação da privatização dos portos pelo governo Dilma. De modo que, culpado pela inflação, não tem um capitalista no banco dos réus como de praxe na jurisdição burguesa.

As pesquisas também divulgaram o óbvio, quanto mais pobre for a família de trabalhadores, maiores são seus gastos com alimentação e piores são suas condições de vida. Segundo o Dieese, uma família de quatro pessoas gastou, em média, R$ 829 para comprar uma cesta básica em março – R$ 21 a mais que o que gastava no mês anterior. Isto, poucos dias depois que Dilma anunciou em rede nacional de televisão a eliminação de impostos sobre os produtos da cesta básica!

A culpa não é do tomate, que supostamente teria ganho vida própria como nos banais filmes de ficção “tomates assassinos” para fazer maldades, no caso, desaparecendo dos mercados para se ultra-valorizar. A culpa também não é de nenhum dos outros eventuais acusados pela imprensa burguesa. A culpa é do capitalismo que quanto mais lucra mais quer lucrar. Ironicamente a inflação dos alimentos ocorre em meio a maior colheita já registrada no Brasil, uma super-safra de grãos, que alcançou a produção de 184 milhões de tone-ladas (10% superior ao ano passado). Mas esta mega-produção é composta de commodities agrícolas (como a soja e milho) voltadas para a exportação que, em plena expansão territorial, tensionam a especulação imobiliária e leva a ruína aos pequenos produtores agrícolas.

O Ministério da Agricultura registrou que, no último ano, a área plantada de soja cresceu 2,67 milhões de hectares e as áreas plantadas de tomate recuaram. “Na avaliação dos pesquisadores do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), a descapitalização do produtor, devido

aos preços baixos no ano passado, provo-cou uma redução de área de 17,5% nas principais regiões de produção. A esti-mativa mais recente do IBGE indica 3,8 milhões de toneladas para este ano, 2,4% menos do que se estimava no início do ano.”

Assim, parte da responsabilidade pela inflação pelo preço dos alimentos deve-se ao latifúndio, ao agro-negócio exportador, usineiros e sojeiros e em especial ao governo PT-PMDB que os representa: “70% dos alimentos que chegam a mesa dos brasileiros vêm da agricultura familiar. Realizada em pequenas proprieda-des, em geral pelas próprias famílias, diferentemente da agricultura patronal. Essas pequenas propriedades representam cerca de 84,4% do total, mas ocupam apenas 24,3% da área agricultável no Brasil. As outras 15,6% de propriedades ocupam 75,7% da área agricultável nacional, são os latifúndios. Esses latifúndios, produzem apenas 30% do consumo nacional agropecuário. Apesar de suas enormes dimensões eles não estão voltados para alimentar o povo brasileiro. Sua orientação maior é para o lucro e o que tem dado mais lucro a eles é a produção de soja para fazer, por exemplo, ração para os porcos na Europa.” (Pragmatismo Político, 08/04/2013).

Em outras palavras, ou nós ou eles, ou o grande capital agrícola continuam lucrando ou nós comemos. É preciso girar a produção, que hoje tá na mão do latifúndio assassino, do monocultivo voltado para o mercado exportador para a produção de alimentos para o povo, para isto, é necessário estatizá-la em grandes fazendas agroindustriais. A pequena agricultura familiar, advogada como modelo pelo MST, embora nas atuais condições falimentares seja res-ponsável pelo abastecimento do mercado interno, não representa uma saída progressiva do ponto de vista produtivo na luta pela expropriação da agroin-dústria capitalista. É preciso dar um salto de qualidade na produção nacional de alimentos, e pode o modelo das grandes empresas agrícolas industriais estatais do futuro conviver com pequenas cooperativas agrícolas. Mas, divi-dir grandes empresas em pequenas glebas para a agricultura familiar, com técnicas mais artesanais de cultivo, geraria um desperdício produtivo frente a capacidade superior da economia industrial diante da economia doméstica.

Mas o que acabamos de dizer aponta que o latifúndio exportador contribui para o aumento dos preços dos alimentos, mas não explica todos os outros aumentos como os dos preços da terra, dos serviços, etc. Uma vez que o fenômeno da inflação atinge profundamente as condições de vida dos trabal-hadores e generaliza-se muito além dos alimentos trataremos de identificar em textos futuros suas causas principais na forma como o governo burguês brasileiro reage a guerra cambial desatada pelo imperialismo, favorecendo a exploração da burguesia instalada no Brasil sobre o proletariado e ao agrone-gócio assassino de trabalhadores rurais.

Para, como alenta a música, “que la tortilla se vuelva que los pobres co-man pan y los ricos mierda”, lutamos por 1) implementação do gatilho salarial; 2) comitês populares controle de preços, unindo a luta contra o aumento dos alimentos, contra a especulação imobiliária que despeja e faz imóveis e alu-guéis dispararem, contra o aumento geral das passagens previsto para junho; 3) salário mínimo vital; 4) criação de comitês populares de auto-defesa e ação direta dos camponeses pobres, sem terras e sem teto; 5) um Congresso Na-cional Metalúrgico para derrotar o Acordo Coletivo Especial que retira direitos trabalhistas históricos; 6) expropriação do latifúndio e do capital financeiro; 7) criação de uma oposição operária e camponesa revolucionária ao governo Dilma e pela revolução socialista. Estas lutas passam longe dos objetivos da Marcha de pressão sindical para reformar a política econômica do governo Dilma, a ser realizada no dia 24 de abril, atividade impulsionada pelo Es-paço de Unidade e Ação (CSP-Conlutas, CUT Pode Mais, MST, Intersindical/PSOL). Todas estas lutas só podem unificar-se mediante a construção de uma direção revolucionária para o conjunto dos enfrentamentos da luta de classes, esta direção é um partido revolucionário dos trabalhadores.

Que culpa tem o tomate...INFLAÇÃO E LUTA DE CLASSES

Page 6: O Bolchevique # 16

6 O Bolchevique No15 - março de 2013

A Participação nos Lucros e Resultados (PLR) converteu-se em um pequeno alívio nas dívidas acumuladas pela clas-se trabalhadora principalmente durante a era lulodilmista, ou seja, durante os governos burgueses do PT que se opõem a reposição das perdas salariais, ao reajuste real dos salários e ainda maquiam os dados econômicos reais para apresen-tar uma inflação menor do que a que sentimos. Estes go-vernos enganam os trabalhadores e favorecem ao grande capital através da expansão do crédito (nós já tratamos dos riscos deste “truque” em “Medidas ‘anti-crise’ de Dilma, ma-tando a sede com águasalgada, Editorial d’O Bolchevique #10”).

SISTEMA DE BARRACÃO DE PLÁSTICO - Com salários corroídos e sendo obrigados a endividar-se não apenas para realizar alguns miseráveis “sonhos de consumo” (TV LCD, celulares, iphones, notebooks, carro 0, etc.) aos quais são induzidos pelo bombardeio sistemático do marketing bur-guês, mas sobretudo para sobreviver os trabalhadores brasi-leiros do século XXI sofrem uma nova versão da escravidão por dívida, uma versão “moderna” do sistema de “barracão”, onde os colonos da fazendas não viam a cor do dinheiro e sempre estava sobre-endividados com o Barracão do dono da fazenda. O cartão de crédito é o barracão de plástico.

Historicamente, desde a III Internacional de Lenin e Trots-ky e da Internacional Sindical Vermelha, os marxistas se ca-racterizam a participação nos lucros como um engodo capi-talista. No Brasil, muitas vezes os patrões empurram goela abaixo o sistema de metas para conceder a PLR tentando converter os trabalhadores em cúmplices de sua exploração e de seu assédio moral. Foi assim no acordo escravocra-ta estabelecido entre o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, dirigido peal CSP-Conlutas-PSTU, e a maior multinacional automobilística do planeta, a GM.

POR UM DÉCIMO QUARTO SALÁRIO PARA O PROLETA-RIADO - Nós da LC, cientes do sobreendividamenteo pro-letário não nos opomos a que os trabalhadores se aliviem recebendo a PLR, lutamos para que isto ocorra sem metas de produção, etc e buscamos convertê-la em um 14º salário com valor correspondente a maior PLR já reivindicada por cada categoria. Por isto, discordamos da reivindicação acrí-tica da PLR e denunciamos que a PLR é um engodo patro-nal, reivindicando a incorporação do que é pago como PLR, assim como o conjunto das gratificações e abonos salariais, reivindicamos a reposição de nossas perdas históricas e a antecipação da campanha salarial.

* Nossa posição acerca da PLR

Antecipar as negociações da PLR*, antes que a CAF antecipe as demissões!

Todos sabem que a CAF Brasil segue querendo demitir mais trabalhadores. Isto ocorre porque a matriz em Beasain (País Basco/Espanha) alega estar em dificuldade. Em março de 2013 a CAF-

Brasil fez questão de perder a licitação para ela mesma.

METALÚRGICOS - CAMPINAS

Reproduzimos abaixo o FdT#22 distribuído na CAF, delimitando-se da orientação po-lítica de negociações estabelecidas entre a multinacional basca e a ASS, que dirige o

Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas

Cobrou o dobro do valor de seu trem para a CPTM (Revis-ta Ferroviária, “Indústria frus-tra a maior encomenda da CPTM”, 06/03/2013*) com a clara intenção de ver a licitação cancelada na “maior encomenda de trens elétricos do país” segundo a Revista, para se abrir uma licitação internacional e a matriz na Espanha ganhar a licitação.

Sabendo disto, vem a pergunta: quando acabar o metrô de Recife, a CAF-Brasil vai demitir mais trabal-hadores? Sim ou não? Como nós não acreditamos em coelhinho da páscoa, defendemos que sejam abertas as negociações de PLR imediatamente. Senão, o metrô de Recife acaba, ela demite, e depois que passar o facão, ela só vai precisar negociar a primeira parcela da PLR (85%) para quem ficar na empresa.

Ano passado, a greve começou dia 27 de abril, após esgotarem todas as negociações. Defendemos: que as três reuniões obrigatórias por lei para se negociar a PLR sejam dias: 05/04; 19/04; e 03/05. Ou seja: se até inicio de maio não tivermos acordo em valores de PLR vamos a greve! Nenhuma demissão, estabilidade para todos, an-tecipação das negociações da PLR já!

Caixa Postal 09 CEP 01031-970 São Paulo/SP - Brasil

O Bolcheviquelcligacomunista.blogspot.com

As opiniões expressas nos artigos assinados ou nas correspondências não expressam necessariamente o ponto de vista da redação.

Orgão de propaganda da Liga ComunistaAno IV - NO16 - janeiro de 2013

A Liga Comunista é membro do Comitê de Ligação pela IV Internacional (CLQI) juntamente com o Socialist Fight da Grã Bretanha e a Tendencia Militante Bolchevique da Argentina.

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O Bolchevique No15 - março de 2013 7

O ISL rompe com o LRP (EUA) e prepara seu casamento com o RCIT deslumbrado com a ‘Primavera Árabe’

O CLQI esforça-se por construir um reagru-pamento revolucionário principista resga-tando o programa da Quarta Internacional de Trotsky, baseado nos quatro primeiros

Congressos da Internacional Comunista. Isto signifi-ca resgatar o método comunista contido no Progra-ma Transição e, em especial, os métodos de cons-trução da Frente Única Operária e da Frente Única Antiimperialista (FUA) contidos nestes documentos. Procuramos realizar esta tarefa por meio de rupturas e fusões que conduzam a acordos políticos, progra-máticos e ideológicos, em primeiro lugar, com aque-les que reivindicam o nome do trotskismo. Compre-endemos que poucos anos após o assassinato de Trotsky por um agente de Stalin, Ramón Mercader, em Coyoacán, México, em 20 de agosto de 1940, a Quarta Internacional iniciou um processo político degenerativo própria de grupos centristas, a partir do isolamento da seção dos EUA e a pelo alto cus-to do assassinato de seus melhores quadros pelos nazistas, stalinistas (muitas vezes em colaboração com os primeiros) e pela infiltração da GPU e da CIA em suas fileiras provocando a morte de marinheiros trotskistas americanos, de Leon Sedov, o jovem filho de Trotsky e de seus secretários Erwin Wolf, Rudolf Klement e Ignace Reiss, sendo este último um desertor das fileiras da bu-rocracia stalinista em favor do trotskismo. Mesmo assim, após a II Guerra Mundial, ocorreram sérias lutas para restabelecer as bases principistas da fundação da IV Internacional as quais temos a intenção de defendê-las como conquistas teóricas e políticas sobre as quais avançaremos e nos construi-remos.

O processo de reagrupamento atual entre a Liga Socialista Internacio-nal (ISL) da Palestina e a Tendência Revolucionária Comunista Internacional (RCIT) não se baseia nestes princípios. O RCIT rejeita todo o trotskismo exis-tente logo após o assassinato de Trotsky, daí a sua orientação pela 5ª Interna-cional, e Yossi Swartz, principal dirigente do ISL, tem se agrupado com quase todas as correntes trotskista do planeta sem aderir a quaisquer princípio que não possa jogar no lixo já na relação política seguinte. Daí a proposta de casamento envolve o tradição do sectarismo do RCIT que segue a tradição de sua corrente fundadora, o Workers Power britânico e do oportunismo de Yossi, um camaleão político e seu grupo.

Este documento do CLQI é uma resposta a uma carta enviada por Yossi a Liga Comunista do Brasil, carta com posições centristas e pró-imperialistas claramente influenciadas pelas posições burguesas do Hamas e da “Prima-vera Árabe”. Deslumbrados com o aparente sucesso da “Primavera Árabe”, ISL e RCIT não conseguiram ainda identificar a mão do imperialismo contro-lando os grupos de oposição na Líbia e na Síria. Incapazes de defender uma FUA contra as forças de pró-imperialistas, ambos os grupos repetem tola-mente a propaganda de guerra da grande burguesia mundial de que na Líbia e na Síria ocorrem genuínas “revoluções”. Paradoxalmente, sua capitulação política para o Hamas em Gaza lhes aproximou da mesma trincheira de Israel e do sionismo na guerra civil síria.

OS ZIG-ZAGS DE YOSSI

Depois de uma ligação de seis anos, a ISL rompeu relações com a Liga para o Partido Revolucionário (LRP) e parece estar se preparando para pular na cama com o RCIT, cuja principal seção é a Organização Comunista Revo-

Resposta do Comitê de Ligação pela Quarta Internacional para a International Socialist League (de Israel/Palestina ocupada)

lucionário de Libertação (RKOB) da Áustria, ex-afiliada da Liga para a Quinta Internacional, dirigida pelo Workers Power britânico. [1] Aparentemente, será um namoro difícil, mas analisando melhor a trajetória Yossi encontramos meia dúzia de manobras semelhantes no passado, e não duvidamos de sua capa-cidade de realizar esta também. Aceitar a “Quinta Internacional” talvez fosse um obstáculo (tal fusão resultaria em um bloco sem princípios?), mas não para quem abraçou por seis anos os shachtmanistas da LRP, para Yossi não deve ser uma provação insuportável. Conseguir fazer com que sua militância tenha estômago também para isso é o suficiente. Yossi tem acumulado tantos zigs-zags em sua trajetória política (infelizmente nem tudo está disponível online) que é fácil refutar suas posições de hoje a partir de suas posições de ontem. Os espartaquistas (Liga Comunista Internacional) de onde ele se ori-ginou, se divertem com isto e o RCIT tem posições reacionárias semelhantes às da ISL na Líbia e Síria.

Yossi foi um dirigente da Liga Trotskista, a seção espartaquista canadense (ICL), por muitos anos, após ter iniciado sua militância no Partido Comunis-ta de Israel. Por volta de 1995, subitamente ele contactou R.P., dirigente da Tendência Leninista Trotskista (LTT). A seção britânica da Liga Operária Inter-nacional, a qual, o atual dirigente da CLQI, Gerry Downing, havia se somado alguns anos antes. Ele declarou o seu acordo incondicional com o principal do nosso programa e nós, em seguida, começou a fazer declarações políticas em Quebec sobre seu direito à auto-determinação. Na época, ele alegou ter superados a linha dos espartaquisas sobre a Palestina, criticando a recusa da ICL a tomar partido na guerra de 1948, a que levou à formação de Israel. Ele se juntou com o seu companheiro fundando a seção canadense da LTT. Ele ajudou RP em mudar a posição da LTT sobre Israel/Palestina de “es-tado democrático secular da Palestina” para passar a defender um “estado bi-nacional”, o reconhecimento de Israel como uma nação e, portanto, seu di-reito à auto-determinação orientando-se para a classe trabalhadora, incluindo os trabalhadores judeus. Yossi e Gerry sempre se opuseram a todas acerca da posição de dois estados. Ele convenceu Gerry desta posição, naquele momento, a defesa do “estado democrático secular” era, obviamente, uma capitulação a Yasser Arafat, a OLP e a burguesia árabe, que defendiam esta consigna. Voltaremos a este ponto vital mais tarde.

Secretário de Estado dos EUA, John Kerry, centro, Secretário das Relações Exteriores britâ-nico, William Hague, à esquerda, e o Ministro das Relações Exteriores da Itália,Giulio Terzi se reunem com os O grupo os “Amigos do Povo Sírio”. Para Yossi: “é evidente que, pelo menos até agora, os Imperialistas ocidentais não têm armado os rebeldes.”

CORRESPONDÊNCIA LC E ISL - 3

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Em 1996 ocorreu uma divergência entre Gerry Downing e Yossi, quando Gerry produzido um documento sobre a tática de guerra de guerrilha para o jornal LTT “Em defesa do marxismo” (o mesmo nome da revista IMT). Yossi, apoiado por R.P., opôs-se caracterizar Mao e ao Partido Comunista chinês como parte do movimento dos trabalhadores. [2] Gerry foi relutantemente forçado a mudar o artigo, mas ele nunca concordou. Ele preferiu levantar muitas dúvidas de que na China se aplicaria a teoria dos Estado operário deformados e não levar em conta o caráter internacional do stalinismo. A ca-racterização de Trotsky de que o PCCh “se separou de sua classe” quando adotou táticas de guerrilha não representava nada para Yossi. Todavia com a vantagem de analisar os fatos em perspectiva, podemos hoje compreender como esta discussão refletia as tendências de Yossi em direção ao Shacht-manismo.

A LTT implodiu em 1999 e, de acordo com a Wikipedia, em 2002, Yossi já estava de volta na Palestina. Ele é um judeu palestino. No artigo da Wiki (muito provavelmente escrito pelo próprio Yossi) diz:

“A SWL (Socialist Workers League, Liga Socialista dos Trabalhadores, 2002-4) foi construído como um resultado de uma cisão iniciada por trotskis-tas que faziam parte do Comitê Israelense para Uma República Democrática da Palestina. Os trotskistas, liderados por Schwartz, acreditavam que só um programa que luta por uma república socialista palestina pode unir os trabal-hadores árabes palestinos e camponeses da região. Com dois camaradas, Schwartz fundou uma facção chamada Militantes pela Quarta Internacional (MFI em inglês). O MFI continha apenas 5-6 camaradas”. [3]

Vale ressaltar aqui que Yossi evidentemente mudou de posição e também a de seus seguidores. A partir de agora ele rejeitava o direito de Israel à auto-determinação e negava que se tratasse de uma nação. A SWL imediatamente contatou a Partido Obrero (Argentina) e tornou-se uma seção de sua Interna-cional, o Comitê de Coordenação pela Refundação da Quarta Internacional (CRQI). A orientação frente populista do PO, dirigida pelo veterano Jorge Alta-mira, aparentemente, não representou um obstáculo para a SWL.

E agora como um terceiro giro sobre esta questão vital:

“Durante 2002 e início de 2003, o SWL tentou lançar um movimento por uma única e democrática república com o Movimento Abnaa el-Balad. O fra-casso para construir esta campanha levou a fração minoritária concluir que ela deveria aliar-se ao Partido Comunista de Israel e pedir voto para sua frente política, o Hadash. A maioria, liderada pelos companheiros ligados ao PO argentino, defendia que as eleições de 2003 deveriam ser boicotadas. Como resultado da luta entre facções, o SWL (Minoria) mudou seus pontos de vista e aceitou o direito do povo de Israel para a auto-determinação, na perspectiva da federação socialista do Oriente Médio, com plenos direitos culturais e nacionais para todas as minorias. Em junho de 2003, o SWL (Mi-noria) decidiu tornar-se defensor político da Corrente Marxista Internacional (CMI em português, IMT em inglês), liderado por Alan Woods e do falecido político trotskista, Ted Grant. Ele mudou seu nome para Círculo Em Defesa do Marxismo (IDMC), a partir de sua entrada dentro do Partido Comunista de Israel e, mais tarde, dentro do Partido Trabalhista (Israel). A SWL foi dissolvi-da e não existe mais. [4]

Neste momento, Yossi e seus companheiros novamente passam a advo-gar que Israel é uma nação, defender o seu direito à auto-determinação e a posição de defender como saída para a questão palestina a criação de um “Estado bi-nacional” mais uma vez.

Mas, um quarto namoro de verão fez com que o grupo mudasse de po-sição para seduzir um novo amante:

Em julho de 2007, Yossi e seus companheiros deixaram a Corrente Mar-

xista Internacional corretamente porque teve problema com a recusa do CMI para defender o Hamas contra o ataque de Arafat sobre ele, ataque patroci-nado por Israel-EUA após a sua vitória eleitoral do Hamas na Faixa de Gaza em 2006. Agora, Yossi reassume “novamente algumas das políticas da SWL, mas defendendo a análise de que o regime da URSS era de ‘Capitalismo de Estado’ e mudando seu nome para a Liga Internacionalista Socialista.” (http://en.wikipedia.org/wiki/Socialist_Workers_League)

Reassumiu também a defesa da posição de lutar por “Um Estado demo-crático” para a Palestina. Para justificar esta nova mudança vemos que em 2007 ele descobriu grandes problemas históricos com Grant, Woods e CMI:

“Além disso, os camaradas do ISL entendem que por trás da recusa do CMI para defender o Hamas contra os ataques pró-imperialistas da Fatah, havia uma acomodação geral do CMI ao imperialismo. Por exemplo, no caso da guerra das Malvinas (Falklands) de 1982, o CMI se recusou a defender a Argentina, um país neo-colonial oprimidos contra o imperialismo britânico. Da mesma forma, nas lutas na Irlanda do Norte, o CMI se recusou a ficar do lado do Exército Republicano Irlandês contra o imperialismo britânico. E, além do CMI, os camaradas do ISL notaram que todos os grandes grupos que reivindicam a bandeira do trotskismo traíram em algum momento ou outro o princípio da firme defesa dos oprimidos contra ataque imperialista.” http://www.thecommunists.net/worldwide/africa/victory-to-syrian-revolution/

A descoberta do grupo, da teoria do “capitalismo de Estado” levou-o a aproximar-se da internacional do SWP britânico, a Tendência Socialista Inter-nacional (IST, a qual é ligado o grupo Revolutas do PSOL brasileiro), neste momento ele teve uma série de artigos publicados na Internacional Socialista (ainda publicada). O SWP britânico tem uma posição anti-sionista relativa-mente boa, mas descamba para um anti-imperialismo oportunista, com uma tendência a capitular diante dos adversários islâmicos do imperialismo, como o Hamas na Faixa de Gaza e da República Islâmica do Irã. Yossi essencial-mente abraçou essas concepções, mas logo descobriu que:

“Mas uma revisão rápida (!) da trajetória política da IST revelou um padrão de posições oportunistas não melhores que as do meio do “trotskismo orto-doxo” com quem a IST havia rompido. Em particular, o SWP é anti-sionista, mas habitualmente capitula perante as lideranças nacionalistas e islâmicas, tanto na Grã-Bretanha quanto nos países do Oriente Médio ocupado pelos países imperialistas. A ISL teve uma breve correspondência com o IST, que também revelou que o IST possui uma atitude incrivelmente cínica para as perspectivas de luta revolucionária da classe operária no Oriente Médio: o IST aconselhou o ISL a desistir de seus esforços e mudar para a Inglaterra!” (Joint ISL / PRL 2009).

Esta é boa! Yossi tem sido ativo como trotskista por várias décadas mas foi somente em 2007 e 2008 que ele de repente descobriu estas verdades ób-vias que qualquer trotskista sério deveria saber sobre a política e os métodos de dois dos maiores grupos da extrema-esquerda internacional, a CMI e o SWP (IST). A CMI é mais branda contra o imperialismo, característica da IST para com os oponentes Islâmicos do imperialismo. Todavia, isto não impediu que os dois grupos possuíssem uma posição semelhante na Líbia e na Síria – para a IST, qualquer luta anti-regime realizada pelos islâmicos fanáticos [7] é uma luta anti-imperialistas porque eles apoiaram os Mujahideen no Afega-nistão contra a União Soviética nos anos 80. Yossi certamente sabia de todos esses detalhes já entre 1995-9 quando o LTT discutia estas questões, mas Yossi tem uma incrível capacidade de “esquecer” todos os fatos e posições políticas incômodas quando estabelece novas aproximações políticas.

O OPORTUNISMO DA ISL EM RELAÇÃO AOS ESTADOS OPERÁRIOS DE-FORMADOS

“O núcleo da fé da ortodoxia residia tinha como eixo a concepção de que os Estados stalinistas eram Estados operários. Essa opinião foi refutada pelo fato de que a classe trabalhadora não moveu um dedo para defender “seus” estados quando eles entrassem em colapso e, em muitos casos, tenham sido a força de massa fundamental na luta anti-stalinista. Mas se a Estados stali-nistas não eram Estados operários, qual era então sua natureza de classe? Os camaradas ISL corretamente concluíram que, se a classe trabalhadora tinha sido oprimida e explorada por aqueles estados, então a burocracia stali-nista que governava eles deveria ter funcionado como uma classe dominante capitalista.” (Declaração conjunta ISL/LRP - 2009). [8]

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Mas, todos devem esquecer tudo isto agora porque apesar de seu grande e embaraçoso rebanho de descendentes, um noivo novo apareceu no hori-zonte e a noiva proclama efusivamente sua virgindade política:

“Por isso, é importante entender a diferença entre o “Capitalismo de Es-tado”, como o regime bonapartista da Síria ainda o é, e um Estado operário deformado como Cuba ou Coréia do Norte ainda são. O Capitalismo de Esta-do é uma economia onde a classe dominante é a classe capitalista e a nacio-nalização da economia serve aos interesses desta classe. Em Cuba, a classe capitalista foi eliminada como classe e fugiu para Miami. No entanto, o apare-lho do Estado stalinista bloqueia o caminho para o socialismo e, a menos que este bloqueio seja removido por uma revolução, uma nova classe burguesa emergente a partir da burocracia stalinista tomará conta de toda economia e do Estado e transformará Cuba novamente em um Estado capitalista. Vimos esse processo já na China que agora é um Estado imperialista.” [9]

Os antropólogos descobriram que o mito do “nascimento a partir da vir-gem Maria” surgiu por causa de um erro de tradução do aramaico para o grego – o texto original descoberto nos Manuscritos do Mar Morto proclama simplesmente que uma “mulher jovem” tinha dado à luz, um evento milagroso para os pais certamente, mas, na realidade uma ocorrência bastante comum e normal para a humanidade como um todo. [10]

Somos novamente obrigados a afirmar que o que estava em jogo na luta contra o Shachtman e seus seguidores em 1939-40 não foi era apenas algum debate obscuro sobre como exatamente os revolucionários deveriam carac-terizar a URSS, mas o programa que era necessário para temperar a van-guarda revolucionária da classe a fim de que ela conduzisse as massas para derrubada da classe dominante dos EUA. É por isso que devemos sempre buscar a derrota da “nossa própria” classe dominante imperialista em conflito com nações semi-coloniais ou Estados Operários Deformados como Trotsky defendeu na China sob Chang Kai-shek ou na URSS sob Stalin. Todavia, em sua nova guinada em direção a “ortodoxia trotskista”, Yossi ainda não redes-cobriu a defesa das nações semi-coloniais contra a agressão imperialista.

YOSSI E A CLASSE TRABALHADORA JUDAICA

As citações onde Yossi defende o direito de existência de Israel de ainda estão on-line:

“Os liberais argumentam que por causa desses abusos dos direitos hu-manos, Israel não pode ser uma democracia ‘real’ como os países ocidentais. Isso, entretanto, é um argumento muito fraco. Os crimes da classe dominante de Israel não são fundamentalmente diferentes dos praticados pelos países imperialistas “democráticos”. Se os liberais radicais que insistem que Israel não é uma democracia ocidental usarem os mesmos critérios para classifi-car os Estados imperialistas “democráticos”, eles vão ter que concluir que a democracia em qualquer um destes países é uma ficção. As ações de Israel em Gaza e na Cisjordânia não são diferentes dos de os EUA no Iraque. Isso significa que não há nenhuma forma de democracia nos EUA também? Além disso, a atenção deve se voltar para o fato de que Israel não foi o único Estado capitalista, que criou um enorme problema dos refugiados em 1947... Israel não é diferente por nada disso. Israel é um Estado imperialista e capita-lista, governado por grandes corporações.” (IMT - IDOM 2005) [5]

Mas logo ele precisou se livrar de tudo que havia dito antes:

“Esta evolução é explicada pela natureza única de Israel como um Estado colonial. É uma verdade básica de que a grande maioria dos trabalhadores do mundo não têm ‘nada a perder, a não ser suas cadeias’ e, portanto, têm um interesse fundamental em derrubar o sistema capitalista. O mesmo não pode ser dito dos trabalhadores judeus de Israel. Como outras camadas aris-tocráticas em países imperialistas, eles gozam de privilégios materiais deter-minados com base no status imperialista de sua classe dominante. Mas ao contrário de outros, mesmo a aristocracia proletária, tem seus ganhos a à custa direta das massas palestinas e vivem em terras roubadas dos palesti-nos. Assim, eles veem nas ações agressivas do Estado de Israel como uma garantia da sua existência privilegiada. Enquanto o CMI, como grupos mais socialistas, teimosamente fecham os olhos a estes fatos, os futuros membros da ISL logo perceberam que não podiam se dar ao luxo de fazer o mesmo se fossem para avançar uma verdadeira perspectiva para a luta pela libertação da Palestina e para a revolução socialista no Oriente Médio. (Joint ISL / PRL 2009) 17 de fevereiro de 2013. [6]

E aqui está o cerne deste problema, do qual nasce todos os outros pro-blemas acerca deste tema:

A classe operária israelense, como uma classe, única no planeta, trans-cende seus limites de classe. E isso nasce do fato de que eles são uma forma única de aristocracia operária, porque “tem seus ganhos à custa direta das massas palestinas e vivem em terras roubadas dos palestinos. Assim, eles veem nas ações agressivas do Estado de Israel como uma garantia da sua existência privilegiada.”

Nós não podemos aceitar esta singularidade. Yossi admite que os judeus de Israel constituem agora uma nação e nós concordamos. Ele diz ainda que esta nação não tem o direito de auto-determinação porque, historicamente, e é assim hoje, este direito só pode ser exercido em detrimento da nação palestina. Estamos de acordo com isso também, o Estado sionista deve ser derrubado, mas é o Estado sionista de Israel o mesmo que a nação de Israel? Uma vez que defendemos o direito de retorno a todos os palestinos expulsos a partir de 1948, devemos também afirmar que um Estado operário revolu-cionários palestinos, alimentaria e garantiria cuidados de saúde e educação a todos os judeus e palestinos na região dentro de um Estado multiétnico, assim como trataria de resolver as disputas de bens pessoais e de terra ami-gavelmente em seus tribunais arbitrais sem qualquer limpeza étnica.

Todos nós concordamos agora que a consigna “Estado bi-nacional”, aprovado pelo LTT, defendido por Yossi e depois adotado pela International Trotskyist Current (ITC, precursora do grupo Socialist Fight, Luta Socialista, em português) é incorreto. Esta consigna implicava no direito de Israel à auto-determinação, à custa dos palestinos. Além disto, nós sabemos que nenhuma revolução isolada, em qualquer estado ou região do planeta, poderia sobre-viver por conta própria por muito tempo, sendo correta a perspectiva de uma Federação Socialista do Oriente Médio.

Mas temos de ser muito mais rigoroso na forma como se aplicam estas palavras de ordem e como elas refletem as nossas perspectivas. Como trots-kistas não só acreditamos que as revoluções burguesas deve ser dirigidas pela classe trabalhadora, mas as massas também devem passar a resolver as tarefas da revolução socialista para que a revolução seja permanente.

Então, nós avançamos o slogan de um governo operário e camponês como uma demanda de transição para a meta estratégica de um Estado ope-rário multi-étnico como parte da luta por uma Federação Socialista do Oriente Médio.

A POSIÇÃO DE YOSSI SOBRE A DIREÇÃO DA ‘REVOLUÇÃO’ NA SÍRIA

Mas é sobre a questão da direção desta “revolução” que faz com que agora Yossi encontra-se à direita de seus ex-companheiros do CMI. Em um artigo de 14 de marco de 2013, “What the Assad regime was and what it has become – Part Three” (em português: O que foi o regime Assad e no que se tornou, 3ª parte), Fred Weston, do CMI, diz:

“...A situação agora é muito mais complicada. A juventude revolucionária ainda tem muito que lutar para retirar do poder Assad e seus asseclas. Mas o que determina a verdadeira natureza da oposição como um todo é a sua direção e o seu programa.” (grifo nosso)

É verdade que alguns setores do Exército Livre da Síria entraram em cho-que com os fundamentalistas encarados pelos primeiros como sequestrado-res de sua revolução. Mas quais são as alternativas? Programaticamente, estamos entre uma da democracia burguesa, no melhor dos caos, e a reação fundamentalista islâmico, na pior. Devemos falar a verdade e explicar hones-tamente o que aconteceu. Somos a favor da queda de Assad, mas também

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somos contra a intervenção imperialista e as manobras dos regimes reacio-nários da região.” [7]

Por sua vez, o artigo de Yossi “Vitória para a revolução na Síria” avalia assim a oposição contra Assad:

“A capacidade do regime de Bashar al-Assad para sobreviver até o mo-mento deve-se, em grande parte, à falta de mobilização independente da classe trabalhadora na direção da oposição. Há muitos comitês locais que poderiam converter-se em soviets e que continuam em atividade. Mas eles carecem de uma coordenação e uma estratégia revolucionária. Igualmente, a resistência ainda é conformada por incontáveis agrupamentos de militantes armados fragilmente articulados, sem um comando revolucionário unificado confiável. A debilidade desta resistência armada decorre não apenas da frag-mentação social e das políticas divisionistas impostas por Damasco durante décadas, mas também por causa da natureza de classe da atual oposição.

As direções pequeno burgueses da revolta estão culpando umas as outras pelo fracasso. Os setores seculares culpam os islâmicos enquanto os islâmico estão culpando os seculares. A verdade é que as organizações da classe média – sejam elas seculares ou islâmicas – não tem um programa, uma estratégia ou uma tática para mobilizar as massas de trabalhadores e camponeses para derrubar o regime sangrento. Se os líderes da oposição odeiam Assad, também é verdade que eles temem uma revolução por parte da classe trabalhadora. Se há uma lição clara a aprender aqui é que, sem que a classe trabalhadora, mulheres e homens conduza as massas, incluindo a classe média baixa e sem uma direção revolucionária da classe operária, o impasse pode continuar por um período mais longo. [8]

“Todas as lições geniais de Yossi resumem-se neste modo de pensar: ‘se sua tia fosse um homem, ela seria seu tio” e coisas do tipo: “Não há uma mobilização independente da classe trabalhadora na direção da oposição” – porque ela é uma oposição contra-revolucionária patrocinada pelo imperia-lismo. Ou “Há muitos comitês locais que poderiam converter-se em soviets”. Mas estamos tratando de orelhas de porco e não de bolsas de seda. “Mas eles carecem de coordenação e de uma estratégia revolucionária”, simples-mente porque eles são contra-revolucionários. O problema com “a natureza de classe da atual oposição” – reside no fato dela ser reacionária, burguesa e patrocinado pelo imperialismo. Se, se, se não fosse isto, seria aquilo. Pelo menos Fred Weston reconheceu a verdade amarga como ela é: o que deter-mina a verdadeira natureza da oposição como um todo é a sua direção e o seu programa.

Mas Fred ainda deseja a queda do regime nas mãos do que ele sabe ser uma contra-revolução desprezando o fato de que a “primavera árabe” é patrocinada pelo imperialismo enquanto Yossi fantasia uma situação de modo completamente independentemente de qualquer destas considerações.

A ISL E O FUNDAMENTALISMO MUÇULMANO

Tememos que a crítica correto ao CMI por se recusar a defender Hamas contra os bandidos de Arafat tenha conduzido Yossi a uma aliança estratégica com o Hamas como fica claro no documento “Vitória para a revolução na Síria”. O slogan “Palestina unida e livre do rio até o mar” é um slogan usado pelo Hamas, copiado pela ISL que torna difícil qualquer aliança com os tra-balhadores israelenses. Na declaração de ruptura com a LRP, a ISL acusa a LRP de não defender a guerrilha mussulmana contra o imperialismo francês. Pela declaração da LRP e suas notas subsequentes de resposta aos leitores não se pode encontrar nenhuma substância desta crítica. Apesar de grandes diferenças que temos com a LRP sobre a Líbia e Síria, a declaração da LRP sobre o Mali nos parece defender os princípios corretos. Além disso, a crítica da LRP a ISL por sua debilidade em criticar a barbárie fascista da guerrilha fundamentalista no Mali parece ter sido a fonte do desentendimento que cau-sou a ruptura. Nós percebemos que esta acusação é pertinente.

A questão está mais clara na declaração de Yossi sobre a Síria. Aqui ele defende explicitamente sua posição sobre o “islamismo”:

Assim, é evidente que, pelo menos até agora, os imperialistas ocidentais não armaram os rebeldes sírios em razão de não confiarem neles porque muitos são islâmicos. O problema que os imperialistas tem na Síria é a fo-rça relativa dos islâmicos no movimento de massas. (Yossi Vitória Março de 2013)

É claro que o imperialismo armou os rebeldes através da Turquia, Arábia Saudita e Qatar. Ele não lhes forneceu armas pesadas ou cobertura aérea e aparentemente as defesas aéreas da Síria são muito sofisticadas. E é verda-de que eles estão nervosos sobre o que os fundamentalistas poderia fazer contra Israel e qual seria a reação da Rússia, China e do Irã. Yossi critica ao imperialismo por não armar mais ao FSA, mas em breve poderá ter seu pedi-do atendido. O próximo trecho demonstra muito claramente sua capitulação:

“Nesta conjuntura da história, no Afeganistão, na Palestina, no Mali, os imperialistas estão de um lado e os islâmicos, de outro. Isto, obviamente, pode ser alterado e esta não seria a primeira vez na história dos últimos 100 anos que os islamitas serviriam os imperialistas. Mas hoje os islâmicos estão lutando contra os imperialistas e os marxistas revolucionários de hoje estão no mesmo lado dos islâmicos no conflito contra a tirania de Assad (grifo nos-so), sem dar as forças o pequeno-burguês ou burguês seculares ou religiosos de qualquer apoio político. (Yossi Vitória Março de 2013)

Nós não precisamos voltar 100 anos para encontrar “islâmicos” a serviço do imperialismo. A CIA patrocinou e armou os Mujahideen de Bin Laden no Afeganistão contra a URSS nos anos 80. A CIA patrocinou os “islâmicos” na Líbia contra Kadafi. E neste momento eles estão patrocinando outra ala do movimento islâmicos” que mesmo agora domina a oposição síria e a Irman-dade Muçulmana, no Egito para esmagar que a luta revolucionária em que a classe trabalhadora tem jogado e está jogando como uma força vital. E uma situação semelhante existe na Tunísia, onde a classe trabalhadora também está lutando poderosamente. E o Hamas no qual Yossi deposita tanta fé, deixou claro que se possível vai fazer um acordo com Israel, e trair os pa-lestinos, assim como fizera, antes do Hamas, Arafat, e Abbas está fazendo agora. O Hamas rejeitou a sua tradicional aliança com a Síria e o Irã, e agora proclama que os muçulmanos sunitas devem aliar-se aos sunitas Whabhi, pa-tetas reacionários pró-imperialistas no Egito e na Arábia Saudita. Na verdade o resultado indesejado da guerra do Iraque para o Imperialismo foi fortalecer o Irã na região e o imperialismo dos EUA aprovou uma tática de aliança com antigos partidários sunitas de Saddam no Iraque e sunitas de toda a região para derrubar Assad e tomar o controle do Irã e de toda a área em alianças com seus aliados “islâmicos”.

Em 28 de Março de 2013, o Times de Israel informou que a FSA: “retaliou o que disse serem hostilidades do Hezbollah e bombardeou os interesses do grupo no interior do Líbano”. O Hezbollah são muçulmanos xiitas e o terceiro alvo dos EUA e Israel.

Claro que os EUA preferem seus próprios fantoches seculares, eles que-rem Ghassan Hitto, um capitalista pró-imperialista Sírio-americano que foi re-sidente nos Estados Unidos há décadas como primeiro-ministro, para áreas controladas pelos rebeldes da Síria”, como Yossi diz. Mas, como em 1996, quando os talibãs tomaram Cabul e linchando o ex-presidente Najibullah, a CIA irá celebrar em seu Quartel General em Langley, Virginia se Assad cai para a FSA. Israel vai também, mas, graças a história recente afegã, não sem alguma apreensão.

Yossi ataca seus oponentes de esquerda que dão apoio incondicional

Max Shachtman: Na luta contra o Shacht-man e seus seguido-res em 1939-40 não foi era apenas algum debate obscuro sobre como exatamente os revolucionários deveriam caracterizar a URSS, mas o pro-grama que era neces-sário para temperar a vanguarda revolucio-nária da classe a fim de que ela conduzis-se as massas para derrubada da classe dominante dos EUA

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a Assad, como o Workers World Party, George Galloway, os maoístas e o PCGB (ML). Sua crítica “demolidora” desses grupos consiste em citar o que eles têm a dizer e deixar para o leitor imaginar o que está errado com o que disseram. Mas, na verdade, o que ele critica são os princípios anti-imperia-lista destes grupos quando poderia certamente encontrar muitas citações de apoios sem princípios ao reacionário Assad, se tentasse. Mas ele está ansio-so para empregar a tática tradicional de criar amálgamas para nos misturar com todos estes grupos e dirigir o seu ataque contra o Comitê de Ligação para a Quarta Internacional (CLQI, LCFI em inglês). Novamente, não há re-futação da citação do CLQI, além da afirmação de que nós pensamos que todos essas contra-revoluções eram impulsionadas pela CIA.

É claro que havia gente sincera, mas politicamente ingênua no meio dos “revolucionários” anti-imperialistas e anti-Gaddafi e anti-Assad na Líbia e Sí-ria, quando as revoltas eclodiram, eles serviram de massa de manobra nas primeiras revoltas. Mas logo os dirigentes reacionários e patrocinados pelo imperialismo rapidamente varreu-os para o esquecimento político. A CIA cer-tamente se dirigiu com toda fúria para a Líbia, mas foram os sauditas e os catarianos que fizeram este papel na Síria – desde o início tinham forças paramilitares na região que abriram fogo contra o exército e a polícia durante legítimas manifestações pacíficas. Estas operações foram claramente pré-planejadas aproveitando-se da legítima insatisfação de oposição da popu-lação contra o brutal regime de Assad. Além disso, muitos sunitas, xeques e mulás foram em busca de vingança pelo terrível massacre de Hama em 1982.

Mas a grande massa das cidades, a burguesia, a pequena burguesia e trabalhadores, apoiaram Assad e ainda o fazem, porque sabem que ele é a única esperança de manter um estado laico, onde eles têm um mínimo de direitos civis para os seus sindicatos e liberdade religiosa em relação ao ameaçando imposição da Sharia pelos mais atrasados, os fundamentalistas rurais que Yossi apoia.

E então ele se dedica longamente a provar porque o antiimperialismo de Assad é falso como se já não soubéssemos. A questão é que o governo Assad está lutando contra o imperialismo agora e por isso somos obrigados a formar uma Frente Única Anti-Imperialista com ele, contra os reacionários muçulmanos fundamentalistas e seculares burgueses, agentes do imperia-lismo dos EUA. Devemos citar carta de Trotsky a Diego Rivera 1937 nova-mente para mostrar a atualidade desta nossa posição? Demonstrando que a Espanha em 1936-39 era um país imperialista e a China, em 1937, era um país semi-colonial como é a Síria o é em 2013? Trotsky ignorava o massacre de Chiang Kai-shek contra o Soviete de Xangai, ocorrido em 1927, quando ele defendia um bloco antiimperialista com Chiang Kai-shek em 1937? Ou o que representava Haile Selassie em 1935 ou Vargas, no Brasil, em 1938? E ainda assim Trotsky defendeu a derrota das forças imperialistas, mesmo por estes reacionários. Na China, Trotsky e o Comintern em suas origens sempre defenderam uma Frente Única Antiimperialista com Sun Yat-sen e Chiang Kai-shek, durante as guerras civis contra os Senhores da Guerra do norte, que eram agentes do imperialismo, muito parecido com a Síria hoje.

A ISL, O MALI E A LRP

Mas vamos concluir com a citação do LRP sobre o Mali onde, convin-centemente indica a posição correta dos marxistas (apesar de seus erros na Líbia e Síria):

Por isso, vamos ser perfeitamente claros: quando dissemos que estamos em defesa de todos os que são atacados e que se enfrentam com o imperia-lismo o significava isso. Sim, desde que nós estamos contra a invasão fran-cesa do Mali, identificamos os imperialistas e seus aliados como o principal inimigo e chamamos a sua derrota, naturalmente estamos em defesa mesmo dos grupos mais reacionários islâmicos que estão sendo atacadas no Mali, como Ansar Dine, o Movimento para a Unidade ea Jihad na África Ocidental e da Al-Qaeda no Magreb Islâmico (AQMI).

Como a nossa declaração de notar, nós tomamos esta posição com ple-no conhecimento dos crimes cometidos contra esses grupos as pessoas do norte do Mali durante o tempo que estiveram no poder. Quão terrível foi a lei de grupos islâmicos no norte? Foi tão ruim que, aparentemente, até Al-Qaeda criticou sua versão de ‘Sharia’ por ser muito extremo!

Em 14 de fevereiro, a Associated Press relatou a descoberta, em Timbuk-tu de documentos criados pela Al-Qaeda no Magrebe Islâmico (AQMI), Abu

Musab Abdul Wadud (aka Abdelmalek Droukdel) que foram deixados para trás quando as forças islâmicas abandonaram a cidade. Esses documentos criticam as forças locais islâmicos por ir longe demais, rápido demais, impor a sua concepções religiosas. Eles teriam criticado o apedrejamento até a morte de adúlteros e o chicoteamento de pessoas por outros supostos crimes, ata-ques a sites e cultos de muçulmanos sufis “e o fato de que as mulheres eram impedidas de sair, e as crianças impedidas de brincar, e as procuravam nas casas da população.”

Porque a natureza terrivelmente opressiva de lei dos grupos “islâmicos”, no norte do Mali já era bem conhecida (como foi o papel brutal dos naciona-listas que primeiro compartilharam o poder com eles), a nossa declaração deixou claro que, enquanto estamos em defesa dos islâmicos contra ataques dos imperialistas, nós não pensamos que as massas devam sacrificar sua luta contra todas estas forças que oprimem:

Ao mesmo tempo, a nossa oposição aos imperialistas não significa que nós reivindiquemos que, necessariamente, os oprimidos devam deixar de lado sua luta contra os opressores locais, abrir mão de uma oportunidade para derrubá-los ou de alguma forma comprometer a sua capacidade de defesa, necessariamente correndo em defesa daqueles que, antes do ata-que imperialista, agiram como opressores governantes locais. Na verdade, apesar do ataque imperialista, nos casos concretos dos grupos islâmicos ou nacionalistas armado que podem significar uma ameaça mais imediata para as massas; sob certas circunstâncias os oprimidos devem defender-se contra quem é a ameaça mais imediata e grave. [18]

Se você substituir Kadafi e Assad por “islâmicos” encontrará a política do CLQI para a Líbia e para a Síria hoje, uma clara elucidação dos princípios da Frente Unida Anti-Imperialista. Apesar desta exceção, o LRP tem grandes dificuldades para combater as forças por trás das quais atua o imperialismo. As origens Shachtmanistas da LRP a obriga a defender a covardia política de Burnham, Shachtman, Carter e o ambiente de classe média que Trotsky e o revolucionário SWP EUA combateram como registrado na obra “Em de-fesa do marxismo”. Sua capitulação tradicional do imperialismo diante da ex-URSS, compromete hoje a sua posição sobre as lutas dos povos oprimidos.

Notas

[1] Carta de ruptura da ISL para com a PRL (Março de 2013), http://www.the-isleague.com/isl-lrp-split/.[2] Em defesa do marxismo, revista teórica da Tendência leninista-trotskista, Número 4 (Maio de 1996), guerrilha e luta da classe trabalhadora, http://www.marxists.org/history/etol/document/ltt/ltt -idom4d.htm.[3] Artigo Wiki, http://en.wikipedia.org/wiki/Socialist_Workers_League .[4] Ibid.[5] Declaração Conjunta ISL.LRP, http://lrp-cofi.org/statements/lrp-isl_100809.html .[6] Ibid.[7] Nós não utilizamos “Islamistas” pois consideramos o termo pejorativos e “islâmico”, que agrupa todos os muçulmanos. http://www.publiceye.org/fron-tpage/911/islamacist.html .[8] Declaração Conjunta ISL/LRP.[9] A vitória da Revolução na Síria! por Yossi Schwartz, http://www.the-islea-gue.com/syria-15-3-2013/ .[10] por trás da Bíblia-Fraude por Robert Adams, New Dawn Magazine.com, http://rense.com/general66/hide.htm .[11] IMT, Israel é uma democracia? Entrevista com Yossi Schwartz IDOM 2005, http://www.marxist.com/israel-democracy140105.htm .[12] Declaração Conjunta ISL/LRP.[13] O que o regime de Assad era e no que se tornou - Parte III, por Fred Weston, IDOM, http://www.marxist.com/what-the-assad-regime-was-and-what-it-has -se-3.htm .[14] A vitória da Revolução na Síria! por Yossi Schwartz [15] Ibid.[16] Ibid.[17] Ibid.[18] LRP / Cofi, 17 de fevereiro de 2013, em resposta a perguntas de leitores, http://lrp-cofi.org/statements/mali_response_021713.html .por trás da Bíblia-Fraude O que a Igreja foi tentando esconder? Por Robert Adams, New Dawn Magazine.com, http://rense.com/general66/hide.htm.

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Pelo direito de organização dos trabalhadores! Abaixo a repressão!

No dia 27 de março foi realizado um importante ato na Avenida Paulista, em frente aos prédios da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil. A manifestação denunciava sobretudo a perseguição política

sofrida pelo ativista Messias Américo da Silva, militante histórico da categoria bancária, processado e ameaçado de demissão pela direção Caixa Econô-mica Federal (ver nota sobre a perseguição sofrida pelo camarada abaixo *). Mas também os diversos oradores protestaram contra o conjunto de outros processos de demissões políticas como a do companheiro Brandão (USP), presente no ato e dos quase 100 processados da USP. Bem como foi denun-ciado a repressão e superexploração nas obras do PAC (Jirau, Belo Monte, Amapá), os despejos do Pinheirinho (SJC/SP) e da Aldeia Maracanã (Rio de Janeiro/RJ).

No ato estavam presentes o Sindicato dos Bancários de São Paulo, a APCEF, Sintusp, Coletivos sindicais “MNOB”, “Bancários de Base”, “Uma Classe” e “Avesso”, Espaço Socialista, LER, PCO, PSTU e camaradas da Liga Comunista. A atividade foi convocada pelo Comitê de Autodefesa dos Trabalhadores (proposta em construção).

A LC participou da atividade destacando o recrudescimento da repressão política seletiva contra os lutadores nos locais de trabalho e das demissões neste início de 2013. Denunciou que em São Paulo, centro da luta de classes

do país onde se concentra grande parce-la do capital e do trabalho, estes ataques são muito fre-quentes, citou o caso da demissão do companheiro Tonhão da rede pública de ensino estadual pelo governo tucano, de Brandão, pelo mesmo governo, do processo movido pela prefeitura petista de Cubatão contra os 12 trabalhado-res em educação grevistas daquele município, da atual perseguição sofrida por Messias e pela professora Bia Abramides, da Associação dos profesores da PUC/SP. Mas não se trata de um recrudescimento estadual ou nacional, chamamos a atenção para recente demissãosofrida pelo camarada dirigente do Socialist Fight britânico, Gerry Downing,motorista de ônibus, perseguido e

demitido pela Metrolines de Londres.É no movimento operário onde se sente com mais dor o peso do facão

patronal. Além das obras do PAC e de diversos outros conflitos mundo afo-ra, graças ao acordoescravocrata da multinacional General Motors com o Sindicato dos Metalúrgicosde São José dos Campos (PSTU/Conlutas) 600 trabalhadores estão sendo agorademitidos e outras centenas deverão ser até o final deste ano. A Monsanto do Vale do Paraíba (SP) demitiu 50. E a multinacional basca, CAF, fabricante dos trens do metrô de São Paulo, acaba de demitir 31 metalúrgicos. Vale destacar que nesta última os trabalhadores realizaram 8 greves nos últimos 4 anos. Por isto, ressal-tamos a importância daquela atividade de frente única e da necessidade de construção do Comitê de Autodefesa dos Trabalhadores contra os ata-ques do governo e da patronal sem que nenhum de seus membros precise renunciar a independência política nem ao direito de crítica mútua. Vida longa ao Comitê, derrotar os ataques patronais e as demissões políticas!

SERVIDORES PÚBLICOS - SÃO PAULO

CONTRA AS DEMISSÕES E PERSEGUIÇÕES PATRONAIS

Greve geral do funcionalismo para derrotar Alckmin, superando as conciliadoras

direções sindicais da CUT e cia.

Os professores paulistas entraram em sua segunda semana de gre-ve, indignados com às bárbaras

condições de trabalho a que estão sub-metidos pelo governo tucano. A novida-de em relação aos anos anteriores é a força da manifestação, a massiva pre-sença de professores novos e o apoio dos estudantes, apesar da diretoria da Apeoesp (PT, PSTU, PCdoB, PSOL) se recusar a percorrer as escolas para mobilizar a categoria, dos Conselheiros boicotarem as assembléias e de muitos furarem a greve.

A defasagem salarial supera os 100% e os professores aprovaram em assembléia lutar pela reposição de 36,74%. Mas a direção da Apeoesp - in-teressada mais no desgaste eleitoral do

PSDB em favor do igualmente burguês e neoliberal PT para 2014, do que na vi-tória dos professores - espera conseguir que a categoria engula um “reajuste” (cala-boca) de 5% acima dos falacio-sos 8% (R$ 0,20 centavos) de esmola oferecidos pelo Estado. Mas a burocra-cia não encontra ainda terreno para o acordo rebaixado porque o movimento segue em tendência crescente, com a entrada em cena dos servidores da saú-de que deliberaram em sua assembléia do dia 19 de abril entrar em greve a par-tir de primeiro de maio.

Os ativistas da Liga Comunista nos professores e servidores da saúde lu-tam pela construção da greve unificada por tempo indeterminado com atos na Av. Paulista, com assembléias inter-

sindicais para derrotar a privatização e conquistar a gerência das verbas e da política no ensino e na saúde pe-los próprios trabalhadores e usuários, pela efetivação dos precarizados, ga-rantindo plenos direitos aos terceiriza-dos, categorias F e O, redução da jor-nada de trabalho, reposição de todas as perdas e salário digno. Para isso, é preciso construir fortes comandos de greve e núcleos de trabalhadores classistas nos locais de trabalho que disputem a consciência das bases a fim de que estas passem por cima da orientação derrotista de suas direções e conquistem a vitória da greve.