137
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ MARCUS AURÉLIO SOARES DA SILVA O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO PARANÁ: UMA ANALISE DA FORMALIZAÇÃO SOB A PERSPECTIVA DO TRABALHO (2008-2016) MATINHOS 2017

O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANAacute

MARCUS AUREacuteLIO SOARES DA SILVA

O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO PARANAacute UMA

ANALISE DA FORMALIZACcedilAtildeO SOB A PERSPECTIVA DO TRABALHO

(2008-2016)

MATINHOS

2017

MARCUS AUREacuteLIO SOARES DA SILVA

O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO PARANAacute UMA

ANALISE DA FORMALIZACcedilAtildeO SOB A PERSPECTIVA DO TRABALHO

(2008-2016)

Dissertaccedilatildeo apresentada como requisito parcial agrave obtenccedilatildeo do grau de mestre em Desenvolvimento Territorial Sustentaacutevel no Curso de Poacutes Graduaccedilatildeo em Desenvolvimento Territorial Sustentaacutevel Setor Litoral da Universidade Federal do Paranaacute Orientador Prof Dr Ivan Jairo Junckes

MATINHOS

2017

PARANAacute Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social Disponiacutevel httpwwwipardesgovbrindexphppg_conteudo=1ampcod_conteudo=30 Acesso 08 nov 16

ERRATA

FOLHA LINHAILUSTRACcedilAtildeO ONDE SE LEcirc LEIA-SE

56 Tabela 7 VALOR ADICIONADO FISCAL (VAF - R$100 (P)) DOS MUNICIacutePIOS INTEGRANTES DA MRGP (2016)

VALOR ADICIONADO FISCAL (VAF -R$ 100 (P)) DOS MUNICIacutePIOS INTEGRANTES DA MRGP (2014)

56 Tabela 7 4788841664

2394420832

AGRADECIMENTOS

Ao Profordm Dr Ivan Jairo Junckes que embora com outros compromissos

assumiu a responsabilidade em me orientar e pela sua compreensatildeo e colaboraccedilatildeo

fundamentais na concretizaccedilatildeo desse trabalho que sem a sua dedicaccedilatildeo e

paciecircncia natildeo teria conseguido concluir

Agrave Profordf Dra Cinthia Maria Sena Abraatildeo que formidavelmente me orientou no

iniacutecio dessa dissertaccedilatildeo

Aos Professores do PPGDTS pelas aulas e o aprendizado durante o curso

Ao Joatildeo Rafael prestativo e esclarecedor

Aos meus amigos (as) de turma que de alguma maneira contribuiacuteram nessa

jornada

A todos os participantes das entrevistas (colaboradores) Agentes de

Desenvolvimento junto agraves salas do empreendedor

A todos os Microempreendedores Individuais que aceitaram colaborar com

esse trabalho

RESUMO

A partir da primeira deacutecada de 1970 o conceito keynesianismofordismo entrou em decliacutenio concorrendo para mudanccedilas estruturais de gerenciamento alocaccedilatildeo de recursos humanos reorganizaccedilatildeo do espaccedilo Dentro desse contexto haacute o deslocamento compulsoacuterio do trabalhador fabril para as mais diversas atividades no mercado de trabalho no setor terciaacuterio Boa parte das atividades desempenhadas pelos trabalhadores desse setor eacute desenvolvida na informalidade No Brasil para reverter o quadro de alastramento e superlativaccedilatildeo do setor informal foi criada a Lei Complementar12808 que formaliza a figura do Microempreendedor Individual (MEI) Na implantaccedilatildeo dessa poliacutetica puacuteblica estaacute prevista uma seacuterie de dispositivos que tem o objetivo de auxiliar na sustentabilidade e expansatildeo desse novo tecido empresarial Nos municiacutepios do Litoral do Paranaacute a implantaccedilatildeo da referida lei se daacute principalmente pela parceria entre as prefeituras e o SEBRAE atraveacutes das salas do empreendedor em cada municiacutepio que se constitui em canal de ligaccedilatildeo entre as estrateacutegias e accedilotildees desenvolvidas no sentido de atendimento do MEI Este trabalho visa a investigar como os trabalhadores mercado e organizaccedilotildees puacuteblicas e sociais tecircm promovido e acolhido a formalizaccedilatildeo do microempreendedor individual na Microrregiatildeo Geograacutefica de ParanaguaacuteLitoral Paranaense Para o desenvolvimento dos trabalhos foram pesquisados dados secundaacuterios realizada pesquisa bibliograacutefica e foi realizado um total de 38 entrevistas e aplicaccedilatildeo de questionaacuterios com agentes puacuteblicos de desenvolvimento e MEI Os resultados permitem conhecer a situaccedilatildeo dos MEI no litoral paranaense assim como servem de subsiacutedio para elaboraccedilatildeo de poliacuteticas especiacuteficas voltadas a essa populaccedilatildeo Palavras-chave Trabalho Informalidade Poliacutetica Puacuteblica Microempreendedor individual Litoral paranaense

RESUMEN

Desde los primeros antildeos de 1970 el concepto keynesianismofordismo entroacute en declinacioacuten concurriendo para los cambios estructurales de gestioacuten asignacioacuten de recursos humanos reorganizacioacuten del espacio Dentro de ese contexto hay el desplazamiento obligatorio del trabajador fabril para las maacutes distintas actividades en el mercado de trabajo en el sector terciario Buena parte de las actividades desempentildeadas por los trabajadores de este sector es desarrollada en la informalidad En Brasil para volver el cuadro de extensioacuten y superlativacioacuten del sector informal fue creada la Ley Complementar 12808 que formaliza la figura del micro emprendedor individual (MEI) En la implantacioacuten de esta poliacutetica puacuteblica estaacute prevista una serie de dispositivos que tiene el objetivo de auxiliar en la sostenibilidad y expansioacuten de este entorno empresarial En los municipios del litoral del Paranaacute la implantacioacuten de la referida ley se da principalmente por la asociacioacuten entre los ayuntamientos y l SEBRAE a traveacutes de las salas del emprendedor en cada municipio que se constituye en canal de conexioacuten entre las estrategias y acciones desarrolladas en apoyo a MEI Este trabajo busca investigar como los trabajadores mercado y organizaciones puacuteblicas y sociales han promovido y acogido la formacioacuten del micro emprendedor individual en la microrregioacuten de ParanaguaacuteLitoral paranaense Para el desarrollo del trabajo fueron investigados datos secundarios fue hecha una buacutesqueda bibliograacutefica y fue realizado un total de 38 entrevistas y aplicacioacuten de cuestionarios con agentes puacuteblicos de desarrollo y MEI Los resultados permiten conocer la situacioacuten de los MEI en la costa paranaense asiacute como sirven de subsidios para elaboracioacuten de poliacuteticas especiacuteficas orientadas a esa poblacioacuten

Palabras ndash clave Trabajo Informalidad Poliacutetica Puacuteblica Micro empresaacuterio individual Litoral paranaense

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1- POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS DE TRABALHO DESENVOLVIDAS NO

BRASIL ANTERIOR A 1964 36

QUADRO 2 - POLIacuteTICAS DE EMPREGO DESENVOLVDAS NO BRASIL

DURANTE O REGIME MILITAR 39

QUADRO 3 - PRINCIPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO

DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016) 43

QUADRO 4- BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PARANAGUAacute PARA

ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS ALTERACcedilOtildeES

66

QUADRO 5- BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PONTAL DO PARANAacute

PARA ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS

ALTERACcedilOtildeES 68

QUADRO 6 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM DE MATINHOS 69

QUADRO 7- ACcedilOtildeES REGULARES DE APOIO AO MEI NA MRGP 71

QUADRO 8- ENTIDADES REPRESENTANTES DAS CLASSES

EMPRESARIAL COMERCIAL E AGRIacuteCOLA NO LITORAL DO

PARANAacute 104

LISTA DE MAPAS

MAPA 1 - MICRORREGIAtildeO GEOGRAacuteFICA DE PARANAGUAacute 50

LISTA DE GRAacuteFICOS

GRAacuteFICO 1 - RECEITAS TOTAIS DOS MUNICIacutePIOS 75

GRAacuteFICO 2 - ARRECADCcedilAtildeO E DESPESAS MUNICIPAIS NA MRGP (2015) 76

GRAacuteFICO 3 - IPTU EM RELACcedilAtildeO Agrave ARRECADACcedilAtildeO TRIBUTAacuteRIA DOS

MUNICIacutePIOS DA MRGP (2013 ndash 2014) () 77

GRAacuteFICO 4 - NUacuteMERO DE ATENDIMENTOS REALIZADOS NAS SALAS DO

84

GRAacuteFICO 5 - NUacuteMERO DE FORMALIZACcedilOtildeES REALIZADAS 84

GRAacuteFICO 6 - NUacuteMERO DE BAIXAS DE INCRICcedilAtildeO DO MEI 85

GRAacuteFICO 7 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30) POR ATIVIDADE

ECONOcircMICA () 89

GRAacuteFICO 8 - ANOS DE FORMALIZACcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30) 90

GRAacuteFICO 9 - RELACcedilOtildeES COMERCIAIS DOS MEI COM O MUNICIacutePIO NA

MRGP (N=30) 92

GRAacuteFICO 10 - VAOLRES TOTAIS FINANCIADOS PELO MEI NA MRGP

ATRAVEacuteS DO PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR

PARANAacute (FOMENTO PARANAacute) (201 ndash 2015 ndash 2016) 101

GRAacuteFICO 11 - FINANCIAMENTOS JUNTO AO SISTEMA DE CREacuteDITO NA

MRGP () 102

GRAacuteFICO 12 - RESPOSTA SOBRE PARTICIPACcedilAtildeO EM ASSOCIACcedilAtildeO

REPRESENTANTE DA CATEGORIA 103

GRAacuteFICO 13 - CONHECIMENTO DOS RESPONDENTES DE ESTRATEacuteGIAS

ADOTADAS PELAS PREFEITURAS EM APOIO AO MEI NA

MRGP () 106

GRAacuteFICO 14 - RESPONDENTES QUE POSSUEM FUNCIONAacuteRIOS NA MRGP

() 109

GRAacuteFICO 15 - QUANTITATIVO DE TRABALHADORES FORMALIZADOS E

NAtildeO FORMALIZADOS EMPREGADOS PELO MEI NA MRGP

() 110

GRAacuteFICO 16 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS MEI RESPONDENTES COM BASE NA

RENDA BRUTA TENDO COMO PARAcircMETRO DE VALOR O

SALAacuteRIO MIacuteNIMO NACIONAL (2016) () 111

GRAacuteFICO 17 - QUANTITATIVO DE MEI RESPONDENTES QUE

PARTICIPARAM DE CURSOS DE 114

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - TAXA DE DESEMPREGO E INFORMALIDADE NO BRASIL 29

TABELA 2 - POPULACcedilAtildeO ABSOLUTA POPULACcedilAtildeO URBANA E

POPULACcedilAtildeO RURAL DA MRGP (2000-2010) 51

TABELA 3 - DEMONSTRATIVO DO IDH E DO IacuteNDICE DE POBREZA DOS

MUNICIacutePIOS DA MRGP 52

TABELA 4 - DADOS DO MERCADO DE TRABALHO NA MRGP (2000-2016)

53

TABELA 5 - NUacuteMERO DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP (2013-2014) 54

TABELA 6 - NUacuteMEROS DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP POR SETOR

ECONOcircMICO 55

TABELA 7 - VALOR ADICIONADO FISCAL (VAF - R$ 100 (P)) DOS

MUNICIacutePIOS INTEGRANTES DA MRGP (2016) 56

TABELA 8 - PIB PER CAPTA DOS MUNICIacutePIOS DA MRGP 57

TABELA 9 - NUacuteMERO DE EMPRESAS NA MRGP (MAIO2016) 59

TABELA10- ATIVIDADES ECONOcircMICAS DESENVOLVIDAS NA MRGP

(maio2016) 59

TABELA11- PROCURA E APROVACcedilAtildeO DE CREacuteDITO PELOS MEI (BRASIL)

97

TABELA12- NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS E VALORES FINANCIADOS

NA MRGP CEDIDOS PELA CAIXA ECONOcircMICA FEDERAL AgraveS

MPE (2015-2016) 98

TABELA13- NUacuteMERO DE MPE NA MRGP (2015-2016) 99

TABELA14 - NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS CEDIDOS AO MEI JUNTO

AO PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR DO PARANAacute

(FOMENTO PARANAacute) NA MRGP (2014-2015-2016) 100

TABELA15- RENDIMENTO NOMINAL MEacuteDIO DOS TRABALHADORES

CONTRIBUINTES PARA A PREVIDEcircNCIA SOCIAL EM

QUALQUER TRABALHO NA MRGP (2010) 112

LISTA DE SIGLAS

CLT - Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho

CODEFAT - Fundo de Amparo ao Trabalhador

DIEESE - Departamento Intersindical de Estatiacutestica e Estudos

Socioeconocircmicos

ECINF - Economia Informal Urbana

FGTS - Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo

IBGE - Instituto brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IDT - Instituto de Desenvolvimento do Trabalho

INPS - Instituto Nacional de Previdecircncia Social

IPARDES - Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social

IPEA - Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada

LC - Lei Complementar

MEI - Microempreendedor Individual

MPAS - Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social

MRGP - Microrregiatildeo Geograacutefica de Paranaguaacute

MTE - Ministeacuterio do Trabalho e Emprego

MTPS - Ministeacuterio do Trabalho e Previdecircncia Social

OCDE - Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e DesenvolvimentoEconocircmico

OIT - Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho

PASEP - Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico

PDM - Poliacuteticas de Desenvolvimento do Milecircnio

PIS - Programa Integraccedilatildeo Social

PLANFOR - Plano Nacional de Qualificaccedilatildeo do Trabalhador

PND - Plano nacional de Desenvolvimento

PP - Poliacutetica Puacuteblica

PROGER - Programa de Geraccedilatildeo de Emprego e Renda

PRONAF - Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar

PRORURAL - Programa de Desenvolvimento Econocircmico e Territorial - Renda

e Cidadania no Campo

SEBRAE - Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas

SINE - Sistema Nacional de Emprego

SUMAacuteRIO

APRESENTACcedilAtildeO 15

1 ALTERACcedilOtildeES NO MUNDO DO TRABALHO DESEMPREGO E

INFORMALIDADE 21

11 A INFORMALIDADE NO CENAacuteRIO BRASILEIRO 25

12 DO TRABALHO FORMALIZADO Agrave NECESSIDADE EMPREENDEDORA A

CRIacuteTICA 30

2 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO DAS

ORIGENS AO MEI 33

21 SOBRE A POLIacuteTICA PUacuteBLICA NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO

33

211Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho primeiro momento 36

212 Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho no Regime Militar 39

213 Poliacuteticas Puacuteblicas de trabalho no periacuteodo de redemocratizaccedilatildeo do Brasil 42

214Poliacutetica Puacuteblica de Trabalho MEI 45

3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS PARA O MEI NA MICRORREGIAtildeO DE PARANAGUAacute 50

31 A FRAacuteGIL ECONOMIA NA MRGP 52

32 A INSTITUCIONALIDADE MEI NA MRGP 61

321 O Comitecirc Gestor Municipal na MRGP 65

322 Salas do Empreendedor e o Agente de Desenvolvimento 69

323 Accedilotildees regulares coordenadas pelos municiacutepios de incentivo ao MEI 71

4 DIFICULDADES E AVANCcedilOS NO DESENVOLVIMENTO INCLUDENTE DO

MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL NO LITORAL DO PARANAacute 74

41 A CAPACIDADE MUNICIPAL NO LITORAL DO PARANAacute EM MOBILIZAR

MECANISMOS PROPIacuteCIOS AO DESENVOLVIMENTO DO MEI 74

411 A gestatildeo puacuteblica municipal no litoral paranaense e a destinaccedilatildeo da receita 81

42 UMA SIacuteNTESE COMPARATIVA ENTRE AS FORMALIZACcedilOtildeES E AS BAIXAS

DO MEI NA MRGP 83

43 O MEI POR ELE MESMO AS LUTAS E DESAFIOS ATRAVEacuteS DO TRABALHO

88

431 Atividades econocircmicas desenvolvidas pelos MEI entrevistados no Litoral 88

do Paranaacute 88

432 Tempo de formalizaccedilatildeo e os MEI no Litoral do Paranaacute 90

434 Compras puacuteblicas e o apoio aos MEI na MRGP 91

435 O Acesso em ao creacutedito aos MEI no Litoral do Paranaacute 95

436 O associativismo e os MEI na MRGP 102

437 Mobilizaccedilatildeo dos governos locais no estiacutemulo agrave categoria do MEI 105

438 O MEI-Patratildeo no Litoral do Paranaacute 108

439 Renda bruta dos MEI entrevistados um alento agrave meacutedia 110

4310 Capacitaccedilatildeo profissional dos MEI no Litoral do Paranaacute 112

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 115

REFEREcircNCIAS 119

APEcircNDICES 133

15

APRESENTACcedilAtildeO

O referente trabalho surgiu de reflexotildees acerca do processo acelerado da

expansatildeo do desemprego estrutural em niacutevel mundial mas que oferece pressatildeo

sobre configuraccedilotildees territoriais menores como na Microrregiatildeo Geograacutefica de

Paranaguaacute (MRGP) alertando sobre o deslocamento dos trabalhadores para a

economia informal e em resposta a accedilatildeo do Estado atraveacutes de poliacuteticas puacuteblicas

de trabalho na tentativa de equacionar as disfunccedilotildees geradas pela reestruturaccedilatildeo

produtiva iniciada na deacutecada de 1970

O principal objetivo do nosso estudo eacute analisar como se apresenta a

implantaccedilatildeo da Lei Complementar 128 de 19 de dezembro de 2008 (LC 12808) nos

municiacutepios do litoral paranaense recortado como Microrregiatildeo Geograacutefica de

Paranaguaacute (MRGP) Esta poliacutetica puacuteblica eacute uma tentativa de retirar da informalidade

trabalhadores brasileiros exercendo as mais variadas atividades dentro desse setor

O que significa resgatar a sua dignidade e cidadania pela valoraccedilatildeo ao seu

trabalho pela inclusatildeo no sistema previdenciaacuterio dentre outros benefiacutecios

associados agrave formalizaccedilatildeo

Pretendemos descrever as principais caracteriacutesticas e estrateacutegias

organizadas na MRGP para a implantaccedilatildeo da LC 12808 que tem como uma de

suas premissas a inclusatildeo social descrita em seu art 18 Aleacutem disso realiza -se o

estudo sobre a aderecircncia dos governos locais agrave poliacutetica puacuteblica de formalizaccedilatildeo do

microempreendedor individual (MEI)

Como objetivos secundaacuterios este estudo apresenta 1) Analisar os dados

relativos a emprego renda niacutevel de ocupaccedilatildeo volume de registros de MEI na

microrregiatildeo estudada 2) Identificar as estruturas e accedilotildees das prefeituras da

microrregiatildeo relacionadas agrave poliacutetica puacuteblica em questatildeo

Haacute algumas questotildees iniciais as quais entendemos pertinentes no processo

de estudo do referente trabalho e que foram balizares no encaminhamento das

pesquisas (a) De que maneira o mundo do trabalho (organizaccedilotildees puacuteblicas

mercado e organizaccedilotildees sociais) tem constituiacutedo poliacuteticas de formalizaccedilatildeo e renda

no trabalho (b) Qual a configuraccedilatildeo socioeconocircmica e os principais problemas

enfrentados pelos trabalhadores informais na regiatildeo litoracircnea do Paranaacute (c) Como

os trabalhadores mercado e organizaccedilotildees puacuteblicas e sociais tecircm promovido e

acolhido a formalizaccedilatildeo do microempreendedor individual na aacuterea de estudo

16

A ausecircncia na literatura de dados especiacuteficos atualizados sobre a aacuterea de

estudo sobretudo na aacuterea da economia do trabalho e a dificuldade em obter dados

em algumas instituiccedilotildees por conta da poliacutetica interna destas pode ter

comprometido em parte a anaacutelise do todo poreacutem natildeo alterou os objetivos dos

estudos sobre a categoria MEI

O processo metodoloacutegico foi constituiacutedo em dois momentos distintos e

complementares No primeiro momento buscamos na pesquisa exploratoacuteria

elementos que nos dessem suporte agrave compreensatildeo do objeto do estudo partindo

necessariamente do conjunto de fatores que levaram a criaccedilatildeo da LC 12808 e a

regulamentaccedilatildeo da formalizaccedilatildeo dos MEI Para tanto estabelecemos alguns

indicadores que nos orientaram no sentido das modificaccedilotildees ocorridas no sistema

capitalista a partir da deacutecada de 1970 e que resultaram no aumento do desemprego

da informalidade e da precarizaccedilatildeo do trabalho via flexibilizaccedilatildeo subcontrataccedilatildeo

Para estabelecermos a proximidade com o tema nos apoiamos na revisatildeo da

literatura especiacutefica resultando no reconhecimento sobre a trajetoacuteria histoacuterica das

modificaccedilotildees nas relaccedilotildees do trabalhoespaccedilo em cadeia global e nacional e

igualmente na criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave equaccedilatildeo de deformidades na

economia do trabalho no cenaacuterio brasileiro nos aproximando ao entendimento do

nosso objeto de estudo Essa revisatildeo eacute descrita no decorrer da dissertaccedilatildeo pela

nomenclatura dada no corpo do texto

No segundo momento considerando que para a anaacutelise do objeto de estudo

ou seja a implantaccedilatildeo nos municiacutepios integrantes da microrregiatildeo de Paranaguaacute da

Lei Complementar 12808 que cria a pessoa juriacutedica do empreendedor individual se

fez necessaacuterio aleacutem da coleta de dados em possibilidades de controle a inclinaccedilatildeo

igualmente agrave percepccedilatildeo subjetiva de anaacutelise com o objetivo de compreensatildeo do

contexto mais amplo sob o olhar holiacutestico e criacutetico do processo de implantaccedilatildeo da

referida lei Nesse sentido como afirma Deslandes (2010 p 33) ―a)criacutetica porque

devemos estabelecer um diaacutelogo reflexivo entre a teoria e o objeto de estudo

escolhido por noacutes b)ampla porque deve dar conta do ―estado atual sobre o

problema

Tendo como uma das opccedilotildees a pesquisa qualitativa sublinhamos a

possibilidade de maior compreensatildeo das relaccedilotildees socialmente constituiacutedas por

atores no plano do concreto do real Essas relaccedilotildees exercem significados e se

manifestam de diversas formas pois o que se torna forma passa pelas relaccedilotildees

17

humanas e portanto ―o que as ―coisas (fenocircmenos manifestaccedilotildees ocorrecircncias

fatos eventos vivecircncias ideias sentimentos assuntos) representam daacute molde agrave

vida das pessoas (TURATO 2005 p 510)

Nesse momento percebemos a falta de informaccedilotildees histoacutericas em bancos de

dados oficiais e natildeo oficiais e na literatura que nos apoiassem na descriccedilatildeo objetiva

sobre o tema contextualizado no litoral paranaense

A escassez de dados sobre a poliacutetica de formalizaccedilatildeo do MEI no litoral do

Paranaacute eacute resultante em parte pela demora na regulamentaccedilatildeo da LC 12808 e da

operacionalizaccedilatildeo da referida LC nos municiacutepios da MRGP A regulamentaccedilatildeo e

operacionalizaccedilatildeo dessa lei complementar soacute foi possiacutevel em determinados casos

pela parceria entre as prefeituras e o SEBRAE a partir de 2013 em Matinhos e

Paranaguaacute e sequencialmente em Pontal do Paranaacute Morretes e Guaraqueccedilaba

Ainda com dificuldade de obter dados histoacutericos do litoral paranaense acerca da

informalidade do trabalho e especificamente sobre o microempreendedor individual

algumas informaccedilotildees secundaacuterias foram obtidas atraveacutes de instituiccedilotildees oficiais

(IBGE IPARDES DIEESE EMPRESOacuteMETRO) e foram processadas com base na

estatiacutestica descritiva atraveacutes de Planilha Excel representado por graacuteficos e tabelas

Informaccedilotildees igualmente sobre o MEI foram adquiridas atraveacutes de fontes primaacuterias

como dados estatiacutesticos das salas do empreendedor e possibilitaram avaliar alguns

indicadores importantes sobre o desenvolvimento dos trabalhos desempenhados

pelos agentes de desenvolvimento e sobre a sustentabilidade do MEI a) quantitativo

de baixas da empresa b) formalizaccedilotildees c) procura por serviccedilos nas salas d) oferta

de serviccedilos nas salas do empreendedor

Outra maneira utilizada para obter informaccedilotildees foi atraveacutes de entrevistas

semiestruturadas com atores da administraccedilatildeo puacuteblica e de instituiccedilotildees da iniciativa

privada e aplicaccedilatildeo de questionaacuterio para os microempreendedores individuais que

exercem suas atividades na aacuterea de estudo Segundo Oliveira (2011 p 36) ―esta

teacutecnica de coleta de dados eacute bastante adequada para a obtenccedilatildeo de informaccedilotildees

acerca do que as pessoas sabemcrecircem esperam e desejam []

Foram entrevistados cinco (05) atores da administraccedilatildeo puacuteblica e trecircs (03)

atores da iniciativa privada Os atores foram escolhidos pela proximidade com

implantaccedilatildeo da LC 12808 Da administraccedilatildeo puacuteblica foram entrevistados quatro

agentes de desenvolvimento que atuam nas salas do empreendedor nos municiacutepios

que possuem parceria com o SEBRAE e um secretaacuterio municipal Da iniciativa

18

privada foram entrevistadas trecircs pessoas ligadas agraves associaccedilotildees da classe

empresarial e do SEBRAE Os MEI que participaram do questionaacuterio seratildeo

designados como respondentes Ao todo foram realizadas 08 (oito) entrevistas e 30

questionaacuterios aplicados

As entrevistas com os atores tanto da administraccedilatildeo puacuteblica quanto da

iniciativa privada se deram em seus locais de trabalho Ou seja nas salas do

empreendedor localizadas juntas agraves prefeituras e nas associaccedilotildees de classe e no

SEBRAE e tiveram como pressupostos levantar informaccedilotildees sobre as accedilotildees das

prefeituras e das associaccedilotildees sobre a implantaccedilatildeo da LC 12808 no litoral do

Paranaacute Todas as entrevistas foram gravadas e transcritas integralmente com a

anuecircncia dos entrevistados que assinaram o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido e foram realizadas no periacuteodo de junho a outubro de 2016

Para a construccedilatildeo do questionaacuterio e das questotildees pertinentes foram

utilizadas como base referencial autores como Sachs (2003) e Albuquerque e

Zapata (2010) aleacutem de uma leitura atenta da Lei Complementar 12306 e da Lei

complementar 12808

Considerando a precaacuteria organizaccedilatildeo em classe dos microempreendedores

individuais (MEI) no litoral do Paranaacute natildeo sendo possiacutevel identificaacute-los atraveacutes de

banco de dados na aplicaccedilatildeo do questionaacuterio optamos por deslocar ateacute o

estabelecimento do microempreendedor individual e aplicar o questionaacuterio em seu

local de trabalho Esse procedimento ao passo que era incerto pois natildeo havia

como identificar o MEI a natildeo ser percorrendo estabelecimento por estabelecimento

tornava-se solitaacuterio e exaustivo posto o deslocamento e o tempo para o

preenchimento do questionaacuterio e as duacutevidas que surgiam Poreacutem esta teacutecnica

possibilitou avaliar a estrutura do empreendimento e ao mesmo tempo conversar a

respeito da formalizaccedilatildeo dos MEI Dessa forma muito aleacutem da aplicaccedilatildeo do

questionaacuterio nos vimos envolto a uma realidade da qual natildeo percebiacuteamos Como

natildeo havia referecircncia sobre o enquadramento do estabelecimento perguntaacutevamos

para o proprietaacuterio se ele era MEI ou natildeo Os MEI que participaram respondendo ao

questionaacuterio muitas vezes falavam das dificuldades em aumentar seus negoacutecios e

da ausecircncia do poder puacuteblico local principalmente fora da temporada de praia

Cada aplicaccedilatildeo do questionaacuterio durava cerca de 30 a 50 minutos

Participaram como respondentes do questionaacuterio 30 (trinta)

microempreendedores individuais abrangendo os municiacutepios de Guaratuba

19

Matinhos Pontal do Paranaacute e Paranaguaacute A aplicaccedilatildeo do questionaacuterio ocorreu nos

meses de dezembro de 2016 e janeiro e fevereiro de 2017

Os dados pesquisados foram organizados e descritos em Planilha Excel e

disponibilizados atraveacutes de graacuteficos e tabelas

Este estudo estaacute distribuiacutedo em quatro capiacutetulos onde procuramos sublinhar

sequencialmente as modificaccedilotildees ocorridas no mundo trabalho e o resultante

dissoo alastramento da informalidade em niacuteveis mundial e local assim como

analisar a poliacutetica puacuteblica de formalizaccedilatildeo do MEI e seus dispositivos aplicados no

litoral do Paranaacute

No primeiro capiacutetulo estudamos as modificaccedilotildees no mundo do trabalho

atraveacutes de um recorte histoacuterico que levaram ao aumento exponencial do

desemprego estrutural e consequentemente da informalidade em niacuteveis mundiais

Ainda nesse capiacutetulo abordaremos o desemprego e a informalidade no cenaacuterio

brasileiro Para tanto nos apoiamos na literatura especializada sobre os temas

reestruturaccedilatildeo produtiva desemprego informalidade

O segundo capiacutetulo traz vaacuterias referecircncias ao conceito de Poliacutetica Puacuteblica e

a accedilatildeo do Estado brasileiro na economia do trabalho com quadros descritivos das

principais poliacuteticas puacuteblicas de trabalho no periacuteodo republicano e como essas

poliacuteticas organizaram a vida do trabalhador no Brasil Ainda nesse capiacutetulo

iniciamos nossas anaacutelises acerca da Lei de Formalizaccedilatildeo do Microempreendedor

Individual (LC 12808)

O terceiro capiacutetulo traz uma descriccedilatildeo da aacuterea de estudo (recorte espacial

da microrregiatildeo geograacutefica de Paranaguaacute) com dados demograacuteficos do mercado de

trabalho receitas municipais dados relacionados ao nuacutemero de empresas na regiatildeo

nuacutemeros de Micro e pequenas empresas e microempreendedores individuais

escalonados por atividade econocircmica Assim como aspectos institucionais

relacionados agrave formalizaccedilatildeo do microempreendedor na regiatildeo de estudo

No quarto capiacutetulo observamos os avanccedilos quanto agrave implantaccedilatildeo da poliacutetica

de formalizaccedilatildeo e as dificuldades encontradas para a expansatildeo e sustentabilidade

do MEI na regiatildeo de estudo Neste capiacutetulo nossos estudos recaem inicialmente

para a participaccedilatildeo dos governos locais na implantaccedilatildeo da poliacutetica em questatildeo e sua

capacidade de mobilizar estrateacutegias de apoio aos MEI Ainda satildeo analisados os

dados relativos agrave formalizaccedilatildeo e baixas dos microempreendedores nos municiacutepios

de Morretes Matinhos Pontal do Paranaacute e Paranaguaacute observando a proposta de

20

sustentabilidade do MEI Igualmente atraveacutes de questionaacuterio respondido pelos MEI

da regiatildeo de estudo foi possiacutevel estabelecer um perfil soacutecio econocircmico dos

entrevistados e dos efeitos dos dispositivos elencados na Lei Geral que permitem

possibilidades da inserccedilatildeo e expansatildeo da categoria no mercado e resgate da sua

dignidade laboral

21

1 ALTERACcedilOtildeES NO MUNDO DO TRABALHO DESEMPREGO E

INFORMALIDADE

Para compreendermos o porquecirc da criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas1 voltadas

ao enfrentamento do fenocircmeno da informalidade superlativada do desemprego e a

geraccedilatildeo de renda no cenaacuterio brasileiro eacute necessaacuterio observarmos as transformaccedilotildees

ocorridas em cadeia global na dimensatildeo da economia do trabalho e as

consequecircncias sociais e econocircmicas vinculadas agraves relaccedilotildees do trabalho

(informalidade precarizaccedilatildeo flexibilizaccedilatildeo trabalho temporaacuterio subcontrataccedilatildeo

dentre outros) que definem o quadro socioeconocircmico vigente e assim estabelecer

uma criacutetica histoacuterica que a partir da reorganizaccedilatildeo do processo produtivo incidiu

diretamente na concepccedilatildeo do trabalho do emprego e levou agrave

reorganizaccedilatildeoreformulaccedilatildeo do Estado (POCHMANN 2004) Para tal compreensatildeo

sobre o tema nos apoiaremos na extensa literatura jaacute existente

Em nossos estudos compreendemos o trabalho hoje formalizado ou natildeo

como uma atividade (humana) objetiva (no sentido da accedilatildeo) e subjetiva (no sentido

do pensamento) desenvolvida por homens e mulheres inclinada a transformar

modificar e produzir algo sob criteacuterios e validaccedilatildeo do Modelo de Produccedilatildeo

Capitalista Os criteacuterios do trabalho assim entendemos satildeo definidos com base nas

transformaccedilotildees ocorridas no proacuteprio sistema capitalista que por fim valida esse

processo pela viabilidade da produccedilatildeo laboral e intelectual conduzido por regras

vezes particulares vezes universais inseridos em contextos especiacuteficos ou

contextos globalmente unificados

O dinamismo do sistema capitalista produziu transformaccedilotildees de ordem

econocircmica social cultural ideoloacutegica configurando num processo contiacutenuo de

alteraccedilotildees permanentes no seio de sua proacutepria estrutura totalmente instaacutevel

flexiacutevel e mutante As mudanccedilas que ocorreram na economia mundial a exemplo

tiveram consequecircncias no processo produtivo logo nas relaccedilotildees do trabalho sob o

modelo fordista ocasionando mudanccedilas no tecido social cultural alimentados

ainda pelo crivo das contraposiccedilotildees ideoloacutegicas resultantes da polaridade mundial

1 Com efeito de poliacutetica puacuteblica voltada ao enfrentamento da informalidade no mercado de trabalho

brasileiro analisaremos mais a diante a Lei Complementar 12808 instrumento de criaccedilatildeo do Microempreendedor Individual (MEI) que possui expresso em seu art 18E aleacutem da formalizaccedilatildeo do MEI o caraacuteter de inclusatildeo social

22

apoacutes a Segunda Grande Guerra Tais transformaccedilotildees estatildeo associadas ao decliacutenio

do modelo keynesiano2 - progressista que exigiu do Estado uma posiccedilatildeo mais

reformadora em sua estrutura assinalada por Laranjeira (2000) Lombardi (1997) e

Caminha (2012)

O que podemos observar no cenaacuterio econocircmico eacute o substancial crescimento

inflexiacutevel do desemprego estrutural bem como as mudanccedilas no sistema de

assalariamento que foi condicionado por eventos especiacuteficos de enorme

importacircncia 1) a reestruturaccedilatildeo produtiva iniciada na deacutecada de 1970 2) o advento

da globalizaccedilatildeo (SANTOS 2008 p 152) 3) ―difusatildeo de um novo paradigma teacutecnico-

produtivo e do acirramento da competiccedilatildeo internacionalista nas economias

avanccediladas (POCHMANN 2001 p 41)

A reestruturaccedilatildeo produtiva foi uma resposta imediata agrave crise econocircmica

caracterizada pela impossibilidade do modelo Keynesiano - fordista reverter agraves

contradiccedilotildees proacuteprias produzidas pelo sistema capitalista Tal resposta implicou de

imediato numa nova redefiniccedilatildeo do espaccedilo fiacutesico e das relaccedilotildees entre trabalho e

produccedilatildeo que se mantinham sob forte regulaccedilatildeo consensual entre ―Estado capital e

sindicatos como aponta Barbosa (2007 p 3)

As modificaccedilotildees que ocorreram no setor produtivo e nas relaccedilotildees do

trabalho levaram a excessiva acumulaccedilatildeo de capital (acumulaccedilatildeo flexiacutevel) muito

embora essas modificaccedilotildees natildeo ocorreram de forma generalizada mas foram

absorvidas considerando contextos especiacuteficos de espaccedilo e cultura conforme

salienta Lombardi (1997) e ao aumento do desemprego por cortes em postos de

trabalho (capital variaacutevel) observando a evoluccedilatildeo tecnoloacutegica no setor produtivo e a

reconfiguraccedilatildeo desse setor com relocaccedilatildeo para espaccedilos perifeacutericos

Dentro dessa oacutetica como observa Lombardi (1997) a expansatildeo tecnoloacutegica

exerceu forte pressatildeo sobre os trabalhadores que se sentem ameaccedilados pela

concorrecircncia da tecnologia Trabalhos manuais foram substituiacutedos por trabalhos

mecacircnicos autocircmatos que produzem em escalas vertiginosas Ou seja

O avanccedilo na concorrecircncia intercapitalista e a adoccedilatildeo de um novo paradigma tecnoloacutegico estariam provocando alteraccedilotildees significativas nas economias avanccediladas Parece natildeo haver duacutevidas sobre o crescimento de

2O modelo Keynesinao tambeacutem chamado de Capitalismo Reformado por Sachs (2008) foi uma

resposta imediata aos efeitos causados pela Grande Depressatildeo tendo como base o pleno emprego e o Estado do Bem Estar Social

23

importacircncia das ocupaccedilotildees caracterizadas como superiores e de postos diretivos responsaacuteveis pela utilizaccedilatildeo de trabalhadores com maior exigecircncia de qualificaccedilatildeo e escolaridade Ao mesmo tempo as profissotildees inferiores (operaacuterios simples e manuais) ainda majoritaacuterios na estrutura ocupacional estariam perdendo participaccedilatildeo relativa (POCHMANN 2001 p 52)

Na segunda metade deacutecada de 1980 foi formulado por economistas norte-

americanos e outros ligados a OCDE (Organizaccedilatildeo para Cooperaccedilatildeo e o

Desenvolvimento Econocircmico) um conjunto de medidas de cunho macroeconocircmico

e estruturais destinado a paiacuteses do chamado Terceiro Mundo que apresentavam

baixos iacutendices de desenvolvimento econocircmico (BRESSER PEREIRA 1991)

Tais medidas foram sendo colocadas em praacutetica sobre tudo abaixo da linha

do equador americano pois como demonstra Bresser Pereira (1991) na Ameacuterica

Latina havia uma ―crise marcada por estagnaccedilatildeo econocircmica e altas taxas de

inflaccedilatildeo Dentro dessa perspectiva acreditava-se que havia uma necessidade de

restringir o tamanho do Estado e de sua participaccedilatildeo no setor econocircmico Assim a

orientaccedilatildeo era sua descentralizaccedilatildeo flexibilizaccedilatildeo na regulaccedilatildeo liberalizaccedilatildeo do

comeacutercio internacional promoccedilatildeo das exportaccedilotildees e a diminuiccedilatildeo das empresas

estatais pois entendiam que eram em grande nuacutemero e incapazes de gerir

produtividades adequadas as suas capacidades e ao modelo estrutural das novas

concepccedilotildees capitalistas (neoliberalismo globalizado)

No entanto tais modificaccedilotildees no sistema econocircmico permitiram o processo

de acumulaccedilatildeo do capital e da hipertrofia financeira criando mecanismos que

causaram enormes disfunccedilotildees sociais agravadas pela doutrinalsquo neoliberal e o novo

padratildeo tecnoloacutegico de produccedilatildeo e organizaccedilatildeo do trabalho (MOTTA 2009) Tais

fatores provocaram ―mudanccedilas substanciais que resultaram no aumento da pobreza

do desemprego e do subemprego e na precarizaccedilatildeo do trabalho (idem p 550)

O desemprego se constituiu como um dos maiores problemas sociais da humanidade A crise iniciada nos paiacuteses centrais a partir do final dos anos 1960 evidenciou o esgotamento do padratildeo de acumulaccedilatildeo fordista keynesiano alterando a relaccedilatildeo entre Estado e sociedade (OLIVEIRA 2012 p 494)

Conforme analisa Oliveira (2012) estima-se que em 2009 havia cerca de

210 milhotildees de pessoas desempregadas no mundo ―Os maiores afetados segundo

a agecircncia satildeo os jovens e as mulheres dos paiacuteses perifeacutericos (OLIVEIRA 2012 p

494) Diante de um quadro socioeconocircmico extremamente complexo seria

24

necessaacuterio novos mecanismos que dessem suporte ao controle das distorccedilotildees

sociais e de contenccedilatildeo Dessa forma foram lanccediladas novas bases da ideologia

dominante com objetivos especiacuteficos de controle da demanda com base nas

―poliacuteticas de desenvolvimento do milecircnio (PDM) (MOTTA 2009 p 549)

As PDM segundo a autora constituem ―mecanismos de hegemonia de

funccedilatildeo de direccedilatildeo intelectual e moral com accedilotildees concretas e definiccedilotildees de metas

focadas nas camadas de trabalhadores excluiacutedoslsquo do processo produtivo mas que

ainda possuem condiccedilotildees produtivas para instaurar um processo mais intensivo de

educar para o conformismo (idem p 549)

Assinala Motta (2009) que as poliacuteticas de desenvolvimento do milecircnio estatildeo

sublinhadas pelo forte investimento educacional balizado na ―teoria do capital

humano de Theodore Schultz na qual consiste em propor a qualificaccedilatildeo da forccedila do

trabalho humano atraveacutes do processo educacional direcionado para crescimento

econocircmico

Poderemos formar pessoas qualificadas para o mercado de trabalho mas

autores como Rifkin (1995) Pastore (2006) Martins e Veiga (2003) Oliveira (2012) e

Sachs (2007) enfatizam na diminuiccedilatildeo consideraacutevel dos postos de trabalho na esfera

global dando a entender que a crise do pleno emprego estaacute relacionada em parte

ao avanccedilo da automaccedilatildeo tecnoloacutegica e da chamada reestruturaccedilatildeo da produccedilatildeo

tanto nas aacutereas rurais quanto nas aacutereas urbanas como jaacute demonstrado

anteriormente Alertava Rifkin (1995) que mais de 800 milhotildees de pessoas no

mundo estavam desempregadas ou subempregadas e que esse quadro se agravaria

ateacute o final do seacuteculo XX

Com um quadro excessivamente preocupante as poliacuteticas de geraccedilatildeo de

emprego e renda entram na agenda internacional no entanto como salienta Souza

(2010 p 3) ―essas poliacuteticas puacuteblicas arrefecem o iacutempeto de uma celebraccedilatildeo liberal

na medida em que evidenciam a incapacidade de prover o pleno emprego

demonstrada pelo capitalismo mesmo em seus contextos mais avanccedilados

As tendecircncias multinacionais como analisa Oliveira (2012) ao mesmo

tempo em que preconizam a defesa de poliacuteticas focadas na geraccedilatildeo do trabalho (o

trabalho aqui entendido dentro do sistema capitalista portanto emprego formalizado

ou informal) que estimulassem a empregabilidade defendiam as flexibilizaccedilotildees das

leis regulatoacuterias que normatizam as leis do trabalho No caso brasileiro ―a poliacutetica de

emprego estaacute intrinsecamente relacionada agrave fraacutegil concepccedilatildeo de Welfare State e agrave

25

posiccedilatildeo ocupada pelo paiacutes na divisatildeo internacional do trabalho reforccedilando um

crescimento subordinado e dependente do capital estrangeiro [] (OLIVEIRA

2012 p 494)

No Brasil as poliacuteticas de emprego estavam relacionadas agrave concepccedilatildeo de

submissatildeo das leis trabalhistas agraves estruturas e poliacuteticas macroeconocircmicas e apenas

eram direcionadas nesse sentido aos trabalhadores empregados sendo que natildeo

haviam poliacuteticas voltadas aos trabalhadores excluiacutedos do processo de produccedilatildeo

formalizado ateacute meados do final da deacutecada de 1980 No entanto como segue

Oliveira (2012)

[] as mudanccedilas no padratildeo de organizaccedilatildeo do trabalho em consonacircncia com as poliacuteticas macroeconocircmicas de estabilizaccedilatildeo econocircmica imposta pelo FMI e demais organismos multilaterais delimitam a intervenccedilatildeo do Estado provocando um acirramento na questatildeo social em suas variadas expressotildees Eacute sob esta perspectiva que as poliacuteticas de emprego passam a ser implementadas no governo FHC Ou seja poliacuteticas que possam combater a crise do emprego e consequentemente a fome e a miseacuteria mas com recursos reduzidos e com ecircnfase na individualizaccedilatildeo do problema reforccedilando a histoacuterica intervenccedilatildeo residual do Estado brasileiro na questatildeo social (OLIVEIRA 2012 p 499)

No periacuteodo FHC assinalado por Oliveira (2012) foram criados vaacuterios

dispositivos de atenccedilatildeo ao trabalhador Um dos mais importantes instrumentos foi o

seguro-desemprego que sofreu alteraccedilotildees em 1994 ampliando

[] o tempo de indenizaccedilatildeo Nesse periacuteodo o desemprego apresentava nuacutemeros elevados chegando a atingir de acordo com o IBGE em torno de 17 da PEA A renda meacutedia do trabalhador apresentou queda pelo sexto ano consecutivo atingindo em 2003 uma reduccedilatildeo de 129 (OLIVEIRA 2012 p 500)

Na primeira deacutecada do seacuteculo XXI o desemprego mantinha a taxa de 96 e

a informalidade atingia 60 dos trabalhadores ocupados como nos mostra Pastore

(2006)

11 A INFORMALIDADE NO CENAacuteRIO BRASILEIRO

Como jaacute mencionado as alteraccedilotildees no mundo do trabalho ocasionadas

pela reestruturaccedilatildeo produtiva concorreram para o aumento do desemprego

estrutural culminando em consequecircncias macroestruturais no seio da economia

26

mundial Retrato disso eacute o fenocircmeno denominado de informalidade esta vista como

um traccedilo marcante nos paiacuteses subdesenvolvidos ou em desenvolvimento

assinalado por Matsuo (2009) e Antunes (2011) Estes autores nos apontam os

variados modos de informalidade que constituem estrateacutegias de enfrentamento agraves

especificidades econocircmicas diferenciadas no tempo e no espaccedilo por serem

construiacutedas a partir de necessidades especiacuteficas territoriais Matsuo (2009) afirma

que estas estrateacutegias informais correspondem de um lado o trabalhador informal

adequando-se a economia de mercado e ―significa um traccedilo constitutivo e crescente

da acumulaccedilatildeo de capital dos nossos dias (ANTUNES 2011 p 4) eou de outro o

setor informal representa a exclusatildeo desses trabalhadores do sistema dinacircmico da

economia Dessa forma segue a autora no sentido de combinaccedilatildeo das duas

possibilidades

[] os trabalhadores marginalizados na economia informal procuram se articular com os setores dinacircmicos da economia e integrar a cadeia no circuito de acumulaccedilatildeo capitalista dependendo das oportunidades que surgem Por outro lado a economia informal nos apresenta setores que estatildeo a reboque da formal e que passam a ser marginais por estarem deslocadas do desenvolvimento econocircmico (MATSUO 2009 p 21)

Os setores informal e formal segundo Souza (2010) coexistem e se

estabelecem como uma fragmentaccedilatildeo da estrutura ocupacional Essa fragmentaccedilatildeo

no entanto deveria ser acompanhada de poliacuteticas puacuteblicas que observassem o setor

informal para a melhoria da sua capacidade de ganho (idem p 4) Essa anaacutelise parte

do pressuposto de que o capitalismo triunfante natildeo foi capaz de absorver a maioria

dos trabalhadores levando-os a concorrer sob a proacutepria sorte e sob a eacutegide da

inadaptaccedilatildeo da desvantagem e da exclusatildeo dos benefiacutecios desse capitalismo Para

esse autor

[] os estudos promovidos pela CEPAL e pelo PREALC defenderam a ideacuteia de uma heterogeneidade estrutural persistente na qual coexistiriam os setores moderno e arcaico Este uacuteltimo tiacutepico da economia informal refletiria o excedente de matildeo-de-obra que luta por sobrevivecircncia assumindo um caraacuteter estrutural e supeacuterfluo As poliacuteticas puacuteblicas deveriam contribuir para a elevaccedilatildeo da renda na economia informal atuando de forma compensatoacuteria (SOUZA 2010 p 4)

Sachs (2007) ao analisar a economia de mercado a partir das

reestruturaccedilotildees capitalistas nos paiacuteses subdesenvolvidos identifica os setores

sociais marginalizados dentro do processo produtivo assim como o sentido

27

excludente e endecircmico resultante da maciccedila exploraccedilatildeo pelos paiacuteses de economias

centrais O autor identifica o cenaacuterio e as transformaccedilotildees no mercado de trabalho

por conta dos processos de dominaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo da economia

No lugar do desaparecimento tradicional por meio da transferecircncia progressiva do excedente de sua matildeo-de-obra para o setor moderno assistimos a expulsatildeo das sobras dos trabalhadores do setor moderno para setores da economia informal de fundos de quintal ou nitidamente ilegal e ateacute a sua marginalizaccedilatildeo pura e simples fadados agrave afliccedilatildeo da ociosidade forccedilada condenados a situaccedilatildeo de assistidos para alguns do berccedilo ao tuacutemulo (SACHS 2007 p 254)

Antunes (2011) subdivide a informalidade em trecircs modalidades de

trabalhadores alocados a economia submersa a) trabalhadores informais

tradicionais b) trabalhadores informais assalariados sem registro c) trabalhadores

informais por conta proacutepria Essas trecircs categorias tambeacutem satildeo compreendidas nas

anaacutelises de Matsuo (2009) a qual define a informalidade em duas grandes

categorias ―velha informalidade (trabalhadores tradicionais) e a ―nova

informalidade (terceirizaccedilatildeo flexibilizaccedilatildeo temporizaccedilatildeo) No entanto haacute algumas

―[] denominaccedilotildees atribuiacutedas a atividades praticadas nesse campo desemprego

disfarccedilado subemprego atividade clandestina iliacutecita natildeo estruturada etc

(SANTOS MACIEL e SATO 2014 p 330) que estatildeo presentes em todos os setores

da economia tanto no setor primaacuterio no secundaacuterio como no terciaacuterio como

apontam esses autores

De outra forma como aponta o estudo realizado em 2002 pelo Observatoacuterio

do Mercado de Trabalho do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) haacute dois tipos

de mercado de trabalho que atuam concomitantemente

a) um setor formal cujo funcionamento das atividades foi definido como tendo barreiras agrave entrada com recursos externos sistema de propriedade impessoal operando em mercados amplos e protegidos por cotas e tarifas grande escala de produccedilatildeo processos produtivos de tecnologia moderna e intensivos em capital e matildeo-de-obra qualificada e b) um setor informal definido pela inexistecircncia de barreiras agrave entrada aporte de recursos de origem domeacutestica propriedade individual operando em pequena escala processos produtivos intensivos em trabalho atuando em mercados competitivos e natildeo regulados (MTE 2002 p 3)

O fato eacute que o crescimento da informalidade no caso brasileiro revelava

aleacutem da fragilidade na arrecadaccedilatildeo tributaacuteria a violaccedilatildeo agraves leis trabalhistas a

28

precarizaccedilatildeo do trabalho e a desqualificaccedilatildeo do trabalhador frente agraves novas

tecnologias e restriccedilotildees agrave sua inserccedilatildeo no mercado de trabalho formal

Revelando o contraste entre os dois setores conforme as anaacutelises de

Meneguin e Bugarin (2008) em 2004 o trabalhador formalizado obteve uma

remuneraccedilatildeo de 623 superior em relaccedilatildeo ao trabalhador atuante na economia

submersa (CATANI 1985)

Alguns estudos realizados que apontam a informalidade no Brasil remontam

a deacutecada de 1990 Dessa forma a pesquisa Economia Informal Urbana (ECINF)

feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia a Estatiacutestica (IBGE) considerou a

―Organizaccedilatildeo e o Funcionamento da Unidade Econocircmica como uma caracteriacutestica

capaz de balizar os estudos sobre a informalidade Da mesma forma procurou

identificar e correlacionar as atividades informais identificando os

proprietaacuterios de negoacutecios informais trabalhadores por conta proacutepria e pequenos empregadores com 10 anos ou mais de idade ocupados em atividades natildeo-agriacutecolas e moradores em aacutereas urbanas nos domiciacutelios em que moram e atraveacutes deles investigar as caracteriacutesticas de funcionamento das unidades produtivas (IBGE - BRASIL 2003 p 15)

Um dos objetivos do IBGE era de ―quantificar o potencial das atividades

econocircmicas exercidas na informalidade em gerar oportunidades de trabalho e

rendimentos aleacutem de captar informaccedilotildees que permitam conhecer o papel e a

dimensatildeo do setor informal na economia brasileira (IBGE- BRASIL 2003 p 13)

O aumento da informalidade pode estar associado ao aumento da taxa de

desemprego o qual exige das pessoas estrateacutegias e formas diferenciadas de

sobrevivecircncia ou seja uma nova relaccedilatildeo com o mercado de trabalho como mostra

Matsuo (2009) Nas anaacutelises de Santos (2008)

Ateacute 1995 a cada aumento na oferta de emprego formal correspondia uma reduccedilatildeo do iacutendice de trabalhadores na informalidade Poreacutem a loacutegica mudou e a tendecircncia mostra que a criaccedilatildeo de novos empregos com carteira assinada natildeo causa mais esse impacto A informalidade passou a ser um traccedilo caracteriacutestico do mercado de trabalho brasileiro [] (SANTOS 2008 p6)

Pastore (2006) numa anaacutelise sobre o quadro nacional de empregos jaacute

indicava esta perspectiva e avalia o impacto sobre a previdecircncia social desse

quantitativo pois esta porcentagem corresponde agraves pessoas que natildeo contribuem

para o setor previdenciaacuterio gerando enormes distorccedilotildees no setor

29

Perceberemos (TABELA 1) a gradativa reduccedilatildeo na taxa de informalidade

brasileira bem como a reduccedilatildeo em 2 na taxa de desemprego entre 2002 e 2008

como observam Barbosa Filho e Pessocirca (2011) Estes autores ainda alertam para

a as diferenccedilas marcantes na composiccedilatildeo da taxa de desemprego de regiatildeo para

regiatildeo sugerindo o percentual em torno de 6 em Belo Horizonte e Porto Alegre e

superior a 12em Recife e Salvador no ano de 2008 (BARBOSA FILHO PESSOcircA

2011 p 2)

TABELA 1 - TAXA DE DESEMPREGO E INFORMALIDADE NO BRASIL

ANO DESEMPREGO INFORMALIDADE

2002 91 436 2003 97 423 2004 89 425 2005 93 414 2006 84 407 2007 82 391 2008 71 381 2009 83 374 2012 55 34 2013 54 33 2014 43 322 Fev2015 5 325

FONTE BARBOSA FILHO e MOURA (2012) IPEA (20142015) No primeiro semestre de 2013 a informalidade atingiu a taxa de 332

segundo IPEA (2013) Notamos (TABELA 1) que as atividades informais entre 2002

e 2006 obtiveram uma retraccedilatildeo de 29 e entre 2006 e 2013 houve decliacutenio na

ordem de 75 na informalidade brasileira Portanto houve a reduccedilatildeo de 104 da

informalidade entre os anos de 2002 e 2013 Em 2014 o desemprego obteve uma

variaccedilatildeo de 07 pp em relaccedilatildeo agrave fevereiro de 2015 assim como a informalidade

teve um acreacutescimo de 03 pp (IPEA 2015)

A informalidade segundo Malaguti (2001) eacute um traccedilo caracteriacutestico no

mercado de trabalho brasileiro e abrange parte significativa de trabalhadores

exercendo atividades de forma precarizada e desprotegida o que leva a reduccedilatildeo

salarial ao aumento da carga horaacuteria de trabalho e a desvalorizaccedilatildeo do trabalho

como garantia de dignidade

30

12 DO TRABALHO FORMALIZADO Agrave NECESSIDADE EMPREENDEDORA A

CRIacuteTICA

O deslocamento forccedilado dos trabalhadores formais para praacuteticas informais

no mercado de trabalho resultante de um processo de mudanccedilas nas relaccedilotildees de

produccedilatildeo e trabalho levaram milhares de pessoas a improvisar formas diferenciadas

de suas atividades habituais por necessidade de sobrevivecircncia muitas vezes

compreendidas como formas inovadoras e empreendedoras dentro de uma nova

realidade socioeconocircmica imposta

As praacuteticas empreendedoras muitas vezes como aponta Barbosa (2007) e

Malaguti (2001) surgem como estrateacutegias de autogestatildeo do trabalho do tempo e do

espaccedilo fiacutesico por se apresentarem como uacutenicas alternativas no processo de

desregulamentaccedilatildeo do trabalho e assim as novas configuraccedilotildees do trabalho

resultaram do esvaziamento da poliacutetica abrindo caminho na substituiccedilatildeo do trabalho

empregatiacutecio para uma forma autocircnoma do empreendedorismo Nas palavras de

Barbosa (2007)

A quebra do assalariamento baseado em contratos advindos da concentraccedilatildeo Estado capital e sindicatos penaliza o trabalho amplia as margens de accedilatildeo do mercado e expotildee a fragilizaccedilatildeo da poliacutetica como dimensatildeo da vida social por isso a pergunta que se faz agora entatildeo eacute de que modo o empreendedorismo pode reinventar ou inovar o trabalho garantindo espaccedilo para a poliacutetica Quer dizer frente agrave escassez (volume) e precarizaccedilatildeo (qualidade) do trabalho ateacute que ponto o empreendedorismo expresso nas ideias e praacuteticas de geraccedilatildeo de renda produz efeitos positivos no sentido de minorar as accedilotildees do mercado e impactar o quadro de desigualdade social (BARBOSA 2007 p 3)

Para essa autora o trabalhador desempregado perde sua identidade

subjetiva compartilhada e o emprego formalizado deixa de ser referecircncia de renda

pois com a ―reversatildeo do assalariamento e a ampliaccedilatildeo do trabalho desprotegido

informal se impotildee como regressividade social na medida em que diminui o poder de

barganha dos trabalhadores jogados agrave sorte no mercado e aumenta a desigualdade

social (idem p 4)

Essa realidade socioeconocircmica como demonstra Barbosa (2007) conduz

os trabalhadores para as diversas formas desprotegidas de gerar renda e o que

significava precariedade de uma sobrevivecircncia urbanizada passa a ser considerada

como um conjunto de qualidades dos trabalhadores pobres com caracteriacutesticas de

31

autonomia empregatiacutecia empreendedora e criativa escondendo a condiccedilatildeo de

inseguranccedila social Como segue a autora

Pode-se dizer que como barotildees da raleacute os trabalhadores informais reaparecem na narrativa empreendedora como portadores de futuro avalizados pela experimentaccedilatildeo do risco cotidianamente Todavia contraditoriamente a ocupaccedilatildeo em si natildeo oferece nenhuma seguranccedila social enquanto promessa de futuro para os trabalhadores envolvidos e suas famiacutelias (BARBOSA 2007 p 7)

Dessa maneira segundo a autora a reversatildeo forccedilada do assalariamento

protegido para o ―auto-emprego constituiu um esvaziamento das forccedilas sociais que

possuem bases nas condicionantes do trabalho coletivizado do trabalho protegido

pelas leis de regulaccedilatildeo do mercado de trabalho Sendo assim o auto-emprego pode

ser compreendido como sendo balizado em expectativas de mercado onde sua

capacidade de competitividade em muitos casos fica muito aqueacutem das forccedilas que

regulam o mercado impondo-lhe limitaccedilotildees de expansatildeo e ―desprovidos de capital

o trabalho autocircnomo paradoxalmente depende da sub-remuneraccedilatildeo que se auto

impotildee e do estaacutegio de desenvolvimento de dada sociedade capitalista cuja

tendecircncia eacute estender sua racionalizaccedilatildeo a todos os setores da economia (SOUZA

2010 p 5)

A gama de trabalhadores sem carteira assinada autocircnomos contrasta pela

sua heterogeneidade dependendo da escolaridade dos ganhos reais aacuterea de

atuaccedilatildeo remuneraccedilatildeo geralmente com pouca qualificaccedilatildeo e atuantes na produccedilatildeo

de bens e serviccedilos conforme analisa Souza (2010)

Dentro dessa oacutetica em suas anaacutelises sobre a formalizaccedilatildeo do

microempreendedor individual (MEI) Sulzbach e Denardin (2012) relatam que ―com

a instituiccedilatildeo desta figura o Estado brasileiro auxilia na desregulamentaccedilatildeo do

mercado de trabalho capitalista regulamentando-a Nesse sentido seguem os

autores

Esta nova forma de desregulamentaccedilatildeo do mercado de trabalho estabelece o individualismo que cria uma cultura empreendimentista assim chamada por Harvey apud Miqueluzzi (1998) aonde a classe trabalhadora vislumbra ser um trabalhador por conta proacutepria natildeo ser mais assalariado (SUZBACH DENARDIN 2011 p 10)

32

Para Malaguti (2001 p 88) a informalidade aparece como uma das uacutenicas

formas de sobrevivecircncia para milhares de brasileiros e esta eacute um ―recurso de uacuteltima

instacircncia (p 92)

As pequenas empresas que surgem em meio agrave informalidade superlativada

resultado de uma modernidade que natildeo superou os preceitos do

subdesenvolvimento ao contraacuterio expandiu a pobreza e as diferenccedilas sociais pela

concentraccedilatildeo de renda excessiva e a reestruturaccedilatildeo do processo de produccedilatildeo

enfrentam condiccedilotildees humilhantes e ultrajantes na procura de espaccedilo para a

sobrevivecircncia Segundo Malaguti (2001 p 68) a informalidade ―natildeo eacute um celeiro de

pessoas ativas empreendedoras eneacutergicas mas sim o refuacutegio sem opccedilatildeo

As empresas constituiacutedas diante de uma economia informal analisadas por

Malaguti (2001) Sachs (2006) Antunes (2011) Barbosa (2007) Catani (1985)

reproduzem o trabalho precarizado sob a forma de baixa remuneraccedilatildeo jornadas

excessivas de trabalho condiccedilotildees muitas vezes insalubres e sem orientaccedilatildeo

teacutecnica de seguranccedila

33

2 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS NO MERCADO DE TRABALHOBRASILEIRO DAS

ORIGENS AO MEI

Neste capiacutetulo pretendemos estabelecer uma breve aproximaccedilatildeo sobre o

conceito de poliacuteticas puacuteblicas que em nosso entendimento eacute fundamental para a

compreensatildeo do objeto de estudo que eacute a poliacutetica puacuteblica de formalizaccedilatildeo do

microempreendedor individual Ainda neste toacutepico apresentaremos algumas das

principais poliacuteticas puacuteblicas sobre emprego no periacuteodo republicano brasileiro

21 SOBRE A POLIacuteTICA PUacuteBLICA NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO

A Poliacutetica Puacuteblica eacute caracterizada como a posiccedilatildeo do ―Governo em accedilatildeo

assim definida por (SOUZA 2006) e ao mesmo tempo ―o Estado implantando um

projeto de governo atraveacutes de programas de accedilotildees voltadas para setores

especiacuteficos da sociedade(HOumlFLING 2001 p 31) ou mesmo a intervenccedilatildeo do

Estado em problemas e finalidades especiacuteficas

Podemos salientar que definiccedilotildees sobre o tema podem incidir em conceitos

significativamente diferentes pois como nos aponta Souza (2006) natildeo haacute uma

definiccedilatildeo singular para o termo Poliacutetica Puacuteblica diferentemente de outras aacutereas do

conhecimento tradicionalmente constituiacutedas como eacute o caso da Sociologia da

Economia ou da Psicologia a exemplos

Para Souza (2006) tal termo implica num conjunto de accedilotildeesprocessos que

permitem a dissociaccedilatildeo e separaccedilatildeo em fases de poliacuteticas ou ciclo de poliacutetica

puacuteblica pois no processo de estabilizaccedilatildeo dessa poliacutetica puacuteblica pode ocorrer

disparidades nas etapas de transcurso tanto na formulaccedilatildeo na implementaccedilatildeo

como na avaliaccedilatildeo da PP A partir de suas anaacutelises a autora nos apresenta algumas

definiccedilotildees sobre o tema

Mead (1995) a define como um campo dentro do estudo da poliacutetica que analisa o governo agrave luz de grandes questotildees puacuteblicas e Lynn (1980) como um conjunto de accedilotildees do governo que iratildeo produzir efeitos especiacuteficos Peters (1986) segue o mesmo veio poliacutetica puacuteblica eacute a soma das atividades dos governos que agem diretamente ou atraveacutes de delegaccedilatildeo e que influenciam a vida dos cidadatildeos Dye (1984) sintetiza a definiccedilatildeo de poliacutetica puacuteblica como ―o que o governo escolhe fazer ou natildeo fazer A definiccedilatildeo mais conhecida continua sendo a de Laswell ou seja decisotildees e anaacutelises sobre poliacutetica puacuteblica implicam responder agraves seguintes questotildees quem ganha o quecirc por quecirc e que diferenccedila faz (SOUZA 2006 p24)

34

O estudo do campo da Poliacutetica Puacuteblica estaacute direcionado agraves anaacutelises e

interpretaccedilotildees de interesses vantagens desvantagens ganhos e perdas dos grupos

e atores envolvidos no processo de construccedilatildeo da PP de forma direta ou indireta

desde a construccedilatildeo da agenda da formulaccedilatildeo do processo decisoacuterio da

implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo ateacute o puacuteblico alvo ao qual se originou a poliacutetica puacuteblica

Para Frey (2000) a Poliacutetica Puacuteblica constitui um campo da Ciecircncia Poliacutetica e

poderemos analisaacute-la sob trecircs perspectivas 1) o sistema poliacutetico no qual identifica e

avalia a accedilatildeo do governo e do Estado como promotores de felicidade de seus

cidadatildeos 2) o elemento poliacutetico representado pelas relaccedilotildees de forccedila e interesses

entre atores envolvidos no processo decisoacuterio 3) processo de avaliaccedilatildeo do sistema

poliacutetico no que concernem suas accedilotildees e estrateacutegias escolhidas para resolver

problemas especiacuteficos

Historicamente como aponta Frey (2000) o estudo sobre este campo da

Ciecircncia Poliacutetica nos Estados Unidos teve iniacutecio na deacutecada de 1950 Ao passo que

na Europa esta preocupaccedilatildeo comeccedilou a partir de 1970 com a ascensatildeo da social

democracia na Alemanha que estabeleceu poliacuteticas setoriais localizadas e

pontuais passiacuteveis de serem analisadas No caso brasileiro o interesse pelo

assunto eacute muito recente e conferiu ―ecircnfase ou agrave anaacutelise das estruturas e instituiccedilotildees

ou agrave caracterizaccedilatildeo dos processos de negociaccedilatildeo das poliacuteticas setoriais

especiacuteficas (p 214)

As poliacuteticas puacuteblicas desenvolvidas no plano da percepccedilatildeoaccedilatildeo pelo

Estado para a intervenccedilatildeo no mercado de trabalho satildeo constituiacutedas por Poliacuteticas

Ativas e Poliacuteticas Passivas (MACHADO E NETTO 2011 CHAHAD 2006 PAIVA

2006) No Brasil elas estatildeo presentes concomitantemente no sistema puacuteblico de

emprego e ―existem para corrigir falhas de mercado relacionadas agrave restriccedilatildeo de

creacutedito assimetrias de informaccedilatildeo ou problemas de intermediaccedilatildeo de matildeo - de

obra (MACHADO E NETTO 2011 p 2) bem como promover a geraccedilatildeo de

emprego e renda e equacionar determinadas disfunccedilotildees no mercado de trabalho

Nas palavras de Chahad (2006)

Esta intervenccedilatildeo materializa-se por meio da oferta de serviccedilos baacutesicos como concessatildeo de creacutedito aos desempregados e trabalhadores autocircnomos melhoria da qualidade da matildeo-de-obra por meio do treinamento e da recolocaccedilatildeo do desempregado utilizando a intermediaccedilatildeo da matildeo-de-obra Essas poliacuteticas ativas que associando-se ao seguro-desemprego e a outras formas de assistecircncia aos desempregados atuam no sentido de

35

promover a geraccedilatildeo de emprego elevar o niacutevel de rendimentos e garantir melhor bem-estar aos trabalhadores em geral (CHAHAD 2006 p 1)

As Poliacuteticas Ativas tecircm a finalidade de facilitar o Acesso em ao mercado de

trabalho e aumentar o niacutevel de salaacuterios dos trabalhadores que apresentam

dificuldades de inserccedilatildeo nesse mercado criar frentes de trabalho oferecer

incentivos agraves micro e pequenas empresas aleacutem de possuir ―[] instrumentos para

criaccedilatildeo direta e indireta de emprego tanto no mercado formal de trabalho quanto no

setor informal contribuem para aumentar a ―empregabilidade do trabalhador

facilitando seu reemprego auxilia na reduccedilatildeo dos niacuteveis de pobreza (CHAHAD

2006 p 5 - 6) Essa forma de poliacutetica seraacute analisada mais adiante quando nos

referirmos agrave formalizaccedilatildeo do Microemprendedor individual sob a Lei Complementar

12808

No caso das Poliacuteticas passivas o objetivo eacute assegurar o miacutenimo de renda

consumo satisfaccedilatildeo para as pessoas excluiacutedas temporariamente ou natildeo do

processo produtivo do mercado de trabalho O dispositivo mais conhecido eacute o

Seguro-desemprego3 (MACHADO E NETTO 2011 CHAHAD 2006 PAIVA 2006)

Para Oliveira (2012) jaacute mencionada anteriormente a poliacutetica de emprego

consiste numa representaccedilatildeo reduzida do ponto de vista do Estado do Bem Estar

Social e agrave ―posiccedilatildeo ocupada pelo paiacutes na divisatildeo internacional do trabalho (idem p

494) o que resulta num quadro nacional do capitalismo dependente Veremos que

no primeiro momento do periacuteodo Republicano natildeo haacute a construccedilatildeo de um projeto de

poliacuteticas que coadunassem poliacuteticas ativas e poliacuteticas passivas Observamos nesse

sentido que o complexo de poliacuteticas ativas deixa claro o forte posicionamento ao

desenvolvimento econocircmico e dessa forma compreendemos que as ―principais

medidas de proteccedilatildeo ao trabalhador no Brasil foram no sentido de controlar a forccedila

de trabalho com a inserccedilatildeo de marcos regulatoacuterios corporativos e restritos a

pequenos grupos (OLIVEIRA 2012 p 495) Como salienta essa autora a privaccedilatildeo

de poliacuteticas passivas de atenccedilatildeo ao trabalhador tanto na Primeira Repuacuteblica como

no periacuteodo Vargas dilatou o quadro de pobreza brasileiro e criou um excedente de

matildeo de obra abrindo caminho para a subsistecircncia fora do setor formal

3 O Seguro desemprego eacute um benefiacutecio que oferece auxiacutelio em dinheiro por um periacuteodo determinado

pago ao trabalhador formal e domeacutestico em virtude da dispensa sem justa causa inclusive dispensa indireta trabalhador formal com contrato de trabalho suspenso em virtude de participaccedilatildeo em curso de qualificaccedilatildeo fornecido pelo empregador pescador profissional durante o periacuteodo de defeso e trabalhador resgatado da condiccedilatildeo semelhante agrave de escravo (lthttpsgoogleX5hIw)

36

Para Fernandes (1975) Oliveira (1984) Machado (1999) Furtado (1978) e

Galeano (2010) o desenvolvimento latino-americano foi marcado pela incapacidade

de acompanhar a evoluccedilatildeo do capitalismo e das contradiccedilotildees e relaccedilotildees

antagocircnicas internas entre as capacidades produtivas e a correspondecircncia social

resultando no baixo desempenho econocircmico no mercado internacional dos paiacuteses

―subdesenvolvidos inseridos no sistema neocolonial o que permitiu a histoacuterica

dominaccedilatildeo e espoliaccedilatildeo territorial Para estes autores processo de dominaccedilatildeo foi

construiacutedo historicamente iniciado com o advento da ―Invasatildeo ou Conquista do

continente americano pela Espanha e Portugal As relaccedilotildees de poder produzidas

entre economias centrais e sateacutelites marcaram a crescente dependecircncia econocircmica

das uacuteltimas em relaccedilatildeo agraves primeiras sendo que o capitalismo latino americano se

tornou dependente na medida em que as bases relacionais foram pela via do

―endividamento externo e maior submissatildeo ao capital foracircneo (MACHADO 1999 p

200)

211 Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho primeiro momento

Abaixo (QUADRO1) apresentamos algumas das principais poliacuteticas de

emprego desenvolvidas pelo Estado brasileiro anterior ao Regime Militar que se

estabeleceu em 1964

QUADRO 1- POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS DE TRABALHO DESENVOLVIDAS NO BRASIL ANTERIOR A

1964

Continua

ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DEFINICcedilAtildeO

1919 Lei sobre acidentes de trabalho nordm 3724 de 15 janeiro de 1919

Responsabiliza empregadores pela indenizaccedilatildeo

Regulamentaccedilatildeo das relaccedilotildees de trabalho Criaccedilatildeo do Aviso Preacutevio proibiccedilotildees de salaacuterios atrasados pagamentos de

horas extras natildeo salariais proibiccedilatildeo de trabalho para menores de quatorze anos

e estabilidade de emprego para ferroviaacuterios e portuaacuterios

1925 Decreto4982 de 24 de dezembro de 1925 ndash Lei de feacuterias

Concede 15 dias anuais de feacuterias para empregados

1926 Dec 5083 de 01 de dezembro de 1926 Coacutedigo do menor

Regulamentaccedilatildeo do trabalho de menores dentre outras providecircncias

1930 CriaccedilatildeodoMinisteacuterio do Trabalho Comeacutercio e induacutestria

Interferir sistematicamente no conflito entre capital e trabalho Estabeleceu

jornada de 8 horas e proibiccedilatildeo do trabalho infantil e noturno

1942 ServiccediloNacionaldeAprendizagemIndustrial (SENAI) - Dec Fed 4048 de 22 de janeiro de 1942

Formaccedilatildeo profissional para a insipiente induacutestria de base

37

QUADRO 1 - POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS DE TRABALHO DESENVOLVIDAS NO BRASIL ANTERIOR A

1964

Concluatildeo

FONTE OLIVEIRA (2012) MTE SENAI SENAC CPDOC SENADO FEDERAL

Com um desenvolvimento industrial ainda modesto e insipiente no primeiro

momento da Repuacuteblica do Brasil como analisa Cotrin (1999) a base econocircmica

brasileira estava atrelada ao campo pois segundo esse autor em 1920 697 das

pessoas ativas desenvolviam atividades na agricultura 138 na induacutestria e o setor

de serviccedilos abarcava 165 das pessoas ativas (COTRIN 1999 p 268)

Mesmo com uma sociedade predominantemente agraacuteria as poliacuteticas

puacuteblicas de emprego demonstradas acima atingiam apenas os trabalhadores

urbanos que representavam cerca de 30 dos trabalhadores brasileirosAs

condiccedilotildees de trabalho desse operariado na Primeira Repuacuteblica brasileira eram

excessivamente precaacuterias o que provocavam vaacuterios acidentes de trabalho somem-

se a isso os baixos salaacuterios pagos a natildeo existecircncia de salaacuterio miacutenimo sem direito a

feacuterias ou pagamento de horas extras carga horaacuteria excessiva de trabalho que

atingia como aponta Cotrin (1999) 15 horas diaacuterias de trabalho de segunda a

saacutebado e sem direito a qualquer forma de indenizaccedilatildeo ou aviso preacutevio o

trabalhador poderia ser demitido arbitrariamente (p 275) Como demonstra o autor

[] as instalaccedilotildees das faacutebricas eram geralmente precaacuterias Nos galpotildees de serviccedilo natildeo havia espaccedilo adequado para o trabalho o ambiente era mal iluminado quente e sem ventilaccedilatildeo Tudo isso favorecia a ocorrecircncia de acidentes de trabalho cujas as principais viacutetimas eram as crianccedilas (COTRIN 1999 p 274)

Diante do quadro que se encontrava o trabalhador brasileiro nesse periacuteodo

surgiram vaacuterios protestos reivindicatoacuterios para melhorias nas condiccedilotildees de trabalho

sendo importantes na contribuiccedilatildeo para o aparecimento dos primeiros sindicatos e

entidades ligadas ao operariado

Dessa maneira como aponta Fausto (1995) foi no curso das greves

ocorridas entre os anos de 1917 e 1920 que surgiram as primeiras possibilidades de

aprovaccedilatildeo legislativa de direitos aos trabalhadores Algumas medidas foram

ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DEFINICcedilAtildeO

1946 Serviccedilo nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC)

Voltado para o setor de comeacutercio produccedilatildeo de bens e serviccedilo e turismo

1943 Consolidaccedilatildeo das leis trabalhistas (CLT) (lei nordm 5452 de 1ordm maio de

1943)

Art 1ordm - Esta Consolidaccedilatildeo institui as normas que regulam as relaccedilotildees individuais e coletivas de

trabalho nela previstas

38

colocadas em um projeto denominado Coacutedigo de trabalho mas sofreram pesadas

criticas pelo empresariado sendo igualmente vetadas pelos congressistas Apenas

a Lei nordm 37241919 que dispunha sobre as regras resultantes de acidentes de

trabalho como indenizaccedilotildees e responsabilidades do empregador foi aprovada

Ainda assim duas leis importantes foram produzidas na segunda metade dos anos 20 a Lei de feacuterias (1925) e a Lei de Regulamentaccedilatildeo do Trabalho de menores (192627) A primeira visava a obrigar os empresaacuterios a conceder 15 dias de feacuterias a seus empregados sem prejuiacutezo do ordenadomas foi sistematicamente desrespeitada Jaacute o Coacutedigo do Menor estipulava a maioridade a partir dos 18 anos e propunha uma jornada de trabalho de seis horas (CPDOC ndash Centro de Pesquisas e documentaccedilatildeo de Histoacuteria Contemporacircnea do Brasil)

Jaacute na deacutecada de 1930 o Estado Getulista procurou estabelecer regulaccedilatildeo e

regulamentaccedilatildeo para a questatildeo trabalhista Neste periacuteodo foi criado o Ministeacuterio do

Trabalho Comeacutercio e Induacutestria como forma de atenccedilatildeo mais sistemaacutetica ao

trabalhador como aponta Oliveira (2012) A regulaccedilatildeo tinha como objetivo

interferecircncia do estado junto aos sindicatos e organizaccedilotildees trabalhistas sobre

maneira nas de inclinaccedilotildees marxistas apoiadas por partidos de esquerda o que

limitava accedilotildees no campo poliacutetico e conflitos de classes dificultando a organizaccedilatildeo

da classe trabalhadora Dessa forma como observam Fausto (1995) e Oliveira

(2012) a centralizaccedilatildeo estatal mantinha sobre forte domiacutenio a questatildeo do ―princiacutepio

da unidade sindical ou seja do reconhecimento do Estado de um uacutenico sindicato

por categoria profissional (FAUSTO1995 p 335) Segundo Oliveira (2012) o

governo centralizador e interventor de Vargas tinha a intenccedilatildeo de estabelecer a

harmonia entre as classes diluiacutedas pela inquietaccedilatildeo social e promover a adequaccedilatildeo

trabalhocapital o que levaria a acumulaccedilatildeo capitalista Consideremos que em

1920 a produccedilatildeo agriacutecola representava 79 do total produzido no paiacutes e a

induacutestria 21 em 1940 a agricultura era responsaacutevel por 57 da produccedilatildeo e a

induacutestria 43 o que denota um aumento significativo do setor industrial (FAUSTO

1995 p 392)

Na avaliaccedilatildeo de Fausto (1995 p 336) ―a poliacutetica trabalhista do Governo

Vargas constituiu um niacutetido exemplo de uma ampla iniciativa que natildeo derivou das

pressotildees de uma classe social e sim da accedilatildeo do Estado As medidas regulatoacuterias

de Vargas tinham um propoacutesito central aumentar a capacidade de produccedilatildeo

industrial nas aacutereas urbanas e para tanto havia a necessidade de prevenir a

instabilidade social e mediar as relaccedilotildees entre a classe trabalhadora e o patronato

39

Assim para normatizar as relaccedilotildees de trabalho individuais e coletivas bem

como as regulamentaccedilotildees sobre essas relaccedilotildees em 1943 foi instituiacuteda a

Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho (CLT) sob o Dec Lei nordm 5452 de 151943

Nesse periacuteodo ficou evidente a forte regulaccedilatildeo das forccedilas de trabalho

subordinadas agraves poliacuteticas macroeconocircmicas de desenvolvimento e acumulaccedilatildeo de

capital A partir das deacutecadas de 197080 as poliacuteticas de emprego comeccedilaram a

ganhar destaque e porte sendo criado o Sistema Puacuteblico de Emprego ainda como

um sistema de pouca prospecccedilatildeo que atingia exclusivamente o mercado formal de

trabalho (MACHADO e NETO 2011)

212 Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho no Regime Militar

O iniacutecio do regime militar foi marcado por uma seacuterie de mudanccedilas que

incidiram sobre a poliacutetica de emprego no Brasil Essas medidas tornaram-se

coercitivas em funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do governo militar em expandir o complexo

industrial e tecnoloacutegico (OLIVEIRA 2012) No entanto foi somente a partir da

deacutecada de 1970 no regime militar que comeccedilam a serem implementadas poliacuteticas

passivas ainda modestas de atendimento aos trabalhadores natildeo somente

formalizados mas algumas categorias de trabalhadores que se encontravam fora do

mercado de trabalho Uma das Poliacuteticas de Emprego de maior visibilidade foi a

criaccedilatildeo do Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo (FGTS) (Lei 5107 de

13set1966) orientado hoje pela Lei 8036 de 11maio1990 e tem como objetivo

dar auxiacutelio ao trabalhador dispensado do serviccedilo sem justa causa e garantir uma

renda para a subsistecircncia ateacute conseguir novo emprego Para Oliveira (2012) a

criaccedilatildeo do FGTS substitui a estabilidade de emprego contida na CLT pela

poupanccedila compulsoacuteria Abaixo (QUADRO 2) estatildeo algumas das Poliacuteticas de

Emprego desenvolvidas durante o regime militar que se instalou no Brasil em 1964

QUADRO 2 - POLIacuteTICAS DE EMPREGO DESENVOLVDAS NO BRASILDURANTE O REGIME MILITAR

continua

ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DEFINICcedilAtildeO

1964 Lei Anti-greve4330 de 161964

Regula o direito de greve na forma do art 158 da Constituiccedilatildeo Federal de 1946

40

QUADRO 2 - POLIacuteTICAS DE EMPREGO DESENVOLVDAS NO BRASIL DURANTE O REGIME MILITAR

conclusatildeo

ANO POLIacuteTICA DEFINICcedilAtildeO

1965 Sobre os dissiacutedios coletivos entre categorias profissionais e econocircmicas (lei 4725 de

13765)

Estabelece normas para o processo dos dissiacutedios coletivos e daacute outras

providecircncias (Poliacutetica de contenccedilatildeo salarial)

1966 Criaccedilatildeo do Instituto Nacional de Previdecircncia Social (INPS) ndash Dec lei nordm 72 de 21111966

Unifica os Institutos de Aposentadoria e Pensotildees

1966 Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo Lei 5107 de 13091966 ndash revogado o seu original em 1989 e posteriormente em 1990 pela Lei

8036 de 11051990

Dispotildee sobre o Fundo de garantia por Tempo de Serviccedilo

1970 Criaccedilatildeo do Programa de integraccedilatildeo Social (Lei Complementar 07 de 791970)

Art 1ordm [] destinado a promover a integraccedilatildeo do empregado na vida e no

desenvolvimento das empresas

1970 Criaccedilatildeo do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico (PASEP) ndash LC

nordm 08 de 03121970

Institui o Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico

1971 Programa de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (PRORURAL) LC n 11 de 25051971

Poliacutetica de assistecircncia ao trabalhador rural

1973 Dec lei 71885 de 931973 Dispotildee sobre a profissatildeo de empregado domeacutestico

Art 1ordm Satildeo assegurados aos empregados domeacutesticos os benefiacutecios e serviccedilos da Lei

Orgacircnica da Previdecircncia Social

1974 Criaccedilatildeo do Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS )Lei 6036 de

1051974

Atribuiccedilotildees diferentes do Ministeacuterio do Trabalho

11974

Lei Ordinaacuteria 6136 de 7111974 Define o salaacuterio maternidade e outros benefiacutecios a serem pagos aos

trabalhadores (na praacutetica somente aos trabalhadores formalizados)

11974

Lei n 6179 de 11121974 Art 1ordm Institui amparo previdenciaacuterio para maiores de setenta anos de idade e para invaacutelidos definitivamente incapacitados

para o trabalho que natildeo exerccedilam atividades remuneradas []

11974

Lei n 6195 de 19121974 Extensatildeo aos trabalhadores rurais a concessatildeo de seguro por acidente do

trabalho

11974

Lei nordm 6019 de 03011974 Dispotildee sobre o Trabalho Temporaacuterio nas Empresas Urbanas - atendimento do

empresariado na substituiccedilatildeo de forccedila de trabalho ndash (OLIVEIRA 2012)

11975

Criaccedilatildeo do Sistema Puacuteblico de Emprego Conjunto de poliacuteticas ativas e passivas no mercado de trabalho

11975

Cria o Sistema Nacional de Emprego (SINE) Dec nordm 76403 de 08101975

Linhas de accedilatildeo organizar um sistema de informaccedilotildees e pesquisas sobre

o mercado de trabalho informar agraves empresas sobre a forccedila de trabalho

disponiacutevel (OLIVEIRA 2012)

FONTE OLIVEIRA (2012)wwwplanaltogovbr Instituo de Desenvolvimento do Trabalho

(IDT)CHAHAD (2006)

A centralidade econocircmica administrativa e poliacutetica que se iniciou no Brasil

apoacutes a implantaccedilatildeo do regime militar em 1964 culminou com a forte presenccedila do

41

Estado na sociedade e na economia e numa seacuterie de propostas de desenvolvimento

econocircmico colocadas nos Plano Nacional de Desenvolvimento l (1971 ndash 1974) e no

Plano Nacional de Desenvolvimento ll (1975 ndash 1979) (PND)

Neste momento da histoacuteria o Estado brasileiro inicia um processo de

enrijecimento atraveacutes da militarizaccedilatildeo poliacutetica administrativa e econocircmica do paiacutes

que avanccedilou para os setores da sociedade atingindo a classe trabalhadora Dentro

desse contexto foi decretado o impedimento agrave greve atraveacutes da Lei 433064 (Lei

Anti-greve) No ano seguinte foram instituiacutedas normas para o processo dos dissiacutedios

coletivos pela Lei nordm 472565 Tais medidas alertavam para o teor coercitivo do

governo militar e da sua proposta de crescimento econocircmico que penalizava a

classe trabalhadora do paiacutes

Na mesma medida em que manifestava sua posiccedilatildeo coercitiva e de controle

sobre as relaccedilotildees de trabalho o governo militar dava iniacutecio a propostas dos

trabalhadores como forma de compensaccedilatildeo pela falta de liberdade Em 1966 foi

criado o Instituto Nacional de Previdecircncia Social (INPS) o qual unificou os Institutos

de Aposentadorias e Pensotildees sob o Dec Lei nordm 7266 amparado pelo Ato

Institucional nordm 2 de 27111965 Em 1970 foram criados o Programa de Integraccedilatildeo

Social (PIS) sob a Lei nordm 071970 com o propoacutesito de ―[] promover a integraccedilatildeo do

empregado na vida e no desenvolvimento das empresas (art 1ordm) e o Programa de

Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico (PASEP) ndash sob a Lei Complementar nordm

0870 Em 1971 a poliacutetica de trabalho passa a ser voltada ao meio rural por meio da

constituiccedilatildeo do Programa de Assistecircncia ao trabalhador Rural (PRORURAL) sob a

Lei Complementar 2571 Esta poliacutetica tinha o objetivo de dar assistecircncia ao

trabalhador rural que ateacute entatildeo natildeo possuiacutea benefiacutecios na legislaccedilatildeo trabalhista

Segundo Oliveira (2012)

Essa foi a primeira legislaccedilatildeo para a criaccedilatildeo de um sistema previdenciaacuterio que beneficiasse os trabalhadores rurais benefiacutecio ampliados agraves empregadas domeacutesticas e em 1973 aos trabalhadores autocircnomos Essa inclusatildeo tardia dos trabalhadores rurais domeacutesticos e autocircnomos evidencia a poliacutetica trabalhista corporativa e excludente do Brasil e denota a ausecircncia de um sistema de garantias sociais para o conjunto da classe trabalhadora e dos trabalhadores fora do mercado de trabalho (OLIVEIRA 2012 p 497)

Em 1973 os empregados domeacutesticos passam a gozar dos benefiacutecios

instituiacutedos pela Lei orgacircnica da Previdecircncia Social amparados pelo Dec Lei

7188573 Em 1974 com o objetivo de ampliar a atenccedilatildeo ao trabalhador eacute criado o

42

Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) sob a Lei 603674 Outros

dispositivos de atenccedilatildeo ao trabalhador foram criados como o Salaacuterio Maternidade

(Lei 613674) e o ―amparo previdenciaacuterio para maiores de setenta anos de idade e

para invaacutelidos definitivamente incapacitados para o trabalho que natildeo exerccedilam

atividades remuneradas [] (Lei 617964 art 1ordm) No ano de 1975 ―sob a eacutegide da

Convenccedilatildeo nordm 88 da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) que orienta cada

paiacutes-membro a manter um serviccedilo puacuteblico e gratuito de emprego para a melhor

organizaccedilatildeo do mercado de trabalho (MTPS site) foi elaborado o Sistema Nacional

de Emprego (SINE)

Ao observarmos o quadro acima percebemos que as poliacuteticas de emprego

estabelecidas no regime militar eram Poliacuteticas Ativas e voltadas aos trabalhadores

formalizados excluindo dessas poliacuteticas quase em sua totalidade as categorias natildeo

formalizadas de trabalhadores brasileiros

Somente a partir da deacutecada de 1980 final do regime militar comeccedilam a

surgir mudanccedilas significativas sobre poliacuteticas puacuteblicas passivas de emprego no

Brasil Nas palavras de Oliveira (2012)

O esgotamento do regime militar e a crise econocircmica que se instaurou no paiacutes revelaram a precariedade das condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira e reacendeu o debate por melhores serviccedilos de infraestrutura e de inclusatildeo nos programas sociais possibilitando a emergecircncia de movimentos sociais urbanos que clamavam por direitos sociais e pela redemocratizaccedilatildeo no paiacutes (OLIVEIRA 2012 p 498)

213 Poliacuteticas Puacuteblicas de trabalho no periacuteodo de redemocratizaccedilatildeo do Brasil

A partir da segunda metade da deacutecada de 1980 e iniacutecio da deacutecada de 1990

as poliacuteticas marcadas pelo restabelecimento do governo democraacutetico brasileiro se

expandiram e foram criados vaacuterios programas destinados natildeo somente a dar

atenccedilatildeo ao trabalho formal mas tambeacutem ao setor informal da economia Com o

crescimento e demanda desse setor ficou evidente a necessidade de criaccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas direcionadas na possibilidade de equacionar distorccedilotildees entre os

setores formais e informais Para Machado e Neto (2011) os governos subnacionais

(estados e municiacutepios) foram importantes na medida de abertura do microcreacutedito

natildeo somente para o setor formal mas tambeacutem para os trabalhadores autocircnomos e

empreendimentos menores que absorviam boa parte dos trabalhadores ocupados

43

Observamos que os direitos dos trabalhadores se ampliam com a

promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (Constituiccedilatildeo Cidadatilde) estabelecidos

em seu art 7ordm com previsatildeo a ―melhoria de sua condiccedilatildeo social (BRASIL 1988

art 7ordm) No entanto como observa Oliveira (2012) natildeo havia ainda uma

preocupaccedilatildeo em formular poliacuteticas passivas de atendimento natildeo somente aos

trabalhadores formais mas tambeacutem aos desempregados subempregados e aos natildeo

formalizados que representavam parcela significativa no mercado de trabalho

brasileiro Dessa forma segue Oliveira (2012)

[] o paiacutes sempre conjugou poliacuteticas macroeconocircmicas com poliacuteticas assistencialistas limitando-se a introduzir marcos regulatoacuterios para algumas categorias profissionais sem contudo se debruccedilar na construccedilatildeo de uma poliacutetica de emprego passiva ou ativa que contemplasse a subsistecircncia ou a (re) inserccedilatildeo dos trabalhadores expulsos do mercado de trabalho (p 499)

Destacamos (QUADRO 3) as principais poliacuteticas criadas para garantir

direitos sociais de atenccedilatildeo aos trabalhadores sob a promoccedilatildeo de poliacuteticas passivas

para mercado de trabalho

QUADRO 3 - PRINCIPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016)

continua ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DESCRICcedilAtildeO

1986 Lei nordm 2283 de 27021986 ndash cria o Seguro Desemprego

Dispotildee sobre a instituiccedilatildeo [] do Seguro desemprego e daacute outras providecircncias

1988 Art XIII da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Diminuiccedilatildeo da duraccedilatildeo das horas trabalhadas que passa de 48 horas para

44 horas semanais

1990 Lei nordm 7998 de 11011990 Regula o Programa do Seguro-Desemprego o Abono Salarial institui o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT)

financiado com recursos advindos do PIS e do PASEP

1994 Resoluccedilatildeo CODEFAT nordm 59 de 250394 ndash autoriza alocar recursos do FAT para o Programa de Geraccedilatildeo de Emprego e

Renda (PROGER)

Eacute uma poliacutetica puacuteblica de emprego que se faz mediante concessatildeo de creacutedito

financeiro Tem por objetivo proporcionar linhas especiais de creacutedito em atividades

produtivas [] (MTPS)

1996

Resoluccedilatildeo 126 de 23101996 (CODEFAT) Criacatildeo do Plano Nacional de Qualificaccedilatildeo

do trabalhador (PLANFOR)

Aprova criteacuterios para a utilizaccedilatildeo de recursos do Fundo de Amparo ao

Trabalhador - FAT pela Secretaria de Formaccedilatildeo e Desenvolvimento Profissional - SEFOR com vistas agrave execuccedilatildeo de accedilotildees

de qualificaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo profissional no acircmbito do Programa do Seguro-

Desemprego no periacuteodo e 19971999

44

QUADRO 3 ndash PRINCPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016)

Continuaccedilatildeo

ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DESCRICcedilAtildeO

1996

Decreto 1946 de 28061996 - Cria o Programa Nacional de Fortalecimento da

Agricultura Familiar ndash PRONAF

Apoio financeiro a atividades agropecuaacuterias ou natildeo-agropecuaacuterias para implantaccedilatildeo

ampliaccedilatildeo ou modernizaccedilatildeo da estrutura de produccedilatildeo beneficiamento industrializaccedilatildeo e de serviccedilos no estabelecimento rural ou em aacutereas comunitaacuterias rurais proacuteximas de

acordo com projetos especiacuteficos

1996

RESOLUCcedilAtildeO CODEFAT Nordm 103 de 631996 ndash Cria o Programa de Expansatildeo do Emprego e Melhoria da Qualidade de Vida do Trabalhador ndash PROEMPREGO

Art 1ordm [] objetivo de criar novos empregos incrementar a renda do

trabalhador proporcionar a melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo em

especial das camadas de mais baixa renda e propiciar a diminuiccedilatildeo dos custos de

produccedilatildeo no contexto internacional preservando e expandindo as

oportunidades de trabalho e assegurando o equiliacutebrio do meio ambiente

1998 Resoluccedilatildeo CODEFAT 194 de 23091998 - Estabelece criteacuterios para transferecircncia de

recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador ndash FAT ao Plano Nacional de Qualificaccedilatildeo do Trabalhador ndash PLANFOR

Art 2ordm O PLANFOR tem o objetivo de construir gradativamente oferta de

educaccedilatildeo profissional (EP) permanente com foco na demanda do mercado de

trabalho de modo a qualificar ou requalificar a cada ano articulado agrave

capacidade e competecircncia existente nessa aacuterea pelo menos 20 da PEA - Populaccedilatildeo Economicamente Ativa maior de 14 anos

de idade

11999

Criaccedilatildeo do Fundo de Aval para a Geraccedilatildeo de Emprego e Renda (FUNPROGER)

Tem a finalidade de garantir parte do risco dos financiamentos concedidos pelas instituiccedilotildees financeiras oficiais federais diretamente ou por intermeacutedio de outras instituiccedilotildees financeiras no acircmbito do Programa de Geraccedilatildeo de Emprego e Renda - PROGER Setor Urbano

22001

Medida Provisoacuteria nordm 2164-41 de 24082001Subvenciona o trabalhador atraveacutes de Bolsa Qualificaccedilatildeo profissional

Altera a Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho - CLT para dispor sobre o trabalho a tempo parcial a suspensatildeo do contrato de trabalho e o programa de qualificaccedilatildeo profissional

22001

Lei nordm 10208 de 23032001 -Acrescenta os artigos 3ordmA 6ordmA 6ordmB 6ordmC e 6ordmD agrave Lei n

o 5859 de 11 de dezembro de 1972

Dispotildee sobre a profissatildeo de empregado domeacutestico para facultar o Acesso em ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviccedilo - FGTS e ao seguro-desemprego (texto da poliacutetica)

22003

Lei 10779 de 25112003 Dispotildee sobre a concessatildeo do benefiacutecio de seguro desemprego durante o periacuteodo de defeso ao pescador profissional que exerce a atividade pesqueira de forma artesanal (texto da poliacutetica)

22005

Decreto 5598 de 1122005 ndash Estabelece as normas para o Programa de Aprendizagem Profissional

Regulamenta a contrataccedilatildeo de aprendizes

45

QUADRO 3 ndash PRINCPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016)

Conclusatildeo

ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DESCRICcedilAtildeO

22008

Lei Complementar 128 de 191208 ndash Criaccedilatildeo do Microempreendedor Individual (MEI)

ART 18E - O instituto do MEI eacute uma poliacutetica puacuteblica que tem por objetivo a formalizaccedilatildeo de pequenos empreendimentos e a inclusatildeo social e previdenciaacuteria

FONTE SENADO FEDERAL OLIVEIRA (2012) MTE BATISTA (2009)

As poliacuteticas de trabalho no Brasil quase que exclusivamente atingiam os

trabalhadores formalizados deixando fora de poliacuteticas especiacuteficas categorias natildeo

definidas dentro do setor formal isolando-os de direitos trabalhistas e

previdenciaacuterios Com a evoluccedilatildeo da economia de mercado informalizado e

considerando que boa parte dos trabalhadores sobrevivia do trabalho informal o

que nesse sentido como analisa Pastore (2006) gerava distorccedilotildees no setor

previdenciaacuterio o governo brasileiro instituiu a LC 1282008 com objetivos de 1)

criar a figura juriacutedica do Microempreendedor Individual 2) promover a formalizaccedilatildeo

de trabalhadores que manteacutem atividades fora das relaccedilotildees de mercado formais 3)

promover a inclusatildeo social desses trabalhadores

214 Poliacutetica Puacuteblica de Trabalho MEI

Em 2008 foi regulamentada no Brasil a Lei Complementar (LC) nordm 12808 a

qual estabeleceu a pessoa juriacutedica do Microempreendedor Individual (MEI) em

complemento a LC 123 de 14 de dez de 20064 Esta poliacutetica puacuteblica representa uma

tentativa de resposta pelo poder puacuteblico ao crescente nuacutemero de trabalhadores

informais exercendo as mais diversas atividades econocircmicas e em muitos casos

em situaccedilatildeo de vulnerabilidade por exerciacutecios de trabalho precaacuterio irregular ou ilegal

em desconformidade com a legislaccedilatildeo trabalhista natildeo oportunizando dessa forma

os direitos previdenciaacuterios conquistados pelos trabalhadores formalizados Como

referecircncia ao MEI a legislaccedilatildeo traz a seguinte redaccedilatildeo

4A LC 12306 estabelece normas gerais relativas ao tratamento diferenciado e favorecido a ser

dispensado agraves microempresas e empresas de pequeno porte no acircmbito dos poderes da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal [] (art 1ordm) e segundo Guimaratildees (2011) a Lei Geral de 2006 estaacute relacionada agrave geraccedilatildeo de desenvolvimento econocircmico

46

Para os efeitos desta Lei Complementar considera-se MEI o empregador individual a que se refere o art 966 da lei 10406 de 10 de janeiro de 2002 (Coacutedigo Civil) que tenha auferido receita bruta no calendaacuterio anterior de ateacute R$ 6000000 (sessenta mil reais) optante pelo Simples Nacional e que natildeo esteja impedido de optar pela sistemaacutetica prevista neste artigo (LC 12808 art 18ordf sect 1ordm)

Segundo a redaccedilatildeo da referida LC ―o instituto do MEI eacute uma poliacutetica puacuteblica

que tem por objetivo a formalizaccedilatildeo de pequenos empreendimentos e a inclusatildeo

social5 e previdenciaacuteria (BRASIL 2008 art 18-E) natildeo sendo objeto apenas de

caraacuteter econocircmico ou fiscal (idem sect 1ordm) Portanto como analisa Souza (2010 p15) o

―MEI tem como objetivo alcanccedilar aqueles empreendedores menores os chamados

autocircnomos ou ambulantes como cabeleireiros sapateiros costureiras pipoqueiros

entre outros e segundo Federaccedilatildeo Nacional das Empresas de Serviccedilos Contaacutebeis

e das Empresas de Assessoramento Periacutecias Informaccedilotildees e Pesquisas

(FENACON) tal poliacutetica puacuteblica consiste num dos ―maiores projetos de inclusatildeo

social colocados em praacutetica no paiacutes e assim decorre de uma accedilatildeopoliacutetica do

Estado perceptiacutevel frente a um problema soacutecioestrutural e que essa accedilatildeo estaraacute

diretamente ligada a fatores conjunturais e influenciaraacute a vida das pessoas

Com o advento da pessoa juriacutedica do MEI aleacutem da facilidade no processo

burocraacutetico de formalizaccedilatildeo das suas atividades pode-se verificar o baixo custo

tributaacuterio tanto para a previdecircncia quanto para os estados e municiacutepios muito

embora os encargos tributaacuterios se diferenciem dependendo da atividade

desenvolvida pelo empreendedor individual

Portanto com os objetivos expressos de inclusatildeo social previsto na

referente LC devemos destacar dois fatores muito importantes a) o aumento da

contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria b) o aumento na receita dos municiacutepios (ainda que

pequeno) Quanto agrave contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria o Microempreendedor Individual

estaraacute isento do Imposto de Renda sobre Pessoa Juriacutedica (IRPJ) do Imposto sobre

Produtos Industrializados (IPI) da Contribuiccedilatildeo Social sobre Lucro liacutequido (CSLL)

da Contribuiccedilatildeo para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) do

Programa de Integraccedilatildeo Social (PIS) e da Contribuiccedilatildeo Patronal Previdenciaacuteria no

entanto recolheraacute em forma de tributaccedilatildeo um valor fixo mensal no valor de R$

51656 disposto no art 18A sect 3ordm inciso V da referida LC desse modo isentando-o

5 Grifo nosso ndash texto incluiacutedo pela LC 1472014

6Valor expresso ateacute a data referente a esta pesquisa ndash ano base 2016

47

do regime de tributaccedilatildeo - o Simples Nacional O recolhimento de tributaccedilatildeo seraacute da

seguinte forma (LC 12808 art 18ordf inciso V aliacuteneas a b c)

a) R$ 4565 (quarenta e cinco reais e sessenta e cinco centavos) a tiacutetulo

da contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria

b) R$ 100 (um real) a tiacutetulo ICMS

c) R$ 500 (cinco reais) a tiacutetulo de ISS

A referida LC em seu art 18E sect3ordm enquadra o MEI na modalidade de

microempresa no entanto com especificidade conceitual diferenciada do que refere

o art 3ordm item l da LC 12306 ―no caso da microempresa aufira em cada ano-

calendaacuterio receita bruta igual ou inferior a R$ 36000000 (trezentos e sessenta mil

reais) Sem embargo a redaccedilatildeo no mesmo artigo em seu sect2ordm estende ao MEI

todos os benefiacutecios dispensados agrave pequena empresa sempre que favoraacutevel

Eacute compreensiacutevel o enquadramento do MEI na modalidade de microempresa

posto que a LC 12306 foi o marco de abertura para o processo de formalizaccedilatildeo

desburocratizaccedilatildeo e regulamentaccedilatildeo das micro e pequenas empresas que se

encontravam na informalidade dos seus negoacutecios comerciais possibilitando nesse

sentido a valorizaccedilatildeo e a inclusatildeo de uma quantidade significativa de empresas no

curso da regularizaccedilatildeo previdenciaacuteria social e econocircmica Os dispositivos

colocados tanto na facilidade para a abertura da empresa baixa tributaccedilatildeo e

tratamentos diferenciados nas licitaccedilotildees puacuteblicas como procedimentos de estiacutemulos

e apoio para a inovaccedilatildeo contrataccedilatildeo capacitaccedilatildeo e ao associativismo inclina-se na

construccedilatildeo no nosso entendimento de uma base complementar entre Poliacutetica

Publica Ativa e Poliacutetica Puacuteblica Passiva a) quanto agrave natureza estrutural b) quanto agrave

abrangecircncia fragmentada e c) quanto aos impactos redistributiva (TEIXEIRA

2002)

As micro e pequenas empresas e o microempreendedor individual

amparados pelas LC 12306 e LC 12808 respectivamente formam um segmento

do mercado aberto que nas anaacutelises de Sacks (2003) eacute excepcionalmente

importante para o desenvolvimento socioeconocircmico do paiacutes pois aleacutem de

representar uma economia que chega a 27 do PIB brasileiro corresponde ao

emprego de mais de 90 dos trabalhadores operantes no paiacutes portanto uma fonte

inestimaacutevel de geraccedilatildeo de renda

No entanto como observa o autor o isolamento dessas MPE assim como

os MEI (atividades produtivas de pequeno porte) frente a um mercado aberto natildeo

48

poderaacute corresponder agraves expectativas de expansatildeo em decorrecircncia da concorrecircncia

com empresas maiores e mais estruturadas atuantes no livre mercado Como

assinala Sachs (2003)

Esses pequenos empreendedores e produtores se submetidos apenas aos processos de mercado natildeo tecircm condiccedilotildees de competir com empresas estruturadas de maior porte ndash a natildeo ser concorrendo agrave ―competitividade espuacuteria que se traduz em salaacuterios baixos jornadas longas de trabalho sonegaccedilatildeo de impostos e natildeo recolhimento de encargos sociais (SACHS 2003 p 21)

Para esse autor o desafio em alterar esse quadro estaria em promover a

qualificaccedilatildeo acesso em agrave tecnologia ao creacutedito e ao mercado considerando

igualmente a formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas menos setorizadas mas que

concebessem a integraccedilatildeo dos setores da economia propiciando a aproximaccedilatildeo das

empresas agrave competitividade Ou seja ―uma accedilatildeo afirmativa em favor dos mais

fracos sem poder e sem voz (SACHS 2003 p 21)

As microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP) satildeo

estruturalmente diferenciadas dos microempreendedores Individuais tanto nas

dimensotildees fiacutesicas quanto na capacidade de abrangecircncia e inserccedilatildeo no mercado

sendo igualmente objeto diferenciado constante nas regulamentaccedilotildees descritas nas

LC 12306 e LC 12808 respectivamente quanto ao enquadramento sobre a receita

agraves obrigaccedilotildees tributaacuterias e fiscais O art 3ordm incisos I e II da LC 12306 nos diz como

jaacute mencionado acima que a microempresa eacute aquela que possui receita bruta anual

de ateacute R$ 36000000 (trezentos e sessenta mil reais) a receita bruta da empresa de

pequeno porte por sua vez natildeo pode ser inferior a R$ 36000000 e superior a R$

360000000 (trecircs milhotildees e seiscentos mil reais) por outro lado o MEI possui uma

exigecircncia de receitaano muito menor que as demais estabelecida com um teto de

R$ 6000000 conforme expressa o art 18ordf sect 1ordm

Consideremos que as obrigaccedilotildees tributaacuterias diferenciadas para as

microempresas e as empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional7

descrevem as necessidades de se conceber mecanismos de atendimento a esse

segmento empresarial de importacircncia comprovada para a economia do paiacutes e da

sua fragilidade de continecircncia no livre mercado Por outro lado temos o MEI

7Simples Nacional eacute um regime de tributaccedilatildeo diferenciado aplicados agraves Microempresas e Empresas

de Pequeno Porte que consiste no recolhimento dos tributos previstos em lei em um documento uacutenico de arrecadaccedilatildeo (DAS) e da contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria

49

marcado pela inseguranccedila muitas vezes da sua condiccedilatildeo de ―empreendedor

forccedilado em funccedilatildeo das mudanccedilas ocorridas no universo do trabalho denotando a

fragilidade socioeconocircmica que o permeia No entanto

No Brasil existem algumas entidades que atuam como propulsoras das potencialidades de micro e pequenas empresas estimulando a cultura do empreendedorismo Uma das principais eacute o SEBRAE (Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas) que atua dando suporte no processo de abertura e registro de empresas com orientaccedilatildeo cursos e palestras para minimizar o grau de mortalidade desses pequenos empreendimentos (SILVEIRA TEIXEIRA 2011 p 227)

A finalidade do SEBRAE nesse sentido eacute apoiar o desenvolvimento das

micro e pequenas empresas e fomentar o empreendedorismo atraveacutes de programas

de capacitaccedilatildeo consultoria e financcedilas no atendimento de empresaacuterios e potenciais

empreendedores

A poliacutetica maior do MEI atribui determinada responsabilidade aos governos

locais de deferirem poliacuteticas alinhadas agrave implantaccedilatildeo agravequela de atenccedilatildeo agrave categoria

uma vez que o desenvolvimento desse segmento pode subtender aleacutem da

inclusatildeo descrita no art 18E da LC 12808 um avanccedilo nas questotildees

socioeconocircmicas locais Mesmo com direcionamento o impacto pode ser absorvido

por outros segmentos sob a forma de fortalecimento do mercado interno local que

por sua vez concorre para o aumento e extensatildeo da geraccedilatildeo de emprego renda e

com isso o aumento da receita municipal

Sob a oacutetica do desenvolvimento local a partir da interpretaccedilatildeo do

pensamento de autores como Albuquerque e Zapata (2008) Sachs (2003)

Albuquerque (1997) dentre outros dialogando com a Lei Geral e suas alteraccedilotildees

(LC 12808 e LC 147 de 07 de ago de 2014) analisaremos algumas accedilotildees e

estrateacutegias de atendimento ao MEI desenvolvidas nos municiacutepios integrantes da

MRGP

50

3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS PARA O MEI NA MICRORREGIAtildeO DE PARANAGUAacute

A Microrregiatildeo8 Geograacutefica de Paranaguaacute (MRGP) (MAPA 1) situada no

litoral paranaense eacute composta pelos municiacutepios de Antonina Guaraqueccedilaba

Guaratuba Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute (IPARDES 2012) e

apresenta enorme complexidade em sua estrutura social econocircmica e natural

marcada ainda por seacuterios problemas de gestatildeo de desenvolvimento e de

conservaccedilatildeo (ANDRIGUETTO FILHO MARCHIORO in RAYNAUT et al2002)

Para Horochowski et al (2007) a MRGP apresenta

[] uma espacialidade conturbada com mais de 60 quilocircmetros de extensatildeo que liga os municiacutepios de Guaratuba Matinhos Pontal e tambeacutem Paranaguaacute Esses trecircs uacuteltimos possuem graus de urbanizaccedilatildeo superiores a 96 e satildeo marcadamente ordenados por grupos imobiliaacuterios promotores de praacuteticas especulativas e pela ocupaccedilatildeo de aacutereas ambientalmente vulneraacuteveis(HOROCHOWSKI etal (2007)

MAPA 1 -MICRORREGIAtildeO GEOGRAacuteFICA DE PARANAGUAacute

FONTE Adaptado do CORPO DE BOMBEIROSPR Disponiacutevel em(lthttpsgooglBhsDTx)

Segundo IPARDES a aacuterea territorial da MRGP corresponde a 6333233

Km2 abrigando uma populaccedilatildeo de 286602 habitantes com densidade demograacutefica

8 As microrregiotildees satildeo definidas pelo IBGE (1990) como partes da mesorregiatildeo e possuem

especificidades proacuteprias sem apresentarem uniformidade ou auto-suficiecircncia contudo articulam-se com espaccedilos maiores (mesorregiotildees ou Unidades da Federaccedilatildeo) Essas especificidades dizem respeito agraves estruturas de produccedilatildeo que podem apresentar quadros naturais sociais ou econocircmicos particulares localizados e regionalizados

51

de 4525 habKm2 e alto grau de urbanizaccedilatildeo de 9048 (TABELA 2) A ―forte

polarizaccedilatildeo urbana e industrial com o complexo portuaacuterio de Paranaguaacute e das aacutereas

urbano-turiacutesticas na orla sul (ANDRIGUETTO FILHO MARCHIORO in RAYNAUT

et al2002 p 160) constitui um traccedilo caracteriacutestico do litoral paranaense e possui

dinacircmicas diferenciadas no processo econocircmico

No litoral paranaense conforme assinalam esses autores o meio natural

estaacute relativamente menos impactado que no restante do Estado principalmente nas

aacutereas rurais de Guaratuba e Guaraqueccedilaba que natildeo concorreram aos modelos de

desenvolvimento econocircmico adotados pelos municiacutepios do Estado que mantinham

bases predominantemente agriacutecolas e agroindustriais (idem p 161)

TABELA 2 - POPULACcedilAtildeO ABSOLUTA POPULACcedilAtildeO URBANA E POPULACcedilAtildeO RURAL DA MRGP (2000-2010)

MUNICIacutePIO POPULACcedilAtildeO

2000 2010

Antonina 19174 18891 Guaraqueccedilaba 8288 7871 Guaratuba 27257 32095 Matinhos 24184 29428 Morretes 15275 15718 Paranaguaacute 127339 140469 Pontal do Paranaacute 14323 20920

FONTE IBGE ATLAS BRASIL

A MRGP eacute componente da Mesorregiatildeo9 de Curitiba e estaacute ligada agrave capital

paranaense atraveacutes da BR 277 Outras estradas alternativas que ligam a regiatildeo ao

Primeiro Planalto Paranaense podem ser observadas pela BR 376 (Guaratuba ndash

GaruvaSC) e pela estrada da Graciosa

A precaacuteria gestatildeo de desenvolvimento local10 e a falta de iniciativas que

atendessem as capacidades especificidades e realidades vividas localmente

concorreram para que o litoral paranaense se tornasse uma das regiotildees menos

9Entende-se por Mesorregiatildeo uma aacuterea individualizada em uma Unidade da Federaccedilatildeo que

apresenta formas de organizaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico definida pelas seguintes dimensotildees o processo social como determinante o quadro natural como condicionante e a rede de comunicaccedilatildeo e lugares como elemento de articulaccedilatildeo espacial Estas trecircs dimensotildees possibilitam que o espaccedilo delimitado como Mesorregiatildeo tenha uma identidade regional Esta identidade eacute uma realidade construiacuteda ao longo do tempo pela sociedade que aiacute se formou (IBGE 1990 p 8)

10

Atraveacutes do Sistema de Monitoramento da Implementaccedilatildeo da Lei Geral nos Municiacutepios Brasileiros disponibilizado pelo SEBRAE observamos que natildeo haacute poliacuteticas de desenvolvimento local nos municiacutepios integrantes da MRGP Disponiacutevel em (lthttpsgoogltb4OXE)

52

desenvolvidas do Paranaacute com altos iacutendices de pobreza baixo padratildeo de vida e

destacadas disparidades sociais como analisaram Raynaut et al (2002) e Turra e

Baccedilo (2014) Para esses uacuteltimos autores apoacutes realizarem estudos sobre Niacutevel de

Desenvolvimento Regional (NDR) no Paranaacute concluiacuteram que a MRGP possui um

niacutevel muito baixo (MB) de desenvolvimento o que estaacute relacionado agrave baixa

concentraccedilatildeo tecnoloacutegica e o niacutevel de ocupaccedilatildeo das pessoas

Abaixo (TABELA 3) demonstra uma evoluccedilatildeo no Iacutendice de Desenvolvimento

Humano (IDH) na MRGP

TABELA 3 - DEMONSTRATIVO DO IDH E DO IacuteNDICE DE POBREZA DOSMUNICIacutePIOS DA MRGP

MUNICIacutePIO IDH POBREZA

2000 2010 2000 2010

Antonina 0582 0687 3339 1727

Guaraqueccedilaba 0430 0587 5387 3605 Guaratuba 0613 0717 1958 915 Matinhos 0635 0743 1671 616 Morretes 0573 0686 2364 1087 Paranaguaacute 0645 0750 1593 810 Pontal do Paranaacute 0622 0738 1741 598

FONTE IBGE ATLAS BRASIL

Alguns elementos como a longevidade a renda e a educaccedilatildeo contribuiacuteram

para o aumento do IDH Jaacute a queda no iacutendice de pobreza na MRGP pode ser

descrita igualmente pelo aumento da renda da populaccedilatildeo e de uma maneira mais

incisiva pela involuccedilatildeo da desigualdade nesses municiacutepios

No entanto o iacutendice da pobreza no caso de Antonina a exemplo segundo

IBGE (2010) chegou a 5022 e o iacutendice da pobreza subjetiva neste municiacutepio

ficou em 3018 Notemos que a permanecircncia da pobreza muitas vezes produz

um deslocamento e enfraquecimento das capacidades e potencialidades reais das

pessoas

31 A FRAacuteGIL ECONOMIA NA MRGP

A MRGP apresenta uma diversidade no setor econocircmico com atividades

agropastoris comercio induacutestria (setor industrial de Paranaguaacute) e o setor de

produccedilatildeo de bens e serviccedilos com ecircnfase no turismo sobretudo na orla sul da

regiatildeo que abrange os municiacutepios de Pontal do Paranaacute Matinhos e Guaratuba

53

ainda sujeitos agrave sazonalidade em decorrecircncia da temporada de praias (veratildeo) e o

inverno

Os setores produtivos da MRGP se apresentam de forma heterogenia com

ecircnfase na proporccedilatildeo do setor de comeacutercioserviccedilos que apresenta forte impacto

sobre a contrataccedilatildeo de pessoal formalizado (RAIS)

TABELA 4ndash DADOS DO MERCADO DE TRABALHO NA MRGP (2000-2016)

FONTE IPARDES IBGE FUNPARUFPR

Observamos (TABELA 4) que a taxa de desemprego na MRGP em 2010

ficou em 7511 Frisamos que pela escassez de dados referentes ao setor informal

na MRGP natildeo foi possiacutevel estabelecer a descriccedilatildeo quantitativa das atividades

econocircmicas Poreacutem nas atividades exploratoacuterias de anaacutelise observamos enorme

diversidade das atividades informais no litoral serviccedilos domeacutesticos jardinagem

cabeleireiro manicure trabalhadores contratados para a limpeza de pescados

artesatildeos salgadeira doceira construccedilatildeo civil carpinteiros ambulantes catadores

de materiais reciclaacuteveis trabalhadores de Micro e Pequenas empresas

desprotegidos pela natildeo formalizaccedilatildeo trabalhadores rurais trabalhadores em

oficinas de mecacircnica de automoacuteveis motocicletas e bicicletas dentre outros

trabalhadores

A economia informal ou economia submersa (CATANI 1985) segundo

alguns autores como Sachs (2003) Antunes (2011) Matsuo (2008) se apresenta de

11

O desemprego foi calculado sobre a PEA (populaccedilatildeo economicamente ativa) em relaccedilatildeo agrave PO

(populaccedilatildeo ocupada) incluindo os setores formal e informal A PEA pode ser definida como o []

potencial de matildeo-de-obra com que pode contar o setor produtivo isto eacute a populaccedilatildeo ocupada e

a populaccedilatildeo desocupada (IBGE) A PO compreende aquelas pessoas que num determinado periacuteodo

de referecircncia trabalharam ou tinham trabalho mas natildeo trabalharam (por exemplo pessoas em feacuterias) As pessoas ocupadas sao classificadas em a) empregados b) conta proacutepria c) empregadores d) natildeo remunerados (idem)

TRABALHO REGIAtildeOANO

2000 2010

Populaccedilatildeo em Idade Ativa (PIA) (pessoas) 175483 223295 Populaccedilatildeo Ocupada total (PO) (pessoas) 85863 115811 Pessoal ocupado assalariado (pessoas) nd 51576 Populaccedilatildeo Economicamente Ativa (PEA) 100628 125263 Taxa de Atividade de 10 anos ou mais () 547 5625 T de Ocupaccedilatildeo de 10 anos ou mais () nd 9245

54

maneira complexa pelo volume frente a uma nova conjuntura e modificaccedilotildees no

mundo do trabalho um meio diferenciado encontrado pelas pessoas como

enfrentamento ao crescente processo de erradicaccedilatildeo do emprego formalizado Tais

formas de ―sobrevivecircncia laboral encontram suporte legal no art 170 paraacuteg uacutenico

da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 onde ―eacute assegurado a todos o livre exerciacutecio de

qualquer atividade econocircmica independentemente de autorizaccedilatildeo de oacutergatildeos

puacuteblicos salvo nos casos previstos em lei (BRASIL 1988)

Quanto ao emprego formal na MRGP verificamos (TABELA 5) um aumento

de 36 no quantitativo dos empregos ativos

TABELA 5 - NUacuteMERO DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP (2013-2014)

MUNICIacutePIO EMPREGOS

ATIVOS

2013 2014

Antonina 3169 3193 Guaraqueccedilaba 810 796 Guaratuba 5874 6509 Matinhos 7341 7838 Morretes 2252 2347 Paranaguaacute 38133 38275 Pontal do Paranaacute 3691 4543

Total 61270 63501

FONTE MINISTEacuteRIO DO TRABALHO E EMPREGOCAGED

Na tabela acima (TABELA 5) constatamos que o municiacutepio de

Guaraqueccedilaba apresentou variaccedilatildeo percentual negativa de -173 entre os anos de

2013 e 2014 e destacamos Guaratuba com o aumento na variaccedilatildeo relativa de

1081 seguida por Matinhos 677 e Morretes com uma variaccedilatildeo percentual de

422 na geraccedilatildeo de empregos

A compreensatildeo da evoluccedilatildeo na geraccedilatildeo de empregos nos remete ao

entendimento do comportamento da economia e das relaccedilotildees entre mercado capital

e trabalho Neste conjunto de elementos estatildeo alinhados o processo produtivo as

atividades produtivas e as forccedilas de produccedilatildeodistribuiccedilatildeo e consumo

Segundo Salzbac Denardin e Felisbino (2012) a demanda do fluxo de

seguimentos produtivos eacute uma caracteriacutestica de cidades poacutelos pela oferta de

emprego no setor de comeacutercio e serviccedilos Dessa forma ao analisar o cenaacuterio

econocircmico do litoral paranaense esses autores concluiacuteram que

55

Os municiacutepios litoracircneos do Paranaacute os quais natildeo fazem parte de uma regiatildeo metropolitana natildeo apresentam empregos em volume significativos nem no setor industrial nem no setor de serviccedilos o que implica na baixa capacidade de geraccedilatildeo de tributos proacuteprios limitando tambeacutem a oferta de serviccedilos puacuteblicos [] os setores de serviccedilos comeacutercio e de administraccedilatildeo puacuteblica foram os segmentos que mais mantinham empregos ativos na MRGP (SALZBAC DENARDIN FELISBINO 2012 p 117)

TABELA 6 - NUacuteMEROS DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP POR SETOR ECONOcircMICO

SETOR ECONOcircMICO Ano

2013 2014

1 extrativa mineral 187 188 2 induacutestria de transformaccedilatildeo 6100 6512 3 serviccedilos industriais de utilidade puacuteblica 294 255 4 construccedilatildeo civil 1722 1993 5 comeacutercio 15302 16154 6 serviccedilos 26660 27140 7 administraccedilatildeo puacuteblica 10501 10789 8 agropecuaacuteria ext vegetal caccedila e pesca 504 470

FONTE MTECAGED

Como podemos observar (TABELA 6) a maior parte dos empregos ativos

estaacute no setor terciaacuterio com especial atenccedilatildeo ao setor de serviccedilos

Um indicador econocircmico importante eacute o Valor Adicionado Fiscal (VAF) que

permite ―espelhar o movimento econocircmico municipal e consequentemente o

potencial que o municiacutepio tem para gerar receitas puacuteblicas (MINAS GERAIS 2016)

Sobre o conceito poderemos dizer que o VAF eacute um instrumento

[] utilizado pelo Estado para calcular o iacutendice de participaccedilatildeo municipal no repasse de receita do Imposto sobre Operaccedilotildees relativas agrave Circulaccedilatildeo de Mercadorias e sobre Prestaccedilotildees de Serviccedilos de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicaccedilatildeo (ICMS) e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) aos municiacutepios [] Eacute apurado pela Secretaria de Estado de Fazenda [[ com base em declaraccedilotildees anuais apresentadas pelas empresas estabelecidas nos respectivos municiacutepiosDisponiacutevel em (lthttpsgoogl80DhoU)

Com a anaacutelise do indicador acima mencionado poderemos verificar a

participaccedilatildeo na economia local por setor econocircmico e sua importacircncia nas poliacuteticas

de desenvolvimento e planejamento estrateacutegico na observacircncia das potencialidades

do mercado cultura local e heterogeneidade das atividades econocircmicas

Na MRGP o setor de comeacutercio e serviccedilos (setor terciaacuterio) notadamente

excetuando os municiacutepios de Antonina e Guaraqueccedilaba possui participaccedilatildeo maior

que a produccedilatildeo primaacuteria e a induacutestria local (TABELA 7) e constitui elemento de

56

anaacutelise importante na concepccedilatildeo de poliacuteticas de expansatildeo do emprego e renda12 Jaacute

a participaccedilatildeo sobre a receita dos municiacutepios a que apresenta menor potencial eacute a

produccedilatildeo primaacuteria em virtude da natildeo adoccedilatildeo do mesmo modelo industrial adotado

em outras regiotildees do Estado Paranaense

TABELA 7 - VALOR ADICIONADO FISCAL (VAF - R$ 100 (P)) DOS MUNICIacutePIOS INTEGRANTES

DA MRGP (2016)

MUNICIacutePIO PRODUCcedilAtildeO PRIMAacuteRIA

INDUacuteSTRIA COMEacuteRCIO SERVICcedilOS

RECURSOS AUTOS

Antonina 4334454 125827796 68271749 Guaraqueccedilaba 3074904 5399117 3701577 4192 Guaratuba 15641921 21782241 119496927 47370 Matinhos 295763 23559310 109482578 147729 Morretes 12959951 23264839 44980267 14974 Paranaguaacute 54409213 1280856468 1980373389 543132 Pontal do Paranaacute

436246 19320486 68114345 19138

Total 91152452 1500010257 4788841664 1553070

FONTE IPARDES

Excetuando Paranaguaacute (TABELA 7) identificamos a fragilidade das receitas

municipais da MRGP e de outra maneira a fragilidade financeira e orccedilamentaacuteria jaacute

mencionadas por Sulzbach e Denardin (2012) que alertavam para a dependecircncia

financeira dos municiacutepios da MRGP para com as transferecircncias

intergovernamentais

Um dos principais indicadores da dependecircncia financeira dos municiacutepios agraves tributaccedilotildees das demais esferas pode ser observado atraveacutes das receitas de tributaccedilatildeo por setores produtivos e das receitas advindas de transferecircncias correntes Neste aspecto observa-se que os municiacutepios do litoral do Paranaacute apresentam uma dependecircncia financeira elevada das transferecircncias das esferas nacional e estadual O Municiacutepio com maior destaque eacute o de Guaraqueccedilaba que do total de suas receitas 93 adveacutem de transferecircncias correntes seguindo por Morretes com 78 e Antonina com 7052 das receitas advindas de transferecircncias (SULZBACH DENARDIN 2012 p 6)

Ainda observando a tabela 7 percebemos que o polo industrial e comercial

da MRGP eacute o municiacutepio de Paranaguaacute pressupondo importante vetor da economia

local e do seu posicionamento estrateacutegico diante dos outros municiacutepios da regiatildeo

tanto na articulaccedilatildeo com outros centros comerciais e industriais da Mesorregiatildeo

12

Para melhor compreensatildeo sobre as modificaccedilotildees no processo capitaltrabalho e o crescimento do setor terciaacuterio na economia ver CHESNAIS (1996) OFFE (1984) SUPERVILLE QUINtildeONES (2000)

57

pertencente quanto da Microrregiatildeo com os municiacutepios circunvizinhos e pelo

proacuteprio dinamismo da sua economia interna

Consideremos que o crescimento econocircmico segundo Sachs (2004) e

Furtado (2008) eacute um elemento importante no processo de desenvolvimento poreacutem

natildeo eacute o uacutenico a ser considerado mas sim eacute necessaacuterio incorporar

simultaneamente a extensatildeo dos direitos

Abaixo (TABELA 8) observando o PIB per capita dos municiacutepios da MRGP

destaca-se a vulnerabilidade econocircmica do municiacutepio de Guaraqueccedilaba em relaccedilatildeo

aos demais sobretudo em relaccedilatildeo ao municiacutepio de Paranaguaacute que supera a meacutedia

da regiatildeo A fragilidade econocircmica de Guaraqueccedilaba deriva de vaacuterios aspectos 1) a

dificuldade do acesso agrave aacuterea urbana do municiacutepio considerando que a uacutenica estrada

que liga o municiacutepio a outras localidades natildeo eacute pavimentada e tem uma extensatildeo

de aproximadamente 86 km Outra forma de acesso agrave cidade eacute atraveacutes do mar

pela baiacutea de Guaraqueccedilaba A dificuldade de cesso tem enorme impacto tanto para

escoar a produccedilatildeo local como para obter materiais e equipamentos agrave difusatildeo da

induacutestria quase ou completamente nula 2) a restriccedilatildeo ambiental agrave implantaccedilatildeo de

empresas 3) a falta de poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento do municiacutepio

assinaladas por RAYNAUT et al (2002) na promoccedilatildeo de programas de gestatildeo com

as especificidades locais que fomentem o impulso do trabalho e da renda

TABELA 8 - PIB PER CAPTA DOS MUNICIacutePIOS DA MRGP

MUNICIacutePIO 2013 (R$ 100)3 2014 (R$)

4

Antonina 1851678 17557

Guaraqueccedilaba 861303 8723

Guaratuba 1474865 15004

Matinhos 1648075 17238

Morretes 1390945 13638

Paranaguaacute 4155699 42193

Pontal do Paranaacute 1434381 15040

MRGP 29076 29489

FONTE IBGE IPARDES

A principal fonte de receita dos municiacutepios da MRGP jaacute indicada por

Sulsbach e Denardin (2010) deriva principalmente das transferecircncias correntes

intergovernamentais (Uniatildeo e Estado) o que possibilita um entendimento da

fragilidade na arrecadaccedilatildeo tributaacuteria do setor produtivo

58

Em suma no nosso entendimento a transferecircncia corrente tem o propoacutesito

de manutenccedilatildeo da coisa puacuteblica e do funcionamento da estrutura estatal

Percebemos nesse sentido que um dos maiores empregadores formais direta e

indiretamente da MRGP acaba por ser os governos subnacionais que atuam como

contratadores de serviccedilos temporaacuterios contratos de prestaccedilatildeo de serviccedilos

terceirizados e pessoal concursado (efetivo) aleacutem de contratar serviccedilos

especializados de manutenccedilatildeo de pequenas empresas e materiais de uso diaacuterio

Segundo DIEESE (2015 p 74) a distribuiccedilatildeo de empregos formais por

atividade econocircmica no Brasil entre os anos de 2009 a 2014 apresentou os

seguintes resultados onde destacaremos os principais a) serviccedilos (349) b)

comeacutercio (194) c) induacutestria de transformaccedilatildeo (172) d) administraccedilatildeo puacuteblica

(188) Dessa forma observamos que o setor de serviccedilos aleacutem de expandir as

possibilidades de emprego se manteacutem como o principal setor a contratar

Como jaacute mencionado acima a MRGP possui enorme heterogeneidade em

sua composiccedilatildeo econocircmica especificidades locais e uma distribuiccedilatildeo espacial dos

setores econocircmicos advinda das caracteriacutesticas de cada municiacutepio por vezes

semelhantes como eacute o caso nas aacutereas rurais da produccedilatildeo de farinha de

mandioca13 e da exploraccedilatildeo de produtos de origem vegetal (cipoacute guaricana e

musgo) produccedilatildeo de arroz de banana de palmito14 e de gengibre a cultura do taiaacute

caraacute e mandioca e hora muito distintas como eacute caso do polo industrial de

Paranaguaacute destacando os complexos portuaacuterios de Paranaguaacute e Antonina Assim

como destacamos na economia local da MRGP a exploraccedilatildeo do turismo sobretudo

na orla sul abrangendo os municiacutepios de Guaratuba Matinhos e Pontal do Paranaacute

com maior potencial no veratildeo Em Guaraqueccedilaba o turismo eacute voltado agrave praacutetica da

pesca esportiva que se estende o ano todo movimentando natildeo soacute os restaurantes

e comeacutercio urbanos mas restaurantes e pousadas nas ilhas de Tibicanga Bertgiga

Canudal Barbados e Superagui

O municiacutepio de Paranaguaacute abrange o maior nuacutemero de empresas na regiatildeo

(TABELA 9)15 e eacute destacadamente o maior poacutelo empresarial e industrial com

13

A produccedilatildeo de farinha atinge a MRGP em sua totalidade Ver DENARDIN LAUTERT e RIBAS (2009)lthttpwwwaba-agroecologiaorgbrrevistasindexphpcadarticleviewFile42573236 14

A produccedilatildeo do palmito representou em 2015 cerca de 6872 (3233 toneladas) da produccedilatildeo estadual e a banana correspondeu a 4484 (91284 cachostoneladas) do Estado IPARDES) 15

Houve variaccedilatildeo nos nuacutemeros entre as tabelas 9 e 10 pois a montagem da tabela 10 ocorreu dias apoacutes a montagem da tabela 9

59

4691 das Empresas Ativas 467 das MPE (Micro e Pequena Empresa) e

4548 dos MEI (Microempreendedor Individual) da MRGP Outra caracteriacutestica

particular eacute o municiacutepio de Guaraqueccedilaba que apresenta o menor quadro

empresarial com 129 das Empresas ativas 125 das MPE ativas e 162 do

MEI do total da regiatildeo

TABELA 9 - NUacuteMERO DE EMPRESAS NA MRGP (MAIO2016)

MUNICIacutePIO EMPRESAS ATIVAS MPE MEI

Antonina 1832 1705 571 Guaraqueccedilaba 462 427 193 Guaratuba 4788 4586 1569 Matinhos 5185 4912 1799 Morretes 1926 1831 510 Paranaguaacute 16800 15832 5394 P do Paranaacute 4817 4604 1823

Total 35810 33897 11859

FONTE FOacuteRUM PERMANENTENatildeo foi possiacutevel localizar dados em bases estatiacutesticas de anos

anteriores

As empresas compotildeem um quadro diversificado na economia da regiatildeo e a

participaccedilatildeo por atividade econocircmica nos municiacutepios pressupotildee certo dinamismo da

economia com destaque ao setor de comeacutercio e serviccedilos

Abaixo (TABELA 10) estatildeo as atividades econocircmicas desenvolvidas na

MRPG e a participaccedilatildeo das MPE e MEI na dinacircmica econocircmica

TABELA 10 - ATIVIDADES ECONOcircMICAS DESENVOLVIDAS NA MRGP (maio2016) continua

ATIVIDADE ECONOcircMICA COM BASE NO CNAE16

EMP ATIVAS MPE MEI

Agricultura pecuaacuteria prod Florestal pesca e aquicultura 93 59 11 Induacutestrias extrativistas 39 38 0 Induacutestria de transformaccedilatildeo 2483 2351 1076 Aacutegua esgoto atividades de resiacuteduos e descontaminaccedilatildeo 121 110 39 Construccedilatildeo 2067 2418 1323 Comeacutercio reparaccedilatildeo de veiacuteculos automotores e motocicleta 15410 14693 4044 Transporte armazenagem e correio 1865 1654 340 Alojamento e alimentaccedilatildeo 6911 6681 2469 Informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo 334 312 89 Atividades financeiras de seguros e serv relacionados 22 18 0

16

A Classificaccedilatildeo Nacional de Atividades Econocircmicas (CNAE)

60

TABELA 10 - ATIVIDADES ECONOcircMICAS DESENVOLVIDAS NA MRGP (maio2016)

conclusatildeo

ATIVIDADE ECONOcircMICA COM BASE NO CNAE17

EMP ATIVAS MPE MEI

Atividades imobiliaacuterias 203 172 0 Atividades profissionais cientiacuteficas e teacutecnicas 792 718 235 Atividades Administrativas e serviccedilos complementares 1826 1722 536 Educaccedilatildeo 465 443 175 Sauacutede humana e serviccedilo social 308 282 12 Arte cultura esporte e recreaccedilatildeo 394 374 115 Outras atividades e serviccedilos 1868 1757 1324 Serviccedilos domeacutesticos 76 57 57

Total 35277 33859 11845

FONTE FOacuteRUM PERMANENTE

Observamos (TABELA 10) que as principais atividades desenvolvidas pelo

MEI na MRGP satildeo as seguintes Comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos automotores e

motocicletas (3414) alojamento e alimentaccedilatildeo (2084) outras atividades e

serviccedilos (1117) construccedilatildeo (1116) induacutestria de transformaccedilatildeo (908)

As atividades na economia desenvolvidas na MRGP possuem aspectos

importantes na comparaccedilatildeo entre os setores primaacuterio secundaacuterio e terciaacuterio Como

observado na tabela acima veremos que o setor terciaacuterio abrange uma parcela

significativa das empresas da regiatildeo Do total das Empresas Ativas 926

enquadram-se no setor de comeacutercio e serviccedilos as Micro e Pequenas Empresas

alocadas no setor terciaacuterio representam 928 e os Microempreendedores

Individuais formalizados somam 909 nesse setor Conveacutem ressaltar que nas

anaacutelises de Nogueira e Pereira (2015 p 41) ―[] em 2011 as empresas de pequeno

porte ndash incluindo uma ainda diminuta parcela de MEI ndash representavam quase 98

do total de empresas no paiacutes e ocupavam mais da metade dos trabalhadores

formais

Eacute importante ressaltar que a demanda pelo setor terciaacuterio acompanha um

fluxo de mercado agregado aos outros dois setores da economia e o crescente

volume dos serviccedilos se evidenciam nos processos de flexibilizaccedilatildeo do trabalho das

modificaccedilotildees nas suas relaccedilotildees e no deslocamento do arqueacutetipo do trabalho no

qual o trabalhador passa de um trabalhador fabril para a categoria de um

trabalhador de serviccedilos apontado por Superville e Quintildeones (2000) Para esses

autores a expansatildeo do setor de serviccedilos seguiu simultaneamente ao processo de

17

A Classificaccedilatildeo Nacional de Atividades Econocircmicas (CNAE)

61

crescimento da informalidade e da prestaccedilatildeo de serviccedilos com pouca qualificaccedilatildeo (p

61)

Entendemos que para uma anaacutelise da informalidade eacute necessaacuterio considerar

sua heterogeneidade e a proporccedilatildeo da sua relaccedilatildeo e participaccedilatildeo no mercado

assim como as assimetrias manifestadas nas formas de exploraccedilatildeo da forccedila de

trabalho e na precarizaccedilatildeo da classe trabalhadora (ANTUNES 2011)

32 A INSTITUCIONALIDADE MEI NA MRGP

Ao definir aspectos legais para o enfrentamento do problema da

informalidade no Brasil atraveacutes de leis regulamentares e regras especiacuteficas que

asseguram direitos estabelecidos na Constituiccedilatildeo federal de 1988 o Estado

brasileiro reconheceu a necessidade de normatizar benefiacutecios e deveres agraves micro e

pequenas empresas e empreendedores individuais procurando reverter o quadro de

informalidade e precariedade nas condiccedilotildees de trabalho e de garantias de

seguridade social

Para a implantaccedilatildeo da Poliacutetica Puacuteblica no nosso entendimento alguns

aspectos devem ser considerados 1) descrever as suas circunstacircncias de modo que

suas propostas sejam claras 2) adaptaccedilatildeo dos aparelhos sociais e do Estado que

possam ser vinculados agrave Poliacutetica Puacuteblica 3) capacidade de articulaccedilatildeo e

compreensatildeo do processo e dos temas debatidos pelos diversos atores envolvidos

(OLIVEIRA 2013 p 284)

Nesse contexto admite-se natildeo somente subordinaccedilatildeo agrave Poliacutetica mas um

quadro de compreensatildeo e reconhecimento da sua legitimidade constituindo dessa

maneira uma institucionalidade

Para institucionalidade devemos considerar trecircs aspectos importantes 1)

instituiccedilotildees 2) ambiente institucional 3) arranjos institucionais

As Instituiccedilotildees descritas por Fiani (2013 p 8) ―satildeo as regrasformais e natildeo

formais que regulam as interaccedilotildees sociaisDesta feita como demonstra o autor a

criaccedilatildeo de estruturas regulamentares de normatizaccedilatildeo de procedimentos formais e a

interaccedilatildeo com o estabelecimento das relaccedilotildees subterracircneas que se desenvolvem

diante do dia- a dia na sociedade descrevem o ambiente institucional ou seja satildeo

as ―[] regras poliacuteticas sociais e legais mais baacutesicas e gerais que estabelecem o

fundamento para o funcionamento do sistema econocircmico (FIANI 2013 p 8) Os

62

arranjos institucionais por sua vez segundo esse autor satildeo as regras

particularmente constituiacutedas pelos sujeitos e que por sua vez estabelecem as

relaccedilotildees poliacuteticas sociais e econocircmicas

Para Fiani (2013) eacute inquestionaacutevel que as poliacuteticas puacuteblicas afetam a vida

dos sujeitos A sua implicaccedilatildeo nesse sentido interfere em modus operandi diverso

ao cotidiano das relaccedilotildees instituiacutedas nos arranjos preestabelecidos pois uma accedilatildeo

do Estado que remete a uma reorganizaccedilatildeo do aparato institucional pode alterar as

relaccedilotildees socioeconocircmicas e poliacuteticas locais

O estabelecimento de um aporte ou adaptaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo institucional

(ALBUQUERQUE 1997 FIANI 2013) que possibilite accedilotildees conjuntas entre

instituiccedilotildees puacuteblicas quanto privadas no processo de otimizaccedilatildeo do

desenvolvimento e manutenccedilatildeo das propostas de uma poliacutetica puacuteblica de

desenvolvimento de categorias especiacuteficas ou bases produtivas adquire capacidade

de assegurar melhor eficiecircncia e dar melhores respostas aos objetivos da poliacutetica

puacuteblica

Schneider (2005) explica que a problematizaccedilatildeo formulaccedilatildeo e

implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas para enfrentamento de problemas natildeo se

encontra mais exclusivamente ao setor estatal na qual estaria em curso a

policentralidade na concepccedilatildeo da Poliacutetica Puacuteblica O autor parte da perspectiva de

rede de poliacuteticas puacuteblicas na qual problemas relativamente puacuteblicos tambeacutem podem

ter interferecircncia do setor privado e a sua interaccedilatildeo Como demonstra o autor

a problematizaccedilatildeo e o processamento poliacutetico de um problema social (Mayntz 1982) natildeo eacute mais um assunto exclusivo de uma hierarquia governamental e administrativa integradasenatildeo que se encontra em redes nas quais estatildeo envolvidas organizaccedilotildees tanto puacuteblicas quanto privadas (SCHNEIDER 2005 p 37)

No entanto como observa Moraes (2003) mesmo com essa nova

configuraccedilatildeo pluralista e policecircntrica das relaccedilotildees poliacuteticas o Estado continua sendo

o protagonista do processo seja pela accedilatildeo reguladora e normatizadora seja pela

legitimidade constitucional A legitimidade se faz presente pela administraccedilatildeo

puacuteblica18

Igualmente acrescenta-se nas palavras de Fiani (2013 p 7) que ―[] os

arranjos institucionais apresentam grande importacircncia para a formulaccedilatildeo de poliacuteticas

18

Sobre Administraccedilatildeo Puacuteblica ver BOBBIO N et al Brasiacutelia UnB 1998

63

de desenvolvimento em especial para as poliacuteticas que demandam cooperaccedilatildeo por

parte de agentes privados Ainda segundo Albuquerque (1997)a interaccedilatildeo entre os

agentes puacuteblicos e privados constitui um novo cenaacuterio dentro de uma nova

perspectiva de adaptaccedilatildeo que necessita de coordenaccedilatildeo institucional

Consideramos que dentro desse contexto as mudanccedilas e perspectivas

inovadoras tanto no campo teacutecnico quanto no campo organizacional exigem ―[]

adaptaccedilotildees institucionais para melhorar as atuaccedilotildees do setor puacuteblico e do conjunto

de empresas e atores sociais territoriais (idem p 01) Segue o autor

[] todo processo de desenvolvimento local requer uma programaccedilatildeo minuciosa que integre e ordene linhas de atuaccedilatildeo e recursos orientados a objetivos da participaccedilatildeo estrateacutegica entre diferentes agentes sociais locais puacuteblicos e privados A criaccedilatildeo compartilhada entre os agentes locais de um ―entorno territorial que facilite a inovaccedilatildeo do tecido produtivo e empresarial constitui um aspecto crucial da estrateacutegia de desenvolvimento (ALBUQUERQUE 1997 p 1)

Pensando localmente na interpretaccedilatildeo do SEBRAE ―o ambiente

institucional [] pode ser entendido como o conjunto de instituiccedilotildees de que um dado

municiacutepio se dotou para que a atividade dos indiviacuteduos aleacutem de compatiacutevel com a

sobrevivecircncia da comunidade seja tambeacutem convergente com a execuccedilatildeo dos

objetivos comuns (SEBRAE 2013)

A estabilidade a preservaccedilatildeo e equiliacutebrio das instituiccedilotildees (das regras

formais e informais) oferecem credibilidade e legitimidade agraves accedilotildees do Estado

As Instituiccedilotildees Poliacuteticas especificamente tem como objetivo mediar

interferir organizar gerir o processo democraacutetico bem como quando

necessaacuterioprotagonizar poliacuteticas flexiacuteveis de decisatildeo em relaccedilotildees inerentes a

sociedade numa tarefa de disciplinar regras que insiram sobre os indiviacuteduos direitos

contidos na Constituiccedilatildeo Federal

Exemplificamos assim uma caracteriacutestica nesse contexto do processo

poliacutetico eacute a intervenccedilatildeo estatal inferindo sobre a economia no sentido de aliviar

distorccedilotildees ocorridas pelo mau funcionamento do mercado atraveacutes de poliacuteticas

puacuteblicas que estabelecem regras e diretrizes na qual o poder19poliacuteticopuacuteblico20 eacute o

protagonista no processo Para Oliveira (2008 p 59)

19

Para compreender o processo de dominaccedilatildeo e legitimaccedilatildeo do Poder consideramos as anaacutelises de FRANCcedilOIS CHAZEL in Boudon e Curvelo (1996) 20

BOBBIO N Et al Dicionaacuterio de poliacutetica Brasiacutelia UnB 1998

64

O poder nasce com o indiviacuteduo mas passa aos grupos e afinal ao Estado pelo processo de institucionalizaccedilatildeo A concentraccedilatildeo de poder eacute um fenocircmeno espontacircneo na sociedade nascida da necessidade de atender a interesses que demandam escala meta individual Satildeo as concentraccedilotildees de poder que estabilizadas pelo consenso e pelo costume levam ao surgimento das instituiccedilotildees poliacuteticas

Ao observarmos a histoacuteria do sistema capitalista assinalamos que em todos

os momentos de instabilidade e fragilidade econocircmica culminando na inseguranccedila

social subsiste a forte presenccedila do Estado com possibilidades de equacionar as

deformaccedilotildees ocasionadas pelo sistema e que de maneira inexoraacutevel afetam as

vidas das pessoas apontando dessa maneira certa ineacutercia do mercado em

resoluccedilotildees dessa natureza

Fiani (2001 p 2) nos diz que a intervenccedilatildeo do Estado o qual ele denomina

de regulaccedilatildeo e desregulaccedilatildeo eacute ―integrada e condicionada pelos processos de

natureza histoacuterica e poliacutetica que afetam o conjunto da sociedade Nesse contexto a

regulaccedilatildeo e desregulaccedilatildeo estatal dependem de comportamento poliacutetico social e

econocircmicoMuito embora o fator de regulaccedilatildeo esteja mais vinculado agraves atividades

econocircmicas as decisotildees satildeo tomadas na esfera poliacutetica

A Lei Geral de 2006 ndash lei de normatizaccedilatildeo das MPE (LC 12306) - a

exemplo aleacutem de fomentar o desenvolvimento local foi uma accedilatildeo regulamentadora

do Estado Brasileiro em buscar alternativa em equacionar deformidades na

economia do trabalho e assim reverter o processo de alargamento do setor

informal Certamente que a regulamentaccedilatildeo de setores da economia eacute uma forma

de regular e disciplinar accedilotildees

Cabe ressaltar que a Lei 12306 submeteu algumas instituiccedilotildees agrave adequaccedilatildeo

administrativa para assegurar o funcionamento dessa Poliacutetica Puacuteblica assim como

instituiu oacutergatildeos de gestatildeo com competecircncias deliberativas e regulamentadoras que

dispotildeem de jurisdiccedilatildeo sobre tributaccedilatildeo e legalizaccedilatildeo das empresas Essa lei

estabelece inicialmente a criaccedilatildeo de trecircs oacutergatildeos a tiacutetulo dessas competecircncias

Art 2

o O tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado agraves

microempresas e empresas de pequeno porte de que trata o art 1o desta

Lei Complementar seraacute gerido pelas instacircncias a seguir especificadas I - Comitecirc Gestor do Simples Nacional vinculado ao Ministeacuterio da Fazenda composto por 4 (quatro) representantes da Secretaria da Receita Federal do Brasil como representantes da Uniatildeo 2 (dois) dos Estados e do Distrito Federal e 2 (dois) dos Municiacutepios para tratar dos aspectos tributaacuterios

65

II - Foacuterum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte com a participaccedilatildeo dos oacutergatildeos federais competentes e das entidades vinculadas ao setor para tratar dos demais aspectos ressalvado o disposto no inciso III do caput deste artigo III - Comitecirc para Gestatildeo da Rede Nacional para Simplificaccedilatildeo do Registro e da Legalizaccedilatildeo de Empresas e Negoacutecios - CGSIM vinculado agrave Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidecircncia da Repuacuteblica composto por representantes da Uniatildeo dos Estados e do Distrito Federal dos Municiacutepios e demais oacutergatildeos de apoio e de registro empresarial na forma definida pelo Poder Executivo para tratar do processo de registro e de legalizaccedilatildeo de empresaacuterios e de pessoas juriacutedicas

21 (BRASIL 2006)

321 O Comitecirc Gestor Municipal na MRGP

Na adequaccedilatildeo municipal agrave Lei Geral e suas alteraccedilotildees (LC 12808 e LC

14714) com o propoacutesito de estimular o ambiente institucional as prefeituras em

parcerias com o SEBRAE criaram Comitecircs Gestores Municipais22 (CGM) com a

proposta de ―[] implementar e acompanhar a aplicaccedilatildeo [] da Lei Complementar

Federal nordm 1232006 na redaccedilatildeo dada pela Lei Complementar Federal nordm 1282008

(PARANAGUAacute Dec 88713 art 1ordm) Os Comitecircs Gestores Municipais satildeo oacutergatildeos

de ―natureza colegiada para coordenar a poliacutetica relativa agrave micro e pequena empresa

no municiacutepio (SEBRAE 2013 p 61) e satildeo integrados por sujeitos da administraccedilatildeo

puacuteblica e de setores da sociedade civil

No modelo institucional adotado pelo CGM estaacute previsto o viacutenculo e parceria

entre Instituiccedilotildees Poliacuteticas (Federal Estadual e Municipal) Instituiccedilotildees Mercantis e

Instituiccedilotildees de Produccedilatildeo

As Instituiccedilotildees Poliacuteticas nesse contexto especiacutefico satildeo representadas pelo

Governo Local atraveacutes das suas secretarias e a Sala do Empreendedor no Governo

Federal e Estadual atraveacutes de Instituiccedilotildees de creacutedito e de educaccedilatildeo

Os municiacutepios da MRGP que estabeleceram CGM satildeo Paranaguaacute Pontal do

Paranaacute e Matinhos Estes aderiram ao Programa Cidade Empreendedora em

formato integral e com isso possuem assessoramento contiacutenuo junto ao SEBRAE

seja na forma de capacitaccedilatildeo dos agentes puacuteblicosseja na forma de consultoria

para os MEI e MPE Para o SEBRAE

21

O inciso III do sect 2ordm da PLC 12306 foi incluiacutedo pela LC 1472014 22

Utilizarei a sigla CGM para designar Comitecirc Gestor Municipal

66

O Comitecirc Gestor Municipal eacute a forma pela qual este projeto de institucionalizaccedilatildeo da lei geral seraacute implantado e controlado O Comitecirc poderaacute ser constituiacutedo de atores (instituiccedilotildees pessoas) que compotildeem o poder puacuteblico municipal associaccedilotildees representantes da sociedade etc e deveraacute conduzir a institucionalizaccedilatildeo da lei geral de forma a obter o melhor ambiente possiacutevel para os empreendedores individuais e micro e pequenas empresas (SEBRAE 2013 p 12)

O municiacutepio de Paranaguaacute em 2013 criou o Comitecirc Gestor Municipal sob o

Decreto Municipal 88713 composto por seguimentos representantes dos setores

puacuteblico e privado conforme listados no quadro abaixo (QUADRO 4)

QUADRO 4 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PARANAGUAacute PARA ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS ALTERACcedilOtildeES

FONTE Decreto Municipal Paranaguaacute n 887 de 25 out 2013

Por finalidade segundo o referido Decreto o CGM teraacute que implementar e

acompanhar a aplicaccedilatildeo da Lei Municipal 080 de 06 marccedilo de 2008 que oferece

regime juriacutedico tributaacuterio simplificado e diferenciado agraves micro e pequenas empresas

no acircmbito municipal alinhando-se agrave LC 12306 Dentre as competecircncias do CGM de

Paranaguaacute estatildeo

Art 2o O tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado agraves

microempresas e empresas de pequeno porte de que trata o art 1o desta

Lei Complementar seraacute gerido pelas instacircncias a seguir especificadas I - Acompanhar a regulamentaccedilatildeo e a implementaccedilatildeo do Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte no Municiacutepio inclusive promovendo medidas de integraccedilatildeo e coordenaccedilatildeo entre os oacutergatildeos puacuteblicos e privados interessados II - orientar e assessorar a formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da poliacutetica municipal de desenvolvimento das microempresas e empresas de pequeno porte III - Acompanhar as deliberaccedilotildees e os estudos desenvolvidos no acircmbito do Foacuterum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte do

CONTROLADORIA GERAL

SECRETARIAS MUNICIPAIS

SALA DO EMPREENDEDOR

ASSOCIACcedilAtildeO COMERCIAL E EMPRESARIAL DE PARANAGUAacute

SITEMA DE CREacuteDITO

SENAIFIEP

INSTITUTO FEDERAL DO PARANAacute

CAcircMARA MUNICIPAL

SINDICATO DOS CONTABILISTAS DE PARANAGUAacute

67

Foacuterum Estadual da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte e do Comitecirc para Gestatildeo da Rede Nacional para a Simplificaccedilatildeo do Registro e da Legalizaccedilatildeo de Empresas e Negoacutecios IV - Sugerir eou promover accedilotildees de apoio ao desenvolvimento da microempresa e da empresa de pequeno porte local ou regional(Paranaguaacute 2008 art 1ordm incisos I II III e IV)

Em Paranaguaacute o CGM atua de maneira articulada envolvendo todos os

atores nas estrateacutegias voltadas ao segmento empresarial e empreendedor local

inclusive com organizaccedilotildees do ―Sistema S como o SEBRAE e o SENAI que atuam

na aacuterea de capacitaccedilatildeo e formaccedilatildeo desses segmentos econocircmicos

As estrateacutegias satildeo colocadas em praacutetica em conformidade com a

capacidade orccedilamentaacuteria disponibilizada para este fim Nesse caso o orccedilamento

descrito no Plano Plurianual do municiacutepio para o ―Programa de Geraccedilatildeo de Emprego

e Renda entre os anos de 2014 a 2017 tem como foco

Apoio aos pequenos e microempreendedores cooperativas e outras formas associativas de produccedilatildeo desburocratizando o processo de criaccedilatildeo de novos empreendimentos Promoccedilatildeo de projetos inovadores Desenvolvimento e integraccedilatildeo de pequenas meacutedias e grandes empresas e induacutestrias estimulando a formaccedilatildeo de cadeias produtivas para induzir o crescimento ordenado e sustentaacutevel (PARANAGUAacute 2013 p 163)

Dentre as accedilotildees estabelecidas no Plano Plurianual 2014-2017 estatildeo a)

capacitaccedilatildeo para o primeiro emprego b) treinamento para os desempregados c)

prestaccedilatildeo de atendimento ao trabalhador

Quanto agrave capacitaccedilatildeo e treinamento perfeitamente compete ao CGM

articular accedilotildees envolvendo entidades do sistema S como o SEBRAE e o SENAI que

possuem competecircncias teacutecnicas para atender a demanda

Assim como Paranaguaacute a Sala do Empreendedor em Pontal do Paranaacute

subordinado diretamente agrave Secretaria Municipal de Desenvolvimento eacute o

departamento mais atuante do CGM no apoio ao MEI tanto pela sua posiccedilatildeo

estrateacutegica em que o agente de desenvolvimento atua diretamente com o MEI

quanto pela articulaccedilatildeo com os outros oacutergatildeos e secretarias municipais

O CGM de Pontal do Paranaacute foi instituiacutedo pelo Decreto municipal 54812015

e dentre os objetivos relatado pelo Secretaacuterio de Desenvolvimento estaacute o de

coordenar os trabalhos de assistecircncia ao microempreendedor em aspectos

relacionados agrave formalizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo a processos licitatoacuterios

68

QUADRO 5 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PONTAL DO PARANAacute PARA ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS ALTERACcedilOtildeES

FONTE Decreto Municipal Pontal do Paranaacute n 5481 de 23 dez 2015

Ainda segundo relatos do Secretaacuterio Municipal no iniacutecio da criaccedilatildeo do

Comitecirc Gestor houve divergecircncias falta de colaboraccedilatildeo e dificuldade no

entendimento da proacutepria Lei Geral e sobretudo das LC 12806 e LC 14714 poreacutem

com o amadurecimento das ideias em torno dos objetivos do CGM e das estrateacutegias

adotadas houve ganho de credibilidade dos oacutergatildeo puacuteblicos

A LC 14714 comenta o secretaacuterio era interpretada de formas diferentes

pelos oacutergatildeos O Corpo de Bombeiros a exemplo era muito resistente em se adaptar

ao disposto no art 4ordm sect 3ordm da referida lei que tratava sobre isenccedilatildeo total para a

abertura de empresa para o microempreendedor individual o que acarretava

divergecircncias na leitura e interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo

Ressalvado o disposto nesta Lei Complementar ficam reduzidos a 0 (zero) todos os custos inclusive preacutevios relativos agrave abertura agrave inscriccedilatildeo ao registro ao funcionamento ao alvaraacute agrave licenccedila ao cadastro agraves alteraccedilotildees e procedimentos de baixa e encerramento e aos demais itens relativos ao Microempreendedor Individual incluindo os valores referentes a taxas a emolumentos e a demais contribuiccedilotildees relativas aos oacutergatildeos de registro de licenciamento sindicais de regulamentaccedilatildeo de anotaccedilatildeo de responsabilidade teacutecnica de vistoria e de fiscalizaccedilatildeo do exerciacutecio de profissotildees regulamentadas (BRASIL 2014 art 4ordm sect3ordm)

A Associaccedilatildeo das Micro e pequenas Empresas do Litoral do Paranaacute

(AMPEC Litoral) relatou das dificuldades quanto agraves licitaccedilotildees e a capacidade dos

―menores em participar do processo Na posiccedilatildeo do entrevistado2 o municiacutepio se

revela em suas palavras ―mau pagador e tem ateacute 90 dias para efetuar o

pagamento23 tornando inviaacutevel para a maioria dos microempreendedores fornecer

ao municiacutepio O argumento eacute de que grande parte dos MEI natildeo possui capital

23

O art 73 sect 3ordm da Lei nordm 8666 de21 jun 1993 estabelece o prazo de noventa dias para que o objeto executado seja pago pela Administraccedilatildeo Puacuteblica contratante

SECRETARIAS MUNICIPAIS

AMPEC - LITORAL

ACIAPAR

ASSOCIACcedilAtildeO DOS ARTESAtildeO

SISTEMA DE CREacuteDITO

CENTRO DE ESTUDOS DO MAR

CONTADORES DE PONTAL DO PARANAacute

69

suficiente e capacidade econocircmica para suportar um prazo tatildeo longo para receber

os serviccedilos prestados

O CGM do municiacutepio de Matinhos apresentou caracteriacutesticas muito

peculiares em relaccedilatildeo aos de Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute Segundo o

entrevistado5 havia muitas divergecircncias dentro do CGM sobretudo quando as

decisotildees tomadas coletivamente natildeo continham energia suficiente para colocaacute-las

em praacutetica

QUADRO 6 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM DE MATINHOS

FONTE Decreto Municipal Matinhos n 441 de 30 jul 2013

Outro ponto que dificultava as tomadas de decisotildees com base na demanda

legal e de aspectos ligados agrave Lei Geral era o fato da pouca compreensatildeo pelos

sujeitos envolvidos nas finalidades e propostas da Poliacutetica Puacuteblica em questatildeo

Sobre este e os problemas da implementaccedilatildeo da Poliacutetica Puacuteblica Lima e Dlsquo Ascenzi

(2013) em suas anaacutelises apresenta alguns pontos importantes

[] em primeiro lugar haacute uma multiplicidade de atores de diferentes tipos de organizaccedilotildees com interesses diversos que satildeo agregados para operar a poliacutetica Tais atores interagem em uma trajetoacuteria de pontos de decisatildeo nos quais suas perspectivas se expressam Em segundo lugar os atores mudam com o passar do tempo Isso faz que a interaccedilatildeo tambeacutem mude pois mudam as perspectivas e a percepccedilatildeo que um ator tem do outro Essa mudanccedila de atores insere pontos de descontinuidade e de necessidade de novas e mais negociaccedilotildees(LIMA Dlsquo ASCENZI 2013 p 103)

322 Salas do Empreendedor e o Agente de Desenvolvimento

A sala do Empreendedor parceria entre os cinco municiacutepios citados do

litoral paranaense e o SEBRAE tem funccedilotildees especiacuteficas tanto no atendimento ao

MEI quanto agraves MPE Os serviccedilos vatildeo desde a desburocratizaccedilatildeo e formalizaccedilatildeo ateacute

a consultoria de gestatildeo e financcedilas que satildeo realizadas gratuitamente pelos Agentes

de Desenvolvimento e por consultores do SEBRAE A ―Sala eacute uma adaptaccedilatildeo do

Secretaria Municipal de Turismo e Desenvolvimento Econocircmico

Secretaria Municipal de Administraccedilatildeo

Secretaria Municipal de Planejamento

Sindicato dos Contabilistas

Federaccedilatildeo do Comeacutercio do Paranaacute - FECOMEacuteRCIO

Associaccedilatildeo Comercial e Empresarial de Matinhos - ACIMA

70

SEBRAE ao Programa Cidade Empreendedora24 e tem como objetivo segundo esta

Instituiccedilatildeo de a) incentivar a legalizaccedilatildeo de negoacutecios informais b) facilitar a

abertura de novas empresas c) regularizar as atividades informais aleacutem de apoiar o

MEI quanto agrave formalizaccedilatildeo e informaccedilotildees necessaacuterias relativas agraves especificidades

da sua atuaccedilatildeo como MEI formalizado Segundo o portal do Municiacutepio de Pontal do

Paranaacute satildeo ofertados os serviccedilos de

a) Atendimento presencial individual

b) Orientaccedilatildeo de controles - Caixa e Vendas

Palestras

c) Orientaccedilatildeo sobre direitos e obrigaccedilotildees

d) Programa Negoacutecio a Negoacutecio

Os Agentes de Desenvolvimento25 satildeo funcionaacuterios dos quadros das

prefeituras que recebem treinamento pelo SEBRAE com vistas a assumirem

responsabilidades co-participativas na implementaccedilatildeo da Lei Geral dentro dos

municiacutepios de atuaccedilatildeo Esses atores da administraccedilatildeo puacuteblica direta podem

constituir elementos estrateacutegicos na dinacircmica das ideias de desenvolvimento local

sobretudo no apoio agrave evoluccedilatildeo e estruturaccedilatildeo das micro e pequenas empresas

futuros empreendedores e empreendedores que jaacute atuam

Esses agentes possibilitam o entendimento na inovaccedilatildeo da administraccedilatildeo

puacuteblica quanto agrave movimentaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo dos recursos humanos inicialmente

em seus quadros de pessoal que atende agraves demandas de transformaccedilotildees ocorridas

nas dimensotildees sociais econocircmicas e poliacuteticas a partir do pressuposto que estas

trecircs dimensotildees estatildeo associadas

1) Social ndash promovida principalmente pela ―revoluccedilatildeo expansatildeo

tecnoloacutegica e pela globalizaccedilatildeo

24

Programa do SEBRAE tem como objetivo ―potencializar a implementaccedilatildeo e institucionalizaccedilatildeo da Lei Geral visando agrave melhoria do ambiente de negoacutecios para o Microempreendedor Individual e para as micro e pequenas empresas contribuindo dessa forma com a geraccedilatildeo de emprego e renda (SEBRAE 2013 p 9) lthttpsitesprsebraecombrleigeralwp-contentuploadssites35201402Termo_referencia_2013-2ultimaversaopdfgtgt 25

Para Albuquerque (1997) o processo de desenvolvimento exige a movimentaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo dos recursos humanos e estes devem ser vistos como peccedilas decisivas e natildeo somente como ferramentas ou objeto de produccedilatildeo mas sim como elementos chaves e atores importantes no desenvolvimento

71

2) Econocircmica ndash pelas contradiccedilotildees econocircmicas do sistema neoliberal que

culminaram com a falecircncia da estrutura de produccedilatildeo fabril abrindo

espaccedilo para o setor terciaacuterio

3) Poliacutetica ndash no Estado Democraacutetico de Direito a participaccedilatildeo mais efetiva

de movimentos sociais nas questotildees puacuteblicas altera aspectos e

mecanismos antigos da poliacutetica sobre maneira na perspectiva do

controle social e no quadro decisoacuterio

Em nossos estudos percebemos que a criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas

favoraacuteveis ao desenvolvimento regional e local assim como o estabelecimento de

convecircnio e parceria com entidades ligadas ao desenvolvimento das capacidades

locais depende de alguns elementos 1) Estrutura municipal 2) A maturidade do

municiacutepio com relaccedilatildeo agraves concepccedilotildees de desenvolvimento local 3) O tema de

desenvolvimento local estar na pauta do municiacutepio (prioridades de gestatildeo) 4)

Definiccedilatildeo de estrateacutegias por conta da administraccedilatildeo de recursos 5) A maturidade do

empresariado local

323 Accedilotildees regulares coordenadas pelos municiacutepios de incentivo ao MEI

Os municiacutepios que estabelecem parcerias com o SEBRAE possuem

algumas accedilotildees planificadas em virtude da proacutepria capacitaccedilatildeo dos agentes puacuteblicos

envolvidas no processo de implementaccedilatildeo das poliacuteticas de desenvolvimento e do

convecircnio que prevecirc essas accedilotildees Muito embora a expansatildeo de accedilotildees que

melhorem o ambiente de fomento fica a criteacuterio dos municiacutepios Abaixo (QUADRO

9) descrevemos algumas accedilotildees adotadas pelas prefeituras na MRGP

QUADRO 7 - ACcedilOtildeES REGULARES DE APOIO AO MEI NA MRGP continua

MUNICIacutePIO ACcedilOtildeES REGULARES

ANTONINA - Habilitaccedilatildeo ao sistema Empresa Faacutecil

GUARAQUECcedilABA - Habilitaccedilatildeo ao sistema Empresa Faacutecil

72

QUADRO 7 - ACcedilOtildeES REGULARES DE APOIO AO MEI NA MRGP conclusatildeo

MUNICIacutePIO ACcedilOtildeES REGULARES

GUARATUBA - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil - A ACIG estaacute estudando para abrir espaccedilo de associaccedilatildeo para o MEI com parcelas de contribuiccedilatildeo reduzida que pode chegar a 50 a menos do valor cobrado

MATINHOS - Atendimento na Sala do Empreendedor pelo agente do SEBRAE na aacuterea de financcedilas planejamento e gestatildeo (uma vez por mecircs) - Feira da Lua organizada pela AMPEC serve de exposiccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de produtos e serviccedilos ofertados pelos MEI aleacutem de orientaccedilatildeo e consultoria oferecida pelo SEBRAE - Semana do Microempreendedor Individual organizado pelo SEBRAE acontece anualmente e tem como propoacutesito consultorias e orientaccedilotildees ao MEI - Palestras do Programa SEI para o MEI ofertadas pelo SEBRAE - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil - Na ACIMA para se associar o MEI contribui com parcelas reduzidas obtendo todos os serviccedilos disponibilizados pela associaccedilatildeo

PARANAGUAacute - Atendimento na Sala do Empreendedor pelo agente do SEBRAE na aacuterea de financcedilas planejamento e gestatildeo (a cada 15 dias) - Feira da Lua serve de exposiccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de produtos e serviccedilos ofertados pelos MEI aleacutem de orientaccedilatildeo e consultoria oferecida pelo SEBRAE - Semana do Microempreendedor Individual organizado pelo SEBRAE acontece anualmente e tem como propoacutesito consultorias e orientaccedilotildees ao MEI - Palestras do Programa SEI para o MEI ofertadas pelo SEBRAE - Cursos de curta duraccedilatildeo oferecidos pelo SEBRAE atraveacutes de consultoria para a capacitaccedilatildeo e creacutedito que satildeo intermediados junto a Sala do Empreendedor - Articulaccedilatildeo da Sala do Empreendedor com Instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas na constituiccedilatildeo de creacutedito como na capacitaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo - Cursos de capacitaccedilatildeo de fornecimento e compra com o objetivo de identificaccedilatildeo de fornecedores dentro do municiacutepio e que sejam aptos a participarem de processos licitatoacuterios - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil - Na ACIAPAR para se associar o MEI contribui com parcelas reduzidas obtendo todos os serviccedilos disponibilizados pela associaccedilatildeo

PONTAL DO PARANAacute - Palestras do Programa SEI para o MEI ofertadas pelo SEBRAE - Atendimento na Sala do Empreendedor pelo agente do SEBRAE na aacuterea de financcedilas e planejamento (uma vez por mecircs) - Palestras para os vendedores ambulantes com o objetivo de orientaccedilatildeo agrave formalizaccedilatildeo - A Feira da Lua que ocorre no balneaacuterio de Sta Terezinha atraveacutes de parceria com a prefeitura o BB o SEBRAE realizam serviccedilos de consultoria gratuitamente - Cursos em parceria entre Prefeitura e ACIAP para vendedores e compradores - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil

FONTE Salas do empreendedor de Matinhos Pontal do Paranaacute Paranaguaacute e Morretes

A planificaccedilatildeo de algumas accedilotildees pelo sistema SEBRAE se traduz por um

lado na pouca experiecircncia municipal em estrateacutegias de desenvolvimento e por

73

outro lado a substituiccedilatildeo dos governos locais que podem alterar determinadas

estrateacutegias poreacutem as adotadas pela parceria entre o municiacutepio e o SEBRAE ficam

imunes agraves mudanccedilas

Ressaltamos que uma das accedilotildees do Estado importante para facilitar a

legalizaccedilatildeo e a expediccedilatildeo de registro de maneira desburocratizada da empresa eacute a

criaccedilatildeo da Rede Nacional para a Simplificaccedilatildeo do Registro e da Legalizaccedilatildeo de

Empresas e Negoacutecios (REDESIM) instituiacuteda pela Lei 1159807 Sublinhamos que a

partir desta lei a interaccedilatildeo entre os oacutergatildeos responsaacuteveis pela legalizaccedilatildeo e pela

expediccedilatildeo do registro de funcionamento ocorre por dados lanccedilados em sistema

unificado entre oacutergatildeos da federaccedilatildeo dos Estados e Municiacutepios A implantaccedilatildeo

dessa Lei no Paranaacute foi efetivada com a criaccedilatildeo do sistema Empresa

Faacutecilintegrando o Governo de Estado do Paranaacute Associaccedilatildeo dos municiacutepios do

Paranaacute Junta Comercial do Paranaacute e SEBRAE

No litoral paranaense como demonstrado pelo site do Empresa Faacutecil a

implantaccedilatildeo e habilitaccedilatildeo dos sete municiacutepios ao sistema operante estaacute completa

Como observado (QUADRO 7) acima veremos que os municiacutepios de

Paranaguaacute Pontal do Paranaacute e Matinhos que possuem parcerias com o SEBRAE

de forma integral constituem vaacuterias accedilotildees planificadas com base na orientaccedilatildeo de

capacitaccedilatildeo institucional proporcionada por essa instituiccedilatildeo e como mencionado

pelo agente do SEBRAE algumas accedilotildees satildeo planificadas mas a sala do

empreendedor de acordo com a administraccedilatildeo local tem flexibilidade para

aumentar os serviccedilos prestados aos MEI e realizar accedilotildees que viabilizem a melhoria

dos serviccedilos prestados

74

4 DIFICULDADES E AVANCcedilOS NO DESENVOLVIMENTO INCLUDENTE DO

MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL NO LITORAL DO PARANAacute

O litoral se constituiu de forma diferenciada no Paranaacute natildeo tendo

incorporado ao modelo de desenvolvimento capitalista adotado por outras regiotildees

conforme descrito anteriormente Uma das caracteriacutesticas importantes que

predomina na regiatildeo eacute a quase nula existecircncia de poliacuteticas de desenvolvimento

voltadas agraves capacidades locais e regionais

Nesse capiacutetulo dentro das concepccedilotildees de desenvolvimento local

analisaremos alguns elementos geradores de desenvolvimento de crescimento e de

sustentabilidade para o MEI na MRGP

41 A CAPACIDADE MUNICIPAL NO LITORAL DO PARANAacute EM MOBILIZAR

MECANISMOS PROPIacuteCIOS AO DESENVOLVIMENTO DO MEI

A participaccedilatildeo municipal como vetor do desenvolvimento local eacute vital para

conduzir accedilotildees e estrateacutegias que objetivem a superaccedilatildeo de obstaacuteculos produzidos

por desequiliacutebrios nas aacutereas social econocircmica e poliacutetica Para isso um municiacutepio

atuante e proativo nas questotildees internas provido de atitudes positivas mediante

planejamento e poliacuteticas puacuteblicas de maximizaccedilatildeo das capacidades locais pode

reverter circunstacircncias muitas vezes de fragilidade do tecido social e empresarial

para a otimizaccedilatildeo das condiccedilotildees que promovam o desenvolvimento das liberdades

humanas (autonomia do indiviacuteduo) (SEN 2000 PEREIRA 2006)

O crescimento populacional e a expansatildeo urbana desordenada a falta de

poliacuteticas puacuteblicas especiacuteficas de desenvolvimento regional e local expocircs um quadro

que coloca em evidecircncia a fragilidade econocircmica e administrativa dos governos

locais no litoral do Paranaacute para enfrentamento de problemas especiacuteficos na

economia do trabalho e na manutenccedilatildeo e extensatildeo de programas de infraestrutura

e ainda a dificuldade de implantaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas includentes que

necessitam de aplicaccedilatildeo significativa de capital

A MRGP em 2004 possuiacutea uma dos maiores PIB per capta do Estado com

a meacutedia acima da estadual constituindo uma das microrregiotildees mais dinacircmicas

segundo Trevisan e Lima (2010) sendo que Paranaguaacute como o grande vetor

75

econocircmico da regiatildeo posto o complexo portuaacuterio e industrial segundo os autores

firmava-se como o 4ordm municiacutepio do Paranaacute com maior PIB per capta No entanto

havia dessemelhanccedilas econocircmicas entre os municiacutepios da regiatildeo em que

Paranaguaacute o municiacutepio mais rico evidenciava disparidades em relaccedilatildeo aos outros

municiacutepios sobretudo Guaraqueccedilaba Matinhos e Morretes agrave eacutepoca os mais

pobres justamente pela sua capacidade de produzir riquezas em funccedilatildeo do porto

de Paranaguaacute

Em 2015 como demonstra o IPARDES Paranaguaacute continua sendo o

principal vetor econocircmico da regiatildeo poreacutem seu PIB per capta ficou abaixo da meacutedia

estadual assim como a sua receita teve decreacutescimo entre os anos 2013 e 2015

(TABELA 8)

Percebemos (GRAacuteFICO 1) que os municiacutepios de Morretes Antonina e

Paranaguaacute tiveram quedas em suas receitas entre os anos de 2014 e 2015 e suas

despesas (GRAacuteFICO 2) no mesmo periacuteodo aumentaram em relaccedilatildeo agraves receitas

destes municiacutepios A identificaccedilatildeo de uma queda de receita desse modo pode

constituir em impacto negativo para investimentos em setores necessaacuterios ao

desenvolvimento visto a baixa capacidade econocircmica municipal

GRAacuteFICO 1- RECEITAS TOTAIS DOS MUNICIacutePIOS

FONTE IPARDES DEEPASK

No caso especiacutefico de Antonina em 2015 o municiacutepio aumentou para 4 a

aliacutequota do ISSQN (ISS) O setor portuaacuterio contraacuterio ao aumento realizou um

depoacutesito judicial do montante dos tributos Tal accedilatildeo juriacutedica representou uma das

000

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

Milh

otildees

(R

$)

2013

2014

2015

76

principais causas diretas na queda de arrecadaccedilatildeo municipal permitindo a reduccedilatildeo

da disposiccedilatildeo do municiacutepio em criar propostas de melhoria das condiccedilotildees

socioeconocircmicas da populaccedilatildeo O fato eacute que o aumento na aliacutequota desse tributo

na expectativa de aumentar as divisas municipais de Antonina poderaacute causar em

curto prazo efeito reverso como indicado pela Secretaria de Infraestrutura e

Logiacutestica do Paranaacute (2014)

Uma lei municipal que entra em vigor a partir de janeiro de 2015 pode tornar a cidade de Antonina menos competitiva para investimentos no setor portuaacuterio Eacute que o municiacutepio aprovou o aumento na cobranccedila da aliacutequota do Imposto Sobre Serviccedilos (ISS) que passaraacute a ser de 4 Isso coloca Antonina como a cidade mais cara entre as principais cidades portuaacuterias do centro-sul do Brasil

Portanto com a queda na capacidade de geraccedilatildeo de riquezas a

inviabilidade de intervir em problemas socioeconocircmicos atraveacutes de poliacuteticas puacuteblicas

e accedilotildees de meacutedio e longo prazos e com o enfraquecimento dos governos locais por

conta na reduccedilatildeo das receitas suas accedilotildees na criaccedilatildeo de condiccedilotildees de

desenvolvimento local ficam limitadas Ainda assim alinhando-se a queda de

receita as despesas municipais em alguns casos ultrapassaram a arrecadaccedilatildeo

agravando ainda mais as contas puacuteblicas e impedindo investimentos em setores

estrateacutegicos para o desenvolvimento

GRAacuteFICO 2- ARRECADCcedilAtildeO E DESPESAS MUNICIPAIS NA MRGP (2015)

FONTE IPARDES DEEPASK

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

Milh

otildees

(R

$)

Arrecadaccedilatildeo2015

Despesas2015

77

O maior desequiliacutebrio das contas puacuteblicas (relaccedilatildeo entre arrecadaccedilatildeo e

despesas) se deu no municiacutepio de Paranaguaacute em que as despesas superaram a

arrecadaccedilatildeo em 49 como observado (GRAacuteFICO 2)

As quedas de receitas refletem em parte o pouco investimento em setores

produtivos tais como o fomento e apoio agraves micro e pequenas empresas que se

constituem segundo o SEBRAE e Sachs (2003) no setor que mais gera empregos

locais e se constitui como fonte de geraccedilatildeo de divisas para os municiacutepios de outro

lado a complexidade em buscar alternativas de substituiccedilatildeo da arrecadaccedilatildeo se

traduz em fator importante

Em Morretes e Antonina no entanto algumas accedilotildees para aumentar a receita

foram colocadas em praacutetica Uma delas eacute o georreferenciamento dos imoacuteveis para o

pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) que satildeo representados

por altas taxas de inadimplecircncia e segundo o entrevistado (6) pode chegar a 50

de devedores

O IPTU como observado nas cidades de Morretes Guaraqueccedilaba Antonina

e Paranaguaacute (GRAacuteFICO3) tem pouca expressividade na arrecadaccedilatildeo tributaacuteria

desses municiacutepios Jaacute nos municiacutepios de Matinhos Guaratuba e Pontal do Paranaacute o

IPTU contribui significativamente na geraccedilatildeo de receita se posicionando acima da

meacutedia nacional que ficou em 2435 em 2014

GRAacuteFICO 3 - IPTU EM RELACcedilAtildeO Agrave ARRECADACcedilAtildeO TRIBUTAacuteRIA DOS MUNICIacutePIOS DA MRGP (2013 ndash 2014) ()

FONTE DEEPASK ndash montagem dos autores lthttpwwwdeepaskcombrgoespage=Imposto---

IPTU-Veja-a-receita-tributaria-no-seu-municipiogt

0

10

20

30

40

50

60

valo

res p

erc

entu

ais

78

No municiacutepio de Morretes o processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria adotado

pela Secretaria de Infraestrutura no nosso entendimento consiste numa estrateacutegia

de desenvolvimento e de receita na medida de geraccedilatildeo de emprego e renda atraveacutes

da construccedilatildeo civil que expande a prestaccedilatildeo de bens e serviccedilos

Tanto o georreferenciamento quanto a regularizaccedilatildeo fundiaacuteriapredial em

Antonina e Morretes satildeo estrateacutegias afirmativas que tem como propoacutesitos a

regularizaccedilatildeo de aacutereas habitacionais residecircncias e lotes com grandes

possibilidades de elevar a receita municipal observado as delimitaccedilotildees de aacutereas

especialmente protegidas como aacutereas de preservaccedilatildeo permanente (APP) Unidades

de Conservaccedilatildeo (UC) Poreacutem cabe ressaltar que a maior funccedilatildeo da regularizaccedilatildeo

fundiaacuteria eacute equacionar problemas resultantes da expansatildeo urbana desordenada (a

favelizaccedilatildeo eacute um dos problemas)

Nesse sentido a regularizaccedilatildeo fundiaacuteria eacute ―um mecanismo apto a trazer para

a legalidade uma situaccedilatildeo fundiaacuteria que possa ser identificada como de interesse

social ou seja que tenha como puacuteblico alvo a populaccedilatildeo de baixa renda

(NASCIMENTO 2013 p 12) Como afirma a autora dessa forma a implementaccedilatildeo

da regularizaccedilatildeo fundiaacuteria torna ―evidente o conteuacutedo social a que o bem serviraacute

(idem p 18)

Em Pontal do Paranaacute como relatou entrevistado3 sobre o fortalecimento

das receitas o municiacutepio atraveacutes do Conselho Gestor adotou para 2017 um selo

de qualidade que seraacute fornecido agrave empresa que se encontrar regularizado com suas

diacutevidas junto agrave prefeitura ―O selo permite que haja retorno para a prefeitura atraveacutes

da contribuiccedilatildeo Eacute uma valorizaccedilatildeo para quem se encontra em situaccedilatildeo regular

(transcriccedilatildeo)

No entanto com pouca variaccedilatildeo para aumentar a receita e com menos

dinheiro em caixa as prefeituras deixam de investir em programas de meacutedio e longo

prazo com propostas no desenvolvimento positivosustentaacutevel e includente de

criaccedilatildeo institucional cultural social e econocircmica Ou seja criaccedilatildeo de um ambiente

favoraacutevel agrave extensatildeo das liberdades e capacidades das pessoas (SEN 2000)26

26

As liberdades na visatildeo do autor satildeo condicionadas pelas circunstacircncias sociais poliacuteticas e econocircmicas as quais denomina de liberdades instrumentais e correspondem 1) liberdades poliacuteticas 2) facilidades econocircmicas 3) oportunidades sociais 4) garantias de transparecircncias 5) seguranccedila protetora (p54)

79

Para esse autor as liberdades satildeo partes constitutivas fundamentais do

enriquecimento do processo de desenvolvimento natildeo satildeo finitas em si mesmas

mas permitem a expansatildeo de outras liberdades sendo que o proacuteprio

desenvolvimento pode ser considerado como a expansatildeo das liberdades humanas

ou como sublinha Pereira (2006) ao se referir agrave ―autonomia baacutesica como um

elemento de precondiccedilatildeo societal a noccedilatildeo de autonomia estaacute ancorada nos

preceitos da ―democracia como recurso capaz de livrar os indiviacuteduos natildeo soacute da

opressatildeo sobre as suas liberdades (de escolha e de accedilatildeo) mas tambeacutem da miseacuteria

e do desamparo (PEREIRA 2006 p 70)

A falta de recursos sinalizou nas entrevistas com os agentes de

desenvolvimentos de Morretes Matinhos e Paranaguaacute a pouca flexibilidade dos

municiacutepios em estruturar suas agendas de programas de desenvolvimento local

restando o atendimento de formalizaccedilatildeo e serviccedilos baacutesicos aos

Microempreendedores tais como alteraccedilatildeo de dados alvaraacute baixa da inscriccedilatildeo e

Documento de Arrecadaccedilatildeo Simplificada (DAS) Essas accedilotildees de apoio efetivo agrave

categoria se por um lado representam o auxiacutelio prestado ao MEI por outro

constituem um fim em si mesmas pois desempenham funccedilotildees meramente

burocraacuteticas natildeo menos importantes mas poderiam ser desenvolvidas dentro de

um plano estrateacutegico que coadunassem simultaneamente outras accedilotildees previstas

nos dispositivos da LC 12808 sobre os instrumentos de apoio e poliacuteticas que

assegurem o desenvolvimento e a sustentabilidade dos MEI Dentro dessa anaacutelise

por um lado o ―fluxo contiacutenuo de criaccedilatildeo de novos empreendimentos que em sua

esmagadora maioria satildeo de pequeno porte (SACHS 2003 p 111) de outro lado

como demonstra o autor as MPE submetidas ao livre mercado aumentam os

nuacutemeros estatiacutesticos sobre a mortalidade das empresas posto as diferentes

condiccedilotildees de produccedilatildeo e competitividade no mercado aberto que produz um

―processo de seleccedilatildeo que pode ser qualificado de ―darwinismo social (idem p 111)

Em Morretes no final do ano de 2016 o desempenho da sala do

empreendedor estava muito limitado ou quase nulo como comentou o

entrevistado6 Aleacutem da estrutura reduzida em comparaccedilatildeo agraves cidades que

dispunham do programa em Morretes natildeo haviam atividades relacionadas ao

fomento das empresas locais nem tatildeo pouco a procura aos serviccedilos pelos MEI ou

potenciais empreendedores Poreacutem em 2015 como observou o entrevistado6 ―a

partir da adequaccedilatildeo da 147 (LC 14714) o carimbo da vigilacircncia sanitaacuteria deu

80

valoraccedilatildeo para o produto Alguns produtores padronizaram o roacutetulo e as empresas

Essas medidas favorecem o atendimento ao turismo (transcriccedilatildeo)

Em Paranaguaacute segundo o entrevistado7 as atividades da sala do

empreendedor estavam muito reduzidas e fixavam-se apenas no processo de

formalizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo nas duacutevidas que surgiam natildeo sendo possiacutevel desenvolver

accedilotildees muito extensas fora da sala27 Poreacutem atraveacutes do Programa Compras Paranaacute

o municiacutepio ofereceu cursos de capacitaccedilatildeo dos funcionaacuterios para compras em

oacutergatildeo puacuteblicos assim como capacitaccedilatildeo de alguns fornecedores em licitaccedilotildees O

objetivo dessa accedilatildeo era ―identificar novos fornecedores dentro do municiacutepio

fortalecendo o mercado interno gerando divisas emprego e renda (entrvistado7-

transcriccedilatildeo)

Em Morretes o entrevistado municipal o entrvistado6 nos disse ―natildeo haacute

procura por licitaccedilotildees (pelos MEI) E as empresas locais dificilmente procuram a

licitaccedilatildeo (transcriccedilatildeo) Assim a falta de poliacuteticas de desenvolvimento local e da

categoria poderaacute contribuir no afastamento de propostas significativas de inclusatildeo

social do MEI na MRGP frisados na LC 12808

Constatamos que a falta de recursos constitui um dos elementos importantes

que inviabilizam a implantaccedilatildeo integral contiacutenua e sustentaacutevel das LC 12306

LC12808 e LC 14714 ndash conjunto de leis que normatizam as MPE e

Microempreendedores individuais - bem como em poliacuteticas de geraccedilatildeo de emprego

e renda e mesmo em outras aacutereas de sustentaccedilatildeo de poliacuteticas sociais pois

segundo Sachs (2003) as poliacuteticas econocircmicas e sociais satildeo indissociaacuteveis

complementares e dependentes de investimentos

Embora outros motivos tais como o amadurecimento da gestatildeo municipal agrave

concepccedilatildeo de desenvolvimento local incluindo categorias especiacuteficas de produccedilatildeo e

inclusatildeo como eacute o caso dos MEI conferimos agrave baixa capacidade econocircmica do

poder puacuteblico local uma das principais dificuldades em produzir mecanismos de

enfrentamento agrave vulnerabilidade dos trabalhadores locais muitas vezes com pouca

ou sem qualificaccedilatildeo para o mercado de trabalho

Deduzimos atraveacutes de nossas pesquisas que a falta de comunicaccedilatildeo

informaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo nas propostas da sala do empreendedor assim como em

27

No plano Plurianual 20142017 de Paranaguaacute estaacute previsto o investimento de R$ 10000000 para o apoio aos MEI desenvolvimento das micro pequenas e grandes empresas e induacutestrias no estiacutemulo para desenvolver uma cadeia produtiva local de forma sustentaacutevel

81

processos de licitaccedilatildeo28 exclui grande parte dos MEI ao Acesso em de serviccedilos

baacutesicos estabelecidos em lei e possibilidades de relaccedilotildees comerciais com o

municiacutepio posto o desconhecimento das recomendaccedilotildees por parte dos MEI

estabelecidas na Lei Geral (LC 12308) a qual prescreve normas diferenciadas de

promoccedilatildeo de desenvolvimento desse segmento de trabalhadoresempreendedores

individuais

O municiacutepio empoderado atraveacutes de uma ambiente institucional e de um

aporte estrutural constituiacutedo aumenta as possibilidades de eficiecircncia na intervenccedilatildeo

em problemas locais O empoderamento dos municiacutepios nesse sentido eacute central no

processo de desenvolvimento tanto de categorias especiacuteficas quanto de categorias

marginalizadas pela ausecircncia do poder puacuteblico Eacute dessa forma que ―ao analisar

experiecircncias de desenvolvimento localregional vecirc-se forccedilada a noccedilatildeo de que a

presenccedila do Estado eacute fundamental (BARBOSA et al in POCHMANN 2004 p 275)

sendo ele o principal articulador e protagonista de poliacuteticas de desenvolvimento e

inclusatildeo social

411 A gestatildeo puacuteblica municipal no litoral paranaense e a destinaccedilatildeo da receita

Ao examinara literatura sobre o uso do dinheiro puacuteblico no litoral do Paranaacute

que no nosso entendimento tem a possibilidade de ser alocado prioritariamente em

instrumentos geradores de desenvolvimento para as pessoas das pessoas e pelas

pessoas (SACHS 2003) percebemos muitas vezes recursos jaacute reduzidos sendo

direcionados a atender minorias com respaldo poliacutetico econocircmico e social

Como analisa Monteiro (2013a) boa parte das receitas de Guaratuba e

Matinhos estatildeo sendo direcionadas agrave especulaccedilatildeo imobiliaacuteria com projetos de

infraestruturas (pavimentaccedilatildeo rede de esgoto etc) que beneficiam as elites locais

Estas elites satildeo na visatildeo de Frey (2000) amparadas por ―instituiccedilotildees de

intermediaccedilatildeo ndash patronagem poliacutetica clientelismo nepotismo fisiologismo e a

corrupccedilatildeo ndash [] (p 104) que constituem praacuteticas relacionais entre o poder central

local e oligarquias locais contribuindo para a ampliaccedilatildeo das desigualdades sociais

visto a apropriaccedilatildeo dos benefiacutecios por parte dessas elites

28

Conforme obrigatoriedade legal as licitaccedilotildees satildeo publicadas no site da prefeitura Tribunal de Contas e Diaacuterio oficial

82

Segundo Monteiro (2013a) em Caiobaacute balneaacuterio eletizado de Matinhos

com forte presenccedila de residecircncias de alto padratildeo e ainda com propostas a proacute-

verticalizaccedilatildeo a pavimentaccedilatildeo chega a 94 853 de calccediladas e 686 de

bueiros Enquanto em bairros como o Tabuleiro haacute 254 de ruas pavimentadas

164 de calcadas e 285 de bueiros denotando dessa forma os desniacuteveis de

emprego da receita para a manutenccedilatildeo das iniquidades entre as classes sociais

Jaacute em Guaratuba como salienta Monteiro (2013b)

[] veremos que boa parte da receita puacuteblica alimenta a especulaccedilatildeo imobiliaacuteria atraveacutes de obras de infraestrutura que beneficiam sobremaneira glebas vazias lotes baldios em suma propriedades que natildeo estatildeo cumprindo a funccedilatildeo social (MONTEIRO 2013a p 1)

Compreendemos dessa maneira que o espaccedilo constituiacutedo por relaccedilotildees de

poder pode representar o exerciacutecio de poder considerando algumas variaacuteveis

Como acentua Silva (2008) o poder local deve ser compreendido como exerciacutecio

das dimensotildees poliacutetica econocircmica social simboacutelica e cultural

A criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento local que promovam a

expansatildeo das liberdades humanas eacute indispensaacutevel a vontade poliacutetica o

amadurecimento agraves perspectivas de desenvolvimento pelos gestores municipais e

pelo empresariado local os recursos satisfatoacuterios nesse sentido o empoderamento

do municiacutepio eacute fundamental para o financiamento das poliacuteticas de desenvolvimento

a mediaccedilatildeo entre as relaccedilotildees de poder um aporte institucional capaz reduzir as

disparidades de classe e o planejamento e accedilatildeo sendo que o planejamento pode

ser revisado e modificado a julgar que toda accedilatildeo provoca modificaccedilotildees

Dentro dessa perspectiva foram analisados por Horochovski Junckes e

Muraro (2011) em trabalho realizado sobre um Programa de Desenvolvimento

Sustentaacutevel em Matinhos promovido pelo Banco do Brasil a participaccedilatildeo e o

planejamento pelos atores envolvidos Para esses autores os ―componentes

estruturais do modo de produccedilatildeo vigente apatia poliacutetica deacuteficits informacionais e a

persistecircncia de assimetrias e padrotildees autoritaacuterios e clienteliacutesticos [] (p 51)

constituem entre outros barreiras no processo democraacutetico e participativo

(HOROCHOVSKI JUNCKES MURARO 2011)

Ao discorrer sobre aspectos para o desenvolvimento local e o custeio

puacuteblico SEN (2000) afirma que natildeo se pode esperar um governo enriquecer para

83

investir em serviccedilos de base como a educaccedilatildeo e a sauacutede que na visatildeo do autor

satildeo elementos geradores de desenvolvimento posto que

A viabilidade desse processo conduzido pelo custeio puacuteblico depende do fato de que os serviccedilos sociais relevantes (como os serviccedilos de sauacutede e educaccedilatildeo) satildeo altamente trabalho-intensivos e portanto relativamente barato nas economias pobres ndash onde os salaacuterios satildeo baixos (SEN 2000 p 65)

Para esse autor se devem ponderar preccedilos e custos como paracircmetros de

quanto pode ou natildeo pode o governo gastar Adverte ele ainda que o processo

mediado pelo crescimento econocircmico acarreta em muitas vantagens tanto pelas

condiccedilotildees de investimentos quanto por provisotildees em setores essenciais como

educaccedilatildeo e sauacutede baacutesica

Dessa maneira reiteramos dentro da perspectiva de nossas anaacutelises a

necessidade do empoderamento municipal pois o Estado se consolida como o

principal condutor de processos de desenvolvimento Nessa direccedilatildeo entendemos

que o crescimento econocircmico eacute importante para o desenvolvimento (SACHS 2003

SEN 2000 FURTADO 2008) Natildeo como um fim em si mesmo mas um elemento

estrutural de outros coeficientes (aporte institucional poliacuteticas puacuteblicas nas aacutereas da

sauacutede e educaccedilatildeo e estrateacutegias macro e microeconocircmicas locais para o

desenvolvimento sustentaacutevel) que se materializem em equipamentos propiacutecios agrave

extensatildeo das ―liberdades humanas (SEN 2000)

42 UMA SIacuteNTESE COMPARATIVA ENTRE AS FORMALIZACcedilOtildeES E AS BAIXAS29

DO MEI NA MRGP

No desenvolvimento local conduzido em especial pelo ―custeio puacuteblico

(SEN 2000) atraveacutes dos governos subnacionais de inferecircncia nas aacutereas da

educaccedilatildeo sauacutede e economia o peso de interferecircncia do processo econocircmico pode

revelar-se como um dos imperativos entre o sucesso ou fracasso das estrateacutegias

adotadas

A conduccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e estrateacutegias setorizadas de apoio agrave

categoria do MEI satildeo definidas com base orccedilamentaacuteria e disponibilidade de recursos

29

Encerramento da inscriccedilatildeo do Cadastro de Pessoa Juriacutedica (fechamento legal da empresa)

84

apropriados para a realizaccedilatildeo Identificamos dentro das estrateacutegias municipais as

salas do empreendedor que fornecem orientaccedilotildees e auxiacutelio na formalizaccedilatildeo de

empresas e empreendedores individuais (EI) que se encontram na informalidade

No graacutefico 4 abaixo observamos o nuacutemero de atendimentos realizados

pelos agentes de desenvolvimento nas salas do empreendedor nos municiacutepios da

MRGP

GRAacuteFICO 4 - NUacuteMERO DE ATENDIMENTOS REALIZADOS NAS SALAS DO

EMPREENDEDOR NA MRGP (2015 ndash 2016)

FONTE Salas do empreendedor de Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute

Percebemos o aumento significativo de atendimentos realizados pela ―sala

entre os anos 2015 e 2016 (GRAFICO 4) em Pontal do Paranaacute e Paranaguaacute

Segundo informaccedilotildees do entrevistado7 em Paranaguaacute a aumento nos atendimentos

eacute proporcional agrave elevaccedilatildeo das formalizaccedilotildees e abaixo (GRAacuteFICO 5) verificamos as

formalizaccedilotildees realizadas nas salas do empreendedor na MRGP

GRAacuteFICO 5 - NUacuteMERO DE FORMALIZACcedilOtildeES REALIZADAS NAS SALAS DO EMPREENDEDOR NA MRGP

FONTE Salas do empreendedor de Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

Paranaguaacute Pontal doParanaacute

Morretes Matinhos

0

50

100

150

200

250

300

350

Morretes Paranaguaacute Pontal do Paranaacute

ano 2015

ano 2016

85

Observamos acima (GRAacuteFICO 5) a reduccedilatildeo de 475 nas formalizaccedilotildees

realizadas pela sala do empreendedor em Pontal do Paranaacute no ano de 2016 em

relaccedilatildeo a 2015 Paranaguaacute ao contraacuterio apresentou percentual positivo de 1133

nas formalizaccedilotildees efetivadas junto agrave sala do empreendedor entre os anos 2015 e

2016

De maneira um tanto preocupante em Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute

(GRAacuteFICO 6) constatamos o aumento significativo nas operaccedilotildees de baixa de

inscriccedilatildeo do MEI realizadas pela sala do empreendedor entre os anos de 2015 e

2016 Pontal do Paranaacute apresentou acreacutescimo de 2217 nas baixas de inscriccedilatildeo do

MEI enquanto Paranaguaacute indicou o avanccedilo de 1594 nas baixas da categoria Em

Matinhos natildeo houve retorno no pedido dos dados em Morretes natildeo haacute baixas

registradas na sala do empreendedor em Guaraqueccedilaba natildeo conseguimos contato

com o agente de desenvolvimento

GRAacuteFICO 6 - NUacuteMERO DE BAIXAS DE INCRICcedilAtildeO DO MEI REALIZADAS NAS SAAS DO EMPREENDEDOR NA MRGP

30

FONTE Salas do empreendedor de Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute

Ao estabelecermos comparaccedilatildeo entre os graacuteficos (5 e 6) percebemos que

a) No ano de 2015 o nuacutemero de baixas de inscriccedilotildees do MEI registrados na

sala do empreendedor em Paranaguaacute correspondeu a 274 das

30

Em Guaraqueccedilaba natildeo conseguimos contato com o agente de desenvolvimento em Matinhos natildeo houve retorno no pedido dos dados em Morretes natildeo houve baixas registradas nas salas do empreendedor

0

20

40

60

80

100

120

ano 2015

ano 2016

86

formalizaccedilotildees naquele ano No ano de 2016 o nuacutemero de baixas (MEI)

em Paranaguaacute em relaccedilatildeo agrave formalizaccedilatildeo correspondeu a 333

Portanto uma elevaccedilatildeo de 59 nas baixas do MEI entre os anos de

2015 e 2016

b) Em Pontal do Paranaacute as baixas do MEI registradas pela sala do

empreendedor em relaccedilatildeo agraves formalizaccedilotildees corresponderam a 116

em 2015 Em 2016 a variaccedilatildeo das baixas na inscriccedilatildeo do MEI em relaccedilatildeo

agraves formalizaccedilotildees atingiu o percentual de 7115 o que corresponde a um

aumento acentuado de 5955 nas baixas de inscriccedilotildees do MEI entre

2015 e 2016

Ao inclinar nossos olhares para os resultados dos graacuteficos (5e 6) veremos

expressiva diferenccedila na sustentabilidade do MEI entre os municiacutepios de Pontal do

Paranaacute e Paranaguaacute Isso nos remete a uma questatildeo como explicar o significativo

nuacutemero de baixas na inscriccedilatildeo do MEI em Pontal do Paranaacute em relaccedilatildeo agrave

Paranaguaacute resultando em dados estatiacutesticos tatildeo diacutespares na sustentabilidade dos

MEI jaacute que os dois municiacutepios possuem em sua maioria dentre algumas accedilotildees

isoladas estrateacutegias planificadas pelo SEBRAE

A resposta a essa questatildeo segundo o entrevistado3 estaacute na sazonalidade

pelo qual estatildeo sujeitos os municiacutepios balneaacuterios da MRGP ndash Matinhos Pontal do

Paranaacute e Guaratuba Esta anaacutelise estaacute sustentada igualmente por Sulzbac

Denardin e Felisbino (2012)

O fato destes enfrentarem a problemaacutetica da sazonalidade de visitaccedilotildees em virtude do lazer de sol e mar define-se a hipoacutetese de que a sazonalidade recorrente da principal atividade econocircmica resulta em instabilidades financeiras tanto as instituiccedilotildees locais como para a proacutepria populaccedilatildeo promovendo adequaccedilotildees dos empreendimentos especialmente no que se refere aos viacutenculos de trabalho Em consequecircncia os empreendimentos formais natildeo encontram suporte financeiro para sua manutenccedilatildeo resultando na criaccedilatildeo de empreendimentos informais que satildeo caracteriacutesticos destes locais (p 109-110)

Na temporada de praia conforme relato do entrevistado3 muitos MEI

transferiram-se ou se formalizam em Pontal do Paranaacute com vistas agrave fiscalizaccedilatildeo

intensa nesse periacuteodo Ao fim do veratildeo muitos vatildeo embora para suas cidades e

datildeo baixas das empresas Outros ―natildeo conseguem sequer pagar o boleto DAS no

final do mecircs (transcriccedilatildeo) com isso acabam por encerrar a microempresa e

87

―sobrevivendo com o que conseguiram juntar no veratildeo (transcriccedilatildeo) concorrendo

para o nuacutemero expressivo de baixas em janeiro e fevereiro de cada ano

Monteiro (2013b) acentua sobre a sazonalidade nos municiacutepios da

plataforma no Paranaacute e a variaccedilatildeo populacional decorrente do veratildeo e de alguns

feriados Para esse fato ele denomina de ―As meias cidades do litoral paranaense

(p 5)

[] as cidades do litoral transformam-se acentuadamente literalmente da noite para o dia quando chegam as pessoas para as festas de fim de ano e feacuterias de veratildeo Boa parte dos domiciacutelios vagos satildeo ocupados muitos com concentraccedilatildeo de mais de 4 pessoas por cocircmodo (MONTEIRO 2013b p 5)

A sazonalidade eacute um imperativo importante na observaccedilatildeo das baixas dos

MEI apoacutes a temporada de veratildeo Por outro lado destacamos uma variaacutevel

dependente que eacute a formaccedilatildeo da dinacircmica do mercado local em participar e

introduzir certa sustentabilidade das empresas atraveacutes de variaacuteveis como a da oferta

de trabalho aumento de consumo cooperaccedilatildeo entre as empresas locais entre

outras

Dessa maneira as empresas inclusas em um sistema de mercado

fortalecido onde a capacidade de gerar riqueza seja mais sustentaacutevel tecircm mais

possibilidades de prosperar e manter suas atividades Portanto um mercado ativo

comumente tem respaldo do poder puacuteblico local e as micro e pequenas empresas

que surgem em meio a essa dinacircmica requerem estrateacutegias definidas com vistas a

competirem no mercado aberto

Podemos discorrer na perspectiva de Sachs (2003) e Sen (2000) que aleacutem

de fomentar a formalizaccedilatildeo de micro pequenos e meacutedios empreendimentos dado a

―cobertura social para os trabalhadores (SACHS 2003 p113) ndash na visatildeo desse

autor a principal vantagem ndash eacute necessaacuterio expandir formas de adequaccedilatildeo agrave

sustentabilidade dessas empresas uma vez que lanccediladas no mercado aberto satildeo

incapazes de competir com empresas maiores e ampliar sua estrutura

A mortalidade nessa competiccedilatildeo em condiccedilotildees de inferioridade eacute elevada para os micro e pequenos empreendimentos Nuacutemeros do SEBRAE apontam para taxas de 32 de fechamento em menos de um ano 44 em menos de dois anos 56 em menos de trecircs 66em menos de quatro e 71 em menos de cinco (SACHS 2003 p 35)

Como analisa Sachs (2003) os pequenos e meacutedios empreendimentos natildeo

tecircm como sobreviver no mercado aberto dado a baixa capacidade de produzir em

88

condiccedilotildees desiguais No questionaacuterio aplicado ao MEI veremos algumas barreiras

que acentuam essas desigualdades

43 O MEI POR ELE MESMO AS LUTAS E DESAFIOS ATRAVEacuteS DO TRABALHO

O questionaacuterio31 elaborado para o MEI e aplicado nos municiacutepios de

Matinhos Guaratuba Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute foi um instrumento que

permitiu ilustrar uma realidade da categoria MEI frente aos desafios enfrentados no

decorrer da sua formalizaccedilatildeo na mesma medida em que possibilitou compreender

um pouco a realidade concreta desses trabalhadores exposta pelas suas opiniotildees

suas respostas objetivas e por vezes subjetivas Ou seja uma fonte de

―informaccedilotildees vivas (RAYNAUT C et al 2002)

No mesmo sentido a anaacutelise dos dados tornou-se importante posto que

buscamos compreender a aproximaccedilatildeo entre alguns mecanismos de apoio ao MEI

descritos na Lei Geral (12308) e o Acesso em a esses mecanismos pelo puacuteblico

alvo

O questionaacuterio procurou coletar dados dos microemprendedores individuais

segundo atividade econocircmica tempo de atuaccedilatildeo no mercado formalizado renda

bruta participaccedilatildeo em compras puacuteblicas local da atividade econocircmica quanto agrave

capacitaccedilatildeo e consultoria entre outros

O questionaacuterio foi aplicado a trinta microemreendedores individuais

Natildeo houve classificaccedilatildeo especiacutefica para a escolha dos entrevistados na

aplicaccedilatildeo do questionaacuterio O que se propocircs a fazer foi deslocar ateacute o local de

trabalho do MEI e aplicar o questionaacuterio em meio agraves suas atividades Esta teacutecnica

possibilitou observar a estrutura do estabelecimento e dialogarmos diretamente com

o microempreendedor individual sobre suas dificuldades e avanccedilos apoacutes a

formalizaccedilatildeo Alguns MEI foram pouco receptivos a participar do questionaacuterio mas a

maioria se sentiu muito a vontade em responder as perguntas

431 Atividades econocircmicas desenvolvidas pelos MEI entrevistados no Litoral

do Paranaacute

31

O formulaacuterio aplicado ao MEI encontra-se nos anexos dessa dissertaccedilatildeo

89

Veremos abaixo (GRAacuteFICO 7) que a maior parte dos MEI respondentes

(n=24) estaacute alocada nos setores de serviccedilos e comeacutercio Doze (n=12) exercem suas

atividades no setor de prestaccedilatildeo de serviccedilos (informaacutetica conserto de bicicleta

eletrocircnica cabeleireira sapateiro) e doze (n=12) pertencem ao comeacutercio (papelaria

armarinho produtos de limpeza pet shop loja de roupas comeacutercio de artigos de

praia entre outros) Dos respondentes trecircs (n=3) exercem suas atividades na aacuterea

da cultura

GRAacuteFICO 7 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30) POR ATIVIDADE ECONOcircMICA ()

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Na observaccedilatildeo dos dados percebemos a maior concentraccedilatildeo da atividade

econocircmicano setor terciaacuterio Esta anaacutelise jaacute foi descrita por Superville e Quintildeones

(2000) Barbosa (2007) no qual concluiacuteram que o trabalhador fabril foi deslocado

para este setor passando ser um trabalhador de serviccedilos

Os empreendedores na perspectiva de Nassif et al (2014) apresentam

uma variaccedilatildeo de caracteriacutesticas como a criatividade flexibilidade autonomia e ideias

para inovar Poreacutem tal como notamos anteriormente as oportunidades de produzir

bens e serviccedilos satildeo frequentemente diferentes tanto pela capacidade de

investimento em tecnologia e informaccedilatildeo tanto pela expectativa de uma formaccedilatildeo

bruta de capital Ao analisarmos a capacidade estrutural dos MEI (condiccedilotildees

econocircmicas e de compreensatildeo de mercado) percebemos o distanciamento

(desconhecimento) dos instrumentos geradores de seu desenvolvimento previstos

em lei Os instrumentos descritos na Lei Geral (12306) podem facilitar e auxiliar na

Comeacutercio reparaccedilatildeo deveiacutec automotores emotocicleta

Outras atividades eserviccedilos

educaccedilatildeo

cultura

construccedilatildeo

natildeo respondeu

90

melhoria dos negoacutecios e desencadear um processo de desenvolvimento Na

percepccedilatildeo de Pochmann ( 2004) Sen (2000) Sachs (2003) o desenvolvimento eacute

associado simultaneamente ao crescimento econocircmico com o fortalecimento da

capacidade de produccedilatildeoacumulaccedilatildeo e pela ampliaccedilatildeo das liberdades substantivas

432 Tempo de formalizaccedilatildeo e os MEI no Litoral do Paranaacute

No graacutefico abaixo (GRAacuteFICO 8) percebemos a quantidade de anos

formalizados dos MEI respondentes

GRAacuteFICO 8 - ANOS DE FORMALIZACcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30)

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Observamos que dos respondentes 09 (nove) estatildeo formalizados haacute um

ano o que configura como a maioria dos microemperendedores formalizados

Percebemos uma reduccedilatildeo no nuacutemero de empreendimentos entre cinco e onze anos

de funcionamento

No primeiro ano de funcionamento conforme os dados acima (GRAacuteFICO 8)

dos microempreendimentos seis (n=6) desenvolvem suas atividades no comeacutercio e

dois(n=2) suas atividades estatildeo relacionadas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos

Sachs (2003) ao analisar dados do SEBRAE nos diz que em menos de cinco

anos 71 das micro e pequenas empresas fecham as portas o que demonstra em

sua perspectiva e de Sen (2000) aleacutem da fragilidade dessa categoria existe a falta

de instrumentalizaccedilatildeo e praacuteticas dos mecanismos existentes para manter os

microempreendedores na formalidade e provocar a ruptura desse quadro

0

5

10

15

20

25

30

ateacute 1ano

ateacute 2anos

ateacute 3anos

ateacute 4anos

ateacute 5 ateacute 6anos

ateacute 8anos

ateacute 11anos

()

anos de formalizaccedilatildeo

91

O aumento ou a diminuiccedilatildeo gradual das formalizaccedilotildees de micro e pequenos

empreendimentos na MRGP assim como o fortalecimento desses empreendedores

pode representar indicativos do respaldo dado pelas estrateacutegias e accedilotildees colocadas

em praacutetica com base na Poliacutetica Puacuteblica de formalizaccedilatildeo observando que

O principal objetivo das poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave consolidaccedilatildeo das MPE deve estar em assisti-las no desenvolvimento de uma competitividade genuiacutena que lhes permita aumentar gradualmente os salaacuterios estar em dia com os encargos sociais e impostos superar o imediatismo e adquirir uma perspectiva de longo prazo na gestatildeo do negoacutecio e na previsatildeo de investimentos (SACHS 2003 p 35)

Desse modo as estrateacutegias devem superar as circunstacircncias especiacuteficas de

processos burocraacuteticos ligados agrave formalizaccedilatildeo e sim expandir suas accedilotildees de

maneira que as MPE possam adquirir autonomia sustentaacutevel e desempenhar um

papel relevante na economia local

Observamos que Sachs (2003) alertava para as principais dificuldades

encontradas no desenvolvimento das MPE ―Acesso em ao creacutedito ao mercado agrave

miacutedia ao poder puacuteblico agrave classe poliacutetica e especialmente agrave tecnologia e ao

conhecimento [] (idem p 113) A falta de Acesso em a esses instrumentos

importantes restringe a capacidade de ampliaccedilatildeo da unidade de produccedilatildeo

(tecnologia de gestatildeo lucratividade rentabilidade) quanto ao de arranjos produtivos

locais

Para Albuquerque e Zapata (2010 p 2016) ―a introduccedilatildeo de inovaccedilotildees

tecnoloacutegicas e o fomento da capacidade empresarial e organizativa nos diferentes

acircmbitos territoriais satildeo variaacuteveis estrateacutegicas da poliacutetica de desenvolvimento e

podem possibilitar a reversatildeo ou minimizar as assimetrias do mercado resultantes

da competitividade desigual

434 Compras puacuteblicas e o apoio aos MEI na MRGP

Ao analisar o graacutefico baixo (GRAacuteFICO 9) observamos que vinte e trecircs

(n=23) dos respondentes disseram natildeo ter ou natildeo tiveram relaccedilotildees comerciais com

o municiacutepio Certamente que boa parte dos entrevistados natildeo possui caracteriacutesticas

comerciais para fornecer ao poder puacuteblico no entanto alguns setores dentre os

quais educaccedilatildeo eletrocircnica informaacutetica incluso nos tracircmites legais podem fornecer

92

serviccedilos para o municiacutepio No setor de comeacutercio papelarias e loja de materiais de

limpeza tecircm a possibilidade de fornecimento na compra direta dispensada de

licitaccedilatildeo descrita nos art 23 e 24 da Lei 86661993 Da mesma forma no setor de

serviccedilos observado as normas juriacutedicas

GRAacuteFICO 9 - RELACcedilOtildeES COMERCIAIS DOS MEI COM O MUNICIacutePIO NA MRGP (N=30)

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Nas licitaccedilotildees muitos respondentes (n=23) disseram natildeo manter relaccedilotildees

comerciais com o poder puacuteblico e desconhecem o funcionamento para participar do

processo O que denota a pouca extensatildeo de estrateacutegias como o Programa

―Compras Paranaacute Esse programa tem como foco otimizar o processo de licitaccedilatildeo

para empresas locais Propicia no mesmo sentido a capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios

puacuteblicos nesse processo e a capacitaccedilatildeo de fornecedores que desejam participar de

licitaccedilotildees

Para tanto na compra puacuteblica eacute indispensaacutevel a orientaccedilatildeo em licitaccedilotildees que

possam ser direcionadas agraves micro e pequenas empresas locais da regiatildeo Mas para

isso o setor puacuteblico tem que estar bem preparado assim como o empresariado local

para estabelecer a conexatildeo Segundo o entrevistado4 esta eacute uma condiccedilatildeo iacutempar no

sentido do desenvolvimento empresarial localizado

Ressaltamos que as compras puacuteblicas ou contrataccedilotildees puacuteblicas podem

conduzir e inserir os micro e pequenos empreendimentos no mercado uma vez que

a esfera puacuteblica constitui um mercado estaacutevel de relaccedilotildees comerciais quase sempre

sim

natildeo

natildeo respondeu

93

em ampliaccedilatildeo O capiacutetulo V da LC 12306 alterado pela 14714 descreve sobre os

criteacuterios a serem adotados em favorecimento agraves MPE quanto ao Acesso em ao

mercado destacando as compras e contrataccedilotildees puacuteblicas e sobre o processo de

licitaccedilatildeo

Segundo o SEBRAE 76 das MPE de Paranaguaacute natildeo participaram em

processos de compras puacuteblicas entre os anos de 2011-2014 Dessas empresas

55 desconhecem as oportunidades para comercializar com governoempresas

estatais Nesse sentido a pouca eou dificultosa informaccedilatildeo fornecida para o MEI

quanto aos serviccedilos disponibilizados pelo municiacutepio e sobre os instrumentos de

regulamentaccedilatildeo e direitos a Acesso ems facilitados dispostos na Lei Geral (12306)

poderia ser revertida pela divulgaccedilatildeo nos veiacuteculos de comunicaccedilatildeo locais - jornais

circulantes nos municiacutepios raacutedios comunitaacuterias por exemplo aleacutem dos oficiais ndash

relativo aos direitos e obrigaccedilotildees do MEI incorporado agrave sua formalizaccedilatildeo com o

propoacutesito de inseri-lo no mercado (trabalho) sua expansatildeo e sustentabilidade

Em Pontal do Paranaacute o secretaacuterio de desenvolvimento afirma que o

municiacutepio estaacute se empenhando para que as empresas locais inclusive o MEI

participem das licitaccedilotildees Para isso segundo ele a prefeitura se adequou a LC

14714 no sentido de que uma licitaccedilatildeo de determinado valor seja dividida para

facilitar o Acesso em dos microempreendedores observando igualmente a

possibilidade de pagamento de 10 a mais do valor miacutenimo para o MEI Essas satildeo

adequaccedilotildees importantes adotadas por Pontal do Paranaacute atraveacutes do Concelho

Gestor Municipal (CGM) Comenta o E8 sobre o CGM

Uniu mais a populaccedilatildeo agrave prefeitura uniu mais o microempreendedor a vender para a prefeitura Natildeo tinha ningueacutem vendendo pocirc Natildeo tinha ningueacutem fornecendo pra prefeitura Hoje noacutes temos o pequeno e microempresaacuterio fornecendo pra prefeitura Uniu os benefiacutecios e os trouxe pra prefeitura e pra comunidade neacute Um dinheiro pra circular aqui dentro e natildeo ir pra fora Por exemplo uma licitaccedilatildeo que era de ―x valor noacutes fomos quebrando ela em quatro ou cinco vezes para dar preferecircncia para o povo daqui Uma licitaccedilatildeo que era de R$ 10000000 noacutes fizemos quatro de 25 dividimosah compra o caderno de um laacutepis do outro caneta de outro Dividimos pra que o povo daqui participasse E deu certo Essa foi uma grande evoluccedilatildeo do Comitecirc Gestor (transcriccedilatildeo) (entrevistado8)

O conhecimento das bases legais de funcionamento da categoria no nosso

entendimento a ampliaccedilatildeo da qualificaccedilatildeo para lidar com o mercado e a

aproximaccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados tanto pelo setor puacuteblico quanto pelo

94

setor privado poderaacute produzir em curto prazo impactos positivos no

desenvolvimento do MEI dentro da economia de mercado

Todavia o municiacutepio de Guaratuba ainda natildeo adaptou integralmente a LC

12306 e sua alteraccedilatildeo LC 1472014 ao seu modelo de gestatildeo pois os MEI que

participaram da pesquisa (Guaratuba) relataram que o municiacutepio cobra por taxas de

alvaraacute de funcionamento32 O municiacutepio isenta esse custo somente no primeiro ano

de abertura do micro negoacutecio contrariando dessa forma o disposto no art 4ordm sect3ordm

da LC 1472014

[] ficam reduzidos a 0 (zero) todos os custos inclusive preacutevios relativos agrave abertura agrave inscriccedilatildeo ao registro ao funcionamento ao alvaraacute agrave licenccedila ao cadastro agraves alteraccedilotildees e procedimentos de baixa e encerramento e aos demais itens relativos ao Microempreendedor Individual incluindo os valores referentes a taxas a emolumentos e a demais contribuiccedilotildees relativas aos oacutergatildeos de registro de licenciamento sindicais de regulamentaccedilatildeo de anotaccedilatildeo de responsabilidade teacutecnica de vistoria e de fiscalizaccedilatildeo do exerciacutecio de profissotildees regulamentadas (grifo nosso)

O apoio ao MEI eacute fundamental pois esse tecido empresarial (MPE)

segundo autores como Sachs (2003) Albuquerque e Zapata (2010) e Sen (2000)

respondem por boa parte dos empregos e da renda da populaccedilatildeo Para o SEBRAE

(2014) 52 dos empregos formais no Brasil estatildeo nas micro e pequenas

empresas o que corresponde agrave significativa importacircncia dessa categoria

empresarial no desenvolvimento da economia brasileira

As observaccedilotildees e alteraccedilotildees contidas na LC 14714 representam avanccedilos

significativos na perspectiva do desenvolvimento dando maior envergadura social agrave

LC 12306 Esse dispositivo legal possui impacto positivo fundamental para

aumentar as oportunidades do MEI a se manter na formalidade pela inovaccedilatildeo na

reduccedilatildeo de barreiras de Acesso em ao mercado e agrave competitividade

Dentre os principais dispositivos contidos na LC 14714 incorporados a

outras ferramentas descritas na LC 12808 estatildeo

a Tributaccedilatildeo reduccedilatildeo a zero dos custos para o MEI (art 4ordmsect 1ordm e sect 3ordm)

b Desburocratizaccedilatildeo tratamento diferenciado pelos optantes do Simples

Nacional Cadastro uacutenico do CNPJ dispensados os demais cadastros

estaduais e municipais (art 1ordm inciso 4ordm)

32

Essa informaccedilatildeo foi confirmada pelo setor de fiscalizaccedilatildeo do municiacutepio de Guaratuba

95

A debilidade de uma microempresa ou ateacute a sua falecircncia pode acarretar

natildeo somente numa estatiacutestica de dados econocircmicos mas em resultados

socialmente negativos A microempresa eacute o trabalho do MEI seu sustento e de sua

famiacutelia suas necessidades baacutesicas satildeo satisfeitas atraveacutes de seu trabalho que eacute o

substrato da sua dignidade

O trabalho eacute uma dimensatildeo da vida essencial para a realizaccedilatildeo da humanidade lembra Joatildeo Paulo II na enciacuteclica Laboren Exercens A enciacuteclica papal observa que o valor do trabalho localiza-se na pessoa que o realiza natildeo podendo portanto ser compreendido como uma forccedila anocircnima de produccedilatildeo com o trabalhador equiparado a mero instrumento a serviccedilo do capital (BROM 2006 p 55)

Outra ferramenta possiacutevel associada a outros dispositivos que convertam no

fomento dos micro e pequenos empreendimentos eacute o Acesso em ao creacutedito como

forma de capital gerador de expansatildeo econocircmica assinalado por Sachs (2003) Sen

(2000)

435 O Acesso em ao creacutedito aos MEI no Litoral do Paranaacute

O capiacutetulo IX da LC 12306 introduz na legislaccedilatildeo brasileira em

consonacircncia com o art 170 e 179 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 dispositivos

essenciais ao estiacutemulo ao creacutedito e ao microcreacutedito para micro e pequenas

empresas abrindo espaccedilo para inauguraccedilatildeo de formas e metodologias especiacuteficas

externas ao sistema creditiacutecio convencional o que caracteriza a concepccedilatildeo de

universalizar o creacutedito

Segundo a legislaccedilatildeo pertinente o sistema de creacutedito brasileiro deveraacute criar

linhas especiais de creacutedito a atender a demanda dos micro e pequenos

empreendimentos ―[] objetivando a reduccedilatildeo do custo de transaccedilatildeo a elevaccedilatildeo da

eficiecircncia alocativa o incentivo ao ambiente concorrencial e a qualidade do conjunto

informacional [] (LC 15516 art 57)

A posiccedilatildeo do sistema puacuteblico de creacutedito facilitado eacute fundamental na

intervenccedilatildeo do creacutedito frente ao sistema aberto convencional Atraveacutes do sistema

creditiacutecio com vinculaccedilatildeo federal ndash Caixa Econocircmica Federal (CEF) Banco Nacional

de Desenvolvimento Social (BNDES) Banco do Brasil (BB) (art 58 LC 15516) - e

dos bancos comerciais puacuteblicos estaduais abre-se espaccedilo para a inclusatildeo no

sistema de creacutedito agraves pessoas que natildeo possuiacuteam Acesso em ao serviccedilo Dessa

96

forma os bancos comerciais puacuteblicos passam a ser considerados atores importantes

nas poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento posto seu ponto estrateacutegico na alocaccedilatildeo

de creacutedito caracterizado como insumo necessaacuterio agrave ampliaccedilatildeo das oportunidades e

expansatildeo econocircmicas

A CEF o BB ndash entidades federalizadas ndash e o Fomento Paranaacute ndash entidade

estadual - satildeo os principais atores dentro da poliacutetica de Acesso em ao sistema de

creacutedito e microcreacutedito que atuam diretamente na MRGP

O art 62 da PLC 12306 a exemplo orienta o Banco Central a intervir na

ampliaccedilatildeo e facilidades agraves linhas de creacuteditos para os MEI e MPE que em

contrapartida estimularia a competiccedilatildeo bancaacuteria A disponibilizaccedilatildeo e a facilitaccedilatildeo

ao creacutedito ou ao microcreacutedito por instituiccedilotildees financeiras privadas ou estatais como

o banco do Brasil (BB) o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) pela Caixa

Econocircmica Federal33 (CEF) e outras instituiccedilotildees financeiras alinhadas ao

microcreacutedito estaacute respaldada no sect2o do art62 e nos art 57 58 59 e 60 da

supracitada PLC bem como na Lei federal 111102005 Esta institui o Programa

Nacional de Microcreacutedito Produtivo Orientado (PNMPO) ―com o objetivo de incentivar

a geraccedilatildeo de trabalho e renda entre os microempreendedores populares (BRASIL

2005)34

O microcreacutedito segundo o SEBRAE consiste no fornecimento de creacutedito

aos microempreendedores que natildeo possuem Acesso em ao sistema financeiro

tradicional e estaacute inserido no contexto da microfinanccedila destinado agraves pessoas de

baixa renda Ainda segundo o SEBRAE suas principais caracteriacutesticas satildeo

A) ausecircncia de garantias reais jaacute que a maioria das transaccedilotildees tem como garantia o aval solidaacuterio b) Concessatildeo de creacutedito aacutegil e adequado ao ciclo de negoacutecios do empreendimento c) Baixo custo de transaccedilatildeo devido agrave proximidade entre a instituiccedilatildeo e o tomador dos empreacutestimos e agrave inexistecircncia de burocracia d) Accedilatildeo econocircmica com forte impacto social na comunidade e) Elevado custo operacional para a instituiccedilatildeo fornecedora dos recursos f) Metodologia especiacutefica que consiste na concessatildeo assistida do creacutedito (wwwsebraecombr)

O SEBRAE (2012) evidenciou que no Brasil em 2011 12 dos MEI

buscaram linhas de creacutedito em instituiccedilotildees financeiras e 88 natildeo recorreram ao

33

Os encargos da Caixa Econocircmica Federal constituem 1) taxa de juros 295 ao mecircs 2) taxa de abertura de creacutedito (TAC) 3 do valor do contrato 3) Aliacutequota zero sobre o Imposto sobre Operaccedilotildees de Creacutedito (IOF) 34

O BNDES proporciona um creacutedito de ateacute R$ 2000000 por cliente o Banco do Brasil R$ 1500000 (ateacute a data desse trabalho)

97

creacutedito Desses MEI 43 obtiveram empreacutestimos e 57 natildeo conseguiram

formalizar o empreacutestimo Em 2012 10 recorreram ao creacutedito sendo que 52

desses obtiveram empreacutestimos e 48 natildeo conseguiram o financiamento Em 2015

84 dos MEI natildeo procurou obter empreacutestimo junto agraves instituiccedilotildees financeiras Dos

16 que recorreram ao creacutedito 55 conseguiram o empreacutestimo e 45 natildeo

efetivaram o creacutedito

Entre os anos de 2011 e 2015 como aponta o SEBRAE houve decreacutescimo

de trecircs pontos percentuais pelos MEIS na taxa de procura por financiamentos junto

agraves instituiccedilotildees financeiras Sendo que as instituiccedilotildees puacuteblicas representam uma

parcela significativa na procura por empreacutestimos pelos Microempreendedores

individuais

Como podemos observar (TABELA 11) entre os anos 2011 e 2015 houve

reduccedilatildeo na taxa de procura entre os dois anos mas a reduccedilatildeo foi mais expressiva

na taxa de aprovaccedilatildeo Isso estaacute relacionado agraves medidas mais restritivas de creacutedito

do ano de 2015 que afetaram a poliacutetica de fomento aos MEI como aos demais

empreendedores

TABELA 11 - PROCURA E APROVACcedilAtildeO DE CREacuteDITO PELOS MEI (BRASIL)

INSTITUICcedilAtildeO DE CREacuteDITO

PROCURA POR EMPREacuteSTIMO ()

EMPREacuteSTIMO APROVADO ()

2011 2015 2011 2015

Instituiccedilotildees Financeiras Puacuteblicas 68 67 00 44 Instituiccedilotildees Privadas 27 0 22 49 Cooperativas de creacutedito 4 6 99 42

FONTE SEBRAE (20122015)

Todavia alguns dispositivos de apoio e estiacutemulos a essas categorias

empresariais descritos nas LC 12306 e LC 12808 tais como baixa tributaccedilatildeo

programas de capacitaccedilatildeo e mesmo o Acesso em ao creacutedito a exemplo que

estimulem o seu desenvolvimento seratildeo analisadas posteriormente quando

abordarmos a MRGP

O microcreacutedito produtivo consiste numa ferramenta utilizada em muitos

paiacuteses como estrateacutegia de reduccedilatildeo da pobreza na promoccedilatildeo de emprego e renda e

na consolidaccedilatildeo do aumento da capacidade produtiva de microempreendimentos

aleacutem de favorecer condiccedilotildees a melhoria de vida das pessoas mais empobrecidas e

socialmente vulneraacuteveis (PEREIRA 2006 BARONE et al 2002)

98

O microcreacutedito democratiza o Acesso em ao creacutedito fundamental para a vida moderna do qual grande parte dos brasileiros estaacute excluiacuteda A disponibilidade de creacutedito para empreendedores de baixa renda capazes de transformaacute-lo em riquezas para eles proacuteprios e para o paiacutes faz do microcreacutedito parte importante das poliacuteticas de desenvolvimento (BARONE et al 2002 p 11)

No Brasil o microcreacutedito eacute regulamentado e normatizado pela Lei

111102005 que institui o Programa Nacional de Microcreacutedito Produtivo Orientado

(PNMPO) e ―tem por finalidade especiacutefica disponibilizar recursos para o microcreacutedito

produtivo orientado (Lei 111102005 art 1ordm sect 2ordm)

O microcreacutedito produtivo orientado segundo Barone et al (2002) possui

efeito positivo junto aos tomadores de financiamento no sentido de melhoria das

condiccedilotildees habitacionais de sauacutede e alimentares da expectativa da restituiccedilatildeo da

cidadania e da auto-estima aleacutem da geraccedilatildeo de emprego e renda das famiacutelias que

fazem o uso desse instrumento

Tal posicionamento eacute defendido por Pereira (2005) posto os resultados

empiacutericos obtidos em estudos realizados no Centro de Apoio de Pequenos

Empreendimentos no Estado da Paraiacuteba (CEAPEPB) em 2005 Em suas anaacutelises

ela concluiu que o microcreacutedito proporciona a expansatildeo do ativo circulante35 e do

patrimocircnio liacutequido tendo peso significativo na consolidaccedilatildeo dos empreendimentos

(PEREIRA 2005 p 78) Percebe-se dessa maneira o impacto positivo do

microcreacutedito em paracircmetros econocircmicos aleacutem de ser uma ferramenta de

intervenccedilatildeo na exclusatildeo social Entretanto a situaccedilatildeo na MRGP apresenta um

quadro criticamente diverso A tabela abaixo (TABELA 12) expressa a regressatildeo

significativa das transaccedilotildees de creacutedito pela CEF na MRGP entre os anos 2015 e

2016

TABELA 12 - NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS E VALORES FINANCIADOS NA MRGP CEDIDOS

PELA CAIXA ECONOcircMICA FEDERAL AgraveS MPE (2015-2016)

ANO TOTAL DE CONTRATOS VALOR TATOAL (R$)

2015 13909 3759861821

2016 2756 795389276

FONTE CONTROLADORIA GERAL DA UNIAtildeO ATRAVEacuteS DO PORTAL DA TRANSPAREcircNCIA

35

O ativo circulante compreende o dinheiro em caixa os saldos bancaacuterios e todos os valores que podem ser convertidos em dinheiro imediatamente (SANDRONI 1999)

99

A diminuiccedilatildeo nos financiamentos estaacute atrelada em parte pelo baixo

desempenho da economia e por outro lado a forte restriccedilatildeo do sistema bancaacuterio no

processo de seletividade para o creacutedito Para o entrevistado3

Existe um preconceito muito grande seja por parte de associaccedilotildees seja por parte de instituiccedilotildees financeiras neacute Porque o MEI eacute um risco Como que eacute avaliado Ah ele eacute pequenininho Se ele natildeo aguenta pagar um boleto DAS como ele vai pagar a mensalidade Se ele natildeo aguenta pagar um boleto DAS como ele vai pagar um financiamento Eu vejo isso como um preconceito Mas eu natildeo tiro toda razatildeo da parte financeira (transcriccedilatildeo) (entrevistado3)

Notemos que o nuacutemero de contratantes (TABELA 12) em 2015 em relaccedilatildeo

ao nuacutemero de MPE na MRGP (TABELA 13) abaixo atingiu o percentual de 4487

No ano seguinte (2016) esse percentual reduziu sensivelmente para 814

TABELA 13 - NUacuteMERO DE MPE NA MRGP (2015-2016)

FONTE EMPRESOcircMETRO

Ainda na comparaccedilatildeo entre os dados expressos acima (TABELAS 12 e 13)

percebemos que a retraccedilatildeo nos contratos de financiamentos representou um

decreacutescimo de 2115 de ativos circulantes das MPE na MRGP o que compromete

o desenvolvimento tendo em vista que em meacutedia 95 das empresas da regiatildeo satildeo

MPE (Empresocircmetro) e geram empregos renda e tem forte impacto na produccedilatildeo de

riqueza em seus municiacutepios

Partindo das anaacutelises de Kohler (2010) observamos que o aumento da

atividade econocircmica requer a expansatildeo da capacidade de investimento o qual ele

denomina de ―investimento produtivo O investimento produtivo na concepccedilatildeo do

MUNICIacutePIO Nordm MPE

2015 2016

Antonina 1453 1581

Guaraqueccedilaba 358 400

Guaratuba 3913 4333

Matinhos 4138 4716

Morretes 1559 1703

Paranaguaacute 13612 14728

Pontal do Paranaacute 3929 4372

TOTAL 30977 33849

100

autor eacute um elemento importante na produccedilatildeo de riqueza local pois se materializa

em uma variaacutevel ex ante a poupanccedila produtiva resultado da riqueza gerada

Tratando-se do MEI as condiccedilotildees de alocaccedilatildeo de ―investimentos

produtivos- aquisiccedilatildeo de tecnologias maacutequinas estoque ndash podem ser referenciadas

na Lei Geral atraveacutes do estiacutemulo ao creacutedito

Magalhatildees Junior (2016) ao analisar o impacto dos micro - financiamentos

realizados nos municiacutepios paranaenses atraveacutes do Programa Banco do

Empreendedor Paranaacute (Fomento Paranaacute) concluiu que a adiccedilatildeo em meacutedia de 1

nos contratos de microcreacutedito junto ao Programa Banco Empreendedor Paranaacute

possibilitou o aumento da capacidade econocircmica dos municiacutepios participantes em

032 entre os anos 2010 e 2013

Os dados abaixo (TABELA 14) demonstram o nuacutemero de contratos

creditiacutecios firmados com o MEI na MRGP junto ao Fomento Paranaacute entre os anos

2014 ndash 2016 Observamos ainda a elevaccedilatildeo de 400 no nuacutemero de financiamentos

entre os anos 2015 ndash 2016 ao contraacuterio dos bancos puacuteblicos federalizados que

manifestaram reduccedilatildeo nos contratos

TABELA 14 - NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS CEDIDOS AO MEI JUNTO AO PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR DO PARANAacute (FOMENTO PARANAacute) NA MRGP (2014-2015-2016)

MUNICIacutePIO Nordm DE FINANCIAMENTOS

2014 2015 2016

Antonina 3 3 4

Guaraqueccedilaba

6

Guaratuba 5

Matinhos 4

12

Morretes 10 3 12

Pontal do Paranaacute

7

TOTAL 29 9 45

FONTE FOMENTO PARANAacute ATRAVEacuteS DO PORTAL DA TRANSPAREcircNCIAPR

Mesmo com essa expansatildeo significativa o percentual em relaccedilatildeo ao

nuacutemero de MEI na MRGP eacute pouco expressivo pois representou apenas 038 do

total dos microempreendedores em 2016

Tal qual o nuacutemero de contratos os valores financiados aumentaram

significativamente em 47630 entre os anos 2015 ndash 2016 como demonstrado

101

abaixo (GRAacuteFICO10) Esse percentual segundo um agente representante do

Programa Banco Empreendedor Paranaacute (Fomento Paranaacute) da regiatildeo deve cair

novamente em funccedilatildeo dos municiacutepios do litoral natildeo renovarem os convecircnios com o

banco supracitado

GRAacuteFICO 10- VAOLRES TOTAIS FINANCIADOS PELO MEI NA MRGP ATRAVEacuteS DO

PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR PARANAacute (FOMENTO PARANAacute) (201 ndash 2015 ndash 2016)

FONTE Fomento Paranaacute ndash elaboraccedilatildeo proacutepria ndash dados obtidos atraveacutes

do Portal da Transparecircncia

Ao analisarmos os dados do graacutefico abaixo sobre o nuacutemero de contratos

firmados junto ao sistema de creacutedito na MRGP pelos respondentes (n=30)

reparamos que vinte e quatro (n=24) dos entrevistados (GRAacuteFICO 11) disseram natildeo

ter contratado financiamentos junto agraves entidades creditiacutecias para expandir seus

negoacutecios e seis (n=6) responderam ter realizado empreacutestimo Dos respondentes que

realizaram financiamentos quatro (n=4) disseram ter utilizado como capital de giro e

dois (n=2) dos respondentes que adquiriram o financiamento relataram que o

utilizaram tanto como capital de giro como para expandir os negoacutecios e na compra

de materiais

R$26674633

R$8176690

R$47121657

2014 2015 2016

Valor contratado (R$)

102

GRAacuteFICO 11 - FINANCIAMENTOS JUNTO AO SISTEMA DE CREacuteDITO NA MRGP ()

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Um fato interessante no momento da entrevista eacute que grande parte dos

respondentes natildeo tinha conhecimento sobre essa prerrogativa estabelecida em lei e

nem mesmo disse conhecer as implicaccedilotildees que um financiamento produtivo

empregado de forma adequada pode oferecer para a melhoria das condiccedilotildees dos

microempreendimentos

436 O associativismo e os MEI na MRGP

O associativismo pode ser caracterizado como cooperaccedilatildeo para crescer

juntos Quem se associa usualmente tem objetivos em comum portanto a

cooperaccedilatildeo eacute fundamental ao avanccedilo desses objetivos

Com o escopo de incluir as MPE no processo produtivo competitivo e

saudaacutevel jaacute no art 1ordm inciso III a LC 12306 preceitua como uma das normas

descritas o Acesso em ao associativismo acentuando no capiacutetulo VIII da referida

Lei Geral que a associaccedilatildeo seraacute regulamentada sob a forma de Sociedade de

Propoacutesito Especifico (SPE)36 e ―seraacute constituiacuteda como Sociedade Limitada37 (art 56

sect2ordm inciso VII)

36

Sociedade de Propoacutesito Especiacutefico (SPE) eacute um modelo de organizaccedilatildeo empresarial pelo qual se constitui uma nova empresa limitada ou sociedade anocircnima com um objetivo especiacutefico ―cuja atividade eacute bastante restrita podendo em alguns casos ter prazo de existecircncia determinado normalmente utilizada para isolar o risco financeiro da atividade desenvolvida (SEBRAE)disponiacutevel lthttpwwwbibliotecassebraecombrchronusARQUIVOS_CHRONUSbdsbdsnsff25877ce0f2ecbca17355fc33397deea$File5189pdfgtgt Esta previsatildeo estaacute fundamentada no art 981 do Coacutedigo Civil de 2002 37

Forma societaacuteria com personalidade juriacutedica de participaccedilatildeo definida com base em seu investimento

sim

natildeo

103

Uma associaccedilatildeo tem como objetivo a manutenccedilatildeo e salvaguarda do

interesses de seus associados promovendo permanentemente os lastros de

cooperaccedilatildeo entre eles reconhecendo que para prosperar eacute necessaacuteria adequaccedilatildeo

institucional administrativa e de recursos para adaptaccedilotildees decorrentes de

mudanccedilas em cenaacuterios especiacuteficos (social economia poliacutetica)

Agraves MPE em especial aos microempreendedores individuais as concepccedilotildees

do associativismo satildeo maneiras integradas ao movimento de inclusatildeo dessa

categoria no processo mercantil uma vez que a fragilidade no Acesso em ao

mercado ao creacutedito agraves tecnologias jaacute mencionadas anteriormente as relaccedilotildees

estabelecidas na consolidaccedilatildeo associativa geram possibilidades de surgirem

externalidades tais como conexotildees comerciais fortalecimento econocircmico

benefiacutecios em funccedilatildeo das parcerias com a associaccedilatildeo dentre outras Nessa

perspectiva

o estiacutemulo agrave cooperaccedilatildeo como forma de minimizar as fraquezas estruturais que envolvem os microempreendedores se apoia na perspectiva de que os atores econocircmicos natildeo podem ser tomados como aacutetomos isolados posto que suas accedilotildees dependem de vaacuterias limitaccedilotildees advindas das relaccedilotildees estabelecidas com outras organizaccedilotildees (CERQUEIRA CUNHA MOHR SOUZA ABRAHAO FLEIG 2014 p 739)

Abaixo (GRAacuteFICO 12) estatildeo os resultados sobre a participaccedilatildeo dos

respondentes (n=30) em associaccedilotildees de representaccedilatildeo da categoria Dos

respondentes vinte e oito (n=28) responderam que natildeo satildeo membros de nenhuma

associaccedilatildeo e dois (n=2) decidiram por natildeo responder

GRAacuteFICO 12 - RESPOSTA SOBRE PARTICIPACcedilAtildeO EM ASSOCIACcedilAtildeO REPRESENTANTE DA CATEGORIA

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

sim

natildeo

natildeo respondeu

104

No litoral identificamos (QUADRO 8) as principais entidades representantes

da classe comercial e industrial as quais abrem espaccedilo para o MEI se associar

QUADRO 8- ENTIDADES REPRESENTANTES DAS CLASSES EMPRESARIAL COMERCIAL E AGRIacuteCOLA NO LITORAL DO PARANAacute

ENTIDADE DESCRICcedilAtildeO

ACIG Associaccedilatildeo Comercial e Empresarial de Guaratuba

ACIMA Associaccedilatildeo Comercial e Empresarial de Matinhos

ACIAPAR Associaccedilatildeo Comercial Industrial e Agriacutecola de Pontal do Paranaacute

ACIAP Associaccedilatildeo Comercial Industrial e Agriacutecola de Paranaguaacute

ACIAM Associaccedilatildeo Comercial Industrial e Agropecuaacuteria de Morretes

AMPEC LITORAL Associaccedilatildeo das Micro e pequenas Empresas do litoral do Paranaacute

FONTE Dados da PesquisaAssociaccedilotildees que possuem mensalidades reduzidas para os MEI

As entidades de classe descritas no quadro acima estatildeo distribuiacutedas em

todo o litoral paranaense mas destacamos a AMPEC por seu aspecto principal que

eacute uma associaccedilatildeo dos micro e pequenos empreendedores do litoral

A ASSOCIACcedilAtildeO teraacute por finalidade congregar as Microempresas Empresas de Pequeno Porte os Empreendedores Individuais e os profissionais autocircnomos formais e informais industriais comerciais agriacutecolas artesatildeos e prestadoras de serviccedilos em forma de associados optantes objetivando a promoccedilatildeo social e econocircmica estimulando o desenvolvimento e defendendo o interesse de seus associados (art 4ordm Estatuto Social AMPEC)

A AMPEC com sede em Pontal do Paranaacute na visatildeo do entrevistado2 eacute

muito importante poreacutem natildeo existe apoio do poder puacuteblico local ou de entidades que

possam contribuir para o desenvolvimento da associaccedilatildeo e de cooperaccedilatildeo conjunta

na composiccedilatildeo de estrateacutegias para aumentar a alocaccedilatildeo de recursos e

acompanhamento teacutecnico para a entidade Dessa forma o isolamento e soacute com a

arrecadaccedilatildeo dos associados natildeo tem como desenvolver accedilotildees para fortalecer a

classe Ateacute mesmo porque a inadimplecircncia segundo o entrevistado2 chega a

6038 Ainda segundo o entrevistado2 a associaccedilatildeo passou por algumas

reformulaccedilotildees administrativas posto problemas internos com respeito a recursos e

endividamento da entidade

38

O valor cobrado de mensalidade do associado eacute de R$1000 mensais (entrevistado2)

105

A AMPEC natildeo consegue atender os empreendedores seus associados Natildeo consegue ver um retorno por parte da AMPEC Nada de concreto Somente criacuteticas por parte da AMPEC [] Normalmente quando vocecirc se associa vocecirc quer crescer junto ou vocecirc tem o retorno Se vocecirc natildeo tem o retorno se vocecirc vecirc que natildeo ta criando natildeo ta juntando por que que vocecirc vai entrar NE Eu penso dessa forma o associativismo(transcriccedilatildeo) (entrevistado3)

Nas anaacutelises descritas por Cunha Mohr Souza Abrahao Fleig (2014) na

discussatildeo sobre as fraquezas e potencialidades da AMPEC o associativismo eacute

apontado como uma alternativa de melhoria das condiccedilotildees do microempreendedor

no litoral paranaense No entanto Como observa o entrevistado3 ―o associativismo

natildeo eacute aceito no litoral por questotildees culturais No sudoeste do Estado a SICREDI e o

SICOOB satildeo mais fortes que o Itauacute e o BB(transcriccedilatildeo)

Algumas estrateacutegias podem ser interessantes para o desenvolvimento do

MEI todavia elas deveriam ser adaptadas agrave realidade local como eacute o caso das

compras puacuteblicas O municiacutepio tem prazo de pagamento ateacute de 90 dias Para alguns

microempreendimentos isso se torna praticamente inviaacutevel 1) pela pouca

disponibilidade de ativos disponiacuteveis o que impossibilita a raacutepida reposiccedilatildeo dos

recursos utilizados 2) pelo fato de muitas empresas e microempreendedores natildeo

distinguirem as despesas da empresa com as da famiacutelia pois a famiacutelia depende

diretamente desses recursos (SACHS 2003)―O MEI eacute muito pequeno neacute Natildeo

consegue concorrer com os maiores Muitos MEI usam de outras atividades pra

completar a renda ou a renda do MEI eacute usada pra complementar (entrevistado2)

(transcriccedilatildeo)

437 Mobilizaccedilatildeo dos governos locais no estiacutemulo agrave categoria do MEI

Albuquerque e Zapata (2010) destacam a importacircncia de adesatildeo dos

governos locais nas poliacuteticas de desenvolvimento pois segundo os autores as

autoridades eleitas ndash municipais e estaduais ndash satildeo elementos chaves no processo

de desenvolvimento local Embora como acentuam os autores o desenvolvimento

dos territoacuterios muitas vezes eacute impulsionado por liacutederes locais (cooperativas

associaccedilotildees) jovens empresaacuterios e entidades natildeo governamentais eacute indispensaacutevel

a integraccedilatildeo dos governos locais agraves iniciativas de desenvolvimento posto que

―podem conferir a essas iniciativas algum caraacuteter institucional (idem p 216)

106

No graacutefico abaixo (GRAacuteFICO 13) estatildeo os resultados sobre o conhecimento

dos respondentes sobre estrateacutegias adotadas pelas prefeituras em apoio ao MEI na

MRGP

GRAacuteFICO 13 - CONHECIMENTODOS RESPONDENTES DE ESTRATEacuteGIAS ADOTADAS PELAS PREFEITURAS EM APOIO AO MEI NA MRGP ()

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Na leitura dos dados acima (GRAacuteFICO 13) verificamos que vinte e dois

(n=22) dos respondentes natildeo sabem informar se as prefeituras possuem accedilotildees de

apoio ao MEI

Observamos durante nossas pesquisas que dos sete municiacutepios da MRGP

cinco esforccedilaram-se em apresentar propostas de fomento das capacidades de

produccedilatildeo do MEI firmando parcerias com entidades importantes no cenaacuterio

econocircmico e de desenvolvimento como eacute o caso do SEBRAE Foram eles

Guaraqueccedilaba Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute Certamente

como constatado nas pesquisas em alguns casos Morretes e Matinhos naquele

momento pela transiccedilatildeo do chefe do executivo (eleiccedilotildees municipais) pode ter

ocorrido certo abandono das poliacuteticas setorizadas de apoio ao MEI Destacamos

ainda duas circunstacircncias importantes 1) a falta de poliacuteticas de desenvolvimento

local nos municiacutepios do litoral (SEBRAE ndash monitoramento da implementaccedilatildeo da Lei

Geral) 2) ausecircncia de poliacuteticas puacuteblicas que reduzam o imediatismo e infiram metas

0

10

20

30

40

50

60

70

80

compra derodutos e

serviccedilos doMEI

na aquisiccedilatildeode

tecnologias

cursos decapacitaccedilatildeo

processo deformalizaccedilao

natildeo soubeinformar

natildeoresponderam

107

de meacutedio e longo prazo com vistas ao desenvolvimento sustentaacutevel assinalado por

Sachs (2003) e Albuquerque e Zapata (2010)

Os pontos assinalados acima na MRGP obedecem agrave perspectiva no nosso

entendimento das poliacuteticas puacuteblicas por vezes de inclinaccedilatildeo poliacuteticapartidaacuteria

unilateral sem representaccedilatildeo de atores locais externos agrave administraccedilatildeo puacuteblica (top

down) muitas vezes alheias agraves reais necessidades da populaccedilatildeo Geralmente

essas poliacuteticas natildeo satildeo produzidas com implicaccedilotildees de meacutedio e longo prazos mas

ciacuteclicas e temporais permanecendo ateacute o teacutermino da gestatildeo municipal

Em nossas pesquisas observamos ainda que Pontal do Paranaacute eacute um dos

municiacutepios da MRGP com maior maturidade nas concepccedilotildees de desenvolvimento

local posto a extensatildeo de estrateacutegias accedilotildees e programas diversificados de fomento

das MPE em especial agrave categoria especiacutefica do MEI Esta proposta vai ao encontro

das anaacutelises de Albuquerque e Zapata (2010 p 2018) no sentido de que ―agraves vezes

uma estrateacutegia de desenvolvimento local pode se iniciar a partir da coordenaccedilatildeo

territorial de alguns programas e instrumentos setoriais de fomento definidos de

maneira central

Um ponto central nesse processo como assinalou o entrevistado8 eacute a

capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios efetivos da administraccedilatildeo puacuteblica municipal que atuam

na secretaria e na sala do empreendedor Esta estrateacutegia tem como objetivo dar

continuidade agraves propostas de desenvolvimento local isolando-se do plano partidaacuterio

denotando sentido neutro nas poliacuteticas de desenvolvimento

Na aplicaccedilatildeo do questionaacuterio percebemos que muitos dos respondentes

como constatado no graacutefico 9 desconhecem as regulamentaccedilotildees que normatizam a

categoria (Leis) os dispositivos legais que favorecem a classe do MEI quanto ao

creacutedito agraves isenccedilotildees agrave licitaccedilatildeo dentre outros instrumentos relacionados agrave sua

inserccedilatildeo e expansatildeo no mercado

Como jaacute mencionado nos municiacutepios de Guaratuba e Antonina natildeo foram

identificadas estrateacutegias de apoio ao MEI por parte do governo local com vistas agrave

inserccedilatildeo no sistema de mercado observados os dispositivos da Lei Geral

Em Guaratuba em 2009 o municiacutepio instituiu a Lei Complementar 042009

sobre o tratamento diferenciado agraves MPE no acircmbito municipal Uma das estrateacutegias

previstas na referida LC de Guaratuba foi a criaccedilatildeo do Comitecirc Gestor Municipal com

o objetivo de acompanhar a implementaccedilatildeo da LC 12306 e suas complementaccedilotildees

108

Poreacutem nas pesquisas de campo em 2016 junto agraves secretarias de

Urbanismo de Infraestrutura e Obras e do Bem Estar e Promoccedilatildeo Social assim

como o entrevistado1 desconheciam a existecircncia e atuaccedilatildeo do citado comitecirc assim

como natildeo souberam informar sobre alguma proposta referida ao MEI

Um dos avanccedilos identificados no processo de desenvolvimento empresarial

de Guaratuba foi a criaccedilatildeo em 2016 de uma agecircncia da Junta Comercial do

Paranaacute firmando parceria com o governo local e com a Associaccedilatildeo Comercial e

industrial de Guaratuba (ACIG)Tal accedilatildeo pode fortalecer o caraacuteter institucional de

poliacuteticas voltadas agraves categoria empresarial e comercial do municiacutepio Destacamos

ainda que esta foi uma accedilatildeo isolada identificada para o desenvolvimento do

ambiente empresarial da cidade

Muito embora a maioria dos municiacutepios da MRGP apresente dificuldades

orccedilamentaacuterias eacute importante frisar que o enquadramento aos dispositivos legais

inseridos na Lei Geral podem ser implantados de maneira gradual vinculados a uma

postura de desenvolvimento integrado e com metas de meacutedio e longo prazos com

provimentos de investimentos que suportem em princiacutepio estrateacutegias e accedilotildees um

pouco mais reduzidas mas no segundo momento podem ser expandidas e

melhoradas encaixadas em novas estrateacutegias e accedilotildees em concepccedilotildees de

―inovaccedilatildeo renovaccedilatildeo e transformaccedilatildeo constantes as quais estatildeo sujeitas qualquer

poliacutetica puacuteblica

438 O MEI-Patratildeo no Litoral do Paranaacute

Segundo o SEBRAE (2014) as micro e pequenas empresas em 2011 eram

responsaacuteveis por ―44 dos empregos formais em serviccedilos e aproximadamente 70

dos empregos gerados no comeacutercio (p7)

Nota-se a impressionante importacircncia desse tecido empresarial na economia

do trabalho e sua relevacircncia que pode ser considerada nas poliacuteticas de inclusatildeo

social visto a geraccedilatildeo de emprego e renda e externalidades agregadas como o

combate a miseacuteria e a pobreza extrema aleacutem do aumento da auto-estima e da

manutenccedilatildeo da dignidade das pessoas em funccedilatildeo do trabalho

109

O MEI na forma da lei explicitado no art 18C da LC 12808 poderaacute

contratar um empregado com todos os direitos e deveres atribuiacutedos na

Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho (CLT)

Observado o disposto no art 18-A e seus paraacutegrafos desta Lei Complementar poderaacute se enquadrar como MEI o empresaacuterio individual que possua um uacutenico empregado que receba exclusivamente 1 (um) salaacuterio miacutenimo ou o piso salarial da categoria profissional

Ao analisar o graacutefico abaixo (GRAacuteFICO 14) com base no questionaacuterio

identificamos que dezenove (n=19) dos MEI que participaram do questionaacuterio

responderam que natildeo possuem empregado no exerciacutecio de suas atividades oito

(n=8) responderam que possuem empregado e trecircs (n=3) natildeo responderam agrave

questatildeo

GRAacuteFICO 14 -RESPONDENTES QUE POSSUEM FUNCIONAacuteRIOS NA MRGP ()

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Se por um lado a formalizaccedilatildeo do MEI constitui um avanccedilo no enfrentamento

agrave informalidade do outro lado haacute uma reproduccedilatildeo do processo informal que foge ao

controle da poliacutetica de formalizaccedilatildeo Trabalhadores que satildeo incluiacutedos por uma

poliacutetica que tem esforccedilo em pelo menos reduzir a informalidade contribui em

parte para a precarizaccedilatildeo do trabalho contratando trabalhadores dentro do sistema

informal para exercerem atividades que permanecem fora dos preceitos do trabalho

descente

0

10

20

30

40

50

60

70

sim natildeo natildeo respondeu

110

Nesse sentido sobre os microempreendedores individuais que empregam

constatamos(GRAacuteFICO 15) que dos trabalhadores empregados pelos MEI seis

(n=6) deles exercem suas funccedilotildees na informalidade e dois (n=2) satildeo formalizados

GRAacuteFICO 15 - QUANTITATIVO DE TRABALHADORES FORMALIZADOS E NAtildeO FORMALIZADOS

EMPREGADOS PELO MEI NA MRGP ()

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Eacute importante ressaltar que nas observaccedilotildees de campo constatou-se que

333 dos empregados natildeo formalizados (n=2) eram filhos dos MEI respondentes

Dessa forma muitos MEI aleacutem de reproduzir a informalidade com forccedila de trabalho

familiar precarizando em muito as condiccedilotildees do trabalho comprometem o

rendimento escolar de crianccedilas e adolescentes

439 Renda bruta dos MEI entrevistados um alento agrave meacutedia

Os municiacutepios da MRGP apresentam caracteriacutesticas distintas tanto pela

economia industrial quanto pelas particularidades sazonais dos serviccedilos as quais as

cidades balneaacuterias estatildeo submetidas Segundo Monteiro (2013 p 5) a populaccedilatildeo

total dos trecircs municiacutepios pode aumentar em 400 na temporada de praia

As particularidades sazonais refletem consideravelmente nas economias dos

municiacutepios balneaacuterios pelo aumento do fluxo de pessoas na temporada de veratildeo

0

10

20

30

40

50

60

70

80

natildeo formalizado formalizado

111

responsaacutevel pelo estiacutemulo da economia local impulsionada pelo turismo Destaque

para os setores de serviccedilos e do comeacutercio Com a expansatildeo da economia nesse

periacuteodo (dezembro janeiro e fevereiro) surgem oportunidades de trabalho e renda

para a populaccedilatildeo local e o aumento de volume do comeacutercio e prestaccedilatildeo de serviccedilos

Abaixo (GRAacuteFICO 16) examinamos a renda bruta dos respondentes (n=30)

na temporada de praia e no inverno a partir do questionaacuterio A referecircncia de renda

teraacute como paracircmetro o salaacuterio miacutenimo nacional39

GRAacuteFICO 16 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS MEI RESPONDENTES COM BASE NA RENDA BRUTA TENDO COMO PARAcircMETRO DE VALOR O SALAacuteRIO MIacuteNIMO NACIONAL (2016) ()

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Ao observarmos acima (GRAacuteFICO 16) percebemos que dos respondentes

na temporada de praia quatro (n=4) ganham ateacute um salaacuterio miacutenimo por mecircs

trecircs(n=3) ganham ateacute dois salaacuteriosmecircs sete (n=7) ganham ateacute trecircs salaacuterios sete

(n=7) ganham ateacute quatro salaacuterios sete (n=7) ganham mais de quatro salaacuterios e dois

(n=2) ganham mais de cinco salaacuterios por mecircs e fora da temporada de praia quatro

(n=4) ganham ateacute um salaacuterio miacutenimo por mecircs quatro (n=4) ganham ateacute dois salaacuterios

miacutenimos por mecircs oito (n=8) ateacute trecircs salaacuterios quatro (n=4) ateacute quatro salaacuterios sete

(n=7) ganham mais de quatro salaacuterios e dois(n=2) ganham mais de cinco

salaacuteriosUm respondente natildeo se manifestou sobre a renda bruta fora do veratildeo

39

O salaacuterio miacutenimo nacional para o ano 2016 eacute de R$ 88000 tendo como base o Decreto Federal nordm 86182015

0

5

10

15

20

25

30

ateacute 1 ateacute 2 ateacute 3 ateacute 4 mais de4

mais de5

no veratildeono inverno

112

Na demonstraccedilatildeo acima (GRAacuteFICO 16) notamos que cerca de nove(n=9)

dos MEI respondentes possui rendimentos acima de quatro salaacuterios miacutenimos e

quatorze (n=14) possui variaccedilatildeo entre um e trecircs salaacuterios miacutenimos Em 201040 o

rendimento do trabalhador na MRGP era em meacutedia 245 salaacuterios miacutenimos como

indicado abaixo41 (TABELA 15)

TABELA 15 - RENDIMENTO NOMINAL MEacuteDIO DOS TRABALHADORES CONTRIBUINTES PARA A PREVIDEcircNCIA SOCIAL EM QUALQUER TRABALHO NA MRGP (2010)

MUNICIacutePIO RENDIMENTO MEacuteDIO EM SALAacuteRIO MIacuteNIMO

Antonina 227

Guaraqueccedilaba 118

Guaratuba 244

Matinhos 278

Morretes 267

Paranaguaacute 304

Pontal do Paranaacute 279

MEacuteDIA 245

FONTE IBGE ndash senso 2010

Se estabelecermos uma comparaccedilatildeo tendo como indicativo de rendimento

do trabalhador o salaacuterio miacutenimo nacional veremos que o MEI categoria de

trabalhador inclusa no sistema previdenciaacuterio (IBGE) 30 dos respondentes possui

renda meacutedia superior agrave verificada em 2010 e 467 dessa categoria permanece

proacuteximo da meacutedia analisada em 2010

4310 Capacitaccedilatildeo profissional dos MEI no Litoral do Paranaacute

Os artigos 64 e 65 da LC 12306 com base no art 149 da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 reforccedilam a necessidade de articulaccedilatildeo entre as Instituiccedilotildees

Federais de Ensino Superior (IFES) as Instituiccedilotildees Cientiacuteficas e Tecnoloacutegicas (ICT)

e as FundaccedilotildeesInstituiccedilotildees de Apoio (Lei Fed 895894) na implementaccedilatildeo de ―[]

programas especiacuteficos para as microempresas e para as empresas de pequeno

porte [] Os programas possuem objetivos de auxiliar agrave capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica e

40

O salaacuterio miacutenimo nacional em 2010 era de R$ 51000 conforme Lei 1225510 41

Utilizamos o paracircmetro de 2010 por conta da escassez de dados econocircmicos atualizados da MRGP

113

treinamento de pessoal assim como dinamizar o processo de inovaccedilatildeo e

estruturaccedilatildeo dessas categorias empresariais

O Sistema S42 a exemplo definido na paacutegina web do Senado Federal como

―Termo que define o conjunto de organizaccedilotildees das entidades corporativas voltadas

para o treinamento profissional assistecircncia social consultoria pesquisa e

assistecircncia teacutecnica que aleacutem de terem seu nome iniciado com a letra S tecircm raiacutezes

comuns e caracteriacutesticas organizacionais similares e dentro de suas competecircncias

―cumpre um papel fundamental na oferta de cursos profissionalizantes em todo o

Brasil Criadas a partir dos anos 1940 as entidades que compotildeem o sistema se

dedicam agrave formaccedilatildeo profissional em suas respectivas aacutereas de atuaccedilatildeo (induacutestria

comeacutercio agropecuaacuteria entre outras) como indica o site do Governo Federal

Dessa forma com base nas anaacutelises de Albuquerque e Zapata (2008)

compreendemos que eacute igualmente necessaacuterio para o desenvolvimento e o

incremento das potencialidades estabelecerem o fortalecimento e expansatildeo tanto

das empresas inseridas em arranjos produtivos locais com qualificaccedilatildeo do capital

humano no gerenciamento e gestatildeo dos processos socioeconocircmicos Acesso em

agraves novas tecnologias promovendo a inovaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de produtos e a

conexatildeo em redes de produccedilatildeo e escoamento dos produtos dentro e fora do

territoacuterio quanto agrave otimizaccedilatildeo desses recursos alocados ao desenvolvimento

socioeconocircmico

Para o SEBRAE (2014) em 2011 os pequenos negoacutecios atingiram o

percentual de 27 do PIB brasileiro sendo que as Micro e Pequenas Empresas

respondem por 53 4 da riqueza gerada no setor de serviccedilos

Os dados demonstram a importacircncia de incentivar e qualificar os empreendimentos de menor porte inclusive os Microempreendedores Individuais Isoladamente uma empresa representa pouco Mas juntas elas satildeo decisivas para a economia e natildeo se pode pensar no desenvolvimento do Brasil sem elas (SEBRAE 2014)

Abaixo (GRAacuteFICO 17) demonstra o quantitativo de MEI respondentes ao

questionaacuterio que participaram de cursos de capacitaccedilatildeo

42

A criaccedilatildeo das Instituiccedilotildees do sistema ―S tem como base fundamental o art 149 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e eacute composta pelo Serviccedilo Nacional de Aprendizagem do Comeacutercio (Senac) Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) Serviccedilo Social do Comeacutercio (Sesc) Serviccedilo Social da Induacutestria (Sesi) Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e Serviccedilo Social de Transporte (Sest) Serviccedilo Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop)

114

GRAacuteFICO 17- QUANTITATIVO DE MEI RESPONDENTES QUE PARTICIPARAM DE CURSOS DE CAPACITACcedilAtildeO

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Percebemos (GRAacuteFICO 17) que dezessete (n=17) dos respondentes natildeo

participaram de cursos de capacitaccedilatildeo e dez (n=10) responderam que sim Dessa

forma veremos que a maioria dos respondentes se enquadra na perspectiva de

Sachs (2003) sobre a falta de conhecimentos baacutesicos para o desenvolvimento de

suas atividades Ou seja ausecircncia de capacitaccedilatildeo necessaacuteria nos negoacutecios pode se

tornar uma barreira na sustentabilidade do microempreendimento

O principal problema enfrentado pelo MEI eacute a falta de conhecimento de mercado Eles tecircm uma boa intenccedilatildeo mas sem capacidade de gerir o negoacutecio A natildeo ser aquele que jaacute exerce sua profissatildeo e resolve se formalizar Este jaacute conhece os limites do mercado (transcriccedilatildeo) entrevistado1)

Boa parte dos MEI no momento da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio natildeo

expressava desejo em se capacitar ou mesmo participar de qualquer qualificaccedilatildeo

Um dos MEI que respondeu natildeo participar de cursos de capacitaccedilatildeo nos disse se

considerar um ―autodidata e natildeo haveria a necessidade de se capacitar

A capacitaccedilatildeo para agir no mercado aberto eacute um elemento chave como

suporte agrave expansatildeo das capacidades envolvidas em um microempreendimento

posto agrave possibilidade de conhecimento de gestatildeo e financcedilas administraccedilatildeo de

recursos estoque fluxos de mercado e competitividade

participou

natildeo participou

Natildeo respondeu

115

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Iniciamos os trabalhos de pesquisa motivados por investigar como as

organizaccedilotildees puacuteblicas mercado e organizaccedilotildees sociais tecircm constituiacutedo poliacuteticas de

formalizaccedilatildeo do trabalho e como os trabalhadores e essas organizaccedilotildees tecircm

promovido e acolhido a formalizaccedilatildeo do microempreendedor individual no litoral do

Paranaacute Para tal realizamos estudos sobre as transformaccedilotildees no mundo do trabalho

investigamos a configuraccedilatildeo socioeconocircmica e os principais problemas enfrentados

pelos trabalhadores informais na regiatildeo Tratando-se de um estudo pioneiro

enfrentamos uma seacuterie de dificuldades para a coleta de dados e entrevistas em um

setor marcado pela precariedade de informaccedilotildees e estudos sistemaacuteticos

Um traccedilo marcante no mercado de trabalho brasileiro eacute informalidade

decorrente das transformaccedilotildees no processo de produccedilatildeo promovidas pelo decliacutenio

da concepccedilatildeo keynesianafordista que culminaram nas modificaccedilotildees das relaccedilotildees

de trabalho e no deslocamento do trabalhador fabril para o setor terciaacuterio

O capitalismo no Brasil como na Ameacuterica Latina tambeacutem denominado de

capitalismo tardio foi fundamentalmente gerado a partir de forccedilas produtivas

exoacutegenas e natildeo da capacidade de produccedilatildeo endoacutegena apesar de grande parte de o

capital cafeeiro brasileiro ter sido convertido em capital industrial O setor industrial

no Brasil se expandiu rapidamente entre a segunda metade da deacutecada de 1950 e da

deacutecada de 1960 convertido por um novo padratildeo tecnoloacutegico e de acumulaccedilatildeo

No litoral paranaense o capitalismo adquiriu caracteriacutesticas diferentes do

restante do Estado como indica a literatura O poacutelo e vetor econocircmico da regiatildeo eacute o

municiacutepio de Paranaguaacute responsaacutevel por boa parte da produccedilatildeo de riquezas na

regiatildeo da geraccedilatildeo de postos de trabalho e renda pois possui o maior nuacutemero de

empresas da regiatildeo Em ponto oposto agrave Paranaguaacute temos o municiacutepio de

Guaraqueccedilaba o mais carente em recursos os quais 93 tem origem em

repasses do Estado e do Governo Federal

Muito embora com potenciais escondidos e pouco explorados passiacuteveis de

impulsionar o desenvolvimento a Microrregiatildeo Geograacutefica de Paranaguaacute eacute

considerada uma das menos desenvolvidas do Estado marcada pela ausecircncia de

poliacuteticas de desenvolvimento local altos iacutendices de pobreza e destacadas

desigualdades sociais Segundo a literatura a regiatildeo possui um Niacutevel de

Desenvolvimento Regional (NDR) classificado como Muito Baixo (MB) Ainda

116

segundo a literatura as receitas dos municiacutepios da MRGP possuem enorme

dependecircncia das transferecircncias correntes do Estado e da Uniatildeo demonstrando a

pouca capacidade na geraccedilatildeo de riquezas e de recursos necessaacuterios agrave aplicaccedilatildeo e

melhoria de serviccedilos baacutesicos para a populaccedilatildeo local tais como sauacutede e educaccedilatildeo

Alguns municiacutepios da MRGP aleacutem da dependecircncia das transferecircncias

correntes destinam boa parte de seus recursos a atenderem elites locais em um

cenaacuterio de clientelismo43

Os segmentos da economia no litoral que mais geram empregos formais satildeo

o comeacutercio setor de serviccedilos e administraccedilatildeo puacuteblica seguido modestamente pelo

setor industrial As variaccedilotildees sazonais caracteriacutesticas dos municiacutepios balneaacuterios ndash

Guaratuba Matinhos e Pontal do Paranaacute ndash produzem efeitos na economia da regiatildeo

que basicamente tem forte presenccedila do comeacutercio e do setor de serviccedilos

aumentando significativamente a oferta precarizada de emprego e renda na

temporada de veratildeo

Os municiacutepios de Guaraqueccedilaba Matinhos Pontal do Paranaacute Morretes e

Paranaguaacute estabeleceram parceria com o SEBRAE com o objetivo de criar

condiccedilotildees para a adaptaccedilatildeo da Lei Complementar 12808 Essa Lei Complementar

eacute uma Poliacutetica Puacuteblica que cria a figura juriacutedica do Microempreendedor Individual

(MEI) e estabelece criteacuterios de normatizaccedilatildeo da categoria associados a dispositivos

de apoio a esse tecido empresarial

O canal de comunicaccedilatildeo entre as prefeituras e o SEBRAE tem sido a sala

do empreendedor presente nesses municiacutepios Essa foi uma iniciativa adotada para

criar condiccedilotildees de apoio ao microempreendedor individual no sentido de orientaacute-lo

quanto agrave formalizaccedilatildeo aspectos ligados agrave referida LC e promover as bases do

desenvolvimento desse tecido empresarial A sala do empreendedor se constitui em

uma importante ferramenta natildeo soacute de amparo ao empreendedor mas em uacuteltima

anaacutelise em uma estrateacutegia de fomento ao desenvolvimento local posto que aliada

a formalizaccedilatildeo de empreendimentos que atuam na informalidade e de potenciais

empreendedores estaacute o resgate agrave cidadania pelo direito ao trabalho descente e

regularizado

Por outro lado estudos de campo evidenciaram que ao se formalizar e

empregar um terceiro o MEI tende a reproduzir a informalidade pelo trabalho

43

Ver Monteiro (2013b)

117

precarizado pelas excessivas jornadas de trabalho e pela baixa remuneraccedilatildeo De

outra forma o trabalho informal pode se concretizar para muitos trabalhadores na

uacutenica maneira de sobrevivecircncia em um mundo onde haacute decreacutescimo dos postos de

trabalho protegido pelas leis regulatoacuterias e normativas

Um dispositivo importante contido na Lei Geral eacute o Acesso em facilitado ao

microcreacutedito produtivo estendido para o microempreendedor No litoral esta

ferramenta de inclusatildeo e expansatildeo do MEI estaacute pouco explorada considerando a

diminuiccedilatildeo dos financiamentos pela Caixa Econocircmica Federal Em contra partida os

contratos creditiacutecios firmados junto ao Banco Fomento Paranaacute aumentaram nos

uacuteltimos anos mas a sua representatividade ainda eacute pouco expressiva entre os

microempreendimentos no litoral

Ao longo dos estudos verificamos que a Poliacutetica Puacuteblica de formalizaccedilatildeo do

MEI eacute uma poliacutetica de longo prazo que coaduna estrateacutegias e accedilotildees de resultados

que podem definir prazos mais longos mas em sentido imediato podem modificar a

vida desses trabalhadores Se de um lado esses trabalhadores encontraram uma

oportunidade de inserccedilatildeo no mercado de trabalho formal atraveacutes da LC 12808

constituindo seu proacuteprio negoacutecio lutando por uma vida de dignidade atraveacutes de seu

trabalho por outro lado essa classe de trabalhadores representa a forma pela qual

o Estado de maneira ilusoacuteria tenta minimizar os efeitos da exclusatildeo de milhares de

postos de trabalho em funccedilatildeo dos novos padrotildees de produccedilatildeo inseridos na

perspectiva neoliberal que aleacutem do deslocamento forccedilado dos trabalhadores agrave

informalidade produz e reproduz desigualdades sociais e econocircmicas De certa

forma como a literatura indica a LC 12808 pode ser considerada uma ferramenta

utilizada pelo Estado para regulamentar o trabalho precarizado jaacute que as bases

estruturais do desemprego natildeo satildeo atingidas

Nesse contexto observamos o sentido ambivalente da poliacutetica puacuteblica de

formalizaccedilatildeo do MEI que se de um lado o Estado percebe o alastramento da

informalidade e dos efeitos nefastos para milhares de trabalhadores brasileiros e cria

uma poliacutetica puacuteblica para enfrentar esse fenocircmeno de outro lado observamos as

dificuldades dos MEI em empreender em meio a fatores exoacutegenos como retraccedilatildeo

econocircmica e endoacutegenos como a dependecircncia de fatores locais comprometendo os

objetivos da poliacutetica puacuteblica

Os municiacutepios do litoral paranaense em sua maioria carentes de

amadurecimento das concepccedilotildees de desenvolvimento local e de recursos

118

necessaacuterios ao suporte de estrateacutegias que correspondam a uma necessaacuteria

expansatildeo das equidades e das liberdades substantivas de suas populaccedilotildees vecircem

suas capacidades limitadas em funccedilatildeo de uma economia com pouca geraccedilatildeo de

riquezas influindo na baixa tributaccedilatildeo e no alastramento de problemas sociais como

o aumento da ociosidade forccedilada da pobreza da miseacuteria da violecircncia e da

criminalidade

Concluiacutemos que a inclusatildeo social do MEI expresso no art 18E da LC

12808 depende da sua permanecircncia e sustentabilidade entre outras circunstacircncias

aleacutem do ambiente empresarial de negoacutecios do fortalecimento do mercado e da

inclinaccedilatildeo do governo local agraves concepccedilotildees de desenvolvimento Dentro dessa

perspectiva empoderar o governo local se destaca como um dos elementos

fundamentais para o desenvolvimento de poliacuteticas puacuteblicas para o MEI assim como

a preparaccedilatildeo do empresariado local para a diminuiccedilatildeo das assimetrias no ambiente

de negoacutecios

A formalizaccedilatildeo do MEI natildeo eacute um fim em si mas pode ser adequada agraves

realidades locais e suplementada garantindo e expandindo direitos jaacute conquistados

Apesar de alguns avanccedilos que possibilitem os MEI sobreviver em meio a

imensidatildeo de empresas buscando um espaccedilo no mercado em curto prazo se natildeo

intensificarem investimentos para o fortalecimento da categoria presenciaremos o

esgotamento das estrateacutegias que ainda resistem

Esperamos que os estudos que realizamos sobre o MEI no litoral do Paranaacute

sejam o iniacutecio de outras investigaccedilotildees que possibilitem a sistematizaccedilatildeo de

conhecimentos que estatildeo dispersos entre os atores puacuteblicos e privados que

desenvolvem seus esforccedilos para a formalizaccedilatildeo e viabilizaccedilatildeo do MEI Esta aacuterea de

estudos apresenta-se como um desafio em funccedilatildeo da precariedade de informaccedilotildees

para pesquisa todavia por seu caraacuteter inovador configura-se tambeacutem como

oportunidade de desenvolvimento de novos pesquisadores para a produccedilatildeo de

novos arranjos institucionais que permitam aos trabalhadores MEI a sua

formalizaccedilatildeo e viabilizaccedilatildeo no mercado

119

REFEREcircNCIAS

ALBUQUERQUE FRANCISCO Metodologia para El desarrolo econocircmico local LPIPG105 1997 Disponiacutevelem lthttparchivocepalorgpdfgts1997S9720129pdfgtAcesso em 10 dez 2015 ALBURQUERQUE FRANCISCO ZAPATA TANIAA importacircncia da estrateacutegia de desenvolvimento localterritorial no Brasil in DOWBOR Ladislau POCHMANN Marcio Poliacuteticas para o desenvolvimento local Perseu Abramo Satildeo Paulo 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwsctrsgovbrupload1353522830_A20importC3A2ncia20da20estratC3A9gia20de20desenvolvimento20local20territorial20no20Brasil20-20Alburquerque20amp20ZapatapdfgtAcesso em 02 fev 2017 ANDRIGUETTO FILHO JOSEacute MILTON MARCHIORO NILSON DE PAULA XAVIER Diagnoacutestico e problemaacutetica para a pesquisa in RAYNAUT C et al Desenvolvimento e meio ambiente em busca da interdisciplinaridade pesquisas urbanas e rurais Ed UFPR Curitiba 2002 ANTUNES RICARDO Os modos de ser da informalidade rumo a uma nova era da precarizaccedilatildeo estrutural do trabalho Serv Soc Soc Satildeo Paulo n 107 p 405-419 julset 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0101-66282011000300002gt Acesso em 16 marccedilo 2016 BARBOSA FILHO FERNANDO DE HOLANDA PESSOcircA SAMUEL (2011) Uma Anaacutelise da Reduccedilatildeo da Taxa de Desemprego Rede de Economia Aplicada WorkingPaper 28 Disponiacutevel em lthttpwwwanpecorgbrencontro000d0204295d65df3e887e93f3a4a9c934fpdfgt Acesso em 01 jul 2015 BARBOSA FILHO FERNANDO HOLANDA MOURA RODRIGO LEANDRO DE Evoluccedilatildeo Recente da Informalidade no Brasil Uma Anaacutelise Segundo Caracteriacutesticas da Oferta e Demanda de Trabalho Instituto Brasileiro de Economia FGV nordm 17 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwportalibrefgvbrlumisportalfilefileDownloadjspfileIdgtAcesso em 13 maio 2016 BARBOSA A DE FREITAS ET AL Desenvolvimento econocircmico e inclusatildeo social in POCHMANN M Reestruturaccedilatildeo produtiva perspectiva de desenvolvimento local com inclusatildeo social Petroacutepolis Vozes 2004 BARBOSA ROSANGELA NAIR DE CARVALHO Trabalho informal e Poliacuteticas Puacuteblicas para geraccedilatildeo de renda XIII Congresso Brasileiro de Sociologia do Trabalho Recife UFPE 2007 disponiacutevel em lthttpwwwsbsociologiacombrportalindexphpoption=com_docmanamptask=doc_downloadampgid=1046ampItemid=171gtAcesso em 18 nov 2015 BARONE F M LIMA P F DANTAS V REZENDE V Introduccedilatildeo ao Microcreacutedito BACEN 2002 Disponiacutevel em

120

lthttpwwwbcbgovbrhtmspublicmicrocreditomicrocreditopdfgtAcesso em 22 jan 2017 BATISTA ROBERTO LEME Uma anaacutelise criacutetica sobre as bases conceituais do PLANFOR Rede de Estudos do trabalho ndash Revista da RET ano III nordm 4 2009 disponiacutevel em lthttpwwwestudosdotrabalhoorgUma20anE1lise20crEDticapdfgtAcesso em 07 jul 2016 BRASIL Constituiccedilatildeo Federal do Brasil 1988 __________ Decreto Lei nordm 54521943 __________ Decreto Lei nordm 7188573 __________ Decreto Lei nordm 194696

__________ Decreto Lei nordm 194696 __________ Decreto Lei nordm 55982005 __________ Lei Complementar n1232006 __________ Lei Complementar n 0870

__________ Lei Complementar n 2571 __________ Lei Complementar 1282008 Brasiacutelia 2008

__________ Lei Complementar 1472014 __________ Lei Federal n 472565

__________ Lei Federal n 43301964

__________ Lei Federal n 51071966

__________ Lei Federal n 721966

__________ Lei Federal n 071970 __________ Lei Federal n 602574 __________ Lei Federal n 613674

__________ Lei Federal n 228386

__________ Lei Federal n 799890 __________ Lei Federal n 102082001

121

__________ Lei Federal n 107792003 __________ Lei Federal n 80361990 __________ Lei Federal n 111102005

__________ Lei Federal n 11598 2007

__________ Lei Federal n 104062002

__________ Lei Federal n 86661993

__________ Lei Federal n 111102005 __________ Medida Provisoacuteria 2164-41 2001

__________ MINISTEacuteRIO DO TRABALHO E EMPREGO Mercado de Trabalho Conjuntura e anaacutelise nordm 56 IPEA 2014Disponiacutevel em lthttpwwwipeagovbrportalimagesstoriesPDFgtsmercadodetrabalhobmt56_completopdfgtAcesso em 28 jul 2016

__________MINISTEacuteRIO DO TRABALHO E EMPREGO Anaacutelise do Mercado de Trabalho nordm 58 Ano 21 IPEA 2015 Disponiacutevel emlthttpwwwipeagovbrportalimagesstoriesPDFgtsmercadodetrabalhobmt_58_analisepdfgtAcesso em 28 jul 2016

__________Estudo elaborado pelo Observatoacuterio do Mercado de Trabalho do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) 2002 __________ Economia Informal Urbana IBGE 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrhomeestatisticaeconomiaecinf2003gtAcesso em 21 out 2015 __________ Resoluccedilatildeo n 12696

BRESSER PEREIRA L C A crise na Ameacuterica Latina consenso de Washington ou crise fiscal Disponiacutevel em lthttpppeipeagovbrindexphpppearticleview883820gtAcesso em 10 out 2015 BROM LUIZ GUILHERME A crise da modernidade pela lente do trabalho Satildeo Paulo Saraiva 2006

CAMINHA MARCO AUREacuteLIO LUSTOSA As metamorfoses do mundo do trabalho no final do seacuteculo XX e a atualidade da questatildeo social Jus Navigandi v 3147 p 1-5 2012 Disponiacutevel em lthttpjuscombrartigos21058as-metamorfoses-do-mundo-do-trabalho-no-final-do-seculo-xx-e-a-atualidade-da-questao-socialgtAcesso em 23 set 2015

CARDOSO DE MELLO J M O capitalismo tardio 8ordf ed Satildeo Paulo Brasiliense

122

1991 CATTANI ANTONIO DAVID Economia submersa Lua Nova [online] 1985 vol2 n2 pp 27-31 Disponiacutevel lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_pdfgtamppid=S0102-gtAcesso em 06 set 2015 CERQUEIRA C L CUNHA G C MOHR G SOUZA L J ABRAHAO C M S FLEIG D Associativismo possibilidades de inovaccedilatildeo para os microempreendedores do litoral paranaense In VIII Workshop EmpreenderSur 2014 Satildeo Paulo Educando para o Empreendedorismo e Inovaccedilatildeo Satildeo Paulo Universidade Presbiteriana Mackenzie 2014 v 1 p 728-741 Disponiacutevel lthttpemprendesurnetboletinesEmprendeSUR_viii_wpdfgtAcesso em 23 dez 2016

CHAHAD J P Z Poliacuteticas Ativas e Passivas no Mercado de Trabalho aspectos conceituais a experiencia internacional e a avaliaccedilatildeo do caso brasileiro 2006 (Convecircnio CEPALPNUDOIT - Relatoacuterio Nacional de Desenvolvimento Humano) Disponiacutevel emltlthttpdocplayercombr4431539-Politicas-ativas-e-passivas-no-mercado-de-trabalho-aspectos-conceituais-a-experiencia-internacional-e-a-avaliacao-do-caso-brasileiro-1htmlgtAcesso em17 marccedilo 2016

CHESNAIS FRANCcedilOIS A mundializaccedilatildeo do capital Satildeo Paulo Xamatilde 1996 COTRIN G histoacuteria do Brasil um olhar criacutetico Satildeo Paulo Saraiva 1999

DENARDIN V F SULZBACH M T O impacto da regulamentaccedilatildeo do mercado de trabalho frente a fragilidade orccedilamentaacuteria e do emprego nos municiacutepios do litoral do Paranaacute Universidade Federal do Rio Grande do Norte CCHLA 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwcchlaufrnbrgtAcesso em 03 jun 2016

___________ Produtos com identidade territorial o caso da farinha de mandioca no litoral paranaense In Saquet M A Santos R A Geografia agraacuteria territoacuterio e desenvolvimento Satildeo Paulo Expressatildeo Popular 2010Disponiacutevel em lthttpwwwaba-agroecologiaorgbrrevistasindexphprbagroecologiaarticle6084gtAcesso em 05 maio 2016 DESLANDES SUELI FERREIRA A construccedilatildeo do projeto de pesquisa In MINAYO Maria Ceciacutelia Pesquisa Social teoria meacutetodo e criatividadendashed 29 Petroacutepolis Vozes 2010

DENARDIN VALDIR F LAUTERT L F RIBAS C P ZANETTI R Farinha de Mandioca no Litoral Paranaense um produto com potencial agroecoloacutegico Revista Brasileira de Agroecologia v 4 p 2420-2424 2009Disponiacutevel em httpwwwabaagroecologiaorgbrrevistasindexphprbagroecologiaarticleview8626 Acesso em26 abril 2016

123

DIEESE Mercado de trabalho Satildeo Paulo 2015 Disponiacutevel em lthttpswwwdieeseorgbranuario2015sistPubLivreto1MercadoDeTrabalhopdfgt Acesso em 12 de set de 2016

DUMEacuteNIL GEacuteRARD LEacuteVY DOMINIQUE Neoliberalismo ndash Neo-imperialismo Economia e Sociedade Campinas v 16 n 1 (29) p 1-19 abr 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfgtecosv16n1a01v16n1gtAcesso em16 marccedilo 2016 ESTEVES CLAacuteUDIO JESUS DE OLIVEIRA Vulnerabilidade Socioambiental na Aacuterea de Ocupaccedilatildeo Contiacutenua do Litoral do Paranaacute ndash Brasil Tese de Doutorado ndashUFPR Curitiba 2011

FAUSTO B Histoacuteria do Brasil Satildeo Paulo Edusp 1995 FERNANDES ANTOcircNIO SEacuteRGIO ARAUacuteJO O capital social e a anaacutelise institucional e de poliacuteticas puacuteblicas RAP Rio de Janeiro 36(3) 375-98 MaioJun 2002 Disponiacutevel lthttpwwwbibliotecadigitalfgvbrojsindexphpraparticledownload64445028gt Acesso em 18 jul 2015 FERNANDES FLORESTAN Capitalismo dependente e as classes sociais na Ameacuterica Latina Rio de Janeiro Zahar 1975 FIANI RONALDO Arranjos Institucionais e Desenvolvimento O Papel da Coordenaccedilatildeo em Estruturas Hiacutebridas IPEA RJ 2013 disponiacutevel em lthttprepositorioipeagovbrbitstream110589711TD_1815pdfgtAcesso em 25 nov 2016

IANI RONALDO Cooperaccedilatildeo e Conflito Instituiccedilotildees e desenvolvimento econocircmico 01 ed Rio de Janeiro Elsevier 2011 Disponiacutevel lthttpsbooksgooglecombrbooksid=fT2tJY2rRygCamppg=PA4amplpg=PA4ampdq=instituiC3A7C3B5es+para+davis+northampsource=blampots=NDdomTfdL3ampsig=4TQ1Ux7o2dNxnLBDGGUFsDgA-w8amphl=pt-BRampsa=Xampved=0ahUKEwjMwYri8N_QAhXClZAKHXJKAA8Q6AEIPjAGv=onepageampq=instituiC3A7C3B5es20para20davis20northampf=falsegtAcesso em 25 nov 2016

FIANI RONALDO Teoria da regulaccedilatildeo econocircmica Estado atual e perspectivas futuras UFRJ-IE 2001 Disponiacutevel lthttpcac-phpunioestebrcursostoledohistoriaeconomicateoriaregulacaopdfgtAcesso em 01 dez 2016

FREY KLAUS Poliacuteticas puacuteblicas um debate conceitual e reflexotildees referentes agrave praacutetica da anaacutelise de poliacuteticas puacuteblicas no Brasil Planejamento e Poliacuteticas Puacuteblicas (IPEA) Brasiacutelia v 21 p 211-259 2000 Disponiacutevel em ltlthttpwwwufpabrepdirimagesdocspaper21pdfgtgtgtAcesso em 12 dez 2016

FUNDACcedilAtildeO GETUacuteLIO VARGAS (FGV) CPDOC A era Vargas 1927 disponiacutevel emltlthttpcpdocfgvbrnode1885gtAcesso em 03 out 2016

124

FURTADO CELSO Criatividade e dependecircncia na civilizaccedilatildeo industrial Satildeo Paulo Companhia das letras 2008 GALEANO EDUARDO As veias abertas da Ameacuterica Latina Porto Alegre LampPM 2010 HIGGINS SILVIO SALEJ Fundamentos teoacutericos do capital social Chapecoacute Argus 2005

HOumlFLING ELOISA DE MATTOS Estado e poliacuteticas (puacuteblicas) sociais Cadernos Cedes ano XXI n 55 novembro2001 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfgtccedesv21n555539pdfgtAcesso em 22 dez 2015 HOROCHOVSKI RR et al Bacharelado em Gestatildeo Puacuteblica da UFPR uma contribuiccedilatildeo ao desenvolvimento sustentaacutevel do litoral do Paranaacute Temas de Administraccedilatildeo Puacuteblica v 3 n 6 p 1-22 2012 Disponiacutevel em ltlthttpwwwfclarunespbrgtAcesso em 03 mar 2016

HOROCHOVSKI RR JUNCKES IJ CJL MURARO Participaccedilatildeo e planejamento em um programa de desenvolvimento regional sustentaacutevel Revista Brasileira de Ciecircncias Ambientais ndash Nuacutemero 20 ndash Junho de 2011 Disponiacutevel ltlthttpabesdnorgbrpublicacoesrbciambPDFgts2007_Materia_5_final_artigos280pdfgtAcesso em 28 fev 2017 KOHLER R As relaccedilotildees ente os agregados macroeconocircmicos locais In 5deg Encontro de Economia Gauacutecha 2010 Porto Alegre - RS 5deg Encontro de Economia Gauacutecha 2010 Disponiacutevel ltlthttpswwwgooglecombrsearchq=AS+RELAC387C395ES+ENTRE+OS+AGREGADOS+MACROECONC394MICOS+LOCAISamprlz=1C1CHZL_ptBRBR726BR726ampoq=AS+RELAC387C395ES+ENTRE+OS+AGREGADOS+MACROECONC394MICOS+LOCAISampaqs=chrome69i571742j0j7ampsourceid=chromeampie=UTF-8gtAcesso em 30 jan 2017

LARANJEIRA SOcircNIA MARIAGUIMARAtildeES As Transformaccedilotildees do Trabalho num Mundo Globalizado Sociologias Porto Alegre ano 2 nordm 4 juldez 2000 p14-19 Disponiacutevel lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1517-45222000000200002gt Acesso em 23 nov 2015

LIMA LUCIANA LEITE DASCENZI LUCIANO Implementaccedilatildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas Perspectivas Analiacuteticas Revista de Sociologia e Poliacutetica v 21 nordm 48 101-110 Dez 2013lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S010444782013000400006gtAcesso em 10 dez 2016

LOMBARDI MARIA ROSA Reestruturaccedilatildeo produtiva e condiccedilotildees de trabalho Percepccedilotildees dos trabalhadores Educaccedilatildeo amp Sociedade ano XVIII nordm 61 dezembro97 ndash disponiacutevel ltlthttpwwwscielobrpdfgtesv18n614699pdfgtAcesso em02 dez 2015

125

LUSTOSA FREDERICO Instituiccedilotildees cultura e desenvolvimento sustentaacutevel na bacia cultural do Araripe Cadernos Ebape Br v 8 nordm 1 artigo 9 Rio de Janeiro Mar 2010 Disponiacutevel lthttpwwwscielobrpdfgtcebapev8n1a09v8n1pdfgtAcesso em 21 jun 2015

MACHADO DANIELLE CARUSI NETO JOAtildeO HALLAK Poliacuteticas ativas e passivas de mercado de trabalho panorama atual UFF ndash CEDE RJ 2011Disponiacutevel ltlthttpwwwproacuffbrcedesitesdefaultfilesTD39_2pdfgtAcesso em 10 jan16

MACHADO LUIZ TOLEDO A teoria da dependecircncia na Ameacuterica Latina Estudos Avanccedilados 13 (35) 1999 Disponiacutevel em ltlthttpwwwscielobrpdfgteav13n35v13n35a18pdfgtAcesso em 01 jul16

MAGALHAtildeES JUacuteNIOR M Avaliaccedilatildeo de impacto do Programa Banco do Empreendedor Microcreacutedito sobre o niacutevel de atividade econocircmica dos municiacutepios paranaenses 2010-2013 Monografia de Fim de Curso em Ciecircncias Econocircmicas Universidade Federal do Paranaacute 2016

MALAGUTI MANOEL LUIZ Criacutetica agrave razatildeo informal a imaterialidade do salariado Satildeo Paulo Boitempo 2001

MARTINS JOSEacute DE SOUZA VEIGA JOSEacute ELI DA O que fazer para gerar empregos no Brasil Estud av vol17 no49 Satildeo Paulo SeptDec 2003 ndash disponiacutevel em ttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=s0103-40142003000300019Acesso em03 jun 2015

MATSUO MYRIANTrabalho informal e desemprego desigualdades sociais Tese de Doutorado em Sociologia da Universidade de Satildeo Paulo 2008 Disponiacutevel em wwwtesesuspbrtesesdisponiveis88132tde-05032010MYRIAN_MATSUOpd Acesso em 07 jul 2015 MENEGUIN FERNANDO B BUGARIN MAURIacuteCIO S A informalidade no mercado de trabalho e o impacto das instituiccedilotildees uma anaacutelise sob a oacutetica da teoria dos jogos Economia aplicada Satildeo Paulo v 12 n 3 p 341-363 2008 disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfgtecoav12n3v12n3a01Acesso em 24 set 2015

MONTEIRO RICARDO RA organizaccedilatildeo espacial no litoral paranaense Monografia conclusatildeo de curso (Poacutes graduaccedilatildeo) FAUUSP 2013a Disponiacutevel lthttpwwwfauuspbrdocentesdepprojetoc_deakAUP8406t-alun2013m313r-monteiro-litoral-paranapdfgtgtAcesso em 03 jan 2017

_____________ Regulamentaccedilatildeo urbana em revisatildeo no litoral do Paranaacute Revista brasileira de estudos urbanos e regionais Vol 15 ano 2013b Disponiacutevel em lthttpunuhospedagemcombrrevistarbeurindexphpanaisarticleview4241Acesso em 03 jan 2017

126

MORAES R ESTADO mercado e outras instituiccedilotildees reguladoras Lua Nova revista de cultura e poliacutetica nordm 58 2003 - lthttpwwwscielobrpdfgtlnn58a07n58pdfgtgtAcesso em 10 dez 2015

MOTTA VAcircNIA CARDOSO DA Ideologias do capital humano e do capital social da integraccedilatildeo agrave inserccedilatildeo e ao conformismo TrabEducSauacutedev6 n3p549-571nov2008fev2009 disponiacutevel em wwwscielobrscielophppid=S1981-77462008000300009ampscript=scitlngAcesso em 10 de maio 2015

NASCIMENTO MCG Regularizaccedilatildeo fundiaacuteria urbana de interesse social no direito brasileiro Dissertaccedilatildeo de Mestrado Faculdade de Direito da Universidade de Satildeo Paulo SP 2013 (P 19-26) wwwtesesuspbrDissertacao_Final_Mariana_Chiesa_Gouveia_NascimentopdfgtgtAcesso em 15 jan 2017

NASSIF V M J et al Empreendedorismo por Necessidade O Desemprego como Impulsionador da Criaccedilatildeo de Novos Negoacutecios no Brasil Pensamento e realidade 144 Ano XII mdash v 24 n 12009 disponiacutevel em lthttprevistaspucspbrindexphppensamentorealidadearticleview70755116 Acesso em12 fev 2017

NOGUEIRA MAURO ODDO PEREIRA LARISSA DE SOUZA As Empresas de Pequeno Porte e a produtividade sistecircmica da economia brasileira Obstaacuteculo ou fator de crescimento Disponiacutevel em lthttprepositorioipeagovbrbitstream1105842571Radar_n38_empresaspdfgtgtAcesso em 03 set 2015 WOLFF SIMONE Desenvolvimento local empreendedorismo e ―governanccedila urbana onde estaacute o trabalho nesse contexto Caderno CRH Salvador v 27n 70 p 131-150 JanAbr 2014 disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S010349792014000100010amplng=ptampnrm=isoamptlng=ptAcesso em11 dez 2016

OFFE CLAUS Problemas estruturais do estado capitalista Rio de Janeiro Ed Tempo Brasileiro 1984

OLIVEIRA EDNEacuteIA ALVES DE A poliacutetica de emprego no Brasil O caminho da flexinseguranccedila Serv Soc Soc Satildeo Paulo n 111 p 493-508 julset 2012 lthttpwwwscielobrscielophppid=S0101-66282012000300006ampscript=sci_arttext Acesso em23 jun 2015 OLIVEIRA FRANCISCO A DE A economia da dependecircncia imperfeita Rio de Janeiro Graal 1984

OLIVEIRA FARLEI MARTINS RICCIO Controle das legitimidades de Poliacuteticas Puacuteblicas limites e possibilidades Revista de Direito Administrativo v247 2008 lthttpbibliotecadigitalfgvbrojsindexphprdasearchsearch Acesso em 03 dez 2016

127

OLIVEIRA MAXWELL FERREIRA DE Metodologia Cientiacutefica um manual para a realizaccedilatildeo de pesquisas em administraccedilatildeo Catalatildeo UFG 2011 Disponiacutevel em lthttpsadmcatalaoufgbrup567oManual_de_metodologia_cientifica_-_Prof_Maxwellpdfgt Acesso em 03062015 OLIVEIRA VANESSA E As fases do processo de poliacuteticas puacuteblicas In MARCHETTI V (Org) Poliacuteticas Puacuteblicas em debate Satildeo Bernardo do Campo ABCD Maior UFABC 2013

PAIVA LUIS HENRIQUE O dilema do financiamento orccedilamentaacuterio das poliacuteticas puacuteblicas de emprego IPEA Mercado de trabalho2006 disponiacutevel emlthttpwwwipeagovbragenciaimagesstoriesPDFgtsmercadodetrabalhomt_30epdfgtgtAcesso em04 jan 16 PARANAacute Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social Disponiacutevel httpwwwipardesgovbrindexphppg_conteudo=1ampcod_conteudo=30 Acesso 08 nov 16

PARANAGUAacute 2007 Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado de Paranaguaacute FUNPAR UFPR vol I ndash Anaacutelises Temaacuteticas e Diagnoacutesticos ndash contexto Municipal Disponiacutevel emlthttpwwwparanaguaprgovbrplano_diretor+20PLANO20DIRETORPDFgtPDDI20-20Volume20I-20AnC3A1lise20e20DiagnC3B3sticopdfgtgtAcesso em 01 ago 2016

________ Dec Municipal 8872013 PARIS KELLY E Efeitos da implementaccedilatildeo de poliacuteticas de incentivo a microempresas e empresas de pequeno porte estudo de caso da Microrregiatildeo de Paranaguaacute Trabalho de Conclusatildeo do Curso de bacharelado em Poliacuteticas Puacuteblicas da UFPR - Setor Litoral Matinhos 2015

PASTORE J As Mudanccedilas no Mundo do Trabalho - Leituras de Sociologia do Trabalho Curitiba LTR 2006 PEREIRA G D DE O Efeitos do microcreacutedito sobre o fortalecimento dos microempreendimentos e sobre as condiccedilotildees de vida dos microempreendedores Um estudo do CEAPEPB no periacuteodo de 2001 a 2004 Dissertaccedilatildeo de mestrado em economia pela Universidade federal da Paraiacuteba 2005 Disponiacutevel em lthttpportalfatmtegovbrwp-contentuploads201604efeitos_microcredito_fortalecimento_microempreendimentospdfgtgtAcesso em12 jan 2017 PEREIRA A P P Necessidades humanas subsiacutedios a criacutetica dos miacutenimos sociais 3ordf Ed Satildeo Paulo Cortes 2006

POCHMANN M O emprego na globalizaccedilatildeo a nova divisatildeo internacional do trabalho e os caminhos que o Brasil escolheu Satildeo Paulo Boitempo 2001

128

RIFKIN J O fim dos empregos o decliacutenio inevitaacutevel dos niacuteveis dos empregos e a reduccedilatildeo da forccedila global de trabalho Satildeo Paulo Makron Books 1996

ROGGERO RUma leitura sobre o desenvolvimento do setor terciaacuterio no movimento contemporacircneo do capital Texto retirado da web lthttpwwwsenacbrinformativobts243boltec243ahtmgtAcesso em 07 abril 2016 SACHS I Desenvolvimento includente sustentaacutevel sustentado Rio de Janeiro Garamond 2004 ________Inclusatildeo social pelo trabalho desenvolvimento humano trabalho descente e o futuro dos empreendedores de pequeno porte Rio de Janeiro Garamond 2003 ________ Rumo agrave ecossocioeconomia teoria e praacutetica Satildeo Paulo Cortez 2007 SANDRONI Paulo Noviacutessimo dicionaacuterio de economia Satildeo Paulo Best Seller 1999 httpsinusorgbr2014wp-contentuploads201311FMIBMNovC3ADssimo-DicionC3A1rio-de-Economiapdfgt Acesso em 02 jan 2017

SANTOS JOAtildeO BOSCO FEITOSA DOS MACIEL REGINA HELOISA MATTEI DE OLIVEIRA SATO LENY Trabalhadores informais e a formaccedilatildeo de redes socioprodutivas (RSP) consideraccedilotildees teoacuterico-empiacutericas Contemporacircnea ISSN 2236-532X v 4 n 2 p 325-350 JulndashDez 2014 ndash disponiacutevel em lthttpwwwcontemporaneaufscarbrindexphpcontemporaneaarticleview251gtAcesso em15 abril 2016 SANTOS GEOacuteRGIA PATRIacuteCIA GUIMARAtildeES DOS Desemprego informalidade e precariedade a situaccedilatildeo do mercado de trabalho no Brasil poacutes-1990 Pro-Posiccedilotildees v 19 n 2 (56) - maioago 2008 Disponiacutevel em ltwwwproposicoesfeunicampbrproposicoes56-artigos-santosgpgpdfgtAcesso em03 maio 2016 SCHEUER L BAHL M Sazonalidade do turismo no municiacutepio de Guaratuba Paranaacute Brasil UFPR Curitiba 2011 Disponiacutevel em httprevistasufprbrraegaarticleview24841 Acesso em08 abril 2016

SCHNEIDER VOLKER Redes de poliacuteticas puacuteblicas e a conduccedilatildeo de sociedades complexas Civitas v 5 nordm 1 janjun 2005 Disponiacutevel em lthttpdocplayercombr3686041-Redes-de-politicas-publicas-e-a-conducao-de-sociedades-complexashtmlgt Acesso em 21012017 SEBRAE Cidade Empreendedora 2013 Disponiacutevel em lthttpsitesprsebraecombrleigeralwp-contentuploadssites35201402Termo_referencia_2013-2ultimaversaopdfgtAcesso em 20 nov 2016

SEBRAE Participaccedilatildeo das micro e pequenas empresas na economia brasileira Brasiacutelia 2014 Disponiacutevel

129

lthttpswwwsebraecombrSebraePortal20SebraeEstudos20e20PesquisasParticipacao20das20micro20e20pequenas20empresaspdfgtAcesso em 20 nov 2016

SEBRAE Sobrevivecircncia das empresas no Brasil 2013 disponiacutevel em lthttpswwwsebraecombrSebraePortal20SebraeAnexosSobrevivencia_as_empresas_no_Brasil=2013pdfgtAcesso em 17 jul 2015

SEN A Desenvolvimento com liberdade Satildeo Paulo Companhia das Letras 2000 SILVA MARCIA DA Poder local conceito e exemplos de estudos no Brasil Sociedade amp Natureza Uberlacircndia 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfgtsnv20n2a04v20n2pdfgtAcesso em 03 fev 2017

SILVEIRA DENISE TOLFO COacuteRDOVA FERNANDA PEIXOTO A pesquisa cientiacutefica in Meacutetodos de pesquisa [organizado por] Tatiana EngelGerhardt e Denise Tolfo Silveira Porto Alegre Editora da UFRGS 2009 Disponiacutevel lthttpwwwufrgsbrcursopgdrdownloadsSeriederad005pdfgtAcesso em26 jun 2015 SOUZA D Poliacuteticas Publicas de Trabalho Emprego e Renda as accedilotildees dos governos e as loacutegicas do apoio agrave informalidade e agrave carteira assinada In I Conferecircncia Nacional de Poliacuteticas Puacuteblicas Natal 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwcchlaufrnbrcnpppgsanaisArquivos20GTS20-20recebidos20em20PDFgtPOLC38DTICAS20PC39ABLICAS20DE20TRABALHO20EMPREGO20E20RENDApdfgtAcesso em25 fev 2016 SOUZA C Poliacuteticas Puacuteblicas uma revisatildeo da literatura Sociologias Porto Alegre ano 8 nordm 16 juldez 2006 p 20-45 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfgtsocn16a03n16gtAcesso em02 maio 2015

SUPERVIELLE MARCOS QUINtildeONES MARIELA La instalacioacuten de la flexibilidad en Uruguay Sociologias Porto Alegre ano 2 nordm 4 juldez 2000 p20-6 Disponiacutevel lthttpwwwscielobrpdfgtsocn4socn4a03pdfgt 10 ago 2016 SULZBACH MAYRA TAIZA DENARDIN VALDIR FIGO FELISBINO JANELIZE NASCIMENTO O trabalho em pequenos municiacutepios praianos do Litoral do Paranaacute Plural Revista do Programa de Pos-Graduacao em Sociologia v 1 p 101-132 2012 Disponiacutevel lthttpolivadcwixsitecomsociologiaspluraisespecial-1gt Acesso em06 out 2016 TEIXEIRA ELENALDO CELSO O Papel das Poliacuteticas Puacuteblicas no Desenvolvimento Local e na Transformaccedilatildeo da Realidade Salvador Bahia 2002 lthttpwwwescoladebicicletacombrpoliticaspublicaspdfgtAcesso em 08 abril 2016 TREVISAN EDINEIA DE SOUZA LIMA JANDIR FERRERA DE Crescimento e desigualdade regional no Paranaacute um estudo das disparidades de PIB per capita Revista Ciecircncias Sociais em Perspectiva vol 09 nordm 16 2010 lthttpe-revistaunioestebriacutendexphpccsaemperspectivagt Acesso em 01 jan 2017

130

TURATO EGBERTO RIBEIRO Meacutetodos qualitativos e quantitativos na aacuterea da sauacutede definiccedilotildees diferenccedilas e seus objetos de pesquisa Ver Sauacutede Puacuteblica 2005 39(3) 507-14 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfgtrspv39n324808pdfgt Acesso em 26 jul 2015 TURRA SALATIEL BACcedilO FERNANDA MENDES BEZERRA Identificaccedilatildeo do niacutevel de desenvolvimento regional das microrregiotildees paranaenses por meio da anaacutelise fatorial Revista de Economia v 40 n 1 (ano 38) p 97-114 janabr 2014 Disponiacutevel emlthttprevistasufprbreconomiaarticleviewFile3520524249gt Acesso em 01 out 2016

131

SIacuteTIOS DIGITAIS

lthttpcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=410120ampidtema=152ampsearch=parana|antonina|produto-interno-bruto-dos-municipios-2013 lthttpcidadesibgegovbrxtrasperfilphpcodmun=410960 lthttpwwwipardesgovbrperfil_municipalMontaPerfilphpcodlocal=11ampbtOk=ok lthttpwwwipardesgovbrpdfgtmapasbase_fisicarelacao_mun_micros_mesos_paranapdfgtgt lthttpwwwforumpermanentesmpegovbr lthttpempresometrocncorgbrEstatisticas lthttpwwwsidraibgegovbrbdapesquisaspme lthttpwww12senadolegbrnoticiasglossario-legislativosistema-s lthttpwwwcepalorgbrasilnoticiasnoticias334013politicasativasepassivasnomercadodetrabalhochahadpdfgtgt lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto-leiDel5452htm lthttpscpdocfgvbrproducaodossiesAEraVargas1anos30-37PoliticaSocialMinisterioTrabalho lthttpwwwsenaiprorgbrosenaiconhecaFreeComponent20291content169224shtl lthttpwwwsenacbrinstitucionalsenacaspx lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis1950-1969L4725htm lthttpwwwdieeseorgbranuario2015sistPubLivreto1MercadoDeTrabalhopdfgtgt lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decretoD1946htm lthttpwwwbndesgovbrapoiopronafhtml lthttpportalfatmtegovbrwp-contentuploads201602Res103_1996pdfgtgt lthttpappprsebraecombrleigeralnacionalMonitoramentoLeiGeraldo lthttpappprsebraecombrleigeralnacionalVisualizarQuestionariodoacao=CARREGA_AVALIACAOampano=2017ampcodigoEstado=16ampcodigoMunicipio=6133 lthttpswwwsebraecombrSebraePortal20SebraeEstudos20e20PesquisasParticipacao20das20micro20e20pequenas20empresaspdfgtgt

132

lthttpwwwbrasilgovbreconomia-e-emprego201001maior-participacao-dos-bancos-comerciais-publicos-no-mercado-e-positiva-diz-diretor-do-sebrae lthttpseconomiauolcombrcotacoescambiodolar-comercial-estados-unidoshistorico

133

APEcircNDICES

APEcircNDICE 1 ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Tiacutetulo da Pesquisa Nome doPesquisador

1 Natureza da pesquisa

2 Participantes da pesquisa

3 Envolvimento na pesquisa ao participar deste estudo a sra (sr) permitiraacute que o (a) pesquisador perguntas agrave natureza da pesquisa O senhor (a) tem liberdade de se recusar a participar e ainda se recusar a continuar participando em qualquer fase da pesquisa sem qualquer prejuiacutezo para a sra (sr)

4 Sobre as entrevistasas entrevistas seratildeo gravadas

5 Riscos e desconforto a participaccedilatildeo nesta pesquisa natildeo traz complicaccedilotildees

legais

6 Confidencialidadetodas as informaccedilotildees coletadas neste estudo satildeo estritamente confidenciais Somente o (a) pesquisador (a) e o (a) orientador (a) teratildeo conhecimento dos dados

Apoacutes estes esclarecimentos solicitamos o seu consentimento de forma livre

para participar desta pesquisa Portanto preencha por favor os itens que se seguem

Obs Natildeo assine esse termo se ainda tiver duacutevida a respeito

Consentimento Livre e Esclarecido Tendo em vista os itens acima apresentados eu de forma livre e

esclarecida manifesto meu consentimento em participar da pesquisa Declaro que recebi coacutepia deste termo de consentimento e autorizo a realizaccedilatildeo da pesquisa e a divulgaccedilatildeo dos dados obtidos neste estudo

___________________________ Nome do Participante da Pesquisa ______________________________ Assinatura do Participante da Pesquisa __________________________________ Assinatura do Pesquisador _________________________________

134

Assinatura do Orientador APEcircNDICE 2 ndash QUESTIONAacuteRIO PARA O MEI

Curso de Mestrado em Desenvolvimento Territorial Sustentaacutevel UFPR- Setor Litoral

Mestrando Marcus Aureacutelio O objetivo desse questionaacuterio eacute obter dados estatiacutesticos de base quantitativa e

qualitativa que seratildeo utilizados em minha dissertaccedilatildeo

Obrigado por colaborar

QUESTIONAacuteRIO PARA O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI)

1 Qual eacute a aacuterea econocircmica de atuaccedilatildeo____________________________________ 2 Haacute quanto tempo estaacute formalizado______________________________________

3 Renda bruta mensal em salaacuterio miacutenimo

Na temporada de praiade ateacute ( ) 1 salaacuterio ( ) 2 salaacuterios ( ) 3 salaacuterios ( ) 4 salaacuterios ( ) maior que 5 salaacuterios miacutenimos

Fora da temporada de ateacute ( ) 1 salaacuterio ( ) 2 salaacuterios ( ) 3 salaacuterios ( ) 4 salaacuterios ( ) maior que 5 salaacuterios miacutenimos

4 Obteve financiamento junto agraves instituiccedilotildees de creacutedito facilitado ( ) sim ( ) natildeo

Se sim o financiamento foi utilizado ( ) na expansatildeo dos negoacutecios ( ) capital de giro ( ) compra de materiais ( ) todos os itens anteriores

5 Possui ou jaacute possuiu relaccedilatildeo comercial com o Municiacutepio Estado ( ) sim ( ) natildeo 6 Participa de alguma associaccedilatildeo ( ) sim ( ) natildeo

7 Com a regularizaccedilatildeo do MEI sua situaccedilatildeo socioeconocircmica melhorou ( ) sim ( ) natildeo - (Em que

sentido)______________________________________ _____________________________________________________________

_____ _____________________________________________________________

_____ 8 Vocecirc deixaria de ser MEI por um emprego formalizado com carteira assinada e

salaacuterio mensal ( ) sim ( ) natildeo ndash (por

que)_____________________________________________ _____________________________________________________________

_____ 9 Vocecirc jaacute participou de algum curso de capacitaccedilatildeo ( ) sim ( ) natildeo

10 Jaacute realizou consultoria com agentes do SEBRAE ou Agentes de Desenvolvimento do Municiacutepio disponiacuteveis na Sala do Empreendedor

( ) sim ( ) natildeo 11 Suas atividades satildeo realizadas em

( ) sua residecircncia ( ) imoacutevel alugado ( ) imoacutevel proacuteprio 12 Vocecirc possui outra atividade aleacutem de ser MEI ( ) sim ( ) natildeo

13 Na sua opiniatildeo a prefeitura tem auxiliado a categoria do MEI no seu desenvolvimento atraveacutes de

( ) compra de produtos e serviccedilos do MEI ( ) no processo de formalizaccedilatildeo ( ) promoccedilatildeo de cursos de capacitaccedilatildeo para o MEI ( ) incentivo agrave aquisiccedilatildeo de

tecnologias pelos MEI ( ) natildeo sabe informar se a prefeitura possui esses programas de incentivo

14 Vocecirc possui funcionaacuterio para o exerciacutecio da sua atividade ( ) sim ( ) natildeo

135

Se a resposta for sim ele eacute formalizado ( ) sim ( ) natildeo

15 Na sua opiniatildeo quais accedilotildees que a prefeitura poderia realizar para auxiliar o desenvolvimento da

categoria do MEI ____________________________________________________

Page 2: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …

MARCUS AUREacuteLIO SOARES DA SILVA

O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO PARANAacute UMA

ANALISE DA FORMALIZACcedilAtildeO SOB A PERSPECTIVA DO TRABALHO

(2008-2016)

Dissertaccedilatildeo apresentada como requisito parcial agrave obtenccedilatildeo do grau de mestre em Desenvolvimento Territorial Sustentaacutevel no Curso de Poacutes Graduaccedilatildeo em Desenvolvimento Territorial Sustentaacutevel Setor Litoral da Universidade Federal do Paranaacute Orientador Prof Dr Ivan Jairo Junckes

MATINHOS

2017

PARANAacute Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social Disponiacutevel httpwwwipardesgovbrindexphppg_conteudo=1ampcod_conteudo=30 Acesso 08 nov 16

ERRATA

FOLHA LINHAILUSTRACcedilAtildeO ONDE SE LEcirc LEIA-SE

56 Tabela 7 VALOR ADICIONADO FISCAL (VAF - R$100 (P)) DOS MUNICIacutePIOS INTEGRANTES DA MRGP (2016)

VALOR ADICIONADO FISCAL (VAF -R$ 100 (P)) DOS MUNICIacutePIOS INTEGRANTES DA MRGP (2014)

56 Tabela 7 4788841664

2394420832

AGRADECIMENTOS

Ao Profordm Dr Ivan Jairo Junckes que embora com outros compromissos

assumiu a responsabilidade em me orientar e pela sua compreensatildeo e colaboraccedilatildeo

fundamentais na concretizaccedilatildeo desse trabalho que sem a sua dedicaccedilatildeo e

paciecircncia natildeo teria conseguido concluir

Agrave Profordf Dra Cinthia Maria Sena Abraatildeo que formidavelmente me orientou no

iniacutecio dessa dissertaccedilatildeo

Aos Professores do PPGDTS pelas aulas e o aprendizado durante o curso

Ao Joatildeo Rafael prestativo e esclarecedor

Aos meus amigos (as) de turma que de alguma maneira contribuiacuteram nessa

jornada

A todos os participantes das entrevistas (colaboradores) Agentes de

Desenvolvimento junto agraves salas do empreendedor

A todos os Microempreendedores Individuais que aceitaram colaborar com

esse trabalho

RESUMO

A partir da primeira deacutecada de 1970 o conceito keynesianismofordismo entrou em decliacutenio concorrendo para mudanccedilas estruturais de gerenciamento alocaccedilatildeo de recursos humanos reorganizaccedilatildeo do espaccedilo Dentro desse contexto haacute o deslocamento compulsoacuterio do trabalhador fabril para as mais diversas atividades no mercado de trabalho no setor terciaacuterio Boa parte das atividades desempenhadas pelos trabalhadores desse setor eacute desenvolvida na informalidade No Brasil para reverter o quadro de alastramento e superlativaccedilatildeo do setor informal foi criada a Lei Complementar12808 que formaliza a figura do Microempreendedor Individual (MEI) Na implantaccedilatildeo dessa poliacutetica puacuteblica estaacute prevista uma seacuterie de dispositivos que tem o objetivo de auxiliar na sustentabilidade e expansatildeo desse novo tecido empresarial Nos municiacutepios do Litoral do Paranaacute a implantaccedilatildeo da referida lei se daacute principalmente pela parceria entre as prefeituras e o SEBRAE atraveacutes das salas do empreendedor em cada municiacutepio que se constitui em canal de ligaccedilatildeo entre as estrateacutegias e accedilotildees desenvolvidas no sentido de atendimento do MEI Este trabalho visa a investigar como os trabalhadores mercado e organizaccedilotildees puacuteblicas e sociais tecircm promovido e acolhido a formalizaccedilatildeo do microempreendedor individual na Microrregiatildeo Geograacutefica de ParanaguaacuteLitoral Paranaense Para o desenvolvimento dos trabalhos foram pesquisados dados secundaacuterios realizada pesquisa bibliograacutefica e foi realizado um total de 38 entrevistas e aplicaccedilatildeo de questionaacuterios com agentes puacuteblicos de desenvolvimento e MEI Os resultados permitem conhecer a situaccedilatildeo dos MEI no litoral paranaense assim como servem de subsiacutedio para elaboraccedilatildeo de poliacuteticas especiacuteficas voltadas a essa populaccedilatildeo Palavras-chave Trabalho Informalidade Poliacutetica Puacuteblica Microempreendedor individual Litoral paranaense

RESUMEN

Desde los primeros antildeos de 1970 el concepto keynesianismofordismo entroacute en declinacioacuten concurriendo para los cambios estructurales de gestioacuten asignacioacuten de recursos humanos reorganizacioacuten del espacio Dentro de ese contexto hay el desplazamiento obligatorio del trabajador fabril para las maacutes distintas actividades en el mercado de trabajo en el sector terciario Buena parte de las actividades desempentildeadas por los trabajadores de este sector es desarrollada en la informalidad En Brasil para volver el cuadro de extensioacuten y superlativacioacuten del sector informal fue creada la Ley Complementar 12808 que formaliza la figura del micro emprendedor individual (MEI) En la implantacioacuten de esta poliacutetica puacuteblica estaacute prevista una serie de dispositivos que tiene el objetivo de auxiliar en la sostenibilidad y expansioacuten de este entorno empresarial En los municipios del litoral del Paranaacute la implantacioacuten de la referida ley se da principalmente por la asociacioacuten entre los ayuntamientos y l SEBRAE a traveacutes de las salas del emprendedor en cada municipio que se constituye en canal de conexioacuten entre las estrategias y acciones desarrolladas en apoyo a MEI Este trabajo busca investigar como los trabajadores mercado y organizaciones puacuteblicas y sociales han promovido y acogido la formacioacuten del micro emprendedor individual en la microrregioacuten de ParanaguaacuteLitoral paranaense Para el desarrollo del trabajo fueron investigados datos secundarios fue hecha una buacutesqueda bibliograacutefica y fue realizado un total de 38 entrevistas y aplicacioacuten de cuestionarios con agentes puacuteblicos de desarrollo y MEI Los resultados permiten conocer la situacioacuten de los MEI en la costa paranaense asiacute como sirven de subsidios para elaboracioacuten de poliacuteticas especiacuteficas orientadas a esa poblacioacuten

Palabras ndash clave Trabajo Informalidad Poliacutetica Puacuteblica Micro empresaacuterio individual Litoral paranaense

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1- POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS DE TRABALHO DESENVOLVIDAS NO

BRASIL ANTERIOR A 1964 36

QUADRO 2 - POLIacuteTICAS DE EMPREGO DESENVOLVDAS NO BRASIL

DURANTE O REGIME MILITAR 39

QUADRO 3 - PRINCIPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO

DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016) 43

QUADRO 4- BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PARANAGUAacute PARA

ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS ALTERACcedilOtildeES

66

QUADRO 5- BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PONTAL DO PARANAacute

PARA ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS

ALTERACcedilOtildeES 68

QUADRO 6 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM DE MATINHOS 69

QUADRO 7- ACcedilOtildeES REGULARES DE APOIO AO MEI NA MRGP 71

QUADRO 8- ENTIDADES REPRESENTANTES DAS CLASSES

EMPRESARIAL COMERCIAL E AGRIacuteCOLA NO LITORAL DO

PARANAacute 104

LISTA DE MAPAS

MAPA 1 - MICRORREGIAtildeO GEOGRAacuteFICA DE PARANAGUAacute 50

LISTA DE GRAacuteFICOS

GRAacuteFICO 1 - RECEITAS TOTAIS DOS MUNICIacutePIOS 75

GRAacuteFICO 2 - ARRECADCcedilAtildeO E DESPESAS MUNICIPAIS NA MRGP (2015) 76

GRAacuteFICO 3 - IPTU EM RELACcedilAtildeO Agrave ARRECADACcedilAtildeO TRIBUTAacuteRIA DOS

MUNICIacutePIOS DA MRGP (2013 ndash 2014) () 77

GRAacuteFICO 4 - NUacuteMERO DE ATENDIMENTOS REALIZADOS NAS SALAS DO

84

GRAacuteFICO 5 - NUacuteMERO DE FORMALIZACcedilOtildeES REALIZADAS 84

GRAacuteFICO 6 - NUacuteMERO DE BAIXAS DE INCRICcedilAtildeO DO MEI 85

GRAacuteFICO 7 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30) POR ATIVIDADE

ECONOcircMICA () 89

GRAacuteFICO 8 - ANOS DE FORMALIZACcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30) 90

GRAacuteFICO 9 - RELACcedilOtildeES COMERCIAIS DOS MEI COM O MUNICIacutePIO NA

MRGP (N=30) 92

GRAacuteFICO 10 - VAOLRES TOTAIS FINANCIADOS PELO MEI NA MRGP

ATRAVEacuteS DO PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR

PARANAacute (FOMENTO PARANAacute) (201 ndash 2015 ndash 2016) 101

GRAacuteFICO 11 - FINANCIAMENTOS JUNTO AO SISTEMA DE CREacuteDITO NA

MRGP () 102

GRAacuteFICO 12 - RESPOSTA SOBRE PARTICIPACcedilAtildeO EM ASSOCIACcedilAtildeO

REPRESENTANTE DA CATEGORIA 103

GRAacuteFICO 13 - CONHECIMENTO DOS RESPONDENTES DE ESTRATEacuteGIAS

ADOTADAS PELAS PREFEITURAS EM APOIO AO MEI NA

MRGP () 106

GRAacuteFICO 14 - RESPONDENTES QUE POSSUEM FUNCIONAacuteRIOS NA MRGP

() 109

GRAacuteFICO 15 - QUANTITATIVO DE TRABALHADORES FORMALIZADOS E

NAtildeO FORMALIZADOS EMPREGADOS PELO MEI NA MRGP

() 110

GRAacuteFICO 16 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS MEI RESPONDENTES COM BASE NA

RENDA BRUTA TENDO COMO PARAcircMETRO DE VALOR O

SALAacuteRIO MIacuteNIMO NACIONAL (2016) () 111

GRAacuteFICO 17 - QUANTITATIVO DE MEI RESPONDENTES QUE

PARTICIPARAM DE CURSOS DE 114

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - TAXA DE DESEMPREGO E INFORMALIDADE NO BRASIL 29

TABELA 2 - POPULACcedilAtildeO ABSOLUTA POPULACcedilAtildeO URBANA E

POPULACcedilAtildeO RURAL DA MRGP (2000-2010) 51

TABELA 3 - DEMONSTRATIVO DO IDH E DO IacuteNDICE DE POBREZA DOS

MUNICIacutePIOS DA MRGP 52

TABELA 4 - DADOS DO MERCADO DE TRABALHO NA MRGP (2000-2016)

53

TABELA 5 - NUacuteMERO DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP (2013-2014) 54

TABELA 6 - NUacuteMEROS DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP POR SETOR

ECONOcircMICO 55

TABELA 7 - VALOR ADICIONADO FISCAL (VAF - R$ 100 (P)) DOS

MUNICIacutePIOS INTEGRANTES DA MRGP (2016) 56

TABELA 8 - PIB PER CAPTA DOS MUNICIacutePIOS DA MRGP 57

TABELA 9 - NUacuteMERO DE EMPRESAS NA MRGP (MAIO2016) 59

TABELA10- ATIVIDADES ECONOcircMICAS DESENVOLVIDAS NA MRGP

(maio2016) 59

TABELA11- PROCURA E APROVACcedilAtildeO DE CREacuteDITO PELOS MEI (BRASIL)

97

TABELA12- NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS E VALORES FINANCIADOS

NA MRGP CEDIDOS PELA CAIXA ECONOcircMICA FEDERAL AgraveS

MPE (2015-2016) 98

TABELA13- NUacuteMERO DE MPE NA MRGP (2015-2016) 99

TABELA14 - NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS CEDIDOS AO MEI JUNTO

AO PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR DO PARANAacute

(FOMENTO PARANAacute) NA MRGP (2014-2015-2016) 100

TABELA15- RENDIMENTO NOMINAL MEacuteDIO DOS TRABALHADORES

CONTRIBUINTES PARA A PREVIDEcircNCIA SOCIAL EM

QUALQUER TRABALHO NA MRGP (2010) 112

LISTA DE SIGLAS

CLT - Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho

CODEFAT - Fundo de Amparo ao Trabalhador

DIEESE - Departamento Intersindical de Estatiacutestica e Estudos

Socioeconocircmicos

ECINF - Economia Informal Urbana

FGTS - Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo

IBGE - Instituto brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IDT - Instituto de Desenvolvimento do Trabalho

INPS - Instituto Nacional de Previdecircncia Social

IPARDES - Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social

IPEA - Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada

LC - Lei Complementar

MEI - Microempreendedor Individual

MPAS - Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social

MRGP - Microrregiatildeo Geograacutefica de Paranaguaacute

MTE - Ministeacuterio do Trabalho e Emprego

MTPS - Ministeacuterio do Trabalho e Previdecircncia Social

OCDE - Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e DesenvolvimentoEconocircmico

OIT - Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho

PASEP - Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico

PDM - Poliacuteticas de Desenvolvimento do Milecircnio

PIS - Programa Integraccedilatildeo Social

PLANFOR - Plano Nacional de Qualificaccedilatildeo do Trabalhador

PND - Plano nacional de Desenvolvimento

PP - Poliacutetica Puacuteblica

PROGER - Programa de Geraccedilatildeo de Emprego e Renda

PRONAF - Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar

PRORURAL - Programa de Desenvolvimento Econocircmico e Territorial - Renda

e Cidadania no Campo

SEBRAE - Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas

SINE - Sistema Nacional de Emprego

SUMAacuteRIO

APRESENTACcedilAtildeO 15

1 ALTERACcedilOtildeES NO MUNDO DO TRABALHO DESEMPREGO E

INFORMALIDADE 21

11 A INFORMALIDADE NO CENAacuteRIO BRASILEIRO 25

12 DO TRABALHO FORMALIZADO Agrave NECESSIDADE EMPREENDEDORA A

CRIacuteTICA 30

2 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO DAS

ORIGENS AO MEI 33

21 SOBRE A POLIacuteTICA PUacuteBLICA NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO

33

211Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho primeiro momento 36

212 Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho no Regime Militar 39

213 Poliacuteticas Puacuteblicas de trabalho no periacuteodo de redemocratizaccedilatildeo do Brasil 42

214Poliacutetica Puacuteblica de Trabalho MEI 45

3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS PARA O MEI NA MICRORREGIAtildeO DE PARANAGUAacute 50

31 A FRAacuteGIL ECONOMIA NA MRGP 52

32 A INSTITUCIONALIDADE MEI NA MRGP 61

321 O Comitecirc Gestor Municipal na MRGP 65

322 Salas do Empreendedor e o Agente de Desenvolvimento 69

323 Accedilotildees regulares coordenadas pelos municiacutepios de incentivo ao MEI 71

4 DIFICULDADES E AVANCcedilOS NO DESENVOLVIMENTO INCLUDENTE DO

MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL NO LITORAL DO PARANAacute 74

41 A CAPACIDADE MUNICIPAL NO LITORAL DO PARANAacute EM MOBILIZAR

MECANISMOS PROPIacuteCIOS AO DESENVOLVIMENTO DO MEI 74

411 A gestatildeo puacuteblica municipal no litoral paranaense e a destinaccedilatildeo da receita 81

42 UMA SIacuteNTESE COMPARATIVA ENTRE AS FORMALIZACcedilOtildeES E AS BAIXAS

DO MEI NA MRGP 83

43 O MEI POR ELE MESMO AS LUTAS E DESAFIOS ATRAVEacuteS DO TRABALHO

88

431 Atividades econocircmicas desenvolvidas pelos MEI entrevistados no Litoral 88

do Paranaacute 88

432 Tempo de formalizaccedilatildeo e os MEI no Litoral do Paranaacute 90

434 Compras puacuteblicas e o apoio aos MEI na MRGP 91

435 O Acesso em ao creacutedito aos MEI no Litoral do Paranaacute 95

436 O associativismo e os MEI na MRGP 102

437 Mobilizaccedilatildeo dos governos locais no estiacutemulo agrave categoria do MEI 105

438 O MEI-Patratildeo no Litoral do Paranaacute 108

439 Renda bruta dos MEI entrevistados um alento agrave meacutedia 110

4310 Capacitaccedilatildeo profissional dos MEI no Litoral do Paranaacute 112

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 115

REFEREcircNCIAS 119

APEcircNDICES 133

15

APRESENTACcedilAtildeO

O referente trabalho surgiu de reflexotildees acerca do processo acelerado da

expansatildeo do desemprego estrutural em niacutevel mundial mas que oferece pressatildeo

sobre configuraccedilotildees territoriais menores como na Microrregiatildeo Geograacutefica de

Paranaguaacute (MRGP) alertando sobre o deslocamento dos trabalhadores para a

economia informal e em resposta a accedilatildeo do Estado atraveacutes de poliacuteticas puacuteblicas

de trabalho na tentativa de equacionar as disfunccedilotildees geradas pela reestruturaccedilatildeo

produtiva iniciada na deacutecada de 1970

O principal objetivo do nosso estudo eacute analisar como se apresenta a

implantaccedilatildeo da Lei Complementar 128 de 19 de dezembro de 2008 (LC 12808) nos

municiacutepios do litoral paranaense recortado como Microrregiatildeo Geograacutefica de

Paranaguaacute (MRGP) Esta poliacutetica puacuteblica eacute uma tentativa de retirar da informalidade

trabalhadores brasileiros exercendo as mais variadas atividades dentro desse setor

O que significa resgatar a sua dignidade e cidadania pela valoraccedilatildeo ao seu

trabalho pela inclusatildeo no sistema previdenciaacuterio dentre outros benefiacutecios

associados agrave formalizaccedilatildeo

Pretendemos descrever as principais caracteriacutesticas e estrateacutegias

organizadas na MRGP para a implantaccedilatildeo da LC 12808 que tem como uma de

suas premissas a inclusatildeo social descrita em seu art 18 Aleacutem disso realiza -se o

estudo sobre a aderecircncia dos governos locais agrave poliacutetica puacuteblica de formalizaccedilatildeo do

microempreendedor individual (MEI)

Como objetivos secundaacuterios este estudo apresenta 1) Analisar os dados

relativos a emprego renda niacutevel de ocupaccedilatildeo volume de registros de MEI na

microrregiatildeo estudada 2) Identificar as estruturas e accedilotildees das prefeituras da

microrregiatildeo relacionadas agrave poliacutetica puacuteblica em questatildeo

Haacute algumas questotildees iniciais as quais entendemos pertinentes no processo

de estudo do referente trabalho e que foram balizares no encaminhamento das

pesquisas (a) De que maneira o mundo do trabalho (organizaccedilotildees puacuteblicas

mercado e organizaccedilotildees sociais) tem constituiacutedo poliacuteticas de formalizaccedilatildeo e renda

no trabalho (b) Qual a configuraccedilatildeo socioeconocircmica e os principais problemas

enfrentados pelos trabalhadores informais na regiatildeo litoracircnea do Paranaacute (c) Como

os trabalhadores mercado e organizaccedilotildees puacuteblicas e sociais tecircm promovido e

acolhido a formalizaccedilatildeo do microempreendedor individual na aacuterea de estudo

16

A ausecircncia na literatura de dados especiacuteficos atualizados sobre a aacuterea de

estudo sobretudo na aacuterea da economia do trabalho e a dificuldade em obter dados

em algumas instituiccedilotildees por conta da poliacutetica interna destas pode ter

comprometido em parte a anaacutelise do todo poreacutem natildeo alterou os objetivos dos

estudos sobre a categoria MEI

O processo metodoloacutegico foi constituiacutedo em dois momentos distintos e

complementares No primeiro momento buscamos na pesquisa exploratoacuteria

elementos que nos dessem suporte agrave compreensatildeo do objeto do estudo partindo

necessariamente do conjunto de fatores que levaram a criaccedilatildeo da LC 12808 e a

regulamentaccedilatildeo da formalizaccedilatildeo dos MEI Para tanto estabelecemos alguns

indicadores que nos orientaram no sentido das modificaccedilotildees ocorridas no sistema

capitalista a partir da deacutecada de 1970 e que resultaram no aumento do desemprego

da informalidade e da precarizaccedilatildeo do trabalho via flexibilizaccedilatildeo subcontrataccedilatildeo

Para estabelecermos a proximidade com o tema nos apoiamos na revisatildeo da

literatura especiacutefica resultando no reconhecimento sobre a trajetoacuteria histoacuterica das

modificaccedilotildees nas relaccedilotildees do trabalhoespaccedilo em cadeia global e nacional e

igualmente na criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave equaccedilatildeo de deformidades na

economia do trabalho no cenaacuterio brasileiro nos aproximando ao entendimento do

nosso objeto de estudo Essa revisatildeo eacute descrita no decorrer da dissertaccedilatildeo pela

nomenclatura dada no corpo do texto

No segundo momento considerando que para a anaacutelise do objeto de estudo

ou seja a implantaccedilatildeo nos municiacutepios integrantes da microrregiatildeo de Paranaguaacute da

Lei Complementar 12808 que cria a pessoa juriacutedica do empreendedor individual se

fez necessaacuterio aleacutem da coleta de dados em possibilidades de controle a inclinaccedilatildeo

igualmente agrave percepccedilatildeo subjetiva de anaacutelise com o objetivo de compreensatildeo do

contexto mais amplo sob o olhar holiacutestico e criacutetico do processo de implantaccedilatildeo da

referida lei Nesse sentido como afirma Deslandes (2010 p 33) ―a)criacutetica porque

devemos estabelecer um diaacutelogo reflexivo entre a teoria e o objeto de estudo

escolhido por noacutes b)ampla porque deve dar conta do ―estado atual sobre o

problema

Tendo como uma das opccedilotildees a pesquisa qualitativa sublinhamos a

possibilidade de maior compreensatildeo das relaccedilotildees socialmente constituiacutedas por

atores no plano do concreto do real Essas relaccedilotildees exercem significados e se

manifestam de diversas formas pois o que se torna forma passa pelas relaccedilotildees

17

humanas e portanto ―o que as ―coisas (fenocircmenos manifestaccedilotildees ocorrecircncias

fatos eventos vivecircncias ideias sentimentos assuntos) representam daacute molde agrave

vida das pessoas (TURATO 2005 p 510)

Nesse momento percebemos a falta de informaccedilotildees histoacutericas em bancos de

dados oficiais e natildeo oficiais e na literatura que nos apoiassem na descriccedilatildeo objetiva

sobre o tema contextualizado no litoral paranaense

A escassez de dados sobre a poliacutetica de formalizaccedilatildeo do MEI no litoral do

Paranaacute eacute resultante em parte pela demora na regulamentaccedilatildeo da LC 12808 e da

operacionalizaccedilatildeo da referida LC nos municiacutepios da MRGP A regulamentaccedilatildeo e

operacionalizaccedilatildeo dessa lei complementar soacute foi possiacutevel em determinados casos

pela parceria entre as prefeituras e o SEBRAE a partir de 2013 em Matinhos e

Paranaguaacute e sequencialmente em Pontal do Paranaacute Morretes e Guaraqueccedilaba

Ainda com dificuldade de obter dados histoacutericos do litoral paranaense acerca da

informalidade do trabalho e especificamente sobre o microempreendedor individual

algumas informaccedilotildees secundaacuterias foram obtidas atraveacutes de instituiccedilotildees oficiais

(IBGE IPARDES DIEESE EMPRESOacuteMETRO) e foram processadas com base na

estatiacutestica descritiva atraveacutes de Planilha Excel representado por graacuteficos e tabelas

Informaccedilotildees igualmente sobre o MEI foram adquiridas atraveacutes de fontes primaacuterias

como dados estatiacutesticos das salas do empreendedor e possibilitaram avaliar alguns

indicadores importantes sobre o desenvolvimento dos trabalhos desempenhados

pelos agentes de desenvolvimento e sobre a sustentabilidade do MEI a) quantitativo

de baixas da empresa b) formalizaccedilotildees c) procura por serviccedilos nas salas d) oferta

de serviccedilos nas salas do empreendedor

Outra maneira utilizada para obter informaccedilotildees foi atraveacutes de entrevistas

semiestruturadas com atores da administraccedilatildeo puacuteblica e de instituiccedilotildees da iniciativa

privada e aplicaccedilatildeo de questionaacuterio para os microempreendedores individuais que

exercem suas atividades na aacuterea de estudo Segundo Oliveira (2011 p 36) ―esta

teacutecnica de coleta de dados eacute bastante adequada para a obtenccedilatildeo de informaccedilotildees

acerca do que as pessoas sabemcrecircem esperam e desejam []

Foram entrevistados cinco (05) atores da administraccedilatildeo puacuteblica e trecircs (03)

atores da iniciativa privada Os atores foram escolhidos pela proximidade com

implantaccedilatildeo da LC 12808 Da administraccedilatildeo puacuteblica foram entrevistados quatro

agentes de desenvolvimento que atuam nas salas do empreendedor nos municiacutepios

que possuem parceria com o SEBRAE e um secretaacuterio municipal Da iniciativa

18

privada foram entrevistadas trecircs pessoas ligadas agraves associaccedilotildees da classe

empresarial e do SEBRAE Os MEI que participaram do questionaacuterio seratildeo

designados como respondentes Ao todo foram realizadas 08 (oito) entrevistas e 30

questionaacuterios aplicados

As entrevistas com os atores tanto da administraccedilatildeo puacuteblica quanto da

iniciativa privada se deram em seus locais de trabalho Ou seja nas salas do

empreendedor localizadas juntas agraves prefeituras e nas associaccedilotildees de classe e no

SEBRAE e tiveram como pressupostos levantar informaccedilotildees sobre as accedilotildees das

prefeituras e das associaccedilotildees sobre a implantaccedilatildeo da LC 12808 no litoral do

Paranaacute Todas as entrevistas foram gravadas e transcritas integralmente com a

anuecircncia dos entrevistados que assinaram o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido e foram realizadas no periacuteodo de junho a outubro de 2016

Para a construccedilatildeo do questionaacuterio e das questotildees pertinentes foram

utilizadas como base referencial autores como Sachs (2003) e Albuquerque e

Zapata (2010) aleacutem de uma leitura atenta da Lei Complementar 12306 e da Lei

complementar 12808

Considerando a precaacuteria organizaccedilatildeo em classe dos microempreendedores

individuais (MEI) no litoral do Paranaacute natildeo sendo possiacutevel identificaacute-los atraveacutes de

banco de dados na aplicaccedilatildeo do questionaacuterio optamos por deslocar ateacute o

estabelecimento do microempreendedor individual e aplicar o questionaacuterio em seu

local de trabalho Esse procedimento ao passo que era incerto pois natildeo havia

como identificar o MEI a natildeo ser percorrendo estabelecimento por estabelecimento

tornava-se solitaacuterio e exaustivo posto o deslocamento e o tempo para o

preenchimento do questionaacuterio e as duacutevidas que surgiam Poreacutem esta teacutecnica

possibilitou avaliar a estrutura do empreendimento e ao mesmo tempo conversar a

respeito da formalizaccedilatildeo dos MEI Dessa forma muito aleacutem da aplicaccedilatildeo do

questionaacuterio nos vimos envolto a uma realidade da qual natildeo percebiacuteamos Como

natildeo havia referecircncia sobre o enquadramento do estabelecimento perguntaacutevamos

para o proprietaacuterio se ele era MEI ou natildeo Os MEI que participaram respondendo ao

questionaacuterio muitas vezes falavam das dificuldades em aumentar seus negoacutecios e

da ausecircncia do poder puacuteblico local principalmente fora da temporada de praia

Cada aplicaccedilatildeo do questionaacuterio durava cerca de 30 a 50 minutos

Participaram como respondentes do questionaacuterio 30 (trinta)

microempreendedores individuais abrangendo os municiacutepios de Guaratuba

19

Matinhos Pontal do Paranaacute e Paranaguaacute A aplicaccedilatildeo do questionaacuterio ocorreu nos

meses de dezembro de 2016 e janeiro e fevereiro de 2017

Os dados pesquisados foram organizados e descritos em Planilha Excel e

disponibilizados atraveacutes de graacuteficos e tabelas

Este estudo estaacute distribuiacutedo em quatro capiacutetulos onde procuramos sublinhar

sequencialmente as modificaccedilotildees ocorridas no mundo trabalho e o resultante

dissoo alastramento da informalidade em niacuteveis mundial e local assim como

analisar a poliacutetica puacuteblica de formalizaccedilatildeo do MEI e seus dispositivos aplicados no

litoral do Paranaacute

No primeiro capiacutetulo estudamos as modificaccedilotildees no mundo do trabalho

atraveacutes de um recorte histoacuterico que levaram ao aumento exponencial do

desemprego estrutural e consequentemente da informalidade em niacuteveis mundiais

Ainda nesse capiacutetulo abordaremos o desemprego e a informalidade no cenaacuterio

brasileiro Para tanto nos apoiamos na literatura especializada sobre os temas

reestruturaccedilatildeo produtiva desemprego informalidade

O segundo capiacutetulo traz vaacuterias referecircncias ao conceito de Poliacutetica Puacuteblica e

a accedilatildeo do Estado brasileiro na economia do trabalho com quadros descritivos das

principais poliacuteticas puacuteblicas de trabalho no periacuteodo republicano e como essas

poliacuteticas organizaram a vida do trabalhador no Brasil Ainda nesse capiacutetulo

iniciamos nossas anaacutelises acerca da Lei de Formalizaccedilatildeo do Microempreendedor

Individual (LC 12808)

O terceiro capiacutetulo traz uma descriccedilatildeo da aacuterea de estudo (recorte espacial

da microrregiatildeo geograacutefica de Paranaguaacute) com dados demograacuteficos do mercado de

trabalho receitas municipais dados relacionados ao nuacutemero de empresas na regiatildeo

nuacutemeros de Micro e pequenas empresas e microempreendedores individuais

escalonados por atividade econocircmica Assim como aspectos institucionais

relacionados agrave formalizaccedilatildeo do microempreendedor na regiatildeo de estudo

No quarto capiacutetulo observamos os avanccedilos quanto agrave implantaccedilatildeo da poliacutetica

de formalizaccedilatildeo e as dificuldades encontradas para a expansatildeo e sustentabilidade

do MEI na regiatildeo de estudo Neste capiacutetulo nossos estudos recaem inicialmente

para a participaccedilatildeo dos governos locais na implantaccedilatildeo da poliacutetica em questatildeo e sua

capacidade de mobilizar estrateacutegias de apoio aos MEI Ainda satildeo analisados os

dados relativos agrave formalizaccedilatildeo e baixas dos microempreendedores nos municiacutepios

de Morretes Matinhos Pontal do Paranaacute e Paranaguaacute observando a proposta de

20

sustentabilidade do MEI Igualmente atraveacutes de questionaacuterio respondido pelos MEI

da regiatildeo de estudo foi possiacutevel estabelecer um perfil soacutecio econocircmico dos

entrevistados e dos efeitos dos dispositivos elencados na Lei Geral que permitem

possibilidades da inserccedilatildeo e expansatildeo da categoria no mercado e resgate da sua

dignidade laboral

21

1 ALTERACcedilOtildeES NO MUNDO DO TRABALHO DESEMPREGO E

INFORMALIDADE

Para compreendermos o porquecirc da criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas1 voltadas

ao enfrentamento do fenocircmeno da informalidade superlativada do desemprego e a

geraccedilatildeo de renda no cenaacuterio brasileiro eacute necessaacuterio observarmos as transformaccedilotildees

ocorridas em cadeia global na dimensatildeo da economia do trabalho e as

consequecircncias sociais e econocircmicas vinculadas agraves relaccedilotildees do trabalho

(informalidade precarizaccedilatildeo flexibilizaccedilatildeo trabalho temporaacuterio subcontrataccedilatildeo

dentre outros) que definem o quadro socioeconocircmico vigente e assim estabelecer

uma criacutetica histoacuterica que a partir da reorganizaccedilatildeo do processo produtivo incidiu

diretamente na concepccedilatildeo do trabalho do emprego e levou agrave

reorganizaccedilatildeoreformulaccedilatildeo do Estado (POCHMANN 2004) Para tal compreensatildeo

sobre o tema nos apoiaremos na extensa literatura jaacute existente

Em nossos estudos compreendemos o trabalho hoje formalizado ou natildeo

como uma atividade (humana) objetiva (no sentido da accedilatildeo) e subjetiva (no sentido

do pensamento) desenvolvida por homens e mulheres inclinada a transformar

modificar e produzir algo sob criteacuterios e validaccedilatildeo do Modelo de Produccedilatildeo

Capitalista Os criteacuterios do trabalho assim entendemos satildeo definidos com base nas

transformaccedilotildees ocorridas no proacuteprio sistema capitalista que por fim valida esse

processo pela viabilidade da produccedilatildeo laboral e intelectual conduzido por regras

vezes particulares vezes universais inseridos em contextos especiacuteficos ou

contextos globalmente unificados

O dinamismo do sistema capitalista produziu transformaccedilotildees de ordem

econocircmica social cultural ideoloacutegica configurando num processo contiacutenuo de

alteraccedilotildees permanentes no seio de sua proacutepria estrutura totalmente instaacutevel

flexiacutevel e mutante As mudanccedilas que ocorreram na economia mundial a exemplo

tiveram consequecircncias no processo produtivo logo nas relaccedilotildees do trabalho sob o

modelo fordista ocasionando mudanccedilas no tecido social cultural alimentados

ainda pelo crivo das contraposiccedilotildees ideoloacutegicas resultantes da polaridade mundial

1 Com efeito de poliacutetica puacuteblica voltada ao enfrentamento da informalidade no mercado de trabalho

brasileiro analisaremos mais a diante a Lei Complementar 12808 instrumento de criaccedilatildeo do Microempreendedor Individual (MEI) que possui expresso em seu art 18E aleacutem da formalizaccedilatildeo do MEI o caraacuteter de inclusatildeo social

22

apoacutes a Segunda Grande Guerra Tais transformaccedilotildees estatildeo associadas ao decliacutenio

do modelo keynesiano2 - progressista que exigiu do Estado uma posiccedilatildeo mais

reformadora em sua estrutura assinalada por Laranjeira (2000) Lombardi (1997) e

Caminha (2012)

O que podemos observar no cenaacuterio econocircmico eacute o substancial crescimento

inflexiacutevel do desemprego estrutural bem como as mudanccedilas no sistema de

assalariamento que foi condicionado por eventos especiacuteficos de enorme

importacircncia 1) a reestruturaccedilatildeo produtiva iniciada na deacutecada de 1970 2) o advento

da globalizaccedilatildeo (SANTOS 2008 p 152) 3) ―difusatildeo de um novo paradigma teacutecnico-

produtivo e do acirramento da competiccedilatildeo internacionalista nas economias

avanccediladas (POCHMANN 2001 p 41)

A reestruturaccedilatildeo produtiva foi uma resposta imediata agrave crise econocircmica

caracterizada pela impossibilidade do modelo Keynesiano - fordista reverter agraves

contradiccedilotildees proacuteprias produzidas pelo sistema capitalista Tal resposta implicou de

imediato numa nova redefiniccedilatildeo do espaccedilo fiacutesico e das relaccedilotildees entre trabalho e

produccedilatildeo que se mantinham sob forte regulaccedilatildeo consensual entre ―Estado capital e

sindicatos como aponta Barbosa (2007 p 3)

As modificaccedilotildees que ocorreram no setor produtivo e nas relaccedilotildees do

trabalho levaram a excessiva acumulaccedilatildeo de capital (acumulaccedilatildeo flexiacutevel) muito

embora essas modificaccedilotildees natildeo ocorreram de forma generalizada mas foram

absorvidas considerando contextos especiacuteficos de espaccedilo e cultura conforme

salienta Lombardi (1997) e ao aumento do desemprego por cortes em postos de

trabalho (capital variaacutevel) observando a evoluccedilatildeo tecnoloacutegica no setor produtivo e a

reconfiguraccedilatildeo desse setor com relocaccedilatildeo para espaccedilos perifeacutericos

Dentro dessa oacutetica como observa Lombardi (1997) a expansatildeo tecnoloacutegica

exerceu forte pressatildeo sobre os trabalhadores que se sentem ameaccedilados pela

concorrecircncia da tecnologia Trabalhos manuais foram substituiacutedos por trabalhos

mecacircnicos autocircmatos que produzem em escalas vertiginosas Ou seja

O avanccedilo na concorrecircncia intercapitalista e a adoccedilatildeo de um novo paradigma tecnoloacutegico estariam provocando alteraccedilotildees significativas nas economias avanccediladas Parece natildeo haver duacutevidas sobre o crescimento de

2O modelo Keynesinao tambeacutem chamado de Capitalismo Reformado por Sachs (2008) foi uma

resposta imediata aos efeitos causados pela Grande Depressatildeo tendo como base o pleno emprego e o Estado do Bem Estar Social

23

importacircncia das ocupaccedilotildees caracterizadas como superiores e de postos diretivos responsaacuteveis pela utilizaccedilatildeo de trabalhadores com maior exigecircncia de qualificaccedilatildeo e escolaridade Ao mesmo tempo as profissotildees inferiores (operaacuterios simples e manuais) ainda majoritaacuterios na estrutura ocupacional estariam perdendo participaccedilatildeo relativa (POCHMANN 2001 p 52)

Na segunda metade deacutecada de 1980 foi formulado por economistas norte-

americanos e outros ligados a OCDE (Organizaccedilatildeo para Cooperaccedilatildeo e o

Desenvolvimento Econocircmico) um conjunto de medidas de cunho macroeconocircmico

e estruturais destinado a paiacuteses do chamado Terceiro Mundo que apresentavam

baixos iacutendices de desenvolvimento econocircmico (BRESSER PEREIRA 1991)

Tais medidas foram sendo colocadas em praacutetica sobre tudo abaixo da linha

do equador americano pois como demonstra Bresser Pereira (1991) na Ameacuterica

Latina havia uma ―crise marcada por estagnaccedilatildeo econocircmica e altas taxas de

inflaccedilatildeo Dentro dessa perspectiva acreditava-se que havia uma necessidade de

restringir o tamanho do Estado e de sua participaccedilatildeo no setor econocircmico Assim a

orientaccedilatildeo era sua descentralizaccedilatildeo flexibilizaccedilatildeo na regulaccedilatildeo liberalizaccedilatildeo do

comeacutercio internacional promoccedilatildeo das exportaccedilotildees e a diminuiccedilatildeo das empresas

estatais pois entendiam que eram em grande nuacutemero e incapazes de gerir

produtividades adequadas as suas capacidades e ao modelo estrutural das novas

concepccedilotildees capitalistas (neoliberalismo globalizado)

No entanto tais modificaccedilotildees no sistema econocircmico permitiram o processo

de acumulaccedilatildeo do capital e da hipertrofia financeira criando mecanismos que

causaram enormes disfunccedilotildees sociais agravadas pela doutrinalsquo neoliberal e o novo

padratildeo tecnoloacutegico de produccedilatildeo e organizaccedilatildeo do trabalho (MOTTA 2009) Tais

fatores provocaram ―mudanccedilas substanciais que resultaram no aumento da pobreza

do desemprego e do subemprego e na precarizaccedilatildeo do trabalho (idem p 550)

O desemprego se constituiu como um dos maiores problemas sociais da humanidade A crise iniciada nos paiacuteses centrais a partir do final dos anos 1960 evidenciou o esgotamento do padratildeo de acumulaccedilatildeo fordista keynesiano alterando a relaccedilatildeo entre Estado e sociedade (OLIVEIRA 2012 p 494)

Conforme analisa Oliveira (2012) estima-se que em 2009 havia cerca de

210 milhotildees de pessoas desempregadas no mundo ―Os maiores afetados segundo

a agecircncia satildeo os jovens e as mulheres dos paiacuteses perifeacutericos (OLIVEIRA 2012 p

494) Diante de um quadro socioeconocircmico extremamente complexo seria

24

necessaacuterio novos mecanismos que dessem suporte ao controle das distorccedilotildees

sociais e de contenccedilatildeo Dessa forma foram lanccediladas novas bases da ideologia

dominante com objetivos especiacuteficos de controle da demanda com base nas

―poliacuteticas de desenvolvimento do milecircnio (PDM) (MOTTA 2009 p 549)

As PDM segundo a autora constituem ―mecanismos de hegemonia de

funccedilatildeo de direccedilatildeo intelectual e moral com accedilotildees concretas e definiccedilotildees de metas

focadas nas camadas de trabalhadores excluiacutedoslsquo do processo produtivo mas que

ainda possuem condiccedilotildees produtivas para instaurar um processo mais intensivo de

educar para o conformismo (idem p 549)

Assinala Motta (2009) que as poliacuteticas de desenvolvimento do milecircnio estatildeo

sublinhadas pelo forte investimento educacional balizado na ―teoria do capital

humano de Theodore Schultz na qual consiste em propor a qualificaccedilatildeo da forccedila do

trabalho humano atraveacutes do processo educacional direcionado para crescimento

econocircmico

Poderemos formar pessoas qualificadas para o mercado de trabalho mas

autores como Rifkin (1995) Pastore (2006) Martins e Veiga (2003) Oliveira (2012) e

Sachs (2007) enfatizam na diminuiccedilatildeo consideraacutevel dos postos de trabalho na esfera

global dando a entender que a crise do pleno emprego estaacute relacionada em parte

ao avanccedilo da automaccedilatildeo tecnoloacutegica e da chamada reestruturaccedilatildeo da produccedilatildeo

tanto nas aacutereas rurais quanto nas aacutereas urbanas como jaacute demonstrado

anteriormente Alertava Rifkin (1995) que mais de 800 milhotildees de pessoas no

mundo estavam desempregadas ou subempregadas e que esse quadro se agravaria

ateacute o final do seacuteculo XX

Com um quadro excessivamente preocupante as poliacuteticas de geraccedilatildeo de

emprego e renda entram na agenda internacional no entanto como salienta Souza

(2010 p 3) ―essas poliacuteticas puacuteblicas arrefecem o iacutempeto de uma celebraccedilatildeo liberal

na medida em que evidenciam a incapacidade de prover o pleno emprego

demonstrada pelo capitalismo mesmo em seus contextos mais avanccedilados

As tendecircncias multinacionais como analisa Oliveira (2012) ao mesmo

tempo em que preconizam a defesa de poliacuteticas focadas na geraccedilatildeo do trabalho (o

trabalho aqui entendido dentro do sistema capitalista portanto emprego formalizado

ou informal) que estimulassem a empregabilidade defendiam as flexibilizaccedilotildees das

leis regulatoacuterias que normatizam as leis do trabalho No caso brasileiro ―a poliacutetica de

emprego estaacute intrinsecamente relacionada agrave fraacutegil concepccedilatildeo de Welfare State e agrave

25

posiccedilatildeo ocupada pelo paiacutes na divisatildeo internacional do trabalho reforccedilando um

crescimento subordinado e dependente do capital estrangeiro [] (OLIVEIRA

2012 p 494)

No Brasil as poliacuteticas de emprego estavam relacionadas agrave concepccedilatildeo de

submissatildeo das leis trabalhistas agraves estruturas e poliacuteticas macroeconocircmicas e apenas

eram direcionadas nesse sentido aos trabalhadores empregados sendo que natildeo

haviam poliacuteticas voltadas aos trabalhadores excluiacutedos do processo de produccedilatildeo

formalizado ateacute meados do final da deacutecada de 1980 No entanto como segue

Oliveira (2012)

[] as mudanccedilas no padratildeo de organizaccedilatildeo do trabalho em consonacircncia com as poliacuteticas macroeconocircmicas de estabilizaccedilatildeo econocircmica imposta pelo FMI e demais organismos multilaterais delimitam a intervenccedilatildeo do Estado provocando um acirramento na questatildeo social em suas variadas expressotildees Eacute sob esta perspectiva que as poliacuteticas de emprego passam a ser implementadas no governo FHC Ou seja poliacuteticas que possam combater a crise do emprego e consequentemente a fome e a miseacuteria mas com recursos reduzidos e com ecircnfase na individualizaccedilatildeo do problema reforccedilando a histoacuterica intervenccedilatildeo residual do Estado brasileiro na questatildeo social (OLIVEIRA 2012 p 499)

No periacuteodo FHC assinalado por Oliveira (2012) foram criados vaacuterios

dispositivos de atenccedilatildeo ao trabalhador Um dos mais importantes instrumentos foi o

seguro-desemprego que sofreu alteraccedilotildees em 1994 ampliando

[] o tempo de indenizaccedilatildeo Nesse periacuteodo o desemprego apresentava nuacutemeros elevados chegando a atingir de acordo com o IBGE em torno de 17 da PEA A renda meacutedia do trabalhador apresentou queda pelo sexto ano consecutivo atingindo em 2003 uma reduccedilatildeo de 129 (OLIVEIRA 2012 p 500)

Na primeira deacutecada do seacuteculo XXI o desemprego mantinha a taxa de 96 e

a informalidade atingia 60 dos trabalhadores ocupados como nos mostra Pastore

(2006)

11 A INFORMALIDADE NO CENAacuteRIO BRASILEIRO

Como jaacute mencionado as alteraccedilotildees no mundo do trabalho ocasionadas

pela reestruturaccedilatildeo produtiva concorreram para o aumento do desemprego

estrutural culminando em consequecircncias macroestruturais no seio da economia

26

mundial Retrato disso eacute o fenocircmeno denominado de informalidade esta vista como

um traccedilo marcante nos paiacuteses subdesenvolvidos ou em desenvolvimento

assinalado por Matsuo (2009) e Antunes (2011) Estes autores nos apontam os

variados modos de informalidade que constituem estrateacutegias de enfrentamento agraves

especificidades econocircmicas diferenciadas no tempo e no espaccedilo por serem

construiacutedas a partir de necessidades especiacuteficas territoriais Matsuo (2009) afirma

que estas estrateacutegias informais correspondem de um lado o trabalhador informal

adequando-se a economia de mercado e ―significa um traccedilo constitutivo e crescente

da acumulaccedilatildeo de capital dos nossos dias (ANTUNES 2011 p 4) eou de outro o

setor informal representa a exclusatildeo desses trabalhadores do sistema dinacircmico da

economia Dessa forma segue a autora no sentido de combinaccedilatildeo das duas

possibilidades

[] os trabalhadores marginalizados na economia informal procuram se articular com os setores dinacircmicos da economia e integrar a cadeia no circuito de acumulaccedilatildeo capitalista dependendo das oportunidades que surgem Por outro lado a economia informal nos apresenta setores que estatildeo a reboque da formal e que passam a ser marginais por estarem deslocadas do desenvolvimento econocircmico (MATSUO 2009 p 21)

Os setores informal e formal segundo Souza (2010) coexistem e se

estabelecem como uma fragmentaccedilatildeo da estrutura ocupacional Essa fragmentaccedilatildeo

no entanto deveria ser acompanhada de poliacuteticas puacuteblicas que observassem o setor

informal para a melhoria da sua capacidade de ganho (idem p 4) Essa anaacutelise parte

do pressuposto de que o capitalismo triunfante natildeo foi capaz de absorver a maioria

dos trabalhadores levando-os a concorrer sob a proacutepria sorte e sob a eacutegide da

inadaptaccedilatildeo da desvantagem e da exclusatildeo dos benefiacutecios desse capitalismo Para

esse autor

[] os estudos promovidos pela CEPAL e pelo PREALC defenderam a ideacuteia de uma heterogeneidade estrutural persistente na qual coexistiriam os setores moderno e arcaico Este uacuteltimo tiacutepico da economia informal refletiria o excedente de matildeo-de-obra que luta por sobrevivecircncia assumindo um caraacuteter estrutural e supeacuterfluo As poliacuteticas puacuteblicas deveriam contribuir para a elevaccedilatildeo da renda na economia informal atuando de forma compensatoacuteria (SOUZA 2010 p 4)

Sachs (2007) ao analisar a economia de mercado a partir das

reestruturaccedilotildees capitalistas nos paiacuteses subdesenvolvidos identifica os setores

sociais marginalizados dentro do processo produtivo assim como o sentido

27

excludente e endecircmico resultante da maciccedila exploraccedilatildeo pelos paiacuteses de economias

centrais O autor identifica o cenaacuterio e as transformaccedilotildees no mercado de trabalho

por conta dos processos de dominaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo da economia

No lugar do desaparecimento tradicional por meio da transferecircncia progressiva do excedente de sua matildeo-de-obra para o setor moderno assistimos a expulsatildeo das sobras dos trabalhadores do setor moderno para setores da economia informal de fundos de quintal ou nitidamente ilegal e ateacute a sua marginalizaccedilatildeo pura e simples fadados agrave afliccedilatildeo da ociosidade forccedilada condenados a situaccedilatildeo de assistidos para alguns do berccedilo ao tuacutemulo (SACHS 2007 p 254)

Antunes (2011) subdivide a informalidade em trecircs modalidades de

trabalhadores alocados a economia submersa a) trabalhadores informais

tradicionais b) trabalhadores informais assalariados sem registro c) trabalhadores

informais por conta proacutepria Essas trecircs categorias tambeacutem satildeo compreendidas nas

anaacutelises de Matsuo (2009) a qual define a informalidade em duas grandes

categorias ―velha informalidade (trabalhadores tradicionais) e a ―nova

informalidade (terceirizaccedilatildeo flexibilizaccedilatildeo temporizaccedilatildeo) No entanto haacute algumas

―[] denominaccedilotildees atribuiacutedas a atividades praticadas nesse campo desemprego

disfarccedilado subemprego atividade clandestina iliacutecita natildeo estruturada etc

(SANTOS MACIEL e SATO 2014 p 330) que estatildeo presentes em todos os setores

da economia tanto no setor primaacuterio no secundaacuterio como no terciaacuterio como

apontam esses autores

De outra forma como aponta o estudo realizado em 2002 pelo Observatoacuterio

do Mercado de Trabalho do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) haacute dois tipos

de mercado de trabalho que atuam concomitantemente

a) um setor formal cujo funcionamento das atividades foi definido como tendo barreiras agrave entrada com recursos externos sistema de propriedade impessoal operando em mercados amplos e protegidos por cotas e tarifas grande escala de produccedilatildeo processos produtivos de tecnologia moderna e intensivos em capital e matildeo-de-obra qualificada e b) um setor informal definido pela inexistecircncia de barreiras agrave entrada aporte de recursos de origem domeacutestica propriedade individual operando em pequena escala processos produtivos intensivos em trabalho atuando em mercados competitivos e natildeo regulados (MTE 2002 p 3)

O fato eacute que o crescimento da informalidade no caso brasileiro revelava

aleacutem da fragilidade na arrecadaccedilatildeo tributaacuteria a violaccedilatildeo agraves leis trabalhistas a

28

precarizaccedilatildeo do trabalho e a desqualificaccedilatildeo do trabalhador frente agraves novas

tecnologias e restriccedilotildees agrave sua inserccedilatildeo no mercado de trabalho formal

Revelando o contraste entre os dois setores conforme as anaacutelises de

Meneguin e Bugarin (2008) em 2004 o trabalhador formalizado obteve uma

remuneraccedilatildeo de 623 superior em relaccedilatildeo ao trabalhador atuante na economia

submersa (CATANI 1985)

Alguns estudos realizados que apontam a informalidade no Brasil remontam

a deacutecada de 1990 Dessa forma a pesquisa Economia Informal Urbana (ECINF)

feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia a Estatiacutestica (IBGE) considerou a

―Organizaccedilatildeo e o Funcionamento da Unidade Econocircmica como uma caracteriacutestica

capaz de balizar os estudos sobre a informalidade Da mesma forma procurou

identificar e correlacionar as atividades informais identificando os

proprietaacuterios de negoacutecios informais trabalhadores por conta proacutepria e pequenos empregadores com 10 anos ou mais de idade ocupados em atividades natildeo-agriacutecolas e moradores em aacutereas urbanas nos domiciacutelios em que moram e atraveacutes deles investigar as caracteriacutesticas de funcionamento das unidades produtivas (IBGE - BRASIL 2003 p 15)

Um dos objetivos do IBGE era de ―quantificar o potencial das atividades

econocircmicas exercidas na informalidade em gerar oportunidades de trabalho e

rendimentos aleacutem de captar informaccedilotildees que permitam conhecer o papel e a

dimensatildeo do setor informal na economia brasileira (IBGE- BRASIL 2003 p 13)

O aumento da informalidade pode estar associado ao aumento da taxa de

desemprego o qual exige das pessoas estrateacutegias e formas diferenciadas de

sobrevivecircncia ou seja uma nova relaccedilatildeo com o mercado de trabalho como mostra

Matsuo (2009) Nas anaacutelises de Santos (2008)

Ateacute 1995 a cada aumento na oferta de emprego formal correspondia uma reduccedilatildeo do iacutendice de trabalhadores na informalidade Poreacutem a loacutegica mudou e a tendecircncia mostra que a criaccedilatildeo de novos empregos com carteira assinada natildeo causa mais esse impacto A informalidade passou a ser um traccedilo caracteriacutestico do mercado de trabalho brasileiro [] (SANTOS 2008 p6)

Pastore (2006) numa anaacutelise sobre o quadro nacional de empregos jaacute

indicava esta perspectiva e avalia o impacto sobre a previdecircncia social desse

quantitativo pois esta porcentagem corresponde agraves pessoas que natildeo contribuem

para o setor previdenciaacuterio gerando enormes distorccedilotildees no setor

29

Perceberemos (TABELA 1) a gradativa reduccedilatildeo na taxa de informalidade

brasileira bem como a reduccedilatildeo em 2 na taxa de desemprego entre 2002 e 2008

como observam Barbosa Filho e Pessocirca (2011) Estes autores ainda alertam para

a as diferenccedilas marcantes na composiccedilatildeo da taxa de desemprego de regiatildeo para

regiatildeo sugerindo o percentual em torno de 6 em Belo Horizonte e Porto Alegre e

superior a 12em Recife e Salvador no ano de 2008 (BARBOSA FILHO PESSOcircA

2011 p 2)

TABELA 1 - TAXA DE DESEMPREGO E INFORMALIDADE NO BRASIL

ANO DESEMPREGO INFORMALIDADE

2002 91 436 2003 97 423 2004 89 425 2005 93 414 2006 84 407 2007 82 391 2008 71 381 2009 83 374 2012 55 34 2013 54 33 2014 43 322 Fev2015 5 325

FONTE BARBOSA FILHO e MOURA (2012) IPEA (20142015) No primeiro semestre de 2013 a informalidade atingiu a taxa de 332

segundo IPEA (2013) Notamos (TABELA 1) que as atividades informais entre 2002

e 2006 obtiveram uma retraccedilatildeo de 29 e entre 2006 e 2013 houve decliacutenio na

ordem de 75 na informalidade brasileira Portanto houve a reduccedilatildeo de 104 da

informalidade entre os anos de 2002 e 2013 Em 2014 o desemprego obteve uma

variaccedilatildeo de 07 pp em relaccedilatildeo agrave fevereiro de 2015 assim como a informalidade

teve um acreacutescimo de 03 pp (IPEA 2015)

A informalidade segundo Malaguti (2001) eacute um traccedilo caracteriacutestico no

mercado de trabalho brasileiro e abrange parte significativa de trabalhadores

exercendo atividades de forma precarizada e desprotegida o que leva a reduccedilatildeo

salarial ao aumento da carga horaacuteria de trabalho e a desvalorizaccedilatildeo do trabalho

como garantia de dignidade

30

12 DO TRABALHO FORMALIZADO Agrave NECESSIDADE EMPREENDEDORA A

CRIacuteTICA

O deslocamento forccedilado dos trabalhadores formais para praacuteticas informais

no mercado de trabalho resultante de um processo de mudanccedilas nas relaccedilotildees de

produccedilatildeo e trabalho levaram milhares de pessoas a improvisar formas diferenciadas

de suas atividades habituais por necessidade de sobrevivecircncia muitas vezes

compreendidas como formas inovadoras e empreendedoras dentro de uma nova

realidade socioeconocircmica imposta

As praacuteticas empreendedoras muitas vezes como aponta Barbosa (2007) e

Malaguti (2001) surgem como estrateacutegias de autogestatildeo do trabalho do tempo e do

espaccedilo fiacutesico por se apresentarem como uacutenicas alternativas no processo de

desregulamentaccedilatildeo do trabalho e assim as novas configuraccedilotildees do trabalho

resultaram do esvaziamento da poliacutetica abrindo caminho na substituiccedilatildeo do trabalho

empregatiacutecio para uma forma autocircnoma do empreendedorismo Nas palavras de

Barbosa (2007)

A quebra do assalariamento baseado em contratos advindos da concentraccedilatildeo Estado capital e sindicatos penaliza o trabalho amplia as margens de accedilatildeo do mercado e expotildee a fragilizaccedilatildeo da poliacutetica como dimensatildeo da vida social por isso a pergunta que se faz agora entatildeo eacute de que modo o empreendedorismo pode reinventar ou inovar o trabalho garantindo espaccedilo para a poliacutetica Quer dizer frente agrave escassez (volume) e precarizaccedilatildeo (qualidade) do trabalho ateacute que ponto o empreendedorismo expresso nas ideias e praacuteticas de geraccedilatildeo de renda produz efeitos positivos no sentido de minorar as accedilotildees do mercado e impactar o quadro de desigualdade social (BARBOSA 2007 p 3)

Para essa autora o trabalhador desempregado perde sua identidade

subjetiva compartilhada e o emprego formalizado deixa de ser referecircncia de renda

pois com a ―reversatildeo do assalariamento e a ampliaccedilatildeo do trabalho desprotegido

informal se impotildee como regressividade social na medida em que diminui o poder de

barganha dos trabalhadores jogados agrave sorte no mercado e aumenta a desigualdade

social (idem p 4)

Essa realidade socioeconocircmica como demonstra Barbosa (2007) conduz

os trabalhadores para as diversas formas desprotegidas de gerar renda e o que

significava precariedade de uma sobrevivecircncia urbanizada passa a ser considerada

como um conjunto de qualidades dos trabalhadores pobres com caracteriacutesticas de

31

autonomia empregatiacutecia empreendedora e criativa escondendo a condiccedilatildeo de

inseguranccedila social Como segue a autora

Pode-se dizer que como barotildees da raleacute os trabalhadores informais reaparecem na narrativa empreendedora como portadores de futuro avalizados pela experimentaccedilatildeo do risco cotidianamente Todavia contraditoriamente a ocupaccedilatildeo em si natildeo oferece nenhuma seguranccedila social enquanto promessa de futuro para os trabalhadores envolvidos e suas famiacutelias (BARBOSA 2007 p 7)

Dessa maneira segundo a autora a reversatildeo forccedilada do assalariamento

protegido para o ―auto-emprego constituiu um esvaziamento das forccedilas sociais que

possuem bases nas condicionantes do trabalho coletivizado do trabalho protegido

pelas leis de regulaccedilatildeo do mercado de trabalho Sendo assim o auto-emprego pode

ser compreendido como sendo balizado em expectativas de mercado onde sua

capacidade de competitividade em muitos casos fica muito aqueacutem das forccedilas que

regulam o mercado impondo-lhe limitaccedilotildees de expansatildeo e ―desprovidos de capital

o trabalho autocircnomo paradoxalmente depende da sub-remuneraccedilatildeo que se auto

impotildee e do estaacutegio de desenvolvimento de dada sociedade capitalista cuja

tendecircncia eacute estender sua racionalizaccedilatildeo a todos os setores da economia (SOUZA

2010 p 5)

A gama de trabalhadores sem carteira assinada autocircnomos contrasta pela

sua heterogeneidade dependendo da escolaridade dos ganhos reais aacuterea de

atuaccedilatildeo remuneraccedilatildeo geralmente com pouca qualificaccedilatildeo e atuantes na produccedilatildeo

de bens e serviccedilos conforme analisa Souza (2010)

Dentro dessa oacutetica em suas anaacutelises sobre a formalizaccedilatildeo do

microempreendedor individual (MEI) Sulzbach e Denardin (2012) relatam que ―com

a instituiccedilatildeo desta figura o Estado brasileiro auxilia na desregulamentaccedilatildeo do

mercado de trabalho capitalista regulamentando-a Nesse sentido seguem os

autores

Esta nova forma de desregulamentaccedilatildeo do mercado de trabalho estabelece o individualismo que cria uma cultura empreendimentista assim chamada por Harvey apud Miqueluzzi (1998) aonde a classe trabalhadora vislumbra ser um trabalhador por conta proacutepria natildeo ser mais assalariado (SUZBACH DENARDIN 2011 p 10)

32

Para Malaguti (2001 p 88) a informalidade aparece como uma das uacutenicas

formas de sobrevivecircncia para milhares de brasileiros e esta eacute um ―recurso de uacuteltima

instacircncia (p 92)

As pequenas empresas que surgem em meio agrave informalidade superlativada

resultado de uma modernidade que natildeo superou os preceitos do

subdesenvolvimento ao contraacuterio expandiu a pobreza e as diferenccedilas sociais pela

concentraccedilatildeo de renda excessiva e a reestruturaccedilatildeo do processo de produccedilatildeo

enfrentam condiccedilotildees humilhantes e ultrajantes na procura de espaccedilo para a

sobrevivecircncia Segundo Malaguti (2001 p 68) a informalidade ―natildeo eacute um celeiro de

pessoas ativas empreendedoras eneacutergicas mas sim o refuacutegio sem opccedilatildeo

As empresas constituiacutedas diante de uma economia informal analisadas por

Malaguti (2001) Sachs (2006) Antunes (2011) Barbosa (2007) Catani (1985)

reproduzem o trabalho precarizado sob a forma de baixa remuneraccedilatildeo jornadas

excessivas de trabalho condiccedilotildees muitas vezes insalubres e sem orientaccedilatildeo

teacutecnica de seguranccedila

33

2 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS NO MERCADO DE TRABALHOBRASILEIRO DAS

ORIGENS AO MEI

Neste capiacutetulo pretendemos estabelecer uma breve aproximaccedilatildeo sobre o

conceito de poliacuteticas puacuteblicas que em nosso entendimento eacute fundamental para a

compreensatildeo do objeto de estudo que eacute a poliacutetica puacuteblica de formalizaccedilatildeo do

microempreendedor individual Ainda neste toacutepico apresentaremos algumas das

principais poliacuteticas puacuteblicas sobre emprego no periacuteodo republicano brasileiro

21 SOBRE A POLIacuteTICA PUacuteBLICA NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO

A Poliacutetica Puacuteblica eacute caracterizada como a posiccedilatildeo do ―Governo em accedilatildeo

assim definida por (SOUZA 2006) e ao mesmo tempo ―o Estado implantando um

projeto de governo atraveacutes de programas de accedilotildees voltadas para setores

especiacuteficos da sociedade(HOumlFLING 2001 p 31) ou mesmo a intervenccedilatildeo do

Estado em problemas e finalidades especiacuteficas

Podemos salientar que definiccedilotildees sobre o tema podem incidir em conceitos

significativamente diferentes pois como nos aponta Souza (2006) natildeo haacute uma

definiccedilatildeo singular para o termo Poliacutetica Puacuteblica diferentemente de outras aacutereas do

conhecimento tradicionalmente constituiacutedas como eacute o caso da Sociologia da

Economia ou da Psicologia a exemplos

Para Souza (2006) tal termo implica num conjunto de accedilotildeesprocessos que

permitem a dissociaccedilatildeo e separaccedilatildeo em fases de poliacuteticas ou ciclo de poliacutetica

puacuteblica pois no processo de estabilizaccedilatildeo dessa poliacutetica puacuteblica pode ocorrer

disparidades nas etapas de transcurso tanto na formulaccedilatildeo na implementaccedilatildeo

como na avaliaccedilatildeo da PP A partir de suas anaacutelises a autora nos apresenta algumas

definiccedilotildees sobre o tema

Mead (1995) a define como um campo dentro do estudo da poliacutetica que analisa o governo agrave luz de grandes questotildees puacuteblicas e Lynn (1980) como um conjunto de accedilotildees do governo que iratildeo produzir efeitos especiacuteficos Peters (1986) segue o mesmo veio poliacutetica puacuteblica eacute a soma das atividades dos governos que agem diretamente ou atraveacutes de delegaccedilatildeo e que influenciam a vida dos cidadatildeos Dye (1984) sintetiza a definiccedilatildeo de poliacutetica puacuteblica como ―o que o governo escolhe fazer ou natildeo fazer A definiccedilatildeo mais conhecida continua sendo a de Laswell ou seja decisotildees e anaacutelises sobre poliacutetica puacuteblica implicam responder agraves seguintes questotildees quem ganha o quecirc por quecirc e que diferenccedila faz (SOUZA 2006 p24)

34

O estudo do campo da Poliacutetica Puacuteblica estaacute direcionado agraves anaacutelises e

interpretaccedilotildees de interesses vantagens desvantagens ganhos e perdas dos grupos

e atores envolvidos no processo de construccedilatildeo da PP de forma direta ou indireta

desde a construccedilatildeo da agenda da formulaccedilatildeo do processo decisoacuterio da

implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo ateacute o puacuteblico alvo ao qual se originou a poliacutetica puacuteblica

Para Frey (2000) a Poliacutetica Puacuteblica constitui um campo da Ciecircncia Poliacutetica e

poderemos analisaacute-la sob trecircs perspectivas 1) o sistema poliacutetico no qual identifica e

avalia a accedilatildeo do governo e do Estado como promotores de felicidade de seus

cidadatildeos 2) o elemento poliacutetico representado pelas relaccedilotildees de forccedila e interesses

entre atores envolvidos no processo decisoacuterio 3) processo de avaliaccedilatildeo do sistema

poliacutetico no que concernem suas accedilotildees e estrateacutegias escolhidas para resolver

problemas especiacuteficos

Historicamente como aponta Frey (2000) o estudo sobre este campo da

Ciecircncia Poliacutetica nos Estados Unidos teve iniacutecio na deacutecada de 1950 Ao passo que

na Europa esta preocupaccedilatildeo comeccedilou a partir de 1970 com a ascensatildeo da social

democracia na Alemanha que estabeleceu poliacuteticas setoriais localizadas e

pontuais passiacuteveis de serem analisadas No caso brasileiro o interesse pelo

assunto eacute muito recente e conferiu ―ecircnfase ou agrave anaacutelise das estruturas e instituiccedilotildees

ou agrave caracterizaccedilatildeo dos processos de negociaccedilatildeo das poliacuteticas setoriais

especiacuteficas (p 214)

As poliacuteticas puacuteblicas desenvolvidas no plano da percepccedilatildeoaccedilatildeo pelo

Estado para a intervenccedilatildeo no mercado de trabalho satildeo constituiacutedas por Poliacuteticas

Ativas e Poliacuteticas Passivas (MACHADO E NETTO 2011 CHAHAD 2006 PAIVA

2006) No Brasil elas estatildeo presentes concomitantemente no sistema puacuteblico de

emprego e ―existem para corrigir falhas de mercado relacionadas agrave restriccedilatildeo de

creacutedito assimetrias de informaccedilatildeo ou problemas de intermediaccedilatildeo de matildeo - de

obra (MACHADO E NETTO 2011 p 2) bem como promover a geraccedilatildeo de

emprego e renda e equacionar determinadas disfunccedilotildees no mercado de trabalho

Nas palavras de Chahad (2006)

Esta intervenccedilatildeo materializa-se por meio da oferta de serviccedilos baacutesicos como concessatildeo de creacutedito aos desempregados e trabalhadores autocircnomos melhoria da qualidade da matildeo-de-obra por meio do treinamento e da recolocaccedilatildeo do desempregado utilizando a intermediaccedilatildeo da matildeo-de-obra Essas poliacuteticas ativas que associando-se ao seguro-desemprego e a outras formas de assistecircncia aos desempregados atuam no sentido de

35

promover a geraccedilatildeo de emprego elevar o niacutevel de rendimentos e garantir melhor bem-estar aos trabalhadores em geral (CHAHAD 2006 p 1)

As Poliacuteticas Ativas tecircm a finalidade de facilitar o Acesso em ao mercado de

trabalho e aumentar o niacutevel de salaacuterios dos trabalhadores que apresentam

dificuldades de inserccedilatildeo nesse mercado criar frentes de trabalho oferecer

incentivos agraves micro e pequenas empresas aleacutem de possuir ―[] instrumentos para

criaccedilatildeo direta e indireta de emprego tanto no mercado formal de trabalho quanto no

setor informal contribuem para aumentar a ―empregabilidade do trabalhador

facilitando seu reemprego auxilia na reduccedilatildeo dos niacuteveis de pobreza (CHAHAD

2006 p 5 - 6) Essa forma de poliacutetica seraacute analisada mais adiante quando nos

referirmos agrave formalizaccedilatildeo do Microemprendedor individual sob a Lei Complementar

12808

No caso das Poliacuteticas passivas o objetivo eacute assegurar o miacutenimo de renda

consumo satisfaccedilatildeo para as pessoas excluiacutedas temporariamente ou natildeo do

processo produtivo do mercado de trabalho O dispositivo mais conhecido eacute o

Seguro-desemprego3 (MACHADO E NETTO 2011 CHAHAD 2006 PAIVA 2006)

Para Oliveira (2012) jaacute mencionada anteriormente a poliacutetica de emprego

consiste numa representaccedilatildeo reduzida do ponto de vista do Estado do Bem Estar

Social e agrave ―posiccedilatildeo ocupada pelo paiacutes na divisatildeo internacional do trabalho (idem p

494) o que resulta num quadro nacional do capitalismo dependente Veremos que

no primeiro momento do periacuteodo Republicano natildeo haacute a construccedilatildeo de um projeto de

poliacuteticas que coadunassem poliacuteticas ativas e poliacuteticas passivas Observamos nesse

sentido que o complexo de poliacuteticas ativas deixa claro o forte posicionamento ao

desenvolvimento econocircmico e dessa forma compreendemos que as ―principais

medidas de proteccedilatildeo ao trabalhador no Brasil foram no sentido de controlar a forccedila

de trabalho com a inserccedilatildeo de marcos regulatoacuterios corporativos e restritos a

pequenos grupos (OLIVEIRA 2012 p 495) Como salienta essa autora a privaccedilatildeo

de poliacuteticas passivas de atenccedilatildeo ao trabalhador tanto na Primeira Repuacuteblica como

no periacuteodo Vargas dilatou o quadro de pobreza brasileiro e criou um excedente de

matildeo de obra abrindo caminho para a subsistecircncia fora do setor formal

3 O Seguro desemprego eacute um benefiacutecio que oferece auxiacutelio em dinheiro por um periacuteodo determinado

pago ao trabalhador formal e domeacutestico em virtude da dispensa sem justa causa inclusive dispensa indireta trabalhador formal com contrato de trabalho suspenso em virtude de participaccedilatildeo em curso de qualificaccedilatildeo fornecido pelo empregador pescador profissional durante o periacuteodo de defeso e trabalhador resgatado da condiccedilatildeo semelhante agrave de escravo (lthttpsgoogleX5hIw)

36

Para Fernandes (1975) Oliveira (1984) Machado (1999) Furtado (1978) e

Galeano (2010) o desenvolvimento latino-americano foi marcado pela incapacidade

de acompanhar a evoluccedilatildeo do capitalismo e das contradiccedilotildees e relaccedilotildees

antagocircnicas internas entre as capacidades produtivas e a correspondecircncia social

resultando no baixo desempenho econocircmico no mercado internacional dos paiacuteses

―subdesenvolvidos inseridos no sistema neocolonial o que permitiu a histoacuterica

dominaccedilatildeo e espoliaccedilatildeo territorial Para estes autores processo de dominaccedilatildeo foi

construiacutedo historicamente iniciado com o advento da ―Invasatildeo ou Conquista do

continente americano pela Espanha e Portugal As relaccedilotildees de poder produzidas

entre economias centrais e sateacutelites marcaram a crescente dependecircncia econocircmica

das uacuteltimas em relaccedilatildeo agraves primeiras sendo que o capitalismo latino americano se

tornou dependente na medida em que as bases relacionais foram pela via do

―endividamento externo e maior submissatildeo ao capital foracircneo (MACHADO 1999 p

200)

211 Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho primeiro momento

Abaixo (QUADRO1) apresentamos algumas das principais poliacuteticas de

emprego desenvolvidas pelo Estado brasileiro anterior ao Regime Militar que se

estabeleceu em 1964

QUADRO 1- POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS DE TRABALHO DESENVOLVIDAS NO BRASIL ANTERIOR A

1964

Continua

ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DEFINICcedilAtildeO

1919 Lei sobre acidentes de trabalho nordm 3724 de 15 janeiro de 1919

Responsabiliza empregadores pela indenizaccedilatildeo

Regulamentaccedilatildeo das relaccedilotildees de trabalho Criaccedilatildeo do Aviso Preacutevio proibiccedilotildees de salaacuterios atrasados pagamentos de

horas extras natildeo salariais proibiccedilatildeo de trabalho para menores de quatorze anos

e estabilidade de emprego para ferroviaacuterios e portuaacuterios

1925 Decreto4982 de 24 de dezembro de 1925 ndash Lei de feacuterias

Concede 15 dias anuais de feacuterias para empregados

1926 Dec 5083 de 01 de dezembro de 1926 Coacutedigo do menor

Regulamentaccedilatildeo do trabalho de menores dentre outras providecircncias

1930 CriaccedilatildeodoMinisteacuterio do Trabalho Comeacutercio e induacutestria

Interferir sistematicamente no conflito entre capital e trabalho Estabeleceu

jornada de 8 horas e proibiccedilatildeo do trabalho infantil e noturno

1942 ServiccediloNacionaldeAprendizagemIndustrial (SENAI) - Dec Fed 4048 de 22 de janeiro de 1942

Formaccedilatildeo profissional para a insipiente induacutestria de base

37

QUADRO 1 - POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS DE TRABALHO DESENVOLVIDAS NO BRASIL ANTERIOR A

1964

Concluatildeo

FONTE OLIVEIRA (2012) MTE SENAI SENAC CPDOC SENADO FEDERAL

Com um desenvolvimento industrial ainda modesto e insipiente no primeiro

momento da Repuacuteblica do Brasil como analisa Cotrin (1999) a base econocircmica

brasileira estava atrelada ao campo pois segundo esse autor em 1920 697 das

pessoas ativas desenvolviam atividades na agricultura 138 na induacutestria e o setor

de serviccedilos abarcava 165 das pessoas ativas (COTRIN 1999 p 268)

Mesmo com uma sociedade predominantemente agraacuteria as poliacuteticas

puacuteblicas de emprego demonstradas acima atingiam apenas os trabalhadores

urbanos que representavam cerca de 30 dos trabalhadores brasileirosAs

condiccedilotildees de trabalho desse operariado na Primeira Repuacuteblica brasileira eram

excessivamente precaacuterias o que provocavam vaacuterios acidentes de trabalho somem-

se a isso os baixos salaacuterios pagos a natildeo existecircncia de salaacuterio miacutenimo sem direito a

feacuterias ou pagamento de horas extras carga horaacuteria excessiva de trabalho que

atingia como aponta Cotrin (1999) 15 horas diaacuterias de trabalho de segunda a

saacutebado e sem direito a qualquer forma de indenizaccedilatildeo ou aviso preacutevio o

trabalhador poderia ser demitido arbitrariamente (p 275) Como demonstra o autor

[] as instalaccedilotildees das faacutebricas eram geralmente precaacuterias Nos galpotildees de serviccedilo natildeo havia espaccedilo adequado para o trabalho o ambiente era mal iluminado quente e sem ventilaccedilatildeo Tudo isso favorecia a ocorrecircncia de acidentes de trabalho cujas as principais viacutetimas eram as crianccedilas (COTRIN 1999 p 274)

Diante do quadro que se encontrava o trabalhador brasileiro nesse periacuteodo

surgiram vaacuterios protestos reivindicatoacuterios para melhorias nas condiccedilotildees de trabalho

sendo importantes na contribuiccedilatildeo para o aparecimento dos primeiros sindicatos e

entidades ligadas ao operariado

Dessa maneira como aponta Fausto (1995) foi no curso das greves

ocorridas entre os anos de 1917 e 1920 que surgiram as primeiras possibilidades de

aprovaccedilatildeo legislativa de direitos aos trabalhadores Algumas medidas foram

ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DEFINICcedilAtildeO

1946 Serviccedilo nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC)

Voltado para o setor de comeacutercio produccedilatildeo de bens e serviccedilo e turismo

1943 Consolidaccedilatildeo das leis trabalhistas (CLT) (lei nordm 5452 de 1ordm maio de

1943)

Art 1ordm - Esta Consolidaccedilatildeo institui as normas que regulam as relaccedilotildees individuais e coletivas de

trabalho nela previstas

38

colocadas em um projeto denominado Coacutedigo de trabalho mas sofreram pesadas

criticas pelo empresariado sendo igualmente vetadas pelos congressistas Apenas

a Lei nordm 37241919 que dispunha sobre as regras resultantes de acidentes de

trabalho como indenizaccedilotildees e responsabilidades do empregador foi aprovada

Ainda assim duas leis importantes foram produzidas na segunda metade dos anos 20 a Lei de feacuterias (1925) e a Lei de Regulamentaccedilatildeo do Trabalho de menores (192627) A primeira visava a obrigar os empresaacuterios a conceder 15 dias de feacuterias a seus empregados sem prejuiacutezo do ordenadomas foi sistematicamente desrespeitada Jaacute o Coacutedigo do Menor estipulava a maioridade a partir dos 18 anos e propunha uma jornada de trabalho de seis horas (CPDOC ndash Centro de Pesquisas e documentaccedilatildeo de Histoacuteria Contemporacircnea do Brasil)

Jaacute na deacutecada de 1930 o Estado Getulista procurou estabelecer regulaccedilatildeo e

regulamentaccedilatildeo para a questatildeo trabalhista Neste periacuteodo foi criado o Ministeacuterio do

Trabalho Comeacutercio e Induacutestria como forma de atenccedilatildeo mais sistemaacutetica ao

trabalhador como aponta Oliveira (2012) A regulaccedilatildeo tinha como objetivo

interferecircncia do estado junto aos sindicatos e organizaccedilotildees trabalhistas sobre

maneira nas de inclinaccedilotildees marxistas apoiadas por partidos de esquerda o que

limitava accedilotildees no campo poliacutetico e conflitos de classes dificultando a organizaccedilatildeo

da classe trabalhadora Dessa forma como observam Fausto (1995) e Oliveira

(2012) a centralizaccedilatildeo estatal mantinha sobre forte domiacutenio a questatildeo do ―princiacutepio

da unidade sindical ou seja do reconhecimento do Estado de um uacutenico sindicato

por categoria profissional (FAUSTO1995 p 335) Segundo Oliveira (2012) o

governo centralizador e interventor de Vargas tinha a intenccedilatildeo de estabelecer a

harmonia entre as classes diluiacutedas pela inquietaccedilatildeo social e promover a adequaccedilatildeo

trabalhocapital o que levaria a acumulaccedilatildeo capitalista Consideremos que em

1920 a produccedilatildeo agriacutecola representava 79 do total produzido no paiacutes e a

induacutestria 21 em 1940 a agricultura era responsaacutevel por 57 da produccedilatildeo e a

induacutestria 43 o que denota um aumento significativo do setor industrial (FAUSTO

1995 p 392)

Na avaliaccedilatildeo de Fausto (1995 p 336) ―a poliacutetica trabalhista do Governo

Vargas constituiu um niacutetido exemplo de uma ampla iniciativa que natildeo derivou das

pressotildees de uma classe social e sim da accedilatildeo do Estado As medidas regulatoacuterias

de Vargas tinham um propoacutesito central aumentar a capacidade de produccedilatildeo

industrial nas aacutereas urbanas e para tanto havia a necessidade de prevenir a

instabilidade social e mediar as relaccedilotildees entre a classe trabalhadora e o patronato

39

Assim para normatizar as relaccedilotildees de trabalho individuais e coletivas bem

como as regulamentaccedilotildees sobre essas relaccedilotildees em 1943 foi instituiacuteda a

Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho (CLT) sob o Dec Lei nordm 5452 de 151943

Nesse periacuteodo ficou evidente a forte regulaccedilatildeo das forccedilas de trabalho

subordinadas agraves poliacuteticas macroeconocircmicas de desenvolvimento e acumulaccedilatildeo de

capital A partir das deacutecadas de 197080 as poliacuteticas de emprego comeccedilaram a

ganhar destaque e porte sendo criado o Sistema Puacuteblico de Emprego ainda como

um sistema de pouca prospecccedilatildeo que atingia exclusivamente o mercado formal de

trabalho (MACHADO e NETO 2011)

212 Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho no Regime Militar

O iniacutecio do regime militar foi marcado por uma seacuterie de mudanccedilas que

incidiram sobre a poliacutetica de emprego no Brasil Essas medidas tornaram-se

coercitivas em funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do governo militar em expandir o complexo

industrial e tecnoloacutegico (OLIVEIRA 2012) No entanto foi somente a partir da

deacutecada de 1970 no regime militar que comeccedilam a serem implementadas poliacuteticas

passivas ainda modestas de atendimento aos trabalhadores natildeo somente

formalizados mas algumas categorias de trabalhadores que se encontravam fora do

mercado de trabalho Uma das Poliacuteticas de Emprego de maior visibilidade foi a

criaccedilatildeo do Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo (FGTS) (Lei 5107 de

13set1966) orientado hoje pela Lei 8036 de 11maio1990 e tem como objetivo

dar auxiacutelio ao trabalhador dispensado do serviccedilo sem justa causa e garantir uma

renda para a subsistecircncia ateacute conseguir novo emprego Para Oliveira (2012) a

criaccedilatildeo do FGTS substitui a estabilidade de emprego contida na CLT pela

poupanccedila compulsoacuteria Abaixo (QUADRO 2) estatildeo algumas das Poliacuteticas de

Emprego desenvolvidas durante o regime militar que se instalou no Brasil em 1964

QUADRO 2 - POLIacuteTICAS DE EMPREGO DESENVOLVDAS NO BRASILDURANTE O REGIME MILITAR

continua

ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DEFINICcedilAtildeO

1964 Lei Anti-greve4330 de 161964

Regula o direito de greve na forma do art 158 da Constituiccedilatildeo Federal de 1946

40

QUADRO 2 - POLIacuteTICAS DE EMPREGO DESENVOLVDAS NO BRASIL DURANTE O REGIME MILITAR

conclusatildeo

ANO POLIacuteTICA DEFINICcedilAtildeO

1965 Sobre os dissiacutedios coletivos entre categorias profissionais e econocircmicas (lei 4725 de

13765)

Estabelece normas para o processo dos dissiacutedios coletivos e daacute outras

providecircncias (Poliacutetica de contenccedilatildeo salarial)

1966 Criaccedilatildeo do Instituto Nacional de Previdecircncia Social (INPS) ndash Dec lei nordm 72 de 21111966

Unifica os Institutos de Aposentadoria e Pensotildees

1966 Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo Lei 5107 de 13091966 ndash revogado o seu original em 1989 e posteriormente em 1990 pela Lei

8036 de 11051990

Dispotildee sobre o Fundo de garantia por Tempo de Serviccedilo

1970 Criaccedilatildeo do Programa de integraccedilatildeo Social (Lei Complementar 07 de 791970)

Art 1ordm [] destinado a promover a integraccedilatildeo do empregado na vida e no

desenvolvimento das empresas

1970 Criaccedilatildeo do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico (PASEP) ndash LC

nordm 08 de 03121970

Institui o Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico

1971 Programa de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (PRORURAL) LC n 11 de 25051971

Poliacutetica de assistecircncia ao trabalhador rural

1973 Dec lei 71885 de 931973 Dispotildee sobre a profissatildeo de empregado domeacutestico

Art 1ordm Satildeo assegurados aos empregados domeacutesticos os benefiacutecios e serviccedilos da Lei

Orgacircnica da Previdecircncia Social

1974 Criaccedilatildeo do Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS )Lei 6036 de

1051974

Atribuiccedilotildees diferentes do Ministeacuterio do Trabalho

11974

Lei Ordinaacuteria 6136 de 7111974 Define o salaacuterio maternidade e outros benefiacutecios a serem pagos aos

trabalhadores (na praacutetica somente aos trabalhadores formalizados)

11974

Lei n 6179 de 11121974 Art 1ordm Institui amparo previdenciaacuterio para maiores de setenta anos de idade e para invaacutelidos definitivamente incapacitados

para o trabalho que natildeo exerccedilam atividades remuneradas []

11974

Lei n 6195 de 19121974 Extensatildeo aos trabalhadores rurais a concessatildeo de seguro por acidente do

trabalho

11974

Lei nordm 6019 de 03011974 Dispotildee sobre o Trabalho Temporaacuterio nas Empresas Urbanas - atendimento do

empresariado na substituiccedilatildeo de forccedila de trabalho ndash (OLIVEIRA 2012)

11975

Criaccedilatildeo do Sistema Puacuteblico de Emprego Conjunto de poliacuteticas ativas e passivas no mercado de trabalho

11975

Cria o Sistema Nacional de Emprego (SINE) Dec nordm 76403 de 08101975

Linhas de accedilatildeo organizar um sistema de informaccedilotildees e pesquisas sobre

o mercado de trabalho informar agraves empresas sobre a forccedila de trabalho

disponiacutevel (OLIVEIRA 2012)

FONTE OLIVEIRA (2012)wwwplanaltogovbr Instituo de Desenvolvimento do Trabalho

(IDT)CHAHAD (2006)

A centralidade econocircmica administrativa e poliacutetica que se iniciou no Brasil

apoacutes a implantaccedilatildeo do regime militar em 1964 culminou com a forte presenccedila do

41

Estado na sociedade e na economia e numa seacuterie de propostas de desenvolvimento

econocircmico colocadas nos Plano Nacional de Desenvolvimento l (1971 ndash 1974) e no

Plano Nacional de Desenvolvimento ll (1975 ndash 1979) (PND)

Neste momento da histoacuteria o Estado brasileiro inicia um processo de

enrijecimento atraveacutes da militarizaccedilatildeo poliacutetica administrativa e econocircmica do paiacutes

que avanccedilou para os setores da sociedade atingindo a classe trabalhadora Dentro

desse contexto foi decretado o impedimento agrave greve atraveacutes da Lei 433064 (Lei

Anti-greve) No ano seguinte foram instituiacutedas normas para o processo dos dissiacutedios

coletivos pela Lei nordm 472565 Tais medidas alertavam para o teor coercitivo do

governo militar e da sua proposta de crescimento econocircmico que penalizava a

classe trabalhadora do paiacutes

Na mesma medida em que manifestava sua posiccedilatildeo coercitiva e de controle

sobre as relaccedilotildees de trabalho o governo militar dava iniacutecio a propostas dos

trabalhadores como forma de compensaccedilatildeo pela falta de liberdade Em 1966 foi

criado o Instituto Nacional de Previdecircncia Social (INPS) o qual unificou os Institutos

de Aposentadorias e Pensotildees sob o Dec Lei nordm 7266 amparado pelo Ato

Institucional nordm 2 de 27111965 Em 1970 foram criados o Programa de Integraccedilatildeo

Social (PIS) sob a Lei nordm 071970 com o propoacutesito de ―[] promover a integraccedilatildeo do

empregado na vida e no desenvolvimento das empresas (art 1ordm) e o Programa de

Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico (PASEP) ndash sob a Lei Complementar nordm

0870 Em 1971 a poliacutetica de trabalho passa a ser voltada ao meio rural por meio da

constituiccedilatildeo do Programa de Assistecircncia ao trabalhador Rural (PRORURAL) sob a

Lei Complementar 2571 Esta poliacutetica tinha o objetivo de dar assistecircncia ao

trabalhador rural que ateacute entatildeo natildeo possuiacutea benefiacutecios na legislaccedilatildeo trabalhista

Segundo Oliveira (2012)

Essa foi a primeira legislaccedilatildeo para a criaccedilatildeo de um sistema previdenciaacuterio que beneficiasse os trabalhadores rurais benefiacutecio ampliados agraves empregadas domeacutesticas e em 1973 aos trabalhadores autocircnomos Essa inclusatildeo tardia dos trabalhadores rurais domeacutesticos e autocircnomos evidencia a poliacutetica trabalhista corporativa e excludente do Brasil e denota a ausecircncia de um sistema de garantias sociais para o conjunto da classe trabalhadora e dos trabalhadores fora do mercado de trabalho (OLIVEIRA 2012 p 497)

Em 1973 os empregados domeacutesticos passam a gozar dos benefiacutecios

instituiacutedos pela Lei orgacircnica da Previdecircncia Social amparados pelo Dec Lei

7188573 Em 1974 com o objetivo de ampliar a atenccedilatildeo ao trabalhador eacute criado o

42

Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) sob a Lei 603674 Outros

dispositivos de atenccedilatildeo ao trabalhador foram criados como o Salaacuterio Maternidade

(Lei 613674) e o ―amparo previdenciaacuterio para maiores de setenta anos de idade e

para invaacutelidos definitivamente incapacitados para o trabalho que natildeo exerccedilam

atividades remuneradas [] (Lei 617964 art 1ordm) No ano de 1975 ―sob a eacutegide da

Convenccedilatildeo nordm 88 da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) que orienta cada

paiacutes-membro a manter um serviccedilo puacuteblico e gratuito de emprego para a melhor

organizaccedilatildeo do mercado de trabalho (MTPS site) foi elaborado o Sistema Nacional

de Emprego (SINE)

Ao observarmos o quadro acima percebemos que as poliacuteticas de emprego

estabelecidas no regime militar eram Poliacuteticas Ativas e voltadas aos trabalhadores

formalizados excluindo dessas poliacuteticas quase em sua totalidade as categorias natildeo

formalizadas de trabalhadores brasileiros

Somente a partir da deacutecada de 1980 final do regime militar comeccedilam a

surgir mudanccedilas significativas sobre poliacuteticas puacuteblicas passivas de emprego no

Brasil Nas palavras de Oliveira (2012)

O esgotamento do regime militar e a crise econocircmica que se instaurou no paiacutes revelaram a precariedade das condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira e reacendeu o debate por melhores serviccedilos de infraestrutura e de inclusatildeo nos programas sociais possibilitando a emergecircncia de movimentos sociais urbanos que clamavam por direitos sociais e pela redemocratizaccedilatildeo no paiacutes (OLIVEIRA 2012 p 498)

213 Poliacuteticas Puacuteblicas de trabalho no periacuteodo de redemocratizaccedilatildeo do Brasil

A partir da segunda metade da deacutecada de 1980 e iniacutecio da deacutecada de 1990

as poliacuteticas marcadas pelo restabelecimento do governo democraacutetico brasileiro se

expandiram e foram criados vaacuterios programas destinados natildeo somente a dar

atenccedilatildeo ao trabalho formal mas tambeacutem ao setor informal da economia Com o

crescimento e demanda desse setor ficou evidente a necessidade de criaccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas direcionadas na possibilidade de equacionar distorccedilotildees entre os

setores formais e informais Para Machado e Neto (2011) os governos subnacionais

(estados e municiacutepios) foram importantes na medida de abertura do microcreacutedito

natildeo somente para o setor formal mas tambeacutem para os trabalhadores autocircnomos e

empreendimentos menores que absorviam boa parte dos trabalhadores ocupados

43

Observamos que os direitos dos trabalhadores se ampliam com a

promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (Constituiccedilatildeo Cidadatilde) estabelecidos

em seu art 7ordm com previsatildeo a ―melhoria de sua condiccedilatildeo social (BRASIL 1988

art 7ordm) No entanto como observa Oliveira (2012) natildeo havia ainda uma

preocupaccedilatildeo em formular poliacuteticas passivas de atendimento natildeo somente aos

trabalhadores formais mas tambeacutem aos desempregados subempregados e aos natildeo

formalizados que representavam parcela significativa no mercado de trabalho

brasileiro Dessa forma segue Oliveira (2012)

[] o paiacutes sempre conjugou poliacuteticas macroeconocircmicas com poliacuteticas assistencialistas limitando-se a introduzir marcos regulatoacuterios para algumas categorias profissionais sem contudo se debruccedilar na construccedilatildeo de uma poliacutetica de emprego passiva ou ativa que contemplasse a subsistecircncia ou a (re) inserccedilatildeo dos trabalhadores expulsos do mercado de trabalho (p 499)

Destacamos (QUADRO 3) as principais poliacuteticas criadas para garantir

direitos sociais de atenccedilatildeo aos trabalhadores sob a promoccedilatildeo de poliacuteticas passivas

para mercado de trabalho

QUADRO 3 - PRINCIPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016)

continua ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DESCRICcedilAtildeO

1986 Lei nordm 2283 de 27021986 ndash cria o Seguro Desemprego

Dispotildee sobre a instituiccedilatildeo [] do Seguro desemprego e daacute outras providecircncias

1988 Art XIII da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Diminuiccedilatildeo da duraccedilatildeo das horas trabalhadas que passa de 48 horas para

44 horas semanais

1990 Lei nordm 7998 de 11011990 Regula o Programa do Seguro-Desemprego o Abono Salarial institui o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT)

financiado com recursos advindos do PIS e do PASEP

1994 Resoluccedilatildeo CODEFAT nordm 59 de 250394 ndash autoriza alocar recursos do FAT para o Programa de Geraccedilatildeo de Emprego e

Renda (PROGER)

Eacute uma poliacutetica puacuteblica de emprego que se faz mediante concessatildeo de creacutedito

financeiro Tem por objetivo proporcionar linhas especiais de creacutedito em atividades

produtivas [] (MTPS)

1996

Resoluccedilatildeo 126 de 23101996 (CODEFAT) Criacatildeo do Plano Nacional de Qualificaccedilatildeo

do trabalhador (PLANFOR)

Aprova criteacuterios para a utilizaccedilatildeo de recursos do Fundo de Amparo ao

Trabalhador - FAT pela Secretaria de Formaccedilatildeo e Desenvolvimento Profissional - SEFOR com vistas agrave execuccedilatildeo de accedilotildees

de qualificaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo profissional no acircmbito do Programa do Seguro-

Desemprego no periacuteodo e 19971999

44

QUADRO 3 ndash PRINCPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016)

Continuaccedilatildeo

ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DESCRICcedilAtildeO

1996

Decreto 1946 de 28061996 - Cria o Programa Nacional de Fortalecimento da

Agricultura Familiar ndash PRONAF

Apoio financeiro a atividades agropecuaacuterias ou natildeo-agropecuaacuterias para implantaccedilatildeo

ampliaccedilatildeo ou modernizaccedilatildeo da estrutura de produccedilatildeo beneficiamento industrializaccedilatildeo e de serviccedilos no estabelecimento rural ou em aacutereas comunitaacuterias rurais proacuteximas de

acordo com projetos especiacuteficos

1996

RESOLUCcedilAtildeO CODEFAT Nordm 103 de 631996 ndash Cria o Programa de Expansatildeo do Emprego e Melhoria da Qualidade de Vida do Trabalhador ndash PROEMPREGO

Art 1ordm [] objetivo de criar novos empregos incrementar a renda do

trabalhador proporcionar a melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo em

especial das camadas de mais baixa renda e propiciar a diminuiccedilatildeo dos custos de

produccedilatildeo no contexto internacional preservando e expandindo as

oportunidades de trabalho e assegurando o equiliacutebrio do meio ambiente

1998 Resoluccedilatildeo CODEFAT 194 de 23091998 - Estabelece criteacuterios para transferecircncia de

recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador ndash FAT ao Plano Nacional de Qualificaccedilatildeo do Trabalhador ndash PLANFOR

Art 2ordm O PLANFOR tem o objetivo de construir gradativamente oferta de

educaccedilatildeo profissional (EP) permanente com foco na demanda do mercado de

trabalho de modo a qualificar ou requalificar a cada ano articulado agrave

capacidade e competecircncia existente nessa aacuterea pelo menos 20 da PEA - Populaccedilatildeo Economicamente Ativa maior de 14 anos

de idade

11999

Criaccedilatildeo do Fundo de Aval para a Geraccedilatildeo de Emprego e Renda (FUNPROGER)

Tem a finalidade de garantir parte do risco dos financiamentos concedidos pelas instituiccedilotildees financeiras oficiais federais diretamente ou por intermeacutedio de outras instituiccedilotildees financeiras no acircmbito do Programa de Geraccedilatildeo de Emprego e Renda - PROGER Setor Urbano

22001

Medida Provisoacuteria nordm 2164-41 de 24082001Subvenciona o trabalhador atraveacutes de Bolsa Qualificaccedilatildeo profissional

Altera a Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho - CLT para dispor sobre o trabalho a tempo parcial a suspensatildeo do contrato de trabalho e o programa de qualificaccedilatildeo profissional

22001

Lei nordm 10208 de 23032001 -Acrescenta os artigos 3ordmA 6ordmA 6ordmB 6ordmC e 6ordmD agrave Lei n

o 5859 de 11 de dezembro de 1972

Dispotildee sobre a profissatildeo de empregado domeacutestico para facultar o Acesso em ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviccedilo - FGTS e ao seguro-desemprego (texto da poliacutetica)

22003

Lei 10779 de 25112003 Dispotildee sobre a concessatildeo do benefiacutecio de seguro desemprego durante o periacuteodo de defeso ao pescador profissional que exerce a atividade pesqueira de forma artesanal (texto da poliacutetica)

22005

Decreto 5598 de 1122005 ndash Estabelece as normas para o Programa de Aprendizagem Profissional

Regulamenta a contrataccedilatildeo de aprendizes

45

QUADRO 3 ndash PRINCPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016)

Conclusatildeo

ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DESCRICcedilAtildeO

22008

Lei Complementar 128 de 191208 ndash Criaccedilatildeo do Microempreendedor Individual (MEI)

ART 18E - O instituto do MEI eacute uma poliacutetica puacuteblica que tem por objetivo a formalizaccedilatildeo de pequenos empreendimentos e a inclusatildeo social e previdenciaacuteria

FONTE SENADO FEDERAL OLIVEIRA (2012) MTE BATISTA (2009)

As poliacuteticas de trabalho no Brasil quase que exclusivamente atingiam os

trabalhadores formalizados deixando fora de poliacuteticas especiacuteficas categorias natildeo

definidas dentro do setor formal isolando-os de direitos trabalhistas e

previdenciaacuterios Com a evoluccedilatildeo da economia de mercado informalizado e

considerando que boa parte dos trabalhadores sobrevivia do trabalho informal o

que nesse sentido como analisa Pastore (2006) gerava distorccedilotildees no setor

previdenciaacuterio o governo brasileiro instituiu a LC 1282008 com objetivos de 1)

criar a figura juriacutedica do Microempreendedor Individual 2) promover a formalizaccedilatildeo

de trabalhadores que manteacutem atividades fora das relaccedilotildees de mercado formais 3)

promover a inclusatildeo social desses trabalhadores

214 Poliacutetica Puacuteblica de Trabalho MEI

Em 2008 foi regulamentada no Brasil a Lei Complementar (LC) nordm 12808 a

qual estabeleceu a pessoa juriacutedica do Microempreendedor Individual (MEI) em

complemento a LC 123 de 14 de dez de 20064 Esta poliacutetica puacuteblica representa uma

tentativa de resposta pelo poder puacuteblico ao crescente nuacutemero de trabalhadores

informais exercendo as mais diversas atividades econocircmicas e em muitos casos

em situaccedilatildeo de vulnerabilidade por exerciacutecios de trabalho precaacuterio irregular ou ilegal

em desconformidade com a legislaccedilatildeo trabalhista natildeo oportunizando dessa forma

os direitos previdenciaacuterios conquistados pelos trabalhadores formalizados Como

referecircncia ao MEI a legislaccedilatildeo traz a seguinte redaccedilatildeo

4A LC 12306 estabelece normas gerais relativas ao tratamento diferenciado e favorecido a ser

dispensado agraves microempresas e empresas de pequeno porte no acircmbito dos poderes da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal [] (art 1ordm) e segundo Guimaratildees (2011) a Lei Geral de 2006 estaacute relacionada agrave geraccedilatildeo de desenvolvimento econocircmico

46

Para os efeitos desta Lei Complementar considera-se MEI o empregador individual a que se refere o art 966 da lei 10406 de 10 de janeiro de 2002 (Coacutedigo Civil) que tenha auferido receita bruta no calendaacuterio anterior de ateacute R$ 6000000 (sessenta mil reais) optante pelo Simples Nacional e que natildeo esteja impedido de optar pela sistemaacutetica prevista neste artigo (LC 12808 art 18ordf sect 1ordm)

Segundo a redaccedilatildeo da referida LC ―o instituto do MEI eacute uma poliacutetica puacuteblica

que tem por objetivo a formalizaccedilatildeo de pequenos empreendimentos e a inclusatildeo

social5 e previdenciaacuteria (BRASIL 2008 art 18-E) natildeo sendo objeto apenas de

caraacuteter econocircmico ou fiscal (idem sect 1ordm) Portanto como analisa Souza (2010 p15) o

―MEI tem como objetivo alcanccedilar aqueles empreendedores menores os chamados

autocircnomos ou ambulantes como cabeleireiros sapateiros costureiras pipoqueiros

entre outros e segundo Federaccedilatildeo Nacional das Empresas de Serviccedilos Contaacutebeis

e das Empresas de Assessoramento Periacutecias Informaccedilotildees e Pesquisas

(FENACON) tal poliacutetica puacuteblica consiste num dos ―maiores projetos de inclusatildeo

social colocados em praacutetica no paiacutes e assim decorre de uma accedilatildeopoliacutetica do

Estado perceptiacutevel frente a um problema soacutecioestrutural e que essa accedilatildeo estaraacute

diretamente ligada a fatores conjunturais e influenciaraacute a vida das pessoas

Com o advento da pessoa juriacutedica do MEI aleacutem da facilidade no processo

burocraacutetico de formalizaccedilatildeo das suas atividades pode-se verificar o baixo custo

tributaacuterio tanto para a previdecircncia quanto para os estados e municiacutepios muito

embora os encargos tributaacuterios se diferenciem dependendo da atividade

desenvolvida pelo empreendedor individual

Portanto com os objetivos expressos de inclusatildeo social previsto na

referente LC devemos destacar dois fatores muito importantes a) o aumento da

contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria b) o aumento na receita dos municiacutepios (ainda que

pequeno) Quanto agrave contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria o Microempreendedor Individual

estaraacute isento do Imposto de Renda sobre Pessoa Juriacutedica (IRPJ) do Imposto sobre

Produtos Industrializados (IPI) da Contribuiccedilatildeo Social sobre Lucro liacutequido (CSLL)

da Contribuiccedilatildeo para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) do

Programa de Integraccedilatildeo Social (PIS) e da Contribuiccedilatildeo Patronal Previdenciaacuteria no

entanto recolheraacute em forma de tributaccedilatildeo um valor fixo mensal no valor de R$

51656 disposto no art 18A sect 3ordm inciso V da referida LC desse modo isentando-o

5 Grifo nosso ndash texto incluiacutedo pela LC 1472014

6Valor expresso ateacute a data referente a esta pesquisa ndash ano base 2016

47

do regime de tributaccedilatildeo - o Simples Nacional O recolhimento de tributaccedilatildeo seraacute da

seguinte forma (LC 12808 art 18ordf inciso V aliacuteneas a b c)

a) R$ 4565 (quarenta e cinco reais e sessenta e cinco centavos) a tiacutetulo

da contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria

b) R$ 100 (um real) a tiacutetulo ICMS

c) R$ 500 (cinco reais) a tiacutetulo de ISS

A referida LC em seu art 18E sect3ordm enquadra o MEI na modalidade de

microempresa no entanto com especificidade conceitual diferenciada do que refere

o art 3ordm item l da LC 12306 ―no caso da microempresa aufira em cada ano-

calendaacuterio receita bruta igual ou inferior a R$ 36000000 (trezentos e sessenta mil

reais) Sem embargo a redaccedilatildeo no mesmo artigo em seu sect2ordm estende ao MEI

todos os benefiacutecios dispensados agrave pequena empresa sempre que favoraacutevel

Eacute compreensiacutevel o enquadramento do MEI na modalidade de microempresa

posto que a LC 12306 foi o marco de abertura para o processo de formalizaccedilatildeo

desburocratizaccedilatildeo e regulamentaccedilatildeo das micro e pequenas empresas que se

encontravam na informalidade dos seus negoacutecios comerciais possibilitando nesse

sentido a valorizaccedilatildeo e a inclusatildeo de uma quantidade significativa de empresas no

curso da regularizaccedilatildeo previdenciaacuteria social e econocircmica Os dispositivos

colocados tanto na facilidade para a abertura da empresa baixa tributaccedilatildeo e

tratamentos diferenciados nas licitaccedilotildees puacuteblicas como procedimentos de estiacutemulos

e apoio para a inovaccedilatildeo contrataccedilatildeo capacitaccedilatildeo e ao associativismo inclina-se na

construccedilatildeo no nosso entendimento de uma base complementar entre Poliacutetica

Publica Ativa e Poliacutetica Puacuteblica Passiva a) quanto agrave natureza estrutural b) quanto agrave

abrangecircncia fragmentada e c) quanto aos impactos redistributiva (TEIXEIRA

2002)

As micro e pequenas empresas e o microempreendedor individual

amparados pelas LC 12306 e LC 12808 respectivamente formam um segmento

do mercado aberto que nas anaacutelises de Sacks (2003) eacute excepcionalmente

importante para o desenvolvimento socioeconocircmico do paiacutes pois aleacutem de

representar uma economia que chega a 27 do PIB brasileiro corresponde ao

emprego de mais de 90 dos trabalhadores operantes no paiacutes portanto uma fonte

inestimaacutevel de geraccedilatildeo de renda

No entanto como observa o autor o isolamento dessas MPE assim como

os MEI (atividades produtivas de pequeno porte) frente a um mercado aberto natildeo

48

poderaacute corresponder agraves expectativas de expansatildeo em decorrecircncia da concorrecircncia

com empresas maiores e mais estruturadas atuantes no livre mercado Como

assinala Sachs (2003)

Esses pequenos empreendedores e produtores se submetidos apenas aos processos de mercado natildeo tecircm condiccedilotildees de competir com empresas estruturadas de maior porte ndash a natildeo ser concorrendo agrave ―competitividade espuacuteria que se traduz em salaacuterios baixos jornadas longas de trabalho sonegaccedilatildeo de impostos e natildeo recolhimento de encargos sociais (SACHS 2003 p 21)

Para esse autor o desafio em alterar esse quadro estaria em promover a

qualificaccedilatildeo acesso em agrave tecnologia ao creacutedito e ao mercado considerando

igualmente a formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas menos setorizadas mas que

concebessem a integraccedilatildeo dos setores da economia propiciando a aproximaccedilatildeo das

empresas agrave competitividade Ou seja ―uma accedilatildeo afirmativa em favor dos mais

fracos sem poder e sem voz (SACHS 2003 p 21)

As microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP) satildeo

estruturalmente diferenciadas dos microempreendedores Individuais tanto nas

dimensotildees fiacutesicas quanto na capacidade de abrangecircncia e inserccedilatildeo no mercado

sendo igualmente objeto diferenciado constante nas regulamentaccedilotildees descritas nas

LC 12306 e LC 12808 respectivamente quanto ao enquadramento sobre a receita

agraves obrigaccedilotildees tributaacuterias e fiscais O art 3ordm incisos I e II da LC 12306 nos diz como

jaacute mencionado acima que a microempresa eacute aquela que possui receita bruta anual

de ateacute R$ 36000000 (trezentos e sessenta mil reais) a receita bruta da empresa de

pequeno porte por sua vez natildeo pode ser inferior a R$ 36000000 e superior a R$

360000000 (trecircs milhotildees e seiscentos mil reais) por outro lado o MEI possui uma

exigecircncia de receitaano muito menor que as demais estabelecida com um teto de

R$ 6000000 conforme expressa o art 18ordf sect 1ordm

Consideremos que as obrigaccedilotildees tributaacuterias diferenciadas para as

microempresas e as empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional7

descrevem as necessidades de se conceber mecanismos de atendimento a esse

segmento empresarial de importacircncia comprovada para a economia do paiacutes e da

sua fragilidade de continecircncia no livre mercado Por outro lado temos o MEI

7Simples Nacional eacute um regime de tributaccedilatildeo diferenciado aplicados agraves Microempresas e Empresas

de Pequeno Porte que consiste no recolhimento dos tributos previstos em lei em um documento uacutenico de arrecadaccedilatildeo (DAS) e da contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria

49

marcado pela inseguranccedila muitas vezes da sua condiccedilatildeo de ―empreendedor

forccedilado em funccedilatildeo das mudanccedilas ocorridas no universo do trabalho denotando a

fragilidade socioeconocircmica que o permeia No entanto

No Brasil existem algumas entidades que atuam como propulsoras das potencialidades de micro e pequenas empresas estimulando a cultura do empreendedorismo Uma das principais eacute o SEBRAE (Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas) que atua dando suporte no processo de abertura e registro de empresas com orientaccedilatildeo cursos e palestras para minimizar o grau de mortalidade desses pequenos empreendimentos (SILVEIRA TEIXEIRA 2011 p 227)

A finalidade do SEBRAE nesse sentido eacute apoiar o desenvolvimento das

micro e pequenas empresas e fomentar o empreendedorismo atraveacutes de programas

de capacitaccedilatildeo consultoria e financcedilas no atendimento de empresaacuterios e potenciais

empreendedores

A poliacutetica maior do MEI atribui determinada responsabilidade aos governos

locais de deferirem poliacuteticas alinhadas agrave implantaccedilatildeo agravequela de atenccedilatildeo agrave categoria

uma vez que o desenvolvimento desse segmento pode subtender aleacutem da

inclusatildeo descrita no art 18E da LC 12808 um avanccedilo nas questotildees

socioeconocircmicas locais Mesmo com direcionamento o impacto pode ser absorvido

por outros segmentos sob a forma de fortalecimento do mercado interno local que

por sua vez concorre para o aumento e extensatildeo da geraccedilatildeo de emprego renda e

com isso o aumento da receita municipal

Sob a oacutetica do desenvolvimento local a partir da interpretaccedilatildeo do

pensamento de autores como Albuquerque e Zapata (2008) Sachs (2003)

Albuquerque (1997) dentre outros dialogando com a Lei Geral e suas alteraccedilotildees

(LC 12808 e LC 147 de 07 de ago de 2014) analisaremos algumas accedilotildees e

estrateacutegias de atendimento ao MEI desenvolvidas nos municiacutepios integrantes da

MRGP

50

3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS PARA O MEI NA MICRORREGIAtildeO DE PARANAGUAacute

A Microrregiatildeo8 Geograacutefica de Paranaguaacute (MRGP) (MAPA 1) situada no

litoral paranaense eacute composta pelos municiacutepios de Antonina Guaraqueccedilaba

Guaratuba Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute (IPARDES 2012) e

apresenta enorme complexidade em sua estrutura social econocircmica e natural

marcada ainda por seacuterios problemas de gestatildeo de desenvolvimento e de

conservaccedilatildeo (ANDRIGUETTO FILHO MARCHIORO in RAYNAUT et al2002)

Para Horochowski et al (2007) a MRGP apresenta

[] uma espacialidade conturbada com mais de 60 quilocircmetros de extensatildeo que liga os municiacutepios de Guaratuba Matinhos Pontal e tambeacutem Paranaguaacute Esses trecircs uacuteltimos possuem graus de urbanizaccedilatildeo superiores a 96 e satildeo marcadamente ordenados por grupos imobiliaacuterios promotores de praacuteticas especulativas e pela ocupaccedilatildeo de aacutereas ambientalmente vulneraacuteveis(HOROCHOWSKI etal (2007)

MAPA 1 -MICRORREGIAtildeO GEOGRAacuteFICA DE PARANAGUAacute

FONTE Adaptado do CORPO DE BOMBEIROSPR Disponiacutevel em(lthttpsgooglBhsDTx)

Segundo IPARDES a aacuterea territorial da MRGP corresponde a 6333233

Km2 abrigando uma populaccedilatildeo de 286602 habitantes com densidade demograacutefica

8 As microrregiotildees satildeo definidas pelo IBGE (1990) como partes da mesorregiatildeo e possuem

especificidades proacuteprias sem apresentarem uniformidade ou auto-suficiecircncia contudo articulam-se com espaccedilos maiores (mesorregiotildees ou Unidades da Federaccedilatildeo) Essas especificidades dizem respeito agraves estruturas de produccedilatildeo que podem apresentar quadros naturais sociais ou econocircmicos particulares localizados e regionalizados

51

de 4525 habKm2 e alto grau de urbanizaccedilatildeo de 9048 (TABELA 2) A ―forte

polarizaccedilatildeo urbana e industrial com o complexo portuaacuterio de Paranaguaacute e das aacutereas

urbano-turiacutesticas na orla sul (ANDRIGUETTO FILHO MARCHIORO in RAYNAUT

et al2002 p 160) constitui um traccedilo caracteriacutestico do litoral paranaense e possui

dinacircmicas diferenciadas no processo econocircmico

No litoral paranaense conforme assinalam esses autores o meio natural

estaacute relativamente menos impactado que no restante do Estado principalmente nas

aacutereas rurais de Guaratuba e Guaraqueccedilaba que natildeo concorreram aos modelos de

desenvolvimento econocircmico adotados pelos municiacutepios do Estado que mantinham

bases predominantemente agriacutecolas e agroindustriais (idem p 161)

TABELA 2 - POPULACcedilAtildeO ABSOLUTA POPULACcedilAtildeO URBANA E POPULACcedilAtildeO RURAL DA MRGP (2000-2010)

MUNICIacutePIO POPULACcedilAtildeO

2000 2010

Antonina 19174 18891 Guaraqueccedilaba 8288 7871 Guaratuba 27257 32095 Matinhos 24184 29428 Morretes 15275 15718 Paranaguaacute 127339 140469 Pontal do Paranaacute 14323 20920

FONTE IBGE ATLAS BRASIL

A MRGP eacute componente da Mesorregiatildeo9 de Curitiba e estaacute ligada agrave capital

paranaense atraveacutes da BR 277 Outras estradas alternativas que ligam a regiatildeo ao

Primeiro Planalto Paranaense podem ser observadas pela BR 376 (Guaratuba ndash

GaruvaSC) e pela estrada da Graciosa

A precaacuteria gestatildeo de desenvolvimento local10 e a falta de iniciativas que

atendessem as capacidades especificidades e realidades vividas localmente

concorreram para que o litoral paranaense se tornasse uma das regiotildees menos

9Entende-se por Mesorregiatildeo uma aacuterea individualizada em uma Unidade da Federaccedilatildeo que

apresenta formas de organizaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico definida pelas seguintes dimensotildees o processo social como determinante o quadro natural como condicionante e a rede de comunicaccedilatildeo e lugares como elemento de articulaccedilatildeo espacial Estas trecircs dimensotildees possibilitam que o espaccedilo delimitado como Mesorregiatildeo tenha uma identidade regional Esta identidade eacute uma realidade construiacuteda ao longo do tempo pela sociedade que aiacute se formou (IBGE 1990 p 8)

10

Atraveacutes do Sistema de Monitoramento da Implementaccedilatildeo da Lei Geral nos Municiacutepios Brasileiros disponibilizado pelo SEBRAE observamos que natildeo haacute poliacuteticas de desenvolvimento local nos municiacutepios integrantes da MRGP Disponiacutevel em (lthttpsgoogltb4OXE)

52

desenvolvidas do Paranaacute com altos iacutendices de pobreza baixo padratildeo de vida e

destacadas disparidades sociais como analisaram Raynaut et al (2002) e Turra e

Baccedilo (2014) Para esses uacuteltimos autores apoacutes realizarem estudos sobre Niacutevel de

Desenvolvimento Regional (NDR) no Paranaacute concluiacuteram que a MRGP possui um

niacutevel muito baixo (MB) de desenvolvimento o que estaacute relacionado agrave baixa

concentraccedilatildeo tecnoloacutegica e o niacutevel de ocupaccedilatildeo das pessoas

Abaixo (TABELA 3) demonstra uma evoluccedilatildeo no Iacutendice de Desenvolvimento

Humano (IDH) na MRGP

TABELA 3 - DEMONSTRATIVO DO IDH E DO IacuteNDICE DE POBREZA DOSMUNICIacutePIOS DA MRGP

MUNICIacutePIO IDH POBREZA

2000 2010 2000 2010

Antonina 0582 0687 3339 1727

Guaraqueccedilaba 0430 0587 5387 3605 Guaratuba 0613 0717 1958 915 Matinhos 0635 0743 1671 616 Morretes 0573 0686 2364 1087 Paranaguaacute 0645 0750 1593 810 Pontal do Paranaacute 0622 0738 1741 598

FONTE IBGE ATLAS BRASIL

Alguns elementos como a longevidade a renda e a educaccedilatildeo contribuiacuteram

para o aumento do IDH Jaacute a queda no iacutendice de pobreza na MRGP pode ser

descrita igualmente pelo aumento da renda da populaccedilatildeo e de uma maneira mais

incisiva pela involuccedilatildeo da desigualdade nesses municiacutepios

No entanto o iacutendice da pobreza no caso de Antonina a exemplo segundo

IBGE (2010) chegou a 5022 e o iacutendice da pobreza subjetiva neste municiacutepio

ficou em 3018 Notemos que a permanecircncia da pobreza muitas vezes produz

um deslocamento e enfraquecimento das capacidades e potencialidades reais das

pessoas

31 A FRAacuteGIL ECONOMIA NA MRGP

A MRGP apresenta uma diversidade no setor econocircmico com atividades

agropastoris comercio induacutestria (setor industrial de Paranaguaacute) e o setor de

produccedilatildeo de bens e serviccedilos com ecircnfase no turismo sobretudo na orla sul da

regiatildeo que abrange os municiacutepios de Pontal do Paranaacute Matinhos e Guaratuba

53

ainda sujeitos agrave sazonalidade em decorrecircncia da temporada de praias (veratildeo) e o

inverno

Os setores produtivos da MRGP se apresentam de forma heterogenia com

ecircnfase na proporccedilatildeo do setor de comeacutercioserviccedilos que apresenta forte impacto

sobre a contrataccedilatildeo de pessoal formalizado (RAIS)

TABELA 4ndash DADOS DO MERCADO DE TRABALHO NA MRGP (2000-2016)

FONTE IPARDES IBGE FUNPARUFPR

Observamos (TABELA 4) que a taxa de desemprego na MRGP em 2010

ficou em 7511 Frisamos que pela escassez de dados referentes ao setor informal

na MRGP natildeo foi possiacutevel estabelecer a descriccedilatildeo quantitativa das atividades

econocircmicas Poreacutem nas atividades exploratoacuterias de anaacutelise observamos enorme

diversidade das atividades informais no litoral serviccedilos domeacutesticos jardinagem

cabeleireiro manicure trabalhadores contratados para a limpeza de pescados

artesatildeos salgadeira doceira construccedilatildeo civil carpinteiros ambulantes catadores

de materiais reciclaacuteveis trabalhadores de Micro e Pequenas empresas

desprotegidos pela natildeo formalizaccedilatildeo trabalhadores rurais trabalhadores em

oficinas de mecacircnica de automoacuteveis motocicletas e bicicletas dentre outros

trabalhadores

A economia informal ou economia submersa (CATANI 1985) segundo

alguns autores como Sachs (2003) Antunes (2011) Matsuo (2008) se apresenta de

11

O desemprego foi calculado sobre a PEA (populaccedilatildeo economicamente ativa) em relaccedilatildeo agrave PO

(populaccedilatildeo ocupada) incluindo os setores formal e informal A PEA pode ser definida como o []

potencial de matildeo-de-obra com que pode contar o setor produtivo isto eacute a populaccedilatildeo ocupada e

a populaccedilatildeo desocupada (IBGE) A PO compreende aquelas pessoas que num determinado periacuteodo

de referecircncia trabalharam ou tinham trabalho mas natildeo trabalharam (por exemplo pessoas em feacuterias) As pessoas ocupadas sao classificadas em a) empregados b) conta proacutepria c) empregadores d) natildeo remunerados (idem)

TRABALHO REGIAtildeOANO

2000 2010

Populaccedilatildeo em Idade Ativa (PIA) (pessoas) 175483 223295 Populaccedilatildeo Ocupada total (PO) (pessoas) 85863 115811 Pessoal ocupado assalariado (pessoas) nd 51576 Populaccedilatildeo Economicamente Ativa (PEA) 100628 125263 Taxa de Atividade de 10 anos ou mais () 547 5625 T de Ocupaccedilatildeo de 10 anos ou mais () nd 9245

54

maneira complexa pelo volume frente a uma nova conjuntura e modificaccedilotildees no

mundo do trabalho um meio diferenciado encontrado pelas pessoas como

enfrentamento ao crescente processo de erradicaccedilatildeo do emprego formalizado Tais

formas de ―sobrevivecircncia laboral encontram suporte legal no art 170 paraacuteg uacutenico

da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 onde ―eacute assegurado a todos o livre exerciacutecio de

qualquer atividade econocircmica independentemente de autorizaccedilatildeo de oacutergatildeos

puacuteblicos salvo nos casos previstos em lei (BRASIL 1988)

Quanto ao emprego formal na MRGP verificamos (TABELA 5) um aumento

de 36 no quantitativo dos empregos ativos

TABELA 5 - NUacuteMERO DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP (2013-2014)

MUNICIacutePIO EMPREGOS

ATIVOS

2013 2014

Antonina 3169 3193 Guaraqueccedilaba 810 796 Guaratuba 5874 6509 Matinhos 7341 7838 Morretes 2252 2347 Paranaguaacute 38133 38275 Pontal do Paranaacute 3691 4543

Total 61270 63501

FONTE MINISTEacuteRIO DO TRABALHO E EMPREGOCAGED

Na tabela acima (TABELA 5) constatamos que o municiacutepio de

Guaraqueccedilaba apresentou variaccedilatildeo percentual negativa de -173 entre os anos de

2013 e 2014 e destacamos Guaratuba com o aumento na variaccedilatildeo relativa de

1081 seguida por Matinhos 677 e Morretes com uma variaccedilatildeo percentual de

422 na geraccedilatildeo de empregos

A compreensatildeo da evoluccedilatildeo na geraccedilatildeo de empregos nos remete ao

entendimento do comportamento da economia e das relaccedilotildees entre mercado capital

e trabalho Neste conjunto de elementos estatildeo alinhados o processo produtivo as

atividades produtivas e as forccedilas de produccedilatildeodistribuiccedilatildeo e consumo

Segundo Salzbac Denardin e Felisbino (2012) a demanda do fluxo de

seguimentos produtivos eacute uma caracteriacutestica de cidades poacutelos pela oferta de

emprego no setor de comeacutercio e serviccedilos Dessa forma ao analisar o cenaacuterio

econocircmico do litoral paranaense esses autores concluiacuteram que

55

Os municiacutepios litoracircneos do Paranaacute os quais natildeo fazem parte de uma regiatildeo metropolitana natildeo apresentam empregos em volume significativos nem no setor industrial nem no setor de serviccedilos o que implica na baixa capacidade de geraccedilatildeo de tributos proacuteprios limitando tambeacutem a oferta de serviccedilos puacuteblicos [] os setores de serviccedilos comeacutercio e de administraccedilatildeo puacuteblica foram os segmentos que mais mantinham empregos ativos na MRGP (SALZBAC DENARDIN FELISBINO 2012 p 117)

TABELA 6 - NUacuteMEROS DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP POR SETOR ECONOcircMICO

SETOR ECONOcircMICO Ano

2013 2014

1 extrativa mineral 187 188 2 induacutestria de transformaccedilatildeo 6100 6512 3 serviccedilos industriais de utilidade puacuteblica 294 255 4 construccedilatildeo civil 1722 1993 5 comeacutercio 15302 16154 6 serviccedilos 26660 27140 7 administraccedilatildeo puacuteblica 10501 10789 8 agropecuaacuteria ext vegetal caccedila e pesca 504 470

FONTE MTECAGED

Como podemos observar (TABELA 6) a maior parte dos empregos ativos

estaacute no setor terciaacuterio com especial atenccedilatildeo ao setor de serviccedilos

Um indicador econocircmico importante eacute o Valor Adicionado Fiscal (VAF) que

permite ―espelhar o movimento econocircmico municipal e consequentemente o

potencial que o municiacutepio tem para gerar receitas puacuteblicas (MINAS GERAIS 2016)

Sobre o conceito poderemos dizer que o VAF eacute um instrumento

[] utilizado pelo Estado para calcular o iacutendice de participaccedilatildeo municipal no repasse de receita do Imposto sobre Operaccedilotildees relativas agrave Circulaccedilatildeo de Mercadorias e sobre Prestaccedilotildees de Serviccedilos de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicaccedilatildeo (ICMS) e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) aos municiacutepios [] Eacute apurado pela Secretaria de Estado de Fazenda [[ com base em declaraccedilotildees anuais apresentadas pelas empresas estabelecidas nos respectivos municiacutepiosDisponiacutevel em (lthttpsgoogl80DhoU)

Com a anaacutelise do indicador acima mencionado poderemos verificar a

participaccedilatildeo na economia local por setor econocircmico e sua importacircncia nas poliacuteticas

de desenvolvimento e planejamento estrateacutegico na observacircncia das potencialidades

do mercado cultura local e heterogeneidade das atividades econocircmicas

Na MRGP o setor de comeacutercio e serviccedilos (setor terciaacuterio) notadamente

excetuando os municiacutepios de Antonina e Guaraqueccedilaba possui participaccedilatildeo maior

que a produccedilatildeo primaacuteria e a induacutestria local (TABELA 7) e constitui elemento de

56

anaacutelise importante na concepccedilatildeo de poliacuteticas de expansatildeo do emprego e renda12 Jaacute

a participaccedilatildeo sobre a receita dos municiacutepios a que apresenta menor potencial eacute a

produccedilatildeo primaacuteria em virtude da natildeo adoccedilatildeo do mesmo modelo industrial adotado

em outras regiotildees do Estado Paranaense

TABELA 7 - VALOR ADICIONADO FISCAL (VAF - R$ 100 (P)) DOS MUNICIacutePIOS INTEGRANTES

DA MRGP (2016)

MUNICIacutePIO PRODUCcedilAtildeO PRIMAacuteRIA

INDUacuteSTRIA COMEacuteRCIO SERVICcedilOS

RECURSOS AUTOS

Antonina 4334454 125827796 68271749 Guaraqueccedilaba 3074904 5399117 3701577 4192 Guaratuba 15641921 21782241 119496927 47370 Matinhos 295763 23559310 109482578 147729 Morretes 12959951 23264839 44980267 14974 Paranaguaacute 54409213 1280856468 1980373389 543132 Pontal do Paranaacute

436246 19320486 68114345 19138

Total 91152452 1500010257 4788841664 1553070

FONTE IPARDES

Excetuando Paranaguaacute (TABELA 7) identificamos a fragilidade das receitas

municipais da MRGP e de outra maneira a fragilidade financeira e orccedilamentaacuteria jaacute

mencionadas por Sulzbach e Denardin (2012) que alertavam para a dependecircncia

financeira dos municiacutepios da MRGP para com as transferecircncias

intergovernamentais

Um dos principais indicadores da dependecircncia financeira dos municiacutepios agraves tributaccedilotildees das demais esferas pode ser observado atraveacutes das receitas de tributaccedilatildeo por setores produtivos e das receitas advindas de transferecircncias correntes Neste aspecto observa-se que os municiacutepios do litoral do Paranaacute apresentam uma dependecircncia financeira elevada das transferecircncias das esferas nacional e estadual O Municiacutepio com maior destaque eacute o de Guaraqueccedilaba que do total de suas receitas 93 adveacutem de transferecircncias correntes seguindo por Morretes com 78 e Antonina com 7052 das receitas advindas de transferecircncias (SULZBACH DENARDIN 2012 p 6)

Ainda observando a tabela 7 percebemos que o polo industrial e comercial

da MRGP eacute o municiacutepio de Paranaguaacute pressupondo importante vetor da economia

local e do seu posicionamento estrateacutegico diante dos outros municiacutepios da regiatildeo

tanto na articulaccedilatildeo com outros centros comerciais e industriais da Mesorregiatildeo

12

Para melhor compreensatildeo sobre as modificaccedilotildees no processo capitaltrabalho e o crescimento do setor terciaacuterio na economia ver CHESNAIS (1996) OFFE (1984) SUPERVILLE QUINtildeONES (2000)

57

pertencente quanto da Microrregiatildeo com os municiacutepios circunvizinhos e pelo

proacuteprio dinamismo da sua economia interna

Consideremos que o crescimento econocircmico segundo Sachs (2004) e

Furtado (2008) eacute um elemento importante no processo de desenvolvimento poreacutem

natildeo eacute o uacutenico a ser considerado mas sim eacute necessaacuterio incorporar

simultaneamente a extensatildeo dos direitos

Abaixo (TABELA 8) observando o PIB per capita dos municiacutepios da MRGP

destaca-se a vulnerabilidade econocircmica do municiacutepio de Guaraqueccedilaba em relaccedilatildeo

aos demais sobretudo em relaccedilatildeo ao municiacutepio de Paranaguaacute que supera a meacutedia

da regiatildeo A fragilidade econocircmica de Guaraqueccedilaba deriva de vaacuterios aspectos 1) a

dificuldade do acesso agrave aacuterea urbana do municiacutepio considerando que a uacutenica estrada

que liga o municiacutepio a outras localidades natildeo eacute pavimentada e tem uma extensatildeo

de aproximadamente 86 km Outra forma de acesso agrave cidade eacute atraveacutes do mar

pela baiacutea de Guaraqueccedilaba A dificuldade de cesso tem enorme impacto tanto para

escoar a produccedilatildeo local como para obter materiais e equipamentos agrave difusatildeo da

induacutestria quase ou completamente nula 2) a restriccedilatildeo ambiental agrave implantaccedilatildeo de

empresas 3) a falta de poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento do municiacutepio

assinaladas por RAYNAUT et al (2002) na promoccedilatildeo de programas de gestatildeo com

as especificidades locais que fomentem o impulso do trabalho e da renda

TABELA 8 - PIB PER CAPTA DOS MUNICIacutePIOS DA MRGP

MUNICIacutePIO 2013 (R$ 100)3 2014 (R$)

4

Antonina 1851678 17557

Guaraqueccedilaba 861303 8723

Guaratuba 1474865 15004

Matinhos 1648075 17238

Morretes 1390945 13638

Paranaguaacute 4155699 42193

Pontal do Paranaacute 1434381 15040

MRGP 29076 29489

FONTE IBGE IPARDES

A principal fonte de receita dos municiacutepios da MRGP jaacute indicada por

Sulsbach e Denardin (2010) deriva principalmente das transferecircncias correntes

intergovernamentais (Uniatildeo e Estado) o que possibilita um entendimento da

fragilidade na arrecadaccedilatildeo tributaacuteria do setor produtivo

58

Em suma no nosso entendimento a transferecircncia corrente tem o propoacutesito

de manutenccedilatildeo da coisa puacuteblica e do funcionamento da estrutura estatal

Percebemos nesse sentido que um dos maiores empregadores formais direta e

indiretamente da MRGP acaba por ser os governos subnacionais que atuam como

contratadores de serviccedilos temporaacuterios contratos de prestaccedilatildeo de serviccedilos

terceirizados e pessoal concursado (efetivo) aleacutem de contratar serviccedilos

especializados de manutenccedilatildeo de pequenas empresas e materiais de uso diaacuterio

Segundo DIEESE (2015 p 74) a distribuiccedilatildeo de empregos formais por

atividade econocircmica no Brasil entre os anos de 2009 a 2014 apresentou os

seguintes resultados onde destacaremos os principais a) serviccedilos (349) b)

comeacutercio (194) c) induacutestria de transformaccedilatildeo (172) d) administraccedilatildeo puacuteblica

(188) Dessa forma observamos que o setor de serviccedilos aleacutem de expandir as

possibilidades de emprego se manteacutem como o principal setor a contratar

Como jaacute mencionado acima a MRGP possui enorme heterogeneidade em

sua composiccedilatildeo econocircmica especificidades locais e uma distribuiccedilatildeo espacial dos

setores econocircmicos advinda das caracteriacutesticas de cada municiacutepio por vezes

semelhantes como eacute o caso nas aacutereas rurais da produccedilatildeo de farinha de

mandioca13 e da exploraccedilatildeo de produtos de origem vegetal (cipoacute guaricana e

musgo) produccedilatildeo de arroz de banana de palmito14 e de gengibre a cultura do taiaacute

caraacute e mandioca e hora muito distintas como eacute caso do polo industrial de

Paranaguaacute destacando os complexos portuaacuterios de Paranaguaacute e Antonina Assim

como destacamos na economia local da MRGP a exploraccedilatildeo do turismo sobretudo

na orla sul abrangendo os municiacutepios de Guaratuba Matinhos e Pontal do Paranaacute

com maior potencial no veratildeo Em Guaraqueccedilaba o turismo eacute voltado agrave praacutetica da

pesca esportiva que se estende o ano todo movimentando natildeo soacute os restaurantes

e comeacutercio urbanos mas restaurantes e pousadas nas ilhas de Tibicanga Bertgiga

Canudal Barbados e Superagui

O municiacutepio de Paranaguaacute abrange o maior nuacutemero de empresas na regiatildeo

(TABELA 9)15 e eacute destacadamente o maior poacutelo empresarial e industrial com

13

A produccedilatildeo de farinha atinge a MRGP em sua totalidade Ver DENARDIN LAUTERT e RIBAS (2009)lthttpwwwaba-agroecologiaorgbrrevistasindexphpcadarticleviewFile42573236 14

A produccedilatildeo do palmito representou em 2015 cerca de 6872 (3233 toneladas) da produccedilatildeo estadual e a banana correspondeu a 4484 (91284 cachostoneladas) do Estado IPARDES) 15

Houve variaccedilatildeo nos nuacutemeros entre as tabelas 9 e 10 pois a montagem da tabela 10 ocorreu dias apoacutes a montagem da tabela 9

59

4691 das Empresas Ativas 467 das MPE (Micro e Pequena Empresa) e

4548 dos MEI (Microempreendedor Individual) da MRGP Outra caracteriacutestica

particular eacute o municiacutepio de Guaraqueccedilaba que apresenta o menor quadro

empresarial com 129 das Empresas ativas 125 das MPE ativas e 162 do

MEI do total da regiatildeo

TABELA 9 - NUacuteMERO DE EMPRESAS NA MRGP (MAIO2016)

MUNICIacutePIO EMPRESAS ATIVAS MPE MEI

Antonina 1832 1705 571 Guaraqueccedilaba 462 427 193 Guaratuba 4788 4586 1569 Matinhos 5185 4912 1799 Morretes 1926 1831 510 Paranaguaacute 16800 15832 5394 P do Paranaacute 4817 4604 1823

Total 35810 33897 11859

FONTE FOacuteRUM PERMANENTENatildeo foi possiacutevel localizar dados em bases estatiacutesticas de anos

anteriores

As empresas compotildeem um quadro diversificado na economia da regiatildeo e a

participaccedilatildeo por atividade econocircmica nos municiacutepios pressupotildee certo dinamismo da

economia com destaque ao setor de comeacutercio e serviccedilos

Abaixo (TABELA 10) estatildeo as atividades econocircmicas desenvolvidas na

MRPG e a participaccedilatildeo das MPE e MEI na dinacircmica econocircmica

TABELA 10 - ATIVIDADES ECONOcircMICAS DESENVOLVIDAS NA MRGP (maio2016) continua

ATIVIDADE ECONOcircMICA COM BASE NO CNAE16

EMP ATIVAS MPE MEI

Agricultura pecuaacuteria prod Florestal pesca e aquicultura 93 59 11 Induacutestrias extrativistas 39 38 0 Induacutestria de transformaccedilatildeo 2483 2351 1076 Aacutegua esgoto atividades de resiacuteduos e descontaminaccedilatildeo 121 110 39 Construccedilatildeo 2067 2418 1323 Comeacutercio reparaccedilatildeo de veiacuteculos automotores e motocicleta 15410 14693 4044 Transporte armazenagem e correio 1865 1654 340 Alojamento e alimentaccedilatildeo 6911 6681 2469 Informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo 334 312 89 Atividades financeiras de seguros e serv relacionados 22 18 0

16

A Classificaccedilatildeo Nacional de Atividades Econocircmicas (CNAE)

60

TABELA 10 - ATIVIDADES ECONOcircMICAS DESENVOLVIDAS NA MRGP (maio2016)

conclusatildeo

ATIVIDADE ECONOcircMICA COM BASE NO CNAE17

EMP ATIVAS MPE MEI

Atividades imobiliaacuterias 203 172 0 Atividades profissionais cientiacuteficas e teacutecnicas 792 718 235 Atividades Administrativas e serviccedilos complementares 1826 1722 536 Educaccedilatildeo 465 443 175 Sauacutede humana e serviccedilo social 308 282 12 Arte cultura esporte e recreaccedilatildeo 394 374 115 Outras atividades e serviccedilos 1868 1757 1324 Serviccedilos domeacutesticos 76 57 57

Total 35277 33859 11845

FONTE FOacuteRUM PERMANENTE

Observamos (TABELA 10) que as principais atividades desenvolvidas pelo

MEI na MRGP satildeo as seguintes Comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos automotores e

motocicletas (3414) alojamento e alimentaccedilatildeo (2084) outras atividades e

serviccedilos (1117) construccedilatildeo (1116) induacutestria de transformaccedilatildeo (908)

As atividades na economia desenvolvidas na MRGP possuem aspectos

importantes na comparaccedilatildeo entre os setores primaacuterio secundaacuterio e terciaacuterio Como

observado na tabela acima veremos que o setor terciaacuterio abrange uma parcela

significativa das empresas da regiatildeo Do total das Empresas Ativas 926

enquadram-se no setor de comeacutercio e serviccedilos as Micro e Pequenas Empresas

alocadas no setor terciaacuterio representam 928 e os Microempreendedores

Individuais formalizados somam 909 nesse setor Conveacutem ressaltar que nas

anaacutelises de Nogueira e Pereira (2015 p 41) ―[] em 2011 as empresas de pequeno

porte ndash incluindo uma ainda diminuta parcela de MEI ndash representavam quase 98

do total de empresas no paiacutes e ocupavam mais da metade dos trabalhadores

formais

Eacute importante ressaltar que a demanda pelo setor terciaacuterio acompanha um

fluxo de mercado agregado aos outros dois setores da economia e o crescente

volume dos serviccedilos se evidenciam nos processos de flexibilizaccedilatildeo do trabalho das

modificaccedilotildees nas suas relaccedilotildees e no deslocamento do arqueacutetipo do trabalho no

qual o trabalhador passa de um trabalhador fabril para a categoria de um

trabalhador de serviccedilos apontado por Superville e Quintildeones (2000) Para esses

autores a expansatildeo do setor de serviccedilos seguiu simultaneamente ao processo de

17

A Classificaccedilatildeo Nacional de Atividades Econocircmicas (CNAE)

61

crescimento da informalidade e da prestaccedilatildeo de serviccedilos com pouca qualificaccedilatildeo (p

61)

Entendemos que para uma anaacutelise da informalidade eacute necessaacuterio considerar

sua heterogeneidade e a proporccedilatildeo da sua relaccedilatildeo e participaccedilatildeo no mercado

assim como as assimetrias manifestadas nas formas de exploraccedilatildeo da forccedila de

trabalho e na precarizaccedilatildeo da classe trabalhadora (ANTUNES 2011)

32 A INSTITUCIONALIDADE MEI NA MRGP

Ao definir aspectos legais para o enfrentamento do problema da

informalidade no Brasil atraveacutes de leis regulamentares e regras especiacuteficas que

asseguram direitos estabelecidos na Constituiccedilatildeo federal de 1988 o Estado

brasileiro reconheceu a necessidade de normatizar benefiacutecios e deveres agraves micro e

pequenas empresas e empreendedores individuais procurando reverter o quadro de

informalidade e precariedade nas condiccedilotildees de trabalho e de garantias de

seguridade social

Para a implantaccedilatildeo da Poliacutetica Puacuteblica no nosso entendimento alguns

aspectos devem ser considerados 1) descrever as suas circunstacircncias de modo que

suas propostas sejam claras 2) adaptaccedilatildeo dos aparelhos sociais e do Estado que

possam ser vinculados agrave Poliacutetica Puacuteblica 3) capacidade de articulaccedilatildeo e

compreensatildeo do processo e dos temas debatidos pelos diversos atores envolvidos

(OLIVEIRA 2013 p 284)

Nesse contexto admite-se natildeo somente subordinaccedilatildeo agrave Poliacutetica mas um

quadro de compreensatildeo e reconhecimento da sua legitimidade constituindo dessa

maneira uma institucionalidade

Para institucionalidade devemos considerar trecircs aspectos importantes 1)

instituiccedilotildees 2) ambiente institucional 3) arranjos institucionais

As Instituiccedilotildees descritas por Fiani (2013 p 8) ―satildeo as regrasformais e natildeo

formais que regulam as interaccedilotildees sociaisDesta feita como demonstra o autor a

criaccedilatildeo de estruturas regulamentares de normatizaccedilatildeo de procedimentos formais e a

interaccedilatildeo com o estabelecimento das relaccedilotildees subterracircneas que se desenvolvem

diante do dia- a dia na sociedade descrevem o ambiente institucional ou seja satildeo

as ―[] regras poliacuteticas sociais e legais mais baacutesicas e gerais que estabelecem o

fundamento para o funcionamento do sistema econocircmico (FIANI 2013 p 8) Os

62

arranjos institucionais por sua vez segundo esse autor satildeo as regras

particularmente constituiacutedas pelos sujeitos e que por sua vez estabelecem as

relaccedilotildees poliacuteticas sociais e econocircmicas

Para Fiani (2013) eacute inquestionaacutevel que as poliacuteticas puacuteblicas afetam a vida

dos sujeitos A sua implicaccedilatildeo nesse sentido interfere em modus operandi diverso

ao cotidiano das relaccedilotildees instituiacutedas nos arranjos preestabelecidos pois uma accedilatildeo

do Estado que remete a uma reorganizaccedilatildeo do aparato institucional pode alterar as

relaccedilotildees socioeconocircmicas e poliacuteticas locais

O estabelecimento de um aporte ou adaptaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo institucional

(ALBUQUERQUE 1997 FIANI 2013) que possibilite accedilotildees conjuntas entre

instituiccedilotildees puacuteblicas quanto privadas no processo de otimizaccedilatildeo do

desenvolvimento e manutenccedilatildeo das propostas de uma poliacutetica puacuteblica de

desenvolvimento de categorias especiacuteficas ou bases produtivas adquire capacidade

de assegurar melhor eficiecircncia e dar melhores respostas aos objetivos da poliacutetica

puacuteblica

Schneider (2005) explica que a problematizaccedilatildeo formulaccedilatildeo e

implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas para enfrentamento de problemas natildeo se

encontra mais exclusivamente ao setor estatal na qual estaria em curso a

policentralidade na concepccedilatildeo da Poliacutetica Puacuteblica O autor parte da perspectiva de

rede de poliacuteticas puacuteblicas na qual problemas relativamente puacuteblicos tambeacutem podem

ter interferecircncia do setor privado e a sua interaccedilatildeo Como demonstra o autor

a problematizaccedilatildeo e o processamento poliacutetico de um problema social (Mayntz 1982) natildeo eacute mais um assunto exclusivo de uma hierarquia governamental e administrativa integradasenatildeo que se encontra em redes nas quais estatildeo envolvidas organizaccedilotildees tanto puacuteblicas quanto privadas (SCHNEIDER 2005 p 37)

No entanto como observa Moraes (2003) mesmo com essa nova

configuraccedilatildeo pluralista e policecircntrica das relaccedilotildees poliacuteticas o Estado continua sendo

o protagonista do processo seja pela accedilatildeo reguladora e normatizadora seja pela

legitimidade constitucional A legitimidade se faz presente pela administraccedilatildeo

puacuteblica18

Igualmente acrescenta-se nas palavras de Fiani (2013 p 7) que ―[] os

arranjos institucionais apresentam grande importacircncia para a formulaccedilatildeo de poliacuteticas

18

Sobre Administraccedilatildeo Puacuteblica ver BOBBIO N et al Brasiacutelia UnB 1998

63

de desenvolvimento em especial para as poliacuteticas que demandam cooperaccedilatildeo por

parte de agentes privados Ainda segundo Albuquerque (1997)a interaccedilatildeo entre os

agentes puacuteblicos e privados constitui um novo cenaacuterio dentro de uma nova

perspectiva de adaptaccedilatildeo que necessita de coordenaccedilatildeo institucional

Consideramos que dentro desse contexto as mudanccedilas e perspectivas

inovadoras tanto no campo teacutecnico quanto no campo organizacional exigem ―[]

adaptaccedilotildees institucionais para melhorar as atuaccedilotildees do setor puacuteblico e do conjunto

de empresas e atores sociais territoriais (idem p 01) Segue o autor

[] todo processo de desenvolvimento local requer uma programaccedilatildeo minuciosa que integre e ordene linhas de atuaccedilatildeo e recursos orientados a objetivos da participaccedilatildeo estrateacutegica entre diferentes agentes sociais locais puacuteblicos e privados A criaccedilatildeo compartilhada entre os agentes locais de um ―entorno territorial que facilite a inovaccedilatildeo do tecido produtivo e empresarial constitui um aspecto crucial da estrateacutegia de desenvolvimento (ALBUQUERQUE 1997 p 1)

Pensando localmente na interpretaccedilatildeo do SEBRAE ―o ambiente

institucional [] pode ser entendido como o conjunto de instituiccedilotildees de que um dado

municiacutepio se dotou para que a atividade dos indiviacuteduos aleacutem de compatiacutevel com a

sobrevivecircncia da comunidade seja tambeacutem convergente com a execuccedilatildeo dos

objetivos comuns (SEBRAE 2013)

A estabilidade a preservaccedilatildeo e equiliacutebrio das instituiccedilotildees (das regras

formais e informais) oferecem credibilidade e legitimidade agraves accedilotildees do Estado

As Instituiccedilotildees Poliacuteticas especificamente tem como objetivo mediar

interferir organizar gerir o processo democraacutetico bem como quando

necessaacuterioprotagonizar poliacuteticas flexiacuteveis de decisatildeo em relaccedilotildees inerentes a

sociedade numa tarefa de disciplinar regras que insiram sobre os indiviacuteduos direitos

contidos na Constituiccedilatildeo Federal

Exemplificamos assim uma caracteriacutestica nesse contexto do processo

poliacutetico eacute a intervenccedilatildeo estatal inferindo sobre a economia no sentido de aliviar

distorccedilotildees ocorridas pelo mau funcionamento do mercado atraveacutes de poliacuteticas

puacuteblicas que estabelecem regras e diretrizes na qual o poder19poliacuteticopuacuteblico20 eacute o

protagonista no processo Para Oliveira (2008 p 59)

19

Para compreender o processo de dominaccedilatildeo e legitimaccedilatildeo do Poder consideramos as anaacutelises de FRANCcedilOIS CHAZEL in Boudon e Curvelo (1996) 20

BOBBIO N Et al Dicionaacuterio de poliacutetica Brasiacutelia UnB 1998

64

O poder nasce com o indiviacuteduo mas passa aos grupos e afinal ao Estado pelo processo de institucionalizaccedilatildeo A concentraccedilatildeo de poder eacute um fenocircmeno espontacircneo na sociedade nascida da necessidade de atender a interesses que demandam escala meta individual Satildeo as concentraccedilotildees de poder que estabilizadas pelo consenso e pelo costume levam ao surgimento das instituiccedilotildees poliacuteticas

Ao observarmos a histoacuteria do sistema capitalista assinalamos que em todos

os momentos de instabilidade e fragilidade econocircmica culminando na inseguranccedila

social subsiste a forte presenccedila do Estado com possibilidades de equacionar as

deformaccedilotildees ocasionadas pelo sistema e que de maneira inexoraacutevel afetam as

vidas das pessoas apontando dessa maneira certa ineacutercia do mercado em

resoluccedilotildees dessa natureza

Fiani (2001 p 2) nos diz que a intervenccedilatildeo do Estado o qual ele denomina

de regulaccedilatildeo e desregulaccedilatildeo eacute ―integrada e condicionada pelos processos de

natureza histoacuterica e poliacutetica que afetam o conjunto da sociedade Nesse contexto a

regulaccedilatildeo e desregulaccedilatildeo estatal dependem de comportamento poliacutetico social e

econocircmicoMuito embora o fator de regulaccedilatildeo esteja mais vinculado agraves atividades

econocircmicas as decisotildees satildeo tomadas na esfera poliacutetica

A Lei Geral de 2006 ndash lei de normatizaccedilatildeo das MPE (LC 12306) - a

exemplo aleacutem de fomentar o desenvolvimento local foi uma accedilatildeo regulamentadora

do Estado Brasileiro em buscar alternativa em equacionar deformidades na

economia do trabalho e assim reverter o processo de alargamento do setor

informal Certamente que a regulamentaccedilatildeo de setores da economia eacute uma forma

de regular e disciplinar accedilotildees

Cabe ressaltar que a Lei 12306 submeteu algumas instituiccedilotildees agrave adequaccedilatildeo

administrativa para assegurar o funcionamento dessa Poliacutetica Puacuteblica assim como

instituiu oacutergatildeos de gestatildeo com competecircncias deliberativas e regulamentadoras que

dispotildeem de jurisdiccedilatildeo sobre tributaccedilatildeo e legalizaccedilatildeo das empresas Essa lei

estabelece inicialmente a criaccedilatildeo de trecircs oacutergatildeos a tiacutetulo dessas competecircncias

Art 2

o O tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado agraves

microempresas e empresas de pequeno porte de que trata o art 1o desta

Lei Complementar seraacute gerido pelas instacircncias a seguir especificadas I - Comitecirc Gestor do Simples Nacional vinculado ao Ministeacuterio da Fazenda composto por 4 (quatro) representantes da Secretaria da Receita Federal do Brasil como representantes da Uniatildeo 2 (dois) dos Estados e do Distrito Federal e 2 (dois) dos Municiacutepios para tratar dos aspectos tributaacuterios

65

II - Foacuterum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte com a participaccedilatildeo dos oacutergatildeos federais competentes e das entidades vinculadas ao setor para tratar dos demais aspectos ressalvado o disposto no inciso III do caput deste artigo III - Comitecirc para Gestatildeo da Rede Nacional para Simplificaccedilatildeo do Registro e da Legalizaccedilatildeo de Empresas e Negoacutecios - CGSIM vinculado agrave Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidecircncia da Repuacuteblica composto por representantes da Uniatildeo dos Estados e do Distrito Federal dos Municiacutepios e demais oacutergatildeos de apoio e de registro empresarial na forma definida pelo Poder Executivo para tratar do processo de registro e de legalizaccedilatildeo de empresaacuterios e de pessoas juriacutedicas

21 (BRASIL 2006)

321 O Comitecirc Gestor Municipal na MRGP

Na adequaccedilatildeo municipal agrave Lei Geral e suas alteraccedilotildees (LC 12808 e LC

14714) com o propoacutesito de estimular o ambiente institucional as prefeituras em

parcerias com o SEBRAE criaram Comitecircs Gestores Municipais22 (CGM) com a

proposta de ―[] implementar e acompanhar a aplicaccedilatildeo [] da Lei Complementar

Federal nordm 1232006 na redaccedilatildeo dada pela Lei Complementar Federal nordm 1282008

(PARANAGUAacute Dec 88713 art 1ordm) Os Comitecircs Gestores Municipais satildeo oacutergatildeos

de ―natureza colegiada para coordenar a poliacutetica relativa agrave micro e pequena empresa

no municiacutepio (SEBRAE 2013 p 61) e satildeo integrados por sujeitos da administraccedilatildeo

puacuteblica e de setores da sociedade civil

No modelo institucional adotado pelo CGM estaacute previsto o viacutenculo e parceria

entre Instituiccedilotildees Poliacuteticas (Federal Estadual e Municipal) Instituiccedilotildees Mercantis e

Instituiccedilotildees de Produccedilatildeo

As Instituiccedilotildees Poliacuteticas nesse contexto especiacutefico satildeo representadas pelo

Governo Local atraveacutes das suas secretarias e a Sala do Empreendedor no Governo

Federal e Estadual atraveacutes de Instituiccedilotildees de creacutedito e de educaccedilatildeo

Os municiacutepios da MRGP que estabeleceram CGM satildeo Paranaguaacute Pontal do

Paranaacute e Matinhos Estes aderiram ao Programa Cidade Empreendedora em

formato integral e com isso possuem assessoramento contiacutenuo junto ao SEBRAE

seja na forma de capacitaccedilatildeo dos agentes puacuteblicosseja na forma de consultoria

para os MEI e MPE Para o SEBRAE

21

O inciso III do sect 2ordm da PLC 12306 foi incluiacutedo pela LC 1472014 22

Utilizarei a sigla CGM para designar Comitecirc Gestor Municipal

66

O Comitecirc Gestor Municipal eacute a forma pela qual este projeto de institucionalizaccedilatildeo da lei geral seraacute implantado e controlado O Comitecirc poderaacute ser constituiacutedo de atores (instituiccedilotildees pessoas) que compotildeem o poder puacuteblico municipal associaccedilotildees representantes da sociedade etc e deveraacute conduzir a institucionalizaccedilatildeo da lei geral de forma a obter o melhor ambiente possiacutevel para os empreendedores individuais e micro e pequenas empresas (SEBRAE 2013 p 12)

O municiacutepio de Paranaguaacute em 2013 criou o Comitecirc Gestor Municipal sob o

Decreto Municipal 88713 composto por seguimentos representantes dos setores

puacuteblico e privado conforme listados no quadro abaixo (QUADRO 4)

QUADRO 4 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PARANAGUAacute PARA ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS ALTERACcedilOtildeES

FONTE Decreto Municipal Paranaguaacute n 887 de 25 out 2013

Por finalidade segundo o referido Decreto o CGM teraacute que implementar e

acompanhar a aplicaccedilatildeo da Lei Municipal 080 de 06 marccedilo de 2008 que oferece

regime juriacutedico tributaacuterio simplificado e diferenciado agraves micro e pequenas empresas

no acircmbito municipal alinhando-se agrave LC 12306 Dentre as competecircncias do CGM de

Paranaguaacute estatildeo

Art 2o O tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado agraves

microempresas e empresas de pequeno porte de que trata o art 1o desta

Lei Complementar seraacute gerido pelas instacircncias a seguir especificadas I - Acompanhar a regulamentaccedilatildeo e a implementaccedilatildeo do Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte no Municiacutepio inclusive promovendo medidas de integraccedilatildeo e coordenaccedilatildeo entre os oacutergatildeos puacuteblicos e privados interessados II - orientar e assessorar a formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da poliacutetica municipal de desenvolvimento das microempresas e empresas de pequeno porte III - Acompanhar as deliberaccedilotildees e os estudos desenvolvidos no acircmbito do Foacuterum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte do

CONTROLADORIA GERAL

SECRETARIAS MUNICIPAIS

SALA DO EMPREENDEDOR

ASSOCIACcedilAtildeO COMERCIAL E EMPRESARIAL DE PARANAGUAacute

SITEMA DE CREacuteDITO

SENAIFIEP

INSTITUTO FEDERAL DO PARANAacute

CAcircMARA MUNICIPAL

SINDICATO DOS CONTABILISTAS DE PARANAGUAacute

67

Foacuterum Estadual da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte e do Comitecirc para Gestatildeo da Rede Nacional para a Simplificaccedilatildeo do Registro e da Legalizaccedilatildeo de Empresas e Negoacutecios IV - Sugerir eou promover accedilotildees de apoio ao desenvolvimento da microempresa e da empresa de pequeno porte local ou regional(Paranaguaacute 2008 art 1ordm incisos I II III e IV)

Em Paranaguaacute o CGM atua de maneira articulada envolvendo todos os

atores nas estrateacutegias voltadas ao segmento empresarial e empreendedor local

inclusive com organizaccedilotildees do ―Sistema S como o SEBRAE e o SENAI que atuam

na aacuterea de capacitaccedilatildeo e formaccedilatildeo desses segmentos econocircmicos

As estrateacutegias satildeo colocadas em praacutetica em conformidade com a

capacidade orccedilamentaacuteria disponibilizada para este fim Nesse caso o orccedilamento

descrito no Plano Plurianual do municiacutepio para o ―Programa de Geraccedilatildeo de Emprego

e Renda entre os anos de 2014 a 2017 tem como foco

Apoio aos pequenos e microempreendedores cooperativas e outras formas associativas de produccedilatildeo desburocratizando o processo de criaccedilatildeo de novos empreendimentos Promoccedilatildeo de projetos inovadores Desenvolvimento e integraccedilatildeo de pequenas meacutedias e grandes empresas e induacutestrias estimulando a formaccedilatildeo de cadeias produtivas para induzir o crescimento ordenado e sustentaacutevel (PARANAGUAacute 2013 p 163)

Dentre as accedilotildees estabelecidas no Plano Plurianual 2014-2017 estatildeo a)

capacitaccedilatildeo para o primeiro emprego b) treinamento para os desempregados c)

prestaccedilatildeo de atendimento ao trabalhador

Quanto agrave capacitaccedilatildeo e treinamento perfeitamente compete ao CGM

articular accedilotildees envolvendo entidades do sistema S como o SEBRAE e o SENAI que

possuem competecircncias teacutecnicas para atender a demanda

Assim como Paranaguaacute a Sala do Empreendedor em Pontal do Paranaacute

subordinado diretamente agrave Secretaria Municipal de Desenvolvimento eacute o

departamento mais atuante do CGM no apoio ao MEI tanto pela sua posiccedilatildeo

estrateacutegica em que o agente de desenvolvimento atua diretamente com o MEI

quanto pela articulaccedilatildeo com os outros oacutergatildeos e secretarias municipais

O CGM de Pontal do Paranaacute foi instituiacutedo pelo Decreto municipal 54812015

e dentre os objetivos relatado pelo Secretaacuterio de Desenvolvimento estaacute o de

coordenar os trabalhos de assistecircncia ao microempreendedor em aspectos

relacionados agrave formalizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo a processos licitatoacuterios

68

QUADRO 5 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PONTAL DO PARANAacute PARA ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS ALTERACcedilOtildeES

FONTE Decreto Municipal Pontal do Paranaacute n 5481 de 23 dez 2015

Ainda segundo relatos do Secretaacuterio Municipal no iniacutecio da criaccedilatildeo do

Comitecirc Gestor houve divergecircncias falta de colaboraccedilatildeo e dificuldade no

entendimento da proacutepria Lei Geral e sobretudo das LC 12806 e LC 14714 poreacutem

com o amadurecimento das ideias em torno dos objetivos do CGM e das estrateacutegias

adotadas houve ganho de credibilidade dos oacutergatildeo puacuteblicos

A LC 14714 comenta o secretaacuterio era interpretada de formas diferentes

pelos oacutergatildeos O Corpo de Bombeiros a exemplo era muito resistente em se adaptar

ao disposto no art 4ordm sect 3ordm da referida lei que tratava sobre isenccedilatildeo total para a

abertura de empresa para o microempreendedor individual o que acarretava

divergecircncias na leitura e interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo

Ressalvado o disposto nesta Lei Complementar ficam reduzidos a 0 (zero) todos os custos inclusive preacutevios relativos agrave abertura agrave inscriccedilatildeo ao registro ao funcionamento ao alvaraacute agrave licenccedila ao cadastro agraves alteraccedilotildees e procedimentos de baixa e encerramento e aos demais itens relativos ao Microempreendedor Individual incluindo os valores referentes a taxas a emolumentos e a demais contribuiccedilotildees relativas aos oacutergatildeos de registro de licenciamento sindicais de regulamentaccedilatildeo de anotaccedilatildeo de responsabilidade teacutecnica de vistoria e de fiscalizaccedilatildeo do exerciacutecio de profissotildees regulamentadas (BRASIL 2014 art 4ordm sect3ordm)

A Associaccedilatildeo das Micro e pequenas Empresas do Litoral do Paranaacute

(AMPEC Litoral) relatou das dificuldades quanto agraves licitaccedilotildees e a capacidade dos

―menores em participar do processo Na posiccedilatildeo do entrevistado2 o municiacutepio se

revela em suas palavras ―mau pagador e tem ateacute 90 dias para efetuar o

pagamento23 tornando inviaacutevel para a maioria dos microempreendedores fornecer

ao municiacutepio O argumento eacute de que grande parte dos MEI natildeo possui capital

23

O art 73 sect 3ordm da Lei nordm 8666 de21 jun 1993 estabelece o prazo de noventa dias para que o objeto executado seja pago pela Administraccedilatildeo Puacuteblica contratante

SECRETARIAS MUNICIPAIS

AMPEC - LITORAL

ACIAPAR

ASSOCIACcedilAtildeO DOS ARTESAtildeO

SISTEMA DE CREacuteDITO

CENTRO DE ESTUDOS DO MAR

CONTADORES DE PONTAL DO PARANAacute

69

suficiente e capacidade econocircmica para suportar um prazo tatildeo longo para receber

os serviccedilos prestados

O CGM do municiacutepio de Matinhos apresentou caracteriacutesticas muito

peculiares em relaccedilatildeo aos de Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute Segundo o

entrevistado5 havia muitas divergecircncias dentro do CGM sobretudo quando as

decisotildees tomadas coletivamente natildeo continham energia suficiente para colocaacute-las

em praacutetica

QUADRO 6 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM DE MATINHOS

FONTE Decreto Municipal Matinhos n 441 de 30 jul 2013

Outro ponto que dificultava as tomadas de decisotildees com base na demanda

legal e de aspectos ligados agrave Lei Geral era o fato da pouca compreensatildeo pelos

sujeitos envolvidos nas finalidades e propostas da Poliacutetica Puacuteblica em questatildeo

Sobre este e os problemas da implementaccedilatildeo da Poliacutetica Puacuteblica Lima e Dlsquo Ascenzi

(2013) em suas anaacutelises apresenta alguns pontos importantes

[] em primeiro lugar haacute uma multiplicidade de atores de diferentes tipos de organizaccedilotildees com interesses diversos que satildeo agregados para operar a poliacutetica Tais atores interagem em uma trajetoacuteria de pontos de decisatildeo nos quais suas perspectivas se expressam Em segundo lugar os atores mudam com o passar do tempo Isso faz que a interaccedilatildeo tambeacutem mude pois mudam as perspectivas e a percepccedilatildeo que um ator tem do outro Essa mudanccedila de atores insere pontos de descontinuidade e de necessidade de novas e mais negociaccedilotildees(LIMA Dlsquo ASCENZI 2013 p 103)

322 Salas do Empreendedor e o Agente de Desenvolvimento

A sala do Empreendedor parceria entre os cinco municiacutepios citados do

litoral paranaense e o SEBRAE tem funccedilotildees especiacuteficas tanto no atendimento ao

MEI quanto agraves MPE Os serviccedilos vatildeo desde a desburocratizaccedilatildeo e formalizaccedilatildeo ateacute

a consultoria de gestatildeo e financcedilas que satildeo realizadas gratuitamente pelos Agentes

de Desenvolvimento e por consultores do SEBRAE A ―Sala eacute uma adaptaccedilatildeo do

Secretaria Municipal de Turismo e Desenvolvimento Econocircmico

Secretaria Municipal de Administraccedilatildeo

Secretaria Municipal de Planejamento

Sindicato dos Contabilistas

Federaccedilatildeo do Comeacutercio do Paranaacute - FECOMEacuteRCIO

Associaccedilatildeo Comercial e Empresarial de Matinhos - ACIMA

70

SEBRAE ao Programa Cidade Empreendedora24 e tem como objetivo segundo esta

Instituiccedilatildeo de a) incentivar a legalizaccedilatildeo de negoacutecios informais b) facilitar a

abertura de novas empresas c) regularizar as atividades informais aleacutem de apoiar o

MEI quanto agrave formalizaccedilatildeo e informaccedilotildees necessaacuterias relativas agraves especificidades

da sua atuaccedilatildeo como MEI formalizado Segundo o portal do Municiacutepio de Pontal do

Paranaacute satildeo ofertados os serviccedilos de

a) Atendimento presencial individual

b) Orientaccedilatildeo de controles - Caixa e Vendas

Palestras

c) Orientaccedilatildeo sobre direitos e obrigaccedilotildees

d) Programa Negoacutecio a Negoacutecio

Os Agentes de Desenvolvimento25 satildeo funcionaacuterios dos quadros das

prefeituras que recebem treinamento pelo SEBRAE com vistas a assumirem

responsabilidades co-participativas na implementaccedilatildeo da Lei Geral dentro dos

municiacutepios de atuaccedilatildeo Esses atores da administraccedilatildeo puacuteblica direta podem

constituir elementos estrateacutegicos na dinacircmica das ideias de desenvolvimento local

sobretudo no apoio agrave evoluccedilatildeo e estruturaccedilatildeo das micro e pequenas empresas

futuros empreendedores e empreendedores que jaacute atuam

Esses agentes possibilitam o entendimento na inovaccedilatildeo da administraccedilatildeo

puacuteblica quanto agrave movimentaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo dos recursos humanos inicialmente

em seus quadros de pessoal que atende agraves demandas de transformaccedilotildees ocorridas

nas dimensotildees sociais econocircmicas e poliacuteticas a partir do pressuposto que estas

trecircs dimensotildees estatildeo associadas

1) Social ndash promovida principalmente pela ―revoluccedilatildeo expansatildeo

tecnoloacutegica e pela globalizaccedilatildeo

24

Programa do SEBRAE tem como objetivo ―potencializar a implementaccedilatildeo e institucionalizaccedilatildeo da Lei Geral visando agrave melhoria do ambiente de negoacutecios para o Microempreendedor Individual e para as micro e pequenas empresas contribuindo dessa forma com a geraccedilatildeo de emprego e renda (SEBRAE 2013 p 9) lthttpsitesprsebraecombrleigeralwp-contentuploadssites35201402Termo_referencia_2013-2ultimaversaopdfgtgt 25

Para Albuquerque (1997) o processo de desenvolvimento exige a movimentaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo dos recursos humanos e estes devem ser vistos como peccedilas decisivas e natildeo somente como ferramentas ou objeto de produccedilatildeo mas sim como elementos chaves e atores importantes no desenvolvimento

71

2) Econocircmica ndash pelas contradiccedilotildees econocircmicas do sistema neoliberal que

culminaram com a falecircncia da estrutura de produccedilatildeo fabril abrindo

espaccedilo para o setor terciaacuterio

3) Poliacutetica ndash no Estado Democraacutetico de Direito a participaccedilatildeo mais efetiva

de movimentos sociais nas questotildees puacuteblicas altera aspectos e

mecanismos antigos da poliacutetica sobre maneira na perspectiva do

controle social e no quadro decisoacuterio

Em nossos estudos percebemos que a criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas

favoraacuteveis ao desenvolvimento regional e local assim como o estabelecimento de

convecircnio e parceria com entidades ligadas ao desenvolvimento das capacidades

locais depende de alguns elementos 1) Estrutura municipal 2) A maturidade do

municiacutepio com relaccedilatildeo agraves concepccedilotildees de desenvolvimento local 3) O tema de

desenvolvimento local estar na pauta do municiacutepio (prioridades de gestatildeo) 4)

Definiccedilatildeo de estrateacutegias por conta da administraccedilatildeo de recursos 5) A maturidade do

empresariado local

323 Accedilotildees regulares coordenadas pelos municiacutepios de incentivo ao MEI

Os municiacutepios que estabelecem parcerias com o SEBRAE possuem

algumas accedilotildees planificadas em virtude da proacutepria capacitaccedilatildeo dos agentes puacuteblicos

envolvidas no processo de implementaccedilatildeo das poliacuteticas de desenvolvimento e do

convecircnio que prevecirc essas accedilotildees Muito embora a expansatildeo de accedilotildees que

melhorem o ambiente de fomento fica a criteacuterio dos municiacutepios Abaixo (QUADRO

9) descrevemos algumas accedilotildees adotadas pelas prefeituras na MRGP

QUADRO 7 - ACcedilOtildeES REGULARES DE APOIO AO MEI NA MRGP continua

MUNICIacutePIO ACcedilOtildeES REGULARES

ANTONINA - Habilitaccedilatildeo ao sistema Empresa Faacutecil

GUARAQUECcedilABA - Habilitaccedilatildeo ao sistema Empresa Faacutecil

72

QUADRO 7 - ACcedilOtildeES REGULARES DE APOIO AO MEI NA MRGP conclusatildeo

MUNICIacutePIO ACcedilOtildeES REGULARES

GUARATUBA - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil - A ACIG estaacute estudando para abrir espaccedilo de associaccedilatildeo para o MEI com parcelas de contribuiccedilatildeo reduzida que pode chegar a 50 a menos do valor cobrado

MATINHOS - Atendimento na Sala do Empreendedor pelo agente do SEBRAE na aacuterea de financcedilas planejamento e gestatildeo (uma vez por mecircs) - Feira da Lua organizada pela AMPEC serve de exposiccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de produtos e serviccedilos ofertados pelos MEI aleacutem de orientaccedilatildeo e consultoria oferecida pelo SEBRAE - Semana do Microempreendedor Individual organizado pelo SEBRAE acontece anualmente e tem como propoacutesito consultorias e orientaccedilotildees ao MEI - Palestras do Programa SEI para o MEI ofertadas pelo SEBRAE - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil - Na ACIMA para se associar o MEI contribui com parcelas reduzidas obtendo todos os serviccedilos disponibilizados pela associaccedilatildeo

PARANAGUAacute - Atendimento na Sala do Empreendedor pelo agente do SEBRAE na aacuterea de financcedilas planejamento e gestatildeo (a cada 15 dias) - Feira da Lua serve de exposiccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de produtos e serviccedilos ofertados pelos MEI aleacutem de orientaccedilatildeo e consultoria oferecida pelo SEBRAE - Semana do Microempreendedor Individual organizado pelo SEBRAE acontece anualmente e tem como propoacutesito consultorias e orientaccedilotildees ao MEI - Palestras do Programa SEI para o MEI ofertadas pelo SEBRAE - Cursos de curta duraccedilatildeo oferecidos pelo SEBRAE atraveacutes de consultoria para a capacitaccedilatildeo e creacutedito que satildeo intermediados junto a Sala do Empreendedor - Articulaccedilatildeo da Sala do Empreendedor com Instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas na constituiccedilatildeo de creacutedito como na capacitaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo - Cursos de capacitaccedilatildeo de fornecimento e compra com o objetivo de identificaccedilatildeo de fornecedores dentro do municiacutepio e que sejam aptos a participarem de processos licitatoacuterios - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil - Na ACIAPAR para se associar o MEI contribui com parcelas reduzidas obtendo todos os serviccedilos disponibilizados pela associaccedilatildeo

PONTAL DO PARANAacute - Palestras do Programa SEI para o MEI ofertadas pelo SEBRAE - Atendimento na Sala do Empreendedor pelo agente do SEBRAE na aacuterea de financcedilas e planejamento (uma vez por mecircs) - Palestras para os vendedores ambulantes com o objetivo de orientaccedilatildeo agrave formalizaccedilatildeo - A Feira da Lua que ocorre no balneaacuterio de Sta Terezinha atraveacutes de parceria com a prefeitura o BB o SEBRAE realizam serviccedilos de consultoria gratuitamente - Cursos em parceria entre Prefeitura e ACIAP para vendedores e compradores - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil

FONTE Salas do empreendedor de Matinhos Pontal do Paranaacute Paranaguaacute e Morretes

A planificaccedilatildeo de algumas accedilotildees pelo sistema SEBRAE se traduz por um

lado na pouca experiecircncia municipal em estrateacutegias de desenvolvimento e por

73

outro lado a substituiccedilatildeo dos governos locais que podem alterar determinadas

estrateacutegias poreacutem as adotadas pela parceria entre o municiacutepio e o SEBRAE ficam

imunes agraves mudanccedilas

Ressaltamos que uma das accedilotildees do Estado importante para facilitar a

legalizaccedilatildeo e a expediccedilatildeo de registro de maneira desburocratizada da empresa eacute a

criaccedilatildeo da Rede Nacional para a Simplificaccedilatildeo do Registro e da Legalizaccedilatildeo de

Empresas e Negoacutecios (REDESIM) instituiacuteda pela Lei 1159807 Sublinhamos que a

partir desta lei a interaccedilatildeo entre os oacutergatildeos responsaacuteveis pela legalizaccedilatildeo e pela

expediccedilatildeo do registro de funcionamento ocorre por dados lanccedilados em sistema

unificado entre oacutergatildeos da federaccedilatildeo dos Estados e Municiacutepios A implantaccedilatildeo

dessa Lei no Paranaacute foi efetivada com a criaccedilatildeo do sistema Empresa

Faacutecilintegrando o Governo de Estado do Paranaacute Associaccedilatildeo dos municiacutepios do

Paranaacute Junta Comercial do Paranaacute e SEBRAE

No litoral paranaense como demonstrado pelo site do Empresa Faacutecil a

implantaccedilatildeo e habilitaccedilatildeo dos sete municiacutepios ao sistema operante estaacute completa

Como observado (QUADRO 7) acima veremos que os municiacutepios de

Paranaguaacute Pontal do Paranaacute e Matinhos que possuem parcerias com o SEBRAE

de forma integral constituem vaacuterias accedilotildees planificadas com base na orientaccedilatildeo de

capacitaccedilatildeo institucional proporcionada por essa instituiccedilatildeo e como mencionado

pelo agente do SEBRAE algumas accedilotildees satildeo planificadas mas a sala do

empreendedor de acordo com a administraccedilatildeo local tem flexibilidade para

aumentar os serviccedilos prestados aos MEI e realizar accedilotildees que viabilizem a melhoria

dos serviccedilos prestados

74

4 DIFICULDADES E AVANCcedilOS NO DESENVOLVIMENTO INCLUDENTE DO

MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL NO LITORAL DO PARANAacute

O litoral se constituiu de forma diferenciada no Paranaacute natildeo tendo

incorporado ao modelo de desenvolvimento capitalista adotado por outras regiotildees

conforme descrito anteriormente Uma das caracteriacutesticas importantes que

predomina na regiatildeo eacute a quase nula existecircncia de poliacuteticas de desenvolvimento

voltadas agraves capacidades locais e regionais

Nesse capiacutetulo dentro das concepccedilotildees de desenvolvimento local

analisaremos alguns elementos geradores de desenvolvimento de crescimento e de

sustentabilidade para o MEI na MRGP

41 A CAPACIDADE MUNICIPAL NO LITORAL DO PARANAacute EM MOBILIZAR

MECANISMOS PROPIacuteCIOS AO DESENVOLVIMENTO DO MEI

A participaccedilatildeo municipal como vetor do desenvolvimento local eacute vital para

conduzir accedilotildees e estrateacutegias que objetivem a superaccedilatildeo de obstaacuteculos produzidos

por desequiliacutebrios nas aacutereas social econocircmica e poliacutetica Para isso um municiacutepio

atuante e proativo nas questotildees internas provido de atitudes positivas mediante

planejamento e poliacuteticas puacuteblicas de maximizaccedilatildeo das capacidades locais pode

reverter circunstacircncias muitas vezes de fragilidade do tecido social e empresarial

para a otimizaccedilatildeo das condiccedilotildees que promovam o desenvolvimento das liberdades

humanas (autonomia do indiviacuteduo) (SEN 2000 PEREIRA 2006)

O crescimento populacional e a expansatildeo urbana desordenada a falta de

poliacuteticas puacuteblicas especiacuteficas de desenvolvimento regional e local expocircs um quadro

que coloca em evidecircncia a fragilidade econocircmica e administrativa dos governos

locais no litoral do Paranaacute para enfrentamento de problemas especiacuteficos na

economia do trabalho e na manutenccedilatildeo e extensatildeo de programas de infraestrutura

e ainda a dificuldade de implantaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas includentes que

necessitam de aplicaccedilatildeo significativa de capital

A MRGP em 2004 possuiacutea uma dos maiores PIB per capta do Estado com

a meacutedia acima da estadual constituindo uma das microrregiotildees mais dinacircmicas

segundo Trevisan e Lima (2010) sendo que Paranaguaacute como o grande vetor

75

econocircmico da regiatildeo posto o complexo portuaacuterio e industrial segundo os autores

firmava-se como o 4ordm municiacutepio do Paranaacute com maior PIB per capta No entanto

havia dessemelhanccedilas econocircmicas entre os municiacutepios da regiatildeo em que

Paranaguaacute o municiacutepio mais rico evidenciava disparidades em relaccedilatildeo aos outros

municiacutepios sobretudo Guaraqueccedilaba Matinhos e Morretes agrave eacutepoca os mais

pobres justamente pela sua capacidade de produzir riquezas em funccedilatildeo do porto

de Paranaguaacute

Em 2015 como demonstra o IPARDES Paranaguaacute continua sendo o

principal vetor econocircmico da regiatildeo poreacutem seu PIB per capta ficou abaixo da meacutedia

estadual assim como a sua receita teve decreacutescimo entre os anos 2013 e 2015

(TABELA 8)

Percebemos (GRAacuteFICO 1) que os municiacutepios de Morretes Antonina e

Paranaguaacute tiveram quedas em suas receitas entre os anos de 2014 e 2015 e suas

despesas (GRAacuteFICO 2) no mesmo periacuteodo aumentaram em relaccedilatildeo agraves receitas

destes municiacutepios A identificaccedilatildeo de uma queda de receita desse modo pode

constituir em impacto negativo para investimentos em setores necessaacuterios ao

desenvolvimento visto a baixa capacidade econocircmica municipal

GRAacuteFICO 1- RECEITAS TOTAIS DOS MUNICIacutePIOS

FONTE IPARDES DEEPASK

No caso especiacutefico de Antonina em 2015 o municiacutepio aumentou para 4 a

aliacutequota do ISSQN (ISS) O setor portuaacuterio contraacuterio ao aumento realizou um

depoacutesito judicial do montante dos tributos Tal accedilatildeo juriacutedica representou uma das

000

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

Milh

otildees

(R

$)

2013

2014

2015

76

principais causas diretas na queda de arrecadaccedilatildeo municipal permitindo a reduccedilatildeo

da disposiccedilatildeo do municiacutepio em criar propostas de melhoria das condiccedilotildees

socioeconocircmicas da populaccedilatildeo O fato eacute que o aumento na aliacutequota desse tributo

na expectativa de aumentar as divisas municipais de Antonina poderaacute causar em

curto prazo efeito reverso como indicado pela Secretaria de Infraestrutura e

Logiacutestica do Paranaacute (2014)

Uma lei municipal que entra em vigor a partir de janeiro de 2015 pode tornar a cidade de Antonina menos competitiva para investimentos no setor portuaacuterio Eacute que o municiacutepio aprovou o aumento na cobranccedila da aliacutequota do Imposto Sobre Serviccedilos (ISS) que passaraacute a ser de 4 Isso coloca Antonina como a cidade mais cara entre as principais cidades portuaacuterias do centro-sul do Brasil

Portanto com a queda na capacidade de geraccedilatildeo de riquezas a

inviabilidade de intervir em problemas socioeconocircmicos atraveacutes de poliacuteticas puacuteblicas

e accedilotildees de meacutedio e longo prazos e com o enfraquecimento dos governos locais por

conta na reduccedilatildeo das receitas suas accedilotildees na criaccedilatildeo de condiccedilotildees de

desenvolvimento local ficam limitadas Ainda assim alinhando-se a queda de

receita as despesas municipais em alguns casos ultrapassaram a arrecadaccedilatildeo

agravando ainda mais as contas puacuteblicas e impedindo investimentos em setores

estrateacutegicos para o desenvolvimento

GRAacuteFICO 2- ARRECADCcedilAtildeO E DESPESAS MUNICIPAIS NA MRGP (2015)

FONTE IPARDES DEEPASK

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

Milh

otildees

(R

$)

Arrecadaccedilatildeo2015

Despesas2015

77

O maior desequiliacutebrio das contas puacuteblicas (relaccedilatildeo entre arrecadaccedilatildeo e

despesas) se deu no municiacutepio de Paranaguaacute em que as despesas superaram a

arrecadaccedilatildeo em 49 como observado (GRAacuteFICO 2)

As quedas de receitas refletem em parte o pouco investimento em setores

produtivos tais como o fomento e apoio agraves micro e pequenas empresas que se

constituem segundo o SEBRAE e Sachs (2003) no setor que mais gera empregos

locais e se constitui como fonte de geraccedilatildeo de divisas para os municiacutepios de outro

lado a complexidade em buscar alternativas de substituiccedilatildeo da arrecadaccedilatildeo se

traduz em fator importante

Em Morretes e Antonina no entanto algumas accedilotildees para aumentar a receita

foram colocadas em praacutetica Uma delas eacute o georreferenciamento dos imoacuteveis para o

pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) que satildeo representados

por altas taxas de inadimplecircncia e segundo o entrevistado (6) pode chegar a 50

de devedores

O IPTU como observado nas cidades de Morretes Guaraqueccedilaba Antonina

e Paranaguaacute (GRAacuteFICO3) tem pouca expressividade na arrecadaccedilatildeo tributaacuteria

desses municiacutepios Jaacute nos municiacutepios de Matinhos Guaratuba e Pontal do Paranaacute o

IPTU contribui significativamente na geraccedilatildeo de receita se posicionando acima da

meacutedia nacional que ficou em 2435 em 2014

GRAacuteFICO 3 - IPTU EM RELACcedilAtildeO Agrave ARRECADACcedilAtildeO TRIBUTAacuteRIA DOS MUNICIacutePIOS DA MRGP (2013 ndash 2014) ()

FONTE DEEPASK ndash montagem dos autores lthttpwwwdeepaskcombrgoespage=Imposto---

IPTU-Veja-a-receita-tributaria-no-seu-municipiogt

0

10

20

30

40

50

60

valo

res p

erc

entu

ais

78

No municiacutepio de Morretes o processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria adotado

pela Secretaria de Infraestrutura no nosso entendimento consiste numa estrateacutegia

de desenvolvimento e de receita na medida de geraccedilatildeo de emprego e renda atraveacutes

da construccedilatildeo civil que expande a prestaccedilatildeo de bens e serviccedilos

Tanto o georreferenciamento quanto a regularizaccedilatildeo fundiaacuteriapredial em

Antonina e Morretes satildeo estrateacutegias afirmativas que tem como propoacutesitos a

regularizaccedilatildeo de aacutereas habitacionais residecircncias e lotes com grandes

possibilidades de elevar a receita municipal observado as delimitaccedilotildees de aacutereas

especialmente protegidas como aacutereas de preservaccedilatildeo permanente (APP) Unidades

de Conservaccedilatildeo (UC) Poreacutem cabe ressaltar que a maior funccedilatildeo da regularizaccedilatildeo

fundiaacuteria eacute equacionar problemas resultantes da expansatildeo urbana desordenada (a

favelizaccedilatildeo eacute um dos problemas)

Nesse sentido a regularizaccedilatildeo fundiaacuteria eacute ―um mecanismo apto a trazer para

a legalidade uma situaccedilatildeo fundiaacuteria que possa ser identificada como de interesse

social ou seja que tenha como puacuteblico alvo a populaccedilatildeo de baixa renda

(NASCIMENTO 2013 p 12) Como afirma a autora dessa forma a implementaccedilatildeo

da regularizaccedilatildeo fundiaacuteria torna ―evidente o conteuacutedo social a que o bem serviraacute

(idem p 18)

Em Pontal do Paranaacute como relatou entrevistado3 sobre o fortalecimento

das receitas o municiacutepio atraveacutes do Conselho Gestor adotou para 2017 um selo

de qualidade que seraacute fornecido agrave empresa que se encontrar regularizado com suas

diacutevidas junto agrave prefeitura ―O selo permite que haja retorno para a prefeitura atraveacutes

da contribuiccedilatildeo Eacute uma valorizaccedilatildeo para quem se encontra em situaccedilatildeo regular

(transcriccedilatildeo)

No entanto com pouca variaccedilatildeo para aumentar a receita e com menos

dinheiro em caixa as prefeituras deixam de investir em programas de meacutedio e longo

prazo com propostas no desenvolvimento positivosustentaacutevel e includente de

criaccedilatildeo institucional cultural social e econocircmica Ou seja criaccedilatildeo de um ambiente

favoraacutevel agrave extensatildeo das liberdades e capacidades das pessoas (SEN 2000)26

26

As liberdades na visatildeo do autor satildeo condicionadas pelas circunstacircncias sociais poliacuteticas e econocircmicas as quais denomina de liberdades instrumentais e correspondem 1) liberdades poliacuteticas 2) facilidades econocircmicas 3) oportunidades sociais 4) garantias de transparecircncias 5) seguranccedila protetora (p54)

79

Para esse autor as liberdades satildeo partes constitutivas fundamentais do

enriquecimento do processo de desenvolvimento natildeo satildeo finitas em si mesmas

mas permitem a expansatildeo de outras liberdades sendo que o proacuteprio

desenvolvimento pode ser considerado como a expansatildeo das liberdades humanas

ou como sublinha Pereira (2006) ao se referir agrave ―autonomia baacutesica como um

elemento de precondiccedilatildeo societal a noccedilatildeo de autonomia estaacute ancorada nos

preceitos da ―democracia como recurso capaz de livrar os indiviacuteduos natildeo soacute da

opressatildeo sobre as suas liberdades (de escolha e de accedilatildeo) mas tambeacutem da miseacuteria

e do desamparo (PEREIRA 2006 p 70)

A falta de recursos sinalizou nas entrevistas com os agentes de

desenvolvimentos de Morretes Matinhos e Paranaguaacute a pouca flexibilidade dos

municiacutepios em estruturar suas agendas de programas de desenvolvimento local

restando o atendimento de formalizaccedilatildeo e serviccedilos baacutesicos aos

Microempreendedores tais como alteraccedilatildeo de dados alvaraacute baixa da inscriccedilatildeo e

Documento de Arrecadaccedilatildeo Simplificada (DAS) Essas accedilotildees de apoio efetivo agrave

categoria se por um lado representam o auxiacutelio prestado ao MEI por outro

constituem um fim em si mesmas pois desempenham funccedilotildees meramente

burocraacuteticas natildeo menos importantes mas poderiam ser desenvolvidas dentro de

um plano estrateacutegico que coadunassem simultaneamente outras accedilotildees previstas

nos dispositivos da LC 12808 sobre os instrumentos de apoio e poliacuteticas que

assegurem o desenvolvimento e a sustentabilidade dos MEI Dentro dessa anaacutelise

por um lado o ―fluxo contiacutenuo de criaccedilatildeo de novos empreendimentos que em sua

esmagadora maioria satildeo de pequeno porte (SACHS 2003 p 111) de outro lado

como demonstra o autor as MPE submetidas ao livre mercado aumentam os

nuacutemeros estatiacutesticos sobre a mortalidade das empresas posto as diferentes

condiccedilotildees de produccedilatildeo e competitividade no mercado aberto que produz um

―processo de seleccedilatildeo que pode ser qualificado de ―darwinismo social (idem p 111)

Em Morretes no final do ano de 2016 o desempenho da sala do

empreendedor estava muito limitado ou quase nulo como comentou o

entrevistado6 Aleacutem da estrutura reduzida em comparaccedilatildeo agraves cidades que

dispunham do programa em Morretes natildeo haviam atividades relacionadas ao

fomento das empresas locais nem tatildeo pouco a procura aos serviccedilos pelos MEI ou

potenciais empreendedores Poreacutem em 2015 como observou o entrevistado6 ―a

partir da adequaccedilatildeo da 147 (LC 14714) o carimbo da vigilacircncia sanitaacuteria deu

80

valoraccedilatildeo para o produto Alguns produtores padronizaram o roacutetulo e as empresas

Essas medidas favorecem o atendimento ao turismo (transcriccedilatildeo)

Em Paranaguaacute segundo o entrevistado7 as atividades da sala do

empreendedor estavam muito reduzidas e fixavam-se apenas no processo de

formalizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo nas duacutevidas que surgiam natildeo sendo possiacutevel desenvolver

accedilotildees muito extensas fora da sala27 Poreacutem atraveacutes do Programa Compras Paranaacute

o municiacutepio ofereceu cursos de capacitaccedilatildeo dos funcionaacuterios para compras em

oacutergatildeo puacuteblicos assim como capacitaccedilatildeo de alguns fornecedores em licitaccedilotildees O

objetivo dessa accedilatildeo era ―identificar novos fornecedores dentro do municiacutepio

fortalecendo o mercado interno gerando divisas emprego e renda (entrvistado7-

transcriccedilatildeo)

Em Morretes o entrevistado municipal o entrvistado6 nos disse ―natildeo haacute

procura por licitaccedilotildees (pelos MEI) E as empresas locais dificilmente procuram a

licitaccedilatildeo (transcriccedilatildeo) Assim a falta de poliacuteticas de desenvolvimento local e da

categoria poderaacute contribuir no afastamento de propostas significativas de inclusatildeo

social do MEI na MRGP frisados na LC 12808

Constatamos que a falta de recursos constitui um dos elementos importantes

que inviabilizam a implantaccedilatildeo integral contiacutenua e sustentaacutevel das LC 12306

LC12808 e LC 14714 ndash conjunto de leis que normatizam as MPE e

Microempreendedores individuais - bem como em poliacuteticas de geraccedilatildeo de emprego

e renda e mesmo em outras aacutereas de sustentaccedilatildeo de poliacuteticas sociais pois

segundo Sachs (2003) as poliacuteticas econocircmicas e sociais satildeo indissociaacuteveis

complementares e dependentes de investimentos

Embora outros motivos tais como o amadurecimento da gestatildeo municipal agrave

concepccedilatildeo de desenvolvimento local incluindo categorias especiacuteficas de produccedilatildeo e

inclusatildeo como eacute o caso dos MEI conferimos agrave baixa capacidade econocircmica do

poder puacuteblico local uma das principais dificuldades em produzir mecanismos de

enfrentamento agrave vulnerabilidade dos trabalhadores locais muitas vezes com pouca

ou sem qualificaccedilatildeo para o mercado de trabalho

Deduzimos atraveacutes de nossas pesquisas que a falta de comunicaccedilatildeo

informaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo nas propostas da sala do empreendedor assim como em

27

No plano Plurianual 20142017 de Paranaguaacute estaacute previsto o investimento de R$ 10000000 para o apoio aos MEI desenvolvimento das micro pequenas e grandes empresas e induacutestrias no estiacutemulo para desenvolver uma cadeia produtiva local de forma sustentaacutevel

81

processos de licitaccedilatildeo28 exclui grande parte dos MEI ao Acesso em de serviccedilos

baacutesicos estabelecidos em lei e possibilidades de relaccedilotildees comerciais com o

municiacutepio posto o desconhecimento das recomendaccedilotildees por parte dos MEI

estabelecidas na Lei Geral (LC 12308) a qual prescreve normas diferenciadas de

promoccedilatildeo de desenvolvimento desse segmento de trabalhadoresempreendedores

individuais

O municiacutepio empoderado atraveacutes de uma ambiente institucional e de um

aporte estrutural constituiacutedo aumenta as possibilidades de eficiecircncia na intervenccedilatildeo

em problemas locais O empoderamento dos municiacutepios nesse sentido eacute central no

processo de desenvolvimento tanto de categorias especiacuteficas quanto de categorias

marginalizadas pela ausecircncia do poder puacuteblico Eacute dessa forma que ―ao analisar

experiecircncias de desenvolvimento localregional vecirc-se forccedilada a noccedilatildeo de que a

presenccedila do Estado eacute fundamental (BARBOSA et al in POCHMANN 2004 p 275)

sendo ele o principal articulador e protagonista de poliacuteticas de desenvolvimento e

inclusatildeo social

411 A gestatildeo puacuteblica municipal no litoral paranaense e a destinaccedilatildeo da receita

Ao examinara literatura sobre o uso do dinheiro puacuteblico no litoral do Paranaacute

que no nosso entendimento tem a possibilidade de ser alocado prioritariamente em

instrumentos geradores de desenvolvimento para as pessoas das pessoas e pelas

pessoas (SACHS 2003) percebemos muitas vezes recursos jaacute reduzidos sendo

direcionados a atender minorias com respaldo poliacutetico econocircmico e social

Como analisa Monteiro (2013a) boa parte das receitas de Guaratuba e

Matinhos estatildeo sendo direcionadas agrave especulaccedilatildeo imobiliaacuteria com projetos de

infraestruturas (pavimentaccedilatildeo rede de esgoto etc) que beneficiam as elites locais

Estas elites satildeo na visatildeo de Frey (2000) amparadas por ―instituiccedilotildees de

intermediaccedilatildeo ndash patronagem poliacutetica clientelismo nepotismo fisiologismo e a

corrupccedilatildeo ndash [] (p 104) que constituem praacuteticas relacionais entre o poder central

local e oligarquias locais contribuindo para a ampliaccedilatildeo das desigualdades sociais

visto a apropriaccedilatildeo dos benefiacutecios por parte dessas elites

28

Conforme obrigatoriedade legal as licitaccedilotildees satildeo publicadas no site da prefeitura Tribunal de Contas e Diaacuterio oficial

82

Segundo Monteiro (2013a) em Caiobaacute balneaacuterio eletizado de Matinhos

com forte presenccedila de residecircncias de alto padratildeo e ainda com propostas a proacute-

verticalizaccedilatildeo a pavimentaccedilatildeo chega a 94 853 de calccediladas e 686 de

bueiros Enquanto em bairros como o Tabuleiro haacute 254 de ruas pavimentadas

164 de calcadas e 285 de bueiros denotando dessa forma os desniacuteveis de

emprego da receita para a manutenccedilatildeo das iniquidades entre as classes sociais

Jaacute em Guaratuba como salienta Monteiro (2013b)

[] veremos que boa parte da receita puacuteblica alimenta a especulaccedilatildeo imobiliaacuteria atraveacutes de obras de infraestrutura que beneficiam sobremaneira glebas vazias lotes baldios em suma propriedades que natildeo estatildeo cumprindo a funccedilatildeo social (MONTEIRO 2013a p 1)

Compreendemos dessa maneira que o espaccedilo constituiacutedo por relaccedilotildees de

poder pode representar o exerciacutecio de poder considerando algumas variaacuteveis

Como acentua Silva (2008) o poder local deve ser compreendido como exerciacutecio

das dimensotildees poliacutetica econocircmica social simboacutelica e cultural

A criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento local que promovam a

expansatildeo das liberdades humanas eacute indispensaacutevel a vontade poliacutetica o

amadurecimento agraves perspectivas de desenvolvimento pelos gestores municipais e

pelo empresariado local os recursos satisfatoacuterios nesse sentido o empoderamento

do municiacutepio eacute fundamental para o financiamento das poliacuteticas de desenvolvimento

a mediaccedilatildeo entre as relaccedilotildees de poder um aporte institucional capaz reduzir as

disparidades de classe e o planejamento e accedilatildeo sendo que o planejamento pode

ser revisado e modificado a julgar que toda accedilatildeo provoca modificaccedilotildees

Dentro dessa perspectiva foram analisados por Horochovski Junckes e

Muraro (2011) em trabalho realizado sobre um Programa de Desenvolvimento

Sustentaacutevel em Matinhos promovido pelo Banco do Brasil a participaccedilatildeo e o

planejamento pelos atores envolvidos Para esses autores os ―componentes

estruturais do modo de produccedilatildeo vigente apatia poliacutetica deacuteficits informacionais e a

persistecircncia de assimetrias e padrotildees autoritaacuterios e clienteliacutesticos [] (p 51)

constituem entre outros barreiras no processo democraacutetico e participativo

(HOROCHOVSKI JUNCKES MURARO 2011)

Ao discorrer sobre aspectos para o desenvolvimento local e o custeio

puacuteblico SEN (2000) afirma que natildeo se pode esperar um governo enriquecer para

83

investir em serviccedilos de base como a educaccedilatildeo e a sauacutede que na visatildeo do autor

satildeo elementos geradores de desenvolvimento posto que

A viabilidade desse processo conduzido pelo custeio puacuteblico depende do fato de que os serviccedilos sociais relevantes (como os serviccedilos de sauacutede e educaccedilatildeo) satildeo altamente trabalho-intensivos e portanto relativamente barato nas economias pobres ndash onde os salaacuterios satildeo baixos (SEN 2000 p 65)

Para esse autor se devem ponderar preccedilos e custos como paracircmetros de

quanto pode ou natildeo pode o governo gastar Adverte ele ainda que o processo

mediado pelo crescimento econocircmico acarreta em muitas vantagens tanto pelas

condiccedilotildees de investimentos quanto por provisotildees em setores essenciais como

educaccedilatildeo e sauacutede baacutesica

Dessa maneira reiteramos dentro da perspectiva de nossas anaacutelises a

necessidade do empoderamento municipal pois o Estado se consolida como o

principal condutor de processos de desenvolvimento Nessa direccedilatildeo entendemos

que o crescimento econocircmico eacute importante para o desenvolvimento (SACHS 2003

SEN 2000 FURTADO 2008) Natildeo como um fim em si mesmo mas um elemento

estrutural de outros coeficientes (aporte institucional poliacuteticas puacuteblicas nas aacutereas da

sauacutede e educaccedilatildeo e estrateacutegias macro e microeconocircmicas locais para o

desenvolvimento sustentaacutevel) que se materializem em equipamentos propiacutecios agrave

extensatildeo das ―liberdades humanas (SEN 2000)

42 UMA SIacuteNTESE COMPARATIVA ENTRE AS FORMALIZACcedilOtildeES E AS BAIXAS29

DO MEI NA MRGP

No desenvolvimento local conduzido em especial pelo ―custeio puacuteblico

(SEN 2000) atraveacutes dos governos subnacionais de inferecircncia nas aacutereas da

educaccedilatildeo sauacutede e economia o peso de interferecircncia do processo econocircmico pode

revelar-se como um dos imperativos entre o sucesso ou fracasso das estrateacutegias

adotadas

A conduccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e estrateacutegias setorizadas de apoio agrave

categoria do MEI satildeo definidas com base orccedilamentaacuteria e disponibilidade de recursos

29

Encerramento da inscriccedilatildeo do Cadastro de Pessoa Juriacutedica (fechamento legal da empresa)

84

apropriados para a realizaccedilatildeo Identificamos dentro das estrateacutegias municipais as

salas do empreendedor que fornecem orientaccedilotildees e auxiacutelio na formalizaccedilatildeo de

empresas e empreendedores individuais (EI) que se encontram na informalidade

No graacutefico 4 abaixo observamos o nuacutemero de atendimentos realizados

pelos agentes de desenvolvimento nas salas do empreendedor nos municiacutepios da

MRGP

GRAacuteFICO 4 - NUacuteMERO DE ATENDIMENTOS REALIZADOS NAS SALAS DO

EMPREENDEDOR NA MRGP (2015 ndash 2016)

FONTE Salas do empreendedor de Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute

Percebemos o aumento significativo de atendimentos realizados pela ―sala

entre os anos 2015 e 2016 (GRAFICO 4) em Pontal do Paranaacute e Paranaguaacute

Segundo informaccedilotildees do entrevistado7 em Paranaguaacute a aumento nos atendimentos

eacute proporcional agrave elevaccedilatildeo das formalizaccedilotildees e abaixo (GRAacuteFICO 5) verificamos as

formalizaccedilotildees realizadas nas salas do empreendedor na MRGP

GRAacuteFICO 5 - NUacuteMERO DE FORMALIZACcedilOtildeES REALIZADAS NAS SALAS DO EMPREENDEDOR NA MRGP

FONTE Salas do empreendedor de Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

Paranaguaacute Pontal doParanaacute

Morretes Matinhos

0

50

100

150

200

250

300

350

Morretes Paranaguaacute Pontal do Paranaacute

ano 2015

ano 2016

85

Observamos acima (GRAacuteFICO 5) a reduccedilatildeo de 475 nas formalizaccedilotildees

realizadas pela sala do empreendedor em Pontal do Paranaacute no ano de 2016 em

relaccedilatildeo a 2015 Paranaguaacute ao contraacuterio apresentou percentual positivo de 1133

nas formalizaccedilotildees efetivadas junto agrave sala do empreendedor entre os anos 2015 e

2016

De maneira um tanto preocupante em Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute

(GRAacuteFICO 6) constatamos o aumento significativo nas operaccedilotildees de baixa de

inscriccedilatildeo do MEI realizadas pela sala do empreendedor entre os anos de 2015 e

2016 Pontal do Paranaacute apresentou acreacutescimo de 2217 nas baixas de inscriccedilatildeo do

MEI enquanto Paranaguaacute indicou o avanccedilo de 1594 nas baixas da categoria Em

Matinhos natildeo houve retorno no pedido dos dados em Morretes natildeo haacute baixas

registradas na sala do empreendedor em Guaraqueccedilaba natildeo conseguimos contato

com o agente de desenvolvimento

GRAacuteFICO 6 - NUacuteMERO DE BAIXAS DE INCRICcedilAtildeO DO MEI REALIZADAS NAS SAAS DO EMPREENDEDOR NA MRGP

30

FONTE Salas do empreendedor de Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute

Ao estabelecermos comparaccedilatildeo entre os graacuteficos (5 e 6) percebemos que

a) No ano de 2015 o nuacutemero de baixas de inscriccedilotildees do MEI registrados na

sala do empreendedor em Paranaguaacute correspondeu a 274 das

30

Em Guaraqueccedilaba natildeo conseguimos contato com o agente de desenvolvimento em Matinhos natildeo houve retorno no pedido dos dados em Morretes natildeo houve baixas registradas nas salas do empreendedor

0

20

40

60

80

100

120

ano 2015

ano 2016

86

formalizaccedilotildees naquele ano No ano de 2016 o nuacutemero de baixas (MEI)

em Paranaguaacute em relaccedilatildeo agrave formalizaccedilatildeo correspondeu a 333

Portanto uma elevaccedilatildeo de 59 nas baixas do MEI entre os anos de

2015 e 2016

b) Em Pontal do Paranaacute as baixas do MEI registradas pela sala do

empreendedor em relaccedilatildeo agraves formalizaccedilotildees corresponderam a 116

em 2015 Em 2016 a variaccedilatildeo das baixas na inscriccedilatildeo do MEI em relaccedilatildeo

agraves formalizaccedilotildees atingiu o percentual de 7115 o que corresponde a um

aumento acentuado de 5955 nas baixas de inscriccedilotildees do MEI entre

2015 e 2016

Ao inclinar nossos olhares para os resultados dos graacuteficos (5e 6) veremos

expressiva diferenccedila na sustentabilidade do MEI entre os municiacutepios de Pontal do

Paranaacute e Paranaguaacute Isso nos remete a uma questatildeo como explicar o significativo

nuacutemero de baixas na inscriccedilatildeo do MEI em Pontal do Paranaacute em relaccedilatildeo agrave

Paranaguaacute resultando em dados estatiacutesticos tatildeo diacutespares na sustentabilidade dos

MEI jaacute que os dois municiacutepios possuem em sua maioria dentre algumas accedilotildees

isoladas estrateacutegias planificadas pelo SEBRAE

A resposta a essa questatildeo segundo o entrevistado3 estaacute na sazonalidade

pelo qual estatildeo sujeitos os municiacutepios balneaacuterios da MRGP ndash Matinhos Pontal do

Paranaacute e Guaratuba Esta anaacutelise estaacute sustentada igualmente por Sulzbac

Denardin e Felisbino (2012)

O fato destes enfrentarem a problemaacutetica da sazonalidade de visitaccedilotildees em virtude do lazer de sol e mar define-se a hipoacutetese de que a sazonalidade recorrente da principal atividade econocircmica resulta em instabilidades financeiras tanto as instituiccedilotildees locais como para a proacutepria populaccedilatildeo promovendo adequaccedilotildees dos empreendimentos especialmente no que se refere aos viacutenculos de trabalho Em consequecircncia os empreendimentos formais natildeo encontram suporte financeiro para sua manutenccedilatildeo resultando na criaccedilatildeo de empreendimentos informais que satildeo caracteriacutesticos destes locais (p 109-110)

Na temporada de praia conforme relato do entrevistado3 muitos MEI

transferiram-se ou se formalizam em Pontal do Paranaacute com vistas agrave fiscalizaccedilatildeo

intensa nesse periacuteodo Ao fim do veratildeo muitos vatildeo embora para suas cidades e

datildeo baixas das empresas Outros ―natildeo conseguem sequer pagar o boleto DAS no

final do mecircs (transcriccedilatildeo) com isso acabam por encerrar a microempresa e

87

―sobrevivendo com o que conseguiram juntar no veratildeo (transcriccedilatildeo) concorrendo

para o nuacutemero expressivo de baixas em janeiro e fevereiro de cada ano

Monteiro (2013b) acentua sobre a sazonalidade nos municiacutepios da

plataforma no Paranaacute e a variaccedilatildeo populacional decorrente do veratildeo e de alguns

feriados Para esse fato ele denomina de ―As meias cidades do litoral paranaense

(p 5)

[] as cidades do litoral transformam-se acentuadamente literalmente da noite para o dia quando chegam as pessoas para as festas de fim de ano e feacuterias de veratildeo Boa parte dos domiciacutelios vagos satildeo ocupados muitos com concentraccedilatildeo de mais de 4 pessoas por cocircmodo (MONTEIRO 2013b p 5)

A sazonalidade eacute um imperativo importante na observaccedilatildeo das baixas dos

MEI apoacutes a temporada de veratildeo Por outro lado destacamos uma variaacutevel

dependente que eacute a formaccedilatildeo da dinacircmica do mercado local em participar e

introduzir certa sustentabilidade das empresas atraveacutes de variaacuteveis como a da oferta

de trabalho aumento de consumo cooperaccedilatildeo entre as empresas locais entre

outras

Dessa maneira as empresas inclusas em um sistema de mercado

fortalecido onde a capacidade de gerar riqueza seja mais sustentaacutevel tecircm mais

possibilidades de prosperar e manter suas atividades Portanto um mercado ativo

comumente tem respaldo do poder puacuteblico local e as micro e pequenas empresas

que surgem em meio a essa dinacircmica requerem estrateacutegias definidas com vistas a

competirem no mercado aberto

Podemos discorrer na perspectiva de Sachs (2003) e Sen (2000) que aleacutem

de fomentar a formalizaccedilatildeo de micro pequenos e meacutedios empreendimentos dado a

―cobertura social para os trabalhadores (SACHS 2003 p113) ndash na visatildeo desse

autor a principal vantagem ndash eacute necessaacuterio expandir formas de adequaccedilatildeo agrave

sustentabilidade dessas empresas uma vez que lanccediladas no mercado aberto satildeo

incapazes de competir com empresas maiores e ampliar sua estrutura

A mortalidade nessa competiccedilatildeo em condiccedilotildees de inferioridade eacute elevada para os micro e pequenos empreendimentos Nuacutemeros do SEBRAE apontam para taxas de 32 de fechamento em menos de um ano 44 em menos de dois anos 56 em menos de trecircs 66em menos de quatro e 71 em menos de cinco (SACHS 2003 p 35)

Como analisa Sachs (2003) os pequenos e meacutedios empreendimentos natildeo

tecircm como sobreviver no mercado aberto dado a baixa capacidade de produzir em

88

condiccedilotildees desiguais No questionaacuterio aplicado ao MEI veremos algumas barreiras

que acentuam essas desigualdades

43 O MEI POR ELE MESMO AS LUTAS E DESAFIOS ATRAVEacuteS DO TRABALHO

O questionaacuterio31 elaborado para o MEI e aplicado nos municiacutepios de

Matinhos Guaratuba Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute foi um instrumento que

permitiu ilustrar uma realidade da categoria MEI frente aos desafios enfrentados no

decorrer da sua formalizaccedilatildeo na mesma medida em que possibilitou compreender

um pouco a realidade concreta desses trabalhadores exposta pelas suas opiniotildees

suas respostas objetivas e por vezes subjetivas Ou seja uma fonte de

―informaccedilotildees vivas (RAYNAUT C et al 2002)

No mesmo sentido a anaacutelise dos dados tornou-se importante posto que

buscamos compreender a aproximaccedilatildeo entre alguns mecanismos de apoio ao MEI

descritos na Lei Geral (12308) e o Acesso em a esses mecanismos pelo puacuteblico

alvo

O questionaacuterio procurou coletar dados dos microemprendedores individuais

segundo atividade econocircmica tempo de atuaccedilatildeo no mercado formalizado renda

bruta participaccedilatildeo em compras puacuteblicas local da atividade econocircmica quanto agrave

capacitaccedilatildeo e consultoria entre outros

O questionaacuterio foi aplicado a trinta microemreendedores individuais

Natildeo houve classificaccedilatildeo especiacutefica para a escolha dos entrevistados na

aplicaccedilatildeo do questionaacuterio O que se propocircs a fazer foi deslocar ateacute o local de

trabalho do MEI e aplicar o questionaacuterio em meio agraves suas atividades Esta teacutecnica

possibilitou observar a estrutura do estabelecimento e dialogarmos diretamente com

o microempreendedor individual sobre suas dificuldades e avanccedilos apoacutes a

formalizaccedilatildeo Alguns MEI foram pouco receptivos a participar do questionaacuterio mas a

maioria se sentiu muito a vontade em responder as perguntas

431 Atividades econocircmicas desenvolvidas pelos MEI entrevistados no Litoral

do Paranaacute

31

O formulaacuterio aplicado ao MEI encontra-se nos anexos dessa dissertaccedilatildeo

89

Veremos abaixo (GRAacuteFICO 7) que a maior parte dos MEI respondentes

(n=24) estaacute alocada nos setores de serviccedilos e comeacutercio Doze (n=12) exercem suas

atividades no setor de prestaccedilatildeo de serviccedilos (informaacutetica conserto de bicicleta

eletrocircnica cabeleireira sapateiro) e doze (n=12) pertencem ao comeacutercio (papelaria

armarinho produtos de limpeza pet shop loja de roupas comeacutercio de artigos de

praia entre outros) Dos respondentes trecircs (n=3) exercem suas atividades na aacuterea

da cultura

GRAacuteFICO 7 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30) POR ATIVIDADE ECONOcircMICA ()

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Na observaccedilatildeo dos dados percebemos a maior concentraccedilatildeo da atividade

econocircmicano setor terciaacuterio Esta anaacutelise jaacute foi descrita por Superville e Quintildeones

(2000) Barbosa (2007) no qual concluiacuteram que o trabalhador fabril foi deslocado

para este setor passando ser um trabalhador de serviccedilos

Os empreendedores na perspectiva de Nassif et al (2014) apresentam

uma variaccedilatildeo de caracteriacutesticas como a criatividade flexibilidade autonomia e ideias

para inovar Poreacutem tal como notamos anteriormente as oportunidades de produzir

bens e serviccedilos satildeo frequentemente diferentes tanto pela capacidade de

investimento em tecnologia e informaccedilatildeo tanto pela expectativa de uma formaccedilatildeo

bruta de capital Ao analisarmos a capacidade estrutural dos MEI (condiccedilotildees

econocircmicas e de compreensatildeo de mercado) percebemos o distanciamento

(desconhecimento) dos instrumentos geradores de seu desenvolvimento previstos

em lei Os instrumentos descritos na Lei Geral (12306) podem facilitar e auxiliar na

Comeacutercio reparaccedilatildeo deveiacutec automotores emotocicleta

Outras atividades eserviccedilos

educaccedilatildeo

cultura

construccedilatildeo

natildeo respondeu

90

melhoria dos negoacutecios e desencadear um processo de desenvolvimento Na

percepccedilatildeo de Pochmann ( 2004) Sen (2000) Sachs (2003) o desenvolvimento eacute

associado simultaneamente ao crescimento econocircmico com o fortalecimento da

capacidade de produccedilatildeoacumulaccedilatildeo e pela ampliaccedilatildeo das liberdades substantivas

432 Tempo de formalizaccedilatildeo e os MEI no Litoral do Paranaacute

No graacutefico abaixo (GRAacuteFICO 8) percebemos a quantidade de anos

formalizados dos MEI respondentes

GRAacuteFICO 8 - ANOS DE FORMALIZACcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30)

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Observamos que dos respondentes 09 (nove) estatildeo formalizados haacute um

ano o que configura como a maioria dos microemperendedores formalizados

Percebemos uma reduccedilatildeo no nuacutemero de empreendimentos entre cinco e onze anos

de funcionamento

No primeiro ano de funcionamento conforme os dados acima (GRAacuteFICO 8)

dos microempreendimentos seis (n=6) desenvolvem suas atividades no comeacutercio e

dois(n=2) suas atividades estatildeo relacionadas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos

Sachs (2003) ao analisar dados do SEBRAE nos diz que em menos de cinco

anos 71 das micro e pequenas empresas fecham as portas o que demonstra em

sua perspectiva e de Sen (2000) aleacutem da fragilidade dessa categoria existe a falta

de instrumentalizaccedilatildeo e praacuteticas dos mecanismos existentes para manter os

microempreendedores na formalidade e provocar a ruptura desse quadro

0

5

10

15

20

25

30

ateacute 1ano

ateacute 2anos

ateacute 3anos

ateacute 4anos

ateacute 5 ateacute 6anos

ateacute 8anos

ateacute 11anos

()

anos de formalizaccedilatildeo

91

O aumento ou a diminuiccedilatildeo gradual das formalizaccedilotildees de micro e pequenos

empreendimentos na MRGP assim como o fortalecimento desses empreendedores

pode representar indicativos do respaldo dado pelas estrateacutegias e accedilotildees colocadas

em praacutetica com base na Poliacutetica Puacuteblica de formalizaccedilatildeo observando que

O principal objetivo das poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave consolidaccedilatildeo das MPE deve estar em assisti-las no desenvolvimento de uma competitividade genuiacutena que lhes permita aumentar gradualmente os salaacuterios estar em dia com os encargos sociais e impostos superar o imediatismo e adquirir uma perspectiva de longo prazo na gestatildeo do negoacutecio e na previsatildeo de investimentos (SACHS 2003 p 35)

Desse modo as estrateacutegias devem superar as circunstacircncias especiacuteficas de

processos burocraacuteticos ligados agrave formalizaccedilatildeo e sim expandir suas accedilotildees de

maneira que as MPE possam adquirir autonomia sustentaacutevel e desempenhar um

papel relevante na economia local

Observamos que Sachs (2003) alertava para as principais dificuldades

encontradas no desenvolvimento das MPE ―Acesso em ao creacutedito ao mercado agrave

miacutedia ao poder puacuteblico agrave classe poliacutetica e especialmente agrave tecnologia e ao

conhecimento [] (idem p 113) A falta de Acesso em a esses instrumentos

importantes restringe a capacidade de ampliaccedilatildeo da unidade de produccedilatildeo

(tecnologia de gestatildeo lucratividade rentabilidade) quanto ao de arranjos produtivos

locais

Para Albuquerque e Zapata (2010 p 2016) ―a introduccedilatildeo de inovaccedilotildees

tecnoloacutegicas e o fomento da capacidade empresarial e organizativa nos diferentes

acircmbitos territoriais satildeo variaacuteveis estrateacutegicas da poliacutetica de desenvolvimento e

podem possibilitar a reversatildeo ou minimizar as assimetrias do mercado resultantes

da competitividade desigual

434 Compras puacuteblicas e o apoio aos MEI na MRGP

Ao analisar o graacutefico baixo (GRAacuteFICO 9) observamos que vinte e trecircs

(n=23) dos respondentes disseram natildeo ter ou natildeo tiveram relaccedilotildees comerciais com

o municiacutepio Certamente que boa parte dos entrevistados natildeo possui caracteriacutesticas

comerciais para fornecer ao poder puacuteblico no entanto alguns setores dentre os

quais educaccedilatildeo eletrocircnica informaacutetica incluso nos tracircmites legais podem fornecer

92

serviccedilos para o municiacutepio No setor de comeacutercio papelarias e loja de materiais de

limpeza tecircm a possibilidade de fornecimento na compra direta dispensada de

licitaccedilatildeo descrita nos art 23 e 24 da Lei 86661993 Da mesma forma no setor de

serviccedilos observado as normas juriacutedicas

GRAacuteFICO 9 - RELACcedilOtildeES COMERCIAIS DOS MEI COM O MUNICIacutePIO NA MRGP (N=30)

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Nas licitaccedilotildees muitos respondentes (n=23) disseram natildeo manter relaccedilotildees

comerciais com o poder puacuteblico e desconhecem o funcionamento para participar do

processo O que denota a pouca extensatildeo de estrateacutegias como o Programa

―Compras Paranaacute Esse programa tem como foco otimizar o processo de licitaccedilatildeo

para empresas locais Propicia no mesmo sentido a capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios

puacuteblicos nesse processo e a capacitaccedilatildeo de fornecedores que desejam participar de

licitaccedilotildees

Para tanto na compra puacuteblica eacute indispensaacutevel a orientaccedilatildeo em licitaccedilotildees que

possam ser direcionadas agraves micro e pequenas empresas locais da regiatildeo Mas para

isso o setor puacuteblico tem que estar bem preparado assim como o empresariado local

para estabelecer a conexatildeo Segundo o entrevistado4 esta eacute uma condiccedilatildeo iacutempar no

sentido do desenvolvimento empresarial localizado

Ressaltamos que as compras puacuteblicas ou contrataccedilotildees puacuteblicas podem

conduzir e inserir os micro e pequenos empreendimentos no mercado uma vez que

a esfera puacuteblica constitui um mercado estaacutevel de relaccedilotildees comerciais quase sempre

sim

natildeo

natildeo respondeu

93

em ampliaccedilatildeo O capiacutetulo V da LC 12306 alterado pela 14714 descreve sobre os

criteacuterios a serem adotados em favorecimento agraves MPE quanto ao Acesso em ao

mercado destacando as compras e contrataccedilotildees puacuteblicas e sobre o processo de

licitaccedilatildeo

Segundo o SEBRAE 76 das MPE de Paranaguaacute natildeo participaram em

processos de compras puacuteblicas entre os anos de 2011-2014 Dessas empresas

55 desconhecem as oportunidades para comercializar com governoempresas

estatais Nesse sentido a pouca eou dificultosa informaccedilatildeo fornecida para o MEI

quanto aos serviccedilos disponibilizados pelo municiacutepio e sobre os instrumentos de

regulamentaccedilatildeo e direitos a Acesso ems facilitados dispostos na Lei Geral (12306)

poderia ser revertida pela divulgaccedilatildeo nos veiacuteculos de comunicaccedilatildeo locais - jornais

circulantes nos municiacutepios raacutedios comunitaacuterias por exemplo aleacutem dos oficiais ndash

relativo aos direitos e obrigaccedilotildees do MEI incorporado agrave sua formalizaccedilatildeo com o

propoacutesito de inseri-lo no mercado (trabalho) sua expansatildeo e sustentabilidade

Em Pontal do Paranaacute o secretaacuterio de desenvolvimento afirma que o

municiacutepio estaacute se empenhando para que as empresas locais inclusive o MEI

participem das licitaccedilotildees Para isso segundo ele a prefeitura se adequou a LC

14714 no sentido de que uma licitaccedilatildeo de determinado valor seja dividida para

facilitar o Acesso em dos microempreendedores observando igualmente a

possibilidade de pagamento de 10 a mais do valor miacutenimo para o MEI Essas satildeo

adequaccedilotildees importantes adotadas por Pontal do Paranaacute atraveacutes do Concelho

Gestor Municipal (CGM) Comenta o E8 sobre o CGM

Uniu mais a populaccedilatildeo agrave prefeitura uniu mais o microempreendedor a vender para a prefeitura Natildeo tinha ningueacutem vendendo pocirc Natildeo tinha ningueacutem fornecendo pra prefeitura Hoje noacutes temos o pequeno e microempresaacuterio fornecendo pra prefeitura Uniu os benefiacutecios e os trouxe pra prefeitura e pra comunidade neacute Um dinheiro pra circular aqui dentro e natildeo ir pra fora Por exemplo uma licitaccedilatildeo que era de ―x valor noacutes fomos quebrando ela em quatro ou cinco vezes para dar preferecircncia para o povo daqui Uma licitaccedilatildeo que era de R$ 10000000 noacutes fizemos quatro de 25 dividimosah compra o caderno de um laacutepis do outro caneta de outro Dividimos pra que o povo daqui participasse E deu certo Essa foi uma grande evoluccedilatildeo do Comitecirc Gestor (transcriccedilatildeo) (entrevistado8)

O conhecimento das bases legais de funcionamento da categoria no nosso

entendimento a ampliaccedilatildeo da qualificaccedilatildeo para lidar com o mercado e a

aproximaccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados tanto pelo setor puacuteblico quanto pelo

94

setor privado poderaacute produzir em curto prazo impactos positivos no

desenvolvimento do MEI dentro da economia de mercado

Todavia o municiacutepio de Guaratuba ainda natildeo adaptou integralmente a LC

12306 e sua alteraccedilatildeo LC 1472014 ao seu modelo de gestatildeo pois os MEI que

participaram da pesquisa (Guaratuba) relataram que o municiacutepio cobra por taxas de

alvaraacute de funcionamento32 O municiacutepio isenta esse custo somente no primeiro ano

de abertura do micro negoacutecio contrariando dessa forma o disposto no art 4ordm sect3ordm

da LC 1472014

[] ficam reduzidos a 0 (zero) todos os custos inclusive preacutevios relativos agrave abertura agrave inscriccedilatildeo ao registro ao funcionamento ao alvaraacute agrave licenccedila ao cadastro agraves alteraccedilotildees e procedimentos de baixa e encerramento e aos demais itens relativos ao Microempreendedor Individual incluindo os valores referentes a taxas a emolumentos e a demais contribuiccedilotildees relativas aos oacutergatildeos de registro de licenciamento sindicais de regulamentaccedilatildeo de anotaccedilatildeo de responsabilidade teacutecnica de vistoria e de fiscalizaccedilatildeo do exerciacutecio de profissotildees regulamentadas (grifo nosso)

O apoio ao MEI eacute fundamental pois esse tecido empresarial (MPE)

segundo autores como Sachs (2003) Albuquerque e Zapata (2010) e Sen (2000)

respondem por boa parte dos empregos e da renda da populaccedilatildeo Para o SEBRAE

(2014) 52 dos empregos formais no Brasil estatildeo nas micro e pequenas

empresas o que corresponde agrave significativa importacircncia dessa categoria

empresarial no desenvolvimento da economia brasileira

As observaccedilotildees e alteraccedilotildees contidas na LC 14714 representam avanccedilos

significativos na perspectiva do desenvolvimento dando maior envergadura social agrave

LC 12306 Esse dispositivo legal possui impacto positivo fundamental para

aumentar as oportunidades do MEI a se manter na formalidade pela inovaccedilatildeo na

reduccedilatildeo de barreiras de Acesso em ao mercado e agrave competitividade

Dentre os principais dispositivos contidos na LC 14714 incorporados a

outras ferramentas descritas na LC 12808 estatildeo

a Tributaccedilatildeo reduccedilatildeo a zero dos custos para o MEI (art 4ordmsect 1ordm e sect 3ordm)

b Desburocratizaccedilatildeo tratamento diferenciado pelos optantes do Simples

Nacional Cadastro uacutenico do CNPJ dispensados os demais cadastros

estaduais e municipais (art 1ordm inciso 4ordm)

32

Essa informaccedilatildeo foi confirmada pelo setor de fiscalizaccedilatildeo do municiacutepio de Guaratuba

95

A debilidade de uma microempresa ou ateacute a sua falecircncia pode acarretar

natildeo somente numa estatiacutestica de dados econocircmicos mas em resultados

socialmente negativos A microempresa eacute o trabalho do MEI seu sustento e de sua

famiacutelia suas necessidades baacutesicas satildeo satisfeitas atraveacutes de seu trabalho que eacute o

substrato da sua dignidade

O trabalho eacute uma dimensatildeo da vida essencial para a realizaccedilatildeo da humanidade lembra Joatildeo Paulo II na enciacuteclica Laboren Exercens A enciacuteclica papal observa que o valor do trabalho localiza-se na pessoa que o realiza natildeo podendo portanto ser compreendido como uma forccedila anocircnima de produccedilatildeo com o trabalhador equiparado a mero instrumento a serviccedilo do capital (BROM 2006 p 55)

Outra ferramenta possiacutevel associada a outros dispositivos que convertam no

fomento dos micro e pequenos empreendimentos eacute o Acesso em ao creacutedito como

forma de capital gerador de expansatildeo econocircmica assinalado por Sachs (2003) Sen

(2000)

435 O Acesso em ao creacutedito aos MEI no Litoral do Paranaacute

O capiacutetulo IX da LC 12306 introduz na legislaccedilatildeo brasileira em

consonacircncia com o art 170 e 179 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 dispositivos

essenciais ao estiacutemulo ao creacutedito e ao microcreacutedito para micro e pequenas

empresas abrindo espaccedilo para inauguraccedilatildeo de formas e metodologias especiacuteficas

externas ao sistema creditiacutecio convencional o que caracteriza a concepccedilatildeo de

universalizar o creacutedito

Segundo a legislaccedilatildeo pertinente o sistema de creacutedito brasileiro deveraacute criar

linhas especiais de creacutedito a atender a demanda dos micro e pequenos

empreendimentos ―[] objetivando a reduccedilatildeo do custo de transaccedilatildeo a elevaccedilatildeo da

eficiecircncia alocativa o incentivo ao ambiente concorrencial e a qualidade do conjunto

informacional [] (LC 15516 art 57)

A posiccedilatildeo do sistema puacuteblico de creacutedito facilitado eacute fundamental na

intervenccedilatildeo do creacutedito frente ao sistema aberto convencional Atraveacutes do sistema

creditiacutecio com vinculaccedilatildeo federal ndash Caixa Econocircmica Federal (CEF) Banco Nacional

de Desenvolvimento Social (BNDES) Banco do Brasil (BB) (art 58 LC 15516) - e

dos bancos comerciais puacuteblicos estaduais abre-se espaccedilo para a inclusatildeo no

sistema de creacutedito agraves pessoas que natildeo possuiacuteam Acesso em ao serviccedilo Dessa

96

forma os bancos comerciais puacuteblicos passam a ser considerados atores importantes

nas poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento posto seu ponto estrateacutegico na alocaccedilatildeo

de creacutedito caracterizado como insumo necessaacuterio agrave ampliaccedilatildeo das oportunidades e

expansatildeo econocircmicas

A CEF o BB ndash entidades federalizadas ndash e o Fomento Paranaacute ndash entidade

estadual - satildeo os principais atores dentro da poliacutetica de Acesso em ao sistema de

creacutedito e microcreacutedito que atuam diretamente na MRGP

O art 62 da PLC 12306 a exemplo orienta o Banco Central a intervir na

ampliaccedilatildeo e facilidades agraves linhas de creacuteditos para os MEI e MPE que em

contrapartida estimularia a competiccedilatildeo bancaacuteria A disponibilizaccedilatildeo e a facilitaccedilatildeo

ao creacutedito ou ao microcreacutedito por instituiccedilotildees financeiras privadas ou estatais como

o banco do Brasil (BB) o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) pela Caixa

Econocircmica Federal33 (CEF) e outras instituiccedilotildees financeiras alinhadas ao

microcreacutedito estaacute respaldada no sect2o do art62 e nos art 57 58 59 e 60 da

supracitada PLC bem como na Lei federal 111102005 Esta institui o Programa

Nacional de Microcreacutedito Produtivo Orientado (PNMPO) ―com o objetivo de incentivar

a geraccedilatildeo de trabalho e renda entre os microempreendedores populares (BRASIL

2005)34

O microcreacutedito segundo o SEBRAE consiste no fornecimento de creacutedito

aos microempreendedores que natildeo possuem Acesso em ao sistema financeiro

tradicional e estaacute inserido no contexto da microfinanccedila destinado agraves pessoas de

baixa renda Ainda segundo o SEBRAE suas principais caracteriacutesticas satildeo

A) ausecircncia de garantias reais jaacute que a maioria das transaccedilotildees tem como garantia o aval solidaacuterio b) Concessatildeo de creacutedito aacutegil e adequado ao ciclo de negoacutecios do empreendimento c) Baixo custo de transaccedilatildeo devido agrave proximidade entre a instituiccedilatildeo e o tomador dos empreacutestimos e agrave inexistecircncia de burocracia d) Accedilatildeo econocircmica com forte impacto social na comunidade e) Elevado custo operacional para a instituiccedilatildeo fornecedora dos recursos f) Metodologia especiacutefica que consiste na concessatildeo assistida do creacutedito (wwwsebraecombr)

O SEBRAE (2012) evidenciou que no Brasil em 2011 12 dos MEI

buscaram linhas de creacutedito em instituiccedilotildees financeiras e 88 natildeo recorreram ao

33

Os encargos da Caixa Econocircmica Federal constituem 1) taxa de juros 295 ao mecircs 2) taxa de abertura de creacutedito (TAC) 3 do valor do contrato 3) Aliacutequota zero sobre o Imposto sobre Operaccedilotildees de Creacutedito (IOF) 34

O BNDES proporciona um creacutedito de ateacute R$ 2000000 por cliente o Banco do Brasil R$ 1500000 (ateacute a data desse trabalho)

97

creacutedito Desses MEI 43 obtiveram empreacutestimos e 57 natildeo conseguiram

formalizar o empreacutestimo Em 2012 10 recorreram ao creacutedito sendo que 52

desses obtiveram empreacutestimos e 48 natildeo conseguiram o financiamento Em 2015

84 dos MEI natildeo procurou obter empreacutestimo junto agraves instituiccedilotildees financeiras Dos

16 que recorreram ao creacutedito 55 conseguiram o empreacutestimo e 45 natildeo

efetivaram o creacutedito

Entre os anos de 2011 e 2015 como aponta o SEBRAE houve decreacutescimo

de trecircs pontos percentuais pelos MEIS na taxa de procura por financiamentos junto

agraves instituiccedilotildees financeiras Sendo que as instituiccedilotildees puacuteblicas representam uma

parcela significativa na procura por empreacutestimos pelos Microempreendedores

individuais

Como podemos observar (TABELA 11) entre os anos 2011 e 2015 houve

reduccedilatildeo na taxa de procura entre os dois anos mas a reduccedilatildeo foi mais expressiva

na taxa de aprovaccedilatildeo Isso estaacute relacionado agraves medidas mais restritivas de creacutedito

do ano de 2015 que afetaram a poliacutetica de fomento aos MEI como aos demais

empreendedores

TABELA 11 - PROCURA E APROVACcedilAtildeO DE CREacuteDITO PELOS MEI (BRASIL)

INSTITUICcedilAtildeO DE CREacuteDITO

PROCURA POR EMPREacuteSTIMO ()

EMPREacuteSTIMO APROVADO ()

2011 2015 2011 2015

Instituiccedilotildees Financeiras Puacuteblicas 68 67 00 44 Instituiccedilotildees Privadas 27 0 22 49 Cooperativas de creacutedito 4 6 99 42

FONTE SEBRAE (20122015)

Todavia alguns dispositivos de apoio e estiacutemulos a essas categorias

empresariais descritos nas LC 12306 e LC 12808 tais como baixa tributaccedilatildeo

programas de capacitaccedilatildeo e mesmo o Acesso em ao creacutedito a exemplo que

estimulem o seu desenvolvimento seratildeo analisadas posteriormente quando

abordarmos a MRGP

O microcreacutedito produtivo consiste numa ferramenta utilizada em muitos

paiacuteses como estrateacutegia de reduccedilatildeo da pobreza na promoccedilatildeo de emprego e renda e

na consolidaccedilatildeo do aumento da capacidade produtiva de microempreendimentos

aleacutem de favorecer condiccedilotildees a melhoria de vida das pessoas mais empobrecidas e

socialmente vulneraacuteveis (PEREIRA 2006 BARONE et al 2002)

98

O microcreacutedito democratiza o Acesso em ao creacutedito fundamental para a vida moderna do qual grande parte dos brasileiros estaacute excluiacuteda A disponibilidade de creacutedito para empreendedores de baixa renda capazes de transformaacute-lo em riquezas para eles proacuteprios e para o paiacutes faz do microcreacutedito parte importante das poliacuteticas de desenvolvimento (BARONE et al 2002 p 11)

No Brasil o microcreacutedito eacute regulamentado e normatizado pela Lei

111102005 que institui o Programa Nacional de Microcreacutedito Produtivo Orientado

(PNMPO) e ―tem por finalidade especiacutefica disponibilizar recursos para o microcreacutedito

produtivo orientado (Lei 111102005 art 1ordm sect 2ordm)

O microcreacutedito produtivo orientado segundo Barone et al (2002) possui

efeito positivo junto aos tomadores de financiamento no sentido de melhoria das

condiccedilotildees habitacionais de sauacutede e alimentares da expectativa da restituiccedilatildeo da

cidadania e da auto-estima aleacutem da geraccedilatildeo de emprego e renda das famiacutelias que

fazem o uso desse instrumento

Tal posicionamento eacute defendido por Pereira (2005) posto os resultados

empiacutericos obtidos em estudos realizados no Centro de Apoio de Pequenos

Empreendimentos no Estado da Paraiacuteba (CEAPEPB) em 2005 Em suas anaacutelises

ela concluiu que o microcreacutedito proporciona a expansatildeo do ativo circulante35 e do

patrimocircnio liacutequido tendo peso significativo na consolidaccedilatildeo dos empreendimentos

(PEREIRA 2005 p 78) Percebe-se dessa maneira o impacto positivo do

microcreacutedito em paracircmetros econocircmicos aleacutem de ser uma ferramenta de

intervenccedilatildeo na exclusatildeo social Entretanto a situaccedilatildeo na MRGP apresenta um

quadro criticamente diverso A tabela abaixo (TABELA 12) expressa a regressatildeo

significativa das transaccedilotildees de creacutedito pela CEF na MRGP entre os anos 2015 e

2016

TABELA 12 - NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS E VALORES FINANCIADOS NA MRGP CEDIDOS

PELA CAIXA ECONOcircMICA FEDERAL AgraveS MPE (2015-2016)

ANO TOTAL DE CONTRATOS VALOR TATOAL (R$)

2015 13909 3759861821

2016 2756 795389276

FONTE CONTROLADORIA GERAL DA UNIAtildeO ATRAVEacuteS DO PORTAL DA TRANSPAREcircNCIA

35

O ativo circulante compreende o dinheiro em caixa os saldos bancaacuterios e todos os valores que podem ser convertidos em dinheiro imediatamente (SANDRONI 1999)

99

A diminuiccedilatildeo nos financiamentos estaacute atrelada em parte pelo baixo

desempenho da economia e por outro lado a forte restriccedilatildeo do sistema bancaacuterio no

processo de seletividade para o creacutedito Para o entrevistado3

Existe um preconceito muito grande seja por parte de associaccedilotildees seja por parte de instituiccedilotildees financeiras neacute Porque o MEI eacute um risco Como que eacute avaliado Ah ele eacute pequenininho Se ele natildeo aguenta pagar um boleto DAS como ele vai pagar a mensalidade Se ele natildeo aguenta pagar um boleto DAS como ele vai pagar um financiamento Eu vejo isso como um preconceito Mas eu natildeo tiro toda razatildeo da parte financeira (transcriccedilatildeo) (entrevistado3)

Notemos que o nuacutemero de contratantes (TABELA 12) em 2015 em relaccedilatildeo

ao nuacutemero de MPE na MRGP (TABELA 13) abaixo atingiu o percentual de 4487

No ano seguinte (2016) esse percentual reduziu sensivelmente para 814

TABELA 13 - NUacuteMERO DE MPE NA MRGP (2015-2016)

FONTE EMPRESOcircMETRO

Ainda na comparaccedilatildeo entre os dados expressos acima (TABELAS 12 e 13)

percebemos que a retraccedilatildeo nos contratos de financiamentos representou um

decreacutescimo de 2115 de ativos circulantes das MPE na MRGP o que compromete

o desenvolvimento tendo em vista que em meacutedia 95 das empresas da regiatildeo satildeo

MPE (Empresocircmetro) e geram empregos renda e tem forte impacto na produccedilatildeo de

riqueza em seus municiacutepios

Partindo das anaacutelises de Kohler (2010) observamos que o aumento da

atividade econocircmica requer a expansatildeo da capacidade de investimento o qual ele

denomina de ―investimento produtivo O investimento produtivo na concepccedilatildeo do

MUNICIacutePIO Nordm MPE

2015 2016

Antonina 1453 1581

Guaraqueccedilaba 358 400

Guaratuba 3913 4333

Matinhos 4138 4716

Morretes 1559 1703

Paranaguaacute 13612 14728

Pontal do Paranaacute 3929 4372

TOTAL 30977 33849

100

autor eacute um elemento importante na produccedilatildeo de riqueza local pois se materializa

em uma variaacutevel ex ante a poupanccedila produtiva resultado da riqueza gerada

Tratando-se do MEI as condiccedilotildees de alocaccedilatildeo de ―investimentos

produtivos- aquisiccedilatildeo de tecnologias maacutequinas estoque ndash podem ser referenciadas

na Lei Geral atraveacutes do estiacutemulo ao creacutedito

Magalhatildees Junior (2016) ao analisar o impacto dos micro - financiamentos

realizados nos municiacutepios paranaenses atraveacutes do Programa Banco do

Empreendedor Paranaacute (Fomento Paranaacute) concluiu que a adiccedilatildeo em meacutedia de 1

nos contratos de microcreacutedito junto ao Programa Banco Empreendedor Paranaacute

possibilitou o aumento da capacidade econocircmica dos municiacutepios participantes em

032 entre os anos 2010 e 2013

Os dados abaixo (TABELA 14) demonstram o nuacutemero de contratos

creditiacutecios firmados com o MEI na MRGP junto ao Fomento Paranaacute entre os anos

2014 ndash 2016 Observamos ainda a elevaccedilatildeo de 400 no nuacutemero de financiamentos

entre os anos 2015 ndash 2016 ao contraacuterio dos bancos puacuteblicos federalizados que

manifestaram reduccedilatildeo nos contratos

TABELA 14 - NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS CEDIDOS AO MEI JUNTO AO PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR DO PARANAacute (FOMENTO PARANAacute) NA MRGP (2014-2015-2016)

MUNICIacutePIO Nordm DE FINANCIAMENTOS

2014 2015 2016

Antonina 3 3 4

Guaraqueccedilaba

6

Guaratuba 5

Matinhos 4

12

Morretes 10 3 12

Pontal do Paranaacute

7

TOTAL 29 9 45

FONTE FOMENTO PARANAacute ATRAVEacuteS DO PORTAL DA TRANSPAREcircNCIAPR

Mesmo com essa expansatildeo significativa o percentual em relaccedilatildeo ao

nuacutemero de MEI na MRGP eacute pouco expressivo pois representou apenas 038 do

total dos microempreendedores em 2016

Tal qual o nuacutemero de contratos os valores financiados aumentaram

significativamente em 47630 entre os anos 2015 ndash 2016 como demonstrado

101

abaixo (GRAacuteFICO10) Esse percentual segundo um agente representante do

Programa Banco Empreendedor Paranaacute (Fomento Paranaacute) da regiatildeo deve cair

novamente em funccedilatildeo dos municiacutepios do litoral natildeo renovarem os convecircnios com o

banco supracitado

GRAacuteFICO 10- VAOLRES TOTAIS FINANCIADOS PELO MEI NA MRGP ATRAVEacuteS DO

PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR PARANAacute (FOMENTO PARANAacute) (201 ndash 2015 ndash 2016)

FONTE Fomento Paranaacute ndash elaboraccedilatildeo proacutepria ndash dados obtidos atraveacutes

do Portal da Transparecircncia

Ao analisarmos os dados do graacutefico abaixo sobre o nuacutemero de contratos

firmados junto ao sistema de creacutedito na MRGP pelos respondentes (n=30)

reparamos que vinte e quatro (n=24) dos entrevistados (GRAacuteFICO 11) disseram natildeo

ter contratado financiamentos junto agraves entidades creditiacutecias para expandir seus

negoacutecios e seis (n=6) responderam ter realizado empreacutestimo Dos respondentes que

realizaram financiamentos quatro (n=4) disseram ter utilizado como capital de giro e

dois (n=2) dos respondentes que adquiriram o financiamento relataram que o

utilizaram tanto como capital de giro como para expandir os negoacutecios e na compra

de materiais

R$26674633

R$8176690

R$47121657

2014 2015 2016

Valor contratado (R$)

102

GRAacuteFICO 11 - FINANCIAMENTOS JUNTO AO SISTEMA DE CREacuteDITO NA MRGP ()

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Um fato interessante no momento da entrevista eacute que grande parte dos

respondentes natildeo tinha conhecimento sobre essa prerrogativa estabelecida em lei e

nem mesmo disse conhecer as implicaccedilotildees que um financiamento produtivo

empregado de forma adequada pode oferecer para a melhoria das condiccedilotildees dos

microempreendimentos

436 O associativismo e os MEI na MRGP

O associativismo pode ser caracterizado como cooperaccedilatildeo para crescer

juntos Quem se associa usualmente tem objetivos em comum portanto a

cooperaccedilatildeo eacute fundamental ao avanccedilo desses objetivos

Com o escopo de incluir as MPE no processo produtivo competitivo e

saudaacutevel jaacute no art 1ordm inciso III a LC 12306 preceitua como uma das normas

descritas o Acesso em ao associativismo acentuando no capiacutetulo VIII da referida

Lei Geral que a associaccedilatildeo seraacute regulamentada sob a forma de Sociedade de

Propoacutesito Especifico (SPE)36 e ―seraacute constituiacuteda como Sociedade Limitada37 (art 56

sect2ordm inciso VII)

36

Sociedade de Propoacutesito Especiacutefico (SPE) eacute um modelo de organizaccedilatildeo empresarial pelo qual se constitui uma nova empresa limitada ou sociedade anocircnima com um objetivo especiacutefico ―cuja atividade eacute bastante restrita podendo em alguns casos ter prazo de existecircncia determinado normalmente utilizada para isolar o risco financeiro da atividade desenvolvida (SEBRAE)disponiacutevel lthttpwwwbibliotecassebraecombrchronusARQUIVOS_CHRONUSbdsbdsnsff25877ce0f2ecbca17355fc33397deea$File5189pdfgtgt Esta previsatildeo estaacute fundamentada no art 981 do Coacutedigo Civil de 2002 37

Forma societaacuteria com personalidade juriacutedica de participaccedilatildeo definida com base em seu investimento

sim

natildeo

103

Uma associaccedilatildeo tem como objetivo a manutenccedilatildeo e salvaguarda do

interesses de seus associados promovendo permanentemente os lastros de

cooperaccedilatildeo entre eles reconhecendo que para prosperar eacute necessaacuteria adequaccedilatildeo

institucional administrativa e de recursos para adaptaccedilotildees decorrentes de

mudanccedilas em cenaacuterios especiacuteficos (social economia poliacutetica)

Agraves MPE em especial aos microempreendedores individuais as concepccedilotildees

do associativismo satildeo maneiras integradas ao movimento de inclusatildeo dessa

categoria no processo mercantil uma vez que a fragilidade no Acesso em ao

mercado ao creacutedito agraves tecnologias jaacute mencionadas anteriormente as relaccedilotildees

estabelecidas na consolidaccedilatildeo associativa geram possibilidades de surgirem

externalidades tais como conexotildees comerciais fortalecimento econocircmico

benefiacutecios em funccedilatildeo das parcerias com a associaccedilatildeo dentre outras Nessa

perspectiva

o estiacutemulo agrave cooperaccedilatildeo como forma de minimizar as fraquezas estruturais que envolvem os microempreendedores se apoia na perspectiva de que os atores econocircmicos natildeo podem ser tomados como aacutetomos isolados posto que suas accedilotildees dependem de vaacuterias limitaccedilotildees advindas das relaccedilotildees estabelecidas com outras organizaccedilotildees (CERQUEIRA CUNHA MOHR SOUZA ABRAHAO FLEIG 2014 p 739)

Abaixo (GRAacuteFICO 12) estatildeo os resultados sobre a participaccedilatildeo dos

respondentes (n=30) em associaccedilotildees de representaccedilatildeo da categoria Dos

respondentes vinte e oito (n=28) responderam que natildeo satildeo membros de nenhuma

associaccedilatildeo e dois (n=2) decidiram por natildeo responder

GRAacuteFICO 12 - RESPOSTA SOBRE PARTICIPACcedilAtildeO EM ASSOCIACcedilAtildeO REPRESENTANTE DA CATEGORIA

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

sim

natildeo

natildeo respondeu

104

No litoral identificamos (QUADRO 8) as principais entidades representantes

da classe comercial e industrial as quais abrem espaccedilo para o MEI se associar

QUADRO 8- ENTIDADES REPRESENTANTES DAS CLASSES EMPRESARIAL COMERCIAL E AGRIacuteCOLA NO LITORAL DO PARANAacute

ENTIDADE DESCRICcedilAtildeO

ACIG Associaccedilatildeo Comercial e Empresarial de Guaratuba

ACIMA Associaccedilatildeo Comercial e Empresarial de Matinhos

ACIAPAR Associaccedilatildeo Comercial Industrial e Agriacutecola de Pontal do Paranaacute

ACIAP Associaccedilatildeo Comercial Industrial e Agriacutecola de Paranaguaacute

ACIAM Associaccedilatildeo Comercial Industrial e Agropecuaacuteria de Morretes

AMPEC LITORAL Associaccedilatildeo das Micro e pequenas Empresas do litoral do Paranaacute

FONTE Dados da PesquisaAssociaccedilotildees que possuem mensalidades reduzidas para os MEI

As entidades de classe descritas no quadro acima estatildeo distribuiacutedas em

todo o litoral paranaense mas destacamos a AMPEC por seu aspecto principal que

eacute uma associaccedilatildeo dos micro e pequenos empreendedores do litoral

A ASSOCIACcedilAtildeO teraacute por finalidade congregar as Microempresas Empresas de Pequeno Porte os Empreendedores Individuais e os profissionais autocircnomos formais e informais industriais comerciais agriacutecolas artesatildeos e prestadoras de serviccedilos em forma de associados optantes objetivando a promoccedilatildeo social e econocircmica estimulando o desenvolvimento e defendendo o interesse de seus associados (art 4ordm Estatuto Social AMPEC)

A AMPEC com sede em Pontal do Paranaacute na visatildeo do entrevistado2 eacute

muito importante poreacutem natildeo existe apoio do poder puacuteblico local ou de entidades que

possam contribuir para o desenvolvimento da associaccedilatildeo e de cooperaccedilatildeo conjunta

na composiccedilatildeo de estrateacutegias para aumentar a alocaccedilatildeo de recursos e

acompanhamento teacutecnico para a entidade Dessa forma o isolamento e soacute com a

arrecadaccedilatildeo dos associados natildeo tem como desenvolver accedilotildees para fortalecer a

classe Ateacute mesmo porque a inadimplecircncia segundo o entrevistado2 chega a

6038 Ainda segundo o entrevistado2 a associaccedilatildeo passou por algumas

reformulaccedilotildees administrativas posto problemas internos com respeito a recursos e

endividamento da entidade

38

O valor cobrado de mensalidade do associado eacute de R$1000 mensais (entrevistado2)

105

A AMPEC natildeo consegue atender os empreendedores seus associados Natildeo consegue ver um retorno por parte da AMPEC Nada de concreto Somente criacuteticas por parte da AMPEC [] Normalmente quando vocecirc se associa vocecirc quer crescer junto ou vocecirc tem o retorno Se vocecirc natildeo tem o retorno se vocecirc vecirc que natildeo ta criando natildeo ta juntando por que que vocecirc vai entrar NE Eu penso dessa forma o associativismo(transcriccedilatildeo) (entrevistado3)

Nas anaacutelises descritas por Cunha Mohr Souza Abrahao Fleig (2014) na

discussatildeo sobre as fraquezas e potencialidades da AMPEC o associativismo eacute

apontado como uma alternativa de melhoria das condiccedilotildees do microempreendedor

no litoral paranaense No entanto Como observa o entrevistado3 ―o associativismo

natildeo eacute aceito no litoral por questotildees culturais No sudoeste do Estado a SICREDI e o

SICOOB satildeo mais fortes que o Itauacute e o BB(transcriccedilatildeo)

Algumas estrateacutegias podem ser interessantes para o desenvolvimento do

MEI todavia elas deveriam ser adaptadas agrave realidade local como eacute o caso das

compras puacuteblicas O municiacutepio tem prazo de pagamento ateacute de 90 dias Para alguns

microempreendimentos isso se torna praticamente inviaacutevel 1) pela pouca

disponibilidade de ativos disponiacuteveis o que impossibilita a raacutepida reposiccedilatildeo dos

recursos utilizados 2) pelo fato de muitas empresas e microempreendedores natildeo

distinguirem as despesas da empresa com as da famiacutelia pois a famiacutelia depende

diretamente desses recursos (SACHS 2003)―O MEI eacute muito pequeno neacute Natildeo

consegue concorrer com os maiores Muitos MEI usam de outras atividades pra

completar a renda ou a renda do MEI eacute usada pra complementar (entrevistado2)

(transcriccedilatildeo)

437 Mobilizaccedilatildeo dos governos locais no estiacutemulo agrave categoria do MEI

Albuquerque e Zapata (2010) destacam a importacircncia de adesatildeo dos

governos locais nas poliacuteticas de desenvolvimento pois segundo os autores as

autoridades eleitas ndash municipais e estaduais ndash satildeo elementos chaves no processo

de desenvolvimento local Embora como acentuam os autores o desenvolvimento

dos territoacuterios muitas vezes eacute impulsionado por liacutederes locais (cooperativas

associaccedilotildees) jovens empresaacuterios e entidades natildeo governamentais eacute indispensaacutevel

a integraccedilatildeo dos governos locais agraves iniciativas de desenvolvimento posto que

―podem conferir a essas iniciativas algum caraacuteter institucional (idem p 216)

106

No graacutefico abaixo (GRAacuteFICO 13) estatildeo os resultados sobre o conhecimento

dos respondentes sobre estrateacutegias adotadas pelas prefeituras em apoio ao MEI na

MRGP

GRAacuteFICO 13 - CONHECIMENTODOS RESPONDENTES DE ESTRATEacuteGIAS ADOTADAS PELAS PREFEITURAS EM APOIO AO MEI NA MRGP ()

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Na leitura dos dados acima (GRAacuteFICO 13) verificamos que vinte e dois

(n=22) dos respondentes natildeo sabem informar se as prefeituras possuem accedilotildees de

apoio ao MEI

Observamos durante nossas pesquisas que dos sete municiacutepios da MRGP

cinco esforccedilaram-se em apresentar propostas de fomento das capacidades de

produccedilatildeo do MEI firmando parcerias com entidades importantes no cenaacuterio

econocircmico e de desenvolvimento como eacute o caso do SEBRAE Foram eles

Guaraqueccedilaba Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute Certamente

como constatado nas pesquisas em alguns casos Morretes e Matinhos naquele

momento pela transiccedilatildeo do chefe do executivo (eleiccedilotildees municipais) pode ter

ocorrido certo abandono das poliacuteticas setorizadas de apoio ao MEI Destacamos

ainda duas circunstacircncias importantes 1) a falta de poliacuteticas de desenvolvimento

local nos municiacutepios do litoral (SEBRAE ndash monitoramento da implementaccedilatildeo da Lei

Geral) 2) ausecircncia de poliacuteticas puacuteblicas que reduzam o imediatismo e infiram metas

0

10

20

30

40

50

60

70

80

compra derodutos e

serviccedilos doMEI

na aquisiccedilatildeode

tecnologias

cursos decapacitaccedilatildeo

processo deformalizaccedilao

natildeo soubeinformar

natildeoresponderam

107

de meacutedio e longo prazo com vistas ao desenvolvimento sustentaacutevel assinalado por

Sachs (2003) e Albuquerque e Zapata (2010)

Os pontos assinalados acima na MRGP obedecem agrave perspectiva no nosso

entendimento das poliacuteticas puacuteblicas por vezes de inclinaccedilatildeo poliacuteticapartidaacuteria

unilateral sem representaccedilatildeo de atores locais externos agrave administraccedilatildeo puacuteblica (top

down) muitas vezes alheias agraves reais necessidades da populaccedilatildeo Geralmente

essas poliacuteticas natildeo satildeo produzidas com implicaccedilotildees de meacutedio e longo prazos mas

ciacuteclicas e temporais permanecendo ateacute o teacutermino da gestatildeo municipal

Em nossas pesquisas observamos ainda que Pontal do Paranaacute eacute um dos

municiacutepios da MRGP com maior maturidade nas concepccedilotildees de desenvolvimento

local posto a extensatildeo de estrateacutegias accedilotildees e programas diversificados de fomento

das MPE em especial agrave categoria especiacutefica do MEI Esta proposta vai ao encontro

das anaacutelises de Albuquerque e Zapata (2010 p 2018) no sentido de que ―agraves vezes

uma estrateacutegia de desenvolvimento local pode se iniciar a partir da coordenaccedilatildeo

territorial de alguns programas e instrumentos setoriais de fomento definidos de

maneira central

Um ponto central nesse processo como assinalou o entrevistado8 eacute a

capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios efetivos da administraccedilatildeo puacuteblica municipal que atuam

na secretaria e na sala do empreendedor Esta estrateacutegia tem como objetivo dar

continuidade agraves propostas de desenvolvimento local isolando-se do plano partidaacuterio

denotando sentido neutro nas poliacuteticas de desenvolvimento

Na aplicaccedilatildeo do questionaacuterio percebemos que muitos dos respondentes

como constatado no graacutefico 9 desconhecem as regulamentaccedilotildees que normatizam a

categoria (Leis) os dispositivos legais que favorecem a classe do MEI quanto ao

creacutedito agraves isenccedilotildees agrave licitaccedilatildeo dentre outros instrumentos relacionados agrave sua

inserccedilatildeo e expansatildeo no mercado

Como jaacute mencionado nos municiacutepios de Guaratuba e Antonina natildeo foram

identificadas estrateacutegias de apoio ao MEI por parte do governo local com vistas agrave

inserccedilatildeo no sistema de mercado observados os dispositivos da Lei Geral

Em Guaratuba em 2009 o municiacutepio instituiu a Lei Complementar 042009

sobre o tratamento diferenciado agraves MPE no acircmbito municipal Uma das estrateacutegias

previstas na referida LC de Guaratuba foi a criaccedilatildeo do Comitecirc Gestor Municipal com

o objetivo de acompanhar a implementaccedilatildeo da LC 12306 e suas complementaccedilotildees

108

Poreacutem nas pesquisas de campo em 2016 junto agraves secretarias de

Urbanismo de Infraestrutura e Obras e do Bem Estar e Promoccedilatildeo Social assim

como o entrevistado1 desconheciam a existecircncia e atuaccedilatildeo do citado comitecirc assim

como natildeo souberam informar sobre alguma proposta referida ao MEI

Um dos avanccedilos identificados no processo de desenvolvimento empresarial

de Guaratuba foi a criaccedilatildeo em 2016 de uma agecircncia da Junta Comercial do

Paranaacute firmando parceria com o governo local e com a Associaccedilatildeo Comercial e

industrial de Guaratuba (ACIG)Tal accedilatildeo pode fortalecer o caraacuteter institucional de

poliacuteticas voltadas agraves categoria empresarial e comercial do municiacutepio Destacamos

ainda que esta foi uma accedilatildeo isolada identificada para o desenvolvimento do

ambiente empresarial da cidade

Muito embora a maioria dos municiacutepios da MRGP apresente dificuldades

orccedilamentaacuterias eacute importante frisar que o enquadramento aos dispositivos legais

inseridos na Lei Geral podem ser implantados de maneira gradual vinculados a uma

postura de desenvolvimento integrado e com metas de meacutedio e longo prazos com

provimentos de investimentos que suportem em princiacutepio estrateacutegias e accedilotildees um

pouco mais reduzidas mas no segundo momento podem ser expandidas e

melhoradas encaixadas em novas estrateacutegias e accedilotildees em concepccedilotildees de

―inovaccedilatildeo renovaccedilatildeo e transformaccedilatildeo constantes as quais estatildeo sujeitas qualquer

poliacutetica puacuteblica

438 O MEI-Patratildeo no Litoral do Paranaacute

Segundo o SEBRAE (2014) as micro e pequenas empresas em 2011 eram

responsaacuteveis por ―44 dos empregos formais em serviccedilos e aproximadamente 70

dos empregos gerados no comeacutercio (p7)

Nota-se a impressionante importacircncia desse tecido empresarial na economia

do trabalho e sua relevacircncia que pode ser considerada nas poliacuteticas de inclusatildeo

social visto a geraccedilatildeo de emprego e renda e externalidades agregadas como o

combate a miseacuteria e a pobreza extrema aleacutem do aumento da auto-estima e da

manutenccedilatildeo da dignidade das pessoas em funccedilatildeo do trabalho

109

O MEI na forma da lei explicitado no art 18C da LC 12808 poderaacute

contratar um empregado com todos os direitos e deveres atribuiacutedos na

Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho (CLT)

Observado o disposto no art 18-A e seus paraacutegrafos desta Lei Complementar poderaacute se enquadrar como MEI o empresaacuterio individual que possua um uacutenico empregado que receba exclusivamente 1 (um) salaacuterio miacutenimo ou o piso salarial da categoria profissional

Ao analisar o graacutefico abaixo (GRAacuteFICO 14) com base no questionaacuterio

identificamos que dezenove (n=19) dos MEI que participaram do questionaacuterio

responderam que natildeo possuem empregado no exerciacutecio de suas atividades oito

(n=8) responderam que possuem empregado e trecircs (n=3) natildeo responderam agrave

questatildeo

GRAacuteFICO 14 -RESPONDENTES QUE POSSUEM FUNCIONAacuteRIOS NA MRGP ()

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Se por um lado a formalizaccedilatildeo do MEI constitui um avanccedilo no enfrentamento

agrave informalidade do outro lado haacute uma reproduccedilatildeo do processo informal que foge ao

controle da poliacutetica de formalizaccedilatildeo Trabalhadores que satildeo incluiacutedos por uma

poliacutetica que tem esforccedilo em pelo menos reduzir a informalidade contribui em

parte para a precarizaccedilatildeo do trabalho contratando trabalhadores dentro do sistema

informal para exercerem atividades que permanecem fora dos preceitos do trabalho

descente

0

10

20

30

40

50

60

70

sim natildeo natildeo respondeu

110

Nesse sentido sobre os microempreendedores individuais que empregam

constatamos(GRAacuteFICO 15) que dos trabalhadores empregados pelos MEI seis

(n=6) deles exercem suas funccedilotildees na informalidade e dois (n=2) satildeo formalizados

GRAacuteFICO 15 - QUANTITATIVO DE TRABALHADORES FORMALIZADOS E NAtildeO FORMALIZADOS

EMPREGADOS PELO MEI NA MRGP ()

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Eacute importante ressaltar que nas observaccedilotildees de campo constatou-se que

333 dos empregados natildeo formalizados (n=2) eram filhos dos MEI respondentes

Dessa forma muitos MEI aleacutem de reproduzir a informalidade com forccedila de trabalho

familiar precarizando em muito as condiccedilotildees do trabalho comprometem o

rendimento escolar de crianccedilas e adolescentes

439 Renda bruta dos MEI entrevistados um alento agrave meacutedia

Os municiacutepios da MRGP apresentam caracteriacutesticas distintas tanto pela

economia industrial quanto pelas particularidades sazonais dos serviccedilos as quais as

cidades balneaacuterias estatildeo submetidas Segundo Monteiro (2013 p 5) a populaccedilatildeo

total dos trecircs municiacutepios pode aumentar em 400 na temporada de praia

As particularidades sazonais refletem consideravelmente nas economias dos

municiacutepios balneaacuterios pelo aumento do fluxo de pessoas na temporada de veratildeo

0

10

20

30

40

50

60

70

80

natildeo formalizado formalizado

111

responsaacutevel pelo estiacutemulo da economia local impulsionada pelo turismo Destaque

para os setores de serviccedilos e do comeacutercio Com a expansatildeo da economia nesse

periacuteodo (dezembro janeiro e fevereiro) surgem oportunidades de trabalho e renda

para a populaccedilatildeo local e o aumento de volume do comeacutercio e prestaccedilatildeo de serviccedilos

Abaixo (GRAacuteFICO 16) examinamos a renda bruta dos respondentes (n=30)

na temporada de praia e no inverno a partir do questionaacuterio A referecircncia de renda

teraacute como paracircmetro o salaacuterio miacutenimo nacional39

GRAacuteFICO 16 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS MEI RESPONDENTES COM BASE NA RENDA BRUTA TENDO COMO PARAcircMETRO DE VALOR O SALAacuteRIO MIacuteNIMO NACIONAL (2016) ()

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Ao observarmos acima (GRAacuteFICO 16) percebemos que dos respondentes

na temporada de praia quatro (n=4) ganham ateacute um salaacuterio miacutenimo por mecircs

trecircs(n=3) ganham ateacute dois salaacuteriosmecircs sete (n=7) ganham ateacute trecircs salaacuterios sete

(n=7) ganham ateacute quatro salaacuterios sete (n=7) ganham mais de quatro salaacuterios e dois

(n=2) ganham mais de cinco salaacuterios por mecircs e fora da temporada de praia quatro

(n=4) ganham ateacute um salaacuterio miacutenimo por mecircs quatro (n=4) ganham ateacute dois salaacuterios

miacutenimos por mecircs oito (n=8) ateacute trecircs salaacuterios quatro (n=4) ateacute quatro salaacuterios sete

(n=7) ganham mais de quatro salaacuterios e dois(n=2) ganham mais de cinco

salaacuteriosUm respondente natildeo se manifestou sobre a renda bruta fora do veratildeo

39

O salaacuterio miacutenimo nacional para o ano 2016 eacute de R$ 88000 tendo como base o Decreto Federal nordm 86182015

0

5

10

15

20

25

30

ateacute 1 ateacute 2 ateacute 3 ateacute 4 mais de4

mais de5

no veratildeono inverno

112

Na demonstraccedilatildeo acima (GRAacuteFICO 16) notamos que cerca de nove(n=9)

dos MEI respondentes possui rendimentos acima de quatro salaacuterios miacutenimos e

quatorze (n=14) possui variaccedilatildeo entre um e trecircs salaacuterios miacutenimos Em 201040 o

rendimento do trabalhador na MRGP era em meacutedia 245 salaacuterios miacutenimos como

indicado abaixo41 (TABELA 15)

TABELA 15 - RENDIMENTO NOMINAL MEacuteDIO DOS TRABALHADORES CONTRIBUINTES PARA A PREVIDEcircNCIA SOCIAL EM QUALQUER TRABALHO NA MRGP (2010)

MUNICIacutePIO RENDIMENTO MEacuteDIO EM SALAacuteRIO MIacuteNIMO

Antonina 227

Guaraqueccedilaba 118

Guaratuba 244

Matinhos 278

Morretes 267

Paranaguaacute 304

Pontal do Paranaacute 279

MEacuteDIA 245

FONTE IBGE ndash senso 2010

Se estabelecermos uma comparaccedilatildeo tendo como indicativo de rendimento

do trabalhador o salaacuterio miacutenimo nacional veremos que o MEI categoria de

trabalhador inclusa no sistema previdenciaacuterio (IBGE) 30 dos respondentes possui

renda meacutedia superior agrave verificada em 2010 e 467 dessa categoria permanece

proacuteximo da meacutedia analisada em 2010

4310 Capacitaccedilatildeo profissional dos MEI no Litoral do Paranaacute

Os artigos 64 e 65 da LC 12306 com base no art 149 da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 reforccedilam a necessidade de articulaccedilatildeo entre as Instituiccedilotildees

Federais de Ensino Superior (IFES) as Instituiccedilotildees Cientiacuteficas e Tecnoloacutegicas (ICT)

e as FundaccedilotildeesInstituiccedilotildees de Apoio (Lei Fed 895894) na implementaccedilatildeo de ―[]

programas especiacuteficos para as microempresas e para as empresas de pequeno

porte [] Os programas possuem objetivos de auxiliar agrave capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica e

40

O salaacuterio miacutenimo nacional em 2010 era de R$ 51000 conforme Lei 1225510 41

Utilizamos o paracircmetro de 2010 por conta da escassez de dados econocircmicos atualizados da MRGP

113

treinamento de pessoal assim como dinamizar o processo de inovaccedilatildeo e

estruturaccedilatildeo dessas categorias empresariais

O Sistema S42 a exemplo definido na paacutegina web do Senado Federal como

―Termo que define o conjunto de organizaccedilotildees das entidades corporativas voltadas

para o treinamento profissional assistecircncia social consultoria pesquisa e

assistecircncia teacutecnica que aleacutem de terem seu nome iniciado com a letra S tecircm raiacutezes

comuns e caracteriacutesticas organizacionais similares e dentro de suas competecircncias

―cumpre um papel fundamental na oferta de cursos profissionalizantes em todo o

Brasil Criadas a partir dos anos 1940 as entidades que compotildeem o sistema se

dedicam agrave formaccedilatildeo profissional em suas respectivas aacutereas de atuaccedilatildeo (induacutestria

comeacutercio agropecuaacuteria entre outras) como indica o site do Governo Federal

Dessa forma com base nas anaacutelises de Albuquerque e Zapata (2008)

compreendemos que eacute igualmente necessaacuterio para o desenvolvimento e o

incremento das potencialidades estabelecerem o fortalecimento e expansatildeo tanto

das empresas inseridas em arranjos produtivos locais com qualificaccedilatildeo do capital

humano no gerenciamento e gestatildeo dos processos socioeconocircmicos Acesso em

agraves novas tecnologias promovendo a inovaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de produtos e a

conexatildeo em redes de produccedilatildeo e escoamento dos produtos dentro e fora do

territoacuterio quanto agrave otimizaccedilatildeo desses recursos alocados ao desenvolvimento

socioeconocircmico

Para o SEBRAE (2014) em 2011 os pequenos negoacutecios atingiram o

percentual de 27 do PIB brasileiro sendo que as Micro e Pequenas Empresas

respondem por 53 4 da riqueza gerada no setor de serviccedilos

Os dados demonstram a importacircncia de incentivar e qualificar os empreendimentos de menor porte inclusive os Microempreendedores Individuais Isoladamente uma empresa representa pouco Mas juntas elas satildeo decisivas para a economia e natildeo se pode pensar no desenvolvimento do Brasil sem elas (SEBRAE 2014)

Abaixo (GRAacuteFICO 17) demonstra o quantitativo de MEI respondentes ao

questionaacuterio que participaram de cursos de capacitaccedilatildeo

42

A criaccedilatildeo das Instituiccedilotildees do sistema ―S tem como base fundamental o art 149 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e eacute composta pelo Serviccedilo Nacional de Aprendizagem do Comeacutercio (Senac) Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) Serviccedilo Social do Comeacutercio (Sesc) Serviccedilo Social da Induacutestria (Sesi) Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e Serviccedilo Social de Transporte (Sest) Serviccedilo Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop)

114

GRAacuteFICO 17- QUANTITATIVO DE MEI RESPONDENTES QUE PARTICIPARAM DE CURSOS DE CAPACITACcedilAtildeO

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Percebemos (GRAacuteFICO 17) que dezessete (n=17) dos respondentes natildeo

participaram de cursos de capacitaccedilatildeo e dez (n=10) responderam que sim Dessa

forma veremos que a maioria dos respondentes se enquadra na perspectiva de

Sachs (2003) sobre a falta de conhecimentos baacutesicos para o desenvolvimento de

suas atividades Ou seja ausecircncia de capacitaccedilatildeo necessaacuteria nos negoacutecios pode se

tornar uma barreira na sustentabilidade do microempreendimento

O principal problema enfrentado pelo MEI eacute a falta de conhecimento de mercado Eles tecircm uma boa intenccedilatildeo mas sem capacidade de gerir o negoacutecio A natildeo ser aquele que jaacute exerce sua profissatildeo e resolve se formalizar Este jaacute conhece os limites do mercado (transcriccedilatildeo) entrevistado1)

Boa parte dos MEI no momento da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio natildeo

expressava desejo em se capacitar ou mesmo participar de qualquer qualificaccedilatildeo

Um dos MEI que respondeu natildeo participar de cursos de capacitaccedilatildeo nos disse se

considerar um ―autodidata e natildeo haveria a necessidade de se capacitar

A capacitaccedilatildeo para agir no mercado aberto eacute um elemento chave como

suporte agrave expansatildeo das capacidades envolvidas em um microempreendimento

posto agrave possibilidade de conhecimento de gestatildeo e financcedilas administraccedilatildeo de

recursos estoque fluxos de mercado e competitividade

participou

natildeo participou

Natildeo respondeu

115

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Iniciamos os trabalhos de pesquisa motivados por investigar como as

organizaccedilotildees puacuteblicas mercado e organizaccedilotildees sociais tecircm constituiacutedo poliacuteticas de

formalizaccedilatildeo do trabalho e como os trabalhadores e essas organizaccedilotildees tecircm

promovido e acolhido a formalizaccedilatildeo do microempreendedor individual no litoral do

Paranaacute Para tal realizamos estudos sobre as transformaccedilotildees no mundo do trabalho

investigamos a configuraccedilatildeo socioeconocircmica e os principais problemas enfrentados

pelos trabalhadores informais na regiatildeo Tratando-se de um estudo pioneiro

enfrentamos uma seacuterie de dificuldades para a coleta de dados e entrevistas em um

setor marcado pela precariedade de informaccedilotildees e estudos sistemaacuteticos

Um traccedilo marcante no mercado de trabalho brasileiro eacute informalidade

decorrente das transformaccedilotildees no processo de produccedilatildeo promovidas pelo decliacutenio

da concepccedilatildeo keynesianafordista que culminaram nas modificaccedilotildees das relaccedilotildees

de trabalho e no deslocamento do trabalhador fabril para o setor terciaacuterio

O capitalismo no Brasil como na Ameacuterica Latina tambeacutem denominado de

capitalismo tardio foi fundamentalmente gerado a partir de forccedilas produtivas

exoacutegenas e natildeo da capacidade de produccedilatildeo endoacutegena apesar de grande parte de o

capital cafeeiro brasileiro ter sido convertido em capital industrial O setor industrial

no Brasil se expandiu rapidamente entre a segunda metade da deacutecada de 1950 e da

deacutecada de 1960 convertido por um novo padratildeo tecnoloacutegico e de acumulaccedilatildeo

No litoral paranaense o capitalismo adquiriu caracteriacutesticas diferentes do

restante do Estado como indica a literatura O poacutelo e vetor econocircmico da regiatildeo eacute o

municiacutepio de Paranaguaacute responsaacutevel por boa parte da produccedilatildeo de riquezas na

regiatildeo da geraccedilatildeo de postos de trabalho e renda pois possui o maior nuacutemero de

empresas da regiatildeo Em ponto oposto agrave Paranaguaacute temos o municiacutepio de

Guaraqueccedilaba o mais carente em recursos os quais 93 tem origem em

repasses do Estado e do Governo Federal

Muito embora com potenciais escondidos e pouco explorados passiacuteveis de

impulsionar o desenvolvimento a Microrregiatildeo Geograacutefica de Paranaguaacute eacute

considerada uma das menos desenvolvidas do Estado marcada pela ausecircncia de

poliacuteticas de desenvolvimento local altos iacutendices de pobreza e destacadas

desigualdades sociais Segundo a literatura a regiatildeo possui um Niacutevel de

Desenvolvimento Regional (NDR) classificado como Muito Baixo (MB) Ainda

116

segundo a literatura as receitas dos municiacutepios da MRGP possuem enorme

dependecircncia das transferecircncias correntes do Estado e da Uniatildeo demonstrando a

pouca capacidade na geraccedilatildeo de riquezas e de recursos necessaacuterios agrave aplicaccedilatildeo e

melhoria de serviccedilos baacutesicos para a populaccedilatildeo local tais como sauacutede e educaccedilatildeo

Alguns municiacutepios da MRGP aleacutem da dependecircncia das transferecircncias

correntes destinam boa parte de seus recursos a atenderem elites locais em um

cenaacuterio de clientelismo43

Os segmentos da economia no litoral que mais geram empregos formais satildeo

o comeacutercio setor de serviccedilos e administraccedilatildeo puacuteblica seguido modestamente pelo

setor industrial As variaccedilotildees sazonais caracteriacutesticas dos municiacutepios balneaacuterios ndash

Guaratuba Matinhos e Pontal do Paranaacute ndash produzem efeitos na economia da regiatildeo

que basicamente tem forte presenccedila do comeacutercio e do setor de serviccedilos

aumentando significativamente a oferta precarizada de emprego e renda na

temporada de veratildeo

Os municiacutepios de Guaraqueccedilaba Matinhos Pontal do Paranaacute Morretes e

Paranaguaacute estabeleceram parceria com o SEBRAE com o objetivo de criar

condiccedilotildees para a adaptaccedilatildeo da Lei Complementar 12808 Essa Lei Complementar

eacute uma Poliacutetica Puacuteblica que cria a figura juriacutedica do Microempreendedor Individual

(MEI) e estabelece criteacuterios de normatizaccedilatildeo da categoria associados a dispositivos

de apoio a esse tecido empresarial

O canal de comunicaccedilatildeo entre as prefeituras e o SEBRAE tem sido a sala

do empreendedor presente nesses municiacutepios Essa foi uma iniciativa adotada para

criar condiccedilotildees de apoio ao microempreendedor individual no sentido de orientaacute-lo

quanto agrave formalizaccedilatildeo aspectos ligados agrave referida LC e promover as bases do

desenvolvimento desse tecido empresarial A sala do empreendedor se constitui em

uma importante ferramenta natildeo soacute de amparo ao empreendedor mas em uacuteltima

anaacutelise em uma estrateacutegia de fomento ao desenvolvimento local posto que aliada

a formalizaccedilatildeo de empreendimentos que atuam na informalidade e de potenciais

empreendedores estaacute o resgate agrave cidadania pelo direito ao trabalho descente e

regularizado

Por outro lado estudos de campo evidenciaram que ao se formalizar e

empregar um terceiro o MEI tende a reproduzir a informalidade pelo trabalho

43

Ver Monteiro (2013b)

117

precarizado pelas excessivas jornadas de trabalho e pela baixa remuneraccedilatildeo De

outra forma o trabalho informal pode se concretizar para muitos trabalhadores na

uacutenica maneira de sobrevivecircncia em um mundo onde haacute decreacutescimo dos postos de

trabalho protegido pelas leis regulatoacuterias e normativas

Um dispositivo importante contido na Lei Geral eacute o Acesso em facilitado ao

microcreacutedito produtivo estendido para o microempreendedor No litoral esta

ferramenta de inclusatildeo e expansatildeo do MEI estaacute pouco explorada considerando a

diminuiccedilatildeo dos financiamentos pela Caixa Econocircmica Federal Em contra partida os

contratos creditiacutecios firmados junto ao Banco Fomento Paranaacute aumentaram nos

uacuteltimos anos mas a sua representatividade ainda eacute pouco expressiva entre os

microempreendimentos no litoral

Ao longo dos estudos verificamos que a Poliacutetica Puacuteblica de formalizaccedilatildeo do

MEI eacute uma poliacutetica de longo prazo que coaduna estrateacutegias e accedilotildees de resultados

que podem definir prazos mais longos mas em sentido imediato podem modificar a

vida desses trabalhadores Se de um lado esses trabalhadores encontraram uma

oportunidade de inserccedilatildeo no mercado de trabalho formal atraveacutes da LC 12808

constituindo seu proacuteprio negoacutecio lutando por uma vida de dignidade atraveacutes de seu

trabalho por outro lado essa classe de trabalhadores representa a forma pela qual

o Estado de maneira ilusoacuteria tenta minimizar os efeitos da exclusatildeo de milhares de

postos de trabalho em funccedilatildeo dos novos padrotildees de produccedilatildeo inseridos na

perspectiva neoliberal que aleacutem do deslocamento forccedilado dos trabalhadores agrave

informalidade produz e reproduz desigualdades sociais e econocircmicas De certa

forma como a literatura indica a LC 12808 pode ser considerada uma ferramenta

utilizada pelo Estado para regulamentar o trabalho precarizado jaacute que as bases

estruturais do desemprego natildeo satildeo atingidas

Nesse contexto observamos o sentido ambivalente da poliacutetica puacuteblica de

formalizaccedilatildeo do MEI que se de um lado o Estado percebe o alastramento da

informalidade e dos efeitos nefastos para milhares de trabalhadores brasileiros e cria

uma poliacutetica puacuteblica para enfrentar esse fenocircmeno de outro lado observamos as

dificuldades dos MEI em empreender em meio a fatores exoacutegenos como retraccedilatildeo

econocircmica e endoacutegenos como a dependecircncia de fatores locais comprometendo os

objetivos da poliacutetica puacuteblica

Os municiacutepios do litoral paranaense em sua maioria carentes de

amadurecimento das concepccedilotildees de desenvolvimento local e de recursos

118

necessaacuterios ao suporte de estrateacutegias que correspondam a uma necessaacuteria

expansatildeo das equidades e das liberdades substantivas de suas populaccedilotildees vecircem

suas capacidades limitadas em funccedilatildeo de uma economia com pouca geraccedilatildeo de

riquezas influindo na baixa tributaccedilatildeo e no alastramento de problemas sociais como

o aumento da ociosidade forccedilada da pobreza da miseacuteria da violecircncia e da

criminalidade

Concluiacutemos que a inclusatildeo social do MEI expresso no art 18E da LC

12808 depende da sua permanecircncia e sustentabilidade entre outras circunstacircncias

aleacutem do ambiente empresarial de negoacutecios do fortalecimento do mercado e da

inclinaccedilatildeo do governo local agraves concepccedilotildees de desenvolvimento Dentro dessa

perspectiva empoderar o governo local se destaca como um dos elementos

fundamentais para o desenvolvimento de poliacuteticas puacuteblicas para o MEI assim como

a preparaccedilatildeo do empresariado local para a diminuiccedilatildeo das assimetrias no ambiente

de negoacutecios

A formalizaccedilatildeo do MEI natildeo eacute um fim em si mas pode ser adequada agraves

realidades locais e suplementada garantindo e expandindo direitos jaacute conquistados

Apesar de alguns avanccedilos que possibilitem os MEI sobreviver em meio a

imensidatildeo de empresas buscando um espaccedilo no mercado em curto prazo se natildeo

intensificarem investimentos para o fortalecimento da categoria presenciaremos o

esgotamento das estrateacutegias que ainda resistem

Esperamos que os estudos que realizamos sobre o MEI no litoral do Paranaacute

sejam o iniacutecio de outras investigaccedilotildees que possibilitem a sistematizaccedilatildeo de

conhecimentos que estatildeo dispersos entre os atores puacuteblicos e privados que

desenvolvem seus esforccedilos para a formalizaccedilatildeo e viabilizaccedilatildeo do MEI Esta aacuterea de

estudos apresenta-se como um desafio em funccedilatildeo da precariedade de informaccedilotildees

para pesquisa todavia por seu caraacuteter inovador configura-se tambeacutem como

oportunidade de desenvolvimento de novos pesquisadores para a produccedilatildeo de

novos arranjos institucionais que permitam aos trabalhadores MEI a sua

formalizaccedilatildeo e viabilizaccedilatildeo no mercado

119

REFEREcircNCIAS

ALBUQUERQUE FRANCISCO Metodologia para El desarrolo econocircmico local LPIPG105 1997 Disponiacutevelem lthttparchivocepalorgpdfgts1997S9720129pdfgtAcesso em 10 dez 2015 ALBURQUERQUE FRANCISCO ZAPATA TANIAA importacircncia da estrateacutegia de desenvolvimento localterritorial no Brasil in DOWBOR Ladislau POCHMANN Marcio Poliacuteticas para o desenvolvimento local Perseu Abramo Satildeo Paulo 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwsctrsgovbrupload1353522830_A20importC3A2ncia20da20estratC3A9gia20de20desenvolvimento20local20territorial20no20Brasil20-20Alburquerque20amp20ZapatapdfgtAcesso em 02 fev 2017 ANDRIGUETTO FILHO JOSEacute MILTON MARCHIORO NILSON DE PAULA XAVIER Diagnoacutestico e problemaacutetica para a pesquisa in RAYNAUT C et al Desenvolvimento e meio ambiente em busca da interdisciplinaridade pesquisas urbanas e rurais Ed UFPR Curitiba 2002 ANTUNES RICARDO Os modos de ser da informalidade rumo a uma nova era da precarizaccedilatildeo estrutural do trabalho Serv Soc Soc Satildeo Paulo n 107 p 405-419 julset 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0101-66282011000300002gt Acesso em 16 marccedilo 2016 BARBOSA FILHO FERNANDO DE HOLANDA PESSOcircA SAMUEL (2011) Uma Anaacutelise da Reduccedilatildeo da Taxa de Desemprego Rede de Economia Aplicada WorkingPaper 28 Disponiacutevel em lthttpwwwanpecorgbrencontro000d0204295d65df3e887e93f3a4a9c934fpdfgt Acesso em 01 jul 2015 BARBOSA FILHO FERNANDO HOLANDA MOURA RODRIGO LEANDRO DE Evoluccedilatildeo Recente da Informalidade no Brasil Uma Anaacutelise Segundo Caracteriacutesticas da Oferta e Demanda de Trabalho Instituto Brasileiro de Economia FGV nordm 17 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwportalibrefgvbrlumisportalfilefileDownloadjspfileIdgtAcesso em 13 maio 2016 BARBOSA A DE FREITAS ET AL Desenvolvimento econocircmico e inclusatildeo social in POCHMANN M Reestruturaccedilatildeo produtiva perspectiva de desenvolvimento local com inclusatildeo social Petroacutepolis Vozes 2004 BARBOSA ROSANGELA NAIR DE CARVALHO Trabalho informal e Poliacuteticas Puacuteblicas para geraccedilatildeo de renda XIII Congresso Brasileiro de Sociologia do Trabalho Recife UFPE 2007 disponiacutevel em lthttpwwwsbsociologiacombrportalindexphpoption=com_docmanamptask=doc_downloadampgid=1046ampItemid=171gtAcesso em 18 nov 2015 BARONE F M LIMA P F DANTAS V REZENDE V Introduccedilatildeo ao Microcreacutedito BACEN 2002 Disponiacutevel em

120

lthttpwwwbcbgovbrhtmspublicmicrocreditomicrocreditopdfgtAcesso em 22 jan 2017 BATISTA ROBERTO LEME Uma anaacutelise criacutetica sobre as bases conceituais do PLANFOR Rede de Estudos do trabalho ndash Revista da RET ano III nordm 4 2009 disponiacutevel em lthttpwwwestudosdotrabalhoorgUma20anE1lise20crEDticapdfgtAcesso em 07 jul 2016 BRASIL Constituiccedilatildeo Federal do Brasil 1988 __________ Decreto Lei nordm 54521943 __________ Decreto Lei nordm 7188573 __________ Decreto Lei nordm 194696

__________ Decreto Lei nordm 194696 __________ Decreto Lei nordm 55982005 __________ Lei Complementar n1232006 __________ Lei Complementar n 0870

__________ Lei Complementar n 2571 __________ Lei Complementar 1282008 Brasiacutelia 2008

__________ Lei Complementar 1472014 __________ Lei Federal n 472565

__________ Lei Federal n 43301964

__________ Lei Federal n 51071966

__________ Lei Federal n 721966

__________ Lei Federal n 071970 __________ Lei Federal n 602574 __________ Lei Federal n 613674

__________ Lei Federal n 228386

__________ Lei Federal n 799890 __________ Lei Federal n 102082001

121

__________ Lei Federal n 107792003 __________ Lei Federal n 80361990 __________ Lei Federal n 111102005

__________ Lei Federal n 11598 2007

__________ Lei Federal n 104062002

__________ Lei Federal n 86661993

__________ Lei Federal n 111102005 __________ Medida Provisoacuteria 2164-41 2001

__________ MINISTEacuteRIO DO TRABALHO E EMPREGO Mercado de Trabalho Conjuntura e anaacutelise nordm 56 IPEA 2014Disponiacutevel em lthttpwwwipeagovbrportalimagesstoriesPDFgtsmercadodetrabalhobmt56_completopdfgtAcesso em 28 jul 2016

__________MINISTEacuteRIO DO TRABALHO E EMPREGO Anaacutelise do Mercado de Trabalho nordm 58 Ano 21 IPEA 2015 Disponiacutevel emlthttpwwwipeagovbrportalimagesstoriesPDFgtsmercadodetrabalhobmt_58_analisepdfgtAcesso em 28 jul 2016

__________Estudo elaborado pelo Observatoacuterio do Mercado de Trabalho do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) 2002 __________ Economia Informal Urbana IBGE 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrhomeestatisticaeconomiaecinf2003gtAcesso em 21 out 2015 __________ Resoluccedilatildeo n 12696

BRESSER PEREIRA L C A crise na Ameacuterica Latina consenso de Washington ou crise fiscal Disponiacutevel em lthttpppeipeagovbrindexphpppearticleview883820gtAcesso em 10 out 2015 BROM LUIZ GUILHERME A crise da modernidade pela lente do trabalho Satildeo Paulo Saraiva 2006

CAMINHA MARCO AUREacuteLIO LUSTOSA As metamorfoses do mundo do trabalho no final do seacuteculo XX e a atualidade da questatildeo social Jus Navigandi v 3147 p 1-5 2012 Disponiacutevel em lthttpjuscombrartigos21058as-metamorfoses-do-mundo-do-trabalho-no-final-do-seculo-xx-e-a-atualidade-da-questao-socialgtAcesso em 23 set 2015

CARDOSO DE MELLO J M O capitalismo tardio 8ordf ed Satildeo Paulo Brasiliense

122

1991 CATTANI ANTONIO DAVID Economia submersa Lua Nova [online] 1985 vol2 n2 pp 27-31 Disponiacutevel lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_pdfgtamppid=S0102-gtAcesso em 06 set 2015 CERQUEIRA C L CUNHA G C MOHR G SOUZA L J ABRAHAO C M S FLEIG D Associativismo possibilidades de inovaccedilatildeo para os microempreendedores do litoral paranaense In VIII Workshop EmpreenderSur 2014 Satildeo Paulo Educando para o Empreendedorismo e Inovaccedilatildeo Satildeo Paulo Universidade Presbiteriana Mackenzie 2014 v 1 p 728-741 Disponiacutevel lthttpemprendesurnetboletinesEmprendeSUR_viii_wpdfgtAcesso em 23 dez 2016

CHAHAD J P Z Poliacuteticas Ativas e Passivas no Mercado de Trabalho aspectos conceituais a experiencia internacional e a avaliaccedilatildeo do caso brasileiro 2006 (Convecircnio CEPALPNUDOIT - Relatoacuterio Nacional de Desenvolvimento Humano) Disponiacutevel emltlthttpdocplayercombr4431539-Politicas-ativas-e-passivas-no-mercado-de-trabalho-aspectos-conceituais-a-experiencia-internacional-e-a-avaliacao-do-caso-brasileiro-1htmlgtAcesso em17 marccedilo 2016

CHESNAIS FRANCcedilOIS A mundializaccedilatildeo do capital Satildeo Paulo Xamatilde 1996 COTRIN G histoacuteria do Brasil um olhar criacutetico Satildeo Paulo Saraiva 1999

DENARDIN V F SULZBACH M T O impacto da regulamentaccedilatildeo do mercado de trabalho frente a fragilidade orccedilamentaacuteria e do emprego nos municiacutepios do litoral do Paranaacute Universidade Federal do Rio Grande do Norte CCHLA 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwcchlaufrnbrgtAcesso em 03 jun 2016

___________ Produtos com identidade territorial o caso da farinha de mandioca no litoral paranaense In Saquet M A Santos R A Geografia agraacuteria territoacuterio e desenvolvimento Satildeo Paulo Expressatildeo Popular 2010Disponiacutevel em lthttpwwwaba-agroecologiaorgbrrevistasindexphprbagroecologiaarticle6084gtAcesso em 05 maio 2016 DESLANDES SUELI FERREIRA A construccedilatildeo do projeto de pesquisa In MINAYO Maria Ceciacutelia Pesquisa Social teoria meacutetodo e criatividadendashed 29 Petroacutepolis Vozes 2010

DENARDIN VALDIR F LAUTERT L F RIBAS C P ZANETTI R Farinha de Mandioca no Litoral Paranaense um produto com potencial agroecoloacutegico Revista Brasileira de Agroecologia v 4 p 2420-2424 2009Disponiacutevel em httpwwwabaagroecologiaorgbrrevistasindexphprbagroecologiaarticleview8626 Acesso em26 abril 2016

123

DIEESE Mercado de trabalho Satildeo Paulo 2015 Disponiacutevel em lthttpswwwdieeseorgbranuario2015sistPubLivreto1MercadoDeTrabalhopdfgt Acesso em 12 de set de 2016

DUMEacuteNIL GEacuteRARD LEacuteVY DOMINIQUE Neoliberalismo ndash Neo-imperialismo Economia e Sociedade Campinas v 16 n 1 (29) p 1-19 abr 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfgtecosv16n1a01v16n1gtAcesso em16 marccedilo 2016 ESTEVES CLAacuteUDIO JESUS DE OLIVEIRA Vulnerabilidade Socioambiental na Aacuterea de Ocupaccedilatildeo Contiacutenua do Litoral do Paranaacute ndash Brasil Tese de Doutorado ndashUFPR Curitiba 2011

FAUSTO B Histoacuteria do Brasil Satildeo Paulo Edusp 1995 FERNANDES ANTOcircNIO SEacuteRGIO ARAUacuteJO O capital social e a anaacutelise institucional e de poliacuteticas puacuteblicas RAP Rio de Janeiro 36(3) 375-98 MaioJun 2002 Disponiacutevel lthttpwwwbibliotecadigitalfgvbrojsindexphpraparticledownload64445028gt Acesso em 18 jul 2015 FERNANDES FLORESTAN Capitalismo dependente e as classes sociais na Ameacuterica Latina Rio de Janeiro Zahar 1975 FIANI RONALDO Arranjos Institucionais e Desenvolvimento O Papel da Coordenaccedilatildeo em Estruturas Hiacutebridas IPEA RJ 2013 disponiacutevel em lthttprepositorioipeagovbrbitstream110589711TD_1815pdfgtAcesso em 25 nov 2016

IANI RONALDO Cooperaccedilatildeo e Conflito Instituiccedilotildees e desenvolvimento econocircmico 01 ed Rio de Janeiro Elsevier 2011 Disponiacutevel lthttpsbooksgooglecombrbooksid=fT2tJY2rRygCamppg=PA4amplpg=PA4ampdq=instituiC3A7C3B5es+para+davis+northampsource=blampots=NDdomTfdL3ampsig=4TQ1Ux7o2dNxnLBDGGUFsDgA-w8amphl=pt-BRampsa=Xampved=0ahUKEwjMwYri8N_QAhXClZAKHXJKAA8Q6AEIPjAGv=onepageampq=instituiC3A7C3B5es20para20davis20northampf=falsegtAcesso em 25 nov 2016

FIANI RONALDO Teoria da regulaccedilatildeo econocircmica Estado atual e perspectivas futuras UFRJ-IE 2001 Disponiacutevel lthttpcac-phpunioestebrcursostoledohistoriaeconomicateoriaregulacaopdfgtAcesso em 01 dez 2016

FREY KLAUS Poliacuteticas puacuteblicas um debate conceitual e reflexotildees referentes agrave praacutetica da anaacutelise de poliacuteticas puacuteblicas no Brasil Planejamento e Poliacuteticas Puacuteblicas (IPEA) Brasiacutelia v 21 p 211-259 2000 Disponiacutevel em ltlthttpwwwufpabrepdirimagesdocspaper21pdfgtgtgtAcesso em 12 dez 2016

FUNDACcedilAtildeO GETUacuteLIO VARGAS (FGV) CPDOC A era Vargas 1927 disponiacutevel emltlthttpcpdocfgvbrnode1885gtAcesso em 03 out 2016

124

FURTADO CELSO Criatividade e dependecircncia na civilizaccedilatildeo industrial Satildeo Paulo Companhia das letras 2008 GALEANO EDUARDO As veias abertas da Ameacuterica Latina Porto Alegre LampPM 2010 HIGGINS SILVIO SALEJ Fundamentos teoacutericos do capital social Chapecoacute Argus 2005

HOumlFLING ELOISA DE MATTOS Estado e poliacuteticas (puacuteblicas) sociais Cadernos Cedes ano XXI n 55 novembro2001 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfgtccedesv21n555539pdfgtAcesso em 22 dez 2015 HOROCHOVSKI RR et al Bacharelado em Gestatildeo Puacuteblica da UFPR uma contribuiccedilatildeo ao desenvolvimento sustentaacutevel do litoral do Paranaacute Temas de Administraccedilatildeo Puacuteblica v 3 n 6 p 1-22 2012 Disponiacutevel em ltlthttpwwwfclarunespbrgtAcesso em 03 mar 2016

HOROCHOVSKI RR JUNCKES IJ CJL MURARO Participaccedilatildeo e planejamento em um programa de desenvolvimento regional sustentaacutevel Revista Brasileira de Ciecircncias Ambientais ndash Nuacutemero 20 ndash Junho de 2011 Disponiacutevel ltlthttpabesdnorgbrpublicacoesrbciambPDFgts2007_Materia_5_final_artigos280pdfgtAcesso em 28 fev 2017 KOHLER R As relaccedilotildees ente os agregados macroeconocircmicos locais In 5deg Encontro de Economia Gauacutecha 2010 Porto Alegre - RS 5deg Encontro de Economia Gauacutecha 2010 Disponiacutevel ltlthttpswwwgooglecombrsearchq=AS+RELAC387C395ES+ENTRE+OS+AGREGADOS+MACROECONC394MICOS+LOCAISamprlz=1C1CHZL_ptBRBR726BR726ampoq=AS+RELAC387C395ES+ENTRE+OS+AGREGADOS+MACROECONC394MICOS+LOCAISampaqs=chrome69i571742j0j7ampsourceid=chromeampie=UTF-8gtAcesso em 30 jan 2017

LARANJEIRA SOcircNIA MARIAGUIMARAtildeES As Transformaccedilotildees do Trabalho num Mundo Globalizado Sociologias Porto Alegre ano 2 nordm 4 juldez 2000 p14-19 Disponiacutevel lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1517-45222000000200002gt Acesso em 23 nov 2015

LIMA LUCIANA LEITE DASCENZI LUCIANO Implementaccedilatildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas Perspectivas Analiacuteticas Revista de Sociologia e Poliacutetica v 21 nordm 48 101-110 Dez 2013lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S010444782013000400006gtAcesso em 10 dez 2016

LOMBARDI MARIA ROSA Reestruturaccedilatildeo produtiva e condiccedilotildees de trabalho Percepccedilotildees dos trabalhadores Educaccedilatildeo amp Sociedade ano XVIII nordm 61 dezembro97 ndash disponiacutevel ltlthttpwwwscielobrpdfgtesv18n614699pdfgtAcesso em02 dez 2015

125

LUSTOSA FREDERICO Instituiccedilotildees cultura e desenvolvimento sustentaacutevel na bacia cultural do Araripe Cadernos Ebape Br v 8 nordm 1 artigo 9 Rio de Janeiro Mar 2010 Disponiacutevel lthttpwwwscielobrpdfgtcebapev8n1a09v8n1pdfgtAcesso em 21 jun 2015

MACHADO DANIELLE CARUSI NETO JOAtildeO HALLAK Poliacuteticas ativas e passivas de mercado de trabalho panorama atual UFF ndash CEDE RJ 2011Disponiacutevel ltlthttpwwwproacuffbrcedesitesdefaultfilesTD39_2pdfgtAcesso em 10 jan16

MACHADO LUIZ TOLEDO A teoria da dependecircncia na Ameacuterica Latina Estudos Avanccedilados 13 (35) 1999 Disponiacutevel em ltlthttpwwwscielobrpdfgteav13n35v13n35a18pdfgtAcesso em 01 jul16

MAGALHAtildeES JUacuteNIOR M Avaliaccedilatildeo de impacto do Programa Banco do Empreendedor Microcreacutedito sobre o niacutevel de atividade econocircmica dos municiacutepios paranaenses 2010-2013 Monografia de Fim de Curso em Ciecircncias Econocircmicas Universidade Federal do Paranaacute 2016

MALAGUTI MANOEL LUIZ Criacutetica agrave razatildeo informal a imaterialidade do salariado Satildeo Paulo Boitempo 2001

MARTINS JOSEacute DE SOUZA VEIGA JOSEacute ELI DA O que fazer para gerar empregos no Brasil Estud av vol17 no49 Satildeo Paulo SeptDec 2003 ndash disponiacutevel em ttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=s0103-40142003000300019Acesso em03 jun 2015

MATSUO MYRIANTrabalho informal e desemprego desigualdades sociais Tese de Doutorado em Sociologia da Universidade de Satildeo Paulo 2008 Disponiacutevel em wwwtesesuspbrtesesdisponiveis88132tde-05032010MYRIAN_MATSUOpd Acesso em 07 jul 2015 MENEGUIN FERNANDO B BUGARIN MAURIacuteCIO S A informalidade no mercado de trabalho e o impacto das instituiccedilotildees uma anaacutelise sob a oacutetica da teoria dos jogos Economia aplicada Satildeo Paulo v 12 n 3 p 341-363 2008 disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfgtecoav12n3v12n3a01Acesso em 24 set 2015

MONTEIRO RICARDO RA organizaccedilatildeo espacial no litoral paranaense Monografia conclusatildeo de curso (Poacutes graduaccedilatildeo) FAUUSP 2013a Disponiacutevel lthttpwwwfauuspbrdocentesdepprojetoc_deakAUP8406t-alun2013m313r-monteiro-litoral-paranapdfgtgtAcesso em 03 jan 2017

_____________ Regulamentaccedilatildeo urbana em revisatildeo no litoral do Paranaacute Revista brasileira de estudos urbanos e regionais Vol 15 ano 2013b Disponiacutevel em lthttpunuhospedagemcombrrevistarbeurindexphpanaisarticleview4241Acesso em 03 jan 2017

126

MORAES R ESTADO mercado e outras instituiccedilotildees reguladoras Lua Nova revista de cultura e poliacutetica nordm 58 2003 - lthttpwwwscielobrpdfgtlnn58a07n58pdfgtgtAcesso em 10 dez 2015

MOTTA VAcircNIA CARDOSO DA Ideologias do capital humano e do capital social da integraccedilatildeo agrave inserccedilatildeo e ao conformismo TrabEducSauacutedev6 n3p549-571nov2008fev2009 disponiacutevel em wwwscielobrscielophppid=S1981-77462008000300009ampscript=scitlngAcesso em 10 de maio 2015

NASCIMENTO MCG Regularizaccedilatildeo fundiaacuteria urbana de interesse social no direito brasileiro Dissertaccedilatildeo de Mestrado Faculdade de Direito da Universidade de Satildeo Paulo SP 2013 (P 19-26) wwwtesesuspbrDissertacao_Final_Mariana_Chiesa_Gouveia_NascimentopdfgtgtAcesso em 15 jan 2017

NASSIF V M J et al Empreendedorismo por Necessidade O Desemprego como Impulsionador da Criaccedilatildeo de Novos Negoacutecios no Brasil Pensamento e realidade 144 Ano XII mdash v 24 n 12009 disponiacutevel em lthttprevistaspucspbrindexphppensamentorealidadearticleview70755116 Acesso em12 fev 2017

NOGUEIRA MAURO ODDO PEREIRA LARISSA DE SOUZA As Empresas de Pequeno Porte e a produtividade sistecircmica da economia brasileira Obstaacuteculo ou fator de crescimento Disponiacutevel em lthttprepositorioipeagovbrbitstream1105842571Radar_n38_empresaspdfgtgtAcesso em 03 set 2015 WOLFF SIMONE Desenvolvimento local empreendedorismo e ―governanccedila urbana onde estaacute o trabalho nesse contexto Caderno CRH Salvador v 27n 70 p 131-150 JanAbr 2014 disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S010349792014000100010amplng=ptampnrm=isoamptlng=ptAcesso em11 dez 2016

OFFE CLAUS Problemas estruturais do estado capitalista Rio de Janeiro Ed Tempo Brasileiro 1984

OLIVEIRA EDNEacuteIA ALVES DE A poliacutetica de emprego no Brasil O caminho da flexinseguranccedila Serv Soc Soc Satildeo Paulo n 111 p 493-508 julset 2012 lthttpwwwscielobrscielophppid=S0101-66282012000300006ampscript=sci_arttext Acesso em23 jun 2015 OLIVEIRA FRANCISCO A DE A economia da dependecircncia imperfeita Rio de Janeiro Graal 1984

OLIVEIRA FARLEI MARTINS RICCIO Controle das legitimidades de Poliacuteticas Puacuteblicas limites e possibilidades Revista de Direito Administrativo v247 2008 lthttpbibliotecadigitalfgvbrojsindexphprdasearchsearch Acesso em 03 dez 2016

127

OLIVEIRA MAXWELL FERREIRA DE Metodologia Cientiacutefica um manual para a realizaccedilatildeo de pesquisas em administraccedilatildeo Catalatildeo UFG 2011 Disponiacutevel em lthttpsadmcatalaoufgbrup567oManual_de_metodologia_cientifica_-_Prof_Maxwellpdfgt Acesso em 03062015 OLIVEIRA VANESSA E As fases do processo de poliacuteticas puacuteblicas In MARCHETTI V (Org) Poliacuteticas Puacuteblicas em debate Satildeo Bernardo do Campo ABCD Maior UFABC 2013

PAIVA LUIS HENRIQUE O dilema do financiamento orccedilamentaacuterio das poliacuteticas puacuteblicas de emprego IPEA Mercado de trabalho2006 disponiacutevel emlthttpwwwipeagovbragenciaimagesstoriesPDFgtsmercadodetrabalhomt_30epdfgtgtAcesso em04 jan 16 PARANAacute Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social Disponiacutevel httpwwwipardesgovbrindexphppg_conteudo=1ampcod_conteudo=30 Acesso 08 nov 16

PARANAGUAacute 2007 Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado de Paranaguaacute FUNPAR UFPR vol I ndash Anaacutelises Temaacuteticas e Diagnoacutesticos ndash contexto Municipal Disponiacutevel emlthttpwwwparanaguaprgovbrplano_diretor+20PLANO20DIRETORPDFgtPDDI20-20Volume20I-20AnC3A1lise20e20DiagnC3B3sticopdfgtgtAcesso em 01 ago 2016

________ Dec Municipal 8872013 PARIS KELLY E Efeitos da implementaccedilatildeo de poliacuteticas de incentivo a microempresas e empresas de pequeno porte estudo de caso da Microrregiatildeo de Paranaguaacute Trabalho de Conclusatildeo do Curso de bacharelado em Poliacuteticas Puacuteblicas da UFPR - Setor Litoral Matinhos 2015

PASTORE J As Mudanccedilas no Mundo do Trabalho - Leituras de Sociologia do Trabalho Curitiba LTR 2006 PEREIRA G D DE O Efeitos do microcreacutedito sobre o fortalecimento dos microempreendimentos e sobre as condiccedilotildees de vida dos microempreendedores Um estudo do CEAPEPB no periacuteodo de 2001 a 2004 Dissertaccedilatildeo de mestrado em economia pela Universidade federal da Paraiacuteba 2005 Disponiacutevel em lthttpportalfatmtegovbrwp-contentuploads201604efeitos_microcredito_fortalecimento_microempreendimentospdfgtgtAcesso em12 jan 2017 PEREIRA A P P Necessidades humanas subsiacutedios a criacutetica dos miacutenimos sociais 3ordf Ed Satildeo Paulo Cortes 2006

POCHMANN M O emprego na globalizaccedilatildeo a nova divisatildeo internacional do trabalho e os caminhos que o Brasil escolheu Satildeo Paulo Boitempo 2001

128

RIFKIN J O fim dos empregos o decliacutenio inevitaacutevel dos niacuteveis dos empregos e a reduccedilatildeo da forccedila global de trabalho Satildeo Paulo Makron Books 1996

ROGGERO RUma leitura sobre o desenvolvimento do setor terciaacuterio no movimento contemporacircneo do capital Texto retirado da web lthttpwwwsenacbrinformativobts243boltec243ahtmgtAcesso em 07 abril 2016 SACHS I Desenvolvimento includente sustentaacutevel sustentado Rio de Janeiro Garamond 2004 ________Inclusatildeo social pelo trabalho desenvolvimento humano trabalho descente e o futuro dos empreendedores de pequeno porte Rio de Janeiro Garamond 2003 ________ Rumo agrave ecossocioeconomia teoria e praacutetica Satildeo Paulo Cortez 2007 SANDRONI Paulo Noviacutessimo dicionaacuterio de economia Satildeo Paulo Best Seller 1999 httpsinusorgbr2014wp-contentuploads201311FMIBMNovC3ADssimo-DicionC3A1rio-de-Economiapdfgt Acesso em 02 jan 2017

SANTOS JOAtildeO BOSCO FEITOSA DOS MACIEL REGINA HELOISA MATTEI DE OLIVEIRA SATO LENY Trabalhadores informais e a formaccedilatildeo de redes socioprodutivas (RSP) consideraccedilotildees teoacuterico-empiacutericas Contemporacircnea ISSN 2236-532X v 4 n 2 p 325-350 JulndashDez 2014 ndash disponiacutevel em lthttpwwwcontemporaneaufscarbrindexphpcontemporaneaarticleview251gtAcesso em15 abril 2016 SANTOS GEOacuteRGIA PATRIacuteCIA GUIMARAtildeES DOS Desemprego informalidade e precariedade a situaccedilatildeo do mercado de trabalho no Brasil poacutes-1990 Pro-Posiccedilotildees v 19 n 2 (56) - maioago 2008 Disponiacutevel em ltwwwproposicoesfeunicampbrproposicoes56-artigos-santosgpgpdfgtAcesso em03 maio 2016 SCHEUER L BAHL M Sazonalidade do turismo no municiacutepio de Guaratuba Paranaacute Brasil UFPR Curitiba 2011 Disponiacutevel em httprevistasufprbrraegaarticleview24841 Acesso em08 abril 2016

SCHNEIDER VOLKER Redes de poliacuteticas puacuteblicas e a conduccedilatildeo de sociedades complexas Civitas v 5 nordm 1 janjun 2005 Disponiacutevel em lthttpdocplayercombr3686041-Redes-de-politicas-publicas-e-a-conducao-de-sociedades-complexashtmlgt Acesso em 21012017 SEBRAE Cidade Empreendedora 2013 Disponiacutevel em lthttpsitesprsebraecombrleigeralwp-contentuploadssites35201402Termo_referencia_2013-2ultimaversaopdfgtAcesso em 20 nov 2016

SEBRAE Participaccedilatildeo das micro e pequenas empresas na economia brasileira Brasiacutelia 2014 Disponiacutevel

129

lthttpswwwsebraecombrSebraePortal20SebraeEstudos20e20PesquisasParticipacao20das20micro20e20pequenas20empresaspdfgtAcesso em 20 nov 2016

SEBRAE Sobrevivecircncia das empresas no Brasil 2013 disponiacutevel em lthttpswwwsebraecombrSebraePortal20SebraeAnexosSobrevivencia_as_empresas_no_Brasil=2013pdfgtAcesso em 17 jul 2015

SEN A Desenvolvimento com liberdade Satildeo Paulo Companhia das Letras 2000 SILVA MARCIA DA Poder local conceito e exemplos de estudos no Brasil Sociedade amp Natureza Uberlacircndia 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfgtsnv20n2a04v20n2pdfgtAcesso em 03 fev 2017

SILVEIRA DENISE TOLFO COacuteRDOVA FERNANDA PEIXOTO A pesquisa cientiacutefica in Meacutetodos de pesquisa [organizado por] Tatiana EngelGerhardt e Denise Tolfo Silveira Porto Alegre Editora da UFRGS 2009 Disponiacutevel lthttpwwwufrgsbrcursopgdrdownloadsSeriederad005pdfgtAcesso em26 jun 2015 SOUZA D Poliacuteticas Publicas de Trabalho Emprego e Renda as accedilotildees dos governos e as loacutegicas do apoio agrave informalidade e agrave carteira assinada In I Conferecircncia Nacional de Poliacuteticas Puacuteblicas Natal 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwcchlaufrnbrcnpppgsanaisArquivos20GTS20-20recebidos20em20PDFgtPOLC38DTICAS20PC39ABLICAS20DE20TRABALHO20EMPREGO20E20RENDApdfgtAcesso em25 fev 2016 SOUZA C Poliacuteticas Puacuteblicas uma revisatildeo da literatura Sociologias Porto Alegre ano 8 nordm 16 juldez 2006 p 20-45 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfgtsocn16a03n16gtAcesso em02 maio 2015

SUPERVIELLE MARCOS QUINtildeONES MARIELA La instalacioacuten de la flexibilidad en Uruguay Sociologias Porto Alegre ano 2 nordm 4 juldez 2000 p20-6 Disponiacutevel lthttpwwwscielobrpdfgtsocn4socn4a03pdfgt 10 ago 2016 SULZBACH MAYRA TAIZA DENARDIN VALDIR FIGO FELISBINO JANELIZE NASCIMENTO O trabalho em pequenos municiacutepios praianos do Litoral do Paranaacute Plural Revista do Programa de Pos-Graduacao em Sociologia v 1 p 101-132 2012 Disponiacutevel lthttpolivadcwixsitecomsociologiaspluraisespecial-1gt Acesso em06 out 2016 TEIXEIRA ELENALDO CELSO O Papel das Poliacuteticas Puacuteblicas no Desenvolvimento Local e na Transformaccedilatildeo da Realidade Salvador Bahia 2002 lthttpwwwescoladebicicletacombrpoliticaspublicaspdfgtAcesso em 08 abril 2016 TREVISAN EDINEIA DE SOUZA LIMA JANDIR FERRERA DE Crescimento e desigualdade regional no Paranaacute um estudo das disparidades de PIB per capita Revista Ciecircncias Sociais em Perspectiva vol 09 nordm 16 2010 lthttpe-revistaunioestebriacutendexphpccsaemperspectivagt Acesso em 01 jan 2017

130

TURATO EGBERTO RIBEIRO Meacutetodos qualitativos e quantitativos na aacuterea da sauacutede definiccedilotildees diferenccedilas e seus objetos de pesquisa Ver Sauacutede Puacuteblica 2005 39(3) 507-14 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfgtrspv39n324808pdfgt Acesso em 26 jul 2015 TURRA SALATIEL BACcedilO FERNANDA MENDES BEZERRA Identificaccedilatildeo do niacutevel de desenvolvimento regional das microrregiotildees paranaenses por meio da anaacutelise fatorial Revista de Economia v 40 n 1 (ano 38) p 97-114 janabr 2014 Disponiacutevel emlthttprevistasufprbreconomiaarticleviewFile3520524249gt Acesso em 01 out 2016

131

SIacuteTIOS DIGITAIS

lthttpcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=410120ampidtema=152ampsearch=parana|antonina|produto-interno-bruto-dos-municipios-2013 lthttpcidadesibgegovbrxtrasperfilphpcodmun=410960 lthttpwwwipardesgovbrperfil_municipalMontaPerfilphpcodlocal=11ampbtOk=ok lthttpwwwipardesgovbrpdfgtmapasbase_fisicarelacao_mun_micros_mesos_paranapdfgtgt lthttpwwwforumpermanentesmpegovbr lthttpempresometrocncorgbrEstatisticas lthttpwwwsidraibgegovbrbdapesquisaspme lthttpwww12senadolegbrnoticiasglossario-legislativosistema-s lthttpwwwcepalorgbrasilnoticiasnoticias334013politicasativasepassivasnomercadodetrabalhochahadpdfgtgt lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto-leiDel5452htm lthttpscpdocfgvbrproducaodossiesAEraVargas1anos30-37PoliticaSocialMinisterioTrabalho lthttpwwwsenaiprorgbrosenaiconhecaFreeComponent20291content169224shtl lthttpwwwsenacbrinstitucionalsenacaspx lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis1950-1969L4725htm lthttpwwwdieeseorgbranuario2015sistPubLivreto1MercadoDeTrabalhopdfgtgt lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decretoD1946htm lthttpwwwbndesgovbrapoiopronafhtml lthttpportalfatmtegovbrwp-contentuploads201602Res103_1996pdfgtgt lthttpappprsebraecombrleigeralnacionalMonitoramentoLeiGeraldo lthttpappprsebraecombrleigeralnacionalVisualizarQuestionariodoacao=CARREGA_AVALIACAOampano=2017ampcodigoEstado=16ampcodigoMunicipio=6133 lthttpswwwsebraecombrSebraePortal20SebraeEstudos20e20PesquisasParticipacao20das20micro20e20pequenas20empresaspdfgtgt

132

lthttpwwwbrasilgovbreconomia-e-emprego201001maior-participacao-dos-bancos-comerciais-publicos-no-mercado-e-positiva-diz-diretor-do-sebrae lthttpseconomiauolcombrcotacoescambiodolar-comercial-estados-unidoshistorico

133

APEcircNDICES

APEcircNDICE 1 ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Tiacutetulo da Pesquisa Nome doPesquisador

1 Natureza da pesquisa

2 Participantes da pesquisa

3 Envolvimento na pesquisa ao participar deste estudo a sra (sr) permitiraacute que o (a) pesquisador perguntas agrave natureza da pesquisa O senhor (a) tem liberdade de se recusar a participar e ainda se recusar a continuar participando em qualquer fase da pesquisa sem qualquer prejuiacutezo para a sra (sr)

4 Sobre as entrevistasas entrevistas seratildeo gravadas

5 Riscos e desconforto a participaccedilatildeo nesta pesquisa natildeo traz complicaccedilotildees

legais

6 Confidencialidadetodas as informaccedilotildees coletadas neste estudo satildeo estritamente confidenciais Somente o (a) pesquisador (a) e o (a) orientador (a) teratildeo conhecimento dos dados

Apoacutes estes esclarecimentos solicitamos o seu consentimento de forma livre

para participar desta pesquisa Portanto preencha por favor os itens que se seguem

Obs Natildeo assine esse termo se ainda tiver duacutevida a respeito

Consentimento Livre e Esclarecido Tendo em vista os itens acima apresentados eu de forma livre e

esclarecida manifesto meu consentimento em participar da pesquisa Declaro que recebi coacutepia deste termo de consentimento e autorizo a realizaccedilatildeo da pesquisa e a divulgaccedilatildeo dos dados obtidos neste estudo

___________________________ Nome do Participante da Pesquisa ______________________________ Assinatura do Participante da Pesquisa __________________________________ Assinatura do Pesquisador _________________________________

134

Assinatura do Orientador APEcircNDICE 2 ndash QUESTIONAacuteRIO PARA O MEI

Curso de Mestrado em Desenvolvimento Territorial Sustentaacutevel UFPR- Setor Litoral

Mestrando Marcus Aureacutelio O objetivo desse questionaacuterio eacute obter dados estatiacutesticos de base quantitativa e

qualitativa que seratildeo utilizados em minha dissertaccedilatildeo

Obrigado por colaborar

QUESTIONAacuteRIO PARA O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI)

1 Qual eacute a aacuterea econocircmica de atuaccedilatildeo____________________________________ 2 Haacute quanto tempo estaacute formalizado______________________________________

3 Renda bruta mensal em salaacuterio miacutenimo

Na temporada de praiade ateacute ( ) 1 salaacuterio ( ) 2 salaacuterios ( ) 3 salaacuterios ( ) 4 salaacuterios ( ) maior que 5 salaacuterios miacutenimos

Fora da temporada de ateacute ( ) 1 salaacuterio ( ) 2 salaacuterios ( ) 3 salaacuterios ( ) 4 salaacuterios ( ) maior que 5 salaacuterios miacutenimos

4 Obteve financiamento junto agraves instituiccedilotildees de creacutedito facilitado ( ) sim ( ) natildeo

Se sim o financiamento foi utilizado ( ) na expansatildeo dos negoacutecios ( ) capital de giro ( ) compra de materiais ( ) todos os itens anteriores

5 Possui ou jaacute possuiu relaccedilatildeo comercial com o Municiacutepio Estado ( ) sim ( ) natildeo 6 Participa de alguma associaccedilatildeo ( ) sim ( ) natildeo

7 Com a regularizaccedilatildeo do MEI sua situaccedilatildeo socioeconocircmica melhorou ( ) sim ( ) natildeo - (Em que

sentido)______________________________________ _____________________________________________________________

_____ _____________________________________________________________

_____ 8 Vocecirc deixaria de ser MEI por um emprego formalizado com carteira assinada e

salaacuterio mensal ( ) sim ( ) natildeo ndash (por

que)_____________________________________________ _____________________________________________________________

_____ 9 Vocecirc jaacute participou de algum curso de capacitaccedilatildeo ( ) sim ( ) natildeo

10 Jaacute realizou consultoria com agentes do SEBRAE ou Agentes de Desenvolvimento do Municiacutepio disponiacuteveis na Sala do Empreendedor

( ) sim ( ) natildeo 11 Suas atividades satildeo realizadas em

( ) sua residecircncia ( ) imoacutevel alugado ( ) imoacutevel proacuteprio 12 Vocecirc possui outra atividade aleacutem de ser MEI ( ) sim ( ) natildeo

13 Na sua opiniatildeo a prefeitura tem auxiliado a categoria do MEI no seu desenvolvimento atraveacutes de

( ) compra de produtos e serviccedilos do MEI ( ) no processo de formalizaccedilatildeo ( ) promoccedilatildeo de cursos de capacitaccedilatildeo para o MEI ( ) incentivo agrave aquisiccedilatildeo de

tecnologias pelos MEI ( ) natildeo sabe informar se a prefeitura possui esses programas de incentivo

14 Vocecirc possui funcionaacuterio para o exerciacutecio da sua atividade ( ) sim ( ) natildeo

135

Se a resposta for sim ele eacute formalizado ( ) sim ( ) natildeo

15 Na sua opiniatildeo quais accedilotildees que a prefeitura poderia realizar para auxiliar o desenvolvimento da

categoria do MEI ____________________________________________________

Page 3: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …

PARANAacute Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social Disponiacutevel httpwwwipardesgovbrindexphppg_conteudo=1ampcod_conteudo=30 Acesso 08 nov 16

ERRATA

FOLHA LINHAILUSTRACcedilAtildeO ONDE SE LEcirc LEIA-SE

56 Tabela 7 VALOR ADICIONADO FISCAL (VAF - R$100 (P)) DOS MUNICIacutePIOS INTEGRANTES DA MRGP (2016)

VALOR ADICIONADO FISCAL (VAF -R$ 100 (P)) DOS MUNICIacutePIOS INTEGRANTES DA MRGP (2014)

56 Tabela 7 4788841664

2394420832

AGRADECIMENTOS

Ao Profordm Dr Ivan Jairo Junckes que embora com outros compromissos

assumiu a responsabilidade em me orientar e pela sua compreensatildeo e colaboraccedilatildeo

fundamentais na concretizaccedilatildeo desse trabalho que sem a sua dedicaccedilatildeo e

paciecircncia natildeo teria conseguido concluir

Agrave Profordf Dra Cinthia Maria Sena Abraatildeo que formidavelmente me orientou no

iniacutecio dessa dissertaccedilatildeo

Aos Professores do PPGDTS pelas aulas e o aprendizado durante o curso

Ao Joatildeo Rafael prestativo e esclarecedor

Aos meus amigos (as) de turma que de alguma maneira contribuiacuteram nessa

jornada

A todos os participantes das entrevistas (colaboradores) Agentes de

Desenvolvimento junto agraves salas do empreendedor

A todos os Microempreendedores Individuais que aceitaram colaborar com

esse trabalho

RESUMO

A partir da primeira deacutecada de 1970 o conceito keynesianismofordismo entrou em decliacutenio concorrendo para mudanccedilas estruturais de gerenciamento alocaccedilatildeo de recursos humanos reorganizaccedilatildeo do espaccedilo Dentro desse contexto haacute o deslocamento compulsoacuterio do trabalhador fabril para as mais diversas atividades no mercado de trabalho no setor terciaacuterio Boa parte das atividades desempenhadas pelos trabalhadores desse setor eacute desenvolvida na informalidade No Brasil para reverter o quadro de alastramento e superlativaccedilatildeo do setor informal foi criada a Lei Complementar12808 que formaliza a figura do Microempreendedor Individual (MEI) Na implantaccedilatildeo dessa poliacutetica puacuteblica estaacute prevista uma seacuterie de dispositivos que tem o objetivo de auxiliar na sustentabilidade e expansatildeo desse novo tecido empresarial Nos municiacutepios do Litoral do Paranaacute a implantaccedilatildeo da referida lei se daacute principalmente pela parceria entre as prefeituras e o SEBRAE atraveacutes das salas do empreendedor em cada municiacutepio que se constitui em canal de ligaccedilatildeo entre as estrateacutegias e accedilotildees desenvolvidas no sentido de atendimento do MEI Este trabalho visa a investigar como os trabalhadores mercado e organizaccedilotildees puacuteblicas e sociais tecircm promovido e acolhido a formalizaccedilatildeo do microempreendedor individual na Microrregiatildeo Geograacutefica de ParanaguaacuteLitoral Paranaense Para o desenvolvimento dos trabalhos foram pesquisados dados secundaacuterios realizada pesquisa bibliograacutefica e foi realizado um total de 38 entrevistas e aplicaccedilatildeo de questionaacuterios com agentes puacuteblicos de desenvolvimento e MEI Os resultados permitem conhecer a situaccedilatildeo dos MEI no litoral paranaense assim como servem de subsiacutedio para elaboraccedilatildeo de poliacuteticas especiacuteficas voltadas a essa populaccedilatildeo Palavras-chave Trabalho Informalidade Poliacutetica Puacuteblica Microempreendedor individual Litoral paranaense

RESUMEN

Desde los primeros antildeos de 1970 el concepto keynesianismofordismo entroacute en declinacioacuten concurriendo para los cambios estructurales de gestioacuten asignacioacuten de recursos humanos reorganizacioacuten del espacio Dentro de ese contexto hay el desplazamiento obligatorio del trabajador fabril para las maacutes distintas actividades en el mercado de trabajo en el sector terciario Buena parte de las actividades desempentildeadas por los trabajadores de este sector es desarrollada en la informalidad En Brasil para volver el cuadro de extensioacuten y superlativacioacuten del sector informal fue creada la Ley Complementar 12808 que formaliza la figura del micro emprendedor individual (MEI) En la implantacioacuten de esta poliacutetica puacuteblica estaacute prevista una serie de dispositivos que tiene el objetivo de auxiliar en la sostenibilidad y expansioacuten de este entorno empresarial En los municipios del litoral del Paranaacute la implantacioacuten de la referida ley se da principalmente por la asociacioacuten entre los ayuntamientos y l SEBRAE a traveacutes de las salas del emprendedor en cada municipio que se constituye en canal de conexioacuten entre las estrategias y acciones desarrolladas en apoyo a MEI Este trabajo busca investigar como los trabajadores mercado y organizaciones puacuteblicas y sociales han promovido y acogido la formacioacuten del micro emprendedor individual en la microrregioacuten de ParanaguaacuteLitoral paranaense Para el desarrollo del trabajo fueron investigados datos secundarios fue hecha una buacutesqueda bibliograacutefica y fue realizado un total de 38 entrevistas y aplicacioacuten de cuestionarios con agentes puacuteblicos de desarrollo y MEI Los resultados permiten conocer la situacioacuten de los MEI en la costa paranaense asiacute como sirven de subsidios para elaboracioacuten de poliacuteticas especiacuteficas orientadas a esa poblacioacuten

Palabras ndash clave Trabajo Informalidad Poliacutetica Puacuteblica Micro empresaacuterio individual Litoral paranaense

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1- POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS DE TRABALHO DESENVOLVIDAS NO

BRASIL ANTERIOR A 1964 36

QUADRO 2 - POLIacuteTICAS DE EMPREGO DESENVOLVDAS NO BRASIL

DURANTE O REGIME MILITAR 39

QUADRO 3 - PRINCIPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO

DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016) 43

QUADRO 4- BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PARANAGUAacute PARA

ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS ALTERACcedilOtildeES

66

QUADRO 5- BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PONTAL DO PARANAacute

PARA ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS

ALTERACcedilOtildeES 68

QUADRO 6 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM DE MATINHOS 69

QUADRO 7- ACcedilOtildeES REGULARES DE APOIO AO MEI NA MRGP 71

QUADRO 8- ENTIDADES REPRESENTANTES DAS CLASSES

EMPRESARIAL COMERCIAL E AGRIacuteCOLA NO LITORAL DO

PARANAacute 104

LISTA DE MAPAS

MAPA 1 - MICRORREGIAtildeO GEOGRAacuteFICA DE PARANAGUAacute 50

LISTA DE GRAacuteFICOS

GRAacuteFICO 1 - RECEITAS TOTAIS DOS MUNICIacutePIOS 75

GRAacuteFICO 2 - ARRECADCcedilAtildeO E DESPESAS MUNICIPAIS NA MRGP (2015) 76

GRAacuteFICO 3 - IPTU EM RELACcedilAtildeO Agrave ARRECADACcedilAtildeO TRIBUTAacuteRIA DOS

MUNICIacutePIOS DA MRGP (2013 ndash 2014) () 77

GRAacuteFICO 4 - NUacuteMERO DE ATENDIMENTOS REALIZADOS NAS SALAS DO

84

GRAacuteFICO 5 - NUacuteMERO DE FORMALIZACcedilOtildeES REALIZADAS 84

GRAacuteFICO 6 - NUacuteMERO DE BAIXAS DE INCRICcedilAtildeO DO MEI 85

GRAacuteFICO 7 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30) POR ATIVIDADE

ECONOcircMICA () 89

GRAacuteFICO 8 - ANOS DE FORMALIZACcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30) 90

GRAacuteFICO 9 - RELACcedilOtildeES COMERCIAIS DOS MEI COM O MUNICIacutePIO NA

MRGP (N=30) 92

GRAacuteFICO 10 - VAOLRES TOTAIS FINANCIADOS PELO MEI NA MRGP

ATRAVEacuteS DO PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR

PARANAacute (FOMENTO PARANAacute) (201 ndash 2015 ndash 2016) 101

GRAacuteFICO 11 - FINANCIAMENTOS JUNTO AO SISTEMA DE CREacuteDITO NA

MRGP () 102

GRAacuteFICO 12 - RESPOSTA SOBRE PARTICIPACcedilAtildeO EM ASSOCIACcedilAtildeO

REPRESENTANTE DA CATEGORIA 103

GRAacuteFICO 13 - CONHECIMENTO DOS RESPONDENTES DE ESTRATEacuteGIAS

ADOTADAS PELAS PREFEITURAS EM APOIO AO MEI NA

MRGP () 106

GRAacuteFICO 14 - RESPONDENTES QUE POSSUEM FUNCIONAacuteRIOS NA MRGP

() 109

GRAacuteFICO 15 - QUANTITATIVO DE TRABALHADORES FORMALIZADOS E

NAtildeO FORMALIZADOS EMPREGADOS PELO MEI NA MRGP

() 110

GRAacuteFICO 16 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS MEI RESPONDENTES COM BASE NA

RENDA BRUTA TENDO COMO PARAcircMETRO DE VALOR O

SALAacuteRIO MIacuteNIMO NACIONAL (2016) () 111

GRAacuteFICO 17 - QUANTITATIVO DE MEI RESPONDENTES QUE

PARTICIPARAM DE CURSOS DE 114

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - TAXA DE DESEMPREGO E INFORMALIDADE NO BRASIL 29

TABELA 2 - POPULACcedilAtildeO ABSOLUTA POPULACcedilAtildeO URBANA E

POPULACcedilAtildeO RURAL DA MRGP (2000-2010) 51

TABELA 3 - DEMONSTRATIVO DO IDH E DO IacuteNDICE DE POBREZA DOS

MUNICIacutePIOS DA MRGP 52

TABELA 4 - DADOS DO MERCADO DE TRABALHO NA MRGP (2000-2016)

53

TABELA 5 - NUacuteMERO DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP (2013-2014) 54

TABELA 6 - NUacuteMEROS DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP POR SETOR

ECONOcircMICO 55

TABELA 7 - VALOR ADICIONADO FISCAL (VAF - R$ 100 (P)) DOS

MUNICIacutePIOS INTEGRANTES DA MRGP (2016) 56

TABELA 8 - PIB PER CAPTA DOS MUNICIacutePIOS DA MRGP 57

TABELA 9 - NUacuteMERO DE EMPRESAS NA MRGP (MAIO2016) 59

TABELA10- ATIVIDADES ECONOcircMICAS DESENVOLVIDAS NA MRGP

(maio2016) 59

TABELA11- PROCURA E APROVACcedilAtildeO DE CREacuteDITO PELOS MEI (BRASIL)

97

TABELA12- NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS E VALORES FINANCIADOS

NA MRGP CEDIDOS PELA CAIXA ECONOcircMICA FEDERAL AgraveS

MPE (2015-2016) 98

TABELA13- NUacuteMERO DE MPE NA MRGP (2015-2016) 99

TABELA14 - NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS CEDIDOS AO MEI JUNTO

AO PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR DO PARANAacute

(FOMENTO PARANAacute) NA MRGP (2014-2015-2016) 100

TABELA15- RENDIMENTO NOMINAL MEacuteDIO DOS TRABALHADORES

CONTRIBUINTES PARA A PREVIDEcircNCIA SOCIAL EM

QUALQUER TRABALHO NA MRGP (2010) 112

LISTA DE SIGLAS

CLT - Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho

CODEFAT - Fundo de Amparo ao Trabalhador

DIEESE - Departamento Intersindical de Estatiacutestica e Estudos

Socioeconocircmicos

ECINF - Economia Informal Urbana

FGTS - Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo

IBGE - Instituto brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IDT - Instituto de Desenvolvimento do Trabalho

INPS - Instituto Nacional de Previdecircncia Social

IPARDES - Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social

IPEA - Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada

LC - Lei Complementar

MEI - Microempreendedor Individual

MPAS - Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social

MRGP - Microrregiatildeo Geograacutefica de Paranaguaacute

MTE - Ministeacuterio do Trabalho e Emprego

MTPS - Ministeacuterio do Trabalho e Previdecircncia Social

OCDE - Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e DesenvolvimentoEconocircmico

OIT - Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho

PASEP - Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico

PDM - Poliacuteticas de Desenvolvimento do Milecircnio

PIS - Programa Integraccedilatildeo Social

PLANFOR - Plano Nacional de Qualificaccedilatildeo do Trabalhador

PND - Plano nacional de Desenvolvimento

PP - Poliacutetica Puacuteblica

PROGER - Programa de Geraccedilatildeo de Emprego e Renda

PRONAF - Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar

PRORURAL - Programa de Desenvolvimento Econocircmico e Territorial - Renda

e Cidadania no Campo

SEBRAE - Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas

SINE - Sistema Nacional de Emprego

SUMAacuteRIO

APRESENTACcedilAtildeO 15

1 ALTERACcedilOtildeES NO MUNDO DO TRABALHO DESEMPREGO E

INFORMALIDADE 21

11 A INFORMALIDADE NO CENAacuteRIO BRASILEIRO 25

12 DO TRABALHO FORMALIZADO Agrave NECESSIDADE EMPREENDEDORA A

CRIacuteTICA 30

2 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO DAS

ORIGENS AO MEI 33

21 SOBRE A POLIacuteTICA PUacuteBLICA NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO

33

211Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho primeiro momento 36

212 Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho no Regime Militar 39

213 Poliacuteticas Puacuteblicas de trabalho no periacuteodo de redemocratizaccedilatildeo do Brasil 42

214Poliacutetica Puacuteblica de Trabalho MEI 45

3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS PARA O MEI NA MICRORREGIAtildeO DE PARANAGUAacute 50

31 A FRAacuteGIL ECONOMIA NA MRGP 52

32 A INSTITUCIONALIDADE MEI NA MRGP 61

321 O Comitecirc Gestor Municipal na MRGP 65

322 Salas do Empreendedor e o Agente de Desenvolvimento 69

323 Accedilotildees regulares coordenadas pelos municiacutepios de incentivo ao MEI 71

4 DIFICULDADES E AVANCcedilOS NO DESENVOLVIMENTO INCLUDENTE DO

MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL NO LITORAL DO PARANAacute 74

41 A CAPACIDADE MUNICIPAL NO LITORAL DO PARANAacute EM MOBILIZAR

MECANISMOS PROPIacuteCIOS AO DESENVOLVIMENTO DO MEI 74

411 A gestatildeo puacuteblica municipal no litoral paranaense e a destinaccedilatildeo da receita 81

42 UMA SIacuteNTESE COMPARATIVA ENTRE AS FORMALIZACcedilOtildeES E AS BAIXAS

DO MEI NA MRGP 83

43 O MEI POR ELE MESMO AS LUTAS E DESAFIOS ATRAVEacuteS DO TRABALHO

88

431 Atividades econocircmicas desenvolvidas pelos MEI entrevistados no Litoral 88

do Paranaacute 88

432 Tempo de formalizaccedilatildeo e os MEI no Litoral do Paranaacute 90

434 Compras puacuteblicas e o apoio aos MEI na MRGP 91

435 O Acesso em ao creacutedito aos MEI no Litoral do Paranaacute 95

436 O associativismo e os MEI na MRGP 102

437 Mobilizaccedilatildeo dos governos locais no estiacutemulo agrave categoria do MEI 105

438 O MEI-Patratildeo no Litoral do Paranaacute 108

439 Renda bruta dos MEI entrevistados um alento agrave meacutedia 110

4310 Capacitaccedilatildeo profissional dos MEI no Litoral do Paranaacute 112

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 115

REFEREcircNCIAS 119

APEcircNDICES 133

15

APRESENTACcedilAtildeO

O referente trabalho surgiu de reflexotildees acerca do processo acelerado da

expansatildeo do desemprego estrutural em niacutevel mundial mas que oferece pressatildeo

sobre configuraccedilotildees territoriais menores como na Microrregiatildeo Geograacutefica de

Paranaguaacute (MRGP) alertando sobre o deslocamento dos trabalhadores para a

economia informal e em resposta a accedilatildeo do Estado atraveacutes de poliacuteticas puacuteblicas

de trabalho na tentativa de equacionar as disfunccedilotildees geradas pela reestruturaccedilatildeo

produtiva iniciada na deacutecada de 1970

O principal objetivo do nosso estudo eacute analisar como se apresenta a

implantaccedilatildeo da Lei Complementar 128 de 19 de dezembro de 2008 (LC 12808) nos

municiacutepios do litoral paranaense recortado como Microrregiatildeo Geograacutefica de

Paranaguaacute (MRGP) Esta poliacutetica puacuteblica eacute uma tentativa de retirar da informalidade

trabalhadores brasileiros exercendo as mais variadas atividades dentro desse setor

O que significa resgatar a sua dignidade e cidadania pela valoraccedilatildeo ao seu

trabalho pela inclusatildeo no sistema previdenciaacuterio dentre outros benefiacutecios

associados agrave formalizaccedilatildeo

Pretendemos descrever as principais caracteriacutesticas e estrateacutegias

organizadas na MRGP para a implantaccedilatildeo da LC 12808 que tem como uma de

suas premissas a inclusatildeo social descrita em seu art 18 Aleacutem disso realiza -se o

estudo sobre a aderecircncia dos governos locais agrave poliacutetica puacuteblica de formalizaccedilatildeo do

microempreendedor individual (MEI)

Como objetivos secundaacuterios este estudo apresenta 1) Analisar os dados

relativos a emprego renda niacutevel de ocupaccedilatildeo volume de registros de MEI na

microrregiatildeo estudada 2) Identificar as estruturas e accedilotildees das prefeituras da

microrregiatildeo relacionadas agrave poliacutetica puacuteblica em questatildeo

Haacute algumas questotildees iniciais as quais entendemos pertinentes no processo

de estudo do referente trabalho e que foram balizares no encaminhamento das

pesquisas (a) De que maneira o mundo do trabalho (organizaccedilotildees puacuteblicas

mercado e organizaccedilotildees sociais) tem constituiacutedo poliacuteticas de formalizaccedilatildeo e renda

no trabalho (b) Qual a configuraccedilatildeo socioeconocircmica e os principais problemas

enfrentados pelos trabalhadores informais na regiatildeo litoracircnea do Paranaacute (c) Como

os trabalhadores mercado e organizaccedilotildees puacuteblicas e sociais tecircm promovido e

acolhido a formalizaccedilatildeo do microempreendedor individual na aacuterea de estudo

16

A ausecircncia na literatura de dados especiacuteficos atualizados sobre a aacuterea de

estudo sobretudo na aacuterea da economia do trabalho e a dificuldade em obter dados

em algumas instituiccedilotildees por conta da poliacutetica interna destas pode ter

comprometido em parte a anaacutelise do todo poreacutem natildeo alterou os objetivos dos

estudos sobre a categoria MEI

O processo metodoloacutegico foi constituiacutedo em dois momentos distintos e

complementares No primeiro momento buscamos na pesquisa exploratoacuteria

elementos que nos dessem suporte agrave compreensatildeo do objeto do estudo partindo

necessariamente do conjunto de fatores que levaram a criaccedilatildeo da LC 12808 e a

regulamentaccedilatildeo da formalizaccedilatildeo dos MEI Para tanto estabelecemos alguns

indicadores que nos orientaram no sentido das modificaccedilotildees ocorridas no sistema

capitalista a partir da deacutecada de 1970 e que resultaram no aumento do desemprego

da informalidade e da precarizaccedilatildeo do trabalho via flexibilizaccedilatildeo subcontrataccedilatildeo

Para estabelecermos a proximidade com o tema nos apoiamos na revisatildeo da

literatura especiacutefica resultando no reconhecimento sobre a trajetoacuteria histoacuterica das

modificaccedilotildees nas relaccedilotildees do trabalhoespaccedilo em cadeia global e nacional e

igualmente na criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave equaccedilatildeo de deformidades na

economia do trabalho no cenaacuterio brasileiro nos aproximando ao entendimento do

nosso objeto de estudo Essa revisatildeo eacute descrita no decorrer da dissertaccedilatildeo pela

nomenclatura dada no corpo do texto

No segundo momento considerando que para a anaacutelise do objeto de estudo

ou seja a implantaccedilatildeo nos municiacutepios integrantes da microrregiatildeo de Paranaguaacute da

Lei Complementar 12808 que cria a pessoa juriacutedica do empreendedor individual se

fez necessaacuterio aleacutem da coleta de dados em possibilidades de controle a inclinaccedilatildeo

igualmente agrave percepccedilatildeo subjetiva de anaacutelise com o objetivo de compreensatildeo do

contexto mais amplo sob o olhar holiacutestico e criacutetico do processo de implantaccedilatildeo da

referida lei Nesse sentido como afirma Deslandes (2010 p 33) ―a)criacutetica porque

devemos estabelecer um diaacutelogo reflexivo entre a teoria e o objeto de estudo

escolhido por noacutes b)ampla porque deve dar conta do ―estado atual sobre o

problema

Tendo como uma das opccedilotildees a pesquisa qualitativa sublinhamos a

possibilidade de maior compreensatildeo das relaccedilotildees socialmente constituiacutedas por

atores no plano do concreto do real Essas relaccedilotildees exercem significados e se

manifestam de diversas formas pois o que se torna forma passa pelas relaccedilotildees

17

humanas e portanto ―o que as ―coisas (fenocircmenos manifestaccedilotildees ocorrecircncias

fatos eventos vivecircncias ideias sentimentos assuntos) representam daacute molde agrave

vida das pessoas (TURATO 2005 p 510)

Nesse momento percebemos a falta de informaccedilotildees histoacutericas em bancos de

dados oficiais e natildeo oficiais e na literatura que nos apoiassem na descriccedilatildeo objetiva

sobre o tema contextualizado no litoral paranaense

A escassez de dados sobre a poliacutetica de formalizaccedilatildeo do MEI no litoral do

Paranaacute eacute resultante em parte pela demora na regulamentaccedilatildeo da LC 12808 e da

operacionalizaccedilatildeo da referida LC nos municiacutepios da MRGP A regulamentaccedilatildeo e

operacionalizaccedilatildeo dessa lei complementar soacute foi possiacutevel em determinados casos

pela parceria entre as prefeituras e o SEBRAE a partir de 2013 em Matinhos e

Paranaguaacute e sequencialmente em Pontal do Paranaacute Morretes e Guaraqueccedilaba

Ainda com dificuldade de obter dados histoacutericos do litoral paranaense acerca da

informalidade do trabalho e especificamente sobre o microempreendedor individual

algumas informaccedilotildees secundaacuterias foram obtidas atraveacutes de instituiccedilotildees oficiais

(IBGE IPARDES DIEESE EMPRESOacuteMETRO) e foram processadas com base na

estatiacutestica descritiva atraveacutes de Planilha Excel representado por graacuteficos e tabelas

Informaccedilotildees igualmente sobre o MEI foram adquiridas atraveacutes de fontes primaacuterias

como dados estatiacutesticos das salas do empreendedor e possibilitaram avaliar alguns

indicadores importantes sobre o desenvolvimento dos trabalhos desempenhados

pelos agentes de desenvolvimento e sobre a sustentabilidade do MEI a) quantitativo

de baixas da empresa b) formalizaccedilotildees c) procura por serviccedilos nas salas d) oferta

de serviccedilos nas salas do empreendedor

Outra maneira utilizada para obter informaccedilotildees foi atraveacutes de entrevistas

semiestruturadas com atores da administraccedilatildeo puacuteblica e de instituiccedilotildees da iniciativa

privada e aplicaccedilatildeo de questionaacuterio para os microempreendedores individuais que

exercem suas atividades na aacuterea de estudo Segundo Oliveira (2011 p 36) ―esta

teacutecnica de coleta de dados eacute bastante adequada para a obtenccedilatildeo de informaccedilotildees

acerca do que as pessoas sabemcrecircem esperam e desejam []

Foram entrevistados cinco (05) atores da administraccedilatildeo puacuteblica e trecircs (03)

atores da iniciativa privada Os atores foram escolhidos pela proximidade com

implantaccedilatildeo da LC 12808 Da administraccedilatildeo puacuteblica foram entrevistados quatro

agentes de desenvolvimento que atuam nas salas do empreendedor nos municiacutepios

que possuem parceria com o SEBRAE e um secretaacuterio municipal Da iniciativa

18

privada foram entrevistadas trecircs pessoas ligadas agraves associaccedilotildees da classe

empresarial e do SEBRAE Os MEI que participaram do questionaacuterio seratildeo

designados como respondentes Ao todo foram realizadas 08 (oito) entrevistas e 30

questionaacuterios aplicados

As entrevistas com os atores tanto da administraccedilatildeo puacuteblica quanto da

iniciativa privada se deram em seus locais de trabalho Ou seja nas salas do

empreendedor localizadas juntas agraves prefeituras e nas associaccedilotildees de classe e no

SEBRAE e tiveram como pressupostos levantar informaccedilotildees sobre as accedilotildees das

prefeituras e das associaccedilotildees sobre a implantaccedilatildeo da LC 12808 no litoral do

Paranaacute Todas as entrevistas foram gravadas e transcritas integralmente com a

anuecircncia dos entrevistados que assinaram o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido e foram realizadas no periacuteodo de junho a outubro de 2016

Para a construccedilatildeo do questionaacuterio e das questotildees pertinentes foram

utilizadas como base referencial autores como Sachs (2003) e Albuquerque e

Zapata (2010) aleacutem de uma leitura atenta da Lei Complementar 12306 e da Lei

complementar 12808

Considerando a precaacuteria organizaccedilatildeo em classe dos microempreendedores

individuais (MEI) no litoral do Paranaacute natildeo sendo possiacutevel identificaacute-los atraveacutes de

banco de dados na aplicaccedilatildeo do questionaacuterio optamos por deslocar ateacute o

estabelecimento do microempreendedor individual e aplicar o questionaacuterio em seu

local de trabalho Esse procedimento ao passo que era incerto pois natildeo havia

como identificar o MEI a natildeo ser percorrendo estabelecimento por estabelecimento

tornava-se solitaacuterio e exaustivo posto o deslocamento e o tempo para o

preenchimento do questionaacuterio e as duacutevidas que surgiam Poreacutem esta teacutecnica

possibilitou avaliar a estrutura do empreendimento e ao mesmo tempo conversar a

respeito da formalizaccedilatildeo dos MEI Dessa forma muito aleacutem da aplicaccedilatildeo do

questionaacuterio nos vimos envolto a uma realidade da qual natildeo percebiacuteamos Como

natildeo havia referecircncia sobre o enquadramento do estabelecimento perguntaacutevamos

para o proprietaacuterio se ele era MEI ou natildeo Os MEI que participaram respondendo ao

questionaacuterio muitas vezes falavam das dificuldades em aumentar seus negoacutecios e

da ausecircncia do poder puacuteblico local principalmente fora da temporada de praia

Cada aplicaccedilatildeo do questionaacuterio durava cerca de 30 a 50 minutos

Participaram como respondentes do questionaacuterio 30 (trinta)

microempreendedores individuais abrangendo os municiacutepios de Guaratuba

19

Matinhos Pontal do Paranaacute e Paranaguaacute A aplicaccedilatildeo do questionaacuterio ocorreu nos

meses de dezembro de 2016 e janeiro e fevereiro de 2017

Os dados pesquisados foram organizados e descritos em Planilha Excel e

disponibilizados atraveacutes de graacuteficos e tabelas

Este estudo estaacute distribuiacutedo em quatro capiacutetulos onde procuramos sublinhar

sequencialmente as modificaccedilotildees ocorridas no mundo trabalho e o resultante

dissoo alastramento da informalidade em niacuteveis mundial e local assim como

analisar a poliacutetica puacuteblica de formalizaccedilatildeo do MEI e seus dispositivos aplicados no

litoral do Paranaacute

No primeiro capiacutetulo estudamos as modificaccedilotildees no mundo do trabalho

atraveacutes de um recorte histoacuterico que levaram ao aumento exponencial do

desemprego estrutural e consequentemente da informalidade em niacuteveis mundiais

Ainda nesse capiacutetulo abordaremos o desemprego e a informalidade no cenaacuterio

brasileiro Para tanto nos apoiamos na literatura especializada sobre os temas

reestruturaccedilatildeo produtiva desemprego informalidade

O segundo capiacutetulo traz vaacuterias referecircncias ao conceito de Poliacutetica Puacuteblica e

a accedilatildeo do Estado brasileiro na economia do trabalho com quadros descritivos das

principais poliacuteticas puacuteblicas de trabalho no periacuteodo republicano e como essas

poliacuteticas organizaram a vida do trabalhador no Brasil Ainda nesse capiacutetulo

iniciamos nossas anaacutelises acerca da Lei de Formalizaccedilatildeo do Microempreendedor

Individual (LC 12808)

O terceiro capiacutetulo traz uma descriccedilatildeo da aacuterea de estudo (recorte espacial

da microrregiatildeo geograacutefica de Paranaguaacute) com dados demograacuteficos do mercado de

trabalho receitas municipais dados relacionados ao nuacutemero de empresas na regiatildeo

nuacutemeros de Micro e pequenas empresas e microempreendedores individuais

escalonados por atividade econocircmica Assim como aspectos institucionais

relacionados agrave formalizaccedilatildeo do microempreendedor na regiatildeo de estudo

No quarto capiacutetulo observamos os avanccedilos quanto agrave implantaccedilatildeo da poliacutetica

de formalizaccedilatildeo e as dificuldades encontradas para a expansatildeo e sustentabilidade

do MEI na regiatildeo de estudo Neste capiacutetulo nossos estudos recaem inicialmente

para a participaccedilatildeo dos governos locais na implantaccedilatildeo da poliacutetica em questatildeo e sua

capacidade de mobilizar estrateacutegias de apoio aos MEI Ainda satildeo analisados os

dados relativos agrave formalizaccedilatildeo e baixas dos microempreendedores nos municiacutepios

de Morretes Matinhos Pontal do Paranaacute e Paranaguaacute observando a proposta de

20

sustentabilidade do MEI Igualmente atraveacutes de questionaacuterio respondido pelos MEI

da regiatildeo de estudo foi possiacutevel estabelecer um perfil soacutecio econocircmico dos

entrevistados e dos efeitos dos dispositivos elencados na Lei Geral que permitem

possibilidades da inserccedilatildeo e expansatildeo da categoria no mercado e resgate da sua

dignidade laboral

21

1 ALTERACcedilOtildeES NO MUNDO DO TRABALHO DESEMPREGO E

INFORMALIDADE

Para compreendermos o porquecirc da criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas1 voltadas

ao enfrentamento do fenocircmeno da informalidade superlativada do desemprego e a

geraccedilatildeo de renda no cenaacuterio brasileiro eacute necessaacuterio observarmos as transformaccedilotildees

ocorridas em cadeia global na dimensatildeo da economia do trabalho e as

consequecircncias sociais e econocircmicas vinculadas agraves relaccedilotildees do trabalho

(informalidade precarizaccedilatildeo flexibilizaccedilatildeo trabalho temporaacuterio subcontrataccedilatildeo

dentre outros) que definem o quadro socioeconocircmico vigente e assim estabelecer

uma criacutetica histoacuterica que a partir da reorganizaccedilatildeo do processo produtivo incidiu

diretamente na concepccedilatildeo do trabalho do emprego e levou agrave

reorganizaccedilatildeoreformulaccedilatildeo do Estado (POCHMANN 2004) Para tal compreensatildeo

sobre o tema nos apoiaremos na extensa literatura jaacute existente

Em nossos estudos compreendemos o trabalho hoje formalizado ou natildeo

como uma atividade (humana) objetiva (no sentido da accedilatildeo) e subjetiva (no sentido

do pensamento) desenvolvida por homens e mulheres inclinada a transformar

modificar e produzir algo sob criteacuterios e validaccedilatildeo do Modelo de Produccedilatildeo

Capitalista Os criteacuterios do trabalho assim entendemos satildeo definidos com base nas

transformaccedilotildees ocorridas no proacuteprio sistema capitalista que por fim valida esse

processo pela viabilidade da produccedilatildeo laboral e intelectual conduzido por regras

vezes particulares vezes universais inseridos em contextos especiacuteficos ou

contextos globalmente unificados

O dinamismo do sistema capitalista produziu transformaccedilotildees de ordem

econocircmica social cultural ideoloacutegica configurando num processo contiacutenuo de

alteraccedilotildees permanentes no seio de sua proacutepria estrutura totalmente instaacutevel

flexiacutevel e mutante As mudanccedilas que ocorreram na economia mundial a exemplo

tiveram consequecircncias no processo produtivo logo nas relaccedilotildees do trabalho sob o

modelo fordista ocasionando mudanccedilas no tecido social cultural alimentados

ainda pelo crivo das contraposiccedilotildees ideoloacutegicas resultantes da polaridade mundial

1 Com efeito de poliacutetica puacuteblica voltada ao enfrentamento da informalidade no mercado de trabalho

brasileiro analisaremos mais a diante a Lei Complementar 12808 instrumento de criaccedilatildeo do Microempreendedor Individual (MEI) que possui expresso em seu art 18E aleacutem da formalizaccedilatildeo do MEI o caraacuteter de inclusatildeo social

22

apoacutes a Segunda Grande Guerra Tais transformaccedilotildees estatildeo associadas ao decliacutenio

do modelo keynesiano2 - progressista que exigiu do Estado uma posiccedilatildeo mais

reformadora em sua estrutura assinalada por Laranjeira (2000) Lombardi (1997) e

Caminha (2012)

O que podemos observar no cenaacuterio econocircmico eacute o substancial crescimento

inflexiacutevel do desemprego estrutural bem como as mudanccedilas no sistema de

assalariamento que foi condicionado por eventos especiacuteficos de enorme

importacircncia 1) a reestruturaccedilatildeo produtiva iniciada na deacutecada de 1970 2) o advento

da globalizaccedilatildeo (SANTOS 2008 p 152) 3) ―difusatildeo de um novo paradigma teacutecnico-

produtivo e do acirramento da competiccedilatildeo internacionalista nas economias

avanccediladas (POCHMANN 2001 p 41)

A reestruturaccedilatildeo produtiva foi uma resposta imediata agrave crise econocircmica

caracterizada pela impossibilidade do modelo Keynesiano - fordista reverter agraves

contradiccedilotildees proacuteprias produzidas pelo sistema capitalista Tal resposta implicou de

imediato numa nova redefiniccedilatildeo do espaccedilo fiacutesico e das relaccedilotildees entre trabalho e

produccedilatildeo que se mantinham sob forte regulaccedilatildeo consensual entre ―Estado capital e

sindicatos como aponta Barbosa (2007 p 3)

As modificaccedilotildees que ocorreram no setor produtivo e nas relaccedilotildees do

trabalho levaram a excessiva acumulaccedilatildeo de capital (acumulaccedilatildeo flexiacutevel) muito

embora essas modificaccedilotildees natildeo ocorreram de forma generalizada mas foram

absorvidas considerando contextos especiacuteficos de espaccedilo e cultura conforme

salienta Lombardi (1997) e ao aumento do desemprego por cortes em postos de

trabalho (capital variaacutevel) observando a evoluccedilatildeo tecnoloacutegica no setor produtivo e a

reconfiguraccedilatildeo desse setor com relocaccedilatildeo para espaccedilos perifeacutericos

Dentro dessa oacutetica como observa Lombardi (1997) a expansatildeo tecnoloacutegica

exerceu forte pressatildeo sobre os trabalhadores que se sentem ameaccedilados pela

concorrecircncia da tecnologia Trabalhos manuais foram substituiacutedos por trabalhos

mecacircnicos autocircmatos que produzem em escalas vertiginosas Ou seja

O avanccedilo na concorrecircncia intercapitalista e a adoccedilatildeo de um novo paradigma tecnoloacutegico estariam provocando alteraccedilotildees significativas nas economias avanccediladas Parece natildeo haver duacutevidas sobre o crescimento de

2O modelo Keynesinao tambeacutem chamado de Capitalismo Reformado por Sachs (2008) foi uma

resposta imediata aos efeitos causados pela Grande Depressatildeo tendo como base o pleno emprego e o Estado do Bem Estar Social

23

importacircncia das ocupaccedilotildees caracterizadas como superiores e de postos diretivos responsaacuteveis pela utilizaccedilatildeo de trabalhadores com maior exigecircncia de qualificaccedilatildeo e escolaridade Ao mesmo tempo as profissotildees inferiores (operaacuterios simples e manuais) ainda majoritaacuterios na estrutura ocupacional estariam perdendo participaccedilatildeo relativa (POCHMANN 2001 p 52)

Na segunda metade deacutecada de 1980 foi formulado por economistas norte-

americanos e outros ligados a OCDE (Organizaccedilatildeo para Cooperaccedilatildeo e o

Desenvolvimento Econocircmico) um conjunto de medidas de cunho macroeconocircmico

e estruturais destinado a paiacuteses do chamado Terceiro Mundo que apresentavam

baixos iacutendices de desenvolvimento econocircmico (BRESSER PEREIRA 1991)

Tais medidas foram sendo colocadas em praacutetica sobre tudo abaixo da linha

do equador americano pois como demonstra Bresser Pereira (1991) na Ameacuterica

Latina havia uma ―crise marcada por estagnaccedilatildeo econocircmica e altas taxas de

inflaccedilatildeo Dentro dessa perspectiva acreditava-se que havia uma necessidade de

restringir o tamanho do Estado e de sua participaccedilatildeo no setor econocircmico Assim a

orientaccedilatildeo era sua descentralizaccedilatildeo flexibilizaccedilatildeo na regulaccedilatildeo liberalizaccedilatildeo do

comeacutercio internacional promoccedilatildeo das exportaccedilotildees e a diminuiccedilatildeo das empresas

estatais pois entendiam que eram em grande nuacutemero e incapazes de gerir

produtividades adequadas as suas capacidades e ao modelo estrutural das novas

concepccedilotildees capitalistas (neoliberalismo globalizado)

No entanto tais modificaccedilotildees no sistema econocircmico permitiram o processo

de acumulaccedilatildeo do capital e da hipertrofia financeira criando mecanismos que

causaram enormes disfunccedilotildees sociais agravadas pela doutrinalsquo neoliberal e o novo

padratildeo tecnoloacutegico de produccedilatildeo e organizaccedilatildeo do trabalho (MOTTA 2009) Tais

fatores provocaram ―mudanccedilas substanciais que resultaram no aumento da pobreza

do desemprego e do subemprego e na precarizaccedilatildeo do trabalho (idem p 550)

O desemprego se constituiu como um dos maiores problemas sociais da humanidade A crise iniciada nos paiacuteses centrais a partir do final dos anos 1960 evidenciou o esgotamento do padratildeo de acumulaccedilatildeo fordista keynesiano alterando a relaccedilatildeo entre Estado e sociedade (OLIVEIRA 2012 p 494)

Conforme analisa Oliveira (2012) estima-se que em 2009 havia cerca de

210 milhotildees de pessoas desempregadas no mundo ―Os maiores afetados segundo

a agecircncia satildeo os jovens e as mulheres dos paiacuteses perifeacutericos (OLIVEIRA 2012 p

494) Diante de um quadro socioeconocircmico extremamente complexo seria

24

necessaacuterio novos mecanismos que dessem suporte ao controle das distorccedilotildees

sociais e de contenccedilatildeo Dessa forma foram lanccediladas novas bases da ideologia

dominante com objetivos especiacuteficos de controle da demanda com base nas

―poliacuteticas de desenvolvimento do milecircnio (PDM) (MOTTA 2009 p 549)

As PDM segundo a autora constituem ―mecanismos de hegemonia de

funccedilatildeo de direccedilatildeo intelectual e moral com accedilotildees concretas e definiccedilotildees de metas

focadas nas camadas de trabalhadores excluiacutedoslsquo do processo produtivo mas que

ainda possuem condiccedilotildees produtivas para instaurar um processo mais intensivo de

educar para o conformismo (idem p 549)

Assinala Motta (2009) que as poliacuteticas de desenvolvimento do milecircnio estatildeo

sublinhadas pelo forte investimento educacional balizado na ―teoria do capital

humano de Theodore Schultz na qual consiste em propor a qualificaccedilatildeo da forccedila do

trabalho humano atraveacutes do processo educacional direcionado para crescimento

econocircmico

Poderemos formar pessoas qualificadas para o mercado de trabalho mas

autores como Rifkin (1995) Pastore (2006) Martins e Veiga (2003) Oliveira (2012) e

Sachs (2007) enfatizam na diminuiccedilatildeo consideraacutevel dos postos de trabalho na esfera

global dando a entender que a crise do pleno emprego estaacute relacionada em parte

ao avanccedilo da automaccedilatildeo tecnoloacutegica e da chamada reestruturaccedilatildeo da produccedilatildeo

tanto nas aacutereas rurais quanto nas aacutereas urbanas como jaacute demonstrado

anteriormente Alertava Rifkin (1995) que mais de 800 milhotildees de pessoas no

mundo estavam desempregadas ou subempregadas e que esse quadro se agravaria

ateacute o final do seacuteculo XX

Com um quadro excessivamente preocupante as poliacuteticas de geraccedilatildeo de

emprego e renda entram na agenda internacional no entanto como salienta Souza

(2010 p 3) ―essas poliacuteticas puacuteblicas arrefecem o iacutempeto de uma celebraccedilatildeo liberal

na medida em que evidenciam a incapacidade de prover o pleno emprego

demonstrada pelo capitalismo mesmo em seus contextos mais avanccedilados

As tendecircncias multinacionais como analisa Oliveira (2012) ao mesmo

tempo em que preconizam a defesa de poliacuteticas focadas na geraccedilatildeo do trabalho (o

trabalho aqui entendido dentro do sistema capitalista portanto emprego formalizado

ou informal) que estimulassem a empregabilidade defendiam as flexibilizaccedilotildees das

leis regulatoacuterias que normatizam as leis do trabalho No caso brasileiro ―a poliacutetica de

emprego estaacute intrinsecamente relacionada agrave fraacutegil concepccedilatildeo de Welfare State e agrave

25

posiccedilatildeo ocupada pelo paiacutes na divisatildeo internacional do trabalho reforccedilando um

crescimento subordinado e dependente do capital estrangeiro [] (OLIVEIRA

2012 p 494)

No Brasil as poliacuteticas de emprego estavam relacionadas agrave concepccedilatildeo de

submissatildeo das leis trabalhistas agraves estruturas e poliacuteticas macroeconocircmicas e apenas

eram direcionadas nesse sentido aos trabalhadores empregados sendo que natildeo

haviam poliacuteticas voltadas aos trabalhadores excluiacutedos do processo de produccedilatildeo

formalizado ateacute meados do final da deacutecada de 1980 No entanto como segue

Oliveira (2012)

[] as mudanccedilas no padratildeo de organizaccedilatildeo do trabalho em consonacircncia com as poliacuteticas macroeconocircmicas de estabilizaccedilatildeo econocircmica imposta pelo FMI e demais organismos multilaterais delimitam a intervenccedilatildeo do Estado provocando um acirramento na questatildeo social em suas variadas expressotildees Eacute sob esta perspectiva que as poliacuteticas de emprego passam a ser implementadas no governo FHC Ou seja poliacuteticas que possam combater a crise do emprego e consequentemente a fome e a miseacuteria mas com recursos reduzidos e com ecircnfase na individualizaccedilatildeo do problema reforccedilando a histoacuterica intervenccedilatildeo residual do Estado brasileiro na questatildeo social (OLIVEIRA 2012 p 499)

No periacuteodo FHC assinalado por Oliveira (2012) foram criados vaacuterios

dispositivos de atenccedilatildeo ao trabalhador Um dos mais importantes instrumentos foi o

seguro-desemprego que sofreu alteraccedilotildees em 1994 ampliando

[] o tempo de indenizaccedilatildeo Nesse periacuteodo o desemprego apresentava nuacutemeros elevados chegando a atingir de acordo com o IBGE em torno de 17 da PEA A renda meacutedia do trabalhador apresentou queda pelo sexto ano consecutivo atingindo em 2003 uma reduccedilatildeo de 129 (OLIVEIRA 2012 p 500)

Na primeira deacutecada do seacuteculo XXI o desemprego mantinha a taxa de 96 e

a informalidade atingia 60 dos trabalhadores ocupados como nos mostra Pastore

(2006)

11 A INFORMALIDADE NO CENAacuteRIO BRASILEIRO

Como jaacute mencionado as alteraccedilotildees no mundo do trabalho ocasionadas

pela reestruturaccedilatildeo produtiva concorreram para o aumento do desemprego

estrutural culminando em consequecircncias macroestruturais no seio da economia

26

mundial Retrato disso eacute o fenocircmeno denominado de informalidade esta vista como

um traccedilo marcante nos paiacuteses subdesenvolvidos ou em desenvolvimento

assinalado por Matsuo (2009) e Antunes (2011) Estes autores nos apontam os

variados modos de informalidade que constituem estrateacutegias de enfrentamento agraves

especificidades econocircmicas diferenciadas no tempo e no espaccedilo por serem

construiacutedas a partir de necessidades especiacuteficas territoriais Matsuo (2009) afirma

que estas estrateacutegias informais correspondem de um lado o trabalhador informal

adequando-se a economia de mercado e ―significa um traccedilo constitutivo e crescente

da acumulaccedilatildeo de capital dos nossos dias (ANTUNES 2011 p 4) eou de outro o

setor informal representa a exclusatildeo desses trabalhadores do sistema dinacircmico da

economia Dessa forma segue a autora no sentido de combinaccedilatildeo das duas

possibilidades

[] os trabalhadores marginalizados na economia informal procuram se articular com os setores dinacircmicos da economia e integrar a cadeia no circuito de acumulaccedilatildeo capitalista dependendo das oportunidades que surgem Por outro lado a economia informal nos apresenta setores que estatildeo a reboque da formal e que passam a ser marginais por estarem deslocadas do desenvolvimento econocircmico (MATSUO 2009 p 21)

Os setores informal e formal segundo Souza (2010) coexistem e se

estabelecem como uma fragmentaccedilatildeo da estrutura ocupacional Essa fragmentaccedilatildeo

no entanto deveria ser acompanhada de poliacuteticas puacuteblicas que observassem o setor

informal para a melhoria da sua capacidade de ganho (idem p 4) Essa anaacutelise parte

do pressuposto de que o capitalismo triunfante natildeo foi capaz de absorver a maioria

dos trabalhadores levando-os a concorrer sob a proacutepria sorte e sob a eacutegide da

inadaptaccedilatildeo da desvantagem e da exclusatildeo dos benefiacutecios desse capitalismo Para

esse autor

[] os estudos promovidos pela CEPAL e pelo PREALC defenderam a ideacuteia de uma heterogeneidade estrutural persistente na qual coexistiriam os setores moderno e arcaico Este uacuteltimo tiacutepico da economia informal refletiria o excedente de matildeo-de-obra que luta por sobrevivecircncia assumindo um caraacuteter estrutural e supeacuterfluo As poliacuteticas puacuteblicas deveriam contribuir para a elevaccedilatildeo da renda na economia informal atuando de forma compensatoacuteria (SOUZA 2010 p 4)

Sachs (2007) ao analisar a economia de mercado a partir das

reestruturaccedilotildees capitalistas nos paiacuteses subdesenvolvidos identifica os setores

sociais marginalizados dentro do processo produtivo assim como o sentido

27

excludente e endecircmico resultante da maciccedila exploraccedilatildeo pelos paiacuteses de economias

centrais O autor identifica o cenaacuterio e as transformaccedilotildees no mercado de trabalho

por conta dos processos de dominaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo da economia

No lugar do desaparecimento tradicional por meio da transferecircncia progressiva do excedente de sua matildeo-de-obra para o setor moderno assistimos a expulsatildeo das sobras dos trabalhadores do setor moderno para setores da economia informal de fundos de quintal ou nitidamente ilegal e ateacute a sua marginalizaccedilatildeo pura e simples fadados agrave afliccedilatildeo da ociosidade forccedilada condenados a situaccedilatildeo de assistidos para alguns do berccedilo ao tuacutemulo (SACHS 2007 p 254)

Antunes (2011) subdivide a informalidade em trecircs modalidades de

trabalhadores alocados a economia submersa a) trabalhadores informais

tradicionais b) trabalhadores informais assalariados sem registro c) trabalhadores

informais por conta proacutepria Essas trecircs categorias tambeacutem satildeo compreendidas nas

anaacutelises de Matsuo (2009) a qual define a informalidade em duas grandes

categorias ―velha informalidade (trabalhadores tradicionais) e a ―nova

informalidade (terceirizaccedilatildeo flexibilizaccedilatildeo temporizaccedilatildeo) No entanto haacute algumas

―[] denominaccedilotildees atribuiacutedas a atividades praticadas nesse campo desemprego

disfarccedilado subemprego atividade clandestina iliacutecita natildeo estruturada etc

(SANTOS MACIEL e SATO 2014 p 330) que estatildeo presentes em todos os setores

da economia tanto no setor primaacuterio no secundaacuterio como no terciaacuterio como

apontam esses autores

De outra forma como aponta o estudo realizado em 2002 pelo Observatoacuterio

do Mercado de Trabalho do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) haacute dois tipos

de mercado de trabalho que atuam concomitantemente

a) um setor formal cujo funcionamento das atividades foi definido como tendo barreiras agrave entrada com recursos externos sistema de propriedade impessoal operando em mercados amplos e protegidos por cotas e tarifas grande escala de produccedilatildeo processos produtivos de tecnologia moderna e intensivos em capital e matildeo-de-obra qualificada e b) um setor informal definido pela inexistecircncia de barreiras agrave entrada aporte de recursos de origem domeacutestica propriedade individual operando em pequena escala processos produtivos intensivos em trabalho atuando em mercados competitivos e natildeo regulados (MTE 2002 p 3)

O fato eacute que o crescimento da informalidade no caso brasileiro revelava

aleacutem da fragilidade na arrecadaccedilatildeo tributaacuteria a violaccedilatildeo agraves leis trabalhistas a

28

precarizaccedilatildeo do trabalho e a desqualificaccedilatildeo do trabalhador frente agraves novas

tecnologias e restriccedilotildees agrave sua inserccedilatildeo no mercado de trabalho formal

Revelando o contraste entre os dois setores conforme as anaacutelises de

Meneguin e Bugarin (2008) em 2004 o trabalhador formalizado obteve uma

remuneraccedilatildeo de 623 superior em relaccedilatildeo ao trabalhador atuante na economia

submersa (CATANI 1985)

Alguns estudos realizados que apontam a informalidade no Brasil remontam

a deacutecada de 1990 Dessa forma a pesquisa Economia Informal Urbana (ECINF)

feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia a Estatiacutestica (IBGE) considerou a

―Organizaccedilatildeo e o Funcionamento da Unidade Econocircmica como uma caracteriacutestica

capaz de balizar os estudos sobre a informalidade Da mesma forma procurou

identificar e correlacionar as atividades informais identificando os

proprietaacuterios de negoacutecios informais trabalhadores por conta proacutepria e pequenos empregadores com 10 anos ou mais de idade ocupados em atividades natildeo-agriacutecolas e moradores em aacutereas urbanas nos domiciacutelios em que moram e atraveacutes deles investigar as caracteriacutesticas de funcionamento das unidades produtivas (IBGE - BRASIL 2003 p 15)

Um dos objetivos do IBGE era de ―quantificar o potencial das atividades

econocircmicas exercidas na informalidade em gerar oportunidades de trabalho e

rendimentos aleacutem de captar informaccedilotildees que permitam conhecer o papel e a

dimensatildeo do setor informal na economia brasileira (IBGE- BRASIL 2003 p 13)

O aumento da informalidade pode estar associado ao aumento da taxa de

desemprego o qual exige das pessoas estrateacutegias e formas diferenciadas de

sobrevivecircncia ou seja uma nova relaccedilatildeo com o mercado de trabalho como mostra

Matsuo (2009) Nas anaacutelises de Santos (2008)

Ateacute 1995 a cada aumento na oferta de emprego formal correspondia uma reduccedilatildeo do iacutendice de trabalhadores na informalidade Poreacutem a loacutegica mudou e a tendecircncia mostra que a criaccedilatildeo de novos empregos com carteira assinada natildeo causa mais esse impacto A informalidade passou a ser um traccedilo caracteriacutestico do mercado de trabalho brasileiro [] (SANTOS 2008 p6)

Pastore (2006) numa anaacutelise sobre o quadro nacional de empregos jaacute

indicava esta perspectiva e avalia o impacto sobre a previdecircncia social desse

quantitativo pois esta porcentagem corresponde agraves pessoas que natildeo contribuem

para o setor previdenciaacuterio gerando enormes distorccedilotildees no setor

29

Perceberemos (TABELA 1) a gradativa reduccedilatildeo na taxa de informalidade

brasileira bem como a reduccedilatildeo em 2 na taxa de desemprego entre 2002 e 2008

como observam Barbosa Filho e Pessocirca (2011) Estes autores ainda alertam para

a as diferenccedilas marcantes na composiccedilatildeo da taxa de desemprego de regiatildeo para

regiatildeo sugerindo o percentual em torno de 6 em Belo Horizonte e Porto Alegre e

superior a 12em Recife e Salvador no ano de 2008 (BARBOSA FILHO PESSOcircA

2011 p 2)

TABELA 1 - TAXA DE DESEMPREGO E INFORMALIDADE NO BRASIL

ANO DESEMPREGO INFORMALIDADE

2002 91 436 2003 97 423 2004 89 425 2005 93 414 2006 84 407 2007 82 391 2008 71 381 2009 83 374 2012 55 34 2013 54 33 2014 43 322 Fev2015 5 325

FONTE BARBOSA FILHO e MOURA (2012) IPEA (20142015) No primeiro semestre de 2013 a informalidade atingiu a taxa de 332

segundo IPEA (2013) Notamos (TABELA 1) que as atividades informais entre 2002

e 2006 obtiveram uma retraccedilatildeo de 29 e entre 2006 e 2013 houve decliacutenio na

ordem de 75 na informalidade brasileira Portanto houve a reduccedilatildeo de 104 da

informalidade entre os anos de 2002 e 2013 Em 2014 o desemprego obteve uma

variaccedilatildeo de 07 pp em relaccedilatildeo agrave fevereiro de 2015 assim como a informalidade

teve um acreacutescimo de 03 pp (IPEA 2015)

A informalidade segundo Malaguti (2001) eacute um traccedilo caracteriacutestico no

mercado de trabalho brasileiro e abrange parte significativa de trabalhadores

exercendo atividades de forma precarizada e desprotegida o que leva a reduccedilatildeo

salarial ao aumento da carga horaacuteria de trabalho e a desvalorizaccedilatildeo do trabalho

como garantia de dignidade

30

12 DO TRABALHO FORMALIZADO Agrave NECESSIDADE EMPREENDEDORA A

CRIacuteTICA

O deslocamento forccedilado dos trabalhadores formais para praacuteticas informais

no mercado de trabalho resultante de um processo de mudanccedilas nas relaccedilotildees de

produccedilatildeo e trabalho levaram milhares de pessoas a improvisar formas diferenciadas

de suas atividades habituais por necessidade de sobrevivecircncia muitas vezes

compreendidas como formas inovadoras e empreendedoras dentro de uma nova

realidade socioeconocircmica imposta

As praacuteticas empreendedoras muitas vezes como aponta Barbosa (2007) e

Malaguti (2001) surgem como estrateacutegias de autogestatildeo do trabalho do tempo e do

espaccedilo fiacutesico por se apresentarem como uacutenicas alternativas no processo de

desregulamentaccedilatildeo do trabalho e assim as novas configuraccedilotildees do trabalho

resultaram do esvaziamento da poliacutetica abrindo caminho na substituiccedilatildeo do trabalho

empregatiacutecio para uma forma autocircnoma do empreendedorismo Nas palavras de

Barbosa (2007)

A quebra do assalariamento baseado em contratos advindos da concentraccedilatildeo Estado capital e sindicatos penaliza o trabalho amplia as margens de accedilatildeo do mercado e expotildee a fragilizaccedilatildeo da poliacutetica como dimensatildeo da vida social por isso a pergunta que se faz agora entatildeo eacute de que modo o empreendedorismo pode reinventar ou inovar o trabalho garantindo espaccedilo para a poliacutetica Quer dizer frente agrave escassez (volume) e precarizaccedilatildeo (qualidade) do trabalho ateacute que ponto o empreendedorismo expresso nas ideias e praacuteticas de geraccedilatildeo de renda produz efeitos positivos no sentido de minorar as accedilotildees do mercado e impactar o quadro de desigualdade social (BARBOSA 2007 p 3)

Para essa autora o trabalhador desempregado perde sua identidade

subjetiva compartilhada e o emprego formalizado deixa de ser referecircncia de renda

pois com a ―reversatildeo do assalariamento e a ampliaccedilatildeo do trabalho desprotegido

informal se impotildee como regressividade social na medida em que diminui o poder de

barganha dos trabalhadores jogados agrave sorte no mercado e aumenta a desigualdade

social (idem p 4)

Essa realidade socioeconocircmica como demonstra Barbosa (2007) conduz

os trabalhadores para as diversas formas desprotegidas de gerar renda e o que

significava precariedade de uma sobrevivecircncia urbanizada passa a ser considerada

como um conjunto de qualidades dos trabalhadores pobres com caracteriacutesticas de

31

autonomia empregatiacutecia empreendedora e criativa escondendo a condiccedilatildeo de

inseguranccedila social Como segue a autora

Pode-se dizer que como barotildees da raleacute os trabalhadores informais reaparecem na narrativa empreendedora como portadores de futuro avalizados pela experimentaccedilatildeo do risco cotidianamente Todavia contraditoriamente a ocupaccedilatildeo em si natildeo oferece nenhuma seguranccedila social enquanto promessa de futuro para os trabalhadores envolvidos e suas famiacutelias (BARBOSA 2007 p 7)

Dessa maneira segundo a autora a reversatildeo forccedilada do assalariamento

protegido para o ―auto-emprego constituiu um esvaziamento das forccedilas sociais que

possuem bases nas condicionantes do trabalho coletivizado do trabalho protegido

pelas leis de regulaccedilatildeo do mercado de trabalho Sendo assim o auto-emprego pode

ser compreendido como sendo balizado em expectativas de mercado onde sua

capacidade de competitividade em muitos casos fica muito aqueacutem das forccedilas que

regulam o mercado impondo-lhe limitaccedilotildees de expansatildeo e ―desprovidos de capital

o trabalho autocircnomo paradoxalmente depende da sub-remuneraccedilatildeo que se auto

impotildee e do estaacutegio de desenvolvimento de dada sociedade capitalista cuja

tendecircncia eacute estender sua racionalizaccedilatildeo a todos os setores da economia (SOUZA

2010 p 5)

A gama de trabalhadores sem carteira assinada autocircnomos contrasta pela

sua heterogeneidade dependendo da escolaridade dos ganhos reais aacuterea de

atuaccedilatildeo remuneraccedilatildeo geralmente com pouca qualificaccedilatildeo e atuantes na produccedilatildeo

de bens e serviccedilos conforme analisa Souza (2010)

Dentro dessa oacutetica em suas anaacutelises sobre a formalizaccedilatildeo do

microempreendedor individual (MEI) Sulzbach e Denardin (2012) relatam que ―com

a instituiccedilatildeo desta figura o Estado brasileiro auxilia na desregulamentaccedilatildeo do

mercado de trabalho capitalista regulamentando-a Nesse sentido seguem os

autores

Esta nova forma de desregulamentaccedilatildeo do mercado de trabalho estabelece o individualismo que cria uma cultura empreendimentista assim chamada por Harvey apud Miqueluzzi (1998) aonde a classe trabalhadora vislumbra ser um trabalhador por conta proacutepria natildeo ser mais assalariado (SUZBACH DENARDIN 2011 p 10)

32

Para Malaguti (2001 p 88) a informalidade aparece como uma das uacutenicas

formas de sobrevivecircncia para milhares de brasileiros e esta eacute um ―recurso de uacuteltima

instacircncia (p 92)

As pequenas empresas que surgem em meio agrave informalidade superlativada

resultado de uma modernidade que natildeo superou os preceitos do

subdesenvolvimento ao contraacuterio expandiu a pobreza e as diferenccedilas sociais pela

concentraccedilatildeo de renda excessiva e a reestruturaccedilatildeo do processo de produccedilatildeo

enfrentam condiccedilotildees humilhantes e ultrajantes na procura de espaccedilo para a

sobrevivecircncia Segundo Malaguti (2001 p 68) a informalidade ―natildeo eacute um celeiro de

pessoas ativas empreendedoras eneacutergicas mas sim o refuacutegio sem opccedilatildeo

As empresas constituiacutedas diante de uma economia informal analisadas por

Malaguti (2001) Sachs (2006) Antunes (2011) Barbosa (2007) Catani (1985)

reproduzem o trabalho precarizado sob a forma de baixa remuneraccedilatildeo jornadas

excessivas de trabalho condiccedilotildees muitas vezes insalubres e sem orientaccedilatildeo

teacutecnica de seguranccedila

33

2 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS NO MERCADO DE TRABALHOBRASILEIRO DAS

ORIGENS AO MEI

Neste capiacutetulo pretendemos estabelecer uma breve aproximaccedilatildeo sobre o

conceito de poliacuteticas puacuteblicas que em nosso entendimento eacute fundamental para a

compreensatildeo do objeto de estudo que eacute a poliacutetica puacuteblica de formalizaccedilatildeo do

microempreendedor individual Ainda neste toacutepico apresentaremos algumas das

principais poliacuteticas puacuteblicas sobre emprego no periacuteodo republicano brasileiro

21 SOBRE A POLIacuteTICA PUacuteBLICA NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO

A Poliacutetica Puacuteblica eacute caracterizada como a posiccedilatildeo do ―Governo em accedilatildeo

assim definida por (SOUZA 2006) e ao mesmo tempo ―o Estado implantando um

projeto de governo atraveacutes de programas de accedilotildees voltadas para setores

especiacuteficos da sociedade(HOumlFLING 2001 p 31) ou mesmo a intervenccedilatildeo do

Estado em problemas e finalidades especiacuteficas

Podemos salientar que definiccedilotildees sobre o tema podem incidir em conceitos

significativamente diferentes pois como nos aponta Souza (2006) natildeo haacute uma

definiccedilatildeo singular para o termo Poliacutetica Puacuteblica diferentemente de outras aacutereas do

conhecimento tradicionalmente constituiacutedas como eacute o caso da Sociologia da

Economia ou da Psicologia a exemplos

Para Souza (2006) tal termo implica num conjunto de accedilotildeesprocessos que

permitem a dissociaccedilatildeo e separaccedilatildeo em fases de poliacuteticas ou ciclo de poliacutetica

puacuteblica pois no processo de estabilizaccedilatildeo dessa poliacutetica puacuteblica pode ocorrer

disparidades nas etapas de transcurso tanto na formulaccedilatildeo na implementaccedilatildeo

como na avaliaccedilatildeo da PP A partir de suas anaacutelises a autora nos apresenta algumas

definiccedilotildees sobre o tema

Mead (1995) a define como um campo dentro do estudo da poliacutetica que analisa o governo agrave luz de grandes questotildees puacuteblicas e Lynn (1980) como um conjunto de accedilotildees do governo que iratildeo produzir efeitos especiacuteficos Peters (1986) segue o mesmo veio poliacutetica puacuteblica eacute a soma das atividades dos governos que agem diretamente ou atraveacutes de delegaccedilatildeo e que influenciam a vida dos cidadatildeos Dye (1984) sintetiza a definiccedilatildeo de poliacutetica puacuteblica como ―o que o governo escolhe fazer ou natildeo fazer A definiccedilatildeo mais conhecida continua sendo a de Laswell ou seja decisotildees e anaacutelises sobre poliacutetica puacuteblica implicam responder agraves seguintes questotildees quem ganha o quecirc por quecirc e que diferenccedila faz (SOUZA 2006 p24)

34

O estudo do campo da Poliacutetica Puacuteblica estaacute direcionado agraves anaacutelises e

interpretaccedilotildees de interesses vantagens desvantagens ganhos e perdas dos grupos

e atores envolvidos no processo de construccedilatildeo da PP de forma direta ou indireta

desde a construccedilatildeo da agenda da formulaccedilatildeo do processo decisoacuterio da

implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo ateacute o puacuteblico alvo ao qual se originou a poliacutetica puacuteblica

Para Frey (2000) a Poliacutetica Puacuteblica constitui um campo da Ciecircncia Poliacutetica e

poderemos analisaacute-la sob trecircs perspectivas 1) o sistema poliacutetico no qual identifica e

avalia a accedilatildeo do governo e do Estado como promotores de felicidade de seus

cidadatildeos 2) o elemento poliacutetico representado pelas relaccedilotildees de forccedila e interesses

entre atores envolvidos no processo decisoacuterio 3) processo de avaliaccedilatildeo do sistema

poliacutetico no que concernem suas accedilotildees e estrateacutegias escolhidas para resolver

problemas especiacuteficos

Historicamente como aponta Frey (2000) o estudo sobre este campo da

Ciecircncia Poliacutetica nos Estados Unidos teve iniacutecio na deacutecada de 1950 Ao passo que

na Europa esta preocupaccedilatildeo comeccedilou a partir de 1970 com a ascensatildeo da social

democracia na Alemanha que estabeleceu poliacuteticas setoriais localizadas e

pontuais passiacuteveis de serem analisadas No caso brasileiro o interesse pelo

assunto eacute muito recente e conferiu ―ecircnfase ou agrave anaacutelise das estruturas e instituiccedilotildees

ou agrave caracterizaccedilatildeo dos processos de negociaccedilatildeo das poliacuteticas setoriais

especiacuteficas (p 214)

As poliacuteticas puacuteblicas desenvolvidas no plano da percepccedilatildeoaccedilatildeo pelo

Estado para a intervenccedilatildeo no mercado de trabalho satildeo constituiacutedas por Poliacuteticas

Ativas e Poliacuteticas Passivas (MACHADO E NETTO 2011 CHAHAD 2006 PAIVA

2006) No Brasil elas estatildeo presentes concomitantemente no sistema puacuteblico de

emprego e ―existem para corrigir falhas de mercado relacionadas agrave restriccedilatildeo de

creacutedito assimetrias de informaccedilatildeo ou problemas de intermediaccedilatildeo de matildeo - de

obra (MACHADO E NETTO 2011 p 2) bem como promover a geraccedilatildeo de

emprego e renda e equacionar determinadas disfunccedilotildees no mercado de trabalho

Nas palavras de Chahad (2006)

Esta intervenccedilatildeo materializa-se por meio da oferta de serviccedilos baacutesicos como concessatildeo de creacutedito aos desempregados e trabalhadores autocircnomos melhoria da qualidade da matildeo-de-obra por meio do treinamento e da recolocaccedilatildeo do desempregado utilizando a intermediaccedilatildeo da matildeo-de-obra Essas poliacuteticas ativas que associando-se ao seguro-desemprego e a outras formas de assistecircncia aos desempregados atuam no sentido de

35

promover a geraccedilatildeo de emprego elevar o niacutevel de rendimentos e garantir melhor bem-estar aos trabalhadores em geral (CHAHAD 2006 p 1)

As Poliacuteticas Ativas tecircm a finalidade de facilitar o Acesso em ao mercado de

trabalho e aumentar o niacutevel de salaacuterios dos trabalhadores que apresentam

dificuldades de inserccedilatildeo nesse mercado criar frentes de trabalho oferecer

incentivos agraves micro e pequenas empresas aleacutem de possuir ―[] instrumentos para

criaccedilatildeo direta e indireta de emprego tanto no mercado formal de trabalho quanto no

setor informal contribuem para aumentar a ―empregabilidade do trabalhador

facilitando seu reemprego auxilia na reduccedilatildeo dos niacuteveis de pobreza (CHAHAD

2006 p 5 - 6) Essa forma de poliacutetica seraacute analisada mais adiante quando nos

referirmos agrave formalizaccedilatildeo do Microemprendedor individual sob a Lei Complementar

12808

No caso das Poliacuteticas passivas o objetivo eacute assegurar o miacutenimo de renda

consumo satisfaccedilatildeo para as pessoas excluiacutedas temporariamente ou natildeo do

processo produtivo do mercado de trabalho O dispositivo mais conhecido eacute o

Seguro-desemprego3 (MACHADO E NETTO 2011 CHAHAD 2006 PAIVA 2006)

Para Oliveira (2012) jaacute mencionada anteriormente a poliacutetica de emprego

consiste numa representaccedilatildeo reduzida do ponto de vista do Estado do Bem Estar

Social e agrave ―posiccedilatildeo ocupada pelo paiacutes na divisatildeo internacional do trabalho (idem p

494) o que resulta num quadro nacional do capitalismo dependente Veremos que

no primeiro momento do periacuteodo Republicano natildeo haacute a construccedilatildeo de um projeto de

poliacuteticas que coadunassem poliacuteticas ativas e poliacuteticas passivas Observamos nesse

sentido que o complexo de poliacuteticas ativas deixa claro o forte posicionamento ao

desenvolvimento econocircmico e dessa forma compreendemos que as ―principais

medidas de proteccedilatildeo ao trabalhador no Brasil foram no sentido de controlar a forccedila

de trabalho com a inserccedilatildeo de marcos regulatoacuterios corporativos e restritos a

pequenos grupos (OLIVEIRA 2012 p 495) Como salienta essa autora a privaccedilatildeo

de poliacuteticas passivas de atenccedilatildeo ao trabalhador tanto na Primeira Repuacuteblica como

no periacuteodo Vargas dilatou o quadro de pobreza brasileiro e criou um excedente de

matildeo de obra abrindo caminho para a subsistecircncia fora do setor formal

3 O Seguro desemprego eacute um benefiacutecio que oferece auxiacutelio em dinheiro por um periacuteodo determinado

pago ao trabalhador formal e domeacutestico em virtude da dispensa sem justa causa inclusive dispensa indireta trabalhador formal com contrato de trabalho suspenso em virtude de participaccedilatildeo em curso de qualificaccedilatildeo fornecido pelo empregador pescador profissional durante o periacuteodo de defeso e trabalhador resgatado da condiccedilatildeo semelhante agrave de escravo (lthttpsgoogleX5hIw)

36

Para Fernandes (1975) Oliveira (1984) Machado (1999) Furtado (1978) e

Galeano (2010) o desenvolvimento latino-americano foi marcado pela incapacidade

de acompanhar a evoluccedilatildeo do capitalismo e das contradiccedilotildees e relaccedilotildees

antagocircnicas internas entre as capacidades produtivas e a correspondecircncia social

resultando no baixo desempenho econocircmico no mercado internacional dos paiacuteses

―subdesenvolvidos inseridos no sistema neocolonial o que permitiu a histoacuterica

dominaccedilatildeo e espoliaccedilatildeo territorial Para estes autores processo de dominaccedilatildeo foi

construiacutedo historicamente iniciado com o advento da ―Invasatildeo ou Conquista do

continente americano pela Espanha e Portugal As relaccedilotildees de poder produzidas

entre economias centrais e sateacutelites marcaram a crescente dependecircncia econocircmica

das uacuteltimas em relaccedilatildeo agraves primeiras sendo que o capitalismo latino americano se

tornou dependente na medida em que as bases relacionais foram pela via do

―endividamento externo e maior submissatildeo ao capital foracircneo (MACHADO 1999 p

200)

211 Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho primeiro momento

Abaixo (QUADRO1) apresentamos algumas das principais poliacuteticas de

emprego desenvolvidas pelo Estado brasileiro anterior ao Regime Militar que se

estabeleceu em 1964

QUADRO 1- POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS DE TRABALHO DESENVOLVIDAS NO BRASIL ANTERIOR A

1964

Continua

ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DEFINICcedilAtildeO

1919 Lei sobre acidentes de trabalho nordm 3724 de 15 janeiro de 1919

Responsabiliza empregadores pela indenizaccedilatildeo

Regulamentaccedilatildeo das relaccedilotildees de trabalho Criaccedilatildeo do Aviso Preacutevio proibiccedilotildees de salaacuterios atrasados pagamentos de

horas extras natildeo salariais proibiccedilatildeo de trabalho para menores de quatorze anos

e estabilidade de emprego para ferroviaacuterios e portuaacuterios

1925 Decreto4982 de 24 de dezembro de 1925 ndash Lei de feacuterias

Concede 15 dias anuais de feacuterias para empregados

1926 Dec 5083 de 01 de dezembro de 1926 Coacutedigo do menor

Regulamentaccedilatildeo do trabalho de menores dentre outras providecircncias

1930 CriaccedilatildeodoMinisteacuterio do Trabalho Comeacutercio e induacutestria

Interferir sistematicamente no conflito entre capital e trabalho Estabeleceu

jornada de 8 horas e proibiccedilatildeo do trabalho infantil e noturno

1942 ServiccediloNacionaldeAprendizagemIndustrial (SENAI) - Dec Fed 4048 de 22 de janeiro de 1942

Formaccedilatildeo profissional para a insipiente induacutestria de base

37

QUADRO 1 - POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS DE TRABALHO DESENVOLVIDAS NO BRASIL ANTERIOR A

1964

Concluatildeo

FONTE OLIVEIRA (2012) MTE SENAI SENAC CPDOC SENADO FEDERAL

Com um desenvolvimento industrial ainda modesto e insipiente no primeiro

momento da Repuacuteblica do Brasil como analisa Cotrin (1999) a base econocircmica

brasileira estava atrelada ao campo pois segundo esse autor em 1920 697 das

pessoas ativas desenvolviam atividades na agricultura 138 na induacutestria e o setor

de serviccedilos abarcava 165 das pessoas ativas (COTRIN 1999 p 268)

Mesmo com uma sociedade predominantemente agraacuteria as poliacuteticas

puacuteblicas de emprego demonstradas acima atingiam apenas os trabalhadores

urbanos que representavam cerca de 30 dos trabalhadores brasileirosAs

condiccedilotildees de trabalho desse operariado na Primeira Repuacuteblica brasileira eram

excessivamente precaacuterias o que provocavam vaacuterios acidentes de trabalho somem-

se a isso os baixos salaacuterios pagos a natildeo existecircncia de salaacuterio miacutenimo sem direito a

feacuterias ou pagamento de horas extras carga horaacuteria excessiva de trabalho que

atingia como aponta Cotrin (1999) 15 horas diaacuterias de trabalho de segunda a

saacutebado e sem direito a qualquer forma de indenizaccedilatildeo ou aviso preacutevio o

trabalhador poderia ser demitido arbitrariamente (p 275) Como demonstra o autor

[] as instalaccedilotildees das faacutebricas eram geralmente precaacuterias Nos galpotildees de serviccedilo natildeo havia espaccedilo adequado para o trabalho o ambiente era mal iluminado quente e sem ventilaccedilatildeo Tudo isso favorecia a ocorrecircncia de acidentes de trabalho cujas as principais viacutetimas eram as crianccedilas (COTRIN 1999 p 274)

Diante do quadro que se encontrava o trabalhador brasileiro nesse periacuteodo

surgiram vaacuterios protestos reivindicatoacuterios para melhorias nas condiccedilotildees de trabalho

sendo importantes na contribuiccedilatildeo para o aparecimento dos primeiros sindicatos e

entidades ligadas ao operariado

Dessa maneira como aponta Fausto (1995) foi no curso das greves

ocorridas entre os anos de 1917 e 1920 que surgiram as primeiras possibilidades de

aprovaccedilatildeo legislativa de direitos aos trabalhadores Algumas medidas foram

ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DEFINICcedilAtildeO

1946 Serviccedilo nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC)

Voltado para o setor de comeacutercio produccedilatildeo de bens e serviccedilo e turismo

1943 Consolidaccedilatildeo das leis trabalhistas (CLT) (lei nordm 5452 de 1ordm maio de

1943)

Art 1ordm - Esta Consolidaccedilatildeo institui as normas que regulam as relaccedilotildees individuais e coletivas de

trabalho nela previstas

38

colocadas em um projeto denominado Coacutedigo de trabalho mas sofreram pesadas

criticas pelo empresariado sendo igualmente vetadas pelos congressistas Apenas

a Lei nordm 37241919 que dispunha sobre as regras resultantes de acidentes de

trabalho como indenizaccedilotildees e responsabilidades do empregador foi aprovada

Ainda assim duas leis importantes foram produzidas na segunda metade dos anos 20 a Lei de feacuterias (1925) e a Lei de Regulamentaccedilatildeo do Trabalho de menores (192627) A primeira visava a obrigar os empresaacuterios a conceder 15 dias de feacuterias a seus empregados sem prejuiacutezo do ordenadomas foi sistematicamente desrespeitada Jaacute o Coacutedigo do Menor estipulava a maioridade a partir dos 18 anos e propunha uma jornada de trabalho de seis horas (CPDOC ndash Centro de Pesquisas e documentaccedilatildeo de Histoacuteria Contemporacircnea do Brasil)

Jaacute na deacutecada de 1930 o Estado Getulista procurou estabelecer regulaccedilatildeo e

regulamentaccedilatildeo para a questatildeo trabalhista Neste periacuteodo foi criado o Ministeacuterio do

Trabalho Comeacutercio e Induacutestria como forma de atenccedilatildeo mais sistemaacutetica ao

trabalhador como aponta Oliveira (2012) A regulaccedilatildeo tinha como objetivo

interferecircncia do estado junto aos sindicatos e organizaccedilotildees trabalhistas sobre

maneira nas de inclinaccedilotildees marxistas apoiadas por partidos de esquerda o que

limitava accedilotildees no campo poliacutetico e conflitos de classes dificultando a organizaccedilatildeo

da classe trabalhadora Dessa forma como observam Fausto (1995) e Oliveira

(2012) a centralizaccedilatildeo estatal mantinha sobre forte domiacutenio a questatildeo do ―princiacutepio

da unidade sindical ou seja do reconhecimento do Estado de um uacutenico sindicato

por categoria profissional (FAUSTO1995 p 335) Segundo Oliveira (2012) o

governo centralizador e interventor de Vargas tinha a intenccedilatildeo de estabelecer a

harmonia entre as classes diluiacutedas pela inquietaccedilatildeo social e promover a adequaccedilatildeo

trabalhocapital o que levaria a acumulaccedilatildeo capitalista Consideremos que em

1920 a produccedilatildeo agriacutecola representava 79 do total produzido no paiacutes e a

induacutestria 21 em 1940 a agricultura era responsaacutevel por 57 da produccedilatildeo e a

induacutestria 43 o que denota um aumento significativo do setor industrial (FAUSTO

1995 p 392)

Na avaliaccedilatildeo de Fausto (1995 p 336) ―a poliacutetica trabalhista do Governo

Vargas constituiu um niacutetido exemplo de uma ampla iniciativa que natildeo derivou das

pressotildees de uma classe social e sim da accedilatildeo do Estado As medidas regulatoacuterias

de Vargas tinham um propoacutesito central aumentar a capacidade de produccedilatildeo

industrial nas aacutereas urbanas e para tanto havia a necessidade de prevenir a

instabilidade social e mediar as relaccedilotildees entre a classe trabalhadora e o patronato

39

Assim para normatizar as relaccedilotildees de trabalho individuais e coletivas bem

como as regulamentaccedilotildees sobre essas relaccedilotildees em 1943 foi instituiacuteda a

Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho (CLT) sob o Dec Lei nordm 5452 de 151943

Nesse periacuteodo ficou evidente a forte regulaccedilatildeo das forccedilas de trabalho

subordinadas agraves poliacuteticas macroeconocircmicas de desenvolvimento e acumulaccedilatildeo de

capital A partir das deacutecadas de 197080 as poliacuteticas de emprego comeccedilaram a

ganhar destaque e porte sendo criado o Sistema Puacuteblico de Emprego ainda como

um sistema de pouca prospecccedilatildeo que atingia exclusivamente o mercado formal de

trabalho (MACHADO e NETO 2011)

212 Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho no Regime Militar

O iniacutecio do regime militar foi marcado por uma seacuterie de mudanccedilas que

incidiram sobre a poliacutetica de emprego no Brasil Essas medidas tornaram-se

coercitivas em funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do governo militar em expandir o complexo

industrial e tecnoloacutegico (OLIVEIRA 2012) No entanto foi somente a partir da

deacutecada de 1970 no regime militar que comeccedilam a serem implementadas poliacuteticas

passivas ainda modestas de atendimento aos trabalhadores natildeo somente

formalizados mas algumas categorias de trabalhadores que se encontravam fora do

mercado de trabalho Uma das Poliacuteticas de Emprego de maior visibilidade foi a

criaccedilatildeo do Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo (FGTS) (Lei 5107 de

13set1966) orientado hoje pela Lei 8036 de 11maio1990 e tem como objetivo

dar auxiacutelio ao trabalhador dispensado do serviccedilo sem justa causa e garantir uma

renda para a subsistecircncia ateacute conseguir novo emprego Para Oliveira (2012) a

criaccedilatildeo do FGTS substitui a estabilidade de emprego contida na CLT pela

poupanccedila compulsoacuteria Abaixo (QUADRO 2) estatildeo algumas das Poliacuteticas de

Emprego desenvolvidas durante o regime militar que se instalou no Brasil em 1964

QUADRO 2 - POLIacuteTICAS DE EMPREGO DESENVOLVDAS NO BRASILDURANTE O REGIME MILITAR

continua

ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DEFINICcedilAtildeO

1964 Lei Anti-greve4330 de 161964

Regula o direito de greve na forma do art 158 da Constituiccedilatildeo Federal de 1946

40

QUADRO 2 - POLIacuteTICAS DE EMPREGO DESENVOLVDAS NO BRASIL DURANTE O REGIME MILITAR

conclusatildeo

ANO POLIacuteTICA DEFINICcedilAtildeO

1965 Sobre os dissiacutedios coletivos entre categorias profissionais e econocircmicas (lei 4725 de

13765)

Estabelece normas para o processo dos dissiacutedios coletivos e daacute outras

providecircncias (Poliacutetica de contenccedilatildeo salarial)

1966 Criaccedilatildeo do Instituto Nacional de Previdecircncia Social (INPS) ndash Dec lei nordm 72 de 21111966

Unifica os Institutos de Aposentadoria e Pensotildees

1966 Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo Lei 5107 de 13091966 ndash revogado o seu original em 1989 e posteriormente em 1990 pela Lei

8036 de 11051990

Dispotildee sobre o Fundo de garantia por Tempo de Serviccedilo

1970 Criaccedilatildeo do Programa de integraccedilatildeo Social (Lei Complementar 07 de 791970)

Art 1ordm [] destinado a promover a integraccedilatildeo do empregado na vida e no

desenvolvimento das empresas

1970 Criaccedilatildeo do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico (PASEP) ndash LC

nordm 08 de 03121970

Institui o Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico

1971 Programa de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (PRORURAL) LC n 11 de 25051971

Poliacutetica de assistecircncia ao trabalhador rural

1973 Dec lei 71885 de 931973 Dispotildee sobre a profissatildeo de empregado domeacutestico

Art 1ordm Satildeo assegurados aos empregados domeacutesticos os benefiacutecios e serviccedilos da Lei

Orgacircnica da Previdecircncia Social

1974 Criaccedilatildeo do Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS )Lei 6036 de

1051974

Atribuiccedilotildees diferentes do Ministeacuterio do Trabalho

11974

Lei Ordinaacuteria 6136 de 7111974 Define o salaacuterio maternidade e outros benefiacutecios a serem pagos aos

trabalhadores (na praacutetica somente aos trabalhadores formalizados)

11974

Lei n 6179 de 11121974 Art 1ordm Institui amparo previdenciaacuterio para maiores de setenta anos de idade e para invaacutelidos definitivamente incapacitados

para o trabalho que natildeo exerccedilam atividades remuneradas []

11974

Lei n 6195 de 19121974 Extensatildeo aos trabalhadores rurais a concessatildeo de seguro por acidente do

trabalho

11974

Lei nordm 6019 de 03011974 Dispotildee sobre o Trabalho Temporaacuterio nas Empresas Urbanas - atendimento do

empresariado na substituiccedilatildeo de forccedila de trabalho ndash (OLIVEIRA 2012)

11975

Criaccedilatildeo do Sistema Puacuteblico de Emprego Conjunto de poliacuteticas ativas e passivas no mercado de trabalho

11975

Cria o Sistema Nacional de Emprego (SINE) Dec nordm 76403 de 08101975

Linhas de accedilatildeo organizar um sistema de informaccedilotildees e pesquisas sobre

o mercado de trabalho informar agraves empresas sobre a forccedila de trabalho

disponiacutevel (OLIVEIRA 2012)

FONTE OLIVEIRA (2012)wwwplanaltogovbr Instituo de Desenvolvimento do Trabalho

(IDT)CHAHAD (2006)

A centralidade econocircmica administrativa e poliacutetica que se iniciou no Brasil

apoacutes a implantaccedilatildeo do regime militar em 1964 culminou com a forte presenccedila do

41

Estado na sociedade e na economia e numa seacuterie de propostas de desenvolvimento

econocircmico colocadas nos Plano Nacional de Desenvolvimento l (1971 ndash 1974) e no

Plano Nacional de Desenvolvimento ll (1975 ndash 1979) (PND)

Neste momento da histoacuteria o Estado brasileiro inicia um processo de

enrijecimento atraveacutes da militarizaccedilatildeo poliacutetica administrativa e econocircmica do paiacutes

que avanccedilou para os setores da sociedade atingindo a classe trabalhadora Dentro

desse contexto foi decretado o impedimento agrave greve atraveacutes da Lei 433064 (Lei

Anti-greve) No ano seguinte foram instituiacutedas normas para o processo dos dissiacutedios

coletivos pela Lei nordm 472565 Tais medidas alertavam para o teor coercitivo do

governo militar e da sua proposta de crescimento econocircmico que penalizava a

classe trabalhadora do paiacutes

Na mesma medida em que manifestava sua posiccedilatildeo coercitiva e de controle

sobre as relaccedilotildees de trabalho o governo militar dava iniacutecio a propostas dos

trabalhadores como forma de compensaccedilatildeo pela falta de liberdade Em 1966 foi

criado o Instituto Nacional de Previdecircncia Social (INPS) o qual unificou os Institutos

de Aposentadorias e Pensotildees sob o Dec Lei nordm 7266 amparado pelo Ato

Institucional nordm 2 de 27111965 Em 1970 foram criados o Programa de Integraccedilatildeo

Social (PIS) sob a Lei nordm 071970 com o propoacutesito de ―[] promover a integraccedilatildeo do

empregado na vida e no desenvolvimento das empresas (art 1ordm) e o Programa de

Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico (PASEP) ndash sob a Lei Complementar nordm

0870 Em 1971 a poliacutetica de trabalho passa a ser voltada ao meio rural por meio da

constituiccedilatildeo do Programa de Assistecircncia ao trabalhador Rural (PRORURAL) sob a

Lei Complementar 2571 Esta poliacutetica tinha o objetivo de dar assistecircncia ao

trabalhador rural que ateacute entatildeo natildeo possuiacutea benefiacutecios na legislaccedilatildeo trabalhista

Segundo Oliveira (2012)

Essa foi a primeira legislaccedilatildeo para a criaccedilatildeo de um sistema previdenciaacuterio que beneficiasse os trabalhadores rurais benefiacutecio ampliados agraves empregadas domeacutesticas e em 1973 aos trabalhadores autocircnomos Essa inclusatildeo tardia dos trabalhadores rurais domeacutesticos e autocircnomos evidencia a poliacutetica trabalhista corporativa e excludente do Brasil e denota a ausecircncia de um sistema de garantias sociais para o conjunto da classe trabalhadora e dos trabalhadores fora do mercado de trabalho (OLIVEIRA 2012 p 497)

Em 1973 os empregados domeacutesticos passam a gozar dos benefiacutecios

instituiacutedos pela Lei orgacircnica da Previdecircncia Social amparados pelo Dec Lei

7188573 Em 1974 com o objetivo de ampliar a atenccedilatildeo ao trabalhador eacute criado o

42

Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) sob a Lei 603674 Outros

dispositivos de atenccedilatildeo ao trabalhador foram criados como o Salaacuterio Maternidade

(Lei 613674) e o ―amparo previdenciaacuterio para maiores de setenta anos de idade e

para invaacutelidos definitivamente incapacitados para o trabalho que natildeo exerccedilam

atividades remuneradas [] (Lei 617964 art 1ordm) No ano de 1975 ―sob a eacutegide da

Convenccedilatildeo nordm 88 da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) que orienta cada

paiacutes-membro a manter um serviccedilo puacuteblico e gratuito de emprego para a melhor

organizaccedilatildeo do mercado de trabalho (MTPS site) foi elaborado o Sistema Nacional

de Emprego (SINE)

Ao observarmos o quadro acima percebemos que as poliacuteticas de emprego

estabelecidas no regime militar eram Poliacuteticas Ativas e voltadas aos trabalhadores

formalizados excluindo dessas poliacuteticas quase em sua totalidade as categorias natildeo

formalizadas de trabalhadores brasileiros

Somente a partir da deacutecada de 1980 final do regime militar comeccedilam a

surgir mudanccedilas significativas sobre poliacuteticas puacuteblicas passivas de emprego no

Brasil Nas palavras de Oliveira (2012)

O esgotamento do regime militar e a crise econocircmica que se instaurou no paiacutes revelaram a precariedade das condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira e reacendeu o debate por melhores serviccedilos de infraestrutura e de inclusatildeo nos programas sociais possibilitando a emergecircncia de movimentos sociais urbanos que clamavam por direitos sociais e pela redemocratizaccedilatildeo no paiacutes (OLIVEIRA 2012 p 498)

213 Poliacuteticas Puacuteblicas de trabalho no periacuteodo de redemocratizaccedilatildeo do Brasil

A partir da segunda metade da deacutecada de 1980 e iniacutecio da deacutecada de 1990

as poliacuteticas marcadas pelo restabelecimento do governo democraacutetico brasileiro se

expandiram e foram criados vaacuterios programas destinados natildeo somente a dar

atenccedilatildeo ao trabalho formal mas tambeacutem ao setor informal da economia Com o

crescimento e demanda desse setor ficou evidente a necessidade de criaccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas direcionadas na possibilidade de equacionar distorccedilotildees entre os

setores formais e informais Para Machado e Neto (2011) os governos subnacionais

(estados e municiacutepios) foram importantes na medida de abertura do microcreacutedito

natildeo somente para o setor formal mas tambeacutem para os trabalhadores autocircnomos e

empreendimentos menores que absorviam boa parte dos trabalhadores ocupados

43

Observamos que os direitos dos trabalhadores se ampliam com a

promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (Constituiccedilatildeo Cidadatilde) estabelecidos

em seu art 7ordm com previsatildeo a ―melhoria de sua condiccedilatildeo social (BRASIL 1988

art 7ordm) No entanto como observa Oliveira (2012) natildeo havia ainda uma

preocupaccedilatildeo em formular poliacuteticas passivas de atendimento natildeo somente aos

trabalhadores formais mas tambeacutem aos desempregados subempregados e aos natildeo

formalizados que representavam parcela significativa no mercado de trabalho

brasileiro Dessa forma segue Oliveira (2012)

[] o paiacutes sempre conjugou poliacuteticas macroeconocircmicas com poliacuteticas assistencialistas limitando-se a introduzir marcos regulatoacuterios para algumas categorias profissionais sem contudo se debruccedilar na construccedilatildeo de uma poliacutetica de emprego passiva ou ativa que contemplasse a subsistecircncia ou a (re) inserccedilatildeo dos trabalhadores expulsos do mercado de trabalho (p 499)

Destacamos (QUADRO 3) as principais poliacuteticas criadas para garantir

direitos sociais de atenccedilatildeo aos trabalhadores sob a promoccedilatildeo de poliacuteticas passivas

para mercado de trabalho

QUADRO 3 - PRINCIPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016)

continua ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DESCRICcedilAtildeO

1986 Lei nordm 2283 de 27021986 ndash cria o Seguro Desemprego

Dispotildee sobre a instituiccedilatildeo [] do Seguro desemprego e daacute outras providecircncias

1988 Art XIII da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Diminuiccedilatildeo da duraccedilatildeo das horas trabalhadas que passa de 48 horas para

44 horas semanais

1990 Lei nordm 7998 de 11011990 Regula o Programa do Seguro-Desemprego o Abono Salarial institui o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT)

financiado com recursos advindos do PIS e do PASEP

1994 Resoluccedilatildeo CODEFAT nordm 59 de 250394 ndash autoriza alocar recursos do FAT para o Programa de Geraccedilatildeo de Emprego e

Renda (PROGER)

Eacute uma poliacutetica puacuteblica de emprego que se faz mediante concessatildeo de creacutedito

financeiro Tem por objetivo proporcionar linhas especiais de creacutedito em atividades

produtivas [] (MTPS)

1996

Resoluccedilatildeo 126 de 23101996 (CODEFAT) Criacatildeo do Plano Nacional de Qualificaccedilatildeo

do trabalhador (PLANFOR)

Aprova criteacuterios para a utilizaccedilatildeo de recursos do Fundo de Amparo ao

Trabalhador - FAT pela Secretaria de Formaccedilatildeo e Desenvolvimento Profissional - SEFOR com vistas agrave execuccedilatildeo de accedilotildees

de qualificaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo profissional no acircmbito do Programa do Seguro-

Desemprego no periacuteodo e 19971999

44

QUADRO 3 ndash PRINCPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016)

Continuaccedilatildeo

ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DESCRICcedilAtildeO

1996

Decreto 1946 de 28061996 - Cria o Programa Nacional de Fortalecimento da

Agricultura Familiar ndash PRONAF

Apoio financeiro a atividades agropecuaacuterias ou natildeo-agropecuaacuterias para implantaccedilatildeo

ampliaccedilatildeo ou modernizaccedilatildeo da estrutura de produccedilatildeo beneficiamento industrializaccedilatildeo e de serviccedilos no estabelecimento rural ou em aacutereas comunitaacuterias rurais proacuteximas de

acordo com projetos especiacuteficos

1996

RESOLUCcedilAtildeO CODEFAT Nordm 103 de 631996 ndash Cria o Programa de Expansatildeo do Emprego e Melhoria da Qualidade de Vida do Trabalhador ndash PROEMPREGO

Art 1ordm [] objetivo de criar novos empregos incrementar a renda do

trabalhador proporcionar a melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo em

especial das camadas de mais baixa renda e propiciar a diminuiccedilatildeo dos custos de

produccedilatildeo no contexto internacional preservando e expandindo as

oportunidades de trabalho e assegurando o equiliacutebrio do meio ambiente

1998 Resoluccedilatildeo CODEFAT 194 de 23091998 - Estabelece criteacuterios para transferecircncia de

recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador ndash FAT ao Plano Nacional de Qualificaccedilatildeo do Trabalhador ndash PLANFOR

Art 2ordm O PLANFOR tem o objetivo de construir gradativamente oferta de

educaccedilatildeo profissional (EP) permanente com foco na demanda do mercado de

trabalho de modo a qualificar ou requalificar a cada ano articulado agrave

capacidade e competecircncia existente nessa aacuterea pelo menos 20 da PEA - Populaccedilatildeo Economicamente Ativa maior de 14 anos

de idade

11999

Criaccedilatildeo do Fundo de Aval para a Geraccedilatildeo de Emprego e Renda (FUNPROGER)

Tem a finalidade de garantir parte do risco dos financiamentos concedidos pelas instituiccedilotildees financeiras oficiais federais diretamente ou por intermeacutedio de outras instituiccedilotildees financeiras no acircmbito do Programa de Geraccedilatildeo de Emprego e Renda - PROGER Setor Urbano

22001

Medida Provisoacuteria nordm 2164-41 de 24082001Subvenciona o trabalhador atraveacutes de Bolsa Qualificaccedilatildeo profissional

Altera a Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho - CLT para dispor sobre o trabalho a tempo parcial a suspensatildeo do contrato de trabalho e o programa de qualificaccedilatildeo profissional

22001

Lei nordm 10208 de 23032001 -Acrescenta os artigos 3ordmA 6ordmA 6ordmB 6ordmC e 6ordmD agrave Lei n

o 5859 de 11 de dezembro de 1972

Dispotildee sobre a profissatildeo de empregado domeacutestico para facultar o Acesso em ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviccedilo - FGTS e ao seguro-desemprego (texto da poliacutetica)

22003

Lei 10779 de 25112003 Dispotildee sobre a concessatildeo do benefiacutecio de seguro desemprego durante o periacuteodo de defeso ao pescador profissional que exerce a atividade pesqueira de forma artesanal (texto da poliacutetica)

22005

Decreto 5598 de 1122005 ndash Estabelece as normas para o Programa de Aprendizagem Profissional

Regulamenta a contrataccedilatildeo de aprendizes

45

QUADRO 3 ndash PRINCPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016)

Conclusatildeo

ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DESCRICcedilAtildeO

22008

Lei Complementar 128 de 191208 ndash Criaccedilatildeo do Microempreendedor Individual (MEI)

ART 18E - O instituto do MEI eacute uma poliacutetica puacuteblica que tem por objetivo a formalizaccedilatildeo de pequenos empreendimentos e a inclusatildeo social e previdenciaacuteria

FONTE SENADO FEDERAL OLIVEIRA (2012) MTE BATISTA (2009)

As poliacuteticas de trabalho no Brasil quase que exclusivamente atingiam os

trabalhadores formalizados deixando fora de poliacuteticas especiacuteficas categorias natildeo

definidas dentro do setor formal isolando-os de direitos trabalhistas e

previdenciaacuterios Com a evoluccedilatildeo da economia de mercado informalizado e

considerando que boa parte dos trabalhadores sobrevivia do trabalho informal o

que nesse sentido como analisa Pastore (2006) gerava distorccedilotildees no setor

previdenciaacuterio o governo brasileiro instituiu a LC 1282008 com objetivos de 1)

criar a figura juriacutedica do Microempreendedor Individual 2) promover a formalizaccedilatildeo

de trabalhadores que manteacutem atividades fora das relaccedilotildees de mercado formais 3)

promover a inclusatildeo social desses trabalhadores

214 Poliacutetica Puacuteblica de Trabalho MEI

Em 2008 foi regulamentada no Brasil a Lei Complementar (LC) nordm 12808 a

qual estabeleceu a pessoa juriacutedica do Microempreendedor Individual (MEI) em

complemento a LC 123 de 14 de dez de 20064 Esta poliacutetica puacuteblica representa uma

tentativa de resposta pelo poder puacuteblico ao crescente nuacutemero de trabalhadores

informais exercendo as mais diversas atividades econocircmicas e em muitos casos

em situaccedilatildeo de vulnerabilidade por exerciacutecios de trabalho precaacuterio irregular ou ilegal

em desconformidade com a legislaccedilatildeo trabalhista natildeo oportunizando dessa forma

os direitos previdenciaacuterios conquistados pelos trabalhadores formalizados Como

referecircncia ao MEI a legislaccedilatildeo traz a seguinte redaccedilatildeo

4A LC 12306 estabelece normas gerais relativas ao tratamento diferenciado e favorecido a ser

dispensado agraves microempresas e empresas de pequeno porte no acircmbito dos poderes da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal [] (art 1ordm) e segundo Guimaratildees (2011) a Lei Geral de 2006 estaacute relacionada agrave geraccedilatildeo de desenvolvimento econocircmico

46

Para os efeitos desta Lei Complementar considera-se MEI o empregador individual a que se refere o art 966 da lei 10406 de 10 de janeiro de 2002 (Coacutedigo Civil) que tenha auferido receita bruta no calendaacuterio anterior de ateacute R$ 6000000 (sessenta mil reais) optante pelo Simples Nacional e que natildeo esteja impedido de optar pela sistemaacutetica prevista neste artigo (LC 12808 art 18ordf sect 1ordm)

Segundo a redaccedilatildeo da referida LC ―o instituto do MEI eacute uma poliacutetica puacuteblica

que tem por objetivo a formalizaccedilatildeo de pequenos empreendimentos e a inclusatildeo

social5 e previdenciaacuteria (BRASIL 2008 art 18-E) natildeo sendo objeto apenas de

caraacuteter econocircmico ou fiscal (idem sect 1ordm) Portanto como analisa Souza (2010 p15) o

―MEI tem como objetivo alcanccedilar aqueles empreendedores menores os chamados

autocircnomos ou ambulantes como cabeleireiros sapateiros costureiras pipoqueiros

entre outros e segundo Federaccedilatildeo Nacional das Empresas de Serviccedilos Contaacutebeis

e das Empresas de Assessoramento Periacutecias Informaccedilotildees e Pesquisas

(FENACON) tal poliacutetica puacuteblica consiste num dos ―maiores projetos de inclusatildeo

social colocados em praacutetica no paiacutes e assim decorre de uma accedilatildeopoliacutetica do

Estado perceptiacutevel frente a um problema soacutecioestrutural e que essa accedilatildeo estaraacute

diretamente ligada a fatores conjunturais e influenciaraacute a vida das pessoas

Com o advento da pessoa juriacutedica do MEI aleacutem da facilidade no processo

burocraacutetico de formalizaccedilatildeo das suas atividades pode-se verificar o baixo custo

tributaacuterio tanto para a previdecircncia quanto para os estados e municiacutepios muito

embora os encargos tributaacuterios se diferenciem dependendo da atividade

desenvolvida pelo empreendedor individual

Portanto com os objetivos expressos de inclusatildeo social previsto na

referente LC devemos destacar dois fatores muito importantes a) o aumento da

contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria b) o aumento na receita dos municiacutepios (ainda que

pequeno) Quanto agrave contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria o Microempreendedor Individual

estaraacute isento do Imposto de Renda sobre Pessoa Juriacutedica (IRPJ) do Imposto sobre

Produtos Industrializados (IPI) da Contribuiccedilatildeo Social sobre Lucro liacutequido (CSLL)

da Contribuiccedilatildeo para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) do

Programa de Integraccedilatildeo Social (PIS) e da Contribuiccedilatildeo Patronal Previdenciaacuteria no

entanto recolheraacute em forma de tributaccedilatildeo um valor fixo mensal no valor de R$

51656 disposto no art 18A sect 3ordm inciso V da referida LC desse modo isentando-o

5 Grifo nosso ndash texto incluiacutedo pela LC 1472014

6Valor expresso ateacute a data referente a esta pesquisa ndash ano base 2016

47

do regime de tributaccedilatildeo - o Simples Nacional O recolhimento de tributaccedilatildeo seraacute da

seguinte forma (LC 12808 art 18ordf inciso V aliacuteneas a b c)

a) R$ 4565 (quarenta e cinco reais e sessenta e cinco centavos) a tiacutetulo

da contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria

b) R$ 100 (um real) a tiacutetulo ICMS

c) R$ 500 (cinco reais) a tiacutetulo de ISS

A referida LC em seu art 18E sect3ordm enquadra o MEI na modalidade de

microempresa no entanto com especificidade conceitual diferenciada do que refere

o art 3ordm item l da LC 12306 ―no caso da microempresa aufira em cada ano-

calendaacuterio receita bruta igual ou inferior a R$ 36000000 (trezentos e sessenta mil

reais) Sem embargo a redaccedilatildeo no mesmo artigo em seu sect2ordm estende ao MEI

todos os benefiacutecios dispensados agrave pequena empresa sempre que favoraacutevel

Eacute compreensiacutevel o enquadramento do MEI na modalidade de microempresa

posto que a LC 12306 foi o marco de abertura para o processo de formalizaccedilatildeo

desburocratizaccedilatildeo e regulamentaccedilatildeo das micro e pequenas empresas que se

encontravam na informalidade dos seus negoacutecios comerciais possibilitando nesse

sentido a valorizaccedilatildeo e a inclusatildeo de uma quantidade significativa de empresas no

curso da regularizaccedilatildeo previdenciaacuteria social e econocircmica Os dispositivos

colocados tanto na facilidade para a abertura da empresa baixa tributaccedilatildeo e

tratamentos diferenciados nas licitaccedilotildees puacuteblicas como procedimentos de estiacutemulos

e apoio para a inovaccedilatildeo contrataccedilatildeo capacitaccedilatildeo e ao associativismo inclina-se na

construccedilatildeo no nosso entendimento de uma base complementar entre Poliacutetica

Publica Ativa e Poliacutetica Puacuteblica Passiva a) quanto agrave natureza estrutural b) quanto agrave

abrangecircncia fragmentada e c) quanto aos impactos redistributiva (TEIXEIRA

2002)

As micro e pequenas empresas e o microempreendedor individual

amparados pelas LC 12306 e LC 12808 respectivamente formam um segmento

do mercado aberto que nas anaacutelises de Sacks (2003) eacute excepcionalmente

importante para o desenvolvimento socioeconocircmico do paiacutes pois aleacutem de

representar uma economia que chega a 27 do PIB brasileiro corresponde ao

emprego de mais de 90 dos trabalhadores operantes no paiacutes portanto uma fonte

inestimaacutevel de geraccedilatildeo de renda

No entanto como observa o autor o isolamento dessas MPE assim como

os MEI (atividades produtivas de pequeno porte) frente a um mercado aberto natildeo

48

poderaacute corresponder agraves expectativas de expansatildeo em decorrecircncia da concorrecircncia

com empresas maiores e mais estruturadas atuantes no livre mercado Como

assinala Sachs (2003)

Esses pequenos empreendedores e produtores se submetidos apenas aos processos de mercado natildeo tecircm condiccedilotildees de competir com empresas estruturadas de maior porte ndash a natildeo ser concorrendo agrave ―competitividade espuacuteria que se traduz em salaacuterios baixos jornadas longas de trabalho sonegaccedilatildeo de impostos e natildeo recolhimento de encargos sociais (SACHS 2003 p 21)

Para esse autor o desafio em alterar esse quadro estaria em promover a

qualificaccedilatildeo acesso em agrave tecnologia ao creacutedito e ao mercado considerando

igualmente a formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas menos setorizadas mas que

concebessem a integraccedilatildeo dos setores da economia propiciando a aproximaccedilatildeo das

empresas agrave competitividade Ou seja ―uma accedilatildeo afirmativa em favor dos mais

fracos sem poder e sem voz (SACHS 2003 p 21)

As microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP) satildeo

estruturalmente diferenciadas dos microempreendedores Individuais tanto nas

dimensotildees fiacutesicas quanto na capacidade de abrangecircncia e inserccedilatildeo no mercado

sendo igualmente objeto diferenciado constante nas regulamentaccedilotildees descritas nas

LC 12306 e LC 12808 respectivamente quanto ao enquadramento sobre a receita

agraves obrigaccedilotildees tributaacuterias e fiscais O art 3ordm incisos I e II da LC 12306 nos diz como

jaacute mencionado acima que a microempresa eacute aquela que possui receita bruta anual

de ateacute R$ 36000000 (trezentos e sessenta mil reais) a receita bruta da empresa de

pequeno porte por sua vez natildeo pode ser inferior a R$ 36000000 e superior a R$

360000000 (trecircs milhotildees e seiscentos mil reais) por outro lado o MEI possui uma

exigecircncia de receitaano muito menor que as demais estabelecida com um teto de

R$ 6000000 conforme expressa o art 18ordf sect 1ordm

Consideremos que as obrigaccedilotildees tributaacuterias diferenciadas para as

microempresas e as empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional7

descrevem as necessidades de se conceber mecanismos de atendimento a esse

segmento empresarial de importacircncia comprovada para a economia do paiacutes e da

sua fragilidade de continecircncia no livre mercado Por outro lado temos o MEI

7Simples Nacional eacute um regime de tributaccedilatildeo diferenciado aplicados agraves Microempresas e Empresas

de Pequeno Porte que consiste no recolhimento dos tributos previstos em lei em um documento uacutenico de arrecadaccedilatildeo (DAS) e da contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria

49

marcado pela inseguranccedila muitas vezes da sua condiccedilatildeo de ―empreendedor

forccedilado em funccedilatildeo das mudanccedilas ocorridas no universo do trabalho denotando a

fragilidade socioeconocircmica que o permeia No entanto

No Brasil existem algumas entidades que atuam como propulsoras das potencialidades de micro e pequenas empresas estimulando a cultura do empreendedorismo Uma das principais eacute o SEBRAE (Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas) que atua dando suporte no processo de abertura e registro de empresas com orientaccedilatildeo cursos e palestras para minimizar o grau de mortalidade desses pequenos empreendimentos (SILVEIRA TEIXEIRA 2011 p 227)

A finalidade do SEBRAE nesse sentido eacute apoiar o desenvolvimento das

micro e pequenas empresas e fomentar o empreendedorismo atraveacutes de programas

de capacitaccedilatildeo consultoria e financcedilas no atendimento de empresaacuterios e potenciais

empreendedores

A poliacutetica maior do MEI atribui determinada responsabilidade aos governos

locais de deferirem poliacuteticas alinhadas agrave implantaccedilatildeo agravequela de atenccedilatildeo agrave categoria

uma vez que o desenvolvimento desse segmento pode subtender aleacutem da

inclusatildeo descrita no art 18E da LC 12808 um avanccedilo nas questotildees

socioeconocircmicas locais Mesmo com direcionamento o impacto pode ser absorvido

por outros segmentos sob a forma de fortalecimento do mercado interno local que

por sua vez concorre para o aumento e extensatildeo da geraccedilatildeo de emprego renda e

com isso o aumento da receita municipal

Sob a oacutetica do desenvolvimento local a partir da interpretaccedilatildeo do

pensamento de autores como Albuquerque e Zapata (2008) Sachs (2003)

Albuquerque (1997) dentre outros dialogando com a Lei Geral e suas alteraccedilotildees

(LC 12808 e LC 147 de 07 de ago de 2014) analisaremos algumas accedilotildees e

estrateacutegias de atendimento ao MEI desenvolvidas nos municiacutepios integrantes da

MRGP

50

3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS PARA O MEI NA MICRORREGIAtildeO DE PARANAGUAacute

A Microrregiatildeo8 Geograacutefica de Paranaguaacute (MRGP) (MAPA 1) situada no

litoral paranaense eacute composta pelos municiacutepios de Antonina Guaraqueccedilaba

Guaratuba Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute (IPARDES 2012) e

apresenta enorme complexidade em sua estrutura social econocircmica e natural

marcada ainda por seacuterios problemas de gestatildeo de desenvolvimento e de

conservaccedilatildeo (ANDRIGUETTO FILHO MARCHIORO in RAYNAUT et al2002)

Para Horochowski et al (2007) a MRGP apresenta

[] uma espacialidade conturbada com mais de 60 quilocircmetros de extensatildeo que liga os municiacutepios de Guaratuba Matinhos Pontal e tambeacutem Paranaguaacute Esses trecircs uacuteltimos possuem graus de urbanizaccedilatildeo superiores a 96 e satildeo marcadamente ordenados por grupos imobiliaacuterios promotores de praacuteticas especulativas e pela ocupaccedilatildeo de aacutereas ambientalmente vulneraacuteveis(HOROCHOWSKI etal (2007)

MAPA 1 -MICRORREGIAtildeO GEOGRAacuteFICA DE PARANAGUAacute

FONTE Adaptado do CORPO DE BOMBEIROSPR Disponiacutevel em(lthttpsgooglBhsDTx)

Segundo IPARDES a aacuterea territorial da MRGP corresponde a 6333233

Km2 abrigando uma populaccedilatildeo de 286602 habitantes com densidade demograacutefica

8 As microrregiotildees satildeo definidas pelo IBGE (1990) como partes da mesorregiatildeo e possuem

especificidades proacuteprias sem apresentarem uniformidade ou auto-suficiecircncia contudo articulam-se com espaccedilos maiores (mesorregiotildees ou Unidades da Federaccedilatildeo) Essas especificidades dizem respeito agraves estruturas de produccedilatildeo que podem apresentar quadros naturais sociais ou econocircmicos particulares localizados e regionalizados

51

de 4525 habKm2 e alto grau de urbanizaccedilatildeo de 9048 (TABELA 2) A ―forte

polarizaccedilatildeo urbana e industrial com o complexo portuaacuterio de Paranaguaacute e das aacutereas

urbano-turiacutesticas na orla sul (ANDRIGUETTO FILHO MARCHIORO in RAYNAUT

et al2002 p 160) constitui um traccedilo caracteriacutestico do litoral paranaense e possui

dinacircmicas diferenciadas no processo econocircmico

No litoral paranaense conforme assinalam esses autores o meio natural

estaacute relativamente menos impactado que no restante do Estado principalmente nas

aacutereas rurais de Guaratuba e Guaraqueccedilaba que natildeo concorreram aos modelos de

desenvolvimento econocircmico adotados pelos municiacutepios do Estado que mantinham

bases predominantemente agriacutecolas e agroindustriais (idem p 161)

TABELA 2 - POPULACcedilAtildeO ABSOLUTA POPULACcedilAtildeO URBANA E POPULACcedilAtildeO RURAL DA MRGP (2000-2010)

MUNICIacutePIO POPULACcedilAtildeO

2000 2010

Antonina 19174 18891 Guaraqueccedilaba 8288 7871 Guaratuba 27257 32095 Matinhos 24184 29428 Morretes 15275 15718 Paranaguaacute 127339 140469 Pontal do Paranaacute 14323 20920

FONTE IBGE ATLAS BRASIL

A MRGP eacute componente da Mesorregiatildeo9 de Curitiba e estaacute ligada agrave capital

paranaense atraveacutes da BR 277 Outras estradas alternativas que ligam a regiatildeo ao

Primeiro Planalto Paranaense podem ser observadas pela BR 376 (Guaratuba ndash

GaruvaSC) e pela estrada da Graciosa

A precaacuteria gestatildeo de desenvolvimento local10 e a falta de iniciativas que

atendessem as capacidades especificidades e realidades vividas localmente

concorreram para que o litoral paranaense se tornasse uma das regiotildees menos

9Entende-se por Mesorregiatildeo uma aacuterea individualizada em uma Unidade da Federaccedilatildeo que

apresenta formas de organizaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico definida pelas seguintes dimensotildees o processo social como determinante o quadro natural como condicionante e a rede de comunicaccedilatildeo e lugares como elemento de articulaccedilatildeo espacial Estas trecircs dimensotildees possibilitam que o espaccedilo delimitado como Mesorregiatildeo tenha uma identidade regional Esta identidade eacute uma realidade construiacuteda ao longo do tempo pela sociedade que aiacute se formou (IBGE 1990 p 8)

10

Atraveacutes do Sistema de Monitoramento da Implementaccedilatildeo da Lei Geral nos Municiacutepios Brasileiros disponibilizado pelo SEBRAE observamos que natildeo haacute poliacuteticas de desenvolvimento local nos municiacutepios integrantes da MRGP Disponiacutevel em (lthttpsgoogltb4OXE)

52

desenvolvidas do Paranaacute com altos iacutendices de pobreza baixo padratildeo de vida e

destacadas disparidades sociais como analisaram Raynaut et al (2002) e Turra e

Baccedilo (2014) Para esses uacuteltimos autores apoacutes realizarem estudos sobre Niacutevel de

Desenvolvimento Regional (NDR) no Paranaacute concluiacuteram que a MRGP possui um

niacutevel muito baixo (MB) de desenvolvimento o que estaacute relacionado agrave baixa

concentraccedilatildeo tecnoloacutegica e o niacutevel de ocupaccedilatildeo das pessoas

Abaixo (TABELA 3) demonstra uma evoluccedilatildeo no Iacutendice de Desenvolvimento

Humano (IDH) na MRGP

TABELA 3 - DEMONSTRATIVO DO IDH E DO IacuteNDICE DE POBREZA DOSMUNICIacutePIOS DA MRGP

MUNICIacutePIO IDH POBREZA

2000 2010 2000 2010

Antonina 0582 0687 3339 1727

Guaraqueccedilaba 0430 0587 5387 3605 Guaratuba 0613 0717 1958 915 Matinhos 0635 0743 1671 616 Morretes 0573 0686 2364 1087 Paranaguaacute 0645 0750 1593 810 Pontal do Paranaacute 0622 0738 1741 598

FONTE IBGE ATLAS BRASIL

Alguns elementos como a longevidade a renda e a educaccedilatildeo contribuiacuteram

para o aumento do IDH Jaacute a queda no iacutendice de pobreza na MRGP pode ser

descrita igualmente pelo aumento da renda da populaccedilatildeo e de uma maneira mais

incisiva pela involuccedilatildeo da desigualdade nesses municiacutepios

No entanto o iacutendice da pobreza no caso de Antonina a exemplo segundo

IBGE (2010) chegou a 5022 e o iacutendice da pobreza subjetiva neste municiacutepio

ficou em 3018 Notemos que a permanecircncia da pobreza muitas vezes produz

um deslocamento e enfraquecimento das capacidades e potencialidades reais das

pessoas

31 A FRAacuteGIL ECONOMIA NA MRGP

A MRGP apresenta uma diversidade no setor econocircmico com atividades

agropastoris comercio induacutestria (setor industrial de Paranaguaacute) e o setor de

produccedilatildeo de bens e serviccedilos com ecircnfase no turismo sobretudo na orla sul da

regiatildeo que abrange os municiacutepios de Pontal do Paranaacute Matinhos e Guaratuba

53

ainda sujeitos agrave sazonalidade em decorrecircncia da temporada de praias (veratildeo) e o

inverno

Os setores produtivos da MRGP se apresentam de forma heterogenia com

ecircnfase na proporccedilatildeo do setor de comeacutercioserviccedilos que apresenta forte impacto

sobre a contrataccedilatildeo de pessoal formalizado (RAIS)

TABELA 4ndash DADOS DO MERCADO DE TRABALHO NA MRGP (2000-2016)

FONTE IPARDES IBGE FUNPARUFPR

Observamos (TABELA 4) que a taxa de desemprego na MRGP em 2010

ficou em 7511 Frisamos que pela escassez de dados referentes ao setor informal

na MRGP natildeo foi possiacutevel estabelecer a descriccedilatildeo quantitativa das atividades

econocircmicas Poreacutem nas atividades exploratoacuterias de anaacutelise observamos enorme

diversidade das atividades informais no litoral serviccedilos domeacutesticos jardinagem

cabeleireiro manicure trabalhadores contratados para a limpeza de pescados

artesatildeos salgadeira doceira construccedilatildeo civil carpinteiros ambulantes catadores

de materiais reciclaacuteveis trabalhadores de Micro e Pequenas empresas

desprotegidos pela natildeo formalizaccedilatildeo trabalhadores rurais trabalhadores em

oficinas de mecacircnica de automoacuteveis motocicletas e bicicletas dentre outros

trabalhadores

A economia informal ou economia submersa (CATANI 1985) segundo

alguns autores como Sachs (2003) Antunes (2011) Matsuo (2008) se apresenta de

11

O desemprego foi calculado sobre a PEA (populaccedilatildeo economicamente ativa) em relaccedilatildeo agrave PO

(populaccedilatildeo ocupada) incluindo os setores formal e informal A PEA pode ser definida como o []

potencial de matildeo-de-obra com que pode contar o setor produtivo isto eacute a populaccedilatildeo ocupada e

a populaccedilatildeo desocupada (IBGE) A PO compreende aquelas pessoas que num determinado periacuteodo

de referecircncia trabalharam ou tinham trabalho mas natildeo trabalharam (por exemplo pessoas em feacuterias) As pessoas ocupadas sao classificadas em a) empregados b) conta proacutepria c) empregadores d) natildeo remunerados (idem)

TRABALHO REGIAtildeOANO

2000 2010

Populaccedilatildeo em Idade Ativa (PIA) (pessoas) 175483 223295 Populaccedilatildeo Ocupada total (PO) (pessoas) 85863 115811 Pessoal ocupado assalariado (pessoas) nd 51576 Populaccedilatildeo Economicamente Ativa (PEA) 100628 125263 Taxa de Atividade de 10 anos ou mais () 547 5625 T de Ocupaccedilatildeo de 10 anos ou mais () nd 9245

54

maneira complexa pelo volume frente a uma nova conjuntura e modificaccedilotildees no

mundo do trabalho um meio diferenciado encontrado pelas pessoas como

enfrentamento ao crescente processo de erradicaccedilatildeo do emprego formalizado Tais

formas de ―sobrevivecircncia laboral encontram suporte legal no art 170 paraacuteg uacutenico

da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 onde ―eacute assegurado a todos o livre exerciacutecio de

qualquer atividade econocircmica independentemente de autorizaccedilatildeo de oacutergatildeos

puacuteblicos salvo nos casos previstos em lei (BRASIL 1988)

Quanto ao emprego formal na MRGP verificamos (TABELA 5) um aumento

de 36 no quantitativo dos empregos ativos

TABELA 5 - NUacuteMERO DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP (2013-2014)

MUNICIacutePIO EMPREGOS

ATIVOS

2013 2014

Antonina 3169 3193 Guaraqueccedilaba 810 796 Guaratuba 5874 6509 Matinhos 7341 7838 Morretes 2252 2347 Paranaguaacute 38133 38275 Pontal do Paranaacute 3691 4543

Total 61270 63501

FONTE MINISTEacuteRIO DO TRABALHO E EMPREGOCAGED

Na tabela acima (TABELA 5) constatamos que o municiacutepio de

Guaraqueccedilaba apresentou variaccedilatildeo percentual negativa de -173 entre os anos de

2013 e 2014 e destacamos Guaratuba com o aumento na variaccedilatildeo relativa de

1081 seguida por Matinhos 677 e Morretes com uma variaccedilatildeo percentual de

422 na geraccedilatildeo de empregos

A compreensatildeo da evoluccedilatildeo na geraccedilatildeo de empregos nos remete ao

entendimento do comportamento da economia e das relaccedilotildees entre mercado capital

e trabalho Neste conjunto de elementos estatildeo alinhados o processo produtivo as

atividades produtivas e as forccedilas de produccedilatildeodistribuiccedilatildeo e consumo

Segundo Salzbac Denardin e Felisbino (2012) a demanda do fluxo de

seguimentos produtivos eacute uma caracteriacutestica de cidades poacutelos pela oferta de

emprego no setor de comeacutercio e serviccedilos Dessa forma ao analisar o cenaacuterio

econocircmico do litoral paranaense esses autores concluiacuteram que

55

Os municiacutepios litoracircneos do Paranaacute os quais natildeo fazem parte de uma regiatildeo metropolitana natildeo apresentam empregos em volume significativos nem no setor industrial nem no setor de serviccedilos o que implica na baixa capacidade de geraccedilatildeo de tributos proacuteprios limitando tambeacutem a oferta de serviccedilos puacuteblicos [] os setores de serviccedilos comeacutercio e de administraccedilatildeo puacuteblica foram os segmentos que mais mantinham empregos ativos na MRGP (SALZBAC DENARDIN FELISBINO 2012 p 117)

TABELA 6 - NUacuteMEROS DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP POR SETOR ECONOcircMICO

SETOR ECONOcircMICO Ano

2013 2014

1 extrativa mineral 187 188 2 induacutestria de transformaccedilatildeo 6100 6512 3 serviccedilos industriais de utilidade puacuteblica 294 255 4 construccedilatildeo civil 1722 1993 5 comeacutercio 15302 16154 6 serviccedilos 26660 27140 7 administraccedilatildeo puacuteblica 10501 10789 8 agropecuaacuteria ext vegetal caccedila e pesca 504 470

FONTE MTECAGED

Como podemos observar (TABELA 6) a maior parte dos empregos ativos

estaacute no setor terciaacuterio com especial atenccedilatildeo ao setor de serviccedilos

Um indicador econocircmico importante eacute o Valor Adicionado Fiscal (VAF) que

permite ―espelhar o movimento econocircmico municipal e consequentemente o

potencial que o municiacutepio tem para gerar receitas puacuteblicas (MINAS GERAIS 2016)

Sobre o conceito poderemos dizer que o VAF eacute um instrumento

[] utilizado pelo Estado para calcular o iacutendice de participaccedilatildeo municipal no repasse de receita do Imposto sobre Operaccedilotildees relativas agrave Circulaccedilatildeo de Mercadorias e sobre Prestaccedilotildees de Serviccedilos de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicaccedilatildeo (ICMS) e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) aos municiacutepios [] Eacute apurado pela Secretaria de Estado de Fazenda [[ com base em declaraccedilotildees anuais apresentadas pelas empresas estabelecidas nos respectivos municiacutepiosDisponiacutevel em (lthttpsgoogl80DhoU)

Com a anaacutelise do indicador acima mencionado poderemos verificar a

participaccedilatildeo na economia local por setor econocircmico e sua importacircncia nas poliacuteticas

de desenvolvimento e planejamento estrateacutegico na observacircncia das potencialidades

do mercado cultura local e heterogeneidade das atividades econocircmicas

Na MRGP o setor de comeacutercio e serviccedilos (setor terciaacuterio) notadamente

excetuando os municiacutepios de Antonina e Guaraqueccedilaba possui participaccedilatildeo maior

que a produccedilatildeo primaacuteria e a induacutestria local (TABELA 7) e constitui elemento de

56

anaacutelise importante na concepccedilatildeo de poliacuteticas de expansatildeo do emprego e renda12 Jaacute

a participaccedilatildeo sobre a receita dos municiacutepios a que apresenta menor potencial eacute a

produccedilatildeo primaacuteria em virtude da natildeo adoccedilatildeo do mesmo modelo industrial adotado

em outras regiotildees do Estado Paranaense

TABELA 7 - VALOR ADICIONADO FISCAL (VAF - R$ 100 (P)) DOS MUNICIacutePIOS INTEGRANTES

DA MRGP (2016)

MUNICIacutePIO PRODUCcedilAtildeO PRIMAacuteRIA

INDUacuteSTRIA COMEacuteRCIO SERVICcedilOS

RECURSOS AUTOS

Antonina 4334454 125827796 68271749 Guaraqueccedilaba 3074904 5399117 3701577 4192 Guaratuba 15641921 21782241 119496927 47370 Matinhos 295763 23559310 109482578 147729 Morretes 12959951 23264839 44980267 14974 Paranaguaacute 54409213 1280856468 1980373389 543132 Pontal do Paranaacute

436246 19320486 68114345 19138

Total 91152452 1500010257 4788841664 1553070

FONTE IPARDES

Excetuando Paranaguaacute (TABELA 7) identificamos a fragilidade das receitas

municipais da MRGP e de outra maneira a fragilidade financeira e orccedilamentaacuteria jaacute

mencionadas por Sulzbach e Denardin (2012) que alertavam para a dependecircncia

financeira dos municiacutepios da MRGP para com as transferecircncias

intergovernamentais

Um dos principais indicadores da dependecircncia financeira dos municiacutepios agraves tributaccedilotildees das demais esferas pode ser observado atraveacutes das receitas de tributaccedilatildeo por setores produtivos e das receitas advindas de transferecircncias correntes Neste aspecto observa-se que os municiacutepios do litoral do Paranaacute apresentam uma dependecircncia financeira elevada das transferecircncias das esferas nacional e estadual O Municiacutepio com maior destaque eacute o de Guaraqueccedilaba que do total de suas receitas 93 adveacutem de transferecircncias correntes seguindo por Morretes com 78 e Antonina com 7052 das receitas advindas de transferecircncias (SULZBACH DENARDIN 2012 p 6)

Ainda observando a tabela 7 percebemos que o polo industrial e comercial

da MRGP eacute o municiacutepio de Paranaguaacute pressupondo importante vetor da economia

local e do seu posicionamento estrateacutegico diante dos outros municiacutepios da regiatildeo

tanto na articulaccedilatildeo com outros centros comerciais e industriais da Mesorregiatildeo

12

Para melhor compreensatildeo sobre as modificaccedilotildees no processo capitaltrabalho e o crescimento do setor terciaacuterio na economia ver CHESNAIS (1996) OFFE (1984) SUPERVILLE QUINtildeONES (2000)

57

pertencente quanto da Microrregiatildeo com os municiacutepios circunvizinhos e pelo

proacuteprio dinamismo da sua economia interna

Consideremos que o crescimento econocircmico segundo Sachs (2004) e

Furtado (2008) eacute um elemento importante no processo de desenvolvimento poreacutem

natildeo eacute o uacutenico a ser considerado mas sim eacute necessaacuterio incorporar

simultaneamente a extensatildeo dos direitos

Abaixo (TABELA 8) observando o PIB per capita dos municiacutepios da MRGP

destaca-se a vulnerabilidade econocircmica do municiacutepio de Guaraqueccedilaba em relaccedilatildeo

aos demais sobretudo em relaccedilatildeo ao municiacutepio de Paranaguaacute que supera a meacutedia

da regiatildeo A fragilidade econocircmica de Guaraqueccedilaba deriva de vaacuterios aspectos 1) a

dificuldade do acesso agrave aacuterea urbana do municiacutepio considerando que a uacutenica estrada

que liga o municiacutepio a outras localidades natildeo eacute pavimentada e tem uma extensatildeo

de aproximadamente 86 km Outra forma de acesso agrave cidade eacute atraveacutes do mar

pela baiacutea de Guaraqueccedilaba A dificuldade de cesso tem enorme impacto tanto para

escoar a produccedilatildeo local como para obter materiais e equipamentos agrave difusatildeo da

induacutestria quase ou completamente nula 2) a restriccedilatildeo ambiental agrave implantaccedilatildeo de

empresas 3) a falta de poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento do municiacutepio

assinaladas por RAYNAUT et al (2002) na promoccedilatildeo de programas de gestatildeo com

as especificidades locais que fomentem o impulso do trabalho e da renda

TABELA 8 - PIB PER CAPTA DOS MUNICIacutePIOS DA MRGP

MUNICIacutePIO 2013 (R$ 100)3 2014 (R$)

4

Antonina 1851678 17557

Guaraqueccedilaba 861303 8723

Guaratuba 1474865 15004

Matinhos 1648075 17238

Morretes 1390945 13638

Paranaguaacute 4155699 42193

Pontal do Paranaacute 1434381 15040

MRGP 29076 29489

FONTE IBGE IPARDES

A principal fonte de receita dos municiacutepios da MRGP jaacute indicada por

Sulsbach e Denardin (2010) deriva principalmente das transferecircncias correntes

intergovernamentais (Uniatildeo e Estado) o que possibilita um entendimento da

fragilidade na arrecadaccedilatildeo tributaacuteria do setor produtivo

58

Em suma no nosso entendimento a transferecircncia corrente tem o propoacutesito

de manutenccedilatildeo da coisa puacuteblica e do funcionamento da estrutura estatal

Percebemos nesse sentido que um dos maiores empregadores formais direta e

indiretamente da MRGP acaba por ser os governos subnacionais que atuam como

contratadores de serviccedilos temporaacuterios contratos de prestaccedilatildeo de serviccedilos

terceirizados e pessoal concursado (efetivo) aleacutem de contratar serviccedilos

especializados de manutenccedilatildeo de pequenas empresas e materiais de uso diaacuterio

Segundo DIEESE (2015 p 74) a distribuiccedilatildeo de empregos formais por

atividade econocircmica no Brasil entre os anos de 2009 a 2014 apresentou os

seguintes resultados onde destacaremos os principais a) serviccedilos (349) b)

comeacutercio (194) c) induacutestria de transformaccedilatildeo (172) d) administraccedilatildeo puacuteblica

(188) Dessa forma observamos que o setor de serviccedilos aleacutem de expandir as

possibilidades de emprego se manteacutem como o principal setor a contratar

Como jaacute mencionado acima a MRGP possui enorme heterogeneidade em

sua composiccedilatildeo econocircmica especificidades locais e uma distribuiccedilatildeo espacial dos

setores econocircmicos advinda das caracteriacutesticas de cada municiacutepio por vezes

semelhantes como eacute o caso nas aacutereas rurais da produccedilatildeo de farinha de

mandioca13 e da exploraccedilatildeo de produtos de origem vegetal (cipoacute guaricana e

musgo) produccedilatildeo de arroz de banana de palmito14 e de gengibre a cultura do taiaacute

caraacute e mandioca e hora muito distintas como eacute caso do polo industrial de

Paranaguaacute destacando os complexos portuaacuterios de Paranaguaacute e Antonina Assim

como destacamos na economia local da MRGP a exploraccedilatildeo do turismo sobretudo

na orla sul abrangendo os municiacutepios de Guaratuba Matinhos e Pontal do Paranaacute

com maior potencial no veratildeo Em Guaraqueccedilaba o turismo eacute voltado agrave praacutetica da

pesca esportiva que se estende o ano todo movimentando natildeo soacute os restaurantes

e comeacutercio urbanos mas restaurantes e pousadas nas ilhas de Tibicanga Bertgiga

Canudal Barbados e Superagui

O municiacutepio de Paranaguaacute abrange o maior nuacutemero de empresas na regiatildeo

(TABELA 9)15 e eacute destacadamente o maior poacutelo empresarial e industrial com

13

A produccedilatildeo de farinha atinge a MRGP em sua totalidade Ver DENARDIN LAUTERT e RIBAS (2009)lthttpwwwaba-agroecologiaorgbrrevistasindexphpcadarticleviewFile42573236 14

A produccedilatildeo do palmito representou em 2015 cerca de 6872 (3233 toneladas) da produccedilatildeo estadual e a banana correspondeu a 4484 (91284 cachostoneladas) do Estado IPARDES) 15

Houve variaccedilatildeo nos nuacutemeros entre as tabelas 9 e 10 pois a montagem da tabela 10 ocorreu dias apoacutes a montagem da tabela 9

59

4691 das Empresas Ativas 467 das MPE (Micro e Pequena Empresa) e

4548 dos MEI (Microempreendedor Individual) da MRGP Outra caracteriacutestica

particular eacute o municiacutepio de Guaraqueccedilaba que apresenta o menor quadro

empresarial com 129 das Empresas ativas 125 das MPE ativas e 162 do

MEI do total da regiatildeo

TABELA 9 - NUacuteMERO DE EMPRESAS NA MRGP (MAIO2016)

MUNICIacutePIO EMPRESAS ATIVAS MPE MEI

Antonina 1832 1705 571 Guaraqueccedilaba 462 427 193 Guaratuba 4788 4586 1569 Matinhos 5185 4912 1799 Morretes 1926 1831 510 Paranaguaacute 16800 15832 5394 P do Paranaacute 4817 4604 1823

Total 35810 33897 11859

FONTE FOacuteRUM PERMANENTENatildeo foi possiacutevel localizar dados em bases estatiacutesticas de anos

anteriores

As empresas compotildeem um quadro diversificado na economia da regiatildeo e a

participaccedilatildeo por atividade econocircmica nos municiacutepios pressupotildee certo dinamismo da

economia com destaque ao setor de comeacutercio e serviccedilos

Abaixo (TABELA 10) estatildeo as atividades econocircmicas desenvolvidas na

MRPG e a participaccedilatildeo das MPE e MEI na dinacircmica econocircmica

TABELA 10 - ATIVIDADES ECONOcircMICAS DESENVOLVIDAS NA MRGP (maio2016) continua

ATIVIDADE ECONOcircMICA COM BASE NO CNAE16

EMP ATIVAS MPE MEI

Agricultura pecuaacuteria prod Florestal pesca e aquicultura 93 59 11 Induacutestrias extrativistas 39 38 0 Induacutestria de transformaccedilatildeo 2483 2351 1076 Aacutegua esgoto atividades de resiacuteduos e descontaminaccedilatildeo 121 110 39 Construccedilatildeo 2067 2418 1323 Comeacutercio reparaccedilatildeo de veiacuteculos automotores e motocicleta 15410 14693 4044 Transporte armazenagem e correio 1865 1654 340 Alojamento e alimentaccedilatildeo 6911 6681 2469 Informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo 334 312 89 Atividades financeiras de seguros e serv relacionados 22 18 0

16

A Classificaccedilatildeo Nacional de Atividades Econocircmicas (CNAE)

60

TABELA 10 - ATIVIDADES ECONOcircMICAS DESENVOLVIDAS NA MRGP (maio2016)

conclusatildeo

ATIVIDADE ECONOcircMICA COM BASE NO CNAE17

EMP ATIVAS MPE MEI

Atividades imobiliaacuterias 203 172 0 Atividades profissionais cientiacuteficas e teacutecnicas 792 718 235 Atividades Administrativas e serviccedilos complementares 1826 1722 536 Educaccedilatildeo 465 443 175 Sauacutede humana e serviccedilo social 308 282 12 Arte cultura esporte e recreaccedilatildeo 394 374 115 Outras atividades e serviccedilos 1868 1757 1324 Serviccedilos domeacutesticos 76 57 57

Total 35277 33859 11845

FONTE FOacuteRUM PERMANENTE

Observamos (TABELA 10) que as principais atividades desenvolvidas pelo

MEI na MRGP satildeo as seguintes Comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos automotores e

motocicletas (3414) alojamento e alimentaccedilatildeo (2084) outras atividades e

serviccedilos (1117) construccedilatildeo (1116) induacutestria de transformaccedilatildeo (908)

As atividades na economia desenvolvidas na MRGP possuem aspectos

importantes na comparaccedilatildeo entre os setores primaacuterio secundaacuterio e terciaacuterio Como

observado na tabela acima veremos que o setor terciaacuterio abrange uma parcela

significativa das empresas da regiatildeo Do total das Empresas Ativas 926

enquadram-se no setor de comeacutercio e serviccedilos as Micro e Pequenas Empresas

alocadas no setor terciaacuterio representam 928 e os Microempreendedores

Individuais formalizados somam 909 nesse setor Conveacutem ressaltar que nas

anaacutelises de Nogueira e Pereira (2015 p 41) ―[] em 2011 as empresas de pequeno

porte ndash incluindo uma ainda diminuta parcela de MEI ndash representavam quase 98

do total de empresas no paiacutes e ocupavam mais da metade dos trabalhadores

formais

Eacute importante ressaltar que a demanda pelo setor terciaacuterio acompanha um

fluxo de mercado agregado aos outros dois setores da economia e o crescente

volume dos serviccedilos se evidenciam nos processos de flexibilizaccedilatildeo do trabalho das

modificaccedilotildees nas suas relaccedilotildees e no deslocamento do arqueacutetipo do trabalho no

qual o trabalhador passa de um trabalhador fabril para a categoria de um

trabalhador de serviccedilos apontado por Superville e Quintildeones (2000) Para esses

autores a expansatildeo do setor de serviccedilos seguiu simultaneamente ao processo de

17

A Classificaccedilatildeo Nacional de Atividades Econocircmicas (CNAE)

61

crescimento da informalidade e da prestaccedilatildeo de serviccedilos com pouca qualificaccedilatildeo (p

61)

Entendemos que para uma anaacutelise da informalidade eacute necessaacuterio considerar

sua heterogeneidade e a proporccedilatildeo da sua relaccedilatildeo e participaccedilatildeo no mercado

assim como as assimetrias manifestadas nas formas de exploraccedilatildeo da forccedila de

trabalho e na precarizaccedilatildeo da classe trabalhadora (ANTUNES 2011)

32 A INSTITUCIONALIDADE MEI NA MRGP

Ao definir aspectos legais para o enfrentamento do problema da

informalidade no Brasil atraveacutes de leis regulamentares e regras especiacuteficas que

asseguram direitos estabelecidos na Constituiccedilatildeo federal de 1988 o Estado

brasileiro reconheceu a necessidade de normatizar benefiacutecios e deveres agraves micro e

pequenas empresas e empreendedores individuais procurando reverter o quadro de

informalidade e precariedade nas condiccedilotildees de trabalho e de garantias de

seguridade social

Para a implantaccedilatildeo da Poliacutetica Puacuteblica no nosso entendimento alguns

aspectos devem ser considerados 1) descrever as suas circunstacircncias de modo que

suas propostas sejam claras 2) adaptaccedilatildeo dos aparelhos sociais e do Estado que

possam ser vinculados agrave Poliacutetica Puacuteblica 3) capacidade de articulaccedilatildeo e

compreensatildeo do processo e dos temas debatidos pelos diversos atores envolvidos

(OLIVEIRA 2013 p 284)

Nesse contexto admite-se natildeo somente subordinaccedilatildeo agrave Poliacutetica mas um

quadro de compreensatildeo e reconhecimento da sua legitimidade constituindo dessa

maneira uma institucionalidade

Para institucionalidade devemos considerar trecircs aspectos importantes 1)

instituiccedilotildees 2) ambiente institucional 3) arranjos institucionais

As Instituiccedilotildees descritas por Fiani (2013 p 8) ―satildeo as regrasformais e natildeo

formais que regulam as interaccedilotildees sociaisDesta feita como demonstra o autor a

criaccedilatildeo de estruturas regulamentares de normatizaccedilatildeo de procedimentos formais e a

interaccedilatildeo com o estabelecimento das relaccedilotildees subterracircneas que se desenvolvem

diante do dia- a dia na sociedade descrevem o ambiente institucional ou seja satildeo

as ―[] regras poliacuteticas sociais e legais mais baacutesicas e gerais que estabelecem o

fundamento para o funcionamento do sistema econocircmico (FIANI 2013 p 8) Os

62

arranjos institucionais por sua vez segundo esse autor satildeo as regras

particularmente constituiacutedas pelos sujeitos e que por sua vez estabelecem as

relaccedilotildees poliacuteticas sociais e econocircmicas

Para Fiani (2013) eacute inquestionaacutevel que as poliacuteticas puacuteblicas afetam a vida

dos sujeitos A sua implicaccedilatildeo nesse sentido interfere em modus operandi diverso

ao cotidiano das relaccedilotildees instituiacutedas nos arranjos preestabelecidos pois uma accedilatildeo

do Estado que remete a uma reorganizaccedilatildeo do aparato institucional pode alterar as

relaccedilotildees socioeconocircmicas e poliacuteticas locais

O estabelecimento de um aporte ou adaptaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo institucional

(ALBUQUERQUE 1997 FIANI 2013) que possibilite accedilotildees conjuntas entre

instituiccedilotildees puacuteblicas quanto privadas no processo de otimizaccedilatildeo do

desenvolvimento e manutenccedilatildeo das propostas de uma poliacutetica puacuteblica de

desenvolvimento de categorias especiacuteficas ou bases produtivas adquire capacidade

de assegurar melhor eficiecircncia e dar melhores respostas aos objetivos da poliacutetica

puacuteblica

Schneider (2005) explica que a problematizaccedilatildeo formulaccedilatildeo e

implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas para enfrentamento de problemas natildeo se

encontra mais exclusivamente ao setor estatal na qual estaria em curso a

policentralidade na concepccedilatildeo da Poliacutetica Puacuteblica O autor parte da perspectiva de

rede de poliacuteticas puacuteblicas na qual problemas relativamente puacuteblicos tambeacutem podem

ter interferecircncia do setor privado e a sua interaccedilatildeo Como demonstra o autor

a problematizaccedilatildeo e o processamento poliacutetico de um problema social (Mayntz 1982) natildeo eacute mais um assunto exclusivo de uma hierarquia governamental e administrativa integradasenatildeo que se encontra em redes nas quais estatildeo envolvidas organizaccedilotildees tanto puacuteblicas quanto privadas (SCHNEIDER 2005 p 37)

No entanto como observa Moraes (2003) mesmo com essa nova

configuraccedilatildeo pluralista e policecircntrica das relaccedilotildees poliacuteticas o Estado continua sendo

o protagonista do processo seja pela accedilatildeo reguladora e normatizadora seja pela

legitimidade constitucional A legitimidade se faz presente pela administraccedilatildeo

puacuteblica18

Igualmente acrescenta-se nas palavras de Fiani (2013 p 7) que ―[] os

arranjos institucionais apresentam grande importacircncia para a formulaccedilatildeo de poliacuteticas

18

Sobre Administraccedilatildeo Puacuteblica ver BOBBIO N et al Brasiacutelia UnB 1998

63

de desenvolvimento em especial para as poliacuteticas que demandam cooperaccedilatildeo por

parte de agentes privados Ainda segundo Albuquerque (1997)a interaccedilatildeo entre os

agentes puacuteblicos e privados constitui um novo cenaacuterio dentro de uma nova

perspectiva de adaptaccedilatildeo que necessita de coordenaccedilatildeo institucional

Consideramos que dentro desse contexto as mudanccedilas e perspectivas

inovadoras tanto no campo teacutecnico quanto no campo organizacional exigem ―[]

adaptaccedilotildees institucionais para melhorar as atuaccedilotildees do setor puacuteblico e do conjunto

de empresas e atores sociais territoriais (idem p 01) Segue o autor

[] todo processo de desenvolvimento local requer uma programaccedilatildeo minuciosa que integre e ordene linhas de atuaccedilatildeo e recursos orientados a objetivos da participaccedilatildeo estrateacutegica entre diferentes agentes sociais locais puacuteblicos e privados A criaccedilatildeo compartilhada entre os agentes locais de um ―entorno territorial que facilite a inovaccedilatildeo do tecido produtivo e empresarial constitui um aspecto crucial da estrateacutegia de desenvolvimento (ALBUQUERQUE 1997 p 1)

Pensando localmente na interpretaccedilatildeo do SEBRAE ―o ambiente

institucional [] pode ser entendido como o conjunto de instituiccedilotildees de que um dado

municiacutepio se dotou para que a atividade dos indiviacuteduos aleacutem de compatiacutevel com a

sobrevivecircncia da comunidade seja tambeacutem convergente com a execuccedilatildeo dos

objetivos comuns (SEBRAE 2013)

A estabilidade a preservaccedilatildeo e equiliacutebrio das instituiccedilotildees (das regras

formais e informais) oferecem credibilidade e legitimidade agraves accedilotildees do Estado

As Instituiccedilotildees Poliacuteticas especificamente tem como objetivo mediar

interferir organizar gerir o processo democraacutetico bem como quando

necessaacuterioprotagonizar poliacuteticas flexiacuteveis de decisatildeo em relaccedilotildees inerentes a

sociedade numa tarefa de disciplinar regras que insiram sobre os indiviacuteduos direitos

contidos na Constituiccedilatildeo Federal

Exemplificamos assim uma caracteriacutestica nesse contexto do processo

poliacutetico eacute a intervenccedilatildeo estatal inferindo sobre a economia no sentido de aliviar

distorccedilotildees ocorridas pelo mau funcionamento do mercado atraveacutes de poliacuteticas

puacuteblicas que estabelecem regras e diretrizes na qual o poder19poliacuteticopuacuteblico20 eacute o

protagonista no processo Para Oliveira (2008 p 59)

19

Para compreender o processo de dominaccedilatildeo e legitimaccedilatildeo do Poder consideramos as anaacutelises de FRANCcedilOIS CHAZEL in Boudon e Curvelo (1996) 20

BOBBIO N Et al Dicionaacuterio de poliacutetica Brasiacutelia UnB 1998

64

O poder nasce com o indiviacuteduo mas passa aos grupos e afinal ao Estado pelo processo de institucionalizaccedilatildeo A concentraccedilatildeo de poder eacute um fenocircmeno espontacircneo na sociedade nascida da necessidade de atender a interesses que demandam escala meta individual Satildeo as concentraccedilotildees de poder que estabilizadas pelo consenso e pelo costume levam ao surgimento das instituiccedilotildees poliacuteticas

Ao observarmos a histoacuteria do sistema capitalista assinalamos que em todos

os momentos de instabilidade e fragilidade econocircmica culminando na inseguranccedila

social subsiste a forte presenccedila do Estado com possibilidades de equacionar as

deformaccedilotildees ocasionadas pelo sistema e que de maneira inexoraacutevel afetam as

vidas das pessoas apontando dessa maneira certa ineacutercia do mercado em

resoluccedilotildees dessa natureza

Fiani (2001 p 2) nos diz que a intervenccedilatildeo do Estado o qual ele denomina

de regulaccedilatildeo e desregulaccedilatildeo eacute ―integrada e condicionada pelos processos de

natureza histoacuterica e poliacutetica que afetam o conjunto da sociedade Nesse contexto a

regulaccedilatildeo e desregulaccedilatildeo estatal dependem de comportamento poliacutetico social e

econocircmicoMuito embora o fator de regulaccedilatildeo esteja mais vinculado agraves atividades

econocircmicas as decisotildees satildeo tomadas na esfera poliacutetica

A Lei Geral de 2006 ndash lei de normatizaccedilatildeo das MPE (LC 12306) - a

exemplo aleacutem de fomentar o desenvolvimento local foi uma accedilatildeo regulamentadora

do Estado Brasileiro em buscar alternativa em equacionar deformidades na

economia do trabalho e assim reverter o processo de alargamento do setor

informal Certamente que a regulamentaccedilatildeo de setores da economia eacute uma forma

de regular e disciplinar accedilotildees

Cabe ressaltar que a Lei 12306 submeteu algumas instituiccedilotildees agrave adequaccedilatildeo

administrativa para assegurar o funcionamento dessa Poliacutetica Puacuteblica assim como

instituiu oacutergatildeos de gestatildeo com competecircncias deliberativas e regulamentadoras que

dispotildeem de jurisdiccedilatildeo sobre tributaccedilatildeo e legalizaccedilatildeo das empresas Essa lei

estabelece inicialmente a criaccedilatildeo de trecircs oacutergatildeos a tiacutetulo dessas competecircncias

Art 2

o O tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado agraves

microempresas e empresas de pequeno porte de que trata o art 1o desta

Lei Complementar seraacute gerido pelas instacircncias a seguir especificadas I - Comitecirc Gestor do Simples Nacional vinculado ao Ministeacuterio da Fazenda composto por 4 (quatro) representantes da Secretaria da Receita Federal do Brasil como representantes da Uniatildeo 2 (dois) dos Estados e do Distrito Federal e 2 (dois) dos Municiacutepios para tratar dos aspectos tributaacuterios

65

II - Foacuterum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte com a participaccedilatildeo dos oacutergatildeos federais competentes e das entidades vinculadas ao setor para tratar dos demais aspectos ressalvado o disposto no inciso III do caput deste artigo III - Comitecirc para Gestatildeo da Rede Nacional para Simplificaccedilatildeo do Registro e da Legalizaccedilatildeo de Empresas e Negoacutecios - CGSIM vinculado agrave Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidecircncia da Repuacuteblica composto por representantes da Uniatildeo dos Estados e do Distrito Federal dos Municiacutepios e demais oacutergatildeos de apoio e de registro empresarial na forma definida pelo Poder Executivo para tratar do processo de registro e de legalizaccedilatildeo de empresaacuterios e de pessoas juriacutedicas

21 (BRASIL 2006)

321 O Comitecirc Gestor Municipal na MRGP

Na adequaccedilatildeo municipal agrave Lei Geral e suas alteraccedilotildees (LC 12808 e LC

14714) com o propoacutesito de estimular o ambiente institucional as prefeituras em

parcerias com o SEBRAE criaram Comitecircs Gestores Municipais22 (CGM) com a

proposta de ―[] implementar e acompanhar a aplicaccedilatildeo [] da Lei Complementar

Federal nordm 1232006 na redaccedilatildeo dada pela Lei Complementar Federal nordm 1282008

(PARANAGUAacute Dec 88713 art 1ordm) Os Comitecircs Gestores Municipais satildeo oacutergatildeos

de ―natureza colegiada para coordenar a poliacutetica relativa agrave micro e pequena empresa

no municiacutepio (SEBRAE 2013 p 61) e satildeo integrados por sujeitos da administraccedilatildeo

puacuteblica e de setores da sociedade civil

No modelo institucional adotado pelo CGM estaacute previsto o viacutenculo e parceria

entre Instituiccedilotildees Poliacuteticas (Federal Estadual e Municipal) Instituiccedilotildees Mercantis e

Instituiccedilotildees de Produccedilatildeo

As Instituiccedilotildees Poliacuteticas nesse contexto especiacutefico satildeo representadas pelo

Governo Local atraveacutes das suas secretarias e a Sala do Empreendedor no Governo

Federal e Estadual atraveacutes de Instituiccedilotildees de creacutedito e de educaccedilatildeo

Os municiacutepios da MRGP que estabeleceram CGM satildeo Paranaguaacute Pontal do

Paranaacute e Matinhos Estes aderiram ao Programa Cidade Empreendedora em

formato integral e com isso possuem assessoramento contiacutenuo junto ao SEBRAE

seja na forma de capacitaccedilatildeo dos agentes puacuteblicosseja na forma de consultoria

para os MEI e MPE Para o SEBRAE

21

O inciso III do sect 2ordm da PLC 12306 foi incluiacutedo pela LC 1472014 22

Utilizarei a sigla CGM para designar Comitecirc Gestor Municipal

66

O Comitecirc Gestor Municipal eacute a forma pela qual este projeto de institucionalizaccedilatildeo da lei geral seraacute implantado e controlado O Comitecirc poderaacute ser constituiacutedo de atores (instituiccedilotildees pessoas) que compotildeem o poder puacuteblico municipal associaccedilotildees representantes da sociedade etc e deveraacute conduzir a institucionalizaccedilatildeo da lei geral de forma a obter o melhor ambiente possiacutevel para os empreendedores individuais e micro e pequenas empresas (SEBRAE 2013 p 12)

O municiacutepio de Paranaguaacute em 2013 criou o Comitecirc Gestor Municipal sob o

Decreto Municipal 88713 composto por seguimentos representantes dos setores

puacuteblico e privado conforme listados no quadro abaixo (QUADRO 4)

QUADRO 4 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PARANAGUAacute PARA ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS ALTERACcedilOtildeES

FONTE Decreto Municipal Paranaguaacute n 887 de 25 out 2013

Por finalidade segundo o referido Decreto o CGM teraacute que implementar e

acompanhar a aplicaccedilatildeo da Lei Municipal 080 de 06 marccedilo de 2008 que oferece

regime juriacutedico tributaacuterio simplificado e diferenciado agraves micro e pequenas empresas

no acircmbito municipal alinhando-se agrave LC 12306 Dentre as competecircncias do CGM de

Paranaguaacute estatildeo

Art 2o O tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado agraves

microempresas e empresas de pequeno porte de que trata o art 1o desta

Lei Complementar seraacute gerido pelas instacircncias a seguir especificadas I - Acompanhar a regulamentaccedilatildeo e a implementaccedilatildeo do Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte no Municiacutepio inclusive promovendo medidas de integraccedilatildeo e coordenaccedilatildeo entre os oacutergatildeos puacuteblicos e privados interessados II - orientar e assessorar a formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da poliacutetica municipal de desenvolvimento das microempresas e empresas de pequeno porte III - Acompanhar as deliberaccedilotildees e os estudos desenvolvidos no acircmbito do Foacuterum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte do

CONTROLADORIA GERAL

SECRETARIAS MUNICIPAIS

SALA DO EMPREENDEDOR

ASSOCIACcedilAtildeO COMERCIAL E EMPRESARIAL DE PARANAGUAacute

SITEMA DE CREacuteDITO

SENAIFIEP

INSTITUTO FEDERAL DO PARANAacute

CAcircMARA MUNICIPAL

SINDICATO DOS CONTABILISTAS DE PARANAGUAacute

67

Foacuterum Estadual da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte e do Comitecirc para Gestatildeo da Rede Nacional para a Simplificaccedilatildeo do Registro e da Legalizaccedilatildeo de Empresas e Negoacutecios IV - Sugerir eou promover accedilotildees de apoio ao desenvolvimento da microempresa e da empresa de pequeno porte local ou regional(Paranaguaacute 2008 art 1ordm incisos I II III e IV)

Em Paranaguaacute o CGM atua de maneira articulada envolvendo todos os

atores nas estrateacutegias voltadas ao segmento empresarial e empreendedor local

inclusive com organizaccedilotildees do ―Sistema S como o SEBRAE e o SENAI que atuam

na aacuterea de capacitaccedilatildeo e formaccedilatildeo desses segmentos econocircmicos

As estrateacutegias satildeo colocadas em praacutetica em conformidade com a

capacidade orccedilamentaacuteria disponibilizada para este fim Nesse caso o orccedilamento

descrito no Plano Plurianual do municiacutepio para o ―Programa de Geraccedilatildeo de Emprego

e Renda entre os anos de 2014 a 2017 tem como foco

Apoio aos pequenos e microempreendedores cooperativas e outras formas associativas de produccedilatildeo desburocratizando o processo de criaccedilatildeo de novos empreendimentos Promoccedilatildeo de projetos inovadores Desenvolvimento e integraccedilatildeo de pequenas meacutedias e grandes empresas e induacutestrias estimulando a formaccedilatildeo de cadeias produtivas para induzir o crescimento ordenado e sustentaacutevel (PARANAGUAacute 2013 p 163)

Dentre as accedilotildees estabelecidas no Plano Plurianual 2014-2017 estatildeo a)

capacitaccedilatildeo para o primeiro emprego b) treinamento para os desempregados c)

prestaccedilatildeo de atendimento ao trabalhador

Quanto agrave capacitaccedilatildeo e treinamento perfeitamente compete ao CGM

articular accedilotildees envolvendo entidades do sistema S como o SEBRAE e o SENAI que

possuem competecircncias teacutecnicas para atender a demanda

Assim como Paranaguaacute a Sala do Empreendedor em Pontal do Paranaacute

subordinado diretamente agrave Secretaria Municipal de Desenvolvimento eacute o

departamento mais atuante do CGM no apoio ao MEI tanto pela sua posiccedilatildeo

estrateacutegica em que o agente de desenvolvimento atua diretamente com o MEI

quanto pela articulaccedilatildeo com os outros oacutergatildeos e secretarias municipais

O CGM de Pontal do Paranaacute foi instituiacutedo pelo Decreto municipal 54812015

e dentre os objetivos relatado pelo Secretaacuterio de Desenvolvimento estaacute o de

coordenar os trabalhos de assistecircncia ao microempreendedor em aspectos

relacionados agrave formalizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo a processos licitatoacuterios

68

QUADRO 5 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PONTAL DO PARANAacute PARA ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS ALTERACcedilOtildeES

FONTE Decreto Municipal Pontal do Paranaacute n 5481 de 23 dez 2015

Ainda segundo relatos do Secretaacuterio Municipal no iniacutecio da criaccedilatildeo do

Comitecirc Gestor houve divergecircncias falta de colaboraccedilatildeo e dificuldade no

entendimento da proacutepria Lei Geral e sobretudo das LC 12806 e LC 14714 poreacutem

com o amadurecimento das ideias em torno dos objetivos do CGM e das estrateacutegias

adotadas houve ganho de credibilidade dos oacutergatildeo puacuteblicos

A LC 14714 comenta o secretaacuterio era interpretada de formas diferentes

pelos oacutergatildeos O Corpo de Bombeiros a exemplo era muito resistente em se adaptar

ao disposto no art 4ordm sect 3ordm da referida lei que tratava sobre isenccedilatildeo total para a

abertura de empresa para o microempreendedor individual o que acarretava

divergecircncias na leitura e interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo

Ressalvado o disposto nesta Lei Complementar ficam reduzidos a 0 (zero) todos os custos inclusive preacutevios relativos agrave abertura agrave inscriccedilatildeo ao registro ao funcionamento ao alvaraacute agrave licenccedila ao cadastro agraves alteraccedilotildees e procedimentos de baixa e encerramento e aos demais itens relativos ao Microempreendedor Individual incluindo os valores referentes a taxas a emolumentos e a demais contribuiccedilotildees relativas aos oacutergatildeos de registro de licenciamento sindicais de regulamentaccedilatildeo de anotaccedilatildeo de responsabilidade teacutecnica de vistoria e de fiscalizaccedilatildeo do exerciacutecio de profissotildees regulamentadas (BRASIL 2014 art 4ordm sect3ordm)

A Associaccedilatildeo das Micro e pequenas Empresas do Litoral do Paranaacute

(AMPEC Litoral) relatou das dificuldades quanto agraves licitaccedilotildees e a capacidade dos

―menores em participar do processo Na posiccedilatildeo do entrevistado2 o municiacutepio se

revela em suas palavras ―mau pagador e tem ateacute 90 dias para efetuar o

pagamento23 tornando inviaacutevel para a maioria dos microempreendedores fornecer

ao municiacutepio O argumento eacute de que grande parte dos MEI natildeo possui capital

23

O art 73 sect 3ordm da Lei nordm 8666 de21 jun 1993 estabelece o prazo de noventa dias para que o objeto executado seja pago pela Administraccedilatildeo Puacuteblica contratante

SECRETARIAS MUNICIPAIS

AMPEC - LITORAL

ACIAPAR

ASSOCIACcedilAtildeO DOS ARTESAtildeO

SISTEMA DE CREacuteDITO

CENTRO DE ESTUDOS DO MAR

CONTADORES DE PONTAL DO PARANAacute

69

suficiente e capacidade econocircmica para suportar um prazo tatildeo longo para receber

os serviccedilos prestados

O CGM do municiacutepio de Matinhos apresentou caracteriacutesticas muito

peculiares em relaccedilatildeo aos de Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute Segundo o

entrevistado5 havia muitas divergecircncias dentro do CGM sobretudo quando as

decisotildees tomadas coletivamente natildeo continham energia suficiente para colocaacute-las

em praacutetica

QUADRO 6 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM DE MATINHOS

FONTE Decreto Municipal Matinhos n 441 de 30 jul 2013

Outro ponto que dificultava as tomadas de decisotildees com base na demanda

legal e de aspectos ligados agrave Lei Geral era o fato da pouca compreensatildeo pelos

sujeitos envolvidos nas finalidades e propostas da Poliacutetica Puacuteblica em questatildeo

Sobre este e os problemas da implementaccedilatildeo da Poliacutetica Puacuteblica Lima e Dlsquo Ascenzi

(2013) em suas anaacutelises apresenta alguns pontos importantes

[] em primeiro lugar haacute uma multiplicidade de atores de diferentes tipos de organizaccedilotildees com interesses diversos que satildeo agregados para operar a poliacutetica Tais atores interagem em uma trajetoacuteria de pontos de decisatildeo nos quais suas perspectivas se expressam Em segundo lugar os atores mudam com o passar do tempo Isso faz que a interaccedilatildeo tambeacutem mude pois mudam as perspectivas e a percepccedilatildeo que um ator tem do outro Essa mudanccedila de atores insere pontos de descontinuidade e de necessidade de novas e mais negociaccedilotildees(LIMA Dlsquo ASCENZI 2013 p 103)

322 Salas do Empreendedor e o Agente de Desenvolvimento

A sala do Empreendedor parceria entre os cinco municiacutepios citados do

litoral paranaense e o SEBRAE tem funccedilotildees especiacuteficas tanto no atendimento ao

MEI quanto agraves MPE Os serviccedilos vatildeo desde a desburocratizaccedilatildeo e formalizaccedilatildeo ateacute

a consultoria de gestatildeo e financcedilas que satildeo realizadas gratuitamente pelos Agentes

de Desenvolvimento e por consultores do SEBRAE A ―Sala eacute uma adaptaccedilatildeo do

Secretaria Municipal de Turismo e Desenvolvimento Econocircmico

Secretaria Municipal de Administraccedilatildeo

Secretaria Municipal de Planejamento

Sindicato dos Contabilistas

Federaccedilatildeo do Comeacutercio do Paranaacute - FECOMEacuteRCIO

Associaccedilatildeo Comercial e Empresarial de Matinhos - ACIMA

70

SEBRAE ao Programa Cidade Empreendedora24 e tem como objetivo segundo esta

Instituiccedilatildeo de a) incentivar a legalizaccedilatildeo de negoacutecios informais b) facilitar a

abertura de novas empresas c) regularizar as atividades informais aleacutem de apoiar o

MEI quanto agrave formalizaccedilatildeo e informaccedilotildees necessaacuterias relativas agraves especificidades

da sua atuaccedilatildeo como MEI formalizado Segundo o portal do Municiacutepio de Pontal do

Paranaacute satildeo ofertados os serviccedilos de

a) Atendimento presencial individual

b) Orientaccedilatildeo de controles - Caixa e Vendas

Palestras

c) Orientaccedilatildeo sobre direitos e obrigaccedilotildees

d) Programa Negoacutecio a Negoacutecio

Os Agentes de Desenvolvimento25 satildeo funcionaacuterios dos quadros das

prefeituras que recebem treinamento pelo SEBRAE com vistas a assumirem

responsabilidades co-participativas na implementaccedilatildeo da Lei Geral dentro dos

municiacutepios de atuaccedilatildeo Esses atores da administraccedilatildeo puacuteblica direta podem

constituir elementos estrateacutegicos na dinacircmica das ideias de desenvolvimento local

sobretudo no apoio agrave evoluccedilatildeo e estruturaccedilatildeo das micro e pequenas empresas

futuros empreendedores e empreendedores que jaacute atuam

Esses agentes possibilitam o entendimento na inovaccedilatildeo da administraccedilatildeo

puacuteblica quanto agrave movimentaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo dos recursos humanos inicialmente

em seus quadros de pessoal que atende agraves demandas de transformaccedilotildees ocorridas

nas dimensotildees sociais econocircmicas e poliacuteticas a partir do pressuposto que estas

trecircs dimensotildees estatildeo associadas

1) Social ndash promovida principalmente pela ―revoluccedilatildeo expansatildeo

tecnoloacutegica e pela globalizaccedilatildeo

24

Programa do SEBRAE tem como objetivo ―potencializar a implementaccedilatildeo e institucionalizaccedilatildeo da Lei Geral visando agrave melhoria do ambiente de negoacutecios para o Microempreendedor Individual e para as micro e pequenas empresas contribuindo dessa forma com a geraccedilatildeo de emprego e renda (SEBRAE 2013 p 9) lthttpsitesprsebraecombrleigeralwp-contentuploadssites35201402Termo_referencia_2013-2ultimaversaopdfgtgt 25

Para Albuquerque (1997) o processo de desenvolvimento exige a movimentaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo dos recursos humanos e estes devem ser vistos como peccedilas decisivas e natildeo somente como ferramentas ou objeto de produccedilatildeo mas sim como elementos chaves e atores importantes no desenvolvimento

71

2) Econocircmica ndash pelas contradiccedilotildees econocircmicas do sistema neoliberal que

culminaram com a falecircncia da estrutura de produccedilatildeo fabril abrindo

espaccedilo para o setor terciaacuterio

3) Poliacutetica ndash no Estado Democraacutetico de Direito a participaccedilatildeo mais efetiva

de movimentos sociais nas questotildees puacuteblicas altera aspectos e

mecanismos antigos da poliacutetica sobre maneira na perspectiva do

controle social e no quadro decisoacuterio

Em nossos estudos percebemos que a criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas

favoraacuteveis ao desenvolvimento regional e local assim como o estabelecimento de

convecircnio e parceria com entidades ligadas ao desenvolvimento das capacidades

locais depende de alguns elementos 1) Estrutura municipal 2) A maturidade do

municiacutepio com relaccedilatildeo agraves concepccedilotildees de desenvolvimento local 3) O tema de

desenvolvimento local estar na pauta do municiacutepio (prioridades de gestatildeo) 4)

Definiccedilatildeo de estrateacutegias por conta da administraccedilatildeo de recursos 5) A maturidade do

empresariado local

323 Accedilotildees regulares coordenadas pelos municiacutepios de incentivo ao MEI

Os municiacutepios que estabelecem parcerias com o SEBRAE possuem

algumas accedilotildees planificadas em virtude da proacutepria capacitaccedilatildeo dos agentes puacuteblicos

envolvidas no processo de implementaccedilatildeo das poliacuteticas de desenvolvimento e do

convecircnio que prevecirc essas accedilotildees Muito embora a expansatildeo de accedilotildees que

melhorem o ambiente de fomento fica a criteacuterio dos municiacutepios Abaixo (QUADRO

9) descrevemos algumas accedilotildees adotadas pelas prefeituras na MRGP

QUADRO 7 - ACcedilOtildeES REGULARES DE APOIO AO MEI NA MRGP continua

MUNICIacutePIO ACcedilOtildeES REGULARES

ANTONINA - Habilitaccedilatildeo ao sistema Empresa Faacutecil

GUARAQUECcedilABA - Habilitaccedilatildeo ao sistema Empresa Faacutecil

72

QUADRO 7 - ACcedilOtildeES REGULARES DE APOIO AO MEI NA MRGP conclusatildeo

MUNICIacutePIO ACcedilOtildeES REGULARES

GUARATUBA - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil - A ACIG estaacute estudando para abrir espaccedilo de associaccedilatildeo para o MEI com parcelas de contribuiccedilatildeo reduzida que pode chegar a 50 a menos do valor cobrado

MATINHOS - Atendimento na Sala do Empreendedor pelo agente do SEBRAE na aacuterea de financcedilas planejamento e gestatildeo (uma vez por mecircs) - Feira da Lua organizada pela AMPEC serve de exposiccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de produtos e serviccedilos ofertados pelos MEI aleacutem de orientaccedilatildeo e consultoria oferecida pelo SEBRAE - Semana do Microempreendedor Individual organizado pelo SEBRAE acontece anualmente e tem como propoacutesito consultorias e orientaccedilotildees ao MEI - Palestras do Programa SEI para o MEI ofertadas pelo SEBRAE - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil - Na ACIMA para se associar o MEI contribui com parcelas reduzidas obtendo todos os serviccedilos disponibilizados pela associaccedilatildeo

PARANAGUAacute - Atendimento na Sala do Empreendedor pelo agente do SEBRAE na aacuterea de financcedilas planejamento e gestatildeo (a cada 15 dias) - Feira da Lua serve de exposiccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de produtos e serviccedilos ofertados pelos MEI aleacutem de orientaccedilatildeo e consultoria oferecida pelo SEBRAE - Semana do Microempreendedor Individual organizado pelo SEBRAE acontece anualmente e tem como propoacutesito consultorias e orientaccedilotildees ao MEI - Palestras do Programa SEI para o MEI ofertadas pelo SEBRAE - Cursos de curta duraccedilatildeo oferecidos pelo SEBRAE atraveacutes de consultoria para a capacitaccedilatildeo e creacutedito que satildeo intermediados junto a Sala do Empreendedor - Articulaccedilatildeo da Sala do Empreendedor com Instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas na constituiccedilatildeo de creacutedito como na capacitaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo - Cursos de capacitaccedilatildeo de fornecimento e compra com o objetivo de identificaccedilatildeo de fornecedores dentro do municiacutepio e que sejam aptos a participarem de processos licitatoacuterios - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil - Na ACIAPAR para se associar o MEI contribui com parcelas reduzidas obtendo todos os serviccedilos disponibilizados pela associaccedilatildeo

PONTAL DO PARANAacute - Palestras do Programa SEI para o MEI ofertadas pelo SEBRAE - Atendimento na Sala do Empreendedor pelo agente do SEBRAE na aacuterea de financcedilas e planejamento (uma vez por mecircs) - Palestras para os vendedores ambulantes com o objetivo de orientaccedilatildeo agrave formalizaccedilatildeo - A Feira da Lua que ocorre no balneaacuterio de Sta Terezinha atraveacutes de parceria com a prefeitura o BB o SEBRAE realizam serviccedilos de consultoria gratuitamente - Cursos em parceria entre Prefeitura e ACIAP para vendedores e compradores - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil

FONTE Salas do empreendedor de Matinhos Pontal do Paranaacute Paranaguaacute e Morretes

A planificaccedilatildeo de algumas accedilotildees pelo sistema SEBRAE se traduz por um

lado na pouca experiecircncia municipal em estrateacutegias de desenvolvimento e por

73

outro lado a substituiccedilatildeo dos governos locais que podem alterar determinadas

estrateacutegias poreacutem as adotadas pela parceria entre o municiacutepio e o SEBRAE ficam

imunes agraves mudanccedilas

Ressaltamos que uma das accedilotildees do Estado importante para facilitar a

legalizaccedilatildeo e a expediccedilatildeo de registro de maneira desburocratizada da empresa eacute a

criaccedilatildeo da Rede Nacional para a Simplificaccedilatildeo do Registro e da Legalizaccedilatildeo de

Empresas e Negoacutecios (REDESIM) instituiacuteda pela Lei 1159807 Sublinhamos que a

partir desta lei a interaccedilatildeo entre os oacutergatildeos responsaacuteveis pela legalizaccedilatildeo e pela

expediccedilatildeo do registro de funcionamento ocorre por dados lanccedilados em sistema

unificado entre oacutergatildeos da federaccedilatildeo dos Estados e Municiacutepios A implantaccedilatildeo

dessa Lei no Paranaacute foi efetivada com a criaccedilatildeo do sistema Empresa

Faacutecilintegrando o Governo de Estado do Paranaacute Associaccedilatildeo dos municiacutepios do

Paranaacute Junta Comercial do Paranaacute e SEBRAE

No litoral paranaense como demonstrado pelo site do Empresa Faacutecil a

implantaccedilatildeo e habilitaccedilatildeo dos sete municiacutepios ao sistema operante estaacute completa

Como observado (QUADRO 7) acima veremos que os municiacutepios de

Paranaguaacute Pontal do Paranaacute e Matinhos que possuem parcerias com o SEBRAE

de forma integral constituem vaacuterias accedilotildees planificadas com base na orientaccedilatildeo de

capacitaccedilatildeo institucional proporcionada por essa instituiccedilatildeo e como mencionado

pelo agente do SEBRAE algumas accedilotildees satildeo planificadas mas a sala do

empreendedor de acordo com a administraccedilatildeo local tem flexibilidade para

aumentar os serviccedilos prestados aos MEI e realizar accedilotildees que viabilizem a melhoria

dos serviccedilos prestados

74

4 DIFICULDADES E AVANCcedilOS NO DESENVOLVIMENTO INCLUDENTE DO

MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL NO LITORAL DO PARANAacute

O litoral se constituiu de forma diferenciada no Paranaacute natildeo tendo

incorporado ao modelo de desenvolvimento capitalista adotado por outras regiotildees

conforme descrito anteriormente Uma das caracteriacutesticas importantes que

predomina na regiatildeo eacute a quase nula existecircncia de poliacuteticas de desenvolvimento

voltadas agraves capacidades locais e regionais

Nesse capiacutetulo dentro das concepccedilotildees de desenvolvimento local

analisaremos alguns elementos geradores de desenvolvimento de crescimento e de

sustentabilidade para o MEI na MRGP

41 A CAPACIDADE MUNICIPAL NO LITORAL DO PARANAacute EM MOBILIZAR

MECANISMOS PROPIacuteCIOS AO DESENVOLVIMENTO DO MEI

A participaccedilatildeo municipal como vetor do desenvolvimento local eacute vital para

conduzir accedilotildees e estrateacutegias que objetivem a superaccedilatildeo de obstaacuteculos produzidos

por desequiliacutebrios nas aacutereas social econocircmica e poliacutetica Para isso um municiacutepio

atuante e proativo nas questotildees internas provido de atitudes positivas mediante

planejamento e poliacuteticas puacuteblicas de maximizaccedilatildeo das capacidades locais pode

reverter circunstacircncias muitas vezes de fragilidade do tecido social e empresarial

para a otimizaccedilatildeo das condiccedilotildees que promovam o desenvolvimento das liberdades

humanas (autonomia do indiviacuteduo) (SEN 2000 PEREIRA 2006)

O crescimento populacional e a expansatildeo urbana desordenada a falta de

poliacuteticas puacuteblicas especiacuteficas de desenvolvimento regional e local expocircs um quadro

que coloca em evidecircncia a fragilidade econocircmica e administrativa dos governos

locais no litoral do Paranaacute para enfrentamento de problemas especiacuteficos na

economia do trabalho e na manutenccedilatildeo e extensatildeo de programas de infraestrutura

e ainda a dificuldade de implantaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas includentes que

necessitam de aplicaccedilatildeo significativa de capital

A MRGP em 2004 possuiacutea uma dos maiores PIB per capta do Estado com

a meacutedia acima da estadual constituindo uma das microrregiotildees mais dinacircmicas

segundo Trevisan e Lima (2010) sendo que Paranaguaacute como o grande vetor

75

econocircmico da regiatildeo posto o complexo portuaacuterio e industrial segundo os autores

firmava-se como o 4ordm municiacutepio do Paranaacute com maior PIB per capta No entanto

havia dessemelhanccedilas econocircmicas entre os municiacutepios da regiatildeo em que

Paranaguaacute o municiacutepio mais rico evidenciava disparidades em relaccedilatildeo aos outros

municiacutepios sobretudo Guaraqueccedilaba Matinhos e Morretes agrave eacutepoca os mais

pobres justamente pela sua capacidade de produzir riquezas em funccedilatildeo do porto

de Paranaguaacute

Em 2015 como demonstra o IPARDES Paranaguaacute continua sendo o

principal vetor econocircmico da regiatildeo poreacutem seu PIB per capta ficou abaixo da meacutedia

estadual assim como a sua receita teve decreacutescimo entre os anos 2013 e 2015

(TABELA 8)

Percebemos (GRAacuteFICO 1) que os municiacutepios de Morretes Antonina e

Paranaguaacute tiveram quedas em suas receitas entre os anos de 2014 e 2015 e suas

despesas (GRAacuteFICO 2) no mesmo periacuteodo aumentaram em relaccedilatildeo agraves receitas

destes municiacutepios A identificaccedilatildeo de uma queda de receita desse modo pode

constituir em impacto negativo para investimentos em setores necessaacuterios ao

desenvolvimento visto a baixa capacidade econocircmica municipal

GRAacuteFICO 1- RECEITAS TOTAIS DOS MUNICIacutePIOS

FONTE IPARDES DEEPASK

No caso especiacutefico de Antonina em 2015 o municiacutepio aumentou para 4 a

aliacutequota do ISSQN (ISS) O setor portuaacuterio contraacuterio ao aumento realizou um

depoacutesito judicial do montante dos tributos Tal accedilatildeo juriacutedica representou uma das

000

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

Milh

otildees

(R

$)

2013

2014

2015

76

principais causas diretas na queda de arrecadaccedilatildeo municipal permitindo a reduccedilatildeo

da disposiccedilatildeo do municiacutepio em criar propostas de melhoria das condiccedilotildees

socioeconocircmicas da populaccedilatildeo O fato eacute que o aumento na aliacutequota desse tributo

na expectativa de aumentar as divisas municipais de Antonina poderaacute causar em

curto prazo efeito reverso como indicado pela Secretaria de Infraestrutura e

Logiacutestica do Paranaacute (2014)

Uma lei municipal que entra em vigor a partir de janeiro de 2015 pode tornar a cidade de Antonina menos competitiva para investimentos no setor portuaacuterio Eacute que o municiacutepio aprovou o aumento na cobranccedila da aliacutequota do Imposto Sobre Serviccedilos (ISS) que passaraacute a ser de 4 Isso coloca Antonina como a cidade mais cara entre as principais cidades portuaacuterias do centro-sul do Brasil

Portanto com a queda na capacidade de geraccedilatildeo de riquezas a

inviabilidade de intervir em problemas socioeconocircmicos atraveacutes de poliacuteticas puacuteblicas

e accedilotildees de meacutedio e longo prazos e com o enfraquecimento dos governos locais por

conta na reduccedilatildeo das receitas suas accedilotildees na criaccedilatildeo de condiccedilotildees de

desenvolvimento local ficam limitadas Ainda assim alinhando-se a queda de

receita as despesas municipais em alguns casos ultrapassaram a arrecadaccedilatildeo

agravando ainda mais as contas puacuteblicas e impedindo investimentos em setores

estrateacutegicos para o desenvolvimento

GRAacuteFICO 2- ARRECADCcedilAtildeO E DESPESAS MUNICIPAIS NA MRGP (2015)

FONTE IPARDES DEEPASK

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

Milh

otildees

(R

$)

Arrecadaccedilatildeo2015

Despesas2015

77

O maior desequiliacutebrio das contas puacuteblicas (relaccedilatildeo entre arrecadaccedilatildeo e

despesas) se deu no municiacutepio de Paranaguaacute em que as despesas superaram a

arrecadaccedilatildeo em 49 como observado (GRAacuteFICO 2)

As quedas de receitas refletem em parte o pouco investimento em setores

produtivos tais como o fomento e apoio agraves micro e pequenas empresas que se

constituem segundo o SEBRAE e Sachs (2003) no setor que mais gera empregos

locais e se constitui como fonte de geraccedilatildeo de divisas para os municiacutepios de outro

lado a complexidade em buscar alternativas de substituiccedilatildeo da arrecadaccedilatildeo se

traduz em fator importante

Em Morretes e Antonina no entanto algumas accedilotildees para aumentar a receita

foram colocadas em praacutetica Uma delas eacute o georreferenciamento dos imoacuteveis para o

pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) que satildeo representados

por altas taxas de inadimplecircncia e segundo o entrevistado (6) pode chegar a 50

de devedores

O IPTU como observado nas cidades de Morretes Guaraqueccedilaba Antonina

e Paranaguaacute (GRAacuteFICO3) tem pouca expressividade na arrecadaccedilatildeo tributaacuteria

desses municiacutepios Jaacute nos municiacutepios de Matinhos Guaratuba e Pontal do Paranaacute o

IPTU contribui significativamente na geraccedilatildeo de receita se posicionando acima da

meacutedia nacional que ficou em 2435 em 2014

GRAacuteFICO 3 - IPTU EM RELACcedilAtildeO Agrave ARRECADACcedilAtildeO TRIBUTAacuteRIA DOS MUNICIacutePIOS DA MRGP (2013 ndash 2014) ()

FONTE DEEPASK ndash montagem dos autores lthttpwwwdeepaskcombrgoespage=Imposto---

IPTU-Veja-a-receita-tributaria-no-seu-municipiogt

0

10

20

30

40

50

60

valo

res p

erc

entu

ais

78

No municiacutepio de Morretes o processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria adotado

pela Secretaria de Infraestrutura no nosso entendimento consiste numa estrateacutegia

de desenvolvimento e de receita na medida de geraccedilatildeo de emprego e renda atraveacutes

da construccedilatildeo civil que expande a prestaccedilatildeo de bens e serviccedilos

Tanto o georreferenciamento quanto a regularizaccedilatildeo fundiaacuteriapredial em

Antonina e Morretes satildeo estrateacutegias afirmativas que tem como propoacutesitos a

regularizaccedilatildeo de aacutereas habitacionais residecircncias e lotes com grandes

possibilidades de elevar a receita municipal observado as delimitaccedilotildees de aacutereas

especialmente protegidas como aacutereas de preservaccedilatildeo permanente (APP) Unidades

de Conservaccedilatildeo (UC) Poreacutem cabe ressaltar que a maior funccedilatildeo da regularizaccedilatildeo

fundiaacuteria eacute equacionar problemas resultantes da expansatildeo urbana desordenada (a

favelizaccedilatildeo eacute um dos problemas)

Nesse sentido a regularizaccedilatildeo fundiaacuteria eacute ―um mecanismo apto a trazer para

a legalidade uma situaccedilatildeo fundiaacuteria que possa ser identificada como de interesse

social ou seja que tenha como puacuteblico alvo a populaccedilatildeo de baixa renda

(NASCIMENTO 2013 p 12) Como afirma a autora dessa forma a implementaccedilatildeo

da regularizaccedilatildeo fundiaacuteria torna ―evidente o conteuacutedo social a que o bem serviraacute

(idem p 18)

Em Pontal do Paranaacute como relatou entrevistado3 sobre o fortalecimento

das receitas o municiacutepio atraveacutes do Conselho Gestor adotou para 2017 um selo

de qualidade que seraacute fornecido agrave empresa que se encontrar regularizado com suas

diacutevidas junto agrave prefeitura ―O selo permite que haja retorno para a prefeitura atraveacutes

da contribuiccedilatildeo Eacute uma valorizaccedilatildeo para quem se encontra em situaccedilatildeo regular

(transcriccedilatildeo)

No entanto com pouca variaccedilatildeo para aumentar a receita e com menos

dinheiro em caixa as prefeituras deixam de investir em programas de meacutedio e longo

prazo com propostas no desenvolvimento positivosustentaacutevel e includente de

criaccedilatildeo institucional cultural social e econocircmica Ou seja criaccedilatildeo de um ambiente

favoraacutevel agrave extensatildeo das liberdades e capacidades das pessoas (SEN 2000)26

26

As liberdades na visatildeo do autor satildeo condicionadas pelas circunstacircncias sociais poliacuteticas e econocircmicas as quais denomina de liberdades instrumentais e correspondem 1) liberdades poliacuteticas 2) facilidades econocircmicas 3) oportunidades sociais 4) garantias de transparecircncias 5) seguranccedila protetora (p54)

79

Para esse autor as liberdades satildeo partes constitutivas fundamentais do

enriquecimento do processo de desenvolvimento natildeo satildeo finitas em si mesmas

mas permitem a expansatildeo de outras liberdades sendo que o proacuteprio

desenvolvimento pode ser considerado como a expansatildeo das liberdades humanas

ou como sublinha Pereira (2006) ao se referir agrave ―autonomia baacutesica como um

elemento de precondiccedilatildeo societal a noccedilatildeo de autonomia estaacute ancorada nos

preceitos da ―democracia como recurso capaz de livrar os indiviacuteduos natildeo soacute da

opressatildeo sobre as suas liberdades (de escolha e de accedilatildeo) mas tambeacutem da miseacuteria

e do desamparo (PEREIRA 2006 p 70)

A falta de recursos sinalizou nas entrevistas com os agentes de

desenvolvimentos de Morretes Matinhos e Paranaguaacute a pouca flexibilidade dos

municiacutepios em estruturar suas agendas de programas de desenvolvimento local

restando o atendimento de formalizaccedilatildeo e serviccedilos baacutesicos aos

Microempreendedores tais como alteraccedilatildeo de dados alvaraacute baixa da inscriccedilatildeo e

Documento de Arrecadaccedilatildeo Simplificada (DAS) Essas accedilotildees de apoio efetivo agrave

categoria se por um lado representam o auxiacutelio prestado ao MEI por outro

constituem um fim em si mesmas pois desempenham funccedilotildees meramente

burocraacuteticas natildeo menos importantes mas poderiam ser desenvolvidas dentro de

um plano estrateacutegico que coadunassem simultaneamente outras accedilotildees previstas

nos dispositivos da LC 12808 sobre os instrumentos de apoio e poliacuteticas que

assegurem o desenvolvimento e a sustentabilidade dos MEI Dentro dessa anaacutelise

por um lado o ―fluxo contiacutenuo de criaccedilatildeo de novos empreendimentos que em sua

esmagadora maioria satildeo de pequeno porte (SACHS 2003 p 111) de outro lado

como demonstra o autor as MPE submetidas ao livre mercado aumentam os

nuacutemeros estatiacutesticos sobre a mortalidade das empresas posto as diferentes

condiccedilotildees de produccedilatildeo e competitividade no mercado aberto que produz um

―processo de seleccedilatildeo que pode ser qualificado de ―darwinismo social (idem p 111)

Em Morretes no final do ano de 2016 o desempenho da sala do

empreendedor estava muito limitado ou quase nulo como comentou o

entrevistado6 Aleacutem da estrutura reduzida em comparaccedilatildeo agraves cidades que

dispunham do programa em Morretes natildeo haviam atividades relacionadas ao

fomento das empresas locais nem tatildeo pouco a procura aos serviccedilos pelos MEI ou

potenciais empreendedores Poreacutem em 2015 como observou o entrevistado6 ―a

partir da adequaccedilatildeo da 147 (LC 14714) o carimbo da vigilacircncia sanitaacuteria deu

80

valoraccedilatildeo para o produto Alguns produtores padronizaram o roacutetulo e as empresas

Essas medidas favorecem o atendimento ao turismo (transcriccedilatildeo)

Em Paranaguaacute segundo o entrevistado7 as atividades da sala do

empreendedor estavam muito reduzidas e fixavam-se apenas no processo de

formalizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo nas duacutevidas que surgiam natildeo sendo possiacutevel desenvolver

accedilotildees muito extensas fora da sala27 Poreacutem atraveacutes do Programa Compras Paranaacute

o municiacutepio ofereceu cursos de capacitaccedilatildeo dos funcionaacuterios para compras em

oacutergatildeo puacuteblicos assim como capacitaccedilatildeo de alguns fornecedores em licitaccedilotildees O

objetivo dessa accedilatildeo era ―identificar novos fornecedores dentro do municiacutepio

fortalecendo o mercado interno gerando divisas emprego e renda (entrvistado7-

transcriccedilatildeo)

Em Morretes o entrevistado municipal o entrvistado6 nos disse ―natildeo haacute

procura por licitaccedilotildees (pelos MEI) E as empresas locais dificilmente procuram a

licitaccedilatildeo (transcriccedilatildeo) Assim a falta de poliacuteticas de desenvolvimento local e da

categoria poderaacute contribuir no afastamento de propostas significativas de inclusatildeo

social do MEI na MRGP frisados na LC 12808

Constatamos que a falta de recursos constitui um dos elementos importantes

que inviabilizam a implantaccedilatildeo integral contiacutenua e sustentaacutevel das LC 12306

LC12808 e LC 14714 ndash conjunto de leis que normatizam as MPE e

Microempreendedores individuais - bem como em poliacuteticas de geraccedilatildeo de emprego

e renda e mesmo em outras aacutereas de sustentaccedilatildeo de poliacuteticas sociais pois

segundo Sachs (2003) as poliacuteticas econocircmicas e sociais satildeo indissociaacuteveis

complementares e dependentes de investimentos

Embora outros motivos tais como o amadurecimento da gestatildeo municipal agrave

concepccedilatildeo de desenvolvimento local incluindo categorias especiacuteficas de produccedilatildeo e

inclusatildeo como eacute o caso dos MEI conferimos agrave baixa capacidade econocircmica do

poder puacuteblico local uma das principais dificuldades em produzir mecanismos de

enfrentamento agrave vulnerabilidade dos trabalhadores locais muitas vezes com pouca

ou sem qualificaccedilatildeo para o mercado de trabalho

Deduzimos atraveacutes de nossas pesquisas que a falta de comunicaccedilatildeo

informaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo nas propostas da sala do empreendedor assim como em

27

No plano Plurianual 20142017 de Paranaguaacute estaacute previsto o investimento de R$ 10000000 para o apoio aos MEI desenvolvimento das micro pequenas e grandes empresas e induacutestrias no estiacutemulo para desenvolver uma cadeia produtiva local de forma sustentaacutevel

81

processos de licitaccedilatildeo28 exclui grande parte dos MEI ao Acesso em de serviccedilos

baacutesicos estabelecidos em lei e possibilidades de relaccedilotildees comerciais com o

municiacutepio posto o desconhecimento das recomendaccedilotildees por parte dos MEI

estabelecidas na Lei Geral (LC 12308) a qual prescreve normas diferenciadas de

promoccedilatildeo de desenvolvimento desse segmento de trabalhadoresempreendedores

individuais

O municiacutepio empoderado atraveacutes de uma ambiente institucional e de um

aporte estrutural constituiacutedo aumenta as possibilidades de eficiecircncia na intervenccedilatildeo

em problemas locais O empoderamento dos municiacutepios nesse sentido eacute central no

processo de desenvolvimento tanto de categorias especiacuteficas quanto de categorias

marginalizadas pela ausecircncia do poder puacuteblico Eacute dessa forma que ―ao analisar

experiecircncias de desenvolvimento localregional vecirc-se forccedilada a noccedilatildeo de que a

presenccedila do Estado eacute fundamental (BARBOSA et al in POCHMANN 2004 p 275)

sendo ele o principal articulador e protagonista de poliacuteticas de desenvolvimento e

inclusatildeo social

411 A gestatildeo puacuteblica municipal no litoral paranaense e a destinaccedilatildeo da receita

Ao examinara literatura sobre o uso do dinheiro puacuteblico no litoral do Paranaacute

que no nosso entendimento tem a possibilidade de ser alocado prioritariamente em

instrumentos geradores de desenvolvimento para as pessoas das pessoas e pelas

pessoas (SACHS 2003) percebemos muitas vezes recursos jaacute reduzidos sendo

direcionados a atender minorias com respaldo poliacutetico econocircmico e social

Como analisa Monteiro (2013a) boa parte das receitas de Guaratuba e

Matinhos estatildeo sendo direcionadas agrave especulaccedilatildeo imobiliaacuteria com projetos de

infraestruturas (pavimentaccedilatildeo rede de esgoto etc) que beneficiam as elites locais

Estas elites satildeo na visatildeo de Frey (2000) amparadas por ―instituiccedilotildees de

intermediaccedilatildeo ndash patronagem poliacutetica clientelismo nepotismo fisiologismo e a

corrupccedilatildeo ndash [] (p 104) que constituem praacuteticas relacionais entre o poder central

local e oligarquias locais contribuindo para a ampliaccedilatildeo das desigualdades sociais

visto a apropriaccedilatildeo dos benefiacutecios por parte dessas elites

28

Conforme obrigatoriedade legal as licitaccedilotildees satildeo publicadas no site da prefeitura Tribunal de Contas e Diaacuterio oficial

82

Segundo Monteiro (2013a) em Caiobaacute balneaacuterio eletizado de Matinhos

com forte presenccedila de residecircncias de alto padratildeo e ainda com propostas a proacute-

verticalizaccedilatildeo a pavimentaccedilatildeo chega a 94 853 de calccediladas e 686 de

bueiros Enquanto em bairros como o Tabuleiro haacute 254 de ruas pavimentadas

164 de calcadas e 285 de bueiros denotando dessa forma os desniacuteveis de

emprego da receita para a manutenccedilatildeo das iniquidades entre as classes sociais

Jaacute em Guaratuba como salienta Monteiro (2013b)

[] veremos que boa parte da receita puacuteblica alimenta a especulaccedilatildeo imobiliaacuteria atraveacutes de obras de infraestrutura que beneficiam sobremaneira glebas vazias lotes baldios em suma propriedades que natildeo estatildeo cumprindo a funccedilatildeo social (MONTEIRO 2013a p 1)

Compreendemos dessa maneira que o espaccedilo constituiacutedo por relaccedilotildees de

poder pode representar o exerciacutecio de poder considerando algumas variaacuteveis

Como acentua Silva (2008) o poder local deve ser compreendido como exerciacutecio

das dimensotildees poliacutetica econocircmica social simboacutelica e cultural

A criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento local que promovam a

expansatildeo das liberdades humanas eacute indispensaacutevel a vontade poliacutetica o

amadurecimento agraves perspectivas de desenvolvimento pelos gestores municipais e

pelo empresariado local os recursos satisfatoacuterios nesse sentido o empoderamento

do municiacutepio eacute fundamental para o financiamento das poliacuteticas de desenvolvimento

a mediaccedilatildeo entre as relaccedilotildees de poder um aporte institucional capaz reduzir as

disparidades de classe e o planejamento e accedilatildeo sendo que o planejamento pode

ser revisado e modificado a julgar que toda accedilatildeo provoca modificaccedilotildees

Dentro dessa perspectiva foram analisados por Horochovski Junckes e

Muraro (2011) em trabalho realizado sobre um Programa de Desenvolvimento

Sustentaacutevel em Matinhos promovido pelo Banco do Brasil a participaccedilatildeo e o

planejamento pelos atores envolvidos Para esses autores os ―componentes

estruturais do modo de produccedilatildeo vigente apatia poliacutetica deacuteficits informacionais e a

persistecircncia de assimetrias e padrotildees autoritaacuterios e clienteliacutesticos [] (p 51)

constituem entre outros barreiras no processo democraacutetico e participativo

(HOROCHOVSKI JUNCKES MURARO 2011)

Ao discorrer sobre aspectos para o desenvolvimento local e o custeio

puacuteblico SEN (2000) afirma que natildeo se pode esperar um governo enriquecer para

83

investir em serviccedilos de base como a educaccedilatildeo e a sauacutede que na visatildeo do autor

satildeo elementos geradores de desenvolvimento posto que

A viabilidade desse processo conduzido pelo custeio puacuteblico depende do fato de que os serviccedilos sociais relevantes (como os serviccedilos de sauacutede e educaccedilatildeo) satildeo altamente trabalho-intensivos e portanto relativamente barato nas economias pobres ndash onde os salaacuterios satildeo baixos (SEN 2000 p 65)

Para esse autor se devem ponderar preccedilos e custos como paracircmetros de

quanto pode ou natildeo pode o governo gastar Adverte ele ainda que o processo

mediado pelo crescimento econocircmico acarreta em muitas vantagens tanto pelas

condiccedilotildees de investimentos quanto por provisotildees em setores essenciais como

educaccedilatildeo e sauacutede baacutesica

Dessa maneira reiteramos dentro da perspectiva de nossas anaacutelises a

necessidade do empoderamento municipal pois o Estado se consolida como o

principal condutor de processos de desenvolvimento Nessa direccedilatildeo entendemos

que o crescimento econocircmico eacute importante para o desenvolvimento (SACHS 2003

SEN 2000 FURTADO 2008) Natildeo como um fim em si mesmo mas um elemento

estrutural de outros coeficientes (aporte institucional poliacuteticas puacuteblicas nas aacutereas da

sauacutede e educaccedilatildeo e estrateacutegias macro e microeconocircmicas locais para o

desenvolvimento sustentaacutevel) que se materializem em equipamentos propiacutecios agrave

extensatildeo das ―liberdades humanas (SEN 2000)

42 UMA SIacuteNTESE COMPARATIVA ENTRE AS FORMALIZACcedilOtildeES E AS BAIXAS29

DO MEI NA MRGP

No desenvolvimento local conduzido em especial pelo ―custeio puacuteblico

(SEN 2000) atraveacutes dos governos subnacionais de inferecircncia nas aacutereas da

educaccedilatildeo sauacutede e economia o peso de interferecircncia do processo econocircmico pode

revelar-se como um dos imperativos entre o sucesso ou fracasso das estrateacutegias

adotadas

A conduccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e estrateacutegias setorizadas de apoio agrave

categoria do MEI satildeo definidas com base orccedilamentaacuteria e disponibilidade de recursos

29

Encerramento da inscriccedilatildeo do Cadastro de Pessoa Juriacutedica (fechamento legal da empresa)

84

apropriados para a realizaccedilatildeo Identificamos dentro das estrateacutegias municipais as

salas do empreendedor que fornecem orientaccedilotildees e auxiacutelio na formalizaccedilatildeo de

empresas e empreendedores individuais (EI) que se encontram na informalidade

No graacutefico 4 abaixo observamos o nuacutemero de atendimentos realizados

pelos agentes de desenvolvimento nas salas do empreendedor nos municiacutepios da

MRGP

GRAacuteFICO 4 - NUacuteMERO DE ATENDIMENTOS REALIZADOS NAS SALAS DO

EMPREENDEDOR NA MRGP (2015 ndash 2016)

FONTE Salas do empreendedor de Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute

Percebemos o aumento significativo de atendimentos realizados pela ―sala

entre os anos 2015 e 2016 (GRAFICO 4) em Pontal do Paranaacute e Paranaguaacute

Segundo informaccedilotildees do entrevistado7 em Paranaguaacute a aumento nos atendimentos

eacute proporcional agrave elevaccedilatildeo das formalizaccedilotildees e abaixo (GRAacuteFICO 5) verificamos as

formalizaccedilotildees realizadas nas salas do empreendedor na MRGP

GRAacuteFICO 5 - NUacuteMERO DE FORMALIZACcedilOtildeES REALIZADAS NAS SALAS DO EMPREENDEDOR NA MRGP

FONTE Salas do empreendedor de Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

Paranaguaacute Pontal doParanaacute

Morretes Matinhos

0

50

100

150

200

250

300

350

Morretes Paranaguaacute Pontal do Paranaacute

ano 2015

ano 2016

85

Observamos acima (GRAacuteFICO 5) a reduccedilatildeo de 475 nas formalizaccedilotildees

realizadas pela sala do empreendedor em Pontal do Paranaacute no ano de 2016 em

relaccedilatildeo a 2015 Paranaguaacute ao contraacuterio apresentou percentual positivo de 1133

nas formalizaccedilotildees efetivadas junto agrave sala do empreendedor entre os anos 2015 e

2016

De maneira um tanto preocupante em Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute

(GRAacuteFICO 6) constatamos o aumento significativo nas operaccedilotildees de baixa de

inscriccedilatildeo do MEI realizadas pela sala do empreendedor entre os anos de 2015 e

2016 Pontal do Paranaacute apresentou acreacutescimo de 2217 nas baixas de inscriccedilatildeo do

MEI enquanto Paranaguaacute indicou o avanccedilo de 1594 nas baixas da categoria Em

Matinhos natildeo houve retorno no pedido dos dados em Morretes natildeo haacute baixas

registradas na sala do empreendedor em Guaraqueccedilaba natildeo conseguimos contato

com o agente de desenvolvimento

GRAacuteFICO 6 - NUacuteMERO DE BAIXAS DE INCRICcedilAtildeO DO MEI REALIZADAS NAS SAAS DO EMPREENDEDOR NA MRGP

30

FONTE Salas do empreendedor de Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute

Ao estabelecermos comparaccedilatildeo entre os graacuteficos (5 e 6) percebemos que

a) No ano de 2015 o nuacutemero de baixas de inscriccedilotildees do MEI registrados na

sala do empreendedor em Paranaguaacute correspondeu a 274 das

30

Em Guaraqueccedilaba natildeo conseguimos contato com o agente de desenvolvimento em Matinhos natildeo houve retorno no pedido dos dados em Morretes natildeo houve baixas registradas nas salas do empreendedor

0

20

40

60

80

100

120

ano 2015

ano 2016

86

formalizaccedilotildees naquele ano No ano de 2016 o nuacutemero de baixas (MEI)

em Paranaguaacute em relaccedilatildeo agrave formalizaccedilatildeo correspondeu a 333

Portanto uma elevaccedilatildeo de 59 nas baixas do MEI entre os anos de

2015 e 2016

b) Em Pontal do Paranaacute as baixas do MEI registradas pela sala do

empreendedor em relaccedilatildeo agraves formalizaccedilotildees corresponderam a 116

em 2015 Em 2016 a variaccedilatildeo das baixas na inscriccedilatildeo do MEI em relaccedilatildeo

agraves formalizaccedilotildees atingiu o percentual de 7115 o que corresponde a um

aumento acentuado de 5955 nas baixas de inscriccedilotildees do MEI entre

2015 e 2016

Ao inclinar nossos olhares para os resultados dos graacuteficos (5e 6) veremos

expressiva diferenccedila na sustentabilidade do MEI entre os municiacutepios de Pontal do

Paranaacute e Paranaguaacute Isso nos remete a uma questatildeo como explicar o significativo

nuacutemero de baixas na inscriccedilatildeo do MEI em Pontal do Paranaacute em relaccedilatildeo agrave

Paranaguaacute resultando em dados estatiacutesticos tatildeo diacutespares na sustentabilidade dos

MEI jaacute que os dois municiacutepios possuem em sua maioria dentre algumas accedilotildees

isoladas estrateacutegias planificadas pelo SEBRAE

A resposta a essa questatildeo segundo o entrevistado3 estaacute na sazonalidade

pelo qual estatildeo sujeitos os municiacutepios balneaacuterios da MRGP ndash Matinhos Pontal do

Paranaacute e Guaratuba Esta anaacutelise estaacute sustentada igualmente por Sulzbac

Denardin e Felisbino (2012)

O fato destes enfrentarem a problemaacutetica da sazonalidade de visitaccedilotildees em virtude do lazer de sol e mar define-se a hipoacutetese de que a sazonalidade recorrente da principal atividade econocircmica resulta em instabilidades financeiras tanto as instituiccedilotildees locais como para a proacutepria populaccedilatildeo promovendo adequaccedilotildees dos empreendimentos especialmente no que se refere aos viacutenculos de trabalho Em consequecircncia os empreendimentos formais natildeo encontram suporte financeiro para sua manutenccedilatildeo resultando na criaccedilatildeo de empreendimentos informais que satildeo caracteriacutesticos destes locais (p 109-110)

Na temporada de praia conforme relato do entrevistado3 muitos MEI

transferiram-se ou se formalizam em Pontal do Paranaacute com vistas agrave fiscalizaccedilatildeo

intensa nesse periacuteodo Ao fim do veratildeo muitos vatildeo embora para suas cidades e

datildeo baixas das empresas Outros ―natildeo conseguem sequer pagar o boleto DAS no

final do mecircs (transcriccedilatildeo) com isso acabam por encerrar a microempresa e

87

―sobrevivendo com o que conseguiram juntar no veratildeo (transcriccedilatildeo) concorrendo

para o nuacutemero expressivo de baixas em janeiro e fevereiro de cada ano

Monteiro (2013b) acentua sobre a sazonalidade nos municiacutepios da

plataforma no Paranaacute e a variaccedilatildeo populacional decorrente do veratildeo e de alguns

feriados Para esse fato ele denomina de ―As meias cidades do litoral paranaense

(p 5)

[] as cidades do litoral transformam-se acentuadamente literalmente da noite para o dia quando chegam as pessoas para as festas de fim de ano e feacuterias de veratildeo Boa parte dos domiciacutelios vagos satildeo ocupados muitos com concentraccedilatildeo de mais de 4 pessoas por cocircmodo (MONTEIRO 2013b p 5)

A sazonalidade eacute um imperativo importante na observaccedilatildeo das baixas dos

MEI apoacutes a temporada de veratildeo Por outro lado destacamos uma variaacutevel

dependente que eacute a formaccedilatildeo da dinacircmica do mercado local em participar e

introduzir certa sustentabilidade das empresas atraveacutes de variaacuteveis como a da oferta

de trabalho aumento de consumo cooperaccedilatildeo entre as empresas locais entre

outras

Dessa maneira as empresas inclusas em um sistema de mercado

fortalecido onde a capacidade de gerar riqueza seja mais sustentaacutevel tecircm mais

possibilidades de prosperar e manter suas atividades Portanto um mercado ativo

comumente tem respaldo do poder puacuteblico local e as micro e pequenas empresas

que surgem em meio a essa dinacircmica requerem estrateacutegias definidas com vistas a

competirem no mercado aberto

Podemos discorrer na perspectiva de Sachs (2003) e Sen (2000) que aleacutem

de fomentar a formalizaccedilatildeo de micro pequenos e meacutedios empreendimentos dado a

―cobertura social para os trabalhadores (SACHS 2003 p113) ndash na visatildeo desse

autor a principal vantagem ndash eacute necessaacuterio expandir formas de adequaccedilatildeo agrave

sustentabilidade dessas empresas uma vez que lanccediladas no mercado aberto satildeo

incapazes de competir com empresas maiores e ampliar sua estrutura

A mortalidade nessa competiccedilatildeo em condiccedilotildees de inferioridade eacute elevada para os micro e pequenos empreendimentos Nuacutemeros do SEBRAE apontam para taxas de 32 de fechamento em menos de um ano 44 em menos de dois anos 56 em menos de trecircs 66em menos de quatro e 71 em menos de cinco (SACHS 2003 p 35)

Como analisa Sachs (2003) os pequenos e meacutedios empreendimentos natildeo

tecircm como sobreviver no mercado aberto dado a baixa capacidade de produzir em

88

condiccedilotildees desiguais No questionaacuterio aplicado ao MEI veremos algumas barreiras

que acentuam essas desigualdades

43 O MEI POR ELE MESMO AS LUTAS E DESAFIOS ATRAVEacuteS DO TRABALHO

O questionaacuterio31 elaborado para o MEI e aplicado nos municiacutepios de

Matinhos Guaratuba Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute foi um instrumento que

permitiu ilustrar uma realidade da categoria MEI frente aos desafios enfrentados no

decorrer da sua formalizaccedilatildeo na mesma medida em que possibilitou compreender

um pouco a realidade concreta desses trabalhadores exposta pelas suas opiniotildees

suas respostas objetivas e por vezes subjetivas Ou seja uma fonte de

―informaccedilotildees vivas (RAYNAUT C et al 2002)

No mesmo sentido a anaacutelise dos dados tornou-se importante posto que

buscamos compreender a aproximaccedilatildeo entre alguns mecanismos de apoio ao MEI

descritos na Lei Geral (12308) e o Acesso em a esses mecanismos pelo puacuteblico

alvo

O questionaacuterio procurou coletar dados dos microemprendedores individuais

segundo atividade econocircmica tempo de atuaccedilatildeo no mercado formalizado renda

bruta participaccedilatildeo em compras puacuteblicas local da atividade econocircmica quanto agrave

capacitaccedilatildeo e consultoria entre outros

O questionaacuterio foi aplicado a trinta microemreendedores individuais

Natildeo houve classificaccedilatildeo especiacutefica para a escolha dos entrevistados na

aplicaccedilatildeo do questionaacuterio O que se propocircs a fazer foi deslocar ateacute o local de

trabalho do MEI e aplicar o questionaacuterio em meio agraves suas atividades Esta teacutecnica

possibilitou observar a estrutura do estabelecimento e dialogarmos diretamente com

o microempreendedor individual sobre suas dificuldades e avanccedilos apoacutes a

formalizaccedilatildeo Alguns MEI foram pouco receptivos a participar do questionaacuterio mas a

maioria se sentiu muito a vontade em responder as perguntas

431 Atividades econocircmicas desenvolvidas pelos MEI entrevistados no Litoral

do Paranaacute

31

O formulaacuterio aplicado ao MEI encontra-se nos anexos dessa dissertaccedilatildeo

89

Veremos abaixo (GRAacuteFICO 7) que a maior parte dos MEI respondentes

(n=24) estaacute alocada nos setores de serviccedilos e comeacutercio Doze (n=12) exercem suas

atividades no setor de prestaccedilatildeo de serviccedilos (informaacutetica conserto de bicicleta

eletrocircnica cabeleireira sapateiro) e doze (n=12) pertencem ao comeacutercio (papelaria

armarinho produtos de limpeza pet shop loja de roupas comeacutercio de artigos de

praia entre outros) Dos respondentes trecircs (n=3) exercem suas atividades na aacuterea

da cultura

GRAacuteFICO 7 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30) POR ATIVIDADE ECONOcircMICA ()

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Na observaccedilatildeo dos dados percebemos a maior concentraccedilatildeo da atividade

econocircmicano setor terciaacuterio Esta anaacutelise jaacute foi descrita por Superville e Quintildeones

(2000) Barbosa (2007) no qual concluiacuteram que o trabalhador fabril foi deslocado

para este setor passando ser um trabalhador de serviccedilos

Os empreendedores na perspectiva de Nassif et al (2014) apresentam

uma variaccedilatildeo de caracteriacutesticas como a criatividade flexibilidade autonomia e ideias

para inovar Poreacutem tal como notamos anteriormente as oportunidades de produzir

bens e serviccedilos satildeo frequentemente diferentes tanto pela capacidade de

investimento em tecnologia e informaccedilatildeo tanto pela expectativa de uma formaccedilatildeo

bruta de capital Ao analisarmos a capacidade estrutural dos MEI (condiccedilotildees

econocircmicas e de compreensatildeo de mercado) percebemos o distanciamento

(desconhecimento) dos instrumentos geradores de seu desenvolvimento previstos

em lei Os instrumentos descritos na Lei Geral (12306) podem facilitar e auxiliar na

Comeacutercio reparaccedilatildeo deveiacutec automotores emotocicleta

Outras atividades eserviccedilos

educaccedilatildeo

cultura

construccedilatildeo

natildeo respondeu

90

melhoria dos negoacutecios e desencadear um processo de desenvolvimento Na

percepccedilatildeo de Pochmann ( 2004) Sen (2000) Sachs (2003) o desenvolvimento eacute

associado simultaneamente ao crescimento econocircmico com o fortalecimento da

capacidade de produccedilatildeoacumulaccedilatildeo e pela ampliaccedilatildeo das liberdades substantivas

432 Tempo de formalizaccedilatildeo e os MEI no Litoral do Paranaacute

No graacutefico abaixo (GRAacuteFICO 8) percebemos a quantidade de anos

formalizados dos MEI respondentes

GRAacuteFICO 8 - ANOS DE FORMALIZACcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30)

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Observamos que dos respondentes 09 (nove) estatildeo formalizados haacute um

ano o que configura como a maioria dos microemperendedores formalizados

Percebemos uma reduccedilatildeo no nuacutemero de empreendimentos entre cinco e onze anos

de funcionamento

No primeiro ano de funcionamento conforme os dados acima (GRAacuteFICO 8)

dos microempreendimentos seis (n=6) desenvolvem suas atividades no comeacutercio e

dois(n=2) suas atividades estatildeo relacionadas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos

Sachs (2003) ao analisar dados do SEBRAE nos diz que em menos de cinco

anos 71 das micro e pequenas empresas fecham as portas o que demonstra em

sua perspectiva e de Sen (2000) aleacutem da fragilidade dessa categoria existe a falta

de instrumentalizaccedilatildeo e praacuteticas dos mecanismos existentes para manter os

microempreendedores na formalidade e provocar a ruptura desse quadro

0

5

10

15

20

25

30

ateacute 1ano

ateacute 2anos

ateacute 3anos

ateacute 4anos

ateacute 5 ateacute 6anos

ateacute 8anos

ateacute 11anos

()

anos de formalizaccedilatildeo

91

O aumento ou a diminuiccedilatildeo gradual das formalizaccedilotildees de micro e pequenos

empreendimentos na MRGP assim como o fortalecimento desses empreendedores

pode representar indicativos do respaldo dado pelas estrateacutegias e accedilotildees colocadas

em praacutetica com base na Poliacutetica Puacuteblica de formalizaccedilatildeo observando que

O principal objetivo das poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave consolidaccedilatildeo das MPE deve estar em assisti-las no desenvolvimento de uma competitividade genuiacutena que lhes permita aumentar gradualmente os salaacuterios estar em dia com os encargos sociais e impostos superar o imediatismo e adquirir uma perspectiva de longo prazo na gestatildeo do negoacutecio e na previsatildeo de investimentos (SACHS 2003 p 35)

Desse modo as estrateacutegias devem superar as circunstacircncias especiacuteficas de

processos burocraacuteticos ligados agrave formalizaccedilatildeo e sim expandir suas accedilotildees de

maneira que as MPE possam adquirir autonomia sustentaacutevel e desempenhar um

papel relevante na economia local

Observamos que Sachs (2003) alertava para as principais dificuldades

encontradas no desenvolvimento das MPE ―Acesso em ao creacutedito ao mercado agrave

miacutedia ao poder puacuteblico agrave classe poliacutetica e especialmente agrave tecnologia e ao

conhecimento [] (idem p 113) A falta de Acesso em a esses instrumentos

importantes restringe a capacidade de ampliaccedilatildeo da unidade de produccedilatildeo

(tecnologia de gestatildeo lucratividade rentabilidade) quanto ao de arranjos produtivos

locais

Para Albuquerque e Zapata (2010 p 2016) ―a introduccedilatildeo de inovaccedilotildees

tecnoloacutegicas e o fomento da capacidade empresarial e organizativa nos diferentes

acircmbitos territoriais satildeo variaacuteveis estrateacutegicas da poliacutetica de desenvolvimento e

podem possibilitar a reversatildeo ou minimizar as assimetrias do mercado resultantes

da competitividade desigual

434 Compras puacuteblicas e o apoio aos MEI na MRGP

Ao analisar o graacutefico baixo (GRAacuteFICO 9) observamos que vinte e trecircs

(n=23) dos respondentes disseram natildeo ter ou natildeo tiveram relaccedilotildees comerciais com

o municiacutepio Certamente que boa parte dos entrevistados natildeo possui caracteriacutesticas

comerciais para fornecer ao poder puacuteblico no entanto alguns setores dentre os

quais educaccedilatildeo eletrocircnica informaacutetica incluso nos tracircmites legais podem fornecer

92

serviccedilos para o municiacutepio No setor de comeacutercio papelarias e loja de materiais de

limpeza tecircm a possibilidade de fornecimento na compra direta dispensada de

licitaccedilatildeo descrita nos art 23 e 24 da Lei 86661993 Da mesma forma no setor de

serviccedilos observado as normas juriacutedicas

GRAacuteFICO 9 - RELACcedilOtildeES COMERCIAIS DOS MEI COM O MUNICIacutePIO NA MRGP (N=30)

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Nas licitaccedilotildees muitos respondentes (n=23) disseram natildeo manter relaccedilotildees

comerciais com o poder puacuteblico e desconhecem o funcionamento para participar do

processo O que denota a pouca extensatildeo de estrateacutegias como o Programa

―Compras Paranaacute Esse programa tem como foco otimizar o processo de licitaccedilatildeo

para empresas locais Propicia no mesmo sentido a capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios

puacuteblicos nesse processo e a capacitaccedilatildeo de fornecedores que desejam participar de

licitaccedilotildees

Para tanto na compra puacuteblica eacute indispensaacutevel a orientaccedilatildeo em licitaccedilotildees que

possam ser direcionadas agraves micro e pequenas empresas locais da regiatildeo Mas para

isso o setor puacuteblico tem que estar bem preparado assim como o empresariado local

para estabelecer a conexatildeo Segundo o entrevistado4 esta eacute uma condiccedilatildeo iacutempar no

sentido do desenvolvimento empresarial localizado

Ressaltamos que as compras puacuteblicas ou contrataccedilotildees puacuteblicas podem

conduzir e inserir os micro e pequenos empreendimentos no mercado uma vez que

a esfera puacuteblica constitui um mercado estaacutevel de relaccedilotildees comerciais quase sempre

sim

natildeo

natildeo respondeu

93

em ampliaccedilatildeo O capiacutetulo V da LC 12306 alterado pela 14714 descreve sobre os

criteacuterios a serem adotados em favorecimento agraves MPE quanto ao Acesso em ao

mercado destacando as compras e contrataccedilotildees puacuteblicas e sobre o processo de

licitaccedilatildeo

Segundo o SEBRAE 76 das MPE de Paranaguaacute natildeo participaram em

processos de compras puacuteblicas entre os anos de 2011-2014 Dessas empresas

55 desconhecem as oportunidades para comercializar com governoempresas

estatais Nesse sentido a pouca eou dificultosa informaccedilatildeo fornecida para o MEI

quanto aos serviccedilos disponibilizados pelo municiacutepio e sobre os instrumentos de

regulamentaccedilatildeo e direitos a Acesso ems facilitados dispostos na Lei Geral (12306)

poderia ser revertida pela divulgaccedilatildeo nos veiacuteculos de comunicaccedilatildeo locais - jornais

circulantes nos municiacutepios raacutedios comunitaacuterias por exemplo aleacutem dos oficiais ndash

relativo aos direitos e obrigaccedilotildees do MEI incorporado agrave sua formalizaccedilatildeo com o

propoacutesito de inseri-lo no mercado (trabalho) sua expansatildeo e sustentabilidade

Em Pontal do Paranaacute o secretaacuterio de desenvolvimento afirma que o

municiacutepio estaacute se empenhando para que as empresas locais inclusive o MEI

participem das licitaccedilotildees Para isso segundo ele a prefeitura se adequou a LC

14714 no sentido de que uma licitaccedilatildeo de determinado valor seja dividida para

facilitar o Acesso em dos microempreendedores observando igualmente a

possibilidade de pagamento de 10 a mais do valor miacutenimo para o MEI Essas satildeo

adequaccedilotildees importantes adotadas por Pontal do Paranaacute atraveacutes do Concelho

Gestor Municipal (CGM) Comenta o E8 sobre o CGM

Uniu mais a populaccedilatildeo agrave prefeitura uniu mais o microempreendedor a vender para a prefeitura Natildeo tinha ningueacutem vendendo pocirc Natildeo tinha ningueacutem fornecendo pra prefeitura Hoje noacutes temos o pequeno e microempresaacuterio fornecendo pra prefeitura Uniu os benefiacutecios e os trouxe pra prefeitura e pra comunidade neacute Um dinheiro pra circular aqui dentro e natildeo ir pra fora Por exemplo uma licitaccedilatildeo que era de ―x valor noacutes fomos quebrando ela em quatro ou cinco vezes para dar preferecircncia para o povo daqui Uma licitaccedilatildeo que era de R$ 10000000 noacutes fizemos quatro de 25 dividimosah compra o caderno de um laacutepis do outro caneta de outro Dividimos pra que o povo daqui participasse E deu certo Essa foi uma grande evoluccedilatildeo do Comitecirc Gestor (transcriccedilatildeo) (entrevistado8)

O conhecimento das bases legais de funcionamento da categoria no nosso

entendimento a ampliaccedilatildeo da qualificaccedilatildeo para lidar com o mercado e a

aproximaccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados tanto pelo setor puacuteblico quanto pelo

94

setor privado poderaacute produzir em curto prazo impactos positivos no

desenvolvimento do MEI dentro da economia de mercado

Todavia o municiacutepio de Guaratuba ainda natildeo adaptou integralmente a LC

12306 e sua alteraccedilatildeo LC 1472014 ao seu modelo de gestatildeo pois os MEI que

participaram da pesquisa (Guaratuba) relataram que o municiacutepio cobra por taxas de

alvaraacute de funcionamento32 O municiacutepio isenta esse custo somente no primeiro ano

de abertura do micro negoacutecio contrariando dessa forma o disposto no art 4ordm sect3ordm

da LC 1472014

[] ficam reduzidos a 0 (zero) todos os custos inclusive preacutevios relativos agrave abertura agrave inscriccedilatildeo ao registro ao funcionamento ao alvaraacute agrave licenccedila ao cadastro agraves alteraccedilotildees e procedimentos de baixa e encerramento e aos demais itens relativos ao Microempreendedor Individual incluindo os valores referentes a taxas a emolumentos e a demais contribuiccedilotildees relativas aos oacutergatildeos de registro de licenciamento sindicais de regulamentaccedilatildeo de anotaccedilatildeo de responsabilidade teacutecnica de vistoria e de fiscalizaccedilatildeo do exerciacutecio de profissotildees regulamentadas (grifo nosso)

O apoio ao MEI eacute fundamental pois esse tecido empresarial (MPE)

segundo autores como Sachs (2003) Albuquerque e Zapata (2010) e Sen (2000)

respondem por boa parte dos empregos e da renda da populaccedilatildeo Para o SEBRAE

(2014) 52 dos empregos formais no Brasil estatildeo nas micro e pequenas

empresas o que corresponde agrave significativa importacircncia dessa categoria

empresarial no desenvolvimento da economia brasileira

As observaccedilotildees e alteraccedilotildees contidas na LC 14714 representam avanccedilos

significativos na perspectiva do desenvolvimento dando maior envergadura social agrave

LC 12306 Esse dispositivo legal possui impacto positivo fundamental para

aumentar as oportunidades do MEI a se manter na formalidade pela inovaccedilatildeo na

reduccedilatildeo de barreiras de Acesso em ao mercado e agrave competitividade

Dentre os principais dispositivos contidos na LC 14714 incorporados a

outras ferramentas descritas na LC 12808 estatildeo

a Tributaccedilatildeo reduccedilatildeo a zero dos custos para o MEI (art 4ordmsect 1ordm e sect 3ordm)

b Desburocratizaccedilatildeo tratamento diferenciado pelos optantes do Simples

Nacional Cadastro uacutenico do CNPJ dispensados os demais cadastros

estaduais e municipais (art 1ordm inciso 4ordm)

32

Essa informaccedilatildeo foi confirmada pelo setor de fiscalizaccedilatildeo do municiacutepio de Guaratuba

95

A debilidade de uma microempresa ou ateacute a sua falecircncia pode acarretar

natildeo somente numa estatiacutestica de dados econocircmicos mas em resultados

socialmente negativos A microempresa eacute o trabalho do MEI seu sustento e de sua

famiacutelia suas necessidades baacutesicas satildeo satisfeitas atraveacutes de seu trabalho que eacute o

substrato da sua dignidade

O trabalho eacute uma dimensatildeo da vida essencial para a realizaccedilatildeo da humanidade lembra Joatildeo Paulo II na enciacuteclica Laboren Exercens A enciacuteclica papal observa que o valor do trabalho localiza-se na pessoa que o realiza natildeo podendo portanto ser compreendido como uma forccedila anocircnima de produccedilatildeo com o trabalhador equiparado a mero instrumento a serviccedilo do capital (BROM 2006 p 55)

Outra ferramenta possiacutevel associada a outros dispositivos que convertam no

fomento dos micro e pequenos empreendimentos eacute o Acesso em ao creacutedito como

forma de capital gerador de expansatildeo econocircmica assinalado por Sachs (2003) Sen

(2000)

435 O Acesso em ao creacutedito aos MEI no Litoral do Paranaacute

O capiacutetulo IX da LC 12306 introduz na legislaccedilatildeo brasileira em

consonacircncia com o art 170 e 179 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 dispositivos

essenciais ao estiacutemulo ao creacutedito e ao microcreacutedito para micro e pequenas

empresas abrindo espaccedilo para inauguraccedilatildeo de formas e metodologias especiacuteficas

externas ao sistema creditiacutecio convencional o que caracteriza a concepccedilatildeo de

universalizar o creacutedito

Segundo a legislaccedilatildeo pertinente o sistema de creacutedito brasileiro deveraacute criar

linhas especiais de creacutedito a atender a demanda dos micro e pequenos

empreendimentos ―[] objetivando a reduccedilatildeo do custo de transaccedilatildeo a elevaccedilatildeo da

eficiecircncia alocativa o incentivo ao ambiente concorrencial e a qualidade do conjunto

informacional [] (LC 15516 art 57)

A posiccedilatildeo do sistema puacuteblico de creacutedito facilitado eacute fundamental na

intervenccedilatildeo do creacutedito frente ao sistema aberto convencional Atraveacutes do sistema

creditiacutecio com vinculaccedilatildeo federal ndash Caixa Econocircmica Federal (CEF) Banco Nacional

de Desenvolvimento Social (BNDES) Banco do Brasil (BB) (art 58 LC 15516) - e

dos bancos comerciais puacuteblicos estaduais abre-se espaccedilo para a inclusatildeo no

sistema de creacutedito agraves pessoas que natildeo possuiacuteam Acesso em ao serviccedilo Dessa

96

forma os bancos comerciais puacuteblicos passam a ser considerados atores importantes

nas poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento posto seu ponto estrateacutegico na alocaccedilatildeo

de creacutedito caracterizado como insumo necessaacuterio agrave ampliaccedilatildeo das oportunidades e

expansatildeo econocircmicas

A CEF o BB ndash entidades federalizadas ndash e o Fomento Paranaacute ndash entidade

estadual - satildeo os principais atores dentro da poliacutetica de Acesso em ao sistema de

creacutedito e microcreacutedito que atuam diretamente na MRGP

O art 62 da PLC 12306 a exemplo orienta o Banco Central a intervir na

ampliaccedilatildeo e facilidades agraves linhas de creacuteditos para os MEI e MPE que em

contrapartida estimularia a competiccedilatildeo bancaacuteria A disponibilizaccedilatildeo e a facilitaccedilatildeo

ao creacutedito ou ao microcreacutedito por instituiccedilotildees financeiras privadas ou estatais como

o banco do Brasil (BB) o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) pela Caixa

Econocircmica Federal33 (CEF) e outras instituiccedilotildees financeiras alinhadas ao

microcreacutedito estaacute respaldada no sect2o do art62 e nos art 57 58 59 e 60 da

supracitada PLC bem como na Lei federal 111102005 Esta institui o Programa

Nacional de Microcreacutedito Produtivo Orientado (PNMPO) ―com o objetivo de incentivar

a geraccedilatildeo de trabalho e renda entre os microempreendedores populares (BRASIL

2005)34

O microcreacutedito segundo o SEBRAE consiste no fornecimento de creacutedito

aos microempreendedores que natildeo possuem Acesso em ao sistema financeiro

tradicional e estaacute inserido no contexto da microfinanccedila destinado agraves pessoas de

baixa renda Ainda segundo o SEBRAE suas principais caracteriacutesticas satildeo

A) ausecircncia de garantias reais jaacute que a maioria das transaccedilotildees tem como garantia o aval solidaacuterio b) Concessatildeo de creacutedito aacutegil e adequado ao ciclo de negoacutecios do empreendimento c) Baixo custo de transaccedilatildeo devido agrave proximidade entre a instituiccedilatildeo e o tomador dos empreacutestimos e agrave inexistecircncia de burocracia d) Accedilatildeo econocircmica com forte impacto social na comunidade e) Elevado custo operacional para a instituiccedilatildeo fornecedora dos recursos f) Metodologia especiacutefica que consiste na concessatildeo assistida do creacutedito (wwwsebraecombr)

O SEBRAE (2012) evidenciou que no Brasil em 2011 12 dos MEI

buscaram linhas de creacutedito em instituiccedilotildees financeiras e 88 natildeo recorreram ao

33

Os encargos da Caixa Econocircmica Federal constituem 1) taxa de juros 295 ao mecircs 2) taxa de abertura de creacutedito (TAC) 3 do valor do contrato 3) Aliacutequota zero sobre o Imposto sobre Operaccedilotildees de Creacutedito (IOF) 34

O BNDES proporciona um creacutedito de ateacute R$ 2000000 por cliente o Banco do Brasil R$ 1500000 (ateacute a data desse trabalho)

97

creacutedito Desses MEI 43 obtiveram empreacutestimos e 57 natildeo conseguiram

formalizar o empreacutestimo Em 2012 10 recorreram ao creacutedito sendo que 52

desses obtiveram empreacutestimos e 48 natildeo conseguiram o financiamento Em 2015

84 dos MEI natildeo procurou obter empreacutestimo junto agraves instituiccedilotildees financeiras Dos

16 que recorreram ao creacutedito 55 conseguiram o empreacutestimo e 45 natildeo

efetivaram o creacutedito

Entre os anos de 2011 e 2015 como aponta o SEBRAE houve decreacutescimo

de trecircs pontos percentuais pelos MEIS na taxa de procura por financiamentos junto

agraves instituiccedilotildees financeiras Sendo que as instituiccedilotildees puacuteblicas representam uma

parcela significativa na procura por empreacutestimos pelos Microempreendedores

individuais

Como podemos observar (TABELA 11) entre os anos 2011 e 2015 houve

reduccedilatildeo na taxa de procura entre os dois anos mas a reduccedilatildeo foi mais expressiva

na taxa de aprovaccedilatildeo Isso estaacute relacionado agraves medidas mais restritivas de creacutedito

do ano de 2015 que afetaram a poliacutetica de fomento aos MEI como aos demais

empreendedores

TABELA 11 - PROCURA E APROVACcedilAtildeO DE CREacuteDITO PELOS MEI (BRASIL)

INSTITUICcedilAtildeO DE CREacuteDITO

PROCURA POR EMPREacuteSTIMO ()

EMPREacuteSTIMO APROVADO ()

2011 2015 2011 2015

Instituiccedilotildees Financeiras Puacuteblicas 68 67 00 44 Instituiccedilotildees Privadas 27 0 22 49 Cooperativas de creacutedito 4 6 99 42

FONTE SEBRAE (20122015)

Todavia alguns dispositivos de apoio e estiacutemulos a essas categorias

empresariais descritos nas LC 12306 e LC 12808 tais como baixa tributaccedilatildeo

programas de capacitaccedilatildeo e mesmo o Acesso em ao creacutedito a exemplo que

estimulem o seu desenvolvimento seratildeo analisadas posteriormente quando

abordarmos a MRGP

O microcreacutedito produtivo consiste numa ferramenta utilizada em muitos

paiacuteses como estrateacutegia de reduccedilatildeo da pobreza na promoccedilatildeo de emprego e renda e

na consolidaccedilatildeo do aumento da capacidade produtiva de microempreendimentos

aleacutem de favorecer condiccedilotildees a melhoria de vida das pessoas mais empobrecidas e

socialmente vulneraacuteveis (PEREIRA 2006 BARONE et al 2002)

98

O microcreacutedito democratiza o Acesso em ao creacutedito fundamental para a vida moderna do qual grande parte dos brasileiros estaacute excluiacuteda A disponibilidade de creacutedito para empreendedores de baixa renda capazes de transformaacute-lo em riquezas para eles proacuteprios e para o paiacutes faz do microcreacutedito parte importante das poliacuteticas de desenvolvimento (BARONE et al 2002 p 11)

No Brasil o microcreacutedito eacute regulamentado e normatizado pela Lei

111102005 que institui o Programa Nacional de Microcreacutedito Produtivo Orientado

(PNMPO) e ―tem por finalidade especiacutefica disponibilizar recursos para o microcreacutedito

produtivo orientado (Lei 111102005 art 1ordm sect 2ordm)

O microcreacutedito produtivo orientado segundo Barone et al (2002) possui

efeito positivo junto aos tomadores de financiamento no sentido de melhoria das

condiccedilotildees habitacionais de sauacutede e alimentares da expectativa da restituiccedilatildeo da

cidadania e da auto-estima aleacutem da geraccedilatildeo de emprego e renda das famiacutelias que

fazem o uso desse instrumento

Tal posicionamento eacute defendido por Pereira (2005) posto os resultados

empiacutericos obtidos em estudos realizados no Centro de Apoio de Pequenos

Empreendimentos no Estado da Paraiacuteba (CEAPEPB) em 2005 Em suas anaacutelises

ela concluiu que o microcreacutedito proporciona a expansatildeo do ativo circulante35 e do

patrimocircnio liacutequido tendo peso significativo na consolidaccedilatildeo dos empreendimentos

(PEREIRA 2005 p 78) Percebe-se dessa maneira o impacto positivo do

microcreacutedito em paracircmetros econocircmicos aleacutem de ser uma ferramenta de

intervenccedilatildeo na exclusatildeo social Entretanto a situaccedilatildeo na MRGP apresenta um

quadro criticamente diverso A tabela abaixo (TABELA 12) expressa a regressatildeo

significativa das transaccedilotildees de creacutedito pela CEF na MRGP entre os anos 2015 e

2016

TABELA 12 - NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS E VALORES FINANCIADOS NA MRGP CEDIDOS

PELA CAIXA ECONOcircMICA FEDERAL AgraveS MPE (2015-2016)

ANO TOTAL DE CONTRATOS VALOR TATOAL (R$)

2015 13909 3759861821

2016 2756 795389276

FONTE CONTROLADORIA GERAL DA UNIAtildeO ATRAVEacuteS DO PORTAL DA TRANSPAREcircNCIA

35

O ativo circulante compreende o dinheiro em caixa os saldos bancaacuterios e todos os valores que podem ser convertidos em dinheiro imediatamente (SANDRONI 1999)

99

A diminuiccedilatildeo nos financiamentos estaacute atrelada em parte pelo baixo

desempenho da economia e por outro lado a forte restriccedilatildeo do sistema bancaacuterio no

processo de seletividade para o creacutedito Para o entrevistado3

Existe um preconceito muito grande seja por parte de associaccedilotildees seja por parte de instituiccedilotildees financeiras neacute Porque o MEI eacute um risco Como que eacute avaliado Ah ele eacute pequenininho Se ele natildeo aguenta pagar um boleto DAS como ele vai pagar a mensalidade Se ele natildeo aguenta pagar um boleto DAS como ele vai pagar um financiamento Eu vejo isso como um preconceito Mas eu natildeo tiro toda razatildeo da parte financeira (transcriccedilatildeo) (entrevistado3)

Notemos que o nuacutemero de contratantes (TABELA 12) em 2015 em relaccedilatildeo

ao nuacutemero de MPE na MRGP (TABELA 13) abaixo atingiu o percentual de 4487

No ano seguinte (2016) esse percentual reduziu sensivelmente para 814

TABELA 13 - NUacuteMERO DE MPE NA MRGP (2015-2016)

FONTE EMPRESOcircMETRO

Ainda na comparaccedilatildeo entre os dados expressos acima (TABELAS 12 e 13)

percebemos que a retraccedilatildeo nos contratos de financiamentos representou um

decreacutescimo de 2115 de ativos circulantes das MPE na MRGP o que compromete

o desenvolvimento tendo em vista que em meacutedia 95 das empresas da regiatildeo satildeo

MPE (Empresocircmetro) e geram empregos renda e tem forte impacto na produccedilatildeo de

riqueza em seus municiacutepios

Partindo das anaacutelises de Kohler (2010) observamos que o aumento da

atividade econocircmica requer a expansatildeo da capacidade de investimento o qual ele

denomina de ―investimento produtivo O investimento produtivo na concepccedilatildeo do

MUNICIacutePIO Nordm MPE

2015 2016

Antonina 1453 1581

Guaraqueccedilaba 358 400

Guaratuba 3913 4333

Matinhos 4138 4716

Morretes 1559 1703

Paranaguaacute 13612 14728

Pontal do Paranaacute 3929 4372

TOTAL 30977 33849

100

autor eacute um elemento importante na produccedilatildeo de riqueza local pois se materializa

em uma variaacutevel ex ante a poupanccedila produtiva resultado da riqueza gerada

Tratando-se do MEI as condiccedilotildees de alocaccedilatildeo de ―investimentos

produtivos- aquisiccedilatildeo de tecnologias maacutequinas estoque ndash podem ser referenciadas

na Lei Geral atraveacutes do estiacutemulo ao creacutedito

Magalhatildees Junior (2016) ao analisar o impacto dos micro - financiamentos

realizados nos municiacutepios paranaenses atraveacutes do Programa Banco do

Empreendedor Paranaacute (Fomento Paranaacute) concluiu que a adiccedilatildeo em meacutedia de 1

nos contratos de microcreacutedito junto ao Programa Banco Empreendedor Paranaacute

possibilitou o aumento da capacidade econocircmica dos municiacutepios participantes em

032 entre os anos 2010 e 2013

Os dados abaixo (TABELA 14) demonstram o nuacutemero de contratos

creditiacutecios firmados com o MEI na MRGP junto ao Fomento Paranaacute entre os anos

2014 ndash 2016 Observamos ainda a elevaccedilatildeo de 400 no nuacutemero de financiamentos

entre os anos 2015 ndash 2016 ao contraacuterio dos bancos puacuteblicos federalizados que

manifestaram reduccedilatildeo nos contratos

TABELA 14 - NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS CEDIDOS AO MEI JUNTO AO PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR DO PARANAacute (FOMENTO PARANAacute) NA MRGP (2014-2015-2016)

MUNICIacutePIO Nordm DE FINANCIAMENTOS

2014 2015 2016

Antonina 3 3 4

Guaraqueccedilaba

6

Guaratuba 5

Matinhos 4

12

Morretes 10 3 12

Pontal do Paranaacute

7

TOTAL 29 9 45

FONTE FOMENTO PARANAacute ATRAVEacuteS DO PORTAL DA TRANSPAREcircNCIAPR

Mesmo com essa expansatildeo significativa o percentual em relaccedilatildeo ao

nuacutemero de MEI na MRGP eacute pouco expressivo pois representou apenas 038 do

total dos microempreendedores em 2016

Tal qual o nuacutemero de contratos os valores financiados aumentaram

significativamente em 47630 entre os anos 2015 ndash 2016 como demonstrado

101

abaixo (GRAacuteFICO10) Esse percentual segundo um agente representante do

Programa Banco Empreendedor Paranaacute (Fomento Paranaacute) da regiatildeo deve cair

novamente em funccedilatildeo dos municiacutepios do litoral natildeo renovarem os convecircnios com o

banco supracitado

GRAacuteFICO 10- VAOLRES TOTAIS FINANCIADOS PELO MEI NA MRGP ATRAVEacuteS DO

PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR PARANAacute (FOMENTO PARANAacute) (201 ndash 2015 ndash 2016)

FONTE Fomento Paranaacute ndash elaboraccedilatildeo proacutepria ndash dados obtidos atraveacutes

do Portal da Transparecircncia

Ao analisarmos os dados do graacutefico abaixo sobre o nuacutemero de contratos

firmados junto ao sistema de creacutedito na MRGP pelos respondentes (n=30)

reparamos que vinte e quatro (n=24) dos entrevistados (GRAacuteFICO 11) disseram natildeo

ter contratado financiamentos junto agraves entidades creditiacutecias para expandir seus

negoacutecios e seis (n=6) responderam ter realizado empreacutestimo Dos respondentes que

realizaram financiamentos quatro (n=4) disseram ter utilizado como capital de giro e

dois (n=2) dos respondentes que adquiriram o financiamento relataram que o

utilizaram tanto como capital de giro como para expandir os negoacutecios e na compra

de materiais

R$26674633

R$8176690

R$47121657

2014 2015 2016

Valor contratado (R$)

102

GRAacuteFICO 11 - FINANCIAMENTOS JUNTO AO SISTEMA DE CREacuteDITO NA MRGP ()

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Um fato interessante no momento da entrevista eacute que grande parte dos

respondentes natildeo tinha conhecimento sobre essa prerrogativa estabelecida em lei e

nem mesmo disse conhecer as implicaccedilotildees que um financiamento produtivo

empregado de forma adequada pode oferecer para a melhoria das condiccedilotildees dos

microempreendimentos

436 O associativismo e os MEI na MRGP

O associativismo pode ser caracterizado como cooperaccedilatildeo para crescer

juntos Quem se associa usualmente tem objetivos em comum portanto a

cooperaccedilatildeo eacute fundamental ao avanccedilo desses objetivos

Com o escopo de incluir as MPE no processo produtivo competitivo e

saudaacutevel jaacute no art 1ordm inciso III a LC 12306 preceitua como uma das normas

descritas o Acesso em ao associativismo acentuando no capiacutetulo VIII da referida

Lei Geral que a associaccedilatildeo seraacute regulamentada sob a forma de Sociedade de

Propoacutesito Especifico (SPE)36 e ―seraacute constituiacuteda como Sociedade Limitada37 (art 56

sect2ordm inciso VII)

36

Sociedade de Propoacutesito Especiacutefico (SPE) eacute um modelo de organizaccedilatildeo empresarial pelo qual se constitui uma nova empresa limitada ou sociedade anocircnima com um objetivo especiacutefico ―cuja atividade eacute bastante restrita podendo em alguns casos ter prazo de existecircncia determinado normalmente utilizada para isolar o risco financeiro da atividade desenvolvida (SEBRAE)disponiacutevel lthttpwwwbibliotecassebraecombrchronusARQUIVOS_CHRONUSbdsbdsnsff25877ce0f2ecbca17355fc33397deea$File5189pdfgtgt Esta previsatildeo estaacute fundamentada no art 981 do Coacutedigo Civil de 2002 37

Forma societaacuteria com personalidade juriacutedica de participaccedilatildeo definida com base em seu investimento

sim

natildeo

103

Uma associaccedilatildeo tem como objetivo a manutenccedilatildeo e salvaguarda do

interesses de seus associados promovendo permanentemente os lastros de

cooperaccedilatildeo entre eles reconhecendo que para prosperar eacute necessaacuteria adequaccedilatildeo

institucional administrativa e de recursos para adaptaccedilotildees decorrentes de

mudanccedilas em cenaacuterios especiacuteficos (social economia poliacutetica)

Agraves MPE em especial aos microempreendedores individuais as concepccedilotildees

do associativismo satildeo maneiras integradas ao movimento de inclusatildeo dessa

categoria no processo mercantil uma vez que a fragilidade no Acesso em ao

mercado ao creacutedito agraves tecnologias jaacute mencionadas anteriormente as relaccedilotildees

estabelecidas na consolidaccedilatildeo associativa geram possibilidades de surgirem

externalidades tais como conexotildees comerciais fortalecimento econocircmico

benefiacutecios em funccedilatildeo das parcerias com a associaccedilatildeo dentre outras Nessa

perspectiva

o estiacutemulo agrave cooperaccedilatildeo como forma de minimizar as fraquezas estruturais que envolvem os microempreendedores se apoia na perspectiva de que os atores econocircmicos natildeo podem ser tomados como aacutetomos isolados posto que suas accedilotildees dependem de vaacuterias limitaccedilotildees advindas das relaccedilotildees estabelecidas com outras organizaccedilotildees (CERQUEIRA CUNHA MOHR SOUZA ABRAHAO FLEIG 2014 p 739)

Abaixo (GRAacuteFICO 12) estatildeo os resultados sobre a participaccedilatildeo dos

respondentes (n=30) em associaccedilotildees de representaccedilatildeo da categoria Dos

respondentes vinte e oito (n=28) responderam que natildeo satildeo membros de nenhuma

associaccedilatildeo e dois (n=2) decidiram por natildeo responder

GRAacuteFICO 12 - RESPOSTA SOBRE PARTICIPACcedilAtildeO EM ASSOCIACcedilAtildeO REPRESENTANTE DA CATEGORIA

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

sim

natildeo

natildeo respondeu

104

No litoral identificamos (QUADRO 8) as principais entidades representantes

da classe comercial e industrial as quais abrem espaccedilo para o MEI se associar

QUADRO 8- ENTIDADES REPRESENTANTES DAS CLASSES EMPRESARIAL COMERCIAL E AGRIacuteCOLA NO LITORAL DO PARANAacute

ENTIDADE DESCRICcedilAtildeO

ACIG Associaccedilatildeo Comercial e Empresarial de Guaratuba

ACIMA Associaccedilatildeo Comercial e Empresarial de Matinhos

ACIAPAR Associaccedilatildeo Comercial Industrial e Agriacutecola de Pontal do Paranaacute

ACIAP Associaccedilatildeo Comercial Industrial e Agriacutecola de Paranaguaacute

ACIAM Associaccedilatildeo Comercial Industrial e Agropecuaacuteria de Morretes

AMPEC LITORAL Associaccedilatildeo das Micro e pequenas Empresas do litoral do Paranaacute

FONTE Dados da PesquisaAssociaccedilotildees que possuem mensalidades reduzidas para os MEI

As entidades de classe descritas no quadro acima estatildeo distribuiacutedas em

todo o litoral paranaense mas destacamos a AMPEC por seu aspecto principal que

eacute uma associaccedilatildeo dos micro e pequenos empreendedores do litoral

A ASSOCIACcedilAtildeO teraacute por finalidade congregar as Microempresas Empresas de Pequeno Porte os Empreendedores Individuais e os profissionais autocircnomos formais e informais industriais comerciais agriacutecolas artesatildeos e prestadoras de serviccedilos em forma de associados optantes objetivando a promoccedilatildeo social e econocircmica estimulando o desenvolvimento e defendendo o interesse de seus associados (art 4ordm Estatuto Social AMPEC)

A AMPEC com sede em Pontal do Paranaacute na visatildeo do entrevistado2 eacute

muito importante poreacutem natildeo existe apoio do poder puacuteblico local ou de entidades que

possam contribuir para o desenvolvimento da associaccedilatildeo e de cooperaccedilatildeo conjunta

na composiccedilatildeo de estrateacutegias para aumentar a alocaccedilatildeo de recursos e

acompanhamento teacutecnico para a entidade Dessa forma o isolamento e soacute com a

arrecadaccedilatildeo dos associados natildeo tem como desenvolver accedilotildees para fortalecer a

classe Ateacute mesmo porque a inadimplecircncia segundo o entrevistado2 chega a

6038 Ainda segundo o entrevistado2 a associaccedilatildeo passou por algumas

reformulaccedilotildees administrativas posto problemas internos com respeito a recursos e

endividamento da entidade

38

O valor cobrado de mensalidade do associado eacute de R$1000 mensais (entrevistado2)

105

A AMPEC natildeo consegue atender os empreendedores seus associados Natildeo consegue ver um retorno por parte da AMPEC Nada de concreto Somente criacuteticas por parte da AMPEC [] Normalmente quando vocecirc se associa vocecirc quer crescer junto ou vocecirc tem o retorno Se vocecirc natildeo tem o retorno se vocecirc vecirc que natildeo ta criando natildeo ta juntando por que que vocecirc vai entrar NE Eu penso dessa forma o associativismo(transcriccedilatildeo) (entrevistado3)

Nas anaacutelises descritas por Cunha Mohr Souza Abrahao Fleig (2014) na

discussatildeo sobre as fraquezas e potencialidades da AMPEC o associativismo eacute

apontado como uma alternativa de melhoria das condiccedilotildees do microempreendedor

no litoral paranaense No entanto Como observa o entrevistado3 ―o associativismo

natildeo eacute aceito no litoral por questotildees culturais No sudoeste do Estado a SICREDI e o

SICOOB satildeo mais fortes que o Itauacute e o BB(transcriccedilatildeo)

Algumas estrateacutegias podem ser interessantes para o desenvolvimento do

MEI todavia elas deveriam ser adaptadas agrave realidade local como eacute o caso das

compras puacuteblicas O municiacutepio tem prazo de pagamento ateacute de 90 dias Para alguns

microempreendimentos isso se torna praticamente inviaacutevel 1) pela pouca

disponibilidade de ativos disponiacuteveis o que impossibilita a raacutepida reposiccedilatildeo dos

recursos utilizados 2) pelo fato de muitas empresas e microempreendedores natildeo

distinguirem as despesas da empresa com as da famiacutelia pois a famiacutelia depende

diretamente desses recursos (SACHS 2003)―O MEI eacute muito pequeno neacute Natildeo

consegue concorrer com os maiores Muitos MEI usam de outras atividades pra

completar a renda ou a renda do MEI eacute usada pra complementar (entrevistado2)

(transcriccedilatildeo)

437 Mobilizaccedilatildeo dos governos locais no estiacutemulo agrave categoria do MEI

Albuquerque e Zapata (2010) destacam a importacircncia de adesatildeo dos

governos locais nas poliacuteticas de desenvolvimento pois segundo os autores as

autoridades eleitas ndash municipais e estaduais ndash satildeo elementos chaves no processo

de desenvolvimento local Embora como acentuam os autores o desenvolvimento

dos territoacuterios muitas vezes eacute impulsionado por liacutederes locais (cooperativas

associaccedilotildees) jovens empresaacuterios e entidades natildeo governamentais eacute indispensaacutevel

a integraccedilatildeo dos governos locais agraves iniciativas de desenvolvimento posto que

―podem conferir a essas iniciativas algum caraacuteter institucional (idem p 216)

106

No graacutefico abaixo (GRAacuteFICO 13) estatildeo os resultados sobre o conhecimento

dos respondentes sobre estrateacutegias adotadas pelas prefeituras em apoio ao MEI na

MRGP

GRAacuteFICO 13 - CONHECIMENTODOS RESPONDENTES DE ESTRATEacuteGIAS ADOTADAS PELAS PREFEITURAS EM APOIO AO MEI NA MRGP ()

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Na leitura dos dados acima (GRAacuteFICO 13) verificamos que vinte e dois

(n=22) dos respondentes natildeo sabem informar se as prefeituras possuem accedilotildees de

apoio ao MEI

Observamos durante nossas pesquisas que dos sete municiacutepios da MRGP

cinco esforccedilaram-se em apresentar propostas de fomento das capacidades de

produccedilatildeo do MEI firmando parcerias com entidades importantes no cenaacuterio

econocircmico e de desenvolvimento como eacute o caso do SEBRAE Foram eles

Guaraqueccedilaba Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute Certamente

como constatado nas pesquisas em alguns casos Morretes e Matinhos naquele

momento pela transiccedilatildeo do chefe do executivo (eleiccedilotildees municipais) pode ter

ocorrido certo abandono das poliacuteticas setorizadas de apoio ao MEI Destacamos

ainda duas circunstacircncias importantes 1) a falta de poliacuteticas de desenvolvimento

local nos municiacutepios do litoral (SEBRAE ndash monitoramento da implementaccedilatildeo da Lei

Geral) 2) ausecircncia de poliacuteticas puacuteblicas que reduzam o imediatismo e infiram metas

0

10

20

30

40

50

60

70

80

compra derodutos e

serviccedilos doMEI

na aquisiccedilatildeode

tecnologias

cursos decapacitaccedilatildeo

processo deformalizaccedilao

natildeo soubeinformar

natildeoresponderam

107

de meacutedio e longo prazo com vistas ao desenvolvimento sustentaacutevel assinalado por

Sachs (2003) e Albuquerque e Zapata (2010)

Os pontos assinalados acima na MRGP obedecem agrave perspectiva no nosso

entendimento das poliacuteticas puacuteblicas por vezes de inclinaccedilatildeo poliacuteticapartidaacuteria

unilateral sem representaccedilatildeo de atores locais externos agrave administraccedilatildeo puacuteblica (top

down) muitas vezes alheias agraves reais necessidades da populaccedilatildeo Geralmente

essas poliacuteticas natildeo satildeo produzidas com implicaccedilotildees de meacutedio e longo prazos mas

ciacuteclicas e temporais permanecendo ateacute o teacutermino da gestatildeo municipal

Em nossas pesquisas observamos ainda que Pontal do Paranaacute eacute um dos

municiacutepios da MRGP com maior maturidade nas concepccedilotildees de desenvolvimento

local posto a extensatildeo de estrateacutegias accedilotildees e programas diversificados de fomento

das MPE em especial agrave categoria especiacutefica do MEI Esta proposta vai ao encontro

das anaacutelises de Albuquerque e Zapata (2010 p 2018) no sentido de que ―agraves vezes

uma estrateacutegia de desenvolvimento local pode se iniciar a partir da coordenaccedilatildeo

territorial de alguns programas e instrumentos setoriais de fomento definidos de

maneira central

Um ponto central nesse processo como assinalou o entrevistado8 eacute a

capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios efetivos da administraccedilatildeo puacuteblica municipal que atuam

na secretaria e na sala do empreendedor Esta estrateacutegia tem como objetivo dar

continuidade agraves propostas de desenvolvimento local isolando-se do plano partidaacuterio

denotando sentido neutro nas poliacuteticas de desenvolvimento

Na aplicaccedilatildeo do questionaacuterio percebemos que muitos dos respondentes

como constatado no graacutefico 9 desconhecem as regulamentaccedilotildees que normatizam a

categoria (Leis) os dispositivos legais que favorecem a classe do MEI quanto ao

creacutedito agraves isenccedilotildees agrave licitaccedilatildeo dentre outros instrumentos relacionados agrave sua

inserccedilatildeo e expansatildeo no mercado

Como jaacute mencionado nos municiacutepios de Guaratuba e Antonina natildeo foram

identificadas estrateacutegias de apoio ao MEI por parte do governo local com vistas agrave

inserccedilatildeo no sistema de mercado observados os dispositivos da Lei Geral

Em Guaratuba em 2009 o municiacutepio instituiu a Lei Complementar 042009

sobre o tratamento diferenciado agraves MPE no acircmbito municipal Uma das estrateacutegias

previstas na referida LC de Guaratuba foi a criaccedilatildeo do Comitecirc Gestor Municipal com

o objetivo de acompanhar a implementaccedilatildeo da LC 12306 e suas complementaccedilotildees

108

Poreacutem nas pesquisas de campo em 2016 junto agraves secretarias de

Urbanismo de Infraestrutura e Obras e do Bem Estar e Promoccedilatildeo Social assim

como o entrevistado1 desconheciam a existecircncia e atuaccedilatildeo do citado comitecirc assim

como natildeo souberam informar sobre alguma proposta referida ao MEI

Um dos avanccedilos identificados no processo de desenvolvimento empresarial

de Guaratuba foi a criaccedilatildeo em 2016 de uma agecircncia da Junta Comercial do

Paranaacute firmando parceria com o governo local e com a Associaccedilatildeo Comercial e

industrial de Guaratuba (ACIG)Tal accedilatildeo pode fortalecer o caraacuteter institucional de

poliacuteticas voltadas agraves categoria empresarial e comercial do municiacutepio Destacamos

ainda que esta foi uma accedilatildeo isolada identificada para o desenvolvimento do

ambiente empresarial da cidade

Muito embora a maioria dos municiacutepios da MRGP apresente dificuldades

orccedilamentaacuterias eacute importante frisar que o enquadramento aos dispositivos legais

inseridos na Lei Geral podem ser implantados de maneira gradual vinculados a uma

postura de desenvolvimento integrado e com metas de meacutedio e longo prazos com

provimentos de investimentos que suportem em princiacutepio estrateacutegias e accedilotildees um

pouco mais reduzidas mas no segundo momento podem ser expandidas e

melhoradas encaixadas em novas estrateacutegias e accedilotildees em concepccedilotildees de

―inovaccedilatildeo renovaccedilatildeo e transformaccedilatildeo constantes as quais estatildeo sujeitas qualquer

poliacutetica puacuteblica

438 O MEI-Patratildeo no Litoral do Paranaacute

Segundo o SEBRAE (2014) as micro e pequenas empresas em 2011 eram

responsaacuteveis por ―44 dos empregos formais em serviccedilos e aproximadamente 70

dos empregos gerados no comeacutercio (p7)

Nota-se a impressionante importacircncia desse tecido empresarial na economia

do trabalho e sua relevacircncia que pode ser considerada nas poliacuteticas de inclusatildeo

social visto a geraccedilatildeo de emprego e renda e externalidades agregadas como o

combate a miseacuteria e a pobreza extrema aleacutem do aumento da auto-estima e da

manutenccedilatildeo da dignidade das pessoas em funccedilatildeo do trabalho

109

O MEI na forma da lei explicitado no art 18C da LC 12808 poderaacute

contratar um empregado com todos os direitos e deveres atribuiacutedos na

Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho (CLT)

Observado o disposto no art 18-A e seus paraacutegrafos desta Lei Complementar poderaacute se enquadrar como MEI o empresaacuterio individual que possua um uacutenico empregado que receba exclusivamente 1 (um) salaacuterio miacutenimo ou o piso salarial da categoria profissional

Ao analisar o graacutefico abaixo (GRAacuteFICO 14) com base no questionaacuterio

identificamos que dezenove (n=19) dos MEI que participaram do questionaacuterio

responderam que natildeo possuem empregado no exerciacutecio de suas atividades oito

(n=8) responderam que possuem empregado e trecircs (n=3) natildeo responderam agrave

questatildeo

GRAacuteFICO 14 -RESPONDENTES QUE POSSUEM FUNCIONAacuteRIOS NA MRGP ()

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Se por um lado a formalizaccedilatildeo do MEI constitui um avanccedilo no enfrentamento

agrave informalidade do outro lado haacute uma reproduccedilatildeo do processo informal que foge ao

controle da poliacutetica de formalizaccedilatildeo Trabalhadores que satildeo incluiacutedos por uma

poliacutetica que tem esforccedilo em pelo menos reduzir a informalidade contribui em

parte para a precarizaccedilatildeo do trabalho contratando trabalhadores dentro do sistema

informal para exercerem atividades que permanecem fora dos preceitos do trabalho

descente

0

10

20

30

40

50

60

70

sim natildeo natildeo respondeu

110

Nesse sentido sobre os microempreendedores individuais que empregam

constatamos(GRAacuteFICO 15) que dos trabalhadores empregados pelos MEI seis

(n=6) deles exercem suas funccedilotildees na informalidade e dois (n=2) satildeo formalizados

GRAacuteFICO 15 - QUANTITATIVO DE TRABALHADORES FORMALIZADOS E NAtildeO FORMALIZADOS

EMPREGADOS PELO MEI NA MRGP ()

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Eacute importante ressaltar que nas observaccedilotildees de campo constatou-se que

333 dos empregados natildeo formalizados (n=2) eram filhos dos MEI respondentes

Dessa forma muitos MEI aleacutem de reproduzir a informalidade com forccedila de trabalho

familiar precarizando em muito as condiccedilotildees do trabalho comprometem o

rendimento escolar de crianccedilas e adolescentes

439 Renda bruta dos MEI entrevistados um alento agrave meacutedia

Os municiacutepios da MRGP apresentam caracteriacutesticas distintas tanto pela

economia industrial quanto pelas particularidades sazonais dos serviccedilos as quais as

cidades balneaacuterias estatildeo submetidas Segundo Monteiro (2013 p 5) a populaccedilatildeo

total dos trecircs municiacutepios pode aumentar em 400 na temporada de praia

As particularidades sazonais refletem consideravelmente nas economias dos

municiacutepios balneaacuterios pelo aumento do fluxo de pessoas na temporada de veratildeo

0

10

20

30

40

50

60

70

80

natildeo formalizado formalizado

111

responsaacutevel pelo estiacutemulo da economia local impulsionada pelo turismo Destaque

para os setores de serviccedilos e do comeacutercio Com a expansatildeo da economia nesse

periacuteodo (dezembro janeiro e fevereiro) surgem oportunidades de trabalho e renda

para a populaccedilatildeo local e o aumento de volume do comeacutercio e prestaccedilatildeo de serviccedilos

Abaixo (GRAacuteFICO 16) examinamos a renda bruta dos respondentes (n=30)

na temporada de praia e no inverno a partir do questionaacuterio A referecircncia de renda

teraacute como paracircmetro o salaacuterio miacutenimo nacional39

GRAacuteFICO 16 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS MEI RESPONDENTES COM BASE NA RENDA BRUTA TENDO COMO PARAcircMETRO DE VALOR O SALAacuteRIO MIacuteNIMO NACIONAL (2016) ()

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Ao observarmos acima (GRAacuteFICO 16) percebemos que dos respondentes

na temporada de praia quatro (n=4) ganham ateacute um salaacuterio miacutenimo por mecircs

trecircs(n=3) ganham ateacute dois salaacuteriosmecircs sete (n=7) ganham ateacute trecircs salaacuterios sete

(n=7) ganham ateacute quatro salaacuterios sete (n=7) ganham mais de quatro salaacuterios e dois

(n=2) ganham mais de cinco salaacuterios por mecircs e fora da temporada de praia quatro

(n=4) ganham ateacute um salaacuterio miacutenimo por mecircs quatro (n=4) ganham ateacute dois salaacuterios

miacutenimos por mecircs oito (n=8) ateacute trecircs salaacuterios quatro (n=4) ateacute quatro salaacuterios sete

(n=7) ganham mais de quatro salaacuterios e dois(n=2) ganham mais de cinco

salaacuteriosUm respondente natildeo se manifestou sobre a renda bruta fora do veratildeo

39

O salaacuterio miacutenimo nacional para o ano 2016 eacute de R$ 88000 tendo como base o Decreto Federal nordm 86182015

0

5

10

15

20

25

30

ateacute 1 ateacute 2 ateacute 3 ateacute 4 mais de4

mais de5

no veratildeono inverno

112

Na demonstraccedilatildeo acima (GRAacuteFICO 16) notamos que cerca de nove(n=9)

dos MEI respondentes possui rendimentos acima de quatro salaacuterios miacutenimos e

quatorze (n=14) possui variaccedilatildeo entre um e trecircs salaacuterios miacutenimos Em 201040 o

rendimento do trabalhador na MRGP era em meacutedia 245 salaacuterios miacutenimos como

indicado abaixo41 (TABELA 15)

TABELA 15 - RENDIMENTO NOMINAL MEacuteDIO DOS TRABALHADORES CONTRIBUINTES PARA A PREVIDEcircNCIA SOCIAL EM QUALQUER TRABALHO NA MRGP (2010)

MUNICIacutePIO RENDIMENTO MEacuteDIO EM SALAacuteRIO MIacuteNIMO

Antonina 227

Guaraqueccedilaba 118

Guaratuba 244

Matinhos 278

Morretes 267

Paranaguaacute 304

Pontal do Paranaacute 279

MEacuteDIA 245

FONTE IBGE ndash senso 2010

Se estabelecermos uma comparaccedilatildeo tendo como indicativo de rendimento

do trabalhador o salaacuterio miacutenimo nacional veremos que o MEI categoria de

trabalhador inclusa no sistema previdenciaacuterio (IBGE) 30 dos respondentes possui

renda meacutedia superior agrave verificada em 2010 e 467 dessa categoria permanece

proacuteximo da meacutedia analisada em 2010

4310 Capacitaccedilatildeo profissional dos MEI no Litoral do Paranaacute

Os artigos 64 e 65 da LC 12306 com base no art 149 da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 reforccedilam a necessidade de articulaccedilatildeo entre as Instituiccedilotildees

Federais de Ensino Superior (IFES) as Instituiccedilotildees Cientiacuteficas e Tecnoloacutegicas (ICT)

e as FundaccedilotildeesInstituiccedilotildees de Apoio (Lei Fed 895894) na implementaccedilatildeo de ―[]

programas especiacuteficos para as microempresas e para as empresas de pequeno

porte [] Os programas possuem objetivos de auxiliar agrave capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica e

40

O salaacuterio miacutenimo nacional em 2010 era de R$ 51000 conforme Lei 1225510 41

Utilizamos o paracircmetro de 2010 por conta da escassez de dados econocircmicos atualizados da MRGP

113

treinamento de pessoal assim como dinamizar o processo de inovaccedilatildeo e

estruturaccedilatildeo dessas categorias empresariais

O Sistema S42 a exemplo definido na paacutegina web do Senado Federal como

―Termo que define o conjunto de organizaccedilotildees das entidades corporativas voltadas

para o treinamento profissional assistecircncia social consultoria pesquisa e

assistecircncia teacutecnica que aleacutem de terem seu nome iniciado com a letra S tecircm raiacutezes

comuns e caracteriacutesticas organizacionais similares e dentro de suas competecircncias

―cumpre um papel fundamental na oferta de cursos profissionalizantes em todo o

Brasil Criadas a partir dos anos 1940 as entidades que compotildeem o sistema se

dedicam agrave formaccedilatildeo profissional em suas respectivas aacutereas de atuaccedilatildeo (induacutestria

comeacutercio agropecuaacuteria entre outras) como indica o site do Governo Federal

Dessa forma com base nas anaacutelises de Albuquerque e Zapata (2008)

compreendemos que eacute igualmente necessaacuterio para o desenvolvimento e o

incremento das potencialidades estabelecerem o fortalecimento e expansatildeo tanto

das empresas inseridas em arranjos produtivos locais com qualificaccedilatildeo do capital

humano no gerenciamento e gestatildeo dos processos socioeconocircmicos Acesso em

agraves novas tecnologias promovendo a inovaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de produtos e a

conexatildeo em redes de produccedilatildeo e escoamento dos produtos dentro e fora do

territoacuterio quanto agrave otimizaccedilatildeo desses recursos alocados ao desenvolvimento

socioeconocircmico

Para o SEBRAE (2014) em 2011 os pequenos negoacutecios atingiram o

percentual de 27 do PIB brasileiro sendo que as Micro e Pequenas Empresas

respondem por 53 4 da riqueza gerada no setor de serviccedilos

Os dados demonstram a importacircncia de incentivar e qualificar os empreendimentos de menor porte inclusive os Microempreendedores Individuais Isoladamente uma empresa representa pouco Mas juntas elas satildeo decisivas para a economia e natildeo se pode pensar no desenvolvimento do Brasil sem elas (SEBRAE 2014)

Abaixo (GRAacuteFICO 17) demonstra o quantitativo de MEI respondentes ao

questionaacuterio que participaram de cursos de capacitaccedilatildeo

42

A criaccedilatildeo das Instituiccedilotildees do sistema ―S tem como base fundamental o art 149 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e eacute composta pelo Serviccedilo Nacional de Aprendizagem do Comeacutercio (Senac) Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) Serviccedilo Social do Comeacutercio (Sesc) Serviccedilo Social da Induacutestria (Sesi) Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e Serviccedilo Social de Transporte (Sest) Serviccedilo Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop)

114

GRAacuteFICO 17- QUANTITATIVO DE MEI RESPONDENTES QUE PARTICIPARAM DE CURSOS DE CAPACITACcedilAtildeO

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Percebemos (GRAacuteFICO 17) que dezessete (n=17) dos respondentes natildeo

participaram de cursos de capacitaccedilatildeo e dez (n=10) responderam que sim Dessa

forma veremos que a maioria dos respondentes se enquadra na perspectiva de

Sachs (2003) sobre a falta de conhecimentos baacutesicos para o desenvolvimento de

suas atividades Ou seja ausecircncia de capacitaccedilatildeo necessaacuteria nos negoacutecios pode se

tornar uma barreira na sustentabilidade do microempreendimento

O principal problema enfrentado pelo MEI eacute a falta de conhecimento de mercado Eles tecircm uma boa intenccedilatildeo mas sem capacidade de gerir o negoacutecio A natildeo ser aquele que jaacute exerce sua profissatildeo e resolve se formalizar Este jaacute conhece os limites do mercado (transcriccedilatildeo) entrevistado1)

Boa parte dos MEI no momento da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio natildeo

expressava desejo em se capacitar ou mesmo participar de qualquer qualificaccedilatildeo

Um dos MEI que respondeu natildeo participar de cursos de capacitaccedilatildeo nos disse se

considerar um ―autodidata e natildeo haveria a necessidade de se capacitar

A capacitaccedilatildeo para agir no mercado aberto eacute um elemento chave como

suporte agrave expansatildeo das capacidades envolvidas em um microempreendimento

posto agrave possibilidade de conhecimento de gestatildeo e financcedilas administraccedilatildeo de

recursos estoque fluxos de mercado e competitividade

participou

natildeo participou

Natildeo respondeu

115

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Iniciamos os trabalhos de pesquisa motivados por investigar como as

organizaccedilotildees puacuteblicas mercado e organizaccedilotildees sociais tecircm constituiacutedo poliacuteticas de

formalizaccedilatildeo do trabalho e como os trabalhadores e essas organizaccedilotildees tecircm

promovido e acolhido a formalizaccedilatildeo do microempreendedor individual no litoral do

Paranaacute Para tal realizamos estudos sobre as transformaccedilotildees no mundo do trabalho

investigamos a configuraccedilatildeo socioeconocircmica e os principais problemas enfrentados

pelos trabalhadores informais na regiatildeo Tratando-se de um estudo pioneiro

enfrentamos uma seacuterie de dificuldades para a coleta de dados e entrevistas em um

setor marcado pela precariedade de informaccedilotildees e estudos sistemaacuteticos

Um traccedilo marcante no mercado de trabalho brasileiro eacute informalidade

decorrente das transformaccedilotildees no processo de produccedilatildeo promovidas pelo decliacutenio

da concepccedilatildeo keynesianafordista que culminaram nas modificaccedilotildees das relaccedilotildees

de trabalho e no deslocamento do trabalhador fabril para o setor terciaacuterio

O capitalismo no Brasil como na Ameacuterica Latina tambeacutem denominado de

capitalismo tardio foi fundamentalmente gerado a partir de forccedilas produtivas

exoacutegenas e natildeo da capacidade de produccedilatildeo endoacutegena apesar de grande parte de o

capital cafeeiro brasileiro ter sido convertido em capital industrial O setor industrial

no Brasil se expandiu rapidamente entre a segunda metade da deacutecada de 1950 e da

deacutecada de 1960 convertido por um novo padratildeo tecnoloacutegico e de acumulaccedilatildeo

No litoral paranaense o capitalismo adquiriu caracteriacutesticas diferentes do

restante do Estado como indica a literatura O poacutelo e vetor econocircmico da regiatildeo eacute o

municiacutepio de Paranaguaacute responsaacutevel por boa parte da produccedilatildeo de riquezas na

regiatildeo da geraccedilatildeo de postos de trabalho e renda pois possui o maior nuacutemero de

empresas da regiatildeo Em ponto oposto agrave Paranaguaacute temos o municiacutepio de

Guaraqueccedilaba o mais carente em recursos os quais 93 tem origem em

repasses do Estado e do Governo Federal

Muito embora com potenciais escondidos e pouco explorados passiacuteveis de

impulsionar o desenvolvimento a Microrregiatildeo Geograacutefica de Paranaguaacute eacute

considerada uma das menos desenvolvidas do Estado marcada pela ausecircncia de

poliacuteticas de desenvolvimento local altos iacutendices de pobreza e destacadas

desigualdades sociais Segundo a literatura a regiatildeo possui um Niacutevel de

Desenvolvimento Regional (NDR) classificado como Muito Baixo (MB) Ainda

116

segundo a literatura as receitas dos municiacutepios da MRGP possuem enorme

dependecircncia das transferecircncias correntes do Estado e da Uniatildeo demonstrando a

pouca capacidade na geraccedilatildeo de riquezas e de recursos necessaacuterios agrave aplicaccedilatildeo e

melhoria de serviccedilos baacutesicos para a populaccedilatildeo local tais como sauacutede e educaccedilatildeo

Alguns municiacutepios da MRGP aleacutem da dependecircncia das transferecircncias

correntes destinam boa parte de seus recursos a atenderem elites locais em um

cenaacuterio de clientelismo43

Os segmentos da economia no litoral que mais geram empregos formais satildeo

o comeacutercio setor de serviccedilos e administraccedilatildeo puacuteblica seguido modestamente pelo

setor industrial As variaccedilotildees sazonais caracteriacutesticas dos municiacutepios balneaacuterios ndash

Guaratuba Matinhos e Pontal do Paranaacute ndash produzem efeitos na economia da regiatildeo

que basicamente tem forte presenccedila do comeacutercio e do setor de serviccedilos

aumentando significativamente a oferta precarizada de emprego e renda na

temporada de veratildeo

Os municiacutepios de Guaraqueccedilaba Matinhos Pontal do Paranaacute Morretes e

Paranaguaacute estabeleceram parceria com o SEBRAE com o objetivo de criar

condiccedilotildees para a adaptaccedilatildeo da Lei Complementar 12808 Essa Lei Complementar

eacute uma Poliacutetica Puacuteblica que cria a figura juriacutedica do Microempreendedor Individual

(MEI) e estabelece criteacuterios de normatizaccedilatildeo da categoria associados a dispositivos

de apoio a esse tecido empresarial

O canal de comunicaccedilatildeo entre as prefeituras e o SEBRAE tem sido a sala

do empreendedor presente nesses municiacutepios Essa foi uma iniciativa adotada para

criar condiccedilotildees de apoio ao microempreendedor individual no sentido de orientaacute-lo

quanto agrave formalizaccedilatildeo aspectos ligados agrave referida LC e promover as bases do

desenvolvimento desse tecido empresarial A sala do empreendedor se constitui em

uma importante ferramenta natildeo soacute de amparo ao empreendedor mas em uacuteltima

anaacutelise em uma estrateacutegia de fomento ao desenvolvimento local posto que aliada

a formalizaccedilatildeo de empreendimentos que atuam na informalidade e de potenciais

empreendedores estaacute o resgate agrave cidadania pelo direito ao trabalho descente e

regularizado

Por outro lado estudos de campo evidenciaram que ao se formalizar e

empregar um terceiro o MEI tende a reproduzir a informalidade pelo trabalho

43

Ver Monteiro (2013b)

117

precarizado pelas excessivas jornadas de trabalho e pela baixa remuneraccedilatildeo De

outra forma o trabalho informal pode se concretizar para muitos trabalhadores na

uacutenica maneira de sobrevivecircncia em um mundo onde haacute decreacutescimo dos postos de

trabalho protegido pelas leis regulatoacuterias e normativas

Um dispositivo importante contido na Lei Geral eacute o Acesso em facilitado ao

microcreacutedito produtivo estendido para o microempreendedor No litoral esta

ferramenta de inclusatildeo e expansatildeo do MEI estaacute pouco explorada considerando a

diminuiccedilatildeo dos financiamentos pela Caixa Econocircmica Federal Em contra partida os

contratos creditiacutecios firmados junto ao Banco Fomento Paranaacute aumentaram nos

uacuteltimos anos mas a sua representatividade ainda eacute pouco expressiva entre os

microempreendimentos no litoral

Ao longo dos estudos verificamos que a Poliacutetica Puacuteblica de formalizaccedilatildeo do

MEI eacute uma poliacutetica de longo prazo que coaduna estrateacutegias e accedilotildees de resultados

que podem definir prazos mais longos mas em sentido imediato podem modificar a

vida desses trabalhadores Se de um lado esses trabalhadores encontraram uma

oportunidade de inserccedilatildeo no mercado de trabalho formal atraveacutes da LC 12808

constituindo seu proacuteprio negoacutecio lutando por uma vida de dignidade atraveacutes de seu

trabalho por outro lado essa classe de trabalhadores representa a forma pela qual

o Estado de maneira ilusoacuteria tenta minimizar os efeitos da exclusatildeo de milhares de

postos de trabalho em funccedilatildeo dos novos padrotildees de produccedilatildeo inseridos na

perspectiva neoliberal que aleacutem do deslocamento forccedilado dos trabalhadores agrave

informalidade produz e reproduz desigualdades sociais e econocircmicas De certa

forma como a literatura indica a LC 12808 pode ser considerada uma ferramenta

utilizada pelo Estado para regulamentar o trabalho precarizado jaacute que as bases

estruturais do desemprego natildeo satildeo atingidas

Nesse contexto observamos o sentido ambivalente da poliacutetica puacuteblica de

formalizaccedilatildeo do MEI que se de um lado o Estado percebe o alastramento da

informalidade e dos efeitos nefastos para milhares de trabalhadores brasileiros e cria

uma poliacutetica puacuteblica para enfrentar esse fenocircmeno de outro lado observamos as

dificuldades dos MEI em empreender em meio a fatores exoacutegenos como retraccedilatildeo

econocircmica e endoacutegenos como a dependecircncia de fatores locais comprometendo os

objetivos da poliacutetica puacuteblica

Os municiacutepios do litoral paranaense em sua maioria carentes de

amadurecimento das concepccedilotildees de desenvolvimento local e de recursos

118

necessaacuterios ao suporte de estrateacutegias que correspondam a uma necessaacuteria

expansatildeo das equidades e das liberdades substantivas de suas populaccedilotildees vecircem

suas capacidades limitadas em funccedilatildeo de uma economia com pouca geraccedilatildeo de

riquezas influindo na baixa tributaccedilatildeo e no alastramento de problemas sociais como

o aumento da ociosidade forccedilada da pobreza da miseacuteria da violecircncia e da

criminalidade

Concluiacutemos que a inclusatildeo social do MEI expresso no art 18E da LC

12808 depende da sua permanecircncia e sustentabilidade entre outras circunstacircncias

aleacutem do ambiente empresarial de negoacutecios do fortalecimento do mercado e da

inclinaccedilatildeo do governo local agraves concepccedilotildees de desenvolvimento Dentro dessa

perspectiva empoderar o governo local se destaca como um dos elementos

fundamentais para o desenvolvimento de poliacuteticas puacuteblicas para o MEI assim como

a preparaccedilatildeo do empresariado local para a diminuiccedilatildeo das assimetrias no ambiente

de negoacutecios

A formalizaccedilatildeo do MEI natildeo eacute um fim em si mas pode ser adequada agraves

realidades locais e suplementada garantindo e expandindo direitos jaacute conquistados

Apesar de alguns avanccedilos que possibilitem os MEI sobreviver em meio a

imensidatildeo de empresas buscando um espaccedilo no mercado em curto prazo se natildeo

intensificarem investimentos para o fortalecimento da categoria presenciaremos o

esgotamento das estrateacutegias que ainda resistem

Esperamos que os estudos que realizamos sobre o MEI no litoral do Paranaacute

sejam o iniacutecio de outras investigaccedilotildees que possibilitem a sistematizaccedilatildeo de

conhecimentos que estatildeo dispersos entre os atores puacuteblicos e privados que

desenvolvem seus esforccedilos para a formalizaccedilatildeo e viabilizaccedilatildeo do MEI Esta aacuterea de

estudos apresenta-se como um desafio em funccedilatildeo da precariedade de informaccedilotildees

para pesquisa todavia por seu caraacuteter inovador configura-se tambeacutem como

oportunidade de desenvolvimento de novos pesquisadores para a produccedilatildeo de

novos arranjos institucionais que permitam aos trabalhadores MEI a sua

formalizaccedilatildeo e viabilizaccedilatildeo no mercado

119

REFEREcircNCIAS

ALBUQUERQUE FRANCISCO Metodologia para El desarrolo econocircmico local LPIPG105 1997 Disponiacutevelem lthttparchivocepalorgpdfgts1997S9720129pdfgtAcesso em 10 dez 2015 ALBURQUERQUE FRANCISCO ZAPATA TANIAA importacircncia da estrateacutegia de desenvolvimento localterritorial no Brasil in DOWBOR Ladislau POCHMANN Marcio Poliacuteticas para o desenvolvimento local Perseu Abramo Satildeo Paulo 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwsctrsgovbrupload1353522830_A20importC3A2ncia20da20estratC3A9gia20de20desenvolvimento20local20territorial20no20Brasil20-20Alburquerque20amp20ZapatapdfgtAcesso em 02 fev 2017 ANDRIGUETTO FILHO JOSEacute MILTON MARCHIORO NILSON DE PAULA XAVIER Diagnoacutestico e problemaacutetica para a pesquisa in RAYNAUT C et al Desenvolvimento e meio ambiente em busca da interdisciplinaridade pesquisas urbanas e rurais Ed UFPR Curitiba 2002 ANTUNES RICARDO Os modos de ser da informalidade rumo a uma nova era da precarizaccedilatildeo estrutural do trabalho Serv Soc Soc Satildeo Paulo n 107 p 405-419 julset 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0101-66282011000300002gt Acesso em 16 marccedilo 2016 BARBOSA FILHO FERNANDO DE HOLANDA PESSOcircA SAMUEL (2011) Uma Anaacutelise da Reduccedilatildeo da Taxa de Desemprego Rede de Economia Aplicada WorkingPaper 28 Disponiacutevel em lthttpwwwanpecorgbrencontro000d0204295d65df3e887e93f3a4a9c934fpdfgt Acesso em 01 jul 2015 BARBOSA FILHO FERNANDO HOLANDA MOURA RODRIGO LEANDRO DE Evoluccedilatildeo Recente da Informalidade no Brasil Uma Anaacutelise Segundo Caracteriacutesticas da Oferta e Demanda de Trabalho Instituto Brasileiro de Economia FGV nordm 17 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwportalibrefgvbrlumisportalfilefileDownloadjspfileIdgtAcesso em 13 maio 2016 BARBOSA A DE FREITAS ET AL Desenvolvimento econocircmico e inclusatildeo social in POCHMANN M Reestruturaccedilatildeo produtiva perspectiva de desenvolvimento local com inclusatildeo social Petroacutepolis Vozes 2004 BARBOSA ROSANGELA NAIR DE CARVALHO Trabalho informal e Poliacuteticas Puacuteblicas para geraccedilatildeo de renda XIII Congresso Brasileiro de Sociologia do Trabalho Recife UFPE 2007 disponiacutevel em lthttpwwwsbsociologiacombrportalindexphpoption=com_docmanamptask=doc_downloadampgid=1046ampItemid=171gtAcesso em 18 nov 2015 BARONE F M LIMA P F DANTAS V REZENDE V Introduccedilatildeo ao Microcreacutedito BACEN 2002 Disponiacutevel em

120

lthttpwwwbcbgovbrhtmspublicmicrocreditomicrocreditopdfgtAcesso em 22 jan 2017 BATISTA ROBERTO LEME Uma anaacutelise criacutetica sobre as bases conceituais do PLANFOR Rede de Estudos do trabalho ndash Revista da RET ano III nordm 4 2009 disponiacutevel em lthttpwwwestudosdotrabalhoorgUma20anE1lise20crEDticapdfgtAcesso em 07 jul 2016 BRASIL Constituiccedilatildeo Federal do Brasil 1988 __________ Decreto Lei nordm 54521943 __________ Decreto Lei nordm 7188573 __________ Decreto Lei nordm 194696

__________ Decreto Lei nordm 194696 __________ Decreto Lei nordm 55982005 __________ Lei Complementar n1232006 __________ Lei Complementar n 0870

__________ Lei Complementar n 2571 __________ Lei Complementar 1282008 Brasiacutelia 2008

__________ Lei Complementar 1472014 __________ Lei Federal n 472565

__________ Lei Federal n 43301964

__________ Lei Federal n 51071966

__________ Lei Federal n 721966

__________ Lei Federal n 071970 __________ Lei Federal n 602574 __________ Lei Federal n 613674

__________ Lei Federal n 228386

__________ Lei Federal n 799890 __________ Lei Federal n 102082001

121

__________ Lei Federal n 107792003 __________ Lei Federal n 80361990 __________ Lei Federal n 111102005

__________ Lei Federal n 11598 2007

__________ Lei Federal n 104062002

__________ Lei Federal n 86661993

__________ Lei Federal n 111102005 __________ Medida Provisoacuteria 2164-41 2001

__________ MINISTEacuteRIO DO TRABALHO E EMPREGO Mercado de Trabalho Conjuntura e anaacutelise nordm 56 IPEA 2014Disponiacutevel em lthttpwwwipeagovbrportalimagesstoriesPDFgtsmercadodetrabalhobmt56_completopdfgtAcesso em 28 jul 2016

__________MINISTEacuteRIO DO TRABALHO E EMPREGO Anaacutelise do Mercado de Trabalho nordm 58 Ano 21 IPEA 2015 Disponiacutevel emlthttpwwwipeagovbrportalimagesstoriesPDFgtsmercadodetrabalhobmt_58_analisepdfgtAcesso em 28 jul 2016

__________Estudo elaborado pelo Observatoacuterio do Mercado de Trabalho do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) 2002 __________ Economia Informal Urbana IBGE 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrhomeestatisticaeconomiaecinf2003gtAcesso em 21 out 2015 __________ Resoluccedilatildeo n 12696

BRESSER PEREIRA L C A crise na Ameacuterica Latina consenso de Washington ou crise fiscal Disponiacutevel em lthttpppeipeagovbrindexphpppearticleview883820gtAcesso em 10 out 2015 BROM LUIZ GUILHERME A crise da modernidade pela lente do trabalho Satildeo Paulo Saraiva 2006

CAMINHA MARCO AUREacuteLIO LUSTOSA As metamorfoses do mundo do trabalho no final do seacuteculo XX e a atualidade da questatildeo social Jus Navigandi v 3147 p 1-5 2012 Disponiacutevel em lthttpjuscombrartigos21058as-metamorfoses-do-mundo-do-trabalho-no-final-do-seculo-xx-e-a-atualidade-da-questao-socialgtAcesso em 23 set 2015

CARDOSO DE MELLO J M O capitalismo tardio 8ordf ed Satildeo Paulo Brasiliense

122

1991 CATTANI ANTONIO DAVID Economia submersa Lua Nova [online] 1985 vol2 n2 pp 27-31 Disponiacutevel lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_pdfgtamppid=S0102-gtAcesso em 06 set 2015 CERQUEIRA C L CUNHA G C MOHR G SOUZA L J ABRAHAO C M S FLEIG D Associativismo possibilidades de inovaccedilatildeo para os microempreendedores do litoral paranaense In VIII Workshop EmpreenderSur 2014 Satildeo Paulo Educando para o Empreendedorismo e Inovaccedilatildeo Satildeo Paulo Universidade Presbiteriana Mackenzie 2014 v 1 p 728-741 Disponiacutevel lthttpemprendesurnetboletinesEmprendeSUR_viii_wpdfgtAcesso em 23 dez 2016

CHAHAD J P Z Poliacuteticas Ativas e Passivas no Mercado de Trabalho aspectos conceituais a experiencia internacional e a avaliaccedilatildeo do caso brasileiro 2006 (Convecircnio CEPALPNUDOIT - Relatoacuterio Nacional de Desenvolvimento Humano) Disponiacutevel emltlthttpdocplayercombr4431539-Politicas-ativas-e-passivas-no-mercado-de-trabalho-aspectos-conceituais-a-experiencia-internacional-e-a-avaliacao-do-caso-brasileiro-1htmlgtAcesso em17 marccedilo 2016

CHESNAIS FRANCcedilOIS A mundializaccedilatildeo do capital Satildeo Paulo Xamatilde 1996 COTRIN G histoacuteria do Brasil um olhar criacutetico Satildeo Paulo Saraiva 1999

DENARDIN V F SULZBACH M T O impacto da regulamentaccedilatildeo do mercado de trabalho frente a fragilidade orccedilamentaacuteria e do emprego nos municiacutepios do litoral do Paranaacute Universidade Federal do Rio Grande do Norte CCHLA 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwcchlaufrnbrgtAcesso em 03 jun 2016

___________ Produtos com identidade territorial o caso da farinha de mandioca no litoral paranaense In Saquet M A Santos R A Geografia agraacuteria territoacuterio e desenvolvimento Satildeo Paulo Expressatildeo Popular 2010Disponiacutevel em lthttpwwwaba-agroecologiaorgbrrevistasindexphprbagroecologiaarticle6084gtAcesso em 05 maio 2016 DESLANDES SUELI FERREIRA A construccedilatildeo do projeto de pesquisa In MINAYO Maria Ceciacutelia Pesquisa Social teoria meacutetodo e criatividadendashed 29 Petroacutepolis Vozes 2010

DENARDIN VALDIR F LAUTERT L F RIBAS C P ZANETTI R Farinha de Mandioca no Litoral Paranaense um produto com potencial agroecoloacutegico Revista Brasileira de Agroecologia v 4 p 2420-2424 2009Disponiacutevel em httpwwwabaagroecologiaorgbrrevistasindexphprbagroecologiaarticleview8626 Acesso em26 abril 2016

123

DIEESE Mercado de trabalho Satildeo Paulo 2015 Disponiacutevel em lthttpswwwdieeseorgbranuario2015sistPubLivreto1MercadoDeTrabalhopdfgt Acesso em 12 de set de 2016

DUMEacuteNIL GEacuteRARD LEacuteVY DOMINIQUE Neoliberalismo ndash Neo-imperialismo Economia e Sociedade Campinas v 16 n 1 (29) p 1-19 abr 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfgtecosv16n1a01v16n1gtAcesso em16 marccedilo 2016 ESTEVES CLAacuteUDIO JESUS DE OLIVEIRA Vulnerabilidade Socioambiental na Aacuterea de Ocupaccedilatildeo Contiacutenua do Litoral do Paranaacute ndash Brasil Tese de Doutorado ndashUFPR Curitiba 2011

FAUSTO B Histoacuteria do Brasil Satildeo Paulo Edusp 1995 FERNANDES ANTOcircNIO SEacuteRGIO ARAUacuteJO O capital social e a anaacutelise institucional e de poliacuteticas puacuteblicas RAP Rio de Janeiro 36(3) 375-98 MaioJun 2002 Disponiacutevel lthttpwwwbibliotecadigitalfgvbrojsindexphpraparticledownload64445028gt Acesso em 18 jul 2015 FERNANDES FLORESTAN Capitalismo dependente e as classes sociais na Ameacuterica Latina Rio de Janeiro Zahar 1975 FIANI RONALDO Arranjos Institucionais e Desenvolvimento O Papel da Coordenaccedilatildeo em Estruturas Hiacutebridas IPEA RJ 2013 disponiacutevel em lthttprepositorioipeagovbrbitstream110589711TD_1815pdfgtAcesso em 25 nov 2016

IANI RONALDO Cooperaccedilatildeo e Conflito Instituiccedilotildees e desenvolvimento econocircmico 01 ed Rio de Janeiro Elsevier 2011 Disponiacutevel lthttpsbooksgooglecombrbooksid=fT2tJY2rRygCamppg=PA4amplpg=PA4ampdq=instituiC3A7C3B5es+para+davis+northampsource=blampots=NDdomTfdL3ampsig=4TQ1Ux7o2dNxnLBDGGUFsDgA-w8amphl=pt-BRampsa=Xampved=0ahUKEwjMwYri8N_QAhXClZAKHXJKAA8Q6AEIPjAGv=onepageampq=instituiC3A7C3B5es20para20davis20northampf=falsegtAcesso em 25 nov 2016

FIANI RONALDO Teoria da regulaccedilatildeo econocircmica Estado atual e perspectivas futuras UFRJ-IE 2001 Disponiacutevel lthttpcac-phpunioestebrcursostoledohistoriaeconomicateoriaregulacaopdfgtAcesso em 01 dez 2016

FREY KLAUS Poliacuteticas puacuteblicas um debate conceitual e reflexotildees referentes agrave praacutetica da anaacutelise de poliacuteticas puacuteblicas no Brasil Planejamento e Poliacuteticas Puacuteblicas (IPEA) Brasiacutelia v 21 p 211-259 2000 Disponiacutevel em ltlthttpwwwufpabrepdirimagesdocspaper21pdfgtgtgtAcesso em 12 dez 2016

FUNDACcedilAtildeO GETUacuteLIO VARGAS (FGV) CPDOC A era Vargas 1927 disponiacutevel emltlthttpcpdocfgvbrnode1885gtAcesso em 03 out 2016

124

FURTADO CELSO Criatividade e dependecircncia na civilizaccedilatildeo industrial Satildeo Paulo Companhia das letras 2008 GALEANO EDUARDO As veias abertas da Ameacuterica Latina Porto Alegre LampPM 2010 HIGGINS SILVIO SALEJ Fundamentos teoacutericos do capital social Chapecoacute Argus 2005

HOumlFLING ELOISA DE MATTOS Estado e poliacuteticas (puacuteblicas) sociais Cadernos Cedes ano XXI n 55 novembro2001 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfgtccedesv21n555539pdfgtAcesso em 22 dez 2015 HOROCHOVSKI RR et al Bacharelado em Gestatildeo Puacuteblica da UFPR uma contribuiccedilatildeo ao desenvolvimento sustentaacutevel do litoral do Paranaacute Temas de Administraccedilatildeo Puacuteblica v 3 n 6 p 1-22 2012 Disponiacutevel em ltlthttpwwwfclarunespbrgtAcesso em 03 mar 2016

HOROCHOVSKI RR JUNCKES IJ CJL MURARO Participaccedilatildeo e planejamento em um programa de desenvolvimento regional sustentaacutevel Revista Brasileira de Ciecircncias Ambientais ndash Nuacutemero 20 ndash Junho de 2011 Disponiacutevel ltlthttpabesdnorgbrpublicacoesrbciambPDFgts2007_Materia_5_final_artigos280pdfgtAcesso em 28 fev 2017 KOHLER R As relaccedilotildees ente os agregados macroeconocircmicos locais In 5deg Encontro de Economia Gauacutecha 2010 Porto Alegre - RS 5deg Encontro de Economia Gauacutecha 2010 Disponiacutevel ltlthttpswwwgooglecombrsearchq=AS+RELAC387C395ES+ENTRE+OS+AGREGADOS+MACROECONC394MICOS+LOCAISamprlz=1C1CHZL_ptBRBR726BR726ampoq=AS+RELAC387C395ES+ENTRE+OS+AGREGADOS+MACROECONC394MICOS+LOCAISampaqs=chrome69i571742j0j7ampsourceid=chromeampie=UTF-8gtAcesso em 30 jan 2017

LARANJEIRA SOcircNIA MARIAGUIMARAtildeES As Transformaccedilotildees do Trabalho num Mundo Globalizado Sociologias Porto Alegre ano 2 nordm 4 juldez 2000 p14-19 Disponiacutevel lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1517-45222000000200002gt Acesso em 23 nov 2015

LIMA LUCIANA LEITE DASCENZI LUCIANO Implementaccedilatildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas Perspectivas Analiacuteticas Revista de Sociologia e Poliacutetica v 21 nordm 48 101-110 Dez 2013lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S010444782013000400006gtAcesso em 10 dez 2016

LOMBARDI MARIA ROSA Reestruturaccedilatildeo produtiva e condiccedilotildees de trabalho Percepccedilotildees dos trabalhadores Educaccedilatildeo amp Sociedade ano XVIII nordm 61 dezembro97 ndash disponiacutevel ltlthttpwwwscielobrpdfgtesv18n614699pdfgtAcesso em02 dez 2015

125

LUSTOSA FREDERICO Instituiccedilotildees cultura e desenvolvimento sustentaacutevel na bacia cultural do Araripe Cadernos Ebape Br v 8 nordm 1 artigo 9 Rio de Janeiro Mar 2010 Disponiacutevel lthttpwwwscielobrpdfgtcebapev8n1a09v8n1pdfgtAcesso em 21 jun 2015

MACHADO DANIELLE CARUSI NETO JOAtildeO HALLAK Poliacuteticas ativas e passivas de mercado de trabalho panorama atual UFF ndash CEDE RJ 2011Disponiacutevel ltlthttpwwwproacuffbrcedesitesdefaultfilesTD39_2pdfgtAcesso em 10 jan16

MACHADO LUIZ TOLEDO A teoria da dependecircncia na Ameacuterica Latina Estudos Avanccedilados 13 (35) 1999 Disponiacutevel em ltlthttpwwwscielobrpdfgteav13n35v13n35a18pdfgtAcesso em 01 jul16

MAGALHAtildeES JUacuteNIOR M Avaliaccedilatildeo de impacto do Programa Banco do Empreendedor Microcreacutedito sobre o niacutevel de atividade econocircmica dos municiacutepios paranaenses 2010-2013 Monografia de Fim de Curso em Ciecircncias Econocircmicas Universidade Federal do Paranaacute 2016

MALAGUTI MANOEL LUIZ Criacutetica agrave razatildeo informal a imaterialidade do salariado Satildeo Paulo Boitempo 2001

MARTINS JOSEacute DE SOUZA VEIGA JOSEacute ELI DA O que fazer para gerar empregos no Brasil Estud av vol17 no49 Satildeo Paulo SeptDec 2003 ndash disponiacutevel em ttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=s0103-40142003000300019Acesso em03 jun 2015

MATSUO MYRIANTrabalho informal e desemprego desigualdades sociais Tese de Doutorado em Sociologia da Universidade de Satildeo Paulo 2008 Disponiacutevel em wwwtesesuspbrtesesdisponiveis88132tde-05032010MYRIAN_MATSUOpd Acesso em 07 jul 2015 MENEGUIN FERNANDO B BUGARIN MAURIacuteCIO S A informalidade no mercado de trabalho e o impacto das instituiccedilotildees uma anaacutelise sob a oacutetica da teoria dos jogos Economia aplicada Satildeo Paulo v 12 n 3 p 341-363 2008 disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfgtecoav12n3v12n3a01Acesso em 24 set 2015

MONTEIRO RICARDO RA organizaccedilatildeo espacial no litoral paranaense Monografia conclusatildeo de curso (Poacutes graduaccedilatildeo) FAUUSP 2013a Disponiacutevel lthttpwwwfauuspbrdocentesdepprojetoc_deakAUP8406t-alun2013m313r-monteiro-litoral-paranapdfgtgtAcesso em 03 jan 2017

_____________ Regulamentaccedilatildeo urbana em revisatildeo no litoral do Paranaacute Revista brasileira de estudos urbanos e regionais Vol 15 ano 2013b Disponiacutevel em lthttpunuhospedagemcombrrevistarbeurindexphpanaisarticleview4241Acesso em 03 jan 2017

126

MORAES R ESTADO mercado e outras instituiccedilotildees reguladoras Lua Nova revista de cultura e poliacutetica nordm 58 2003 - lthttpwwwscielobrpdfgtlnn58a07n58pdfgtgtAcesso em 10 dez 2015

MOTTA VAcircNIA CARDOSO DA Ideologias do capital humano e do capital social da integraccedilatildeo agrave inserccedilatildeo e ao conformismo TrabEducSauacutedev6 n3p549-571nov2008fev2009 disponiacutevel em wwwscielobrscielophppid=S1981-77462008000300009ampscript=scitlngAcesso em 10 de maio 2015

NASCIMENTO MCG Regularizaccedilatildeo fundiaacuteria urbana de interesse social no direito brasileiro Dissertaccedilatildeo de Mestrado Faculdade de Direito da Universidade de Satildeo Paulo SP 2013 (P 19-26) wwwtesesuspbrDissertacao_Final_Mariana_Chiesa_Gouveia_NascimentopdfgtgtAcesso em 15 jan 2017

NASSIF V M J et al Empreendedorismo por Necessidade O Desemprego como Impulsionador da Criaccedilatildeo de Novos Negoacutecios no Brasil Pensamento e realidade 144 Ano XII mdash v 24 n 12009 disponiacutevel em lthttprevistaspucspbrindexphppensamentorealidadearticleview70755116 Acesso em12 fev 2017

NOGUEIRA MAURO ODDO PEREIRA LARISSA DE SOUZA As Empresas de Pequeno Porte e a produtividade sistecircmica da economia brasileira Obstaacuteculo ou fator de crescimento Disponiacutevel em lthttprepositorioipeagovbrbitstream1105842571Radar_n38_empresaspdfgtgtAcesso em 03 set 2015 WOLFF SIMONE Desenvolvimento local empreendedorismo e ―governanccedila urbana onde estaacute o trabalho nesse contexto Caderno CRH Salvador v 27n 70 p 131-150 JanAbr 2014 disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S010349792014000100010amplng=ptampnrm=isoamptlng=ptAcesso em11 dez 2016

OFFE CLAUS Problemas estruturais do estado capitalista Rio de Janeiro Ed Tempo Brasileiro 1984

OLIVEIRA EDNEacuteIA ALVES DE A poliacutetica de emprego no Brasil O caminho da flexinseguranccedila Serv Soc Soc Satildeo Paulo n 111 p 493-508 julset 2012 lthttpwwwscielobrscielophppid=S0101-66282012000300006ampscript=sci_arttext Acesso em23 jun 2015 OLIVEIRA FRANCISCO A DE A economia da dependecircncia imperfeita Rio de Janeiro Graal 1984

OLIVEIRA FARLEI MARTINS RICCIO Controle das legitimidades de Poliacuteticas Puacuteblicas limites e possibilidades Revista de Direito Administrativo v247 2008 lthttpbibliotecadigitalfgvbrojsindexphprdasearchsearch Acesso em 03 dez 2016

127

OLIVEIRA MAXWELL FERREIRA DE Metodologia Cientiacutefica um manual para a realizaccedilatildeo de pesquisas em administraccedilatildeo Catalatildeo UFG 2011 Disponiacutevel em lthttpsadmcatalaoufgbrup567oManual_de_metodologia_cientifica_-_Prof_Maxwellpdfgt Acesso em 03062015 OLIVEIRA VANESSA E As fases do processo de poliacuteticas puacuteblicas In MARCHETTI V (Org) Poliacuteticas Puacuteblicas em debate Satildeo Bernardo do Campo ABCD Maior UFABC 2013

PAIVA LUIS HENRIQUE O dilema do financiamento orccedilamentaacuterio das poliacuteticas puacuteblicas de emprego IPEA Mercado de trabalho2006 disponiacutevel emlthttpwwwipeagovbragenciaimagesstoriesPDFgtsmercadodetrabalhomt_30epdfgtgtAcesso em04 jan 16 PARANAacute Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social Disponiacutevel httpwwwipardesgovbrindexphppg_conteudo=1ampcod_conteudo=30 Acesso 08 nov 16

PARANAGUAacute 2007 Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado de Paranaguaacute FUNPAR UFPR vol I ndash Anaacutelises Temaacuteticas e Diagnoacutesticos ndash contexto Municipal Disponiacutevel emlthttpwwwparanaguaprgovbrplano_diretor+20PLANO20DIRETORPDFgtPDDI20-20Volume20I-20AnC3A1lise20e20DiagnC3B3sticopdfgtgtAcesso em 01 ago 2016

________ Dec Municipal 8872013 PARIS KELLY E Efeitos da implementaccedilatildeo de poliacuteticas de incentivo a microempresas e empresas de pequeno porte estudo de caso da Microrregiatildeo de Paranaguaacute Trabalho de Conclusatildeo do Curso de bacharelado em Poliacuteticas Puacuteblicas da UFPR - Setor Litoral Matinhos 2015

PASTORE J As Mudanccedilas no Mundo do Trabalho - Leituras de Sociologia do Trabalho Curitiba LTR 2006 PEREIRA G D DE O Efeitos do microcreacutedito sobre o fortalecimento dos microempreendimentos e sobre as condiccedilotildees de vida dos microempreendedores Um estudo do CEAPEPB no periacuteodo de 2001 a 2004 Dissertaccedilatildeo de mestrado em economia pela Universidade federal da Paraiacuteba 2005 Disponiacutevel em lthttpportalfatmtegovbrwp-contentuploads201604efeitos_microcredito_fortalecimento_microempreendimentospdfgtgtAcesso em12 jan 2017 PEREIRA A P P Necessidades humanas subsiacutedios a criacutetica dos miacutenimos sociais 3ordf Ed Satildeo Paulo Cortes 2006

POCHMANN M O emprego na globalizaccedilatildeo a nova divisatildeo internacional do trabalho e os caminhos que o Brasil escolheu Satildeo Paulo Boitempo 2001

128

RIFKIN J O fim dos empregos o decliacutenio inevitaacutevel dos niacuteveis dos empregos e a reduccedilatildeo da forccedila global de trabalho Satildeo Paulo Makron Books 1996

ROGGERO RUma leitura sobre o desenvolvimento do setor terciaacuterio no movimento contemporacircneo do capital Texto retirado da web lthttpwwwsenacbrinformativobts243boltec243ahtmgtAcesso em 07 abril 2016 SACHS I Desenvolvimento includente sustentaacutevel sustentado Rio de Janeiro Garamond 2004 ________Inclusatildeo social pelo trabalho desenvolvimento humano trabalho descente e o futuro dos empreendedores de pequeno porte Rio de Janeiro Garamond 2003 ________ Rumo agrave ecossocioeconomia teoria e praacutetica Satildeo Paulo Cortez 2007 SANDRONI Paulo Noviacutessimo dicionaacuterio de economia Satildeo Paulo Best Seller 1999 httpsinusorgbr2014wp-contentuploads201311FMIBMNovC3ADssimo-DicionC3A1rio-de-Economiapdfgt Acesso em 02 jan 2017

SANTOS JOAtildeO BOSCO FEITOSA DOS MACIEL REGINA HELOISA MATTEI DE OLIVEIRA SATO LENY Trabalhadores informais e a formaccedilatildeo de redes socioprodutivas (RSP) consideraccedilotildees teoacuterico-empiacutericas Contemporacircnea ISSN 2236-532X v 4 n 2 p 325-350 JulndashDez 2014 ndash disponiacutevel em lthttpwwwcontemporaneaufscarbrindexphpcontemporaneaarticleview251gtAcesso em15 abril 2016 SANTOS GEOacuteRGIA PATRIacuteCIA GUIMARAtildeES DOS Desemprego informalidade e precariedade a situaccedilatildeo do mercado de trabalho no Brasil poacutes-1990 Pro-Posiccedilotildees v 19 n 2 (56) - maioago 2008 Disponiacutevel em ltwwwproposicoesfeunicampbrproposicoes56-artigos-santosgpgpdfgtAcesso em03 maio 2016 SCHEUER L BAHL M Sazonalidade do turismo no municiacutepio de Guaratuba Paranaacute Brasil UFPR Curitiba 2011 Disponiacutevel em httprevistasufprbrraegaarticleview24841 Acesso em08 abril 2016

SCHNEIDER VOLKER Redes de poliacuteticas puacuteblicas e a conduccedilatildeo de sociedades complexas Civitas v 5 nordm 1 janjun 2005 Disponiacutevel em lthttpdocplayercombr3686041-Redes-de-politicas-publicas-e-a-conducao-de-sociedades-complexashtmlgt Acesso em 21012017 SEBRAE Cidade Empreendedora 2013 Disponiacutevel em lthttpsitesprsebraecombrleigeralwp-contentuploadssites35201402Termo_referencia_2013-2ultimaversaopdfgtAcesso em 20 nov 2016

SEBRAE Participaccedilatildeo das micro e pequenas empresas na economia brasileira Brasiacutelia 2014 Disponiacutevel

129

lthttpswwwsebraecombrSebraePortal20SebraeEstudos20e20PesquisasParticipacao20das20micro20e20pequenas20empresaspdfgtAcesso em 20 nov 2016

SEBRAE Sobrevivecircncia das empresas no Brasil 2013 disponiacutevel em lthttpswwwsebraecombrSebraePortal20SebraeAnexosSobrevivencia_as_empresas_no_Brasil=2013pdfgtAcesso em 17 jul 2015

SEN A Desenvolvimento com liberdade Satildeo Paulo Companhia das Letras 2000 SILVA MARCIA DA Poder local conceito e exemplos de estudos no Brasil Sociedade amp Natureza Uberlacircndia 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfgtsnv20n2a04v20n2pdfgtAcesso em 03 fev 2017

SILVEIRA DENISE TOLFO COacuteRDOVA FERNANDA PEIXOTO A pesquisa cientiacutefica in Meacutetodos de pesquisa [organizado por] Tatiana EngelGerhardt e Denise Tolfo Silveira Porto Alegre Editora da UFRGS 2009 Disponiacutevel lthttpwwwufrgsbrcursopgdrdownloadsSeriederad005pdfgtAcesso em26 jun 2015 SOUZA D Poliacuteticas Publicas de Trabalho Emprego e Renda as accedilotildees dos governos e as loacutegicas do apoio agrave informalidade e agrave carteira assinada In I Conferecircncia Nacional de Poliacuteticas Puacuteblicas Natal 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwcchlaufrnbrcnpppgsanaisArquivos20GTS20-20recebidos20em20PDFgtPOLC38DTICAS20PC39ABLICAS20DE20TRABALHO20EMPREGO20E20RENDApdfgtAcesso em25 fev 2016 SOUZA C Poliacuteticas Puacuteblicas uma revisatildeo da literatura Sociologias Porto Alegre ano 8 nordm 16 juldez 2006 p 20-45 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfgtsocn16a03n16gtAcesso em02 maio 2015

SUPERVIELLE MARCOS QUINtildeONES MARIELA La instalacioacuten de la flexibilidad en Uruguay Sociologias Porto Alegre ano 2 nordm 4 juldez 2000 p20-6 Disponiacutevel lthttpwwwscielobrpdfgtsocn4socn4a03pdfgt 10 ago 2016 SULZBACH MAYRA TAIZA DENARDIN VALDIR FIGO FELISBINO JANELIZE NASCIMENTO O trabalho em pequenos municiacutepios praianos do Litoral do Paranaacute Plural Revista do Programa de Pos-Graduacao em Sociologia v 1 p 101-132 2012 Disponiacutevel lthttpolivadcwixsitecomsociologiaspluraisespecial-1gt Acesso em06 out 2016 TEIXEIRA ELENALDO CELSO O Papel das Poliacuteticas Puacuteblicas no Desenvolvimento Local e na Transformaccedilatildeo da Realidade Salvador Bahia 2002 lthttpwwwescoladebicicletacombrpoliticaspublicaspdfgtAcesso em 08 abril 2016 TREVISAN EDINEIA DE SOUZA LIMA JANDIR FERRERA DE Crescimento e desigualdade regional no Paranaacute um estudo das disparidades de PIB per capita Revista Ciecircncias Sociais em Perspectiva vol 09 nordm 16 2010 lthttpe-revistaunioestebriacutendexphpccsaemperspectivagt Acesso em 01 jan 2017

130

TURATO EGBERTO RIBEIRO Meacutetodos qualitativos e quantitativos na aacuterea da sauacutede definiccedilotildees diferenccedilas e seus objetos de pesquisa Ver Sauacutede Puacuteblica 2005 39(3) 507-14 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfgtrspv39n324808pdfgt Acesso em 26 jul 2015 TURRA SALATIEL BACcedilO FERNANDA MENDES BEZERRA Identificaccedilatildeo do niacutevel de desenvolvimento regional das microrregiotildees paranaenses por meio da anaacutelise fatorial Revista de Economia v 40 n 1 (ano 38) p 97-114 janabr 2014 Disponiacutevel emlthttprevistasufprbreconomiaarticleviewFile3520524249gt Acesso em 01 out 2016

131

SIacuteTIOS DIGITAIS

lthttpcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=410120ampidtema=152ampsearch=parana|antonina|produto-interno-bruto-dos-municipios-2013 lthttpcidadesibgegovbrxtrasperfilphpcodmun=410960 lthttpwwwipardesgovbrperfil_municipalMontaPerfilphpcodlocal=11ampbtOk=ok lthttpwwwipardesgovbrpdfgtmapasbase_fisicarelacao_mun_micros_mesos_paranapdfgtgt lthttpwwwforumpermanentesmpegovbr lthttpempresometrocncorgbrEstatisticas lthttpwwwsidraibgegovbrbdapesquisaspme lthttpwww12senadolegbrnoticiasglossario-legislativosistema-s lthttpwwwcepalorgbrasilnoticiasnoticias334013politicasativasepassivasnomercadodetrabalhochahadpdfgtgt lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto-leiDel5452htm lthttpscpdocfgvbrproducaodossiesAEraVargas1anos30-37PoliticaSocialMinisterioTrabalho lthttpwwwsenaiprorgbrosenaiconhecaFreeComponent20291content169224shtl lthttpwwwsenacbrinstitucionalsenacaspx lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis1950-1969L4725htm lthttpwwwdieeseorgbranuario2015sistPubLivreto1MercadoDeTrabalhopdfgtgt lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decretoD1946htm lthttpwwwbndesgovbrapoiopronafhtml lthttpportalfatmtegovbrwp-contentuploads201602Res103_1996pdfgtgt lthttpappprsebraecombrleigeralnacionalMonitoramentoLeiGeraldo lthttpappprsebraecombrleigeralnacionalVisualizarQuestionariodoacao=CARREGA_AVALIACAOampano=2017ampcodigoEstado=16ampcodigoMunicipio=6133 lthttpswwwsebraecombrSebraePortal20SebraeEstudos20e20PesquisasParticipacao20das20micro20e20pequenas20empresaspdfgtgt

132

lthttpwwwbrasilgovbreconomia-e-emprego201001maior-participacao-dos-bancos-comerciais-publicos-no-mercado-e-positiva-diz-diretor-do-sebrae lthttpseconomiauolcombrcotacoescambiodolar-comercial-estados-unidoshistorico

133

APEcircNDICES

APEcircNDICE 1 ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Tiacutetulo da Pesquisa Nome doPesquisador

1 Natureza da pesquisa

2 Participantes da pesquisa

3 Envolvimento na pesquisa ao participar deste estudo a sra (sr) permitiraacute que o (a) pesquisador perguntas agrave natureza da pesquisa O senhor (a) tem liberdade de se recusar a participar e ainda se recusar a continuar participando em qualquer fase da pesquisa sem qualquer prejuiacutezo para a sra (sr)

4 Sobre as entrevistasas entrevistas seratildeo gravadas

5 Riscos e desconforto a participaccedilatildeo nesta pesquisa natildeo traz complicaccedilotildees

legais

6 Confidencialidadetodas as informaccedilotildees coletadas neste estudo satildeo estritamente confidenciais Somente o (a) pesquisador (a) e o (a) orientador (a) teratildeo conhecimento dos dados

Apoacutes estes esclarecimentos solicitamos o seu consentimento de forma livre

para participar desta pesquisa Portanto preencha por favor os itens que se seguem

Obs Natildeo assine esse termo se ainda tiver duacutevida a respeito

Consentimento Livre e Esclarecido Tendo em vista os itens acima apresentados eu de forma livre e

esclarecida manifesto meu consentimento em participar da pesquisa Declaro que recebi coacutepia deste termo de consentimento e autorizo a realizaccedilatildeo da pesquisa e a divulgaccedilatildeo dos dados obtidos neste estudo

___________________________ Nome do Participante da Pesquisa ______________________________ Assinatura do Participante da Pesquisa __________________________________ Assinatura do Pesquisador _________________________________

134

Assinatura do Orientador APEcircNDICE 2 ndash QUESTIONAacuteRIO PARA O MEI

Curso de Mestrado em Desenvolvimento Territorial Sustentaacutevel UFPR- Setor Litoral

Mestrando Marcus Aureacutelio O objetivo desse questionaacuterio eacute obter dados estatiacutesticos de base quantitativa e

qualitativa que seratildeo utilizados em minha dissertaccedilatildeo

Obrigado por colaborar

QUESTIONAacuteRIO PARA O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI)

1 Qual eacute a aacuterea econocircmica de atuaccedilatildeo____________________________________ 2 Haacute quanto tempo estaacute formalizado______________________________________

3 Renda bruta mensal em salaacuterio miacutenimo

Na temporada de praiade ateacute ( ) 1 salaacuterio ( ) 2 salaacuterios ( ) 3 salaacuterios ( ) 4 salaacuterios ( ) maior que 5 salaacuterios miacutenimos

Fora da temporada de ateacute ( ) 1 salaacuterio ( ) 2 salaacuterios ( ) 3 salaacuterios ( ) 4 salaacuterios ( ) maior que 5 salaacuterios miacutenimos

4 Obteve financiamento junto agraves instituiccedilotildees de creacutedito facilitado ( ) sim ( ) natildeo

Se sim o financiamento foi utilizado ( ) na expansatildeo dos negoacutecios ( ) capital de giro ( ) compra de materiais ( ) todos os itens anteriores

5 Possui ou jaacute possuiu relaccedilatildeo comercial com o Municiacutepio Estado ( ) sim ( ) natildeo 6 Participa de alguma associaccedilatildeo ( ) sim ( ) natildeo

7 Com a regularizaccedilatildeo do MEI sua situaccedilatildeo socioeconocircmica melhorou ( ) sim ( ) natildeo - (Em que

sentido)______________________________________ _____________________________________________________________

_____ _____________________________________________________________

_____ 8 Vocecirc deixaria de ser MEI por um emprego formalizado com carteira assinada e

salaacuterio mensal ( ) sim ( ) natildeo ndash (por

que)_____________________________________________ _____________________________________________________________

_____ 9 Vocecirc jaacute participou de algum curso de capacitaccedilatildeo ( ) sim ( ) natildeo

10 Jaacute realizou consultoria com agentes do SEBRAE ou Agentes de Desenvolvimento do Municiacutepio disponiacuteveis na Sala do Empreendedor

( ) sim ( ) natildeo 11 Suas atividades satildeo realizadas em

( ) sua residecircncia ( ) imoacutevel alugado ( ) imoacutevel proacuteprio 12 Vocecirc possui outra atividade aleacutem de ser MEI ( ) sim ( ) natildeo

13 Na sua opiniatildeo a prefeitura tem auxiliado a categoria do MEI no seu desenvolvimento atraveacutes de

( ) compra de produtos e serviccedilos do MEI ( ) no processo de formalizaccedilatildeo ( ) promoccedilatildeo de cursos de capacitaccedilatildeo para o MEI ( ) incentivo agrave aquisiccedilatildeo de

tecnologias pelos MEI ( ) natildeo sabe informar se a prefeitura possui esses programas de incentivo

14 Vocecirc possui funcionaacuterio para o exerciacutecio da sua atividade ( ) sim ( ) natildeo

135

Se a resposta for sim ele eacute formalizado ( ) sim ( ) natildeo

15 Na sua opiniatildeo quais accedilotildees que a prefeitura poderia realizar para auxiliar o desenvolvimento da

categoria do MEI ____________________________________________________

Page 4: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …

AGRADECIMENTOS

Ao Profordm Dr Ivan Jairo Junckes que embora com outros compromissos

assumiu a responsabilidade em me orientar e pela sua compreensatildeo e colaboraccedilatildeo

fundamentais na concretizaccedilatildeo desse trabalho que sem a sua dedicaccedilatildeo e

paciecircncia natildeo teria conseguido concluir

Agrave Profordf Dra Cinthia Maria Sena Abraatildeo que formidavelmente me orientou no

iniacutecio dessa dissertaccedilatildeo

Aos Professores do PPGDTS pelas aulas e o aprendizado durante o curso

Ao Joatildeo Rafael prestativo e esclarecedor

Aos meus amigos (as) de turma que de alguma maneira contribuiacuteram nessa

jornada

A todos os participantes das entrevistas (colaboradores) Agentes de

Desenvolvimento junto agraves salas do empreendedor

A todos os Microempreendedores Individuais que aceitaram colaborar com

esse trabalho

RESUMO

A partir da primeira deacutecada de 1970 o conceito keynesianismofordismo entrou em decliacutenio concorrendo para mudanccedilas estruturais de gerenciamento alocaccedilatildeo de recursos humanos reorganizaccedilatildeo do espaccedilo Dentro desse contexto haacute o deslocamento compulsoacuterio do trabalhador fabril para as mais diversas atividades no mercado de trabalho no setor terciaacuterio Boa parte das atividades desempenhadas pelos trabalhadores desse setor eacute desenvolvida na informalidade No Brasil para reverter o quadro de alastramento e superlativaccedilatildeo do setor informal foi criada a Lei Complementar12808 que formaliza a figura do Microempreendedor Individual (MEI) Na implantaccedilatildeo dessa poliacutetica puacuteblica estaacute prevista uma seacuterie de dispositivos que tem o objetivo de auxiliar na sustentabilidade e expansatildeo desse novo tecido empresarial Nos municiacutepios do Litoral do Paranaacute a implantaccedilatildeo da referida lei se daacute principalmente pela parceria entre as prefeituras e o SEBRAE atraveacutes das salas do empreendedor em cada municiacutepio que se constitui em canal de ligaccedilatildeo entre as estrateacutegias e accedilotildees desenvolvidas no sentido de atendimento do MEI Este trabalho visa a investigar como os trabalhadores mercado e organizaccedilotildees puacuteblicas e sociais tecircm promovido e acolhido a formalizaccedilatildeo do microempreendedor individual na Microrregiatildeo Geograacutefica de ParanaguaacuteLitoral Paranaense Para o desenvolvimento dos trabalhos foram pesquisados dados secundaacuterios realizada pesquisa bibliograacutefica e foi realizado um total de 38 entrevistas e aplicaccedilatildeo de questionaacuterios com agentes puacuteblicos de desenvolvimento e MEI Os resultados permitem conhecer a situaccedilatildeo dos MEI no litoral paranaense assim como servem de subsiacutedio para elaboraccedilatildeo de poliacuteticas especiacuteficas voltadas a essa populaccedilatildeo Palavras-chave Trabalho Informalidade Poliacutetica Puacuteblica Microempreendedor individual Litoral paranaense

RESUMEN

Desde los primeros antildeos de 1970 el concepto keynesianismofordismo entroacute en declinacioacuten concurriendo para los cambios estructurales de gestioacuten asignacioacuten de recursos humanos reorganizacioacuten del espacio Dentro de ese contexto hay el desplazamiento obligatorio del trabajador fabril para las maacutes distintas actividades en el mercado de trabajo en el sector terciario Buena parte de las actividades desempentildeadas por los trabajadores de este sector es desarrollada en la informalidad En Brasil para volver el cuadro de extensioacuten y superlativacioacuten del sector informal fue creada la Ley Complementar 12808 que formaliza la figura del micro emprendedor individual (MEI) En la implantacioacuten de esta poliacutetica puacuteblica estaacute prevista una serie de dispositivos que tiene el objetivo de auxiliar en la sostenibilidad y expansioacuten de este entorno empresarial En los municipios del litoral del Paranaacute la implantacioacuten de la referida ley se da principalmente por la asociacioacuten entre los ayuntamientos y l SEBRAE a traveacutes de las salas del emprendedor en cada municipio que se constituye en canal de conexioacuten entre las estrategias y acciones desarrolladas en apoyo a MEI Este trabajo busca investigar como los trabajadores mercado y organizaciones puacuteblicas y sociales han promovido y acogido la formacioacuten del micro emprendedor individual en la microrregioacuten de ParanaguaacuteLitoral paranaense Para el desarrollo del trabajo fueron investigados datos secundarios fue hecha una buacutesqueda bibliograacutefica y fue realizado un total de 38 entrevistas y aplicacioacuten de cuestionarios con agentes puacuteblicos de desarrollo y MEI Los resultados permiten conocer la situacioacuten de los MEI en la costa paranaense asiacute como sirven de subsidios para elaboracioacuten de poliacuteticas especiacuteficas orientadas a esa poblacioacuten

Palabras ndash clave Trabajo Informalidad Poliacutetica Puacuteblica Micro empresaacuterio individual Litoral paranaense

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1- POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS DE TRABALHO DESENVOLVIDAS NO

BRASIL ANTERIOR A 1964 36

QUADRO 2 - POLIacuteTICAS DE EMPREGO DESENVOLVDAS NO BRASIL

DURANTE O REGIME MILITAR 39

QUADRO 3 - PRINCIPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO

DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016) 43

QUADRO 4- BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PARANAGUAacute PARA

ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS ALTERACcedilOtildeES

66

QUADRO 5- BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PONTAL DO PARANAacute

PARA ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS

ALTERACcedilOtildeES 68

QUADRO 6 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM DE MATINHOS 69

QUADRO 7- ACcedilOtildeES REGULARES DE APOIO AO MEI NA MRGP 71

QUADRO 8- ENTIDADES REPRESENTANTES DAS CLASSES

EMPRESARIAL COMERCIAL E AGRIacuteCOLA NO LITORAL DO

PARANAacute 104

LISTA DE MAPAS

MAPA 1 - MICRORREGIAtildeO GEOGRAacuteFICA DE PARANAGUAacute 50

LISTA DE GRAacuteFICOS

GRAacuteFICO 1 - RECEITAS TOTAIS DOS MUNICIacutePIOS 75

GRAacuteFICO 2 - ARRECADCcedilAtildeO E DESPESAS MUNICIPAIS NA MRGP (2015) 76

GRAacuteFICO 3 - IPTU EM RELACcedilAtildeO Agrave ARRECADACcedilAtildeO TRIBUTAacuteRIA DOS

MUNICIacutePIOS DA MRGP (2013 ndash 2014) () 77

GRAacuteFICO 4 - NUacuteMERO DE ATENDIMENTOS REALIZADOS NAS SALAS DO

84

GRAacuteFICO 5 - NUacuteMERO DE FORMALIZACcedilOtildeES REALIZADAS 84

GRAacuteFICO 6 - NUacuteMERO DE BAIXAS DE INCRICcedilAtildeO DO MEI 85

GRAacuteFICO 7 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30) POR ATIVIDADE

ECONOcircMICA () 89

GRAacuteFICO 8 - ANOS DE FORMALIZACcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30) 90

GRAacuteFICO 9 - RELACcedilOtildeES COMERCIAIS DOS MEI COM O MUNICIacutePIO NA

MRGP (N=30) 92

GRAacuteFICO 10 - VAOLRES TOTAIS FINANCIADOS PELO MEI NA MRGP

ATRAVEacuteS DO PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR

PARANAacute (FOMENTO PARANAacute) (201 ndash 2015 ndash 2016) 101

GRAacuteFICO 11 - FINANCIAMENTOS JUNTO AO SISTEMA DE CREacuteDITO NA

MRGP () 102

GRAacuteFICO 12 - RESPOSTA SOBRE PARTICIPACcedilAtildeO EM ASSOCIACcedilAtildeO

REPRESENTANTE DA CATEGORIA 103

GRAacuteFICO 13 - CONHECIMENTO DOS RESPONDENTES DE ESTRATEacuteGIAS

ADOTADAS PELAS PREFEITURAS EM APOIO AO MEI NA

MRGP () 106

GRAacuteFICO 14 - RESPONDENTES QUE POSSUEM FUNCIONAacuteRIOS NA MRGP

() 109

GRAacuteFICO 15 - QUANTITATIVO DE TRABALHADORES FORMALIZADOS E

NAtildeO FORMALIZADOS EMPREGADOS PELO MEI NA MRGP

() 110

GRAacuteFICO 16 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS MEI RESPONDENTES COM BASE NA

RENDA BRUTA TENDO COMO PARAcircMETRO DE VALOR O

SALAacuteRIO MIacuteNIMO NACIONAL (2016) () 111

GRAacuteFICO 17 - QUANTITATIVO DE MEI RESPONDENTES QUE

PARTICIPARAM DE CURSOS DE 114

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - TAXA DE DESEMPREGO E INFORMALIDADE NO BRASIL 29

TABELA 2 - POPULACcedilAtildeO ABSOLUTA POPULACcedilAtildeO URBANA E

POPULACcedilAtildeO RURAL DA MRGP (2000-2010) 51

TABELA 3 - DEMONSTRATIVO DO IDH E DO IacuteNDICE DE POBREZA DOS

MUNICIacutePIOS DA MRGP 52

TABELA 4 - DADOS DO MERCADO DE TRABALHO NA MRGP (2000-2016)

53

TABELA 5 - NUacuteMERO DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP (2013-2014) 54

TABELA 6 - NUacuteMEROS DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP POR SETOR

ECONOcircMICO 55

TABELA 7 - VALOR ADICIONADO FISCAL (VAF - R$ 100 (P)) DOS

MUNICIacutePIOS INTEGRANTES DA MRGP (2016) 56

TABELA 8 - PIB PER CAPTA DOS MUNICIacutePIOS DA MRGP 57

TABELA 9 - NUacuteMERO DE EMPRESAS NA MRGP (MAIO2016) 59

TABELA10- ATIVIDADES ECONOcircMICAS DESENVOLVIDAS NA MRGP

(maio2016) 59

TABELA11- PROCURA E APROVACcedilAtildeO DE CREacuteDITO PELOS MEI (BRASIL)

97

TABELA12- NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS E VALORES FINANCIADOS

NA MRGP CEDIDOS PELA CAIXA ECONOcircMICA FEDERAL AgraveS

MPE (2015-2016) 98

TABELA13- NUacuteMERO DE MPE NA MRGP (2015-2016) 99

TABELA14 - NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS CEDIDOS AO MEI JUNTO

AO PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR DO PARANAacute

(FOMENTO PARANAacute) NA MRGP (2014-2015-2016) 100

TABELA15- RENDIMENTO NOMINAL MEacuteDIO DOS TRABALHADORES

CONTRIBUINTES PARA A PREVIDEcircNCIA SOCIAL EM

QUALQUER TRABALHO NA MRGP (2010) 112

LISTA DE SIGLAS

CLT - Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho

CODEFAT - Fundo de Amparo ao Trabalhador

DIEESE - Departamento Intersindical de Estatiacutestica e Estudos

Socioeconocircmicos

ECINF - Economia Informal Urbana

FGTS - Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo

IBGE - Instituto brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IDT - Instituto de Desenvolvimento do Trabalho

INPS - Instituto Nacional de Previdecircncia Social

IPARDES - Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social

IPEA - Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada

LC - Lei Complementar

MEI - Microempreendedor Individual

MPAS - Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social

MRGP - Microrregiatildeo Geograacutefica de Paranaguaacute

MTE - Ministeacuterio do Trabalho e Emprego

MTPS - Ministeacuterio do Trabalho e Previdecircncia Social

OCDE - Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e DesenvolvimentoEconocircmico

OIT - Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho

PASEP - Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico

PDM - Poliacuteticas de Desenvolvimento do Milecircnio

PIS - Programa Integraccedilatildeo Social

PLANFOR - Plano Nacional de Qualificaccedilatildeo do Trabalhador

PND - Plano nacional de Desenvolvimento

PP - Poliacutetica Puacuteblica

PROGER - Programa de Geraccedilatildeo de Emprego e Renda

PRONAF - Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar

PRORURAL - Programa de Desenvolvimento Econocircmico e Territorial - Renda

e Cidadania no Campo

SEBRAE - Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas

SINE - Sistema Nacional de Emprego

SUMAacuteRIO

APRESENTACcedilAtildeO 15

1 ALTERACcedilOtildeES NO MUNDO DO TRABALHO DESEMPREGO E

INFORMALIDADE 21

11 A INFORMALIDADE NO CENAacuteRIO BRASILEIRO 25

12 DO TRABALHO FORMALIZADO Agrave NECESSIDADE EMPREENDEDORA A

CRIacuteTICA 30

2 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO DAS

ORIGENS AO MEI 33

21 SOBRE A POLIacuteTICA PUacuteBLICA NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO

33

211Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho primeiro momento 36

212 Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho no Regime Militar 39

213 Poliacuteticas Puacuteblicas de trabalho no periacuteodo de redemocratizaccedilatildeo do Brasil 42

214Poliacutetica Puacuteblica de Trabalho MEI 45

3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS PARA O MEI NA MICRORREGIAtildeO DE PARANAGUAacute 50

31 A FRAacuteGIL ECONOMIA NA MRGP 52

32 A INSTITUCIONALIDADE MEI NA MRGP 61

321 O Comitecirc Gestor Municipal na MRGP 65

322 Salas do Empreendedor e o Agente de Desenvolvimento 69

323 Accedilotildees regulares coordenadas pelos municiacutepios de incentivo ao MEI 71

4 DIFICULDADES E AVANCcedilOS NO DESENVOLVIMENTO INCLUDENTE DO

MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL NO LITORAL DO PARANAacute 74

41 A CAPACIDADE MUNICIPAL NO LITORAL DO PARANAacute EM MOBILIZAR

MECANISMOS PROPIacuteCIOS AO DESENVOLVIMENTO DO MEI 74

411 A gestatildeo puacuteblica municipal no litoral paranaense e a destinaccedilatildeo da receita 81

42 UMA SIacuteNTESE COMPARATIVA ENTRE AS FORMALIZACcedilOtildeES E AS BAIXAS

DO MEI NA MRGP 83

43 O MEI POR ELE MESMO AS LUTAS E DESAFIOS ATRAVEacuteS DO TRABALHO

88

431 Atividades econocircmicas desenvolvidas pelos MEI entrevistados no Litoral 88

do Paranaacute 88

432 Tempo de formalizaccedilatildeo e os MEI no Litoral do Paranaacute 90

434 Compras puacuteblicas e o apoio aos MEI na MRGP 91

435 O Acesso em ao creacutedito aos MEI no Litoral do Paranaacute 95

436 O associativismo e os MEI na MRGP 102

437 Mobilizaccedilatildeo dos governos locais no estiacutemulo agrave categoria do MEI 105

438 O MEI-Patratildeo no Litoral do Paranaacute 108

439 Renda bruta dos MEI entrevistados um alento agrave meacutedia 110

4310 Capacitaccedilatildeo profissional dos MEI no Litoral do Paranaacute 112

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 115

REFEREcircNCIAS 119

APEcircNDICES 133

15

APRESENTACcedilAtildeO

O referente trabalho surgiu de reflexotildees acerca do processo acelerado da

expansatildeo do desemprego estrutural em niacutevel mundial mas que oferece pressatildeo

sobre configuraccedilotildees territoriais menores como na Microrregiatildeo Geograacutefica de

Paranaguaacute (MRGP) alertando sobre o deslocamento dos trabalhadores para a

economia informal e em resposta a accedilatildeo do Estado atraveacutes de poliacuteticas puacuteblicas

de trabalho na tentativa de equacionar as disfunccedilotildees geradas pela reestruturaccedilatildeo

produtiva iniciada na deacutecada de 1970

O principal objetivo do nosso estudo eacute analisar como se apresenta a

implantaccedilatildeo da Lei Complementar 128 de 19 de dezembro de 2008 (LC 12808) nos

municiacutepios do litoral paranaense recortado como Microrregiatildeo Geograacutefica de

Paranaguaacute (MRGP) Esta poliacutetica puacuteblica eacute uma tentativa de retirar da informalidade

trabalhadores brasileiros exercendo as mais variadas atividades dentro desse setor

O que significa resgatar a sua dignidade e cidadania pela valoraccedilatildeo ao seu

trabalho pela inclusatildeo no sistema previdenciaacuterio dentre outros benefiacutecios

associados agrave formalizaccedilatildeo

Pretendemos descrever as principais caracteriacutesticas e estrateacutegias

organizadas na MRGP para a implantaccedilatildeo da LC 12808 que tem como uma de

suas premissas a inclusatildeo social descrita em seu art 18 Aleacutem disso realiza -se o

estudo sobre a aderecircncia dos governos locais agrave poliacutetica puacuteblica de formalizaccedilatildeo do

microempreendedor individual (MEI)

Como objetivos secundaacuterios este estudo apresenta 1) Analisar os dados

relativos a emprego renda niacutevel de ocupaccedilatildeo volume de registros de MEI na

microrregiatildeo estudada 2) Identificar as estruturas e accedilotildees das prefeituras da

microrregiatildeo relacionadas agrave poliacutetica puacuteblica em questatildeo

Haacute algumas questotildees iniciais as quais entendemos pertinentes no processo

de estudo do referente trabalho e que foram balizares no encaminhamento das

pesquisas (a) De que maneira o mundo do trabalho (organizaccedilotildees puacuteblicas

mercado e organizaccedilotildees sociais) tem constituiacutedo poliacuteticas de formalizaccedilatildeo e renda

no trabalho (b) Qual a configuraccedilatildeo socioeconocircmica e os principais problemas

enfrentados pelos trabalhadores informais na regiatildeo litoracircnea do Paranaacute (c) Como

os trabalhadores mercado e organizaccedilotildees puacuteblicas e sociais tecircm promovido e

acolhido a formalizaccedilatildeo do microempreendedor individual na aacuterea de estudo

16

A ausecircncia na literatura de dados especiacuteficos atualizados sobre a aacuterea de

estudo sobretudo na aacuterea da economia do trabalho e a dificuldade em obter dados

em algumas instituiccedilotildees por conta da poliacutetica interna destas pode ter

comprometido em parte a anaacutelise do todo poreacutem natildeo alterou os objetivos dos

estudos sobre a categoria MEI

O processo metodoloacutegico foi constituiacutedo em dois momentos distintos e

complementares No primeiro momento buscamos na pesquisa exploratoacuteria

elementos que nos dessem suporte agrave compreensatildeo do objeto do estudo partindo

necessariamente do conjunto de fatores que levaram a criaccedilatildeo da LC 12808 e a

regulamentaccedilatildeo da formalizaccedilatildeo dos MEI Para tanto estabelecemos alguns

indicadores que nos orientaram no sentido das modificaccedilotildees ocorridas no sistema

capitalista a partir da deacutecada de 1970 e que resultaram no aumento do desemprego

da informalidade e da precarizaccedilatildeo do trabalho via flexibilizaccedilatildeo subcontrataccedilatildeo

Para estabelecermos a proximidade com o tema nos apoiamos na revisatildeo da

literatura especiacutefica resultando no reconhecimento sobre a trajetoacuteria histoacuterica das

modificaccedilotildees nas relaccedilotildees do trabalhoespaccedilo em cadeia global e nacional e

igualmente na criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave equaccedilatildeo de deformidades na

economia do trabalho no cenaacuterio brasileiro nos aproximando ao entendimento do

nosso objeto de estudo Essa revisatildeo eacute descrita no decorrer da dissertaccedilatildeo pela

nomenclatura dada no corpo do texto

No segundo momento considerando que para a anaacutelise do objeto de estudo

ou seja a implantaccedilatildeo nos municiacutepios integrantes da microrregiatildeo de Paranaguaacute da

Lei Complementar 12808 que cria a pessoa juriacutedica do empreendedor individual se

fez necessaacuterio aleacutem da coleta de dados em possibilidades de controle a inclinaccedilatildeo

igualmente agrave percepccedilatildeo subjetiva de anaacutelise com o objetivo de compreensatildeo do

contexto mais amplo sob o olhar holiacutestico e criacutetico do processo de implantaccedilatildeo da

referida lei Nesse sentido como afirma Deslandes (2010 p 33) ―a)criacutetica porque

devemos estabelecer um diaacutelogo reflexivo entre a teoria e o objeto de estudo

escolhido por noacutes b)ampla porque deve dar conta do ―estado atual sobre o

problema

Tendo como uma das opccedilotildees a pesquisa qualitativa sublinhamos a

possibilidade de maior compreensatildeo das relaccedilotildees socialmente constituiacutedas por

atores no plano do concreto do real Essas relaccedilotildees exercem significados e se

manifestam de diversas formas pois o que se torna forma passa pelas relaccedilotildees

17

humanas e portanto ―o que as ―coisas (fenocircmenos manifestaccedilotildees ocorrecircncias

fatos eventos vivecircncias ideias sentimentos assuntos) representam daacute molde agrave

vida das pessoas (TURATO 2005 p 510)

Nesse momento percebemos a falta de informaccedilotildees histoacutericas em bancos de

dados oficiais e natildeo oficiais e na literatura que nos apoiassem na descriccedilatildeo objetiva

sobre o tema contextualizado no litoral paranaense

A escassez de dados sobre a poliacutetica de formalizaccedilatildeo do MEI no litoral do

Paranaacute eacute resultante em parte pela demora na regulamentaccedilatildeo da LC 12808 e da

operacionalizaccedilatildeo da referida LC nos municiacutepios da MRGP A regulamentaccedilatildeo e

operacionalizaccedilatildeo dessa lei complementar soacute foi possiacutevel em determinados casos

pela parceria entre as prefeituras e o SEBRAE a partir de 2013 em Matinhos e

Paranaguaacute e sequencialmente em Pontal do Paranaacute Morretes e Guaraqueccedilaba

Ainda com dificuldade de obter dados histoacutericos do litoral paranaense acerca da

informalidade do trabalho e especificamente sobre o microempreendedor individual

algumas informaccedilotildees secundaacuterias foram obtidas atraveacutes de instituiccedilotildees oficiais

(IBGE IPARDES DIEESE EMPRESOacuteMETRO) e foram processadas com base na

estatiacutestica descritiva atraveacutes de Planilha Excel representado por graacuteficos e tabelas

Informaccedilotildees igualmente sobre o MEI foram adquiridas atraveacutes de fontes primaacuterias

como dados estatiacutesticos das salas do empreendedor e possibilitaram avaliar alguns

indicadores importantes sobre o desenvolvimento dos trabalhos desempenhados

pelos agentes de desenvolvimento e sobre a sustentabilidade do MEI a) quantitativo

de baixas da empresa b) formalizaccedilotildees c) procura por serviccedilos nas salas d) oferta

de serviccedilos nas salas do empreendedor

Outra maneira utilizada para obter informaccedilotildees foi atraveacutes de entrevistas

semiestruturadas com atores da administraccedilatildeo puacuteblica e de instituiccedilotildees da iniciativa

privada e aplicaccedilatildeo de questionaacuterio para os microempreendedores individuais que

exercem suas atividades na aacuterea de estudo Segundo Oliveira (2011 p 36) ―esta

teacutecnica de coleta de dados eacute bastante adequada para a obtenccedilatildeo de informaccedilotildees

acerca do que as pessoas sabemcrecircem esperam e desejam []

Foram entrevistados cinco (05) atores da administraccedilatildeo puacuteblica e trecircs (03)

atores da iniciativa privada Os atores foram escolhidos pela proximidade com

implantaccedilatildeo da LC 12808 Da administraccedilatildeo puacuteblica foram entrevistados quatro

agentes de desenvolvimento que atuam nas salas do empreendedor nos municiacutepios

que possuem parceria com o SEBRAE e um secretaacuterio municipal Da iniciativa

18

privada foram entrevistadas trecircs pessoas ligadas agraves associaccedilotildees da classe

empresarial e do SEBRAE Os MEI que participaram do questionaacuterio seratildeo

designados como respondentes Ao todo foram realizadas 08 (oito) entrevistas e 30

questionaacuterios aplicados

As entrevistas com os atores tanto da administraccedilatildeo puacuteblica quanto da

iniciativa privada se deram em seus locais de trabalho Ou seja nas salas do

empreendedor localizadas juntas agraves prefeituras e nas associaccedilotildees de classe e no

SEBRAE e tiveram como pressupostos levantar informaccedilotildees sobre as accedilotildees das

prefeituras e das associaccedilotildees sobre a implantaccedilatildeo da LC 12808 no litoral do

Paranaacute Todas as entrevistas foram gravadas e transcritas integralmente com a

anuecircncia dos entrevistados que assinaram o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido e foram realizadas no periacuteodo de junho a outubro de 2016

Para a construccedilatildeo do questionaacuterio e das questotildees pertinentes foram

utilizadas como base referencial autores como Sachs (2003) e Albuquerque e

Zapata (2010) aleacutem de uma leitura atenta da Lei Complementar 12306 e da Lei

complementar 12808

Considerando a precaacuteria organizaccedilatildeo em classe dos microempreendedores

individuais (MEI) no litoral do Paranaacute natildeo sendo possiacutevel identificaacute-los atraveacutes de

banco de dados na aplicaccedilatildeo do questionaacuterio optamos por deslocar ateacute o

estabelecimento do microempreendedor individual e aplicar o questionaacuterio em seu

local de trabalho Esse procedimento ao passo que era incerto pois natildeo havia

como identificar o MEI a natildeo ser percorrendo estabelecimento por estabelecimento

tornava-se solitaacuterio e exaustivo posto o deslocamento e o tempo para o

preenchimento do questionaacuterio e as duacutevidas que surgiam Poreacutem esta teacutecnica

possibilitou avaliar a estrutura do empreendimento e ao mesmo tempo conversar a

respeito da formalizaccedilatildeo dos MEI Dessa forma muito aleacutem da aplicaccedilatildeo do

questionaacuterio nos vimos envolto a uma realidade da qual natildeo percebiacuteamos Como

natildeo havia referecircncia sobre o enquadramento do estabelecimento perguntaacutevamos

para o proprietaacuterio se ele era MEI ou natildeo Os MEI que participaram respondendo ao

questionaacuterio muitas vezes falavam das dificuldades em aumentar seus negoacutecios e

da ausecircncia do poder puacuteblico local principalmente fora da temporada de praia

Cada aplicaccedilatildeo do questionaacuterio durava cerca de 30 a 50 minutos

Participaram como respondentes do questionaacuterio 30 (trinta)

microempreendedores individuais abrangendo os municiacutepios de Guaratuba

19

Matinhos Pontal do Paranaacute e Paranaguaacute A aplicaccedilatildeo do questionaacuterio ocorreu nos

meses de dezembro de 2016 e janeiro e fevereiro de 2017

Os dados pesquisados foram organizados e descritos em Planilha Excel e

disponibilizados atraveacutes de graacuteficos e tabelas

Este estudo estaacute distribuiacutedo em quatro capiacutetulos onde procuramos sublinhar

sequencialmente as modificaccedilotildees ocorridas no mundo trabalho e o resultante

dissoo alastramento da informalidade em niacuteveis mundial e local assim como

analisar a poliacutetica puacuteblica de formalizaccedilatildeo do MEI e seus dispositivos aplicados no

litoral do Paranaacute

No primeiro capiacutetulo estudamos as modificaccedilotildees no mundo do trabalho

atraveacutes de um recorte histoacuterico que levaram ao aumento exponencial do

desemprego estrutural e consequentemente da informalidade em niacuteveis mundiais

Ainda nesse capiacutetulo abordaremos o desemprego e a informalidade no cenaacuterio

brasileiro Para tanto nos apoiamos na literatura especializada sobre os temas

reestruturaccedilatildeo produtiva desemprego informalidade

O segundo capiacutetulo traz vaacuterias referecircncias ao conceito de Poliacutetica Puacuteblica e

a accedilatildeo do Estado brasileiro na economia do trabalho com quadros descritivos das

principais poliacuteticas puacuteblicas de trabalho no periacuteodo republicano e como essas

poliacuteticas organizaram a vida do trabalhador no Brasil Ainda nesse capiacutetulo

iniciamos nossas anaacutelises acerca da Lei de Formalizaccedilatildeo do Microempreendedor

Individual (LC 12808)

O terceiro capiacutetulo traz uma descriccedilatildeo da aacuterea de estudo (recorte espacial

da microrregiatildeo geograacutefica de Paranaguaacute) com dados demograacuteficos do mercado de

trabalho receitas municipais dados relacionados ao nuacutemero de empresas na regiatildeo

nuacutemeros de Micro e pequenas empresas e microempreendedores individuais

escalonados por atividade econocircmica Assim como aspectos institucionais

relacionados agrave formalizaccedilatildeo do microempreendedor na regiatildeo de estudo

No quarto capiacutetulo observamos os avanccedilos quanto agrave implantaccedilatildeo da poliacutetica

de formalizaccedilatildeo e as dificuldades encontradas para a expansatildeo e sustentabilidade

do MEI na regiatildeo de estudo Neste capiacutetulo nossos estudos recaem inicialmente

para a participaccedilatildeo dos governos locais na implantaccedilatildeo da poliacutetica em questatildeo e sua

capacidade de mobilizar estrateacutegias de apoio aos MEI Ainda satildeo analisados os

dados relativos agrave formalizaccedilatildeo e baixas dos microempreendedores nos municiacutepios

de Morretes Matinhos Pontal do Paranaacute e Paranaguaacute observando a proposta de

20

sustentabilidade do MEI Igualmente atraveacutes de questionaacuterio respondido pelos MEI

da regiatildeo de estudo foi possiacutevel estabelecer um perfil soacutecio econocircmico dos

entrevistados e dos efeitos dos dispositivos elencados na Lei Geral que permitem

possibilidades da inserccedilatildeo e expansatildeo da categoria no mercado e resgate da sua

dignidade laboral

21

1 ALTERACcedilOtildeES NO MUNDO DO TRABALHO DESEMPREGO E

INFORMALIDADE

Para compreendermos o porquecirc da criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas1 voltadas

ao enfrentamento do fenocircmeno da informalidade superlativada do desemprego e a

geraccedilatildeo de renda no cenaacuterio brasileiro eacute necessaacuterio observarmos as transformaccedilotildees

ocorridas em cadeia global na dimensatildeo da economia do trabalho e as

consequecircncias sociais e econocircmicas vinculadas agraves relaccedilotildees do trabalho

(informalidade precarizaccedilatildeo flexibilizaccedilatildeo trabalho temporaacuterio subcontrataccedilatildeo

dentre outros) que definem o quadro socioeconocircmico vigente e assim estabelecer

uma criacutetica histoacuterica que a partir da reorganizaccedilatildeo do processo produtivo incidiu

diretamente na concepccedilatildeo do trabalho do emprego e levou agrave

reorganizaccedilatildeoreformulaccedilatildeo do Estado (POCHMANN 2004) Para tal compreensatildeo

sobre o tema nos apoiaremos na extensa literatura jaacute existente

Em nossos estudos compreendemos o trabalho hoje formalizado ou natildeo

como uma atividade (humana) objetiva (no sentido da accedilatildeo) e subjetiva (no sentido

do pensamento) desenvolvida por homens e mulheres inclinada a transformar

modificar e produzir algo sob criteacuterios e validaccedilatildeo do Modelo de Produccedilatildeo

Capitalista Os criteacuterios do trabalho assim entendemos satildeo definidos com base nas

transformaccedilotildees ocorridas no proacuteprio sistema capitalista que por fim valida esse

processo pela viabilidade da produccedilatildeo laboral e intelectual conduzido por regras

vezes particulares vezes universais inseridos em contextos especiacuteficos ou

contextos globalmente unificados

O dinamismo do sistema capitalista produziu transformaccedilotildees de ordem

econocircmica social cultural ideoloacutegica configurando num processo contiacutenuo de

alteraccedilotildees permanentes no seio de sua proacutepria estrutura totalmente instaacutevel

flexiacutevel e mutante As mudanccedilas que ocorreram na economia mundial a exemplo

tiveram consequecircncias no processo produtivo logo nas relaccedilotildees do trabalho sob o

modelo fordista ocasionando mudanccedilas no tecido social cultural alimentados

ainda pelo crivo das contraposiccedilotildees ideoloacutegicas resultantes da polaridade mundial

1 Com efeito de poliacutetica puacuteblica voltada ao enfrentamento da informalidade no mercado de trabalho

brasileiro analisaremos mais a diante a Lei Complementar 12808 instrumento de criaccedilatildeo do Microempreendedor Individual (MEI) que possui expresso em seu art 18E aleacutem da formalizaccedilatildeo do MEI o caraacuteter de inclusatildeo social

22

apoacutes a Segunda Grande Guerra Tais transformaccedilotildees estatildeo associadas ao decliacutenio

do modelo keynesiano2 - progressista que exigiu do Estado uma posiccedilatildeo mais

reformadora em sua estrutura assinalada por Laranjeira (2000) Lombardi (1997) e

Caminha (2012)

O que podemos observar no cenaacuterio econocircmico eacute o substancial crescimento

inflexiacutevel do desemprego estrutural bem como as mudanccedilas no sistema de

assalariamento que foi condicionado por eventos especiacuteficos de enorme

importacircncia 1) a reestruturaccedilatildeo produtiva iniciada na deacutecada de 1970 2) o advento

da globalizaccedilatildeo (SANTOS 2008 p 152) 3) ―difusatildeo de um novo paradigma teacutecnico-

produtivo e do acirramento da competiccedilatildeo internacionalista nas economias

avanccediladas (POCHMANN 2001 p 41)

A reestruturaccedilatildeo produtiva foi uma resposta imediata agrave crise econocircmica

caracterizada pela impossibilidade do modelo Keynesiano - fordista reverter agraves

contradiccedilotildees proacuteprias produzidas pelo sistema capitalista Tal resposta implicou de

imediato numa nova redefiniccedilatildeo do espaccedilo fiacutesico e das relaccedilotildees entre trabalho e

produccedilatildeo que se mantinham sob forte regulaccedilatildeo consensual entre ―Estado capital e

sindicatos como aponta Barbosa (2007 p 3)

As modificaccedilotildees que ocorreram no setor produtivo e nas relaccedilotildees do

trabalho levaram a excessiva acumulaccedilatildeo de capital (acumulaccedilatildeo flexiacutevel) muito

embora essas modificaccedilotildees natildeo ocorreram de forma generalizada mas foram

absorvidas considerando contextos especiacuteficos de espaccedilo e cultura conforme

salienta Lombardi (1997) e ao aumento do desemprego por cortes em postos de

trabalho (capital variaacutevel) observando a evoluccedilatildeo tecnoloacutegica no setor produtivo e a

reconfiguraccedilatildeo desse setor com relocaccedilatildeo para espaccedilos perifeacutericos

Dentro dessa oacutetica como observa Lombardi (1997) a expansatildeo tecnoloacutegica

exerceu forte pressatildeo sobre os trabalhadores que se sentem ameaccedilados pela

concorrecircncia da tecnologia Trabalhos manuais foram substituiacutedos por trabalhos

mecacircnicos autocircmatos que produzem em escalas vertiginosas Ou seja

O avanccedilo na concorrecircncia intercapitalista e a adoccedilatildeo de um novo paradigma tecnoloacutegico estariam provocando alteraccedilotildees significativas nas economias avanccediladas Parece natildeo haver duacutevidas sobre o crescimento de

2O modelo Keynesinao tambeacutem chamado de Capitalismo Reformado por Sachs (2008) foi uma

resposta imediata aos efeitos causados pela Grande Depressatildeo tendo como base o pleno emprego e o Estado do Bem Estar Social

23

importacircncia das ocupaccedilotildees caracterizadas como superiores e de postos diretivos responsaacuteveis pela utilizaccedilatildeo de trabalhadores com maior exigecircncia de qualificaccedilatildeo e escolaridade Ao mesmo tempo as profissotildees inferiores (operaacuterios simples e manuais) ainda majoritaacuterios na estrutura ocupacional estariam perdendo participaccedilatildeo relativa (POCHMANN 2001 p 52)

Na segunda metade deacutecada de 1980 foi formulado por economistas norte-

americanos e outros ligados a OCDE (Organizaccedilatildeo para Cooperaccedilatildeo e o

Desenvolvimento Econocircmico) um conjunto de medidas de cunho macroeconocircmico

e estruturais destinado a paiacuteses do chamado Terceiro Mundo que apresentavam

baixos iacutendices de desenvolvimento econocircmico (BRESSER PEREIRA 1991)

Tais medidas foram sendo colocadas em praacutetica sobre tudo abaixo da linha

do equador americano pois como demonstra Bresser Pereira (1991) na Ameacuterica

Latina havia uma ―crise marcada por estagnaccedilatildeo econocircmica e altas taxas de

inflaccedilatildeo Dentro dessa perspectiva acreditava-se que havia uma necessidade de

restringir o tamanho do Estado e de sua participaccedilatildeo no setor econocircmico Assim a

orientaccedilatildeo era sua descentralizaccedilatildeo flexibilizaccedilatildeo na regulaccedilatildeo liberalizaccedilatildeo do

comeacutercio internacional promoccedilatildeo das exportaccedilotildees e a diminuiccedilatildeo das empresas

estatais pois entendiam que eram em grande nuacutemero e incapazes de gerir

produtividades adequadas as suas capacidades e ao modelo estrutural das novas

concepccedilotildees capitalistas (neoliberalismo globalizado)

No entanto tais modificaccedilotildees no sistema econocircmico permitiram o processo

de acumulaccedilatildeo do capital e da hipertrofia financeira criando mecanismos que

causaram enormes disfunccedilotildees sociais agravadas pela doutrinalsquo neoliberal e o novo

padratildeo tecnoloacutegico de produccedilatildeo e organizaccedilatildeo do trabalho (MOTTA 2009) Tais

fatores provocaram ―mudanccedilas substanciais que resultaram no aumento da pobreza

do desemprego e do subemprego e na precarizaccedilatildeo do trabalho (idem p 550)

O desemprego se constituiu como um dos maiores problemas sociais da humanidade A crise iniciada nos paiacuteses centrais a partir do final dos anos 1960 evidenciou o esgotamento do padratildeo de acumulaccedilatildeo fordista keynesiano alterando a relaccedilatildeo entre Estado e sociedade (OLIVEIRA 2012 p 494)

Conforme analisa Oliveira (2012) estima-se que em 2009 havia cerca de

210 milhotildees de pessoas desempregadas no mundo ―Os maiores afetados segundo

a agecircncia satildeo os jovens e as mulheres dos paiacuteses perifeacutericos (OLIVEIRA 2012 p

494) Diante de um quadro socioeconocircmico extremamente complexo seria

24

necessaacuterio novos mecanismos que dessem suporte ao controle das distorccedilotildees

sociais e de contenccedilatildeo Dessa forma foram lanccediladas novas bases da ideologia

dominante com objetivos especiacuteficos de controle da demanda com base nas

―poliacuteticas de desenvolvimento do milecircnio (PDM) (MOTTA 2009 p 549)

As PDM segundo a autora constituem ―mecanismos de hegemonia de

funccedilatildeo de direccedilatildeo intelectual e moral com accedilotildees concretas e definiccedilotildees de metas

focadas nas camadas de trabalhadores excluiacutedoslsquo do processo produtivo mas que

ainda possuem condiccedilotildees produtivas para instaurar um processo mais intensivo de

educar para o conformismo (idem p 549)

Assinala Motta (2009) que as poliacuteticas de desenvolvimento do milecircnio estatildeo

sublinhadas pelo forte investimento educacional balizado na ―teoria do capital

humano de Theodore Schultz na qual consiste em propor a qualificaccedilatildeo da forccedila do

trabalho humano atraveacutes do processo educacional direcionado para crescimento

econocircmico

Poderemos formar pessoas qualificadas para o mercado de trabalho mas

autores como Rifkin (1995) Pastore (2006) Martins e Veiga (2003) Oliveira (2012) e

Sachs (2007) enfatizam na diminuiccedilatildeo consideraacutevel dos postos de trabalho na esfera

global dando a entender que a crise do pleno emprego estaacute relacionada em parte

ao avanccedilo da automaccedilatildeo tecnoloacutegica e da chamada reestruturaccedilatildeo da produccedilatildeo

tanto nas aacutereas rurais quanto nas aacutereas urbanas como jaacute demonstrado

anteriormente Alertava Rifkin (1995) que mais de 800 milhotildees de pessoas no

mundo estavam desempregadas ou subempregadas e que esse quadro se agravaria

ateacute o final do seacuteculo XX

Com um quadro excessivamente preocupante as poliacuteticas de geraccedilatildeo de

emprego e renda entram na agenda internacional no entanto como salienta Souza

(2010 p 3) ―essas poliacuteticas puacuteblicas arrefecem o iacutempeto de uma celebraccedilatildeo liberal

na medida em que evidenciam a incapacidade de prover o pleno emprego

demonstrada pelo capitalismo mesmo em seus contextos mais avanccedilados

As tendecircncias multinacionais como analisa Oliveira (2012) ao mesmo

tempo em que preconizam a defesa de poliacuteticas focadas na geraccedilatildeo do trabalho (o

trabalho aqui entendido dentro do sistema capitalista portanto emprego formalizado

ou informal) que estimulassem a empregabilidade defendiam as flexibilizaccedilotildees das

leis regulatoacuterias que normatizam as leis do trabalho No caso brasileiro ―a poliacutetica de

emprego estaacute intrinsecamente relacionada agrave fraacutegil concepccedilatildeo de Welfare State e agrave

25

posiccedilatildeo ocupada pelo paiacutes na divisatildeo internacional do trabalho reforccedilando um

crescimento subordinado e dependente do capital estrangeiro [] (OLIVEIRA

2012 p 494)

No Brasil as poliacuteticas de emprego estavam relacionadas agrave concepccedilatildeo de

submissatildeo das leis trabalhistas agraves estruturas e poliacuteticas macroeconocircmicas e apenas

eram direcionadas nesse sentido aos trabalhadores empregados sendo que natildeo

haviam poliacuteticas voltadas aos trabalhadores excluiacutedos do processo de produccedilatildeo

formalizado ateacute meados do final da deacutecada de 1980 No entanto como segue

Oliveira (2012)

[] as mudanccedilas no padratildeo de organizaccedilatildeo do trabalho em consonacircncia com as poliacuteticas macroeconocircmicas de estabilizaccedilatildeo econocircmica imposta pelo FMI e demais organismos multilaterais delimitam a intervenccedilatildeo do Estado provocando um acirramento na questatildeo social em suas variadas expressotildees Eacute sob esta perspectiva que as poliacuteticas de emprego passam a ser implementadas no governo FHC Ou seja poliacuteticas que possam combater a crise do emprego e consequentemente a fome e a miseacuteria mas com recursos reduzidos e com ecircnfase na individualizaccedilatildeo do problema reforccedilando a histoacuterica intervenccedilatildeo residual do Estado brasileiro na questatildeo social (OLIVEIRA 2012 p 499)

No periacuteodo FHC assinalado por Oliveira (2012) foram criados vaacuterios

dispositivos de atenccedilatildeo ao trabalhador Um dos mais importantes instrumentos foi o

seguro-desemprego que sofreu alteraccedilotildees em 1994 ampliando

[] o tempo de indenizaccedilatildeo Nesse periacuteodo o desemprego apresentava nuacutemeros elevados chegando a atingir de acordo com o IBGE em torno de 17 da PEA A renda meacutedia do trabalhador apresentou queda pelo sexto ano consecutivo atingindo em 2003 uma reduccedilatildeo de 129 (OLIVEIRA 2012 p 500)

Na primeira deacutecada do seacuteculo XXI o desemprego mantinha a taxa de 96 e

a informalidade atingia 60 dos trabalhadores ocupados como nos mostra Pastore

(2006)

11 A INFORMALIDADE NO CENAacuteRIO BRASILEIRO

Como jaacute mencionado as alteraccedilotildees no mundo do trabalho ocasionadas

pela reestruturaccedilatildeo produtiva concorreram para o aumento do desemprego

estrutural culminando em consequecircncias macroestruturais no seio da economia

26

mundial Retrato disso eacute o fenocircmeno denominado de informalidade esta vista como

um traccedilo marcante nos paiacuteses subdesenvolvidos ou em desenvolvimento

assinalado por Matsuo (2009) e Antunes (2011) Estes autores nos apontam os

variados modos de informalidade que constituem estrateacutegias de enfrentamento agraves

especificidades econocircmicas diferenciadas no tempo e no espaccedilo por serem

construiacutedas a partir de necessidades especiacuteficas territoriais Matsuo (2009) afirma

que estas estrateacutegias informais correspondem de um lado o trabalhador informal

adequando-se a economia de mercado e ―significa um traccedilo constitutivo e crescente

da acumulaccedilatildeo de capital dos nossos dias (ANTUNES 2011 p 4) eou de outro o

setor informal representa a exclusatildeo desses trabalhadores do sistema dinacircmico da

economia Dessa forma segue a autora no sentido de combinaccedilatildeo das duas

possibilidades

[] os trabalhadores marginalizados na economia informal procuram se articular com os setores dinacircmicos da economia e integrar a cadeia no circuito de acumulaccedilatildeo capitalista dependendo das oportunidades que surgem Por outro lado a economia informal nos apresenta setores que estatildeo a reboque da formal e que passam a ser marginais por estarem deslocadas do desenvolvimento econocircmico (MATSUO 2009 p 21)

Os setores informal e formal segundo Souza (2010) coexistem e se

estabelecem como uma fragmentaccedilatildeo da estrutura ocupacional Essa fragmentaccedilatildeo

no entanto deveria ser acompanhada de poliacuteticas puacuteblicas que observassem o setor

informal para a melhoria da sua capacidade de ganho (idem p 4) Essa anaacutelise parte

do pressuposto de que o capitalismo triunfante natildeo foi capaz de absorver a maioria

dos trabalhadores levando-os a concorrer sob a proacutepria sorte e sob a eacutegide da

inadaptaccedilatildeo da desvantagem e da exclusatildeo dos benefiacutecios desse capitalismo Para

esse autor

[] os estudos promovidos pela CEPAL e pelo PREALC defenderam a ideacuteia de uma heterogeneidade estrutural persistente na qual coexistiriam os setores moderno e arcaico Este uacuteltimo tiacutepico da economia informal refletiria o excedente de matildeo-de-obra que luta por sobrevivecircncia assumindo um caraacuteter estrutural e supeacuterfluo As poliacuteticas puacuteblicas deveriam contribuir para a elevaccedilatildeo da renda na economia informal atuando de forma compensatoacuteria (SOUZA 2010 p 4)

Sachs (2007) ao analisar a economia de mercado a partir das

reestruturaccedilotildees capitalistas nos paiacuteses subdesenvolvidos identifica os setores

sociais marginalizados dentro do processo produtivo assim como o sentido

27

excludente e endecircmico resultante da maciccedila exploraccedilatildeo pelos paiacuteses de economias

centrais O autor identifica o cenaacuterio e as transformaccedilotildees no mercado de trabalho

por conta dos processos de dominaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo da economia

No lugar do desaparecimento tradicional por meio da transferecircncia progressiva do excedente de sua matildeo-de-obra para o setor moderno assistimos a expulsatildeo das sobras dos trabalhadores do setor moderno para setores da economia informal de fundos de quintal ou nitidamente ilegal e ateacute a sua marginalizaccedilatildeo pura e simples fadados agrave afliccedilatildeo da ociosidade forccedilada condenados a situaccedilatildeo de assistidos para alguns do berccedilo ao tuacutemulo (SACHS 2007 p 254)

Antunes (2011) subdivide a informalidade em trecircs modalidades de

trabalhadores alocados a economia submersa a) trabalhadores informais

tradicionais b) trabalhadores informais assalariados sem registro c) trabalhadores

informais por conta proacutepria Essas trecircs categorias tambeacutem satildeo compreendidas nas

anaacutelises de Matsuo (2009) a qual define a informalidade em duas grandes

categorias ―velha informalidade (trabalhadores tradicionais) e a ―nova

informalidade (terceirizaccedilatildeo flexibilizaccedilatildeo temporizaccedilatildeo) No entanto haacute algumas

―[] denominaccedilotildees atribuiacutedas a atividades praticadas nesse campo desemprego

disfarccedilado subemprego atividade clandestina iliacutecita natildeo estruturada etc

(SANTOS MACIEL e SATO 2014 p 330) que estatildeo presentes em todos os setores

da economia tanto no setor primaacuterio no secundaacuterio como no terciaacuterio como

apontam esses autores

De outra forma como aponta o estudo realizado em 2002 pelo Observatoacuterio

do Mercado de Trabalho do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) haacute dois tipos

de mercado de trabalho que atuam concomitantemente

a) um setor formal cujo funcionamento das atividades foi definido como tendo barreiras agrave entrada com recursos externos sistema de propriedade impessoal operando em mercados amplos e protegidos por cotas e tarifas grande escala de produccedilatildeo processos produtivos de tecnologia moderna e intensivos em capital e matildeo-de-obra qualificada e b) um setor informal definido pela inexistecircncia de barreiras agrave entrada aporte de recursos de origem domeacutestica propriedade individual operando em pequena escala processos produtivos intensivos em trabalho atuando em mercados competitivos e natildeo regulados (MTE 2002 p 3)

O fato eacute que o crescimento da informalidade no caso brasileiro revelava

aleacutem da fragilidade na arrecadaccedilatildeo tributaacuteria a violaccedilatildeo agraves leis trabalhistas a

28

precarizaccedilatildeo do trabalho e a desqualificaccedilatildeo do trabalhador frente agraves novas

tecnologias e restriccedilotildees agrave sua inserccedilatildeo no mercado de trabalho formal

Revelando o contraste entre os dois setores conforme as anaacutelises de

Meneguin e Bugarin (2008) em 2004 o trabalhador formalizado obteve uma

remuneraccedilatildeo de 623 superior em relaccedilatildeo ao trabalhador atuante na economia

submersa (CATANI 1985)

Alguns estudos realizados que apontam a informalidade no Brasil remontam

a deacutecada de 1990 Dessa forma a pesquisa Economia Informal Urbana (ECINF)

feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia a Estatiacutestica (IBGE) considerou a

―Organizaccedilatildeo e o Funcionamento da Unidade Econocircmica como uma caracteriacutestica

capaz de balizar os estudos sobre a informalidade Da mesma forma procurou

identificar e correlacionar as atividades informais identificando os

proprietaacuterios de negoacutecios informais trabalhadores por conta proacutepria e pequenos empregadores com 10 anos ou mais de idade ocupados em atividades natildeo-agriacutecolas e moradores em aacutereas urbanas nos domiciacutelios em que moram e atraveacutes deles investigar as caracteriacutesticas de funcionamento das unidades produtivas (IBGE - BRASIL 2003 p 15)

Um dos objetivos do IBGE era de ―quantificar o potencial das atividades

econocircmicas exercidas na informalidade em gerar oportunidades de trabalho e

rendimentos aleacutem de captar informaccedilotildees que permitam conhecer o papel e a

dimensatildeo do setor informal na economia brasileira (IBGE- BRASIL 2003 p 13)

O aumento da informalidade pode estar associado ao aumento da taxa de

desemprego o qual exige das pessoas estrateacutegias e formas diferenciadas de

sobrevivecircncia ou seja uma nova relaccedilatildeo com o mercado de trabalho como mostra

Matsuo (2009) Nas anaacutelises de Santos (2008)

Ateacute 1995 a cada aumento na oferta de emprego formal correspondia uma reduccedilatildeo do iacutendice de trabalhadores na informalidade Poreacutem a loacutegica mudou e a tendecircncia mostra que a criaccedilatildeo de novos empregos com carteira assinada natildeo causa mais esse impacto A informalidade passou a ser um traccedilo caracteriacutestico do mercado de trabalho brasileiro [] (SANTOS 2008 p6)

Pastore (2006) numa anaacutelise sobre o quadro nacional de empregos jaacute

indicava esta perspectiva e avalia o impacto sobre a previdecircncia social desse

quantitativo pois esta porcentagem corresponde agraves pessoas que natildeo contribuem

para o setor previdenciaacuterio gerando enormes distorccedilotildees no setor

29

Perceberemos (TABELA 1) a gradativa reduccedilatildeo na taxa de informalidade

brasileira bem como a reduccedilatildeo em 2 na taxa de desemprego entre 2002 e 2008

como observam Barbosa Filho e Pessocirca (2011) Estes autores ainda alertam para

a as diferenccedilas marcantes na composiccedilatildeo da taxa de desemprego de regiatildeo para

regiatildeo sugerindo o percentual em torno de 6 em Belo Horizonte e Porto Alegre e

superior a 12em Recife e Salvador no ano de 2008 (BARBOSA FILHO PESSOcircA

2011 p 2)

TABELA 1 - TAXA DE DESEMPREGO E INFORMALIDADE NO BRASIL

ANO DESEMPREGO INFORMALIDADE

2002 91 436 2003 97 423 2004 89 425 2005 93 414 2006 84 407 2007 82 391 2008 71 381 2009 83 374 2012 55 34 2013 54 33 2014 43 322 Fev2015 5 325

FONTE BARBOSA FILHO e MOURA (2012) IPEA (20142015) No primeiro semestre de 2013 a informalidade atingiu a taxa de 332

segundo IPEA (2013) Notamos (TABELA 1) que as atividades informais entre 2002

e 2006 obtiveram uma retraccedilatildeo de 29 e entre 2006 e 2013 houve decliacutenio na

ordem de 75 na informalidade brasileira Portanto houve a reduccedilatildeo de 104 da

informalidade entre os anos de 2002 e 2013 Em 2014 o desemprego obteve uma

variaccedilatildeo de 07 pp em relaccedilatildeo agrave fevereiro de 2015 assim como a informalidade

teve um acreacutescimo de 03 pp (IPEA 2015)

A informalidade segundo Malaguti (2001) eacute um traccedilo caracteriacutestico no

mercado de trabalho brasileiro e abrange parte significativa de trabalhadores

exercendo atividades de forma precarizada e desprotegida o que leva a reduccedilatildeo

salarial ao aumento da carga horaacuteria de trabalho e a desvalorizaccedilatildeo do trabalho

como garantia de dignidade

30

12 DO TRABALHO FORMALIZADO Agrave NECESSIDADE EMPREENDEDORA A

CRIacuteTICA

O deslocamento forccedilado dos trabalhadores formais para praacuteticas informais

no mercado de trabalho resultante de um processo de mudanccedilas nas relaccedilotildees de

produccedilatildeo e trabalho levaram milhares de pessoas a improvisar formas diferenciadas

de suas atividades habituais por necessidade de sobrevivecircncia muitas vezes

compreendidas como formas inovadoras e empreendedoras dentro de uma nova

realidade socioeconocircmica imposta

As praacuteticas empreendedoras muitas vezes como aponta Barbosa (2007) e

Malaguti (2001) surgem como estrateacutegias de autogestatildeo do trabalho do tempo e do

espaccedilo fiacutesico por se apresentarem como uacutenicas alternativas no processo de

desregulamentaccedilatildeo do trabalho e assim as novas configuraccedilotildees do trabalho

resultaram do esvaziamento da poliacutetica abrindo caminho na substituiccedilatildeo do trabalho

empregatiacutecio para uma forma autocircnoma do empreendedorismo Nas palavras de

Barbosa (2007)

A quebra do assalariamento baseado em contratos advindos da concentraccedilatildeo Estado capital e sindicatos penaliza o trabalho amplia as margens de accedilatildeo do mercado e expotildee a fragilizaccedilatildeo da poliacutetica como dimensatildeo da vida social por isso a pergunta que se faz agora entatildeo eacute de que modo o empreendedorismo pode reinventar ou inovar o trabalho garantindo espaccedilo para a poliacutetica Quer dizer frente agrave escassez (volume) e precarizaccedilatildeo (qualidade) do trabalho ateacute que ponto o empreendedorismo expresso nas ideias e praacuteticas de geraccedilatildeo de renda produz efeitos positivos no sentido de minorar as accedilotildees do mercado e impactar o quadro de desigualdade social (BARBOSA 2007 p 3)

Para essa autora o trabalhador desempregado perde sua identidade

subjetiva compartilhada e o emprego formalizado deixa de ser referecircncia de renda

pois com a ―reversatildeo do assalariamento e a ampliaccedilatildeo do trabalho desprotegido

informal se impotildee como regressividade social na medida em que diminui o poder de

barganha dos trabalhadores jogados agrave sorte no mercado e aumenta a desigualdade

social (idem p 4)

Essa realidade socioeconocircmica como demonstra Barbosa (2007) conduz

os trabalhadores para as diversas formas desprotegidas de gerar renda e o que

significava precariedade de uma sobrevivecircncia urbanizada passa a ser considerada

como um conjunto de qualidades dos trabalhadores pobres com caracteriacutesticas de

31

autonomia empregatiacutecia empreendedora e criativa escondendo a condiccedilatildeo de

inseguranccedila social Como segue a autora

Pode-se dizer que como barotildees da raleacute os trabalhadores informais reaparecem na narrativa empreendedora como portadores de futuro avalizados pela experimentaccedilatildeo do risco cotidianamente Todavia contraditoriamente a ocupaccedilatildeo em si natildeo oferece nenhuma seguranccedila social enquanto promessa de futuro para os trabalhadores envolvidos e suas famiacutelias (BARBOSA 2007 p 7)

Dessa maneira segundo a autora a reversatildeo forccedilada do assalariamento

protegido para o ―auto-emprego constituiu um esvaziamento das forccedilas sociais que

possuem bases nas condicionantes do trabalho coletivizado do trabalho protegido

pelas leis de regulaccedilatildeo do mercado de trabalho Sendo assim o auto-emprego pode

ser compreendido como sendo balizado em expectativas de mercado onde sua

capacidade de competitividade em muitos casos fica muito aqueacutem das forccedilas que

regulam o mercado impondo-lhe limitaccedilotildees de expansatildeo e ―desprovidos de capital

o trabalho autocircnomo paradoxalmente depende da sub-remuneraccedilatildeo que se auto

impotildee e do estaacutegio de desenvolvimento de dada sociedade capitalista cuja

tendecircncia eacute estender sua racionalizaccedilatildeo a todos os setores da economia (SOUZA

2010 p 5)

A gama de trabalhadores sem carteira assinada autocircnomos contrasta pela

sua heterogeneidade dependendo da escolaridade dos ganhos reais aacuterea de

atuaccedilatildeo remuneraccedilatildeo geralmente com pouca qualificaccedilatildeo e atuantes na produccedilatildeo

de bens e serviccedilos conforme analisa Souza (2010)

Dentro dessa oacutetica em suas anaacutelises sobre a formalizaccedilatildeo do

microempreendedor individual (MEI) Sulzbach e Denardin (2012) relatam que ―com

a instituiccedilatildeo desta figura o Estado brasileiro auxilia na desregulamentaccedilatildeo do

mercado de trabalho capitalista regulamentando-a Nesse sentido seguem os

autores

Esta nova forma de desregulamentaccedilatildeo do mercado de trabalho estabelece o individualismo que cria uma cultura empreendimentista assim chamada por Harvey apud Miqueluzzi (1998) aonde a classe trabalhadora vislumbra ser um trabalhador por conta proacutepria natildeo ser mais assalariado (SUZBACH DENARDIN 2011 p 10)

32

Para Malaguti (2001 p 88) a informalidade aparece como uma das uacutenicas

formas de sobrevivecircncia para milhares de brasileiros e esta eacute um ―recurso de uacuteltima

instacircncia (p 92)

As pequenas empresas que surgem em meio agrave informalidade superlativada

resultado de uma modernidade que natildeo superou os preceitos do

subdesenvolvimento ao contraacuterio expandiu a pobreza e as diferenccedilas sociais pela

concentraccedilatildeo de renda excessiva e a reestruturaccedilatildeo do processo de produccedilatildeo

enfrentam condiccedilotildees humilhantes e ultrajantes na procura de espaccedilo para a

sobrevivecircncia Segundo Malaguti (2001 p 68) a informalidade ―natildeo eacute um celeiro de

pessoas ativas empreendedoras eneacutergicas mas sim o refuacutegio sem opccedilatildeo

As empresas constituiacutedas diante de uma economia informal analisadas por

Malaguti (2001) Sachs (2006) Antunes (2011) Barbosa (2007) Catani (1985)

reproduzem o trabalho precarizado sob a forma de baixa remuneraccedilatildeo jornadas

excessivas de trabalho condiccedilotildees muitas vezes insalubres e sem orientaccedilatildeo

teacutecnica de seguranccedila

33

2 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS NO MERCADO DE TRABALHOBRASILEIRO DAS

ORIGENS AO MEI

Neste capiacutetulo pretendemos estabelecer uma breve aproximaccedilatildeo sobre o

conceito de poliacuteticas puacuteblicas que em nosso entendimento eacute fundamental para a

compreensatildeo do objeto de estudo que eacute a poliacutetica puacuteblica de formalizaccedilatildeo do

microempreendedor individual Ainda neste toacutepico apresentaremos algumas das

principais poliacuteticas puacuteblicas sobre emprego no periacuteodo republicano brasileiro

21 SOBRE A POLIacuteTICA PUacuteBLICA NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO

A Poliacutetica Puacuteblica eacute caracterizada como a posiccedilatildeo do ―Governo em accedilatildeo

assim definida por (SOUZA 2006) e ao mesmo tempo ―o Estado implantando um

projeto de governo atraveacutes de programas de accedilotildees voltadas para setores

especiacuteficos da sociedade(HOumlFLING 2001 p 31) ou mesmo a intervenccedilatildeo do

Estado em problemas e finalidades especiacuteficas

Podemos salientar que definiccedilotildees sobre o tema podem incidir em conceitos

significativamente diferentes pois como nos aponta Souza (2006) natildeo haacute uma

definiccedilatildeo singular para o termo Poliacutetica Puacuteblica diferentemente de outras aacutereas do

conhecimento tradicionalmente constituiacutedas como eacute o caso da Sociologia da

Economia ou da Psicologia a exemplos

Para Souza (2006) tal termo implica num conjunto de accedilotildeesprocessos que

permitem a dissociaccedilatildeo e separaccedilatildeo em fases de poliacuteticas ou ciclo de poliacutetica

puacuteblica pois no processo de estabilizaccedilatildeo dessa poliacutetica puacuteblica pode ocorrer

disparidades nas etapas de transcurso tanto na formulaccedilatildeo na implementaccedilatildeo

como na avaliaccedilatildeo da PP A partir de suas anaacutelises a autora nos apresenta algumas

definiccedilotildees sobre o tema

Mead (1995) a define como um campo dentro do estudo da poliacutetica que analisa o governo agrave luz de grandes questotildees puacuteblicas e Lynn (1980) como um conjunto de accedilotildees do governo que iratildeo produzir efeitos especiacuteficos Peters (1986) segue o mesmo veio poliacutetica puacuteblica eacute a soma das atividades dos governos que agem diretamente ou atraveacutes de delegaccedilatildeo e que influenciam a vida dos cidadatildeos Dye (1984) sintetiza a definiccedilatildeo de poliacutetica puacuteblica como ―o que o governo escolhe fazer ou natildeo fazer A definiccedilatildeo mais conhecida continua sendo a de Laswell ou seja decisotildees e anaacutelises sobre poliacutetica puacuteblica implicam responder agraves seguintes questotildees quem ganha o quecirc por quecirc e que diferenccedila faz (SOUZA 2006 p24)

34

O estudo do campo da Poliacutetica Puacuteblica estaacute direcionado agraves anaacutelises e

interpretaccedilotildees de interesses vantagens desvantagens ganhos e perdas dos grupos

e atores envolvidos no processo de construccedilatildeo da PP de forma direta ou indireta

desde a construccedilatildeo da agenda da formulaccedilatildeo do processo decisoacuterio da

implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo ateacute o puacuteblico alvo ao qual se originou a poliacutetica puacuteblica

Para Frey (2000) a Poliacutetica Puacuteblica constitui um campo da Ciecircncia Poliacutetica e

poderemos analisaacute-la sob trecircs perspectivas 1) o sistema poliacutetico no qual identifica e

avalia a accedilatildeo do governo e do Estado como promotores de felicidade de seus

cidadatildeos 2) o elemento poliacutetico representado pelas relaccedilotildees de forccedila e interesses

entre atores envolvidos no processo decisoacuterio 3) processo de avaliaccedilatildeo do sistema

poliacutetico no que concernem suas accedilotildees e estrateacutegias escolhidas para resolver

problemas especiacuteficos

Historicamente como aponta Frey (2000) o estudo sobre este campo da

Ciecircncia Poliacutetica nos Estados Unidos teve iniacutecio na deacutecada de 1950 Ao passo que

na Europa esta preocupaccedilatildeo comeccedilou a partir de 1970 com a ascensatildeo da social

democracia na Alemanha que estabeleceu poliacuteticas setoriais localizadas e

pontuais passiacuteveis de serem analisadas No caso brasileiro o interesse pelo

assunto eacute muito recente e conferiu ―ecircnfase ou agrave anaacutelise das estruturas e instituiccedilotildees

ou agrave caracterizaccedilatildeo dos processos de negociaccedilatildeo das poliacuteticas setoriais

especiacuteficas (p 214)

As poliacuteticas puacuteblicas desenvolvidas no plano da percepccedilatildeoaccedilatildeo pelo

Estado para a intervenccedilatildeo no mercado de trabalho satildeo constituiacutedas por Poliacuteticas

Ativas e Poliacuteticas Passivas (MACHADO E NETTO 2011 CHAHAD 2006 PAIVA

2006) No Brasil elas estatildeo presentes concomitantemente no sistema puacuteblico de

emprego e ―existem para corrigir falhas de mercado relacionadas agrave restriccedilatildeo de

creacutedito assimetrias de informaccedilatildeo ou problemas de intermediaccedilatildeo de matildeo - de

obra (MACHADO E NETTO 2011 p 2) bem como promover a geraccedilatildeo de

emprego e renda e equacionar determinadas disfunccedilotildees no mercado de trabalho

Nas palavras de Chahad (2006)

Esta intervenccedilatildeo materializa-se por meio da oferta de serviccedilos baacutesicos como concessatildeo de creacutedito aos desempregados e trabalhadores autocircnomos melhoria da qualidade da matildeo-de-obra por meio do treinamento e da recolocaccedilatildeo do desempregado utilizando a intermediaccedilatildeo da matildeo-de-obra Essas poliacuteticas ativas que associando-se ao seguro-desemprego e a outras formas de assistecircncia aos desempregados atuam no sentido de

35

promover a geraccedilatildeo de emprego elevar o niacutevel de rendimentos e garantir melhor bem-estar aos trabalhadores em geral (CHAHAD 2006 p 1)

As Poliacuteticas Ativas tecircm a finalidade de facilitar o Acesso em ao mercado de

trabalho e aumentar o niacutevel de salaacuterios dos trabalhadores que apresentam

dificuldades de inserccedilatildeo nesse mercado criar frentes de trabalho oferecer

incentivos agraves micro e pequenas empresas aleacutem de possuir ―[] instrumentos para

criaccedilatildeo direta e indireta de emprego tanto no mercado formal de trabalho quanto no

setor informal contribuem para aumentar a ―empregabilidade do trabalhador

facilitando seu reemprego auxilia na reduccedilatildeo dos niacuteveis de pobreza (CHAHAD

2006 p 5 - 6) Essa forma de poliacutetica seraacute analisada mais adiante quando nos

referirmos agrave formalizaccedilatildeo do Microemprendedor individual sob a Lei Complementar

12808

No caso das Poliacuteticas passivas o objetivo eacute assegurar o miacutenimo de renda

consumo satisfaccedilatildeo para as pessoas excluiacutedas temporariamente ou natildeo do

processo produtivo do mercado de trabalho O dispositivo mais conhecido eacute o

Seguro-desemprego3 (MACHADO E NETTO 2011 CHAHAD 2006 PAIVA 2006)

Para Oliveira (2012) jaacute mencionada anteriormente a poliacutetica de emprego

consiste numa representaccedilatildeo reduzida do ponto de vista do Estado do Bem Estar

Social e agrave ―posiccedilatildeo ocupada pelo paiacutes na divisatildeo internacional do trabalho (idem p

494) o que resulta num quadro nacional do capitalismo dependente Veremos que

no primeiro momento do periacuteodo Republicano natildeo haacute a construccedilatildeo de um projeto de

poliacuteticas que coadunassem poliacuteticas ativas e poliacuteticas passivas Observamos nesse

sentido que o complexo de poliacuteticas ativas deixa claro o forte posicionamento ao

desenvolvimento econocircmico e dessa forma compreendemos que as ―principais

medidas de proteccedilatildeo ao trabalhador no Brasil foram no sentido de controlar a forccedila

de trabalho com a inserccedilatildeo de marcos regulatoacuterios corporativos e restritos a

pequenos grupos (OLIVEIRA 2012 p 495) Como salienta essa autora a privaccedilatildeo

de poliacuteticas passivas de atenccedilatildeo ao trabalhador tanto na Primeira Repuacuteblica como

no periacuteodo Vargas dilatou o quadro de pobreza brasileiro e criou um excedente de

matildeo de obra abrindo caminho para a subsistecircncia fora do setor formal

3 O Seguro desemprego eacute um benefiacutecio que oferece auxiacutelio em dinheiro por um periacuteodo determinado

pago ao trabalhador formal e domeacutestico em virtude da dispensa sem justa causa inclusive dispensa indireta trabalhador formal com contrato de trabalho suspenso em virtude de participaccedilatildeo em curso de qualificaccedilatildeo fornecido pelo empregador pescador profissional durante o periacuteodo de defeso e trabalhador resgatado da condiccedilatildeo semelhante agrave de escravo (lthttpsgoogleX5hIw)

36

Para Fernandes (1975) Oliveira (1984) Machado (1999) Furtado (1978) e

Galeano (2010) o desenvolvimento latino-americano foi marcado pela incapacidade

de acompanhar a evoluccedilatildeo do capitalismo e das contradiccedilotildees e relaccedilotildees

antagocircnicas internas entre as capacidades produtivas e a correspondecircncia social

resultando no baixo desempenho econocircmico no mercado internacional dos paiacuteses

―subdesenvolvidos inseridos no sistema neocolonial o que permitiu a histoacuterica

dominaccedilatildeo e espoliaccedilatildeo territorial Para estes autores processo de dominaccedilatildeo foi

construiacutedo historicamente iniciado com o advento da ―Invasatildeo ou Conquista do

continente americano pela Espanha e Portugal As relaccedilotildees de poder produzidas

entre economias centrais e sateacutelites marcaram a crescente dependecircncia econocircmica

das uacuteltimas em relaccedilatildeo agraves primeiras sendo que o capitalismo latino americano se

tornou dependente na medida em que as bases relacionais foram pela via do

―endividamento externo e maior submissatildeo ao capital foracircneo (MACHADO 1999 p

200)

211 Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho primeiro momento

Abaixo (QUADRO1) apresentamos algumas das principais poliacuteticas de

emprego desenvolvidas pelo Estado brasileiro anterior ao Regime Militar que se

estabeleceu em 1964

QUADRO 1- POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS DE TRABALHO DESENVOLVIDAS NO BRASIL ANTERIOR A

1964

Continua

ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DEFINICcedilAtildeO

1919 Lei sobre acidentes de trabalho nordm 3724 de 15 janeiro de 1919

Responsabiliza empregadores pela indenizaccedilatildeo

Regulamentaccedilatildeo das relaccedilotildees de trabalho Criaccedilatildeo do Aviso Preacutevio proibiccedilotildees de salaacuterios atrasados pagamentos de

horas extras natildeo salariais proibiccedilatildeo de trabalho para menores de quatorze anos

e estabilidade de emprego para ferroviaacuterios e portuaacuterios

1925 Decreto4982 de 24 de dezembro de 1925 ndash Lei de feacuterias

Concede 15 dias anuais de feacuterias para empregados

1926 Dec 5083 de 01 de dezembro de 1926 Coacutedigo do menor

Regulamentaccedilatildeo do trabalho de menores dentre outras providecircncias

1930 CriaccedilatildeodoMinisteacuterio do Trabalho Comeacutercio e induacutestria

Interferir sistematicamente no conflito entre capital e trabalho Estabeleceu

jornada de 8 horas e proibiccedilatildeo do trabalho infantil e noturno

1942 ServiccediloNacionaldeAprendizagemIndustrial (SENAI) - Dec Fed 4048 de 22 de janeiro de 1942

Formaccedilatildeo profissional para a insipiente induacutestria de base

37

QUADRO 1 - POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS DE TRABALHO DESENVOLVIDAS NO BRASIL ANTERIOR A

1964

Concluatildeo

FONTE OLIVEIRA (2012) MTE SENAI SENAC CPDOC SENADO FEDERAL

Com um desenvolvimento industrial ainda modesto e insipiente no primeiro

momento da Repuacuteblica do Brasil como analisa Cotrin (1999) a base econocircmica

brasileira estava atrelada ao campo pois segundo esse autor em 1920 697 das

pessoas ativas desenvolviam atividades na agricultura 138 na induacutestria e o setor

de serviccedilos abarcava 165 das pessoas ativas (COTRIN 1999 p 268)

Mesmo com uma sociedade predominantemente agraacuteria as poliacuteticas

puacuteblicas de emprego demonstradas acima atingiam apenas os trabalhadores

urbanos que representavam cerca de 30 dos trabalhadores brasileirosAs

condiccedilotildees de trabalho desse operariado na Primeira Repuacuteblica brasileira eram

excessivamente precaacuterias o que provocavam vaacuterios acidentes de trabalho somem-

se a isso os baixos salaacuterios pagos a natildeo existecircncia de salaacuterio miacutenimo sem direito a

feacuterias ou pagamento de horas extras carga horaacuteria excessiva de trabalho que

atingia como aponta Cotrin (1999) 15 horas diaacuterias de trabalho de segunda a

saacutebado e sem direito a qualquer forma de indenizaccedilatildeo ou aviso preacutevio o

trabalhador poderia ser demitido arbitrariamente (p 275) Como demonstra o autor

[] as instalaccedilotildees das faacutebricas eram geralmente precaacuterias Nos galpotildees de serviccedilo natildeo havia espaccedilo adequado para o trabalho o ambiente era mal iluminado quente e sem ventilaccedilatildeo Tudo isso favorecia a ocorrecircncia de acidentes de trabalho cujas as principais viacutetimas eram as crianccedilas (COTRIN 1999 p 274)

Diante do quadro que se encontrava o trabalhador brasileiro nesse periacuteodo

surgiram vaacuterios protestos reivindicatoacuterios para melhorias nas condiccedilotildees de trabalho

sendo importantes na contribuiccedilatildeo para o aparecimento dos primeiros sindicatos e

entidades ligadas ao operariado

Dessa maneira como aponta Fausto (1995) foi no curso das greves

ocorridas entre os anos de 1917 e 1920 que surgiram as primeiras possibilidades de

aprovaccedilatildeo legislativa de direitos aos trabalhadores Algumas medidas foram

ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DEFINICcedilAtildeO

1946 Serviccedilo nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC)

Voltado para o setor de comeacutercio produccedilatildeo de bens e serviccedilo e turismo

1943 Consolidaccedilatildeo das leis trabalhistas (CLT) (lei nordm 5452 de 1ordm maio de

1943)

Art 1ordm - Esta Consolidaccedilatildeo institui as normas que regulam as relaccedilotildees individuais e coletivas de

trabalho nela previstas

38

colocadas em um projeto denominado Coacutedigo de trabalho mas sofreram pesadas

criticas pelo empresariado sendo igualmente vetadas pelos congressistas Apenas

a Lei nordm 37241919 que dispunha sobre as regras resultantes de acidentes de

trabalho como indenizaccedilotildees e responsabilidades do empregador foi aprovada

Ainda assim duas leis importantes foram produzidas na segunda metade dos anos 20 a Lei de feacuterias (1925) e a Lei de Regulamentaccedilatildeo do Trabalho de menores (192627) A primeira visava a obrigar os empresaacuterios a conceder 15 dias de feacuterias a seus empregados sem prejuiacutezo do ordenadomas foi sistematicamente desrespeitada Jaacute o Coacutedigo do Menor estipulava a maioridade a partir dos 18 anos e propunha uma jornada de trabalho de seis horas (CPDOC ndash Centro de Pesquisas e documentaccedilatildeo de Histoacuteria Contemporacircnea do Brasil)

Jaacute na deacutecada de 1930 o Estado Getulista procurou estabelecer regulaccedilatildeo e

regulamentaccedilatildeo para a questatildeo trabalhista Neste periacuteodo foi criado o Ministeacuterio do

Trabalho Comeacutercio e Induacutestria como forma de atenccedilatildeo mais sistemaacutetica ao

trabalhador como aponta Oliveira (2012) A regulaccedilatildeo tinha como objetivo

interferecircncia do estado junto aos sindicatos e organizaccedilotildees trabalhistas sobre

maneira nas de inclinaccedilotildees marxistas apoiadas por partidos de esquerda o que

limitava accedilotildees no campo poliacutetico e conflitos de classes dificultando a organizaccedilatildeo

da classe trabalhadora Dessa forma como observam Fausto (1995) e Oliveira

(2012) a centralizaccedilatildeo estatal mantinha sobre forte domiacutenio a questatildeo do ―princiacutepio

da unidade sindical ou seja do reconhecimento do Estado de um uacutenico sindicato

por categoria profissional (FAUSTO1995 p 335) Segundo Oliveira (2012) o

governo centralizador e interventor de Vargas tinha a intenccedilatildeo de estabelecer a

harmonia entre as classes diluiacutedas pela inquietaccedilatildeo social e promover a adequaccedilatildeo

trabalhocapital o que levaria a acumulaccedilatildeo capitalista Consideremos que em

1920 a produccedilatildeo agriacutecola representava 79 do total produzido no paiacutes e a

induacutestria 21 em 1940 a agricultura era responsaacutevel por 57 da produccedilatildeo e a

induacutestria 43 o que denota um aumento significativo do setor industrial (FAUSTO

1995 p 392)

Na avaliaccedilatildeo de Fausto (1995 p 336) ―a poliacutetica trabalhista do Governo

Vargas constituiu um niacutetido exemplo de uma ampla iniciativa que natildeo derivou das

pressotildees de uma classe social e sim da accedilatildeo do Estado As medidas regulatoacuterias

de Vargas tinham um propoacutesito central aumentar a capacidade de produccedilatildeo

industrial nas aacutereas urbanas e para tanto havia a necessidade de prevenir a

instabilidade social e mediar as relaccedilotildees entre a classe trabalhadora e o patronato

39

Assim para normatizar as relaccedilotildees de trabalho individuais e coletivas bem

como as regulamentaccedilotildees sobre essas relaccedilotildees em 1943 foi instituiacuteda a

Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho (CLT) sob o Dec Lei nordm 5452 de 151943

Nesse periacuteodo ficou evidente a forte regulaccedilatildeo das forccedilas de trabalho

subordinadas agraves poliacuteticas macroeconocircmicas de desenvolvimento e acumulaccedilatildeo de

capital A partir das deacutecadas de 197080 as poliacuteticas de emprego comeccedilaram a

ganhar destaque e porte sendo criado o Sistema Puacuteblico de Emprego ainda como

um sistema de pouca prospecccedilatildeo que atingia exclusivamente o mercado formal de

trabalho (MACHADO e NETO 2011)

212 Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho no Regime Militar

O iniacutecio do regime militar foi marcado por uma seacuterie de mudanccedilas que

incidiram sobre a poliacutetica de emprego no Brasil Essas medidas tornaram-se

coercitivas em funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do governo militar em expandir o complexo

industrial e tecnoloacutegico (OLIVEIRA 2012) No entanto foi somente a partir da

deacutecada de 1970 no regime militar que comeccedilam a serem implementadas poliacuteticas

passivas ainda modestas de atendimento aos trabalhadores natildeo somente

formalizados mas algumas categorias de trabalhadores que se encontravam fora do

mercado de trabalho Uma das Poliacuteticas de Emprego de maior visibilidade foi a

criaccedilatildeo do Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo (FGTS) (Lei 5107 de

13set1966) orientado hoje pela Lei 8036 de 11maio1990 e tem como objetivo

dar auxiacutelio ao trabalhador dispensado do serviccedilo sem justa causa e garantir uma

renda para a subsistecircncia ateacute conseguir novo emprego Para Oliveira (2012) a

criaccedilatildeo do FGTS substitui a estabilidade de emprego contida na CLT pela

poupanccedila compulsoacuteria Abaixo (QUADRO 2) estatildeo algumas das Poliacuteticas de

Emprego desenvolvidas durante o regime militar que se instalou no Brasil em 1964

QUADRO 2 - POLIacuteTICAS DE EMPREGO DESENVOLVDAS NO BRASILDURANTE O REGIME MILITAR

continua

ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DEFINICcedilAtildeO

1964 Lei Anti-greve4330 de 161964

Regula o direito de greve na forma do art 158 da Constituiccedilatildeo Federal de 1946

40

QUADRO 2 - POLIacuteTICAS DE EMPREGO DESENVOLVDAS NO BRASIL DURANTE O REGIME MILITAR

conclusatildeo

ANO POLIacuteTICA DEFINICcedilAtildeO

1965 Sobre os dissiacutedios coletivos entre categorias profissionais e econocircmicas (lei 4725 de

13765)

Estabelece normas para o processo dos dissiacutedios coletivos e daacute outras

providecircncias (Poliacutetica de contenccedilatildeo salarial)

1966 Criaccedilatildeo do Instituto Nacional de Previdecircncia Social (INPS) ndash Dec lei nordm 72 de 21111966

Unifica os Institutos de Aposentadoria e Pensotildees

1966 Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo Lei 5107 de 13091966 ndash revogado o seu original em 1989 e posteriormente em 1990 pela Lei

8036 de 11051990

Dispotildee sobre o Fundo de garantia por Tempo de Serviccedilo

1970 Criaccedilatildeo do Programa de integraccedilatildeo Social (Lei Complementar 07 de 791970)

Art 1ordm [] destinado a promover a integraccedilatildeo do empregado na vida e no

desenvolvimento das empresas

1970 Criaccedilatildeo do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico (PASEP) ndash LC

nordm 08 de 03121970

Institui o Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico

1971 Programa de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (PRORURAL) LC n 11 de 25051971

Poliacutetica de assistecircncia ao trabalhador rural

1973 Dec lei 71885 de 931973 Dispotildee sobre a profissatildeo de empregado domeacutestico

Art 1ordm Satildeo assegurados aos empregados domeacutesticos os benefiacutecios e serviccedilos da Lei

Orgacircnica da Previdecircncia Social

1974 Criaccedilatildeo do Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS )Lei 6036 de

1051974

Atribuiccedilotildees diferentes do Ministeacuterio do Trabalho

11974

Lei Ordinaacuteria 6136 de 7111974 Define o salaacuterio maternidade e outros benefiacutecios a serem pagos aos

trabalhadores (na praacutetica somente aos trabalhadores formalizados)

11974

Lei n 6179 de 11121974 Art 1ordm Institui amparo previdenciaacuterio para maiores de setenta anos de idade e para invaacutelidos definitivamente incapacitados

para o trabalho que natildeo exerccedilam atividades remuneradas []

11974

Lei n 6195 de 19121974 Extensatildeo aos trabalhadores rurais a concessatildeo de seguro por acidente do

trabalho

11974

Lei nordm 6019 de 03011974 Dispotildee sobre o Trabalho Temporaacuterio nas Empresas Urbanas - atendimento do

empresariado na substituiccedilatildeo de forccedila de trabalho ndash (OLIVEIRA 2012)

11975

Criaccedilatildeo do Sistema Puacuteblico de Emprego Conjunto de poliacuteticas ativas e passivas no mercado de trabalho

11975

Cria o Sistema Nacional de Emprego (SINE) Dec nordm 76403 de 08101975

Linhas de accedilatildeo organizar um sistema de informaccedilotildees e pesquisas sobre

o mercado de trabalho informar agraves empresas sobre a forccedila de trabalho

disponiacutevel (OLIVEIRA 2012)

FONTE OLIVEIRA (2012)wwwplanaltogovbr Instituo de Desenvolvimento do Trabalho

(IDT)CHAHAD (2006)

A centralidade econocircmica administrativa e poliacutetica que se iniciou no Brasil

apoacutes a implantaccedilatildeo do regime militar em 1964 culminou com a forte presenccedila do

41

Estado na sociedade e na economia e numa seacuterie de propostas de desenvolvimento

econocircmico colocadas nos Plano Nacional de Desenvolvimento l (1971 ndash 1974) e no

Plano Nacional de Desenvolvimento ll (1975 ndash 1979) (PND)

Neste momento da histoacuteria o Estado brasileiro inicia um processo de

enrijecimento atraveacutes da militarizaccedilatildeo poliacutetica administrativa e econocircmica do paiacutes

que avanccedilou para os setores da sociedade atingindo a classe trabalhadora Dentro

desse contexto foi decretado o impedimento agrave greve atraveacutes da Lei 433064 (Lei

Anti-greve) No ano seguinte foram instituiacutedas normas para o processo dos dissiacutedios

coletivos pela Lei nordm 472565 Tais medidas alertavam para o teor coercitivo do

governo militar e da sua proposta de crescimento econocircmico que penalizava a

classe trabalhadora do paiacutes

Na mesma medida em que manifestava sua posiccedilatildeo coercitiva e de controle

sobre as relaccedilotildees de trabalho o governo militar dava iniacutecio a propostas dos

trabalhadores como forma de compensaccedilatildeo pela falta de liberdade Em 1966 foi

criado o Instituto Nacional de Previdecircncia Social (INPS) o qual unificou os Institutos

de Aposentadorias e Pensotildees sob o Dec Lei nordm 7266 amparado pelo Ato

Institucional nordm 2 de 27111965 Em 1970 foram criados o Programa de Integraccedilatildeo

Social (PIS) sob a Lei nordm 071970 com o propoacutesito de ―[] promover a integraccedilatildeo do

empregado na vida e no desenvolvimento das empresas (art 1ordm) e o Programa de

Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico (PASEP) ndash sob a Lei Complementar nordm

0870 Em 1971 a poliacutetica de trabalho passa a ser voltada ao meio rural por meio da

constituiccedilatildeo do Programa de Assistecircncia ao trabalhador Rural (PRORURAL) sob a

Lei Complementar 2571 Esta poliacutetica tinha o objetivo de dar assistecircncia ao

trabalhador rural que ateacute entatildeo natildeo possuiacutea benefiacutecios na legislaccedilatildeo trabalhista

Segundo Oliveira (2012)

Essa foi a primeira legislaccedilatildeo para a criaccedilatildeo de um sistema previdenciaacuterio que beneficiasse os trabalhadores rurais benefiacutecio ampliados agraves empregadas domeacutesticas e em 1973 aos trabalhadores autocircnomos Essa inclusatildeo tardia dos trabalhadores rurais domeacutesticos e autocircnomos evidencia a poliacutetica trabalhista corporativa e excludente do Brasil e denota a ausecircncia de um sistema de garantias sociais para o conjunto da classe trabalhadora e dos trabalhadores fora do mercado de trabalho (OLIVEIRA 2012 p 497)

Em 1973 os empregados domeacutesticos passam a gozar dos benefiacutecios

instituiacutedos pela Lei orgacircnica da Previdecircncia Social amparados pelo Dec Lei

7188573 Em 1974 com o objetivo de ampliar a atenccedilatildeo ao trabalhador eacute criado o

42

Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) sob a Lei 603674 Outros

dispositivos de atenccedilatildeo ao trabalhador foram criados como o Salaacuterio Maternidade

(Lei 613674) e o ―amparo previdenciaacuterio para maiores de setenta anos de idade e

para invaacutelidos definitivamente incapacitados para o trabalho que natildeo exerccedilam

atividades remuneradas [] (Lei 617964 art 1ordm) No ano de 1975 ―sob a eacutegide da

Convenccedilatildeo nordm 88 da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) que orienta cada

paiacutes-membro a manter um serviccedilo puacuteblico e gratuito de emprego para a melhor

organizaccedilatildeo do mercado de trabalho (MTPS site) foi elaborado o Sistema Nacional

de Emprego (SINE)

Ao observarmos o quadro acima percebemos que as poliacuteticas de emprego

estabelecidas no regime militar eram Poliacuteticas Ativas e voltadas aos trabalhadores

formalizados excluindo dessas poliacuteticas quase em sua totalidade as categorias natildeo

formalizadas de trabalhadores brasileiros

Somente a partir da deacutecada de 1980 final do regime militar comeccedilam a

surgir mudanccedilas significativas sobre poliacuteticas puacuteblicas passivas de emprego no

Brasil Nas palavras de Oliveira (2012)

O esgotamento do regime militar e a crise econocircmica que se instaurou no paiacutes revelaram a precariedade das condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira e reacendeu o debate por melhores serviccedilos de infraestrutura e de inclusatildeo nos programas sociais possibilitando a emergecircncia de movimentos sociais urbanos que clamavam por direitos sociais e pela redemocratizaccedilatildeo no paiacutes (OLIVEIRA 2012 p 498)

213 Poliacuteticas Puacuteblicas de trabalho no periacuteodo de redemocratizaccedilatildeo do Brasil

A partir da segunda metade da deacutecada de 1980 e iniacutecio da deacutecada de 1990

as poliacuteticas marcadas pelo restabelecimento do governo democraacutetico brasileiro se

expandiram e foram criados vaacuterios programas destinados natildeo somente a dar

atenccedilatildeo ao trabalho formal mas tambeacutem ao setor informal da economia Com o

crescimento e demanda desse setor ficou evidente a necessidade de criaccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas direcionadas na possibilidade de equacionar distorccedilotildees entre os

setores formais e informais Para Machado e Neto (2011) os governos subnacionais

(estados e municiacutepios) foram importantes na medida de abertura do microcreacutedito

natildeo somente para o setor formal mas tambeacutem para os trabalhadores autocircnomos e

empreendimentos menores que absorviam boa parte dos trabalhadores ocupados

43

Observamos que os direitos dos trabalhadores se ampliam com a

promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (Constituiccedilatildeo Cidadatilde) estabelecidos

em seu art 7ordm com previsatildeo a ―melhoria de sua condiccedilatildeo social (BRASIL 1988

art 7ordm) No entanto como observa Oliveira (2012) natildeo havia ainda uma

preocupaccedilatildeo em formular poliacuteticas passivas de atendimento natildeo somente aos

trabalhadores formais mas tambeacutem aos desempregados subempregados e aos natildeo

formalizados que representavam parcela significativa no mercado de trabalho

brasileiro Dessa forma segue Oliveira (2012)

[] o paiacutes sempre conjugou poliacuteticas macroeconocircmicas com poliacuteticas assistencialistas limitando-se a introduzir marcos regulatoacuterios para algumas categorias profissionais sem contudo se debruccedilar na construccedilatildeo de uma poliacutetica de emprego passiva ou ativa que contemplasse a subsistecircncia ou a (re) inserccedilatildeo dos trabalhadores expulsos do mercado de trabalho (p 499)

Destacamos (QUADRO 3) as principais poliacuteticas criadas para garantir

direitos sociais de atenccedilatildeo aos trabalhadores sob a promoccedilatildeo de poliacuteticas passivas

para mercado de trabalho

QUADRO 3 - PRINCIPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016)

continua ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DESCRICcedilAtildeO

1986 Lei nordm 2283 de 27021986 ndash cria o Seguro Desemprego

Dispotildee sobre a instituiccedilatildeo [] do Seguro desemprego e daacute outras providecircncias

1988 Art XIII da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Diminuiccedilatildeo da duraccedilatildeo das horas trabalhadas que passa de 48 horas para

44 horas semanais

1990 Lei nordm 7998 de 11011990 Regula o Programa do Seguro-Desemprego o Abono Salarial institui o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT)

financiado com recursos advindos do PIS e do PASEP

1994 Resoluccedilatildeo CODEFAT nordm 59 de 250394 ndash autoriza alocar recursos do FAT para o Programa de Geraccedilatildeo de Emprego e

Renda (PROGER)

Eacute uma poliacutetica puacuteblica de emprego que se faz mediante concessatildeo de creacutedito

financeiro Tem por objetivo proporcionar linhas especiais de creacutedito em atividades

produtivas [] (MTPS)

1996

Resoluccedilatildeo 126 de 23101996 (CODEFAT) Criacatildeo do Plano Nacional de Qualificaccedilatildeo

do trabalhador (PLANFOR)

Aprova criteacuterios para a utilizaccedilatildeo de recursos do Fundo de Amparo ao

Trabalhador - FAT pela Secretaria de Formaccedilatildeo e Desenvolvimento Profissional - SEFOR com vistas agrave execuccedilatildeo de accedilotildees

de qualificaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo profissional no acircmbito do Programa do Seguro-

Desemprego no periacuteodo e 19971999

44

QUADRO 3 ndash PRINCPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016)

Continuaccedilatildeo

ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DESCRICcedilAtildeO

1996

Decreto 1946 de 28061996 - Cria o Programa Nacional de Fortalecimento da

Agricultura Familiar ndash PRONAF

Apoio financeiro a atividades agropecuaacuterias ou natildeo-agropecuaacuterias para implantaccedilatildeo

ampliaccedilatildeo ou modernizaccedilatildeo da estrutura de produccedilatildeo beneficiamento industrializaccedilatildeo e de serviccedilos no estabelecimento rural ou em aacutereas comunitaacuterias rurais proacuteximas de

acordo com projetos especiacuteficos

1996

RESOLUCcedilAtildeO CODEFAT Nordm 103 de 631996 ndash Cria o Programa de Expansatildeo do Emprego e Melhoria da Qualidade de Vida do Trabalhador ndash PROEMPREGO

Art 1ordm [] objetivo de criar novos empregos incrementar a renda do

trabalhador proporcionar a melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo em

especial das camadas de mais baixa renda e propiciar a diminuiccedilatildeo dos custos de

produccedilatildeo no contexto internacional preservando e expandindo as

oportunidades de trabalho e assegurando o equiliacutebrio do meio ambiente

1998 Resoluccedilatildeo CODEFAT 194 de 23091998 - Estabelece criteacuterios para transferecircncia de

recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador ndash FAT ao Plano Nacional de Qualificaccedilatildeo do Trabalhador ndash PLANFOR

Art 2ordm O PLANFOR tem o objetivo de construir gradativamente oferta de

educaccedilatildeo profissional (EP) permanente com foco na demanda do mercado de

trabalho de modo a qualificar ou requalificar a cada ano articulado agrave

capacidade e competecircncia existente nessa aacuterea pelo menos 20 da PEA - Populaccedilatildeo Economicamente Ativa maior de 14 anos

de idade

11999

Criaccedilatildeo do Fundo de Aval para a Geraccedilatildeo de Emprego e Renda (FUNPROGER)

Tem a finalidade de garantir parte do risco dos financiamentos concedidos pelas instituiccedilotildees financeiras oficiais federais diretamente ou por intermeacutedio de outras instituiccedilotildees financeiras no acircmbito do Programa de Geraccedilatildeo de Emprego e Renda - PROGER Setor Urbano

22001

Medida Provisoacuteria nordm 2164-41 de 24082001Subvenciona o trabalhador atraveacutes de Bolsa Qualificaccedilatildeo profissional

Altera a Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho - CLT para dispor sobre o trabalho a tempo parcial a suspensatildeo do contrato de trabalho e o programa de qualificaccedilatildeo profissional

22001

Lei nordm 10208 de 23032001 -Acrescenta os artigos 3ordmA 6ordmA 6ordmB 6ordmC e 6ordmD agrave Lei n

o 5859 de 11 de dezembro de 1972

Dispotildee sobre a profissatildeo de empregado domeacutestico para facultar o Acesso em ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviccedilo - FGTS e ao seguro-desemprego (texto da poliacutetica)

22003

Lei 10779 de 25112003 Dispotildee sobre a concessatildeo do benefiacutecio de seguro desemprego durante o periacuteodo de defeso ao pescador profissional que exerce a atividade pesqueira de forma artesanal (texto da poliacutetica)

22005

Decreto 5598 de 1122005 ndash Estabelece as normas para o Programa de Aprendizagem Profissional

Regulamenta a contrataccedilatildeo de aprendizes

45

QUADRO 3 ndash PRINCPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016)

Conclusatildeo

ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DESCRICcedilAtildeO

22008

Lei Complementar 128 de 191208 ndash Criaccedilatildeo do Microempreendedor Individual (MEI)

ART 18E - O instituto do MEI eacute uma poliacutetica puacuteblica que tem por objetivo a formalizaccedilatildeo de pequenos empreendimentos e a inclusatildeo social e previdenciaacuteria

FONTE SENADO FEDERAL OLIVEIRA (2012) MTE BATISTA (2009)

As poliacuteticas de trabalho no Brasil quase que exclusivamente atingiam os

trabalhadores formalizados deixando fora de poliacuteticas especiacuteficas categorias natildeo

definidas dentro do setor formal isolando-os de direitos trabalhistas e

previdenciaacuterios Com a evoluccedilatildeo da economia de mercado informalizado e

considerando que boa parte dos trabalhadores sobrevivia do trabalho informal o

que nesse sentido como analisa Pastore (2006) gerava distorccedilotildees no setor

previdenciaacuterio o governo brasileiro instituiu a LC 1282008 com objetivos de 1)

criar a figura juriacutedica do Microempreendedor Individual 2) promover a formalizaccedilatildeo

de trabalhadores que manteacutem atividades fora das relaccedilotildees de mercado formais 3)

promover a inclusatildeo social desses trabalhadores

214 Poliacutetica Puacuteblica de Trabalho MEI

Em 2008 foi regulamentada no Brasil a Lei Complementar (LC) nordm 12808 a

qual estabeleceu a pessoa juriacutedica do Microempreendedor Individual (MEI) em

complemento a LC 123 de 14 de dez de 20064 Esta poliacutetica puacuteblica representa uma

tentativa de resposta pelo poder puacuteblico ao crescente nuacutemero de trabalhadores

informais exercendo as mais diversas atividades econocircmicas e em muitos casos

em situaccedilatildeo de vulnerabilidade por exerciacutecios de trabalho precaacuterio irregular ou ilegal

em desconformidade com a legislaccedilatildeo trabalhista natildeo oportunizando dessa forma

os direitos previdenciaacuterios conquistados pelos trabalhadores formalizados Como

referecircncia ao MEI a legislaccedilatildeo traz a seguinte redaccedilatildeo

4A LC 12306 estabelece normas gerais relativas ao tratamento diferenciado e favorecido a ser

dispensado agraves microempresas e empresas de pequeno porte no acircmbito dos poderes da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal [] (art 1ordm) e segundo Guimaratildees (2011) a Lei Geral de 2006 estaacute relacionada agrave geraccedilatildeo de desenvolvimento econocircmico

46

Para os efeitos desta Lei Complementar considera-se MEI o empregador individual a que se refere o art 966 da lei 10406 de 10 de janeiro de 2002 (Coacutedigo Civil) que tenha auferido receita bruta no calendaacuterio anterior de ateacute R$ 6000000 (sessenta mil reais) optante pelo Simples Nacional e que natildeo esteja impedido de optar pela sistemaacutetica prevista neste artigo (LC 12808 art 18ordf sect 1ordm)

Segundo a redaccedilatildeo da referida LC ―o instituto do MEI eacute uma poliacutetica puacuteblica

que tem por objetivo a formalizaccedilatildeo de pequenos empreendimentos e a inclusatildeo

social5 e previdenciaacuteria (BRASIL 2008 art 18-E) natildeo sendo objeto apenas de

caraacuteter econocircmico ou fiscal (idem sect 1ordm) Portanto como analisa Souza (2010 p15) o

―MEI tem como objetivo alcanccedilar aqueles empreendedores menores os chamados

autocircnomos ou ambulantes como cabeleireiros sapateiros costureiras pipoqueiros

entre outros e segundo Federaccedilatildeo Nacional das Empresas de Serviccedilos Contaacutebeis

e das Empresas de Assessoramento Periacutecias Informaccedilotildees e Pesquisas

(FENACON) tal poliacutetica puacuteblica consiste num dos ―maiores projetos de inclusatildeo

social colocados em praacutetica no paiacutes e assim decorre de uma accedilatildeopoliacutetica do

Estado perceptiacutevel frente a um problema soacutecioestrutural e que essa accedilatildeo estaraacute

diretamente ligada a fatores conjunturais e influenciaraacute a vida das pessoas

Com o advento da pessoa juriacutedica do MEI aleacutem da facilidade no processo

burocraacutetico de formalizaccedilatildeo das suas atividades pode-se verificar o baixo custo

tributaacuterio tanto para a previdecircncia quanto para os estados e municiacutepios muito

embora os encargos tributaacuterios se diferenciem dependendo da atividade

desenvolvida pelo empreendedor individual

Portanto com os objetivos expressos de inclusatildeo social previsto na

referente LC devemos destacar dois fatores muito importantes a) o aumento da

contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria b) o aumento na receita dos municiacutepios (ainda que

pequeno) Quanto agrave contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria o Microempreendedor Individual

estaraacute isento do Imposto de Renda sobre Pessoa Juriacutedica (IRPJ) do Imposto sobre

Produtos Industrializados (IPI) da Contribuiccedilatildeo Social sobre Lucro liacutequido (CSLL)

da Contribuiccedilatildeo para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) do

Programa de Integraccedilatildeo Social (PIS) e da Contribuiccedilatildeo Patronal Previdenciaacuteria no

entanto recolheraacute em forma de tributaccedilatildeo um valor fixo mensal no valor de R$

51656 disposto no art 18A sect 3ordm inciso V da referida LC desse modo isentando-o

5 Grifo nosso ndash texto incluiacutedo pela LC 1472014

6Valor expresso ateacute a data referente a esta pesquisa ndash ano base 2016

47

do regime de tributaccedilatildeo - o Simples Nacional O recolhimento de tributaccedilatildeo seraacute da

seguinte forma (LC 12808 art 18ordf inciso V aliacuteneas a b c)

a) R$ 4565 (quarenta e cinco reais e sessenta e cinco centavos) a tiacutetulo

da contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria

b) R$ 100 (um real) a tiacutetulo ICMS

c) R$ 500 (cinco reais) a tiacutetulo de ISS

A referida LC em seu art 18E sect3ordm enquadra o MEI na modalidade de

microempresa no entanto com especificidade conceitual diferenciada do que refere

o art 3ordm item l da LC 12306 ―no caso da microempresa aufira em cada ano-

calendaacuterio receita bruta igual ou inferior a R$ 36000000 (trezentos e sessenta mil

reais) Sem embargo a redaccedilatildeo no mesmo artigo em seu sect2ordm estende ao MEI

todos os benefiacutecios dispensados agrave pequena empresa sempre que favoraacutevel

Eacute compreensiacutevel o enquadramento do MEI na modalidade de microempresa

posto que a LC 12306 foi o marco de abertura para o processo de formalizaccedilatildeo

desburocratizaccedilatildeo e regulamentaccedilatildeo das micro e pequenas empresas que se

encontravam na informalidade dos seus negoacutecios comerciais possibilitando nesse

sentido a valorizaccedilatildeo e a inclusatildeo de uma quantidade significativa de empresas no

curso da regularizaccedilatildeo previdenciaacuteria social e econocircmica Os dispositivos

colocados tanto na facilidade para a abertura da empresa baixa tributaccedilatildeo e

tratamentos diferenciados nas licitaccedilotildees puacuteblicas como procedimentos de estiacutemulos

e apoio para a inovaccedilatildeo contrataccedilatildeo capacitaccedilatildeo e ao associativismo inclina-se na

construccedilatildeo no nosso entendimento de uma base complementar entre Poliacutetica

Publica Ativa e Poliacutetica Puacuteblica Passiva a) quanto agrave natureza estrutural b) quanto agrave

abrangecircncia fragmentada e c) quanto aos impactos redistributiva (TEIXEIRA

2002)

As micro e pequenas empresas e o microempreendedor individual

amparados pelas LC 12306 e LC 12808 respectivamente formam um segmento

do mercado aberto que nas anaacutelises de Sacks (2003) eacute excepcionalmente

importante para o desenvolvimento socioeconocircmico do paiacutes pois aleacutem de

representar uma economia que chega a 27 do PIB brasileiro corresponde ao

emprego de mais de 90 dos trabalhadores operantes no paiacutes portanto uma fonte

inestimaacutevel de geraccedilatildeo de renda

No entanto como observa o autor o isolamento dessas MPE assim como

os MEI (atividades produtivas de pequeno porte) frente a um mercado aberto natildeo

48

poderaacute corresponder agraves expectativas de expansatildeo em decorrecircncia da concorrecircncia

com empresas maiores e mais estruturadas atuantes no livre mercado Como

assinala Sachs (2003)

Esses pequenos empreendedores e produtores se submetidos apenas aos processos de mercado natildeo tecircm condiccedilotildees de competir com empresas estruturadas de maior porte ndash a natildeo ser concorrendo agrave ―competitividade espuacuteria que se traduz em salaacuterios baixos jornadas longas de trabalho sonegaccedilatildeo de impostos e natildeo recolhimento de encargos sociais (SACHS 2003 p 21)

Para esse autor o desafio em alterar esse quadro estaria em promover a

qualificaccedilatildeo acesso em agrave tecnologia ao creacutedito e ao mercado considerando

igualmente a formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas menos setorizadas mas que

concebessem a integraccedilatildeo dos setores da economia propiciando a aproximaccedilatildeo das

empresas agrave competitividade Ou seja ―uma accedilatildeo afirmativa em favor dos mais

fracos sem poder e sem voz (SACHS 2003 p 21)

As microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP) satildeo

estruturalmente diferenciadas dos microempreendedores Individuais tanto nas

dimensotildees fiacutesicas quanto na capacidade de abrangecircncia e inserccedilatildeo no mercado

sendo igualmente objeto diferenciado constante nas regulamentaccedilotildees descritas nas

LC 12306 e LC 12808 respectivamente quanto ao enquadramento sobre a receita

agraves obrigaccedilotildees tributaacuterias e fiscais O art 3ordm incisos I e II da LC 12306 nos diz como

jaacute mencionado acima que a microempresa eacute aquela que possui receita bruta anual

de ateacute R$ 36000000 (trezentos e sessenta mil reais) a receita bruta da empresa de

pequeno porte por sua vez natildeo pode ser inferior a R$ 36000000 e superior a R$

360000000 (trecircs milhotildees e seiscentos mil reais) por outro lado o MEI possui uma

exigecircncia de receitaano muito menor que as demais estabelecida com um teto de

R$ 6000000 conforme expressa o art 18ordf sect 1ordm

Consideremos que as obrigaccedilotildees tributaacuterias diferenciadas para as

microempresas e as empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional7

descrevem as necessidades de se conceber mecanismos de atendimento a esse

segmento empresarial de importacircncia comprovada para a economia do paiacutes e da

sua fragilidade de continecircncia no livre mercado Por outro lado temos o MEI

7Simples Nacional eacute um regime de tributaccedilatildeo diferenciado aplicados agraves Microempresas e Empresas

de Pequeno Porte que consiste no recolhimento dos tributos previstos em lei em um documento uacutenico de arrecadaccedilatildeo (DAS) e da contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria

49

marcado pela inseguranccedila muitas vezes da sua condiccedilatildeo de ―empreendedor

forccedilado em funccedilatildeo das mudanccedilas ocorridas no universo do trabalho denotando a

fragilidade socioeconocircmica que o permeia No entanto

No Brasil existem algumas entidades que atuam como propulsoras das potencialidades de micro e pequenas empresas estimulando a cultura do empreendedorismo Uma das principais eacute o SEBRAE (Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas) que atua dando suporte no processo de abertura e registro de empresas com orientaccedilatildeo cursos e palestras para minimizar o grau de mortalidade desses pequenos empreendimentos (SILVEIRA TEIXEIRA 2011 p 227)

A finalidade do SEBRAE nesse sentido eacute apoiar o desenvolvimento das

micro e pequenas empresas e fomentar o empreendedorismo atraveacutes de programas

de capacitaccedilatildeo consultoria e financcedilas no atendimento de empresaacuterios e potenciais

empreendedores

A poliacutetica maior do MEI atribui determinada responsabilidade aos governos

locais de deferirem poliacuteticas alinhadas agrave implantaccedilatildeo agravequela de atenccedilatildeo agrave categoria

uma vez que o desenvolvimento desse segmento pode subtender aleacutem da

inclusatildeo descrita no art 18E da LC 12808 um avanccedilo nas questotildees

socioeconocircmicas locais Mesmo com direcionamento o impacto pode ser absorvido

por outros segmentos sob a forma de fortalecimento do mercado interno local que

por sua vez concorre para o aumento e extensatildeo da geraccedilatildeo de emprego renda e

com isso o aumento da receita municipal

Sob a oacutetica do desenvolvimento local a partir da interpretaccedilatildeo do

pensamento de autores como Albuquerque e Zapata (2008) Sachs (2003)

Albuquerque (1997) dentre outros dialogando com a Lei Geral e suas alteraccedilotildees

(LC 12808 e LC 147 de 07 de ago de 2014) analisaremos algumas accedilotildees e

estrateacutegias de atendimento ao MEI desenvolvidas nos municiacutepios integrantes da

MRGP

50

3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS PARA O MEI NA MICRORREGIAtildeO DE PARANAGUAacute

A Microrregiatildeo8 Geograacutefica de Paranaguaacute (MRGP) (MAPA 1) situada no

litoral paranaense eacute composta pelos municiacutepios de Antonina Guaraqueccedilaba

Guaratuba Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute (IPARDES 2012) e

apresenta enorme complexidade em sua estrutura social econocircmica e natural

marcada ainda por seacuterios problemas de gestatildeo de desenvolvimento e de

conservaccedilatildeo (ANDRIGUETTO FILHO MARCHIORO in RAYNAUT et al2002)

Para Horochowski et al (2007) a MRGP apresenta

[] uma espacialidade conturbada com mais de 60 quilocircmetros de extensatildeo que liga os municiacutepios de Guaratuba Matinhos Pontal e tambeacutem Paranaguaacute Esses trecircs uacuteltimos possuem graus de urbanizaccedilatildeo superiores a 96 e satildeo marcadamente ordenados por grupos imobiliaacuterios promotores de praacuteticas especulativas e pela ocupaccedilatildeo de aacutereas ambientalmente vulneraacuteveis(HOROCHOWSKI etal (2007)

MAPA 1 -MICRORREGIAtildeO GEOGRAacuteFICA DE PARANAGUAacute

FONTE Adaptado do CORPO DE BOMBEIROSPR Disponiacutevel em(lthttpsgooglBhsDTx)

Segundo IPARDES a aacuterea territorial da MRGP corresponde a 6333233

Km2 abrigando uma populaccedilatildeo de 286602 habitantes com densidade demograacutefica

8 As microrregiotildees satildeo definidas pelo IBGE (1990) como partes da mesorregiatildeo e possuem

especificidades proacuteprias sem apresentarem uniformidade ou auto-suficiecircncia contudo articulam-se com espaccedilos maiores (mesorregiotildees ou Unidades da Federaccedilatildeo) Essas especificidades dizem respeito agraves estruturas de produccedilatildeo que podem apresentar quadros naturais sociais ou econocircmicos particulares localizados e regionalizados

51

de 4525 habKm2 e alto grau de urbanizaccedilatildeo de 9048 (TABELA 2) A ―forte

polarizaccedilatildeo urbana e industrial com o complexo portuaacuterio de Paranaguaacute e das aacutereas

urbano-turiacutesticas na orla sul (ANDRIGUETTO FILHO MARCHIORO in RAYNAUT

et al2002 p 160) constitui um traccedilo caracteriacutestico do litoral paranaense e possui

dinacircmicas diferenciadas no processo econocircmico

No litoral paranaense conforme assinalam esses autores o meio natural

estaacute relativamente menos impactado que no restante do Estado principalmente nas

aacutereas rurais de Guaratuba e Guaraqueccedilaba que natildeo concorreram aos modelos de

desenvolvimento econocircmico adotados pelos municiacutepios do Estado que mantinham

bases predominantemente agriacutecolas e agroindustriais (idem p 161)

TABELA 2 - POPULACcedilAtildeO ABSOLUTA POPULACcedilAtildeO URBANA E POPULACcedilAtildeO RURAL DA MRGP (2000-2010)

MUNICIacutePIO POPULACcedilAtildeO

2000 2010

Antonina 19174 18891 Guaraqueccedilaba 8288 7871 Guaratuba 27257 32095 Matinhos 24184 29428 Morretes 15275 15718 Paranaguaacute 127339 140469 Pontal do Paranaacute 14323 20920

FONTE IBGE ATLAS BRASIL

A MRGP eacute componente da Mesorregiatildeo9 de Curitiba e estaacute ligada agrave capital

paranaense atraveacutes da BR 277 Outras estradas alternativas que ligam a regiatildeo ao

Primeiro Planalto Paranaense podem ser observadas pela BR 376 (Guaratuba ndash

GaruvaSC) e pela estrada da Graciosa

A precaacuteria gestatildeo de desenvolvimento local10 e a falta de iniciativas que

atendessem as capacidades especificidades e realidades vividas localmente

concorreram para que o litoral paranaense se tornasse uma das regiotildees menos

9Entende-se por Mesorregiatildeo uma aacuterea individualizada em uma Unidade da Federaccedilatildeo que

apresenta formas de organizaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico definida pelas seguintes dimensotildees o processo social como determinante o quadro natural como condicionante e a rede de comunicaccedilatildeo e lugares como elemento de articulaccedilatildeo espacial Estas trecircs dimensotildees possibilitam que o espaccedilo delimitado como Mesorregiatildeo tenha uma identidade regional Esta identidade eacute uma realidade construiacuteda ao longo do tempo pela sociedade que aiacute se formou (IBGE 1990 p 8)

10

Atraveacutes do Sistema de Monitoramento da Implementaccedilatildeo da Lei Geral nos Municiacutepios Brasileiros disponibilizado pelo SEBRAE observamos que natildeo haacute poliacuteticas de desenvolvimento local nos municiacutepios integrantes da MRGP Disponiacutevel em (lthttpsgoogltb4OXE)

52

desenvolvidas do Paranaacute com altos iacutendices de pobreza baixo padratildeo de vida e

destacadas disparidades sociais como analisaram Raynaut et al (2002) e Turra e

Baccedilo (2014) Para esses uacuteltimos autores apoacutes realizarem estudos sobre Niacutevel de

Desenvolvimento Regional (NDR) no Paranaacute concluiacuteram que a MRGP possui um

niacutevel muito baixo (MB) de desenvolvimento o que estaacute relacionado agrave baixa

concentraccedilatildeo tecnoloacutegica e o niacutevel de ocupaccedilatildeo das pessoas

Abaixo (TABELA 3) demonstra uma evoluccedilatildeo no Iacutendice de Desenvolvimento

Humano (IDH) na MRGP

TABELA 3 - DEMONSTRATIVO DO IDH E DO IacuteNDICE DE POBREZA DOSMUNICIacutePIOS DA MRGP

MUNICIacutePIO IDH POBREZA

2000 2010 2000 2010

Antonina 0582 0687 3339 1727

Guaraqueccedilaba 0430 0587 5387 3605 Guaratuba 0613 0717 1958 915 Matinhos 0635 0743 1671 616 Morretes 0573 0686 2364 1087 Paranaguaacute 0645 0750 1593 810 Pontal do Paranaacute 0622 0738 1741 598

FONTE IBGE ATLAS BRASIL

Alguns elementos como a longevidade a renda e a educaccedilatildeo contribuiacuteram

para o aumento do IDH Jaacute a queda no iacutendice de pobreza na MRGP pode ser

descrita igualmente pelo aumento da renda da populaccedilatildeo e de uma maneira mais

incisiva pela involuccedilatildeo da desigualdade nesses municiacutepios

No entanto o iacutendice da pobreza no caso de Antonina a exemplo segundo

IBGE (2010) chegou a 5022 e o iacutendice da pobreza subjetiva neste municiacutepio

ficou em 3018 Notemos que a permanecircncia da pobreza muitas vezes produz

um deslocamento e enfraquecimento das capacidades e potencialidades reais das

pessoas

31 A FRAacuteGIL ECONOMIA NA MRGP

A MRGP apresenta uma diversidade no setor econocircmico com atividades

agropastoris comercio induacutestria (setor industrial de Paranaguaacute) e o setor de

produccedilatildeo de bens e serviccedilos com ecircnfase no turismo sobretudo na orla sul da

regiatildeo que abrange os municiacutepios de Pontal do Paranaacute Matinhos e Guaratuba

53

ainda sujeitos agrave sazonalidade em decorrecircncia da temporada de praias (veratildeo) e o

inverno

Os setores produtivos da MRGP se apresentam de forma heterogenia com

ecircnfase na proporccedilatildeo do setor de comeacutercioserviccedilos que apresenta forte impacto

sobre a contrataccedilatildeo de pessoal formalizado (RAIS)

TABELA 4ndash DADOS DO MERCADO DE TRABALHO NA MRGP (2000-2016)

FONTE IPARDES IBGE FUNPARUFPR

Observamos (TABELA 4) que a taxa de desemprego na MRGP em 2010

ficou em 7511 Frisamos que pela escassez de dados referentes ao setor informal

na MRGP natildeo foi possiacutevel estabelecer a descriccedilatildeo quantitativa das atividades

econocircmicas Poreacutem nas atividades exploratoacuterias de anaacutelise observamos enorme

diversidade das atividades informais no litoral serviccedilos domeacutesticos jardinagem

cabeleireiro manicure trabalhadores contratados para a limpeza de pescados

artesatildeos salgadeira doceira construccedilatildeo civil carpinteiros ambulantes catadores

de materiais reciclaacuteveis trabalhadores de Micro e Pequenas empresas

desprotegidos pela natildeo formalizaccedilatildeo trabalhadores rurais trabalhadores em

oficinas de mecacircnica de automoacuteveis motocicletas e bicicletas dentre outros

trabalhadores

A economia informal ou economia submersa (CATANI 1985) segundo

alguns autores como Sachs (2003) Antunes (2011) Matsuo (2008) se apresenta de

11

O desemprego foi calculado sobre a PEA (populaccedilatildeo economicamente ativa) em relaccedilatildeo agrave PO

(populaccedilatildeo ocupada) incluindo os setores formal e informal A PEA pode ser definida como o []

potencial de matildeo-de-obra com que pode contar o setor produtivo isto eacute a populaccedilatildeo ocupada e

a populaccedilatildeo desocupada (IBGE) A PO compreende aquelas pessoas que num determinado periacuteodo

de referecircncia trabalharam ou tinham trabalho mas natildeo trabalharam (por exemplo pessoas em feacuterias) As pessoas ocupadas sao classificadas em a) empregados b) conta proacutepria c) empregadores d) natildeo remunerados (idem)

TRABALHO REGIAtildeOANO

2000 2010

Populaccedilatildeo em Idade Ativa (PIA) (pessoas) 175483 223295 Populaccedilatildeo Ocupada total (PO) (pessoas) 85863 115811 Pessoal ocupado assalariado (pessoas) nd 51576 Populaccedilatildeo Economicamente Ativa (PEA) 100628 125263 Taxa de Atividade de 10 anos ou mais () 547 5625 T de Ocupaccedilatildeo de 10 anos ou mais () nd 9245

54

maneira complexa pelo volume frente a uma nova conjuntura e modificaccedilotildees no

mundo do trabalho um meio diferenciado encontrado pelas pessoas como

enfrentamento ao crescente processo de erradicaccedilatildeo do emprego formalizado Tais

formas de ―sobrevivecircncia laboral encontram suporte legal no art 170 paraacuteg uacutenico

da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 onde ―eacute assegurado a todos o livre exerciacutecio de

qualquer atividade econocircmica independentemente de autorizaccedilatildeo de oacutergatildeos

puacuteblicos salvo nos casos previstos em lei (BRASIL 1988)

Quanto ao emprego formal na MRGP verificamos (TABELA 5) um aumento

de 36 no quantitativo dos empregos ativos

TABELA 5 - NUacuteMERO DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP (2013-2014)

MUNICIacutePIO EMPREGOS

ATIVOS

2013 2014

Antonina 3169 3193 Guaraqueccedilaba 810 796 Guaratuba 5874 6509 Matinhos 7341 7838 Morretes 2252 2347 Paranaguaacute 38133 38275 Pontal do Paranaacute 3691 4543

Total 61270 63501

FONTE MINISTEacuteRIO DO TRABALHO E EMPREGOCAGED

Na tabela acima (TABELA 5) constatamos que o municiacutepio de

Guaraqueccedilaba apresentou variaccedilatildeo percentual negativa de -173 entre os anos de

2013 e 2014 e destacamos Guaratuba com o aumento na variaccedilatildeo relativa de

1081 seguida por Matinhos 677 e Morretes com uma variaccedilatildeo percentual de

422 na geraccedilatildeo de empregos

A compreensatildeo da evoluccedilatildeo na geraccedilatildeo de empregos nos remete ao

entendimento do comportamento da economia e das relaccedilotildees entre mercado capital

e trabalho Neste conjunto de elementos estatildeo alinhados o processo produtivo as

atividades produtivas e as forccedilas de produccedilatildeodistribuiccedilatildeo e consumo

Segundo Salzbac Denardin e Felisbino (2012) a demanda do fluxo de

seguimentos produtivos eacute uma caracteriacutestica de cidades poacutelos pela oferta de

emprego no setor de comeacutercio e serviccedilos Dessa forma ao analisar o cenaacuterio

econocircmico do litoral paranaense esses autores concluiacuteram que

55

Os municiacutepios litoracircneos do Paranaacute os quais natildeo fazem parte de uma regiatildeo metropolitana natildeo apresentam empregos em volume significativos nem no setor industrial nem no setor de serviccedilos o que implica na baixa capacidade de geraccedilatildeo de tributos proacuteprios limitando tambeacutem a oferta de serviccedilos puacuteblicos [] os setores de serviccedilos comeacutercio e de administraccedilatildeo puacuteblica foram os segmentos que mais mantinham empregos ativos na MRGP (SALZBAC DENARDIN FELISBINO 2012 p 117)

TABELA 6 - NUacuteMEROS DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP POR SETOR ECONOcircMICO

SETOR ECONOcircMICO Ano

2013 2014

1 extrativa mineral 187 188 2 induacutestria de transformaccedilatildeo 6100 6512 3 serviccedilos industriais de utilidade puacuteblica 294 255 4 construccedilatildeo civil 1722 1993 5 comeacutercio 15302 16154 6 serviccedilos 26660 27140 7 administraccedilatildeo puacuteblica 10501 10789 8 agropecuaacuteria ext vegetal caccedila e pesca 504 470

FONTE MTECAGED

Como podemos observar (TABELA 6) a maior parte dos empregos ativos

estaacute no setor terciaacuterio com especial atenccedilatildeo ao setor de serviccedilos

Um indicador econocircmico importante eacute o Valor Adicionado Fiscal (VAF) que

permite ―espelhar o movimento econocircmico municipal e consequentemente o

potencial que o municiacutepio tem para gerar receitas puacuteblicas (MINAS GERAIS 2016)

Sobre o conceito poderemos dizer que o VAF eacute um instrumento

[] utilizado pelo Estado para calcular o iacutendice de participaccedilatildeo municipal no repasse de receita do Imposto sobre Operaccedilotildees relativas agrave Circulaccedilatildeo de Mercadorias e sobre Prestaccedilotildees de Serviccedilos de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicaccedilatildeo (ICMS) e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) aos municiacutepios [] Eacute apurado pela Secretaria de Estado de Fazenda [[ com base em declaraccedilotildees anuais apresentadas pelas empresas estabelecidas nos respectivos municiacutepiosDisponiacutevel em (lthttpsgoogl80DhoU)

Com a anaacutelise do indicador acima mencionado poderemos verificar a

participaccedilatildeo na economia local por setor econocircmico e sua importacircncia nas poliacuteticas

de desenvolvimento e planejamento estrateacutegico na observacircncia das potencialidades

do mercado cultura local e heterogeneidade das atividades econocircmicas

Na MRGP o setor de comeacutercio e serviccedilos (setor terciaacuterio) notadamente

excetuando os municiacutepios de Antonina e Guaraqueccedilaba possui participaccedilatildeo maior

que a produccedilatildeo primaacuteria e a induacutestria local (TABELA 7) e constitui elemento de

56

anaacutelise importante na concepccedilatildeo de poliacuteticas de expansatildeo do emprego e renda12 Jaacute

a participaccedilatildeo sobre a receita dos municiacutepios a que apresenta menor potencial eacute a

produccedilatildeo primaacuteria em virtude da natildeo adoccedilatildeo do mesmo modelo industrial adotado

em outras regiotildees do Estado Paranaense

TABELA 7 - VALOR ADICIONADO FISCAL (VAF - R$ 100 (P)) DOS MUNICIacutePIOS INTEGRANTES

DA MRGP (2016)

MUNICIacutePIO PRODUCcedilAtildeO PRIMAacuteRIA

INDUacuteSTRIA COMEacuteRCIO SERVICcedilOS

RECURSOS AUTOS

Antonina 4334454 125827796 68271749 Guaraqueccedilaba 3074904 5399117 3701577 4192 Guaratuba 15641921 21782241 119496927 47370 Matinhos 295763 23559310 109482578 147729 Morretes 12959951 23264839 44980267 14974 Paranaguaacute 54409213 1280856468 1980373389 543132 Pontal do Paranaacute

436246 19320486 68114345 19138

Total 91152452 1500010257 4788841664 1553070

FONTE IPARDES

Excetuando Paranaguaacute (TABELA 7) identificamos a fragilidade das receitas

municipais da MRGP e de outra maneira a fragilidade financeira e orccedilamentaacuteria jaacute

mencionadas por Sulzbach e Denardin (2012) que alertavam para a dependecircncia

financeira dos municiacutepios da MRGP para com as transferecircncias

intergovernamentais

Um dos principais indicadores da dependecircncia financeira dos municiacutepios agraves tributaccedilotildees das demais esferas pode ser observado atraveacutes das receitas de tributaccedilatildeo por setores produtivos e das receitas advindas de transferecircncias correntes Neste aspecto observa-se que os municiacutepios do litoral do Paranaacute apresentam uma dependecircncia financeira elevada das transferecircncias das esferas nacional e estadual O Municiacutepio com maior destaque eacute o de Guaraqueccedilaba que do total de suas receitas 93 adveacutem de transferecircncias correntes seguindo por Morretes com 78 e Antonina com 7052 das receitas advindas de transferecircncias (SULZBACH DENARDIN 2012 p 6)

Ainda observando a tabela 7 percebemos que o polo industrial e comercial

da MRGP eacute o municiacutepio de Paranaguaacute pressupondo importante vetor da economia

local e do seu posicionamento estrateacutegico diante dos outros municiacutepios da regiatildeo

tanto na articulaccedilatildeo com outros centros comerciais e industriais da Mesorregiatildeo

12

Para melhor compreensatildeo sobre as modificaccedilotildees no processo capitaltrabalho e o crescimento do setor terciaacuterio na economia ver CHESNAIS (1996) OFFE (1984) SUPERVILLE QUINtildeONES (2000)

57

pertencente quanto da Microrregiatildeo com os municiacutepios circunvizinhos e pelo

proacuteprio dinamismo da sua economia interna

Consideremos que o crescimento econocircmico segundo Sachs (2004) e

Furtado (2008) eacute um elemento importante no processo de desenvolvimento poreacutem

natildeo eacute o uacutenico a ser considerado mas sim eacute necessaacuterio incorporar

simultaneamente a extensatildeo dos direitos

Abaixo (TABELA 8) observando o PIB per capita dos municiacutepios da MRGP

destaca-se a vulnerabilidade econocircmica do municiacutepio de Guaraqueccedilaba em relaccedilatildeo

aos demais sobretudo em relaccedilatildeo ao municiacutepio de Paranaguaacute que supera a meacutedia

da regiatildeo A fragilidade econocircmica de Guaraqueccedilaba deriva de vaacuterios aspectos 1) a

dificuldade do acesso agrave aacuterea urbana do municiacutepio considerando que a uacutenica estrada

que liga o municiacutepio a outras localidades natildeo eacute pavimentada e tem uma extensatildeo

de aproximadamente 86 km Outra forma de acesso agrave cidade eacute atraveacutes do mar

pela baiacutea de Guaraqueccedilaba A dificuldade de cesso tem enorme impacto tanto para

escoar a produccedilatildeo local como para obter materiais e equipamentos agrave difusatildeo da

induacutestria quase ou completamente nula 2) a restriccedilatildeo ambiental agrave implantaccedilatildeo de

empresas 3) a falta de poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento do municiacutepio

assinaladas por RAYNAUT et al (2002) na promoccedilatildeo de programas de gestatildeo com

as especificidades locais que fomentem o impulso do trabalho e da renda

TABELA 8 - PIB PER CAPTA DOS MUNICIacutePIOS DA MRGP

MUNICIacutePIO 2013 (R$ 100)3 2014 (R$)

4

Antonina 1851678 17557

Guaraqueccedilaba 861303 8723

Guaratuba 1474865 15004

Matinhos 1648075 17238

Morretes 1390945 13638

Paranaguaacute 4155699 42193

Pontal do Paranaacute 1434381 15040

MRGP 29076 29489

FONTE IBGE IPARDES

A principal fonte de receita dos municiacutepios da MRGP jaacute indicada por

Sulsbach e Denardin (2010) deriva principalmente das transferecircncias correntes

intergovernamentais (Uniatildeo e Estado) o que possibilita um entendimento da

fragilidade na arrecadaccedilatildeo tributaacuteria do setor produtivo

58

Em suma no nosso entendimento a transferecircncia corrente tem o propoacutesito

de manutenccedilatildeo da coisa puacuteblica e do funcionamento da estrutura estatal

Percebemos nesse sentido que um dos maiores empregadores formais direta e

indiretamente da MRGP acaba por ser os governos subnacionais que atuam como

contratadores de serviccedilos temporaacuterios contratos de prestaccedilatildeo de serviccedilos

terceirizados e pessoal concursado (efetivo) aleacutem de contratar serviccedilos

especializados de manutenccedilatildeo de pequenas empresas e materiais de uso diaacuterio

Segundo DIEESE (2015 p 74) a distribuiccedilatildeo de empregos formais por

atividade econocircmica no Brasil entre os anos de 2009 a 2014 apresentou os

seguintes resultados onde destacaremos os principais a) serviccedilos (349) b)

comeacutercio (194) c) induacutestria de transformaccedilatildeo (172) d) administraccedilatildeo puacuteblica

(188) Dessa forma observamos que o setor de serviccedilos aleacutem de expandir as

possibilidades de emprego se manteacutem como o principal setor a contratar

Como jaacute mencionado acima a MRGP possui enorme heterogeneidade em

sua composiccedilatildeo econocircmica especificidades locais e uma distribuiccedilatildeo espacial dos

setores econocircmicos advinda das caracteriacutesticas de cada municiacutepio por vezes

semelhantes como eacute o caso nas aacutereas rurais da produccedilatildeo de farinha de

mandioca13 e da exploraccedilatildeo de produtos de origem vegetal (cipoacute guaricana e

musgo) produccedilatildeo de arroz de banana de palmito14 e de gengibre a cultura do taiaacute

caraacute e mandioca e hora muito distintas como eacute caso do polo industrial de

Paranaguaacute destacando os complexos portuaacuterios de Paranaguaacute e Antonina Assim

como destacamos na economia local da MRGP a exploraccedilatildeo do turismo sobretudo

na orla sul abrangendo os municiacutepios de Guaratuba Matinhos e Pontal do Paranaacute

com maior potencial no veratildeo Em Guaraqueccedilaba o turismo eacute voltado agrave praacutetica da

pesca esportiva que se estende o ano todo movimentando natildeo soacute os restaurantes

e comeacutercio urbanos mas restaurantes e pousadas nas ilhas de Tibicanga Bertgiga

Canudal Barbados e Superagui

O municiacutepio de Paranaguaacute abrange o maior nuacutemero de empresas na regiatildeo

(TABELA 9)15 e eacute destacadamente o maior poacutelo empresarial e industrial com

13

A produccedilatildeo de farinha atinge a MRGP em sua totalidade Ver DENARDIN LAUTERT e RIBAS (2009)lthttpwwwaba-agroecologiaorgbrrevistasindexphpcadarticleviewFile42573236 14

A produccedilatildeo do palmito representou em 2015 cerca de 6872 (3233 toneladas) da produccedilatildeo estadual e a banana correspondeu a 4484 (91284 cachostoneladas) do Estado IPARDES) 15

Houve variaccedilatildeo nos nuacutemeros entre as tabelas 9 e 10 pois a montagem da tabela 10 ocorreu dias apoacutes a montagem da tabela 9

59

4691 das Empresas Ativas 467 das MPE (Micro e Pequena Empresa) e

4548 dos MEI (Microempreendedor Individual) da MRGP Outra caracteriacutestica

particular eacute o municiacutepio de Guaraqueccedilaba que apresenta o menor quadro

empresarial com 129 das Empresas ativas 125 das MPE ativas e 162 do

MEI do total da regiatildeo

TABELA 9 - NUacuteMERO DE EMPRESAS NA MRGP (MAIO2016)

MUNICIacutePIO EMPRESAS ATIVAS MPE MEI

Antonina 1832 1705 571 Guaraqueccedilaba 462 427 193 Guaratuba 4788 4586 1569 Matinhos 5185 4912 1799 Morretes 1926 1831 510 Paranaguaacute 16800 15832 5394 P do Paranaacute 4817 4604 1823

Total 35810 33897 11859

FONTE FOacuteRUM PERMANENTENatildeo foi possiacutevel localizar dados em bases estatiacutesticas de anos

anteriores

As empresas compotildeem um quadro diversificado na economia da regiatildeo e a

participaccedilatildeo por atividade econocircmica nos municiacutepios pressupotildee certo dinamismo da

economia com destaque ao setor de comeacutercio e serviccedilos

Abaixo (TABELA 10) estatildeo as atividades econocircmicas desenvolvidas na

MRPG e a participaccedilatildeo das MPE e MEI na dinacircmica econocircmica

TABELA 10 - ATIVIDADES ECONOcircMICAS DESENVOLVIDAS NA MRGP (maio2016) continua

ATIVIDADE ECONOcircMICA COM BASE NO CNAE16

EMP ATIVAS MPE MEI

Agricultura pecuaacuteria prod Florestal pesca e aquicultura 93 59 11 Induacutestrias extrativistas 39 38 0 Induacutestria de transformaccedilatildeo 2483 2351 1076 Aacutegua esgoto atividades de resiacuteduos e descontaminaccedilatildeo 121 110 39 Construccedilatildeo 2067 2418 1323 Comeacutercio reparaccedilatildeo de veiacuteculos automotores e motocicleta 15410 14693 4044 Transporte armazenagem e correio 1865 1654 340 Alojamento e alimentaccedilatildeo 6911 6681 2469 Informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo 334 312 89 Atividades financeiras de seguros e serv relacionados 22 18 0

16

A Classificaccedilatildeo Nacional de Atividades Econocircmicas (CNAE)

60

TABELA 10 - ATIVIDADES ECONOcircMICAS DESENVOLVIDAS NA MRGP (maio2016)

conclusatildeo

ATIVIDADE ECONOcircMICA COM BASE NO CNAE17

EMP ATIVAS MPE MEI

Atividades imobiliaacuterias 203 172 0 Atividades profissionais cientiacuteficas e teacutecnicas 792 718 235 Atividades Administrativas e serviccedilos complementares 1826 1722 536 Educaccedilatildeo 465 443 175 Sauacutede humana e serviccedilo social 308 282 12 Arte cultura esporte e recreaccedilatildeo 394 374 115 Outras atividades e serviccedilos 1868 1757 1324 Serviccedilos domeacutesticos 76 57 57

Total 35277 33859 11845

FONTE FOacuteRUM PERMANENTE

Observamos (TABELA 10) que as principais atividades desenvolvidas pelo

MEI na MRGP satildeo as seguintes Comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos automotores e

motocicletas (3414) alojamento e alimentaccedilatildeo (2084) outras atividades e

serviccedilos (1117) construccedilatildeo (1116) induacutestria de transformaccedilatildeo (908)

As atividades na economia desenvolvidas na MRGP possuem aspectos

importantes na comparaccedilatildeo entre os setores primaacuterio secundaacuterio e terciaacuterio Como

observado na tabela acima veremos que o setor terciaacuterio abrange uma parcela

significativa das empresas da regiatildeo Do total das Empresas Ativas 926

enquadram-se no setor de comeacutercio e serviccedilos as Micro e Pequenas Empresas

alocadas no setor terciaacuterio representam 928 e os Microempreendedores

Individuais formalizados somam 909 nesse setor Conveacutem ressaltar que nas

anaacutelises de Nogueira e Pereira (2015 p 41) ―[] em 2011 as empresas de pequeno

porte ndash incluindo uma ainda diminuta parcela de MEI ndash representavam quase 98

do total de empresas no paiacutes e ocupavam mais da metade dos trabalhadores

formais

Eacute importante ressaltar que a demanda pelo setor terciaacuterio acompanha um

fluxo de mercado agregado aos outros dois setores da economia e o crescente

volume dos serviccedilos se evidenciam nos processos de flexibilizaccedilatildeo do trabalho das

modificaccedilotildees nas suas relaccedilotildees e no deslocamento do arqueacutetipo do trabalho no

qual o trabalhador passa de um trabalhador fabril para a categoria de um

trabalhador de serviccedilos apontado por Superville e Quintildeones (2000) Para esses

autores a expansatildeo do setor de serviccedilos seguiu simultaneamente ao processo de

17

A Classificaccedilatildeo Nacional de Atividades Econocircmicas (CNAE)

61

crescimento da informalidade e da prestaccedilatildeo de serviccedilos com pouca qualificaccedilatildeo (p

61)

Entendemos que para uma anaacutelise da informalidade eacute necessaacuterio considerar

sua heterogeneidade e a proporccedilatildeo da sua relaccedilatildeo e participaccedilatildeo no mercado

assim como as assimetrias manifestadas nas formas de exploraccedilatildeo da forccedila de

trabalho e na precarizaccedilatildeo da classe trabalhadora (ANTUNES 2011)

32 A INSTITUCIONALIDADE MEI NA MRGP

Ao definir aspectos legais para o enfrentamento do problema da

informalidade no Brasil atraveacutes de leis regulamentares e regras especiacuteficas que

asseguram direitos estabelecidos na Constituiccedilatildeo federal de 1988 o Estado

brasileiro reconheceu a necessidade de normatizar benefiacutecios e deveres agraves micro e

pequenas empresas e empreendedores individuais procurando reverter o quadro de

informalidade e precariedade nas condiccedilotildees de trabalho e de garantias de

seguridade social

Para a implantaccedilatildeo da Poliacutetica Puacuteblica no nosso entendimento alguns

aspectos devem ser considerados 1) descrever as suas circunstacircncias de modo que

suas propostas sejam claras 2) adaptaccedilatildeo dos aparelhos sociais e do Estado que

possam ser vinculados agrave Poliacutetica Puacuteblica 3) capacidade de articulaccedilatildeo e

compreensatildeo do processo e dos temas debatidos pelos diversos atores envolvidos

(OLIVEIRA 2013 p 284)

Nesse contexto admite-se natildeo somente subordinaccedilatildeo agrave Poliacutetica mas um

quadro de compreensatildeo e reconhecimento da sua legitimidade constituindo dessa

maneira uma institucionalidade

Para institucionalidade devemos considerar trecircs aspectos importantes 1)

instituiccedilotildees 2) ambiente institucional 3) arranjos institucionais

As Instituiccedilotildees descritas por Fiani (2013 p 8) ―satildeo as regrasformais e natildeo

formais que regulam as interaccedilotildees sociaisDesta feita como demonstra o autor a

criaccedilatildeo de estruturas regulamentares de normatizaccedilatildeo de procedimentos formais e a

interaccedilatildeo com o estabelecimento das relaccedilotildees subterracircneas que se desenvolvem

diante do dia- a dia na sociedade descrevem o ambiente institucional ou seja satildeo

as ―[] regras poliacuteticas sociais e legais mais baacutesicas e gerais que estabelecem o

fundamento para o funcionamento do sistema econocircmico (FIANI 2013 p 8) Os

62

arranjos institucionais por sua vez segundo esse autor satildeo as regras

particularmente constituiacutedas pelos sujeitos e que por sua vez estabelecem as

relaccedilotildees poliacuteticas sociais e econocircmicas

Para Fiani (2013) eacute inquestionaacutevel que as poliacuteticas puacuteblicas afetam a vida

dos sujeitos A sua implicaccedilatildeo nesse sentido interfere em modus operandi diverso

ao cotidiano das relaccedilotildees instituiacutedas nos arranjos preestabelecidos pois uma accedilatildeo

do Estado que remete a uma reorganizaccedilatildeo do aparato institucional pode alterar as

relaccedilotildees socioeconocircmicas e poliacuteticas locais

O estabelecimento de um aporte ou adaptaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo institucional

(ALBUQUERQUE 1997 FIANI 2013) que possibilite accedilotildees conjuntas entre

instituiccedilotildees puacuteblicas quanto privadas no processo de otimizaccedilatildeo do

desenvolvimento e manutenccedilatildeo das propostas de uma poliacutetica puacuteblica de

desenvolvimento de categorias especiacuteficas ou bases produtivas adquire capacidade

de assegurar melhor eficiecircncia e dar melhores respostas aos objetivos da poliacutetica

puacuteblica

Schneider (2005) explica que a problematizaccedilatildeo formulaccedilatildeo e

implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas para enfrentamento de problemas natildeo se

encontra mais exclusivamente ao setor estatal na qual estaria em curso a

policentralidade na concepccedilatildeo da Poliacutetica Puacuteblica O autor parte da perspectiva de

rede de poliacuteticas puacuteblicas na qual problemas relativamente puacuteblicos tambeacutem podem

ter interferecircncia do setor privado e a sua interaccedilatildeo Como demonstra o autor

a problematizaccedilatildeo e o processamento poliacutetico de um problema social (Mayntz 1982) natildeo eacute mais um assunto exclusivo de uma hierarquia governamental e administrativa integradasenatildeo que se encontra em redes nas quais estatildeo envolvidas organizaccedilotildees tanto puacuteblicas quanto privadas (SCHNEIDER 2005 p 37)

No entanto como observa Moraes (2003) mesmo com essa nova

configuraccedilatildeo pluralista e policecircntrica das relaccedilotildees poliacuteticas o Estado continua sendo

o protagonista do processo seja pela accedilatildeo reguladora e normatizadora seja pela

legitimidade constitucional A legitimidade se faz presente pela administraccedilatildeo

puacuteblica18

Igualmente acrescenta-se nas palavras de Fiani (2013 p 7) que ―[] os

arranjos institucionais apresentam grande importacircncia para a formulaccedilatildeo de poliacuteticas

18

Sobre Administraccedilatildeo Puacuteblica ver BOBBIO N et al Brasiacutelia UnB 1998

63

de desenvolvimento em especial para as poliacuteticas que demandam cooperaccedilatildeo por

parte de agentes privados Ainda segundo Albuquerque (1997)a interaccedilatildeo entre os

agentes puacuteblicos e privados constitui um novo cenaacuterio dentro de uma nova

perspectiva de adaptaccedilatildeo que necessita de coordenaccedilatildeo institucional

Consideramos que dentro desse contexto as mudanccedilas e perspectivas

inovadoras tanto no campo teacutecnico quanto no campo organizacional exigem ―[]

adaptaccedilotildees institucionais para melhorar as atuaccedilotildees do setor puacuteblico e do conjunto

de empresas e atores sociais territoriais (idem p 01) Segue o autor

[] todo processo de desenvolvimento local requer uma programaccedilatildeo minuciosa que integre e ordene linhas de atuaccedilatildeo e recursos orientados a objetivos da participaccedilatildeo estrateacutegica entre diferentes agentes sociais locais puacuteblicos e privados A criaccedilatildeo compartilhada entre os agentes locais de um ―entorno territorial que facilite a inovaccedilatildeo do tecido produtivo e empresarial constitui um aspecto crucial da estrateacutegia de desenvolvimento (ALBUQUERQUE 1997 p 1)

Pensando localmente na interpretaccedilatildeo do SEBRAE ―o ambiente

institucional [] pode ser entendido como o conjunto de instituiccedilotildees de que um dado

municiacutepio se dotou para que a atividade dos indiviacuteduos aleacutem de compatiacutevel com a

sobrevivecircncia da comunidade seja tambeacutem convergente com a execuccedilatildeo dos

objetivos comuns (SEBRAE 2013)

A estabilidade a preservaccedilatildeo e equiliacutebrio das instituiccedilotildees (das regras

formais e informais) oferecem credibilidade e legitimidade agraves accedilotildees do Estado

As Instituiccedilotildees Poliacuteticas especificamente tem como objetivo mediar

interferir organizar gerir o processo democraacutetico bem como quando

necessaacuterioprotagonizar poliacuteticas flexiacuteveis de decisatildeo em relaccedilotildees inerentes a

sociedade numa tarefa de disciplinar regras que insiram sobre os indiviacuteduos direitos

contidos na Constituiccedilatildeo Federal

Exemplificamos assim uma caracteriacutestica nesse contexto do processo

poliacutetico eacute a intervenccedilatildeo estatal inferindo sobre a economia no sentido de aliviar

distorccedilotildees ocorridas pelo mau funcionamento do mercado atraveacutes de poliacuteticas

puacuteblicas que estabelecem regras e diretrizes na qual o poder19poliacuteticopuacuteblico20 eacute o

protagonista no processo Para Oliveira (2008 p 59)

19

Para compreender o processo de dominaccedilatildeo e legitimaccedilatildeo do Poder consideramos as anaacutelises de FRANCcedilOIS CHAZEL in Boudon e Curvelo (1996) 20

BOBBIO N Et al Dicionaacuterio de poliacutetica Brasiacutelia UnB 1998

64

O poder nasce com o indiviacuteduo mas passa aos grupos e afinal ao Estado pelo processo de institucionalizaccedilatildeo A concentraccedilatildeo de poder eacute um fenocircmeno espontacircneo na sociedade nascida da necessidade de atender a interesses que demandam escala meta individual Satildeo as concentraccedilotildees de poder que estabilizadas pelo consenso e pelo costume levam ao surgimento das instituiccedilotildees poliacuteticas

Ao observarmos a histoacuteria do sistema capitalista assinalamos que em todos

os momentos de instabilidade e fragilidade econocircmica culminando na inseguranccedila

social subsiste a forte presenccedila do Estado com possibilidades de equacionar as

deformaccedilotildees ocasionadas pelo sistema e que de maneira inexoraacutevel afetam as

vidas das pessoas apontando dessa maneira certa ineacutercia do mercado em

resoluccedilotildees dessa natureza

Fiani (2001 p 2) nos diz que a intervenccedilatildeo do Estado o qual ele denomina

de regulaccedilatildeo e desregulaccedilatildeo eacute ―integrada e condicionada pelos processos de

natureza histoacuterica e poliacutetica que afetam o conjunto da sociedade Nesse contexto a

regulaccedilatildeo e desregulaccedilatildeo estatal dependem de comportamento poliacutetico social e

econocircmicoMuito embora o fator de regulaccedilatildeo esteja mais vinculado agraves atividades

econocircmicas as decisotildees satildeo tomadas na esfera poliacutetica

A Lei Geral de 2006 ndash lei de normatizaccedilatildeo das MPE (LC 12306) - a

exemplo aleacutem de fomentar o desenvolvimento local foi uma accedilatildeo regulamentadora

do Estado Brasileiro em buscar alternativa em equacionar deformidades na

economia do trabalho e assim reverter o processo de alargamento do setor

informal Certamente que a regulamentaccedilatildeo de setores da economia eacute uma forma

de regular e disciplinar accedilotildees

Cabe ressaltar que a Lei 12306 submeteu algumas instituiccedilotildees agrave adequaccedilatildeo

administrativa para assegurar o funcionamento dessa Poliacutetica Puacuteblica assim como

instituiu oacutergatildeos de gestatildeo com competecircncias deliberativas e regulamentadoras que

dispotildeem de jurisdiccedilatildeo sobre tributaccedilatildeo e legalizaccedilatildeo das empresas Essa lei

estabelece inicialmente a criaccedilatildeo de trecircs oacutergatildeos a tiacutetulo dessas competecircncias

Art 2

o O tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado agraves

microempresas e empresas de pequeno porte de que trata o art 1o desta

Lei Complementar seraacute gerido pelas instacircncias a seguir especificadas I - Comitecirc Gestor do Simples Nacional vinculado ao Ministeacuterio da Fazenda composto por 4 (quatro) representantes da Secretaria da Receita Federal do Brasil como representantes da Uniatildeo 2 (dois) dos Estados e do Distrito Federal e 2 (dois) dos Municiacutepios para tratar dos aspectos tributaacuterios

65

II - Foacuterum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte com a participaccedilatildeo dos oacutergatildeos federais competentes e das entidades vinculadas ao setor para tratar dos demais aspectos ressalvado o disposto no inciso III do caput deste artigo III - Comitecirc para Gestatildeo da Rede Nacional para Simplificaccedilatildeo do Registro e da Legalizaccedilatildeo de Empresas e Negoacutecios - CGSIM vinculado agrave Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidecircncia da Repuacuteblica composto por representantes da Uniatildeo dos Estados e do Distrito Federal dos Municiacutepios e demais oacutergatildeos de apoio e de registro empresarial na forma definida pelo Poder Executivo para tratar do processo de registro e de legalizaccedilatildeo de empresaacuterios e de pessoas juriacutedicas

21 (BRASIL 2006)

321 O Comitecirc Gestor Municipal na MRGP

Na adequaccedilatildeo municipal agrave Lei Geral e suas alteraccedilotildees (LC 12808 e LC

14714) com o propoacutesito de estimular o ambiente institucional as prefeituras em

parcerias com o SEBRAE criaram Comitecircs Gestores Municipais22 (CGM) com a

proposta de ―[] implementar e acompanhar a aplicaccedilatildeo [] da Lei Complementar

Federal nordm 1232006 na redaccedilatildeo dada pela Lei Complementar Federal nordm 1282008

(PARANAGUAacute Dec 88713 art 1ordm) Os Comitecircs Gestores Municipais satildeo oacutergatildeos

de ―natureza colegiada para coordenar a poliacutetica relativa agrave micro e pequena empresa

no municiacutepio (SEBRAE 2013 p 61) e satildeo integrados por sujeitos da administraccedilatildeo

puacuteblica e de setores da sociedade civil

No modelo institucional adotado pelo CGM estaacute previsto o viacutenculo e parceria

entre Instituiccedilotildees Poliacuteticas (Federal Estadual e Municipal) Instituiccedilotildees Mercantis e

Instituiccedilotildees de Produccedilatildeo

As Instituiccedilotildees Poliacuteticas nesse contexto especiacutefico satildeo representadas pelo

Governo Local atraveacutes das suas secretarias e a Sala do Empreendedor no Governo

Federal e Estadual atraveacutes de Instituiccedilotildees de creacutedito e de educaccedilatildeo

Os municiacutepios da MRGP que estabeleceram CGM satildeo Paranaguaacute Pontal do

Paranaacute e Matinhos Estes aderiram ao Programa Cidade Empreendedora em

formato integral e com isso possuem assessoramento contiacutenuo junto ao SEBRAE

seja na forma de capacitaccedilatildeo dos agentes puacuteblicosseja na forma de consultoria

para os MEI e MPE Para o SEBRAE

21

O inciso III do sect 2ordm da PLC 12306 foi incluiacutedo pela LC 1472014 22

Utilizarei a sigla CGM para designar Comitecirc Gestor Municipal

66

O Comitecirc Gestor Municipal eacute a forma pela qual este projeto de institucionalizaccedilatildeo da lei geral seraacute implantado e controlado O Comitecirc poderaacute ser constituiacutedo de atores (instituiccedilotildees pessoas) que compotildeem o poder puacuteblico municipal associaccedilotildees representantes da sociedade etc e deveraacute conduzir a institucionalizaccedilatildeo da lei geral de forma a obter o melhor ambiente possiacutevel para os empreendedores individuais e micro e pequenas empresas (SEBRAE 2013 p 12)

O municiacutepio de Paranaguaacute em 2013 criou o Comitecirc Gestor Municipal sob o

Decreto Municipal 88713 composto por seguimentos representantes dos setores

puacuteblico e privado conforme listados no quadro abaixo (QUADRO 4)

QUADRO 4 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PARANAGUAacute PARA ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS ALTERACcedilOtildeES

FONTE Decreto Municipal Paranaguaacute n 887 de 25 out 2013

Por finalidade segundo o referido Decreto o CGM teraacute que implementar e

acompanhar a aplicaccedilatildeo da Lei Municipal 080 de 06 marccedilo de 2008 que oferece

regime juriacutedico tributaacuterio simplificado e diferenciado agraves micro e pequenas empresas

no acircmbito municipal alinhando-se agrave LC 12306 Dentre as competecircncias do CGM de

Paranaguaacute estatildeo

Art 2o O tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado agraves

microempresas e empresas de pequeno porte de que trata o art 1o desta

Lei Complementar seraacute gerido pelas instacircncias a seguir especificadas I - Acompanhar a regulamentaccedilatildeo e a implementaccedilatildeo do Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte no Municiacutepio inclusive promovendo medidas de integraccedilatildeo e coordenaccedilatildeo entre os oacutergatildeos puacuteblicos e privados interessados II - orientar e assessorar a formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da poliacutetica municipal de desenvolvimento das microempresas e empresas de pequeno porte III - Acompanhar as deliberaccedilotildees e os estudos desenvolvidos no acircmbito do Foacuterum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte do

CONTROLADORIA GERAL

SECRETARIAS MUNICIPAIS

SALA DO EMPREENDEDOR

ASSOCIACcedilAtildeO COMERCIAL E EMPRESARIAL DE PARANAGUAacute

SITEMA DE CREacuteDITO

SENAIFIEP

INSTITUTO FEDERAL DO PARANAacute

CAcircMARA MUNICIPAL

SINDICATO DOS CONTABILISTAS DE PARANAGUAacute

67

Foacuterum Estadual da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte e do Comitecirc para Gestatildeo da Rede Nacional para a Simplificaccedilatildeo do Registro e da Legalizaccedilatildeo de Empresas e Negoacutecios IV - Sugerir eou promover accedilotildees de apoio ao desenvolvimento da microempresa e da empresa de pequeno porte local ou regional(Paranaguaacute 2008 art 1ordm incisos I II III e IV)

Em Paranaguaacute o CGM atua de maneira articulada envolvendo todos os

atores nas estrateacutegias voltadas ao segmento empresarial e empreendedor local

inclusive com organizaccedilotildees do ―Sistema S como o SEBRAE e o SENAI que atuam

na aacuterea de capacitaccedilatildeo e formaccedilatildeo desses segmentos econocircmicos

As estrateacutegias satildeo colocadas em praacutetica em conformidade com a

capacidade orccedilamentaacuteria disponibilizada para este fim Nesse caso o orccedilamento

descrito no Plano Plurianual do municiacutepio para o ―Programa de Geraccedilatildeo de Emprego

e Renda entre os anos de 2014 a 2017 tem como foco

Apoio aos pequenos e microempreendedores cooperativas e outras formas associativas de produccedilatildeo desburocratizando o processo de criaccedilatildeo de novos empreendimentos Promoccedilatildeo de projetos inovadores Desenvolvimento e integraccedilatildeo de pequenas meacutedias e grandes empresas e induacutestrias estimulando a formaccedilatildeo de cadeias produtivas para induzir o crescimento ordenado e sustentaacutevel (PARANAGUAacute 2013 p 163)

Dentre as accedilotildees estabelecidas no Plano Plurianual 2014-2017 estatildeo a)

capacitaccedilatildeo para o primeiro emprego b) treinamento para os desempregados c)

prestaccedilatildeo de atendimento ao trabalhador

Quanto agrave capacitaccedilatildeo e treinamento perfeitamente compete ao CGM

articular accedilotildees envolvendo entidades do sistema S como o SEBRAE e o SENAI que

possuem competecircncias teacutecnicas para atender a demanda

Assim como Paranaguaacute a Sala do Empreendedor em Pontal do Paranaacute

subordinado diretamente agrave Secretaria Municipal de Desenvolvimento eacute o

departamento mais atuante do CGM no apoio ao MEI tanto pela sua posiccedilatildeo

estrateacutegica em que o agente de desenvolvimento atua diretamente com o MEI

quanto pela articulaccedilatildeo com os outros oacutergatildeos e secretarias municipais

O CGM de Pontal do Paranaacute foi instituiacutedo pelo Decreto municipal 54812015

e dentre os objetivos relatado pelo Secretaacuterio de Desenvolvimento estaacute o de

coordenar os trabalhos de assistecircncia ao microempreendedor em aspectos

relacionados agrave formalizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo a processos licitatoacuterios

68

QUADRO 5 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PONTAL DO PARANAacute PARA ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS ALTERACcedilOtildeES

FONTE Decreto Municipal Pontal do Paranaacute n 5481 de 23 dez 2015

Ainda segundo relatos do Secretaacuterio Municipal no iniacutecio da criaccedilatildeo do

Comitecirc Gestor houve divergecircncias falta de colaboraccedilatildeo e dificuldade no

entendimento da proacutepria Lei Geral e sobretudo das LC 12806 e LC 14714 poreacutem

com o amadurecimento das ideias em torno dos objetivos do CGM e das estrateacutegias

adotadas houve ganho de credibilidade dos oacutergatildeo puacuteblicos

A LC 14714 comenta o secretaacuterio era interpretada de formas diferentes

pelos oacutergatildeos O Corpo de Bombeiros a exemplo era muito resistente em se adaptar

ao disposto no art 4ordm sect 3ordm da referida lei que tratava sobre isenccedilatildeo total para a

abertura de empresa para o microempreendedor individual o que acarretava

divergecircncias na leitura e interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo

Ressalvado o disposto nesta Lei Complementar ficam reduzidos a 0 (zero) todos os custos inclusive preacutevios relativos agrave abertura agrave inscriccedilatildeo ao registro ao funcionamento ao alvaraacute agrave licenccedila ao cadastro agraves alteraccedilotildees e procedimentos de baixa e encerramento e aos demais itens relativos ao Microempreendedor Individual incluindo os valores referentes a taxas a emolumentos e a demais contribuiccedilotildees relativas aos oacutergatildeos de registro de licenciamento sindicais de regulamentaccedilatildeo de anotaccedilatildeo de responsabilidade teacutecnica de vistoria e de fiscalizaccedilatildeo do exerciacutecio de profissotildees regulamentadas (BRASIL 2014 art 4ordm sect3ordm)

A Associaccedilatildeo das Micro e pequenas Empresas do Litoral do Paranaacute

(AMPEC Litoral) relatou das dificuldades quanto agraves licitaccedilotildees e a capacidade dos

―menores em participar do processo Na posiccedilatildeo do entrevistado2 o municiacutepio se

revela em suas palavras ―mau pagador e tem ateacute 90 dias para efetuar o

pagamento23 tornando inviaacutevel para a maioria dos microempreendedores fornecer

ao municiacutepio O argumento eacute de que grande parte dos MEI natildeo possui capital

23

O art 73 sect 3ordm da Lei nordm 8666 de21 jun 1993 estabelece o prazo de noventa dias para que o objeto executado seja pago pela Administraccedilatildeo Puacuteblica contratante

SECRETARIAS MUNICIPAIS

AMPEC - LITORAL

ACIAPAR

ASSOCIACcedilAtildeO DOS ARTESAtildeO

SISTEMA DE CREacuteDITO

CENTRO DE ESTUDOS DO MAR

CONTADORES DE PONTAL DO PARANAacute

69

suficiente e capacidade econocircmica para suportar um prazo tatildeo longo para receber

os serviccedilos prestados

O CGM do municiacutepio de Matinhos apresentou caracteriacutesticas muito

peculiares em relaccedilatildeo aos de Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute Segundo o

entrevistado5 havia muitas divergecircncias dentro do CGM sobretudo quando as

decisotildees tomadas coletivamente natildeo continham energia suficiente para colocaacute-las

em praacutetica

QUADRO 6 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM DE MATINHOS

FONTE Decreto Municipal Matinhos n 441 de 30 jul 2013

Outro ponto que dificultava as tomadas de decisotildees com base na demanda

legal e de aspectos ligados agrave Lei Geral era o fato da pouca compreensatildeo pelos

sujeitos envolvidos nas finalidades e propostas da Poliacutetica Puacuteblica em questatildeo

Sobre este e os problemas da implementaccedilatildeo da Poliacutetica Puacuteblica Lima e Dlsquo Ascenzi

(2013) em suas anaacutelises apresenta alguns pontos importantes

[] em primeiro lugar haacute uma multiplicidade de atores de diferentes tipos de organizaccedilotildees com interesses diversos que satildeo agregados para operar a poliacutetica Tais atores interagem em uma trajetoacuteria de pontos de decisatildeo nos quais suas perspectivas se expressam Em segundo lugar os atores mudam com o passar do tempo Isso faz que a interaccedilatildeo tambeacutem mude pois mudam as perspectivas e a percepccedilatildeo que um ator tem do outro Essa mudanccedila de atores insere pontos de descontinuidade e de necessidade de novas e mais negociaccedilotildees(LIMA Dlsquo ASCENZI 2013 p 103)

322 Salas do Empreendedor e o Agente de Desenvolvimento

A sala do Empreendedor parceria entre os cinco municiacutepios citados do

litoral paranaense e o SEBRAE tem funccedilotildees especiacuteficas tanto no atendimento ao

MEI quanto agraves MPE Os serviccedilos vatildeo desde a desburocratizaccedilatildeo e formalizaccedilatildeo ateacute

a consultoria de gestatildeo e financcedilas que satildeo realizadas gratuitamente pelos Agentes

de Desenvolvimento e por consultores do SEBRAE A ―Sala eacute uma adaptaccedilatildeo do

Secretaria Municipal de Turismo e Desenvolvimento Econocircmico

Secretaria Municipal de Administraccedilatildeo

Secretaria Municipal de Planejamento

Sindicato dos Contabilistas

Federaccedilatildeo do Comeacutercio do Paranaacute - FECOMEacuteRCIO

Associaccedilatildeo Comercial e Empresarial de Matinhos - ACIMA

70

SEBRAE ao Programa Cidade Empreendedora24 e tem como objetivo segundo esta

Instituiccedilatildeo de a) incentivar a legalizaccedilatildeo de negoacutecios informais b) facilitar a

abertura de novas empresas c) regularizar as atividades informais aleacutem de apoiar o

MEI quanto agrave formalizaccedilatildeo e informaccedilotildees necessaacuterias relativas agraves especificidades

da sua atuaccedilatildeo como MEI formalizado Segundo o portal do Municiacutepio de Pontal do

Paranaacute satildeo ofertados os serviccedilos de

a) Atendimento presencial individual

b) Orientaccedilatildeo de controles - Caixa e Vendas

Palestras

c) Orientaccedilatildeo sobre direitos e obrigaccedilotildees

d) Programa Negoacutecio a Negoacutecio

Os Agentes de Desenvolvimento25 satildeo funcionaacuterios dos quadros das

prefeituras que recebem treinamento pelo SEBRAE com vistas a assumirem

responsabilidades co-participativas na implementaccedilatildeo da Lei Geral dentro dos

municiacutepios de atuaccedilatildeo Esses atores da administraccedilatildeo puacuteblica direta podem

constituir elementos estrateacutegicos na dinacircmica das ideias de desenvolvimento local

sobretudo no apoio agrave evoluccedilatildeo e estruturaccedilatildeo das micro e pequenas empresas

futuros empreendedores e empreendedores que jaacute atuam

Esses agentes possibilitam o entendimento na inovaccedilatildeo da administraccedilatildeo

puacuteblica quanto agrave movimentaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo dos recursos humanos inicialmente

em seus quadros de pessoal que atende agraves demandas de transformaccedilotildees ocorridas

nas dimensotildees sociais econocircmicas e poliacuteticas a partir do pressuposto que estas

trecircs dimensotildees estatildeo associadas

1) Social ndash promovida principalmente pela ―revoluccedilatildeo expansatildeo

tecnoloacutegica e pela globalizaccedilatildeo

24

Programa do SEBRAE tem como objetivo ―potencializar a implementaccedilatildeo e institucionalizaccedilatildeo da Lei Geral visando agrave melhoria do ambiente de negoacutecios para o Microempreendedor Individual e para as micro e pequenas empresas contribuindo dessa forma com a geraccedilatildeo de emprego e renda (SEBRAE 2013 p 9) lthttpsitesprsebraecombrleigeralwp-contentuploadssites35201402Termo_referencia_2013-2ultimaversaopdfgtgt 25

Para Albuquerque (1997) o processo de desenvolvimento exige a movimentaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo dos recursos humanos e estes devem ser vistos como peccedilas decisivas e natildeo somente como ferramentas ou objeto de produccedilatildeo mas sim como elementos chaves e atores importantes no desenvolvimento

71

2) Econocircmica ndash pelas contradiccedilotildees econocircmicas do sistema neoliberal que

culminaram com a falecircncia da estrutura de produccedilatildeo fabril abrindo

espaccedilo para o setor terciaacuterio

3) Poliacutetica ndash no Estado Democraacutetico de Direito a participaccedilatildeo mais efetiva

de movimentos sociais nas questotildees puacuteblicas altera aspectos e

mecanismos antigos da poliacutetica sobre maneira na perspectiva do

controle social e no quadro decisoacuterio

Em nossos estudos percebemos que a criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas

favoraacuteveis ao desenvolvimento regional e local assim como o estabelecimento de

convecircnio e parceria com entidades ligadas ao desenvolvimento das capacidades

locais depende de alguns elementos 1) Estrutura municipal 2) A maturidade do

municiacutepio com relaccedilatildeo agraves concepccedilotildees de desenvolvimento local 3) O tema de

desenvolvimento local estar na pauta do municiacutepio (prioridades de gestatildeo) 4)

Definiccedilatildeo de estrateacutegias por conta da administraccedilatildeo de recursos 5) A maturidade do

empresariado local

323 Accedilotildees regulares coordenadas pelos municiacutepios de incentivo ao MEI

Os municiacutepios que estabelecem parcerias com o SEBRAE possuem

algumas accedilotildees planificadas em virtude da proacutepria capacitaccedilatildeo dos agentes puacuteblicos

envolvidas no processo de implementaccedilatildeo das poliacuteticas de desenvolvimento e do

convecircnio que prevecirc essas accedilotildees Muito embora a expansatildeo de accedilotildees que

melhorem o ambiente de fomento fica a criteacuterio dos municiacutepios Abaixo (QUADRO

9) descrevemos algumas accedilotildees adotadas pelas prefeituras na MRGP

QUADRO 7 - ACcedilOtildeES REGULARES DE APOIO AO MEI NA MRGP continua

MUNICIacutePIO ACcedilOtildeES REGULARES

ANTONINA - Habilitaccedilatildeo ao sistema Empresa Faacutecil

GUARAQUECcedilABA - Habilitaccedilatildeo ao sistema Empresa Faacutecil

72

QUADRO 7 - ACcedilOtildeES REGULARES DE APOIO AO MEI NA MRGP conclusatildeo

MUNICIacutePIO ACcedilOtildeES REGULARES

GUARATUBA - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil - A ACIG estaacute estudando para abrir espaccedilo de associaccedilatildeo para o MEI com parcelas de contribuiccedilatildeo reduzida que pode chegar a 50 a menos do valor cobrado

MATINHOS - Atendimento na Sala do Empreendedor pelo agente do SEBRAE na aacuterea de financcedilas planejamento e gestatildeo (uma vez por mecircs) - Feira da Lua organizada pela AMPEC serve de exposiccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de produtos e serviccedilos ofertados pelos MEI aleacutem de orientaccedilatildeo e consultoria oferecida pelo SEBRAE - Semana do Microempreendedor Individual organizado pelo SEBRAE acontece anualmente e tem como propoacutesito consultorias e orientaccedilotildees ao MEI - Palestras do Programa SEI para o MEI ofertadas pelo SEBRAE - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil - Na ACIMA para se associar o MEI contribui com parcelas reduzidas obtendo todos os serviccedilos disponibilizados pela associaccedilatildeo

PARANAGUAacute - Atendimento na Sala do Empreendedor pelo agente do SEBRAE na aacuterea de financcedilas planejamento e gestatildeo (a cada 15 dias) - Feira da Lua serve de exposiccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de produtos e serviccedilos ofertados pelos MEI aleacutem de orientaccedilatildeo e consultoria oferecida pelo SEBRAE - Semana do Microempreendedor Individual organizado pelo SEBRAE acontece anualmente e tem como propoacutesito consultorias e orientaccedilotildees ao MEI - Palestras do Programa SEI para o MEI ofertadas pelo SEBRAE - Cursos de curta duraccedilatildeo oferecidos pelo SEBRAE atraveacutes de consultoria para a capacitaccedilatildeo e creacutedito que satildeo intermediados junto a Sala do Empreendedor - Articulaccedilatildeo da Sala do Empreendedor com Instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas na constituiccedilatildeo de creacutedito como na capacitaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo - Cursos de capacitaccedilatildeo de fornecimento e compra com o objetivo de identificaccedilatildeo de fornecedores dentro do municiacutepio e que sejam aptos a participarem de processos licitatoacuterios - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil - Na ACIAPAR para se associar o MEI contribui com parcelas reduzidas obtendo todos os serviccedilos disponibilizados pela associaccedilatildeo

PONTAL DO PARANAacute - Palestras do Programa SEI para o MEI ofertadas pelo SEBRAE - Atendimento na Sala do Empreendedor pelo agente do SEBRAE na aacuterea de financcedilas e planejamento (uma vez por mecircs) - Palestras para os vendedores ambulantes com o objetivo de orientaccedilatildeo agrave formalizaccedilatildeo - A Feira da Lua que ocorre no balneaacuterio de Sta Terezinha atraveacutes de parceria com a prefeitura o BB o SEBRAE realizam serviccedilos de consultoria gratuitamente - Cursos em parceria entre Prefeitura e ACIAP para vendedores e compradores - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil

FONTE Salas do empreendedor de Matinhos Pontal do Paranaacute Paranaguaacute e Morretes

A planificaccedilatildeo de algumas accedilotildees pelo sistema SEBRAE se traduz por um

lado na pouca experiecircncia municipal em estrateacutegias de desenvolvimento e por

73

outro lado a substituiccedilatildeo dos governos locais que podem alterar determinadas

estrateacutegias poreacutem as adotadas pela parceria entre o municiacutepio e o SEBRAE ficam

imunes agraves mudanccedilas

Ressaltamos que uma das accedilotildees do Estado importante para facilitar a

legalizaccedilatildeo e a expediccedilatildeo de registro de maneira desburocratizada da empresa eacute a

criaccedilatildeo da Rede Nacional para a Simplificaccedilatildeo do Registro e da Legalizaccedilatildeo de

Empresas e Negoacutecios (REDESIM) instituiacuteda pela Lei 1159807 Sublinhamos que a

partir desta lei a interaccedilatildeo entre os oacutergatildeos responsaacuteveis pela legalizaccedilatildeo e pela

expediccedilatildeo do registro de funcionamento ocorre por dados lanccedilados em sistema

unificado entre oacutergatildeos da federaccedilatildeo dos Estados e Municiacutepios A implantaccedilatildeo

dessa Lei no Paranaacute foi efetivada com a criaccedilatildeo do sistema Empresa

Faacutecilintegrando o Governo de Estado do Paranaacute Associaccedilatildeo dos municiacutepios do

Paranaacute Junta Comercial do Paranaacute e SEBRAE

No litoral paranaense como demonstrado pelo site do Empresa Faacutecil a

implantaccedilatildeo e habilitaccedilatildeo dos sete municiacutepios ao sistema operante estaacute completa

Como observado (QUADRO 7) acima veremos que os municiacutepios de

Paranaguaacute Pontal do Paranaacute e Matinhos que possuem parcerias com o SEBRAE

de forma integral constituem vaacuterias accedilotildees planificadas com base na orientaccedilatildeo de

capacitaccedilatildeo institucional proporcionada por essa instituiccedilatildeo e como mencionado

pelo agente do SEBRAE algumas accedilotildees satildeo planificadas mas a sala do

empreendedor de acordo com a administraccedilatildeo local tem flexibilidade para

aumentar os serviccedilos prestados aos MEI e realizar accedilotildees que viabilizem a melhoria

dos serviccedilos prestados

74

4 DIFICULDADES E AVANCcedilOS NO DESENVOLVIMENTO INCLUDENTE DO

MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL NO LITORAL DO PARANAacute

O litoral se constituiu de forma diferenciada no Paranaacute natildeo tendo

incorporado ao modelo de desenvolvimento capitalista adotado por outras regiotildees

conforme descrito anteriormente Uma das caracteriacutesticas importantes que

predomina na regiatildeo eacute a quase nula existecircncia de poliacuteticas de desenvolvimento

voltadas agraves capacidades locais e regionais

Nesse capiacutetulo dentro das concepccedilotildees de desenvolvimento local

analisaremos alguns elementos geradores de desenvolvimento de crescimento e de

sustentabilidade para o MEI na MRGP

41 A CAPACIDADE MUNICIPAL NO LITORAL DO PARANAacute EM MOBILIZAR

MECANISMOS PROPIacuteCIOS AO DESENVOLVIMENTO DO MEI

A participaccedilatildeo municipal como vetor do desenvolvimento local eacute vital para

conduzir accedilotildees e estrateacutegias que objetivem a superaccedilatildeo de obstaacuteculos produzidos

por desequiliacutebrios nas aacutereas social econocircmica e poliacutetica Para isso um municiacutepio

atuante e proativo nas questotildees internas provido de atitudes positivas mediante

planejamento e poliacuteticas puacuteblicas de maximizaccedilatildeo das capacidades locais pode

reverter circunstacircncias muitas vezes de fragilidade do tecido social e empresarial

para a otimizaccedilatildeo das condiccedilotildees que promovam o desenvolvimento das liberdades

humanas (autonomia do indiviacuteduo) (SEN 2000 PEREIRA 2006)

O crescimento populacional e a expansatildeo urbana desordenada a falta de

poliacuteticas puacuteblicas especiacuteficas de desenvolvimento regional e local expocircs um quadro

que coloca em evidecircncia a fragilidade econocircmica e administrativa dos governos

locais no litoral do Paranaacute para enfrentamento de problemas especiacuteficos na

economia do trabalho e na manutenccedilatildeo e extensatildeo de programas de infraestrutura

e ainda a dificuldade de implantaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas includentes que

necessitam de aplicaccedilatildeo significativa de capital

A MRGP em 2004 possuiacutea uma dos maiores PIB per capta do Estado com

a meacutedia acima da estadual constituindo uma das microrregiotildees mais dinacircmicas

segundo Trevisan e Lima (2010) sendo que Paranaguaacute como o grande vetor

75

econocircmico da regiatildeo posto o complexo portuaacuterio e industrial segundo os autores

firmava-se como o 4ordm municiacutepio do Paranaacute com maior PIB per capta No entanto

havia dessemelhanccedilas econocircmicas entre os municiacutepios da regiatildeo em que

Paranaguaacute o municiacutepio mais rico evidenciava disparidades em relaccedilatildeo aos outros

municiacutepios sobretudo Guaraqueccedilaba Matinhos e Morretes agrave eacutepoca os mais

pobres justamente pela sua capacidade de produzir riquezas em funccedilatildeo do porto

de Paranaguaacute

Em 2015 como demonstra o IPARDES Paranaguaacute continua sendo o

principal vetor econocircmico da regiatildeo poreacutem seu PIB per capta ficou abaixo da meacutedia

estadual assim como a sua receita teve decreacutescimo entre os anos 2013 e 2015

(TABELA 8)

Percebemos (GRAacuteFICO 1) que os municiacutepios de Morretes Antonina e

Paranaguaacute tiveram quedas em suas receitas entre os anos de 2014 e 2015 e suas

despesas (GRAacuteFICO 2) no mesmo periacuteodo aumentaram em relaccedilatildeo agraves receitas

destes municiacutepios A identificaccedilatildeo de uma queda de receita desse modo pode

constituir em impacto negativo para investimentos em setores necessaacuterios ao

desenvolvimento visto a baixa capacidade econocircmica municipal

GRAacuteFICO 1- RECEITAS TOTAIS DOS MUNICIacutePIOS

FONTE IPARDES DEEPASK

No caso especiacutefico de Antonina em 2015 o municiacutepio aumentou para 4 a

aliacutequota do ISSQN (ISS) O setor portuaacuterio contraacuterio ao aumento realizou um

depoacutesito judicial do montante dos tributos Tal accedilatildeo juriacutedica representou uma das

000

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

Milh

otildees

(R

$)

2013

2014

2015

76

principais causas diretas na queda de arrecadaccedilatildeo municipal permitindo a reduccedilatildeo

da disposiccedilatildeo do municiacutepio em criar propostas de melhoria das condiccedilotildees

socioeconocircmicas da populaccedilatildeo O fato eacute que o aumento na aliacutequota desse tributo

na expectativa de aumentar as divisas municipais de Antonina poderaacute causar em

curto prazo efeito reverso como indicado pela Secretaria de Infraestrutura e

Logiacutestica do Paranaacute (2014)

Uma lei municipal que entra em vigor a partir de janeiro de 2015 pode tornar a cidade de Antonina menos competitiva para investimentos no setor portuaacuterio Eacute que o municiacutepio aprovou o aumento na cobranccedila da aliacutequota do Imposto Sobre Serviccedilos (ISS) que passaraacute a ser de 4 Isso coloca Antonina como a cidade mais cara entre as principais cidades portuaacuterias do centro-sul do Brasil

Portanto com a queda na capacidade de geraccedilatildeo de riquezas a

inviabilidade de intervir em problemas socioeconocircmicos atraveacutes de poliacuteticas puacuteblicas

e accedilotildees de meacutedio e longo prazos e com o enfraquecimento dos governos locais por

conta na reduccedilatildeo das receitas suas accedilotildees na criaccedilatildeo de condiccedilotildees de

desenvolvimento local ficam limitadas Ainda assim alinhando-se a queda de

receita as despesas municipais em alguns casos ultrapassaram a arrecadaccedilatildeo

agravando ainda mais as contas puacuteblicas e impedindo investimentos em setores

estrateacutegicos para o desenvolvimento

GRAacuteFICO 2- ARRECADCcedilAtildeO E DESPESAS MUNICIPAIS NA MRGP (2015)

FONTE IPARDES DEEPASK

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

Milh

otildees

(R

$)

Arrecadaccedilatildeo2015

Despesas2015

77

O maior desequiliacutebrio das contas puacuteblicas (relaccedilatildeo entre arrecadaccedilatildeo e

despesas) se deu no municiacutepio de Paranaguaacute em que as despesas superaram a

arrecadaccedilatildeo em 49 como observado (GRAacuteFICO 2)

As quedas de receitas refletem em parte o pouco investimento em setores

produtivos tais como o fomento e apoio agraves micro e pequenas empresas que se

constituem segundo o SEBRAE e Sachs (2003) no setor que mais gera empregos

locais e se constitui como fonte de geraccedilatildeo de divisas para os municiacutepios de outro

lado a complexidade em buscar alternativas de substituiccedilatildeo da arrecadaccedilatildeo se

traduz em fator importante

Em Morretes e Antonina no entanto algumas accedilotildees para aumentar a receita

foram colocadas em praacutetica Uma delas eacute o georreferenciamento dos imoacuteveis para o

pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) que satildeo representados

por altas taxas de inadimplecircncia e segundo o entrevistado (6) pode chegar a 50

de devedores

O IPTU como observado nas cidades de Morretes Guaraqueccedilaba Antonina

e Paranaguaacute (GRAacuteFICO3) tem pouca expressividade na arrecadaccedilatildeo tributaacuteria

desses municiacutepios Jaacute nos municiacutepios de Matinhos Guaratuba e Pontal do Paranaacute o

IPTU contribui significativamente na geraccedilatildeo de receita se posicionando acima da

meacutedia nacional que ficou em 2435 em 2014

GRAacuteFICO 3 - IPTU EM RELACcedilAtildeO Agrave ARRECADACcedilAtildeO TRIBUTAacuteRIA DOS MUNICIacutePIOS DA MRGP (2013 ndash 2014) ()

FONTE DEEPASK ndash montagem dos autores lthttpwwwdeepaskcombrgoespage=Imposto---

IPTU-Veja-a-receita-tributaria-no-seu-municipiogt

0

10

20

30

40

50

60

valo

res p

erc

entu

ais

78

No municiacutepio de Morretes o processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria adotado

pela Secretaria de Infraestrutura no nosso entendimento consiste numa estrateacutegia

de desenvolvimento e de receita na medida de geraccedilatildeo de emprego e renda atraveacutes

da construccedilatildeo civil que expande a prestaccedilatildeo de bens e serviccedilos

Tanto o georreferenciamento quanto a regularizaccedilatildeo fundiaacuteriapredial em

Antonina e Morretes satildeo estrateacutegias afirmativas que tem como propoacutesitos a

regularizaccedilatildeo de aacutereas habitacionais residecircncias e lotes com grandes

possibilidades de elevar a receita municipal observado as delimitaccedilotildees de aacutereas

especialmente protegidas como aacutereas de preservaccedilatildeo permanente (APP) Unidades

de Conservaccedilatildeo (UC) Poreacutem cabe ressaltar que a maior funccedilatildeo da regularizaccedilatildeo

fundiaacuteria eacute equacionar problemas resultantes da expansatildeo urbana desordenada (a

favelizaccedilatildeo eacute um dos problemas)

Nesse sentido a regularizaccedilatildeo fundiaacuteria eacute ―um mecanismo apto a trazer para

a legalidade uma situaccedilatildeo fundiaacuteria que possa ser identificada como de interesse

social ou seja que tenha como puacuteblico alvo a populaccedilatildeo de baixa renda

(NASCIMENTO 2013 p 12) Como afirma a autora dessa forma a implementaccedilatildeo

da regularizaccedilatildeo fundiaacuteria torna ―evidente o conteuacutedo social a que o bem serviraacute

(idem p 18)

Em Pontal do Paranaacute como relatou entrevistado3 sobre o fortalecimento

das receitas o municiacutepio atraveacutes do Conselho Gestor adotou para 2017 um selo

de qualidade que seraacute fornecido agrave empresa que se encontrar regularizado com suas

diacutevidas junto agrave prefeitura ―O selo permite que haja retorno para a prefeitura atraveacutes

da contribuiccedilatildeo Eacute uma valorizaccedilatildeo para quem se encontra em situaccedilatildeo regular

(transcriccedilatildeo)

No entanto com pouca variaccedilatildeo para aumentar a receita e com menos

dinheiro em caixa as prefeituras deixam de investir em programas de meacutedio e longo

prazo com propostas no desenvolvimento positivosustentaacutevel e includente de

criaccedilatildeo institucional cultural social e econocircmica Ou seja criaccedilatildeo de um ambiente

favoraacutevel agrave extensatildeo das liberdades e capacidades das pessoas (SEN 2000)26

26

As liberdades na visatildeo do autor satildeo condicionadas pelas circunstacircncias sociais poliacuteticas e econocircmicas as quais denomina de liberdades instrumentais e correspondem 1) liberdades poliacuteticas 2) facilidades econocircmicas 3) oportunidades sociais 4) garantias de transparecircncias 5) seguranccedila protetora (p54)

79

Para esse autor as liberdades satildeo partes constitutivas fundamentais do

enriquecimento do processo de desenvolvimento natildeo satildeo finitas em si mesmas

mas permitem a expansatildeo de outras liberdades sendo que o proacuteprio

desenvolvimento pode ser considerado como a expansatildeo das liberdades humanas

ou como sublinha Pereira (2006) ao se referir agrave ―autonomia baacutesica como um

elemento de precondiccedilatildeo societal a noccedilatildeo de autonomia estaacute ancorada nos

preceitos da ―democracia como recurso capaz de livrar os indiviacuteduos natildeo soacute da

opressatildeo sobre as suas liberdades (de escolha e de accedilatildeo) mas tambeacutem da miseacuteria

e do desamparo (PEREIRA 2006 p 70)

A falta de recursos sinalizou nas entrevistas com os agentes de

desenvolvimentos de Morretes Matinhos e Paranaguaacute a pouca flexibilidade dos

municiacutepios em estruturar suas agendas de programas de desenvolvimento local

restando o atendimento de formalizaccedilatildeo e serviccedilos baacutesicos aos

Microempreendedores tais como alteraccedilatildeo de dados alvaraacute baixa da inscriccedilatildeo e

Documento de Arrecadaccedilatildeo Simplificada (DAS) Essas accedilotildees de apoio efetivo agrave

categoria se por um lado representam o auxiacutelio prestado ao MEI por outro

constituem um fim em si mesmas pois desempenham funccedilotildees meramente

burocraacuteticas natildeo menos importantes mas poderiam ser desenvolvidas dentro de

um plano estrateacutegico que coadunassem simultaneamente outras accedilotildees previstas

nos dispositivos da LC 12808 sobre os instrumentos de apoio e poliacuteticas que

assegurem o desenvolvimento e a sustentabilidade dos MEI Dentro dessa anaacutelise

por um lado o ―fluxo contiacutenuo de criaccedilatildeo de novos empreendimentos que em sua

esmagadora maioria satildeo de pequeno porte (SACHS 2003 p 111) de outro lado

como demonstra o autor as MPE submetidas ao livre mercado aumentam os

nuacutemeros estatiacutesticos sobre a mortalidade das empresas posto as diferentes

condiccedilotildees de produccedilatildeo e competitividade no mercado aberto que produz um

―processo de seleccedilatildeo que pode ser qualificado de ―darwinismo social (idem p 111)

Em Morretes no final do ano de 2016 o desempenho da sala do

empreendedor estava muito limitado ou quase nulo como comentou o

entrevistado6 Aleacutem da estrutura reduzida em comparaccedilatildeo agraves cidades que

dispunham do programa em Morretes natildeo haviam atividades relacionadas ao

fomento das empresas locais nem tatildeo pouco a procura aos serviccedilos pelos MEI ou

potenciais empreendedores Poreacutem em 2015 como observou o entrevistado6 ―a

partir da adequaccedilatildeo da 147 (LC 14714) o carimbo da vigilacircncia sanitaacuteria deu

80

valoraccedilatildeo para o produto Alguns produtores padronizaram o roacutetulo e as empresas

Essas medidas favorecem o atendimento ao turismo (transcriccedilatildeo)

Em Paranaguaacute segundo o entrevistado7 as atividades da sala do

empreendedor estavam muito reduzidas e fixavam-se apenas no processo de

formalizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo nas duacutevidas que surgiam natildeo sendo possiacutevel desenvolver

accedilotildees muito extensas fora da sala27 Poreacutem atraveacutes do Programa Compras Paranaacute

o municiacutepio ofereceu cursos de capacitaccedilatildeo dos funcionaacuterios para compras em

oacutergatildeo puacuteblicos assim como capacitaccedilatildeo de alguns fornecedores em licitaccedilotildees O

objetivo dessa accedilatildeo era ―identificar novos fornecedores dentro do municiacutepio

fortalecendo o mercado interno gerando divisas emprego e renda (entrvistado7-

transcriccedilatildeo)

Em Morretes o entrevistado municipal o entrvistado6 nos disse ―natildeo haacute

procura por licitaccedilotildees (pelos MEI) E as empresas locais dificilmente procuram a

licitaccedilatildeo (transcriccedilatildeo) Assim a falta de poliacuteticas de desenvolvimento local e da

categoria poderaacute contribuir no afastamento de propostas significativas de inclusatildeo

social do MEI na MRGP frisados na LC 12808

Constatamos que a falta de recursos constitui um dos elementos importantes

que inviabilizam a implantaccedilatildeo integral contiacutenua e sustentaacutevel das LC 12306

LC12808 e LC 14714 ndash conjunto de leis que normatizam as MPE e

Microempreendedores individuais - bem como em poliacuteticas de geraccedilatildeo de emprego

e renda e mesmo em outras aacutereas de sustentaccedilatildeo de poliacuteticas sociais pois

segundo Sachs (2003) as poliacuteticas econocircmicas e sociais satildeo indissociaacuteveis

complementares e dependentes de investimentos

Embora outros motivos tais como o amadurecimento da gestatildeo municipal agrave

concepccedilatildeo de desenvolvimento local incluindo categorias especiacuteficas de produccedilatildeo e

inclusatildeo como eacute o caso dos MEI conferimos agrave baixa capacidade econocircmica do

poder puacuteblico local uma das principais dificuldades em produzir mecanismos de

enfrentamento agrave vulnerabilidade dos trabalhadores locais muitas vezes com pouca

ou sem qualificaccedilatildeo para o mercado de trabalho

Deduzimos atraveacutes de nossas pesquisas que a falta de comunicaccedilatildeo

informaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo nas propostas da sala do empreendedor assim como em

27

No plano Plurianual 20142017 de Paranaguaacute estaacute previsto o investimento de R$ 10000000 para o apoio aos MEI desenvolvimento das micro pequenas e grandes empresas e induacutestrias no estiacutemulo para desenvolver uma cadeia produtiva local de forma sustentaacutevel

81

processos de licitaccedilatildeo28 exclui grande parte dos MEI ao Acesso em de serviccedilos

baacutesicos estabelecidos em lei e possibilidades de relaccedilotildees comerciais com o

municiacutepio posto o desconhecimento das recomendaccedilotildees por parte dos MEI

estabelecidas na Lei Geral (LC 12308) a qual prescreve normas diferenciadas de

promoccedilatildeo de desenvolvimento desse segmento de trabalhadoresempreendedores

individuais

O municiacutepio empoderado atraveacutes de uma ambiente institucional e de um

aporte estrutural constituiacutedo aumenta as possibilidades de eficiecircncia na intervenccedilatildeo

em problemas locais O empoderamento dos municiacutepios nesse sentido eacute central no

processo de desenvolvimento tanto de categorias especiacuteficas quanto de categorias

marginalizadas pela ausecircncia do poder puacuteblico Eacute dessa forma que ―ao analisar

experiecircncias de desenvolvimento localregional vecirc-se forccedilada a noccedilatildeo de que a

presenccedila do Estado eacute fundamental (BARBOSA et al in POCHMANN 2004 p 275)

sendo ele o principal articulador e protagonista de poliacuteticas de desenvolvimento e

inclusatildeo social

411 A gestatildeo puacuteblica municipal no litoral paranaense e a destinaccedilatildeo da receita

Ao examinara literatura sobre o uso do dinheiro puacuteblico no litoral do Paranaacute

que no nosso entendimento tem a possibilidade de ser alocado prioritariamente em

instrumentos geradores de desenvolvimento para as pessoas das pessoas e pelas

pessoas (SACHS 2003) percebemos muitas vezes recursos jaacute reduzidos sendo

direcionados a atender minorias com respaldo poliacutetico econocircmico e social

Como analisa Monteiro (2013a) boa parte das receitas de Guaratuba e

Matinhos estatildeo sendo direcionadas agrave especulaccedilatildeo imobiliaacuteria com projetos de

infraestruturas (pavimentaccedilatildeo rede de esgoto etc) que beneficiam as elites locais

Estas elites satildeo na visatildeo de Frey (2000) amparadas por ―instituiccedilotildees de

intermediaccedilatildeo ndash patronagem poliacutetica clientelismo nepotismo fisiologismo e a

corrupccedilatildeo ndash [] (p 104) que constituem praacuteticas relacionais entre o poder central

local e oligarquias locais contribuindo para a ampliaccedilatildeo das desigualdades sociais

visto a apropriaccedilatildeo dos benefiacutecios por parte dessas elites

28

Conforme obrigatoriedade legal as licitaccedilotildees satildeo publicadas no site da prefeitura Tribunal de Contas e Diaacuterio oficial

82

Segundo Monteiro (2013a) em Caiobaacute balneaacuterio eletizado de Matinhos

com forte presenccedila de residecircncias de alto padratildeo e ainda com propostas a proacute-

verticalizaccedilatildeo a pavimentaccedilatildeo chega a 94 853 de calccediladas e 686 de

bueiros Enquanto em bairros como o Tabuleiro haacute 254 de ruas pavimentadas

164 de calcadas e 285 de bueiros denotando dessa forma os desniacuteveis de

emprego da receita para a manutenccedilatildeo das iniquidades entre as classes sociais

Jaacute em Guaratuba como salienta Monteiro (2013b)

[] veremos que boa parte da receita puacuteblica alimenta a especulaccedilatildeo imobiliaacuteria atraveacutes de obras de infraestrutura que beneficiam sobremaneira glebas vazias lotes baldios em suma propriedades que natildeo estatildeo cumprindo a funccedilatildeo social (MONTEIRO 2013a p 1)

Compreendemos dessa maneira que o espaccedilo constituiacutedo por relaccedilotildees de

poder pode representar o exerciacutecio de poder considerando algumas variaacuteveis

Como acentua Silva (2008) o poder local deve ser compreendido como exerciacutecio

das dimensotildees poliacutetica econocircmica social simboacutelica e cultural

A criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento local que promovam a

expansatildeo das liberdades humanas eacute indispensaacutevel a vontade poliacutetica o

amadurecimento agraves perspectivas de desenvolvimento pelos gestores municipais e

pelo empresariado local os recursos satisfatoacuterios nesse sentido o empoderamento

do municiacutepio eacute fundamental para o financiamento das poliacuteticas de desenvolvimento

a mediaccedilatildeo entre as relaccedilotildees de poder um aporte institucional capaz reduzir as

disparidades de classe e o planejamento e accedilatildeo sendo que o planejamento pode

ser revisado e modificado a julgar que toda accedilatildeo provoca modificaccedilotildees

Dentro dessa perspectiva foram analisados por Horochovski Junckes e

Muraro (2011) em trabalho realizado sobre um Programa de Desenvolvimento

Sustentaacutevel em Matinhos promovido pelo Banco do Brasil a participaccedilatildeo e o

planejamento pelos atores envolvidos Para esses autores os ―componentes

estruturais do modo de produccedilatildeo vigente apatia poliacutetica deacuteficits informacionais e a

persistecircncia de assimetrias e padrotildees autoritaacuterios e clienteliacutesticos [] (p 51)

constituem entre outros barreiras no processo democraacutetico e participativo

(HOROCHOVSKI JUNCKES MURARO 2011)

Ao discorrer sobre aspectos para o desenvolvimento local e o custeio

puacuteblico SEN (2000) afirma que natildeo se pode esperar um governo enriquecer para

83

investir em serviccedilos de base como a educaccedilatildeo e a sauacutede que na visatildeo do autor

satildeo elementos geradores de desenvolvimento posto que

A viabilidade desse processo conduzido pelo custeio puacuteblico depende do fato de que os serviccedilos sociais relevantes (como os serviccedilos de sauacutede e educaccedilatildeo) satildeo altamente trabalho-intensivos e portanto relativamente barato nas economias pobres ndash onde os salaacuterios satildeo baixos (SEN 2000 p 65)

Para esse autor se devem ponderar preccedilos e custos como paracircmetros de

quanto pode ou natildeo pode o governo gastar Adverte ele ainda que o processo

mediado pelo crescimento econocircmico acarreta em muitas vantagens tanto pelas

condiccedilotildees de investimentos quanto por provisotildees em setores essenciais como

educaccedilatildeo e sauacutede baacutesica

Dessa maneira reiteramos dentro da perspectiva de nossas anaacutelises a

necessidade do empoderamento municipal pois o Estado se consolida como o

principal condutor de processos de desenvolvimento Nessa direccedilatildeo entendemos

que o crescimento econocircmico eacute importante para o desenvolvimento (SACHS 2003

SEN 2000 FURTADO 2008) Natildeo como um fim em si mesmo mas um elemento

estrutural de outros coeficientes (aporte institucional poliacuteticas puacuteblicas nas aacutereas da

sauacutede e educaccedilatildeo e estrateacutegias macro e microeconocircmicas locais para o

desenvolvimento sustentaacutevel) que se materializem em equipamentos propiacutecios agrave

extensatildeo das ―liberdades humanas (SEN 2000)

42 UMA SIacuteNTESE COMPARATIVA ENTRE AS FORMALIZACcedilOtildeES E AS BAIXAS29

DO MEI NA MRGP

No desenvolvimento local conduzido em especial pelo ―custeio puacuteblico

(SEN 2000) atraveacutes dos governos subnacionais de inferecircncia nas aacutereas da

educaccedilatildeo sauacutede e economia o peso de interferecircncia do processo econocircmico pode

revelar-se como um dos imperativos entre o sucesso ou fracasso das estrateacutegias

adotadas

A conduccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e estrateacutegias setorizadas de apoio agrave

categoria do MEI satildeo definidas com base orccedilamentaacuteria e disponibilidade de recursos

29

Encerramento da inscriccedilatildeo do Cadastro de Pessoa Juriacutedica (fechamento legal da empresa)

84

apropriados para a realizaccedilatildeo Identificamos dentro das estrateacutegias municipais as

salas do empreendedor que fornecem orientaccedilotildees e auxiacutelio na formalizaccedilatildeo de

empresas e empreendedores individuais (EI) que se encontram na informalidade

No graacutefico 4 abaixo observamos o nuacutemero de atendimentos realizados

pelos agentes de desenvolvimento nas salas do empreendedor nos municiacutepios da

MRGP

GRAacuteFICO 4 - NUacuteMERO DE ATENDIMENTOS REALIZADOS NAS SALAS DO

EMPREENDEDOR NA MRGP (2015 ndash 2016)

FONTE Salas do empreendedor de Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute

Percebemos o aumento significativo de atendimentos realizados pela ―sala

entre os anos 2015 e 2016 (GRAFICO 4) em Pontal do Paranaacute e Paranaguaacute

Segundo informaccedilotildees do entrevistado7 em Paranaguaacute a aumento nos atendimentos

eacute proporcional agrave elevaccedilatildeo das formalizaccedilotildees e abaixo (GRAacuteFICO 5) verificamos as

formalizaccedilotildees realizadas nas salas do empreendedor na MRGP

GRAacuteFICO 5 - NUacuteMERO DE FORMALIZACcedilOtildeES REALIZADAS NAS SALAS DO EMPREENDEDOR NA MRGP

FONTE Salas do empreendedor de Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

Paranaguaacute Pontal doParanaacute

Morretes Matinhos

0

50

100

150

200

250

300

350

Morretes Paranaguaacute Pontal do Paranaacute

ano 2015

ano 2016

85

Observamos acima (GRAacuteFICO 5) a reduccedilatildeo de 475 nas formalizaccedilotildees

realizadas pela sala do empreendedor em Pontal do Paranaacute no ano de 2016 em

relaccedilatildeo a 2015 Paranaguaacute ao contraacuterio apresentou percentual positivo de 1133

nas formalizaccedilotildees efetivadas junto agrave sala do empreendedor entre os anos 2015 e

2016

De maneira um tanto preocupante em Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute

(GRAacuteFICO 6) constatamos o aumento significativo nas operaccedilotildees de baixa de

inscriccedilatildeo do MEI realizadas pela sala do empreendedor entre os anos de 2015 e

2016 Pontal do Paranaacute apresentou acreacutescimo de 2217 nas baixas de inscriccedilatildeo do

MEI enquanto Paranaguaacute indicou o avanccedilo de 1594 nas baixas da categoria Em

Matinhos natildeo houve retorno no pedido dos dados em Morretes natildeo haacute baixas

registradas na sala do empreendedor em Guaraqueccedilaba natildeo conseguimos contato

com o agente de desenvolvimento

GRAacuteFICO 6 - NUacuteMERO DE BAIXAS DE INCRICcedilAtildeO DO MEI REALIZADAS NAS SAAS DO EMPREENDEDOR NA MRGP

30

FONTE Salas do empreendedor de Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute

Ao estabelecermos comparaccedilatildeo entre os graacuteficos (5 e 6) percebemos que

a) No ano de 2015 o nuacutemero de baixas de inscriccedilotildees do MEI registrados na

sala do empreendedor em Paranaguaacute correspondeu a 274 das

30

Em Guaraqueccedilaba natildeo conseguimos contato com o agente de desenvolvimento em Matinhos natildeo houve retorno no pedido dos dados em Morretes natildeo houve baixas registradas nas salas do empreendedor

0

20

40

60

80

100

120

ano 2015

ano 2016

86

formalizaccedilotildees naquele ano No ano de 2016 o nuacutemero de baixas (MEI)

em Paranaguaacute em relaccedilatildeo agrave formalizaccedilatildeo correspondeu a 333

Portanto uma elevaccedilatildeo de 59 nas baixas do MEI entre os anos de

2015 e 2016

b) Em Pontal do Paranaacute as baixas do MEI registradas pela sala do

empreendedor em relaccedilatildeo agraves formalizaccedilotildees corresponderam a 116

em 2015 Em 2016 a variaccedilatildeo das baixas na inscriccedilatildeo do MEI em relaccedilatildeo

agraves formalizaccedilotildees atingiu o percentual de 7115 o que corresponde a um

aumento acentuado de 5955 nas baixas de inscriccedilotildees do MEI entre

2015 e 2016

Ao inclinar nossos olhares para os resultados dos graacuteficos (5e 6) veremos

expressiva diferenccedila na sustentabilidade do MEI entre os municiacutepios de Pontal do

Paranaacute e Paranaguaacute Isso nos remete a uma questatildeo como explicar o significativo

nuacutemero de baixas na inscriccedilatildeo do MEI em Pontal do Paranaacute em relaccedilatildeo agrave

Paranaguaacute resultando em dados estatiacutesticos tatildeo diacutespares na sustentabilidade dos

MEI jaacute que os dois municiacutepios possuem em sua maioria dentre algumas accedilotildees

isoladas estrateacutegias planificadas pelo SEBRAE

A resposta a essa questatildeo segundo o entrevistado3 estaacute na sazonalidade

pelo qual estatildeo sujeitos os municiacutepios balneaacuterios da MRGP ndash Matinhos Pontal do

Paranaacute e Guaratuba Esta anaacutelise estaacute sustentada igualmente por Sulzbac

Denardin e Felisbino (2012)

O fato destes enfrentarem a problemaacutetica da sazonalidade de visitaccedilotildees em virtude do lazer de sol e mar define-se a hipoacutetese de que a sazonalidade recorrente da principal atividade econocircmica resulta em instabilidades financeiras tanto as instituiccedilotildees locais como para a proacutepria populaccedilatildeo promovendo adequaccedilotildees dos empreendimentos especialmente no que se refere aos viacutenculos de trabalho Em consequecircncia os empreendimentos formais natildeo encontram suporte financeiro para sua manutenccedilatildeo resultando na criaccedilatildeo de empreendimentos informais que satildeo caracteriacutesticos destes locais (p 109-110)

Na temporada de praia conforme relato do entrevistado3 muitos MEI

transferiram-se ou se formalizam em Pontal do Paranaacute com vistas agrave fiscalizaccedilatildeo

intensa nesse periacuteodo Ao fim do veratildeo muitos vatildeo embora para suas cidades e

datildeo baixas das empresas Outros ―natildeo conseguem sequer pagar o boleto DAS no

final do mecircs (transcriccedilatildeo) com isso acabam por encerrar a microempresa e

87

―sobrevivendo com o que conseguiram juntar no veratildeo (transcriccedilatildeo) concorrendo

para o nuacutemero expressivo de baixas em janeiro e fevereiro de cada ano

Monteiro (2013b) acentua sobre a sazonalidade nos municiacutepios da

plataforma no Paranaacute e a variaccedilatildeo populacional decorrente do veratildeo e de alguns

feriados Para esse fato ele denomina de ―As meias cidades do litoral paranaense

(p 5)

[] as cidades do litoral transformam-se acentuadamente literalmente da noite para o dia quando chegam as pessoas para as festas de fim de ano e feacuterias de veratildeo Boa parte dos domiciacutelios vagos satildeo ocupados muitos com concentraccedilatildeo de mais de 4 pessoas por cocircmodo (MONTEIRO 2013b p 5)

A sazonalidade eacute um imperativo importante na observaccedilatildeo das baixas dos

MEI apoacutes a temporada de veratildeo Por outro lado destacamos uma variaacutevel

dependente que eacute a formaccedilatildeo da dinacircmica do mercado local em participar e

introduzir certa sustentabilidade das empresas atraveacutes de variaacuteveis como a da oferta

de trabalho aumento de consumo cooperaccedilatildeo entre as empresas locais entre

outras

Dessa maneira as empresas inclusas em um sistema de mercado

fortalecido onde a capacidade de gerar riqueza seja mais sustentaacutevel tecircm mais

possibilidades de prosperar e manter suas atividades Portanto um mercado ativo

comumente tem respaldo do poder puacuteblico local e as micro e pequenas empresas

que surgem em meio a essa dinacircmica requerem estrateacutegias definidas com vistas a

competirem no mercado aberto

Podemos discorrer na perspectiva de Sachs (2003) e Sen (2000) que aleacutem

de fomentar a formalizaccedilatildeo de micro pequenos e meacutedios empreendimentos dado a

―cobertura social para os trabalhadores (SACHS 2003 p113) ndash na visatildeo desse

autor a principal vantagem ndash eacute necessaacuterio expandir formas de adequaccedilatildeo agrave

sustentabilidade dessas empresas uma vez que lanccediladas no mercado aberto satildeo

incapazes de competir com empresas maiores e ampliar sua estrutura

A mortalidade nessa competiccedilatildeo em condiccedilotildees de inferioridade eacute elevada para os micro e pequenos empreendimentos Nuacutemeros do SEBRAE apontam para taxas de 32 de fechamento em menos de um ano 44 em menos de dois anos 56 em menos de trecircs 66em menos de quatro e 71 em menos de cinco (SACHS 2003 p 35)

Como analisa Sachs (2003) os pequenos e meacutedios empreendimentos natildeo

tecircm como sobreviver no mercado aberto dado a baixa capacidade de produzir em

88

condiccedilotildees desiguais No questionaacuterio aplicado ao MEI veremos algumas barreiras

que acentuam essas desigualdades

43 O MEI POR ELE MESMO AS LUTAS E DESAFIOS ATRAVEacuteS DO TRABALHO

O questionaacuterio31 elaborado para o MEI e aplicado nos municiacutepios de

Matinhos Guaratuba Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute foi um instrumento que

permitiu ilustrar uma realidade da categoria MEI frente aos desafios enfrentados no

decorrer da sua formalizaccedilatildeo na mesma medida em que possibilitou compreender

um pouco a realidade concreta desses trabalhadores exposta pelas suas opiniotildees

suas respostas objetivas e por vezes subjetivas Ou seja uma fonte de

―informaccedilotildees vivas (RAYNAUT C et al 2002)

No mesmo sentido a anaacutelise dos dados tornou-se importante posto que

buscamos compreender a aproximaccedilatildeo entre alguns mecanismos de apoio ao MEI

descritos na Lei Geral (12308) e o Acesso em a esses mecanismos pelo puacuteblico

alvo

O questionaacuterio procurou coletar dados dos microemprendedores individuais

segundo atividade econocircmica tempo de atuaccedilatildeo no mercado formalizado renda

bruta participaccedilatildeo em compras puacuteblicas local da atividade econocircmica quanto agrave

capacitaccedilatildeo e consultoria entre outros

O questionaacuterio foi aplicado a trinta microemreendedores individuais

Natildeo houve classificaccedilatildeo especiacutefica para a escolha dos entrevistados na

aplicaccedilatildeo do questionaacuterio O que se propocircs a fazer foi deslocar ateacute o local de

trabalho do MEI e aplicar o questionaacuterio em meio agraves suas atividades Esta teacutecnica

possibilitou observar a estrutura do estabelecimento e dialogarmos diretamente com

o microempreendedor individual sobre suas dificuldades e avanccedilos apoacutes a

formalizaccedilatildeo Alguns MEI foram pouco receptivos a participar do questionaacuterio mas a

maioria se sentiu muito a vontade em responder as perguntas

431 Atividades econocircmicas desenvolvidas pelos MEI entrevistados no Litoral

do Paranaacute

31

O formulaacuterio aplicado ao MEI encontra-se nos anexos dessa dissertaccedilatildeo

89

Veremos abaixo (GRAacuteFICO 7) que a maior parte dos MEI respondentes

(n=24) estaacute alocada nos setores de serviccedilos e comeacutercio Doze (n=12) exercem suas

atividades no setor de prestaccedilatildeo de serviccedilos (informaacutetica conserto de bicicleta

eletrocircnica cabeleireira sapateiro) e doze (n=12) pertencem ao comeacutercio (papelaria

armarinho produtos de limpeza pet shop loja de roupas comeacutercio de artigos de

praia entre outros) Dos respondentes trecircs (n=3) exercem suas atividades na aacuterea

da cultura

GRAacuteFICO 7 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30) POR ATIVIDADE ECONOcircMICA ()

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Na observaccedilatildeo dos dados percebemos a maior concentraccedilatildeo da atividade

econocircmicano setor terciaacuterio Esta anaacutelise jaacute foi descrita por Superville e Quintildeones

(2000) Barbosa (2007) no qual concluiacuteram que o trabalhador fabril foi deslocado

para este setor passando ser um trabalhador de serviccedilos

Os empreendedores na perspectiva de Nassif et al (2014) apresentam

uma variaccedilatildeo de caracteriacutesticas como a criatividade flexibilidade autonomia e ideias

para inovar Poreacutem tal como notamos anteriormente as oportunidades de produzir

bens e serviccedilos satildeo frequentemente diferentes tanto pela capacidade de

investimento em tecnologia e informaccedilatildeo tanto pela expectativa de uma formaccedilatildeo

bruta de capital Ao analisarmos a capacidade estrutural dos MEI (condiccedilotildees

econocircmicas e de compreensatildeo de mercado) percebemos o distanciamento

(desconhecimento) dos instrumentos geradores de seu desenvolvimento previstos

em lei Os instrumentos descritos na Lei Geral (12306) podem facilitar e auxiliar na

Comeacutercio reparaccedilatildeo deveiacutec automotores emotocicleta

Outras atividades eserviccedilos

educaccedilatildeo

cultura

construccedilatildeo

natildeo respondeu

90

melhoria dos negoacutecios e desencadear um processo de desenvolvimento Na

percepccedilatildeo de Pochmann ( 2004) Sen (2000) Sachs (2003) o desenvolvimento eacute

associado simultaneamente ao crescimento econocircmico com o fortalecimento da

capacidade de produccedilatildeoacumulaccedilatildeo e pela ampliaccedilatildeo das liberdades substantivas

432 Tempo de formalizaccedilatildeo e os MEI no Litoral do Paranaacute

No graacutefico abaixo (GRAacuteFICO 8) percebemos a quantidade de anos

formalizados dos MEI respondentes

GRAacuteFICO 8 - ANOS DE FORMALIZACcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30)

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Observamos que dos respondentes 09 (nove) estatildeo formalizados haacute um

ano o que configura como a maioria dos microemperendedores formalizados

Percebemos uma reduccedilatildeo no nuacutemero de empreendimentos entre cinco e onze anos

de funcionamento

No primeiro ano de funcionamento conforme os dados acima (GRAacuteFICO 8)

dos microempreendimentos seis (n=6) desenvolvem suas atividades no comeacutercio e

dois(n=2) suas atividades estatildeo relacionadas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos

Sachs (2003) ao analisar dados do SEBRAE nos diz que em menos de cinco

anos 71 das micro e pequenas empresas fecham as portas o que demonstra em

sua perspectiva e de Sen (2000) aleacutem da fragilidade dessa categoria existe a falta

de instrumentalizaccedilatildeo e praacuteticas dos mecanismos existentes para manter os

microempreendedores na formalidade e provocar a ruptura desse quadro

0

5

10

15

20

25

30

ateacute 1ano

ateacute 2anos

ateacute 3anos

ateacute 4anos

ateacute 5 ateacute 6anos

ateacute 8anos

ateacute 11anos

()

anos de formalizaccedilatildeo

91

O aumento ou a diminuiccedilatildeo gradual das formalizaccedilotildees de micro e pequenos

empreendimentos na MRGP assim como o fortalecimento desses empreendedores

pode representar indicativos do respaldo dado pelas estrateacutegias e accedilotildees colocadas

em praacutetica com base na Poliacutetica Puacuteblica de formalizaccedilatildeo observando que

O principal objetivo das poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave consolidaccedilatildeo das MPE deve estar em assisti-las no desenvolvimento de uma competitividade genuiacutena que lhes permita aumentar gradualmente os salaacuterios estar em dia com os encargos sociais e impostos superar o imediatismo e adquirir uma perspectiva de longo prazo na gestatildeo do negoacutecio e na previsatildeo de investimentos (SACHS 2003 p 35)

Desse modo as estrateacutegias devem superar as circunstacircncias especiacuteficas de

processos burocraacuteticos ligados agrave formalizaccedilatildeo e sim expandir suas accedilotildees de

maneira que as MPE possam adquirir autonomia sustentaacutevel e desempenhar um

papel relevante na economia local

Observamos que Sachs (2003) alertava para as principais dificuldades

encontradas no desenvolvimento das MPE ―Acesso em ao creacutedito ao mercado agrave

miacutedia ao poder puacuteblico agrave classe poliacutetica e especialmente agrave tecnologia e ao

conhecimento [] (idem p 113) A falta de Acesso em a esses instrumentos

importantes restringe a capacidade de ampliaccedilatildeo da unidade de produccedilatildeo

(tecnologia de gestatildeo lucratividade rentabilidade) quanto ao de arranjos produtivos

locais

Para Albuquerque e Zapata (2010 p 2016) ―a introduccedilatildeo de inovaccedilotildees

tecnoloacutegicas e o fomento da capacidade empresarial e organizativa nos diferentes

acircmbitos territoriais satildeo variaacuteveis estrateacutegicas da poliacutetica de desenvolvimento e

podem possibilitar a reversatildeo ou minimizar as assimetrias do mercado resultantes

da competitividade desigual

434 Compras puacuteblicas e o apoio aos MEI na MRGP

Ao analisar o graacutefico baixo (GRAacuteFICO 9) observamos que vinte e trecircs

(n=23) dos respondentes disseram natildeo ter ou natildeo tiveram relaccedilotildees comerciais com

o municiacutepio Certamente que boa parte dos entrevistados natildeo possui caracteriacutesticas

comerciais para fornecer ao poder puacuteblico no entanto alguns setores dentre os

quais educaccedilatildeo eletrocircnica informaacutetica incluso nos tracircmites legais podem fornecer

92

serviccedilos para o municiacutepio No setor de comeacutercio papelarias e loja de materiais de

limpeza tecircm a possibilidade de fornecimento na compra direta dispensada de

licitaccedilatildeo descrita nos art 23 e 24 da Lei 86661993 Da mesma forma no setor de

serviccedilos observado as normas juriacutedicas

GRAacuteFICO 9 - RELACcedilOtildeES COMERCIAIS DOS MEI COM O MUNICIacutePIO NA MRGP (N=30)

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Nas licitaccedilotildees muitos respondentes (n=23) disseram natildeo manter relaccedilotildees

comerciais com o poder puacuteblico e desconhecem o funcionamento para participar do

processo O que denota a pouca extensatildeo de estrateacutegias como o Programa

―Compras Paranaacute Esse programa tem como foco otimizar o processo de licitaccedilatildeo

para empresas locais Propicia no mesmo sentido a capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios

puacuteblicos nesse processo e a capacitaccedilatildeo de fornecedores que desejam participar de

licitaccedilotildees

Para tanto na compra puacuteblica eacute indispensaacutevel a orientaccedilatildeo em licitaccedilotildees que

possam ser direcionadas agraves micro e pequenas empresas locais da regiatildeo Mas para

isso o setor puacuteblico tem que estar bem preparado assim como o empresariado local

para estabelecer a conexatildeo Segundo o entrevistado4 esta eacute uma condiccedilatildeo iacutempar no

sentido do desenvolvimento empresarial localizado

Ressaltamos que as compras puacuteblicas ou contrataccedilotildees puacuteblicas podem

conduzir e inserir os micro e pequenos empreendimentos no mercado uma vez que

a esfera puacuteblica constitui um mercado estaacutevel de relaccedilotildees comerciais quase sempre

sim

natildeo

natildeo respondeu

93

em ampliaccedilatildeo O capiacutetulo V da LC 12306 alterado pela 14714 descreve sobre os

criteacuterios a serem adotados em favorecimento agraves MPE quanto ao Acesso em ao

mercado destacando as compras e contrataccedilotildees puacuteblicas e sobre o processo de

licitaccedilatildeo

Segundo o SEBRAE 76 das MPE de Paranaguaacute natildeo participaram em

processos de compras puacuteblicas entre os anos de 2011-2014 Dessas empresas

55 desconhecem as oportunidades para comercializar com governoempresas

estatais Nesse sentido a pouca eou dificultosa informaccedilatildeo fornecida para o MEI

quanto aos serviccedilos disponibilizados pelo municiacutepio e sobre os instrumentos de

regulamentaccedilatildeo e direitos a Acesso ems facilitados dispostos na Lei Geral (12306)

poderia ser revertida pela divulgaccedilatildeo nos veiacuteculos de comunicaccedilatildeo locais - jornais

circulantes nos municiacutepios raacutedios comunitaacuterias por exemplo aleacutem dos oficiais ndash

relativo aos direitos e obrigaccedilotildees do MEI incorporado agrave sua formalizaccedilatildeo com o

propoacutesito de inseri-lo no mercado (trabalho) sua expansatildeo e sustentabilidade

Em Pontal do Paranaacute o secretaacuterio de desenvolvimento afirma que o

municiacutepio estaacute se empenhando para que as empresas locais inclusive o MEI

participem das licitaccedilotildees Para isso segundo ele a prefeitura se adequou a LC

14714 no sentido de que uma licitaccedilatildeo de determinado valor seja dividida para

facilitar o Acesso em dos microempreendedores observando igualmente a

possibilidade de pagamento de 10 a mais do valor miacutenimo para o MEI Essas satildeo

adequaccedilotildees importantes adotadas por Pontal do Paranaacute atraveacutes do Concelho

Gestor Municipal (CGM) Comenta o E8 sobre o CGM

Uniu mais a populaccedilatildeo agrave prefeitura uniu mais o microempreendedor a vender para a prefeitura Natildeo tinha ningueacutem vendendo pocirc Natildeo tinha ningueacutem fornecendo pra prefeitura Hoje noacutes temos o pequeno e microempresaacuterio fornecendo pra prefeitura Uniu os benefiacutecios e os trouxe pra prefeitura e pra comunidade neacute Um dinheiro pra circular aqui dentro e natildeo ir pra fora Por exemplo uma licitaccedilatildeo que era de ―x valor noacutes fomos quebrando ela em quatro ou cinco vezes para dar preferecircncia para o povo daqui Uma licitaccedilatildeo que era de R$ 10000000 noacutes fizemos quatro de 25 dividimosah compra o caderno de um laacutepis do outro caneta de outro Dividimos pra que o povo daqui participasse E deu certo Essa foi uma grande evoluccedilatildeo do Comitecirc Gestor (transcriccedilatildeo) (entrevistado8)

O conhecimento das bases legais de funcionamento da categoria no nosso

entendimento a ampliaccedilatildeo da qualificaccedilatildeo para lidar com o mercado e a

aproximaccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados tanto pelo setor puacuteblico quanto pelo

94

setor privado poderaacute produzir em curto prazo impactos positivos no

desenvolvimento do MEI dentro da economia de mercado

Todavia o municiacutepio de Guaratuba ainda natildeo adaptou integralmente a LC

12306 e sua alteraccedilatildeo LC 1472014 ao seu modelo de gestatildeo pois os MEI que

participaram da pesquisa (Guaratuba) relataram que o municiacutepio cobra por taxas de

alvaraacute de funcionamento32 O municiacutepio isenta esse custo somente no primeiro ano

de abertura do micro negoacutecio contrariando dessa forma o disposto no art 4ordm sect3ordm

da LC 1472014

[] ficam reduzidos a 0 (zero) todos os custos inclusive preacutevios relativos agrave abertura agrave inscriccedilatildeo ao registro ao funcionamento ao alvaraacute agrave licenccedila ao cadastro agraves alteraccedilotildees e procedimentos de baixa e encerramento e aos demais itens relativos ao Microempreendedor Individual incluindo os valores referentes a taxas a emolumentos e a demais contribuiccedilotildees relativas aos oacutergatildeos de registro de licenciamento sindicais de regulamentaccedilatildeo de anotaccedilatildeo de responsabilidade teacutecnica de vistoria e de fiscalizaccedilatildeo do exerciacutecio de profissotildees regulamentadas (grifo nosso)

O apoio ao MEI eacute fundamental pois esse tecido empresarial (MPE)

segundo autores como Sachs (2003) Albuquerque e Zapata (2010) e Sen (2000)

respondem por boa parte dos empregos e da renda da populaccedilatildeo Para o SEBRAE

(2014) 52 dos empregos formais no Brasil estatildeo nas micro e pequenas

empresas o que corresponde agrave significativa importacircncia dessa categoria

empresarial no desenvolvimento da economia brasileira

As observaccedilotildees e alteraccedilotildees contidas na LC 14714 representam avanccedilos

significativos na perspectiva do desenvolvimento dando maior envergadura social agrave

LC 12306 Esse dispositivo legal possui impacto positivo fundamental para

aumentar as oportunidades do MEI a se manter na formalidade pela inovaccedilatildeo na

reduccedilatildeo de barreiras de Acesso em ao mercado e agrave competitividade

Dentre os principais dispositivos contidos na LC 14714 incorporados a

outras ferramentas descritas na LC 12808 estatildeo

a Tributaccedilatildeo reduccedilatildeo a zero dos custos para o MEI (art 4ordmsect 1ordm e sect 3ordm)

b Desburocratizaccedilatildeo tratamento diferenciado pelos optantes do Simples

Nacional Cadastro uacutenico do CNPJ dispensados os demais cadastros

estaduais e municipais (art 1ordm inciso 4ordm)

32

Essa informaccedilatildeo foi confirmada pelo setor de fiscalizaccedilatildeo do municiacutepio de Guaratuba

95

A debilidade de uma microempresa ou ateacute a sua falecircncia pode acarretar

natildeo somente numa estatiacutestica de dados econocircmicos mas em resultados

socialmente negativos A microempresa eacute o trabalho do MEI seu sustento e de sua

famiacutelia suas necessidades baacutesicas satildeo satisfeitas atraveacutes de seu trabalho que eacute o

substrato da sua dignidade

O trabalho eacute uma dimensatildeo da vida essencial para a realizaccedilatildeo da humanidade lembra Joatildeo Paulo II na enciacuteclica Laboren Exercens A enciacuteclica papal observa que o valor do trabalho localiza-se na pessoa que o realiza natildeo podendo portanto ser compreendido como uma forccedila anocircnima de produccedilatildeo com o trabalhador equiparado a mero instrumento a serviccedilo do capital (BROM 2006 p 55)

Outra ferramenta possiacutevel associada a outros dispositivos que convertam no

fomento dos micro e pequenos empreendimentos eacute o Acesso em ao creacutedito como

forma de capital gerador de expansatildeo econocircmica assinalado por Sachs (2003) Sen

(2000)

435 O Acesso em ao creacutedito aos MEI no Litoral do Paranaacute

O capiacutetulo IX da LC 12306 introduz na legislaccedilatildeo brasileira em

consonacircncia com o art 170 e 179 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 dispositivos

essenciais ao estiacutemulo ao creacutedito e ao microcreacutedito para micro e pequenas

empresas abrindo espaccedilo para inauguraccedilatildeo de formas e metodologias especiacuteficas

externas ao sistema creditiacutecio convencional o que caracteriza a concepccedilatildeo de

universalizar o creacutedito

Segundo a legislaccedilatildeo pertinente o sistema de creacutedito brasileiro deveraacute criar

linhas especiais de creacutedito a atender a demanda dos micro e pequenos

empreendimentos ―[] objetivando a reduccedilatildeo do custo de transaccedilatildeo a elevaccedilatildeo da

eficiecircncia alocativa o incentivo ao ambiente concorrencial e a qualidade do conjunto

informacional [] (LC 15516 art 57)

A posiccedilatildeo do sistema puacuteblico de creacutedito facilitado eacute fundamental na

intervenccedilatildeo do creacutedito frente ao sistema aberto convencional Atraveacutes do sistema

creditiacutecio com vinculaccedilatildeo federal ndash Caixa Econocircmica Federal (CEF) Banco Nacional

de Desenvolvimento Social (BNDES) Banco do Brasil (BB) (art 58 LC 15516) - e

dos bancos comerciais puacuteblicos estaduais abre-se espaccedilo para a inclusatildeo no

sistema de creacutedito agraves pessoas que natildeo possuiacuteam Acesso em ao serviccedilo Dessa

96

forma os bancos comerciais puacuteblicos passam a ser considerados atores importantes

nas poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento posto seu ponto estrateacutegico na alocaccedilatildeo

de creacutedito caracterizado como insumo necessaacuterio agrave ampliaccedilatildeo das oportunidades e

expansatildeo econocircmicas

A CEF o BB ndash entidades federalizadas ndash e o Fomento Paranaacute ndash entidade

estadual - satildeo os principais atores dentro da poliacutetica de Acesso em ao sistema de

creacutedito e microcreacutedito que atuam diretamente na MRGP

O art 62 da PLC 12306 a exemplo orienta o Banco Central a intervir na

ampliaccedilatildeo e facilidades agraves linhas de creacuteditos para os MEI e MPE que em

contrapartida estimularia a competiccedilatildeo bancaacuteria A disponibilizaccedilatildeo e a facilitaccedilatildeo

ao creacutedito ou ao microcreacutedito por instituiccedilotildees financeiras privadas ou estatais como

o banco do Brasil (BB) o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) pela Caixa

Econocircmica Federal33 (CEF) e outras instituiccedilotildees financeiras alinhadas ao

microcreacutedito estaacute respaldada no sect2o do art62 e nos art 57 58 59 e 60 da

supracitada PLC bem como na Lei federal 111102005 Esta institui o Programa

Nacional de Microcreacutedito Produtivo Orientado (PNMPO) ―com o objetivo de incentivar

a geraccedilatildeo de trabalho e renda entre os microempreendedores populares (BRASIL

2005)34

O microcreacutedito segundo o SEBRAE consiste no fornecimento de creacutedito

aos microempreendedores que natildeo possuem Acesso em ao sistema financeiro

tradicional e estaacute inserido no contexto da microfinanccedila destinado agraves pessoas de

baixa renda Ainda segundo o SEBRAE suas principais caracteriacutesticas satildeo

A) ausecircncia de garantias reais jaacute que a maioria das transaccedilotildees tem como garantia o aval solidaacuterio b) Concessatildeo de creacutedito aacutegil e adequado ao ciclo de negoacutecios do empreendimento c) Baixo custo de transaccedilatildeo devido agrave proximidade entre a instituiccedilatildeo e o tomador dos empreacutestimos e agrave inexistecircncia de burocracia d) Accedilatildeo econocircmica com forte impacto social na comunidade e) Elevado custo operacional para a instituiccedilatildeo fornecedora dos recursos f) Metodologia especiacutefica que consiste na concessatildeo assistida do creacutedito (wwwsebraecombr)

O SEBRAE (2012) evidenciou que no Brasil em 2011 12 dos MEI

buscaram linhas de creacutedito em instituiccedilotildees financeiras e 88 natildeo recorreram ao

33

Os encargos da Caixa Econocircmica Federal constituem 1) taxa de juros 295 ao mecircs 2) taxa de abertura de creacutedito (TAC) 3 do valor do contrato 3) Aliacutequota zero sobre o Imposto sobre Operaccedilotildees de Creacutedito (IOF) 34

O BNDES proporciona um creacutedito de ateacute R$ 2000000 por cliente o Banco do Brasil R$ 1500000 (ateacute a data desse trabalho)

97

creacutedito Desses MEI 43 obtiveram empreacutestimos e 57 natildeo conseguiram

formalizar o empreacutestimo Em 2012 10 recorreram ao creacutedito sendo que 52

desses obtiveram empreacutestimos e 48 natildeo conseguiram o financiamento Em 2015

84 dos MEI natildeo procurou obter empreacutestimo junto agraves instituiccedilotildees financeiras Dos

16 que recorreram ao creacutedito 55 conseguiram o empreacutestimo e 45 natildeo

efetivaram o creacutedito

Entre os anos de 2011 e 2015 como aponta o SEBRAE houve decreacutescimo

de trecircs pontos percentuais pelos MEIS na taxa de procura por financiamentos junto

agraves instituiccedilotildees financeiras Sendo que as instituiccedilotildees puacuteblicas representam uma

parcela significativa na procura por empreacutestimos pelos Microempreendedores

individuais

Como podemos observar (TABELA 11) entre os anos 2011 e 2015 houve

reduccedilatildeo na taxa de procura entre os dois anos mas a reduccedilatildeo foi mais expressiva

na taxa de aprovaccedilatildeo Isso estaacute relacionado agraves medidas mais restritivas de creacutedito

do ano de 2015 que afetaram a poliacutetica de fomento aos MEI como aos demais

empreendedores

TABELA 11 - PROCURA E APROVACcedilAtildeO DE CREacuteDITO PELOS MEI (BRASIL)

INSTITUICcedilAtildeO DE CREacuteDITO

PROCURA POR EMPREacuteSTIMO ()

EMPREacuteSTIMO APROVADO ()

2011 2015 2011 2015

Instituiccedilotildees Financeiras Puacuteblicas 68 67 00 44 Instituiccedilotildees Privadas 27 0 22 49 Cooperativas de creacutedito 4 6 99 42

FONTE SEBRAE (20122015)

Todavia alguns dispositivos de apoio e estiacutemulos a essas categorias

empresariais descritos nas LC 12306 e LC 12808 tais como baixa tributaccedilatildeo

programas de capacitaccedilatildeo e mesmo o Acesso em ao creacutedito a exemplo que

estimulem o seu desenvolvimento seratildeo analisadas posteriormente quando

abordarmos a MRGP

O microcreacutedito produtivo consiste numa ferramenta utilizada em muitos

paiacuteses como estrateacutegia de reduccedilatildeo da pobreza na promoccedilatildeo de emprego e renda e

na consolidaccedilatildeo do aumento da capacidade produtiva de microempreendimentos

aleacutem de favorecer condiccedilotildees a melhoria de vida das pessoas mais empobrecidas e

socialmente vulneraacuteveis (PEREIRA 2006 BARONE et al 2002)

98

O microcreacutedito democratiza o Acesso em ao creacutedito fundamental para a vida moderna do qual grande parte dos brasileiros estaacute excluiacuteda A disponibilidade de creacutedito para empreendedores de baixa renda capazes de transformaacute-lo em riquezas para eles proacuteprios e para o paiacutes faz do microcreacutedito parte importante das poliacuteticas de desenvolvimento (BARONE et al 2002 p 11)

No Brasil o microcreacutedito eacute regulamentado e normatizado pela Lei

111102005 que institui o Programa Nacional de Microcreacutedito Produtivo Orientado

(PNMPO) e ―tem por finalidade especiacutefica disponibilizar recursos para o microcreacutedito

produtivo orientado (Lei 111102005 art 1ordm sect 2ordm)

O microcreacutedito produtivo orientado segundo Barone et al (2002) possui

efeito positivo junto aos tomadores de financiamento no sentido de melhoria das

condiccedilotildees habitacionais de sauacutede e alimentares da expectativa da restituiccedilatildeo da

cidadania e da auto-estima aleacutem da geraccedilatildeo de emprego e renda das famiacutelias que

fazem o uso desse instrumento

Tal posicionamento eacute defendido por Pereira (2005) posto os resultados

empiacutericos obtidos em estudos realizados no Centro de Apoio de Pequenos

Empreendimentos no Estado da Paraiacuteba (CEAPEPB) em 2005 Em suas anaacutelises

ela concluiu que o microcreacutedito proporciona a expansatildeo do ativo circulante35 e do

patrimocircnio liacutequido tendo peso significativo na consolidaccedilatildeo dos empreendimentos

(PEREIRA 2005 p 78) Percebe-se dessa maneira o impacto positivo do

microcreacutedito em paracircmetros econocircmicos aleacutem de ser uma ferramenta de

intervenccedilatildeo na exclusatildeo social Entretanto a situaccedilatildeo na MRGP apresenta um

quadro criticamente diverso A tabela abaixo (TABELA 12) expressa a regressatildeo

significativa das transaccedilotildees de creacutedito pela CEF na MRGP entre os anos 2015 e

2016

TABELA 12 - NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS E VALORES FINANCIADOS NA MRGP CEDIDOS

PELA CAIXA ECONOcircMICA FEDERAL AgraveS MPE (2015-2016)

ANO TOTAL DE CONTRATOS VALOR TATOAL (R$)

2015 13909 3759861821

2016 2756 795389276

FONTE CONTROLADORIA GERAL DA UNIAtildeO ATRAVEacuteS DO PORTAL DA TRANSPAREcircNCIA

35

O ativo circulante compreende o dinheiro em caixa os saldos bancaacuterios e todos os valores que podem ser convertidos em dinheiro imediatamente (SANDRONI 1999)

99

A diminuiccedilatildeo nos financiamentos estaacute atrelada em parte pelo baixo

desempenho da economia e por outro lado a forte restriccedilatildeo do sistema bancaacuterio no

processo de seletividade para o creacutedito Para o entrevistado3

Existe um preconceito muito grande seja por parte de associaccedilotildees seja por parte de instituiccedilotildees financeiras neacute Porque o MEI eacute um risco Como que eacute avaliado Ah ele eacute pequenininho Se ele natildeo aguenta pagar um boleto DAS como ele vai pagar a mensalidade Se ele natildeo aguenta pagar um boleto DAS como ele vai pagar um financiamento Eu vejo isso como um preconceito Mas eu natildeo tiro toda razatildeo da parte financeira (transcriccedilatildeo) (entrevistado3)

Notemos que o nuacutemero de contratantes (TABELA 12) em 2015 em relaccedilatildeo

ao nuacutemero de MPE na MRGP (TABELA 13) abaixo atingiu o percentual de 4487

No ano seguinte (2016) esse percentual reduziu sensivelmente para 814

TABELA 13 - NUacuteMERO DE MPE NA MRGP (2015-2016)

FONTE EMPRESOcircMETRO

Ainda na comparaccedilatildeo entre os dados expressos acima (TABELAS 12 e 13)

percebemos que a retraccedilatildeo nos contratos de financiamentos representou um

decreacutescimo de 2115 de ativos circulantes das MPE na MRGP o que compromete

o desenvolvimento tendo em vista que em meacutedia 95 das empresas da regiatildeo satildeo

MPE (Empresocircmetro) e geram empregos renda e tem forte impacto na produccedilatildeo de

riqueza em seus municiacutepios

Partindo das anaacutelises de Kohler (2010) observamos que o aumento da

atividade econocircmica requer a expansatildeo da capacidade de investimento o qual ele

denomina de ―investimento produtivo O investimento produtivo na concepccedilatildeo do

MUNICIacutePIO Nordm MPE

2015 2016

Antonina 1453 1581

Guaraqueccedilaba 358 400

Guaratuba 3913 4333

Matinhos 4138 4716

Morretes 1559 1703

Paranaguaacute 13612 14728

Pontal do Paranaacute 3929 4372

TOTAL 30977 33849

100

autor eacute um elemento importante na produccedilatildeo de riqueza local pois se materializa

em uma variaacutevel ex ante a poupanccedila produtiva resultado da riqueza gerada

Tratando-se do MEI as condiccedilotildees de alocaccedilatildeo de ―investimentos

produtivos- aquisiccedilatildeo de tecnologias maacutequinas estoque ndash podem ser referenciadas

na Lei Geral atraveacutes do estiacutemulo ao creacutedito

Magalhatildees Junior (2016) ao analisar o impacto dos micro - financiamentos

realizados nos municiacutepios paranaenses atraveacutes do Programa Banco do

Empreendedor Paranaacute (Fomento Paranaacute) concluiu que a adiccedilatildeo em meacutedia de 1

nos contratos de microcreacutedito junto ao Programa Banco Empreendedor Paranaacute

possibilitou o aumento da capacidade econocircmica dos municiacutepios participantes em

032 entre os anos 2010 e 2013

Os dados abaixo (TABELA 14) demonstram o nuacutemero de contratos

creditiacutecios firmados com o MEI na MRGP junto ao Fomento Paranaacute entre os anos

2014 ndash 2016 Observamos ainda a elevaccedilatildeo de 400 no nuacutemero de financiamentos

entre os anos 2015 ndash 2016 ao contraacuterio dos bancos puacuteblicos federalizados que

manifestaram reduccedilatildeo nos contratos

TABELA 14 - NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS CEDIDOS AO MEI JUNTO AO PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR DO PARANAacute (FOMENTO PARANAacute) NA MRGP (2014-2015-2016)

MUNICIacutePIO Nordm DE FINANCIAMENTOS

2014 2015 2016

Antonina 3 3 4

Guaraqueccedilaba

6

Guaratuba 5

Matinhos 4

12

Morretes 10 3 12

Pontal do Paranaacute

7

TOTAL 29 9 45

FONTE FOMENTO PARANAacute ATRAVEacuteS DO PORTAL DA TRANSPAREcircNCIAPR

Mesmo com essa expansatildeo significativa o percentual em relaccedilatildeo ao

nuacutemero de MEI na MRGP eacute pouco expressivo pois representou apenas 038 do

total dos microempreendedores em 2016

Tal qual o nuacutemero de contratos os valores financiados aumentaram

significativamente em 47630 entre os anos 2015 ndash 2016 como demonstrado

101

abaixo (GRAacuteFICO10) Esse percentual segundo um agente representante do

Programa Banco Empreendedor Paranaacute (Fomento Paranaacute) da regiatildeo deve cair

novamente em funccedilatildeo dos municiacutepios do litoral natildeo renovarem os convecircnios com o

banco supracitado

GRAacuteFICO 10- VAOLRES TOTAIS FINANCIADOS PELO MEI NA MRGP ATRAVEacuteS DO

PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR PARANAacute (FOMENTO PARANAacute) (201 ndash 2015 ndash 2016)

FONTE Fomento Paranaacute ndash elaboraccedilatildeo proacutepria ndash dados obtidos atraveacutes

do Portal da Transparecircncia

Ao analisarmos os dados do graacutefico abaixo sobre o nuacutemero de contratos

firmados junto ao sistema de creacutedito na MRGP pelos respondentes (n=30)

reparamos que vinte e quatro (n=24) dos entrevistados (GRAacuteFICO 11) disseram natildeo

ter contratado financiamentos junto agraves entidades creditiacutecias para expandir seus

negoacutecios e seis (n=6) responderam ter realizado empreacutestimo Dos respondentes que

realizaram financiamentos quatro (n=4) disseram ter utilizado como capital de giro e

dois (n=2) dos respondentes que adquiriram o financiamento relataram que o

utilizaram tanto como capital de giro como para expandir os negoacutecios e na compra

de materiais

R$26674633

R$8176690

R$47121657

2014 2015 2016

Valor contratado (R$)

102

GRAacuteFICO 11 - FINANCIAMENTOS JUNTO AO SISTEMA DE CREacuteDITO NA MRGP ()

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Um fato interessante no momento da entrevista eacute que grande parte dos

respondentes natildeo tinha conhecimento sobre essa prerrogativa estabelecida em lei e

nem mesmo disse conhecer as implicaccedilotildees que um financiamento produtivo

empregado de forma adequada pode oferecer para a melhoria das condiccedilotildees dos

microempreendimentos

436 O associativismo e os MEI na MRGP

O associativismo pode ser caracterizado como cooperaccedilatildeo para crescer

juntos Quem se associa usualmente tem objetivos em comum portanto a

cooperaccedilatildeo eacute fundamental ao avanccedilo desses objetivos

Com o escopo de incluir as MPE no processo produtivo competitivo e

saudaacutevel jaacute no art 1ordm inciso III a LC 12306 preceitua como uma das normas

descritas o Acesso em ao associativismo acentuando no capiacutetulo VIII da referida

Lei Geral que a associaccedilatildeo seraacute regulamentada sob a forma de Sociedade de

Propoacutesito Especifico (SPE)36 e ―seraacute constituiacuteda como Sociedade Limitada37 (art 56

sect2ordm inciso VII)

36

Sociedade de Propoacutesito Especiacutefico (SPE) eacute um modelo de organizaccedilatildeo empresarial pelo qual se constitui uma nova empresa limitada ou sociedade anocircnima com um objetivo especiacutefico ―cuja atividade eacute bastante restrita podendo em alguns casos ter prazo de existecircncia determinado normalmente utilizada para isolar o risco financeiro da atividade desenvolvida (SEBRAE)disponiacutevel lthttpwwwbibliotecassebraecombrchronusARQUIVOS_CHRONUSbdsbdsnsff25877ce0f2ecbca17355fc33397deea$File5189pdfgtgt Esta previsatildeo estaacute fundamentada no art 981 do Coacutedigo Civil de 2002 37

Forma societaacuteria com personalidade juriacutedica de participaccedilatildeo definida com base em seu investimento

sim

natildeo

103

Uma associaccedilatildeo tem como objetivo a manutenccedilatildeo e salvaguarda do

interesses de seus associados promovendo permanentemente os lastros de

cooperaccedilatildeo entre eles reconhecendo que para prosperar eacute necessaacuteria adequaccedilatildeo

institucional administrativa e de recursos para adaptaccedilotildees decorrentes de

mudanccedilas em cenaacuterios especiacuteficos (social economia poliacutetica)

Agraves MPE em especial aos microempreendedores individuais as concepccedilotildees

do associativismo satildeo maneiras integradas ao movimento de inclusatildeo dessa

categoria no processo mercantil uma vez que a fragilidade no Acesso em ao

mercado ao creacutedito agraves tecnologias jaacute mencionadas anteriormente as relaccedilotildees

estabelecidas na consolidaccedilatildeo associativa geram possibilidades de surgirem

externalidades tais como conexotildees comerciais fortalecimento econocircmico

benefiacutecios em funccedilatildeo das parcerias com a associaccedilatildeo dentre outras Nessa

perspectiva

o estiacutemulo agrave cooperaccedilatildeo como forma de minimizar as fraquezas estruturais que envolvem os microempreendedores se apoia na perspectiva de que os atores econocircmicos natildeo podem ser tomados como aacutetomos isolados posto que suas accedilotildees dependem de vaacuterias limitaccedilotildees advindas das relaccedilotildees estabelecidas com outras organizaccedilotildees (CERQUEIRA CUNHA MOHR SOUZA ABRAHAO FLEIG 2014 p 739)

Abaixo (GRAacuteFICO 12) estatildeo os resultados sobre a participaccedilatildeo dos

respondentes (n=30) em associaccedilotildees de representaccedilatildeo da categoria Dos

respondentes vinte e oito (n=28) responderam que natildeo satildeo membros de nenhuma

associaccedilatildeo e dois (n=2) decidiram por natildeo responder

GRAacuteFICO 12 - RESPOSTA SOBRE PARTICIPACcedilAtildeO EM ASSOCIACcedilAtildeO REPRESENTANTE DA CATEGORIA

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

sim

natildeo

natildeo respondeu

104

No litoral identificamos (QUADRO 8) as principais entidades representantes

da classe comercial e industrial as quais abrem espaccedilo para o MEI se associar

QUADRO 8- ENTIDADES REPRESENTANTES DAS CLASSES EMPRESARIAL COMERCIAL E AGRIacuteCOLA NO LITORAL DO PARANAacute

ENTIDADE DESCRICcedilAtildeO

ACIG Associaccedilatildeo Comercial e Empresarial de Guaratuba

ACIMA Associaccedilatildeo Comercial e Empresarial de Matinhos

ACIAPAR Associaccedilatildeo Comercial Industrial e Agriacutecola de Pontal do Paranaacute

ACIAP Associaccedilatildeo Comercial Industrial e Agriacutecola de Paranaguaacute

ACIAM Associaccedilatildeo Comercial Industrial e Agropecuaacuteria de Morretes

AMPEC LITORAL Associaccedilatildeo das Micro e pequenas Empresas do litoral do Paranaacute

FONTE Dados da PesquisaAssociaccedilotildees que possuem mensalidades reduzidas para os MEI

As entidades de classe descritas no quadro acima estatildeo distribuiacutedas em

todo o litoral paranaense mas destacamos a AMPEC por seu aspecto principal que

eacute uma associaccedilatildeo dos micro e pequenos empreendedores do litoral

A ASSOCIACcedilAtildeO teraacute por finalidade congregar as Microempresas Empresas de Pequeno Porte os Empreendedores Individuais e os profissionais autocircnomos formais e informais industriais comerciais agriacutecolas artesatildeos e prestadoras de serviccedilos em forma de associados optantes objetivando a promoccedilatildeo social e econocircmica estimulando o desenvolvimento e defendendo o interesse de seus associados (art 4ordm Estatuto Social AMPEC)

A AMPEC com sede em Pontal do Paranaacute na visatildeo do entrevistado2 eacute

muito importante poreacutem natildeo existe apoio do poder puacuteblico local ou de entidades que

possam contribuir para o desenvolvimento da associaccedilatildeo e de cooperaccedilatildeo conjunta

na composiccedilatildeo de estrateacutegias para aumentar a alocaccedilatildeo de recursos e

acompanhamento teacutecnico para a entidade Dessa forma o isolamento e soacute com a

arrecadaccedilatildeo dos associados natildeo tem como desenvolver accedilotildees para fortalecer a

classe Ateacute mesmo porque a inadimplecircncia segundo o entrevistado2 chega a

6038 Ainda segundo o entrevistado2 a associaccedilatildeo passou por algumas

reformulaccedilotildees administrativas posto problemas internos com respeito a recursos e

endividamento da entidade

38

O valor cobrado de mensalidade do associado eacute de R$1000 mensais (entrevistado2)

105

A AMPEC natildeo consegue atender os empreendedores seus associados Natildeo consegue ver um retorno por parte da AMPEC Nada de concreto Somente criacuteticas por parte da AMPEC [] Normalmente quando vocecirc se associa vocecirc quer crescer junto ou vocecirc tem o retorno Se vocecirc natildeo tem o retorno se vocecirc vecirc que natildeo ta criando natildeo ta juntando por que que vocecirc vai entrar NE Eu penso dessa forma o associativismo(transcriccedilatildeo) (entrevistado3)

Nas anaacutelises descritas por Cunha Mohr Souza Abrahao Fleig (2014) na

discussatildeo sobre as fraquezas e potencialidades da AMPEC o associativismo eacute

apontado como uma alternativa de melhoria das condiccedilotildees do microempreendedor

no litoral paranaense No entanto Como observa o entrevistado3 ―o associativismo

natildeo eacute aceito no litoral por questotildees culturais No sudoeste do Estado a SICREDI e o

SICOOB satildeo mais fortes que o Itauacute e o BB(transcriccedilatildeo)

Algumas estrateacutegias podem ser interessantes para o desenvolvimento do

MEI todavia elas deveriam ser adaptadas agrave realidade local como eacute o caso das

compras puacuteblicas O municiacutepio tem prazo de pagamento ateacute de 90 dias Para alguns

microempreendimentos isso se torna praticamente inviaacutevel 1) pela pouca

disponibilidade de ativos disponiacuteveis o que impossibilita a raacutepida reposiccedilatildeo dos

recursos utilizados 2) pelo fato de muitas empresas e microempreendedores natildeo

distinguirem as despesas da empresa com as da famiacutelia pois a famiacutelia depende

diretamente desses recursos (SACHS 2003)―O MEI eacute muito pequeno neacute Natildeo

consegue concorrer com os maiores Muitos MEI usam de outras atividades pra

completar a renda ou a renda do MEI eacute usada pra complementar (entrevistado2)

(transcriccedilatildeo)

437 Mobilizaccedilatildeo dos governos locais no estiacutemulo agrave categoria do MEI

Albuquerque e Zapata (2010) destacam a importacircncia de adesatildeo dos

governos locais nas poliacuteticas de desenvolvimento pois segundo os autores as

autoridades eleitas ndash municipais e estaduais ndash satildeo elementos chaves no processo

de desenvolvimento local Embora como acentuam os autores o desenvolvimento

dos territoacuterios muitas vezes eacute impulsionado por liacutederes locais (cooperativas

associaccedilotildees) jovens empresaacuterios e entidades natildeo governamentais eacute indispensaacutevel

a integraccedilatildeo dos governos locais agraves iniciativas de desenvolvimento posto que

―podem conferir a essas iniciativas algum caraacuteter institucional (idem p 216)

106

No graacutefico abaixo (GRAacuteFICO 13) estatildeo os resultados sobre o conhecimento

dos respondentes sobre estrateacutegias adotadas pelas prefeituras em apoio ao MEI na

MRGP

GRAacuteFICO 13 - CONHECIMENTODOS RESPONDENTES DE ESTRATEacuteGIAS ADOTADAS PELAS PREFEITURAS EM APOIO AO MEI NA MRGP ()

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Na leitura dos dados acima (GRAacuteFICO 13) verificamos que vinte e dois

(n=22) dos respondentes natildeo sabem informar se as prefeituras possuem accedilotildees de

apoio ao MEI

Observamos durante nossas pesquisas que dos sete municiacutepios da MRGP

cinco esforccedilaram-se em apresentar propostas de fomento das capacidades de

produccedilatildeo do MEI firmando parcerias com entidades importantes no cenaacuterio

econocircmico e de desenvolvimento como eacute o caso do SEBRAE Foram eles

Guaraqueccedilaba Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute Certamente

como constatado nas pesquisas em alguns casos Morretes e Matinhos naquele

momento pela transiccedilatildeo do chefe do executivo (eleiccedilotildees municipais) pode ter

ocorrido certo abandono das poliacuteticas setorizadas de apoio ao MEI Destacamos

ainda duas circunstacircncias importantes 1) a falta de poliacuteticas de desenvolvimento

local nos municiacutepios do litoral (SEBRAE ndash monitoramento da implementaccedilatildeo da Lei

Geral) 2) ausecircncia de poliacuteticas puacuteblicas que reduzam o imediatismo e infiram metas

0

10

20

30

40

50

60

70

80

compra derodutos e

serviccedilos doMEI

na aquisiccedilatildeode

tecnologias

cursos decapacitaccedilatildeo

processo deformalizaccedilao

natildeo soubeinformar

natildeoresponderam

107

de meacutedio e longo prazo com vistas ao desenvolvimento sustentaacutevel assinalado por

Sachs (2003) e Albuquerque e Zapata (2010)

Os pontos assinalados acima na MRGP obedecem agrave perspectiva no nosso

entendimento das poliacuteticas puacuteblicas por vezes de inclinaccedilatildeo poliacuteticapartidaacuteria

unilateral sem representaccedilatildeo de atores locais externos agrave administraccedilatildeo puacuteblica (top

down) muitas vezes alheias agraves reais necessidades da populaccedilatildeo Geralmente

essas poliacuteticas natildeo satildeo produzidas com implicaccedilotildees de meacutedio e longo prazos mas

ciacuteclicas e temporais permanecendo ateacute o teacutermino da gestatildeo municipal

Em nossas pesquisas observamos ainda que Pontal do Paranaacute eacute um dos

municiacutepios da MRGP com maior maturidade nas concepccedilotildees de desenvolvimento

local posto a extensatildeo de estrateacutegias accedilotildees e programas diversificados de fomento

das MPE em especial agrave categoria especiacutefica do MEI Esta proposta vai ao encontro

das anaacutelises de Albuquerque e Zapata (2010 p 2018) no sentido de que ―agraves vezes

uma estrateacutegia de desenvolvimento local pode se iniciar a partir da coordenaccedilatildeo

territorial de alguns programas e instrumentos setoriais de fomento definidos de

maneira central

Um ponto central nesse processo como assinalou o entrevistado8 eacute a

capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios efetivos da administraccedilatildeo puacuteblica municipal que atuam

na secretaria e na sala do empreendedor Esta estrateacutegia tem como objetivo dar

continuidade agraves propostas de desenvolvimento local isolando-se do plano partidaacuterio

denotando sentido neutro nas poliacuteticas de desenvolvimento

Na aplicaccedilatildeo do questionaacuterio percebemos que muitos dos respondentes

como constatado no graacutefico 9 desconhecem as regulamentaccedilotildees que normatizam a

categoria (Leis) os dispositivos legais que favorecem a classe do MEI quanto ao

creacutedito agraves isenccedilotildees agrave licitaccedilatildeo dentre outros instrumentos relacionados agrave sua

inserccedilatildeo e expansatildeo no mercado

Como jaacute mencionado nos municiacutepios de Guaratuba e Antonina natildeo foram

identificadas estrateacutegias de apoio ao MEI por parte do governo local com vistas agrave

inserccedilatildeo no sistema de mercado observados os dispositivos da Lei Geral

Em Guaratuba em 2009 o municiacutepio instituiu a Lei Complementar 042009

sobre o tratamento diferenciado agraves MPE no acircmbito municipal Uma das estrateacutegias

previstas na referida LC de Guaratuba foi a criaccedilatildeo do Comitecirc Gestor Municipal com

o objetivo de acompanhar a implementaccedilatildeo da LC 12306 e suas complementaccedilotildees

108

Poreacutem nas pesquisas de campo em 2016 junto agraves secretarias de

Urbanismo de Infraestrutura e Obras e do Bem Estar e Promoccedilatildeo Social assim

como o entrevistado1 desconheciam a existecircncia e atuaccedilatildeo do citado comitecirc assim

como natildeo souberam informar sobre alguma proposta referida ao MEI

Um dos avanccedilos identificados no processo de desenvolvimento empresarial

de Guaratuba foi a criaccedilatildeo em 2016 de uma agecircncia da Junta Comercial do

Paranaacute firmando parceria com o governo local e com a Associaccedilatildeo Comercial e

industrial de Guaratuba (ACIG)Tal accedilatildeo pode fortalecer o caraacuteter institucional de

poliacuteticas voltadas agraves categoria empresarial e comercial do municiacutepio Destacamos

ainda que esta foi uma accedilatildeo isolada identificada para o desenvolvimento do

ambiente empresarial da cidade

Muito embora a maioria dos municiacutepios da MRGP apresente dificuldades

orccedilamentaacuterias eacute importante frisar que o enquadramento aos dispositivos legais

inseridos na Lei Geral podem ser implantados de maneira gradual vinculados a uma

postura de desenvolvimento integrado e com metas de meacutedio e longo prazos com

provimentos de investimentos que suportem em princiacutepio estrateacutegias e accedilotildees um

pouco mais reduzidas mas no segundo momento podem ser expandidas e

melhoradas encaixadas em novas estrateacutegias e accedilotildees em concepccedilotildees de

―inovaccedilatildeo renovaccedilatildeo e transformaccedilatildeo constantes as quais estatildeo sujeitas qualquer

poliacutetica puacuteblica

438 O MEI-Patratildeo no Litoral do Paranaacute

Segundo o SEBRAE (2014) as micro e pequenas empresas em 2011 eram

responsaacuteveis por ―44 dos empregos formais em serviccedilos e aproximadamente 70

dos empregos gerados no comeacutercio (p7)

Nota-se a impressionante importacircncia desse tecido empresarial na economia

do trabalho e sua relevacircncia que pode ser considerada nas poliacuteticas de inclusatildeo

social visto a geraccedilatildeo de emprego e renda e externalidades agregadas como o

combate a miseacuteria e a pobreza extrema aleacutem do aumento da auto-estima e da

manutenccedilatildeo da dignidade das pessoas em funccedilatildeo do trabalho

109

O MEI na forma da lei explicitado no art 18C da LC 12808 poderaacute

contratar um empregado com todos os direitos e deveres atribuiacutedos na

Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho (CLT)

Observado o disposto no art 18-A e seus paraacutegrafos desta Lei Complementar poderaacute se enquadrar como MEI o empresaacuterio individual que possua um uacutenico empregado que receba exclusivamente 1 (um) salaacuterio miacutenimo ou o piso salarial da categoria profissional

Ao analisar o graacutefico abaixo (GRAacuteFICO 14) com base no questionaacuterio

identificamos que dezenove (n=19) dos MEI que participaram do questionaacuterio

responderam que natildeo possuem empregado no exerciacutecio de suas atividades oito

(n=8) responderam que possuem empregado e trecircs (n=3) natildeo responderam agrave

questatildeo

GRAacuteFICO 14 -RESPONDENTES QUE POSSUEM FUNCIONAacuteRIOS NA MRGP ()

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Se por um lado a formalizaccedilatildeo do MEI constitui um avanccedilo no enfrentamento

agrave informalidade do outro lado haacute uma reproduccedilatildeo do processo informal que foge ao

controle da poliacutetica de formalizaccedilatildeo Trabalhadores que satildeo incluiacutedos por uma

poliacutetica que tem esforccedilo em pelo menos reduzir a informalidade contribui em

parte para a precarizaccedilatildeo do trabalho contratando trabalhadores dentro do sistema

informal para exercerem atividades que permanecem fora dos preceitos do trabalho

descente

0

10

20

30

40

50

60

70

sim natildeo natildeo respondeu

110

Nesse sentido sobre os microempreendedores individuais que empregam

constatamos(GRAacuteFICO 15) que dos trabalhadores empregados pelos MEI seis

(n=6) deles exercem suas funccedilotildees na informalidade e dois (n=2) satildeo formalizados

GRAacuteFICO 15 - QUANTITATIVO DE TRABALHADORES FORMALIZADOS E NAtildeO FORMALIZADOS

EMPREGADOS PELO MEI NA MRGP ()

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Eacute importante ressaltar que nas observaccedilotildees de campo constatou-se que

333 dos empregados natildeo formalizados (n=2) eram filhos dos MEI respondentes

Dessa forma muitos MEI aleacutem de reproduzir a informalidade com forccedila de trabalho

familiar precarizando em muito as condiccedilotildees do trabalho comprometem o

rendimento escolar de crianccedilas e adolescentes

439 Renda bruta dos MEI entrevistados um alento agrave meacutedia

Os municiacutepios da MRGP apresentam caracteriacutesticas distintas tanto pela

economia industrial quanto pelas particularidades sazonais dos serviccedilos as quais as

cidades balneaacuterias estatildeo submetidas Segundo Monteiro (2013 p 5) a populaccedilatildeo

total dos trecircs municiacutepios pode aumentar em 400 na temporada de praia

As particularidades sazonais refletem consideravelmente nas economias dos

municiacutepios balneaacuterios pelo aumento do fluxo de pessoas na temporada de veratildeo

0

10

20

30

40

50

60

70

80

natildeo formalizado formalizado

111

responsaacutevel pelo estiacutemulo da economia local impulsionada pelo turismo Destaque

para os setores de serviccedilos e do comeacutercio Com a expansatildeo da economia nesse

periacuteodo (dezembro janeiro e fevereiro) surgem oportunidades de trabalho e renda

para a populaccedilatildeo local e o aumento de volume do comeacutercio e prestaccedilatildeo de serviccedilos

Abaixo (GRAacuteFICO 16) examinamos a renda bruta dos respondentes (n=30)

na temporada de praia e no inverno a partir do questionaacuterio A referecircncia de renda

teraacute como paracircmetro o salaacuterio miacutenimo nacional39

GRAacuteFICO 16 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS MEI RESPONDENTES COM BASE NA RENDA BRUTA TENDO COMO PARAcircMETRO DE VALOR O SALAacuteRIO MIacuteNIMO NACIONAL (2016) ()

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Ao observarmos acima (GRAacuteFICO 16) percebemos que dos respondentes

na temporada de praia quatro (n=4) ganham ateacute um salaacuterio miacutenimo por mecircs

trecircs(n=3) ganham ateacute dois salaacuteriosmecircs sete (n=7) ganham ateacute trecircs salaacuterios sete

(n=7) ganham ateacute quatro salaacuterios sete (n=7) ganham mais de quatro salaacuterios e dois

(n=2) ganham mais de cinco salaacuterios por mecircs e fora da temporada de praia quatro

(n=4) ganham ateacute um salaacuterio miacutenimo por mecircs quatro (n=4) ganham ateacute dois salaacuterios

miacutenimos por mecircs oito (n=8) ateacute trecircs salaacuterios quatro (n=4) ateacute quatro salaacuterios sete

(n=7) ganham mais de quatro salaacuterios e dois(n=2) ganham mais de cinco

salaacuteriosUm respondente natildeo se manifestou sobre a renda bruta fora do veratildeo

39

O salaacuterio miacutenimo nacional para o ano 2016 eacute de R$ 88000 tendo como base o Decreto Federal nordm 86182015

0

5

10

15

20

25

30

ateacute 1 ateacute 2 ateacute 3 ateacute 4 mais de4

mais de5

no veratildeono inverno

112

Na demonstraccedilatildeo acima (GRAacuteFICO 16) notamos que cerca de nove(n=9)

dos MEI respondentes possui rendimentos acima de quatro salaacuterios miacutenimos e

quatorze (n=14) possui variaccedilatildeo entre um e trecircs salaacuterios miacutenimos Em 201040 o

rendimento do trabalhador na MRGP era em meacutedia 245 salaacuterios miacutenimos como

indicado abaixo41 (TABELA 15)

TABELA 15 - RENDIMENTO NOMINAL MEacuteDIO DOS TRABALHADORES CONTRIBUINTES PARA A PREVIDEcircNCIA SOCIAL EM QUALQUER TRABALHO NA MRGP (2010)

MUNICIacutePIO RENDIMENTO MEacuteDIO EM SALAacuteRIO MIacuteNIMO

Antonina 227

Guaraqueccedilaba 118

Guaratuba 244

Matinhos 278

Morretes 267

Paranaguaacute 304

Pontal do Paranaacute 279

MEacuteDIA 245

FONTE IBGE ndash senso 2010

Se estabelecermos uma comparaccedilatildeo tendo como indicativo de rendimento

do trabalhador o salaacuterio miacutenimo nacional veremos que o MEI categoria de

trabalhador inclusa no sistema previdenciaacuterio (IBGE) 30 dos respondentes possui

renda meacutedia superior agrave verificada em 2010 e 467 dessa categoria permanece

proacuteximo da meacutedia analisada em 2010

4310 Capacitaccedilatildeo profissional dos MEI no Litoral do Paranaacute

Os artigos 64 e 65 da LC 12306 com base no art 149 da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 reforccedilam a necessidade de articulaccedilatildeo entre as Instituiccedilotildees

Federais de Ensino Superior (IFES) as Instituiccedilotildees Cientiacuteficas e Tecnoloacutegicas (ICT)

e as FundaccedilotildeesInstituiccedilotildees de Apoio (Lei Fed 895894) na implementaccedilatildeo de ―[]

programas especiacuteficos para as microempresas e para as empresas de pequeno

porte [] Os programas possuem objetivos de auxiliar agrave capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica e

40

O salaacuterio miacutenimo nacional em 2010 era de R$ 51000 conforme Lei 1225510 41

Utilizamos o paracircmetro de 2010 por conta da escassez de dados econocircmicos atualizados da MRGP

113

treinamento de pessoal assim como dinamizar o processo de inovaccedilatildeo e

estruturaccedilatildeo dessas categorias empresariais

O Sistema S42 a exemplo definido na paacutegina web do Senado Federal como

―Termo que define o conjunto de organizaccedilotildees das entidades corporativas voltadas

para o treinamento profissional assistecircncia social consultoria pesquisa e

assistecircncia teacutecnica que aleacutem de terem seu nome iniciado com a letra S tecircm raiacutezes

comuns e caracteriacutesticas organizacionais similares e dentro de suas competecircncias

―cumpre um papel fundamental na oferta de cursos profissionalizantes em todo o

Brasil Criadas a partir dos anos 1940 as entidades que compotildeem o sistema se

dedicam agrave formaccedilatildeo profissional em suas respectivas aacutereas de atuaccedilatildeo (induacutestria

comeacutercio agropecuaacuteria entre outras) como indica o site do Governo Federal

Dessa forma com base nas anaacutelises de Albuquerque e Zapata (2008)

compreendemos que eacute igualmente necessaacuterio para o desenvolvimento e o

incremento das potencialidades estabelecerem o fortalecimento e expansatildeo tanto

das empresas inseridas em arranjos produtivos locais com qualificaccedilatildeo do capital

humano no gerenciamento e gestatildeo dos processos socioeconocircmicos Acesso em

agraves novas tecnologias promovendo a inovaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de produtos e a

conexatildeo em redes de produccedilatildeo e escoamento dos produtos dentro e fora do

territoacuterio quanto agrave otimizaccedilatildeo desses recursos alocados ao desenvolvimento

socioeconocircmico

Para o SEBRAE (2014) em 2011 os pequenos negoacutecios atingiram o

percentual de 27 do PIB brasileiro sendo que as Micro e Pequenas Empresas

respondem por 53 4 da riqueza gerada no setor de serviccedilos

Os dados demonstram a importacircncia de incentivar e qualificar os empreendimentos de menor porte inclusive os Microempreendedores Individuais Isoladamente uma empresa representa pouco Mas juntas elas satildeo decisivas para a economia e natildeo se pode pensar no desenvolvimento do Brasil sem elas (SEBRAE 2014)

Abaixo (GRAacuteFICO 17) demonstra o quantitativo de MEI respondentes ao

questionaacuterio que participaram de cursos de capacitaccedilatildeo

42

A criaccedilatildeo das Instituiccedilotildees do sistema ―S tem como base fundamental o art 149 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e eacute composta pelo Serviccedilo Nacional de Aprendizagem do Comeacutercio (Senac) Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) Serviccedilo Social do Comeacutercio (Sesc) Serviccedilo Social da Induacutestria (Sesi) Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e Serviccedilo Social de Transporte (Sest) Serviccedilo Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop)

114

GRAacuteFICO 17- QUANTITATIVO DE MEI RESPONDENTES QUE PARTICIPARAM DE CURSOS DE CAPACITACcedilAtildeO

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Percebemos (GRAacuteFICO 17) que dezessete (n=17) dos respondentes natildeo

participaram de cursos de capacitaccedilatildeo e dez (n=10) responderam que sim Dessa

forma veremos que a maioria dos respondentes se enquadra na perspectiva de

Sachs (2003) sobre a falta de conhecimentos baacutesicos para o desenvolvimento de

suas atividades Ou seja ausecircncia de capacitaccedilatildeo necessaacuteria nos negoacutecios pode se

tornar uma barreira na sustentabilidade do microempreendimento

O principal problema enfrentado pelo MEI eacute a falta de conhecimento de mercado Eles tecircm uma boa intenccedilatildeo mas sem capacidade de gerir o negoacutecio A natildeo ser aquele que jaacute exerce sua profissatildeo e resolve se formalizar Este jaacute conhece os limites do mercado (transcriccedilatildeo) entrevistado1)

Boa parte dos MEI no momento da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio natildeo

expressava desejo em se capacitar ou mesmo participar de qualquer qualificaccedilatildeo

Um dos MEI que respondeu natildeo participar de cursos de capacitaccedilatildeo nos disse se

considerar um ―autodidata e natildeo haveria a necessidade de se capacitar

A capacitaccedilatildeo para agir no mercado aberto eacute um elemento chave como

suporte agrave expansatildeo das capacidades envolvidas em um microempreendimento

posto agrave possibilidade de conhecimento de gestatildeo e financcedilas administraccedilatildeo de

recursos estoque fluxos de mercado e competitividade

participou

natildeo participou

Natildeo respondeu

115

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Iniciamos os trabalhos de pesquisa motivados por investigar como as

organizaccedilotildees puacuteblicas mercado e organizaccedilotildees sociais tecircm constituiacutedo poliacuteticas de

formalizaccedilatildeo do trabalho e como os trabalhadores e essas organizaccedilotildees tecircm

promovido e acolhido a formalizaccedilatildeo do microempreendedor individual no litoral do

Paranaacute Para tal realizamos estudos sobre as transformaccedilotildees no mundo do trabalho

investigamos a configuraccedilatildeo socioeconocircmica e os principais problemas enfrentados

pelos trabalhadores informais na regiatildeo Tratando-se de um estudo pioneiro

enfrentamos uma seacuterie de dificuldades para a coleta de dados e entrevistas em um

setor marcado pela precariedade de informaccedilotildees e estudos sistemaacuteticos

Um traccedilo marcante no mercado de trabalho brasileiro eacute informalidade

decorrente das transformaccedilotildees no processo de produccedilatildeo promovidas pelo decliacutenio

da concepccedilatildeo keynesianafordista que culminaram nas modificaccedilotildees das relaccedilotildees

de trabalho e no deslocamento do trabalhador fabril para o setor terciaacuterio

O capitalismo no Brasil como na Ameacuterica Latina tambeacutem denominado de

capitalismo tardio foi fundamentalmente gerado a partir de forccedilas produtivas

exoacutegenas e natildeo da capacidade de produccedilatildeo endoacutegena apesar de grande parte de o

capital cafeeiro brasileiro ter sido convertido em capital industrial O setor industrial

no Brasil se expandiu rapidamente entre a segunda metade da deacutecada de 1950 e da

deacutecada de 1960 convertido por um novo padratildeo tecnoloacutegico e de acumulaccedilatildeo

No litoral paranaense o capitalismo adquiriu caracteriacutesticas diferentes do

restante do Estado como indica a literatura O poacutelo e vetor econocircmico da regiatildeo eacute o

municiacutepio de Paranaguaacute responsaacutevel por boa parte da produccedilatildeo de riquezas na

regiatildeo da geraccedilatildeo de postos de trabalho e renda pois possui o maior nuacutemero de

empresas da regiatildeo Em ponto oposto agrave Paranaguaacute temos o municiacutepio de

Guaraqueccedilaba o mais carente em recursos os quais 93 tem origem em

repasses do Estado e do Governo Federal

Muito embora com potenciais escondidos e pouco explorados passiacuteveis de

impulsionar o desenvolvimento a Microrregiatildeo Geograacutefica de Paranaguaacute eacute

considerada uma das menos desenvolvidas do Estado marcada pela ausecircncia de

poliacuteticas de desenvolvimento local altos iacutendices de pobreza e destacadas

desigualdades sociais Segundo a literatura a regiatildeo possui um Niacutevel de

Desenvolvimento Regional (NDR) classificado como Muito Baixo (MB) Ainda

116

segundo a literatura as receitas dos municiacutepios da MRGP possuem enorme

dependecircncia das transferecircncias correntes do Estado e da Uniatildeo demonstrando a

pouca capacidade na geraccedilatildeo de riquezas e de recursos necessaacuterios agrave aplicaccedilatildeo e

melhoria de serviccedilos baacutesicos para a populaccedilatildeo local tais como sauacutede e educaccedilatildeo

Alguns municiacutepios da MRGP aleacutem da dependecircncia das transferecircncias

correntes destinam boa parte de seus recursos a atenderem elites locais em um

cenaacuterio de clientelismo43

Os segmentos da economia no litoral que mais geram empregos formais satildeo

o comeacutercio setor de serviccedilos e administraccedilatildeo puacuteblica seguido modestamente pelo

setor industrial As variaccedilotildees sazonais caracteriacutesticas dos municiacutepios balneaacuterios ndash

Guaratuba Matinhos e Pontal do Paranaacute ndash produzem efeitos na economia da regiatildeo

que basicamente tem forte presenccedila do comeacutercio e do setor de serviccedilos

aumentando significativamente a oferta precarizada de emprego e renda na

temporada de veratildeo

Os municiacutepios de Guaraqueccedilaba Matinhos Pontal do Paranaacute Morretes e

Paranaguaacute estabeleceram parceria com o SEBRAE com o objetivo de criar

condiccedilotildees para a adaptaccedilatildeo da Lei Complementar 12808 Essa Lei Complementar

eacute uma Poliacutetica Puacuteblica que cria a figura juriacutedica do Microempreendedor Individual

(MEI) e estabelece criteacuterios de normatizaccedilatildeo da categoria associados a dispositivos

de apoio a esse tecido empresarial

O canal de comunicaccedilatildeo entre as prefeituras e o SEBRAE tem sido a sala

do empreendedor presente nesses municiacutepios Essa foi uma iniciativa adotada para

criar condiccedilotildees de apoio ao microempreendedor individual no sentido de orientaacute-lo

quanto agrave formalizaccedilatildeo aspectos ligados agrave referida LC e promover as bases do

desenvolvimento desse tecido empresarial A sala do empreendedor se constitui em

uma importante ferramenta natildeo soacute de amparo ao empreendedor mas em uacuteltima

anaacutelise em uma estrateacutegia de fomento ao desenvolvimento local posto que aliada

a formalizaccedilatildeo de empreendimentos que atuam na informalidade e de potenciais

empreendedores estaacute o resgate agrave cidadania pelo direito ao trabalho descente e

regularizado

Por outro lado estudos de campo evidenciaram que ao se formalizar e

empregar um terceiro o MEI tende a reproduzir a informalidade pelo trabalho

43

Ver Monteiro (2013b)

117

precarizado pelas excessivas jornadas de trabalho e pela baixa remuneraccedilatildeo De

outra forma o trabalho informal pode se concretizar para muitos trabalhadores na

uacutenica maneira de sobrevivecircncia em um mundo onde haacute decreacutescimo dos postos de

trabalho protegido pelas leis regulatoacuterias e normativas

Um dispositivo importante contido na Lei Geral eacute o Acesso em facilitado ao

microcreacutedito produtivo estendido para o microempreendedor No litoral esta

ferramenta de inclusatildeo e expansatildeo do MEI estaacute pouco explorada considerando a

diminuiccedilatildeo dos financiamentos pela Caixa Econocircmica Federal Em contra partida os

contratos creditiacutecios firmados junto ao Banco Fomento Paranaacute aumentaram nos

uacuteltimos anos mas a sua representatividade ainda eacute pouco expressiva entre os

microempreendimentos no litoral

Ao longo dos estudos verificamos que a Poliacutetica Puacuteblica de formalizaccedilatildeo do

MEI eacute uma poliacutetica de longo prazo que coaduna estrateacutegias e accedilotildees de resultados

que podem definir prazos mais longos mas em sentido imediato podem modificar a

vida desses trabalhadores Se de um lado esses trabalhadores encontraram uma

oportunidade de inserccedilatildeo no mercado de trabalho formal atraveacutes da LC 12808

constituindo seu proacuteprio negoacutecio lutando por uma vida de dignidade atraveacutes de seu

trabalho por outro lado essa classe de trabalhadores representa a forma pela qual

o Estado de maneira ilusoacuteria tenta minimizar os efeitos da exclusatildeo de milhares de

postos de trabalho em funccedilatildeo dos novos padrotildees de produccedilatildeo inseridos na

perspectiva neoliberal que aleacutem do deslocamento forccedilado dos trabalhadores agrave

informalidade produz e reproduz desigualdades sociais e econocircmicas De certa

forma como a literatura indica a LC 12808 pode ser considerada uma ferramenta

utilizada pelo Estado para regulamentar o trabalho precarizado jaacute que as bases

estruturais do desemprego natildeo satildeo atingidas

Nesse contexto observamos o sentido ambivalente da poliacutetica puacuteblica de

formalizaccedilatildeo do MEI que se de um lado o Estado percebe o alastramento da

informalidade e dos efeitos nefastos para milhares de trabalhadores brasileiros e cria

uma poliacutetica puacuteblica para enfrentar esse fenocircmeno de outro lado observamos as

dificuldades dos MEI em empreender em meio a fatores exoacutegenos como retraccedilatildeo

econocircmica e endoacutegenos como a dependecircncia de fatores locais comprometendo os

objetivos da poliacutetica puacuteblica

Os municiacutepios do litoral paranaense em sua maioria carentes de

amadurecimento das concepccedilotildees de desenvolvimento local e de recursos

118

necessaacuterios ao suporte de estrateacutegias que correspondam a uma necessaacuteria

expansatildeo das equidades e das liberdades substantivas de suas populaccedilotildees vecircem

suas capacidades limitadas em funccedilatildeo de uma economia com pouca geraccedilatildeo de

riquezas influindo na baixa tributaccedilatildeo e no alastramento de problemas sociais como

o aumento da ociosidade forccedilada da pobreza da miseacuteria da violecircncia e da

criminalidade

Concluiacutemos que a inclusatildeo social do MEI expresso no art 18E da LC

12808 depende da sua permanecircncia e sustentabilidade entre outras circunstacircncias

aleacutem do ambiente empresarial de negoacutecios do fortalecimento do mercado e da

inclinaccedilatildeo do governo local agraves concepccedilotildees de desenvolvimento Dentro dessa

perspectiva empoderar o governo local se destaca como um dos elementos

fundamentais para o desenvolvimento de poliacuteticas puacuteblicas para o MEI assim como

a preparaccedilatildeo do empresariado local para a diminuiccedilatildeo das assimetrias no ambiente

de negoacutecios

A formalizaccedilatildeo do MEI natildeo eacute um fim em si mas pode ser adequada agraves

realidades locais e suplementada garantindo e expandindo direitos jaacute conquistados

Apesar de alguns avanccedilos que possibilitem os MEI sobreviver em meio a

imensidatildeo de empresas buscando um espaccedilo no mercado em curto prazo se natildeo

intensificarem investimentos para o fortalecimento da categoria presenciaremos o

esgotamento das estrateacutegias que ainda resistem

Esperamos que os estudos que realizamos sobre o MEI no litoral do Paranaacute

sejam o iniacutecio de outras investigaccedilotildees que possibilitem a sistematizaccedilatildeo de

conhecimentos que estatildeo dispersos entre os atores puacuteblicos e privados que

desenvolvem seus esforccedilos para a formalizaccedilatildeo e viabilizaccedilatildeo do MEI Esta aacuterea de

estudos apresenta-se como um desafio em funccedilatildeo da precariedade de informaccedilotildees

para pesquisa todavia por seu caraacuteter inovador configura-se tambeacutem como

oportunidade de desenvolvimento de novos pesquisadores para a produccedilatildeo de

novos arranjos institucionais que permitam aos trabalhadores MEI a sua

formalizaccedilatildeo e viabilizaccedilatildeo no mercado

119

REFEREcircNCIAS

ALBUQUERQUE FRANCISCO Metodologia para El desarrolo econocircmico local LPIPG105 1997 Disponiacutevelem lthttparchivocepalorgpdfgts1997S9720129pdfgtAcesso em 10 dez 2015 ALBURQUERQUE FRANCISCO ZAPATA TANIAA importacircncia da estrateacutegia de desenvolvimento localterritorial no Brasil in DOWBOR Ladislau POCHMANN Marcio Poliacuteticas para o desenvolvimento local Perseu Abramo Satildeo Paulo 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwsctrsgovbrupload1353522830_A20importC3A2ncia20da20estratC3A9gia20de20desenvolvimento20local20territorial20no20Brasil20-20Alburquerque20amp20ZapatapdfgtAcesso em 02 fev 2017 ANDRIGUETTO FILHO JOSEacute MILTON MARCHIORO NILSON DE PAULA XAVIER Diagnoacutestico e problemaacutetica para a pesquisa in RAYNAUT C et al Desenvolvimento e meio ambiente em busca da interdisciplinaridade pesquisas urbanas e rurais Ed UFPR Curitiba 2002 ANTUNES RICARDO Os modos de ser da informalidade rumo a uma nova era da precarizaccedilatildeo estrutural do trabalho Serv Soc Soc Satildeo Paulo n 107 p 405-419 julset 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0101-66282011000300002gt Acesso em 16 marccedilo 2016 BARBOSA FILHO FERNANDO DE HOLANDA PESSOcircA SAMUEL (2011) Uma Anaacutelise da Reduccedilatildeo da Taxa de Desemprego Rede de Economia Aplicada WorkingPaper 28 Disponiacutevel em lthttpwwwanpecorgbrencontro000d0204295d65df3e887e93f3a4a9c934fpdfgt Acesso em 01 jul 2015 BARBOSA FILHO FERNANDO HOLANDA MOURA RODRIGO LEANDRO DE Evoluccedilatildeo Recente da Informalidade no Brasil Uma Anaacutelise Segundo Caracteriacutesticas da Oferta e Demanda de Trabalho Instituto Brasileiro de Economia FGV nordm 17 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwportalibrefgvbrlumisportalfilefileDownloadjspfileIdgtAcesso em 13 maio 2016 BARBOSA A DE FREITAS ET AL Desenvolvimento econocircmico e inclusatildeo social in POCHMANN M Reestruturaccedilatildeo produtiva perspectiva de desenvolvimento local com inclusatildeo social Petroacutepolis Vozes 2004 BARBOSA ROSANGELA NAIR DE CARVALHO Trabalho informal e Poliacuteticas Puacuteblicas para geraccedilatildeo de renda XIII Congresso Brasileiro de Sociologia do Trabalho Recife UFPE 2007 disponiacutevel em lthttpwwwsbsociologiacombrportalindexphpoption=com_docmanamptask=doc_downloadampgid=1046ampItemid=171gtAcesso em 18 nov 2015 BARONE F M LIMA P F DANTAS V REZENDE V Introduccedilatildeo ao Microcreacutedito BACEN 2002 Disponiacutevel em

120

lthttpwwwbcbgovbrhtmspublicmicrocreditomicrocreditopdfgtAcesso em 22 jan 2017 BATISTA ROBERTO LEME Uma anaacutelise criacutetica sobre as bases conceituais do PLANFOR Rede de Estudos do trabalho ndash Revista da RET ano III nordm 4 2009 disponiacutevel em lthttpwwwestudosdotrabalhoorgUma20anE1lise20crEDticapdfgtAcesso em 07 jul 2016 BRASIL Constituiccedilatildeo Federal do Brasil 1988 __________ Decreto Lei nordm 54521943 __________ Decreto Lei nordm 7188573 __________ Decreto Lei nordm 194696

__________ Decreto Lei nordm 194696 __________ Decreto Lei nordm 55982005 __________ Lei Complementar n1232006 __________ Lei Complementar n 0870

__________ Lei Complementar n 2571 __________ Lei Complementar 1282008 Brasiacutelia 2008

__________ Lei Complementar 1472014 __________ Lei Federal n 472565

__________ Lei Federal n 43301964

__________ Lei Federal n 51071966

__________ Lei Federal n 721966

__________ Lei Federal n 071970 __________ Lei Federal n 602574 __________ Lei Federal n 613674

__________ Lei Federal n 228386

__________ Lei Federal n 799890 __________ Lei Federal n 102082001

121

__________ Lei Federal n 107792003 __________ Lei Federal n 80361990 __________ Lei Federal n 111102005

__________ Lei Federal n 11598 2007

__________ Lei Federal n 104062002

__________ Lei Federal n 86661993

__________ Lei Federal n 111102005 __________ Medida Provisoacuteria 2164-41 2001

__________ MINISTEacuteRIO DO TRABALHO E EMPREGO Mercado de Trabalho Conjuntura e anaacutelise nordm 56 IPEA 2014Disponiacutevel em lthttpwwwipeagovbrportalimagesstoriesPDFgtsmercadodetrabalhobmt56_completopdfgtAcesso em 28 jul 2016

__________MINISTEacuteRIO DO TRABALHO E EMPREGO Anaacutelise do Mercado de Trabalho nordm 58 Ano 21 IPEA 2015 Disponiacutevel emlthttpwwwipeagovbrportalimagesstoriesPDFgtsmercadodetrabalhobmt_58_analisepdfgtAcesso em 28 jul 2016

__________Estudo elaborado pelo Observatoacuterio do Mercado de Trabalho do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) 2002 __________ Economia Informal Urbana IBGE 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrhomeestatisticaeconomiaecinf2003gtAcesso em 21 out 2015 __________ Resoluccedilatildeo n 12696

BRESSER PEREIRA L C A crise na Ameacuterica Latina consenso de Washington ou crise fiscal Disponiacutevel em lthttpppeipeagovbrindexphpppearticleview883820gtAcesso em 10 out 2015 BROM LUIZ GUILHERME A crise da modernidade pela lente do trabalho Satildeo Paulo Saraiva 2006

CAMINHA MARCO AUREacuteLIO LUSTOSA As metamorfoses do mundo do trabalho no final do seacuteculo XX e a atualidade da questatildeo social Jus Navigandi v 3147 p 1-5 2012 Disponiacutevel em lthttpjuscombrartigos21058as-metamorfoses-do-mundo-do-trabalho-no-final-do-seculo-xx-e-a-atualidade-da-questao-socialgtAcesso em 23 set 2015

CARDOSO DE MELLO J M O capitalismo tardio 8ordf ed Satildeo Paulo Brasiliense

122

1991 CATTANI ANTONIO DAVID Economia submersa Lua Nova [online] 1985 vol2 n2 pp 27-31 Disponiacutevel lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_pdfgtamppid=S0102-gtAcesso em 06 set 2015 CERQUEIRA C L CUNHA G C MOHR G SOUZA L J ABRAHAO C M S FLEIG D Associativismo possibilidades de inovaccedilatildeo para os microempreendedores do litoral paranaense In VIII Workshop EmpreenderSur 2014 Satildeo Paulo Educando para o Empreendedorismo e Inovaccedilatildeo Satildeo Paulo Universidade Presbiteriana Mackenzie 2014 v 1 p 728-741 Disponiacutevel lthttpemprendesurnetboletinesEmprendeSUR_viii_wpdfgtAcesso em 23 dez 2016

CHAHAD J P Z Poliacuteticas Ativas e Passivas no Mercado de Trabalho aspectos conceituais a experiencia internacional e a avaliaccedilatildeo do caso brasileiro 2006 (Convecircnio CEPALPNUDOIT - Relatoacuterio Nacional de Desenvolvimento Humano) Disponiacutevel emltlthttpdocplayercombr4431539-Politicas-ativas-e-passivas-no-mercado-de-trabalho-aspectos-conceituais-a-experiencia-internacional-e-a-avaliacao-do-caso-brasileiro-1htmlgtAcesso em17 marccedilo 2016

CHESNAIS FRANCcedilOIS A mundializaccedilatildeo do capital Satildeo Paulo Xamatilde 1996 COTRIN G histoacuteria do Brasil um olhar criacutetico Satildeo Paulo Saraiva 1999

DENARDIN V F SULZBACH M T O impacto da regulamentaccedilatildeo do mercado de trabalho frente a fragilidade orccedilamentaacuteria e do emprego nos municiacutepios do litoral do Paranaacute Universidade Federal do Rio Grande do Norte CCHLA 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwcchlaufrnbrgtAcesso em 03 jun 2016

___________ Produtos com identidade territorial o caso da farinha de mandioca no litoral paranaense In Saquet M A Santos R A Geografia agraacuteria territoacuterio e desenvolvimento Satildeo Paulo Expressatildeo Popular 2010Disponiacutevel em lthttpwwwaba-agroecologiaorgbrrevistasindexphprbagroecologiaarticle6084gtAcesso em 05 maio 2016 DESLANDES SUELI FERREIRA A construccedilatildeo do projeto de pesquisa In MINAYO Maria Ceciacutelia Pesquisa Social teoria meacutetodo e criatividadendashed 29 Petroacutepolis Vozes 2010

DENARDIN VALDIR F LAUTERT L F RIBAS C P ZANETTI R Farinha de Mandioca no Litoral Paranaense um produto com potencial agroecoloacutegico Revista Brasileira de Agroecologia v 4 p 2420-2424 2009Disponiacutevel em httpwwwabaagroecologiaorgbrrevistasindexphprbagroecologiaarticleview8626 Acesso em26 abril 2016

123

DIEESE Mercado de trabalho Satildeo Paulo 2015 Disponiacutevel em lthttpswwwdieeseorgbranuario2015sistPubLivreto1MercadoDeTrabalhopdfgt Acesso em 12 de set de 2016

DUMEacuteNIL GEacuteRARD LEacuteVY DOMINIQUE Neoliberalismo ndash Neo-imperialismo Economia e Sociedade Campinas v 16 n 1 (29) p 1-19 abr 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfgtecosv16n1a01v16n1gtAcesso em16 marccedilo 2016 ESTEVES CLAacuteUDIO JESUS DE OLIVEIRA Vulnerabilidade Socioambiental na Aacuterea de Ocupaccedilatildeo Contiacutenua do Litoral do Paranaacute ndash Brasil Tese de Doutorado ndashUFPR Curitiba 2011

FAUSTO B Histoacuteria do Brasil Satildeo Paulo Edusp 1995 FERNANDES ANTOcircNIO SEacuteRGIO ARAUacuteJO O capital social e a anaacutelise institucional e de poliacuteticas puacuteblicas RAP Rio de Janeiro 36(3) 375-98 MaioJun 2002 Disponiacutevel lthttpwwwbibliotecadigitalfgvbrojsindexphpraparticledownload64445028gt Acesso em 18 jul 2015 FERNANDES FLORESTAN Capitalismo dependente e as classes sociais na Ameacuterica Latina Rio de Janeiro Zahar 1975 FIANI RONALDO Arranjos Institucionais e Desenvolvimento O Papel da Coordenaccedilatildeo em Estruturas Hiacutebridas IPEA RJ 2013 disponiacutevel em lthttprepositorioipeagovbrbitstream110589711TD_1815pdfgtAcesso em 25 nov 2016

IANI RONALDO Cooperaccedilatildeo e Conflito Instituiccedilotildees e desenvolvimento econocircmico 01 ed Rio de Janeiro Elsevier 2011 Disponiacutevel lthttpsbooksgooglecombrbooksid=fT2tJY2rRygCamppg=PA4amplpg=PA4ampdq=instituiC3A7C3B5es+para+davis+northampsource=blampots=NDdomTfdL3ampsig=4TQ1Ux7o2dNxnLBDGGUFsDgA-w8amphl=pt-BRampsa=Xampved=0ahUKEwjMwYri8N_QAhXClZAKHXJKAA8Q6AEIPjAGv=onepageampq=instituiC3A7C3B5es20para20davis20northampf=falsegtAcesso em 25 nov 2016

FIANI RONALDO Teoria da regulaccedilatildeo econocircmica Estado atual e perspectivas futuras UFRJ-IE 2001 Disponiacutevel lthttpcac-phpunioestebrcursostoledohistoriaeconomicateoriaregulacaopdfgtAcesso em 01 dez 2016

FREY KLAUS Poliacuteticas puacuteblicas um debate conceitual e reflexotildees referentes agrave praacutetica da anaacutelise de poliacuteticas puacuteblicas no Brasil Planejamento e Poliacuteticas Puacuteblicas (IPEA) Brasiacutelia v 21 p 211-259 2000 Disponiacutevel em ltlthttpwwwufpabrepdirimagesdocspaper21pdfgtgtgtAcesso em 12 dez 2016

FUNDACcedilAtildeO GETUacuteLIO VARGAS (FGV) CPDOC A era Vargas 1927 disponiacutevel emltlthttpcpdocfgvbrnode1885gtAcesso em 03 out 2016

124

FURTADO CELSO Criatividade e dependecircncia na civilizaccedilatildeo industrial Satildeo Paulo Companhia das letras 2008 GALEANO EDUARDO As veias abertas da Ameacuterica Latina Porto Alegre LampPM 2010 HIGGINS SILVIO SALEJ Fundamentos teoacutericos do capital social Chapecoacute Argus 2005

HOumlFLING ELOISA DE MATTOS Estado e poliacuteticas (puacuteblicas) sociais Cadernos Cedes ano XXI n 55 novembro2001 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfgtccedesv21n555539pdfgtAcesso em 22 dez 2015 HOROCHOVSKI RR et al Bacharelado em Gestatildeo Puacuteblica da UFPR uma contribuiccedilatildeo ao desenvolvimento sustentaacutevel do litoral do Paranaacute Temas de Administraccedilatildeo Puacuteblica v 3 n 6 p 1-22 2012 Disponiacutevel em ltlthttpwwwfclarunespbrgtAcesso em 03 mar 2016

HOROCHOVSKI RR JUNCKES IJ CJL MURARO Participaccedilatildeo e planejamento em um programa de desenvolvimento regional sustentaacutevel Revista Brasileira de Ciecircncias Ambientais ndash Nuacutemero 20 ndash Junho de 2011 Disponiacutevel ltlthttpabesdnorgbrpublicacoesrbciambPDFgts2007_Materia_5_final_artigos280pdfgtAcesso em 28 fev 2017 KOHLER R As relaccedilotildees ente os agregados macroeconocircmicos locais In 5deg Encontro de Economia Gauacutecha 2010 Porto Alegre - RS 5deg Encontro de Economia Gauacutecha 2010 Disponiacutevel ltlthttpswwwgooglecombrsearchq=AS+RELAC387C395ES+ENTRE+OS+AGREGADOS+MACROECONC394MICOS+LOCAISamprlz=1C1CHZL_ptBRBR726BR726ampoq=AS+RELAC387C395ES+ENTRE+OS+AGREGADOS+MACROECONC394MICOS+LOCAISampaqs=chrome69i571742j0j7ampsourceid=chromeampie=UTF-8gtAcesso em 30 jan 2017

LARANJEIRA SOcircNIA MARIAGUIMARAtildeES As Transformaccedilotildees do Trabalho num Mundo Globalizado Sociologias Porto Alegre ano 2 nordm 4 juldez 2000 p14-19 Disponiacutevel lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1517-45222000000200002gt Acesso em 23 nov 2015

LIMA LUCIANA LEITE DASCENZI LUCIANO Implementaccedilatildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas Perspectivas Analiacuteticas Revista de Sociologia e Poliacutetica v 21 nordm 48 101-110 Dez 2013lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S010444782013000400006gtAcesso em 10 dez 2016

LOMBARDI MARIA ROSA Reestruturaccedilatildeo produtiva e condiccedilotildees de trabalho Percepccedilotildees dos trabalhadores Educaccedilatildeo amp Sociedade ano XVIII nordm 61 dezembro97 ndash disponiacutevel ltlthttpwwwscielobrpdfgtesv18n614699pdfgtAcesso em02 dez 2015

125

LUSTOSA FREDERICO Instituiccedilotildees cultura e desenvolvimento sustentaacutevel na bacia cultural do Araripe Cadernos Ebape Br v 8 nordm 1 artigo 9 Rio de Janeiro Mar 2010 Disponiacutevel lthttpwwwscielobrpdfgtcebapev8n1a09v8n1pdfgtAcesso em 21 jun 2015

MACHADO DANIELLE CARUSI NETO JOAtildeO HALLAK Poliacuteticas ativas e passivas de mercado de trabalho panorama atual UFF ndash CEDE RJ 2011Disponiacutevel ltlthttpwwwproacuffbrcedesitesdefaultfilesTD39_2pdfgtAcesso em 10 jan16

MACHADO LUIZ TOLEDO A teoria da dependecircncia na Ameacuterica Latina Estudos Avanccedilados 13 (35) 1999 Disponiacutevel em ltlthttpwwwscielobrpdfgteav13n35v13n35a18pdfgtAcesso em 01 jul16

MAGALHAtildeES JUacuteNIOR M Avaliaccedilatildeo de impacto do Programa Banco do Empreendedor Microcreacutedito sobre o niacutevel de atividade econocircmica dos municiacutepios paranaenses 2010-2013 Monografia de Fim de Curso em Ciecircncias Econocircmicas Universidade Federal do Paranaacute 2016

MALAGUTI MANOEL LUIZ Criacutetica agrave razatildeo informal a imaterialidade do salariado Satildeo Paulo Boitempo 2001

MARTINS JOSEacute DE SOUZA VEIGA JOSEacute ELI DA O que fazer para gerar empregos no Brasil Estud av vol17 no49 Satildeo Paulo SeptDec 2003 ndash disponiacutevel em ttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=s0103-40142003000300019Acesso em03 jun 2015

MATSUO MYRIANTrabalho informal e desemprego desigualdades sociais Tese de Doutorado em Sociologia da Universidade de Satildeo Paulo 2008 Disponiacutevel em wwwtesesuspbrtesesdisponiveis88132tde-05032010MYRIAN_MATSUOpd Acesso em 07 jul 2015 MENEGUIN FERNANDO B BUGARIN MAURIacuteCIO S A informalidade no mercado de trabalho e o impacto das instituiccedilotildees uma anaacutelise sob a oacutetica da teoria dos jogos Economia aplicada Satildeo Paulo v 12 n 3 p 341-363 2008 disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfgtecoav12n3v12n3a01Acesso em 24 set 2015

MONTEIRO RICARDO RA organizaccedilatildeo espacial no litoral paranaense Monografia conclusatildeo de curso (Poacutes graduaccedilatildeo) FAUUSP 2013a Disponiacutevel lthttpwwwfauuspbrdocentesdepprojetoc_deakAUP8406t-alun2013m313r-monteiro-litoral-paranapdfgtgtAcesso em 03 jan 2017

_____________ Regulamentaccedilatildeo urbana em revisatildeo no litoral do Paranaacute Revista brasileira de estudos urbanos e regionais Vol 15 ano 2013b Disponiacutevel em lthttpunuhospedagemcombrrevistarbeurindexphpanaisarticleview4241Acesso em 03 jan 2017

126

MORAES R ESTADO mercado e outras instituiccedilotildees reguladoras Lua Nova revista de cultura e poliacutetica nordm 58 2003 - lthttpwwwscielobrpdfgtlnn58a07n58pdfgtgtAcesso em 10 dez 2015

MOTTA VAcircNIA CARDOSO DA Ideologias do capital humano e do capital social da integraccedilatildeo agrave inserccedilatildeo e ao conformismo TrabEducSauacutedev6 n3p549-571nov2008fev2009 disponiacutevel em wwwscielobrscielophppid=S1981-77462008000300009ampscript=scitlngAcesso em 10 de maio 2015

NASCIMENTO MCG Regularizaccedilatildeo fundiaacuteria urbana de interesse social no direito brasileiro Dissertaccedilatildeo de Mestrado Faculdade de Direito da Universidade de Satildeo Paulo SP 2013 (P 19-26) wwwtesesuspbrDissertacao_Final_Mariana_Chiesa_Gouveia_NascimentopdfgtgtAcesso em 15 jan 2017

NASSIF V M J et al Empreendedorismo por Necessidade O Desemprego como Impulsionador da Criaccedilatildeo de Novos Negoacutecios no Brasil Pensamento e realidade 144 Ano XII mdash v 24 n 12009 disponiacutevel em lthttprevistaspucspbrindexphppensamentorealidadearticleview70755116 Acesso em12 fev 2017

NOGUEIRA MAURO ODDO PEREIRA LARISSA DE SOUZA As Empresas de Pequeno Porte e a produtividade sistecircmica da economia brasileira Obstaacuteculo ou fator de crescimento Disponiacutevel em lthttprepositorioipeagovbrbitstream1105842571Radar_n38_empresaspdfgtgtAcesso em 03 set 2015 WOLFF SIMONE Desenvolvimento local empreendedorismo e ―governanccedila urbana onde estaacute o trabalho nesse contexto Caderno CRH Salvador v 27n 70 p 131-150 JanAbr 2014 disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S010349792014000100010amplng=ptampnrm=isoamptlng=ptAcesso em11 dez 2016

OFFE CLAUS Problemas estruturais do estado capitalista Rio de Janeiro Ed Tempo Brasileiro 1984

OLIVEIRA EDNEacuteIA ALVES DE A poliacutetica de emprego no Brasil O caminho da flexinseguranccedila Serv Soc Soc Satildeo Paulo n 111 p 493-508 julset 2012 lthttpwwwscielobrscielophppid=S0101-66282012000300006ampscript=sci_arttext Acesso em23 jun 2015 OLIVEIRA FRANCISCO A DE A economia da dependecircncia imperfeita Rio de Janeiro Graal 1984

OLIVEIRA FARLEI MARTINS RICCIO Controle das legitimidades de Poliacuteticas Puacuteblicas limites e possibilidades Revista de Direito Administrativo v247 2008 lthttpbibliotecadigitalfgvbrojsindexphprdasearchsearch Acesso em 03 dez 2016

127

OLIVEIRA MAXWELL FERREIRA DE Metodologia Cientiacutefica um manual para a realizaccedilatildeo de pesquisas em administraccedilatildeo Catalatildeo UFG 2011 Disponiacutevel em lthttpsadmcatalaoufgbrup567oManual_de_metodologia_cientifica_-_Prof_Maxwellpdfgt Acesso em 03062015 OLIVEIRA VANESSA E As fases do processo de poliacuteticas puacuteblicas In MARCHETTI V (Org) Poliacuteticas Puacuteblicas em debate Satildeo Bernardo do Campo ABCD Maior UFABC 2013

PAIVA LUIS HENRIQUE O dilema do financiamento orccedilamentaacuterio das poliacuteticas puacuteblicas de emprego IPEA Mercado de trabalho2006 disponiacutevel emlthttpwwwipeagovbragenciaimagesstoriesPDFgtsmercadodetrabalhomt_30epdfgtgtAcesso em04 jan 16 PARANAacute Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social Disponiacutevel httpwwwipardesgovbrindexphppg_conteudo=1ampcod_conteudo=30 Acesso 08 nov 16

PARANAGUAacute 2007 Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado de Paranaguaacute FUNPAR UFPR vol I ndash Anaacutelises Temaacuteticas e Diagnoacutesticos ndash contexto Municipal Disponiacutevel emlthttpwwwparanaguaprgovbrplano_diretor+20PLANO20DIRETORPDFgtPDDI20-20Volume20I-20AnC3A1lise20e20DiagnC3B3sticopdfgtgtAcesso em 01 ago 2016

________ Dec Municipal 8872013 PARIS KELLY E Efeitos da implementaccedilatildeo de poliacuteticas de incentivo a microempresas e empresas de pequeno porte estudo de caso da Microrregiatildeo de Paranaguaacute Trabalho de Conclusatildeo do Curso de bacharelado em Poliacuteticas Puacuteblicas da UFPR - Setor Litoral Matinhos 2015

PASTORE J As Mudanccedilas no Mundo do Trabalho - Leituras de Sociologia do Trabalho Curitiba LTR 2006 PEREIRA G D DE O Efeitos do microcreacutedito sobre o fortalecimento dos microempreendimentos e sobre as condiccedilotildees de vida dos microempreendedores Um estudo do CEAPEPB no periacuteodo de 2001 a 2004 Dissertaccedilatildeo de mestrado em economia pela Universidade federal da Paraiacuteba 2005 Disponiacutevel em lthttpportalfatmtegovbrwp-contentuploads201604efeitos_microcredito_fortalecimento_microempreendimentospdfgtgtAcesso em12 jan 2017 PEREIRA A P P Necessidades humanas subsiacutedios a criacutetica dos miacutenimos sociais 3ordf Ed Satildeo Paulo Cortes 2006

POCHMANN M O emprego na globalizaccedilatildeo a nova divisatildeo internacional do trabalho e os caminhos que o Brasil escolheu Satildeo Paulo Boitempo 2001

128

RIFKIN J O fim dos empregos o decliacutenio inevitaacutevel dos niacuteveis dos empregos e a reduccedilatildeo da forccedila global de trabalho Satildeo Paulo Makron Books 1996

ROGGERO RUma leitura sobre o desenvolvimento do setor terciaacuterio no movimento contemporacircneo do capital Texto retirado da web lthttpwwwsenacbrinformativobts243boltec243ahtmgtAcesso em 07 abril 2016 SACHS I Desenvolvimento includente sustentaacutevel sustentado Rio de Janeiro Garamond 2004 ________Inclusatildeo social pelo trabalho desenvolvimento humano trabalho descente e o futuro dos empreendedores de pequeno porte Rio de Janeiro Garamond 2003 ________ Rumo agrave ecossocioeconomia teoria e praacutetica Satildeo Paulo Cortez 2007 SANDRONI Paulo Noviacutessimo dicionaacuterio de economia Satildeo Paulo Best Seller 1999 httpsinusorgbr2014wp-contentuploads201311FMIBMNovC3ADssimo-DicionC3A1rio-de-Economiapdfgt Acesso em 02 jan 2017

SANTOS JOAtildeO BOSCO FEITOSA DOS MACIEL REGINA HELOISA MATTEI DE OLIVEIRA SATO LENY Trabalhadores informais e a formaccedilatildeo de redes socioprodutivas (RSP) consideraccedilotildees teoacuterico-empiacutericas Contemporacircnea ISSN 2236-532X v 4 n 2 p 325-350 JulndashDez 2014 ndash disponiacutevel em lthttpwwwcontemporaneaufscarbrindexphpcontemporaneaarticleview251gtAcesso em15 abril 2016 SANTOS GEOacuteRGIA PATRIacuteCIA GUIMARAtildeES DOS Desemprego informalidade e precariedade a situaccedilatildeo do mercado de trabalho no Brasil poacutes-1990 Pro-Posiccedilotildees v 19 n 2 (56) - maioago 2008 Disponiacutevel em ltwwwproposicoesfeunicampbrproposicoes56-artigos-santosgpgpdfgtAcesso em03 maio 2016 SCHEUER L BAHL M Sazonalidade do turismo no municiacutepio de Guaratuba Paranaacute Brasil UFPR Curitiba 2011 Disponiacutevel em httprevistasufprbrraegaarticleview24841 Acesso em08 abril 2016

SCHNEIDER VOLKER Redes de poliacuteticas puacuteblicas e a conduccedilatildeo de sociedades complexas Civitas v 5 nordm 1 janjun 2005 Disponiacutevel em lthttpdocplayercombr3686041-Redes-de-politicas-publicas-e-a-conducao-de-sociedades-complexashtmlgt Acesso em 21012017 SEBRAE Cidade Empreendedora 2013 Disponiacutevel em lthttpsitesprsebraecombrleigeralwp-contentuploadssites35201402Termo_referencia_2013-2ultimaversaopdfgtAcesso em 20 nov 2016

SEBRAE Participaccedilatildeo das micro e pequenas empresas na economia brasileira Brasiacutelia 2014 Disponiacutevel

129

lthttpswwwsebraecombrSebraePortal20SebraeEstudos20e20PesquisasParticipacao20das20micro20e20pequenas20empresaspdfgtAcesso em 20 nov 2016

SEBRAE Sobrevivecircncia das empresas no Brasil 2013 disponiacutevel em lthttpswwwsebraecombrSebraePortal20SebraeAnexosSobrevivencia_as_empresas_no_Brasil=2013pdfgtAcesso em 17 jul 2015

SEN A Desenvolvimento com liberdade Satildeo Paulo Companhia das Letras 2000 SILVA MARCIA DA Poder local conceito e exemplos de estudos no Brasil Sociedade amp Natureza Uberlacircndia 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfgtsnv20n2a04v20n2pdfgtAcesso em 03 fev 2017

SILVEIRA DENISE TOLFO COacuteRDOVA FERNANDA PEIXOTO A pesquisa cientiacutefica in Meacutetodos de pesquisa [organizado por] Tatiana EngelGerhardt e Denise Tolfo Silveira Porto Alegre Editora da UFRGS 2009 Disponiacutevel lthttpwwwufrgsbrcursopgdrdownloadsSeriederad005pdfgtAcesso em26 jun 2015 SOUZA D Poliacuteticas Publicas de Trabalho Emprego e Renda as accedilotildees dos governos e as loacutegicas do apoio agrave informalidade e agrave carteira assinada In I Conferecircncia Nacional de Poliacuteticas Puacuteblicas Natal 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwcchlaufrnbrcnpppgsanaisArquivos20GTS20-20recebidos20em20PDFgtPOLC38DTICAS20PC39ABLICAS20DE20TRABALHO20EMPREGO20E20RENDApdfgtAcesso em25 fev 2016 SOUZA C Poliacuteticas Puacuteblicas uma revisatildeo da literatura Sociologias Porto Alegre ano 8 nordm 16 juldez 2006 p 20-45 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfgtsocn16a03n16gtAcesso em02 maio 2015

SUPERVIELLE MARCOS QUINtildeONES MARIELA La instalacioacuten de la flexibilidad en Uruguay Sociologias Porto Alegre ano 2 nordm 4 juldez 2000 p20-6 Disponiacutevel lthttpwwwscielobrpdfgtsocn4socn4a03pdfgt 10 ago 2016 SULZBACH MAYRA TAIZA DENARDIN VALDIR FIGO FELISBINO JANELIZE NASCIMENTO O trabalho em pequenos municiacutepios praianos do Litoral do Paranaacute Plural Revista do Programa de Pos-Graduacao em Sociologia v 1 p 101-132 2012 Disponiacutevel lthttpolivadcwixsitecomsociologiaspluraisespecial-1gt Acesso em06 out 2016 TEIXEIRA ELENALDO CELSO O Papel das Poliacuteticas Puacuteblicas no Desenvolvimento Local e na Transformaccedilatildeo da Realidade Salvador Bahia 2002 lthttpwwwescoladebicicletacombrpoliticaspublicaspdfgtAcesso em 08 abril 2016 TREVISAN EDINEIA DE SOUZA LIMA JANDIR FERRERA DE Crescimento e desigualdade regional no Paranaacute um estudo das disparidades de PIB per capita Revista Ciecircncias Sociais em Perspectiva vol 09 nordm 16 2010 lthttpe-revistaunioestebriacutendexphpccsaemperspectivagt Acesso em 01 jan 2017

130

TURATO EGBERTO RIBEIRO Meacutetodos qualitativos e quantitativos na aacuterea da sauacutede definiccedilotildees diferenccedilas e seus objetos de pesquisa Ver Sauacutede Puacuteblica 2005 39(3) 507-14 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfgtrspv39n324808pdfgt Acesso em 26 jul 2015 TURRA SALATIEL BACcedilO FERNANDA MENDES BEZERRA Identificaccedilatildeo do niacutevel de desenvolvimento regional das microrregiotildees paranaenses por meio da anaacutelise fatorial Revista de Economia v 40 n 1 (ano 38) p 97-114 janabr 2014 Disponiacutevel emlthttprevistasufprbreconomiaarticleviewFile3520524249gt Acesso em 01 out 2016

131

SIacuteTIOS DIGITAIS

lthttpcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=410120ampidtema=152ampsearch=parana|antonina|produto-interno-bruto-dos-municipios-2013 lthttpcidadesibgegovbrxtrasperfilphpcodmun=410960 lthttpwwwipardesgovbrperfil_municipalMontaPerfilphpcodlocal=11ampbtOk=ok lthttpwwwipardesgovbrpdfgtmapasbase_fisicarelacao_mun_micros_mesos_paranapdfgtgt lthttpwwwforumpermanentesmpegovbr lthttpempresometrocncorgbrEstatisticas lthttpwwwsidraibgegovbrbdapesquisaspme lthttpwww12senadolegbrnoticiasglossario-legislativosistema-s lthttpwwwcepalorgbrasilnoticiasnoticias334013politicasativasepassivasnomercadodetrabalhochahadpdfgtgt lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto-leiDel5452htm lthttpscpdocfgvbrproducaodossiesAEraVargas1anos30-37PoliticaSocialMinisterioTrabalho lthttpwwwsenaiprorgbrosenaiconhecaFreeComponent20291content169224shtl lthttpwwwsenacbrinstitucionalsenacaspx lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis1950-1969L4725htm lthttpwwwdieeseorgbranuario2015sistPubLivreto1MercadoDeTrabalhopdfgtgt lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decretoD1946htm lthttpwwwbndesgovbrapoiopronafhtml lthttpportalfatmtegovbrwp-contentuploads201602Res103_1996pdfgtgt lthttpappprsebraecombrleigeralnacionalMonitoramentoLeiGeraldo lthttpappprsebraecombrleigeralnacionalVisualizarQuestionariodoacao=CARREGA_AVALIACAOampano=2017ampcodigoEstado=16ampcodigoMunicipio=6133 lthttpswwwsebraecombrSebraePortal20SebraeEstudos20e20PesquisasParticipacao20das20micro20e20pequenas20empresaspdfgtgt

132

lthttpwwwbrasilgovbreconomia-e-emprego201001maior-participacao-dos-bancos-comerciais-publicos-no-mercado-e-positiva-diz-diretor-do-sebrae lthttpseconomiauolcombrcotacoescambiodolar-comercial-estados-unidoshistorico

133

APEcircNDICES

APEcircNDICE 1 ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Tiacutetulo da Pesquisa Nome doPesquisador

1 Natureza da pesquisa

2 Participantes da pesquisa

3 Envolvimento na pesquisa ao participar deste estudo a sra (sr) permitiraacute que o (a) pesquisador perguntas agrave natureza da pesquisa O senhor (a) tem liberdade de se recusar a participar e ainda se recusar a continuar participando em qualquer fase da pesquisa sem qualquer prejuiacutezo para a sra (sr)

4 Sobre as entrevistasas entrevistas seratildeo gravadas

5 Riscos e desconforto a participaccedilatildeo nesta pesquisa natildeo traz complicaccedilotildees

legais

6 Confidencialidadetodas as informaccedilotildees coletadas neste estudo satildeo estritamente confidenciais Somente o (a) pesquisador (a) e o (a) orientador (a) teratildeo conhecimento dos dados

Apoacutes estes esclarecimentos solicitamos o seu consentimento de forma livre

para participar desta pesquisa Portanto preencha por favor os itens que se seguem

Obs Natildeo assine esse termo se ainda tiver duacutevida a respeito

Consentimento Livre e Esclarecido Tendo em vista os itens acima apresentados eu de forma livre e

esclarecida manifesto meu consentimento em participar da pesquisa Declaro que recebi coacutepia deste termo de consentimento e autorizo a realizaccedilatildeo da pesquisa e a divulgaccedilatildeo dos dados obtidos neste estudo

___________________________ Nome do Participante da Pesquisa ______________________________ Assinatura do Participante da Pesquisa __________________________________ Assinatura do Pesquisador _________________________________

134

Assinatura do Orientador APEcircNDICE 2 ndash QUESTIONAacuteRIO PARA O MEI

Curso de Mestrado em Desenvolvimento Territorial Sustentaacutevel UFPR- Setor Litoral

Mestrando Marcus Aureacutelio O objetivo desse questionaacuterio eacute obter dados estatiacutesticos de base quantitativa e

qualitativa que seratildeo utilizados em minha dissertaccedilatildeo

Obrigado por colaborar

QUESTIONAacuteRIO PARA O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI)

1 Qual eacute a aacuterea econocircmica de atuaccedilatildeo____________________________________ 2 Haacute quanto tempo estaacute formalizado______________________________________

3 Renda bruta mensal em salaacuterio miacutenimo

Na temporada de praiade ateacute ( ) 1 salaacuterio ( ) 2 salaacuterios ( ) 3 salaacuterios ( ) 4 salaacuterios ( ) maior que 5 salaacuterios miacutenimos

Fora da temporada de ateacute ( ) 1 salaacuterio ( ) 2 salaacuterios ( ) 3 salaacuterios ( ) 4 salaacuterios ( ) maior que 5 salaacuterios miacutenimos

4 Obteve financiamento junto agraves instituiccedilotildees de creacutedito facilitado ( ) sim ( ) natildeo

Se sim o financiamento foi utilizado ( ) na expansatildeo dos negoacutecios ( ) capital de giro ( ) compra de materiais ( ) todos os itens anteriores

5 Possui ou jaacute possuiu relaccedilatildeo comercial com o Municiacutepio Estado ( ) sim ( ) natildeo 6 Participa de alguma associaccedilatildeo ( ) sim ( ) natildeo

7 Com a regularizaccedilatildeo do MEI sua situaccedilatildeo socioeconocircmica melhorou ( ) sim ( ) natildeo - (Em que

sentido)______________________________________ _____________________________________________________________

_____ _____________________________________________________________

_____ 8 Vocecirc deixaria de ser MEI por um emprego formalizado com carteira assinada e

salaacuterio mensal ( ) sim ( ) natildeo ndash (por

que)_____________________________________________ _____________________________________________________________

_____ 9 Vocecirc jaacute participou de algum curso de capacitaccedilatildeo ( ) sim ( ) natildeo

10 Jaacute realizou consultoria com agentes do SEBRAE ou Agentes de Desenvolvimento do Municiacutepio disponiacuteveis na Sala do Empreendedor

( ) sim ( ) natildeo 11 Suas atividades satildeo realizadas em

( ) sua residecircncia ( ) imoacutevel alugado ( ) imoacutevel proacuteprio 12 Vocecirc possui outra atividade aleacutem de ser MEI ( ) sim ( ) natildeo

13 Na sua opiniatildeo a prefeitura tem auxiliado a categoria do MEI no seu desenvolvimento atraveacutes de

( ) compra de produtos e serviccedilos do MEI ( ) no processo de formalizaccedilatildeo ( ) promoccedilatildeo de cursos de capacitaccedilatildeo para o MEI ( ) incentivo agrave aquisiccedilatildeo de

tecnologias pelos MEI ( ) natildeo sabe informar se a prefeitura possui esses programas de incentivo

14 Vocecirc possui funcionaacuterio para o exerciacutecio da sua atividade ( ) sim ( ) natildeo

135

Se a resposta for sim ele eacute formalizado ( ) sim ( ) natildeo

15 Na sua opiniatildeo quais accedilotildees que a prefeitura poderia realizar para auxiliar o desenvolvimento da

categoria do MEI ____________________________________________________

Page 5: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …

RESUMO

A partir da primeira deacutecada de 1970 o conceito keynesianismofordismo entrou em decliacutenio concorrendo para mudanccedilas estruturais de gerenciamento alocaccedilatildeo de recursos humanos reorganizaccedilatildeo do espaccedilo Dentro desse contexto haacute o deslocamento compulsoacuterio do trabalhador fabril para as mais diversas atividades no mercado de trabalho no setor terciaacuterio Boa parte das atividades desempenhadas pelos trabalhadores desse setor eacute desenvolvida na informalidade No Brasil para reverter o quadro de alastramento e superlativaccedilatildeo do setor informal foi criada a Lei Complementar12808 que formaliza a figura do Microempreendedor Individual (MEI) Na implantaccedilatildeo dessa poliacutetica puacuteblica estaacute prevista uma seacuterie de dispositivos que tem o objetivo de auxiliar na sustentabilidade e expansatildeo desse novo tecido empresarial Nos municiacutepios do Litoral do Paranaacute a implantaccedilatildeo da referida lei se daacute principalmente pela parceria entre as prefeituras e o SEBRAE atraveacutes das salas do empreendedor em cada municiacutepio que se constitui em canal de ligaccedilatildeo entre as estrateacutegias e accedilotildees desenvolvidas no sentido de atendimento do MEI Este trabalho visa a investigar como os trabalhadores mercado e organizaccedilotildees puacuteblicas e sociais tecircm promovido e acolhido a formalizaccedilatildeo do microempreendedor individual na Microrregiatildeo Geograacutefica de ParanaguaacuteLitoral Paranaense Para o desenvolvimento dos trabalhos foram pesquisados dados secundaacuterios realizada pesquisa bibliograacutefica e foi realizado um total de 38 entrevistas e aplicaccedilatildeo de questionaacuterios com agentes puacuteblicos de desenvolvimento e MEI Os resultados permitem conhecer a situaccedilatildeo dos MEI no litoral paranaense assim como servem de subsiacutedio para elaboraccedilatildeo de poliacuteticas especiacuteficas voltadas a essa populaccedilatildeo Palavras-chave Trabalho Informalidade Poliacutetica Puacuteblica Microempreendedor individual Litoral paranaense

RESUMEN

Desde los primeros antildeos de 1970 el concepto keynesianismofordismo entroacute en declinacioacuten concurriendo para los cambios estructurales de gestioacuten asignacioacuten de recursos humanos reorganizacioacuten del espacio Dentro de ese contexto hay el desplazamiento obligatorio del trabajador fabril para las maacutes distintas actividades en el mercado de trabajo en el sector terciario Buena parte de las actividades desempentildeadas por los trabajadores de este sector es desarrollada en la informalidad En Brasil para volver el cuadro de extensioacuten y superlativacioacuten del sector informal fue creada la Ley Complementar 12808 que formaliza la figura del micro emprendedor individual (MEI) En la implantacioacuten de esta poliacutetica puacuteblica estaacute prevista una serie de dispositivos que tiene el objetivo de auxiliar en la sostenibilidad y expansioacuten de este entorno empresarial En los municipios del litoral del Paranaacute la implantacioacuten de la referida ley se da principalmente por la asociacioacuten entre los ayuntamientos y l SEBRAE a traveacutes de las salas del emprendedor en cada municipio que se constituye en canal de conexioacuten entre las estrategias y acciones desarrolladas en apoyo a MEI Este trabajo busca investigar como los trabajadores mercado y organizaciones puacuteblicas y sociales han promovido y acogido la formacioacuten del micro emprendedor individual en la microrregioacuten de ParanaguaacuteLitoral paranaense Para el desarrollo del trabajo fueron investigados datos secundarios fue hecha una buacutesqueda bibliograacutefica y fue realizado un total de 38 entrevistas y aplicacioacuten de cuestionarios con agentes puacuteblicos de desarrollo y MEI Los resultados permiten conocer la situacioacuten de los MEI en la costa paranaense asiacute como sirven de subsidios para elaboracioacuten de poliacuteticas especiacuteficas orientadas a esa poblacioacuten

Palabras ndash clave Trabajo Informalidad Poliacutetica Puacuteblica Micro empresaacuterio individual Litoral paranaense

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1- POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS DE TRABALHO DESENVOLVIDAS NO

BRASIL ANTERIOR A 1964 36

QUADRO 2 - POLIacuteTICAS DE EMPREGO DESENVOLVDAS NO BRASIL

DURANTE O REGIME MILITAR 39

QUADRO 3 - PRINCIPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO

DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016) 43

QUADRO 4- BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PARANAGUAacute PARA

ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS ALTERACcedilOtildeES

66

QUADRO 5- BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PONTAL DO PARANAacute

PARA ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS

ALTERACcedilOtildeES 68

QUADRO 6 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM DE MATINHOS 69

QUADRO 7- ACcedilOtildeES REGULARES DE APOIO AO MEI NA MRGP 71

QUADRO 8- ENTIDADES REPRESENTANTES DAS CLASSES

EMPRESARIAL COMERCIAL E AGRIacuteCOLA NO LITORAL DO

PARANAacute 104

LISTA DE MAPAS

MAPA 1 - MICRORREGIAtildeO GEOGRAacuteFICA DE PARANAGUAacute 50

LISTA DE GRAacuteFICOS

GRAacuteFICO 1 - RECEITAS TOTAIS DOS MUNICIacutePIOS 75

GRAacuteFICO 2 - ARRECADCcedilAtildeO E DESPESAS MUNICIPAIS NA MRGP (2015) 76

GRAacuteFICO 3 - IPTU EM RELACcedilAtildeO Agrave ARRECADACcedilAtildeO TRIBUTAacuteRIA DOS

MUNICIacutePIOS DA MRGP (2013 ndash 2014) () 77

GRAacuteFICO 4 - NUacuteMERO DE ATENDIMENTOS REALIZADOS NAS SALAS DO

84

GRAacuteFICO 5 - NUacuteMERO DE FORMALIZACcedilOtildeES REALIZADAS 84

GRAacuteFICO 6 - NUacuteMERO DE BAIXAS DE INCRICcedilAtildeO DO MEI 85

GRAacuteFICO 7 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30) POR ATIVIDADE

ECONOcircMICA () 89

GRAacuteFICO 8 - ANOS DE FORMALIZACcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30) 90

GRAacuteFICO 9 - RELACcedilOtildeES COMERCIAIS DOS MEI COM O MUNICIacutePIO NA

MRGP (N=30) 92

GRAacuteFICO 10 - VAOLRES TOTAIS FINANCIADOS PELO MEI NA MRGP

ATRAVEacuteS DO PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR

PARANAacute (FOMENTO PARANAacute) (201 ndash 2015 ndash 2016) 101

GRAacuteFICO 11 - FINANCIAMENTOS JUNTO AO SISTEMA DE CREacuteDITO NA

MRGP () 102

GRAacuteFICO 12 - RESPOSTA SOBRE PARTICIPACcedilAtildeO EM ASSOCIACcedilAtildeO

REPRESENTANTE DA CATEGORIA 103

GRAacuteFICO 13 - CONHECIMENTO DOS RESPONDENTES DE ESTRATEacuteGIAS

ADOTADAS PELAS PREFEITURAS EM APOIO AO MEI NA

MRGP () 106

GRAacuteFICO 14 - RESPONDENTES QUE POSSUEM FUNCIONAacuteRIOS NA MRGP

() 109

GRAacuteFICO 15 - QUANTITATIVO DE TRABALHADORES FORMALIZADOS E

NAtildeO FORMALIZADOS EMPREGADOS PELO MEI NA MRGP

() 110

GRAacuteFICO 16 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS MEI RESPONDENTES COM BASE NA

RENDA BRUTA TENDO COMO PARAcircMETRO DE VALOR O

SALAacuteRIO MIacuteNIMO NACIONAL (2016) () 111

GRAacuteFICO 17 - QUANTITATIVO DE MEI RESPONDENTES QUE

PARTICIPARAM DE CURSOS DE 114

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - TAXA DE DESEMPREGO E INFORMALIDADE NO BRASIL 29

TABELA 2 - POPULACcedilAtildeO ABSOLUTA POPULACcedilAtildeO URBANA E

POPULACcedilAtildeO RURAL DA MRGP (2000-2010) 51

TABELA 3 - DEMONSTRATIVO DO IDH E DO IacuteNDICE DE POBREZA DOS

MUNICIacutePIOS DA MRGP 52

TABELA 4 - DADOS DO MERCADO DE TRABALHO NA MRGP (2000-2016)

53

TABELA 5 - NUacuteMERO DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP (2013-2014) 54

TABELA 6 - NUacuteMEROS DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP POR SETOR

ECONOcircMICO 55

TABELA 7 - VALOR ADICIONADO FISCAL (VAF - R$ 100 (P)) DOS

MUNICIacutePIOS INTEGRANTES DA MRGP (2016) 56

TABELA 8 - PIB PER CAPTA DOS MUNICIacutePIOS DA MRGP 57

TABELA 9 - NUacuteMERO DE EMPRESAS NA MRGP (MAIO2016) 59

TABELA10- ATIVIDADES ECONOcircMICAS DESENVOLVIDAS NA MRGP

(maio2016) 59

TABELA11- PROCURA E APROVACcedilAtildeO DE CREacuteDITO PELOS MEI (BRASIL)

97

TABELA12- NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS E VALORES FINANCIADOS

NA MRGP CEDIDOS PELA CAIXA ECONOcircMICA FEDERAL AgraveS

MPE (2015-2016) 98

TABELA13- NUacuteMERO DE MPE NA MRGP (2015-2016) 99

TABELA14 - NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS CEDIDOS AO MEI JUNTO

AO PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR DO PARANAacute

(FOMENTO PARANAacute) NA MRGP (2014-2015-2016) 100

TABELA15- RENDIMENTO NOMINAL MEacuteDIO DOS TRABALHADORES

CONTRIBUINTES PARA A PREVIDEcircNCIA SOCIAL EM

QUALQUER TRABALHO NA MRGP (2010) 112

LISTA DE SIGLAS

CLT - Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho

CODEFAT - Fundo de Amparo ao Trabalhador

DIEESE - Departamento Intersindical de Estatiacutestica e Estudos

Socioeconocircmicos

ECINF - Economia Informal Urbana

FGTS - Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo

IBGE - Instituto brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IDT - Instituto de Desenvolvimento do Trabalho

INPS - Instituto Nacional de Previdecircncia Social

IPARDES - Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social

IPEA - Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada

LC - Lei Complementar

MEI - Microempreendedor Individual

MPAS - Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social

MRGP - Microrregiatildeo Geograacutefica de Paranaguaacute

MTE - Ministeacuterio do Trabalho e Emprego

MTPS - Ministeacuterio do Trabalho e Previdecircncia Social

OCDE - Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e DesenvolvimentoEconocircmico

OIT - Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho

PASEP - Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico

PDM - Poliacuteticas de Desenvolvimento do Milecircnio

PIS - Programa Integraccedilatildeo Social

PLANFOR - Plano Nacional de Qualificaccedilatildeo do Trabalhador

PND - Plano nacional de Desenvolvimento

PP - Poliacutetica Puacuteblica

PROGER - Programa de Geraccedilatildeo de Emprego e Renda

PRONAF - Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar

PRORURAL - Programa de Desenvolvimento Econocircmico e Territorial - Renda

e Cidadania no Campo

SEBRAE - Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas

SINE - Sistema Nacional de Emprego

SUMAacuteRIO

APRESENTACcedilAtildeO 15

1 ALTERACcedilOtildeES NO MUNDO DO TRABALHO DESEMPREGO E

INFORMALIDADE 21

11 A INFORMALIDADE NO CENAacuteRIO BRASILEIRO 25

12 DO TRABALHO FORMALIZADO Agrave NECESSIDADE EMPREENDEDORA A

CRIacuteTICA 30

2 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO DAS

ORIGENS AO MEI 33

21 SOBRE A POLIacuteTICA PUacuteBLICA NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO

33

211Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho primeiro momento 36

212 Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho no Regime Militar 39

213 Poliacuteticas Puacuteblicas de trabalho no periacuteodo de redemocratizaccedilatildeo do Brasil 42

214Poliacutetica Puacuteblica de Trabalho MEI 45

3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS PARA O MEI NA MICRORREGIAtildeO DE PARANAGUAacute 50

31 A FRAacuteGIL ECONOMIA NA MRGP 52

32 A INSTITUCIONALIDADE MEI NA MRGP 61

321 O Comitecirc Gestor Municipal na MRGP 65

322 Salas do Empreendedor e o Agente de Desenvolvimento 69

323 Accedilotildees regulares coordenadas pelos municiacutepios de incentivo ao MEI 71

4 DIFICULDADES E AVANCcedilOS NO DESENVOLVIMENTO INCLUDENTE DO

MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL NO LITORAL DO PARANAacute 74

41 A CAPACIDADE MUNICIPAL NO LITORAL DO PARANAacute EM MOBILIZAR

MECANISMOS PROPIacuteCIOS AO DESENVOLVIMENTO DO MEI 74

411 A gestatildeo puacuteblica municipal no litoral paranaense e a destinaccedilatildeo da receita 81

42 UMA SIacuteNTESE COMPARATIVA ENTRE AS FORMALIZACcedilOtildeES E AS BAIXAS

DO MEI NA MRGP 83

43 O MEI POR ELE MESMO AS LUTAS E DESAFIOS ATRAVEacuteS DO TRABALHO

88

431 Atividades econocircmicas desenvolvidas pelos MEI entrevistados no Litoral 88

do Paranaacute 88

432 Tempo de formalizaccedilatildeo e os MEI no Litoral do Paranaacute 90

434 Compras puacuteblicas e o apoio aos MEI na MRGP 91

435 O Acesso em ao creacutedito aos MEI no Litoral do Paranaacute 95

436 O associativismo e os MEI na MRGP 102

437 Mobilizaccedilatildeo dos governos locais no estiacutemulo agrave categoria do MEI 105

438 O MEI-Patratildeo no Litoral do Paranaacute 108

439 Renda bruta dos MEI entrevistados um alento agrave meacutedia 110

4310 Capacitaccedilatildeo profissional dos MEI no Litoral do Paranaacute 112

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 115

REFEREcircNCIAS 119

APEcircNDICES 133

15

APRESENTACcedilAtildeO

O referente trabalho surgiu de reflexotildees acerca do processo acelerado da

expansatildeo do desemprego estrutural em niacutevel mundial mas que oferece pressatildeo

sobre configuraccedilotildees territoriais menores como na Microrregiatildeo Geograacutefica de

Paranaguaacute (MRGP) alertando sobre o deslocamento dos trabalhadores para a

economia informal e em resposta a accedilatildeo do Estado atraveacutes de poliacuteticas puacuteblicas

de trabalho na tentativa de equacionar as disfunccedilotildees geradas pela reestruturaccedilatildeo

produtiva iniciada na deacutecada de 1970

O principal objetivo do nosso estudo eacute analisar como se apresenta a

implantaccedilatildeo da Lei Complementar 128 de 19 de dezembro de 2008 (LC 12808) nos

municiacutepios do litoral paranaense recortado como Microrregiatildeo Geograacutefica de

Paranaguaacute (MRGP) Esta poliacutetica puacuteblica eacute uma tentativa de retirar da informalidade

trabalhadores brasileiros exercendo as mais variadas atividades dentro desse setor

O que significa resgatar a sua dignidade e cidadania pela valoraccedilatildeo ao seu

trabalho pela inclusatildeo no sistema previdenciaacuterio dentre outros benefiacutecios

associados agrave formalizaccedilatildeo

Pretendemos descrever as principais caracteriacutesticas e estrateacutegias

organizadas na MRGP para a implantaccedilatildeo da LC 12808 que tem como uma de

suas premissas a inclusatildeo social descrita em seu art 18 Aleacutem disso realiza -se o

estudo sobre a aderecircncia dos governos locais agrave poliacutetica puacuteblica de formalizaccedilatildeo do

microempreendedor individual (MEI)

Como objetivos secundaacuterios este estudo apresenta 1) Analisar os dados

relativos a emprego renda niacutevel de ocupaccedilatildeo volume de registros de MEI na

microrregiatildeo estudada 2) Identificar as estruturas e accedilotildees das prefeituras da

microrregiatildeo relacionadas agrave poliacutetica puacuteblica em questatildeo

Haacute algumas questotildees iniciais as quais entendemos pertinentes no processo

de estudo do referente trabalho e que foram balizares no encaminhamento das

pesquisas (a) De que maneira o mundo do trabalho (organizaccedilotildees puacuteblicas

mercado e organizaccedilotildees sociais) tem constituiacutedo poliacuteticas de formalizaccedilatildeo e renda

no trabalho (b) Qual a configuraccedilatildeo socioeconocircmica e os principais problemas

enfrentados pelos trabalhadores informais na regiatildeo litoracircnea do Paranaacute (c) Como

os trabalhadores mercado e organizaccedilotildees puacuteblicas e sociais tecircm promovido e

acolhido a formalizaccedilatildeo do microempreendedor individual na aacuterea de estudo

16

A ausecircncia na literatura de dados especiacuteficos atualizados sobre a aacuterea de

estudo sobretudo na aacuterea da economia do trabalho e a dificuldade em obter dados

em algumas instituiccedilotildees por conta da poliacutetica interna destas pode ter

comprometido em parte a anaacutelise do todo poreacutem natildeo alterou os objetivos dos

estudos sobre a categoria MEI

O processo metodoloacutegico foi constituiacutedo em dois momentos distintos e

complementares No primeiro momento buscamos na pesquisa exploratoacuteria

elementos que nos dessem suporte agrave compreensatildeo do objeto do estudo partindo

necessariamente do conjunto de fatores que levaram a criaccedilatildeo da LC 12808 e a

regulamentaccedilatildeo da formalizaccedilatildeo dos MEI Para tanto estabelecemos alguns

indicadores que nos orientaram no sentido das modificaccedilotildees ocorridas no sistema

capitalista a partir da deacutecada de 1970 e que resultaram no aumento do desemprego

da informalidade e da precarizaccedilatildeo do trabalho via flexibilizaccedilatildeo subcontrataccedilatildeo

Para estabelecermos a proximidade com o tema nos apoiamos na revisatildeo da

literatura especiacutefica resultando no reconhecimento sobre a trajetoacuteria histoacuterica das

modificaccedilotildees nas relaccedilotildees do trabalhoespaccedilo em cadeia global e nacional e

igualmente na criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave equaccedilatildeo de deformidades na

economia do trabalho no cenaacuterio brasileiro nos aproximando ao entendimento do

nosso objeto de estudo Essa revisatildeo eacute descrita no decorrer da dissertaccedilatildeo pela

nomenclatura dada no corpo do texto

No segundo momento considerando que para a anaacutelise do objeto de estudo

ou seja a implantaccedilatildeo nos municiacutepios integrantes da microrregiatildeo de Paranaguaacute da

Lei Complementar 12808 que cria a pessoa juriacutedica do empreendedor individual se

fez necessaacuterio aleacutem da coleta de dados em possibilidades de controle a inclinaccedilatildeo

igualmente agrave percepccedilatildeo subjetiva de anaacutelise com o objetivo de compreensatildeo do

contexto mais amplo sob o olhar holiacutestico e criacutetico do processo de implantaccedilatildeo da

referida lei Nesse sentido como afirma Deslandes (2010 p 33) ―a)criacutetica porque

devemos estabelecer um diaacutelogo reflexivo entre a teoria e o objeto de estudo

escolhido por noacutes b)ampla porque deve dar conta do ―estado atual sobre o

problema

Tendo como uma das opccedilotildees a pesquisa qualitativa sublinhamos a

possibilidade de maior compreensatildeo das relaccedilotildees socialmente constituiacutedas por

atores no plano do concreto do real Essas relaccedilotildees exercem significados e se

manifestam de diversas formas pois o que se torna forma passa pelas relaccedilotildees

17

humanas e portanto ―o que as ―coisas (fenocircmenos manifestaccedilotildees ocorrecircncias

fatos eventos vivecircncias ideias sentimentos assuntos) representam daacute molde agrave

vida das pessoas (TURATO 2005 p 510)

Nesse momento percebemos a falta de informaccedilotildees histoacutericas em bancos de

dados oficiais e natildeo oficiais e na literatura que nos apoiassem na descriccedilatildeo objetiva

sobre o tema contextualizado no litoral paranaense

A escassez de dados sobre a poliacutetica de formalizaccedilatildeo do MEI no litoral do

Paranaacute eacute resultante em parte pela demora na regulamentaccedilatildeo da LC 12808 e da

operacionalizaccedilatildeo da referida LC nos municiacutepios da MRGP A regulamentaccedilatildeo e

operacionalizaccedilatildeo dessa lei complementar soacute foi possiacutevel em determinados casos

pela parceria entre as prefeituras e o SEBRAE a partir de 2013 em Matinhos e

Paranaguaacute e sequencialmente em Pontal do Paranaacute Morretes e Guaraqueccedilaba

Ainda com dificuldade de obter dados histoacutericos do litoral paranaense acerca da

informalidade do trabalho e especificamente sobre o microempreendedor individual

algumas informaccedilotildees secundaacuterias foram obtidas atraveacutes de instituiccedilotildees oficiais

(IBGE IPARDES DIEESE EMPRESOacuteMETRO) e foram processadas com base na

estatiacutestica descritiva atraveacutes de Planilha Excel representado por graacuteficos e tabelas

Informaccedilotildees igualmente sobre o MEI foram adquiridas atraveacutes de fontes primaacuterias

como dados estatiacutesticos das salas do empreendedor e possibilitaram avaliar alguns

indicadores importantes sobre o desenvolvimento dos trabalhos desempenhados

pelos agentes de desenvolvimento e sobre a sustentabilidade do MEI a) quantitativo

de baixas da empresa b) formalizaccedilotildees c) procura por serviccedilos nas salas d) oferta

de serviccedilos nas salas do empreendedor

Outra maneira utilizada para obter informaccedilotildees foi atraveacutes de entrevistas

semiestruturadas com atores da administraccedilatildeo puacuteblica e de instituiccedilotildees da iniciativa

privada e aplicaccedilatildeo de questionaacuterio para os microempreendedores individuais que

exercem suas atividades na aacuterea de estudo Segundo Oliveira (2011 p 36) ―esta

teacutecnica de coleta de dados eacute bastante adequada para a obtenccedilatildeo de informaccedilotildees

acerca do que as pessoas sabemcrecircem esperam e desejam []

Foram entrevistados cinco (05) atores da administraccedilatildeo puacuteblica e trecircs (03)

atores da iniciativa privada Os atores foram escolhidos pela proximidade com

implantaccedilatildeo da LC 12808 Da administraccedilatildeo puacuteblica foram entrevistados quatro

agentes de desenvolvimento que atuam nas salas do empreendedor nos municiacutepios

que possuem parceria com o SEBRAE e um secretaacuterio municipal Da iniciativa

18

privada foram entrevistadas trecircs pessoas ligadas agraves associaccedilotildees da classe

empresarial e do SEBRAE Os MEI que participaram do questionaacuterio seratildeo

designados como respondentes Ao todo foram realizadas 08 (oito) entrevistas e 30

questionaacuterios aplicados

As entrevistas com os atores tanto da administraccedilatildeo puacuteblica quanto da

iniciativa privada se deram em seus locais de trabalho Ou seja nas salas do

empreendedor localizadas juntas agraves prefeituras e nas associaccedilotildees de classe e no

SEBRAE e tiveram como pressupostos levantar informaccedilotildees sobre as accedilotildees das

prefeituras e das associaccedilotildees sobre a implantaccedilatildeo da LC 12808 no litoral do

Paranaacute Todas as entrevistas foram gravadas e transcritas integralmente com a

anuecircncia dos entrevistados que assinaram o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido e foram realizadas no periacuteodo de junho a outubro de 2016

Para a construccedilatildeo do questionaacuterio e das questotildees pertinentes foram

utilizadas como base referencial autores como Sachs (2003) e Albuquerque e

Zapata (2010) aleacutem de uma leitura atenta da Lei Complementar 12306 e da Lei

complementar 12808

Considerando a precaacuteria organizaccedilatildeo em classe dos microempreendedores

individuais (MEI) no litoral do Paranaacute natildeo sendo possiacutevel identificaacute-los atraveacutes de

banco de dados na aplicaccedilatildeo do questionaacuterio optamos por deslocar ateacute o

estabelecimento do microempreendedor individual e aplicar o questionaacuterio em seu

local de trabalho Esse procedimento ao passo que era incerto pois natildeo havia

como identificar o MEI a natildeo ser percorrendo estabelecimento por estabelecimento

tornava-se solitaacuterio e exaustivo posto o deslocamento e o tempo para o

preenchimento do questionaacuterio e as duacutevidas que surgiam Poreacutem esta teacutecnica

possibilitou avaliar a estrutura do empreendimento e ao mesmo tempo conversar a

respeito da formalizaccedilatildeo dos MEI Dessa forma muito aleacutem da aplicaccedilatildeo do

questionaacuterio nos vimos envolto a uma realidade da qual natildeo percebiacuteamos Como

natildeo havia referecircncia sobre o enquadramento do estabelecimento perguntaacutevamos

para o proprietaacuterio se ele era MEI ou natildeo Os MEI que participaram respondendo ao

questionaacuterio muitas vezes falavam das dificuldades em aumentar seus negoacutecios e

da ausecircncia do poder puacuteblico local principalmente fora da temporada de praia

Cada aplicaccedilatildeo do questionaacuterio durava cerca de 30 a 50 minutos

Participaram como respondentes do questionaacuterio 30 (trinta)

microempreendedores individuais abrangendo os municiacutepios de Guaratuba

19

Matinhos Pontal do Paranaacute e Paranaguaacute A aplicaccedilatildeo do questionaacuterio ocorreu nos

meses de dezembro de 2016 e janeiro e fevereiro de 2017

Os dados pesquisados foram organizados e descritos em Planilha Excel e

disponibilizados atraveacutes de graacuteficos e tabelas

Este estudo estaacute distribuiacutedo em quatro capiacutetulos onde procuramos sublinhar

sequencialmente as modificaccedilotildees ocorridas no mundo trabalho e o resultante

dissoo alastramento da informalidade em niacuteveis mundial e local assim como

analisar a poliacutetica puacuteblica de formalizaccedilatildeo do MEI e seus dispositivos aplicados no

litoral do Paranaacute

No primeiro capiacutetulo estudamos as modificaccedilotildees no mundo do trabalho

atraveacutes de um recorte histoacuterico que levaram ao aumento exponencial do

desemprego estrutural e consequentemente da informalidade em niacuteveis mundiais

Ainda nesse capiacutetulo abordaremos o desemprego e a informalidade no cenaacuterio

brasileiro Para tanto nos apoiamos na literatura especializada sobre os temas

reestruturaccedilatildeo produtiva desemprego informalidade

O segundo capiacutetulo traz vaacuterias referecircncias ao conceito de Poliacutetica Puacuteblica e

a accedilatildeo do Estado brasileiro na economia do trabalho com quadros descritivos das

principais poliacuteticas puacuteblicas de trabalho no periacuteodo republicano e como essas

poliacuteticas organizaram a vida do trabalhador no Brasil Ainda nesse capiacutetulo

iniciamos nossas anaacutelises acerca da Lei de Formalizaccedilatildeo do Microempreendedor

Individual (LC 12808)

O terceiro capiacutetulo traz uma descriccedilatildeo da aacuterea de estudo (recorte espacial

da microrregiatildeo geograacutefica de Paranaguaacute) com dados demograacuteficos do mercado de

trabalho receitas municipais dados relacionados ao nuacutemero de empresas na regiatildeo

nuacutemeros de Micro e pequenas empresas e microempreendedores individuais

escalonados por atividade econocircmica Assim como aspectos institucionais

relacionados agrave formalizaccedilatildeo do microempreendedor na regiatildeo de estudo

No quarto capiacutetulo observamos os avanccedilos quanto agrave implantaccedilatildeo da poliacutetica

de formalizaccedilatildeo e as dificuldades encontradas para a expansatildeo e sustentabilidade

do MEI na regiatildeo de estudo Neste capiacutetulo nossos estudos recaem inicialmente

para a participaccedilatildeo dos governos locais na implantaccedilatildeo da poliacutetica em questatildeo e sua

capacidade de mobilizar estrateacutegias de apoio aos MEI Ainda satildeo analisados os

dados relativos agrave formalizaccedilatildeo e baixas dos microempreendedores nos municiacutepios

de Morretes Matinhos Pontal do Paranaacute e Paranaguaacute observando a proposta de

20

sustentabilidade do MEI Igualmente atraveacutes de questionaacuterio respondido pelos MEI

da regiatildeo de estudo foi possiacutevel estabelecer um perfil soacutecio econocircmico dos

entrevistados e dos efeitos dos dispositivos elencados na Lei Geral que permitem

possibilidades da inserccedilatildeo e expansatildeo da categoria no mercado e resgate da sua

dignidade laboral

21

1 ALTERACcedilOtildeES NO MUNDO DO TRABALHO DESEMPREGO E

INFORMALIDADE

Para compreendermos o porquecirc da criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas1 voltadas

ao enfrentamento do fenocircmeno da informalidade superlativada do desemprego e a

geraccedilatildeo de renda no cenaacuterio brasileiro eacute necessaacuterio observarmos as transformaccedilotildees

ocorridas em cadeia global na dimensatildeo da economia do trabalho e as

consequecircncias sociais e econocircmicas vinculadas agraves relaccedilotildees do trabalho

(informalidade precarizaccedilatildeo flexibilizaccedilatildeo trabalho temporaacuterio subcontrataccedilatildeo

dentre outros) que definem o quadro socioeconocircmico vigente e assim estabelecer

uma criacutetica histoacuterica que a partir da reorganizaccedilatildeo do processo produtivo incidiu

diretamente na concepccedilatildeo do trabalho do emprego e levou agrave

reorganizaccedilatildeoreformulaccedilatildeo do Estado (POCHMANN 2004) Para tal compreensatildeo

sobre o tema nos apoiaremos na extensa literatura jaacute existente

Em nossos estudos compreendemos o trabalho hoje formalizado ou natildeo

como uma atividade (humana) objetiva (no sentido da accedilatildeo) e subjetiva (no sentido

do pensamento) desenvolvida por homens e mulheres inclinada a transformar

modificar e produzir algo sob criteacuterios e validaccedilatildeo do Modelo de Produccedilatildeo

Capitalista Os criteacuterios do trabalho assim entendemos satildeo definidos com base nas

transformaccedilotildees ocorridas no proacuteprio sistema capitalista que por fim valida esse

processo pela viabilidade da produccedilatildeo laboral e intelectual conduzido por regras

vezes particulares vezes universais inseridos em contextos especiacuteficos ou

contextos globalmente unificados

O dinamismo do sistema capitalista produziu transformaccedilotildees de ordem

econocircmica social cultural ideoloacutegica configurando num processo contiacutenuo de

alteraccedilotildees permanentes no seio de sua proacutepria estrutura totalmente instaacutevel

flexiacutevel e mutante As mudanccedilas que ocorreram na economia mundial a exemplo

tiveram consequecircncias no processo produtivo logo nas relaccedilotildees do trabalho sob o

modelo fordista ocasionando mudanccedilas no tecido social cultural alimentados

ainda pelo crivo das contraposiccedilotildees ideoloacutegicas resultantes da polaridade mundial

1 Com efeito de poliacutetica puacuteblica voltada ao enfrentamento da informalidade no mercado de trabalho

brasileiro analisaremos mais a diante a Lei Complementar 12808 instrumento de criaccedilatildeo do Microempreendedor Individual (MEI) que possui expresso em seu art 18E aleacutem da formalizaccedilatildeo do MEI o caraacuteter de inclusatildeo social

22

apoacutes a Segunda Grande Guerra Tais transformaccedilotildees estatildeo associadas ao decliacutenio

do modelo keynesiano2 - progressista que exigiu do Estado uma posiccedilatildeo mais

reformadora em sua estrutura assinalada por Laranjeira (2000) Lombardi (1997) e

Caminha (2012)

O que podemos observar no cenaacuterio econocircmico eacute o substancial crescimento

inflexiacutevel do desemprego estrutural bem como as mudanccedilas no sistema de

assalariamento que foi condicionado por eventos especiacuteficos de enorme

importacircncia 1) a reestruturaccedilatildeo produtiva iniciada na deacutecada de 1970 2) o advento

da globalizaccedilatildeo (SANTOS 2008 p 152) 3) ―difusatildeo de um novo paradigma teacutecnico-

produtivo e do acirramento da competiccedilatildeo internacionalista nas economias

avanccediladas (POCHMANN 2001 p 41)

A reestruturaccedilatildeo produtiva foi uma resposta imediata agrave crise econocircmica

caracterizada pela impossibilidade do modelo Keynesiano - fordista reverter agraves

contradiccedilotildees proacuteprias produzidas pelo sistema capitalista Tal resposta implicou de

imediato numa nova redefiniccedilatildeo do espaccedilo fiacutesico e das relaccedilotildees entre trabalho e

produccedilatildeo que se mantinham sob forte regulaccedilatildeo consensual entre ―Estado capital e

sindicatos como aponta Barbosa (2007 p 3)

As modificaccedilotildees que ocorreram no setor produtivo e nas relaccedilotildees do

trabalho levaram a excessiva acumulaccedilatildeo de capital (acumulaccedilatildeo flexiacutevel) muito

embora essas modificaccedilotildees natildeo ocorreram de forma generalizada mas foram

absorvidas considerando contextos especiacuteficos de espaccedilo e cultura conforme

salienta Lombardi (1997) e ao aumento do desemprego por cortes em postos de

trabalho (capital variaacutevel) observando a evoluccedilatildeo tecnoloacutegica no setor produtivo e a

reconfiguraccedilatildeo desse setor com relocaccedilatildeo para espaccedilos perifeacutericos

Dentro dessa oacutetica como observa Lombardi (1997) a expansatildeo tecnoloacutegica

exerceu forte pressatildeo sobre os trabalhadores que se sentem ameaccedilados pela

concorrecircncia da tecnologia Trabalhos manuais foram substituiacutedos por trabalhos

mecacircnicos autocircmatos que produzem em escalas vertiginosas Ou seja

O avanccedilo na concorrecircncia intercapitalista e a adoccedilatildeo de um novo paradigma tecnoloacutegico estariam provocando alteraccedilotildees significativas nas economias avanccediladas Parece natildeo haver duacutevidas sobre o crescimento de

2O modelo Keynesinao tambeacutem chamado de Capitalismo Reformado por Sachs (2008) foi uma

resposta imediata aos efeitos causados pela Grande Depressatildeo tendo como base o pleno emprego e o Estado do Bem Estar Social

23

importacircncia das ocupaccedilotildees caracterizadas como superiores e de postos diretivos responsaacuteveis pela utilizaccedilatildeo de trabalhadores com maior exigecircncia de qualificaccedilatildeo e escolaridade Ao mesmo tempo as profissotildees inferiores (operaacuterios simples e manuais) ainda majoritaacuterios na estrutura ocupacional estariam perdendo participaccedilatildeo relativa (POCHMANN 2001 p 52)

Na segunda metade deacutecada de 1980 foi formulado por economistas norte-

americanos e outros ligados a OCDE (Organizaccedilatildeo para Cooperaccedilatildeo e o

Desenvolvimento Econocircmico) um conjunto de medidas de cunho macroeconocircmico

e estruturais destinado a paiacuteses do chamado Terceiro Mundo que apresentavam

baixos iacutendices de desenvolvimento econocircmico (BRESSER PEREIRA 1991)

Tais medidas foram sendo colocadas em praacutetica sobre tudo abaixo da linha

do equador americano pois como demonstra Bresser Pereira (1991) na Ameacuterica

Latina havia uma ―crise marcada por estagnaccedilatildeo econocircmica e altas taxas de

inflaccedilatildeo Dentro dessa perspectiva acreditava-se que havia uma necessidade de

restringir o tamanho do Estado e de sua participaccedilatildeo no setor econocircmico Assim a

orientaccedilatildeo era sua descentralizaccedilatildeo flexibilizaccedilatildeo na regulaccedilatildeo liberalizaccedilatildeo do

comeacutercio internacional promoccedilatildeo das exportaccedilotildees e a diminuiccedilatildeo das empresas

estatais pois entendiam que eram em grande nuacutemero e incapazes de gerir

produtividades adequadas as suas capacidades e ao modelo estrutural das novas

concepccedilotildees capitalistas (neoliberalismo globalizado)

No entanto tais modificaccedilotildees no sistema econocircmico permitiram o processo

de acumulaccedilatildeo do capital e da hipertrofia financeira criando mecanismos que

causaram enormes disfunccedilotildees sociais agravadas pela doutrinalsquo neoliberal e o novo

padratildeo tecnoloacutegico de produccedilatildeo e organizaccedilatildeo do trabalho (MOTTA 2009) Tais

fatores provocaram ―mudanccedilas substanciais que resultaram no aumento da pobreza

do desemprego e do subemprego e na precarizaccedilatildeo do trabalho (idem p 550)

O desemprego se constituiu como um dos maiores problemas sociais da humanidade A crise iniciada nos paiacuteses centrais a partir do final dos anos 1960 evidenciou o esgotamento do padratildeo de acumulaccedilatildeo fordista keynesiano alterando a relaccedilatildeo entre Estado e sociedade (OLIVEIRA 2012 p 494)

Conforme analisa Oliveira (2012) estima-se que em 2009 havia cerca de

210 milhotildees de pessoas desempregadas no mundo ―Os maiores afetados segundo

a agecircncia satildeo os jovens e as mulheres dos paiacuteses perifeacutericos (OLIVEIRA 2012 p

494) Diante de um quadro socioeconocircmico extremamente complexo seria

24

necessaacuterio novos mecanismos que dessem suporte ao controle das distorccedilotildees

sociais e de contenccedilatildeo Dessa forma foram lanccediladas novas bases da ideologia

dominante com objetivos especiacuteficos de controle da demanda com base nas

―poliacuteticas de desenvolvimento do milecircnio (PDM) (MOTTA 2009 p 549)

As PDM segundo a autora constituem ―mecanismos de hegemonia de

funccedilatildeo de direccedilatildeo intelectual e moral com accedilotildees concretas e definiccedilotildees de metas

focadas nas camadas de trabalhadores excluiacutedoslsquo do processo produtivo mas que

ainda possuem condiccedilotildees produtivas para instaurar um processo mais intensivo de

educar para o conformismo (idem p 549)

Assinala Motta (2009) que as poliacuteticas de desenvolvimento do milecircnio estatildeo

sublinhadas pelo forte investimento educacional balizado na ―teoria do capital

humano de Theodore Schultz na qual consiste em propor a qualificaccedilatildeo da forccedila do

trabalho humano atraveacutes do processo educacional direcionado para crescimento

econocircmico

Poderemos formar pessoas qualificadas para o mercado de trabalho mas

autores como Rifkin (1995) Pastore (2006) Martins e Veiga (2003) Oliveira (2012) e

Sachs (2007) enfatizam na diminuiccedilatildeo consideraacutevel dos postos de trabalho na esfera

global dando a entender que a crise do pleno emprego estaacute relacionada em parte

ao avanccedilo da automaccedilatildeo tecnoloacutegica e da chamada reestruturaccedilatildeo da produccedilatildeo

tanto nas aacutereas rurais quanto nas aacutereas urbanas como jaacute demonstrado

anteriormente Alertava Rifkin (1995) que mais de 800 milhotildees de pessoas no

mundo estavam desempregadas ou subempregadas e que esse quadro se agravaria

ateacute o final do seacuteculo XX

Com um quadro excessivamente preocupante as poliacuteticas de geraccedilatildeo de

emprego e renda entram na agenda internacional no entanto como salienta Souza

(2010 p 3) ―essas poliacuteticas puacuteblicas arrefecem o iacutempeto de uma celebraccedilatildeo liberal

na medida em que evidenciam a incapacidade de prover o pleno emprego

demonstrada pelo capitalismo mesmo em seus contextos mais avanccedilados

As tendecircncias multinacionais como analisa Oliveira (2012) ao mesmo

tempo em que preconizam a defesa de poliacuteticas focadas na geraccedilatildeo do trabalho (o

trabalho aqui entendido dentro do sistema capitalista portanto emprego formalizado

ou informal) que estimulassem a empregabilidade defendiam as flexibilizaccedilotildees das

leis regulatoacuterias que normatizam as leis do trabalho No caso brasileiro ―a poliacutetica de

emprego estaacute intrinsecamente relacionada agrave fraacutegil concepccedilatildeo de Welfare State e agrave

25

posiccedilatildeo ocupada pelo paiacutes na divisatildeo internacional do trabalho reforccedilando um

crescimento subordinado e dependente do capital estrangeiro [] (OLIVEIRA

2012 p 494)

No Brasil as poliacuteticas de emprego estavam relacionadas agrave concepccedilatildeo de

submissatildeo das leis trabalhistas agraves estruturas e poliacuteticas macroeconocircmicas e apenas

eram direcionadas nesse sentido aos trabalhadores empregados sendo que natildeo

haviam poliacuteticas voltadas aos trabalhadores excluiacutedos do processo de produccedilatildeo

formalizado ateacute meados do final da deacutecada de 1980 No entanto como segue

Oliveira (2012)

[] as mudanccedilas no padratildeo de organizaccedilatildeo do trabalho em consonacircncia com as poliacuteticas macroeconocircmicas de estabilizaccedilatildeo econocircmica imposta pelo FMI e demais organismos multilaterais delimitam a intervenccedilatildeo do Estado provocando um acirramento na questatildeo social em suas variadas expressotildees Eacute sob esta perspectiva que as poliacuteticas de emprego passam a ser implementadas no governo FHC Ou seja poliacuteticas que possam combater a crise do emprego e consequentemente a fome e a miseacuteria mas com recursos reduzidos e com ecircnfase na individualizaccedilatildeo do problema reforccedilando a histoacuterica intervenccedilatildeo residual do Estado brasileiro na questatildeo social (OLIVEIRA 2012 p 499)

No periacuteodo FHC assinalado por Oliveira (2012) foram criados vaacuterios

dispositivos de atenccedilatildeo ao trabalhador Um dos mais importantes instrumentos foi o

seguro-desemprego que sofreu alteraccedilotildees em 1994 ampliando

[] o tempo de indenizaccedilatildeo Nesse periacuteodo o desemprego apresentava nuacutemeros elevados chegando a atingir de acordo com o IBGE em torno de 17 da PEA A renda meacutedia do trabalhador apresentou queda pelo sexto ano consecutivo atingindo em 2003 uma reduccedilatildeo de 129 (OLIVEIRA 2012 p 500)

Na primeira deacutecada do seacuteculo XXI o desemprego mantinha a taxa de 96 e

a informalidade atingia 60 dos trabalhadores ocupados como nos mostra Pastore

(2006)

11 A INFORMALIDADE NO CENAacuteRIO BRASILEIRO

Como jaacute mencionado as alteraccedilotildees no mundo do trabalho ocasionadas

pela reestruturaccedilatildeo produtiva concorreram para o aumento do desemprego

estrutural culminando em consequecircncias macroestruturais no seio da economia

26

mundial Retrato disso eacute o fenocircmeno denominado de informalidade esta vista como

um traccedilo marcante nos paiacuteses subdesenvolvidos ou em desenvolvimento

assinalado por Matsuo (2009) e Antunes (2011) Estes autores nos apontam os

variados modos de informalidade que constituem estrateacutegias de enfrentamento agraves

especificidades econocircmicas diferenciadas no tempo e no espaccedilo por serem

construiacutedas a partir de necessidades especiacuteficas territoriais Matsuo (2009) afirma

que estas estrateacutegias informais correspondem de um lado o trabalhador informal

adequando-se a economia de mercado e ―significa um traccedilo constitutivo e crescente

da acumulaccedilatildeo de capital dos nossos dias (ANTUNES 2011 p 4) eou de outro o

setor informal representa a exclusatildeo desses trabalhadores do sistema dinacircmico da

economia Dessa forma segue a autora no sentido de combinaccedilatildeo das duas

possibilidades

[] os trabalhadores marginalizados na economia informal procuram se articular com os setores dinacircmicos da economia e integrar a cadeia no circuito de acumulaccedilatildeo capitalista dependendo das oportunidades que surgem Por outro lado a economia informal nos apresenta setores que estatildeo a reboque da formal e que passam a ser marginais por estarem deslocadas do desenvolvimento econocircmico (MATSUO 2009 p 21)

Os setores informal e formal segundo Souza (2010) coexistem e se

estabelecem como uma fragmentaccedilatildeo da estrutura ocupacional Essa fragmentaccedilatildeo

no entanto deveria ser acompanhada de poliacuteticas puacuteblicas que observassem o setor

informal para a melhoria da sua capacidade de ganho (idem p 4) Essa anaacutelise parte

do pressuposto de que o capitalismo triunfante natildeo foi capaz de absorver a maioria

dos trabalhadores levando-os a concorrer sob a proacutepria sorte e sob a eacutegide da

inadaptaccedilatildeo da desvantagem e da exclusatildeo dos benefiacutecios desse capitalismo Para

esse autor

[] os estudos promovidos pela CEPAL e pelo PREALC defenderam a ideacuteia de uma heterogeneidade estrutural persistente na qual coexistiriam os setores moderno e arcaico Este uacuteltimo tiacutepico da economia informal refletiria o excedente de matildeo-de-obra que luta por sobrevivecircncia assumindo um caraacuteter estrutural e supeacuterfluo As poliacuteticas puacuteblicas deveriam contribuir para a elevaccedilatildeo da renda na economia informal atuando de forma compensatoacuteria (SOUZA 2010 p 4)

Sachs (2007) ao analisar a economia de mercado a partir das

reestruturaccedilotildees capitalistas nos paiacuteses subdesenvolvidos identifica os setores

sociais marginalizados dentro do processo produtivo assim como o sentido

27

excludente e endecircmico resultante da maciccedila exploraccedilatildeo pelos paiacuteses de economias

centrais O autor identifica o cenaacuterio e as transformaccedilotildees no mercado de trabalho

por conta dos processos de dominaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo da economia

No lugar do desaparecimento tradicional por meio da transferecircncia progressiva do excedente de sua matildeo-de-obra para o setor moderno assistimos a expulsatildeo das sobras dos trabalhadores do setor moderno para setores da economia informal de fundos de quintal ou nitidamente ilegal e ateacute a sua marginalizaccedilatildeo pura e simples fadados agrave afliccedilatildeo da ociosidade forccedilada condenados a situaccedilatildeo de assistidos para alguns do berccedilo ao tuacutemulo (SACHS 2007 p 254)

Antunes (2011) subdivide a informalidade em trecircs modalidades de

trabalhadores alocados a economia submersa a) trabalhadores informais

tradicionais b) trabalhadores informais assalariados sem registro c) trabalhadores

informais por conta proacutepria Essas trecircs categorias tambeacutem satildeo compreendidas nas

anaacutelises de Matsuo (2009) a qual define a informalidade em duas grandes

categorias ―velha informalidade (trabalhadores tradicionais) e a ―nova

informalidade (terceirizaccedilatildeo flexibilizaccedilatildeo temporizaccedilatildeo) No entanto haacute algumas

―[] denominaccedilotildees atribuiacutedas a atividades praticadas nesse campo desemprego

disfarccedilado subemprego atividade clandestina iliacutecita natildeo estruturada etc

(SANTOS MACIEL e SATO 2014 p 330) que estatildeo presentes em todos os setores

da economia tanto no setor primaacuterio no secundaacuterio como no terciaacuterio como

apontam esses autores

De outra forma como aponta o estudo realizado em 2002 pelo Observatoacuterio

do Mercado de Trabalho do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) haacute dois tipos

de mercado de trabalho que atuam concomitantemente

a) um setor formal cujo funcionamento das atividades foi definido como tendo barreiras agrave entrada com recursos externos sistema de propriedade impessoal operando em mercados amplos e protegidos por cotas e tarifas grande escala de produccedilatildeo processos produtivos de tecnologia moderna e intensivos em capital e matildeo-de-obra qualificada e b) um setor informal definido pela inexistecircncia de barreiras agrave entrada aporte de recursos de origem domeacutestica propriedade individual operando em pequena escala processos produtivos intensivos em trabalho atuando em mercados competitivos e natildeo regulados (MTE 2002 p 3)

O fato eacute que o crescimento da informalidade no caso brasileiro revelava

aleacutem da fragilidade na arrecadaccedilatildeo tributaacuteria a violaccedilatildeo agraves leis trabalhistas a

28

precarizaccedilatildeo do trabalho e a desqualificaccedilatildeo do trabalhador frente agraves novas

tecnologias e restriccedilotildees agrave sua inserccedilatildeo no mercado de trabalho formal

Revelando o contraste entre os dois setores conforme as anaacutelises de

Meneguin e Bugarin (2008) em 2004 o trabalhador formalizado obteve uma

remuneraccedilatildeo de 623 superior em relaccedilatildeo ao trabalhador atuante na economia

submersa (CATANI 1985)

Alguns estudos realizados que apontam a informalidade no Brasil remontam

a deacutecada de 1990 Dessa forma a pesquisa Economia Informal Urbana (ECINF)

feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia a Estatiacutestica (IBGE) considerou a

―Organizaccedilatildeo e o Funcionamento da Unidade Econocircmica como uma caracteriacutestica

capaz de balizar os estudos sobre a informalidade Da mesma forma procurou

identificar e correlacionar as atividades informais identificando os

proprietaacuterios de negoacutecios informais trabalhadores por conta proacutepria e pequenos empregadores com 10 anos ou mais de idade ocupados em atividades natildeo-agriacutecolas e moradores em aacutereas urbanas nos domiciacutelios em que moram e atraveacutes deles investigar as caracteriacutesticas de funcionamento das unidades produtivas (IBGE - BRASIL 2003 p 15)

Um dos objetivos do IBGE era de ―quantificar o potencial das atividades

econocircmicas exercidas na informalidade em gerar oportunidades de trabalho e

rendimentos aleacutem de captar informaccedilotildees que permitam conhecer o papel e a

dimensatildeo do setor informal na economia brasileira (IBGE- BRASIL 2003 p 13)

O aumento da informalidade pode estar associado ao aumento da taxa de

desemprego o qual exige das pessoas estrateacutegias e formas diferenciadas de

sobrevivecircncia ou seja uma nova relaccedilatildeo com o mercado de trabalho como mostra

Matsuo (2009) Nas anaacutelises de Santos (2008)

Ateacute 1995 a cada aumento na oferta de emprego formal correspondia uma reduccedilatildeo do iacutendice de trabalhadores na informalidade Poreacutem a loacutegica mudou e a tendecircncia mostra que a criaccedilatildeo de novos empregos com carteira assinada natildeo causa mais esse impacto A informalidade passou a ser um traccedilo caracteriacutestico do mercado de trabalho brasileiro [] (SANTOS 2008 p6)

Pastore (2006) numa anaacutelise sobre o quadro nacional de empregos jaacute

indicava esta perspectiva e avalia o impacto sobre a previdecircncia social desse

quantitativo pois esta porcentagem corresponde agraves pessoas que natildeo contribuem

para o setor previdenciaacuterio gerando enormes distorccedilotildees no setor

29

Perceberemos (TABELA 1) a gradativa reduccedilatildeo na taxa de informalidade

brasileira bem como a reduccedilatildeo em 2 na taxa de desemprego entre 2002 e 2008

como observam Barbosa Filho e Pessocirca (2011) Estes autores ainda alertam para

a as diferenccedilas marcantes na composiccedilatildeo da taxa de desemprego de regiatildeo para

regiatildeo sugerindo o percentual em torno de 6 em Belo Horizonte e Porto Alegre e

superior a 12em Recife e Salvador no ano de 2008 (BARBOSA FILHO PESSOcircA

2011 p 2)

TABELA 1 - TAXA DE DESEMPREGO E INFORMALIDADE NO BRASIL

ANO DESEMPREGO INFORMALIDADE

2002 91 436 2003 97 423 2004 89 425 2005 93 414 2006 84 407 2007 82 391 2008 71 381 2009 83 374 2012 55 34 2013 54 33 2014 43 322 Fev2015 5 325

FONTE BARBOSA FILHO e MOURA (2012) IPEA (20142015) No primeiro semestre de 2013 a informalidade atingiu a taxa de 332

segundo IPEA (2013) Notamos (TABELA 1) que as atividades informais entre 2002

e 2006 obtiveram uma retraccedilatildeo de 29 e entre 2006 e 2013 houve decliacutenio na

ordem de 75 na informalidade brasileira Portanto houve a reduccedilatildeo de 104 da

informalidade entre os anos de 2002 e 2013 Em 2014 o desemprego obteve uma

variaccedilatildeo de 07 pp em relaccedilatildeo agrave fevereiro de 2015 assim como a informalidade

teve um acreacutescimo de 03 pp (IPEA 2015)

A informalidade segundo Malaguti (2001) eacute um traccedilo caracteriacutestico no

mercado de trabalho brasileiro e abrange parte significativa de trabalhadores

exercendo atividades de forma precarizada e desprotegida o que leva a reduccedilatildeo

salarial ao aumento da carga horaacuteria de trabalho e a desvalorizaccedilatildeo do trabalho

como garantia de dignidade

30

12 DO TRABALHO FORMALIZADO Agrave NECESSIDADE EMPREENDEDORA A

CRIacuteTICA

O deslocamento forccedilado dos trabalhadores formais para praacuteticas informais

no mercado de trabalho resultante de um processo de mudanccedilas nas relaccedilotildees de

produccedilatildeo e trabalho levaram milhares de pessoas a improvisar formas diferenciadas

de suas atividades habituais por necessidade de sobrevivecircncia muitas vezes

compreendidas como formas inovadoras e empreendedoras dentro de uma nova

realidade socioeconocircmica imposta

As praacuteticas empreendedoras muitas vezes como aponta Barbosa (2007) e

Malaguti (2001) surgem como estrateacutegias de autogestatildeo do trabalho do tempo e do

espaccedilo fiacutesico por se apresentarem como uacutenicas alternativas no processo de

desregulamentaccedilatildeo do trabalho e assim as novas configuraccedilotildees do trabalho

resultaram do esvaziamento da poliacutetica abrindo caminho na substituiccedilatildeo do trabalho

empregatiacutecio para uma forma autocircnoma do empreendedorismo Nas palavras de

Barbosa (2007)

A quebra do assalariamento baseado em contratos advindos da concentraccedilatildeo Estado capital e sindicatos penaliza o trabalho amplia as margens de accedilatildeo do mercado e expotildee a fragilizaccedilatildeo da poliacutetica como dimensatildeo da vida social por isso a pergunta que se faz agora entatildeo eacute de que modo o empreendedorismo pode reinventar ou inovar o trabalho garantindo espaccedilo para a poliacutetica Quer dizer frente agrave escassez (volume) e precarizaccedilatildeo (qualidade) do trabalho ateacute que ponto o empreendedorismo expresso nas ideias e praacuteticas de geraccedilatildeo de renda produz efeitos positivos no sentido de minorar as accedilotildees do mercado e impactar o quadro de desigualdade social (BARBOSA 2007 p 3)

Para essa autora o trabalhador desempregado perde sua identidade

subjetiva compartilhada e o emprego formalizado deixa de ser referecircncia de renda

pois com a ―reversatildeo do assalariamento e a ampliaccedilatildeo do trabalho desprotegido

informal se impotildee como regressividade social na medida em que diminui o poder de

barganha dos trabalhadores jogados agrave sorte no mercado e aumenta a desigualdade

social (idem p 4)

Essa realidade socioeconocircmica como demonstra Barbosa (2007) conduz

os trabalhadores para as diversas formas desprotegidas de gerar renda e o que

significava precariedade de uma sobrevivecircncia urbanizada passa a ser considerada

como um conjunto de qualidades dos trabalhadores pobres com caracteriacutesticas de

31

autonomia empregatiacutecia empreendedora e criativa escondendo a condiccedilatildeo de

inseguranccedila social Como segue a autora

Pode-se dizer que como barotildees da raleacute os trabalhadores informais reaparecem na narrativa empreendedora como portadores de futuro avalizados pela experimentaccedilatildeo do risco cotidianamente Todavia contraditoriamente a ocupaccedilatildeo em si natildeo oferece nenhuma seguranccedila social enquanto promessa de futuro para os trabalhadores envolvidos e suas famiacutelias (BARBOSA 2007 p 7)

Dessa maneira segundo a autora a reversatildeo forccedilada do assalariamento

protegido para o ―auto-emprego constituiu um esvaziamento das forccedilas sociais que

possuem bases nas condicionantes do trabalho coletivizado do trabalho protegido

pelas leis de regulaccedilatildeo do mercado de trabalho Sendo assim o auto-emprego pode

ser compreendido como sendo balizado em expectativas de mercado onde sua

capacidade de competitividade em muitos casos fica muito aqueacutem das forccedilas que

regulam o mercado impondo-lhe limitaccedilotildees de expansatildeo e ―desprovidos de capital

o trabalho autocircnomo paradoxalmente depende da sub-remuneraccedilatildeo que se auto

impotildee e do estaacutegio de desenvolvimento de dada sociedade capitalista cuja

tendecircncia eacute estender sua racionalizaccedilatildeo a todos os setores da economia (SOUZA

2010 p 5)

A gama de trabalhadores sem carteira assinada autocircnomos contrasta pela

sua heterogeneidade dependendo da escolaridade dos ganhos reais aacuterea de

atuaccedilatildeo remuneraccedilatildeo geralmente com pouca qualificaccedilatildeo e atuantes na produccedilatildeo

de bens e serviccedilos conforme analisa Souza (2010)

Dentro dessa oacutetica em suas anaacutelises sobre a formalizaccedilatildeo do

microempreendedor individual (MEI) Sulzbach e Denardin (2012) relatam que ―com

a instituiccedilatildeo desta figura o Estado brasileiro auxilia na desregulamentaccedilatildeo do

mercado de trabalho capitalista regulamentando-a Nesse sentido seguem os

autores

Esta nova forma de desregulamentaccedilatildeo do mercado de trabalho estabelece o individualismo que cria uma cultura empreendimentista assim chamada por Harvey apud Miqueluzzi (1998) aonde a classe trabalhadora vislumbra ser um trabalhador por conta proacutepria natildeo ser mais assalariado (SUZBACH DENARDIN 2011 p 10)

32

Para Malaguti (2001 p 88) a informalidade aparece como uma das uacutenicas

formas de sobrevivecircncia para milhares de brasileiros e esta eacute um ―recurso de uacuteltima

instacircncia (p 92)

As pequenas empresas que surgem em meio agrave informalidade superlativada

resultado de uma modernidade que natildeo superou os preceitos do

subdesenvolvimento ao contraacuterio expandiu a pobreza e as diferenccedilas sociais pela

concentraccedilatildeo de renda excessiva e a reestruturaccedilatildeo do processo de produccedilatildeo

enfrentam condiccedilotildees humilhantes e ultrajantes na procura de espaccedilo para a

sobrevivecircncia Segundo Malaguti (2001 p 68) a informalidade ―natildeo eacute um celeiro de

pessoas ativas empreendedoras eneacutergicas mas sim o refuacutegio sem opccedilatildeo

As empresas constituiacutedas diante de uma economia informal analisadas por

Malaguti (2001) Sachs (2006) Antunes (2011) Barbosa (2007) Catani (1985)

reproduzem o trabalho precarizado sob a forma de baixa remuneraccedilatildeo jornadas

excessivas de trabalho condiccedilotildees muitas vezes insalubres e sem orientaccedilatildeo

teacutecnica de seguranccedila

33

2 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS NO MERCADO DE TRABALHOBRASILEIRO DAS

ORIGENS AO MEI

Neste capiacutetulo pretendemos estabelecer uma breve aproximaccedilatildeo sobre o

conceito de poliacuteticas puacuteblicas que em nosso entendimento eacute fundamental para a

compreensatildeo do objeto de estudo que eacute a poliacutetica puacuteblica de formalizaccedilatildeo do

microempreendedor individual Ainda neste toacutepico apresentaremos algumas das

principais poliacuteticas puacuteblicas sobre emprego no periacuteodo republicano brasileiro

21 SOBRE A POLIacuteTICA PUacuteBLICA NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO

A Poliacutetica Puacuteblica eacute caracterizada como a posiccedilatildeo do ―Governo em accedilatildeo

assim definida por (SOUZA 2006) e ao mesmo tempo ―o Estado implantando um

projeto de governo atraveacutes de programas de accedilotildees voltadas para setores

especiacuteficos da sociedade(HOumlFLING 2001 p 31) ou mesmo a intervenccedilatildeo do

Estado em problemas e finalidades especiacuteficas

Podemos salientar que definiccedilotildees sobre o tema podem incidir em conceitos

significativamente diferentes pois como nos aponta Souza (2006) natildeo haacute uma

definiccedilatildeo singular para o termo Poliacutetica Puacuteblica diferentemente de outras aacutereas do

conhecimento tradicionalmente constituiacutedas como eacute o caso da Sociologia da

Economia ou da Psicologia a exemplos

Para Souza (2006) tal termo implica num conjunto de accedilotildeesprocessos que

permitem a dissociaccedilatildeo e separaccedilatildeo em fases de poliacuteticas ou ciclo de poliacutetica

puacuteblica pois no processo de estabilizaccedilatildeo dessa poliacutetica puacuteblica pode ocorrer

disparidades nas etapas de transcurso tanto na formulaccedilatildeo na implementaccedilatildeo

como na avaliaccedilatildeo da PP A partir de suas anaacutelises a autora nos apresenta algumas

definiccedilotildees sobre o tema

Mead (1995) a define como um campo dentro do estudo da poliacutetica que analisa o governo agrave luz de grandes questotildees puacuteblicas e Lynn (1980) como um conjunto de accedilotildees do governo que iratildeo produzir efeitos especiacuteficos Peters (1986) segue o mesmo veio poliacutetica puacuteblica eacute a soma das atividades dos governos que agem diretamente ou atraveacutes de delegaccedilatildeo e que influenciam a vida dos cidadatildeos Dye (1984) sintetiza a definiccedilatildeo de poliacutetica puacuteblica como ―o que o governo escolhe fazer ou natildeo fazer A definiccedilatildeo mais conhecida continua sendo a de Laswell ou seja decisotildees e anaacutelises sobre poliacutetica puacuteblica implicam responder agraves seguintes questotildees quem ganha o quecirc por quecirc e que diferenccedila faz (SOUZA 2006 p24)

34

O estudo do campo da Poliacutetica Puacuteblica estaacute direcionado agraves anaacutelises e

interpretaccedilotildees de interesses vantagens desvantagens ganhos e perdas dos grupos

e atores envolvidos no processo de construccedilatildeo da PP de forma direta ou indireta

desde a construccedilatildeo da agenda da formulaccedilatildeo do processo decisoacuterio da

implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo ateacute o puacuteblico alvo ao qual se originou a poliacutetica puacuteblica

Para Frey (2000) a Poliacutetica Puacuteblica constitui um campo da Ciecircncia Poliacutetica e

poderemos analisaacute-la sob trecircs perspectivas 1) o sistema poliacutetico no qual identifica e

avalia a accedilatildeo do governo e do Estado como promotores de felicidade de seus

cidadatildeos 2) o elemento poliacutetico representado pelas relaccedilotildees de forccedila e interesses

entre atores envolvidos no processo decisoacuterio 3) processo de avaliaccedilatildeo do sistema

poliacutetico no que concernem suas accedilotildees e estrateacutegias escolhidas para resolver

problemas especiacuteficos

Historicamente como aponta Frey (2000) o estudo sobre este campo da

Ciecircncia Poliacutetica nos Estados Unidos teve iniacutecio na deacutecada de 1950 Ao passo que

na Europa esta preocupaccedilatildeo comeccedilou a partir de 1970 com a ascensatildeo da social

democracia na Alemanha que estabeleceu poliacuteticas setoriais localizadas e

pontuais passiacuteveis de serem analisadas No caso brasileiro o interesse pelo

assunto eacute muito recente e conferiu ―ecircnfase ou agrave anaacutelise das estruturas e instituiccedilotildees

ou agrave caracterizaccedilatildeo dos processos de negociaccedilatildeo das poliacuteticas setoriais

especiacuteficas (p 214)

As poliacuteticas puacuteblicas desenvolvidas no plano da percepccedilatildeoaccedilatildeo pelo

Estado para a intervenccedilatildeo no mercado de trabalho satildeo constituiacutedas por Poliacuteticas

Ativas e Poliacuteticas Passivas (MACHADO E NETTO 2011 CHAHAD 2006 PAIVA

2006) No Brasil elas estatildeo presentes concomitantemente no sistema puacuteblico de

emprego e ―existem para corrigir falhas de mercado relacionadas agrave restriccedilatildeo de

creacutedito assimetrias de informaccedilatildeo ou problemas de intermediaccedilatildeo de matildeo - de

obra (MACHADO E NETTO 2011 p 2) bem como promover a geraccedilatildeo de

emprego e renda e equacionar determinadas disfunccedilotildees no mercado de trabalho

Nas palavras de Chahad (2006)

Esta intervenccedilatildeo materializa-se por meio da oferta de serviccedilos baacutesicos como concessatildeo de creacutedito aos desempregados e trabalhadores autocircnomos melhoria da qualidade da matildeo-de-obra por meio do treinamento e da recolocaccedilatildeo do desempregado utilizando a intermediaccedilatildeo da matildeo-de-obra Essas poliacuteticas ativas que associando-se ao seguro-desemprego e a outras formas de assistecircncia aos desempregados atuam no sentido de

35

promover a geraccedilatildeo de emprego elevar o niacutevel de rendimentos e garantir melhor bem-estar aos trabalhadores em geral (CHAHAD 2006 p 1)

As Poliacuteticas Ativas tecircm a finalidade de facilitar o Acesso em ao mercado de

trabalho e aumentar o niacutevel de salaacuterios dos trabalhadores que apresentam

dificuldades de inserccedilatildeo nesse mercado criar frentes de trabalho oferecer

incentivos agraves micro e pequenas empresas aleacutem de possuir ―[] instrumentos para

criaccedilatildeo direta e indireta de emprego tanto no mercado formal de trabalho quanto no

setor informal contribuem para aumentar a ―empregabilidade do trabalhador

facilitando seu reemprego auxilia na reduccedilatildeo dos niacuteveis de pobreza (CHAHAD

2006 p 5 - 6) Essa forma de poliacutetica seraacute analisada mais adiante quando nos

referirmos agrave formalizaccedilatildeo do Microemprendedor individual sob a Lei Complementar

12808

No caso das Poliacuteticas passivas o objetivo eacute assegurar o miacutenimo de renda

consumo satisfaccedilatildeo para as pessoas excluiacutedas temporariamente ou natildeo do

processo produtivo do mercado de trabalho O dispositivo mais conhecido eacute o

Seguro-desemprego3 (MACHADO E NETTO 2011 CHAHAD 2006 PAIVA 2006)

Para Oliveira (2012) jaacute mencionada anteriormente a poliacutetica de emprego

consiste numa representaccedilatildeo reduzida do ponto de vista do Estado do Bem Estar

Social e agrave ―posiccedilatildeo ocupada pelo paiacutes na divisatildeo internacional do trabalho (idem p

494) o que resulta num quadro nacional do capitalismo dependente Veremos que

no primeiro momento do periacuteodo Republicano natildeo haacute a construccedilatildeo de um projeto de

poliacuteticas que coadunassem poliacuteticas ativas e poliacuteticas passivas Observamos nesse

sentido que o complexo de poliacuteticas ativas deixa claro o forte posicionamento ao

desenvolvimento econocircmico e dessa forma compreendemos que as ―principais

medidas de proteccedilatildeo ao trabalhador no Brasil foram no sentido de controlar a forccedila

de trabalho com a inserccedilatildeo de marcos regulatoacuterios corporativos e restritos a

pequenos grupos (OLIVEIRA 2012 p 495) Como salienta essa autora a privaccedilatildeo

de poliacuteticas passivas de atenccedilatildeo ao trabalhador tanto na Primeira Repuacuteblica como

no periacuteodo Vargas dilatou o quadro de pobreza brasileiro e criou um excedente de

matildeo de obra abrindo caminho para a subsistecircncia fora do setor formal

3 O Seguro desemprego eacute um benefiacutecio que oferece auxiacutelio em dinheiro por um periacuteodo determinado

pago ao trabalhador formal e domeacutestico em virtude da dispensa sem justa causa inclusive dispensa indireta trabalhador formal com contrato de trabalho suspenso em virtude de participaccedilatildeo em curso de qualificaccedilatildeo fornecido pelo empregador pescador profissional durante o periacuteodo de defeso e trabalhador resgatado da condiccedilatildeo semelhante agrave de escravo (lthttpsgoogleX5hIw)

36

Para Fernandes (1975) Oliveira (1984) Machado (1999) Furtado (1978) e

Galeano (2010) o desenvolvimento latino-americano foi marcado pela incapacidade

de acompanhar a evoluccedilatildeo do capitalismo e das contradiccedilotildees e relaccedilotildees

antagocircnicas internas entre as capacidades produtivas e a correspondecircncia social

resultando no baixo desempenho econocircmico no mercado internacional dos paiacuteses

―subdesenvolvidos inseridos no sistema neocolonial o que permitiu a histoacuterica

dominaccedilatildeo e espoliaccedilatildeo territorial Para estes autores processo de dominaccedilatildeo foi

construiacutedo historicamente iniciado com o advento da ―Invasatildeo ou Conquista do

continente americano pela Espanha e Portugal As relaccedilotildees de poder produzidas

entre economias centrais e sateacutelites marcaram a crescente dependecircncia econocircmica

das uacuteltimas em relaccedilatildeo agraves primeiras sendo que o capitalismo latino americano se

tornou dependente na medida em que as bases relacionais foram pela via do

―endividamento externo e maior submissatildeo ao capital foracircneo (MACHADO 1999 p

200)

211 Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho primeiro momento

Abaixo (QUADRO1) apresentamos algumas das principais poliacuteticas de

emprego desenvolvidas pelo Estado brasileiro anterior ao Regime Militar que se

estabeleceu em 1964

QUADRO 1- POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS DE TRABALHO DESENVOLVIDAS NO BRASIL ANTERIOR A

1964

Continua

ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DEFINICcedilAtildeO

1919 Lei sobre acidentes de trabalho nordm 3724 de 15 janeiro de 1919

Responsabiliza empregadores pela indenizaccedilatildeo

Regulamentaccedilatildeo das relaccedilotildees de trabalho Criaccedilatildeo do Aviso Preacutevio proibiccedilotildees de salaacuterios atrasados pagamentos de

horas extras natildeo salariais proibiccedilatildeo de trabalho para menores de quatorze anos

e estabilidade de emprego para ferroviaacuterios e portuaacuterios

1925 Decreto4982 de 24 de dezembro de 1925 ndash Lei de feacuterias

Concede 15 dias anuais de feacuterias para empregados

1926 Dec 5083 de 01 de dezembro de 1926 Coacutedigo do menor

Regulamentaccedilatildeo do trabalho de menores dentre outras providecircncias

1930 CriaccedilatildeodoMinisteacuterio do Trabalho Comeacutercio e induacutestria

Interferir sistematicamente no conflito entre capital e trabalho Estabeleceu

jornada de 8 horas e proibiccedilatildeo do trabalho infantil e noturno

1942 ServiccediloNacionaldeAprendizagemIndustrial (SENAI) - Dec Fed 4048 de 22 de janeiro de 1942

Formaccedilatildeo profissional para a insipiente induacutestria de base

37

QUADRO 1 - POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS DE TRABALHO DESENVOLVIDAS NO BRASIL ANTERIOR A

1964

Concluatildeo

FONTE OLIVEIRA (2012) MTE SENAI SENAC CPDOC SENADO FEDERAL

Com um desenvolvimento industrial ainda modesto e insipiente no primeiro

momento da Repuacuteblica do Brasil como analisa Cotrin (1999) a base econocircmica

brasileira estava atrelada ao campo pois segundo esse autor em 1920 697 das

pessoas ativas desenvolviam atividades na agricultura 138 na induacutestria e o setor

de serviccedilos abarcava 165 das pessoas ativas (COTRIN 1999 p 268)

Mesmo com uma sociedade predominantemente agraacuteria as poliacuteticas

puacuteblicas de emprego demonstradas acima atingiam apenas os trabalhadores

urbanos que representavam cerca de 30 dos trabalhadores brasileirosAs

condiccedilotildees de trabalho desse operariado na Primeira Repuacuteblica brasileira eram

excessivamente precaacuterias o que provocavam vaacuterios acidentes de trabalho somem-

se a isso os baixos salaacuterios pagos a natildeo existecircncia de salaacuterio miacutenimo sem direito a

feacuterias ou pagamento de horas extras carga horaacuteria excessiva de trabalho que

atingia como aponta Cotrin (1999) 15 horas diaacuterias de trabalho de segunda a

saacutebado e sem direito a qualquer forma de indenizaccedilatildeo ou aviso preacutevio o

trabalhador poderia ser demitido arbitrariamente (p 275) Como demonstra o autor

[] as instalaccedilotildees das faacutebricas eram geralmente precaacuterias Nos galpotildees de serviccedilo natildeo havia espaccedilo adequado para o trabalho o ambiente era mal iluminado quente e sem ventilaccedilatildeo Tudo isso favorecia a ocorrecircncia de acidentes de trabalho cujas as principais viacutetimas eram as crianccedilas (COTRIN 1999 p 274)

Diante do quadro que se encontrava o trabalhador brasileiro nesse periacuteodo

surgiram vaacuterios protestos reivindicatoacuterios para melhorias nas condiccedilotildees de trabalho

sendo importantes na contribuiccedilatildeo para o aparecimento dos primeiros sindicatos e

entidades ligadas ao operariado

Dessa maneira como aponta Fausto (1995) foi no curso das greves

ocorridas entre os anos de 1917 e 1920 que surgiram as primeiras possibilidades de

aprovaccedilatildeo legislativa de direitos aos trabalhadores Algumas medidas foram

ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DEFINICcedilAtildeO

1946 Serviccedilo nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC)

Voltado para o setor de comeacutercio produccedilatildeo de bens e serviccedilo e turismo

1943 Consolidaccedilatildeo das leis trabalhistas (CLT) (lei nordm 5452 de 1ordm maio de

1943)

Art 1ordm - Esta Consolidaccedilatildeo institui as normas que regulam as relaccedilotildees individuais e coletivas de

trabalho nela previstas

38

colocadas em um projeto denominado Coacutedigo de trabalho mas sofreram pesadas

criticas pelo empresariado sendo igualmente vetadas pelos congressistas Apenas

a Lei nordm 37241919 que dispunha sobre as regras resultantes de acidentes de

trabalho como indenizaccedilotildees e responsabilidades do empregador foi aprovada

Ainda assim duas leis importantes foram produzidas na segunda metade dos anos 20 a Lei de feacuterias (1925) e a Lei de Regulamentaccedilatildeo do Trabalho de menores (192627) A primeira visava a obrigar os empresaacuterios a conceder 15 dias de feacuterias a seus empregados sem prejuiacutezo do ordenadomas foi sistematicamente desrespeitada Jaacute o Coacutedigo do Menor estipulava a maioridade a partir dos 18 anos e propunha uma jornada de trabalho de seis horas (CPDOC ndash Centro de Pesquisas e documentaccedilatildeo de Histoacuteria Contemporacircnea do Brasil)

Jaacute na deacutecada de 1930 o Estado Getulista procurou estabelecer regulaccedilatildeo e

regulamentaccedilatildeo para a questatildeo trabalhista Neste periacuteodo foi criado o Ministeacuterio do

Trabalho Comeacutercio e Induacutestria como forma de atenccedilatildeo mais sistemaacutetica ao

trabalhador como aponta Oliveira (2012) A regulaccedilatildeo tinha como objetivo

interferecircncia do estado junto aos sindicatos e organizaccedilotildees trabalhistas sobre

maneira nas de inclinaccedilotildees marxistas apoiadas por partidos de esquerda o que

limitava accedilotildees no campo poliacutetico e conflitos de classes dificultando a organizaccedilatildeo

da classe trabalhadora Dessa forma como observam Fausto (1995) e Oliveira

(2012) a centralizaccedilatildeo estatal mantinha sobre forte domiacutenio a questatildeo do ―princiacutepio

da unidade sindical ou seja do reconhecimento do Estado de um uacutenico sindicato

por categoria profissional (FAUSTO1995 p 335) Segundo Oliveira (2012) o

governo centralizador e interventor de Vargas tinha a intenccedilatildeo de estabelecer a

harmonia entre as classes diluiacutedas pela inquietaccedilatildeo social e promover a adequaccedilatildeo

trabalhocapital o que levaria a acumulaccedilatildeo capitalista Consideremos que em

1920 a produccedilatildeo agriacutecola representava 79 do total produzido no paiacutes e a

induacutestria 21 em 1940 a agricultura era responsaacutevel por 57 da produccedilatildeo e a

induacutestria 43 o que denota um aumento significativo do setor industrial (FAUSTO

1995 p 392)

Na avaliaccedilatildeo de Fausto (1995 p 336) ―a poliacutetica trabalhista do Governo

Vargas constituiu um niacutetido exemplo de uma ampla iniciativa que natildeo derivou das

pressotildees de uma classe social e sim da accedilatildeo do Estado As medidas regulatoacuterias

de Vargas tinham um propoacutesito central aumentar a capacidade de produccedilatildeo

industrial nas aacutereas urbanas e para tanto havia a necessidade de prevenir a

instabilidade social e mediar as relaccedilotildees entre a classe trabalhadora e o patronato

39

Assim para normatizar as relaccedilotildees de trabalho individuais e coletivas bem

como as regulamentaccedilotildees sobre essas relaccedilotildees em 1943 foi instituiacuteda a

Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho (CLT) sob o Dec Lei nordm 5452 de 151943

Nesse periacuteodo ficou evidente a forte regulaccedilatildeo das forccedilas de trabalho

subordinadas agraves poliacuteticas macroeconocircmicas de desenvolvimento e acumulaccedilatildeo de

capital A partir das deacutecadas de 197080 as poliacuteticas de emprego comeccedilaram a

ganhar destaque e porte sendo criado o Sistema Puacuteblico de Emprego ainda como

um sistema de pouca prospecccedilatildeo que atingia exclusivamente o mercado formal de

trabalho (MACHADO e NETO 2011)

212 Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho no Regime Militar

O iniacutecio do regime militar foi marcado por uma seacuterie de mudanccedilas que

incidiram sobre a poliacutetica de emprego no Brasil Essas medidas tornaram-se

coercitivas em funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do governo militar em expandir o complexo

industrial e tecnoloacutegico (OLIVEIRA 2012) No entanto foi somente a partir da

deacutecada de 1970 no regime militar que comeccedilam a serem implementadas poliacuteticas

passivas ainda modestas de atendimento aos trabalhadores natildeo somente

formalizados mas algumas categorias de trabalhadores que se encontravam fora do

mercado de trabalho Uma das Poliacuteticas de Emprego de maior visibilidade foi a

criaccedilatildeo do Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo (FGTS) (Lei 5107 de

13set1966) orientado hoje pela Lei 8036 de 11maio1990 e tem como objetivo

dar auxiacutelio ao trabalhador dispensado do serviccedilo sem justa causa e garantir uma

renda para a subsistecircncia ateacute conseguir novo emprego Para Oliveira (2012) a

criaccedilatildeo do FGTS substitui a estabilidade de emprego contida na CLT pela

poupanccedila compulsoacuteria Abaixo (QUADRO 2) estatildeo algumas das Poliacuteticas de

Emprego desenvolvidas durante o regime militar que se instalou no Brasil em 1964

QUADRO 2 - POLIacuteTICAS DE EMPREGO DESENVOLVDAS NO BRASILDURANTE O REGIME MILITAR

continua

ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DEFINICcedilAtildeO

1964 Lei Anti-greve4330 de 161964

Regula o direito de greve na forma do art 158 da Constituiccedilatildeo Federal de 1946

40

QUADRO 2 - POLIacuteTICAS DE EMPREGO DESENVOLVDAS NO BRASIL DURANTE O REGIME MILITAR

conclusatildeo

ANO POLIacuteTICA DEFINICcedilAtildeO

1965 Sobre os dissiacutedios coletivos entre categorias profissionais e econocircmicas (lei 4725 de

13765)

Estabelece normas para o processo dos dissiacutedios coletivos e daacute outras

providecircncias (Poliacutetica de contenccedilatildeo salarial)

1966 Criaccedilatildeo do Instituto Nacional de Previdecircncia Social (INPS) ndash Dec lei nordm 72 de 21111966

Unifica os Institutos de Aposentadoria e Pensotildees

1966 Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo Lei 5107 de 13091966 ndash revogado o seu original em 1989 e posteriormente em 1990 pela Lei

8036 de 11051990

Dispotildee sobre o Fundo de garantia por Tempo de Serviccedilo

1970 Criaccedilatildeo do Programa de integraccedilatildeo Social (Lei Complementar 07 de 791970)

Art 1ordm [] destinado a promover a integraccedilatildeo do empregado na vida e no

desenvolvimento das empresas

1970 Criaccedilatildeo do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico (PASEP) ndash LC

nordm 08 de 03121970

Institui o Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico

1971 Programa de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (PRORURAL) LC n 11 de 25051971

Poliacutetica de assistecircncia ao trabalhador rural

1973 Dec lei 71885 de 931973 Dispotildee sobre a profissatildeo de empregado domeacutestico

Art 1ordm Satildeo assegurados aos empregados domeacutesticos os benefiacutecios e serviccedilos da Lei

Orgacircnica da Previdecircncia Social

1974 Criaccedilatildeo do Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS )Lei 6036 de

1051974

Atribuiccedilotildees diferentes do Ministeacuterio do Trabalho

11974

Lei Ordinaacuteria 6136 de 7111974 Define o salaacuterio maternidade e outros benefiacutecios a serem pagos aos

trabalhadores (na praacutetica somente aos trabalhadores formalizados)

11974

Lei n 6179 de 11121974 Art 1ordm Institui amparo previdenciaacuterio para maiores de setenta anos de idade e para invaacutelidos definitivamente incapacitados

para o trabalho que natildeo exerccedilam atividades remuneradas []

11974

Lei n 6195 de 19121974 Extensatildeo aos trabalhadores rurais a concessatildeo de seguro por acidente do

trabalho

11974

Lei nordm 6019 de 03011974 Dispotildee sobre o Trabalho Temporaacuterio nas Empresas Urbanas - atendimento do

empresariado na substituiccedilatildeo de forccedila de trabalho ndash (OLIVEIRA 2012)

11975

Criaccedilatildeo do Sistema Puacuteblico de Emprego Conjunto de poliacuteticas ativas e passivas no mercado de trabalho

11975

Cria o Sistema Nacional de Emprego (SINE) Dec nordm 76403 de 08101975

Linhas de accedilatildeo organizar um sistema de informaccedilotildees e pesquisas sobre

o mercado de trabalho informar agraves empresas sobre a forccedila de trabalho

disponiacutevel (OLIVEIRA 2012)

FONTE OLIVEIRA (2012)wwwplanaltogovbr Instituo de Desenvolvimento do Trabalho

(IDT)CHAHAD (2006)

A centralidade econocircmica administrativa e poliacutetica que se iniciou no Brasil

apoacutes a implantaccedilatildeo do regime militar em 1964 culminou com a forte presenccedila do

41

Estado na sociedade e na economia e numa seacuterie de propostas de desenvolvimento

econocircmico colocadas nos Plano Nacional de Desenvolvimento l (1971 ndash 1974) e no

Plano Nacional de Desenvolvimento ll (1975 ndash 1979) (PND)

Neste momento da histoacuteria o Estado brasileiro inicia um processo de

enrijecimento atraveacutes da militarizaccedilatildeo poliacutetica administrativa e econocircmica do paiacutes

que avanccedilou para os setores da sociedade atingindo a classe trabalhadora Dentro

desse contexto foi decretado o impedimento agrave greve atraveacutes da Lei 433064 (Lei

Anti-greve) No ano seguinte foram instituiacutedas normas para o processo dos dissiacutedios

coletivos pela Lei nordm 472565 Tais medidas alertavam para o teor coercitivo do

governo militar e da sua proposta de crescimento econocircmico que penalizava a

classe trabalhadora do paiacutes

Na mesma medida em que manifestava sua posiccedilatildeo coercitiva e de controle

sobre as relaccedilotildees de trabalho o governo militar dava iniacutecio a propostas dos

trabalhadores como forma de compensaccedilatildeo pela falta de liberdade Em 1966 foi

criado o Instituto Nacional de Previdecircncia Social (INPS) o qual unificou os Institutos

de Aposentadorias e Pensotildees sob o Dec Lei nordm 7266 amparado pelo Ato

Institucional nordm 2 de 27111965 Em 1970 foram criados o Programa de Integraccedilatildeo

Social (PIS) sob a Lei nordm 071970 com o propoacutesito de ―[] promover a integraccedilatildeo do

empregado na vida e no desenvolvimento das empresas (art 1ordm) e o Programa de

Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico (PASEP) ndash sob a Lei Complementar nordm

0870 Em 1971 a poliacutetica de trabalho passa a ser voltada ao meio rural por meio da

constituiccedilatildeo do Programa de Assistecircncia ao trabalhador Rural (PRORURAL) sob a

Lei Complementar 2571 Esta poliacutetica tinha o objetivo de dar assistecircncia ao

trabalhador rural que ateacute entatildeo natildeo possuiacutea benefiacutecios na legislaccedilatildeo trabalhista

Segundo Oliveira (2012)

Essa foi a primeira legislaccedilatildeo para a criaccedilatildeo de um sistema previdenciaacuterio que beneficiasse os trabalhadores rurais benefiacutecio ampliados agraves empregadas domeacutesticas e em 1973 aos trabalhadores autocircnomos Essa inclusatildeo tardia dos trabalhadores rurais domeacutesticos e autocircnomos evidencia a poliacutetica trabalhista corporativa e excludente do Brasil e denota a ausecircncia de um sistema de garantias sociais para o conjunto da classe trabalhadora e dos trabalhadores fora do mercado de trabalho (OLIVEIRA 2012 p 497)

Em 1973 os empregados domeacutesticos passam a gozar dos benefiacutecios

instituiacutedos pela Lei orgacircnica da Previdecircncia Social amparados pelo Dec Lei

7188573 Em 1974 com o objetivo de ampliar a atenccedilatildeo ao trabalhador eacute criado o

42

Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) sob a Lei 603674 Outros

dispositivos de atenccedilatildeo ao trabalhador foram criados como o Salaacuterio Maternidade

(Lei 613674) e o ―amparo previdenciaacuterio para maiores de setenta anos de idade e

para invaacutelidos definitivamente incapacitados para o trabalho que natildeo exerccedilam

atividades remuneradas [] (Lei 617964 art 1ordm) No ano de 1975 ―sob a eacutegide da

Convenccedilatildeo nordm 88 da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) que orienta cada

paiacutes-membro a manter um serviccedilo puacuteblico e gratuito de emprego para a melhor

organizaccedilatildeo do mercado de trabalho (MTPS site) foi elaborado o Sistema Nacional

de Emprego (SINE)

Ao observarmos o quadro acima percebemos que as poliacuteticas de emprego

estabelecidas no regime militar eram Poliacuteticas Ativas e voltadas aos trabalhadores

formalizados excluindo dessas poliacuteticas quase em sua totalidade as categorias natildeo

formalizadas de trabalhadores brasileiros

Somente a partir da deacutecada de 1980 final do regime militar comeccedilam a

surgir mudanccedilas significativas sobre poliacuteticas puacuteblicas passivas de emprego no

Brasil Nas palavras de Oliveira (2012)

O esgotamento do regime militar e a crise econocircmica que se instaurou no paiacutes revelaram a precariedade das condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira e reacendeu o debate por melhores serviccedilos de infraestrutura e de inclusatildeo nos programas sociais possibilitando a emergecircncia de movimentos sociais urbanos que clamavam por direitos sociais e pela redemocratizaccedilatildeo no paiacutes (OLIVEIRA 2012 p 498)

213 Poliacuteticas Puacuteblicas de trabalho no periacuteodo de redemocratizaccedilatildeo do Brasil

A partir da segunda metade da deacutecada de 1980 e iniacutecio da deacutecada de 1990

as poliacuteticas marcadas pelo restabelecimento do governo democraacutetico brasileiro se

expandiram e foram criados vaacuterios programas destinados natildeo somente a dar

atenccedilatildeo ao trabalho formal mas tambeacutem ao setor informal da economia Com o

crescimento e demanda desse setor ficou evidente a necessidade de criaccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas direcionadas na possibilidade de equacionar distorccedilotildees entre os

setores formais e informais Para Machado e Neto (2011) os governos subnacionais

(estados e municiacutepios) foram importantes na medida de abertura do microcreacutedito

natildeo somente para o setor formal mas tambeacutem para os trabalhadores autocircnomos e

empreendimentos menores que absorviam boa parte dos trabalhadores ocupados

43

Observamos que os direitos dos trabalhadores se ampliam com a

promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (Constituiccedilatildeo Cidadatilde) estabelecidos

em seu art 7ordm com previsatildeo a ―melhoria de sua condiccedilatildeo social (BRASIL 1988

art 7ordm) No entanto como observa Oliveira (2012) natildeo havia ainda uma

preocupaccedilatildeo em formular poliacuteticas passivas de atendimento natildeo somente aos

trabalhadores formais mas tambeacutem aos desempregados subempregados e aos natildeo

formalizados que representavam parcela significativa no mercado de trabalho

brasileiro Dessa forma segue Oliveira (2012)

[] o paiacutes sempre conjugou poliacuteticas macroeconocircmicas com poliacuteticas assistencialistas limitando-se a introduzir marcos regulatoacuterios para algumas categorias profissionais sem contudo se debruccedilar na construccedilatildeo de uma poliacutetica de emprego passiva ou ativa que contemplasse a subsistecircncia ou a (re) inserccedilatildeo dos trabalhadores expulsos do mercado de trabalho (p 499)

Destacamos (QUADRO 3) as principais poliacuteticas criadas para garantir

direitos sociais de atenccedilatildeo aos trabalhadores sob a promoccedilatildeo de poliacuteticas passivas

para mercado de trabalho

QUADRO 3 - PRINCIPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016)

continua ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DESCRICcedilAtildeO

1986 Lei nordm 2283 de 27021986 ndash cria o Seguro Desemprego

Dispotildee sobre a instituiccedilatildeo [] do Seguro desemprego e daacute outras providecircncias

1988 Art XIII da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Diminuiccedilatildeo da duraccedilatildeo das horas trabalhadas que passa de 48 horas para

44 horas semanais

1990 Lei nordm 7998 de 11011990 Regula o Programa do Seguro-Desemprego o Abono Salarial institui o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT)

financiado com recursos advindos do PIS e do PASEP

1994 Resoluccedilatildeo CODEFAT nordm 59 de 250394 ndash autoriza alocar recursos do FAT para o Programa de Geraccedilatildeo de Emprego e

Renda (PROGER)

Eacute uma poliacutetica puacuteblica de emprego que se faz mediante concessatildeo de creacutedito

financeiro Tem por objetivo proporcionar linhas especiais de creacutedito em atividades

produtivas [] (MTPS)

1996

Resoluccedilatildeo 126 de 23101996 (CODEFAT) Criacatildeo do Plano Nacional de Qualificaccedilatildeo

do trabalhador (PLANFOR)

Aprova criteacuterios para a utilizaccedilatildeo de recursos do Fundo de Amparo ao

Trabalhador - FAT pela Secretaria de Formaccedilatildeo e Desenvolvimento Profissional - SEFOR com vistas agrave execuccedilatildeo de accedilotildees

de qualificaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo profissional no acircmbito do Programa do Seguro-

Desemprego no periacuteodo e 19971999

44

QUADRO 3 ndash PRINCPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016)

Continuaccedilatildeo

ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DESCRICcedilAtildeO

1996

Decreto 1946 de 28061996 - Cria o Programa Nacional de Fortalecimento da

Agricultura Familiar ndash PRONAF

Apoio financeiro a atividades agropecuaacuterias ou natildeo-agropecuaacuterias para implantaccedilatildeo

ampliaccedilatildeo ou modernizaccedilatildeo da estrutura de produccedilatildeo beneficiamento industrializaccedilatildeo e de serviccedilos no estabelecimento rural ou em aacutereas comunitaacuterias rurais proacuteximas de

acordo com projetos especiacuteficos

1996

RESOLUCcedilAtildeO CODEFAT Nordm 103 de 631996 ndash Cria o Programa de Expansatildeo do Emprego e Melhoria da Qualidade de Vida do Trabalhador ndash PROEMPREGO

Art 1ordm [] objetivo de criar novos empregos incrementar a renda do

trabalhador proporcionar a melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo em

especial das camadas de mais baixa renda e propiciar a diminuiccedilatildeo dos custos de

produccedilatildeo no contexto internacional preservando e expandindo as

oportunidades de trabalho e assegurando o equiliacutebrio do meio ambiente

1998 Resoluccedilatildeo CODEFAT 194 de 23091998 - Estabelece criteacuterios para transferecircncia de

recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador ndash FAT ao Plano Nacional de Qualificaccedilatildeo do Trabalhador ndash PLANFOR

Art 2ordm O PLANFOR tem o objetivo de construir gradativamente oferta de

educaccedilatildeo profissional (EP) permanente com foco na demanda do mercado de

trabalho de modo a qualificar ou requalificar a cada ano articulado agrave

capacidade e competecircncia existente nessa aacuterea pelo menos 20 da PEA - Populaccedilatildeo Economicamente Ativa maior de 14 anos

de idade

11999

Criaccedilatildeo do Fundo de Aval para a Geraccedilatildeo de Emprego e Renda (FUNPROGER)

Tem a finalidade de garantir parte do risco dos financiamentos concedidos pelas instituiccedilotildees financeiras oficiais federais diretamente ou por intermeacutedio de outras instituiccedilotildees financeiras no acircmbito do Programa de Geraccedilatildeo de Emprego e Renda - PROGER Setor Urbano

22001

Medida Provisoacuteria nordm 2164-41 de 24082001Subvenciona o trabalhador atraveacutes de Bolsa Qualificaccedilatildeo profissional

Altera a Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho - CLT para dispor sobre o trabalho a tempo parcial a suspensatildeo do contrato de trabalho e o programa de qualificaccedilatildeo profissional

22001

Lei nordm 10208 de 23032001 -Acrescenta os artigos 3ordmA 6ordmA 6ordmB 6ordmC e 6ordmD agrave Lei n

o 5859 de 11 de dezembro de 1972

Dispotildee sobre a profissatildeo de empregado domeacutestico para facultar o Acesso em ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviccedilo - FGTS e ao seguro-desemprego (texto da poliacutetica)

22003

Lei 10779 de 25112003 Dispotildee sobre a concessatildeo do benefiacutecio de seguro desemprego durante o periacuteodo de defeso ao pescador profissional que exerce a atividade pesqueira de forma artesanal (texto da poliacutetica)

22005

Decreto 5598 de 1122005 ndash Estabelece as normas para o Programa de Aprendizagem Profissional

Regulamenta a contrataccedilatildeo de aprendizes

45

QUADRO 3 ndash PRINCPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016)

Conclusatildeo

ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DESCRICcedilAtildeO

22008

Lei Complementar 128 de 191208 ndash Criaccedilatildeo do Microempreendedor Individual (MEI)

ART 18E - O instituto do MEI eacute uma poliacutetica puacuteblica que tem por objetivo a formalizaccedilatildeo de pequenos empreendimentos e a inclusatildeo social e previdenciaacuteria

FONTE SENADO FEDERAL OLIVEIRA (2012) MTE BATISTA (2009)

As poliacuteticas de trabalho no Brasil quase que exclusivamente atingiam os

trabalhadores formalizados deixando fora de poliacuteticas especiacuteficas categorias natildeo

definidas dentro do setor formal isolando-os de direitos trabalhistas e

previdenciaacuterios Com a evoluccedilatildeo da economia de mercado informalizado e

considerando que boa parte dos trabalhadores sobrevivia do trabalho informal o

que nesse sentido como analisa Pastore (2006) gerava distorccedilotildees no setor

previdenciaacuterio o governo brasileiro instituiu a LC 1282008 com objetivos de 1)

criar a figura juriacutedica do Microempreendedor Individual 2) promover a formalizaccedilatildeo

de trabalhadores que manteacutem atividades fora das relaccedilotildees de mercado formais 3)

promover a inclusatildeo social desses trabalhadores

214 Poliacutetica Puacuteblica de Trabalho MEI

Em 2008 foi regulamentada no Brasil a Lei Complementar (LC) nordm 12808 a

qual estabeleceu a pessoa juriacutedica do Microempreendedor Individual (MEI) em

complemento a LC 123 de 14 de dez de 20064 Esta poliacutetica puacuteblica representa uma

tentativa de resposta pelo poder puacuteblico ao crescente nuacutemero de trabalhadores

informais exercendo as mais diversas atividades econocircmicas e em muitos casos

em situaccedilatildeo de vulnerabilidade por exerciacutecios de trabalho precaacuterio irregular ou ilegal

em desconformidade com a legislaccedilatildeo trabalhista natildeo oportunizando dessa forma

os direitos previdenciaacuterios conquistados pelos trabalhadores formalizados Como

referecircncia ao MEI a legislaccedilatildeo traz a seguinte redaccedilatildeo

4A LC 12306 estabelece normas gerais relativas ao tratamento diferenciado e favorecido a ser

dispensado agraves microempresas e empresas de pequeno porte no acircmbito dos poderes da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal [] (art 1ordm) e segundo Guimaratildees (2011) a Lei Geral de 2006 estaacute relacionada agrave geraccedilatildeo de desenvolvimento econocircmico

46

Para os efeitos desta Lei Complementar considera-se MEI o empregador individual a que se refere o art 966 da lei 10406 de 10 de janeiro de 2002 (Coacutedigo Civil) que tenha auferido receita bruta no calendaacuterio anterior de ateacute R$ 6000000 (sessenta mil reais) optante pelo Simples Nacional e que natildeo esteja impedido de optar pela sistemaacutetica prevista neste artigo (LC 12808 art 18ordf sect 1ordm)

Segundo a redaccedilatildeo da referida LC ―o instituto do MEI eacute uma poliacutetica puacuteblica

que tem por objetivo a formalizaccedilatildeo de pequenos empreendimentos e a inclusatildeo

social5 e previdenciaacuteria (BRASIL 2008 art 18-E) natildeo sendo objeto apenas de

caraacuteter econocircmico ou fiscal (idem sect 1ordm) Portanto como analisa Souza (2010 p15) o

―MEI tem como objetivo alcanccedilar aqueles empreendedores menores os chamados

autocircnomos ou ambulantes como cabeleireiros sapateiros costureiras pipoqueiros

entre outros e segundo Federaccedilatildeo Nacional das Empresas de Serviccedilos Contaacutebeis

e das Empresas de Assessoramento Periacutecias Informaccedilotildees e Pesquisas

(FENACON) tal poliacutetica puacuteblica consiste num dos ―maiores projetos de inclusatildeo

social colocados em praacutetica no paiacutes e assim decorre de uma accedilatildeopoliacutetica do

Estado perceptiacutevel frente a um problema soacutecioestrutural e que essa accedilatildeo estaraacute

diretamente ligada a fatores conjunturais e influenciaraacute a vida das pessoas

Com o advento da pessoa juriacutedica do MEI aleacutem da facilidade no processo

burocraacutetico de formalizaccedilatildeo das suas atividades pode-se verificar o baixo custo

tributaacuterio tanto para a previdecircncia quanto para os estados e municiacutepios muito

embora os encargos tributaacuterios se diferenciem dependendo da atividade

desenvolvida pelo empreendedor individual

Portanto com os objetivos expressos de inclusatildeo social previsto na

referente LC devemos destacar dois fatores muito importantes a) o aumento da

contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria b) o aumento na receita dos municiacutepios (ainda que

pequeno) Quanto agrave contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria o Microempreendedor Individual

estaraacute isento do Imposto de Renda sobre Pessoa Juriacutedica (IRPJ) do Imposto sobre

Produtos Industrializados (IPI) da Contribuiccedilatildeo Social sobre Lucro liacutequido (CSLL)

da Contribuiccedilatildeo para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) do

Programa de Integraccedilatildeo Social (PIS) e da Contribuiccedilatildeo Patronal Previdenciaacuteria no

entanto recolheraacute em forma de tributaccedilatildeo um valor fixo mensal no valor de R$

51656 disposto no art 18A sect 3ordm inciso V da referida LC desse modo isentando-o

5 Grifo nosso ndash texto incluiacutedo pela LC 1472014

6Valor expresso ateacute a data referente a esta pesquisa ndash ano base 2016

47

do regime de tributaccedilatildeo - o Simples Nacional O recolhimento de tributaccedilatildeo seraacute da

seguinte forma (LC 12808 art 18ordf inciso V aliacuteneas a b c)

a) R$ 4565 (quarenta e cinco reais e sessenta e cinco centavos) a tiacutetulo

da contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria

b) R$ 100 (um real) a tiacutetulo ICMS

c) R$ 500 (cinco reais) a tiacutetulo de ISS

A referida LC em seu art 18E sect3ordm enquadra o MEI na modalidade de

microempresa no entanto com especificidade conceitual diferenciada do que refere

o art 3ordm item l da LC 12306 ―no caso da microempresa aufira em cada ano-

calendaacuterio receita bruta igual ou inferior a R$ 36000000 (trezentos e sessenta mil

reais) Sem embargo a redaccedilatildeo no mesmo artigo em seu sect2ordm estende ao MEI

todos os benefiacutecios dispensados agrave pequena empresa sempre que favoraacutevel

Eacute compreensiacutevel o enquadramento do MEI na modalidade de microempresa

posto que a LC 12306 foi o marco de abertura para o processo de formalizaccedilatildeo

desburocratizaccedilatildeo e regulamentaccedilatildeo das micro e pequenas empresas que se

encontravam na informalidade dos seus negoacutecios comerciais possibilitando nesse

sentido a valorizaccedilatildeo e a inclusatildeo de uma quantidade significativa de empresas no

curso da regularizaccedilatildeo previdenciaacuteria social e econocircmica Os dispositivos

colocados tanto na facilidade para a abertura da empresa baixa tributaccedilatildeo e

tratamentos diferenciados nas licitaccedilotildees puacuteblicas como procedimentos de estiacutemulos

e apoio para a inovaccedilatildeo contrataccedilatildeo capacitaccedilatildeo e ao associativismo inclina-se na

construccedilatildeo no nosso entendimento de uma base complementar entre Poliacutetica

Publica Ativa e Poliacutetica Puacuteblica Passiva a) quanto agrave natureza estrutural b) quanto agrave

abrangecircncia fragmentada e c) quanto aos impactos redistributiva (TEIXEIRA

2002)

As micro e pequenas empresas e o microempreendedor individual

amparados pelas LC 12306 e LC 12808 respectivamente formam um segmento

do mercado aberto que nas anaacutelises de Sacks (2003) eacute excepcionalmente

importante para o desenvolvimento socioeconocircmico do paiacutes pois aleacutem de

representar uma economia que chega a 27 do PIB brasileiro corresponde ao

emprego de mais de 90 dos trabalhadores operantes no paiacutes portanto uma fonte

inestimaacutevel de geraccedilatildeo de renda

No entanto como observa o autor o isolamento dessas MPE assim como

os MEI (atividades produtivas de pequeno porte) frente a um mercado aberto natildeo

48

poderaacute corresponder agraves expectativas de expansatildeo em decorrecircncia da concorrecircncia

com empresas maiores e mais estruturadas atuantes no livre mercado Como

assinala Sachs (2003)

Esses pequenos empreendedores e produtores se submetidos apenas aos processos de mercado natildeo tecircm condiccedilotildees de competir com empresas estruturadas de maior porte ndash a natildeo ser concorrendo agrave ―competitividade espuacuteria que se traduz em salaacuterios baixos jornadas longas de trabalho sonegaccedilatildeo de impostos e natildeo recolhimento de encargos sociais (SACHS 2003 p 21)

Para esse autor o desafio em alterar esse quadro estaria em promover a

qualificaccedilatildeo acesso em agrave tecnologia ao creacutedito e ao mercado considerando

igualmente a formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas menos setorizadas mas que

concebessem a integraccedilatildeo dos setores da economia propiciando a aproximaccedilatildeo das

empresas agrave competitividade Ou seja ―uma accedilatildeo afirmativa em favor dos mais

fracos sem poder e sem voz (SACHS 2003 p 21)

As microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP) satildeo

estruturalmente diferenciadas dos microempreendedores Individuais tanto nas

dimensotildees fiacutesicas quanto na capacidade de abrangecircncia e inserccedilatildeo no mercado

sendo igualmente objeto diferenciado constante nas regulamentaccedilotildees descritas nas

LC 12306 e LC 12808 respectivamente quanto ao enquadramento sobre a receita

agraves obrigaccedilotildees tributaacuterias e fiscais O art 3ordm incisos I e II da LC 12306 nos diz como

jaacute mencionado acima que a microempresa eacute aquela que possui receita bruta anual

de ateacute R$ 36000000 (trezentos e sessenta mil reais) a receita bruta da empresa de

pequeno porte por sua vez natildeo pode ser inferior a R$ 36000000 e superior a R$

360000000 (trecircs milhotildees e seiscentos mil reais) por outro lado o MEI possui uma

exigecircncia de receitaano muito menor que as demais estabelecida com um teto de

R$ 6000000 conforme expressa o art 18ordf sect 1ordm

Consideremos que as obrigaccedilotildees tributaacuterias diferenciadas para as

microempresas e as empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional7

descrevem as necessidades de se conceber mecanismos de atendimento a esse

segmento empresarial de importacircncia comprovada para a economia do paiacutes e da

sua fragilidade de continecircncia no livre mercado Por outro lado temos o MEI

7Simples Nacional eacute um regime de tributaccedilatildeo diferenciado aplicados agraves Microempresas e Empresas

de Pequeno Porte que consiste no recolhimento dos tributos previstos em lei em um documento uacutenico de arrecadaccedilatildeo (DAS) e da contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria

49

marcado pela inseguranccedila muitas vezes da sua condiccedilatildeo de ―empreendedor

forccedilado em funccedilatildeo das mudanccedilas ocorridas no universo do trabalho denotando a

fragilidade socioeconocircmica que o permeia No entanto

No Brasil existem algumas entidades que atuam como propulsoras das potencialidades de micro e pequenas empresas estimulando a cultura do empreendedorismo Uma das principais eacute o SEBRAE (Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas) que atua dando suporte no processo de abertura e registro de empresas com orientaccedilatildeo cursos e palestras para minimizar o grau de mortalidade desses pequenos empreendimentos (SILVEIRA TEIXEIRA 2011 p 227)

A finalidade do SEBRAE nesse sentido eacute apoiar o desenvolvimento das

micro e pequenas empresas e fomentar o empreendedorismo atraveacutes de programas

de capacitaccedilatildeo consultoria e financcedilas no atendimento de empresaacuterios e potenciais

empreendedores

A poliacutetica maior do MEI atribui determinada responsabilidade aos governos

locais de deferirem poliacuteticas alinhadas agrave implantaccedilatildeo agravequela de atenccedilatildeo agrave categoria

uma vez que o desenvolvimento desse segmento pode subtender aleacutem da

inclusatildeo descrita no art 18E da LC 12808 um avanccedilo nas questotildees

socioeconocircmicas locais Mesmo com direcionamento o impacto pode ser absorvido

por outros segmentos sob a forma de fortalecimento do mercado interno local que

por sua vez concorre para o aumento e extensatildeo da geraccedilatildeo de emprego renda e

com isso o aumento da receita municipal

Sob a oacutetica do desenvolvimento local a partir da interpretaccedilatildeo do

pensamento de autores como Albuquerque e Zapata (2008) Sachs (2003)

Albuquerque (1997) dentre outros dialogando com a Lei Geral e suas alteraccedilotildees

(LC 12808 e LC 147 de 07 de ago de 2014) analisaremos algumas accedilotildees e

estrateacutegias de atendimento ao MEI desenvolvidas nos municiacutepios integrantes da

MRGP

50

3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS PARA O MEI NA MICRORREGIAtildeO DE PARANAGUAacute

A Microrregiatildeo8 Geograacutefica de Paranaguaacute (MRGP) (MAPA 1) situada no

litoral paranaense eacute composta pelos municiacutepios de Antonina Guaraqueccedilaba

Guaratuba Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute (IPARDES 2012) e

apresenta enorme complexidade em sua estrutura social econocircmica e natural

marcada ainda por seacuterios problemas de gestatildeo de desenvolvimento e de

conservaccedilatildeo (ANDRIGUETTO FILHO MARCHIORO in RAYNAUT et al2002)

Para Horochowski et al (2007) a MRGP apresenta

[] uma espacialidade conturbada com mais de 60 quilocircmetros de extensatildeo que liga os municiacutepios de Guaratuba Matinhos Pontal e tambeacutem Paranaguaacute Esses trecircs uacuteltimos possuem graus de urbanizaccedilatildeo superiores a 96 e satildeo marcadamente ordenados por grupos imobiliaacuterios promotores de praacuteticas especulativas e pela ocupaccedilatildeo de aacutereas ambientalmente vulneraacuteveis(HOROCHOWSKI etal (2007)

MAPA 1 -MICRORREGIAtildeO GEOGRAacuteFICA DE PARANAGUAacute

FONTE Adaptado do CORPO DE BOMBEIROSPR Disponiacutevel em(lthttpsgooglBhsDTx)

Segundo IPARDES a aacuterea territorial da MRGP corresponde a 6333233

Km2 abrigando uma populaccedilatildeo de 286602 habitantes com densidade demograacutefica

8 As microrregiotildees satildeo definidas pelo IBGE (1990) como partes da mesorregiatildeo e possuem

especificidades proacuteprias sem apresentarem uniformidade ou auto-suficiecircncia contudo articulam-se com espaccedilos maiores (mesorregiotildees ou Unidades da Federaccedilatildeo) Essas especificidades dizem respeito agraves estruturas de produccedilatildeo que podem apresentar quadros naturais sociais ou econocircmicos particulares localizados e regionalizados

51

de 4525 habKm2 e alto grau de urbanizaccedilatildeo de 9048 (TABELA 2) A ―forte

polarizaccedilatildeo urbana e industrial com o complexo portuaacuterio de Paranaguaacute e das aacutereas

urbano-turiacutesticas na orla sul (ANDRIGUETTO FILHO MARCHIORO in RAYNAUT

et al2002 p 160) constitui um traccedilo caracteriacutestico do litoral paranaense e possui

dinacircmicas diferenciadas no processo econocircmico

No litoral paranaense conforme assinalam esses autores o meio natural

estaacute relativamente menos impactado que no restante do Estado principalmente nas

aacutereas rurais de Guaratuba e Guaraqueccedilaba que natildeo concorreram aos modelos de

desenvolvimento econocircmico adotados pelos municiacutepios do Estado que mantinham

bases predominantemente agriacutecolas e agroindustriais (idem p 161)

TABELA 2 - POPULACcedilAtildeO ABSOLUTA POPULACcedilAtildeO URBANA E POPULACcedilAtildeO RURAL DA MRGP (2000-2010)

MUNICIacutePIO POPULACcedilAtildeO

2000 2010

Antonina 19174 18891 Guaraqueccedilaba 8288 7871 Guaratuba 27257 32095 Matinhos 24184 29428 Morretes 15275 15718 Paranaguaacute 127339 140469 Pontal do Paranaacute 14323 20920

FONTE IBGE ATLAS BRASIL

A MRGP eacute componente da Mesorregiatildeo9 de Curitiba e estaacute ligada agrave capital

paranaense atraveacutes da BR 277 Outras estradas alternativas que ligam a regiatildeo ao

Primeiro Planalto Paranaense podem ser observadas pela BR 376 (Guaratuba ndash

GaruvaSC) e pela estrada da Graciosa

A precaacuteria gestatildeo de desenvolvimento local10 e a falta de iniciativas que

atendessem as capacidades especificidades e realidades vividas localmente

concorreram para que o litoral paranaense se tornasse uma das regiotildees menos

9Entende-se por Mesorregiatildeo uma aacuterea individualizada em uma Unidade da Federaccedilatildeo que

apresenta formas de organizaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico definida pelas seguintes dimensotildees o processo social como determinante o quadro natural como condicionante e a rede de comunicaccedilatildeo e lugares como elemento de articulaccedilatildeo espacial Estas trecircs dimensotildees possibilitam que o espaccedilo delimitado como Mesorregiatildeo tenha uma identidade regional Esta identidade eacute uma realidade construiacuteda ao longo do tempo pela sociedade que aiacute se formou (IBGE 1990 p 8)

10

Atraveacutes do Sistema de Monitoramento da Implementaccedilatildeo da Lei Geral nos Municiacutepios Brasileiros disponibilizado pelo SEBRAE observamos que natildeo haacute poliacuteticas de desenvolvimento local nos municiacutepios integrantes da MRGP Disponiacutevel em (lthttpsgoogltb4OXE)

52

desenvolvidas do Paranaacute com altos iacutendices de pobreza baixo padratildeo de vida e

destacadas disparidades sociais como analisaram Raynaut et al (2002) e Turra e

Baccedilo (2014) Para esses uacuteltimos autores apoacutes realizarem estudos sobre Niacutevel de

Desenvolvimento Regional (NDR) no Paranaacute concluiacuteram que a MRGP possui um

niacutevel muito baixo (MB) de desenvolvimento o que estaacute relacionado agrave baixa

concentraccedilatildeo tecnoloacutegica e o niacutevel de ocupaccedilatildeo das pessoas

Abaixo (TABELA 3) demonstra uma evoluccedilatildeo no Iacutendice de Desenvolvimento

Humano (IDH) na MRGP

TABELA 3 - DEMONSTRATIVO DO IDH E DO IacuteNDICE DE POBREZA DOSMUNICIacutePIOS DA MRGP

MUNICIacutePIO IDH POBREZA

2000 2010 2000 2010

Antonina 0582 0687 3339 1727

Guaraqueccedilaba 0430 0587 5387 3605 Guaratuba 0613 0717 1958 915 Matinhos 0635 0743 1671 616 Morretes 0573 0686 2364 1087 Paranaguaacute 0645 0750 1593 810 Pontal do Paranaacute 0622 0738 1741 598

FONTE IBGE ATLAS BRASIL

Alguns elementos como a longevidade a renda e a educaccedilatildeo contribuiacuteram

para o aumento do IDH Jaacute a queda no iacutendice de pobreza na MRGP pode ser

descrita igualmente pelo aumento da renda da populaccedilatildeo e de uma maneira mais

incisiva pela involuccedilatildeo da desigualdade nesses municiacutepios

No entanto o iacutendice da pobreza no caso de Antonina a exemplo segundo

IBGE (2010) chegou a 5022 e o iacutendice da pobreza subjetiva neste municiacutepio

ficou em 3018 Notemos que a permanecircncia da pobreza muitas vezes produz

um deslocamento e enfraquecimento das capacidades e potencialidades reais das

pessoas

31 A FRAacuteGIL ECONOMIA NA MRGP

A MRGP apresenta uma diversidade no setor econocircmico com atividades

agropastoris comercio induacutestria (setor industrial de Paranaguaacute) e o setor de

produccedilatildeo de bens e serviccedilos com ecircnfase no turismo sobretudo na orla sul da

regiatildeo que abrange os municiacutepios de Pontal do Paranaacute Matinhos e Guaratuba

53

ainda sujeitos agrave sazonalidade em decorrecircncia da temporada de praias (veratildeo) e o

inverno

Os setores produtivos da MRGP se apresentam de forma heterogenia com

ecircnfase na proporccedilatildeo do setor de comeacutercioserviccedilos que apresenta forte impacto

sobre a contrataccedilatildeo de pessoal formalizado (RAIS)

TABELA 4ndash DADOS DO MERCADO DE TRABALHO NA MRGP (2000-2016)

FONTE IPARDES IBGE FUNPARUFPR

Observamos (TABELA 4) que a taxa de desemprego na MRGP em 2010

ficou em 7511 Frisamos que pela escassez de dados referentes ao setor informal

na MRGP natildeo foi possiacutevel estabelecer a descriccedilatildeo quantitativa das atividades

econocircmicas Poreacutem nas atividades exploratoacuterias de anaacutelise observamos enorme

diversidade das atividades informais no litoral serviccedilos domeacutesticos jardinagem

cabeleireiro manicure trabalhadores contratados para a limpeza de pescados

artesatildeos salgadeira doceira construccedilatildeo civil carpinteiros ambulantes catadores

de materiais reciclaacuteveis trabalhadores de Micro e Pequenas empresas

desprotegidos pela natildeo formalizaccedilatildeo trabalhadores rurais trabalhadores em

oficinas de mecacircnica de automoacuteveis motocicletas e bicicletas dentre outros

trabalhadores

A economia informal ou economia submersa (CATANI 1985) segundo

alguns autores como Sachs (2003) Antunes (2011) Matsuo (2008) se apresenta de

11

O desemprego foi calculado sobre a PEA (populaccedilatildeo economicamente ativa) em relaccedilatildeo agrave PO

(populaccedilatildeo ocupada) incluindo os setores formal e informal A PEA pode ser definida como o []

potencial de matildeo-de-obra com que pode contar o setor produtivo isto eacute a populaccedilatildeo ocupada e

a populaccedilatildeo desocupada (IBGE) A PO compreende aquelas pessoas que num determinado periacuteodo

de referecircncia trabalharam ou tinham trabalho mas natildeo trabalharam (por exemplo pessoas em feacuterias) As pessoas ocupadas sao classificadas em a) empregados b) conta proacutepria c) empregadores d) natildeo remunerados (idem)

TRABALHO REGIAtildeOANO

2000 2010

Populaccedilatildeo em Idade Ativa (PIA) (pessoas) 175483 223295 Populaccedilatildeo Ocupada total (PO) (pessoas) 85863 115811 Pessoal ocupado assalariado (pessoas) nd 51576 Populaccedilatildeo Economicamente Ativa (PEA) 100628 125263 Taxa de Atividade de 10 anos ou mais () 547 5625 T de Ocupaccedilatildeo de 10 anos ou mais () nd 9245

54

maneira complexa pelo volume frente a uma nova conjuntura e modificaccedilotildees no

mundo do trabalho um meio diferenciado encontrado pelas pessoas como

enfrentamento ao crescente processo de erradicaccedilatildeo do emprego formalizado Tais

formas de ―sobrevivecircncia laboral encontram suporte legal no art 170 paraacuteg uacutenico

da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 onde ―eacute assegurado a todos o livre exerciacutecio de

qualquer atividade econocircmica independentemente de autorizaccedilatildeo de oacutergatildeos

puacuteblicos salvo nos casos previstos em lei (BRASIL 1988)

Quanto ao emprego formal na MRGP verificamos (TABELA 5) um aumento

de 36 no quantitativo dos empregos ativos

TABELA 5 - NUacuteMERO DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP (2013-2014)

MUNICIacutePIO EMPREGOS

ATIVOS

2013 2014

Antonina 3169 3193 Guaraqueccedilaba 810 796 Guaratuba 5874 6509 Matinhos 7341 7838 Morretes 2252 2347 Paranaguaacute 38133 38275 Pontal do Paranaacute 3691 4543

Total 61270 63501

FONTE MINISTEacuteRIO DO TRABALHO E EMPREGOCAGED

Na tabela acima (TABELA 5) constatamos que o municiacutepio de

Guaraqueccedilaba apresentou variaccedilatildeo percentual negativa de -173 entre os anos de

2013 e 2014 e destacamos Guaratuba com o aumento na variaccedilatildeo relativa de

1081 seguida por Matinhos 677 e Morretes com uma variaccedilatildeo percentual de

422 na geraccedilatildeo de empregos

A compreensatildeo da evoluccedilatildeo na geraccedilatildeo de empregos nos remete ao

entendimento do comportamento da economia e das relaccedilotildees entre mercado capital

e trabalho Neste conjunto de elementos estatildeo alinhados o processo produtivo as

atividades produtivas e as forccedilas de produccedilatildeodistribuiccedilatildeo e consumo

Segundo Salzbac Denardin e Felisbino (2012) a demanda do fluxo de

seguimentos produtivos eacute uma caracteriacutestica de cidades poacutelos pela oferta de

emprego no setor de comeacutercio e serviccedilos Dessa forma ao analisar o cenaacuterio

econocircmico do litoral paranaense esses autores concluiacuteram que

55

Os municiacutepios litoracircneos do Paranaacute os quais natildeo fazem parte de uma regiatildeo metropolitana natildeo apresentam empregos em volume significativos nem no setor industrial nem no setor de serviccedilos o que implica na baixa capacidade de geraccedilatildeo de tributos proacuteprios limitando tambeacutem a oferta de serviccedilos puacuteblicos [] os setores de serviccedilos comeacutercio e de administraccedilatildeo puacuteblica foram os segmentos que mais mantinham empregos ativos na MRGP (SALZBAC DENARDIN FELISBINO 2012 p 117)

TABELA 6 - NUacuteMEROS DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP POR SETOR ECONOcircMICO

SETOR ECONOcircMICO Ano

2013 2014

1 extrativa mineral 187 188 2 induacutestria de transformaccedilatildeo 6100 6512 3 serviccedilos industriais de utilidade puacuteblica 294 255 4 construccedilatildeo civil 1722 1993 5 comeacutercio 15302 16154 6 serviccedilos 26660 27140 7 administraccedilatildeo puacuteblica 10501 10789 8 agropecuaacuteria ext vegetal caccedila e pesca 504 470

FONTE MTECAGED

Como podemos observar (TABELA 6) a maior parte dos empregos ativos

estaacute no setor terciaacuterio com especial atenccedilatildeo ao setor de serviccedilos

Um indicador econocircmico importante eacute o Valor Adicionado Fiscal (VAF) que

permite ―espelhar o movimento econocircmico municipal e consequentemente o

potencial que o municiacutepio tem para gerar receitas puacuteblicas (MINAS GERAIS 2016)

Sobre o conceito poderemos dizer que o VAF eacute um instrumento

[] utilizado pelo Estado para calcular o iacutendice de participaccedilatildeo municipal no repasse de receita do Imposto sobre Operaccedilotildees relativas agrave Circulaccedilatildeo de Mercadorias e sobre Prestaccedilotildees de Serviccedilos de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicaccedilatildeo (ICMS) e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) aos municiacutepios [] Eacute apurado pela Secretaria de Estado de Fazenda [[ com base em declaraccedilotildees anuais apresentadas pelas empresas estabelecidas nos respectivos municiacutepiosDisponiacutevel em (lthttpsgoogl80DhoU)

Com a anaacutelise do indicador acima mencionado poderemos verificar a

participaccedilatildeo na economia local por setor econocircmico e sua importacircncia nas poliacuteticas

de desenvolvimento e planejamento estrateacutegico na observacircncia das potencialidades

do mercado cultura local e heterogeneidade das atividades econocircmicas

Na MRGP o setor de comeacutercio e serviccedilos (setor terciaacuterio) notadamente

excetuando os municiacutepios de Antonina e Guaraqueccedilaba possui participaccedilatildeo maior

que a produccedilatildeo primaacuteria e a induacutestria local (TABELA 7) e constitui elemento de

56

anaacutelise importante na concepccedilatildeo de poliacuteticas de expansatildeo do emprego e renda12 Jaacute

a participaccedilatildeo sobre a receita dos municiacutepios a que apresenta menor potencial eacute a

produccedilatildeo primaacuteria em virtude da natildeo adoccedilatildeo do mesmo modelo industrial adotado

em outras regiotildees do Estado Paranaense

TABELA 7 - VALOR ADICIONADO FISCAL (VAF - R$ 100 (P)) DOS MUNICIacutePIOS INTEGRANTES

DA MRGP (2016)

MUNICIacutePIO PRODUCcedilAtildeO PRIMAacuteRIA

INDUacuteSTRIA COMEacuteRCIO SERVICcedilOS

RECURSOS AUTOS

Antonina 4334454 125827796 68271749 Guaraqueccedilaba 3074904 5399117 3701577 4192 Guaratuba 15641921 21782241 119496927 47370 Matinhos 295763 23559310 109482578 147729 Morretes 12959951 23264839 44980267 14974 Paranaguaacute 54409213 1280856468 1980373389 543132 Pontal do Paranaacute

436246 19320486 68114345 19138

Total 91152452 1500010257 4788841664 1553070

FONTE IPARDES

Excetuando Paranaguaacute (TABELA 7) identificamos a fragilidade das receitas

municipais da MRGP e de outra maneira a fragilidade financeira e orccedilamentaacuteria jaacute

mencionadas por Sulzbach e Denardin (2012) que alertavam para a dependecircncia

financeira dos municiacutepios da MRGP para com as transferecircncias

intergovernamentais

Um dos principais indicadores da dependecircncia financeira dos municiacutepios agraves tributaccedilotildees das demais esferas pode ser observado atraveacutes das receitas de tributaccedilatildeo por setores produtivos e das receitas advindas de transferecircncias correntes Neste aspecto observa-se que os municiacutepios do litoral do Paranaacute apresentam uma dependecircncia financeira elevada das transferecircncias das esferas nacional e estadual O Municiacutepio com maior destaque eacute o de Guaraqueccedilaba que do total de suas receitas 93 adveacutem de transferecircncias correntes seguindo por Morretes com 78 e Antonina com 7052 das receitas advindas de transferecircncias (SULZBACH DENARDIN 2012 p 6)

Ainda observando a tabela 7 percebemos que o polo industrial e comercial

da MRGP eacute o municiacutepio de Paranaguaacute pressupondo importante vetor da economia

local e do seu posicionamento estrateacutegico diante dos outros municiacutepios da regiatildeo

tanto na articulaccedilatildeo com outros centros comerciais e industriais da Mesorregiatildeo

12

Para melhor compreensatildeo sobre as modificaccedilotildees no processo capitaltrabalho e o crescimento do setor terciaacuterio na economia ver CHESNAIS (1996) OFFE (1984) SUPERVILLE QUINtildeONES (2000)

57

pertencente quanto da Microrregiatildeo com os municiacutepios circunvizinhos e pelo

proacuteprio dinamismo da sua economia interna

Consideremos que o crescimento econocircmico segundo Sachs (2004) e

Furtado (2008) eacute um elemento importante no processo de desenvolvimento poreacutem

natildeo eacute o uacutenico a ser considerado mas sim eacute necessaacuterio incorporar

simultaneamente a extensatildeo dos direitos

Abaixo (TABELA 8) observando o PIB per capita dos municiacutepios da MRGP

destaca-se a vulnerabilidade econocircmica do municiacutepio de Guaraqueccedilaba em relaccedilatildeo

aos demais sobretudo em relaccedilatildeo ao municiacutepio de Paranaguaacute que supera a meacutedia

da regiatildeo A fragilidade econocircmica de Guaraqueccedilaba deriva de vaacuterios aspectos 1) a

dificuldade do acesso agrave aacuterea urbana do municiacutepio considerando que a uacutenica estrada

que liga o municiacutepio a outras localidades natildeo eacute pavimentada e tem uma extensatildeo

de aproximadamente 86 km Outra forma de acesso agrave cidade eacute atraveacutes do mar

pela baiacutea de Guaraqueccedilaba A dificuldade de cesso tem enorme impacto tanto para

escoar a produccedilatildeo local como para obter materiais e equipamentos agrave difusatildeo da

induacutestria quase ou completamente nula 2) a restriccedilatildeo ambiental agrave implantaccedilatildeo de

empresas 3) a falta de poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento do municiacutepio

assinaladas por RAYNAUT et al (2002) na promoccedilatildeo de programas de gestatildeo com

as especificidades locais que fomentem o impulso do trabalho e da renda

TABELA 8 - PIB PER CAPTA DOS MUNICIacutePIOS DA MRGP

MUNICIacutePIO 2013 (R$ 100)3 2014 (R$)

4

Antonina 1851678 17557

Guaraqueccedilaba 861303 8723

Guaratuba 1474865 15004

Matinhos 1648075 17238

Morretes 1390945 13638

Paranaguaacute 4155699 42193

Pontal do Paranaacute 1434381 15040

MRGP 29076 29489

FONTE IBGE IPARDES

A principal fonte de receita dos municiacutepios da MRGP jaacute indicada por

Sulsbach e Denardin (2010) deriva principalmente das transferecircncias correntes

intergovernamentais (Uniatildeo e Estado) o que possibilita um entendimento da

fragilidade na arrecadaccedilatildeo tributaacuteria do setor produtivo

58

Em suma no nosso entendimento a transferecircncia corrente tem o propoacutesito

de manutenccedilatildeo da coisa puacuteblica e do funcionamento da estrutura estatal

Percebemos nesse sentido que um dos maiores empregadores formais direta e

indiretamente da MRGP acaba por ser os governos subnacionais que atuam como

contratadores de serviccedilos temporaacuterios contratos de prestaccedilatildeo de serviccedilos

terceirizados e pessoal concursado (efetivo) aleacutem de contratar serviccedilos

especializados de manutenccedilatildeo de pequenas empresas e materiais de uso diaacuterio

Segundo DIEESE (2015 p 74) a distribuiccedilatildeo de empregos formais por

atividade econocircmica no Brasil entre os anos de 2009 a 2014 apresentou os

seguintes resultados onde destacaremos os principais a) serviccedilos (349) b)

comeacutercio (194) c) induacutestria de transformaccedilatildeo (172) d) administraccedilatildeo puacuteblica

(188) Dessa forma observamos que o setor de serviccedilos aleacutem de expandir as

possibilidades de emprego se manteacutem como o principal setor a contratar

Como jaacute mencionado acima a MRGP possui enorme heterogeneidade em

sua composiccedilatildeo econocircmica especificidades locais e uma distribuiccedilatildeo espacial dos

setores econocircmicos advinda das caracteriacutesticas de cada municiacutepio por vezes

semelhantes como eacute o caso nas aacutereas rurais da produccedilatildeo de farinha de

mandioca13 e da exploraccedilatildeo de produtos de origem vegetal (cipoacute guaricana e

musgo) produccedilatildeo de arroz de banana de palmito14 e de gengibre a cultura do taiaacute

caraacute e mandioca e hora muito distintas como eacute caso do polo industrial de

Paranaguaacute destacando os complexos portuaacuterios de Paranaguaacute e Antonina Assim

como destacamos na economia local da MRGP a exploraccedilatildeo do turismo sobretudo

na orla sul abrangendo os municiacutepios de Guaratuba Matinhos e Pontal do Paranaacute

com maior potencial no veratildeo Em Guaraqueccedilaba o turismo eacute voltado agrave praacutetica da

pesca esportiva que se estende o ano todo movimentando natildeo soacute os restaurantes

e comeacutercio urbanos mas restaurantes e pousadas nas ilhas de Tibicanga Bertgiga

Canudal Barbados e Superagui

O municiacutepio de Paranaguaacute abrange o maior nuacutemero de empresas na regiatildeo

(TABELA 9)15 e eacute destacadamente o maior poacutelo empresarial e industrial com

13

A produccedilatildeo de farinha atinge a MRGP em sua totalidade Ver DENARDIN LAUTERT e RIBAS (2009)lthttpwwwaba-agroecologiaorgbrrevistasindexphpcadarticleviewFile42573236 14

A produccedilatildeo do palmito representou em 2015 cerca de 6872 (3233 toneladas) da produccedilatildeo estadual e a banana correspondeu a 4484 (91284 cachostoneladas) do Estado IPARDES) 15

Houve variaccedilatildeo nos nuacutemeros entre as tabelas 9 e 10 pois a montagem da tabela 10 ocorreu dias apoacutes a montagem da tabela 9

59

4691 das Empresas Ativas 467 das MPE (Micro e Pequena Empresa) e

4548 dos MEI (Microempreendedor Individual) da MRGP Outra caracteriacutestica

particular eacute o municiacutepio de Guaraqueccedilaba que apresenta o menor quadro

empresarial com 129 das Empresas ativas 125 das MPE ativas e 162 do

MEI do total da regiatildeo

TABELA 9 - NUacuteMERO DE EMPRESAS NA MRGP (MAIO2016)

MUNICIacutePIO EMPRESAS ATIVAS MPE MEI

Antonina 1832 1705 571 Guaraqueccedilaba 462 427 193 Guaratuba 4788 4586 1569 Matinhos 5185 4912 1799 Morretes 1926 1831 510 Paranaguaacute 16800 15832 5394 P do Paranaacute 4817 4604 1823

Total 35810 33897 11859

FONTE FOacuteRUM PERMANENTENatildeo foi possiacutevel localizar dados em bases estatiacutesticas de anos

anteriores

As empresas compotildeem um quadro diversificado na economia da regiatildeo e a

participaccedilatildeo por atividade econocircmica nos municiacutepios pressupotildee certo dinamismo da

economia com destaque ao setor de comeacutercio e serviccedilos

Abaixo (TABELA 10) estatildeo as atividades econocircmicas desenvolvidas na

MRPG e a participaccedilatildeo das MPE e MEI na dinacircmica econocircmica

TABELA 10 - ATIVIDADES ECONOcircMICAS DESENVOLVIDAS NA MRGP (maio2016) continua

ATIVIDADE ECONOcircMICA COM BASE NO CNAE16

EMP ATIVAS MPE MEI

Agricultura pecuaacuteria prod Florestal pesca e aquicultura 93 59 11 Induacutestrias extrativistas 39 38 0 Induacutestria de transformaccedilatildeo 2483 2351 1076 Aacutegua esgoto atividades de resiacuteduos e descontaminaccedilatildeo 121 110 39 Construccedilatildeo 2067 2418 1323 Comeacutercio reparaccedilatildeo de veiacuteculos automotores e motocicleta 15410 14693 4044 Transporte armazenagem e correio 1865 1654 340 Alojamento e alimentaccedilatildeo 6911 6681 2469 Informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo 334 312 89 Atividades financeiras de seguros e serv relacionados 22 18 0

16

A Classificaccedilatildeo Nacional de Atividades Econocircmicas (CNAE)

60

TABELA 10 - ATIVIDADES ECONOcircMICAS DESENVOLVIDAS NA MRGP (maio2016)

conclusatildeo

ATIVIDADE ECONOcircMICA COM BASE NO CNAE17

EMP ATIVAS MPE MEI

Atividades imobiliaacuterias 203 172 0 Atividades profissionais cientiacuteficas e teacutecnicas 792 718 235 Atividades Administrativas e serviccedilos complementares 1826 1722 536 Educaccedilatildeo 465 443 175 Sauacutede humana e serviccedilo social 308 282 12 Arte cultura esporte e recreaccedilatildeo 394 374 115 Outras atividades e serviccedilos 1868 1757 1324 Serviccedilos domeacutesticos 76 57 57

Total 35277 33859 11845

FONTE FOacuteRUM PERMANENTE

Observamos (TABELA 10) que as principais atividades desenvolvidas pelo

MEI na MRGP satildeo as seguintes Comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos automotores e

motocicletas (3414) alojamento e alimentaccedilatildeo (2084) outras atividades e

serviccedilos (1117) construccedilatildeo (1116) induacutestria de transformaccedilatildeo (908)

As atividades na economia desenvolvidas na MRGP possuem aspectos

importantes na comparaccedilatildeo entre os setores primaacuterio secundaacuterio e terciaacuterio Como

observado na tabela acima veremos que o setor terciaacuterio abrange uma parcela

significativa das empresas da regiatildeo Do total das Empresas Ativas 926

enquadram-se no setor de comeacutercio e serviccedilos as Micro e Pequenas Empresas

alocadas no setor terciaacuterio representam 928 e os Microempreendedores

Individuais formalizados somam 909 nesse setor Conveacutem ressaltar que nas

anaacutelises de Nogueira e Pereira (2015 p 41) ―[] em 2011 as empresas de pequeno

porte ndash incluindo uma ainda diminuta parcela de MEI ndash representavam quase 98

do total de empresas no paiacutes e ocupavam mais da metade dos trabalhadores

formais

Eacute importante ressaltar que a demanda pelo setor terciaacuterio acompanha um

fluxo de mercado agregado aos outros dois setores da economia e o crescente

volume dos serviccedilos se evidenciam nos processos de flexibilizaccedilatildeo do trabalho das

modificaccedilotildees nas suas relaccedilotildees e no deslocamento do arqueacutetipo do trabalho no

qual o trabalhador passa de um trabalhador fabril para a categoria de um

trabalhador de serviccedilos apontado por Superville e Quintildeones (2000) Para esses

autores a expansatildeo do setor de serviccedilos seguiu simultaneamente ao processo de

17

A Classificaccedilatildeo Nacional de Atividades Econocircmicas (CNAE)

61

crescimento da informalidade e da prestaccedilatildeo de serviccedilos com pouca qualificaccedilatildeo (p

61)

Entendemos que para uma anaacutelise da informalidade eacute necessaacuterio considerar

sua heterogeneidade e a proporccedilatildeo da sua relaccedilatildeo e participaccedilatildeo no mercado

assim como as assimetrias manifestadas nas formas de exploraccedilatildeo da forccedila de

trabalho e na precarizaccedilatildeo da classe trabalhadora (ANTUNES 2011)

32 A INSTITUCIONALIDADE MEI NA MRGP

Ao definir aspectos legais para o enfrentamento do problema da

informalidade no Brasil atraveacutes de leis regulamentares e regras especiacuteficas que

asseguram direitos estabelecidos na Constituiccedilatildeo federal de 1988 o Estado

brasileiro reconheceu a necessidade de normatizar benefiacutecios e deveres agraves micro e

pequenas empresas e empreendedores individuais procurando reverter o quadro de

informalidade e precariedade nas condiccedilotildees de trabalho e de garantias de

seguridade social

Para a implantaccedilatildeo da Poliacutetica Puacuteblica no nosso entendimento alguns

aspectos devem ser considerados 1) descrever as suas circunstacircncias de modo que

suas propostas sejam claras 2) adaptaccedilatildeo dos aparelhos sociais e do Estado que

possam ser vinculados agrave Poliacutetica Puacuteblica 3) capacidade de articulaccedilatildeo e

compreensatildeo do processo e dos temas debatidos pelos diversos atores envolvidos

(OLIVEIRA 2013 p 284)

Nesse contexto admite-se natildeo somente subordinaccedilatildeo agrave Poliacutetica mas um

quadro de compreensatildeo e reconhecimento da sua legitimidade constituindo dessa

maneira uma institucionalidade

Para institucionalidade devemos considerar trecircs aspectos importantes 1)

instituiccedilotildees 2) ambiente institucional 3) arranjos institucionais

As Instituiccedilotildees descritas por Fiani (2013 p 8) ―satildeo as regrasformais e natildeo

formais que regulam as interaccedilotildees sociaisDesta feita como demonstra o autor a

criaccedilatildeo de estruturas regulamentares de normatizaccedilatildeo de procedimentos formais e a

interaccedilatildeo com o estabelecimento das relaccedilotildees subterracircneas que se desenvolvem

diante do dia- a dia na sociedade descrevem o ambiente institucional ou seja satildeo

as ―[] regras poliacuteticas sociais e legais mais baacutesicas e gerais que estabelecem o

fundamento para o funcionamento do sistema econocircmico (FIANI 2013 p 8) Os

62

arranjos institucionais por sua vez segundo esse autor satildeo as regras

particularmente constituiacutedas pelos sujeitos e que por sua vez estabelecem as

relaccedilotildees poliacuteticas sociais e econocircmicas

Para Fiani (2013) eacute inquestionaacutevel que as poliacuteticas puacuteblicas afetam a vida

dos sujeitos A sua implicaccedilatildeo nesse sentido interfere em modus operandi diverso

ao cotidiano das relaccedilotildees instituiacutedas nos arranjos preestabelecidos pois uma accedilatildeo

do Estado que remete a uma reorganizaccedilatildeo do aparato institucional pode alterar as

relaccedilotildees socioeconocircmicas e poliacuteticas locais

O estabelecimento de um aporte ou adaptaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo institucional

(ALBUQUERQUE 1997 FIANI 2013) que possibilite accedilotildees conjuntas entre

instituiccedilotildees puacuteblicas quanto privadas no processo de otimizaccedilatildeo do

desenvolvimento e manutenccedilatildeo das propostas de uma poliacutetica puacuteblica de

desenvolvimento de categorias especiacuteficas ou bases produtivas adquire capacidade

de assegurar melhor eficiecircncia e dar melhores respostas aos objetivos da poliacutetica

puacuteblica

Schneider (2005) explica que a problematizaccedilatildeo formulaccedilatildeo e

implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas para enfrentamento de problemas natildeo se

encontra mais exclusivamente ao setor estatal na qual estaria em curso a

policentralidade na concepccedilatildeo da Poliacutetica Puacuteblica O autor parte da perspectiva de

rede de poliacuteticas puacuteblicas na qual problemas relativamente puacuteblicos tambeacutem podem

ter interferecircncia do setor privado e a sua interaccedilatildeo Como demonstra o autor

a problematizaccedilatildeo e o processamento poliacutetico de um problema social (Mayntz 1982) natildeo eacute mais um assunto exclusivo de uma hierarquia governamental e administrativa integradasenatildeo que se encontra em redes nas quais estatildeo envolvidas organizaccedilotildees tanto puacuteblicas quanto privadas (SCHNEIDER 2005 p 37)

No entanto como observa Moraes (2003) mesmo com essa nova

configuraccedilatildeo pluralista e policecircntrica das relaccedilotildees poliacuteticas o Estado continua sendo

o protagonista do processo seja pela accedilatildeo reguladora e normatizadora seja pela

legitimidade constitucional A legitimidade se faz presente pela administraccedilatildeo

puacuteblica18

Igualmente acrescenta-se nas palavras de Fiani (2013 p 7) que ―[] os

arranjos institucionais apresentam grande importacircncia para a formulaccedilatildeo de poliacuteticas

18

Sobre Administraccedilatildeo Puacuteblica ver BOBBIO N et al Brasiacutelia UnB 1998

63

de desenvolvimento em especial para as poliacuteticas que demandam cooperaccedilatildeo por

parte de agentes privados Ainda segundo Albuquerque (1997)a interaccedilatildeo entre os

agentes puacuteblicos e privados constitui um novo cenaacuterio dentro de uma nova

perspectiva de adaptaccedilatildeo que necessita de coordenaccedilatildeo institucional

Consideramos que dentro desse contexto as mudanccedilas e perspectivas

inovadoras tanto no campo teacutecnico quanto no campo organizacional exigem ―[]

adaptaccedilotildees institucionais para melhorar as atuaccedilotildees do setor puacuteblico e do conjunto

de empresas e atores sociais territoriais (idem p 01) Segue o autor

[] todo processo de desenvolvimento local requer uma programaccedilatildeo minuciosa que integre e ordene linhas de atuaccedilatildeo e recursos orientados a objetivos da participaccedilatildeo estrateacutegica entre diferentes agentes sociais locais puacuteblicos e privados A criaccedilatildeo compartilhada entre os agentes locais de um ―entorno territorial que facilite a inovaccedilatildeo do tecido produtivo e empresarial constitui um aspecto crucial da estrateacutegia de desenvolvimento (ALBUQUERQUE 1997 p 1)

Pensando localmente na interpretaccedilatildeo do SEBRAE ―o ambiente

institucional [] pode ser entendido como o conjunto de instituiccedilotildees de que um dado

municiacutepio se dotou para que a atividade dos indiviacuteduos aleacutem de compatiacutevel com a

sobrevivecircncia da comunidade seja tambeacutem convergente com a execuccedilatildeo dos

objetivos comuns (SEBRAE 2013)

A estabilidade a preservaccedilatildeo e equiliacutebrio das instituiccedilotildees (das regras

formais e informais) oferecem credibilidade e legitimidade agraves accedilotildees do Estado

As Instituiccedilotildees Poliacuteticas especificamente tem como objetivo mediar

interferir organizar gerir o processo democraacutetico bem como quando

necessaacuterioprotagonizar poliacuteticas flexiacuteveis de decisatildeo em relaccedilotildees inerentes a

sociedade numa tarefa de disciplinar regras que insiram sobre os indiviacuteduos direitos

contidos na Constituiccedilatildeo Federal

Exemplificamos assim uma caracteriacutestica nesse contexto do processo

poliacutetico eacute a intervenccedilatildeo estatal inferindo sobre a economia no sentido de aliviar

distorccedilotildees ocorridas pelo mau funcionamento do mercado atraveacutes de poliacuteticas

puacuteblicas que estabelecem regras e diretrizes na qual o poder19poliacuteticopuacuteblico20 eacute o

protagonista no processo Para Oliveira (2008 p 59)

19

Para compreender o processo de dominaccedilatildeo e legitimaccedilatildeo do Poder consideramos as anaacutelises de FRANCcedilOIS CHAZEL in Boudon e Curvelo (1996) 20

BOBBIO N Et al Dicionaacuterio de poliacutetica Brasiacutelia UnB 1998

64

O poder nasce com o indiviacuteduo mas passa aos grupos e afinal ao Estado pelo processo de institucionalizaccedilatildeo A concentraccedilatildeo de poder eacute um fenocircmeno espontacircneo na sociedade nascida da necessidade de atender a interesses que demandam escala meta individual Satildeo as concentraccedilotildees de poder que estabilizadas pelo consenso e pelo costume levam ao surgimento das instituiccedilotildees poliacuteticas

Ao observarmos a histoacuteria do sistema capitalista assinalamos que em todos

os momentos de instabilidade e fragilidade econocircmica culminando na inseguranccedila

social subsiste a forte presenccedila do Estado com possibilidades de equacionar as

deformaccedilotildees ocasionadas pelo sistema e que de maneira inexoraacutevel afetam as

vidas das pessoas apontando dessa maneira certa ineacutercia do mercado em

resoluccedilotildees dessa natureza

Fiani (2001 p 2) nos diz que a intervenccedilatildeo do Estado o qual ele denomina

de regulaccedilatildeo e desregulaccedilatildeo eacute ―integrada e condicionada pelos processos de

natureza histoacuterica e poliacutetica que afetam o conjunto da sociedade Nesse contexto a

regulaccedilatildeo e desregulaccedilatildeo estatal dependem de comportamento poliacutetico social e

econocircmicoMuito embora o fator de regulaccedilatildeo esteja mais vinculado agraves atividades

econocircmicas as decisotildees satildeo tomadas na esfera poliacutetica

A Lei Geral de 2006 ndash lei de normatizaccedilatildeo das MPE (LC 12306) - a

exemplo aleacutem de fomentar o desenvolvimento local foi uma accedilatildeo regulamentadora

do Estado Brasileiro em buscar alternativa em equacionar deformidades na

economia do trabalho e assim reverter o processo de alargamento do setor

informal Certamente que a regulamentaccedilatildeo de setores da economia eacute uma forma

de regular e disciplinar accedilotildees

Cabe ressaltar que a Lei 12306 submeteu algumas instituiccedilotildees agrave adequaccedilatildeo

administrativa para assegurar o funcionamento dessa Poliacutetica Puacuteblica assim como

instituiu oacutergatildeos de gestatildeo com competecircncias deliberativas e regulamentadoras que

dispotildeem de jurisdiccedilatildeo sobre tributaccedilatildeo e legalizaccedilatildeo das empresas Essa lei

estabelece inicialmente a criaccedilatildeo de trecircs oacutergatildeos a tiacutetulo dessas competecircncias

Art 2

o O tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado agraves

microempresas e empresas de pequeno porte de que trata o art 1o desta

Lei Complementar seraacute gerido pelas instacircncias a seguir especificadas I - Comitecirc Gestor do Simples Nacional vinculado ao Ministeacuterio da Fazenda composto por 4 (quatro) representantes da Secretaria da Receita Federal do Brasil como representantes da Uniatildeo 2 (dois) dos Estados e do Distrito Federal e 2 (dois) dos Municiacutepios para tratar dos aspectos tributaacuterios

65

II - Foacuterum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte com a participaccedilatildeo dos oacutergatildeos federais competentes e das entidades vinculadas ao setor para tratar dos demais aspectos ressalvado o disposto no inciso III do caput deste artigo III - Comitecirc para Gestatildeo da Rede Nacional para Simplificaccedilatildeo do Registro e da Legalizaccedilatildeo de Empresas e Negoacutecios - CGSIM vinculado agrave Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidecircncia da Repuacuteblica composto por representantes da Uniatildeo dos Estados e do Distrito Federal dos Municiacutepios e demais oacutergatildeos de apoio e de registro empresarial na forma definida pelo Poder Executivo para tratar do processo de registro e de legalizaccedilatildeo de empresaacuterios e de pessoas juriacutedicas

21 (BRASIL 2006)

321 O Comitecirc Gestor Municipal na MRGP

Na adequaccedilatildeo municipal agrave Lei Geral e suas alteraccedilotildees (LC 12808 e LC

14714) com o propoacutesito de estimular o ambiente institucional as prefeituras em

parcerias com o SEBRAE criaram Comitecircs Gestores Municipais22 (CGM) com a

proposta de ―[] implementar e acompanhar a aplicaccedilatildeo [] da Lei Complementar

Federal nordm 1232006 na redaccedilatildeo dada pela Lei Complementar Federal nordm 1282008

(PARANAGUAacute Dec 88713 art 1ordm) Os Comitecircs Gestores Municipais satildeo oacutergatildeos

de ―natureza colegiada para coordenar a poliacutetica relativa agrave micro e pequena empresa

no municiacutepio (SEBRAE 2013 p 61) e satildeo integrados por sujeitos da administraccedilatildeo

puacuteblica e de setores da sociedade civil

No modelo institucional adotado pelo CGM estaacute previsto o viacutenculo e parceria

entre Instituiccedilotildees Poliacuteticas (Federal Estadual e Municipal) Instituiccedilotildees Mercantis e

Instituiccedilotildees de Produccedilatildeo

As Instituiccedilotildees Poliacuteticas nesse contexto especiacutefico satildeo representadas pelo

Governo Local atraveacutes das suas secretarias e a Sala do Empreendedor no Governo

Federal e Estadual atraveacutes de Instituiccedilotildees de creacutedito e de educaccedilatildeo

Os municiacutepios da MRGP que estabeleceram CGM satildeo Paranaguaacute Pontal do

Paranaacute e Matinhos Estes aderiram ao Programa Cidade Empreendedora em

formato integral e com isso possuem assessoramento contiacutenuo junto ao SEBRAE

seja na forma de capacitaccedilatildeo dos agentes puacuteblicosseja na forma de consultoria

para os MEI e MPE Para o SEBRAE

21

O inciso III do sect 2ordm da PLC 12306 foi incluiacutedo pela LC 1472014 22

Utilizarei a sigla CGM para designar Comitecirc Gestor Municipal

66

O Comitecirc Gestor Municipal eacute a forma pela qual este projeto de institucionalizaccedilatildeo da lei geral seraacute implantado e controlado O Comitecirc poderaacute ser constituiacutedo de atores (instituiccedilotildees pessoas) que compotildeem o poder puacuteblico municipal associaccedilotildees representantes da sociedade etc e deveraacute conduzir a institucionalizaccedilatildeo da lei geral de forma a obter o melhor ambiente possiacutevel para os empreendedores individuais e micro e pequenas empresas (SEBRAE 2013 p 12)

O municiacutepio de Paranaguaacute em 2013 criou o Comitecirc Gestor Municipal sob o

Decreto Municipal 88713 composto por seguimentos representantes dos setores

puacuteblico e privado conforme listados no quadro abaixo (QUADRO 4)

QUADRO 4 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PARANAGUAacute PARA ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS ALTERACcedilOtildeES

FONTE Decreto Municipal Paranaguaacute n 887 de 25 out 2013

Por finalidade segundo o referido Decreto o CGM teraacute que implementar e

acompanhar a aplicaccedilatildeo da Lei Municipal 080 de 06 marccedilo de 2008 que oferece

regime juriacutedico tributaacuterio simplificado e diferenciado agraves micro e pequenas empresas

no acircmbito municipal alinhando-se agrave LC 12306 Dentre as competecircncias do CGM de

Paranaguaacute estatildeo

Art 2o O tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado agraves

microempresas e empresas de pequeno porte de que trata o art 1o desta

Lei Complementar seraacute gerido pelas instacircncias a seguir especificadas I - Acompanhar a regulamentaccedilatildeo e a implementaccedilatildeo do Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte no Municiacutepio inclusive promovendo medidas de integraccedilatildeo e coordenaccedilatildeo entre os oacutergatildeos puacuteblicos e privados interessados II - orientar e assessorar a formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da poliacutetica municipal de desenvolvimento das microempresas e empresas de pequeno porte III - Acompanhar as deliberaccedilotildees e os estudos desenvolvidos no acircmbito do Foacuterum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte do

CONTROLADORIA GERAL

SECRETARIAS MUNICIPAIS

SALA DO EMPREENDEDOR

ASSOCIACcedilAtildeO COMERCIAL E EMPRESARIAL DE PARANAGUAacute

SITEMA DE CREacuteDITO

SENAIFIEP

INSTITUTO FEDERAL DO PARANAacute

CAcircMARA MUNICIPAL

SINDICATO DOS CONTABILISTAS DE PARANAGUAacute

67

Foacuterum Estadual da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte e do Comitecirc para Gestatildeo da Rede Nacional para a Simplificaccedilatildeo do Registro e da Legalizaccedilatildeo de Empresas e Negoacutecios IV - Sugerir eou promover accedilotildees de apoio ao desenvolvimento da microempresa e da empresa de pequeno porte local ou regional(Paranaguaacute 2008 art 1ordm incisos I II III e IV)

Em Paranaguaacute o CGM atua de maneira articulada envolvendo todos os

atores nas estrateacutegias voltadas ao segmento empresarial e empreendedor local

inclusive com organizaccedilotildees do ―Sistema S como o SEBRAE e o SENAI que atuam

na aacuterea de capacitaccedilatildeo e formaccedilatildeo desses segmentos econocircmicos

As estrateacutegias satildeo colocadas em praacutetica em conformidade com a

capacidade orccedilamentaacuteria disponibilizada para este fim Nesse caso o orccedilamento

descrito no Plano Plurianual do municiacutepio para o ―Programa de Geraccedilatildeo de Emprego

e Renda entre os anos de 2014 a 2017 tem como foco

Apoio aos pequenos e microempreendedores cooperativas e outras formas associativas de produccedilatildeo desburocratizando o processo de criaccedilatildeo de novos empreendimentos Promoccedilatildeo de projetos inovadores Desenvolvimento e integraccedilatildeo de pequenas meacutedias e grandes empresas e induacutestrias estimulando a formaccedilatildeo de cadeias produtivas para induzir o crescimento ordenado e sustentaacutevel (PARANAGUAacute 2013 p 163)

Dentre as accedilotildees estabelecidas no Plano Plurianual 2014-2017 estatildeo a)

capacitaccedilatildeo para o primeiro emprego b) treinamento para os desempregados c)

prestaccedilatildeo de atendimento ao trabalhador

Quanto agrave capacitaccedilatildeo e treinamento perfeitamente compete ao CGM

articular accedilotildees envolvendo entidades do sistema S como o SEBRAE e o SENAI que

possuem competecircncias teacutecnicas para atender a demanda

Assim como Paranaguaacute a Sala do Empreendedor em Pontal do Paranaacute

subordinado diretamente agrave Secretaria Municipal de Desenvolvimento eacute o

departamento mais atuante do CGM no apoio ao MEI tanto pela sua posiccedilatildeo

estrateacutegica em que o agente de desenvolvimento atua diretamente com o MEI

quanto pela articulaccedilatildeo com os outros oacutergatildeos e secretarias municipais

O CGM de Pontal do Paranaacute foi instituiacutedo pelo Decreto municipal 54812015

e dentre os objetivos relatado pelo Secretaacuterio de Desenvolvimento estaacute o de

coordenar os trabalhos de assistecircncia ao microempreendedor em aspectos

relacionados agrave formalizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo a processos licitatoacuterios

68

QUADRO 5 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PONTAL DO PARANAacute PARA ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS ALTERACcedilOtildeES

FONTE Decreto Municipal Pontal do Paranaacute n 5481 de 23 dez 2015

Ainda segundo relatos do Secretaacuterio Municipal no iniacutecio da criaccedilatildeo do

Comitecirc Gestor houve divergecircncias falta de colaboraccedilatildeo e dificuldade no

entendimento da proacutepria Lei Geral e sobretudo das LC 12806 e LC 14714 poreacutem

com o amadurecimento das ideias em torno dos objetivos do CGM e das estrateacutegias

adotadas houve ganho de credibilidade dos oacutergatildeo puacuteblicos

A LC 14714 comenta o secretaacuterio era interpretada de formas diferentes

pelos oacutergatildeos O Corpo de Bombeiros a exemplo era muito resistente em se adaptar

ao disposto no art 4ordm sect 3ordm da referida lei que tratava sobre isenccedilatildeo total para a

abertura de empresa para o microempreendedor individual o que acarretava

divergecircncias na leitura e interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo

Ressalvado o disposto nesta Lei Complementar ficam reduzidos a 0 (zero) todos os custos inclusive preacutevios relativos agrave abertura agrave inscriccedilatildeo ao registro ao funcionamento ao alvaraacute agrave licenccedila ao cadastro agraves alteraccedilotildees e procedimentos de baixa e encerramento e aos demais itens relativos ao Microempreendedor Individual incluindo os valores referentes a taxas a emolumentos e a demais contribuiccedilotildees relativas aos oacutergatildeos de registro de licenciamento sindicais de regulamentaccedilatildeo de anotaccedilatildeo de responsabilidade teacutecnica de vistoria e de fiscalizaccedilatildeo do exerciacutecio de profissotildees regulamentadas (BRASIL 2014 art 4ordm sect3ordm)

A Associaccedilatildeo das Micro e pequenas Empresas do Litoral do Paranaacute

(AMPEC Litoral) relatou das dificuldades quanto agraves licitaccedilotildees e a capacidade dos

―menores em participar do processo Na posiccedilatildeo do entrevistado2 o municiacutepio se

revela em suas palavras ―mau pagador e tem ateacute 90 dias para efetuar o

pagamento23 tornando inviaacutevel para a maioria dos microempreendedores fornecer

ao municiacutepio O argumento eacute de que grande parte dos MEI natildeo possui capital

23

O art 73 sect 3ordm da Lei nordm 8666 de21 jun 1993 estabelece o prazo de noventa dias para que o objeto executado seja pago pela Administraccedilatildeo Puacuteblica contratante

SECRETARIAS MUNICIPAIS

AMPEC - LITORAL

ACIAPAR

ASSOCIACcedilAtildeO DOS ARTESAtildeO

SISTEMA DE CREacuteDITO

CENTRO DE ESTUDOS DO MAR

CONTADORES DE PONTAL DO PARANAacute

69

suficiente e capacidade econocircmica para suportar um prazo tatildeo longo para receber

os serviccedilos prestados

O CGM do municiacutepio de Matinhos apresentou caracteriacutesticas muito

peculiares em relaccedilatildeo aos de Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute Segundo o

entrevistado5 havia muitas divergecircncias dentro do CGM sobretudo quando as

decisotildees tomadas coletivamente natildeo continham energia suficiente para colocaacute-las

em praacutetica

QUADRO 6 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM DE MATINHOS

FONTE Decreto Municipal Matinhos n 441 de 30 jul 2013

Outro ponto que dificultava as tomadas de decisotildees com base na demanda

legal e de aspectos ligados agrave Lei Geral era o fato da pouca compreensatildeo pelos

sujeitos envolvidos nas finalidades e propostas da Poliacutetica Puacuteblica em questatildeo

Sobre este e os problemas da implementaccedilatildeo da Poliacutetica Puacuteblica Lima e Dlsquo Ascenzi

(2013) em suas anaacutelises apresenta alguns pontos importantes

[] em primeiro lugar haacute uma multiplicidade de atores de diferentes tipos de organizaccedilotildees com interesses diversos que satildeo agregados para operar a poliacutetica Tais atores interagem em uma trajetoacuteria de pontos de decisatildeo nos quais suas perspectivas se expressam Em segundo lugar os atores mudam com o passar do tempo Isso faz que a interaccedilatildeo tambeacutem mude pois mudam as perspectivas e a percepccedilatildeo que um ator tem do outro Essa mudanccedila de atores insere pontos de descontinuidade e de necessidade de novas e mais negociaccedilotildees(LIMA Dlsquo ASCENZI 2013 p 103)

322 Salas do Empreendedor e o Agente de Desenvolvimento

A sala do Empreendedor parceria entre os cinco municiacutepios citados do

litoral paranaense e o SEBRAE tem funccedilotildees especiacuteficas tanto no atendimento ao

MEI quanto agraves MPE Os serviccedilos vatildeo desde a desburocratizaccedilatildeo e formalizaccedilatildeo ateacute

a consultoria de gestatildeo e financcedilas que satildeo realizadas gratuitamente pelos Agentes

de Desenvolvimento e por consultores do SEBRAE A ―Sala eacute uma adaptaccedilatildeo do

Secretaria Municipal de Turismo e Desenvolvimento Econocircmico

Secretaria Municipal de Administraccedilatildeo

Secretaria Municipal de Planejamento

Sindicato dos Contabilistas

Federaccedilatildeo do Comeacutercio do Paranaacute - FECOMEacuteRCIO

Associaccedilatildeo Comercial e Empresarial de Matinhos - ACIMA

70

SEBRAE ao Programa Cidade Empreendedora24 e tem como objetivo segundo esta

Instituiccedilatildeo de a) incentivar a legalizaccedilatildeo de negoacutecios informais b) facilitar a

abertura de novas empresas c) regularizar as atividades informais aleacutem de apoiar o

MEI quanto agrave formalizaccedilatildeo e informaccedilotildees necessaacuterias relativas agraves especificidades

da sua atuaccedilatildeo como MEI formalizado Segundo o portal do Municiacutepio de Pontal do

Paranaacute satildeo ofertados os serviccedilos de

a) Atendimento presencial individual

b) Orientaccedilatildeo de controles - Caixa e Vendas

Palestras

c) Orientaccedilatildeo sobre direitos e obrigaccedilotildees

d) Programa Negoacutecio a Negoacutecio

Os Agentes de Desenvolvimento25 satildeo funcionaacuterios dos quadros das

prefeituras que recebem treinamento pelo SEBRAE com vistas a assumirem

responsabilidades co-participativas na implementaccedilatildeo da Lei Geral dentro dos

municiacutepios de atuaccedilatildeo Esses atores da administraccedilatildeo puacuteblica direta podem

constituir elementos estrateacutegicos na dinacircmica das ideias de desenvolvimento local

sobretudo no apoio agrave evoluccedilatildeo e estruturaccedilatildeo das micro e pequenas empresas

futuros empreendedores e empreendedores que jaacute atuam

Esses agentes possibilitam o entendimento na inovaccedilatildeo da administraccedilatildeo

puacuteblica quanto agrave movimentaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo dos recursos humanos inicialmente

em seus quadros de pessoal que atende agraves demandas de transformaccedilotildees ocorridas

nas dimensotildees sociais econocircmicas e poliacuteticas a partir do pressuposto que estas

trecircs dimensotildees estatildeo associadas

1) Social ndash promovida principalmente pela ―revoluccedilatildeo expansatildeo

tecnoloacutegica e pela globalizaccedilatildeo

24

Programa do SEBRAE tem como objetivo ―potencializar a implementaccedilatildeo e institucionalizaccedilatildeo da Lei Geral visando agrave melhoria do ambiente de negoacutecios para o Microempreendedor Individual e para as micro e pequenas empresas contribuindo dessa forma com a geraccedilatildeo de emprego e renda (SEBRAE 2013 p 9) lthttpsitesprsebraecombrleigeralwp-contentuploadssites35201402Termo_referencia_2013-2ultimaversaopdfgtgt 25

Para Albuquerque (1997) o processo de desenvolvimento exige a movimentaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo dos recursos humanos e estes devem ser vistos como peccedilas decisivas e natildeo somente como ferramentas ou objeto de produccedilatildeo mas sim como elementos chaves e atores importantes no desenvolvimento

71

2) Econocircmica ndash pelas contradiccedilotildees econocircmicas do sistema neoliberal que

culminaram com a falecircncia da estrutura de produccedilatildeo fabril abrindo

espaccedilo para o setor terciaacuterio

3) Poliacutetica ndash no Estado Democraacutetico de Direito a participaccedilatildeo mais efetiva

de movimentos sociais nas questotildees puacuteblicas altera aspectos e

mecanismos antigos da poliacutetica sobre maneira na perspectiva do

controle social e no quadro decisoacuterio

Em nossos estudos percebemos que a criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas

favoraacuteveis ao desenvolvimento regional e local assim como o estabelecimento de

convecircnio e parceria com entidades ligadas ao desenvolvimento das capacidades

locais depende de alguns elementos 1) Estrutura municipal 2) A maturidade do

municiacutepio com relaccedilatildeo agraves concepccedilotildees de desenvolvimento local 3) O tema de

desenvolvimento local estar na pauta do municiacutepio (prioridades de gestatildeo) 4)

Definiccedilatildeo de estrateacutegias por conta da administraccedilatildeo de recursos 5) A maturidade do

empresariado local

323 Accedilotildees regulares coordenadas pelos municiacutepios de incentivo ao MEI

Os municiacutepios que estabelecem parcerias com o SEBRAE possuem

algumas accedilotildees planificadas em virtude da proacutepria capacitaccedilatildeo dos agentes puacuteblicos

envolvidas no processo de implementaccedilatildeo das poliacuteticas de desenvolvimento e do

convecircnio que prevecirc essas accedilotildees Muito embora a expansatildeo de accedilotildees que

melhorem o ambiente de fomento fica a criteacuterio dos municiacutepios Abaixo (QUADRO

9) descrevemos algumas accedilotildees adotadas pelas prefeituras na MRGP

QUADRO 7 - ACcedilOtildeES REGULARES DE APOIO AO MEI NA MRGP continua

MUNICIacutePIO ACcedilOtildeES REGULARES

ANTONINA - Habilitaccedilatildeo ao sistema Empresa Faacutecil

GUARAQUECcedilABA - Habilitaccedilatildeo ao sistema Empresa Faacutecil

72

QUADRO 7 - ACcedilOtildeES REGULARES DE APOIO AO MEI NA MRGP conclusatildeo

MUNICIacutePIO ACcedilOtildeES REGULARES

GUARATUBA - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil - A ACIG estaacute estudando para abrir espaccedilo de associaccedilatildeo para o MEI com parcelas de contribuiccedilatildeo reduzida que pode chegar a 50 a menos do valor cobrado

MATINHOS - Atendimento na Sala do Empreendedor pelo agente do SEBRAE na aacuterea de financcedilas planejamento e gestatildeo (uma vez por mecircs) - Feira da Lua organizada pela AMPEC serve de exposiccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de produtos e serviccedilos ofertados pelos MEI aleacutem de orientaccedilatildeo e consultoria oferecida pelo SEBRAE - Semana do Microempreendedor Individual organizado pelo SEBRAE acontece anualmente e tem como propoacutesito consultorias e orientaccedilotildees ao MEI - Palestras do Programa SEI para o MEI ofertadas pelo SEBRAE - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil - Na ACIMA para se associar o MEI contribui com parcelas reduzidas obtendo todos os serviccedilos disponibilizados pela associaccedilatildeo

PARANAGUAacute - Atendimento na Sala do Empreendedor pelo agente do SEBRAE na aacuterea de financcedilas planejamento e gestatildeo (a cada 15 dias) - Feira da Lua serve de exposiccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de produtos e serviccedilos ofertados pelos MEI aleacutem de orientaccedilatildeo e consultoria oferecida pelo SEBRAE - Semana do Microempreendedor Individual organizado pelo SEBRAE acontece anualmente e tem como propoacutesito consultorias e orientaccedilotildees ao MEI - Palestras do Programa SEI para o MEI ofertadas pelo SEBRAE - Cursos de curta duraccedilatildeo oferecidos pelo SEBRAE atraveacutes de consultoria para a capacitaccedilatildeo e creacutedito que satildeo intermediados junto a Sala do Empreendedor - Articulaccedilatildeo da Sala do Empreendedor com Instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas na constituiccedilatildeo de creacutedito como na capacitaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo - Cursos de capacitaccedilatildeo de fornecimento e compra com o objetivo de identificaccedilatildeo de fornecedores dentro do municiacutepio e que sejam aptos a participarem de processos licitatoacuterios - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil - Na ACIAPAR para se associar o MEI contribui com parcelas reduzidas obtendo todos os serviccedilos disponibilizados pela associaccedilatildeo

PONTAL DO PARANAacute - Palestras do Programa SEI para o MEI ofertadas pelo SEBRAE - Atendimento na Sala do Empreendedor pelo agente do SEBRAE na aacuterea de financcedilas e planejamento (uma vez por mecircs) - Palestras para os vendedores ambulantes com o objetivo de orientaccedilatildeo agrave formalizaccedilatildeo - A Feira da Lua que ocorre no balneaacuterio de Sta Terezinha atraveacutes de parceria com a prefeitura o BB o SEBRAE realizam serviccedilos de consultoria gratuitamente - Cursos em parceria entre Prefeitura e ACIAP para vendedores e compradores - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil

FONTE Salas do empreendedor de Matinhos Pontal do Paranaacute Paranaguaacute e Morretes

A planificaccedilatildeo de algumas accedilotildees pelo sistema SEBRAE se traduz por um

lado na pouca experiecircncia municipal em estrateacutegias de desenvolvimento e por

73

outro lado a substituiccedilatildeo dos governos locais que podem alterar determinadas

estrateacutegias poreacutem as adotadas pela parceria entre o municiacutepio e o SEBRAE ficam

imunes agraves mudanccedilas

Ressaltamos que uma das accedilotildees do Estado importante para facilitar a

legalizaccedilatildeo e a expediccedilatildeo de registro de maneira desburocratizada da empresa eacute a

criaccedilatildeo da Rede Nacional para a Simplificaccedilatildeo do Registro e da Legalizaccedilatildeo de

Empresas e Negoacutecios (REDESIM) instituiacuteda pela Lei 1159807 Sublinhamos que a

partir desta lei a interaccedilatildeo entre os oacutergatildeos responsaacuteveis pela legalizaccedilatildeo e pela

expediccedilatildeo do registro de funcionamento ocorre por dados lanccedilados em sistema

unificado entre oacutergatildeos da federaccedilatildeo dos Estados e Municiacutepios A implantaccedilatildeo

dessa Lei no Paranaacute foi efetivada com a criaccedilatildeo do sistema Empresa

Faacutecilintegrando o Governo de Estado do Paranaacute Associaccedilatildeo dos municiacutepios do

Paranaacute Junta Comercial do Paranaacute e SEBRAE

No litoral paranaense como demonstrado pelo site do Empresa Faacutecil a

implantaccedilatildeo e habilitaccedilatildeo dos sete municiacutepios ao sistema operante estaacute completa

Como observado (QUADRO 7) acima veremos que os municiacutepios de

Paranaguaacute Pontal do Paranaacute e Matinhos que possuem parcerias com o SEBRAE

de forma integral constituem vaacuterias accedilotildees planificadas com base na orientaccedilatildeo de

capacitaccedilatildeo institucional proporcionada por essa instituiccedilatildeo e como mencionado

pelo agente do SEBRAE algumas accedilotildees satildeo planificadas mas a sala do

empreendedor de acordo com a administraccedilatildeo local tem flexibilidade para

aumentar os serviccedilos prestados aos MEI e realizar accedilotildees que viabilizem a melhoria

dos serviccedilos prestados

74

4 DIFICULDADES E AVANCcedilOS NO DESENVOLVIMENTO INCLUDENTE DO

MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL NO LITORAL DO PARANAacute

O litoral se constituiu de forma diferenciada no Paranaacute natildeo tendo

incorporado ao modelo de desenvolvimento capitalista adotado por outras regiotildees

conforme descrito anteriormente Uma das caracteriacutesticas importantes que

predomina na regiatildeo eacute a quase nula existecircncia de poliacuteticas de desenvolvimento

voltadas agraves capacidades locais e regionais

Nesse capiacutetulo dentro das concepccedilotildees de desenvolvimento local

analisaremos alguns elementos geradores de desenvolvimento de crescimento e de

sustentabilidade para o MEI na MRGP

41 A CAPACIDADE MUNICIPAL NO LITORAL DO PARANAacute EM MOBILIZAR

MECANISMOS PROPIacuteCIOS AO DESENVOLVIMENTO DO MEI

A participaccedilatildeo municipal como vetor do desenvolvimento local eacute vital para

conduzir accedilotildees e estrateacutegias que objetivem a superaccedilatildeo de obstaacuteculos produzidos

por desequiliacutebrios nas aacutereas social econocircmica e poliacutetica Para isso um municiacutepio

atuante e proativo nas questotildees internas provido de atitudes positivas mediante

planejamento e poliacuteticas puacuteblicas de maximizaccedilatildeo das capacidades locais pode

reverter circunstacircncias muitas vezes de fragilidade do tecido social e empresarial

para a otimizaccedilatildeo das condiccedilotildees que promovam o desenvolvimento das liberdades

humanas (autonomia do indiviacuteduo) (SEN 2000 PEREIRA 2006)

O crescimento populacional e a expansatildeo urbana desordenada a falta de

poliacuteticas puacuteblicas especiacuteficas de desenvolvimento regional e local expocircs um quadro

que coloca em evidecircncia a fragilidade econocircmica e administrativa dos governos

locais no litoral do Paranaacute para enfrentamento de problemas especiacuteficos na

economia do trabalho e na manutenccedilatildeo e extensatildeo de programas de infraestrutura

e ainda a dificuldade de implantaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas includentes que

necessitam de aplicaccedilatildeo significativa de capital

A MRGP em 2004 possuiacutea uma dos maiores PIB per capta do Estado com

a meacutedia acima da estadual constituindo uma das microrregiotildees mais dinacircmicas

segundo Trevisan e Lima (2010) sendo que Paranaguaacute como o grande vetor

75

econocircmico da regiatildeo posto o complexo portuaacuterio e industrial segundo os autores

firmava-se como o 4ordm municiacutepio do Paranaacute com maior PIB per capta No entanto

havia dessemelhanccedilas econocircmicas entre os municiacutepios da regiatildeo em que

Paranaguaacute o municiacutepio mais rico evidenciava disparidades em relaccedilatildeo aos outros

municiacutepios sobretudo Guaraqueccedilaba Matinhos e Morretes agrave eacutepoca os mais

pobres justamente pela sua capacidade de produzir riquezas em funccedilatildeo do porto

de Paranaguaacute

Em 2015 como demonstra o IPARDES Paranaguaacute continua sendo o

principal vetor econocircmico da regiatildeo poreacutem seu PIB per capta ficou abaixo da meacutedia

estadual assim como a sua receita teve decreacutescimo entre os anos 2013 e 2015

(TABELA 8)

Percebemos (GRAacuteFICO 1) que os municiacutepios de Morretes Antonina e

Paranaguaacute tiveram quedas em suas receitas entre os anos de 2014 e 2015 e suas

despesas (GRAacuteFICO 2) no mesmo periacuteodo aumentaram em relaccedilatildeo agraves receitas

destes municiacutepios A identificaccedilatildeo de uma queda de receita desse modo pode

constituir em impacto negativo para investimentos em setores necessaacuterios ao

desenvolvimento visto a baixa capacidade econocircmica municipal

GRAacuteFICO 1- RECEITAS TOTAIS DOS MUNICIacutePIOS

FONTE IPARDES DEEPASK

No caso especiacutefico de Antonina em 2015 o municiacutepio aumentou para 4 a

aliacutequota do ISSQN (ISS) O setor portuaacuterio contraacuterio ao aumento realizou um

depoacutesito judicial do montante dos tributos Tal accedilatildeo juriacutedica representou uma das

000

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

Milh

otildees

(R

$)

2013

2014

2015

76

principais causas diretas na queda de arrecadaccedilatildeo municipal permitindo a reduccedilatildeo

da disposiccedilatildeo do municiacutepio em criar propostas de melhoria das condiccedilotildees

socioeconocircmicas da populaccedilatildeo O fato eacute que o aumento na aliacutequota desse tributo

na expectativa de aumentar as divisas municipais de Antonina poderaacute causar em

curto prazo efeito reverso como indicado pela Secretaria de Infraestrutura e

Logiacutestica do Paranaacute (2014)

Uma lei municipal que entra em vigor a partir de janeiro de 2015 pode tornar a cidade de Antonina menos competitiva para investimentos no setor portuaacuterio Eacute que o municiacutepio aprovou o aumento na cobranccedila da aliacutequota do Imposto Sobre Serviccedilos (ISS) que passaraacute a ser de 4 Isso coloca Antonina como a cidade mais cara entre as principais cidades portuaacuterias do centro-sul do Brasil

Portanto com a queda na capacidade de geraccedilatildeo de riquezas a

inviabilidade de intervir em problemas socioeconocircmicos atraveacutes de poliacuteticas puacuteblicas

e accedilotildees de meacutedio e longo prazos e com o enfraquecimento dos governos locais por

conta na reduccedilatildeo das receitas suas accedilotildees na criaccedilatildeo de condiccedilotildees de

desenvolvimento local ficam limitadas Ainda assim alinhando-se a queda de

receita as despesas municipais em alguns casos ultrapassaram a arrecadaccedilatildeo

agravando ainda mais as contas puacuteblicas e impedindo investimentos em setores

estrateacutegicos para o desenvolvimento

GRAacuteFICO 2- ARRECADCcedilAtildeO E DESPESAS MUNICIPAIS NA MRGP (2015)

FONTE IPARDES DEEPASK

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

Milh

otildees

(R

$)

Arrecadaccedilatildeo2015

Despesas2015

77

O maior desequiliacutebrio das contas puacuteblicas (relaccedilatildeo entre arrecadaccedilatildeo e

despesas) se deu no municiacutepio de Paranaguaacute em que as despesas superaram a

arrecadaccedilatildeo em 49 como observado (GRAacuteFICO 2)

As quedas de receitas refletem em parte o pouco investimento em setores

produtivos tais como o fomento e apoio agraves micro e pequenas empresas que se

constituem segundo o SEBRAE e Sachs (2003) no setor que mais gera empregos

locais e se constitui como fonte de geraccedilatildeo de divisas para os municiacutepios de outro

lado a complexidade em buscar alternativas de substituiccedilatildeo da arrecadaccedilatildeo se

traduz em fator importante

Em Morretes e Antonina no entanto algumas accedilotildees para aumentar a receita

foram colocadas em praacutetica Uma delas eacute o georreferenciamento dos imoacuteveis para o

pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) que satildeo representados

por altas taxas de inadimplecircncia e segundo o entrevistado (6) pode chegar a 50

de devedores

O IPTU como observado nas cidades de Morretes Guaraqueccedilaba Antonina

e Paranaguaacute (GRAacuteFICO3) tem pouca expressividade na arrecadaccedilatildeo tributaacuteria

desses municiacutepios Jaacute nos municiacutepios de Matinhos Guaratuba e Pontal do Paranaacute o

IPTU contribui significativamente na geraccedilatildeo de receita se posicionando acima da

meacutedia nacional que ficou em 2435 em 2014

GRAacuteFICO 3 - IPTU EM RELACcedilAtildeO Agrave ARRECADACcedilAtildeO TRIBUTAacuteRIA DOS MUNICIacutePIOS DA MRGP (2013 ndash 2014) ()

FONTE DEEPASK ndash montagem dos autores lthttpwwwdeepaskcombrgoespage=Imposto---

IPTU-Veja-a-receita-tributaria-no-seu-municipiogt

0

10

20

30

40

50

60

valo

res p

erc

entu

ais

78

No municiacutepio de Morretes o processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria adotado

pela Secretaria de Infraestrutura no nosso entendimento consiste numa estrateacutegia

de desenvolvimento e de receita na medida de geraccedilatildeo de emprego e renda atraveacutes

da construccedilatildeo civil que expande a prestaccedilatildeo de bens e serviccedilos

Tanto o georreferenciamento quanto a regularizaccedilatildeo fundiaacuteriapredial em

Antonina e Morretes satildeo estrateacutegias afirmativas que tem como propoacutesitos a

regularizaccedilatildeo de aacutereas habitacionais residecircncias e lotes com grandes

possibilidades de elevar a receita municipal observado as delimitaccedilotildees de aacutereas

especialmente protegidas como aacutereas de preservaccedilatildeo permanente (APP) Unidades

de Conservaccedilatildeo (UC) Poreacutem cabe ressaltar que a maior funccedilatildeo da regularizaccedilatildeo

fundiaacuteria eacute equacionar problemas resultantes da expansatildeo urbana desordenada (a

favelizaccedilatildeo eacute um dos problemas)

Nesse sentido a regularizaccedilatildeo fundiaacuteria eacute ―um mecanismo apto a trazer para

a legalidade uma situaccedilatildeo fundiaacuteria que possa ser identificada como de interesse

social ou seja que tenha como puacuteblico alvo a populaccedilatildeo de baixa renda

(NASCIMENTO 2013 p 12) Como afirma a autora dessa forma a implementaccedilatildeo

da regularizaccedilatildeo fundiaacuteria torna ―evidente o conteuacutedo social a que o bem serviraacute

(idem p 18)

Em Pontal do Paranaacute como relatou entrevistado3 sobre o fortalecimento

das receitas o municiacutepio atraveacutes do Conselho Gestor adotou para 2017 um selo

de qualidade que seraacute fornecido agrave empresa que se encontrar regularizado com suas

diacutevidas junto agrave prefeitura ―O selo permite que haja retorno para a prefeitura atraveacutes

da contribuiccedilatildeo Eacute uma valorizaccedilatildeo para quem se encontra em situaccedilatildeo regular

(transcriccedilatildeo)

No entanto com pouca variaccedilatildeo para aumentar a receita e com menos

dinheiro em caixa as prefeituras deixam de investir em programas de meacutedio e longo

prazo com propostas no desenvolvimento positivosustentaacutevel e includente de

criaccedilatildeo institucional cultural social e econocircmica Ou seja criaccedilatildeo de um ambiente

favoraacutevel agrave extensatildeo das liberdades e capacidades das pessoas (SEN 2000)26

26

As liberdades na visatildeo do autor satildeo condicionadas pelas circunstacircncias sociais poliacuteticas e econocircmicas as quais denomina de liberdades instrumentais e correspondem 1) liberdades poliacuteticas 2) facilidades econocircmicas 3) oportunidades sociais 4) garantias de transparecircncias 5) seguranccedila protetora (p54)

79

Para esse autor as liberdades satildeo partes constitutivas fundamentais do

enriquecimento do processo de desenvolvimento natildeo satildeo finitas em si mesmas

mas permitem a expansatildeo de outras liberdades sendo que o proacuteprio

desenvolvimento pode ser considerado como a expansatildeo das liberdades humanas

ou como sublinha Pereira (2006) ao se referir agrave ―autonomia baacutesica como um

elemento de precondiccedilatildeo societal a noccedilatildeo de autonomia estaacute ancorada nos

preceitos da ―democracia como recurso capaz de livrar os indiviacuteduos natildeo soacute da

opressatildeo sobre as suas liberdades (de escolha e de accedilatildeo) mas tambeacutem da miseacuteria

e do desamparo (PEREIRA 2006 p 70)

A falta de recursos sinalizou nas entrevistas com os agentes de

desenvolvimentos de Morretes Matinhos e Paranaguaacute a pouca flexibilidade dos

municiacutepios em estruturar suas agendas de programas de desenvolvimento local

restando o atendimento de formalizaccedilatildeo e serviccedilos baacutesicos aos

Microempreendedores tais como alteraccedilatildeo de dados alvaraacute baixa da inscriccedilatildeo e

Documento de Arrecadaccedilatildeo Simplificada (DAS) Essas accedilotildees de apoio efetivo agrave

categoria se por um lado representam o auxiacutelio prestado ao MEI por outro

constituem um fim em si mesmas pois desempenham funccedilotildees meramente

burocraacuteticas natildeo menos importantes mas poderiam ser desenvolvidas dentro de

um plano estrateacutegico que coadunassem simultaneamente outras accedilotildees previstas

nos dispositivos da LC 12808 sobre os instrumentos de apoio e poliacuteticas que

assegurem o desenvolvimento e a sustentabilidade dos MEI Dentro dessa anaacutelise

por um lado o ―fluxo contiacutenuo de criaccedilatildeo de novos empreendimentos que em sua

esmagadora maioria satildeo de pequeno porte (SACHS 2003 p 111) de outro lado

como demonstra o autor as MPE submetidas ao livre mercado aumentam os

nuacutemeros estatiacutesticos sobre a mortalidade das empresas posto as diferentes

condiccedilotildees de produccedilatildeo e competitividade no mercado aberto que produz um

―processo de seleccedilatildeo que pode ser qualificado de ―darwinismo social (idem p 111)

Em Morretes no final do ano de 2016 o desempenho da sala do

empreendedor estava muito limitado ou quase nulo como comentou o

entrevistado6 Aleacutem da estrutura reduzida em comparaccedilatildeo agraves cidades que

dispunham do programa em Morretes natildeo haviam atividades relacionadas ao

fomento das empresas locais nem tatildeo pouco a procura aos serviccedilos pelos MEI ou

potenciais empreendedores Poreacutem em 2015 como observou o entrevistado6 ―a

partir da adequaccedilatildeo da 147 (LC 14714) o carimbo da vigilacircncia sanitaacuteria deu

80

valoraccedilatildeo para o produto Alguns produtores padronizaram o roacutetulo e as empresas

Essas medidas favorecem o atendimento ao turismo (transcriccedilatildeo)

Em Paranaguaacute segundo o entrevistado7 as atividades da sala do

empreendedor estavam muito reduzidas e fixavam-se apenas no processo de

formalizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo nas duacutevidas que surgiam natildeo sendo possiacutevel desenvolver

accedilotildees muito extensas fora da sala27 Poreacutem atraveacutes do Programa Compras Paranaacute

o municiacutepio ofereceu cursos de capacitaccedilatildeo dos funcionaacuterios para compras em

oacutergatildeo puacuteblicos assim como capacitaccedilatildeo de alguns fornecedores em licitaccedilotildees O

objetivo dessa accedilatildeo era ―identificar novos fornecedores dentro do municiacutepio

fortalecendo o mercado interno gerando divisas emprego e renda (entrvistado7-

transcriccedilatildeo)

Em Morretes o entrevistado municipal o entrvistado6 nos disse ―natildeo haacute

procura por licitaccedilotildees (pelos MEI) E as empresas locais dificilmente procuram a

licitaccedilatildeo (transcriccedilatildeo) Assim a falta de poliacuteticas de desenvolvimento local e da

categoria poderaacute contribuir no afastamento de propostas significativas de inclusatildeo

social do MEI na MRGP frisados na LC 12808

Constatamos que a falta de recursos constitui um dos elementos importantes

que inviabilizam a implantaccedilatildeo integral contiacutenua e sustentaacutevel das LC 12306

LC12808 e LC 14714 ndash conjunto de leis que normatizam as MPE e

Microempreendedores individuais - bem como em poliacuteticas de geraccedilatildeo de emprego

e renda e mesmo em outras aacutereas de sustentaccedilatildeo de poliacuteticas sociais pois

segundo Sachs (2003) as poliacuteticas econocircmicas e sociais satildeo indissociaacuteveis

complementares e dependentes de investimentos

Embora outros motivos tais como o amadurecimento da gestatildeo municipal agrave

concepccedilatildeo de desenvolvimento local incluindo categorias especiacuteficas de produccedilatildeo e

inclusatildeo como eacute o caso dos MEI conferimos agrave baixa capacidade econocircmica do

poder puacuteblico local uma das principais dificuldades em produzir mecanismos de

enfrentamento agrave vulnerabilidade dos trabalhadores locais muitas vezes com pouca

ou sem qualificaccedilatildeo para o mercado de trabalho

Deduzimos atraveacutes de nossas pesquisas que a falta de comunicaccedilatildeo

informaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo nas propostas da sala do empreendedor assim como em

27

No plano Plurianual 20142017 de Paranaguaacute estaacute previsto o investimento de R$ 10000000 para o apoio aos MEI desenvolvimento das micro pequenas e grandes empresas e induacutestrias no estiacutemulo para desenvolver uma cadeia produtiva local de forma sustentaacutevel

81

processos de licitaccedilatildeo28 exclui grande parte dos MEI ao Acesso em de serviccedilos

baacutesicos estabelecidos em lei e possibilidades de relaccedilotildees comerciais com o

municiacutepio posto o desconhecimento das recomendaccedilotildees por parte dos MEI

estabelecidas na Lei Geral (LC 12308) a qual prescreve normas diferenciadas de

promoccedilatildeo de desenvolvimento desse segmento de trabalhadoresempreendedores

individuais

O municiacutepio empoderado atraveacutes de uma ambiente institucional e de um

aporte estrutural constituiacutedo aumenta as possibilidades de eficiecircncia na intervenccedilatildeo

em problemas locais O empoderamento dos municiacutepios nesse sentido eacute central no

processo de desenvolvimento tanto de categorias especiacuteficas quanto de categorias

marginalizadas pela ausecircncia do poder puacuteblico Eacute dessa forma que ―ao analisar

experiecircncias de desenvolvimento localregional vecirc-se forccedilada a noccedilatildeo de que a

presenccedila do Estado eacute fundamental (BARBOSA et al in POCHMANN 2004 p 275)

sendo ele o principal articulador e protagonista de poliacuteticas de desenvolvimento e

inclusatildeo social

411 A gestatildeo puacuteblica municipal no litoral paranaense e a destinaccedilatildeo da receita

Ao examinara literatura sobre o uso do dinheiro puacuteblico no litoral do Paranaacute

que no nosso entendimento tem a possibilidade de ser alocado prioritariamente em

instrumentos geradores de desenvolvimento para as pessoas das pessoas e pelas

pessoas (SACHS 2003) percebemos muitas vezes recursos jaacute reduzidos sendo

direcionados a atender minorias com respaldo poliacutetico econocircmico e social

Como analisa Monteiro (2013a) boa parte das receitas de Guaratuba e

Matinhos estatildeo sendo direcionadas agrave especulaccedilatildeo imobiliaacuteria com projetos de

infraestruturas (pavimentaccedilatildeo rede de esgoto etc) que beneficiam as elites locais

Estas elites satildeo na visatildeo de Frey (2000) amparadas por ―instituiccedilotildees de

intermediaccedilatildeo ndash patronagem poliacutetica clientelismo nepotismo fisiologismo e a

corrupccedilatildeo ndash [] (p 104) que constituem praacuteticas relacionais entre o poder central

local e oligarquias locais contribuindo para a ampliaccedilatildeo das desigualdades sociais

visto a apropriaccedilatildeo dos benefiacutecios por parte dessas elites

28

Conforme obrigatoriedade legal as licitaccedilotildees satildeo publicadas no site da prefeitura Tribunal de Contas e Diaacuterio oficial

82

Segundo Monteiro (2013a) em Caiobaacute balneaacuterio eletizado de Matinhos

com forte presenccedila de residecircncias de alto padratildeo e ainda com propostas a proacute-

verticalizaccedilatildeo a pavimentaccedilatildeo chega a 94 853 de calccediladas e 686 de

bueiros Enquanto em bairros como o Tabuleiro haacute 254 de ruas pavimentadas

164 de calcadas e 285 de bueiros denotando dessa forma os desniacuteveis de

emprego da receita para a manutenccedilatildeo das iniquidades entre as classes sociais

Jaacute em Guaratuba como salienta Monteiro (2013b)

[] veremos que boa parte da receita puacuteblica alimenta a especulaccedilatildeo imobiliaacuteria atraveacutes de obras de infraestrutura que beneficiam sobremaneira glebas vazias lotes baldios em suma propriedades que natildeo estatildeo cumprindo a funccedilatildeo social (MONTEIRO 2013a p 1)

Compreendemos dessa maneira que o espaccedilo constituiacutedo por relaccedilotildees de

poder pode representar o exerciacutecio de poder considerando algumas variaacuteveis

Como acentua Silva (2008) o poder local deve ser compreendido como exerciacutecio

das dimensotildees poliacutetica econocircmica social simboacutelica e cultural

A criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento local que promovam a

expansatildeo das liberdades humanas eacute indispensaacutevel a vontade poliacutetica o

amadurecimento agraves perspectivas de desenvolvimento pelos gestores municipais e

pelo empresariado local os recursos satisfatoacuterios nesse sentido o empoderamento

do municiacutepio eacute fundamental para o financiamento das poliacuteticas de desenvolvimento

a mediaccedilatildeo entre as relaccedilotildees de poder um aporte institucional capaz reduzir as

disparidades de classe e o planejamento e accedilatildeo sendo que o planejamento pode

ser revisado e modificado a julgar que toda accedilatildeo provoca modificaccedilotildees

Dentro dessa perspectiva foram analisados por Horochovski Junckes e

Muraro (2011) em trabalho realizado sobre um Programa de Desenvolvimento

Sustentaacutevel em Matinhos promovido pelo Banco do Brasil a participaccedilatildeo e o

planejamento pelos atores envolvidos Para esses autores os ―componentes

estruturais do modo de produccedilatildeo vigente apatia poliacutetica deacuteficits informacionais e a

persistecircncia de assimetrias e padrotildees autoritaacuterios e clienteliacutesticos [] (p 51)

constituem entre outros barreiras no processo democraacutetico e participativo

(HOROCHOVSKI JUNCKES MURARO 2011)

Ao discorrer sobre aspectos para o desenvolvimento local e o custeio

puacuteblico SEN (2000) afirma que natildeo se pode esperar um governo enriquecer para

83

investir em serviccedilos de base como a educaccedilatildeo e a sauacutede que na visatildeo do autor

satildeo elementos geradores de desenvolvimento posto que

A viabilidade desse processo conduzido pelo custeio puacuteblico depende do fato de que os serviccedilos sociais relevantes (como os serviccedilos de sauacutede e educaccedilatildeo) satildeo altamente trabalho-intensivos e portanto relativamente barato nas economias pobres ndash onde os salaacuterios satildeo baixos (SEN 2000 p 65)

Para esse autor se devem ponderar preccedilos e custos como paracircmetros de

quanto pode ou natildeo pode o governo gastar Adverte ele ainda que o processo

mediado pelo crescimento econocircmico acarreta em muitas vantagens tanto pelas

condiccedilotildees de investimentos quanto por provisotildees em setores essenciais como

educaccedilatildeo e sauacutede baacutesica

Dessa maneira reiteramos dentro da perspectiva de nossas anaacutelises a

necessidade do empoderamento municipal pois o Estado se consolida como o

principal condutor de processos de desenvolvimento Nessa direccedilatildeo entendemos

que o crescimento econocircmico eacute importante para o desenvolvimento (SACHS 2003

SEN 2000 FURTADO 2008) Natildeo como um fim em si mesmo mas um elemento

estrutural de outros coeficientes (aporte institucional poliacuteticas puacuteblicas nas aacutereas da

sauacutede e educaccedilatildeo e estrateacutegias macro e microeconocircmicas locais para o

desenvolvimento sustentaacutevel) que se materializem em equipamentos propiacutecios agrave

extensatildeo das ―liberdades humanas (SEN 2000)

42 UMA SIacuteNTESE COMPARATIVA ENTRE AS FORMALIZACcedilOtildeES E AS BAIXAS29

DO MEI NA MRGP

No desenvolvimento local conduzido em especial pelo ―custeio puacuteblico

(SEN 2000) atraveacutes dos governos subnacionais de inferecircncia nas aacutereas da

educaccedilatildeo sauacutede e economia o peso de interferecircncia do processo econocircmico pode

revelar-se como um dos imperativos entre o sucesso ou fracasso das estrateacutegias

adotadas

A conduccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e estrateacutegias setorizadas de apoio agrave

categoria do MEI satildeo definidas com base orccedilamentaacuteria e disponibilidade de recursos

29

Encerramento da inscriccedilatildeo do Cadastro de Pessoa Juriacutedica (fechamento legal da empresa)

84

apropriados para a realizaccedilatildeo Identificamos dentro das estrateacutegias municipais as

salas do empreendedor que fornecem orientaccedilotildees e auxiacutelio na formalizaccedilatildeo de

empresas e empreendedores individuais (EI) que se encontram na informalidade

No graacutefico 4 abaixo observamos o nuacutemero de atendimentos realizados

pelos agentes de desenvolvimento nas salas do empreendedor nos municiacutepios da

MRGP

GRAacuteFICO 4 - NUacuteMERO DE ATENDIMENTOS REALIZADOS NAS SALAS DO

EMPREENDEDOR NA MRGP (2015 ndash 2016)

FONTE Salas do empreendedor de Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute

Percebemos o aumento significativo de atendimentos realizados pela ―sala

entre os anos 2015 e 2016 (GRAFICO 4) em Pontal do Paranaacute e Paranaguaacute

Segundo informaccedilotildees do entrevistado7 em Paranaguaacute a aumento nos atendimentos

eacute proporcional agrave elevaccedilatildeo das formalizaccedilotildees e abaixo (GRAacuteFICO 5) verificamos as

formalizaccedilotildees realizadas nas salas do empreendedor na MRGP

GRAacuteFICO 5 - NUacuteMERO DE FORMALIZACcedilOtildeES REALIZADAS NAS SALAS DO EMPREENDEDOR NA MRGP

FONTE Salas do empreendedor de Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

Paranaguaacute Pontal doParanaacute

Morretes Matinhos

0

50

100

150

200

250

300

350

Morretes Paranaguaacute Pontal do Paranaacute

ano 2015

ano 2016

85

Observamos acima (GRAacuteFICO 5) a reduccedilatildeo de 475 nas formalizaccedilotildees

realizadas pela sala do empreendedor em Pontal do Paranaacute no ano de 2016 em

relaccedilatildeo a 2015 Paranaguaacute ao contraacuterio apresentou percentual positivo de 1133

nas formalizaccedilotildees efetivadas junto agrave sala do empreendedor entre os anos 2015 e

2016

De maneira um tanto preocupante em Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute

(GRAacuteFICO 6) constatamos o aumento significativo nas operaccedilotildees de baixa de

inscriccedilatildeo do MEI realizadas pela sala do empreendedor entre os anos de 2015 e

2016 Pontal do Paranaacute apresentou acreacutescimo de 2217 nas baixas de inscriccedilatildeo do

MEI enquanto Paranaguaacute indicou o avanccedilo de 1594 nas baixas da categoria Em

Matinhos natildeo houve retorno no pedido dos dados em Morretes natildeo haacute baixas

registradas na sala do empreendedor em Guaraqueccedilaba natildeo conseguimos contato

com o agente de desenvolvimento

GRAacuteFICO 6 - NUacuteMERO DE BAIXAS DE INCRICcedilAtildeO DO MEI REALIZADAS NAS SAAS DO EMPREENDEDOR NA MRGP

30

FONTE Salas do empreendedor de Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute

Ao estabelecermos comparaccedilatildeo entre os graacuteficos (5 e 6) percebemos que

a) No ano de 2015 o nuacutemero de baixas de inscriccedilotildees do MEI registrados na

sala do empreendedor em Paranaguaacute correspondeu a 274 das

30

Em Guaraqueccedilaba natildeo conseguimos contato com o agente de desenvolvimento em Matinhos natildeo houve retorno no pedido dos dados em Morretes natildeo houve baixas registradas nas salas do empreendedor

0

20

40

60

80

100

120

ano 2015

ano 2016

86

formalizaccedilotildees naquele ano No ano de 2016 o nuacutemero de baixas (MEI)

em Paranaguaacute em relaccedilatildeo agrave formalizaccedilatildeo correspondeu a 333

Portanto uma elevaccedilatildeo de 59 nas baixas do MEI entre os anos de

2015 e 2016

b) Em Pontal do Paranaacute as baixas do MEI registradas pela sala do

empreendedor em relaccedilatildeo agraves formalizaccedilotildees corresponderam a 116

em 2015 Em 2016 a variaccedilatildeo das baixas na inscriccedilatildeo do MEI em relaccedilatildeo

agraves formalizaccedilotildees atingiu o percentual de 7115 o que corresponde a um

aumento acentuado de 5955 nas baixas de inscriccedilotildees do MEI entre

2015 e 2016

Ao inclinar nossos olhares para os resultados dos graacuteficos (5e 6) veremos

expressiva diferenccedila na sustentabilidade do MEI entre os municiacutepios de Pontal do

Paranaacute e Paranaguaacute Isso nos remete a uma questatildeo como explicar o significativo

nuacutemero de baixas na inscriccedilatildeo do MEI em Pontal do Paranaacute em relaccedilatildeo agrave

Paranaguaacute resultando em dados estatiacutesticos tatildeo diacutespares na sustentabilidade dos

MEI jaacute que os dois municiacutepios possuem em sua maioria dentre algumas accedilotildees

isoladas estrateacutegias planificadas pelo SEBRAE

A resposta a essa questatildeo segundo o entrevistado3 estaacute na sazonalidade

pelo qual estatildeo sujeitos os municiacutepios balneaacuterios da MRGP ndash Matinhos Pontal do

Paranaacute e Guaratuba Esta anaacutelise estaacute sustentada igualmente por Sulzbac

Denardin e Felisbino (2012)

O fato destes enfrentarem a problemaacutetica da sazonalidade de visitaccedilotildees em virtude do lazer de sol e mar define-se a hipoacutetese de que a sazonalidade recorrente da principal atividade econocircmica resulta em instabilidades financeiras tanto as instituiccedilotildees locais como para a proacutepria populaccedilatildeo promovendo adequaccedilotildees dos empreendimentos especialmente no que se refere aos viacutenculos de trabalho Em consequecircncia os empreendimentos formais natildeo encontram suporte financeiro para sua manutenccedilatildeo resultando na criaccedilatildeo de empreendimentos informais que satildeo caracteriacutesticos destes locais (p 109-110)

Na temporada de praia conforme relato do entrevistado3 muitos MEI

transferiram-se ou se formalizam em Pontal do Paranaacute com vistas agrave fiscalizaccedilatildeo

intensa nesse periacuteodo Ao fim do veratildeo muitos vatildeo embora para suas cidades e

datildeo baixas das empresas Outros ―natildeo conseguem sequer pagar o boleto DAS no

final do mecircs (transcriccedilatildeo) com isso acabam por encerrar a microempresa e

87

―sobrevivendo com o que conseguiram juntar no veratildeo (transcriccedilatildeo) concorrendo

para o nuacutemero expressivo de baixas em janeiro e fevereiro de cada ano

Monteiro (2013b) acentua sobre a sazonalidade nos municiacutepios da

plataforma no Paranaacute e a variaccedilatildeo populacional decorrente do veratildeo e de alguns

feriados Para esse fato ele denomina de ―As meias cidades do litoral paranaense

(p 5)

[] as cidades do litoral transformam-se acentuadamente literalmente da noite para o dia quando chegam as pessoas para as festas de fim de ano e feacuterias de veratildeo Boa parte dos domiciacutelios vagos satildeo ocupados muitos com concentraccedilatildeo de mais de 4 pessoas por cocircmodo (MONTEIRO 2013b p 5)

A sazonalidade eacute um imperativo importante na observaccedilatildeo das baixas dos

MEI apoacutes a temporada de veratildeo Por outro lado destacamos uma variaacutevel

dependente que eacute a formaccedilatildeo da dinacircmica do mercado local em participar e

introduzir certa sustentabilidade das empresas atraveacutes de variaacuteveis como a da oferta

de trabalho aumento de consumo cooperaccedilatildeo entre as empresas locais entre

outras

Dessa maneira as empresas inclusas em um sistema de mercado

fortalecido onde a capacidade de gerar riqueza seja mais sustentaacutevel tecircm mais

possibilidades de prosperar e manter suas atividades Portanto um mercado ativo

comumente tem respaldo do poder puacuteblico local e as micro e pequenas empresas

que surgem em meio a essa dinacircmica requerem estrateacutegias definidas com vistas a

competirem no mercado aberto

Podemos discorrer na perspectiva de Sachs (2003) e Sen (2000) que aleacutem

de fomentar a formalizaccedilatildeo de micro pequenos e meacutedios empreendimentos dado a

―cobertura social para os trabalhadores (SACHS 2003 p113) ndash na visatildeo desse

autor a principal vantagem ndash eacute necessaacuterio expandir formas de adequaccedilatildeo agrave

sustentabilidade dessas empresas uma vez que lanccediladas no mercado aberto satildeo

incapazes de competir com empresas maiores e ampliar sua estrutura

A mortalidade nessa competiccedilatildeo em condiccedilotildees de inferioridade eacute elevada para os micro e pequenos empreendimentos Nuacutemeros do SEBRAE apontam para taxas de 32 de fechamento em menos de um ano 44 em menos de dois anos 56 em menos de trecircs 66em menos de quatro e 71 em menos de cinco (SACHS 2003 p 35)

Como analisa Sachs (2003) os pequenos e meacutedios empreendimentos natildeo

tecircm como sobreviver no mercado aberto dado a baixa capacidade de produzir em

88

condiccedilotildees desiguais No questionaacuterio aplicado ao MEI veremos algumas barreiras

que acentuam essas desigualdades

43 O MEI POR ELE MESMO AS LUTAS E DESAFIOS ATRAVEacuteS DO TRABALHO

O questionaacuterio31 elaborado para o MEI e aplicado nos municiacutepios de

Matinhos Guaratuba Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute foi um instrumento que

permitiu ilustrar uma realidade da categoria MEI frente aos desafios enfrentados no

decorrer da sua formalizaccedilatildeo na mesma medida em que possibilitou compreender

um pouco a realidade concreta desses trabalhadores exposta pelas suas opiniotildees

suas respostas objetivas e por vezes subjetivas Ou seja uma fonte de

―informaccedilotildees vivas (RAYNAUT C et al 2002)

No mesmo sentido a anaacutelise dos dados tornou-se importante posto que

buscamos compreender a aproximaccedilatildeo entre alguns mecanismos de apoio ao MEI

descritos na Lei Geral (12308) e o Acesso em a esses mecanismos pelo puacuteblico

alvo

O questionaacuterio procurou coletar dados dos microemprendedores individuais

segundo atividade econocircmica tempo de atuaccedilatildeo no mercado formalizado renda

bruta participaccedilatildeo em compras puacuteblicas local da atividade econocircmica quanto agrave

capacitaccedilatildeo e consultoria entre outros

O questionaacuterio foi aplicado a trinta microemreendedores individuais

Natildeo houve classificaccedilatildeo especiacutefica para a escolha dos entrevistados na

aplicaccedilatildeo do questionaacuterio O que se propocircs a fazer foi deslocar ateacute o local de

trabalho do MEI e aplicar o questionaacuterio em meio agraves suas atividades Esta teacutecnica

possibilitou observar a estrutura do estabelecimento e dialogarmos diretamente com

o microempreendedor individual sobre suas dificuldades e avanccedilos apoacutes a

formalizaccedilatildeo Alguns MEI foram pouco receptivos a participar do questionaacuterio mas a

maioria se sentiu muito a vontade em responder as perguntas

431 Atividades econocircmicas desenvolvidas pelos MEI entrevistados no Litoral

do Paranaacute

31

O formulaacuterio aplicado ao MEI encontra-se nos anexos dessa dissertaccedilatildeo

89

Veremos abaixo (GRAacuteFICO 7) que a maior parte dos MEI respondentes

(n=24) estaacute alocada nos setores de serviccedilos e comeacutercio Doze (n=12) exercem suas

atividades no setor de prestaccedilatildeo de serviccedilos (informaacutetica conserto de bicicleta

eletrocircnica cabeleireira sapateiro) e doze (n=12) pertencem ao comeacutercio (papelaria

armarinho produtos de limpeza pet shop loja de roupas comeacutercio de artigos de

praia entre outros) Dos respondentes trecircs (n=3) exercem suas atividades na aacuterea

da cultura

GRAacuteFICO 7 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30) POR ATIVIDADE ECONOcircMICA ()

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Na observaccedilatildeo dos dados percebemos a maior concentraccedilatildeo da atividade

econocircmicano setor terciaacuterio Esta anaacutelise jaacute foi descrita por Superville e Quintildeones

(2000) Barbosa (2007) no qual concluiacuteram que o trabalhador fabril foi deslocado

para este setor passando ser um trabalhador de serviccedilos

Os empreendedores na perspectiva de Nassif et al (2014) apresentam

uma variaccedilatildeo de caracteriacutesticas como a criatividade flexibilidade autonomia e ideias

para inovar Poreacutem tal como notamos anteriormente as oportunidades de produzir

bens e serviccedilos satildeo frequentemente diferentes tanto pela capacidade de

investimento em tecnologia e informaccedilatildeo tanto pela expectativa de uma formaccedilatildeo

bruta de capital Ao analisarmos a capacidade estrutural dos MEI (condiccedilotildees

econocircmicas e de compreensatildeo de mercado) percebemos o distanciamento

(desconhecimento) dos instrumentos geradores de seu desenvolvimento previstos

em lei Os instrumentos descritos na Lei Geral (12306) podem facilitar e auxiliar na

Comeacutercio reparaccedilatildeo deveiacutec automotores emotocicleta

Outras atividades eserviccedilos

educaccedilatildeo

cultura

construccedilatildeo

natildeo respondeu

90

melhoria dos negoacutecios e desencadear um processo de desenvolvimento Na

percepccedilatildeo de Pochmann ( 2004) Sen (2000) Sachs (2003) o desenvolvimento eacute

associado simultaneamente ao crescimento econocircmico com o fortalecimento da

capacidade de produccedilatildeoacumulaccedilatildeo e pela ampliaccedilatildeo das liberdades substantivas

432 Tempo de formalizaccedilatildeo e os MEI no Litoral do Paranaacute

No graacutefico abaixo (GRAacuteFICO 8) percebemos a quantidade de anos

formalizados dos MEI respondentes

GRAacuteFICO 8 - ANOS DE FORMALIZACcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30)

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Observamos que dos respondentes 09 (nove) estatildeo formalizados haacute um

ano o que configura como a maioria dos microemperendedores formalizados

Percebemos uma reduccedilatildeo no nuacutemero de empreendimentos entre cinco e onze anos

de funcionamento

No primeiro ano de funcionamento conforme os dados acima (GRAacuteFICO 8)

dos microempreendimentos seis (n=6) desenvolvem suas atividades no comeacutercio e

dois(n=2) suas atividades estatildeo relacionadas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos

Sachs (2003) ao analisar dados do SEBRAE nos diz que em menos de cinco

anos 71 das micro e pequenas empresas fecham as portas o que demonstra em

sua perspectiva e de Sen (2000) aleacutem da fragilidade dessa categoria existe a falta

de instrumentalizaccedilatildeo e praacuteticas dos mecanismos existentes para manter os

microempreendedores na formalidade e provocar a ruptura desse quadro

0

5

10

15

20

25

30

ateacute 1ano

ateacute 2anos

ateacute 3anos

ateacute 4anos

ateacute 5 ateacute 6anos

ateacute 8anos

ateacute 11anos

()

anos de formalizaccedilatildeo

91

O aumento ou a diminuiccedilatildeo gradual das formalizaccedilotildees de micro e pequenos

empreendimentos na MRGP assim como o fortalecimento desses empreendedores

pode representar indicativos do respaldo dado pelas estrateacutegias e accedilotildees colocadas

em praacutetica com base na Poliacutetica Puacuteblica de formalizaccedilatildeo observando que

O principal objetivo das poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave consolidaccedilatildeo das MPE deve estar em assisti-las no desenvolvimento de uma competitividade genuiacutena que lhes permita aumentar gradualmente os salaacuterios estar em dia com os encargos sociais e impostos superar o imediatismo e adquirir uma perspectiva de longo prazo na gestatildeo do negoacutecio e na previsatildeo de investimentos (SACHS 2003 p 35)

Desse modo as estrateacutegias devem superar as circunstacircncias especiacuteficas de

processos burocraacuteticos ligados agrave formalizaccedilatildeo e sim expandir suas accedilotildees de

maneira que as MPE possam adquirir autonomia sustentaacutevel e desempenhar um

papel relevante na economia local

Observamos que Sachs (2003) alertava para as principais dificuldades

encontradas no desenvolvimento das MPE ―Acesso em ao creacutedito ao mercado agrave

miacutedia ao poder puacuteblico agrave classe poliacutetica e especialmente agrave tecnologia e ao

conhecimento [] (idem p 113) A falta de Acesso em a esses instrumentos

importantes restringe a capacidade de ampliaccedilatildeo da unidade de produccedilatildeo

(tecnologia de gestatildeo lucratividade rentabilidade) quanto ao de arranjos produtivos

locais

Para Albuquerque e Zapata (2010 p 2016) ―a introduccedilatildeo de inovaccedilotildees

tecnoloacutegicas e o fomento da capacidade empresarial e organizativa nos diferentes

acircmbitos territoriais satildeo variaacuteveis estrateacutegicas da poliacutetica de desenvolvimento e

podem possibilitar a reversatildeo ou minimizar as assimetrias do mercado resultantes

da competitividade desigual

434 Compras puacuteblicas e o apoio aos MEI na MRGP

Ao analisar o graacutefico baixo (GRAacuteFICO 9) observamos que vinte e trecircs

(n=23) dos respondentes disseram natildeo ter ou natildeo tiveram relaccedilotildees comerciais com

o municiacutepio Certamente que boa parte dos entrevistados natildeo possui caracteriacutesticas

comerciais para fornecer ao poder puacuteblico no entanto alguns setores dentre os

quais educaccedilatildeo eletrocircnica informaacutetica incluso nos tracircmites legais podem fornecer

92

serviccedilos para o municiacutepio No setor de comeacutercio papelarias e loja de materiais de

limpeza tecircm a possibilidade de fornecimento na compra direta dispensada de

licitaccedilatildeo descrita nos art 23 e 24 da Lei 86661993 Da mesma forma no setor de

serviccedilos observado as normas juriacutedicas

GRAacuteFICO 9 - RELACcedilOtildeES COMERCIAIS DOS MEI COM O MUNICIacutePIO NA MRGP (N=30)

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Nas licitaccedilotildees muitos respondentes (n=23) disseram natildeo manter relaccedilotildees

comerciais com o poder puacuteblico e desconhecem o funcionamento para participar do

processo O que denota a pouca extensatildeo de estrateacutegias como o Programa

―Compras Paranaacute Esse programa tem como foco otimizar o processo de licitaccedilatildeo

para empresas locais Propicia no mesmo sentido a capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios

puacuteblicos nesse processo e a capacitaccedilatildeo de fornecedores que desejam participar de

licitaccedilotildees

Para tanto na compra puacuteblica eacute indispensaacutevel a orientaccedilatildeo em licitaccedilotildees que

possam ser direcionadas agraves micro e pequenas empresas locais da regiatildeo Mas para

isso o setor puacuteblico tem que estar bem preparado assim como o empresariado local

para estabelecer a conexatildeo Segundo o entrevistado4 esta eacute uma condiccedilatildeo iacutempar no

sentido do desenvolvimento empresarial localizado

Ressaltamos que as compras puacuteblicas ou contrataccedilotildees puacuteblicas podem

conduzir e inserir os micro e pequenos empreendimentos no mercado uma vez que

a esfera puacuteblica constitui um mercado estaacutevel de relaccedilotildees comerciais quase sempre

sim

natildeo

natildeo respondeu

93

em ampliaccedilatildeo O capiacutetulo V da LC 12306 alterado pela 14714 descreve sobre os

criteacuterios a serem adotados em favorecimento agraves MPE quanto ao Acesso em ao

mercado destacando as compras e contrataccedilotildees puacuteblicas e sobre o processo de

licitaccedilatildeo

Segundo o SEBRAE 76 das MPE de Paranaguaacute natildeo participaram em

processos de compras puacuteblicas entre os anos de 2011-2014 Dessas empresas

55 desconhecem as oportunidades para comercializar com governoempresas

estatais Nesse sentido a pouca eou dificultosa informaccedilatildeo fornecida para o MEI

quanto aos serviccedilos disponibilizados pelo municiacutepio e sobre os instrumentos de

regulamentaccedilatildeo e direitos a Acesso ems facilitados dispostos na Lei Geral (12306)

poderia ser revertida pela divulgaccedilatildeo nos veiacuteculos de comunicaccedilatildeo locais - jornais

circulantes nos municiacutepios raacutedios comunitaacuterias por exemplo aleacutem dos oficiais ndash

relativo aos direitos e obrigaccedilotildees do MEI incorporado agrave sua formalizaccedilatildeo com o

propoacutesito de inseri-lo no mercado (trabalho) sua expansatildeo e sustentabilidade

Em Pontal do Paranaacute o secretaacuterio de desenvolvimento afirma que o

municiacutepio estaacute se empenhando para que as empresas locais inclusive o MEI

participem das licitaccedilotildees Para isso segundo ele a prefeitura se adequou a LC

14714 no sentido de que uma licitaccedilatildeo de determinado valor seja dividida para

facilitar o Acesso em dos microempreendedores observando igualmente a

possibilidade de pagamento de 10 a mais do valor miacutenimo para o MEI Essas satildeo

adequaccedilotildees importantes adotadas por Pontal do Paranaacute atraveacutes do Concelho

Gestor Municipal (CGM) Comenta o E8 sobre o CGM

Uniu mais a populaccedilatildeo agrave prefeitura uniu mais o microempreendedor a vender para a prefeitura Natildeo tinha ningueacutem vendendo pocirc Natildeo tinha ningueacutem fornecendo pra prefeitura Hoje noacutes temos o pequeno e microempresaacuterio fornecendo pra prefeitura Uniu os benefiacutecios e os trouxe pra prefeitura e pra comunidade neacute Um dinheiro pra circular aqui dentro e natildeo ir pra fora Por exemplo uma licitaccedilatildeo que era de ―x valor noacutes fomos quebrando ela em quatro ou cinco vezes para dar preferecircncia para o povo daqui Uma licitaccedilatildeo que era de R$ 10000000 noacutes fizemos quatro de 25 dividimosah compra o caderno de um laacutepis do outro caneta de outro Dividimos pra que o povo daqui participasse E deu certo Essa foi uma grande evoluccedilatildeo do Comitecirc Gestor (transcriccedilatildeo) (entrevistado8)

O conhecimento das bases legais de funcionamento da categoria no nosso

entendimento a ampliaccedilatildeo da qualificaccedilatildeo para lidar com o mercado e a

aproximaccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados tanto pelo setor puacuteblico quanto pelo

94

setor privado poderaacute produzir em curto prazo impactos positivos no

desenvolvimento do MEI dentro da economia de mercado

Todavia o municiacutepio de Guaratuba ainda natildeo adaptou integralmente a LC

12306 e sua alteraccedilatildeo LC 1472014 ao seu modelo de gestatildeo pois os MEI que

participaram da pesquisa (Guaratuba) relataram que o municiacutepio cobra por taxas de

alvaraacute de funcionamento32 O municiacutepio isenta esse custo somente no primeiro ano

de abertura do micro negoacutecio contrariando dessa forma o disposto no art 4ordm sect3ordm

da LC 1472014

[] ficam reduzidos a 0 (zero) todos os custos inclusive preacutevios relativos agrave abertura agrave inscriccedilatildeo ao registro ao funcionamento ao alvaraacute agrave licenccedila ao cadastro agraves alteraccedilotildees e procedimentos de baixa e encerramento e aos demais itens relativos ao Microempreendedor Individual incluindo os valores referentes a taxas a emolumentos e a demais contribuiccedilotildees relativas aos oacutergatildeos de registro de licenciamento sindicais de regulamentaccedilatildeo de anotaccedilatildeo de responsabilidade teacutecnica de vistoria e de fiscalizaccedilatildeo do exerciacutecio de profissotildees regulamentadas (grifo nosso)

O apoio ao MEI eacute fundamental pois esse tecido empresarial (MPE)

segundo autores como Sachs (2003) Albuquerque e Zapata (2010) e Sen (2000)

respondem por boa parte dos empregos e da renda da populaccedilatildeo Para o SEBRAE

(2014) 52 dos empregos formais no Brasil estatildeo nas micro e pequenas

empresas o que corresponde agrave significativa importacircncia dessa categoria

empresarial no desenvolvimento da economia brasileira

As observaccedilotildees e alteraccedilotildees contidas na LC 14714 representam avanccedilos

significativos na perspectiva do desenvolvimento dando maior envergadura social agrave

LC 12306 Esse dispositivo legal possui impacto positivo fundamental para

aumentar as oportunidades do MEI a se manter na formalidade pela inovaccedilatildeo na

reduccedilatildeo de barreiras de Acesso em ao mercado e agrave competitividade

Dentre os principais dispositivos contidos na LC 14714 incorporados a

outras ferramentas descritas na LC 12808 estatildeo

a Tributaccedilatildeo reduccedilatildeo a zero dos custos para o MEI (art 4ordmsect 1ordm e sect 3ordm)

b Desburocratizaccedilatildeo tratamento diferenciado pelos optantes do Simples

Nacional Cadastro uacutenico do CNPJ dispensados os demais cadastros

estaduais e municipais (art 1ordm inciso 4ordm)

32

Essa informaccedilatildeo foi confirmada pelo setor de fiscalizaccedilatildeo do municiacutepio de Guaratuba

95

A debilidade de uma microempresa ou ateacute a sua falecircncia pode acarretar

natildeo somente numa estatiacutestica de dados econocircmicos mas em resultados

socialmente negativos A microempresa eacute o trabalho do MEI seu sustento e de sua

famiacutelia suas necessidades baacutesicas satildeo satisfeitas atraveacutes de seu trabalho que eacute o

substrato da sua dignidade

O trabalho eacute uma dimensatildeo da vida essencial para a realizaccedilatildeo da humanidade lembra Joatildeo Paulo II na enciacuteclica Laboren Exercens A enciacuteclica papal observa que o valor do trabalho localiza-se na pessoa que o realiza natildeo podendo portanto ser compreendido como uma forccedila anocircnima de produccedilatildeo com o trabalhador equiparado a mero instrumento a serviccedilo do capital (BROM 2006 p 55)

Outra ferramenta possiacutevel associada a outros dispositivos que convertam no

fomento dos micro e pequenos empreendimentos eacute o Acesso em ao creacutedito como

forma de capital gerador de expansatildeo econocircmica assinalado por Sachs (2003) Sen

(2000)

435 O Acesso em ao creacutedito aos MEI no Litoral do Paranaacute

O capiacutetulo IX da LC 12306 introduz na legislaccedilatildeo brasileira em

consonacircncia com o art 170 e 179 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 dispositivos

essenciais ao estiacutemulo ao creacutedito e ao microcreacutedito para micro e pequenas

empresas abrindo espaccedilo para inauguraccedilatildeo de formas e metodologias especiacuteficas

externas ao sistema creditiacutecio convencional o que caracteriza a concepccedilatildeo de

universalizar o creacutedito

Segundo a legislaccedilatildeo pertinente o sistema de creacutedito brasileiro deveraacute criar

linhas especiais de creacutedito a atender a demanda dos micro e pequenos

empreendimentos ―[] objetivando a reduccedilatildeo do custo de transaccedilatildeo a elevaccedilatildeo da

eficiecircncia alocativa o incentivo ao ambiente concorrencial e a qualidade do conjunto

informacional [] (LC 15516 art 57)

A posiccedilatildeo do sistema puacuteblico de creacutedito facilitado eacute fundamental na

intervenccedilatildeo do creacutedito frente ao sistema aberto convencional Atraveacutes do sistema

creditiacutecio com vinculaccedilatildeo federal ndash Caixa Econocircmica Federal (CEF) Banco Nacional

de Desenvolvimento Social (BNDES) Banco do Brasil (BB) (art 58 LC 15516) - e

dos bancos comerciais puacuteblicos estaduais abre-se espaccedilo para a inclusatildeo no

sistema de creacutedito agraves pessoas que natildeo possuiacuteam Acesso em ao serviccedilo Dessa

96

forma os bancos comerciais puacuteblicos passam a ser considerados atores importantes

nas poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento posto seu ponto estrateacutegico na alocaccedilatildeo

de creacutedito caracterizado como insumo necessaacuterio agrave ampliaccedilatildeo das oportunidades e

expansatildeo econocircmicas

A CEF o BB ndash entidades federalizadas ndash e o Fomento Paranaacute ndash entidade

estadual - satildeo os principais atores dentro da poliacutetica de Acesso em ao sistema de

creacutedito e microcreacutedito que atuam diretamente na MRGP

O art 62 da PLC 12306 a exemplo orienta o Banco Central a intervir na

ampliaccedilatildeo e facilidades agraves linhas de creacuteditos para os MEI e MPE que em

contrapartida estimularia a competiccedilatildeo bancaacuteria A disponibilizaccedilatildeo e a facilitaccedilatildeo

ao creacutedito ou ao microcreacutedito por instituiccedilotildees financeiras privadas ou estatais como

o banco do Brasil (BB) o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) pela Caixa

Econocircmica Federal33 (CEF) e outras instituiccedilotildees financeiras alinhadas ao

microcreacutedito estaacute respaldada no sect2o do art62 e nos art 57 58 59 e 60 da

supracitada PLC bem como na Lei federal 111102005 Esta institui o Programa

Nacional de Microcreacutedito Produtivo Orientado (PNMPO) ―com o objetivo de incentivar

a geraccedilatildeo de trabalho e renda entre os microempreendedores populares (BRASIL

2005)34

O microcreacutedito segundo o SEBRAE consiste no fornecimento de creacutedito

aos microempreendedores que natildeo possuem Acesso em ao sistema financeiro

tradicional e estaacute inserido no contexto da microfinanccedila destinado agraves pessoas de

baixa renda Ainda segundo o SEBRAE suas principais caracteriacutesticas satildeo

A) ausecircncia de garantias reais jaacute que a maioria das transaccedilotildees tem como garantia o aval solidaacuterio b) Concessatildeo de creacutedito aacutegil e adequado ao ciclo de negoacutecios do empreendimento c) Baixo custo de transaccedilatildeo devido agrave proximidade entre a instituiccedilatildeo e o tomador dos empreacutestimos e agrave inexistecircncia de burocracia d) Accedilatildeo econocircmica com forte impacto social na comunidade e) Elevado custo operacional para a instituiccedilatildeo fornecedora dos recursos f) Metodologia especiacutefica que consiste na concessatildeo assistida do creacutedito (wwwsebraecombr)

O SEBRAE (2012) evidenciou que no Brasil em 2011 12 dos MEI

buscaram linhas de creacutedito em instituiccedilotildees financeiras e 88 natildeo recorreram ao

33

Os encargos da Caixa Econocircmica Federal constituem 1) taxa de juros 295 ao mecircs 2) taxa de abertura de creacutedito (TAC) 3 do valor do contrato 3) Aliacutequota zero sobre o Imposto sobre Operaccedilotildees de Creacutedito (IOF) 34

O BNDES proporciona um creacutedito de ateacute R$ 2000000 por cliente o Banco do Brasil R$ 1500000 (ateacute a data desse trabalho)

97

creacutedito Desses MEI 43 obtiveram empreacutestimos e 57 natildeo conseguiram

formalizar o empreacutestimo Em 2012 10 recorreram ao creacutedito sendo que 52

desses obtiveram empreacutestimos e 48 natildeo conseguiram o financiamento Em 2015

84 dos MEI natildeo procurou obter empreacutestimo junto agraves instituiccedilotildees financeiras Dos

16 que recorreram ao creacutedito 55 conseguiram o empreacutestimo e 45 natildeo

efetivaram o creacutedito

Entre os anos de 2011 e 2015 como aponta o SEBRAE houve decreacutescimo

de trecircs pontos percentuais pelos MEIS na taxa de procura por financiamentos junto

agraves instituiccedilotildees financeiras Sendo que as instituiccedilotildees puacuteblicas representam uma

parcela significativa na procura por empreacutestimos pelos Microempreendedores

individuais

Como podemos observar (TABELA 11) entre os anos 2011 e 2015 houve

reduccedilatildeo na taxa de procura entre os dois anos mas a reduccedilatildeo foi mais expressiva

na taxa de aprovaccedilatildeo Isso estaacute relacionado agraves medidas mais restritivas de creacutedito

do ano de 2015 que afetaram a poliacutetica de fomento aos MEI como aos demais

empreendedores

TABELA 11 - PROCURA E APROVACcedilAtildeO DE CREacuteDITO PELOS MEI (BRASIL)

INSTITUICcedilAtildeO DE CREacuteDITO

PROCURA POR EMPREacuteSTIMO ()

EMPREacuteSTIMO APROVADO ()

2011 2015 2011 2015

Instituiccedilotildees Financeiras Puacuteblicas 68 67 00 44 Instituiccedilotildees Privadas 27 0 22 49 Cooperativas de creacutedito 4 6 99 42

FONTE SEBRAE (20122015)

Todavia alguns dispositivos de apoio e estiacutemulos a essas categorias

empresariais descritos nas LC 12306 e LC 12808 tais como baixa tributaccedilatildeo

programas de capacitaccedilatildeo e mesmo o Acesso em ao creacutedito a exemplo que

estimulem o seu desenvolvimento seratildeo analisadas posteriormente quando

abordarmos a MRGP

O microcreacutedito produtivo consiste numa ferramenta utilizada em muitos

paiacuteses como estrateacutegia de reduccedilatildeo da pobreza na promoccedilatildeo de emprego e renda e

na consolidaccedilatildeo do aumento da capacidade produtiva de microempreendimentos

aleacutem de favorecer condiccedilotildees a melhoria de vida das pessoas mais empobrecidas e

socialmente vulneraacuteveis (PEREIRA 2006 BARONE et al 2002)

98

O microcreacutedito democratiza o Acesso em ao creacutedito fundamental para a vida moderna do qual grande parte dos brasileiros estaacute excluiacuteda A disponibilidade de creacutedito para empreendedores de baixa renda capazes de transformaacute-lo em riquezas para eles proacuteprios e para o paiacutes faz do microcreacutedito parte importante das poliacuteticas de desenvolvimento (BARONE et al 2002 p 11)

No Brasil o microcreacutedito eacute regulamentado e normatizado pela Lei

111102005 que institui o Programa Nacional de Microcreacutedito Produtivo Orientado

(PNMPO) e ―tem por finalidade especiacutefica disponibilizar recursos para o microcreacutedito

produtivo orientado (Lei 111102005 art 1ordm sect 2ordm)

O microcreacutedito produtivo orientado segundo Barone et al (2002) possui

efeito positivo junto aos tomadores de financiamento no sentido de melhoria das

condiccedilotildees habitacionais de sauacutede e alimentares da expectativa da restituiccedilatildeo da

cidadania e da auto-estima aleacutem da geraccedilatildeo de emprego e renda das famiacutelias que

fazem o uso desse instrumento

Tal posicionamento eacute defendido por Pereira (2005) posto os resultados

empiacutericos obtidos em estudos realizados no Centro de Apoio de Pequenos

Empreendimentos no Estado da Paraiacuteba (CEAPEPB) em 2005 Em suas anaacutelises

ela concluiu que o microcreacutedito proporciona a expansatildeo do ativo circulante35 e do

patrimocircnio liacutequido tendo peso significativo na consolidaccedilatildeo dos empreendimentos

(PEREIRA 2005 p 78) Percebe-se dessa maneira o impacto positivo do

microcreacutedito em paracircmetros econocircmicos aleacutem de ser uma ferramenta de

intervenccedilatildeo na exclusatildeo social Entretanto a situaccedilatildeo na MRGP apresenta um

quadro criticamente diverso A tabela abaixo (TABELA 12) expressa a regressatildeo

significativa das transaccedilotildees de creacutedito pela CEF na MRGP entre os anos 2015 e

2016

TABELA 12 - NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS E VALORES FINANCIADOS NA MRGP CEDIDOS

PELA CAIXA ECONOcircMICA FEDERAL AgraveS MPE (2015-2016)

ANO TOTAL DE CONTRATOS VALOR TATOAL (R$)

2015 13909 3759861821

2016 2756 795389276

FONTE CONTROLADORIA GERAL DA UNIAtildeO ATRAVEacuteS DO PORTAL DA TRANSPAREcircNCIA

35

O ativo circulante compreende o dinheiro em caixa os saldos bancaacuterios e todos os valores que podem ser convertidos em dinheiro imediatamente (SANDRONI 1999)

99

A diminuiccedilatildeo nos financiamentos estaacute atrelada em parte pelo baixo

desempenho da economia e por outro lado a forte restriccedilatildeo do sistema bancaacuterio no

processo de seletividade para o creacutedito Para o entrevistado3

Existe um preconceito muito grande seja por parte de associaccedilotildees seja por parte de instituiccedilotildees financeiras neacute Porque o MEI eacute um risco Como que eacute avaliado Ah ele eacute pequenininho Se ele natildeo aguenta pagar um boleto DAS como ele vai pagar a mensalidade Se ele natildeo aguenta pagar um boleto DAS como ele vai pagar um financiamento Eu vejo isso como um preconceito Mas eu natildeo tiro toda razatildeo da parte financeira (transcriccedilatildeo) (entrevistado3)

Notemos que o nuacutemero de contratantes (TABELA 12) em 2015 em relaccedilatildeo

ao nuacutemero de MPE na MRGP (TABELA 13) abaixo atingiu o percentual de 4487

No ano seguinte (2016) esse percentual reduziu sensivelmente para 814

TABELA 13 - NUacuteMERO DE MPE NA MRGP (2015-2016)

FONTE EMPRESOcircMETRO

Ainda na comparaccedilatildeo entre os dados expressos acima (TABELAS 12 e 13)

percebemos que a retraccedilatildeo nos contratos de financiamentos representou um

decreacutescimo de 2115 de ativos circulantes das MPE na MRGP o que compromete

o desenvolvimento tendo em vista que em meacutedia 95 das empresas da regiatildeo satildeo

MPE (Empresocircmetro) e geram empregos renda e tem forte impacto na produccedilatildeo de

riqueza em seus municiacutepios

Partindo das anaacutelises de Kohler (2010) observamos que o aumento da

atividade econocircmica requer a expansatildeo da capacidade de investimento o qual ele

denomina de ―investimento produtivo O investimento produtivo na concepccedilatildeo do

MUNICIacutePIO Nordm MPE

2015 2016

Antonina 1453 1581

Guaraqueccedilaba 358 400

Guaratuba 3913 4333

Matinhos 4138 4716

Morretes 1559 1703

Paranaguaacute 13612 14728

Pontal do Paranaacute 3929 4372

TOTAL 30977 33849

100

autor eacute um elemento importante na produccedilatildeo de riqueza local pois se materializa

em uma variaacutevel ex ante a poupanccedila produtiva resultado da riqueza gerada

Tratando-se do MEI as condiccedilotildees de alocaccedilatildeo de ―investimentos

produtivos- aquisiccedilatildeo de tecnologias maacutequinas estoque ndash podem ser referenciadas

na Lei Geral atraveacutes do estiacutemulo ao creacutedito

Magalhatildees Junior (2016) ao analisar o impacto dos micro - financiamentos

realizados nos municiacutepios paranaenses atraveacutes do Programa Banco do

Empreendedor Paranaacute (Fomento Paranaacute) concluiu que a adiccedilatildeo em meacutedia de 1

nos contratos de microcreacutedito junto ao Programa Banco Empreendedor Paranaacute

possibilitou o aumento da capacidade econocircmica dos municiacutepios participantes em

032 entre os anos 2010 e 2013

Os dados abaixo (TABELA 14) demonstram o nuacutemero de contratos

creditiacutecios firmados com o MEI na MRGP junto ao Fomento Paranaacute entre os anos

2014 ndash 2016 Observamos ainda a elevaccedilatildeo de 400 no nuacutemero de financiamentos

entre os anos 2015 ndash 2016 ao contraacuterio dos bancos puacuteblicos federalizados que

manifestaram reduccedilatildeo nos contratos

TABELA 14 - NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS CEDIDOS AO MEI JUNTO AO PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR DO PARANAacute (FOMENTO PARANAacute) NA MRGP (2014-2015-2016)

MUNICIacutePIO Nordm DE FINANCIAMENTOS

2014 2015 2016

Antonina 3 3 4

Guaraqueccedilaba

6

Guaratuba 5

Matinhos 4

12

Morretes 10 3 12

Pontal do Paranaacute

7

TOTAL 29 9 45

FONTE FOMENTO PARANAacute ATRAVEacuteS DO PORTAL DA TRANSPAREcircNCIAPR

Mesmo com essa expansatildeo significativa o percentual em relaccedilatildeo ao

nuacutemero de MEI na MRGP eacute pouco expressivo pois representou apenas 038 do

total dos microempreendedores em 2016

Tal qual o nuacutemero de contratos os valores financiados aumentaram

significativamente em 47630 entre os anos 2015 ndash 2016 como demonstrado

101

abaixo (GRAacuteFICO10) Esse percentual segundo um agente representante do

Programa Banco Empreendedor Paranaacute (Fomento Paranaacute) da regiatildeo deve cair

novamente em funccedilatildeo dos municiacutepios do litoral natildeo renovarem os convecircnios com o

banco supracitado

GRAacuteFICO 10- VAOLRES TOTAIS FINANCIADOS PELO MEI NA MRGP ATRAVEacuteS DO

PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR PARANAacute (FOMENTO PARANAacute) (201 ndash 2015 ndash 2016)

FONTE Fomento Paranaacute ndash elaboraccedilatildeo proacutepria ndash dados obtidos atraveacutes

do Portal da Transparecircncia

Ao analisarmos os dados do graacutefico abaixo sobre o nuacutemero de contratos

firmados junto ao sistema de creacutedito na MRGP pelos respondentes (n=30)

reparamos que vinte e quatro (n=24) dos entrevistados (GRAacuteFICO 11) disseram natildeo

ter contratado financiamentos junto agraves entidades creditiacutecias para expandir seus

negoacutecios e seis (n=6) responderam ter realizado empreacutestimo Dos respondentes que

realizaram financiamentos quatro (n=4) disseram ter utilizado como capital de giro e

dois (n=2) dos respondentes que adquiriram o financiamento relataram que o

utilizaram tanto como capital de giro como para expandir os negoacutecios e na compra

de materiais

R$26674633

R$8176690

R$47121657

2014 2015 2016

Valor contratado (R$)

102

GRAacuteFICO 11 - FINANCIAMENTOS JUNTO AO SISTEMA DE CREacuteDITO NA MRGP ()

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Um fato interessante no momento da entrevista eacute que grande parte dos

respondentes natildeo tinha conhecimento sobre essa prerrogativa estabelecida em lei e

nem mesmo disse conhecer as implicaccedilotildees que um financiamento produtivo

empregado de forma adequada pode oferecer para a melhoria das condiccedilotildees dos

microempreendimentos

436 O associativismo e os MEI na MRGP

O associativismo pode ser caracterizado como cooperaccedilatildeo para crescer

juntos Quem se associa usualmente tem objetivos em comum portanto a

cooperaccedilatildeo eacute fundamental ao avanccedilo desses objetivos

Com o escopo de incluir as MPE no processo produtivo competitivo e

saudaacutevel jaacute no art 1ordm inciso III a LC 12306 preceitua como uma das normas

descritas o Acesso em ao associativismo acentuando no capiacutetulo VIII da referida

Lei Geral que a associaccedilatildeo seraacute regulamentada sob a forma de Sociedade de

Propoacutesito Especifico (SPE)36 e ―seraacute constituiacuteda como Sociedade Limitada37 (art 56

sect2ordm inciso VII)

36

Sociedade de Propoacutesito Especiacutefico (SPE) eacute um modelo de organizaccedilatildeo empresarial pelo qual se constitui uma nova empresa limitada ou sociedade anocircnima com um objetivo especiacutefico ―cuja atividade eacute bastante restrita podendo em alguns casos ter prazo de existecircncia determinado normalmente utilizada para isolar o risco financeiro da atividade desenvolvida (SEBRAE)disponiacutevel lthttpwwwbibliotecassebraecombrchronusARQUIVOS_CHRONUSbdsbdsnsff25877ce0f2ecbca17355fc33397deea$File5189pdfgtgt Esta previsatildeo estaacute fundamentada no art 981 do Coacutedigo Civil de 2002 37

Forma societaacuteria com personalidade juriacutedica de participaccedilatildeo definida com base em seu investimento

sim

natildeo

103

Uma associaccedilatildeo tem como objetivo a manutenccedilatildeo e salvaguarda do

interesses de seus associados promovendo permanentemente os lastros de

cooperaccedilatildeo entre eles reconhecendo que para prosperar eacute necessaacuteria adequaccedilatildeo

institucional administrativa e de recursos para adaptaccedilotildees decorrentes de

mudanccedilas em cenaacuterios especiacuteficos (social economia poliacutetica)

Agraves MPE em especial aos microempreendedores individuais as concepccedilotildees

do associativismo satildeo maneiras integradas ao movimento de inclusatildeo dessa

categoria no processo mercantil uma vez que a fragilidade no Acesso em ao

mercado ao creacutedito agraves tecnologias jaacute mencionadas anteriormente as relaccedilotildees

estabelecidas na consolidaccedilatildeo associativa geram possibilidades de surgirem

externalidades tais como conexotildees comerciais fortalecimento econocircmico

benefiacutecios em funccedilatildeo das parcerias com a associaccedilatildeo dentre outras Nessa

perspectiva

o estiacutemulo agrave cooperaccedilatildeo como forma de minimizar as fraquezas estruturais que envolvem os microempreendedores se apoia na perspectiva de que os atores econocircmicos natildeo podem ser tomados como aacutetomos isolados posto que suas accedilotildees dependem de vaacuterias limitaccedilotildees advindas das relaccedilotildees estabelecidas com outras organizaccedilotildees (CERQUEIRA CUNHA MOHR SOUZA ABRAHAO FLEIG 2014 p 739)

Abaixo (GRAacuteFICO 12) estatildeo os resultados sobre a participaccedilatildeo dos

respondentes (n=30) em associaccedilotildees de representaccedilatildeo da categoria Dos

respondentes vinte e oito (n=28) responderam que natildeo satildeo membros de nenhuma

associaccedilatildeo e dois (n=2) decidiram por natildeo responder

GRAacuteFICO 12 - RESPOSTA SOBRE PARTICIPACcedilAtildeO EM ASSOCIACcedilAtildeO REPRESENTANTE DA CATEGORIA

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

sim

natildeo

natildeo respondeu

104

No litoral identificamos (QUADRO 8) as principais entidades representantes

da classe comercial e industrial as quais abrem espaccedilo para o MEI se associar

QUADRO 8- ENTIDADES REPRESENTANTES DAS CLASSES EMPRESARIAL COMERCIAL E AGRIacuteCOLA NO LITORAL DO PARANAacute

ENTIDADE DESCRICcedilAtildeO

ACIG Associaccedilatildeo Comercial e Empresarial de Guaratuba

ACIMA Associaccedilatildeo Comercial e Empresarial de Matinhos

ACIAPAR Associaccedilatildeo Comercial Industrial e Agriacutecola de Pontal do Paranaacute

ACIAP Associaccedilatildeo Comercial Industrial e Agriacutecola de Paranaguaacute

ACIAM Associaccedilatildeo Comercial Industrial e Agropecuaacuteria de Morretes

AMPEC LITORAL Associaccedilatildeo das Micro e pequenas Empresas do litoral do Paranaacute

FONTE Dados da PesquisaAssociaccedilotildees que possuem mensalidades reduzidas para os MEI

As entidades de classe descritas no quadro acima estatildeo distribuiacutedas em

todo o litoral paranaense mas destacamos a AMPEC por seu aspecto principal que

eacute uma associaccedilatildeo dos micro e pequenos empreendedores do litoral

A ASSOCIACcedilAtildeO teraacute por finalidade congregar as Microempresas Empresas de Pequeno Porte os Empreendedores Individuais e os profissionais autocircnomos formais e informais industriais comerciais agriacutecolas artesatildeos e prestadoras de serviccedilos em forma de associados optantes objetivando a promoccedilatildeo social e econocircmica estimulando o desenvolvimento e defendendo o interesse de seus associados (art 4ordm Estatuto Social AMPEC)

A AMPEC com sede em Pontal do Paranaacute na visatildeo do entrevistado2 eacute

muito importante poreacutem natildeo existe apoio do poder puacuteblico local ou de entidades que

possam contribuir para o desenvolvimento da associaccedilatildeo e de cooperaccedilatildeo conjunta

na composiccedilatildeo de estrateacutegias para aumentar a alocaccedilatildeo de recursos e

acompanhamento teacutecnico para a entidade Dessa forma o isolamento e soacute com a

arrecadaccedilatildeo dos associados natildeo tem como desenvolver accedilotildees para fortalecer a

classe Ateacute mesmo porque a inadimplecircncia segundo o entrevistado2 chega a

6038 Ainda segundo o entrevistado2 a associaccedilatildeo passou por algumas

reformulaccedilotildees administrativas posto problemas internos com respeito a recursos e

endividamento da entidade

38

O valor cobrado de mensalidade do associado eacute de R$1000 mensais (entrevistado2)

105

A AMPEC natildeo consegue atender os empreendedores seus associados Natildeo consegue ver um retorno por parte da AMPEC Nada de concreto Somente criacuteticas por parte da AMPEC [] Normalmente quando vocecirc se associa vocecirc quer crescer junto ou vocecirc tem o retorno Se vocecirc natildeo tem o retorno se vocecirc vecirc que natildeo ta criando natildeo ta juntando por que que vocecirc vai entrar NE Eu penso dessa forma o associativismo(transcriccedilatildeo) (entrevistado3)

Nas anaacutelises descritas por Cunha Mohr Souza Abrahao Fleig (2014) na

discussatildeo sobre as fraquezas e potencialidades da AMPEC o associativismo eacute

apontado como uma alternativa de melhoria das condiccedilotildees do microempreendedor

no litoral paranaense No entanto Como observa o entrevistado3 ―o associativismo

natildeo eacute aceito no litoral por questotildees culturais No sudoeste do Estado a SICREDI e o

SICOOB satildeo mais fortes que o Itauacute e o BB(transcriccedilatildeo)

Algumas estrateacutegias podem ser interessantes para o desenvolvimento do

MEI todavia elas deveriam ser adaptadas agrave realidade local como eacute o caso das

compras puacuteblicas O municiacutepio tem prazo de pagamento ateacute de 90 dias Para alguns

microempreendimentos isso se torna praticamente inviaacutevel 1) pela pouca

disponibilidade de ativos disponiacuteveis o que impossibilita a raacutepida reposiccedilatildeo dos

recursos utilizados 2) pelo fato de muitas empresas e microempreendedores natildeo

distinguirem as despesas da empresa com as da famiacutelia pois a famiacutelia depende

diretamente desses recursos (SACHS 2003)―O MEI eacute muito pequeno neacute Natildeo

consegue concorrer com os maiores Muitos MEI usam de outras atividades pra

completar a renda ou a renda do MEI eacute usada pra complementar (entrevistado2)

(transcriccedilatildeo)

437 Mobilizaccedilatildeo dos governos locais no estiacutemulo agrave categoria do MEI

Albuquerque e Zapata (2010) destacam a importacircncia de adesatildeo dos

governos locais nas poliacuteticas de desenvolvimento pois segundo os autores as

autoridades eleitas ndash municipais e estaduais ndash satildeo elementos chaves no processo

de desenvolvimento local Embora como acentuam os autores o desenvolvimento

dos territoacuterios muitas vezes eacute impulsionado por liacutederes locais (cooperativas

associaccedilotildees) jovens empresaacuterios e entidades natildeo governamentais eacute indispensaacutevel

a integraccedilatildeo dos governos locais agraves iniciativas de desenvolvimento posto que

―podem conferir a essas iniciativas algum caraacuteter institucional (idem p 216)

106

No graacutefico abaixo (GRAacuteFICO 13) estatildeo os resultados sobre o conhecimento

dos respondentes sobre estrateacutegias adotadas pelas prefeituras em apoio ao MEI na

MRGP

GRAacuteFICO 13 - CONHECIMENTODOS RESPONDENTES DE ESTRATEacuteGIAS ADOTADAS PELAS PREFEITURAS EM APOIO AO MEI NA MRGP ()

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Na leitura dos dados acima (GRAacuteFICO 13) verificamos que vinte e dois

(n=22) dos respondentes natildeo sabem informar se as prefeituras possuem accedilotildees de

apoio ao MEI

Observamos durante nossas pesquisas que dos sete municiacutepios da MRGP

cinco esforccedilaram-se em apresentar propostas de fomento das capacidades de

produccedilatildeo do MEI firmando parcerias com entidades importantes no cenaacuterio

econocircmico e de desenvolvimento como eacute o caso do SEBRAE Foram eles

Guaraqueccedilaba Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute Certamente

como constatado nas pesquisas em alguns casos Morretes e Matinhos naquele

momento pela transiccedilatildeo do chefe do executivo (eleiccedilotildees municipais) pode ter

ocorrido certo abandono das poliacuteticas setorizadas de apoio ao MEI Destacamos

ainda duas circunstacircncias importantes 1) a falta de poliacuteticas de desenvolvimento

local nos municiacutepios do litoral (SEBRAE ndash monitoramento da implementaccedilatildeo da Lei

Geral) 2) ausecircncia de poliacuteticas puacuteblicas que reduzam o imediatismo e infiram metas

0

10

20

30

40

50

60

70

80

compra derodutos e

serviccedilos doMEI

na aquisiccedilatildeode

tecnologias

cursos decapacitaccedilatildeo

processo deformalizaccedilao

natildeo soubeinformar

natildeoresponderam

107

de meacutedio e longo prazo com vistas ao desenvolvimento sustentaacutevel assinalado por

Sachs (2003) e Albuquerque e Zapata (2010)

Os pontos assinalados acima na MRGP obedecem agrave perspectiva no nosso

entendimento das poliacuteticas puacuteblicas por vezes de inclinaccedilatildeo poliacuteticapartidaacuteria

unilateral sem representaccedilatildeo de atores locais externos agrave administraccedilatildeo puacuteblica (top

down) muitas vezes alheias agraves reais necessidades da populaccedilatildeo Geralmente

essas poliacuteticas natildeo satildeo produzidas com implicaccedilotildees de meacutedio e longo prazos mas

ciacuteclicas e temporais permanecendo ateacute o teacutermino da gestatildeo municipal

Em nossas pesquisas observamos ainda que Pontal do Paranaacute eacute um dos

municiacutepios da MRGP com maior maturidade nas concepccedilotildees de desenvolvimento

local posto a extensatildeo de estrateacutegias accedilotildees e programas diversificados de fomento

das MPE em especial agrave categoria especiacutefica do MEI Esta proposta vai ao encontro

das anaacutelises de Albuquerque e Zapata (2010 p 2018) no sentido de que ―agraves vezes

uma estrateacutegia de desenvolvimento local pode se iniciar a partir da coordenaccedilatildeo

territorial de alguns programas e instrumentos setoriais de fomento definidos de

maneira central

Um ponto central nesse processo como assinalou o entrevistado8 eacute a

capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios efetivos da administraccedilatildeo puacuteblica municipal que atuam

na secretaria e na sala do empreendedor Esta estrateacutegia tem como objetivo dar

continuidade agraves propostas de desenvolvimento local isolando-se do plano partidaacuterio

denotando sentido neutro nas poliacuteticas de desenvolvimento

Na aplicaccedilatildeo do questionaacuterio percebemos que muitos dos respondentes

como constatado no graacutefico 9 desconhecem as regulamentaccedilotildees que normatizam a

categoria (Leis) os dispositivos legais que favorecem a classe do MEI quanto ao

creacutedito agraves isenccedilotildees agrave licitaccedilatildeo dentre outros instrumentos relacionados agrave sua

inserccedilatildeo e expansatildeo no mercado

Como jaacute mencionado nos municiacutepios de Guaratuba e Antonina natildeo foram

identificadas estrateacutegias de apoio ao MEI por parte do governo local com vistas agrave

inserccedilatildeo no sistema de mercado observados os dispositivos da Lei Geral

Em Guaratuba em 2009 o municiacutepio instituiu a Lei Complementar 042009

sobre o tratamento diferenciado agraves MPE no acircmbito municipal Uma das estrateacutegias

previstas na referida LC de Guaratuba foi a criaccedilatildeo do Comitecirc Gestor Municipal com

o objetivo de acompanhar a implementaccedilatildeo da LC 12306 e suas complementaccedilotildees

108

Poreacutem nas pesquisas de campo em 2016 junto agraves secretarias de

Urbanismo de Infraestrutura e Obras e do Bem Estar e Promoccedilatildeo Social assim

como o entrevistado1 desconheciam a existecircncia e atuaccedilatildeo do citado comitecirc assim

como natildeo souberam informar sobre alguma proposta referida ao MEI

Um dos avanccedilos identificados no processo de desenvolvimento empresarial

de Guaratuba foi a criaccedilatildeo em 2016 de uma agecircncia da Junta Comercial do

Paranaacute firmando parceria com o governo local e com a Associaccedilatildeo Comercial e

industrial de Guaratuba (ACIG)Tal accedilatildeo pode fortalecer o caraacuteter institucional de

poliacuteticas voltadas agraves categoria empresarial e comercial do municiacutepio Destacamos

ainda que esta foi uma accedilatildeo isolada identificada para o desenvolvimento do

ambiente empresarial da cidade

Muito embora a maioria dos municiacutepios da MRGP apresente dificuldades

orccedilamentaacuterias eacute importante frisar que o enquadramento aos dispositivos legais

inseridos na Lei Geral podem ser implantados de maneira gradual vinculados a uma

postura de desenvolvimento integrado e com metas de meacutedio e longo prazos com

provimentos de investimentos que suportem em princiacutepio estrateacutegias e accedilotildees um

pouco mais reduzidas mas no segundo momento podem ser expandidas e

melhoradas encaixadas em novas estrateacutegias e accedilotildees em concepccedilotildees de

―inovaccedilatildeo renovaccedilatildeo e transformaccedilatildeo constantes as quais estatildeo sujeitas qualquer

poliacutetica puacuteblica

438 O MEI-Patratildeo no Litoral do Paranaacute

Segundo o SEBRAE (2014) as micro e pequenas empresas em 2011 eram

responsaacuteveis por ―44 dos empregos formais em serviccedilos e aproximadamente 70

dos empregos gerados no comeacutercio (p7)

Nota-se a impressionante importacircncia desse tecido empresarial na economia

do trabalho e sua relevacircncia que pode ser considerada nas poliacuteticas de inclusatildeo

social visto a geraccedilatildeo de emprego e renda e externalidades agregadas como o

combate a miseacuteria e a pobreza extrema aleacutem do aumento da auto-estima e da

manutenccedilatildeo da dignidade das pessoas em funccedilatildeo do trabalho

109

O MEI na forma da lei explicitado no art 18C da LC 12808 poderaacute

contratar um empregado com todos os direitos e deveres atribuiacutedos na

Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho (CLT)

Observado o disposto no art 18-A e seus paraacutegrafos desta Lei Complementar poderaacute se enquadrar como MEI o empresaacuterio individual que possua um uacutenico empregado que receba exclusivamente 1 (um) salaacuterio miacutenimo ou o piso salarial da categoria profissional

Ao analisar o graacutefico abaixo (GRAacuteFICO 14) com base no questionaacuterio

identificamos que dezenove (n=19) dos MEI que participaram do questionaacuterio

responderam que natildeo possuem empregado no exerciacutecio de suas atividades oito

(n=8) responderam que possuem empregado e trecircs (n=3) natildeo responderam agrave

questatildeo

GRAacuteFICO 14 -RESPONDENTES QUE POSSUEM FUNCIONAacuteRIOS NA MRGP ()

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Se por um lado a formalizaccedilatildeo do MEI constitui um avanccedilo no enfrentamento

agrave informalidade do outro lado haacute uma reproduccedilatildeo do processo informal que foge ao

controle da poliacutetica de formalizaccedilatildeo Trabalhadores que satildeo incluiacutedos por uma

poliacutetica que tem esforccedilo em pelo menos reduzir a informalidade contribui em

parte para a precarizaccedilatildeo do trabalho contratando trabalhadores dentro do sistema

informal para exercerem atividades que permanecem fora dos preceitos do trabalho

descente

0

10

20

30

40

50

60

70

sim natildeo natildeo respondeu

110

Nesse sentido sobre os microempreendedores individuais que empregam

constatamos(GRAacuteFICO 15) que dos trabalhadores empregados pelos MEI seis

(n=6) deles exercem suas funccedilotildees na informalidade e dois (n=2) satildeo formalizados

GRAacuteFICO 15 - QUANTITATIVO DE TRABALHADORES FORMALIZADOS E NAtildeO FORMALIZADOS

EMPREGADOS PELO MEI NA MRGP ()

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Eacute importante ressaltar que nas observaccedilotildees de campo constatou-se que

333 dos empregados natildeo formalizados (n=2) eram filhos dos MEI respondentes

Dessa forma muitos MEI aleacutem de reproduzir a informalidade com forccedila de trabalho

familiar precarizando em muito as condiccedilotildees do trabalho comprometem o

rendimento escolar de crianccedilas e adolescentes

439 Renda bruta dos MEI entrevistados um alento agrave meacutedia

Os municiacutepios da MRGP apresentam caracteriacutesticas distintas tanto pela

economia industrial quanto pelas particularidades sazonais dos serviccedilos as quais as

cidades balneaacuterias estatildeo submetidas Segundo Monteiro (2013 p 5) a populaccedilatildeo

total dos trecircs municiacutepios pode aumentar em 400 na temporada de praia

As particularidades sazonais refletem consideravelmente nas economias dos

municiacutepios balneaacuterios pelo aumento do fluxo de pessoas na temporada de veratildeo

0

10

20

30

40

50

60

70

80

natildeo formalizado formalizado

111

responsaacutevel pelo estiacutemulo da economia local impulsionada pelo turismo Destaque

para os setores de serviccedilos e do comeacutercio Com a expansatildeo da economia nesse

periacuteodo (dezembro janeiro e fevereiro) surgem oportunidades de trabalho e renda

para a populaccedilatildeo local e o aumento de volume do comeacutercio e prestaccedilatildeo de serviccedilos

Abaixo (GRAacuteFICO 16) examinamos a renda bruta dos respondentes (n=30)

na temporada de praia e no inverno a partir do questionaacuterio A referecircncia de renda

teraacute como paracircmetro o salaacuterio miacutenimo nacional39

GRAacuteFICO 16 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS MEI RESPONDENTES COM BASE NA RENDA BRUTA TENDO COMO PARAcircMETRO DE VALOR O SALAacuteRIO MIacuteNIMO NACIONAL (2016) ()

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Ao observarmos acima (GRAacuteFICO 16) percebemos que dos respondentes

na temporada de praia quatro (n=4) ganham ateacute um salaacuterio miacutenimo por mecircs

trecircs(n=3) ganham ateacute dois salaacuteriosmecircs sete (n=7) ganham ateacute trecircs salaacuterios sete

(n=7) ganham ateacute quatro salaacuterios sete (n=7) ganham mais de quatro salaacuterios e dois

(n=2) ganham mais de cinco salaacuterios por mecircs e fora da temporada de praia quatro

(n=4) ganham ateacute um salaacuterio miacutenimo por mecircs quatro (n=4) ganham ateacute dois salaacuterios

miacutenimos por mecircs oito (n=8) ateacute trecircs salaacuterios quatro (n=4) ateacute quatro salaacuterios sete

(n=7) ganham mais de quatro salaacuterios e dois(n=2) ganham mais de cinco

salaacuteriosUm respondente natildeo se manifestou sobre a renda bruta fora do veratildeo

39

O salaacuterio miacutenimo nacional para o ano 2016 eacute de R$ 88000 tendo como base o Decreto Federal nordm 86182015

0

5

10

15

20

25

30

ateacute 1 ateacute 2 ateacute 3 ateacute 4 mais de4

mais de5

no veratildeono inverno

112

Na demonstraccedilatildeo acima (GRAacuteFICO 16) notamos que cerca de nove(n=9)

dos MEI respondentes possui rendimentos acima de quatro salaacuterios miacutenimos e

quatorze (n=14) possui variaccedilatildeo entre um e trecircs salaacuterios miacutenimos Em 201040 o

rendimento do trabalhador na MRGP era em meacutedia 245 salaacuterios miacutenimos como

indicado abaixo41 (TABELA 15)

TABELA 15 - RENDIMENTO NOMINAL MEacuteDIO DOS TRABALHADORES CONTRIBUINTES PARA A PREVIDEcircNCIA SOCIAL EM QUALQUER TRABALHO NA MRGP (2010)

MUNICIacutePIO RENDIMENTO MEacuteDIO EM SALAacuteRIO MIacuteNIMO

Antonina 227

Guaraqueccedilaba 118

Guaratuba 244

Matinhos 278

Morretes 267

Paranaguaacute 304

Pontal do Paranaacute 279

MEacuteDIA 245

FONTE IBGE ndash senso 2010

Se estabelecermos uma comparaccedilatildeo tendo como indicativo de rendimento

do trabalhador o salaacuterio miacutenimo nacional veremos que o MEI categoria de

trabalhador inclusa no sistema previdenciaacuterio (IBGE) 30 dos respondentes possui

renda meacutedia superior agrave verificada em 2010 e 467 dessa categoria permanece

proacuteximo da meacutedia analisada em 2010

4310 Capacitaccedilatildeo profissional dos MEI no Litoral do Paranaacute

Os artigos 64 e 65 da LC 12306 com base no art 149 da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 reforccedilam a necessidade de articulaccedilatildeo entre as Instituiccedilotildees

Federais de Ensino Superior (IFES) as Instituiccedilotildees Cientiacuteficas e Tecnoloacutegicas (ICT)

e as FundaccedilotildeesInstituiccedilotildees de Apoio (Lei Fed 895894) na implementaccedilatildeo de ―[]

programas especiacuteficos para as microempresas e para as empresas de pequeno

porte [] Os programas possuem objetivos de auxiliar agrave capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica e

40

O salaacuterio miacutenimo nacional em 2010 era de R$ 51000 conforme Lei 1225510 41

Utilizamos o paracircmetro de 2010 por conta da escassez de dados econocircmicos atualizados da MRGP

113

treinamento de pessoal assim como dinamizar o processo de inovaccedilatildeo e

estruturaccedilatildeo dessas categorias empresariais

O Sistema S42 a exemplo definido na paacutegina web do Senado Federal como

―Termo que define o conjunto de organizaccedilotildees das entidades corporativas voltadas

para o treinamento profissional assistecircncia social consultoria pesquisa e

assistecircncia teacutecnica que aleacutem de terem seu nome iniciado com a letra S tecircm raiacutezes

comuns e caracteriacutesticas organizacionais similares e dentro de suas competecircncias

―cumpre um papel fundamental na oferta de cursos profissionalizantes em todo o

Brasil Criadas a partir dos anos 1940 as entidades que compotildeem o sistema se

dedicam agrave formaccedilatildeo profissional em suas respectivas aacutereas de atuaccedilatildeo (induacutestria

comeacutercio agropecuaacuteria entre outras) como indica o site do Governo Federal

Dessa forma com base nas anaacutelises de Albuquerque e Zapata (2008)

compreendemos que eacute igualmente necessaacuterio para o desenvolvimento e o

incremento das potencialidades estabelecerem o fortalecimento e expansatildeo tanto

das empresas inseridas em arranjos produtivos locais com qualificaccedilatildeo do capital

humano no gerenciamento e gestatildeo dos processos socioeconocircmicos Acesso em

agraves novas tecnologias promovendo a inovaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de produtos e a

conexatildeo em redes de produccedilatildeo e escoamento dos produtos dentro e fora do

territoacuterio quanto agrave otimizaccedilatildeo desses recursos alocados ao desenvolvimento

socioeconocircmico

Para o SEBRAE (2014) em 2011 os pequenos negoacutecios atingiram o

percentual de 27 do PIB brasileiro sendo que as Micro e Pequenas Empresas

respondem por 53 4 da riqueza gerada no setor de serviccedilos

Os dados demonstram a importacircncia de incentivar e qualificar os empreendimentos de menor porte inclusive os Microempreendedores Individuais Isoladamente uma empresa representa pouco Mas juntas elas satildeo decisivas para a economia e natildeo se pode pensar no desenvolvimento do Brasil sem elas (SEBRAE 2014)

Abaixo (GRAacuteFICO 17) demonstra o quantitativo de MEI respondentes ao

questionaacuterio que participaram de cursos de capacitaccedilatildeo

42

A criaccedilatildeo das Instituiccedilotildees do sistema ―S tem como base fundamental o art 149 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e eacute composta pelo Serviccedilo Nacional de Aprendizagem do Comeacutercio (Senac) Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) Serviccedilo Social do Comeacutercio (Sesc) Serviccedilo Social da Induacutestria (Sesi) Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e Serviccedilo Social de Transporte (Sest) Serviccedilo Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop)

114

GRAacuteFICO 17- QUANTITATIVO DE MEI RESPONDENTES QUE PARTICIPARAM DE CURSOS DE CAPACITACcedilAtildeO

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Percebemos (GRAacuteFICO 17) que dezessete (n=17) dos respondentes natildeo

participaram de cursos de capacitaccedilatildeo e dez (n=10) responderam que sim Dessa

forma veremos que a maioria dos respondentes se enquadra na perspectiva de

Sachs (2003) sobre a falta de conhecimentos baacutesicos para o desenvolvimento de

suas atividades Ou seja ausecircncia de capacitaccedilatildeo necessaacuteria nos negoacutecios pode se

tornar uma barreira na sustentabilidade do microempreendimento

O principal problema enfrentado pelo MEI eacute a falta de conhecimento de mercado Eles tecircm uma boa intenccedilatildeo mas sem capacidade de gerir o negoacutecio A natildeo ser aquele que jaacute exerce sua profissatildeo e resolve se formalizar Este jaacute conhece os limites do mercado (transcriccedilatildeo) entrevistado1)

Boa parte dos MEI no momento da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio natildeo

expressava desejo em se capacitar ou mesmo participar de qualquer qualificaccedilatildeo

Um dos MEI que respondeu natildeo participar de cursos de capacitaccedilatildeo nos disse se

considerar um ―autodidata e natildeo haveria a necessidade de se capacitar

A capacitaccedilatildeo para agir no mercado aberto eacute um elemento chave como

suporte agrave expansatildeo das capacidades envolvidas em um microempreendimento

posto agrave possibilidade de conhecimento de gestatildeo e financcedilas administraccedilatildeo de

recursos estoque fluxos de mercado e competitividade

participou

natildeo participou

Natildeo respondeu

115

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Iniciamos os trabalhos de pesquisa motivados por investigar como as

organizaccedilotildees puacuteblicas mercado e organizaccedilotildees sociais tecircm constituiacutedo poliacuteticas de

formalizaccedilatildeo do trabalho e como os trabalhadores e essas organizaccedilotildees tecircm

promovido e acolhido a formalizaccedilatildeo do microempreendedor individual no litoral do

Paranaacute Para tal realizamos estudos sobre as transformaccedilotildees no mundo do trabalho

investigamos a configuraccedilatildeo socioeconocircmica e os principais problemas enfrentados

pelos trabalhadores informais na regiatildeo Tratando-se de um estudo pioneiro

enfrentamos uma seacuterie de dificuldades para a coleta de dados e entrevistas em um

setor marcado pela precariedade de informaccedilotildees e estudos sistemaacuteticos

Um traccedilo marcante no mercado de trabalho brasileiro eacute informalidade

decorrente das transformaccedilotildees no processo de produccedilatildeo promovidas pelo decliacutenio

da concepccedilatildeo keynesianafordista que culminaram nas modificaccedilotildees das relaccedilotildees

de trabalho e no deslocamento do trabalhador fabril para o setor terciaacuterio

O capitalismo no Brasil como na Ameacuterica Latina tambeacutem denominado de

capitalismo tardio foi fundamentalmente gerado a partir de forccedilas produtivas

exoacutegenas e natildeo da capacidade de produccedilatildeo endoacutegena apesar de grande parte de o

capital cafeeiro brasileiro ter sido convertido em capital industrial O setor industrial

no Brasil se expandiu rapidamente entre a segunda metade da deacutecada de 1950 e da

deacutecada de 1960 convertido por um novo padratildeo tecnoloacutegico e de acumulaccedilatildeo

No litoral paranaense o capitalismo adquiriu caracteriacutesticas diferentes do

restante do Estado como indica a literatura O poacutelo e vetor econocircmico da regiatildeo eacute o

municiacutepio de Paranaguaacute responsaacutevel por boa parte da produccedilatildeo de riquezas na

regiatildeo da geraccedilatildeo de postos de trabalho e renda pois possui o maior nuacutemero de

empresas da regiatildeo Em ponto oposto agrave Paranaguaacute temos o municiacutepio de

Guaraqueccedilaba o mais carente em recursos os quais 93 tem origem em

repasses do Estado e do Governo Federal

Muito embora com potenciais escondidos e pouco explorados passiacuteveis de

impulsionar o desenvolvimento a Microrregiatildeo Geograacutefica de Paranaguaacute eacute

considerada uma das menos desenvolvidas do Estado marcada pela ausecircncia de

poliacuteticas de desenvolvimento local altos iacutendices de pobreza e destacadas

desigualdades sociais Segundo a literatura a regiatildeo possui um Niacutevel de

Desenvolvimento Regional (NDR) classificado como Muito Baixo (MB) Ainda

116

segundo a literatura as receitas dos municiacutepios da MRGP possuem enorme

dependecircncia das transferecircncias correntes do Estado e da Uniatildeo demonstrando a

pouca capacidade na geraccedilatildeo de riquezas e de recursos necessaacuterios agrave aplicaccedilatildeo e

melhoria de serviccedilos baacutesicos para a populaccedilatildeo local tais como sauacutede e educaccedilatildeo

Alguns municiacutepios da MRGP aleacutem da dependecircncia das transferecircncias

correntes destinam boa parte de seus recursos a atenderem elites locais em um

cenaacuterio de clientelismo43

Os segmentos da economia no litoral que mais geram empregos formais satildeo

o comeacutercio setor de serviccedilos e administraccedilatildeo puacuteblica seguido modestamente pelo

setor industrial As variaccedilotildees sazonais caracteriacutesticas dos municiacutepios balneaacuterios ndash

Guaratuba Matinhos e Pontal do Paranaacute ndash produzem efeitos na economia da regiatildeo

que basicamente tem forte presenccedila do comeacutercio e do setor de serviccedilos

aumentando significativamente a oferta precarizada de emprego e renda na

temporada de veratildeo

Os municiacutepios de Guaraqueccedilaba Matinhos Pontal do Paranaacute Morretes e

Paranaguaacute estabeleceram parceria com o SEBRAE com o objetivo de criar

condiccedilotildees para a adaptaccedilatildeo da Lei Complementar 12808 Essa Lei Complementar

eacute uma Poliacutetica Puacuteblica que cria a figura juriacutedica do Microempreendedor Individual

(MEI) e estabelece criteacuterios de normatizaccedilatildeo da categoria associados a dispositivos

de apoio a esse tecido empresarial

O canal de comunicaccedilatildeo entre as prefeituras e o SEBRAE tem sido a sala

do empreendedor presente nesses municiacutepios Essa foi uma iniciativa adotada para

criar condiccedilotildees de apoio ao microempreendedor individual no sentido de orientaacute-lo

quanto agrave formalizaccedilatildeo aspectos ligados agrave referida LC e promover as bases do

desenvolvimento desse tecido empresarial A sala do empreendedor se constitui em

uma importante ferramenta natildeo soacute de amparo ao empreendedor mas em uacuteltima

anaacutelise em uma estrateacutegia de fomento ao desenvolvimento local posto que aliada

a formalizaccedilatildeo de empreendimentos que atuam na informalidade e de potenciais

empreendedores estaacute o resgate agrave cidadania pelo direito ao trabalho descente e

regularizado

Por outro lado estudos de campo evidenciaram que ao se formalizar e

empregar um terceiro o MEI tende a reproduzir a informalidade pelo trabalho

43

Ver Monteiro (2013b)

117

precarizado pelas excessivas jornadas de trabalho e pela baixa remuneraccedilatildeo De

outra forma o trabalho informal pode se concretizar para muitos trabalhadores na

uacutenica maneira de sobrevivecircncia em um mundo onde haacute decreacutescimo dos postos de

trabalho protegido pelas leis regulatoacuterias e normativas

Um dispositivo importante contido na Lei Geral eacute o Acesso em facilitado ao

microcreacutedito produtivo estendido para o microempreendedor No litoral esta

ferramenta de inclusatildeo e expansatildeo do MEI estaacute pouco explorada considerando a

diminuiccedilatildeo dos financiamentos pela Caixa Econocircmica Federal Em contra partida os

contratos creditiacutecios firmados junto ao Banco Fomento Paranaacute aumentaram nos

uacuteltimos anos mas a sua representatividade ainda eacute pouco expressiva entre os

microempreendimentos no litoral

Ao longo dos estudos verificamos que a Poliacutetica Puacuteblica de formalizaccedilatildeo do

MEI eacute uma poliacutetica de longo prazo que coaduna estrateacutegias e accedilotildees de resultados

que podem definir prazos mais longos mas em sentido imediato podem modificar a

vida desses trabalhadores Se de um lado esses trabalhadores encontraram uma

oportunidade de inserccedilatildeo no mercado de trabalho formal atraveacutes da LC 12808

constituindo seu proacuteprio negoacutecio lutando por uma vida de dignidade atraveacutes de seu

trabalho por outro lado essa classe de trabalhadores representa a forma pela qual

o Estado de maneira ilusoacuteria tenta minimizar os efeitos da exclusatildeo de milhares de

postos de trabalho em funccedilatildeo dos novos padrotildees de produccedilatildeo inseridos na

perspectiva neoliberal que aleacutem do deslocamento forccedilado dos trabalhadores agrave

informalidade produz e reproduz desigualdades sociais e econocircmicas De certa

forma como a literatura indica a LC 12808 pode ser considerada uma ferramenta

utilizada pelo Estado para regulamentar o trabalho precarizado jaacute que as bases

estruturais do desemprego natildeo satildeo atingidas

Nesse contexto observamos o sentido ambivalente da poliacutetica puacuteblica de

formalizaccedilatildeo do MEI que se de um lado o Estado percebe o alastramento da

informalidade e dos efeitos nefastos para milhares de trabalhadores brasileiros e cria

uma poliacutetica puacuteblica para enfrentar esse fenocircmeno de outro lado observamos as

dificuldades dos MEI em empreender em meio a fatores exoacutegenos como retraccedilatildeo

econocircmica e endoacutegenos como a dependecircncia de fatores locais comprometendo os

objetivos da poliacutetica puacuteblica

Os municiacutepios do litoral paranaense em sua maioria carentes de

amadurecimento das concepccedilotildees de desenvolvimento local e de recursos

118

necessaacuterios ao suporte de estrateacutegias que correspondam a uma necessaacuteria

expansatildeo das equidades e das liberdades substantivas de suas populaccedilotildees vecircem

suas capacidades limitadas em funccedilatildeo de uma economia com pouca geraccedilatildeo de

riquezas influindo na baixa tributaccedilatildeo e no alastramento de problemas sociais como

o aumento da ociosidade forccedilada da pobreza da miseacuteria da violecircncia e da

criminalidade

Concluiacutemos que a inclusatildeo social do MEI expresso no art 18E da LC

12808 depende da sua permanecircncia e sustentabilidade entre outras circunstacircncias

aleacutem do ambiente empresarial de negoacutecios do fortalecimento do mercado e da

inclinaccedilatildeo do governo local agraves concepccedilotildees de desenvolvimento Dentro dessa

perspectiva empoderar o governo local se destaca como um dos elementos

fundamentais para o desenvolvimento de poliacuteticas puacuteblicas para o MEI assim como

a preparaccedilatildeo do empresariado local para a diminuiccedilatildeo das assimetrias no ambiente

de negoacutecios

A formalizaccedilatildeo do MEI natildeo eacute um fim em si mas pode ser adequada agraves

realidades locais e suplementada garantindo e expandindo direitos jaacute conquistados

Apesar de alguns avanccedilos que possibilitem os MEI sobreviver em meio a

imensidatildeo de empresas buscando um espaccedilo no mercado em curto prazo se natildeo

intensificarem investimentos para o fortalecimento da categoria presenciaremos o

esgotamento das estrateacutegias que ainda resistem

Esperamos que os estudos que realizamos sobre o MEI no litoral do Paranaacute

sejam o iniacutecio de outras investigaccedilotildees que possibilitem a sistematizaccedilatildeo de

conhecimentos que estatildeo dispersos entre os atores puacuteblicos e privados que

desenvolvem seus esforccedilos para a formalizaccedilatildeo e viabilizaccedilatildeo do MEI Esta aacuterea de

estudos apresenta-se como um desafio em funccedilatildeo da precariedade de informaccedilotildees

para pesquisa todavia por seu caraacuteter inovador configura-se tambeacutem como

oportunidade de desenvolvimento de novos pesquisadores para a produccedilatildeo de

novos arranjos institucionais que permitam aos trabalhadores MEI a sua

formalizaccedilatildeo e viabilizaccedilatildeo no mercado

119

REFEREcircNCIAS

ALBUQUERQUE FRANCISCO Metodologia para El desarrolo econocircmico local LPIPG105 1997 Disponiacutevelem lthttparchivocepalorgpdfgts1997S9720129pdfgtAcesso em 10 dez 2015 ALBURQUERQUE FRANCISCO ZAPATA TANIAA importacircncia da estrateacutegia de desenvolvimento localterritorial no Brasil in DOWBOR Ladislau POCHMANN Marcio Poliacuteticas para o desenvolvimento local Perseu Abramo Satildeo Paulo 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwsctrsgovbrupload1353522830_A20importC3A2ncia20da20estratC3A9gia20de20desenvolvimento20local20territorial20no20Brasil20-20Alburquerque20amp20ZapatapdfgtAcesso em 02 fev 2017 ANDRIGUETTO FILHO JOSEacute MILTON MARCHIORO NILSON DE PAULA XAVIER Diagnoacutestico e problemaacutetica para a pesquisa in RAYNAUT C et al Desenvolvimento e meio ambiente em busca da interdisciplinaridade pesquisas urbanas e rurais Ed UFPR Curitiba 2002 ANTUNES RICARDO Os modos de ser da informalidade rumo a uma nova era da precarizaccedilatildeo estrutural do trabalho Serv Soc Soc Satildeo Paulo n 107 p 405-419 julset 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0101-66282011000300002gt Acesso em 16 marccedilo 2016 BARBOSA FILHO FERNANDO DE HOLANDA PESSOcircA SAMUEL (2011) Uma Anaacutelise da Reduccedilatildeo da Taxa de Desemprego Rede de Economia Aplicada WorkingPaper 28 Disponiacutevel em lthttpwwwanpecorgbrencontro000d0204295d65df3e887e93f3a4a9c934fpdfgt Acesso em 01 jul 2015 BARBOSA FILHO FERNANDO HOLANDA MOURA RODRIGO LEANDRO DE Evoluccedilatildeo Recente da Informalidade no Brasil Uma Anaacutelise Segundo Caracteriacutesticas da Oferta e Demanda de Trabalho Instituto Brasileiro de Economia FGV nordm 17 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwportalibrefgvbrlumisportalfilefileDownloadjspfileIdgtAcesso em 13 maio 2016 BARBOSA A DE FREITAS ET AL Desenvolvimento econocircmico e inclusatildeo social in POCHMANN M Reestruturaccedilatildeo produtiva perspectiva de desenvolvimento local com inclusatildeo social Petroacutepolis Vozes 2004 BARBOSA ROSANGELA NAIR DE CARVALHO Trabalho informal e Poliacuteticas Puacuteblicas para geraccedilatildeo de renda XIII Congresso Brasileiro de Sociologia do Trabalho Recife UFPE 2007 disponiacutevel em lthttpwwwsbsociologiacombrportalindexphpoption=com_docmanamptask=doc_downloadampgid=1046ampItemid=171gtAcesso em 18 nov 2015 BARONE F M LIMA P F DANTAS V REZENDE V Introduccedilatildeo ao Microcreacutedito BACEN 2002 Disponiacutevel em

120

lthttpwwwbcbgovbrhtmspublicmicrocreditomicrocreditopdfgtAcesso em 22 jan 2017 BATISTA ROBERTO LEME Uma anaacutelise criacutetica sobre as bases conceituais do PLANFOR Rede de Estudos do trabalho ndash Revista da RET ano III nordm 4 2009 disponiacutevel em lthttpwwwestudosdotrabalhoorgUma20anE1lise20crEDticapdfgtAcesso em 07 jul 2016 BRASIL Constituiccedilatildeo Federal do Brasil 1988 __________ Decreto Lei nordm 54521943 __________ Decreto Lei nordm 7188573 __________ Decreto Lei nordm 194696

__________ Decreto Lei nordm 194696 __________ Decreto Lei nordm 55982005 __________ Lei Complementar n1232006 __________ Lei Complementar n 0870

__________ Lei Complementar n 2571 __________ Lei Complementar 1282008 Brasiacutelia 2008

__________ Lei Complementar 1472014 __________ Lei Federal n 472565

__________ Lei Federal n 43301964

__________ Lei Federal n 51071966

__________ Lei Federal n 721966

__________ Lei Federal n 071970 __________ Lei Federal n 602574 __________ Lei Federal n 613674

__________ Lei Federal n 228386

__________ Lei Federal n 799890 __________ Lei Federal n 102082001

121

__________ Lei Federal n 107792003 __________ Lei Federal n 80361990 __________ Lei Federal n 111102005

__________ Lei Federal n 11598 2007

__________ Lei Federal n 104062002

__________ Lei Federal n 86661993

__________ Lei Federal n 111102005 __________ Medida Provisoacuteria 2164-41 2001

__________ MINISTEacuteRIO DO TRABALHO E EMPREGO Mercado de Trabalho Conjuntura e anaacutelise nordm 56 IPEA 2014Disponiacutevel em lthttpwwwipeagovbrportalimagesstoriesPDFgtsmercadodetrabalhobmt56_completopdfgtAcesso em 28 jul 2016

__________MINISTEacuteRIO DO TRABALHO E EMPREGO Anaacutelise do Mercado de Trabalho nordm 58 Ano 21 IPEA 2015 Disponiacutevel emlthttpwwwipeagovbrportalimagesstoriesPDFgtsmercadodetrabalhobmt_58_analisepdfgtAcesso em 28 jul 2016

__________Estudo elaborado pelo Observatoacuterio do Mercado de Trabalho do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) 2002 __________ Economia Informal Urbana IBGE 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrhomeestatisticaeconomiaecinf2003gtAcesso em 21 out 2015 __________ Resoluccedilatildeo n 12696

BRESSER PEREIRA L C A crise na Ameacuterica Latina consenso de Washington ou crise fiscal Disponiacutevel em lthttpppeipeagovbrindexphpppearticleview883820gtAcesso em 10 out 2015 BROM LUIZ GUILHERME A crise da modernidade pela lente do trabalho Satildeo Paulo Saraiva 2006

CAMINHA MARCO AUREacuteLIO LUSTOSA As metamorfoses do mundo do trabalho no final do seacuteculo XX e a atualidade da questatildeo social Jus Navigandi v 3147 p 1-5 2012 Disponiacutevel em lthttpjuscombrartigos21058as-metamorfoses-do-mundo-do-trabalho-no-final-do-seculo-xx-e-a-atualidade-da-questao-socialgtAcesso em 23 set 2015

CARDOSO DE MELLO J M O capitalismo tardio 8ordf ed Satildeo Paulo Brasiliense

122

1991 CATTANI ANTONIO DAVID Economia submersa Lua Nova [online] 1985 vol2 n2 pp 27-31 Disponiacutevel lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_pdfgtamppid=S0102-gtAcesso em 06 set 2015 CERQUEIRA C L CUNHA G C MOHR G SOUZA L J ABRAHAO C M S FLEIG D Associativismo possibilidades de inovaccedilatildeo para os microempreendedores do litoral paranaense In VIII Workshop EmpreenderSur 2014 Satildeo Paulo Educando para o Empreendedorismo e Inovaccedilatildeo Satildeo Paulo Universidade Presbiteriana Mackenzie 2014 v 1 p 728-741 Disponiacutevel lthttpemprendesurnetboletinesEmprendeSUR_viii_wpdfgtAcesso em 23 dez 2016

CHAHAD J P Z Poliacuteticas Ativas e Passivas no Mercado de Trabalho aspectos conceituais a experiencia internacional e a avaliaccedilatildeo do caso brasileiro 2006 (Convecircnio CEPALPNUDOIT - Relatoacuterio Nacional de Desenvolvimento Humano) Disponiacutevel emltlthttpdocplayercombr4431539-Politicas-ativas-e-passivas-no-mercado-de-trabalho-aspectos-conceituais-a-experiencia-internacional-e-a-avaliacao-do-caso-brasileiro-1htmlgtAcesso em17 marccedilo 2016

CHESNAIS FRANCcedilOIS A mundializaccedilatildeo do capital Satildeo Paulo Xamatilde 1996 COTRIN G histoacuteria do Brasil um olhar criacutetico Satildeo Paulo Saraiva 1999

DENARDIN V F SULZBACH M T O impacto da regulamentaccedilatildeo do mercado de trabalho frente a fragilidade orccedilamentaacuteria e do emprego nos municiacutepios do litoral do Paranaacute Universidade Federal do Rio Grande do Norte CCHLA 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwcchlaufrnbrgtAcesso em 03 jun 2016

___________ Produtos com identidade territorial o caso da farinha de mandioca no litoral paranaense In Saquet M A Santos R A Geografia agraacuteria territoacuterio e desenvolvimento Satildeo Paulo Expressatildeo Popular 2010Disponiacutevel em lthttpwwwaba-agroecologiaorgbrrevistasindexphprbagroecologiaarticle6084gtAcesso em 05 maio 2016 DESLANDES SUELI FERREIRA A construccedilatildeo do projeto de pesquisa In MINAYO Maria Ceciacutelia Pesquisa Social teoria meacutetodo e criatividadendashed 29 Petroacutepolis Vozes 2010

DENARDIN VALDIR F LAUTERT L F RIBAS C P ZANETTI R Farinha de Mandioca no Litoral Paranaense um produto com potencial agroecoloacutegico Revista Brasileira de Agroecologia v 4 p 2420-2424 2009Disponiacutevel em httpwwwabaagroecologiaorgbrrevistasindexphprbagroecologiaarticleview8626 Acesso em26 abril 2016

123

DIEESE Mercado de trabalho Satildeo Paulo 2015 Disponiacutevel em lthttpswwwdieeseorgbranuario2015sistPubLivreto1MercadoDeTrabalhopdfgt Acesso em 12 de set de 2016

DUMEacuteNIL GEacuteRARD LEacuteVY DOMINIQUE Neoliberalismo ndash Neo-imperialismo Economia e Sociedade Campinas v 16 n 1 (29) p 1-19 abr 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfgtecosv16n1a01v16n1gtAcesso em16 marccedilo 2016 ESTEVES CLAacuteUDIO JESUS DE OLIVEIRA Vulnerabilidade Socioambiental na Aacuterea de Ocupaccedilatildeo Contiacutenua do Litoral do Paranaacute ndash Brasil Tese de Doutorado ndashUFPR Curitiba 2011

FAUSTO B Histoacuteria do Brasil Satildeo Paulo Edusp 1995 FERNANDES ANTOcircNIO SEacuteRGIO ARAUacuteJO O capital social e a anaacutelise institucional e de poliacuteticas puacuteblicas RAP Rio de Janeiro 36(3) 375-98 MaioJun 2002 Disponiacutevel lthttpwwwbibliotecadigitalfgvbrojsindexphpraparticledownload64445028gt Acesso em 18 jul 2015 FERNANDES FLORESTAN Capitalismo dependente e as classes sociais na Ameacuterica Latina Rio de Janeiro Zahar 1975 FIANI RONALDO Arranjos Institucionais e Desenvolvimento O Papel da Coordenaccedilatildeo em Estruturas Hiacutebridas IPEA RJ 2013 disponiacutevel em lthttprepositorioipeagovbrbitstream110589711TD_1815pdfgtAcesso em 25 nov 2016

IANI RONALDO Cooperaccedilatildeo e Conflito Instituiccedilotildees e desenvolvimento econocircmico 01 ed Rio de Janeiro Elsevier 2011 Disponiacutevel lthttpsbooksgooglecombrbooksid=fT2tJY2rRygCamppg=PA4amplpg=PA4ampdq=instituiC3A7C3B5es+para+davis+northampsource=blampots=NDdomTfdL3ampsig=4TQ1Ux7o2dNxnLBDGGUFsDgA-w8amphl=pt-BRampsa=Xampved=0ahUKEwjMwYri8N_QAhXClZAKHXJKAA8Q6AEIPjAGv=onepageampq=instituiC3A7C3B5es20para20davis20northampf=falsegtAcesso em 25 nov 2016

FIANI RONALDO Teoria da regulaccedilatildeo econocircmica Estado atual e perspectivas futuras UFRJ-IE 2001 Disponiacutevel lthttpcac-phpunioestebrcursostoledohistoriaeconomicateoriaregulacaopdfgtAcesso em 01 dez 2016

FREY KLAUS Poliacuteticas puacuteblicas um debate conceitual e reflexotildees referentes agrave praacutetica da anaacutelise de poliacuteticas puacuteblicas no Brasil Planejamento e Poliacuteticas Puacuteblicas (IPEA) Brasiacutelia v 21 p 211-259 2000 Disponiacutevel em ltlthttpwwwufpabrepdirimagesdocspaper21pdfgtgtgtAcesso em 12 dez 2016

FUNDACcedilAtildeO GETUacuteLIO VARGAS (FGV) CPDOC A era Vargas 1927 disponiacutevel emltlthttpcpdocfgvbrnode1885gtAcesso em 03 out 2016

124

FURTADO CELSO Criatividade e dependecircncia na civilizaccedilatildeo industrial Satildeo Paulo Companhia das letras 2008 GALEANO EDUARDO As veias abertas da Ameacuterica Latina Porto Alegre LampPM 2010 HIGGINS SILVIO SALEJ Fundamentos teoacutericos do capital social Chapecoacute Argus 2005

HOumlFLING ELOISA DE MATTOS Estado e poliacuteticas (puacuteblicas) sociais Cadernos Cedes ano XXI n 55 novembro2001 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfgtccedesv21n555539pdfgtAcesso em 22 dez 2015 HOROCHOVSKI RR et al Bacharelado em Gestatildeo Puacuteblica da UFPR uma contribuiccedilatildeo ao desenvolvimento sustentaacutevel do litoral do Paranaacute Temas de Administraccedilatildeo Puacuteblica v 3 n 6 p 1-22 2012 Disponiacutevel em ltlthttpwwwfclarunespbrgtAcesso em 03 mar 2016

HOROCHOVSKI RR JUNCKES IJ CJL MURARO Participaccedilatildeo e planejamento em um programa de desenvolvimento regional sustentaacutevel Revista Brasileira de Ciecircncias Ambientais ndash Nuacutemero 20 ndash Junho de 2011 Disponiacutevel ltlthttpabesdnorgbrpublicacoesrbciambPDFgts2007_Materia_5_final_artigos280pdfgtAcesso em 28 fev 2017 KOHLER R As relaccedilotildees ente os agregados macroeconocircmicos locais In 5deg Encontro de Economia Gauacutecha 2010 Porto Alegre - RS 5deg Encontro de Economia Gauacutecha 2010 Disponiacutevel ltlthttpswwwgooglecombrsearchq=AS+RELAC387C395ES+ENTRE+OS+AGREGADOS+MACROECONC394MICOS+LOCAISamprlz=1C1CHZL_ptBRBR726BR726ampoq=AS+RELAC387C395ES+ENTRE+OS+AGREGADOS+MACROECONC394MICOS+LOCAISampaqs=chrome69i571742j0j7ampsourceid=chromeampie=UTF-8gtAcesso em 30 jan 2017

LARANJEIRA SOcircNIA MARIAGUIMARAtildeES As Transformaccedilotildees do Trabalho num Mundo Globalizado Sociologias Porto Alegre ano 2 nordm 4 juldez 2000 p14-19 Disponiacutevel lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1517-45222000000200002gt Acesso em 23 nov 2015

LIMA LUCIANA LEITE DASCENZI LUCIANO Implementaccedilatildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas Perspectivas Analiacuteticas Revista de Sociologia e Poliacutetica v 21 nordm 48 101-110 Dez 2013lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S010444782013000400006gtAcesso em 10 dez 2016

LOMBARDI MARIA ROSA Reestruturaccedilatildeo produtiva e condiccedilotildees de trabalho Percepccedilotildees dos trabalhadores Educaccedilatildeo amp Sociedade ano XVIII nordm 61 dezembro97 ndash disponiacutevel ltlthttpwwwscielobrpdfgtesv18n614699pdfgtAcesso em02 dez 2015

125

LUSTOSA FREDERICO Instituiccedilotildees cultura e desenvolvimento sustentaacutevel na bacia cultural do Araripe Cadernos Ebape Br v 8 nordm 1 artigo 9 Rio de Janeiro Mar 2010 Disponiacutevel lthttpwwwscielobrpdfgtcebapev8n1a09v8n1pdfgtAcesso em 21 jun 2015

MACHADO DANIELLE CARUSI NETO JOAtildeO HALLAK Poliacuteticas ativas e passivas de mercado de trabalho panorama atual UFF ndash CEDE RJ 2011Disponiacutevel ltlthttpwwwproacuffbrcedesitesdefaultfilesTD39_2pdfgtAcesso em 10 jan16

MACHADO LUIZ TOLEDO A teoria da dependecircncia na Ameacuterica Latina Estudos Avanccedilados 13 (35) 1999 Disponiacutevel em ltlthttpwwwscielobrpdfgteav13n35v13n35a18pdfgtAcesso em 01 jul16

MAGALHAtildeES JUacuteNIOR M Avaliaccedilatildeo de impacto do Programa Banco do Empreendedor Microcreacutedito sobre o niacutevel de atividade econocircmica dos municiacutepios paranaenses 2010-2013 Monografia de Fim de Curso em Ciecircncias Econocircmicas Universidade Federal do Paranaacute 2016

MALAGUTI MANOEL LUIZ Criacutetica agrave razatildeo informal a imaterialidade do salariado Satildeo Paulo Boitempo 2001

MARTINS JOSEacute DE SOUZA VEIGA JOSEacute ELI DA O que fazer para gerar empregos no Brasil Estud av vol17 no49 Satildeo Paulo SeptDec 2003 ndash disponiacutevel em ttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=s0103-40142003000300019Acesso em03 jun 2015

MATSUO MYRIANTrabalho informal e desemprego desigualdades sociais Tese de Doutorado em Sociologia da Universidade de Satildeo Paulo 2008 Disponiacutevel em wwwtesesuspbrtesesdisponiveis88132tde-05032010MYRIAN_MATSUOpd Acesso em 07 jul 2015 MENEGUIN FERNANDO B BUGARIN MAURIacuteCIO S A informalidade no mercado de trabalho e o impacto das instituiccedilotildees uma anaacutelise sob a oacutetica da teoria dos jogos Economia aplicada Satildeo Paulo v 12 n 3 p 341-363 2008 disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfgtecoav12n3v12n3a01Acesso em 24 set 2015

MONTEIRO RICARDO RA organizaccedilatildeo espacial no litoral paranaense Monografia conclusatildeo de curso (Poacutes graduaccedilatildeo) FAUUSP 2013a Disponiacutevel lthttpwwwfauuspbrdocentesdepprojetoc_deakAUP8406t-alun2013m313r-monteiro-litoral-paranapdfgtgtAcesso em 03 jan 2017

_____________ Regulamentaccedilatildeo urbana em revisatildeo no litoral do Paranaacute Revista brasileira de estudos urbanos e regionais Vol 15 ano 2013b Disponiacutevel em lthttpunuhospedagemcombrrevistarbeurindexphpanaisarticleview4241Acesso em 03 jan 2017

126

MORAES R ESTADO mercado e outras instituiccedilotildees reguladoras Lua Nova revista de cultura e poliacutetica nordm 58 2003 - lthttpwwwscielobrpdfgtlnn58a07n58pdfgtgtAcesso em 10 dez 2015

MOTTA VAcircNIA CARDOSO DA Ideologias do capital humano e do capital social da integraccedilatildeo agrave inserccedilatildeo e ao conformismo TrabEducSauacutedev6 n3p549-571nov2008fev2009 disponiacutevel em wwwscielobrscielophppid=S1981-77462008000300009ampscript=scitlngAcesso em 10 de maio 2015

NASCIMENTO MCG Regularizaccedilatildeo fundiaacuteria urbana de interesse social no direito brasileiro Dissertaccedilatildeo de Mestrado Faculdade de Direito da Universidade de Satildeo Paulo SP 2013 (P 19-26) wwwtesesuspbrDissertacao_Final_Mariana_Chiesa_Gouveia_NascimentopdfgtgtAcesso em 15 jan 2017

NASSIF V M J et al Empreendedorismo por Necessidade O Desemprego como Impulsionador da Criaccedilatildeo de Novos Negoacutecios no Brasil Pensamento e realidade 144 Ano XII mdash v 24 n 12009 disponiacutevel em lthttprevistaspucspbrindexphppensamentorealidadearticleview70755116 Acesso em12 fev 2017

NOGUEIRA MAURO ODDO PEREIRA LARISSA DE SOUZA As Empresas de Pequeno Porte e a produtividade sistecircmica da economia brasileira Obstaacuteculo ou fator de crescimento Disponiacutevel em lthttprepositorioipeagovbrbitstream1105842571Radar_n38_empresaspdfgtgtAcesso em 03 set 2015 WOLFF SIMONE Desenvolvimento local empreendedorismo e ―governanccedila urbana onde estaacute o trabalho nesse contexto Caderno CRH Salvador v 27n 70 p 131-150 JanAbr 2014 disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S010349792014000100010amplng=ptampnrm=isoamptlng=ptAcesso em11 dez 2016

OFFE CLAUS Problemas estruturais do estado capitalista Rio de Janeiro Ed Tempo Brasileiro 1984

OLIVEIRA EDNEacuteIA ALVES DE A poliacutetica de emprego no Brasil O caminho da flexinseguranccedila Serv Soc Soc Satildeo Paulo n 111 p 493-508 julset 2012 lthttpwwwscielobrscielophppid=S0101-66282012000300006ampscript=sci_arttext Acesso em23 jun 2015 OLIVEIRA FRANCISCO A DE A economia da dependecircncia imperfeita Rio de Janeiro Graal 1984

OLIVEIRA FARLEI MARTINS RICCIO Controle das legitimidades de Poliacuteticas Puacuteblicas limites e possibilidades Revista de Direito Administrativo v247 2008 lthttpbibliotecadigitalfgvbrojsindexphprdasearchsearch Acesso em 03 dez 2016

127

OLIVEIRA MAXWELL FERREIRA DE Metodologia Cientiacutefica um manual para a realizaccedilatildeo de pesquisas em administraccedilatildeo Catalatildeo UFG 2011 Disponiacutevel em lthttpsadmcatalaoufgbrup567oManual_de_metodologia_cientifica_-_Prof_Maxwellpdfgt Acesso em 03062015 OLIVEIRA VANESSA E As fases do processo de poliacuteticas puacuteblicas In MARCHETTI V (Org) Poliacuteticas Puacuteblicas em debate Satildeo Bernardo do Campo ABCD Maior UFABC 2013

PAIVA LUIS HENRIQUE O dilema do financiamento orccedilamentaacuterio das poliacuteticas puacuteblicas de emprego IPEA Mercado de trabalho2006 disponiacutevel emlthttpwwwipeagovbragenciaimagesstoriesPDFgtsmercadodetrabalhomt_30epdfgtgtAcesso em04 jan 16 PARANAacute Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social Disponiacutevel httpwwwipardesgovbrindexphppg_conteudo=1ampcod_conteudo=30 Acesso 08 nov 16

PARANAGUAacute 2007 Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado de Paranaguaacute FUNPAR UFPR vol I ndash Anaacutelises Temaacuteticas e Diagnoacutesticos ndash contexto Municipal Disponiacutevel emlthttpwwwparanaguaprgovbrplano_diretor+20PLANO20DIRETORPDFgtPDDI20-20Volume20I-20AnC3A1lise20e20DiagnC3B3sticopdfgtgtAcesso em 01 ago 2016

________ Dec Municipal 8872013 PARIS KELLY E Efeitos da implementaccedilatildeo de poliacuteticas de incentivo a microempresas e empresas de pequeno porte estudo de caso da Microrregiatildeo de Paranaguaacute Trabalho de Conclusatildeo do Curso de bacharelado em Poliacuteticas Puacuteblicas da UFPR - Setor Litoral Matinhos 2015

PASTORE J As Mudanccedilas no Mundo do Trabalho - Leituras de Sociologia do Trabalho Curitiba LTR 2006 PEREIRA G D DE O Efeitos do microcreacutedito sobre o fortalecimento dos microempreendimentos e sobre as condiccedilotildees de vida dos microempreendedores Um estudo do CEAPEPB no periacuteodo de 2001 a 2004 Dissertaccedilatildeo de mestrado em economia pela Universidade federal da Paraiacuteba 2005 Disponiacutevel em lthttpportalfatmtegovbrwp-contentuploads201604efeitos_microcredito_fortalecimento_microempreendimentospdfgtgtAcesso em12 jan 2017 PEREIRA A P P Necessidades humanas subsiacutedios a criacutetica dos miacutenimos sociais 3ordf Ed Satildeo Paulo Cortes 2006

POCHMANN M O emprego na globalizaccedilatildeo a nova divisatildeo internacional do trabalho e os caminhos que o Brasil escolheu Satildeo Paulo Boitempo 2001

128

RIFKIN J O fim dos empregos o decliacutenio inevitaacutevel dos niacuteveis dos empregos e a reduccedilatildeo da forccedila global de trabalho Satildeo Paulo Makron Books 1996

ROGGERO RUma leitura sobre o desenvolvimento do setor terciaacuterio no movimento contemporacircneo do capital Texto retirado da web lthttpwwwsenacbrinformativobts243boltec243ahtmgtAcesso em 07 abril 2016 SACHS I Desenvolvimento includente sustentaacutevel sustentado Rio de Janeiro Garamond 2004 ________Inclusatildeo social pelo trabalho desenvolvimento humano trabalho descente e o futuro dos empreendedores de pequeno porte Rio de Janeiro Garamond 2003 ________ Rumo agrave ecossocioeconomia teoria e praacutetica Satildeo Paulo Cortez 2007 SANDRONI Paulo Noviacutessimo dicionaacuterio de economia Satildeo Paulo Best Seller 1999 httpsinusorgbr2014wp-contentuploads201311FMIBMNovC3ADssimo-DicionC3A1rio-de-Economiapdfgt Acesso em 02 jan 2017

SANTOS JOAtildeO BOSCO FEITOSA DOS MACIEL REGINA HELOISA MATTEI DE OLIVEIRA SATO LENY Trabalhadores informais e a formaccedilatildeo de redes socioprodutivas (RSP) consideraccedilotildees teoacuterico-empiacutericas Contemporacircnea ISSN 2236-532X v 4 n 2 p 325-350 JulndashDez 2014 ndash disponiacutevel em lthttpwwwcontemporaneaufscarbrindexphpcontemporaneaarticleview251gtAcesso em15 abril 2016 SANTOS GEOacuteRGIA PATRIacuteCIA GUIMARAtildeES DOS Desemprego informalidade e precariedade a situaccedilatildeo do mercado de trabalho no Brasil poacutes-1990 Pro-Posiccedilotildees v 19 n 2 (56) - maioago 2008 Disponiacutevel em ltwwwproposicoesfeunicampbrproposicoes56-artigos-santosgpgpdfgtAcesso em03 maio 2016 SCHEUER L BAHL M Sazonalidade do turismo no municiacutepio de Guaratuba Paranaacute Brasil UFPR Curitiba 2011 Disponiacutevel em httprevistasufprbrraegaarticleview24841 Acesso em08 abril 2016

SCHNEIDER VOLKER Redes de poliacuteticas puacuteblicas e a conduccedilatildeo de sociedades complexas Civitas v 5 nordm 1 janjun 2005 Disponiacutevel em lthttpdocplayercombr3686041-Redes-de-politicas-publicas-e-a-conducao-de-sociedades-complexashtmlgt Acesso em 21012017 SEBRAE Cidade Empreendedora 2013 Disponiacutevel em lthttpsitesprsebraecombrleigeralwp-contentuploadssites35201402Termo_referencia_2013-2ultimaversaopdfgtAcesso em 20 nov 2016

SEBRAE Participaccedilatildeo das micro e pequenas empresas na economia brasileira Brasiacutelia 2014 Disponiacutevel

129

lthttpswwwsebraecombrSebraePortal20SebraeEstudos20e20PesquisasParticipacao20das20micro20e20pequenas20empresaspdfgtAcesso em 20 nov 2016

SEBRAE Sobrevivecircncia das empresas no Brasil 2013 disponiacutevel em lthttpswwwsebraecombrSebraePortal20SebraeAnexosSobrevivencia_as_empresas_no_Brasil=2013pdfgtAcesso em 17 jul 2015

SEN A Desenvolvimento com liberdade Satildeo Paulo Companhia das Letras 2000 SILVA MARCIA DA Poder local conceito e exemplos de estudos no Brasil Sociedade amp Natureza Uberlacircndia 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfgtsnv20n2a04v20n2pdfgtAcesso em 03 fev 2017

SILVEIRA DENISE TOLFO COacuteRDOVA FERNANDA PEIXOTO A pesquisa cientiacutefica in Meacutetodos de pesquisa [organizado por] Tatiana EngelGerhardt e Denise Tolfo Silveira Porto Alegre Editora da UFRGS 2009 Disponiacutevel lthttpwwwufrgsbrcursopgdrdownloadsSeriederad005pdfgtAcesso em26 jun 2015 SOUZA D Poliacuteticas Publicas de Trabalho Emprego e Renda as accedilotildees dos governos e as loacutegicas do apoio agrave informalidade e agrave carteira assinada In I Conferecircncia Nacional de Poliacuteticas Puacuteblicas Natal 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwcchlaufrnbrcnpppgsanaisArquivos20GTS20-20recebidos20em20PDFgtPOLC38DTICAS20PC39ABLICAS20DE20TRABALHO20EMPREGO20E20RENDApdfgtAcesso em25 fev 2016 SOUZA C Poliacuteticas Puacuteblicas uma revisatildeo da literatura Sociologias Porto Alegre ano 8 nordm 16 juldez 2006 p 20-45 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfgtsocn16a03n16gtAcesso em02 maio 2015

SUPERVIELLE MARCOS QUINtildeONES MARIELA La instalacioacuten de la flexibilidad en Uruguay Sociologias Porto Alegre ano 2 nordm 4 juldez 2000 p20-6 Disponiacutevel lthttpwwwscielobrpdfgtsocn4socn4a03pdfgt 10 ago 2016 SULZBACH MAYRA TAIZA DENARDIN VALDIR FIGO FELISBINO JANELIZE NASCIMENTO O trabalho em pequenos municiacutepios praianos do Litoral do Paranaacute Plural Revista do Programa de Pos-Graduacao em Sociologia v 1 p 101-132 2012 Disponiacutevel lthttpolivadcwixsitecomsociologiaspluraisespecial-1gt Acesso em06 out 2016 TEIXEIRA ELENALDO CELSO O Papel das Poliacuteticas Puacuteblicas no Desenvolvimento Local e na Transformaccedilatildeo da Realidade Salvador Bahia 2002 lthttpwwwescoladebicicletacombrpoliticaspublicaspdfgtAcesso em 08 abril 2016 TREVISAN EDINEIA DE SOUZA LIMA JANDIR FERRERA DE Crescimento e desigualdade regional no Paranaacute um estudo das disparidades de PIB per capita Revista Ciecircncias Sociais em Perspectiva vol 09 nordm 16 2010 lthttpe-revistaunioestebriacutendexphpccsaemperspectivagt Acesso em 01 jan 2017

130

TURATO EGBERTO RIBEIRO Meacutetodos qualitativos e quantitativos na aacuterea da sauacutede definiccedilotildees diferenccedilas e seus objetos de pesquisa Ver Sauacutede Puacuteblica 2005 39(3) 507-14 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfgtrspv39n324808pdfgt Acesso em 26 jul 2015 TURRA SALATIEL BACcedilO FERNANDA MENDES BEZERRA Identificaccedilatildeo do niacutevel de desenvolvimento regional das microrregiotildees paranaenses por meio da anaacutelise fatorial Revista de Economia v 40 n 1 (ano 38) p 97-114 janabr 2014 Disponiacutevel emlthttprevistasufprbreconomiaarticleviewFile3520524249gt Acesso em 01 out 2016

131

SIacuteTIOS DIGITAIS

lthttpcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=410120ampidtema=152ampsearch=parana|antonina|produto-interno-bruto-dos-municipios-2013 lthttpcidadesibgegovbrxtrasperfilphpcodmun=410960 lthttpwwwipardesgovbrperfil_municipalMontaPerfilphpcodlocal=11ampbtOk=ok lthttpwwwipardesgovbrpdfgtmapasbase_fisicarelacao_mun_micros_mesos_paranapdfgtgt lthttpwwwforumpermanentesmpegovbr lthttpempresometrocncorgbrEstatisticas lthttpwwwsidraibgegovbrbdapesquisaspme lthttpwww12senadolegbrnoticiasglossario-legislativosistema-s lthttpwwwcepalorgbrasilnoticiasnoticias334013politicasativasepassivasnomercadodetrabalhochahadpdfgtgt lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto-leiDel5452htm lthttpscpdocfgvbrproducaodossiesAEraVargas1anos30-37PoliticaSocialMinisterioTrabalho lthttpwwwsenaiprorgbrosenaiconhecaFreeComponent20291content169224shtl lthttpwwwsenacbrinstitucionalsenacaspx lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis1950-1969L4725htm lthttpwwwdieeseorgbranuario2015sistPubLivreto1MercadoDeTrabalhopdfgtgt lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decretoD1946htm lthttpwwwbndesgovbrapoiopronafhtml lthttpportalfatmtegovbrwp-contentuploads201602Res103_1996pdfgtgt lthttpappprsebraecombrleigeralnacionalMonitoramentoLeiGeraldo lthttpappprsebraecombrleigeralnacionalVisualizarQuestionariodoacao=CARREGA_AVALIACAOampano=2017ampcodigoEstado=16ampcodigoMunicipio=6133 lthttpswwwsebraecombrSebraePortal20SebraeEstudos20e20PesquisasParticipacao20das20micro20e20pequenas20empresaspdfgtgt

132

lthttpwwwbrasilgovbreconomia-e-emprego201001maior-participacao-dos-bancos-comerciais-publicos-no-mercado-e-positiva-diz-diretor-do-sebrae lthttpseconomiauolcombrcotacoescambiodolar-comercial-estados-unidoshistorico

133

APEcircNDICES

APEcircNDICE 1 ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Tiacutetulo da Pesquisa Nome doPesquisador

1 Natureza da pesquisa

2 Participantes da pesquisa

3 Envolvimento na pesquisa ao participar deste estudo a sra (sr) permitiraacute que o (a) pesquisador perguntas agrave natureza da pesquisa O senhor (a) tem liberdade de se recusar a participar e ainda se recusar a continuar participando em qualquer fase da pesquisa sem qualquer prejuiacutezo para a sra (sr)

4 Sobre as entrevistasas entrevistas seratildeo gravadas

5 Riscos e desconforto a participaccedilatildeo nesta pesquisa natildeo traz complicaccedilotildees

legais

6 Confidencialidadetodas as informaccedilotildees coletadas neste estudo satildeo estritamente confidenciais Somente o (a) pesquisador (a) e o (a) orientador (a) teratildeo conhecimento dos dados

Apoacutes estes esclarecimentos solicitamos o seu consentimento de forma livre

para participar desta pesquisa Portanto preencha por favor os itens que se seguem

Obs Natildeo assine esse termo se ainda tiver duacutevida a respeito

Consentimento Livre e Esclarecido Tendo em vista os itens acima apresentados eu de forma livre e

esclarecida manifesto meu consentimento em participar da pesquisa Declaro que recebi coacutepia deste termo de consentimento e autorizo a realizaccedilatildeo da pesquisa e a divulgaccedilatildeo dos dados obtidos neste estudo

___________________________ Nome do Participante da Pesquisa ______________________________ Assinatura do Participante da Pesquisa __________________________________ Assinatura do Pesquisador _________________________________

134

Assinatura do Orientador APEcircNDICE 2 ndash QUESTIONAacuteRIO PARA O MEI

Curso de Mestrado em Desenvolvimento Territorial Sustentaacutevel UFPR- Setor Litoral

Mestrando Marcus Aureacutelio O objetivo desse questionaacuterio eacute obter dados estatiacutesticos de base quantitativa e

qualitativa que seratildeo utilizados em minha dissertaccedilatildeo

Obrigado por colaborar

QUESTIONAacuteRIO PARA O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI)

1 Qual eacute a aacuterea econocircmica de atuaccedilatildeo____________________________________ 2 Haacute quanto tempo estaacute formalizado______________________________________

3 Renda bruta mensal em salaacuterio miacutenimo

Na temporada de praiade ateacute ( ) 1 salaacuterio ( ) 2 salaacuterios ( ) 3 salaacuterios ( ) 4 salaacuterios ( ) maior que 5 salaacuterios miacutenimos

Fora da temporada de ateacute ( ) 1 salaacuterio ( ) 2 salaacuterios ( ) 3 salaacuterios ( ) 4 salaacuterios ( ) maior que 5 salaacuterios miacutenimos

4 Obteve financiamento junto agraves instituiccedilotildees de creacutedito facilitado ( ) sim ( ) natildeo

Se sim o financiamento foi utilizado ( ) na expansatildeo dos negoacutecios ( ) capital de giro ( ) compra de materiais ( ) todos os itens anteriores

5 Possui ou jaacute possuiu relaccedilatildeo comercial com o Municiacutepio Estado ( ) sim ( ) natildeo 6 Participa de alguma associaccedilatildeo ( ) sim ( ) natildeo

7 Com a regularizaccedilatildeo do MEI sua situaccedilatildeo socioeconocircmica melhorou ( ) sim ( ) natildeo - (Em que

sentido)______________________________________ _____________________________________________________________

_____ _____________________________________________________________

_____ 8 Vocecirc deixaria de ser MEI por um emprego formalizado com carteira assinada e

salaacuterio mensal ( ) sim ( ) natildeo ndash (por

que)_____________________________________________ _____________________________________________________________

_____ 9 Vocecirc jaacute participou de algum curso de capacitaccedilatildeo ( ) sim ( ) natildeo

10 Jaacute realizou consultoria com agentes do SEBRAE ou Agentes de Desenvolvimento do Municiacutepio disponiacuteveis na Sala do Empreendedor

( ) sim ( ) natildeo 11 Suas atividades satildeo realizadas em

( ) sua residecircncia ( ) imoacutevel alugado ( ) imoacutevel proacuteprio 12 Vocecirc possui outra atividade aleacutem de ser MEI ( ) sim ( ) natildeo

13 Na sua opiniatildeo a prefeitura tem auxiliado a categoria do MEI no seu desenvolvimento atraveacutes de

( ) compra de produtos e serviccedilos do MEI ( ) no processo de formalizaccedilatildeo ( ) promoccedilatildeo de cursos de capacitaccedilatildeo para o MEI ( ) incentivo agrave aquisiccedilatildeo de

tecnologias pelos MEI ( ) natildeo sabe informar se a prefeitura possui esses programas de incentivo

14 Vocecirc possui funcionaacuterio para o exerciacutecio da sua atividade ( ) sim ( ) natildeo

135

Se a resposta for sim ele eacute formalizado ( ) sim ( ) natildeo

15 Na sua opiniatildeo quais accedilotildees que a prefeitura poderia realizar para auxiliar o desenvolvimento da

categoria do MEI ____________________________________________________

Page 6: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …

RESUMEN

Desde los primeros antildeos de 1970 el concepto keynesianismofordismo entroacute en declinacioacuten concurriendo para los cambios estructurales de gestioacuten asignacioacuten de recursos humanos reorganizacioacuten del espacio Dentro de ese contexto hay el desplazamiento obligatorio del trabajador fabril para las maacutes distintas actividades en el mercado de trabajo en el sector terciario Buena parte de las actividades desempentildeadas por los trabajadores de este sector es desarrollada en la informalidad En Brasil para volver el cuadro de extensioacuten y superlativacioacuten del sector informal fue creada la Ley Complementar 12808 que formaliza la figura del micro emprendedor individual (MEI) En la implantacioacuten de esta poliacutetica puacuteblica estaacute prevista una serie de dispositivos que tiene el objetivo de auxiliar en la sostenibilidad y expansioacuten de este entorno empresarial En los municipios del litoral del Paranaacute la implantacioacuten de la referida ley se da principalmente por la asociacioacuten entre los ayuntamientos y l SEBRAE a traveacutes de las salas del emprendedor en cada municipio que se constituye en canal de conexioacuten entre las estrategias y acciones desarrolladas en apoyo a MEI Este trabajo busca investigar como los trabajadores mercado y organizaciones puacuteblicas y sociales han promovido y acogido la formacioacuten del micro emprendedor individual en la microrregioacuten de ParanaguaacuteLitoral paranaense Para el desarrollo del trabajo fueron investigados datos secundarios fue hecha una buacutesqueda bibliograacutefica y fue realizado un total de 38 entrevistas y aplicacioacuten de cuestionarios con agentes puacuteblicos de desarrollo y MEI Los resultados permiten conocer la situacioacuten de los MEI en la costa paranaense asiacute como sirven de subsidios para elaboracioacuten de poliacuteticas especiacuteficas orientadas a esa poblacioacuten

Palabras ndash clave Trabajo Informalidad Poliacutetica Puacuteblica Micro empresaacuterio individual Litoral paranaense

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1- POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS DE TRABALHO DESENVOLVIDAS NO

BRASIL ANTERIOR A 1964 36

QUADRO 2 - POLIacuteTICAS DE EMPREGO DESENVOLVDAS NO BRASIL

DURANTE O REGIME MILITAR 39

QUADRO 3 - PRINCIPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO

DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016) 43

QUADRO 4- BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PARANAGUAacute PARA

ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS ALTERACcedilOtildeES

66

QUADRO 5- BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PONTAL DO PARANAacute

PARA ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS

ALTERACcedilOtildeES 68

QUADRO 6 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM DE MATINHOS 69

QUADRO 7- ACcedilOtildeES REGULARES DE APOIO AO MEI NA MRGP 71

QUADRO 8- ENTIDADES REPRESENTANTES DAS CLASSES

EMPRESARIAL COMERCIAL E AGRIacuteCOLA NO LITORAL DO

PARANAacute 104

LISTA DE MAPAS

MAPA 1 - MICRORREGIAtildeO GEOGRAacuteFICA DE PARANAGUAacute 50

LISTA DE GRAacuteFICOS

GRAacuteFICO 1 - RECEITAS TOTAIS DOS MUNICIacutePIOS 75

GRAacuteFICO 2 - ARRECADCcedilAtildeO E DESPESAS MUNICIPAIS NA MRGP (2015) 76

GRAacuteFICO 3 - IPTU EM RELACcedilAtildeO Agrave ARRECADACcedilAtildeO TRIBUTAacuteRIA DOS

MUNICIacutePIOS DA MRGP (2013 ndash 2014) () 77

GRAacuteFICO 4 - NUacuteMERO DE ATENDIMENTOS REALIZADOS NAS SALAS DO

84

GRAacuteFICO 5 - NUacuteMERO DE FORMALIZACcedilOtildeES REALIZADAS 84

GRAacuteFICO 6 - NUacuteMERO DE BAIXAS DE INCRICcedilAtildeO DO MEI 85

GRAacuteFICO 7 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30) POR ATIVIDADE

ECONOcircMICA () 89

GRAacuteFICO 8 - ANOS DE FORMALIZACcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30) 90

GRAacuteFICO 9 - RELACcedilOtildeES COMERCIAIS DOS MEI COM O MUNICIacutePIO NA

MRGP (N=30) 92

GRAacuteFICO 10 - VAOLRES TOTAIS FINANCIADOS PELO MEI NA MRGP

ATRAVEacuteS DO PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR

PARANAacute (FOMENTO PARANAacute) (201 ndash 2015 ndash 2016) 101

GRAacuteFICO 11 - FINANCIAMENTOS JUNTO AO SISTEMA DE CREacuteDITO NA

MRGP () 102

GRAacuteFICO 12 - RESPOSTA SOBRE PARTICIPACcedilAtildeO EM ASSOCIACcedilAtildeO

REPRESENTANTE DA CATEGORIA 103

GRAacuteFICO 13 - CONHECIMENTO DOS RESPONDENTES DE ESTRATEacuteGIAS

ADOTADAS PELAS PREFEITURAS EM APOIO AO MEI NA

MRGP () 106

GRAacuteFICO 14 - RESPONDENTES QUE POSSUEM FUNCIONAacuteRIOS NA MRGP

() 109

GRAacuteFICO 15 - QUANTITATIVO DE TRABALHADORES FORMALIZADOS E

NAtildeO FORMALIZADOS EMPREGADOS PELO MEI NA MRGP

() 110

GRAacuteFICO 16 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS MEI RESPONDENTES COM BASE NA

RENDA BRUTA TENDO COMO PARAcircMETRO DE VALOR O

SALAacuteRIO MIacuteNIMO NACIONAL (2016) () 111

GRAacuteFICO 17 - QUANTITATIVO DE MEI RESPONDENTES QUE

PARTICIPARAM DE CURSOS DE 114

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - TAXA DE DESEMPREGO E INFORMALIDADE NO BRASIL 29

TABELA 2 - POPULACcedilAtildeO ABSOLUTA POPULACcedilAtildeO URBANA E

POPULACcedilAtildeO RURAL DA MRGP (2000-2010) 51

TABELA 3 - DEMONSTRATIVO DO IDH E DO IacuteNDICE DE POBREZA DOS

MUNICIacutePIOS DA MRGP 52

TABELA 4 - DADOS DO MERCADO DE TRABALHO NA MRGP (2000-2016)

53

TABELA 5 - NUacuteMERO DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP (2013-2014) 54

TABELA 6 - NUacuteMEROS DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP POR SETOR

ECONOcircMICO 55

TABELA 7 - VALOR ADICIONADO FISCAL (VAF - R$ 100 (P)) DOS

MUNICIacutePIOS INTEGRANTES DA MRGP (2016) 56

TABELA 8 - PIB PER CAPTA DOS MUNICIacutePIOS DA MRGP 57

TABELA 9 - NUacuteMERO DE EMPRESAS NA MRGP (MAIO2016) 59

TABELA10- ATIVIDADES ECONOcircMICAS DESENVOLVIDAS NA MRGP

(maio2016) 59

TABELA11- PROCURA E APROVACcedilAtildeO DE CREacuteDITO PELOS MEI (BRASIL)

97

TABELA12- NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS E VALORES FINANCIADOS

NA MRGP CEDIDOS PELA CAIXA ECONOcircMICA FEDERAL AgraveS

MPE (2015-2016) 98

TABELA13- NUacuteMERO DE MPE NA MRGP (2015-2016) 99

TABELA14 - NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS CEDIDOS AO MEI JUNTO

AO PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR DO PARANAacute

(FOMENTO PARANAacute) NA MRGP (2014-2015-2016) 100

TABELA15- RENDIMENTO NOMINAL MEacuteDIO DOS TRABALHADORES

CONTRIBUINTES PARA A PREVIDEcircNCIA SOCIAL EM

QUALQUER TRABALHO NA MRGP (2010) 112

LISTA DE SIGLAS

CLT - Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho

CODEFAT - Fundo de Amparo ao Trabalhador

DIEESE - Departamento Intersindical de Estatiacutestica e Estudos

Socioeconocircmicos

ECINF - Economia Informal Urbana

FGTS - Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo

IBGE - Instituto brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IDT - Instituto de Desenvolvimento do Trabalho

INPS - Instituto Nacional de Previdecircncia Social

IPARDES - Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social

IPEA - Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada

LC - Lei Complementar

MEI - Microempreendedor Individual

MPAS - Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social

MRGP - Microrregiatildeo Geograacutefica de Paranaguaacute

MTE - Ministeacuterio do Trabalho e Emprego

MTPS - Ministeacuterio do Trabalho e Previdecircncia Social

OCDE - Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e DesenvolvimentoEconocircmico

OIT - Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho

PASEP - Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico

PDM - Poliacuteticas de Desenvolvimento do Milecircnio

PIS - Programa Integraccedilatildeo Social

PLANFOR - Plano Nacional de Qualificaccedilatildeo do Trabalhador

PND - Plano nacional de Desenvolvimento

PP - Poliacutetica Puacuteblica

PROGER - Programa de Geraccedilatildeo de Emprego e Renda

PRONAF - Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar

PRORURAL - Programa de Desenvolvimento Econocircmico e Territorial - Renda

e Cidadania no Campo

SEBRAE - Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas

SINE - Sistema Nacional de Emprego

SUMAacuteRIO

APRESENTACcedilAtildeO 15

1 ALTERACcedilOtildeES NO MUNDO DO TRABALHO DESEMPREGO E

INFORMALIDADE 21

11 A INFORMALIDADE NO CENAacuteRIO BRASILEIRO 25

12 DO TRABALHO FORMALIZADO Agrave NECESSIDADE EMPREENDEDORA A

CRIacuteTICA 30

2 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO DAS

ORIGENS AO MEI 33

21 SOBRE A POLIacuteTICA PUacuteBLICA NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO

33

211Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho primeiro momento 36

212 Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho no Regime Militar 39

213 Poliacuteticas Puacuteblicas de trabalho no periacuteodo de redemocratizaccedilatildeo do Brasil 42

214Poliacutetica Puacuteblica de Trabalho MEI 45

3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS PARA O MEI NA MICRORREGIAtildeO DE PARANAGUAacute 50

31 A FRAacuteGIL ECONOMIA NA MRGP 52

32 A INSTITUCIONALIDADE MEI NA MRGP 61

321 O Comitecirc Gestor Municipal na MRGP 65

322 Salas do Empreendedor e o Agente de Desenvolvimento 69

323 Accedilotildees regulares coordenadas pelos municiacutepios de incentivo ao MEI 71

4 DIFICULDADES E AVANCcedilOS NO DESENVOLVIMENTO INCLUDENTE DO

MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL NO LITORAL DO PARANAacute 74

41 A CAPACIDADE MUNICIPAL NO LITORAL DO PARANAacute EM MOBILIZAR

MECANISMOS PROPIacuteCIOS AO DESENVOLVIMENTO DO MEI 74

411 A gestatildeo puacuteblica municipal no litoral paranaense e a destinaccedilatildeo da receita 81

42 UMA SIacuteNTESE COMPARATIVA ENTRE AS FORMALIZACcedilOtildeES E AS BAIXAS

DO MEI NA MRGP 83

43 O MEI POR ELE MESMO AS LUTAS E DESAFIOS ATRAVEacuteS DO TRABALHO

88

431 Atividades econocircmicas desenvolvidas pelos MEI entrevistados no Litoral 88

do Paranaacute 88

432 Tempo de formalizaccedilatildeo e os MEI no Litoral do Paranaacute 90

434 Compras puacuteblicas e o apoio aos MEI na MRGP 91

435 O Acesso em ao creacutedito aos MEI no Litoral do Paranaacute 95

436 O associativismo e os MEI na MRGP 102

437 Mobilizaccedilatildeo dos governos locais no estiacutemulo agrave categoria do MEI 105

438 O MEI-Patratildeo no Litoral do Paranaacute 108

439 Renda bruta dos MEI entrevistados um alento agrave meacutedia 110

4310 Capacitaccedilatildeo profissional dos MEI no Litoral do Paranaacute 112

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 115

REFEREcircNCIAS 119

APEcircNDICES 133

15

APRESENTACcedilAtildeO

O referente trabalho surgiu de reflexotildees acerca do processo acelerado da

expansatildeo do desemprego estrutural em niacutevel mundial mas que oferece pressatildeo

sobre configuraccedilotildees territoriais menores como na Microrregiatildeo Geograacutefica de

Paranaguaacute (MRGP) alertando sobre o deslocamento dos trabalhadores para a

economia informal e em resposta a accedilatildeo do Estado atraveacutes de poliacuteticas puacuteblicas

de trabalho na tentativa de equacionar as disfunccedilotildees geradas pela reestruturaccedilatildeo

produtiva iniciada na deacutecada de 1970

O principal objetivo do nosso estudo eacute analisar como se apresenta a

implantaccedilatildeo da Lei Complementar 128 de 19 de dezembro de 2008 (LC 12808) nos

municiacutepios do litoral paranaense recortado como Microrregiatildeo Geograacutefica de

Paranaguaacute (MRGP) Esta poliacutetica puacuteblica eacute uma tentativa de retirar da informalidade

trabalhadores brasileiros exercendo as mais variadas atividades dentro desse setor

O que significa resgatar a sua dignidade e cidadania pela valoraccedilatildeo ao seu

trabalho pela inclusatildeo no sistema previdenciaacuterio dentre outros benefiacutecios

associados agrave formalizaccedilatildeo

Pretendemos descrever as principais caracteriacutesticas e estrateacutegias

organizadas na MRGP para a implantaccedilatildeo da LC 12808 que tem como uma de

suas premissas a inclusatildeo social descrita em seu art 18 Aleacutem disso realiza -se o

estudo sobre a aderecircncia dos governos locais agrave poliacutetica puacuteblica de formalizaccedilatildeo do

microempreendedor individual (MEI)

Como objetivos secundaacuterios este estudo apresenta 1) Analisar os dados

relativos a emprego renda niacutevel de ocupaccedilatildeo volume de registros de MEI na

microrregiatildeo estudada 2) Identificar as estruturas e accedilotildees das prefeituras da

microrregiatildeo relacionadas agrave poliacutetica puacuteblica em questatildeo

Haacute algumas questotildees iniciais as quais entendemos pertinentes no processo

de estudo do referente trabalho e que foram balizares no encaminhamento das

pesquisas (a) De que maneira o mundo do trabalho (organizaccedilotildees puacuteblicas

mercado e organizaccedilotildees sociais) tem constituiacutedo poliacuteticas de formalizaccedilatildeo e renda

no trabalho (b) Qual a configuraccedilatildeo socioeconocircmica e os principais problemas

enfrentados pelos trabalhadores informais na regiatildeo litoracircnea do Paranaacute (c) Como

os trabalhadores mercado e organizaccedilotildees puacuteblicas e sociais tecircm promovido e

acolhido a formalizaccedilatildeo do microempreendedor individual na aacuterea de estudo

16

A ausecircncia na literatura de dados especiacuteficos atualizados sobre a aacuterea de

estudo sobretudo na aacuterea da economia do trabalho e a dificuldade em obter dados

em algumas instituiccedilotildees por conta da poliacutetica interna destas pode ter

comprometido em parte a anaacutelise do todo poreacutem natildeo alterou os objetivos dos

estudos sobre a categoria MEI

O processo metodoloacutegico foi constituiacutedo em dois momentos distintos e

complementares No primeiro momento buscamos na pesquisa exploratoacuteria

elementos que nos dessem suporte agrave compreensatildeo do objeto do estudo partindo

necessariamente do conjunto de fatores que levaram a criaccedilatildeo da LC 12808 e a

regulamentaccedilatildeo da formalizaccedilatildeo dos MEI Para tanto estabelecemos alguns

indicadores que nos orientaram no sentido das modificaccedilotildees ocorridas no sistema

capitalista a partir da deacutecada de 1970 e que resultaram no aumento do desemprego

da informalidade e da precarizaccedilatildeo do trabalho via flexibilizaccedilatildeo subcontrataccedilatildeo

Para estabelecermos a proximidade com o tema nos apoiamos na revisatildeo da

literatura especiacutefica resultando no reconhecimento sobre a trajetoacuteria histoacuterica das

modificaccedilotildees nas relaccedilotildees do trabalhoespaccedilo em cadeia global e nacional e

igualmente na criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave equaccedilatildeo de deformidades na

economia do trabalho no cenaacuterio brasileiro nos aproximando ao entendimento do

nosso objeto de estudo Essa revisatildeo eacute descrita no decorrer da dissertaccedilatildeo pela

nomenclatura dada no corpo do texto

No segundo momento considerando que para a anaacutelise do objeto de estudo

ou seja a implantaccedilatildeo nos municiacutepios integrantes da microrregiatildeo de Paranaguaacute da

Lei Complementar 12808 que cria a pessoa juriacutedica do empreendedor individual se

fez necessaacuterio aleacutem da coleta de dados em possibilidades de controle a inclinaccedilatildeo

igualmente agrave percepccedilatildeo subjetiva de anaacutelise com o objetivo de compreensatildeo do

contexto mais amplo sob o olhar holiacutestico e criacutetico do processo de implantaccedilatildeo da

referida lei Nesse sentido como afirma Deslandes (2010 p 33) ―a)criacutetica porque

devemos estabelecer um diaacutelogo reflexivo entre a teoria e o objeto de estudo

escolhido por noacutes b)ampla porque deve dar conta do ―estado atual sobre o

problema

Tendo como uma das opccedilotildees a pesquisa qualitativa sublinhamos a

possibilidade de maior compreensatildeo das relaccedilotildees socialmente constituiacutedas por

atores no plano do concreto do real Essas relaccedilotildees exercem significados e se

manifestam de diversas formas pois o que se torna forma passa pelas relaccedilotildees

17

humanas e portanto ―o que as ―coisas (fenocircmenos manifestaccedilotildees ocorrecircncias

fatos eventos vivecircncias ideias sentimentos assuntos) representam daacute molde agrave

vida das pessoas (TURATO 2005 p 510)

Nesse momento percebemos a falta de informaccedilotildees histoacutericas em bancos de

dados oficiais e natildeo oficiais e na literatura que nos apoiassem na descriccedilatildeo objetiva

sobre o tema contextualizado no litoral paranaense

A escassez de dados sobre a poliacutetica de formalizaccedilatildeo do MEI no litoral do

Paranaacute eacute resultante em parte pela demora na regulamentaccedilatildeo da LC 12808 e da

operacionalizaccedilatildeo da referida LC nos municiacutepios da MRGP A regulamentaccedilatildeo e

operacionalizaccedilatildeo dessa lei complementar soacute foi possiacutevel em determinados casos

pela parceria entre as prefeituras e o SEBRAE a partir de 2013 em Matinhos e

Paranaguaacute e sequencialmente em Pontal do Paranaacute Morretes e Guaraqueccedilaba

Ainda com dificuldade de obter dados histoacutericos do litoral paranaense acerca da

informalidade do trabalho e especificamente sobre o microempreendedor individual

algumas informaccedilotildees secundaacuterias foram obtidas atraveacutes de instituiccedilotildees oficiais

(IBGE IPARDES DIEESE EMPRESOacuteMETRO) e foram processadas com base na

estatiacutestica descritiva atraveacutes de Planilha Excel representado por graacuteficos e tabelas

Informaccedilotildees igualmente sobre o MEI foram adquiridas atraveacutes de fontes primaacuterias

como dados estatiacutesticos das salas do empreendedor e possibilitaram avaliar alguns

indicadores importantes sobre o desenvolvimento dos trabalhos desempenhados

pelos agentes de desenvolvimento e sobre a sustentabilidade do MEI a) quantitativo

de baixas da empresa b) formalizaccedilotildees c) procura por serviccedilos nas salas d) oferta

de serviccedilos nas salas do empreendedor

Outra maneira utilizada para obter informaccedilotildees foi atraveacutes de entrevistas

semiestruturadas com atores da administraccedilatildeo puacuteblica e de instituiccedilotildees da iniciativa

privada e aplicaccedilatildeo de questionaacuterio para os microempreendedores individuais que

exercem suas atividades na aacuterea de estudo Segundo Oliveira (2011 p 36) ―esta

teacutecnica de coleta de dados eacute bastante adequada para a obtenccedilatildeo de informaccedilotildees

acerca do que as pessoas sabemcrecircem esperam e desejam []

Foram entrevistados cinco (05) atores da administraccedilatildeo puacuteblica e trecircs (03)

atores da iniciativa privada Os atores foram escolhidos pela proximidade com

implantaccedilatildeo da LC 12808 Da administraccedilatildeo puacuteblica foram entrevistados quatro

agentes de desenvolvimento que atuam nas salas do empreendedor nos municiacutepios

que possuem parceria com o SEBRAE e um secretaacuterio municipal Da iniciativa

18

privada foram entrevistadas trecircs pessoas ligadas agraves associaccedilotildees da classe

empresarial e do SEBRAE Os MEI que participaram do questionaacuterio seratildeo

designados como respondentes Ao todo foram realizadas 08 (oito) entrevistas e 30

questionaacuterios aplicados

As entrevistas com os atores tanto da administraccedilatildeo puacuteblica quanto da

iniciativa privada se deram em seus locais de trabalho Ou seja nas salas do

empreendedor localizadas juntas agraves prefeituras e nas associaccedilotildees de classe e no

SEBRAE e tiveram como pressupostos levantar informaccedilotildees sobre as accedilotildees das

prefeituras e das associaccedilotildees sobre a implantaccedilatildeo da LC 12808 no litoral do

Paranaacute Todas as entrevistas foram gravadas e transcritas integralmente com a

anuecircncia dos entrevistados que assinaram o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido e foram realizadas no periacuteodo de junho a outubro de 2016

Para a construccedilatildeo do questionaacuterio e das questotildees pertinentes foram

utilizadas como base referencial autores como Sachs (2003) e Albuquerque e

Zapata (2010) aleacutem de uma leitura atenta da Lei Complementar 12306 e da Lei

complementar 12808

Considerando a precaacuteria organizaccedilatildeo em classe dos microempreendedores

individuais (MEI) no litoral do Paranaacute natildeo sendo possiacutevel identificaacute-los atraveacutes de

banco de dados na aplicaccedilatildeo do questionaacuterio optamos por deslocar ateacute o

estabelecimento do microempreendedor individual e aplicar o questionaacuterio em seu

local de trabalho Esse procedimento ao passo que era incerto pois natildeo havia

como identificar o MEI a natildeo ser percorrendo estabelecimento por estabelecimento

tornava-se solitaacuterio e exaustivo posto o deslocamento e o tempo para o

preenchimento do questionaacuterio e as duacutevidas que surgiam Poreacutem esta teacutecnica

possibilitou avaliar a estrutura do empreendimento e ao mesmo tempo conversar a

respeito da formalizaccedilatildeo dos MEI Dessa forma muito aleacutem da aplicaccedilatildeo do

questionaacuterio nos vimos envolto a uma realidade da qual natildeo percebiacuteamos Como

natildeo havia referecircncia sobre o enquadramento do estabelecimento perguntaacutevamos

para o proprietaacuterio se ele era MEI ou natildeo Os MEI que participaram respondendo ao

questionaacuterio muitas vezes falavam das dificuldades em aumentar seus negoacutecios e

da ausecircncia do poder puacuteblico local principalmente fora da temporada de praia

Cada aplicaccedilatildeo do questionaacuterio durava cerca de 30 a 50 minutos

Participaram como respondentes do questionaacuterio 30 (trinta)

microempreendedores individuais abrangendo os municiacutepios de Guaratuba

19

Matinhos Pontal do Paranaacute e Paranaguaacute A aplicaccedilatildeo do questionaacuterio ocorreu nos

meses de dezembro de 2016 e janeiro e fevereiro de 2017

Os dados pesquisados foram organizados e descritos em Planilha Excel e

disponibilizados atraveacutes de graacuteficos e tabelas

Este estudo estaacute distribuiacutedo em quatro capiacutetulos onde procuramos sublinhar

sequencialmente as modificaccedilotildees ocorridas no mundo trabalho e o resultante

dissoo alastramento da informalidade em niacuteveis mundial e local assim como

analisar a poliacutetica puacuteblica de formalizaccedilatildeo do MEI e seus dispositivos aplicados no

litoral do Paranaacute

No primeiro capiacutetulo estudamos as modificaccedilotildees no mundo do trabalho

atraveacutes de um recorte histoacuterico que levaram ao aumento exponencial do

desemprego estrutural e consequentemente da informalidade em niacuteveis mundiais

Ainda nesse capiacutetulo abordaremos o desemprego e a informalidade no cenaacuterio

brasileiro Para tanto nos apoiamos na literatura especializada sobre os temas

reestruturaccedilatildeo produtiva desemprego informalidade

O segundo capiacutetulo traz vaacuterias referecircncias ao conceito de Poliacutetica Puacuteblica e

a accedilatildeo do Estado brasileiro na economia do trabalho com quadros descritivos das

principais poliacuteticas puacuteblicas de trabalho no periacuteodo republicano e como essas

poliacuteticas organizaram a vida do trabalhador no Brasil Ainda nesse capiacutetulo

iniciamos nossas anaacutelises acerca da Lei de Formalizaccedilatildeo do Microempreendedor

Individual (LC 12808)

O terceiro capiacutetulo traz uma descriccedilatildeo da aacuterea de estudo (recorte espacial

da microrregiatildeo geograacutefica de Paranaguaacute) com dados demograacuteficos do mercado de

trabalho receitas municipais dados relacionados ao nuacutemero de empresas na regiatildeo

nuacutemeros de Micro e pequenas empresas e microempreendedores individuais

escalonados por atividade econocircmica Assim como aspectos institucionais

relacionados agrave formalizaccedilatildeo do microempreendedor na regiatildeo de estudo

No quarto capiacutetulo observamos os avanccedilos quanto agrave implantaccedilatildeo da poliacutetica

de formalizaccedilatildeo e as dificuldades encontradas para a expansatildeo e sustentabilidade

do MEI na regiatildeo de estudo Neste capiacutetulo nossos estudos recaem inicialmente

para a participaccedilatildeo dos governos locais na implantaccedilatildeo da poliacutetica em questatildeo e sua

capacidade de mobilizar estrateacutegias de apoio aos MEI Ainda satildeo analisados os

dados relativos agrave formalizaccedilatildeo e baixas dos microempreendedores nos municiacutepios

de Morretes Matinhos Pontal do Paranaacute e Paranaguaacute observando a proposta de

20

sustentabilidade do MEI Igualmente atraveacutes de questionaacuterio respondido pelos MEI

da regiatildeo de estudo foi possiacutevel estabelecer um perfil soacutecio econocircmico dos

entrevistados e dos efeitos dos dispositivos elencados na Lei Geral que permitem

possibilidades da inserccedilatildeo e expansatildeo da categoria no mercado e resgate da sua

dignidade laboral

21

1 ALTERACcedilOtildeES NO MUNDO DO TRABALHO DESEMPREGO E

INFORMALIDADE

Para compreendermos o porquecirc da criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas1 voltadas

ao enfrentamento do fenocircmeno da informalidade superlativada do desemprego e a

geraccedilatildeo de renda no cenaacuterio brasileiro eacute necessaacuterio observarmos as transformaccedilotildees

ocorridas em cadeia global na dimensatildeo da economia do trabalho e as

consequecircncias sociais e econocircmicas vinculadas agraves relaccedilotildees do trabalho

(informalidade precarizaccedilatildeo flexibilizaccedilatildeo trabalho temporaacuterio subcontrataccedilatildeo

dentre outros) que definem o quadro socioeconocircmico vigente e assim estabelecer

uma criacutetica histoacuterica que a partir da reorganizaccedilatildeo do processo produtivo incidiu

diretamente na concepccedilatildeo do trabalho do emprego e levou agrave

reorganizaccedilatildeoreformulaccedilatildeo do Estado (POCHMANN 2004) Para tal compreensatildeo

sobre o tema nos apoiaremos na extensa literatura jaacute existente

Em nossos estudos compreendemos o trabalho hoje formalizado ou natildeo

como uma atividade (humana) objetiva (no sentido da accedilatildeo) e subjetiva (no sentido

do pensamento) desenvolvida por homens e mulheres inclinada a transformar

modificar e produzir algo sob criteacuterios e validaccedilatildeo do Modelo de Produccedilatildeo

Capitalista Os criteacuterios do trabalho assim entendemos satildeo definidos com base nas

transformaccedilotildees ocorridas no proacuteprio sistema capitalista que por fim valida esse

processo pela viabilidade da produccedilatildeo laboral e intelectual conduzido por regras

vezes particulares vezes universais inseridos em contextos especiacuteficos ou

contextos globalmente unificados

O dinamismo do sistema capitalista produziu transformaccedilotildees de ordem

econocircmica social cultural ideoloacutegica configurando num processo contiacutenuo de

alteraccedilotildees permanentes no seio de sua proacutepria estrutura totalmente instaacutevel

flexiacutevel e mutante As mudanccedilas que ocorreram na economia mundial a exemplo

tiveram consequecircncias no processo produtivo logo nas relaccedilotildees do trabalho sob o

modelo fordista ocasionando mudanccedilas no tecido social cultural alimentados

ainda pelo crivo das contraposiccedilotildees ideoloacutegicas resultantes da polaridade mundial

1 Com efeito de poliacutetica puacuteblica voltada ao enfrentamento da informalidade no mercado de trabalho

brasileiro analisaremos mais a diante a Lei Complementar 12808 instrumento de criaccedilatildeo do Microempreendedor Individual (MEI) que possui expresso em seu art 18E aleacutem da formalizaccedilatildeo do MEI o caraacuteter de inclusatildeo social

22

apoacutes a Segunda Grande Guerra Tais transformaccedilotildees estatildeo associadas ao decliacutenio

do modelo keynesiano2 - progressista que exigiu do Estado uma posiccedilatildeo mais

reformadora em sua estrutura assinalada por Laranjeira (2000) Lombardi (1997) e

Caminha (2012)

O que podemos observar no cenaacuterio econocircmico eacute o substancial crescimento

inflexiacutevel do desemprego estrutural bem como as mudanccedilas no sistema de

assalariamento que foi condicionado por eventos especiacuteficos de enorme

importacircncia 1) a reestruturaccedilatildeo produtiva iniciada na deacutecada de 1970 2) o advento

da globalizaccedilatildeo (SANTOS 2008 p 152) 3) ―difusatildeo de um novo paradigma teacutecnico-

produtivo e do acirramento da competiccedilatildeo internacionalista nas economias

avanccediladas (POCHMANN 2001 p 41)

A reestruturaccedilatildeo produtiva foi uma resposta imediata agrave crise econocircmica

caracterizada pela impossibilidade do modelo Keynesiano - fordista reverter agraves

contradiccedilotildees proacuteprias produzidas pelo sistema capitalista Tal resposta implicou de

imediato numa nova redefiniccedilatildeo do espaccedilo fiacutesico e das relaccedilotildees entre trabalho e

produccedilatildeo que se mantinham sob forte regulaccedilatildeo consensual entre ―Estado capital e

sindicatos como aponta Barbosa (2007 p 3)

As modificaccedilotildees que ocorreram no setor produtivo e nas relaccedilotildees do

trabalho levaram a excessiva acumulaccedilatildeo de capital (acumulaccedilatildeo flexiacutevel) muito

embora essas modificaccedilotildees natildeo ocorreram de forma generalizada mas foram

absorvidas considerando contextos especiacuteficos de espaccedilo e cultura conforme

salienta Lombardi (1997) e ao aumento do desemprego por cortes em postos de

trabalho (capital variaacutevel) observando a evoluccedilatildeo tecnoloacutegica no setor produtivo e a

reconfiguraccedilatildeo desse setor com relocaccedilatildeo para espaccedilos perifeacutericos

Dentro dessa oacutetica como observa Lombardi (1997) a expansatildeo tecnoloacutegica

exerceu forte pressatildeo sobre os trabalhadores que se sentem ameaccedilados pela

concorrecircncia da tecnologia Trabalhos manuais foram substituiacutedos por trabalhos

mecacircnicos autocircmatos que produzem em escalas vertiginosas Ou seja

O avanccedilo na concorrecircncia intercapitalista e a adoccedilatildeo de um novo paradigma tecnoloacutegico estariam provocando alteraccedilotildees significativas nas economias avanccediladas Parece natildeo haver duacutevidas sobre o crescimento de

2O modelo Keynesinao tambeacutem chamado de Capitalismo Reformado por Sachs (2008) foi uma

resposta imediata aos efeitos causados pela Grande Depressatildeo tendo como base o pleno emprego e o Estado do Bem Estar Social

23

importacircncia das ocupaccedilotildees caracterizadas como superiores e de postos diretivos responsaacuteveis pela utilizaccedilatildeo de trabalhadores com maior exigecircncia de qualificaccedilatildeo e escolaridade Ao mesmo tempo as profissotildees inferiores (operaacuterios simples e manuais) ainda majoritaacuterios na estrutura ocupacional estariam perdendo participaccedilatildeo relativa (POCHMANN 2001 p 52)

Na segunda metade deacutecada de 1980 foi formulado por economistas norte-

americanos e outros ligados a OCDE (Organizaccedilatildeo para Cooperaccedilatildeo e o

Desenvolvimento Econocircmico) um conjunto de medidas de cunho macroeconocircmico

e estruturais destinado a paiacuteses do chamado Terceiro Mundo que apresentavam

baixos iacutendices de desenvolvimento econocircmico (BRESSER PEREIRA 1991)

Tais medidas foram sendo colocadas em praacutetica sobre tudo abaixo da linha

do equador americano pois como demonstra Bresser Pereira (1991) na Ameacuterica

Latina havia uma ―crise marcada por estagnaccedilatildeo econocircmica e altas taxas de

inflaccedilatildeo Dentro dessa perspectiva acreditava-se que havia uma necessidade de

restringir o tamanho do Estado e de sua participaccedilatildeo no setor econocircmico Assim a

orientaccedilatildeo era sua descentralizaccedilatildeo flexibilizaccedilatildeo na regulaccedilatildeo liberalizaccedilatildeo do

comeacutercio internacional promoccedilatildeo das exportaccedilotildees e a diminuiccedilatildeo das empresas

estatais pois entendiam que eram em grande nuacutemero e incapazes de gerir

produtividades adequadas as suas capacidades e ao modelo estrutural das novas

concepccedilotildees capitalistas (neoliberalismo globalizado)

No entanto tais modificaccedilotildees no sistema econocircmico permitiram o processo

de acumulaccedilatildeo do capital e da hipertrofia financeira criando mecanismos que

causaram enormes disfunccedilotildees sociais agravadas pela doutrinalsquo neoliberal e o novo

padratildeo tecnoloacutegico de produccedilatildeo e organizaccedilatildeo do trabalho (MOTTA 2009) Tais

fatores provocaram ―mudanccedilas substanciais que resultaram no aumento da pobreza

do desemprego e do subemprego e na precarizaccedilatildeo do trabalho (idem p 550)

O desemprego se constituiu como um dos maiores problemas sociais da humanidade A crise iniciada nos paiacuteses centrais a partir do final dos anos 1960 evidenciou o esgotamento do padratildeo de acumulaccedilatildeo fordista keynesiano alterando a relaccedilatildeo entre Estado e sociedade (OLIVEIRA 2012 p 494)

Conforme analisa Oliveira (2012) estima-se que em 2009 havia cerca de

210 milhotildees de pessoas desempregadas no mundo ―Os maiores afetados segundo

a agecircncia satildeo os jovens e as mulheres dos paiacuteses perifeacutericos (OLIVEIRA 2012 p

494) Diante de um quadro socioeconocircmico extremamente complexo seria

24

necessaacuterio novos mecanismos que dessem suporte ao controle das distorccedilotildees

sociais e de contenccedilatildeo Dessa forma foram lanccediladas novas bases da ideologia

dominante com objetivos especiacuteficos de controle da demanda com base nas

―poliacuteticas de desenvolvimento do milecircnio (PDM) (MOTTA 2009 p 549)

As PDM segundo a autora constituem ―mecanismos de hegemonia de

funccedilatildeo de direccedilatildeo intelectual e moral com accedilotildees concretas e definiccedilotildees de metas

focadas nas camadas de trabalhadores excluiacutedoslsquo do processo produtivo mas que

ainda possuem condiccedilotildees produtivas para instaurar um processo mais intensivo de

educar para o conformismo (idem p 549)

Assinala Motta (2009) que as poliacuteticas de desenvolvimento do milecircnio estatildeo

sublinhadas pelo forte investimento educacional balizado na ―teoria do capital

humano de Theodore Schultz na qual consiste em propor a qualificaccedilatildeo da forccedila do

trabalho humano atraveacutes do processo educacional direcionado para crescimento

econocircmico

Poderemos formar pessoas qualificadas para o mercado de trabalho mas

autores como Rifkin (1995) Pastore (2006) Martins e Veiga (2003) Oliveira (2012) e

Sachs (2007) enfatizam na diminuiccedilatildeo consideraacutevel dos postos de trabalho na esfera

global dando a entender que a crise do pleno emprego estaacute relacionada em parte

ao avanccedilo da automaccedilatildeo tecnoloacutegica e da chamada reestruturaccedilatildeo da produccedilatildeo

tanto nas aacutereas rurais quanto nas aacutereas urbanas como jaacute demonstrado

anteriormente Alertava Rifkin (1995) que mais de 800 milhotildees de pessoas no

mundo estavam desempregadas ou subempregadas e que esse quadro se agravaria

ateacute o final do seacuteculo XX

Com um quadro excessivamente preocupante as poliacuteticas de geraccedilatildeo de

emprego e renda entram na agenda internacional no entanto como salienta Souza

(2010 p 3) ―essas poliacuteticas puacuteblicas arrefecem o iacutempeto de uma celebraccedilatildeo liberal

na medida em que evidenciam a incapacidade de prover o pleno emprego

demonstrada pelo capitalismo mesmo em seus contextos mais avanccedilados

As tendecircncias multinacionais como analisa Oliveira (2012) ao mesmo

tempo em que preconizam a defesa de poliacuteticas focadas na geraccedilatildeo do trabalho (o

trabalho aqui entendido dentro do sistema capitalista portanto emprego formalizado

ou informal) que estimulassem a empregabilidade defendiam as flexibilizaccedilotildees das

leis regulatoacuterias que normatizam as leis do trabalho No caso brasileiro ―a poliacutetica de

emprego estaacute intrinsecamente relacionada agrave fraacutegil concepccedilatildeo de Welfare State e agrave

25

posiccedilatildeo ocupada pelo paiacutes na divisatildeo internacional do trabalho reforccedilando um

crescimento subordinado e dependente do capital estrangeiro [] (OLIVEIRA

2012 p 494)

No Brasil as poliacuteticas de emprego estavam relacionadas agrave concepccedilatildeo de

submissatildeo das leis trabalhistas agraves estruturas e poliacuteticas macroeconocircmicas e apenas

eram direcionadas nesse sentido aos trabalhadores empregados sendo que natildeo

haviam poliacuteticas voltadas aos trabalhadores excluiacutedos do processo de produccedilatildeo

formalizado ateacute meados do final da deacutecada de 1980 No entanto como segue

Oliveira (2012)

[] as mudanccedilas no padratildeo de organizaccedilatildeo do trabalho em consonacircncia com as poliacuteticas macroeconocircmicas de estabilizaccedilatildeo econocircmica imposta pelo FMI e demais organismos multilaterais delimitam a intervenccedilatildeo do Estado provocando um acirramento na questatildeo social em suas variadas expressotildees Eacute sob esta perspectiva que as poliacuteticas de emprego passam a ser implementadas no governo FHC Ou seja poliacuteticas que possam combater a crise do emprego e consequentemente a fome e a miseacuteria mas com recursos reduzidos e com ecircnfase na individualizaccedilatildeo do problema reforccedilando a histoacuterica intervenccedilatildeo residual do Estado brasileiro na questatildeo social (OLIVEIRA 2012 p 499)

No periacuteodo FHC assinalado por Oliveira (2012) foram criados vaacuterios

dispositivos de atenccedilatildeo ao trabalhador Um dos mais importantes instrumentos foi o

seguro-desemprego que sofreu alteraccedilotildees em 1994 ampliando

[] o tempo de indenizaccedilatildeo Nesse periacuteodo o desemprego apresentava nuacutemeros elevados chegando a atingir de acordo com o IBGE em torno de 17 da PEA A renda meacutedia do trabalhador apresentou queda pelo sexto ano consecutivo atingindo em 2003 uma reduccedilatildeo de 129 (OLIVEIRA 2012 p 500)

Na primeira deacutecada do seacuteculo XXI o desemprego mantinha a taxa de 96 e

a informalidade atingia 60 dos trabalhadores ocupados como nos mostra Pastore

(2006)

11 A INFORMALIDADE NO CENAacuteRIO BRASILEIRO

Como jaacute mencionado as alteraccedilotildees no mundo do trabalho ocasionadas

pela reestruturaccedilatildeo produtiva concorreram para o aumento do desemprego

estrutural culminando em consequecircncias macroestruturais no seio da economia

26

mundial Retrato disso eacute o fenocircmeno denominado de informalidade esta vista como

um traccedilo marcante nos paiacuteses subdesenvolvidos ou em desenvolvimento

assinalado por Matsuo (2009) e Antunes (2011) Estes autores nos apontam os

variados modos de informalidade que constituem estrateacutegias de enfrentamento agraves

especificidades econocircmicas diferenciadas no tempo e no espaccedilo por serem

construiacutedas a partir de necessidades especiacuteficas territoriais Matsuo (2009) afirma

que estas estrateacutegias informais correspondem de um lado o trabalhador informal

adequando-se a economia de mercado e ―significa um traccedilo constitutivo e crescente

da acumulaccedilatildeo de capital dos nossos dias (ANTUNES 2011 p 4) eou de outro o

setor informal representa a exclusatildeo desses trabalhadores do sistema dinacircmico da

economia Dessa forma segue a autora no sentido de combinaccedilatildeo das duas

possibilidades

[] os trabalhadores marginalizados na economia informal procuram se articular com os setores dinacircmicos da economia e integrar a cadeia no circuito de acumulaccedilatildeo capitalista dependendo das oportunidades que surgem Por outro lado a economia informal nos apresenta setores que estatildeo a reboque da formal e que passam a ser marginais por estarem deslocadas do desenvolvimento econocircmico (MATSUO 2009 p 21)

Os setores informal e formal segundo Souza (2010) coexistem e se

estabelecem como uma fragmentaccedilatildeo da estrutura ocupacional Essa fragmentaccedilatildeo

no entanto deveria ser acompanhada de poliacuteticas puacuteblicas que observassem o setor

informal para a melhoria da sua capacidade de ganho (idem p 4) Essa anaacutelise parte

do pressuposto de que o capitalismo triunfante natildeo foi capaz de absorver a maioria

dos trabalhadores levando-os a concorrer sob a proacutepria sorte e sob a eacutegide da

inadaptaccedilatildeo da desvantagem e da exclusatildeo dos benefiacutecios desse capitalismo Para

esse autor

[] os estudos promovidos pela CEPAL e pelo PREALC defenderam a ideacuteia de uma heterogeneidade estrutural persistente na qual coexistiriam os setores moderno e arcaico Este uacuteltimo tiacutepico da economia informal refletiria o excedente de matildeo-de-obra que luta por sobrevivecircncia assumindo um caraacuteter estrutural e supeacuterfluo As poliacuteticas puacuteblicas deveriam contribuir para a elevaccedilatildeo da renda na economia informal atuando de forma compensatoacuteria (SOUZA 2010 p 4)

Sachs (2007) ao analisar a economia de mercado a partir das

reestruturaccedilotildees capitalistas nos paiacuteses subdesenvolvidos identifica os setores

sociais marginalizados dentro do processo produtivo assim como o sentido

27

excludente e endecircmico resultante da maciccedila exploraccedilatildeo pelos paiacuteses de economias

centrais O autor identifica o cenaacuterio e as transformaccedilotildees no mercado de trabalho

por conta dos processos de dominaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo da economia

No lugar do desaparecimento tradicional por meio da transferecircncia progressiva do excedente de sua matildeo-de-obra para o setor moderno assistimos a expulsatildeo das sobras dos trabalhadores do setor moderno para setores da economia informal de fundos de quintal ou nitidamente ilegal e ateacute a sua marginalizaccedilatildeo pura e simples fadados agrave afliccedilatildeo da ociosidade forccedilada condenados a situaccedilatildeo de assistidos para alguns do berccedilo ao tuacutemulo (SACHS 2007 p 254)

Antunes (2011) subdivide a informalidade em trecircs modalidades de

trabalhadores alocados a economia submersa a) trabalhadores informais

tradicionais b) trabalhadores informais assalariados sem registro c) trabalhadores

informais por conta proacutepria Essas trecircs categorias tambeacutem satildeo compreendidas nas

anaacutelises de Matsuo (2009) a qual define a informalidade em duas grandes

categorias ―velha informalidade (trabalhadores tradicionais) e a ―nova

informalidade (terceirizaccedilatildeo flexibilizaccedilatildeo temporizaccedilatildeo) No entanto haacute algumas

―[] denominaccedilotildees atribuiacutedas a atividades praticadas nesse campo desemprego

disfarccedilado subemprego atividade clandestina iliacutecita natildeo estruturada etc

(SANTOS MACIEL e SATO 2014 p 330) que estatildeo presentes em todos os setores

da economia tanto no setor primaacuterio no secundaacuterio como no terciaacuterio como

apontam esses autores

De outra forma como aponta o estudo realizado em 2002 pelo Observatoacuterio

do Mercado de Trabalho do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) haacute dois tipos

de mercado de trabalho que atuam concomitantemente

a) um setor formal cujo funcionamento das atividades foi definido como tendo barreiras agrave entrada com recursos externos sistema de propriedade impessoal operando em mercados amplos e protegidos por cotas e tarifas grande escala de produccedilatildeo processos produtivos de tecnologia moderna e intensivos em capital e matildeo-de-obra qualificada e b) um setor informal definido pela inexistecircncia de barreiras agrave entrada aporte de recursos de origem domeacutestica propriedade individual operando em pequena escala processos produtivos intensivos em trabalho atuando em mercados competitivos e natildeo regulados (MTE 2002 p 3)

O fato eacute que o crescimento da informalidade no caso brasileiro revelava

aleacutem da fragilidade na arrecadaccedilatildeo tributaacuteria a violaccedilatildeo agraves leis trabalhistas a

28

precarizaccedilatildeo do trabalho e a desqualificaccedilatildeo do trabalhador frente agraves novas

tecnologias e restriccedilotildees agrave sua inserccedilatildeo no mercado de trabalho formal

Revelando o contraste entre os dois setores conforme as anaacutelises de

Meneguin e Bugarin (2008) em 2004 o trabalhador formalizado obteve uma

remuneraccedilatildeo de 623 superior em relaccedilatildeo ao trabalhador atuante na economia

submersa (CATANI 1985)

Alguns estudos realizados que apontam a informalidade no Brasil remontam

a deacutecada de 1990 Dessa forma a pesquisa Economia Informal Urbana (ECINF)

feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia a Estatiacutestica (IBGE) considerou a

―Organizaccedilatildeo e o Funcionamento da Unidade Econocircmica como uma caracteriacutestica

capaz de balizar os estudos sobre a informalidade Da mesma forma procurou

identificar e correlacionar as atividades informais identificando os

proprietaacuterios de negoacutecios informais trabalhadores por conta proacutepria e pequenos empregadores com 10 anos ou mais de idade ocupados em atividades natildeo-agriacutecolas e moradores em aacutereas urbanas nos domiciacutelios em que moram e atraveacutes deles investigar as caracteriacutesticas de funcionamento das unidades produtivas (IBGE - BRASIL 2003 p 15)

Um dos objetivos do IBGE era de ―quantificar o potencial das atividades

econocircmicas exercidas na informalidade em gerar oportunidades de trabalho e

rendimentos aleacutem de captar informaccedilotildees que permitam conhecer o papel e a

dimensatildeo do setor informal na economia brasileira (IBGE- BRASIL 2003 p 13)

O aumento da informalidade pode estar associado ao aumento da taxa de

desemprego o qual exige das pessoas estrateacutegias e formas diferenciadas de

sobrevivecircncia ou seja uma nova relaccedilatildeo com o mercado de trabalho como mostra

Matsuo (2009) Nas anaacutelises de Santos (2008)

Ateacute 1995 a cada aumento na oferta de emprego formal correspondia uma reduccedilatildeo do iacutendice de trabalhadores na informalidade Poreacutem a loacutegica mudou e a tendecircncia mostra que a criaccedilatildeo de novos empregos com carteira assinada natildeo causa mais esse impacto A informalidade passou a ser um traccedilo caracteriacutestico do mercado de trabalho brasileiro [] (SANTOS 2008 p6)

Pastore (2006) numa anaacutelise sobre o quadro nacional de empregos jaacute

indicava esta perspectiva e avalia o impacto sobre a previdecircncia social desse

quantitativo pois esta porcentagem corresponde agraves pessoas que natildeo contribuem

para o setor previdenciaacuterio gerando enormes distorccedilotildees no setor

29

Perceberemos (TABELA 1) a gradativa reduccedilatildeo na taxa de informalidade

brasileira bem como a reduccedilatildeo em 2 na taxa de desemprego entre 2002 e 2008

como observam Barbosa Filho e Pessocirca (2011) Estes autores ainda alertam para

a as diferenccedilas marcantes na composiccedilatildeo da taxa de desemprego de regiatildeo para

regiatildeo sugerindo o percentual em torno de 6 em Belo Horizonte e Porto Alegre e

superior a 12em Recife e Salvador no ano de 2008 (BARBOSA FILHO PESSOcircA

2011 p 2)

TABELA 1 - TAXA DE DESEMPREGO E INFORMALIDADE NO BRASIL

ANO DESEMPREGO INFORMALIDADE

2002 91 436 2003 97 423 2004 89 425 2005 93 414 2006 84 407 2007 82 391 2008 71 381 2009 83 374 2012 55 34 2013 54 33 2014 43 322 Fev2015 5 325

FONTE BARBOSA FILHO e MOURA (2012) IPEA (20142015) No primeiro semestre de 2013 a informalidade atingiu a taxa de 332

segundo IPEA (2013) Notamos (TABELA 1) que as atividades informais entre 2002

e 2006 obtiveram uma retraccedilatildeo de 29 e entre 2006 e 2013 houve decliacutenio na

ordem de 75 na informalidade brasileira Portanto houve a reduccedilatildeo de 104 da

informalidade entre os anos de 2002 e 2013 Em 2014 o desemprego obteve uma

variaccedilatildeo de 07 pp em relaccedilatildeo agrave fevereiro de 2015 assim como a informalidade

teve um acreacutescimo de 03 pp (IPEA 2015)

A informalidade segundo Malaguti (2001) eacute um traccedilo caracteriacutestico no

mercado de trabalho brasileiro e abrange parte significativa de trabalhadores

exercendo atividades de forma precarizada e desprotegida o que leva a reduccedilatildeo

salarial ao aumento da carga horaacuteria de trabalho e a desvalorizaccedilatildeo do trabalho

como garantia de dignidade

30

12 DO TRABALHO FORMALIZADO Agrave NECESSIDADE EMPREENDEDORA A

CRIacuteTICA

O deslocamento forccedilado dos trabalhadores formais para praacuteticas informais

no mercado de trabalho resultante de um processo de mudanccedilas nas relaccedilotildees de

produccedilatildeo e trabalho levaram milhares de pessoas a improvisar formas diferenciadas

de suas atividades habituais por necessidade de sobrevivecircncia muitas vezes

compreendidas como formas inovadoras e empreendedoras dentro de uma nova

realidade socioeconocircmica imposta

As praacuteticas empreendedoras muitas vezes como aponta Barbosa (2007) e

Malaguti (2001) surgem como estrateacutegias de autogestatildeo do trabalho do tempo e do

espaccedilo fiacutesico por se apresentarem como uacutenicas alternativas no processo de

desregulamentaccedilatildeo do trabalho e assim as novas configuraccedilotildees do trabalho

resultaram do esvaziamento da poliacutetica abrindo caminho na substituiccedilatildeo do trabalho

empregatiacutecio para uma forma autocircnoma do empreendedorismo Nas palavras de

Barbosa (2007)

A quebra do assalariamento baseado em contratos advindos da concentraccedilatildeo Estado capital e sindicatos penaliza o trabalho amplia as margens de accedilatildeo do mercado e expotildee a fragilizaccedilatildeo da poliacutetica como dimensatildeo da vida social por isso a pergunta que se faz agora entatildeo eacute de que modo o empreendedorismo pode reinventar ou inovar o trabalho garantindo espaccedilo para a poliacutetica Quer dizer frente agrave escassez (volume) e precarizaccedilatildeo (qualidade) do trabalho ateacute que ponto o empreendedorismo expresso nas ideias e praacuteticas de geraccedilatildeo de renda produz efeitos positivos no sentido de minorar as accedilotildees do mercado e impactar o quadro de desigualdade social (BARBOSA 2007 p 3)

Para essa autora o trabalhador desempregado perde sua identidade

subjetiva compartilhada e o emprego formalizado deixa de ser referecircncia de renda

pois com a ―reversatildeo do assalariamento e a ampliaccedilatildeo do trabalho desprotegido

informal se impotildee como regressividade social na medida em que diminui o poder de

barganha dos trabalhadores jogados agrave sorte no mercado e aumenta a desigualdade

social (idem p 4)

Essa realidade socioeconocircmica como demonstra Barbosa (2007) conduz

os trabalhadores para as diversas formas desprotegidas de gerar renda e o que

significava precariedade de uma sobrevivecircncia urbanizada passa a ser considerada

como um conjunto de qualidades dos trabalhadores pobres com caracteriacutesticas de

31

autonomia empregatiacutecia empreendedora e criativa escondendo a condiccedilatildeo de

inseguranccedila social Como segue a autora

Pode-se dizer que como barotildees da raleacute os trabalhadores informais reaparecem na narrativa empreendedora como portadores de futuro avalizados pela experimentaccedilatildeo do risco cotidianamente Todavia contraditoriamente a ocupaccedilatildeo em si natildeo oferece nenhuma seguranccedila social enquanto promessa de futuro para os trabalhadores envolvidos e suas famiacutelias (BARBOSA 2007 p 7)

Dessa maneira segundo a autora a reversatildeo forccedilada do assalariamento

protegido para o ―auto-emprego constituiu um esvaziamento das forccedilas sociais que

possuem bases nas condicionantes do trabalho coletivizado do trabalho protegido

pelas leis de regulaccedilatildeo do mercado de trabalho Sendo assim o auto-emprego pode

ser compreendido como sendo balizado em expectativas de mercado onde sua

capacidade de competitividade em muitos casos fica muito aqueacutem das forccedilas que

regulam o mercado impondo-lhe limitaccedilotildees de expansatildeo e ―desprovidos de capital

o trabalho autocircnomo paradoxalmente depende da sub-remuneraccedilatildeo que se auto

impotildee e do estaacutegio de desenvolvimento de dada sociedade capitalista cuja

tendecircncia eacute estender sua racionalizaccedilatildeo a todos os setores da economia (SOUZA

2010 p 5)

A gama de trabalhadores sem carteira assinada autocircnomos contrasta pela

sua heterogeneidade dependendo da escolaridade dos ganhos reais aacuterea de

atuaccedilatildeo remuneraccedilatildeo geralmente com pouca qualificaccedilatildeo e atuantes na produccedilatildeo

de bens e serviccedilos conforme analisa Souza (2010)

Dentro dessa oacutetica em suas anaacutelises sobre a formalizaccedilatildeo do

microempreendedor individual (MEI) Sulzbach e Denardin (2012) relatam que ―com

a instituiccedilatildeo desta figura o Estado brasileiro auxilia na desregulamentaccedilatildeo do

mercado de trabalho capitalista regulamentando-a Nesse sentido seguem os

autores

Esta nova forma de desregulamentaccedilatildeo do mercado de trabalho estabelece o individualismo que cria uma cultura empreendimentista assim chamada por Harvey apud Miqueluzzi (1998) aonde a classe trabalhadora vislumbra ser um trabalhador por conta proacutepria natildeo ser mais assalariado (SUZBACH DENARDIN 2011 p 10)

32

Para Malaguti (2001 p 88) a informalidade aparece como uma das uacutenicas

formas de sobrevivecircncia para milhares de brasileiros e esta eacute um ―recurso de uacuteltima

instacircncia (p 92)

As pequenas empresas que surgem em meio agrave informalidade superlativada

resultado de uma modernidade que natildeo superou os preceitos do

subdesenvolvimento ao contraacuterio expandiu a pobreza e as diferenccedilas sociais pela

concentraccedilatildeo de renda excessiva e a reestruturaccedilatildeo do processo de produccedilatildeo

enfrentam condiccedilotildees humilhantes e ultrajantes na procura de espaccedilo para a

sobrevivecircncia Segundo Malaguti (2001 p 68) a informalidade ―natildeo eacute um celeiro de

pessoas ativas empreendedoras eneacutergicas mas sim o refuacutegio sem opccedilatildeo

As empresas constituiacutedas diante de uma economia informal analisadas por

Malaguti (2001) Sachs (2006) Antunes (2011) Barbosa (2007) Catani (1985)

reproduzem o trabalho precarizado sob a forma de baixa remuneraccedilatildeo jornadas

excessivas de trabalho condiccedilotildees muitas vezes insalubres e sem orientaccedilatildeo

teacutecnica de seguranccedila

33

2 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS NO MERCADO DE TRABALHOBRASILEIRO DAS

ORIGENS AO MEI

Neste capiacutetulo pretendemos estabelecer uma breve aproximaccedilatildeo sobre o

conceito de poliacuteticas puacuteblicas que em nosso entendimento eacute fundamental para a

compreensatildeo do objeto de estudo que eacute a poliacutetica puacuteblica de formalizaccedilatildeo do

microempreendedor individual Ainda neste toacutepico apresentaremos algumas das

principais poliacuteticas puacuteblicas sobre emprego no periacuteodo republicano brasileiro

21 SOBRE A POLIacuteTICA PUacuteBLICA NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO

A Poliacutetica Puacuteblica eacute caracterizada como a posiccedilatildeo do ―Governo em accedilatildeo

assim definida por (SOUZA 2006) e ao mesmo tempo ―o Estado implantando um

projeto de governo atraveacutes de programas de accedilotildees voltadas para setores

especiacuteficos da sociedade(HOumlFLING 2001 p 31) ou mesmo a intervenccedilatildeo do

Estado em problemas e finalidades especiacuteficas

Podemos salientar que definiccedilotildees sobre o tema podem incidir em conceitos

significativamente diferentes pois como nos aponta Souza (2006) natildeo haacute uma

definiccedilatildeo singular para o termo Poliacutetica Puacuteblica diferentemente de outras aacutereas do

conhecimento tradicionalmente constituiacutedas como eacute o caso da Sociologia da

Economia ou da Psicologia a exemplos

Para Souza (2006) tal termo implica num conjunto de accedilotildeesprocessos que

permitem a dissociaccedilatildeo e separaccedilatildeo em fases de poliacuteticas ou ciclo de poliacutetica

puacuteblica pois no processo de estabilizaccedilatildeo dessa poliacutetica puacuteblica pode ocorrer

disparidades nas etapas de transcurso tanto na formulaccedilatildeo na implementaccedilatildeo

como na avaliaccedilatildeo da PP A partir de suas anaacutelises a autora nos apresenta algumas

definiccedilotildees sobre o tema

Mead (1995) a define como um campo dentro do estudo da poliacutetica que analisa o governo agrave luz de grandes questotildees puacuteblicas e Lynn (1980) como um conjunto de accedilotildees do governo que iratildeo produzir efeitos especiacuteficos Peters (1986) segue o mesmo veio poliacutetica puacuteblica eacute a soma das atividades dos governos que agem diretamente ou atraveacutes de delegaccedilatildeo e que influenciam a vida dos cidadatildeos Dye (1984) sintetiza a definiccedilatildeo de poliacutetica puacuteblica como ―o que o governo escolhe fazer ou natildeo fazer A definiccedilatildeo mais conhecida continua sendo a de Laswell ou seja decisotildees e anaacutelises sobre poliacutetica puacuteblica implicam responder agraves seguintes questotildees quem ganha o quecirc por quecirc e que diferenccedila faz (SOUZA 2006 p24)

34

O estudo do campo da Poliacutetica Puacuteblica estaacute direcionado agraves anaacutelises e

interpretaccedilotildees de interesses vantagens desvantagens ganhos e perdas dos grupos

e atores envolvidos no processo de construccedilatildeo da PP de forma direta ou indireta

desde a construccedilatildeo da agenda da formulaccedilatildeo do processo decisoacuterio da

implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo ateacute o puacuteblico alvo ao qual se originou a poliacutetica puacuteblica

Para Frey (2000) a Poliacutetica Puacuteblica constitui um campo da Ciecircncia Poliacutetica e

poderemos analisaacute-la sob trecircs perspectivas 1) o sistema poliacutetico no qual identifica e

avalia a accedilatildeo do governo e do Estado como promotores de felicidade de seus

cidadatildeos 2) o elemento poliacutetico representado pelas relaccedilotildees de forccedila e interesses

entre atores envolvidos no processo decisoacuterio 3) processo de avaliaccedilatildeo do sistema

poliacutetico no que concernem suas accedilotildees e estrateacutegias escolhidas para resolver

problemas especiacuteficos

Historicamente como aponta Frey (2000) o estudo sobre este campo da

Ciecircncia Poliacutetica nos Estados Unidos teve iniacutecio na deacutecada de 1950 Ao passo que

na Europa esta preocupaccedilatildeo comeccedilou a partir de 1970 com a ascensatildeo da social

democracia na Alemanha que estabeleceu poliacuteticas setoriais localizadas e

pontuais passiacuteveis de serem analisadas No caso brasileiro o interesse pelo

assunto eacute muito recente e conferiu ―ecircnfase ou agrave anaacutelise das estruturas e instituiccedilotildees

ou agrave caracterizaccedilatildeo dos processos de negociaccedilatildeo das poliacuteticas setoriais

especiacuteficas (p 214)

As poliacuteticas puacuteblicas desenvolvidas no plano da percepccedilatildeoaccedilatildeo pelo

Estado para a intervenccedilatildeo no mercado de trabalho satildeo constituiacutedas por Poliacuteticas

Ativas e Poliacuteticas Passivas (MACHADO E NETTO 2011 CHAHAD 2006 PAIVA

2006) No Brasil elas estatildeo presentes concomitantemente no sistema puacuteblico de

emprego e ―existem para corrigir falhas de mercado relacionadas agrave restriccedilatildeo de

creacutedito assimetrias de informaccedilatildeo ou problemas de intermediaccedilatildeo de matildeo - de

obra (MACHADO E NETTO 2011 p 2) bem como promover a geraccedilatildeo de

emprego e renda e equacionar determinadas disfunccedilotildees no mercado de trabalho

Nas palavras de Chahad (2006)

Esta intervenccedilatildeo materializa-se por meio da oferta de serviccedilos baacutesicos como concessatildeo de creacutedito aos desempregados e trabalhadores autocircnomos melhoria da qualidade da matildeo-de-obra por meio do treinamento e da recolocaccedilatildeo do desempregado utilizando a intermediaccedilatildeo da matildeo-de-obra Essas poliacuteticas ativas que associando-se ao seguro-desemprego e a outras formas de assistecircncia aos desempregados atuam no sentido de

35

promover a geraccedilatildeo de emprego elevar o niacutevel de rendimentos e garantir melhor bem-estar aos trabalhadores em geral (CHAHAD 2006 p 1)

As Poliacuteticas Ativas tecircm a finalidade de facilitar o Acesso em ao mercado de

trabalho e aumentar o niacutevel de salaacuterios dos trabalhadores que apresentam

dificuldades de inserccedilatildeo nesse mercado criar frentes de trabalho oferecer

incentivos agraves micro e pequenas empresas aleacutem de possuir ―[] instrumentos para

criaccedilatildeo direta e indireta de emprego tanto no mercado formal de trabalho quanto no

setor informal contribuem para aumentar a ―empregabilidade do trabalhador

facilitando seu reemprego auxilia na reduccedilatildeo dos niacuteveis de pobreza (CHAHAD

2006 p 5 - 6) Essa forma de poliacutetica seraacute analisada mais adiante quando nos

referirmos agrave formalizaccedilatildeo do Microemprendedor individual sob a Lei Complementar

12808

No caso das Poliacuteticas passivas o objetivo eacute assegurar o miacutenimo de renda

consumo satisfaccedilatildeo para as pessoas excluiacutedas temporariamente ou natildeo do

processo produtivo do mercado de trabalho O dispositivo mais conhecido eacute o

Seguro-desemprego3 (MACHADO E NETTO 2011 CHAHAD 2006 PAIVA 2006)

Para Oliveira (2012) jaacute mencionada anteriormente a poliacutetica de emprego

consiste numa representaccedilatildeo reduzida do ponto de vista do Estado do Bem Estar

Social e agrave ―posiccedilatildeo ocupada pelo paiacutes na divisatildeo internacional do trabalho (idem p

494) o que resulta num quadro nacional do capitalismo dependente Veremos que

no primeiro momento do periacuteodo Republicano natildeo haacute a construccedilatildeo de um projeto de

poliacuteticas que coadunassem poliacuteticas ativas e poliacuteticas passivas Observamos nesse

sentido que o complexo de poliacuteticas ativas deixa claro o forte posicionamento ao

desenvolvimento econocircmico e dessa forma compreendemos que as ―principais

medidas de proteccedilatildeo ao trabalhador no Brasil foram no sentido de controlar a forccedila

de trabalho com a inserccedilatildeo de marcos regulatoacuterios corporativos e restritos a

pequenos grupos (OLIVEIRA 2012 p 495) Como salienta essa autora a privaccedilatildeo

de poliacuteticas passivas de atenccedilatildeo ao trabalhador tanto na Primeira Repuacuteblica como

no periacuteodo Vargas dilatou o quadro de pobreza brasileiro e criou um excedente de

matildeo de obra abrindo caminho para a subsistecircncia fora do setor formal

3 O Seguro desemprego eacute um benefiacutecio que oferece auxiacutelio em dinheiro por um periacuteodo determinado

pago ao trabalhador formal e domeacutestico em virtude da dispensa sem justa causa inclusive dispensa indireta trabalhador formal com contrato de trabalho suspenso em virtude de participaccedilatildeo em curso de qualificaccedilatildeo fornecido pelo empregador pescador profissional durante o periacuteodo de defeso e trabalhador resgatado da condiccedilatildeo semelhante agrave de escravo (lthttpsgoogleX5hIw)

36

Para Fernandes (1975) Oliveira (1984) Machado (1999) Furtado (1978) e

Galeano (2010) o desenvolvimento latino-americano foi marcado pela incapacidade

de acompanhar a evoluccedilatildeo do capitalismo e das contradiccedilotildees e relaccedilotildees

antagocircnicas internas entre as capacidades produtivas e a correspondecircncia social

resultando no baixo desempenho econocircmico no mercado internacional dos paiacuteses

―subdesenvolvidos inseridos no sistema neocolonial o que permitiu a histoacuterica

dominaccedilatildeo e espoliaccedilatildeo territorial Para estes autores processo de dominaccedilatildeo foi

construiacutedo historicamente iniciado com o advento da ―Invasatildeo ou Conquista do

continente americano pela Espanha e Portugal As relaccedilotildees de poder produzidas

entre economias centrais e sateacutelites marcaram a crescente dependecircncia econocircmica

das uacuteltimas em relaccedilatildeo agraves primeiras sendo que o capitalismo latino americano se

tornou dependente na medida em que as bases relacionais foram pela via do

―endividamento externo e maior submissatildeo ao capital foracircneo (MACHADO 1999 p

200)

211 Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho primeiro momento

Abaixo (QUADRO1) apresentamos algumas das principais poliacuteticas de

emprego desenvolvidas pelo Estado brasileiro anterior ao Regime Militar que se

estabeleceu em 1964

QUADRO 1- POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS DE TRABALHO DESENVOLVIDAS NO BRASIL ANTERIOR A

1964

Continua

ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DEFINICcedilAtildeO

1919 Lei sobre acidentes de trabalho nordm 3724 de 15 janeiro de 1919

Responsabiliza empregadores pela indenizaccedilatildeo

Regulamentaccedilatildeo das relaccedilotildees de trabalho Criaccedilatildeo do Aviso Preacutevio proibiccedilotildees de salaacuterios atrasados pagamentos de

horas extras natildeo salariais proibiccedilatildeo de trabalho para menores de quatorze anos

e estabilidade de emprego para ferroviaacuterios e portuaacuterios

1925 Decreto4982 de 24 de dezembro de 1925 ndash Lei de feacuterias

Concede 15 dias anuais de feacuterias para empregados

1926 Dec 5083 de 01 de dezembro de 1926 Coacutedigo do menor

Regulamentaccedilatildeo do trabalho de menores dentre outras providecircncias

1930 CriaccedilatildeodoMinisteacuterio do Trabalho Comeacutercio e induacutestria

Interferir sistematicamente no conflito entre capital e trabalho Estabeleceu

jornada de 8 horas e proibiccedilatildeo do trabalho infantil e noturno

1942 ServiccediloNacionaldeAprendizagemIndustrial (SENAI) - Dec Fed 4048 de 22 de janeiro de 1942

Formaccedilatildeo profissional para a insipiente induacutestria de base

37

QUADRO 1 - POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS DE TRABALHO DESENVOLVIDAS NO BRASIL ANTERIOR A

1964

Concluatildeo

FONTE OLIVEIRA (2012) MTE SENAI SENAC CPDOC SENADO FEDERAL

Com um desenvolvimento industrial ainda modesto e insipiente no primeiro

momento da Repuacuteblica do Brasil como analisa Cotrin (1999) a base econocircmica

brasileira estava atrelada ao campo pois segundo esse autor em 1920 697 das

pessoas ativas desenvolviam atividades na agricultura 138 na induacutestria e o setor

de serviccedilos abarcava 165 das pessoas ativas (COTRIN 1999 p 268)

Mesmo com uma sociedade predominantemente agraacuteria as poliacuteticas

puacuteblicas de emprego demonstradas acima atingiam apenas os trabalhadores

urbanos que representavam cerca de 30 dos trabalhadores brasileirosAs

condiccedilotildees de trabalho desse operariado na Primeira Repuacuteblica brasileira eram

excessivamente precaacuterias o que provocavam vaacuterios acidentes de trabalho somem-

se a isso os baixos salaacuterios pagos a natildeo existecircncia de salaacuterio miacutenimo sem direito a

feacuterias ou pagamento de horas extras carga horaacuteria excessiva de trabalho que

atingia como aponta Cotrin (1999) 15 horas diaacuterias de trabalho de segunda a

saacutebado e sem direito a qualquer forma de indenizaccedilatildeo ou aviso preacutevio o

trabalhador poderia ser demitido arbitrariamente (p 275) Como demonstra o autor

[] as instalaccedilotildees das faacutebricas eram geralmente precaacuterias Nos galpotildees de serviccedilo natildeo havia espaccedilo adequado para o trabalho o ambiente era mal iluminado quente e sem ventilaccedilatildeo Tudo isso favorecia a ocorrecircncia de acidentes de trabalho cujas as principais viacutetimas eram as crianccedilas (COTRIN 1999 p 274)

Diante do quadro que se encontrava o trabalhador brasileiro nesse periacuteodo

surgiram vaacuterios protestos reivindicatoacuterios para melhorias nas condiccedilotildees de trabalho

sendo importantes na contribuiccedilatildeo para o aparecimento dos primeiros sindicatos e

entidades ligadas ao operariado

Dessa maneira como aponta Fausto (1995) foi no curso das greves

ocorridas entre os anos de 1917 e 1920 que surgiram as primeiras possibilidades de

aprovaccedilatildeo legislativa de direitos aos trabalhadores Algumas medidas foram

ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DEFINICcedilAtildeO

1946 Serviccedilo nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC)

Voltado para o setor de comeacutercio produccedilatildeo de bens e serviccedilo e turismo

1943 Consolidaccedilatildeo das leis trabalhistas (CLT) (lei nordm 5452 de 1ordm maio de

1943)

Art 1ordm - Esta Consolidaccedilatildeo institui as normas que regulam as relaccedilotildees individuais e coletivas de

trabalho nela previstas

38

colocadas em um projeto denominado Coacutedigo de trabalho mas sofreram pesadas

criticas pelo empresariado sendo igualmente vetadas pelos congressistas Apenas

a Lei nordm 37241919 que dispunha sobre as regras resultantes de acidentes de

trabalho como indenizaccedilotildees e responsabilidades do empregador foi aprovada

Ainda assim duas leis importantes foram produzidas na segunda metade dos anos 20 a Lei de feacuterias (1925) e a Lei de Regulamentaccedilatildeo do Trabalho de menores (192627) A primeira visava a obrigar os empresaacuterios a conceder 15 dias de feacuterias a seus empregados sem prejuiacutezo do ordenadomas foi sistematicamente desrespeitada Jaacute o Coacutedigo do Menor estipulava a maioridade a partir dos 18 anos e propunha uma jornada de trabalho de seis horas (CPDOC ndash Centro de Pesquisas e documentaccedilatildeo de Histoacuteria Contemporacircnea do Brasil)

Jaacute na deacutecada de 1930 o Estado Getulista procurou estabelecer regulaccedilatildeo e

regulamentaccedilatildeo para a questatildeo trabalhista Neste periacuteodo foi criado o Ministeacuterio do

Trabalho Comeacutercio e Induacutestria como forma de atenccedilatildeo mais sistemaacutetica ao

trabalhador como aponta Oliveira (2012) A regulaccedilatildeo tinha como objetivo

interferecircncia do estado junto aos sindicatos e organizaccedilotildees trabalhistas sobre

maneira nas de inclinaccedilotildees marxistas apoiadas por partidos de esquerda o que

limitava accedilotildees no campo poliacutetico e conflitos de classes dificultando a organizaccedilatildeo

da classe trabalhadora Dessa forma como observam Fausto (1995) e Oliveira

(2012) a centralizaccedilatildeo estatal mantinha sobre forte domiacutenio a questatildeo do ―princiacutepio

da unidade sindical ou seja do reconhecimento do Estado de um uacutenico sindicato

por categoria profissional (FAUSTO1995 p 335) Segundo Oliveira (2012) o

governo centralizador e interventor de Vargas tinha a intenccedilatildeo de estabelecer a

harmonia entre as classes diluiacutedas pela inquietaccedilatildeo social e promover a adequaccedilatildeo

trabalhocapital o que levaria a acumulaccedilatildeo capitalista Consideremos que em

1920 a produccedilatildeo agriacutecola representava 79 do total produzido no paiacutes e a

induacutestria 21 em 1940 a agricultura era responsaacutevel por 57 da produccedilatildeo e a

induacutestria 43 o que denota um aumento significativo do setor industrial (FAUSTO

1995 p 392)

Na avaliaccedilatildeo de Fausto (1995 p 336) ―a poliacutetica trabalhista do Governo

Vargas constituiu um niacutetido exemplo de uma ampla iniciativa que natildeo derivou das

pressotildees de uma classe social e sim da accedilatildeo do Estado As medidas regulatoacuterias

de Vargas tinham um propoacutesito central aumentar a capacidade de produccedilatildeo

industrial nas aacutereas urbanas e para tanto havia a necessidade de prevenir a

instabilidade social e mediar as relaccedilotildees entre a classe trabalhadora e o patronato

39

Assim para normatizar as relaccedilotildees de trabalho individuais e coletivas bem

como as regulamentaccedilotildees sobre essas relaccedilotildees em 1943 foi instituiacuteda a

Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho (CLT) sob o Dec Lei nordm 5452 de 151943

Nesse periacuteodo ficou evidente a forte regulaccedilatildeo das forccedilas de trabalho

subordinadas agraves poliacuteticas macroeconocircmicas de desenvolvimento e acumulaccedilatildeo de

capital A partir das deacutecadas de 197080 as poliacuteticas de emprego comeccedilaram a

ganhar destaque e porte sendo criado o Sistema Puacuteblico de Emprego ainda como

um sistema de pouca prospecccedilatildeo que atingia exclusivamente o mercado formal de

trabalho (MACHADO e NETO 2011)

212 Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho no Regime Militar

O iniacutecio do regime militar foi marcado por uma seacuterie de mudanccedilas que

incidiram sobre a poliacutetica de emprego no Brasil Essas medidas tornaram-se

coercitivas em funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do governo militar em expandir o complexo

industrial e tecnoloacutegico (OLIVEIRA 2012) No entanto foi somente a partir da

deacutecada de 1970 no regime militar que comeccedilam a serem implementadas poliacuteticas

passivas ainda modestas de atendimento aos trabalhadores natildeo somente

formalizados mas algumas categorias de trabalhadores que se encontravam fora do

mercado de trabalho Uma das Poliacuteticas de Emprego de maior visibilidade foi a

criaccedilatildeo do Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo (FGTS) (Lei 5107 de

13set1966) orientado hoje pela Lei 8036 de 11maio1990 e tem como objetivo

dar auxiacutelio ao trabalhador dispensado do serviccedilo sem justa causa e garantir uma

renda para a subsistecircncia ateacute conseguir novo emprego Para Oliveira (2012) a

criaccedilatildeo do FGTS substitui a estabilidade de emprego contida na CLT pela

poupanccedila compulsoacuteria Abaixo (QUADRO 2) estatildeo algumas das Poliacuteticas de

Emprego desenvolvidas durante o regime militar que se instalou no Brasil em 1964

QUADRO 2 - POLIacuteTICAS DE EMPREGO DESENVOLVDAS NO BRASILDURANTE O REGIME MILITAR

continua

ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DEFINICcedilAtildeO

1964 Lei Anti-greve4330 de 161964

Regula o direito de greve na forma do art 158 da Constituiccedilatildeo Federal de 1946

40

QUADRO 2 - POLIacuteTICAS DE EMPREGO DESENVOLVDAS NO BRASIL DURANTE O REGIME MILITAR

conclusatildeo

ANO POLIacuteTICA DEFINICcedilAtildeO

1965 Sobre os dissiacutedios coletivos entre categorias profissionais e econocircmicas (lei 4725 de

13765)

Estabelece normas para o processo dos dissiacutedios coletivos e daacute outras

providecircncias (Poliacutetica de contenccedilatildeo salarial)

1966 Criaccedilatildeo do Instituto Nacional de Previdecircncia Social (INPS) ndash Dec lei nordm 72 de 21111966

Unifica os Institutos de Aposentadoria e Pensotildees

1966 Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo Lei 5107 de 13091966 ndash revogado o seu original em 1989 e posteriormente em 1990 pela Lei

8036 de 11051990

Dispotildee sobre o Fundo de garantia por Tempo de Serviccedilo

1970 Criaccedilatildeo do Programa de integraccedilatildeo Social (Lei Complementar 07 de 791970)

Art 1ordm [] destinado a promover a integraccedilatildeo do empregado na vida e no

desenvolvimento das empresas

1970 Criaccedilatildeo do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico (PASEP) ndash LC

nordm 08 de 03121970

Institui o Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico

1971 Programa de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (PRORURAL) LC n 11 de 25051971

Poliacutetica de assistecircncia ao trabalhador rural

1973 Dec lei 71885 de 931973 Dispotildee sobre a profissatildeo de empregado domeacutestico

Art 1ordm Satildeo assegurados aos empregados domeacutesticos os benefiacutecios e serviccedilos da Lei

Orgacircnica da Previdecircncia Social

1974 Criaccedilatildeo do Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS )Lei 6036 de

1051974

Atribuiccedilotildees diferentes do Ministeacuterio do Trabalho

11974

Lei Ordinaacuteria 6136 de 7111974 Define o salaacuterio maternidade e outros benefiacutecios a serem pagos aos

trabalhadores (na praacutetica somente aos trabalhadores formalizados)

11974

Lei n 6179 de 11121974 Art 1ordm Institui amparo previdenciaacuterio para maiores de setenta anos de idade e para invaacutelidos definitivamente incapacitados

para o trabalho que natildeo exerccedilam atividades remuneradas []

11974

Lei n 6195 de 19121974 Extensatildeo aos trabalhadores rurais a concessatildeo de seguro por acidente do

trabalho

11974

Lei nordm 6019 de 03011974 Dispotildee sobre o Trabalho Temporaacuterio nas Empresas Urbanas - atendimento do

empresariado na substituiccedilatildeo de forccedila de trabalho ndash (OLIVEIRA 2012)

11975

Criaccedilatildeo do Sistema Puacuteblico de Emprego Conjunto de poliacuteticas ativas e passivas no mercado de trabalho

11975

Cria o Sistema Nacional de Emprego (SINE) Dec nordm 76403 de 08101975

Linhas de accedilatildeo organizar um sistema de informaccedilotildees e pesquisas sobre

o mercado de trabalho informar agraves empresas sobre a forccedila de trabalho

disponiacutevel (OLIVEIRA 2012)

FONTE OLIVEIRA (2012)wwwplanaltogovbr Instituo de Desenvolvimento do Trabalho

(IDT)CHAHAD (2006)

A centralidade econocircmica administrativa e poliacutetica que se iniciou no Brasil

apoacutes a implantaccedilatildeo do regime militar em 1964 culminou com a forte presenccedila do

41

Estado na sociedade e na economia e numa seacuterie de propostas de desenvolvimento

econocircmico colocadas nos Plano Nacional de Desenvolvimento l (1971 ndash 1974) e no

Plano Nacional de Desenvolvimento ll (1975 ndash 1979) (PND)

Neste momento da histoacuteria o Estado brasileiro inicia um processo de

enrijecimento atraveacutes da militarizaccedilatildeo poliacutetica administrativa e econocircmica do paiacutes

que avanccedilou para os setores da sociedade atingindo a classe trabalhadora Dentro

desse contexto foi decretado o impedimento agrave greve atraveacutes da Lei 433064 (Lei

Anti-greve) No ano seguinte foram instituiacutedas normas para o processo dos dissiacutedios

coletivos pela Lei nordm 472565 Tais medidas alertavam para o teor coercitivo do

governo militar e da sua proposta de crescimento econocircmico que penalizava a

classe trabalhadora do paiacutes

Na mesma medida em que manifestava sua posiccedilatildeo coercitiva e de controle

sobre as relaccedilotildees de trabalho o governo militar dava iniacutecio a propostas dos

trabalhadores como forma de compensaccedilatildeo pela falta de liberdade Em 1966 foi

criado o Instituto Nacional de Previdecircncia Social (INPS) o qual unificou os Institutos

de Aposentadorias e Pensotildees sob o Dec Lei nordm 7266 amparado pelo Ato

Institucional nordm 2 de 27111965 Em 1970 foram criados o Programa de Integraccedilatildeo

Social (PIS) sob a Lei nordm 071970 com o propoacutesito de ―[] promover a integraccedilatildeo do

empregado na vida e no desenvolvimento das empresas (art 1ordm) e o Programa de

Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico (PASEP) ndash sob a Lei Complementar nordm

0870 Em 1971 a poliacutetica de trabalho passa a ser voltada ao meio rural por meio da

constituiccedilatildeo do Programa de Assistecircncia ao trabalhador Rural (PRORURAL) sob a

Lei Complementar 2571 Esta poliacutetica tinha o objetivo de dar assistecircncia ao

trabalhador rural que ateacute entatildeo natildeo possuiacutea benefiacutecios na legislaccedilatildeo trabalhista

Segundo Oliveira (2012)

Essa foi a primeira legislaccedilatildeo para a criaccedilatildeo de um sistema previdenciaacuterio que beneficiasse os trabalhadores rurais benefiacutecio ampliados agraves empregadas domeacutesticas e em 1973 aos trabalhadores autocircnomos Essa inclusatildeo tardia dos trabalhadores rurais domeacutesticos e autocircnomos evidencia a poliacutetica trabalhista corporativa e excludente do Brasil e denota a ausecircncia de um sistema de garantias sociais para o conjunto da classe trabalhadora e dos trabalhadores fora do mercado de trabalho (OLIVEIRA 2012 p 497)

Em 1973 os empregados domeacutesticos passam a gozar dos benefiacutecios

instituiacutedos pela Lei orgacircnica da Previdecircncia Social amparados pelo Dec Lei

7188573 Em 1974 com o objetivo de ampliar a atenccedilatildeo ao trabalhador eacute criado o

42

Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) sob a Lei 603674 Outros

dispositivos de atenccedilatildeo ao trabalhador foram criados como o Salaacuterio Maternidade

(Lei 613674) e o ―amparo previdenciaacuterio para maiores de setenta anos de idade e

para invaacutelidos definitivamente incapacitados para o trabalho que natildeo exerccedilam

atividades remuneradas [] (Lei 617964 art 1ordm) No ano de 1975 ―sob a eacutegide da

Convenccedilatildeo nordm 88 da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) que orienta cada

paiacutes-membro a manter um serviccedilo puacuteblico e gratuito de emprego para a melhor

organizaccedilatildeo do mercado de trabalho (MTPS site) foi elaborado o Sistema Nacional

de Emprego (SINE)

Ao observarmos o quadro acima percebemos que as poliacuteticas de emprego

estabelecidas no regime militar eram Poliacuteticas Ativas e voltadas aos trabalhadores

formalizados excluindo dessas poliacuteticas quase em sua totalidade as categorias natildeo

formalizadas de trabalhadores brasileiros

Somente a partir da deacutecada de 1980 final do regime militar comeccedilam a

surgir mudanccedilas significativas sobre poliacuteticas puacuteblicas passivas de emprego no

Brasil Nas palavras de Oliveira (2012)

O esgotamento do regime militar e a crise econocircmica que se instaurou no paiacutes revelaram a precariedade das condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira e reacendeu o debate por melhores serviccedilos de infraestrutura e de inclusatildeo nos programas sociais possibilitando a emergecircncia de movimentos sociais urbanos que clamavam por direitos sociais e pela redemocratizaccedilatildeo no paiacutes (OLIVEIRA 2012 p 498)

213 Poliacuteticas Puacuteblicas de trabalho no periacuteodo de redemocratizaccedilatildeo do Brasil

A partir da segunda metade da deacutecada de 1980 e iniacutecio da deacutecada de 1990

as poliacuteticas marcadas pelo restabelecimento do governo democraacutetico brasileiro se

expandiram e foram criados vaacuterios programas destinados natildeo somente a dar

atenccedilatildeo ao trabalho formal mas tambeacutem ao setor informal da economia Com o

crescimento e demanda desse setor ficou evidente a necessidade de criaccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas direcionadas na possibilidade de equacionar distorccedilotildees entre os

setores formais e informais Para Machado e Neto (2011) os governos subnacionais

(estados e municiacutepios) foram importantes na medida de abertura do microcreacutedito

natildeo somente para o setor formal mas tambeacutem para os trabalhadores autocircnomos e

empreendimentos menores que absorviam boa parte dos trabalhadores ocupados

43

Observamos que os direitos dos trabalhadores se ampliam com a

promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (Constituiccedilatildeo Cidadatilde) estabelecidos

em seu art 7ordm com previsatildeo a ―melhoria de sua condiccedilatildeo social (BRASIL 1988

art 7ordm) No entanto como observa Oliveira (2012) natildeo havia ainda uma

preocupaccedilatildeo em formular poliacuteticas passivas de atendimento natildeo somente aos

trabalhadores formais mas tambeacutem aos desempregados subempregados e aos natildeo

formalizados que representavam parcela significativa no mercado de trabalho

brasileiro Dessa forma segue Oliveira (2012)

[] o paiacutes sempre conjugou poliacuteticas macroeconocircmicas com poliacuteticas assistencialistas limitando-se a introduzir marcos regulatoacuterios para algumas categorias profissionais sem contudo se debruccedilar na construccedilatildeo de uma poliacutetica de emprego passiva ou ativa que contemplasse a subsistecircncia ou a (re) inserccedilatildeo dos trabalhadores expulsos do mercado de trabalho (p 499)

Destacamos (QUADRO 3) as principais poliacuteticas criadas para garantir

direitos sociais de atenccedilatildeo aos trabalhadores sob a promoccedilatildeo de poliacuteticas passivas

para mercado de trabalho

QUADRO 3 - PRINCIPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016)

continua ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DESCRICcedilAtildeO

1986 Lei nordm 2283 de 27021986 ndash cria o Seguro Desemprego

Dispotildee sobre a instituiccedilatildeo [] do Seguro desemprego e daacute outras providecircncias

1988 Art XIII da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Diminuiccedilatildeo da duraccedilatildeo das horas trabalhadas que passa de 48 horas para

44 horas semanais

1990 Lei nordm 7998 de 11011990 Regula o Programa do Seguro-Desemprego o Abono Salarial institui o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT)

financiado com recursos advindos do PIS e do PASEP

1994 Resoluccedilatildeo CODEFAT nordm 59 de 250394 ndash autoriza alocar recursos do FAT para o Programa de Geraccedilatildeo de Emprego e

Renda (PROGER)

Eacute uma poliacutetica puacuteblica de emprego que se faz mediante concessatildeo de creacutedito

financeiro Tem por objetivo proporcionar linhas especiais de creacutedito em atividades

produtivas [] (MTPS)

1996

Resoluccedilatildeo 126 de 23101996 (CODEFAT) Criacatildeo do Plano Nacional de Qualificaccedilatildeo

do trabalhador (PLANFOR)

Aprova criteacuterios para a utilizaccedilatildeo de recursos do Fundo de Amparo ao

Trabalhador - FAT pela Secretaria de Formaccedilatildeo e Desenvolvimento Profissional - SEFOR com vistas agrave execuccedilatildeo de accedilotildees

de qualificaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo profissional no acircmbito do Programa do Seguro-

Desemprego no periacuteodo e 19971999

44

QUADRO 3 ndash PRINCPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016)

Continuaccedilatildeo

ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DESCRICcedilAtildeO

1996

Decreto 1946 de 28061996 - Cria o Programa Nacional de Fortalecimento da

Agricultura Familiar ndash PRONAF

Apoio financeiro a atividades agropecuaacuterias ou natildeo-agropecuaacuterias para implantaccedilatildeo

ampliaccedilatildeo ou modernizaccedilatildeo da estrutura de produccedilatildeo beneficiamento industrializaccedilatildeo e de serviccedilos no estabelecimento rural ou em aacutereas comunitaacuterias rurais proacuteximas de

acordo com projetos especiacuteficos

1996

RESOLUCcedilAtildeO CODEFAT Nordm 103 de 631996 ndash Cria o Programa de Expansatildeo do Emprego e Melhoria da Qualidade de Vida do Trabalhador ndash PROEMPREGO

Art 1ordm [] objetivo de criar novos empregos incrementar a renda do

trabalhador proporcionar a melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo em

especial das camadas de mais baixa renda e propiciar a diminuiccedilatildeo dos custos de

produccedilatildeo no contexto internacional preservando e expandindo as

oportunidades de trabalho e assegurando o equiliacutebrio do meio ambiente

1998 Resoluccedilatildeo CODEFAT 194 de 23091998 - Estabelece criteacuterios para transferecircncia de

recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador ndash FAT ao Plano Nacional de Qualificaccedilatildeo do Trabalhador ndash PLANFOR

Art 2ordm O PLANFOR tem o objetivo de construir gradativamente oferta de

educaccedilatildeo profissional (EP) permanente com foco na demanda do mercado de

trabalho de modo a qualificar ou requalificar a cada ano articulado agrave

capacidade e competecircncia existente nessa aacuterea pelo menos 20 da PEA - Populaccedilatildeo Economicamente Ativa maior de 14 anos

de idade

11999

Criaccedilatildeo do Fundo de Aval para a Geraccedilatildeo de Emprego e Renda (FUNPROGER)

Tem a finalidade de garantir parte do risco dos financiamentos concedidos pelas instituiccedilotildees financeiras oficiais federais diretamente ou por intermeacutedio de outras instituiccedilotildees financeiras no acircmbito do Programa de Geraccedilatildeo de Emprego e Renda - PROGER Setor Urbano

22001

Medida Provisoacuteria nordm 2164-41 de 24082001Subvenciona o trabalhador atraveacutes de Bolsa Qualificaccedilatildeo profissional

Altera a Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho - CLT para dispor sobre o trabalho a tempo parcial a suspensatildeo do contrato de trabalho e o programa de qualificaccedilatildeo profissional

22001

Lei nordm 10208 de 23032001 -Acrescenta os artigos 3ordmA 6ordmA 6ordmB 6ordmC e 6ordmD agrave Lei n

o 5859 de 11 de dezembro de 1972

Dispotildee sobre a profissatildeo de empregado domeacutestico para facultar o Acesso em ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviccedilo - FGTS e ao seguro-desemprego (texto da poliacutetica)

22003

Lei 10779 de 25112003 Dispotildee sobre a concessatildeo do benefiacutecio de seguro desemprego durante o periacuteodo de defeso ao pescador profissional que exerce a atividade pesqueira de forma artesanal (texto da poliacutetica)

22005

Decreto 5598 de 1122005 ndash Estabelece as normas para o Programa de Aprendizagem Profissional

Regulamenta a contrataccedilatildeo de aprendizes

45

QUADRO 3 ndash PRINCPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016)

Conclusatildeo

ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DESCRICcedilAtildeO

22008

Lei Complementar 128 de 191208 ndash Criaccedilatildeo do Microempreendedor Individual (MEI)

ART 18E - O instituto do MEI eacute uma poliacutetica puacuteblica que tem por objetivo a formalizaccedilatildeo de pequenos empreendimentos e a inclusatildeo social e previdenciaacuteria

FONTE SENADO FEDERAL OLIVEIRA (2012) MTE BATISTA (2009)

As poliacuteticas de trabalho no Brasil quase que exclusivamente atingiam os

trabalhadores formalizados deixando fora de poliacuteticas especiacuteficas categorias natildeo

definidas dentro do setor formal isolando-os de direitos trabalhistas e

previdenciaacuterios Com a evoluccedilatildeo da economia de mercado informalizado e

considerando que boa parte dos trabalhadores sobrevivia do trabalho informal o

que nesse sentido como analisa Pastore (2006) gerava distorccedilotildees no setor

previdenciaacuterio o governo brasileiro instituiu a LC 1282008 com objetivos de 1)

criar a figura juriacutedica do Microempreendedor Individual 2) promover a formalizaccedilatildeo

de trabalhadores que manteacutem atividades fora das relaccedilotildees de mercado formais 3)

promover a inclusatildeo social desses trabalhadores

214 Poliacutetica Puacuteblica de Trabalho MEI

Em 2008 foi regulamentada no Brasil a Lei Complementar (LC) nordm 12808 a

qual estabeleceu a pessoa juriacutedica do Microempreendedor Individual (MEI) em

complemento a LC 123 de 14 de dez de 20064 Esta poliacutetica puacuteblica representa uma

tentativa de resposta pelo poder puacuteblico ao crescente nuacutemero de trabalhadores

informais exercendo as mais diversas atividades econocircmicas e em muitos casos

em situaccedilatildeo de vulnerabilidade por exerciacutecios de trabalho precaacuterio irregular ou ilegal

em desconformidade com a legislaccedilatildeo trabalhista natildeo oportunizando dessa forma

os direitos previdenciaacuterios conquistados pelos trabalhadores formalizados Como

referecircncia ao MEI a legislaccedilatildeo traz a seguinte redaccedilatildeo

4A LC 12306 estabelece normas gerais relativas ao tratamento diferenciado e favorecido a ser

dispensado agraves microempresas e empresas de pequeno porte no acircmbito dos poderes da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal [] (art 1ordm) e segundo Guimaratildees (2011) a Lei Geral de 2006 estaacute relacionada agrave geraccedilatildeo de desenvolvimento econocircmico

46

Para os efeitos desta Lei Complementar considera-se MEI o empregador individual a que se refere o art 966 da lei 10406 de 10 de janeiro de 2002 (Coacutedigo Civil) que tenha auferido receita bruta no calendaacuterio anterior de ateacute R$ 6000000 (sessenta mil reais) optante pelo Simples Nacional e que natildeo esteja impedido de optar pela sistemaacutetica prevista neste artigo (LC 12808 art 18ordf sect 1ordm)

Segundo a redaccedilatildeo da referida LC ―o instituto do MEI eacute uma poliacutetica puacuteblica

que tem por objetivo a formalizaccedilatildeo de pequenos empreendimentos e a inclusatildeo

social5 e previdenciaacuteria (BRASIL 2008 art 18-E) natildeo sendo objeto apenas de

caraacuteter econocircmico ou fiscal (idem sect 1ordm) Portanto como analisa Souza (2010 p15) o

―MEI tem como objetivo alcanccedilar aqueles empreendedores menores os chamados

autocircnomos ou ambulantes como cabeleireiros sapateiros costureiras pipoqueiros

entre outros e segundo Federaccedilatildeo Nacional das Empresas de Serviccedilos Contaacutebeis

e das Empresas de Assessoramento Periacutecias Informaccedilotildees e Pesquisas

(FENACON) tal poliacutetica puacuteblica consiste num dos ―maiores projetos de inclusatildeo

social colocados em praacutetica no paiacutes e assim decorre de uma accedilatildeopoliacutetica do

Estado perceptiacutevel frente a um problema soacutecioestrutural e que essa accedilatildeo estaraacute

diretamente ligada a fatores conjunturais e influenciaraacute a vida das pessoas

Com o advento da pessoa juriacutedica do MEI aleacutem da facilidade no processo

burocraacutetico de formalizaccedilatildeo das suas atividades pode-se verificar o baixo custo

tributaacuterio tanto para a previdecircncia quanto para os estados e municiacutepios muito

embora os encargos tributaacuterios se diferenciem dependendo da atividade

desenvolvida pelo empreendedor individual

Portanto com os objetivos expressos de inclusatildeo social previsto na

referente LC devemos destacar dois fatores muito importantes a) o aumento da

contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria b) o aumento na receita dos municiacutepios (ainda que

pequeno) Quanto agrave contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria o Microempreendedor Individual

estaraacute isento do Imposto de Renda sobre Pessoa Juriacutedica (IRPJ) do Imposto sobre

Produtos Industrializados (IPI) da Contribuiccedilatildeo Social sobre Lucro liacutequido (CSLL)

da Contribuiccedilatildeo para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) do

Programa de Integraccedilatildeo Social (PIS) e da Contribuiccedilatildeo Patronal Previdenciaacuteria no

entanto recolheraacute em forma de tributaccedilatildeo um valor fixo mensal no valor de R$

51656 disposto no art 18A sect 3ordm inciso V da referida LC desse modo isentando-o

5 Grifo nosso ndash texto incluiacutedo pela LC 1472014

6Valor expresso ateacute a data referente a esta pesquisa ndash ano base 2016

47

do regime de tributaccedilatildeo - o Simples Nacional O recolhimento de tributaccedilatildeo seraacute da

seguinte forma (LC 12808 art 18ordf inciso V aliacuteneas a b c)

a) R$ 4565 (quarenta e cinco reais e sessenta e cinco centavos) a tiacutetulo

da contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria

b) R$ 100 (um real) a tiacutetulo ICMS

c) R$ 500 (cinco reais) a tiacutetulo de ISS

A referida LC em seu art 18E sect3ordm enquadra o MEI na modalidade de

microempresa no entanto com especificidade conceitual diferenciada do que refere

o art 3ordm item l da LC 12306 ―no caso da microempresa aufira em cada ano-

calendaacuterio receita bruta igual ou inferior a R$ 36000000 (trezentos e sessenta mil

reais) Sem embargo a redaccedilatildeo no mesmo artigo em seu sect2ordm estende ao MEI

todos os benefiacutecios dispensados agrave pequena empresa sempre que favoraacutevel

Eacute compreensiacutevel o enquadramento do MEI na modalidade de microempresa

posto que a LC 12306 foi o marco de abertura para o processo de formalizaccedilatildeo

desburocratizaccedilatildeo e regulamentaccedilatildeo das micro e pequenas empresas que se

encontravam na informalidade dos seus negoacutecios comerciais possibilitando nesse

sentido a valorizaccedilatildeo e a inclusatildeo de uma quantidade significativa de empresas no

curso da regularizaccedilatildeo previdenciaacuteria social e econocircmica Os dispositivos

colocados tanto na facilidade para a abertura da empresa baixa tributaccedilatildeo e

tratamentos diferenciados nas licitaccedilotildees puacuteblicas como procedimentos de estiacutemulos

e apoio para a inovaccedilatildeo contrataccedilatildeo capacitaccedilatildeo e ao associativismo inclina-se na

construccedilatildeo no nosso entendimento de uma base complementar entre Poliacutetica

Publica Ativa e Poliacutetica Puacuteblica Passiva a) quanto agrave natureza estrutural b) quanto agrave

abrangecircncia fragmentada e c) quanto aos impactos redistributiva (TEIXEIRA

2002)

As micro e pequenas empresas e o microempreendedor individual

amparados pelas LC 12306 e LC 12808 respectivamente formam um segmento

do mercado aberto que nas anaacutelises de Sacks (2003) eacute excepcionalmente

importante para o desenvolvimento socioeconocircmico do paiacutes pois aleacutem de

representar uma economia que chega a 27 do PIB brasileiro corresponde ao

emprego de mais de 90 dos trabalhadores operantes no paiacutes portanto uma fonte

inestimaacutevel de geraccedilatildeo de renda

No entanto como observa o autor o isolamento dessas MPE assim como

os MEI (atividades produtivas de pequeno porte) frente a um mercado aberto natildeo

48

poderaacute corresponder agraves expectativas de expansatildeo em decorrecircncia da concorrecircncia

com empresas maiores e mais estruturadas atuantes no livre mercado Como

assinala Sachs (2003)

Esses pequenos empreendedores e produtores se submetidos apenas aos processos de mercado natildeo tecircm condiccedilotildees de competir com empresas estruturadas de maior porte ndash a natildeo ser concorrendo agrave ―competitividade espuacuteria que se traduz em salaacuterios baixos jornadas longas de trabalho sonegaccedilatildeo de impostos e natildeo recolhimento de encargos sociais (SACHS 2003 p 21)

Para esse autor o desafio em alterar esse quadro estaria em promover a

qualificaccedilatildeo acesso em agrave tecnologia ao creacutedito e ao mercado considerando

igualmente a formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas menos setorizadas mas que

concebessem a integraccedilatildeo dos setores da economia propiciando a aproximaccedilatildeo das

empresas agrave competitividade Ou seja ―uma accedilatildeo afirmativa em favor dos mais

fracos sem poder e sem voz (SACHS 2003 p 21)

As microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP) satildeo

estruturalmente diferenciadas dos microempreendedores Individuais tanto nas

dimensotildees fiacutesicas quanto na capacidade de abrangecircncia e inserccedilatildeo no mercado

sendo igualmente objeto diferenciado constante nas regulamentaccedilotildees descritas nas

LC 12306 e LC 12808 respectivamente quanto ao enquadramento sobre a receita

agraves obrigaccedilotildees tributaacuterias e fiscais O art 3ordm incisos I e II da LC 12306 nos diz como

jaacute mencionado acima que a microempresa eacute aquela que possui receita bruta anual

de ateacute R$ 36000000 (trezentos e sessenta mil reais) a receita bruta da empresa de

pequeno porte por sua vez natildeo pode ser inferior a R$ 36000000 e superior a R$

360000000 (trecircs milhotildees e seiscentos mil reais) por outro lado o MEI possui uma

exigecircncia de receitaano muito menor que as demais estabelecida com um teto de

R$ 6000000 conforme expressa o art 18ordf sect 1ordm

Consideremos que as obrigaccedilotildees tributaacuterias diferenciadas para as

microempresas e as empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional7

descrevem as necessidades de se conceber mecanismos de atendimento a esse

segmento empresarial de importacircncia comprovada para a economia do paiacutes e da

sua fragilidade de continecircncia no livre mercado Por outro lado temos o MEI

7Simples Nacional eacute um regime de tributaccedilatildeo diferenciado aplicados agraves Microempresas e Empresas

de Pequeno Porte que consiste no recolhimento dos tributos previstos em lei em um documento uacutenico de arrecadaccedilatildeo (DAS) e da contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria

49

marcado pela inseguranccedila muitas vezes da sua condiccedilatildeo de ―empreendedor

forccedilado em funccedilatildeo das mudanccedilas ocorridas no universo do trabalho denotando a

fragilidade socioeconocircmica que o permeia No entanto

No Brasil existem algumas entidades que atuam como propulsoras das potencialidades de micro e pequenas empresas estimulando a cultura do empreendedorismo Uma das principais eacute o SEBRAE (Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas) que atua dando suporte no processo de abertura e registro de empresas com orientaccedilatildeo cursos e palestras para minimizar o grau de mortalidade desses pequenos empreendimentos (SILVEIRA TEIXEIRA 2011 p 227)

A finalidade do SEBRAE nesse sentido eacute apoiar o desenvolvimento das

micro e pequenas empresas e fomentar o empreendedorismo atraveacutes de programas

de capacitaccedilatildeo consultoria e financcedilas no atendimento de empresaacuterios e potenciais

empreendedores

A poliacutetica maior do MEI atribui determinada responsabilidade aos governos

locais de deferirem poliacuteticas alinhadas agrave implantaccedilatildeo agravequela de atenccedilatildeo agrave categoria

uma vez que o desenvolvimento desse segmento pode subtender aleacutem da

inclusatildeo descrita no art 18E da LC 12808 um avanccedilo nas questotildees

socioeconocircmicas locais Mesmo com direcionamento o impacto pode ser absorvido

por outros segmentos sob a forma de fortalecimento do mercado interno local que

por sua vez concorre para o aumento e extensatildeo da geraccedilatildeo de emprego renda e

com isso o aumento da receita municipal

Sob a oacutetica do desenvolvimento local a partir da interpretaccedilatildeo do

pensamento de autores como Albuquerque e Zapata (2008) Sachs (2003)

Albuquerque (1997) dentre outros dialogando com a Lei Geral e suas alteraccedilotildees

(LC 12808 e LC 147 de 07 de ago de 2014) analisaremos algumas accedilotildees e

estrateacutegias de atendimento ao MEI desenvolvidas nos municiacutepios integrantes da

MRGP

50

3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS PARA O MEI NA MICRORREGIAtildeO DE PARANAGUAacute

A Microrregiatildeo8 Geograacutefica de Paranaguaacute (MRGP) (MAPA 1) situada no

litoral paranaense eacute composta pelos municiacutepios de Antonina Guaraqueccedilaba

Guaratuba Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute (IPARDES 2012) e

apresenta enorme complexidade em sua estrutura social econocircmica e natural

marcada ainda por seacuterios problemas de gestatildeo de desenvolvimento e de

conservaccedilatildeo (ANDRIGUETTO FILHO MARCHIORO in RAYNAUT et al2002)

Para Horochowski et al (2007) a MRGP apresenta

[] uma espacialidade conturbada com mais de 60 quilocircmetros de extensatildeo que liga os municiacutepios de Guaratuba Matinhos Pontal e tambeacutem Paranaguaacute Esses trecircs uacuteltimos possuem graus de urbanizaccedilatildeo superiores a 96 e satildeo marcadamente ordenados por grupos imobiliaacuterios promotores de praacuteticas especulativas e pela ocupaccedilatildeo de aacutereas ambientalmente vulneraacuteveis(HOROCHOWSKI etal (2007)

MAPA 1 -MICRORREGIAtildeO GEOGRAacuteFICA DE PARANAGUAacute

FONTE Adaptado do CORPO DE BOMBEIROSPR Disponiacutevel em(lthttpsgooglBhsDTx)

Segundo IPARDES a aacuterea territorial da MRGP corresponde a 6333233

Km2 abrigando uma populaccedilatildeo de 286602 habitantes com densidade demograacutefica

8 As microrregiotildees satildeo definidas pelo IBGE (1990) como partes da mesorregiatildeo e possuem

especificidades proacuteprias sem apresentarem uniformidade ou auto-suficiecircncia contudo articulam-se com espaccedilos maiores (mesorregiotildees ou Unidades da Federaccedilatildeo) Essas especificidades dizem respeito agraves estruturas de produccedilatildeo que podem apresentar quadros naturais sociais ou econocircmicos particulares localizados e regionalizados

51

de 4525 habKm2 e alto grau de urbanizaccedilatildeo de 9048 (TABELA 2) A ―forte

polarizaccedilatildeo urbana e industrial com o complexo portuaacuterio de Paranaguaacute e das aacutereas

urbano-turiacutesticas na orla sul (ANDRIGUETTO FILHO MARCHIORO in RAYNAUT

et al2002 p 160) constitui um traccedilo caracteriacutestico do litoral paranaense e possui

dinacircmicas diferenciadas no processo econocircmico

No litoral paranaense conforme assinalam esses autores o meio natural

estaacute relativamente menos impactado que no restante do Estado principalmente nas

aacutereas rurais de Guaratuba e Guaraqueccedilaba que natildeo concorreram aos modelos de

desenvolvimento econocircmico adotados pelos municiacutepios do Estado que mantinham

bases predominantemente agriacutecolas e agroindustriais (idem p 161)

TABELA 2 - POPULACcedilAtildeO ABSOLUTA POPULACcedilAtildeO URBANA E POPULACcedilAtildeO RURAL DA MRGP (2000-2010)

MUNICIacutePIO POPULACcedilAtildeO

2000 2010

Antonina 19174 18891 Guaraqueccedilaba 8288 7871 Guaratuba 27257 32095 Matinhos 24184 29428 Morretes 15275 15718 Paranaguaacute 127339 140469 Pontal do Paranaacute 14323 20920

FONTE IBGE ATLAS BRASIL

A MRGP eacute componente da Mesorregiatildeo9 de Curitiba e estaacute ligada agrave capital

paranaense atraveacutes da BR 277 Outras estradas alternativas que ligam a regiatildeo ao

Primeiro Planalto Paranaense podem ser observadas pela BR 376 (Guaratuba ndash

GaruvaSC) e pela estrada da Graciosa

A precaacuteria gestatildeo de desenvolvimento local10 e a falta de iniciativas que

atendessem as capacidades especificidades e realidades vividas localmente

concorreram para que o litoral paranaense se tornasse uma das regiotildees menos

9Entende-se por Mesorregiatildeo uma aacuterea individualizada em uma Unidade da Federaccedilatildeo que

apresenta formas de organizaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico definida pelas seguintes dimensotildees o processo social como determinante o quadro natural como condicionante e a rede de comunicaccedilatildeo e lugares como elemento de articulaccedilatildeo espacial Estas trecircs dimensotildees possibilitam que o espaccedilo delimitado como Mesorregiatildeo tenha uma identidade regional Esta identidade eacute uma realidade construiacuteda ao longo do tempo pela sociedade que aiacute se formou (IBGE 1990 p 8)

10

Atraveacutes do Sistema de Monitoramento da Implementaccedilatildeo da Lei Geral nos Municiacutepios Brasileiros disponibilizado pelo SEBRAE observamos que natildeo haacute poliacuteticas de desenvolvimento local nos municiacutepios integrantes da MRGP Disponiacutevel em (lthttpsgoogltb4OXE)

52

desenvolvidas do Paranaacute com altos iacutendices de pobreza baixo padratildeo de vida e

destacadas disparidades sociais como analisaram Raynaut et al (2002) e Turra e

Baccedilo (2014) Para esses uacuteltimos autores apoacutes realizarem estudos sobre Niacutevel de

Desenvolvimento Regional (NDR) no Paranaacute concluiacuteram que a MRGP possui um

niacutevel muito baixo (MB) de desenvolvimento o que estaacute relacionado agrave baixa

concentraccedilatildeo tecnoloacutegica e o niacutevel de ocupaccedilatildeo das pessoas

Abaixo (TABELA 3) demonstra uma evoluccedilatildeo no Iacutendice de Desenvolvimento

Humano (IDH) na MRGP

TABELA 3 - DEMONSTRATIVO DO IDH E DO IacuteNDICE DE POBREZA DOSMUNICIacutePIOS DA MRGP

MUNICIacutePIO IDH POBREZA

2000 2010 2000 2010

Antonina 0582 0687 3339 1727

Guaraqueccedilaba 0430 0587 5387 3605 Guaratuba 0613 0717 1958 915 Matinhos 0635 0743 1671 616 Morretes 0573 0686 2364 1087 Paranaguaacute 0645 0750 1593 810 Pontal do Paranaacute 0622 0738 1741 598

FONTE IBGE ATLAS BRASIL

Alguns elementos como a longevidade a renda e a educaccedilatildeo contribuiacuteram

para o aumento do IDH Jaacute a queda no iacutendice de pobreza na MRGP pode ser

descrita igualmente pelo aumento da renda da populaccedilatildeo e de uma maneira mais

incisiva pela involuccedilatildeo da desigualdade nesses municiacutepios

No entanto o iacutendice da pobreza no caso de Antonina a exemplo segundo

IBGE (2010) chegou a 5022 e o iacutendice da pobreza subjetiva neste municiacutepio

ficou em 3018 Notemos que a permanecircncia da pobreza muitas vezes produz

um deslocamento e enfraquecimento das capacidades e potencialidades reais das

pessoas

31 A FRAacuteGIL ECONOMIA NA MRGP

A MRGP apresenta uma diversidade no setor econocircmico com atividades

agropastoris comercio induacutestria (setor industrial de Paranaguaacute) e o setor de

produccedilatildeo de bens e serviccedilos com ecircnfase no turismo sobretudo na orla sul da

regiatildeo que abrange os municiacutepios de Pontal do Paranaacute Matinhos e Guaratuba

53

ainda sujeitos agrave sazonalidade em decorrecircncia da temporada de praias (veratildeo) e o

inverno

Os setores produtivos da MRGP se apresentam de forma heterogenia com

ecircnfase na proporccedilatildeo do setor de comeacutercioserviccedilos que apresenta forte impacto

sobre a contrataccedilatildeo de pessoal formalizado (RAIS)

TABELA 4ndash DADOS DO MERCADO DE TRABALHO NA MRGP (2000-2016)

FONTE IPARDES IBGE FUNPARUFPR

Observamos (TABELA 4) que a taxa de desemprego na MRGP em 2010

ficou em 7511 Frisamos que pela escassez de dados referentes ao setor informal

na MRGP natildeo foi possiacutevel estabelecer a descriccedilatildeo quantitativa das atividades

econocircmicas Poreacutem nas atividades exploratoacuterias de anaacutelise observamos enorme

diversidade das atividades informais no litoral serviccedilos domeacutesticos jardinagem

cabeleireiro manicure trabalhadores contratados para a limpeza de pescados

artesatildeos salgadeira doceira construccedilatildeo civil carpinteiros ambulantes catadores

de materiais reciclaacuteveis trabalhadores de Micro e Pequenas empresas

desprotegidos pela natildeo formalizaccedilatildeo trabalhadores rurais trabalhadores em

oficinas de mecacircnica de automoacuteveis motocicletas e bicicletas dentre outros

trabalhadores

A economia informal ou economia submersa (CATANI 1985) segundo

alguns autores como Sachs (2003) Antunes (2011) Matsuo (2008) se apresenta de

11

O desemprego foi calculado sobre a PEA (populaccedilatildeo economicamente ativa) em relaccedilatildeo agrave PO

(populaccedilatildeo ocupada) incluindo os setores formal e informal A PEA pode ser definida como o []

potencial de matildeo-de-obra com que pode contar o setor produtivo isto eacute a populaccedilatildeo ocupada e

a populaccedilatildeo desocupada (IBGE) A PO compreende aquelas pessoas que num determinado periacuteodo

de referecircncia trabalharam ou tinham trabalho mas natildeo trabalharam (por exemplo pessoas em feacuterias) As pessoas ocupadas sao classificadas em a) empregados b) conta proacutepria c) empregadores d) natildeo remunerados (idem)

TRABALHO REGIAtildeOANO

2000 2010

Populaccedilatildeo em Idade Ativa (PIA) (pessoas) 175483 223295 Populaccedilatildeo Ocupada total (PO) (pessoas) 85863 115811 Pessoal ocupado assalariado (pessoas) nd 51576 Populaccedilatildeo Economicamente Ativa (PEA) 100628 125263 Taxa de Atividade de 10 anos ou mais () 547 5625 T de Ocupaccedilatildeo de 10 anos ou mais () nd 9245

54

maneira complexa pelo volume frente a uma nova conjuntura e modificaccedilotildees no

mundo do trabalho um meio diferenciado encontrado pelas pessoas como

enfrentamento ao crescente processo de erradicaccedilatildeo do emprego formalizado Tais

formas de ―sobrevivecircncia laboral encontram suporte legal no art 170 paraacuteg uacutenico

da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 onde ―eacute assegurado a todos o livre exerciacutecio de

qualquer atividade econocircmica independentemente de autorizaccedilatildeo de oacutergatildeos

puacuteblicos salvo nos casos previstos em lei (BRASIL 1988)

Quanto ao emprego formal na MRGP verificamos (TABELA 5) um aumento

de 36 no quantitativo dos empregos ativos

TABELA 5 - NUacuteMERO DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP (2013-2014)

MUNICIacutePIO EMPREGOS

ATIVOS

2013 2014

Antonina 3169 3193 Guaraqueccedilaba 810 796 Guaratuba 5874 6509 Matinhos 7341 7838 Morretes 2252 2347 Paranaguaacute 38133 38275 Pontal do Paranaacute 3691 4543

Total 61270 63501

FONTE MINISTEacuteRIO DO TRABALHO E EMPREGOCAGED

Na tabela acima (TABELA 5) constatamos que o municiacutepio de

Guaraqueccedilaba apresentou variaccedilatildeo percentual negativa de -173 entre os anos de

2013 e 2014 e destacamos Guaratuba com o aumento na variaccedilatildeo relativa de

1081 seguida por Matinhos 677 e Morretes com uma variaccedilatildeo percentual de

422 na geraccedilatildeo de empregos

A compreensatildeo da evoluccedilatildeo na geraccedilatildeo de empregos nos remete ao

entendimento do comportamento da economia e das relaccedilotildees entre mercado capital

e trabalho Neste conjunto de elementos estatildeo alinhados o processo produtivo as

atividades produtivas e as forccedilas de produccedilatildeodistribuiccedilatildeo e consumo

Segundo Salzbac Denardin e Felisbino (2012) a demanda do fluxo de

seguimentos produtivos eacute uma caracteriacutestica de cidades poacutelos pela oferta de

emprego no setor de comeacutercio e serviccedilos Dessa forma ao analisar o cenaacuterio

econocircmico do litoral paranaense esses autores concluiacuteram que

55

Os municiacutepios litoracircneos do Paranaacute os quais natildeo fazem parte de uma regiatildeo metropolitana natildeo apresentam empregos em volume significativos nem no setor industrial nem no setor de serviccedilos o que implica na baixa capacidade de geraccedilatildeo de tributos proacuteprios limitando tambeacutem a oferta de serviccedilos puacuteblicos [] os setores de serviccedilos comeacutercio e de administraccedilatildeo puacuteblica foram os segmentos que mais mantinham empregos ativos na MRGP (SALZBAC DENARDIN FELISBINO 2012 p 117)

TABELA 6 - NUacuteMEROS DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP POR SETOR ECONOcircMICO

SETOR ECONOcircMICO Ano

2013 2014

1 extrativa mineral 187 188 2 induacutestria de transformaccedilatildeo 6100 6512 3 serviccedilos industriais de utilidade puacuteblica 294 255 4 construccedilatildeo civil 1722 1993 5 comeacutercio 15302 16154 6 serviccedilos 26660 27140 7 administraccedilatildeo puacuteblica 10501 10789 8 agropecuaacuteria ext vegetal caccedila e pesca 504 470

FONTE MTECAGED

Como podemos observar (TABELA 6) a maior parte dos empregos ativos

estaacute no setor terciaacuterio com especial atenccedilatildeo ao setor de serviccedilos

Um indicador econocircmico importante eacute o Valor Adicionado Fiscal (VAF) que

permite ―espelhar o movimento econocircmico municipal e consequentemente o

potencial que o municiacutepio tem para gerar receitas puacuteblicas (MINAS GERAIS 2016)

Sobre o conceito poderemos dizer que o VAF eacute um instrumento

[] utilizado pelo Estado para calcular o iacutendice de participaccedilatildeo municipal no repasse de receita do Imposto sobre Operaccedilotildees relativas agrave Circulaccedilatildeo de Mercadorias e sobre Prestaccedilotildees de Serviccedilos de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicaccedilatildeo (ICMS) e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) aos municiacutepios [] Eacute apurado pela Secretaria de Estado de Fazenda [[ com base em declaraccedilotildees anuais apresentadas pelas empresas estabelecidas nos respectivos municiacutepiosDisponiacutevel em (lthttpsgoogl80DhoU)

Com a anaacutelise do indicador acima mencionado poderemos verificar a

participaccedilatildeo na economia local por setor econocircmico e sua importacircncia nas poliacuteticas

de desenvolvimento e planejamento estrateacutegico na observacircncia das potencialidades

do mercado cultura local e heterogeneidade das atividades econocircmicas

Na MRGP o setor de comeacutercio e serviccedilos (setor terciaacuterio) notadamente

excetuando os municiacutepios de Antonina e Guaraqueccedilaba possui participaccedilatildeo maior

que a produccedilatildeo primaacuteria e a induacutestria local (TABELA 7) e constitui elemento de

56

anaacutelise importante na concepccedilatildeo de poliacuteticas de expansatildeo do emprego e renda12 Jaacute

a participaccedilatildeo sobre a receita dos municiacutepios a que apresenta menor potencial eacute a

produccedilatildeo primaacuteria em virtude da natildeo adoccedilatildeo do mesmo modelo industrial adotado

em outras regiotildees do Estado Paranaense

TABELA 7 - VALOR ADICIONADO FISCAL (VAF - R$ 100 (P)) DOS MUNICIacutePIOS INTEGRANTES

DA MRGP (2016)

MUNICIacutePIO PRODUCcedilAtildeO PRIMAacuteRIA

INDUacuteSTRIA COMEacuteRCIO SERVICcedilOS

RECURSOS AUTOS

Antonina 4334454 125827796 68271749 Guaraqueccedilaba 3074904 5399117 3701577 4192 Guaratuba 15641921 21782241 119496927 47370 Matinhos 295763 23559310 109482578 147729 Morretes 12959951 23264839 44980267 14974 Paranaguaacute 54409213 1280856468 1980373389 543132 Pontal do Paranaacute

436246 19320486 68114345 19138

Total 91152452 1500010257 4788841664 1553070

FONTE IPARDES

Excetuando Paranaguaacute (TABELA 7) identificamos a fragilidade das receitas

municipais da MRGP e de outra maneira a fragilidade financeira e orccedilamentaacuteria jaacute

mencionadas por Sulzbach e Denardin (2012) que alertavam para a dependecircncia

financeira dos municiacutepios da MRGP para com as transferecircncias

intergovernamentais

Um dos principais indicadores da dependecircncia financeira dos municiacutepios agraves tributaccedilotildees das demais esferas pode ser observado atraveacutes das receitas de tributaccedilatildeo por setores produtivos e das receitas advindas de transferecircncias correntes Neste aspecto observa-se que os municiacutepios do litoral do Paranaacute apresentam uma dependecircncia financeira elevada das transferecircncias das esferas nacional e estadual O Municiacutepio com maior destaque eacute o de Guaraqueccedilaba que do total de suas receitas 93 adveacutem de transferecircncias correntes seguindo por Morretes com 78 e Antonina com 7052 das receitas advindas de transferecircncias (SULZBACH DENARDIN 2012 p 6)

Ainda observando a tabela 7 percebemos que o polo industrial e comercial

da MRGP eacute o municiacutepio de Paranaguaacute pressupondo importante vetor da economia

local e do seu posicionamento estrateacutegico diante dos outros municiacutepios da regiatildeo

tanto na articulaccedilatildeo com outros centros comerciais e industriais da Mesorregiatildeo

12

Para melhor compreensatildeo sobre as modificaccedilotildees no processo capitaltrabalho e o crescimento do setor terciaacuterio na economia ver CHESNAIS (1996) OFFE (1984) SUPERVILLE QUINtildeONES (2000)

57

pertencente quanto da Microrregiatildeo com os municiacutepios circunvizinhos e pelo

proacuteprio dinamismo da sua economia interna

Consideremos que o crescimento econocircmico segundo Sachs (2004) e

Furtado (2008) eacute um elemento importante no processo de desenvolvimento poreacutem

natildeo eacute o uacutenico a ser considerado mas sim eacute necessaacuterio incorporar

simultaneamente a extensatildeo dos direitos

Abaixo (TABELA 8) observando o PIB per capita dos municiacutepios da MRGP

destaca-se a vulnerabilidade econocircmica do municiacutepio de Guaraqueccedilaba em relaccedilatildeo

aos demais sobretudo em relaccedilatildeo ao municiacutepio de Paranaguaacute que supera a meacutedia

da regiatildeo A fragilidade econocircmica de Guaraqueccedilaba deriva de vaacuterios aspectos 1) a

dificuldade do acesso agrave aacuterea urbana do municiacutepio considerando que a uacutenica estrada

que liga o municiacutepio a outras localidades natildeo eacute pavimentada e tem uma extensatildeo

de aproximadamente 86 km Outra forma de acesso agrave cidade eacute atraveacutes do mar

pela baiacutea de Guaraqueccedilaba A dificuldade de cesso tem enorme impacto tanto para

escoar a produccedilatildeo local como para obter materiais e equipamentos agrave difusatildeo da

induacutestria quase ou completamente nula 2) a restriccedilatildeo ambiental agrave implantaccedilatildeo de

empresas 3) a falta de poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento do municiacutepio

assinaladas por RAYNAUT et al (2002) na promoccedilatildeo de programas de gestatildeo com

as especificidades locais que fomentem o impulso do trabalho e da renda

TABELA 8 - PIB PER CAPTA DOS MUNICIacutePIOS DA MRGP

MUNICIacutePIO 2013 (R$ 100)3 2014 (R$)

4

Antonina 1851678 17557

Guaraqueccedilaba 861303 8723

Guaratuba 1474865 15004

Matinhos 1648075 17238

Morretes 1390945 13638

Paranaguaacute 4155699 42193

Pontal do Paranaacute 1434381 15040

MRGP 29076 29489

FONTE IBGE IPARDES

A principal fonte de receita dos municiacutepios da MRGP jaacute indicada por

Sulsbach e Denardin (2010) deriva principalmente das transferecircncias correntes

intergovernamentais (Uniatildeo e Estado) o que possibilita um entendimento da

fragilidade na arrecadaccedilatildeo tributaacuteria do setor produtivo

58

Em suma no nosso entendimento a transferecircncia corrente tem o propoacutesito

de manutenccedilatildeo da coisa puacuteblica e do funcionamento da estrutura estatal

Percebemos nesse sentido que um dos maiores empregadores formais direta e

indiretamente da MRGP acaba por ser os governos subnacionais que atuam como

contratadores de serviccedilos temporaacuterios contratos de prestaccedilatildeo de serviccedilos

terceirizados e pessoal concursado (efetivo) aleacutem de contratar serviccedilos

especializados de manutenccedilatildeo de pequenas empresas e materiais de uso diaacuterio

Segundo DIEESE (2015 p 74) a distribuiccedilatildeo de empregos formais por

atividade econocircmica no Brasil entre os anos de 2009 a 2014 apresentou os

seguintes resultados onde destacaremos os principais a) serviccedilos (349) b)

comeacutercio (194) c) induacutestria de transformaccedilatildeo (172) d) administraccedilatildeo puacuteblica

(188) Dessa forma observamos que o setor de serviccedilos aleacutem de expandir as

possibilidades de emprego se manteacutem como o principal setor a contratar

Como jaacute mencionado acima a MRGP possui enorme heterogeneidade em

sua composiccedilatildeo econocircmica especificidades locais e uma distribuiccedilatildeo espacial dos

setores econocircmicos advinda das caracteriacutesticas de cada municiacutepio por vezes

semelhantes como eacute o caso nas aacutereas rurais da produccedilatildeo de farinha de

mandioca13 e da exploraccedilatildeo de produtos de origem vegetal (cipoacute guaricana e

musgo) produccedilatildeo de arroz de banana de palmito14 e de gengibre a cultura do taiaacute

caraacute e mandioca e hora muito distintas como eacute caso do polo industrial de

Paranaguaacute destacando os complexos portuaacuterios de Paranaguaacute e Antonina Assim

como destacamos na economia local da MRGP a exploraccedilatildeo do turismo sobretudo

na orla sul abrangendo os municiacutepios de Guaratuba Matinhos e Pontal do Paranaacute

com maior potencial no veratildeo Em Guaraqueccedilaba o turismo eacute voltado agrave praacutetica da

pesca esportiva que se estende o ano todo movimentando natildeo soacute os restaurantes

e comeacutercio urbanos mas restaurantes e pousadas nas ilhas de Tibicanga Bertgiga

Canudal Barbados e Superagui

O municiacutepio de Paranaguaacute abrange o maior nuacutemero de empresas na regiatildeo

(TABELA 9)15 e eacute destacadamente o maior poacutelo empresarial e industrial com

13

A produccedilatildeo de farinha atinge a MRGP em sua totalidade Ver DENARDIN LAUTERT e RIBAS (2009)lthttpwwwaba-agroecologiaorgbrrevistasindexphpcadarticleviewFile42573236 14

A produccedilatildeo do palmito representou em 2015 cerca de 6872 (3233 toneladas) da produccedilatildeo estadual e a banana correspondeu a 4484 (91284 cachostoneladas) do Estado IPARDES) 15

Houve variaccedilatildeo nos nuacutemeros entre as tabelas 9 e 10 pois a montagem da tabela 10 ocorreu dias apoacutes a montagem da tabela 9

59

4691 das Empresas Ativas 467 das MPE (Micro e Pequena Empresa) e

4548 dos MEI (Microempreendedor Individual) da MRGP Outra caracteriacutestica

particular eacute o municiacutepio de Guaraqueccedilaba que apresenta o menor quadro

empresarial com 129 das Empresas ativas 125 das MPE ativas e 162 do

MEI do total da regiatildeo

TABELA 9 - NUacuteMERO DE EMPRESAS NA MRGP (MAIO2016)

MUNICIacutePIO EMPRESAS ATIVAS MPE MEI

Antonina 1832 1705 571 Guaraqueccedilaba 462 427 193 Guaratuba 4788 4586 1569 Matinhos 5185 4912 1799 Morretes 1926 1831 510 Paranaguaacute 16800 15832 5394 P do Paranaacute 4817 4604 1823

Total 35810 33897 11859

FONTE FOacuteRUM PERMANENTENatildeo foi possiacutevel localizar dados em bases estatiacutesticas de anos

anteriores

As empresas compotildeem um quadro diversificado na economia da regiatildeo e a

participaccedilatildeo por atividade econocircmica nos municiacutepios pressupotildee certo dinamismo da

economia com destaque ao setor de comeacutercio e serviccedilos

Abaixo (TABELA 10) estatildeo as atividades econocircmicas desenvolvidas na

MRPG e a participaccedilatildeo das MPE e MEI na dinacircmica econocircmica

TABELA 10 - ATIVIDADES ECONOcircMICAS DESENVOLVIDAS NA MRGP (maio2016) continua

ATIVIDADE ECONOcircMICA COM BASE NO CNAE16

EMP ATIVAS MPE MEI

Agricultura pecuaacuteria prod Florestal pesca e aquicultura 93 59 11 Induacutestrias extrativistas 39 38 0 Induacutestria de transformaccedilatildeo 2483 2351 1076 Aacutegua esgoto atividades de resiacuteduos e descontaminaccedilatildeo 121 110 39 Construccedilatildeo 2067 2418 1323 Comeacutercio reparaccedilatildeo de veiacuteculos automotores e motocicleta 15410 14693 4044 Transporte armazenagem e correio 1865 1654 340 Alojamento e alimentaccedilatildeo 6911 6681 2469 Informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo 334 312 89 Atividades financeiras de seguros e serv relacionados 22 18 0

16

A Classificaccedilatildeo Nacional de Atividades Econocircmicas (CNAE)

60

TABELA 10 - ATIVIDADES ECONOcircMICAS DESENVOLVIDAS NA MRGP (maio2016)

conclusatildeo

ATIVIDADE ECONOcircMICA COM BASE NO CNAE17

EMP ATIVAS MPE MEI

Atividades imobiliaacuterias 203 172 0 Atividades profissionais cientiacuteficas e teacutecnicas 792 718 235 Atividades Administrativas e serviccedilos complementares 1826 1722 536 Educaccedilatildeo 465 443 175 Sauacutede humana e serviccedilo social 308 282 12 Arte cultura esporte e recreaccedilatildeo 394 374 115 Outras atividades e serviccedilos 1868 1757 1324 Serviccedilos domeacutesticos 76 57 57

Total 35277 33859 11845

FONTE FOacuteRUM PERMANENTE

Observamos (TABELA 10) que as principais atividades desenvolvidas pelo

MEI na MRGP satildeo as seguintes Comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos automotores e

motocicletas (3414) alojamento e alimentaccedilatildeo (2084) outras atividades e

serviccedilos (1117) construccedilatildeo (1116) induacutestria de transformaccedilatildeo (908)

As atividades na economia desenvolvidas na MRGP possuem aspectos

importantes na comparaccedilatildeo entre os setores primaacuterio secundaacuterio e terciaacuterio Como

observado na tabela acima veremos que o setor terciaacuterio abrange uma parcela

significativa das empresas da regiatildeo Do total das Empresas Ativas 926

enquadram-se no setor de comeacutercio e serviccedilos as Micro e Pequenas Empresas

alocadas no setor terciaacuterio representam 928 e os Microempreendedores

Individuais formalizados somam 909 nesse setor Conveacutem ressaltar que nas

anaacutelises de Nogueira e Pereira (2015 p 41) ―[] em 2011 as empresas de pequeno

porte ndash incluindo uma ainda diminuta parcela de MEI ndash representavam quase 98

do total de empresas no paiacutes e ocupavam mais da metade dos trabalhadores

formais

Eacute importante ressaltar que a demanda pelo setor terciaacuterio acompanha um

fluxo de mercado agregado aos outros dois setores da economia e o crescente

volume dos serviccedilos se evidenciam nos processos de flexibilizaccedilatildeo do trabalho das

modificaccedilotildees nas suas relaccedilotildees e no deslocamento do arqueacutetipo do trabalho no

qual o trabalhador passa de um trabalhador fabril para a categoria de um

trabalhador de serviccedilos apontado por Superville e Quintildeones (2000) Para esses

autores a expansatildeo do setor de serviccedilos seguiu simultaneamente ao processo de

17

A Classificaccedilatildeo Nacional de Atividades Econocircmicas (CNAE)

61

crescimento da informalidade e da prestaccedilatildeo de serviccedilos com pouca qualificaccedilatildeo (p

61)

Entendemos que para uma anaacutelise da informalidade eacute necessaacuterio considerar

sua heterogeneidade e a proporccedilatildeo da sua relaccedilatildeo e participaccedilatildeo no mercado

assim como as assimetrias manifestadas nas formas de exploraccedilatildeo da forccedila de

trabalho e na precarizaccedilatildeo da classe trabalhadora (ANTUNES 2011)

32 A INSTITUCIONALIDADE MEI NA MRGP

Ao definir aspectos legais para o enfrentamento do problema da

informalidade no Brasil atraveacutes de leis regulamentares e regras especiacuteficas que

asseguram direitos estabelecidos na Constituiccedilatildeo federal de 1988 o Estado

brasileiro reconheceu a necessidade de normatizar benefiacutecios e deveres agraves micro e

pequenas empresas e empreendedores individuais procurando reverter o quadro de

informalidade e precariedade nas condiccedilotildees de trabalho e de garantias de

seguridade social

Para a implantaccedilatildeo da Poliacutetica Puacuteblica no nosso entendimento alguns

aspectos devem ser considerados 1) descrever as suas circunstacircncias de modo que

suas propostas sejam claras 2) adaptaccedilatildeo dos aparelhos sociais e do Estado que

possam ser vinculados agrave Poliacutetica Puacuteblica 3) capacidade de articulaccedilatildeo e

compreensatildeo do processo e dos temas debatidos pelos diversos atores envolvidos

(OLIVEIRA 2013 p 284)

Nesse contexto admite-se natildeo somente subordinaccedilatildeo agrave Poliacutetica mas um

quadro de compreensatildeo e reconhecimento da sua legitimidade constituindo dessa

maneira uma institucionalidade

Para institucionalidade devemos considerar trecircs aspectos importantes 1)

instituiccedilotildees 2) ambiente institucional 3) arranjos institucionais

As Instituiccedilotildees descritas por Fiani (2013 p 8) ―satildeo as regrasformais e natildeo

formais que regulam as interaccedilotildees sociaisDesta feita como demonstra o autor a

criaccedilatildeo de estruturas regulamentares de normatizaccedilatildeo de procedimentos formais e a

interaccedilatildeo com o estabelecimento das relaccedilotildees subterracircneas que se desenvolvem

diante do dia- a dia na sociedade descrevem o ambiente institucional ou seja satildeo

as ―[] regras poliacuteticas sociais e legais mais baacutesicas e gerais que estabelecem o

fundamento para o funcionamento do sistema econocircmico (FIANI 2013 p 8) Os

62

arranjos institucionais por sua vez segundo esse autor satildeo as regras

particularmente constituiacutedas pelos sujeitos e que por sua vez estabelecem as

relaccedilotildees poliacuteticas sociais e econocircmicas

Para Fiani (2013) eacute inquestionaacutevel que as poliacuteticas puacuteblicas afetam a vida

dos sujeitos A sua implicaccedilatildeo nesse sentido interfere em modus operandi diverso

ao cotidiano das relaccedilotildees instituiacutedas nos arranjos preestabelecidos pois uma accedilatildeo

do Estado que remete a uma reorganizaccedilatildeo do aparato institucional pode alterar as

relaccedilotildees socioeconocircmicas e poliacuteticas locais

O estabelecimento de um aporte ou adaptaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo institucional

(ALBUQUERQUE 1997 FIANI 2013) que possibilite accedilotildees conjuntas entre

instituiccedilotildees puacuteblicas quanto privadas no processo de otimizaccedilatildeo do

desenvolvimento e manutenccedilatildeo das propostas de uma poliacutetica puacuteblica de

desenvolvimento de categorias especiacuteficas ou bases produtivas adquire capacidade

de assegurar melhor eficiecircncia e dar melhores respostas aos objetivos da poliacutetica

puacuteblica

Schneider (2005) explica que a problematizaccedilatildeo formulaccedilatildeo e

implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas para enfrentamento de problemas natildeo se

encontra mais exclusivamente ao setor estatal na qual estaria em curso a

policentralidade na concepccedilatildeo da Poliacutetica Puacuteblica O autor parte da perspectiva de

rede de poliacuteticas puacuteblicas na qual problemas relativamente puacuteblicos tambeacutem podem

ter interferecircncia do setor privado e a sua interaccedilatildeo Como demonstra o autor

a problematizaccedilatildeo e o processamento poliacutetico de um problema social (Mayntz 1982) natildeo eacute mais um assunto exclusivo de uma hierarquia governamental e administrativa integradasenatildeo que se encontra em redes nas quais estatildeo envolvidas organizaccedilotildees tanto puacuteblicas quanto privadas (SCHNEIDER 2005 p 37)

No entanto como observa Moraes (2003) mesmo com essa nova

configuraccedilatildeo pluralista e policecircntrica das relaccedilotildees poliacuteticas o Estado continua sendo

o protagonista do processo seja pela accedilatildeo reguladora e normatizadora seja pela

legitimidade constitucional A legitimidade se faz presente pela administraccedilatildeo

puacuteblica18

Igualmente acrescenta-se nas palavras de Fiani (2013 p 7) que ―[] os

arranjos institucionais apresentam grande importacircncia para a formulaccedilatildeo de poliacuteticas

18

Sobre Administraccedilatildeo Puacuteblica ver BOBBIO N et al Brasiacutelia UnB 1998

63

de desenvolvimento em especial para as poliacuteticas que demandam cooperaccedilatildeo por

parte de agentes privados Ainda segundo Albuquerque (1997)a interaccedilatildeo entre os

agentes puacuteblicos e privados constitui um novo cenaacuterio dentro de uma nova

perspectiva de adaptaccedilatildeo que necessita de coordenaccedilatildeo institucional

Consideramos que dentro desse contexto as mudanccedilas e perspectivas

inovadoras tanto no campo teacutecnico quanto no campo organizacional exigem ―[]

adaptaccedilotildees institucionais para melhorar as atuaccedilotildees do setor puacuteblico e do conjunto

de empresas e atores sociais territoriais (idem p 01) Segue o autor

[] todo processo de desenvolvimento local requer uma programaccedilatildeo minuciosa que integre e ordene linhas de atuaccedilatildeo e recursos orientados a objetivos da participaccedilatildeo estrateacutegica entre diferentes agentes sociais locais puacuteblicos e privados A criaccedilatildeo compartilhada entre os agentes locais de um ―entorno territorial que facilite a inovaccedilatildeo do tecido produtivo e empresarial constitui um aspecto crucial da estrateacutegia de desenvolvimento (ALBUQUERQUE 1997 p 1)

Pensando localmente na interpretaccedilatildeo do SEBRAE ―o ambiente

institucional [] pode ser entendido como o conjunto de instituiccedilotildees de que um dado

municiacutepio se dotou para que a atividade dos indiviacuteduos aleacutem de compatiacutevel com a

sobrevivecircncia da comunidade seja tambeacutem convergente com a execuccedilatildeo dos

objetivos comuns (SEBRAE 2013)

A estabilidade a preservaccedilatildeo e equiliacutebrio das instituiccedilotildees (das regras

formais e informais) oferecem credibilidade e legitimidade agraves accedilotildees do Estado

As Instituiccedilotildees Poliacuteticas especificamente tem como objetivo mediar

interferir organizar gerir o processo democraacutetico bem como quando

necessaacuterioprotagonizar poliacuteticas flexiacuteveis de decisatildeo em relaccedilotildees inerentes a

sociedade numa tarefa de disciplinar regras que insiram sobre os indiviacuteduos direitos

contidos na Constituiccedilatildeo Federal

Exemplificamos assim uma caracteriacutestica nesse contexto do processo

poliacutetico eacute a intervenccedilatildeo estatal inferindo sobre a economia no sentido de aliviar

distorccedilotildees ocorridas pelo mau funcionamento do mercado atraveacutes de poliacuteticas

puacuteblicas que estabelecem regras e diretrizes na qual o poder19poliacuteticopuacuteblico20 eacute o

protagonista no processo Para Oliveira (2008 p 59)

19

Para compreender o processo de dominaccedilatildeo e legitimaccedilatildeo do Poder consideramos as anaacutelises de FRANCcedilOIS CHAZEL in Boudon e Curvelo (1996) 20

BOBBIO N Et al Dicionaacuterio de poliacutetica Brasiacutelia UnB 1998

64

O poder nasce com o indiviacuteduo mas passa aos grupos e afinal ao Estado pelo processo de institucionalizaccedilatildeo A concentraccedilatildeo de poder eacute um fenocircmeno espontacircneo na sociedade nascida da necessidade de atender a interesses que demandam escala meta individual Satildeo as concentraccedilotildees de poder que estabilizadas pelo consenso e pelo costume levam ao surgimento das instituiccedilotildees poliacuteticas

Ao observarmos a histoacuteria do sistema capitalista assinalamos que em todos

os momentos de instabilidade e fragilidade econocircmica culminando na inseguranccedila

social subsiste a forte presenccedila do Estado com possibilidades de equacionar as

deformaccedilotildees ocasionadas pelo sistema e que de maneira inexoraacutevel afetam as

vidas das pessoas apontando dessa maneira certa ineacutercia do mercado em

resoluccedilotildees dessa natureza

Fiani (2001 p 2) nos diz que a intervenccedilatildeo do Estado o qual ele denomina

de regulaccedilatildeo e desregulaccedilatildeo eacute ―integrada e condicionada pelos processos de

natureza histoacuterica e poliacutetica que afetam o conjunto da sociedade Nesse contexto a

regulaccedilatildeo e desregulaccedilatildeo estatal dependem de comportamento poliacutetico social e

econocircmicoMuito embora o fator de regulaccedilatildeo esteja mais vinculado agraves atividades

econocircmicas as decisotildees satildeo tomadas na esfera poliacutetica

A Lei Geral de 2006 ndash lei de normatizaccedilatildeo das MPE (LC 12306) - a

exemplo aleacutem de fomentar o desenvolvimento local foi uma accedilatildeo regulamentadora

do Estado Brasileiro em buscar alternativa em equacionar deformidades na

economia do trabalho e assim reverter o processo de alargamento do setor

informal Certamente que a regulamentaccedilatildeo de setores da economia eacute uma forma

de regular e disciplinar accedilotildees

Cabe ressaltar que a Lei 12306 submeteu algumas instituiccedilotildees agrave adequaccedilatildeo

administrativa para assegurar o funcionamento dessa Poliacutetica Puacuteblica assim como

instituiu oacutergatildeos de gestatildeo com competecircncias deliberativas e regulamentadoras que

dispotildeem de jurisdiccedilatildeo sobre tributaccedilatildeo e legalizaccedilatildeo das empresas Essa lei

estabelece inicialmente a criaccedilatildeo de trecircs oacutergatildeos a tiacutetulo dessas competecircncias

Art 2

o O tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado agraves

microempresas e empresas de pequeno porte de que trata o art 1o desta

Lei Complementar seraacute gerido pelas instacircncias a seguir especificadas I - Comitecirc Gestor do Simples Nacional vinculado ao Ministeacuterio da Fazenda composto por 4 (quatro) representantes da Secretaria da Receita Federal do Brasil como representantes da Uniatildeo 2 (dois) dos Estados e do Distrito Federal e 2 (dois) dos Municiacutepios para tratar dos aspectos tributaacuterios

65

II - Foacuterum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte com a participaccedilatildeo dos oacutergatildeos federais competentes e das entidades vinculadas ao setor para tratar dos demais aspectos ressalvado o disposto no inciso III do caput deste artigo III - Comitecirc para Gestatildeo da Rede Nacional para Simplificaccedilatildeo do Registro e da Legalizaccedilatildeo de Empresas e Negoacutecios - CGSIM vinculado agrave Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidecircncia da Repuacuteblica composto por representantes da Uniatildeo dos Estados e do Distrito Federal dos Municiacutepios e demais oacutergatildeos de apoio e de registro empresarial na forma definida pelo Poder Executivo para tratar do processo de registro e de legalizaccedilatildeo de empresaacuterios e de pessoas juriacutedicas

21 (BRASIL 2006)

321 O Comitecirc Gestor Municipal na MRGP

Na adequaccedilatildeo municipal agrave Lei Geral e suas alteraccedilotildees (LC 12808 e LC

14714) com o propoacutesito de estimular o ambiente institucional as prefeituras em

parcerias com o SEBRAE criaram Comitecircs Gestores Municipais22 (CGM) com a

proposta de ―[] implementar e acompanhar a aplicaccedilatildeo [] da Lei Complementar

Federal nordm 1232006 na redaccedilatildeo dada pela Lei Complementar Federal nordm 1282008

(PARANAGUAacute Dec 88713 art 1ordm) Os Comitecircs Gestores Municipais satildeo oacutergatildeos

de ―natureza colegiada para coordenar a poliacutetica relativa agrave micro e pequena empresa

no municiacutepio (SEBRAE 2013 p 61) e satildeo integrados por sujeitos da administraccedilatildeo

puacuteblica e de setores da sociedade civil

No modelo institucional adotado pelo CGM estaacute previsto o viacutenculo e parceria

entre Instituiccedilotildees Poliacuteticas (Federal Estadual e Municipal) Instituiccedilotildees Mercantis e

Instituiccedilotildees de Produccedilatildeo

As Instituiccedilotildees Poliacuteticas nesse contexto especiacutefico satildeo representadas pelo

Governo Local atraveacutes das suas secretarias e a Sala do Empreendedor no Governo

Federal e Estadual atraveacutes de Instituiccedilotildees de creacutedito e de educaccedilatildeo

Os municiacutepios da MRGP que estabeleceram CGM satildeo Paranaguaacute Pontal do

Paranaacute e Matinhos Estes aderiram ao Programa Cidade Empreendedora em

formato integral e com isso possuem assessoramento contiacutenuo junto ao SEBRAE

seja na forma de capacitaccedilatildeo dos agentes puacuteblicosseja na forma de consultoria

para os MEI e MPE Para o SEBRAE

21

O inciso III do sect 2ordm da PLC 12306 foi incluiacutedo pela LC 1472014 22

Utilizarei a sigla CGM para designar Comitecirc Gestor Municipal

66

O Comitecirc Gestor Municipal eacute a forma pela qual este projeto de institucionalizaccedilatildeo da lei geral seraacute implantado e controlado O Comitecirc poderaacute ser constituiacutedo de atores (instituiccedilotildees pessoas) que compotildeem o poder puacuteblico municipal associaccedilotildees representantes da sociedade etc e deveraacute conduzir a institucionalizaccedilatildeo da lei geral de forma a obter o melhor ambiente possiacutevel para os empreendedores individuais e micro e pequenas empresas (SEBRAE 2013 p 12)

O municiacutepio de Paranaguaacute em 2013 criou o Comitecirc Gestor Municipal sob o

Decreto Municipal 88713 composto por seguimentos representantes dos setores

puacuteblico e privado conforme listados no quadro abaixo (QUADRO 4)

QUADRO 4 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PARANAGUAacute PARA ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS ALTERACcedilOtildeES

FONTE Decreto Municipal Paranaguaacute n 887 de 25 out 2013

Por finalidade segundo o referido Decreto o CGM teraacute que implementar e

acompanhar a aplicaccedilatildeo da Lei Municipal 080 de 06 marccedilo de 2008 que oferece

regime juriacutedico tributaacuterio simplificado e diferenciado agraves micro e pequenas empresas

no acircmbito municipal alinhando-se agrave LC 12306 Dentre as competecircncias do CGM de

Paranaguaacute estatildeo

Art 2o O tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado agraves

microempresas e empresas de pequeno porte de que trata o art 1o desta

Lei Complementar seraacute gerido pelas instacircncias a seguir especificadas I - Acompanhar a regulamentaccedilatildeo e a implementaccedilatildeo do Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte no Municiacutepio inclusive promovendo medidas de integraccedilatildeo e coordenaccedilatildeo entre os oacutergatildeos puacuteblicos e privados interessados II - orientar e assessorar a formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da poliacutetica municipal de desenvolvimento das microempresas e empresas de pequeno porte III - Acompanhar as deliberaccedilotildees e os estudos desenvolvidos no acircmbito do Foacuterum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte do

CONTROLADORIA GERAL

SECRETARIAS MUNICIPAIS

SALA DO EMPREENDEDOR

ASSOCIACcedilAtildeO COMERCIAL E EMPRESARIAL DE PARANAGUAacute

SITEMA DE CREacuteDITO

SENAIFIEP

INSTITUTO FEDERAL DO PARANAacute

CAcircMARA MUNICIPAL

SINDICATO DOS CONTABILISTAS DE PARANAGUAacute

67

Foacuterum Estadual da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte e do Comitecirc para Gestatildeo da Rede Nacional para a Simplificaccedilatildeo do Registro e da Legalizaccedilatildeo de Empresas e Negoacutecios IV - Sugerir eou promover accedilotildees de apoio ao desenvolvimento da microempresa e da empresa de pequeno porte local ou regional(Paranaguaacute 2008 art 1ordm incisos I II III e IV)

Em Paranaguaacute o CGM atua de maneira articulada envolvendo todos os

atores nas estrateacutegias voltadas ao segmento empresarial e empreendedor local

inclusive com organizaccedilotildees do ―Sistema S como o SEBRAE e o SENAI que atuam

na aacuterea de capacitaccedilatildeo e formaccedilatildeo desses segmentos econocircmicos

As estrateacutegias satildeo colocadas em praacutetica em conformidade com a

capacidade orccedilamentaacuteria disponibilizada para este fim Nesse caso o orccedilamento

descrito no Plano Plurianual do municiacutepio para o ―Programa de Geraccedilatildeo de Emprego

e Renda entre os anos de 2014 a 2017 tem como foco

Apoio aos pequenos e microempreendedores cooperativas e outras formas associativas de produccedilatildeo desburocratizando o processo de criaccedilatildeo de novos empreendimentos Promoccedilatildeo de projetos inovadores Desenvolvimento e integraccedilatildeo de pequenas meacutedias e grandes empresas e induacutestrias estimulando a formaccedilatildeo de cadeias produtivas para induzir o crescimento ordenado e sustentaacutevel (PARANAGUAacute 2013 p 163)

Dentre as accedilotildees estabelecidas no Plano Plurianual 2014-2017 estatildeo a)

capacitaccedilatildeo para o primeiro emprego b) treinamento para os desempregados c)

prestaccedilatildeo de atendimento ao trabalhador

Quanto agrave capacitaccedilatildeo e treinamento perfeitamente compete ao CGM

articular accedilotildees envolvendo entidades do sistema S como o SEBRAE e o SENAI que

possuem competecircncias teacutecnicas para atender a demanda

Assim como Paranaguaacute a Sala do Empreendedor em Pontal do Paranaacute

subordinado diretamente agrave Secretaria Municipal de Desenvolvimento eacute o

departamento mais atuante do CGM no apoio ao MEI tanto pela sua posiccedilatildeo

estrateacutegica em que o agente de desenvolvimento atua diretamente com o MEI

quanto pela articulaccedilatildeo com os outros oacutergatildeos e secretarias municipais

O CGM de Pontal do Paranaacute foi instituiacutedo pelo Decreto municipal 54812015

e dentre os objetivos relatado pelo Secretaacuterio de Desenvolvimento estaacute o de

coordenar os trabalhos de assistecircncia ao microempreendedor em aspectos

relacionados agrave formalizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo a processos licitatoacuterios

68

QUADRO 5 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PONTAL DO PARANAacute PARA ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS ALTERACcedilOtildeES

FONTE Decreto Municipal Pontal do Paranaacute n 5481 de 23 dez 2015

Ainda segundo relatos do Secretaacuterio Municipal no iniacutecio da criaccedilatildeo do

Comitecirc Gestor houve divergecircncias falta de colaboraccedilatildeo e dificuldade no

entendimento da proacutepria Lei Geral e sobretudo das LC 12806 e LC 14714 poreacutem

com o amadurecimento das ideias em torno dos objetivos do CGM e das estrateacutegias

adotadas houve ganho de credibilidade dos oacutergatildeo puacuteblicos

A LC 14714 comenta o secretaacuterio era interpretada de formas diferentes

pelos oacutergatildeos O Corpo de Bombeiros a exemplo era muito resistente em se adaptar

ao disposto no art 4ordm sect 3ordm da referida lei que tratava sobre isenccedilatildeo total para a

abertura de empresa para o microempreendedor individual o que acarretava

divergecircncias na leitura e interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo

Ressalvado o disposto nesta Lei Complementar ficam reduzidos a 0 (zero) todos os custos inclusive preacutevios relativos agrave abertura agrave inscriccedilatildeo ao registro ao funcionamento ao alvaraacute agrave licenccedila ao cadastro agraves alteraccedilotildees e procedimentos de baixa e encerramento e aos demais itens relativos ao Microempreendedor Individual incluindo os valores referentes a taxas a emolumentos e a demais contribuiccedilotildees relativas aos oacutergatildeos de registro de licenciamento sindicais de regulamentaccedilatildeo de anotaccedilatildeo de responsabilidade teacutecnica de vistoria e de fiscalizaccedilatildeo do exerciacutecio de profissotildees regulamentadas (BRASIL 2014 art 4ordm sect3ordm)

A Associaccedilatildeo das Micro e pequenas Empresas do Litoral do Paranaacute

(AMPEC Litoral) relatou das dificuldades quanto agraves licitaccedilotildees e a capacidade dos

―menores em participar do processo Na posiccedilatildeo do entrevistado2 o municiacutepio se

revela em suas palavras ―mau pagador e tem ateacute 90 dias para efetuar o

pagamento23 tornando inviaacutevel para a maioria dos microempreendedores fornecer

ao municiacutepio O argumento eacute de que grande parte dos MEI natildeo possui capital

23

O art 73 sect 3ordm da Lei nordm 8666 de21 jun 1993 estabelece o prazo de noventa dias para que o objeto executado seja pago pela Administraccedilatildeo Puacuteblica contratante

SECRETARIAS MUNICIPAIS

AMPEC - LITORAL

ACIAPAR

ASSOCIACcedilAtildeO DOS ARTESAtildeO

SISTEMA DE CREacuteDITO

CENTRO DE ESTUDOS DO MAR

CONTADORES DE PONTAL DO PARANAacute

69

suficiente e capacidade econocircmica para suportar um prazo tatildeo longo para receber

os serviccedilos prestados

O CGM do municiacutepio de Matinhos apresentou caracteriacutesticas muito

peculiares em relaccedilatildeo aos de Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute Segundo o

entrevistado5 havia muitas divergecircncias dentro do CGM sobretudo quando as

decisotildees tomadas coletivamente natildeo continham energia suficiente para colocaacute-las

em praacutetica

QUADRO 6 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM DE MATINHOS

FONTE Decreto Municipal Matinhos n 441 de 30 jul 2013

Outro ponto que dificultava as tomadas de decisotildees com base na demanda

legal e de aspectos ligados agrave Lei Geral era o fato da pouca compreensatildeo pelos

sujeitos envolvidos nas finalidades e propostas da Poliacutetica Puacuteblica em questatildeo

Sobre este e os problemas da implementaccedilatildeo da Poliacutetica Puacuteblica Lima e Dlsquo Ascenzi

(2013) em suas anaacutelises apresenta alguns pontos importantes

[] em primeiro lugar haacute uma multiplicidade de atores de diferentes tipos de organizaccedilotildees com interesses diversos que satildeo agregados para operar a poliacutetica Tais atores interagem em uma trajetoacuteria de pontos de decisatildeo nos quais suas perspectivas se expressam Em segundo lugar os atores mudam com o passar do tempo Isso faz que a interaccedilatildeo tambeacutem mude pois mudam as perspectivas e a percepccedilatildeo que um ator tem do outro Essa mudanccedila de atores insere pontos de descontinuidade e de necessidade de novas e mais negociaccedilotildees(LIMA Dlsquo ASCENZI 2013 p 103)

322 Salas do Empreendedor e o Agente de Desenvolvimento

A sala do Empreendedor parceria entre os cinco municiacutepios citados do

litoral paranaense e o SEBRAE tem funccedilotildees especiacuteficas tanto no atendimento ao

MEI quanto agraves MPE Os serviccedilos vatildeo desde a desburocratizaccedilatildeo e formalizaccedilatildeo ateacute

a consultoria de gestatildeo e financcedilas que satildeo realizadas gratuitamente pelos Agentes

de Desenvolvimento e por consultores do SEBRAE A ―Sala eacute uma adaptaccedilatildeo do

Secretaria Municipal de Turismo e Desenvolvimento Econocircmico

Secretaria Municipal de Administraccedilatildeo

Secretaria Municipal de Planejamento

Sindicato dos Contabilistas

Federaccedilatildeo do Comeacutercio do Paranaacute - FECOMEacuteRCIO

Associaccedilatildeo Comercial e Empresarial de Matinhos - ACIMA

70

SEBRAE ao Programa Cidade Empreendedora24 e tem como objetivo segundo esta

Instituiccedilatildeo de a) incentivar a legalizaccedilatildeo de negoacutecios informais b) facilitar a

abertura de novas empresas c) regularizar as atividades informais aleacutem de apoiar o

MEI quanto agrave formalizaccedilatildeo e informaccedilotildees necessaacuterias relativas agraves especificidades

da sua atuaccedilatildeo como MEI formalizado Segundo o portal do Municiacutepio de Pontal do

Paranaacute satildeo ofertados os serviccedilos de

a) Atendimento presencial individual

b) Orientaccedilatildeo de controles - Caixa e Vendas

Palestras

c) Orientaccedilatildeo sobre direitos e obrigaccedilotildees

d) Programa Negoacutecio a Negoacutecio

Os Agentes de Desenvolvimento25 satildeo funcionaacuterios dos quadros das

prefeituras que recebem treinamento pelo SEBRAE com vistas a assumirem

responsabilidades co-participativas na implementaccedilatildeo da Lei Geral dentro dos

municiacutepios de atuaccedilatildeo Esses atores da administraccedilatildeo puacuteblica direta podem

constituir elementos estrateacutegicos na dinacircmica das ideias de desenvolvimento local

sobretudo no apoio agrave evoluccedilatildeo e estruturaccedilatildeo das micro e pequenas empresas

futuros empreendedores e empreendedores que jaacute atuam

Esses agentes possibilitam o entendimento na inovaccedilatildeo da administraccedilatildeo

puacuteblica quanto agrave movimentaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo dos recursos humanos inicialmente

em seus quadros de pessoal que atende agraves demandas de transformaccedilotildees ocorridas

nas dimensotildees sociais econocircmicas e poliacuteticas a partir do pressuposto que estas

trecircs dimensotildees estatildeo associadas

1) Social ndash promovida principalmente pela ―revoluccedilatildeo expansatildeo

tecnoloacutegica e pela globalizaccedilatildeo

24

Programa do SEBRAE tem como objetivo ―potencializar a implementaccedilatildeo e institucionalizaccedilatildeo da Lei Geral visando agrave melhoria do ambiente de negoacutecios para o Microempreendedor Individual e para as micro e pequenas empresas contribuindo dessa forma com a geraccedilatildeo de emprego e renda (SEBRAE 2013 p 9) lthttpsitesprsebraecombrleigeralwp-contentuploadssites35201402Termo_referencia_2013-2ultimaversaopdfgtgt 25

Para Albuquerque (1997) o processo de desenvolvimento exige a movimentaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo dos recursos humanos e estes devem ser vistos como peccedilas decisivas e natildeo somente como ferramentas ou objeto de produccedilatildeo mas sim como elementos chaves e atores importantes no desenvolvimento

71

2) Econocircmica ndash pelas contradiccedilotildees econocircmicas do sistema neoliberal que

culminaram com a falecircncia da estrutura de produccedilatildeo fabril abrindo

espaccedilo para o setor terciaacuterio

3) Poliacutetica ndash no Estado Democraacutetico de Direito a participaccedilatildeo mais efetiva

de movimentos sociais nas questotildees puacuteblicas altera aspectos e

mecanismos antigos da poliacutetica sobre maneira na perspectiva do

controle social e no quadro decisoacuterio

Em nossos estudos percebemos que a criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas

favoraacuteveis ao desenvolvimento regional e local assim como o estabelecimento de

convecircnio e parceria com entidades ligadas ao desenvolvimento das capacidades

locais depende de alguns elementos 1) Estrutura municipal 2) A maturidade do

municiacutepio com relaccedilatildeo agraves concepccedilotildees de desenvolvimento local 3) O tema de

desenvolvimento local estar na pauta do municiacutepio (prioridades de gestatildeo) 4)

Definiccedilatildeo de estrateacutegias por conta da administraccedilatildeo de recursos 5) A maturidade do

empresariado local

323 Accedilotildees regulares coordenadas pelos municiacutepios de incentivo ao MEI

Os municiacutepios que estabelecem parcerias com o SEBRAE possuem

algumas accedilotildees planificadas em virtude da proacutepria capacitaccedilatildeo dos agentes puacuteblicos

envolvidas no processo de implementaccedilatildeo das poliacuteticas de desenvolvimento e do

convecircnio que prevecirc essas accedilotildees Muito embora a expansatildeo de accedilotildees que

melhorem o ambiente de fomento fica a criteacuterio dos municiacutepios Abaixo (QUADRO

9) descrevemos algumas accedilotildees adotadas pelas prefeituras na MRGP

QUADRO 7 - ACcedilOtildeES REGULARES DE APOIO AO MEI NA MRGP continua

MUNICIacutePIO ACcedilOtildeES REGULARES

ANTONINA - Habilitaccedilatildeo ao sistema Empresa Faacutecil

GUARAQUECcedilABA - Habilitaccedilatildeo ao sistema Empresa Faacutecil

72

QUADRO 7 - ACcedilOtildeES REGULARES DE APOIO AO MEI NA MRGP conclusatildeo

MUNICIacutePIO ACcedilOtildeES REGULARES

GUARATUBA - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil - A ACIG estaacute estudando para abrir espaccedilo de associaccedilatildeo para o MEI com parcelas de contribuiccedilatildeo reduzida que pode chegar a 50 a menos do valor cobrado

MATINHOS - Atendimento na Sala do Empreendedor pelo agente do SEBRAE na aacuterea de financcedilas planejamento e gestatildeo (uma vez por mecircs) - Feira da Lua organizada pela AMPEC serve de exposiccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de produtos e serviccedilos ofertados pelos MEI aleacutem de orientaccedilatildeo e consultoria oferecida pelo SEBRAE - Semana do Microempreendedor Individual organizado pelo SEBRAE acontece anualmente e tem como propoacutesito consultorias e orientaccedilotildees ao MEI - Palestras do Programa SEI para o MEI ofertadas pelo SEBRAE - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil - Na ACIMA para se associar o MEI contribui com parcelas reduzidas obtendo todos os serviccedilos disponibilizados pela associaccedilatildeo

PARANAGUAacute - Atendimento na Sala do Empreendedor pelo agente do SEBRAE na aacuterea de financcedilas planejamento e gestatildeo (a cada 15 dias) - Feira da Lua serve de exposiccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de produtos e serviccedilos ofertados pelos MEI aleacutem de orientaccedilatildeo e consultoria oferecida pelo SEBRAE - Semana do Microempreendedor Individual organizado pelo SEBRAE acontece anualmente e tem como propoacutesito consultorias e orientaccedilotildees ao MEI - Palestras do Programa SEI para o MEI ofertadas pelo SEBRAE - Cursos de curta duraccedilatildeo oferecidos pelo SEBRAE atraveacutes de consultoria para a capacitaccedilatildeo e creacutedito que satildeo intermediados junto a Sala do Empreendedor - Articulaccedilatildeo da Sala do Empreendedor com Instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas na constituiccedilatildeo de creacutedito como na capacitaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo - Cursos de capacitaccedilatildeo de fornecimento e compra com o objetivo de identificaccedilatildeo de fornecedores dentro do municiacutepio e que sejam aptos a participarem de processos licitatoacuterios - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil - Na ACIAPAR para se associar o MEI contribui com parcelas reduzidas obtendo todos os serviccedilos disponibilizados pela associaccedilatildeo

PONTAL DO PARANAacute - Palestras do Programa SEI para o MEI ofertadas pelo SEBRAE - Atendimento na Sala do Empreendedor pelo agente do SEBRAE na aacuterea de financcedilas e planejamento (uma vez por mecircs) - Palestras para os vendedores ambulantes com o objetivo de orientaccedilatildeo agrave formalizaccedilatildeo - A Feira da Lua que ocorre no balneaacuterio de Sta Terezinha atraveacutes de parceria com a prefeitura o BB o SEBRAE realizam serviccedilos de consultoria gratuitamente - Cursos em parceria entre Prefeitura e ACIAP para vendedores e compradores - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil

FONTE Salas do empreendedor de Matinhos Pontal do Paranaacute Paranaguaacute e Morretes

A planificaccedilatildeo de algumas accedilotildees pelo sistema SEBRAE se traduz por um

lado na pouca experiecircncia municipal em estrateacutegias de desenvolvimento e por

73

outro lado a substituiccedilatildeo dos governos locais que podem alterar determinadas

estrateacutegias poreacutem as adotadas pela parceria entre o municiacutepio e o SEBRAE ficam

imunes agraves mudanccedilas

Ressaltamos que uma das accedilotildees do Estado importante para facilitar a

legalizaccedilatildeo e a expediccedilatildeo de registro de maneira desburocratizada da empresa eacute a

criaccedilatildeo da Rede Nacional para a Simplificaccedilatildeo do Registro e da Legalizaccedilatildeo de

Empresas e Negoacutecios (REDESIM) instituiacuteda pela Lei 1159807 Sublinhamos que a

partir desta lei a interaccedilatildeo entre os oacutergatildeos responsaacuteveis pela legalizaccedilatildeo e pela

expediccedilatildeo do registro de funcionamento ocorre por dados lanccedilados em sistema

unificado entre oacutergatildeos da federaccedilatildeo dos Estados e Municiacutepios A implantaccedilatildeo

dessa Lei no Paranaacute foi efetivada com a criaccedilatildeo do sistema Empresa

Faacutecilintegrando o Governo de Estado do Paranaacute Associaccedilatildeo dos municiacutepios do

Paranaacute Junta Comercial do Paranaacute e SEBRAE

No litoral paranaense como demonstrado pelo site do Empresa Faacutecil a

implantaccedilatildeo e habilitaccedilatildeo dos sete municiacutepios ao sistema operante estaacute completa

Como observado (QUADRO 7) acima veremos que os municiacutepios de

Paranaguaacute Pontal do Paranaacute e Matinhos que possuem parcerias com o SEBRAE

de forma integral constituem vaacuterias accedilotildees planificadas com base na orientaccedilatildeo de

capacitaccedilatildeo institucional proporcionada por essa instituiccedilatildeo e como mencionado

pelo agente do SEBRAE algumas accedilotildees satildeo planificadas mas a sala do

empreendedor de acordo com a administraccedilatildeo local tem flexibilidade para

aumentar os serviccedilos prestados aos MEI e realizar accedilotildees que viabilizem a melhoria

dos serviccedilos prestados

74

4 DIFICULDADES E AVANCcedilOS NO DESENVOLVIMENTO INCLUDENTE DO

MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL NO LITORAL DO PARANAacute

O litoral se constituiu de forma diferenciada no Paranaacute natildeo tendo

incorporado ao modelo de desenvolvimento capitalista adotado por outras regiotildees

conforme descrito anteriormente Uma das caracteriacutesticas importantes que

predomina na regiatildeo eacute a quase nula existecircncia de poliacuteticas de desenvolvimento

voltadas agraves capacidades locais e regionais

Nesse capiacutetulo dentro das concepccedilotildees de desenvolvimento local

analisaremos alguns elementos geradores de desenvolvimento de crescimento e de

sustentabilidade para o MEI na MRGP

41 A CAPACIDADE MUNICIPAL NO LITORAL DO PARANAacute EM MOBILIZAR

MECANISMOS PROPIacuteCIOS AO DESENVOLVIMENTO DO MEI

A participaccedilatildeo municipal como vetor do desenvolvimento local eacute vital para

conduzir accedilotildees e estrateacutegias que objetivem a superaccedilatildeo de obstaacuteculos produzidos

por desequiliacutebrios nas aacutereas social econocircmica e poliacutetica Para isso um municiacutepio

atuante e proativo nas questotildees internas provido de atitudes positivas mediante

planejamento e poliacuteticas puacuteblicas de maximizaccedilatildeo das capacidades locais pode

reverter circunstacircncias muitas vezes de fragilidade do tecido social e empresarial

para a otimizaccedilatildeo das condiccedilotildees que promovam o desenvolvimento das liberdades

humanas (autonomia do indiviacuteduo) (SEN 2000 PEREIRA 2006)

O crescimento populacional e a expansatildeo urbana desordenada a falta de

poliacuteticas puacuteblicas especiacuteficas de desenvolvimento regional e local expocircs um quadro

que coloca em evidecircncia a fragilidade econocircmica e administrativa dos governos

locais no litoral do Paranaacute para enfrentamento de problemas especiacuteficos na

economia do trabalho e na manutenccedilatildeo e extensatildeo de programas de infraestrutura

e ainda a dificuldade de implantaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas includentes que

necessitam de aplicaccedilatildeo significativa de capital

A MRGP em 2004 possuiacutea uma dos maiores PIB per capta do Estado com

a meacutedia acima da estadual constituindo uma das microrregiotildees mais dinacircmicas

segundo Trevisan e Lima (2010) sendo que Paranaguaacute como o grande vetor

75

econocircmico da regiatildeo posto o complexo portuaacuterio e industrial segundo os autores

firmava-se como o 4ordm municiacutepio do Paranaacute com maior PIB per capta No entanto

havia dessemelhanccedilas econocircmicas entre os municiacutepios da regiatildeo em que

Paranaguaacute o municiacutepio mais rico evidenciava disparidades em relaccedilatildeo aos outros

municiacutepios sobretudo Guaraqueccedilaba Matinhos e Morretes agrave eacutepoca os mais

pobres justamente pela sua capacidade de produzir riquezas em funccedilatildeo do porto

de Paranaguaacute

Em 2015 como demonstra o IPARDES Paranaguaacute continua sendo o

principal vetor econocircmico da regiatildeo poreacutem seu PIB per capta ficou abaixo da meacutedia

estadual assim como a sua receita teve decreacutescimo entre os anos 2013 e 2015

(TABELA 8)

Percebemos (GRAacuteFICO 1) que os municiacutepios de Morretes Antonina e

Paranaguaacute tiveram quedas em suas receitas entre os anos de 2014 e 2015 e suas

despesas (GRAacuteFICO 2) no mesmo periacuteodo aumentaram em relaccedilatildeo agraves receitas

destes municiacutepios A identificaccedilatildeo de uma queda de receita desse modo pode

constituir em impacto negativo para investimentos em setores necessaacuterios ao

desenvolvimento visto a baixa capacidade econocircmica municipal

GRAacuteFICO 1- RECEITAS TOTAIS DOS MUNICIacutePIOS

FONTE IPARDES DEEPASK

No caso especiacutefico de Antonina em 2015 o municiacutepio aumentou para 4 a

aliacutequota do ISSQN (ISS) O setor portuaacuterio contraacuterio ao aumento realizou um

depoacutesito judicial do montante dos tributos Tal accedilatildeo juriacutedica representou uma das

000

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

Milh

otildees

(R

$)

2013

2014

2015

76

principais causas diretas na queda de arrecadaccedilatildeo municipal permitindo a reduccedilatildeo

da disposiccedilatildeo do municiacutepio em criar propostas de melhoria das condiccedilotildees

socioeconocircmicas da populaccedilatildeo O fato eacute que o aumento na aliacutequota desse tributo

na expectativa de aumentar as divisas municipais de Antonina poderaacute causar em

curto prazo efeito reverso como indicado pela Secretaria de Infraestrutura e

Logiacutestica do Paranaacute (2014)

Uma lei municipal que entra em vigor a partir de janeiro de 2015 pode tornar a cidade de Antonina menos competitiva para investimentos no setor portuaacuterio Eacute que o municiacutepio aprovou o aumento na cobranccedila da aliacutequota do Imposto Sobre Serviccedilos (ISS) que passaraacute a ser de 4 Isso coloca Antonina como a cidade mais cara entre as principais cidades portuaacuterias do centro-sul do Brasil

Portanto com a queda na capacidade de geraccedilatildeo de riquezas a

inviabilidade de intervir em problemas socioeconocircmicos atraveacutes de poliacuteticas puacuteblicas

e accedilotildees de meacutedio e longo prazos e com o enfraquecimento dos governos locais por

conta na reduccedilatildeo das receitas suas accedilotildees na criaccedilatildeo de condiccedilotildees de

desenvolvimento local ficam limitadas Ainda assim alinhando-se a queda de

receita as despesas municipais em alguns casos ultrapassaram a arrecadaccedilatildeo

agravando ainda mais as contas puacuteblicas e impedindo investimentos em setores

estrateacutegicos para o desenvolvimento

GRAacuteFICO 2- ARRECADCcedilAtildeO E DESPESAS MUNICIPAIS NA MRGP (2015)

FONTE IPARDES DEEPASK

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

Milh

otildees

(R

$)

Arrecadaccedilatildeo2015

Despesas2015

77

O maior desequiliacutebrio das contas puacuteblicas (relaccedilatildeo entre arrecadaccedilatildeo e

despesas) se deu no municiacutepio de Paranaguaacute em que as despesas superaram a

arrecadaccedilatildeo em 49 como observado (GRAacuteFICO 2)

As quedas de receitas refletem em parte o pouco investimento em setores

produtivos tais como o fomento e apoio agraves micro e pequenas empresas que se

constituem segundo o SEBRAE e Sachs (2003) no setor que mais gera empregos

locais e se constitui como fonte de geraccedilatildeo de divisas para os municiacutepios de outro

lado a complexidade em buscar alternativas de substituiccedilatildeo da arrecadaccedilatildeo se

traduz em fator importante

Em Morretes e Antonina no entanto algumas accedilotildees para aumentar a receita

foram colocadas em praacutetica Uma delas eacute o georreferenciamento dos imoacuteveis para o

pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) que satildeo representados

por altas taxas de inadimplecircncia e segundo o entrevistado (6) pode chegar a 50

de devedores

O IPTU como observado nas cidades de Morretes Guaraqueccedilaba Antonina

e Paranaguaacute (GRAacuteFICO3) tem pouca expressividade na arrecadaccedilatildeo tributaacuteria

desses municiacutepios Jaacute nos municiacutepios de Matinhos Guaratuba e Pontal do Paranaacute o

IPTU contribui significativamente na geraccedilatildeo de receita se posicionando acima da

meacutedia nacional que ficou em 2435 em 2014

GRAacuteFICO 3 - IPTU EM RELACcedilAtildeO Agrave ARRECADACcedilAtildeO TRIBUTAacuteRIA DOS MUNICIacutePIOS DA MRGP (2013 ndash 2014) ()

FONTE DEEPASK ndash montagem dos autores lthttpwwwdeepaskcombrgoespage=Imposto---

IPTU-Veja-a-receita-tributaria-no-seu-municipiogt

0

10

20

30

40

50

60

valo

res p

erc

entu

ais

78

No municiacutepio de Morretes o processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria adotado

pela Secretaria de Infraestrutura no nosso entendimento consiste numa estrateacutegia

de desenvolvimento e de receita na medida de geraccedilatildeo de emprego e renda atraveacutes

da construccedilatildeo civil que expande a prestaccedilatildeo de bens e serviccedilos

Tanto o georreferenciamento quanto a regularizaccedilatildeo fundiaacuteriapredial em

Antonina e Morretes satildeo estrateacutegias afirmativas que tem como propoacutesitos a

regularizaccedilatildeo de aacutereas habitacionais residecircncias e lotes com grandes

possibilidades de elevar a receita municipal observado as delimitaccedilotildees de aacutereas

especialmente protegidas como aacutereas de preservaccedilatildeo permanente (APP) Unidades

de Conservaccedilatildeo (UC) Poreacutem cabe ressaltar que a maior funccedilatildeo da regularizaccedilatildeo

fundiaacuteria eacute equacionar problemas resultantes da expansatildeo urbana desordenada (a

favelizaccedilatildeo eacute um dos problemas)

Nesse sentido a regularizaccedilatildeo fundiaacuteria eacute ―um mecanismo apto a trazer para

a legalidade uma situaccedilatildeo fundiaacuteria que possa ser identificada como de interesse

social ou seja que tenha como puacuteblico alvo a populaccedilatildeo de baixa renda

(NASCIMENTO 2013 p 12) Como afirma a autora dessa forma a implementaccedilatildeo

da regularizaccedilatildeo fundiaacuteria torna ―evidente o conteuacutedo social a que o bem serviraacute

(idem p 18)

Em Pontal do Paranaacute como relatou entrevistado3 sobre o fortalecimento

das receitas o municiacutepio atraveacutes do Conselho Gestor adotou para 2017 um selo

de qualidade que seraacute fornecido agrave empresa que se encontrar regularizado com suas

diacutevidas junto agrave prefeitura ―O selo permite que haja retorno para a prefeitura atraveacutes

da contribuiccedilatildeo Eacute uma valorizaccedilatildeo para quem se encontra em situaccedilatildeo regular

(transcriccedilatildeo)

No entanto com pouca variaccedilatildeo para aumentar a receita e com menos

dinheiro em caixa as prefeituras deixam de investir em programas de meacutedio e longo

prazo com propostas no desenvolvimento positivosustentaacutevel e includente de

criaccedilatildeo institucional cultural social e econocircmica Ou seja criaccedilatildeo de um ambiente

favoraacutevel agrave extensatildeo das liberdades e capacidades das pessoas (SEN 2000)26

26

As liberdades na visatildeo do autor satildeo condicionadas pelas circunstacircncias sociais poliacuteticas e econocircmicas as quais denomina de liberdades instrumentais e correspondem 1) liberdades poliacuteticas 2) facilidades econocircmicas 3) oportunidades sociais 4) garantias de transparecircncias 5) seguranccedila protetora (p54)

79

Para esse autor as liberdades satildeo partes constitutivas fundamentais do

enriquecimento do processo de desenvolvimento natildeo satildeo finitas em si mesmas

mas permitem a expansatildeo de outras liberdades sendo que o proacuteprio

desenvolvimento pode ser considerado como a expansatildeo das liberdades humanas

ou como sublinha Pereira (2006) ao se referir agrave ―autonomia baacutesica como um

elemento de precondiccedilatildeo societal a noccedilatildeo de autonomia estaacute ancorada nos

preceitos da ―democracia como recurso capaz de livrar os indiviacuteduos natildeo soacute da

opressatildeo sobre as suas liberdades (de escolha e de accedilatildeo) mas tambeacutem da miseacuteria

e do desamparo (PEREIRA 2006 p 70)

A falta de recursos sinalizou nas entrevistas com os agentes de

desenvolvimentos de Morretes Matinhos e Paranaguaacute a pouca flexibilidade dos

municiacutepios em estruturar suas agendas de programas de desenvolvimento local

restando o atendimento de formalizaccedilatildeo e serviccedilos baacutesicos aos

Microempreendedores tais como alteraccedilatildeo de dados alvaraacute baixa da inscriccedilatildeo e

Documento de Arrecadaccedilatildeo Simplificada (DAS) Essas accedilotildees de apoio efetivo agrave

categoria se por um lado representam o auxiacutelio prestado ao MEI por outro

constituem um fim em si mesmas pois desempenham funccedilotildees meramente

burocraacuteticas natildeo menos importantes mas poderiam ser desenvolvidas dentro de

um plano estrateacutegico que coadunassem simultaneamente outras accedilotildees previstas

nos dispositivos da LC 12808 sobre os instrumentos de apoio e poliacuteticas que

assegurem o desenvolvimento e a sustentabilidade dos MEI Dentro dessa anaacutelise

por um lado o ―fluxo contiacutenuo de criaccedilatildeo de novos empreendimentos que em sua

esmagadora maioria satildeo de pequeno porte (SACHS 2003 p 111) de outro lado

como demonstra o autor as MPE submetidas ao livre mercado aumentam os

nuacutemeros estatiacutesticos sobre a mortalidade das empresas posto as diferentes

condiccedilotildees de produccedilatildeo e competitividade no mercado aberto que produz um

―processo de seleccedilatildeo que pode ser qualificado de ―darwinismo social (idem p 111)

Em Morretes no final do ano de 2016 o desempenho da sala do

empreendedor estava muito limitado ou quase nulo como comentou o

entrevistado6 Aleacutem da estrutura reduzida em comparaccedilatildeo agraves cidades que

dispunham do programa em Morretes natildeo haviam atividades relacionadas ao

fomento das empresas locais nem tatildeo pouco a procura aos serviccedilos pelos MEI ou

potenciais empreendedores Poreacutem em 2015 como observou o entrevistado6 ―a

partir da adequaccedilatildeo da 147 (LC 14714) o carimbo da vigilacircncia sanitaacuteria deu

80

valoraccedilatildeo para o produto Alguns produtores padronizaram o roacutetulo e as empresas

Essas medidas favorecem o atendimento ao turismo (transcriccedilatildeo)

Em Paranaguaacute segundo o entrevistado7 as atividades da sala do

empreendedor estavam muito reduzidas e fixavam-se apenas no processo de

formalizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo nas duacutevidas que surgiam natildeo sendo possiacutevel desenvolver

accedilotildees muito extensas fora da sala27 Poreacutem atraveacutes do Programa Compras Paranaacute

o municiacutepio ofereceu cursos de capacitaccedilatildeo dos funcionaacuterios para compras em

oacutergatildeo puacuteblicos assim como capacitaccedilatildeo de alguns fornecedores em licitaccedilotildees O

objetivo dessa accedilatildeo era ―identificar novos fornecedores dentro do municiacutepio

fortalecendo o mercado interno gerando divisas emprego e renda (entrvistado7-

transcriccedilatildeo)

Em Morretes o entrevistado municipal o entrvistado6 nos disse ―natildeo haacute

procura por licitaccedilotildees (pelos MEI) E as empresas locais dificilmente procuram a

licitaccedilatildeo (transcriccedilatildeo) Assim a falta de poliacuteticas de desenvolvimento local e da

categoria poderaacute contribuir no afastamento de propostas significativas de inclusatildeo

social do MEI na MRGP frisados na LC 12808

Constatamos que a falta de recursos constitui um dos elementos importantes

que inviabilizam a implantaccedilatildeo integral contiacutenua e sustentaacutevel das LC 12306

LC12808 e LC 14714 ndash conjunto de leis que normatizam as MPE e

Microempreendedores individuais - bem como em poliacuteticas de geraccedilatildeo de emprego

e renda e mesmo em outras aacutereas de sustentaccedilatildeo de poliacuteticas sociais pois

segundo Sachs (2003) as poliacuteticas econocircmicas e sociais satildeo indissociaacuteveis

complementares e dependentes de investimentos

Embora outros motivos tais como o amadurecimento da gestatildeo municipal agrave

concepccedilatildeo de desenvolvimento local incluindo categorias especiacuteficas de produccedilatildeo e

inclusatildeo como eacute o caso dos MEI conferimos agrave baixa capacidade econocircmica do

poder puacuteblico local uma das principais dificuldades em produzir mecanismos de

enfrentamento agrave vulnerabilidade dos trabalhadores locais muitas vezes com pouca

ou sem qualificaccedilatildeo para o mercado de trabalho

Deduzimos atraveacutes de nossas pesquisas que a falta de comunicaccedilatildeo

informaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo nas propostas da sala do empreendedor assim como em

27

No plano Plurianual 20142017 de Paranaguaacute estaacute previsto o investimento de R$ 10000000 para o apoio aos MEI desenvolvimento das micro pequenas e grandes empresas e induacutestrias no estiacutemulo para desenvolver uma cadeia produtiva local de forma sustentaacutevel

81

processos de licitaccedilatildeo28 exclui grande parte dos MEI ao Acesso em de serviccedilos

baacutesicos estabelecidos em lei e possibilidades de relaccedilotildees comerciais com o

municiacutepio posto o desconhecimento das recomendaccedilotildees por parte dos MEI

estabelecidas na Lei Geral (LC 12308) a qual prescreve normas diferenciadas de

promoccedilatildeo de desenvolvimento desse segmento de trabalhadoresempreendedores

individuais

O municiacutepio empoderado atraveacutes de uma ambiente institucional e de um

aporte estrutural constituiacutedo aumenta as possibilidades de eficiecircncia na intervenccedilatildeo

em problemas locais O empoderamento dos municiacutepios nesse sentido eacute central no

processo de desenvolvimento tanto de categorias especiacuteficas quanto de categorias

marginalizadas pela ausecircncia do poder puacuteblico Eacute dessa forma que ―ao analisar

experiecircncias de desenvolvimento localregional vecirc-se forccedilada a noccedilatildeo de que a

presenccedila do Estado eacute fundamental (BARBOSA et al in POCHMANN 2004 p 275)

sendo ele o principal articulador e protagonista de poliacuteticas de desenvolvimento e

inclusatildeo social

411 A gestatildeo puacuteblica municipal no litoral paranaense e a destinaccedilatildeo da receita

Ao examinara literatura sobre o uso do dinheiro puacuteblico no litoral do Paranaacute

que no nosso entendimento tem a possibilidade de ser alocado prioritariamente em

instrumentos geradores de desenvolvimento para as pessoas das pessoas e pelas

pessoas (SACHS 2003) percebemos muitas vezes recursos jaacute reduzidos sendo

direcionados a atender minorias com respaldo poliacutetico econocircmico e social

Como analisa Monteiro (2013a) boa parte das receitas de Guaratuba e

Matinhos estatildeo sendo direcionadas agrave especulaccedilatildeo imobiliaacuteria com projetos de

infraestruturas (pavimentaccedilatildeo rede de esgoto etc) que beneficiam as elites locais

Estas elites satildeo na visatildeo de Frey (2000) amparadas por ―instituiccedilotildees de

intermediaccedilatildeo ndash patronagem poliacutetica clientelismo nepotismo fisiologismo e a

corrupccedilatildeo ndash [] (p 104) que constituem praacuteticas relacionais entre o poder central

local e oligarquias locais contribuindo para a ampliaccedilatildeo das desigualdades sociais

visto a apropriaccedilatildeo dos benefiacutecios por parte dessas elites

28

Conforme obrigatoriedade legal as licitaccedilotildees satildeo publicadas no site da prefeitura Tribunal de Contas e Diaacuterio oficial

82

Segundo Monteiro (2013a) em Caiobaacute balneaacuterio eletizado de Matinhos

com forte presenccedila de residecircncias de alto padratildeo e ainda com propostas a proacute-

verticalizaccedilatildeo a pavimentaccedilatildeo chega a 94 853 de calccediladas e 686 de

bueiros Enquanto em bairros como o Tabuleiro haacute 254 de ruas pavimentadas

164 de calcadas e 285 de bueiros denotando dessa forma os desniacuteveis de

emprego da receita para a manutenccedilatildeo das iniquidades entre as classes sociais

Jaacute em Guaratuba como salienta Monteiro (2013b)

[] veremos que boa parte da receita puacuteblica alimenta a especulaccedilatildeo imobiliaacuteria atraveacutes de obras de infraestrutura que beneficiam sobremaneira glebas vazias lotes baldios em suma propriedades que natildeo estatildeo cumprindo a funccedilatildeo social (MONTEIRO 2013a p 1)

Compreendemos dessa maneira que o espaccedilo constituiacutedo por relaccedilotildees de

poder pode representar o exerciacutecio de poder considerando algumas variaacuteveis

Como acentua Silva (2008) o poder local deve ser compreendido como exerciacutecio

das dimensotildees poliacutetica econocircmica social simboacutelica e cultural

A criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento local que promovam a

expansatildeo das liberdades humanas eacute indispensaacutevel a vontade poliacutetica o

amadurecimento agraves perspectivas de desenvolvimento pelos gestores municipais e

pelo empresariado local os recursos satisfatoacuterios nesse sentido o empoderamento

do municiacutepio eacute fundamental para o financiamento das poliacuteticas de desenvolvimento

a mediaccedilatildeo entre as relaccedilotildees de poder um aporte institucional capaz reduzir as

disparidades de classe e o planejamento e accedilatildeo sendo que o planejamento pode

ser revisado e modificado a julgar que toda accedilatildeo provoca modificaccedilotildees

Dentro dessa perspectiva foram analisados por Horochovski Junckes e

Muraro (2011) em trabalho realizado sobre um Programa de Desenvolvimento

Sustentaacutevel em Matinhos promovido pelo Banco do Brasil a participaccedilatildeo e o

planejamento pelos atores envolvidos Para esses autores os ―componentes

estruturais do modo de produccedilatildeo vigente apatia poliacutetica deacuteficits informacionais e a

persistecircncia de assimetrias e padrotildees autoritaacuterios e clienteliacutesticos [] (p 51)

constituem entre outros barreiras no processo democraacutetico e participativo

(HOROCHOVSKI JUNCKES MURARO 2011)

Ao discorrer sobre aspectos para o desenvolvimento local e o custeio

puacuteblico SEN (2000) afirma que natildeo se pode esperar um governo enriquecer para

83

investir em serviccedilos de base como a educaccedilatildeo e a sauacutede que na visatildeo do autor

satildeo elementos geradores de desenvolvimento posto que

A viabilidade desse processo conduzido pelo custeio puacuteblico depende do fato de que os serviccedilos sociais relevantes (como os serviccedilos de sauacutede e educaccedilatildeo) satildeo altamente trabalho-intensivos e portanto relativamente barato nas economias pobres ndash onde os salaacuterios satildeo baixos (SEN 2000 p 65)

Para esse autor se devem ponderar preccedilos e custos como paracircmetros de

quanto pode ou natildeo pode o governo gastar Adverte ele ainda que o processo

mediado pelo crescimento econocircmico acarreta em muitas vantagens tanto pelas

condiccedilotildees de investimentos quanto por provisotildees em setores essenciais como

educaccedilatildeo e sauacutede baacutesica

Dessa maneira reiteramos dentro da perspectiva de nossas anaacutelises a

necessidade do empoderamento municipal pois o Estado se consolida como o

principal condutor de processos de desenvolvimento Nessa direccedilatildeo entendemos

que o crescimento econocircmico eacute importante para o desenvolvimento (SACHS 2003

SEN 2000 FURTADO 2008) Natildeo como um fim em si mesmo mas um elemento

estrutural de outros coeficientes (aporte institucional poliacuteticas puacuteblicas nas aacutereas da

sauacutede e educaccedilatildeo e estrateacutegias macro e microeconocircmicas locais para o

desenvolvimento sustentaacutevel) que se materializem em equipamentos propiacutecios agrave

extensatildeo das ―liberdades humanas (SEN 2000)

42 UMA SIacuteNTESE COMPARATIVA ENTRE AS FORMALIZACcedilOtildeES E AS BAIXAS29

DO MEI NA MRGP

No desenvolvimento local conduzido em especial pelo ―custeio puacuteblico

(SEN 2000) atraveacutes dos governos subnacionais de inferecircncia nas aacutereas da

educaccedilatildeo sauacutede e economia o peso de interferecircncia do processo econocircmico pode

revelar-se como um dos imperativos entre o sucesso ou fracasso das estrateacutegias

adotadas

A conduccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e estrateacutegias setorizadas de apoio agrave

categoria do MEI satildeo definidas com base orccedilamentaacuteria e disponibilidade de recursos

29

Encerramento da inscriccedilatildeo do Cadastro de Pessoa Juriacutedica (fechamento legal da empresa)

84

apropriados para a realizaccedilatildeo Identificamos dentro das estrateacutegias municipais as

salas do empreendedor que fornecem orientaccedilotildees e auxiacutelio na formalizaccedilatildeo de

empresas e empreendedores individuais (EI) que se encontram na informalidade

No graacutefico 4 abaixo observamos o nuacutemero de atendimentos realizados

pelos agentes de desenvolvimento nas salas do empreendedor nos municiacutepios da

MRGP

GRAacuteFICO 4 - NUacuteMERO DE ATENDIMENTOS REALIZADOS NAS SALAS DO

EMPREENDEDOR NA MRGP (2015 ndash 2016)

FONTE Salas do empreendedor de Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute

Percebemos o aumento significativo de atendimentos realizados pela ―sala

entre os anos 2015 e 2016 (GRAFICO 4) em Pontal do Paranaacute e Paranaguaacute

Segundo informaccedilotildees do entrevistado7 em Paranaguaacute a aumento nos atendimentos

eacute proporcional agrave elevaccedilatildeo das formalizaccedilotildees e abaixo (GRAacuteFICO 5) verificamos as

formalizaccedilotildees realizadas nas salas do empreendedor na MRGP

GRAacuteFICO 5 - NUacuteMERO DE FORMALIZACcedilOtildeES REALIZADAS NAS SALAS DO EMPREENDEDOR NA MRGP

FONTE Salas do empreendedor de Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

Paranaguaacute Pontal doParanaacute

Morretes Matinhos

0

50

100

150

200

250

300

350

Morretes Paranaguaacute Pontal do Paranaacute

ano 2015

ano 2016

85

Observamos acima (GRAacuteFICO 5) a reduccedilatildeo de 475 nas formalizaccedilotildees

realizadas pela sala do empreendedor em Pontal do Paranaacute no ano de 2016 em

relaccedilatildeo a 2015 Paranaguaacute ao contraacuterio apresentou percentual positivo de 1133

nas formalizaccedilotildees efetivadas junto agrave sala do empreendedor entre os anos 2015 e

2016

De maneira um tanto preocupante em Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute

(GRAacuteFICO 6) constatamos o aumento significativo nas operaccedilotildees de baixa de

inscriccedilatildeo do MEI realizadas pela sala do empreendedor entre os anos de 2015 e

2016 Pontal do Paranaacute apresentou acreacutescimo de 2217 nas baixas de inscriccedilatildeo do

MEI enquanto Paranaguaacute indicou o avanccedilo de 1594 nas baixas da categoria Em

Matinhos natildeo houve retorno no pedido dos dados em Morretes natildeo haacute baixas

registradas na sala do empreendedor em Guaraqueccedilaba natildeo conseguimos contato

com o agente de desenvolvimento

GRAacuteFICO 6 - NUacuteMERO DE BAIXAS DE INCRICcedilAtildeO DO MEI REALIZADAS NAS SAAS DO EMPREENDEDOR NA MRGP

30

FONTE Salas do empreendedor de Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute

Ao estabelecermos comparaccedilatildeo entre os graacuteficos (5 e 6) percebemos que

a) No ano de 2015 o nuacutemero de baixas de inscriccedilotildees do MEI registrados na

sala do empreendedor em Paranaguaacute correspondeu a 274 das

30

Em Guaraqueccedilaba natildeo conseguimos contato com o agente de desenvolvimento em Matinhos natildeo houve retorno no pedido dos dados em Morretes natildeo houve baixas registradas nas salas do empreendedor

0

20

40

60

80

100

120

ano 2015

ano 2016

86

formalizaccedilotildees naquele ano No ano de 2016 o nuacutemero de baixas (MEI)

em Paranaguaacute em relaccedilatildeo agrave formalizaccedilatildeo correspondeu a 333

Portanto uma elevaccedilatildeo de 59 nas baixas do MEI entre os anos de

2015 e 2016

b) Em Pontal do Paranaacute as baixas do MEI registradas pela sala do

empreendedor em relaccedilatildeo agraves formalizaccedilotildees corresponderam a 116

em 2015 Em 2016 a variaccedilatildeo das baixas na inscriccedilatildeo do MEI em relaccedilatildeo

agraves formalizaccedilotildees atingiu o percentual de 7115 o que corresponde a um

aumento acentuado de 5955 nas baixas de inscriccedilotildees do MEI entre

2015 e 2016

Ao inclinar nossos olhares para os resultados dos graacuteficos (5e 6) veremos

expressiva diferenccedila na sustentabilidade do MEI entre os municiacutepios de Pontal do

Paranaacute e Paranaguaacute Isso nos remete a uma questatildeo como explicar o significativo

nuacutemero de baixas na inscriccedilatildeo do MEI em Pontal do Paranaacute em relaccedilatildeo agrave

Paranaguaacute resultando em dados estatiacutesticos tatildeo diacutespares na sustentabilidade dos

MEI jaacute que os dois municiacutepios possuem em sua maioria dentre algumas accedilotildees

isoladas estrateacutegias planificadas pelo SEBRAE

A resposta a essa questatildeo segundo o entrevistado3 estaacute na sazonalidade

pelo qual estatildeo sujeitos os municiacutepios balneaacuterios da MRGP ndash Matinhos Pontal do

Paranaacute e Guaratuba Esta anaacutelise estaacute sustentada igualmente por Sulzbac

Denardin e Felisbino (2012)

O fato destes enfrentarem a problemaacutetica da sazonalidade de visitaccedilotildees em virtude do lazer de sol e mar define-se a hipoacutetese de que a sazonalidade recorrente da principal atividade econocircmica resulta em instabilidades financeiras tanto as instituiccedilotildees locais como para a proacutepria populaccedilatildeo promovendo adequaccedilotildees dos empreendimentos especialmente no que se refere aos viacutenculos de trabalho Em consequecircncia os empreendimentos formais natildeo encontram suporte financeiro para sua manutenccedilatildeo resultando na criaccedilatildeo de empreendimentos informais que satildeo caracteriacutesticos destes locais (p 109-110)

Na temporada de praia conforme relato do entrevistado3 muitos MEI

transferiram-se ou se formalizam em Pontal do Paranaacute com vistas agrave fiscalizaccedilatildeo

intensa nesse periacuteodo Ao fim do veratildeo muitos vatildeo embora para suas cidades e

datildeo baixas das empresas Outros ―natildeo conseguem sequer pagar o boleto DAS no

final do mecircs (transcriccedilatildeo) com isso acabam por encerrar a microempresa e

87

―sobrevivendo com o que conseguiram juntar no veratildeo (transcriccedilatildeo) concorrendo

para o nuacutemero expressivo de baixas em janeiro e fevereiro de cada ano

Monteiro (2013b) acentua sobre a sazonalidade nos municiacutepios da

plataforma no Paranaacute e a variaccedilatildeo populacional decorrente do veratildeo e de alguns

feriados Para esse fato ele denomina de ―As meias cidades do litoral paranaense

(p 5)

[] as cidades do litoral transformam-se acentuadamente literalmente da noite para o dia quando chegam as pessoas para as festas de fim de ano e feacuterias de veratildeo Boa parte dos domiciacutelios vagos satildeo ocupados muitos com concentraccedilatildeo de mais de 4 pessoas por cocircmodo (MONTEIRO 2013b p 5)

A sazonalidade eacute um imperativo importante na observaccedilatildeo das baixas dos

MEI apoacutes a temporada de veratildeo Por outro lado destacamos uma variaacutevel

dependente que eacute a formaccedilatildeo da dinacircmica do mercado local em participar e

introduzir certa sustentabilidade das empresas atraveacutes de variaacuteveis como a da oferta

de trabalho aumento de consumo cooperaccedilatildeo entre as empresas locais entre

outras

Dessa maneira as empresas inclusas em um sistema de mercado

fortalecido onde a capacidade de gerar riqueza seja mais sustentaacutevel tecircm mais

possibilidades de prosperar e manter suas atividades Portanto um mercado ativo

comumente tem respaldo do poder puacuteblico local e as micro e pequenas empresas

que surgem em meio a essa dinacircmica requerem estrateacutegias definidas com vistas a

competirem no mercado aberto

Podemos discorrer na perspectiva de Sachs (2003) e Sen (2000) que aleacutem

de fomentar a formalizaccedilatildeo de micro pequenos e meacutedios empreendimentos dado a

―cobertura social para os trabalhadores (SACHS 2003 p113) ndash na visatildeo desse

autor a principal vantagem ndash eacute necessaacuterio expandir formas de adequaccedilatildeo agrave

sustentabilidade dessas empresas uma vez que lanccediladas no mercado aberto satildeo

incapazes de competir com empresas maiores e ampliar sua estrutura

A mortalidade nessa competiccedilatildeo em condiccedilotildees de inferioridade eacute elevada para os micro e pequenos empreendimentos Nuacutemeros do SEBRAE apontam para taxas de 32 de fechamento em menos de um ano 44 em menos de dois anos 56 em menos de trecircs 66em menos de quatro e 71 em menos de cinco (SACHS 2003 p 35)

Como analisa Sachs (2003) os pequenos e meacutedios empreendimentos natildeo

tecircm como sobreviver no mercado aberto dado a baixa capacidade de produzir em

88

condiccedilotildees desiguais No questionaacuterio aplicado ao MEI veremos algumas barreiras

que acentuam essas desigualdades

43 O MEI POR ELE MESMO AS LUTAS E DESAFIOS ATRAVEacuteS DO TRABALHO

O questionaacuterio31 elaborado para o MEI e aplicado nos municiacutepios de

Matinhos Guaratuba Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute foi um instrumento que

permitiu ilustrar uma realidade da categoria MEI frente aos desafios enfrentados no

decorrer da sua formalizaccedilatildeo na mesma medida em que possibilitou compreender

um pouco a realidade concreta desses trabalhadores exposta pelas suas opiniotildees

suas respostas objetivas e por vezes subjetivas Ou seja uma fonte de

―informaccedilotildees vivas (RAYNAUT C et al 2002)

No mesmo sentido a anaacutelise dos dados tornou-se importante posto que

buscamos compreender a aproximaccedilatildeo entre alguns mecanismos de apoio ao MEI

descritos na Lei Geral (12308) e o Acesso em a esses mecanismos pelo puacuteblico

alvo

O questionaacuterio procurou coletar dados dos microemprendedores individuais

segundo atividade econocircmica tempo de atuaccedilatildeo no mercado formalizado renda

bruta participaccedilatildeo em compras puacuteblicas local da atividade econocircmica quanto agrave

capacitaccedilatildeo e consultoria entre outros

O questionaacuterio foi aplicado a trinta microemreendedores individuais

Natildeo houve classificaccedilatildeo especiacutefica para a escolha dos entrevistados na

aplicaccedilatildeo do questionaacuterio O que se propocircs a fazer foi deslocar ateacute o local de

trabalho do MEI e aplicar o questionaacuterio em meio agraves suas atividades Esta teacutecnica

possibilitou observar a estrutura do estabelecimento e dialogarmos diretamente com

o microempreendedor individual sobre suas dificuldades e avanccedilos apoacutes a

formalizaccedilatildeo Alguns MEI foram pouco receptivos a participar do questionaacuterio mas a

maioria se sentiu muito a vontade em responder as perguntas

431 Atividades econocircmicas desenvolvidas pelos MEI entrevistados no Litoral

do Paranaacute

31

O formulaacuterio aplicado ao MEI encontra-se nos anexos dessa dissertaccedilatildeo

89

Veremos abaixo (GRAacuteFICO 7) que a maior parte dos MEI respondentes

(n=24) estaacute alocada nos setores de serviccedilos e comeacutercio Doze (n=12) exercem suas

atividades no setor de prestaccedilatildeo de serviccedilos (informaacutetica conserto de bicicleta

eletrocircnica cabeleireira sapateiro) e doze (n=12) pertencem ao comeacutercio (papelaria

armarinho produtos de limpeza pet shop loja de roupas comeacutercio de artigos de

praia entre outros) Dos respondentes trecircs (n=3) exercem suas atividades na aacuterea

da cultura

GRAacuteFICO 7 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30) POR ATIVIDADE ECONOcircMICA ()

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Na observaccedilatildeo dos dados percebemos a maior concentraccedilatildeo da atividade

econocircmicano setor terciaacuterio Esta anaacutelise jaacute foi descrita por Superville e Quintildeones

(2000) Barbosa (2007) no qual concluiacuteram que o trabalhador fabril foi deslocado

para este setor passando ser um trabalhador de serviccedilos

Os empreendedores na perspectiva de Nassif et al (2014) apresentam

uma variaccedilatildeo de caracteriacutesticas como a criatividade flexibilidade autonomia e ideias

para inovar Poreacutem tal como notamos anteriormente as oportunidades de produzir

bens e serviccedilos satildeo frequentemente diferentes tanto pela capacidade de

investimento em tecnologia e informaccedilatildeo tanto pela expectativa de uma formaccedilatildeo

bruta de capital Ao analisarmos a capacidade estrutural dos MEI (condiccedilotildees

econocircmicas e de compreensatildeo de mercado) percebemos o distanciamento

(desconhecimento) dos instrumentos geradores de seu desenvolvimento previstos

em lei Os instrumentos descritos na Lei Geral (12306) podem facilitar e auxiliar na

Comeacutercio reparaccedilatildeo deveiacutec automotores emotocicleta

Outras atividades eserviccedilos

educaccedilatildeo

cultura

construccedilatildeo

natildeo respondeu

90

melhoria dos negoacutecios e desencadear um processo de desenvolvimento Na

percepccedilatildeo de Pochmann ( 2004) Sen (2000) Sachs (2003) o desenvolvimento eacute

associado simultaneamente ao crescimento econocircmico com o fortalecimento da

capacidade de produccedilatildeoacumulaccedilatildeo e pela ampliaccedilatildeo das liberdades substantivas

432 Tempo de formalizaccedilatildeo e os MEI no Litoral do Paranaacute

No graacutefico abaixo (GRAacuteFICO 8) percebemos a quantidade de anos

formalizados dos MEI respondentes

GRAacuteFICO 8 - ANOS DE FORMALIZACcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30)

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Observamos que dos respondentes 09 (nove) estatildeo formalizados haacute um

ano o que configura como a maioria dos microemperendedores formalizados

Percebemos uma reduccedilatildeo no nuacutemero de empreendimentos entre cinco e onze anos

de funcionamento

No primeiro ano de funcionamento conforme os dados acima (GRAacuteFICO 8)

dos microempreendimentos seis (n=6) desenvolvem suas atividades no comeacutercio e

dois(n=2) suas atividades estatildeo relacionadas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos

Sachs (2003) ao analisar dados do SEBRAE nos diz que em menos de cinco

anos 71 das micro e pequenas empresas fecham as portas o que demonstra em

sua perspectiva e de Sen (2000) aleacutem da fragilidade dessa categoria existe a falta

de instrumentalizaccedilatildeo e praacuteticas dos mecanismos existentes para manter os

microempreendedores na formalidade e provocar a ruptura desse quadro

0

5

10

15

20

25

30

ateacute 1ano

ateacute 2anos

ateacute 3anos

ateacute 4anos

ateacute 5 ateacute 6anos

ateacute 8anos

ateacute 11anos

()

anos de formalizaccedilatildeo

91

O aumento ou a diminuiccedilatildeo gradual das formalizaccedilotildees de micro e pequenos

empreendimentos na MRGP assim como o fortalecimento desses empreendedores

pode representar indicativos do respaldo dado pelas estrateacutegias e accedilotildees colocadas

em praacutetica com base na Poliacutetica Puacuteblica de formalizaccedilatildeo observando que

O principal objetivo das poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave consolidaccedilatildeo das MPE deve estar em assisti-las no desenvolvimento de uma competitividade genuiacutena que lhes permita aumentar gradualmente os salaacuterios estar em dia com os encargos sociais e impostos superar o imediatismo e adquirir uma perspectiva de longo prazo na gestatildeo do negoacutecio e na previsatildeo de investimentos (SACHS 2003 p 35)

Desse modo as estrateacutegias devem superar as circunstacircncias especiacuteficas de

processos burocraacuteticos ligados agrave formalizaccedilatildeo e sim expandir suas accedilotildees de

maneira que as MPE possam adquirir autonomia sustentaacutevel e desempenhar um

papel relevante na economia local

Observamos que Sachs (2003) alertava para as principais dificuldades

encontradas no desenvolvimento das MPE ―Acesso em ao creacutedito ao mercado agrave

miacutedia ao poder puacuteblico agrave classe poliacutetica e especialmente agrave tecnologia e ao

conhecimento [] (idem p 113) A falta de Acesso em a esses instrumentos

importantes restringe a capacidade de ampliaccedilatildeo da unidade de produccedilatildeo

(tecnologia de gestatildeo lucratividade rentabilidade) quanto ao de arranjos produtivos

locais

Para Albuquerque e Zapata (2010 p 2016) ―a introduccedilatildeo de inovaccedilotildees

tecnoloacutegicas e o fomento da capacidade empresarial e organizativa nos diferentes

acircmbitos territoriais satildeo variaacuteveis estrateacutegicas da poliacutetica de desenvolvimento e

podem possibilitar a reversatildeo ou minimizar as assimetrias do mercado resultantes

da competitividade desigual

434 Compras puacuteblicas e o apoio aos MEI na MRGP

Ao analisar o graacutefico baixo (GRAacuteFICO 9) observamos que vinte e trecircs

(n=23) dos respondentes disseram natildeo ter ou natildeo tiveram relaccedilotildees comerciais com

o municiacutepio Certamente que boa parte dos entrevistados natildeo possui caracteriacutesticas

comerciais para fornecer ao poder puacuteblico no entanto alguns setores dentre os

quais educaccedilatildeo eletrocircnica informaacutetica incluso nos tracircmites legais podem fornecer

92

serviccedilos para o municiacutepio No setor de comeacutercio papelarias e loja de materiais de

limpeza tecircm a possibilidade de fornecimento na compra direta dispensada de

licitaccedilatildeo descrita nos art 23 e 24 da Lei 86661993 Da mesma forma no setor de

serviccedilos observado as normas juriacutedicas

GRAacuteFICO 9 - RELACcedilOtildeES COMERCIAIS DOS MEI COM O MUNICIacutePIO NA MRGP (N=30)

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Nas licitaccedilotildees muitos respondentes (n=23) disseram natildeo manter relaccedilotildees

comerciais com o poder puacuteblico e desconhecem o funcionamento para participar do

processo O que denota a pouca extensatildeo de estrateacutegias como o Programa

―Compras Paranaacute Esse programa tem como foco otimizar o processo de licitaccedilatildeo

para empresas locais Propicia no mesmo sentido a capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios

puacuteblicos nesse processo e a capacitaccedilatildeo de fornecedores que desejam participar de

licitaccedilotildees

Para tanto na compra puacuteblica eacute indispensaacutevel a orientaccedilatildeo em licitaccedilotildees que

possam ser direcionadas agraves micro e pequenas empresas locais da regiatildeo Mas para

isso o setor puacuteblico tem que estar bem preparado assim como o empresariado local

para estabelecer a conexatildeo Segundo o entrevistado4 esta eacute uma condiccedilatildeo iacutempar no

sentido do desenvolvimento empresarial localizado

Ressaltamos que as compras puacuteblicas ou contrataccedilotildees puacuteblicas podem

conduzir e inserir os micro e pequenos empreendimentos no mercado uma vez que

a esfera puacuteblica constitui um mercado estaacutevel de relaccedilotildees comerciais quase sempre

sim

natildeo

natildeo respondeu

93

em ampliaccedilatildeo O capiacutetulo V da LC 12306 alterado pela 14714 descreve sobre os

criteacuterios a serem adotados em favorecimento agraves MPE quanto ao Acesso em ao

mercado destacando as compras e contrataccedilotildees puacuteblicas e sobre o processo de

licitaccedilatildeo

Segundo o SEBRAE 76 das MPE de Paranaguaacute natildeo participaram em

processos de compras puacuteblicas entre os anos de 2011-2014 Dessas empresas

55 desconhecem as oportunidades para comercializar com governoempresas

estatais Nesse sentido a pouca eou dificultosa informaccedilatildeo fornecida para o MEI

quanto aos serviccedilos disponibilizados pelo municiacutepio e sobre os instrumentos de

regulamentaccedilatildeo e direitos a Acesso ems facilitados dispostos na Lei Geral (12306)

poderia ser revertida pela divulgaccedilatildeo nos veiacuteculos de comunicaccedilatildeo locais - jornais

circulantes nos municiacutepios raacutedios comunitaacuterias por exemplo aleacutem dos oficiais ndash

relativo aos direitos e obrigaccedilotildees do MEI incorporado agrave sua formalizaccedilatildeo com o

propoacutesito de inseri-lo no mercado (trabalho) sua expansatildeo e sustentabilidade

Em Pontal do Paranaacute o secretaacuterio de desenvolvimento afirma que o

municiacutepio estaacute se empenhando para que as empresas locais inclusive o MEI

participem das licitaccedilotildees Para isso segundo ele a prefeitura se adequou a LC

14714 no sentido de que uma licitaccedilatildeo de determinado valor seja dividida para

facilitar o Acesso em dos microempreendedores observando igualmente a

possibilidade de pagamento de 10 a mais do valor miacutenimo para o MEI Essas satildeo

adequaccedilotildees importantes adotadas por Pontal do Paranaacute atraveacutes do Concelho

Gestor Municipal (CGM) Comenta o E8 sobre o CGM

Uniu mais a populaccedilatildeo agrave prefeitura uniu mais o microempreendedor a vender para a prefeitura Natildeo tinha ningueacutem vendendo pocirc Natildeo tinha ningueacutem fornecendo pra prefeitura Hoje noacutes temos o pequeno e microempresaacuterio fornecendo pra prefeitura Uniu os benefiacutecios e os trouxe pra prefeitura e pra comunidade neacute Um dinheiro pra circular aqui dentro e natildeo ir pra fora Por exemplo uma licitaccedilatildeo que era de ―x valor noacutes fomos quebrando ela em quatro ou cinco vezes para dar preferecircncia para o povo daqui Uma licitaccedilatildeo que era de R$ 10000000 noacutes fizemos quatro de 25 dividimosah compra o caderno de um laacutepis do outro caneta de outro Dividimos pra que o povo daqui participasse E deu certo Essa foi uma grande evoluccedilatildeo do Comitecirc Gestor (transcriccedilatildeo) (entrevistado8)

O conhecimento das bases legais de funcionamento da categoria no nosso

entendimento a ampliaccedilatildeo da qualificaccedilatildeo para lidar com o mercado e a

aproximaccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados tanto pelo setor puacuteblico quanto pelo

94

setor privado poderaacute produzir em curto prazo impactos positivos no

desenvolvimento do MEI dentro da economia de mercado

Todavia o municiacutepio de Guaratuba ainda natildeo adaptou integralmente a LC

12306 e sua alteraccedilatildeo LC 1472014 ao seu modelo de gestatildeo pois os MEI que

participaram da pesquisa (Guaratuba) relataram que o municiacutepio cobra por taxas de

alvaraacute de funcionamento32 O municiacutepio isenta esse custo somente no primeiro ano

de abertura do micro negoacutecio contrariando dessa forma o disposto no art 4ordm sect3ordm

da LC 1472014

[] ficam reduzidos a 0 (zero) todos os custos inclusive preacutevios relativos agrave abertura agrave inscriccedilatildeo ao registro ao funcionamento ao alvaraacute agrave licenccedila ao cadastro agraves alteraccedilotildees e procedimentos de baixa e encerramento e aos demais itens relativos ao Microempreendedor Individual incluindo os valores referentes a taxas a emolumentos e a demais contribuiccedilotildees relativas aos oacutergatildeos de registro de licenciamento sindicais de regulamentaccedilatildeo de anotaccedilatildeo de responsabilidade teacutecnica de vistoria e de fiscalizaccedilatildeo do exerciacutecio de profissotildees regulamentadas (grifo nosso)

O apoio ao MEI eacute fundamental pois esse tecido empresarial (MPE)

segundo autores como Sachs (2003) Albuquerque e Zapata (2010) e Sen (2000)

respondem por boa parte dos empregos e da renda da populaccedilatildeo Para o SEBRAE

(2014) 52 dos empregos formais no Brasil estatildeo nas micro e pequenas

empresas o que corresponde agrave significativa importacircncia dessa categoria

empresarial no desenvolvimento da economia brasileira

As observaccedilotildees e alteraccedilotildees contidas na LC 14714 representam avanccedilos

significativos na perspectiva do desenvolvimento dando maior envergadura social agrave

LC 12306 Esse dispositivo legal possui impacto positivo fundamental para

aumentar as oportunidades do MEI a se manter na formalidade pela inovaccedilatildeo na

reduccedilatildeo de barreiras de Acesso em ao mercado e agrave competitividade

Dentre os principais dispositivos contidos na LC 14714 incorporados a

outras ferramentas descritas na LC 12808 estatildeo

a Tributaccedilatildeo reduccedilatildeo a zero dos custos para o MEI (art 4ordmsect 1ordm e sect 3ordm)

b Desburocratizaccedilatildeo tratamento diferenciado pelos optantes do Simples

Nacional Cadastro uacutenico do CNPJ dispensados os demais cadastros

estaduais e municipais (art 1ordm inciso 4ordm)

32

Essa informaccedilatildeo foi confirmada pelo setor de fiscalizaccedilatildeo do municiacutepio de Guaratuba

95

A debilidade de uma microempresa ou ateacute a sua falecircncia pode acarretar

natildeo somente numa estatiacutestica de dados econocircmicos mas em resultados

socialmente negativos A microempresa eacute o trabalho do MEI seu sustento e de sua

famiacutelia suas necessidades baacutesicas satildeo satisfeitas atraveacutes de seu trabalho que eacute o

substrato da sua dignidade

O trabalho eacute uma dimensatildeo da vida essencial para a realizaccedilatildeo da humanidade lembra Joatildeo Paulo II na enciacuteclica Laboren Exercens A enciacuteclica papal observa que o valor do trabalho localiza-se na pessoa que o realiza natildeo podendo portanto ser compreendido como uma forccedila anocircnima de produccedilatildeo com o trabalhador equiparado a mero instrumento a serviccedilo do capital (BROM 2006 p 55)

Outra ferramenta possiacutevel associada a outros dispositivos que convertam no

fomento dos micro e pequenos empreendimentos eacute o Acesso em ao creacutedito como

forma de capital gerador de expansatildeo econocircmica assinalado por Sachs (2003) Sen

(2000)

435 O Acesso em ao creacutedito aos MEI no Litoral do Paranaacute

O capiacutetulo IX da LC 12306 introduz na legislaccedilatildeo brasileira em

consonacircncia com o art 170 e 179 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 dispositivos

essenciais ao estiacutemulo ao creacutedito e ao microcreacutedito para micro e pequenas

empresas abrindo espaccedilo para inauguraccedilatildeo de formas e metodologias especiacuteficas

externas ao sistema creditiacutecio convencional o que caracteriza a concepccedilatildeo de

universalizar o creacutedito

Segundo a legislaccedilatildeo pertinente o sistema de creacutedito brasileiro deveraacute criar

linhas especiais de creacutedito a atender a demanda dos micro e pequenos

empreendimentos ―[] objetivando a reduccedilatildeo do custo de transaccedilatildeo a elevaccedilatildeo da

eficiecircncia alocativa o incentivo ao ambiente concorrencial e a qualidade do conjunto

informacional [] (LC 15516 art 57)

A posiccedilatildeo do sistema puacuteblico de creacutedito facilitado eacute fundamental na

intervenccedilatildeo do creacutedito frente ao sistema aberto convencional Atraveacutes do sistema

creditiacutecio com vinculaccedilatildeo federal ndash Caixa Econocircmica Federal (CEF) Banco Nacional

de Desenvolvimento Social (BNDES) Banco do Brasil (BB) (art 58 LC 15516) - e

dos bancos comerciais puacuteblicos estaduais abre-se espaccedilo para a inclusatildeo no

sistema de creacutedito agraves pessoas que natildeo possuiacuteam Acesso em ao serviccedilo Dessa

96

forma os bancos comerciais puacuteblicos passam a ser considerados atores importantes

nas poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento posto seu ponto estrateacutegico na alocaccedilatildeo

de creacutedito caracterizado como insumo necessaacuterio agrave ampliaccedilatildeo das oportunidades e

expansatildeo econocircmicas

A CEF o BB ndash entidades federalizadas ndash e o Fomento Paranaacute ndash entidade

estadual - satildeo os principais atores dentro da poliacutetica de Acesso em ao sistema de

creacutedito e microcreacutedito que atuam diretamente na MRGP

O art 62 da PLC 12306 a exemplo orienta o Banco Central a intervir na

ampliaccedilatildeo e facilidades agraves linhas de creacuteditos para os MEI e MPE que em

contrapartida estimularia a competiccedilatildeo bancaacuteria A disponibilizaccedilatildeo e a facilitaccedilatildeo

ao creacutedito ou ao microcreacutedito por instituiccedilotildees financeiras privadas ou estatais como

o banco do Brasil (BB) o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) pela Caixa

Econocircmica Federal33 (CEF) e outras instituiccedilotildees financeiras alinhadas ao

microcreacutedito estaacute respaldada no sect2o do art62 e nos art 57 58 59 e 60 da

supracitada PLC bem como na Lei federal 111102005 Esta institui o Programa

Nacional de Microcreacutedito Produtivo Orientado (PNMPO) ―com o objetivo de incentivar

a geraccedilatildeo de trabalho e renda entre os microempreendedores populares (BRASIL

2005)34

O microcreacutedito segundo o SEBRAE consiste no fornecimento de creacutedito

aos microempreendedores que natildeo possuem Acesso em ao sistema financeiro

tradicional e estaacute inserido no contexto da microfinanccedila destinado agraves pessoas de

baixa renda Ainda segundo o SEBRAE suas principais caracteriacutesticas satildeo

A) ausecircncia de garantias reais jaacute que a maioria das transaccedilotildees tem como garantia o aval solidaacuterio b) Concessatildeo de creacutedito aacutegil e adequado ao ciclo de negoacutecios do empreendimento c) Baixo custo de transaccedilatildeo devido agrave proximidade entre a instituiccedilatildeo e o tomador dos empreacutestimos e agrave inexistecircncia de burocracia d) Accedilatildeo econocircmica com forte impacto social na comunidade e) Elevado custo operacional para a instituiccedilatildeo fornecedora dos recursos f) Metodologia especiacutefica que consiste na concessatildeo assistida do creacutedito (wwwsebraecombr)

O SEBRAE (2012) evidenciou que no Brasil em 2011 12 dos MEI

buscaram linhas de creacutedito em instituiccedilotildees financeiras e 88 natildeo recorreram ao

33

Os encargos da Caixa Econocircmica Federal constituem 1) taxa de juros 295 ao mecircs 2) taxa de abertura de creacutedito (TAC) 3 do valor do contrato 3) Aliacutequota zero sobre o Imposto sobre Operaccedilotildees de Creacutedito (IOF) 34

O BNDES proporciona um creacutedito de ateacute R$ 2000000 por cliente o Banco do Brasil R$ 1500000 (ateacute a data desse trabalho)

97

creacutedito Desses MEI 43 obtiveram empreacutestimos e 57 natildeo conseguiram

formalizar o empreacutestimo Em 2012 10 recorreram ao creacutedito sendo que 52

desses obtiveram empreacutestimos e 48 natildeo conseguiram o financiamento Em 2015

84 dos MEI natildeo procurou obter empreacutestimo junto agraves instituiccedilotildees financeiras Dos

16 que recorreram ao creacutedito 55 conseguiram o empreacutestimo e 45 natildeo

efetivaram o creacutedito

Entre os anos de 2011 e 2015 como aponta o SEBRAE houve decreacutescimo

de trecircs pontos percentuais pelos MEIS na taxa de procura por financiamentos junto

agraves instituiccedilotildees financeiras Sendo que as instituiccedilotildees puacuteblicas representam uma

parcela significativa na procura por empreacutestimos pelos Microempreendedores

individuais

Como podemos observar (TABELA 11) entre os anos 2011 e 2015 houve

reduccedilatildeo na taxa de procura entre os dois anos mas a reduccedilatildeo foi mais expressiva

na taxa de aprovaccedilatildeo Isso estaacute relacionado agraves medidas mais restritivas de creacutedito

do ano de 2015 que afetaram a poliacutetica de fomento aos MEI como aos demais

empreendedores

TABELA 11 - PROCURA E APROVACcedilAtildeO DE CREacuteDITO PELOS MEI (BRASIL)

INSTITUICcedilAtildeO DE CREacuteDITO

PROCURA POR EMPREacuteSTIMO ()

EMPREacuteSTIMO APROVADO ()

2011 2015 2011 2015

Instituiccedilotildees Financeiras Puacuteblicas 68 67 00 44 Instituiccedilotildees Privadas 27 0 22 49 Cooperativas de creacutedito 4 6 99 42

FONTE SEBRAE (20122015)

Todavia alguns dispositivos de apoio e estiacutemulos a essas categorias

empresariais descritos nas LC 12306 e LC 12808 tais como baixa tributaccedilatildeo

programas de capacitaccedilatildeo e mesmo o Acesso em ao creacutedito a exemplo que

estimulem o seu desenvolvimento seratildeo analisadas posteriormente quando

abordarmos a MRGP

O microcreacutedito produtivo consiste numa ferramenta utilizada em muitos

paiacuteses como estrateacutegia de reduccedilatildeo da pobreza na promoccedilatildeo de emprego e renda e

na consolidaccedilatildeo do aumento da capacidade produtiva de microempreendimentos

aleacutem de favorecer condiccedilotildees a melhoria de vida das pessoas mais empobrecidas e

socialmente vulneraacuteveis (PEREIRA 2006 BARONE et al 2002)

98

O microcreacutedito democratiza o Acesso em ao creacutedito fundamental para a vida moderna do qual grande parte dos brasileiros estaacute excluiacuteda A disponibilidade de creacutedito para empreendedores de baixa renda capazes de transformaacute-lo em riquezas para eles proacuteprios e para o paiacutes faz do microcreacutedito parte importante das poliacuteticas de desenvolvimento (BARONE et al 2002 p 11)

No Brasil o microcreacutedito eacute regulamentado e normatizado pela Lei

111102005 que institui o Programa Nacional de Microcreacutedito Produtivo Orientado

(PNMPO) e ―tem por finalidade especiacutefica disponibilizar recursos para o microcreacutedito

produtivo orientado (Lei 111102005 art 1ordm sect 2ordm)

O microcreacutedito produtivo orientado segundo Barone et al (2002) possui

efeito positivo junto aos tomadores de financiamento no sentido de melhoria das

condiccedilotildees habitacionais de sauacutede e alimentares da expectativa da restituiccedilatildeo da

cidadania e da auto-estima aleacutem da geraccedilatildeo de emprego e renda das famiacutelias que

fazem o uso desse instrumento

Tal posicionamento eacute defendido por Pereira (2005) posto os resultados

empiacutericos obtidos em estudos realizados no Centro de Apoio de Pequenos

Empreendimentos no Estado da Paraiacuteba (CEAPEPB) em 2005 Em suas anaacutelises

ela concluiu que o microcreacutedito proporciona a expansatildeo do ativo circulante35 e do

patrimocircnio liacutequido tendo peso significativo na consolidaccedilatildeo dos empreendimentos

(PEREIRA 2005 p 78) Percebe-se dessa maneira o impacto positivo do

microcreacutedito em paracircmetros econocircmicos aleacutem de ser uma ferramenta de

intervenccedilatildeo na exclusatildeo social Entretanto a situaccedilatildeo na MRGP apresenta um

quadro criticamente diverso A tabela abaixo (TABELA 12) expressa a regressatildeo

significativa das transaccedilotildees de creacutedito pela CEF na MRGP entre os anos 2015 e

2016

TABELA 12 - NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS E VALORES FINANCIADOS NA MRGP CEDIDOS

PELA CAIXA ECONOcircMICA FEDERAL AgraveS MPE (2015-2016)

ANO TOTAL DE CONTRATOS VALOR TATOAL (R$)

2015 13909 3759861821

2016 2756 795389276

FONTE CONTROLADORIA GERAL DA UNIAtildeO ATRAVEacuteS DO PORTAL DA TRANSPAREcircNCIA

35

O ativo circulante compreende o dinheiro em caixa os saldos bancaacuterios e todos os valores que podem ser convertidos em dinheiro imediatamente (SANDRONI 1999)

99

A diminuiccedilatildeo nos financiamentos estaacute atrelada em parte pelo baixo

desempenho da economia e por outro lado a forte restriccedilatildeo do sistema bancaacuterio no

processo de seletividade para o creacutedito Para o entrevistado3

Existe um preconceito muito grande seja por parte de associaccedilotildees seja por parte de instituiccedilotildees financeiras neacute Porque o MEI eacute um risco Como que eacute avaliado Ah ele eacute pequenininho Se ele natildeo aguenta pagar um boleto DAS como ele vai pagar a mensalidade Se ele natildeo aguenta pagar um boleto DAS como ele vai pagar um financiamento Eu vejo isso como um preconceito Mas eu natildeo tiro toda razatildeo da parte financeira (transcriccedilatildeo) (entrevistado3)

Notemos que o nuacutemero de contratantes (TABELA 12) em 2015 em relaccedilatildeo

ao nuacutemero de MPE na MRGP (TABELA 13) abaixo atingiu o percentual de 4487

No ano seguinte (2016) esse percentual reduziu sensivelmente para 814

TABELA 13 - NUacuteMERO DE MPE NA MRGP (2015-2016)

FONTE EMPRESOcircMETRO

Ainda na comparaccedilatildeo entre os dados expressos acima (TABELAS 12 e 13)

percebemos que a retraccedilatildeo nos contratos de financiamentos representou um

decreacutescimo de 2115 de ativos circulantes das MPE na MRGP o que compromete

o desenvolvimento tendo em vista que em meacutedia 95 das empresas da regiatildeo satildeo

MPE (Empresocircmetro) e geram empregos renda e tem forte impacto na produccedilatildeo de

riqueza em seus municiacutepios

Partindo das anaacutelises de Kohler (2010) observamos que o aumento da

atividade econocircmica requer a expansatildeo da capacidade de investimento o qual ele

denomina de ―investimento produtivo O investimento produtivo na concepccedilatildeo do

MUNICIacutePIO Nordm MPE

2015 2016

Antonina 1453 1581

Guaraqueccedilaba 358 400

Guaratuba 3913 4333

Matinhos 4138 4716

Morretes 1559 1703

Paranaguaacute 13612 14728

Pontal do Paranaacute 3929 4372

TOTAL 30977 33849

100

autor eacute um elemento importante na produccedilatildeo de riqueza local pois se materializa

em uma variaacutevel ex ante a poupanccedila produtiva resultado da riqueza gerada

Tratando-se do MEI as condiccedilotildees de alocaccedilatildeo de ―investimentos

produtivos- aquisiccedilatildeo de tecnologias maacutequinas estoque ndash podem ser referenciadas

na Lei Geral atraveacutes do estiacutemulo ao creacutedito

Magalhatildees Junior (2016) ao analisar o impacto dos micro - financiamentos

realizados nos municiacutepios paranaenses atraveacutes do Programa Banco do

Empreendedor Paranaacute (Fomento Paranaacute) concluiu que a adiccedilatildeo em meacutedia de 1

nos contratos de microcreacutedito junto ao Programa Banco Empreendedor Paranaacute

possibilitou o aumento da capacidade econocircmica dos municiacutepios participantes em

032 entre os anos 2010 e 2013

Os dados abaixo (TABELA 14) demonstram o nuacutemero de contratos

creditiacutecios firmados com o MEI na MRGP junto ao Fomento Paranaacute entre os anos

2014 ndash 2016 Observamos ainda a elevaccedilatildeo de 400 no nuacutemero de financiamentos

entre os anos 2015 ndash 2016 ao contraacuterio dos bancos puacuteblicos federalizados que

manifestaram reduccedilatildeo nos contratos

TABELA 14 - NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS CEDIDOS AO MEI JUNTO AO PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR DO PARANAacute (FOMENTO PARANAacute) NA MRGP (2014-2015-2016)

MUNICIacutePIO Nordm DE FINANCIAMENTOS

2014 2015 2016

Antonina 3 3 4

Guaraqueccedilaba

6

Guaratuba 5

Matinhos 4

12

Morretes 10 3 12

Pontal do Paranaacute

7

TOTAL 29 9 45

FONTE FOMENTO PARANAacute ATRAVEacuteS DO PORTAL DA TRANSPAREcircNCIAPR

Mesmo com essa expansatildeo significativa o percentual em relaccedilatildeo ao

nuacutemero de MEI na MRGP eacute pouco expressivo pois representou apenas 038 do

total dos microempreendedores em 2016

Tal qual o nuacutemero de contratos os valores financiados aumentaram

significativamente em 47630 entre os anos 2015 ndash 2016 como demonstrado

101

abaixo (GRAacuteFICO10) Esse percentual segundo um agente representante do

Programa Banco Empreendedor Paranaacute (Fomento Paranaacute) da regiatildeo deve cair

novamente em funccedilatildeo dos municiacutepios do litoral natildeo renovarem os convecircnios com o

banco supracitado

GRAacuteFICO 10- VAOLRES TOTAIS FINANCIADOS PELO MEI NA MRGP ATRAVEacuteS DO

PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR PARANAacute (FOMENTO PARANAacute) (201 ndash 2015 ndash 2016)

FONTE Fomento Paranaacute ndash elaboraccedilatildeo proacutepria ndash dados obtidos atraveacutes

do Portal da Transparecircncia

Ao analisarmos os dados do graacutefico abaixo sobre o nuacutemero de contratos

firmados junto ao sistema de creacutedito na MRGP pelos respondentes (n=30)

reparamos que vinte e quatro (n=24) dos entrevistados (GRAacuteFICO 11) disseram natildeo

ter contratado financiamentos junto agraves entidades creditiacutecias para expandir seus

negoacutecios e seis (n=6) responderam ter realizado empreacutestimo Dos respondentes que

realizaram financiamentos quatro (n=4) disseram ter utilizado como capital de giro e

dois (n=2) dos respondentes que adquiriram o financiamento relataram que o

utilizaram tanto como capital de giro como para expandir os negoacutecios e na compra

de materiais

R$26674633

R$8176690

R$47121657

2014 2015 2016

Valor contratado (R$)

102

GRAacuteFICO 11 - FINANCIAMENTOS JUNTO AO SISTEMA DE CREacuteDITO NA MRGP ()

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Um fato interessante no momento da entrevista eacute que grande parte dos

respondentes natildeo tinha conhecimento sobre essa prerrogativa estabelecida em lei e

nem mesmo disse conhecer as implicaccedilotildees que um financiamento produtivo

empregado de forma adequada pode oferecer para a melhoria das condiccedilotildees dos

microempreendimentos

436 O associativismo e os MEI na MRGP

O associativismo pode ser caracterizado como cooperaccedilatildeo para crescer

juntos Quem se associa usualmente tem objetivos em comum portanto a

cooperaccedilatildeo eacute fundamental ao avanccedilo desses objetivos

Com o escopo de incluir as MPE no processo produtivo competitivo e

saudaacutevel jaacute no art 1ordm inciso III a LC 12306 preceitua como uma das normas

descritas o Acesso em ao associativismo acentuando no capiacutetulo VIII da referida

Lei Geral que a associaccedilatildeo seraacute regulamentada sob a forma de Sociedade de

Propoacutesito Especifico (SPE)36 e ―seraacute constituiacuteda como Sociedade Limitada37 (art 56

sect2ordm inciso VII)

36

Sociedade de Propoacutesito Especiacutefico (SPE) eacute um modelo de organizaccedilatildeo empresarial pelo qual se constitui uma nova empresa limitada ou sociedade anocircnima com um objetivo especiacutefico ―cuja atividade eacute bastante restrita podendo em alguns casos ter prazo de existecircncia determinado normalmente utilizada para isolar o risco financeiro da atividade desenvolvida (SEBRAE)disponiacutevel lthttpwwwbibliotecassebraecombrchronusARQUIVOS_CHRONUSbdsbdsnsff25877ce0f2ecbca17355fc33397deea$File5189pdfgtgt Esta previsatildeo estaacute fundamentada no art 981 do Coacutedigo Civil de 2002 37

Forma societaacuteria com personalidade juriacutedica de participaccedilatildeo definida com base em seu investimento

sim

natildeo

103

Uma associaccedilatildeo tem como objetivo a manutenccedilatildeo e salvaguarda do

interesses de seus associados promovendo permanentemente os lastros de

cooperaccedilatildeo entre eles reconhecendo que para prosperar eacute necessaacuteria adequaccedilatildeo

institucional administrativa e de recursos para adaptaccedilotildees decorrentes de

mudanccedilas em cenaacuterios especiacuteficos (social economia poliacutetica)

Agraves MPE em especial aos microempreendedores individuais as concepccedilotildees

do associativismo satildeo maneiras integradas ao movimento de inclusatildeo dessa

categoria no processo mercantil uma vez que a fragilidade no Acesso em ao

mercado ao creacutedito agraves tecnologias jaacute mencionadas anteriormente as relaccedilotildees

estabelecidas na consolidaccedilatildeo associativa geram possibilidades de surgirem

externalidades tais como conexotildees comerciais fortalecimento econocircmico

benefiacutecios em funccedilatildeo das parcerias com a associaccedilatildeo dentre outras Nessa

perspectiva

o estiacutemulo agrave cooperaccedilatildeo como forma de minimizar as fraquezas estruturais que envolvem os microempreendedores se apoia na perspectiva de que os atores econocircmicos natildeo podem ser tomados como aacutetomos isolados posto que suas accedilotildees dependem de vaacuterias limitaccedilotildees advindas das relaccedilotildees estabelecidas com outras organizaccedilotildees (CERQUEIRA CUNHA MOHR SOUZA ABRAHAO FLEIG 2014 p 739)

Abaixo (GRAacuteFICO 12) estatildeo os resultados sobre a participaccedilatildeo dos

respondentes (n=30) em associaccedilotildees de representaccedilatildeo da categoria Dos

respondentes vinte e oito (n=28) responderam que natildeo satildeo membros de nenhuma

associaccedilatildeo e dois (n=2) decidiram por natildeo responder

GRAacuteFICO 12 - RESPOSTA SOBRE PARTICIPACcedilAtildeO EM ASSOCIACcedilAtildeO REPRESENTANTE DA CATEGORIA

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

sim

natildeo

natildeo respondeu

104

No litoral identificamos (QUADRO 8) as principais entidades representantes

da classe comercial e industrial as quais abrem espaccedilo para o MEI se associar

QUADRO 8- ENTIDADES REPRESENTANTES DAS CLASSES EMPRESARIAL COMERCIAL E AGRIacuteCOLA NO LITORAL DO PARANAacute

ENTIDADE DESCRICcedilAtildeO

ACIG Associaccedilatildeo Comercial e Empresarial de Guaratuba

ACIMA Associaccedilatildeo Comercial e Empresarial de Matinhos

ACIAPAR Associaccedilatildeo Comercial Industrial e Agriacutecola de Pontal do Paranaacute

ACIAP Associaccedilatildeo Comercial Industrial e Agriacutecola de Paranaguaacute

ACIAM Associaccedilatildeo Comercial Industrial e Agropecuaacuteria de Morretes

AMPEC LITORAL Associaccedilatildeo das Micro e pequenas Empresas do litoral do Paranaacute

FONTE Dados da PesquisaAssociaccedilotildees que possuem mensalidades reduzidas para os MEI

As entidades de classe descritas no quadro acima estatildeo distribuiacutedas em

todo o litoral paranaense mas destacamos a AMPEC por seu aspecto principal que

eacute uma associaccedilatildeo dos micro e pequenos empreendedores do litoral

A ASSOCIACcedilAtildeO teraacute por finalidade congregar as Microempresas Empresas de Pequeno Porte os Empreendedores Individuais e os profissionais autocircnomos formais e informais industriais comerciais agriacutecolas artesatildeos e prestadoras de serviccedilos em forma de associados optantes objetivando a promoccedilatildeo social e econocircmica estimulando o desenvolvimento e defendendo o interesse de seus associados (art 4ordm Estatuto Social AMPEC)

A AMPEC com sede em Pontal do Paranaacute na visatildeo do entrevistado2 eacute

muito importante poreacutem natildeo existe apoio do poder puacuteblico local ou de entidades que

possam contribuir para o desenvolvimento da associaccedilatildeo e de cooperaccedilatildeo conjunta

na composiccedilatildeo de estrateacutegias para aumentar a alocaccedilatildeo de recursos e

acompanhamento teacutecnico para a entidade Dessa forma o isolamento e soacute com a

arrecadaccedilatildeo dos associados natildeo tem como desenvolver accedilotildees para fortalecer a

classe Ateacute mesmo porque a inadimplecircncia segundo o entrevistado2 chega a

6038 Ainda segundo o entrevistado2 a associaccedilatildeo passou por algumas

reformulaccedilotildees administrativas posto problemas internos com respeito a recursos e

endividamento da entidade

38

O valor cobrado de mensalidade do associado eacute de R$1000 mensais (entrevistado2)

105

A AMPEC natildeo consegue atender os empreendedores seus associados Natildeo consegue ver um retorno por parte da AMPEC Nada de concreto Somente criacuteticas por parte da AMPEC [] Normalmente quando vocecirc se associa vocecirc quer crescer junto ou vocecirc tem o retorno Se vocecirc natildeo tem o retorno se vocecirc vecirc que natildeo ta criando natildeo ta juntando por que que vocecirc vai entrar NE Eu penso dessa forma o associativismo(transcriccedilatildeo) (entrevistado3)

Nas anaacutelises descritas por Cunha Mohr Souza Abrahao Fleig (2014) na

discussatildeo sobre as fraquezas e potencialidades da AMPEC o associativismo eacute

apontado como uma alternativa de melhoria das condiccedilotildees do microempreendedor

no litoral paranaense No entanto Como observa o entrevistado3 ―o associativismo

natildeo eacute aceito no litoral por questotildees culturais No sudoeste do Estado a SICREDI e o

SICOOB satildeo mais fortes que o Itauacute e o BB(transcriccedilatildeo)

Algumas estrateacutegias podem ser interessantes para o desenvolvimento do

MEI todavia elas deveriam ser adaptadas agrave realidade local como eacute o caso das

compras puacuteblicas O municiacutepio tem prazo de pagamento ateacute de 90 dias Para alguns

microempreendimentos isso se torna praticamente inviaacutevel 1) pela pouca

disponibilidade de ativos disponiacuteveis o que impossibilita a raacutepida reposiccedilatildeo dos

recursos utilizados 2) pelo fato de muitas empresas e microempreendedores natildeo

distinguirem as despesas da empresa com as da famiacutelia pois a famiacutelia depende

diretamente desses recursos (SACHS 2003)―O MEI eacute muito pequeno neacute Natildeo

consegue concorrer com os maiores Muitos MEI usam de outras atividades pra

completar a renda ou a renda do MEI eacute usada pra complementar (entrevistado2)

(transcriccedilatildeo)

437 Mobilizaccedilatildeo dos governos locais no estiacutemulo agrave categoria do MEI

Albuquerque e Zapata (2010) destacam a importacircncia de adesatildeo dos

governos locais nas poliacuteticas de desenvolvimento pois segundo os autores as

autoridades eleitas ndash municipais e estaduais ndash satildeo elementos chaves no processo

de desenvolvimento local Embora como acentuam os autores o desenvolvimento

dos territoacuterios muitas vezes eacute impulsionado por liacutederes locais (cooperativas

associaccedilotildees) jovens empresaacuterios e entidades natildeo governamentais eacute indispensaacutevel

a integraccedilatildeo dos governos locais agraves iniciativas de desenvolvimento posto que

―podem conferir a essas iniciativas algum caraacuteter institucional (idem p 216)

106

No graacutefico abaixo (GRAacuteFICO 13) estatildeo os resultados sobre o conhecimento

dos respondentes sobre estrateacutegias adotadas pelas prefeituras em apoio ao MEI na

MRGP

GRAacuteFICO 13 - CONHECIMENTODOS RESPONDENTES DE ESTRATEacuteGIAS ADOTADAS PELAS PREFEITURAS EM APOIO AO MEI NA MRGP ()

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Na leitura dos dados acima (GRAacuteFICO 13) verificamos que vinte e dois

(n=22) dos respondentes natildeo sabem informar se as prefeituras possuem accedilotildees de

apoio ao MEI

Observamos durante nossas pesquisas que dos sete municiacutepios da MRGP

cinco esforccedilaram-se em apresentar propostas de fomento das capacidades de

produccedilatildeo do MEI firmando parcerias com entidades importantes no cenaacuterio

econocircmico e de desenvolvimento como eacute o caso do SEBRAE Foram eles

Guaraqueccedilaba Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute Certamente

como constatado nas pesquisas em alguns casos Morretes e Matinhos naquele

momento pela transiccedilatildeo do chefe do executivo (eleiccedilotildees municipais) pode ter

ocorrido certo abandono das poliacuteticas setorizadas de apoio ao MEI Destacamos

ainda duas circunstacircncias importantes 1) a falta de poliacuteticas de desenvolvimento

local nos municiacutepios do litoral (SEBRAE ndash monitoramento da implementaccedilatildeo da Lei

Geral) 2) ausecircncia de poliacuteticas puacuteblicas que reduzam o imediatismo e infiram metas

0

10

20

30

40

50

60

70

80

compra derodutos e

serviccedilos doMEI

na aquisiccedilatildeode

tecnologias

cursos decapacitaccedilatildeo

processo deformalizaccedilao

natildeo soubeinformar

natildeoresponderam

107

de meacutedio e longo prazo com vistas ao desenvolvimento sustentaacutevel assinalado por

Sachs (2003) e Albuquerque e Zapata (2010)

Os pontos assinalados acima na MRGP obedecem agrave perspectiva no nosso

entendimento das poliacuteticas puacuteblicas por vezes de inclinaccedilatildeo poliacuteticapartidaacuteria

unilateral sem representaccedilatildeo de atores locais externos agrave administraccedilatildeo puacuteblica (top

down) muitas vezes alheias agraves reais necessidades da populaccedilatildeo Geralmente

essas poliacuteticas natildeo satildeo produzidas com implicaccedilotildees de meacutedio e longo prazos mas

ciacuteclicas e temporais permanecendo ateacute o teacutermino da gestatildeo municipal

Em nossas pesquisas observamos ainda que Pontal do Paranaacute eacute um dos

municiacutepios da MRGP com maior maturidade nas concepccedilotildees de desenvolvimento

local posto a extensatildeo de estrateacutegias accedilotildees e programas diversificados de fomento

das MPE em especial agrave categoria especiacutefica do MEI Esta proposta vai ao encontro

das anaacutelises de Albuquerque e Zapata (2010 p 2018) no sentido de que ―agraves vezes

uma estrateacutegia de desenvolvimento local pode se iniciar a partir da coordenaccedilatildeo

territorial de alguns programas e instrumentos setoriais de fomento definidos de

maneira central

Um ponto central nesse processo como assinalou o entrevistado8 eacute a

capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios efetivos da administraccedilatildeo puacuteblica municipal que atuam

na secretaria e na sala do empreendedor Esta estrateacutegia tem como objetivo dar

continuidade agraves propostas de desenvolvimento local isolando-se do plano partidaacuterio

denotando sentido neutro nas poliacuteticas de desenvolvimento

Na aplicaccedilatildeo do questionaacuterio percebemos que muitos dos respondentes

como constatado no graacutefico 9 desconhecem as regulamentaccedilotildees que normatizam a

categoria (Leis) os dispositivos legais que favorecem a classe do MEI quanto ao

creacutedito agraves isenccedilotildees agrave licitaccedilatildeo dentre outros instrumentos relacionados agrave sua

inserccedilatildeo e expansatildeo no mercado

Como jaacute mencionado nos municiacutepios de Guaratuba e Antonina natildeo foram

identificadas estrateacutegias de apoio ao MEI por parte do governo local com vistas agrave

inserccedilatildeo no sistema de mercado observados os dispositivos da Lei Geral

Em Guaratuba em 2009 o municiacutepio instituiu a Lei Complementar 042009

sobre o tratamento diferenciado agraves MPE no acircmbito municipal Uma das estrateacutegias

previstas na referida LC de Guaratuba foi a criaccedilatildeo do Comitecirc Gestor Municipal com

o objetivo de acompanhar a implementaccedilatildeo da LC 12306 e suas complementaccedilotildees

108

Poreacutem nas pesquisas de campo em 2016 junto agraves secretarias de

Urbanismo de Infraestrutura e Obras e do Bem Estar e Promoccedilatildeo Social assim

como o entrevistado1 desconheciam a existecircncia e atuaccedilatildeo do citado comitecirc assim

como natildeo souberam informar sobre alguma proposta referida ao MEI

Um dos avanccedilos identificados no processo de desenvolvimento empresarial

de Guaratuba foi a criaccedilatildeo em 2016 de uma agecircncia da Junta Comercial do

Paranaacute firmando parceria com o governo local e com a Associaccedilatildeo Comercial e

industrial de Guaratuba (ACIG)Tal accedilatildeo pode fortalecer o caraacuteter institucional de

poliacuteticas voltadas agraves categoria empresarial e comercial do municiacutepio Destacamos

ainda que esta foi uma accedilatildeo isolada identificada para o desenvolvimento do

ambiente empresarial da cidade

Muito embora a maioria dos municiacutepios da MRGP apresente dificuldades

orccedilamentaacuterias eacute importante frisar que o enquadramento aos dispositivos legais

inseridos na Lei Geral podem ser implantados de maneira gradual vinculados a uma

postura de desenvolvimento integrado e com metas de meacutedio e longo prazos com

provimentos de investimentos que suportem em princiacutepio estrateacutegias e accedilotildees um

pouco mais reduzidas mas no segundo momento podem ser expandidas e

melhoradas encaixadas em novas estrateacutegias e accedilotildees em concepccedilotildees de

―inovaccedilatildeo renovaccedilatildeo e transformaccedilatildeo constantes as quais estatildeo sujeitas qualquer

poliacutetica puacuteblica

438 O MEI-Patratildeo no Litoral do Paranaacute

Segundo o SEBRAE (2014) as micro e pequenas empresas em 2011 eram

responsaacuteveis por ―44 dos empregos formais em serviccedilos e aproximadamente 70

dos empregos gerados no comeacutercio (p7)

Nota-se a impressionante importacircncia desse tecido empresarial na economia

do trabalho e sua relevacircncia que pode ser considerada nas poliacuteticas de inclusatildeo

social visto a geraccedilatildeo de emprego e renda e externalidades agregadas como o

combate a miseacuteria e a pobreza extrema aleacutem do aumento da auto-estima e da

manutenccedilatildeo da dignidade das pessoas em funccedilatildeo do trabalho

109

O MEI na forma da lei explicitado no art 18C da LC 12808 poderaacute

contratar um empregado com todos os direitos e deveres atribuiacutedos na

Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho (CLT)

Observado o disposto no art 18-A e seus paraacutegrafos desta Lei Complementar poderaacute se enquadrar como MEI o empresaacuterio individual que possua um uacutenico empregado que receba exclusivamente 1 (um) salaacuterio miacutenimo ou o piso salarial da categoria profissional

Ao analisar o graacutefico abaixo (GRAacuteFICO 14) com base no questionaacuterio

identificamos que dezenove (n=19) dos MEI que participaram do questionaacuterio

responderam que natildeo possuem empregado no exerciacutecio de suas atividades oito

(n=8) responderam que possuem empregado e trecircs (n=3) natildeo responderam agrave

questatildeo

GRAacuteFICO 14 -RESPONDENTES QUE POSSUEM FUNCIONAacuteRIOS NA MRGP ()

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Se por um lado a formalizaccedilatildeo do MEI constitui um avanccedilo no enfrentamento

agrave informalidade do outro lado haacute uma reproduccedilatildeo do processo informal que foge ao

controle da poliacutetica de formalizaccedilatildeo Trabalhadores que satildeo incluiacutedos por uma

poliacutetica que tem esforccedilo em pelo menos reduzir a informalidade contribui em

parte para a precarizaccedilatildeo do trabalho contratando trabalhadores dentro do sistema

informal para exercerem atividades que permanecem fora dos preceitos do trabalho

descente

0

10

20

30

40

50

60

70

sim natildeo natildeo respondeu

110

Nesse sentido sobre os microempreendedores individuais que empregam

constatamos(GRAacuteFICO 15) que dos trabalhadores empregados pelos MEI seis

(n=6) deles exercem suas funccedilotildees na informalidade e dois (n=2) satildeo formalizados

GRAacuteFICO 15 - QUANTITATIVO DE TRABALHADORES FORMALIZADOS E NAtildeO FORMALIZADOS

EMPREGADOS PELO MEI NA MRGP ()

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Eacute importante ressaltar que nas observaccedilotildees de campo constatou-se que

333 dos empregados natildeo formalizados (n=2) eram filhos dos MEI respondentes

Dessa forma muitos MEI aleacutem de reproduzir a informalidade com forccedila de trabalho

familiar precarizando em muito as condiccedilotildees do trabalho comprometem o

rendimento escolar de crianccedilas e adolescentes

439 Renda bruta dos MEI entrevistados um alento agrave meacutedia

Os municiacutepios da MRGP apresentam caracteriacutesticas distintas tanto pela

economia industrial quanto pelas particularidades sazonais dos serviccedilos as quais as

cidades balneaacuterias estatildeo submetidas Segundo Monteiro (2013 p 5) a populaccedilatildeo

total dos trecircs municiacutepios pode aumentar em 400 na temporada de praia

As particularidades sazonais refletem consideravelmente nas economias dos

municiacutepios balneaacuterios pelo aumento do fluxo de pessoas na temporada de veratildeo

0

10

20

30

40

50

60

70

80

natildeo formalizado formalizado

111

responsaacutevel pelo estiacutemulo da economia local impulsionada pelo turismo Destaque

para os setores de serviccedilos e do comeacutercio Com a expansatildeo da economia nesse

periacuteodo (dezembro janeiro e fevereiro) surgem oportunidades de trabalho e renda

para a populaccedilatildeo local e o aumento de volume do comeacutercio e prestaccedilatildeo de serviccedilos

Abaixo (GRAacuteFICO 16) examinamos a renda bruta dos respondentes (n=30)

na temporada de praia e no inverno a partir do questionaacuterio A referecircncia de renda

teraacute como paracircmetro o salaacuterio miacutenimo nacional39

GRAacuteFICO 16 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS MEI RESPONDENTES COM BASE NA RENDA BRUTA TENDO COMO PARAcircMETRO DE VALOR O SALAacuteRIO MIacuteNIMO NACIONAL (2016) ()

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Ao observarmos acima (GRAacuteFICO 16) percebemos que dos respondentes

na temporada de praia quatro (n=4) ganham ateacute um salaacuterio miacutenimo por mecircs

trecircs(n=3) ganham ateacute dois salaacuteriosmecircs sete (n=7) ganham ateacute trecircs salaacuterios sete

(n=7) ganham ateacute quatro salaacuterios sete (n=7) ganham mais de quatro salaacuterios e dois

(n=2) ganham mais de cinco salaacuterios por mecircs e fora da temporada de praia quatro

(n=4) ganham ateacute um salaacuterio miacutenimo por mecircs quatro (n=4) ganham ateacute dois salaacuterios

miacutenimos por mecircs oito (n=8) ateacute trecircs salaacuterios quatro (n=4) ateacute quatro salaacuterios sete

(n=7) ganham mais de quatro salaacuterios e dois(n=2) ganham mais de cinco

salaacuteriosUm respondente natildeo se manifestou sobre a renda bruta fora do veratildeo

39

O salaacuterio miacutenimo nacional para o ano 2016 eacute de R$ 88000 tendo como base o Decreto Federal nordm 86182015

0

5

10

15

20

25

30

ateacute 1 ateacute 2 ateacute 3 ateacute 4 mais de4

mais de5

no veratildeono inverno

112

Na demonstraccedilatildeo acima (GRAacuteFICO 16) notamos que cerca de nove(n=9)

dos MEI respondentes possui rendimentos acima de quatro salaacuterios miacutenimos e

quatorze (n=14) possui variaccedilatildeo entre um e trecircs salaacuterios miacutenimos Em 201040 o

rendimento do trabalhador na MRGP era em meacutedia 245 salaacuterios miacutenimos como

indicado abaixo41 (TABELA 15)

TABELA 15 - RENDIMENTO NOMINAL MEacuteDIO DOS TRABALHADORES CONTRIBUINTES PARA A PREVIDEcircNCIA SOCIAL EM QUALQUER TRABALHO NA MRGP (2010)

MUNICIacutePIO RENDIMENTO MEacuteDIO EM SALAacuteRIO MIacuteNIMO

Antonina 227

Guaraqueccedilaba 118

Guaratuba 244

Matinhos 278

Morretes 267

Paranaguaacute 304

Pontal do Paranaacute 279

MEacuteDIA 245

FONTE IBGE ndash senso 2010

Se estabelecermos uma comparaccedilatildeo tendo como indicativo de rendimento

do trabalhador o salaacuterio miacutenimo nacional veremos que o MEI categoria de

trabalhador inclusa no sistema previdenciaacuterio (IBGE) 30 dos respondentes possui

renda meacutedia superior agrave verificada em 2010 e 467 dessa categoria permanece

proacuteximo da meacutedia analisada em 2010

4310 Capacitaccedilatildeo profissional dos MEI no Litoral do Paranaacute

Os artigos 64 e 65 da LC 12306 com base no art 149 da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 reforccedilam a necessidade de articulaccedilatildeo entre as Instituiccedilotildees

Federais de Ensino Superior (IFES) as Instituiccedilotildees Cientiacuteficas e Tecnoloacutegicas (ICT)

e as FundaccedilotildeesInstituiccedilotildees de Apoio (Lei Fed 895894) na implementaccedilatildeo de ―[]

programas especiacuteficos para as microempresas e para as empresas de pequeno

porte [] Os programas possuem objetivos de auxiliar agrave capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica e

40

O salaacuterio miacutenimo nacional em 2010 era de R$ 51000 conforme Lei 1225510 41

Utilizamos o paracircmetro de 2010 por conta da escassez de dados econocircmicos atualizados da MRGP

113

treinamento de pessoal assim como dinamizar o processo de inovaccedilatildeo e

estruturaccedilatildeo dessas categorias empresariais

O Sistema S42 a exemplo definido na paacutegina web do Senado Federal como

―Termo que define o conjunto de organizaccedilotildees das entidades corporativas voltadas

para o treinamento profissional assistecircncia social consultoria pesquisa e

assistecircncia teacutecnica que aleacutem de terem seu nome iniciado com a letra S tecircm raiacutezes

comuns e caracteriacutesticas organizacionais similares e dentro de suas competecircncias

―cumpre um papel fundamental na oferta de cursos profissionalizantes em todo o

Brasil Criadas a partir dos anos 1940 as entidades que compotildeem o sistema se

dedicam agrave formaccedilatildeo profissional em suas respectivas aacutereas de atuaccedilatildeo (induacutestria

comeacutercio agropecuaacuteria entre outras) como indica o site do Governo Federal

Dessa forma com base nas anaacutelises de Albuquerque e Zapata (2008)

compreendemos que eacute igualmente necessaacuterio para o desenvolvimento e o

incremento das potencialidades estabelecerem o fortalecimento e expansatildeo tanto

das empresas inseridas em arranjos produtivos locais com qualificaccedilatildeo do capital

humano no gerenciamento e gestatildeo dos processos socioeconocircmicos Acesso em

agraves novas tecnologias promovendo a inovaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de produtos e a

conexatildeo em redes de produccedilatildeo e escoamento dos produtos dentro e fora do

territoacuterio quanto agrave otimizaccedilatildeo desses recursos alocados ao desenvolvimento

socioeconocircmico

Para o SEBRAE (2014) em 2011 os pequenos negoacutecios atingiram o

percentual de 27 do PIB brasileiro sendo que as Micro e Pequenas Empresas

respondem por 53 4 da riqueza gerada no setor de serviccedilos

Os dados demonstram a importacircncia de incentivar e qualificar os empreendimentos de menor porte inclusive os Microempreendedores Individuais Isoladamente uma empresa representa pouco Mas juntas elas satildeo decisivas para a economia e natildeo se pode pensar no desenvolvimento do Brasil sem elas (SEBRAE 2014)

Abaixo (GRAacuteFICO 17) demonstra o quantitativo de MEI respondentes ao

questionaacuterio que participaram de cursos de capacitaccedilatildeo

42

A criaccedilatildeo das Instituiccedilotildees do sistema ―S tem como base fundamental o art 149 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e eacute composta pelo Serviccedilo Nacional de Aprendizagem do Comeacutercio (Senac) Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) Serviccedilo Social do Comeacutercio (Sesc) Serviccedilo Social da Induacutestria (Sesi) Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e Serviccedilo Social de Transporte (Sest) Serviccedilo Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop)

114

GRAacuteFICO 17- QUANTITATIVO DE MEI RESPONDENTES QUE PARTICIPARAM DE CURSOS DE CAPACITACcedilAtildeO

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Percebemos (GRAacuteFICO 17) que dezessete (n=17) dos respondentes natildeo

participaram de cursos de capacitaccedilatildeo e dez (n=10) responderam que sim Dessa

forma veremos que a maioria dos respondentes se enquadra na perspectiva de

Sachs (2003) sobre a falta de conhecimentos baacutesicos para o desenvolvimento de

suas atividades Ou seja ausecircncia de capacitaccedilatildeo necessaacuteria nos negoacutecios pode se

tornar uma barreira na sustentabilidade do microempreendimento

O principal problema enfrentado pelo MEI eacute a falta de conhecimento de mercado Eles tecircm uma boa intenccedilatildeo mas sem capacidade de gerir o negoacutecio A natildeo ser aquele que jaacute exerce sua profissatildeo e resolve se formalizar Este jaacute conhece os limites do mercado (transcriccedilatildeo) entrevistado1)

Boa parte dos MEI no momento da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio natildeo

expressava desejo em se capacitar ou mesmo participar de qualquer qualificaccedilatildeo

Um dos MEI que respondeu natildeo participar de cursos de capacitaccedilatildeo nos disse se

considerar um ―autodidata e natildeo haveria a necessidade de se capacitar

A capacitaccedilatildeo para agir no mercado aberto eacute um elemento chave como

suporte agrave expansatildeo das capacidades envolvidas em um microempreendimento

posto agrave possibilidade de conhecimento de gestatildeo e financcedilas administraccedilatildeo de

recursos estoque fluxos de mercado e competitividade

participou

natildeo participou

Natildeo respondeu

115

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Iniciamos os trabalhos de pesquisa motivados por investigar como as

organizaccedilotildees puacuteblicas mercado e organizaccedilotildees sociais tecircm constituiacutedo poliacuteticas de

formalizaccedilatildeo do trabalho e como os trabalhadores e essas organizaccedilotildees tecircm

promovido e acolhido a formalizaccedilatildeo do microempreendedor individual no litoral do

Paranaacute Para tal realizamos estudos sobre as transformaccedilotildees no mundo do trabalho

investigamos a configuraccedilatildeo socioeconocircmica e os principais problemas enfrentados

pelos trabalhadores informais na regiatildeo Tratando-se de um estudo pioneiro

enfrentamos uma seacuterie de dificuldades para a coleta de dados e entrevistas em um

setor marcado pela precariedade de informaccedilotildees e estudos sistemaacuteticos

Um traccedilo marcante no mercado de trabalho brasileiro eacute informalidade

decorrente das transformaccedilotildees no processo de produccedilatildeo promovidas pelo decliacutenio

da concepccedilatildeo keynesianafordista que culminaram nas modificaccedilotildees das relaccedilotildees

de trabalho e no deslocamento do trabalhador fabril para o setor terciaacuterio

O capitalismo no Brasil como na Ameacuterica Latina tambeacutem denominado de

capitalismo tardio foi fundamentalmente gerado a partir de forccedilas produtivas

exoacutegenas e natildeo da capacidade de produccedilatildeo endoacutegena apesar de grande parte de o

capital cafeeiro brasileiro ter sido convertido em capital industrial O setor industrial

no Brasil se expandiu rapidamente entre a segunda metade da deacutecada de 1950 e da

deacutecada de 1960 convertido por um novo padratildeo tecnoloacutegico e de acumulaccedilatildeo

No litoral paranaense o capitalismo adquiriu caracteriacutesticas diferentes do

restante do Estado como indica a literatura O poacutelo e vetor econocircmico da regiatildeo eacute o

municiacutepio de Paranaguaacute responsaacutevel por boa parte da produccedilatildeo de riquezas na

regiatildeo da geraccedilatildeo de postos de trabalho e renda pois possui o maior nuacutemero de

empresas da regiatildeo Em ponto oposto agrave Paranaguaacute temos o municiacutepio de

Guaraqueccedilaba o mais carente em recursos os quais 93 tem origem em

repasses do Estado e do Governo Federal

Muito embora com potenciais escondidos e pouco explorados passiacuteveis de

impulsionar o desenvolvimento a Microrregiatildeo Geograacutefica de Paranaguaacute eacute

considerada uma das menos desenvolvidas do Estado marcada pela ausecircncia de

poliacuteticas de desenvolvimento local altos iacutendices de pobreza e destacadas

desigualdades sociais Segundo a literatura a regiatildeo possui um Niacutevel de

Desenvolvimento Regional (NDR) classificado como Muito Baixo (MB) Ainda

116

segundo a literatura as receitas dos municiacutepios da MRGP possuem enorme

dependecircncia das transferecircncias correntes do Estado e da Uniatildeo demonstrando a

pouca capacidade na geraccedilatildeo de riquezas e de recursos necessaacuterios agrave aplicaccedilatildeo e

melhoria de serviccedilos baacutesicos para a populaccedilatildeo local tais como sauacutede e educaccedilatildeo

Alguns municiacutepios da MRGP aleacutem da dependecircncia das transferecircncias

correntes destinam boa parte de seus recursos a atenderem elites locais em um

cenaacuterio de clientelismo43

Os segmentos da economia no litoral que mais geram empregos formais satildeo

o comeacutercio setor de serviccedilos e administraccedilatildeo puacuteblica seguido modestamente pelo

setor industrial As variaccedilotildees sazonais caracteriacutesticas dos municiacutepios balneaacuterios ndash

Guaratuba Matinhos e Pontal do Paranaacute ndash produzem efeitos na economia da regiatildeo

que basicamente tem forte presenccedila do comeacutercio e do setor de serviccedilos

aumentando significativamente a oferta precarizada de emprego e renda na

temporada de veratildeo

Os municiacutepios de Guaraqueccedilaba Matinhos Pontal do Paranaacute Morretes e

Paranaguaacute estabeleceram parceria com o SEBRAE com o objetivo de criar

condiccedilotildees para a adaptaccedilatildeo da Lei Complementar 12808 Essa Lei Complementar

eacute uma Poliacutetica Puacuteblica que cria a figura juriacutedica do Microempreendedor Individual

(MEI) e estabelece criteacuterios de normatizaccedilatildeo da categoria associados a dispositivos

de apoio a esse tecido empresarial

O canal de comunicaccedilatildeo entre as prefeituras e o SEBRAE tem sido a sala

do empreendedor presente nesses municiacutepios Essa foi uma iniciativa adotada para

criar condiccedilotildees de apoio ao microempreendedor individual no sentido de orientaacute-lo

quanto agrave formalizaccedilatildeo aspectos ligados agrave referida LC e promover as bases do

desenvolvimento desse tecido empresarial A sala do empreendedor se constitui em

uma importante ferramenta natildeo soacute de amparo ao empreendedor mas em uacuteltima

anaacutelise em uma estrateacutegia de fomento ao desenvolvimento local posto que aliada

a formalizaccedilatildeo de empreendimentos que atuam na informalidade e de potenciais

empreendedores estaacute o resgate agrave cidadania pelo direito ao trabalho descente e

regularizado

Por outro lado estudos de campo evidenciaram que ao se formalizar e

empregar um terceiro o MEI tende a reproduzir a informalidade pelo trabalho

43

Ver Monteiro (2013b)

117

precarizado pelas excessivas jornadas de trabalho e pela baixa remuneraccedilatildeo De

outra forma o trabalho informal pode se concretizar para muitos trabalhadores na

uacutenica maneira de sobrevivecircncia em um mundo onde haacute decreacutescimo dos postos de

trabalho protegido pelas leis regulatoacuterias e normativas

Um dispositivo importante contido na Lei Geral eacute o Acesso em facilitado ao

microcreacutedito produtivo estendido para o microempreendedor No litoral esta

ferramenta de inclusatildeo e expansatildeo do MEI estaacute pouco explorada considerando a

diminuiccedilatildeo dos financiamentos pela Caixa Econocircmica Federal Em contra partida os

contratos creditiacutecios firmados junto ao Banco Fomento Paranaacute aumentaram nos

uacuteltimos anos mas a sua representatividade ainda eacute pouco expressiva entre os

microempreendimentos no litoral

Ao longo dos estudos verificamos que a Poliacutetica Puacuteblica de formalizaccedilatildeo do

MEI eacute uma poliacutetica de longo prazo que coaduna estrateacutegias e accedilotildees de resultados

que podem definir prazos mais longos mas em sentido imediato podem modificar a

vida desses trabalhadores Se de um lado esses trabalhadores encontraram uma

oportunidade de inserccedilatildeo no mercado de trabalho formal atraveacutes da LC 12808

constituindo seu proacuteprio negoacutecio lutando por uma vida de dignidade atraveacutes de seu

trabalho por outro lado essa classe de trabalhadores representa a forma pela qual

o Estado de maneira ilusoacuteria tenta minimizar os efeitos da exclusatildeo de milhares de

postos de trabalho em funccedilatildeo dos novos padrotildees de produccedilatildeo inseridos na

perspectiva neoliberal que aleacutem do deslocamento forccedilado dos trabalhadores agrave

informalidade produz e reproduz desigualdades sociais e econocircmicas De certa

forma como a literatura indica a LC 12808 pode ser considerada uma ferramenta

utilizada pelo Estado para regulamentar o trabalho precarizado jaacute que as bases

estruturais do desemprego natildeo satildeo atingidas

Nesse contexto observamos o sentido ambivalente da poliacutetica puacuteblica de

formalizaccedilatildeo do MEI que se de um lado o Estado percebe o alastramento da

informalidade e dos efeitos nefastos para milhares de trabalhadores brasileiros e cria

uma poliacutetica puacuteblica para enfrentar esse fenocircmeno de outro lado observamos as

dificuldades dos MEI em empreender em meio a fatores exoacutegenos como retraccedilatildeo

econocircmica e endoacutegenos como a dependecircncia de fatores locais comprometendo os

objetivos da poliacutetica puacuteblica

Os municiacutepios do litoral paranaense em sua maioria carentes de

amadurecimento das concepccedilotildees de desenvolvimento local e de recursos

118

necessaacuterios ao suporte de estrateacutegias que correspondam a uma necessaacuteria

expansatildeo das equidades e das liberdades substantivas de suas populaccedilotildees vecircem

suas capacidades limitadas em funccedilatildeo de uma economia com pouca geraccedilatildeo de

riquezas influindo na baixa tributaccedilatildeo e no alastramento de problemas sociais como

o aumento da ociosidade forccedilada da pobreza da miseacuteria da violecircncia e da

criminalidade

Concluiacutemos que a inclusatildeo social do MEI expresso no art 18E da LC

12808 depende da sua permanecircncia e sustentabilidade entre outras circunstacircncias

aleacutem do ambiente empresarial de negoacutecios do fortalecimento do mercado e da

inclinaccedilatildeo do governo local agraves concepccedilotildees de desenvolvimento Dentro dessa

perspectiva empoderar o governo local se destaca como um dos elementos

fundamentais para o desenvolvimento de poliacuteticas puacuteblicas para o MEI assim como

a preparaccedilatildeo do empresariado local para a diminuiccedilatildeo das assimetrias no ambiente

de negoacutecios

A formalizaccedilatildeo do MEI natildeo eacute um fim em si mas pode ser adequada agraves

realidades locais e suplementada garantindo e expandindo direitos jaacute conquistados

Apesar de alguns avanccedilos que possibilitem os MEI sobreviver em meio a

imensidatildeo de empresas buscando um espaccedilo no mercado em curto prazo se natildeo

intensificarem investimentos para o fortalecimento da categoria presenciaremos o

esgotamento das estrateacutegias que ainda resistem

Esperamos que os estudos que realizamos sobre o MEI no litoral do Paranaacute

sejam o iniacutecio de outras investigaccedilotildees que possibilitem a sistematizaccedilatildeo de

conhecimentos que estatildeo dispersos entre os atores puacuteblicos e privados que

desenvolvem seus esforccedilos para a formalizaccedilatildeo e viabilizaccedilatildeo do MEI Esta aacuterea de

estudos apresenta-se como um desafio em funccedilatildeo da precariedade de informaccedilotildees

para pesquisa todavia por seu caraacuteter inovador configura-se tambeacutem como

oportunidade de desenvolvimento de novos pesquisadores para a produccedilatildeo de

novos arranjos institucionais que permitam aos trabalhadores MEI a sua

formalizaccedilatildeo e viabilizaccedilatildeo no mercado

119

REFEREcircNCIAS

ALBUQUERQUE FRANCISCO Metodologia para El desarrolo econocircmico local LPIPG105 1997 Disponiacutevelem lthttparchivocepalorgpdfgts1997S9720129pdfgtAcesso em 10 dez 2015 ALBURQUERQUE FRANCISCO ZAPATA TANIAA importacircncia da estrateacutegia de desenvolvimento localterritorial no Brasil in DOWBOR Ladislau POCHMANN Marcio Poliacuteticas para o desenvolvimento local Perseu Abramo Satildeo Paulo 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwsctrsgovbrupload1353522830_A20importC3A2ncia20da20estratC3A9gia20de20desenvolvimento20local20territorial20no20Brasil20-20Alburquerque20amp20ZapatapdfgtAcesso em 02 fev 2017 ANDRIGUETTO FILHO JOSEacute MILTON MARCHIORO NILSON DE PAULA XAVIER Diagnoacutestico e problemaacutetica para a pesquisa in RAYNAUT C et al Desenvolvimento e meio ambiente em busca da interdisciplinaridade pesquisas urbanas e rurais Ed UFPR Curitiba 2002 ANTUNES RICARDO Os modos de ser da informalidade rumo a uma nova era da precarizaccedilatildeo estrutural do trabalho Serv Soc Soc Satildeo Paulo n 107 p 405-419 julset 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0101-66282011000300002gt Acesso em 16 marccedilo 2016 BARBOSA FILHO FERNANDO DE HOLANDA PESSOcircA SAMUEL (2011) Uma Anaacutelise da Reduccedilatildeo da Taxa de Desemprego Rede de Economia Aplicada WorkingPaper 28 Disponiacutevel em lthttpwwwanpecorgbrencontro000d0204295d65df3e887e93f3a4a9c934fpdfgt Acesso em 01 jul 2015 BARBOSA FILHO FERNANDO HOLANDA MOURA RODRIGO LEANDRO DE Evoluccedilatildeo Recente da Informalidade no Brasil Uma Anaacutelise Segundo Caracteriacutesticas da Oferta e Demanda de Trabalho Instituto Brasileiro de Economia FGV nordm 17 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwportalibrefgvbrlumisportalfilefileDownloadjspfileIdgtAcesso em 13 maio 2016 BARBOSA A DE FREITAS ET AL Desenvolvimento econocircmico e inclusatildeo social in POCHMANN M Reestruturaccedilatildeo produtiva perspectiva de desenvolvimento local com inclusatildeo social Petroacutepolis Vozes 2004 BARBOSA ROSANGELA NAIR DE CARVALHO Trabalho informal e Poliacuteticas Puacuteblicas para geraccedilatildeo de renda XIII Congresso Brasileiro de Sociologia do Trabalho Recife UFPE 2007 disponiacutevel em lthttpwwwsbsociologiacombrportalindexphpoption=com_docmanamptask=doc_downloadampgid=1046ampItemid=171gtAcesso em 18 nov 2015 BARONE F M LIMA P F DANTAS V REZENDE V Introduccedilatildeo ao Microcreacutedito BACEN 2002 Disponiacutevel em

120

lthttpwwwbcbgovbrhtmspublicmicrocreditomicrocreditopdfgtAcesso em 22 jan 2017 BATISTA ROBERTO LEME Uma anaacutelise criacutetica sobre as bases conceituais do PLANFOR Rede de Estudos do trabalho ndash Revista da RET ano III nordm 4 2009 disponiacutevel em lthttpwwwestudosdotrabalhoorgUma20anE1lise20crEDticapdfgtAcesso em 07 jul 2016 BRASIL Constituiccedilatildeo Federal do Brasil 1988 __________ Decreto Lei nordm 54521943 __________ Decreto Lei nordm 7188573 __________ Decreto Lei nordm 194696

__________ Decreto Lei nordm 194696 __________ Decreto Lei nordm 55982005 __________ Lei Complementar n1232006 __________ Lei Complementar n 0870

__________ Lei Complementar n 2571 __________ Lei Complementar 1282008 Brasiacutelia 2008

__________ Lei Complementar 1472014 __________ Lei Federal n 472565

__________ Lei Federal n 43301964

__________ Lei Federal n 51071966

__________ Lei Federal n 721966

__________ Lei Federal n 071970 __________ Lei Federal n 602574 __________ Lei Federal n 613674

__________ Lei Federal n 228386

__________ Lei Federal n 799890 __________ Lei Federal n 102082001

121

__________ Lei Federal n 107792003 __________ Lei Federal n 80361990 __________ Lei Federal n 111102005

__________ Lei Federal n 11598 2007

__________ Lei Federal n 104062002

__________ Lei Federal n 86661993

__________ Lei Federal n 111102005 __________ Medida Provisoacuteria 2164-41 2001

__________ MINISTEacuteRIO DO TRABALHO E EMPREGO Mercado de Trabalho Conjuntura e anaacutelise nordm 56 IPEA 2014Disponiacutevel em lthttpwwwipeagovbrportalimagesstoriesPDFgtsmercadodetrabalhobmt56_completopdfgtAcesso em 28 jul 2016

__________MINISTEacuteRIO DO TRABALHO E EMPREGO Anaacutelise do Mercado de Trabalho nordm 58 Ano 21 IPEA 2015 Disponiacutevel emlthttpwwwipeagovbrportalimagesstoriesPDFgtsmercadodetrabalhobmt_58_analisepdfgtAcesso em 28 jul 2016

__________Estudo elaborado pelo Observatoacuterio do Mercado de Trabalho do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) 2002 __________ Economia Informal Urbana IBGE 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrhomeestatisticaeconomiaecinf2003gtAcesso em 21 out 2015 __________ Resoluccedilatildeo n 12696

BRESSER PEREIRA L C A crise na Ameacuterica Latina consenso de Washington ou crise fiscal Disponiacutevel em lthttpppeipeagovbrindexphpppearticleview883820gtAcesso em 10 out 2015 BROM LUIZ GUILHERME A crise da modernidade pela lente do trabalho Satildeo Paulo Saraiva 2006

CAMINHA MARCO AUREacuteLIO LUSTOSA As metamorfoses do mundo do trabalho no final do seacuteculo XX e a atualidade da questatildeo social Jus Navigandi v 3147 p 1-5 2012 Disponiacutevel em lthttpjuscombrartigos21058as-metamorfoses-do-mundo-do-trabalho-no-final-do-seculo-xx-e-a-atualidade-da-questao-socialgtAcesso em 23 set 2015

CARDOSO DE MELLO J M O capitalismo tardio 8ordf ed Satildeo Paulo Brasiliense

122

1991 CATTANI ANTONIO DAVID Economia submersa Lua Nova [online] 1985 vol2 n2 pp 27-31 Disponiacutevel lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_pdfgtamppid=S0102-gtAcesso em 06 set 2015 CERQUEIRA C L CUNHA G C MOHR G SOUZA L J ABRAHAO C M S FLEIG D Associativismo possibilidades de inovaccedilatildeo para os microempreendedores do litoral paranaense In VIII Workshop EmpreenderSur 2014 Satildeo Paulo Educando para o Empreendedorismo e Inovaccedilatildeo Satildeo Paulo Universidade Presbiteriana Mackenzie 2014 v 1 p 728-741 Disponiacutevel lthttpemprendesurnetboletinesEmprendeSUR_viii_wpdfgtAcesso em 23 dez 2016

CHAHAD J P Z Poliacuteticas Ativas e Passivas no Mercado de Trabalho aspectos conceituais a experiencia internacional e a avaliaccedilatildeo do caso brasileiro 2006 (Convecircnio CEPALPNUDOIT - Relatoacuterio Nacional de Desenvolvimento Humano) Disponiacutevel emltlthttpdocplayercombr4431539-Politicas-ativas-e-passivas-no-mercado-de-trabalho-aspectos-conceituais-a-experiencia-internacional-e-a-avaliacao-do-caso-brasileiro-1htmlgtAcesso em17 marccedilo 2016

CHESNAIS FRANCcedilOIS A mundializaccedilatildeo do capital Satildeo Paulo Xamatilde 1996 COTRIN G histoacuteria do Brasil um olhar criacutetico Satildeo Paulo Saraiva 1999

DENARDIN V F SULZBACH M T O impacto da regulamentaccedilatildeo do mercado de trabalho frente a fragilidade orccedilamentaacuteria e do emprego nos municiacutepios do litoral do Paranaacute Universidade Federal do Rio Grande do Norte CCHLA 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwcchlaufrnbrgtAcesso em 03 jun 2016

___________ Produtos com identidade territorial o caso da farinha de mandioca no litoral paranaense In Saquet M A Santos R A Geografia agraacuteria territoacuterio e desenvolvimento Satildeo Paulo Expressatildeo Popular 2010Disponiacutevel em lthttpwwwaba-agroecologiaorgbrrevistasindexphprbagroecologiaarticle6084gtAcesso em 05 maio 2016 DESLANDES SUELI FERREIRA A construccedilatildeo do projeto de pesquisa In MINAYO Maria Ceciacutelia Pesquisa Social teoria meacutetodo e criatividadendashed 29 Petroacutepolis Vozes 2010

DENARDIN VALDIR F LAUTERT L F RIBAS C P ZANETTI R Farinha de Mandioca no Litoral Paranaense um produto com potencial agroecoloacutegico Revista Brasileira de Agroecologia v 4 p 2420-2424 2009Disponiacutevel em httpwwwabaagroecologiaorgbrrevistasindexphprbagroecologiaarticleview8626 Acesso em26 abril 2016

123

DIEESE Mercado de trabalho Satildeo Paulo 2015 Disponiacutevel em lthttpswwwdieeseorgbranuario2015sistPubLivreto1MercadoDeTrabalhopdfgt Acesso em 12 de set de 2016

DUMEacuteNIL GEacuteRARD LEacuteVY DOMINIQUE Neoliberalismo ndash Neo-imperialismo Economia e Sociedade Campinas v 16 n 1 (29) p 1-19 abr 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfgtecosv16n1a01v16n1gtAcesso em16 marccedilo 2016 ESTEVES CLAacuteUDIO JESUS DE OLIVEIRA Vulnerabilidade Socioambiental na Aacuterea de Ocupaccedilatildeo Contiacutenua do Litoral do Paranaacute ndash Brasil Tese de Doutorado ndashUFPR Curitiba 2011

FAUSTO B Histoacuteria do Brasil Satildeo Paulo Edusp 1995 FERNANDES ANTOcircNIO SEacuteRGIO ARAUacuteJO O capital social e a anaacutelise institucional e de poliacuteticas puacuteblicas RAP Rio de Janeiro 36(3) 375-98 MaioJun 2002 Disponiacutevel lthttpwwwbibliotecadigitalfgvbrojsindexphpraparticledownload64445028gt Acesso em 18 jul 2015 FERNANDES FLORESTAN Capitalismo dependente e as classes sociais na Ameacuterica Latina Rio de Janeiro Zahar 1975 FIANI RONALDO Arranjos Institucionais e Desenvolvimento O Papel da Coordenaccedilatildeo em Estruturas Hiacutebridas IPEA RJ 2013 disponiacutevel em lthttprepositorioipeagovbrbitstream110589711TD_1815pdfgtAcesso em 25 nov 2016

IANI RONALDO Cooperaccedilatildeo e Conflito Instituiccedilotildees e desenvolvimento econocircmico 01 ed Rio de Janeiro Elsevier 2011 Disponiacutevel lthttpsbooksgooglecombrbooksid=fT2tJY2rRygCamppg=PA4amplpg=PA4ampdq=instituiC3A7C3B5es+para+davis+northampsource=blampots=NDdomTfdL3ampsig=4TQ1Ux7o2dNxnLBDGGUFsDgA-w8amphl=pt-BRampsa=Xampved=0ahUKEwjMwYri8N_QAhXClZAKHXJKAA8Q6AEIPjAGv=onepageampq=instituiC3A7C3B5es20para20davis20northampf=falsegtAcesso em 25 nov 2016

FIANI RONALDO Teoria da regulaccedilatildeo econocircmica Estado atual e perspectivas futuras UFRJ-IE 2001 Disponiacutevel lthttpcac-phpunioestebrcursostoledohistoriaeconomicateoriaregulacaopdfgtAcesso em 01 dez 2016

FREY KLAUS Poliacuteticas puacuteblicas um debate conceitual e reflexotildees referentes agrave praacutetica da anaacutelise de poliacuteticas puacuteblicas no Brasil Planejamento e Poliacuteticas Puacuteblicas (IPEA) Brasiacutelia v 21 p 211-259 2000 Disponiacutevel em ltlthttpwwwufpabrepdirimagesdocspaper21pdfgtgtgtAcesso em 12 dez 2016

FUNDACcedilAtildeO GETUacuteLIO VARGAS (FGV) CPDOC A era Vargas 1927 disponiacutevel emltlthttpcpdocfgvbrnode1885gtAcesso em 03 out 2016

124

FURTADO CELSO Criatividade e dependecircncia na civilizaccedilatildeo industrial Satildeo Paulo Companhia das letras 2008 GALEANO EDUARDO As veias abertas da Ameacuterica Latina Porto Alegre LampPM 2010 HIGGINS SILVIO SALEJ Fundamentos teoacutericos do capital social Chapecoacute Argus 2005

HOumlFLING ELOISA DE MATTOS Estado e poliacuteticas (puacuteblicas) sociais Cadernos Cedes ano XXI n 55 novembro2001 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfgtccedesv21n555539pdfgtAcesso em 22 dez 2015 HOROCHOVSKI RR et al Bacharelado em Gestatildeo Puacuteblica da UFPR uma contribuiccedilatildeo ao desenvolvimento sustentaacutevel do litoral do Paranaacute Temas de Administraccedilatildeo Puacuteblica v 3 n 6 p 1-22 2012 Disponiacutevel em ltlthttpwwwfclarunespbrgtAcesso em 03 mar 2016

HOROCHOVSKI RR JUNCKES IJ CJL MURARO Participaccedilatildeo e planejamento em um programa de desenvolvimento regional sustentaacutevel Revista Brasileira de Ciecircncias Ambientais ndash Nuacutemero 20 ndash Junho de 2011 Disponiacutevel ltlthttpabesdnorgbrpublicacoesrbciambPDFgts2007_Materia_5_final_artigos280pdfgtAcesso em 28 fev 2017 KOHLER R As relaccedilotildees ente os agregados macroeconocircmicos locais In 5deg Encontro de Economia Gauacutecha 2010 Porto Alegre - RS 5deg Encontro de Economia Gauacutecha 2010 Disponiacutevel ltlthttpswwwgooglecombrsearchq=AS+RELAC387C395ES+ENTRE+OS+AGREGADOS+MACROECONC394MICOS+LOCAISamprlz=1C1CHZL_ptBRBR726BR726ampoq=AS+RELAC387C395ES+ENTRE+OS+AGREGADOS+MACROECONC394MICOS+LOCAISampaqs=chrome69i571742j0j7ampsourceid=chromeampie=UTF-8gtAcesso em 30 jan 2017

LARANJEIRA SOcircNIA MARIAGUIMARAtildeES As Transformaccedilotildees do Trabalho num Mundo Globalizado Sociologias Porto Alegre ano 2 nordm 4 juldez 2000 p14-19 Disponiacutevel lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1517-45222000000200002gt Acesso em 23 nov 2015

LIMA LUCIANA LEITE DASCENZI LUCIANO Implementaccedilatildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas Perspectivas Analiacuteticas Revista de Sociologia e Poliacutetica v 21 nordm 48 101-110 Dez 2013lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S010444782013000400006gtAcesso em 10 dez 2016

LOMBARDI MARIA ROSA Reestruturaccedilatildeo produtiva e condiccedilotildees de trabalho Percepccedilotildees dos trabalhadores Educaccedilatildeo amp Sociedade ano XVIII nordm 61 dezembro97 ndash disponiacutevel ltlthttpwwwscielobrpdfgtesv18n614699pdfgtAcesso em02 dez 2015

125

LUSTOSA FREDERICO Instituiccedilotildees cultura e desenvolvimento sustentaacutevel na bacia cultural do Araripe Cadernos Ebape Br v 8 nordm 1 artigo 9 Rio de Janeiro Mar 2010 Disponiacutevel lthttpwwwscielobrpdfgtcebapev8n1a09v8n1pdfgtAcesso em 21 jun 2015

MACHADO DANIELLE CARUSI NETO JOAtildeO HALLAK Poliacuteticas ativas e passivas de mercado de trabalho panorama atual UFF ndash CEDE RJ 2011Disponiacutevel ltlthttpwwwproacuffbrcedesitesdefaultfilesTD39_2pdfgtAcesso em 10 jan16

MACHADO LUIZ TOLEDO A teoria da dependecircncia na Ameacuterica Latina Estudos Avanccedilados 13 (35) 1999 Disponiacutevel em ltlthttpwwwscielobrpdfgteav13n35v13n35a18pdfgtAcesso em 01 jul16

MAGALHAtildeES JUacuteNIOR M Avaliaccedilatildeo de impacto do Programa Banco do Empreendedor Microcreacutedito sobre o niacutevel de atividade econocircmica dos municiacutepios paranaenses 2010-2013 Monografia de Fim de Curso em Ciecircncias Econocircmicas Universidade Federal do Paranaacute 2016

MALAGUTI MANOEL LUIZ Criacutetica agrave razatildeo informal a imaterialidade do salariado Satildeo Paulo Boitempo 2001

MARTINS JOSEacute DE SOUZA VEIGA JOSEacute ELI DA O que fazer para gerar empregos no Brasil Estud av vol17 no49 Satildeo Paulo SeptDec 2003 ndash disponiacutevel em ttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=s0103-40142003000300019Acesso em03 jun 2015

MATSUO MYRIANTrabalho informal e desemprego desigualdades sociais Tese de Doutorado em Sociologia da Universidade de Satildeo Paulo 2008 Disponiacutevel em wwwtesesuspbrtesesdisponiveis88132tde-05032010MYRIAN_MATSUOpd Acesso em 07 jul 2015 MENEGUIN FERNANDO B BUGARIN MAURIacuteCIO S A informalidade no mercado de trabalho e o impacto das instituiccedilotildees uma anaacutelise sob a oacutetica da teoria dos jogos Economia aplicada Satildeo Paulo v 12 n 3 p 341-363 2008 disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfgtecoav12n3v12n3a01Acesso em 24 set 2015

MONTEIRO RICARDO RA organizaccedilatildeo espacial no litoral paranaense Monografia conclusatildeo de curso (Poacutes graduaccedilatildeo) FAUUSP 2013a Disponiacutevel lthttpwwwfauuspbrdocentesdepprojetoc_deakAUP8406t-alun2013m313r-monteiro-litoral-paranapdfgtgtAcesso em 03 jan 2017

_____________ Regulamentaccedilatildeo urbana em revisatildeo no litoral do Paranaacute Revista brasileira de estudos urbanos e regionais Vol 15 ano 2013b Disponiacutevel em lthttpunuhospedagemcombrrevistarbeurindexphpanaisarticleview4241Acesso em 03 jan 2017

126

MORAES R ESTADO mercado e outras instituiccedilotildees reguladoras Lua Nova revista de cultura e poliacutetica nordm 58 2003 - lthttpwwwscielobrpdfgtlnn58a07n58pdfgtgtAcesso em 10 dez 2015

MOTTA VAcircNIA CARDOSO DA Ideologias do capital humano e do capital social da integraccedilatildeo agrave inserccedilatildeo e ao conformismo TrabEducSauacutedev6 n3p549-571nov2008fev2009 disponiacutevel em wwwscielobrscielophppid=S1981-77462008000300009ampscript=scitlngAcesso em 10 de maio 2015

NASCIMENTO MCG Regularizaccedilatildeo fundiaacuteria urbana de interesse social no direito brasileiro Dissertaccedilatildeo de Mestrado Faculdade de Direito da Universidade de Satildeo Paulo SP 2013 (P 19-26) wwwtesesuspbrDissertacao_Final_Mariana_Chiesa_Gouveia_NascimentopdfgtgtAcesso em 15 jan 2017

NASSIF V M J et al Empreendedorismo por Necessidade O Desemprego como Impulsionador da Criaccedilatildeo de Novos Negoacutecios no Brasil Pensamento e realidade 144 Ano XII mdash v 24 n 12009 disponiacutevel em lthttprevistaspucspbrindexphppensamentorealidadearticleview70755116 Acesso em12 fev 2017

NOGUEIRA MAURO ODDO PEREIRA LARISSA DE SOUZA As Empresas de Pequeno Porte e a produtividade sistecircmica da economia brasileira Obstaacuteculo ou fator de crescimento Disponiacutevel em lthttprepositorioipeagovbrbitstream1105842571Radar_n38_empresaspdfgtgtAcesso em 03 set 2015 WOLFF SIMONE Desenvolvimento local empreendedorismo e ―governanccedila urbana onde estaacute o trabalho nesse contexto Caderno CRH Salvador v 27n 70 p 131-150 JanAbr 2014 disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S010349792014000100010amplng=ptampnrm=isoamptlng=ptAcesso em11 dez 2016

OFFE CLAUS Problemas estruturais do estado capitalista Rio de Janeiro Ed Tempo Brasileiro 1984

OLIVEIRA EDNEacuteIA ALVES DE A poliacutetica de emprego no Brasil O caminho da flexinseguranccedila Serv Soc Soc Satildeo Paulo n 111 p 493-508 julset 2012 lthttpwwwscielobrscielophppid=S0101-66282012000300006ampscript=sci_arttext Acesso em23 jun 2015 OLIVEIRA FRANCISCO A DE A economia da dependecircncia imperfeita Rio de Janeiro Graal 1984

OLIVEIRA FARLEI MARTINS RICCIO Controle das legitimidades de Poliacuteticas Puacuteblicas limites e possibilidades Revista de Direito Administrativo v247 2008 lthttpbibliotecadigitalfgvbrojsindexphprdasearchsearch Acesso em 03 dez 2016

127

OLIVEIRA MAXWELL FERREIRA DE Metodologia Cientiacutefica um manual para a realizaccedilatildeo de pesquisas em administraccedilatildeo Catalatildeo UFG 2011 Disponiacutevel em lthttpsadmcatalaoufgbrup567oManual_de_metodologia_cientifica_-_Prof_Maxwellpdfgt Acesso em 03062015 OLIVEIRA VANESSA E As fases do processo de poliacuteticas puacuteblicas In MARCHETTI V (Org) Poliacuteticas Puacuteblicas em debate Satildeo Bernardo do Campo ABCD Maior UFABC 2013

PAIVA LUIS HENRIQUE O dilema do financiamento orccedilamentaacuterio das poliacuteticas puacuteblicas de emprego IPEA Mercado de trabalho2006 disponiacutevel emlthttpwwwipeagovbragenciaimagesstoriesPDFgtsmercadodetrabalhomt_30epdfgtgtAcesso em04 jan 16 PARANAacute Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social Disponiacutevel httpwwwipardesgovbrindexphppg_conteudo=1ampcod_conteudo=30 Acesso 08 nov 16

PARANAGUAacute 2007 Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado de Paranaguaacute FUNPAR UFPR vol I ndash Anaacutelises Temaacuteticas e Diagnoacutesticos ndash contexto Municipal Disponiacutevel emlthttpwwwparanaguaprgovbrplano_diretor+20PLANO20DIRETORPDFgtPDDI20-20Volume20I-20AnC3A1lise20e20DiagnC3B3sticopdfgtgtAcesso em 01 ago 2016

________ Dec Municipal 8872013 PARIS KELLY E Efeitos da implementaccedilatildeo de poliacuteticas de incentivo a microempresas e empresas de pequeno porte estudo de caso da Microrregiatildeo de Paranaguaacute Trabalho de Conclusatildeo do Curso de bacharelado em Poliacuteticas Puacuteblicas da UFPR - Setor Litoral Matinhos 2015

PASTORE J As Mudanccedilas no Mundo do Trabalho - Leituras de Sociologia do Trabalho Curitiba LTR 2006 PEREIRA G D DE O Efeitos do microcreacutedito sobre o fortalecimento dos microempreendimentos e sobre as condiccedilotildees de vida dos microempreendedores Um estudo do CEAPEPB no periacuteodo de 2001 a 2004 Dissertaccedilatildeo de mestrado em economia pela Universidade federal da Paraiacuteba 2005 Disponiacutevel em lthttpportalfatmtegovbrwp-contentuploads201604efeitos_microcredito_fortalecimento_microempreendimentospdfgtgtAcesso em12 jan 2017 PEREIRA A P P Necessidades humanas subsiacutedios a criacutetica dos miacutenimos sociais 3ordf Ed Satildeo Paulo Cortes 2006

POCHMANN M O emprego na globalizaccedilatildeo a nova divisatildeo internacional do trabalho e os caminhos que o Brasil escolheu Satildeo Paulo Boitempo 2001

128

RIFKIN J O fim dos empregos o decliacutenio inevitaacutevel dos niacuteveis dos empregos e a reduccedilatildeo da forccedila global de trabalho Satildeo Paulo Makron Books 1996

ROGGERO RUma leitura sobre o desenvolvimento do setor terciaacuterio no movimento contemporacircneo do capital Texto retirado da web lthttpwwwsenacbrinformativobts243boltec243ahtmgtAcesso em 07 abril 2016 SACHS I Desenvolvimento includente sustentaacutevel sustentado Rio de Janeiro Garamond 2004 ________Inclusatildeo social pelo trabalho desenvolvimento humano trabalho descente e o futuro dos empreendedores de pequeno porte Rio de Janeiro Garamond 2003 ________ Rumo agrave ecossocioeconomia teoria e praacutetica Satildeo Paulo Cortez 2007 SANDRONI Paulo Noviacutessimo dicionaacuterio de economia Satildeo Paulo Best Seller 1999 httpsinusorgbr2014wp-contentuploads201311FMIBMNovC3ADssimo-DicionC3A1rio-de-Economiapdfgt Acesso em 02 jan 2017

SANTOS JOAtildeO BOSCO FEITOSA DOS MACIEL REGINA HELOISA MATTEI DE OLIVEIRA SATO LENY Trabalhadores informais e a formaccedilatildeo de redes socioprodutivas (RSP) consideraccedilotildees teoacuterico-empiacutericas Contemporacircnea ISSN 2236-532X v 4 n 2 p 325-350 JulndashDez 2014 ndash disponiacutevel em lthttpwwwcontemporaneaufscarbrindexphpcontemporaneaarticleview251gtAcesso em15 abril 2016 SANTOS GEOacuteRGIA PATRIacuteCIA GUIMARAtildeES DOS Desemprego informalidade e precariedade a situaccedilatildeo do mercado de trabalho no Brasil poacutes-1990 Pro-Posiccedilotildees v 19 n 2 (56) - maioago 2008 Disponiacutevel em ltwwwproposicoesfeunicampbrproposicoes56-artigos-santosgpgpdfgtAcesso em03 maio 2016 SCHEUER L BAHL M Sazonalidade do turismo no municiacutepio de Guaratuba Paranaacute Brasil UFPR Curitiba 2011 Disponiacutevel em httprevistasufprbrraegaarticleview24841 Acesso em08 abril 2016

SCHNEIDER VOLKER Redes de poliacuteticas puacuteblicas e a conduccedilatildeo de sociedades complexas Civitas v 5 nordm 1 janjun 2005 Disponiacutevel em lthttpdocplayercombr3686041-Redes-de-politicas-publicas-e-a-conducao-de-sociedades-complexashtmlgt Acesso em 21012017 SEBRAE Cidade Empreendedora 2013 Disponiacutevel em lthttpsitesprsebraecombrleigeralwp-contentuploadssites35201402Termo_referencia_2013-2ultimaversaopdfgtAcesso em 20 nov 2016

SEBRAE Participaccedilatildeo das micro e pequenas empresas na economia brasileira Brasiacutelia 2014 Disponiacutevel

129

lthttpswwwsebraecombrSebraePortal20SebraeEstudos20e20PesquisasParticipacao20das20micro20e20pequenas20empresaspdfgtAcesso em 20 nov 2016

SEBRAE Sobrevivecircncia das empresas no Brasil 2013 disponiacutevel em lthttpswwwsebraecombrSebraePortal20SebraeAnexosSobrevivencia_as_empresas_no_Brasil=2013pdfgtAcesso em 17 jul 2015

SEN A Desenvolvimento com liberdade Satildeo Paulo Companhia das Letras 2000 SILVA MARCIA DA Poder local conceito e exemplos de estudos no Brasil Sociedade amp Natureza Uberlacircndia 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfgtsnv20n2a04v20n2pdfgtAcesso em 03 fev 2017

SILVEIRA DENISE TOLFO COacuteRDOVA FERNANDA PEIXOTO A pesquisa cientiacutefica in Meacutetodos de pesquisa [organizado por] Tatiana EngelGerhardt e Denise Tolfo Silveira Porto Alegre Editora da UFRGS 2009 Disponiacutevel lthttpwwwufrgsbrcursopgdrdownloadsSeriederad005pdfgtAcesso em26 jun 2015 SOUZA D Poliacuteticas Publicas de Trabalho Emprego e Renda as accedilotildees dos governos e as loacutegicas do apoio agrave informalidade e agrave carteira assinada In I Conferecircncia Nacional de Poliacuteticas Puacuteblicas Natal 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwcchlaufrnbrcnpppgsanaisArquivos20GTS20-20recebidos20em20PDFgtPOLC38DTICAS20PC39ABLICAS20DE20TRABALHO20EMPREGO20E20RENDApdfgtAcesso em25 fev 2016 SOUZA C Poliacuteticas Puacuteblicas uma revisatildeo da literatura Sociologias Porto Alegre ano 8 nordm 16 juldez 2006 p 20-45 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfgtsocn16a03n16gtAcesso em02 maio 2015

SUPERVIELLE MARCOS QUINtildeONES MARIELA La instalacioacuten de la flexibilidad en Uruguay Sociologias Porto Alegre ano 2 nordm 4 juldez 2000 p20-6 Disponiacutevel lthttpwwwscielobrpdfgtsocn4socn4a03pdfgt 10 ago 2016 SULZBACH MAYRA TAIZA DENARDIN VALDIR FIGO FELISBINO JANELIZE NASCIMENTO O trabalho em pequenos municiacutepios praianos do Litoral do Paranaacute Plural Revista do Programa de Pos-Graduacao em Sociologia v 1 p 101-132 2012 Disponiacutevel lthttpolivadcwixsitecomsociologiaspluraisespecial-1gt Acesso em06 out 2016 TEIXEIRA ELENALDO CELSO O Papel das Poliacuteticas Puacuteblicas no Desenvolvimento Local e na Transformaccedilatildeo da Realidade Salvador Bahia 2002 lthttpwwwescoladebicicletacombrpoliticaspublicaspdfgtAcesso em 08 abril 2016 TREVISAN EDINEIA DE SOUZA LIMA JANDIR FERRERA DE Crescimento e desigualdade regional no Paranaacute um estudo das disparidades de PIB per capita Revista Ciecircncias Sociais em Perspectiva vol 09 nordm 16 2010 lthttpe-revistaunioestebriacutendexphpccsaemperspectivagt Acesso em 01 jan 2017

130

TURATO EGBERTO RIBEIRO Meacutetodos qualitativos e quantitativos na aacuterea da sauacutede definiccedilotildees diferenccedilas e seus objetos de pesquisa Ver Sauacutede Puacuteblica 2005 39(3) 507-14 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfgtrspv39n324808pdfgt Acesso em 26 jul 2015 TURRA SALATIEL BACcedilO FERNANDA MENDES BEZERRA Identificaccedilatildeo do niacutevel de desenvolvimento regional das microrregiotildees paranaenses por meio da anaacutelise fatorial Revista de Economia v 40 n 1 (ano 38) p 97-114 janabr 2014 Disponiacutevel emlthttprevistasufprbreconomiaarticleviewFile3520524249gt Acesso em 01 out 2016

131

SIacuteTIOS DIGITAIS

lthttpcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=410120ampidtema=152ampsearch=parana|antonina|produto-interno-bruto-dos-municipios-2013 lthttpcidadesibgegovbrxtrasperfilphpcodmun=410960 lthttpwwwipardesgovbrperfil_municipalMontaPerfilphpcodlocal=11ampbtOk=ok lthttpwwwipardesgovbrpdfgtmapasbase_fisicarelacao_mun_micros_mesos_paranapdfgtgt lthttpwwwforumpermanentesmpegovbr lthttpempresometrocncorgbrEstatisticas lthttpwwwsidraibgegovbrbdapesquisaspme lthttpwww12senadolegbrnoticiasglossario-legislativosistema-s lthttpwwwcepalorgbrasilnoticiasnoticias334013politicasativasepassivasnomercadodetrabalhochahadpdfgtgt lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto-leiDel5452htm lthttpscpdocfgvbrproducaodossiesAEraVargas1anos30-37PoliticaSocialMinisterioTrabalho lthttpwwwsenaiprorgbrosenaiconhecaFreeComponent20291content169224shtl lthttpwwwsenacbrinstitucionalsenacaspx lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis1950-1969L4725htm lthttpwwwdieeseorgbranuario2015sistPubLivreto1MercadoDeTrabalhopdfgtgt lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decretoD1946htm lthttpwwwbndesgovbrapoiopronafhtml lthttpportalfatmtegovbrwp-contentuploads201602Res103_1996pdfgtgt lthttpappprsebraecombrleigeralnacionalMonitoramentoLeiGeraldo lthttpappprsebraecombrleigeralnacionalVisualizarQuestionariodoacao=CARREGA_AVALIACAOampano=2017ampcodigoEstado=16ampcodigoMunicipio=6133 lthttpswwwsebraecombrSebraePortal20SebraeEstudos20e20PesquisasParticipacao20das20micro20e20pequenas20empresaspdfgtgt

132

lthttpwwwbrasilgovbreconomia-e-emprego201001maior-participacao-dos-bancos-comerciais-publicos-no-mercado-e-positiva-diz-diretor-do-sebrae lthttpseconomiauolcombrcotacoescambiodolar-comercial-estados-unidoshistorico

133

APEcircNDICES

APEcircNDICE 1 ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Tiacutetulo da Pesquisa Nome doPesquisador

1 Natureza da pesquisa

2 Participantes da pesquisa

3 Envolvimento na pesquisa ao participar deste estudo a sra (sr) permitiraacute que o (a) pesquisador perguntas agrave natureza da pesquisa O senhor (a) tem liberdade de se recusar a participar e ainda se recusar a continuar participando em qualquer fase da pesquisa sem qualquer prejuiacutezo para a sra (sr)

4 Sobre as entrevistasas entrevistas seratildeo gravadas

5 Riscos e desconforto a participaccedilatildeo nesta pesquisa natildeo traz complicaccedilotildees

legais

6 Confidencialidadetodas as informaccedilotildees coletadas neste estudo satildeo estritamente confidenciais Somente o (a) pesquisador (a) e o (a) orientador (a) teratildeo conhecimento dos dados

Apoacutes estes esclarecimentos solicitamos o seu consentimento de forma livre

para participar desta pesquisa Portanto preencha por favor os itens que se seguem

Obs Natildeo assine esse termo se ainda tiver duacutevida a respeito

Consentimento Livre e Esclarecido Tendo em vista os itens acima apresentados eu de forma livre e

esclarecida manifesto meu consentimento em participar da pesquisa Declaro que recebi coacutepia deste termo de consentimento e autorizo a realizaccedilatildeo da pesquisa e a divulgaccedilatildeo dos dados obtidos neste estudo

___________________________ Nome do Participante da Pesquisa ______________________________ Assinatura do Participante da Pesquisa __________________________________ Assinatura do Pesquisador _________________________________

134

Assinatura do Orientador APEcircNDICE 2 ndash QUESTIONAacuteRIO PARA O MEI

Curso de Mestrado em Desenvolvimento Territorial Sustentaacutevel UFPR- Setor Litoral

Mestrando Marcus Aureacutelio O objetivo desse questionaacuterio eacute obter dados estatiacutesticos de base quantitativa e

qualitativa que seratildeo utilizados em minha dissertaccedilatildeo

Obrigado por colaborar

QUESTIONAacuteRIO PARA O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI)

1 Qual eacute a aacuterea econocircmica de atuaccedilatildeo____________________________________ 2 Haacute quanto tempo estaacute formalizado______________________________________

3 Renda bruta mensal em salaacuterio miacutenimo

Na temporada de praiade ateacute ( ) 1 salaacuterio ( ) 2 salaacuterios ( ) 3 salaacuterios ( ) 4 salaacuterios ( ) maior que 5 salaacuterios miacutenimos

Fora da temporada de ateacute ( ) 1 salaacuterio ( ) 2 salaacuterios ( ) 3 salaacuterios ( ) 4 salaacuterios ( ) maior que 5 salaacuterios miacutenimos

4 Obteve financiamento junto agraves instituiccedilotildees de creacutedito facilitado ( ) sim ( ) natildeo

Se sim o financiamento foi utilizado ( ) na expansatildeo dos negoacutecios ( ) capital de giro ( ) compra de materiais ( ) todos os itens anteriores

5 Possui ou jaacute possuiu relaccedilatildeo comercial com o Municiacutepio Estado ( ) sim ( ) natildeo 6 Participa de alguma associaccedilatildeo ( ) sim ( ) natildeo

7 Com a regularizaccedilatildeo do MEI sua situaccedilatildeo socioeconocircmica melhorou ( ) sim ( ) natildeo - (Em que

sentido)______________________________________ _____________________________________________________________

_____ _____________________________________________________________

_____ 8 Vocecirc deixaria de ser MEI por um emprego formalizado com carteira assinada e

salaacuterio mensal ( ) sim ( ) natildeo ndash (por

que)_____________________________________________ _____________________________________________________________

_____ 9 Vocecirc jaacute participou de algum curso de capacitaccedilatildeo ( ) sim ( ) natildeo

10 Jaacute realizou consultoria com agentes do SEBRAE ou Agentes de Desenvolvimento do Municiacutepio disponiacuteveis na Sala do Empreendedor

( ) sim ( ) natildeo 11 Suas atividades satildeo realizadas em

( ) sua residecircncia ( ) imoacutevel alugado ( ) imoacutevel proacuteprio 12 Vocecirc possui outra atividade aleacutem de ser MEI ( ) sim ( ) natildeo

13 Na sua opiniatildeo a prefeitura tem auxiliado a categoria do MEI no seu desenvolvimento atraveacutes de

( ) compra de produtos e serviccedilos do MEI ( ) no processo de formalizaccedilatildeo ( ) promoccedilatildeo de cursos de capacitaccedilatildeo para o MEI ( ) incentivo agrave aquisiccedilatildeo de

tecnologias pelos MEI ( ) natildeo sabe informar se a prefeitura possui esses programas de incentivo

14 Vocecirc possui funcionaacuterio para o exerciacutecio da sua atividade ( ) sim ( ) natildeo

135

Se a resposta for sim ele eacute formalizado ( ) sim ( ) natildeo

15 Na sua opiniatildeo quais accedilotildees que a prefeitura poderia realizar para auxiliar o desenvolvimento da

categoria do MEI ____________________________________________________

Page 7: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1- POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS DE TRABALHO DESENVOLVIDAS NO

BRASIL ANTERIOR A 1964 36

QUADRO 2 - POLIacuteTICAS DE EMPREGO DESENVOLVDAS NO BRASIL

DURANTE O REGIME MILITAR 39

QUADRO 3 - PRINCIPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO

DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016) 43

QUADRO 4- BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PARANAGUAacute PARA

ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS ALTERACcedilOtildeES

66

QUADRO 5- BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PONTAL DO PARANAacute

PARA ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS

ALTERACcedilOtildeES 68

QUADRO 6 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM DE MATINHOS 69

QUADRO 7- ACcedilOtildeES REGULARES DE APOIO AO MEI NA MRGP 71

QUADRO 8- ENTIDADES REPRESENTANTES DAS CLASSES

EMPRESARIAL COMERCIAL E AGRIacuteCOLA NO LITORAL DO

PARANAacute 104

LISTA DE MAPAS

MAPA 1 - MICRORREGIAtildeO GEOGRAacuteFICA DE PARANAGUAacute 50

LISTA DE GRAacuteFICOS

GRAacuteFICO 1 - RECEITAS TOTAIS DOS MUNICIacutePIOS 75

GRAacuteFICO 2 - ARRECADCcedilAtildeO E DESPESAS MUNICIPAIS NA MRGP (2015) 76

GRAacuteFICO 3 - IPTU EM RELACcedilAtildeO Agrave ARRECADACcedilAtildeO TRIBUTAacuteRIA DOS

MUNICIacutePIOS DA MRGP (2013 ndash 2014) () 77

GRAacuteFICO 4 - NUacuteMERO DE ATENDIMENTOS REALIZADOS NAS SALAS DO

84

GRAacuteFICO 5 - NUacuteMERO DE FORMALIZACcedilOtildeES REALIZADAS 84

GRAacuteFICO 6 - NUacuteMERO DE BAIXAS DE INCRICcedilAtildeO DO MEI 85

GRAacuteFICO 7 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30) POR ATIVIDADE

ECONOcircMICA () 89

GRAacuteFICO 8 - ANOS DE FORMALIZACcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30) 90

GRAacuteFICO 9 - RELACcedilOtildeES COMERCIAIS DOS MEI COM O MUNICIacutePIO NA

MRGP (N=30) 92

GRAacuteFICO 10 - VAOLRES TOTAIS FINANCIADOS PELO MEI NA MRGP

ATRAVEacuteS DO PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR

PARANAacute (FOMENTO PARANAacute) (201 ndash 2015 ndash 2016) 101

GRAacuteFICO 11 - FINANCIAMENTOS JUNTO AO SISTEMA DE CREacuteDITO NA

MRGP () 102

GRAacuteFICO 12 - RESPOSTA SOBRE PARTICIPACcedilAtildeO EM ASSOCIACcedilAtildeO

REPRESENTANTE DA CATEGORIA 103

GRAacuteFICO 13 - CONHECIMENTO DOS RESPONDENTES DE ESTRATEacuteGIAS

ADOTADAS PELAS PREFEITURAS EM APOIO AO MEI NA

MRGP () 106

GRAacuteFICO 14 - RESPONDENTES QUE POSSUEM FUNCIONAacuteRIOS NA MRGP

() 109

GRAacuteFICO 15 - QUANTITATIVO DE TRABALHADORES FORMALIZADOS E

NAtildeO FORMALIZADOS EMPREGADOS PELO MEI NA MRGP

() 110

GRAacuteFICO 16 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS MEI RESPONDENTES COM BASE NA

RENDA BRUTA TENDO COMO PARAcircMETRO DE VALOR O

SALAacuteRIO MIacuteNIMO NACIONAL (2016) () 111

GRAacuteFICO 17 - QUANTITATIVO DE MEI RESPONDENTES QUE

PARTICIPARAM DE CURSOS DE 114

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - TAXA DE DESEMPREGO E INFORMALIDADE NO BRASIL 29

TABELA 2 - POPULACcedilAtildeO ABSOLUTA POPULACcedilAtildeO URBANA E

POPULACcedilAtildeO RURAL DA MRGP (2000-2010) 51

TABELA 3 - DEMONSTRATIVO DO IDH E DO IacuteNDICE DE POBREZA DOS

MUNICIacutePIOS DA MRGP 52

TABELA 4 - DADOS DO MERCADO DE TRABALHO NA MRGP (2000-2016)

53

TABELA 5 - NUacuteMERO DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP (2013-2014) 54

TABELA 6 - NUacuteMEROS DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP POR SETOR

ECONOcircMICO 55

TABELA 7 - VALOR ADICIONADO FISCAL (VAF - R$ 100 (P)) DOS

MUNICIacutePIOS INTEGRANTES DA MRGP (2016) 56

TABELA 8 - PIB PER CAPTA DOS MUNICIacutePIOS DA MRGP 57

TABELA 9 - NUacuteMERO DE EMPRESAS NA MRGP (MAIO2016) 59

TABELA10- ATIVIDADES ECONOcircMICAS DESENVOLVIDAS NA MRGP

(maio2016) 59

TABELA11- PROCURA E APROVACcedilAtildeO DE CREacuteDITO PELOS MEI (BRASIL)

97

TABELA12- NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS E VALORES FINANCIADOS

NA MRGP CEDIDOS PELA CAIXA ECONOcircMICA FEDERAL AgraveS

MPE (2015-2016) 98

TABELA13- NUacuteMERO DE MPE NA MRGP (2015-2016) 99

TABELA14 - NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS CEDIDOS AO MEI JUNTO

AO PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR DO PARANAacute

(FOMENTO PARANAacute) NA MRGP (2014-2015-2016) 100

TABELA15- RENDIMENTO NOMINAL MEacuteDIO DOS TRABALHADORES

CONTRIBUINTES PARA A PREVIDEcircNCIA SOCIAL EM

QUALQUER TRABALHO NA MRGP (2010) 112

LISTA DE SIGLAS

CLT - Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho

CODEFAT - Fundo de Amparo ao Trabalhador

DIEESE - Departamento Intersindical de Estatiacutestica e Estudos

Socioeconocircmicos

ECINF - Economia Informal Urbana

FGTS - Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo

IBGE - Instituto brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IDT - Instituto de Desenvolvimento do Trabalho

INPS - Instituto Nacional de Previdecircncia Social

IPARDES - Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social

IPEA - Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada

LC - Lei Complementar

MEI - Microempreendedor Individual

MPAS - Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social

MRGP - Microrregiatildeo Geograacutefica de Paranaguaacute

MTE - Ministeacuterio do Trabalho e Emprego

MTPS - Ministeacuterio do Trabalho e Previdecircncia Social

OCDE - Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e DesenvolvimentoEconocircmico

OIT - Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho

PASEP - Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico

PDM - Poliacuteticas de Desenvolvimento do Milecircnio

PIS - Programa Integraccedilatildeo Social

PLANFOR - Plano Nacional de Qualificaccedilatildeo do Trabalhador

PND - Plano nacional de Desenvolvimento

PP - Poliacutetica Puacuteblica

PROGER - Programa de Geraccedilatildeo de Emprego e Renda

PRONAF - Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar

PRORURAL - Programa de Desenvolvimento Econocircmico e Territorial - Renda

e Cidadania no Campo

SEBRAE - Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas

SINE - Sistema Nacional de Emprego

SUMAacuteRIO

APRESENTACcedilAtildeO 15

1 ALTERACcedilOtildeES NO MUNDO DO TRABALHO DESEMPREGO E

INFORMALIDADE 21

11 A INFORMALIDADE NO CENAacuteRIO BRASILEIRO 25

12 DO TRABALHO FORMALIZADO Agrave NECESSIDADE EMPREENDEDORA A

CRIacuteTICA 30

2 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO DAS

ORIGENS AO MEI 33

21 SOBRE A POLIacuteTICA PUacuteBLICA NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO

33

211Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho primeiro momento 36

212 Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho no Regime Militar 39

213 Poliacuteticas Puacuteblicas de trabalho no periacuteodo de redemocratizaccedilatildeo do Brasil 42

214Poliacutetica Puacuteblica de Trabalho MEI 45

3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS PARA O MEI NA MICRORREGIAtildeO DE PARANAGUAacute 50

31 A FRAacuteGIL ECONOMIA NA MRGP 52

32 A INSTITUCIONALIDADE MEI NA MRGP 61

321 O Comitecirc Gestor Municipal na MRGP 65

322 Salas do Empreendedor e o Agente de Desenvolvimento 69

323 Accedilotildees regulares coordenadas pelos municiacutepios de incentivo ao MEI 71

4 DIFICULDADES E AVANCcedilOS NO DESENVOLVIMENTO INCLUDENTE DO

MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL NO LITORAL DO PARANAacute 74

41 A CAPACIDADE MUNICIPAL NO LITORAL DO PARANAacute EM MOBILIZAR

MECANISMOS PROPIacuteCIOS AO DESENVOLVIMENTO DO MEI 74

411 A gestatildeo puacuteblica municipal no litoral paranaense e a destinaccedilatildeo da receita 81

42 UMA SIacuteNTESE COMPARATIVA ENTRE AS FORMALIZACcedilOtildeES E AS BAIXAS

DO MEI NA MRGP 83

43 O MEI POR ELE MESMO AS LUTAS E DESAFIOS ATRAVEacuteS DO TRABALHO

88

431 Atividades econocircmicas desenvolvidas pelos MEI entrevistados no Litoral 88

do Paranaacute 88

432 Tempo de formalizaccedilatildeo e os MEI no Litoral do Paranaacute 90

434 Compras puacuteblicas e o apoio aos MEI na MRGP 91

435 O Acesso em ao creacutedito aos MEI no Litoral do Paranaacute 95

436 O associativismo e os MEI na MRGP 102

437 Mobilizaccedilatildeo dos governos locais no estiacutemulo agrave categoria do MEI 105

438 O MEI-Patratildeo no Litoral do Paranaacute 108

439 Renda bruta dos MEI entrevistados um alento agrave meacutedia 110

4310 Capacitaccedilatildeo profissional dos MEI no Litoral do Paranaacute 112

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 115

REFEREcircNCIAS 119

APEcircNDICES 133

15

APRESENTACcedilAtildeO

O referente trabalho surgiu de reflexotildees acerca do processo acelerado da

expansatildeo do desemprego estrutural em niacutevel mundial mas que oferece pressatildeo

sobre configuraccedilotildees territoriais menores como na Microrregiatildeo Geograacutefica de

Paranaguaacute (MRGP) alertando sobre o deslocamento dos trabalhadores para a

economia informal e em resposta a accedilatildeo do Estado atraveacutes de poliacuteticas puacuteblicas

de trabalho na tentativa de equacionar as disfunccedilotildees geradas pela reestruturaccedilatildeo

produtiva iniciada na deacutecada de 1970

O principal objetivo do nosso estudo eacute analisar como se apresenta a

implantaccedilatildeo da Lei Complementar 128 de 19 de dezembro de 2008 (LC 12808) nos

municiacutepios do litoral paranaense recortado como Microrregiatildeo Geograacutefica de

Paranaguaacute (MRGP) Esta poliacutetica puacuteblica eacute uma tentativa de retirar da informalidade

trabalhadores brasileiros exercendo as mais variadas atividades dentro desse setor

O que significa resgatar a sua dignidade e cidadania pela valoraccedilatildeo ao seu

trabalho pela inclusatildeo no sistema previdenciaacuterio dentre outros benefiacutecios

associados agrave formalizaccedilatildeo

Pretendemos descrever as principais caracteriacutesticas e estrateacutegias

organizadas na MRGP para a implantaccedilatildeo da LC 12808 que tem como uma de

suas premissas a inclusatildeo social descrita em seu art 18 Aleacutem disso realiza -se o

estudo sobre a aderecircncia dos governos locais agrave poliacutetica puacuteblica de formalizaccedilatildeo do

microempreendedor individual (MEI)

Como objetivos secundaacuterios este estudo apresenta 1) Analisar os dados

relativos a emprego renda niacutevel de ocupaccedilatildeo volume de registros de MEI na

microrregiatildeo estudada 2) Identificar as estruturas e accedilotildees das prefeituras da

microrregiatildeo relacionadas agrave poliacutetica puacuteblica em questatildeo

Haacute algumas questotildees iniciais as quais entendemos pertinentes no processo

de estudo do referente trabalho e que foram balizares no encaminhamento das

pesquisas (a) De que maneira o mundo do trabalho (organizaccedilotildees puacuteblicas

mercado e organizaccedilotildees sociais) tem constituiacutedo poliacuteticas de formalizaccedilatildeo e renda

no trabalho (b) Qual a configuraccedilatildeo socioeconocircmica e os principais problemas

enfrentados pelos trabalhadores informais na regiatildeo litoracircnea do Paranaacute (c) Como

os trabalhadores mercado e organizaccedilotildees puacuteblicas e sociais tecircm promovido e

acolhido a formalizaccedilatildeo do microempreendedor individual na aacuterea de estudo

16

A ausecircncia na literatura de dados especiacuteficos atualizados sobre a aacuterea de

estudo sobretudo na aacuterea da economia do trabalho e a dificuldade em obter dados

em algumas instituiccedilotildees por conta da poliacutetica interna destas pode ter

comprometido em parte a anaacutelise do todo poreacutem natildeo alterou os objetivos dos

estudos sobre a categoria MEI

O processo metodoloacutegico foi constituiacutedo em dois momentos distintos e

complementares No primeiro momento buscamos na pesquisa exploratoacuteria

elementos que nos dessem suporte agrave compreensatildeo do objeto do estudo partindo

necessariamente do conjunto de fatores que levaram a criaccedilatildeo da LC 12808 e a

regulamentaccedilatildeo da formalizaccedilatildeo dos MEI Para tanto estabelecemos alguns

indicadores que nos orientaram no sentido das modificaccedilotildees ocorridas no sistema

capitalista a partir da deacutecada de 1970 e que resultaram no aumento do desemprego

da informalidade e da precarizaccedilatildeo do trabalho via flexibilizaccedilatildeo subcontrataccedilatildeo

Para estabelecermos a proximidade com o tema nos apoiamos na revisatildeo da

literatura especiacutefica resultando no reconhecimento sobre a trajetoacuteria histoacuterica das

modificaccedilotildees nas relaccedilotildees do trabalhoespaccedilo em cadeia global e nacional e

igualmente na criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave equaccedilatildeo de deformidades na

economia do trabalho no cenaacuterio brasileiro nos aproximando ao entendimento do

nosso objeto de estudo Essa revisatildeo eacute descrita no decorrer da dissertaccedilatildeo pela

nomenclatura dada no corpo do texto

No segundo momento considerando que para a anaacutelise do objeto de estudo

ou seja a implantaccedilatildeo nos municiacutepios integrantes da microrregiatildeo de Paranaguaacute da

Lei Complementar 12808 que cria a pessoa juriacutedica do empreendedor individual se

fez necessaacuterio aleacutem da coleta de dados em possibilidades de controle a inclinaccedilatildeo

igualmente agrave percepccedilatildeo subjetiva de anaacutelise com o objetivo de compreensatildeo do

contexto mais amplo sob o olhar holiacutestico e criacutetico do processo de implantaccedilatildeo da

referida lei Nesse sentido como afirma Deslandes (2010 p 33) ―a)criacutetica porque

devemos estabelecer um diaacutelogo reflexivo entre a teoria e o objeto de estudo

escolhido por noacutes b)ampla porque deve dar conta do ―estado atual sobre o

problema

Tendo como uma das opccedilotildees a pesquisa qualitativa sublinhamos a

possibilidade de maior compreensatildeo das relaccedilotildees socialmente constituiacutedas por

atores no plano do concreto do real Essas relaccedilotildees exercem significados e se

manifestam de diversas formas pois o que se torna forma passa pelas relaccedilotildees

17

humanas e portanto ―o que as ―coisas (fenocircmenos manifestaccedilotildees ocorrecircncias

fatos eventos vivecircncias ideias sentimentos assuntos) representam daacute molde agrave

vida das pessoas (TURATO 2005 p 510)

Nesse momento percebemos a falta de informaccedilotildees histoacutericas em bancos de

dados oficiais e natildeo oficiais e na literatura que nos apoiassem na descriccedilatildeo objetiva

sobre o tema contextualizado no litoral paranaense

A escassez de dados sobre a poliacutetica de formalizaccedilatildeo do MEI no litoral do

Paranaacute eacute resultante em parte pela demora na regulamentaccedilatildeo da LC 12808 e da

operacionalizaccedilatildeo da referida LC nos municiacutepios da MRGP A regulamentaccedilatildeo e

operacionalizaccedilatildeo dessa lei complementar soacute foi possiacutevel em determinados casos

pela parceria entre as prefeituras e o SEBRAE a partir de 2013 em Matinhos e

Paranaguaacute e sequencialmente em Pontal do Paranaacute Morretes e Guaraqueccedilaba

Ainda com dificuldade de obter dados histoacutericos do litoral paranaense acerca da

informalidade do trabalho e especificamente sobre o microempreendedor individual

algumas informaccedilotildees secundaacuterias foram obtidas atraveacutes de instituiccedilotildees oficiais

(IBGE IPARDES DIEESE EMPRESOacuteMETRO) e foram processadas com base na

estatiacutestica descritiva atraveacutes de Planilha Excel representado por graacuteficos e tabelas

Informaccedilotildees igualmente sobre o MEI foram adquiridas atraveacutes de fontes primaacuterias

como dados estatiacutesticos das salas do empreendedor e possibilitaram avaliar alguns

indicadores importantes sobre o desenvolvimento dos trabalhos desempenhados

pelos agentes de desenvolvimento e sobre a sustentabilidade do MEI a) quantitativo

de baixas da empresa b) formalizaccedilotildees c) procura por serviccedilos nas salas d) oferta

de serviccedilos nas salas do empreendedor

Outra maneira utilizada para obter informaccedilotildees foi atraveacutes de entrevistas

semiestruturadas com atores da administraccedilatildeo puacuteblica e de instituiccedilotildees da iniciativa

privada e aplicaccedilatildeo de questionaacuterio para os microempreendedores individuais que

exercem suas atividades na aacuterea de estudo Segundo Oliveira (2011 p 36) ―esta

teacutecnica de coleta de dados eacute bastante adequada para a obtenccedilatildeo de informaccedilotildees

acerca do que as pessoas sabemcrecircem esperam e desejam []

Foram entrevistados cinco (05) atores da administraccedilatildeo puacuteblica e trecircs (03)

atores da iniciativa privada Os atores foram escolhidos pela proximidade com

implantaccedilatildeo da LC 12808 Da administraccedilatildeo puacuteblica foram entrevistados quatro

agentes de desenvolvimento que atuam nas salas do empreendedor nos municiacutepios

que possuem parceria com o SEBRAE e um secretaacuterio municipal Da iniciativa

18

privada foram entrevistadas trecircs pessoas ligadas agraves associaccedilotildees da classe

empresarial e do SEBRAE Os MEI que participaram do questionaacuterio seratildeo

designados como respondentes Ao todo foram realizadas 08 (oito) entrevistas e 30

questionaacuterios aplicados

As entrevistas com os atores tanto da administraccedilatildeo puacuteblica quanto da

iniciativa privada se deram em seus locais de trabalho Ou seja nas salas do

empreendedor localizadas juntas agraves prefeituras e nas associaccedilotildees de classe e no

SEBRAE e tiveram como pressupostos levantar informaccedilotildees sobre as accedilotildees das

prefeituras e das associaccedilotildees sobre a implantaccedilatildeo da LC 12808 no litoral do

Paranaacute Todas as entrevistas foram gravadas e transcritas integralmente com a

anuecircncia dos entrevistados que assinaram o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido e foram realizadas no periacuteodo de junho a outubro de 2016

Para a construccedilatildeo do questionaacuterio e das questotildees pertinentes foram

utilizadas como base referencial autores como Sachs (2003) e Albuquerque e

Zapata (2010) aleacutem de uma leitura atenta da Lei Complementar 12306 e da Lei

complementar 12808

Considerando a precaacuteria organizaccedilatildeo em classe dos microempreendedores

individuais (MEI) no litoral do Paranaacute natildeo sendo possiacutevel identificaacute-los atraveacutes de

banco de dados na aplicaccedilatildeo do questionaacuterio optamos por deslocar ateacute o

estabelecimento do microempreendedor individual e aplicar o questionaacuterio em seu

local de trabalho Esse procedimento ao passo que era incerto pois natildeo havia

como identificar o MEI a natildeo ser percorrendo estabelecimento por estabelecimento

tornava-se solitaacuterio e exaustivo posto o deslocamento e o tempo para o

preenchimento do questionaacuterio e as duacutevidas que surgiam Poreacutem esta teacutecnica

possibilitou avaliar a estrutura do empreendimento e ao mesmo tempo conversar a

respeito da formalizaccedilatildeo dos MEI Dessa forma muito aleacutem da aplicaccedilatildeo do

questionaacuterio nos vimos envolto a uma realidade da qual natildeo percebiacuteamos Como

natildeo havia referecircncia sobre o enquadramento do estabelecimento perguntaacutevamos

para o proprietaacuterio se ele era MEI ou natildeo Os MEI que participaram respondendo ao

questionaacuterio muitas vezes falavam das dificuldades em aumentar seus negoacutecios e

da ausecircncia do poder puacuteblico local principalmente fora da temporada de praia

Cada aplicaccedilatildeo do questionaacuterio durava cerca de 30 a 50 minutos

Participaram como respondentes do questionaacuterio 30 (trinta)

microempreendedores individuais abrangendo os municiacutepios de Guaratuba

19

Matinhos Pontal do Paranaacute e Paranaguaacute A aplicaccedilatildeo do questionaacuterio ocorreu nos

meses de dezembro de 2016 e janeiro e fevereiro de 2017

Os dados pesquisados foram organizados e descritos em Planilha Excel e

disponibilizados atraveacutes de graacuteficos e tabelas

Este estudo estaacute distribuiacutedo em quatro capiacutetulos onde procuramos sublinhar

sequencialmente as modificaccedilotildees ocorridas no mundo trabalho e o resultante

dissoo alastramento da informalidade em niacuteveis mundial e local assim como

analisar a poliacutetica puacuteblica de formalizaccedilatildeo do MEI e seus dispositivos aplicados no

litoral do Paranaacute

No primeiro capiacutetulo estudamos as modificaccedilotildees no mundo do trabalho

atraveacutes de um recorte histoacuterico que levaram ao aumento exponencial do

desemprego estrutural e consequentemente da informalidade em niacuteveis mundiais

Ainda nesse capiacutetulo abordaremos o desemprego e a informalidade no cenaacuterio

brasileiro Para tanto nos apoiamos na literatura especializada sobre os temas

reestruturaccedilatildeo produtiva desemprego informalidade

O segundo capiacutetulo traz vaacuterias referecircncias ao conceito de Poliacutetica Puacuteblica e

a accedilatildeo do Estado brasileiro na economia do trabalho com quadros descritivos das

principais poliacuteticas puacuteblicas de trabalho no periacuteodo republicano e como essas

poliacuteticas organizaram a vida do trabalhador no Brasil Ainda nesse capiacutetulo

iniciamos nossas anaacutelises acerca da Lei de Formalizaccedilatildeo do Microempreendedor

Individual (LC 12808)

O terceiro capiacutetulo traz uma descriccedilatildeo da aacuterea de estudo (recorte espacial

da microrregiatildeo geograacutefica de Paranaguaacute) com dados demograacuteficos do mercado de

trabalho receitas municipais dados relacionados ao nuacutemero de empresas na regiatildeo

nuacutemeros de Micro e pequenas empresas e microempreendedores individuais

escalonados por atividade econocircmica Assim como aspectos institucionais

relacionados agrave formalizaccedilatildeo do microempreendedor na regiatildeo de estudo

No quarto capiacutetulo observamos os avanccedilos quanto agrave implantaccedilatildeo da poliacutetica

de formalizaccedilatildeo e as dificuldades encontradas para a expansatildeo e sustentabilidade

do MEI na regiatildeo de estudo Neste capiacutetulo nossos estudos recaem inicialmente

para a participaccedilatildeo dos governos locais na implantaccedilatildeo da poliacutetica em questatildeo e sua

capacidade de mobilizar estrateacutegias de apoio aos MEI Ainda satildeo analisados os

dados relativos agrave formalizaccedilatildeo e baixas dos microempreendedores nos municiacutepios

de Morretes Matinhos Pontal do Paranaacute e Paranaguaacute observando a proposta de

20

sustentabilidade do MEI Igualmente atraveacutes de questionaacuterio respondido pelos MEI

da regiatildeo de estudo foi possiacutevel estabelecer um perfil soacutecio econocircmico dos

entrevistados e dos efeitos dos dispositivos elencados na Lei Geral que permitem

possibilidades da inserccedilatildeo e expansatildeo da categoria no mercado e resgate da sua

dignidade laboral

21

1 ALTERACcedilOtildeES NO MUNDO DO TRABALHO DESEMPREGO E

INFORMALIDADE

Para compreendermos o porquecirc da criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas1 voltadas

ao enfrentamento do fenocircmeno da informalidade superlativada do desemprego e a

geraccedilatildeo de renda no cenaacuterio brasileiro eacute necessaacuterio observarmos as transformaccedilotildees

ocorridas em cadeia global na dimensatildeo da economia do trabalho e as

consequecircncias sociais e econocircmicas vinculadas agraves relaccedilotildees do trabalho

(informalidade precarizaccedilatildeo flexibilizaccedilatildeo trabalho temporaacuterio subcontrataccedilatildeo

dentre outros) que definem o quadro socioeconocircmico vigente e assim estabelecer

uma criacutetica histoacuterica que a partir da reorganizaccedilatildeo do processo produtivo incidiu

diretamente na concepccedilatildeo do trabalho do emprego e levou agrave

reorganizaccedilatildeoreformulaccedilatildeo do Estado (POCHMANN 2004) Para tal compreensatildeo

sobre o tema nos apoiaremos na extensa literatura jaacute existente

Em nossos estudos compreendemos o trabalho hoje formalizado ou natildeo

como uma atividade (humana) objetiva (no sentido da accedilatildeo) e subjetiva (no sentido

do pensamento) desenvolvida por homens e mulheres inclinada a transformar

modificar e produzir algo sob criteacuterios e validaccedilatildeo do Modelo de Produccedilatildeo

Capitalista Os criteacuterios do trabalho assim entendemos satildeo definidos com base nas

transformaccedilotildees ocorridas no proacuteprio sistema capitalista que por fim valida esse

processo pela viabilidade da produccedilatildeo laboral e intelectual conduzido por regras

vezes particulares vezes universais inseridos em contextos especiacuteficos ou

contextos globalmente unificados

O dinamismo do sistema capitalista produziu transformaccedilotildees de ordem

econocircmica social cultural ideoloacutegica configurando num processo contiacutenuo de

alteraccedilotildees permanentes no seio de sua proacutepria estrutura totalmente instaacutevel

flexiacutevel e mutante As mudanccedilas que ocorreram na economia mundial a exemplo

tiveram consequecircncias no processo produtivo logo nas relaccedilotildees do trabalho sob o

modelo fordista ocasionando mudanccedilas no tecido social cultural alimentados

ainda pelo crivo das contraposiccedilotildees ideoloacutegicas resultantes da polaridade mundial

1 Com efeito de poliacutetica puacuteblica voltada ao enfrentamento da informalidade no mercado de trabalho

brasileiro analisaremos mais a diante a Lei Complementar 12808 instrumento de criaccedilatildeo do Microempreendedor Individual (MEI) que possui expresso em seu art 18E aleacutem da formalizaccedilatildeo do MEI o caraacuteter de inclusatildeo social

22

apoacutes a Segunda Grande Guerra Tais transformaccedilotildees estatildeo associadas ao decliacutenio

do modelo keynesiano2 - progressista que exigiu do Estado uma posiccedilatildeo mais

reformadora em sua estrutura assinalada por Laranjeira (2000) Lombardi (1997) e

Caminha (2012)

O que podemos observar no cenaacuterio econocircmico eacute o substancial crescimento

inflexiacutevel do desemprego estrutural bem como as mudanccedilas no sistema de

assalariamento que foi condicionado por eventos especiacuteficos de enorme

importacircncia 1) a reestruturaccedilatildeo produtiva iniciada na deacutecada de 1970 2) o advento

da globalizaccedilatildeo (SANTOS 2008 p 152) 3) ―difusatildeo de um novo paradigma teacutecnico-

produtivo e do acirramento da competiccedilatildeo internacionalista nas economias

avanccediladas (POCHMANN 2001 p 41)

A reestruturaccedilatildeo produtiva foi uma resposta imediata agrave crise econocircmica

caracterizada pela impossibilidade do modelo Keynesiano - fordista reverter agraves

contradiccedilotildees proacuteprias produzidas pelo sistema capitalista Tal resposta implicou de

imediato numa nova redefiniccedilatildeo do espaccedilo fiacutesico e das relaccedilotildees entre trabalho e

produccedilatildeo que se mantinham sob forte regulaccedilatildeo consensual entre ―Estado capital e

sindicatos como aponta Barbosa (2007 p 3)

As modificaccedilotildees que ocorreram no setor produtivo e nas relaccedilotildees do

trabalho levaram a excessiva acumulaccedilatildeo de capital (acumulaccedilatildeo flexiacutevel) muito

embora essas modificaccedilotildees natildeo ocorreram de forma generalizada mas foram

absorvidas considerando contextos especiacuteficos de espaccedilo e cultura conforme

salienta Lombardi (1997) e ao aumento do desemprego por cortes em postos de

trabalho (capital variaacutevel) observando a evoluccedilatildeo tecnoloacutegica no setor produtivo e a

reconfiguraccedilatildeo desse setor com relocaccedilatildeo para espaccedilos perifeacutericos

Dentro dessa oacutetica como observa Lombardi (1997) a expansatildeo tecnoloacutegica

exerceu forte pressatildeo sobre os trabalhadores que se sentem ameaccedilados pela

concorrecircncia da tecnologia Trabalhos manuais foram substituiacutedos por trabalhos

mecacircnicos autocircmatos que produzem em escalas vertiginosas Ou seja

O avanccedilo na concorrecircncia intercapitalista e a adoccedilatildeo de um novo paradigma tecnoloacutegico estariam provocando alteraccedilotildees significativas nas economias avanccediladas Parece natildeo haver duacutevidas sobre o crescimento de

2O modelo Keynesinao tambeacutem chamado de Capitalismo Reformado por Sachs (2008) foi uma

resposta imediata aos efeitos causados pela Grande Depressatildeo tendo como base o pleno emprego e o Estado do Bem Estar Social

23

importacircncia das ocupaccedilotildees caracterizadas como superiores e de postos diretivos responsaacuteveis pela utilizaccedilatildeo de trabalhadores com maior exigecircncia de qualificaccedilatildeo e escolaridade Ao mesmo tempo as profissotildees inferiores (operaacuterios simples e manuais) ainda majoritaacuterios na estrutura ocupacional estariam perdendo participaccedilatildeo relativa (POCHMANN 2001 p 52)

Na segunda metade deacutecada de 1980 foi formulado por economistas norte-

americanos e outros ligados a OCDE (Organizaccedilatildeo para Cooperaccedilatildeo e o

Desenvolvimento Econocircmico) um conjunto de medidas de cunho macroeconocircmico

e estruturais destinado a paiacuteses do chamado Terceiro Mundo que apresentavam

baixos iacutendices de desenvolvimento econocircmico (BRESSER PEREIRA 1991)

Tais medidas foram sendo colocadas em praacutetica sobre tudo abaixo da linha

do equador americano pois como demonstra Bresser Pereira (1991) na Ameacuterica

Latina havia uma ―crise marcada por estagnaccedilatildeo econocircmica e altas taxas de

inflaccedilatildeo Dentro dessa perspectiva acreditava-se que havia uma necessidade de

restringir o tamanho do Estado e de sua participaccedilatildeo no setor econocircmico Assim a

orientaccedilatildeo era sua descentralizaccedilatildeo flexibilizaccedilatildeo na regulaccedilatildeo liberalizaccedilatildeo do

comeacutercio internacional promoccedilatildeo das exportaccedilotildees e a diminuiccedilatildeo das empresas

estatais pois entendiam que eram em grande nuacutemero e incapazes de gerir

produtividades adequadas as suas capacidades e ao modelo estrutural das novas

concepccedilotildees capitalistas (neoliberalismo globalizado)

No entanto tais modificaccedilotildees no sistema econocircmico permitiram o processo

de acumulaccedilatildeo do capital e da hipertrofia financeira criando mecanismos que

causaram enormes disfunccedilotildees sociais agravadas pela doutrinalsquo neoliberal e o novo

padratildeo tecnoloacutegico de produccedilatildeo e organizaccedilatildeo do trabalho (MOTTA 2009) Tais

fatores provocaram ―mudanccedilas substanciais que resultaram no aumento da pobreza

do desemprego e do subemprego e na precarizaccedilatildeo do trabalho (idem p 550)

O desemprego se constituiu como um dos maiores problemas sociais da humanidade A crise iniciada nos paiacuteses centrais a partir do final dos anos 1960 evidenciou o esgotamento do padratildeo de acumulaccedilatildeo fordista keynesiano alterando a relaccedilatildeo entre Estado e sociedade (OLIVEIRA 2012 p 494)

Conforme analisa Oliveira (2012) estima-se que em 2009 havia cerca de

210 milhotildees de pessoas desempregadas no mundo ―Os maiores afetados segundo

a agecircncia satildeo os jovens e as mulheres dos paiacuteses perifeacutericos (OLIVEIRA 2012 p

494) Diante de um quadro socioeconocircmico extremamente complexo seria

24

necessaacuterio novos mecanismos que dessem suporte ao controle das distorccedilotildees

sociais e de contenccedilatildeo Dessa forma foram lanccediladas novas bases da ideologia

dominante com objetivos especiacuteficos de controle da demanda com base nas

―poliacuteticas de desenvolvimento do milecircnio (PDM) (MOTTA 2009 p 549)

As PDM segundo a autora constituem ―mecanismos de hegemonia de

funccedilatildeo de direccedilatildeo intelectual e moral com accedilotildees concretas e definiccedilotildees de metas

focadas nas camadas de trabalhadores excluiacutedoslsquo do processo produtivo mas que

ainda possuem condiccedilotildees produtivas para instaurar um processo mais intensivo de

educar para o conformismo (idem p 549)

Assinala Motta (2009) que as poliacuteticas de desenvolvimento do milecircnio estatildeo

sublinhadas pelo forte investimento educacional balizado na ―teoria do capital

humano de Theodore Schultz na qual consiste em propor a qualificaccedilatildeo da forccedila do

trabalho humano atraveacutes do processo educacional direcionado para crescimento

econocircmico

Poderemos formar pessoas qualificadas para o mercado de trabalho mas

autores como Rifkin (1995) Pastore (2006) Martins e Veiga (2003) Oliveira (2012) e

Sachs (2007) enfatizam na diminuiccedilatildeo consideraacutevel dos postos de trabalho na esfera

global dando a entender que a crise do pleno emprego estaacute relacionada em parte

ao avanccedilo da automaccedilatildeo tecnoloacutegica e da chamada reestruturaccedilatildeo da produccedilatildeo

tanto nas aacutereas rurais quanto nas aacutereas urbanas como jaacute demonstrado

anteriormente Alertava Rifkin (1995) que mais de 800 milhotildees de pessoas no

mundo estavam desempregadas ou subempregadas e que esse quadro se agravaria

ateacute o final do seacuteculo XX

Com um quadro excessivamente preocupante as poliacuteticas de geraccedilatildeo de

emprego e renda entram na agenda internacional no entanto como salienta Souza

(2010 p 3) ―essas poliacuteticas puacuteblicas arrefecem o iacutempeto de uma celebraccedilatildeo liberal

na medida em que evidenciam a incapacidade de prover o pleno emprego

demonstrada pelo capitalismo mesmo em seus contextos mais avanccedilados

As tendecircncias multinacionais como analisa Oliveira (2012) ao mesmo

tempo em que preconizam a defesa de poliacuteticas focadas na geraccedilatildeo do trabalho (o

trabalho aqui entendido dentro do sistema capitalista portanto emprego formalizado

ou informal) que estimulassem a empregabilidade defendiam as flexibilizaccedilotildees das

leis regulatoacuterias que normatizam as leis do trabalho No caso brasileiro ―a poliacutetica de

emprego estaacute intrinsecamente relacionada agrave fraacutegil concepccedilatildeo de Welfare State e agrave

25

posiccedilatildeo ocupada pelo paiacutes na divisatildeo internacional do trabalho reforccedilando um

crescimento subordinado e dependente do capital estrangeiro [] (OLIVEIRA

2012 p 494)

No Brasil as poliacuteticas de emprego estavam relacionadas agrave concepccedilatildeo de

submissatildeo das leis trabalhistas agraves estruturas e poliacuteticas macroeconocircmicas e apenas

eram direcionadas nesse sentido aos trabalhadores empregados sendo que natildeo

haviam poliacuteticas voltadas aos trabalhadores excluiacutedos do processo de produccedilatildeo

formalizado ateacute meados do final da deacutecada de 1980 No entanto como segue

Oliveira (2012)

[] as mudanccedilas no padratildeo de organizaccedilatildeo do trabalho em consonacircncia com as poliacuteticas macroeconocircmicas de estabilizaccedilatildeo econocircmica imposta pelo FMI e demais organismos multilaterais delimitam a intervenccedilatildeo do Estado provocando um acirramento na questatildeo social em suas variadas expressotildees Eacute sob esta perspectiva que as poliacuteticas de emprego passam a ser implementadas no governo FHC Ou seja poliacuteticas que possam combater a crise do emprego e consequentemente a fome e a miseacuteria mas com recursos reduzidos e com ecircnfase na individualizaccedilatildeo do problema reforccedilando a histoacuterica intervenccedilatildeo residual do Estado brasileiro na questatildeo social (OLIVEIRA 2012 p 499)

No periacuteodo FHC assinalado por Oliveira (2012) foram criados vaacuterios

dispositivos de atenccedilatildeo ao trabalhador Um dos mais importantes instrumentos foi o

seguro-desemprego que sofreu alteraccedilotildees em 1994 ampliando

[] o tempo de indenizaccedilatildeo Nesse periacuteodo o desemprego apresentava nuacutemeros elevados chegando a atingir de acordo com o IBGE em torno de 17 da PEA A renda meacutedia do trabalhador apresentou queda pelo sexto ano consecutivo atingindo em 2003 uma reduccedilatildeo de 129 (OLIVEIRA 2012 p 500)

Na primeira deacutecada do seacuteculo XXI o desemprego mantinha a taxa de 96 e

a informalidade atingia 60 dos trabalhadores ocupados como nos mostra Pastore

(2006)

11 A INFORMALIDADE NO CENAacuteRIO BRASILEIRO

Como jaacute mencionado as alteraccedilotildees no mundo do trabalho ocasionadas

pela reestruturaccedilatildeo produtiva concorreram para o aumento do desemprego

estrutural culminando em consequecircncias macroestruturais no seio da economia

26

mundial Retrato disso eacute o fenocircmeno denominado de informalidade esta vista como

um traccedilo marcante nos paiacuteses subdesenvolvidos ou em desenvolvimento

assinalado por Matsuo (2009) e Antunes (2011) Estes autores nos apontam os

variados modos de informalidade que constituem estrateacutegias de enfrentamento agraves

especificidades econocircmicas diferenciadas no tempo e no espaccedilo por serem

construiacutedas a partir de necessidades especiacuteficas territoriais Matsuo (2009) afirma

que estas estrateacutegias informais correspondem de um lado o trabalhador informal

adequando-se a economia de mercado e ―significa um traccedilo constitutivo e crescente

da acumulaccedilatildeo de capital dos nossos dias (ANTUNES 2011 p 4) eou de outro o

setor informal representa a exclusatildeo desses trabalhadores do sistema dinacircmico da

economia Dessa forma segue a autora no sentido de combinaccedilatildeo das duas

possibilidades

[] os trabalhadores marginalizados na economia informal procuram se articular com os setores dinacircmicos da economia e integrar a cadeia no circuito de acumulaccedilatildeo capitalista dependendo das oportunidades que surgem Por outro lado a economia informal nos apresenta setores que estatildeo a reboque da formal e que passam a ser marginais por estarem deslocadas do desenvolvimento econocircmico (MATSUO 2009 p 21)

Os setores informal e formal segundo Souza (2010) coexistem e se

estabelecem como uma fragmentaccedilatildeo da estrutura ocupacional Essa fragmentaccedilatildeo

no entanto deveria ser acompanhada de poliacuteticas puacuteblicas que observassem o setor

informal para a melhoria da sua capacidade de ganho (idem p 4) Essa anaacutelise parte

do pressuposto de que o capitalismo triunfante natildeo foi capaz de absorver a maioria

dos trabalhadores levando-os a concorrer sob a proacutepria sorte e sob a eacutegide da

inadaptaccedilatildeo da desvantagem e da exclusatildeo dos benefiacutecios desse capitalismo Para

esse autor

[] os estudos promovidos pela CEPAL e pelo PREALC defenderam a ideacuteia de uma heterogeneidade estrutural persistente na qual coexistiriam os setores moderno e arcaico Este uacuteltimo tiacutepico da economia informal refletiria o excedente de matildeo-de-obra que luta por sobrevivecircncia assumindo um caraacuteter estrutural e supeacuterfluo As poliacuteticas puacuteblicas deveriam contribuir para a elevaccedilatildeo da renda na economia informal atuando de forma compensatoacuteria (SOUZA 2010 p 4)

Sachs (2007) ao analisar a economia de mercado a partir das

reestruturaccedilotildees capitalistas nos paiacuteses subdesenvolvidos identifica os setores

sociais marginalizados dentro do processo produtivo assim como o sentido

27

excludente e endecircmico resultante da maciccedila exploraccedilatildeo pelos paiacuteses de economias

centrais O autor identifica o cenaacuterio e as transformaccedilotildees no mercado de trabalho

por conta dos processos de dominaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo da economia

No lugar do desaparecimento tradicional por meio da transferecircncia progressiva do excedente de sua matildeo-de-obra para o setor moderno assistimos a expulsatildeo das sobras dos trabalhadores do setor moderno para setores da economia informal de fundos de quintal ou nitidamente ilegal e ateacute a sua marginalizaccedilatildeo pura e simples fadados agrave afliccedilatildeo da ociosidade forccedilada condenados a situaccedilatildeo de assistidos para alguns do berccedilo ao tuacutemulo (SACHS 2007 p 254)

Antunes (2011) subdivide a informalidade em trecircs modalidades de

trabalhadores alocados a economia submersa a) trabalhadores informais

tradicionais b) trabalhadores informais assalariados sem registro c) trabalhadores

informais por conta proacutepria Essas trecircs categorias tambeacutem satildeo compreendidas nas

anaacutelises de Matsuo (2009) a qual define a informalidade em duas grandes

categorias ―velha informalidade (trabalhadores tradicionais) e a ―nova

informalidade (terceirizaccedilatildeo flexibilizaccedilatildeo temporizaccedilatildeo) No entanto haacute algumas

―[] denominaccedilotildees atribuiacutedas a atividades praticadas nesse campo desemprego

disfarccedilado subemprego atividade clandestina iliacutecita natildeo estruturada etc

(SANTOS MACIEL e SATO 2014 p 330) que estatildeo presentes em todos os setores

da economia tanto no setor primaacuterio no secundaacuterio como no terciaacuterio como

apontam esses autores

De outra forma como aponta o estudo realizado em 2002 pelo Observatoacuterio

do Mercado de Trabalho do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) haacute dois tipos

de mercado de trabalho que atuam concomitantemente

a) um setor formal cujo funcionamento das atividades foi definido como tendo barreiras agrave entrada com recursos externos sistema de propriedade impessoal operando em mercados amplos e protegidos por cotas e tarifas grande escala de produccedilatildeo processos produtivos de tecnologia moderna e intensivos em capital e matildeo-de-obra qualificada e b) um setor informal definido pela inexistecircncia de barreiras agrave entrada aporte de recursos de origem domeacutestica propriedade individual operando em pequena escala processos produtivos intensivos em trabalho atuando em mercados competitivos e natildeo regulados (MTE 2002 p 3)

O fato eacute que o crescimento da informalidade no caso brasileiro revelava

aleacutem da fragilidade na arrecadaccedilatildeo tributaacuteria a violaccedilatildeo agraves leis trabalhistas a

28

precarizaccedilatildeo do trabalho e a desqualificaccedilatildeo do trabalhador frente agraves novas

tecnologias e restriccedilotildees agrave sua inserccedilatildeo no mercado de trabalho formal

Revelando o contraste entre os dois setores conforme as anaacutelises de

Meneguin e Bugarin (2008) em 2004 o trabalhador formalizado obteve uma

remuneraccedilatildeo de 623 superior em relaccedilatildeo ao trabalhador atuante na economia

submersa (CATANI 1985)

Alguns estudos realizados que apontam a informalidade no Brasil remontam

a deacutecada de 1990 Dessa forma a pesquisa Economia Informal Urbana (ECINF)

feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia a Estatiacutestica (IBGE) considerou a

―Organizaccedilatildeo e o Funcionamento da Unidade Econocircmica como uma caracteriacutestica

capaz de balizar os estudos sobre a informalidade Da mesma forma procurou

identificar e correlacionar as atividades informais identificando os

proprietaacuterios de negoacutecios informais trabalhadores por conta proacutepria e pequenos empregadores com 10 anos ou mais de idade ocupados em atividades natildeo-agriacutecolas e moradores em aacutereas urbanas nos domiciacutelios em que moram e atraveacutes deles investigar as caracteriacutesticas de funcionamento das unidades produtivas (IBGE - BRASIL 2003 p 15)

Um dos objetivos do IBGE era de ―quantificar o potencial das atividades

econocircmicas exercidas na informalidade em gerar oportunidades de trabalho e

rendimentos aleacutem de captar informaccedilotildees que permitam conhecer o papel e a

dimensatildeo do setor informal na economia brasileira (IBGE- BRASIL 2003 p 13)

O aumento da informalidade pode estar associado ao aumento da taxa de

desemprego o qual exige das pessoas estrateacutegias e formas diferenciadas de

sobrevivecircncia ou seja uma nova relaccedilatildeo com o mercado de trabalho como mostra

Matsuo (2009) Nas anaacutelises de Santos (2008)

Ateacute 1995 a cada aumento na oferta de emprego formal correspondia uma reduccedilatildeo do iacutendice de trabalhadores na informalidade Poreacutem a loacutegica mudou e a tendecircncia mostra que a criaccedilatildeo de novos empregos com carteira assinada natildeo causa mais esse impacto A informalidade passou a ser um traccedilo caracteriacutestico do mercado de trabalho brasileiro [] (SANTOS 2008 p6)

Pastore (2006) numa anaacutelise sobre o quadro nacional de empregos jaacute

indicava esta perspectiva e avalia o impacto sobre a previdecircncia social desse

quantitativo pois esta porcentagem corresponde agraves pessoas que natildeo contribuem

para o setor previdenciaacuterio gerando enormes distorccedilotildees no setor

29

Perceberemos (TABELA 1) a gradativa reduccedilatildeo na taxa de informalidade

brasileira bem como a reduccedilatildeo em 2 na taxa de desemprego entre 2002 e 2008

como observam Barbosa Filho e Pessocirca (2011) Estes autores ainda alertam para

a as diferenccedilas marcantes na composiccedilatildeo da taxa de desemprego de regiatildeo para

regiatildeo sugerindo o percentual em torno de 6 em Belo Horizonte e Porto Alegre e

superior a 12em Recife e Salvador no ano de 2008 (BARBOSA FILHO PESSOcircA

2011 p 2)

TABELA 1 - TAXA DE DESEMPREGO E INFORMALIDADE NO BRASIL

ANO DESEMPREGO INFORMALIDADE

2002 91 436 2003 97 423 2004 89 425 2005 93 414 2006 84 407 2007 82 391 2008 71 381 2009 83 374 2012 55 34 2013 54 33 2014 43 322 Fev2015 5 325

FONTE BARBOSA FILHO e MOURA (2012) IPEA (20142015) No primeiro semestre de 2013 a informalidade atingiu a taxa de 332

segundo IPEA (2013) Notamos (TABELA 1) que as atividades informais entre 2002

e 2006 obtiveram uma retraccedilatildeo de 29 e entre 2006 e 2013 houve decliacutenio na

ordem de 75 na informalidade brasileira Portanto houve a reduccedilatildeo de 104 da

informalidade entre os anos de 2002 e 2013 Em 2014 o desemprego obteve uma

variaccedilatildeo de 07 pp em relaccedilatildeo agrave fevereiro de 2015 assim como a informalidade

teve um acreacutescimo de 03 pp (IPEA 2015)

A informalidade segundo Malaguti (2001) eacute um traccedilo caracteriacutestico no

mercado de trabalho brasileiro e abrange parte significativa de trabalhadores

exercendo atividades de forma precarizada e desprotegida o que leva a reduccedilatildeo

salarial ao aumento da carga horaacuteria de trabalho e a desvalorizaccedilatildeo do trabalho

como garantia de dignidade

30

12 DO TRABALHO FORMALIZADO Agrave NECESSIDADE EMPREENDEDORA A

CRIacuteTICA

O deslocamento forccedilado dos trabalhadores formais para praacuteticas informais

no mercado de trabalho resultante de um processo de mudanccedilas nas relaccedilotildees de

produccedilatildeo e trabalho levaram milhares de pessoas a improvisar formas diferenciadas

de suas atividades habituais por necessidade de sobrevivecircncia muitas vezes

compreendidas como formas inovadoras e empreendedoras dentro de uma nova

realidade socioeconocircmica imposta

As praacuteticas empreendedoras muitas vezes como aponta Barbosa (2007) e

Malaguti (2001) surgem como estrateacutegias de autogestatildeo do trabalho do tempo e do

espaccedilo fiacutesico por se apresentarem como uacutenicas alternativas no processo de

desregulamentaccedilatildeo do trabalho e assim as novas configuraccedilotildees do trabalho

resultaram do esvaziamento da poliacutetica abrindo caminho na substituiccedilatildeo do trabalho

empregatiacutecio para uma forma autocircnoma do empreendedorismo Nas palavras de

Barbosa (2007)

A quebra do assalariamento baseado em contratos advindos da concentraccedilatildeo Estado capital e sindicatos penaliza o trabalho amplia as margens de accedilatildeo do mercado e expotildee a fragilizaccedilatildeo da poliacutetica como dimensatildeo da vida social por isso a pergunta que se faz agora entatildeo eacute de que modo o empreendedorismo pode reinventar ou inovar o trabalho garantindo espaccedilo para a poliacutetica Quer dizer frente agrave escassez (volume) e precarizaccedilatildeo (qualidade) do trabalho ateacute que ponto o empreendedorismo expresso nas ideias e praacuteticas de geraccedilatildeo de renda produz efeitos positivos no sentido de minorar as accedilotildees do mercado e impactar o quadro de desigualdade social (BARBOSA 2007 p 3)

Para essa autora o trabalhador desempregado perde sua identidade

subjetiva compartilhada e o emprego formalizado deixa de ser referecircncia de renda

pois com a ―reversatildeo do assalariamento e a ampliaccedilatildeo do trabalho desprotegido

informal se impotildee como regressividade social na medida em que diminui o poder de

barganha dos trabalhadores jogados agrave sorte no mercado e aumenta a desigualdade

social (idem p 4)

Essa realidade socioeconocircmica como demonstra Barbosa (2007) conduz

os trabalhadores para as diversas formas desprotegidas de gerar renda e o que

significava precariedade de uma sobrevivecircncia urbanizada passa a ser considerada

como um conjunto de qualidades dos trabalhadores pobres com caracteriacutesticas de

31

autonomia empregatiacutecia empreendedora e criativa escondendo a condiccedilatildeo de

inseguranccedila social Como segue a autora

Pode-se dizer que como barotildees da raleacute os trabalhadores informais reaparecem na narrativa empreendedora como portadores de futuro avalizados pela experimentaccedilatildeo do risco cotidianamente Todavia contraditoriamente a ocupaccedilatildeo em si natildeo oferece nenhuma seguranccedila social enquanto promessa de futuro para os trabalhadores envolvidos e suas famiacutelias (BARBOSA 2007 p 7)

Dessa maneira segundo a autora a reversatildeo forccedilada do assalariamento

protegido para o ―auto-emprego constituiu um esvaziamento das forccedilas sociais que

possuem bases nas condicionantes do trabalho coletivizado do trabalho protegido

pelas leis de regulaccedilatildeo do mercado de trabalho Sendo assim o auto-emprego pode

ser compreendido como sendo balizado em expectativas de mercado onde sua

capacidade de competitividade em muitos casos fica muito aqueacutem das forccedilas que

regulam o mercado impondo-lhe limitaccedilotildees de expansatildeo e ―desprovidos de capital

o trabalho autocircnomo paradoxalmente depende da sub-remuneraccedilatildeo que se auto

impotildee e do estaacutegio de desenvolvimento de dada sociedade capitalista cuja

tendecircncia eacute estender sua racionalizaccedilatildeo a todos os setores da economia (SOUZA

2010 p 5)

A gama de trabalhadores sem carteira assinada autocircnomos contrasta pela

sua heterogeneidade dependendo da escolaridade dos ganhos reais aacuterea de

atuaccedilatildeo remuneraccedilatildeo geralmente com pouca qualificaccedilatildeo e atuantes na produccedilatildeo

de bens e serviccedilos conforme analisa Souza (2010)

Dentro dessa oacutetica em suas anaacutelises sobre a formalizaccedilatildeo do

microempreendedor individual (MEI) Sulzbach e Denardin (2012) relatam que ―com

a instituiccedilatildeo desta figura o Estado brasileiro auxilia na desregulamentaccedilatildeo do

mercado de trabalho capitalista regulamentando-a Nesse sentido seguem os

autores

Esta nova forma de desregulamentaccedilatildeo do mercado de trabalho estabelece o individualismo que cria uma cultura empreendimentista assim chamada por Harvey apud Miqueluzzi (1998) aonde a classe trabalhadora vislumbra ser um trabalhador por conta proacutepria natildeo ser mais assalariado (SUZBACH DENARDIN 2011 p 10)

32

Para Malaguti (2001 p 88) a informalidade aparece como uma das uacutenicas

formas de sobrevivecircncia para milhares de brasileiros e esta eacute um ―recurso de uacuteltima

instacircncia (p 92)

As pequenas empresas que surgem em meio agrave informalidade superlativada

resultado de uma modernidade que natildeo superou os preceitos do

subdesenvolvimento ao contraacuterio expandiu a pobreza e as diferenccedilas sociais pela

concentraccedilatildeo de renda excessiva e a reestruturaccedilatildeo do processo de produccedilatildeo

enfrentam condiccedilotildees humilhantes e ultrajantes na procura de espaccedilo para a

sobrevivecircncia Segundo Malaguti (2001 p 68) a informalidade ―natildeo eacute um celeiro de

pessoas ativas empreendedoras eneacutergicas mas sim o refuacutegio sem opccedilatildeo

As empresas constituiacutedas diante de uma economia informal analisadas por

Malaguti (2001) Sachs (2006) Antunes (2011) Barbosa (2007) Catani (1985)

reproduzem o trabalho precarizado sob a forma de baixa remuneraccedilatildeo jornadas

excessivas de trabalho condiccedilotildees muitas vezes insalubres e sem orientaccedilatildeo

teacutecnica de seguranccedila

33

2 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS NO MERCADO DE TRABALHOBRASILEIRO DAS

ORIGENS AO MEI

Neste capiacutetulo pretendemos estabelecer uma breve aproximaccedilatildeo sobre o

conceito de poliacuteticas puacuteblicas que em nosso entendimento eacute fundamental para a

compreensatildeo do objeto de estudo que eacute a poliacutetica puacuteblica de formalizaccedilatildeo do

microempreendedor individual Ainda neste toacutepico apresentaremos algumas das

principais poliacuteticas puacuteblicas sobre emprego no periacuteodo republicano brasileiro

21 SOBRE A POLIacuteTICA PUacuteBLICA NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO

A Poliacutetica Puacuteblica eacute caracterizada como a posiccedilatildeo do ―Governo em accedilatildeo

assim definida por (SOUZA 2006) e ao mesmo tempo ―o Estado implantando um

projeto de governo atraveacutes de programas de accedilotildees voltadas para setores

especiacuteficos da sociedade(HOumlFLING 2001 p 31) ou mesmo a intervenccedilatildeo do

Estado em problemas e finalidades especiacuteficas

Podemos salientar que definiccedilotildees sobre o tema podem incidir em conceitos

significativamente diferentes pois como nos aponta Souza (2006) natildeo haacute uma

definiccedilatildeo singular para o termo Poliacutetica Puacuteblica diferentemente de outras aacutereas do

conhecimento tradicionalmente constituiacutedas como eacute o caso da Sociologia da

Economia ou da Psicologia a exemplos

Para Souza (2006) tal termo implica num conjunto de accedilotildeesprocessos que

permitem a dissociaccedilatildeo e separaccedilatildeo em fases de poliacuteticas ou ciclo de poliacutetica

puacuteblica pois no processo de estabilizaccedilatildeo dessa poliacutetica puacuteblica pode ocorrer

disparidades nas etapas de transcurso tanto na formulaccedilatildeo na implementaccedilatildeo

como na avaliaccedilatildeo da PP A partir de suas anaacutelises a autora nos apresenta algumas

definiccedilotildees sobre o tema

Mead (1995) a define como um campo dentro do estudo da poliacutetica que analisa o governo agrave luz de grandes questotildees puacuteblicas e Lynn (1980) como um conjunto de accedilotildees do governo que iratildeo produzir efeitos especiacuteficos Peters (1986) segue o mesmo veio poliacutetica puacuteblica eacute a soma das atividades dos governos que agem diretamente ou atraveacutes de delegaccedilatildeo e que influenciam a vida dos cidadatildeos Dye (1984) sintetiza a definiccedilatildeo de poliacutetica puacuteblica como ―o que o governo escolhe fazer ou natildeo fazer A definiccedilatildeo mais conhecida continua sendo a de Laswell ou seja decisotildees e anaacutelises sobre poliacutetica puacuteblica implicam responder agraves seguintes questotildees quem ganha o quecirc por quecirc e que diferenccedila faz (SOUZA 2006 p24)

34

O estudo do campo da Poliacutetica Puacuteblica estaacute direcionado agraves anaacutelises e

interpretaccedilotildees de interesses vantagens desvantagens ganhos e perdas dos grupos

e atores envolvidos no processo de construccedilatildeo da PP de forma direta ou indireta

desde a construccedilatildeo da agenda da formulaccedilatildeo do processo decisoacuterio da

implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo ateacute o puacuteblico alvo ao qual se originou a poliacutetica puacuteblica

Para Frey (2000) a Poliacutetica Puacuteblica constitui um campo da Ciecircncia Poliacutetica e

poderemos analisaacute-la sob trecircs perspectivas 1) o sistema poliacutetico no qual identifica e

avalia a accedilatildeo do governo e do Estado como promotores de felicidade de seus

cidadatildeos 2) o elemento poliacutetico representado pelas relaccedilotildees de forccedila e interesses

entre atores envolvidos no processo decisoacuterio 3) processo de avaliaccedilatildeo do sistema

poliacutetico no que concernem suas accedilotildees e estrateacutegias escolhidas para resolver

problemas especiacuteficos

Historicamente como aponta Frey (2000) o estudo sobre este campo da

Ciecircncia Poliacutetica nos Estados Unidos teve iniacutecio na deacutecada de 1950 Ao passo que

na Europa esta preocupaccedilatildeo comeccedilou a partir de 1970 com a ascensatildeo da social

democracia na Alemanha que estabeleceu poliacuteticas setoriais localizadas e

pontuais passiacuteveis de serem analisadas No caso brasileiro o interesse pelo

assunto eacute muito recente e conferiu ―ecircnfase ou agrave anaacutelise das estruturas e instituiccedilotildees

ou agrave caracterizaccedilatildeo dos processos de negociaccedilatildeo das poliacuteticas setoriais

especiacuteficas (p 214)

As poliacuteticas puacuteblicas desenvolvidas no plano da percepccedilatildeoaccedilatildeo pelo

Estado para a intervenccedilatildeo no mercado de trabalho satildeo constituiacutedas por Poliacuteticas

Ativas e Poliacuteticas Passivas (MACHADO E NETTO 2011 CHAHAD 2006 PAIVA

2006) No Brasil elas estatildeo presentes concomitantemente no sistema puacuteblico de

emprego e ―existem para corrigir falhas de mercado relacionadas agrave restriccedilatildeo de

creacutedito assimetrias de informaccedilatildeo ou problemas de intermediaccedilatildeo de matildeo - de

obra (MACHADO E NETTO 2011 p 2) bem como promover a geraccedilatildeo de

emprego e renda e equacionar determinadas disfunccedilotildees no mercado de trabalho

Nas palavras de Chahad (2006)

Esta intervenccedilatildeo materializa-se por meio da oferta de serviccedilos baacutesicos como concessatildeo de creacutedito aos desempregados e trabalhadores autocircnomos melhoria da qualidade da matildeo-de-obra por meio do treinamento e da recolocaccedilatildeo do desempregado utilizando a intermediaccedilatildeo da matildeo-de-obra Essas poliacuteticas ativas que associando-se ao seguro-desemprego e a outras formas de assistecircncia aos desempregados atuam no sentido de

35

promover a geraccedilatildeo de emprego elevar o niacutevel de rendimentos e garantir melhor bem-estar aos trabalhadores em geral (CHAHAD 2006 p 1)

As Poliacuteticas Ativas tecircm a finalidade de facilitar o Acesso em ao mercado de

trabalho e aumentar o niacutevel de salaacuterios dos trabalhadores que apresentam

dificuldades de inserccedilatildeo nesse mercado criar frentes de trabalho oferecer

incentivos agraves micro e pequenas empresas aleacutem de possuir ―[] instrumentos para

criaccedilatildeo direta e indireta de emprego tanto no mercado formal de trabalho quanto no

setor informal contribuem para aumentar a ―empregabilidade do trabalhador

facilitando seu reemprego auxilia na reduccedilatildeo dos niacuteveis de pobreza (CHAHAD

2006 p 5 - 6) Essa forma de poliacutetica seraacute analisada mais adiante quando nos

referirmos agrave formalizaccedilatildeo do Microemprendedor individual sob a Lei Complementar

12808

No caso das Poliacuteticas passivas o objetivo eacute assegurar o miacutenimo de renda

consumo satisfaccedilatildeo para as pessoas excluiacutedas temporariamente ou natildeo do

processo produtivo do mercado de trabalho O dispositivo mais conhecido eacute o

Seguro-desemprego3 (MACHADO E NETTO 2011 CHAHAD 2006 PAIVA 2006)

Para Oliveira (2012) jaacute mencionada anteriormente a poliacutetica de emprego

consiste numa representaccedilatildeo reduzida do ponto de vista do Estado do Bem Estar

Social e agrave ―posiccedilatildeo ocupada pelo paiacutes na divisatildeo internacional do trabalho (idem p

494) o que resulta num quadro nacional do capitalismo dependente Veremos que

no primeiro momento do periacuteodo Republicano natildeo haacute a construccedilatildeo de um projeto de

poliacuteticas que coadunassem poliacuteticas ativas e poliacuteticas passivas Observamos nesse

sentido que o complexo de poliacuteticas ativas deixa claro o forte posicionamento ao

desenvolvimento econocircmico e dessa forma compreendemos que as ―principais

medidas de proteccedilatildeo ao trabalhador no Brasil foram no sentido de controlar a forccedila

de trabalho com a inserccedilatildeo de marcos regulatoacuterios corporativos e restritos a

pequenos grupos (OLIVEIRA 2012 p 495) Como salienta essa autora a privaccedilatildeo

de poliacuteticas passivas de atenccedilatildeo ao trabalhador tanto na Primeira Repuacuteblica como

no periacuteodo Vargas dilatou o quadro de pobreza brasileiro e criou um excedente de

matildeo de obra abrindo caminho para a subsistecircncia fora do setor formal

3 O Seguro desemprego eacute um benefiacutecio que oferece auxiacutelio em dinheiro por um periacuteodo determinado

pago ao trabalhador formal e domeacutestico em virtude da dispensa sem justa causa inclusive dispensa indireta trabalhador formal com contrato de trabalho suspenso em virtude de participaccedilatildeo em curso de qualificaccedilatildeo fornecido pelo empregador pescador profissional durante o periacuteodo de defeso e trabalhador resgatado da condiccedilatildeo semelhante agrave de escravo (lthttpsgoogleX5hIw)

36

Para Fernandes (1975) Oliveira (1984) Machado (1999) Furtado (1978) e

Galeano (2010) o desenvolvimento latino-americano foi marcado pela incapacidade

de acompanhar a evoluccedilatildeo do capitalismo e das contradiccedilotildees e relaccedilotildees

antagocircnicas internas entre as capacidades produtivas e a correspondecircncia social

resultando no baixo desempenho econocircmico no mercado internacional dos paiacuteses

―subdesenvolvidos inseridos no sistema neocolonial o que permitiu a histoacuterica

dominaccedilatildeo e espoliaccedilatildeo territorial Para estes autores processo de dominaccedilatildeo foi

construiacutedo historicamente iniciado com o advento da ―Invasatildeo ou Conquista do

continente americano pela Espanha e Portugal As relaccedilotildees de poder produzidas

entre economias centrais e sateacutelites marcaram a crescente dependecircncia econocircmica

das uacuteltimas em relaccedilatildeo agraves primeiras sendo que o capitalismo latino americano se

tornou dependente na medida em que as bases relacionais foram pela via do

―endividamento externo e maior submissatildeo ao capital foracircneo (MACHADO 1999 p

200)

211 Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho primeiro momento

Abaixo (QUADRO1) apresentamos algumas das principais poliacuteticas de

emprego desenvolvidas pelo Estado brasileiro anterior ao Regime Militar que se

estabeleceu em 1964

QUADRO 1- POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS DE TRABALHO DESENVOLVIDAS NO BRASIL ANTERIOR A

1964

Continua

ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DEFINICcedilAtildeO

1919 Lei sobre acidentes de trabalho nordm 3724 de 15 janeiro de 1919

Responsabiliza empregadores pela indenizaccedilatildeo

Regulamentaccedilatildeo das relaccedilotildees de trabalho Criaccedilatildeo do Aviso Preacutevio proibiccedilotildees de salaacuterios atrasados pagamentos de

horas extras natildeo salariais proibiccedilatildeo de trabalho para menores de quatorze anos

e estabilidade de emprego para ferroviaacuterios e portuaacuterios

1925 Decreto4982 de 24 de dezembro de 1925 ndash Lei de feacuterias

Concede 15 dias anuais de feacuterias para empregados

1926 Dec 5083 de 01 de dezembro de 1926 Coacutedigo do menor

Regulamentaccedilatildeo do trabalho de menores dentre outras providecircncias

1930 CriaccedilatildeodoMinisteacuterio do Trabalho Comeacutercio e induacutestria

Interferir sistematicamente no conflito entre capital e trabalho Estabeleceu

jornada de 8 horas e proibiccedilatildeo do trabalho infantil e noturno

1942 ServiccediloNacionaldeAprendizagemIndustrial (SENAI) - Dec Fed 4048 de 22 de janeiro de 1942

Formaccedilatildeo profissional para a insipiente induacutestria de base

37

QUADRO 1 - POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS DE TRABALHO DESENVOLVIDAS NO BRASIL ANTERIOR A

1964

Concluatildeo

FONTE OLIVEIRA (2012) MTE SENAI SENAC CPDOC SENADO FEDERAL

Com um desenvolvimento industrial ainda modesto e insipiente no primeiro

momento da Repuacuteblica do Brasil como analisa Cotrin (1999) a base econocircmica

brasileira estava atrelada ao campo pois segundo esse autor em 1920 697 das

pessoas ativas desenvolviam atividades na agricultura 138 na induacutestria e o setor

de serviccedilos abarcava 165 das pessoas ativas (COTRIN 1999 p 268)

Mesmo com uma sociedade predominantemente agraacuteria as poliacuteticas

puacuteblicas de emprego demonstradas acima atingiam apenas os trabalhadores

urbanos que representavam cerca de 30 dos trabalhadores brasileirosAs

condiccedilotildees de trabalho desse operariado na Primeira Repuacuteblica brasileira eram

excessivamente precaacuterias o que provocavam vaacuterios acidentes de trabalho somem-

se a isso os baixos salaacuterios pagos a natildeo existecircncia de salaacuterio miacutenimo sem direito a

feacuterias ou pagamento de horas extras carga horaacuteria excessiva de trabalho que

atingia como aponta Cotrin (1999) 15 horas diaacuterias de trabalho de segunda a

saacutebado e sem direito a qualquer forma de indenizaccedilatildeo ou aviso preacutevio o

trabalhador poderia ser demitido arbitrariamente (p 275) Como demonstra o autor

[] as instalaccedilotildees das faacutebricas eram geralmente precaacuterias Nos galpotildees de serviccedilo natildeo havia espaccedilo adequado para o trabalho o ambiente era mal iluminado quente e sem ventilaccedilatildeo Tudo isso favorecia a ocorrecircncia de acidentes de trabalho cujas as principais viacutetimas eram as crianccedilas (COTRIN 1999 p 274)

Diante do quadro que se encontrava o trabalhador brasileiro nesse periacuteodo

surgiram vaacuterios protestos reivindicatoacuterios para melhorias nas condiccedilotildees de trabalho

sendo importantes na contribuiccedilatildeo para o aparecimento dos primeiros sindicatos e

entidades ligadas ao operariado

Dessa maneira como aponta Fausto (1995) foi no curso das greves

ocorridas entre os anos de 1917 e 1920 que surgiram as primeiras possibilidades de

aprovaccedilatildeo legislativa de direitos aos trabalhadores Algumas medidas foram

ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DEFINICcedilAtildeO

1946 Serviccedilo nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC)

Voltado para o setor de comeacutercio produccedilatildeo de bens e serviccedilo e turismo

1943 Consolidaccedilatildeo das leis trabalhistas (CLT) (lei nordm 5452 de 1ordm maio de

1943)

Art 1ordm - Esta Consolidaccedilatildeo institui as normas que regulam as relaccedilotildees individuais e coletivas de

trabalho nela previstas

38

colocadas em um projeto denominado Coacutedigo de trabalho mas sofreram pesadas

criticas pelo empresariado sendo igualmente vetadas pelos congressistas Apenas

a Lei nordm 37241919 que dispunha sobre as regras resultantes de acidentes de

trabalho como indenizaccedilotildees e responsabilidades do empregador foi aprovada

Ainda assim duas leis importantes foram produzidas na segunda metade dos anos 20 a Lei de feacuterias (1925) e a Lei de Regulamentaccedilatildeo do Trabalho de menores (192627) A primeira visava a obrigar os empresaacuterios a conceder 15 dias de feacuterias a seus empregados sem prejuiacutezo do ordenadomas foi sistematicamente desrespeitada Jaacute o Coacutedigo do Menor estipulava a maioridade a partir dos 18 anos e propunha uma jornada de trabalho de seis horas (CPDOC ndash Centro de Pesquisas e documentaccedilatildeo de Histoacuteria Contemporacircnea do Brasil)

Jaacute na deacutecada de 1930 o Estado Getulista procurou estabelecer regulaccedilatildeo e

regulamentaccedilatildeo para a questatildeo trabalhista Neste periacuteodo foi criado o Ministeacuterio do

Trabalho Comeacutercio e Induacutestria como forma de atenccedilatildeo mais sistemaacutetica ao

trabalhador como aponta Oliveira (2012) A regulaccedilatildeo tinha como objetivo

interferecircncia do estado junto aos sindicatos e organizaccedilotildees trabalhistas sobre

maneira nas de inclinaccedilotildees marxistas apoiadas por partidos de esquerda o que

limitava accedilotildees no campo poliacutetico e conflitos de classes dificultando a organizaccedilatildeo

da classe trabalhadora Dessa forma como observam Fausto (1995) e Oliveira

(2012) a centralizaccedilatildeo estatal mantinha sobre forte domiacutenio a questatildeo do ―princiacutepio

da unidade sindical ou seja do reconhecimento do Estado de um uacutenico sindicato

por categoria profissional (FAUSTO1995 p 335) Segundo Oliveira (2012) o

governo centralizador e interventor de Vargas tinha a intenccedilatildeo de estabelecer a

harmonia entre as classes diluiacutedas pela inquietaccedilatildeo social e promover a adequaccedilatildeo

trabalhocapital o que levaria a acumulaccedilatildeo capitalista Consideremos que em

1920 a produccedilatildeo agriacutecola representava 79 do total produzido no paiacutes e a

induacutestria 21 em 1940 a agricultura era responsaacutevel por 57 da produccedilatildeo e a

induacutestria 43 o que denota um aumento significativo do setor industrial (FAUSTO

1995 p 392)

Na avaliaccedilatildeo de Fausto (1995 p 336) ―a poliacutetica trabalhista do Governo

Vargas constituiu um niacutetido exemplo de uma ampla iniciativa que natildeo derivou das

pressotildees de uma classe social e sim da accedilatildeo do Estado As medidas regulatoacuterias

de Vargas tinham um propoacutesito central aumentar a capacidade de produccedilatildeo

industrial nas aacutereas urbanas e para tanto havia a necessidade de prevenir a

instabilidade social e mediar as relaccedilotildees entre a classe trabalhadora e o patronato

39

Assim para normatizar as relaccedilotildees de trabalho individuais e coletivas bem

como as regulamentaccedilotildees sobre essas relaccedilotildees em 1943 foi instituiacuteda a

Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho (CLT) sob o Dec Lei nordm 5452 de 151943

Nesse periacuteodo ficou evidente a forte regulaccedilatildeo das forccedilas de trabalho

subordinadas agraves poliacuteticas macroeconocircmicas de desenvolvimento e acumulaccedilatildeo de

capital A partir das deacutecadas de 197080 as poliacuteticas de emprego comeccedilaram a

ganhar destaque e porte sendo criado o Sistema Puacuteblico de Emprego ainda como

um sistema de pouca prospecccedilatildeo que atingia exclusivamente o mercado formal de

trabalho (MACHADO e NETO 2011)

212 Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho no Regime Militar

O iniacutecio do regime militar foi marcado por uma seacuterie de mudanccedilas que

incidiram sobre a poliacutetica de emprego no Brasil Essas medidas tornaram-se

coercitivas em funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do governo militar em expandir o complexo

industrial e tecnoloacutegico (OLIVEIRA 2012) No entanto foi somente a partir da

deacutecada de 1970 no regime militar que comeccedilam a serem implementadas poliacuteticas

passivas ainda modestas de atendimento aos trabalhadores natildeo somente

formalizados mas algumas categorias de trabalhadores que se encontravam fora do

mercado de trabalho Uma das Poliacuteticas de Emprego de maior visibilidade foi a

criaccedilatildeo do Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo (FGTS) (Lei 5107 de

13set1966) orientado hoje pela Lei 8036 de 11maio1990 e tem como objetivo

dar auxiacutelio ao trabalhador dispensado do serviccedilo sem justa causa e garantir uma

renda para a subsistecircncia ateacute conseguir novo emprego Para Oliveira (2012) a

criaccedilatildeo do FGTS substitui a estabilidade de emprego contida na CLT pela

poupanccedila compulsoacuteria Abaixo (QUADRO 2) estatildeo algumas das Poliacuteticas de

Emprego desenvolvidas durante o regime militar que se instalou no Brasil em 1964

QUADRO 2 - POLIacuteTICAS DE EMPREGO DESENVOLVDAS NO BRASILDURANTE O REGIME MILITAR

continua

ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DEFINICcedilAtildeO

1964 Lei Anti-greve4330 de 161964

Regula o direito de greve na forma do art 158 da Constituiccedilatildeo Federal de 1946

40

QUADRO 2 - POLIacuteTICAS DE EMPREGO DESENVOLVDAS NO BRASIL DURANTE O REGIME MILITAR

conclusatildeo

ANO POLIacuteTICA DEFINICcedilAtildeO

1965 Sobre os dissiacutedios coletivos entre categorias profissionais e econocircmicas (lei 4725 de

13765)

Estabelece normas para o processo dos dissiacutedios coletivos e daacute outras

providecircncias (Poliacutetica de contenccedilatildeo salarial)

1966 Criaccedilatildeo do Instituto Nacional de Previdecircncia Social (INPS) ndash Dec lei nordm 72 de 21111966

Unifica os Institutos de Aposentadoria e Pensotildees

1966 Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo Lei 5107 de 13091966 ndash revogado o seu original em 1989 e posteriormente em 1990 pela Lei

8036 de 11051990

Dispotildee sobre o Fundo de garantia por Tempo de Serviccedilo

1970 Criaccedilatildeo do Programa de integraccedilatildeo Social (Lei Complementar 07 de 791970)

Art 1ordm [] destinado a promover a integraccedilatildeo do empregado na vida e no

desenvolvimento das empresas

1970 Criaccedilatildeo do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico (PASEP) ndash LC

nordm 08 de 03121970

Institui o Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico

1971 Programa de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (PRORURAL) LC n 11 de 25051971

Poliacutetica de assistecircncia ao trabalhador rural

1973 Dec lei 71885 de 931973 Dispotildee sobre a profissatildeo de empregado domeacutestico

Art 1ordm Satildeo assegurados aos empregados domeacutesticos os benefiacutecios e serviccedilos da Lei

Orgacircnica da Previdecircncia Social

1974 Criaccedilatildeo do Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS )Lei 6036 de

1051974

Atribuiccedilotildees diferentes do Ministeacuterio do Trabalho

11974

Lei Ordinaacuteria 6136 de 7111974 Define o salaacuterio maternidade e outros benefiacutecios a serem pagos aos

trabalhadores (na praacutetica somente aos trabalhadores formalizados)

11974

Lei n 6179 de 11121974 Art 1ordm Institui amparo previdenciaacuterio para maiores de setenta anos de idade e para invaacutelidos definitivamente incapacitados

para o trabalho que natildeo exerccedilam atividades remuneradas []

11974

Lei n 6195 de 19121974 Extensatildeo aos trabalhadores rurais a concessatildeo de seguro por acidente do

trabalho

11974

Lei nordm 6019 de 03011974 Dispotildee sobre o Trabalho Temporaacuterio nas Empresas Urbanas - atendimento do

empresariado na substituiccedilatildeo de forccedila de trabalho ndash (OLIVEIRA 2012)

11975

Criaccedilatildeo do Sistema Puacuteblico de Emprego Conjunto de poliacuteticas ativas e passivas no mercado de trabalho

11975

Cria o Sistema Nacional de Emprego (SINE) Dec nordm 76403 de 08101975

Linhas de accedilatildeo organizar um sistema de informaccedilotildees e pesquisas sobre

o mercado de trabalho informar agraves empresas sobre a forccedila de trabalho

disponiacutevel (OLIVEIRA 2012)

FONTE OLIVEIRA (2012)wwwplanaltogovbr Instituo de Desenvolvimento do Trabalho

(IDT)CHAHAD (2006)

A centralidade econocircmica administrativa e poliacutetica que se iniciou no Brasil

apoacutes a implantaccedilatildeo do regime militar em 1964 culminou com a forte presenccedila do

41

Estado na sociedade e na economia e numa seacuterie de propostas de desenvolvimento

econocircmico colocadas nos Plano Nacional de Desenvolvimento l (1971 ndash 1974) e no

Plano Nacional de Desenvolvimento ll (1975 ndash 1979) (PND)

Neste momento da histoacuteria o Estado brasileiro inicia um processo de

enrijecimento atraveacutes da militarizaccedilatildeo poliacutetica administrativa e econocircmica do paiacutes

que avanccedilou para os setores da sociedade atingindo a classe trabalhadora Dentro

desse contexto foi decretado o impedimento agrave greve atraveacutes da Lei 433064 (Lei

Anti-greve) No ano seguinte foram instituiacutedas normas para o processo dos dissiacutedios

coletivos pela Lei nordm 472565 Tais medidas alertavam para o teor coercitivo do

governo militar e da sua proposta de crescimento econocircmico que penalizava a

classe trabalhadora do paiacutes

Na mesma medida em que manifestava sua posiccedilatildeo coercitiva e de controle

sobre as relaccedilotildees de trabalho o governo militar dava iniacutecio a propostas dos

trabalhadores como forma de compensaccedilatildeo pela falta de liberdade Em 1966 foi

criado o Instituto Nacional de Previdecircncia Social (INPS) o qual unificou os Institutos

de Aposentadorias e Pensotildees sob o Dec Lei nordm 7266 amparado pelo Ato

Institucional nordm 2 de 27111965 Em 1970 foram criados o Programa de Integraccedilatildeo

Social (PIS) sob a Lei nordm 071970 com o propoacutesito de ―[] promover a integraccedilatildeo do

empregado na vida e no desenvolvimento das empresas (art 1ordm) e o Programa de

Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico (PASEP) ndash sob a Lei Complementar nordm

0870 Em 1971 a poliacutetica de trabalho passa a ser voltada ao meio rural por meio da

constituiccedilatildeo do Programa de Assistecircncia ao trabalhador Rural (PRORURAL) sob a

Lei Complementar 2571 Esta poliacutetica tinha o objetivo de dar assistecircncia ao

trabalhador rural que ateacute entatildeo natildeo possuiacutea benefiacutecios na legislaccedilatildeo trabalhista

Segundo Oliveira (2012)

Essa foi a primeira legislaccedilatildeo para a criaccedilatildeo de um sistema previdenciaacuterio que beneficiasse os trabalhadores rurais benefiacutecio ampliados agraves empregadas domeacutesticas e em 1973 aos trabalhadores autocircnomos Essa inclusatildeo tardia dos trabalhadores rurais domeacutesticos e autocircnomos evidencia a poliacutetica trabalhista corporativa e excludente do Brasil e denota a ausecircncia de um sistema de garantias sociais para o conjunto da classe trabalhadora e dos trabalhadores fora do mercado de trabalho (OLIVEIRA 2012 p 497)

Em 1973 os empregados domeacutesticos passam a gozar dos benefiacutecios

instituiacutedos pela Lei orgacircnica da Previdecircncia Social amparados pelo Dec Lei

7188573 Em 1974 com o objetivo de ampliar a atenccedilatildeo ao trabalhador eacute criado o

42

Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) sob a Lei 603674 Outros

dispositivos de atenccedilatildeo ao trabalhador foram criados como o Salaacuterio Maternidade

(Lei 613674) e o ―amparo previdenciaacuterio para maiores de setenta anos de idade e

para invaacutelidos definitivamente incapacitados para o trabalho que natildeo exerccedilam

atividades remuneradas [] (Lei 617964 art 1ordm) No ano de 1975 ―sob a eacutegide da

Convenccedilatildeo nordm 88 da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) que orienta cada

paiacutes-membro a manter um serviccedilo puacuteblico e gratuito de emprego para a melhor

organizaccedilatildeo do mercado de trabalho (MTPS site) foi elaborado o Sistema Nacional

de Emprego (SINE)

Ao observarmos o quadro acima percebemos que as poliacuteticas de emprego

estabelecidas no regime militar eram Poliacuteticas Ativas e voltadas aos trabalhadores

formalizados excluindo dessas poliacuteticas quase em sua totalidade as categorias natildeo

formalizadas de trabalhadores brasileiros

Somente a partir da deacutecada de 1980 final do regime militar comeccedilam a

surgir mudanccedilas significativas sobre poliacuteticas puacuteblicas passivas de emprego no

Brasil Nas palavras de Oliveira (2012)

O esgotamento do regime militar e a crise econocircmica que se instaurou no paiacutes revelaram a precariedade das condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira e reacendeu o debate por melhores serviccedilos de infraestrutura e de inclusatildeo nos programas sociais possibilitando a emergecircncia de movimentos sociais urbanos que clamavam por direitos sociais e pela redemocratizaccedilatildeo no paiacutes (OLIVEIRA 2012 p 498)

213 Poliacuteticas Puacuteblicas de trabalho no periacuteodo de redemocratizaccedilatildeo do Brasil

A partir da segunda metade da deacutecada de 1980 e iniacutecio da deacutecada de 1990

as poliacuteticas marcadas pelo restabelecimento do governo democraacutetico brasileiro se

expandiram e foram criados vaacuterios programas destinados natildeo somente a dar

atenccedilatildeo ao trabalho formal mas tambeacutem ao setor informal da economia Com o

crescimento e demanda desse setor ficou evidente a necessidade de criaccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas direcionadas na possibilidade de equacionar distorccedilotildees entre os

setores formais e informais Para Machado e Neto (2011) os governos subnacionais

(estados e municiacutepios) foram importantes na medida de abertura do microcreacutedito

natildeo somente para o setor formal mas tambeacutem para os trabalhadores autocircnomos e

empreendimentos menores que absorviam boa parte dos trabalhadores ocupados

43

Observamos que os direitos dos trabalhadores se ampliam com a

promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (Constituiccedilatildeo Cidadatilde) estabelecidos

em seu art 7ordm com previsatildeo a ―melhoria de sua condiccedilatildeo social (BRASIL 1988

art 7ordm) No entanto como observa Oliveira (2012) natildeo havia ainda uma

preocupaccedilatildeo em formular poliacuteticas passivas de atendimento natildeo somente aos

trabalhadores formais mas tambeacutem aos desempregados subempregados e aos natildeo

formalizados que representavam parcela significativa no mercado de trabalho

brasileiro Dessa forma segue Oliveira (2012)

[] o paiacutes sempre conjugou poliacuteticas macroeconocircmicas com poliacuteticas assistencialistas limitando-se a introduzir marcos regulatoacuterios para algumas categorias profissionais sem contudo se debruccedilar na construccedilatildeo de uma poliacutetica de emprego passiva ou ativa que contemplasse a subsistecircncia ou a (re) inserccedilatildeo dos trabalhadores expulsos do mercado de trabalho (p 499)

Destacamos (QUADRO 3) as principais poliacuteticas criadas para garantir

direitos sociais de atenccedilatildeo aos trabalhadores sob a promoccedilatildeo de poliacuteticas passivas

para mercado de trabalho

QUADRO 3 - PRINCIPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016)

continua ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DESCRICcedilAtildeO

1986 Lei nordm 2283 de 27021986 ndash cria o Seguro Desemprego

Dispotildee sobre a instituiccedilatildeo [] do Seguro desemprego e daacute outras providecircncias

1988 Art XIII da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Diminuiccedilatildeo da duraccedilatildeo das horas trabalhadas que passa de 48 horas para

44 horas semanais

1990 Lei nordm 7998 de 11011990 Regula o Programa do Seguro-Desemprego o Abono Salarial institui o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT)

financiado com recursos advindos do PIS e do PASEP

1994 Resoluccedilatildeo CODEFAT nordm 59 de 250394 ndash autoriza alocar recursos do FAT para o Programa de Geraccedilatildeo de Emprego e

Renda (PROGER)

Eacute uma poliacutetica puacuteblica de emprego que se faz mediante concessatildeo de creacutedito

financeiro Tem por objetivo proporcionar linhas especiais de creacutedito em atividades

produtivas [] (MTPS)

1996

Resoluccedilatildeo 126 de 23101996 (CODEFAT) Criacatildeo do Plano Nacional de Qualificaccedilatildeo

do trabalhador (PLANFOR)

Aprova criteacuterios para a utilizaccedilatildeo de recursos do Fundo de Amparo ao

Trabalhador - FAT pela Secretaria de Formaccedilatildeo e Desenvolvimento Profissional - SEFOR com vistas agrave execuccedilatildeo de accedilotildees

de qualificaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo profissional no acircmbito do Programa do Seguro-

Desemprego no periacuteodo e 19971999

44

QUADRO 3 ndash PRINCPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016)

Continuaccedilatildeo

ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DESCRICcedilAtildeO

1996

Decreto 1946 de 28061996 - Cria o Programa Nacional de Fortalecimento da

Agricultura Familiar ndash PRONAF

Apoio financeiro a atividades agropecuaacuterias ou natildeo-agropecuaacuterias para implantaccedilatildeo

ampliaccedilatildeo ou modernizaccedilatildeo da estrutura de produccedilatildeo beneficiamento industrializaccedilatildeo e de serviccedilos no estabelecimento rural ou em aacutereas comunitaacuterias rurais proacuteximas de

acordo com projetos especiacuteficos

1996

RESOLUCcedilAtildeO CODEFAT Nordm 103 de 631996 ndash Cria o Programa de Expansatildeo do Emprego e Melhoria da Qualidade de Vida do Trabalhador ndash PROEMPREGO

Art 1ordm [] objetivo de criar novos empregos incrementar a renda do

trabalhador proporcionar a melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo em

especial das camadas de mais baixa renda e propiciar a diminuiccedilatildeo dos custos de

produccedilatildeo no contexto internacional preservando e expandindo as

oportunidades de trabalho e assegurando o equiliacutebrio do meio ambiente

1998 Resoluccedilatildeo CODEFAT 194 de 23091998 - Estabelece criteacuterios para transferecircncia de

recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador ndash FAT ao Plano Nacional de Qualificaccedilatildeo do Trabalhador ndash PLANFOR

Art 2ordm O PLANFOR tem o objetivo de construir gradativamente oferta de

educaccedilatildeo profissional (EP) permanente com foco na demanda do mercado de

trabalho de modo a qualificar ou requalificar a cada ano articulado agrave

capacidade e competecircncia existente nessa aacuterea pelo menos 20 da PEA - Populaccedilatildeo Economicamente Ativa maior de 14 anos

de idade

11999

Criaccedilatildeo do Fundo de Aval para a Geraccedilatildeo de Emprego e Renda (FUNPROGER)

Tem a finalidade de garantir parte do risco dos financiamentos concedidos pelas instituiccedilotildees financeiras oficiais federais diretamente ou por intermeacutedio de outras instituiccedilotildees financeiras no acircmbito do Programa de Geraccedilatildeo de Emprego e Renda - PROGER Setor Urbano

22001

Medida Provisoacuteria nordm 2164-41 de 24082001Subvenciona o trabalhador atraveacutes de Bolsa Qualificaccedilatildeo profissional

Altera a Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho - CLT para dispor sobre o trabalho a tempo parcial a suspensatildeo do contrato de trabalho e o programa de qualificaccedilatildeo profissional

22001

Lei nordm 10208 de 23032001 -Acrescenta os artigos 3ordmA 6ordmA 6ordmB 6ordmC e 6ordmD agrave Lei n

o 5859 de 11 de dezembro de 1972

Dispotildee sobre a profissatildeo de empregado domeacutestico para facultar o Acesso em ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviccedilo - FGTS e ao seguro-desemprego (texto da poliacutetica)

22003

Lei 10779 de 25112003 Dispotildee sobre a concessatildeo do benefiacutecio de seguro desemprego durante o periacuteodo de defeso ao pescador profissional que exerce a atividade pesqueira de forma artesanal (texto da poliacutetica)

22005

Decreto 5598 de 1122005 ndash Estabelece as normas para o Programa de Aprendizagem Profissional

Regulamenta a contrataccedilatildeo de aprendizes

45

QUADRO 3 ndash PRINCPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016)

Conclusatildeo

ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DESCRICcedilAtildeO

22008

Lei Complementar 128 de 191208 ndash Criaccedilatildeo do Microempreendedor Individual (MEI)

ART 18E - O instituto do MEI eacute uma poliacutetica puacuteblica que tem por objetivo a formalizaccedilatildeo de pequenos empreendimentos e a inclusatildeo social e previdenciaacuteria

FONTE SENADO FEDERAL OLIVEIRA (2012) MTE BATISTA (2009)

As poliacuteticas de trabalho no Brasil quase que exclusivamente atingiam os

trabalhadores formalizados deixando fora de poliacuteticas especiacuteficas categorias natildeo

definidas dentro do setor formal isolando-os de direitos trabalhistas e

previdenciaacuterios Com a evoluccedilatildeo da economia de mercado informalizado e

considerando que boa parte dos trabalhadores sobrevivia do trabalho informal o

que nesse sentido como analisa Pastore (2006) gerava distorccedilotildees no setor

previdenciaacuterio o governo brasileiro instituiu a LC 1282008 com objetivos de 1)

criar a figura juriacutedica do Microempreendedor Individual 2) promover a formalizaccedilatildeo

de trabalhadores que manteacutem atividades fora das relaccedilotildees de mercado formais 3)

promover a inclusatildeo social desses trabalhadores

214 Poliacutetica Puacuteblica de Trabalho MEI

Em 2008 foi regulamentada no Brasil a Lei Complementar (LC) nordm 12808 a

qual estabeleceu a pessoa juriacutedica do Microempreendedor Individual (MEI) em

complemento a LC 123 de 14 de dez de 20064 Esta poliacutetica puacuteblica representa uma

tentativa de resposta pelo poder puacuteblico ao crescente nuacutemero de trabalhadores

informais exercendo as mais diversas atividades econocircmicas e em muitos casos

em situaccedilatildeo de vulnerabilidade por exerciacutecios de trabalho precaacuterio irregular ou ilegal

em desconformidade com a legislaccedilatildeo trabalhista natildeo oportunizando dessa forma

os direitos previdenciaacuterios conquistados pelos trabalhadores formalizados Como

referecircncia ao MEI a legislaccedilatildeo traz a seguinte redaccedilatildeo

4A LC 12306 estabelece normas gerais relativas ao tratamento diferenciado e favorecido a ser

dispensado agraves microempresas e empresas de pequeno porte no acircmbito dos poderes da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal [] (art 1ordm) e segundo Guimaratildees (2011) a Lei Geral de 2006 estaacute relacionada agrave geraccedilatildeo de desenvolvimento econocircmico

46

Para os efeitos desta Lei Complementar considera-se MEI o empregador individual a que se refere o art 966 da lei 10406 de 10 de janeiro de 2002 (Coacutedigo Civil) que tenha auferido receita bruta no calendaacuterio anterior de ateacute R$ 6000000 (sessenta mil reais) optante pelo Simples Nacional e que natildeo esteja impedido de optar pela sistemaacutetica prevista neste artigo (LC 12808 art 18ordf sect 1ordm)

Segundo a redaccedilatildeo da referida LC ―o instituto do MEI eacute uma poliacutetica puacuteblica

que tem por objetivo a formalizaccedilatildeo de pequenos empreendimentos e a inclusatildeo

social5 e previdenciaacuteria (BRASIL 2008 art 18-E) natildeo sendo objeto apenas de

caraacuteter econocircmico ou fiscal (idem sect 1ordm) Portanto como analisa Souza (2010 p15) o

―MEI tem como objetivo alcanccedilar aqueles empreendedores menores os chamados

autocircnomos ou ambulantes como cabeleireiros sapateiros costureiras pipoqueiros

entre outros e segundo Federaccedilatildeo Nacional das Empresas de Serviccedilos Contaacutebeis

e das Empresas de Assessoramento Periacutecias Informaccedilotildees e Pesquisas

(FENACON) tal poliacutetica puacuteblica consiste num dos ―maiores projetos de inclusatildeo

social colocados em praacutetica no paiacutes e assim decorre de uma accedilatildeopoliacutetica do

Estado perceptiacutevel frente a um problema soacutecioestrutural e que essa accedilatildeo estaraacute

diretamente ligada a fatores conjunturais e influenciaraacute a vida das pessoas

Com o advento da pessoa juriacutedica do MEI aleacutem da facilidade no processo

burocraacutetico de formalizaccedilatildeo das suas atividades pode-se verificar o baixo custo

tributaacuterio tanto para a previdecircncia quanto para os estados e municiacutepios muito

embora os encargos tributaacuterios se diferenciem dependendo da atividade

desenvolvida pelo empreendedor individual

Portanto com os objetivos expressos de inclusatildeo social previsto na

referente LC devemos destacar dois fatores muito importantes a) o aumento da

contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria b) o aumento na receita dos municiacutepios (ainda que

pequeno) Quanto agrave contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria o Microempreendedor Individual

estaraacute isento do Imposto de Renda sobre Pessoa Juriacutedica (IRPJ) do Imposto sobre

Produtos Industrializados (IPI) da Contribuiccedilatildeo Social sobre Lucro liacutequido (CSLL)

da Contribuiccedilatildeo para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) do

Programa de Integraccedilatildeo Social (PIS) e da Contribuiccedilatildeo Patronal Previdenciaacuteria no

entanto recolheraacute em forma de tributaccedilatildeo um valor fixo mensal no valor de R$

51656 disposto no art 18A sect 3ordm inciso V da referida LC desse modo isentando-o

5 Grifo nosso ndash texto incluiacutedo pela LC 1472014

6Valor expresso ateacute a data referente a esta pesquisa ndash ano base 2016

47

do regime de tributaccedilatildeo - o Simples Nacional O recolhimento de tributaccedilatildeo seraacute da

seguinte forma (LC 12808 art 18ordf inciso V aliacuteneas a b c)

a) R$ 4565 (quarenta e cinco reais e sessenta e cinco centavos) a tiacutetulo

da contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria

b) R$ 100 (um real) a tiacutetulo ICMS

c) R$ 500 (cinco reais) a tiacutetulo de ISS

A referida LC em seu art 18E sect3ordm enquadra o MEI na modalidade de

microempresa no entanto com especificidade conceitual diferenciada do que refere

o art 3ordm item l da LC 12306 ―no caso da microempresa aufira em cada ano-

calendaacuterio receita bruta igual ou inferior a R$ 36000000 (trezentos e sessenta mil

reais) Sem embargo a redaccedilatildeo no mesmo artigo em seu sect2ordm estende ao MEI

todos os benefiacutecios dispensados agrave pequena empresa sempre que favoraacutevel

Eacute compreensiacutevel o enquadramento do MEI na modalidade de microempresa

posto que a LC 12306 foi o marco de abertura para o processo de formalizaccedilatildeo

desburocratizaccedilatildeo e regulamentaccedilatildeo das micro e pequenas empresas que se

encontravam na informalidade dos seus negoacutecios comerciais possibilitando nesse

sentido a valorizaccedilatildeo e a inclusatildeo de uma quantidade significativa de empresas no

curso da regularizaccedilatildeo previdenciaacuteria social e econocircmica Os dispositivos

colocados tanto na facilidade para a abertura da empresa baixa tributaccedilatildeo e

tratamentos diferenciados nas licitaccedilotildees puacuteblicas como procedimentos de estiacutemulos

e apoio para a inovaccedilatildeo contrataccedilatildeo capacitaccedilatildeo e ao associativismo inclina-se na

construccedilatildeo no nosso entendimento de uma base complementar entre Poliacutetica

Publica Ativa e Poliacutetica Puacuteblica Passiva a) quanto agrave natureza estrutural b) quanto agrave

abrangecircncia fragmentada e c) quanto aos impactos redistributiva (TEIXEIRA

2002)

As micro e pequenas empresas e o microempreendedor individual

amparados pelas LC 12306 e LC 12808 respectivamente formam um segmento

do mercado aberto que nas anaacutelises de Sacks (2003) eacute excepcionalmente

importante para o desenvolvimento socioeconocircmico do paiacutes pois aleacutem de

representar uma economia que chega a 27 do PIB brasileiro corresponde ao

emprego de mais de 90 dos trabalhadores operantes no paiacutes portanto uma fonte

inestimaacutevel de geraccedilatildeo de renda

No entanto como observa o autor o isolamento dessas MPE assim como

os MEI (atividades produtivas de pequeno porte) frente a um mercado aberto natildeo

48

poderaacute corresponder agraves expectativas de expansatildeo em decorrecircncia da concorrecircncia

com empresas maiores e mais estruturadas atuantes no livre mercado Como

assinala Sachs (2003)

Esses pequenos empreendedores e produtores se submetidos apenas aos processos de mercado natildeo tecircm condiccedilotildees de competir com empresas estruturadas de maior porte ndash a natildeo ser concorrendo agrave ―competitividade espuacuteria que se traduz em salaacuterios baixos jornadas longas de trabalho sonegaccedilatildeo de impostos e natildeo recolhimento de encargos sociais (SACHS 2003 p 21)

Para esse autor o desafio em alterar esse quadro estaria em promover a

qualificaccedilatildeo acesso em agrave tecnologia ao creacutedito e ao mercado considerando

igualmente a formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas menos setorizadas mas que

concebessem a integraccedilatildeo dos setores da economia propiciando a aproximaccedilatildeo das

empresas agrave competitividade Ou seja ―uma accedilatildeo afirmativa em favor dos mais

fracos sem poder e sem voz (SACHS 2003 p 21)

As microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP) satildeo

estruturalmente diferenciadas dos microempreendedores Individuais tanto nas

dimensotildees fiacutesicas quanto na capacidade de abrangecircncia e inserccedilatildeo no mercado

sendo igualmente objeto diferenciado constante nas regulamentaccedilotildees descritas nas

LC 12306 e LC 12808 respectivamente quanto ao enquadramento sobre a receita

agraves obrigaccedilotildees tributaacuterias e fiscais O art 3ordm incisos I e II da LC 12306 nos diz como

jaacute mencionado acima que a microempresa eacute aquela que possui receita bruta anual

de ateacute R$ 36000000 (trezentos e sessenta mil reais) a receita bruta da empresa de

pequeno porte por sua vez natildeo pode ser inferior a R$ 36000000 e superior a R$

360000000 (trecircs milhotildees e seiscentos mil reais) por outro lado o MEI possui uma

exigecircncia de receitaano muito menor que as demais estabelecida com um teto de

R$ 6000000 conforme expressa o art 18ordf sect 1ordm

Consideremos que as obrigaccedilotildees tributaacuterias diferenciadas para as

microempresas e as empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional7

descrevem as necessidades de se conceber mecanismos de atendimento a esse

segmento empresarial de importacircncia comprovada para a economia do paiacutes e da

sua fragilidade de continecircncia no livre mercado Por outro lado temos o MEI

7Simples Nacional eacute um regime de tributaccedilatildeo diferenciado aplicados agraves Microempresas e Empresas

de Pequeno Porte que consiste no recolhimento dos tributos previstos em lei em um documento uacutenico de arrecadaccedilatildeo (DAS) e da contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria

49

marcado pela inseguranccedila muitas vezes da sua condiccedilatildeo de ―empreendedor

forccedilado em funccedilatildeo das mudanccedilas ocorridas no universo do trabalho denotando a

fragilidade socioeconocircmica que o permeia No entanto

No Brasil existem algumas entidades que atuam como propulsoras das potencialidades de micro e pequenas empresas estimulando a cultura do empreendedorismo Uma das principais eacute o SEBRAE (Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas) que atua dando suporte no processo de abertura e registro de empresas com orientaccedilatildeo cursos e palestras para minimizar o grau de mortalidade desses pequenos empreendimentos (SILVEIRA TEIXEIRA 2011 p 227)

A finalidade do SEBRAE nesse sentido eacute apoiar o desenvolvimento das

micro e pequenas empresas e fomentar o empreendedorismo atraveacutes de programas

de capacitaccedilatildeo consultoria e financcedilas no atendimento de empresaacuterios e potenciais

empreendedores

A poliacutetica maior do MEI atribui determinada responsabilidade aos governos

locais de deferirem poliacuteticas alinhadas agrave implantaccedilatildeo agravequela de atenccedilatildeo agrave categoria

uma vez que o desenvolvimento desse segmento pode subtender aleacutem da

inclusatildeo descrita no art 18E da LC 12808 um avanccedilo nas questotildees

socioeconocircmicas locais Mesmo com direcionamento o impacto pode ser absorvido

por outros segmentos sob a forma de fortalecimento do mercado interno local que

por sua vez concorre para o aumento e extensatildeo da geraccedilatildeo de emprego renda e

com isso o aumento da receita municipal

Sob a oacutetica do desenvolvimento local a partir da interpretaccedilatildeo do

pensamento de autores como Albuquerque e Zapata (2008) Sachs (2003)

Albuquerque (1997) dentre outros dialogando com a Lei Geral e suas alteraccedilotildees

(LC 12808 e LC 147 de 07 de ago de 2014) analisaremos algumas accedilotildees e

estrateacutegias de atendimento ao MEI desenvolvidas nos municiacutepios integrantes da

MRGP

50

3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS PARA O MEI NA MICRORREGIAtildeO DE PARANAGUAacute

A Microrregiatildeo8 Geograacutefica de Paranaguaacute (MRGP) (MAPA 1) situada no

litoral paranaense eacute composta pelos municiacutepios de Antonina Guaraqueccedilaba

Guaratuba Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute (IPARDES 2012) e

apresenta enorme complexidade em sua estrutura social econocircmica e natural

marcada ainda por seacuterios problemas de gestatildeo de desenvolvimento e de

conservaccedilatildeo (ANDRIGUETTO FILHO MARCHIORO in RAYNAUT et al2002)

Para Horochowski et al (2007) a MRGP apresenta

[] uma espacialidade conturbada com mais de 60 quilocircmetros de extensatildeo que liga os municiacutepios de Guaratuba Matinhos Pontal e tambeacutem Paranaguaacute Esses trecircs uacuteltimos possuem graus de urbanizaccedilatildeo superiores a 96 e satildeo marcadamente ordenados por grupos imobiliaacuterios promotores de praacuteticas especulativas e pela ocupaccedilatildeo de aacutereas ambientalmente vulneraacuteveis(HOROCHOWSKI etal (2007)

MAPA 1 -MICRORREGIAtildeO GEOGRAacuteFICA DE PARANAGUAacute

FONTE Adaptado do CORPO DE BOMBEIROSPR Disponiacutevel em(lthttpsgooglBhsDTx)

Segundo IPARDES a aacuterea territorial da MRGP corresponde a 6333233

Km2 abrigando uma populaccedilatildeo de 286602 habitantes com densidade demograacutefica

8 As microrregiotildees satildeo definidas pelo IBGE (1990) como partes da mesorregiatildeo e possuem

especificidades proacuteprias sem apresentarem uniformidade ou auto-suficiecircncia contudo articulam-se com espaccedilos maiores (mesorregiotildees ou Unidades da Federaccedilatildeo) Essas especificidades dizem respeito agraves estruturas de produccedilatildeo que podem apresentar quadros naturais sociais ou econocircmicos particulares localizados e regionalizados

51

de 4525 habKm2 e alto grau de urbanizaccedilatildeo de 9048 (TABELA 2) A ―forte

polarizaccedilatildeo urbana e industrial com o complexo portuaacuterio de Paranaguaacute e das aacutereas

urbano-turiacutesticas na orla sul (ANDRIGUETTO FILHO MARCHIORO in RAYNAUT

et al2002 p 160) constitui um traccedilo caracteriacutestico do litoral paranaense e possui

dinacircmicas diferenciadas no processo econocircmico

No litoral paranaense conforme assinalam esses autores o meio natural

estaacute relativamente menos impactado que no restante do Estado principalmente nas

aacutereas rurais de Guaratuba e Guaraqueccedilaba que natildeo concorreram aos modelos de

desenvolvimento econocircmico adotados pelos municiacutepios do Estado que mantinham

bases predominantemente agriacutecolas e agroindustriais (idem p 161)

TABELA 2 - POPULACcedilAtildeO ABSOLUTA POPULACcedilAtildeO URBANA E POPULACcedilAtildeO RURAL DA MRGP (2000-2010)

MUNICIacutePIO POPULACcedilAtildeO

2000 2010

Antonina 19174 18891 Guaraqueccedilaba 8288 7871 Guaratuba 27257 32095 Matinhos 24184 29428 Morretes 15275 15718 Paranaguaacute 127339 140469 Pontal do Paranaacute 14323 20920

FONTE IBGE ATLAS BRASIL

A MRGP eacute componente da Mesorregiatildeo9 de Curitiba e estaacute ligada agrave capital

paranaense atraveacutes da BR 277 Outras estradas alternativas que ligam a regiatildeo ao

Primeiro Planalto Paranaense podem ser observadas pela BR 376 (Guaratuba ndash

GaruvaSC) e pela estrada da Graciosa

A precaacuteria gestatildeo de desenvolvimento local10 e a falta de iniciativas que

atendessem as capacidades especificidades e realidades vividas localmente

concorreram para que o litoral paranaense se tornasse uma das regiotildees menos

9Entende-se por Mesorregiatildeo uma aacuterea individualizada em uma Unidade da Federaccedilatildeo que

apresenta formas de organizaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico definida pelas seguintes dimensotildees o processo social como determinante o quadro natural como condicionante e a rede de comunicaccedilatildeo e lugares como elemento de articulaccedilatildeo espacial Estas trecircs dimensotildees possibilitam que o espaccedilo delimitado como Mesorregiatildeo tenha uma identidade regional Esta identidade eacute uma realidade construiacuteda ao longo do tempo pela sociedade que aiacute se formou (IBGE 1990 p 8)

10

Atraveacutes do Sistema de Monitoramento da Implementaccedilatildeo da Lei Geral nos Municiacutepios Brasileiros disponibilizado pelo SEBRAE observamos que natildeo haacute poliacuteticas de desenvolvimento local nos municiacutepios integrantes da MRGP Disponiacutevel em (lthttpsgoogltb4OXE)

52

desenvolvidas do Paranaacute com altos iacutendices de pobreza baixo padratildeo de vida e

destacadas disparidades sociais como analisaram Raynaut et al (2002) e Turra e

Baccedilo (2014) Para esses uacuteltimos autores apoacutes realizarem estudos sobre Niacutevel de

Desenvolvimento Regional (NDR) no Paranaacute concluiacuteram que a MRGP possui um

niacutevel muito baixo (MB) de desenvolvimento o que estaacute relacionado agrave baixa

concentraccedilatildeo tecnoloacutegica e o niacutevel de ocupaccedilatildeo das pessoas

Abaixo (TABELA 3) demonstra uma evoluccedilatildeo no Iacutendice de Desenvolvimento

Humano (IDH) na MRGP

TABELA 3 - DEMONSTRATIVO DO IDH E DO IacuteNDICE DE POBREZA DOSMUNICIacutePIOS DA MRGP

MUNICIacutePIO IDH POBREZA

2000 2010 2000 2010

Antonina 0582 0687 3339 1727

Guaraqueccedilaba 0430 0587 5387 3605 Guaratuba 0613 0717 1958 915 Matinhos 0635 0743 1671 616 Morretes 0573 0686 2364 1087 Paranaguaacute 0645 0750 1593 810 Pontal do Paranaacute 0622 0738 1741 598

FONTE IBGE ATLAS BRASIL

Alguns elementos como a longevidade a renda e a educaccedilatildeo contribuiacuteram

para o aumento do IDH Jaacute a queda no iacutendice de pobreza na MRGP pode ser

descrita igualmente pelo aumento da renda da populaccedilatildeo e de uma maneira mais

incisiva pela involuccedilatildeo da desigualdade nesses municiacutepios

No entanto o iacutendice da pobreza no caso de Antonina a exemplo segundo

IBGE (2010) chegou a 5022 e o iacutendice da pobreza subjetiva neste municiacutepio

ficou em 3018 Notemos que a permanecircncia da pobreza muitas vezes produz

um deslocamento e enfraquecimento das capacidades e potencialidades reais das

pessoas

31 A FRAacuteGIL ECONOMIA NA MRGP

A MRGP apresenta uma diversidade no setor econocircmico com atividades

agropastoris comercio induacutestria (setor industrial de Paranaguaacute) e o setor de

produccedilatildeo de bens e serviccedilos com ecircnfase no turismo sobretudo na orla sul da

regiatildeo que abrange os municiacutepios de Pontal do Paranaacute Matinhos e Guaratuba

53

ainda sujeitos agrave sazonalidade em decorrecircncia da temporada de praias (veratildeo) e o

inverno

Os setores produtivos da MRGP se apresentam de forma heterogenia com

ecircnfase na proporccedilatildeo do setor de comeacutercioserviccedilos que apresenta forte impacto

sobre a contrataccedilatildeo de pessoal formalizado (RAIS)

TABELA 4ndash DADOS DO MERCADO DE TRABALHO NA MRGP (2000-2016)

FONTE IPARDES IBGE FUNPARUFPR

Observamos (TABELA 4) que a taxa de desemprego na MRGP em 2010

ficou em 7511 Frisamos que pela escassez de dados referentes ao setor informal

na MRGP natildeo foi possiacutevel estabelecer a descriccedilatildeo quantitativa das atividades

econocircmicas Poreacutem nas atividades exploratoacuterias de anaacutelise observamos enorme

diversidade das atividades informais no litoral serviccedilos domeacutesticos jardinagem

cabeleireiro manicure trabalhadores contratados para a limpeza de pescados

artesatildeos salgadeira doceira construccedilatildeo civil carpinteiros ambulantes catadores

de materiais reciclaacuteveis trabalhadores de Micro e Pequenas empresas

desprotegidos pela natildeo formalizaccedilatildeo trabalhadores rurais trabalhadores em

oficinas de mecacircnica de automoacuteveis motocicletas e bicicletas dentre outros

trabalhadores

A economia informal ou economia submersa (CATANI 1985) segundo

alguns autores como Sachs (2003) Antunes (2011) Matsuo (2008) se apresenta de

11

O desemprego foi calculado sobre a PEA (populaccedilatildeo economicamente ativa) em relaccedilatildeo agrave PO

(populaccedilatildeo ocupada) incluindo os setores formal e informal A PEA pode ser definida como o []

potencial de matildeo-de-obra com que pode contar o setor produtivo isto eacute a populaccedilatildeo ocupada e

a populaccedilatildeo desocupada (IBGE) A PO compreende aquelas pessoas que num determinado periacuteodo

de referecircncia trabalharam ou tinham trabalho mas natildeo trabalharam (por exemplo pessoas em feacuterias) As pessoas ocupadas sao classificadas em a) empregados b) conta proacutepria c) empregadores d) natildeo remunerados (idem)

TRABALHO REGIAtildeOANO

2000 2010

Populaccedilatildeo em Idade Ativa (PIA) (pessoas) 175483 223295 Populaccedilatildeo Ocupada total (PO) (pessoas) 85863 115811 Pessoal ocupado assalariado (pessoas) nd 51576 Populaccedilatildeo Economicamente Ativa (PEA) 100628 125263 Taxa de Atividade de 10 anos ou mais () 547 5625 T de Ocupaccedilatildeo de 10 anos ou mais () nd 9245

54

maneira complexa pelo volume frente a uma nova conjuntura e modificaccedilotildees no

mundo do trabalho um meio diferenciado encontrado pelas pessoas como

enfrentamento ao crescente processo de erradicaccedilatildeo do emprego formalizado Tais

formas de ―sobrevivecircncia laboral encontram suporte legal no art 170 paraacuteg uacutenico

da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 onde ―eacute assegurado a todos o livre exerciacutecio de

qualquer atividade econocircmica independentemente de autorizaccedilatildeo de oacutergatildeos

puacuteblicos salvo nos casos previstos em lei (BRASIL 1988)

Quanto ao emprego formal na MRGP verificamos (TABELA 5) um aumento

de 36 no quantitativo dos empregos ativos

TABELA 5 - NUacuteMERO DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP (2013-2014)

MUNICIacutePIO EMPREGOS

ATIVOS

2013 2014

Antonina 3169 3193 Guaraqueccedilaba 810 796 Guaratuba 5874 6509 Matinhos 7341 7838 Morretes 2252 2347 Paranaguaacute 38133 38275 Pontal do Paranaacute 3691 4543

Total 61270 63501

FONTE MINISTEacuteRIO DO TRABALHO E EMPREGOCAGED

Na tabela acima (TABELA 5) constatamos que o municiacutepio de

Guaraqueccedilaba apresentou variaccedilatildeo percentual negativa de -173 entre os anos de

2013 e 2014 e destacamos Guaratuba com o aumento na variaccedilatildeo relativa de

1081 seguida por Matinhos 677 e Morretes com uma variaccedilatildeo percentual de

422 na geraccedilatildeo de empregos

A compreensatildeo da evoluccedilatildeo na geraccedilatildeo de empregos nos remete ao

entendimento do comportamento da economia e das relaccedilotildees entre mercado capital

e trabalho Neste conjunto de elementos estatildeo alinhados o processo produtivo as

atividades produtivas e as forccedilas de produccedilatildeodistribuiccedilatildeo e consumo

Segundo Salzbac Denardin e Felisbino (2012) a demanda do fluxo de

seguimentos produtivos eacute uma caracteriacutestica de cidades poacutelos pela oferta de

emprego no setor de comeacutercio e serviccedilos Dessa forma ao analisar o cenaacuterio

econocircmico do litoral paranaense esses autores concluiacuteram que

55

Os municiacutepios litoracircneos do Paranaacute os quais natildeo fazem parte de uma regiatildeo metropolitana natildeo apresentam empregos em volume significativos nem no setor industrial nem no setor de serviccedilos o que implica na baixa capacidade de geraccedilatildeo de tributos proacuteprios limitando tambeacutem a oferta de serviccedilos puacuteblicos [] os setores de serviccedilos comeacutercio e de administraccedilatildeo puacuteblica foram os segmentos que mais mantinham empregos ativos na MRGP (SALZBAC DENARDIN FELISBINO 2012 p 117)

TABELA 6 - NUacuteMEROS DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP POR SETOR ECONOcircMICO

SETOR ECONOcircMICO Ano

2013 2014

1 extrativa mineral 187 188 2 induacutestria de transformaccedilatildeo 6100 6512 3 serviccedilos industriais de utilidade puacuteblica 294 255 4 construccedilatildeo civil 1722 1993 5 comeacutercio 15302 16154 6 serviccedilos 26660 27140 7 administraccedilatildeo puacuteblica 10501 10789 8 agropecuaacuteria ext vegetal caccedila e pesca 504 470

FONTE MTECAGED

Como podemos observar (TABELA 6) a maior parte dos empregos ativos

estaacute no setor terciaacuterio com especial atenccedilatildeo ao setor de serviccedilos

Um indicador econocircmico importante eacute o Valor Adicionado Fiscal (VAF) que

permite ―espelhar o movimento econocircmico municipal e consequentemente o

potencial que o municiacutepio tem para gerar receitas puacuteblicas (MINAS GERAIS 2016)

Sobre o conceito poderemos dizer que o VAF eacute um instrumento

[] utilizado pelo Estado para calcular o iacutendice de participaccedilatildeo municipal no repasse de receita do Imposto sobre Operaccedilotildees relativas agrave Circulaccedilatildeo de Mercadorias e sobre Prestaccedilotildees de Serviccedilos de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicaccedilatildeo (ICMS) e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) aos municiacutepios [] Eacute apurado pela Secretaria de Estado de Fazenda [[ com base em declaraccedilotildees anuais apresentadas pelas empresas estabelecidas nos respectivos municiacutepiosDisponiacutevel em (lthttpsgoogl80DhoU)

Com a anaacutelise do indicador acima mencionado poderemos verificar a

participaccedilatildeo na economia local por setor econocircmico e sua importacircncia nas poliacuteticas

de desenvolvimento e planejamento estrateacutegico na observacircncia das potencialidades

do mercado cultura local e heterogeneidade das atividades econocircmicas

Na MRGP o setor de comeacutercio e serviccedilos (setor terciaacuterio) notadamente

excetuando os municiacutepios de Antonina e Guaraqueccedilaba possui participaccedilatildeo maior

que a produccedilatildeo primaacuteria e a induacutestria local (TABELA 7) e constitui elemento de

56

anaacutelise importante na concepccedilatildeo de poliacuteticas de expansatildeo do emprego e renda12 Jaacute

a participaccedilatildeo sobre a receita dos municiacutepios a que apresenta menor potencial eacute a

produccedilatildeo primaacuteria em virtude da natildeo adoccedilatildeo do mesmo modelo industrial adotado

em outras regiotildees do Estado Paranaense

TABELA 7 - VALOR ADICIONADO FISCAL (VAF - R$ 100 (P)) DOS MUNICIacutePIOS INTEGRANTES

DA MRGP (2016)

MUNICIacutePIO PRODUCcedilAtildeO PRIMAacuteRIA

INDUacuteSTRIA COMEacuteRCIO SERVICcedilOS

RECURSOS AUTOS

Antonina 4334454 125827796 68271749 Guaraqueccedilaba 3074904 5399117 3701577 4192 Guaratuba 15641921 21782241 119496927 47370 Matinhos 295763 23559310 109482578 147729 Morretes 12959951 23264839 44980267 14974 Paranaguaacute 54409213 1280856468 1980373389 543132 Pontal do Paranaacute

436246 19320486 68114345 19138

Total 91152452 1500010257 4788841664 1553070

FONTE IPARDES

Excetuando Paranaguaacute (TABELA 7) identificamos a fragilidade das receitas

municipais da MRGP e de outra maneira a fragilidade financeira e orccedilamentaacuteria jaacute

mencionadas por Sulzbach e Denardin (2012) que alertavam para a dependecircncia

financeira dos municiacutepios da MRGP para com as transferecircncias

intergovernamentais

Um dos principais indicadores da dependecircncia financeira dos municiacutepios agraves tributaccedilotildees das demais esferas pode ser observado atraveacutes das receitas de tributaccedilatildeo por setores produtivos e das receitas advindas de transferecircncias correntes Neste aspecto observa-se que os municiacutepios do litoral do Paranaacute apresentam uma dependecircncia financeira elevada das transferecircncias das esferas nacional e estadual O Municiacutepio com maior destaque eacute o de Guaraqueccedilaba que do total de suas receitas 93 adveacutem de transferecircncias correntes seguindo por Morretes com 78 e Antonina com 7052 das receitas advindas de transferecircncias (SULZBACH DENARDIN 2012 p 6)

Ainda observando a tabela 7 percebemos que o polo industrial e comercial

da MRGP eacute o municiacutepio de Paranaguaacute pressupondo importante vetor da economia

local e do seu posicionamento estrateacutegico diante dos outros municiacutepios da regiatildeo

tanto na articulaccedilatildeo com outros centros comerciais e industriais da Mesorregiatildeo

12

Para melhor compreensatildeo sobre as modificaccedilotildees no processo capitaltrabalho e o crescimento do setor terciaacuterio na economia ver CHESNAIS (1996) OFFE (1984) SUPERVILLE QUINtildeONES (2000)

57

pertencente quanto da Microrregiatildeo com os municiacutepios circunvizinhos e pelo

proacuteprio dinamismo da sua economia interna

Consideremos que o crescimento econocircmico segundo Sachs (2004) e

Furtado (2008) eacute um elemento importante no processo de desenvolvimento poreacutem

natildeo eacute o uacutenico a ser considerado mas sim eacute necessaacuterio incorporar

simultaneamente a extensatildeo dos direitos

Abaixo (TABELA 8) observando o PIB per capita dos municiacutepios da MRGP

destaca-se a vulnerabilidade econocircmica do municiacutepio de Guaraqueccedilaba em relaccedilatildeo

aos demais sobretudo em relaccedilatildeo ao municiacutepio de Paranaguaacute que supera a meacutedia

da regiatildeo A fragilidade econocircmica de Guaraqueccedilaba deriva de vaacuterios aspectos 1) a

dificuldade do acesso agrave aacuterea urbana do municiacutepio considerando que a uacutenica estrada

que liga o municiacutepio a outras localidades natildeo eacute pavimentada e tem uma extensatildeo

de aproximadamente 86 km Outra forma de acesso agrave cidade eacute atraveacutes do mar

pela baiacutea de Guaraqueccedilaba A dificuldade de cesso tem enorme impacto tanto para

escoar a produccedilatildeo local como para obter materiais e equipamentos agrave difusatildeo da

induacutestria quase ou completamente nula 2) a restriccedilatildeo ambiental agrave implantaccedilatildeo de

empresas 3) a falta de poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento do municiacutepio

assinaladas por RAYNAUT et al (2002) na promoccedilatildeo de programas de gestatildeo com

as especificidades locais que fomentem o impulso do trabalho e da renda

TABELA 8 - PIB PER CAPTA DOS MUNICIacutePIOS DA MRGP

MUNICIacutePIO 2013 (R$ 100)3 2014 (R$)

4

Antonina 1851678 17557

Guaraqueccedilaba 861303 8723

Guaratuba 1474865 15004

Matinhos 1648075 17238

Morretes 1390945 13638

Paranaguaacute 4155699 42193

Pontal do Paranaacute 1434381 15040

MRGP 29076 29489

FONTE IBGE IPARDES

A principal fonte de receita dos municiacutepios da MRGP jaacute indicada por

Sulsbach e Denardin (2010) deriva principalmente das transferecircncias correntes

intergovernamentais (Uniatildeo e Estado) o que possibilita um entendimento da

fragilidade na arrecadaccedilatildeo tributaacuteria do setor produtivo

58

Em suma no nosso entendimento a transferecircncia corrente tem o propoacutesito

de manutenccedilatildeo da coisa puacuteblica e do funcionamento da estrutura estatal

Percebemos nesse sentido que um dos maiores empregadores formais direta e

indiretamente da MRGP acaba por ser os governos subnacionais que atuam como

contratadores de serviccedilos temporaacuterios contratos de prestaccedilatildeo de serviccedilos

terceirizados e pessoal concursado (efetivo) aleacutem de contratar serviccedilos

especializados de manutenccedilatildeo de pequenas empresas e materiais de uso diaacuterio

Segundo DIEESE (2015 p 74) a distribuiccedilatildeo de empregos formais por

atividade econocircmica no Brasil entre os anos de 2009 a 2014 apresentou os

seguintes resultados onde destacaremos os principais a) serviccedilos (349) b)

comeacutercio (194) c) induacutestria de transformaccedilatildeo (172) d) administraccedilatildeo puacuteblica

(188) Dessa forma observamos que o setor de serviccedilos aleacutem de expandir as

possibilidades de emprego se manteacutem como o principal setor a contratar

Como jaacute mencionado acima a MRGP possui enorme heterogeneidade em

sua composiccedilatildeo econocircmica especificidades locais e uma distribuiccedilatildeo espacial dos

setores econocircmicos advinda das caracteriacutesticas de cada municiacutepio por vezes

semelhantes como eacute o caso nas aacutereas rurais da produccedilatildeo de farinha de

mandioca13 e da exploraccedilatildeo de produtos de origem vegetal (cipoacute guaricana e

musgo) produccedilatildeo de arroz de banana de palmito14 e de gengibre a cultura do taiaacute

caraacute e mandioca e hora muito distintas como eacute caso do polo industrial de

Paranaguaacute destacando os complexos portuaacuterios de Paranaguaacute e Antonina Assim

como destacamos na economia local da MRGP a exploraccedilatildeo do turismo sobretudo

na orla sul abrangendo os municiacutepios de Guaratuba Matinhos e Pontal do Paranaacute

com maior potencial no veratildeo Em Guaraqueccedilaba o turismo eacute voltado agrave praacutetica da

pesca esportiva que se estende o ano todo movimentando natildeo soacute os restaurantes

e comeacutercio urbanos mas restaurantes e pousadas nas ilhas de Tibicanga Bertgiga

Canudal Barbados e Superagui

O municiacutepio de Paranaguaacute abrange o maior nuacutemero de empresas na regiatildeo

(TABELA 9)15 e eacute destacadamente o maior poacutelo empresarial e industrial com

13

A produccedilatildeo de farinha atinge a MRGP em sua totalidade Ver DENARDIN LAUTERT e RIBAS (2009)lthttpwwwaba-agroecologiaorgbrrevistasindexphpcadarticleviewFile42573236 14

A produccedilatildeo do palmito representou em 2015 cerca de 6872 (3233 toneladas) da produccedilatildeo estadual e a banana correspondeu a 4484 (91284 cachostoneladas) do Estado IPARDES) 15

Houve variaccedilatildeo nos nuacutemeros entre as tabelas 9 e 10 pois a montagem da tabela 10 ocorreu dias apoacutes a montagem da tabela 9

59

4691 das Empresas Ativas 467 das MPE (Micro e Pequena Empresa) e

4548 dos MEI (Microempreendedor Individual) da MRGP Outra caracteriacutestica

particular eacute o municiacutepio de Guaraqueccedilaba que apresenta o menor quadro

empresarial com 129 das Empresas ativas 125 das MPE ativas e 162 do

MEI do total da regiatildeo

TABELA 9 - NUacuteMERO DE EMPRESAS NA MRGP (MAIO2016)

MUNICIacutePIO EMPRESAS ATIVAS MPE MEI

Antonina 1832 1705 571 Guaraqueccedilaba 462 427 193 Guaratuba 4788 4586 1569 Matinhos 5185 4912 1799 Morretes 1926 1831 510 Paranaguaacute 16800 15832 5394 P do Paranaacute 4817 4604 1823

Total 35810 33897 11859

FONTE FOacuteRUM PERMANENTENatildeo foi possiacutevel localizar dados em bases estatiacutesticas de anos

anteriores

As empresas compotildeem um quadro diversificado na economia da regiatildeo e a

participaccedilatildeo por atividade econocircmica nos municiacutepios pressupotildee certo dinamismo da

economia com destaque ao setor de comeacutercio e serviccedilos

Abaixo (TABELA 10) estatildeo as atividades econocircmicas desenvolvidas na

MRPG e a participaccedilatildeo das MPE e MEI na dinacircmica econocircmica

TABELA 10 - ATIVIDADES ECONOcircMICAS DESENVOLVIDAS NA MRGP (maio2016) continua

ATIVIDADE ECONOcircMICA COM BASE NO CNAE16

EMP ATIVAS MPE MEI

Agricultura pecuaacuteria prod Florestal pesca e aquicultura 93 59 11 Induacutestrias extrativistas 39 38 0 Induacutestria de transformaccedilatildeo 2483 2351 1076 Aacutegua esgoto atividades de resiacuteduos e descontaminaccedilatildeo 121 110 39 Construccedilatildeo 2067 2418 1323 Comeacutercio reparaccedilatildeo de veiacuteculos automotores e motocicleta 15410 14693 4044 Transporte armazenagem e correio 1865 1654 340 Alojamento e alimentaccedilatildeo 6911 6681 2469 Informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo 334 312 89 Atividades financeiras de seguros e serv relacionados 22 18 0

16

A Classificaccedilatildeo Nacional de Atividades Econocircmicas (CNAE)

60

TABELA 10 - ATIVIDADES ECONOcircMICAS DESENVOLVIDAS NA MRGP (maio2016)

conclusatildeo

ATIVIDADE ECONOcircMICA COM BASE NO CNAE17

EMP ATIVAS MPE MEI

Atividades imobiliaacuterias 203 172 0 Atividades profissionais cientiacuteficas e teacutecnicas 792 718 235 Atividades Administrativas e serviccedilos complementares 1826 1722 536 Educaccedilatildeo 465 443 175 Sauacutede humana e serviccedilo social 308 282 12 Arte cultura esporte e recreaccedilatildeo 394 374 115 Outras atividades e serviccedilos 1868 1757 1324 Serviccedilos domeacutesticos 76 57 57

Total 35277 33859 11845

FONTE FOacuteRUM PERMANENTE

Observamos (TABELA 10) que as principais atividades desenvolvidas pelo

MEI na MRGP satildeo as seguintes Comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos automotores e

motocicletas (3414) alojamento e alimentaccedilatildeo (2084) outras atividades e

serviccedilos (1117) construccedilatildeo (1116) induacutestria de transformaccedilatildeo (908)

As atividades na economia desenvolvidas na MRGP possuem aspectos

importantes na comparaccedilatildeo entre os setores primaacuterio secundaacuterio e terciaacuterio Como

observado na tabela acima veremos que o setor terciaacuterio abrange uma parcela

significativa das empresas da regiatildeo Do total das Empresas Ativas 926

enquadram-se no setor de comeacutercio e serviccedilos as Micro e Pequenas Empresas

alocadas no setor terciaacuterio representam 928 e os Microempreendedores

Individuais formalizados somam 909 nesse setor Conveacutem ressaltar que nas

anaacutelises de Nogueira e Pereira (2015 p 41) ―[] em 2011 as empresas de pequeno

porte ndash incluindo uma ainda diminuta parcela de MEI ndash representavam quase 98

do total de empresas no paiacutes e ocupavam mais da metade dos trabalhadores

formais

Eacute importante ressaltar que a demanda pelo setor terciaacuterio acompanha um

fluxo de mercado agregado aos outros dois setores da economia e o crescente

volume dos serviccedilos se evidenciam nos processos de flexibilizaccedilatildeo do trabalho das

modificaccedilotildees nas suas relaccedilotildees e no deslocamento do arqueacutetipo do trabalho no

qual o trabalhador passa de um trabalhador fabril para a categoria de um

trabalhador de serviccedilos apontado por Superville e Quintildeones (2000) Para esses

autores a expansatildeo do setor de serviccedilos seguiu simultaneamente ao processo de

17

A Classificaccedilatildeo Nacional de Atividades Econocircmicas (CNAE)

61

crescimento da informalidade e da prestaccedilatildeo de serviccedilos com pouca qualificaccedilatildeo (p

61)

Entendemos que para uma anaacutelise da informalidade eacute necessaacuterio considerar

sua heterogeneidade e a proporccedilatildeo da sua relaccedilatildeo e participaccedilatildeo no mercado

assim como as assimetrias manifestadas nas formas de exploraccedilatildeo da forccedila de

trabalho e na precarizaccedilatildeo da classe trabalhadora (ANTUNES 2011)

32 A INSTITUCIONALIDADE MEI NA MRGP

Ao definir aspectos legais para o enfrentamento do problema da

informalidade no Brasil atraveacutes de leis regulamentares e regras especiacuteficas que

asseguram direitos estabelecidos na Constituiccedilatildeo federal de 1988 o Estado

brasileiro reconheceu a necessidade de normatizar benefiacutecios e deveres agraves micro e

pequenas empresas e empreendedores individuais procurando reverter o quadro de

informalidade e precariedade nas condiccedilotildees de trabalho e de garantias de

seguridade social

Para a implantaccedilatildeo da Poliacutetica Puacuteblica no nosso entendimento alguns

aspectos devem ser considerados 1) descrever as suas circunstacircncias de modo que

suas propostas sejam claras 2) adaptaccedilatildeo dos aparelhos sociais e do Estado que

possam ser vinculados agrave Poliacutetica Puacuteblica 3) capacidade de articulaccedilatildeo e

compreensatildeo do processo e dos temas debatidos pelos diversos atores envolvidos

(OLIVEIRA 2013 p 284)

Nesse contexto admite-se natildeo somente subordinaccedilatildeo agrave Poliacutetica mas um

quadro de compreensatildeo e reconhecimento da sua legitimidade constituindo dessa

maneira uma institucionalidade

Para institucionalidade devemos considerar trecircs aspectos importantes 1)

instituiccedilotildees 2) ambiente institucional 3) arranjos institucionais

As Instituiccedilotildees descritas por Fiani (2013 p 8) ―satildeo as regrasformais e natildeo

formais que regulam as interaccedilotildees sociaisDesta feita como demonstra o autor a

criaccedilatildeo de estruturas regulamentares de normatizaccedilatildeo de procedimentos formais e a

interaccedilatildeo com o estabelecimento das relaccedilotildees subterracircneas que se desenvolvem

diante do dia- a dia na sociedade descrevem o ambiente institucional ou seja satildeo

as ―[] regras poliacuteticas sociais e legais mais baacutesicas e gerais que estabelecem o

fundamento para o funcionamento do sistema econocircmico (FIANI 2013 p 8) Os

62

arranjos institucionais por sua vez segundo esse autor satildeo as regras

particularmente constituiacutedas pelos sujeitos e que por sua vez estabelecem as

relaccedilotildees poliacuteticas sociais e econocircmicas

Para Fiani (2013) eacute inquestionaacutevel que as poliacuteticas puacuteblicas afetam a vida

dos sujeitos A sua implicaccedilatildeo nesse sentido interfere em modus operandi diverso

ao cotidiano das relaccedilotildees instituiacutedas nos arranjos preestabelecidos pois uma accedilatildeo

do Estado que remete a uma reorganizaccedilatildeo do aparato institucional pode alterar as

relaccedilotildees socioeconocircmicas e poliacuteticas locais

O estabelecimento de um aporte ou adaptaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo institucional

(ALBUQUERQUE 1997 FIANI 2013) que possibilite accedilotildees conjuntas entre

instituiccedilotildees puacuteblicas quanto privadas no processo de otimizaccedilatildeo do

desenvolvimento e manutenccedilatildeo das propostas de uma poliacutetica puacuteblica de

desenvolvimento de categorias especiacuteficas ou bases produtivas adquire capacidade

de assegurar melhor eficiecircncia e dar melhores respostas aos objetivos da poliacutetica

puacuteblica

Schneider (2005) explica que a problematizaccedilatildeo formulaccedilatildeo e

implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas para enfrentamento de problemas natildeo se

encontra mais exclusivamente ao setor estatal na qual estaria em curso a

policentralidade na concepccedilatildeo da Poliacutetica Puacuteblica O autor parte da perspectiva de

rede de poliacuteticas puacuteblicas na qual problemas relativamente puacuteblicos tambeacutem podem

ter interferecircncia do setor privado e a sua interaccedilatildeo Como demonstra o autor

a problematizaccedilatildeo e o processamento poliacutetico de um problema social (Mayntz 1982) natildeo eacute mais um assunto exclusivo de uma hierarquia governamental e administrativa integradasenatildeo que se encontra em redes nas quais estatildeo envolvidas organizaccedilotildees tanto puacuteblicas quanto privadas (SCHNEIDER 2005 p 37)

No entanto como observa Moraes (2003) mesmo com essa nova

configuraccedilatildeo pluralista e policecircntrica das relaccedilotildees poliacuteticas o Estado continua sendo

o protagonista do processo seja pela accedilatildeo reguladora e normatizadora seja pela

legitimidade constitucional A legitimidade se faz presente pela administraccedilatildeo

puacuteblica18

Igualmente acrescenta-se nas palavras de Fiani (2013 p 7) que ―[] os

arranjos institucionais apresentam grande importacircncia para a formulaccedilatildeo de poliacuteticas

18

Sobre Administraccedilatildeo Puacuteblica ver BOBBIO N et al Brasiacutelia UnB 1998

63

de desenvolvimento em especial para as poliacuteticas que demandam cooperaccedilatildeo por

parte de agentes privados Ainda segundo Albuquerque (1997)a interaccedilatildeo entre os

agentes puacuteblicos e privados constitui um novo cenaacuterio dentro de uma nova

perspectiva de adaptaccedilatildeo que necessita de coordenaccedilatildeo institucional

Consideramos que dentro desse contexto as mudanccedilas e perspectivas

inovadoras tanto no campo teacutecnico quanto no campo organizacional exigem ―[]

adaptaccedilotildees institucionais para melhorar as atuaccedilotildees do setor puacuteblico e do conjunto

de empresas e atores sociais territoriais (idem p 01) Segue o autor

[] todo processo de desenvolvimento local requer uma programaccedilatildeo minuciosa que integre e ordene linhas de atuaccedilatildeo e recursos orientados a objetivos da participaccedilatildeo estrateacutegica entre diferentes agentes sociais locais puacuteblicos e privados A criaccedilatildeo compartilhada entre os agentes locais de um ―entorno territorial que facilite a inovaccedilatildeo do tecido produtivo e empresarial constitui um aspecto crucial da estrateacutegia de desenvolvimento (ALBUQUERQUE 1997 p 1)

Pensando localmente na interpretaccedilatildeo do SEBRAE ―o ambiente

institucional [] pode ser entendido como o conjunto de instituiccedilotildees de que um dado

municiacutepio se dotou para que a atividade dos indiviacuteduos aleacutem de compatiacutevel com a

sobrevivecircncia da comunidade seja tambeacutem convergente com a execuccedilatildeo dos

objetivos comuns (SEBRAE 2013)

A estabilidade a preservaccedilatildeo e equiliacutebrio das instituiccedilotildees (das regras

formais e informais) oferecem credibilidade e legitimidade agraves accedilotildees do Estado

As Instituiccedilotildees Poliacuteticas especificamente tem como objetivo mediar

interferir organizar gerir o processo democraacutetico bem como quando

necessaacuterioprotagonizar poliacuteticas flexiacuteveis de decisatildeo em relaccedilotildees inerentes a

sociedade numa tarefa de disciplinar regras que insiram sobre os indiviacuteduos direitos

contidos na Constituiccedilatildeo Federal

Exemplificamos assim uma caracteriacutestica nesse contexto do processo

poliacutetico eacute a intervenccedilatildeo estatal inferindo sobre a economia no sentido de aliviar

distorccedilotildees ocorridas pelo mau funcionamento do mercado atraveacutes de poliacuteticas

puacuteblicas que estabelecem regras e diretrizes na qual o poder19poliacuteticopuacuteblico20 eacute o

protagonista no processo Para Oliveira (2008 p 59)

19

Para compreender o processo de dominaccedilatildeo e legitimaccedilatildeo do Poder consideramos as anaacutelises de FRANCcedilOIS CHAZEL in Boudon e Curvelo (1996) 20

BOBBIO N Et al Dicionaacuterio de poliacutetica Brasiacutelia UnB 1998

64

O poder nasce com o indiviacuteduo mas passa aos grupos e afinal ao Estado pelo processo de institucionalizaccedilatildeo A concentraccedilatildeo de poder eacute um fenocircmeno espontacircneo na sociedade nascida da necessidade de atender a interesses que demandam escala meta individual Satildeo as concentraccedilotildees de poder que estabilizadas pelo consenso e pelo costume levam ao surgimento das instituiccedilotildees poliacuteticas

Ao observarmos a histoacuteria do sistema capitalista assinalamos que em todos

os momentos de instabilidade e fragilidade econocircmica culminando na inseguranccedila

social subsiste a forte presenccedila do Estado com possibilidades de equacionar as

deformaccedilotildees ocasionadas pelo sistema e que de maneira inexoraacutevel afetam as

vidas das pessoas apontando dessa maneira certa ineacutercia do mercado em

resoluccedilotildees dessa natureza

Fiani (2001 p 2) nos diz que a intervenccedilatildeo do Estado o qual ele denomina

de regulaccedilatildeo e desregulaccedilatildeo eacute ―integrada e condicionada pelos processos de

natureza histoacuterica e poliacutetica que afetam o conjunto da sociedade Nesse contexto a

regulaccedilatildeo e desregulaccedilatildeo estatal dependem de comportamento poliacutetico social e

econocircmicoMuito embora o fator de regulaccedilatildeo esteja mais vinculado agraves atividades

econocircmicas as decisotildees satildeo tomadas na esfera poliacutetica

A Lei Geral de 2006 ndash lei de normatizaccedilatildeo das MPE (LC 12306) - a

exemplo aleacutem de fomentar o desenvolvimento local foi uma accedilatildeo regulamentadora

do Estado Brasileiro em buscar alternativa em equacionar deformidades na

economia do trabalho e assim reverter o processo de alargamento do setor

informal Certamente que a regulamentaccedilatildeo de setores da economia eacute uma forma

de regular e disciplinar accedilotildees

Cabe ressaltar que a Lei 12306 submeteu algumas instituiccedilotildees agrave adequaccedilatildeo

administrativa para assegurar o funcionamento dessa Poliacutetica Puacuteblica assim como

instituiu oacutergatildeos de gestatildeo com competecircncias deliberativas e regulamentadoras que

dispotildeem de jurisdiccedilatildeo sobre tributaccedilatildeo e legalizaccedilatildeo das empresas Essa lei

estabelece inicialmente a criaccedilatildeo de trecircs oacutergatildeos a tiacutetulo dessas competecircncias

Art 2

o O tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado agraves

microempresas e empresas de pequeno porte de que trata o art 1o desta

Lei Complementar seraacute gerido pelas instacircncias a seguir especificadas I - Comitecirc Gestor do Simples Nacional vinculado ao Ministeacuterio da Fazenda composto por 4 (quatro) representantes da Secretaria da Receita Federal do Brasil como representantes da Uniatildeo 2 (dois) dos Estados e do Distrito Federal e 2 (dois) dos Municiacutepios para tratar dos aspectos tributaacuterios

65

II - Foacuterum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte com a participaccedilatildeo dos oacutergatildeos federais competentes e das entidades vinculadas ao setor para tratar dos demais aspectos ressalvado o disposto no inciso III do caput deste artigo III - Comitecirc para Gestatildeo da Rede Nacional para Simplificaccedilatildeo do Registro e da Legalizaccedilatildeo de Empresas e Negoacutecios - CGSIM vinculado agrave Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidecircncia da Repuacuteblica composto por representantes da Uniatildeo dos Estados e do Distrito Federal dos Municiacutepios e demais oacutergatildeos de apoio e de registro empresarial na forma definida pelo Poder Executivo para tratar do processo de registro e de legalizaccedilatildeo de empresaacuterios e de pessoas juriacutedicas

21 (BRASIL 2006)

321 O Comitecirc Gestor Municipal na MRGP

Na adequaccedilatildeo municipal agrave Lei Geral e suas alteraccedilotildees (LC 12808 e LC

14714) com o propoacutesito de estimular o ambiente institucional as prefeituras em

parcerias com o SEBRAE criaram Comitecircs Gestores Municipais22 (CGM) com a

proposta de ―[] implementar e acompanhar a aplicaccedilatildeo [] da Lei Complementar

Federal nordm 1232006 na redaccedilatildeo dada pela Lei Complementar Federal nordm 1282008

(PARANAGUAacute Dec 88713 art 1ordm) Os Comitecircs Gestores Municipais satildeo oacutergatildeos

de ―natureza colegiada para coordenar a poliacutetica relativa agrave micro e pequena empresa

no municiacutepio (SEBRAE 2013 p 61) e satildeo integrados por sujeitos da administraccedilatildeo

puacuteblica e de setores da sociedade civil

No modelo institucional adotado pelo CGM estaacute previsto o viacutenculo e parceria

entre Instituiccedilotildees Poliacuteticas (Federal Estadual e Municipal) Instituiccedilotildees Mercantis e

Instituiccedilotildees de Produccedilatildeo

As Instituiccedilotildees Poliacuteticas nesse contexto especiacutefico satildeo representadas pelo

Governo Local atraveacutes das suas secretarias e a Sala do Empreendedor no Governo

Federal e Estadual atraveacutes de Instituiccedilotildees de creacutedito e de educaccedilatildeo

Os municiacutepios da MRGP que estabeleceram CGM satildeo Paranaguaacute Pontal do

Paranaacute e Matinhos Estes aderiram ao Programa Cidade Empreendedora em

formato integral e com isso possuem assessoramento contiacutenuo junto ao SEBRAE

seja na forma de capacitaccedilatildeo dos agentes puacuteblicosseja na forma de consultoria

para os MEI e MPE Para o SEBRAE

21

O inciso III do sect 2ordm da PLC 12306 foi incluiacutedo pela LC 1472014 22

Utilizarei a sigla CGM para designar Comitecirc Gestor Municipal

66

O Comitecirc Gestor Municipal eacute a forma pela qual este projeto de institucionalizaccedilatildeo da lei geral seraacute implantado e controlado O Comitecirc poderaacute ser constituiacutedo de atores (instituiccedilotildees pessoas) que compotildeem o poder puacuteblico municipal associaccedilotildees representantes da sociedade etc e deveraacute conduzir a institucionalizaccedilatildeo da lei geral de forma a obter o melhor ambiente possiacutevel para os empreendedores individuais e micro e pequenas empresas (SEBRAE 2013 p 12)

O municiacutepio de Paranaguaacute em 2013 criou o Comitecirc Gestor Municipal sob o

Decreto Municipal 88713 composto por seguimentos representantes dos setores

puacuteblico e privado conforme listados no quadro abaixo (QUADRO 4)

QUADRO 4 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PARANAGUAacute PARA ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS ALTERACcedilOtildeES

FONTE Decreto Municipal Paranaguaacute n 887 de 25 out 2013

Por finalidade segundo o referido Decreto o CGM teraacute que implementar e

acompanhar a aplicaccedilatildeo da Lei Municipal 080 de 06 marccedilo de 2008 que oferece

regime juriacutedico tributaacuterio simplificado e diferenciado agraves micro e pequenas empresas

no acircmbito municipal alinhando-se agrave LC 12306 Dentre as competecircncias do CGM de

Paranaguaacute estatildeo

Art 2o O tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado agraves

microempresas e empresas de pequeno porte de que trata o art 1o desta

Lei Complementar seraacute gerido pelas instacircncias a seguir especificadas I - Acompanhar a regulamentaccedilatildeo e a implementaccedilatildeo do Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte no Municiacutepio inclusive promovendo medidas de integraccedilatildeo e coordenaccedilatildeo entre os oacutergatildeos puacuteblicos e privados interessados II - orientar e assessorar a formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da poliacutetica municipal de desenvolvimento das microempresas e empresas de pequeno porte III - Acompanhar as deliberaccedilotildees e os estudos desenvolvidos no acircmbito do Foacuterum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte do

CONTROLADORIA GERAL

SECRETARIAS MUNICIPAIS

SALA DO EMPREENDEDOR

ASSOCIACcedilAtildeO COMERCIAL E EMPRESARIAL DE PARANAGUAacute

SITEMA DE CREacuteDITO

SENAIFIEP

INSTITUTO FEDERAL DO PARANAacute

CAcircMARA MUNICIPAL

SINDICATO DOS CONTABILISTAS DE PARANAGUAacute

67

Foacuterum Estadual da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte e do Comitecirc para Gestatildeo da Rede Nacional para a Simplificaccedilatildeo do Registro e da Legalizaccedilatildeo de Empresas e Negoacutecios IV - Sugerir eou promover accedilotildees de apoio ao desenvolvimento da microempresa e da empresa de pequeno porte local ou regional(Paranaguaacute 2008 art 1ordm incisos I II III e IV)

Em Paranaguaacute o CGM atua de maneira articulada envolvendo todos os

atores nas estrateacutegias voltadas ao segmento empresarial e empreendedor local

inclusive com organizaccedilotildees do ―Sistema S como o SEBRAE e o SENAI que atuam

na aacuterea de capacitaccedilatildeo e formaccedilatildeo desses segmentos econocircmicos

As estrateacutegias satildeo colocadas em praacutetica em conformidade com a

capacidade orccedilamentaacuteria disponibilizada para este fim Nesse caso o orccedilamento

descrito no Plano Plurianual do municiacutepio para o ―Programa de Geraccedilatildeo de Emprego

e Renda entre os anos de 2014 a 2017 tem como foco

Apoio aos pequenos e microempreendedores cooperativas e outras formas associativas de produccedilatildeo desburocratizando o processo de criaccedilatildeo de novos empreendimentos Promoccedilatildeo de projetos inovadores Desenvolvimento e integraccedilatildeo de pequenas meacutedias e grandes empresas e induacutestrias estimulando a formaccedilatildeo de cadeias produtivas para induzir o crescimento ordenado e sustentaacutevel (PARANAGUAacute 2013 p 163)

Dentre as accedilotildees estabelecidas no Plano Plurianual 2014-2017 estatildeo a)

capacitaccedilatildeo para o primeiro emprego b) treinamento para os desempregados c)

prestaccedilatildeo de atendimento ao trabalhador

Quanto agrave capacitaccedilatildeo e treinamento perfeitamente compete ao CGM

articular accedilotildees envolvendo entidades do sistema S como o SEBRAE e o SENAI que

possuem competecircncias teacutecnicas para atender a demanda

Assim como Paranaguaacute a Sala do Empreendedor em Pontal do Paranaacute

subordinado diretamente agrave Secretaria Municipal de Desenvolvimento eacute o

departamento mais atuante do CGM no apoio ao MEI tanto pela sua posiccedilatildeo

estrateacutegica em que o agente de desenvolvimento atua diretamente com o MEI

quanto pela articulaccedilatildeo com os outros oacutergatildeos e secretarias municipais

O CGM de Pontal do Paranaacute foi instituiacutedo pelo Decreto municipal 54812015

e dentre os objetivos relatado pelo Secretaacuterio de Desenvolvimento estaacute o de

coordenar os trabalhos de assistecircncia ao microempreendedor em aspectos

relacionados agrave formalizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo a processos licitatoacuterios

68

QUADRO 5 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PONTAL DO PARANAacute PARA ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS ALTERACcedilOtildeES

FONTE Decreto Municipal Pontal do Paranaacute n 5481 de 23 dez 2015

Ainda segundo relatos do Secretaacuterio Municipal no iniacutecio da criaccedilatildeo do

Comitecirc Gestor houve divergecircncias falta de colaboraccedilatildeo e dificuldade no

entendimento da proacutepria Lei Geral e sobretudo das LC 12806 e LC 14714 poreacutem

com o amadurecimento das ideias em torno dos objetivos do CGM e das estrateacutegias

adotadas houve ganho de credibilidade dos oacutergatildeo puacuteblicos

A LC 14714 comenta o secretaacuterio era interpretada de formas diferentes

pelos oacutergatildeos O Corpo de Bombeiros a exemplo era muito resistente em se adaptar

ao disposto no art 4ordm sect 3ordm da referida lei que tratava sobre isenccedilatildeo total para a

abertura de empresa para o microempreendedor individual o que acarretava

divergecircncias na leitura e interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo

Ressalvado o disposto nesta Lei Complementar ficam reduzidos a 0 (zero) todos os custos inclusive preacutevios relativos agrave abertura agrave inscriccedilatildeo ao registro ao funcionamento ao alvaraacute agrave licenccedila ao cadastro agraves alteraccedilotildees e procedimentos de baixa e encerramento e aos demais itens relativos ao Microempreendedor Individual incluindo os valores referentes a taxas a emolumentos e a demais contribuiccedilotildees relativas aos oacutergatildeos de registro de licenciamento sindicais de regulamentaccedilatildeo de anotaccedilatildeo de responsabilidade teacutecnica de vistoria e de fiscalizaccedilatildeo do exerciacutecio de profissotildees regulamentadas (BRASIL 2014 art 4ordm sect3ordm)

A Associaccedilatildeo das Micro e pequenas Empresas do Litoral do Paranaacute

(AMPEC Litoral) relatou das dificuldades quanto agraves licitaccedilotildees e a capacidade dos

―menores em participar do processo Na posiccedilatildeo do entrevistado2 o municiacutepio se

revela em suas palavras ―mau pagador e tem ateacute 90 dias para efetuar o

pagamento23 tornando inviaacutevel para a maioria dos microempreendedores fornecer

ao municiacutepio O argumento eacute de que grande parte dos MEI natildeo possui capital

23

O art 73 sect 3ordm da Lei nordm 8666 de21 jun 1993 estabelece o prazo de noventa dias para que o objeto executado seja pago pela Administraccedilatildeo Puacuteblica contratante

SECRETARIAS MUNICIPAIS

AMPEC - LITORAL

ACIAPAR

ASSOCIACcedilAtildeO DOS ARTESAtildeO

SISTEMA DE CREacuteDITO

CENTRO DE ESTUDOS DO MAR

CONTADORES DE PONTAL DO PARANAacute

69

suficiente e capacidade econocircmica para suportar um prazo tatildeo longo para receber

os serviccedilos prestados

O CGM do municiacutepio de Matinhos apresentou caracteriacutesticas muito

peculiares em relaccedilatildeo aos de Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute Segundo o

entrevistado5 havia muitas divergecircncias dentro do CGM sobretudo quando as

decisotildees tomadas coletivamente natildeo continham energia suficiente para colocaacute-las

em praacutetica

QUADRO 6 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM DE MATINHOS

FONTE Decreto Municipal Matinhos n 441 de 30 jul 2013

Outro ponto que dificultava as tomadas de decisotildees com base na demanda

legal e de aspectos ligados agrave Lei Geral era o fato da pouca compreensatildeo pelos

sujeitos envolvidos nas finalidades e propostas da Poliacutetica Puacuteblica em questatildeo

Sobre este e os problemas da implementaccedilatildeo da Poliacutetica Puacuteblica Lima e Dlsquo Ascenzi

(2013) em suas anaacutelises apresenta alguns pontos importantes

[] em primeiro lugar haacute uma multiplicidade de atores de diferentes tipos de organizaccedilotildees com interesses diversos que satildeo agregados para operar a poliacutetica Tais atores interagem em uma trajetoacuteria de pontos de decisatildeo nos quais suas perspectivas se expressam Em segundo lugar os atores mudam com o passar do tempo Isso faz que a interaccedilatildeo tambeacutem mude pois mudam as perspectivas e a percepccedilatildeo que um ator tem do outro Essa mudanccedila de atores insere pontos de descontinuidade e de necessidade de novas e mais negociaccedilotildees(LIMA Dlsquo ASCENZI 2013 p 103)

322 Salas do Empreendedor e o Agente de Desenvolvimento

A sala do Empreendedor parceria entre os cinco municiacutepios citados do

litoral paranaense e o SEBRAE tem funccedilotildees especiacuteficas tanto no atendimento ao

MEI quanto agraves MPE Os serviccedilos vatildeo desde a desburocratizaccedilatildeo e formalizaccedilatildeo ateacute

a consultoria de gestatildeo e financcedilas que satildeo realizadas gratuitamente pelos Agentes

de Desenvolvimento e por consultores do SEBRAE A ―Sala eacute uma adaptaccedilatildeo do

Secretaria Municipal de Turismo e Desenvolvimento Econocircmico

Secretaria Municipal de Administraccedilatildeo

Secretaria Municipal de Planejamento

Sindicato dos Contabilistas

Federaccedilatildeo do Comeacutercio do Paranaacute - FECOMEacuteRCIO

Associaccedilatildeo Comercial e Empresarial de Matinhos - ACIMA

70

SEBRAE ao Programa Cidade Empreendedora24 e tem como objetivo segundo esta

Instituiccedilatildeo de a) incentivar a legalizaccedilatildeo de negoacutecios informais b) facilitar a

abertura de novas empresas c) regularizar as atividades informais aleacutem de apoiar o

MEI quanto agrave formalizaccedilatildeo e informaccedilotildees necessaacuterias relativas agraves especificidades

da sua atuaccedilatildeo como MEI formalizado Segundo o portal do Municiacutepio de Pontal do

Paranaacute satildeo ofertados os serviccedilos de

a) Atendimento presencial individual

b) Orientaccedilatildeo de controles - Caixa e Vendas

Palestras

c) Orientaccedilatildeo sobre direitos e obrigaccedilotildees

d) Programa Negoacutecio a Negoacutecio

Os Agentes de Desenvolvimento25 satildeo funcionaacuterios dos quadros das

prefeituras que recebem treinamento pelo SEBRAE com vistas a assumirem

responsabilidades co-participativas na implementaccedilatildeo da Lei Geral dentro dos

municiacutepios de atuaccedilatildeo Esses atores da administraccedilatildeo puacuteblica direta podem

constituir elementos estrateacutegicos na dinacircmica das ideias de desenvolvimento local

sobretudo no apoio agrave evoluccedilatildeo e estruturaccedilatildeo das micro e pequenas empresas

futuros empreendedores e empreendedores que jaacute atuam

Esses agentes possibilitam o entendimento na inovaccedilatildeo da administraccedilatildeo

puacuteblica quanto agrave movimentaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo dos recursos humanos inicialmente

em seus quadros de pessoal que atende agraves demandas de transformaccedilotildees ocorridas

nas dimensotildees sociais econocircmicas e poliacuteticas a partir do pressuposto que estas

trecircs dimensotildees estatildeo associadas

1) Social ndash promovida principalmente pela ―revoluccedilatildeo expansatildeo

tecnoloacutegica e pela globalizaccedilatildeo

24

Programa do SEBRAE tem como objetivo ―potencializar a implementaccedilatildeo e institucionalizaccedilatildeo da Lei Geral visando agrave melhoria do ambiente de negoacutecios para o Microempreendedor Individual e para as micro e pequenas empresas contribuindo dessa forma com a geraccedilatildeo de emprego e renda (SEBRAE 2013 p 9) lthttpsitesprsebraecombrleigeralwp-contentuploadssites35201402Termo_referencia_2013-2ultimaversaopdfgtgt 25

Para Albuquerque (1997) o processo de desenvolvimento exige a movimentaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo dos recursos humanos e estes devem ser vistos como peccedilas decisivas e natildeo somente como ferramentas ou objeto de produccedilatildeo mas sim como elementos chaves e atores importantes no desenvolvimento

71

2) Econocircmica ndash pelas contradiccedilotildees econocircmicas do sistema neoliberal que

culminaram com a falecircncia da estrutura de produccedilatildeo fabril abrindo

espaccedilo para o setor terciaacuterio

3) Poliacutetica ndash no Estado Democraacutetico de Direito a participaccedilatildeo mais efetiva

de movimentos sociais nas questotildees puacuteblicas altera aspectos e

mecanismos antigos da poliacutetica sobre maneira na perspectiva do

controle social e no quadro decisoacuterio

Em nossos estudos percebemos que a criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas

favoraacuteveis ao desenvolvimento regional e local assim como o estabelecimento de

convecircnio e parceria com entidades ligadas ao desenvolvimento das capacidades

locais depende de alguns elementos 1) Estrutura municipal 2) A maturidade do

municiacutepio com relaccedilatildeo agraves concepccedilotildees de desenvolvimento local 3) O tema de

desenvolvimento local estar na pauta do municiacutepio (prioridades de gestatildeo) 4)

Definiccedilatildeo de estrateacutegias por conta da administraccedilatildeo de recursos 5) A maturidade do

empresariado local

323 Accedilotildees regulares coordenadas pelos municiacutepios de incentivo ao MEI

Os municiacutepios que estabelecem parcerias com o SEBRAE possuem

algumas accedilotildees planificadas em virtude da proacutepria capacitaccedilatildeo dos agentes puacuteblicos

envolvidas no processo de implementaccedilatildeo das poliacuteticas de desenvolvimento e do

convecircnio que prevecirc essas accedilotildees Muito embora a expansatildeo de accedilotildees que

melhorem o ambiente de fomento fica a criteacuterio dos municiacutepios Abaixo (QUADRO

9) descrevemos algumas accedilotildees adotadas pelas prefeituras na MRGP

QUADRO 7 - ACcedilOtildeES REGULARES DE APOIO AO MEI NA MRGP continua

MUNICIacutePIO ACcedilOtildeES REGULARES

ANTONINA - Habilitaccedilatildeo ao sistema Empresa Faacutecil

GUARAQUECcedilABA - Habilitaccedilatildeo ao sistema Empresa Faacutecil

72

QUADRO 7 - ACcedilOtildeES REGULARES DE APOIO AO MEI NA MRGP conclusatildeo

MUNICIacutePIO ACcedilOtildeES REGULARES

GUARATUBA - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil - A ACIG estaacute estudando para abrir espaccedilo de associaccedilatildeo para o MEI com parcelas de contribuiccedilatildeo reduzida que pode chegar a 50 a menos do valor cobrado

MATINHOS - Atendimento na Sala do Empreendedor pelo agente do SEBRAE na aacuterea de financcedilas planejamento e gestatildeo (uma vez por mecircs) - Feira da Lua organizada pela AMPEC serve de exposiccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de produtos e serviccedilos ofertados pelos MEI aleacutem de orientaccedilatildeo e consultoria oferecida pelo SEBRAE - Semana do Microempreendedor Individual organizado pelo SEBRAE acontece anualmente e tem como propoacutesito consultorias e orientaccedilotildees ao MEI - Palestras do Programa SEI para o MEI ofertadas pelo SEBRAE - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil - Na ACIMA para se associar o MEI contribui com parcelas reduzidas obtendo todos os serviccedilos disponibilizados pela associaccedilatildeo

PARANAGUAacute - Atendimento na Sala do Empreendedor pelo agente do SEBRAE na aacuterea de financcedilas planejamento e gestatildeo (a cada 15 dias) - Feira da Lua serve de exposiccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de produtos e serviccedilos ofertados pelos MEI aleacutem de orientaccedilatildeo e consultoria oferecida pelo SEBRAE - Semana do Microempreendedor Individual organizado pelo SEBRAE acontece anualmente e tem como propoacutesito consultorias e orientaccedilotildees ao MEI - Palestras do Programa SEI para o MEI ofertadas pelo SEBRAE - Cursos de curta duraccedilatildeo oferecidos pelo SEBRAE atraveacutes de consultoria para a capacitaccedilatildeo e creacutedito que satildeo intermediados junto a Sala do Empreendedor - Articulaccedilatildeo da Sala do Empreendedor com Instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas na constituiccedilatildeo de creacutedito como na capacitaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo - Cursos de capacitaccedilatildeo de fornecimento e compra com o objetivo de identificaccedilatildeo de fornecedores dentro do municiacutepio e que sejam aptos a participarem de processos licitatoacuterios - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil - Na ACIAPAR para se associar o MEI contribui com parcelas reduzidas obtendo todos os serviccedilos disponibilizados pela associaccedilatildeo

PONTAL DO PARANAacute - Palestras do Programa SEI para o MEI ofertadas pelo SEBRAE - Atendimento na Sala do Empreendedor pelo agente do SEBRAE na aacuterea de financcedilas e planejamento (uma vez por mecircs) - Palestras para os vendedores ambulantes com o objetivo de orientaccedilatildeo agrave formalizaccedilatildeo - A Feira da Lua que ocorre no balneaacuterio de Sta Terezinha atraveacutes de parceria com a prefeitura o BB o SEBRAE realizam serviccedilos de consultoria gratuitamente - Cursos em parceria entre Prefeitura e ACIAP para vendedores e compradores - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil

FONTE Salas do empreendedor de Matinhos Pontal do Paranaacute Paranaguaacute e Morretes

A planificaccedilatildeo de algumas accedilotildees pelo sistema SEBRAE se traduz por um

lado na pouca experiecircncia municipal em estrateacutegias de desenvolvimento e por

73

outro lado a substituiccedilatildeo dos governos locais que podem alterar determinadas

estrateacutegias poreacutem as adotadas pela parceria entre o municiacutepio e o SEBRAE ficam

imunes agraves mudanccedilas

Ressaltamos que uma das accedilotildees do Estado importante para facilitar a

legalizaccedilatildeo e a expediccedilatildeo de registro de maneira desburocratizada da empresa eacute a

criaccedilatildeo da Rede Nacional para a Simplificaccedilatildeo do Registro e da Legalizaccedilatildeo de

Empresas e Negoacutecios (REDESIM) instituiacuteda pela Lei 1159807 Sublinhamos que a

partir desta lei a interaccedilatildeo entre os oacutergatildeos responsaacuteveis pela legalizaccedilatildeo e pela

expediccedilatildeo do registro de funcionamento ocorre por dados lanccedilados em sistema

unificado entre oacutergatildeos da federaccedilatildeo dos Estados e Municiacutepios A implantaccedilatildeo

dessa Lei no Paranaacute foi efetivada com a criaccedilatildeo do sistema Empresa

Faacutecilintegrando o Governo de Estado do Paranaacute Associaccedilatildeo dos municiacutepios do

Paranaacute Junta Comercial do Paranaacute e SEBRAE

No litoral paranaense como demonstrado pelo site do Empresa Faacutecil a

implantaccedilatildeo e habilitaccedilatildeo dos sete municiacutepios ao sistema operante estaacute completa

Como observado (QUADRO 7) acima veremos que os municiacutepios de

Paranaguaacute Pontal do Paranaacute e Matinhos que possuem parcerias com o SEBRAE

de forma integral constituem vaacuterias accedilotildees planificadas com base na orientaccedilatildeo de

capacitaccedilatildeo institucional proporcionada por essa instituiccedilatildeo e como mencionado

pelo agente do SEBRAE algumas accedilotildees satildeo planificadas mas a sala do

empreendedor de acordo com a administraccedilatildeo local tem flexibilidade para

aumentar os serviccedilos prestados aos MEI e realizar accedilotildees que viabilizem a melhoria

dos serviccedilos prestados

74

4 DIFICULDADES E AVANCcedilOS NO DESENVOLVIMENTO INCLUDENTE DO

MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL NO LITORAL DO PARANAacute

O litoral se constituiu de forma diferenciada no Paranaacute natildeo tendo

incorporado ao modelo de desenvolvimento capitalista adotado por outras regiotildees

conforme descrito anteriormente Uma das caracteriacutesticas importantes que

predomina na regiatildeo eacute a quase nula existecircncia de poliacuteticas de desenvolvimento

voltadas agraves capacidades locais e regionais

Nesse capiacutetulo dentro das concepccedilotildees de desenvolvimento local

analisaremos alguns elementos geradores de desenvolvimento de crescimento e de

sustentabilidade para o MEI na MRGP

41 A CAPACIDADE MUNICIPAL NO LITORAL DO PARANAacute EM MOBILIZAR

MECANISMOS PROPIacuteCIOS AO DESENVOLVIMENTO DO MEI

A participaccedilatildeo municipal como vetor do desenvolvimento local eacute vital para

conduzir accedilotildees e estrateacutegias que objetivem a superaccedilatildeo de obstaacuteculos produzidos

por desequiliacutebrios nas aacutereas social econocircmica e poliacutetica Para isso um municiacutepio

atuante e proativo nas questotildees internas provido de atitudes positivas mediante

planejamento e poliacuteticas puacuteblicas de maximizaccedilatildeo das capacidades locais pode

reverter circunstacircncias muitas vezes de fragilidade do tecido social e empresarial

para a otimizaccedilatildeo das condiccedilotildees que promovam o desenvolvimento das liberdades

humanas (autonomia do indiviacuteduo) (SEN 2000 PEREIRA 2006)

O crescimento populacional e a expansatildeo urbana desordenada a falta de

poliacuteticas puacuteblicas especiacuteficas de desenvolvimento regional e local expocircs um quadro

que coloca em evidecircncia a fragilidade econocircmica e administrativa dos governos

locais no litoral do Paranaacute para enfrentamento de problemas especiacuteficos na

economia do trabalho e na manutenccedilatildeo e extensatildeo de programas de infraestrutura

e ainda a dificuldade de implantaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas includentes que

necessitam de aplicaccedilatildeo significativa de capital

A MRGP em 2004 possuiacutea uma dos maiores PIB per capta do Estado com

a meacutedia acima da estadual constituindo uma das microrregiotildees mais dinacircmicas

segundo Trevisan e Lima (2010) sendo que Paranaguaacute como o grande vetor

75

econocircmico da regiatildeo posto o complexo portuaacuterio e industrial segundo os autores

firmava-se como o 4ordm municiacutepio do Paranaacute com maior PIB per capta No entanto

havia dessemelhanccedilas econocircmicas entre os municiacutepios da regiatildeo em que

Paranaguaacute o municiacutepio mais rico evidenciava disparidades em relaccedilatildeo aos outros

municiacutepios sobretudo Guaraqueccedilaba Matinhos e Morretes agrave eacutepoca os mais

pobres justamente pela sua capacidade de produzir riquezas em funccedilatildeo do porto

de Paranaguaacute

Em 2015 como demonstra o IPARDES Paranaguaacute continua sendo o

principal vetor econocircmico da regiatildeo poreacutem seu PIB per capta ficou abaixo da meacutedia

estadual assim como a sua receita teve decreacutescimo entre os anos 2013 e 2015

(TABELA 8)

Percebemos (GRAacuteFICO 1) que os municiacutepios de Morretes Antonina e

Paranaguaacute tiveram quedas em suas receitas entre os anos de 2014 e 2015 e suas

despesas (GRAacuteFICO 2) no mesmo periacuteodo aumentaram em relaccedilatildeo agraves receitas

destes municiacutepios A identificaccedilatildeo de uma queda de receita desse modo pode

constituir em impacto negativo para investimentos em setores necessaacuterios ao

desenvolvimento visto a baixa capacidade econocircmica municipal

GRAacuteFICO 1- RECEITAS TOTAIS DOS MUNICIacutePIOS

FONTE IPARDES DEEPASK

No caso especiacutefico de Antonina em 2015 o municiacutepio aumentou para 4 a

aliacutequota do ISSQN (ISS) O setor portuaacuterio contraacuterio ao aumento realizou um

depoacutesito judicial do montante dos tributos Tal accedilatildeo juriacutedica representou uma das

000

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

Milh

otildees

(R

$)

2013

2014

2015

76

principais causas diretas na queda de arrecadaccedilatildeo municipal permitindo a reduccedilatildeo

da disposiccedilatildeo do municiacutepio em criar propostas de melhoria das condiccedilotildees

socioeconocircmicas da populaccedilatildeo O fato eacute que o aumento na aliacutequota desse tributo

na expectativa de aumentar as divisas municipais de Antonina poderaacute causar em

curto prazo efeito reverso como indicado pela Secretaria de Infraestrutura e

Logiacutestica do Paranaacute (2014)

Uma lei municipal que entra em vigor a partir de janeiro de 2015 pode tornar a cidade de Antonina menos competitiva para investimentos no setor portuaacuterio Eacute que o municiacutepio aprovou o aumento na cobranccedila da aliacutequota do Imposto Sobre Serviccedilos (ISS) que passaraacute a ser de 4 Isso coloca Antonina como a cidade mais cara entre as principais cidades portuaacuterias do centro-sul do Brasil

Portanto com a queda na capacidade de geraccedilatildeo de riquezas a

inviabilidade de intervir em problemas socioeconocircmicos atraveacutes de poliacuteticas puacuteblicas

e accedilotildees de meacutedio e longo prazos e com o enfraquecimento dos governos locais por

conta na reduccedilatildeo das receitas suas accedilotildees na criaccedilatildeo de condiccedilotildees de

desenvolvimento local ficam limitadas Ainda assim alinhando-se a queda de

receita as despesas municipais em alguns casos ultrapassaram a arrecadaccedilatildeo

agravando ainda mais as contas puacuteblicas e impedindo investimentos em setores

estrateacutegicos para o desenvolvimento

GRAacuteFICO 2- ARRECADCcedilAtildeO E DESPESAS MUNICIPAIS NA MRGP (2015)

FONTE IPARDES DEEPASK

-

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

Milh

otildees

(R

$)

Arrecadaccedilatildeo2015

Despesas2015

77

O maior desequiliacutebrio das contas puacuteblicas (relaccedilatildeo entre arrecadaccedilatildeo e

despesas) se deu no municiacutepio de Paranaguaacute em que as despesas superaram a

arrecadaccedilatildeo em 49 como observado (GRAacuteFICO 2)

As quedas de receitas refletem em parte o pouco investimento em setores

produtivos tais como o fomento e apoio agraves micro e pequenas empresas que se

constituem segundo o SEBRAE e Sachs (2003) no setor que mais gera empregos

locais e se constitui como fonte de geraccedilatildeo de divisas para os municiacutepios de outro

lado a complexidade em buscar alternativas de substituiccedilatildeo da arrecadaccedilatildeo se

traduz em fator importante

Em Morretes e Antonina no entanto algumas accedilotildees para aumentar a receita

foram colocadas em praacutetica Uma delas eacute o georreferenciamento dos imoacuteveis para o

pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) que satildeo representados

por altas taxas de inadimplecircncia e segundo o entrevistado (6) pode chegar a 50

de devedores

O IPTU como observado nas cidades de Morretes Guaraqueccedilaba Antonina

e Paranaguaacute (GRAacuteFICO3) tem pouca expressividade na arrecadaccedilatildeo tributaacuteria

desses municiacutepios Jaacute nos municiacutepios de Matinhos Guaratuba e Pontal do Paranaacute o

IPTU contribui significativamente na geraccedilatildeo de receita se posicionando acima da

meacutedia nacional que ficou em 2435 em 2014

GRAacuteFICO 3 - IPTU EM RELACcedilAtildeO Agrave ARRECADACcedilAtildeO TRIBUTAacuteRIA DOS MUNICIacutePIOS DA MRGP (2013 ndash 2014) ()

FONTE DEEPASK ndash montagem dos autores lthttpwwwdeepaskcombrgoespage=Imposto---

IPTU-Veja-a-receita-tributaria-no-seu-municipiogt

0

10

20

30

40

50

60

valo

res p

erc

entu

ais

78

No municiacutepio de Morretes o processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria adotado

pela Secretaria de Infraestrutura no nosso entendimento consiste numa estrateacutegia

de desenvolvimento e de receita na medida de geraccedilatildeo de emprego e renda atraveacutes

da construccedilatildeo civil que expande a prestaccedilatildeo de bens e serviccedilos

Tanto o georreferenciamento quanto a regularizaccedilatildeo fundiaacuteriapredial em

Antonina e Morretes satildeo estrateacutegias afirmativas que tem como propoacutesitos a

regularizaccedilatildeo de aacutereas habitacionais residecircncias e lotes com grandes

possibilidades de elevar a receita municipal observado as delimitaccedilotildees de aacutereas

especialmente protegidas como aacutereas de preservaccedilatildeo permanente (APP) Unidades

de Conservaccedilatildeo (UC) Poreacutem cabe ressaltar que a maior funccedilatildeo da regularizaccedilatildeo

fundiaacuteria eacute equacionar problemas resultantes da expansatildeo urbana desordenada (a

favelizaccedilatildeo eacute um dos problemas)

Nesse sentido a regularizaccedilatildeo fundiaacuteria eacute ―um mecanismo apto a trazer para

a legalidade uma situaccedilatildeo fundiaacuteria que possa ser identificada como de interesse

social ou seja que tenha como puacuteblico alvo a populaccedilatildeo de baixa renda

(NASCIMENTO 2013 p 12) Como afirma a autora dessa forma a implementaccedilatildeo

da regularizaccedilatildeo fundiaacuteria torna ―evidente o conteuacutedo social a que o bem serviraacute

(idem p 18)

Em Pontal do Paranaacute como relatou entrevistado3 sobre o fortalecimento

das receitas o municiacutepio atraveacutes do Conselho Gestor adotou para 2017 um selo

de qualidade que seraacute fornecido agrave empresa que se encontrar regularizado com suas

diacutevidas junto agrave prefeitura ―O selo permite que haja retorno para a prefeitura atraveacutes

da contribuiccedilatildeo Eacute uma valorizaccedilatildeo para quem se encontra em situaccedilatildeo regular

(transcriccedilatildeo)

No entanto com pouca variaccedilatildeo para aumentar a receita e com menos

dinheiro em caixa as prefeituras deixam de investir em programas de meacutedio e longo

prazo com propostas no desenvolvimento positivosustentaacutevel e includente de

criaccedilatildeo institucional cultural social e econocircmica Ou seja criaccedilatildeo de um ambiente

favoraacutevel agrave extensatildeo das liberdades e capacidades das pessoas (SEN 2000)26

26

As liberdades na visatildeo do autor satildeo condicionadas pelas circunstacircncias sociais poliacuteticas e econocircmicas as quais denomina de liberdades instrumentais e correspondem 1) liberdades poliacuteticas 2) facilidades econocircmicas 3) oportunidades sociais 4) garantias de transparecircncias 5) seguranccedila protetora (p54)

79

Para esse autor as liberdades satildeo partes constitutivas fundamentais do

enriquecimento do processo de desenvolvimento natildeo satildeo finitas em si mesmas

mas permitem a expansatildeo de outras liberdades sendo que o proacuteprio

desenvolvimento pode ser considerado como a expansatildeo das liberdades humanas

ou como sublinha Pereira (2006) ao se referir agrave ―autonomia baacutesica como um

elemento de precondiccedilatildeo societal a noccedilatildeo de autonomia estaacute ancorada nos

preceitos da ―democracia como recurso capaz de livrar os indiviacuteduos natildeo soacute da

opressatildeo sobre as suas liberdades (de escolha e de accedilatildeo) mas tambeacutem da miseacuteria

e do desamparo (PEREIRA 2006 p 70)

A falta de recursos sinalizou nas entrevistas com os agentes de

desenvolvimentos de Morretes Matinhos e Paranaguaacute a pouca flexibilidade dos

municiacutepios em estruturar suas agendas de programas de desenvolvimento local

restando o atendimento de formalizaccedilatildeo e serviccedilos baacutesicos aos

Microempreendedores tais como alteraccedilatildeo de dados alvaraacute baixa da inscriccedilatildeo e

Documento de Arrecadaccedilatildeo Simplificada (DAS) Essas accedilotildees de apoio efetivo agrave

categoria se por um lado representam o auxiacutelio prestado ao MEI por outro

constituem um fim em si mesmas pois desempenham funccedilotildees meramente

burocraacuteticas natildeo menos importantes mas poderiam ser desenvolvidas dentro de

um plano estrateacutegico que coadunassem simultaneamente outras accedilotildees previstas

nos dispositivos da LC 12808 sobre os instrumentos de apoio e poliacuteticas que

assegurem o desenvolvimento e a sustentabilidade dos MEI Dentro dessa anaacutelise

por um lado o ―fluxo contiacutenuo de criaccedilatildeo de novos empreendimentos que em sua

esmagadora maioria satildeo de pequeno porte (SACHS 2003 p 111) de outro lado

como demonstra o autor as MPE submetidas ao livre mercado aumentam os

nuacutemeros estatiacutesticos sobre a mortalidade das empresas posto as diferentes

condiccedilotildees de produccedilatildeo e competitividade no mercado aberto que produz um

―processo de seleccedilatildeo que pode ser qualificado de ―darwinismo social (idem p 111)

Em Morretes no final do ano de 2016 o desempenho da sala do

empreendedor estava muito limitado ou quase nulo como comentou o

entrevistado6 Aleacutem da estrutura reduzida em comparaccedilatildeo agraves cidades que

dispunham do programa em Morretes natildeo haviam atividades relacionadas ao

fomento das empresas locais nem tatildeo pouco a procura aos serviccedilos pelos MEI ou

potenciais empreendedores Poreacutem em 2015 como observou o entrevistado6 ―a

partir da adequaccedilatildeo da 147 (LC 14714) o carimbo da vigilacircncia sanitaacuteria deu

80

valoraccedilatildeo para o produto Alguns produtores padronizaram o roacutetulo e as empresas

Essas medidas favorecem o atendimento ao turismo (transcriccedilatildeo)

Em Paranaguaacute segundo o entrevistado7 as atividades da sala do

empreendedor estavam muito reduzidas e fixavam-se apenas no processo de

formalizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo nas duacutevidas que surgiam natildeo sendo possiacutevel desenvolver

accedilotildees muito extensas fora da sala27 Poreacutem atraveacutes do Programa Compras Paranaacute

o municiacutepio ofereceu cursos de capacitaccedilatildeo dos funcionaacuterios para compras em

oacutergatildeo puacuteblicos assim como capacitaccedilatildeo de alguns fornecedores em licitaccedilotildees O

objetivo dessa accedilatildeo era ―identificar novos fornecedores dentro do municiacutepio

fortalecendo o mercado interno gerando divisas emprego e renda (entrvistado7-

transcriccedilatildeo)

Em Morretes o entrevistado municipal o entrvistado6 nos disse ―natildeo haacute

procura por licitaccedilotildees (pelos MEI) E as empresas locais dificilmente procuram a

licitaccedilatildeo (transcriccedilatildeo) Assim a falta de poliacuteticas de desenvolvimento local e da

categoria poderaacute contribuir no afastamento de propostas significativas de inclusatildeo

social do MEI na MRGP frisados na LC 12808

Constatamos que a falta de recursos constitui um dos elementos importantes

que inviabilizam a implantaccedilatildeo integral contiacutenua e sustentaacutevel das LC 12306

LC12808 e LC 14714 ndash conjunto de leis que normatizam as MPE e

Microempreendedores individuais - bem como em poliacuteticas de geraccedilatildeo de emprego

e renda e mesmo em outras aacutereas de sustentaccedilatildeo de poliacuteticas sociais pois

segundo Sachs (2003) as poliacuteticas econocircmicas e sociais satildeo indissociaacuteveis

complementares e dependentes de investimentos

Embora outros motivos tais como o amadurecimento da gestatildeo municipal agrave

concepccedilatildeo de desenvolvimento local incluindo categorias especiacuteficas de produccedilatildeo e

inclusatildeo como eacute o caso dos MEI conferimos agrave baixa capacidade econocircmica do

poder puacuteblico local uma das principais dificuldades em produzir mecanismos de

enfrentamento agrave vulnerabilidade dos trabalhadores locais muitas vezes com pouca

ou sem qualificaccedilatildeo para o mercado de trabalho

Deduzimos atraveacutes de nossas pesquisas que a falta de comunicaccedilatildeo

informaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo nas propostas da sala do empreendedor assim como em

27

No plano Plurianual 20142017 de Paranaguaacute estaacute previsto o investimento de R$ 10000000 para o apoio aos MEI desenvolvimento das micro pequenas e grandes empresas e induacutestrias no estiacutemulo para desenvolver uma cadeia produtiva local de forma sustentaacutevel

81

processos de licitaccedilatildeo28 exclui grande parte dos MEI ao Acesso em de serviccedilos

baacutesicos estabelecidos em lei e possibilidades de relaccedilotildees comerciais com o

municiacutepio posto o desconhecimento das recomendaccedilotildees por parte dos MEI

estabelecidas na Lei Geral (LC 12308) a qual prescreve normas diferenciadas de

promoccedilatildeo de desenvolvimento desse segmento de trabalhadoresempreendedores

individuais

O municiacutepio empoderado atraveacutes de uma ambiente institucional e de um

aporte estrutural constituiacutedo aumenta as possibilidades de eficiecircncia na intervenccedilatildeo

em problemas locais O empoderamento dos municiacutepios nesse sentido eacute central no

processo de desenvolvimento tanto de categorias especiacuteficas quanto de categorias

marginalizadas pela ausecircncia do poder puacuteblico Eacute dessa forma que ―ao analisar

experiecircncias de desenvolvimento localregional vecirc-se forccedilada a noccedilatildeo de que a

presenccedila do Estado eacute fundamental (BARBOSA et al in POCHMANN 2004 p 275)

sendo ele o principal articulador e protagonista de poliacuteticas de desenvolvimento e

inclusatildeo social

411 A gestatildeo puacuteblica municipal no litoral paranaense e a destinaccedilatildeo da receita

Ao examinara literatura sobre o uso do dinheiro puacuteblico no litoral do Paranaacute

que no nosso entendimento tem a possibilidade de ser alocado prioritariamente em

instrumentos geradores de desenvolvimento para as pessoas das pessoas e pelas

pessoas (SACHS 2003) percebemos muitas vezes recursos jaacute reduzidos sendo

direcionados a atender minorias com respaldo poliacutetico econocircmico e social

Como analisa Monteiro (2013a) boa parte das receitas de Guaratuba e

Matinhos estatildeo sendo direcionadas agrave especulaccedilatildeo imobiliaacuteria com projetos de

infraestruturas (pavimentaccedilatildeo rede de esgoto etc) que beneficiam as elites locais

Estas elites satildeo na visatildeo de Frey (2000) amparadas por ―instituiccedilotildees de

intermediaccedilatildeo ndash patronagem poliacutetica clientelismo nepotismo fisiologismo e a

corrupccedilatildeo ndash [] (p 104) que constituem praacuteticas relacionais entre o poder central

local e oligarquias locais contribuindo para a ampliaccedilatildeo das desigualdades sociais

visto a apropriaccedilatildeo dos benefiacutecios por parte dessas elites

28

Conforme obrigatoriedade legal as licitaccedilotildees satildeo publicadas no site da prefeitura Tribunal de Contas e Diaacuterio oficial

82

Segundo Monteiro (2013a) em Caiobaacute balneaacuterio eletizado de Matinhos

com forte presenccedila de residecircncias de alto padratildeo e ainda com propostas a proacute-

verticalizaccedilatildeo a pavimentaccedilatildeo chega a 94 853 de calccediladas e 686 de

bueiros Enquanto em bairros como o Tabuleiro haacute 254 de ruas pavimentadas

164 de calcadas e 285 de bueiros denotando dessa forma os desniacuteveis de

emprego da receita para a manutenccedilatildeo das iniquidades entre as classes sociais

Jaacute em Guaratuba como salienta Monteiro (2013b)

[] veremos que boa parte da receita puacuteblica alimenta a especulaccedilatildeo imobiliaacuteria atraveacutes de obras de infraestrutura que beneficiam sobremaneira glebas vazias lotes baldios em suma propriedades que natildeo estatildeo cumprindo a funccedilatildeo social (MONTEIRO 2013a p 1)

Compreendemos dessa maneira que o espaccedilo constituiacutedo por relaccedilotildees de

poder pode representar o exerciacutecio de poder considerando algumas variaacuteveis

Como acentua Silva (2008) o poder local deve ser compreendido como exerciacutecio

das dimensotildees poliacutetica econocircmica social simboacutelica e cultural

A criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento local que promovam a

expansatildeo das liberdades humanas eacute indispensaacutevel a vontade poliacutetica o

amadurecimento agraves perspectivas de desenvolvimento pelos gestores municipais e

pelo empresariado local os recursos satisfatoacuterios nesse sentido o empoderamento

do municiacutepio eacute fundamental para o financiamento das poliacuteticas de desenvolvimento

a mediaccedilatildeo entre as relaccedilotildees de poder um aporte institucional capaz reduzir as

disparidades de classe e o planejamento e accedilatildeo sendo que o planejamento pode

ser revisado e modificado a julgar que toda accedilatildeo provoca modificaccedilotildees

Dentro dessa perspectiva foram analisados por Horochovski Junckes e

Muraro (2011) em trabalho realizado sobre um Programa de Desenvolvimento

Sustentaacutevel em Matinhos promovido pelo Banco do Brasil a participaccedilatildeo e o

planejamento pelos atores envolvidos Para esses autores os ―componentes

estruturais do modo de produccedilatildeo vigente apatia poliacutetica deacuteficits informacionais e a

persistecircncia de assimetrias e padrotildees autoritaacuterios e clienteliacutesticos [] (p 51)

constituem entre outros barreiras no processo democraacutetico e participativo

(HOROCHOVSKI JUNCKES MURARO 2011)

Ao discorrer sobre aspectos para o desenvolvimento local e o custeio

puacuteblico SEN (2000) afirma que natildeo se pode esperar um governo enriquecer para

83

investir em serviccedilos de base como a educaccedilatildeo e a sauacutede que na visatildeo do autor

satildeo elementos geradores de desenvolvimento posto que

A viabilidade desse processo conduzido pelo custeio puacuteblico depende do fato de que os serviccedilos sociais relevantes (como os serviccedilos de sauacutede e educaccedilatildeo) satildeo altamente trabalho-intensivos e portanto relativamente barato nas economias pobres ndash onde os salaacuterios satildeo baixos (SEN 2000 p 65)

Para esse autor se devem ponderar preccedilos e custos como paracircmetros de

quanto pode ou natildeo pode o governo gastar Adverte ele ainda que o processo

mediado pelo crescimento econocircmico acarreta em muitas vantagens tanto pelas

condiccedilotildees de investimentos quanto por provisotildees em setores essenciais como

educaccedilatildeo e sauacutede baacutesica

Dessa maneira reiteramos dentro da perspectiva de nossas anaacutelises a

necessidade do empoderamento municipal pois o Estado se consolida como o

principal condutor de processos de desenvolvimento Nessa direccedilatildeo entendemos

que o crescimento econocircmico eacute importante para o desenvolvimento (SACHS 2003

SEN 2000 FURTADO 2008) Natildeo como um fim em si mesmo mas um elemento

estrutural de outros coeficientes (aporte institucional poliacuteticas puacuteblicas nas aacutereas da

sauacutede e educaccedilatildeo e estrateacutegias macro e microeconocircmicas locais para o

desenvolvimento sustentaacutevel) que se materializem em equipamentos propiacutecios agrave

extensatildeo das ―liberdades humanas (SEN 2000)

42 UMA SIacuteNTESE COMPARATIVA ENTRE AS FORMALIZACcedilOtildeES E AS BAIXAS29

DO MEI NA MRGP

No desenvolvimento local conduzido em especial pelo ―custeio puacuteblico

(SEN 2000) atraveacutes dos governos subnacionais de inferecircncia nas aacutereas da

educaccedilatildeo sauacutede e economia o peso de interferecircncia do processo econocircmico pode

revelar-se como um dos imperativos entre o sucesso ou fracasso das estrateacutegias

adotadas

A conduccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e estrateacutegias setorizadas de apoio agrave

categoria do MEI satildeo definidas com base orccedilamentaacuteria e disponibilidade de recursos

29

Encerramento da inscriccedilatildeo do Cadastro de Pessoa Juriacutedica (fechamento legal da empresa)

84

apropriados para a realizaccedilatildeo Identificamos dentro das estrateacutegias municipais as

salas do empreendedor que fornecem orientaccedilotildees e auxiacutelio na formalizaccedilatildeo de

empresas e empreendedores individuais (EI) que se encontram na informalidade

No graacutefico 4 abaixo observamos o nuacutemero de atendimentos realizados

pelos agentes de desenvolvimento nas salas do empreendedor nos municiacutepios da

MRGP

GRAacuteFICO 4 - NUacuteMERO DE ATENDIMENTOS REALIZADOS NAS SALAS DO

EMPREENDEDOR NA MRGP (2015 ndash 2016)

FONTE Salas do empreendedor de Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute

Percebemos o aumento significativo de atendimentos realizados pela ―sala

entre os anos 2015 e 2016 (GRAFICO 4) em Pontal do Paranaacute e Paranaguaacute

Segundo informaccedilotildees do entrevistado7 em Paranaguaacute a aumento nos atendimentos

eacute proporcional agrave elevaccedilatildeo das formalizaccedilotildees e abaixo (GRAacuteFICO 5) verificamos as

formalizaccedilotildees realizadas nas salas do empreendedor na MRGP

GRAacuteFICO 5 - NUacuteMERO DE FORMALIZACcedilOtildeES REALIZADAS NAS SALAS DO EMPREENDEDOR NA MRGP

FONTE Salas do empreendedor de Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

Paranaguaacute Pontal doParanaacute

Morretes Matinhos

0

50

100

150

200

250

300

350

Morretes Paranaguaacute Pontal do Paranaacute

ano 2015

ano 2016

85

Observamos acima (GRAacuteFICO 5) a reduccedilatildeo de 475 nas formalizaccedilotildees

realizadas pela sala do empreendedor em Pontal do Paranaacute no ano de 2016 em

relaccedilatildeo a 2015 Paranaguaacute ao contraacuterio apresentou percentual positivo de 1133

nas formalizaccedilotildees efetivadas junto agrave sala do empreendedor entre os anos 2015 e

2016

De maneira um tanto preocupante em Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute

(GRAacuteFICO 6) constatamos o aumento significativo nas operaccedilotildees de baixa de

inscriccedilatildeo do MEI realizadas pela sala do empreendedor entre os anos de 2015 e

2016 Pontal do Paranaacute apresentou acreacutescimo de 2217 nas baixas de inscriccedilatildeo do

MEI enquanto Paranaguaacute indicou o avanccedilo de 1594 nas baixas da categoria Em

Matinhos natildeo houve retorno no pedido dos dados em Morretes natildeo haacute baixas

registradas na sala do empreendedor em Guaraqueccedilaba natildeo conseguimos contato

com o agente de desenvolvimento

GRAacuteFICO 6 - NUacuteMERO DE BAIXAS DE INCRICcedilAtildeO DO MEI REALIZADAS NAS SAAS DO EMPREENDEDOR NA MRGP

30

FONTE Salas do empreendedor de Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute

Ao estabelecermos comparaccedilatildeo entre os graacuteficos (5 e 6) percebemos que

a) No ano de 2015 o nuacutemero de baixas de inscriccedilotildees do MEI registrados na

sala do empreendedor em Paranaguaacute correspondeu a 274 das

30

Em Guaraqueccedilaba natildeo conseguimos contato com o agente de desenvolvimento em Matinhos natildeo houve retorno no pedido dos dados em Morretes natildeo houve baixas registradas nas salas do empreendedor

0

20

40

60

80

100

120

ano 2015

ano 2016

86

formalizaccedilotildees naquele ano No ano de 2016 o nuacutemero de baixas (MEI)

em Paranaguaacute em relaccedilatildeo agrave formalizaccedilatildeo correspondeu a 333

Portanto uma elevaccedilatildeo de 59 nas baixas do MEI entre os anos de

2015 e 2016

b) Em Pontal do Paranaacute as baixas do MEI registradas pela sala do

empreendedor em relaccedilatildeo agraves formalizaccedilotildees corresponderam a 116

em 2015 Em 2016 a variaccedilatildeo das baixas na inscriccedilatildeo do MEI em relaccedilatildeo

agraves formalizaccedilotildees atingiu o percentual de 7115 o que corresponde a um

aumento acentuado de 5955 nas baixas de inscriccedilotildees do MEI entre

2015 e 2016

Ao inclinar nossos olhares para os resultados dos graacuteficos (5e 6) veremos

expressiva diferenccedila na sustentabilidade do MEI entre os municiacutepios de Pontal do

Paranaacute e Paranaguaacute Isso nos remete a uma questatildeo como explicar o significativo

nuacutemero de baixas na inscriccedilatildeo do MEI em Pontal do Paranaacute em relaccedilatildeo agrave

Paranaguaacute resultando em dados estatiacutesticos tatildeo diacutespares na sustentabilidade dos

MEI jaacute que os dois municiacutepios possuem em sua maioria dentre algumas accedilotildees

isoladas estrateacutegias planificadas pelo SEBRAE

A resposta a essa questatildeo segundo o entrevistado3 estaacute na sazonalidade

pelo qual estatildeo sujeitos os municiacutepios balneaacuterios da MRGP ndash Matinhos Pontal do

Paranaacute e Guaratuba Esta anaacutelise estaacute sustentada igualmente por Sulzbac

Denardin e Felisbino (2012)

O fato destes enfrentarem a problemaacutetica da sazonalidade de visitaccedilotildees em virtude do lazer de sol e mar define-se a hipoacutetese de que a sazonalidade recorrente da principal atividade econocircmica resulta em instabilidades financeiras tanto as instituiccedilotildees locais como para a proacutepria populaccedilatildeo promovendo adequaccedilotildees dos empreendimentos especialmente no que se refere aos viacutenculos de trabalho Em consequecircncia os empreendimentos formais natildeo encontram suporte financeiro para sua manutenccedilatildeo resultando na criaccedilatildeo de empreendimentos informais que satildeo caracteriacutesticos destes locais (p 109-110)

Na temporada de praia conforme relato do entrevistado3 muitos MEI

transferiram-se ou se formalizam em Pontal do Paranaacute com vistas agrave fiscalizaccedilatildeo

intensa nesse periacuteodo Ao fim do veratildeo muitos vatildeo embora para suas cidades e

datildeo baixas das empresas Outros ―natildeo conseguem sequer pagar o boleto DAS no

final do mecircs (transcriccedilatildeo) com isso acabam por encerrar a microempresa e

87

―sobrevivendo com o que conseguiram juntar no veratildeo (transcriccedilatildeo) concorrendo

para o nuacutemero expressivo de baixas em janeiro e fevereiro de cada ano

Monteiro (2013b) acentua sobre a sazonalidade nos municiacutepios da

plataforma no Paranaacute e a variaccedilatildeo populacional decorrente do veratildeo e de alguns

feriados Para esse fato ele denomina de ―As meias cidades do litoral paranaense

(p 5)

[] as cidades do litoral transformam-se acentuadamente literalmente da noite para o dia quando chegam as pessoas para as festas de fim de ano e feacuterias de veratildeo Boa parte dos domiciacutelios vagos satildeo ocupados muitos com concentraccedilatildeo de mais de 4 pessoas por cocircmodo (MONTEIRO 2013b p 5)

A sazonalidade eacute um imperativo importante na observaccedilatildeo das baixas dos

MEI apoacutes a temporada de veratildeo Por outro lado destacamos uma variaacutevel

dependente que eacute a formaccedilatildeo da dinacircmica do mercado local em participar e

introduzir certa sustentabilidade das empresas atraveacutes de variaacuteveis como a da oferta

de trabalho aumento de consumo cooperaccedilatildeo entre as empresas locais entre

outras

Dessa maneira as empresas inclusas em um sistema de mercado

fortalecido onde a capacidade de gerar riqueza seja mais sustentaacutevel tecircm mais

possibilidades de prosperar e manter suas atividades Portanto um mercado ativo

comumente tem respaldo do poder puacuteblico local e as micro e pequenas empresas

que surgem em meio a essa dinacircmica requerem estrateacutegias definidas com vistas a

competirem no mercado aberto

Podemos discorrer na perspectiva de Sachs (2003) e Sen (2000) que aleacutem

de fomentar a formalizaccedilatildeo de micro pequenos e meacutedios empreendimentos dado a

―cobertura social para os trabalhadores (SACHS 2003 p113) ndash na visatildeo desse

autor a principal vantagem ndash eacute necessaacuterio expandir formas de adequaccedilatildeo agrave

sustentabilidade dessas empresas uma vez que lanccediladas no mercado aberto satildeo

incapazes de competir com empresas maiores e ampliar sua estrutura

A mortalidade nessa competiccedilatildeo em condiccedilotildees de inferioridade eacute elevada para os micro e pequenos empreendimentos Nuacutemeros do SEBRAE apontam para taxas de 32 de fechamento em menos de um ano 44 em menos de dois anos 56 em menos de trecircs 66em menos de quatro e 71 em menos de cinco (SACHS 2003 p 35)

Como analisa Sachs (2003) os pequenos e meacutedios empreendimentos natildeo

tecircm como sobreviver no mercado aberto dado a baixa capacidade de produzir em

88

condiccedilotildees desiguais No questionaacuterio aplicado ao MEI veremos algumas barreiras

que acentuam essas desigualdades

43 O MEI POR ELE MESMO AS LUTAS E DESAFIOS ATRAVEacuteS DO TRABALHO

O questionaacuterio31 elaborado para o MEI e aplicado nos municiacutepios de

Matinhos Guaratuba Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute foi um instrumento que

permitiu ilustrar uma realidade da categoria MEI frente aos desafios enfrentados no

decorrer da sua formalizaccedilatildeo na mesma medida em que possibilitou compreender

um pouco a realidade concreta desses trabalhadores exposta pelas suas opiniotildees

suas respostas objetivas e por vezes subjetivas Ou seja uma fonte de

―informaccedilotildees vivas (RAYNAUT C et al 2002)

No mesmo sentido a anaacutelise dos dados tornou-se importante posto que

buscamos compreender a aproximaccedilatildeo entre alguns mecanismos de apoio ao MEI

descritos na Lei Geral (12308) e o Acesso em a esses mecanismos pelo puacuteblico

alvo

O questionaacuterio procurou coletar dados dos microemprendedores individuais

segundo atividade econocircmica tempo de atuaccedilatildeo no mercado formalizado renda

bruta participaccedilatildeo em compras puacuteblicas local da atividade econocircmica quanto agrave

capacitaccedilatildeo e consultoria entre outros

O questionaacuterio foi aplicado a trinta microemreendedores individuais

Natildeo houve classificaccedilatildeo especiacutefica para a escolha dos entrevistados na

aplicaccedilatildeo do questionaacuterio O que se propocircs a fazer foi deslocar ateacute o local de

trabalho do MEI e aplicar o questionaacuterio em meio agraves suas atividades Esta teacutecnica

possibilitou observar a estrutura do estabelecimento e dialogarmos diretamente com

o microempreendedor individual sobre suas dificuldades e avanccedilos apoacutes a

formalizaccedilatildeo Alguns MEI foram pouco receptivos a participar do questionaacuterio mas a

maioria se sentiu muito a vontade em responder as perguntas

431 Atividades econocircmicas desenvolvidas pelos MEI entrevistados no Litoral

do Paranaacute

31

O formulaacuterio aplicado ao MEI encontra-se nos anexos dessa dissertaccedilatildeo

89

Veremos abaixo (GRAacuteFICO 7) que a maior parte dos MEI respondentes

(n=24) estaacute alocada nos setores de serviccedilos e comeacutercio Doze (n=12) exercem suas

atividades no setor de prestaccedilatildeo de serviccedilos (informaacutetica conserto de bicicleta

eletrocircnica cabeleireira sapateiro) e doze (n=12) pertencem ao comeacutercio (papelaria

armarinho produtos de limpeza pet shop loja de roupas comeacutercio de artigos de

praia entre outros) Dos respondentes trecircs (n=3) exercem suas atividades na aacuterea

da cultura

GRAacuteFICO 7 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30) POR ATIVIDADE ECONOcircMICA ()

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Na observaccedilatildeo dos dados percebemos a maior concentraccedilatildeo da atividade

econocircmicano setor terciaacuterio Esta anaacutelise jaacute foi descrita por Superville e Quintildeones

(2000) Barbosa (2007) no qual concluiacuteram que o trabalhador fabril foi deslocado

para este setor passando ser um trabalhador de serviccedilos

Os empreendedores na perspectiva de Nassif et al (2014) apresentam

uma variaccedilatildeo de caracteriacutesticas como a criatividade flexibilidade autonomia e ideias

para inovar Poreacutem tal como notamos anteriormente as oportunidades de produzir

bens e serviccedilos satildeo frequentemente diferentes tanto pela capacidade de

investimento em tecnologia e informaccedilatildeo tanto pela expectativa de uma formaccedilatildeo

bruta de capital Ao analisarmos a capacidade estrutural dos MEI (condiccedilotildees

econocircmicas e de compreensatildeo de mercado) percebemos o distanciamento

(desconhecimento) dos instrumentos geradores de seu desenvolvimento previstos

em lei Os instrumentos descritos na Lei Geral (12306) podem facilitar e auxiliar na

Comeacutercio reparaccedilatildeo deveiacutec automotores emotocicleta

Outras atividades eserviccedilos

educaccedilatildeo

cultura

construccedilatildeo

natildeo respondeu

90

melhoria dos negoacutecios e desencadear um processo de desenvolvimento Na

percepccedilatildeo de Pochmann ( 2004) Sen (2000) Sachs (2003) o desenvolvimento eacute

associado simultaneamente ao crescimento econocircmico com o fortalecimento da

capacidade de produccedilatildeoacumulaccedilatildeo e pela ampliaccedilatildeo das liberdades substantivas

432 Tempo de formalizaccedilatildeo e os MEI no Litoral do Paranaacute

No graacutefico abaixo (GRAacuteFICO 8) percebemos a quantidade de anos

formalizados dos MEI respondentes

GRAacuteFICO 8 - ANOS DE FORMALIZACcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30)

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Observamos que dos respondentes 09 (nove) estatildeo formalizados haacute um

ano o que configura como a maioria dos microemperendedores formalizados

Percebemos uma reduccedilatildeo no nuacutemero de empreendimentos entre cinco e onze anos

de funcionamento

No primeiro ano de funcionamento conforme os dados acima (GRAacuteFICO 8)

dos microempreendimentos seis (n=6) desenvolvem suas atividades no comeacutercio e

dois(n=2) suas atividades estatildeo relacionadas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos

Sachs (2003) ao analisar dados do SEBRAE nos diz que em menos de cinco

anos 71 das micro e pequenas empresas fecham as portas o que demonstra em

sua perspectiva e de Sen (2000) aleacutem da fragilidade dessa categoria existe a falta

de instrumentalizaccedilatildeo e praacuteticas dos mecanismos existentes para manter os

microempreendedores na formalidade e provocar a ruptura desse quadro

0

5

10

15

20

25

30

ateacute 1ano

ateacute 2anos

ateacute 3anos

ateacute 4anos

ateacute 5 ateacute 6anos

ateacute 8anos

ateacute 11anos

()

anos de formalizaccedilatildeo

91

O aumento ou a diminuiccedilatildeo gradual das formalizaccedilotildees de micro e pequenos

empreendimentos na MRGP assim como o fortalecimento desses empreendedores

pode representar indicativos do respaldo dado pelas estrateacutegias e accedilotildees colocadas

em praacutetica com base na Poliacutetica Puacuteblica de formalizaccedilatildeo observando que

O principal objetivo das poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave consolidaccedilatildeo das MPE deve estar em assisti-las no desenvolvimento de uma competitividade genuiacutena que lhes permita aumentar gradualmente os salaacuterios estar em dia com os encargos sociais e impostos superar o imediatismo e adquirir uma perspectiva de longo prazo na gestatildeo do negoacutecio e na previsatildeo de investimentos (SACHS 2003 p 35)

Desse modo as estrateacutegias devem superar as circunstacircncias especiacuteficas de

processos burocraacuteticos ligados agrave formalizaccedilatildeo e sim expandir suas accedilotildees de

maneira que as MPE possam adquirir autonomia sustentaacutevel e desempenhar um

papel relevante na economia local

Observamos que Sachs (2003) alertava para as principais dificuldades

encontradas no desenvolvimento das MPE ―Acesso em ao creacutedito ao mercado agrave

miacutedia ao poder puacuteblico agrave classe poliacutetica e especialmente agrave tecnologia e ao

conhecimento [] (idem p 113) A falta de Acesso em a esses instrumentos

importantes restringe a capacidade de ampliaccedilatildeo da unidade de produccedilatildeo

(tecnologia de gestatildeo lucratividade rentabilidade) quanto ao de arranjos produtivos

locais

Para Albuquerque e Zapata (2010 p 2016) ―a introduccedilatildeo de inovaccedilotildees

tecnoloacutegicas e o fomento da capacidade empresarial e organizativa nos diferentes

acircmbitos territoriais satildeo variaacuteveis estrateacutegicas da poliacutetica de desenvolvimento e

podem possibilitar a reversatildeo ou minimizar as assimetrias do mercado resultantes

da competitividade desigual

434 Compras puacuteblicas e o apoio aos MEI na MRGP

Ao analisar o graacutefico baixo (GRAacuteFICO 9) observamos que vinte e trecircs

(n=23) dos respondentes disseram natildeo ter ou natildeo tiveram relaccedilotildees comerciais com

o municiacutepio Certamente que boa parte dos entrevistados natildeo possui caracteriacutesticas

comerciais para fornecer ao poder puacuteblico no entanto alguns setores dentre os

quais educaccedilatildeo eletrocircnica informaacutetica incluso nos tracircmites legais podem fornecer

92

serviccedilos para o municiacutepio No setor de comeacutercio papelarias e loja de materiais de

limpeza tecircm a possibilidade de fornecimento na compra direta dispensada de

licitaccedilatildeo descrita nos art 23 e 24 da Lei 86661993 Da mesma forma no setor de

serviccedilos observado as normas juriacutedicas

GRAacuteFICO 9 - RELACcedilOtildeES COMERCIAIS DOS MEI COM O MUNICIacutePIO NA MRGP (N=30)

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Nas licitaccedilotildees muitos respondentes (n=23) disseram natildeo manter relaccedilotildees

comerciais com o poder puacuteblico e desconhecem o funcionamento para participar do

processo O que denota a pouca extensatildeo de estrateacutegias como o Programa

―Compras Paranaacute Esse programa tem como foco otimizar o processo de licitaccedilatildeo

para empresas locais Propicia no mesmo sentido a capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios

puacuteblicos nesse processo e a capacitaccedilatildeo de fornecedores que desejam participar de

licitaccedilotildees

Para tanto na compra puacuteblica eacute indispensaacutevel a orientaccedilatildeo em licitaccedilotildees que

possam ser direcionadas agraves micro e pequenas empresas locais da regiatildeo Mas para

isso o setor puacuteblico tem que estar bem preparado assim como o empresariado local

para estabelecer a conexatildeo Segundo o entrevistado4 esta eacute uma condiccedilatildeo iacutempar no

sentido do desenvolvimento empresarial localizado

Ressaltamos que as compras puacuteblicas ou contrataccedilotildees puacuteblicas podem

conduzir e inserir os micro e pequenos empreendimentos no mercado uma vez que

a esfera puacuteblica constitui um mercado estaacutevel de relaccedilotildees comerciais quase sempre

sim

natildeo

natildeo respondeu

93

em ampliaccedilatildeo O capiacutetulo V da LC 12306 alterado pela 14714 descreve sobre os

criteacuterios a serem adotados em favorecimento agraves MPE quanto ao Acesso em ao

mercado destacando as compras e contrataccedilotildees puacuteblicas e sobre o processo de

licitaccedilatildeo

Segundo o SEBRAE 76 das MPE de Paranaguaacute natildeo participaram em

processos de compras puacuteblicas entre os anos de 2011-2014 Dessas empresas

55 desconhecem as oportunidades para comercializar com governoempresas

estatais Nesse sentido a pouca eou dificultosa informaccedilatildeo fornecida para o MEI

quanto aos serviccedilos disponibilizados pelo municiacutepio e sobre os instrumentos de

regulamentaccedilatildeo e direitos a Acesso ems facilitados dispostos na Lei Geral (12306)

poderia ser revertida pela divulgaccedilatildeo nos veiacuteculos de comunicaccedilatildeo locais - jornais

circulantes nos municiacutepios raacutedios comunitaacuterias por exemplo aleacutem dos oficiais ndash

relativo aos direitos e obrigaccedilotildees do MEI incorporado agrave sua formalizaccedilatildeo com o

propoacutesito de inseri-lo no mercado (trabalho) sua expansatildeo e sustentabilidade

Em Pontal do Paranaacute o secretaacuterio de desenvolvimento afirma que o

municiacutepio estaacute se empenhando para que as empresas locais inclusive o MEI

participem das licitaccedilotildees Para isso segundo ele a prefeitura se adequou a LC

14714 no sentido de que uma licitaccedilatildeo de determinado valor seja dividida para

facilitar o Acesso em dos microempreendedores observando igualmente a

possibilidade de pagamento de 10 a mais do valor miacutenimo para o MEI Essas satildeo

adequaccedilotildees importantes adotadas por Pontal do Paranaacute atraveacutes do Concelho

Gestor Municipal (CGM) Comenta o E8 sobre o CGM

Uniu mais a populaccedilatildeo agrave prefeitura uniu mais o microempreendedor a vender para a prefeitura Natildeo tinha ningueacutem vendendo pocirc Natildeo tinha ningueacutem fornecendo pra prefeitura Hoje noacutes temos o pequeno e microempresaacuterio fornecendo pra prefeitura Uniu os benefiacutecios e os trouxe pra prefeitura e pra comunidade neacute Um dinheiro pra circular aqui dentro e natildeo ir pra fora Por exemplo uma licitaccedilatildeo que era de ―x valor noacutes fomos quebrando ela em quatro ou cinco vezes para dar preferecircncia para o povo daqui Uma licitaccedilatildeo que era de R$ 10000000 noacutes fizemos quatro de 25 dividimosah compra o caderno de um laacutepis do outro caneta de outro Dividimos pra que o povo daqui participasse E deu certo Essa foi uma grande evoluccedilatildeo do Comitecirc Gestor (transcriccedilatildeo) (entrevistado8)

O conhecimento das bases legais de funcionamento da categoria no nosso

entendimento a ampliaccedilatildeo da qualificaccedilatildeo para lidar com o mercado e a

aproximaccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados tanto pelo setor puacuteblico quanto pelo

94

setor privado poderaacute produzir em curto prazo impactos positivos no

desenvolvimento do MEI dentro da economia de mercado

Todavia o municiacutepio de Guaratuba ainda natildeo adaptou integralmente a LC

12306 e sua alteraccedilatildeo LC 1472014 ao seu modelo de gestatildeo pois os MEI que

participaram da pesquisa (Guaratuba) relataram que o municiacutepio cobra por taxas de

alvaraacute de funcionamento32 O municiacutepio isenta esse custo somente no primeiro ano

de abertura do micro negoacutecio contrariando dessa forma o disposto no art 4ordm sect3ordm

da LC 1472014

[] ficam reduzidos a 0 (zero) todos os custos inclusive preacutevios relativos agrave abertura agrave inscriccedilatildeo ao registro ao funcionamento ao alvaraacute agrave licenccedila ao cadastro agraves alteraccedilotildees e procedimentos de baixa e encerramento e aos demais itens relativos ao Microempreendedor Individual incluindo os valores referentes a taxas a emolumentos e a demais contribuiccedilotildees relativas aos oacutergatildeos de registro de licenciamento sindicais de regulamentaccedilatildeo de anotaccedilatildeo de responsabilidade teacutecnica de vistoria e de fiscalizaccedilatildeo do exerciacutecio de profissotildees regulamentadas (grifo nosso)

O apoio ao MEI eacute fundamental pois esse tecido empresarial (MPE)

segundo autores como Sachs (2003) Albuquerque e Zapata (2010) e Sen (2000)

respondem por boa parte dos empregos e da renda da populaccedilatildeo Para o SEBRAE

(2014) 52 dos empregos formais no Brasil estatildeo nas micro e pequenas

empresas o que corresponde agrave significativa importacircncia dessa categoria

empresarial no desenvolvimento da economia brasileira

As observaccedilotildees e alteraccedilotildees contidas na LC 14714 representam avanccedilos

significativos na perspectiva do desenvolvimento dando maior envergadura social agrave

LC 12306 Esse dispositivo legal possui impacto positivo fundamental para

aumentar as oportunidades do MEI a se manter na formalidade pela inovaccedilatildeo na

reduccedilatildeo de barreiras de Acesso em ao mercado e agrave competitividade

Dentre os principais dispositivos contidos na LC 14714 incorporados a

outras ferramentas descritas na LC 12808 estatildeo

a Tributaccedilatildeo reduccedilatildeo a zero dos custos para o MEI (art 4ordmsect 1ordm e sect 3ordm)

b Desburocratizaccedilatildeo tratamento diferenciado pelos optantes do Simples

Nacional Cadastro uacutenico do CNPJ dispensados os demais cadastros

estaduais e municipais (art 1ordm inciso 4ordm)

32

Essa informaccedilatildeo foi confirmada pelo setor de fiscalizaccedilatildeo do municiacutepio de Guaratuba

95

A debilidade de uma microempresa ou ateacute a sua falecircncia pode acarretar

natildeo somente numa estatiacutestica de dados econocircmicos mas em resultados

socialmente negativos A microempresa eacute o trabalho do MEI seu sustento e de sua

famiacutelia suas necessidades baacutesicas satildeo satisfeitas atraveacutes de seu trabalho que eacute o

substrato da sua dignidade

O trabalho eacute uma dimensatildeo da vida essencial para a realizaccedilatildeo da humanidade lembra Joatildeo Paulo II na enciacuteclica Laboren Exercens A enciacuteclica papal observa que o valor do trabalho localiza-se na pessoa que o realiza natildeo podendo portanto ser compreendido como uma forccedila anocircnima de produccedilatildeo com o trabalhador equiparado a mero instrumento a serviccedilo do capital (BROM 2006 p 55)

Outra ferramenta possiacutevel associada a outros dispositivos que convertam no

fomento dos micro e pequenos empreendimentos eacute o Acesso em ao creacutedito como

forma de capital gerador de expansatildeo econocircmica assinalado por Sachs (2003) Sen

(2000)

435 O Acesso em ao creacutedito aos MEI no Litoral do Paranaacute

O capiacutetulo IX da LC 12306 introduz na legislaccedilatildeo brasileira em

consonacircncia com o art 170 e 179 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 dispositivos

essenciais ao estiacutemulo ao creacutedito e ao microcreacutedito para micro e pequenas

empresas abrindo espaccedilo para inauguraccedilatildeo de formas e metodologias especiacuteficas

externas ao sistema creditiacutecio convencional o que caracteriza a concepccedilatildeo de

universalizar o creacutedito

Segundo a legislaccedilatildeo pertinente o sistema de creacutedito brasileiro deveraacute criar

linhas especiais de creacutedito a atender a demanda dos micro e pequenos

empreendimentos ―[] objetivando a reduccedilatildeo do custo de transaccedilatildeo a elevaccedilatildeo da

eficiecircncia alocativa o incentivo ao ambiente concorrencial e a qualidade do conjunto

informacional [] (LC 15516 art 57)

A posiccedilatildeo do sistema puacuteblico de creacutedito facilitado eacute fundamental na

intervenccedilatildeo do creacutedito frente ao sistema aberto convencional Atraveacutes do sistema

creditiacutecio com vinculaccedilatildeo federal ndash Caixa Econocircmica Federal (CEF) Banco Nacional

de Desenvolvimento Social (BNDES) Banco do Brasil (BB) (art 58 LC 15516) - e

dos bancos comerciais puacuteblicos estaduais abre-se espaccedilo para a inclusatildeo no

sistema de creacutedito agraves pessoas que natildeo possuiacuteam Acesso em ao serviccedilo Dessa

96

forma os bancos comerciais puacuteblicos passam a ser considerados atores importantes

nas poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento posto seu ponto estrateacutegico na alocaccedilatildeo

de creacutedito caracterizado como insumo necessaacuterio agrave ampliaccedilatildeo das oportunidades e

expansatildeo econocircmicas

A CEF o BB ndash entidades federalizadas ndash e o Fomento Paranaacute ndash entidade

estadual - satildeo os principais atores dentro da poliacutetica de Acesso em ao sistema de

creacutedito e microcreacutedito que atuam diretamente na MRGP

O art 62 da PLC 12306 a exemplo orienta o Banco Central a intervir na

ampliaccedilatildeo e facilidades agraves linhas de creacuteditos para os MEI e MPE que em

contrapartida estimularia a competiccedilatildeo bancaacuteria A disponibilizaccedilatildeo e a facilitaccedilatildeo

ao creacutedito ou ao microcreacutedito por instituiccedilotildees financeiras privadas ou estatais como

o banco do Brasil (BB) o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) pela Caixa

Econocircmica Federal33 (CEF) e outras instituiccedilotildees financeiras alinhadas ao

microcreacutedito estaacute respaldada no sect2o do art62 e nos art 57 58 59 e 60 da

supracitada PLC bem como na Lei federal 111102005 Esta institui o Programa

Nacional de Microcreacutedito Produtivo Orientado (PNMPO) ―com o objetivo de incentivar

a geraccedilatildeo de trabalho e renda entre os microempreendedores populares (BRASIL

2005)34

O microcreacutedito segundo o SEBRAE consiste no fornecimento de creacutedito

aos microempreendedores que natildeo possuem Acesso em ao sistema financeiro

tradicional e estaacute inserido no contexto da microfinanccedila destinado agraves pessoas de

baixa renda Ainda segundo o SEBRAE suas principais caracteriacutesticas satildeo

A) ausecircncia de garantias reais jaacute que a maioria das transaccedilotildees tem como garantia o aval solidaacuterio b) Concessatildeo de creacutedito aacutegil e adequado ao ciclo de negoacutecios do empreendimento c) Baixo custo de transaccedilatildeo devido agrave proximidade entre a instituiccedilatildeo e o tomador dos empreacutestimos e agrave inexistecircncia de burocracia d) Accedilatildeo econocircmica com forte impacto social na comunidade e) Elevado custo operacional para a instituiccedilatildeo fornecedora dos recursos f) Metodologia especiacutefica que consiste na concessatildeo assistida do creacutedito (wwwsebraecombr)

O SEBRAE (2012) evidenciou que no Brasil em 2011 12 dos MEI

buscaram linhas de creacutedito em instituiccedilotildees financeiras e 88 natildeo recorreram ao

33

Os encargos da Caixa Econocircmica Federal constituem 1) taxa de juros 295 ao mecircs 2) taxa de abertura de creacutedito (TAC) 3 do valor do contrato 3) Aliacutequota zero sobre o Imposto sobre Operaccedilotildees de Creacutedito (IOF) 34

O BNDES proporciona um creacutedito de ateacute R$ 2000000 por cliente o Banco do Brasil R$ 1500000 (ateacute a data desse trabalho)

97

creacutedito Desses MEI 43 obtiveram empreacutestimos e 57 natildeo conseguiram

formalizar o empreacutestimo Em 2012 10 recorreram ao creacutedito sendo que 52

desses obtiveram empreacutestimos e 48 natildeo conseguiram o financiamento Em 2015

84 dos MEI natildeo procurou obter empreacutestimo junto agraves instituiccedilotildees financeiras Dos

16 que recorreram ao creacutedito 55 conseguiram o empreacutestimo e 45 natildeo

efetivaram o creacutedito

Entre os anos de 2011 e 2015 como aponta o SEBRAE houve decreacutescimo

de trecircs pontos percentuais pelos MEIS na taxa de procura por financiamentos junto

agraves instituiccedilotildees financeiras Sendo que as instituiccedilotildees puacuteblicas representam uma

parcela significativa na procura por empreacutestimos pelos Microempreendedores

individuais

Como podemos observar (TABELA 11) entre os anos 2011 e 2015 houve

reduccedilatildeo na taxa de procura entre os dois anos mas a reduccedilatildeo foi mais expressiva

na taxa de aprovaccedilatildeo Isso estaacute relacionado agraves medidas mais restritivas de creacutedito

do ano de 2015 que afetaram a poliacutetica de fomento aos MEI como aos demais

empreendedores

TABELA 11 - PROCURA E APROVACcedilAtildeO DE CREacuteDITO PELOS MEI (BRASIL)

INSTITUICcedilAtildeO DE CREacuteDITO

PROCURA POR EMPREacuteSTIMO ()

EMPREacuteSTIMO APROVADO ()

2011 2015 2011 2015

Instituiccedilotildees Financeiras Puacuteblicas 68 67 00 44 Instituiccedilotildees Privadas 27 0 22 49 Cooperativas de creacutedito 4 6 99 42

FONTE SEBRAE (20122015)

Todavia alguns dispositivos de apoio e estiacutemulos a essas categorias

empresariais descritos nas LC 12306 e LC 12808 tais como baixa tributaccedilatildeo

programas de capacitaccedilatildeo e mesmo o Acesso em ao creacutedito a exemplo que

estimulem o seu desenvolvimento seratildeo analisadas posteriormente quando

abordarmos a MRGP

O microcreacutedito produtivo consiste numa ferramenta utilizada em muitos

paiacuteses como estrateacutegia de reduccedilatildeo da pobreza na promoccedilatildeo de emprego e renda e

na consolidaccedilatildeo do aumento da capacidade produtiva de microempreendimentos

aleacutem de favorecer condiccedilotildees a melhoria de vida das pessoas mais empobrecidas e

socialmente vulneraacuteveis (PEREIRA 2006 BARONE et al 2002)

98

O microcreacutedito democratiza o Acesso em ao creacutedito fundamental para a vida moderna do qual grande parte dos brasileiros estaacute excluiacuteda A disponibilidade de creacutedito para empreendedores de baixa renda capazes de transformaacute-lo em riquezas para eles proacuteprios e para o paiacutes faz do microcreacutedito parte importante das poliacuteticas de desenvolvimento (BARONE et al 2002 p 11)

No Brasil o microcreacutedito eacute regulamentado e normatizado pela Lei

111102005 que institui o Programa Nacional de Microcreacutedito Produtivo Orientado

(PNMPO) e ―tem por finalidade especiacutefica disponibilizar recursos para o microcreacutedito

produtivo orientado (Lei 111102005 art 1ordm sect 2ordm)

O microcreacutedito produtivo orientado segundo Barone et al (2002) possui

efeito positivo junto aos tomadores de financiamento no sentido de melhoria das

condiccedilotildees habitacionais de sauacutede e alimentares da expectativa da restituiccedilatildeo da

cidadania e da auto-estima aleacutem da geraccedilatildeo de emprego e renda das famiacutelias que

fazem o uso desse instrumento

Tal posicionamento eacute defendido por Pereira (2005) posto os resultados

empiacutericos obtidos em estudos realizados no Centro de Apoio de Pequenos

Empreendimentos no Estado da Paraiacuteba (CEAPEPB) em 2005 Em suas anaacutelises

ela concluiu que o microcreacutedito proporciona a expansatildeo do ativo circulante35 e do

patrimocircnio liacutequido tendo peso significativo na consolidaccedilatildeo dos empreendimentos

(PEREIRA 2005 p 78) Percebe-se dessa maneira o impacto positivo do

microcreacutedito em paracircmetros econocircmicos aleacutem de ser uma ferramenta de

intervenccedilatildeo na exclusatildeo social Entretanto a situaccedilatildeo na MRGP apresenta um

quadro criticamente diverso A tabela abaixo (TABELA 12) expressa a regressatildeo

significativa das transaccedilotildees de creacutedito pela CEF na MRGP entre os anos 2015 e

2016

TABELA 12 - NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS E VALORES FINANCIADOS NA MRGP CEDIDOS

PELA CAIXA ECONOcircMICA FEDERAL AgraveS MPE (2015-2016)

ANO TOTAL DE CONTRATOS VALOR TATOAL (R$)

2015 13909 3759861821

2016 2756 795389276

FONTE CONTROLADORIA GERAL DA UNIAtildeO ATRAVEacuteS DO PORTAL DA TRANSPAREcircNCIA

35

O ativo circulante compreende o dinheiro em caixa os saldos bancaacuterios e todos os valores que podem ser convertidos em dinheiro imediatamente (SANDRONI 1999)

99

A diminuiccedilatildeo nos financiamentos estaacute atrelada em parte pelo baixo

desempenho da economia e por outro lado a forte restriccedilatildeo do sistema bancaacuterio no

processo de seletividade para o creacutedito Para o entrevistado3

Existe um preconceito muito grande seja por parte de associaccedilotildees seja por parte de instituiccedilotildees financeiras neacute Porque o MEI eacute um risco Como que eacute avaliado Ah ele eacute pequenininho Se ele natildeo aguenta pagar um boleto DAS como ele vai pagar a mensalidade Se ele natildeo aguenta pagar um boleto DAS como ele vai pagar um financiamento Eu vejo isso como um preconceito Mas eu natildeo tiro toda razatildeo da parte financeira (transcriccedilatildeo) (entrevistado3)

Notemos que o nuacutemero de contratantes (TABELA 12) em 2015 em relaccedilatildeo

ao nuacutemero de MPE na MRGP (TABELA 13) abaixo atingiu o percentual de 4487

No ano seguinte (2016) esse percentual reduziu sensivelmente para 814

TABELA 13 - NUacuteMERO DE MPE NA MRGP (2015-2016)

FONTE EMPRESOcircMETRO

Ainda na comparaccedilatildeo entre os dados expressos acima (TABELAS 12 e 13)

percebemos que a retraccedilatildeo nos contratos de financiamentos representou um

decreacutescimo de 2115 de ativos circulantes das MPE na MRGP o que compromete

o desenvolvimento tendo em vista que em meacutedia 95 das empresas da regiatildeo satildeo

MPE (Empresocircmetro) e geram empregos renda e tem forte impacto na produccedilatildeo de

riqueza em seus municiacutepios

Partindo das anaacutelises de Kohler (2010) observamos que o aumento da

atividade econocircmica requer a expansatildeo da capacidade de investimento o qual ele

denomina de ―investimento produtivo O investimento produtivo na concepccedilatildeo do

MUNICIacutePIO Nordm MPE

2015 2016

Antonina 1453 1581

Guaraqueccedilaba 358 400

Guaratuba 3913 4333

Matinhos 4138 4716

Morretes 1559 1703

Paranaguaacute 13612 14728

Pontal do Paranaacute 3929 4372

TOTAL 30977 33849

100

autor eacute um elemento importante na produccedilatildeo de riqueza local pois se materializa

em uma variaacutevel ex ante a poupanccedila produtiva resultado da riqueza gerada

Tratando-se do MEI as condiccedilotildees de alocaccedilatildeo de ―investimentos

produtivos- aquisiccedilatildeo de tecnologias maacutequinas estoque ndash podem ser referenciadas

na Lei Geral atraveacutes do estiacutemulo ao creacutedito

Magalhatildees Junior (2016) ao analisar o impacto dos micro - financiamentos

realizados nos municiacutepios paranaenses atraveacutes do Programa Banco do

Empreendedor Paranaacute (Fomento Paranaacute) concluiu que a adiccedilatildeo em meacutedia de 1

nos contratos de microcreacutedito junto ao Programa Banco Empreendedor Paranaacute

possibilitou o aumento da capacidade econocircmica dos municiacutepios participantes em

032 entre os anos 2010 e 2013

Os dados abaixo (TABELA 14) demonstram o nuacutemero de contratos

creditiacutecios firmados com o MEI na MRGP junto ao Fomento Paranaacute entre os anos

2014 ndash 2016 Observamos ainda a elevaccedilatildeo de 400 no nuacutemero de financiamentos

entre os anos 2015 ndash 2016 ao contraacuterio dos bancos puacuteblicos federalizados que

manifestaram reduccedilatildeo nos contratos

TABELA 14 - NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS CEDIDOS AO MEI JUNTO AO PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR DO PARANAacute (FOMENTO PARANAacute) NA MRGP (2014-2015-2016)

MUNICIacutePIO Nordm DE FINANCIAMENTOS

2014 2015 2016

Antonina 3 3 4

Guaraqueccedilaba

6

Guaratuba 5

Matinhos 4

12

Morretes 10 3 12

Pontal do Paranaacute

7

TOTAL 29 9 45

FONTE FOMENTO PARANAacute ATRAVEacuteS DO PORTAL DA TRANSPAREcircNCIAPR

Mesmo com essa expansatildeo significativa o percentual em relaccedilatildeo ao

nuacutemero de MEI na MRGP eacute pouco expressivo pois representou apenas 038 do

total dos microempreendedores em 2016

Tal qual o nuacutemero de contratos os valores financiados aumentaram

significativamente em 47630 entre os anos 2015 ndash 2016 como demonstrado

101

abaixo (GRAacuteFICO10) Esse percentual segundo um agente representante do

Programa Banco Empreendedor Paranaacute (Fomento Paranaacute) da regiatildeo deve cair

novamente em funccedilatildeo dos municiacutepios do litoral natildeo renovarem os convecircnios com o

banco supracitado

GRAacuteFICO 10- VAOLRES TOTAIS FINANCIADOS PELO MEI NA MRGP ATRAVEacuteS DO

PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR PARANAacute (FOMENTO PARANAacute) (201 ndash 2015 ndash 2016)

FONTE Fomento Paranaacute ndash elaboraccedilatildeo proacutepria ndash dados obtidos atraveacutes

do Portal da Transparecircncia

Ao analisarmos os dados do graacutefico abaixo sobre o nuacutemero de contratos

firmados junto ao sistema de creacutedito na MRGP pelos respondentes (n=30)

reparamos que vinte e quatro (n=24) dos entrevistados (GRAacuteFICO 11) disseram natildeo

ter contratado financiamentos junto agraves entidades creditiacutecias para expandir seus

negoacutecios e seis (n=6) responderam ter realizado empreacutestimo Dos respondentes que

realizaram financiamentos quatro (n=4) disseram ter utilizado como capital de giro e

dois (n=2) dos respondentes que adquiriram o financiamento relataram que o

utilizaram tanto como capital de giro como para expandir os negoacutecios e na compra

de materiais

R$26674633

R$8176690

R$47121657

2014 2015 2016

Valor contratado (R$)

102

GRAacuteFICO 11 - FINANCIAMENTOS JUNTO AO SISTEMA DE CREacuteDITO NA MRGP ()

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Um fato interessante no momento da entrevista eacute que grande parte dos

respondentes natildeo tinha conhecimento sobre essa prerrogativa estabelecida em lei e

nem mesmo disse conhecer as implicaccedilotildees que um financiamento produtivo

empregado de forma adequada pode oferecer para a melhoria das condiccedilotildees dos

microempreendimentos

436 O associativismo e os MEI na MRGP

O associativismo pode ser caracterizado como cooperaccedilatildeo para crescer

juntos Quem se associa usualmente tem objetivos em comum portanto a

cooperaccedilatildeo eacute fundamental ao avanccedilo desses objetivos

Com o escopo de incluir as MPE no processo produtivo competitivo e

saudaacutevel jaacute no art 1ordm inciso III a LC 12306 preceitua como uma das normas

descritas o Acesso em ao associativismo acentuando no capiacutetulo VIII da referida

Lei Geral que a associaccedilatildeo seraacute regulamentada sob a forma de Sociedade de

Propoacutesito Especifico (SPE)36 e ―seraacute constituiacuteda como Sociedade Limitada37 (art 56

sect2ordm inciso VII)

36

Sociedade de Propoacutesito Especiacutefico (SPE) eacute um modelo de organizaccedilatildeo empresarial pelo qual se constitui uma nova empresa limitada ou sociedade anocircnima com um objetivo especiacutefico ―cuja atividade eacute bastante restrita podendo em alguns casos ter prazo de existecircncia determinado normalmente utilizada para isolar o risco financeiro da atividade desenvolvida (SEBRAE)disponiacutevel lthttpwwwbibliotecassebraecombrchronusARQUIVOS_CHRONUSbdsbdsnsff25877ce0f2ecbca17355fc33397deea$File5189pdfgtgt Esta previsatildeo estaacute fundamentada no art 981 do Coacutedigo Civil de 2002 37

Forma societaacuteria com personalidade juriacutedica de participaccedilatildeo definida com base em seu investimento

sim

natildeo

103

Uma associaccedilatildeo tem como objetivo a manutenccedilatildeo e salvaguarda do

interesses de seus associados promovendo permanentemente os lastros de

cooperaccedilatildeo entre eles reconhecendo que para prosperar eacute necessaacuteria adequaccedilatildeo

institucional administrativa e de recursos para adaptaccedilotildees decorrentes de

mudanccedilas em cenaacuterios especiacuteficos (social economia poliacutetica)

Agraves MPE em especial aos microempreendedores individuais as concepccedilotildees

do associativismo satildeo maneiras integradas ao movimento de inclusatildeo dessa

categoria no processo mercantil uma vez que a fragilidade no Acesso em ao

mercado ao creacutedito agraves tecnologias jaacute mencionadas anteriormente as relaccedilotildees

estabelecidas na consolidaccedilatildeo associativa geram possibilidades de surgirem

externalidades tais como conexotildees comerciais fortalecimento econocircmico

benefiacutecios em funccedilatildeo das parcerias com a associaccedilatildeo dentre outras Nessa

perspectiva

o estiacutemulo agrave cooperaccedilatildeo como forma de minimizar as fraquezas estruturais que envolvem os microempreendedores se apoia na perspectiva de que os atores econocircmicos natildeo podem ser tomados como aacutetomos isolados posto que suas accedilotildees dependem de vaacuterias limitaccedilotildees advindas das relaccedilotildees estabelecidas com outras organizaccedilotildees (CERQUEIRA CUNHA MOHR SOUZA ABRAHAO FLEIG 2014 p 739)

Abaixo (GRAacuteFICO 12) estatildeo os resultados sobre a participaccedilatildeo dos

respondentes (n=30) em associaccedilotildees de representaccedilatildeo da categoria Dos

respondentes vinte e oito (n=28) responderam que natildeo satildeo membros de nenhuma

associaccedilatildeo e dois (n=2) decidiram por natildeo responder

GRAacuteFICO 12 - RESPOSTA SOBRE PARTICIPACcedilAtildeO EM ASSOCIACcedilAtildeO REPRESENTANTE DA CATEGORIA

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

sim

natildeo

natildeo respondeu

104

No litoral identificamos (QUADRO 8) as principais entidades representantes

da classe comercial e industrial as quais abrem espaccedilo para o MEI se associar

QUADRO 8- ENTIDADES REPRESENTANTES DAS CLASSES EMPRESARIAL COMERCIAL E AGRIacuteCOLA NO LITORAL DO PARANAacute

ENTIDADE DESCRICcedilAtildeO

ACIG Associaccedilatildeo Comercial e Empresarial de Guaratuba

ACIMA Associaccedilatildeo Comercial e Empresarial de Matinhos

ACIAPAR Associaccedilatildeo Comercial Industrial e Agriacutecola de Pontal do Paranaacute

ACIAP Associaccedilatildeo Comercial Industrial e Agriacutecola de Paranaguaacute

ACIAM Associaccedilatildeo Comercial Industrial e Agropecuaacuteria de Morretes

AMPEC LITORAL Associaccedilatildeo das Micro e pequenas Empresas do litoral do Paranaacute

FONTE Dados da PesquisaAssociaccedilotildees que possuem mensalidades reduzidas para os MEI

As entidades de classe descritas no quadro acima estatildeo distribuiacutedas em

todo o litoral paranaense mas destacamos a AMPEC por seu aspecto principal que

eacute uma associaccedilatildeo dos micro e pequenos empreendedores do litoral

A ASSOCIACcedilAtildeO teraacute por finalidade congregar as Microempresas Empresas de Pequeno Porte os Empreendedores Individuais e os profissionais autocircnomos formais e informais industriais comerciais agriacutecolas artesatildeos e prestadoras de serviccedilos em forma de associados optantes objetivando a promoccedilatildeo social e econocircmica estimulando o desenvolvimento e defendendo o interesse de seus associados (art 4ordm Estatuto Social AMPEC)

A AMPEC com sede em Pontal do Paranaacute na visatildeo do entrevistado2 eacute

muito importante poreacutem natildeo existe apoio do poder puacuteblico local ou de entidades que

possam contribuir para o desenvolvimento da associaccedilatildeo e de cooperaccedilatildeo conjunta

na composiccedilatildeo de estrateacutegias para aumentar a alocaccedilatildeo de recursos e

acompanhamento teacutecnico para a entidade Dessa forma o isolamento e soacute com a

arrecadaccedilatildeo dos associados natildeo tem como desenvolver accedilotildees para fortalecer a

classe Ateacute mesmo porque a inadimplecircncia segundo o entrevistado2 chega a

6038 Ainda segundo o entrevistado2 a associaccedilatildeo passou por algumas

reformulaccedilotildees administrativas posto problemas internos com respeito a recursos e

endividamento da entidade

38

O valor cobrado de mensalidade do associado eacute de R$1000 mensais (entrevistado2)

105

A AMPEC natildeo consegue atender os empreendedores seus associados Natildeo consegue ver um retorno por parte da AMPEC Nada de concreto Somente criacuteticas por parte da AMPEC [] Normalmente quando vocecirc se associa vocecirc quer crescer junto ou vocecirc tem o retorno Se vocecirc natildeo tem o retorno se vocecirc vecirc que natildeo ta criando natildeo ta juntando por que que vocecirc vai entrar NE Eu penso dessa forma o associativismo(transcriccedilatildeo) (entrevistado3)

Nas anaacutelises descritas por Cunha Mohr Souza Abrahao Fleig (2014) na

discussatildeo sobre as fraquezas e potencialidades da AMPEC o associativismo eacute

apontado como uma alternativa de melhoria das condiccedilotildees do microempreendedor

no litoral paranaense No entanto Como observa o entrevistado3 ―o associativismo

natildeo eacute aceito no litoral por questotildees culturais No sudoeste do Estado a SICREDI e o

SICOOB satildeo mais fortes que o Itauacute e o BB(transcriccedilatildeo)

Algumas estrateacutegias podem ser interessantes para o desenvolvimento do

MEI todavia elas deveriam ser adaptadas agrave realidade local como eacute o caso das

compras puacuteblicas O municiacutepio tem prazo de pagamento ateacute de 90 dias Para alguns

microempreendimentos isso se torna praticamente inviaacutevel 1) pela pouca

disponibilidade de ativos disponiacuteveis o que impossibilita a raacutepida reposiccedilatildeo dos

recursos utilizados 2) pelo fato de muitas empresas e microempreendedores natildeo

distinguirem as despesas da empresa com as da famiacutelia pois a famiacutelia depende

diretamente desses recursos (SACHS 2003)―O MEI eacute muito pequeno neacute Natildeo

consegue concorrer com os maiores Muitos MEI usam de outras atividades pra

completar a renda ou a renda do MEI eacute usada pra complementar (entrevistado2)

(transcriccedilatildeo)

437 Mobilizaccedilatildeo dos governos locais no estiacutemulo agrave categoria do MEI

Albuquerque e Zapata (2010) destacam a importacircncia de adesatildeo dos

governos locais nas poliacuteticas de desenvolvimento pois segundo os autores as

autoridades eleitas ndash municipais e estaduais ndash satildeo elementos chaves no processo

de desenvolvimento local Embora como acentuam os autores o desenvolvimento

dos territoacuterios muitas vezes eacute impulsionado por liacutederes locais (cooperativas

associaccedilotildees) jovens empresaacuterios e entidades natildeo governamentais eacute indispensaacutevel

a integraccedilatildeo dos governos locais agraves iniciativas de desenvolvimento posto que

―podem conferir a essas iniciativas algum caraacuteter institucional (idem p 216)

106

No graacutefico abaixo (GRAacuteFICO 13) estatildeo os resultados sobre o conhecimento

dos respondentes sobre estrateacutegias adotadas pelas prefeituras em apoio ao MEI na

MRGP

GRAacuteFICO 13 - CONHECIMENTODOS RESPONDENTES DE ESTRATEacuteGIAS ADOTADAS PELAS PREFEITURAS EM APOIO AO MEI NA MRGP ()

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Na leitura dos dados acima (GRAacuteFICO 13) verificamos que vinte e dois

(n=22) dos respondentes natildeo sabem informar se as prefeituras possuem accedilotildees de

apoio ao MEI

Observamos durante nossas pesquisas que dos sete municiacutepios da MRGP

cinco esforccedilaram-se em apresentar propostas de fomento das capacidades de

produccedilatildeo do MEI firmando parcerias com entidades importantes no cenaacuterio

econocircmico e de desenvolvimento como eacute o caso do SEBRAE Foram eles

Guaraqueccedilaba Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute Certamente

como constatado nas pesquisas em alguns casos Morretes e Matinhos naquele

momento pela transiccedilatildeo do chefe do executivo (eleiccedilotildees municipais) pode ter

ocorrido certo abandono das poliacuteticas setorizadas de apoio ao MEI Destacamos

ainda duas circunstacircncias importantes 1) a falta de poliacuteticas de desenvolvimento

local nos municiacutepios do litoral (SEBRAE ndash monitoramento da implementaccedilatildeo da Lei

Geral) 2) ausecircncia de poliacuteticas puacuteblicas que reduzam o imediatismo e infiram metas

0

10

20

30

40

50

60

70

80

compra derodutos e

serviccedilos doMEI

na aquisiccedilatildeode

tecnologias

cursos decapacitaccedilatildeo

processo deformalizaccedilao

natildeo soubeinformar

natildeoresponderam

107

de meacutedio e longo prazo com vistas ao desenvolvimento sustentaacutevel assinalado por

Sachs (2003) e Albuquerque e Zapata (2010)

Os pontos assinalados acima na MRGP obedecem agrave perspectiva no nosso

entendimento das poliacuteticas puacuteblicas por vezes de inclinaccedilatildeo poliacuteticapartidaacuteria

unilateral sem representaccedilatildeo de atores locais externos agrave administraccedilatildeo puacuteblica (top

down) muitas vezes alheias agraves reais necessidades da populaccedilatildeo Geralmente

essas poliacuteticas natildeo satildeo produzidas com implicaccedilotildees de meacutedio e longo prazos mas

ciacuteclicas e temporais permanecendo ateacute o teacutermino da gestatildeo municipal

Em nossas pesquisas observamos ainda que Pontal do Paranaacute eacute um dos

municiacutepios da MRGP com maior maturidade nas concepccedilotildees de desenvolvimento

local posto a extensatildeo de estrateacutegias accedilotildees e programas diversificados de fomento

das MPE em especial agrave categoria especiacutefica do MEI Esta proposta vai ao encontro

das anaacutelises de Albuquerque e Zapata (2010 p 2018) no sentido de que ―agraves vezes

uma estrateacutegia de desenvolvimento local pode se iniciar a partir da coordenaccedilatildeo

territorial de alguns programas e instrumentos setoriais de fomento definidos de

maneira central

Um ponto central nesse processo como assinalou o entrevistado8 eacute a

capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios efetivos da administraccedilatildeo puacuteblica municipal que atuam

na secretaria e na sala do empreendedor Esta estrateacutegia tem como objetivo dar

continuidade agraves propostas de desenvolvimento local isolando-se do plano partidaacuterio

denotando sentido neutro nas poliacuteticas de desenvolvimento

Na aplicaccedilatildeo do questionaacuterio percebemos que muitos dos respondentes

como constatado no graacutefico 9 desconhecem as regulamentaccedilotildees que normatizam a

categoria (Leis) os dispositivos legais que favorecem a classe do MEI quanto ao

creacutedito agraves isenccedilotildees agrave licitaccedilatildeo dentre outros instrumentos relacionados agrave sua

inserccedilatildeo e expansatildeo no mercado

Como jaacute mencionado nos municiacutepios de Guaratuba e Antonina natildeo foram

identificadas estrateacutegias de apoio ao MEI por parte do governo local com vistas agrave

inserccedilatildeo no sistema de mercado observados os dispositivos da Lei Geral

Em Guaratuba em 2009 o municiacutepio instituiu a Lei Complementar 042009

sobre o tratamento diferenciado agraves MPE no acircmbito municipal Uma das estrateacutegias

previstas na referida LC de Guaratuba foi a criaccedilatildeo do Comitecirc Gestor Municipal com

o objetivo de acompanhar a implementaccedilatildeo da LC 12306 e suas complementaccedilotildees

108

Poreacutem nas pesquisas de campo em 2016 junto agraves secretarias de

Urbanismo de Infraestrutura e Obras e do Bem Estar e Promoccedilatildeo Social assim

como o entrevistado1 desconheciam a existecircncia e atuaccedilatildeo do citado comitecirc assim

como natildeo souberam informar sobre alguma proposta referida ao MEI

Um dos avanccedilos identificados no processo de desenvolvimento empresarial

de Guaratuba foi a criaccedilatildeo em 2016 de uma agecircncia da Junta Comercial do

Paranaacute firmando parceria com o governo local e com a Associaccedilatildeo Comercial e

industrial de Guaratuba (ACIG)Tal accedilatildeo pode fortalecer o caraacuteter institucional de

poliacuteticas voltadas agraves categoria empresarial e comercial do municiacutepio Destacamos

ainda que esta foi uma accedilatildeo isolada identificada para o desenvolvimento do

ambiente empresarial da cidade

Muito embora a maioria dos municiacutepios da MRGP apresente dificuldades

orccedilamentaacuterias eacute importante frisar que o enquadramento aos dispositivos legais

inseridos na Lei Geral podem ser implantados de maneira gradual vinculados a uma

postura de desenvolvimento integrado e com metas de meacutedio e longo prazos com

provimentos de investimentos que suportem em princiacutepio estrateacutegias e accedilotildees um

pouco mais reduzidas mas no segundo momento podem ser expandidas e

melhoradas encaixadas em novas estrateacutegias e accedilotildees em concepccedilotildees de

―inovaccedilatildeo renovaccedilatildeo e transformaccedilatildeo constantes as quais estatildeo sujeitas qualquer

poliacutetica puacuteblica

438 O MEI-Patratildeo no Litoral do Paranaacute

Segundo o SEBRAE (2014) as micro e pequenas empresas em 2011 eram

responsaacuteveis por ―44 dos empregos formais em serviccedilos e aproximadamente 70

dos empregos gerados no comeacutercio (p7)

Nota-se a impressionante importacircncia desse tecido empresarial na economia

do trabalho e sua relevacircncia que pode ser considerada nas poliacuteticas de inclusatildeo

social visto a geraccedilatildeo de emprego e renda e externalidades agregadas como o

combate a miseacuteria e a pobreza extrema aleacutem do aumento da auto-estima e da

manutenccedilatildeo da dignidade das pessoas em funccedilatildeo do trabalho

109

O MEI na forma da lei explicitado no art 18C da LC 12808 poderaacute

contratar um empregado com todos os direitos e deveres atribuiacutedos na

Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho (CLT)

Observado o disposto no art 18-A e seus paraacutegrafos desta Lei Complementar poderaacute se enquadrar como MEI o empresaacuterio individual que possua um uacutenico empregado que receba exclusivamente 1 (um) salaacuterio miacutenimo ou o piso salarial da categoria profissional

Ao analisar o graacutefico abaixo (GRAacuteFICO 14) com base no questionaacuterio

identificamos que dezenove (n=19) dos MEI que participaram do questionaacuterio

responderam que natildeo possuem empregado no exerciacutecio de suas atividades oito

(n=8) responderam que possuem empregado e trecircs (n=3) natildeo responderam agrave

questatildeo

GRAacuteFICO 14 -RESPONDENTES QUE POSSUEM FUNCIONAacuteRIOS NA MRGP ()

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Se por um lado a formalizaccedilatildeo do MEI constitui um avanccedilo no enfrentamento

agrave informalidade do outro lado haacute uma reproduccedilatildeo do processo informal que foge ao

controle da poliacutetica de formalizaccedilatildeo Trabalhadores que satildeo incluiacutedos por uma

poliacutetica que tem esforccedilo em pelo menos reduzir a informalidade contribui em

parte para a precarizaccedilatildeo do trabalho contratando trabalhadores dentro do sistema

informal para exercerem atividades que permanecem fora dos preceitos do trabalho

descente

0

10

20

30

40

50

60

70

sim natildeo natildeo respondeu

110

Nesse sentido sobre os microempreendedores individuais que empregam

constatamos(GRAacuteFICO 15) que dos trabalhadores empregados pelos MEI seis

(n=6) deles exercem suas funccedilotildees na informalidade e dois (n=2) satildeo formalizados

GRAacuteFICO 15 - QUANTITATIVO DE TRABALHADORES FORMALIZADOS E NAtildeO FORMALIZADOS

EMPREGADOS PELO MEI NA MRGP ()

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Eacute importante ressaltar que nas observaccedilotildees de campo constatou-se que

333 dos empregados natildeo formalizados (n=2) eram filhos dos MEI respondentes

Dessa forma muitos MEI aleacutem de reproduzir a informalidade com forccedila de trabalho

familiar precarizando em muito as condiccedilotildees do trabalho comprometem o

rendimento escolar de crianccedilas e adolescentes

439 Renda bruta dos MEI entrevistados um alento agrave meacutedia

Os municiacutepios da MRGP apresentam caracteriacutesticas distintas tanto pela

economia industrial quanto pelas particularidades sazonais dos serviccedilos as quais as

cidades balneaacuterias estatildeo submetidas Segundo Monteiro (2013 p 5) a populaccedilatildeo

total dos trecircs municiacutepios pode aumentar em 400 na temporada de praia

As particularidades sazonais refletem consideravelmente nas economias dos

municiacutepios balneaacuterios pelo aumento do fluxo de pessoas na temporada de veratildeo

0

10

20

30

40

50

60

70

80

natildeo formalizado formalizado

111

responsaacutevel pelo estiacutemulo da economia local impulsionada pelo turismo Destaque

para os setores de serviccedilos e do comeacutercio Com a expansatildeo da economia nesse

periacuteodo (dezembro janeiro e fevereiro) surgem oportunidades de trabalho e renda

para a populaccedilatildeo local e o aumento de volume do comeacutercio e prestaccedilatildeo de serviccedilos

Abaixo (GRAacuteFICO 16) examinamos a renda bruta dos respondentes (n=30)

na temporada de praia e no inverno a partir do questionaacuterio A referecircncia de renda

teraacute como paracircmetro o salaacuterio miacutenimo nacional39

GRAacuteFICO 16 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS MEI RESPONDENTES COM BASE NA RENDA BRUTA TENDO COMO PARAcircMETRO DE VALOR O SALAacuteRIO MIacuteNIMO NACIONAL (2016) ()

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Ao observarmos acima (GRAacuteFICO 16) percebemos que dos respondentes

na temporada de praia quatro (n=4) ganham ateacute um salaacuterio miacutenimo por mecircs

trecircs(n=3) ganham ateacute dois salaacuteriosmecircs sete (n=7) ganham ateacute trecircs salaacuterios sete

(n=7) ganham ateacute quatro salaacuterios sete (n=7) ganham mais de quatro salaacuterios e dois

(n=2) ganham mais de cinco salaacuterios por mecircs e fora da temporada de praia quatro

(n=4) ganham ateacute um salaacuterio miacutenimo por mecircs quatro (n=4) ganham ateacute dois salaacuterios

miacutenimos por mecircs oito (n=8) ateacute trecircs salaacuterios quatro (n=4) ateacute quatro salaacuterios sete

(n=7) ganham mais de quatro salaacuterios e dois(n=2) ganham mais de cinco

salaacuteriosUm respondente natildeo se manifestou sobre a renda bruta fora do veratildeo

39

O salaacuterio miacutenimo nacional para o ano 2016 eacute de R$ 88000 tendo como base o Decreto Federal nordm 86182015

0

5

10

15

20

25

30

ateacute 1 ateacute 2 ateacute 3 ateacute 4 mais de4

mais de5

no veratildeono inverno

112

Na demonstraccedilatildeo acima (GRAacuteFICO 16) notamos que cerca de nove(n=9)

dos MEI respondentes possui rendimentos acima de quatro salaacuterios miacutenimos e

quatorze (n=14) possui variaccedilatildeo entre um e trecircs salaacuterios miacutenimos Em 201040 o

rendimento do trabalhador na MRGP era em meacutedia 245 salaacuterios miacutenimos como

indicado abaixo41 (TABELA 15)

TABELA 15 - RENDIMENTO NOMINAL MEacuteDIO DOS TRABALHADORES CONTRIBUINTES PARA A PREVIDEcircNCIA SOCIAL EM QUALQUER TRABALHO NA MRGP (2010)

MUNICIacutePIO RENDIMENTO MEacuteDIO EM SALAacuteRIO MIacuteNIMO

Antonina 227

Guaraqueccedilaba 118

Guaratuba 244

Matinhos 278

Morretes 267

Paranaguaacute 304

Pontal do Paranaacute 279

MEacuteDIA 245

FONTE IBGE ndash senso 2010

Se estabelecermos uma comparaccedilatildeo tendo como indicativo de rendimento

do trabalhador o salaacuterio miacutenimo nacional veremos que o MEI categoria de

trabalhador inclusa no sistema previdenciaacuterio (IBGE) 30 dos respondentes possui

renda meacutedia superior agrave verificada em 2010 e 467 dessa categoria permanece

proacuteximo da meacutedia analisada em 2010

4310 Capacitaccedilatildeo profissional dos MEI no Litoral do Paranaacute

Os artigos 64 e 65 da LC 12306 com base no art 149 da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 reforccedilam a necessidade de articulaccedilatildeo entre as Instituiccedilotildees

Federais de Ensino Superior (IFES) as Instituiccedilotildees Cientiacuteficas e Tecnoloacutegicas (ICT)

e as FundaccedilotildeesInstituiccedilotildees de Apoio (Lei Fed 895894) na implementaccedilatildeo de ―[]

programas especiacuteficos para as microempresas e para as empresas de pequeno

porte [] Os programas possuem objetivos de auxiliar agrave capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica e

40

O salaacuterio miacutenimo nacional em 2010 era de R$ 51000 conforme Lei 1225510 41

Utilizamos o paracircmetro de 2010 por conta da escassez de dados econocircmicos atualizados da MRGP

113

treinamento de pessoal assim como dinamizar o processo de inovaccedilatildeo e

estruturaccedilatildeo dessas categorias empresariais

O Sistema S42 a exemplo definido na paacutegina web do Senado Federal como

―Termo que define o conjunto de organizaccedilotildees das entidades corporativas voltadas

para o treinamento profissional assistecircncia social consultoria pesquisa e

assistecircncia teacutecnica que aleacutem de terem seu nome iniciado com a letra S tecircm raiacutezes

comuns e caracteriacutesticas organizacionais similares e dentro de suas competecircncias

―cumpre um papel fundamental na oferta de cursos profissionalizantes em todo o

Brasil Criadas a partir dos anos 1940 as entidades que compotildeem o sistema se

dedicam agrave formaccedilatildeo profissional em suas respectivas aacutereas de atuaccedilatildeo (induacutestria

comeacutercio agropecuaacuteria entre outras) como indica o site do Governo Federal

Dessa forma com base nas anaacutelises de Albuquerque e Zapata (2008)

compreendemos que eacute igualmente necessaacuterio para o desenvolvimento e o

incremento das potencialidades estabelecerem o fortalecimento e expansatildeo tanto

das empresas inseridas em arranjos produtivos locais com qualificaccedilatildeo do capital

humano no gerenciamento e gestatildeo dos processos socioeconocircmicos Acesso em

agraves novas tecnologias promovendo a inovaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de produtos e a

conexatildeo em redes de produccedilatildeo e escoamento dos produtos dentro e fora do

territoacuterio quanto agrave otimizaccedilatildeo desses recursos alocados ao desenvolvimento

socioeconocircmico

Para o SEBRAE (2014) em 2011 os pequenos negoacutecios atingiram o

percentual de 27 do PIB brasileiro sendo que as Micro e Pequenas Empresas

respondem por 53 4 da riqueza gerada no setor de serviccedilos

Os dados demonstram a importacircncia de incentivar e qualificar os empreendimentos de menor porte inclusive os Microempreendedores Individuais Isoladamente uma empresa representa pouco Mas juntas elas satildeo decisivas para a economia e natildeo se pode pensar no desenvolvimento do Brasil sem elas (SEBRAE 2014)

Abaixo (GRAacuteFICO 17) demonstra o quantitativo de MEI respondentes ao

questionaacuterio que participaram de cursos de capacitaccedilatildeo

42

A criaccedilatildeo das Instituiccedilotildees do sistema ―S tem como base fundamental o art 149 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e eacute composta pelo Serviccedilo Nacional de Aprendizagem do Comeacutercio (Senac) Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) Serviccedilo Social do Comeacutercio (Sesc) Serviccedilo Social da Induacutestria (Sesi) Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e Serviccedilo Social de Transporte (Sest) Serviccedilo Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop)

114

GRAacuteFICO 17- QUANTITATIVO DE MEI RESPONDENTES QUE PARTICIPARAM DE CURSOS DE CAPACITACcedilAtildeO

FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio

Percebemos (GRAacuteFICO 17) que dezessete (n=17) dos respondentes natildeo

participaram de cursos de capacitaccedilatildeo e dez (n=10) responderam que sim Dessa

forma veremos que a maioria dos respondentes se enquadra na perspectiva de

Sachs (2003) sobre a falta de conhecimentos baacutesicos para o desenvolvimento de

suas atividades Ou seja ausecircncia de capacitaccedilatildeo necessaacuteria nos negoacutecios pode se

tornar uma barreira na sustentabilidade do microempreendimento

O principal problema enfrentado pelo MEI eacute a falta de conhecimento de mercado Eles tecircm uma boa intenccedilatildeo mas sem capacidade de gerir o negoacutecio A natildeo ser aquele que jaacute exerce sua profissatildeo e resolve se formalizar Este jaacute conhece os limites do mercado (transcriccedilatildeo) entrevistado1)

Boa parte dos MEI no momento da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio natildeo

expressava desejo em se capacitar ou mesmo participar de qualquer qualificaccedilatildeo

Um dos MEI que respondeu natildeo participar de cursos de capacitaccedilatildeo nos disse se

considerar um ―autodidata e natildeo haveria a necessidade de se capacitar

A capacitaccedilatildeo para agir no mercado aberto eacute um elemento chave como

suporte agrave expansatildeo das capacidades envolvidas em um microempreendimento

posto agrave possibilidade de conhecimento de gestatildeo e financcedilas administraccedilatildeo de

recursos estoque fluxos de mercado e competitividade

participou

natildeo participou

Natildeo respondeu

115

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Iniciamos os trabalhos de pesquisa motivados por investigar como as

organizaccedilotildees puacuteblicas mercado e organizaccedilotildees sociais tecircm constituiacutedo poliacuteticas de

formalizaccedilatildeo do trabalho e como os trabalhadores e essas organizaccedilotildees tecircm

promovido e acolhido a formalizaccedilatildeo do microempreendedor individual no litoral do

Paranaacute Para tal realizamos estudos sobre as transformaccedilotildees no mundo do trabalho

investigamos a configuraccedilatildeo socioeconocircmica e os principais problemas enfrentados

pelos trabalhadores informais na regiatildeo Tratando-se de um estudo pioneiro

enfrentamos uma seacuterie de dificuldades para a coleta de dados e entrevistas em um

setor marcado pela precariedade de informaccedilotildees e estudos sistemaacuteticos

Um traccedilo marcante no mercado de trabalho brasileiro eacute informalidade

decorrente das transformaccedilotildees no processo de produccedilatildeo promovidas pelo decliacutenio

da concepccedilatildeo keynesianafordista que culminaram nas modificaccedilotildees das relaccedilotildees

de trabalho e no deslocamento do trabalhador fabril para o setor terciaacuterio

O capitalismo no Brasil como na Ameacuterica Latina tambeacutem denominado de

capitalismo tardio foi fundamentalmente gerado a partir de forccedilas produtivas

exoacutegenas e natildeo da capacidade de produccedilatildeo endoacutegena apesar de grande parte de o

capital cafeeiro brasileiro ter sido convertido em capital industrial O setor industrial

no Brasil se expandiu rapidamente entre a segunda metade da deacutecada de 1950 e da

deacutecada de 1960 convertido por um novo padratildeo tecnoloacutegico e de acumulaccedilatildeo

No litoral paranaense o capitalismo adquiriu caracteriacutesticas diferentes do

restante do Estado como indica a literatura O poacutelo e vetor econocircmico da regiatildeo eacute o

municiacutepio de Paranaguaacute responsaacutevel por boa parte da produccedilatildeo de riquezas na

regiatildeo da geraccedilatildeo de postos de trabalho e renda pois possui o maior nuacutemero de

empresas da regiatildeo Em ponto oposto agrave Paranaguaacute temos o municiacutepio de

Guaraqueccedilaba o mais carente em recursos os quais 93 tem origem em

repasses do Estado e do Governo Federal

Muito embora com potenciais escondidos e pouco explorados passiacuteveis de

impulsionar o desenvolvimento a Microrregiatildeo Geograacutefica de Paranaguaacute eacute

considerada uma das menos desenvolvidas do Estado marcada pela ausecircncia de

poliacuteticas de desenvolvimento local altos iacutendices de pobreza e destacadas

desigualdades sociais Segundo a literatura a regiatildeo possui um Niacutevel de

Desenvolvimento Regional (NDR) classificado como Muito Baixo (MB) Ainda

116

segundo a literatura as receitas dos municiacutepios da MRGP possuem enorme

dependecircncia das transferecircncias correntes do Estado e da Uniatildeo demonstrando a

pouca capacidade na geraccedilatildeo de riquezas e de recursos necessaacuterios agrave aplicaccedilatildeo e

melhoria de serviccedilos baacutesicos para a populaccedilatildeo local tais como sauacutede e educaccedilatildeo

Alguns municiacutepios da MRGP aleacutem da dependecircncia das transferecircncias

correntes destinam boa parte de seus recursos a atenderem elites locais em um

cenaacuterio de clientelismo43

Os segmentos da economia no litoral que mais geram empregos formais satildeo

o comeacutercio setor de serviccedilos e administraccedilatildeo puacuteblica seguido modestamente pelo

setor industrial As variaccedilotildees sazonais caracteriacutesticas dos municiacutepios balneaacuterios ndash

Guaratuba Matinhos e Pontal do Paranaacute ndash produzem efeitos na economia da regiatildeo

que basicamente tem forte presenccedila do comeacutercio e do setor de serviccedilos

aumentando significativamente a oferta precarizada de emprego e renda na

temporada de veratildeo

Os municiacutepios de Guaraqueccedilaba Matinhos Pontal do Paranaacute Morretes e

Paranaguaacute estabeleceram parceria com o SEBRAE com o objetivo de criar

condiccedilotildees para a adaptaccedilatildeo da Lei Complementar 12808 Essa Lei Complementar

eacute uma Poliacutetica Puacuteblica que cria a figura juriacutedica do Microempreendedor Individual

(MEI) e estabelece criteacuterios de normatizaccedilatildeo da categoria associados a dispositivos

de apoio a esse tecido empresarial

O canal de comunicaccedilatildeo entre as prefeituras e o SEBRAE tem sido a sala

do empreendedor presente nesses municiacutepios Essa foi uma iniciativa adotada para

criar condiccedilotildees de apoio ao microempreendedor individual no sentido de orientaacute-lo

quanto agrave formalizaccedilatildeo aspectos ligados agrave referida LC e promover as bases do

desenvolvimento desse tecido empresarial A sala do empreendedor se constitui em

uma importante ferramenta natildeo soacute de amparo ao empreendedor mas em uacuteltima

anaacutelise em uma estrateacutegia de fomento ao desenvolvimento local posto que aliada

a formalizaccedilatildeo de empreendimentos que atuam na informalidade e de potenciais

empreendedores estaacute o resgate agrave cidadania pelo direito ao trabalho descente e

regularizado

Por outro lado estudos de campo evidenciaram que ao se formalizar e

empregar um terceiro o MEI tende a reproduzir a informalidade pelo trabalho

43

Ver Monteiro (2013b)

117

precarizado pelas excessivas jornadas de trabalho e pela baixa remuneraccedilatildeo De

outra forma o trabalho informal pode se concretizar para muitos trabalhadores na

uacutenica maneira de sobrevivecircncia em um mundo onde haacute decreacutescimo dos postos de

trabalho protegido pelas leis regulatoacuterias e normativas

Um dispositivo importante contido na Lei Geral eacute o Acesso em facilitado ao

microcreacutedito produtivo estendido para o microempreendedor No litoral esta

ferramenta de inclusatildeo e expansatildeo do MEI estaacute pouco explorada considerando a

diminuiccedilatildeo dos financiamentos pela Caixa Econocircmica Federal Em contra partida os

contratos creditiacutecios firmados junto ao Banco Fomento Paranaacute aumentaram nos

uacuteltimos anos mas a sua representatividade ainda eacute pouco expressiva entre os

microempreendimentos no litoral

Ao longo dos estudos verificamos que a Poliacutetica Puacuteblica de formalizaccedilatildeo do

MEI eacute uma poliacutetica de longo prazo que coaduna estrateacutegias e accedilotildees de resultados

que podem definir prazos mais longos mas em sentido imediato podem modificar a

vida desses trabalhadores Se de um lado esses trabalhadores encontraram uma

oportunidade de inserccedilatildeo no mercado de trabalho formal atraveacutes da LC 12808

constituindo seu proacuteprio negoacutecio lutando por uma vida de dignidade atraveacutes de seu

trabalho por outro lado essa classe de trabalhadores representa a forma pela qual

o Estado de maneira ilusoacuteria tenta minimizar os efeitos da exclusatildeo de milhares de

postos de trabalho em funccedilatildeo dos novos padrotildees de produccedilatildeo inseridos na

perspectiva neoliberal que aleacutem do deslocamento forccedilado dos trabalhadores agrave

informalidade produz e reproduz desigualdades sociais e econocircmicas De certa

forma como a literatura indica a LC 12808 pode ser considerada uma ferramenta

utilizada pelo Estado para regulamentar o trabalho precarizado jaacute que as bases

estruturais do desemprego natildeo satildeo atingidas

Nesse contexto observamos o sentido ambivalente da poliacutetica puacuteblica de

formalizaccedilatildeo do MEI que se de um lado o Estado percebe o alastramento da

informalidade e dos efeitos nefastos para milhares de trabalhadores brasileiros e cria

uma poliacutetica puacuteblica para enfrentar esse fenocircmeno de outro lado observamos as

dificuldades dos MEI em empreender em meio a fatores exoacutegenos como retraccedilatildeo

econocircmica e endoacutegenos como a dependecircncia de fatores locais comprometendo os

objetivos da poliacutetica puacuteblica

Os municiacutepios do litoral paranaense em sua maioria carentes de

amadurecimento das concepccedilotildees de desenvolvimento local e de recursos

118

necessaacuterios ao suporte de estrateacutegias que correspondam a uma necessaacuteria

expansatildeo das equidades e das liberdades substantivas de suas populaccedilotildees vecircem

suas capacidades limitadas em funccedilatildeo de uma economia com pouca geraccedilatildeo de

riquezas influindo na baixa tributaccedilatildeo e no alastramento de problemas sociais como

o aumento da ociosidade forccedilada da pobreza da miseacuteria da violecircncia e da

criminalidade

Concluiacutemos que a inclusatildeo social do MEI expresso no art 18E da LC

12808 depende da sua permanecircncia e sustentabilidade entre outras circunstacircncias

aleacutem do ambiente empresarial de negoacutecios do fortalecimento do mercado e da

inclinaccedilatildeo do governo local agraves concepccedilotildees de desenvolvimento Dentro dessa

perspectiva empoderar o governo local se destaca como um dos elementos

fundamentais para o desenvolvimento de poliacuteticas puacuteblicas para o MEI assim como

a preparaccedilatildeo do empresariado local para a diminuiccedilatildeo das assimetrias no ambiente

de negoacutecios

A formalizaccedilatildeo do MEI natildeo eacute um fim em si mas pode ser adequada agraves

realidades locais e suplementada garantindo e expandindo direitos jaacute conquistados

Apesar de alguns avanccedilos que possibilitem os MEI sobreviver em meio a

imensidatildeo de empresas buscando um espaccedilo no mercado em curto prazo se natildeo

intensificarem investimentos para o fortalecimento da categoria presenciaremos o

esgotamento das estrateacutegias que ainda resistem

Esperamos que os estudos que realizamos sobre o MEI no litoral do Paranaacute

sejam o iniacutecio de outras investigaccedilotildees que possibilitem a sistematizaccedilatildeo de

conhecimentos que estatildeo dispersos entre os atores puacuteblicos e privados que

desenvolvem seus esforccedilos para a formalizaccedilatildeo e viabilizaccedilatildeo do MEI Esta aacuterea de

estudos apresenta-se como um desafio em funccedilatildeo da precariedade de informaccedilotildees

para pesquisa todavia por seu caraacuteter inovador configura-se tambeacutem como

oportunidade de desenvolvimento de novos pesquisadores para a produccedilatildeo de

novos arranjos institucionais que permitam aos trabalhadores MEI a sua

formalizaccedilatildeo e viabilizaccedilatildeo no mercado

119

REFEREcircNCIAS

ALBUQUERQUE FRANCISCO Metodologia para El desarrolo econocircmico local LPIPG105 1997 Disponiacutevelem lthttparchivocepalorgpdfgts1997S9720129pdfgtAcesso em 10 dez 2015 ALBURQUERQUE FRANCISCO ZAPATA TANIAA importacircncia da estrateacutegia de desenvolvimento localterritorial no Brasil in DOWBOR Ladislau POCHMANN Marcio Poliacuteticas para o desenvolvimento local Perseu Abramo Satildeo Paulo 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwsctrsgovbrupload1353522830_A20importC3A2ncia20da20estratC3A9gia20de20desenvolvimento20local20territorial20no20Brasil20-20Alburquerque20amp20ZapatapdfgtAcesso em 02 fev 2017 ANDRIGUETTO FILHO JOSEacute MILTON MARCHIORO NILSON DE PAULA XAVIER Diagnoacutestico e problemaacutetica para a pesquisa in RAYNAUT C et al Desenvolvimento e meio ambiente em busca da interdisciplinaridade pesquisas urbanas e rurais Ed UFPR Curitiba 2002 ANTUNES RICARDO Os modos de ser da informalidade rumo a uma nova era da precarizaccedilatildeo estrutural do trabalho Serv Soc Soc Satildeo Paulo n 107 p 405-419 julset 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0101-66282011000300002gt Acesso em 16 marccedilo 2016 BARBOSA FILHO FERNANDO DE HOLANDA PESSOcircA SAMUEL (2011) Uma Anaacutelise da Reduccedilatildeo da Taxa de Desemprego Rede de Economia Aplicada WorkingPaper 28 Disponiacutevel em lthttpwwwanpecorgbrencontro000d0204295d65df3e887e93f3a4a9c934fpdfgt Acesso em 01 jul 2015 BARBOSA FILHO FERNANDO HOLANDA MOURA RODRIGO LEANDRO DE Evoluccedilatildeo Recente da Informalidade no Brasil Uma Anaacutelise Segundo Caracteriacutesticas da Oferta e Demanda de Trabalho Instituto Brasileiro de Economia FGV nordm 17 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwportalibrefgvbrlumisportalfilefileDownloadjspfileIdgtAcesso em 13 maio 2016 BARBOSA A DE FREITAS ET AL Desenvolvimento econocircmico e inclusatildeo social in POCHMANN M Reestruturaccedilatildeo produtiva perspectiva de desenvolvimento local com inclusatildeo social Petroacutepolis Vozes 2004 BARBOSA ROSANGELA NAIR DE CARVALHO Trabalho informal e Poliacuteticas Puacuteblicas para geraccedilatildeo de renda XIII Congresso Brasileiro de Sociologia do Trabalho Recife UFPE 2007 disponiacutevel em lthttpwwwsbsociologiacombrportalindexphpoption=com_docmanamptask=doc_downloadampgid=1046ampItemid=171gtAcesso em 18 nov 2015 BARONE F M LIMA P F DANTAS V REZENDE V Introduccedilatildeo ao Microcreacutedito BACEN 2002 Disponiacutevel em

120

lthttpwwwbcbgovbrhtmspublicmicrocreditomicrocreditopdfgtAcesso em 22 jan 2017 BATISTA ROBERTO LEME Uma anaacutelise criacutetica sobre as bases conceituais do PLANFOR Rede de Estudos do trabalho ndash Revista da RET ano III nordm 4 2009 disponiacutevel em lthttpwwwestudosdotrabalhoorgUma20anE1lise20crEDticapdfgtAcesso em 07 jul 2016 BRASIL Constituiccedilatildeo Federal do Brasil 1988 __________ Decreto Lei nordm 54521943 __________ Decreto Lei nordm 7188573 __________ Decreto Lei nordm 194696

__________ Decreto Lei nordm 194696 __________ Decreto Lei nordm 55982005 __________ Lei Complementar n1232006 __________ Lei Complementar n 0870

__________ Lei Complementar n 2571 __________ Lei Complementar 1282008 Brasiacutelia 2008

__________ Lei Complementar 1472014 __________ Lei Federal n 472565

__________ Lei Federal n 43301964

__________ Lei Federal n 51071966

__________ Lei Federal n 721966

__________ Lei Federal n 071970 __________ Lei Federal n 602574 __________ Lei Federal n 613674

__________ Lei Federal n 228386

__________ Lei Federal n 799890 __________ Lei Federal n 102082001

121

__________ Lei Federal n 107792003 __________ Lei Federal n 80361990 __________ Lei Federal n 111102005

__________ Lei Federal n 11598 2007

__________ Lei Federal n 104062002

__________ Lei Federal n 86661993

__________ Lei Federal n 111102005 __________ Medida Provisoacuteria 2164-41 2001

__________ MINISTEacuteRIO DO TRABALHO E EMPREGO Mercado de Trabalho Conjuntura e anaacutelise nordm 56 IPEA 2014Disponiacutevel em lthttpwwwipeagovbrportalimagesstoriesPDFgtsmercadodetrabalhobmt56_completopdfgtAcesso em 28 jul 2016

__________MINISTEacuteRIO DO TRABALHO E EMPREGO Anaacutelise do Mercado de Trabalho nordm 58 Ano 21 IPEA 2015 Disponiacutevel emlthttpwwwipeagovbrportalimagesstoriesPDFgtsmercadodetrabalhobmt_58_analisepdfgtAcesso em 28 jul 2016

__________Estudo elaborado pelo Observatoacuterio do Mercado de Trabalho do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) 2002 __________ Economia Informal Urbana IBGE 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrhomeestatisticaeconomiaecinf2003gtAcesso em 21 out 2015 __________ Resoluccedilatildeo n 12696

BRESSER PEREIRA L C A crise na Ameacuterica Latina consenso de Washington ou crise fiscal Disponiacutevel em lthttpppeipeagovbrindexphpppearticleview883820gtAcesso em 10 out 2015 BROM LUIZ GUILHERME A crise da modernidade pela lente do trabalho Satildeo Paulo Saraiva 2006

CAMINHA MARCO AUREacuteLIO LUSTOSA As metamorfoses do mundo do trabalho no final do seacuteculo XX e a atualidade da questatildeo social Jus Navigandi v 3147 p 1-5 2012 Disponiacutevel em lthttpjuscombrartigos21058as-metamorfoses-do-mundo-do-trabalho-no-final-do-seculo-xx-e-a-atualidade-da-questao-socialgtAcesso em 23 set 2015

CARDOSO DE MELLO J M O capitalismo tardio 8ordf ed Satildeo Paulo Brasiliense

122

1991 CATTANI ANTONIO DAVID Economia submersa Lua Nova [online] 1985 vol2 n2 pp 27-31 Disponiacutevel lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_pdfgtamppid=S0102-gtAcesso em 06 set 2015 CERQUEIRA C L CUNHA G C MOHR G SOUZA L J ABRAHAO C M S FLEIG D Associativismo possibilidades de inovaccedilatildeo para os microempreendedores do litoral paranaense In VIII Workshop EmpreenderSur 2014 Satildeo Paulo Educando para o Empreendedorismo e Inovaccedilatildeo Satildeo Paulo Universidade Presbiteriana Mackenzie 2014 v 1 p 728-741 Disponiacutevel lthttpemprendesurnetboletinesEmprendeSUR_viii_wpdfgtAcesso em 23 dez 2016

CHAHAD J P Z Poliacuteticas Ativas e Passivas no Mercado de Trabalho aspectos conceituais a experiencia internacional e a avaliaccedilatildeo do caso brasileiro 2006 (Convecircnio CEPALPNUDOIT - Relatoacuterio Nacional de Desenvolvimento Humano) Disponiacutevel emltlthttpdocplayercombr4431539-Politicas-ativas-e-passivas-no-mercado-de-trabalho-aspectos-conceituais-a-experiencia-internacional-e-a-avaliacao-do-caso-brasileiro-1htmlgtAcesso em17 marccedilo 2016

CHESNAIS FRANCcedilOIS A mundializaccedilatildeo do capital Satildeo Paulo Xamatilde 1996 COTRIN G histoacuteria do Brasil um olhar criacutetico Satildeo Paulo Saraiva 1999

DENARDIN V F SULZBACH M T O impacto da regulamentaccedilatildeo do mercado de trabalho frente a fragilidade orccedilamentaacuteria e do emprego nos municiacutepios do litoral do Paranaacute Universidade Federal do Rio Grande do Norte CCHLA 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwcchlaufrnbrgtAcesso em 03 jun 2016

___________ Produtos com identidade territorial o caso da farinha de mandioca no litoral paranaense In Saquet M A Santos R A Geografia agraacuteria territoacuterio e desenvolvimento Satildeo Paulo Expressatildeo Popular 2010Disponiacutevel em lthttpwwwaba-agroecologiaorgbrrevistasindexphprbagroecologiaarticle6084gtAcesso em 05 maio 2016 DESLANDES SUELI FERREIRA A construccedilatildeo do projeto de pesquisa In MINAYO Maria Ceciacutelia Pesquisa Social teoria meacutetodo e criatividadendashed 29 Petroacutepolis Vozes 2010

DENARDIN VALDIR F LAUTERT L F RIBAS C P ZANETTI R Farinha de Mandioca no Litoral Paranaense um produto com potencial agroecoloacutegico Revista Brasileira de Agroecologia v 4 p 2420-2424 2009Disponiacutevel em httpwwwabaagroecologiaorgbrrevistasindexphprbagroecologiaarticleview8626 Acesso em26 abril 2016

123

DIEESE Mercado de trabalho Satildeo Paulo 2015 Disponiacutevel em lthttpswwwdieeseorgbranuario2015sistPubLivreto1MercadoDeTrabalhopdfgt Acesso em 12 de set de 2016

DUMEacuteNIL GEacuteRARD LEacuteVY DOMINIQUE Neoliberalismo ndash Neo-imperialismo Economia e Sociedade Campinas v 16 n 1 (29) p 1-19 abr 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfgtecosv16n1a01v16n1gtAcesso em16 marccedilo 2016 ESTEVES CLAacuteUDIO JESUS DE OLIVEIRA Vulnerabilidade Socioambiental na Aacuterea de Ocupaccedilatildeo Contiacutenua do Litoral do Paranaacute ndash Brasil Tese de Doutorado ndashUFPR Curitiba 2011

FAUSTO B Histoacuteria do Brasil Satildeo Paulo Edusp 1995 FERNANDES ANTOcircNIO SEacuteRGIO ARAUacuteJO O capital social e a anaacutelise institucional e de poliacuteticas puacuteblicas RAP Rio de Janeiro 36(3) 375-98 MaioJun 2002 Disponiacutevel lthttpwwwbibliotecadigitalfgvbrojsindexphpraparticledownload64445028gt Acesso em 18 jul 2015 FERNANDES FLORESTAN Capitalismo dependente e as classes sociais na Ameacuterica Latina Rio de Janeiro Zahar 1975 FIANI RONALDO Arranjos Institucionais e Desenvolvimento O Papel da Coordenaccedilatildeo em Estruturas Hiacutebridas IPEA RJ 2013 disponiacutevel em lthttprepositorioipeagovbrbitstream110589711TD_1815pdfgtAcesso em 25 nov 2016

IANI RONALDO Cooperaccedilatildeo e Conflito Instituiccedilotildees e desenvolvimento econocircmico 01 ed Rio de Janeiro Elsevier 2011 Disponiacutevel lthttpsbooksgooglecombrbooksid=fT2tJY2rRygCamppg=PA4amplpg=PA4ampdq=instituiC3A7C3B5es+para+davis+northampsource=blampots=NDdomTfdL3ampsig=4TQ1Ux7o2dNxnLBDGGUFsDgA-w8amphl=pt-BRampsa=Xampved=0ahUKEwjMwYri8N_QAhXClZAKHXJKAA8Q6AEIPjAGv=onepageampq=instituiC3A7C3B5es20para20davis20northampf=falsegtAcesso em 25 nov 2016

FIANI RONALDO Teoria da regulaccedilatildeo econocircmica Estado atual e perspectivas futuras UFRJ-IE 2001 Disponiacutevel lthttpcac-phpunioestebrcursostoledohistoriaeconomicateoriaregulacaopdfgtAcesso em 01 dez 2016

FREY KLAUS Poliacuteticas puacuteblicas um debate conceitual e reflexotildees referentes agrave praacutetica da anaacutelise de poliacuteticas puacuteblicas no Brasil Planejamento e Poliacuteticas Puacuteblicas (IPEA) Brasiacutelia v 21 p 211-259 2000 Disponiacutevel em ltlthttpwwwufpabrepdirimagesdocspaper21pdfgtgtgtAcesso em 12 dez 2016

FUNDACcedilAtildeO GETUacuteLIO VARGAS (FGV) CPDOC A era Vargas 1927 disponiacutevel emltlthttpcpdocfgvbrnode1885gtAcesso em 03 out 2016

124

FURTADO CELSO Criatividade e dependecircncia na civilizaccedilatildeo industrial Satildeo Paulo Companhia das letras 2008 GALEANO EDUARDO As veias abertas da Ameacuterica Latina Porto Alegre LampPM 2010 HIGGINS SILVIO SALEJ Fundamentos teoacutericos do capital social Chapecoacute Argus 2005

HOumlFLING ELOISA DE MATTOS Estado e poliacuteticas (puacuteblicas) sociais Cadernos Cedes ano XXI n 55 novembro2001 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfgtccedesv21n555539pdfgtAcesso em 22 dez 2015 HOROCHOVSKI RR et al Bacharelado em Gestatildeo Puacuteblica da UFPR uma contribuiccedilatildeo ao desenvolvimento sustentaacutevel do litoral do Paranaacute Temas de Administraccedilatildeo Puacuteblica v 3 n 6 p 1-22 2012 Disponiacutevel em ltlthttpwwwfclarunespbrgtAcesso em 03 mar 2016

HOROCHOVSKI RR JUNCKES IJ CJL MURARO Participaccedilatildeo e planejamento em um programa de desenvolvimento regional sustentaacutevel Revista Brasileira de Ciecircncias Ambientais ndash Nuacutemero 20 ndash Junho de 2011 Disponiacutevel ltlthttpabesdnorgbrpublicacoesrbciambPDFgts2007_Materia_5_final_artigos280pdfgtAcesso em 28 fev 2017 KOHLER R As relaccedilotildees ente os agregados macroeconocircmicos locais In 5deg Encontro de Economia Gauacutecha 2010 Porto Alegre - RS 5deg Encontro de Economia Gauacutecha 2010 Disponiacutevel ltlthttpswwwgooglecombrsearchq=AS+RELAC387C395ES+ENTRE+OS+AGREGADOS+MACROECONC394MICOS+LOCAISamprlz=1C1CHZL_ptBRBR726BR726ampoq=AS+RELAC387C395ES+ENTRE+OS+AGREGADOS+MACROECONC394MICOS+LOCAISampaqs=chrome69i571742j0j7ampsourceid=chromeampie=UTF-8gtAcesso em 30 jan 2017

LARANJEIRA SOcircNIA MARIAGUIMARAtildeES As Transformaccedilotildees do Trabalho num Mundo Globalizado Sociologias Porto Alegre ano 2 nordm 4 juldez 2000 p14-19 Disponiacutevel lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1517-45222000000200002gt Acesso em 23 nov 2015

LIMA LUCIANA LEITE DASCENZI LUCIANO Implementaccedilatildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas Perspectivas Analiacuteticas Revista de Sociologia e Poliacutetica v 21 nordm 48 101-110 Dez 2013lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S010444782013000400006gtAcesso em 10 dez 2016

LOMBARDI MARIA ROSA Reestruturaccedilatildeo produtiva e condiccedilotildees de trabalho Percepccedilotildees dos trabalhadores Educaccedilatildeo amp Sociedade ano XVIII nordm 61 dezembro97 ndash disponiacutevel ltlthttpwwwscielobrpdfgtesv18n614699pdfgtAcesso em02 dez 2015

125

LUSTOSA FREDERICO Instituiccedilotildees cultura e desenvolvimento sustentaacutevel na bacia cultural do Araripe Cadernos Ebape Br v 8 nordm 1 artigo 9 Rio de Janeiro Mar 2010 Disponiacutevel lthttpwwwscielobrpdfgtcebapev8n1a09v8n1pdfgtAcesso em 21 jun 2015

MACHADO DANIELLE CARUSI NETO JOAtildeO HALLAK Poliacuteticas ativas e passivas de mercado de trabalho panorama atual UFF ndash CEDE RJ 2011Disponiacutevel ltlthttpwwwproacuffbrcedesitesdefaultfilesTD39_2pdfgtAcesso em 10 jan16

MACHADO LUIZ TOLEDO A teoria da dependecircncia na Ameacuterica Latina Estudos Avanccedilados 13 (35) 1999 Disponiacutevel em ltlthttpwwwscielobrpdfgteav13n35v13n35a18pdfgtAcesso em 01 jul16

MAGALHAtildeES JUacuteNIOR M Avaliaccedilatildeo de impacto do Programa Banco do Empreendedor Microcreacutedito sobre o niacutevel de atividade econocircmica dos municiacutepios paranaenses 2010-2013 Monografia de Fim de Curso em Ciecircncias Econocircmicas Universidade Federal do Paranaacute 2016

MALAGUTI MANOEL LUIZ Criacutetica agrave razatildeo informal a imaterialidade do salariado Satildeo Paulo Boitempo 2001

MARTINS JOSEacute DE SOUZA VEIGA JOSEacute ELI DA O que fazer para gerar empregos no Brasil Estud av vol17 no49 Satildeo Paulo SeptDec 2003 ndash disponiacutevel em ttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=s0103-40142003000300019Acesso em03 jun 2015

MATSUO MYRIANTrabalho informal e desemprego desigualdades sociais Tese de Doutorado em Sociologia da Universidade de Satildeo Paulo 2008 Disponiacutevel em wwwtesesuspbrtesesdisponiveis88132tde-05032010MYRIAN_MATSUOpd Acesso em 07 jul 2015 MENEGUIN FERNANDO B BUGARIN MAURIacuteCIO S A informalidade no mercado de trabalho e o impacto das instituiccedilotildees uma anaacutelise sob a oacutetica da teoria dos jogos Economia aplicada Satildeo Paulo v 12 n 3 p 341-363 2008 disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfgtecoav12n3v12n3a01Acesso em 24 set 2015

MONTEIRO RICARDO RA organizaccedilatildeo espacial no litoral paranaense Monografia conclusatildeo de curso (Poacutes graduaccedilatildeo) FAUUSP 2013a Disponiacutevel lthttpwwwfauuspbrdocentesdepprojetoc_deakAUP8406t-alun2013m313r-monteiro-litoral-paranapdfgtgtAcesso em 03 jan 2017

_____________ Regulamentaccedilatildeo urbana em revisatildeo no litoral do Paranaacute Revista brasileira de estudos urbanos e regionais Vol 15 ano 2013b Disponiacutevel em lthttpunuhospedagemcombrrevistarbeurindexphpanaisarticleview4241Acesso em 03 jan 2017

126

MORAES R ESTADO mercado e outras instituiccedilotildees reguladoras Lua Nova revista de cultura e poliacutetica nordm 58 2003 - lthttpwwwscielobrpdfgtlnn58a07n58pdfgtgtAcesso em 10 dez 2015

MOTTA VAcircNIA CARDOSO DA Ideologias do capital humano e do capital social da integraccedilatildeo agrave inserccedilatildeo e ao conformismo TrabEducSauacutedev6 n3p549-571nov2008fev2009 disponiacutevel em wwwscielobrscielophppid=S1981-77462008000300009ampscript=scitlngAcesso em 10 de maio 2015

NASCIMENTO MCG Regularizaccedilatildeo fundiaacuteria urbana de interesse social no direito brasileiro Dissertaccedilatildeo de Mestrado Faculdade de Direito da Universidade de Satildeo Paulo SP 2013 (P 19-26) wwwtesesuspbrDissertacao_Final_Mariana_Chiesa_Gouveia_NascimentopdfgtgtAcesso em 15 jan 2017

NASSIF V M J et al Empreendedorismo por Necessidade O Desemprego como Impulsionador da Criaccedilatildeo de Novos Negoacutecios no Brasil Pensamento e realidade 144 Ano XII mdash v 24 n 12009 disponiacutevel em lthttprevistaspucspbrindexphppensamentorealidadearticleview70755116 Acesso em12 fev 2017

NOGUEIRA MAURO ODDO PEREIRA LARISSA DE SOUZA As Empresas de Pequeno Porte e a produtividade sistecircmica da economia brasileira Obstaacuteculo ou fator de crescimento Disponiacutevel em lthttprepositorioipeagovbrbitstream1105842571Radar_n38_empresaspdfgtgtAcesso em 03 set 2015 WOLFF SIMONE Desenvolvimento local empreendedorismo e ―governanccedila urbana onde estaacute o trabalho nesse contexto Caderno CRH Salvador v 27n 70 p 131-150 JanAbr 2014 disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S010349792014000100010amplng=ptampnrm=isoamptlng=ptAcesso em11 dez 2016

OFFE CLAUS Problemas estruturais do estado capitalista Rio de Janeiro Ed Tempo Brasileiro 1984

OLIVEIRA EDNEacuteIA ALVES DE A poliacutetica de emprego no Brasil O caminho da flexinseguranccedila Serv Soc Soc Satildeo Paulo n 111 p 493-508 julset 2012 lthttpwwwscielobrscielophppid=S0101-66282012000300006ampscript=sci_arttext Acesso em23 jun 2015 OLIVEIRA FRANCISCO A DE A economia da dependecircncia imperfeita Rio de Janeiro Graal 1984

OLIVEIRA FARLEI MARTINS RICCIO Controle das legitimidades de Poliacuteticas Puacuteblicas limites e possibilidades Revista de Direito Administrativo v247 2008 lthttpbibliotecadigitalfgvbrojsindexphprdasearchsearch Acesso em 03 dez 2016

127

OLIVEIRA MAXWELL FERREIRA DE Metodologia Cientiacutefica um manual para a realizaccedilatildeo de pesquisas em administraccedilatildeo Catalatildeo UFG 2011 Disponiacutevel em lthttpsadmcatalaoufgbrup567oManual_de_metodologia_cientifica_-_Prof_Maxwellpdfgt Acesso em 03062015 OLIVEIRA VANESSA E As fases do processo de poliacuteticas puacuteblicas In MARCHETTI V (Org) Poliacuteticas Puacuteblicas em debate Satildeo Bernardo do Campo ABCD Maior UFABC 2013

PAIVA LUIS HENRIQUE O dilema do financiamento orccedilamentaacuterio das poliacuteticas puacuteblicas de emprego IPEA Mercado de trabalho2006 disponiacutevel emlthttpwwwipeagovbragenciaimagesstoriesPDFgtsmercadodetrabalhomt_30epdfgtgtAcesso em04 jan 16 PARANAacute Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social Disponiacutevel httpwwwipardesgovbrindexphppg_conteudo=1ampcod_conteudo=30 Acesso 08 nov 16

PARANAGUAacute 2007 Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado de Paranaguaacute FUNPAR UFPR vol I ndash Anaacutelises Temaacuteticas e Diagnoacutesticos ndash contexto Municipal Disponiacutevel emlthttpwwwparanaguaprgovbrplano_diretor+20PLANO20DIRETORPDFgtPDDI20-20Volume20I-20AnC3A1lise20e20DiagnC3B3sticopdfgtgtAcesso em 01 ago 2016

________ Dec Municipal 8872013 PARIS KELLY E Efeitos da implementaccedilatildeo de poliacuteticas de incentivo a microempresas e empresas de pequeno porte estudo de caso da Microrregiatildeo de Paranaguaacute Trabalho de Conclusatildeo do Curso de bacharelado em Poliacuteticas Puacuteblicas da UFPR - Setor Litoral Matinhos 2015

PASTORE J As Mudanccedilas no Mundo do Trabalho - Leituras de Sociologia do Trabalho Curitiba LTR 2006 PEREIRA G D DE O Efeitos do microcreacutedito sobre o fortalecimento dos microempreendimentos e sobre as condiccedilotildees de vida dos microempreendedores Um estudo do CEAPEPB no periacuteodo de 2001 a 2004 Dissertaccedilatildeo de mestrado em economia pela Universidade federal da Paraiacuteba 2005 Disponiacutevel em lthttpportalfatmtegovbrwp-contentuploads201604efeitos_microcredito_fortalecimento_microempreendimentospdfgtgtAcesso em12 jan 2017 PEREIRA A P P Necessidades humanas subsiacutedios a criacutetica dos miacutenimos sociais 3ordf Ed Satildeo Paulo Cortes 2006

POCHMANN M O emprego na globalizaccedilatildeo a nova divisatildeo internacional do trabalho e os caminhos que o Brasil escolheu Satildeo Paulo Boitempo 2001

128

RIFKIN J O fim dos empregos o decliacutenio inevitaacutevel dos niacuteveis dos empregos e a reduccedilatildeo da forccedila global de trabalho Satildeo Paulo Makron Books 1996

ROGGERO RUma leitura sobre o desenvolvimento do setor terciaacuterio no movimento contemporacircneo do capital Texto retirado da web lthttpwwwsenacbrinformativobts243boltec243ahtmgtAcesso em 07 abril 2016 SACHS I Desenvolvimento includente sustentaacutevel sustentado Rio de Janeiro Garamond 2004 ________Inclusatildeo social pelo trabalho desenvolvimento humano trabalho descente e o futuro dos empreendedores de pequeno porte Rio de Janeiro Garamond 2003 ________ Rumo agrave ecossocioeconomia teoria e praacutetica Satildeo Paulo Cortez 2007 SANDRONI Paulo Noviacutessimo dicionaacuterio de economia Satildeo Paulo Best Seller 1999 httpsinusorgbr2014wp-contentuploads201311FMIBMNovC3ADssimo-DicionC3A1rio-de-Economiapdfgt Acesso em 02 jan 2017

SANTOS JOAtildeO BOSCO FEITOSA DOS MACIEL REGINA HELOISA MATTEI DE OLIVEIRA SATO LENY Trabalhadores informais e a formaccedilatildeo de redes socioprodutivas (RSP) consideraccedilotildees teoacuterico-empiacutericas Contemporacircnea ISSN 2236-532X v 4 n 2 p 325-350 JulndashDez 2014 ndash disponiacutevel em lthttpwwwcontemporaneaufscarbrindexphpcontemporaneaarticleview251gtAcesso em15 abril 2016 SANTOS GEOacuteRGIA PATRIacuteCIA GUIMARAtildeES DOS Desemprego informalidade e precariedade a situaccedilatildeo do mercado de trabalho no Brasil poacutes-1990 Pro-Posiccedilotildees v 19 n 2 (56) - maioago 2008 Disponiacutevel em ltwwwproposicoesfeunicampbrproposicoes56-artigos-santosgpgpdfgtAcesso em03 maio 2016 SCHEUER L BAHL M Sazonalidade do turismo no municiacutepio de Guaratuba Paranaacute Brasil UFPR Curitiba 2011 Disponiacutevel em httprevistasufprbrraegaarticleview24841 Acesso em08 abril 2016

SCHNEIDER VOLKER Redes de poliacuteticas puacuteblicas e a conduccedilatildeo de sociedades complexas Civitas v 5 nordm 1 janjun 2005 Disponiacutevel em lthttpdocplayercombr3686041-Redes-de-politicas-publicas-e-a-conducao-de-sociedades-complexashtmlgt Acesso em 21012017 SEBRAE Cidade Empreendedora 2013 Disponiacutevel em lthttpsitesprsebraecombrleigeralwp-contentuploadssites35201402Termo_referencia_2013-2ultimaversaopdfgtAcesso em 20 nov 2016

SEBRAE Participaccedilatildeo das micro e pequenas empresas na economia brasileira Brasiacutelia 2014 Disponiacutevel

129

lthttpswwwsebraecombrSebraePortal20SebraeEstudos20e20PesquisasParticipacao20das20micro20e20pequenas20empresaspdfgtAcesso em 20 nov 2016

SEBRAE Sobrevivecircncia das empresas no Brasil 2013 disponiacutevel em lthttpswwwsebraecombrSebraePortal20SebraeAnexosSobrevivencia_as_empresas_no_Brasil=2013pdfgtAcesso em 17 jul 2015

SEN A Desenvolvimento com liberdade Satildeo Paulo Companhia das Letras 2000 SILVA MARCIA DA Poder local conceito e exemplos de estudos no Brasil Sociedade amp Natureza Uberlacircndia 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfgtsnv20n2a04v20n2pdfgtAcesso em 03 fev 2017

SILVEIRA DENISE TOLFO COacuteRDOVA FERNANDA PEIXOTO A pesquisa cientiacutefica in Meacutetodos de pesquisa [organizado por] Tatiana EngelGerhardt e Denise Tolfo Silveira Porto Alegre Editora da UFRGS 2009 Disponiacutevel lthttpwwwufrgsbrcursopgdrdownloadsSeriederad005pdfgtAcesso em26 jun 2015 SOUZA D Poliacuteticas Publicas de Trabalho Emprego e Renda as accedilotildees dos governos e as loacutegicas do apoio agrave informalidade e agrave carteira assinada In I Conferecircncia Nacional de Poliacuteticas Puacuteblicas Natal 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwcchlaufrnbrcnpppgsanaisArquivos20GTS20-20recebidos20em20PDFgtPOLC38DTICAS20PC39ABLICAS20DE20TRABALHO20EMPREGO20E20RENDApdfgtAcesso em25 fev 2016 SOUZA C Poliacuteticas Puacuteblicas uma revisatildeo da literatura Sociologias Porto Alegre ano 8 nordm 16 juldez 2006 p 20-45 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfgtsocn16a03n16gtAcesso em02 maio 2015

SUPERVIELLE MARCOS QUINtildeONES MARIELA La instalacioacuten de la flexibilidad en Uruguay Sociologias Porto Alegre ano 2 nordm 4 juldez 2000 p20-6 Disponiacutevel lthttpwwwscielobrpdfgtsocn4socn4a03pdfgt 10 ago 2016 SULZBACH MAYRA TAIZA DENARDIN VALDIR FIGO FELISBINO JANELIZE NASCIMENTO O trabalho em pequenos municiacutepios praianos do Litoral do Paranaacute Plural Revista do Programa de Pos-Graduacao em Sociologia v 1 p 101-132 2012 Disponiacutevel lthttpolivadcwixsitecomsociologiaspluraisespecial-1gt Acesso em06 out 2016 TEIXEIRA ELENALDO CELSO O Papel das Poliacuteticas Puacuteblicas no Desenvolvimento Local e na Transformaccedilatildeo da Realidade Salvador Bahia 2002 lthttpwwwescoladebicicletacombrpoliticaspublicaspdfgtAcesso em 08 abril 2016 TREVISAN EDINEIA DE SOUZA LIMA JANDIR FERRERA DE Crescimento e desigualdade regional no Paranaacute um estudo das disparidades de PIB per capita Revista Ciecircncias Sociais em Perspectiva vol 09 nordm 16 2010 lthttpe-revistaunioestebriacutendexphpccsaemperspectivagt Acesso em 01 jan 2017

130

TURATO EGBERTO RIBEIRO Meacutetodos qualitativos e quantitativos na aacuterea da sauacutede definiccedilotildees diferenccedilas e seus objetos de pesquisa Ver Sauacutede Puacuteblica 2005 39(3) 507-14 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfgtrspv39n324808pdfgt Acesso em 26 jul 2015 TURRA SALATIEL BACcedilO FERNANDA MENDES BEZERRA Identificaccedilatildeo do niacutevel de desenvolvimento regional das microrregiotildees paranaenses por meio da anaacutelise fatorial Revista de Economia v 40 n 1 (ano 38) p 97-114 janabr 2014 Disponiacutevel emlthttprevistasufprbreconomiaarticleviewFile3520524249gt Acesso em 01 out 2016

131

SIacuteTIOS DIGITAIS

lthttpcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=410120ampidtema=152ampsearch=parana|antonina|produto-interno-bruto-dos-municipios-2013 lthttpcidadesibgegovbrxtrasperfilphpcodmun=410960 lthttpwwwipardesgovbrperfil_municipalMontaPerfilphpcodlocal=11ampbtOk=ok lthttpwwwipardesgovbrpdfgtmapasbase_fisicarelacao_mun_micros_mesos_paranapdfgtgt lthttpwwwforumpermanentesmpegovbr lthttpempresometrocncorgbrEstatisticas lthttpwwwsidraibgegovbrbdapesquisaspme lthttpwww12senadolegbrnoticiasglossario-legislativosistema-s lthttpwwwcepalorgbrasilnoticiasnoticias334013politicasativasepassivasnomercadodetrabalhochahadpdfgtgt lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto-leiDel5452htm lthttpscpdocfgvbrproducaodossiesAEraVargas1anos30-37PoliticaSocialMinisterioTrabalho lthttpwwwsenaiprorgbrosenaiconhecaFreeComponent20291content169224shtl lthttpwwwsenacbrinstitucionalsenacaspx lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis1950-1969L4725htm lthttpwwwdieeseorgbranuario2015sistPubLivreto1MercadoDeTrabalhopdfgtgt lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decretoD1946htm lthttpwwwbndesgovbrapoiopronafhtml lthttpportalfatmtegovbrwp-contentuploads201602Res103_1996pdfgtgt lthttpappprsebraecombrleigeralnacionalMonitoramentoLeiGeraldo lthttpappprsebraecombrleigeralnacionalVisualizarQuestionariodoacao=CARREGA_AVALIACAOampano=2017ampcodigoEstado=16ampcodigoMunicipio=6133 lthttpswwwsebraecombrSebraePortal20SebraeEstudos20e20PesquisasParticipacao20das20micro20e20pequenas20empresaspdfgtgt

132

lthttpwwwbrasilgovbreconomia-e-emprego201001maior-participacao-dos-bancos-comerciais-publicos-no-mercado-e-positiva-diz-diretor-do-sebrae lthttpseconomiauolcombrcotacoescambiodolar-comercial-estados-unidoshistorico

133

APEcircNDICES

APEcircNDICE 1 ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Tiacutetulo da Pesquisa Nome doPesquisador

1 Natureza da pesquisa

2 Participantes da pesquisa

3 Envolvimento na pesquisa ao participar deste estudo a sra (sr) permitiraacute que o (a) pesquisador perguntas agrave natureza da pesquisa O senhor (a) tem liberdade de se recusar a participar e ainda se recusar a continuar participando em qualquer fase da pesquisa sem qualquer prejuiacutezo para a sra (sr)

4 Sobre as entrevistasas entrevistas seratildeo gravadas

5 Riscos e desconforto a participaccedilatildeo nesta pesquisa natildeo traz complicaccedilotildees

legais

6 Confidencialidadetodas as informaccedilotildees coletadas neste estudo satildeo estritamente confidenciais Somente o (a) pesquisador (a) e o (a) orientador (a) teratildeo conhecimento dos dados

Apoacutes estes esclarecimentos solicitamos o seu consentimento de forma livre

para participar desta pesquisa Portanto preencha por favor os itens que se seguem

Obs Natildeo assine esse termo se ainda tiver duacutevida a respeito

Consentimento Livre e Esclarecido Tendo em vista os itens acima apresentados eu de forma livre e

esclarecida manifesto meu consentimento em participar da pesquisa Declaro que recebi coacutepia deste termo de consentimento e autorizo a realizaccedilatildeo da pesquisa e a divulgaccedilatildeo dos dados obtidos neste estudo

___________________________ Nome do Participante da Pesquisa ______________________________ Assinatura do Participante da Pesquisa __________________________________ Assinatura do Pesquisador _________________________________

134

Assinatura do Orientador APEcircNDICE 2 ndash QUESTIONAacuteRIO PARA O MEI

Curso de Mestrado em Desenvolvimento Territorial Sustentaacutevel UFPR- Setor Litoral

Mestrando Marcus Aureacutelio O objetivo desse questionaacuterio eacute obter dados estatiacutesticos de base quantitativa e

qualitativa que seratildeo utilizados em minha dissertaccedilatildeo

Obrigado por colaborar

QUESTIONAacuteRIO PARA O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI)

1 Qual eacute a aacuterea econocircmica de atuaccedilatildeo____________________________________ 2 Haacute quanto tempo estaacute formalizado______________________________________

3 Renda bruta mensal em salaacuterio miacutenimo

Na temporada de praiade ateacute ( ) 1 salaacuterio ( ) 2 salaacuterios ( ) 3 salaacuterios ( ) 4 salaacuterios ( ) maior que 5 salaacuterios miacutenimos

Fora da temporada de ateacute ( ) 1 salaacuterio ( ) 2 salaacuterios ( ) 3 salaacuterios ( ) 4 salaacuterios ( ) maior que 5 salaacuterios miacutenimos

4 Obteve financiamento junto agraves instituiccedilotildees de creacutedito facilitado ( ) sim ( ) natildeo

Se sim o financiamento foi utilizado ( ) na expansatildeo dos negoacutecios ( ) capital de giro ( ) compra de materiais ( ) todos os itens anteriores

5 Possui ou jaacute possuiu relaccedilatildeo comercial com o Municiacutepio Estado ( ) sim ( ) natildeo 6 Participa de alguma associaccedilatildeo ( ) sim ( ) natildeo

7 Com a regularizaccedilatildeo do MEI sua situaccedilatildeo socioeconocircmica melhorou ( ) sim ( ) natildeo - (Em que

sentido)______________________________________ _____________________________________________________________

_____ _____________________________________________________________

_____ 8 Vocecirc deixaria de ser MEI por um emprego formalizado com carteira assinada e

salaacuterio mensal ( ) sim ( ) natildeo ndash (por

que)_____________________________________________ _____________________________________________________________

_____ 9 Vocecirc jaacute participou de algum curso de capacitaccedilatildeo ( ) sim ( ) natildeo

10 Jaacute realizou consultoria com agentes do SEBRAE ou Agentes de Desenvolvimento do Municiacutepio disponiacuteveis na Sala do Empreendedor

( ) sim ( ) natildeo 11 Suas atividades satildeo realizadas em

( ) sua residecircncia ( ) imoacutevel alugado ( ) imoacutevel proacuteprio 12 Vocecirc possui outra atividade aleacutem de ser MEI ( ) sim ( ) natildeo

13 Na sua opiniatildeo a prefeitura tem auxiliado a categoria do MEI no seu desenvolvimento atraveacutes de

( ) compra de produtos e serviccedilos do MEI ( ) no processo de formalizaccedilatildeo ( ) promoccedilatildeo de cursos de capacitaccedilatildeo para o MEI ( ) incentivo agrave aquisiccedilatildeo de

tecnologias pelos MEI ( ) natildeo sabe informar se a prefeitura possui esses programas de incentivo

14 Vocecirc possui funcionaacuterio para o exerciacutecio da sua atividade ( ) sim ( ) natildeo

135

Se a resposta for sim ele eacute formalizado ( ) sim ( ) natildeo

15 Na sua opiniatildeo quais accedilotildees que a prefeitura poderia realizar para auxiliar o desenvolvimento da

categoria do MEI ____________________________________________________

Page 8: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 9: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 10: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 11: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 12: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 13: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 14: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 15: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 16: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 17: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 18: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 19: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 20: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 21: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 22: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 23: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 24: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 25: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 26: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 27: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 28: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 29: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 30: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 31: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 32: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 33: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 34: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 35: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 36: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 37: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 38: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 39: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 40: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 41: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 42: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 43: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 44: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 45: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 46: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 47: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 48: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 49: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 50: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 51: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 52: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 53: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 54: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 55: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 56: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 57: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 58: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 59: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 60: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 61: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 62: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 63: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 64: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 65: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 66: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 67: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 68: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 69: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 70: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 71: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 72: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 73: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 74: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 75: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 76: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 77: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 78: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 79: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 80: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 81: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 82: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 83: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 84: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 85: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 86: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 87: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 88: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 89: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 90: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 91: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 92: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 93: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 94: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 95: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 96: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 97: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 98: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 99: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 100: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 101: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 102: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 103: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 104: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 105: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 106: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 107: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 108: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 109: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 110: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 111: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 112: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 113: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 114: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 115: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 116: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 117: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 118: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 119: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 120: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 121: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 122: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 123: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 124: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 125: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 126: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 127: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 128: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 129: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 130: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 131: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 132: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 133: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 134: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …
Page 135: O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO …