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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS- GRADUAÇÃO LATO SENSO O PAPEL DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL DA REDE MUNICIPAL DE NITERÓI AUTORA: Érica Santos de Oliveira ORIENTADOR: Prof.Dr.Vilson Sergio de Carvalho RIO DE JANEIRO 2015

O PAPEL DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NA EDUCAÇÃO … · 2015-05-16 · ... a Educação Infantil e suas leis e por fim as atribuições do Orientador nas Unidades Municipais de Educação

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS- GRADUAÇÃO LATO SENSO

O PAPEL DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NA

EDUCAÇÃO INFANTIL DA REDE MUNICIPAL DE

NITERÓI

AUTORA: Érica Santos de Oliveira

ORIENTADOR: Prof.Dr.Vilson Sergio de Carvalho

RIO DE JANEIRO

2015

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS- GRADUAÇÃO LATO SENSO

O PAPEL DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NA

EDUCAÇÃO INFANTIL DA REDE MUNICIPAL DE

NITERÓI.

ÉRICA SANTOS DE OLIVEIRA

Monografia apresentada ao Instituto A

Vez Do Mestre como Requisito parcial

para obtenção Do título de

especialista em Orientação

Educacional e Pedagógica.

Orientador: Prof. Dr. Vilson Sérgio de

Carvalho

RIO DE JANEIRO

2015

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus por me permitir dar mais esse passo em minha

formação acadêmica.

A minha mãe e esposo por me incentivarem sempre, principalmente nos

momentos em que desanimei.

Aos meus amigos e amigas que torcem pelo meu sucesso.

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RESUMO

Esta pesquisa relata sobre o Orientador Educacional e suas atribuições

na Educação Infantil na Rede Municipal de Niterói. Procurou-se estabelecer um

breve histórico sobre a Orientação Educacional, a Educação Infantil e suas leis

e por fim as atribuições do Orientador nas Unidades Municipais de Educação

Infantil de Niterói.

A Educação Infantil, primeira etapa da educação básica, é a fase onde a

criança tem o seu primeiro contato com a escola, professores e outras

crianças. É um período de muitas descobertas e aprendizagens.

O Orientador Educacional é peça fundamental neste processo, onde

atua como mediador entre aluno e professor, além de contribuir

significativamente no processo de planejamento da escola, auxiliar os

professores no exercício da função e fazer a mediação entre escola, família e

comunidade.

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METODOLOGIA

O instrumento utilizado para a realização do trabalho será um estudo

bibliográfico. Este tipo de pesquisa busca analisar e conhecer contribuições

teóricas existentes sobre o tema tratado.

O mesmo será realizado por meio de pesquisa em livros, sites,

cadernos de estudos, portarias, edital do concurso da prefeitura de Niterói, etc.

Serão estudados autores como: Mírian P.S. Zippin Grispun, Assis,

Losso, Regina Garcia, Nicolau, dentre outros.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO__________________________________________________7

CAPÍTULO I - A ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL E SEU HISTÓRICO_______8

CAPÍTULO II - EDUCAÇÃO INFANTIL E SUAS LEIS__________________ 17

CAPÍTULO III - AS ATRIBUIÇÕES DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NA

EDUCAÇÃO INFANTIL DA REDE MUNICIPAL DE NITERÓI_____________24

CONCLUSÃO__________________________________________________31

BIBLIOGRAFIA_________________________________________________32

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INTRODUÇÃO

A educação infantil é a primeira etapa da educação básica, onde a

criança irá ter o primeiro contato com a escola, obter novas informações e

conviver com outras crianças e adultos. Enfim, é uma fase de muitas mudanças

e descobertas.

A orientação educacional e pedagógica é de suma importância no

desenvolvimento da escola. Segundo a Wikipédia (enciclopédia livre), a

orientação educacional é uma especialidade do pedagogo, que pode ser obtida

através dos cursos de habilitação, incorporada ou não à licenciatura em

pedagogia, ou através de especialização.

O orientador trabalha diretamente com os alunos, ajudando- os em seu

desenvolvimento pessoal; em parceria com os docentes, para compreender o

comportamento dos alunos e trabalhar de forma adequada em relação a eles;

com a escola, na organização e realização das propostas pedagógicas; e por

fim com a comunidade, conversando e orientando os pais e responsáveis.

Esta monografia propõe- se a investigar as atribuições do orientador

educacional, nas instituições de educação infantil na Rede Municipal de Niterói.

No primeiro capítulo vemos o que é a orientação educacional e seu

histórico.

No segundo capítulo pesquisamos sobre a educação infantil e as leis

que a regem, segundo a Lei de Diretrizes e Bases, nº 9.394 promulgada em 20

de dezembro de 1996.

E para finalizar vemos qual o papel do orientador educacional nas

Unidades Municipais de Educação Infantil de Niterói.

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CAPÍTULO I

ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL E SEU HISTÓRICO

Para definir o que é Orientação, é necessário que se recorra a sua

história, fazendo uma análise de diferentes fontes e origens sobre sua prática

educacional. Pois o seu significado vai sendo tecido na dimensão de seu

contexto histórico, o qual se mantém estreitas relações.

Para melhor compreender a Orientação Educacional, serão abordados

alguns elementos históricos.

Dados Históricos Sobre a Orientação

Do ponto de vista institucional, a trajetória da Orientação Educacional

tem início na área da Orientação Vocacional, totalmente voltada para a escolha

de uma profissão ou ocupação. No ano de 1908, Frank Parsons, nos Estados

Unidos, foi considerado o percursor deste movimento. A Orientação Vocacional

era característica marcante da Orientação Educacional. A Orientação

Vocacional foi fruto de movimentos em prol da psicometria, da revolução

industrial, da saúde mental e das tendências pedagógicas que impulsionavam

a Orientação Educacional na época. A Orientação formal surgiu nos Estados

Unidos, e no século XX ela foi formalmente incorporada nas escolas. Seu

principal objetivo era suprir as necessidades dos burgueses, que no período

industrial necessitavam de operários capacitados em diversas áreas dentro das

empresas.

Na França, a orientação era utilizada como psicologia escolar, com o

objetivo de conhecer os educandos, através de aplicações de testes e dossiês,

com todas as informações existentes sobre eles.

No Brasil, a Orientação Educacional sofreu forte influência da orientação

americana e da orientação educacional francesa.

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Segundo Pimenta (1988), a orientação educacional teve origem,

aproximadamente, em 1930, a partir da orientação profissional que se fazia nos

EUA. No Brasil, a orientação educacional mostrou-se válida na ordenação da

sociedade brasileira em mudança na década de 1940 e incluía a ajuda ao

adolescente em suas escolhas profissionais. De acordo com a autora, a

primeira menção a cargos de orientador nas escolas estaduais se deu pelo

Decreto n. 17.698, de 1947, referente às Escolas Técnicas e Industriais.

As Leis Orgânicas do Ensino referentes ao período de 1942 a 1946

fazem alusão à Orientação Educacional. Neste período, não havia cursos

especiais de orientação educacional, fazendo com que os cargos fossem

ocupados pelos chamados "técnicos de educação", muitas vezes selecionados

por critérios duvidosos.

A partir das reflexões de Grispun (1998), a orientação educacional no

Brasil foi dividida em períodos:

Período Implementador

De 1920 a 1940, a orientação surge no cenário educacional, associada à

orientação profissional. O deputado Fidelis Reis queria tornar o ensino

profissional obrigatório nas escolas.

Um dado importante sobre a implantação da Orientação foi o movimento

dos educadores que reagiram ao desinteresse político pela educação. Em 1932

acontece o “Manifesto dos Pioneiros”, onde um grupo de intelectuais se uniu

para escrever um manifesto a fim de romper com velhos paradigmas e em

busca de novos rumos para a educação. Este manifesto se tornou um marco

inaugural do projeto de renovação educacional do país.

Período Institucional

Em 1942 surgem as leis Orgânicas, fazendo com que a Orientação

tivesse um papel importante para os legisladores. Sua regulamentação está

ligada a sua origem na área da Orientação Profissional.

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Neste período o Orientador era responsável por adaptar o aluno à

escola, à família e à sociedade, seguindo parâmetros eleitos pelas instituições

como sendo os de desempenhos satisfatórios.

O período institucional é dividido em funcional e instrumental. O período

funcional tinha como objetivo solucionar o problema do aluno com dificuldade.

Já o período instrumental desenvolvia um trabalho preventivo, cuidando do

aluno antes do problema acontecer.

Período Transformador

Em 1961 a Orientação volta a ter lugar de destaque na Educação

Brasileira. Neste ano a Lei de Diretrizes e Bases de nº 4024/61, ganha um

capítulo onde se ressalta a formação dos orientadores educacionais para os

cursos primário e secundário, porém ainda com ênfase no ensino médio.

De acordo com Grispun (2002), o orientador respondia na escola, pelo

estabelecimento de um “clima educativo” que propiciasse ao aluno a

consecução de seus objetivos educacionais, conforme a lei proclamava.

Em 1968, por meio da lei 5564/68 o exercício da profissão de orientador

é regulamentada, tendo como objetivo contribuir para o desenvolvimento

integral da personalidade do educando.

Período Disciplinador

Em 1971, através da Lei 5692/71, no artigo 10, fica instituída a

obrigatoriedade da Orientação nos estabelecimentos de ensino de 1º e 2º

graus. Nesta época, pretendia-se confirmar o ensino profissionalizante através

do aconselhamento vocacional. Esse tipo de ensino tinha como papel reter

uma grande demanda de acesso ao ensino superior.

O Decreto-lei 72846/73, regulamentou as atribuições do Orientador

educacional, confirmando o caráter psicológico da Orientação.

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Período Questionador

Na década de 80 uma série de eventos acontece fazendo com que a

classe comece a buscar uma identidade para o orientador, além de um

referencial que atendesse suas necessidades, num âmbito mais democrático.

Autores como Passeron, Bourdier, Establet, Althusser, dentre outros,

encaminharam uma reflexão sobre educação para outros níveis além de

apenas fornecer escolaridade ao aluno. Este período é marcado pela

realização de cursos de reciclagem e trabalhos voltados para o currículo.

Ainda na década de 80, os orientadores se organizam junto aos

sindicatos, aumentando e consolidando a relação com os demais profissionais

da educação.

Grispun (2002, p.24) diz que os orientadores foram discutindo e

compreendendo como ocorrem as opções pessoais e profissionais, do ponto

de vista da sociedade e da própria escolha do indivíduo; foram compreendendo

o significado da liberdade e da autonomia, não como uma postura individual,

mas como uma atitude ética social; foram compreendendo também o sentido

do contexto, do cotidiano, para a interpretação da realidade de seus alunos,

enfim, foram deixando de lado as questões do ajustamento para refletir sobre

os questionamentos dessa realidade.

Período Orientador

No início da década de 90 a Federação Nacional dos Orientadores

Educacionais (FENOE) foi extinta e se iniciou um novo momento na orientação.

Foi um período de muitas incertezas, onde a função do orientador ficou

confusa. Porém, o orientador passa a trabalhar voltado para um novo contexto

educacional, social, político e histórico, deixando de trabalhar somente com o

aluno problema e passando a atender a escola como um todo, envolvendo

todos os elementos que dele participam.

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Grinspun (1994) diz que o Período Orientador foi cheio de incertezas e

questionamentos. Não se sabia se a nova LDB faria menções ao Orientador

Educacional em seu texto.

Tais incertezas acabaram com a publicação da Lei de Diretrizes e Bases

da Educação Nacional (LDB 9394/96), que no artigo 64, diz:

A formação de profissionais de educação para administração,

planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação

básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-

graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a

base comum nacional.

Contudo a LDB deixa em aberto a formação profissional do orientador.

Podendo levar os cursos de Pedagogia a deixarem de formar o orientador

educacional, ficando para a pós-graduação a tarefa da formação deste

profissional.

A Orientação Educacional na Atualidade

Atualmente a orientação é caracterizada por um trabalho mais amplo, no

sentido de sua dimensão pedagógica. Possui caráter mediador junto aos

demais educadores, atuando com todos os atores envolvidos no processo

escolar no resgate de uma ação mais efetiva e de uma educação de qualidade.

O orientador está mais comprometido na formação da cidadania dos

educandos. Segundo Grispun (1998, p.29), o papel do Orientador Educacional

na dimensão contextualizada diz respeito, basicamente, ao estudo da realidade

do aluno, trazendo-o para dentro da escola, no sentido da melhor promoção do

seu desenvolvimento. Ao longo dos anos a orientação educacional sofreu

diversas modificações, antes o orientador era visto como um psicólogo dos

alunos e, atualmente, ele está inserido no processo educativo como um todo.

Hoje a lei 9394/96 não traz mais a obrigatoriedade da Orientação. Porém

o orientador tem seu espaço próprio junto aos demais protagonistas da escola

para o desenvolvimento de um trabalho pedagógico integrado.

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Ainda segundo Grispun(2002, p.28 e 29), a concepção de Orientação

Educacional deve estar comprometida com:

1)a construção do conhecimento, através de uma visão da relação

sujeito-objeto, em que se afirma, ao mesmo tempo, a objetividade e a

subjetividade do mundo, esta considerada como um momento individual de

internalização daquela;

2)a realidade concreta da vida dos alunos, vendo-os como atores de sua

própria história;

3)a responsabilidade do processo educacional na formação da

cidadania, valorizando as questões do saber pensar, saber criar, saber agir e

saber falar na prática pedagógica;

4)a atividade realizada na prática social, levando-se em consideração

que é dessa prática que provém o conhecimento, e que ele se dá como um

empreendimento coletivo;

5)a diversidade da educação, questionando valores pessoais e sociais,

submersos nos atos da escolha e da decisão do indivíduo;

6)a construção da rede de subjetividade que é tecida em diferentes

momentos na escola e por ela;

7)o planejamento e a efetivação do projeto político-pedagógico da escola

em termos de sua finalidade, considerando os princípios que o sustentam,

portanto, a filosofia da educação, que o fundamenta, e as demais áreas que o

articulam.

A principal função do orientador é a de auxiliar o aluno na formação de

uma cidadania crítica, e ajudar a escola na organização e execução de seu

projeto político pedagógico. O orientador deve ajudar o aluno como um todo,

levando em consideração seus sonhos e desejos. Ele é um corresponsável

pela aprendizagem dos alunos.

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O objetivo da Orientação Educacional, segundo FONTOURA (2008,

p.291.) [...] “é exatamente o de ocupar-se com a personalidade do educando,

ajudando-o a resolver seus próprios problemas psicológicos e morais, bem

como a tomar uma posição ético-filosófica em face dos problemas no mundo e

da sua comunidade”.

A Orientação Educacional deve buscar as informações, a

fundamentação teórica específica da área, além de se atualizar sobre o novo

tempo em que a sociedade vive e, portanto, na própria Educação.

Segundo Losso(2008, p.60), para definir os objetivos gerais do Serviço

de Orientação Educacional, é preciso que o orientador considere o decreto nº

728476/73, no seu artigo 1º, que estabelece o objetivo geral para o Orientador

Educacional:

Assistir o educando, individual ou em grupo, no

âmbito do 1º e 2º graus, visando ao desenvolvimento

integral e harmonioso da personalidade, ordenando

e integrando os elementos que exercem influência

em formação e preparando-se para o exercício das

opções básicas.

Regina Garcia (1995) acrescenta que os objetivos gerais do orientador

educacional no âmbito escolar seriam: Favorecimento de um ambiente propício

ao desenvolvimento total do educando; Coordenar juntamente com a equipe

docente na verificação; Avaliação e orientação no processo de avanço nas

dificuldades de aprendizagem; Identificar a área prioritária no trabalho da

escola para aproximação da família.

Segundo Giacaglia e Penteado(2000) ,o orientador educacional à

medida que aumenta os anos de trabalho em determinada escola, sua atuação

é muito preciosa e valiosa, pois já adquiriu confiança da equipe que trabalha,

comunidade, tendo também maior conhecimento dos problemas e dificuldades

da realidade, tendo que aprofundar seu conhecimento, pesquisa e diversas

estratégias para alcançar seus objetivos.

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Vale ressaltar que o trabalho do orientador educacional, assim como o

trabalho pedagógico de modo geral, precisa estar munido pelo comportamento

ético.

Em todas as áreas em que o orientador atua, ele estará sempre em

contato com algumas informações que precisam ser sigilosas. Isso acontece,

por exemplo, nos momentos em que o profissional conversa com o aluno ou

com o responsável e fica ciente de situações familiares delicadas. A confiança

é um fator fundamental para o êxito de seu trabalho.

A visão de orientação que temos hoje deixa para trás as funções

exercidas por esse profissional no passado e que nem sempre colaboravam

com o processo educativo. Não se trata mais de solucionar os casos dos ditos

alunos problemas como fazia o orientador educacional antigamente. Nem de

ser psicólogo da escola. Atualmente além de conhecer o contexto

socioeconômico e cultural da comunidade, o orientador educacional pode ser

um profissional da educação encarregado de desvendar as questões presentes

no cotidiano escolar que podem prejudicar a aprendizagem.

Ressaltamos que para o desenvolvimento de um bom trabalho, o

orientador necessita da participação de todos os atores envolvidos no processo

educacional.

Regina Garcia (1995) acrescenta que os objetivos gerais do orientador

educacional no âmbito escolar seriam: Favorecimento de um ambiente propício

ao desenvolvimento total do educando; Coordenar juntamente com a equipe

docente na verificação; Avaliação e orientação no processo de avanço nas

dificuldades de aprendizagem; Identificar a área prioritária no trabalho da

escola para aproximação da família;

Dado o exposto, concluímos que o orientador educacional faz parte da

equipe de gestão. Ele trabalha auxiliando os alunos em seu desenvolvimento

pessoal, juntamente com os professores, buscando compreender o

comportamento dos educandos, para assim agir de maneira adequada em

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relação a eles; com a escola, participa da organização e realização da proposta

pedagógica e por fim com a comunidade, ele orienta, ouve e dialoga com pais

e responsáveis. O orientador educacional diferencia-se do coordenador

pedagógico, do professor e do diretor. O diretor administra a escola como um

todo; o professor cuida da área do conhecimento; o coordenador fornece

condições para que o docente realize a sua função da melhor maneira

possível; e o orientador educacional cuida da formação do educando, para a

escola e para a vida.

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CAPÍTULO II

EDUCAÇÃO INFANTIL E SUAS LEIS

As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil definem a

educação infantil como primeira etapa da educação básica, oferecida em

creches e pré-escolas, ás quais se caracterizam como espaços institucionais

não domésticos que constituem estabelecimentos educacionais públicos ou

privados que educam e cuidam de crianças de 0 a 5 anos de idade no período

diurno, em jornada integral ou parcial, regulados e supervisionados por órgão

competente do sistema de ensino e submetidos a controle social.

Ainda segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais, a proposta

pedagógica das instituições de Educação Infantil deve ter como objetivo

garantir à criança acesso a processos de apropriação, renovação e articulação

de conhecimentos e aprendizagens de diferentes linguagens, assim como o

direito à proteção, à saúde, à liberdade, à confiança, ao respeito, à dignidade, à

brincadeira, à convivência e à interação com outras crianças.

É dever do Estado garantir a oferta de Educação Infantil pública, gratuita

e de qualidade, sem requisito de seleção.

Em 1988 a Educação Infantil passou a ser reconhecida pela

Constituição, como dever do Estado. Isso foi resultado das lutas de diversos

movimentos como: o movimento de mulheres, movimentos comunitários,

movimentos de redemocratização do país, além das lutas dos profissionais da

educação.

Foi necessário todo um movimento histórico que proporcionou

mudanças significativas na forma de entender a criança, o modo como ela se

desenvolve e o papel da família.

A história da creche está ligada às modificações do papel da mulher na

sociedade e suas repercussões no âmbito familiar.

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Nesta pesquisa iremos fazer um estudo sobre a Constituição Federal de

1988, Estatuto da Criança e Adolescente de 1990 e por fim a Lei de Diretrizes e

Bases 9394/96. Tais leis estabelecem e garantem a toda criança de 0 a 5 anos

o direito a Educação Infantil em creches e pré-escolas.

No artigo 227 da Constituição Federal diz que: É dever da família, da

sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com

absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao

lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à

convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de

negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. E em

seu art. 208, inciso IV determina que o dever do Estado com a educação será

efetivados mediante a garantia de educação infantil, em creche e pré-escola,

às crianças até cinco anos de idade.

Nesse sentido, várias pesquisas realizadas no ano de 1980 já

mostravam que os seis primeiros anos de vida são fundamentais para o

desenvolvimento humano, porém, até 1988, a criança brasileira com menos de

sete anos de idade não tinha direito à Educação. A Constituição atual

reconheceu, pela primeira vez, a Educação Infantil como um direito da criança,

opção da família e dever do Estado. Desde então, a Educação Infantil no Brasil

passou a integrar a política nacional de educação, deixando de estar vinculada

à política de assistência social.

O Estatuto da Criança e do adolescente é um estatuto que trata do

universo mais específico vinculado ao tratamento social e legal que deve ser

oferecido às crianças e adolescentes, dentro de um espírito de maior proteção

e cidadania decorrentes da própria Constituição Federal de 1988. O ECA

dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente, sendo fruto da lei

8.069 de 13 de julho de 1990. Tal lei também determina a criação dos

Conselhos da Criança e dos Conselhos Tutelares.

Em seu artigo 53 dispõe que a criança e o adolescente têm direito à

educação, visando o pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o

exercício da cidadania e qualificação para o trabalho. Assim, a educação passa

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a ser um direito público subjetivo da criança e do adolescente, devendo ser

garantida pelo Estado. Já em seu o artigo 54, inciso IV, está disposto como

dever do Estado de assegurar à criança o atendimento em creche e pré-escola

às crianças de zero a cinco anos de idade.

A lei de Diretrizes e Bases de nº 9394/96, regulamenta em seu art. 29, a

educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o

desenvolvimento integral da criança de até cinco anos, em seus aspectos

físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da

comunidade.

Até o ano de 2013, os pais eram obrigados a colocar as crianças na

escola somente a partir dos seis anos de idade. Em 04 de abril de 2013, a LDB

foi alterada por meio da lei nº 12.796, onde os pais ficam responsáveis por

matricular as crianças na educação infantil a partir dos 4 anos. Segundo o

MEC, "a obrigatoriedade da educação básica dos 4 aos 17 anos decorre da

Emenda Constitucional nº 59, de 11 de novembro de 2009. A mesma Emenda

Constitucional garante que a medida deverá ser implementada

progressivamente, até 2016".

Com a alteração da LDB, a partir da lei citada acima, a Educação Infantil

passa a fazer parte da Educação Básica e, em função disso, precisou se

organizar de outra forma:

- Frequência – Passou a ser exigida a frequência mínima de 60% do total de

horas.

- Calendário escolar – A carga horária mínima de 800 horas e no mínimo 200

dias letivos, como ocorre no ensino fundamental e médio.

- Período – Para turno parcial 4 horas no mínimo e 7 h para período integral.

- Avaliação - A criança será avaliada, mas a recomendação é a da não

retenção. As avaliações ocorrem mediante acompanhamento e registro do

desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promoção, mesmo para o

acesso ao ensino fundamental.

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- Documentação - A Lei n.12.796/2013 solicita a expedição de documentação

que permita atestar os processos de aprendizagem e desenvolvimento da

criança.

A educação inicial da criança ocorre na família, e também na

comunidade e, com o advento do trabalho das mulheres, cada vez mais cedo,

nas escolas. Por isso, as instituições de Educação Infantil tornam-se ainda

mais importantes, tendo caráter complementar à educação recebida na família.

Nesse contexto, é fundamental que haja uma boa interação entre a

creche ou pré-escola e a família. Não só para que os pais ou responsáveis

possam compreender o trabalho que está sendo desenvolvido com seus filhos,

mas também para haja troca de conhecimentos entre pais e escola e para a

construção de laços de confiança entre eles.

TIBA (2002), nos fala que a escola não é a única responsável pela

formação da personalidade da criança, a escola apenas complementa o papel

da família e por lidar com grande número de alunos tem mais facilidade para

perceber as dificuldades que a criança apresenta até aquelas que os pais ainda

não conseguiram observar e avaliar.

Segundo o Programa Nacional de Educação (PNE) de 2001, a

articulação com a família visa, mais do que qualquer outra coisa, ao mútuo

conhecimento de processos de educação, valores, expectativas, de tal maneira

que a educação familiar e a escolar se complementem e se enriqueçam,

produzindo aprendizagens coerentes, mais amplas e profundas.

É necessário que a família e a escola mantenham canais de

comunicação com relações de confiança mútua e compreensão. Quando os

adultos, pais e professores trabalham juntos para atender às necessidades da

criança, além de alimentarem o seu desenvolvimento, também enaltecem suas

próprias vidas e contribuem com a valorização da comunidade. (MOLDIN,

2005, p.136)

21

MORAES (1994), afirma que o futuro bem sucedido de uma criança

depende de suas condições de vida durante a infância, principalmente de boa

relação afetiva entre os pais.

Como dito anteriormente, família e escola são responsáveis pelo

desenvolvimento humano e intelectual da criança, objetivando seu

desenvolvimento em todos os aspectos para que o mesmo tenha sucesso na

aprendizagem e na vida. A parceria entre família e escola é de suma

importância no processo educativo das crianças e elas devem estabelecer um

canal de diálogo, pois precisam estar em permanente comunicação.

Brincar é tão importante para as crianças como comer ou ter direito a

saúde e educação de qualidade. "Os primeiros questionamentos sobre o

brincar não estavam relacionados a jogos, brinquedos e brincadeiras, mas

focavam a cultura", diz Clélia Cortez, formadora do Instituto Avisa Lá, em São

Paulo.

No fim do século 19, Henri Wallon, Jean Piaget e Lev Vygotsky

buscavam compreender como as crianças se relacionavam com o mundo e

como produziam cultura. Pesquisando o universo infantil, eles chegaram à

conclusão de que boa parte da comunicação das crianças com o ambiente se

dá por meio da brincadeira.

É através da brincadeira que a criança se prepara para a vida adulta,

tornando-se capaz de encarar os desafios e obstáculos que encontrar pela

“frente”. É na brincadeira que as crianças aprendem a respeitar o próximo, a

não discriminar pela diferença de cor ou raça, dentre outros valores. É no

brincar que ocorre o desenvolvimento infantil. Além disso, as brincadeiras

melhoram a coordenação motora; melhoram o raciocínio; ajudam na

formulação de conceitos e ideias; são importantes para um correto

desenvolvimento da criança como ser humano pleno e consciente do seu papel

na sociedade; etc. Percebemos assim que a brincadeira é muito importante

para o desenvolvimento cognitivo, motor, afetivo e social da criança.

22

Atualmente a maioria das crianças entendem por brincadeiras os jogos

eletrônicos, fazendo com que eles se movimentem cada vez menos, tornando-

se cada vez mais sedentárias e obesas. As brincadeiras tradicionais como:

piques, amarelinha, pular corda, bambolê, dança da cadeira, dentre outras,

fazem com que a criança se movimente o tempo todo, proporcionando alegria e

prazer.

No capítulo II, art. 16, inciso IV, do ECA, diz que toda criança tem o

direito de brincar, praticar esportes e divertir-se. Assim vemos que o direito da

criança em brincar está amparado por lei.

NICOLAU (1988, p.78), afirma que :

“Brincar não constitui perda de tempo, nem é

simplesmente uma forma de preencher o tempo (...).

O brinquedo possibilita o desenvolvimento integral

da criança, já que ela se envolve afetivamente e

opera mentalmente, tudo isso de maneira

envolvente, em que a criança imagina, constrói

conhecimento e cria alternativas para resolver os

imprevistos que surgem no ato de brincar”.

Durante toda a nossa vida, passamos por mudanças, sejam elas físicas

econômicas ou sociais e é na educação infantil que a criança dá seus primeiros

passos na formação de um adulto capaz de solucionar seus problemas e

frustrações.

O Brasil teve grandes avanços em relação à legislação que diz respeito

ao direito da criança à educação de qualidade, mas ainda precisa melhorar

muito, pois há uma grande divergência entre o que é falado e a realidade.

Temos em relação às orientações do MEC, documentos riquíssimos que tratam

de orientações para um trabalho voltado ao desenvolvimento da criança como

cidadã, proporcionando a ela um convívio digno para o seu desenvolvimento

integral.

23

A educação infantil tem como objetivo não apenas cuidar, mas também

educar. Não devemos assumir o papel de pai e mãe, mas de um educar no

sentido pedagógico que contribua para o desenvolvimento integral da criança.

Atualmente, a educação infantil deixou de ser assistencialista e passou a ser

um espaço educativo. Sabemos a importância e o papel pedagógico, educativo

e social desta fase da criança, mas infelizmente, muitas pessoas ainda

possuem uma visão erronia de que a educação infantil é somente o cuidar.

Em virtude do que foi mencionado, entendemos que para ter uma

educação infantil de qualidade, é fundamental que o cuidar e o educar

caminhem juntos, e que família e escola estejam conscientes de seus papéis

na vida das crianças, pois, escola não trabalha sozinha.

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CAPÍTULO III

AS ATRIBUIÇÕES DO ORIENTADOR EDUCACIONAL

NA EDUCAÇÃO INFANTIL DA REDE MUNICIPAL DE

NITERÓI

Como observamos no capítulo I desta pesquisa, o orientador

educacional é um profissional que está inserido no processo educativo,

trabalhando de forma ativa com todos os membros envolvidos na comunidade

escolar. É um profissional que participa de todos os momentos coletivos da

escola, na definição de seus rumos, na elaboração e na avaliação de sua

proposta pedagógica, nas reuniões, oferecendo subsídios para uma melhor

avaliação do processo educacional. Cabe a este profissional integrar todos os

segmentos que compõem a comunidade escolar: direção, professores, alunos,

funcionários e famílias, visando à construção de um espaço ético e solidário.

Falamos sobre a orientação educacional e sua história, sobre a

educação infantil e as leis que a regulamentam e agora trataremos sobre as

atribuições do orientador educacional na educação infantil da Rede Municipal

de Niterói.

A Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Niterói, está

organizada em um único ciclo, para atendimento de alunos de 4 meses a 5

anos e 11 meses de idade, com duração de seis períodos letivos, oferecida em

regimes de horário integral e/ou parcial.

Conforme descrito na Portaria FME 087/2011, em seu art.13, a equipe

do ciclo será constituída pelos Professores Regentes dos Grupos de

Referência de cada ciclo e por um pedagogo, Supervisor Educacional ou

orientador Educacional da Unidade de Educação, bem como pelo Agente

Educador Infantil, conforme a modulação do quadro profissional da Unidade.

A Equipe do ciclo terá como incumbência o trabalho pedagógico a ser

realizado com os grupos de Referência, envolvendo a realização dos

processos avaliativos, a construção de critérios para organização das

25

diferentes dinâmicas pedagógicas, a produção de atividades diversificadas

relativas às diferentes demandas e todas as demais ações pedagógicas

desenvolvidas nas Unidades de Educação.

Os profissionais que integram a Equipe do Ciclo atuarão de acordo com

o Projeto Político-Pedagógico da Unidade de Educação, com o Plano de Ação

Anual e com o Plano de Trabalho do Ciclo, observadas as diretrizes fixadas

pela Proposta Pedagógica e pelos referenciais Curriculares e Didáticos da

Rede Municipal de Ensino.

O pedagogo, o Supervisor Educacional e o orientador Educacional

poderão compor mais de uma equipe do Ciclo, de acordo com a necessidade

de cada Unidade de Educação, a disponibilidade dos profissionais e as

atividades a serem desenvolvidas.

A Equipe de Articulação Pedagógica (EAP) de cada Unidade de

Educação é constituída pelo Diretor, Diretor-Adjunto, Pedagogo, Orientador

Educacional e /ou Supervisor Educacional, Secretário Escolar e Professor

Coordenador de turno.

Cabe a EAP organizar e administrar a Unidade de Educação, buscando

favorecer a realização do trabalho pedagógico, articulando o coletivo escolar

em torno da definição de objetivos sócio-políticos e educativos e orientando o

desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem.

São atribuições do Orientador Educacional nas Unidades Municipais de

Educação Infantil (UMEI’s) de Niterói:

- Orientar os alunos, individualmente ou em grupo, tendo em vista o

desenvolvimento de seu conhecimento, valorizando seus avanços na aquisição

da cultura socialmente sistematizada;

- Estudar, orientar e encaminhar às respectivas instituições os casos

individuais, identificados no processo de orientação e que necessitam de

atendimento específico;

26

- Promover a integração escola-família-comunidade, organizando reuniões com

pais, professores e demais profissionais de ensino e representantes da

comunidade;

- Acompanhar o processo de implementação da Proposta Pedagógica da Rede

Municipal de Educação de Niterói;

- Coordenar o planejamento, a execução e a avaliação das ações pedagógicas

nas unidades de educação;

- Orientar o corpo docente no desenvolvimento de suas atividades

profissionais, através de assessoria pedagógica;

- Dinamizar os Conselhos de Avaliação e Planejamento do Ciclo e da Unidade

de Educação, coordenando a elaboração, a execução e a avaliação do projeto

político-pedagógico da unidade;

- Estimular, articular e participar da elaboração, da implementação e da

avaliação de projetos que envolvam os diferentes sujeitos da comunidade

escolar;

- Buscar a interlocução com pais e responsáveis, fomentando a cultura de

participação destes segmentos no cotidiano escolar;

- Acompanhar o processo de desenvolvimento dos alunos em colaboração com

os docentes, demais profissionais da educação, pais e responsáveis, fazendo

as mediações necessárias;

- Identificar, orientar e encaminhar para serviços especializados e

acompanhamentos necessários alunos que apresentem necessidades de

atendimento diferenciado;

- Participar do processo de avaliação e seleção do material didático-

pedagógico a ser utilizado na unidade de educação;

- Acompanhar os processos de regularização da vida escolar dos alunos;

- Acompanhar os registros relativos ao trabalho docente, bem como os

registros avaliativos referentes ao desenvolvimento dos alunos;

27

- Planejar e dinamizar as reuniões de planejamento, bem como as formações

continuadas dos integrantes da Equipe de Referência do ciclo, favorecendo o

estudo, a socialização de saberes e fazeres, a organização e o

acompanhamento da prática pedagógica cotidiana, em conformidade com a

Proposta pedagógica de rede Municipal de Educação de Niterói, com as

demais diretrizes fixadas pela Fundação Municipal de Educação (FME) e com a

legislação em vigor;

- Participar de grupos de trabalho e /ou reuniões com unidades da FME e

outras entidades públicas e particulares, realizando estudos, emitindo

pareceres ou fazendo exposições sobre situações e/ou problemas

identificados, opinando, oferecendo sugestões, revisando e discutindo

trabalhos técnico-científicos, para fins de formulação de diretrizes, planos e

programas de trabalho, etc.

À medida que os conhecimentos transmitidos na escola se aproximam

de sua vida diária, há maiores chances de que o interesse do aluno seja

conquistado e maior possibilidade de que ele obtenha sucesso, uma vez que

os assuntos tratados dirão respeito a um mundo que lhe é familiar, condição

fundamental para que ele possa compreender outros mundos. (GARCIA, 2002,

p. 47)

Deverá fazer parte da carga horária semanal do Orientador Educacional,

prevista pela legislação, quatro horas de trabalho conjunto entre todos os

membros da EAP (Equipe de Articulação Pedagógica), exceto na quarta-feira,

para planejamento e avaliação da dinâmica organizacional da Unidade de

Educação.

Conforme dito no capítulo III, art.21 da Portaria FME 087/2011, o

planejamento das Unidades de Educação da Rede Municipal de Niterói de

Ensino será contínuo e dinâmico, favorecendo a reflexão, a projeção, a tomada

de decisão, a implementação e o acompanhamento das ações pedagógicas a

serem desenvolvidas tendo como referência o contexto global e mais

especificamente o processo de ensinar e de aprender, que devem estar

explicitados nos seguintes documentos:

28

-No Projeto Político-Pedagógico da Unidade de Educação que registra

concepções, finalidades, intenções, metas, objetivos, processos avaliativos e

formas de mediação e organização do trabalho pedagógico, construído para

um período plurianual, podendo passar por revisões e/ou alterações sempre

que necessário.

-No Plano Anual da Unidade de Educação, elaborado no final ou no início de

cada ano civil, contendo as metas e as estratégias organizativas para

implementação do trabalho pedagógico.

-No Plano de Trabalho do Ciclo que expressa o trabalho pedagógico a ser

desenvolvido em cada ciclo, por trimestre, registrando a análise da realidade,

os objetivos a serem atingidos, as formas de mediação didática e a avaliação.

Giacaglia e Penteado (2002, p. 15) dizem que: "participando do

planejamento e da caracterização da escola e da comunidade, o orientador

educacional poderá contribuir, significativamente, para decisões que se referem

ao processo educativo com um todo”.

O Orientador Educacional é responsável pela articulação do trabalho

desenvolvido dentro da unidade escolar, visando sempre uma atividade

integrada, dentro de uma linha pedagógica juntamente com a comunidade

escolar. É muito importante que o orientador tenha em mente que o professor é

peça fundamental no desempenho de suas funções, visto que este mantém um

relacionamento mais estreito com o aluno.

O Orientador deve estar comprometido em ajudar os alunos da

educação infantil no seu processo de desenvolvimento, em formar pessoas

capazes de estar sempre conhecendo coisas novas e se desenvolvendo

culturalmente. Cabe a ele buscar elementos presentes na realidade da criança

para discutir e refletir junto aos demais integrantes da comunidade escolar

(professores, diretores e responsáveis, entre outros) a fim de ajudar no

processo ensino- aprendizagem. A orientação não deve ser compreendida

somente como um auxílio nos estudos, mas sim como uma orientação no

sentido integral do educando, no campo físico, social, cognitivo e psicológico.

29

A Educação Infantil é um ótimo espaço para socializar e criar laços

afetivos com outras crianças e também com adultos. Esta etapa contribui muito

para que a criança perceba as diferenças existentes entre as pessoas e assim

possa aprender a respeitar e valorizar o outro. O Orientador Educacional atua

neste segmento como parceiro do educador em sala de aula, acompanhando o

planejamento e os projetos, observando e opinando quando necessário. Este

trabalho em parceria contribui para que o aluno se conheça melhor e descubra

em si novos sentimentos e valores. Vasconcellos (2004, p.25) diz que a

Orientação é de maior relevância, por trabalhar a construção de identidade dos

educandos.

A Orientação Educacional é um processo social

desencadeado dentro da escola, mobilizando

todos os educadores que nela atuam -

especialmente os professores- para que, na

formação desse homem coletivo, auxiliem cada

aluno a se construir, a identificar o processo de

escolha porque passam, os fatores

socioeconômico-político-ideológico e éticos que

permeiam e os mecanismos por meio dos quais

ela possa superar a alienação proveniente de

nossa organização social, tornando-se assim,

um elemento consciente e atuante dentro da

organização social, contribuindo para sua

transformação. (PLACCO, 1994, p. 30)

CABRAL e PIMENTA (2005) ressaltam que a Orientação Educacional,

no âmbito da Educação Infantil, pode ocorrer individualmente ou em grupos,

trabalhando questões referentes à formação global do indivíduo, no que tange

às questões de respeito, amor, fraternidade, dignidade, solidariedade,

responsabilidade, ética e outros valores fundamentais e essenciais, segundo as

autoras, para a convivência harmoniosa da pessoa humana. Afirmam ainda,

essas autoras, que a Orientação Educacional, na Educação Infantil, deve

30

buscar a integridade do ser, bem como cooperar com os professores no

sentido da boa execução dos trabalhos escolares realizados pelos alunos,

“buscando imprimir segurança na execução dos trabalhos complementares e

velar para o estudo de forma prazerosa e constritiva, influenciando-o na

preparação para o exercício de cidadão crítico e participativo”. (2005).

Conforme as autoras a área de atuação do Orientador Educacional na

Educação infantil destaca-se:

[...] através de uma preocupação com o desenvolvimento psicomotor e

na preparação para a alfabetização, desenvolvendo a motivação nos alunos.

Bem como, o Orientador Educacional na Educação Infantil trabalha com os

alunos às questões de socialização, desenvolvimento de habilidades de

convívio, ecologia humana e educação sexual. Assim como desenvolve a

valorização do trabalho docente e com a identificação de profissionais.

(CABRAL e PIMENTA, 2005).

Muitas escolas da Rede Municipal de Niterói não contam com o

Orientador Educacional como parte da equipe, o que significa que outro

profissional está acumulando suas funções. Normalmente esse profissional é o

supervisor educacional, que além de cumprir com sua função, associa-se a ele

a função do orientador.

O Orientador Educacional deve estar sempre disposto a contribuir com a

formação da criança, ter afeto e dedicação no seu trabalho. Pois só assim

conseguiremos formar cidadãos críticos, capazes de construir uma sociedade

melhor.

31

CONCLUSÃO

Com a realização deste trabalho monográfico, entendemos que o

Orientador Educacional é um profissional de fundamental importância nas

Unidades Municipais de Educação Infantil de Niterói, destacando sua

importância no processo de ensino-aprendizagem.

Compete a este profissional auxiliar os demais profissionais da unidade

escolar, a fim de planejar, organizar e avaliar os planos e projetos pedagógicos

que serão desenvolvidos na escola.

Neste sentido, percebemos que o orientador pode ajudar

expressivamente no desenvolvimento do aluno da educação infantil, buscando

estar atento a realidade da criança para assim poder atendê-lo da melhor

forma. Vimos também a importância da parceria entre a família e a escola na

formação de um cidadão preparado para a vida.

Em virtude do que foi estudado, concluímos que é importante que este

profissional tenha uma formação sólida e comprometida com o trabalho a ser

realizado, pois a sua contribuição dentro da escola torna o dia a dia da unidade

escolar mais satisfatório e prazeroso.

32

BIBLIOGRAFIA

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Paradigmas e Alternativas para a Escola. Ed. Cortez, 1990

TIBA, Içami. Quem ama, educa. 5. Ed. São Paulo: Gente, 2002.

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GRINSPUN, Mírian Paura S. Zippin (org.). Supervisão e Orientação

Educacional: perspectivas de integração na escola. São Paulo: Cortez, 2003.

GIACAGLIA, L. R. A. Orientação educacional na prática: princípios, técnicas,

instrumentos. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.

GIACAGLIA, L.R.A, PENTEADO,Wilma Millan Alvez. Orientação Educacional

na prática: princípios, técnicas, instrumentos. São Paulo, SP:Pioneira

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NITERÓI. Portaria FME 087, 2011

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<www.psicopedagogia.com.br>

< www.revistaescola.abril.com.br>