If you can't read please download the document
Upload
truongthu
View
220
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
*Gegrafo, Professor do Departamento de Cincias Geogrficas da UFPE
O QUE REVELAM OS NDICES DE DESENVOLVIMENTO HUMANOJan Bitoun*
Resumo
Este texto comenta os ndices de Desenvolvimento Humano do Recife, calculados para os anos 1991 e 2000. O estabelecimento de um indicador estatstico sinttico, abrangendo trs dimenses bsicas do desenvolvimento longevidade, educao e renda , foi aceito pela comunidade internacional para estabelecer comparaes entre pases no mbito de um debate sobre a natureza do desenvolvimento, reconhecendo o carter central das possibilidades e oportunidades alcanadas pelos indivduos num determinado territrio para mensurar o seu grau de desenvolvimento. Aps apresentar algumas reflexes acerca desse debate, comparam-se os ndices de Desenvolvimento Humano do Recife, de outras metrpoles brasileiras, capitais do Nordeste e municpios da prpria Regio Metropolitana do Recife, divulgados no Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. A evoluo, durante os anos 90, dos ndices de longevidade e de educao e a estabilidade dos ndices referentes renda levam manuteno das desigualdades territoriais em escalas nacional entre as capitais metropolitanas do Norte/Nordeste e as do Centro-sul e local entre os municpios do ncleo central da aglomerao metropolitana e os demais, na periferia. Em escala intramunicipal, objeto de detalhamento no Atlas do Desenvolvimento Humano no Recife, observam-se grandes contrastes entre os ndices em territrios vizinhos, expresses de condies estruturais da formao da cidade e dos limites encontrados pelas polticas sociais na reduo dessa desigualdade.
Palavras-chave: Desenvolvimento Humano; ndices de Desenvolvimento Humano; Desigualdade Social.
Desenvolvimento Humano no Recife | ATLAS MUNICIPAL 2
1. INTRODUO
O desenvolvimento humano tem a ver com a criao de um ambiente no qual as pessoas possam desenvolver o seu pleno potencial e levar vidas produtivas e criativas de acordo com suas necessidades e interesses. As pessoas so a verdadeira riqueza das naes. O desenvolvimento tem a ver, portanto, com o alargamento das escolhas que as pessoas tm para levar uma vida a que dem valor. E tem a ver com muito mais de que o crescimento econmico, que apenas um meio ainda que muito importante de alargar as escolhas das pessoas (PNUD, 2001).
A consolidao em escala mundial dessa nova concepo do desenvolvimento, ou melhor, desse debate sobre o que possa ser o desenvolvimento, vem ocorrendo desde 1991, quando as Naes Unidas publicaram o primeiro Relatrio do Desenvolvimento Humano, que classificava os pases segundo valores do ndice de Desenvolvimento Humano (IDH). Desde aquele ano, anualmente, sucederam-se relatrios que atualizam o ndice e tornam pblicos outros indicadores e estudos enfocando diversos aspectos da problemtica do desenvolvimento, tais como desigualdade (entre homens e mulheres, entre regies de um mesmo pas, entre segmentos sociais, etc); questes relacionadas a infra-estrutura, a direitos humanos, a liberdades, a polticas pblicas e a vrios componentes da vida financeira, econmica e social das naes. Nesses relatrios, fartamente ilustrados por grficos, quadros e tabelas, encontram-se ainda exemplos internacionais, nacionais e locais de aes, programas e polticas de desenvolvimento bem sucedidos, enquanto outros exemplos apresentam os entraves superao de situaes de subdesenvolvimento. No se trata aqui de tecer longos comentrios. O leitor interessado encontrar muitos desses relatrios na homepage brasileira do Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), no endereo . O que se quer situar o ndice de Desenvolvimento Humano no seu contexto poltico e no debate acerca do desenvolvimento gerado a partir do seu advento. Mais que uma sntese, o IDH um instrumento simples, fundamentado em algumas premissas: o desenvolvimento no corresponde necessariamente ao crescimento econmico, mesmo se esse muito importante, e no pode ser medido pelo Produto Interno Bruto, nem pela Renda per capita; o desenvolvimento est vinculado ampliao das capacidades das pessoas, as quais resultam de um complexo de condies econmicas, sociais, polticas e culturais, sendo que algumas so bsicas. As capacidades mais elementares para o desenvolvimento humano so: ter uma vida longa e saudvel, ser instrudo, ter acesso aos recursos necessrios para um nvel de vida digno e ser capaz de participar da vida da comunidade. Sem estas, muitas outras escolhas simplesmente no esto disponveis e muitas oportunidades na vida mantm-se inacessveis (PNUD, 2001).
Essa afirmao inscreve-se numa longa trajetria de debates sobre o desenvolvimento e, mais precisamente, da contribuio do economista indiano, Amartya Sen, associando o conceito ampliao das capacidades, das escolhas e da liberdade. De modo radical, essa concepo do desenvolvimento pode sustentar um confronto de valores, como fica claro nas palavras do economista Ren Passet, autor do livro Lconomique et le Vivant (A Economia e o Ser Vivo), acerca da Economia, que no outra coisa, alm de uma atividade de transformao da natureza voltada para a satisfao das necessidades humanas. A economia no tem outra razo de ser. Os problemas ambientais, assim como os humanos e sociais atuais, vm do fato de que a atividade econmica se tornou
http://www.pnud.org.brhttp://www.pnud.org.br
Desenvolvimento Humano no Recife | ATLAS MUNICIPAL 3
um fim em si ao invs de um meio a servio de finalidades humanas(...) A economia apenas o instrumento, so os valores que do sentido vida. Como esses valores so mltiplos e indemonstrveis, isso implica duas coisas: a superioridade da esfera poltica (que toca as finalidades) sobre a funo econmica e a legitimidade da democracia, que permite a confrontao e a coabitao dos valores(...) Dar primazia finalidade humana implica em no tolerar qualquer coisa (misria e opresso) que entrave o crescimento do ser humano em direo a ele mesmo ().
De modo mais operacional, se a multiplicidade dos valores os torna indemonstrveis, foi encontrado um caminho para criar o IDH, uma ferramenta universal de medio de algumas das capacidades mais elementares que permitem que as pessoas possam participar da esfera poltica e, eventualmente, do confronto e da coabitao dos valores. O ndice de Desenvolvimento Humano, criado em 1990 pela equipe liderada por Mahbub ul Haq, foi a primeira tentativa de mensurao do conceito. Apoiou-se em trs das dimenses humanas, as mais bsicas e universais delas: o acesso educao; o direito a uma vida longa e saudvel; e o direito a um padro de vida decente(...) Resistente no primeiro momento, Amartya Sen acaba por aceitar o IDH, sob o argumento de que esse ndice sinttico poderia ser importante catalisador na difuso dos temas que a ONU pretendia colocar em pauta e discutir em maior profundidade em seus Relatrios do Desenvolvimento Humano (PRATES, 2003).
Muito mais do que uma representao do conceito de desenvolvimento humano na sua complexidade, o ndice , conforme a feliz expresso supracitada, um catalisador para que, no decorrer dos anos, o desenvolvimento possa ser debatido alm da clssica dimenso econmica. Para isso, o ndice apresenta duas caractersticas essenciais: a simplicidade que garante sua universalidade; e sua apresentao, sempre inseparvel de um conjunto de outras variveis setoriais nos Relatrios do Desenvolvimento Humano e, posteriormente, nos Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil e no Recife, de modo que os mltiplos temas econmicos, financeiros, sociais, ambientais e polticos , no mbito dos quais se travam os desafios do desenvolvimento humano sejam discutidos em maior profundidade.
O IDH sintetiza em uma mdia de trs subndices, calculados na base de poucos indicadores facilmente coletados nas diversas naes, trs dimenses bsicas e universais da vida, que so as condies para que as escolhas e oportunidades dos indivduos possam ser ampliadas: o acesso ao conhecimento (Educao), o direito a uma vida longa e saudvel (Longevidade) e o direito a um padro de vida digno (Renda). Pela sua simplicidade, o IDH no aprofunda cada uma dessas dimenses, mas permite comparar o nvel geral alcanado pelas naes no atendimento dessas necessidades bsicas para que os indivduos possam desenvolver suas capacidades e suas escolhas. O valor do ndice representa, mais do que as condies de Educao, de Longevidade e de Renda, um estado a partir do qual ser mais ou menos provvel o alcance, pelos indivduos de uma determinada sociedade, de novas capacidades e de liberdades de escolha. Em suma, um baixo ndice significa que os indivduos vivem em condies de misria e opresso que entravam o crescimento do ser humano em direo a ele mesmo, segundo a expresso de Ren Passet, ou que as escolhas simplesmente no esto disponveis e muitas oportunidades na vida mantm-se inacessveis, conforme o Relatrio do Desenvolvimento Humano 2001 (PNUD). Desse modo, desigualdades
http://www.ambafrance.org.br/abr/label45/dernier/i45.htmlhttp://www.ambafrance.org.br/abr/label45/dernier/i45.html
Desenvolvimento Humano no Recife | ATLAS MUNICIPAL 4
observadas entre os ndices alcanados pelas naes representam desigualdades de oportunidades na construo do desenvolvimento.
Essa construo demanda aes que exigem uma anlise mais detalhada e profunda das diversas dimenses setoriais envolvidas no desenvolvimento, muito mais diversas e complexas que aquelas sinalizadas pelo IDH. Isso explica por que o ndice, nos Relatrios do Desenvolvimento Humano e nos Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil e no Recife, est sempre acompanhado por uma bateria de variveis setoriais que permitem elaborar estudos sobre diversos temas. No h uma poltica fundamentada no ndice de Desenvolvimento Humano, mas h polticas, programas e aes cujas metas combinadas precisam ser monitoradas para que recuem as situaes de misria e opresso, se desentravem as oportunidades e se ampliem as escolhas individuais.
Com essa finalidade, a Organizao das Naes Unidas realizou em setembro de 2000 a Assemblia do Milnio, durante a qual chefes de estado ou de governo de 191 pases subscreveram a Declarao do Milnio, fixando metas para o desenvolvimento e a erradicao da pobreza no mundo. Firmaram o compromisso de orientar as polticas nacionais e internacionais para alcanar objetivos bem definidos num prazo de 25 anos, cujo marco inicial foi fixado em 1990, coincidindo com a promoo do conceito de Desenvolvimento Humano. As oito metas, de carter geral (Erradicar a pobreza extrema e a fome; Atingir o ensino primrio universal; Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres; Reduzir a mortalidade infantil; Melhorar a sade materna; Combater o HIV/AIDS, a malria e outras doenas; Garantir a sustentabilidade ambiental; Criar uma parceria mundial para o desenvolvimento), esto detalhadas em 18 objetivos, para o monitoramento dos quais foram definidos mais de 40 indicadores especficos. Est claro, ento, que a comunidade internacional, sensibilizada durante nove anos pela divulgao anual dos ndices de Desenvolvimento Humano e pelos contedos dos Relatrios do Desenvolvimento Humano, foi capaz de definir metas e objetivos mais precisos, abrangendo mltiplas dimenses do desenvolvimento, cabendo a cada nao implementar polticas nacionais e internacionais adequadas realizao dos objetivos pactuados.
Desde 1998, o Brasil dispe de um Atlas do Desenvolvimento Humano, cuja segunda edio foi disponibilizada em 2003. Essa ferramenta torna pblico os ndices de Desenvolvimento Humano alcanados em 1991 e 2000 (anos dos Censos Demogrficos realizados pelo IBGE) pelas Grandes Regies, pelos Estados e Distrito Federal e pelos Municpios. Revela as desigualdades de oportunidades de desenvolvimento existentes entre os entes federativos de um pas de dimenso continental e historicamente marcado por grandes diferenas territoriais. A produo do Atlas do Desenvolvimento Humano no Recife, seguindo os mesmos padres do Atlas no Brasil, revela essas desigualdades em escala intramunicipal, permitindo uma aproximao ainda maior das situaes vividas pelos habitantes da cidade. Mas importante frisar que os Atlas do Desenvolvimento no Brasil e no Recife tornam possveis anlises de algumas das dimenses setoriais do desenvolvimento j que, alm do IDH, esses Atlas incluem variveis e indicadores concernentes a diversos temas: Demografia, Educao, Renda, Vulnerabilidade e Habitao. Essas variveis no substituem aquelas que cada um desses setores reuniu para estudos e monitoramentos mais especficos e aprofundados, mas permitem reflexes introdutrias sobre situaes e polticas setoriais apresentadas neste Atlas. Outra vantagem decorre da reunio dessas variveis temticas no mesmo
Desenvolvimento Humano no Recife | ATLAS MUNICIPAL 5
suporte, propiciando-se um dilogo entre especialistas de modo a ultrapassar o isolamento que, em geral, caracteriza as vises setoriais. Assim sendo, os Atlas passam a ser um instrumento de trabalho que propicia convergncias entre os especialistas de diversos setores, nenhum deles abandonando acervos de variveis e indicadores mais especficos para monitorar seus objetivos prprios, mas todos se reunindo na anlise das desigualdades territoriais das condies gerais de desenvolvimento, reveladas pelos valores alcanados pelos ndices de Desenvolvimento Humano.
2. O RECIFE VERSUS OUTROS TERRITRIOS O QUE REVELAM OS NDICES DE DESENVOLVIMENTO HUMANO
As condies gerais de desenvolvimento medidas pelos valores do ndice de Desenvolvimento Humano resultam dos processos passados de acumulao e distribuio, entre os habitantes de um determinado territrio, de capacidades bsicas (acesso ao conhecimento, direito a uma vida longa e saudvel e direito a um padro de vida digno). No presente, os valores desiguais do ndice de Desenvolvimento Humano alcanados por diversos territrios revelam para os habitantes desses territrios condies desiguais de escolhas e de acesso a diversas oportunidades. O Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil permite comparar os ndices de Desenvolvimento Humano do Recife e de outros municpios brasileiros, conquanto o Atlas do Desenvolvimento Humano no Recife faculte essa comparao entre os territrios situados dentro da prpria cidade. Com efeito, a desigualdade ocorre entre pases, regies, estados, municpios, mas dentro desses ltimos, entes federativos bsicos da Nao, que se pode constatar a desigualdade mais vivida no cotidiano entre os membros da mesma comunidade poltica. Essa constatao ser objeto da segunda etapa deste trabalho.
Considerando-se os diversos espaos nacionais nos quais o municpio do Recife est inserido, busca-se apresentar, numa primeira etapa e com base numa consulta ao Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, a comparao entre os ndices de Desenvolvimento Humano do Recife e de outros municpios em trs escalas:
O Recife e algumas metrpoles brasileiras,1 considerando-se como tais Belm, Fortaleza, Recife, Salvador, Goinia, Braslia, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, So Paulo, Curitiba, Porto Alegre, de modo a revelar as desigualdades existentes entre as cidades situadas em diversos quadrantes do territrio nacional;
O Recife e demais capitais do Nordeste, de modo a revelar as desigualdades existentes entre as capitais da mesma Regio; e
O Recife e demais municpios da Regio Metropolitana, de modo a revelar as desigualdades existentes entre as cidades da mesma aglomerao urbana.
1. As informaes referem-se, especificamente, s capitais estaduais com mais de um milho de habitantes, ncleos de regies metropolitanas e a capital federal.
Desenvolvimento Humano no Recife | ATLAS MUNICIPAL 6
2.1 O Recife e algumas metrpoles
A Tabela 1 apresenta os ndices de Desenvolvimento Humano alcanados em 1991 e 2000 por algumas capitais, situadas em diversas regies do pas, e pelo Brasil, no seu conjunto. Constata-se que, em todas essas capitais, ncleos de regies metropolitanas e plos de influncia de grandes regies econmicas, os valores do IDH superam o do Brasil, confirmando que o Brasil urbano e, especialmente, as grandes capitais concentram maiores oportunidades para o desenvolvimento do que o Brasil rural.Tabela 1
segundo as metrpoles brasileiras1991 e 2000
Valor Ranking Valor Ranking
Porto Alegre 0,824 1 0,865 1Curitiba 0,799 4 0,856 2Braslia 0,799 3 0,844 3Rio de Janeiro 0,798 5 0,842 4So Paulo 0,805 2 0,841 5Belo Horizonte 0,791 6 0,839 6Goinia 0,778 7 0,832 7Belm 0,767 8 0,806 8Salvador 0,751 9 0,805 9Recife 0,740 10 0,797 10Fortaleza 0,717 11 0,786 11BRASIL 0,696 0,766Fonte: PNUD; IPEA; FJP. Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. 2003. CD-ROM.
ndice de Desenvolvimento Humano Municipal - IDHM,
Capitais 1991 2000
IDHM
Tabela 1
ndice de Desenvolvimento Humano Municipal IDHM, segundo as metrpoles brasileiras | 1991 e 2000
Os valores do IDH alcanados por essas capitais podem ser comparados aos valores que caracterizam as naes de desenvolvimento humano alto, segundo o critrio estabelecido pelas Naes Unidas (0,800 e mais) e as naes de desenvolvimento mdio (0,500 a 0,800), conforme pode ser observado na Tabela 2.
Verifica-se, nos dois anos censitrios, que inferior a posio das metrpoles do Nordeste (Salvador, Recife e Fortaleza) e do Norte (Belm) em relao s capitais das demais regies do Pas, expressando a tradicional diviso entre o Centro-Sul, mais prspero, e o Norte e o Nordeste, menos desenvolvidos. No Nordeste, as grandes aglomeraes urbanas representam ilhas de relativa concentrao de riqueza, no meio de uma regio marcada pela pobreza rural, conquanto, na Amaznia, as baixas densidades populacional e econmica, alm das grandes distncias entre os centros urbanos, limitem o papel polarizador das grandes aglomeraes. No Centro-Sul, observa-se uma queda na posio de So Paulo, que passa da 2 para a 5 posio (com o valor do IDH quase igual ao alcanado pelo Rio de Janeiro), e uma melhora na posio de Curitiba, da 4 para a 2 posio. Essas mudanas remetem conjuntura econmica da dcada de 90, marcada pelo baixo crescimento e por uma tendncia descentralizao das atividades industriais em direo a cidades do Estado de So Paulo e a Curitiba. Assim, os valores do IDH parecem estar vinculados ao movimento geral da economia, verificando-se a importncia dessa dimenso na composio do ndice.
Desenvolvimento Humano no Recife | ATLAS MUNICIPAL 7
Os valores dos subndices IDH Renda, Longevidade e Educao, apresentados na Tabela 3, confirmam esse peso da economia. no IDH Renda que se pode verificar a maior amplitude (diferena entre o valor mais alto e o valor mais baixo) em 2000: 0,140 (Porto Alegre vs. Fortaleza), conquanto as amplitudes sejam bem inferiores nos casos do IDH Longevidade, 0,049 (Curitiba vs. Recife) e IDH Educao, 0,067 (Porto Alegre vs. Fortaleza). Observa-se ainda que, se entre 1991 e 2000 h reduo das amplitudes dos IDH Educao (de 0,123 para 0,067) e Longevidade (de 0,072 para 0,049), cresce um pouco a amplitude do IDH Renda (de 0,137 para 0,140). Sntese dos IDH Renda, Longevidade e Educao, o IDHM, cujos valores constam da Tabela 1, apresenta, em
Tabela 2
Comparao entre as metrpoles brasileiras e pases selecionados, segundo ndice de Desenvolvimento Humano IDH | 2000
Tabela 2
2000
Capitaisndice de
DesenvolvimentoHumano Municipal
Pases com IDH 2000mais prximo
Porto Alegre 0,865 Barbados
Curitiba 0,856 Brunei
Braslia 0,844 Argentina
Rio de Janeiro 0,842 Argentina
So Paulo 0,841 Argentina
Belo Horizonte 0,839 Hungria
Goinia 0,832 Polnia
Belm 0,806 Trindade e Tobago
Salvador 0,805 Trindade e Tobago
Recife 0,797 Mxico
Fortaleza 0,786 Panama
BRASIL 0,766Fonte: PNUD; IPEA; FJP. Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. 2003. CD-ROM. PNUD. Relatrio do Desenvolvimento Humano, 2002.
Comparao entre as metrpoles brasileiras e pases selecionados,segundo o ndice de Desenvolvimento Humano - IDH
Desenvolvimento Humano elevado (ndice 0,800 e mais)
Desenvolvimento Humano mdio (ndice de 0,500 a 0,800)
Tabela 3IDHM - Renda, Longevidade, Educao, segundo as metrpoles brasileiras1991 e 2000
valor Ranking valor Ranking valor Ranking valor Ranking valor Ranking valor Ranking
Porto Alegre 0,818 2 0,869 1 0,748 1 0,775 2 0,907 1 0,951 1
Curitiba 0,793 5 0,846 2 0,728 3 0,776 1 0,875 4 0,946 2
Braslia 0,801 3 0,842 4 0,731 2 0,756 6 0,864 7 0,935 3
Rio de Janeiro 0,794 4 0,840 5 0,714 7 0,754 7 0,887 2 0,933 4
So Paulo 0,822 1 0,843 3 0,726 5 0,761 3 0,868 5 0,919 9
Belo Horizonte 0,779 6 0,828 6 0,727 4 0,759 4 0,866 6 0,929 6
Goinia 0,755 7 0,813 7 0,718 6 0,751 8 0,862 8 0,933 5
Belm 0,708 10 0,732 10 0,710 8 0,758 5 0,883 3 0,928 7
Salvador 0,719 9 0,746 9 0,679 10 0,744 10 0,856 9 0,924 8
Recife 0,727 8 0,770 8 0,676 11 0,727 11 0,818 10 0,894 10
Fortaleza 0,685 11 0,729 11 0,683 9 0,744 9 0,784 11 0,884 11
BRASIL 0,681 0,723 0,662 0,727 0,745 0,849
Fonte: PNUD; IPEA; FJP. Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. 2003. CD-ROM.
CapitaisIDHM Renda IDHM Longevidade IDHM Educao
1991 2000 1991 2000 1991 2000
Tabela 3
IDHM - Renda, Longevidade e Educao, segundo as metrpoles brasileiras | 1991 e 2000
2000, uma amplitude (Porto Alegre vs. Fortaleza) de 0,079, inferior amplitude de 1991 (0,107). Mas essa reduo da desigualdade entre as capitais analisadas deve-se aos ndices de natureza social (Longevidade e Educao), conquanto o ndice representando a dimenso econmica (Renda), tenha havido um leve crescimento da desigualdade.
Nessa dimenso econmica (IDH Renda), est muito evidente a diferena entre os ncleos das aglomeraes metropolitanas do Centro-Sul e do Norte e Nordeste, dentre os quais se destaca positivamente o Recife, em 8 posio no ranking, e negativamente Fortaleza, cujo valor do IDH Renda apenas um pouco superior ao valor do Brasil.
Desenvolvimento Humano no Recife | ATLAS MUNICIPAL 8
As posies da capital pernambucana so bem menos favorveis no tocante s dimenses sociais: ltima e penltima posio no ranking dos valores dos IDH Longevidade e Educao, respectivamente em ambos os anos censitrios, sugerindo a dificuldade de transferncia para essas dimenses da situao relativamente favorvel da renda, o que se pode relacionar com a intensidade da desigualdade social na cidade e o carter socialmente concentrado da riqueza.
Os grficos 1, 2 e 3, a seguir, referentes ao ritmo de crescimento dos valores do IDH alcanados pelas capitais em apreo e pelo Brasil, revelam novamente a diferena existente entre a dimenso econmica (IDH Renda) e os demais subndices componentes do IDHM (IDH Longevidade e IDH Educao): as capitais metropolitanas apresentam um crescimento igual ou inferior ao crescimento do Pas no tocante s dimenses sociais, expressando uma reduo da distncia existente entre essas capitais e o Brasil como um todo. Essa reduo relaciona-se ao carter generalizado dos impactos da transio demogrfica e da implantao das polticas de sade, propiciando uma relativa reduo das desigualdades de Longevidade, confirmada pelo crescimento maior das capitais do Norte e Nordeste, em situao mais desfavorvel em 1991 (Salvador, Fortaleza, Recife e Belm, essa com um valor menor) em relao s capitais do Centro-Sul. Os impactos da poltica de educao tambm apontam para a reduo das desigualdades entre o Pas como um todo e as capitais metropolitanas, havendo um destaque para Fortaleza, cujo crescimento acompanha mais do que o Recife o crescimento do Brasil, conquanto nas demais o crescimento bem inferior, permitindo a reduo dos contrastes socioterritoriais.
O comportamento do IDH Renda muito diferente. O crescimento desse ndice maior ou igual ao do Pas em 8 das 11 metrpoles, demonstrando, no mnimo, a manuteno da concentrao da riqueza em grandes capitais, excetuando-se Belm, Salvador e So Paulo, que reduzem sua posio em relao ao resto do Pas. No que se refere dimenso regional, vem se acentuando a diferena entre as capitais metropolitanas do Sul (Porto Alegre e Curitiba), algumas do Sudeste (Rio de Janeiro e Belo Horizonte) e do Centro Oeste (Goinia), cujo crescimento bem maior que o do Pas, e as capitais nordestinas (Recife e Fortaleza), cujo IDH Renda cresce apenas no ritmo do Pas.
Desenvolvimento Humano no Recife | ATLAS MUNICIPAL 9
0,025
0,027
0,032
0,033
0,035
0,040
0,048
0,048
0,051
0,061
0,065
0,065
0,000 0,020 0,040 0,060 0,080 0,100 0,120
Braslia
Porto Alegre
Belo Horizonte
Goinia
So Paulo
Rio de Janeiro
Curitiba
Belm
Recife
Fortaleza
Salvador
BRASIL
Fonte: PNUD; IPEA; FJP. Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. 2003. CD-ROM
0,044
0,045
0,046
0,051
0,063
0,068
0,071
0,071
0,071
0,076
0,100
0,104
0,000 0,020 0,040 0,060 0,080 0,100 0,120
Porto Alegre
Belm
Rio de Janeiro
So Paulo
Belo Horizonte
Salvador
Curitiba
Braslia
Goinia
Recife
Fortaleza
BRASIL
Fonte: PNUD; IPEA; FJP. Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. 2003. CD-ROM
Grfico 1 Crescimento do IDHM Longevidade nas metrpoles brasileiras | 1991-2000
Grfico 2 Crescimento do IDHM Educao nas metrpoles brasileiras | 1991-2000
Desenvolvimento Humano no Recife | ATLAS MUNICIPAL 10
Grfico 3 Crescimento do IDHM Renda nas metrpoles brasileiras | 1991-2000
0,021
0,024
0,027
0,041
0,043
0,044
0,046
0,049
0,051
0,053
0,058
0,042
0,000 0,020 0,040 0,060 0,080 0,100 0,120
So Paulo
Belm
Salvador
Braslia
Recife
Fortaleza
Rio de Janeiro
Belo Horizonte
Porto Alegre
Curitiba
Goinia
BRASIL
Fonte: PNUD; IPEA; FJP. Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. 2003. CD-ROM
No conjunto, o IDHM sintetiza os subndices IDH Renda, Longevidade e Educao e revela que entre as capitais metrpoles do Norte e Nordeste, somente Fortaleza cujo destaque no campo da educao foi ressaltado acompanhou o ritmo de crescimento do ndice do Pas, recuperando, em relao s outras capitais, parte do atraso, evidenciado nas Tabelas 1 e 3. A posio de Belm demonstra um relativo declnio, menos acentuado no Recife e Salvador. Mas, se a reduo das desigualdades entre o IDH do Pas e das capitais metrpoles e o IDH das capitais situadas no Centro-Sul e no Norte/Nordeste um fato, tambm um fato o contraste entre a manuteno ou o acirramento das desigualdades existentes na dimenso econmica, expressa pela evoluo dos valores do IDH Renda, e a diminuio dessas desigualdades nas dimenses sociais, expressas pelos valores dos IDHs Longevidade e Educao (Grfico 4 a seguir).
Desenvolvimento Humano no Recife | ATLAS MUNICIPAL 11
Grfico 4 Crescimento do IDHM nas metrpoles brasileiras | 1991-2000
0,036
0,039
0,041
0,044
0,045
0,048
0,054
0,054
0,057
0,057
0,069
0,070
0,000 0,020 0,040 0,060 0,080 0,100 0,120
So Paulo
Belm
Porto Alegre
Rio de Janeiro
Braslia
Belo Horizonte
Goinia
Salvador
Curitiba
Recife
Fortaleza
BRASIL
Fonte: PNUD; IPEA; FJP. Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. 2003. CD-ROM
2.2 O Recife e as capitais nordestinas
Os valores do IDHM das capitais do Nordeste (Tabela 4) escalonam-se, em 2000, entre 0,739 e 0,805, caracterizando um desenvolvimento humano mdio para oito das nove capitais. Somente Salvador alcanou em 2000 um valor correspondente a um desenvolvimento humano elevado, conforme pode ser verificado na Tabela 5, na qual constam, a ttulo de comparao, pases com valores do IDH iguais ou pouco diferentes dos valores das capitais nordestinas.
Os valores do IDH dessas capitais, bem inferiores aos das metrpoles do Centro-Sul, expressam, como foi visto acima, o menor desenvolvimento da regio, no seu conjunto, no mbito do Pas. Mas cabe observar que as capitais nordestinas alcanam valores superiores ao do Brasil, excetuando-se Macei (em ambos os anos censitrios) e Teresina (em 2000).
Entre as capitais do Nordeste, Salvador e o Recife destacam-se no topo do ranking em 1991 e em 2000: essas duas cidades consolidaram-se desde o perodo colonial. Foram os primeiros centros de organizao da conquista do territrio e de intermediao comercial entre a regio, a frica (comrcio dos escravos) e a Europa (exportao de produtos da agricultura e importao de bens de produo e de consumo). Em ambas as cidades, concentraram-se as atividades de formao de quadros, inicialmente em seminrios e, aps 1830, nas Faculdades de Direito (Recife) e de Medicina (Salvador). Na histria econmica do Pas, representam, ento, importantes focos de acumulao de riqueza e de formao de segmentos sociais dotados de poder. Comparada com essas duas metrpoles nordestinas, consolidadas durante o longo tempo da histria nacional,
Desenvolvimento Humano no Recife | ATLAS MUNICIPAL 12
a dinmica de Fortaleza mais recente, o que est expresso pelo valor mais baixo do IDH e pela sua ascenso no ranking entre 1991 e 2000, quando passa do 7 para o 5 lugar, revelando a fora dessa dinmica recente.
Entre as capitais menores, h nitidamente uma diferena entre os valores das capitais do Nordeste ocidental (Teresina e So Luis), em ambientes caracterizados pela pobreza e disperso da populao rural e pela ausncia de produes agrcolas de interesse comercial (a soja dos cerrados do sul do Piau e do Maranho direcionando-se para centros de comercializao do Brasil Central), e os valores das capitais do litoral oriental (Natal, Joo Pessoa, Aracaju), em ambientes mais densamente povoados, e onde novas oportunidades econmicas vieram acrescentar-se tradicional economia canavieira, destacando-se o turismo. Macei, que apresenta o valor mais baixo do IDH entre as capitais nordestinas, est inserida nas relaes econmicas, sociais e polticas da sociedade canavieira, marcada por histricas e permanentes desigualdades.
Tabela 4
1991 e 2000
Valor Ranking Valor Ranking
Salvador 0,751 1 0,805 1Recife 0,740 2 0,797 2Aracaju 0,734 3 0,794 3Natal 0,733 4 0,788 4Fortaleza 0,717 7 0,786 5Joo Pessoa 0,719 6 0,783 6So Lus 0,721 5 0,778 7Teresina 0,713 8 0,766 8Macei 0,687 9 0,739 9BRASIL 0,696 0,766Fonte: PNUD; IPEA; FJP. Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. 2003. CD-ROM.
ndice de Desenvolvimento Humano Municipal, segundoas capitais do Nordeste
CapitaisIDHM
1991 2000
Tabela 4
ndice de Desenvolvimento Humano Municipal, segundo as capitais do Nordeste | 1991 e 2000
Tabela 5
2000
Capitaisndice de
DesenvolvimentoHumano Municipal
Pases com IDH 2000 mais prximo
Salvador 0,805 Trindade e Tobago
Recife 0,797 Mxico
Aracaju 0,794 Cuba
Natal 0,788 Belarus
Fortaleza 0,786 Panama
Joo Pessoa 0,783 Belize
So Lus 0,778 Bulgria
Teresina 0,766 Venezuela
Macei 0,739 Paraguai
BRASIL 0,766Fonte: PNUD; IPEA; FJP. Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. 2003. CD-ROM. PNUD. Relatrio do Desenvolvimento Humano, 2002.
Comparao entre as capitais do Nordeste e pases selecionados,segundo o ndice de Desenvolvimento Humano - IDH
Desenvolvimento Humano elevado (ndice 0,800 e mais)
Desenvolvimento Humano mdio (ndice de 0,500 a 0,800)
Tabela 5
Comparao entre as capitais do Nordeste e pases selecionados, segundo ndice de Desenvolvimento Humano IDH | 2000
Assim, os valores do IDH parecem estar vinculados a caractersticas econmicas, construdas durante o longo tempo da histria, e a novas oportunidades que vm aparecendo em perodo mais recente.
Os valores dos IDHs Renda, Longevidade e Educao, apresentados na Tabela 6, demonstram maior homogeneidade que os valores constatados nas metrpoles do pas. O contexto regional, no que pesem as funes polarizadoras das capitais dos Estados do Nordeste, o fator dessa maior homogeneidade, atestada pela amplitude menor que separa os valores mais alto e mais baixo dos IDHs, alcanados pelas capitais nordestinas. no IDH Educao que se pode verificar a maior amplitude: em 2000, 0,090 (Salvador vs. Macei), conquanto as amplitudes sejam inferiores nos casos do IDH Longevidade, 0,077 (Salvador e Fortaleza vs. Macei) e IDH Renda, 0,075 (Recife vs. Teresina). Observa-se ainda que, se entre 1991 e 2000 h reduo das amplitudes dos IDHs Educao (de 0,113 para 0,090) e Renda (de 0,095 para 0,075), cresce um pouco a amplitude do IDH Longevidade (de 0,072 para 0,077). Sntese dos IDHs Renda, Longevidade e Educao, o IDHM, cujos valores
Desenvolvimento Humano no Recife | ATLAS MUNICIPAL 13
constam da Tabela 4, apresenta, em 2000, uma amplitude (Salvador vs. Macei) de 0,066, quase igual amplitude de 1991 (0,064). H, portanto, uma relativa estabilidade entre 1991 e 2000, perodo marcado por algumas mudanas descritas a seguir:
Reduo das desigualdades do IDH Renda, devido elevao ocorrida em pequenas capitais (Aracaju, Natal e Joo Pessoa), no entanto mantendo-se abaixo do valor do IDH do Brasil os valores de Teresina, So Luis e Macei. Esta ltima cidade, no que se refere ao IDH Renda, ocupa uma posio menos desfavorvel do que nos IDHs de natureza social (Longevidade e Educao), observando-se que o Recife se mantm no topo do ranking nesta dimenso econmica IDH Renda; ambas as cidades caracterizadas pela grande desigualdade social.
Os valores do IDH Longevidade revelam a situao desfavorvel das cidades do Nordeste oriental canavieiro: em 1991, Macei e Joo Pessoa apresentam valores inferiores ao do Pas e, em 2000, o Recife junta-se s duas capitais vizinhas ao somente alcanar um valor igual ao do Brasil, conquanto Salvador, Fortaleza e So Luis melhorem significativamente seus ndices e progridam no ranking.
Quanto aos valores do IDH Educao, observa-se uma estabilidade no ranking, com pequena progresso de Aracaju e Natal. O destaque negativo em ambos os anos Macei, com um ndice bem mais baixo que aqueles das demais cidades, o que explica a grande amplitude constatada nessa dimenso.Tabela 6
1991 e 2000
Valor Ranking Valor Ranking Valor Ranking Valor Ranking Valor Ranking Valor Ranking
Salvador 0,719 2 0,746 3 0,679 4 0,744 1 0,856 1 0,924 1
Recife 0,727 1 0,770 1 0,676 5 0,727 7 0,818 4 0,894 4
Aracaju 0,703 3 0,752 2 0,666 7 0,729 6 0,832 3 0,901 2
Natal 0,699 4 0,746 3 0,693 2 0,730 5 0,808 5 0,887 5
Fortaleza 0,685 6 0,729 6 0,683 3 0,744 1 0,784 8 0,884 7
Joo Pessoa 0,693 5 0,743 5 0,660 8 0,720 8 0,803 6 0,885 6
So Lus 0,648 8 0,696 8 0,670 6 0,737 3 0,845 2 0,901 2
Teresina 0,637 9 0,695 9 0,708 1 0,734 4 0,793 7 0,870 8
Macei 0,682 7 0,715 7 0,636 9 0,667 9 0,743 9 0,834 9
BRASIL 0,681 0,723 0,662 0,727 0,745 0,849
Fonte: PNUD; IPEA; FJP. Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. 2003. CD-ROM.
1991 2000
ndice de Desenvolvimento Humano Municipal - Renda, longevidade e educao,segundo as capitais do Nordeste
Capitais
IDHM Renda IDHM Longevidade IDHM Educao1991 2000 1991 2000
Tabela 6
ndice de Desenvolvimento Humano Municipal Renda, Longevidade e Educao, segundo as capitais do Nordeste 1991 e 2000
Os grficos 5, 6 e 7 seguintes, referentes ao ritmo de crescimento dos valores do IDH alcanados pelas capitais nordestinas e pelo Brasil, revelam, como j foi visto no caso das metrpoles, uma grande diferena existente entre a dimenso econmica (IDH Renda) e os demais ndices componentes do IDHM (IDH Longevidade e IDH Educao). Sete das nove capitais nordestinas apresentam, na dcada de 90, crescimento superior ao crescimento do Pas, destacando-se as capitais de menor porte, excetuando-se Macei. Nas maiores capitais, Fortaleza e o Recife acompanham o ritmo nacional, conquanto em Salvador o crescimento seja menos elevado. Assim, vem se reduzindo a distncia entre as pequenas e grandes capitais nordestinas, mas mantm-se ou mesmo aumenta o carter concentrado da renda nas capitais.
Desenvolvimento Humano no Recife | ATLAS MUNICIPAL 14
Em contraste, os grficos referentes s dimenses sociais (Longevidade e Educao) expressam o carter mais difuso dos impactos da transio demogrfica e das polticas de sade e educao, atestado pelo crescimento maior dos ndices nacionais, do que das capitais nordestinas que acompanham no caso do IDH Longevidade (So Luis, Salvador, Aracaju, Fortaleza e Joo Pessoa); no caso do IDH Educao, somente Fortaleza apresenta um crescimento prximo do nacional, o que explica, tambm, a sua posio em destaque no tocante ao IDHM, apresentado no grfico 8. Em todos, excetuando o de IDH Renda, o Recife ocupa uma posio mediana, bem abaixo dos ritmos do crescimento nacional, verificando-se a dificuldade de transferncia para as dimenses sociais da relativa boa posio revelada na Renda.
0,027
0,033
0,043
0,044
0,047
0,048
0,049
0,050
0,058
0,042
0,000 0,020 0,040 0,060 0,080 0,100 0,120
Salvador
Macei
Recife
Fortaleza
Natal
So Lus
Aracaju
Joo Pessoa
Teresina
BRASIL
Fonte: PNUD; IPEA; FJP. Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. 2003. CD-ROM
Grfico 5 Crescimento do IDHM Renda nas capitais do Nordeste | 1991-2000
Desenvolvimento Humano no Recife | ATLAS MUNICIPAL 15
Grfico 6 Crescimento do IDHM Longevidade nas capitais do Nordeste | 1991-2000
0,026
0,031
0,037
0,051
0,060
0,061
0,063
0,065
0,067
0,065
0,000 0,020 0,040 0,060 0,080 0,100 0,120
Teresina
Macei
Natal
Recife
Joo Pessoa
Fortaleza
Aracaju
Salvador
So Lus
BRASIL
Fonte: PNUD; IPEA; FJP. Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. 2003. CD-ROM
Grfico 7 Crescimento do IDHM Educao nas capitais do Nordeste | 1991-2000
0,056
0,068
0,069
0,076
0,077
0,079
0,082
0,091
0,100
0,104
0,000 0,020 0,040 0,060 0,080 0,100 0,120
So Lus
Salvador
Aracaju
Recife
Teresina
Natal
Joo Pessoa
Macei
Fortaleza
BRASIL
Fonte: PNUD; IPEA; FJP. Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. 2003. CD-ROM
Desenvolvimento Humano no Recife | ATLAS MUNICIPAL 16
Grfico 8 Crescimento do IDHM nas capitais do Nordeste | 1991-2000
0,052
0,053
0,054
0,055
0,057
0,057
0,060
0,064
0,069
0,070
0,000 0,020 0,040 0,060 0,080 0,100 0,120
Macei
Teresina
Salvador
Natal
Recife
So Lus
Aracaju
Joo Pessoa
Fortaleza
BRASIL
Fonte: PNUD; IPEA; FJP. Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. 2003. CD-ROM
2.3 O Recife e os demais municpios da Regio Metropolitana
Instituda por iniciativa federal na dcada de 70, a Regio Metropolitana do Recife foi, ps-Constituio 1988, confirmada por Lei Estadual em 1993, tendo no Conselho de Desenvolvimento da Regio Metropolitana (CONDERM) sua maior expresso institucional. uma unidade de planejamento e, nos ltimos anos, houve a produo dos planos Metrpole 2010 (1998) e Metrpole Estratgica (2004) e de outras iniciativas, reunindo os quatorze municpios que compem atualmente a RMR. Informaes a respeito esto disponveis no site .
Constitui, alm dessa dimenso institucional, uma aglomerao urbana fisicamente contnua em sua parte central, havendo deslocamentos pendulares dos seus habitantes no cotidiano dos seus afazeres de trabalho, estudos, lazer e consumo. H, no entanto, na sua periferia, ao norte, sul e oeste, ncleos urbanos separados da aglomerao contnua por reas no-edificadas e amplas reas rurais, ocupadas principalmente por canaviais. Essa distino expressa-se com muita clareza nos ndices de Desenvolvimento Humano apresentados nas Tabelas 7 e 8. Excetuando-se Itamarac, onde em tempos recentes passaram a morar donos de segundas residncias, nos municpios da aglomerao fisicamente contnua, os IDHMs escalonam-se entre 0,730 e 0,799 (Abreu e Lima, Camaragibe, Jaboato dos Guararapes, Olinda, Recife e Paulista). Esses valores que caracterizam o mdio desenvolvimento humano so semelhantes aos valores encontrados em pases da Amrica Latina e do Leste Europeu. Os valores do IDHM, nos municpios mais perifricos e que mantm reas rurais, so mais baixos, escalonados entre 0,637 e 0,719 (Araoiaba, Ipojuca, Moreno, Itapissuma, So Loureno da Mata,
http://www.condepefidem.pe.gov.brhttp://www.condepefidem.pe.gov.br
Desenvolvimento Humano no Recife | ATLAS MUNICIPAL 17
Cabo de Santo Agostinho e Igarassu), parecidos com pases pobres (Ir e Sria) e muito pobres da sia (Monglia), pobres da Amrica do Sul (Guiana) e relativamente prsperos da frica (frica do Sul e Gabo). H, na Regio Metropolitana do Recife, uma ntida correlao entre a importncia da rea e da populao rural e os baixos valores do IDH, configurando-se, ento, uma clssica distino entre centro e periferia.
Mas, entre os municpios do centro aparece uma distino entre os quatro primeiros no ranking (Paulista, Recife, Olinda e Jaboato dos Guararapes), cujos IDHs so superiores ao do Brasil, conquanto em Camaragibe e Abreu e Lima os valores sejam inferiores. Os quatro primeiros municpios abrangem nos seus territrios reas litorneas com significativa concentrao de famlias de mdia e alta rendas, o que no ocorre nos dois ltimos. Tambm bastante significativo o fato de que quatro municpios (Araoiaba, Ipojuca, Moreno e Itapissuma) apresentem valores de IDH inferiores ao do Estado de Pernambuco.
Assim, a pobreza rural e as caractersticas da urbanizao central e perifrica (ligada ao valor dos terrenos e s estratgias pblicas e privadas de parcelamento do solo e de sua edificao) combinam-se para fortalecer um modelo centro-periferia expresso pelo escalonamento dos valores de IDH, e desenhando ainda na aglomerao contnua uma distino entre municpios socialmente diversificados (Recife, Olinda, Paulista, Jaboato dos Guararapes) e outros mais homogneos (Camaragibe, Abreu e Lima), e incorporando paulatinamente na periferia as cidades de Cabo de Santo Agostinho, So Loureno da Mata e Igarassu, que se diferenciam dos municpios menos urbanos (Araoiaba, Ipojuca, Itapissuma e Moreno).
Tabela 7
1991 e 2000
Valor Ranking Valor Ranking
Paulista 0,739 2 0,799 1
Recife 0,740 1 0,797 2
Olinda 0,732 3 0,792 3
Jaboato dos Guararapes 0,701 4 0,777 4
Camaragibe 0,681 5 0,747 5
Itamarac 0,653 7 0,743 6
Abreu e Lima 0,669 6 0,730 7
Igarassu 0,628 9 0,719 8
Cabo de Santo Agostinho 0,630 8 0,707 9
So Loureno da Mata 0,614 11 0,707 9
Itapissuma 0,589 12 0,695 11
Moreno 0,618 10 0,693 12
Ipojuca 0,530 13 0,658 13
Araoiaba 0,514 14 0,637 14
Pernambuco 0,620 0,705
BRASIL 0,696 0,766
Fonte: PNUD; IPEA; FJP. Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. 2003. CD-ROM.
ndice de Desenvolvimento Humano Municipal, segundo osmunicpios da Regio Metropolitana do Recife
MunicpiosIDHM
1991 2000
Tabela 7
ndice de Desenvolvimento Humano Municipal, segundo os municpios da Regio Metropolitana do Recife | 1991 e 2000
Desenvolvimento Humano no Recife | ATLAS MUNICIPAL 18
A Tabela 9, referente aos IDHs Renda, Longevidade e Educao nos municpios da Regio Metropolitana do Recife, traz novas informaes e vem confirmando as distines identificadas anteriormente.
no IDH Renda que se pode verificar a maior amplitude (diferena entre o valor mais alto e o valor mais baixo): em 2000, 0,276 (Recife vs. Araoiaba), conquanto as amplitudes sejam inferiores nos casos do IDH Educao, 0,221 (Paulista vs. Araoiaba) e do IDH Longevidade, 0,102 (Paulista vs. Recife). Em todos os casos, a amplitude considervel, demonstrando que em espaos prximos dentro da aglomerao h significativas e profundas desigualdades.
Na dimenso econmica (IDH Renda), a estrutura centro-periferia a mais ntida, destacando-se a capital, que a nica cidade a alcanar um valor superior ao do Brasil. Nos municpios de Olinda, Paulista e Jaboato dos Guararapes que, como a capital, associam nos seus territrios alguns bairros com famlias de renda mdia e alta e bairros de baixa renda, os valores do IDH Renda so inferiores ao do Brasil, mas superiores ao do Estado de Pernambuco. O forte incremento do valor do ndice constatado em Jaboato dos Guararapes, entre 1991 e 2000, deve-se pujana do movimento de edificao na orla do municpio, atraindo famlias de renda alta, conquanto em Paulista e em Olinda esse incremento seja bem menor. Em todos os demais municpios, os valores do IDH so inferiores ao do Estado: pouco inferiores nos municpios componentes da aglomerao contnua (Camaragibe e Abreu e Lima) e nos municpios paulatinamente integrados a essa aglomerao (Cabo de Santo Agostinho,
Tabela 8
Comparao entre os municpios componentes da Regio Metropolitana do Recife e pases selecionados, segundo o IDH | 2000
Tabela 8
2000
Municpiosndice de
DesenvolvimentoHumano Municipal
Pases com IDH 2000mais prximo
Paulista 0,799 Letnia
Recife 0,797 Mxico
Olinda 0,792 Cuba
Jaboato dos Guararapes 0,777 Bulgria
Camaragibe 0,747 Peru
Itamarac 0,743 Maldivas
Abreu e Lima 0,730 Equador
Igarassu 0,719 Ir
Cabo de Santo Agostinho 0,707 Guiana
So Loureno da Mata 0,707 Guiana
Itapissuma 0,695 frica do Sul
Moreno 0,693 Sria
Ipojuca 0,658 Monglia
Araoiaba 0,637 Gabo
Pernambuco 0,705 El Salvador
BRASIL 0,766Fonte: PNUD; IPEA; FJP. Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. 2003. CD-ROM. PNUD. Relatrio do Desenvolvimento Humano, 2002.
Comparao entre municpios componentes da Regio Metropolitana do Recife e pases selecionados, segundo o IDH
Desenvolvimento Humano mdio (ndice de 0,500 a 0,800)
Desenvolvimento Humano no Recife | ATLAS MUNICIPAL 19
Igarassu e So Loureno da Mata) e muito inferiores no caso dos municpios menos integrados e mais rurais (Moreno, Itapissuma, Ipojuca e Araoiaba).
Nas dimenses sociais, chamam a ateno os baixos valores do IDH Longevidade do Recife, os quais se equiparam aos valores de municpios perifricos. Junto com Ipojuca, alcana o valor do Brasil, conquanto os demais municpios metropolitanos apresentem valores mais altos. Como o peso da capital na composio do ndice do Estado de Pernambuco muito grande, todos os municpios superam esse ndice. Essa situao desfavorvel do Recife na dimenso longevidade pode remeter difcil situao sanitria da capital, bem como s altas taxas de mortalidade por violncia. Na dimenso Educao, os valores do IDH expressam, de modo menos contrastado que na dimenso Renda, a estrutura centro-periferia, com valores acima do IDH do Pas em Paulista, Recife e Olinda, e valores abaixo do IDH do Estado em Araoiaba, Ipojuca e Itapissuma, em 2000. Em posies intermedirias esto os demais municpios, valendo notar que em Abreu e Lima e sobretudo em Jaboato dos Guararapes, onde houve no mesmo perodo um forte crescimento do valor do IDH Renda, os valores do IDH Educao, superiores ao do Brasil em 1991, passam a ser inferiores em 2000.
Tabela 9
1991 e 2000
Valor Ranking Valor Ranking Valor Ranking Valor Ranking Valor Ranking Valor Ranking
Paulista 0,646 3 0,668 4 0,727 1 0,829 1 0,844 1 0,900 1
Recife 0,727 1 0,770 1 0,676 9 0,727 14 0,818 3 0,894 2
Olinda 0,672 2 0,699 2 0,696 5 0,789 4 0,827 2 0,889 3
Jaboato dos Guararapes 0,644 4 0,685 3 0,691 6 0,797 2 0,769 4 0,848 4
Camaragibe 0,571 6 0,633 5 0,727 1 0,761 7 0,744 6 0,847 5
Itamarac 0,576 5 0,615 6 0,703 4 0,797 2 0,680 8 0,817 7
Abreu e Lima 0,556 7 0,585 8 0,690 7 0,762 6 0,761 5 0,844 6
Igarassu 0,521 11 0,573 10 0,709 3 0,779 5 0,654 11 0,804 8
Cabo de Santo Agostinho 0,542 8 0,588 7 0,642 13 0,734 12 0,705 7 0,798 9
So Loureno da Mata 0,531 9 0,578 9 0,647 12 0,761 7 0,663 9 0,782 10
Itapissuma 0,470 12 0,565 11 0,670 11 0,760 10 0,627 12 0,761 12
Moreno 0,523 10 0,542 13 0,672 10 0,761 7 0,658 10 0,775 11
Ipojuca 0,466 13 0,545 12 0,597 14 0,728 13 0,527 13 0,700 13
Araoiaba 0,420 14 0,494 14 0,689 8 0,739 11 0,434 14 0,679 14
Pernambuco 0,599 0,643 0,617 0,705 0,644 0,768
BRASIL 0,681 0,723 0,662 0,727 0,745 0,849
Fonte: PNUD; IPEA; FJP. Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. 2003. CD-ROM.
1991 2000
ndice de Desenvolvimento Humano Municipal - renda, longevidade e educao, segundoos municpios da Regio Metropolitana do Recife
IDHM Educao1991 2000Municpios
IDHM Renda1991 2000
IDHM Longevidade
Tabela 9
ndice de Desenvolvimento Humano Municipal Renda, Longevidade e Educao, segundo os municpios da Regio Metropolitana do Recife | 1991 e 2000
Desenvolvimento Humano no Recife | ATLAS MUNICIPAL 20
Na dcada de 90, h uma reduo das amplitudes entre os valores mais baixos e os mais altos alcanados pelos municpios nas trs dimenses (Renda, Longevidade e Educao). Em conseqncia, reduz-se tambm a amplitude entre os valores do IDHM como um todo (Tabela 7), de 0,226 para 0,162, sendo que somente quatro municpios centrais da aglomerao (Recife, Olinda, Paulista e Jaboato dos Guararapes) apresentam valores acima do IDH do Brasil; seis outros (Camaragibe, Abreu e Lima, Igarassu, Itamarac, Cabo de Santo Agostinho e So Loureno da Mata) alcanam valores maiores que o IDH de Pernambuco, conquanto se mantenham inferiores em Moreno, Itapissuma, Ipojuca e Araoiaba. Essa reduo da amplitude deve-se a uma relativa homogeneizao provocada pelo crescente movimento de urbanizao que atinge os municpios perifricos (em especial o Cabo de Santo Agostinho, Igarassu e So Loureno da Mata) e aos impactos mais difusos das polticas de sade e de educao. A reduo da amplitude (Tabela 9) especialmente forte na dimenso Educao (de 0,410 para 0,221), menor na dimenso Longevidade (de 0,130 para 0,101) e muito menor na dimenso Renda (de 0,307 para 0,276). Mesmo com essas redues, as desigualdades entre os municpios continuam muito acentuadas, e, considerando-se os significativos avanos da rea educacional, a reduo da desigualdade de renda parece pfia. Estaria ento nessa dimenso o ncleo duro e pouco mutvel da desigualdade revelada pelos ndices de Desenvolvimento Humano entre os municpios da Regio Metropolitana do Recife.
Os grficos 9 a 12, apresentados a seguir, demonstram que, no conjunto da RMR, houve na dcada de 90 um incremento maior ou igual dos valores do IDH quando comparados aos do Brasil e de Pernambuco. Nos IDHs Renda e Longevidade, esse incremento maior ou igual ocorreu em 9 dos 14 municpios, e nos IDH Educao e IDHM em seis municpios. Esse fato sugere que, durante aquela dcada, se confirmou a vantagem j consolidada das reas urbanas em relao s reas rurais e, no caso de Pernambuco, a vantagem da maior concentrao urbana sobre as regies menos urbanizadas do Estado. Mas um exame mais detalhado dos grficos revela uma distino entre as dimenses sociais, nas quais se abrandou a desigualdade entre centro e periferia, j que cresceram mais os valores dos municpios perifricos que, em 1991, alcanavam valores mais baixos, e a dimenso econmica (IDH-Renda), na qual, alm do incremento dos municpios perifricos em processo de urbanizao, os municpios do Recife e do Jaboato dos Guararapes acompanharam o ritmo de crescimento do Estado e do Pas. Nesses dois municpios, a valorizao do solo e a oferta de prdios de apartamentos para os segmentos mais abastados foram vigorosas e permitiram que se mantivesse a estrutura desigual da distribuio de renda da populao, em favor do ncleo central da aglomerao.
Desenvolvimento Humano no Recife | ATLAS MUNICIPAL 21
Grfico 9 Crescimento do IDHM Renda nos municpios da Regio Metropolitana do Recife | 1991-2000
0,019
0,022
0,027
0,029
0,039
0,041
0,043
0,046
0,047
0,052
0,062
0,074
0,079
0,095
0,044
0,042
0,000 0,010 0,020 0,030 0,040 0,050 0,060 0,070 0,080 0,090 0,100
Moreno
Paulista
Olinda
Abreu e Lima
Itamarac
Jaboato dos Guararapes
Recife
Cabo de Santo Agostinho
So Loureno da Mata
Igarassu
Camaragibe
Araoiaba
Ipojuca
Itapissuma
PERNAMBUCO
BRASIL
Fonte: PNUD; IPEA; FJP. Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. 2003. CD-ROM
Grfico 10 Crescimento do IDHM Longevidade nos municpios da Regio Metropolitana do Recife | 1991-2000
0,034
0,050
0,051
0,070
0,072
0,089
0,090
0,092
0,093
0,094
0,102
0,106
0,114
0,131
0,088
0,065
0,000 0,020 0,040 0,060 0,080 0,100 0,120 0,140
Camaragibe
Araoiaba
Recife
Igarassu
Abreu e Lima
Moreno
Itapissuma
Cabo de Santo Agostinho
Olinda
Itamarac
Paulista
Jaboato dos Guararapes
So Loureno da Mata
Ipojuca
PERNAMBUCO
BRASIL
Fonte: PNUD; IPEA; FJP. Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. 2003. CD-ROM
Desenvolvimento Humano no Recife | ATLAS MUNICIPAL 22
Grfico 11 Crescimento do IDHM Educao nos municpios da Regio Metropolitana do Recife | 1991-2000
0,056
0,062
0,076
0,079
0,083
0,093
0,103
0,117
0,119
0,134
0,137
0,150
0,173
0,245
0,124
0,104
0,000 0,050 0,100 0,150 0,200 0,250 0,300
Paulista
Olinda
Recife
Jaboato dos Guararapes
Abreu e Lima
Cabo de Santo Agostinho
Camaragibe
Moreno
So Loureno da Mata
Itapissuma
Itamarac
Igarassu
Ipojuca
Araoiaba
PERNAMBUCO
BRASIL
Fonte: PNUD; IPEA; FJP. Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. 2003. CD-ROM
0,057
0,060
0,060
0,061
0,066
0,075
0,076
0,077
0,090
0,091
0,093
0,106
0,123
0,128
0,085
0,070
0,000 0,020 0,040 0,060 0,080 0,100 0,120 0,140
Recife
Paulista
Olinda
Abreu e Lima
Camaragibe
Moreno
Jaboato dos Guararapes
Cabo de Santo Agostinho
Itamarac
Igarassu
So Loureno da Mata
Itapissuma
Araoiaba
Ipojuca
PERNAMBUCO
BRASIL
Fonte: PNUD; IPEA; FJP. Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. 2003. CD-ROM
Grfico 12 Crescimento do IDHM nos municpios da Regio Metropolitana do Recife | 1991-2000
Desenvolvimento Humano no Recife | ATLAS MUNICIPAL 23
3. OS RECIFENSES O QUE REVELAM OS NDICES DE DESENVOLVIMENTO HUMANO NO TERRITRIO MUNICIPAL
Os valores dos ndices de Desenvolvimento Humano, constantes do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (PNUD, 2003), permitiram revelar a posio do Recife entre algumas metrpoles brasileiras, as capitais do Nordeste e entre os municpios da Regio Metropolitana do Recife. Considerando-se as trs dimenses que representam as necessidades bsicas da populao para o desenvolvimento humano, constatou-se que a capital pernambucana se destaca pelos valores relativamente altos do IDH Renda, conquanto os valores dos IDHs Longevidade e Educao so bem menos favorveis. Essa diferena entre a dimenso econmica, expressa pelo valor do IDH Renda, e as dimenses sociais ainda mais significativa quando se leva em conta a evoluo durante a dcada de 90, caracterizada por mudanas e reduo paulatina das desigualdades nas dimenses sociais e pela estabilidade e reproduo da desigualdade na dimenso econmica. Ora, a aptido pelo desenvolvimento humano caracteriza-se pela inseparabilidade das trs dimenses, expressa pelo IDH, remetendo necessidade bsica dos indivduos de terem uma vida longa e saudvel, instruo e renda, de modo a permitir uma vida digna, com ampliao de escolhas e acesso livre a novas oportunidades. Com o objetivo de se identificar at que ponto os recifenses conseguem realizar no seu cotidiano e nos seus espaos de residncia essa combinao virtuosa, a anlise dos ndices de Desenvolvimento Humano precisa alcanar esse cotidiano e esses espaos, o que se torna possvel com a produo do Atlas do Desenvolvimento Humano no Recife. Esse Atlas apresenta os valores dos ndices por unidades territoriais intramunicipais, mais prximas, portanto, das vivncias dos moradores que os ndices municipais que abrangem o conjunto da populao do municpio.
3.1 Aspectos metodolgicos das divises territoriais adotadas no Atlas do Desenvolvimento Humano no Recife
O Atlas do Desenvolvimento Humano no Recife propicia, ento, a anlise das desigualdades existentes entre os membros de uma comunidade poltica basilar da federao, o municpio. Na anlise, desenvolvida a seguir, dos valores dos ndices de Desenvolvimento Humano em escala intramunicipal, propem-se dois objetivos:
revelar, com a maior clareza possvel, desigualdades vivenciadas entre os recifenses nos seus espaos de residncia; e
identificar estratgias de ao visando superar situaes de misria e opresso que constituem freios ao desenvolvimento humano do municpio.
Esses dois objetivos so perseguidos considerando-se duas divises territoriais presentes no Atlas do Desenvolvimento Humano no Recife: as Unidades de Desenvolvimento Humano e as Microrregies Poltico-Administrativas.
Para alcanar o primeiro objetivo, o territrio municipal foi dividido em 62 Unidades de Desenvolvimento Humano (UDHs), de modo que cada uma dessas Unidades apresentasse um nvel de homogeneidade social suficiente para que as mdias estatsticas no caso o IDH de cada rea correspondessem, o mximo possvel, s condies vividas pelos moradores e permitissem comparaes entre reas com perfis sociais diferenciados. Essa diviso foi facilitada pela histria peculiar do municpio, que cedo comeou a levantar informaes e produzir mapas sobre as reas habitadas por
Desenvolvimento Humano no Recife | ATLAS MUNICIPAL 24
famlias pobres. Com base nesses mapas, procedeu-se diviso do territrio municipal em UDH, conforme procedimentos descritos no texto metodolgico desse Atlas (RECIFE.Prefeitura, 2005).
Para atender ao segundo objetivo, mais diretamente vinculado aos processos de deciso em vigor no planejamento municipal, adotou-se uma outra diviso territorial (18 Microrregies), resultante da histria poltica do planejamento urbano municipal e das prticas do Oramento Participativo.
A Lei n 16.293, de 22/01/1997, publicada no Dirio Oficial do Municpio do dia 04/02/1997, dispe sobre a diviso do territrio municipal em seis Regies Poltico-Administrativas, denominadas RPA 1, RPA 2, RPA 3, RPA 4, RPA 5 e RPA 6. Cada uma dessas grandes regies dividida em trs Microrregies visando definio das intervenes municipais em nvel local e articulao com a populao e compostas por um ou mais dos 94 Bairros estabelecidos pelo Decreto Municipal 14.452, de 26 de outubro de 1988, para levantamento de informaes do IBGE e para o Sistema de Informaes e Planejamento do Recife (Quadro B, anexo). A malha poltico-administrativa instituda por essa lei provm de duas origens: a primeira de carter tcnico, e a segunda de carter poltico. Os 94 bairros foram delimitados no decorrer de um trabalho tcnico, realizado em 1988 pela administrao municipal, visando compor unidades que agregassem os setores censitrios do IBGE, vigentes no Censo de 1980, de modo a garantir que nos Censos subseqentes, mesmo sendo modificados os setores censitrios, se mantivessem os bairros como unidades mnimas de comparao entre os Censos realizados em diversos anos. As seis Regies Poltico-Administrativas e as 18 Microrregies foram desenhadas no decorrer da implantao de polticas de cunho participativo, visando estabelecer um dilogo entre o governo e a populao, em especial com os segmentos populares. As regies poltico-administrativas so tambm adotadas pela Secretaria de Sade na implantao dos Distritos Sanitrios. Em 2001, a Secretaria do Oramento Participativo e Gesto Cidad promoveu a ampliao do Oramento Participativo, aberto participao da populao em geral, mantendo aquela diviso territorial. Considerado esse histrico, o Atlas do Desenvolvimento Humano no Recife permite, levando em conta a importncia das Microrregies para as prticas de Oramento Participativo e de Planejamento, o acesso a todos os ndices para esses 18 territrios microrregionais e, conseqentemente, para as seis Regies Poltico-Administrativas. mister observar que, em geral, Microrregies e Regies Poltico-Administrativas agregam segmentos sociais diversos, e que os indicadores e ndices correspondem nesses territrios a mdias de condies de vida diferenciadas. Sendo divises geogrficas adotadas em processos decisrios de natureza participativa, as dezoito microrregies so espaos de negociaes entre segmentos sociais diversos e o Poder Pblico para definir prioridades nas intervenes locais.
3.2 A Configurao espacial da desigualdade territorial entre os recifenses: o que revelam os valores do IDH por Unidades de Desenvolvimento Humano
As Tabelas 10 e 11 apresentam os valores do IDH nas 62 Unidades de Desenvolvimento Humano, classificadas pela ordem de valor decrescente de 2000. Entre a UDH com maior valor, BOA VIAGEM/PINA Orla, Av. Herculano Bandeira (UDH 48) e a de menor valor, ILHA JOANA BEZERRA/SO JOS Zeis Coque(UDH 05), h uma diferena de 0,332, que expressa condies de desenvolvimento humano extremamente dspares, dentro do mesmo municpio. Essa amplitude muito maior que aquelas observadas em anlises anteriores, referentes a cidades ncleos de regies metropolitanas, capitais do Nordeste e mesmo municpios da Regio Metropolitana do Recife, revelando que as maiores desigualdades ocorrem entre as populaes residentes na mesma cidade.
Desenvolvimento Humano no Recife | ATLAS MUNICIPAL 25
A ttulo de ilustrao, na Tabela 10, so indicados os municpios de Pernambuco e de pases selecionados, cujos valores de IDH, em 2000, so iguais ou prximos dos valores observados em Unidades de Desenvolvimento Humano do Recife. Assim, em algumas Unidades, os valores do IDH so superiores ao valor do IDH Noruegus (o mais alto no mundo em 2000) e do IDH de Fernando de Noronha (o mais alto de Pernambuco), conquanto em outras Unidades, os baixos valores equivalham aos de pases pobres da frica e da sia (So Tom e Prncipe, Guin Equatorial, Tajiquisto e Monglia) ou, ainda, de municpios do interior de Pernambuco onde grassa a pobreza rural (Primavera, Vitria de Santo Anto, Oroc e Jatob). Na mesma Tabela 10, h um grande nmero de Unidades que, em posies intermedirias, apresentam valores do IDH iguais aos de municpios da Regio Metropolitana, verificando-se o carter suburbano de muitas reas do Recife, com caractersticas morfolgicas e sociais parecidas com municpios vizinhos, a exemplo de Camaragibe.
Tabela 10
Comparao entre Unidades de Desenvolvimento Humano do Recife, pases selecionados e municpios de Pernambuco, segundo o IDH | 2000
UDH Unidades de Desenvolvimento Humano do Recife IDH 2000Pases com IDH mais prximo
Municpios e Distrito Estadual de PE com IDH
mais prximo
Desenvolvimento Humano elevado (ndice 0,800 e mais)
48 BOA VIAGEM / PINA - Orla, Av. Herculano Bandeira 0,964 > Noruega > Fernando de Noronha (PE)
17 GRAAS / AFLITOS / DERBY / ESPINHEIRO 0,953 > Noruega > Fernando de Noronha (PE)
49 BOA VIAGEM - Shopping 0,935 Holanda > Fernando de Noronha (PE)
16 CASA FORTE / PARNAMIRIM / JAQUEIRA / MONTEIRO 0,933 Japo > Fernando de Noronha (PE)
28 MADALENA / ILHA DO RETIRO / PRADO 0,930 Finlndia > Fernando de Noronha (PE)
47 BOA VIAGEM - Setbal 0,927 Dinamarca > Fernando de Noronha (PE)
15 CASA AMARELA / TAMARINEIRA 0,918 Nova Zelndia > Fernando de Noronha (PE)
03 BOA VISTA / ILHA DO LEITE / PAISSANDU 0,917 Nova Zelndia > Fernando de Noronha (PE)
07 ENCRUZILHADA / HIPDROMO / ROSARINHO / TORREO 0,917 Nova Zelndia > Fernando de Noronha (PE)
29 TORRE / ZUMBI 0,904 Israel > Fernando de Noronha (PE)
51 IPSEP - Av. Jean Emile Favre, Av. Recife 0,874 Malta > Fernando de Noronha (PE)
50 IMBIRIBEIRA - Lagoa Ara, Mascarenhas de Morais 0,865 Barbados Fernando de Noronha (PE)
26 CORDEIRO - Av do Forte, Exposio dos Animais 0,864 Barbados Fernando de Noronha (PE)
02 SANTO AMARO / SOLEDADE - Vilas Naval e Operria 0,864 Brunei Fernando de Noronha (PE)
33 VRZEA / CIDADE UNIVERSITRIA 0,858 Brunei Fernando de Noronha (PE)
27 ENG DO MEIO / CORDEIRO / IPUTINGA - Bom Pastor 0,850 Repblica Checa sem equivalncia
09 GUA FRIA / ARRUDA / PORTO DA MADEIRA / CAJUEIRO 0,827 Bahamas sem equivalncia
36 AFOGADOS / MUSTARDINHA / SAN MARTIN 0,817 So Cristovo e Nevis sem equivalncia
40 AREIAS - Ines Andreazza, Vila Cardeal e Silva 0,817 So Cristovo e Nevis sem equivalncia
43 JARDIM SO PAULO - Zeis: Areias, Barro e J.S. Paulo 0,813 Emirados rabes Unidos sem equivalncia
Desenvolvimento Humano no Recife | ATLAS MUNICIPAL 26
UDH Unidades de Desenvolvimento Humano do Recife IDH 2000Pases com IDH mais prximo
Municpios e Distrito Estadual de PE com IDH
mais prximo
Desenvolvimento Humano mdio (ndice 0,500 a 0,800)
42 BARRO / SANCHO / TEJIPI 0,799 Letnia Paulista (PE)06 CAMPO GRANDE - Estrada de Belm, Zeis Ilha Joaneiro 0,796 Cuba Recife (PE)18 CASA AMARELA - Zeis Alto Mandu/Sta. Isabel 0,789 Belarus Olinda (PE)25 IPUTINGA - AP Alto do Cu, Monsenhor Fabrcio 0,782 Malsia Jaboato dos Guararapes (PE)39 ESTNCIA / S.MARTIN / JIQUI - Parque do Jiqui 0,776 Romnia Jaboato dos Guararapes (PE)61 COHAB URs 1, 2 e 3 0,774 Lbia Jaboato dos Guararapes (PE)30 MADALENA / TORRE - Zeis: Stios Cardoso e Berardo 0,765 Tailndia Camaragibe (PE)52 BOA VIAGEM - Zeis: Entra-Apulso e Ilha do Destino 0,757 Suriname Camaragibe (PE)44 CURADO / COQUEIRAL / TOT - Zeis Cavaleiro 0,751 Cazaquisto Camaragibe (PE)56 IBURA - Av Dom Hlder Cmara, Vila do Sesi 0,750 Cazaquisto Camaragibe (PE)35 VRZEA / CAXANG - Zeis Rosa Selvagem 0,749 Ucrnia Camaragibe (PE)20 ALTO JOS DO PINHO / MANGABEIRA - Zeis C. Amarela 0,742 Jamaica Itamarac (PE)34 VRZEA - Zeis: Brasilit, Campo Banco e V. Arraes 0,740 Paraguai Itamarac (PE)57 IBURA / JORDO - Zeis Alto da Jaqueira 0,737 Paraguai Itamarac (PE)38 AFOGADOS - Zeis: Mangueira e Vila do Siri 0,736 So Vicente e Granadinas Abreu e Lima (PE)
53 BRASLIA TEIMOSA / PINA - Zeis Braslia Teimosa 0,735 So Vicente e Granadinas Abreu e Lima (PE)
21 VASCO DA GAMA - Zeis Casa Amarela 0,731 Equador Abreu e Lima (PE)
37 BONGI / SAN MARTIN - Zeis: Afogados e Mustardinha 0,727 Repblica Dominicana Carpina (PE)
59 COHAB - AP Lagoa Encantada e Monte Verde 0,725 China Carpina (PE)
55 IMBIRIBEIRA - Zeis: Stio Grande e Aritana 0,721 Ir Igarassu (PE)
12 BEBERIBE / LINHA DO TIRO - Zeis Casa Amarela 0,719 Ir Igarassu (PE)
08 CAMPO GRANDE / CAMPINA BARRETO - Zeis Campo Grande 0,709 Guiana Arcoverde (PE)
60 COHAB - AP UR10, 4, 5 / R Francisco Vitoriano 0,704 Guiana Nazar da Mata (PE)
11 STA. TERESINHA / B. HEMETRIO - Zeis Casa Amarela 0,703 Moldova Nazar da Mata (PE)
54 PINA - Zeis: Pina / Encanta Moa e Ilha de Deus 0,702 Moldova Nazar da Mata (PE)
32 TORRES - Zeis: Torres e Vietn 0,701 Moldova Santa Cruz do Capibaribe (PE)
19 ALTO J. BONIFCIO / MORRO CONCEIO - Zeis C. Amarela 0,700 Moldova Santa Cruz do Capibaribe (PE)
04 RECIFE CENTRO - Zeis Coelhos / AP Comunidade Pilar 0,700 Moldova Santa Cruz do Capibaribe (PE)
62 COHAB - Zeis UR 5 / Trs Carneiros 0,699 Moldova Santa Cruz do Capibaribe (PE)
45 CURADO / JARDIM S.PAULO - Zeis Planeta dos Macacos 0,699 Arglia Santa Cruz do Capibaribe (PE)
13 DOIS UNIDOS - Zeis: Dois Unidos e Linha do Tiro 0,699 Arglia Santa Cruz do Capibaribe (PE)
31 IPUTINGA - Zeis Vila Unio / AP Detran 0,698 Arglia Floresta (PE)
10 GUA FRIA / FUNDO - Zeis: C. Amarela e Fundo Fora 0,697 Arglia Floresta (PE)
23 CRREGO DO JENIPAPO / MACAXEIRA - Zeis C. Amarela 0,696 frica do Sul Itapissuma (PE)
58 IBURA / JORDO - Zeis Ibura / Jordo 0,695 frica do Sul Itapissuma (PE)
14 APIPUCOS / DOIS IRMOS / S. DOS PINTOS / GUABIRABA 0,691 Sria Goiana (PE)
41 AREIAS - Zeis: Caote, Beirinha, J.Ucha e Rio/Iraque 0,686 Indonsia Jatob (PE)
24 NOVA DESCOBERTA - Zeis Casa Amarela 0,682 Guin Equatorial Serra Talhada (PE)
46 BARRO - Zeis Tejipi / Pacheco e Vila dos Milagres 0,668 Tajiquisto Oroc (PE)
22 BREJOS: DA GUABIRABA e DE BEBERIBE - Zeis C. Amarela 0,663 Tajiquisto Vitria de Santo Anto (PE)
01 SANTO AMARO - Zeis: Santo Amaro e Joo de Barros 0,658 Monglia Ipojuca (PE)
05 ILHA JOANA BEZERRA / SO JOS - Zeis Coque 0,632 So Tom e Prncipe Primavera (PE)
Fonte: RECIFE. Prefeitura; PNUD. Atlas do Desenvolvimento Humano no Recife. 2005. PNUD. Relatrio do Desenvolvimento Humano, 2002.
Desenvolvimento Humano no Recife | ATLAS MUNICIPAL 27
Essas comparaes com pases e municpios permitem ilustrar a distncia social que separa os recifenses, segundo seus territrios de residncia, mas, so bem menos significativas que a comparao que se estabelece entre as Unidades de Desenvolvimento Humano no prprio territrio municipal. Com efeito, dentro de uma comunidade, a referncia dessa distncia social no um pas nem um municpio do interior, mas resulta da experincia concreta da cidade, diariamente percorrida durante os afazeres cotidianos ou, no decorrer da vida, durante as avaliaes de qualidade dos locais para estabelecer residncia. Essas experincias tornam ento relativas as classes de valor do IDH indicadas na Tabela 10 como sendo de elevado ou mdio desenvolvimento humano.
Considerando-se o carter relativo dos valores do IDH, esses foram agrupados em cinco classes de Unidades de Desenvolvimento Humano, de valores do IDH muito baixos (0,630 a 0,689), baixos (0,690 a 0,745), mdios (0,746 a 0,819), altos (0,820 a 0,899) e muito altos (0,900 a 0,970) conforme tabela 11 e Fig. 1. Segundo essa classificao, as dez Unidades de muito alto valor do IDH reuniam, em 2000, 234.886 habitantes; as sete Unidades de alto valor do IDH 167.293 habitantes; as 14 Unidades de mdio valor, 312.937; as 25 Unidades de baixo valor do IDH, 569.035; e as seis Unidades de muito baixo valor, 138.754 habitantes (Tabela 12). Essa distribuio confirma que, entre os 1.422.905 habitantes do Recife em 2000, cerca da metade (49,7%) residia em bairros com baixas e muito baixas condies de vida. Por outro lado, os bolses mais privilegiados (UDH de alto e muito alto valor do ndice de Desenvolvimento Humano) reuniam somente cerca de 400 mil habitantes (28,3% da populao total).
Tabela 11
Valores decrescentes do IDHM segundo Unidades de Desenvolvimento Humano, por classe de valor do ndice de Desenvolvimento Humano | Recife | 1991 e 2000
Cd.
UDHUnidade de Desenvolvimento Humano UDH
por classe de valor do IDH 2000 IDHM 1991 IDHM 2000
IDH muito alto
48 BOA VIAGEM / PINA - Orla, Av. Herculano Bandeira 0,923 0,964
17 GRAAS / AFLITOS / DERBY / ESPINHEIRO 0,907 0,953
49 BOA VIAGEM - Shopping 0,890 0,935
16 CASA FORTE / PARNAMIRIM / JAQUEIRA / MONTEIRO 0,872 0,933
28 MADALENA / ILHA DO RETIRO / PRADO 0,874 0,930
47 BOA VIAGEM - Setbal 0,854 0,927
15 CASA AMARELA / TAMARINEIRA 0,858 0,918
03 BOA VISTA / ILHA DO LEITE / PAISSANDU 0,902 0,917
07 ENCRUZILHADA / HIPDROMO / ROSARINHO / TORREO 0,852 0,917
29 TORRE / ZUMBI 0,876 0,904
IDH alto
51 IPSEP - Av. Jean Emile Favre, Av. Recife 0,823 0,874
50 IMBIRIBEIRA - Lagoa Ara, Mascarenhas de Morais 0,816 0,865
26 CORDEIRO Av. do Forte, Exposio dos Animais 0,801 0,864
02 SANTO AMARO / SOLEDADE - Vilas Naval e Operria 0,815 0,864
33 VRZEA / CIDADE UNIVERSITRIA 0,787 0,858
27 ENG DO MEIO / CORDEIRO / IPUTINGA - Bom Pastor 0,804 0,850
09 GUA FRIA / ARRUDA / PORTO DA MADEIRA / CAJUEIRO 0,770 0,827
Desenvolvimento Humano no Recife | ATLAS MUNICIPAL 28
Cd.
UDHUnidade de Desenvolvimento Humano UDH
por classe de valor do IDH 2000 IDHM 1991 IDHM 2000
IDH mdio
36 AFOGADOS / MUSTARDINHA / SAN MARTIN 0,749 0,817
40 AREIAS - Ines Andreazza, Vila Cardeal e Silva 0,784 0,817
43 JARDIM SO PAULO - Zeis: Areias, Barro e J. S. Paulo 0,759 0,813
42 BARRO / SANCHO / TEJIPI 0,757 0,799
06 CAMPO GRANDE - Estrada de Belm, Zeis Ilha Joaneiro 0,752 0,796
18 CASA AMARELA - Zeis Alto Mandu / Sta. Isabel 0,717 0,789
25 IPUTINGA - AP Alto do Cu, Monsenhor Fabrcio 0,721 0,782
39 ESTNCIA / S. MARTIN / JIQUI - Parque do Jiqui 0,709 0,776
61 COHAB URs 1, 2 e 3 0,726 0,774
30 MADALENA / TORRE - Zeis: Stios Cardoso e Berardo 0,714 0,765
52 BOA VIAGEM - Zeis: Entra-Apulso e Ilha do Destino 0,704 0,757
44 CURADO / COQUEIRAL / TOT - Zeis Cavaleiro 0,677 0,751
56 IBURA Av. Dom Hlder Cmara, Vila do Sesi 0,677 0,750
35 VRZEA / CAXANG - Zeis Rosa Selvagem 0,695 0,749
IDH baixo
20 ALTO JOS DO PINHO / MANGABEIRA - Zeis Casa Amarela 0,684 0,742
34 VRZEA - Zeis: Brasilit, Campo Banco e V. Arraes 0,671 0,740
57 IBURA / JORDO - Zeis Alto da Jaqueira 0,661 0,737
38 AFOGADOS - Zeis: Mangueira e Vila do Siri 0,693 0,736
53 BRASLIA TEIMOSA / PINA - Zeis Braslia Teimosa 0,677 0,735
21 VASCO DA GAMA - Zeis Casa Amarela 0,677 0,731
37 BONGI / SAN MARTIN - Zeis: Afogados e Mustardinha 0,680 0,727
59 COHAB - AP Lagoa Encantada e Monte Verde 0,646 0,725
55 IMBIRIBEIRA - Zeis: Stio Grande e Aritana 0,666 0,721
12 BEBERIBE / LINHA DO TIRO - Zeis Casa Amarela 0,641 0,719
08 CAMPO GRANDE / CAMPINA BARRETO - Zeis Campo Grande 0,632 0,709
60 COHAB - AP URs 10, 4, 5 / R. Francisco Vitoriano 0,637 0,704
11 STA. TERESINHA / B. HEMETRIO - Zeis Casa Amarela 0,628 0,703
54 PINA - Zeis: Pina / Encanta Moa e Ilha de Deus 0,642 0,702
32 TORRES - Zeis: Torres e Vietn 0,632 0,701
19 ALTO J. BONIFCIO / MORRO CONCEIO - Zeis Casa Amarela 0,633 0,700
04 RECIFE CENTRO - Zeis Coelhos / AP Comunidade Pilar 0,665 0,700
62 COHAB - Zeis UR 5 / Trs Carneiros 0,630 0,699
45 CURADO / JARDIM S. PAULO - Zeis Planeta dos Macacos 0,650 0,699
13 DOIS UNIDOS - Zeis: Dois Unidos e Linha do Tiro 0,621 0,699
31 IPUTINGA - Zeis Vila Unio / AP Detran 0,612 0,698
10 GUA FRIA / FUNDO - Zeis: Casa Amarela e Fundo Fora 0,608 0,697
23 CRREGO DO JENIPAPO / MACAXEIRA - Zeis Casa Amarela 0,653 0,696
58 IBURA / JORDO - Zeis Ibura / Jordo 0,641 0,695
14 APIPUCOS / DOIS IRMOS / S. DOS PINTOS / GUABIRABA 0,658 0,691
IDH muito baixo
41 AREIAS - Zeis: Caote, Beirinha, J. Ucha e Rio / Iraque 0,633 0,686
24 NOVA DESCOBERTA - Zeis Casa Amarela 0,621 0,682
46 BARRO - Zeis Tejipi / Pacheco e Vila dos Milagres 0,604 0,668
22 BREJOS: DA GUABIRABA e DE BEBERIBE - Zeis Casa Amarela 0,579 0,663
01 SANTO AMARO - Zeis: Santo Amaro e Joo de Barros 0,600 0,658
05 ILHA JOANA BEZERRA / SO JOS - Zeis Coque 0,568 0,632
Fonte: RECIFE.Prefeitura; PNUD. Atlas do Desenvolvimento Humano no Recife. 2005.
Desenvolvimento Humano no Recife | ATLAS MUNICIPAL 29
Tabela 12
Populao residente segundo Unidades de Desenvolvimento Humano por classe de valor do IDH | Recife | 2000
Cd. UDHUnidade de Desenvolvimento Humano UDH
por classe de valor do IDH 2000Populao residente total
IDH muito alto
03 BOA VISTA / ILHA DO LEITE / PAISSANDU 15.523
07 ENCRUZILHADA / HIPDROMO / ROSARINHO / TORREO 17.154
15 CASA AMARELA / TAMARINEIRA 26.350
16 CASA FORTE / PARNAMIRIM / JAQUEIRA / MONTEIRO 19.504
17 GRAAS / AFLITOS / DERBY / ESPINHEIRO 32.336
28 MADALENA / ILHA DO RETIRO / PRADO 15.216
29 TORRE / ZUMBI 14.344
47 BOA VIAGEM - Setbal 24.481
48 BOA VIAGEM / PINA - Orla, Av. Herculano Bandeira 41.329
49 BOA VIAGEM - Shopping 28.649
total 234.886
IDH alto
02 SANTO AMARO / SOLEDADE - Vilas Naval e Operria 13.942
09 GUA FRIA / ARRUDA / PORTO DA MADEIRA / CAJUEIRO 31.360
26 CORDEIRO - Av do Forte, Exposio dos Animais 28.618
27 ENG DO MEIO / CORDEIRO / IPUTINGA - Bom Pastor 30.017
33 VRZEA / CIDADE UNIVERSITRIA 19.654
50 IMBIRIBEIRA - Lagoa Ara, Mascarenhas de Morais 22.104
51 IPSEP - Av. Jean Emile Favre, Av. Recife 21.598
total 167.293
IDH mdio
06 CAMPO GRANDE - Estrada de Belm, Zeis Ilha Joaneiro 23.791
18 CASA AMARELA - Zeis Alto Mandu/Sta. Isabel 18.648
25 IPUTINGA - AP Alto do Cu, Monsenhor Fabrcio 18.979
30 MADALENA / TORRE - Zeis: Stios Cardoso e Berardo 29.339
35 VRZEA / CAXANG - Zeis Rosa Selvagem 30.092
36 AFOGADOS / MUSTARDINHA / SAN MARTIN 31.254
39 ESTNCIA / S.MARTIN / JIQUI - Parque do Jiqui 16.101
40 AREIAS - Ines Andreazza, Vila Cardeal e Silva 24.370
42 BARRO / SANCHO / TEJIPI 27.062
43 JARDIM SO PAULO - Zeis: Areias, Barro e JSPaulo 21.752
44 CURADO / COQUEIRAL / TOT - Zeis Cavaleiro 20.602
52 BOA VIAGEM - Zeis: Entra-Apulso e Ilha do Destino 14.650
56 IBURA - Av Dom Hlder Cmara, Vila do Sesi 20.602
61 COHAB - URs 1, 2 e 3 15.695
total 312.937
Desenvolvimento Humano no Recife | ATLAS MUNICIPAL 30
A representao cartogrfica das Unidades de Desenvolvimento Humano no territrio municipal, segundo classes de valor do IDH em 2000, revelam como se distribui espacialmente a desigualdade social no Recife (Fig. 1).
Numa primeira aproximao, constata-se que h dois conjuntos de UDH, com valores muito altos: na Zona Sul (Boa Viagem) e no Centro (Boa Vista), prolongando-se para oeste na margem esquerda do Rio Capibaribe (Derby/Graas/Espinheiro/Aflitos/Torreo/Encruzilhada/Hipdromo/Rosarinho/Tamarineira/Casa Amarela/Jaqueira/Parnamirim/Santana/Casa Forte/Poo/Monteiro) e tambm na sua margem direita (Madalena/Prado/Ilha do Retiro e Torre/Zumbi). Em todos esses bairros, houve ou
Cd. UDHUnidade de Desenvolvimento Humano UDH
por classe de valor do IDH 2000Populao residente total
IDH baixo
04 RECIFE CENTRO - Zeis Coelhos / AP Comunidade Pilar 15.221
08 CAMPO GRANDE / CAMPINA BARRETO - Zeis Campo Grande 24.753
10 GUA FRIA / FUNDO - Zeis: C. Amarela e Fundo Fora 42.655
11 STA. TERESINHA / B. HEMETRIO - Zeis Casa Amarela 16.469
12 BEBERIBE / LINHA DO TIRO - Zeis Casa Amarela 22.576
13 DOIS UNIDOS - Zeis: Dois Unidos e Linha do Tiro 27.228
14 APIPUCOS / DOIS IRMOS / S.DOS PINTOS / GUABIRABA 19.827
19 ALTO J.BONIFCIO / MORRO CONCEIO - Zeis C.Amarela 22.519
20 ALTO JOS DO PINHO / MANGABEIRA - Zeis C. Amarela 19.754
21 VASCO DA GAMA - Zeis Casa Amarela 29.426
23 CRREGO DO JENIPAPO / MACAXEIRA - Zeis C. Amarela 27.884
31 IPUTINGA - Zeis Vila Unio / AP Detran 15.210
32 TORRES - Zeis: Torres e Vietn 29.510
34 VRZEA - Zeis: Brasilit, Campo Banco e V. Arraes 22.036
37 BONGI / SAN MARTIN - Zeis: Afogados e Mustardinha 32.906
38 AFOGADOS - Zeis: Mangueira e Vila do Siri 20.001
45 CURADO / JARDIM S.PAULO - Zeis Planeta dos Macacos 16.370
53 BRASLIA TEIMOSA / PINA - Zeis Braslia Teimosa 20.464
54 PINA - Zeis: Pina/Encanta Moa e Ilha de Deus 17.392
55 IMBIRIBEIRA - Zeis: Stio Grande e Aritana 28.483
57 IBURA / JORDO - Zeis Alto da Jaqueira 18.946
58 IBURA / JORDO - Zeis Ibura/Jordo 25.966
59 COHAB - AP Lagoa Encantada e Monte Verde 17.236
60 COHAB - AP UR10, 4, 5 / R Francisco Vitoriano 19.742
62 COHAB - Zeis UR 5/Trs Carneiros 16.461
total 569.035
IDH muito baixo
01 SANTO AMARO - Zeis: Santo Amaro e Joo de Barros 17.399
05 ILHA JOANA BEZERRA / SO JOS - Zeis Coque 16.013
22 BREJOS: DA GUABIRABA e DE BEBERIBE - Zeis C. Amarela 32.601
24 NOVA DESCOBERTA - Zeis Casa Amarela 34.676
41 AREIAS - Zeis: Caote, Beirinha, J.Ucha e Rio/Iraque 18.639
46 BARRO - Zeis Tejipi / Pacheco e Vila dos Milagres 19.426
total 138.754
TOTAL RECIFE 1.422.905
Fonte: RECIFE.Prefeitura; PNUD. Atlas do Desenvolvimento Humano no Recife. 2005
Desenvolvimento Humano no Recife | ATLAS MUNICIPAL 31
h um intenso processo de valorizao imobiliria, materializado pela construo de edifcios de apartamentos de alto e mdio padro. Mas as Unidades de Desenvolvimento Humano com valores altos, mdios, baixos e muito baixos distribuem-se em todo o territrio municipal, gerando vizinhanas socialmente desiguais a pouca distncia.
3.2.1 A distribuio geogrfica da desigualdade e a formao da cidade
Para melhor se entender essa distribuio, necessrio que se recorra formao histrica e contempornea da cidade. No intuito de oferecer uma viso mais sinttica da organizao espacial da desigualdade no Recife, prope-se um agrupamento geogrfico das Unidades de Desenvolvimento Humano em trs anis, definidos a partir do padro de disperso do IDH (conforme Modelo de Burgess) correspondendo, respectivamente, s reas central, intermediria e perifrica da cidade (Fig. 1).2
O Anel Central, onde residem 405.637 habitantes, est situado na parte leste do territrio municipal e agrupa as Unidades de Desenvolvimento Humano que compem o Centro Histrico da Cidade (bairros do Recife e Santo Antnio e partes dos bairros da Boa Vista, So Jos e Santo Amaro, correspondendo delimitao da Zona Central instituda pela Lei 7.466/61 de Uso e Ocupao do Solo) e o Centro Expandido (ampliado at a 1 Perimetral Avenida Agamenon Magalhes e institudo pela Lei 14.511/83 de Uso e Ocupao do Solo). Durante os ltimos 20 anos, os investimentos pblicos e privados propiciaram uma nova ampliao desse Centro da aglomerao recifense, materializada pelo incremento do sistema virio da Zona Sul, articulando-se com a 1 Perimetral, e pela localizao de empreendimentos residenciais e de negcios, tanto a oeste da Avenida Agamenon Magalhes (Espinheiro, Graas, Aflitos, alcanando a 2 Perimetral, nos bairros da Madalena e Torre) como na Zona Sul, ao longo dos corredores virios dos bairros de Boa Viagem e Imbiribeira. Essa dinmica provocou uma mudana na distribuio espacial das atividades, podendo-se hoje considerar o conjunto do Anel Central, composto por 19 Unidades de Desenvolvimento Humano (Tabela 13), como o centro funcional, concentrando as principais atividades da cidade e da aglomerao.
Os valores do IDH dessas 19 Unidades (Tabela 13) revelam um trao caracterstico do Anel Central: a extrema desigualdade entre Unidades muito prximas, algumas com os valores mais altos da cidade e outras com os valores mais baixos (amplitude em 2000: 0,332). Esse fato, bastante comum em centros urbanos, onde, ao lado de reas altamente valorizadas, se encontram reas fisicamente degradadas, ocupadas por famlias pobres, especialmente claro no Anel Central, desde que se considere, nos seus padres histricos de ocupao, suas caractersticas fsico-naturais, em ambiente de esturio. sabido que as reas mais enxutas, restingas arenosas e aterros produzidos pela iniciativa pblica, foram cedo apropriadas e ganharam valor, conquanto muitos alagados tivessem sido deixados autoconstruo por parte de famlias pobres.
Assim, as Unidades de Desenvolvimento Humano que apresentam muito baixos e baixos valores do ndice esto todas situadas em alagados, atuais e antigos dos baixos cursos dos Rios Beberibe, Capibaribe, Jordo e Tejipi. Algumas dessas Unidades descritas na Tabela 13 (UDHs 01, 04, 05, 53, 54 e 55) so bastante extensas, demonstrando a capacidade poltica de comunidades pobres de se manterem em reas centrais da cidade (Santo Amaro, Coelhos, Coque, Braslia Teimosa, Pina e Stio Grande), conquanto
2. As Unidades de Desenvolvimento Humano que compem cada Anel, bem como as microrregies correspondentes so apresentadas no Quadro A, em anexo.
Desenvolvimento Humano no Recife | ATLAS MUNICIPAL 32
outras tivessem sido reduzidas, com a valorizao do solo nas reas circunvizinhas, a pequenas comunidades encravadas em reas que apresentam valores de IDH muito altos (Madalena, Torre, Boa Viagem). Nestes ltimos casos, optou-se pelo agrupamento em uma nica Unidade de Desenvolvimento Humano dessas comunidades geograficamente dispersas dentro de um bairro (UDHs 52 e 30). Observa-se que ambas alcanam valores mdios devidos ocorrncia, nos setores censitrios que correspondem aos assentamentos dessas comunidades, de alguns prdios de apartamentos de alto e mdio padro, como se pode verificar nas imagens de satlite constantes do Atlas do Desenvolvimento Humano no Recife. Em suma, o Anel Central expressa, na sua paisagem e nos valores do IDH, a desigualdade histrica, mantida at hoje, da formao social e da apropriao do solo urbano, nas reas mais disputadas da cidade.
Tabela 13
ndice de Desenvolvimento Humano Municipal segundo UDH por classe de valor do IDH, 2000 | Recife | Anel Central | 1991 e 2000
Tabela 13Valores e classificao do ndice de Desenvolvimento Humano, segundo UDH - RecifeAnel Central1991 e 2000
1991 2000
48 BOA VIAGEM / PINA - Orla, Av. Herculano Bandeira 0,923 0,964
17 GRAAS / AFLITOS / DERBY / ESPINHEIRO 0,907 0,953
49 BOA VIAGEM - Shopping 0,890 0,935
28 MADALENA / ILHA DO RETIRO / PRADO 0,874 0,930
47 BOA VIAGEM - Setbal 0,854 0,927
03 BOA VISTA / ILHA DO LEITE / PAISSANDU 0,902 0,917
07 ENCRUZILHADA / HIPDROMO / ROSARINHO / TORREO 0,852 0,917
29 TORRE / ZUMBI 0,876 0,904
51 IPSEP - Av. Jean Emile Favre, Av. Recife 0,823 0,874
50 IMBIRIBEIRA - Lagoa Ara, Mascarenhas de Morais 0,816 0,865
02 SANTO AMARO / SOLEDADE - Vilas Naval e Operria 0,815 0,864
30 MADALENA / TORRE - Zeis: Stios Cardoso e Berardo 0,714 0,765
52 BOA VIAGEM - Zeis: Entra-Apulso e Ilha do Destino 0,704 0,757
53 BRASLIA TEIMOSA / PINA - Zeis Braslia Teimosa 0,677 0,735
55 IMBIRIBEIRA - Zeis: Stio Grande e Aritana 0,666 0,721
54 PINA - Zeis: Pina/Encanta Moa e Ilha de Deus 0,642 0,702
04 RECIFE CENTRO - Zeis Coelhos / AP Comunidade Pilar 0,665 0,700
01 SANTO AMARO - Zeis: Santo Amaro e Joo de Barros 0,600 0,658
05 ILHA JOANA BEZERRA / SO JOS - Zeis Coque 0,568 0,632
Fonte: RECIFE.Prefeitura; PNUD. Atlas do Desenvolvimento Humano no Recife. 2005.
IDH muito alto
IDH alto
IDH mdio
IDH baixo
IDHMCd. UDH
Unidade de Desenvolvimento Humano - UDHpor classe de valor do IDH 2000
IDH muito baixo
O Anel Intermedirio, onde residem 500.515 habitantes, agrupa 21 Unidades de Desenvolvimento Humano (Tabela 14), situadas na plancie recifense e, parcialmente, em algumas colinas (nas UDHs 09 CAJUEIRO, 18 ALTO DO MANDU e ALTO SANTA ISABEL, 42 TEJIPI e 43 JARDIM SO PAULO) em bairros que somente se urbanizaram na segunda metade do sculo XIX e no sculo XX, quando se modificou a feio rural que marcava
Desenvolvimento Humano no Recife | ATLAS MUNICIPAL 33
esse espao, ocupado por engenhos, estncias, stios e povoados. A urbanizao ocorreu primeiro seguindo caminhos, geralmente situados em terraos ao abrigo das inundaes, e que ligavam a cidade aos povoados e aos engenhos. Na segunda metade do sculo XIX, esses eixos passaram a ser percorridos por linhas de trem urbano (maxambombas), substitudas no sculo XX por linhas de bonde. Os terrenos situados ao longo desses eixos ou na proximidade valorizaram-se e foram os primeiros edificados, conquanto os terrenos mais distantes, freqentemente situados em reas alagadas ou mal drenadas, tivessem sido ocupados por mocambos e assentamentos populares. Essa feio mantm-se at hoje e pode ser verificada pela distribuio dos valores do IDH das Unidades de Desenvolvimento Humano, correspondendo, respectivamente, s reas mais prximas dos eixos virios, com valores mais altos, e s reas mais distantes, geralmente vizinhas de cursos dgua e de suas zonas de inundao, com valores mais baixos.
Nas Unidades de Desenvolvimento Humano que compem o Anel Intermedirio, a diferena entre o valor mais baixo e mais alto do IDH bem menor que no Anel Central: 0,247. As Unidades de valores mdio e baixo predominam, configurando um quadro de contrastes sociais de menor amplitude (Tabela 14). Mas, de norte a sul, h diferenas, ainda que sutis, que podem ser explicadas pela formao histrica desse espao, conforme foi descrito acima. Ao norte, as Unidades 06 (CAMPO GRANDE Zeis Ilha de Joaneiro e 09 (GUA FRIA/Arruda), que correspondem respectivamente Estrada de Belm (ligando o Recife a Olinda) e Avenida Beberibe (ligando o Centro a Beberibe), apresentam valores de IDH mais altos do que a Unidade 08 (CAMPO GRANDE/CAMPINA DO BARRETO