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TCC PARA PÓS-GRADUAÇÃO DA FACULDADE FACEL
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INSTITUTO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO
FACULDADES DE ADMINISTRAÇÃO, CIÊNCIAS, EDUCAÇÃO E LETRAS
RENATA CARVALHO DE SOUZA
A SUPERVISÃO ESCOLAR NO CONTEXTO DA GESTÃO
DEMOCRÁTICA
SÃO FIDÉLIS
2012
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INSTITUTO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO
FACULDADES DE ADMINISTRAÇÃO, CIÊNCIAS, EDUCAÇÃO E LETRAS
RENATA CARVALHO DE SOUZA
O SUPERVISOR EDUCACIONAL NO CONTEXTO DA GESTÃO
DEMOCRÁTICA
Artigo Científico encaminhado ao Instituto IBE/FACEL, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Supervisão Escolar.
SÃO FIDÉLIS2012
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O SUPERVISOR EDUCACIONAL NO CONTEXTO DA GESTÃO DEMOCRÁTICA
Renata Carvalho de Souza1
RESUMO
O foco principal desse trabalho foi compreender o papel da supervisão escolar na educação da atualidade. Refletindo sobre a gestão escolar na qual deve buscar a participação coletiva de todos os membros da escola, não apenas expondo idéias, mas colaborando realmente no caminho da escola. Nesse processo, torna-se fundamental uma direção democrática que proporcione um espaço para o supervisor educacional possa realizar seu trabalho junto com os professores, pois a colaboração da gestão no desenvolvimento da prática coletiva é primordial. Essa pesquisa buscou investigar as teorias sobre as funções da supervisão educacional para as novas exigências da educação atual e definir com baseamento teórico em bibliografias de autores como Passerino, Ferreira, Oliveira, Sousa, Medina dentre outros o papel e a relevância da supervisão educacional. Todos viabilizaram uma profunda aprendizagem sobre a supervisão escolar, com isso tornou-se possível concretizar que este profissional no contexto atual possui muita relevância para o desenvolvimento e para qualidade da educação brasileira. A pesquisa mostrou sua importância tornando-se um profissional comprometido com a educação dos educandos e avanço da escola capaz de orientar, direcionar o trabalho dos professores de forma coletiva e amiga. Considerando os educadores companheiro do processo de planejamento escolar superando a tradicional ideia de que os supervisores educacionais são superiores aos professores devido a sua formação.
Palavras-chave: Supervisão Escolar. Gestão Democrática. Educação Atual.
Introdução
Este artigo foi realizado com a perspectiva de refletir sobre a realidade do
supervisor educacional em um contexto de gestão democrática. Sendo caracterizado por
ser um trabalho praticado por todos, ocorrendo uma dialética de conhecimentos, na qual os
erros e acertos são abordados de forma para que haja aprendizagem e crescimentos de
todos.
1 Licenciada em Pedagogia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UNIRIO). Professora em creche-escola
municipal em São Fidélis. (e-mail): [email protected]
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A escolha desta temática foi influenciada pela minha própria vivência, pois sou
professora em uma pré-escola municipal, na qual o supervisor educacional não
proporciona um trabalho coletivo, de troca, mas dedicando apenas a um ritual de
“conferição” de diário de alunos e do caderno de planejamento dos professores.
Na escola onde leciono a presença do supervisor educacional é insuficiente para a
prática de um trabalho de qualidade. Em que a orientação seja para incentivar e auxiliar o
professor atingir a aprendizagem de qualidade dos alunos. Não existe um
acompanhamento do trabalho realizado pelos professores, um planejamento guiado
visando o crescimento e participação ativa de todos. Para que ocorram mudanças de
práticas de professores ainda enraizadas em teorias tradicionais de educação. Pois há um
plano de curso que deve ser seguido pelos educadores, com isso, a presença desse
profissional somente ocorre ao fim do ano letivo para fechamento do diário de classe.
Por esse motivo, neste artigo pretendeu-se, principalmente, compreender o papel da
supervisão escolar em um contexto de gestão democrática, além dos objetivos específicos,
que se constituem em: investigar teorias sobre a função do supervisor educacional em uma
escola que se fundamenta em um trabalho democrático, e definir com bases em teorias o
papel e a relevância do supervisor educacional na realidade escolar. Pois, como afirma
Veiga (1995, p. 136):
Na medida em que tratamos o planejamento participativo como um instrumento teórico-prático capaz de facilitar a convergência entre o refletir e o agir de indivíduos e grupos sobre um objeto, somos levados a identificar seus integrantes como sujeitos em construção. Sujeitos que se reúnem numa prática intencionada, na qual têm oportunidade de combinar a experiência com a reflexão. Essa prática, em todo seu curso, vai sendo conscientemente organizada de modo a ser democrática; de modo a convidar à participação.
As atividades pedagógicas de uma instituição escolar devem ser realizadas de forma
planejada, sistemática e decidida coletivamente, logo, a presença de um coordenador que
seja companheiro, orientador e facilitar torna-se fundamental para o desenvolvimento de
prática de qualidade. Portanto, a rotina escolar precisa ser um momento de decisões
compartilhado na qual os assuntos são abordados visando sempre à participação de todos os
sujeitos envolvidos
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Desse modo, para atingir esses objetivos propostos foram realizadas pesquisas
bibliográficas de autores tais como Veiga (1995), Passerino ( 1996), Vasconcellos (2010),
Gandin (2009) dentre outros.
Desenvolvimento
Como afirma Saviani (1998), a supervisão educacional desde época colonial, tinha
como função de inspecionar o trabalho do professor ligado ao modelo de gestão técnico-
científico. Nesta concepção de gestão o diretor detém todo poder decisório dentro da
instituição escolar. A direção centralizada em apenas em uma pessoa, as tomadas de atitudes
é de forma vertical juntamente com apoio de um especialista que deve “controlar” o serviço
praticado pelos professores.
O supervisor educacional deveria ser um especialista em educação, praticava suas
tarefas como inspecionar as rotinas escolares. Havia um processo de treinamento de
professores freguentemente visando a repasse de métodos e procedimentos considerados
mais apropriados para serem utilizados pelos professores em suas práticas educativas. Como
argumenta o autor.
O supervisor é um especialista em educação exerce sua função como controlador do processo de produção assumindo características de coordenação e direção do trabalho, ou seja, atuando como elemento mediador (como uma função técnica que está a serviço de). Exercia essa função através de treinamento de professores para discutir os fundamentos de organização dos processos de trabalho e de controle sobre buscando a aplicação de conceitos de racionalidade à administração e do processo com o objetivo de aumentar a produtividade da mão de obra e a melhoria de seu desempenho. A função do supervisor educacional reflete o contexto histórico do período marcado pelo desenvolvimento nacional e de estabilidade política, altamente mecanicista, utilitário, burocrático e pragmático. ( SAVIANI, 2008, p. 136)
Com base em Placco (2006), podemos buscar caminhos distintos para a percepção
sobre a função do supervisor educacional ou coordenador pedagógico no contexto escolar da
atualidade apesar de muitas práticas de gestores e de profissionais ainda persistirem em
atitudes centralizadas e autoritárias.
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Gestão democrática e a supervisão
Na atualidade com as mudanças na sociedade e consequentemente na escola, a
supervisão escolar ganha outra função inspirada no modelo de gestão democrático-
participativa na divisão de tarefas e participação de supervisores, professores, pais,
funcionários e demais membros da comunidade escolar nas decisões da escola. Libâneo
(2001, p. 125) afirma que:
Na concepção democrático-participativa argumenta-se em favor da necessidade de se combinar a ênfase nas relações humanas e na participação nas decisões com ações efetivas para se atingir com êxito os objetivos específicos da escola. Para isso, valoriza os elementos internos do processo organizacional (o planejamento, a organização, a direção, avaliação), uma vez que não basta a tomada de decisões: é preciso que elas sejam postas em prática em função de prover as melhores condições para viabilizar os processos de ensino e aprendizagem. .... a gestão participativa é a forma de exercício democrático da gestão e um direito de cidadania, mas implica, também, responsabilidade e deveres, portanto, a gestão da participação e a gestão eficaz.
A partir dessa reflexão, pode-se dizer que o modelo de gestão educacional
democrático é primordial para que a postura do supervisor educacional tenha como objetivo
levar seus conhecimentos de forma os professores percebam que a presença do coordenador
seja de parceria, de associação. Tendo como principal meta a orientação, o encorajamento,
estímulo e a cooperação no sentido auxiliar nos procedimentos e transformações que
acontecem na escola e na educação. Um trabalho de união para a prática, pois o supervisor
constitui-se em um agente de mudanças, facilitador e mediador, oportunizando uma relação
de harmonia entre os sujeitos da instituição. Sua prática não deve está dissociada da teoria e
nem a teoria da prática.
Almeida (2006) entende que a contribuição do coordenador pedagógico sendo o
profissional que na escola corresponde pela formação continuada dos educadores e pelo
projeto político pedagógico da escola, mas de forma que proporciona a colaboração de todos
nas tomada de decisões. “É o mediador que articula a construção coletiva do projeto
pedagógico e que, em comunhão com os professores, elabora a qualidade das práticas
educativas, favorecendo o crescimento intelectual, afetivo e ético de educadores e alunos.”
(ALMEIDA, 2006, p. 105)
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Ainda Almeida a ação concreta do coordenador pedagógico na convocação de cada
membro no movimento da superação do fracasso escolar somente se torna real quando as
ações individuais têm origens de um projeto planejado e construído coletivamente. Estando
alicerçadas no acolhimento, na disponibilidade e no comprometimento individual e do
coletivo e, principalmente, apoiada pela direção da escola.
A questão da qualidade e da natureza das relações que se dão no interior da escola e propor o salto reflexivo na direção do entendimento de que o sucesso e a efetividade (ou o mais absoluto fracasso) da atuação do coordenador junto à comunidade escolar dependem sobremaneira da qualidade das relações e dos vínculos que esse profissional constrói com seu grupo. Dependem das possibilidades de que esse profissional consiga estabelecer na escola relações que possam, de fato, propiciar o diálogo colaborando entre a essência e a existência do educador. Com vistas à oxigenação de suas práticas docentes e à (re)construção de um conhecimento que é – e deve ser- pessoal, profissional e social. (ALMEIDA, 2006, p. 105 e 106)
A presença do supervisor educacional na escola torna-se fundamental para o bom
desenvolvimento do processo de aprendizagem, de forma que esse profissional auxilia aos
professores na suas dúvidas e favorecendo para a criação de um ambiente favorável a
aprendizagem de qualidade e libertadora como ensina Paulo Freire (1987, p. 79). “ Não há
diálogo, porém, se não há um profundo amor ao mundo e aos homens. Não é possível a
pronúncia do mundo, que é um ato de criação e recriação, se não há amor que a infunda.”
Na atualidade o supervisor educacional se alicerça no diálogo como ferramenta
eficaz para desenvolvimento do processo educativo, reconhecendo, apoiando, assistindo,
participando e, principalmente, renovando os modelos, pois sua especialidade se caracteriza
pela união de pessoas, portanto inclui. Conforme Almeida (2006) o coordenador pedagógico
deve lutar pela relevância do trabalho de coordenação pedagógica(formação de professores,
articulação do projeto político pedagógico), organizar as rotinas e interromper as atividades
quando for preciso. Isso indica também da necessidade do coordenador pedagógico buscar a
sua própria formação continuada para que possa mudar atitudes e posturas, guardando
espaços para ler, estudar, pensar, criticar a própria prática e revê-las.
Vale ressaltar que Passerino (1996, p.39) estabelece alguns conceitos fundamentais
da educação libertadora, sendo estes se torna suporte desta nova concepção do supervisor
educacional:
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Práxis via análise do cotidiano: é preciso olhar a realidade presente em sala de aula e
os conceitos trazidos pela criança para refletir os métodos e modo como devem ser
trabalhos no espaço escolar;
Diálogo inclui conflito: o diálogo representa uma possibilidade de desenvolvimento
das relações interpessoais de modo a permitir a análise e o desocultamento da realidade. Ser
dialógico é permitir que cada educando exponha seu modo de pensar mesmo que este não
seja coerente com a sua visão. Todavia para administrar os conflitos que podem ser gerados
o professor precisa desenvolver uma série de dinâmicas em grupo;
Conscientização a partir da dúvida e do questionamento: o supervisor deve atuar na
dinamização de um clima de análise das rotinas da escola para que as mesmas possam ser
confrontadas com as novas idéias que se almeja desenvolver. Convém destacar que o
processo de desenvolvimento da consciência é lento e requer uma interpretação abrangente
do todo;
O método dialético supera a visão parcial: a aplicação do método dialético
proporciona uma visão objetiva de toda a realidade permitindo a compreensão entre o velho
e o novo. A partir destas o supervisor pode encaminhar estratégica concreta para a
superação das dificuldades encontradas.
Deve ser aquela pessoa que orienta e estimula a concretização de um projeto
transformador sob o qual são elaborados esforços coletivos para a obtenção dos êxitos;
Pela democracia, chega-se à liberdade: todo e qualquer trabalho desenvolvido pelo
supervisor deve partir dos conceitos de liberdade e democracia, conceitos esses que serão
desenvolvidos lentamente para que possa se efetivar a condição de mudanças sociais.
Conforme destaca Passerino (1996, p. 40) “o trabalho do supervisor educacional
deve ser orientado pela concepção libertadora de educação, exige um compromisso muito
amplo, não somente com a comunidade na qual se está trabalhando, mas consigo mesmo”. O
supervisor deve considerar-se como membro da comunidade onde está inserido, oferecendo
seus conhecimentos e estando “aberto” na possibilidade de também receber saberes de todos
os sujeitos envolvidos no ensino-aprendizagem. Contudo, contribui para a libertação de
velhos paradigmas de educação proporcionando a popularização dos conhecimentos aos
oprimidos.
Gandin (1983, p.89), relata que essa atitude não é fácil, pois:
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Exige compromisso pessoal de todos;
Exige abertura de espaços para a participação;
Há necessidade de crer, de ter fé nas pessoas e nas suas capacidades;
Requer globalidade (não é participação em alguns momentos isolados, mas é constante);
Distribuição de autoridade;
Igualdade de oportunidades em tomada de decisões;
Democratização do saber.
Para o supervisor superar o estigma de superioridade sobre os professores, deve-se
mostrar como parceiro, amigo e companheiro. Permitindo ao professor sentir à vontade de
mostrar suas dúvidas e incertezas e tendo no profissional a segurança que terá auxílio visando
à aprendizagem de ambos e principalmente no desenvolvimento do educando.
Uma função fundamental do supervisor educacional na atualidade no novo contexto
escolar é proporcionar o protagonismo juvenil. Sendo o professor um mediador de
conhecimento, experiências através de ações que priorizem o diálogo visando à construção da
emancipação do jovem por meio de métodos que favoreçam o desenvolvimento de suas
potencialidades cognitivas, pessoais, sociais e emocionais. Daí a necessidade segundo
Almeida (2006, p. 64):
Conceber uma educação escolar em sintonia com o protagonismo juvenil requer estratégias e procedimentos em sala de aula e em outros espaços e momentos na rotina da escola, que considerem o potencial do jovem para planejar, organizar, desenvolver e avaliar ações, mediadas pelo professor, o que pode se efetivar, entre outras ações educativas.
Como considera Ferreira (2007) a supervisão educacional caracteriza-se como um
trabalho escolar que possui como obrigação garantir a qualidade do ensino, da educação, ou
seja, da formação humana. Não se limitando no saber fazer e no saber o que ensinar, mas no
trabalho articulador entre sujeitos.
O trabalho do supervisor educacional deve visar à formação de um ambiente
agradável onde a cooperação, união faça parte da prática educativa tornando-a de qualidade e
que os alunos sintam motivados. E para isso Gandin (1994, p. 57) relata:
A construção em conjunto acontece quando o poder está com as pessoas, independente de diferenças, mas na igualdade real entre as pessoas. Aí se pode construir um processo de planejamento em que todos, com seu saber próprio, com sua consciência, com sua adesão específica, organizam seus problemas, suas idéias, seus ideais, seu conhecimento da realidade, suas propostas e suas ações. Todos
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crescem juntos, transformam a realidade, criam o novo, em proveito de todos e com o trabalho coordenado.
Vale ressaltar que segundo Libâneo (2001, p. 216) “o exercício e coordenação
depende de alguns fatores como autoridade, responsabilidade, decisão, disciplina e iniciativa.”
É comum considerar que o diretor e o coordenador possuem a mesma função dentro da
escola, mas devemos distinguir cada um, desempenham funções específicas na qual precisam
formação também específica. O diretor de escola é o dirigente e principal responsável pela
escola, articula o setor administrativo, setor pedagógico, secretaria, serviços gerais,
relacionamento com a comunidade etc., portanto, as funções do diretor são, principalmente,
gestoras e administrativas. Enquanto o coordenador pedagógico responsabiliza-se pela
viabilização, integração e articulação do trabalho pedagógico-didático em ligação direta com
o professor visando à qualidade do ensino. A coordenação pedagógica possui como principal
função a atribuição a assistência pedagógico-didática aos professores, visando a uma situação
de qualidade. Ajudando adequar o ensino as necessidades dos alunos, portanto, “o papel do
coordenador pedagógico é de monitoração sistemática da prática pedagógica dos professores,
sobretudo mediante procedimentos de reflexão e investigação”. (LIBÂNEO, 2001, p. 219)
Uma gestão que se apresenta como participativa e democrática utiliza canais
condutores para a execução de projetos, ou seja, maneiras democráticas de participação nas
decisões da escola, tais como: o grêmio estudantil, o conselho de escola, conselho de classe,
escolha de diretores e associação de pais e mestres. Como aponta o autor:
A autonomia da escola é construída, à medida que a escola propicia um ambiente adequado à interação a ao diálogo com seus integrantes. A escola, ao traçar seu caminho, aspirações e desafios, formaliza sua identidade, o que equivale dizer: conquista sua autonomia. (OLIVEIRA, 2008, p. 13)
O mais importante é destacar que a instituição escolar não tem mais possibilidade de
ser conduzida de cima para baixo sob a visão do poder centralizador e burocrático que
determina as normas e exerce o domínio técnico e fiscalizador.
Com base em Veiga (2006) a gestão democrática é um princípio consagrado pela
Constituição em vigor e abrange as dimensões pedagógica, administrativa e financeira. Ela
exige uma ruptura histórica na prática administrativa da escola, com o enfretamento das
questões de exclusão e reprovação e da não permanência do aluno na sala de aula, o que vem
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provocando a marginalização das classes populares. Por isso, é se torna fundamental um
trabalho coletivo e a presença de coordenador pedagógico em oriente a prática educativa na
qual se incentive a criatividade e a participação do educando no processo ensino
aprendizagem. Além da valorização do professor, pois a qualidade da aprendizagem e o
sucesso do educando e sua transformação em cidadão, capaz de participar da vida social,
econômica e política está ligada exclusivamente da sua formação inicial e continuada.
Sousa (2005) entende que o desafio da participação coletiva e dos seus prováveis
impasses e embates podem levar os seus membros a perceber a escola como uma instituição
que não termina seu trabalho na reprodução do social. Mas o oposto, pois, avança para a
modificação social e para o estabelecimento de normas que favoreçam a tomada de decisão. E
a partir dessa reflexão:
A democratização do espaço escolar e a descentralização das decisões elaboradas coletivamente envolvem duas vertentes: a primeira refere-se ao poder, esse entendido como a capacidade de os atores tomarem decisões que vão influenciar diretamente práticas, orientações políticas e direções da instituição escolar, enquanto organização. A segunda refere-se ao conhecimento, sendo capaz de permitir aos vários grupos contribuir para os resultados do trabalho da escola enquanto instituição social, incluindo-se os saberes em suas várias dimensões. (SOUSA, 2005, p. 54)
A partir da discussão coletiva dos problemas e dificuldades da escola e a busca da
solução dos mesmos os membros da escola devem procurar resolver com união, percebendo
que todos são responsáveis pelo desenvolvimento pessoas e principalmente dos alunos.
Conforme Sousa (2005) a participação é o principal mecanismo de proporcionar a
gestão democrática na escola, proporcionando o envolvimento dos profissionais e usuários na
tomadas de decisões e no funcionamento da organização da instituição escolar.
O conceito de participação se fundamenta no de autonomia, que significa a capacidade das pessoas e dos grupos de livre determinação de si próprios, isto é, de conduzirem sua própria vida. Como a autonomia opõe-se às formas autoritárias de tomada de decisões, sua realização concreta nas instituições é a participação. Portanto, um modelo de gestão democrático-participativa tem na autonomia um dos seus mais importantes princípios, implicando a livre escolha de objetivos e processos de trabalho e a construção conjunta do ambiente de trabalho. (LIBÂNEO, 2001, p. 102)
Torna-se fundamental nesse modelo de gestão a introdução do trabalho em equipe.
Uma equipe que trabalhe em conjunto visando o melhor aproveitamento dos conhecimentos
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dos alunos, um trabalho que seja desenvolvido de forma colaborativa e solidária, visando o
desenvolvimento dos educandos.
Ainda Libâneo (2001, p. 103) para que o trabalho em equipe funcione perfeitamente,
os membros da equipe devem possuir algumas habilidades tais como:
Capacidade de comunicação e expressão oral, habilidades de trabalhar em grupo, capacidade de argumentação, formas criativas de enfrentar problemas e situações difíceis. Por parte dos diretores e coordenadores pedagógicos, é preciso capacidade de liderar e gerir práticas de cooperação em grande grupo. De modo a criar outra cultura organizacional, ou seja, uma mentalidade de organização escolar instituída a partir das percepções, modos de pensar e agir, praticas próprias da cultura existente entre os integrantes da equipe escolar.
No trabalho em equipe é importante mostrar que a liderança não é característica
exclusiva do diretor e dos coordenadores pedagógicos. Não estando ligada ao cargo e nem ao
status da pessoa, mas deve ser caracterizada por ser uma qualidade que pode ser desenvolvida
por todas as pessoas envolvidas no trabalho realizado na escola. Praticadas por meio de ações
ativas apesar de sabermos que dento da escola existem distintos tipos de liderança. Porém,
não se pode negar que até mesmo na gestão democrática se torna necessário uma liderança
para possa encaminhar as decisões tomadas pelo grupo.
Medina (1995, p. 31), aponta “o objeto de trabalho do supervisor na escola é
resultado da relação que ocorre entre o professor que ensina/aprende e o aluno que aprende /
ensina.”
Portanto, essa relação é essencial para as tomadas de decisões e para o avanço nos
processos de mudanças. Numa visão de gestão democrática, o supervisor escolar passa a ser
aquele que orienta, aprende e ensina, tornando-se um parceiro no processo educativo. Este,
contudo, proporcionará formas diferenciadas para auxiliar o professor em sua prática,
participando e observando as vivências escolares. Em um trabalho coletivo nas quais
professores e alunos tenham vozes para expor seus conhecimentos.
Considerações finais
O estudo realizado apontou a importância da gestão democrática para que o
supervisor educacional possa desenvolver um trabalho de cooperação junta à escola. A gestão
democrática é um fator primordial para o supervisor educacional, pois é o diretor que viabiliza
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a possibilidade de ser realizado ou não um apoio ao professor por aquele profissional. Para
tanto, torna-se fundamental mudanças de posturas de supervisores educacionais diante dos
professores. A superação do estigma que o supervisor é detentor de todo conhecimento, se
pondo de forma preconceituosa sobre o docente, fazendo que este se sinta inferior. Com isso
não considere o supervisor educacional como amigo e orientador, mas como um “carrasco”
que apenas está presente para vigiá-lo e corrigi-lo.
Entendemos que a gestão democrática nos dias atuais se tornou uma das
oportunidades que proporciona novos modelos educacionais, considerando o desenvolvimento
do ser humano como parte de um conjunto, pois precisa que a escola busque a união dos seus
membros para viabilizar uma aprendizagem significativa para seus aprendizes. Na qual o
aprendizado não seja responsabilidade apenas do professor, mas de toda comunidade escolar,
já que a cultura organizacional também educa.
A gestão na qual torna possível o trabalho coletivo favorece ao crescimento de toda a
escola, mas, principalmente, propicia a uma educação de qualidade de forma que os alunos se
desenvolvam integralmente. Um ambiente alegre onde existe um trabalho coletivo,
harmonioso os educandos sintam prazer em aprender e frequentar.
Delimitar a gestão apenas a aspectos burocráticos é desconsiderar sua importância no
envolvimento na formação ética e cidadã, assim progredir exige a ultrapassagem de uma ação
hierárquica e burocrática para a construção de uma gestão diferenciada, na qual considere
todos responsáveis pelo avanço educacional. Isso proporciona a construção da autonomia e,
por conseguinte o alcance da gestão democrática.
Nesse contexto, o supervisor educacional não se caracteriza mais como aquele
profissional super competente, superior a todos os funcionários na escola com a função de
coordenar, fazer cumprir e avaliador do trabalho desenvolvido pelo professor. Atualmente, é
aquele que favorece a aprendizagem coletiva, enxergando o professor como também um
profissional competente capaz de oferecer uma prática com qualidade. Dessa forma, o
supervisor educacional é aquela pessoa que serve para integrar os conhecimentos, ajudar ao
professor nas dificuldades próprias e dos alunos.
O supervisor educacional como qualquer outro profissional, deve buscar
constantemente seu aperfeiçoamento visando modificar posturas e que possa cada vez mais
favorecer ao professor com seu auxílio e apoio. Com isso favorecendo a construção de uma
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prática que considere a realidade do aluno tornando o ensino cada vez mais significativo. O
supervisor abandona a postura controladora passando a assumir o professor como parceiro do
desenvolvimento da prática educativa.
O estudo proporcionado pela realização deste trabalho foi muito grande, pois refletir
sobre a realidade vivida, na qual ainda se encontra enraizado no papel do supervisor como
profissional que não auxilia o professor. Mas busca controlá-lo fazendo segui apenas um
plano de ensino estático exercendo um trabalho arcaico de supervisão escolar. Com a futura
profissão de supervisora educacional pretendo realizar um papel distinto desse que
presencio. Considerando o supervisor educacional como um profissional que motive,
estimula e assuma o papel de amigo, companheiro e facilitador das dificuldades encontradas
no processo ensino aprendizagem.
Considerando que a realização deste trabalho possa contribuir para o
desenvolvimento de uma ação supervisora consciente de sua nova postura junto ao docente.
Aquele que auxilia e acompanha para ajudar nas dificuldades sempre visando ao
oferecimento de uma prática de qualidade, na qual o gestor, supervisor, professores e alunos
trabalhem de forma de companheirismo e amorosa sempre destinados ao conhecimento para
o desenvolvimento de todos envolvidos no processo de aprendizagem significativa e atual.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Laurinda R. de; PLACCO, Vera Maria de S. (org.). o coordenador pedagógico e
questões da contemporaneidade. São Paulo: Loyola, 2006.
FERREIRA, Naura Syria Carapeto. Supervisão educacional para uma escola de qualidade: da
formação à ação. São Paulo, 2007.
FILHO, Geraldo Francisco. A educação brasileira no contexto histórico. Campinas, São
Paulo. Alínea, 2001.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987.
GANDIN, Danilo. Planejamento como prática educativa. São Paulo, Loyola, 1983.
15
LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática. Goiânia: MF livros,
2008.
MEDINA, Antônia da Silva. Supervisão escolar: da ação exercida à ação repensada. Porto
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OLIVEIRA, Pedro João de. Perspectivas de mudanças coletivas na escola. Agosto, 2008.
PASSERINO, L. R. I. M.. O supervisor educacional à luz da concepção libertadora. Revista
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PINHEIRO, Cátia Torres. A supervisão educacional em perspectiva histórica e política
(2007). Disponível em: http://recantodasletras.uol.com.br/artigos. Acesso em: 07 jun. 2012.
SAVIANI, Dermeval. A pedagogia no Brasil: história e teoria. Campinas: Autores
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SOUSA, Pedro Vieira de; CORRÊA, Juliani. Projeto pedagógico: a autonomia construída no
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VEIGA, Ilma Passos A. (org.). Projeto político-pedagógico da escola: uma construção
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