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ANA PAULA FIGUEIRO ROSITO
CLAUDIA FERNANDA M. Q. CASTRO
EVA TEREZINHA DOS SANTOS OTA
RICARDO H. TAYANO FANTON
A TOXOPLASMOSE E SEU IMPACTO
SOBRE A SAUDE PUBLICA
Monografia apresentada como parte dasexigemcias para obten'tao do titulo deespecialista no Curso de P6s Gradua9ao Latasensu em Vigilancia Sanitaria de Alimentos daUniversidade Tuiuti do Parana
Orientadora: Prof' Msc Andrea RodriguesBarros
CURITIBA
2001
SUMARIO
LlSTA DE FIGURAS vL1STA DE QUADROS·.····································································1 vi
RESUMO ...
INTRODUC;AO.
. viii
.. ... 1
2 TOXOPLASMOSE, SUA rMPORTANCIA NA POPULAC;AO HUMANA E
ASPECTOS DE CONTROLE E PROFILAXIA ..
2.1 CONSIDERAC;OES GERAIS ...
2.1.1 ETIOLOGIA.
2.1.2 EPIDEMIOLOGIA ..
2.1.3 PATOGENIA E PATOGEN1CIDADE ....
.. .. 4
. 4
.. 4
. 6
. 92.IA 0 TOXOPLASMA GONDII NOS ALIMENTOS !.. .. 12
2.2 CONSIDERAC;OES SOBRE 0 DTAGNOSTICO E 0 TRATAMENTO DA
TOXOPLASMOSE ..
2.2.1 DIAGNOSTICO ..
2.2.2 TRATAMENTO ..
2.2.3 ESQUEMA TERAPEUTICO ....
2.2A PROFILAXIA .. . .. ... . ~..
.. 15
.. 15
...16
.. .. 16
... 17
..J ..
2.3 IMPORTANCIA DA DOENC;A PARA A SAUDE PUBLICA. ...18
CONCLUSAO.. . 22
REFERENCIAS BIBLlOGRAFICAS : 23
iv
RESUMO
A toxoplasmose sendo uma zoonose bastante difundida em todo a mundo,esta correlacionada a presenr;a de gatos, pO is estes sao hospedeiros definitivos,porem tem-S8 como hospedeiros intermediarios ambientes e outros tipos dealimentos de origem nao animal, incluindo-se a agua.
A transmissaa desta zoonoze ao homem S8 da principalmente pela ingestaodo oocistos, esporulados em vegetal mal higienizados au cistos em carnes crua aumal cozida.A importancia em saude publica atual leva a realii:ayEio de urna revisaobibliografica sabre a toxoplasmose obj1etivando abordar aspectos referentes atransmissao par aliment as, salientando a sua importancia na populac;ao humana,ande gestantes e imunossuprimidos representam as maiores preocupac;oes, quantaaos aspectos clfnicos graves observaveis nestas condi90es em particular, as formasoculares e neurol6gicas, principal mente na toxoplasmose congenita e emimunossuprimidos, procurando organizar recomenda90es de controle e profilaxia,pertinentes it popula9c3o em geral, aos profissionais medicos veterinarios esanitaristas, alem da aplicabilidade nas popula90es animais mais frequentementeenvolvidas.
vii
INTRODUC;Ao
A toxoplasmose e uma zoo nose bastante difundida em todo 0 mundo,
causada par urn protozoa rio, 0 Toxoplasma gondii. 0 primeiro case de toxoplasmose
humana foi relatado em 1923 em uma crian~a que apresentava hidrocefalia
congenita. Somente em 1965 foi descoberto 0 hospedeiro definitivo e estudado 0
cicio vital desse protozoario (SA et ai, 1997).
E uma doenya infecciosa que esta correlacionada a presenc;a de gatos, pelo
fata dos felideos serem os hospedeiros definitivDS, no entanto existem varias Qutras
formas de transmissao da enfermidade, considerando hospedeiros intermediarias,
ambiente e outros tipos de alimentos de origem nao animal, incluindo-se a agua. 0
papel dos felinos como um dos transmissores e hospedeiro definitivo do parasita
esta na sua capacidade de contaminar 0 solo com grande numero de oocistos,
conlidos nas fezes de animais doentes (BARROZO E AZEVEDO, 1995).
A transmissao da toxoplasmose para 0 hom em S8 de par diferentes vias
sendo uma das mais comuns a ingestao de oocistos esporulados em vegetal mal
higienizado ou cistos em carne crua ou mal cozida, principalmente de origem suina
ou ovina (SILVA E LANGONI, 2000).
Mas a doenc;a pode ainda ser adquirida via transplacentaria, quando a
infecc;ao aguda materna ocorre na gravidez, sendo esta uma das formas mais
perigosas devido as graves conseqOencias aos fetos; por transblante de 6rgaos; por
transfusao de sangue ou em acidentes de manipula~ao de Toxoplasma gondii em
laborat6rio (SOLI, 1991). Estao ainda envolvidos na transmissao deste protozoario
os solos contaminados e roedores infectados, considerando os feHdeos, que podem
ingeri-Ios parcial ou totalmente, como conseqOencia do habito de carnivorismo
exercido pelos gatos (SILVA e LANGONI, 2000).
No entanto, apesar do destaque normalmente conferido a toxoplasmose, por
sua alta prevalencia indicada em elevados indices sorol6gicos na popula~ao
(CHOWDHURY, 1986), a maioria dos casos em humanos evoluem de modo
subclinico. A sintomatologia se apresenta evidente em apenas um terc;o dos
acometidos. Mas a toxoplasmose durante a gravidez pode acarretar problemas
tanto para a evolu~ao de gesta~ao quanto do concepto (SOLI, 1991), levando a
2
infeC\:ao congenita, a qual pode resultar potencialmente em retardamento mental,
cegueira, entre Qutros. Estima-se que no Brasil nas,yam anualrente 60.000 crianC;8s
com toxoplasmose adquirida durante a gravidez (SA et ai, 1997).
A Sindrome da Imunodeficiencias Adquirida (AIDS), causada pelo Virus da
Imunodeficiencia Humano (HIV) gerou uma popula,ao em eXbansao de individuos
susceptiveis a toxoplasmose, dentre outra enfermidades. Em muitos dos casas
pacientes de AIDS e toxoplasmose, correspondem a individubs que foram expostos
anteriormente ao Toxoplasma e com a infec,80 pelo HIV a reativa,80 de formas
encistadas e favorecida, permitindo a prolifera,80 do parasita e instala,80 de
sintomatologia clfnica. E a principal causa de encefalite nos indivlduos afetados pela
sindrome da imunodeficii>ncia adquirida (SIDAIAIDS), causando tambem lesoes
oftillmlcas (SA et ai, 1997) A toxoplasmose cerebral e a Itercelra doen,a mais
prevalente em paclentes aldetlcos (SILVA E LANGONI, 2000)
A toxoplasmose em animais e tambem frequentemente assintomatica,
porem algumas especies podem apresentar infecC;8o aguda sintomatica, sendo 0
aborto e a pneumonia dais dos sintomas mais comuns, 0 que leva a prejuizQs
consideraveis em exploraC;8oovina e sUlna, principalmente pala infertilidade, aborto,
ma forma,80 fetal e ainda, reabsor,80, mumifica,80 e ate amacera,80 fetal, alem
da diminuiC;8o na produtividade de animais acometidos pel a forma congenita. Os
gatos jovens sao os responsaveis pela contamina,80 db ambiente (SILVA e
LANGONI,2000).
Assim, a infec9iio pelo T gondii e epidemiologicamente de alta
consideraC;80 pela sua elevada prevalencia nas popu,a<;08r humanas e animais,
alem de clinicamente determinar inumeros problemas e prejuizos. Em humanos, as
popula90es de gestantes e indivfduos imunussuprimidOSr
implicam em maior
atenc;ao quanta a prevenc;ao, ja os animais, particularmenfe surnos e pequenos
ruminantes, revel am maiores perdas em term os de produyao, tambem implicancto
em considera,oes quanto a um controle mais eficaz (DUBEY, 1995).
EstaHsticas mostram que ap6s urn perf octo de deC\fniO nos numeros de
cases anuais de toxoplasmose humana, experimenta-se urna fase de aumento nos
mesmos indices, associado particularmente aos problema1 da AIDS. De modo
geral, consideram-se varios aspectos quanta ao controle dessa enfermidade, no
entanto 0 fato de diferentes habitos e costumes adquiridosl ou valorizados com a
3
vida nos grandes centros em particular, revela que 81em da preocupa~aoquanta a
higiene pessoal e de alimentos a serem consumidos, cada vez mais fora do
domicilio, 0 aumento no interesse par anima is de companhia, menes dependentes e
aptos a urn desenvolvimento sadie em pequenos a~bientes, como em
apartamentos, suscitaram amplamente na populaC;8o, 0 gato como urn animal cada
vez mais freqOente na preferencia, particularmente de individuos solteiros
(LINDSAY et ai, 1997).
Esse interesse par animais como os gatos, 81em da mudanC;8 cotidiana,
aumentando a freqOencia em recintos para alimentaC;80 rapida au camercial,
desperta a aten9ao para a toxoplasmose, em um painel bastante propicio e que
justifica a recente aumento nos numeros de casas da enfermidade. (LAPPIN, 1993;
LINDSAY et ai, 1997)
A Organiza9iio Mundial da Saude alerta para a necessidade de constantes
revis6es e atualiZ8c;oes no controle de enfermidades zQon6ticas fortemente
influenciadas por aspectos cotidianos da vida moderna, procurando adequar as
recomendayoes a diferentes condiyoes.
A importancia em saude publica atual leva a realizayao de uma revisao
bibliografica sabre a toxoplasmose objetivando abordar aspectos referentes atransmissao por alimentos, salientando a sua importancia na populay8.o humana,
onde gestantes e imunossuprimidos representam as maiores preocupayoes, quanto
aos aspectos clinicos graves observaveis nestas condiyoes em particular, as formas
oculares e neurol6gicas, principal mente na toxoplasmose congenita e em
imunossuprimidos, procurando organizar recomendayoes de controle e profilaxia,
pertinentes a populay8.o em geral, aos profissionais medicos veterinarios e
sanitaristas, al9m da aplicabilidade nas populayoes animals mais freqOentemente
envolvidas.
4
2 TOXOPLASMOSE, SUA IMPORTANCIA NA POPULA<;:AO
HUMANA E ASPECTOS DE CONTROLE E PROFILAXIA
21 CONSIDERACOES GERAIS
2.1.1 Etioiogia
o Toxoplasma gondii apresenta uma baixa especifrcidade por hospedeiros 0
que 0 torna urn dos agentes infectantes animais dos mais comuns e provavelmente
atingindo a quase todos as mamiferos. Tern sido descrito ainda em aves e eencontrado virtual mente em todo 0 mundo. Como a maioria dos membros da Classe
Apicomplexa, 0 Toxoplasma e urn parasita intracelular obrigatorio. Seu cicio de vida
inclue duas fases denominadas de intestinal (au enteropitelial) e extra intestinal. A
fase intestinal ocorre em gatos somente (selvagens e domesticos) e produz oocistos.
A fase extraintestinal ocorre em animais infectados, incluindo-se 0 gato, e produz
inicialmente taquizoitas e posteriormente bradizoitas. A doeng8, toxoplasmose, eadquirida pela ingestao de oocistos eliminados nas fezes dos gatos ou de
bradizoftas, por meio de alimentos mal lavados, mal eozidos de origem animal ou
vegetal. 0 Toxoplasma gondii e um protozoa rio da familia Sarcocislidae, ordem
Cocc/dea, de forma e tamanho variitVel conforme seu estagio de desenvolvimento.
Medem, em media, de 2 a 7 Il e a cromatina nuclear constitui cerea de um tergo de
seu organismo, situ ada no centro ou na extremidade do paras ita. Com a evolugao e
dependendo de seu hospedeiro proliferam-se e transformam-se morfologicamente,
dando origem a diferentes formas com fungoes distintas, a saber, os taquizoitas, os
bradizoftas e os oocistos. Gatos e outros felideos sao o~ unicos hospedeiros
definitivos, podendo tam bern servir como hospedeiros intermediarios junta mente
com as mamiferos, aves, anfibias e peixes. (BARROZO E AZEVEDO, 1995;
DUBEY, 1995).
o Toxoplasma gondii apresenta distinta variagao morfologica. Os taquizaitos
sao a forma de proliferagao rapida e causam infecgao aguda \figura 1). Encantram-
se nos 6rgaos, causando infecryao generalizada, que muitas vezes progridem
assintomaticamente. Permanecem viaveis por varias horas no sangue, seeregoes
5
extracelulares como leite, saliva e fluido peritoneal, podendo ser transmitidos por
transfusao sanguinea, de orgaos, inclusive de retina, agulhas contaminadas au
atraves da placenta. Suportam temperatura de 37 "C por quatro dias e morrem em
15 minutos a 50 °e. A capacidade infectante de taquizoftas isolados e conservada a
5 °C par duas semanas.,-~. ~1'$.-
FIGURA 1 - Taquizoitas de Toxoplasma gondii
Fonte: Dubey JP, Beattie CP (1988).
Os bradizoitos se encontram sob a forma de cistos tissulares (figura 2),
originados em celulas que nao S8 romperam ap6s serem infectadas, correspondem
a forma de infecyao latente au croniea. Localizam-se principal mente no cerebra,retina, musculo esqueletico e cardfaco. Sao fantes de infecy80 potenciais para
carnivoros. Com 0 consumo de carne crua ou mal cozida, as bradizoltos saoliberados dos t8cidos e penetram na mucosa gastrintestinal do consumidor, iniciandonovo cicio (SA et ai, 1997). Os bradizoitas podem sobreviver em tecidos por alguns
dias apos a morte do hospedeiro, mas e destruldo pelo resfriamento a 12 °c pDr 24
horas ou cocyao a 58 "C por dez minutos (EDINGER, 1992).
6
FIGURA 2 - Cistos teciduais
Fonte: Dubey JP, Beattie (1988),
Os oocistos sao formas resultantes do cicio sexuado do parasita, que S8
formam exclusivamente no epih§lia gastrintestinal dos gatos e dos felinas silvestres
e sen do excretados nas fazes par urn periodo de urna a duas seman as (SILVA E
LANGONI, 2000).
Tras a cinco dias apas serem eliminados no ambients os oocistos esporulame tornam-se infectantes, podendo permanecer vi8veis no ambiente par ate urn ana e
meio. A fase de eliminar;80 dos oocistos pelos felideos, na maiaria das vazes eassintomatica, 0 que dificulta 0 diagnostico da doenc;a. Somente gatos infectados
excretam os oocistos, sendo que essa excrer;80 dura apenas urna ou duas semanas
em toda sua vida. Qutros animais, como as bovin~s, 5uinos eaves tambem podem
S8 infectar e manter cistos na sua musculatura, tornando-se fontes de infec980
(SOLl,1991).
2.1.2 Epidemiologia
Pode-se afirmar que a toxoplasmose e uma zoorose de distribui980
cosmopolita. Cerca de um teryo da populayao mundial esta afetada, a grande
maioria de forma cr6nica e assintomatica. A toxoplasmose ~ uma coccidiose dos
feHdeos, e uma das mais comuns parasitoses, afetando praticamente todos os
animais homeotermicos, inclusive a hom em, constituindo-se em importante zoonose
(SILVA e LANGONI, 2000).
o homem pode se infectar pelo contato direto com oopistos ou atraves dos
alimentos contaminados com oocistos ou bradizoitos. Atualmente deve-se levar em
conta outras formas de contamina980 como transfusao de sangue, acidentes
laboratoriais e transplante de orgaos. Nao foi demon strada a transmiss80 inter-
humana, exceto a via transplacentaria. (SOLI, 1991). As baratas e insetos sao
considerados vetores mecanicos eventuais do protozoario (CHINCHILA et ai, 1994).
Todas estas carcteristicas torn am 0 cicto evolutivo do Toxoplasma gondiicomplexo. Seu hospedeiro definitiv~, os feHdeos, adquirem a toxoplasmose
ingerindo bradizoitos oriundo de alimentos crus como a carne e teite ou pela ca.;a;
estes excretam oocistos pel as fezes, podendo contaminar a homem, quanto 0
mesmo entrar em contato com as fezes. Os oocistos S8 ingeridos por ovinos,
bovinos e suinos, desenvolver80 cistos. 0 homem infecta-se ingerindo alimentos
contaminados contendo bradizoitos na forma de cistos, por exemplo, nas carnes
cruas e mal cozidas, ou oocistos no ambiente, solo, agua e em frutas e verduras
mal lavadas e cruas. A mulher gestante e imunossuprimidos, na analise do cicio
revelam a importancia quanto aos cuidados procurando interferir no cicIo de modo a
que se consiga a preven.;ao nos mesmas, pOis a toxoplasmase causa sequel as
irreversiveis ao feto, quadros severos em imunocomprometidos, podendo levar a
morle. 0 homem pode tambem adquirir toxoplasmose atraves do transplante de
orgaos, acidentes laboratorias e transfus6es de sangue conforme mostra figura 3
(CENTER OF DISEASES CONTROL, 1999).
8
1ECIOO
~ciSlOS
TRAIlSPlA1HES DcORGAOS
TRAtlSRJsAo
FIGURA 3 - Cicio de contaminacao do Toxoplasma gond;;
Fonte: CENTER OF DESEASES CONTROL (19991
indices de sorologias positivas em ate 72% para ovinos, 4% em bovinos e
9% em equinas, todos animais destin ados ao abate para cons~mo humano, revetamque 0 consumo de alimentos podem S8 constituir em importante fonte de infec980
considerando habitos e costumes alimentares de popula,ao. (BARROZO e
AZEVEDO, 1995).
A toxoplasmose apresenta um periodo de incubayEio variavel, de 6 a 13 dias
pedendo ser assintomatica na majaria dos indivfduos ou apresentar sintomas que
9
sao facilmente confundidos com outras doen~as (ETTINGER, 1992). Mas considera-
se ainda que 0 periodo de incuba~ao e compativel a 10 a 23 dias, quando a fonte ea ingestao de carne; de 5 a 20 dias quando se relaciona com 0 contato com animais
(SA et ai, 1997)
A toxoplasmose pode atingir 0 feto em qualquer periodo da gravidez, sendo
a infec980 fetal mais comum quando a materna ocorre no ultimo trimestre da
gesta98o. Em casa inverso, a gravidade da toxoplasmose congenita e maior S9 a
transmissao S8 produz durante 0 primeiro quadrimestre. 0 perfodo mais perigoso
situa-se entre a 108 e a 24a semana ende a frequencia ~e transrissao e a gravidade
das les5es se associam, conforme mostra a figura 4 (SA et ai, 1997).
ANOMALIAS CONGENITAS TRANSMISSAO FETALI
Primeiro Trim eslre
Termo
FIGURA 4 - Riscos de transmissao mate'~~-f~tal'e' riscosde andmalias congenitas
Fonte: sA, et a\. (1997)
2.1.3 Patogenia e Patogenicidade
a toxoplasma tem pequena patogenicidade para 0 ser humano e para a
maioria dos animais homeotermicos. A maioria dos casas evolui de modo total mente
subclinico. A sintomatologia evidente apresenta-se em apenas um ten;:odos casas.A infec~o adquirida tambem se caracteriza pelo POlimOrfiSmbdo quadro clinico
(BARRaZa e AZEVEDO, 1995). as sintomas mais freqOentes sao aqueles
acompanhados de febre, anorexia, prostra~ao e secre~ao ocular bilateral muco-
10
purulenta. 0 comprometimento pulmonar e evidenciado pela tosse, espirros,
secrec;ao nasal catarro-purulenta e dispneia. Pod em acorrer ainda hepatite,
linfoadenomegalia mesenterica, obstru980 intestinal pela forma9ao de granulomas,
peritonite, miosite e miocardite.
Embora raras, ha casas graves e ate fatais de toxoplasmose em individuos
imunocompetentes, causando par exemplo pneumonia intersticial, miocardite,
polimiosite e glomerulonefrite. No imunodeficiente as quadros cHnicos decorrem de
infec9Bo recentemente adquirida ou da reativ89BO de urna infecC;8o tatente.
Manifesta-s8 como pneumonia au miocardite 8, mais frequentemente, como
comprometimento do sistema nervoso central (mais de 50% dos quadras). as
quadros neurol6gicos sao de encefalite, meningoencefalite au les6es expansivas
(SOLI, 1991).
No entanto, estudos recentes, especial mente envolvendo em pacientes H IV
positiv~s indicam que a patogenicidade do Toxoplasma gondii varia de acordo com a
amostra considerada. As diferen9as observadas experimental mente entre amostras
mostraram padroes distintos de DNA avaliados por tecnica1 de RFLP (Restriction
Fragment Length Polymorphism) e 0 RAPD (Random Amplified Polymorphic DNA).
As amostras mais virulentas apresentam padrao genomico muito semelhante, mas
as amostras mais cronicas sao altamente polim6rficas. Estas diferen9as podem, ao
menos em parte, a sua multiplica9ao assexuada (clonal), em rela9ao as amostras
mais virulentas. A existencia de varia9ao de patogenicidade intraespecifica e
heterogenicidade genetica foi uma aspecto observado em uma amostra ap6s
atenua9ao em ratos linhagem Fisher ou Wistar ou ainda durante a realtiva9ao em
animais imunossuprimidos. Em modelos de toxoplasmose congenita, as diferen9as
tambEimsao detectadas (LAPPIN, 1993).
A transmissao materno-fetal pode ocorrer em qualquer periodo da gesta9ao
e na maioria dos conceptos sao assintomaticos ao nascimento ou tem sintomas
inespecificos como: crescimento intra-uteri no retardado simetrico, hidropisia nao
imune, hepatoesplenomegalia, purpura e ictericia. Alguns desenvolverao seqOelas
tardias relacionadas comumente ao sistema nervoso central elao olho. A minoria dos
neonatos com infec9ao congenita desenvalvera manifesta90es severas ao
nascimento ou na infancia, incluindo uma ou mais manifesta90es da tetrade de
Sabin (hidrocefalia au microcefalia; coriorretinite bilateral macular au peri macular
11
simetrica; calcifica90es intracranianas; retardamento mental conforme figura 5 (SA et
al,1997).
FIGURA 5 - Bebe com hidrocefalia devido a toxoplasmose congenita
Fonte: DUBEY JP, and BEATTIE CP, (1998).
No Brasil alguns trabalhos mostram a importancia da corioretinite e
comprometimento da acuidade visual, muitas vezes levando 0 individuo a cegueira
irreversivel. Um estudo soroepidemiol6gico realizado na regiiio de Jaguapita, PR,
fol relacionado a problemas oculares determinados pela toxoplasmose em pacientes
da zona rural que procuraram a unidade de saude do municipio. Amostras de 82
pacientes portadores de problemas visuais foram submetidas a rea9iio de
imunofluorescemcia indireta, para detectar a presen98 de anticorpos anti- T. gondii,
apresentando 82,9% de sororeagentes e 17,1 % nao-reagentes, como demonstra a
figura 6 (GARCIA et aI., 1999).
12
706050
Numero de 40Pacientes 30
2010o
o Soro 1ao-reagente
D Sora reagente
FIGURA 6 - Resultados soroepidemiol6gicos da toxoplasmose em pacientes da
zona rural em Jaguapita - Pr
Fonte: (GARCIA et al., 1999).
2.1.4 0 Toxoplasma gondii nos Alimentos
A preseng8 de cistos teciduais em carnes e urn fato documentado par muitos
trabalhos ja realizados. A comprOV8y8,O do parasita na carne de animais de
frigorificos resulta de especial interesse em sauds publica, param, naG e detectavel
em inspe9ao devido ao seu pequeno tamanho (menor que 5~). Os bradizoitos, forma
encistada, sao mais resistentes que as taquizoftos aos acidos gastricos, podendo
sobreviver tempo suficiente para infectar qualquer animal ou IS8r humane que ingira
carne contendo cistos (SILVA e LANGONI, 2000).
A carne e constantemente referida como urna das fOltes mais freqOentes doe
infecyao para human os, assim varios sao os relatos soroepidemiol6gicos em plantels
de especies domesticas mais frequentemente destinadas lao abate e consumo.
(DUBEY, 1995)
A carne ovina foi associ ada a um surto ocorrido em Bandeirantes no
Parana, onde dezessete individuos desenvolveram sinais compativeis com. . - I .toxoplasmose aguda, com um penodo de Incuba9ao da doenga entre 6 a 13 dlas. Os
sintomas e sinais observados com maior frequencia foram: fibre, artralgia, mialgia,
cefaleia e adenomegalia. Todos os pacientes relataram ingestao de quibe preparado
com carne crua de carneiro.(BONAMETTI et ai, 1993). I
13
Os estudos envolvendo avalia<;8o de prevalenCij em ovinos podem
demonstrar que esses fatDs podem nao ser apenas deSCri<;6es ocasionais ou
esporadicas. Ovinos da regiao de Londrina, PR, foram suometidos a avalia<;8osorologiea e demonstrou-se alta porcentagem de animais infeJtactos 62,17 % contra
47,83% de animais nao infectados, foram consideradas 1370 amostras e os
resultados sao conforme descrito na figura 7. (FREIRE el ai, 1995)
47,83
FIGURA 7 - Levantamento soroepidemiol6gico da toxoplasmose em ovinos
na regiao de Londrina PR
Fonte: FREIRE et al (1995).
A carne suina tambem e muito relacionada aos indices de infec<;8o em
humanos, sen do assim urn estudo procurou avaliar comparativamente 0 rebanhosuino brasileiro e 0 peruano e os resultados indicaram, tanto bara 0 teste de ELISA
para 0 exame de hemoaglutina<;8o indireta que 0 Brasil apresenta menores indicesque 0 Peru, como se observa na figura 8 (FREIRE et ai, 1995).
14
Brasil Peru
FIGURA 8 - Teste Elisa para 0 exame de hemoaglutina'Yao indireta entre Brasil e
Peru
Fonte: FREIRE et ai, (1995).
Verduras e frutas tambsm sao contaminadas pelos oocistos presentes no
solo, que esporulados podem permanecer viaveis por urn lango periedo de tempo. Aagua tambem pode ser contaminada pelas fezes dos felideos.
o leite e seus derivados podem ser uma importante fonte de contamina9ao.. . _.1 ._
humana para 0 Toxoplasma gondll, refon;ando a ImportancI8 da pasteunZ8C;8o do
leite antes de qualquer processamento ou ingestao (CHIARI e NEVES, 1984). Tanto
o leite de bovinos quanta caprinos podem representar urn veiculo de transmissao,
contudo 0 processo de pasteuriZ8980 do leite e suficiente rara destruir todas as
formas do parasita. Ate 0 presente momento nao foi passivel demonstrar a
transmissao pelo leite materno (BARROZO e AZEVEDO, 1995).
A ocorrencia de toxoplasmose aguda em tres membros de urna mesma
familia foi relacionada a ingestao de leite de cabra, nao pasteurizado e nem fervido.
As cabras eram criadas soltas no peridomicilio para fornecimento do leite.
Taquizoitos foram isolados do leite de uma destas cabras (C~IARI e NEVES, 1984).
Ovos de galinha representam risco para 0 homem, segundo SILVA e
LANGONI (2000) que isolaram 0 T. gondii em um ovo, num total de 327 ovos de
aves infectadas. Segundo estudo realizado por GARCIA et al (2000) em galinhas de
criadas em zona rural na regiao norte do Parana constatou que 89,7% das galinhas
pesquisadas responderam posit iva mente ao exame, conforme representado na
figura 9.
15
89,7
FIGURA 9 . Soroprevalencia da toxoplasmose em galinhas de cria~ao domestica
em propriedade rural no norte do Parana
Fonte: (GARCIA et ai, 2000)
o usa de avos caipiras de procedemcia duvidosa devem ser evitados po is
constituem urna forma arriscada de contaminayao.
2.2 CONSIDERACOES SOBRE 0 DIAGNOSTICO E 0 TRATAMENTO DA
TOXOPLASMOSE
2.2.1 Diagnostico
A toxoplasmose e urna doeny8 de difieil diagnostico par S8 apresentar de
forma assintomatica na maiaria dos individuos e par seus sintomas serem facilmenteconfundidos com Qutras doenY8s. 0 diagnostico deve ser baseado nos sintomas
cHnicos, provas laboratoriais e na epidemiologia. 0 diagnostico soro16gico e urna
questao complexa porem de grande importancia, pois na grande maiaria dos casas 0
diagn6stico da infecC;ao ira depender dos testes sorol6gicos, visto que a
demonstrac;ao do parasita e dificil e problematica, e as manifestac;oes clinicas, nao
sendo patognom6nicas, confundem-se com outras doenc;as.relo fato do organismo
infectado produzir anticorpos precocemente, os testes sorol6gicos assumem grande
importancia. Dentre eles tem-se: imunofluorescencia indireta (IF), fixa<;§o de
complemento (FC), hemoaglutinagao indireta (HI), ELISA, etc (SOLI, 1991).
Qutros testes diagnosticos sao ainda utilizados como inoculac;ao em
camundongos e histopatologia.
16
2.2.2 Tratamento
o tratamento da toxoptasmose, embora bem conhecido e bastante difundido,
est'; longe do satisfatorio (SOLI, 1991). Varias drogas pod em ser utitizadas como a
sulfadiazina, a espiramicina, a clindamicina e Qutras. A dosagem do medicamento e
a durayao do tratamento variam de acordo com 0 estado do paciente (gestantes,
imunodeprimidos, idosas ou crian98s).
o tratamento especifico nem sempre e indicado nos casas em que 0
hospedeiro e imunocompetente, exceto em infecyao inicial durante a gestac;ao ou na
vigencia de coriorretinite, miocardite, dana em outros orgaos. (SECRETARIA DE
SAUDE DO ESTADO DO PARANA, 2001).
2.2.3 Esquema Terapeutico
A toxoplasmose pode ser suspeitada em gatos com uveite anterior,
retinocoroidite, febre, dispneia, polipneia, desconforto abdominal, ictericia, anorexia,
apatia, ataxia e perda de peso (SILVA e LANGONI, 2000).
o tratamento recomendado, segundo SILVA e LANGONI, para caes e gatos
esta demonstrado no Quadro 1.
Quadro 1 ~ Esquema de tratamento da toxoplasmose para caes e gatos
Font.: SILVA. LANGONI (2000).
Orogas Doses Intervalo Periodo Via
Sulfadiazina 60 mg/kg 12/12 hs 10/14 dias Oral
Primetamina 1 mg/kg Pordia 7/10 dias Oral
Primetamina 0,5 mg/kg Pordia 7/10 dias Oral
Clindamicina 40 mg/kg 12/12 hs 10/14 dias Oral
Fosfato de Clindamicina 12,5 - 25 mg/kg 2xxidia 4 semanas 1M
Cloreto de clindamicina 10 -12 mg/kg 2xxidia 4 seman as Oral
ACido f6lico 5 mg/kg Pordia Pelo Oraltratamento
Acido folinico 1 mg/kg Pordia Pelo Oraltratamento
Sulfa~Trimetropim 15 mg/kg 2xx1dia 4 semanas Oral
17
2.2.4 Profilaxia
Nos alimentos a profilaxia da toxoplasmose baseia-se em eliminar as cistos
teciduais, taquizoitos e oocistos por processos termicos e irradiac;ao gama.
o tratamento pelo calor para a destrui~ao dos cistos esbarra nas habitos de
consumo de ingerir carne crua ou mal passada. 0 efeito da temperatura sobre os
cistos teciduais de T. gondii ja foram bern estudados, determinando-se em varias
pesquisas experimentais a temperatura e 0 tempo de cocgao dos alimentos para a
destruiyao destes.
SILVA e LANGONI, 2000, recomendam cozer a carne a 66 'c e evitar os
alimentos preparados com carne crua ou mal-cozida. Adverte ainda para 0 risco de
contaminar;ao ao S9 toear as mucosas oculares au bucais enquanto S8 trabalha com
carne cru8, recomendando intensa higienizac;ao das maos e dos instrumentos que
entraram em contata com a carne. 0 papel das verduras nao pode ser negligenciado
e estas devem ser bem lavadas, especial mente aquelas que serao ingeridas cruas,
para se retirar toda a terra.
Trabalhando experimentalmente com carne de suinos, DUBEY et al (1995),
citado por SILVA e LANGONI (2000), determinaram que o~ tempos minimos de
COC980 para a destrui980 dos cistos teciduais variavam com j temperatura utilizada.
Assim, a 58 'c dever-se-ia cozer a carne por 9,5 minutos, a 61 'c por 3,6 minutos e
a 64 'c por 3 minutos. E recomendada a temperatura de 67 'c para a cac~ao de
alimentos ou a manuten~ao da alimento a -12 ·C por um dia, 0 que se obtem
facilrnente em urn freezer domestico.
A radia9ao com raios gama a 0,5 krads mostra-S8 efetiva na destrui9ao dos
cistos teciduais, porem sua utiliza~o e restrita, nao s6 pelo usa de instala90es e
manuten9ao dos equipamentos, mas principalmente pelo receio do mercado em
consumir alimentos irradiados (SILVA e LANGONI, 2000).
Qutras medidas profilaticas, alem dos cuidados com as alimentos, devem
ser levadas em considera9aO como vetores (moscas e baratas), controle de
roedores, usa de luvas para jardinagem para evitar posslvel contarnina~o par fezes
de gatos e fornecer aos gatos apenas alimentos industrializados.
Em virtude dos altos indices de infec~ao pelo Toxoplasma gondii na
populay8o em geral, onde geralmente as individuos imunocompetentes nao
18
desenvolvem a doenc;a, e imperativo que na vigencia da toxoplasmose doenc;a, 0
paciente seja avaliado quanta a passlvel associa<;ao de imunodeficiencia. Com 0
surgimento da AIDS, tern aumentado 0 numero de cases de toxoplasmose, nesses
pacientes. Ap6s 0 tratamento especifico e a cura clinica, devem receber tratamento
profilatico pelo resto da vida (SECRETARIA DE SAUDE DO PARANA, 2001).
A vacinac;ao dos animais seria, sem duvida, a medida profilatica mais eficaz
no controle da toxoplasmos8, pOfem as vacinas comerciais nao estao disponiveis noBrasil.
Pelo fata dos felfdeos serem as unicos hospedeiros definitivos do T. gondii,
deve ser evitado ao maximo 0 cantata com SUBS as fazes, recomendando-se 0 usa
de luvas para manipular na terra possivelmente contaminada por oocistos e tambem
na remoc;ao da caixa de fezes dos gatos, tarefa que deve ser executada
diariamente.
2.3 IMPORTANCIA DA DOENC;:APARAA SAUDE PUBLICA
A toxoplasmose e uma doenc;a mundial • sem preferemcia de sexo ou rac;a"
estimando-se que de 70% a 95% da popula9ao est" infectada. Nao e doen98 objeto
de ac;oes de Vigilimcia Epidemiologica e tambem nao e doent;a de notificat;ao
compulsoria, entretanto, tem grande importimcia para a saUdlepublica devido a sua
associa9ao com a AIDS e pela gravidade dos casos congEmitos(SECRETARIA DE
SAUDE DO ESTADO DO PARANA, 2001).
Em pesquisa realizada por BONAMETII (1997) para descrever 0 padrao de
mortalidade devida a AIDS no estado de Sao Paulo em 1998, apontou-se a
toxoplasmose como sendo responsavel par 12,2% das causas de mortes
associadas. Em outra pesquisa, realizada em Salvador, Bahia por BARROZO E
AZEVEDO (1995); 410 gestantes de duas maternidades foram analisadas
sorologicamente e verificou-se uma incidencia de 42% de soropositividade, naG
havendo correlat;ao entre sorologia e outros fatores socio-economicos, faixa eta ria,
estado civil ou grupo racial.
E cada vez maior 0 numero de pessoas que convivem diariamente com a
imunossupressao, principal mente par causa da AIOS e em decorrencia da
quimioterapia adotada para 0 tratamento de cancer. Nos Esiados Unidos, cerca de
30% dos pacientes aideticos que sao soro-reagentes para toxoplasmose irao
19
desenvolver encefalite par T. gondii. Na Frany8 cerea de 50% desenvolveram
quadro de encefalite. Na Noruega foi identificado em 20% dos pacientes. No Brasil
os casas notificados entre 1988 e 1996 indicam um total de 13.049 casas entre
pacientes aideticos acima de 12 anos de idade (REQUEJO et ai, 1997).
A toxoplasmose pode ser transmitida ao feta sa a paciente gravida contrair a
infec,ao durante a gesta,ao. Uma vez que a infec,ao da mae e usualmente
assintomatica, geralmente nao e detectada. Par este motivQ sugere-s9 a realiz8980
de testes sorologicos na gestayao, porem e uma medida dispendiosa e de pouca
aplicabilidade pratica (SECRETARIA DE SAUDE DO ESTADO DO PARANA, 2001).
A infecyao 56 apresenta risco aD feta apresentando-se na forma aguda, isto
e, S8 a mae estiver em fase de parasitemia, case contrario nao oferece risco ao
concepto. Os danos no feta podem ser irreversiveis, dependendo da fase dage5t89ao, que pode ocasionar desde a morte fetal ate anomalias congenitas.
o custo por neonato infectado nos Estados Unidos chega a US$ 67.246
(SILVA E LANGONI, 2000). Idosos e crianyas tambem fazem parte do grupo de
risco.De fundamental importancia na disseminayao da parasitose e a
contaminay80 do solo, pois dele infectar -se-a nao somente 0 gato mas tambem
outros animais como bovinos, ovinos, caprinos, suinos, roedores, aves,
desenvolvendo uma infecyao de oocistos espalhados pela natureza e presentes nos
jardins, hortas e alimentos. Quando do habito alimentar fizerem parte carnes cruas
ou mal passadas, pod era ocasionalmente ocorrer a ingestao de cistos
toxoplasmaticos radicados nesses tecidos animais e que sao resistentes a digestao
c1oridropeptica no intestino delgado. Estes parasitas (bradizoitos) atravessam a
mucosa intestinal determinando a infecyao (BARROZO E AZEVEDO, 1995).
o numera de caes e gatos infectados por ToxoJ'asma gondii e muito
elevado conforme demonstrou uma pesquisa realizada no municipio de Jaquapita -
Pr, determinando a soroprevalencia da toxoplasmose em caes e gatos, como
mostram as figuras 10 e 11 (BARROZO E AZEVEDO, 1995).
20
7~
~63
FIGURA 10 - Soropreval€mcia da toxoplasmose em gatos no municipio de
Jaguapita, Pr
Fonte: BARRaZa E AZEVEDO (1995).
84'1~'""-F , , __•._•.••••.•--.
0' "189
FIGURA 11 - Soroprevalencia da toxoplasmose em caes no municipio de
Jaguapita, Pr
Fonte: BARROZa E AZEVEDO (1995).
o Quadro 2 e 3 apresentam os resultados de inqueritos sorol6gicos nas
especies canina e felina realizados no Brasil. Do ponto de vis1tade Saude Publica, a
infecC;8o na populac;ao canina representa um nicho ecol6gico para 0 parasita e,
conseqOentemente, urn risco para a populaC;8ohumana.
21
Quadra 2 . Resultados de inqueritos sorol6gicos realizados no Brasil na especie can ina
Fonte: BARROZO E AZEVEDO (1995).
CAES
ESTADO TESTE NUMERO DE %POSITIVOSSOROLOGICO ANIMAlS
Sao Paulo RIFI 276 46,1Goias SF 35 57,1
Sao Paulo RIFI 47 63,8
Minas Gerais RIFI 40 35,0
Sao Paulo RIFI 80 94,0Rio de Janeiro SF 101 79,2
Parana SF 66 51,5Minas Gerais HAl 218 52,7
Amapa/Rond6nia HAl 19 68,4
Rio Grande do Sui HAl 64 3,1
Sao Paulo SF 20 90,0
Sao Paulo RIFI 657 91,0
Quadro 3 - Resultados de inqueritos sorol6gicos realizados no Brasil na especie felina
Fonte: BARROZa E AZEVEDO (1995).
GATOS
ESTADO TESTE NUMERO DE%POSITIVOSSOROLOGICO ANIMAlS
Sao Paulo SF 130 50,8AmapcVRondonia HAl 32 90,6Rio Grande do Sui HAl 100 24,0Rio Grande do Sui HAl 27 40,7Sao Paulo RIFI 27 25,9Sao Paulo RIFI 350 37,7Sao Paulo e Parana RIFI 191 19,4
22
3 CONCLUSAO
Apresentando-se de tres formas principais, taquizoftos, bradizoitos e
oocistos, 0 Toxoplasma gondii tern como unieD hospedeiro definitiv~ os felfdeos,
passu! varios hospedeiros intermediaries como as mamiferos, aumentando-se assim
consideravelmente as me iDs de contaminac;8o. Par iS50 a importancia que deve-s8
ter com as habitos alimentares, vista que 0 consumo de leite de bovinos e caprinos
pode representar urn veiculo de transmissao, 0 consumo de carnes mal passadas
nao atingem a temperatura interna suficiente para matar os bradizoitos. A rna
higieniz8980 dos vegetais plantados em solos contaminapos pelo toxoplasma
prolifera a doen,a.
o toxoplasma pode atingir a feta em qualquer perfodo da gravidez, sendo
mais agravante a contamina<;Bo no primeiro trimestre, causando muitas vezes
anomalias congenitas podendo levar a morte. 0 Toxoplasma gondii localiza-se
principal mente no cerebra, retina, musculo esqueletico e cardiaco.
As dificuldades que a Saude Publica apresenta ern obter dados e devido a
toxoplamose ser uma doen<;a cosmopolita, manifeslando-se em individuos de
qualquer idade, sexo e ra<;a, ter peuca patogenicidade para a maieria dos animais
homeolermicos, evoluindo desta maneira de modo subclinico, assintomatico, sendo
os seus sintomas confundidos com a de outras doen<;as e a seu tamanho e tambem
urn dos fatores que dificulta a detecgao do parasita ern carnes.
Devido a abrangencia que esta zoonose posui prejuizos em rebanhos,
tornanda-s8 algo cansideravel, para que se possa ter urn controle da mesma deve-
se fazer exames laboratoriais e conscientizar a popula<;Bo da pratlca de habitas
alimentares correlos, como 0 consumo de carnes bern passadas, a higieniz8<;80 dos
vegetais 0 con sumo de ovos com registro de inspe<;8o.
23
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