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Os comboios em Portugal Como se caracterizam os comboios para o transporte ferroviário de mercadorias em Portugal? Como evoluíram esses veículos ao longo do tempo? Ana Marisa João Alonso Emanuel Fernando Dias Mendes Joana Amélia Pires Almeida e Castro Pedro da Rocha Torres Equipa Civil 9 Supervisor: Cecília Vale Monitor: Vânia Teixeira FEUP, Outubro 2010.

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Os comboios em Portugal

Como se caracterizam os comboios para o

transporte ferroviário de mercadorias em Portugal?

Como evoluíram esses veículos ao longo do tempo?

Ana Marisa João Alonso

Emanuel Fernando Dias Mendes

Joana Amélia Pires Almeida e Castro

Pedro da Rocha Torres

Equipa Civil 9

Supervisor: Cecília Vale

Monitor: Vânia Teixeira

FEUP, Outubro 2010.

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Agradecimentos

O grupo que realizou este projecto gostaria de agradecer a todas as entidades que

colaboraram para que este se concretizasse da melhor forma. Particularmente, à

monitora Vânia Teixeira, que nos tirou todas as dúvidas e que nos acompanhou neste

projecto, à supervisora Cecília Vale, que forneceu várias informações acerca do tema, e

à Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto que disponibilizou todos os

recursos de que dispunha, nomeadamente, informáticos e bibliotecários.

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Índice

Lista de tabelas………………………………………………………………………..…1

Lista de figuras…………………………………………………………………….…….1

Introdução………………………………………………………………………..………2

1. REFER (Rede Ferroviária Nacional)…………………………………………….3

1.1 Terminais de mercadorias e linhas ou ramais ferroviários…………………..3

1.2 Portos de mercadorias e estações ferroviárias mais próximas……………….5

1.3 Velocidades de circulação dos comboios de mercadorias…………………...6

2. Operadores………………………………………………………………………...7

2.1 CP Carga……………………………………………………………………..7

2.2 Takargo………………………………………………………………………9

3. Os Caminhos-de-ferro e a História Portuguesa………………………………...10

4. Como funciona o transporte ferroviário de mercadorias……………………….12

5. Vagões e locomotivas……………………………………………………………13

5.1 Caracterização dos vagões de mercadorias que circulam em Portugal…….13

5.2 Caracterização das locomotivas que circulam em Portugal………………..15

6. Vantagens e Desvantagens do Transporte Ferroviário de Mercadorias…………18

Conclusão………………………………………………………………………………19

Bibliografia…………………………………………………………………………..…20

Anexos………………………………………………………………………………….21

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Lista de tabelas

Tabela 1 Terminais e linhas ou ramais em que se inserem……...………………………3

Tabela 2 Portos e estações mais próximas ………………………...……………………5

Lista de figuras

Figura1 Mapa Ferroviário Português …………………………………………………...4

Figura2 Patamares de velocidade mais elevados (REFER 2010)………………………6

Figura 3 Comboio de Mercadorias da CP………………………………………………7

Figura 4 Comboio de Mercadorias da Takargo…………………………………………9

Figura5 Vagão de mercadorias………………………………………………………...12

Figura6 Comboio de mercadorias……………………………………………………..12

Figura7 Série “TDGS 4194 074”……………………………………………………...13

Figura8 Série “TADGS 3294 082”……………………………………………………13

Figura9 Série “GABS 8194 181”……………………………………………………...14

Figura10 Série “FALLS 3194 668”……………………………………………………14

Figura11 Série “FACS 8194 694”……………………………………………………..15

Figura12 Locomotiva Diesel 1151-1186………………………………………………15

Figura13 Locomotiva Diesel 1401-1467………………………………………………15

Figura14 Locomotiva Diesel 1551-1570………………………………………………16

Figura15 Locomotiva Eléctrica 2601-2612……………………………………………16

Figura16 Locomotiva Diesel 1961-1973………………………………………………16

Figura17 Locomotiva Diesel 1901-1913………………………………………………16

Figura18 Locomotiva Diesel 1931-1947………………………………………………16

Figura19 Locomotiva Eléctrica 2621-2629……………………………………………17

Figura20 Locomotiva Eléctrica 5601-5630……………………………………………17

Figura21 Locomotiva Eléctrica 4701-4725……………………………………………17

Figura22 Principais cargas transportadas por comboios em Portugal em 2007/2008…21

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Introdução

No âmbito da Unidade Curricular “Projecto FEUP”, do 1º ano do curso de

Mestrado de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto,

realizou-se um relatório sobre o tema “Os Comboios em Portugal”.

Este tema divide-se em dois ramos: o transporte de passageiros e o transporte de

mercadorias. Este relatório aborda o segundo ramo, respeitante aos comboios de

mercadorias.

O tema está devidamente relacionado com o curso de Engenharia Civil, mais

concretamente com a área das Vias de Comunicação.

Este projecto tem como um dos objectivos dar a conhecer as principais

características deste transporte de uma forma simples e intuitiva, de modo a dar a

conhecer aspectos gerais dos comboios de mercadorias. Outro objectivo do trabalho é

fazer uma distinção entre o transporte férreo de mercadorias e o transporte rodoviário,

analisando as vantagens e desvantagens de cada um, com a finalidade de mostrar qual

dos meios de transporte é mais rentável em determinadas situações. O terceiro e último

objectivo que nos foi proposto é realizar uma análise da história evolutiva dos comboios

de mercadorias ao longo de cento e cinquenta anos de evolução.

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1. REFER (Rede Ferroviária Nacional)

A REFER é a empresa pública portuguesa que gere as infra-estruturas ferroviárias.

Gere uma rede em exploração com 2841 quilómetros, ao longo de todo o território

nacional, com cerca de 2000 circulações diárias, servindo uma população na ordem dos

8,5 milhões de habitantes. (REFER 2010)

Nos últimos anos, a REFER introduziu avançados sistemas de sinalização

electrónica e de telecomunicações, associados a novas metodologias de trabalho e

equipamentos de controlo e comando da circulação, contribuindo para a melhoria do

desempenho na exploração da rede.

1.1 Terminais de mercadorias e linhas ou ramais ferroviários

Em Portugal, a rede ferroviária principal desenvolve-se, no sentido longitudinal, em

função de um corredor litoral que percorre o país de norte a sul, cobrindo as áreas dos

principais portos, aeroportos, plataformas logísticas, capitais de distrito do litoral e

ainda a ligação à fronteira espanhola, complementada por corredores transversais à linha

norte-sul.

A tabela seguinte mostra os terminais e linhas ou ramais onde se inserem em

Portugal.

Tabela 1 Terminais e linhas ou ramais em que se inserem

(a) - As linhas de carga e descarga destes Terminais encontram-se sob gestão da CP

(b) – Gestão privada

Terminal Linha ou ramal

em que se inserem

Darque (a) Minho

Tadim/Aveleda (a) Braga

Leixões (a) Leixões

Cacia (b) Norte

TVT (Entroncamento) (b) Norte

MSC (Entroncamento) (b) Norte

Bobadela (a) Norte

Mangualde (a) Beira Alta

Guarda (a) Beira Alta

Fundão (a) Beira Baixa

Leiria (a) Oeste

Praias Sado (a) Sul

Vale da Rosa (a) Sul

Siderurgia Nacional (b) Sul

Poceirão (a) Alentejo

Loulé (a) Algarve

(REFER 2010)

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Os principais terminais ferroviários existentes em Portugal são:

Terminal da Bobadela: equipado com pórticos, máquinas de elevação de

contentores, empilhadores, porta – paletes;

Terminal de Leixões: tem três linhas de carga e descarga de vagões. Estas linhas

estão, normalmente, afectas a tráfegos específicos, apesar de existirem

excepções, em função da diversidade de tráfego que surja diariamente.

Figura1 Mapa Ferroviário Português (REFER 2010)

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1.2 Portos de mercadorias e estações ferroviárias mais próximas

Alguns dos terminais ferroviários portugueses localizam-se próximos de portos, o

que permite que, após o percurso marítimo, se faça o restante por meio terrestre.

A tabela a seguir apresentada mostra os portos e respectivas estações mais próximas.

Tabela 2 Portos e estações mais próximas

Portos Linha ou ramal em que se

inserem

Estação mais próxima da

inserção

Leixões Leixões

Leixões

Figueira da foz Oeste

Fontela

Lisboa Norte cintura Sta. Apolónia

Alcântara Terra

Setúbal Sul

Setúbal Mar

Sines Sines

Porto de Sines

Aveiro Norte

Aveiro

(REFER 2010)

5

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1.3 Velocidades de circulação dos comboios de mercadorias

A velocidade dos meios de transporte ferroviários varia entre 50 a 220 km/h.

Os comboios afectos ao transporte de mercadorias, pelo facto de transportarem

carga muito mais elevada do que o de passageiros carrega, não conseguem atingir

velocidades tão altas como os segundos, sendo a velocidade média dos comboios de

mercadorias 70 km/h.

Figura2 Patamares de velocidade mais elevados (REFER 2010)

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2. Operadores

A empresa pública responsável pelo serviço de transporte ferroviário de

mercadorias é a CP (Comboios de Portugal), mais especificamente a CP Carga,

enquanto que a gestão das infra-estruturas está a cargo da REFER (Rede Ferroviária

Nacional). Neste âmbito, surge também o INTF (Instituto Nacional do Transporte

Ferroviário) como regulador deste sector.

Para além da CP Carga, existe também uma empresa privada com a mesma

função desta, a Takargo.

2.1. CP Carga

Até 1997, a CP era detentora de todo o sector ferroviário, encarregue do transporte e

das infra-estruturas. A partir desse ano, passa a ser apenas responsável pelo transporte

ferroviário. No que respeita ao transporte ferroviário de mercadorias, é a CP Carga,

constituída em Agosto de 2009, que o passa a dirigir.

A CP Carga, líder no mercado nacional, desenvolve a sua actividade principalmente

na Península Ibérica. Disponibiliza serviços de transporte para tráfegos Combinado e

Multimodal, Granéis sólidos e líquidos, produtos Siderúrgicos e materiais de

construção, matérias-primas e produtos florestais, veículos automóveis e componentes,

dispondo de 2700 vagões para todos os tipos de tráfego.

Figura 3 Comboio de Mercadorias da CP

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“CP Carga S.A. comemora 1 ano de actividade com uma quota de mercado

ferroviário superior a 97%

Um ano após a sua constituição, a CP Carga S.A. é líder incontestável no seu sector e

um dos principais players no transporte de mercadorias nacional e do espaço ibérico.

Com uma quota, em ton. / km, de cerca de 35% no mercado terrestre nacional e superior

a 97% em termos de transporte ferroviário nacional e de valor equivalente no tráfego

internacional, detém ainda o pleno da quota no tráfego de mercadorias de e para os portos

nacionais.

A CP Carga S.A. fechou 2009 com uma operação em fluxos nacionais e internacionais

de cerca de 8,5 milhões de toneladas, prevendo ainda este ano, de acordo com os resultados já

alcançados no primeiro semestre, atingir um valor próximo dos 9,5 milhões Ton. transportadas.

Continuando a sua evolução positiva no mercado da logística e transporte ferroviário de

mercadorias, a empresa prevê atingir as 12 milhões de Ton. em 2014.

De acordo com o mercado potencial ferroviário, interno e transfronteiriço, a estrutura de

negócio da CP Carga deverá estabilizar nos próximos 3 anos nos 75% de mercado nacional e

25% de mercado internacional, sendo que em 2010, o ano será fechado com resultados acima

das expectativas.

O transporte ferroviário é especialmente apto a operar grandes fluxos e ou fluxos de

longa distância. Excluindo o tráfego de contentores que é fortemente multi-produto, a grande

fatia do negócio terá sempre por base as matérias-primas e os produtos de grande consumo

(fileira florestal, materiais de construção, cereais e matérias primas, fileira alimentar,

combustíveis sólidos e líquidos, etc.).

Numa clara aposta no melhoramento dos seus produtos e serviços, a CP Carga continua

empenhada na sua estratégia de desenvolvimento sustentável, apresentando o transporte

ferroviário, em termos médios, ganhos ambientais anuais um valor de 1,5 vezes maior do que a

sua facturação (120 000 000?).”

(CP Carga 2010)

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2.2. Takargo

A Takargo tornou-se, em 2008, o primeiro operador privado a efectuar o transporte

ferroviário de mercadorias em Portugal. A sua origem deveu-se a uma nova legislação

imposta pela União Europeia que impunha a existência de empresas privadas neste

sector.

A empresa detém locomotivas, vagões e maquinistas próprios, em que as

locomotivas são das mais potentes a nível europeu, permitindo o transporte de mais de

1200 toneladas.

Figura 4 Comboio de Mercadorias da Takargo

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3. Os Caminhos-de-ferro e a História Portuguesa:

Na segunda metade do século XIX, elementos da elite política e económica

discutiam sobre a melhor forma de modernizar o país. Uma das possibilidades era a

construção de vias de comunicação.

Após a construção da primeira linha-férrea em Inglaterra, defendeu-se a sua

introdução em Portugal para um melhor desenvolvimento do país. Contudo, devido às

diferentes guerras civis e convulsões políticas que Portugal enfrentou, não foi possível a

introdução destas vias de comunicação uma vez que Portugal não tinha um capital

necessário para envergar tão importante investimento.

No entanto, vários projectos foram apresentados para a construção de diferentes

vias de comunicação, mas só após a criação da Companhia das Obras Públicas em

Portugal que é proposta a construção do caminho-de-ferro entre Lisboa e a fronteira

espanhola. Contudo, o primeiro troço só é inaugurado em 1856 que viria a ser a rede

ferroviária nacional, entre Lisboa e o Carregado. Nesse mesmo ano, a tarde de 28 de

Outubro ficou para a História como o inicio da circulação de comboios em Portugal. A

primeira viagem teve início em Lisboa Santa Apolónia com destino ao Carregado sendo

uma viagem de 40 km tendo demorado apenas 40 minutos.

Durante os anos oitenta, nem mesmo com a entrada de Portugal para a

Comunidade Económica Europeia, a construção dos caminhos-de-ferro evolui. Uma das

principais razões para esta estagnação é pelo facto de todas as verbas dadas ao estado

serem incrementadas apenas na construção de auto-estradas, vias rápidas e estradas.

É apenas nos anos noventa que se verifica uma melhoria nestas vias de

comunicação, uma vez que, se verificaram sucessivas inovações a nível da

electrificação das redes, modernização das vias de comunicação, sistema de sinalização,

etc. o que permitiu adquirir uma maior velocidade, especialização de serviços no que se

refere à aquisição de vagões-cisterna, vagões-frigoríficos entre outros. Permitiu ainda

uma diminuição de custos devido á forte competição com os outros meios de transporte,

rodoviário, aéreo e marítimo.

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Evolução histórica dos comboios:

Em 1804, Richard Trevithick construiu uma locomotiva a vapor na qual

conseguiu transportar cinco vagões com dez toneladas de carga e setenta passageiras a

uma velocidade de 8 km/h. Contudo, esta locomotiva não teve grande sucesso, uma vez

que era bastante pesada e avariava constantemente.

Com o decorrer do tempo novas locomotivas foram surgindo, sendo uma delas a

locomotiva construída por John Blentrinsop. Esta locomotiva apresentava dois cilindros

verticais que movimentavam dois eixos, assim como apresentavam carris de ferro

fundido que vieram substituir os trilhos de madeira.

Mais tarde, George Stephenson construiu uma locomotiva que se destinava ao

transporte de materiais provenientes das minas. George Stephenson designou esta

locomotiva por Blucher, sendo a velocidade máxima por ela atingida de 6 km/h.

No início do século XIX, as rodas das locomotivas passam a ser colocadas atrás

da caldeira o que permitiu aumentar o diâmetro das rodas assim como permitiu

aumentar a velocidade.

James Watt foi quem contribui para uma mais rápida evolução dos comboios e

das linhas ferroviárias, devido á introdução de várias alterações na concepção dos

motores a vapor.

Com o passar do tempo, assiste-se a uma rápida evolução das locomotivas

eléctricas para as locomotivas movidas a electricidade, sendo que a primeira locomotiva

eléctrica foi apresentada no dia 31 de Março de 1879 por Werner von Siemens.

Nos finais do século XIX, Rudolf Diesel inventou o motor de injecção a diesel.

Nesta altura foram também desenvolvidas locomotivas que utilizavam os dois conceitos

(eléctrico e diesel), sendo por isso locomotivas bastante versáteis.

Contudo, as locomotivas a diesel foram retiradas de Portugal em 1977 pelo facto

de estas serem a causa de diversos incêndios.

Por último, as locomotivas que actualmente forma desenvolvidas foram as

locomotivas com turbinas a gás.

Nota: Uma das principais razões que nos levou a incluir este tópico no trabalho deve-se

ao facto de estar relacionado com os comboios de mercadorias, pois sem a existência

das linhas férreas seria impossível que este tipo de transporte se pudesse deslocar entre

as diferentes estações e apeadeiros.

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4. Como funciona o transporte ferroviário de mercadorias?

Os transportes ferroviários têm sofrido ao longo do tempo significativas

evoluções tornando-se assim transportes mais rápidos, seguros e económicos. Com esta

evolução houve a necessidade de criar vagões que possibilitam a deslocação de certas

mercadorias assim como: contentores, vagões-cisterna, vagões-frigorifico.

Figura5 Vagão de mercadorias Figura6 Comboio de mercadorias

Em relação ao transporte de mercadorias, são tabelados preços e condições que

são reunidos em tabela, aos quais se dá o nome de tarifa. O preço da tarifa difere de

acordo com a distância, peso e dimensão do objecto que se pretende transportar. Para

comprovar o transporte, é emitida uma declaração de expedição que tem de acompanhar

o expedidor até à entrega do produto ao destinatário.

Por outro lado, a circulação de bens e mercadorias entre diferentes países obriga

ao cumprimento de determinadas burocracias. Para isso, todas as mercadorias que

circulam nas diversas redes ferroviárias têm de se fazer acompanhar por um documento

identificativo denominado CIM (Declaração de Expedição de Tráfego Internacional).

Contudo, quando se trata de mercadorias comunitárias apenas é necessária a factura da

mercadoria, mas se as mercadorias forem extra-comunitárias é necessário um despacho

aduaneiro.

Em relação ao transporte de mercadorias perigosas também tem associado um

regulamento, o RPF (Regulamento Nacional do Transporte de Mercadorias Perigosas

por Caminho de Ferro). Neste documento consta a informação sobre quais as

mercadorias perigosas que podem ser transportadas por caminho-de-ferro no território

nacional e os termos em que esse transporte pode ser realizado. 12

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5. Vagões e locomotivas

5.1 Caracterização dos Vagões de Mercadorias que circulam em Portugal:

De seguida é apresentada uma breve descrição dos vagões de mercadorias que

circulam na rede ferroviária portuguesa: (Texas Selvagem 2010)

a) Série “TDGS 4194 074” (peso=13800kg e volume=38m3) – É um vagão destinado

para o transporte de cereais e adubo agrícola. Este vagão tem capacidade para

transportar uma carga máxima de 26200kg..

Figura7 Série “TDGS 4194 074”

b) Série “TADGS 3294 082” (peso=13800kg e volume=38m3) – É um vagão que

possui tecto móvel, e apresenta características que lhe permite transportar adubo.

Este vagão é ainda utilizado para o transporte de cereais, e tem capacidade para

transportar uma carga máxima de 26200 Kg.

Figura8 Série “TADGS 3294 082”

13

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c) Série “GABS 8194 181” (volume 110m3) – É um vagão fechado com portas de

correr que possui uma capacidade de carga máxima de 50 900kg;

Figura9 Série “GABS 8194 181”

d) Série “LGMMS 8194 469” – É um vagão que se destina ao transporte de

automóveis com uma capacidade máxima de 12 toneladas. Este vagão é

caracterizado por ter dois pisos;

e) Série “FALLS 3194 668” – Vagão utilizado para o transporte de inertes com

capacidade de carga de 56600kg. Em relação ao sistema de abertura e fecho das

portas este é accionado por quatro cilindros pneumáticos;

Figura10 Série “FALLS 3194 668”

14

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f) Série “FACS 8194 694” – É um vagão utilizado para transporte de minério, cuja

capacidade de carga máxima é de 59400kg. Este vagão apresenta uma aréa de 23 m2

e é caracterizado por ter apoios laterais fixos.

Figura11 Série “FACS 8194 694”

5.2 Caracterização das locomotivas que circulam em Portugal

Locomotivas que, actualmente, transportam mercadorias em Portugal: (CP

Carga 2010)

Locomotiva Diesel 1151-1186

Entrou ao serviço em Portugal em 1966 e existem,

actualmente, 16 unidades ainda em activo por todo o

país. A velocidade máxima atingida é de apenas 58 km/h

e movem-se por transmissão hidráulica.

Figura12 Locomotiva Diesel 1151-1186

Locomotiva Diesel 1401-1467

Entrou ao serviço em Portugal em 1967 e existem,

actualmente, 34 unidades ainda em activo por todo o

país. A velocidade máxima atingida é de 105 km/h e

movem-se por transmissão eléctrica.

Figura13 Locomotiva Diesel 1401-1467

15

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Locomotiva Diesel 1551-1570

Entrou ao serviço em Portugal em 1973 e existem,

actualmente, 18 unidades ainda em activo por todo o

país. A velocidade máxima atingida é de 120 km/h e

movem-se por transmissão eléctrica.

Figura14 Locomotiva Diesel 1551-1570

Locomotiva Eléctrica 2601-2612

Está já em circulação desde 1974 em Portugal e

existem, actualmente, 12 unidades em circulação por

todo o país. Atingem a velocidade máxima de 160 km/h

e movem-se por transmissão eléctrica.

Figura15 Locomotiva Eléctrica 2601-2612

Locomotiva Diesel 1961-1973

Entrou em circulação em Portugal em 1979 e

existem, actualmente, 11 unidades ainda em circulação

por todo o país. A velocidade máxima atingida é de 120

km/h e movem-se por transmissão eléctrica.

Figura16 Locomotiva Diesel 1961-1973

Locomotiva Diesel 1901-1913

Entrou ao serviço em Portugal em 1981 e existem,

actualmente, 10 unidades em circulação por todo o país.

A velocidade máxima atingida é de 100 km/h e movem-

se por transmissão eléctrica.

Figura17 Locomotiva Diesel 1901-1913

Locomotiva Diesel 1931-1947

Iniciou-se no transporte de mercadorias em Portugal

em 1981 e, actualmente, existem apenas 6 unidades em

circulação pelo país. A velocidade máxima atingida é de

120 km/h e movem-se por transmissão eléctrica.

Figura18 Locomotiva Diesel 1931-1947 16

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Locomotiva Eléctrica 2621-2629

Está em circulação desde 1987 em Portugal e existem,

actualmente, apenas 9 unidades em circulação por todo o

país. A velocidade máxima atingida é de 160 km/h e

movem-se por transmissão eléctrica.

Figura19 Locomotiva Eléctrica 2621-2629

Locomotiva Eléctrica 5601-5630

Esta locomotiva entrou em circulação em Portugal no

ano de 1993 e existem, actualmente, 29 unidades em

circulação por todo o país. Atingem a velocidade máxima

de 220 km/h e movem-se por transmissão eléctrica

assíncrona.

Figura20 Locomotiva Eléctrica 5601-5630

Locomotiva Eléctrica 4701-4725

Esta locomotiva começou a circular por Portugal

em 2009 e existem, actualmente, 25 unidades em

circulação por todo o país. Atingem a velocidade

máxima de 140 km/h e movem-se por transmissão

eléctrica.

Figura21 Locomotiva Eléctrica 4701-4725

17

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6. Vantagens e Desvantagens do Transporte Ferroviário de Mercadorias

O transporte ferroviário é uma parte fundamental da cadeia logística que facilita

as trocas comerciais bem como o crescimento económico. É um meio de transporte com

uma elevada capacidade de carga e energeticamente eficiente, embora careça de

flexibilidade e exija uma contínua aplicação de verbas. Está vocacionado para o

transporte de cargas, em grandes quantidades, entre uma origem e um destino a grandes

distâncias. As principais vantagens e desvantagens da sua utilização em relação ao

transporte rodoviário são:

VANTAGENS:

Maior capacidade de carga em relação aos transportes rodoviários. Transporte

terrestre utilizado principalmente para o transporte de combustíveis, minerais

sólidos (ex: carvão, minérios de ferro, cimentos, cal, adubos, produtos

alimentares, cereais, forragens veículos, etc);

Seguro e rápido, o que permite uma redução acentuada do tempo;

Baixo consumo energético por unidade transportada o que permite reduzir a

poluição;

Progressiva especialização dos serviços prestados;

Menor ocupação do espaço pelas vias férreas comparativamente às estradas;

Menor impacto ambiental, como o caso das redes eléctricas.

O transporte ferroviário é o modo de transporte terrestre mais económico no transporte

de mercadorias pesadas e volumosas a longas e médias distâncias. (Wikipédia 2010)

DESVANTAGENS:

Horários rígidos;

Carácter fixo dos itinerários – necessidade de transbordo;

Elevados investimentos na manutenção e funcionamento de todo o sistema;

A natureza da sua estrutura implica fraca flexibilidade. 18

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Conclusão

Após a elaboração do trabalho, adquirimos novos conhecimentos acerca do

transporte ferroviário de mercadorias em Portugal.

No desenrolar do projecto, respondemos ao problema que nos foi proposto

abordando de forma crítica os objectivos. Com isto, ficamos a conhecer as redes

ferroviárias portuguesas, assim como os diferentes tipos de comboios que circulam

actualmente no nosso país. Assim, constatámos que o meio ferroviário é uma boa opção

para o transporte de várias mercadorias.

Para finalizar, percebemos o quão útil é a existência de vias férreas em Portugal,

muitas vezes subvalorizada indevidamente. Ainda assim, é consideravelmente utilizado,

pois muitos recursos dependem deles para o seu transporte.

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Bibliografia

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mercadorias-ao-servico.html (acedido Outubro, 2010)

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SINERGIA. 2010. http://sinergia.mota-engil.pt/Detail.aspx?ParentId=42 (acedido

Outubro, 2010)

REFER. 2010. Directório da Rede.

http://www.refer.pt/MenuPrincipal/REFER/GestaodaRede/DirectoriodaRede.aspx

(acedido Outubro, 2010)

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Outubro, 2010)

Wikipédia. 2010. http://pt.wikipedia.org/wiki/Trem (acedido Outubro, 2010)

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Anexos

2.1 CP Carga

Figura22 Principais cargas transportadas por comboios em Portugal em 2007/2008

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