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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
EXPERIÊNCIA DE ENSINO DO ESPORTE COLETIVO
EM AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Wesley Molinari1
Emerson Luís Velozo2
Resumo:
Este trabalho é resultado do projeto desenvolvido no Programa de
Desenvolvimento Educacional (PDE) da Secretaria de Estado da Educação do
Estado do Paraná na área de Educação Física. O projeto teve como objetivo a
análise das possibilidades de ensino do esporte coletivo nas aulas de Educação
Física, considerando alguns princípios metodológicos. A proposta focou nas
diferenças entre o ensino tradicional das modalidades esportivas, no qual cada uma
delas é ensinada separadamente, com enfase nos aspectos técnicos que as
constituem, e o ensino pautado na aprendizagem dos princípios operacionais
presentes em várias modalidades esportivas. A perspepectiva adotava procurou
valorizar a a participação da totalidade dos alunos, que puderam vivenciar atividades
que ilustraram o ensino tradicional das modalidades esportivas, pautadas nas
repetições de gestos técnicos e, posteriormente, experimentar atividades pautadas
nos pressupostos de uma pedagogia dos esportes coletivos. A proposta foi
constituida por quatro fases: elaboração do projeto, confecção do material didático,
implementação das ações, e elaboração do artigo final. O projeto foi desenvolvido
em uma turma de 6º ano do Colégio Estadual Professor Júlio César, no Município de
Rebouças, Paraná. O projeto e o caderno pedagógico foram apresentados no Grupo
de Trabalho em Rede, onde os professores da Rede Estadual de Educação do
Paraná puderam avaliá-lo, acompanhar a implementação e tecer comentários
relativos ao trabalho.
Palavras chave: Educação Física; Ensino; Esportes Coletivos.
1 Professor da Rede Estadual de Ensino do Estado do Paraná. Professor PDE, turma 2013. 2 Professor da Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO). Orientador. * Agradeço ao professor Paulo Roberto Lazzari e a todos os alunos do 6º ano B do CEP Júlio César, pela participação ativa no desenvolvimento do trabalho e também ao meu orientador Prof. Dr. Emerson Luís Velozo pela paciência e empenho para a conclusão deste trabalho.
Introdução:
O esporte é uma importante manifestação da cultura corporal de nossa
sociedade, o que o torna um objeto de conhecimento a ser tratado pela educação
escolar. Ele é um fenômeno social que deve ser trabalhado pedagogicamente nas
aulas de Educação Física, pois se constitui como uma das manifestações da cultura
corporal de movimento estudado pela área. É crucial que os alunos levem para suas
vidas futuras experiências satisfatórias da sua passagem pelo ambiente escolar, e
consigam socializar-se por meio do esporte. Além disso, é preciso conscientizá-los
de que a prática de esportes os coloca em uma situação de relacionamentos sociais.
A mídia, muitas vezes, apresenta o esporte de uma forma extremamente
comercial, apenas dando enfoque ao esporte de alto rendimento, e à
comercialização de produtos a ele relacionados. Neste modelo o esporte é
apresentado, por exemplo, a partir das noções de sucesso, fama, saúde etc.
Entretanto, pouca ou quase nenhuma vinculação é feita com os elementos sociais e
educativos que o envolvem.
Segundo Paes (2002, p. 79):
O esporte na escola é importante devido a várias razões: por ser um dos conteúdos da educação física, por ser a escola uma agência de promoção e difusão da cultura e até mesmo por uma questão de justiça social, uma vez que em outras instituições o acesso ao esporte é restrito.
Portanto, é função da escola ser criteriosa, respeitar o que o aluno trás em
suas experiências, dar valor ao que ele aprendeu com seus colegas, com seus
familiares, e assim, ensinar esportes de uma forma prazerosa, envolvente e crítica,
levando em consideração os significados atribuídos pelos alunos. Com isso, as aulas
de Educação Física devem despertar nos alunos a vontade de praticar os esportes
de modo que este conteúdo cultural venha a se tornar parte importante de suas
vidas.
Tem-se notado um desinteresse por parte de alguns alunos na participação
nas aulas de Educação Física. Muitas vezes este desinteresse é causado pela
metodologia utilizada nas aulas. Os alunos sentem-se deixados de lado pelos
próprios colegas por não se sentirem aptos a praticar as atividades nas quais se
julgam sem habilidade. Isso acontece, especialmente, nas aulas de ensino de
esportes.
Boa parte dos alunos quer apenas “jogar”, ou seja, dividir as equipes, deixar
os menos habilidosos de lado e partir para o jogo. O jogo escolhido é geralmente o
futsal. Raras vezes tem-se o interesse por outros esportes. Deste modo, como
intervir de uma forma significativa, responsável, eficaz, coerente e efetiva nas aulas
de Educação Física, de modo que os alunos, por não terem domínio sobre o esporte
praticado, não fiquem de lado, mas se sintam parte do esporte, comprometidos com
sua prática?
De acordo com Costa (2008, p. 50).
O esporte é parte integrante da cultura mundial, promovendo benefícios físicos, psicológicos e sociais; entretanto, deve ser ensinado de forma gratificante, respeitando individualidade e o interesse dos alunos e ainda considerando o seu caráter multidimensional.
Como podemos, nas nossas aulas, proporcionar um ensino abrangente, um
ensino onde não existam excluídos, onde a aula de Educação Física não seja vista
com mera recreação pelo restante da comunidade escolar? A Educação Física
continua sendo a aula mais esperada da semana para a maioria dos alunos.
Precisamos que ela seja reconhecida como importante não pela maioria, mas pela
totalidade dos alunos e que tenha significados cada vez mais construtivos na vida de
todos eles.
O projeto procurou contribuir para o aprimoramento do ensino dos esportes
coletivos no Colégio, compreender o papel do esporte como conteúdo da Educação
Física escolar, propor análise sobre o esporte escolar que o diferencia da lógica do
esporte de rendimento, e proporcionar o ensino do esporte coletivo de modo
acessível a todos os alunos.
O trabalho foi desenvolvido em uma turma do 6º ano do período da tarde do
Colégio Estadual Professor Júlio César, no município de Rebouças, Paraná,
totalizando 32 horas aulas de intervenção.
Num primeiro momento foi realizado um levantamento bibliográfico sobre o
tema para sistematizar conhecimento sobre o que já foi produzido. Em um segundo
momento foi confeccionado um material didático, o qual foi utilizado como base para
implementação das ações na turma escolhida. O material produzido, assim como o
projeto, foi apresentado para os colegas professores da rede estadual de ensino do
estado do Paraná, através do Grupo de Trabalho em Rede (GTR), e pode servir de
subsídio para professores que desejem trabalhar os esportes coletivos de uma forma
diferenciada, onde as possibilidades de participação são acessíveis a todos os
alunos, mesmo aqueles que não se acham capazes de praticá-los. As atividades
propostas podem ajudar aos alunos a compreenderem a lógica dos esportes
coletivos, identificarem os gestos e ações que são comuns entre os esportes
(ataque, defesa, manuseio da bola, espaço delimitado).
Este trabalho não cumpre a função de ser um manual de ensino. Ele é uma
tentativa de intervenção pedagógica sobre o esporte coletivo, fundamentado pela na
literatura já produzida e de pode ser melhorado, adaptado, criticado. Entretanto, ele
se constitui como uma proposta de ensino dos esportes coletivos que tem como
pressuposto o aprendizado da “inteligência tática” comum a algumas modalidades
coletivas. Deste modo, a ênfase no aperfeiçoamento técnico não é a competência
primária a ser desenvolvida pelos alunos. Com isso, enfatiza-se que as atividades
desenvolvidas podem ser alteradas ou adaptadas desde que não percam o foco na
perspectiva principal da proposta: o aprendizado de princípios operacionais de
jogos/esportes coletivos.
REVISÃO DE LITERATURA
O esporte: um fenômeno sociocultural
O esporte é parte integrante de nossa sociedade e é praticado por lazer,
pelos seus aspectos saudáveis, como profissão, entre outras razões. As motivações
para praticá-lo geralmente tem início na infância e, principalmente nos seus
convívios sociais, na família, com colegas de bairro, e na escola, lugar onde as
crianças e jovens passam parte de seus dias na presença de professores e colegas.
Por isso, a grande responsabilidade da sociedade, é de que as crianças tenham
ensino de qualidade. A Educação Física é a disciplina que tem uma aceitação muito
grande entre os alunos e, quando é bem trabalhada, o aluno sente que está
realizando algo que lhe é prazeroso.
Sendo assim, é preciso realizar atividades com nossos alunos que permitam
que o gosto pela Educação Física continue para o resto de sua vida. Portanto, nosso
papel é de extrema importância, mesmo que precisemos, muitas vezes, assumir
responsabilidades que seriam de outros setores da sociedade. “A escola deve
garantir aos alunos o direito de acesso e de reflexão sobre as práticas esportivas
além de adaptá-las à realidade escolar...” (PARANÁ, 2008, p. 63).
As diretrizes curriculares (PARANÁ, 2008, p. 63) afirmam que:
...o esporte é entendido como uma atividade teórico-prática e um fenômeno social que, em suas várias manifestações e abordagens, pode ser uma ferramenta de aprendizado para o lazer, para o aprimoramento da saúde e para integrar os sujeitos em suas relações sociais.
Nós, professores de Educação Física, precisamos tratar o esporte de uma
forma que leve o aluno a discernir sobre suas atitudes e escolhas. Temos a
responsabilidade de caminhar junto com nossos alunos, dando-lhes subsídios para
realizarem as escolhas pertinentes para a sua autonomia. Precisamos adotar
estratégias pedagógicas que não deixem os alunos menos ‘habilidosos’ de lado, e
que não excluam ninguém, em atividades que todos possam participar e dar sua
importante contribuição. De acordo com o Soares et al (1992, p. 71):
na escola, é preciso resgatar os valores que privilegiam o coletivo sobre o individual, defendem o compromisso da solidariedade e respeito humano, a compreensão de que jogo se faz ‘a dois’, e de que é diferente jogar ‘com’ o companheiro e jogar ‘contra’ o adversário.
As aulas de Educação Física são o espaço com boas condições de ajudar no
desenvolvimento das crianças, principalmente através do esporte, desde que seja
ensinado de uma forma que se preocupe com a integração de todos os alunos, sem
excluir ninguém. Por isso, o esporte pode ser um importante aliado para a educação.
Nós, educadores, temos um papel muito importante, pois temos em nossas mãos
crianças que precisam ser instruídas para uma prática emancipadora,
questionadora, solidária. No esporte, não se participa sozinho, é preciso de
companheiros, adversários. Só existe um vencedor porque existiu um oponente para
se realizar a partida (jogo).
Um dos modelos de esporte que muito tem influenciado as aulas de
Educação Física é o de alto rendimento/espetáculo, que é um tipo de manifestação
esportiva, com foco na produtividade e no rendimento, aliado aos interesses do
mercado e da mídia. Conforme Bracht (2005, p.19):
O sentido interno das ações no interior da instituição do esporte-espetáculo é pautado pelos códigos (e semântica) da vitória-derrota, da maximização do rendimento e da racionalização dos meios. Por outro lado, no esporte enquanto atividade de lazer, outros códigos apresentam-se como relevantes e capazes de orientar a ação. Por exemplo, motivos ligados à saúde, ao prazer e à sociabilidade.
Sendo o esporte uma forma tão plural de manifestações, é muito importante
que seja trabalhado de forma responsável, onde os alunos possam ter discernimento
de suas formas e possibilidades de ação.
O esporte de alto rendimento é uma fonte muito importante de lucro. Muitos
faturam com o esforço e sucesso dos atletas, ao mesmo tempo em que a mídia
ajuda a reforçar a imagem de que esporte de verdade é o de alto nível. Kunz (2004,
p.35) diz que:
...pelo status que o esporte de alto rendimento, enquanto mercadoria altamente valorizada, adquiriu em nosso meio, o esclarecimento e a consequente libertação da falsa consciência, assim como da coerção auto-imposta, não é tarefa fácil. Também não é tarefa só da Educação Física e dos esportes, mas de todo um processo educacional.
É preciso oferecer possibilidades para que todos tenham diversas
experiências dentro do ambiente escolar. É dever de todo o coletivo escolar
subsidiar aos alunos para serem questionadores e emancipados nas suas decisões,
mesmo os que por opção e oportunidade seguirem para o alto rendimento, para que
sigam conhecedores do que precisarão neste caminho. Kunz (2004, p. 34) afirma
que:
é notório que o esporte, para ser praticado nos padrões e nos princípios de alto rendimento, requer exigências de que cada vez menos pessoas conseguem dar conta, mesmo assim ele é o modelo que todos querem seguir.
Por isso é muito importante o papel do professor de Educação Física,
principalmente na escolha da metodologia a ser utilizada nas aulas, pois a forma de
abordar o conteúdo ‘esportes’ vai refletir muito no modo como os alunos irão gostar
ou não de praticá-los, e a escola não pode se esquivar desta responsabilidade.
Segundo Betti (1993, p. 50).
...porque o esporte-educação é um componente dos programas de Educação Física escolar, que devem visar a integração da personalidade dos alunos no universo da cultura corporal, instrumentalizando-os para usufruir das atividades físicas como forma de lazer, inclusive preparando-os para serem consumidores críticos do esporte espetáculo.
Os alunos precisam, a partir da educação escolar, adquirir consciência da
importância e relevância das relações possibilitadas pelo esporte, como ele pode ser
benéfico em nossas relações, como ele pode ser usufruído nos momentos de lazer,
como podemos nos portar como consumidores críticos em relação ao esporte de alto
rendimento e como, a partir do esporte, podemos estabelecer com a nossa saúde.
O ensino do esporte coletivo
Neste tópico vamos discutir dois modelos de ensino dos esportes coletivos: o
ensino focado na especificidade dos gestos técnicos e o ensino pelo modelo de
aprendizagem dos princípios operacionais.
O ensino com ênfase nos gestos técnicos
A Educação Física não deve ser resumida a mera reprodutora das formas de
treinamento do esporte de alto rendimento. Não podemos ser meros reprodutores de
movimentos fragmentados, trabalhados exaustivamente, para somente depois de
todos os movimentos assimilados é que se ‘ensine’ o esporte como um todo. Esta
forma de trabalhar os esportes pode até ter seus bons resultados nas escolinhas
esportivas, onde cada criança escolhe o que vai praticar, seja por vontade própria ou
imposição dos pais, mas não se constitui como uma boa referência de ensino para a
Educação Física escolar.
...não se deve insistir apenas na repetição de certos gestos esportivos tidos como os mais eficientes, pois isso desconsidera que o esporte se constitui e se expressa por um conjunto de significados que transcende a dimensão mecânica do gesto (DAOLIO e VELOZO, 2008, p. 15).
Na escola o ensino do esporte, focado na repetição de gestos técnicos, que
ainda é praticada por alguns professores, precisa ser transformado. A escola não é
lugar de se formar atletas, de dar prioridade exclusiva aos gestos técnicos ou treinar
exaustivamente fundamentos fragmentados dos esportes. De acordo com Lovisolo
(2001, p.109) “... temos que dar ao esporte da escola um sentido diferente daquele
que possui o esporte de rendimento...”. Não podemos nos prender exclusivamente
no ensino dos gestos técnicos, treinar os mais aptos e deixar de lado os que não se
enquadram no modelo de aluno/atleta, mas ajudar na formação de cidadãos que
tenham consciência de suas possibilidades e possam ser autônomos nas suas
decisões.
Precisamos ensinar os esportes de forma que as crianças possam vivenciá-
los e sentirem-se participantes do grupo, onde possam ter experiências diversas.
Trata-se de ensinar o esporte de modo não excludente, que viabilize nas crianças
possibilidades de melhor tomar suas decisões quanto ao que querem continuar
praticando na sua vida adulta. A forma tradicional e fragmentada de ensinar os
esportes não cumpre este propósito.
O ensino fragmentado, com repetições exaustivas de gestos técnicos
padronizados é uma forma que não se mostra coerente com os objetivos da
Educação Física escolar. Esta forma de ensinar pode desmotivar os alunos, deixá-
los condicionados a realizar os gestos aprendidos sempre da mesma forma, não
deixando espaços para o improviso para uma escolha nova de superar a situação
que possa se apresentar. Além disso, os exercícios repetitivos tornam-se cansativos
e desgastantes até mesmo para crianças que tem uma energia muito grande para a
prática dos esportes. Um exemplo é o ensino do futebol, onde se ensina a chutar
(passar) a bola, dominar, cabecear, conduzir, tudo isso com a participação de no
máximo mais um colega, movimentos estes necessários, mas que são praticados
fora do contexto do jogo, sem as peculiaridades, movimentações e contatos que o
esporte proporciona.
O ensino a partir dos princípios operacionais
Na Educação Física escolar os Esportes Coletivos tem um papel muito
importante, pois são parte constituinte da cultura corporal de movimento produzidos
pela nossa sociedades ao longo da história. Nas aulas, os processos de integração
e de sociabilidades ajudam a despertar nos alunos a consciência e a
responsabilidade de trabalhar coletivamente.
Daolio (2002, p.100), explica certas ideias sobre o ensino dos esportes
coletivos a partir da perspectiva de Bayer:
as modalidades esportivas coletivas podem ser agrupadas em uma única categoria pelo fato de todas possuírem seis invariantes: uma bola (ou implemento similar), um espaço de jogo, parceiros com os quais se joga, adversários, um alvo a atacar (e, de forma complementar, um alvo a defender) e regras específicas. São essas invariantes que geram a categoria Esporte Coletivo, ou Jogo Esportivo Coletivo, e que permitem visualizar uma mesma estrutura de jogo.
Partindo destas invariantes Daolio propõe o modelo pendular, onde na base
do pêndulo estão os princípios operacionais que são inerentes aos esportes
coletivos, no centro estão às regras de ação e na extremidade os gestos técnicos de
cada modalidade esportiva. Daolio afirma que:
Com o pêndulo em balanço, os gestos técnicos apresentam um movimento maior que as regras de ação que, por sua vez, se movimentam mais que os princípios operacionais, que, por serem comuns e básicos às modalidades esportivas coletivas, praticamente não se movem. Isso sugere que os gestos técnicos, em função de suas especificidades tanto técnicas – devido às variações entre as modalidades esportivas coletivas - como culturais – devido aos significados atribuídos por grupo a cada modalidade específica – são mais variáveis. Sendo mais variáveis e fazendo parte de uma estrutura do Esporte Coletivo, devem ser enfatizados, posteriormente, no processo pedagógico de ensino.
Portanto o ensino dos esportes coletivos deve visar o desenvolvimento da
consciência tática dos alunos, o companheirismo, sua capacidade de posicionar-se
dentro de um jogo de forma que ele contribua para o andamento do mesmo, de
forma que as situações que o jogo oferece sejam encaradas com naturalidade e
sejam resolvidas de forma satisfatória. De acordo com Bayer (1994, p. 66) “Estas
opções pedagógicas inserem-se numa vontade educativa de melhorar na criança a
sua inteligência táctica (conhecimento e reconhecimento das situações de jogo) e a
sua disponibilidade perceptivo-motora”.
Desta forma como a escola deve ser um local de democratização do esporte,
as oportunidades devem ser oferecidas de forma igualitária para todos os alunos.
Independente das habilidades específicas, a forma de ensinar pautada nas ideias de
Bayer pode contribuir para a formação de cidadãos conscientes de suas
possibilidades e conhecedores dos princípios fundamentais dos esportes, que
poderão decidir como os esportes farão parte de suas vidas. Conforme Sadi (2010,
p.22),
o ensino de técnicas não deve ser apoiado nas destrezas e habilidades fragmentadas e individualizadas, ou seja, deve-se priorizar um ensino dentro dos jogos. Ensinar técnicas nesta concepção implica em assumir tarefas práticas com os alunos, a partir de suas necessidades, que serão obtidas nos jogos.
Com o modelo dos princípios operacionais é possível trabalhar de forma mais
efetiva a inteligência tática relativamente comum aos esportes coletivos, pois
segundo Daolio e Velozo (2008, p. 15) “... é a dimensão tática que dá sentido ao
jogo”.
De acordo com Sadi (2010, pág. 26).
O jogador deve aprender uma determinada tática do jogo dentro do próprio jogo, isto é, jogando e pensando sobre o que fez (faz). Isto visa despertar o seu raciocínio, fazendo com que ele aprenda a resolver diferentes problemas que ocorrem durante o jogo.
Como vimos, os esportes coletivos possuem semelhanças que nos permitem
trabalhá-las sem priorizar um único esporte, temos possibilidades de ajudar os
alunos a encontrarem formas de posicionamentos, passes, deslocamentos,
marcações, arremates, que poderão ser utilizados nos esportes que desejarem
praticar. Segundo Daolio (2002, p. 100).
Dentre as vantagens advindas dessa abordagem de Pedagogia do Esporte pode-se citar a formação de alunos, além de inteligentes e cooperativos, autônomos, que saberão, primeiramente, escolher a prática esportiva em seus momentos de lazer ao longo de sua vida; em segundo lugar, alunos que terão condições de participar ativamente de várias modalidades da chamada cultura esportiva, pois serão conhecedores dos princípios operacionais do Esporte Coletivo.
Na Educação Física escolar os esportes coletivos podem vir a ser um
importante aliado no caminho para uma educação que leve o aluno a ter
experiências de aprendizado significativas através do esporte, e que tenha
inteligência para agir coletivamente. De acordo com Bayer (1994, p. 49).
A cooperação representa um dos traços específicos dos desportos colectivos, quer dizer que todo o jogador dentro da equipa e em função do objetivo comum previamente determinado deverá ajudar os companheiros e comunicar com eles.
Os princípios operacionais, de ataque (conservação da bola, progressão da
bola para a baliza adversária, fazer o ponto) e defesa (recuperação da bola, impedir
a progressão adversária, proteção da baliza), que são comuns aos esportes
coletivos devem ser trabalhados para que os alunos possam desenvolver
habilidades para atuar coletivamente. Segundo Bayer (1994, p. 50).
Respeitando estes princípios operacionais suscetíveis de evolução, o jogador deve perceber constantemente, compreender e antecipar as situações que se desenrolam, para agir de maneira vantajosa durante situações nas quais se encontra implicado. Esta atitude só será possível se todos actuarem numa base de acção idêntica e significativa para todos.
Estes são princípios que podem ser trabalhados com atividades variadas,
onde os alunos realizam estes gestos operacionais sem necessariamente estarem
praticando o esporte formalizado e com as regras rígidas que os regem.
Apresentação do trabalho através do GTR
O grupo de Trabalho em Rede (GTR) se constituiu como um curso
direcionado aos professores de Educação Física da Rede Estadual de Ensino do
Estado do Paraná, dividido em três momentos, nos quais foi possível compartilhar os
conhecimentos obtidos ao longo do projeto, trocar experiências sobre as atividades
desenvolvidas com os alunos, receber os relatos de atividades propostas no material
didático que foram utilizadas por colegas.
O primeiro momento do GTR foi constituído pela análise e avaliação do
projeto de intervenção pelos quinze professores participantes. A maioria dos
professores envolvidos no GTR considerou que o projeto pode contribuir para o
enriquecimento das aulas, salientando que a intervenção do professor contribui
muito para o sucesso da metodologia empregada.
No segundo momento do GTR, os colegas analisaram o material didático
produzido e comentaram sobre a facilidade de sua aplicabilidade. A avaliação, de
modo geral, foi muito boa, e a maioria dos colegas afirmou que poderão utilizar a
referida proposta em suas aulas.
No terceiro momento do GTR os professores da rede puderam acompanhar
parte de implementação do projeto. Nesse sentido. Os professores opinaram sobre
minhas considerações a respeito das formas de tratar os esportes coletivos. Alguns
afirmam que a fragmentação do ensino, em certos momentos, é necessária, para
uma melhor assimilação dos movimentos. Este momento foi muito importante para
avaliar melhor meu material pedagógico e as possibilidades de projetar aulas em
que os alunos possam participar mesmo não possuindo habilidades especificas para
determinado esporte.
A disseminação do projeto via GTR foi importante, pois a partir dela tive a
oportunidade de interagir e conhecer a opinião de colegas de diversas partes do
Estado. Os professores puderam opinar sobre o material produzido e sua relevância
para a escola pública. A análise das postagens realizadas pelos participantes do
GTR possibilitou observar que eles concordam que os esportes coletivos se
constituem como um conteúdo de ensino muito importante na Educação Física, e
precisam ser trabalhados de uma forma que não excluam os menos habilidosos.
Além disso, acharam que o trabalho apresentado pode contribuir para que mais
alunos possam participar ativamente dos esportes coletivos.
Implementação do material didático.
A tabela apresentada a seguir traz a sínteses das ações adotadas na
implementação do projeto:
UNIDADES AULAS DESCRIÇÃO: Unidade
01 01 Introdução: aula expositiva e dialogada sobre o trabalho a ser realizado.
Unidade
02
02 03 04
Aulas sobre o futsal ministradas com o foco nos gestos técnicos. As aulas serão pautadas nas repetições, na fragmentação do ensino, com a finalidade de vivência de ensino/aprendizagem balizada pelo método parcial de ensino do esporte. Ao final de cada aula haverá conversa com os alunos sobre suas percepções do que foi passado.
Unidade 03
05 06 07
Aulas sobre o handebol ministradas com o foco nos gestos técnicos. Aulas pautadas nas repetições, na fragmentação do ensino, com a finalidade de vivência de ensino/aprendizagem balizada pelo método parcial de ensino do esporte. Ao final de cada aula foi realizada conversa com os alunos sobre suas percepções do que foi passado.
Unidade 04
08 09 10
Aulas sobre o basquetebol ministradas com o foco nos gestos técnicos. Aulas pautadas nas repetições, na fragmentação do ensino, com a finalidade de vivência de ensino/aprendizagem balizada pelo método parcial de ensino do esporte. Ao final de cada aula foi realizada conversa com os alunos sobre suas percepções do que foi passado.
Unidade 11 Nesta aula foram discutidos e avaliados, com os alunos, os conteúdos
05 trabalhados anteriormente.
Unidade 06
12 13 14
Nesta unidade foram trabalhadas brincadeiras e jogos com ênfase nos princípios operacionais dos esportes coletivos, com atividades sem utilização de nenhum objeto (bola, bastão, bandeira). Na última aula da unidade, alunos distribuídos em grupos, apresentaram uma atividade nos moldes das expostas pelo professor.
Unidade 07
15 16 17
Nesta unidade foram trabalhados os princípios operacionais utilizando jogos e brincadeiras com utilização de objeto, que não a bola. Na última aula da unidade, alunos distribuídos em grupos, apresentaram uma atividade nos moldes das expostas pelo professor.
Unidade 08
18 19 20 21 22
Nesta unidade continuou a ênfase aos princípios operacionais dos esportes coletivos, com jogos e brincadeiras, mas também com a utilização da bola, que é o objeto principal dos esportes coletivos. Na última aula da unidade, alunos distribuídos em grupos apresentaram uma atividade nos moldes das expostas pelo professor.
Unidade 09
23 24 25
Nesta unidade foram utilizados brincadeiras e jogos dando ênfase às regras de ação dos esportes coletivos, fazendo com que os alunos se apropriassem de regras básicas dos jogos. Na última aula da unidade, alunos distribuídos em grupos apresentaram uma atividade nos moldes das expostas pelo professor.
Unidade 10
26 27 28 29 30 31
Nesta unidade os alunos jogaram o basquetebol, o futsal e o handebol, através de jogos adaptados e brincadeiras alusivas a eles e também da prática formal de cada modalidade.
Unidade 11 32 Nesta unidade foi realizada avaliação do que foi desenvolvido durante a
implementação do projeto.
Esta parte do trabalho foi dividida em onze unidades. A primeira unidade,
composta de uma aula, as unidades, dois, três e quatro compostas por três aulas
cada, a unidade cinco composta de uma aula, as unidade seis e sete com três aulas
cada, a unidade oito com cinco aulas, a unidade nove com três aulas, a unidade dez
composta por seis aulas e a unidade onze com uma aula que serviu para avaliar a
implementação.
A implementação teve inicio com uma aula inicial onde os alunos tiveram
conhecimento de como seriam as aulas, se eles teriam que fazer movimentos que os
atletas fazem. Os alunos queriam logo ir para a quadra a todo instante perguntavam:
quando iremos jogar? Foi um pouco difícil acalma-los e faze-los entender a
importância desta conversa inicial sobre o trabalho. Esta unidade teve por objetivo
fazer com que os alunos tomassem conhecimento de como seria realizado o
trabalho neste primeiro semestre letivo. A conversa foi sobre os esportes coletivos,
explicações de como são trabalhados estes esportes, dentro da escola e no alto
rendimento. Explicou-se que as aulas teriam inicio com atividades pautadas no
método fragmentado, nas repetições, no modelo que as equipes fazem para
aprimorar a técnica. Discutiu-se de como eles enxergam os esportes coletivos, quais
são os mais conhecidos, quais eles tem preferencia e quais gostariam de praticar.
Nas unidades didáticas 02, 03 e 04, as aulas foram ministradas com o foco no
ensino dos gestos técnicos. As aulas foram pautadas nas repetições, na
fragmentação do ensino, com a finalidade de vivência de ensino/aprendizagem
balizada pelo método parcial de ensino do esporte. Notei que os alunos gostaram
muito quando havia uma bola para cada um ou uma para cada dupla. Percebi
também que quando não havia espaço entre um exercício e outro eles não
dispersavam e realizavam todas as atividades.
A unidade didática 05 foi de uma aula e teve por objetivo discutir com os
alunos os conteúdos trabalhados até o momento, a forma como foi trabalhado, como
eles se sentiram executando os mesmos exercícios repetidas vezes, se sentiram
prazer pelo que estavam realizando. Foi dado oportunidade aos alunos de
expressarem suas opiniões. Muitos reclamaram do cansaço, de terem que realizar
muitas vezes os mesmos exercícios. Quando houve jogos, a maioria reclamou que
não pegava na bola, não participava do jogo, alguns falaram dos colegas que
ficavam parados na quadra sem se interessar pelo jogo.
Na unidade didática 06, foram utilizados jogos e brincadeiras dando ênfase
aos princípios operacionais dos esportes coletivos, com atividades que propiciaram
aos alunos deslocamentos, posicionamentos que os levaram a ter consciência do
espaço do jogo e das formas de deslocar-se. Nas atividades não foram utilizados
nenhum objeto (bola, bastão, bandeira).
Durante a realização das atividades propostas pelo projeto notou-se o
entusiasmo dos alunos. Estavam motivados, poucos pediam para descansar ou
tomar água. Nas conversas após as aulas relatavam as dificuldades de algumas
atividades como: espaços delimitados, ter que realizar a atividade dependendo da
ajuda do colega, encontrar um obstáculo (colega) e ter que mudar de direção.
Chegar a um local e ele já estar ocupado, precisando então achar outro.
Na unidade didática 07, foram trabalhados os princípios operacionais
utilizando jogos e brincadeiras onde foi introduzido um objeto, que não bola. Todas
as atividades foram bem aceitas pelos alunos. No início estavam bem confusos,
corriam para todos os lados sem muito objetivo, talvez por serem atividades novas,
que não faziam parte de sua cultura corporal. Com o desenrolar das atividades
foram se colocando melhor no espaço, após um tempo para conversarem nos
grupos começaram a se organizar melhor e pensar no conjunto. Com o passar das
aulas os alunos demonstraram mais organização, já não corriam sem objetivo,
mostraram mais consciência nas corridas e movimentos, se posicionaram melhor,
para receber os passes, tentaram salvar os colegas quando estes estavam
impedidos de participar da atividade.
Na unidade didática 08, continuou-se dando ênfase aos princípios
operacionais dos esportes coletivos, com jogos e atividades, agora sim com a
utilização da bola, que é o objeto principal dos esportes coletivos. Os alunos
demonstraram mais organização, já não corriam sem objetivo, mostraram mais
consciência nas corridas e movimentos, se posicionaram melhor, para receber os
passes, tentaram salvar os colegas quando estes estavam impedidos de participar
do jogo. O jogo ficava mais bem executado quando repetido várias vezes, no inicio
todos corriam desordenados, mas com o conhecimento melhor do jogo se
organizavam melhor.
Na unidade didática 09, foram utilizados atividades e jogos dando ênfase às
regras de ação dos esportes coletivos, que são os meios para se obter o sucesso
dentro dos jogos coletivos, fazendo com que os alunos se apropriem de regras
básicas dos jogos. No inicio das atividades, os alunos se apresentaram ansiosos,
todos querendo estar onde a bola estava, não se preocupando em ocupar os
espaços vazios da quadra, aos poucos foram tomando consciência da ocupação
destes espaços. Quando a atividade era explicada e dava-se o inicio eles ficavam
desorientados correndo para qualquer lado, quando parava a aula e mostravam-se
os espaços vazios, os locais onde poderiam estar eles percebiam e aproveitavam
melhor o espaço. Exemplo disso foi no jogo base quatro, no inicio os alunos não se
organizaram direito, mas com a repetição do jogo, foram se organizando melhor,
ficaram bastante evidentes as estratégias diferentes das duas equipes, uma dela
organizou os chutadores de forma que os com mais força ficassem por último e
desta forma mais colegas chegassem até a base 4 e marcassem o ponto. Na outra
equipe os alunos com um chute mais fortes não quiseram ficar por ultimo para
poderem completar a volta e chegar até a base quatro, evidenciando assim que a
primeira equipe se preocupou com o conjunto, com o resultado da equipe e a
segunda se preocupou apenas com o sucesso individual. Alguns alunos queriam
apenas chegar à base quatro não importando o resultado da equipe.
Na unidade didática 10, os alunos praticaram o basquetebol, o futsal e o
handebol, através de jogos adaptados e atividades alusivas a eles e também na sua
forma tradicional.
Quando os alunos começaram a praticar os esportes na sua forma tradicional,
mostraram uma melhor organização dentro da quadra, observou-se que estavam
mais preocupados com os espaços que tinham que cobrir na quadra, do que
somente correr atrás da bola, mostraram-se mais cooperativos, também cobraram
alguns dos maus posicionamentos dos colegas. Foram atividades onde se percebeu
que os alunos estavam mais focados em trabalhar em equipe, foram poucos que
ainda mostraram-se mais individualistas.
Na unidade didática 11, foi realizada uma avaliação sobre o que foi
desenvolvido durante a aplicação do material que foi por meio de uma roda de
conversa com os alunos, discutiu-se como foi o inicio das aulas, como eles
encaravam os esportes coletivos e como estão encarando agora. As respostas
foram praticamente no mesmo tom. A grande maioria disse que agora olham o jogo
de forma mais coletiva, observam que o sucesso da equipe depende do trabalho de
todos, que só se consegue o sucesso com o trabalho de todos.
Ao final de cada unidade estava previsto que os alunos formariam grupos e
tentariam criar atividades semelhantes àquelas apresentadas a eles, mas isto não
ocorreu em nenhuma das unidades, os alunos não conseguiram cria-las, as
respostas foram praticamente as mesmas, “moramos muito longe, uns dos outros”,
“todas as brincadeiras e jogos já foram criados”, “meus pais não deixam sair de casa
para se reunir com os colegas”. Acredito que nossos alunos estão muito
acostumados a receberam tudo pronto.
O trabalho de implementação foi bem proveitoso, mostrou que com
organização e uma metodologia pautada em estudos sérios é possível realizar um
trabalho que contribua para o desenvolvimento dos alunos.
Considerações Finais
Acreditamos que o ensino do esporte coletivo a partir da metodologia adotada
neste trabalho pode contribuir de forma significativa para o aprendizado dos alunos.
A fundamentação teórica que balizou o projeto possibilita o entendimento da
Educação Física como disciplina escolar que visa a formação de cidadãos que
conheçam e vivenciem a cultura de movimento, em especial, a cultura esportiva.
Nesse sentido torna-se importante compreender que os alunos não são atletas que
se especializam em uma ou outra modalidade esportiva. Ao contrário disso, nas
aulas de educação Física os alunos devem ter a oportunidade de se apropriarem
dos princípios operacionais comuns aos esportes coletivos, perspectiva está que
possibilita o aprendizado de uma formação esportiva inicial mais ampla e que se
afasta do ensino especializado por modalidade. Com isso, espera-se que os alunos
possam desenvolver melhores condições para aprender o esporte de maneira mais
ampliada e que isso possa ser efetivado em suas práticas esportivas fora do
ambiente escolar.
O trabalho teve boa correspondência com os interesses dos alunos, além de
ser avaliado positivamente pelo professor da turma em que o projeto se
desenvolveu. Os alunos, com o passar das aulas, foram tornando-se mais
autônomos e participativos nos jogos, mostrando um domínio maior sobre as
invariantes dos princípios operacionais, mostrando, desta forma, uma evolução que,
talvez, não tenha sido mais acentuada pela limitação do tempo de execução do
trabalho. Esta metodologia, para alcançar um resultado mais expressivo e que
comtemple a totalidade dos alunos, necessita de um tempo maior de aplicação.
Mesmo assim, com trinta e duas horas-aula de implementação do projeto tivemos
uma ótima noção de como pode ser mais efetivo no ensino dos esportes coletivos
quando utilizamos esta metodologia.
A referida metodologia pode ser utilizada no ensino do esporte em turmas do
Ensino fundamental com as mais variadas faixas-etárias. O projeto proporcionou
experiências de ensino dos esportes coletivos de maneira pela qual os alunos não
foram deixados excluídos das possibilidades de aprendizagem por falta de
habilidades especificas. Por outro lado, foi possibilitado a eles a compreensão da
importância de compreender a “inteligência tática” comum a determinados esportes
coletivos, sabendo se posicionar no espaço de jogo e contribuindo com
deslocamentos, posicionamentos, marcações para o sucesso do grupo todo.
Por fim, esperamos divulgar esta metodologia de ensino do esporte não
apenas no Colégio Estadual Professor Júlio César, onde foi realizado o projeto, mas
também em outras escolas do município de Rebouças – PR, e região.
REFERÊNCIAS
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