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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
ESTUDO DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS (TDICS) NO ENSINO E APRENDIZAGEM DE HISTÓRIA NO ENSINO MÉDIO: HQ,
PERSÉPOLIS
Autor: Juliane Aparecida de Paula Orientador: Profª. Drª. Maria Renata Duran
RESUMO: O trabalho esta voltado para e exploração das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) no ensino de história, buscou trabalhar a ideia de tempo, história e narrativa, lançando mão de uma história do Oriente Médio, enfocando sobretudo a Guerra Irã e Iraque, conforme a História em Quadrinhos - Persépolis. Nesse sentido, a internet foi explorada como repositório digital de fontes históricas contemporâneas (História em Quadrinhos) e os aparelhos celulares como ferramentas para produção e difusão do conhecimento. Entre os resultados a sensibilização para a cultura digital e para a noção de fonte e construção histórica, bem como a conscientização do uso de TDIC, especialmente tecnologias móveis, como instrumentos de aprendizagem. Palavras-chave: Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação, Oriente Médio, Políticas Públicas de Formação Docente.
1. INTRODUÇÃO:
Ao ingressarmos no Programa de Desenvolvimento da Educação – PDE –,
modalidade de formação continuada disponibilizada aos professores da Rede
Estadual de Educação Básica do Estado do Paraná em parceria com instituições de
ensino superior públicas do estado, tínhamos em comum a preocupação em
aproximar o ensino aprendizagem, tradicionalmente atribuído ao professor, na
realidade de seu público, o discente. Assim, a partir de encontros de orientação com
a Prof.ª Dr.ª Maria Renata da Cruz Duran da Universidade Estadual de Londrina –
UEL – e, nas discussões que se seguiram, optou-se por implementar a utilização
das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC), em sala de aula, no
processo de construção da consciência histórica.
Através da leitura de “A sociedade em rede”, de Manuel Castells, ampliamos
nosso olhar em relação ao modelo de sociedade. Ele descreve a sociedade
contemporânea como uma sociedade globalizada, centrada no uso e aplicação de
informação e conhecimento, sendo marcada por uma acelerada alteração em sua
base material. A fim de examinar a complexidade dessa nova economia, sociedade
e cultura em formação, Castells se reporta à revolução da tecnologia da informação
e, procura “localizar este processo de transformação tecnológica revolucionária no
contexto social em que ele ocorre e pelo qual está sendo moldado” (1999: 24).
Esse novo modelo de sociedade possui, conforme o autor, quatro aspectos
principais: centralidade da tecnologia da informação; refinamento da teoria
sociológica, com a proposição da articulação do conceito clássico de modo de
produção à noção, por ele desenvolvida, do modo de desenvolvimento; a
compreensão do papel do Estado no desenvolvimento econômico e tecnológico,
deixando de lado a visão reducionista e ideologizada das perspectivas liberais do
Estado mínimo; e a caracterização da sociedade informacional como uma sociedade
em rede, com a morfologia social definida por uma topologia em forma de rede.
É importante a observação do autor, de que a tecnologia da informação, foi
essencial para a reestruturação do sistema capitalista a partir dos anos 1980 e,
portanto, seu desenvolvimento ocorreu conforme a lógica e os interesses do
capitalismo avançado. A partir desse quadro teórico, Castells situa a nova estrutura
social “associada ao surgimento de um novo modo de desenvolvimento, o
informacionalismo, o que define o modo informacional de desenvolvimento é a ação
de conhecimentos sobre os próprios conhecimentos como principal fonte de
produtividade” (1999: 35), nos conduzindo a um novo paradigma tecnológico,
baseado na tecnologia da informação. A sociedade em rede surge, então, com o
desenvolvimento das novas tecnologias da informação que se agruparam em torno
de redes de empresas, organizações e instituições que deram origem a um novo
paradigma sócio- técnico, cujos aspectos centrais representam a base material da
sociedade da informação.
Conforme o autor são cinco os aspectos centrais desse novo paradigma: a
informação é a matéria-prima; as novas tecnologias penetram em todas as
atividades humanas; a lógica de redes em qualquer sistema ou conjunto de relações
usando essas novas tecnologias; a flexibilidade de organização e reorganização de
processos, organizações e instituições; e, por fim, a crescente convergência de
tecnologias específicas para um sistema altamente integrado, conduzindo a uma
interdependência entre biologia e microeletrônica (1999: 78-79).
Castells conceitua rede a partir de uma definição simples: “é um conjunto de
nós interconectados” (p. 498), mas que por sua maleabilidade e flexibilidade oferece
uma ferramenta de grande utilidade para dar conta da configuração das sociedades
contemporâneas sob o paradigma informacional. Elas “são estruturas abertas
capazes de expandir de forma ilimitada, integrando novos nós desde que consigam
comunicar-se dentro da rede, ou seja, desde que compartilhem os mesmos códigos
de comunicação (por exemplo, valores ou objetivos de desempenho). Uma estrutura
social com base em redes é um sistema aberto altamente dinâmico suscetível de
inovação sem ameaças ao seu equilíbrio" (p.499). Essa flexibilidade constante é um
dos aspectos dessa sociedade informacional centralizada no uso das tecnologias da
informação. Como não poderia deixar de ser, a escola também se encontra entre os
“territórios” interconectados nessa rede. É na escola que, segundo o autor, a
reflexão sobre o uso das TDIC deve ultrapassar o incremento de técnicas que
desenvolvam a maestria no uso desta ou daquela ferramenta, mas sim discutindo
temas como: a ética na sociedade da informação, a capacidade de adaptação às
mudanças constantes, bem como de tomada de consciência do presente e de
integração cada vez maior da polissemia cultural mundial. Mas, se a escola já está
interconectada pelas redes à sociedade informacional, como se tem dado o uso das
tecnologias da informação em seu ambiente?
A web 2.0 está repleta de informações disponíveis acerca do conhecimento
humano produzido. A sociedade, como um todo interconectado, cada vez mais
pressiona a escola para a incorporação dessas ferramentas como forma de
atualização do ensino (BASTOS, 2010). Ainda assim, percebe-se no meio escolar
uma utilização restrita das novas tecnologias. O acesso à internet, por parte dos
professores, ocorre de forma pessoal e, até, para o preparo das aulas, mas o uso
direto de tais tecnologias junto ao público discente, ainda é escasso. A TV, o DVD e
o Rádio foram incorporados, ainda que reduzidamente, como material de apoio junto
aos alunos, mas os computadores, notebboks e celulares, ainda não.
Há uma leitura comum de que as ferramentas web 2.0 necessitam de um
“tratamento” para serem incorporadas ao universo escolar (DOURADO, 2011).
Também sabemos que a falta de preparo no manejo de programas e da internet,
bem como sua adequação à sala de aula, ainda é um dos grandes desafios da
educação. Embora muito se tenha feito em termos de políticas públicas com relação
à inserção do uso das TDIC (tecnologias digitais de informação e comunicação) no
contexto escolar, ainda muito há de ser feito no sentido de integrá-las no processo
ensino e aprendizagem.
Desde as reformas educacionais da década de 1990, muitos foram os
programas de formação continuada docente em prol do uso de tecnologias de
informação e comunicação em sala de aula. Latino-americanos e federais, esses
programas fizeram algum tipo de pressão para o incremento de programas
estaduais de formação na área (BASTOS, 2010; BUENO, 2012).
O maior projeto do governo federal para inserção de laboratórios de
informática nas escolas do país, incluindo o estado do Paraná, é o PROINFO:
Programa Nacional de Tecnologia Educacional, um Projeto do Governo Federal –
MEC que visa encaminhar verbas para os Estados e municípios, com o propósito de
instalar laboratórios de informática e, ao mesmo tempo, oferecer uma formação
continuada aos professores (DOURADO e SANTOS, 2011, p 162). Essa formação
continuada se dá através dos chamados NTE (Núcleo Tecnológico Educacional),
contido dentro do Núcleo Regional de Educação, onde as escolas estão
jurisdicionadas. Nele, o professor aprende a fazer um download, baixar uma
imagem, converter um vídeo e assim por diante.
Segundo Maria Inês Bastos (2010), o programa oferece deficiências na
medida em que não ministra conteúdos voltados para a educação, nem acompanha
o docente em suas atividades. Essas deficiências, contudo, se estendem para vários
outros campos de formação, tal como a formação inicial, aonde sequer o uso das
tecnologias é debatido no Brasil. Segundo a pesquisadora, é no exercício da
profissão que se explora ações com o uso das TDIC‟s, muito mais com o objetivo de
aproximar o docente desses equipamentos, do que fomentar o seu uso de forma
mais efetiva na sala de aula.
Nessa perspectiva, observam Silvia e Almeida (2010 apud Almeida, 2008)
que “embora, desde o final dos anos 1980, tenham sido implantados diversos
projetos voltados à inserção de tecnologias na educação, ainda não se chegou à
universalização do uso das tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC)
nas escolas”. Assim, também aponta Bastos (2011) que os grandes investimentos
do governo federal no que diz respeito à inclusão das TDIC no meio escolar, têm
sido feito mais em nível de infraestrutura, ou seja, sua preocupação é de equipar as
escolas com ferramentas tecnológicas, desenvolvendo poucas ações de inserção
dessas tecnologias no contexto da aprendizagem. Aos professores coube a tarefa
de manuseio das mesmas, que vieram sem o conhecimento prévio para a sua
aplicação no processo de ensino aprendizagem. Equipar as escolas com
tecnologias, revelou-se insuficiente para a integração de alunos e docentes na busca
por maior qualidade e eficiência na Educação.
Após analisar políticas públicas de formação docente no Brasil, nas esferas
federal, estadual e municipal, GATTI (2011) aponta para uma crise na educação,
especialmente no que diz respeito à formação inicial dos docentes. O que se verifica
é que se priorizam mais os aspectos específicos da licenciatura, ou seja, os
conhecimentos da área (historiografia no caso da história, geometria no caso da
matemática, etc.) dando pouca importância para a formação pedagógica dos
professores, o que contribui de forma negativa para a aplicabilidade de alternativas
formativas, como por exemplo, cursos voltados para o uso das TDIC na
aprendizagem.
Concentrados em desenvolver nossas habilidades no uso das TDIC em sala
de aula, visando uma maior aproximação entre o docente e o discente, é que
desenvolvemos este projeto. Para tanto, escolhemos estudar o Oriente Médio, uma
vez que tal região faz parte dos constantes noticiários, através de uma visão restrita
que desconsidera a polissemia cultural ali presente.
A partir de estudos, buscamos quebrar antigos preconceitos que fazem parte
do senso comum, quando o assunto é o Oriente Médio, construindo um
conhecimento atualizado acerca dos países ali situados, bem como de sua
heterogeneidade cultural. Essa temática nos permitiu compreender como as
relações sociais e culturais são construídas ao longo do tempo, permitindo explorar
diferentes narrativas e modos de compreensão da história, como assinala Antonio
Rodriguez de Las Heras (1999). O uso das TDIC‟s, então, tornou-se um meio
imprescindível de acesso a tais informações: como saber acerca do comportamento
de uma garota iraniana antes da internet? Como ultrapassar os conceitos difundidos
pelos grandes meios de comunicação de massa, antes do jornalismo digital? Ou,
ainda, como acompanhar o cotidiano de guerra a partir do relato de um civil, antes
da internet?
As TDIC‟s figuraram como forma de permitir o acesso às fontes históricas em
nossa “sociedade da informação”, além de possibilitar uma aproximação geracional
entre docentes e discentes. A temática também é central segundo os Parâmetros
Curriculares Nacionais (2006), já que lida com o desenvolvimento acerca da noção
temporal de história, conferindo maior capacidade discente de discussão de
temporalidades e possibilidades interpretativas dos eventos, bem como noções de
estrutura e conjuntura.
Nesse contexto, o presente projeto de intervenção tem como proposta
acomodar o estudo da mídias-HQ , disponibilizando aos alunos envolvidos no
projeto, diferente possibilidade de abordagem e análise do conhecimento histórico.
Muito embora outra midia (cinema) tenha sido trabalhada e vivenciada pelos alunos,
optou-se por apresentar neste artigo os resultados obtidos a partir da mídia citada a
HQ . As duas linguagens compartilham características, sem perderem suas
particularidades narrativas, nos levando a perceber semelhanças e diferenças,
permanências e mudanças, elementos necessários para o processo de construção
do conhecimento histórico pelos alunos.1
A dinâmica do trabalho foi pautada pelo compartilhamento de informações,
bem como a elaboração de trabalhos em conjunto, articulados a uma temática
central em prol de um trabalho colaborativo, prerrogativa central quando inseridos no
âmbito de discussões acerca da rede (internet) e suas configurações – sempre
voltadas para produções em massa e coletivamente, a exemplo de espaços como a
Wikipédia (AMIEL, 2010).
2. O USO DAS HQ‟S
Ao incluirmos o uso das histórias em quadrinhos (HQ‟s) disponíveis em rede
no trabalho com os alunos, considerou-se a possibilidade de disponibilização das
tecnologias existentes na escola e, por meio desses, que o aluno desenvolvesse a
competência de uso das TDIC‟s, permitindo-lhe a contextualização da história em
suas dimensões espaço- tempo, além de romper com o paradigma centrado no livro
didático como fonte única de informação em sala de aula, permitindo uma relação
1Atualizar o ensino de história por meio de um diálogo com os tipos de narrativas a que estão acostumados os
discentes é uma das recomendações recorrentes em documentos oficiais de órgãos governamentais, tais como os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ministério da Educação. Paralelamente, refletir acerca dos meios de produção de materiais didáticos e seus dispositivos de difusão é uma tendência que, no rumo dos recursos educacionais abertos, procura potencializar a capacidade docente de produção de seus próprios recursos educacionais, proporcionando ao docente condições de atender mais especificamente as demandas dos discentes. Neste sentido, trabalhamos a ideia de tempo, história e narrativa através da História em Quadrinhos, por meio desta, possibilitamos que os alunos desenvolvessem as competências do uso das Tecnologias de Informação e Comunicação, bem como refletissem acerca do uso das mesmas no ensino público e no estudo do Oriente Médio conforme quatro momentos e locais: Guerra Irã e Iraque, Invasão norte-americana da Palestina e Guerra do Golfo em Bagdá. A metodologia adotada foi a de um trabalho colaborativo-coordenado, cujo eixo foi a exploração das TDIC na sala de aula,e o resultado final foi a construção de uma foto-história em quadrinhos pelos alunos, baseando-se no cotidiano de Persepolis.
docente- discente- conhecimento mais prazerosa e qualitativamente superior em
sala de aula.
Segundo Palhares (2008), as histórias em quadrinhos podem ser utilizadas
para introduzir um tema, aprofundar um conceito já apresentado, gerar discussões a
respeito de um assunto, ilustrar uma ideia. A criatividade e a liberdade pressupõem
a não existência de regras rígidas em sua utilização, embora deva haver uma
orientação, uma organização por parte do professor, para que haja um
aproveitamento qualitativo de seu uso na aprendizagem.
Consoante às Diretrizes Curriculares de História para a Educação Básica, da
Educação Pública do Estado do Paraná,
As imagens, livros, jornais, histórias em quadrinhos, fotografias, pinturas, gravuras, museus, filmes, músicas são documentos que podem ser transformados em materiais didáticos, de grande valia na constituição do conhecimento histórico. (PARANÁ, 2008, p. 78).
Ao escrever a história, os historiadores recorrem às fontes históricas. Desde a
Nova Escola, a gama de fontes utilizadas pelo historiador ampliou-se para além dos
documentos escritos anteriormente utilizados na pesquisa histórica, e, nesse
contexto, o uso das HQ‟s podem ser consideradas um importante recurso de
pesquisa, já que, através delas, pode-se depreender características da sociedade
em que se produzem tais obras.
O trabalho também esteve pautado pela opção de recursos de domínio
público, a partir das leituras realizadas durante a pesquisa bibliográfica, onde
destacou-se que a Educação muito pode se beneficiar dos “Recursos Educacionais
Abertos (REA), tendo-se em consideração a ideia de se ter acesso à produção
cultural existente, seu planejamento de abordagem e desenvolvimento acerca do
tema com consequente disponibilização para novas interações por outra pessoas
(AMIEL, 2012). O autor destaca que o atual modelo de disponibilização do livro
didático limita a posse e o uso de tais materiais, enquanto que produzir
conhecimento deve estar centrado em acessar os recursos disponíveis na rede, usá-
los, reproduzi-los (não num sentido de cópia, mas num “refazer-se” desse material).
A HQ escolhida para esta etapa do trabalho foi “Persépolis”, de Marjane
Satrapie. Lançada em 2001 pela L‟Association, França (embora nos utilizaremos da
versão traduzida por Paulo Wernec, em 2007, pela Companhia das Letras, em sua
10ª reimpressão -2013-), é uma obra de quadrinhos autobiográfica. Em suas
páginas, podemos ter acesso à narração da autora acerca de sua vida, influenciada
que foi pela passagem de um regime opressor imposto pelo Xá, para a chegada ao
poder, no Irã, dos grupos religiosos islâmicos conservadores. Este grupo, ao chegar
ao poder, estabeleceu um conjunto de regras imposto a força à população, que
passou a ser vigiada, presa, torturada e condenadas à morte.
Para o desenvolvimento desse trabalho, fazia-se necessário abordar com os
alunos diversos conceitos sobre a criação e edição de quadrinhos. Recorreu-se,
então, à obra de Willian Erwin Eisner (Will Eisner), que se tornou um grande
produtor e editor de quadrinhos, nos Estados Unidos, já a partir da primeira metade
do século XX. Em seu livro “Quadrinhos e arte sequencial” (1999), além de um
histórico de sua carreira, inclui-se o ensino de conceitos utilizados na criação das
HQ‟s. Essa fase considerou-se muito importante, no sentido de permitir ao aluno a
observação de que a construção de uma HQ, assim como outras produções
humanas, estão imbuídas de técnicas que visam transmitir informações, conceitos e
“pontos de vista” daquele que produz/ encomenda uma obra. Tipos e tamanhos de
letras, formas de enquadramento e foco, entre outras características técnicas que
foram abordadas junto aos alunos, realizam esse trabalho de “transmissão de
conteúdos”, ainda que de forma lúdica. Alguns vídeos disponíveis na rede também
foram utilizados, tendo-se em consideração que esse trabalho, num todo, visava a
aproximação didática do aluno, bem como do professor, com as TDIC‟s.
Essa descrição técnica utilizada na produção de quadrinhos permitiu uma
leitura mais acurada da obra de Marjane Satrapie. A obra utilizada, como já
assinalada, é uma biografia em quadrinhos. Nela podemos observar descrições
históricas da Pérsia (que, inclusive, com a Segunda Guerra Mundial, teve seus
territórios ocupados e desmembrados entre diferentes potências), a interinfluência
cultural islâmica, a disputa pelos recursos energéticos (uma vez que o país é um
grande produtor de petróleo), além da precária situação do cidadão comum em
relação aos regimes políticos opressores. Nos procedimentos em sala de aula, foi
solicitado aos alunos o destaque de pontos de interesse relacionados aos conteúdos
ali presentes. Como final desse módulo de trabalho, a atividade a ser desenvolvida
pelos alunos seria a produção de uma HQ, feita à mão ou com o uso de
computadores, onde eles destacassem características de suas próprias vidas, ou
seja, estivessem gerando fontes históricas, inserindo-se como sujeitos históricos.
As ações desenvolvidas na Intervenção Pedagógica foram respaldadas sob
um olhar crítico da orientadora Profª. Dra. Maria Renata Da Cruz Duran. A
intervenção consistiu na escolha da proposta de utilização de tecnologia na
construção da História: Historia em Quadrinho, com vistas em desenvolver o
processo de ensino e aprendizagem, teórico e prático para as aulas da disciplina de
História, utilizando como recurso a história em quadrinho (HQs) e animação no
sentido de possibilitar o uso das tecnologias existentes na escola e por meio destes,
que o aluno desenvolva as competências do uso das TICs através da história em
quadrinhos, permitindo contextualizar a História em suas dimensões tempo e espaço
com seus conteúdos estruturantes: trabalho; poder; e relações culturais, rompendo,
assim, com o paradigma centrado no livro didático como fonte de informação e
reflexão a respeito da história no processo de aprendizagem, visando a possibilidade
de tornar aprendizagem e o ensino mais prazeroso e qualitativamente superior, tanto
para o aluno quanto para o professor.
Nesse sentido, dividimos o processo de intervenção em 25 etapas, dispostas
em 33 apresentações, ou seja, uma apresentaçãodo Projeto e Caderno Temático na
Escola aos Professores, funcionários, membros da APMF, Conselho Escolar e
Equipe Pedagógica, onde foi possível perceber a inquietação de todos a respeito do
uso do celular em sala de aula. E 32 horas/aulas de 50m, distribuídas ao longo do
processo, nos meses de março a junho de 2014.
3. RELATO DE EXPERIÊNCIAS - HQ
O primeiro contato com os alunos do ensino médio, turma 1º MB do período
matutino do CEMCA no município de Tamarana, Paraná, composto por 35 alunos,
com idade média de 13 a 15 anos, sendo 16 meninas e 19 meninos, para a
aplicação e desenvolvimento do projeto de implementação, se deu com a
apresentação por mim, utilizando Data Show das temáticas desenvolvidas no projeto
aos alunos, e foi possível perceber a euforia dos mesmos, referentes aos conteúdos
de HQ e Cinema.
A apresentação ocorreu dentro das expectativas, os alunos tiveram dúvidas
normais quanto à aplicação do projeto e como seria a forma de utilizar o celular.
Coube a mim, intermediar as dúvidas e resolvê-las. Entretanto, as dúvidas surgiriam
na aplicação do mesmo.
Na primeira aula, apresentando o quadrinho, levei gibis para cada aluno em
sala de aula, para que tivessem o primeiro contato com HQ. Solicitei que lessem a
história e observassem como era situada a história e posta em pratica nos
quadrinhos.
Ao realizarem a leitura, entreguei para cada aluno uma folha de xerox sobre
as perspectivas de construção da HQ, seguindo o roteiro de Will Eisner, (cap.5-
p114) as quais comentei e exemplifiquei um por um direcionando-os para uma nova
leitura.
Os objetivos trabalhados nesta aula foram:
Analisar os fundamentos que deram origem à história em quadrinho; Relacionar o surgimento do HQ com o contexto histórico em questão; Perceber as principais características da linguagem dos HQs; Entender o surgimento do HQ enquanto indústria literária.
Após realizarem a nova leitura com as novas orientações, deixei-os com um
tempo livre, para entre si dialogarem o que entenderam e abri espaço para as
discussões. Percebi no final dos questionamentos que eles entenderam bem a
noção de HQ, e as respostas que obtive a partir dos questionamentos foram
satisfatórias. Desafiei-os a fazerem em casa uma pequena HQ do conteúdo
trabalhado Período Paleolítico e Neolítico, levando em consideração os
questionamentos e complementando com mais informações da internet com o
objetivo de trabalharmos na próxima aula.
Na 2ª aula, para minha surpresa, todos efetuaram o trabalho abordando as
orientações dadas, o resultado foi muito satisfatório, pois consegui fazer com que
assimilassem um conteúdo dado com a HQ. Pedi para que os mesmos efetuassem
as trocas de trabalhos que cada um lesse a HQ do outro, foi muito prazeroso. Não
tendo tempo para acessar a internet deixei como tarefa para casa, um link para eles
acessarem para discutirmos e dar prosseguimento na 3ª aula.
Após assistirem o documentário: Irã–Oriente Médio–11 de Setembro–
Mafagafo, através do link: http://www.youtube.com/watch?v=94kltCMSraM, e estudo
do texto o Irã de Marjane Satrapi – O Oriente Médio, gerou-se discussões em sala,
que me levou à seguinte conclusão: foi algo muito inovador para e com os alunos o
buscar no youtube e no texto as soluções para os problemas levantados; alguns
entenderam a proposta do documentário e outros não. Contudo, dúvidas foram
sanadas com a discussão, aliando o conteúdo didático Oriente Médio, com fatos de
uma História construída na HQ-Persepolis.
A questão da identidade é um argumento forte no filme, a presença da avó
sempre reforça essa questão, ela repete várias vezes no filme: “Nunca esqueça
quem você é!”. Quando Marjane está na Áustria e diz a um rapaz que é francesa, o
inconsciente se mostra na imagem da avó que segue e faz perguntas sobre a
identidade.
Essa questão da identidade está relacionada com a posição política, com a
luta política. A HQ- Persépolis não só é construída a partir dos conflitos entre
identidade e política, como em si é resultado da luta de Marjane Satrapi com a
censura das autoridades iranianas, a HQ- aborda temas que são frequentemente
censurados, como bebidas alcoólicas, divórcio, liberdade sexual e etc. O fato de
Marjane ter deixado seu país no final, por não se reconhecer mais naquele ambiente
social, não significa que ela deixou a luta de lado, o filme em si, é um exemplo disso.
A proposta narrativa de Persépolis está intimamente ligada a reconstrução histórica
do país.
A leitura e interpretação da HQ-Persepolis, nos possibilitou, a organização em
grupos (máximo cinco pessoas), para que fossem apontados três aspectos da vida
cotidiana das personagens da História. Os quais podiam estar relacionados à
religião, educação, política, regras de comportamentos, etc. Durante o processo,
cada grupo teve que produzir um pequeno texto (mínimo 10 linhas) e apresentar em
sala para todos.
Após as apresentações forma feitas algumas questões para serem discutidas:
Em que sentido, estes aspectos levantados pelos grupos, podem ou não interferir na visão que a autora Marjane Satrapi quis dar àhistória do filme?
A HQ- representa de forma geral a realidade em que vivia o povo iraniano ou a realidade da vida da autora Marjane Satrapi?
As reflexões possibilitaram chegar as seguintes conclusões:
Que a vida de Marjane Satrapi trás altos e baixos, e nem sempre mostrava a realidade vivenciada pelo povo, pois ela ainda tinha privilégios, status social. Logo poderia participar de festas, viajar e sair do país, coisas que àpopulação local não era permitido.
Marjane tenta mostrar os conflitos sociais existentes no Oriente Médio e a dificuldade de sobrevivência do povo. A HQ retrata um pouco da vida de Marjane.
Dê posse de todo esse conhecimento, foi solicitado aos alunos que
produzissem uma HQ, onde deveriam destacar o cotidiano de suas vidas,
destacando os aspectos analisados nas aulas. para a produção da HQ foi solicitado
o uso do celular como recurso tecnológico.
Os relatos que se seguem, consiste na experiência dos alunos em construir,
com base nos conhecimentos oportunizados e no suso do celular como recurso
tecnológico, uma HQ.
3.1-GRUPO 1– T; L; J L; E; G; V; C; H; E e J2
As dificuldades encontradas para realizar o trabalho de história, a construção de uma HQ, ao nosso ver foram poucas, pois a professora deixou tudo claro e bem explicado em sala. Uma das dificuldades foi trabalhar em equipe, pois o trabalho em equipe exige muito e é complicado, ( as vezes um quer uma coisa e o outro quer outra, um pode e o outro não) e assim por diante. Tivemos um pouco de dificuldade para pesquisar os aplicativos gratuitos , pois a Internet sem fio na escola nem sempre funcionava e em casa poucos tinham acesso. Todos moramos na zona rural, e o acesso é dificultoso, um dia a internet funciona o outro não. Depende do tempo, se estiver para chuva pode esquecer. Construímos um texto baseado em fatos reais, acontecidos em nossa pacata cidade, onde jovens como nós , estão cada dia se deixando levar pelo mundo das drogas, um mundo fácil mas traiçoeiro, a qual também percebemos em Persepolis, onde ela experimenta o cigarro, a bebida , e outras drogas vivendo em constante perigo. Ao manusear os aplicativos não tivemos grandes dificuldades, pois já tínhamos em nossos celulares, o mais complicado foi colocar as fotos nas posições corretas juntamente com as devidas falas dos personagens dando uma sequência (início, meio e fim) Achamos o trabalho interessante, pois, além de aprendermos a lidar com a tecnologia, também vivenciamos um pouco do enfrentamento dos jovens com as drogas presente em nossa realidade e que nossas autoridades fazem vistas grossas.
3.2-GRUPO 2 – BS; AP; J; BN; V; F e L
Tivemos muitas dificuldades. Pra começar tirar as fotos foi difícil, utilizando os nossos celulares pois, precisei fazer varias vezes o trajeto de ida e volta no sitio, e no fim não deu em quase nada porque o motorista não deixava eu tirar fotos do ônibus, utilizando o celular ( disse que era proibido). Mais fomos lutando até conseguir convencê-lo e tirar as fotos suficientes para fazer o trabalho. Outra dificuldade foi criar uma historia que desse para encaixar no enredo da historia e nas fotos, e que todos estivessem de acordo, mais foi indo, pensando, encaixando os fatos e fotos ,usamos a criatividade e conseguimos. Para colocar os balões e falas nos personagens usamos o celular da Bruna, pois era mais novo e já possuía os aplicativos instalados ( PhotoScape ) este trabalho foi da Bruna, o restante do grupo so acompanhou passo a passo como ela executou a HQ.
2Optamos por citar apenas a iniciais dos nomes dos alunos.
Depois das fotos, editadas, a Bruna ficava enrolando, quase nos matando de curiosidade, pois ela deu toque final ao trabalho, mais pegamos no pé dela até ela nos mostrar como ficou o resultado final da HQ. Por fim o trabalho ficou bom, pois foi o primeiro que utilizamos o celular para fazer uma atividade em sala de aula. Aprendemos muito, que dá para trabalhar em equipe e que a tecnologia pode contribuir para nos ajudar a aprender.
3.3-GRUPO 3-E; R; W; V; P; A; LB e MA
As dificuldades de realizar o trabalho foram: Primeiramente em construir um texto que tivesse um elo de ligação com Persepolis e nossa vida cotidiana, depois de reunidos, discutimos muito e chegamos à conclusão de que deveríamos criar uma história meio trágica, pois Marjane Satrapi personagem de Persepolis teve uma vida trágica, cada dia era um dia de luta pela sobrevivência. A organização do trabalho: Estava combinado de todos aparecerem na entrada do conjunto São Roque, às 17:00 hs da tarde, mas somente quatro dos dez integrantes do grupo compareceram, O que prejudicou o andamento do trabalho, pois faltou pessoas para incorporar os personagens criados para a história, tivemos que usar a mesma pessoa para representar mais de um personagem. O Wesley fez o Tripé e o pai da Fernanda (Isso a Globo não mostra). Quando percebemos ja era noite. O cenário já não era tão agradável. As pessoas que passavam ficavam rindo de nossa atuação, eles não sabiam do que se tratavam, a maquiagem usada para caracterizar os personagens fazia os olhos arderem um pouco, lógico não estamos acostumados. Não encontramos dificuldade em montar a H.Q pois em nossos celulares baixamos alguns programas gratuitos que nos ajudaram como o PhotoScape, o Easy Photo Editor. Usamos também o notebook de um integrante do grupo que ajudou bastante, pois ao editar as fotos com o computador fica mais fácil posicionar os balões nos personagens certos e assim inserir as falas. Gostamos de realizar esta atividade, pois aprendemos que podemos usar as tecnologias em sala de aula de forma sadia e correta.
3.4-GRUPO 4 -JM; JR; B; A; N; R; M e K
As dificuldades que tivemos para fazer o trabalho, foi: encontrarmos um local adequado para fazer as fotos, pois a professora colocou que trabalho teria que ter alguma relação com o nosso dia a dia, não, deixando de relacionar-se com Persepolis. Começamos a tirar as fotos na Praça Central de Tamarana, nossa cidade natal, lugar onde infelizmente perambulam bêbados e drogados. Os bêbados começaram a querer tirar foto e começaram a encher o saco, então resolvemos unir o útil ao agradável. Achamos ai o nosso tema – A vida desregrada de um adolescente – já que Marjane conta a sua história, iriamos contar a historia de jovens que mantem contato com o mundo das drogas cedo. Tivemos também a dificuldade em se reunir, pois moramos todos em sítios na zona rural. Para tirar as fotos usamos várias celulares e fomos vários dias nas praça para ver como eles (jovens desregrados) agiam. Passamos alguns apuros, pois policiais nos vigiavam, logicamente pensando que estávamos fazendo alguma, errada, tivemos que explicar que se tratava de um trabalho escolar e daí em diante eles até cuidavam de nos. Construir uma HQ - não foi fácil, deu trabalho pois tivemos que baixar alguns aplicativos para celular, como o Strip Designer, somente dois celulares comportavam esse aplicativo, e infelizmente ele é pago, também utilizamos o PhotoScape que é gratuito, foi
muito legal, pois aprendemos a utilizar o celular como uma ferramenta necessário em sala de aula.
Esses relatos de vivências vêm demonstrar sem sombra de dúvidas
que, dentre tantos objetivos, foi oportunizado condições de os alunos, analisarem e
perceberem as características do modo de vida deles e de outro povo, a saber, do
Oriente Médio. Porque, o estudo que propomos, produção de uma HQ, com o uso
do celular como recurso tecnológico, uniu prazer, o lúdico nos aspectos analisados
nas aulas, com o cotidiano da vida deles.
Conseguir em meio a tantos estímulos e mídias digitais, que os
estudantes se interessem por tópicos educacionais essenciais à sua formação, não
dispersem, aprofundem suas reflexões e adquiram pensamento crítico para solução
de problemas, é um desafio.
Além do prazer e do lúdico, o engajamento e a criatividade foram
aspectos importante no processo, e que são muito bem observados por Martha
Gabriel,
[...] engajar é ainda mais complicado do que conseguir atenção, uma vez que envolve algum tipo de ação por parte das pessoas que foram impactadas pela sua mensagem. Assim, enquanto atenção se refere a perceber, engajamento se refere a agir. Conseguir motivar uma pessoa para que sai da sua zona de conforto e se mobilize para agir é exatamente o que chamamos de engajamento. Fazer que os estudantes prestem atenção em algo é início, mas, para conseguir que eles experimentem e interajam, é necessário engajamento. A atenção e o engajamento das pessoas com relação a algo estão diretamente associados à relevância que esse algo tem para elas. Podemos entender „relevância‟ como o interesse que alguém tem sobre algo em determinado momento, em dado local. Sim, a relevância das coisas muda de acordo com o contexto – tempo e espaço. (GABRIEL, p. 187, 2013)
Fornecer condições para que o aluno interprete os resultados
obtidos na construção de trabalhos. Desenvolver o processo de ensino e
aprendizagem, teórico e prático para as aulas da Disciplina História, utilizando como
recurso a história em quadrinhos e animação.Possibilitar o uso das tecnologias
existentes na escola e, por meio destes, que o aluno desenvolva as competências
do uso das TICs através da historia em quadrinhos. Permitir contextualizar a História
em suas dimensões tempo e espaço com seus conteúdos estruturantes: trabalho;
poder e; relações culturais visando que tal fundamentação permita um aprendizado
qualitativamente superior, é fazer da criatividade um ponto essencial, que Segundo
Martha Gabriel,
[…] sempre foi um ingrediente essencial para a solução de problemas, principalmente os inéditos. […] No cenário atual, digital, hipertecnológico e acelerado, o modelo educacional ideal não deve preparer os estudantes apenas para replicarem receitas, mas também para criarem formulas que solucionem problemas e otmizem oportunidades, e, nesse contexto, a criatividade passa a ser uma das habilidades mais valiosas. (GABRIEL, p. 195, 2013)
Nessa direção, queremos acreditar que saimos dessa experiência de
intervenção pedagógico com a convicção de que os alunos começaram a tomar
consciência de que é possível utilizar os recursos tecnológicos: celular; tablet ; entre
outros. Em favor da busca do conhecimento e da aprendizagem e não só do
entretenimento e diversão.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste trabalho, a coesão social, proposta por Gvirtz e Beech (2009)
foi o ponto de partida e o horizonte de chegada. A disseminação do uso das
TDIC no ensino médio, bem como a compreensão histórica da polissemia de
culturas na cultura árabe foi o desafio proposto. Ao nos valermos dos recursos
da internet, youtube e HQs, procuramos demonstrar o quanto a história está
próxima dos nossos discentes e se constrói com eles à medida que suas vidas
passam. Ao mesmo tempo, esperávamos atualizar o instrumental docente, não
apenas falando das TDIC, mas trabalhando com elas, ofertando aos discentes
chances de utilizar consciente e profissionalmente as TDIC. Consoante, a
problematização da internet como espaço propício para uma educação aberta e
como ambiente de discussão sobre a ética da sociedade vigente, foi possível
oportunizar as atividades propostas aos discentes, fazendo uso da ferramenta
celular. Nestá direção esperamos deflagrar, junto a docentes e discentes
empenhados no estudo da história, , consciência de que “a tecnologia é social
antes de ser técnica”.(Deleuze, 1988, p. 49).
O projeto de implementação, possibilitou perceber que, as
manifestações culturais dos alunos, observadas a partir do uso de celulares,
carecem de maiores informações quando se trata do processo ensino e
aprendizagem. Os jovens têm seus celulares, para ouvirem músicas, tirarem fotos,
acessarem as redes sociais e vídeos, fazer pesquisa no Google, utilizar de aplicativo
gratuito na rede, isso tudo sem maiores reflexões. Contudo, também percebemos
que o chamado “mundo virtual” da internet com todas as imprecisões que o termo
pode assumir é espaço-tempo pleno de possibilidades de reais interações humanas.
Nessa direção, o projeto de implementação pedagógica, desafiou os alunos a fazer
uso seguro e crítico das novas tecnologias na perspectiva de dominar os
instrumentos do conhecimento e não ser dominados por elas, em especial o uso do
celular. Acreditamos ter atingido esse e outros objetivos, no entanto, é necessário
democratizar para toda a escola o uso dessas metodologias como recurso didático a
nosso favor, isto é, do ensino e aprendizagem.
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Cetera Comics #01 - A História das Histórias em Quadrinho ! http://www.youtube.com/watch?v=dLuwFJB7Vgo acessado em 14/11/2013
#FZ Ep. 14 - Persépolis, Irã e 11 de setembro http://www.youtube.com/watch?v=94kItCMSraM acessado em 14/11/2013